Newcor News

Page 1

1 - Revista Newcor News


2 - Revista Newcor News


NN | Abertura

O InCor QUE EU VI

S

into-me à vontade em prefaciar esta edição histórica sobre os 40 anos de inauguração do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Isso porque fui estagiário da segunda Clínica Medica do Hospital das Clínicas, no período de 1961-62, dirigida pelo professor Luiz V. Decourt, em estreita colaboração com o Serviço de Cirurgia Cardíaca, chefiada pelo professor Euryclides de Jesus Zerbini. Na época, o professor Decourt havia criado a conhecida mística da segunda Clínica Médica, onde se salientavam colaboradores como Enio Barbato, chefe de clínica, Radi Macruz, Fulvio Pileggi, os irmãos Bernardino e Joao Tranchesi, além de Ermelindo Del Nero Jr., Munir Ebaid, Reynaldo Chiaverini e Wanderley Nogueira da Silva, entre outros. Com a unificação de ambos os serviços e o exitoso transplante cardíaco em 1968, primeiro do Brasil e um dos primeiros do mundo, foi criado o Instituto do Coração, com o lançamento da pedra fundamental pelas autoridades da época. Liderado pelo Dr. Delmont Bittencourt, que havia trabalhado ao lado de Christian Barnard, no serviço do professor Lilehei, nos Estados Unidos, e o apoio de Geraldo Verginelli e Seigo Suzuki, o InCor saiu da planta e do projeto de construção, para finalmente ser inaugurado em agosto de 1977. A unidade contava com um Serviço de Ambulatório, em que já atuavam profissionais em tempo integral, como Giovani Belotti, Jose Antônio Ramires e Wady Hueb. No ano seguinte, foi criada a Fundação de Apoio à Bioengenharia, hoje Fundação Zerbini, com equipamento e contratação de funcionários, que viabilizaram o pleno funcionamento da instituição. Nesses 40 anos de existência, o InCor se constituiu no mais importante centro cardiológico da América Latina, cujas pesquisas internacionalizaram não só a instituição, mas seu corpo de colaboradores, com a dupla Fulvio Pieggi-Adib Jatene em sua direção, além de ser um dos centros irradiadores do ensino e de pós-graduação no Brasil e suas fronteiras. A partir de 1999, com José Antonio Ramires e Sérgio Oliveira na condução do InCor, houve uma reconhecida expansão de seus serviços e, no ano seguinte, foi finalmente inaugurado o seu Bloco II, dando um novo impulso científico-assistencial e tecnológico. Fui testemunha ocular de todo progresso e evolução dessa instituição ímpar, que ainda hoje se mantém como um dos mais importantes hospitais especializados de nosso País e da América Latina. Finalmente, queria ressaltar a feliz iniciativa do Dr. Marcio Araujo e da revista NewCor News, ao ensejo dessas quatro décadas do InCor, um hospital que nos orgulha! 3 - Revista Newcor News

Dr. Mario F. de Camargo Maranhão Top 10 em Cardiologia pelo site The Best in the World/El Mejor del Mundo e professor-visitante da Tongji University, Shanghai, China. Foi presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (1962 a 1963) e da Federação Mundial de Cardiologia (2001 a 2002) e da Sociedade Interamericana de Cardiologia (1989 a 1993).


NN | Expediente NN | Sumário Volume XXI - Nº 40 - 2017 Revista

NewCor NEWS Panorama Atual da Cardiologia no Brasil e no Mundo

Cardios News

Notícias do setor ............................................................

Matéria de Capa

Uma história de ciência, conhecimento, assistência e

Conselho Editorial Presidente: Dr. Mário F. de Camargo Maranhão Conselheiros: Dr. Armênio Guimarães Dr. Fabio Fernandes Dr. Evandro Tinoco Mesquita Dr. Jorge Pinto Ribeiro Dr. Michel Batlouni Dr. Miguel Barbero Marcial Dr. Nabil Ghorayeb

Dr. Marcus Vinicius Bolívar Malachias Pres. SBC ........

Lúcida Artes Gráficas Ltda Rua Carneiro da Cunha, 212 sl 3 11-2339-4711 / 2339-4712 E-mail: lucida.editorial@bol.com.br

Dr. Edison Tayar - InCor restabelece sua saúde financ

Diretor - Editor Responsável Dr. J. Márcio da S. Araújo j.marcioaraujo@bol.com.br Depto Comercial Gilberto Cozzuol Administração Yvete Togni Relações Externas Ariadne De Marchi Jornalista Sunara Avamilano Agradecimento: Rita Amorim Assessora de Imprensa -Assessoria de Imprensa e Mídias Jornalísticas Institucionais Instituto do Coração InCorHCFMUSP

As opiniões expressas ou artigos assinados são de responsabilidade dos autores.

Instituto do Coração - InCor - 40 anos ..........................

Instituto do Coração - InCor - História ..........................

InCor inaugura novo pronto-socorro cardiológico ......

A recuperação do InCor .................................................

Sobre a Fundação Zerbini ............................................

Dr. Roberto Kalil Filho - “O InCor é minha alma”..........

Dr. Fábio Biscegli Jatene - “O Instituto do Coração é m Dr. Elias Knobel - InCor: medicina de primeiro mundo

Momentos InCor /fotos .................................................

Artigo

A fonte da juventude: tão longe e tão perto - Dr. Maur A má gestão da saúde pública - Dr. Carlos Vital Tavare

Atualidade

Cardiologistas adotam critérios mais rígidos para co Microplásticos contaminam água da torneira mundo

Mercado

Notícias das empresas ..................................................

Entrevista

Dra. Amanda Guerra de Moraes Rego Sousa, presidente do 72º Congresso Brasileiro de Cardiologi

4 - Revista Newcor News


NN | Editorial

...............................................................................06

e amor

...............................................................................14

................................................................................16

................................................................................18

................................................................................20

................................................................................24

................................................................................30

................................................................................32

minha segunda casa” ...........................................34

ceira .......................................................................36 ...............................................................................38

............................................................................... 40

ricio Wajngarten ....................................................42 es Corrêa Lima ......................................................44

olesterol ruim, o LDL ..............................................46 afora.......................................................................48

............................................................................... 50

C

om extrema satisfação que apresentamos a edição “muito” especial em que homenageamos os 40 anos do Instituto de Cardiologia - InCor do HCFMUSP. Referência para vários hospitais e considerado um dos melhores em cardilogia do mundo, a instituição é um orgulho para nós brasileiros Em nossa matéria de capa, apresentamos essa trajetória vitoriosa do InCor, que entre altos e baixos se superou, e hoje se destaca por sua excelência em atendimento, pesquisas e ensino, capitaneada por uma diretoria engajada em apresentar um trabalho eficiente para todos os seus pacientes célebres ou não. Temos depoimentos dos doutores Roberto Kalil e Fábio Jatene, diretores do InCor e cardiologistas renomados do Brasil. Confira nossos artigos sobre “Eterna Juventude” e a contaminação da água por microplásticos. Finalizando, apresentamos um entrevista com a Dra. Amanda Sousa, presidente do 72ª Congresso de Cardiologia, que acontecerá em novembro na capital paulista. Apesar da situação econômica do País, em que cada vez mais temos dificuldade em preservar a nossa história registrando momentos tão importantes como estes, agradecemos aos nossos anunciantes que acreditaram em nosso projeto. Temos certeza que terão um retorno financeiro e institucional, divulgando suas marcas nesta “edição especial” da revista Newcor News. Obrigado e boa leitura!

ia............................................................................52

O Editor.

5 - Revista Newcor News


NN | CardioNews Veja os países com os melhores sistemas de saúde do mundo

U

Inglaterra, Espanha e França têm gastos per capita maiores do que o Brasil

ma pesquisa recente realizada pelo Ibope mostrou que 61% dos brasileiros consideram a saúde como a área mais problemática do País, à frente da segurança e da educação. As informações são da revista "Exame". O Brasil gasta cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) na saúde, o que representa um gasto per capita de 909 dólares. Esse valor é menor que os 3 mil dólares que as nações listadas como as melhores do mundo na área gastam. O Canadá, um dos países da lista, gasta cerca de 8% do PIB em saúde e a despesa per capita é de 4,3 mil dólares. Embora pagos pelo governo, os médicos não são funcionários públicos. A maioria dos atendimentos financiados pelo sistema é oferecida na iniciativa privada, o que provoca a inexistência de competição entre o sistema público e privado. No Reino Unido, que gasta 8,2% do PIB em saúde, o sistema de saúde foi criado depois da Segunda Guerra Mundial. Lá, há uma ligação maior entre médico e paciente, já que ele tende a estar no mesmo bairro de residência do paciente. A Espanha também é apontada como um dos países entre os que tem o melhor sistema de saúde do mundo. Entre marcas elogiadas pelo sistema estão a garantia de que será atendido e a comunicação com o paciente, que envolve cartas, e-mails e SMS. Por fim, a França, que gasta 9,3% do PIB na área da saúde, já teve o sistema de saúde eleito o melhor do mundo pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O sistema francês é relativamente complexo comparado ao SUS brasileiro, misturando seguro público com contribuições na folha de salários. Em boa parte dos casos, o atendimento não é gratuito, mas o governo reembolsa parte ou toda a despesas.

JG Moriya: equipamentos médico-hospitalares

A

fabricante e distribuidora de equipamentos médico-hospitalares JG Moriya está ampliando sua atuação internacionalmente com uma fábrica de mais de 1.000 m² em Assunção, no Paraguai. O início das operações está previsto para o segundo semestre de 2017. Segundo Karine Moriya, diretora técnico-comercial, a ideia é fabricar equipamentos, como umidificadores e fluxômetros, em grande quantidade, aproximadamente 100 milunidades anuais, para diminuir os custos e tornar a companhia mais competitiva. “Pretendemos iniciar as atividades utilizando 20% da capacidade da estrutura e chegar em 100% no final de 2018”, revela, acrescentando que a fábrica vai abastecer o Brasil e a América Latina. Karine diz que a JG Moriya escolheu investir no Paraguai porque o país está bem localizado, sendo o centro da América Latina. “É muito mais próximo Assunção-Paraguai da Bolívia ou Chile do que São Paulo-Brasil”, expõe. 6 - Revista Newcor News


7 - Revista Newcor News


NN | CardioNews Cientistas estipulam teto máximo da vida humana

O

s números são quase exatos. A longevidade humana máxima é de 115,7 anos para as mulheres e de 114,1 anos para os homens, segundo pesquisadores holandeses das universidades de Tilburg e Roterdã, a partir da análise de dados referentes às últimas três décadas. Para chegar aos números, a despeito da exceptiva de vida crescente, os cientistas usaram uma amostra de 75 mil holandeses, cuja idade exata no momento da morte foi registrada, segundo os responsáveis pelo estudo. A lógica é que estamos vivendo mais anos, mas pessoas já idosas atualmente não envelheceram mais nos últimos 30 anos. Considerando o padrão holandês, país que viu triplicar o número de pessoas que chegaram aos 95 anos, a expectativa de vida aumentou, garante John Einmahl, um dos três cientistas que dirigiu o estudo. Segundo ele, há uma espécie de muro entre as estatísticas já que o teto em si não mudou. Trocando em miúdos, a longevidade máxima não apresentou quase nenhuma flutuação nas últimas décadas, apesar das exceções que são anunciadas de tempos em tempos.

