Capas de discos no Brasil - Anos 60: Bossa Nova e Tropicalismo

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as lojas expunham nas vitrines as capas, um monte de capas. Eu játinha observado que era uma poluição muito grande, mesmo as minhas ficavam confusas junto às outras. E eu pensava em simplificar para aparecer mais, não ter muito detalhes (Villela, 2001 apud Rodrigues, 2007: 21).

Cesar G. Villela começou a vida profissional em 1950, é de uma geração anterior ao surgimento das Escolas de Design no Brasil, sua formação foi a vida. No começo ilustrou duas revistas de professores, Humanidades e Gente Nova, no Instituto Lafayette onde estudou (Laus, 2005).

césar g. villela

Começou sua carreira como ilustrador e cartunista em revistas infantis como Tico-Tico, Vida Infantil e Vida Juvenil. Foi trabalhar como desenhista das revistas de quadrinhos da Rio Gráfica Editora (hoje Editora Globo). Dentre seus colegas desenhistas estavam Getúlio Delphim e Flávio Colin, além de José Luiz Benício. Entre os "paginadores" estava Mário Salles, que lhe apresentou o trabalho de Mondrian, o qual, segundo Villela (2003 apud Laus, 2005), "influenciava, na época, a arquitetura as paginações, as capas de livros e as próprias artes plásticas". Migrou para o jornal O Globo, onde ilustrava crônicas de Elsie Lessa, Henrique Pongetti e do "Ouvinte desconhecido" (Djalma Sampaio), entre outros. Segundo Laus (2005), duas tendências estilísticas de maior qualidade competiam pela primazia das capas de disco. A primeira, influenciada pelos discos de jazz da Blue Note e da Vere, utilizava retângulos contendo fotos coloridas em duotones e letterings em tipos sem serifa. A segunda era uma abordagem que revolucionou as capas de disco no Brasil e que ficou marcada como uma representação gráfica da bossa-nova: as capa em fundo branco com fotos em alto contraste em preto e um toque de vermelho, criadas por Cesar G. Villela e com fotografias de Francisco Pereira para a Elenco. Villela estava colocando em prática o que havia idealizado e começado a realizar nas

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