Jornal Maranduba News #08

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Maranduba, 1º de Junho de 2010

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Disponível na Internet no site www.jornalmaranduba.com.br

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Ano I - Edição 08

Destaque:

Escolas da região plantam mudas no Dia da Mata Atlântica Obra da Sabesp não prejudicará acesso à cachoeira pg 03 Notícias:

Arte marcial em destaque no PEF do Áurea Gengibre de Ubatuba expõe na maior feira do Brasil pg 04 Universitários aprovam roteiro de Turismo Rural na Região Artesã da Cassandoca expõe no sul do país pg 05 Dica de Turismo:

Praias da Tabatinga e das Galhetas: cenários atrativos Passado e futuro convivem em harmonia na divisa pg 09 Gente da Nossa História:

Antonio Amorim: o homem da memória fotográfica Curiosidade:

Versões sobre a origem do Dia dos Namorados

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Cultura:

A primeira impressão dos índios Tupinambás Comportamento:

A História do “NEOQUETA

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Jornal MARANDUBA News

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Cartas à Redação

Editorial A região sul de Ubatuba tem como seu principal pólo turístico e comercial a Maranduba. Todo esse potencial é desperdiçado pela falta de união da comunidade local que ao invés de se unir, fica a mercê de esperar o próximo feriado e a próxima temporada. Com uma participação mais efetiva, a Maranduba poderia ter movimento o ano todo, saindo dessa sazonalidade que sufoca a grande maioria dos empresários locais. Quantos participam das associações ou núcleos de interesse afins para o bem comum? A justificativa é que não se unem porque a ação também vai beneficiar aqueles que não participam. Com esse pensamento egoísta o potencial da região se esvai por completo. Um exemplo é a Festa da Tainha da Maranduba, realizada entre 2003 a 2008. A união das associações de bairros, comunidade, empresários e poder público transformou a Maranduba num excelente roteiro turístico e gastronômico. O que aconteceu com a festa? A falta de comprometimento, união e desinteresse político mataram a festa. Várias associações estão se organizando, se reativando para o bem da região. Devemos apoiar e participar desses movimentos. Temos que evitar que aquele sentimento de egoísmo fale mais alto. Se melhorar, vai melhorar para todos. A Copa 2010 vem aí. As Eleições vem depois. A temporada ainda está longe. Vamos ficar de braços cruzados esperando “mais uma temporada” ou arregaçar as mangas e fazer algo pela nossa região? Emilio Campi

CICLOVIA Moro em São Paulo, mas freqüento a Praia de Maranduba mensalmente, onde permaneço entre 12 a 15 dias no mês. Um fato que me incomoda muito, não só como pessoa, mas como usuário, é o estado em que se encontra a ciclovia que margeia a rodovia. Sem qualquer manutenção dos órgãos públicos temos muitos trechos praticamente intransitáveis, onde o mato, a terra e os galhos tomaram conta desse espaço tão útil e seguro para os ciclistas. Devido a essa situação a maioria dos usuários acabam trafegando pelo asfalto, aumentando o risco de acidentes. Para solução é necessário um grande mutirão recompondo o seu leito original e consertando trechos destruídos, restabelecendo esse bem a todos, principalmente à população local. Edson Fernandes São Paulo, SP Obrigado Dona Tiana Luiza Quero parabenizar o Jornal Maranduba porque ele é tudo de bom e aproveitar para contar um fato que aconteceu em favor de meu neto e justamente por intermédio de uma senhora a qual vocês publicaram na edição numero 06. Num mutirão da saúde levei meu neto ao médico, o médico o viu e disse tudo bem! No mesmo dia, percebi algo estra-

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Emilio Campi Colaboradores:

Adelina Campi, Ezequiel dos Santos, Uesles Rodrigues, Camilo de Lellis Santos, Denis Ronaldo e Fernando Pedreira Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem a opinião da direção deste informativo

nho com ele, meu neto não é de dormir à tarde, naquele dia dormiu muito. Ao levar no médico novamente foi diagnosticado virose. A febre continuava. A mãe temerosa levou a Ubatuba e a Caraguá, nada mudou. No desespero levou para São Sebastião, lá ficou 15 dias internado. Na sexta feira, o tio dele veio buscar o pai, porque ele estava muito ruim, desesperada comecei a pedir com fé a Nossa Senhora, a minha mãe e a Dona Tiana Luiza que por favor, não o deixasse morrer, pois tinha perdido minha mãe recentemente. De joelhos pedi que elas intercedessem junto a Deus Pai que me enviassem o neto bom. No sábado trouxeram meu filho pra casa, estávamos sem esperança, já que os médicos nada sabiam e podiam fazer. Meu filho sentia muitas dores, estava magrinho, não comia e seu olhar era de socorro. Desesperada, deitei com ele na cama e o abracei, chorando pedi a Dona Tiana que nos ajudasse: “Dona Tiana, a senhora que salvou tantas crianças com seu conhecimento, sua fé, me de uma luz para eu ajudar meu neto!”. Neste momento, ele convalescido, tirou devagarzinho minha camisa, puxou meu peito para fora e começou a mamar. Perguntei a ele se queria leite, ele disse sim. Foi aí que lembrei, no dia do mutirão havia uma mulher dando de mamar ao filho e meu neto viu. Ele estava, como diria dona Tiana, “Aguado”. Procurei pessoas do bairro mais experientes e pedi ajuda. Estas pessoas me ensinaram vários remédios caseiros, outros fizeram e trouxeram a minha casa. Quero novamente parabenizar o jornal pela matéria sobre Dona Tiana, ela me deu de volta meu bem mais precioso, a vida de meu neto, agradecer ainda

a pessoas maravilhosas como a Dorinha do Nilo, Maria do Pedrinho e o Sr. José Zacarias Fidencio. Hoje ele continua lindo, tá na escola, brinca na rua, pelo quintal. Acreditei muito que Dona Tiana estivesse comigo naquela hora, deu resultado. Muitos não acreditam, mas eu acreditei, tive fé, muita fé. Avó Maria das Neves Silva Araribá REUNIÃO Estamos curiosos por maiores detalhes, sobre a Reunião realizada em 11/05, com a presença de quatro Secretários da Administração Municipal. Quais foram as lideranças comunitárias que participaram desta reunião? Qual foi o critério dos convites para participação? Quais foram as prioridades definidas? Qual o Cronograma para a realização destas Obras e Serviços? (Gostaríamos de acompanhar). Esperamos também que não sejam reivindicações como limpeza, capina, Coleta do Lixo, conservação de ruas, pois estes não precisam de reunião, é uma obrigação que necessita de ser feita e não de publicidade, basta fazer e bem feito que tudo mundo vê. Fernando Pedreira Maranduba REUNIÃO (Resposta PMU) A reunião realizada no dia 11 de maio foi agendada por representantes da própria comunidade e empresários do ramo hoteleiro. Os secretários municipais presentes à reunião foram convidados a participar para que pudesse haver uma conversa entre a administração e a população da região sul, com o foco voltado, prioritariamente para o Turismo e realização de

eventos na região. Quanto às prioridades definidas durante a reunião, – pavimentação, iluminação, limpeza e saneamento - as mesmas foram eleitas pela comunidade, em votação. Foi acertado que haverá uma nova reunião, quando serão aprofundados os assuntos de maior interesse, com a Prefeitura de Ubatuba já dando um retorno quanto ao que pode ou não ser realizado, de acordo com as possibilidades orçamentárias e de cronograma. Prefeitura de Ubatuba Assessoria de Comunicação


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Escolas da região plantam mudas no Dia da Mata Atlântica Em comemoração ao Dia da Mata Atlântica, as escolas municipais Virgina Lefreve (Maranduba) e Sebastiana Luiza de Oliveira Prado (Araribá) realizaram o plantio de árvores nativas em suas dependências. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SEMA) forneceu cerca de 12 mudas de ipês amarelos que foram plantadas na escola do Araribá. Na Maranduba foram plantadas 3 mudas de ipê amarelo doadas pela Flora Toninhas, de Cristiano Budreckas, que teve como intermediário Luiz Inácio. Segundo a diretora Ana Paula Ferreira “Precisamos melhorar o aspecto físico do bairro que apresenta um serio comprometimento com a sustentabilidade, por essa razão precisamos desenvolver ações de incentivo a preservação ambiental e conservação dos recursos naturais”.

