Todas as Ferias de 2005 a 2009

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ÍNDICE:

Realizando um Sonho De Brasília a Caraguatatuba............................................................pág 3

Um Passeio pelo Sul De Brasília a Montevidéu...............................................................pág 18

Uma Viagem pelo Brasil Centro-Oeste, Sul e Nordeste........................................................pág 43

Passeando pelos Andes Viagem ao Deserto do Atacama....................................................pág 69

2


Realizando um Sonho Bras铆lia - Caraguatatuba

Primeira viagem de moto. $ mil quil么metros

ago 2005 3


motociclistas

Brasília - Caraguatatuba

internautas

a

quem

conheceríamos pelo caminho. Algumas conversas com outros viajantes nos deram

algumas

preparação

e

orientações. muita

Alguma

ansiedade

pelo

desconhecido...para nós, ao menos. Nosso roteiro incluía rodar pela região ao norte

e

ao

sul

de

Caraguá

para

visitarmos o melhor do litoral sul do Rio e norte de São Paulo. Assim, planejamos ir até Paraty, região que eu conhecia bem por já ter ido várias vezes pra mergulhar, e

também

até

Guarujá,

que

Rosa

conhecia. Assim, preparamos nossas coisas e iniciamos o que seria uma maravilhosa parceria em outras grandes aventuras para nós. Esta viagem veio evoluindo com o tempo e com a experiência com a moto. Tanto eu quanto o Rosa, éramos reintegrantes à prática, depois de anos e anos de ausência.

Conhecemo-nos

haviam

poucos meses e travamos uma amizade fraterna. Finais de semana de passeios pela região de Brasília foram nos dando experiências e vontade de seguir rumos mais distantes. Esta viagem já estivera marcada para alguns meses antes, mas

Nossa saída se deu com céu limpo e

só foi concretizada em agosto de 2005.

algum calor. A empolgação nos deixou

15 dias de Brasília, DF a Caraguatatuba,

rodar

SP.

pararmos para abastecer, fato que não

Rosa tem parentes em Caraguá. Fizemos alguns

contatos

com

amigos

uma

hora

e

meia

antes

de

se repetiria pelo resto da viagem, pois os bancos de espuma dura de nossas


motos, deixavam nossos ciáticos doendo

nossas bundas doendo nos obrigando a

de forma que éramos obrigados a parar

parar a cada hora de viagem.

de hora em hora, senão baixava um desespero e fazíamos exercícios em cima da moto mesmo, o que acabava sendo perigoso e improdutivo.

Chegando em Ribeirão Preto, ao redor das 18 horas, fomos seguir tradição alegada por nossos amigos de Brasília: parar e tomar um chopp no Pingüim da cidade. Primeira

parada

para

um lanchinho

Pedimos

informações

a

um

motociclista que ia passando e ele nos levou até lá e retribuímos a gentileza com

básico.

alguns copos de chopp supergelado. Encontramos vários motociclistas com os quais havíamos cruzado pela estrada.

Rompendo fronteiras. Goiás-Minas Parada para almoço. Já parecia que estávamos compridas

rodando e

poucas

dias.

Retas

paisagens,

misturadas a velocidade média, muito baixa (em torno de 65km/h), muito calor e

Ainda

com a

permitida

pelo

benevolente horário

de

claridade verão,

encontramos uma boa pousada em Cravinhos,

a

qual

nos

acolheu

confortavelmente assim como as motos. 5


O pessoal nos informou que haveria um Seguimos até Campinas, onde ficamos de nos encontrar com um grupo de amigos que nos recepcionariam. Neste gramado, fui fazer uma gracinha com a moto e levei meu primeiro tombo - que

encontro

de

motociclistas

em

Caraguatatuba. Não sabíamos disso, mas achamos a idéia interessante, e então, marcamos de nos ver novamente, logo após as festividades do evento.

me deixou meses com o ombro dolorido

Seria um prazer reencontrá-los, então,

me lembrando do que acontece quando

marcamos.

unimos irresponsabilidade com motos... Na saída, uma foto de despedida...

Nossos colegas nos levaram para um

Na rodovia, lindos trechos de mata e

tour pela cidade e para almoçar no

lagos exigiam as devidas fotos como

shopping. Depois nos acompanharam até

lembranças.

a saída da cidade, onde pegaríamos a rodovia D.Pedro I. O grupo era composto de membros de uma

família

e

alguns

namorados

agregados. 6


Descendo a serra a partir de São José

Durante

nossa

estada,

haveria

um

dos Campos, avista-se Caraguatatuba...

encontro de motociclistas na cidade e a polícia estava muito empenhada em manter a segurança, de forma que a todo momento

éramos

fiscalizados.

Até

fizemos amizade com alguns policiais.

...muito maior do que eu lembrava em minhas passagens para mergulhar em Angra. A cidade, muito agradável e bonita. Os parentes

do

Rosa,

muito

gentis

e

atenciosos...Alguns, muito brincalhões, como é o caso do João que, mesmo sendo cunhado do Rosa, é uma pessoa muito gente boa...

Não havíamos ido com essa finalidade, mas seria interessante participar de um evento de tal porte como seria esse. Assim, começamos a encontrar com os motociclistas que vieram participar do encontro.

7


que preferiam ficar lá fora, com a rapaziada. No final das contas, o lado de fora estava mais animado e acolhedor, com bagunças, motociclistas arruaceiros, normalmente estourinhos

moleques, pelo

fazendo

escapamento

das

motos, mas a maioria ficou desfilando suas motos e tomando uma cervejinha Belo era o presidente de um motoclube de

Caraguá

e

uma

figura

muito

reconhecida na cidade. Ótima pessoa e nos

apresentou

ao grupo

que

nos

acolheu como irmãos.

com os amigos entre um papo e outro. Do lado de dentro, as coisas estavam mais organizadas, com barracas de equipamentos e muita gente, também. Conhecemos um grupo de coroas que disseram ter trocado suas customs por esportivas pq aquelas eram motos de velhos e demoravam demais a chegar...e nos chamaram de velhos rss. Mas

esta

questão

nos

leva

à

necessidade de esclarecer o que é uma moto custom e digitar algumas palavras sobre suas características que já se perderam mesmo entre os motociclistas, Abajour, é o nome do proprietário deste

mais antigos e o que se dirá dos mais

triciclo. Ele se orgulha em ter a coisa

novos.

mais exdrúxula do mundo motociclista (bem, considerando que Maicon tem um caixão

atrás

do

seu,

a

coisa

é

disputadíssima...). Abajour pendura tudo o que ganha em seu triciclo, o que o deixa com um ar, digamos esotérico meio que saído do filme Blade Runner. Mas o evento estava muito comercial, apesar

de

organizado.

Cercas

separavam quem pagava pra entrar e os 8


Classificação Geral Da esquerda pra direita, Trail, Cruiser, Speed e Street, ou se preferir: Fora-de Estrada, Estradeiras, de Velocidade e de Rua. Mas ambas adquirem sua nomeação de CUSTOM, quando são “customizadas”, ou seja personalizadas pelos seus donos com alforges,

pára-brisas,

faróis

de

milha, para permitir uma viagem mais tranqüila, confortável e segura. A do Rosa é uma Chopper, e a minha No nosso caso, as estradeiras, ou

uma Classic. Ambas Cruiser pelo estilo e

cruiser, são subdivididas em dois grupos:

ambas

As Chopper, que costumam ser mais

customs

pelos

equipamentos

adicionados.

empinadas e adoradas em filmes como Easy Rider

e as Classic, que são muito utilizadas pela Polícia Rodoviária e demais forças

Muito bem. Continuemos...

militares. Após nossos encontros com irmãos As choppers costumam ter seu tanque de gasolina com pequena capacidade,

motociclistas, começamos a mostrar para o que efetivamente viemos: passear!

fazendo da Classic, com seu tanque maior, as preferidas para longas viagens.

Assim, fomos reencontrar nossos amigos de Campinas em Maresias, uma praia um 9


pouco ao sul de Caraguá. Bate papos, almoço e roda pra estrada.

Nossa vida de passeios estava apenas começando. Tínhamos muita coisa pra rodar, muitos lugares a ver. Começamos com

a

turísticos

cidade, e

tal,

claro, mas

seus

pontos

principalmente

praias...

...de moto, claro. Molhar-me em água salgada

deixou

imprescindível

desde

de

ser que

algo

deixei

o

Mergulho de lado. Agora mar voltou a ser

Depois de fazer algum turismo pelas

um prazer visual.

praias da região, resolvemos passear pela Rio-Santos em direção ao Rio. Adoro essa estrada desde há muito 10


tempo. As curvas, as paisagens...Se de carro era ótimo, estava querendo ver como seria de moto. Saímos num belo dia de sol, mas pouco calor. Algumas nuvens, dia lindo! Mas a volta nos trouxe surpresinhas!!

O passeio foi ótimo e aproveitamos todas as oportunidades para tirarmos fotos.

Estrada vazia, vento fresco, tudo de bom para um passeio em paisagens tão lindas e estrada muito agradável para motos, com curvas, subidas e descidas.

passando por isso pra entender o que se passa na cabeça e no coração de um motociclista.

O tempo estava bom e convidativo a uma pequena viagem de cento e tantos quilômetros, de forma que fomos pouco equipados e muito tranqüilos com relação a isso, mas no decorrer do caminho o tempo foi virando...bem devagarinho...

11


Em Paraty, encontramos um rapaz que vinha de Manaus, com apenas uma maletinha de roupas...precisamos nos aperfeiçoar e nos despir de tudo que não é realmente necessário.

No caminho, entramos em Tiradentes, um pequeno povoado escondido, cujo acesso se dá através de uma íngreme descida entre as montanhas e pelo meio da mata.

Paraty não me tem muitos atrativos, mas é uma cidade interessante por manter suas características históricas.

Pouco se pode descrever das belezas e da sensação maravilhosa que é poder estar em lugares tão lindos e especiais, sem o stress e as preocupações de uma viagem toda programada com dias e horários definidos. A liberdade é total. Aonde

se

deseja

parar,

pára-se

e

aprecia-se a paisagem, os lugares, as pessoas. Só passeio...só curtir alguns momentos da vida.

Nosso retorno a Caraguá trouxe chuva como recordação e, por não termos levado roupas de chuva, tomamos duas horas de um banho gelado que deixou nossos dedos quase que imobilizados. Tive que pedir ao Rosa pra retirar minha carteira do bolso de minha calça de couro, na hora de abastecer, pois meus dedos não conseguiram. 12


Em outro dia, outro passeio, desta vez para Ilhabela. Atravessamos de balsa, apesar de meus pânicos de barcos em geral. Mas foi tudo bem.

Bem, talvez amigos não seja a palavra correta, pois nunca mais eu os encontrei ou sequer conversei com eles, mas certamente Rosa, o social, voltou a Ilhabela tem muitos pontos muito bonitos, mas resumimo-nos a rodar pra conhecer

contactá-los.

Eu

tenho

esse

defeito

incorrigível: gosto de pouca farra.

alguns poucos.

Depois de passar o dia inteiro rodando, Em uma parada pra fotos e chopps, apareceram ficamos

outros

conversando

motociclistas e

e

trocando

hora de voltar pra Caraguá e pra balsa...Sempre me sinto nervoso preso num treco desses.

experiências. Novas amizades são os resultados de viagens de moto. Sempre encontramos pessoas e fazemos amigos.

13


Em Caraguá, encontramos Rafael, um

pra próxima etapa: Guarujá, Barretos e

motociclista de Curitiba que estava em

Brasília.

Brasília uns dias antes de partirmos. Nós o havíamos encontrado num final de tarde em que os Insanos, um grupo de amigos, estávamos reunidos em frente à Catedral, matando saudades mensais. Rafa pediu informações para seguir à Chapada dos Veadeiros, e Rosa o levou pra pernoitar em sua casa.

No dia seguinte, fomos a um passeio um pouco maior no qual já voltaríamos para casa. A ida pra Guarujá tinha o objetivo de parar em todas as praias do caminho. Encontramos coisas interessantes como um

morrinho

no

meio

da

estrada,

dividindo-a, Em nosso último dia em Caraguá, Rafa nos encontrou na praia pra se despedir e recusou-se a tomar um solzinho pra perder a brancura reflexiva que tem.

algumas praias bem vazias, devido ao tempo encoberto,

Chopinho pra lá, peixinho pra cá, fomos recuperando energias e acumulando-as 14


e

uma

intrigante

figura

de,

provavelmente, um dos Moais da Ilha de Páscoa, perdida na entrada de algum condomínio.

Em Barretos, já estávamos mortos de cansado pela estrada irregular, de uma pista apenas, pelo calor e pela falta de preparo que requer uma viagem dessas. Pelo tempo chuvoso, não rolava praia.

Nosso prazo pra chegar em casa estava

Que ótimo, mas a moto foi à praia, e

expirando e após passarmos a noite na

quase

cidade, perder mais tempo visitando

afundou

na

areia...Sujeito

abusado, eu!

Barretos em si, não nos pareceu sensato, pois teríamos que rodar muito rápido pra chegar em casa em tempo de trabalhar.

Voltando, mas sempre indo! Dormimos em Guarujá e no dia seguinte

Assim,

rumamos a Barretos. A idéia era apenas

maravilhoso

voltar por um caminho diferente da ida,

Barretos para apreciar e fotografar. Na

pois a volta por outro caminho dá sempre

foto acima, atente para as motos aos pés

a

do peão pra ver o tamanho da estátua.

impressão

que

estamos

indo.

apenas local

passamos dos

eventos

pelo em

Ah...deixa...

15


A arena é simplesmente magnífica e escavada. É um buracão enorme e linda!

Seguimos viagem pra dar conta do calendário e foi apertado. Entrando em Goiás, pegamos chuvas pesadas, tráfego intenso de caminhões. Caminhões nos ultrapassando debaixo de chuva e nos jogando torrentes de água que tornavam nosso trajeto muito perigoso e a estrada estava em reformas. Na realidade, havia uma estrada novinha em folha e prontinha pra ser usada bem ao lado do traste de estrada que andávamos. Esta era feita de trechos de

Estamos no nível do solo.

terra, de trechos de asfalto e com muito tráfego. Nossa viagem estava sendo atrasada e muito! Eu e Rosa decidimos invadir e vir pela estrada nova, senão seria mais um dia de caminhada. Em

Morrinhos,

mortos

de

cansaço,

O local, mais parece uma cidade com

ficamos em uma pousadinha de 10 reais

ruas e quadras cheia de lojas vendendo

por cabeça e pão e café como breakfast.

de tudo um pouco. Realmente é muito

Simples não caracteriza a bichinha.

diferente do que já vi. Seria a mãe de todas as feiras de eventos. Algo como que de fora do país. 16


A viagem foi uma empreitada de sucesso e agora eu chegava pra minha casinha. As próximas viagens estão nos planos, vamos ver o que acontece.

Mas dali, a vinda foi ótima, sempre acompanhados pela chuva. Em nossa chegada, fizemos questão de bater uma foto no mesmo lugar que começamos a viagem, na QI 27 do Lago sul.

17


Um Passeio Pelo Sul De Brasília a Montevidéu Serras gaúchas, catarinas, Gramado, Canela...

jan 2007


alguma coisa for dar errado, dará na pior

De Brasília a Montevidéu

hora possível. É lei de Murphy.

Preparação O

sucesso

Os cuidados com a alimentação ficaram da

viagem

feita

à

restritos ao controle da quantidade de

Caraguatatuba, em 2005, incentivou a

comida

mim e Carlos Rosa a fazermos uma nova

contínua.

viagem. E Montevidéu foi o destino

regularmente, trajetos de até 600km em

escolhido. A viagem partindo de Brasília

apenas um dia, em alguns finais de

iniciou-se em 29 de dezembro de 2006 e

semana, aqui por Brasília, o preparo físico

terminou em 26 de janeiro de 2007.

estava de acordo.

ingerida

e

pela

Como

hidratação

realizávamos,

Sobre a viagem, explico: a idéia veio com a mudança de meus pais para Camboriú, SC, e uma esticada para Argentina, eventualmente. Com a amizade de novos amigos em Balneário, em janeiro de 2007, ficamos conhecendo outras opções como a Serra do Rio do Rastro. Daí as dicas foram sendo incorporadas e planejadas com a ajuda deles".

E, para que nada der errado quando for viajar: É preciso pensar no que pode dar errado e ter sempre um plano B à mão. Quando tudo dá errado, o dinheiro ajuda muito a resolver. É bom ter uma boa poupança e bom seguro saúde. Telefones de amigos e parentes nas mãos do companheiro,

contatos

internet,

manutenção das motos, o planejamento

motociclistas das cidades por onde se vai

de percursos diários, horários de viagem

passar ajuda, também.

apenas durante o dia e a qualidade das

Ter em mente quanto você está disposto a

estradas

gastar e qual o tipo de tratamento que

dos

cuidados

seja,

com

por

A escolha de cidades com suporte, a

foram alguns

que

prévios

outros

tomados na preparação. É importante não

deseja

deixar

na

indispensáveis para se preparar uma

manutenção da moto. Acredito que se

viagem. Optamos por uma viagem mais

nenhuma

pendência

receber,

são

conhecimentos

19


Escolhemos

arredores, posto que as paisagens são

esse tipo de viagem para ter contato com

excepcionais e há sempre movimentação

pessoas

conversadeiras,

de veículos, pessoas e animais. Esquecer

dispostas, atenciosas. Pessoas essas que

que se é um ser cosmopolita. Sentar no

passaram muitas lições de suas vidas, de

chão, deitar na relva, ser simples e se

suas culturas. Como foi o caso no

inteirar coma vida que está levando. Viver

Uruguai. Se tivéssemos ficado em hotéis

o que a vida está lhe oferecendo no

de porte, certamente não conheceríamos

momento

a galleta, um pão local, uma vez que

Relaxar e aproveitar. Tá na chuva?

hotéis

Procura uma poça pra pular nela e se

espartana,

mais

simples.

simples,

utilizam

alimentação

padrão

internacional e muito menos de sua

sem

stress

nem

traumas.

divertir! (rssss).

cultura.

O grau de importância da preparação da viagem é tão importante quanto a viagem. Os cuidados que devem ser tomados com

Até pra comprar pão na esquina planeja-

o dinheiro são os mesmos que tomamos

se se vai de tênis, chinelo ou descalço, o

ao botar o pé para fora de casa, no nosso

que vai comprar e quanto vai gastar,

dia-a-dia. Pessoas ruins e desonestas são

então, uma viagem dessas, deve ser

encontradas em todos os lugares, todos

planejada pra seu sucesso.

os

dias.

Mas,

nessa

viagem,

Pessoas muito exigentes, perfeccionistas,

encontramos pessoas boas.

com

A preparação psicológica aconteceu o

frustrações, teriam problemas em fazer

tempo todo. Na saída a empolgação e o

viagens como esta e, caso fizessem,

nervosismo têm que ser controlados;

talvez não aproveitassem o trajeto como

Durante, sangue frio, cabeça fria com os

se

problemas. Procurar soluções rápidas e

aventura, mesmo que nem chegue a tanto

práticas diante do objetivo da viagem.

diante de tantas super-aventuras que já

Manter a concentração na estrada e

realizaram por aí. A aventura é a nível

dificuldades

deve.

Acredito

para

que

lidar

com

"aventura

é

20


pessoal. Os primeiros passos de um bebê,

com

são sua primeira aventura".

endereços de parentes, de hotéis, de

A preparação de uma viagem é uma etapa muito gostosa: são horas e mais horas de reuniões, encontros e muita animação.

ambas

oficinas

as

para

motos,

documentos,

emergência

e

pouca

bagagem, o mínimo possível pra aliviar o peso e excesso sobre a moto.

Encontros esses que devem ser bem aproveitados e discutidos. A preparação faz parte da viagem, e é uma parte muito importante.

"Planejamento,

segurança,

treinamento e preparação são vitais".

Menos é mais. Essa é a frase que você precisa ter guardada em sua mente se quiser fazer uma viagem de moto: sem exageros nem excesso na bagagem, pois alguns utensílios são indispensáveis.

