De olho no futuro, com os pés no presente

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ÍNDICE / CONTENTS

Matéria de capa | Report of Cover

O futuro do Brasil no setor de óleo e gás The Future of Brazil in the oil and gas sector

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Tequila na feijoada brasileira

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Tequila in the brazilian feijoada

Maré Alta | High Tide .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

Entrevista | Interview

8 Eduardo Eugênio Gouvêa Viera 11 Eduardo Eugênio Gouvêa Viera

Flávio Rodrigues Flávio Rodrigues

34 36

Gestão | Management

Competitividade ainda que tardia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 Belated Competitiveness.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

Exploração & Produção | Exploration & Production Os desafios da construção de poços no pré-sal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Well construction challenges in the pre-salt.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Cinco minutos | Five minutes Hugh Oliver. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Hugh Oliver. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Empresas & Negócios | Companies & Business

OGPAR: Ressurgimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .46 OGPAR: Resurrection. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

Colunas | Columns

Formação em foco Formation in focus Andrea Dalmaso

Por dentro do mercado Inside the market Celso Vianna Cardoso

Destaque Jurídico Juridic Highlight Maria d´Assunção Costa

Rede Petro-BC Rede Petro-BC Ive Talyuli

Os desafios da nova geração de líderes The challenges of a new generation of leaders

40 41

A nova roupa do rei The Emperor’s New Clothes Escoamento de gás natural: uma oportunidade Natural gas flowing: an opportunity Empreendimentos garantem novo futuro para Macaé Ventures ensure a new future for Macaé

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Mais informações: www.macaeoffshore.com.br

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CARTA AO LEITOR / LETTER TO THE READER

Por um futuro melhor para a indústria Para que empreendimentos sejam bem sucedidos é preciso que se leve em conta os aprendizados do passado para serem aplicados no presente e, assim, criar subsídios para que se possa colher bons frutos no futuro. E tudo se aplica perfeitamente para a indústria do petróleo. Dado o alto grau de complexidade existente neste mercado, pensar em projetos que sobrevivam a longo prazo é desafio constante. É claro que a situação atual mostra um futuro promissor para a indústria no Brasil. As atividades no pré-sal já mostram resultados alvissareiros e investimentos continuam a ser realizados, apesar de um certo desaquecimento vistos nos últimos anos. Mas isso não é tudo. Se quisermos realmente alcançar um grau de excelência nos processos de exploração e produção de petróleo no Brasil, faz-se necessário atuar em muitas frentes,

sobretudo em relação à melhoria dos índices de produtividade da indústria nacional. Logística, baixa qualificação de mão-de-obra, sistema tributário complexo são alguns dos temas que merecem ser explorados para que se busquem soluções que auxiliem o melhor desenvolvimento das operações petrolíferas. Neste sentido, a Macaé Offshore apresenta, nesta edição, os avanços alcançados e os pontos considerados importantes para que o Brasil se torne, de fato, um país que apresente uma indústria de petróleo consolidada. Dessa forma, contribuímos, mais uma vez, para estimular o debate que vise à melhoria de um setor que se mostra cada vez mais importante para o Brasil, em termos de desenvolvimento e de geração de emprego e renda para uma grande parte da população. Boa Leitura.

For a better future to the industry To make enterprises successful it is required to consider past learnings and apply them in the present, and then, create subsidies to ensure an excellent crop harvest in the future. The same applies to the oil industry. Given the high degree of complexity in this market, to think about projects that are capable of surviving at the long term is a constant challenge. It is clear that the current situation shows a promising future for the industry in Brazil. Pre-salt activities are already showing positive results and investments keep on being capitalized, despite of a certain lack of heat in the last couple of years. But that is not all. If we really want to achieve a degree of excellence in oil production and exploration processes

in Brazil, it is imperative to be active in more than one front, especially in the improvement of the local industry productivity indexes. Logistics, low workforce qualification and complex taxation system are some of the themes that must be explored before seeking solutions to aid in the better development of the petroleum operations. In this sense, Macaé Offshore presents in this issue the progress made and the points considered as important to turn Brazil into a country with a consolidated oil industry. Therefore, we are once more contributing to stimulate the debate that seeks to improve a sector that is growing its importance in terms of development and generation of jobs and income for most of the Brazilian population.

CORREÇÃO Na edição 77, informamos que o texto apresentado era da consultora de RH, Andrea Dalmaso. Na verdade, o texto foi escrito pelo diretor da HAYS,

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Good Reading. Rodrigo Falcão. O artigo da consultora encontra-se na versão digital que pode ser acessada em nossa página na internet.

Capa / Cover: Paulo Mosa Filho Fotos / Photos: Dado Galdieri/Bloomberg A Macaé Offshore é uma publicação bimestral, bilíngue (português / inglês), editada pela Macaé Offshore Editora Ltda. Macaé Offshore is a bimonthly, bilingual publication (Portuguese / English), edited by Macaé Offshore Editora Ltda. Rua Teixeira de Gouveia, 1807 - Centro Macaé/RJ - CEP 27.916-000 Tel/fax: (22) 2770-6605 Avenida 13 de Maio, 13 - Sl. 1.713 - Centro Rio de Janeiro/RJ - CEP 20.031-901 Tel: (21) 3174-1684 Site: www.macaeoffshore.com.br Direção Executiva: / Executive Director: Bruno Bancovsky Jornalistas colaboradores: / Collaborators reporters : Brunno Braga (MTb. 050598/00) Rodrigo Leitão Flávia Domingues (MTb. 27478/RJ) redacao@macaeoffshore.com.br reportagem@macaeoffshore.com.br Publicidade: / Advertising: Fernando Albuquerque publicidade@macaeoffshore.com.br Diagramação: / Diagramming: Paulo Mosa Filho arte@macaeoffshore.com.br Revisão: / Review: Silvia Bancovsky Tradução em inglês: / English version: Prowords Professional Translations Distribuição: / Distribution: Dirigida às empresas de petróleo e gás To the oil and gas companies 78ª Edição - Outubro/Novembro 78th Edition - October/November Tiragem: / Copies: 5.000 exemplares/copies Assinatura: / Subscriptions: (22) 2770-6605 assinatura@macaeoffshore.com.br A editora não se responsabiliza por textos assinados por terceiros Macaé Offshore is not responsible for articles signed by third parties


MARÉ ALTA / HIGH TIDE

Petrobras garante Bacia de Pelotas A Petrobras confirmou ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul, a perfuração de poço na Bacia de Pelotas, assim que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) emitir a Licença Ambiental solicitada. Em ofício assinado pela presidente Maria das Graças Foster, a estatal garante o

Bacia do ES em ascensão

cumprimento do compromisso assumido no contrato de concessão firmado com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP), que, originalmente venceria no final deste ano. Devido à demora no processo ambiental, iniciado em dezembro de 2011, o prazo foi suspenso até que a licença seja emitida.

Abreu e Lima é autorizada a receber petróleo Com previsão para dar partida em novembro, a Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, alvo de investigações da Operação Lava Jato, já tem autorização para receber e armazenar petróleo em seus tanques. A liberação foi definida na última reunião de diretoria da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP), no dia 10 de setembro. Divulgação / Odebrecht Engenharia

A Petrobras comunicou a descoberta de dois novos indícios de petróleo no Espírito Santo. Um dos indícios de óleo foi identificado no Parque dos Doces, no bloco offshore (marítimo) ES-M-525, onde a Shell anunciou esta semana a venda de sua fatia para a tailandesa PTTEP. A outra descoberta foi realizada no bloco terrestre ES-T-495. A Petrobras já opera o bloco marítimo ES-M-525 (no contrato BM-ES-23), com 65% de participação, em parceria com a Inpex (15%) e PTTEP (20%). A área foi negociada na 6ª Rodada de Licitações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em 2004. Já o bloco terrestre ES-T-495 é operado pela Petrobras, com 100% de participação, e foi arrematado na 11ª Rodada, no ano passado.

Em baixa!

Obras da Refinaria Abreu e Lima (Renest), em Pernambuco Works of the Refinery Abreu e Lima (Renest) in Pernambuco

Primeiro Passo O Rio de Janeiro deu o primeiro passo para elaborar o Cluster de Subsea - projeto que vai reunir fabricantes de equipamentos submarinos e prestadores de serviços para exploração de óleo e gás no estado, que já conta com fornecedores mundiais. Entre eles a FMC Technologies, a GE Wellstream e a NOV, além dos centros de Pesquisa e Desenvolvimento da Halliburton, da Schlumberger e da Baker Hughes, no Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no Fundão, zona norte da cidade. O projeto, com previsão de ser concluído em 18 meses, tem quatro metas. Na etapa inicial, as empresas do primeiro nível de suprimento da cadeia produtiva do setor vão participar da avaliação de como será o funcionamento do cluster (agregado de empresas com interesses semelhantes).

A maior empresa francesa por valor de mercado e quarta maior petroleira do Ocidente, a petroleira Total deverá vender mais ativos e cortar custos para gerar mais caixa e deverá reformular seus planos de exploração após reduzir a meta de produção de petróleo. A Total, que vem sofrendo com interrupções na produção na Líbia, Cazaquistão e Nigéria, disse nesta segunda-feira que reduziu sua meta de produção em 2017 para 2,8 milhões de barris de óleo equivalente por dia, ante 3 milhões anteriormente. O plano de investimentos da companhia deverá cair para 25 bilhões de dólares em 2017, após um pico de 28 bilhões em 2013. No ano passado, a Total venceu, junto com um grupo de outras quatro empresas liderado pela Petrobras o leilão da área gigante de Libra, no pré-sal brasileiro. MACAÉ OFFSHORE 5


MARÉ ALTA / HIGH TIDE

17ª Rio Oil & Gas encerra com volume de negócios recorde O volume de negócios realizado, o aumento no número de estudantes e a importância de acordos assinados foram alguns pontos destacados pelo presidente do IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis), João Carlos de Luca, no encerramento da 17ª Rio Oil & Gas, um dos três maiores eventos do setor no mundo. “A Petrobras é uma empresa que nos causa admiração e orgulho, digo isso em nome do IBP e de toda a indústria”, frisou De Luca. O presidente do IBP destacou os marcos especiais da edição de 2014 da Rio Oil, como o anúncio da 13ª rodada em 2015, feito pelo Ministério de Minas e Energia (MME), o lançamento da Agenda Prioritária da Indústria de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, com a visão dos principais temas do setor, e o acordo firmado nesta quinta entre o IBP e o IFP (Instituto Francês de Petróleo), de qualificação de profissionais.

Sétima embarcação A Brasil Supply lançou no Estaleiro Ilha S/A (Eisa), no Rio de Janeiro, a primeira embarcação de grande porte entre as 17 contratadas pela Petrobras para serem usadas em áreas de exploração e produção do pós e pré-sal. A construção da embarcação de apoio à plataforma (Platform Supply Vessel – em inglês, PSV) é parte de um pacote de encomendas de navios orçado em R$ 700 milhões,

Batizada de BS Itamaracá, a embarcação com 91,40 metros, capacidade para 16 tripulantes e 6 passageiros e velocidade de 15 pés, terá papel de destaque na exploração e produção petrolífera na Bacia de Santos., o navio dará apoio direto na distribuição de fluidos e granéis líquidos às plataformas de produção e perfuração da região de Macaé, no Estado do Rio de Janeiro. Divulgação

O navio BS Itamaracá é o sétimo entregue pela Brasil Supply à Petrobras no âmbito do Plano de Renovação da Frota de Embarcações de Apoio Marítimo (Prorefam) The ship BS Itamaracá is the seventh one delivered by Brasil Supply to Petrobras within the scope of the Offshore Supply Vessel Fleet Renovation Plan (Prorefam)

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Honeywell lança software para plataformas A Honeywell Process Solutions anunciou o lançamento do Digital Suites para plataformas de petróleo e gás, um conjunto de softwares e serviços abrangentes que auxilia clientes e parceiros a impulsionarem de 3% a 5% o desempenho da produtividade, além de aumentar a segurança das operações. O anúncio foi feito na semana da Rio Oil&Gas, principal evento do setor da América Latina. Atendendo às exigências para operações de petróleo e gás natural mais seguras e produtivas, a empresa utilizou sua experiência nas indústrias do setor para introduzir um conjunto exclusivo de soluções especificamente projetadas para a etapa upstream. As melhorias na produtividade, que foram comprovadas por meio de testes com clientes, combinam melhor produtividade e operações remotas mais eficientes, além de garantirem um retorno do investimento em menos de seis meses.


MARÉ ALTA / HIGH TIDE

17th Rio Oil & Gas closes with a record-breaking business volume The volume of business performed, the increase in the number of students and the importance of the agreements signed were some of the points highlighted by the president of IBP (Brazilian Institute of Petroleum, Gas and Biofuels), João Carlos de Luca, at the closure of the 17th Rio Oil & Gas, one of the three major events of the sector in the whole world. “Petrobras is a company that fill us with admiration and pride, I say that on behalf of IBP and all the industry”, stated de Luca. The head of IBP highlighted the special milestones for the 2014 edition of Rio Oil, such as the announcement of the 13th round in 2015, to be held by the Ministry of Mines and Energy, the launch of the Priority Agenda of the Industry of Petroleum, Gas and Biofuels, with the overview of the main subjects related to the sector and the Agreement signed this Thursday between IBP and IFP (French Institute of Petroleum) concerning qualification of professionals.

Petrobras ensures Pelotas Basin

ES’ Basin in ascension

Petrobras confirmed to the Government of the State of Rio Grande do Sul the drilling of a well in the Pelotas Basin as soon as the Brazilian Institute of Environment and Renewable Natural Resources (Ibama) issues the requested Environmental License. In a letter signed by the CEO Maria das Graças Foster, the state-controlled company ensures to fulfill

the commitment taken in the concession agreement signed with the Brazilian National Agency of Petroleum, Natural Gas and Biofuels (ANP), which originally was scheduled to expire at this year’s end. Due to the delay in the environmental process started on December 2011, the term was suspended until the license is finally issued.

Petrobras disclosed the discovery of two new evidences of oil in (the State of) Espírito Santo. One of the oil evidences was identified in Parque dos Doces, in the (maritime) offshore block ES-M-525, where Shell announced this week the sale of its share to the Thai company PTTEP. The other discovery was found in the onshore block ES-T-495.

Low on cash!

First Step

The major French company per market value and fourth biggest oil company of the West, Total will sell assets and cut costs to generate more cash and will also reformulate its exploration plans after reducing its oil production in half. Total, who is suffering with interruptions in the production in markets such as Libya, Kazakhstan and Nigeria, said this Monday that it reduced its production goal in 2017 to 2.8 million barrels of oil equivalent per day against the previous 3 million.

Rio de Janeiro made the first step to elaborate the Cluster de Subsea (Subsea Cluster) – project that will gather subsea equipment manufacturers and oil and gas exploration service providers in the State, now counting with global suppliers, such as FMC Technologies, GE Wellstream and NOV, in addition to the Research and Development Centers of Halliburton, Schlumberger and Baker Hughes, all located in the Technological Park of the Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ), in Fundão, north region of the city.

The company’s investments plan is expected to drop to 25 billion dollars by 2017, after a peak of 28 billion in 2013. In the last year, Total won – along with four other companies led by Petrobras – the auction of the giant Libra area, in the Brazilian pre-salt.

The project – expected to be finished within 18 months – considers four goals. At the initial stage, sectorial first level supply companies of the production chain will take part in the assessment of how the cluster will work (aggregate of companies with similar interests).

Abreu e Lima is authorized to receive oil With the expectation to start on November, the Refinery Abreu e Lima (Rnest), located in (the State of) Pernambuco and under investigations of the Operação Lava Jato (Jet Wash Operation), got the

green light to receive and store oil in its tanks. Clearance was set in the last meeting of the board from the Brazilian National Agency of Petroleum, Natural Gas and Biofuels (ANP) held on September 10th.

Petrobras already operates the offshore block ES-M-525 (in the contract BM-ES-23), with 65% ownership, in partnership with Inpex (15%) and PTTEP (20%). The area was negotiated in the 6th Bidding Round of the Brazilian National Agency of Petroleum, Natural Gas and Biofuels (ANP) back in 2004. On the other hand, ES-T-495 is operated by Petrobras alone, with 100% of ownership, and was auctioned in the 11th Round last year.

Seventh vessel Brasil Supply launched in the Estaleiro Ilha S/A (Eisa), Rio de Janeiro, the first bigsized vessel among the 17 vessels hired by Petrobras to be used in exploration and production areas of the post- and pre-salt. The construction of the Platform Supply Vessel – PSV is part of a ship order package budgeted in R$ 700 million. Named BS Itamaracá, the vessel with 91.40 meters, capacity for 16 crewmembers and 6 passengers and speed of 15 feet will have an important role in the oil exploration and production in the Santos Basin as the ship will provide direct support in the distribution of fluid and liquid bulk cargo to production and drilling platforms of the Macaé’s region, in the State of Rio de Janeiro.

