alvinegro #26

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alvinegro de torcedor pra torcedor

Apoio

meufigueira.com.br 3 de agosto de 2011 | Ano 2, nº 26

Jorginho precisa de resultado pré-jogo

Apenas 16,6% de aproveitamento nos últimos seis jogos botam pressão sobre técnico no jogo de hoje Renato Ferro

J

Henrique Santos ulho, o mês do desgosto para o Figueirense, terminou com saldo bastante negativo. Foram seis partidas sem vencer e apenas três pontos somados, dois deles no Scarpelli. Hoje será a primeira chance para eliminar de vez este rescaldo, voltar a vencer e o treinador Jorginho salvar seu cargo, pois caso isto não ocorra o alvinegro terá novo comandante já na próxima rodada. O Botafogo é o adversário da vez, agora em boa fase, o que pode gerar maior pressão no Figueirense ou uma reviravolta combinada com mudanças de rumos na recente trajetória do time na Série A. Ou vence ou muda tudo! Time do povo – Com a ineficiência do ataque, a torcida pedia as presenças de Elias e Fernandes no meio-campo. Diante do Palmeiras ambos atuaram juntos no segundo tempo e o time criou boas chances, já contra o Bahia, Jorginho preferiu deixar o ídolo no banco de reservas optando por dois jo-

2 0 3

Pendurados Rhayner e Aloísio

Suspenso Nenhum jogador fora por cartões

Machucados Bruno, Pablo e Aloísio

Próximos jogos Atl-MG x Figueira (sáb, 6/8, 21h) Figueira x Fla (dom, 14/8, 16h) Flu x Figueira (qua, 17/8, 16h)

Nota

Só existem duas verdades no futebol: você ganha, você é bom; você perde, você é ruim. no dia 3 de março de 2011 Jorginho, na primeira coletiva como técnico do Figueirense,

gadores mais ofensivos. Para hoje Aloísio é desfalque devido a uma entorse no tornozelo. Os demais atacantes – especialmente Héber e Wellington – ainda estão aquém do esperado, então a aposta será no esquema 4-5-1 com Júlio César sozinho na frente. Se o setor ofensivo preocupa, o mesmo acontece na lateral-direita onde Bruno continua machucado, Pablo não recuperou-se 100% da lesão e Coutinho atua

(G) Wilson (L) Coutinho (Z) João P. Goiano (Z) Edson Silva (L) Juninho (V) Ygor (V) Túlio (M) Maicon (M) Elias (A) Fernandes (A) Júlio César Técnico: Jorginho

11 gols pró 15 gols contra Jogos da 14ª rodada

improvisado. Como alento para o torcedor o retorno do meia Maicon após cumprir suspensão automática pelo terceiro cartão amarelo. Devido a presença do camisa 8, Pittoni aparece entre os reservas. Embalado – O Botafogo ficou quatro jogos sem vencer, mas nas duas últimas rodadas somou vitórias diante do Avaí e Cruzeiro. Além disso, o técnico Caio Júnior

16 pontos

12º

conta com força total no meio e especialmente no ataque formado por Herrera e Loco Abreu. Os meias Elkeson e Maicosuel comandam o time e são as principais armas do alvinegro carioca. Ao longo da história de ambos na Série A foram 14 confrontos com seis vitórias do Figueira, seis empates e somente duas derrotas, uma delas na última partida disputada no Scarpelli, em 2008. Avante Alvinegro!

22 pontos

3 de agosto de 2011, quarta-feira, às 19h30 Wagner Reway (juiz, MT) Lincoln Ribeiro Taques e Joadir Leite Pimenta(bandeiras, MT)

Jefferson (G) Alessandro (L) Antônio Carlos (Z) Gustavo (Z) Cortês (L) Marcelo Mattos (V) Renato (V) Maicosuel (M) Elkeson (M) Herrera A) Loco Abreu (A)

Técnico: Caio Jr.

