Revista Academia Paulista de Educação - N° 4 - Ano 3 - Agosto 2014

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REVISTA

ACADEMIA PAULISTA DE

EDUCACAO

ANO 3 • NÚMERO 4 • AGOSTO 2014

SEMINÁRIO

O PNE E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DO FUTURO

E N T R E V I S TA

ARTIGO

SILVIA MORETTI ROSA FERRARI

JOÃO CARDOSO PALMA FILHO

DISPOSIÇÃO PARA APRENDER A ENSINAR

SOBRE A POLÍTICA EDUCACIONAL

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EDITORIAL

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esde o seu nascimento, em março de 2012, a Revista da Academia Paulista de Educação tem por eixo central a realização de Seminários de Debates sobre assuntos de grande relevo para os destinos da educação brasileira. Assim foi com a LDB, que, em 2012, completou 50 anos de aplicação nos sistemas de ensino público e privado do País. No segundo semestre daquele mesmo ano, fez-se realizar o seminário sobre o livro didático na era digital. Em 2013, no mês de agosto, deu-se um novo encontro para discutir questões referentes aos resultados negativos da alfabetização no Brasil. Sai, agora, o 4º número da revista sob a égide da transformação em lei do Plano Nacional de Educação e, nesse contexto, como formar o professor do futuro. Esse PNE, previsto na Constituição Brasileira, deveria ter sido implantado na década de 2001 a 2010. Não aconteceu porque o presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, ao sancioná-la, vetou os artigos que tratavam do financiamento, e que não tinham respaldo fiscal previsto em lei. O Congresso, que recebeu de volta a matéria para ser revista, negou-se a fazê-lo. Assim, o primeiro PNE morreu sem sequer ter nascido. O segundo projeto, fruto de intermináveis discussões em vários fóruns populares e no Congresso Nacional, acaba

de ser aprovado e sancionado pela presidente da República, Dilma Roussef. Começa, porém, com um defeito gravíssimo: previsto para ser aplicado entre os anos 2010 e 2021, só vai realmente iniciar sua vigência em 2015, porque, em junho/julho tivemos a Copa do Mundo de futebol e teremos eleições presidenciais em outubro. Assim, sobrarão apenas cinco anos para transformar em fatos as 10 diretrizes e as 20 metas, seguidas das respectivas estratégias de implantação das medidas previstas para toda uma década. O Seminário da APE serviu para debater essas dificuldades e também a melhor maneira de formar um professor qualificado para as escolas do futuro. O Colégio Dante Alighieri cedeu, por gentileza de seu presidente, Dr. José Messina, o auditório da escola para a reunião sobre os dois temas. Para um público numeroso, formado por educadores e acadêmicos, falaram sobre o tema “O PNE e o Professor do Futuro”, renomados especialistas da Academia e da Secretaria de Educação do Município, como relata a matéria de capa. Além desta reportagem, trazemos ensaios e entrevistas da maior relevância. Desejamos que este número da revista da APE – que amplia cada vez mais sua tiragem – tenha grande abrangência e utilidade pela educação no País. Presidência da APE

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A educação em debate

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REVISTA

ACADEMIA PAULISTA DE

EDUCACAO EXPEDIENTE Academia Paulista de Educação Rua Joaquim Távora, 756 04015-001 – são Paulo – SP www.apedu.org.br contatogeral@apedu.org.br

Para sugestões e esclarecimentos: presidencia@apedu.org.br DIRETORIA

Presidente: Paulo Nathanael Pereira de Souza Vice-presidente: Bernardete Angelina Gatti 1º Secretário: Jair Militão 2º Secretário: Flávio Fava de Moraes 1º Tesoureiro: Wander Soares 2º Tesoureiro: Arnold Fioravante Bibliotecário: Reinaldo Polito Diretora de Comunicação: Márcia Lígia Guidin Comissão de Cursos, Eventos e Convênios Coordenador: João Gualberto de C. Meneses Membros: Myrtes Alonso, João Grandino Rodas, João Cardoso Palma Filho e José Augusto Dias. Conselho Editorial Paulo Nathanael Pereira de Souza, Arnold Fioravante, Márcia Lígia Guidin e Wander Soares Responsabilidade Editorial Ricardo Viveiros & Associados – Oficina de Comunicação, empresa filiada à Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) Edição Ada Caperuto (Mtb 24082)

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Reportagem Laura de Araújo Revisão RV&A – Oficina de Comunicação Projeto Gráfico e Diagramação Crayon Editorial Impressão PROL EDITORA GRÁFICA

Tiragem 3000 exemplares ISSN 2318-0382

SUMÁRIO 5

ESPECIAL

PADRE ANCHIETA, UM SANTO QUE ERA EDUCADOR

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EVENTOS

JOSÉ MESSINA TOMA POSSE NA APE

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SEMINÁRIO

A EDUCAÇÃO BRASILEIRA EM DEBATE

10 C A PA

PROFESSOR DO FUTURO

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E N T R E V I S TA S Í LVI A MORET TI ROSA FERRA RI

PROFESSOR DO FUTURO: DISPOSIÇÃO PARA APRENDER E ENSINAR

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ARTIGO CA RLOS ROL I M A FFON S O

CONCEITOS E PRECONCEITOS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

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ARTIGO JOÃO CA RD OS O PA L MA FI L HO

POLÍTICA EDUCACIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

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LANÇAMENTO

RELÓGIO DO TEMPO, A VIDA DE UM GRANDE EDUCADOR

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A N C H I E TA , U M E D U C A D O R

PADRE ANCHIETA, UM SANTO QUE ERA EDUCADOR Fundação de São Paulo Ao longo dos 43 anos em que viveu no País, Anchieta participou da fundação de escolas, igrejas e cidades, entre elas a capital paulista. Em 1597, aos 63 anos de idade, o padre José de Anchieta, já doente, foi para Reritiba (hoje Anchieta), aldeia que fundou no Espírito Santo, onde passou seus últimos dias, falecendo a 9 de julho de 1597. O religioso foi canonizado por decreto, o que difere do tradicional processo, normalmente confirmado por dois milagres. É a chamada canonização equipolente, quando um homem ou uma mulher se tornam santos pelo conjunto de seus feitos: o candidato tem de ter a fama de milagreiro e ser alvo de grande devoção. Anchieta também está eternizado na Medalha da Academia da APE, que traz a imagem da famosa obra do pintor Benedito Calixto (1853-1927), intitulada “Poema à Virgem Maria”, que apresenta o jesuíta escrevendo na areia da praia de Iperoig o poema à Virgem, de quem era devoto. A medalha destaca a seguinte frase: “Sapientiam Praestans Parvulis” (Ensinando a ciência às crianças), que é também o lema presente na medalha da entidade. Nota da Redação

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atrono da Academia Paulista de Educação, o padre jesuíta José de Anchieta (1534-1597) foi canonizado oficialmente pelo papa Francisco em 3 de abril. Tornou-se, assim, o terceiro santo brasileiro, ao lado de Madre Paulina, canonizada em 2002, e o Frei Galvão, que passou a ser, em 2007, Santo Antônio de Sant’Ana Galvão. Quando chegou ao Brasil, em 1553, o jesuíta espanhol tinha apenas 19 anos de idade. Veio ao País com a missão de evangelizar os nativos e acabou tornando-se líder da catequese dos índios, que se estendia de São Vicente até os campos de Piratininga – a futura capital do Estado. Isso ocorreu em 1577, quando o religioso foi designado provincial, o mais alto cargo da Companhia de Jesus no Brasil. Com a função de administrar os Colégios Jesuítas no País, viajou para diversas cidades do sudeste e nordeste. Também dedicado a educar os filhos dos colonos, Anchieta foi autor da primeira gramática brasileira, a “Arte da Gramática da Língua Mais Usada na Costa do Brasil”. Ele escreveu também cartas, sermões, poemas e peças teatrais.