Honeywell launches software for platforms Honeywell Process Solutions announced the launch of the Digital Suites for oil and gas platforms, a comprehensive set of software and services that aid clients and partners to boost from 3% to 5% the performance of the productivity, in addition to increase the safety of the operations. The announcement is to be made at the Rio Oil & Gas, main event of the sector in Latin America. Meeting the most safe and productive requirements for oil and natural gas operations, the company used its experience in the industries of the sector to introduce an exclusive set of solutions specifically designed for the upstream stage. Improvements in the productivity – evidenced by tests with clients – combine better productivity and more efficient remote operations, in addition to ensure an investment return in less than six months. MACAÉ OFFSHORE 7


ENTREVISTA

Eduardo Eugênio Presidente da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan)

Por Rodrigo Leitão

Principal produtor de petróleo da federação, o estado do Rio de Janeiro tem a tarefa de buscar meios para que a indústria encontre o seu real desenvolvimento, gerando, assim, emprego e renda para a sua população. É um trabalho que exige planejamento de médio e longo prazo e decisões acertadas, tanto por parte do empresário como do governo. Esta é a análise

MacaÉ Offshore - De acordo com esse estudo da Federação da Indústria do Rio de Janeiro (Firjan), entre 2014 e 2016, o Estado do Rio vai receber R$ 235,6 bilhões em investimentos. O maior volume desses recursos – R$ 143 bilhões – será destinado ao setor de óleo e gás. Qual a importância desse montante para a indústria offshore? O setor de petróleo e gás natural vai continuar puxando o crescimento do estado nos próximos anos? EDUARDO EUGÊNIO - O estado do Rio é o maior produtor do país, com 72% da produção de petróleo e 36% de gás natural. O montante de 8 MACAÉ OFFSHORE

do presidente da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira. Em entrevista à Macaé Offshore, ele falou sobre os desafios e oportunidades que se apresentam e como estamos preparados para que haja, de fato, um salto nos processos de produtividade para as empresas que estão se instalando e investindo no estado.

investimentos para o setor mapeado pelo nosso estudo, Decisão Rio, representa mais de 60% do total entre os anos de 2014 e 2016. Isso mostra a vocação natural da economia do Rio de Janeiro. Ainda que passemos por 2014 sem nenhum leilão de blocos exploratórios, as expectativas para os próximos anos são otimistas para o mercado. A recém anunciada 13ª Rodada de Licitação de Petróleo, pelo Ministério de Minas e Energia, prevista para acontecer no primeiro semestre de 2015, é fundamental para a manutenção dos investimentos que se desdobram por toda a cadeia produtiva.

Para que tenhamos uma indústria global é necessário um mínimo de previsibilidade. Ao mesmo tempo, a produção de petróleo e gás também continua a bater recordes, principalmente na área do Pré-Sal. Para naval e offshore, conforme último Plano de Negócios da Petrobras, temos uma perspectiva de mais de 10 plataformas a serem contratadas nos próximos anos, a fim de cumprir a meta de produção em 2020, que é dobrar a produção atual. Como resultado, teremos um novo ciclo de oportunidades para desenvolvimento da nossa indústria.


entrevista

M.O. - O ministério de Minas e Energia junto com a ANP informaram que no primeiro semestre de 2015 será realizada a 13ª Rodada de Petróleo. Qual a importância para o setor dessas novas rodadas, após um ano sem perspectivas? E.E. - A garantia da realização de Rodadas é fundamental para a previsibilidade de investimentos e planejamento da produção da indústria. Novos empreendimentos asseguram a atração de recursos, empresas e tecnologias para o desenvolvimento do País. É intrínseco ao desenvolvimento do setor a disponibilidade de novas áreas exploratórias, que garantem a expansão da produção de petróleo e gás natural. Para o primeiro semestre de 2015, além da 13ª Rodada de Petróleo, acontecerá também a 1ª Rodada de Gasodutos, como anunciado pelo Ministério de Minas e Energia. Isso demonstra vontade de avançar na expansão das atividades dessa indústria, e fortalece a permanência das empresas aqui já instaladas. M.O. - Através do Centro Internacional de Negócios (CIN), o Sistema Firjan é a porta de entrada para as empresas que querem fazer parte da cadeia produtiva de petróleo e gás no Brasil. Quais áreas a Federação mapeou que estão em alta para o investimento de multinacionais no setor de petróleo e gás? E.E. - A construção de parcerias entre empresas nacionais e estrangeiras para transferência de tecnologia e atração de novos investimentos é fundamental para o estado do Rio de Janeiro. O Sistema FIRJAN estimula a integração de competências e a promoção de negócios no estado. Grandes empresas multinacionais direcionam seus investimentos para cá. O Rio de Janeiro é um hub natural das empresas do setor, em função das suas reservas e atividades de produção. Hoje, o Parque Tecnológico, localizado na Ilha do

Fundão, concentra mais de 22 empresas de pesquisa e desenvolvimento para atender demandas tecnológicas que não se restringem ao setor. Estando diretamente ligado a produção de petróleo, o mercado subsea do Brasil é um dos mais expressivos do mundo. Podemos citar ainda a perfuração e a construção naval, como exemplos de áreas estratégicas que são as que mais devem crescer nos próximos anos por aqui. M.O. - Onde estão os principais negócios na indústria naval e offshore para as Pequenas e Médias Companhias (PMEs) no estado do Rio? E.E. - O desenvolvimento da indústria naval e offshore mobiliza uma ampla cadeia de fornecedores de bens e serviços. Pequenas e médias empresas são responsáveis pela prestação de serviços essenciais para construção e montagem de plataformas e barcos de apoio. Há uma ampla gama de serviços que passam pela logística e vão até a soldagem e reparos navais. Podemos destacar também a automação de plataformas como parte integrante dos sistemas de produção offshore. Recentemente, a Rodada de Negócios promovida pela Organização Nacional da Indústria do Petróleo (ONIP), em parceria com o Sebrae, durante a Rio Oil & Gas 2014, gerou uma expectativa para o próximo período de 12 meses, de R$ 164 milhões para a cadeia produtiva, envolvendo pequenas e médias empresas que já atuam no setor ou que estão buscando sua inserção.

para o crescimento da indústria naval brasileira retomar suas atividades e fortalecer as PMEs contra a concorrência estrangeiras. Qual o posicionamento da Firjan sobre o assunto e o que pode ser alterado na regulação prevista pela ANP? E.E. - Em junho, a Shell atingiu seu ápice de Direcionar parte dos investimentos para o mercado local com o objetivo de desenvolver a indústria nacional, é uma estratégia utilizada no setor de petróleo e gás aqui e no mundo. A estratégia, porém, mais adequada e utilizada no mercado externo, com a qual também fazemos voz é a exigência de conteúdo local suportada por

M.O. - Conteúdo local é um fator determinante MACAÉ OFFSHORE 9


ENTREVISTA

uma estrutura de incentivos e benefícios por tempo determinado. Para isso, são necessárias medidas de curto, médio e longo prazos voltadas para o desenvolvimento da base industrial do país de forma consistente, alinhada aos níveis de produtividade e competitividade de classe mundial. Defendemos o conteúdo local, suportado por uma estrutura que permita ao país oferecer condições competitivas para suas indústrias, sejam elas pequenas ou grandes. Trabalhamos para implantação de uma política industrial capaz de inserir nossas indústrias no mercado global. M.O. - Além da Petrobras, com sede na capital fluminense, a cidade do Rio de Janeiro também abriga importantes operadoras do setor, como a Shell, a Chevron, as britânicas BG e BP dentre outras. Novos mercados como México e Colômbia vêm tomando conta do setor de óleo e gás mundial. O senhor acredita que as rodadas de leilões de blocos de petróleo serão necessárias antes do tempo previsto para reter esses players no mercado interno? E.E. - As reservas do México e da Colômbia, além de seus grandes potenciais, principalmente do México com recursos não convencionais, colocam os países em posição estratégica para a atração de investimentos. O Brasil está um passo a frente dos novos mercados, por já ter uma posição consolidada em termos de reservas provadas e seu histórico como produtor de petróleo e gás. O País já tem um modelo definido para exploração do Pré-Sal e um regime consolidado para as áreas do Pós-Sal. A continuidade das Rodadas é de interesse de todo o mercado, e devem acontecer no tempo previsto, pois demandam planejamento, não só da Agência reguladora, ANP, como da 10 MACAÉ OFFSHORE

indústria para que possamos fazer os investimentos necessários. Mais importante que antecipar é a garantia de realização, é a previsibilidade que permite à indústria se preparar adequadamente, sem prejuízos. M.O. - Em relação aos royalties do petróleo, quais os últimos estudos mapeados pela Firjan sobre a economia para o estado do Rio de Janeiro nas próximas décadas?

A construção de parcerias entre empresas nacionais e estrangeiras para transferência de tecnologia e atração de investimentos é fundamental para o estado do Rio de Janeiro E.E. - O Sistema FIRJAN preparou à época da aprovação do projeto de lei que altera distribuição de royalties uma nota considerando os impactos na economia fluminense. O pagamento de royalties, como participação no resultado da produção, é instrumento para compensar adequadamente pelos custos de exploração e produção de petróleo e gás natural que incorrem estados e municípios. A

distribuição dos royalties precisa respeitar a lógica econômica e as disposições constitucionais, sobretudo no que diz respeito a investimentos em infraestrutura para possibilitar a atividade e instalação da cadeia produtiva, além de investimentos sociais. O desenvolvimento de potencialidades regionais é fundamental para a diversificação da economia local futura. M.O. - Municípios como Macaé, Campos, Quissamã e São João da Barra são nacionalmente conhecidos como polos de extrema importância para os investimentos no estado, na indústria naval, portuária e logística. Como a Firjan vem trabalhando junto à prefeitura dessas regiões para a isenção de tributos fiscais para as empresas se instalarem? E.E. - A região norte do estado fluminense tem a proximidade física com as Bacias de Campos e Espírito Santo. O Sistema FIRJAN tem uma atuação próxima com o estado e as Prefeituras dos Municípios através de sua Representação Regional Norte Fluminense que reúne os empresários da região. Além disso, podemos destacar em Macaé a promoção de reuniões da Comissão Municipal FIRJAN/CIRJ, entre empresários e autoridades do setor, que possibilita o debate dos pleitos da indústria. Esses municípios contam ainda com Zonas Especiais de Negócios e Pólos Industriais que concentram empresas do setor. Especificamente para instalação de empresas na região, a FIRJAN tem uma relação próxima com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do Estado do Rio de Janeiro – SEDEIS , e com sua Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro – CODIN, para atração de empresas para o estado. 


INTERVIEW

Eduardo Eugênio President of the Industry Federation of Rio de Janeiro (Firjan)

By Rodrigo Leitão

Main producer of oil in the country, the state of Rio de Janeiro has the task of seeking means to make the industry capable of finding its real development, thus generation job and income to its population. It is a work that demands mid- and long-term planning and the making of the right decisions, both from businessman and government. This is the analysis of the

MACAÉ OFFSHORE – According to this study from the Industry Federation of Rio de Janeiro (Firjan), between 2014 and 2016, the State of Rio will receive R$ 235.6 billion in investments. The largest volume of said resources – R$ 143 billion – will be invested in the oil and gas sector. What is the importance of this amount to the offshore industry? Will the oil and natural gas sector keep on leading the growth of the state for the next years? EDUARDO EUGÊNIO – The state of Rio is the largest producer of the country, with 72% of the oil production and 36% of natural gas. The sum of investments to the sector mapped by our study, Decisão Rio (Decision Rio), represents more than 60% of the total between the years of 2014 and 2016. This represents a natural vocation of Rio’s economy. Even if we finish 2014 without any exploration block auctions, expectations for the next years are optimists to the market. The 13th Petroleum Bidding Round recently announced by the Ministry of Mines and Energy is expected to take place in

president of the Industry Federation of Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira. In an interview to Macaé Offshore, he talked about the current challenges and opportunities and how the state is preparing itself to boost the productivity processes of companies moving to and investing in the state.

the first semester of 2015 and is also fundamental to the maintenance of investments being applied in the whole productive chain. If we want to have a global-level industry, then it is required a minimum of predictability. At the same time, the production of oil and gas is also breaking records, mainly in the PreSalt area. For the naval and offshore segments, according to Petrobras’ last Business Plan, we have a perspective of more than 10 platforms to be hired in the next years in order to meet the production goal by 2020, which is to double to current production. As a result, we will have a new cycle of opportunities to develop our industry.

investments and planning of the industry production. New enterprises ensure the attraction of resources, companies and technologies to the development of the Country. It is intrinsic to the development of the sector the availability of new exploration areas that ensure the expansion of the production of oil and natural gas. For the first semester of 2015, in addition to the 13th Petroleum Round, it will also be the year of the 1st Gas Pipeline Round, as announced by the Ministry of Mines and Energy. This demonstrates the will to push forward the expansion of the activities of the industry, and serves to strengthen the permanence of companies that are already installed here.

M.O. – The Ministry of Mines and Energy together with ANP informed that the 13th Oil Round is scheduled to occur in the first semester of 2015. What is the importance of these new rounds to the sector, after a whole year without perspectives?

M.O. – Through the International Business Center (CIN), the Firjan System is the entrance door to companies willing to be part of the Brazilian oil and gas productive chain. What are the areas the Federation has mapped that are favorable to receive investments from multinationals in the oil and gas sector?

E.E. – The assurance of executing Rounds is critical to the predictability of

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INTERVIEW

E.E. – The creation of partnerships between local and foreign companies to transfer technology and attract new investments is critical to the state. The FIRJAN System stimulates the integration of competences and the promotion of business in the state. Major multinational corporations are bringing their investments to Rio. Rio de Janeiro is a natural hub of companies from the sector, due to its reserves and production activities. Today, the Technological Park, located in the Fundão Island, gathers more than 22 companies in research and development to meet technological demands not restricted to the sector only. As it is directly connected to the oil production, the Brazilian subsea market is one of the most expressive in the world. We can also mention our naval drilling and construction capacities as examples of strategic areas that are expected to growth in the next years.

M.O. – Where are the main businesses in the naval and offshore industry for the Small- and Mid-sized Companies (PME’s) in the state of Rio? E.E. – Development of the naval and offshore industry mobilizes a wide chain of suppliers of goods and services. Small- and mid-sized companies are responsible for the provision of essential services for the construction and assembly of platforms and supply vessels. There is a wide range of services that go from logistic to welding and repairs. We can also highlight the automation of platforms as an integral part of the offshore production systems. Recently, the Business Round promoted by the National Organization of the Petroleum Industry (ONIP) in partnership with Sebrae during the Rio Oil & Gas 2014, created an expectation for the next 12 months of R$ 164 million for the productive chain, involving small- and mid-sized companies already active in the sector or that are in search for a spot.

M.O. – Local Content is a decisive factor for the growth of the Brazilian naval industry if it wants to retake its activities and support PME’s against foreign competitors. What is the position of Firjan on the subject and what can be changed in the regulation set by ANP? 12 MACAÉ OFFSHORE

E.E. – Direct part of the investments to the local market with the purpose of developing the national industry is a strategy used in the oil and gas sector here and abroad. The strategy, however, most appropriate and used in the external market, which is also adopted by us, is the requirement of local content supported by a structure of incentives and benefits for a set term. To do so, short-, mid- and long-term measures are required to develop the country’s industrial base in a consistent way, in line with the world-class competiveness and productivity levels. We defend local content supported by a structure that allows the country to offer competitive conditions to its industries, from small to big ones. We work to implement an industrial policy capable of inserting our industries in the global market.

M.O. – In addition to Petrobras, which is headquartered in the state’s capital city, the city of Rio de Janeiro also shelters important operators from the sector, such as Shell, Chevron, the British BG and BP, among others. New markets such as Mexico and Colombia are earning more and more space in the global oil and gas sector. Do you believe that the oil block auction rounds will be necessary before the schedule to retain those players in the internal market? E.E. – Reserves in Mexico and Colombia, as well as their great potentials, mainly from Mexico with non-conventional resources, place both countries in a strategic position to attract investments. Brazil is one step ahead of the new markets, as it is has an already consolidated position in terms of proved reserves and its history as producer of oil and gas. The country already has a set model for the exploration of the Pre-Salt and a consolidated regime for the Post-Salt areas. The continuity of the Rounds is of interest to the whole market and they must occur in their due time, as they demand planning, not only by ANP, but also by the industry if we want to make the required investments. More important than just anticipating is the assurance of execution and the predictability that allows the industry to prepare itself without losses.

M.O. – Concerning petroleum royalties, what are the last studies

mapped by Firjan on the economy to the state of Rio de Janeiro for the next decades? E.E. – The FIRJAN System prepared – at the time of the approval of the bill that changes the distribution of royalties – a notice considering the impacts in the state economy. The payment of royalties, such as interest in the production results, is an instrument to appropriately compensate for costs with exploration and production of oil and natural gas incurred by states and cities. Distribution of royalties needs to respect the economic logic and constitutional provisions, especially in regard to investments in infrastructures in order to allow the activity and installation of the productive chain, not to mention social investments. Development of regional potentialities is fundamental to diversify the future local economy.

M.O. – Cities such as Macaé, Campos, Quissamã and São João da Barra are nationwide recognized as poles of extreme importance to the investments in the state, in the naval industry, port and logistics. How is Firjan working with city halls from those regions on tax exemption to attract companies? E.E. – The northern region of the state is physically near to the Campos Basin and (the state of) Espírito Santo. The FIRJAN System works with state and City Halls through its Representação Regional Norte Fluminense (Regional Representation of the Northern Region of the State) to gather with regional businessmen. Additionally, we can highlight in Macaé the promotion of meetings with the City Commission FIRJAN/CIRJ, between businessmen and authorities from the sector, which stimulates the debate of claims from the industry. These cities also have Special Zones of Business and Industrial Poles gathering companies from the sector. Specifically for the purpose of installing companies in the region, FIRJAN has a close relationship with the Secretariat of Economic Development, Energy, Industry and Services of the State of Rio de Janeiro – SEDEIS and with its Company of Industrial Development of the State of Rio de Janeiro – CODIN in order to attract companies to the state. 