16 gols pró 12 gols contra

Pela primeira vez, desde o começo do Brasileiro da Série B do ano passado, no dia 27 de julho, dia do jogo contra o Palmeiras em casa, o jornal alvinegro não circulou em um jogo do Figueirense em casa pela competição nacional. Depois de 25 edições seguidas, a publicação deixa de ser produzida e distribuída em todos os jogos que ocorrem no Scarpelli e passa a ter periodicidade mensal, circulando sempre nas primeiras partidas do mês. O jornal é uma iniciativa independente de torcedores do Figueirense e é todo feito de forma voluntária por integrantes do MEUFIGUEIRA. A mudança ocorre exclusivamente pela falta de tempo para a execução do trabalho que envolve a producão de uma publicação impressa: pauta, reportagem, redação, diagramação e edição.

Classificação - 13 rodadas P Equipe

P

J

V

E

D GP GC SG

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

28 27 25 25 24 22 19 18 18 18 17 16 15 14 13 13 11 10 8 8

12 13 13 13 13 13 13 12 13 13 13 13 13 13 13 12 10 13 13 13

9 7 8 7 7 6 5 6 5 5 5 4 3 4 3 3 3 2 2 1

1 6 1 4 3 4 4 0 3 3 2 4 6 2 4 4 2 4 2 5

2 0 4 2 3 3 4 6 5 5 6 5 4 7 6 5 5 7 9 7

Corinthians Flamengo São Paulo Palmeiras Vasco Botafogo Inter Fluminense Cruzeiro Ceará Coritiba Figueirense Bahia Atlético-MG Atlético-GO Grêmio Santos Avaí Atlético-PR América-MG

21 26 20 20 20 16 20 13 15 19 24 11 16 17 12 12 15 14 9 12

Quarta-feira, 3/8, 19h30: Corinthians x América-MG, Grêmio x Atlético-MG, Figueirense x Botafogo, Ceará x Avaí. Quarta-feira, 3/8, 21h50: Vasco x Santos, Cruzeiro x Flamengo, Coritiba x Palmeiras. Quinta-feira, 4/8, 21h: São Paulo x Bahia, Fluminense x Internacional, Atlético-GO x Atlético-PR

8 13 17 9 16 12 15 12 13 21 19 15 16 23 14 15 18 29 21 26

13 13 3 11 4 4 5 1 2 -2 5 -4 0 -6 -2 -3 -3 -15 -12 -14


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3 de agosto de 201

Volta dos jogos da Série A não Público

Média de torcedores fica abaixo dos 10 mil nos sete primeiros jogos do campeonato brasileiro. Depoi

O Ney Pacheco

s dois anos fora da primeira divisão o bom desempenho do Figueirense nas primeiras rodadas da série A não conseguiram fazer com que o clube tivesse uma grande média de público no Estádio Orlando Scarpelli. Nas primeiras sete partidas disputadas na casa alvinegra, o público pagante médio foi de 9.488 por jogo, número que poderia ser pior, não fossem os 25.458 torcedores presentes nos confrontos contra Grêmio e Palmeiras. A torcida do Figueirense continua sendo a maior e mais fiel de Santa Catarina, mas na comparação com ela mesma, os últimos anos revelam que o torcedor alvinegro tem ficado mais exigente e seleciona os jogos que considera mais importantes para ir ao estádio. No levantamento das médias de público das primeiras sete partidas realizadas como mandante desde 2002, quando voltou à série A depois de 22 anos de ausência, as maiores foram justamente nos primeiros anos. Desconsiderando-se os dois primeiros jogos da campanha de 2002, jogados em Joinville e Curitiba, respectivamente, por conta da punição pela invasão de campo no histórico jogo contra o Caxias pela série B de 2001, a média inicial no Scarpelli daquele ano segue imbatível. 14.630 pagantes passaram nas catracas, em média, nas primeiras sete pelejas realizada no estádio do Estreito naquela temporada. As melhores na sequência foram a de 2004, a de 2006 – ano da melhor campanha da história – e a de 2003. Só então aparece a arrancada de 2011. As médias de 2005, 2007 e 2008 completam o quadro (veja os números completos no gráfico nesta página). A média inferior à presença da torcida alvinegra nos últimos anos não significa automaticamente que houve um afastamento do torcedor em relação ao clube. Segundo os números divulgados pela direção do Figueirense, o número de sócios ultrapassa os 13 mil. A presença destes sócios no estádio, no entanto, tem sido inferior ao total informado pelo clube. O maior número foi registrado na semana passada, justamente na partida contra o Palmeiras, a de maior público no campeonato até agora. Dos 13.283 pagantes que passaram pelas bilheterias no jogo de 27 de julho, 10.573 eram associados ao Figueirense. Os motivos para esta redução são variados e vários deles foram elencados pela direção do clube, por torcedores e por jornalistas e cronistas esportivos ouvidos pelo alvinegro para esta reportagem. Insatisfação com decisões e forma de gestão do clube, qualidade do futebol jogado, adversários pouco atraentes, comodidade