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ARTIGO

POSSE NA APE

JOSÉ MESSINA

TOMA POSSE NA APE

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A APE realizou a solenidade de posse do acadêmico José de Oliveira Messina, em 8 de abril, no Colégio Dante Alighieri

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m 8 de abril, a Academia Paulista de Educação realizou a solenidade de posse do acadêmico José de Oliveira Messina, em cerimônia que teve lugar no Auditório Miro Noschese, do Colégio Dante Alighieri, instituição da qual o novo integrante da APE é presidente voluntário. Messina ocupa a cadeira de número 4, fundada por Alberto Rovai, que tem como patrono João de

Deus Cardoso de Mello e, como antecessor, Samuel Pfromm Neto. O evento, prestigiado por inúmeros acadêmicos, membros da diretoria, corpo docente e discente do Colégio, amigos e familiares, teve saudação proferida pelo acadêmico Paulo Nathanael Pereira de Souza, presidente da APE. Natural de São Paulo, o paulistano José de Oliveira Messina, de 86 anos, estudou

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(À ESQUERDA) JOSÉ MESSINA; (ACIMA) ANA MARIA MARTINS, REPRESENTANDO O PRESIDENTE DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS, E PAULO NATHANAEL CUMPRIMENTAM JOSÉ DE OLIVEIRA MESSINA, NOVO MEMBRO TITULAR DA APE.

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no Dante Alighieri até o Ensino go São Francisco, Messina tem Messina é Médio, concluído em 1946. Deseu nome vinculado a outras impresidente pois de formar-se bacharel pela voluntário do portantes associações culturais Faculdade de Direito da Univere entidades de classe do Direito Colégio Dante na cidade de São Paulo. Como sidade de São Paulo, em 1951, Alighieri autor, publicou onze livros, entornou-se delegado estagiário da 1ª Divisão Policial, dando inítre obras na área de direito, crôcio a uma sólida carreira jurídica. Aposennicas, pensamentos e poesias, bem como artigos em revistas especializadas tou-se como procurador-geral do Tribunal Como membro da Associação dos Exde Contas do Município, em 1993. O acadêmico também foi professor uni-alunos do Colégio Dante Alighieri, foi indicado para a presidência do instituto versitário e até hoje integra a Associação de ensino em 2008, sendo reeleito para o dos Antigos Alunos da Faculdade de Direito cargo que ocupa até hoje, como voluntáda USP. Atuou ainda como jornalista, tendo fundado a Folha Acadêmica, órgão interno rio. Ele comanda uma equipe de nove dide sua universidade. Membro da Academia retores, responsáveis pelas áreas pedagóde Letras da Faculdade de Direito do Largica e financeira. APE

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SEMINÁRIO

A E D U C A Ç Ã O B R A S I L E I R A E M D E B AT E

PAULO NATHANEL DEFENDE POLÍTICA EDUCACIONAL MAIS COESA Pronunciamento foi realizado TÂMNA WAQUED

em março, quando o educador e presidente da Academia Paulista de Educação fez concorrida palestra em seminário promovido pelo Conselho Superior de Estudos Avançados (Consea), na Fiesp.

Escola descolada da vida

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Brasil sempre quis progredir, mas deixou de lado uma tática fundamental na pavimentação desse caminho: um plano de educação bem integrado, de olho no longo prazo e com fôlego o bastante para ser implementado aos poucos, no decorrer de vários anos. E é disso que o País precisa, caso queira deslanchar de maneira forte e autônoma. Foi o que Paulo Nathanael Pereira de Souza, presidente da Academia Paulista de Educação (APE), defendeu em um seminário do Consea (Conselho Superior de Estudos Avançados), órgão da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), no mês de março de 2014.

Durante sua apresentação, Nathanael resgatou um pouco da história da educação no Brasil, apontando que a forma com esta foi conduzida nos trouxe a um ponto em que a relação entre escola, vida prática e projeto de país é precária. “Quando o País começou a se industrializar e aumentou a demanda pela educação, não houve o indispensável cuidado em dar a esses sistemas o rumo certo e a atualização permanente compatível com seu dever de bem educar a população. Com isso, a crise de identidade da educação praticada em nossas escolas, vai se agravando à medida que o tempo passa.” Segundo ele, a persistência do analfabetismo funcional – mascarada pelo declínio da população analfabeta –, os altos índices de evasão escolar e a falta de entrosamento entre o que é ensinado nas

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salas de aula do Ensino Básico e o que é O Estado à frente dos planos exigido pelo mundo fora da escola. É esse desgaste, inclusive, o responsável por tanA destinação de determinada parcetos estudantes chegarem ao Ensino Supela do orçamento para a educação é um dos principais pontos do PDE (Plano de rior com graves deficiências em português e matemática. Desenvolvimento da Educação), traçado para vigorar até 2020. O PDE contempla Com um modelo antiquado nunca retambém uma nova elaboração de curríformado a fundo e na medida certa para o País, “a educação braculos básicos e avançasileira nunca teve muito dos em todos os níveis de A educação rumo”. O contrário do que ensino e a diversificação brasileira deveria foi levado a cabo na Coreia de conteúdos curriculaser regida por um do Sul, citado por Nathares, aspectos deficitários apontados por Nathanael. nael como um modelo de órgão ligado ao O educador expôs sucesso entre educação e Estado, não a este ou na Fiesp outros pontos metas claras para um proaquele governo. que, segundo ele, devem jeto futuro. “Até os anos constar em uma política 1960, a Coreia apresentaeducacional efetiva. A começar pelo seu va índices de desenvolvimento piores que caráter político, do qual depende a longeos do Brasil. Passado pouco mais de meio século, o que se vê é a Coreia disparar à vidade de qualquer plano do tipo. Para ele, frente do Brasil, a começar pelo IDH e a deveria ser proposto um órgão ligado ao renda per capita. Estado e não ao governo. “Os estadistas coreanos formaram um Além da consonância entre escola e socomitê supra partidário de educadores e ciedade desde a educação básica, o educacientistas para elaborar um projeto de nador pondera que é necessária a coerência entre os diversos planos e textos que conção futura, e criaram com isso um modelo a conquistar que serviu de referência a templam a questão educacional. “Faz falta todos os esforços de nação. Cortaram nas também nessa política maior harmonia de universidades os cursos não prioritários, propósitos no ato de educar, com documenconcentraram recursos financeiros, técnitos fundamentais, como Constituição, as LDBs, as Diretrizes Curriculares e o PNE, cos, pedagógicos e humanos no que passou os quais nem sempre falam a mesma língua a ser a prioridade número um do país: a entre si e nunca convergem para as mesmas educação dos jovens”, relatou o presidente metas que se propõe a atingir”, concluiu da APE. Foi possível colocar o modelo em Paulo Nathanael, para a grande plateia que prática por causa da destinação de 19% do o ouvia, e lhe fez inúmeras perguntas de orçamento daquele país para a educação, grande interesse social e educacional. APE patamar que se mantém até hoje.

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SEMINÁRIO

O PNE E 0 PROFESSOR DO FUTURO

Seminário coloca em debate o PNE e a formação do

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PROFESSOR DO FUTURO

O seminário “O PNE e a formação do professor do futuro”, realizado no auditório Miro Noschese, do Colégio Dante Alighieri, integra a série de seminários realizados semestralmente, voltados à discussão dos principais aspectos da educação no Brasil.

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“Nesse âmbito, em muito nos preocupa a sensata implantação do PNE, porém, sobretudo, a formação do professor do futuro, porque o Brasil de amanhã depende do que for o país de hoje.” PAULO NATHANAEL PEREIRA DE SOUZA PRESIDENTE DA APE

Após as boas-vindas de José Messina, presidente do Dante Alighieri e acadêmico recém-empossado na APE, que gentilmente ofereceu o auditório do colégio para o evento, foi a vez do presidente Paulo Nathanael Pereira de Souza fazer o pronunciamento de abertura. Segundo

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m 27 de maio, a Academia Paulista de Educação realizou o seminário “O PNE e a formação do professor do futuro”, no auditório Miro Noschese, do Colégio Dante Alighieri, O evento integra a série de seminários realizados semestralmente pela APE, voltados à discussão dos principais aspectos da educação no Brasil. Desta vez, o objetivo foi debater o Plano Nacional de Educação (PNE – PL 8035/10), aprovado pela Câmara dos Deputados, alguns dias depois, em 3 de junho, após quase quatro anos de tramitação no Congresso Nacional. Sistematizado em 20 metas e 254 estratégias, em linhas gerais, o PNE prevê a melhora da qualidade do ensino em todos os níveis, o que inclui a expansão de matrículas públicas da creche à pós-graduação, a universalização da alfabetização, a equiparação da média salarial do magistério com as demais profissões com escolaridade equivalente, a formação continuada dos educadores e o enfrentamento das desigualdades educacionais. Falar sobre a realidade de resultados na equação PNE x formação do professores foi uma das propostas do evento, para o qual a APE convidou dois importantes especialistas: a Prof. Dra. Bernardete Angelina Gatti, vice-presidente da APE, professora da Universidade de São Paulo (USP) e o Prof. Dr. Antonio Cesar Russi Callegari, secretário da Educação do Município de São Paulo.