Novo rótulo de alimentos deve alertar sobre ingredientes nocivos

A

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estuda uma nova mudança nos rótulos dos produtos alimentícios para advertir sobre a presença de ingredientes em excesso que podem fazer mal à saúde. A agência planeja utilizar o sistema de semáforo e octógonos para destacar a presença desses componentes e atrair a atenção do consumidor. A ideia foi debatida por um grupo de trabalho criado em 2014 para apresentar propostas para solucionar a questão da informação nutricional no País. Segundo a Anvisa, estudos científicos apontam que a tabela nutricional presente nos produtos “é de difícil compreensão e pouco utilizada pelos consumidores”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. 8 - Revista Newcor News


9 - Revista Newcor News


NN | CardioNews Alere apresenta evolução dos testes cardiometabólicos durante CODHy LA

N

o último dia 16 de março, a Alere, multinacional líder no segmento de diagnósticos rápidos, participou do 4º Congresso sobre Controvérsias em Consenso de Diabetes, Obesidade e Hipertensão na América Latina (CODHy LA), realizado na Argentina. O evento reuniu especialistas de todo o continente para discutir o aumento de casos de diabetes e o atual quadro da doença na América Latina. Entre os destaques, estão palestras que abordam o setor de Point of Care (POC), como são chamados os testes laboratoriais remotos. Aproveitando o evento, a Alere, em sua mesa patrocinada, apresentou com exclusividade o Afinion, plataforma que permite acesso rápido a testes de diagnóstico in vitro relativos à diabetes, doenças cardiovasculares e infecções. Com apenas uma amostra de sangue ou de urina, o aparelho facilita e agiliza a tarefa de testar determinações quantitativas de painéis lipídicos para avaliação do risco de doenças cardiovasculares; albumina e creatinina (ACR) para análise do grau de complicações renais em pacientes diabéticos; níveis de hemoglobina glicada (HbA1c) para monitoração do controle do diabetes e diagnóstico progressivo da doença; e proteína C reativa (PCR), para diagnóstico e monitoramento de infecções e doenças inflamatórias não infecciosas. Atualmente, a investigação desses indicadores demandaria múltiplos testes laboratoriais, tornando o acesso dos médicos a essas informações mais caro e demorado. Já em experiência no mercado Mexicano com foco no aprimoramento no diagnóstico e no gerenciamento de pacientes, o

sistema agora também está disponível no mercado brasileiro. Segundo Patrícia Carvalho, gerente de produtos cardiometabólicos da Alere, a hemoglobina glicada (HbA1c) é o marcador de referência para o gerenciamento do tratamento, avaliação da eficácia e possível mudança da terapia aplicada. Ela é utilizada para o monitoramento do paciente diabético tanto nas diretrizes brasileiras quanto nas internacionais, como as preconizadas pela American Diabetes Association e a International Diabetes Federation. “O Afinion, é um equipamento Point of Care que mede a hemoglobina glicada em 3 minutos e auxilia o médico no imediato gerenciamento do Diabetes, permitindo no momento da consulta com a concentração de HbA1c, fazer a orientação da terapia e eventuais mudanças das medicações. Esse imediatismo faz com que o paciente se mantenha comprometido com o tratamento, com taxa de açúcar no sangue controlada e, consequentemente, com menos chances de complicações como cegueira, falência renal, amputações e problemas cardiovasculares”, aponta. Fonte: redação. Sobre a Alere Com sede em Waltham, Estados Unidos, a Alere trabalha fornecendo testes diagnósticos rápidos e Point of Care (testes laboratoriais remotos). Essas informações confiáveis permitem melhores decisões clínicas, operacionais e econômicas para a saúde. A empresa tem como foco testes rápidos de doenças infecciosas, doenças cardiometabólicas e toxicologia.

10 - Revista Newcor News


11 - Revista Newcor News


NN | CardioNews Alunos de medicina do Einstein recebem recurso tecnológico para análise de imagens

P

ara fazer a leitura das imagens de alguns tipos de exames, o profissional da saúde precisa se especializar em áreas como ultrassonografia, medicina nuclear, radiologia, entre outras. Mas, pensando em uma formação mais completa desses profissionais e na agilidade do diagnóstico por imagem, os alunos do curso de medicina da Faculdade de Ciências da Saúde Albert Einstein terão acesso, desde o primeiro ano de faculdade, a um ultrassom portátil que ampliará o conhecimento em análise de imagens. A novidade fica por conta do aprendizado sobre ultrassonografia por meio do Vscan, um aparelho de ultrassom portátil da GE Healthcare que cabe no bolso. A tecnologia permite examinar e visualizar claramente órgãos e vasos sanguíneos do paciente durante um exame físico. Com ele, os alunos poderão usufruir dos benefícios do equipamento tanto em sala de aula, quanto em atividades extraclasse que envolva contato direto com pacientes. “A principal facilidade do Vscan é ser um aparelho portátil, de fácil manejo e que permite a análise de imagens em tempo real. Isso é fundamental para complementar o diagnóstico com rapidez. Por ser uma tecnologia de bolso, ainda permite que os alunos utilizem o equipamento para estudos complementares e pesquisas, por exemplo. Nosso objetivo hoje é proporcionar o aprendizado mais completo possível para nossos futuros médicos, aliando cada vez mais os estudos entre anatomia e imagem”, destaca Alexandre Holthausen, diretor da Faculdade de Medicina do Einstein.

Nanotecnologia é nova arma da ciência para descoberta precoce do câncer Pesquisadora brasileira tenta aprovação de nanosensores com os órgãos reguladores, como o FDA. Tecnologia de nanômetros também auxilia no desenvolvimento da química analítica. Utilizada nas mais diversas áreas da ciência, a nanotecnologia é de extrema importância para oferecer soluções que, além de colaborar na qualidade de vida das pessoas, também busca alcançar curas e tecnologias.

Grupo Núcleos em Brasília inaugura novo PET-CT da Siemens Healthineers Diagnóstico por imagem em PET/CT é considerado um dos principais avanços da medicina nuclear, principalmente para doenças oncológicas e neurológicas. A Siemens Healthineers em parceria com o Grupo Núcleos, centro brasileiro pioneiro na prestação de serviços em Medicina Nuclear na região centro-oeste, inaugurou dia 31 de agosto o Tomógrafo por Emissão de Pósitrons (PET/CT).

Pesquisadores da UFSCar desenvolvem equipamento portátil para realização de exames de sangue Um sistema composto de hardware e software para a realização de exames capazes de detectar células cancerígenas na circulação sanguínea é resultado recente de uma tecnologia desenvolvida pelos pesquisadores Filippo Ghiglieno, do Departamento de Física (DF) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e Patrícia Guedes, graduada em Física pela UFSCar. A patente intitulada “Teste diagnóstico portátil para qualificação e quantificação de diferentes tipos de células e uso”, depositada por pesquisadores independentes em cotitularidade com a UFSCar, possibilita a análise do sangue dos pacientes, com resultados rápidos, sem sair de casa e a partir de uma simples gota de sangue.

12 - Revista Newcor News


A

Nova cirurgia bariátrica começa a ser realizada no Brasil

luta para emagrecer, principalmente de forma saudável, não é fácil e requer dedicação e força de vontade dos pacientes, até porque hoje o sobrepeso e a obesidade estão cada vez mais presentes na vida dos brasileiros. A medicina oferece alguns métodos já conhecidos para combater esse problema, como a cirurgia bariátrica e o balão intragástrico. Porém no final de 2016, a Anvisa autorizou a utilização da gastroplastia endoscópica. A nova bariátrica, como vem sendo chamada, foi realizada pela primeira vez no dia 27 de janeiro no País. No procedimento, um endoscópio flexível com uma câmera de alta resolução e uma agulha em sua ponta é colocado através da boca até chegar ao estômago, que em seguida é reduzido por suturas, portanto não há cortes. Comandada pelos médicos Dra. Silvia Reimão e Dr. Luiz Henrique Mestieri, a clínica Endohealth, que já realiza o processo do

Balão Intragástrico há quatro anos, já oferece, desde julho esse novo procedimento. A operação oferece riscos muito menores que a cirurgia bariátrica tradicional. “O procedimento dura e torno de uma hora e tem pouquíssimos riscos de sangramento e perfuração, por isso o paciente recebe alta no mesmo dia e até uma semana pode se movimentar e retomar suas atividades normalmente”, explica a Dra. Silvia Reimão. Outra vantagem do novo procedimento, é que não é preciso ter obesidade mórbida para realizá-lo, obesos com IMC (índice de massa corporal) de 30, já podem realizar. “A cirurgia reduz de 50 a 60% do estomago, gerando saciedade, mas é importante ressaltar que a reeducação salientar e a inserção de exercícios físicos na rotina do paciente durante o pós-procedimento são essenciais para o sucesso da operação” salienta o Dr. Luiz Henrique Mestieri.

13 - Revista Newcor News


NN | Matéria de Capa

Uma história de ciência, conhecimento, assistência e amor

Dr. Marcus Vinicius Bolívar Malachias

C

Presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia

iência e Humanismo são palavras que, não em vão, estão incorporadas à marca do Instituto do Coração (InCor). Mais que palavras, são conceitos que traduzem os princípios fundamentais dessa instituição exemplar, orgulho brasileiro em Qualidade na Medicina, Ensino e Assistência à Saúde. O sonho altruísta de ícones como Euryclides de Jesus Zerbini e Luiz Venere Décourt, à frente de dedicados médicos da Clínica Médica do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, de construir um centro de referência para a formação de novos especialistas e voltado ao aperfeiçoamento da cardiologia no País, tornou-se realidade com o decreto lei de 1963 que estabeleceu o então Instituto de Doenças Cardiopulmonares. A união de ideias e ideais possibilitou a agregação de forças e recursos para o início das obras de construção do Instituto em 1969, cujo prédio foi concluído em 1975. Foi em 10 de janeiro de 1977 que o InCor deu início ao atendimento a pacientes e que ganhou maior vulto a partir da criação da Fundação Zerbini, em 1978, como órgão de apoio às atividades ali desenvolvidas e idealizadas. Em 2000, foi inaugurado o magnífico Bloco II. Desde então, o InCor não parou de evoluir com grandiosidade, tanto em suas convicções quanto em realizações e conquistas. Importante destacar que, ao longo de suas sete décadas de dinamismo, centenas de cardiologistas, cirurgiões e outros profissionais dos quatro cantos do País, de toda a América Latina e de muitas outras partes do mundo, trilharam a sua especialização no InCor. Além disso, incontável número de professores, cientistas, mestres e doutores, sejam eles médicos ou profissionais da área de saúde, que hoje atuam em destacadas universidades e centros de pesquisa de di14 - Revista Newcor News


ferentes estados e países, percorreram a pós-Graduação no Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, que há muito é reconhecido com um dos mais importantes núcleos de Ciência e Pesquisa do continente e do mundo. Tenho orgulho de fazer parte desta nobre família de descendentes científicos do InCor, em que por quatro profícuos anos realizei o meu doutoramento em Ciências da Saúde, área de concentração em Cardiologia, pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, concluído em 2003, tendo com orientador o prof. Dr. Eduardo Moacyr Krieger, ícone da ciência brasileira, e como presidente do conselho diretor, à época, o prof. Dr. José Antonio Franchini Ramires, responsável pela abertura da pós-Graduação da instituição. Impossível se faz citar todos as importantes personalidades que construí-

ram, impulsionaram e eternizaram o InCor nestes seus 40 anos de gloriosa trajetória. Tenho a certeza que, nesta edição, muitos deles serão lembrados e homenageados, mas sempre será incompleta a menção a tantos outros que, reconhecidos ou não, tanto contribuíram e contribuem para a excelência da entidade. Em nome da Sociedade Brasileira de Cardiologia, cumprimento os abnegados responsáveis por manter a grandiosa missão dessa egrégia instituição, os estimados amigos e professores doutores Roberto Kalil Filho, presidente do conselho diretor, e Fábio Biscegli Jatene, vice-presidente do conselho diretor, em nome dos quais estendo o reconhecimento da Cardiologia Brasileira a todos os médicos, cientistas, profissionais de saúde, funcionários, colaboradores, pacientes e a comunidade, que fizeram e fazem do InCor um notável exemplo de eficiência. Que venham muitas outras décadas de prosperidade ao InCor.