Foram plantadas mudas de ipê amarelo nas escolas Sebastiana Luiza de Oliveira Prado (Araribá) e Virgínia Lefreve (Maranduba)

O administrador da regional sul, Moralino Valim Coelho, participou das solenidades ajudando os alunos no plantio das mudas. Mata Atlântica Quando os portugueses chegaram aqui, em 1500, encontraram uma extensa floresta

que cobria todo o litoral do país. Essa área verde era rica em muitas espécies animais e vegetais, com destaque para o pau-brasil. A devastação teve início com a exploração do pau-brasil pouco depois do descobrimento. Hoje a maioria da área litorâ-

nea que era coberta pela Mata Atlântica é ocupada por grandes cidades, pastos e plantações. Porém, ainda restam pedaços da floresta na Serra do Mar e na Serra da Mantiqueira, localizadas no sudeste do Brasil. Apesar de estar bastante re-

duzida, a Mata Atlântica ainda é um ecossistema muito importante para o país. Ela abriga muitos exemplares exclusivos de nossa fauna e flora. Por isso, existem muitas pessoas empenhadas em preservar o pouco que restou da floresta.

Obra da Sabesp não prejudicará acesso à cachoeiras A ampliação do sistema público de abastecimento para a região de Maranduba, Sapé, Lagoinha e Sertões, no município de Ubatuba, com o objetivo de regularizar o abastecimento e melhorar o processo de tratamento da água, não interferirá ou prejudicará as características naturais do rio, em particular, as quedas d’água de jusante. A informação foi fornecida pelo vereador Rogério Frediani (PSDB) que recebeu o Ofício nº 27/2010 da Sabesp que informa através de seu superintendente da Unidade de Negócio Litoral Norte, José Bosco Fernandes de Castro, sobre obras de implantação do abastecimento de água para os bairros de Maranduba e Sertão da Quina no município de Ubatuba. Segundo o ofício, as obras relativas ao empreendimen-

to denominado Sistema de Abastecimento de Água de Maranduba encontram-se divididas em duas etapas, a saber. A 1º etapa que compreende a execução de 1. 758m de adutora de água tratada e interligações, já encontra-se concluída desde novembro/2009; A 2º etapa que compreende a execução de adutora de água tratada, reservatórios, estação elevatória de água tratada, a execução da captação, barragem, adutora de água bruta e estação tratamento de água de 150 I/s, está prevista para ser executada no período de 2012 a 2014; O empreendimento terá um custo de R$ 18,3 milhões e irá beneficiar aproximadamente 57.000 habitantes das regiões de Maranduba, Sapé, Lagoinha e Sertões.

A captação e a barragem serão executadas no Rio-Marimbondo na cota 50m a jusante da confluência com o Rio Quebra-Pé e não interferirá ou prejudicará as características naturais do rio, em particular, as quedas d’água de jusante. Ás áreas essenciais para a execução das obras serão objetos de regularização, através de Decreto de Utilidade Pública e ação judicial, caso haja necessidade. Cabe informar ainda que o acesso do público à Cachoeira da Renata e outras áreas de recreação à jusante da barragem não será prejudicado, pois a área a ser preservada como manancial de abastecimento de água será àquela imediatamente a montante da barragem, no ponto de captação.

Foto: Emilio Campi

“0 acesso do público à Cachoeira da Renata e outras áreas de recreação à jusante da barragem não será prejudicado” José Bosco Fernandes de Castro Superintendente da Unidade de Negócio Litoral Norte


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Artes marciais em destaque no PEF do Áurea Gengibre de Ubatuba expõe

GLAUCIA CAVALCANTE

Nos dias 15 e 16 de maio, atletas do Kung-Fu e representantes da associação Longteh participaram da última seletiva para o campeonato paulista 2010 na cidade de Barueri conquistando o título de melhor equipe. O destaque foi para os atletas da Maranduba, que juntos somaram 14 medalhas.

O atleta Paulo Ricardo (Pajé) venceu todas as suas lutas por nocaute, sem falar no professor Valdir (Xiaulong) que conquistou cinco medalhas. O atleta Mathews, mesmo diante de tanta gente experiente na sua categoria, pulou do vigésimo quinto lugar e ficou em terceiro, conquistando assim sua classificação.

A atleta Lara Lucas, já classificada, participou como base para o estadual e acabou com duas medalhas de ouro e duas de pratas. A atleta Anashely também conseguiu sua tão sonhada classificação. Nosso atleta Carlinhos do Sanshou também se classificou em terceiro. Agora estamos de malas prontas rumo ao paulistão. Vamos com a equipe Xiaulong em busca de uma vaga no Brasileirão. Para maiores esclarecimentos entre em contado com a nossa equipe na Rua do Eixo, segunda travessa, nº07. Tel.: (12) 3849-5611 ou 9769-3538 com a Taty ou Professor Valdir (xiaulong@hotmail.com) Profº Valdir é voluntário no Programa Escola da Família desde 2004 desenvolvendo arte marcial aos finais de semana das 9:00 ás 13:00. Agradecimentos: Ubaclin, Casa de Carnes Camar e Drogaria Renascer Maranduba.

“Tarde da Saúde” movimenta Posto de Saúde EZEQUIEL DOS SANTOS

No ultimo dia 19, a equipe da saúde da família da Unidade de Saúde Izabel Félix dos Santos, promoveu uma tarde diferente com palestras, oficinas e atividades físicas. O evento contou com cerca de 100 pessoas e foi chamado de “Tarde da Saúde”. Importante foram as presenças da escritora Silmara Retti, autora do livro “Flash, você sabe o que eu tenho?”; da nutricionista da Secretaria Municipal da Saúde, Dra. Cláudia Rafaelli e dos educadores físicos Cristiano Ely e Carla do Prado. Participaram ainda a Dra. Sheila da Silveira Barbosa, Superintendente de Atenção Básica e o Sr. Jorge Otávio, membro do Núcleo de Educação Permanente, ambos da Secretaria Municipal de Saúde.

Os participantes tiveram informações sobre alimentação saudável, orientação sobre DST/ AIDS e atividades físicas. A comunidade e os pacientes ficaram

satisfeitos com o evento e aguardam mais outras atividades, que fazem à diferença na busca de uma melhor qualidade de vida e saúde no dia-a-dia de todos.

na maior feira do Brasil

EZEQUIEL DOS SANTOS

Aconteceu no Salão da Bienal em São Paulo, entre os dias 20 e 23/05, a Bio Brazil Fair – Natural Tech 2010, o maior evento profissional do mundo orgânico do país. Com um reconhecimento internacional, o evento foi realizado durante a Semana Nacional do Alimento Orgânico, onde ofereceu amplo espaço para oportunidades de negócios à uma demanda que vem crescendo consideravelmente, além de palestras e orientações sobre o tema. A Secretaria Municipal Agricultura, Pesca e Abastecimento, Valéria Cress Gelli, participou do evento em busca de novos contatos e tecnologias. O evento que foi patrocinado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, teve número recorde de visitantes, um sucesso de público e negócios. Da região, participou o Gengibre de Ubatuba, do Sí-

tio Recanto da Paz do Araribá, onde apresentou os produtos e os subprodutos derivados do gengibre. O sitio Recanto da Paz é o percussor das atividades em gengibre no município e por décadas foi à vitrine na exportação de seu produto e aproveita os eventos e feiras na baixa temporada. Este ano ainda recebeu alunos de Turismo ao qual buscavam informações sobre o Turismo Rural na região. Anie Kamiyama, proprietária do Sitio Recanto da Paz, lembra que os produtos de Ubatuba ajudam a divulgar o município buscando mais informações sobre a cidade. Sucesso também foi a participação do Sitio no Art Vale-Feira Internacional e Nacional de Cultura e Artesanato, realizado na cidade de São José dos Campos-SP, evento que reuniu 18 países e teve como tema a mostra de vários produtos exóticos dos países participantes da feira.


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Universitários aprovam roteiro Artesã da Caçandoca expõe no sul do país de Turismo Rural na Região EZEQUIEL DOS SANTOS

EZEQUIEL DOS SANTOS

Alunos de Engenharia Ambiental e Elétrica da Universidade São Francisco, de Campinas-SP, trazidos pela Educadora Ambiental, Professora Cândida Maria Baptista, participaram do 1° roteiro oficial de Turismo Rural da Região da Maranduba nos dias 22 e 23/05. As atividades foram parte do aprendizado do Curso de Técnico em Turismo Rural que aconteceram em duas localidades. Com uma caminhada dentro da mata até o mirante do Araribá, foram apresentadas as fases de transição de floresta, passando por caxetal até o mangue. Também foram mostradas as variantes de consorciamento entre história, cultura, tradições e uso e manejo das roças. O plantio direto, sistema agroflorestal, sistema rotacionado, o descanso da terra e os períodos de colheitas e uso da matéria prima através dos calendários naturais e religiosos, o modo de vida de seus moradores também foram os pontos chave dos assuntos. O almoço foi um típico frango com mandioca, acompanhado de salada e suco de maracujá, colhidos na propriedade. Interessante ainda foi a atenção dos alunos dada as explicações dos guias, que tiveram o maior prazer em atendê-los.