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ele, o tema deste semestre é da maior reda tecnologia da comunicação é enorme e extremamente diversificado, com a geralevância para a educação brasileira. Destacou que o Plano está previsto na Consção das pedagogias da web, da educação a distância, da educação permanente, das tituição Federal desde 1988 e que esse é máquinas de aprender e de ensinar, eno momento de finalmente concretizá-lo. “Nesse âmbito, em muito nos preocupa a tre outras, se não houver o professor no sensata implantação do PNE, porém, socomando e no aperfeiçoa­mento de todos esses novos recursos, serão eles por si bretudo, a formação do professor do fusós insuficientes para a qualificação do turo, porque o Brasil de amanhã depende ensino e o real aproveido que for o país de hoje.” A educação pode O presidente também restamento dos alunos. “O acontecer na escola professor é indispensável, saltou que há muito mais mesmo hoje, com o alcana fazer para formar um ou fora dela, com professor eficiente, seja ce que tem a tecnologia e livro ou sem, com lidar com a rapidez e a filosofias aceitáveis seus recursos de ensino a substituição rápida nesdistância. Sua figura tamou condenáveis, mas ta era do conhecimento, bém é fundamental pela nunca sem a presença seja pela necessidade de função humanística que dos mestres. treinar alunos para o audeve ter a educação. Será que os nossos professores todidatismo das pesquiestarão preparados para cumprir seu pasas internéticas, seja pela necessidade de assegurar a dosagem adequada entre pel nesse novo cenário que se apresenta e as teorias científicas e sua aplicabilidade no futuro da educação?”, questionou. no dia a dia das pessoas, ou ainda exercitar a capacidade dos jovens para fazer as Os problemas da formação escolhas certas, nesses milhões de novas verdades, com que a produção científica Fazer cumprir as metas do PNE e preparar e tecnológica dota o mundo atualmente, e os profissionais que serão os responsáveis muito mais do que isso tudo, é o que se por esse desafio exigirá investimentos, é espera do professor do futuro. Paulo Naclaro. Serão destinados 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação. Além tahanel disse também, para concluir, que disso, o PNE agrega outros dez mecanisa educação pode acontecer na escola ou fora dela, com livro ou sem, com filosomos institucionais complementares para seu cumprimento, em nova realidade da fias aceitáveis ou condenáveis, mas nunca gestão da educação pública, o que inclui sem a presença dos mestres. “O que quero ferramentas para formar educadores. Priassinalar é o caráter indispensável da atuação docente no processo ensino-aprenmeira palestrante do evento, a Prof. Dra. Bernardete Gatti tocou justamente nesse dizagem. Mesmo hoje, quando o avanço

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dade voltada à formação de professores. Isso já sinaliza o reconhecimento de que o professor não é considerado um profissional, talvez seja visto como um missionário”, disse.

“A nossa tarefa para cumprir as metas será hercúlea, um imenso desafio, porque temos problemas hoje no fluxo da trajetória dos alunos.” PROF. DRA. BERNARDETE A. GATTI

Embora acredite na validade dos cursos no modelo de Ensino a Distância (EAD), a professora expôs suas preocupações nesse sentido, como a expansão desordenada; currículos que “mimetizam” o progra-

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ponto: os dilemas da formação de professores no Brasil. E ela ressaltou: pelo menos oito das 20 metas estabelecidas pelo PNE têm relação com os professores. “A nossa tarefa para cumprir as metas será hercúlea, um imenso desafio, porque temos problemas hoje no fluxo na trajetória dos alunos”, disse ela, apresentando seus estudos que, de acordo com último censo escolar, revelam que 19% dos estudantes hoje não concluem o Ensino Fundamental. No Médio, 47% dos jovens entre 15 e 17 anos não estão na escola. A especialista destacou que o Brasil utiliza muito pouco planejamento integrado, o que pode ser percebido na falta de uma política coerente e universal para os programas existentes. Ela enumerou alguns expoentes que comprovam a fragilidade na formação de grande parte dos professores. Os sinais são claros: os grandes índices de reprovação nos concursos públicos; os entraves observados no trabalho cotidiano de ensinar; as dificuldades que os egressos da licenciatura, enquanto professores iniciantes, têm ao lidarem com jovens e crianças, apenas para citar alguns. “O problema está na constituição da profissionalidade docente, que é condição que revela a construção de uma base sólida de conhecimentos e formas de ação em dadas áreas do ensino”, opinou a palestrante. A professora Bernardete também apontou outra deficiência: não há no Brasil centros de formação dos professores dentro das universidades, como é comum em muitos outros países. “Nossos cursos são fragmentados. Não existe uma facul-

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ma presencial; as plataformas midiáticas fracas; tutorias com fragilidades visíveis, entre outros aspectos. Igualmente, existem problemas com a qualidade dos currículos de licenciaturas, remarcadamente a fragmentação em relação às dinâmicas formativas – sejam institucionais, por níveis de ensino ou área de conhecimento.

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“Acredito que têm havido muitas mudanças nos últimos anos e que, nos próximos, vamos viver uma nova realidade.” ANTONIO CESAR CALLEGARI SECRETÁRIO MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO - SP

“Há fragilidade na relação teoria-prática, pois esta não se concretiza no cotidiano da grande maioria das diferentes licencia-

turas. Há carência de conteúdo que trate propriamente da educação infantil nos currículos dos cursos de pedagogia. Há um farto discurso sobre políticas infantis, mas muito pouco sobre educação”. De acordo com a especialista, esses problemas têm origem no passado histórico e cultural do Brasil. Seguimos uma perspectiva cientificista do século XIX, e há dificuldade de mudança na cultura acadêmica. “Em linhas gerais é preciso rever os currículos, que estão cristalizados em um modelo do início do século XX. Temos de alterar a forma de institucionalização e o currículo básico”, diz ela. Esse pressuposto seria o único caminho plausível para alcançar o que visualiza a professora Bernardete como perspectivas sócio-educacionais que se delineiam para o futuro: a construção de uma sociedade mais justa, com a inclusão de todos no que diz respeito aos bens públicos, educacionais e sociais. “A juventude, os trabalhadores em geral, estão desenvolvendo a consciência de terem direito à justiça social. Escola justa inclui, não exclui e qualifica. É aquela escola em que os alunos aprendem e se educam para a vida como cidadãos”, concluiu a professora.

Polos de capacitação Segundo palestrante no evento promovido pela APE, o Prof. Dr. Antonio Cesar Callegari, secretário da Educação do Município de São Paulo, falou sobre o tema “O PNE e o professor do futuro”. Especificamente em relação ao Plano, ele destacou as me-

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também, pesquisas e metodologias inovadoras, com ênfase no uso de tecnologias de informação e comunicação em educação, em 668 polos de apoio presencial. Esses são os primeiros de um total de 32 polos que deverão ser implantados no município de São Paulo. A priori, o programa oferecerá cursos de 12 universidades públicas, entre as quais a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e

RECEITA DO PROFESSOR DO FUTURO Um professor do futuro vai precisar:

• Gostar de “gente” de todas as idades; • Sentir-se feliz com o que faz; • Respeitar a multiculturalidade; • Ser reflexivo e crítico em todas as situações; • Transitar entre todas as formas de tecnologia; • Gostar de ler e ler muito; • Gostar de estudar e estudar muito; • Ter metade de sua carga horária destinada à pesquisa; • Ser bem remunerado; • Ter suas salas de aula, se é que elas irão continuar existindo, com no máximo 25 alunos; • Ter um grupo gestor de qualidade na sua escola; • Ter dirigentes da Educação comprometidos com a qualidade de ensino; • Ter os pais de alunos aliados com seu trabalho; • Ter os olhos sempre brilhando; • Não ser responsabilizado por todas as mazelas da educação; • Lutar pela valorização da profissão; POR: PROFESSOR DIRCEU ZALESKI FILHO