15 - Revista Newcor News


NN | Matéria de Capa

Instituto do Coraçã inovação que faz o cor

I

nstituições, diferentemente dos seres humanos, não envelhecem e morrem. Nascem e amadurecem. É o caso do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, que chega aos seus 40 anos, em 2017, com sinais de maturidade e motivos de sobra para comemorar. As celebrações tiveram início, com a abertura do evento “Na Fronteira do Conhecimento – Formando Pessoas e Produzindo Ciência”, realizado no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo. Centro de pesquisas, de excelência no tratamento de doenças cardiovasculares, o InCor é também a esquina onde a política e a medicina se encontram. Ao longo de sua história, foi e continua sendo um hospital de referência para a população em geral, políticos, autorida-

des e personalidades do meio artístico, cultural e social. O hospital foi o cenário de capítulos importantes da história nacional. No InCor, o presidente eleito Tancredo Neves passou os últimos dias de sua vida e foi escrita uma importante página de redemocratização do País. Ao InCor, recorria o então presidente da República José Sarney. E recorrem hoje milhares de cidadãos em busca de diagnóstico e tratamentos avançados, alguns desenvolvidos no próprio hospital. A instituição já realizou mais de mil transplantes de órgãos e salva centenas de vidas, realizando o sonho daqueles que construíram a filosofia de trabalho do InCor, como os professores Fúlvio Pileggi, Adib Jatene e Euryclides de Jesus Zerbini. “O InCor é um dos maiores centros de ensino e pesquisa e assistência em doenças cardiovasculares e pulmonares do

16 - Revista Newcor News


ão - InCor - 40 anos ração bater mais forte mundo. Mas o principal: sou filho do InCor, são 31 anos de InCor. É a minha primeira casa”, definiu o diretor de cardiologia da instituição, Roberto Kalil Filho. Cirurgião cardiovascular e torácico e vice-presidente do conselho diretor do InCor, Fabio Jatene destacou que a força do instituto está nos seus colaboradores e funcionários. “Sinto um orgulho enorme de pertencer ao InCor e ao Hospital das Clínicas.” A 3ª edição do evento “Na Fronteira do Conhecimento – Formando Pessoas e Produzindo Ciência” contou com a participação de diversos palestrantes nacionais e internacionais. O evento teve como objetivo atualizar o público a respeito de práticas assistenciais pioneiras nas áreas de Cardiologia, Pneumologia e Cirurgias Cardiovascular e Torácica.

Transplantes

O InCor está hoje entre as sete instituições do mundo em números de transplantes de órgãos. Desde o primeiro transplante realizado no hospital, em 1985, foram 1.134 procedimentos até fevereiro de 2017. A organização das equipes médicas, por meio do Núcleo de Transplantes do InCor, foi fundamental para o resultado alcançado, além do suporte da Secretaria de Saúde de São Paulo, que disponibilizou equipes multidisciplinares e helicópteros para o rápido transporte dos órgãos dentro do Estado. Criada em 2013 como uma área focada exclusivamente em transplantes, a unidade reuniu num mesmo processo de gestão todas as equipes envolvidas neste tipo de procedimento: cirúrgica, clínica e

17 - Revista Newcor News


NN | Matéria de Capa multiprofissional de transplantes de coração e pulmão, adulto e infantil. Segundo Kalil, a instituição poderia fazer ainda mais transplantes caso houvesse mais doadores de órgãos no país. “Dispomos das mais modernas técnicas para o sucesso da operação, além de helicópteros para o rápido transporte dos órgãos, em intercâmbio com a Secretaria de Saúde de São Paulo. Temos estrutura

para isso, o problema é o doador. Há doadores, mas precisamos de mais”, afirmou. No início de julho de 2016, o então presidente em exercício, Michel Temer, assinou um decreto estabelecendo que a Aeronáutica colocasse um jato à disposição dos transplantes. Antes da publicação do decreto, a FAB havia realizado apenas cinco transportes de órgãos no Brasil.

Livro sobre os 40 anos do InCor

C

omo parte das celebrações, a enfermagem lançou um livro comemorativo de 40 anos, com 200 páginas, distribuídas em 12 capítulos, sobre a história da formação da equipe, desde os primeiros passos até a estrutura atual da área. Esse percurso é contado por meio de 30 depoimentos e 150 ilustrações, que se somam à pesquisa de documentos e referências institucionais. No lançamento do livro, o presidente da Fundação Zerbini (que contribui para a manutenção e aprimoramento da estrutura de atendimento do InCor, José Antonio de Lima, expressou seu encanto pela instituição.

Para o diretor executivo do Incor, Edison Tayar, o livro resgata de forma marcante um traço cultural bastante importante na estruturação da excelência do Instituto.

“Eu realmente me encantei por essa instituição logo que a conheci, porque aqui não se vê a diferença de quem é atendido por recursos públicos ou privados. Todos são tratados com muito carinho e excelência médica.”

“Eu costumo dizer que o InCor é um hospital do SUS que deu certo. Nós somos exemplo”, disse. “Isso porque ele tem um modelo de gestão que permitiu que seu corpo profissional se vinculasse, vestisse a camisa e se institucionalizasse na casa.”

18 - Revista Newcor News


19 - Revista Newcor News


NN | Matéria de Capa

Aos 40 anos, InCor inaugura

novo pronto-socorro cardiológico

Foto: William Pereira/Divulgação SES

Unidade realiza hoje cerca de 900 atendimentos ao mês; espaço passou de 600 m² para 1.600 m²

N

O novo PS do InCor

o ano em que completa 40 anos, o InCor inaugurou o seu novo pronto-socorro, passando a ser uma das emergências cardiológicas mais bem estruturadas da cidade de São Paulo. O novo PS está integrado ao setor de exames diagnósticos e à hemodinâmica, que ocupará três andares. Antes, os pacientes tinham que ser transferidos para outro prédio para fazer os procedimentos. O tamanho do pronto-socorro quase triplicou, de 600 m² de área para 1.600 m². Só serão atendidos no local casos cardiológicos graves, encaminhados por outros ser-

viços de saúde. Hoje, são realizados cerca de 900 atendimentos ao mês na unidade. O InCor celebra seu aniversário com motivos de sobra para comemorar. Centro de pesquisas e de excelência no tratamento de doenças cardiovasculares, a instituição é também a esquina onde a política e a medicina se encontram. Ao longo de sua história, foi e continua sendo um hospital de referência para a população em geral, políticos, autoridades e personalidades do meio artístico, cultural e social. O hospital foi o cenário de capítulos importantes da história nacional. No InCor, o presidente eleito Tancredo Neves passou

20 - Revista Newcor News


ção SES

SES ulgação

Foto: Willi

Foto

am Pereir

a/Divulga

/Div Pereira : William

Cardiologista Roberto Kalil Filho, presidente do conselho diretor do InCor

os últimos dias de sua vida e foi escrita uma importante página de redemocratização do País. “Sou filho do InCor, um hospital que impulsionou minha carreira médica e me ensinou a ver o ser humano com os olhos da sensibilidade e da solidariedade. Um gigante de 500 leitos e milhares de funcionários, que beneficia a um sem-fim de pacientes a cada ano”, afirmou o cardiologista Roberto Kalil Filho, presidente do conselho diretor da instituição. Segundo o especialista, além da tecnologia, o InCor tem uma grande vantagem. “O humanismo, o carinho com as pessoas que precisam dessa instituição.” Essa mesma opinião é compartilhada pelo infectologista David Uip, secretário de Saúde do Estado de São Paulo. “Se o InCor, o Hospital das Clínicas, é o que é hoje, deve aos funcionários que aqui trabalham. Aqui se lidera ensino, pesquisa e atendimento. Não conheço nada parecido, a não ser em hospitais privados”, afirmou. O governador Geraldo Alckmin, por sua vez, destacou a valorização da emergência. “Emergência é vida. Qualquer minuto, segundo, faz diferença. Estamos inaugurando o melhor PS de cardiologia de São Paulo, do Brasil, da América Latina, do Hemisfério Sul e quiçá do Planeta.”

Kalil com o governador do Estado, Geraldo Alckmin (ao centro) e o secretário de Saúde, David Uip

Durante a construção do novo prédio, o pronto-socorro funcionou em um espaço ao lado. Ao mesmo tempo, o sistema de entrada mudou e houve uma hierarquização do atendimento do paciente Sistema Único de Saúde (SUS). InCor O InCor dispõe de 3.207 profissionais e já realizou 125 mil cirurgias, 371 mil estudos hemodinâmicos, 1,1 milhão de atendimentos de emergência, 6 milhões de consultas, 4,9 milhões de exames de diagnóstico por imagem e 59 milhões de exames de laboratório. Na ciência, foram 9.678 publicações em revistas internacionais e no ensino, 25 mil alunos capacitados, desde a graduação até a pós-graduação, passando por cursos de Aprimoramento, estágio e residência médica e multiprofissional. O InCor também está hoje entre as sete instituições do mundo em números de transplantes de órgãos. Desde o primeiro transplante realizado na instituição, em 1985, foram 594 de coração em adultos, 241 em crianças e 313 de pulmão até hoje. Fonte: Site Coração e Vida

21 - Revista Newcor News


NN | Matéria de Capa

Instituto do Cora da construção

História

Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP

T

eve seu início com a assinatura do Decreto 42.817 de 24 de dezembro de 1963 que criou, no Hospital das Clínicas, o Instituto de Doenças Cardiopulmonares (I.D.C.P.) formado pelas disciplinas de Doenças do Coração e Vasos e de Doenças dos Pulmões, ambas pertencentes a Segunda Clínica Médica e a Primeira Clínica Cirúrgica. Tinha por finalidade: ministrar o ensino do curso normal de graduação em Ciências Médicas e dos cursos de aperfeiçoamento e de especialização; realizar pesquisas clínicas e experimentais na área das doenças cardiovasculares; oferecer bolsas de estudos e intercâmbios culturais.