A tarde estiveram no Sertão da Quina, onde puderam entender parte da orientação espacial e geográfica de que alguns moradores detém e algumas formas de se localizar na mata. Viram ainda um espécime raro de árvore, que aos moradores tem muito valor financeiro, religioso e afetivo, a Quina Vermelha. Um bom banho de água fria não desanimou a turma que se encantaram com a Cachoeira da Capelinha. No domingo, de caiaque partiram da Praia da Maranduba e foram até a Ilha do Tamerão, onde receberam informações do geólogo Nilson Bernardi. Na Praia da Caçandoca, experimentaram o peixe com banana verde, prato típico da região. O turismo rural é a ferramenta mais eficaz na geração de renda, emprego, manutenção da cultura e preservação do meio ambiente. O Turismo Rural foi apresentado aos moradores pelo Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras de Ubatuba para este propósito e que através de um convênio ente a Federação dos Trabalhadores do Estado de São Paulo, através de um instrutor do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural trouxe maior qualificação aos moradores de nossa região.

Depois dom sucesso da participação de produtores da região na Feira Internacional de São José dos campos, a região se faz representar na VII Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária –“Brasil Rural Contemporâneo”, que aconteceu a beira do Rio Guaíba, no cais do Porto na cidade de Porto Alegre, entre os dias 13 a 16 deste mês. Passaram pelo evento 160 mil visitantes e as vendas nos 350 estandes passaram de R$ 11 milhões. Ubatuba apresentou peças em fibra de bananeira, taboa, junco, concha, cipó e fibra de coco. A artesã Neide Antunes de Sá, 53, foi a única representante quilombola do estado de São Paulo e ficou impressionada com a variedade de técnicas e trabalhos apresentados na feira e com o grau de organização do evento. “Os índios do Amazonas apresentaram cada peça, cada trabalho, eram entalhes dos animais da floresta, coisa mais linda! É nessa época que o movimento em nossa cidade diminui, por isso, devemos nos organizar para buscar alternativas” comenta a artesã. Neide recebeu propostas de vários locais do Brasil e do exterior, uma delas da Itália, outro foi a de ministrar cursos sobre as técnicas de utilização da fibra de bananeira aos quilombos do Rio Grande do Sul. Para a artesã foi uma oportunidade rica e muito produtiva. Na feira

Integração de comunidades quilombolas na exposição em Porto Alegre

foram vendidos 80% de seus produtos, o que para Neide foi um bom negócio em se tratando de baixa temporada. Todo o esforço é parte de um trabalho entre a Cati - Ubatuba, o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras de Ubatuba-STTR e a Associação Pólo Produtiva, também de Ubatuba. Para o engenheiro da Cati de Ubatuba, Dr. Antonio Marchiori, “trata-se de uma oportunidade para conhecer experiências de sucesso da agricultura familiar de todo o Brasil”, comenta. A Cati, no ano passado, viabilizou a participação de Quilombolas e indígenas de Ubatuba na feira regional de Economia Solidária em Campinas. Para ele o intercâmbio com outras vivencias é importante para o crescimento e formação de lideranças. As metodologias de venda e conhecimento de clientes é parte do aprendizado do Cur-

so Técnico de Turismo Rural, que é um convênio entre o STTR de Ubatuba com a Federação dos Trabalhadores de São Paulo-Fetaesp e a federação com o Serviço Nacional de Aprendizado Rural-SENAR. A vantagem, segundo Neide, foi a quase ausência de burocracia para participar do evento, bastou se inscrever, preparar as pecas e esperar. As peças foram levadas de caminhão até o evento e o artesão de avião, tudo custeado pelo governo federal. O Sindicato, junto com seus parceiros, pretende fazer um levantamento dos artesãos na região a fim de estudar a possibilidade de participar em outras feiras, o que será muito importante para a geração de emprego e renda e a manutenção do oficio de artesão, que além de bonito é importante ferramenta da mostra da cultura local e regional.


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Vamos falar sobre turismo VII FERNANDO PEDREIRA

Hoje não vamos falar sobre os projetos que elaboramos, ou seja, o PDTR. Temos um assunto atual e que se este editor me permitir vou lançar algumas perguntas à Administração Municipal de forma pública, para que também possam responder da mesma forma. Isto em virtude de uma Reunião entre a Comunidade de meios de hospedagem e várias secretarias municipais acontecida aqui. Seis anos de Prefeitura mais oito de Vereança não bastaram para conhecer as necessidades da nossa região? São necessárias reuniões? Reuniões para determinar estratégia para diminuir a sazonalidade? E o Plano Municipal de Turismo? Lanço as perguntas por que estamos cansados de reuniões, desde 1994 que usamos destas para tentarmos melhorias para nossa região e todas se tornaram infrutíferas. A estratégia deles (governo) é esvaziar todo movimento que se organiza, dão atenção, mas nada fazem, sem avançar nas propostas o grupo acaba se dispersando. Até quando não teremos calçadas para caminhar? Até quando não vamos ter ruas para trafegar, porque o que temos aqui não pode ser chamado de rua? Até quando não teremos espaços para que nossos pequenos possam brincar de velocípede? Até quando não teremos uma ciclovia, principal meio de transporte desta região? Até quando nos dirigiremos ao Posto de Saúde na incerteza de se ter um médico? Até quando veremos projetos de captação de água e desaparecerem os de captação e tratamento de esgotos. Onde iremos lançar nossos resíduos? Merece uma matéria só para isso que falaremos na próxima. Até quando veremos a Contur captar recursos neste local e não destinar um centavo pelo menos para limpar os resíduos deixados pelas mal cheirosas lixeiras que tem sua retirada feita mal e porcamente pela Sanepav. Até quando teremos que andar no escuro?

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Até quando os turistas de excursões que aqui se hospedam por três ou mais dias, muito melhores que aqueles dos navios que às vezes nem sequer desembarcam têm que “amassar barro” caminhar no leito carroçável da rodovia enquanto lá estendem tapete vermelho. Até quando teremos que fazer eventos sem um local digno? Mesmo porque se for feita a Rotatória necessária na entrada construída para o Sertão da Quina, ficaremos sem um quarto da praça que, diga-se de passagem, é suja mal cuidada e virou albergue. E a segurança a quem pedimos? Polícia Rodoviária? Polícia Militar? Guarda Municipal? Até quando veremos nossos impostos serem usados para obras ou entregue em contrapartidas para melhorias sempre no Centro da Cidade, como Píer Flutuante, Centro de Convenções, Teatro ou Centro do Professorado e diversas Reurbanizações? Até quando veremos os eventos todos dirigidos ao Centro e os pronunciamentos de Presidente de Associação agradecer o fomento do comércio na Avenida Iperoig e quando reclamamos da retirada das placas do corredor turístico só ficamos sabendo de uma ida ao DER de Taubaté através daquele jornalzinho que só serve para sujar as mãos e a mente das pessoas que o acessam. Resultado? Nenhum. O que estão esperando para apresentar um projeto que possa beneficiar a todos para resolvermos o problema do estrangulamento da rodovia? Sabemos que é uma ferida que sangra e que todos têm medo de falar, mas usando das ferramentas que dispomos através das leis do Ministério das Cidades como Direito de Preempção, Outorga Onerosa do Direito de Construir e Operações Urbanas Consorciadas, nesta última em seu artigo 32 Parágrafo 1º diz: “Considera-se operação urbana consorciada o conjunto de intervenções e medidas coordenadas pelo poder público municipal, com a participação dos proprietários, moradores, usuá-

rios permanentes e investidores privados, com o objetivo de alcançar em uma área transformações urbanísticas estruturais, melhorias sociais e a valorização ambiental”. Poderíamos aí incluir o Governo do Estado, e o Governo Federal com um projeto bem elaborado com justificativas plausíveis e resultados esperados convincentes como o aumento do fluxo de turistas que em consequência aumenta a oportunidade de negócios, emprego e renda aumentando também a arrecadação Municipal, Estadual e Federal. Vamos esperar o DER passar um trator por sobre as propriedades e dizer a todos os prejudicados que procurem seus direitos? Ver nascer uma rodovia de alta velocidade e acabar com todo o corredor turístico desse lugar como fizeram entre Caraguá e São Sebastião? Ver nossa comunidade a mercê de atropelamentos? Temos hoje muitas áreas onde podem ser feitos investimentos da iniciativa privada em parceria com a pública usando das leis acima e beneficiando a todos. Arrepia-me ver na pauta da Câmara Municipal vereador pedindo informações sobre possível reurbanização do centro da Maranduba. O que será que nos reserva? Chegamos a cogitar um concurso para um projeto urbanístico da nossa região e já tínhamos até alguns estudantes e professores de arquitetura interessados em apresentar suas propostas. Hoje são arquitetos conceituados que aqui trabalham filhos da nossa terra. Só queriam o bem de todos. Nunca fomos governados demonstro isso não é uma opinião é uma constatação. E até quando vamos esperar? Até quando a oligarquia existente no centro da nossa Cidade influenciará os nossos mandatários deixando as outras regiões ao “Deus Dará”? Até quando os Vereadores virão aqui apenas para conquistar votos? ATÉ QUANDO?

