Jornal Maranduba News #64

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Maranduba, Setembro de 2014

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Disponível na Internet no site www.jornalmaranduba.com.br

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Ano 5 - Edição 64 Foto: Manoel Cabral

Pedra Rachada Muitos mistérios cercam este lugar secular


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Comunicado – SOS Cachoeiras Na noite do dia 18 de Agosto, moradores do bairro Sertão da Quina, se reuniram no Ecoo Bar com os integrantes do movimento SOS Cachoeiras, para discutir sobre a captação de água que a Sabesp pretende fazer nos entornos da Cachoeira da Renata. Foi exposta pelos integrantes do movimento a atual situação da obra e o andamento do inquérito que apura a legalidade do projeto, uma vez que a construtora responsável vem promovendo constantes modificações no local. Nas imediações da cachoeira é possível observar desmatamento, escavação e o depósito de dezenas de sacos de areia nas margens do rio. O projeto prevê a construção de uma barragem no rio, caixas de filtragem no entorno e o posterior isolamento do local, situado logo acima da cachoeira. Diante dos inevitáveis impactos à fauna e flora, à redução do volume de água do rio e as demais modificações na área de Mata Atlântica, a população realizou uma denúncia no GAEMA, promotoria do Ministério Público que investiga crimes ambientais, a partir da qual foi aberto o Inquérito Ci-

vil nº 63/2013. Tirando proveito da lentidão na conclusão do inquérito que investiga possíveis irregularidades no licenciamento, as obras prosseguem sem respeitar o ponto turístico de grande importância para o bairro, e sem considerar a hipótese de realizar a obra abaixo das cachoeiras, o que propõe o movimento SOS Cachoeiras. No dia 4 de setembro às 15h o promotor responsável pelo inquérito receberá representantes do SOS Cachoeiras no GAEMA em São Sebastião, para esclarecer sobre andamento do mesmo. A maioria dos moradores da região des-

conhece o fato de que um dos maiores patrimônios naturais da região corre risco de ser gravemente danificado. O momento é crucial para que seja encontrada uma solução que atenda tanto o aumento na demanda por água, quanto à preservação da Cachoeira da Renata. Para tanto, a população local e as autoridades devem tomar uma decisão conjunta baseada nos interesses sócio-ambientais e nos princípios da legalidade e viabilidade técnica. SOS Cachoeiras Contatos: (12) 99625-4460 (12) 3849-8432

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Ezequiel dos Santos - MTB 76477 Colaboradora:

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Comunidade se prepara para a 99ª edição da Festa de Nossa Senhora das Graças EZEQUIEL DOS SANTOS Nos próximos dias 5, 6, 7 e 8 de setembro, no bairro do Sertão da Quina, acontecerá a 99ª edição da Festa de Nossa Senhora das Divinas Graças. A festa acompanha uma tradição de acolhimento de fiéis, convidados e religiosos desde meados da década de 1910, onde segundo a tradição, uma jovem moça apareceu para quatro meninas, uma apenas uma vez, na região. Com procissão, queima de fogos e várias atrações a festa na realidade começa no dia 30 de agosto com novena e finaliza com a celebração de missa e procissão no dia oito de setembro. O prêmio principal desta edição será uma moto zero Km, porém vários outros prêmios serão distribuídos nos bingos sociais e nas dezenas de barracas que serão montadas para a festa. O evento possui um forte apelo aos sentidos e costumes religiosos da comunidade, sustentando vínculos com a identidade cultural e religiosa local e mantendo a tradição dos encontros de gerações das famílias no intuito de assumir e tomar posse deste acontecimento quase centenário.

A expectativa para esta festa é grande entre os voluntários e organizadores, principalmente se o tempo colaborar. Para saber sobre os acontecimentos basta olhar o cronograma nos cartazes e faixas espalhados pelo município e nas capelas da região sul. Homenageada Este movimento tem como objetivo principal homenagear a padroeira da região - Nossa Senhora das Divinas Graças, ao qual a paróquia leva seu nome. Os relatos descrevem que a Santa apareceu em 30 de Novembro de 1915, por volta das 18 horas, na casa do capelão Luiz Félix. A imagem da Santa foi avistada por quatro meninas: Iria Rosa, Benedita Januária, Maria Aparecida e Joana Félix, que na época tinham entre cinco e sete anos. A festa também tem como objetivo lembrar o sofrimento que as meninas passaram durante muito tempo, pois foram tidas como mentirosas por milhares de pessoas, até que as autoridades as interrogaram e as liberaram dizendo que elas não estavam mentindo. A festa se deu pelo grande número de peregrinos que visitavam o local da aparição, fato que acontece até hoje.

Fotos: arquivo pessoal Ezequiel dos Santos

As 3 meninas em 1925 na ocasião da chegada da imagem oficial da Santa conforme descrição da época

Acima: Casa do Luiz Félix onde apareceu a Santa pela 1ª vez anos depois recebe a visita dos primeiros padres. Seu local hoje é a lateral norte da Capela de Pedra próximo a bica A Esquerda - Festa década de 1950: Fiéis que vinham de todas as regiões para a festa da Santa na década de 1950


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Planeta Vanguarda grava reportagem sobre agricultura familiar em Ubatuba COMUNICAÇÃO PMU A equipe de comunicação da Prefeitura de Ubatuba passou a tarde do último dia 14, com a equipe do programa Planeta Vanguarda, que veio gravar uma reportagem sobre a agricultura familiar na cidade e sobre como os produtos locais estão chegando à mesa das crianças das escolas da rede municipal. Nos dois primeiros anos da gestão do prefeito Mauricio, o valor investido pela prefeitura na agricultura familiar ubatubense saltou de R$ 30 mil para cerca de R$ 1 milhão. Pela lei, pelo menos 30% dos produtos adquiridos para alimentar os alunos com os recursos do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da

Educação) devem vir da agricultura familiar. Com os contratos assinados neste ano, os números indicam que a prefeitura vai comprar nos próximos 12 meses cerca de 80% dos produtos dos agricultores familiares. É a prefeitura de Ubatuba investindo na agricul-

tura familiar, respeitando os costumes locais, promovendo os produtos da região e fazendo a economia da cidade girar! *Segundo a equipe de produção do Planeta Vanguarda, a reportagem vai para o ar nas próximas semanas, mas ainda não tem data definida.