de ver pela TV, preço dos ingressos, frio e chuva, horário foram apontados como fatores que contribuem para um fluxo menor de torcedores.

Brindes e Campanha - Na avaliação do gerente de marketing do Figueirense, Fernando Kleimmann, a presença do torcedor neste começo de campeonato está dentro das expectativas do clube. Além dos fatores que mais contribuem para um fluxo menor de público – horário dos jogos, clima e aumento do acesso às transmissões pagas – ele considera que o fato de ter enfrentado poucos adversários de grande apelo popular contribui para a média inferior a anos anteriores. “Só os últimos dois jogos tiveram grande apelo”, destaca Kleimmann, “e para piorar o jogo contra o Santos foi disputado debaixo de muita chuva e frio”. Apesar de considerar o número dentro do esperado, o gerente de marketing do Figueira diz que o clube está preparando uma campanha a partir da próxima semana para trazer mais torcedores no estádio. “Além da campanha que será veiculada em TV, rádio, jornal e internet, teremos ações no intervalos dos jogos com entrega de brindes dos nossos patrocinadores para os nossos torcedores”, destaca. Mudança de Perfil - O Figueirense foi um dos pioneiros na estratégia recente dos clubes brasileiros de incentivar a associação dos torcedores. A partir de 1999, o Alvinegro passou a incentivar o torcedor a se associar, saindo de pouco mais de 300 sócios no começo daquele ano até os 13 mil atuais. Para o torcedor que se associa, o clube garantia a comodidade de evitar filas para comprar ingresso, desconto no valor pago mensalmente em relação ao preço avulso do ingresso cobrado por jogo, e, a partir de 2006, o conforto de ter sua carteira numerada à disposição independente do horário de chegada ao estádio. A vantagem para o clube reside no fato de garantir uma renda mensal mais estável e menos sujeito à variação de humores relacionado ao desempenho do time dentro de campo. Se a campanha é ruim, o associado pode até deixar de ir a certos jogos, mas leva mais tempo para deixar de de ser sócio, se deixar. Independente do número de partidas que veja no estádio, o sócio vai pagar o mesmo valor de mensalidade. Para tornar a associação mais atraente, os clubes, entre eles o Figueirense, passaram a jogar o preço dos ingressos para cima. Atualmente, o preço de um ingresso avulso para um jogo em determinado setor (cadeiras cobertas ou descobertas, por exemplo) equivalem praticamente ao valor mensal cobrado do sócio naquele mesmo setor. O efeito colateral da medida foi o afasta-

O início do Brasileirão no Scar

Quantos torcedores, em média, foram ao estádio ver o Figueira nos primeiros set 14.630 12.974 10.709