O valor da viagem foi de cerca de R$3.000,00. O planejamento do custo previsto foi indispensável para que o valor levado fosse o suficiente. É bom informarse sobre as leis e a documentação

A beleza e a qualidade das estradas do

necessária nos países do trajeto. E é bom

sul foi um fator decisivo na escolha do

se informar também sobre as experiências

trajeto.

de outros viajantes.

Para

quem quer

fazer

uma

viagem

Cuidar

da é

velocidade importante.

nas

estradas

dessas, é necessário planejamento, muita

também

Assim

como

leitura sobre os lugares que irá passar.

escolher bem o local para acolher a moto.

Postos de combustíveis, oficinas, hotéis e

Apesar de preferir menos, três ou quatro

procurar prever tudo antes do pé na

pessoas no máximo seriam a melhor

estrada. É necessário levar

algumas

escolha para fazer uma viagem como

ferramentas de preferência compatíveis

essa, por ser um número pequeno de 21


pessoas e as preferências e escolhas são

custom, não é aconselhável. Pequenas

acertadas com mais facilidade.

cilindradas

para

grandes

velocidades

também não. Cada equipamento tem a sua finalidade a ela deve ser limitada. Para pedir informações recomendo que pare e pergunte em postos de gasolina e polícia rodoviária. Recomendo que se faça uma bateria de exames e uma consulta a um especialista para cuidar dos principais grupos musculares. É necessário cuidar o que se vai levar de bagagem, pois tem que se levar em consideração que se pode aproveitar a viagem para comprar uma coisa ou outra. Mas não pode faltar um estojo de primeiros socorros com remédios para eventualidades.

Além

de

inflador

de

pneus, água, pano para limpeza e algum pedaço

de

sabão.

Cuide

com

a

quantidade de roupas. Muitas vezes é melhor levar e não usar que precisar e não ter. Cada caso é um caso e precisa haver

um

planejamento

baseado

no

destino. Quanto ao clima: no maior calor que passei na vida, tive que usar jaqueta, calça e bota de couro pra não sentir mais calor ainda, que vinha do asfalto quente nas estradas do RS. Passar frio em cima de uma moto pode ser fatal, pelo alto incômodo e perda da concentração. A melhor coisa que tem é conhecer seu

O melhor lugar para guardar a moto, sempre respeitando a lei de Murphy, é o mais perto possível, o mais abrigada possível, o mais escondida possível. Ela pode ser roubada até na porta de casa, mas no meio de uma viagem é complicado e desastroso. Em casos de chuva o plano é usar capas, botas, luvas impermeáveis. Além de uma análise situacional do estado da estrada. Quando a chuva for muito intensa, parar sempre que possível em um local seguro, abrigado e longe da pista e do trânsito.

equipamento. Comprar zero e viajar é complicado. Estradas de terra com uma 22


Dicas Gerais

mais com as pessoas mais simples, do

Aprender é uma constante na vida de todas as pessoas. O aprendizado está em todos os lugares, principalmente nas

que com pessoas que julgamos mais importantes por seu nível de estudo ou pelo valor de sua conta bancária.

pequenas coisas. A

primeira

Argentina,

idéia mas

de

destino

devido

à

foi

a

problemas

políticos trocamos para Montevidéu e não nos arrependemos. O único erro talvez tenha sido levar apenas a carteira de motorista e ter deixado em casa o passaporte e a identidade oficial, mas como não aconteceu nada grave.

Abrir os olhos para a vida é um passo indispensável para a felicidade. Ver quem realmente te faz bem e pode ser a tua companhia em uma viagem, na vida, amizade,

principalmente.

Afinidade

pessoal nos projetos, meios e objetivos. Também é muito importante saber o quanto se tem ou se quer gastar, o tipo de comida e hospedagem que cada um está disposto a se expor. Esses foram alguns Aprendi a apreciar pequenas coisas,

dos critérios usados por nós, na escolha

momentos, visuais. A não me aborrecer

mútua como companhia de viagem.

com pequenas frustrações. A conversar mais

com

outras

pessoas

e,

principalmente respeitar seus pontos de vista culturais. É importante vermos o quanto uma viagem pode melhorar um homem, pois não é apenas trancado em uma sala ou paralisado em frente à televisão

ou

computador

que

É necessário superar dificuldades para realizar uma grande aventura como esta. Na viagem, as dificuldades encontradas foram hospedagens ruins ou muito caras, péssimas condições no trecho sul da BR 101. A má iluminação de alguns trechos.

iremos

Acredito que poderia ter tido mais cuidado

adquirir os maiores ensinamentos. Preste

na preparação, deveria ter feito uma

atenção nos pequenos detalhes e ouça de

pesquisa mais detalhada sobre os países

verdade as pessoas. Talvez você aprenda

que passaria, sobre a documentação 23


necessária, sobre a cultura dos países,

da Igreja em São Joaquim, com toda a

sobre alimentação e hospedagem.

sua neblina, as planícies da estrada para Chuí, a comida do restaurante Mirim à beira da lagoa Mirim, no RS, o amanhecer refletido na lagoa dos patos, na cidade de Rio Grande, RS, as paisagens da serra do Pinto no RS, a fantástica descida da Serra do Rio do Rastro.

A explicação do que significa viajar é simples e verdadeira: Significa sair da cadeira,

do

marasmo,

da

mesmice.

Significa se expor ao mundo, às pessoas, à vida. A vida é muito mais. A vida é um conjunto de sentimentos e sensações que somente

a

variação

de

ambiente,

situações e pessoas podem nos trazer.

Qualquer que seja o motivo da viagem, seja descanso ou aventura, a segurança

Quando se é um adorador de viagens, escolher um lugar mais bonito ou o melhor momento torna-se a mais difícil das

deve vir em primeiro lugar. Planejamento é fundamental, juntamente com pesquisa, principalmente para o exterior.

tarefas. Não conseguimos escolher o melhor momento são tantos que não dá

A PARTIDA

pra ressaltar um. As paisagens mudando a cada curva, o calor do sol, as lindas estradas do sul, as serras maravilhosas, o vento no rosto, a chuva, as pessoas, é tudo lindo demais, mas na memória ficaram guardadas várias imagens lindas da viagem: as

curvas da serra de

Paranapiacaba,

as

interpraias

Dia 29 de dezembro de 2006 (Sexta) Saída às 6 horas da manhã... Ainda escuro. Um pouco ansiosos pela nova aventura, tentamos algumas fotos para marcarmos nossa saída, mas as fotos não ficaram lá essas coisas.

de

Balneário Camboriú, as serras de Sta Catarina e as estradas maravilhosas, os lindos visuais de Urubici e o alto do Morro 24


Fisicamente uma torção no punho direito e mais nada. A Bruta perdeu o pára-brisa (bolha), que ficou em pedaços, o guidão um pouco torto e mais nada. Pela preocupação, nem fotografamos esse fato. Essa foto do local foi feita em nosso Passamos por Luziânia com o dia raiando e

assim pudemos

negociar

com as

ondulações feitas pelos caminhões nesse trecho. Após ultrapassarmos Cristalina, a Bruta, moto do Rosa, começou a falhar em alta rotação. Ao pararmos em um posto para abastecermos, notamos que ela

perdia

gasolina

por

retorno.

uma

das

mangueiras do carburador. Seguimos até Catalão para a autorizada

Em torno das 20 horas e 800km rodados, chegamos em Pirassununga. Ficamos no Hotel Rosim, 30 reais cada. Espartano, mas limpo, à beira da rodovia sentido norte.

Após

jantarmos

em

uma

churrascaria ao lado, nada melhor que um bom banho e uma ótima cama. Dia 30 de dezembro de 2006

Yamaha e fomos muito bem atendidos

Após o simples café da manhã, estrada

pelo Onça, mecânico de bons recursos

novamente

técnicos na oficina. A manutenção durou

Camboriú

cerca de duas horas. De volta à estrada,

apresentou

pegamos algumas nuvens rápidas de

anteriores

chuvas localizadas, mas nada assustador.

entramos em Leme, noutra autorizada

O que realmente assustou foi quando, em uma curva mal sinalizada em um dos desvios em Uberaba, Rosa, "perdeu o

Yamaha,

com mas, os e,

onde

destino

a

Balneário

novamente, mesmos quilômetros

fomos

a

Bruta

problemas à

muito

frente,

bem

atendidos pelo mecânico Hélio. Excelente profissional. Duas horas depois, lá vamos

ponto" e só não aconteceu o pior por conta de um capinzal às margens da rodovia, onde ele deixou uma "picada" de uns 20 metros de extensão...

novamente, desta feita com a Bruta 25


andando forte. O sol era insuportável, mas mesmo assim, estávamos usando as roupas de couro e botas de cano longo... Sei lá, vai que tem outro matagal pra ser aparado por aí... A Anhanguera é ótima estrada, mas muito chata. Havíamos, então, planejado cortar caminho, evitando a Régis. Saímos por Limeira passando em Sta Bárbara D'

Na serra chuvosa, usamos nossas capas

oeste, Capivari, Porto Feliz e Sorocaba e

de chuva. E assim foi debaixo de água e

ainda Votorantim, onde nos confundimos

andando

no anel viário, sendo orientados por um

Curitiba, por volta de 22 horas. Lá, já nos

motociclista local. Passamos por Piedade,

esperava Lúcia, uma querida amiga que

Tapirai e saímos em Juquiá, na Régis.

nos recepcionou no Babilônia, restaurante

devagar,

que

entramos

em

fino e bem freqüentado, tendo ainda se preocupado em nos reservar hotel onde gentilmente nos deixou, algum tempo e alguns pratos depois. Foi muito gostoso. Obrigado, Lú.

Foi um passeio muito bonito pela serra de Paranapiacaba. Afinal, a viagem era para passear, ver coisas bonitas, conhecer gente, lugares.

Dia 31 de dezembro 2006 (Domingo) Após um farto e prolongado café da manhã, seguimos viagem sob fina garoa, mas a Serra do Mar, que separa Curitiba de Balneário, nos recebeu com tanta 26


chuva que fomos obrigados a parar em

Durante essa semana, conhecemos vários

Garuva por segurança, pois trafegávamos

amigos,

bem mais devagar que os carros e é

motociclísticos,

grande o trânsito para as praias por conta

orientações de outros colegas que já

da virada do ano.

haviam passado por essa aventura. Ainda nessa

pontos

semana

de

tivemos

encontros conselhos

visitamos

e

Blumenau,

Brusque, Pomerode, Porto Belo, Bombas, Bombinhas (o Rosa adorou...) e as interpraias. Tudo lindo demais. Dia 08 de Janeiro de 2007 (Segunda) Nosso roteiro de viagem foi elaborado com conselhos e orientações do nosso grupo de amigos feitos em Bal. Uma raça Após a serra.....muuuuito sol forte e por

de motociclistas com muitos km de praia

volta de 16 horas chegamos à casa de

que se reúne para um bom papo quase

meus

todos os dias no posto BR da Avenida

pais,

com

muita

alegria

na

recepção. A virada do ano foi em família.

Brasil.

Muita festa, alegria, fogos e tudo que tínhamos direito.

Na

saída

de

BC

com

destino

a

Montevidéu, Uruguai, o amigo Tony nos acompanhou até Urubici, para visitarmos o Na semana que se seguiu, fizemos alguns

Morro da Igreja, pois ele conhece bem a

ajustes

Rosa

região e nos serviu de Guia, uma gentileza

comprando um novo parabrisas e afinando

sem tamanho. A Serra da Boa Vista faz

a Bruta.

frio, não chegou aos níveis da época de

nas

motos,

com

o

inverno, mas tivemos que colocar nossas balaclavas. 27


Almoçamos na churrascaria Amorim em

despediu de nós por lá. Mais à frente

Urubici, 1000m acima do nível do mar.

encaramos

Ótima a comida. Visitamos a cascata Véu

experiências pelas quais já passamos:

de Noiva, de 65m. Tava fraquinha devido

descemos a Serra do Rio do Rastro.

às poucas chuvas nessa época. Altitude:

Deslumbrante

1375.

fechadíssimas nas quais descemos 1500

uma

das

mais

conjunto

de

lindas

curvas

metros em apenas 13 km. O tempo fechado com densa neblina suava nossas motos, molhava nossas roupas e, claro, impedia nossa visão da paisagem que, segundo dizem, chega ao mar...Eu

não

via

nem

o

Rosa.

Abastecemos em Bragança e a Bruta fez 30,6 km/l contra 26 da Aparecida. Tiramos O Morro da Igreja tem 1827 metros de altitude e é o ponto mais frio do Brasil.

fotos em Urussanga. Pernoitamos em Criciúma.

Tem uma estação de radar do Cindacta II. Pela altitude é comum o morro estar enevoado,

e

não

Dia 09 de Janeiro de 2007 (Terça) Pela manhã, na hora da partida, a chave da Bruta havia sumido. Perdemos algum tempo num chaveiro, mas utilizamos o tempo para pagar a Carta Verde, um seguro-obrigatório para rodar no Mercosul. Almoçamos em Sta Rosa do Sul no restaurante Lagos de Pedra, de comida boa e ambiente muito agradável à beira de pudemos

apreciar

a

vista,

Tony

se

um lago. 28


Sérgio. Este casal nos conseguiu Hotel, oficina, restaurante, nos levou a um tour pela cidade em seu carro com um maravilhoso

ar

refrigerado.

Transcenderam a já conhecida simpatia motociclista. Dia 10 de Janeiro de 2007 (Quarta) Em

seguida

enfrentamos

os

ventos

laterais e os caminhões da BR101. Um incômodo e delicioso desafio. Incômodo pelo vento, delicioso pela tocada forte para ultrapassagens. Mais gostoso ainda foi pilotar na nova rodovia Rota do Sol, na serra do Pinto. O dia estava lindo e tiramos

muitas

fotos

da

paisagem.

Deixamos a manhã para manutenção preventiva nas motos. Saímos às 15 h e chegamos a São Lourenço do Sul, às margens da Laguna dos Patos, ainda com claridade.

Passamos

a

noite

numa

deliciosa pousada estalando de nova, frente à Praia da lagoa após jantar numa churrascaria.

Atingimos Santa Cruz Do Sul em torno das 20 horas, dia claro com pelo menos uma

hora

de

sol

pela

frente.

Dia 11 de Janeiro de 2007 (Quinta) RODOVIÁRIA DA QUINTA. Paramos

para

regular

a

agulha

do

carburador da minha moto que estava Ao jantarmos numa lanchonete, Sérgio,

muito alta e consumindo demais. Para

um motociclista da cidade nos abordou e

testes,

conversamos.

depois

conhecemos Valério, dono do restaurante

chegaram Chico e Adriana, um casal de

Capilia, pouco antes da reta final para

médicos, muito mais que simpáticos, que

Chuí.

Poucos

minutos

coloquei-a

na

mínima.

Lá,

foram avisados da nossa presença, pelo 29


Entramos no retão e, 60 km depois, almoçamos

um

PF

delicioso

no

Restaurante Mirim. Realmente a comida é muito saborosa e o lugar acolhedor. Aproveitamos

para

visitar

a

vila

vento-frontal-lateral-esquerdo e

conhecer a igreja Nossa Senhora da Conceição, a mais antiga da região. O almoço deu sono e a reta que já é chata por

si

só,

ficou

mais

ainda.

Foi

que

nos

empurrava para o lado e nos socava na passagem de caminhões. Mesmo com bolhas, tínhamos que nos abaixar um pouco. Esse incômodo nos acompanhou desde Porto Alegre.

complicado: a longa e reta estrada tem

Esse vento cansa, incomoda e aumenta o

pouca paisagem, aliás, de Porto Alegre

consumo

pra baixo, é uma planície só, com poucas

capacete aberto pelo fechado nas duas

alterações

vezes que passamos por lá. Pouco antes

das

motos.

Troquei

meu

do Chuí, paramos em Santa Vitória do Palmar para um descanso e conhecimento da região e, mais uma vez, devido às nossas

placas

e

bandeiras

(também

devido à imagem de Nossa Senhora

significativas na paisagem. Fomos a 80 e 90km/h para economizar combustível, pois nos falaram que não havia posto nos 240km da reta (Tem, sim. Dois, pelo menos.), e durante o trajeto de 3 horas,

que o Rosa leva na fivela do cinto),

além do sono e dos poucos motivos para

conhecemos alguns brasilienses.

virar o pescoço para os lados, tinha o forte

Chegamos a Chuí por volta das 17 horas 30


e fomos cuidar das motos: abastecimento,

uruguaio e lá ficamos, mas o jantar foi,

lubrificação e solda no mata-cachorro da

ainda, brasileiro, pois nos assustamos

Bruta. Cambiamos alguns reais (1 real =

com o sistema deles de tudo ser separado

10 pesos). Chui é uma cidade comercial

e o preço acumulado acabava sendo meio

com muitas lojas, muitas pessoas, meio

alto. Como era nossa primeira incursão na

que popular. Apesar de pessoas até que

área alimentar, preferimos pesquisar um

bem vestidas, senti-me numa rodoviária.

pouco mais nos próximos dias.

Apesar disso, nosso estilo "roupas de couro nesse calorão", chamou

muito

atenção, inclusive nossas motos, placas e as bandeiras que o Rosa levava.

Durante

nossos

momentos

num

bar

uruguaio, dois garotos bem vestidos, bonitos,

tentaram

nos

pedir,

em

castelhano, nossas luvas meio-dedo de presente. A negociação iniciou-se em espanhol e culminou em inglês comigo recusando gentilmente, uma vez que "we need them to drive our bikes, sorry!" Na próxima vou levar alguns souvenirs de Brasília para essas situações. Dia 12 de Janeiro de 2007 (Sexta)

Chui e Chuy são separadas por uma

O

avenida (fronteira seca), mas as lojas de

normalmente, cobrado à parte da diária,

importados estão do lado uruguaio. Tudo

pois os uruguaios tomam apenas o

em dólar, nada caro ou barato demais,

chimarrão, normalmente. Conhecemos a

são os mesmos preços da Feirinha dos

GALLETA (gagêta), um pão alto e

café

da

manhã

(50

pesos)

é,

Importados de qualquer lugar.

Encontramos um hotel confortável no lado 31


quadrado de uns 10 x 10 cm, não é ruim, mas desce melhor passando algo nele. Eles têm um bóiler de 20 litros que limita o tempo dos banhos. Eles parecem ser muito preocupados com o consumo da água. Bem, muita adição cultural para apenas algumas horas de estrangeiro, né? Finalmente a aduana e imigração. O Rosa, por estar com a Identidade desatualizada (ele ainda estava de fraldas, na foto...), e eu, por estar sem identidade (apenas nossa carteira de motorista), fomos convidados a discutir o

Senti-me bem rodando por lá. Aliás, digo isso, pois existem lugares que sente-se oprimido, com medo de entrar, parar, conversar

com

assunto em ambiente privado. Minha ignorância e descaso me custaram caro.

Rocha fica cerca de 150 km da fronteira, onde lanchamos um verdadeiro almoço em sanduíche. É uma cidade antiga e que me lembrou as mexicanas dos filmes, com

alguém. Em momento algum, no Uruguai,

casas coladas umas nas outras e quase

me senti assim, coisa que ocorreu em São

sem árvores nas ruas. Lembra o Cruzeiro

Paulo uns dias depois.

Velho, em Brasília.

Chegando em Montevidéu: cidade antiga numa parte e moderna em outra. O centro é repleto de árvores frondosas que

32


sombreiam e refrescam as ruas. Entramos sem medo de ser feliz e descobri uma

Finalmente resolvemos parar e perguntar por hotel nas proximidades de onde estávamos. conjunto

Após

de

verificarmos

pousadinhas

um

baratinhas,

fomos "aborbebadados" por um senhor que nos ofereceu um hotel do qual fazia distribuição de folhetos, Hotel Balfer, aconselhado, coisa

interessante:

é

extremamente

agradável dirigir por uma

cidade

brasileiros

que

inclusive fazem

por

alguns

mestrado

e

encontramos por lá buscando roupas na lavanderia. Jantamos num restaurante chamado

El

Fogón,

muito

bom.

desconhecida sem ter ou saber aonde ir. Vira-se à esquerda ou à direita sem preocupação de se perder, pois VC está, mesmo, completamente perdido, não tem a menor idéia de onde está e pra aonde vai. Vou te dizer, é gostoso. Curti muito andar por Montevidéu desse jeito.