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GESTÃO

Competitividade ainda que tardia

Mesmo com oportunidades bilionárias, setor da indústria offshore ainda precisar se tornar mais competitiva. Macaé Offshore ouve especialistas para falar sobre o tema Por Brunno Braga

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ompetitividade tem como meta unir produtividade e eficiência, ou seja, fazer muito no prazo certo e com custos baixos. Neste quesito, uma pesquisa divulgada recentemente pelo International Institute for Management Development (IMD) e pela Fundação Dom Cabral, o Índice de Competitividade Mundial 2014 (World Competitiveness Yearbook - WCY) aponta um dado alarmante. Num ranking de 60 países, o Brasil ocupa 54º lugar no ranking geral de competitividade. Segundo a pesquisa, infraestrutura, produtividade industrial e eficiência do governo impactaram negativamente o resultado do País. Mesmo sendo um dado que trata da indústria como um todo, é correto supor que essa pesquisa reflete a cadeia produtiva do petróleo e gás nacional. E, sem dúvida, são números preocupantes. Com o aumento das operações offshore para os próximos anos, verifica-se a necessidade de se adotar políticas que ajudem a aumentar a produtividade e fazer cumprir a meta de aumenta a produção para quatro milhões de barris por dia em 2020. O tema é, realmente, importante e, inclusive, foi objeto de debate durante a última Rio Oil & Gas 2014, realizado

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entre os dias 15 e 18 de setembro no Riocentro, centro de convenções localizado na zona oeste do Rio de Janeiro. A Macaé Offshore ouviu especialistas de várias áreas para saber os pontos que mais prejudicam a produtividade brasileira no setor de óleo e gás. Apesar de grande atratividade e de números que demonstram o

aquecimento deste setor, especialistas concordam que há ainda muito a ser feito para que o Brasil consiga entrar no clube dos países que conseguem ser competitivos globalmente. De fato, o desempenho para bons resultados estão intimamente ligados a questões jurídicas, empresariais, recursos humanos, com análises e dicas para que atuam no setor. Acompanhe:

Empresariado Antonio Muller, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi) “Os problemas são muitos. Mas, um dos fatores que podem auxiliar a melhoria da nossa produtividade é o estímulo a projetos de engenharia básica. Se conseguirmos desenvolver bem esse campo, formando profissionais especializados em analisar e dimensionar as modificações principais que serão necessárias para execução de um projeto, conseguiremos fazer a maximização da relação performance/ custo tanto para o processo de implantação quanto para o de produção, selecionando-se os padrões do projeto e consolidando a engenharia para utilidades e offsites.

Divulgação


GESTÃO

Sistema Tributário David Nigri, advogado especializado em Direito Tributário “O arranjo tributário no setor do petróleo, ao qual as empresas estão submetidas é considerado o maior obstáculo a competitividade da indústria local, em especial para o setor de petróleo e gás o que impede que bens produzidos no país tenham igualdade e condições de concorrência em relação aos bens importados, o que impacta negativamente a competitividade. Para igualar as condições de concorrência quanto aos tributos, o REPETRO (regime aduaneiro especial de exportação e importação de bens destinados às atividades de pesquisa e de lavras de jazidas de petróleo e gás natural) permite a exportação ficta do produto

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nacional. Dessa forma o Repetro busca estimular os investimentos nas indústrias de petróleo e gás e de fornecedores, Admitindo-se a isenção dos impostos federais e, em tese, dos estaduais. Mas, os demais tributos, não aduaneiros, estaduais (ICMS) ou federais, (IR, CSSL, PIS, Cofins), e contribuições (Cide) também constituem carga elevada. Assim os empresários da cadeia produtiva de O&G para evitar problemas com o sistema tributário, devem buscar orientação especializada sobre a correta utilização do sistema Repetro para evitar que a fiscalização aplique pesados autos de infração. Bem como assessoria em planejamento tributário”.

Recursos Humanos Rafael Faria, consultor de RH “A última década, o executivo inserido na indústria de petróleo vivenciou um mercado ascendente, tornando-o um ativo valioso e disputado pelas empresas privadas do setor. Essa valorização causada pela escassez de competências (técnica e de gestão) e pelo intenso investimento interno e externo no setor vem se deteriorando desde meados de 2013. O movimento em questão tem inúmeras razões, mas a principal é a retração da demanda e consequentemente de investimentos. O cenário do mercado hoje é de estagnação. Empresas se perguntam se estão com a quantidade e a qualidade de capital humano coerente com a realidade exposta por essa nova conjuntura. A cabeça do executivo de petróleo, principalmente os que ingressaram no meio da euforia, não está totalmente preparada para um momento de baixa. A certeza de trabalho bem remunerado, com metas plenamente atingíveis e

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consequente reconhecimento garantido, se reduziu e a cautela dos profissionais aumenta em suas ações corporativas e externas, visando sua estabilidade e permanência na empresa. Esse comportamento mais contido se reflete no mercado de recrutamento e seleção. A avaliação de novas oportunidades se torna uma tarefa muito mais criteriosa para os talentos empregados. A principal pergunta que vem a cabeça de um executivo empregado que avalia uma nova oportunidade é se conseguirá performar em um novo desafio nas condições adversas que o mercado vem apresentando. As empresas estão exigindo competências diferentes de seus principais executivos, uns se adaptam e outros não. Muitas lições estão sendo tiradas dessa fase que, como sempre, tende a se reverter. Os mais audazes tendem a saírem mais feridos de momentos de baixa e os mais constantes tendem a saírem

ilesos. Em qualquer momento de mercado, aquecido ou morno (como agora), precisamos, como executivos, fazer uma análise de cenários antes de nossas tomadas de decisão, para que em momentos controversos não passemos desconfortos desnecessários.  MACAÉ OFFSHORE 15


management

Belated

Competitiveness

Even with the billionaire opportunities, the offshore industry still needs to become much more competitive. In order to understand what is happening Macaé Offshore talked to a group of subject matter experts

By Flávia Domingues

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ompetitiveness is intended to join productivity and efficiency, i.e., do much in the right time and with low costs. In this context, a study recently disclosed by the International Institute for Management Development (IMD) and by Fundação Dom Cabral, the World Competitiveness Yearbook 2014 WCY shows an alarming fact. In a ranking of 60 countries, Brazil currently occupies the 54th place in the general competiveness rank. According to the study, the government’s efficiency, industrial productivity and infrastructure all negatively affected the Country’s performance.

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Even if it is considered a fact that sees the industry as a whole, it is correct to assume that this study reflects the local oil and gas supply chain. Undoubtedly, those are disturbing numbers. With the increase in offshore operations for the next years, it is required to adopt policies seeking to boost productivity and meet the goal to increase production to four million barrels/ day by 2020. The theme is very important and was subject of much debate during the last Rio Oil & Gas 2014, an event held between 15 and 18th of September at Rio de Janeiro.

Macaé Offshore heard specialists from different areas to know the points causing most of the losses in the Brazilian productivity in the oil and gas sector. Despite of the great attractiveness and of numbers showing the heat of such sector, specialists agree that there is still much to do if Brazil wants to join the club of countries capable of being competitive in a global scale. In fact, the performance for good results are intimately connected to legal and business issues, human resources, analysis and tips to those active in the sector. Check it out:


management

Business Antonio Muller, president of the Brazilian Association of Industrial Engineering (Abemi) “Problems are many. But one of the factors that can help to improve our productivity is the encouragement of basic engineering projects. If we manage to successfully developed this

fields, qualifying professionals specialized in analyzing and sizing the main modifications that will be required for the execution of a project, we will also manage to maximize the performance

/ cost relationship to both the implementation and production processes, by selecting the project standards and consolidating engineering to utilities and offsites.

Tax System David Nigri, lawyer specialized in Tax Law “The tax situation of the oil sector, to which the companies are subject, is considered the highest obstacle to the local industry competitiveness, especially to the oil and gas business as it prevents goods produced domestically to have equal competitive conditions against imported goods, which negatively affects competitiveness.

To equalize the competition conditions regarding taxes, REPETRO (special customs regime of export and import of goods intended to research activities and to the exploration of natural gas and oil reservoirs) allows the “fictitious” export of the local product. This way Repetro seeks to stimulate investments in the suppliers and oil and gas industries, by allowing the exemption of federal, and to an extent, state taxes.

However, other taxes, non-customs, state (ICMS), or federal (IR, CSSL, PIS, Cofins) and contributions (Cide) also cause a high burden. Thus, if the businessmen from the O&G productive chain want to avoid problems with the tax system, they must seek specialized guidance on the correct utilization of the Repetro system in order to prevent inspectors from applying heavy violation notices, as well as advisory in tax planning”.

The mind of the oil executive, mainly those that emerged in the middle of the euphoria, is not fully ready for a depressive moment. The assurance of a wellpaid job, with goals fully reachable and certain recognition is now reduced, resulting in the adoption of a cautious behavior to increase their corporate and external actions, seeking their stability and permanence in the company.

perform in a new challenge under the adverse conditions the market is currently in.

Human Resources Rafael Faria, HR advisor “In the last decade, the executive inserted in the oil industry experienced a market in ascension, making him/her a valuable and disputed asset by the private companies of the sector. This increase of value caused by the lack of competences (both technical and managerial) and by the intense inside and outside investment in the sector is now facing a deterioration process that started in 2013. The movement in question has several reasons, but the main reason is the decrease in demands and investments. The market scenario today is stagnant. Companies are asking themselves if they have the quantity and quality of human capital in tandem with the reality exposed by this new conjecture.

This more restrained behavior is reflected on the recruiting and selection market. The assessment of new opportunities has become a very careful task for talented employees. The main question that comes to the mind of an employed executive assessing a new opportunity is if he or she will be able to

Companies are demanding different competences from their main executives, some will adapt but others will not. Many lessons are being learned from this era, an era that will eventually shift. The boldest ones tend to come out with more wounds from such harsh times while the cautious will probably survive unharmed. At any market moment, either heated or lukewarm (such as now), we need – as executives – to perform a scenario analysis before making decisions if we want to, in controversial times like this, avoid unnecessary discomforts.

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EXPLORAÇÃO & PRODUÇÃO

desafios

Os da construção de poços no pré-sal Especialistas destacam a importância da inovação para explorar em águas profundas

Por Flávia Domingues

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té 2023, a produção de petróleo atingirá cerca de 5 milhões de barris por dia . Deste montante, dois terços serão extraídos do pré-sal, segundo informações do Plano Decenal de Energia, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), divulgado em setembro de 2014. Para dar conta de concretizar tais metas, as empresas precisam estar preparadas para vencer o desafio de explorar em águas cada vez mais profundas. Este foi um dos temas abordados durante o painel “Desafios da construção de poços em águas cada vez mais profundas”, na Rio Oil & Gas 2014. Para José Eduardo Garcia, gerente geral da Petrobras na Bacia de Santos, estarão à frente as empresas que investirem em inovação e planejamento para reduzir custos e aumentar a eficiência nas operações em profundidades cada vez maiores. Um dos fatores determinantes para melhorar a performance de construção, perfuração e gestão de poços será a inteligência em disseminar informações.

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“É preciso compartilhar as lições aprendidas na construção de poços dentro de toda a cadeia, envolvendo, inclusive, as empresas prestadoras de serviços e de perfuração para termos processos mais eficientes”, afirmou. Outro desafio, segundo Garcia, é a manutenção de alguns equipamentos que são cruciais para operações em águas profundas como o BOP (Blow-Out Preventer). O sistema garante a vedação dos poços de petróleo, prevenindo vazamentos e fluxos não controlados de óleo ou gás.

Completação inteligente é tendência O desafio de explorar pré-sal em águas cada vez mais remotas exige o uso de tecnologias capazes de operar equipamentos, como sondas instalados a mais de 200 km de distância da costa, para perfuração de poços. Hoje, o pré-sal, segundo dados da Petrobras divulgados em setembro, já superou a marca dos 618 mil barris pro dia.

“Um problema pode impactar em dias de atraso na perfuração e os custos são elevados na operação”, destacou. Para minimizar esse risco, durante a Offshore Technology Conference (OTC), em Houston (EUA), a Petrobras assinou um acordo com a Emabraer para cuidar da manutenção do sistema BOP.

Para o gerente de vendas da Baker Hughes no Brasil, Ian Thomson, há uma tendência grande no aumento do uso de sísmica de poço, além de uma maior demanda por soluções que permitam realizar a exploração de diversas zonas do reservatório num poço único.

Garcia destacou ainda que a tecnologia será uma grande aliada, mas também é um ponto crítico na operação, pois é preciso ter equipamentos de confiança já que a manutenção tem custos elevados.

A Petrobras, por exemplo, está apostando no uso da tecnologia de completação inteligente no pré-sal e no pós sal e vai perfurar 200 poços até 2019. 


EXPLORATION & PRODUCTION

Well construction

challenges

in the pre-salt

Experts highlight the importance of innovation when exploring deep waters

By Flávia Domingues

B

y 2023, oil production with reach approximately 5 million barrels per day. From that sum, two thirds will be extracted from the pre-salt, according to data from the Decennial Energy Plan of the Empresa de Pesquisa Energética (EPE – Energy Research Company), disclosed on September 2014. To make those goals a reality, companies need to be ready to overcome the challenge of exploring in waters of ever growing depth. This was one of the themes addressed during the panel “Well construction challenges in deep and ultradeep waters”, at the Rio Oil & Gas 2014. To Eduardo Garcia, general manager of Petrobras in the Santos Basin, the companies taking the lead will be those investing in innovation and planning to reduce costs and increase efficiency of operations in increasing depths.

One of the determining factors to increase drilling performance and well management will be the intelligence to disclose information. “It is required to share lessons learned in well construction throughout the chain, involving services and drilling companies”, says José Eduardo Garcia, general manager of Petrobras in the Santos Basin. Another challenge, according to Garcia, is the maintenance of some equipment, such as BOP, which is vital for deep water operations. “An issue capable of causing a 5-day delay in drilling. To minimize this risk, Petrobras signed an agreement with Embraer to permanently take care of the maintenance”, he said. Garcia also mentioned that technology will be a valuable ally, but at the same time a critical fact, as it is necessary to have reliable equipment due to the high costs with maintenance.

Intelligent completion is a trend The challenge of exploring pre-salt in remote waters demands technologies capable of operating equipment such as rigs installed more than 200 km away from the shore. Today, pre-salt, according to data disclosed by Petrobras in September, already exceeded the milestone of 618 thousand barrels per day. To the sales manager of Baker Hughes in Brazil, Ian Thomson, there is growing trend of increasing demand for automation and monitoring solutions that allow the execution of the exploration of different reservoir zones in a single well. “One of the bets is the intelligent complementation with electric control replacing the hydraulic one, which requires many umbilicals, thus making installation and operation much more complex”, he explained.  MACAÉ OFFSHORE 19


CAPA

futuro

O do Brasil no setor de óleo e gás O principal desafio do Brasil para as próximas décadas é aumentar a produtividade do trabalho e do capital social, bem como a competitividade da indústria local e ajustes no modelo regulatório, tornando-o mais atrativo ao capital internacional Por Rodrigo Leitão

A

indústria brasileira de petróleo e gás está passando por um período de grande transformação. O Brasil deve saltar da 14ª para a 8ª colocação no ranking mundial de reservas de petróleo até 2020 – o maior aumento entre as nações registrado no período. Desde a descoberta de óleo a mais de sete mil metros de profundidade no litoral brasileiro, em 2006, na camada do pré-sal, as oportunidades vêm se tornando cada vez mais atraentes. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), serão necessários US$ 400 bilhões em investimentos até 2020 para que quase da metade dos 4,2 bilhões

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de barris diários de óleo produzidos no país seja extraído dos reservatórios gigantes. Um estudo recém-elaborado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) estima que cada R$ 1 bilhão investido no setor de petróleo e gás movimente outros R$ 2 bilhões na economia brasileira. “Desde 2005, as empresas que fizeram parte do programa de parceria entre o Sebrae e Petrobras, já movimentaram R$ 5,5 bilhões”, atesta o instituto. Diante dos novos desafios que o Brasil terá de enfrentar para as próximas

décadas, a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard acredita que entre o período de 2018 até 2020, o cenário de exploração e produção brasileiro é extremamente otimista. De acordo com a diretora, o Brasil exportará dois milhões de barris por dia e o setor terá também uma grande contribuição para a balança comercial brasileira. O volume representará aumento de US$ 50 bilhões a US$ 65 bilhões na balança comercial. “Estamos sempre analisando todas as áreas brasileiras. Temos oportunidades para todos os principais players do mundo. Nossa produção vai muito além do pré-sal”, ressaltou Magda,


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Antonio Cruz / Agência Brasil

durante discurso para uma platéia de empresários e investidores na Rio Oil & Gas, no Rio de Janeiro. De acordo com a executiva, um estudo apresentado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), prevê investimentos de R$ 488 bilhões no setor de petróleo e gás entre 2014 e 2017. “É um número imenso se comparado a investimentos de qualquer setor em qualquer país no mundo”, disse. Para Magda, o papel estratégico para o Brasil está com a segurança energética garantida, mas ressalva que o papel de O&G vai muito além. Na opinião da diretora, investimentos em exploração, conteúdo local e áreas como pesquisa, desenvolvimento e inovação são os três pilares para o país continuar a crescer. Todos os estudos em relação à Bacia de Campos, Santos e Espírito Santo são extremamente positivos, essa é a visão do diretor de Relações com o Mercado da Federação da Indústria do Rio de Janeiro (Firjan), Alexandre dos Reis sobre as recentes análises sísmicas da ANP e investimentos no setor para os próximos anos.

Diretora-geral da ANP, Magda Chambriard: O Brasil está com a segurança energética garantida ANP’s Managing Director, Magda Chambriard: Brazil has assured its energetic security

de petróleo e gás. Entretanto, destaca que esse desenvolvimento requer a criação de condições mínimas, como infraestrutura adequada, licenciamento ambiental criterioso e mapeamento geológico, por parte do governo.

dentre s diversas fontes que vêm au-

Na área de gás natural, De Luca observa que o insumo é mais um

nibilidade também para outros seg-

mentando a participação na matriz energética brasileira e aponta que a geração térmica pode servir como âncora para viabilizar projetos de produção de gás, ampliando sua dispomentos. Wilson Dias/Abr

“Nós trabalhamos com previsibilidade. Tudo já foi contratado. O mercado vive a expectativa de dobrar a produção”, comentou Alexandre. Durante o lançamento da Agenda Prioritária da Indústria de Petróleo, Gás e Biocombustíveis que visa identificar os principais pleitos da indústria para garantir a competitividade para os próximos anos no Brasil, desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), o presidente João Carlos de Luca afirmou que, em relação ao potencial das reservas não convencionais no Brasil, o órgão enxerga seu desenvolvimento como uma grande oportunidade para o aumento da produção

Presidente do IBP, João Carlos De Luca critica a exigência da Petrobras como operador único President of IBP, João Carlos De Luca criticizes the demand from Petrobras as single operator

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CAPA

Até 2018, 50% da produção será do pré-sal A Petrobras espera que a produção de petróleo proveniente das áreas do pré-sal represente 50% do resultado total da companhia. Atualmente, o óleo extraído desses campos equivale a 20% da produção da estatal. Para atingir a meta, a companhia pretende perfurar mais de 200 poços até 2019 e colocar em operação novas plataformas de produção, informou o gerente-executivo do Pré-Sal área de E&P da Petrobras, Carlos Tadeu Fraga. “O pré-sal na Bacia de Santos acumula protagonismos em relação à produção total graças à entrada em operação de novos sistemas”, afirmou. E, na

Bacia de Campos, a produção, na avaliação dele, “foi facilitada pela existência da infraestrutura disponível e o trabalho consistia em perfurar, completar e interligar os poços”. O gerente-executivo do pré-sal da área de E&P da Petrobras destacou ainda que, desde o início das operações no pré-sal mais de 100 poços foram perfurados e mais 25 foram completados. A curva de aprendizado obtida nos últimos quatro anos permitiu uma redução de 60% no tempo de perfuração e de 65% no período gasto com a completação nos campos de pré-sal, contou.