Em 5 de maio de 1970, o Instituto de Doenças Cardiopulmonares foi extinto pelo Decreto 52.450-A que criou o Instituto do Coração do Hospital das Clínicas. Em 5 de dezembro de 1966 a Fazenda do Estado através da Lei 9.554, autorizou a alienação, por doação de um terreno à construção de um prédio para o InCor. O projeto foi elaborado por uma equipe formada por clínicos, cirurgiões, laboratoristas, patologistas, administradores hospitalares, técnicos em enfermagem, nutrição, serviço social, arquivo médico, documentação científica, fisioterapia e reabilitação. O hospital foi pro-

22 - Revista Newcor News


ação início o - 1970

Maquete do Bloco II do Instituto do Coração

Através do Decreto 15.157, de 26 de jujetado por um grupo de arquitetos do Deparnho de 1980, o Instituto do Coração recebeu tamento de Obras Públicas do Estado de São a denominação de Instituto do Coração Sua Paulo e pelo arquiteto Nelson Daruj. Santidade João Paulo II, em homenagem a viEm 1968, iniciaram-se as fundações do sita do Papa ao Brasil e em, 17 de fevereiro de edifício, num terreno de 10 mil metros qua- 1995, seu nome foi novamente alterado, atradrados com uma planta de 11 pavimentos, vés da Lei 9.078, para Instituto do Coração contendo todas as áreas fundamentais em Euryclides de Jesus Zerbini, em homenagem cardiologia, um grande ambulatório e áreas de àquele que foi o idealizador e o maior responinternação para 270 pacientes. Anexo ao bloco sável pela construção do Instituto. principal foi prevista uma unidade auxiliar de O projeto de ampliação do Instituto do dois pavimentos, com o total de 1,5 mil metros quadrados, sendo um dos andares destinado Coração começou em 1984 e foi interrompido ao laboratório clínico e outro a uma unidade to- várias vezes. Finalmente pôde ser concluído talmente isolada para tratamento de pacientes graças a uma parceria com a Fundação Zerbiinfectados, além dos blocos de almoxarifado, ni. O Bloco II foi inaugurado em 19 de agosto oficinas de manutenção e vestiários. O edifício de 2000, num espaço de 45 mil metros quado Instituto do Coração foi inaugurado oficial- drados, 17 andares, 120 leitos e 7 salas cirúrgicas. mente em 4 de fevereiro de 1975. 23 - Revista Newcor News


NN | Matéria de Capa

A recuperação do Incor Com a dívida negociada e a melhora no atendimento, o maior centro de tratamento e pesquisa cardiológica do País apresenta os primeiros sintomas de que está saindo da maior crise de sua história

E

m 2011, a taxa de mortalidade de transplantes em adultos no Instituto do Coração (Incor), possibilitava comparações com uma roleta-russa. Houve 45% de mortes em onze cirurgias cardíacas realizadas. Outros indicadores de produtividade, como consultas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), caíam ano a ano. A desorganização das dívidas impossibilitava o recebimento de verbas públicas para investimento e dificultava a recuperação do maior centro de tratamento e pesquisa em cardiologia do País, inaugurado em 1977 pelo cirurgião Euryclides de Jesus Zerbini. A situação chegou a um nível tão preocupante que mobilizou os médicos da instituição. Há cinco anos, cerca de 100 deles subscreveram um abaixo-assinado que questionava a transferência para lá da área de pneumologia, que antes funcionava no instituto central do HC, pois tumultuava ainda mais, segundo reclamavam, as condições problemáticas do lugar. O questionamento acabou na mesa do promotor de saúde pública Arthur Pinto Filho, que havia recebido na época uma carta da mulher de um paciente que estava na fila de transplantes do InCor solicitando a transferência do marido para a espera do Instituto Dante Pazzanese, onde, acreditava, teria melhor atendimento. Intrigado com a coincidência, ele abriu uma investigação. Ao visitar o complexo, nas proximidadesda Avenida Paulista, as deficiências eram óbvias. “Vi ralos quebrados, torneiras inadequadas, alas com forro deteriorado…”,enumera. O mais assustador é que essas cenas, típicas dos piores hospitais, ocorriam na instituição gratuita conhecida nacionalmente por ser uma ilha de

excelência, onde poderosos como Tancredo Neves (1910-1985), Mario Covas (1930-2001) e Antonio Carlos Magalhães (1927-2007) se trataram no fim da vida. Nos últimos tempos, felizmente, o pulso desse gigante começou a apresentar sinais de melhora em diversas frentes. “Não dá para falar em perfeição, mas os piores problemas estão, na maioria, contornados”, avalia o promotor. A antes combalida área de transplantes é um dos símbolos dessa fase. O montante desses enxertos (se contabilizados tanto os feito de 30 para 50 entre 2011 e 2013, um incremento de 67%, e a mortalidade encolheu de 34% para 20%. Para efeito de comparação, o Dante Pazzanese, referência na área, realizou 43 procedimentos do tipo em 2013. Há outros índices bem positivos. A espera para uma operação de válvula caiu de oito para quatro meses desde 2011. O número de exames laboratoriais só cresce — de 2,3 milhões em 2007 para 3,3 milhões em 2013 —, assim como o de cirurgias — de cerca de 3 500 para 4 500 no mesmo período. Algo semelhante acontece nas áreas de ensino e pesquisa. O total de artigos científicos publicados era de 353 em 2010 e de 399 no ano passado. Os parceiros de inovação incluem a Nasa, a agência espacial americana, que participa do desenvolvimento de um monitor respiratório. No campo do estudo, o contingente de alunos de pós-graduação strictu sensu, que andava em queda,

24 - Revista Newcor News


foi de 177 para 197 nos últimos quatro anos. Os resultados têm, em boa parte, origem comum: dinheiro. Em outubro de 2013, a Fundação Zerbini, que administra os recursos do instituto, comemorou um feito aguardado desde 2007: a exclusão de uma espécie de Serasa do governo federal, graças à solução judicial de 22 pendências, muitas com prestação de contas, e renegociação de três grandes passivos. Com isso, o Ministério Público Federal retirou a recomendação para o hospital não receber mais investimentos públicos, o que inclui emendas parlamentares. “Essa crise desorganizou nosso funcionamento”, diz o cirurgião Fábio Jatene, presidente do conselho diretor desde 2010. “Agora, vivemos tempos bem melhores.” O passivo do InCor, que chegou a 298 milhões de reais em 2007, agora é considerado administrável, na casa dos 122 milhões. A média mensal gasta com dívidas, de 5,41 milhões há cinco anos, está hoje em 2,12 milhões. A equação de contas é regida por José Antonio de Lima, que assumiu a liderança da Fundação Zerbini em abril de 2013. Uma das medidas de sua gestão foi a contratação de duas assessoras de relações institucionais em Brasília, que circulam pelos gabinetes mostrando as mudanças do complexo e, claro, pleiteando verbas. “Em uma das primeiras vezes em que entrei em uma comissão parlamentar, um deputado me disse: ‘O InCor veio aqui roubar meu dinheiro?’. Era preciso corrigir a imagem de que as coisas não estavam bem”, conta o vice-presidente da fundação, Gustavo Ribeiro. Deu certo. Em 2013, foram captados 6,1 milhões de reais em sete emendas orçamentárias propostas por políticos de partidos que vão do PT ao PSDB.

clínica, o que lhe possibilitou chegar à vice-presidência do conselho. Na prática, é tido pelos funcionários como um prefeito do InCor. Diretor-geral do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês, médico de políticos como a presidente Dilma Rousseff e o ex-governador José Serra, o doutor apelidado de “homem-bomba”, pelo jeito pilhado, não se furta a aproveitar esse bom trânsito. Em um evento público em novembro de 2012, pediu à “queima-roupa” ao governador Geraldo Alckmin: “Tenho 11 leitos pediátricos parados por falta de equipe. Preciso de gente”. Foram então cedidos recursos para a contratação de 11 médicos, 19 técnicos de enfermagem e 21 enfermeiros, elevando o número de vagas infantis de dezesseis para 27. Em ação semelhante, ele conseguiu que o governo bancasse, a 17,2 milhões de reais por ano, 40 leitos no Hospital Beneficência Portuguesa para doentes do Incor enquanto seu pronto-socorro está em obras — em instalações provisórias, a emergência teve perda de 12 de suas 52 vagas e continua lotada. A previsão de término da reforma é 2016 .A influência sobre a iniciativa privada, em boa parte por sua posição no Sírio-Libanês, ajuda muito. Desde que assumiu, Kalil recebe com frequência presidentes de empresas farmacêuticas e de outros suprimentos.

Conseguiu assim, por exemplo, a doação de 35 próteses cardíacas infantis e 32 marca-passos para realizar mutirões de atendimento e diminuir as filas. “Eles têm todo o interesse em ajuEm 2014, a expectativa é que 29 emen- dar, claro”, reconhece o gestor pragmádas atraiam 11,2 milhões. Nessa pressão e tico, de personalidade incisiva ,companesses números todos positivos deste mo- rada frequentemente à de sua paciente mento do hospital, pesa muito o estilo obses- Dilma. “Imagine, eu sou muito pior que sivo de Roberto Kalil Filho. Ele assumiu em ela”, sentencia, aos risos. 2011, após concurso acadêmico, o posto de professor titular da disciplina de cardiologia Falando em políticos, um detalhe: 25 - Revista Newcor News


NN | Matéria de Capa alguns deles continuam a fazer consultas de rotina no InCor, caso da ex-senadora Marina Silva e do senador Eduardo Suplicy. Clientes famosos costumam ser recepcionados em um espaço reservado, que os funcionários chamam de “vip”. Com a chegada de Kalil, a rotina do 5º andar, onde ficam os principais doutores do instituto, ampliou consideravelmente sua eletricidade. “Ninguém ousa ir para o banho sem levar o celular, pois sabe que não atender é bronca na certa”, diz Ludhmila Hajjar, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Cardiologia. Diante do comentário, Kalil ri: “Se a ligação cai na caixa postal, é porque estão fazendo besteira sem eu ver”.

nosticada durante a gravidez, dois anos antes, com miocardiopatia dilatada (“coração grande”), ela passou por diversos tratamentos, até sofrer parada cardíaca e ser colocada na fila de transplantes. Um mês depois, recebeu o novo órgão. “Era bem tratada e tinha acesso aos doutores a qualquer momento”, relata.

Para o promotor Pinto Filho, mesmo que tenham cessado as reclamações de médicos sobre o local, ainda há passos a avançar. Ele não desistirá de abrir ação judicial para que o hospital deixe de destinar cerca de 20% de seu atendimento a planos de saúde. Vai ser uma briga e tanto. Apesar de os usuários de planos serem um quinDe jeito oposto, fala mansa e tom to dos pacientes, eles representaram uma cordial, Fábio Jatene também faz a linha vi- receita de cerca de 120 milhões de reais gilante. Instalou em frente à sua mesa uma nos últimos doze meses, valor quase igual TV de tela plana na qual assiste ao vivo ci- ao dos repasses do SUS. “Esse dinheiro é rurgias (os parâmetros de sigilo de imagem fundamental para receber bem quem mais foram acordados com o Conselho Regional necessita”, argumenta Lima, da Fundação de Medicina). “Se há uma operação marca- Zerbini. da e ela ainda não começou, ligo para saber quem está atrasado. É bom saberem “A unidade estatal precisa dar o máque existe controle”, ressalta ele, que dei- ximo de espaço a quem não tem uma carxará a presidência do conselho no fim do teirinha de plano”, rebate o promotor. Para mandato, em outubro, e vai defender a es- Libânia Paes, coordenadora da especialicolha de Kalil para o posto. A mudança de zação em gestão hospitalar da Fundação rotina do local passa pela organização das Getulio Vargas, por mais que melhore, o Inatividades. Hoje, as equipes têm metas de cor não deve voltar ao período de glória. “O cirurgia. Foi criado um núcleo de gerencia- contexto no qual está inserido é ruim: uma mento de leitos. Isso ajudou a acabar com rede de saúde pública problemática, que os “feudos” de profissionais que brigavam leva a que a demanda seja muito acima para manter os pacientes de sua especiali- do que é possível absorver”, entende. Kalil, dade em determinada vaga, protelando as dono do jaleco mais influente da Repúblialtas. ca, reconhece que os tempos são outros. “O que buscamos é a excelência no atenEntre as várias medidas que incre- dimento ao público. Quero que os políticos mentaramos transplantes, destaca-se o venham para cá, mas para prestigiar nosso deslocamento de uma enfermeira até o trabalho e trazer verbas.” (Veja - Por Daniel hospital onde está o corpo do possível do- Bergamasco / Colaborou Carolina Romaniador dotada de um ecocardiógrafo portátil ni - Publicado em 27 jun 2014) — as informações, lidas na hora na sede, agilizam as decisões. A bancária Antônia Danielly Bezerra dos Santos, de 25 anos, ganhou um dos enxertos em 2013. Diag26 - Revista Newcor News