10.208 9.112

20 02

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20 06

20 07

Os alvinegros fieis não abandonam o time, nem no frio e em horário ruim, como contra o Atlético-G mento daquele torcedor mais ocasional, que vai ao estádio de acordo com o interesse despertado pelo jogo, e, principalmente, do torcedor de menor poder aquisitivo. A Associação Nacional dos Torcedores – ANT (www.torcedores.org.br) critica o que chama de elitização do futebol brasileiro. Para a ANT, a extinção de áreas populares como a geral, a “falta de meios de transporte dignos durante os dias de jogos” e o controle das tabelas e horários dos campeonatos pela televisão contribuem diretamente para elitizar a presença nos estádios. Grande fatia dos torcedores que se associam ao clube tem bom poder aquisitivo. Mui-

tos deles podem pagar a mensalidade e se dar ao luxo de não vir ao estádio ver todos os jogos ou de pagar o pay-per-view e ver em casa. Para o torcedor com menos dinheiro, 50 reais por uma arquibancada para correr risco de enfrentar chuva ou frio, mais os gastos com comida, bebida e transporte, em horários pouco apropriados, tornam mais atraentes se dirigir a um bar perto de casa, ver pelo PPV, beber sua cervejinha sossegado e gastar bem menos.

Pouco incentivo - Para o jornalista Rodrigo Faraco, comentarista da rádio CBN Diário e da TV COM, “os clubes fazem de tudo pra tirar o torcedor do estádio e não se dão conta dis-


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o rende bons públicos em casa

is de dois anos de sofrimento e da conquista do acesso, fica a dúvida: por que o torcedor não enche o Scarpelli? sócios, porque estes pagam mais barato e antecipado”, constata. O jornalista considera um absurdo o clube ter vendido mais 2 mil ingressos para os visitantes na partida contra o Grêmio simplesmente porque o torcedor do Figueirense não comprou. “É fazer o mais fácil, como sempre”, critica Faraco.

rpelli

te jogos de cada ano de Série A

9.488

9.050

8.340

20 11 Renato Ferro

20 08

GO. Mas não são suficientes para lotar o estádio so” e não adotam estratégias agressivas para trazê-los de volta. “Tirando a junção da trinca timaço/craques/resultados, que é para poucos, a estratégia de preços baixos ainda é a mais agressiva”, avalia. O maior incentivo para o torcedor ir ao estádio hoje é sua própria paixão pelo clube, que pode ser reforçada pela formação de um bom time e a realização de uma boa campanha, considera o comentarista. “Os clubes estão certos em pedir alto pelos direitos com TV aberta e pay per view, mas não abriram mão de ‘ganhar’ com o preço dos ingressos - cobram caro pra fazer receita mesmo. E pior, acham que preço alto na bilheteria vai agregar mais

Pouca qualidade - A baixa qualidade do espetáculo é outro fator destacado por quem acompanha o futebol profissional. O comentarista da Rádio Guarujá e colunista do jornal Notícias do Dia, Polidoro Júnior avalia que “se o time fosse fera, com um treinador com aprovação da maioria da torcida, talvez o público pudesse ser o dobro, mas o futebol anda muito pobre e sem criatividade”. Poli, como é conhecido, não elimina, porém, outros fatores que afastam o público. Ele enumera “o valor dos ingressos, a campanha instável da equipe, o absurdo dos horários, principalmente os que iniciam às 21h50, além dessa invenção de jogos às 21 horas dos sábados e da excessiva transmissão dos jogos para dentro das praças, através do PPV”, como elementos para desestimular a ida do torcedor ao estádio. Para Claudionir Miranda, narrador e comentarista da rádio Band FM e da TVBV, “apesar da boa colocação do Alvinegro na competição, o time não tem empolgado”. O narrador ressalta que o time tem dificuldades para fazer gols e prioriza o sistema defensivo, o que não leva torcedor ao estádio. “Não precisa dar show, mas tem que mostrar ofensividade, jogadas ensaiadas, surpreender o publico, senão é preferível ficar em casa, vendo pela TV”, finaliza. Média ainda é boa - Na comparação com outros centros, “a média do Figueirense é muito boa”, analisa Sérgio Murilo, também narrador e comentarista da rádio Band FM e da TVBV. Para ele, a presença do público depende do rendimento do time, mas também é influenciada pelo preço dos ingressos, pelo conforto oferecido ao torcedor no estádio e pela qualidade do espetáculo. “O futebol, razão de tudo, está abaixo da crítica. Jogadores preocupados com os cabelos, em simular faltas e esquecendo de jogar, treinadores covardes , colocando os times na retranca com medo de perder o emprego” contribuem para o torcedor não sair de casa no entendimento de Sérgio Murilo. Como se vê, o tema é complexo e gera uma boa discussão. Não há ainda um consenso sobre as razões para este afastamento do torcedor, mas o debate pode ajudar a elaborar estratégias para aumentar a média de público no Scarpelli. Ver o caldeirão ferver como em outras épocas ainda é o sonho de muito torcedor.