Agência Petrobras

Gerente-executivo do Pré-Sal área de E&P da Petrobras, Carlos Tadeu Fraga Executive Manager of Petrobras’ E&P Pre-Salt area, Carlos Tadeu Fraga

Especialistas não acreditam no Brasil Divulgação / GE do Brasil

Porém, nem tudo caminha com otimismo como o governo aborda em suas principais apresentações ao mercado. Em entrevista à Macaé Offshore, o gerente e especialista da PricewaterhouseCoopers Brasil, empresa de prestação de serviços de consultoria de negócios, consultoria tributária e societária Felipe Gomes, o governo brasileiro tem que decidir se quer tornar um exportador de commodities ou de matéria-prima. Segundo ele, em tempo de reservas de petróleo o país ainda é pouco relevante no cenário mundial, sobretudo, quando falamos em América Latina. “As reservas mundiais estão principalmente em países do Oriente Médio, como a Arábia Saudita e Qatar. A América Central concentra 20% dessas reservas, mas só a Venezuela possui 17% desse total”, pontua Felipe. De acordo com o gerente da PwC, o Brasil precisa repensar em quais setores de petróleo e gás, o país quer se especializar. Um dos grandes desafios e 22 MACAÉ OFFSHORE

Fábrica da GE, em Macaé: a unidade traz a tecnologia mais moderna da companhia em todo o mundo GE’s Factory in Macaé, the unit brings to Brazil the most modern technology of the company in the world

oportunidades que o governo pode reformular é o destino da penalização das multas aplicadas às companhias pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Sócio-líder do Centro de Energia e Recursos Naturais da EY, Carlos Assis pontua três linhas de raciocínio para alavancar a indústria de petróleo e gás.


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Na visão de Assis, uma indústria com previsibilidade da demanda, e uma maior visibilidade e integração são essenciais para uma formação de uma cadeia capacitada e competitiva. Para suprir os gargalos para a próxima década, o executivo ressalta uma maior participação de parcerias com empresas estrangeiras; flexibilização no marco regulatório; menos burocracia com trabalhadores estrangeiros que se dispõem a vir trabalhar no Brasil e a modernização de portos e aeroportos para movimentação de cargas. A diretora geral da ANP, Magda Chambriard afirma que, para o país continuar crescendo no segmento de petróleo e gás, será necessário

a descentralização dos investimentos exploratórios para a redução das desigualdades regionais. “A Petrobras não pode ficar presa na Bacia de Santos e Campos. A Bacia de Sergipe-Alagoas tem um potencial gigantesco. A margem equatorial brasileira, como a Bacia de Pelotas, no sul do Brasil, possui enorme potencial”, salienta Magda. Líder mundial em equipamentos e serviços de tecnologia avançada para todos os segmentos da indústria de petróleo e gás, a GE vê o Brasil como um mercado chave para a companhia, com um futuro muito promissor. Segundo a GE, a estratégia da empresa com relação ao país vem se mostrando em números. Em 2012, a empresa anunciou investimentos de US$ 262 milhões

para ampliar as fábricas de Niterói-RJ (US$ 200 mi), Macaé-RJ (US$ 32 mi) e Jandira – SP (US$ 30 mi). Em 2013, a Ge Oil & Gas iniciou uma operação de montagem e testes de turbomáquinas em Recife (PE), com US$ 20 milhões em investimento; e inaugurou a base logística em Niterói (RJ), com investimento de US$ 100 milhões e a maior grua do mundo. Em nota, a GE afirma que, para os próximos anos, o objetivo é atender à crescente demanda brasileira com a retomada das rodadas licitatórias no setor; desenvolver tecnologia local para necessidades de exploração em águas ultraprofundas; e simplificar processos para aumentar produtividade e eficiência nas unidades da América Latina.

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CAPA

Conteúdo Local ainda é desafio A diretora-geral da ANP defendeu a política de conteúdo local estabelecida pelo governo brasileiro. Classificou os avanços obtidos nos últimos 10 anos como uma “primeira fase” e considerou que a indústria naval brasileira será reconhecida mundialmente em breve. A diretora disse que a capacidade de vários estaleiros brasileiros está sendo ampliada e citou a instalação de novos equipamentos como um fato que possibilita o aumento da eficiência e potencial da indústria naval. “Os estaleiros brasileiros vem construindo sondas e barcos de apoio com índices elevadíssimos de conteúdo local. Equipamentos submarinos, por exemplo, já estamos construindo e estamos a um passo de sermos exportadores. Isso significa que temos preço, prazo e qualidade”, avalia Magda.

Divulgação

Diretor Geral da Divisão Marítima da RollsRoyce, Paulo Rolim Managing Director of Rolls-Royce Maritime Division, Paulo Rolim

No total estão sendo construídas 28 sondas de perfuração, sendo seis em Pernambuco, sete na Bahia, seis no Espírito Santo e Rio de Janeiro e três no Rio Grande do Sul.

Em contraponto à diretora da ANP, João Carlos de Luca do IBP destacou que a indústria de óleo e gás identifica hoje dificuldades em diversos segmentos. “Vejo um grande paradoxo nessa questão: temos um potencial de reservas espetaculares no pré-sal para desenvolver, com extraordinário nível de investimentos comprometidos, mas o conjunto do setor não vai bem”, disse. Para o diretor da Rolls-Royce, Paulo Rolim, a resolução da ANP sobre conteúdo local é um instrumento essencial para a continuidade do crescimento para a economia brasileiro, no entanto, o executivo lembra que há de necessidade de uma nova adequação nos percentuais que são impostos atualmente. “Entregar conteúdo local estabelecido dentro dos padrões para dois navios é fácil. E, para 10?”, questiona Rolim.

Sistema tributário vira empecilho Aperfeiçoamento é a palavra-chave do setor quando se discute o sistema de tributação aplicado no país, afirma analistas do setor, mas salientaram que o Brasil é um mercado jovem e capaz de superar os desafios. Segundo o vice-presidente de Relações Institucionais da companhia norueguesa Statoil, Mauro Andrade, o Brasil precisa construir um sistema tributário mais simples e transparente para se manter atraente e competitivo. “Há, só este ano, cerca de 30 rodadas de novas áreas concluídas ou em andamento em todo o mundo e regiões atraindo a atenção dos investidores, como o México e países da África”, disse. Coordenadora do Comitê Tributário do IBP, Daniele Tavares ressaltou que 24 MACAÉ OFFSHORE

o Brasil possui 27 estados e mais de cinco mil municípios com legislações próprias, o que torna o ambiente de negócios especialmente complexo. Daniele abordou a aplicação de impostos como o PIS/COFINS e os riscos adicionais para o setor causados, por exemplo, por alterações legislativas, por diferentes interpretações das leis e pela criação de novas taxas por estados e municípios. “É um ambiente desafiador, mas o setor tem mantido diálogo com as autoridades para solucionar essas questões”, pontuou. De acordo com o presidente da Petróleo Pré-Sal SA (PPSA), Oswaldo Pedrosa, a PPSA tem tarefa extremamente importante no pré-sal, mas lembrou que a área é de enorme complexidade.Segundo ele,é preciso conciliar o

desenvolvimento acelerado e de suprimentos em bases competitivas. Segundo o gerente-geral de Relacionamento Externo e Avaliação Tributária Estratégica da Petrobras, Marcio Branco defendeu avanços nas discussões em torno da tributação sobre os pagamentos por serviços de afretamento contratados pelas operadoras. A Receita Federal mudou a interpretação sobre o tema e passou a desconsiderar o ingresso de equipamentos offshore no país como afretamento, tratando-os agora como contratação de serviço. Com a mudança, a cobrança de impostos será de 46% do valor investido na contratação. “Precisamos enfrentar essa e outras questões para mantermos a competitividade”, disse.


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Tequila na feijoada brasileira Mudanças no México podem roubar a atenção de empresas estrangeiras, que possam ou ter desistido da espera por novas rodadas licitatórias no Brasil ou perdido a confiança no mercado interno

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e o Brasil era a menina dos olhos de ouro das principais companhias norte-americanas e europeias em longo prazo, com o anúncio em 2005 do pré-sal, o México, vem “apimentando”, o setor de petróleo e gás, como a principal rota de investimentos das grandes players do mercado. Em 2013, o governo mexicano na tentativa de reverter a queda na produção doméstica de petróleo anunciou um plano para permitir que investidores privados estrangeiros participem de licitações para explorar áreas com reservas de petróleo e gás no começo de 2015.

são esperados investimentos de cerca de US$ 50 bilhões nos próximo quatro anos, incluindo eventuais parcerias com a Pemex.

Com a abertura, petrolíferas estrangeiras poderão investir no país pela primeira vez em quase oito décadas. Os primeiros projetos a serem oferecidos desde a nacionalização da indústria, em 1938, incluirão áreas em águas profundas e rasas, além de reservas terrestres, incluindo depósitos de óleo pesado, campos maduros e reservas não convencionais, como as de gás de xisto, segundo autoridades mexicanas. “Queremos agir com rapidez, mas também com eficiência, para conter o declínio na produção que tem nos afetado desde 2004”, afirmou o ministro de Energia do país, Pedro Joaquín Coldwell, na época.

Segundo o secretário, as áreas a serem ofertadas ainda estão sendo avaliadas pelo Ministério de Minas e Energia e pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e posteriormente deverão ser aprovadas pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). A última rodada realizada foi a 12ª, em novembro do ano passado. Na ocasião, foram ofertados 240 blocos, tendo sido arrecadados R$ 165,196 milhões. Antes disso, em maio, a 11ª Rodada de Licitações de blocos exploratórios de petróleo arrecadou R$ 2,82 bilhões a título de Bônus de Assinatura. Na época, foram arrematados 142 dos 289 blocos oferecidos.

O governo mexicano designou 109 blocos para a primeira licitação nos quais

Chambriard disse ainda que a Agência tem se concentrado na avaliação

Para conter o avanço do apetite estrangeiro em novos territórios como a Colômbia e, principalmente o México, o governo brasileiro, através do secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia (MME), Marco Antonio Almeida anunciou a realização da 13ª Rodada de Licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP), no primeiro semestre de 2015.

dos estudos ambientais e geológicos da margem leste brasileira, uma área que vai dos estados do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte. Segundo ela, as primeiras avaliações foram boas e a ANP trabalha para que essa fronteira possa ser inclusa na 13ª Rodada de Licitações, prevista para o primeiro semestre de 2015. “Temos trabalhado com essa 13ª Rodada há bastante tempo. Já encaminhamos as áreas para estudo do Ministério de Minas e Energia. Ela é absolutamente necessária porque o potencial do Brasil vai muito além das áreas já licitadas”. Segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), João Carlos de Luca, as rodadas movimentam o setor de óleo e gás e eram um pleito da indústria, que pede um calendário fixo de leilões. Em resposta ao presidente do IBP, o secretário do Ministério de Minas e Energia, Marco Martins Almeida observou que a realização de uma rodada por ano não necessariamente é o ideal para o País, mas informou que no primeiro semestre de 2015 acontecerá o primeiro leilão de gasodutos concedidos à iniciativa privada. MACAÉ OFFSHORE 25


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Brasil continua no radar Divulgação

Brasil é uma boa oportunidade, mas não é a única, essa foi a palavra do vice-presidente de novos negócios para as Américas da Shell, Jorge Santos Silva. Segundo ele, há novas oportunidades nas Américas, incluindo o Brasil, mas também o México. Na ocasião, o executivo citou ainda oportunidades nos Estados Unidos e no continente africano, entre outras. A Shell é sócia da Petrobras no desenvolvimento do campo gigante de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos. A petroleira anglo-holandesa tem 20% de participação no negócio. Para que o Brasil seja competitivo em investimentos em âmbito global, é preciso que a indústria petrolífera do país seja competitiva. “As empresas de óleo e gás estão enfrentando restrições a sua capacidade de investimento. E a principal razão é que o incremento dos investimentos na área de exploração não foi traduzido em retornos adequados, porque simplesmente os investimentos em exploração tiveram um crescimento significativo de custos”, completou Silva. O vice-presidente executivo da Shell, Mark Shuster, afirmou que a descoberta do pré-sal pode elevar o Brasil à posição de maior produtor de petróleo do mundo e redesenhar a geopolítica mundial. O executivo participou, na segunda-feira (15), da conferência que fechou o primeiro dia da Rio Oil & Gas. Na ocasião, foram discutidas as principais transformações no setor energético e suas consequências no planeta. De acordo com Shuster, a abertura de mercado no México e a revolução de gás de xisto nos Estados Unidos são outros fatores determinantes e também afetam a geopolítica mundial. “Nossa indústria é global e envolve muitos atores. Vivemos em um ambiente de mercado livre, onde a competitividade é constante. Se não tomar as decisões corretas, o Brasil vai ser 26 MACAÉ OFFSHORE

Sede da empresa Petróleos Mexicanos (Pemex) HQ of Petróleos Mexicanos (Pemex)

atropelado. Por isso, é fundamental que indústria e governo trabalhem juntos nesse momento”. A Rolls-Royce, especializada no desenvolvimento de turbinas que geram energia para plataformas offshore responsáveis por cerca de 40% de todo óleo e gás produzido no Brasil acredita no potencial brasileiro. Em entrevista à Macaé Offshore, o diretor geral da Divisão Marítima da companhia, Paulo Rolim diz que para o Brasil superar os desafios no setor, pilares como Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação são essenciais para o crescimento. Em 2014, a empresa anunciou a instalação de uma unidade marítima em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, com investimentos de R$ 80 milhões. No local são montados e testados grandes propulsores para plataformas semissubmersíveis, navios de perfuração e outras embarcações offshore de alta complexidade. Procurada pela Macaé Offshore, a GE Oil & Gas disse que o México foi o primeiro país da América Latina onde a

companhia estabeleceu operações, em 1896, e onde a empresa instalou sua primeira fábrica na América Latina no estado de Nuevo Leon, em 1929. Hoje, todos os principais negócios da GE têm operações no México, incluindo a GE Oil & Gas, que possui grande interesse em investir neste mercado que se mostra competitivo em termos de infraestrutura e mão de obra, além da proximidade com outros mercados relevantes. De acordo com a GE, para os próximos anos, a empresa tem como objetivo reforçar a sua presença no México como um parceiro sólido e confiável para soluções de infraestrutura integrada. Foram investidos mais de US$ 20 milhões na expansão das capacidades locais da GE, que conta hoje com um time de mais de 2.000 engenheiros baseados em Monterrey. “A companhia também está fechando convênios com universidades públicas e privadas para o desenvolvimento de educação continuada. Além disso, firmou um acordo de colaboração com o Instituto Mexicano do Petróleo e a companhia


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Petróleos Mexicanos (PEMEX) para pesquisar e desenvolver tecnologias e projetos para águas profundas e ultra profundas, além de colaborar para a modernização da infraestrutura de energia no México”, informou a companhia à Macaé Offshore. No Brasil, a GE Oil & Gas tem dedicado importantes investimentos para suportar clientes e parceiros estratégicos em exploração onshore e offshore, incluindo o fornecimento de equipamentos de alta tecnologia como turbomáquinas e tubos flexíveis. Um dos trabalhos mais representativos nesse momento envolve a abertura da quinta unidade do Centro de Pesquisas Global da GE, no Rio de Janeiro (RJ). Com investimentos de R$ 500 milhões e inauguração prevista para este segundo semestre de 2014, o Centro terá uma parte significativa de seus trabalhos concentrada na pesquisa de novas tecnologias de exploração de petróleo. Mas outras áreas estratégias para as operações da GE no Brasil e na América Latina também fazem parte do escopo de trabalho da unidade. Para o presidente da PPSA – estatal que vai gerir os contratos de partilhas do pré-sal –, Oswaldo Pedrosa, com um

potencial de volume recuperável de petróleo de 106 bilhões de barris no pré-sal, o Brasil é líder mundial de descobertas nos últimos dez anos. Segundo Pedrosa, o volume representa 88% do total de recursos recuperáveis - maior índice entre alguns principais produtores. Na Arábia Saudita, o potencial de reservas para produção é de 75%. Nos Estados Unidos é de 50% e na Rússia 65%.