Entidades rurais promovem curso de instalação elétrica em baixa tensão No último dia final de semana do dia 2 e do dia 9 de agosto, aconteceu mais uma capacitação oferecida pelo Serviço de Aprendizagem Rural- SENAR em parceria com o Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Ubatuba-STTR e Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado de São Paulo-FETAESP na região sul de Ubatuba. A capacitação aconteceu nas dependências do Chalé Azul no bairro do Sertão da Quina e tinha como objetivo principal capacitar moradores a efetuar serviços de instalações elétricas em baixa tensão nas construções rurais. O curso esta dividido em seis módulos: Noções básicas sobre eletricidade, instalações elétricas, material utilizado,

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ferramentas e instrumentos necessários, técnicas de instalações elétricas e limpeza final. Embora seja com apenas 40 horas o curso oferece uma gama introdutória muito concreta, aonde o treinando, que além de oferecer informações em sala de aula recebe orientação na pratica. O treinamento é recheado de material, peças e ferramentas e é inteiramente gratuito. Desta vez as proprietárias do chalé, Ana Leardini e Rosemary Rossi foram as parceiras que cederam o espaço do empreendimento para a realização do curso. O curso é de grande importância aos trabalhadores que necessitam instalar circuitos, motores e painéis elétricos em suas propriedades rurais ou

de parceiros. A metodologia oferecida é a de sair da sala de aula e já aplicar onde for necessário. “Os cursos têm por finalidade municiar os pequenos produtores de ferramentas para a melhoria da qualidade de vida e de seus negócios rurais, já que auxiliam nas melhorias dos empreendimentos sem custo adicional. Também garante segurança do sistema elétrico utilizado que muitas vezes é ultrapassado e carece de reparos significativos”, comenta Tadeu Mendes, administrador do sindicato. O curso causou tanto interesse que seus participantes já solicitaram o curso de motores elétricos, que hoje já é uma realidade em suas atividades cotidianas.

Prefeitura busca parceiros para a Semana da Agricultura Orgânica e Ano Internacional da Agricultura Familiar

Em atendimento a Lei nº 3123/2008, que institui em Ubatuba a semana da agricultura orgânica no município, a Secretaria Municipal de Agricultura, Pesca e Abastecimento busca parceiros para realizar este importante evento na cidade. Vários segmentos, instituições e associações já se manifestaram favoráveis a sua execução. Por e-mail, no último dia 15, a SMAPA informa que além das atividades previstas na lei, pretende incluir ações voltadas para ao Ano Internacional da Agricultura Familiar no ano de 2014, podendo haver inserção de outras ações com o mesmo contexto. A parceria proposta tem como intuito fortalecer o evento e viabilizar as várias atividades, pois segundo seus representantes, o conjunto de participações traz melhores resultados para o evento e para o setor. Aos interessados, basta procurar a Secretaria Municipal de Agricultura, Pesca e Abastecimento na Praça 13 de Maio no centro da cidade, pelo telefone 12- 3833-3500 (horário comercial) ou pelo e-mail smapa.ubatuba@gmail.com e se informar sobre a parceria. O que diz a Lei Aprovada em 2008, a Lei nº 3123, trata a organização do

evento no município. Ela determina que os trabalhos sejam realizados no mês de novembro de cada ano e delega a SMAPA a gerencia e responsabilidades dos trabalhos, que podem ou não serem realizadas em conjunto com outras secretarias municipais. A lei permite que a prefeitura realize parcerias e convênios para a plena realização do evento. Como objetivos fundamentais desta semana a lei considera quatro importantes pilares: a difusão da importância do sistema orgânico da produção agropecuária, difundir a todos os envolvidos as vantagens econômicas, sociais e ecológicas deste sistema, fomentar praticas sustentáveis aos produtores rurais e incentivar a integração da rede de produção orgânica e a regionalização da produção e comércio de produtos. O evento prevê ainda a promoção de seminários, palestras, conferencias e dias de campo sobre vários assuntos. A lei prevê ainda a promoção de seminários, palestras, conferencias e dias de campo sobre vários assuntos ligados ao tema e que a Semana da Agricultura Orgânica deverá constar no Calendário Oficial de Eventos de Ubatuba.


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Juventude da região realiza piquenique no Emaús

PASCOM Paroquial No último domingo, 17, o grupo de jovens da paróquia regional se encontrou para um piquenique no Morro do Emaús, no bairro do Sertão da Quina, como parte do andamento dos trabalhos para um novo retiro, previsto para novembro próximo. Após a oração de uma dezena do terço, o seminarista Marcelo abriu a palavra a todos para os oferecimentos e agradecimentos a Deus. Em seguida todos se juntaram o mais próximo possível das delicias colocadas a disposição de todos para enfim saborearem um piquenique no monte. Aos pés da imagem da Santa Mãe trataram dos ensaios para a missa dos jovens e do Pro-Vocação (encontrão de jovens) prevista para acontecer na sede da Diocese, em Caraguatatuba, ainda sem data definida. O encontro no monte reuniu parte dos jovens da região sul que buscam am-

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pliar seu espaço nas responsabilidades religiosas e na busca dos objetivos tratados no Thalita Kum. O padre Daniel deu o ar da graça contando, de forma descontraída, experiências da vida real aos quais os jovens não aprenderam a se valorizar. Ele fala ainda das belezas do litoral, das pessoas que não tem cuidado com a natureza, de sua conscientização e preservação. Finaliza dizendo para os jovens se valorizarem e que estes não podem deixar que nada ou ninguém atrapalhe sua juventude. Alerta ainda que “ser jovem não necessariamente é preciso estar na lavagem dos porcos”, referindo-se a algumas atitudes comuns na atualidade, como letras de músicas que desvalorizam o ser humano, por exemplo. Ao final ele deu as bênçãos e os jovens continuaram no local para finalizar seus ensaios para a próxima dos jovens.

Encontro de Jovens superam expectativas EZEQUIEL DOS SANTOS Nos últimos dias 1, 2 e três de agosto, 118 jovens participaram da 4ª edição do Encontro de Jovens Thalita kun realizado nas dependências da escola municipal Nativa Fernandes de Faria no bairro do Sertão da Quina. Participaram jovens das varias paróquias do litoral norte e até da cidade de Campinas/SP. Na celebração de encerramento realizado no último dia do evento, 320 pessoas, das quais 50 só de voluntários, participaram da entusiasmada missa jovem, finalizando o grande encontro. O evento contou com a participação de pregadores da cidade de São José dos Campos/SP Thiago Rebelo, Camila Oliveira e Roniel, além do Animador do Encontro Robert Costa e dos que vieram exclusivamente para interceder: William, Ricardo, Tuane e Maísa. Também muito atuante os seminaristas Bruno Henrique da Diocese local e Marcelo Moura, assessor paroquial. No sábado pela manhã Pe. João Marcos realizou uma celebração, logo após atendeu a quem queria se confessar. Com a colaboração da comunidade e patrocinadores foi servido na sexta um hot- dog, sábado - café da manhã, almoço, café da tarde e jantar, café da manhã e um lanche comunitário no encerramento. Os jovens tiveram pregações sobre o pecado, a alegria em ser jovem (sem deixar de ser de Deus), família, afetividade e sexualidade, aprofundamento no Espírito Santo entre outros. No domingo Pe. Daniel realizou uma celebração com uma linguagem jovial e a altura da compreensão dos jovens participantes. A entrada dos pais