Tainha

globoesporte.globo.com/blogdofigueirense

Entre público e privado

“Q

ue porra as pessoas as pessoas têm a ver com as contas da CBF? Que porra elas têm a ver contabilidade do Bradesco ou do HSBC? Isso tudo é entidade pri-va-da. Não tem dinheiro público, não tem isenção fiscal. Por que merda todo mundo enche o saco?”. O parágrafo acima é parte da polêmica entrevista do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, para revista Piauí. E o leitor pode se perguntar: “Mas que diabos, entretanto, tem isso a ver com a baixa presença público nos estádios? Ainda mais no Figueirense?” Tudo. A grande dicotomia que o futebol brasileiro sofre nos dias de hoje faz com que cada vez mais o público se afaste dos campos já que tudo tem o privado em vista. O “público” é mero acessório ou tem importância indireta. Em primeiro plano vêm o mercado de venda de jogadores, cotas de televisão e patrocinadores. Os torcedores, ou seja, “o público”, é fonte indireta de renda. Menor, sem muito valor. Quando o torcedor recebe atenção é pelo fato de representar renda para o clube, vide o caso dos sócios no Figueirense. Em outras palavras, não estão preocupados com o que você acha do clube, se você deseja vir ao jogo, ou se quer participar da vida clube. O importante é se você, caro sócio, paga mensalidade. Torcedore importantes são aqueles que ainda possuem poder de voto como conselheiro. Os que podem atrapalhar ou questionar também tem sua importância, mas, se forem poucos, podem ser vendidos como mera “esquerdinha”. Em suma, nosso clube é parecido com os outros e trata o torcedor com indiferença. Salvo algumas mobilizações organizadas pelo marketing que tenta lhe fazer gastar com o clube, seja como sócios ou comprando produtos licenciados. Só. Tudo gira em torno do que você possui no seu bolso. Quanto mais você possui, mais importante você é, mais atenção ganha. Quero acreditar que o Figueira e outros clubes são mais do que isso. São motivo de reunião de uma massa em torno de um assunto, de uma paixão em comum. Motivo que aproxima pessoas e gera uma nação em paralelo. Pessoas que se organizam e curtem esse amor. Do rico ao pobre comendo um pastel no Keko ou lendo esse jornal produzido por torcedores. O Figueirense e o futebol em sinão podem ser tratado como a CBF, ou seja, como algo “pri-va-do”. O clube e o futebol são um patrimônio social, do povo como costuma se falar, e deve ser acompanhado de perto por ele. Ingresso mais baratos são uma boa, mas não se trata apenas isso. Maior transparência para reaproximar o torcedor, horários que sejam mais favoráveis, preços verdadeiramente populares, estádios organizados e seguros e por ai vai. A lista é imensa, a tarefa é hércula, mas, mesmo assim, precisa ser vencida. Futebol não é apenas resultado, a gama é variada. Promover ídolos, por exemplo, é algo importante para o torcedor e para o clube . Por essas e outras que o trato com Fernandes e Wilson deve ser diferenciado. Principalmente com Fernandes que nada mais, nada menos, que o maior jogador de todos os tempos no Figueirense. Uma lenda viva. Existem outros pontos, entretanto, a raiz do problema se reduz a uma complicação básica, o futebol deve ser tratado como algo público e não privado. O dever de visar o público deveria ser o principal dever de todos os dirigentes e clubes. Enquanto isso não ocorrer com o futebol, e não exclusivamente o Figueirense, o esporte vai perder cada vez mais torcedores e se transformar em apenas uma atração de TV onde o envolvimento acaba quando você desliga o aparelho. Simples assim. Diego Rzatki, o Tainha, é blogueiro do Figueirense no Globoesporte.