O executivo lembrou ainda que a produção no pré-sal no Brasil já supera os 550 mil barris diários. A estimativa é de que, até 2020, esse número ultrapasse os 4 milhões de barris por dia. Para ele, isso é um sinal claro da atratividade do pré-sal. “Isso mostra o grande potencial de desenvolvimento da indústria petrolífera no Brasil”, disse Valter Campanato / Agência Brasil

Presidente da PPSA, Oswaldo Pedrosa: O Brasil continua com um enorme potencial President of PPSA, Oswaldo Pedrosa: Brazil still has a huge potential

RJ inicia estruturação de cluster Subsea Para impulsionar os gaps e criar uma identificação de oportunidades no setor de óleo e gás, a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), em parceria com a Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip) e com o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), lançou recentemente o projeto de estruturação do Cluster de Subsea no Estado do Rio de Janeiro. O Cluster de Subsea reúne as empresas que já estão no Estado e que atuam como fornecedores nessa

área, além de visar a atração de outros empreendedores para se instalarem no Rio de Janeiro. Entre os equipamentos desse setor estão árvores de natal molhadas, cabeças de poço, manifolds (sistemas de conexão), umbilicais e linhas flexíveis. O lançamento do projeto tem grande importância no cenário nacional, especialmente com a previsão da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) de que, em 2020, aproximadamente 44% dos equipamentos subsea no mundo estarão no Brasil. Hoje, 35 empresas

desse segmento estão instaladas no Estado. O principal propósito da iniciativa é a atração de investimentos e de empresas de serviços e equipamentos submarinos para se instalarem no estado do Rio, com foco na cadeia de subfornecedores tecnológicos, aumentando o conteúdo local destes equipamentos. Além disso, a integração da cadeia permitirá maior entrosamento entre possíveis subfornecedores para garantir o atendimento da demanda localmente e substituir parte das peças e equipamentos importados. 

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Future

The of Brazil in the oil and gas sector The main challenge of Brazil for the next decades is to increase productivity of both work and social capital, as well as the competitiveness of the local industry and adjustments in the regulatory model, making the country more attractive to the international capital

By Rodrigo Leitão

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he Brazilian oil and gas industry is undergoing a period of major transformations. Brazil is expected to leap from the 14th to the 8th position in the worldwide petroleum reserves ranking by 2020 – the most considerable increase among nations recorded in the period. Since the discovery of oil at seven thousand meters deep in the Brazilian shore in 2006 of the pre-salt layer, opportunities are becoming increasingly attractive. According to the National Agency of Petroleum, Natural Gas and Biofuels (ANP), it will be required a sum of US$ 400 billion in investments by 2020 to allow nearly half of the 4.2 billion of daily barrels of oil produced in the country to be extracted from the giant reservoirs. A study recently prepared by the Brazilian Economics Institute of the Getulio Vargas Foundation (FGV) estimates that each R$ 1 billion invested

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in the oil and gas sector moves another R$ 2 billion in the Brazilian economy. “Since 2005, companies that were part of the partnership program between Sebrae and Petrobras, moved R$ 5.5 billion”, says the institute.

for all the main global players. Our production goes far beyond the pre-salt”, emphasized Magda during a lecture for an audience of businessmen and investors at the Rio Oil & Gas in Rio de Janeiro.

In face of the new challenges Brazil will have to overcome for the next decades, the managing director of ANP, Magda Chambriard believes that between the period from 2018 to 2020, the Brazilian exploration and production scenario is extremely optimistic. According to her, Brazil will export two million barrels per day and the sector will also have a huge contribution to the Brazilian balance of trade. The volume will represent an increase of U$ 50 billion to US$ 65 billion in the balance of trade.

According to the executive, a study was presented by the National Bank of Economic and Social Development (BNDES) where investments of R$ 488 billion are expected for the oil and gas sector between 2014 and 2017. “It is an immense number when compared to investments in any other sector in any other country” she said.

“We are always analyzing all Brazilian areas. We have opportunities

To Magda, the strategic role for Brazil lies on to assured energy security, but she reminds that the role of O&G goes far beyond and still according to her, investments in exploration, local content and areas such as resource, development and innovation


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are the three pillars to keep the country growing.

market expects to double the production”, commented Alexandre.

All studies concerning the Basins of Campos, Santos and Espirito Santo are extremely positive, this is the opinion of the Director of Market Affairs of the Industry Federation of Rio de Janeiro (Firjan), Alexandre dos Reis, about the recent seismic analysis from ANP and investments in the sector for the next years.

During the launch of the Priority Agenda of the Priority Agenda of the Industry of Petroleum, Gas and Biofuels, which seeks to identify the main demands of the industry and ensure competitiveness for the next years in Brazil, developed by the Brazilian Institute of Petroleum (IBP), the head of IBP, João Carlos de Luca, said that, concerning the potential of the Brazilian non-conventional reserves, the institute sees its development as a huge opportunity to increase the production of oil and gas.

“We work with predictability. Everything is already contracted. The

However, he highlights that this development requires the creation of minimum conditions, such as appropriate infrastructure, careful environmental licensing and geological mapping, by the Government. In the natural gas area, de Luca observes that feedstock is one more among the several sources that are increasing the participation in the Brazilian energy matrix and states that the thermal generation may serve as anchor to facilitate gas production projects, expanding its availability to other segments.

By 2018, 50% of the production will come from pre-salt Petrobras expects the oil production from pre-salt areas to represent 50% of its total income. Currently, the oil extracted from those fields represents 20% of the company’s production. To reach that goal, the company intends to drill another 300 wells by 2019 and deploy new production platforms, said the executive- manager of the Pre-salt, E&P area of Petrobras, Carlos Tadeu Fraga.

“Pre-salt in the Santos Basin accumulates protagonisms concerning the total production thanks to the deployment of new systems”, he said. And in Campos Basin the production, according to him “was facilitated by the existing available infrastructure and the work was about drilling, completing and interconnecting wells”.

The executive-manager of the presalt, E&P area of Petrobras also highlighted that from the very beginning of the pre-salt operations more than 100 wells have been drilled and another 25 were completed. The learning curve obtained in the last four years enabled a reduction of 60% in the drilling time and of 65% in the period spent with completion in the presalt fields.

Experts lose faith in Brazil However, not everything is seen with optimism, differently from how the government addresses in its main presentations to the market. In an interview to Macaé Offshore, The manager and expert of PricewaterhouseCoopers Brazil, a company that provide services related to business, tax and corporate consultancy, Felipe Gomes, the Brazilian government has to decide between becoming a commodities or a raw material exporter. According to him, in a time of oil reserves the country still lacks relevance in the global scenario, especially when we talk about Latin America. “Worldwide reserves are mainly located in countries of the Middle East, such as Saudi Arabia and Qatar. Central America concentrates 20% of said reserves, but

Venezuela alone holds 17% of that total” said Felipe.

integration are essential to qualify a capacitated and competitive chain.

According to the manager from PwC, Brazil needs to think again on which oil and gas sectors the country wants to focus. One of the main challenges and opportunities the government can reorganize is the destination of the penalty from fines applied to companies by the National Agency of Petroleum, Natural Gas and Biofuels (ANP).

To fill in the gaps for the next decade, the executive emphasizes a more active participation of partnerships with foreign companies; flexibility in the regulatory milestone; less paperwork with foreign workers willing to come to Brazil and the modernization of ports and airports for cargo handling purposes.

Managing-partner of EY’s Energy and Natural Resources Center, Carlos Assis sets three lines of thought to leverage the oil and gas industry. In his point of view, an industry capable of predicting demand and with a higher visibility and

ANP’s managing director, Magda Chambriard says that, to keep the country on growing in the oil and gas segment, it will be required to decentralize exploratory investments to reduce regional differences. “Petrobras cannot stay forever on the Santos and Campos Basin. The MACAÉ OFFSHORE 29


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Sergipe-Alagoas Basin has a huge potential. The Brazilian equatorial border, such as the Pelotas Basin in the southern part of the country also has a huge potential”, says Magda. World leader in advanced technology services and equipment for all segments of the oil and gas industry, GE sees Brazil as a key-market for the company with a very promising future. According to GE,

the company’s strategy concerning the country is best represented by numbers. In 2012, the company announced investments of US$ 262 million to improve factories in Niteroi-RJ (US$ 200 mi), MacaéRJ (US$ 32 mi) and Jandira-SP (US$ 30 mi). In 2013, GE Oil & Gas started an assembly and testing operation of turbomachinery in Recife (PE), with US$ 20 million in investments and inaugurated the logistic base in Niteroi (RJ), with investments

of US$ 100 million and the biggest crane of the world. In a statement, GE said that for the next years the goals are to meet the growing Brazilian demand with the retake of bidding rounds in the sector, develop local technology for the exploration needs in ultradeep waters and simplify processes in order to increase productivity and efficiency in the units of Latin America.

Local content still is a challenge ANP’s managing director defended the policy of local content established by the Brazilian government. She classified the advances obtained in the last 10 years as a “first stage” and considered that the Brazilian naval industry will soon be recognized. The director said that the capacity of several Brazilian shipyards is being improved and mentioned the installation of new equipment as a fact that allows the increase of the naval industry efficiency and potential. “Brazilian shipyards are building rigs and supply vessels with amazingly high local content indexes. Subsea

equipment, for instance, are being built and it is just a matter of time until we become exporters. It means that we have price, term and quality” assessed Magda. In total, 28 drilling rigs are being built, six of them in Pernambuco, seven in Bahia, six in Espirito Santo and Rio de Janeiro and three in Rio Grande do Sul. On the other hand, João Carlos de Luca from IBP highlighted that the oil and gas industry currently faces problems in several segments. “I see a big paradox in this issue: we have a spectacular reserve potential in the pre-salt

to be developed, with an extraordinary level of committed investments, but even so the sector is not going well”, he said. For the director of Rolls-Royce, Paulo Rolim, the ANP resolution on local content is an essential instrument to allow the continuity of the growth for the Brazilian economy, however, the executive reminds that there still much to do, such as a new adequacy in the percentages that are currently imposed. “Delivering local content established within the standards for two ships is quite simple, but what about ten?

Tax system becomes an obstacle Improvement is the key-word of the sector when discussing the taxation system applied in the country, says sectorial analysts, but they also emphasize that Brazil is a young market capable of overcoming challenges. According to the vice-president of Institutional Affairs of the Norwegian company Statoil, Mauro Andrade, Brazil needs to build a tax system that is both more simple and clear if the country wants to stay attractive and competitive. “Only this year, there are nearly 30 rounds of new concluded or ongoing areas in the whole world attracting the attention of investors, such as Mexico and some African states”, he said. 30 MACAÉ OFFSHORE

IBP’s Tax Committee Coordinator, Daniele Tavares said that Brazil has 27 states and more than five thousand cities with their own laws, which makes the business environment extremely complex. Daniele addressed the application of taxes such as PIS/COFINS and additional risks to the sector caused, for example, by legislative changes, different interpretation of the laws and creation of new rates by states and cities. “It is a challenging environment, but the sector is on a constant dialogue with authorities to solve such issues”, she said. According to the president of Petróleo Pré-Sal SA (PPSA), Oswaldo Pedrosa, PPSA has an extremely important task in the pre-salt, but reminded that the area is of enormous complexity. Still according

to him, it is required to join accelerated development with the generation of cash and supply in competitive bases. The general manager of Petrobras’ Foreign Affairs and Strategic Tax Assessment, Marcio Branco, stood for the progress in the discussions concerning taxation on payments for chartering services hired by operators. The Brazilian Internal Revenue Service changed the interpretation on the subject and does not consider anymore the entry of offshore equipment in the country as chartering, treating them instead as hiring of services. With the change, tax levy will be of 46% of the value invested in the hiring. “We need to face this and other issues in order to maintain competitiveness”, he said.


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Tequila in the brazilian feijoada Changes in Mexico may steal the attention of foreign companies that are about to give up or have already given up waiting for new bidding rounds in Brazil or even lost trust in the internal market

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f Brazil was once the apple of the eye for the main American and European companies at the long-term following the announcement in 2005 of the pre-salt, Mexico has been “spicing” the oil and gas sector as the main route of investments for the major market players. In 2013, the Mexican government in an attempt to revert the drop in the local oil production announced a plan to allow private foreign investors to participate in bids to explore areas with oil and gas reserves as soon as 2015 begins. With the opening, foreign oil companies will be able to invest in the country for the very first time in almost eight decades. The first projects to be offered since the nationalization of the industry in 1938 will include areas in deep and shallow waters, in addition to onshore reserves, heavy oil deposits, matured fields and nonconventional reserves, such as the ones of shale gas, according to the Mexican authorities. “We want to act with quickness but also with efficiency in order to contain the decline in the production that has affected us since 2004”, said the minister of Energy, Pedro Joaquín Coldwell, at the time. The Mexican government designed 109 blocks for the first bidding where it is expected investments of around US$ 50 billion in the next four years, including eventual partnerships with Pemex. In order to contain the advance of the foreign appetite in new territories such as Colombia and mainly in Mexico, the Brazilian government, represented by its secretary of Petroleum, Natural Gas and Renewable Fuels of the Ministry of Mines and Energy (MME), Marco Antonio Almeida, announced the execution of the 13th Bidding Round of the National Agency

of Petroleum, Natural Gas and Biofuel (ANP) for the first semester of 2015. According to the secretary, the areas to be offered are still undergoing assessment by the MME and ANP before being finally approved by the National Council of Energetic Policy (CNPE). The last round was held in November last year. At the occasion 240 blocks were offered resulting in R$ 165.196 million in investments. Back in May, the 11th Bidding Round of oil exploration blocks collected R$ 2.82 billion as Subscription Bonus. At the time, 142 of the 289 offered blocks were auctioned. Chambriard said that the Agency is focused on the assessment of environmental and geological studies of the Brazilian eastern border, an area that extends from the State of Rio Grande do Sul to Rio de Janeiro. According to her, the first assessments were positive and ANP is now working to include this boundary in the 13th Round, expected for the first semester of 2015. “We have been working with this 13th Round for quite some time. We already submitted the areas for study by the Ministry of Mines and Energy. The Round is absolutely necessary because the potential of the country goes far beyond the areas already tendered”. President of the Brazilian Institute of Petroleum, Gas and Biofuels (IBP), João Carlos de Luca, the rounds move the oil and gas sector and it was a claim of the industry, which asks for a fixed calendar of auctions. In response to the president of IBP, Marco Martins Almeida observed that the execution of a round per year is not necessarily the ideal for the Country and also informed that in the first semester of the next year it will occur the first auction of gas pipelines granted to the private initiative.

Brazil still showing up in the radar Brazil is still a good opportunity, but not the only one, those were the words of Shell’s vice-president of new business for the Americas, Jorge Santos Silva. According to him, there are new opportunities in the Americas, including Brazil, but also in Mexico. At the occasion, the executive also mentioned the opportunities in the United States and in the African continent, among others. Shell is partner of Petrobras in the development of the giant field of Libra, in the pre-salt of the Santos Basin. The Anglo-Dutch oil company has 20% of ownership in the enterprise. To make Brazil competitive in investments in the global level, it is required that the local oil industry also becomes competitive. “Oil and gas companies are facing restrictions to their investment capacity. And the main reason is because the increase of investments in the exploration area was not translated into appropriate returns, and also because investments in exploration had a significant growth in costs”, remarked Silva. Shell’s Executive Vice President, Mark Shuster, said that the discovery of the presalt may place Brazil in the position of the largest producer of oil in the world and reshape the entire global geopolitics. The executive attended, on Monday (15th), to a conference that closed the first day of Rio Oil & Gas. At the occasion, the main transformations in the energy sector and their consequences in the planet were discussed. According to Shuster, the opening of markets in Mexico and the revolution of shale gas in the United States are some MACAÉ OFFSHORE 31


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of the determining factors that also affect the global geopolitics. “Our industry is global and deals with many actors. We live in a free market environment, where competitiveness is constant. If the right decision are not made, Brazil will be run over. For such reason, it is fundamental that industry and government work together in this moment”. Rolls-Royce – company specialized in the development of turbines that generate energy to offshore platforms responsible for nearly 40% of the whole oil and gas produced in the Country – believes in Brazilian potential. In an interview to Macaé Offshore, the managing director of the Company’s Maritime Division, Paulo Rolim, said that the key-word to Brazil overcome challenges is to undergo Research, Development and Innovation.

GE Oil & Gas, which has great interest in investing in this market that is presenting itself as highly competitive in terms of infrastructure and workforce, in addition of being close to other relevant markets. Still according to GE, for the next years the company intends to reinforce its presence in Mexico as a solid and reliable partner for integrated infrastructure solutions. More than US$ 20 million were invested in the expansion of GE’s local capacities, which today is composed by a team with more than 2,000 engineers based in Monterrey.

In 2014, the company announced the installation of an offshore unit in Duque de Caxias, Rio de Janeiro, with investments of R$ 80 million. The site will assemble and test large propellers for semisubmersible platforms, drill ships and other offshore vessel of high complexity.

“The company is also signing agreements with public and private universities seeking the continuous development of the education. Additionally, GE signed a collaboration agreement with the Mexican Institute of Petroleum and the company Petróleos Mexicanos (PEMEX) to research and develop technologies and products for deep and ultradeep waters, as well as to collaborate with the modernization of the energy infrastructure in Mexico”, informed the company to Macaé Offshore.

Interviewed by Macaé Offshore, GE Oil & Gas said that Mexico was the first country in Latin America where the company established operations in 1896, and where the company installed its first factory in Latin America in the State of Nuevo Leon, in 1929. Today, all main business of GE have operations in Mexico, including

In Brazil, GE Oil & Gas has dedicated important investments to support strategic partners and clients in onshore and offshores exploration, including the supply of high technology equipment such as turbomachinery and flexible pipes. One of the most representative works in this moment is the opening

of the fifth unit of GE’s Global Research Center in Rio de Janeiro (RJ). With investments of R$ 500 million and inauguration scheduled to the second semester of 2014, the Center will have a significant portion of its works focused on the research of new oil exploration technologies. However, other strategic areas for GE’s operations in Brazil and Latin America are also part of the working scope of the unit. To the president of PPSA – statecontrolled company that will manage the share agreements of the pre-salt – Oswaldo Pedrosa, Brazil, with a potential of oil recoverable volume of 106 billion barrels in the pre-salt, is the world leader of discoveries in the last ten years. Still according to him, such volume represents 88% of the total recoverable resources, the highest index among the main producers. In Saudi Arabia, the potential of reserves intended for production is of 75%. In the United States it is 50% and Russia 65%. The executive also reminded that the production in the Brazilian pre-salt already exceeds 550 thousand daily barrels. The estimation is that, by 2020, this number surpasses 4 million barrels per day. To Pedrosa, this is a clear sign of presalt attractiveness. “It shows the big potential of development for the Brazilian petroleum industry”, he said.