Lixo no Sertão do Ingá

O acumulo de lixo as margens da estrada do Sertão do Ingá continua a incomodar os moradores do local. Segundo o administrador da regional sul, Moralino Valim Coelho, as pessoas que jogam lixo no local foram advertidas para que ali somente fosse depositado material de poda, porem continuam sendo encontrados resíduos de material orgânico, plástico, garrafas pet, latas e outros materiais nocivos ao meio ambiente.

Moralino afirmou que as pessoas que forem flagradas no local jogando material que não seja resultado de poda poderão ser multadas e responderão processo por isso. Caso a recomendação não seja cumprida, Moralino revelou que entrará com recurso junto a assessoria jurídica para que o local seja fechado com cerca, impedindo o despejo de qualquer natureza as margens da estrada.

Parceria viabiliza calçamento de rua

A Administração Regional Sul realizou na última semana o rebaixamento da Rua Sargento Assad Feres para que os moradores, com recursos próprios,

pudessem efetuar o calçamento com bloquetes. Esta é mais uma parceria onde o poder público e a iniciativa privada podem realizar juntas melhorias na região.


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Delegação de Ubatuba YES WE CAN FERNANDO PEDREIRA no Salão de Turismo 2010 Participamos da Excursão

Com a assinatura de “talentos, arte, cultura, temperos e conhecimento”, o Ministério do Turismo atinge a maturidade na 5ª edição da feira

Delegação de Ubatuba no 5º Salão Nacional de Turismo em SP

A cidade de Ubatuba se fez representar uma vez mais naquele que já é considerado o evento mais significativo do turismo nacional. Contando com a união de esforços entre Sebrae, Prefeitura Municipal e Associação Comercial de Ubatuba (ACIU), mais de 40 pessoas integrantes do Projeto Circuito Turístico Litoral Norte foram convidadas a participar da feira. Empresários, artesãos e funcionários de empresas prestadoras de serviços turísticos puderam aproveitar da 5ª edição do Salão Nacional de Turismo que está sendo realizado dos dias 26 à 30 de maio no Pavilhão do Anhembi em São Paulo. Segundo os participantes “é um evento de proporções nunca vistas”. As primeiras edições da feira foram realizadas no pavi-

lhão do “Expo Center Norte”, mas com o crescimento do evento, o local foi alterado para o Pavilhão do Anhembi, o maior do Brasil. O presidente da Associação Comercial, Alfredo Correa Filho, comemorou os resultados positivos do Salão: “Esta iniciativa do SEBRAE, em conjunto com a ACIU e a Prefeitura de Ubatuba, foi emblemática. Todos os participantes da delegação de Ubatuba ficaram realmente muito bem impressionados com a viagem, o que ampliou os horizontes e renovou a esperança de todos. Além disso, fizemos contatos que nos serão muito valiosos em um futuro próximo. E isto é só o começo do extenso trabalho que a ACIU, em conjunto com seus associados e parceiros, irá conduzir nos próximos meses”, avaliou Correa.

patrocinada pelo Sebrae de Ubatuba ao 5ª Salão de Turismo – Roteiros do Brasil desta vez no Anhembi – São Paulo. Estavam presentes os Senhores Luiz Felipe, Secretário de Turismo; Alfredinho, jovem empresário e Presidente da Associação Comercial de Ubatuba e Pedro Paulo, Presidente do Conselho Municipal de Turismo. Estes sensibilizaram os participantes para a importância da Feira e do Turismo em nossa Cidade, além de procurarem parcerias para o nosso turismo, o que nos deixa pouco a vontade para externar nosso, diríamos, desapontamento naquela que é a maior feira de Turismo do Brasil. Porém precisamos dividir com os leitores essa frustração, esse sentimento de incapacidade, esse sentimento de culpa, esse sentimento de inferioridade, não consigo carregar sozinho esse fardo. Inicialmente fomos levados pela simpática monitora do Sebrae a visitar o Stand onde estavam os roteiros de nosso Estado, e lamentavelmente nós, o Circuito Litoral Norte, estava ausente. E o pior, agora na notícia divulgada pela Associação Comercial que deve estar estampada nos jornais conhecidos, aparece a Foto do Stand do Sebrae com a Legenda STAND LITORAL NORTE. Assim a gente que recomeçava a acreditar, percebe o porquê não estamos lá. Lá estavam os boxes dos seguintes Roteiros: CIRCUITO TURÍSTICO DA MANTIQUEIRA CIRCUITO TURISTICO COSTA DA MATA ATLANTICA CIRCUITO TURISTICO RELIGIOSO

ROTEIROS TURISTICOS DA REGIÃO SUL DA CIDADE DE SÃO PAULO CIRCUITO TURISTICO DAS ÁGUAS PAULISTA CIRCUITO TURÍSTICO DO VALE HISTÓRICO CIRCUITO TURISTICO CAMINHOS DO CENTRO OESTE PAULISTA E Circuito Litoral Norte não estava, a alegação dos monitores do Sebrae é que faltava formatar o Roteiro. Os que estavam presentes contavam com rico material inclusive um DVD, fantástico. Segundo alguns integrantes do nosso grupo, havia sim um stand do Litoral Norte, porém muitos também não o encontraram. A julgar pela história da foto, acho que na verdade ninguém viu esse “tal stand”. Vi notícia no Jornal Imprensa Livre que Ilhabela está presente, porém também não vimos. Em contrapartida vimos Paraty, Angra e Búzios. Participamos de várias feiras anteriores a essa e também algumas promovidas por outros órgãos como a Adventury Sport Fair, e Jornadas do Turismo Paulista e sempre lá estava o Circuito ou a Vertente Oceânica Norte, na maioria delas estava sim ausente a nossa Ubatuba, e lutamos muito para que isso não

acontecesse, como Conselheiro Regional e Vice Presidente do Conselho Municipal de Turismo, infelizmente por esse e outros motivos deixamos de participar. Consultamos então o Guia Roteiros do Brasil 2010 e dentre os 94 motivos para viajar pelo Brasil encontramos nossa Cidade, juntamente com as outras três, no Roteiro da “Cidade de São Paulo”, apenas uma menção diríamos honrosa. No Guia de Pacotes Turísticos 2010 da BRAZTOA Associação Brasileira de Agências de Viagens nenhuma das quatro. Por que me pergunto, resultado da falta de entrosamento político? Resultado de políticas públicas equivocadas? Ou falta de interesse no desenvolvimento Sócio Econômico da nossa Cidade, pois as outras contam com outros meios de sobrevivência. Alguns poderiam dizer que estamos parados, Nós diríamos que cavalgamos para trás muitos anos. Ao ver tantos investimentos nessa área presumimos que existem resultados e retorno certo, ao vermos as Cidades como Paraty, Angra e Búzios pensamos YES WE CAN, mas é preciso lembrar também de que QUEM SABE FAZ A HORA, e divido com todos essa responsabilidade que me tira o sono.


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Praias da Tabatinga e das Galhetas: cenários atrativos e diferentes Texto: Ezequiel dos Santos - Fotos: Emilio Campi

EZEQUIEL DOS SANTOS

Amada por moradores tradicionais e visitantes, o bairro da Tabatinga e a praia das Galhetas se formaram através das atividades de pesca, do cultivo de bananas, mandiocas, madeiras e canas que abasteciam as fazendas da região, tanto da Tabatinga, quanto da Lagoa e por vezes a da Caçandoca. Suas ruínas são a provas deste épico período. No cruzamento das estradas das Galhetas e da Ponta Aguda existem, dos dois lados, vestígios do que seria um armazém ainda do século XIV, é possível ver as pilastras que tinham uma particularidade, eram rebocadas, novidades para a época, existem ainda o que sobrou de um duto e uma caixa para captação de água. Infelizmente quando começou o “boom” da construção, muitas destas ruínas foram destruídas ou suas bases estão sobre casas, que a utilizaram como plataforma. Os primeiros moradores de que se têm notícias são os “Barra Seca”. Estudos apontam que eles vieram provavelmente da região da Vila de Santo Antonio (Fazenda dos Ingleses) pela trilha que ladeava as praias. Junto a eles vieram outros moradores. Alguns pararam no Sertão da Maranduba, Praia Grande do Bonete e Corcovado. Em 1967, pescadores da Tabatinga e redondezas colaboraram com as autoridades no resgate de pessoas que sofreram com a Catástrofe da época. Muitos lembram que a tarde se transformou em noite e uma nuvem negra havia passado pela Tabatinga rumo a Caraguatatuba. Sabendo do que poderia acontecer, se prepararam e na ida a Caraguá,

Praia da Tabatinga e Galhetas, a sua frente a Ilha do Tamanduá e ao fundo a ponta norte de Ilhabela já no Massaguaçu viam corpos misturados a galhos e paus e restos de casas boiando no mar. A cena chocou os pescadores, mas graças a eles e de outros heróis tudo foi restabelecido. Tudo documentado no DVD Caraguá – Da Catástrofe ao Progresso (Litoral Virtual – 2009). Por não haver estradas, os caminhos a beira mar e os que adentram os sertões eram constantemente utilizados, alguns destes hoje viraram ruas ou avenidas. Uns acham que a Tabatinga é dois bairros ou um bairro divido em dois, não importa. O que sabemos é que por muito tempo os dois lados (o de Ubatuba, quanto o de Caraguatatuba) formavam um único território e que o rio não fazia distinção geográfica ou política, ao contrario, era o rio

e a praia quem mantinha os laços familiares unidos, já que toda atividade exercida passava pelos dois. O rio no passado já se chamou Rio Paraguai, hoje Tabatinga.