33


Dia 13 de janeiro de 2007 (Sábado)

ventania nos pegou, derrubou barracas dos

bares

e

nos

envolveu

numa

tempestade de areia que chegou aos nossos ouvidos apesar dos capacetes.

Resolvemos

não

ir

à

Argentina

por

questões documentais, por causa do preço da balsa e pelas confusões na fronteira por conta de uma pendência dos dois países na implantação de uma fábrica de celulose. Subimos o Uruguai pela orla. Sol forte, céu claro e algum vento. Chegamos a Maldonado, colado a Punta Del

Leste,

e

fomos

almoçar

numa

A areia doía na pele do rosto. As motos dançavam na pista. Resolvemos seguir em frente e deixar Punta del Leste para trás, mesmo com trocadilho.

lanchonete, onde nos apaixonamos por Patrícia,

uma

cerveja

muito

leve

e

deliciosa.

Passamos em La Paloma e resolvemos trocar o óleo das motos e conseguir uma Até eu, tomei dois copos dela. Ali perto,

pousada. Tudo Lotado. A cidade é muito

troquei o pneu traseiro, já careca, de

disputada por argentinos e uruguaios em

Aparecida, minha moto, por 100 dólares

temporada e ainda acontecia um encontro

(metade do que se paga aqui).

de jovens. Sem jeito, fomos a Rocha, 22 km dali, onde pernoitamos.

As mansões e arquitetura de Punta impressionam. É uma cidade muito bonita, moderna e cara. No trajeto, uma forte 34


Dia

14

de

Janeiro

de

2007

feliz.

(Domingo) Fazia frio, apesar do sol. Trocamos os óleos nós mesmos num posto e seguimos para Castilho, de passagem e Punta del Diablo, um povoado, digamos alternativo.

Seguindo o passeio, fomos ao parque Nacional Santa Teresa onde costuma-se acampar e depois ao Forte Santa Teresa, um museu militar. Casas de madeira, ruas de terra, parecia uma cidade do velho oeste. Jovens e mais jovens de mochila zanzavam pra lá e pra cá. Rosa quase morreu de rir quando um rapaz me pediu fogo para acender seu cigarro de maconha. Logo após me pediu para tirar uma foto com minha moto e o mesmo fez sua namorada. Chegando

a

Chuy,

encontramos

um

triciclo que mais parecia um monte de cacos juntados aleatoriamente, com um botijão de gás entre o garfo e o piloto e um caixão de defunto à reboque. Fotografei a curiosidade. Mais adiante, entrando numa loja, vi um motociclista equipado como nós num Uma senhora argentina nos abordou curiosa e foi fotografada em cima das nossa motos, sob protesto do Rosa. Ela era uma ortodontista aposentada que escolhera aquele lugar para viver. Deu-me um conselho sobre meu aparelho e foi-se 35


calorão daqueles e puxei assunto. Era o companheiro do dono do triciclo. O dono se chama Maykon, é dono de uma danceteria em floripa e seu triciclo é o mais rápido do Brasil, segundo o Paulão, de Lages, SC. Os novos amigos nos ofereceram pousada em floripa, muito sincera e gentilmente, mas não pudemos ficar, sequer visitar o local. Foi uma pena.

-estrutura. Tem vários prédios antigos e

Nem nas férias podemos escapar de

bonitos.

nossos compromissos.

dinheiro. Jantamos numa ótima e farta

55

contos

por

cabeça

em

churrascaria ali perto e dormimos feito pedra. Dia seguinte acabei com o café da manhã do hotel...Aliás, comer e rodar é tudo o que temos feito...As barrigas já têm que ser encolhidas para as fotos. Dia 15 de Janeiro de 2007 (Segunda) Fomos conhecer a praia do Cassino. 200 Pernoitamos

em

Rio

Grande

após

atravessar os 240 km da estrada e darmos uma paradinha no outro posto para confirmar seu funcionamento para avisar

e tantos km de praia muito larga, areia socada e água marrom. Como praia em sí, não vi atrativos, a não ser por ser uma delícia dirigir por ela. Rodamos uns

os amigos. Batemos um papinho com o pessoal e soubemos de várias viagens feitas por aquelas bandas que postaram adesivos em suas portas de vidro. Tinha viagem à patagônia de bicicleta e até ciclomotor. A nossa, de 250s, nem parecia tão aventureira assim depois destas...

quilômetros tiramos umas fotos e fomos a

Rio Grande tem só 4 hotéis. É uma cidade

POA, onde dormimos num hotel que mais

antiga que está se modernizando muito

parecia um pombal, próximo à rodoviária e

rápido, mas ainda lhe falta certa infra

cujo dono era um senhor de 80 anos, 36


muito dinâmico e falso ranzinza de muito

boas fomos alcançando Nova Petrópolis,

bom humor, do qual gostei muito.

Caxias do Sul, Vacaria, São Marcos e Campestre da Serra, onde paramos e

Dia 16 de Janeiro de 2007 (Terça)

conhecemos a Inêz, com uma Lancheria à Saímos de Porto Alegre por volta das 10

beira da rodovia.

horas da manhã, com sol forte Ainda passamos por uma autorizada Kasinski para mais uma olhada nas máquinas, mas sem qualquer negócio. Também visitamos a autorizada Garini, nova no mercado, e em vias de lançar a GR250V, semelhante as Mirage.

Em seguida atravessamos a ponte do Rio Pelotas, que divide RS e SC. Ali, fizemos fotos maravilhosas do Rio. Mais à frente, não resistimos às imensas plantações de maçãs, á beira da rodovia. Paramos "procuramos" os proprietários e como não os encontramos, tomamos a liberdades de Infelizmente ainda não estavam expostas e assim saímos de Porto Alegre em direção a Novo Hamburgo, por onde entramos,

atravessamos

seguimos

para

Gramado

a

cidade e

e

Canelas.

nos saciarmos com algumas...rsrsr... Atingimos Lages já anoitecendo (21 horas) e como sempre os hotéis mais em conta eram nossa meta. E foi em um posto de gasolina que nos informaram sobre um colega

motociclista

de

nome

Paulo

Todeschini, morador da cidade e muito ligado

ao

mundo

das

motos

tendo

inclusive um programa semanal de nome CIA LIBERDADE, aos domingos pela manhã

(10:30h...)

abrangendo

Santa

Catarina e Paraná pela REDE TV Sul. Passeamos um pouco, fizemos fotos e seguimos em direção a Lajes. Estradas 37


mundo

pessoas

tão

especiais

como

aquelas que deixávamos para trás e para frente.

Com algumas informações em mãos, saímos a procura e não foi difícil localizálo através de familiares. Pouco depois, em uma animada roda de parentes

e

amigos,

trocamos

muitas

informações e até acompanhei o Rosa em uma

"amarelinha"

que

nos

foi

oferecida....rsrsrs...

presente! Uns 30km à frente, vimos uma Cagiva estacionada próximo à estrada, cheia de "bugigangas", garrafas dágua, sucos, madeiras, martelos, talhadeiras, etc...E foi assim que conhecemos Cacho

Dia 17 de janeiro de 2007 (Quarta)

(catcho), um argentino aposentado que

Pela manhã, com o Rosa furioso por não ter gostado do café da manhã (eu já tinha comido tudo...rsrsrs...),recebemos o Paulo que levou-nos até sua residência onde trocamos mais informações, conhecemos sua esposa Valda, assistimos um de seus programas,

Seguimos viagem com o calor sempre

recebemos

camisetas

e

viaja pelo Brasil, vivendo de trabalhos artesanais feitos em madeira. Estava sem gasolina

e

cedi-lhe

2

litros.

Como

agradecimento, fui agraciado com uma de suas obras: o rosto de Cristo misturado com Che Guevara, entalhado em uma tábua. Arte é arte, quem sou eu...

adesivos do CIA LIBERDADE, babamos um bom tempo frente à sua Kawasaki Voyager ano 95, muito linda e que está a venda por módicos 35 mil (a bolsa subir um

pouco!),

beberrão..rsrs...,

além

de

seu

sendo

triciclo

finalmente

acompanhados pelo amigo até a saída da cidade,

onde

prosseguimos

viagem

agradecendo a Deus por ter colocado no

Na Serra Geral, que desce a Floripa, uniu38


se

a

nós

o

jovem,

Marcelo,

motociclista/caminhoneiro, e nas curvas amenas da serra fiz questão de filmá-los no lindo balé das curvas (Veja filme no site). A menos de 20km de Floripa, paramos

em

alongamento

um e

posto

líquidos

para

um

quando

se

aproximou de nós um rapaz de nome Carlos.

Por volta de meia noite e meia, após

Conversa vai, conversa vem, ficamos

trocas de endereços, email e telefones,

sabendo que era também motociclista

retomamos os últimos kms que nos

independente como nós, e após convite

separavam

de sua parte, o acompanhamos (ele de

tranquilidade, apesar de fina garoa que

carro...) até a oficina do Macedo, em

caía, chegamos em casa maravilhados

Floripa, onde conhecemos Clotilde sua

pelo dia que passamos.

moto, uma CB 450 customizada e fizemos novos amigos. Prepararam-nos peixe e

de

Camboriú.

Com

Dias 18 e 19 de Janeiro de 2007 (Quinta e Sexta)

camarões fritos. Nesses dois dias permanecemos em Balneário para descanso e as devidas manutenções

preventivas

de

nossas

meninas.

Nessa vida boa, por ali ficamos até por volta de 23h e, quando pensávamos em seguir para Balneário, tinha mais. É um posto - point de motociclistas. E era o dia de encontro deles, quarta feira. Lá fizemos mais alguns amigos, MCs e até um colecionador proprietário

de do

carros posto,

que

antigos,

Dia 20 de Janeiro de 2007 (Sábado)

muito

Destino: Curitiba, São Paulo, São José

gentilmente nos exibiu suas relíquias,

dos Campos e finalmente Caraguatatuba,

orgulhosamente.

onde mora a mãe do Rosa. Saímos já com 39


roupas de chuva, pois descia uma fina

Dia

garoa e como já havíamos enfrentado a

(Domingo)

serra

de

Curitiba

(lembram-se?),

com

muita

estávamos

água

preparados,

mas não caiu uma gota.

21

de

Janeiro

de

2007

Após um belo café da manhã, fotos, nos despedimos da família Santos e após mais algumas visitas rápidas do Rosa a alguns amigos, finalmente por volta de 15h, deixamos São Paulo debaixo de chuva com destino à Caraguatatuba, 180km à frente.

E o tempo foi assim até Taboão da Serra, divisa com São Paulo, onde chegamos por volta de 18horas, sem problemas. Como alí é território do Rosa (ele é Paulista) foi ele quem nos encaminhou para casa de amigos(as).

Descemos a serra de Caraguá com forte neblina, mas sem chuva que ficara para trás. Entramos em Caraguá por volta de 18h cansados mas satisfeitos por mais uma etapa vencida e visto paisagens tão lindas na Serra do Mar, sem chuva. Dias 22, 23 e 24 de Janeiro de 2007 (Segunda a Quarta)

Assim conheci a Jô e Sebastian, Gilda, Neném, Janete e várias outras pessoas da família, todas maravilhosas. Jantamos e pernoitamos

na

casa

da

Jô,

que

gentilmente nos acolheu. O cansaço era tanto que a reza terminou em ronco....do Rosa....rsrsrs... 40


Em Caraguá fazendo pequenos passeios

bateria...etc... Nada.

nas praias litorâneas, dormindo na casa da Dona Terezinha, mãe do Rosa, e em visitas à Luíza e João, irmã e cunhado dele, a quem escravizamos com nossa presença. Luiza não saía da cozinha, e nós, da mesa... Para nós foi um momento especial pois pudemos estar presente pela

O Rosa, como tem seguro, chamou um

formatura de João e por visitar a sobrinha

guincho e a Bruta rodou de boba pelos

predileta do Rosa.

próximos 40km até Leme (novamente....), onde

foi

atendida

pelo

mesmo

mecânico.Resumindo: era a bobina do motor que havia rompido um fio e outros estavam colados, em curto. Vibração, na certa. Após mais 80 irreais gastos e bom tempo perdido (o fato ocorreu às 11h40 e pegamos estrada novamente somente às Dia 25 de Janeiro de 2007 (Quinta) Nossa última etapa dessa maravilhosa aventura.Tínhamos pela frente os últimos 1200km de viagem até chegarmos a Brasília. Esse último trecho seria dividido em dois dias para chegarmos na manhã da sexta, 26. E Tudo correria muito bem, não fosse (para revolta do Rosa...) mais

1

um problema, dessa vez elétrico, da Bruta.

7h00). Seguimos viagem pisando fundo.

E

isso

aconteceu

com

um

grande

estrondo, parecido com o estouro de um pneu de caminhão, exatamente na praça do pedágio, 4km após Limeira, já no km 152 da Anhanguera. Pasmos, procuramos

Conseguimos chegar em Uberaba por volta das 21h. Conseguimos hotel à beira da estrada, lanchamos ali mesmo e cama para vencer os últimos km à frente no dia seguinte.

por uma sombra e iniciamos algumas averiguações como fusíveis, cabos velas, 41


Dia 26 de Janeiro de 2007(Sexta)

Mais que um passeio de moto, essas

Deixamos Uberaba por volta das 9h da manhã. Tranquilos, sem pressa, paramos em Catalão para almoçarmos e trocar o óleo das meninas pela última vez dessa viagem. Então, traçamos os últimos kms não respeitando nem algumas gotas de chuva que insistiam em nos perseguir. Quando,

finalmente

chegamos

em

um caminho diferente do meu, sugeriu em

uma

superações constantes, pois em cada um dos itens acima, algo poderia não estar, e muitas vezes não estavam, de acordo com nossos caprichos. As paisagens são lindas, impagáveis e impossíveis de serem transmitidas da maneira

Valparaízo de Goiás, o Rosa, que seguiria

pararmos

viagens revelam-se um treinamento de

movimentada

lanchonete de um seu amigo e ali, felizes, cansados e realizados, fizemos o brinde e agradecimento a Deus por essa longa a adorada viagem.

que

elas

nos

abordam

intimamente. Fotos não chegam nem perto. Cheiros da mata, das flores, o toque da neblina em nossos rostos são sensações de cada um. Pensamentos, lembranças e mesmo a sensação de estar sozinho no meio do nada sem com quem conversar por horas. É meu Caminho de Santiago, de

conhecimento,

de

sofrimento,

de

alegria e felicidade, de superação e humildade, de aprendizagem, reflexão e mudanças. Não, não é apenas um passeio de moto, é uma lição de vida. E que vida!

E

assim

foi!

Nossos

velocímetros

marcavam 9.250km de estrada e 29 dias com vento na cara. Foram cerca de 20 hotéis diferentes, 22 camas diferentes, 22 chuveiros, 90 refeições (café, almoço, jantar), 50 abastecimentos, 5 trocas de óleo

(das

motos...)

cada

um...

É

mole...????

42


Uma Viagem pelo Brasil Brasília, Mundo Novo, Curitiba, Camboriú, Salvador, Natal e Santa Maria da Vitória

jan 2008 43


restante básico... O resto era pra moto:

Brasília – Mundo Novo

ferramentas, graxa...bem.

5 horas da manhã do sábado, 22 de dezembro de 2007, meu celular me

Liguei pro Rosa depois do banho e... acordei-o. Safado. E eu preocupado dele aparecer de repente me cobrando “Anda logo que já tô pronto!!!”. Beleza. Tinha mais alguns minutos pra ficar em cólicas de ansiedade pra viagem. Tudo na moto, vestido, e uma hora se passara desde que o sujeito disse que estava vindo. Calibrei os pneus.

Ele

chegou às 7h15, abastecemos e saímos acordou. Mesmo tendo ido dormir a uma e

vestidos com nossas roupas de chuva,

meia, batendo papo com meu amigo Raul, acordei disposto. Disposto a dormir um pouco mais...Mas como o Rosa, meu companheiro de viagem ficou de me acordar as 5 e meia, levantei logo, pois ele não me despertou confiança na noite anterior. Tava tarde e ele ainda tava mexendo na moto. Bem, levantei logo e fui cuidar da vida. O friozinho na barriga, desde a noite anterior,

botas de borracha e o escambáu.

ainda não havia sumido. Chovia. Choveu

Logo após o Gerivá, tiramos tudo. O

a noite toda. Aquela chuvinha fina que não

tempo estava bom para o sul. Em Goiãnia,

passa nunca. Passou às 6 da manhã.

calor. Ficamos pouco mais de uma hora

Bom sinal. Acabei de juntar a bagagem

pra

num canto só para não esquecer o que

Concessionária

esqueci. E levei tudo pra moto. Uma obra

Estrada de novo.

um

trato

programado

Kasinski

e

na

simbora.

de arte, paciência e perseverança. Acho que levava camisas demais. Duas jeans,

A viagem correu otimamente. A estrada

um tênis, uma botinha de trilha, uma bota

está muito boa, embora com um calor

de borracha para chuva, um chinelo e o

intenso, roupas de couro e tal, víamos fortes nuvens à nossa frente, e com sinais 44


combinados, já nos preparávamos para a

tirou do apuro em pouco mais de uma

roupa de chuva, o que não aconteceu,

hora. Consertou a corrente e seguimos

pois

viagem até minha gasolina acabar.

a

danada,

sempre

que

nos

aproximávamos, ou mudava de direção ou já havia por ali passado. Resultado:

Eu ainda não havia usado a reserva de

chegamos em São José sequinhos por volta das 19h. O interessante é que cada vez que a gente achava que ia pegar chuva (e estávamos precisando de uma “aguinha”), a estrada se desviava dela e chagamos a passar entre duas chuvas sem uma gota em nós. Em São José do Rio Preto, SP, paramos em uma lanchonete e fomos paparicados

minha moto, que deveria durar uns 50 km,

pela Bruna e pela Mabel. Aviso logo:

mas não chegou a 30, deixando-nos na

Bruna não é filha da Mabel (tá, Mabel?).

estrada.

As meninas nos indicaram hotéis e nos trataram

maravilhosamente

bem.

São

muito simpáticas e deixo aqui nossos agradecimentos

pela

paciência

Um

andarilho,

mendigo,

vagabundo, sei lá, nos informou de um posto a 5km dali. Enquanto o Rosa, que também estava

na

reserva,

buscava

e

explicações repetidas a dois viajantes cansados. Sassaricos pra lá e pra cá em busca do hotel ideal (já tenho larga experiência na área. Em janeiro de 2007 foi a mesma coisa), ficamos num bem confortável, ar, direção, trio-elétrico e garagem. Isso é fundamental pra não se ter que tirar toda a bagagem. Banho tomado, lanchados, dormimos feito pedra. Dia seguinte, 23, domingo, saímos em torno das 8 horas e, já na estrada a corrente da moto do Rosa, quebrou. Um motociclista, Rodrigo, nos arrumou um

gasolina pra mim,

chamei o sujeito pra

conversar. O andarilho-mendigo-vagabundo era um motorista

profissional,

operador

de

colheitadeira e mecânico que estava sem emprego e caminhava para a próxima

mecânico chamado “Trincado”, que nos 45


cidade tentar um emprego. Tinha filhos e irmãos por toda a redondeza e me informou as distâncias entre todas as cidades que nós iríamos passar, até Mundo

Novo,

MS.

Um

camarada

capacidado, mas sem emprego por ter apenas a quarta série, que as empresas não aceitam mais. Dei-lhe minha garrafa dágua, pedi-lhe que aceitasse algum dinheiro como humilde contribuição e ele

do

foi embora, otimista e perseverante, em

preciosos minutos de recordação entre

sua jornada. Não

ambos,

era triste, rancoroso

simples

botequim.

enquanto

nem resignado Tampouco infeliz. Segundo

compreensivamente,

ele, estava vivo e com saúde.

um freguês.

Alguns

dentes a menos, e muitos km a caminhar, mas era um vencedor.

Recordações

Seguiram-

eu

aguardava

conversando

passadas,

se

o

com

futuro era

Londrina. Eu queria ver uma amiga de

Gasolina no tanque, comida no bucho,

Brasília, Isabel, que havia saído no

estrada novamente com apenas 100km

mesmo dia que nós, de lá, mas de ônibus.

rodados em 5 horas. Fomos para Assis,

Ela me diria, depois, que seu ônibus saíra

SP.