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tas 1, 3, 4, 5, 7, 10, 14, 15 e 16 (veja quadro) como as prioritárias para alcançar os objetivos de mudar definitivamente os rumos da educação no Brasil. De acordo com o secretário, estamos vivendo uma inflexão muito significativa em relação ao futuro do professor no Brasil. “A educação sempre foi vista no Brasil como ferramenta eficaz de controle social, mas isso está mudando. Muitos setores percebem que a educação é o caminho inevitável para que o País possa se colocar em um contexto mundial das nações desenvolvidas. “Os dados expostos pela professora Bernardete são um alerta para que possamos mudar e revolucionar, especialmente no tocante às mazelas e aos problemas da condição formativa dos professores. Acredito que têm havido muitas mudanças nos últimos anos e que, nos próximos, vamos viver uma nova realidade”, declarou. Um dos fatos a dar base à opinião do secretário é, por exemplo, o crescimento no número de jovens que têm tido acesso ao ensino universitário nos últimos anos. Em relação à formação dos educadores, Callegari mencionou a criação, neste ano, de 18 polos da Universidade Aberta (UAB) na cidade de São Paulo. O sistema é operado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e integrado por universidades públicas. Oferece cursos de nível Superior, por meio do uso da metodologia da educação a distância, para camadas da população que têm dificuldades de acesso à formação universitária. O sistema UAB é integrado por 104 instituições de Ensino Superior e apoia,

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a Universidade Estadual de São Paulo (Unesp). A implantação dos polos de apoio presencial em São Paulo visa à ampliação do acesso à Educação Superior pública nas diferentes áreas do conhecimento, por meio da oferta de cursos de licenciatura e de formação inicial e continuada a professores, bem como cursos superiores e de pós-graduação para formação de gestores educacionais e trabalhadores da área. Os cursos serão abertos não só a educadores da rede municipal de ensino, mas também a professores e demais interessados da cidade de São Paulo. A proposta é oferecer, apenas no município de São Paulo, 5.967 vagas, das quais 3.438, aproximadamente 57%, serão destinadas a professores em exercício.

JOÃO GUALBERTO DE CARVALHO MENESES PRESIDENTE DO CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E ACADÊMICO TITULAR DA ACADEMIA PAULISTA DE EDUCAÇÃO

Debates Encerradas as palestras dos convidados, o Prof. Dr. João Gualberto de Carvalho Meneses, presidente do Conselho Municipal de Educação e coordenador dos debates, abriu a pauta de discussões, convidando à palavra o Prof. Dr. Wander Soares. Este se disse impressionado pelos dados apresentados pela professora Bernadete, sobretudo pelas conclusões a que chegaram as pesquisas, indicando caminhos possíveis para mudar o atual cenário. Dirigindo-se ao professor Callegari, questionou se são esses caminhos que a Secretaria de Educação vem seguindo para atender as demandas e suplementar carências. De acordo com o secretário, na medida do possível, “é preciso ter a ousadia de redefinir currículos”, declarou, citando os recém-inaugurados polos como importante ferramental nesse sentido. Também integrante da mesa de debates, a diretora de comunicação da APE e coeditora da Revista, Profª. Dra. Márcia Lígia Guidin, questionou sobre o entendimento que faz a sociedade sobre o PNE, frisando a importância de que uma política pública de tal relevância não fique restrita ao meio educacional. Em resposta, a professora Bernardete informou que houve, sim, envolvimento de grande parcela da população, por meio de debates nos meios de comunicação, associações educacionais e sindicatos. “É claro que não vimos a discussão desse projeto de estado nas primeiras páginas dos jornais, porém, desta vez, a discussão do PNE foi muito

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mais ampla. Os empresários começaram a participar, mas ainda estamos construindo todo um processo democrático no Brasil. São apenas 25 anos desde a última Constituição, temos muito o que caminhar”, ponderou. Por sua vez, a professora Silvana Leporace, diretora geral Pedagógica do Colégio Dante Alighieri, abordou a questão dos cursos de licenciatura. Para a professora Bernadete, muitos que procuram a licenciatura não deverão seguir a carreira no ensino. “Por isso mesmo, se a equação carreira x salário puder ser repensada, com aporte efetivo de remuneração

para ao setor, é possível criar mecanismos de atratividade.” O evento da APE foi encerrado com a entrega da medalha e diploma de honra, por José Messina, ao presidente Paulo Nathanael, que já foi professor do Dante Alighieri. “Neste seminário foram lançadas preciosas sementes para cultivo de futuros frutos anunciados nas palavras dos dois palestrantes. Porém, agora é momento de o colégio cumprir um dever que deveria ter realizado há muito tempo. Por isso, entrego o diploma e medalha de honra ao mérito ao professor Nathanael, que regeu a cátedra de história”, declarou. APE

AS 20 METAS DO PNE A SEREM CUMPRIDAS ATÉ 2020

Universalizar o Ensino Fundamental de 2 9 anos para toda a população de 6 a 14 anos e garantir que pelo menos 95% dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até o último ano de vigência deste PNE. Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e elevar, até o fim do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no Ensino Médio para 85%.

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Universalizar, para a população de 4 a 17 anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços espe-

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cializados, públicos ou comunitários, nas formas complementar e suplementar, e de escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados. Alfabetizar todas as crianças até os 7 anos de idade ou até o segundo ano do Ensino Fundamental, a partir do segundo ano de vigência deste plano; e até os 6 anos de idade ou até o primeiro ano do Ensino Fundamental, a partir do quinto ano de vigência do plano.

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Oferecer educação integral, com ampliação de espaços e conteúdos de aprendizagem, em, no mínimo, 50% das escolas públicas, até o final do 5º ano de vigência do plano, e a todos os alunos da educação básica até o 10º ano de vigência do plano.

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Fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem, aferida pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica de que trata o art. 11 desta Lei, e atingir as seguintes médias nacionais para o IDEB:

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Universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as crianças de 4 a 5 anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches de modo a atender 50% das crianças de até 3 anos.

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O PNE E 0 PROFESSOR DO FUTURO

Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015 e, até o final da vigência deste PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional.

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Oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação de jovens e adultos, na forma integrada à educação profissional, nos ensinos Fundamental e Médio.

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Triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível Médio, assegurando a qualidade da oferta, a prioridade para a forma integrada e, pelo menos, 50% da expansão no segmento público.

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Elevar a taxa bruta de matrícula na Educação Superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurada a qualidade da oferta e a expansão para, pelo menos, 40% das novas matrículas no segmento público.

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Elevar a qualidade da Educação Superior e ampliar a proporção de mestres e doutores do corpo docente em efetivo exercício no conjunto do sistema de Educação Superior para 75%, sendo, do total, no mínimo, 35% doutores.

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Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de 60.000 mestres e 25.000 doutores.

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Garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no prazo de um ano de vigência deste PNE, política nacional de formação e valorização dos profissionais da educação de que tratam os incisos I, II e III do art. 61 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, assegurando a todos os professores

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formação em nível Superior na respectiva área de atuação. Formar, até o último ano de vigência deste PNE, 50% dos professores que atuam na educação básica em curso de pós-graduação stricto ou lato sensu em sua área de atuação, e garantir que os profissionais da educação básica tenham acesso à formação continuada, considerando as necessidades e contextos dos vários sistemas de ensino.

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Valorizar os profissionais do magistério das redes públicas de educação básica de forma a equiparar seu rendimento médio ao dos demais profissionais com escolaridade equivalente, até o final do 6º ano de vigência deste PNE.

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Assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de carreira para os profissionais da Educação Básica e Superior pública de todos os sistemas de ensino e, para o plano de carreira dos profissionais da educação básica pública, tomar como referência o piso salarial nacional profissional, definido em lei federal, nos termos do inciso VIII do art. 206 da Constituição Federal.

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Garantir, em leis específicas aprovadas no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a efetivação da gestão democrática na Educação Básica e Superior pública, informada pela prevalência de decisões colegiadas nos órgãos dos sistemas de ensino e nas instituições de educação, e forma de acesso às funções de direção que conjuguem mérito e desempenho à participação das comunidades escolar e acadêmica, observada a autonomia federativa e das universidades.