foi o momento de maior emoção, neste momento muitos choraram de felicidade. Fiéis de outras religiões também abrilhantaram este acontecimento acompanhando seus filhos neste encontro de fé e resgate da estrutura familiar. As mensagens trataram da mais pura e dura realidade - dos jovens sem estrutura, sem amor, jogados as drogas e aos “falsos prazeres” da vida. O celebrante explicou que aos 21 anos era cantor de rock, fã de Raul Seixas e da banda Charlie Brown Jr., cujo vocalista Alexandre Magno Abrão - o Chorão teve vários contatos pessoais. Contou, quando jovem, de sua passagem por um mundo em transformação que ficava cada vez mais sem valor e sem sentido antes de se tornar sacerdote. “Ninguém deve ser migalha pra ficar jogado ao chão, ninguém deve ser jogado pra lá ou pra cá como um cachorro sem dono”, fala o padre aos fiéis referindo-se aos filhos e a seus pais que tem vergonha um do outro. Padre Daniel destaca a falta que faz o pedido de benção aos mais velhos independente de suas condições, da felicida-

de em declarar amor aos filhos e estes aos seus pais. O evento foi considerado um sucesso de público e crítica. O repertório musical, minuciosamente escolhido, alegrou as centenas de fiéis e convidados. Ao final o sacerdote declara sua vontade de realizar uma missa com os jovens e em seguida, quem sabe, um luau. Os organizadores comentam que o sucesso se deve ao batalhão de voluntários, patrocinadores e apoiadores que acreditaram no resultado deste evento. Ao final, a todos, foi servido um lanche com refrigerante. Aos jovens a missão de carregar seu tijolo as celebrações, aos encontros e demais atividades paroquianas. Tijolos Segundo as organizadoras Sharon Marcelly e Aline Araújo, a idéia do tijolo surgiu quando foi pensado em lembranças aos participantes. Como reflexão os tijolos foi uma forma de transmitir aos jovens que eles são a própria igreja e que sozinhos não conseguirão reconstruí-la. Então, segundo as organizadoras, peça por peça, um a um alcançarão seu objetivo.


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Chuva não desanima fiéis na procissão e missa no “Morro do São Cruzeiro”

A tradicional reza do terço, subida ao Monte Emaús e lá a celebração em homenagem a Nossa Senhora das Graças do último dia 8 aconteceu sob as fortes chuvas que assolaram aquela semana. Enquanto chovia, vários fiéis faziam o caminho contrário do acontecimento climático daquela noite, em vez de se retirarem vários paroquianos chegavam e se acomodavam na chuva entre outros fiéis para assistir a tradicional missa campal noturna. Esta é a primeira subida oficial ao monte realizado pelos novos padres. Desta vez a tenda estava do lado contrário ao que costumeiramente seus freqüentadores costumam ver. Embora alguns exibissem guarda-chuvas, muitos permaneciam de pé atentos as palavras proferidas. A chuva literalmente não atrapalhou a celebração, a quem diga que serviu de estímulo a todos os

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participantes já que ela foi vista como uma benção dos céus e não um motivo para atrapalhar um momento tão importante aos cristãos. Na época da aparição da santa o local era conhecido como Morro do São Cruzeiro e muitos moradores antigos ainda o chamam por este nome. Em meio aos paroquianos, uma se destacou no testemunho de um milagre compro-

vado pela ciência, isto causou fortes emoções na multidão. Em seguida foi realizado o sorteio de uma geladeira. Após as bênçãos finais realizadas pelo Padre Daniel as pessoas foram à cantina da capela para se deliciar com os salgados quentinhos antes da viagem de retorno as suas casas. Alguns dizem que a permanência dos fiéis na chuva foi já uma bela demonstração de fé.

Paroquianos comemoram aniversário sacerdotal de Padre Daniel Na noite do último sábado, 02/08, na matriz Cristo Rei na Maranduba, foi realizada a celebração do aniversário de cinco anos de ordenação sacerdotal do Padre Daniel de Santo Inácio. Recém empossado, o novo pároco agradeceu a todo o momento por ter alcançado este objetivo – o da ordenação. Agradeceu as famílias que o acolheu nesta caminhada, começando com o Pereque-Açu em Ubatuba, passando por Caraguatatuba, pelo hospital que trabalhou, por Ilhabela e agora a região sul de Ubatuba. Votos especiais aos irmãos de Ilhabela que o acompanha mesmo com a mudança de paróquia. Estendeu seus agradecimentos aos filhos que possui

dizendo a todos que “por onde o padre passa a família aumenta”. Atenção especial ao seminarista Marcelo que realizou os primeiros contatos e passou as primeiras informações desta comunidade ao novo padre. Ao final da celebração a frente apresentou-se uma criança de cinco anos, mesma idade de ordenação de Pe. Daniel ao qual foi realizado um comparativo de sua evolução sacerdotal e seu crescimento como pessoa. Ao final o celebrante fala aos presentes que espera ser bem fecundo em sua passagem por estas terras. Lá fora a comunidade serviu bolo, salgados, tapioca, doces, refrigerantes e muita conversa boa nesta data relevante.

Projeto Terra de Guaimum leva crianças e jovens ao cinema

Música, caldinho e muita animação na homenagem a pais de alunos No último dia 15, os alunos da escola municipal Nativa Fernandes de Faria e Tereza dos Santos se reuniram para homenagear os pais de seus alunos. O evento começou no inicio da tarde e nem o frio atrapalhou as atrações principais. Os participantes puderam apreciar as apresentações musicais como pagode, valsa e outras modalidades. As crianças foram aplaudidas com entusiasmo, os pais corujas se amontoavam na frente do espetáculo na busca do melhor ângulo para registrar este momento tão importante. Após as apresentações foi servido um delicioso caldinho

acompanhado de pão e refrigerante. A grande fila mostrava a aprovação dos quitutes culinários oferecidos pela escola e seus colaboradores.

Quem participou aprovou o espetáculo e principalmente o caldinho nesta semana de frio. Alguns já aguardam o próximo evento.