RJ starts structuration of subsea cluster To boost gaps and create an identification of opportunities in the oil and gas sector, the Industry Federation of Rio de Janeiro (Firjan), in partnership with the National Organization of the Petroleum Industry (Onip) and with the Ministry of Development, Industry and Commerce (MDIC) recently launched the project of structuration of the Subsea Cluster in the State of Rio de Janeiro. The Subsea Cluster gathers companies that are already based in the State and working as

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suppliers in this area, in addition to attract more entrepreneurs to install themselves in Rio de Janeiro. Among the equipment from the sector there are Wet Christmas Trees, Wellheads, Manifolds (connection systems), Umbilical and Flexible Lines. The launch of the project is of great importance to the national scenario, especially with the forecast from the International Energy Agency (IEA) that by 2020 nearly 44% of all subsea equipment in the world will be located in Brazil.

Today, 35 companies from this segment are installed in the State. The main purpose of the initiative is to attract investment and providers of services and subsea equipment to base themselves in Rio, with focus on the technological sub-suppliers chain, thus increasing the local content of such equipment. Additionally, the integration of the chain will allow a higher interaction between possible sub-suppliers with aims at ensuring compliance with the local demand and replace part of the imported parts and equipment. 


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ENTREVISTA

Flávio Rodrigues Diretor de Relações com o Governo e Assuntos Regulatórios da Shell Brasil

Por Rodrigo Leitão

Parte integrante do consórcio que conduzirá as atividades de exploração e produção do pré-sal do campo de Libra, o primeiro a ser executado sob o regime de partilha de produção, a Shell se apresenta como uma das operadoras que mais vem apostando na indústria de E&P offshore no Brasil. De fato, fora os investimentos em Libra, a empresa vem desenvolvendo com sucesso no

MacaÉ Offshore - O segundo poço de exploração do campo de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, começa a ser perfurado este mês. Como a companhia vem contribuindo para essa fase exploratória? Flávio Rodrigues - Libra é um projeto desafiador tanto por seu tamanho e complexidade quanto por seu ineditismo. Explorar em áreas com estas características requer inovação e tecnologias muito avançadas, e a Shell fica satisfeita por contribuir com a operadora Petrobras e demais parceiras com profissionais, tecnologia e experiência que acumulamos em outras 34 MACAÉ OFFSHORE

Parque das Conchas e, também, a retomada dos trabalhos nos campos de Bijupirá e Salema. Flávio Rodrigues é O diretor de Relações com o Governo e Assuntos Regulatórios da Shell Brasil e ele falou com a Macaé Offshore sobre esses e outros assuntos, como conteúdo local e desafios tecnológicos para o mercado offshore. Confira:

áreas complexas – ao redor do mundo e no Brasil. A alta capacidade técnica e os esforços coletivos deste consórcio nos levaram à perfuração do primeiro poço com menos de dez meses de contrato – o que é uma marca admirável, sobretudo considerando os desafios técnicos do campo de Libra. M.O - O governo brasileiro realizará a 13ª rodada de licitações de áreas exploratórias de petróleo no primeiro semestre de 2015. Para a Shell, qual a importância dessa retomada de leilões após um ano de indústria estagnada?

F.R. - A Shell vê com muita satisfação a retomada de licitações no setor. A companhia sempre tem interesse em analisar as propostas e a cada vez coloca uma equipe dedicada a estudar o que está sendo oferecido. A experiência da Shell no Brasil tem sido bastante bem-sucedida no relacionamento com o governo, agências reguladoras e demais empresas parceiras. A 13ª rodada será estudada com base neste histórico positivo. M.O - Novos mercados como o México e a Colômbia vêm se destacando entre os principais players com grandes


entrevista

reservas em potenciais e a facilidade pela logística entre empresas americanas e europeias. Qual a opinião da Shell sobre estas áreas? Há perspectiva de entrar nesses novos mercados? F.R. - A Shell sempre analisa as oportunidades e tem interesse em participar de novos mercados que sejam atrativos e que proporcionem condições de negócio competitivas. M.O - Os desafios do Brasil para a próxima década são variados. Passa por tecnologia, inovação até conteúdo local. Quais os maiores desafios que a Shell encontra no Brasil atualmente em relação ao desenvolvimento na indústria offshore? Como tornar o Brasil mais competitivo? F.R. - A atuação da Shell no país é exitosa e a companhia está bastante satisfeita com suas atividades por aqui. No entanto, o setor energético mundial tem enfrentado alguma restrição nos investimentos porque os altos custos de exploração não têm apresentado retornos na mesma proporção. Ao mesmo tempo, há todas as novas oportunidades no México, Argentina, Estados Unidos e África, que geram uma competitividade positiva entre os países. Neste contexto, pode ser interessante para o Brasil rever algumas de suas políticas para manter a atratividade para investimentos estrangeiros. A Shell é favorável à utilização de conteúdo local não apenas no Brasil, mas em outros países em que atua. A companhia é uma grande compradora de bens e serviços e busca incentivar o desenvolvimento competitivo e sustentável da cadeia de fornecimento nos mercados em que se faz presente, contratando fornecedores locais que sejam competitivos em qualidade, prazo e custo. A cadeia de suprimentos responde por cerca de 36% do total de um projeto, o que revela a grande

oportunidade que fornecedores locais têm em mãos. No Brasil, indústria e governo têm se esforçado para desenvolver a cadeia local de suprimento. Naturalmente, esta não é uma tarefa simples, pois a indústria de óleo e gás é muito extensa e complexa. Por isso, a Shell se entusiasma com os avanços já conquistados, mas avalia que é preciso manter os esforços no desenvolvimento desta cadeia para que ela seja competitiva não apenas no Brasil, mas também a nível mundial. Por fim, é interessante pensar no papel que os investidores estrangeiros assumem no mercado. Originalmente, as parcerias eram fundamentais para dividir custos e riscos, mas à medida que os reservatórios vão se tornando mais complexos e profundos, fica evidente que a pluralidade de atores no mercado é importante também para compartilhar tecnologia, experiência e capacidade produtiva.

fundamental desta marca alcançada. O plano aprovado pela ANP consiste, em grande parte, de uma atualização para incluir o trabalho já realizado no bloco. Em agosto, a Shell concluiu a perfuração de poços da Fase 3 do desenvolvimento do Parque das Conchas, junto às sócias Qatar Petrolium (23%) e ONGC (27%). Foram perfurados sete poços, sendo cinco produtores e dois injetores de água, que devem entrar em produção em 2016. No seu auge, esta fase poderá produzir até 30 mil barris de óleo equivalente por dia (boe/dia). Desde que foi iniciada sua produção em 2009, o projeto do Parque das Conchas já entregou mais de 70 milhões de boe. 

M.O - A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) aprovou um plano da Shell para o redesenvolvimento dos campos de Bijupirá e Salema, na Bacia de Campos. Qual o plano da Shell nesses campos e nos Parque das Conchas? F.R. - Em junho, a Shell atingiu seu ápice de produção no país em anos, com um volume total de 96.000 barris de óleo equivalente. Esta é uma performance muito positiva, que evidencia a grande capacidade destes campos. O objetivo do plano de redesenvolvimento de Bijupirá e Salema foi otimizar a capacidade destes ativos, que produzem desde 2003 e que foram parte MACAÉ OFFSHORE 35


INTERVIEW

Flávio Rodrigues Director of Relations with the Government and Regulatory Affairs of Shell Brazil

By Rodrigo Leitão

Member of the consortium that will carry out the exploration and production activities in the pre-salt of the Libra field, the first to be executed under the production share regime – introduces itself as one of the operators driving more investments in the Brazilian offshore E&P industry. In fact, in addition to the investments in Libra, the company has

MACAÉ OFFSHORE – The second exploration well in the Libra field, pre-salt of Santos Basin, is scheduled to start drilling this month. How is the company contributing to this exploration step? FLÁVIO RODRIGUES – Libra is a challenging project due to its size, complexity and uniqueness. Exploration in areas with these characteristics requires innovation and highly advanced technologies. Shell is pleased to help the operator Petrobras and other partnerships with professionals with both technology and experience that we gathered in several complex areas throughout the world and in Brazil. 36 MACAÉ OFFSHORE

been successful in Parque das Conchas, not to mention the retake of works in the Bijupirá and Salema fields. Flávio Rodrigues is the Director of Affairs with the Government and Regulatory Affairs of Shell Brazil, he talked to Macaé Offshore about these and other subjects, such as local content and technological challenges for the offshore market. Check it out:

The high technical capacity and collective efforts of this consortium led us to the drilling of the first well with less than ten contract months – which is an admirable milestone, especially if we consider the technical challenges of the Libra field.

M.O. – The Brazilian government will hold the 13th bid round of exploratory oil areas in the first half of 2015. To Shell, what is the importance of this retake of auctions after a whole year of stagnated industry? F.R. – Shell is very satisfied to see the retake of bidding rounds in the sector. The company has always shown interest in analyzing proposals and

is always willing to deploy a dedicated team to study what is currently being offered. Shell’s experience in Brazil has been very successful in the relationship with the government, regulatory agencies and other partners. The 13th round will be studied based on this positive history.

M.O. – New markets such as Mexico and Colombia are figuring among the main players with huge potential reserves and due to their facility to focus on logistic with American and European companies. What is the opinion of Shell about those areas? Is there any perspective of entering in such new markets?


INTERVIEW

F.R. – Shell always analyzes opportunities and is interested in taking part of new markets both attractive and providing competitive business conditions.

M.O. – The Brazilian challenges for the next decade are many, from technology and innovation to local content. What are the challenges Shell currently faces in Brazil concerning the development in the offshore industry? How to make Brazil a more competitive market? F.R. – Shell’s operation in the country is successful and the company is well satisfied with its activities here. However, the world energy sector has faced some restriction in the investment as the high costs with exploration are not showing profits in the same proportion. At the same time, there are all new opportunities in Mexico, Argentina, United States and Africa, generating a positive competitiveness among countries. In this context, it may be interest to Brazil to review some of the local policies in order to keep the attractiveness for foreign investments. Shell favors the utilization of local content not only in Brazil, but also in other countries where Shell operates. The company is a major purchaser of

goods and services and seeks to stimulate the competitive and sustainable development of the supply chain in the markets where it is located, hiring local suppliers that are competitive in quality, term and cost. The supply chain answers for 36% of a project total, which shows the great opportunity local suppliers have in their hands. In Brazil, industry and government are sparing no efforts to develop the local supply chain. Naturally, this is no easy task, as the oil and gas industry is too extensive and complex. For this reason, Shell takes pride in the progress already achieved, but the company also knows that it is necessary to maintain the efforts in the development of this chain in order to keep it competitive not only in Brazil, but also at a global level. Finally, it is interesting to think on the role foreign investors play in the market. Originally, partnerships were fundamental to divide costs and risks, but as reservoirs are becoming more complex and deep, it is clear that the plurality of actors in the market is important to share technology, experience and productive capacity.

M.O. – ANP (National Agency of Petroleum, Natural Gas and Biofuels) approved a plan by Shell

for the development of the Bijupirá and Salema fields in the Campos Basin. What are Shell’s plans in those two fields and in the Parque das Conchas (Seashells’ Park)? F.R. – In June, Shell reached its peak of production in country with a total volume of 96000 barrels of oil equivalent. This is a very positive performance, which confirms the great capacity of those fields. The goal of the redevelopment plan for Bijupirá and Salema was to optimize the capacity of such assets, which are in production since 2003 and that were a fundamental part of the milestone just reached. The plan approved by ANP mostly deals with an update to include the work already made in the block. In August, Shell finished the drilling of Stage 3 wells concerning the development of the Parque das Conchas, together with partners Qatar Petroleum (23%) and ONGC (27%). Seven wells were drilled, being five production wells and two water injection wells, which are expected to start production in 2016. In its apex, this stage may produce up to 30 thousand barrels of oil equivalent per day (boe/day). Since the start of its production in 2009, the project of the Seashell’s Park already delivered more than 70 million boe. 

MACAÉ OFFSHORE 37


FORMAÇÃO EM FOCO

Os desafios da nova geração de líderes Por Andrea Dalmaso*

A

nova geração de líderes que vem se desenvolvendo nas empresas do setor de Oil & Gas no Brasil advinda da

no momento de atrair, treinar, desen-

Acompanhar sua equipe e direcioná-

volver, motivar e reter as pessoas certas

-la constantemente para as competên-

para cada posição; bem como os gran-

cias e comportamentos valorizados pela

Geração X de profissionais, tem en-

des talentos que garantirão o sucesso e

empresa, pois o feedback é um processo

o crescimento sustentável das empresas.

contínuo, que deve ser dado no dia a dia

Dentro das ações tomadas por essa nova

do colaborador;

contrado um cenário onde além dos antigos desafios que uma posição de liderança enfrenta, novos desafios surgem para movimentar aqueles que pensavam já saber liderar. Devido a fatores de mercado já conhecidos; como aumento do número de empresas globais, avanço de novas tecnologias de comunicação e maior acesso à in-

geração de líderes é possível citar algumas das mais bem sucedidas e que são praticadas amplamente na atualidade. A partir da observação das seguintes atitudes podemos compreender o crescimento da busca de líderes com essa nova postura pelas companhias:

formação; os gestores atuais precisam

Desenvolver competências de gestão

aprender a gerenciar profissionais cada

visando garantir a sustentabilidade do ne-

vez mais qualificados e atualizados tan-

gócio;

to nas áreas de operações quanto nas áreas de gestão.

Acreditar no desenvolvimento de pessoas;

Para isso, não basta apenas possuir as competências requeridas atualmente pelas empresas. Foco em resultados, trabalho em equipe, flexibilidade, análise e

Discutir o desempenho com o colaborador em comparação ao que era esperado para seu cargo, identificando competências já desenvolvidas, eventuais gaps e ações individuais de melhoria; Alinhar expectativas e papéis; Estar aberto a renegociação; Exercitar confiança e transparência; Falar de Carreira e indicar os caminhos para o autodesenvolvimento;

Reconhecer, reter e preparar talentos

Identificar e preparar talentos para po-

internos para necessidades futuras antes

sições-chave de difícil reposição imediata,

de buscar profissionais no mercado.

com alto grau de valor agregado e que exigem longo período de formação;

solução de problemas, inteligência emo-

Avaliar o potencial do profissional ba-

cional, inovação, orientação estratégica, li-

seado no mapeamento das competên-

derança e tomada de decisão são carac-

Identificar e preparar profissionais

cias do profissional avaliado em compa-

terísticas comportamentais já esperadas.

para posições de reforço relacionadas a

ração às competências necessárias ao

Os gestores devem agora tomar atitudes

essas posições-chave;

cargo e o desempenho entregue frente

geradas a partir de uma nova postura: a

às competências da empresa, com foco

de parceria com a companhia em que trabalham. Essa nova forma de atuação dos líderes vem se mostrando muito mais eficaz

em desenvolvimento;

Ter comprometimento e buscar o apoio da alta Direção;

Consolidar a cultura de gestão do de-

Aproveitar efetivamente os talentos

sempenho e feedback, para acelerar o

e/ou sucessores preparados para as key

desenvolvimento de sucessores;

positions.

*Andrea Dalmaso é consultora de Recursos Humanos pós-graduada (Executive MBA) na University of California/Irvine. Possui Especialização em Leadership and Team Management pela FGV e Extensão em International Business Management pela UFRJ

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formation in focus

The challenges of a new generation of leaders * By Andrea Dalmaso

T

he new generation of leaders arising from companies of the Brazilian Oil & Gas sector and from the X Generation of professionals, has found a scenario where in addition to the old challenges faced by the usual leadership position, new challenges have appeared to shake those who think they knew how to lead. Due to already known market factors, such as the increase in the number of global companies, development of new communication technologies and larger access to information, the managers of today must learn how to manage increasingly qualified and updated professionals, both in the operation and management fields. To do so, it takes more than just having the currently competences required by companies. Focus on results, team work, flexibility, analysis and solution of problems (troubleshooting), emotional intelligence, innovation, strategic orientation, leadership and decision making are some of the expected behavioral characteristics. Managers must now adopt attitudes generated from a new posture: partnership with the company where they work. This new way of acting from leaders has become a much more efficient way of attracting, training, developing, motivating and retaining the right people for each

position; as well as the major talents that will ensure the success and sustainable growth of the companies. Among the actions taken by this new generation of leaders we listed some of the most successful ones, which are also being widely practiced today. From the observation of the following attitudes we can understand the increase in the search for leaders with this new posture by companies: Develop management competences seeking to ensure the business sustainability; Believe in the development of people; Recognize, retain and prepare inside talents for future needs before seeking professionals in the market. Assess the potential of the professionals based on the comparison of their competences against the competences required for the position and the performance delivered with focus on development; Consolidate the feedback and performance management culture to speed up development of successors; Monitor his/her team and constantly guide it towards the

competences and behaviors valued by the company, as feedback is a continuous processes that must be provided on a daily basis to the collaborator; Discuss the performance with the collaborator concerning what is expected from him/her, identifying competences already developed, eventual gaps and individual improvement actions; Align expectations and roles; Be opened to renegotiation; Exercise trust and transparence; Speak of Career and find ways to self-development; Identify and prepare talents to take key-positions that are hard to replace quickly, with a high degree of added value and that require extensive qualification time; Identify and prepare professionals to take support positions related to those key-positions; Be committed and seek the support of the High Management; Take full advantage of talents and/or successors prepared to take key-positions.

* Andrea Dalmaso is a Human Resources Advisor with postgraduation (Executive MBA) by the University of California/Irvine. She has a Specialization in Leadership and Team Management by FGV and Extension in International Business Management by UFRJ.