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Ampliar progressivamente o investimento público em educação pública, de forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7% (sete por cento) do Produto Interno Bruto (PIB) do País no quinto ano de vigência deste PNE e, no mínimo, o equivalente a 10% (dez por cento) do PIB ao final do decênio, observado o disposto nos §§ 5º e 6º do art. 5º desta Lei e assegurados mecanismos de gestão e critérios de repartição que visem a combater a ineficiência e as desigualdades educacionais.

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FONTE: SENADO FEDERAL

Elevar a escolaridade média da população de 18 a 29 anos, de modo a alcançar no mínimo 12 anos de estudo no último ano de vigência deste Plano, para as populações do campo, da região de menor escolaridade no País e dos 25% mais pobres, e igualar a escolaridade média entre negros e não negros declarados à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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E N T R E V I S TA

S Í LV I A M O R E T T I R O S A F E R R A R I

PROFESSOR DO FUTURO: DISPOSIÇÃO PARA APRENDER A ENSINAR -SP), ela atualmente é professora de Currículos e Programas e Educação de Jovens e Adultos no Centro Universitário Assunção (UNIFAI). Formadora de professores no Programa Ler e Escrever, da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEESP), Sílvia também desenvolveu vários trabalhos em escolas particulares como professora e coordenadora pedagógica. REVISTA APE – Quem é o professor do futuro?

Acredito que o professor do futuro é aquele que efetivamente se preocupa com a aprendizagem de seus alunos. Esse professor não aceita que algum aluno possa não avançar. Ele não naturaliza a não aprendizagem e o fracasso escolar, como há tempos vemos acontecer em muitas das nossas salas de aula. Não veja em minha resposta uma postura romântica dessa questão tão complexa que é pensar o professor de amanhã, o professor que precisamos ter. Certamente não desconsidero outras questões como salários dignos, plano de carreira, espaço de trabalho adequado, controle de alunos por sala de aula, ou direito à formação continuada. O que estou dizendo é que antes de tudo, o professor precisa ter consciência política de seu papel e da função social da escola. Sem essa consciência, teremos um professor que não enxerga a importância de sua

“O professor do futuro se preocupa efetivamente com a aprendizagem dos alunos.” PROFª SÍLVIA MORETTI ROSA FERRARI FORMADORA DE PROFESSORES

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m entrevista exclusiva à revista da Academia Paulista de Educação, a professora Sílvia Moretti Rosa Ferrari apresenta sua perspectiva sobre as habilidades profissionais e pessoais que deverá ter o professor do futuro. Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-

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SÍLVIA FERRARI

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S Í LV I A M O R E T T I R O S A F E R R A R I

prática, que não investe em seu aluno, que não investe em si mesmo e na sua profissão. – Podemos relacionar a desqualificação do magistério com a formação inicial dos professores? REVISTA APE

Sem dúvida! Os cursos de formação inicial precisam rever seus currículos considerando uma tripla dimensão: o objeto de ensino (os conteúdos que se deseja / precisa ensinar), o sujeito cognoscente (como aprende o meu aluno) e os procedimentos didáticos decorrentes de pesquisas que nos indicam as melhores situações didáticas para ajudar nossos alunos a construírem conhecimentos. Outra questão que precisa ser revista nos cursos de formação inicial são os estágios supervisionados pois, mais que uma formalidade legal, deveriam significar uma aproximação da prática de sala de aula, não apenas para descrevê-la, mas para problematizá-la. SÍLVIA FERRARI

– E os professores que já atuam nas escolas? Como podem acompanhar estas novas exigências? REVISTA APE

Primeiramente, rompendo com o isolamento dentro de seu local de trabalho. É preciso que os professores aprendam a compartilhar experiências e saberes, que aprendam a trabalhar juntos. E acima de tudo, que valorizem essa construção, revendo a crença de que somente a universidade esteja “autorizada” a produzir e publicar conhecimento válido. Além disso, quando compartilhamos nossas práticas,

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SÍLVIA FERRARI

nossas dúvidas e reflexões, organizamos e atribuímos sentido às nossas experiências e ao nosso percurso como profissionais e como pessoas humanas. Uma segunda questão diz respeito à autonomia – que é insuficiente apenas constar nos documentos legais e nos discursos. O professor terá que se assumir como autor da sua prática - não será apenas reprodutor de livros didáticos -, mas um profundo estudioso, pesquisador, um investigador crítico e reflexivo do conhecimento acumulado. – E quanto às novas tecnologias? De que forma elas têm influenciado a prática dos professores? REVISTA APE

Entendo que a progressiva democratização de acesso às novas tecnologias – em especial a internet – tem feito com que o problema da escola, pelo menos nos grandes centros, não seja mais o contato do aluno com a informação. O problema é o seu sentido de uso, é como selecioná-la, compreendê-la, sistematizá-la, em função da construção de saberes importantes para a vida do aluno. Também os professores estão aprendendo a lidar com esses novos espaços de conhecimento. Cada vez mais a difusão de informações se faz presente, favorecendo trocas com nossos pares e com nossos alunos. O mais importante no entanto, é a disposição e a coragem para aprendermos e ensinarmos refletindo sobre os processos de aprendizagem, desestruturando o prévio, o possuído, o conhecido, pois esta é a condição para ressignificarmos nossos saberes e a nós mesmos. APE SÍLVIA FERRARI

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CARLOS ROLIM AFFONSO

CONCEITOS E PRECONCEITOS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA “Depois do pão, a educação é a primeira necessidade de um povo.” GEORGES JACQUES DANTON

rem uma simples operação aritmética. O panorama se deteriora quando se lê o relatório divulgado pelo Tribunal de Contas da União (25/03/2014), onde se constata um déficit de 32,7 mil professores, especialmente nas áreas de física, química, biologia e sociologia, acrescido de dados estarrecedores, em que se revela a existência de 41 mil docentes sem formação específica em nenhuma das disciplinas do ciclo médio. Acresce notar o que foi divulgado pelo Centro de Educação Básica do Ministério

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o tentar fazer uma análise do que vem acontecendo no sistema educacional brasileiro, deparo-me com vários componentes que vêm colocando nossos alunos como protagonistas de uma avaliação, elaborada por entidades nacionais e internacionais, na categoria de desempenho muito baixo. Em uma observação atenta do atual estágio do desenvolvimento brasileiro, verifica-se de imediato, em comparação com outros países, um déficit muito grande no grau de aprendizagem dos alunos. Chega a ser alarmante o número de repetências e desistências nos três níveis de ensino, acrescidos daqueles que, por um motivo ou outro, saem da escola, após concluírem os respectivos cursos, na condição de analfabetos funcionais, incapazes de entenderem um texto lido e/ou de faze-

POR CARLOS ROLIM AFFONSO

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CARLOS ROLIM AFFONSO

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da Educação (27/02/2014), sobre o que vem acontecendo nesse ciclo, e também no ciclo médio, no que diz respeito à frequência de alunos. Enquanto o número de alunos se reduz no ciclo básico, pela diminuição de repetências (o que é bom), no ciclo médio, há também uma diminuição, porém, devido à desistências, que vêm ocorrendo em grande número. O quadro é, de certa forma melancólico, pois, em 2013, o número de alunos atingia a quantia de 8,312 milhões e em 2007, essa quantia era de 8,376 milhões, o que nos leva a concluir, baseados no crescimento vegetativo dessa população, que cerca de 1,5 milhão de jovens, de 15 a 17 anos, estão fora da escola, acarretando um certo gargalo em nosso processo educacional, provocado por uma certa discrepância com o que vem ocorrendo nos dois outros níveis de ensino, no fundamental e no superior, onde a atratividade vem sendo bem maior. Cumpre salientar que esses problemas estão mais presentes nas escolas públicas, enquanto que nas particulares ocorre o

contrário, havendo, nestes últimos anos, um sensível aumento de matrículas, ultrapassando a cifra de 400 mil alunos. Enfatizo a necessidade urgente de novas medidas serem tomadas pelas autoridades competentes, para que seja dado um fim nessa calamitosa evasão do ensino médio, pois é daí que poderá vir a força de trabalho profissional que tanta falta vem fazendo ao mercado de trabalho e, por consequência, à economia brasileira, como bem vem salientando o notável economista brasileiro Ilan Goldfajn, na mídia e em suas palestras. Pelo exposto até aqui, listamos, a seguir, os conceitos e preconceitos que vigem na área educacional de nosso país, na expectativa de que, num futuro próximo, possamos alijar os “preconceitos” e batalhar pela prevalência dos “Conceitos”. Outros conceitos e preconceitos poderiam ser elencados, mas ficamos apenas nesses, pois são suficientes para demonstrar o quanto ainda é necessário ser feito para atingir um padrão de ensino que atenda aos

CONCEITOS

PRECONCEITOS

A educação, se eficaz, produz conhecimento e, se bem aplicada, promove desenvolvimento.