ISAURA MONTEIRO Nos últimos dias 1 e 16 de agosto, 26 crianças puderam curtir uma sessão de cinema graças ao resultado do projeto Terra de Guaiamum realizado com a criançada do quilombo Caçandoca. Estes são participantes do projeto educacional sobre a vida das pessoas, do caranguejo e seu habitat. Com direito a pipoca e lanche, os participantes sentiram-se realizados quando puderam assistir

a um bom filme na tela grande, além do passeio que há tempos não realizavam em grupo. Esta atividade fortalece os laços fraternos e recompensa todo esforço dedicados a este projeto. O transporte foi oferecido gratuitamente pela empresa Augusto Velloso. Marlene Giraud, idealizadora e responsável pelo projeto agradece a todos os parceiros que puderam concretizar este momento. Agora é esperar os próximos trabalhos.


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Homenagem

A equipe do Esporte Clube Araribá torce pela recuperação do amigo Eduardo Alves da silva, 18 – o Chuck e esperam que ele vire mais este jogo. O time que está na semifinal diz que esta colocação não seria possível sem a brilhante participação deste grande amigo. Um grande abraço dos companheiros de time.

Paróquia Nossa Senhora das Graças informa:

Eventos na Capela – Sertão da Quina Missas aos domingos - início às 8 horas da manhã. Tradicional reza do terço, missa e procissão – todo dia 8 de cada mês; Batismos aos primeiros domingos de cada mês; Terço das mulheres – todas as terças-feiras - 19:30 hs. Terço dos homens – todas as quintas-feiras – 19:30 hs., logo após missa.

Poesia Bela Olha!! Quem é aquela? Menina tão bela, que rega suas flores que sejam Rosa ou “Fioletas” Só sei que são tão bonitas, e atraem as borboletas. Giulia Victória Jann- 7 anos Sertão da Quina

Sertãozinho é vice na Copa Gatorate de futsal feminino em Caragua No último domingo, 24, as meninas do sub 15 da região sul de Ubatuba (equipe Sertãozinho), sobre a orientação do professor e técnico Pérsio Jordano, conquistou o vice campeonato da Copa Gatorade de Futsal Feminino. Foram dois meses de disputas no Centro Esportivo Municipal Ubaldo Gonçalves (CEMUG) em Caraguatatuba. A disputa foi contra a equipe do SESI Olaria, que é a base da seleção de futsal feminino daquela cidade. Além do vice campeonato, o time do Sertãozinho conquistou dois títulos individuais - a artilharia do campeonato com oito gols a atleta Isadora Santana e melhor goleira com Nicole. O evento foi realizado pela Secretaria de Esporte e Recreação de Caraguatatuba. A convite da prefeitura do mu-

nicípio vizinho, a equipe do Sertãozinho foi o único time fora da cidade a participar do evento. O transporte das 11 atletas foi disponibilizada pela Secretaria Municipal de Esporte e Lazer de Ubatuba. O professor Pérsio informa que a próxima competição

será a Copa TEBAR sub 16, na cidade de São Sebastião. As medalhistas foram: Nicole, Yonara, Maria vitoria, Josiara, Isadora Santana, Yasmin, Isadora Alves, Carol, Yasmin Vasconi, Gabi e Ketlin. Agora é esperar o resultado em São Sebastião.

Comunidade de São Maximiano realiza tríduo e chuva não atrapalha festa PASCOM Paroquial A comunidade de São Maximiano Maria Kolbe realizou dois momentos importantes na segunda semana de agosto. Entre os dias 11 a 13 foram realizadas o tríduo - três missas consecutivas dedicadas ao santo - celebradas pelo vigário João Marcos. No dia 14, dia do santo, a celebração foi realizada pelo pároco Daniel de Santo Inácio. Após a missa a comunidade realizou uma confraternização e a partilha dos alimentos. Outro importante momento foi a festa social que aconteceu no final de semana dos dias 15 e 16. As chuvas não atrapalharam o andamento e

a alegria da festa, comentam os organizadores, para eles a grata surpresa foi que o povo continuou firme e forte nos eventos da semana. Para melhor acomodar os

convidados foi estendida uma grande lona que abrigou os fiéis no momento das chuvas. Não faltaram agradecimentos aos colaboradores, voluntários e patrocinadores da festa.


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Pedra Rachada – muitos mistérios cercam este lugar secular

Fotos: Cláudia Félix, Jango, Manoel Cabral e Roberto Pituí

PROMATA Localizado dentro do Sitio Promata, bairro do Corcovado, o trecho nada mais é, ou foi, passagem de escravos que fugiam dos sofrimentos das antigas fazendas do litoral rumando para o planalto, tudo através de São Luiz do Paraitinga. O local, belo, imponente e majestoso impressiona, mas o que de fato chama a atenção são os vestígios deixados pelos povos que utilizaram este caminho para as mais variadas formas e finalidades. Este território foi parte da Fazenda Corcovado cheia de escravos, antes disso da nação Tupinambá, depois disso, do povo miscigenado considerado caiçara por aqui e caipira serra acima. Pode-se dizer então que é mais um caminho antigo e oficial da formação do povo brasileiro. O sitio fica dentro de uma propriedade particular ao qual o PESM simplesmente a incorporou. Partindo da base central do sítio, a caminhada leva cerca de 3 horas, com cerca de 9 km de extensão, trilha considerada de nível difícil – categoria 2 - o esforço vale a pena. O local é tão exclusivo e belo que mesmo os mais experientes mateiros ou guias se en-

cantam com cada centímetro do caminho. O que mais chama a atenção são os vestígios encontrados do período escravocrata brasileiro. No caminho é possível observar cortes nos barrancos - escavações para melhoria de alguns trechos, marcações em pedras, árvores frutíferas centenárias, provavelmente plantadas pelos escravos fujões, ao qual compõem a paisagem a mais de 800 metros de altura. Antes, porém, a subida mostra uma natureza preservada do período de sua interação com os homens do passado – como os riscos e cortes estranhos em pedras, cortes diferenciados no solo, afundamentos na trilha usados por burros de carga, por exemplo. Isto nos dá uma idéia sobre o que o historiador Euclides Vigneron já havia mencionado, que por aquelas bandas não existe mata primária, só em alguns pequenos trechos, os intransponíveis. Belos riachos, pequenas quedas d’água, lagos de águas límpidas, árvores raras como a árvore do violino ou da rabeca, frutas diferentes (algumas desconhecidas dos moradores mais experientes) também compõe a paisagem.