às 16 horas e veio debaixo de chuva

Rosa morou em Assis há 34 anos. Não

desde lá. E temporal.

reconheceu a cidade, claro, mas estava

Às 18 horas, fomos lanchar na casa de

visivelmente emocionado ao desfilar por

sua

suas ruas. Procurando a parte antiga da

tradicional recepção de família mineira,

cidade, foi reconhecido num bar (onde

com queijadinhas (delícia), queijo (padrão,

mãe.

Fomos

recebidos

com

a

afinal a mãe é mineira), pãozinho de mel feito em casa (desmanchava na boca), café forte (mastiguei uns três pedaços rsss),

mas

nenhum

pão

de

queijo

(inadmissível!). Uma esculhambação! Fuime mais?) por um colega da época. Nem saltara da moto ou removera o capacete, o senhor já gritara seu nome de dentro

embora.

Peguei

as

queijadinhas

restantes (eu sou brabo, mas não sou besta), enfiei-as num saco e seguimos para Maringá, PR. 46


A tarde estava agradabilíssima. O passeio foi delicioso (isso é meio que pleonástico quando se fala em moto, tá?), fresquinho, paisagens belas, pra variar. Um motociclista, Antônio, nos levou até um hotel bom, barato e nas imediações da saída da cidade. Como sempre, dormimos feito bebês. e conhecer os novos membros e novos Dia seguinte, rumo a Mundo Novo, MS.

sobrinhos.

Manhã fresca, paisagens lindas (eu já disse isso? Rá vou repetir muito mais...)

Cantorias, amigo-oculto, muita comida

Uma delicia de passeio (também vou

gostosa, muitos novos amigos agregados

repetir).

à festa.

Em

Umuarama,

conhecemos

Tonico, que nos indicou um tapeceiro para cortar o banco da moto do Rosa para ficar igual ao meu, e um outro rapaz, cujo nome não vem ao caso, dono de fábricas de cigarro no Paraguai e outros países da redondeza. Papeamos alguns minutos à sombra da loja de conveniência do posto no qual abastecemos. Estrada de novo, e, finalmente chegamos ao destino. Família, fofocas, saudades,

Dia 25 era dia de descanso pra uns e de

mas isso é outra história.

batalha pra outros. No caso, outras. As meninas

trabalhavam

de

sol

a

sol,

24 de Dezembro de 2007

praticamente. Deus me livre voltar mulher

Bem, as festas em família são, digamos,

na outra encarnação. Era só comer, beber

em família. Sabe como é, muita animação

e domir pra esperar o dia 26 chegar pra

e alguma confusão. Teve disso tudo. Mas

visitar o Paraguai. Ponto alto do evento.

isso é coisa entre família e pronto. Ademais, confraternização

muita e

animação, muita

saudade

assassinada. Foi ótimo rever os familiares

Dia 26, visita ao estrangeiro. Lojas e mais lojas a preços módicos. Não comprei nada, e ainda assim, saí com um iPod 160 GB. Coisa da minha irmã Ju. Ela comprou 47


o bendito, mas queria um de apenas 8gb e acabei ficando com ele (e a dívida em dólar, claro). E eu achando o HD de 120 GB do meu laptop novinho, grande! Agora tenho mais 160GB pra usar. Um desacato, como diria uma amiga. Dia 27 saímos pra Curitiba. Rosa foi direto pra SP. Eu e Rodrigo, meu primo, fomos juntos. Escapamos das chuvas por pouco, mas pegamos alguma garôa o suficiente para sentirmos algum frio.

Reencontrei minha amiga Lúcia um ano após nosso primeiro encontro. Ela estava mudada e muito bonita. Conversamos por horas no Babilônia, de novo. Foi bom matar saudades. Dia 29 resolvi tocar pra Camboriú. Arrumei tudo na moto e saí às 2h20. A tarde estava quente e sem a menor previsão de chuva. A moto estava confortável. Foi um passeio muito

O passeio foi muito gostoso e fiquei

agradável pela estrada excelente. Trânsito

satisfeito por ele ter gostado. Dormimos

tranquilo até há alguns km de Garuva,

em Palmeiras e chegamos cedo pra

onde um congestionamento monstro se

encontrar nossos parentes na casa de

formou. Mas, corredor existe pra isso e as

Dona Darcy.

motos todas o utilizaram. Depois de

À tarde fomos passear, olhar lojas de motos, tirar fotos no Jardim Botânico e

Garuva,

estrada

limpa.

Uma

delícia.

Paisagens lindas.

passear pela cidade. Um shoppingzinho

A

básico e a noite, encontrar amigos.

agradável, apesar da roupa de couro.

tarde

foi

ficando

mais

fresca

e

Cheguei às 17h na casa de meus pais, junto com minha filhota, que chegava com sua mãe, para ser gerenciada por mim a partir de então. Agora

é

descansar

e

aproveitar

as

comemorações de ano-novo e as férias regadas a sol, mar e passeios de moto. 48


31 de Janeiro de 2008

encarnação, talvez!

Festas de final de ano são duas grandes

champanhe e apresentação básica das

oportunidades de encontrar os parentes.

meninas sob o som funkeiro de um carro

Cada vez mais me interesso por isso, hoje

nas imediações. Foi lindo! Até minha filha

em dia. Já não é mais chato. Além de

participou. Só as cachorras! Ao redor, os

necessário, é muito legal. Revi primos que

seguranças, claro! Cara amarrada, braços

não via desde pequenos, suas lindas

cruzados pra afastar os indesejáveis

esposas e/ou namoradas, seus adoráveis

paparazzi!

Fogos na praia,

filhos. Minha família está cada vez melhor (e o bom é que só se vê uma ou duas vezes por ano. Dá pra aguentar rssss).

Final de um, começo de outro, almoço dos restos na tia, à noite encontro com os Ano

novo,

padrão:

“Fatiou,

passou”.

Comidinha feita por experientes mestres-

mais jovens, alguns em restaurantes, outros na balada e eis que surge um sombrero!

cucas (titia, vovó, mamãe).

Cantorias

mexicanas

embaladas pelos Mariacchis e eis que O

melhor,

normalmente

vem depois.

Passeios, almoços e jantares juntos, horas e horas de conversas e fofocas. As reuniões familiares são os momentos em que se descobre que nunca vão deixar vc crescer. Pode ter 50 ou 60 anos, tuas tias sempre te tratarão como criança. Teu pai insiste em querer te transformar num homem e tua avó não te deixa crescer. “Deíco” pra cá, “Lindinho da vovó” pra cá...Rá. Que homem que nada! Eu tô é com saudades de ser criança e corro pra proteção dos braços da vovó e colo das tias

rssss.

Volto

homem

na

outra

surge a Macarena (alguém resiste?) Sem fotos, please! Nem dava. Até os paparazzi da família estavam se rebolando. E assim foi, entre passeios aqui, encontros ali, e muitos e muitos km de caminhadas entre 49


a casa de um e de outro, milhas e milhas

mas gudento, melado, ah...não aguento.

frente as lojas de Bal. Camboriú que

Aí me falam, “é só entrar no mar!!”

fomos passando os dias. Comecei a correi

Geeeeente! Se eu tenho um chuveiro quentinho em casa, vou entrar nesse treco gelado e salgado pra ter que entrar no chuveiro

depois?????

Vou

logo

pro

chuveiro. Alguém inventou isso por uma boa razão. E eu apóio boas idéias. Cabouse. Ai ai. Mas vocês, hein? Ninguém me entende! Mas, então... na praia, mas já parei. Isso é castigo pra

Deixei minha moto na concessionária para

corno. Comecei a fazer academia. Cara, como alguém aguenta isso? Se Deus me deu uma barriga, que sou eu pra contrariálo. Nisso os fiéis não pensam. Mas nem eu to aguentando. Ela tá chegando

primeiro

cumprimentam

antes

que

eu.

mesmo

Já de

a eu

chegar. Ta, vamos levando a academia e as caminhadas. Agora: sol já é demais! A barriga vá lá contrariar a vontade divina, afinal eu comi feito padre (não foi boa a comparação para a argumentação, mas vá lá pra não perder a graça), mas a cútis ariana é legítima! Pra que marquinha de

um trato. Regulagem dos balancins do virabrequim, talvez corrente de comando ou tuchos hidráulicos das válvulas (sorry, meninas: volante, buzina, espelhinho. É tudo que vcs precisam saber).

calção? Eu sou branco-fosforescente, nem

Uns dias sem moto, passeio de carro. Fui

precisava

à Serra do Rio do Rastro. Desta vez com

usar

adesivo

refletivo

no

capacete. Mas o problema do sol nem é o sol em si, mas o calorão que me deixa como que saído de um pote de mel. Doce eu já sou,

tempo bom. Já havia passado lá ano passado, de moto com o Carlos Rosa. A gente nem se via de tanta neblina, que dirá a Serra. Mas eu queria mostrar pra minha família antes de minha irmã e filha 50


acordados foram filmando e fotografando. Acreditem: eles gostaram. Foram ótimas companhias. Pretendo ficar junto deles mais

vezes,

talvez

o

dia

todo,

principalmente às noites de férias que lhes restam...vão adorar! Minha filha voltará pra casa dia 18 e eu ficarei livre leve e solto pra continuar meus planos

de

viagem

que,

com

a

impossibilidade do PeU (amigão meu) ir comigo

ao

Chile,

estão

meio

irem embora. A família foi desistindo, me abandonando e só me sobrou minha filha (e

seu

namorado!)

que

me

fizeram

companhia por alguns minutos em que ficaram acordados, nas 9 horas que durou o passeio. Brincadeira...não chegaram a ser minutos...estou exagerando. Bem. Já cansei de falar que o passeio pelas serras catarinense são imperdíveis. Não vá ao exterior, França, Egito, antes de conhecer isso aqui. Vc tá perdendo um

desplanejados. Talvez volte por Mundo Novo, de novo e passe por Campo Grande pra rever parentes e amigos. Talvez passe por São Paulo pra ver parentes e amigos. Talvez passe no Rio

mundo de beleza.

pra ver parentes e amigos ou talvez vá a Salvador pra ver parentes e amigos. Quero fazer tudo isso, mas vou ver quais são as possibilidades. Meus queridos parentes e amigos. Estou com saudades de todos vocês e quero muito vê-los. Farei disso meu projeto para os próximos anos. Acostumem-se com a A Serra é fenomenal. Melhor ainda a

idéia.

subida ou a descida, como foi o caso. Descemos

bem

lentamente

e

os 51


Rumo à Bahia, ou Férias até debaixo dágua

Faço uns planos “marrom”, afinal todo

Bem, algumas semanas de descanso na

aproveitar e visitar uns amigos pelo

casa de meus pais quase me tiraram de

caminho em Caraguatatuba, SP e em

minha meta nessas férias: passear de

Vitória, ES. Mas o convite de meu amigo

moto.

de há mais de 30 anos que está vindo de

mundo sabe onde é a Bahia. Quero

Belém é mais um prazer para repartir os Resolvi visitar minhas primas Rosemar, Rosane e família. Nada a favor da Bahia, ela não me atrai tanto assim, mas não nos vemos desde criança. A oportunidade é essa, a hora é agora e o momento é já. Vou lá. Quem sabe encontro meu amigo PeU, que deve estar triste por não podermos fazer nossa viagem ao Chile e

dias das férias que faltam. Mas não quero correrias. Não quero passar pelas serras de SP nem seguir pelo Rio. As chuvas, as estradas,

os

desmoronamentos

me

desanimam: vou direto pra Bahia e passo o carnaval em Sta Mª da Vitória, BA, na volta pra casa, com meu amigo e família. Viu? Tudo planejado. Tudo redondinho.

talvez minha visinha (com “S” de visita, mesmo pois não pára em casa), que ficou

Com a partida de minha filha, de volta

com a chave pra cuidar de meu AP e

para casa, as coisas perderam a cor.

desertou-se pro Nordeste. Vou dar-lhe um

Fiquei tristinho. Piorou quando vi o monte

puxão de orelha, mas talvez aceite umas

de tralhas pra selecionar e colocar na

tapiocas por danos morais...

moto: fiquei tristão. Era um quebra-cabeça lascasdo, mas fui organizando devagar e

2600 km de estrada.

de repente tudo ficou certo. Resolvi

Numa média de 700 km por dia levo

colocar tudo na moto pra ver como ficava.

quatro dias pra chegar. Uma eternidade.

Certin. Cabeu tudo. Beleza. O ânimo

Que bom ! É disso que estou precisando.

voltou. Entrei no meu estado TPV, no qual

Dias e dias morgando na mãe vão me

fico quieto, calmo, quase zen. Pra ficar

deixar barrigudo. A corrida na praia

zen só faltava ficar zen, pois eu tava

dançou. A academia acabou. Nem minha

calmo de tão nervoso e ansioso.

moto rodou, pois ficou vários dias na autorizada, num monta e desmonta até conseguirem fazer tudo direitinho. A idéia cresce e a necessidade de planejar tudo

A partida para dois dias depois foi antecipada. Já tava tudo na moto! Ficar fazendo o quê no domingo lá, que eu já não tivesse feito? Ah, simbora, meu!

direitinho urge. Não consigo planejar como devido. Essa moleza tá me matando. 52


Domingo, 20 Acordei às 7 planejando sair às 9. Faltavam 5 minutos e eu já estava na rua após despedidas amorosas e sinceras, com as habituais lágrimas da mamãe.

maior parte do tempo. Uma falta de respeito com a vida de todos que por ali passam.

Inadmissível

nossos

administradores permitirem aquela fábrica de

defuntos.

Encontrei

4

caminhões

tombados pelo caminho. Acidente com

O tempo estava fresco e nublado. Perfeito!

carros, nenhum, mas engarrafamentos,

Coloquei meu iPod nas zoreia e segui pra

trânsito lento, um inferno de estrada. Um

onde meu nariz apontava (sempre quis

dia vamos aprender a cobrar desses

dizer isso. Um ícone da liberdade!). Cara!,

camaradas.

pensa numa coisa perfeita e não chega nem perto do que foi o trajeto até Curitiba. A moto tava gostosa e confortável. O dia muito gostoso. Eu estava...assim...fit...na moto. Encaixado, perfeito. Eu e ela, ela e eu e o mundo chegando sob nossas rodas. Pra completar, meu Ipod resolveu tocar músicas deliciosas, Maravilha de Benjor, All of Me, de Sinatra, Mulher, de Martinho da Vila. Cantei-as todas e chorei. Chorei, chorei, chorei em cada uma delas. Se a vida fosse justa, Deus tinha me levado naquela hora perfeita de minha vida. A felicidade suprema tinha se instalado em mim. Mas quem disse que a vida é justa? Entrei na Régis, a estrada entre Curitiba e São Paulo. Um inferno! Chuva e buracos a

A chuva nem incomodou, só me impediu de tirar fotos. Coloquei a capa e o capacete fechado logo no início e não tirei mais. Inicialmente a tocada estava boa, o ritmo ótimo, uns 100-110. A viagem rendendo. Numa curva na Régis, um líquido branco cobria parte da pista. Senti cheiro de tinta. Será que escorrega? Sem, pânico, sem pânico. Apruma a moto e sai pela tangente, vai reto. Não toca no freio, tira o pé (no caso a mão), ergue o corpo pra

tentar

controlar

a

moto

se

ela

escorregar e se prepara pra cair. Cabeça fria, coração disparado, tenta fazer a curva... fatiou, passou. Taquiupariu!!! Como deixam um treco desses sem ao menos um aviso, cacete!!! 53


Os pneus dos carros jogavam o spray da

trechos da Régis não permitiriam erros. E

coisa branca pra cima, de forma que eu

aceitei todos....

fiquei branquinho. Aliás, nós ficamos, mas a chuva limpou depois.

...Todos os buracos que podia. Ainda bem que não foi nenhum grande, mas foi uma

Não sei bem se foi pela coisa branca, mas

bosta. Mas ainda assim, gente, acredite: “

senti uma rabeada leve da traseira numa

I Love It !” Depois que acabou, foi uma

curva. Tentei noutra, me pareceu instável.

delícia.

Numa terceira, uma rabeada mais forte me deixou preocupado. Podia ser pneu furado (as customs não arriam pneu. Eles

Chegando em SP, pra variar me perdi. OD-E-I-O São Paulo. Entrei na Raposo Tavares confundindo com a Fernão Dias e fui parar em Sorocaba. Quando vi a placa Votorantin (uma cidade) eu lembrei que havia passado por ali no ano passado quando estava descendo pro sul, mas ela era do outro lado...não to entendendo... A roupa de chuva vai sobre a de couro

têm bordas grossas pra não murcharem

mais as underware (cuecão para os

totalmente, mas ficam instáveis.) Passei

ígnobes), mais luva de borracha e luva de

nuns sinalizadores da estrada com as

couro, mais capacete. Toda hora que se

rodas e tuc tuc. As duas pareciam estar

pára,

cheias. Não eram barulhos de pneus

procedimento para despir e vestir, mesmo

murchos. Talvez um parafuso da roda ou

que parcialmente, o que torna o parar,

da balança? Parei olhei e tudo em ordem.

indesejável. Eu tava com frio. Não muito,

Sei lá. Fui. Mas vcs não tem noção de o

mas o suficiente pra ficar lerdo pra outras

que é perder a confiança na moto. Fazer

coisas que não a estrada, o trânsito e tal.

curva. Fazer curva no molhado. Fazer

Quando a ficha caiu eu pensei...merda! To

curva no molhado a 100 por hora. Não dá

indo pro outro lado! Fui verificar numa

pra explicar o antes e o depois. Numa

Polícia Rodoviária e eu estava certo:eu

dessas, vc começa a fazer curvas com

estava errado! Tava indo pro outro lado.

tanto

medo

que

parece

estar

é

uma

complicação,

um

com

rodinhas laterias dessas de bicicleta. As curva ficam mais longas, mais abertas, vc fica mais tenso, cansa, e, é claro faz muito mais devagar. Mas foi bom. Os próximos

Mas sem grandes prejuízos. Um erro de 200km, mas o que me importava era passar de SP e verificar o quanto eu poderia rodar no total. 54


e se abraçando, agradecendo a sorte. E sorte,

mesmo,

foi

não

ter

nenhum

barranco perto. A estrada estava chata, frio, chuva. Me arrependi algumas vezes em não estar com meu carro. Em BH, também não foi agradável. Perdi muito tempo no trânsito e A caminho de Campinas, parei num

nas traseiras de caminhões, nos quebra-

hotelzinho sonho-de-consumo meu e do

molas.

Rosa:

baratim,

35

pp

e

direitinho. banho

Apesar de tudo, a estrada no estado de

pelando, mas eu não estava cansado

Minas tem mais vida que as em SP. As

Tudibom.

Foi

ótimo

tomar

o

apesar do dia intenso. Estava satisfeito, pronto pra outra. Dia 21 E a outra começou as 5h15, quando acordei. Banho pelando, pra acordar mesmo, arrumei tudo, café da manhã, tranqueiras na moto e saída às 7 horas. Tinha que ir a Campinas, 35km pegar a D Pedro I até Atibaia e entrar na Fernão Dias

(lembre-se,

não

é

paradas, os postos, os restaurantes são mais personalizados. Senti que o mineiro, é um paulista feito-em-casa. Na estrada rumo a Vitória, entrei em João

Raposo

Molenvade

Tavares!!!).

me

mantendo na BR381.

Bem, a essas alturas

Daí

eu já estava de capa e

estrada ganhou cor.

botas

seu bom estado com

de

chuva,

e

pra

assim segui até BH. A

curvas

estrada,

rápidas

boa,

mas

frente

longas e

com

paisagens

molhada, proporcionou

a

e as

lindas.

vários acidentes. Muitas curvas, serras e

Tornou-se, novamente, uma delícia pilotar.

velocidades excessivas. Vi um ônibus

Eu andava rápido, a estrada permitia, o

interestadual recém entrado no mato logo

trânsito,

também,

apesar

de

algum

após uma curva. As pessoas ainda saindo 55


movimento de caminhões. Mas a chuva

que recebia em quantidade muito superior

sempre me rondando e peguei algumas.

a sua necessidade. Eu nem tive coragem

Toquei

até

chegar

em

Governador

Valadares no início da noite. 900Km no dia. Abasteci e uma simpática frentista

de me oferecer para pagar-lhe por isso. Preferi passar por mal educado que por grosseiro.

sem sotaque me indicou alguns hotéis e

Dia 22. A lua afastou as nuvens e pensei

me sugeriu um motel no qual ela já

que teria tempo bom no dia seguinte: ledo

trabalhara. Uma tristeza! Mesmo a noite,

engano: amanheceu nublado e a chuva

via-se que não estava bem cuidado por

me acompanhou algum tempo. A estrada

fora. Mas o preço, 30 reais e a simpatia da atendente me informando que não era tão ruim como parecia, me fez verificá-lo por dentro.