Os moradores viviam da subsistência, tirando da terra e do mar seus alimentos. A colonização do lugar foi acelerada pelo aterro do mangue e dos caxetais ainda no período da construção da rodovia federal. Antes não passava de um lugar muito pacato, com meia dúzias de pequenas

casas de pau-a-pique. Os moradores viviam da subsistência, tirando da terra e do mar seus alimentos. A colonização trata-se do Projeto Turis, que começou no governo Castelo Branco. Negociações de projetos que pretendia povoar o litoral paulista construindo uma rodovia que fosse de Santos ao Rio de Janeiro com núcleos de habitantes como os bulevares franceses. Só não perceberam o numero de moradores nativos no local, o que causou conflitos, disputas de terras e perda de parte da cultura caiçara. Dos projetos originais, alguns prosperaram, muitos sofreram mudanças, e um deles foi o do condomínio de alto padrão que se encontra a beira mar na Praia da Tabatinga. De ca-

racterísticas totalmente diferentes, a praia da Tabatinga e das Galhetas formam um único complexo, a primeira para acomodar os ranchos de pesca, os quiosques, as conversas a beira mar, a pesca de arrasto, as festividades, as descidas e subidas de barcos e lanchas, os banhos de água e sol. A outra como serve como abrigo, pesca de vara, descanso, relax, banhos calmos, contemplação, observação e até um cochilo. Serviu como embarque e desembarque de mercadorias e escravos. Hoje as Galhetas, primeira praia de Ubatuba e a Tabatinga, primeira de Caraguatatuba, são as divisas geográficas e políticas dos dois municípios. Os acessos são geralmente por estradas. (continua...)


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Passado e futuro convivem em harmonia na divisa do município As Galhetas, uma pequena praia de areias finas e brancas misturam-se às monazíticas, porém, a praia, que por vezes some com a maré alta, é composta em toda sua extensão por pequenas rochas e conchas. Nela podemos observar ainda resquícios do cais que no passado comercializada os produtos da região. Os locais podem ser alcançados por barcos. A área é densamente ocupada nas praias e na beira da estrada, e vai se tornando mais rústica e selvagem no rumo da serra do Mar. O local localizado na divisa dos municípios de Ubatuba (21 km.) e Caraguatatuba (18 km) é muito apreciado por turistas, veranistas e moradores. Do lado do rio, a praia é ideal para crianças e para quem não sabe nadar, ou está começando. De boa balneabilidade e águas rasas, normalmente calmas é mais freqüentada por famílias, casais, grupos de amigos, amantes de esportes náuticos e até mesmo por observadores de lanchas e fotógrafos. Do lado do condomínio, a praia tem a areia mais grossa e sua baía fica mais movimentada com intenso tráfego de lanchas, jet-skis, caiaques, esqui-aquáticos, windsurfes e parasails. Em períodos de férias e temporada é comum o tráfego de helicópteros na região, são os meios de transportes mais utilizados pelos proprietários do condomínio. A metade da praia está cercada de seguranças e coqueiros que adornam o condomínio Costa Verde. Muitos dizem que o nome origina-se das areias brancas, origem esta contestada por documentos antigos que descrevem Tabatinga como “Barro branco”, vinda da língua Tupi. Difícil mesmo é dar

O Rio Tabatinga é a divisa entre Ubatuba e Caraguatatuba. A Praia das Galhetas fica no final da estrada. uma nota para estas belezas, mas está entre as mais belas do litoral paulista. A sua frente é possível avistar Ilhabela, e mais próxima, a Ilha do Tamanduá, que por vezes é possível observar algum pescador artesanal movimentar-se com seus apetrechos de trabalho em sua canoa. Cercada pela mata atlântica e rodeadas por empreendimentos náuticos e de turismo, as duas praias oferecem experiências únicas e privilegiadas. Um leque de opções para todos os gostos. Existem ainda opções de atividades de Ecoturismo no entorno das duas praias, tanto em área de mata quanto de mergulho. Os serviços da localidade são mais que satisfatórios. Existe uma boa rede de hotéis e

pousadas, mercados, marinas, mecânicas, aluguéis, quiosques, tudo para agradar do mais luxuoso cliente aos mais simples.

O pescador, sentado à beira mar, observa as nuvens, o mar e recorda seus áureos tempos. Olhando para o lado das Galhetas é possível observar uma costeira formada por uma única rocha e ornamentada por um grande número de caraguatás, planta que deu origem ao nome de Caraguatatuba. É possível ob-

servar ainda vários pássaros. Na Tabatinga ainda é possível avistar os ubás (flechas, canas silvestres que deram origem ao nome de Ubatuba). Quem vem do mar percebe que as duas parias se unem de mãos dadas e a noite parecem namorar. Tabatinga e Galhetas são na atualidade os maiores empregadores da região. Toda esta estrutura oferece uma gama de emprego e renda, principalmente no ramo náutico. As duas praias servem como um grande caldeirão com suas misturas: de um lado um ritmo frenético do vai-e-vem realizado pelo homem com seus tratores, lanchas, carros e a pressa de fazer tudo ao mesmo tempo. De outro lado o silencio e observação

da fauna e da flora em meio às mudanças realizadas pelo homem. O pescador sentado à beira mar observando as nuvens, o mar e recordando seus áureos tempos. Por vezes os dois se cruzam e se misturam sem perceber, dando exemplo de boa convivência e respeito entre as partes. Isto é, de um lado o pescador tranqüilo que vai sair de canoa e espera o tempo natural para realizar a sua tarefa; de outro lado o homem urbano que espera no tempo do relógio para realizar a sua atividade de lazer. Isto sim é um espetáculo que não combina com sujeira, lixo e destruição da fauna e flora. Parece que com esta mistura as duas praias dizem a todos: “Sejam bem vindos. É um prazer recebê-los!”.


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Antonio Cruz de Amorim: o homem da memória fotográfica EZEQUIEL DOS SANTOS

- Seu Antonio será que a gente pode conversar? - Entrais filho, sentais aí, vô desligá a televisão... Do que a gente vai falar? Era assim que seu Antonio começava os assuntos. Foi um dos homens mais atualizados da sua geração. Seus amigos dizem que na falta de coisas para ler, lia até bula de remédios. Homem de presença, tanto pela estatura quanto pela memória fotográfica de tudo ele “assuntava”. Política, gastronomia, geografia, história, futebol, atualidades... Tudo podia ser discutido de forma serena, calma e produtiva. De voz calma, lia de tudo, e tudo discutia. Gostava de estar informado. Suas observações eram sempre atualizadas. Tinha opinião sobre vários temas. Dono de uma caligrafia invejável, só comparada a de seu amigo Benedito Gil do Araribá. Em seus últimos dias ficava na varanda de casa observando o vai e vem de moradores e crianças que iam para a escola. Quem passava não tinha a menor idéia de quem foi este homem. Por vezes parecia que as lembranças do passado o deixavam imóvel na sua poltrona. Que será que ele recordava? Antonio Cruz de Amorim nasceu no antigo sertão da Fazenda Maranduba, no terceiro dia de maio de 1919. Uma criança branca e forte, filho caçula de oito irmãos, fruto do matrimônio de Joaquim Antonio de Amorim e Francisca Eufrosina de Jesus, proprietários dos Sitio das Piabas, no bairro do Araribá, as margens do rio de mesmo nome. Como todas as famílias da região, viviam da agricultura, da pesca, da caça e da coleta de frutos e ervas da mata. O sitio possuía uma grande produção de cana, que abastecia a alambique tocada a água. Possuía animais de criação, mandioca, batata doce, café, laranja, banana e milho em quantidade. Grande parte era para o sustento da família, de seus empregados e para a