Uma escola bem estruturada e bem construída sempre proporciona boa educação.

A situação educacional no Brasil é crítica em comparação a de muitos países menos desenvolvidos.

O Brasil caminha célere para alcançar um bom desempenho no cenário internacional.

O Plano Nacional de Educação, em discussão no Congresso brasileiro, representa uma certa esperança para a solução de alguns problemas da área educacional.

Com a aprovação do PNE, o Brasil se colocará em condições de aproximar-se dos países mais desenvolvidos.

O desenvolvimento econômico, em muitos países, fica na dependência, quase que exclusiva, do desenvolvimento educacional.

Para o governo brasileiro, a prioridade, no momento, é para o desenvolvimento econômico.

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Os movimentos sociais, no Brasil, pleiteiam, prioritariamente, mais atenção à melhoria da política educacional.

As lideranças políticas, no Brasil, lutam com mais frequência pela melhoria salarial dos funcionários públicos.

Muitas escolas estão procurando empregar, adequadamente, as novas tecnologias no processo ensino/aprendizagem.

As novas tecnologias educacionais são a solução para melhorar a qualidade do ensino brasileiro.

Um país, para aumentar sua produtividade, deve, antes, cuidar para que sua população seja bem qualificada.

Para que um país aumente sua produtividade, basta que disponha de um número suficiente de escolas.

Enquanto escassearem os recursos para bem remunerar o pessoal dirigente e docente das escolas, nenhuma reforma educacional atingirá seu objetivo.

Os problemas brasileiros relacionados à educação só serão resolvidos com o aumento dos salários dos professores.

O uso da tecnologia na educação é um caminho sem volta. As instituições de ensino que dela não fazem uso tendem a desestimular e alienar seus alunos.

O uso das novas tecnologias da educação possibilita sempre um aprendizado mais eficaz.

Para assegurar boas oportunidades de empregabilidade aos jovens, torna-se indispensável garantir-lhes, já, oportunidades de receberem uma contínua e plena educação de qualidade.

As escolas, no Brasil, estão aptas a fornecerem cursos que garantam empregabilidade a seus alunos.

Muitas empresas vêm tomando a iniciativa de elas mesmas prepararem seus empregados para o exercício de suas tarefas.

As escolas brasileiras, através de seus cursos, sempre preparam seus alunos para o mercado de trabalho.

educação que ensine a pensar criticamente, raciocinar com lógica e que ofereça um caminho de amadurecimento na prática dos valores humanos, sociais, morais e culturais e que garanta a formação de cidadãos capazes de contribuírem para o desenvolvimento de nosso país. APE

CARLOS ROLIM AFFONSO Membro Honorário na Academia Paulista de Educação (APE)

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anseios de uma educação de qualidade, a que todos os brasileiros esperam e têm direito. O impasse pelo qual está subjugada a educação brasileira só poderá ser vencido se todos os que, direta ou indiretamente, estejam ligados à problemática educacional, venham a estabelecer um pacto pró-desenvolvimento do nosso país, deixando de lado desavenças metodológicas, políticas e partidárias, que é a grande praga que boicota o ideal de uma maioria que quer o progresso de seu povo. Pelo que foi comentado até aqui, podemos concluir que a sociedade brasileira está necessitando, urgentemente, de uma

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ARTIGO

J O Ã O C A R D O S O PA L M A F I L H O

APONTAMENTOS SOBRE A POLÍTICA EDUCACIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO A palestra foi proferida em 17 de março de 2014, na sede da Reitoria do Sciesp, como parte das atividades e debates da APE para seus membros e demais interessados.

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P O R J O Ã O C A R D O S O PA L M A F I L H O

gradeço a oportunidade de poder apresentar e debater com os ilustres acadêmicos alguns aspectos da política educacional que vem sendo empreendida pelo Governo do Estado de São Paulo nos últimos três anos. São ações que aju-

dei a desenvolver e que abrangem apenas o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, responsabilidade maior da Secretaria de Educação do Estado. Em 2011, quando iniciamos nossas atividades, a educação pública de São Paulo já contava com uma rede de ensino estruturada por mais de 5.500 escolas, atendendo a

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um conjunto de mais de quatro milhões de alunos, população estudantil maior que à de muitos países, inclusive alguns da América do Sul. Na rede estadual, além de uma robusta estrutura centralizada, a Secretaria da Educação conta ainda com 91 Diretorias Regionais de Ensino, responsáveis pelo acompanhamento das ações nas escolas. Durante ao ano de 2011, o Secretário da Educação, acompanhado de sua equipe rea­lizou reuniões em todas as Diretorias de Ensino, abrangendo um conjunto de mais de 20 mil profissionais do magistério e dos funcionários que atuam nas escolas estaduais. Paralelamente iniciou diálogo com as entidades representativas do magistério público paulista e dos funcionários públicos da Secretaria da Educação. Penso que o diálogo e as ações postas em andamento permitiram que as escolas funcionassem com relativa tranquilidade. Foram três anos sem interrupção das aulas. Os profissionais ouvidos fizeram um excelente diagnóstico das condições de funcionamento da rede estadual, que permitiu ao Governador do Estado encaminhar à Assembleia Legislativa dois projetos de lei, voltados para o estabelecimento de uma política salarial de quatro anos, com fixação prévia de índices de aumento salarial, inclusive para os aposentados e o estabelecimento de parâmetros para a criação de

um novo plano de carreira. Essas eram as maiores reivindicações do magistério, bem como do quadro de funcionários. Na área pedagógica, as ações iniciadas em anos anteriores foram bem avaliadas, com destaque para o Programa Ler e Escrever, que trabalha com a questão pedagógica nos anos iniciais e foco no processo de alfabetização e iniciação matemática. Com algumas restrições, avaliavam positivamente o fato de a rede estadual contar com um currículo unificado. Queixavam-se, no entanto, da falta de discussão prévia com os professores, diretores e supervisores, bem como com os agentes responsáveis pela gestão curricular no âmbito das Diretorias Regionais de Ensino. Reivindicavam atividades de formação continuada para o desenvolvimento do currículo nas escolas, bem como, criticavam o atraso na entrega do material pedagógico para os alunos (do Programa São Paulo Faz Escola). De um modo geral, consideravam que os maiores problemas localizam-se no campo da infraestrutura das escolas. Muita reclamação pela demora em reformar os prédios escolares, em equipar os mesmos dos materiais necessários para o desenvolvimento do ensino, sem falar no baixo grau de informatização das unidades escolares. Quanto à situação funcional do magistério, muitas críticas foram feitas em relação

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Com a maioria dos professores em situação de efetivos ou estáveis, o Estado poderia instituir para os remanescentes o regime de trabalho previsto na CLT.

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Estado, além de ter nomeaaos docentes que são conProfessores tratados de forma tempodo ao longo dos anos de 2011 “temporários” e 2012 mais de trinta mil rária, mas que curiosamenpermanecem anos professores remanescentes te permanecem por muitos nas escolas e, do concurso público realianos nas escolas, o que desa cada ano, ficam caracteriza a condição de zado em 2010, criou por lei sem direitos precários ou temporários, no ano de 2013, um conjunmas que enfrentam um re- trabalhistas, férias e to de 59 mil novos cargos, e, gime de trabalho desumaassistência médica. após a realização das provas e classificação chamou 20 no, para dizer o mínimo. mil novos professores, com início de ativiNão possuem nenhum direito trabalhista e, ao final do ano letivo, têm cessado o contrato dades no ano de 2014. Medidas dessa natude trabalho, ficando sem salários, no mínimo reza tendem, paulatinamente, a diminuir durante 40 dias (em 2011, o interstício era o número de professores a título precário. de 200 dias), sem salários e sem assistência Com a maioria dos professores em situação médica por parte do Estado. Curiosamente, de efetivos ou estáveis, o Estado poderia o poder público mantém uma situação que instituir para os remanescentes o regime não permite ao ensino particular: qualquer de trabalho previsto na CLT, medida, que, escola privada é obrigada a contratar seus aliás, vigorou no Estado de São Paulo, nos professores pelo regime da Consolidação anos de 1968 e 1969, que muito contribuiu das Leis do Trabalho (CLT). para a satisfação dos professores. Para diminuir o número de professores Com todo o esforço feito, é preciso recontratados a título precário, o Governo do conhecer, ainda há muito por se fazer, no

(DA ESQUERDA PARA A DIREITA) PROFESSORES FLÁVIO FAVA DE MORAES, JAIR MILITÃO DA SILVA, PAULO NATHANAEL E JOÃO CARDOSO PALMA FILHO.