Realmente,

limpim,

direitim,

garagem pra moto, beleza.

não parava de subir e ora frio, ora chuva, mas sempre boa, salvo um ou outro trecho em reforma. As paisagens começavam a ficar

interessantes

e

os

restaurantes

mantinham o estilo mineiro. As cidades e pequenos vilarejos significaram, muitas A atendente, Joseane, era muitíssimo

vezes, atraso pelos quebra-molas e a

simpática

Conversei

lentidão dos caminhões em passá-los.

bastante com ela. Padrão da mulher

Entrei na Bahia e meus medos de estrada

brasileira: raladora e se vira nos 30, como

mal cuidada se evadiram. Tava tudo nos

ela

como

conformes. Mas elas não paravam de

complementação temporária ao salão, da

subir. Morros e serras e as nuvens sempre

qual é esteticista ou coisa parecida. Há

me

três anos separada tem 3 adolescentes

paisagem me pareceu meio seca, sinal

e

diz.

conversadeira.

Trabalha

rondando.

Alguns

momentos

a

pra cuidar. E sozinha. A arte está em manter o bom humor, a simpatia e a vontade de viver. Tinha a voz e a delicadeza

de

uma

professorinha

de

jardim. Gentil, dividiu comigo seu jantar 56


que não chovia muito por ali...rsss mas EU

nossos olhos com belezas. Tanta coisa se

tava por ali.

perde nesse nosso imediatismo. Vamos a

As retas eram enormes e convidativas. Mesmo as curvas eram ótimas para dirigir, pois não eram muito fechadas. Tendo saído cedo, já havia rodado bem e uma placa me avisou que faltavam uns 600km

Florianópolis, mas relegamos as serras, as paisagens. Vamos de avião. Devíamos ir a pé. E tem gente que quer conhecer a Europa mas nem reparou a paisagem até sua padaria.

pra Salvador. Fiz as contas e achei que

Cheguei a Feira de Santana anoitecendo

dava. Apertado, mas dava...e apertei.

e resolvi ir no mesmo dia a meu destino. A

Depois de Vitória da Conquista, surgiram formações rochosas muito bonitas e retas maiores ainda. A moto rendia muito bem, apesar dos fortes ventos laterais que me chacoalhavam

e

faziam

uma

zoeira

danada dentro do capacete. Lindo, lindo,

estrada a noite não é confiável pra motos, pois um buraco pode acabar com sua viagem, no mínimo, mas resolvi seguir os carros. Realmente verifiquei ser um risco. Nada

aconteceu,

mas

poderia

ter

acontecido. Não recomendo.

lindo. Estas estradas são lindas, boas e a

Cheguei em Salvador às 21 horas e me

paisagem fantástica. Interessante que a

perdi, mas minha priminha Liliane (e

gente quer ir a lugares para ver coisas

alguns baianos adicionais) me orientaram

bonitas...Gramado, Canela, Paris. Mas o

a chegar a sua casa.

ir, muitas vezes é a melhor parte da viagem, afinal o objetivo é encantar

E lá fiquei dois dias que pareceram uma semana, tamanha foi a intensidade de

57


família da

bonita. A paisagem definitivamente não

minha prima Rosane, conheci a da prima

vale a pena e tudo fede. Fui pela Rodovia

Rosemar e, inclusive seus outros irmão e

do Sol até Sergipe. Ótima estrada e

pai. Todos os irmão cantam Gospel e se

opções de cidades, mas na estrada,

entrosam

mundo

mesmo, nada. Depois, BR 101. Um

carinhoso e brincalhão. Rose tem a voz

desastre. Está sendo reformada e isso só

macia e afinadíssima quando canta. A

vai fazer aumentar o número de buraco

música os integra mais.

tapados e retalhos pra agoniar as motos.

relacionamentos.

Além da

perfeitamente

num

Os filhos de Rosane, em cuja casa fui hospedado, são uns amores e carinhosos e

as

meninas

são

lindas

e

Motos gostam de andar em tapetes, remendos são uma droga.

muito

graciosas. Seu filho, Isaías foi meu GPS particular, me levando pra cima e pra baixo, em Salvador, com uma habilidade e disposição difícil de achar num moleque de 12 anos. Agradeço a acolhida muito gentil de todos, especialmente ao Dedé, seu marido. Ao shrek, deixo esta foto tirada como uma pérola: linda no meio de tanta coisa feia rss

Não

vi

nada

que

valesse

registro.

Plantações de cana adubadas cheirando a azeitona. Uma droga. Estrada estreita, fedorenta e esburacada. Desse jeito é melhor ir a Paris, mesmo. As imediações de Recife me trouxeram cheiros mais agradáveis: uma hora jurava ser de batata frita do Mac Donald’s, outra um cheiro adocicado. Mais lá perto eu vi uma fábrica de biscoitos. Era isso! A viagem não parecia render. Eu rodava uma hora e o hodômetro não se animava. O tempo custava a passar, mas conversei com algumas pessoas nas paradas. Um

Dia 25

menino que viajava na boléia com o pai,

Aliás, este seria um resumo de minha

dois motociclistas que estavam indo pra

viagem até Recife: uma ou outra vista

Maceió, e um controlador de tráfego de 58


obras na estrada que me falou da

anterior. Não sei o que acontecia, quanto

importância da posição na estrada em

mais eu andava devagar, mais a viagem

obras, da placa “pare-siga”.

rendia e assim sendo, cheguei cedo em

Resolvi não deixar a noite chegar dessa vez. Estou em meu horário de verão, mas da Bahia pra cima, não. Mais uma vez me hospedei num motel, aqui chamado de hotel, não sei porque, ainda. É mais

Natal. Dez e pouco tava lá. Dei alguns telefonemas consegui

pruns

amigos

contatá-los.

mas

Beleza,

não sem

problemas. Eu ia curtir Natal sozinho, mesmo.

prático, rápido, não tem que preencher

Melhor assim. Passaria um dia ou dois e,

fichas, a moto fica ao meu lado, é grande,

vazava pra estrada de novo. Aí, lembrei

limpo. Tem muito mais vantagens que um

de uma amiga e liguei pra ela...minino, pra

hotel convencional, na maioria das vezes

quê? Rhady, Juan, e Rose me aprontaram

e a decoração mais interessante.

a melhor parte de minhas férias...Foram

Dia 26

três dias que pareceram uma semana!

Saí cedo, ou muito cedo, nunca sei. Tinha o dia todo pra chegar a Natal. Essa parte eu queria fazer bem devagar, apreciar a paisagem, relaxar e ver o consumo da

Aliás, uma semana foi pra achar ela. Uma

moto em baixa velocidade. Nem calculei,

confusão de endereços e locais que

ainda, mas a reserva entrava com 260km

apelei: tô em tal lugar, vem me encontrar!

rodados e abasteci com 350 sem usá-

Ela veio. Disse-lhe que queria ficar numa

la...quase 28 por litro.

pousada longe da cidade, numa praia bonita pra acordar cedim, caminhar, ficar

A estrada está em reforma, como disse. Um saco! Obras pra todo lado. Até o exército tá na empreita. E não está boa.

de bobeira olhando pro bonito do mar. Bem, taí as fotos de sua indicação, em Búzios.

Porém, por mais devagar que eu rodasse, o ritmo andava, ao contrário do trecho 59


Pousadinha espaçosa,

direitinha, várias

lindo

camas,

visual,

limpinha

e

baratinha com café da manhã e sopinha à noite. Noventinha por dia. Considerando que

rodando

combustível,

eu

gasto

mais

tudo

dentro

tava

com do

planejado, mas, mais almoço e jantar, os gastos diários chegam perto dos duzentos reais,

bem diferente

da

casinha

da

mamãe.

azarando todo mundo. Primeiro uma banda

de

duvidosas

axé e

com

todo

suas

mundo

bailarinas dançando.

Menos eu, claro! Ou no melhor estilo

Na maré alta, o mar chegava até as

Hitch(?). Depois, bem tarde, o show

escadas da pousada, na baixa formavam-

principal: acreditem preferi o axé. O

se

Biquini tava muito ruim. Bem, acabamos

piscinas

melhores

que

Porto

de

virando a noite. Nem tava cansado, foi muito legal. Senti falta do meu celular, ou o roubaram ou o perdi em algum lugar pelas andanças pela cidade. Bem, nada a fazer agora. Depois, deixar todo mundo em casa no Galinhas. Aliás, Búzios dá de 10 em Porto. Fiquei horas sentado n’água conversando e brincando, caminhando pela praia. Isso no domingo, pois no sábado à noite, dia da minha chegada, eles me levaram a um Show do Biquini Cavadão pra comemorar o níver do Juan e eu não podia deixar de ir, final de contas, né?

carro da Rhady, fui dormir às seis e meia com o sol já lá em cima. Droga, pensei, lá se foi meu domingo, pois achei que só iria acordar a tardinha, mas velho tem suas vantagens, dez e meia já estava de pé e disposto. Levantei, fui à praia, tirei umas fotos de maré cheia, caminhei e voltei pra almoçar. Depois encontrei o pessoal pra brincar na praia com maré baixa.

Depois do pânico inicial de ver tamanha multidão jovem e heterogênea (cês me

Olha ê vidinha marrom.

entendem), entramos no local, cercado, do

Fiquei triste em pensar em ir embora. Na

evento e tudo se acalmei rsss. Foi ótimo!

segunda-feira, burocracias sobre o celular,

Lá dentro era tudo calmo, com bastante

comprei um chip pré, passeio básico em

espaço e a galera em paz, dançando e

shopping, pizza e caminha. Mudei da 60


pousada prum motel na cidade, cineminha

frango frito delicioso. De manhã, cafezinho

e dia seguinte, estrada de novo.

e só. Estrada.

Vou morrer de saudades. Meu coração

Em Sergipe passei por Cristinópolis com

ficou lá. Comigo apenas alguns pedaços,

uma doce sensação de Dejavú. Mas já

uns frangalhos. Beijos, abraços, lágrimas.

passei por aki

Foi difícil, vai ser difícil. Mas eu volto lá.

dezenas de anos.

mesmo,

algumas

Da próxima vez, de TAM, pra aproveitar mais dias.

De Natal para Santa Maria, BA Utilizei a manhã do dia 29 pra ajeitar a moto pra viagem. Abastecimento, troca de óleo, lâmpada queimada, tirar dinheiro, essas coisas. Saí em torno do meio dia. Tava sol, mas não calor, quer dizer, bem , eu tava de roupa de couro tá sempre calor

As obras a todo vapor e a todo incômodo. Filas, trânsito, mas sem engarrafamentos. Muitos remendos até ali, depois melhora. Sem buracos. A paisagem começou a

quando parado.

melhorar depois que segui para Estância, Fui com alguma tristeza no coração. É

rumo a Feira de Santana, onde pernoitei.

uma coisa estar sozinho em um lugar com

Hotel

parentes ou amigos antigos, vc está

preferência por um motel, pelo preço

Acalando,

com

internet.

Daria

sempre amparado, seguro. Em Natal eu tava sozinho mesmo, pois não achei meus amigos

antigos

nem

tinha

parentes.

Estava com os amiigos novos que me deixaram muito seguro e à vontade. Então.

A

Pernambuco

estrada, uma

a

mesma

droga.

coisa,

Rodei

até

cobrado, 70 reais, mas estava precisando

começar a escurecer a dormi numa

de uma internet pra me atualizar com o

pousada à 90km de Maceió, em Novo

mundo.

Lino, fronteira com PE. Nova, limpa, mas

movimentada, agradável.

Feira

é

uma

cidade

boa,

muito básica. É pra viajantes, mesmo. Dona Rosa me preparou um jantar com

Em todos os trechos peguei chuvisco ou chuva. Algumas vezes tive que colocar a capa, noutras, não. Se dá pra ver a 61


extensão da nuvem ou da chuva, dá pra seguir na boa. O que não dá é deixar a roupa de couro molhar demais, pois aí passa frio. Aquelas chuvinhas molhabobo, molha se demorar demais a passar. Melhor botar a capa se ver que vai demorar.

Aí,

nessas

situações,

eu

colocava a capa e a chuva passava

cima de mim).

rapidim. Era a melhor maneira da chuva

Observei os caminhões pra ver se as

passar.

lonas estava muito ou pouco molhadas,

Mas chuva mesmo peguei a partir de Feira. A estrada é noventa por cento reta e se tem uma chuva na tua frente, no horizonte longínquo, vc vai pegá-la, ao contrário das estradas normais, como aconteceu na primeira postagem, que há esperança de uma curva nos desviar dela. Então

vc

vai

sofrendo

com

antecedência quilométrica e analisado o tamanho da nuvem, da extensão da chuva e tal. Foi assim que passei pela primeira: olhei o tamanho da encrenca (aquela nuvem carregada, comprida lateralmente, com uma parte de chuva forte e outra

indicativo da quantidade de chuva, e fui pensando no que fazer. Resolvi encarar. Me agachei atrás do pára-brisas, de capacete aberto (os pingos doem feito pedras

na

cara),

e

encarei.

Alguns

minutos de chuva intermediária, e tudo bem, mas a boa, mesmo veio mais tarde. Começou com uma chuvinha básica que fui encarando devagar até ver que não ia parar. Parei, abasteci antes do previsto, um pouco antes de Seabra, botei a capa e segui. A chuva passou, como previsto e segui de capa mesmo. Um pouco mais a frente, o mundo mudou...pra pior!

mais fraquinha pro lado da estrada, mas

Aliás, este é um parêntese que quero

como ela estava inclinada pra este lado, o

fazer: a paisagem muda completamente

vento poderia trazer o forte da chuva pra

com uma curva. É como se fosse a descoberta de um mundo perdido. De

62


repente, ao final de uma reta sem fim,

repente, abriu. Passei. Á frente, promessa

uma curva e um mundo de paisagens,

de sol, atrás o fim do mundo pelos

morros, esculturas naturais encantadoras.

retrovisores.

Eu vinha numa reta logo após Feira e dessas fotos, quando lá no fundo uma cor cinza surgia no horizonte. E formou-se

Esperei a roupa secar e parei para tirá-la. Segui para Ibotirama.

uma barreira como uma muralha (lembra

Abasteci. 200km até Santa Maria, 3 horas

da minissérie?). Eu pensei:”Meu Deus! Eu

da tarde, dá pra chegar, e segui pra Bom

vou ter que subir isso???!!!” Mas aí, uma

Jesus da Lapa com promessa de estrada

curva, e tudo sumiu. Voltou o cerrado. A

mais ou menos, com buracos tapados.

muralha sumira. Impressionante! E isso

Não gostei, mas já tava na chuva...

conteceu várias vezes: do nada enormes formações rochosas. Mas voltando ao parágrafo anterior. Olhei pra o horizonte e o mundo estava fechado, escuro e tenebroso nos morros. E fui entrando pensando seriamente em parar pra esperar, mas não tinha onde e a curiosidade matou o gato, a previdência tocou o alerta, mas não tinha jeito, eu tava de capa, tudo amarrado e protegido em sacos e quem tá na moto é pra se molhar. Entrei e o fim do mundo se manifestou. A água

caiu,

as

paisagens

sumiram,

visibilidade de uns 50 metros, nem 100. A pista estava boa, sem trânsito, capacete

Estrada de asfalto sobre terra. Muito cuidado com buracos e trepidação mesmo quando não os tinha. Mas Mirage é Mirage. Forte, robusta, resistente.

fechado, mandei ver. Trovoadas, clarões,

Chuvisco, muitos cães pela pista, estrada

um túnel do tempo por alguns minutos. De

pequena de interior. Quando menos se esperava aparecia um buraco ou um trecho ruim, mas o cabo tava torcido. Eu rodava a uns 100 por hora nos bons trechos já antecipando os ruins. 65 km até Paratinga, passou, 70 até Bom Jesus da Lapa, custou mas passou. Neste 63


trecho

parei

pra

botar

a

capa.

Os

chuviscos não passavam e comecei a sentir frio. Passaram. Mas voltaram e em Bom Jesus tinha acabado de passar um temporal que alagou a cidade. Passei com água até a metade da moto. Vi uma formação rochosa linda e tive a impressão de já ter passado por ali. Será? Me era familiar. Impossível! Deve ser outro lugar. Mas até a ponte se encaixava. Sei lá. Passei a ponte e o inferno finalmente se

Cheguei Em Santa Maria no lusco fusco. Achei a casa de Marta, irmã de Bernadete, aliás, xerox da distinta, eu a reconheceria como parente no meio da multidão.

fez presente: NÃO HAVIA ESTRADA! Só buracos e lama. Faltavam 87 km pra

Fui recebido por ela e por sua filhota,

Santa Maria uma hora de sol. Lascou-se!

Carolina, de 14. Hiper simpática, amável,

O odômetro parcial marcava 150. 90 km

educada e bonita, apesar do aparelho.

numa estrada dessas am levar umas 3

Moreninha,

pra

horas, no mínimo e isso, à noite, seria o

criatividade

genética

inferno.

irmão, Guto, tbm. Muito simpáticos.

Esta seria a minha aventura. Uma coisa

Agora, é aguardar meus dias aki, com a

feita sem noção. Se tiver que parar por

chegada do Luis e sua família e de um

causa da noite eu dormiria no mato, na

carnaval a ser aguardado na cidade.

chuva, no chão. Fui. Alguns trechos

Parece que Brasília e Goiânia descem pra

estavam melhores, dava pra andar entre

cá, nessa época.

fugir

da

da

falta

família.

de Seu

os buracos. Os carros fazem suas trilhas de buracos na qual as motos podem andar

De Volta Pro Meu Aconchego!

entre. Mas às vezes, nem isso. Por sorte

Rapaz, que povinho animado! Pela minha

alguns trechos dava pra acelerar, e eu

recusa em tomar mais que três copos de

acelerava. Ainda bem que a moto tem

cerveja, Marta e Edy, amiga

freios bons, pois eles foram usados. Muitos

remendos,

trepidação,

e

eu

tomando tempo, querendo a pole. Ê moto boa.

Aprendi que tudo acaba um dia,

sejam as coisas boas ou as ruins, e

da família, disseram que iriam me colocar algemas cor de rosa (Marta é da polícia civil). Eu falei que tá, mas desde que o fizessem com cuidado pra não estragar

acabou. 64


aventuras, o qual aguardo com ansiedade a oportunidade de assistir, mas não acredito, não, haviam muitas garrafas sobre a mesa rssss.

minhas unhas. Edy é uma baiana muito animada (redundancia, né?), ri o tempo todo. Representa a Schin na região (!). Sentados à varanda, o grupo passou horas comendo e bebendo numa conversa muito

animada.

Esqueceram

até

Esqueceram, mas não.