venda nas cidades de Ubatuba e Caraguatatuba. Seu pai possuía a maior rede de tainhas e de fundo da região. Não era raro a captura de 800 a 1000 tainhas com a rede. Mesmo quem não tinha dinheiro levava tainhas para casa. Até os “rosários” de cabeças de tainhas eram aproveitados. Mulheres eram contratadas ou se faziam de meeiros para a seca de tainhas, eram pilhas enormes de peixes. Havia fartura e não tinha “ridiqueza” (mesquinhez). Antonio tudo aprendia e acompanhava. Tinha uma facilidade de absorver o que acontecia em seu entorno. Ainda jovem, casou-se com Virgilina Izaias de Amorim e deste matrimônio nasceram onze filhos: Adelson, Maria Aparecida, Jacira, Bernadete, Ivanil, Marlene, Antonio, Maria de Fátima e Rizete, ainda vivos e os falecidos: Expedito e Vicente. Com o intuito de buscar melhorias a sua família, mudou se para o Monte Cabrão e Itapema, na região de Santos. Lá não se adaptou, mas Antonio teve maior contato com os homens do mar, conheceu outras estruturas e coisas que não havia chegado a Ubatuba. Antonio foi o único a navegar para Santos nos barcos que faziam o transporte motorizado de mercadorias e pessoal. Eram os barcos: Astúrias, Valencia (Cia. Inglesa), São Paulo e Ubatubinha. Eram viagens de quatro dias. O trajeto era: Maranduba-São Sebastião–Maresias-Bertioga-Santos. Levavam 400 dúzias de bananas e 200 pessoas por vez. Os passageiros dormiam no barco ou em ilhas. O mesmo trajeto a pé demorava seis dias. Na vinda enfrentou dificuldades, mas venceu. Foi por curto período Ins-

petor de Quarteirão da região. Antonio era primo do Sr. Manoel Bernardo de Amorim, prefeito de Ubatuba até 1922, dono da Fazenda da Ressaca até 1932. Muitos ainda viram as acaloradas conversas com Washington de Oliveira, ”Seu Filhinho” (ex-prefeito, ex-presidente da Câmara, farmacêutico e escritor), com quem mantinha laços estreitos, principalmente por conta das discussões políticas, locais, regionais e nacional. Portador de uma fé verdadeira dedicou parte de sua vida ao Lar Vicentino e ao Congregado Mariano, onde escreveu as primeiras atas existentes no bairro. Foi colunista e consultor do Jornal Maranduba (1993/1996) escrevendo sobre história, cultura e a formação genealógica da população da região. Trabalhou para o Sr. Joaquim da

Silva Magalhães por 10 anos. Morou em área da Imobiliária Jequitibá. Homem tranqüilo, amigo de todos, bom pai, bom filho, bom avô, bom companheiro e bom amigo. Sua partida deixou muita gente triste. Sua clareza de pensamento e informação era sua marca registrada. Seus ensinamentos transcenderam os valores dos ensinamentos da época. Seu etnoconhecimento tinha um valor inestimável. Sua vida não foi só trabalho, havia muitos momentos de descontração. Antonio ainda participava de festas, com os amigos roubavam patos na sexta-feira da paixão e convidavam o dono do pato para comer, depois eles pagavam o pato. Gostava de piadas, participava de mutirões, tirava sarro dos amigos. Em meados de 1940, com a vinda de muitos religiosos, ele e João Rosa receberam a mensagem do Padre Alemão João Bail, que teriam de buscar na Praia da Maranduba uma encomenda. Lá viram uma caixa aberta nas laterais descer da canoa de voga que vinha de São Sebastião. Como havia muitos homens, fizeram uma espécie de “andor” e levaram a caixa pela trilha da praia até a casa de João Rosa. Havia um envelope e a única pessoa que sabia ler era Antonio Amorim. Tinha um desenho de como colocar a peça no chão. Só que o papel do desenho não mostrava os lados, cima ou baixo, ou ainda as laterais. Bom! Preparam o local e instalaram a peça. Na carta dizia como utilizar a peça instalada. Alguns se arriscaram, porém,

reclamaram muito. Outros desaprovaram totalmente. Antonio então escreveu ao padre para que viesse logo e explicasse a todos que “troço” era aquele, que machucava quem usava e que na realidade não tinha serventia para nada. O padre chegou e ao ver a peça instalada riu muito. A peça era a primeira bacia de privada da região e o desenho não informava que lado era para cima, então quem sentava na bacia reclamava, já que ela estava colocada de cabeça para baixo. Sorte que Antonio resolveu escrever ao padre, senão o que ia ser da bacia? Depois de reinstalada, agora corretamente, todos se puseram a rir e por muito tempo virou motivo de risos e piadas. Antonio tinha alguns amigos catarinenses: Tadeu, Atílio, Toninho, Agostinho e Pascoal. Certa vez compravam uma novilha do Zé Antunes e fizeram, depois de muito trabalho, um cercado todo caprichado para tirar leite. Perceberam que depois da ordenha, a vaca seguia em direção ao morro e entreva na mata. Lá viram duas crianças, que com uma penca de bananas, conseguiam tirar leite da vaca sem problemas, o que oito homens suavam para realizar com sucesso. Um olhou para a cara do outro e começaram a rir, do tipo: Que vergonha! Muitas outras situações engraçadas vivenciou. Antonio considerava muito os seus amigos. Nos últimos tempos de vida falava muito de Manoel Hilário do Prado, do Sertão do Ingá. Antonio Amorim, como carinhosamente era chamado, nos deixou no primeiro dia de julho de 2006. Em sua homenagem, a estrada que leva moradores e amigos do Sertão até a Maranduba, começando próximo ao Morro do Foge, leva o seu nome. Nome este sinônimo de tanta coisa, mas que pode ser resumido em algumas palavras: amor, carinho e dedicação, Assim é o protagonista desta real história. Muito obrigado Tio Antonio.


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A Samambaia e o Bambu Dia dos Namorados Certo dia decidi dar-me por vencido. Renunciei ao meu trabalho, às minhas relações, e à minha fé. Resolvi desistir até da minha vida. Dirigi-me ao bosque para ter uma última conversa com Deus. Deus, eu disse: Poderias dar-me uma boa razão para eu não entregar os pontos? Sua resposta me surpreendeu: Olha em redor Estás vendo a samambaia e o bambu? Sim, estou vendo, respondi. Pois bem. Quando eu semeei as samambaias e o bambu, cuidei deles muito bem. Não lhes deixei faltar luz e água. A samambaia cresceu rapidamente. Seu verde brilhante cobria o solo. Porém, da semente do bambu nada saía. Apesar disso, eu não desisti do bambu. No segundo ano, a samambaia cresceu ainda mais brilhante e viçosa. E, novamente, da semente do bambu, nada apareceu. Mas, eu não desisti do bambu. No terceiro ano, no quarto, a mesma coisa. Mas, eu não desisti. Mas… no quinto ano, um pequeno broto saiu da terra. Aparentemente, em comparação com a samambaia, era muito pequeno, até insignificante. Seis meses depois, o bambu cresceu mais de 50 metros de altura. Ele ficara cinco anos afundando raizes. Aquelas raízes o tornaram forte e lhe deram o necessário para sobreviver. A nenhuma de minhas criaturas eu faria um desafio que elas não pudessem superar E olhando bem no meu íntimo, disse: Sabes que durante todo esse tempo em que vens lutando, na verdade estavas criando raízes? Eu jamais desistiria do bambu. Nunca desistiria de ti. Não te compares com outros. O bambu foi criado com uma finalidade diferente da samambaia, mas ambos eram necessários para fazer do bosque um lugar bonito. Teu tempo vai chegar, disse-me Deus. Crescerás muito! Quanto tenho de crescer? perguntei. Tão alto como o bambu? foi a resposta. E eu deduzi: Tão alto quanto puder! Espero que estas palavras possam ajudar-te a entender que Deus nunca desistirá de ti. Nunca te arrependas de um dia de tua vida. Os bons dias te dão felicidade. Os maus te dão experiência. Ambos são essenciais para a vida. A felicidade te faz doce. Os problemas te mantêm forte. As penas te mantêm humano. As quedas te mantêm humilde. O bom êxito te mantém brilhante. Mas, só Deus te mantém caminhando...