27 - Revista Newcor News


28 - Revista Newcor News


29 - Revista Newcor News


NN | Matéria de Capa

Sobre a Fundação Zerbini

C

om o objetivo de apoiar financeiramente o Instituto do Coração, em 1978, o professor Euryclides de Jesus Zerbini e colaboradores criaram a Fundação Zerbini, uma entidade sem fins lucrativos, responsável por captar, gerenciar e investir na estrutura do próprio InCor os recursos advindos da prestação de serviços da instituição na Assistência, Ensino e Pesquisa em cardiologia e pneumologia. Desde então, vem seguindo fielmente esse propósito, investindo integralmente na manutenção e ampliação das atividades promovidas pelo InCor e colaborando para o seu crescimento e modernização. O contrato de prestação de serviços firmado entre a Fundação Zerbini e o HCFMUSP – Hospital das Clínicas da Faculdade Medicina da Universidade de São Paulo, por intermédio de sua Unidade Hospitalar, o Instituto do Coração – InCor, em mútua colaboração, objetiva: • O desenvolvimento das Ciências Médicas e o trabalho nas áreas de Ensino, Pesquisa e Assistência; • O desenvolvimento de serviços especiais de caráter Científico Assistencial, Clínico e Cirúrgico; • A criação e o aperfeiçoamento de materiais, equipamentos, sistemas e processos tecnológicos voltados para a área da Saúde; • A atualização e o aperfeiçoamento dos recursos humanos, com políticas abrangentes de valorização, com ênfase na formação e atualização técnico científica; • Reorganização gerencial das atividades no InCor. Em 2004, conforme aditivo de prorrogação, o referido convênio de colaboração detalha e amplia o objeto da prestação de serviço, com destaque à conjugação de esforços entre InCor e FZ, direcionados ao aprimoramento e à expansão da capacidade operacional do Instituto, proporcionando, reciprocamente, apoio técnico, administrativo, financeiro e operacional. Caracterizada como instituição de direito privado e de utilidade pública, filantrópica, beneficente e sem fins lucrativos, a Fundação Zerbini não possui acionistas ou cotistas. 30 - Revista Newcor News


31 - Revista Newcor News


NN | Matéria de Capa

Dr. Roberto Kalil Filho

crédito Roberto Setton

“O InCor é minha alma”

Dr. Roberto Kalil Filho Obteve o título de Professor Doutor pela Universidade de São Paulo (2011), Livre-Docência pela Universidade de São Paulo (1995), Pós-Doutorado pela Johns Hopkins University (1991), Doutorado em Cardiologia pela Universidade de São Paulo (1994), Residência Médica pela Universidade de São Paulo (1989) e Graduação em Medicina pela Universidade de Santo Amaro (1985). Atualmente é Professor Titular no Departamento de Cardiopneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e Chefe do Departamento de Cardiopneumologia da FMUSP (mandato de 2015 a 2017); também é Diretor Geral do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês. No Instituto do Coração (InCor/HCFMUSP) desempenha as seguintes funções: Diretor da Divisão de Cardiolo-

gia Clínica, além de atuar como Presidente do Conselho Diretor e Membro da Comissão Complementar do Programa de Pós-Graduação. Entre os títulos internacionais estão: Research Fellow in Medicine, pela Johns Hopkins University (1991), Fellow do American College of Cardiology, eleito pela Board of Trustees, (1998), Fellow Fundador do ACC Brazilian Chapter, pela Sociedade Brasileira de Cardiologia e American College of Cardiology, (2009). Títulos nacionais: Especialista em Cardiologia, pela Associação Médica Brasileira e Sociedade Brasileira de Cardiologia (1994) e Especialista em Clínica Médica, conferida pela Sociedade Brasileira de Clínica Médica (2003). Membro de corpo editorial e revisor da conceituada revista JACC - Journal of the American College of Cardiology.

32 - Revista Newcor News


H

á 31 anos, Dr. Roberto Kalil, até então residente em clínica médica no Hospital das Clínicas, pisava pela primeira vez no pronto-socorro do InCor para começar a atuar como estagiário. Para ele, foi um momento mágico. Nem imaginava que décadas mais tarde se tornaria uma celebridade da saúde, atendendo políticos, como presidentes, governadores, ministros e deputados, além de uma gama de famosos do mundo artístico, e ocuparia a cadeira mais importante do Instituto, por onde já passaram renomados doutores da medicina brasileira. “Eu andava pelos corredores do InCor, via uma interação de ciência, humanismo e assistência ao doente carente. Isso tudo me marcou”, recorda. “E, com certeza, marcará muito cada profissional que entrar para a instituição.” Depois dos estágios no pronto-socorro, Dr. Kalil fez residência em Cardiologia no InCor. Daí em diante, escalou novas posições e ajudou a escrever a história do Instituto. “O InCor é minha alma”, define. Para ele, desde sua inauguração, o Instituto jamais mudou o seu foco, voltado para ciência, pesquisa, assistência e ensino, sempre associado ao humanismo. “O mundo mudou, mas o InCor continua o mesmo. Para o futuro, eu o vejo ainda desse jeito. Daqui a 40 anos, o InCor vai continuar fazendo pes-

quisa, atuando em ensino e assistência ao paciente do Sistema Único de Saúde (SUS). Por mais tecnologia que venha a ter e renove seus profissionais, o foco será mantido. Nossa cultura está enraizada, diferentemente de outras instituições que se moldam com o decorrer do tempo e em virtude da chegada de novas tecnologias”, explica. Alinhados aos valores, à missão e à visão do InCor, estão os planos de inovação e de acompanhar a tecnologia a todo minuto. De acordo com Dr. Kalil, com as dívidas quitadas da mantenedora Fundação Zerbini, será possível ao Instituto voltar ao que era antes, priorizando investimentos em ensino e pesquisa. “O InCor tem um excelente corpo clínico, mas sempre necessita melhorar instalações e equipamentos. No entanto, convivemos com a falta de recurso suficiente para atender a toda demanda”, conta. Mesmo com as verbas obtidas por meio dos governos federal e estadual, acrescidas da saúde suplementar, ainda assim faltam subsídios. “Estamos com planos de captação de recursos, inclusive da iniciativa privada”, revela. Mesmo nos momentos economicamente difíceis, o InCor em toda a sua história sempre foi considerado um dos maiores templos da cardiologia do mundo. “Imagine, então, quando o Instituto tiver mais recursos e com equilíbrio financeiro garantido?”, defafia Dr. Kalil.

Principais momentos Dr. Kalil resume sua vida no InCor, destacando três grandes momentos: Momento mágico: “Início no InCor para ser estagiário no pronto-socorro”. Momentos tristes: “Aposentadoria do Dr. Fúlvio Pileggi, em 1987, a saída do Instituto dos professores Euryclides de Jesus Zerbini, Adib Jatene e Luiz Venere Décourt, e a morte do Dr. Giovanni Bellotti, que para mim significou a ciência da instituição”. Momento feliz: “Quando passei no concurso para o cargo de Professor Titular do Departamento de Cardiopneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), em 2011, e assumi a cátedra da Cardiologia no InCor. Nesse dia, voltamos a dar lugar de destaque ao Instituto. Então, tive o sentimento de resgatar todo o legado deixado pelo Dr. Pileggi e Dr. Bellotti, porque acredito que sou linhagem deles e tenho a responsabilidade de perpetuar e compartilhar tudo o que aprendi ao longo de minha carreira”. 33 - Revista Newcor News


NN | Matéria de Capa

Dr. Fábio Biscegli Jatene “O Instituto do Coração é minha segunda casa”

Centro gerador de conhecimento

crédito André Conti

O

Dr. Fábio Biscegli Jatene Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Fundação Universitária do ABC (1978), doutor e livre-docente pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) (1991). Ocupa o cargo de Professor Titular da Disciplina de Cirurgia Cardiovascular da FMUSP. É membro do Conselho Deliberativo HCFMUSP (2015), Vice-Chefe do Departamento de Cardiopneumologia da FMUSP (2015). Vice-Presidente do Conselho Diretor e Diretor Geral do InCor HCFMUSP (2015). Tem atuação assistencial e de pesquisa em Cirurgia Torácica e Cardiovascular.

Instituto do Coração é minha segunda casa, onde passo a maior parte do tempo e meu envolvimento é muito grande. Com essas palavras, Dr. Fábio Jatene, filho do renomado doutor e professor, Adib Jatene, define o que o InCor significa para ele. E essa sua entrega, de corpo e alma, já está sedimentada. Afinal são mais de três décadas de dedicação, de pesquisas e descobertas em prol da saúde pública no Brasil. Dr. Fábio atua no InCor desde 1983. Para o médico e professor, durante muito tempo, o sistema brasileiro de saúde sofreu várias transformações, seja na prática da medicina ou no atendimento ao paciente. E há 40 anos, o InCor surgiu em meio a essas mudanças, oferecendo prestação de serviço de saúde de excelência no centro hospitalar do Hospital das Clínicas. Um ano após ter ingressado ao InCor, Dr. Fábio participou do momento em que o hospital voltou a fazer transplantes coronários. “Em seguida, o Instituto tornou-se também um centro muito ativo em transplante pulmonar. Sempre mantendo suas qualidades, seu foco e sua excelência”, conta. Dr. Fábio afirma que o InCor aplica uma medicina altamente especializada na área de cardiologia e pneumologia. E essa grande especialização é exercida com excelência na área pública. “Ao longo de todos esses anos, seguimos demonstrando que é possível realizar um trabalho de alta qualidade na saúde pública. Não foi um processo efêmero, nem rápido. Foi um processo que se perpetuou ao longo do tempo.”

34 - Revista Newcor News


Assistência, ensino e pesquisa O desempenho positivo do InCor se deve a três vertentes principais: assistência, ensino e pesquisa, executadas ativa e continuamente com inteligência, interesse e competência pelos profissionais e especialistas. “O legado deixado pelos fundadores do InCor se perpetua”, diz Dr. Fábio. De acordo com ele, a quarta vertente, a inovação, já pode ser incorporada, permeando as outras três. “Não estamos somente preocupados em oferecer qualidade em assistência, ensino e pesquisa, mas em inovar nessas três áreas. Isso é uma das características do DNA do InCor, que é sempre estar na vanguarda, buscando evolução e um processo constante de inovação”, explica. E a inovação, segundo ele, pressupõe avanços. Para atender a essa demanda, foi criado o projeto InovaInCor, em parceria com a Fundação Zerbini (veja quadro). Por meio de sua bioengenharia, o InCor trabalha no desenvolvimento de equipamentos, como válvulas, próteses e coração artificial, que facilitam as cirurgias torácicas e cardiovasculares. Além da área cirúrgica, o hospital contribui também para progressos na parte clínica, em técnicas operatórias, entre outros, com área experimental e laboratórios de pesquisa. O Instituto do Coração possui um centro de pesquisa de qualidade internacional, que faz avaliação de medicamentos e de técnicas operatórias, além de treinar profissionais de diversos segmentos, como psicólogos, enfermeiros e farmacêuticos, que não necessariamente sejam do InCor. Oferece centenas de cursos de

curta, média e longa duração e publica todos os seus serviços. “O InCor é especial e não é apenas um hospital. Somos um centro gerador de conhecimento. O ambiente do hospital mostra isso porque é formado por muitos médicos professores da universidade, pessoas de profissões correlatas, pesquisadores e estudantes que compartilham ideias e opiniões. Estamos sempre à busca de alguma nova resposta e constantemente divulgamos mais conhecimento”, define.