Uma

desconsideração fazer isso com o guisado

de

carneiro que nos esperava. carneiro

Comer é

pra aventuras, passeios e tal, mas um

do

almoço.

eu

Eu estava cansado e não muito animado

bom,

mas dá dor nas costas...não podia faltar a piadinha.

churrasquinho na chácara do prefeito foi inevitável, porém muito prazeroso. Lula estava sem farda...mellhor, à paisana e mostrou-se um camarada muito alegre e brincalhão. Amistoso, mesmo. Me deu uma garrafa de dois litros de uma cachaça super

especial,

feita

artesanalmente,

depois de tentar me embriagar com ela (santa incompetência, Batman, logo eu que

fico

com

bêbado

água

com

Na sexta, 01 fomos tomar chuva no

gás...).

primeiro dia de carnaval na cidade.

imunidade

Conheci o Lula, capitão da PM, primo

minha algema rosa

deles. Lula faz parte de um grupo que

e me deixaram em

desbrava sertões de moto de trilha com

paz.

apoio, GPS e o escambáu. Coisa de

também foi muito

profissionais-amadores,

simpático,

tanto

quanto

seus

que

são,

juntamente com Prudente, o prefeito e outros. Fiquei de ganhar um DVD de suas

Aleguei por

Prudente

convidados, com os quais conversei um 65


bocado, não sem me gabar de minha

Bem, no dia 4 vazei pra casa. Saí às 10

viagem, claro.

horas de lá e cheguei as 5 daqui. Vim acompanhando uma GS500, do Túlio, que chega a 210 km por hora (a minha não passa de 140, em descida, com vento a favor e com o dono louco pra chegar em casa !). Coitado, teve que vir devagarinho rssss

A região tem muito potencial turístico e eles

estão

se

preparando

para

desenvolvê-lo. A conversa ia e vinha, voltando sempre para esses planos. A chácara é atravessada por um rio muito lindo, que, aliás, corta a cidade. Ele é um

Em casa: HOME SWEET HOME !!!

dos pólos turísticos aproveitados com um

Estava cumprindo os prazeres de praxe,

dia anual de brincadeira com bóias pelas

visitando e encontrando alguns amigos e

suas correntezas.

amigas (que não leram o blog) pra contar

Dispensei as demais noites de carnaval

como foi (e filar uma bóia), e ainda tive o

para um retiro espiritual, na casa de

prazer de assistir, rapidamente, a uma

Martha, na cama de guto. Eu estava super

apresentação do Batalá, um lindo e ótimo

cansado e já estressado pra voltar pra

grupo feminino de percurssão aqui de

casa. Permiti-me superar isso tudo e pedi

Bsb, para finalizar meu carnaval.

pra minha hospedeira me mostrar a cidade, pois ainda não havia feito um tour. Foi um passeio lindo e muito gostoso com direito a vista do rio ao entardecer e como teve a sagrada parada pra cervejinha, não nos foi possível estendê-lo a todos os pontos da cidade. Quem sabe na próxima e com o equipamento adequado pra

E quando eu pensava que minhas férias já

paralelepípedos? Uma moto trail !!!

haviam se acabado, afinal já trabalhava há 66


três dias, e até já tendo minha básica

né? - Desculpa, somos assim mesmo,

depressãozinha pós-férias - até por não

alegres,

ter tido tempo de ajeitar minhas coisas,

amistosos, fazer o quê?

minha casa - me chega o Luis com uma surpresinha: fomos passear de veleiro com amigos no lago. E foi sensacional. Muito relaxante! Nem tão calmo, assim, com muitas atividades tipo puxa-cabo, solta-cabo, sobe genoa, desce genoa (“quem

é

esse

Agenor?”....GENOA,

Fred!!!...Ah...ninguém explica!!!). Jacques foi um ótimo comandante e professor. Pacientemente explicava tudo enquanto comandava o barco. Aliás,

comunicativos,

falantes,

Iara colocava sua luva e controlava a genoa, da popa, enquanto Saulo, na proa, atuava de proeiro. Proeiro é o sujeito que ajuda fazendo tudo o que tem que fazer na proa. Precisa de mais explicações? Não tem como. A cada momento essas tarefas mudam. Se venta, se não venta, se tá sol, se tá chuva. Eu, já me tornei um doutor em puxar e enrolar cabos.

aquele é um cargo muito bom pra

Luis e João Vítor, seu filho (apresentei,

mulheres: manda o tempo todo! Iara, uma

não?

Um

galeguinho

de

óculos

simpatia, como dizer? Assim, carioca,

e escuros que tá numa foto mais acima comigo e Carolina, filha da Martha, irmã de

Bernadete, esposa de

Luis, pai,

também, de Nicole) cuidavam do que sabiam e tratavam de aprender o que não sabiam. Eles têm um catamarã em Belém e já navegam. Olha, foi uma tarde pra fazer amigos, ver a ponte nova de outro ângulo, e chegar mais 67


perto de sonhos antigos e planos, nem

E a todos os vellho e novos amigos que

tanto. Um veleiro já está me meus planos

tornaram tão prazerosa estas minhas

ocultos com meu amigo PeU. A gente não

férias. Cada um de vcs teve uma forte

fala, não comenta, mas pensa. Dois anos,

participação na minha vida e sua filosofia,

no máximo, se tanto. Não será uma moto

que com ela evolui.

pra viagem nacional, mas um recreio para finais de semana. Mas vamos consolidar, navegar

mais,

aprender

mais

Muito obrigado a todos vocês!

sobre

navegação, nós, cabos, velas e um cursinho de arrais amador. Ah, magina meu filho no timão e minha filha de óculos escuros deitada no deck com os ventos soprando seus cabelos? NAAASSSSsssa Senhora! Lindimais!

Nossa! Olhando daki dá pra ver como tudo foi muito legal!

Bem, mas meus sonhos são meus, a vida já cansou de me ensinar isso. E eles estão indo muito bem, obrigado. Obrigado aos meus pais, irmãs e meus parentes queridos e amados. 68


Viagem ao

Jan 2009 69


Esta viagem exige, no mínimo, respeito.

A distância não é o único problema, o consumo vai variar e muito! Sua tocada (

Em

mergulho

deve-se

"Planejar

seu

depois de algumas horas, dá desespero não acabarem as retas ou chegar a algum lugar, daí vc aperta o ritmo e o consumo aumenta. Ventos laterais e frontais fortes, aumentam o consumo. O tipo de gasolina escolhida

também

pode

aumentá-lo.

Prepare-se para o pior. A subida, que vc nem vai sentir mas a moto vai ficar mais lenta, pesada, claro, aumenta o consumo, mergulho e mergulhar seu plano"! Sugiro fazer o mesmo. Espere o melhor, mas prepare-se para o pior. Este vai ser seu lema.

o ar rarefeito das alturas, também. Tirar o filtro de ar das carburadas pode ser uma opção: verifique os riscos. A regulagem do carburador para a altura deve ser a mais

As estradas são muito retas e longas e

pobre possível.

chatas. Vazias e com longos pontos entre

É aconselhável aprender a mexer nela.

abastecimentos. Em certos lugares, como entre Paso de Jama e San Pedro de

A manutenção de seu veiculo deve primar

Atacama, isso chega a 273km. Se perder

pela perfeição. Use a lei de Murphy: Se

um ou se não tiver combustível em um

algo puder dar errado, dará e no pior

posto, vc dança.

momento possível!

A maioria dos postos não aceita cartão

As cidades Corrientes, Resistência e

(tarjeta ). Alguns aceitam débito, mas não

Salta, ao norte da Argentina, por onde

confie.

passamos, lhe darão bons suportes, mas se

seu

veículo

foi

muito

especial, 70


em

gelado! É perigoso! Vc deixa de pensar e

encontrar o que precisa. Pesquise na Net

pode fazer besteira. Mais que usar o

sobre isso para suas paradas.

equipamento correto, teste-o. Minha luva

diferente,

vc

terá

dificuldades

Espere o melhor, mas prepare-se para o pior. Se algo puder dar errado, dará e no

impermeável e para -20º, foi usada sob uma outra de couro pra agüentar um trecho gelado. Ah, e numa chuva em SP,

pior momento possível! Lembre-se disso!

ela molhou.

Nesta etapa até Corrientes, há calor que

VC pode nem passar por nada disso e

pode variar do muito ao extremo, mesmo

achar que é exagero, mas se passar, te

sobre uma moto!

garanto que não vai gostar.

Aliás, extremos será, também, sua meta:

Ah, lá chove, tá? É deserto, mas choveu

muito calor, muito frio, muito vento, muito

no dia anterior e um grupo de Brasília teve

consumo.

esse

Lembre-se,

vc

está

num

deserto: muito calor de dia e muito frio de noite! Em algum momento até pensamos em enfrentá-lo a noite. Sorte que um amigo

riu

de

nossa

ingenuidade

desistimos.

É

imbecilidade,

se

e

não

tentativa de suicídio. De uma hora pra outra vc morre de calor ou de frio! Trechos diversos, na mesma reta, passamos por isso.

Imagine

uma

Resultado?

Não

conseguiram pilotar pelo frio nas mãos. Por duas vezes vi chuvas ao longe e as estradas insistiam em nos pregar peças nos

levando

em

sua

direção,

nos

desviando um pouco antes. Sol forte, céu claro, sol na cara quase o tempo todo. Use proteção, viseira escura e filtro solar fator mais alto que puder. Vc não tá lá pra se bronzear. Respeite o

Nas Cordilheiras faz frio. Sobre a moto faz mais.

privilégio.

chuva

Deserto.

gelada

molhando sua luva e vc pilotando no vento 71


Alguns têm dores de cabeça, outros

Polícia: Não tivemos problemas com a

apenas falta de fôlego pra atividades

Chilena, aliás, nem olhavam pra nós,

pequenas. Descer e subir na moto pode

agora a Argentina é uma incógnita!

ser "cansativo" e vc vai resfolegar.

Basicamente, nos grandes centros vc não

VC verá ciclistas, madames em seus

terá problemas se estiver direitinho, mas

carrões e tudo o mais, mas todos devem

no interior, nos fins de mundo, fatalmente

respeitar as exigências do Deserto pra

contribuirá com alguns pesos. Mas relaxe

curtirem-no em sua plenitude.

e ofereça pouco mesmo! Aceitam até 2 pesos na boa.

Documentos: Espere pedirem e entregue apenas o que pedirem. Fique atento para a devolução. Vc pode esquecer algum documento na

Acho que é isso. Leve a coisa a sério que vai dar tudo certo. Se eu puder ajudar mais, me avise.

mão deles por impaciência ou ansiedade.

Boa viagem e me informe como foi. Será

Relaxe e concentre-se!

um prazer conhecer tua experiência.

A carteira internacional de motorista, só foi usada na fronteira Argentina e isso pq eu a entreguei, mas se vc a entregar a um policial comum, ele vai preferir a tua carteira normal mesmo. Eles olhavam

Uma idéia na cabeça e coragem no coração.

praquela papelada e ficavam zonzos e pediam a normal. Carta verde- pediram quase todas as vezes. Carteira de vacinação - não pediram e não precisa (tirei só pq tava muito fácil:) Passaporte - pediram nas fronteiras e um Depois de três viagens pelo Brasil, uma

ou outro espertinho.

das quais estiquei até o Uruguai, que Documento

do

veículo:

dúvidas! É o que mais olham!

nem

tenha

totalizaram

cerca

de

23 mil

km,

uma viagem ao Chile se fazia necessária. Sonhos de motociclistas, assim como a

72


Famosa

Rota

66,

nos

EUA.

Todo

pesquisada, estudada, analisada, votada e

motociclista tem esse sonho.

aplicada.

Os planos se iniciaram, como sempre,

São, sim, aventuras, como uma conquista

num bate-papo com os amigos de fé:

amorosa, um sucesso romanesco, sonhos

Carlos Rosa, meu fiel companheiro das

realizados. São vistas como aventuras

viagens anteriores, e PeU se dispuseram.

apenas por serem sonhos que, de uma

Um ano se passou de nosso plano em ir

forma ou outra, por uma etapa ou trechos

em janeiro de 2008 que furou e fui fazer

outros,

minha viagem pelo nordeste e agora,

simples, comuns e reais. Assim como

nesta,

você.

Rosa corre o risco de não nos

acompanhar

por

problemas

particulares...Sentirei muito sua falta caso ele não possa ir.

são

realizadas

por

pessoas

Uma viagem desse tipo, de moto, precisa de

coragem?

Sim!

Coragem

de

simplesmente ir. De largar tudo que se

As conversas e planos com PeU foram se afinando, pesquisas em sites de uns aventureiros, conversas pessoais com outros, livros, revistas e horas e horas de estudos no Google Maps. Antes de mais nada: aventura

ama, se preza, se acostumou, por um

a.ven.tu.ra

período de privação. Largar tanto o

sf (lat

adventura) 1 Acontecimento

imprevisto. 2 Ação

ou

empresa

conforto de nosso sofá quanto o colo de nossa família. Coragem de realizar algo

arriscada. 3 Conquista

pura, total e completamente seu, apenas

amorosa. 4Sucesso

seu, um sonho seu, de ninguém mais.

romanesco. 5 Patuscada. 6 Risco. 7 Acas Mas uma viagem dessas nos traz a

o, sorte.

maravilhosa (Michaelis) Nossas

de

sermos

Homens, sofrendo privações, realizando

viagens

não

têm

nada

de

Aventura, “dicionaristicamente” falando: não são arriscadas, imprevistas, tampouco deixadas

sensação

ao

acaso.

Cada

etapa

é

escolhas, analisando

resolvendo nossas

opções

problemas sem

ter

ninguém a quem culpar. Dormindo em qualquer lugar que lhe pareça conveniente 73


luxos,

percorrer de nossas aventuras, nos fazem,

comendo o que se encontrar pela frente,

enfim, entender o porquê de tudo isso. Já

sem frescuras, aprimorando nosso ser,

chorei diversas vezes em cima da moto

nossa vida, nossa filosofia do que é

por

realmente necessário pra viver a vida. Pra

inesquecíveis. Já pensei que a vida havia

mim elas têm sido meu Caminho de

valido apenas pelo que eu estava vendo,

Santiago, onde na solidão dos percursos e

já me entristeci por pores do sol, seu

ou

necessário,

mesmo

sem

momentos

maravilhosos

e

trechos,

me

nascer

ou

encontro

com

tantas

outras

meus

imagens

e

pensamentos,

paisagens que

minha vida, deixando a futilidade de lado

a humanidade não estava vendo naquele

encontrando realmente o que preciso pra

momento.

viver: muitas vezes apenas um prato de comida.

Por mais que pareça o contrário, eu não consigo descrever completamente, o que

Uma viagem de moto, na qual nos

é uma viagem de moto! E se por acaso

encontramos

deliciosa

um dia eu não voltar de uma viagem por

solidão de nossos pensamentos, nos traz

conta de um desses infortúnios da vida,

momentos novos e até uma vida nova.

saibam que eu fui feliz e estava vivendo a

Novas formas de nos comportar, de

vida até onde ela poderia me levar.

imersos

na

conviver, de refletir. Um dos principais pensamentos que me acompanham e muitos momentos das viagens é: “ o que eu to fazendo aqui?” Neste sol de 40 graus, debaixo deste capacete e desta

Mas então. Meu companheiro de viagem: Pedro "PeU" Cavalcante, Brasília, Distrito Federal, Brazil

roupa de couro, sendo cozinhado pelo sol, pelo calor do asfalto e do vento quente que sopra dos escapamentos e motores dos caminhões? Ou mesmo debaixo de chuvas torrenciais ou até dos frios e congelantes chuviscos “paulistas”. Mas o tocar da moto, o ronco do motor, as maravilhosas paisagens que vemos, as fantásticas pessoas que conhecemos no 74


Baiano.

Biólogo.

Consultor

em

puder,

quando

for

voltar

pra

casa,

Planejamento e Gestão Ambiental. Em

passarei por lá pra matar saudades dos

Brasília há 7 anos. Vc pode conhecê-lo

seus familiares...

melhor acessando o Blog - Estradas em

Detalhando : BSB - FOZ

Duas Rodas, cujo link se encontra nesta página e de onde tirei alguns dos textos

Brasília, Cristalina, Catalão, Araguari,

abaixo.

Uberaba, Aramina, Ituberava, Guará, S.

Conhecemo-nos passeios

por

alguns

Brasília

e

anos região

em e

juntamente com outros colegas, firmamos uma amizade fraterna. PeU tem feito a maioria das pesquisas e planejamentos (afinal ele trabalha com isso!).

Joaquim da Barra, Orlândia, Ribeirão Preto, Bonfim Paulista, Araraquara, Boa Esperança do Sul, Jaú, Bauru, Piratininga, Paulistânia, Esp. Sto. Do Turvo, Sta Cruz Rio Pardo, Ourinhos, Cambará, Andirá, Bandeirantes, Santa Mariana, Cornélio Procópio, Jataizinho, Ibiporã, Londrina,

Por ele ter apenas 20 dias de férias,

Maringá, Floresta, Eng. Beltrão, Campo

estamos traçando uma viagem com plano

Mourão,

B, e caso necessário, a encurtaremos.

Oeste, Foz do Iguaçu

Mas em princípio, iremos até o deserto do Atacama, no Chile, de onde desceremos

Cascavel,

Sta

Tereza

do

Detalhando 2: FOZ - ANTOFOGASTA

até Puerto Montt...dali Argentina e Uruguai

Foz

do

e eu pra Balneário Camburiú, SC e ele

Esperanza, El Alcazar, Puerto Rico, Jardin

continua até Brasília.

America,

Carlos Rosa estuda a possibilidade de nos

Candelaria,

acompanhar até Ribeirão Preto, SP e

Resistencia, Makallé, Pres. R. Saenz

depois ir pra Caraguatatuba, SP. Se eu

Pena,

Avia

Iguaçu,

Puerto

Posadas,

Terai,

Pampa

Iguazu,

Corrientes,

de

Los 75


Guanacos, Los Tigres, Monte Quemado,

do calor. E o oposto. Sentir a distância e o

Taco Pozo, Joaquin V Gonzales, Ceibalito,

desabrigo para estar bem sob o próprio

El Galpon, Rio Piedras, Salta, Gen. Martin

teto. Um homem precisa viajar para

de Quemes, Perico, San Salv. Jujuy,

lugares que não conhece para quebrar

Jardin

de

Reyes,

Yala,

Tilcara,

essa arrogância que nos faz ver o mundo

Purmamarca,

Pozo

como o imaginamos, e não simplesmente

Colorado, Susques, Fronteira Chile, S. P.

como é ou pode ser; que nos faz

Atacama, Calama ,Antofagasta .

professores e doutores do que não vimos,

Humauacos,

quando

Para quem tem vontade:

deveríamos

ser

alunos,

e

simplesmente ir ver".("Mar sem fim"- Amyr

[...] de moto você fica completamente

Klink) Retirado do Blog do PeU

inserido na paisagem. Sente os cheiros, o vento, o frio, o calor. E, principalmente, o mundo está todo ali, sem edição prévia. Pois de carro, como diz a poeta Adriana Calcanhoto na música Esquadros: "pela janela

do

carro

(...)

eu

vejo

tudo

enquadrado". Moto também tem outra peculiaridade — você não conversa com seu companheiro de viagem durante o trajeto. É um exercício

pleno

de

meditação,

(Lígia

Mirage 250

do

mergulho no cenário, da real noção da proporção.

Meu Equipamento:

Fascione

http://www.ligiafascioni.com.br/pessoal_via gens.html - Retirado do Blog do PeU

Vou com minha Mirage 250, equipada com

pára-brisas,

alforges

laterais

e

traseiro, alarme e protetor de motor/ descanso de pernas ( ah, e um relógio de guidão muito fashion construído por meu

Para meus Filhos!

amigo Jimy, de Brasília).

"... Hoje entendo bem meu pai. Um

A Mirage tem motor bicilíndrico em ’V‘,

homem precisa viajar. Por sua conta, não

DOHC com 4 válvulas, quatro tempos,

por meio de histórias, imagens, livros ou

potência de 27,9 cv a 10000 rpm e torque

tv. Precisa viajar por si, com seus olhos e

de 2,27 kgf.m a 8500 rpm. Possui

pés, para entender o que é seu. Para um

eficiência

dia plantar as suas próprias árvores e dar-

CV/litro, quase o dobro das concorrentes

volumétrica

alta

com

111

lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar 76


de cilindrada bem maior (na faixa de 650 a 750 cc) e custa praticamente a metade do preço com consumo de combustível bem menor.