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A opinião do torcedor Horários dos jogos, campanha instável, concorrência do PFC, ingresso caro. Veja quais são os fatores apontados para a média abaixo de 10 mil pessoas “A tendência é cair com a desmotivação do torcedor, face à falta de reação do time e de um maior dinamismo da equipe, mas entendo também que em alguns jogos o frio atípico deste ano, aliado ao horário “global”, tenha contribuído para um público menor. A proliferação de bares com transmissão direta também contribui para a redução da média de público. Se as condições climáticas melhorarem e o time mostrar capacidade de reação, o quadro certamente mudará para melhor”. Luiz Otávio Martins Veiga, 56 anos, servidor público

Várias coisas pesam. Só jogamos dois jogos no final de semana à tarde. A alteração do horário do jogo contra o Grêmio, desequilibrou a conta. Esse horário de meio de semana é cruel com o torcedor. É um desrespeito, uma afronta. Mesmo assim, credito a maior parte da culpa ao momento do clube. Não ganhamos o estadual e , principalmente, a troca de técnico desmotivou. Saiu um técnico carismático, ídolo, identificado com o clube, que fazia o time jogar um futebol pra cima, bonito de se ver e no lugar a diretoria fez uma aposta que deu errado desde o início. O futebol sumiu e sobra arrogância ao novo treinador. É emblemático o fato de que mesmo com o baixo publico, o número de sócios subiu para quase 14 mil. Tem muita gente pagando pra ficar em casa. Hoje são 8 mil abnegados, dos quais eu faço parte, que vão ao estadio incondicionalmente.

Héverton Malagoli da Silva, 25 anos, bancário

A média de público está razoável, refletindo alguns motivos como a a decepção com a diretoria depois da cirurgia de mudança de técnico mal feita; muitos torcedores preferindo televisão ao estádio, principalmente nos horários que só interessam pra Globo, além de acomodações ruins, incluindo filas intermináveis pra entrar. Também há muito torcedor de dois times, que prefere ficar em casa vendo o outro do que o Figueira. Isso vai acabar com o tempo. ,Os torcedores devem vir mais ao estádio, claro, quando a diretoria e técnico forem mais coerentes e o time mais competitivo. Rogério Santos da Costa, 46 anos, professor

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alvinegro

Publicação de MEUFIGUEIRA

Há dois aspectos que deveriam trazer mais público para o Scarpelli. O primeiro é o retorno à série A, com a grande campanha realizada em 2010. O segundo é a campanha regular que o time está fazendo neste início de campeonato. Mesmo sem vencer fora, o Figueira está fazendo seu papel dentro do Scarpelli. É a nossa casa e o time estar na parte superior da tabela é um motivo a mais para apoiar o Furacão. Por outro lado, há aspectos negativos: o preço dos ingressos e a mudança na postura da equipe. Muitos torcedores reclama dos aumentos significativos do ingresso em todos os setores do estádio. A impossibilidade de se cobrar menos por setores menos ocupados, como o D, também dificulta. O segundo ponto negativo foi a mudança de postura. Em 2010 e até parte do estadual, o Figueirajogava com um esquema tático que valorizava o bom futebol. Bom toque de bola, jogadas em velocidade, era uma postura ofensiva que fazia brilhar os olhos do torcedor. Era bonito de se ver jogar. Algumas mudanças apagaram esse brilho, o que deixou muitos torcedores insatisfeitos. O aumento do número de sócios mostra que a torcida não abandonou o time, mas, de fato, há uma acomodação desse torcedor, que em vez de ir o Scarpelli apoiar o time, prefere apenas apertar um botão e assistir o jogo pela TV, em todo o conforto de sua casa. Já os que tem baixa renda, que antes iriam em algumas partidas apoiar o time, se assustam ao ver os preços na bilheteria. É preciso encontrar uma forma de trazer o torcedor de volta do estádio. A Cofes trabalha para resgatar paixão de torcer pelo Figueirense no estádio. Precisamos voltar a Alex Andree, ferver o nosso caldeirão. 20 anos. sonoplasta, presidente da Cofes