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As flores, frutas e animais parecem se oferecer aos visitantes PROMATA No trecho final um pequeno mirante, à frente a única passagem no topo daquela montanha, um vão de 20 metros de comprimento por 10 de altura. Na realidade de longe percebe-se que é uma fenda na ponta de um maciço cercada de terras e floresta dos lados, é muito interessante! O local foi palco de muitas histórias e lendas, uma delas fala de muito ouro, do qual ao final o escravo capturado que sabia a localização do metal precioso diz ao seu senhor que “Preto não pode contá!” e morre. Ninguém descobriu até agora sobre o local do ouro. Também fala de sumiços, sons estranhos, luzes, animais que desaparecem a frente das pessoas e objetos não identificados. O local ideal para sentir a floresta pura como faziam os antepassados: ver seu colorido, suas formas, sentir seu cheiro, sua pureza, ouvir o som da natureza, descobrir suas pistas e admirar primeiro. O mateiro Antonio Pinto, 81, conhece cada centímetro do local, suas histórias e lendas. Com uma saúde de ferro mostra todo

seu etnoconhecimento, oferecendo uma aula a céu aberto. Diz ainda recordar-se de europeus virem buscar a árvore do violino, promovendo assim grandes derrubadas. Ele desceu o maciço várias vezes com galinhas e subia com peixe seco. As flores, frutas e animais parecem se oferecer aos visitantes, mas só a aqueles que sabem observar a natureza, apreciar seu silencio e desmistificar seus sons quando for a hora. O local esconde vestígios de camas de porcos do mato, e, segundo o observador de aves João Correa, onde têm porcos pode ter onça. A cada viagem a este passado junto as belezas naturais, com certeza nos deixa mais ricos em experiência e nos traz um aprendizado maior sobre os verdadeiros, simples e belos valores da vida, daqueles que os livros não sabem relatar. É preciso sentir, experimentar, observar. Afinal, com muita coisa para descrever é melhor por enquanto admirar fotos reais e se perguntar se vale a pena ficar tanto tempo em casa e não aprender nada?

Fotos: Cláudia Félix, Jango, Manoel Cabral e Roberto Pituí


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Mais um difícil registro de ave para Ubatuba Fotos: Fábio de Souza

EZEQUIEL DOS SANTOS Depois de varias andanças mais uma vez o observador de aves da PROMATA Fábio de Souza realizou um importe registro pra cidade. Considerado ave de difícil registro a Picaparra (Heliornis fulica) foi encontrada num pequeno curso d’água na região. Ao longe até se confunde com outras aves de seu porte. O observador conta que foi procurar uma Saracura e que percebeu uma movimentação anormal na água. Naquele momento a Picaparra se defendia das garras de um Falcão-relógio (Micrastur semitorquatus) que a buscava na tentativa de garantir seu almoço, “ela – a Picaparra -

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se defendia muito bem”, comenta Fábio. O gavião não foi feliz nesta caçada e o observador conseguir realizar importantes e belos registros desta ave. Segundo o Wikiaves, seu nome vem do significado (grego) helios = sol e ornis = pássaro; e do (latim) fulica = galeirão (i.e. branco e preto) = Pássaro do sol branco e preto. Trata-se de uma bela ave cujos detalhes da cabeça, da ponta da cauda e dos pés logo chamam a atenção. Ela se alimenta de insetos aquáticos, aranhas, formigas, besouros e pequenos peixes. A correnteza é um período ideal pra sua alimentação já que ela apanha estes bichos

quando vem carregadas pelas águas. E uma ave que se reproduz de dezembro a março. Embora nadem e mergulhem muito bem, curioso mesmo é saber que esta ave não possui as membranas natatórias nos dedos de seus pés unidas como a dos patos, em lugar disto possui uma faixa preto e amarelo em toda extensão das pernas e dos pés, o que pode ser um dispositivo de proteção contra os ataques que vem por baixo d’água. Suas asas longas e fortes apontam que são capazes de voar longas distancias, porém é muito raro uma imagem de seu vôo. Fica então a posteridade mais um belo registro de nossa fauna local.

Criminosos e vândalos danificam patrimônio no Morro do Emaús

Neste mês de agosto o Morro do Emaús, Sertão da Quina, sofreu dois furtos ao que restou de seu patrimônio. No último dia 8, dia da procissão, foram roubadas as lâmpadas que iluminariam a celebração aos pés da imagem de Nossa Senhora das Graças. No sábado, 17, arrombaram portas, janelas e o telhado do galpão que guarda material para as festas no morro, deixando um grande prejuízo a comunidade. O novo pároco esta preocupado com a onda de assaltos, uso de drogas, vandalismo e a profanação da antiga capela de pedra. Para o ele está na hora de tomar uma atitude referente a esta situação, alguns moradores declaram que já sabem quem utiliza o local para as ações mundanas e criminosas.

A comunidade está de olho nestes criminosos e vândalos, já que vem danificando um patrimônio de toda a comunidade. Pe. Daniel na missa do último dia 8 questiona quem seriam as pessoas que poderiam roubar a própria mãe, neste caso a mãe de Deus. A região esta contaminada com as drogas e é necessária uma ação conjunta e multidisciplinar para cuidar deste caso, porém sem a ajuda de Deus não existe a possibilidade do pleno sucesso. Um dos problemas apontados é a falta de estruturação de famílias inteiras. O encontro de jovens Thalita Kum foi um bom indicativo para as famílias se reorganizarem. Aos vândalos e criminosos a comunidade declara que o resultado logo virá.


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Gato-do-Mato é registrado por observador de aves na região Fotos: Fabio de Souza

EZEQUIEL DOS SANTOS No último dia 24, por volta das cinco horas da tarde, o observador de aves da PROMATA Fábio de Souza, realizou um importante registro de um felino de florestas brasileiras. No intuito de fotografar a presença do Beija-flor-de-rabo-branco, foi surpreendido com a aparição de um Gato-do-Mato (Leopardus tigrinus) atravessando seu caminho próximo de uma mancha de floresta fora da Unidade de Conservação do PESM (Parque Estadual da Serra do Mar). Fábio conta que já havia visto em outros lugares, porém não havia conseguido fotografar. Ele conta que enquanto tentava fotografar a minúscula ave, um Jacu, acomodado em uma caneleira (árvore), começou a berrar anunciado que havia algo estranho pelo lugar, foi então que ao se virar bem devagar percebeu o felino na tentativa de atravessar para o

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outro lado. Foi muito rápido, conta o observador, apenas duas fotos foram realizadas, o suficiente para provar que esta espécie de felino volta a visitar nossa região. Segundo o ICMbio (Instituto Chico Mendes de Biodiversidade) do Ministério do Meio Ambiente, trata-se da menor espécie de felino encontrada no Brasil, também uma das menos conhecida, por isso a importância na manutenção do habitat em que costuma freqüentar. Na tabela de Estado de Conservação do órgão federal está classificada como espécie ameaçada/vulnerável e merece toda atenção e cuidados da população local. Fábio conta que tem o tamanho de um gato doméstico, que muitas vezes pode ser confundido com um, porém percebe-se que é um pouco mais magro, alongado e mais arisco. “Não dá pra chamar um animal deste de bichano, ele

não vem de jeito nenhum!”, comenta o observador, completando a fala ao afirmar que as pessoas ao vê-lo têm que deixá-los em paz, que a única coisa a fazer no momento da avistagem é fotografá-lo e admirá-lo. Antigos moradores se manifestaram felizes com a descoberta, já que há décadas não havia um registro, mesmo que falado, da aparição de um animal deste próximo as áreas mais baixas, consideradas comuns naquele período. A PROMATA não divulgará o local do registro para não comprometer a liberdade e a vida do felino, também para não haver interferência no habitat em que foi encontrado, até porque não se sabe se existem outros da espécie que dependam do corredor de floresta em que foi fotografado e que assim como os humanos estes felinos merecem viver em paz.