Torque

Máximo

(kgf.m @ rpm) / (Nm @ rpm)

2,27 @ 7500 / 22,3 @ 7500

Capacidade 249

volumétrica (cilindrada) (cm3)

BDS

Carburador

26

HU82

(duplo)

(www.kasinski.com.br)

Especificações Técnicas DIMENSÕES (mm)

Equipamento do PeU e do André Comprimento Total

2270

Largura Total

800

Altura Total

1090

Distância livre do solo

155 Boulevard M 800 A nova companheira de viagem, dele, será

MOTOR

uma Boulevard M800, preta. DOHC, 4 tempos, 8

Tipo

válvulas,

New kids on the block. (Gente nova no pedaço...)

arrefecido a ar e óleo

Carlos Rosa, que já estava nos planos, conseguiu,

Potência

Máxima

(cv @ rpm / KW @ rpm)

problemas 27,9 @ 10000 / 20,55 @ 10000

ou e

não, se

resolver

posicionar: vai

seus nos

acompanhar. Já que comprar moto nova e sair pra uma viagem, com revisões e tal por onde a gente vai passar, não é 77


aconselhável, vai com a moto atual, mesmo: Uma Viraguinho 250, ano 2000. Eu e PeU, que nos empenhamos em convencê-lo a fazer parte, ficamos felizes. Agora,

ele

vai

correr

atrás

e, como um verdadeiro estradeiro, não se prende a grupos. Seu estilo livre e autônomo vai se juntar aos nossos para

das

providências. Rosa é meu companheiro de viagem desde 2005, quando iniciaram-se nossas experiências em estradas. Temos feito, desde 2004, diversos trechos aqui pela região e participamos, juntos, das viagens constantes abaixo. No link Álbuns de Fotos, ao lado, ele está na maioria. Viramos mais que amigos somos irmãos.

André Siebert, de Blumenau, é nosso novo companheiro. Já o conheço de orkut há

alguns

anos. Aventureiro,

uma viagem de sucesso. Já estivemos conversando

sobre

nossas

aventuras

anteriormente, mas não nos foi possível sincronizá-las, mas este ano, finalmente nos uniremos. Tira fotos maravilhosas e vamos registrar

usar

suas

habilidades

o

melhor

possível

para nossa

aventura. André vai usar equipamento igual ao do PeU. Veja mais detalhes de seus passeios, em seu blog nos links ao lado.

independente como nós. Gosta de viajar

O Percurso

78


Dia 1 – 26/12 – sexta-feira

d. Enfrentaremos a maior altitude, já no lado Chileno, quando passarmos pelos

Trecho: 844 km Brasília – Penápolis-SP Dia 2 – 27/12 - Sábado Trecho: 778 Penápolis-SP – Foz do

Cerros de la Pacana, 4.500 metros. Dia 5 – 30/12 - Terça Trecho: San Salvador de Jujuy - Susques

Iguaçú Atrativos: Dia 3 – 28/12 - Domingo É

tido

como

um

trecho

bonito

e

Trecho: Foz do Iguaçu – Corrientes (620

convidativo a muitas paradas para fotos

km)

(conforme destacado acima, monitorar

Atrativos: San Ignácio – Patrimônio dos

horário).

Povos das Missões Dia 4 – 29/12 - Segunda Trecho: Corrientes – San Salvador de Jujuy

Salina Grande

[...] não tenha pressa, porque essa subida é linda, você vai vendo aos poucos a vida sumir e o deserto aparecer. Lá no alto, depois da placa de 4700 m de altitude,

Muita calma nessa hora! Só para ter uma idéia do que será viajar pela alta cordilheira... Cuidados com o corpo e com a moto não devem ser subestimados...

tem o deserto de sal, uma coisa linda de se ver e de motocar em cima. “O pernoite em Susques é saudável, porque você vai estar dando um tempo para o corpo se acostumar com a altitude. De repente, á sua direita, vai aparecer um

Detalhe: a. nos primeiros 100 km subiremos de 1250 m de altitude para 4.170 m - Cuesta de Lipán;

vulcão lindíssimo, e um placa: Bolívia a 5 km. Aí começa a descida para São Pedro do Atacama. O que você subiu em 350 km, vai descer em 40...a mudança de temperatura e pressão é rápida.”

b. nos últimos 50 km desceremos de 4.800 m de altitude para 2.470 m; c. Rodaremos mais de 350 km acima dos

Dia 6 – 31/12 - Quarta Trecho: Susques – San Pedro de Atacama

3.500 m de altitude e +/- 100 km acima de 4.000 metros de altitude; 79


“Na minha opinião é o trecho mais bonito (mais alto. mais largo e mais frio) da cordilheira.”

Trecho: Copiapó – Viña Del Mar Atrativos: Chegar a Santiago pelo Litoral do Chile;

Mais adiante, em Susques, é o último ponto de abastecimento na Argentina. E o último ponto onde tem vida, e pousada

Cidades ao longo do Caminho.

Dia 10 – 4/1 - Domingo

para pernoite. Aconselho dormir alí, há duas

pousadas

razoáveis.

Porque

aconselho dormir alí ? Porque não há

Trecho: Viña Del Mar Atrativos: Rodar até Papudo/Zapallar (170 km de Santiago).

outra opção, e o que vem pela frente é o trecho mais bonito, depois do deserto de

o

sal, e vocÊ deve demorar mais para fazer, tanto

pelo

visual

como

pelo

baixo

rendimento da moto. Você estará a uns 120 km do Paso de Jama, divisa com o Chile. Este é o ponto mais longo sem

Papudo se encontra inserida em um setor montanhoso costeiros. Seu acesso se faz por lindas estradas costeiras. As Rotas de acesso são a F 30-E, que se comunica com as cidades de Valparaíso e Viña Del Mar, e a Ruta Panamericana N.º 5.

abastecimento

Dia 11 – 5/1 - Segunda

Atrativos: Pôr-do-sol na Grande Duna

Trecho: Viña Del Mar- Mendoza-AR

(último do ano!!!) Atrativos: Cordilheiras – Trecho relatado Dia 7 – 01/01 - Quinta Atrativos: A definir: Salares, Lagunas Altiplanas, Giesers.... Dia 8 – 2/1 - Sexta Trecho: San Pedro de Atacama – Copiapó

como lindo, convidativo a muitas paradas para fotos. “Cruzar os Andes: o ponto alto da viagem. Se fores dormir em Mendoza, saia bem cedo e reserve todo o dia para esses trezentos e poucos quilômetros. É tão espetacular que a gente vai a 40 km/h e

Rumo ao Pacífico Atrativos: Chegar ao Pacífico •

quer parar em cada curva para tirar fotos!” Dia 12 e 13 – 6/1 - Terça

La Mano del Desierto - Antofogasta Trecho: Mendoza

Cidades ao longo do Caminho

Dia 9 – 3/1 - Sábado

Deslocamento local pelo entorno. Atrativos: Aconcágua; Rota de Vinhos 80


Dia 14 – 8/1 - Quinta

26 de Dezembro de 2008

Trecho: Mendoza - Córdoba

Foi dada a largada...

Atrativos: Camino de las Altas Cumbres –

Partidas são sempre complicadas, mas

apreciar em toda su majestuosidad las

Rosa é sempre super pontual. Veio do

sierras cordobesas.

Paranoá, a quase 30km e chegou na hora.

“Sierras de Cordoba: não deixe de pegar a Ruta 20 (passando por El Condor). Alguns viajantes, por desconhecimento ou para poupar tempo descem direto para San Luis por uma estrada mais reta (não

Eu, ainda tive que colocar o equipamento

lembro qual). Maior mancada! Curtir as

na moto enquanto PeU chegava.

curvas e o visual das Sierras de Córdoba e tomar um licor no El Condor e conversar

Estava frio e choviscando, de forma que

com o dono (que é um ecologista que

estávamos de couro ( eu e o Rosa ) e PeU

desenvolveu um projeto de proteção aos

de ...... com roupa de chuva por cima.

Condores reconhecido mundialmente) é

Ainda abasteci, calibrei pneu e saímos: dia

imperdível!”

26 às 7 da manhã. A caminho de Goiânia, no Gerivá, uma

Dia 15 – 9/1 - Sexta

lanchonete de estrada super famosa por Trecho: 860 Córdoba – Paso de Los Libres Dia 16 – 10/1 - Sábado

essas

bandas

e

ponto

de

parada

obrigatória, encontramos um grupo indo ao Atacama, de carro. E aproveitamos pra

Trecho: 670

nossa

Paso de Los Libres – Passo Fundo-Br

Passamos

Dia 17 – 11/1 - Domingo

documento

primeira

fotinho

da

viagem.

em Goiânia pra pegar da

minha

moto

que

o foi

comprada lá e seguimos em frente. Chuva Trecho:

521 Passo

Fundo-Br

praticamente o tempo todo até Penápolis,

Florianópolis

SP.

Dia 18 – 12/1 - Segunda

O rendimento foi o planejado. Falando em

Trecho: 80 Florianópolis – Bal. Camboriú

rendimento a moto do Peu tá consumindo como a minha, em torno dos 20-22km/l. A do Rosa perdendo potência na subida e consumo elevado pra média normal dela. 81


Em Penápolis, um hotelzinho marrom de

proprietário tinha uma oficina de motos. Foi ele que colocou a moto para andar. A concessionária que cuida da rodovia indicou

um

posto

onde

mecânicos

poderiam colocar um novo fusível e arrumar a fiação com problemas. Lá descobrimos que além dos fios, a bateria também estava sem água e isso deve ter gerado mais carga, que terminou por queimar o fusível. Duas horas parados... 20 contos, mas o que fechou o dia com chave de ouro foi o jantar no Bar do Toninho,

preparado

por

dona

Elza:

maravilhoso! Arroz, feijão, salada, lingüiça, ovo frito, bisteca, e sei lá mais o quê! Comemos feito padres rsss

Nada que tirasse nosso ânimo e o firme propósito de chegar a Foz e darmos configuração definitiva ao grupo, com a incorporação de André, que saiu de Blumenau hoje, também. Já na chegada a Foz - a 23 Km do centro nova pane na moto de Rosa. Desta vez

27 de Dezembro de 2008

mais séria. Por falta de óleo - que eu havia A tocada não estava forte, pois desde

notado algumas horas mais cedo e

ontem a moto de Carlos Rosa não rendia

avisado, mas Rosa calculou mal, achando

bem e apresentava um consumo muito

que daria pra repor na próxima parada - o

alto, o que forçava paradas em intervalos

motor travou... A coisa parecia feia e

curtos. Tempo bom, poucas chuvas, retas

ficamos esperando o motor esfriar pra ver

longas.

algum resultado. Até o reboque chegar e

Após deixarmos o estado de SP para trás,

nos deixar no hotel, foram 5 horas.Após

o sol apareceu. A estrada mais vazia permitiu-nos aumentar o ritmo e elevar um pouco a média rodada. Uma pane elétrica na moto de Rosa nos obrigou a uma parada. Ainda bem que estávamos numa estrada pedagiada e o socorro mecânico não demorou a chegar. A coincidência é que no reboque já havia um carro

com problemas

e

o

seu 82


descarregar

a

moto

e

deixar

as

brasileiro (com os valores de nossos

preocupações para o dia seguinte, fomos

impostos,

jantar, oferecido gentilmente por André, e

surpreendeu no momento.)

discutir as alternativas.

não

sei

porque

isso

me

A entrada na Argentina não é exatamente

Dormimos cansados e tarde. Eu e Rosa,

uma surpresa, mas apresenta algumas

PeU e André num hotel bem confortável a

florestas de coníferas que, de certa forma,

50 por cabeça.

separa os trechos. Buscamos um banco

Até

Foz:

Estrada:

Boa,

pouco

movimentada, porém em grande parte do trecho do Paraná com FORTES ventos laterais. 28 de Dezembro de 2008 Rola pra lá, rola pra cá acabou que um mecânico foi ver a moto Do Rosa e deu esperanças dela voltar a funcionar. Rosa

pra adquirir pesos e pude estrear meu cartão Cash Passport o qual recomento pra evitar excessivas taxas bancárias e impostos. A cada retirada, US$ 2.50 e compras,

como

qualquer

loja

no

que

cartão aceite,

Visa sem

em taxa

alguma. Funciona como um cartão de débito que vc tem que abastecer em dólares antes de usar.

resolveu não seguir viagem com a gente

Seguimos e começamos a enfrentar as

pra não comprometer os demais do grupo

retas e o calor sem nenhuma paisagem

caso ela pipocasse novamente e ficou em

que se destacasse. Tudo absolutamente

Foz. Saímos meio constrangidos em torno

plano. Depois de enfrentarmos o maior

do

e

calorão e um solão na cara, direto (o que

companheiro que desejava tanto fazer

me fizeram pensar em voltar pra casa

essa

cujo

várias vezes), a noite fresquinha e a

equipamento não estava dando muitas

estrada excepcional nos motivaram a

esperanças... Na tivemos notícias ou

seguir

contato até o final da viagem.

pretendíamos chegar a Corrientes, mas

meio

dia,

tristes

viagem

pelo

conosco,

amigo

mas

A nossa continuação da viagem foi sem problemas.

Na

entrada

da

Argentina

pediram quase todos os documentos padrão, e mais adentro, a polícia pediu os demais. Não vá sem eles, não marque bobeira. Segundo me informaram, a carta verde

pode

ser

adquirida

no

viagem

noite

adentro.

Não

não teve jeito, a noite super agradável e a pista,

estavam

boas

demais...Foi

realmente uma delícia pilotar a noite como céu estrelado e algumas paradas para curtir o momento. Velocidade em torno dos 90 e sem curvas ou trânsito.

lado

Apesar de ser domingo e chegarmos a

argentino bem mais barata que no lado

Corrientes perto de 1 da manhã, a cidade 83


ainda estava bastante movimentada em

emergência

sua orla (de rio), com crianças e muitas

colaboração"...

famílias passeando. O GPS de PeU se encarregou de achar um hotel para nós. Dois quartos conjugados, 4 camas, ótimo

,

eu

aceito

uma

Eu peitei o cara: "O kit não é obrigatório para turistas, eu verifiquei na embaixada

banheiro e tal. Estradas: Boas, sem movimento, retas intermináveis Temperatura altíssima: MUITO calor. 29 de Dezembro de 2008 Corrientes – Salta Saímos perto das 10h. Atravessamos uma linda

ponte

sobre

um

rio

amarelo-

elameado. Não consideramos conhecer a cidade, pois estávamos focados em rodar. O turismo teria que aguardar sua hora na agenda.

em Brasília e me informaram que eram obrigatórios apenas estes documentos". Eu nem sabia de kit nenhum e nem tinha ido a embaixada ( só fui à do Chile). Os colegas me repreenderam, corretamente depois. De fato, não valia a pena por dois

Mais uma vez, retas intermináveis com

ou três pesos, peitar um cara armado.

pouca ocupação no seu curso.

Tiramos alguns pesos de nossos bolsos.

Talvez por estarmos em lugares mais distantes e escondidos, a já famosa Polícia Caminera manteve a tradição pelos relatos de outros viajantes. Mas agora, é NOSSO relato. Parada: Documentos, conversa fiada e o

Avisei o que ocorria a alguns motociclistas que vinham de Belo Horizonte, e a polícia acabou dispensando-os da contribuição. De certa forma, acho que marquei um ponto contra os corruptos policiais.

pedido de contribuição... Chega a ser

Nestas condições, a melhor estratégia é

constrangedor.

se livrar o mais rápido possível e seguir a

Mais a frente 200 km, na província del Chaco, outra vez: Menos discreta e mais acintosa. "Para que não ter que tirar toda a sua bagagem

e

verificar

o

seu

Kit

de

viagem, por outro lado, apesar de achar errado essas extorsões, não nego que é um alívio saber que é possível negociar em

alguma

situação

adversa.

Efetivamente me senti mais à vontade com isso. Bom saber que é possível 84


negociar a falta de algum documento. Não

lanchar antes de continuarmos. Mais

recomendo esquecer, pois nas metrópoles

adiante vimos uma fazenda com tantos

maiores, a coisa é diferente... Aduana,

animais que não acreditamos ser possível,

migração, polícia, todos pedem.

a não ser pelo cheiro fortíssimo de

Para marcar o trecho Argentino, só faltava a pane seca e ela não demorou.

esterco. Era muito gado e fazia linha no horizonte. A 90 km de Susques as Cordilheiras aparecem, e somem nas nuvens baixas... Seguimos até Susques, ao invés de Jujuy, por ser uma cidade maior e contar com mais opções de oficinas. A caminho, pequena chuva, garoa e algum

frio.

Pilotar

em

estrada

não

conhecida, com algum movimento, a noite e com chuva é complicado, mas foi tudo bem, tirando minha lente de contato que resolveu se deslocar a algum canto do olho, e não havia lugar seguro pra parar. Por uma falha da regulagem feita pela

Quando finalmente ocorreu uma chance,

concessionária Kasinski de Brasília, a

manuseei a lente com as mãos num

moto já estava consumindo muito, e de

estado

repente começou a fazer 15 por litro,

preocupado. Mas deu tudo certo. A lente

quando o normal seria 25 mais ou menos.

voltou ao lugar e nós à estrada.

Deixaram a regulagem do carburador em

Em Susques, uma linda paisagem de

consumo máximo e ainda molharam o

luzes e alguns hotéis indicados pelo GPS.

filtro de ar, de papel, com óleo. Só pode

Escolhemos

ter sido pra me sacanear, pois qualquer

agradável

mecânico sabe que isso não se faz.

filhos casada com um argentino. Pessoas

O GPS ajudou a encontrar o posto mais

muito bacanas.

próximo e André foi buscar combustível.

Estrada: Boa. Trecho frio e com uma leve

Rodou 50km pra ir, mais 50 pra voltar com

garoa nos últimos 50 km.

gasolina pra mim e mais 50 pra retornar

Moto: Uma porcaria fazendo 15 por litro e

ao posto conosco. Aproveitamos pra

falhando em alta.

tal

de

sujidade,

uma

que

pousada

fiquei

super

de uma brasileira com dois

85


30 de Dezembro de 2008

fechadíssimas, retas curtíssimas,

Dia de manutenção nas motos. 3.000 km desde Brasília.

mas

certamente muita paisagem bonita, se alguém conseguir olhar pro lado...e como fizemos a noite...às vezes passávamos

Rodamos um bocado pela cidade pra

por alguma coisa que fazia um ruído tipo

encontrar

E

ÚÚ que me arrepiava de medo ( talvez

encontramos uma oficina acostumada às

uma colméia, sei lá ). Sei que fiquei

regulagens que eu precisava. Fiquei o dia

apavorado só em pensar numa pane por

me divertindo e acompanhando o trabalho

ali...

o

lugar

apropriado.

deles e suas orientações.

Minha moto

passou por ajustes na carburação e outras pequenas intervenções. Foi carinhosa e mui

bem

tecnicamente

cuidada

Em Salvador de Jujuy, o GPS nos botou no hotel. Só filé de hotel até agora, e nada

pelo

Carlos que a regulou para a subida e me deu instruções adicionais. Fiquei o dia inteiro na oficina com ele me mostrando todos os detalhes. Assim, resolvemos rodar um pouco, para ver como a moto se comportava e, caso fosse necessário algum ajuste, teríamos a oportunidade de fazê-lo em S. Salvador de

de tão caro. Tá tudo dentro do previsto,

Jujuy.

financeiramente falando. Dia seguinte,

Rota estabelecida no GPS pelo PeU e

finalmente,

motos arrumadas, Hector, dono do Hostal

cordilheiras!!!

Cuesta

de

Lipan

e

em que ficamos e sugere um caminho mais curto, 40 km a menos. Como já era

31 de Dezembro de 2008

começo da noite, achamos por bem um

Diante do dia parado em Salta, faremos a

trecho

cordilheiras numa pernada só, indo direto

menor.

Ajustamos

a

rota

e

seguimos.

a San Pedro de Atacama. Saímos de uma

O caminho sugerido foi uma loucura e uma delícia se feito de dia. A estrada de

cota de 1.600 metros e subimos ate 4.850 metros.

uma pista só, necessita de gentileza e

Para nossa alegria, as intervenções feitas

negociações: uma ao cruzar outra ao

na minha moto (carburada) fizeram-na

ultrapassar

andar super bem e com muita economia.

algum

veículo.

Curvas

86


Tirei o filtro de ar, como sugerido pelo

nuvem pro frio chegar...imagine molhar-

Carlos da oficina em Salta e mesmo acima

se...

de 3.500 ela andava a 100 km/h sem falhar e a autonomia fez com que chegasse a SPA sem precisar de reserva (273 km).

Eu senti um pouco de falta de ar quando fazia algum pequeno esforço como descer e subir de novo na moto, André, tonturas e dor de cabeça, mas continuava bem pra

Caiu o mito de motos carburadas de baixa

tocar

a

moto.