Existem diferentes versões sobre a origem do dia dos namorados

É bem provável que a festa dos namorados tenha sua origem em um festejo romano: a Lupercália. Em Roma, lobos vagavam próximos às casas e um dos deuses do povo romano, Lupercus, era invocado para manter os lobos distantes. Por essa razão, era oferecido um festival em honra a Lupercus, no dia 15 de fevereiro. Nesse festival, era costume colocar os nomes das meninas romanas escritos em pedaços de papel, que eram colocados em frascos. Cada rapaz escolhia o seu papel e a menina escolhida deveria ser sua namorada naquele ano todo. O dia da festa se transformou no dia dos namorados, nos EUA e na Europa, o Valentine’s Day, 14 de fevereiro, em homenagem ao Padre Valentine. Em 270 a.C., o bispo romano Valentino desafiou o imperador Claudius II que proibia que se realizasse o matrimônio e continuou a promover casamentos. Para Claudius, um novo marido significava um soldado a menos. Preso, enquanto esperava sua execução, o bispo Valentine se apaixonou pela filha cega de seu carcereiro, Asterius. E, com um milagre, recuperou sua visão. Para se despedir, Valentine escreveu uma carta de amor para ela. Foi assim que surgiu a expressão em inglês “From your Valentine”. Mesmo tido como santo pelo suposto milagre, ele foi executado em 14 de fevereiro. O feriado romântico ou o dia dos namorados judaico: desde tempos bíblicos, o 15º dia do mês hebreu de Av tem sido celebrado como o Feriado do Amor e do Afeto. Em Israel, tornou-se o feriado das flores, porque neste dia é costume

dar flores de presente a quem se ama. Previamente, era permitido às pessoas só se casar com pessoas da sua própria tribo. De certo modo, era um pouco semelhante ao velho sistema de castas na Índia. O 15 de Av se tornou o Feriado de Amor, um feriado judeu reconhecido durante os dias do Segundo Templo. Em tempos bíblicos, o Feriado do Amor era celebrado com tochas e fogueiras. Hoje em dia, em Israel, é costume enviar flores a quem se ama ou para os parentes mais íntimos. A significação e a importância do feriado aumentaram em anos recentes. Canções românticas são tocadas no rádio e festas ‘Feriado do Amor’ são celebrados à noite, em todo o país. (Jane Bichmacher de Glasman, autora do livro “À Luz da Menorá”). No Brasil, a gênese da data

é menos romântica. Alguns a atribuem a uma promoção pioneira da loja Clipper, realizada em São Paulo em 1948. Outros dizem que o Dia dos Namorados foi introduzido no Brasil, em 1950, pelo publicitário João Dória, que criou um slogan de apelo comercial que dizia “não é só com beijos que se prova o amor”. A intenção de Dória era criar o equivalente brasileiro ao Valentine’s Day - o Dia dos Namorados realizado nos Estados Unidos. É provável que o dia 12 de junho tenha sido a data escolhida porque representa uma época em que o comércio de presentes não fica tão intenso. A idéia funcionou tão bem para os comerciantes, que desde aquela época, o Brasil inteiro comemora anualmente a data. Outra versão reverencia a véspera do dia de Santo Antônio, o santo casamenteiro.


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Em 1956 juiz manda devolver a fazenda Poço dos Bagres O Ministério da Educação Jornal da época apresenta sentença favorável a família Prado EZEQUIEL DOS SANTOS

A fazenda Poço dos Bagres compreendia um considerável tanto de terras. Deste tanto, a família doou 300 braças (do poço Bagre ao rio das Piabas) a Santa (Nossa senhora das Graças) por volta de 1916. Num processo de Ação de Anulação de Escrituras Respectiva Transcrição contra Cornélio Schmitd, o Cônego Primo Maria Vieira e Mabel Hime Masset, seus sucessores, descobriu-se muitas coisas. Na sentença, foram colhidas provas testemunhais, documentais, periciais e vistorias sobre a forma em que houve a compra da fazenda. Descobriram que em maio de 1905, os irmãos Roberto Antonio do Prado e Antonio Honorato do Prado eram titulares da fazenda, documentos devidamente matriculados e registrados no Registro Geral de Imóveis de Ubatuba, conforme anexo do referido processo, comprados em 15 de janeiro de 1891. No dia 5 de setembro de 1911 falece Roberto Antonio do Prado, deixando como único herdeiro Antonio Rosa de Oliveira, que se casou com Benedita Maria do Prado, deste matrimônio nasceu: Benedito Antonio do Prado, Pedro Antonio do Prado e Jose Antonio do Prado, que na ocasião do falecimento do avo (Roberto Antonio do Prado) e do pai (Antonio Rosa de Oliveira), eram menores e não conheciam toda a fazenda. Em 25 de julho de 1925, a mãe (Benedita Maria do Prado) vendeu a Cornélio Schmitd e ao Cônego Primo Maria Vieira

institui Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente ALESSANDRA REIS

para promoverem a venda de terras. Para isto, criaram uma Companhia Imobiliária pra arruamento e venda de lotes. Em face ao acontecimento, as autoridades desconfiaram, já que nos autos constava a assinatura da mãe nos contratos de compra e venda. Descobriu-se então de que Benedita era analfabeta e não conhecia sequer um papel de pão, verificaram também a pressão exercida por capangas, na subida, próximo a uns pés de mexirica, hoje Rua da Laje, sobre miras de espingardas que forçaram a viúva a vender a propriedade. Os meninos viviam exclusivamente da agricultura, da caça e da pesca. Em face as provas colhidas, o juiz mandou devolver as terras, livres e desembaraçadas de quaisquer responsabilidades pessoais ou reais, condenando ainda os réus a pagarem indenização aos meninos e as custas do processo de CR$ 100.000,00.

Esta foi à sentença determinada pelo Dr. Alpheu Guedes Nogueira, Juiz de Direito da Comarca de Ubatuba em 25 de novembro de 1955. Tudo publicado no Jornal Tribuna Caiçara, de 1 de janeiro de 1956, Ano V, página 7, número 225. Edição esta que não circulou no litoral norte, só na região de Santos. Estranhamente, poucos anos depois, alguns livros do Cartório sofreram danos que causariam a perda dos documentos das terras de moradores, tanto da região sul, quanto da região norte. O livro, como falam, não pegou fogo, ele foi colocado em um lugar úmido e foi alvo de gotejamento de chuva, o que causou um dano irreparável a história, a cultura e principalmente a dignidade e ao patrimônio desta população. Após o episódio o juiz foi transferido e a demanda para devolver as terras sofreu grande pressão e os herdeiros não tiveram acesso à justiça.

O Ministério da Educação vem adotando há algum tempo, desde 1996 com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394/96 medidas que avaliam e mensuram o desenvolvimento educacional das redes de ensino de todo o país utilizando como ferramenta provas periódicas e determinadas por grau de conhecimento onde serão avaliados as habilidades e competências dos alunos do ensino Fundamental, Médio e Superior. Tais medidas servem como balizadores importantes e norteadores de uma reforma educacional, além de democratizar o acesso as Universidades Federais. Esses avaliadores da educação são conhecidos como Prova Brasil e o Sistema Nacional de Avaliação de Educação Básica, aplicado periodicamente na educação básica. Enem - exame nacional do ensino médio e não poderíamos deixar de fora a avaliação do ensino superior que é mensurado através do Enade - exame nacional de estudantes. Na ultima segunda-feira 24 de maio o Ministério Educação instituiu o Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente, onde o alvo a ser avaliado é o professor e os seus conhecimentos, habilidades e competências. A proposta é que cada Município e Estado utilize os resultados como provável forma de ingresso nas redes Municipais e Estaduais de Educação, além de subsidiar políticas publicas de capacitação

continuada desses profissionais, diagnosticando possíveis lacunas na formação dos professores. O ministério pretende realizar a primeira prova em 2011. Na primeira edição, poderão participar educadores dos primeiros anos do ensino fundamental (1º ao 5º ano) e da educação infantil. Fica facultativo a cada Secretaria Municipal a adesão junto a Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) na utilização dos resultados e a forma de contratação de seus profissionais. Segundo a noticia publicada no G1 O exame será realizado anualmente, com aplicação descentralizada das provas. A participação dos professores será voluntária, mediante inscrição. Assim, como no Enem, o docente terá um boletim de resultados após fazer a prova. Está sendo realizada uma consulta publica entre os dias 19 de maio a 06 de julho no site http://www.inep. gov.br onde os profissionais da educação, após realizar um cadastro, poderão opinar colaborativamente nos processos de seleção e aprimoramento do Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente. Faça a sua parte, visite o site e dê sua opinião sobre essa avaliação, antes de criticarmos uma ação precisamos construir uma idéia e essa é a sua oportunidade! Alessandra Reis Insight Digital