Excelência na gestão de pessoas O InCor é um hospital assistencial e essa responsabilidade o impulsiona, o tempo todo, a usar e desenvolver novas tecnologias, assim como, a treinar pessoas que vão lidar com equipamentos mais sofisticados e modernos. Manter todo esse sistema funcionando com equilíbrio e continuamente faz parte do processo de melhoria e avanço do Instituto. “Nossos profissionais precisam continuar imbuídos desse sentimento e focados para seguir assim nos próximos 40 anos, sempre trabalhando com envolvimento, dedicação, ensino, pesquisa e assistência”, destaca. “A chama do que somos não pode se perder, por isso lutamos para que o nosso ideal permaneça.” De acordo com Jatene, as pessoas que trabalham no Instituto têm a missão de perpetuar o trabalho que já vem sendo feito, adaptando-se aos novos tempos. Assim como no passado, o InCor teve grandes líderes, que ergueram e fizeram a força e o prestígio da instituição, o foco agora é prosperar e manter-se grande.

Inovação se escreve com InCor O InovaInCor nasceu como um Núcleo de Projetos para que pesquisadores, universidades, empresas, institutos de fomento e governo possam executar ações conjuntas na identificação de oportunidades para a aceleração e captação de recursos humanos, financeiros e tecnológicos. O objetivo do InovaInCor é sistematizar as iniciativas e integrar os grupos de pesquisas, além de tornar viável a produção científica para o setor produtivo, por meio de transferência de tecnologias de novos produtos e serviços, realizando ações empreendedoras para atender às demandas da sociedade nas áreas cardiovascular e respiratória e garantir a sustentabilidade do Instituto.

35 - Revista Newcor News


NN | Matéria de Capa

Dr. Edison Tayar Graduado em medicina pela Faculdade de Medicina de Jundiaí (1976), com pós-graduações em Saúde Pública, pela Faculdade de Saúde Pública da USP (1983), e em Administração Hospitalar, pela Eaesp/ FGV (1978). Fez residência médica em Administração Hospitalar em Saúde no Hospital das Clínicas da FMUSP (1978). Ocupou o cargo de Diretor de Ações Hospitalares da Secretaria de Saúde do Município de Jundiaí, foi secretário-adjunto da Secretaria de Saúde do Município de São Paulo, atuou como Administrador do Hospital Sírio Libanês, como Diretor-Executivo do Programa de Estudos Avançados em Administração Hospitalar e de Saúde da Fundação Getúlio Vargas (Proahsa). No Ministério da Saúde, foi assessor da Divisão Nacional de Organização de Serviços de Saúde, entre março de 1980 e janeiro de 1984. Há quase dez anos, atua como Diretor-Executivo do Instituto do Coração (InCor).

InCor restabelece sua saúde financeira

O

Instituto do Coração comemora seus 40 anos praticamente refeito das dívidas que se encontrava há cerca de dez anos. Em setembro de 2017, a Fundação Zerbini quitou com bancos a sua principal dívida. “Ao entrar para o InCor, contribui para solucionar a engenharia financeira, visando essa recuperação”, conta Dr. Edison Tayar, Diretor-Executivo. O InCor é uma vertente do Hospital das Clínicas. Uma parte de seus recursos vem do Governo do Estado de São Paulo e a outra, da Fundação Zerbini, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) e da saúde suplementar (convênio mais particulares). “De dez anos para cá, nosso objetivo foi re-

cuperar a Fundação e focá-la somente no InCor, diferentemente do que vinha acontecendo. Anteriormente, a Fundação participava de outros negócios e de uma série de projetos, que acabaram prejudicando a sua saúde financeira”, explica. Outro passo para reverter o quadro foi a reestruturação comercial da Fundação, com o objetivo de revitalizar o relacionamento com convênios para capturar mais recursos, ter mais agilidade na negociação e nos reajustes. A meta, de acordo com Dr. Tayar, era amortizar o passivo da Fundação Zerbini. O valor repassado pela Fundação Zerbini ao InCor permite contratar e manter profissionais no Instituto, agilizar os serviços de manutenção, comprar peças e repor materiais emergenciais. Mais da metade

36 - Revista Newcor News


do valor da folha de pagamento do InCor vem da Fundação. “De 2016 para cá, começamos a ver sinais de melhora no Instituto, com possibilidades de pensar no reinvestimento de projetos especiais”, revela. “A saúde financeira da Fundação começou a se restabelecer, mas ainda caminhamos com cautela.” Dr. Tayar diz que o InCor conta com receitas que dependem do Governo do Estado e cujo orçamento só cresce quando a economia avança. A mesma coisa acontece com a tabela do SUS, que não tem reajuste há mais de uma década. “Temos de trabalhar com uma verba elementar e básica e não assumir riscos com gastos maiores do que a receita que temos”, ressalta. A hora agora é de elaborar bons projetos para viabilizá-los em um momento em que o InCor tiver possibilidades de obter mais recursos.

Novas obras e tecnologia de ponta Há cinco anos, a tecnologia dos equipamentos do InCor foi atualizada e obras foram iniciadas para modernizar algumas áreas do hospital e o pronto-socorro. O investimento para as obras só foi possível, graças aos recursos extra-orçamentários obtidos no Governo do Estado. Para a atualização tecnológica de equipamentos, o InCor contou com o apoio do Governo Federal, Ministério da Saúde, Fundo Nacional da Saúde e emendas parlamentares.

Em 2017, o novo pronto-socorro do InCor passou a ser uma das emergências cardiológicas mais bem estruturadas da cidade de São Paulo. O PS passou a se integrar ao setor de exames diagnósticos e à hemodinâmica, setores também reformados. Antes, os pacientes tinham que ser transferidos para outro prédio para fazer os procedimentos. O InCor conta com PS referenciado e estrutura para atender o cardiopata no menor tempo porta-balão, mensurado a partir da chegada do paciente com diagnóstico de infarto até a realização do cateterismo, não devendo ultrapassar 90 minutos. “Com isso, melhoramos a qualidade de atendimento”, diz. Outra melhoria foi na área de hemodinâmica. O procedimento que era apenas diagnóstico, passou a ser um importante recurso de tratamento. “Hoje em dia, além de fazer o exame de cateterismo, podemos verificar se há entupimento nas artérias e, a partir do diagnóstico, é possível realizar vários procedimentos, como inserção de balão, abertura de artéria, dilatação e colocação de stent farmacológico ou troca de válvula. Tudo pela hemodinâmica”, esclarece. Além dessas novidades, o InCor passou a ter uma infraestrutura para os exames de hemodinâmica,com sala de espera e leitos de recuperação. Além da hemodinâmica, foram trocados os equipamentos analógicos pelos digitais da área de imagem, como ecocardiografia, ultrassonografia, eletrofisiologia e radiologia.

Projetos futuros Outros projetos estão na mira do Diretor-Executivo. “Queremos reorganizar, revitalizar e redistribuir áreas de alguns blocos e também do prédio, que ainda está inacabado, para atender às novas necessidades do Instituto”, conta. No entanto, tais alterações só poderão ser feitas sem prejudicar a saúde financeira do Instituto, que começa a tomar fôlego para as próximas décadas.

37 - Revista Newcor News


NN | Matéria de Capa

Dr. Elias Knobel

Formado pela Universidade Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), onde se destaca como professor-adjunto, Master do American College of Physicians, membro da American Heart Association e do American College of Critical Care Medicine, médico-fundador e Diretor Emérito do Centro de Terapia Intensiva do Hospital Israelita Albert Einstein, onde atuou comoi chefe por 32 anos, membro-honorário de European Society of Intensive Care Medicine. Possui mais de 60 trabalhos publicados e 18 livros editados, como Memórias Agudas e Crônicas de uma UTI, Terapia Intensiva Enfermagem, Condutas no Paciente Grave, Monitorização Hemodinâmica no Paciente Grave, entre outros.

InCor: medicina de primeiro mundo

P

ela experiência acumulada ao longo dos anos em cardiologia e por ser um nome de referência quando se fala em terapia intensiva, Dr. Elias Knobel sempre foi muito requisitado para participar tanto no Brasil como no exterior de palestras, seminários e congressos sobre a área em que atua. Ele conta que ao falar de cardiologia fora do Brasil, o Instituto do Coração sempre é citado, porque é uma referência na área de saúde pública e um motivo de orgulho para todos os médicos brasileiros, especialmente para os cardiologistas. “Mesmo sem nunca ter atuado no InCor, já visitei o hospital diversas vezes. Sinto que faço parte dessa grande família, seja pelos princípios, pelos valores, filosofia de trabalho, respeito e admiração que tenho pelos seus profissionais atuais e também e pelos médicos renomados e amigos meus que já passaram por lá”, explica Dr. Knobel. “Todo o corpo médico do InCor merece o meu maior respeito, porque é lá, no Instituto, que se pratica uma medicina de primeiro mundo.”

O Instituto ao longo dos anos

Dr. Knobel recorda-se do dia em que o InCor foi inaugurado: “um momento imponente e importante”. De lá para cá, viu o hospital crescer, diversificar suas atividades, avançar na área de pesquisa, de assistência, de inovação e ser reconhecido em todo o País. Tomou conhecimento também da fase mais difícil pela qual o InCor passou: as dívidas e a falta de recursos. No entanto, segundo o cardiologista, mesmo durante os momentos de crise, o Instituto sempre manteve um alto nível assistencial. “O InCor soube dar a volta por cima e continua sendo referência em saúde pública. Falo do Instituto com orgulho e admiração. Parabenizo os 40 anos de sua existência e que ela se perenize”, completa.