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Por dentro do mercado

A nova roupa do rei Por Celso Vianna Cardoso*

E

sta fábula escrita pelo dinamarquês Hans Christian Andersen publicada inicialmente em 1837 conta a história de um farsante que se fez passar por um grande alfaiate de terras distantes que prometeu ao rei uma roupa tão bonita e cara mas que apenas as pessoas mais inteligentes do reino poderiam vê-la. A vaidade do rei fez com que pedisse ao farsante que produzisse uma roupa dessas para ele. Deu ordem para que nada faltasse ao “alfaiate” e logo ele receberia baús cheios de riquezas, rolos de linha de ouro e os panos exóticos que exigia para costurar a roupa. Espertamente guardou todos os tesouros e sentou-se em seu tear fingindo que costurava com fios invisíveis e que todos alegavam ver temendo parecerem estúpidos. Um dia o rei cansou de esperar e foi pessoalmente verificar o “progresso” do trabalho do suposto alfaiate. Embora deparado com uma mesa vazia, exclamou: - “Que lindas vestes! Você fez um trabalho magnífico!” temendo admitir junto aos súditos que não seria inteligente o suficiente. Pelo mesmo motivo todos os nobres ao redor soltaram falsos suspiros de admiração pelo trabalho. O bandido garantiu que as roupas logo estariam completas e o rei marcou um grande desfile. No dia do desfile o rei apareceu completamente nu para espanto dos seus súditos que, para não

parecerem estúpidos, elogiavam as vestes que não existiam até que uma criança no alto de sua inocência gritou: - O Rei está nu! Recentemente contei essa fábula para minha filha ao colocá-la para dormir e por associação de ideias tracei um paralelo entre a hisstória e a Petrobrás. Durante o período entre 1990 e 2010, Petrobrás e Vale do Rio de Doce (VALE3 e VALE5) figuravam entre as ações mais negociadas chegando a alcançar juntas quase 30% de participação no índice BOVESPA enquanto que hoje somam 21%. A Petrobrás PN (PETR4), as mais negociadas, já marcaram 15% contra os 7,8% atuais de participação no IBOVESPA que hoje é liderado pelas ações do banco Itaú. Em novembro de 2012 a AMBEV assumiu a posição de empresa mais valiosa da América Latina superando em mais de R$1 bilhão o valor de mercado da estatal que perdia o posto pela primeira vez desde a capitalização em 2010. Por falar em capitalização, o megainvestidor George Soros se desfez de toda a sua posição, que montava em 36,8 milhões de ações da estatal, devido às incertezas geradas pela queda de 20% no valor das ações entre janeiro e junho do mesmo ano. No ano de 2011 vimos o setor de abastecimento da Petrobrás registrar

seguidos prejuízos devido a falta de política de reajuste de preço do combustível alinhando-o ao mercado internacional. Ato contínuo, a estatal vem perdendo valor de mercado e assustando investidores. E por falar em assustar investidores, o escândalo de Pasadena segue sem explicações convincentes sejam elas oficiais ou especulativas, isso sem mencionar as incertezas do pré-sal, da investigação do TCU sobre as suspeitas de superfaturamento da refinaria de Abreu e Lima e das delações do ex-diretor de abastecimento e refino Paulo Roberto Costa. Todos esses fatos ajudaram a “desconstruir” a imagem da Petrobrás junto aos investidores deixando a estatal trajando as mesmas vestes do rei da fábula. Agora só falta o personagem que vai gritar: - A Petrobrás está nua!

Já na OGX... Eike Batista vai acumulando processos, onde se destaca aquele movido pelo Ministério Público Federal de São Paulo que o acusa de ter causado um prejuízo de R$14 bilhões aos investidores da OGX, que também denunciou o empresário por formação de quadrilha, falsidade ideológica e indução dos investidores ao erro. 

*Celso Vianna Cardoso é analista de sistemas formado pela PUC-RJ e MBA em Gestão de Negócios pelo IBMEC. É co-autor do livro “Análise Técnica Clássica”, lançado pela Editora Saraiva em 2010, e diretor de Novos Negócios da Inove Investimentos.

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inside the market

The Emperor’s New Clothes * By Celso Vianna Cardoso

T

his fairy tale was written by the Danish author Hans Christian Andersen and published for the very first time in 1837. It tells the story of two swindlers claiming to be great tailors from distant lands promising to present the local vain king with the finest and expensive suit of clothes made from a fabric that only the most intelligent and worthy individuals of the kingdom could see it. The vain king soon ordered that everything was to be made available for the “tailors”, who would later receive chests full of wealth, golden sewing threads and the most exotic cloths required to finish the attire. The clever swindlers quickly stashed away the treasures and sat on their loom pretending to be working with invisible threads. All observers falsely claimed to be seeing the fabric as they feared to look stupid. One day the king was tired of waiting and personally attended the “progress” of the work of the alleged tailors. Even after checking an empty table, he said: - “What beautiful clothes! You made a magnificent work!” as he feared to admit in front of his servants that he was not intelligent enough to see it. For the same reason all nobles around were astonished after pretending to see that masterpiece. The swindlers assured that the clothes would soon be finished and the king decided to make a big parade. At the day of the procession the king marched completely naked to

the surprise and shock of his subjects, but to avoid looking stupid, they complemented the quality of the invisible clothes until a child too young and too innocent to keep up with the pretense cried out “The emperor isn’t wearing anything at all!” A few days ago I told this fable to my daughter before sleep and after comparing situations I traced a parallel between this story and Petrobras. During the period from 1990 to 2010, Petrobras and Vale do Rio Doce (VALE3 and VALE5) ranked among the most negotiated stocks and reached together nearly 30% of interest in the BOVESPA index. Today they sum 21%. Petrobras PN (PETR4), the most negotiated ones, once reached 15% against the current 7.8% of interest in the BOVESPA index, which today is led by stocks from Banco Itaú. On November 2012, AMBEV took the position of the most valuable company of Latin America surpassing in more than R$1 billion the market value of Petrobras, the latter lost its title for the very first time since the capitalization in 2010. And speaking of capitalization, the megainvestor George Soros decided to sell his share, which summed 36.8 million stocks from Petrobras, due to the uncertainties caused by the drop of 20% in the stocks value between January and June of the same year. In the year of 2011, we saw Petrobras supply sector record several

losses due to the lack of fuel price adjustment policy that would serve to align the price with the international market. This fact still persists, and the company is keeping on losing market value and scaring investors away. About scaring investors, the scandal of Pasadena still lacks any convincing explanations, either official or just speculative, not to mention the pre-salt uncertainties, the investigation by the Brazilian Federal Court of Accounts on the overpricing claims involving the Abreu e Lima refinery, as well as the denouncements from the former supply and refinement director Paulo Roberto Costa. All such facts managed to “unclothe” Petrobras’ image before investors, leaving the company in the same situation of the king in the fable. Now it just a matter of time until someone shouts: “Petrobras isn’t wearing anything at all!”

Moving to OGX... Eike Batista is amassing against itself an ever growing number of legal suits, being the most spotlighted one the case filed by the Federal Prosecutor’s Office of the State of Sao Paulo, which accuses Mr. Batista of causing a loss of R$ 14 billion to OGX’s investors, said Office also accuses the businessman of racketeering, misrepresentation and of misleading investors.

* Celso Vianna Cardoso is a system analyst graduated by PUC-RJ and MBA in Business Administration Management by IBMEC. Co-author of the book “Análise Técnica Clássica”(Classic Technical Analysis), released by Editora Saraiva in 2010 and New Business Director of Inove Investimentos.

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desTAQUE jurídico

Escoamento de gás natural: uma oportunidade Por Maria d´Assunção Costa *

A

Lei do Gás (Lei 11.9099 /2009) introduziu no cenário normativo uma definição para o gasoduto de escoamento, fato que não estava previsto na Lei do Petróleo (Lei 9.478/1997). Diferentemente do gasoduto de transferência considerado de interesse específico e exclusivo do proprietário, a definição de gasoduto de escoamento da produção estabelece como dutos integrantes das instalações de produção destinados à movimentação de gás desde os poços produtores até as instalações de processamento e tratamento ou unidades de liquefação.

mercado de gás natural de médio e curto prazos. Assim, está legalmente descrito o gasoduto: i) de transporte, onde se movimenta gás já processado cujo regime de exploração é a concessão, ii) de transferência de uso do proprietário, estando ou não processado em regime de autorização e, iii) o de escoamento onde circula o gás in natura retirado do poço produtor e movimentado até uma unidade de processamento ou terminal de gás liquefeito, também em regime de autorização.

Embora todos os gasodutos movimentem gás, há diferenciação entre duto de transporte, de transferência e de escoamento pela sua função (independentemente da característica técnica) configurando espécies diversas do gênero gasoduto. A escolha do legislador das leis do gás e do petróleo foi a de não definir nenhum dos gasodutos pelas suas características técnicas ou geográficas, mas apenas pela finalidade e pelo regime jurídico.

A Lei do Gás previu no art. 45 que os dutos de escoamento não estão obrigados a permitir o acesso de terceiros, ou seja, podem ser de uso exclusivo dos agentes que os viabilizarem. Em suma, as características desses dutos de escoamento fazem concluir que se explora uma atividade econômica própria, vez que essa instalação nem consta nas definições expressas na Lei 9.847/1999, em que se declaram de utilidade pública algumas das atividades da indústria do gás natural.

Daí resulta já um consentimento normativo para que se desenvolvam mecanismos financeiros e contratuais que tornem viável a construção e a operação de gasodutos de escoamento pelos agentes que quiserem explorar essa atividade. Nesse caso, há que reunir a convergência de interesses de produtores e consumidores de gás natural para favorecer o escoamento e, com isso, dar início ao

Logo, a viabilidade desses gasodutos pode ser objeto de diversas engenharias financeiras e contratuais visando ofertar possibilidades de escoamento de gás natural a produtores que não tenham capacidade ou interesse em fazê-lo. A nosso juízo, o fato de esses gasodutos serem explorados em regime de autorização reforça o entendimento de que há espaço para viabilizá-los de forma independente

e, com isso, admitir que os produtores negociem e escoem o gás produzido com os agentes do mercado iniciando um cenário de competência tão esperado pelos usuários industriais. Com os novos arranjos contratuais e financeiros estruturados pelos agentes econômicos para contratar capacidade de escoamento, certamente se desenvolverão os contratos de trocas técnicas (swap) acarretando a competição e a criação do mercado de gás. É fato também que com o mercado implementado se encontrarão melhores preços para o gás natural, o que, certamente, resultará em melhores condições para os consumidores finais, seja a indústria, o comércio, a residência ou o termoelétrico. Modicidade tarifária se realiza fomentando a oferta de produtos. É inegável que a outorga de concessões para exploração de campos de gás (associado ou não), especialmente a 12ª Rodada, vai demandar a realização de estudo preventivo por parte das concessionárias para definir os modos e condições para fazer o escoamento, quando iniciada a fase de produção com as opções legais já estabelecidas de comercializar esse gás para consumidores livres ou para distribuidoras estaduais. Dessa forma, parece-nos inquestionável o fato de que é possível realizar investimentos em dutos de escoamento para oferta de capacidade ao universo de produtores concessionários da União. 

*Maria d´Assunção Costa é advogada, formada pela Universidade São Paulo, Mestre em Direito do Estado pela PUC-SP, Doutora do IEE/USP e Pós-Doutora em Energia pelo IEE/USP em 2013. É autora do livro ‘ comentários à lei do petróleo’ e sócia de Assunção Consultoria.

42 MACAÉ OFFSHORE


Judicial Highlights

Natural gas flowing: an opportunity * By Maria d´Assunção Costa

T

he Gas Act (Act 11909/2009) introduced in the normative scenario a definition for “flowing gas pipeline”, a fact that was not set out in the Petroleum Act (Act 9478/1997). Differently from the transfer gas pipeline considered of specific and exclusive interest of the owner, the definition of production flowing gas pipeline ranges from production wells, processing and treatment facilities to liquefaction units as pipelines that are part of the production facilities intended to transport gas. Although all pipelines transport gas, there is differentiation between transport, transfer and flowing pipelines due to their functions (regardless of technical characteristic) creating several different types of pipelines. The choice of the lawmaker concerning the laws dealing with oil and gas was to avoid defining pipelines by their technical or geographical characteristics, but rather only by their purpose and legal regime. From there comes a normative consent to develop financial and contractual mechanisms to make feasible the construction and operation of flowing gas pipelines by agents willing to explore this activity. In such case, it is necessary to ally interests from producers and consumers of natural gas in order to favor flowing and then, walk the first steps into the natural gas market at short- and medium-term.

Thus, it is legally described the gas pipeline that involves: i) transport, when already processed gas is transported and whose exploration regime is the concession, ii) owner use transfer, either processed or not under authorization regime and, iii) flowing where in natura gas circulates once taken from the production well and transported to a processing unit or liquefied gas terminal, also under authorization regime. The Gas Act set out in article 45 that the flowing pipelines are not obliged to allow access of third parties, i.e., they are exclusive used by the agents that provide them. To sum up, characteristics of those flowing pipelines lead to believe that what is being explored is an owned economic activity, as such facility is not detailed in the definitions found in Act 9847/1999, where it is stated that some the natural gas industry activities are of public utility. Therefore, the feasibility of those gas pipelines may be subject to several financial and contractual engineerings seeking to offer natural gas flowing possibilities to producers without the capacity or interest to do so. In our opinion, the fact that those pipelines are explored under authorization regime strengthens the understanding that there is room to make them feasible in an independent manner and then allow producers to trade and flow

produced gas with market agents, thus starting a competence scenario so eagerly expected by the industrial users. With the new contractual and financial arrangements structured by economical agents aiming at the hiring of flowing capacity, it is just a matter of time until technical exchange (swap) contracts finally arise, leading to a competition and creation of the gas market. It is also a fact that the implemented market will provide better prices for the natural gas, which will certainly result in better conditions for the final consumers, be it the industry, the commerce, the residence or the thermal power station. Low rates as possible by fomenting product offer. It is undeniable that the grant of concessions to explore gas fields (either associated or not), mainly the 12th Round, will demand the execution of a preventive study by concessionaires to set the modes and conditions to perform flowing, once started the production stage with the legal options already established to trade such gas with free consumers or state-controlled distributors. Therefore, it seems unquestionable to us the fact that is possible to perform investments in flowing gas pipelines with the purpose of offering capacity to Brazilian concessionaire producers.

* Maria d´Assunção Costa is a lawyer graduated by USP, doctorate in Energy by IEE/USP, partner of Assunção Consultoria and author of the book “Comments to the Petroleum Act”, published by Editora Atlas.

MACAÉ OFFSHORE 43


CINCO MINUTOS

Hugh Oliver Presidente IADC, capítulo Brasil Divulgação

Por Brunno Braga

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onsiderado como um dos mais promissores mercados no mundo para as empresas de construção de sondas de perfuração, e onde há, atualmente, 64 delas em operação e previsão de acréscimo na frota de mais 33 já contratadas pela Petrobras, o setor offshore brasileiro pode ser considerado animador por parte das grandes empresas deste segmento. E, se de fato, o cenário atual gere boas expectativas, há, também, pontos que merecem atenção. Essa é a análise do presidente da IADC (International Association of Drilling Contractors) no Brasil, Hugh Oliver. Fundada em 1940, com sede em Houston, Texas, e representações em várias partes do mundo, a entidade está há 15 anos em Macaé (RJ). No cargo há um ano, Oliver concedeu entrevista à Macaé Offshore, na qual fala sobre o atual momento para as empresas do setor, conteúdo nacional e sobre as oportunidades e desafios para das perfuradoras.

1 – Que análise o senhor faz do mercado de sondas de perfuração atual? São muitas as oportunidades dentro do setor de óleo e gás no Brasil. O desenvolvimento do pré-sal na Bacia de Santos e em outras áreas mostra que o Brasil tem uma potencialidade enorme para as indústrias do setor que querem e estão vindo investir. Mas, seria melhor se o governo brasileiro fosse mais aberto à entrada de outras operadoras para operar no pré-sal. É bom para o desenvolvimento da cadeia, já que com mais contratantes, maior será a competição por bens e serviços produzidos no País, além do que ela ficará mais bem preparada para atender a vários tipos de clientes de referência internacional. 2 – E, na sua opinião, quais são os desafios? Já passamos da fase da euforia e agora estamos entrando na fase da implementação dos projetos. E os desafios são muitos, a contar com a força de trabalho local. Num ambiente no qual é importante ter uma mão de obra muito qualificada, o Brasil ainda encontra certas limitações. Então, entendo que 44 MACAÉ OFFSHORE

seja necessário investir cada vez mais em qualificação, criando escolas técnicas para atender às empresas, que querem contratar. 3 – E como o senhor observa a questão dos índices de conteúdo local exigidos pelo governo? Com certeza, a infraestrutura é um outro problema a ser enfrentado, pois ela afeta diretamente as operações de construção de sondas. A entrega de um equipamento, por exemplo, que chega via modal marítimo, mas que depois segue via modal rodoviário, precisa ser feito de forma segura e que não danifique a sua estrutura. Isso, e, também, atrasos por conta de problemas logísticos, são potenciais causadores de grandes prejuízos para as empresas e isso é visto com certa frequência, infelizmente. 4 – E como o senhor observa a questão do conteúdo local para construção de sondas no Brasil? A política de conteúdo local é bem polêmica. Do lado da empresa que vai

fabricar uma sonda, essa lei causa certos embaraços, pois o obriga a construir por um preço maior e sujeito a atrasos na entrega, ao contrário do que acontece em outros locais como Cingapura e Coréia, que oferecem um ganho de produtividade maior. Mas, é preciso dizer que o Brasil possui ótimos engenheiros e boas indústrias aqui localizadas. Contudo, é preciso que o País se torne mais competitivo é preciso que se modifique vários itens, principalmente, o sistema tributário brasileiro. 5 – O senhor poderia falar sobre as funções da IADC? A IADC reúne 30 empresas que atuam no setor de perfuração marítima e trabalhamos para desenvolver uma boa interação entre as empresas de sondas de perfuração instaladas no Brasil, num setor onde o networking é muito importante. Desenvolvemos estudos voltados para gerenciamento de riscos e treinamento para que se realizem operações com segurança em conferências que são realizadas aqui no Brasil e em nossa sede nos Estados Unidos. 