“Superlua” tem influencia no conhecimento das populações nativas EZEQUIEL DOS SANTOS No último dia 10/08, noticiários do mundo inteiro mostraram o fenômeno conhecido como “Superlua”, que acontece quando a lua aproxima-se ainda mais de nosso planeta produzindo um espetáculo de rara beleza. Neste acontecimento a lua se torna maior aos olhos humanos e muitos têm a sensação de que até dá pra alcançá-la com as mãos. Sendo este único satélite da Terra, ela não permanece estática, segundo informações do Observatório Nacional - RJ, ela realiza alguns movimentos, cujos três principais são: o de rotação (deslocamento em torno de seu próprio eixo), translação (deslocamento em torno do Sol) e revolução em torno da Terra. Esse movimento é que aguçou o imaginário das populações mundiais, suas paixões, suas inspirações, conduziu seus experimentos, sua crença, sua forma de vida e interação com a natureza. Por aqui não foi diferente, um povo que até pouco tempo era conduzido em sua totalidade pelos ciclos naturais e não econômicos, que tinha a lua e sol como ponto de orientação para tudo: quer seja para plantar, colher, artesanar, caçar, navegar, andar, casar, rezar, parir e observar. Ela é responsável por muitos mistérios, amores,

contos, causos, lendas e acontecimentos. Seus ciclos biológicos possuem influencia direta na relação da vida e morte dos primeiros povos de todo o planeta. Observações simples, como o coaxar dos sapos e o restante sobre a vida das aves, dos animais, dos peixes, das cascas, dos frutos, das formigas, dos sons da natureza e suas influencias. Era ela que costumava ditar o calendário aplicativo natural dos trabalhos, colheitas e festas, também das várias coisas juntas e misturadas. O povo antigo tinha um tempo pra tudo, mas antes tinha de olhar a lua e o sol. Ela era a responsável pelos saberes de nossa tradição oral. Para os moradores primeiros da civilização brasileira, por aqui as leis ambientais e a especulação econômica, sua aplicação disforme da realidade local são os fatores principais que ajudam a dizimar o conhecimento nativo (etnoconhecimento, etnoproteção e etnociência). A sua aplicação descabida, sem o devido conhecimento e respeito da formação de cada povo, cerceou cada um de se tornar brasileiro legítimo. Por enquanto só nos resta observar, temendo o dia em que estas pessoas poderão até receber multas ou processos ambientais por apenas olhar a lua. Então aproveitem!


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“Chacina na Ilha Anchieta - Tiroteio na invasão e retomada da Ilha” Parte 6 Jornais da época enviaram seus melhores repórteres para descrever a maior rebelião do planeta que aconteceu em nossa região, sobreviventes ajudam a contar a história.

EZEQUIEL DOS SANTOS “Jornal Última Hora - Edição 4 (1º caderno) São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 1952”, na edição anterior terminamos com a descrição dos fugitivos nas embarcações ao qual faziam uma algazarra infernal. “Vamos soltar todo mundo!”, era assim o grito de guerra dos presidiários, conta Celso Jardim, repórter da época. Ele descreve nas linhas a seguir o início da orgia de sangue, como teve inicio o motim, dos guardas que não puderam reagir, da resistência “esmagada” pelas balas dos facínoras e número de mortos ainda desencontrados. O relato de repórter começa com um apanhado dos acontecimentos. Celso relata que aquele dia parecia de fato comum, alguns prisioneiros estavam incumbidos do transporte de lenha para uso na fornalha da “casa de economia” do presídio. Segundo testemunhas eram por volta de 8:15 da manhã, os presos após o desjejum se preparavam para o trabalho. A escolta seria realizada pelos soldados Noel Michel, Geraldo Braga, Hilário Rosa, Gonzalim de Deus e Manuel França Alves. Sem despertar qualquer suspeita caminharam todos ao local chamado “Pedra do Navio” onde deveriam recolher toras de lenhas cortadas no dia anterior. Até o último momento planejado os prisioneiros não esboçaram nenhuma reação suspeita, nenhum gesto, nenhum olhar, nenhuma palavra que pudesse sugerir suas intenções macabras, porém um detalhe passou e quase colocou tudo a perder. Mal sabiam os soldados que aqueles homens estavam de fato dispostos a matar ou morrer para alcançarem seus objetivos. O repórter conta que, mesmo tudo parecendo normal, um dos presos deixou escapar um indício quase imperceptível, comentado depois da tragédia. Um dos presos, sujeito vivo e inteligente com fama de letrado deixou escapar um detalhe. Antes de dar início ao plano ele perguntou ao soldado Gonzalim: “Quem sabe

você não vai precisar do seu sobrenome hoje?”. O soldado sem entender a colocação do presidiário não deu bola, mas chegou a perguntar de que se tratava aquela piada estranha. Outro presidiário cortou a conversa imediatamente explicando misteriosamente que se tratava de outro negócio e que depois explicaria. Infelizmente não foi só Gonzalim que precisaria do seu sobrenome, muitos outros também se viriam órfãos de Deus naquele momento. A trama havia sido tão bem planejada que os outros componentes da escolta não deram a devida atenção ao fato. Ao chegar a Pedra do Navio, o tal preso letrado tomou então a iniciativa, fingindo que apanhava qualquer coisa no chão, inclinado aproveitou a oportunidade para desferir um tremendo soco em Gonzalim. Pronto! Disseram que este era o sinal combinado. Imediatamente os presos num súbito ataque perfeitamente sincronizado renderam os soldados. De um momento para o outro a escolta se viu desarmada de seus mosquetões e winchesters. A surpresa do assalto havia os deixados indefesos, um deles tentou reagir e recebeu uma coronhada no rosto desfigurando-o. Como líder natural, o preso que iniciou a briga liderou o bando para o começo do motim. Estava tudo armado, partiram então para a tomada do Corpo da Guarda e da Reserva de Armas. A bala, esmagaram a resistência que haviam esboçado alguma reação, soldados foram mortos. Novamente o fator surpresa foi decisivo no sucesso do plano, ela deu vantagens aos facínoras. Pararam um pouco para estabelecer a ação seguinte, nisto falou o chefe do bando: “Vamos soltar todo mundo!”. Dali os revoltos rumaram para os corredores das celas, o sentimento de vitória estava estampado no rosto dos presos, o cheiro de sangue os enlouquecia. Cela por cela era aberta e a orgia aumentava, parecia um pandemônio, um lugar de desgraças inenarráveis. Durante alguns momentos