“Os fatores são diversos, mas o principal deles é a forma como a diretoria está tratando o futebol do clube. Não me atrevo ainda a comentar decisivamente sobre os demais aspectos administrativos, mas no futebol tenho certeza que as coisas não estão sendo tratadas corretamente. A demissão de um técnico identificado com o time e a torcida – apesar de concordar que era o momento – e a contratação de um novo treinador sem essa identificação são um dos motivos da presença menor de público. A demora para demitir o Jorginho, que não está mostrando condições de treinar o Figueira, também influencia. Outros fatores como menosprezar a inteligência do torcedor ao não abrir o clube como prometeram e a diretoria não vir a público nas horas ruins para explicar os motivos de suas decisões, também pesam. Ivan Haertel, 23 anos, estudante

Está ruim, principalmente se compararmos a anos anteriores. Sei também que não tivemos grandes públicos num único jogo (Corinthians, Flamengo), o que faz a media subir. O pay-per-view não é desculpa desse ano, isso já teve em anos anteriores e a média de público foi maior. O principal motivo são os horários, pois todo jogo temos menos público do que sócios em dia. O maior exemplo é a partida contra o Cruzeiro, às 16 horas de um domingo, quando tivemos um grande público contra um time que não é tão popular. Jogo às 22 horas é complicado para muita gente. Conheço pessoas que estudam e/ou trabalham e precisam acordar às 6 horas da manhã. Outras moram em locais distantes do Scarpelli e enfrentam a falta de segurança e de transporte coletivo depois da meia-noite. Alberto Sasso de Sá, o Beto, 23 anos, empresário

É um tema complexo que envolve vários fatores. Horário do jogo, condições climáticas, preço dos ingressos, PFC, e claro, a situação do time na tabela influenciam. Até o tempo que o Figueirense participa do campeonato pesa, afinal, jogo contra time de série A não é mais novidade. O torcedor também anda chateado com que tem acontecido nos últimos meses. Jogadores importantes saíram do time e não vieram bons reforços. Fernandes, que para a maioria ainda é o camisa 10, não pode jogar. Um técnico que tinha o apoio da torcida foi demitido. Depois de três anos desanimados – 2008 a 2010 – o torcedor ainda não voltou a viver aqueles bons momentos de alegria de tempos atrás. Nem os próprios sócios estão indo em grande número aos jogos. Se o clube tem mesmo mais de 13 mil sócios, pelo menos uns 10 mil deveriam estar indo aos jogos.

A presença do torcedor nesse início de Brasileirão está dentro das expectativas. Poderíamos ter mais público, mas disputar a elite nacional de ser novidade. A maneira como a direção conduziu o clube depois da queda para a série B também serviu para afastar os torcedores apaixonados, desiludidos com os acontecimentos e os caminhos então nebulosos. Ninguém mais é tolo de acreditar, por mais apaixonado que seja, nas pessoas que hoje estão no comando do clube. O futebol virou um grande negócio e os torcedores mais envolvidos e mais bem informados d o que acontece nos bastidores perdem o interesse. Os preços dos ingressos e o conforto de assistir os jogos emc asa ou em bares também acaba tirando o torcedor das arquibancadas, ainda mais nesses dias de inverno rigoroso.

Marcos José da Silva, 32 anos, analista de sistemas

Maurio Borges, 44 anos, jornalista, fundador da Surfigueira

Edição, Projeto Gráfico e Editoração: Tadeu Meyer (jornalista responsável - MTB/SC 03476-JP). Reportagem e textos: Henrique Santos, Ney Pacheco e Diego Rzatki. Fotos: Cristiano Andujar e Renato Ferro. Tiragem: 3 mil exemplares. Circulação: gratuita e dirigida aos torcedores que comparecem ao Scarpelli em dia de jogo. Impressão: Gráfica Rio Sul.


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