Não

pra

fazer

cilindrada não se comportarem bem nas altitudes, basta uma boa regulagem. Passamos pela já famosa subida da Cuesta

de

Lipán

com

tranqüilidade.

Subida linda, cheia de curvas, visual encantador. Foi ali que parei pra tirar o filtro de ar da moto. Acima de 3.000 metros a paisagem muda

estripulias...na verdade, aconselho a não

por completo. Novos cenários aparecem e

fazer nada... PeU passou inteiro, ele

as paradas para fotos são quase que a

disse...mas tbm não fazia esforços rssA

cada instante. Um primeiro momento de

paisagem é indescritível! Estávamos num

deslumbramento e depois um pouco mais

deserto de verdade! Mesmo com algumas

de disciplina, pois não podíamos deixar

chuvas, nada de bom cresce por ali por

escurecer enquanto fazíamos a travessia.

causa da salinidade, vide as salinas...

A temperatura na parte alta estava em

Ao nosso redor, centenas de km de areia

torno de 10 graus, e sensação térmica,

e

sal...

montanhas...

maravilhosos,

nada

visuais que

se

lindos, possa

descrever, fielmente...foi um trecho de sonho,

de

National

Geografic,

sei

lá...Sentimo-nos lá...no meio do nada...mó aventureiros... Paramos pra apreciar algumas salinas e mais baixa do que isso. Morri de frio

encontramos

mesmo com um monte de casacos...Não

admirando os artesanatos feitos de sal. Os

confie nesse solão...basta uma sombra de

artesãos usam luvas e máscaras para se

dezenas

de

turistas

87


protegerem da exposição prolongada ao

PeU ficava como um doido repetindo isso

sol, vendo e sal. Tratores trabalhavam na

a todo momento como um tique: Como sè

coleta, transformando o deserto em algo

llama llama?

movimentado. Fizemos muitos contatos, e

Seguindo a viagem e seguindo algumas

alguns amigos.

nuvens ameaçadoras, para pânico meu.

Encontramos

casas

no

meio

do

absolutamente nada e seus proprietários

Não sei como eram as luvas de cordura dos meninos, mas as minhas de couro e

com rebanhos de lhamas. Escreve-se

de ski, se mostraram ineficazes contra

llama

Como

água e frio extremos, de forma que uma

queríamos nos aproximar de algumas pra

chuva naquela temperatura não me seria

fotos,

nos

nada agradável. As capas protegeriam o

perseguiria, divertidamente, mesmo no

resto, mas as mãos e os pés ficariam

pós-viagem: como se chama lhamas?

congelados, pois minha bota era de couro

Aliás, tanto para chamá-la como para

e, portanto, encharcável. Pra onde íamos,

perguntar no momento da compra de uma

as retas apontavam pra pesada nuvem.

de

Fiquei realmente preocupado.

e

pronuncia-se

veio

pelúcia

uma

pra

djama.

pergunta

presente

que

com

uma

pronúncia que não nos entendiam? Como se llama llama? Como se djama djama? O

As nuvens formavam estrias de baixo pra

danado é a pronúncia varia pelas regiões.

88


cima

como

que

as

gotículas

dágua

o Reveillon: um jantar e logo após o

seguissem para elas. Era lindo. Chegamos ao ponto mais alto da viagem e registramos em foto do GPS. Paramos na Aduana

Argentina,

pela viagem, fomos a um restaurante para

mostramos

documentos e seguimos sem alterações. A paisagem sempre linda, mas a chegada a San Pedro é precedida de uma descida de uns 50 km que tem o visual do suposto

brinde, caminha... 1 de Janeiro de 2009 Tiramos um dia para "curtir" SP Atacama. Pela manhã cada um a seu tempo levantou e circulou pela ruas , fazendo fotos e comprando regalos.. .

resultado de uma guerra atômica. Mas são

À tarde, Peu e André fomam fazer um tour

50 km de descida!

por Ojos del Salar, Laguna Tabin Quinche

Aduana

chilena,

documentos,

tudo

certinho, chegando.

e Laguna Cejas, com direito a um banho numa laguna saturada de sal, onde não há jeito de afundar. Fiquei mexendo no

San Pedro de Atacama é uma cidade toda

computer...adicionando fotos ao roteiro do

de

Data Logger e tal.

adobe.

Bem

rústica,

sem

pavimentação, mas cheia de turistas do mundo

todo...Línguas

diferentes

são

ouvidas a todo momento. Nosso hotel, não era diferente da cidade, meu quarto, porém, era muito chiquinho por dentro.

2 de Janeiro de 2009 De San Pedro até Viña del Mar Deixamos San Pedro de Atacama, mas não o deserto. Ainda teríamos longos Tem o céu limpo de nuvens e muito azul. Pelo

frioo

seco,

lembra

Brasília

no

inverno. Senti-me em casa. Cansados, mortos pelo sol, pelo frio, pela secura,

trechos na aridez do Chile. A programação seria rodar cerca de 700 km

até

Baia

Inglesa,

lugar

pouco

valorizado nos roteiros antes relatados 89


mas, por se tratar de uma das praias mais

e ainda seguir viagem, já que temos sol

fotografadas do Chile, resolvemos incluí-la

por aqui, até perto das 22 horas.

nos nosso roteiro com uma parada em Copiapó, por sugestão de PeU.

Após algumas buscas, percebemos que a tarefa não seria tão fácil. A maioria das

Após rodarmos 300 km, em uma condição

motos que rodam por aqui é de baixa

de

cilindrada e apesar de Antofagasta não

pilotagem

bastante

cansativa

em

função do forte vento lateral, que nos obrigava a compensar a moto, mantendo-

ser

tão

pequena,

não

havia

muitas

o

espírito

opções.

a inclinada, André percebeu o desgaste

Assim,

acentuado no pneu de minha moto. Tava

motociclista prevaleceu e salvou o dia,

na lona! Eu tinha intenção de trocá-lo tão

quiçá a viagem. André trouxe consigo os

logo chegasse ao exterior por causa do

contatos do grupo PHD (proprietários de

preço mas, na correria, deixávamos pra

Harleys...) e aqui na cidade tinha um

próxima cidade. Agora não tinha jeito!

Haleyro...

A esta altura estávamos em Antofagasta

Ligamos para ele e em pouco tempo ele

e, após ela, não teríamos alternativas.

aparece com o filho no local onde

Seriam 400 km do mais puro deserto com

tínhamos parado...Aqui não caberiam os

apenas um posto de abastecimento.

agradecimentos

à

dedicação

a

Não valia o risco de pilotar nestas condições em um trecho tão longo.

mais

dele

uma

vez,

disponibilidade resolver

o

e

nosso

problema... Ele nos levou a algumas lojas e depois de chegarmos à conclusão que não haveria pneus à venda, tratamos de acompanhar Rubem (o PHD) no convencimento de tirar um pneu de uma algumas

tentativas,

moto nova...Após achamos

um

revendedor que se dispôs a fazê-lo... a essas alturas já estávamos certos de ficar em Antofagasta. Não iríamos arriscar

Assim, entramos, perto das 14 horas, na expectativa de trocar rapidamente o pneu 90


cruzar 400 km de nada no cair da noite... Neste meio tempo, na rede que Rubem pôs para rodar, foi descoberto um pneu na mesma especificação em uma das favelas da

cidade...

Entramos

no

carro

e

seguimos para lá... Metade do preço. Senti-me numa gincana, daquelas de adolescente, onde todo mundo se mobiliza para cumprir uma tarefa... Agora de pneu na mão, ainda faltava borracharia, e voltar à oficina para a troca... Antes disso, ele nos levou para lanchar, tirar dinheiro em caixa eletrônico e tals. Abastecemos as motos e seguimos em Tudo resolvido, ainda fomos deixados no Hotel por Rubem, ainda a tempo de assistir um pôr-do-sol no Pacífico.

frente. O trecho até então foi o mais cansativo. 400 km de uma paisagem que não muda. Sem vida, sem cidades, sem nada...A maravilha foi pegar, pela primeira vez, os fortes ventos laterais, de costas...o vento devia estar a 60km/h e por 150 km rodamos nessa maravilha. Mas como

VALEU RUBEM!!! 3 de Janeiro de 2009 Depois de uma noite bem dormida, em uma dos melhores hotéis da cidade, o Holliday Inn, (100 dólares a diária), resolvemos

retomar

a

nossa

programação, não sem antes passar no monumento natural símbolo da cidade de Antofagasta - La Portada,. 91


nada dura pra sempre...Depois voltamos ao

normal:

ventos

laterais

fortes

balançando a moto.

4 de Janeiro de 2009 Antes de seguirmos viagem, combinamos um

mergulho...Afinal,

era

o

Pacífico,

Paramos para admirar uma interessantes

merecia o sacrifício...água fria... Muito

escultura: La Mano Del Desierto!

Fria... pelo Horário, mais fria ainda!

Depois disso, mais estrada, até que cerca

Mas na base da graça e do desafio lá

de 90 km antes do nosso destino final,

fomos nós... O banho abriu a apetite, mas

chegamos no trecho de estrada que

para nossa decepção não havia nenhum

esperávamos. Praticamente na praia...

lugar em que pudéssemos tomar café...

Oceano Pacífico de um lado e deserto do

Assim, subimos nas motos após um

outro... LINDO!!!

banho e já na saída encontramos uma

Assim, com essa paisagem, chegamos a

família de brasileiros que estavam sendo

Baia Inglesa, brindados com mais um

nossos

lindo pôr-do-sol.

animada...Só pode, né? Vir prum lugar

O jantar, foi uma das melhores comidas

vizinhos...Gente

super

desses, devem adorar viver a vida!

que já comi na vida... Fish Rock com

O café foi na estrada, em um posto da

queijo

COPEC, os que apresentam os melhores

de

cabra...Exótico,

mas

nem

tanto...uma delícia, certamente. Como dormida, a opção foi uma casa em

serviços. O objetivo hoje foi chegar a Los Vilos...

condomínio... Deliciosa, completinha, dava

Para quem pensava que o deserto ficou

pra morar lá.. :-)

para trás... ele ainda nos acompanhava... A estrada, horas beija o oceano, horas se volta para o deserto... e neste mundo fora 92


do comum, chegamos ao nosso destino

parada foi em Papudo... uma enseada

do dia. Uma cidade simples, mas como

procurada

toda região, com um lindo litoral.

Predominantemente chilenos e alguns

Nosso terceiro pôr-do-sol... dá só uma

poucos estrangeiros.

olhada!!!

Viña é uma cidade alegre, jovial e de

5 de Janeiro de 2009

trânsito nervoso. Muitos jovens, muitos

para

férias.

turistas, próprios de uma cidade turística. Rumo a Viña del Mar...

Ficamos

numa

pousada

para

recém

Conforme já conversado a época do

casados e muito aconchegante.

planejamento, a opção seria sair da ruta 5

Dia 6 de janeiro, deixamos o Chile,

e ir pelo litoral.

partindo para Mendoza, Argentina...

Muitos passam direto, pela sedução de uma estrada duplicada e com velocidade de até 120 km... Perdem um dos trechos mais bonitos e sedutores... Entramos por Papudo, um lindo balneário para os de Santiago, depois Zapalar, até chegar a Viña. Dia frio, com muita nebulosidade, mas sem ameaça de chuvas... pelo dia branco, as fotos ficaram prejudicadas... A primeira 93


Viña del Mar a Mendoza

conseguimos apanhar um bocado e fazer guerrinha

Pense no passeio perfeito!

bola de neve. Foi uma sensação, nas

Tudo o que vimos antes foi lindo, mas nada

comparado

a

de

este

trecho.

As

alturas, entre uma arfada e outra. Mais um pouquinho fazíamos um boneco de neve.

montanhas aqui são mais lindas, ainda, que as Cordilheiras a caminho de San Pedro

de

Atacama,

que

nos

impressionaram. São Fantásticas! Subimos os Caracoles deliciosamente. Curvas fechadas, porém com espaço para manobras entre os muitos caminhões que passam.

No caminho entramos no Parque nacional do Aconcágua. O pico mais alto da América do sul parece criar um oásis divino, um pedaço do paraíso inserido no meio de rochas e deserto, para poder ser apreciado.

Aqueles gelos que vimos nas montanhas os encontramos e nos divertimos com ele. São pequenos grãos, como areia, que 94


destacarem as montanhas, assim como o sol. É lindo demais, vale a pena. Mendoza a Balneário Camboriú 7 de Janeiro de 2009

Um pequeno vale abriga plantas delicadas de lindas flores, córregos com água limpa, gelada e...gostosa.

Após a exaltação com as belezas das cordilheiras, chegamos a Mendoza, onde estava prevista a troca do óleo das motos e uma verificação na porca do pinhão da minha. Mais uma vez o GPS do PeU nos ajudou a chegar nos endereços e conseguir um O caminho que se segue é, talvez a parte mais linda das montanhas andinas.

hotel no centro, perto da peatonal. A cidade

respirava

o

Paris-Dakar,

que

chegaria por aqui no dia seguinte ou depois.

Exposições,

cartazes,

muita

movimentação em função da chegada do evento. A cidade é bem atrativa. Fácil de circular.

Bem

policiada

e

com

movimentação nas ruas até a madrugada, como é comum em muitas das cidades Argentinas.

Recomendo o percurso de ida e volta, pois os horários diferentes, farão as sombras 95


O dia foi muito desgastante... por ser final de viagem, um trecho longo e sem atrativos...Trechos parecidos com cerrado se alternavam com banhados... No caminho parei pra um encontro de gerações de gente e de motos. Em sua parte final, chegamos a Serra de Córdoba... sem dúvidas bonita, mas após Aqui, talvez em função da chegada do

cruzar as cordilheiras duas vezes (Para

Dakar, muitas blitze nas ruas. Em mesmo

chegar ao Atacama e para voltar do Chile

dia fomos parados em duas.

para Argentina) ela não apresentava tantos atrativos.

A troca de óleo foi a tardinha, depois da siesta. Tudo na cidade pára das 14 às

Seguimos forte, sem paradas para fotos,

17h.

até porque a sensação térmica estava

Estranho ir a oficina às 17h... Ainda bem

muito baixa e nuvens negras ameaçavam

que chegamos lá cedo. Era uma Oficina

um temporal e tínhamos sido alertados

multimarcas e logo após ás 17h já estava

que é comum nestas condições chover

cheia,

granizo. A idéia era ficar um pouco antes

inclusive

com uma

turma

de

Uberlândia.

de Córdoba, em um Balneário da beira de

A noite foi jantar e arrumar as coisas para

um lago... Chegamos a entrar, mas não

seguir para Córdoba no dia seguinte.

rolava... Clima de férias escolares... som

8 de Janeiro de 2009

alto, engarrafamento, e uma cidade feia, cheia, muito trânsito...um balneário em

Arrumamos as coisas nas motos e saímos

alta temporada...

após o café. Teríamos cerca de 800 km

Seguimos mais um pouco pra dormimos

para rodar... A estrada, em sua maior

em Córdoba.

parte, com retas intermináveis e um calor que lembra os Chacos Argentinos um pouco antes do pampa del Infierno.

Não houve dúvida.

Chegamos e rodamos pouco... a cidade é a menos amistosa das que passamos... escura,

espalhada...Não

seduziu.

Achamos um hotel e nem desarrumamos as motos. Uma muda de roupa e só! Mas comemos bem num restaurante, pessoal simpático e conversador. Conhecemos 96


Carolina, que nos atendeu, e que já havia

algum e nós com outra parte para

visitado o Brasil em vários lugares. Aliás,

abastecer as motos... após os acertos

simpatia e cordialidade não nos faltaram

seguimos tranquilos, com apertos de

em toda a viagem...nem comida boa.

mãos e desejos de boa viagem! Mais uma

9 de Janeiro de 2009 O objetivo seria chegar a Paso de Los Libres e dormir já no lado Brasileiro, em Uruguaiana. outra puxada e cerca de 800 km... No cair da tarde, fomos mais uma vez parados pela polícia Caminera, sob a alegação que estávamos a 85 em um trecho onde a velocidade permitida é 80 km/h. O que fazer? Como as motos estavam juntas, multa para as 3. $ 350 pesos cada e uma notificação a ser enviada para fronteira...

da polícia caminera... Chegamos a paso de Los Libres perto das 23 horas... sem nenhuma burocracia, carimbamos o passaporte de saída e entramos no Brasil sem nenhum controle. Jantamos, nos despedimos e fomos para o Hotel. Dia seguinte a continuação da viagem seria cada um para um canto. A viagem em grupo terminou hoje, mas a viagem, não. Graças a Deus, te aqui tudo em Paz! 10 de Janeiro de 2009 Peu acordou ás 6h. André já tinha saído. Fiquei dormindo mais um pouco e depois peguei a estrada, sem pressa. Rodei tranquilo e fui visitar uma amiga em Itapuí, RS, mas ela tinha saído de férias com a família. Aproveitei a minha calma e parei numa oficina-tornearia e apertei a corrente da moto que insistia em folgar e

Após o suspense, somos convidados um a um a irmos a uma salinha, onde após explicar que eles (polícia Caminera) não querem atrapalhar nossa viagem e que tudo poderia ser resolvido com uma colaboração... chegam ao ponto e pedem din-din. Tínhamos poucos pesos. apenas o suficiente para mais um abastecimento. Daí, negociamos dividir... eles ficam com

consertei meu cavalete central. Pra variar, muita conversa e simpatia...em novo encontro de gerações. O gaúcho de bombachas tem uma CG 81. Segui meu Rumo. O dia estava ótimo, ensolarado, mas a estrada é traiçoeira. Os caminhões deixam trilhos no asfalto que se acumula nas bordas

deixando

elevações

perigosas

para motos e carteres de veículos mais 97


baixos. Uma droga de estrada. Só vai

sob a jaqueta, luvas e tal e a capa de

melhorar perto de Passo Fundo, mas ai

chuva preparada. Ê estrada boa. Lisa, sinuosa e ...rápida! Os argentinos passam voados! É que eles só têm retas, lá, e quando vêem curvas... Pilotei devagar e com calma, até a hora que

encostaram demais

em

mim e

comecei a achar perigoso andar devagar. uma ou outra disputa de corridinha entre carros, aproveitando a facilidade da moto em curvas e ultrapassagens, e esse

melhora mesmo...primeiro mundo.

trecho foi o mais empolgante da viagem. Segui até as 20 horas com uma leve ameaça de chuva vindo do norte. Uns

Outra característica sensacional foi ver o

pingos, mas nada demais. Parei em

abundante verde das matas. Cansei de

Lages, SC. Sem o GPS do PeU, consegui

deserto!

um bom hotel pois pretendia descansar, banhar, conectar e acordar tarde. Aliás, horário era coisa que a gente apenas tinha noção, pois com os horários de verão e os diversos fusos pelos quais passamos, olhar pro sol era a melhor forma de ter idéia

de

quanto

tempo

faltava

pra

anoitecer. O GPS sugeriu um hotel e rumei para lá. Uma delícia. Banho quente e cama. 11 de Janeiro de 2009 Acordei tarde, fiquei na cama, enrolei, aproveitei o hotel. Quando cansei, parti. O tempo parecia chuvoso ou frio. Me vesti a contento com agasalhos sob a calça e

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Chegando à casa da mamãe, pra variar,

dia seguinte após verificar, o motor de

ela não estava em casa, mas minha irmã,

arranque moeu os contatos, peças soltas

Kátia, me recebeu, junto com minha

no cabeçote...bem, uma desgraça geral. A

sobrinha Natália. Finalmente,estava em

manutenção

casa.

realmente, acabou com minha moto, ao

A moto tava barulhenta e com a corrente

dada

pelos

mecânicos,

invés de conservá-la.

batendo de tão frouxa. Nos últimos 3 dias

Rodamos entre o dia 26/12 a hoje,

ela vinha afrouxando, chegando muito

11/01/09, mais de 9000 Km.

solta no final do dia. Eu mal conseguia pilotar de tão barulhenta que ficava ao perder a tração (quando desacelerava, por exemplo ). Dia 12, levei-a à concessionária de

Nestas recordações não couberam todas as fotos, mas espero que as que aqui estão, sirvam de motivação para que você também realize viagens maravilhosas. VaLeU!

Blumenau e a 20 metros dela, o motor travou. Segundo o mecânico me disse, no

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