FIVE MINUTES

Hugh Oliver President of IADC, chapter Brazil By Brunno Braga

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onsidered one of the most promising markets in the world for drilling rig construction companies, and where 64 of them are now operating, not to mention the forecast to increase the fleet of more than 33 companies already hired by Petrobras, the Brazilian offshore sector can be considered as encouraging by the major companies in this segment. But if the current scenario creates good expectations there are also some items that require attention. This is the analysis of the president of IADC (International Association of Drilling Contractors) in Brazil, Hugh Oliver. Founded in 1940 and based in Houston, Texas, with representations in several regions of globe, this entity completes 15 years in Macaé (RJ). In the position for a year, Oliver gave an interview to Macaé Offshore, in which he talked about the current situation for the companies of the sector, local content and about the opportunities and challenges for drilling companies.

1 – What is your analysis of the current drilling rig market? There are many opportunities in the Brazilian oil and gas sector. Pre-salt development in the Santos Basin and in other areas demonstrates that Brazil has a huge potentiality for industries from the sector willing to invest here. However, it would be best if the Brazilian government was more receptive to the entry of other operators to work in the pre-salt. It is good for the development of the chain, as more contracting parties would mean more competition for goods and services produced in the country, not to mention that it will be more prepared to meet several types of clients of international reference.

2 – And in your opinion, what are the challenges? Euphoria is past us and we are now entering in the project implementation phase. Challenges are many, which include the local workforce. In an environment where it is important to have an extremely qualified workforce, Brazil still faces certain

limitations. Therefore, I understand that it is required to invest more in qualification, technical schools to meet the demands of companies wishing to hire.

3 – How do you see the issue of the local content indexes required by the government? Definitely, infrastructure is another issue that must be tackled, as it directly affects the rig construction operations. Delivery of a piece of equipment, for example, arriving from sea, but that later travels by road, must be done in a safe manner that keeps its structure intact. This, added by delays due to logistical problems, are potential causers of big losses to companies, which is happening with a considerable frequency, unfortunately.

4 – And how do you see the issue of local content for the construction of rigs in Brazil? The local content policy is a polemic one. From the perspective of the

company that is about to manufacture a rig, this Act causes certain problems, as it obliges the company to build for a higher price and subject to delay in deliveries, contrary to what occurs in other locations such as Singapore and Korea, as both offers a higher productivity yield. But I must say Brazil has many great engineers and good industries are located here. However, the Country must become more competitive, several aspects must be changed, mainly, the Brazilian taxation system.

5 – Could you talk about the roles of IADC? IADC gathers 30 companies working in the offshore drilling sector and we work to develop a good interaction between drilling rig companies installed in Brazil, a sector where networking is a top priority. We develop studies focused on the management of risks and training to perform operations with safety, which includes conferences held here in Brazil and in our headquarters in the United States.  MACAÉ OFFSHORE 45


EMPRESAS & NEGÓCIOS

OGPar, que quase foi extinta quando era OGX administrada por Eike Batista, ganha novo fôlego e aposta suas fichas nos poços da Bacia de Campos onde atua em Tubarão Martelo e Tubarão Azul, em produção com a OSX-1 OGPar, nearly extinct when it was known as OGX and managed by Eike Batista, is breathing again and betting its chips in the wells of the Campos Basin, where the company operates in Tubarão Martelo and Tubarão Azul, under production with OSX-1

Divulgação

OGPAR: Ressurgimento Ex-OGX busca corrigir erros do passado rumo à recuperação Por Brunno Braga

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m ano após amargar sérios problemas com campos que prometiam gerar 50 mil barris de petróleo por dia no campo Tubarão Martelo, localizado na Bacia de Campos e que, após o início da produção, constatou-se que o volume a ser extraído seria um terço do previsto, a ex-OGx, hoje OGPar ensaia recuperação, após quase ter tido as suas operações extintas por causa da estrondosa queda nas ações na Bolsa de Valores e por falta de investimentos.

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A primeira grande mudança está no comando. Para substituir Eike Batista, foi alçado ao cargo de CEO o economista Paulo Narcelio, executivo oriundo da varejista Casa & Video. Contando atualmente com um número de funcionários 50% menor e com metas mais realistas, hoje a companhia está mais enxuta e passa por um processo de renovação que começa animar, mesmo que timidamente, investidores e parte de fornecedores.

O primeiro passo se deu após o pedido de recuperação judicial, feito em fevereiro. Depois de um conturbado processo, a empresa conseguiu, em junho, a aprovação de financiamento de US$ 125 milhões de credores, que, em troca, tornaram-se acionistas e, em seis meses, a empresa “Depois do turbilhão que a empresa passou, ela tem retomado, aos poucos, credibilidade. Mas ainda falta muito para que isso se consolide de fato”, disse Guilherme Amaral, analista de petróleo


EMPRESAS & NEGÓCIOS

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da AP Consult. Segundo ele, a empresa busca movimentos mais sólidos e que permitem mais estabilidade. De fato, em setembro a companhia anunciou a Operação FPSO OSX 3, que tem como objetivo ajustar os parâmetros para a continuidade da exploração do campo de Tubarão Martelo de maneira economicamente viável e por maior período. “A conclusão da Operação OSX 3 cumpre uma importante condição precedente para a implementação da reestruturação do Grupo OGX, conforme previsto no Acordo de Suporte ao Plano (Plan Support Agreement) celebrado entre a OGPar e suas afiliadas e a OSX Brasil S.A”, diz a empresa em comunicado. Ainda segundo a OGpar, a operação OSX 3 tem como destaque a redução da taxa do afretamento para uma taxa fixa diária de US$ 250 mil dólares, válida a partir da data em que a embarcação foi entregue. As expectativas é de que a petroleira passe a conectar três novos poços ao OSX-3, o que fará com que essas novas perfurações entrem na fase 2 de desenvolvimento da produção da área.

Ainda em recuperação judicial, a OGPAR concluiu, em setembro, a renegociação do contrato de afretamento da unidade de produção de petróleo FPSO OSX 3, da OSX Brasil Still undergoing court-supervised reorganization, OGPAR finished on September the renegotiation of the charter party concerning the oil production unit FPSO OSX 3, owned by OSX Brasil

nas Bacias do Ceará e Potiguar e no desenvolvimento dos campos de Atlanta e Oliva (localizados no bloco BS-4, na Bacia de Santos - em parceria com QGEP e Barra).

“Sem dúvida, o momento é de correção de rumos para a petroleira. O mercado, no entanto, ainda está um pouco ressabiado e vai acompanhar com cautela todas as ações da companhia”, conclui Amaral.  Dado Galdieri / Bloomberg

Tubarão Martelo produz, atualmente, cerca de 14,5 mil barris diários de petróleo, a partir de quatro poços produtores. A expectativa da empresa é começar, em 2015, a reinjetar água para aumentar a produção do campo. Além de um poço injetor, a companhia espera conectar dois novos poços produtores entre 2015 e 2016. Os poços já estão parcialmente completados (com equipamentos submarinos já instalados). A segunda fase do campo deve produzir, no pico, 22 mil barris diários. Além de Tubarão Martelo, a campanha exploratória da OGpar está agora focada nos blocos conquistados na 11ª rodada de licitações do Brasil, localizados

Paulo Narcélio, presidente da OGPar, tem a difícil tarefa de manter a empresa viva Paulo Narcélio, president of OGPar, faces the difficult task of keeping the company alive

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COMPANIES & BUSINESS

OGPAR: Resurrection Ex-OGX seeks to correct mistakes from the past and pave the way for recovery

By Brunno Braga

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year after suffering with serious problems in fields that promised to generate 50 thousand barrels of oil per day, as in the field of Tubarão Martelo (Hammerhead Shark), located in the Campos Basin and that after starting production it was identified the volume to be extracted would be around one-third of the expected, the former OGX, now OGPar, is currently preparing its recovery, after almost burying its operations due to the monumental drop of stocks in the Stock Exchange and also due to the lack of investments. The first major change is in the command. To replace Eike Batista, the economist and executive from the retailer Casa & Video, Paulo Narcelio was catapulted to the position of CEO. Currently having a 50% lower headcount and facing more realistic goals, the company is now more streamlined and undergoing a renovation process that managed to cheer up, although slightly, investors and suppliers. The first step was made after the petition for a court-supervised reorganization back in February. After a troubled process, the company got, in June, a financing approval of US$ 125 million with creditors that in turn, became

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shareholders and in six months, the company itself. “After the turmoil the company went through, it has retaken credibility, little by little. But there is still much do to turn it into a real consolidation”, said Guilherme Amaral, petroleum advisor from AP Consult. According to him, the company seeks more solid movements to build up more stability. In fact, on September the company announced the Operation FPSO OSX 3, with the purpose of adjusting parameters to continue with the exploration of the Tubarão Martelo field in an economically feasible way for a longer period. “The conclusion of the Operation OSX 3 fulfills an important and precedent condition to implement the reorganization of the OGX Group, as set forth in the Plan Support Agreement signed between OGPar and its affiliates and OSX Brasil S.A”, said the company in a newsletter. Still according to OGpar, the operation OSX 3 is focusing on the reduction of the chartering rates to a fixed daily rate of US$ 250 thousand dollars, valid from the date in which the vessel was delivered. Expectations are that the petroleum company will soon connect three new

wells to OSX-3, allowing these new drillings to enter stage 2 of the area production development. Tubarão Martelo produces, as of now, around 14.5 thousand daily oil barrels from four production wells. Expectations are that the company will start, in 2015, to reinject water to increase field production. In addition to an injection well, the company expects to connect two new production wells between 2015 and 2016. Wells are partially completed (with already installed subsea equipment). The second stage of the field must produce, at its peak, 22 thousand daily barrels. In addition to Tubarão Martelo, OGpar exploratory campaign is now focused on the blocks acquired in the 11th bidding rounds, located in the Ceará and Potiguar Basins and on the development of the Atlanta and Oliva fields (located in block BS-4 at the Santos Basin – in partnership with QGEP and Barra). “Undoubtedly, the moment is to correct the course of the oil company. The market, however, is still a bit suspicious and will observe with cautious all actions of the company”, concluded Amaral. 


rede petro-BC

Empreendimentos garantem novo futuro para Macaé Por Ive Talyuli

Conhecida como a Capital Nacional do Petróleo, Macaé vem recebendo empreendimentos que vão auxiliar ainda mais em seu desenvolvimento econômico. Entre eles estão a construção de uma nova pista no Aeroporto, instalação de um porto seco, implantação do Parque Tecnológico e duplicação da rodovia BR-101. Fruto do empenho de instituições empresariais que atuam no município, tais investimentos vão contribuir para o crescimento das empresas de produtos e serviços, ocasionando um aquecimento do mercado de petróleo, gás e energia e da cidade como um todo. Entre as entidades que apoiam os novos empreendimentos, está a Rede Petro – Bacia de Campos, sempre com o objetivo de fomentar a geração de negócios entre as empresas associadas. “Estamos sempre atentos às novas oportunidades para que possamos nos atualizar e preparar as nossas empresas para as novidades que virão. Através desses investimentos, Macaé se tornará uma cidade com mais infraestrutura e capacidade para atender à demanda existente”, declarou Vitor Silva, um dos coordenadores da Rede Petro-BC. Dentre as melhorias previstas para serem trazidas para o município, podem ser destacadas a construção de uma nova pista no Aeroporto de Macaé, com 1.500 metros de extensão, além de obras de melhorias e aumento da capacidade de pousos e decolagens da pista atual. O Aeroporto contará também com um novo terminal de embarque para os

passageiros, o qual a obra já está em andamento. Outro projeto previsto para ser implantado no Aeroporto, é o chamado porto seco, que incluirá o transporte de cargas e um terminal, onde serão armazenados materiais destinados principalmente a cadeia produtiva de petróleo, gás e energia. Ambos os projetos tem recebido atenção especial da Secretaria de Aviação Civil (SAC), ligada à Presidência da República e já está em estudo por uma equipe técnica. Outro projeto importante, que está caminhando para ser colocado em prática, é o do Parque Científico e Tecnológico. Neste ano, foi formado um comitê consultivo, que tem por objetivo a criação de um espaço para consenso onde as partes envolvidas (governo, academia, indústria e sociedade) possam apresentar suas demandas e expectativas com relação ao empreendimento e, com isso, colaborar para desenvolver as ações necessárias para sua implantação. O Parque Tecnológico será construído na Linha Verde, em uma área próxima à Cidade Universitária, contando com setor de Administração, Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs), Incubadora de Empresas, Centros de Desenvolvimento Tecnológicos (CDTs), Museu do Petróleo, além de um Espaço Ciência, Espaço de Eventos e Estacionamento. “O Parque Tecnológico é um projeto de suma importância, pois vai diversificar a economia de Macaé, trazendo novas possibilidades e oportunidades para o município. Nossa atividade principal hoje é o

petróleo, mas precisamos encontrar alternativas para o seu possível fim dentro daqui há alguns anos”, observou Vitor. Um dos mais importantes investimentos, que impacta diretamente na vida das pessoas e na economia de toda a região, é a duplicação da BR-101, cuja previsão é de que, até o final do ano, sejam liberados mais 25 quilômetros de pista duplicada. Deste total, o objetivo é que sejam 10 quilômetros em Campos dos Goytacazes e outros 15 entre as regiões de Casimiro de Abreu e Silva Jardim. De acordo com a Autopista Fluminense, concessionária responsável pela administração da BR-101 Norte, a previsão é de que o ano seja encerrado com um total de 58 quilômetros de obras entregues, o que diminuirá o tempo previsto para chegada ao Rio de Janeiro, além de reduzir significativamente as mortes por acidente que ocorrem constantemente na rodovia. Para Evandro Cunha, também coordenador da Rede Petro-BC, estes são empreendimentos extremamente importantes e que precisam ser concretizados com certa urgência. “Macaé não pode esperar mais para ser uma cidade com a infraestrutura exigida pelo mercado, até para que possa atrair ainda mais empresas e investimentos futuros. Vamos continuar acompanhando e cobrando para que estes e outros projetos sejam colocados em prática e também para que os que já estão em andamento sejam concluídos no prazo estipulado. Temos certeza que Macaé só tem a ganhar com estas iniciativa”, concluiu.

A Rede Petro-BC é uma organização sem fins lucrativos que tem por objetivo promover, articular e fomentar a geração de negócios entre os atores da cadeia produtiva de petróleo, gás e energia da Bacia de Campos. Seu desafio principal é atender as demandas da principal área de exploração e produção brasileira, investindo constantemente em estudos para a viabilização de projetos em que a promoção de negócios se dê através da competitividade, gerando oportunidades de negócios às empresas e instituições envolvidas.

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rede petro-BC

Ventures ensure a new future for Macaé By Ive Talyuli

Known as the National Oil Capital, Macaé has been welcoming ventures that will assist its economic development even further. These include the construction of a new runway at the Airport, installation of a dry port, implementation of a Technology Park and duplication of the road BR-101. Fruit of the efforts by business institutions operating in the city, such investments will contribute to the growth of product and service companies, causing a boost in the petroleum gas and energy market and in the city as a whole. Among the entities that support the new ventures is Rede Petro Campos Basin, always with the purpose of fomenting business generation among its member companies. ‘We are always attentive to new opportunities so we can update and prepare our companies for the upcoming novelties. Through these investments Macaé will become a city with more infrastructure and capacity to meet the existing demand’, stated Vitor Silva, one of the Rede Petro-BC coordinators. Included in the expected improvements being brought to the municipality we can highlight the construction of a new 1,500 meter long runway at the Macaé Airport, in addition to improvements and increased take-off and landing capacity of the current runway. The Airport will also have a new passenger embarkation terminal, the works of which are already underway.

Another project expected to be implemented at the Airport is the so-called dry port, which will include cargo transportation and one terminal where materials intended mainly for the petroleum gas and energy productive chain will be stored. Both projects have been receiving special attention from the Civil Aviation Secretariat (SAC), subordinated to the Office of the President of the Republic and are already under review by a technical team. Another important project is the Science and Technology Park, which has already been submitted for implementation. A consulting committee was formed this year, whose objective is to create a space for consensus where the parties involved (government, academia, industry and society) can present their demands and expectations in relation to the venture, and therefore contribute to developing the necessary actions for its implementation. The Technology Park will be built on the Green Line, in an area near the University Cluster, and will have an Administration sector, Technology Innovation Nuclei (NITs), Company Incubator, Technology Development Centers (CDTs), Petroleum Museum, in addition to a Science Venue, Event Venue and Parking. ‘The Technology Park is a project of utmost importance, because it will diversify Macaé’s economy, bringing new possibilities and opportunities to the city. Our main activity today is petroleum, but we

need to find alternatives to its possible depletion in a few years’, remarked Vitor. One of the most important investments, that directly impacts people’s lives and the economy of the entire region, is the duplication of the BR-101. Another 25 kilometers of four-lane road are expected to be open by the end of the year. From this total the goal is to have 10 kilometers in Campos dos Goytacazes and an additional 15 between the regions of Casimiro de Abreu and Silva Jardim. According to Autopista Fluminense, the leaseholder in charge of the administration of BR-101 North, the forecast is to have a total of 58 kilometers of road work delivered by the end of the year, which will reduce the expected travel time to Rio and will significantly reduce the deaths due to accidents that constantly happen on the road. For Evandro Cunha, also a Rede PetroBC coordinator, these are extremely important ventures and need to come true with a certain urgency. ‘Macaé cannot wait any longer to be a city with the infrastructure required by the market, so it may even attract more companies and future investments. We will continue to follow and demand these and other projects be put into practice, and for those already under way to be completed in the stipulated term. We are sure that Macaé only has to gain with these initiatives’, he concluded. *Texto traduzido pela Datatrans

Rede Petro-BC is a non-profit organization whose purpose is to promote, articulate and foment business generation among the Campos Basin oil, gas and energy productive chain players. Its main challenge is to meet the demands of the primary Brazilian exploration and production area by constantly investing in feasibility studies for projects in which business promotion is achieved through competitiveness, thus generating business opportunities to the companies and institutions involved.

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Plataforma santos

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