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A nova normatização estabelece que todos aqueles que apresentarem as condições necessárias para realizar a prova e alcançarem a nota média estabelecida terão aumento de 10% no salário base. nas na Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas estavam em execução, nada mais nada menos, que 120 projetos, os quais acabavam ocupando a maior parte do tempo das Diretorias de Ensino e das Unidades Escolares, o que dificulta em muito acompanhar a execução a proposta pedagógica de cada escola. Tanto a Diretoria de Ensino como a escola realizam o trabalho em função dos projetos centralizados. Como não há o que fazer em relação ao gigantismo, em médio prazo, a alternativa que se apresenta ao gestor público é descentralizar ao máximo as ações, principalmente, às de natureza pedagógica, reforçando a gestão dessas ações no âmbito das Diretorias Regionais de Ensino e conferindo maior autonomia com responsabilidade social às escolas. APE

JOÃO CARDOSO PALMA FILHO Membro Titular da Academia Paulista de Educação.

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que diz respeito à atratividade da carreira do magistério. Jovens egressos do Ensino Médio, não querem seguir a carreira docente. Muitos concluem os cursos de graduação em nível Superior na modalidade Licenciatura, mas não se interessam em ser professores. Várias foram as críticas no tocante à denominada promoção por mérito, que consiste na realização de uma prova a cada três anos e que permitia que até 20% dos profissionais, de acordo com cada segmento do magistério pudessem alcançar um aumento salarial de 25%. A partir de 2012, a Assembleia Legislativa apro­vou Projeto de Lei encaminhado pelo Poder Executivo alterando essa regra. A nova normatização estabelece que todos aqueles que apresentarem as condições necessárias, para realizar a prova e alcançarem a nota média estabelecida, terão aumento de 10% no salário base. No tocante à gestão na rede estadual de ensino, duas são as dificuldades maiores: o gigantismo confirmado pelos números e a forte centralização na estrutura superior da pasta da educação. No ano de 2011, ape-

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NOTÍCIAS APE

Obra de Reinaldo Polito é publicada na Rússia

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m dos mais proeminentes professores de oratória e comunicação da América Latina, Reinaldo Polito comemora a publicação de seu livro “Como falar corretamente e sem inibições” (351 páginas, Editora VES) na Rússia. Com 111 edições, em sua 5ª reedição, a obra também foi publicada na Espanha e na Colômbia. Ocupando posição de destaque entre os dez títulos mais vendidos de sua editora, a obra é direcionada a toda e qualquer pessoa que deseja dominar as técnicas da conversa, seja para um pequeno grupo ou para um grande público. Com mais de 40 anos de experiência, Polito é escritor, conferencista e professor de Retórica. Desde 1975, seus cursos formam anualmente mais de 1.200 alunos, incluindo políticos e empresários. É também Titular da APE, Cadeira 3.

Despedida de um grande educador Professor Carlos Rolim lança novo livro

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embro honorário da APE, o professor Carlos Rolim Affonso, da Academia Cristã de Letras, lançou o livro “O Papel da Educação na Idade de Ouro”. Em evento realizado a 14 de fevereiro, na sede da Associação dos Aposentados da Sabesp. A obra destaca a importância do início do processo educacional, logo que a criança vem ao mundo, através dos pais e, a partir do primeiro ano, em uma escola, onde os professores tenham experiência em estimulação infantil e levem em consideração a participação dos pais nesse processo.

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onselheiro Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação (CNE), do Ministério da Educação (MEC), o professor Benno Sander faleceu em 29 de abril, em Niterói (RJ), aos 78 anos idade. Bacharel e licenciado em letras pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Sander teve atuação destacada na educação pública brasileira como professor titular da Universidade de Brasília (UnB) e da UFF. Como membro do CNE, ele participou de comissões específicas sobre temas como formação de professores, Plano Nacional de Educação (PNE), dentre outras.

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APE lamenta o falecimento do jornalista Rodolfo Konder

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o início de maio, o jornalista, escritor e professor universitário Rodolfo Konder morreu, aos 76 anos, em São Paulo. Natural de Natal (RN), Konder era diretor da representação da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) em São Paulo. O jornalista foi secretário de Cultura de São Paulo em dois governos municipais. Além disso, foi membro do Conselho da Fundação Padre Anchieta (TV Cultura), integrou a diretoria da Bienal de São Paulo. Vencedor do Prêmio Jabuti em 2001 pelo livro “Hóspede da Solidão”, Konder também atuou como professor de jornalismo na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e diretor da Faculdades Integradas Alcântara Machado (FIAM).

Acadêmica da APE paraninfa turma de formandos do CIEE

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m 28 de maio, a acadêmica profª Dra. Márcia Lígia Guidin, diretora de Comunicação da APE, foi convidada para ser paraninfa da turma de formandos do programa Alfabetização e Suplência Gratuita para Adultos, do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE). Realizado desde 1997, o programa beneficia milhares de jovens e adultos, suprindo carências na formação educacional.

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m 10 de dezembro de 2013, o acadêmico Wander Soares (cadeira 17) assumiu o cargo de Membro do Conselho Curador da FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil), sediada no Rio de Janeiro. Em março de 2014, a Feira de Bologna, onde Soares representou a FNLIJ, homenageou o Brasil. Como o grande destaque de Bologna está na ilustração, o tradicional Prêmio Hans Christian Andersen foi concedido a um brasileiro, primeiro candidato latino-americano a vencer nessa categoria: o escritor e ilustrador Roger Melo.

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Professor Wander Soares assume cargo na FNLIJ

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LANÇAMENTO

Relógio do Tempo,

a vida de um grande educador Biografia de Paulo Nathanael Pereira de Souza é a mais nova obra de Yvonne Capuano

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m 12 de maio, no foyer do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), foi realizado o coquetel e lançamento do livro “Relógio do Tempo”, um perfil biográfico do educador Paulo Nathanael Pereira de Souza, presidente emérito daquela instituição, da Academia Paulista de Educação e da Academia Cristã de Letras, além de membro da Academia Paulista de Letras. O evento comportou um breve pronunciamento do presidente do Conselho de Administração do CIEE, Ruy Martins Altenfelder Silva – autor do texto de apresentação da obra – e também da historiadora e acadêmica da Academia Paulista de História (APH), Ana Maria de Almeida Camargo, que falou em nome da biógrafa. Em seu discurso no evento, Paulo Nathanael lamentou a ausência da autora, afastada por problemas de saúde. “Aqui nos

encontramos, nesta cerimônia, que marca o lançamento de um livro, ‘Relógio do tempo’, escrito pela consagrada biografista Yvonne Capuano, sobre minha vida e minha carreira, todos nós certamente tocados por dois sentimentos contraditórios: um de alegria pela obra que hoje vem a lume, e outro de tristeza, pela ausência física da autora. Creio, senhores e senhoras, que nunca houve, nem possivelmente haverá, uma amizade tão grande e tão fraterna entre dois seres humanos, como o que nos une, a mim e a Yvonne, nestes quinze anos de nosso convívio”, declarou o biografado. O presidente da APE também agradeceu ao Presidente do Sciesp, Alexandre Tirelli, patronicador da obra, e aos presidentes do CIEE pelo evento e à Miró Editora, na pessoa da acadêmica e editora Márcia Lígia Guidin. APE

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ACADÊMICOS A Academia Paulista de Educação é formada por 40 cadeiras, cada uma com seus respectivos patrono e titular, este eleito em Assembleia Geral, quando da ocorrência de vaga. A APE agrega Acadêmicos Honorários, Acadêmicos Beneméritos e Acadêmicos Correspondentes:

Archero Júnior

CADEIRA 2 PATRONO: Antônio Sampaio Dória TITULAR: vaga MEMBRO benemérito: Jorge Nagle ANTECESSOR: Alcindo Muniz de Souza FUNDADORA: Zenaide Villalva de Araujo

CADEIRA 11 PATRONO: João Baptista Julião TITULAR: Sônia Terezinha

CADEIRA 21 PATRONO: Fernando de Azevedo TITULAR: Moacyr Expedito Marret

ANTECESSOR/FUNDADOR: Hercília

ANTECESSOR/FUNDADOR: José

Castilho Cardoso

Fernandes Soares

CADEIRA 12 PATRONO: Júlio de Mesquita Filho TITULAR: Cláudio Salvador Lembo ANTECESSORES: Irany Novah Moraes e

CADEIRA 22 PATRONO: Padre Manoel da Nóbrega TITULAR: Amélia Americano

de Souza Penin

Orlando Alvarenga Gaudio

CADEIRA 13 PATRONO: Adalivia de Toledo TITULAR: Teresa Roserley

CADEIRA 23 PATRONO: Robert Mange TITULAR: José Cláudio Correra ANTECESSOR/FUNDADOR: Rita de Freitas

FUNDADOR: Laerte Ramos de Carvalho

FUNDADORA: Matilde Brasiliense

Neubauer da Silva

de Almeida Bessa

CADEIRA 4 PATRONO: João de Deus Cardoso

de Mello

TITULAR: José de Oliveira Messina ANTECESSOR: Samuel Pfromm Netto FUNDADOR: Alberto Rovai CADEIRA 5 PATRONO: João Kopke TITULAR: João Gualberto

ANTECESSORA/FUNDADORA: Corina de Castilho Marcondes Cabral CADEIRA 14 PATRONO: Antonio Piccarolo TITULAR/FUNDADOR: Oswaldo Melantonio CADEIRA 15 PATRONO: Antonio Firmino de Proença TITULAR: Luiz Barco ANTECESSOR/FUNDADOR: Vicente de Paula

de Carvalho Meneses

Rocha Keppe

CADEIRA 6 PATRONO: Roldão Lopes de Barros TITULAR: Márcia Lígia Guidin ANTECESSOR: Laura de Souza Chauí FUNDADORA: Maria do Carmo de Godoy

CADEIRA 16 PATRONO: Abraão de Moraes TITULAR/FUNDADOR: Osvaldo Sangiorgi

ANTECESSOR/FUNDADOR: Walter Barioni

Ramos

CADEIRA 7 PATRONO: Padre Leonel Franca TITULAR: Paulo Nathanael Pereira

de Souza

ANTECESSOR/FUNDADOR: Alberto Mesquita

de Camargo

CADEIRA 8 PATRONO: Sud Menucci TITULAR: Nacim Walter Chieco ANTECESSOR/FUNDADOR: Noêmia Saraiva

de Mattos Cruz

CADEIRA 9 PATRONO: Alberto Conte TITULAR: Arnold Fioravante ANTECESSOR: Cidmar Teodoro Pais FUNDADOR: Nelson Cunha Azevedo CADEIRA 10 PATRONO: Antonio Ferreira

de Almeida Júnior TITULAR: José Augusto Dias ANTECESSOR/FUNDADOR: Amaury Moraes de Maria

Domingues de Castro

ANTECESSOR/FUNDADOR: Reynaldo

CADEIRA 3 PATRONO: Fabiano Lozano TITULAR: Reinaldo Polito ANTECESSOR: Padre Hélio

Abranches Viotti

Vaz Guimarães

CADEIRA 17 PATRONO: Celestino Bourroul TITULAR: Wander Soares ANTECESSOR: José Aristodemo Pinotti FUNDADOR: João Baptista de Oliveira e

Costa Júnior

CADEIRA 18 PATRONO: José Bento Monteiro Lobato TITULAR: João Grandino Rodas ANTECESSOR: Erwin Theodor Rosenthal FUNDADOR: Valerio Giulli CADEIRA 19 PATRONO: Carlos Pasquale TITULAR: Celso de Rui Beisiegel ANTECESSORES: Paulo Zingg, Antonio

Augusto Soares Amora e José Mário Pires Azanha FUNDADOR: Oswaldo Quirino Simões CADEIRA 20 PATRONO: Maria Augusta Saraiva TITULAR: Myrtes Alonso ANTECESSOR: Rosalvo Florentino FUNDADOR: René de Oliveira Barbosa

Kuntz Busch

CADEIRA 24 PATRONO: Álvaro Lemos Torres TITULAR: José Sebastião Witter ANTECESSOR: Vinício Stein Campos FUNDADOR: Sílvio Carvalhal CADEIRA 25 PATRONO: João Augusto de Toledo TITULAR: Ives Gandra da Silva Martins ANTECESSOR/FUNDADOR: Antonio d´Avilla CADEIRA 26 PATRONO: Padre José de Anchieta TITULAR: vaga ANTECESSOR/FUNDADOR: Luiz Contier CADEIRA 27 PATRONO: Theodoro Augusto Ramos TITULAR: Bernardete Angelina Gatti ANTECESSOR: Jorge Bertolaso Stela

e Benedito Castrucci FUNDADOR: Egon Schaden

CADEIRA 28 PATRONO: Suetônio Bittencourt Junior TITULAR: Francisco Aparecido

Cordão

ANTECESSOR: Apparecida Gomes

do Nascimento Thomazelli

FUNDADORA: Luiza Chagas

CADEIRA 31 PATRONO: Pedro Voss TITULAR: Luiz Gonzaga Bertelli ANTECESSOR: Mario Pires FUNDADOR: Juvenal Paiva Pereira CADEIRA 32 PATRONO: Horácio Augusto da Silveira TITULAR: João Cardoso Palma Filho ANTECESSORES: Sólon Borges dos Reis

e Paulo Ernesto Tolle

FUNDADOR: Arnaldo Laurindo CADEIRA 33 PATRONO: Manoel Berstrom

Lourenço Filho

TITULAR: vaga ANTECESSORES: Carlos Corrêa Mascaro

e Paulo Renato de Souza

FUNDADOR: João de Souza Ferraz CADEIRA 34 PATRONO: Ernst Gustav Gothel Marcus TITULAR: Myriam Krasilchik ANTECESSOR/FUNDADOR: Michel Pedro

Sawaya

CADEIRA 35 PATRONO: Newton Almeida Mello TITULAR: José Renato Nalini ANTECESSORES: Zoraide Rocha De Freitas

e Pedro Salomão José Kassab

FUNDADOR: João Chiarini

CADEIRA 36 PATRONO: Anésia Loureiro Gama TITULAR: Zilda Augusta Anselmo ANTECESSOR/FUNDADOR: Walter

Silveira da Mota

CADEIRA 37 PATRONO: Máximo Moura Santos TITULAR: Ivani Catarina Arantes Fazenda ANTECESSOR/FUNDADOR: Henrique

Ricchetti

CADEIRA 38 PATRONO: Norberto Souza Pinto TITULAR: Jair Militão da Silva ANTECESSOR: Odilon Nogueira de Matos FUNDADOR: Luiz Horta Lisboa

CADEIRA 29 PATRONO: Geraldo Horácio

CADEIRA 39 PATRONO: Emilio Mira y López TITULAR: Joaquim Pedro Vilaça

TITULAR: Rachel Gevertz ANTECESSORA/FUNDADORA: Maria

ANTECESSOR: Imídeo Giuseppe Nérici FUNDADOR: Agostinho Minicucci

de Paula Souza

Antonieta de Castro

CADEIRA 30 PATRONO: Joaquim Silva TITULAR: Maria de Lourdes

de Souza Campos

CADEIRA 40 PATRONO: Manoel Ciridião Buarque TITULAR: Anna Maria Pessoa

de Carvalho

Mariotto Haidar

ANTECESSORA: Maria José

de Oliveira Azevedo Filho

FUNDADORA: Nilce de Carvalho Amazonas

ANTECESSOR/FUNDADOR: José Bueno

Barbosa de Carvalho

R E V I S TA A P E • A G O S T O 2 0 1 4

CADEIRA 1 PATRONO: Eduardo Carlos Pereira TITULAR: Flávio Fava de Moraes ANTECESSOR/FUNDADOR: Aquiles

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R E V I S TA A P E • A G O S T O 2 0 1 4

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