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Tupinambás: a primeira impressão dos índios do litoral paulista Sabemos que o Brasil não foi “descoberto”. Segundo os sambaquis encontrados em nosso litoral, por aqui já viviam homens no ano 75 da era cristã. Foi por conta da ganância e da ignorância dos colonizadores que nossa descendência indígena acabou. Não existiu em nenhum processo de colonização um povo que não fosse dizimado pelo colonizador como foram com os nossos silvícolas. Até hoje é assim. Em 1553, o beato José de Anchieta nos dá uma visão mais detalhada do que eram os índios que aqui habitavam. O que parece estranho para nós agora, na época também era estranho para os colonizadores e os índios. Foi sem dúvida um choque a tentativa de implantação uma cultura nova, uma cultura invasora, assim como é a do meio ambiente elitizado. Os Tupinambás tinham língua de tronco Tupi e assim Anchieta os descreve: “Diante dele, estava o Tupinambá silvícola. Feliz, na sombra de seu labirinto – a flora, nos elos de seu cativeiro – a fauna. Canibal da era neolítica, em pleno delírio cromático, em um país de fogo e de sangue. O índio trazia o sexo apenas velado pela tanga, penas amarelas, grinaldas ao cocoruto, manilhas de outras, policromadas, nos pulso e tornozelos, ramos de búzios ao pescoço, tambetas de osso, de âmbar ou de quarto na beiçola, pingentes nas orelhas, adornos de barro cosido na face esburacada. Abaixo dos joelhos, como franjas, pendiam os taparucás vermelhantes e por todo o corpo depilado, sinuosamente, ondeavam lavores negros ou rubros, feitos à tinta de

Não existiu em nenhum processo de colonização um povo que não fosse dizimado pelo colonizador como foram com os nossos silvícolas. Até hoje é assim.

genipapo ou de urucum. Outras vezes, sob a plumagem dos cocares, prendia às nacas de uma roda de penas cinzentas, longas penas de

ema. Vagava por brechas, aldeias e rios, ä mão esquerda, o arco derrubador de feras, ä direita, o maracá, evocador de mortos, sepultados nas iga-

çavas com seus instrumentos de trabalho. Os mais belicosos exibiam a tangapena dos sacrifícios, pendentes na nuca, ou infindáveis colares de 3000 dentes-os dentes dos inimigos devorados, onças ou homens. Impulsivo e rancoroso vivia o selvagem para nadar como os peixes no abismo, giram como os pássaros sobre rochas e boqueirões, lutar como jaguares no deserto. Nômade, corre; homem-marinho flutua; homem-felino retalha. São livres todos os apetites, comuns todas as coisas no regime da tribo. O canibal tem a pele rija do tapir, a dissimulação do tatu, rastejante no subsolo, ou da cobra verde, enroscada na folhas, o grito de araponga e o salto do bugio. Instintivamente respira a distancia o cheiro da caça, do fogo e do mel. E sua fome não espera, o seu ódio não perdoa.” (SOARES, 158 apud VIEIRA, 1929:33-34)


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Classificados TABATINGA - Casa térrea/ edícula (4 anos) ( c/escritura e registro) c/ 3 dorms. suítes, sala, cozinha, varanda com toldo de 15m, churrasqueira, estacionamento amplo para muitos carros, fechada com mureta de 60cm + tela galvanizada, portão de 4m, terreno plano de 600m, há 900m da praia Tabatinga. Principal rua de acesso ao bairro com água, esgoto, fiação subterrânea, voltagem 110 e 220, com grades (portas e janelas) em ferro grosso para segurança + projeto completo já aprovado para construção de Pousada (pavimentos térreo e superior c/ 8 suítes + cozinha + sala p/ café manhã + recepção + escritório. Localização: passando o Posto Policial e ao lado do Condomínio Costa Verde Tabatinga, antes do Portal de Ubatuba / divisa. Contatos e maiores informações através do e-mail : taniabaptistabap@ terra.com.br ou 19- 93456210. ------------------------------------MARANDUBA - Vendo 2 terrenos com 4130m2 e 5500m2 c/ 2 chalés alpinos, todo murado, ótima localização. Chalé alpino em madeira. Tratar c/ Manolo (19) 3842.4535 ou (19) 9612.1351 ------------------------------------CENTRO - Vendo casa 1 dorm, sala,coz, na Thomas Galhardo, terreno de 187m2, esquina, a duas quadras da praia (ideal p/ predio comercial) R$220 mil. 9766.1980 ------------------------------------CARAGUA/INDAIÁ - Vendo casa com 3 dorm (1 suíte), sala 2 ambientes, cozinha planejada, garagem coberta para 3 carros, edícula. Terreno de esquina. Ótima localização. (12) 3843.1262 ----------------------------------SERTÃO DA QUINA - Casa térrea c/ 3 dormitórios, sendo uma suíte, sala, cozinha e lavanderia. Escritura definitiva. 150 metros da praia. Valor R$ 115.000,00 Tratar (12) 3849.8393 -------------------------------------TABATINGA - Casa térrea, 3 dorms (uma suíte), terreno grande c/ gramado, piscina, churrasqueira coberta. R$.170.000,00 Tratar (12) 3849.8393

jornal@maranduba.com.br

CONDOMÍNIO SAPÊ - Casa térrea, 2 suítes, 2 dorms, 2 banheiros, sala, cozinha, lavanderia, varanda e churrasqueira, 50 metros da Praia do Sapé. R$ 200.000,00 - (12) 3849.8393 ------------------------------------MARANDUBA - Casa térrea, 3 dorms, 1 suíte, banheiro, sala, churrasqueira, cozinha e garagem coberta. Localizada á 50 metros da praia, de frente para rodovia. Valor R$ 300.000,00 Tratar (12) 3849.8393

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1º Junho 2010

Página 15

Jornal MARANDUBA News

História do “NEOQUETA”

Túnel do Tempo

Registro de fatos do século passado em nossa região

ADELINA CAMPI

Os meus avós já estavam casados há mais de 50 anos e continuavam a jogar um jogo que haviam iniciado quando começaram a namorar. A regra do jogo era: que um tinha que escrever a palavra “NEOQETA” em qualquer lugar inesperado, para o outro encontrar, e assim que a encontrasse, deveria escrevê-la noutro lugar, e assim sucessivamente. Eles ficavam felizes deixando “NEOQETA” por toda a casa, e assim que um a encontrava, era a sua vez de a esconder noutro local, para o outro encontrar. Eles escreviam “NEOQETA” com os dedos no açúcar, dentro do açucareiro, ou no pote de farinha, para que o próximo que fosse cozinhar a encontrasse. “NEOQETA” era escrita no vapor deixado no espelho, depois de um banho quente, onde a palavra iria reaparecer depois do próximo banho. Uma vez, a minha avó até desenrolou um rolo de papel higiênico para deixar “NEOQETA” escrito na última folha e enrolou tudo de novo. Não havia limites de onde “NEOQETA” pudesse surgir. Pedacinhos de papel com “NEOQETA” no pára-brisa do carro, bilhetes eram enfiados dentro dos sapatos e deixados debaixo da almofada. “NEOQETA” era escrita com os dedos na poeira sobre as prateleiras e nas cinzas da lareira. Esta misteriosa palavra fazia tanta parte da casa dos meus avós como a mobília... Levou bastante tempo para eu entender completamente este jogo e gostar dele. O Amor dos meus avós era profundo e nunca duvidei dele, porém “NEOQETA” era mais que um jogo de diversão, era um modo de vida! O relacionamento deles era baseado na devoção e numa afeição apaixonada, daquelas que nem todos têm a sorte de experimentar. Eles ficavam de mãos dadas sempre que podiam, roubavam beijos um do outro e conseguiam terminar a frase incompleta do outro. Porém uma nuvem escura surgiu na vida dos meus avós. O meu avô adoeceu... E, como sempre, a minha avó esteve com ele a cada momento. Rezava no quarto pedindo a Deus para zelar pelo seu companheiro. Mas, aconteceu o que todos temíamos: o meu avô partiu... a palavra “NEOQETA” foi gravada na sua campa!

1950

1956

Momento de lazer na barra do Rio Maranduba

1963

Primeira linha de ônibus Caraguá-Ubatuba no Picaré

2003

Garotas alunas da Assistência Litoral Anchieta - ALA

2002

Após 40 anos... como os vestidos encurtaram!

2002

Infância Missionária em encenação na Caçandoca

Inauguração da Escola Tiana Luiza, no Araribá

Aposto que a esta altura estarás a questionar-te: O que significa “NEOQETA”? Essa linda palavra quer dizer... “NEOQETA” – Nunca Esqueças O Quanto Eu Te Amo! (Compilado da Internet)

1960 Família Cabral em romaria a Aparecida do Norte: água de cheiro, roupa nova e ansiedade para foto

1954 Em tempos de vacas gordas, o gado curtia o sol na praia da Lagoinha sem ser incomodado. O duro era esperar sair a porção de capim gordura à dorê

1994 Em tempos de vacas magras, ficavam ilhadas na ponte do Araribá após a queda das duas cabeceiras



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