todos arriscaram o êxito inicial quando a barbárie havia tomado conta do local, quando se deu início a uma série de atos de crueldade sem limites, de maldade brutal, de mutilações hediondas, culminando em varias atrocidades, descreve o repórter Celso Jardim. No decorrer da luta, ouviam-se gritos espantosos em meio aquele inferno. Soldados eram esfaqueados e seus rostos mergulhados no próprio sangue. E por fim, quando não havia mais ninguém para matar, para sangrar naquela fúria delirante, atearam fogo em tudo que po-

diam ver. Um gigantesco incêndio tomou conta do lugar. Em seu texto, o repórter fala que um dos rebeldes, diante deste inferno na ilha, havia ficado louco, alguns quiseram arrastá-lo até o fogo. Ele, porém se desgarrou dos companheiros, riu loucamente como se dedos invisíveis haviam feito muitas cócegas. Em meio ao inferno na ilha, muitas informações ainda estavam desencontradas e alguns desfechos da tragédia eram contados em partes, porém na época um homem chamado Calmon de Jesus declarou:

“Neste momento, acredito que a maior parte dos 41 homens que compunham a guarda geral do presídio está morta!” é o que saberemos na próxima edição.


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Fidencio velho e alguns de seus “causos” - Parte 3 PEDRO FÉLIX Ainda como continuação das histórias de “Seo” Fidencio, melhor, Fidencio Manoel de Oliveira, nascido em 16 de novembro de 1907, outro morador resolveu contar nas linhas abaixo “causos” que se lembra contado por este ilustre personagem. O coro 1 Seo Fidencio, valente, trabalhador, bom de tudo, da enxada a espingarda, do bodoque ao kumbú. No facão então era o bicho! Pensa num caboclo bom de corte! Não tinha tempo ruim, fazia tudo com muita seriedade. Era um homem valente, mas respeitava as onças por estas redondezas. Dizia que era um animal a ser respeitado, porém quem conseguisse pegar uma era “home” mais que os outros. Em épocas de vacas magras, tudo servia para levantar algum dinheiro, principalmente com a crescente vinda de camaradas de fora querendo tudo que viam. Então encomendaram a Fidencio um coro de onça. Bom ele dizia que não, por enquanto. Então uma onça começou a destruir a criação, acabava com as galinhas, com os patos, até os cachorros sofriam na mão dela. Irritado resolveu pegar a bichana. “Vô aproveita e vende o coro!”, resmungava. Arisco, rumou lá pro canto do

“gosto”, bandeou pro lado da “sununga”, Anjo mal, Taquari, caminho da Serra até mesmo no Morro da Onça e nada. Na volta viu as pegadas de uma “baiteluda” próximo as roças dos compadres. Cauteloso, acomodou-se próximo a um acero esperando que ela passe. Não deu outra ela caminhou até uma sombra e lá se acomodou. Ele na tentativa de surpreender a onça fez barulho e ela acuada foi pra cima dele. Aí virou um boné velho, os dois despinguelaram barranco abaixo, um por cima do outro, o outro por cima do um, foi unhada, dentada, facoada, cachimbada, até que ela se enrolou em meio a uma “porçoeira” de cipó. Sem perder tempo Fidencio, todo lanhado, esgarçado, pega a corda e amara a bichana numa pedra. Retomado o fôlego ele muda o nó da corda e amarra bem forte a onça pelo rabo. Então pra ir a forra fica na sua frente, com o facão mais afiado do mundo, apontando o fio do corte pro seu focinho. “Tá vendo “mardeloada” quem é o bão? Vai brigá agora? Vem diacho! Vem! A onça perdeu a paciência, avançou alguns centímetros e a ponta do facão riscou bem no focinho fazendo um corte, nisso a onça saiu do coro, pulou em cima de nosso personagem e lhe dá uma sóva (surra), satisfeita vai embora. Todo arregaçado, desanima-

do, surrado, senta numa pedra, procura o cachimbo, não acha, procura o chapéu, também não acha, mas vê amarrada a pedra, jogada ao chão, o coro inteiro da onça que saiu de dentro. Levantou-se, foi embora feliz porque além de não matar a onça, ainda conseguiria um bom dinheiro com o coro inteiro. O coro 2 O começo desta história tem inicio parecido com a que você leu acima. Muitas onças estavam buscando alimento perto dos moradores, um grupo de locais resolveu espantá-las de forma que não viessem mais matar a criação. Aos poucos foi dando certo, uma das onças

não levou a sério, quando os moradores abriam a guarda ela vinha e levava ao menos um dúzia de galinhas. Então Fidencio, o “cara!”, fez uma promessa pra Nossa Senhora Aparecida que se ele pegasse a onça, o coro seria dela. Bom! Vindo da roça ele percebe que a bichana havia passado por lá, pois no “carrero” havia penas de galinha. Almoçou, voltou pra roça, mas desta vez levou a espingarda. A tardezinha na hora de voltar pra casa pegou o puçá, colocou o facão na bainha, acendeu o pito (cachimbo), guardou as ferramentas, carregou a espingarda, pendurou nas costas pela

bandoleira de cipó e veio. Perto do rio, antes de atravessar a pinguela (ponte pequena), do outro lado estava a onça em carne, coro, ossos, unhas e dentes, muitos deles. Nenhum dos dois se mexia, talvez de medo ou para ver quem é que saía do caminho primeiro. Fidencio bem devagar arruma a espingarda e em posição de mira começa a pedir a Santa: “Oh Nossa Senhora! Se eu matar a onça, mesmo que demore, o coro é seu! O coro é seu! O coro é seu! O coro é seu! O coro é seu!”. Escureceu e não matou a onça. Claro que veio triste porque não pode pagar a promessa a Santa, mas que outro dia ele iria enfrentar a onça iria, sem sombra de dúvidas. Pedro Félix, 81, é caiçara da gema e personagem real de nossa história regional, homem que acompanhou e guardou muitas recordações e histórias de nossa rica cultura, também é de uma geração que acompanhou muitas transformações de nossa terra e nas horas vagas é colaborador do Jornal Maranduba News.