38 - Revista Newcor News


39 - Revista Newcor News


NN | MatĂŠria de Capa

Momentos InCor

40 40--Revista RevistaNewcor NewcorNews News


41 - Revista Newcor News


NN |Artigo

A fonte da juventude tão longe e tão perto

Dr. Mauricio Wajngarten Cardiologista do InCor e professor da Faculdade de Medicina da USP

A

eterna juventude é um anseio de todos, e tem se acentuado com a percepção da possibilidade do aumento da longevidade. É obvio: “Se posso viver mais, por que não o fazer na melhor forma possível?”. E vem a busca, nem sempre racional: “¬Doutor, não devo começar a tomar vitaminas?”. Ou então: “Existe algum tratamento de rejuvenescimento?”. A preocupação é totalmente válida e merece esclarecimentos. Afinal, são objetivos da medicina aumentar a sobrevida e manter a boa qualidade de vida, conseguindo o chamado “envelhecimento ativo”, que possibilita a participação profícua em atividades profissionais, sociais e culturais. É verdade que, à medida que envelhecemos, perdemos capacidades, tornando-nos

mais vulneráveis. Iremos resumir as causas mais importantes e como podemos atenuar e retardar esse processo. – O envelhecimento biológico modifica as células, alterando a sua multiplicação e a sua função. O organismo perde progressivamente a aptidão de reserva, utilizada em situações de maior solicitação ou agressão. Assim, por exemplo, há uma redução na capacidade reprodutiva, física, cognitiva, etc. Vários mecanismos, inclusive os “famosos” radicais livres, estão envolvidos nesse processo. Até o momento, porém, não há comprovação definitiva da eficácia dos tratamentos propostos para modificar esse importante: todos nós envelhecemos, inexoravelmente. Começamos a envelhecer assim que somos concebidos; só não envelhece

42 - Revista Newcor News


quem morre jovem. O envelhecimento é muito heterogêneo e, por isso, encontramos idosos tão diferentes uns dos outros. Não existe rejuvenescimento. – As doenças que surgem durante as nossas vidas promovem alterações e sequelas que podem reduzir a funcionalidade dos nossos órgãos. As sequelas de um acidente vascular cerebral, das artrites ou de um infarto do miocárdio ilustram essas repercussões. No caso de um infarto, por exemplo, uma parte do músculo cardíaco é destruída, prejudicando o bombeamento de sangue para o organismo e causando fraqueza, falta de ar, tonturas e batedeira. As consequências de doenças como as citadas acima podem tornar a vida difícil, desconfortável e implicar na incapacidade e dependência da ajuda de outras pessoas para atividades cotidianas. Esse é o “envelhecimento malsucedido”, que todos devemos evitar. Felizmente, o progresso contínuo da medicina tem propiciado diagnósticos precoces, bem como tratamentos eficazes, reduzindo, assim, o impacto das doenças. Mas, como diz a sabedoria popular, é melhor prevenir do que remediar, combatendo os famosos fatores de risco, como veremos a seguir. – Os fatores de risco podem facilitar o aparecimento das doenças. A hereditariedade é um deles, porém, na prática, ainda é considerado um fator que não pode ser modificado. A real possibilidade futura de mudar a propensão genética às doenças mais comuns, como as do coração, é fascinante. Por enquanto, devemos concentrar esforços na atuação sobre os chamados fatores e risco modificáveis. Eles incluem fatores biológicos e comportamentais. Basicamente, os biológicos são pressão alta e os níveis sanguíneos elevados de glicose e colesterol. Os comportamentais são tabagismo, inatividade física, dieta inadequada/obesidade e estresse (ansiedade e

depressão). Claro que, de certo modo, há uma enorme interligação entre todos eles. A pressão alta é, possivelmente, o melhor exemplo para entender a influência desses fatores que transforma um envelhecimento bem-sucedido em um envelhecimento malsucedido. Com a idade, existe um endurecimento natural das nossas artérias que, por si, só tende a promover uma tendência ao aumento da pressão arterial. Seria comparável ao aparecimento gradual e “inofensivo” dos cabelos brancos. Contudo, o próprio aumento da pressão pode “machucar” as artérias, propiciando acentuação do aumento da pressão e deixando de ser inofensivo. É como se houvesse uma aceleração do envelhecimento das artérias, que facilita o aparecimento de doenças graves como derrames cerebrais, infartos do coração, arritmias, coração fraco (insuficiência cardíaca) e prejuízos renais. Pois então, parece aceitável a antiga ideia de que a nossa verdadeira idade é a idade das nossas artérias. De fato, hoje sabemos que as nossas capacidades física e mental estão intimamente ligadas às condições de nossas artérias. Portanto, combater os fatores de risco vale muito a pena. Para tanto, devemos adotar estilo de vida saudável, avaliar, por meio de exames bastante simples, a pressão arterial e os níveis sanguíneos de colesterol e glicose. Dialogar com o médico e a equipe de saúde, expondo dificuldades em aderir às orientações e aos medicamentos, é fundamental na busca de soluções. Vale lembrar que nunca é cedo ou tarde demais para promover saúde. Como os caros leitores puderam constatar, a fonte da juventude existe! Longe das soluções mágicas e fáceis, e, sim, perto do cuidado permanente com a condição da saúde e do estilo de vida adequado. Arregace as mangas e seja sempre jovem!

43 - Revista Newcor News


NN |Artigo

A má gestão da saúde pública Dr. Carlos Vital Tavares Corrêa Lima

T

Presidente do Conselho Federal de Medicina

rês recentes episódios de injustas acusações aos médicos brasileiros foram registrados pela mídia, com forte impacto no seio da classe e grande repercussão na sociedade, por terem como protagonista o ministro da Saúde, Ricardo Barros, engenheiro e deputado federal filiado ao Partido Progressista (PP). O Ministro anunciou nos estados do Paraná, Acre e no Distrito Federal o controle por biometria nos postos de saúde da rede pública de todo o País na intenção de uma maior produtividade dos médicos. Cometeu um erro imperdoável em seus discursos ao dar destaque a uma frase polêmica: “vamos parar de fingir que pagamos os médicos e os médicos têm que parar de fingir que trabalham”. Diante de críticas à inconsistência de seus discursos, transformou os jornalistas em bodes expiatórios, acusando-os de distorcer o sentido de sua frase, por colocá-la fora de contexto, esquecendo-se que a expressou por três vezes e que os seus termos assertivos são de interpretação filológica ou gramatical. Maquiavel classificou os homens em três tipos: aqueles que conseguem compreender por si só; os que só conseguem entender os que os outros compreenderam; e aqueles que não conseguem compreender por si só e não conseguem entender o que os outros compreenderam. O Ministro não se enquadra nestas duas últimas categorias. Elabora as suas mensagens com plena compreensão do que transmitem.

Portanto, trata-se aqui de uma frase de efeito que desvia a atenção sobre a precariedade da saúde pública, onde falta tudo ou quase tudo e ocorre com frequência a designação aos médicos da representação não autorizada do Criador nas “Escolhas de Sofia” – as mesmas escolhas entre os náufragos daquele que ocupará o último lugar disponível no escaler da vida. As mortes evitáveis e as sequelas irreversíveis de milhares de brasileiros, por falta de condições de trabalho ao médico, têm sido escondidas com a cumplicidade do silêncio ou de polêmicas impertinentes, que impedem a nítida visão da incompetência administrativa do Sistema Único de Saúde (SUS). Na linha das explicações desprovidas de razão, com simples análise de números, o Ministro apresentou dados do Banco Mundial como alicerce para os seus argumentos de que o número de consultas por médico no Brasil é 1,5 vez menor do que a média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), olvidando-se que os dados foram retirados do exercício da medicina em condições ideais de trabalho. Na maioria das Nações que integram a OCDE (Inglaterra, Portugal, França etc.), os médicos têm excelentes carreiras nacionais e os cargos da gestão de serviços e programas de saúde não são de livre provimento dos políticos de plantão. Por isso, não são utilizados para satisfação de interesses pessoais ou eleitorais, em detrimento da proficiência administrativa.

44 - Revista Newcor News


“As mortes evitáveis e as sequelas irreversíveis de milhares de brasileiros, por falta de condições de trabalho ao médico, têm sido escondidas pelo SUS.” Em geral, no âmbito dos países membros da OCDE, os médicos têm o que falta em muitos postos de saúde brasileiros: cadeiras, macas, toalhas e pias para lavagem das mãos, banheiros para deficientes físicos, salas para esterilização de materiais e expurgo de lixo, equipamentos, medicamentos e insumos imprescindíveis aos atendimentos. Considerando essas carências, pode-se concluir pela maior produtividade dos médicos brasileiros. Ainda, em meio aos conflitos gerados pelas gratuitas provocações aos médicos, tem sido divulgada por Ricardo Barros a economia de R$ 3,5 bilhões em sua gestão ministerial, sem mencionar que de uma dotação orçamentária de R$ 121 bilhões o Ministério da Saúde (MS), no ano passado, deixou de aplicar R$ 6 bilhões, dos quais R$ 2 bilhões destinavam-se aos investimentos e o restante ao custeio. Os problemas do SUS são crônicos e não serão resolvidos com propostas casuísticas. As suas soluções exigem: política de saúde como política de Estado, competência gerencial, planos de cargos e salários em carreiras estruturadas e compartilhadas pelo Poder Executivo, recursos humanos valorizados, melhor orçamento, sistema de controle e avaliação rigoroso, descentralização regional, auditoria social independente e capacitada. A Reforma Tributária, entre outras relevâncias, tem papel preponderante nas adequações do SUS! Na vigência da Carta Magna de 1988, a União concentrou em seus cofres a maior parte da carga tributária e reduziu os seus encargos. Os demais entes federativos (Estados e Municípios) estão mais onerados, empobrecidos, endividados e subservientes ao Planalto Central. As caravanas de governadores, prefeitos, secretários estaduais e municipais de

saúde à Esplanada dos Ministérios são notícias rotineiras. De pires na mão, as autoridades agradecem ínfimos percentuais do que deveriam receber por direito. Assim, o País encontra-se com um Pacto Federativo utópico e mais vulnerável às alianças político-partidárias feitas de modo argentário e às ações corporativas predatórias do bem comum. Na persistência desse cenário de violências, desvios do erário, humilhações e desassistência à saúde pública por omissão do Estado, a classe médica, mais uma vez, unida aos interesses da imensa maioria da população brasileira, que defende o SUS, voltou às ruas no dia 3 de agosto, em um movimento de protesto popular denominado “Fora Barros”. Na defesa da saúde, a causa pública mais essencial e reivindicada, de modo coerente ao exercício de cidadania, no mais elevado patamar da consciência, repudiando a inércia das autoridades sanitárias e o descaso com a dignidade humana. Apesar das nossas relações sociais contemporâneas, que fazem lembrar as históricas narrativas do período de interregno da antiga Roma e dos estigmas jogados contra os médicos, os seus compromissos vocacionais, sustentados com angústias, sofrimentos e depressões, são afirmados pelo povo em pesquisas de opinião pública. No final do ano de 2016, em pesquisa do Instituto Datafolha, os médicos brasileiros continuaram no topo do ranking das classes profissionais com mais crédito ou de maior confiança perante a população. Por sua vez, com honrosas exceções, a classe à qual pertence o Ministro da Saúde, a dos políticos, ficou situada, infelizmente, no último lugar. A voz do povo fala a verdade! Fonte Jornal do CFM

45 - Revista Newcor News


NN |Atualidade

Cardiologistas adotam critérios mais rígidos para colesterol ruim, o LDL

A

SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) tornou mais rígida a taxa de referência de colesterol ruim (LDL) para quem tem perfil de alto risco, ou seja, aqueles que já passaram por problema cardiovascular grave, como infarto ou derrame. A mudança está presente na atualização da "Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose", documento que serve como fonte de informação e referência para os cardiologistas. As recomendações da SBC incluem um novo perfil de "risco muito alto", relacionado a indivíduos que já tiveram evento cardiovascular. Para esses casos, o LDL deve ser mantido abaixo de 50 mg/dl –antes, o teto era 70 mg/dl. Os casos de "risco alto", categoria máxima da versão anterior da diretriz, de 2013, devem continuar com o LDL abaixo de 70 mg/dl. Essa recomendação é voltada para pessoas que ainda não passaram por eventos cardiovasculares, mas com condições que podem levar a um. Neste grupo, estão diabéticos, pesso-

as com aneurisma de aorta abdominal, doença renal crônica e os que têm altas taxas de LDL. Já no "risco intermediário", de forma geral, estão as pessoas com pressão alta. Neste caso, o LDL deve ser mantido abaixo de 100 mg/dl. "Temos que ser mais agressivos no tratamento para redução de colesterol, principalmente em pacientes que já têm uma doença cardiovascular estabelecida", afirma André Faludi, presidente do departamento de aterosclerose da SBC. Segundo Nabil Ghorayeb, professor do HCor, se a pessoa é fumante e sedentária, deve-se ter mais atenção e rigor com o tratamento e com as taxas de colesterol. Faludi diz que, junto ao lançamento da nova diretriz, foi criado o aplicativo Calculadora ER (já disponível na App Store, para usuário de iOS, e no Google Play, para usuários de Android). O app serve para auxiliar cardiologistas na análise do risco cardiovascular do paciente, para que, em seguida, o especialista opte por um tratamento mais agressivo ou não para controle do colesterol.