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Histórias da Propaganda LUIZ HENRIQUE DE A.S. Um brasileiro é impactado em média 3.000 vezes por mensagens publicitárias. Na sua ida ao mercado, na tv que você assiste, na radio que você ouve e principalmente os sites que você entra. Mas em meio a essa maratona de anúncios, você vai se lembrar no final do dia de mais ou menos 3 marcas. Geralmente essas marcas são já de alguma tradição no nosso dia a dia de consumo, ou é um anúncio inovador ou simplesmente te chamou a atenção. Nos identificamos inconscientemente com algumas marcas e por isso guardamos informações sobre ela. Grandes dessas marcas tem um histórico muito legal em relação as propagandas que vem decorrendo em seus anos. Aqui estão algumas: Leite Ninho: O ano era 1944, na Suíça. Era lançada no mercado como um leite em pó pela tradicional empresa Nestlé com a marca NIDO, como é conhecido em muitos países ao redor do mundo. Na década de 50 o produto foi introduzido em países da América Central e África. No Brasil, o início da comercialização do produto data de 1923, quando ainda se chamava Molíco (com i acentuado) e era leite puro, sem alterações. Posteriormente, o nome Molíco foi alterado Leite Ninho Integral. Como conhecemos até os dias de hoje. Em 1945, com o fim da Segunda Guerra, era grande o procura por produtos

alimentícios.E eis ali a oportunidade que a Nestlé precisava para se firmar de vez com a nova marca. A fabricação de um leite em pó de muita qualidade e que se podia guardar por um bom tempo,pois tinha como possibilidade sua conservação prolongada. Além disso, era mais rico em nutrientes e menos gorduroso que seu antecessor Molico, Logo o Leite Ninho teve excelente aceitação pelo mercado e por seus consumidores. A procura passou a crescer muito nos anos seguintes. Isso explica a construção das fábricas de Araraquara

(interior de São Paulo) em 1946, Porto Ferreira (SP) em 1952 e, em 1958 a unidade de Três Corações (MG). Construídas uma após a outra. Nesse ano o Leite Ninho completa 70 anos de história e experiências, que se arrastam até os dias de hoje. Aero Willys: Um automóvel fabricado no Brasil entre 1960 e 1971. Inicialmente era para ter sido lançado nos Estados Unidos, mas na época o projeto foi subestimado. Então decidiu-se trazer o projeto para o Brasil. Aqui o

lançamento oficial foi no dia 25 de Março de 1960. Toda linha foi criada sobre a plataforma da Jeep. Em 1961 a diretoria da Willys Overland do Brasil decidiu inovar completamente e tornar o Aero Willys um automóvel inteiramente novo, com estilo próprio e linha inédita. Essa nova tendência foi mestrada primeiramente no Salão do Automóvel em Paris, no ano de 1962. Foi o primeiro carro feito totalmente na America Latina. Em 1963 foi lançado o Aero Willys 2600, esse inteiramente brasileiro. Em 1966 foi lançada a ver-

são de luxo, conhecida como Palácio sobre Rodas. Em 1968, foi comprado pela Ford. Tendo por fim sua linha de produção. A Ford incorporou o projeto do Aero Willys ao Ford Galaxie. Num total foram vendidos 99.621 unidades do Aero-Willys. Um número generoso, levando-se em consideração que isso ocorreu a mais de 50 anos atrás. * * * Luiz Henrique de Amorim Santos, 28 anos, Publicitário, morador do Sertão da Quina e colaborador do JMN.


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Coluna da Adelina Fernandes

Como superar emocionalmente uma crise financeira Não existe nada que nos tire mais o sono do que as dívidas ou dificuldades financeiras. Elas não só tiram o sono, mas também nossa paz e atrapalham nossa saúde, gerando impaciência, depressão, gastrite e nervosismo, em alguns casos até suicídio. Muitos casais acabam se divorciando devido às consequências das dívidas ou dificuldades financeiras, pois com a estrutura familiar é abalada com as brigas e em muitos casos frequentes, acabam levando o casamento, sonhos e amor ao fim. A crise financeira que geralmente vem em forma de contas de utilidade básica, como: água, luz, telefone, TV paga, supermercado ou em outras como: prestação do carro, da casa, fatura do cartão de crédito, de empréstimos, seja quais forem as dívidas elas sempre trazem situação de desespero e tristeza; não importa o motivo de não saná-las, seja diante de um desemprego ou de uma má administração do orçamento, você está endividado e sente-se sem saída, encurralado e frustrado. No entanto, esses sentimentos são normais aos endividados e achar uma saída não é tarefa das mais fáceis. Mas nós buscamos algumas dicas que se encaradas com cuidados podem trazer de volta a paz e sossego bem como o crédito. 1. Aceitar e reconhecer a dívida

Conscientize-se de sua situação e que não quer mais viver dessa forma, talvez tenha que mudar alguns padrões de vida, o que não mata ninguém se você estiver preparado e preparar sua família para isso. Uma ajuda é pensar que isso só durará um momento e que dessa forma você conseguirá sanar suas dívidas e ser feliz novamente.

2. Trabalhar a autoestima Eleve sua autoestima, pense no seu valor como pessoa, como ser humano e lembre-se de suas qualidades, da sua importância para sua família e para seus amigos. Eleve o valor de seu trabalho, procure cursos extras gratuitos e melhore seus conhecimentos, se possível faça um curso novo seja profissionalizante, técnico, de graduação ou de idiomas; procure um emprego que lhe garanta um salário melhor ou procure uma renda extra para conseguir sanar as dívidas.

3. Mude seus hábitos Procure trocar o uso constante do carro por uma boa caminhada, além de economizar com o combustível que está muito caro é melhor para sua saúde, se for o caso, venda-o para quitar algumas dívidas ou para sobrar dinheiro das prestações. No supermercado escolha produtos das promoções ou de marcas do próprio supermercado, elas costumam ser mais baratas e de boa qualidade, geralmente produtos de marcas próprias são dos mesmos fabricantes das marcas líderes. Não faça mais dívidas. Renove os sonhos. Façam metas de dívidas a serem pagas mensalmente, é mais fácil de atingir metas curtas e você sentirá mais prazer em fazer novas metas. Renove os sonhos e os planos que não sejam a quitação das dívidas, mas outros que darão alegria também, como uma viagem após a quitação das dívidas. Seja grato por tudo que você tem como sua família, sua saúde, seu trabalho. A crise financeira é parte da sua provação nesse momento, passe por ela com felicidade, dê valor às coisas que você pode fazer com sua família, pois não precisamos de rios de dinheiro para ir a um parque público, ao zoológico, ao cinema, ou a uma sorveteria. Decida ser feliz! Carla Pinheiro Alves www.familia.com.br

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