46 - Revista Newcor News


47 - Revista Newcor News


NN |Atualidade

Microplásticos

contaminam água da torneira mundo afora Fibras de plástico invisíveis estão presentes não apenas nos oceanos, mas também na água potável usada por milhões de pessoas, aponta estudo. De onde vêm essas partículas e como podem afetar a saúde humana?

D

e Nova York a Nova Déli, fibras de plástico microscópicas estão saindo junto com a água da torneira, aponta uma pesquisa da Orb Media, uma redação de notícias digital e sem fins lucrativos, baseada em Washington. "Isso é ruim. Ouvimos muitas coisas sobre câncer", diz Mercedes Noroña, de 61 anos, após saber que uma amostra de água de sua casa, próxima a Quito, no Equador, contém fibras plásticas. "Talvez eu esteja exagerando, mas eu tenho medo das coisas que vêm na água." Pesquisas recentes mostraram como os microplásticos poluem nossos oceanos, fontes de água doce, o solo e o ar. Esse estudo é o primeiro a revelar plástico na água da torneira da qual bilhões de pessoas dependem em todo o mundo. As novas descobertas são um alerta, diz Muhammad Yunus, prêmio Nobel da Paz de 2006. "Isso deve nos afetar. Nós vemos o nó ficando mais apertado ao redor do nosso pescoço", comenta. Para o estudo, mais de 150 amostras de água da torneira foram coletadas em cidades localizadas nos cinco continentes. Em média, 83% continham plástico. Se as fibras sintéticas estão na água da torneira, elas provavelmente estão também em alimentos, como pão e comida para bebê.

Não está claro como as fibras plásticas entram na água da torneira ou quais seriam os riscos disso. Especialistas suspeitam que elas venham de roupas sintéticas, tapetes ou estofamentos. Impacto nos animais e seres humanos Especialistas temem que, quando consumidas, as fibras plásticas possam transportar toxinas do meio ambiente para o corpo humano. O pesquisador Richard Tompson, da Universidade de Plymouth, diz que em estudos com animais “tornou-se claro que o plástico liberaria esses produtos químicos – e que, na verdade, as condições no intestino facilitariam uma liberação bastante rápida”. Dados existentes sobre como o plástico afeta a vida selvagem são motivo de preocupação, aponta Sherri Mason, pioneira da pesquisa sobre microplásticos que supervisionou o estudo da Orb. “Se eles estão impactando os animais, então, como pensamos que eles não vão também nos impactar de alguma forma?”, questiona Mason. Por enquanto, ninguém sabe, afirma Lincoln Fok, cientista ambiental da Universidade de Hong Kong. “A pesquisa [sobre microplásticos] na saúde humana ainda está engatinhando”, destaca.

48 - Revista Newcor News 48 - Revista Newcor News


Fibras de plástico são onipresentes

ra da vila onde Nsereko vive continha quatro fibras. Em Washington, uma amostra de As fibras plásticas estão na água da 500 ml de água da torneira do edifício do torneira de países ricos e pobres. O núme- Capitólio continha 16 fibras, assim como a ro de fibras encontradas em uma amostra do prédio da Agência de Proteção Ambiende uma pia de banheiro do restaurante tal. Autoridades das cidades de WashingTrump Grill, em Nova York, foi igual ao en- ton e Nova York disseram que suas águas contrado em amostras de Jacarta, na In- estão de acordo com os padrões legais. donésia. A Organização Trump não respondeu a telefonemas e e-mails em busca de Mistério ambiental comentários sobre o assunto. Existe uma fonte confirmada de poAs fibras microscópicas também fo- luição de fibras plásticas – e você provaram encontradas em água engarrafada, e velmente a está usando. As roupas de teem casas com filtros com processo de os- cidos sintéticos emitem até 700 mil fibras mose reversa. Os EUA não têm um padrão por lavagem, apontam os pesquisadores. de segurança para o plástico na água da A maior parte escapa do processo de tratorneira. Na União Europeia (UE), normas tamento de água e é descarregada em determinam que a água da torneira seja cursos d’água. livre de substâncias contaminantes. Mason afirma que águas residuais No entanto, as fibras plásticas são tratadas com fibras são provavelmente coonipresentes. Em amostras de água da letadas e, posteriormente, encaminhadas torneira dos EUA e de Beirute, no Líbano, para casas de outras comunidades. 94% continham fibras de plástico microsAs fibras plásticas podem ser até cópicas. Outros locais com amostras co- transportadas do ar para nossos recursos letadas foram Nova Déli, na Índia (82%); hídricos pela chuva. Um estudo de 2015 Kampala, em Uganda (81%); Jacarta, na estimou que de três a dez toneladas de Indonésia (76%); Quito, no Equador (75%); fibras de plástico caíram anualmente nos e na Europa (72%). telhados e ruas de Paris. “O que observamos em Paris tende Descrença a demonstrar que uma grande quantidade de fibras está presente na precipitação atA noção de plástico na água potável mosférica”, diz Johnny Gasperi, da Univercausa confusão e rejeição. Uma porta-voz sidade de Paris-Est Créteil. do departamento de água de Los Angeles De onde quer que elas venham, as fiafirmou que “os resultados dos nossos bras de plástico na água da torneira são testes em curso não mostram níveis ele- um problema novo e perturbador para ser vados de plástico”. Ainda assim, duas de resolvido pelo governo, ciência e indúscada três amostras de Los Angeles – in- tria, conclui Mason. “As pessoas sempre cluindo água de um bebedouro público – perguntavam: ‘isto está em nossa água continham fibras de plástico. potável?’ Eu nunca pensei que realmente James Nsereko, pescador do Lago estivesse”, diz. Victoria, em Uganda, também rejeitou a ideia. “Nós nunca encontramos nada asFonte: Site G1 sim”, afirma. Mas uma amostra da tornei49 - Revista Newcor News 49 - Revista Newcor News


NN |Mercado Philips lança linha de monitores Efficia: portáteis, robustos e intuitivos

N

a Philips entendemos os desafios que os sistemas e os provedores de saúde enfrentam atualmente, com grande volume de atendimentos e recursos limitados. Tanto administradores, como corpo clínico, estão sob pressão constante para otimizarem seus processos fazendo mais e melhor, com menos. O uso de tecnologias avançadas e os constantes avanços cirúrgicos em cardiologia, implicam diretamente em uma maior utilização de leitos da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Em consequência disso, pacientes cardiológicos críticos representam um dos custos mais elevados dentro do sistema da saúde brasileira. Para o ambiente de UTI, agilidade é uma das premissas do melhor atendimento e as tecnologias precisam acompanhar esta demanda, mantendo o que o profissional necessita e descartando o que não pre-

cisa, isso tudo a um custo consciente. Um dos saltos em inovação é a recém-lançada linha de monitores Philips Efficia, que compreende amplamente os fluxos de trabalho e as necessidades clínicas que um setor de alta complexidade possui. Líder global e nacional em monitoração com mais de 50 anos de experiência em monitorização de pacientes, a tecnologia Philips é utilizada para minitorar mais de 300 milhões de pacientes a cada ano. Os equipamentos Efficia são projetados para serem portáteis, robustos e intuitivos, sendo possível acessar as principais funções com apenas três toques ou menos. Sua fácil utilização e interface intuitiva fornecem informações relevantes de maneira rápida e eficiente à equipe clínica. Até mesmo profissionais clínicos, com um mínimo de treinamento, estão aptos a utilizar os monitores Efficia.

Cristália está entre as maiores farmacêuticas no ranking do anuário Valor 1000 – 2017

P

ela segunda vez consecutiva, o Laboratório Cristália se consolida como uma das principais farmacêuticas do Brasil, figurando entre as cinco maiores empresas da categoria Farmacêutica e Cosméticos, segundo o anuário Valor 1000 de 2017. A companhia conquistou a 1ª posição em dois critérios (Ebitda e Margem da atividade), dos oito que são utilizados para definir a classificação das empresas no anuário elaborado pelo Valor Econômico. O Cristália teve desempenho positivo também em outros critérios, como Liquidez Corrente, figurando em 2º lugar, e Cobertura de Juros, com o 5º lugar - duas posições acima do resultado obtido no ano anterior. O prêmio, que já está na 17ª edi-

ção e é composto por companhias de 25 setores da economia, considera ainda outros indicadores financeiros: “Receita líquida”, “Crescimento sustentável”, “Rentabilidade” e “Giro do ativo”. “Estar novamente entre as primeiras posições em um prêmio tão representativo como este, demonstra o tamanho do nosso posicionamento num mercado tão complexo e competitivo. Demonstra toda a força do nosso negócio. Este prêmio reafirma que estamos no caminho certo”, ressalta o Presidente Executivo do Laboratório Cristália, Eduardo Job. Para publicar nesta seção, envie e-mail para newcornews@bol.com.br

50 - Revista Newcor News


AstraZeneca Brasil estreia novo site

A

linhada às tendências e necessidades da era digital, a AstraZeneca Brasil reformulou seu website institucional para que clientes, médicos e consumidores possam ter acesso ao seu portfólio completo de produtos, além de acesso a bulas e demais informações institucionais sobre a companhia. A plataforma traz um novo projeto gráfico e estreia um novo modelo de design responsivo, que permite acesso e melhora a navegabilidade em dispositivos móveis como tablets e smartphones. Segundo o Diretor de Relações Governamentais e Desenvolvimento de Negócios da AstraZeneca, Jorge Mazzei, o novo site complementa uma série de inovações que vêm sendo implementadas pela companhia nos últimos anos. “Prezamos pela funcionalidade nesse projeto, onde todos os nossos públicos terão a oportunidade de interagir de forma mais ágil e intuitiva em nossa plataforma digital”, explica o executivo. “Um dos principais objetivos do projeto é a padronização global dos sites institucionais para aos mercados onde a AstraZeneca atua”, complementa. As diversas áreas da empresa que tinha conteúdo no site antigo foram envolvidas no projeto, contribuindo para a geração do novo site. Durante a navegação, é possível encontrar informações sobre institucionais sobre a atuação da AstraZeneca no Brasil e no mundo, além da área de responsabilidade social, onde é possível saber mais sobre iniciativas como o Viva a Cultura!, Culinarte, Pomarium e Programa Adolescente Saudável. O portal também conta com uma área exclusiva para relato de eventos adversos em farmacovigilância Para conferir todas as novidades do novo site da AstraZeneca Brasil, acesse: https://www.astrazeneca.com.br/

Pfizer anuncia novo presidente no Brasil

O

executivo Carlos Murillo, de 45 anos, que estava à frente da presidência da Pfizer no Chile, acaba de assumir a presidência da farmacêutica no Brasil, em substituição a Victor Mezei. Após 11 anos de empresa, Mezei deixou o comando da operação brasileira no fim de julho. Em nota, a Pfizer informa que Murillo tem 20 anos de experiência no setor farmacêutico e 12 anos de companhia — desde 2013, liderava os negócios no Chile. Graduado em economia e em administração de empresas, ambas pela Arizona State University, nos Estados Unidos, Carlos Murillo concluiu um MBA em Negócios na Thunderbird School of Global Management. “É um privilégio ter a oportunidade de trabalhar neste país que tem tantas oportunidades e perspectivas”, diz o novo presidente da Pfizer Brasil. Antes de assumir o comando no Chile, o executivo passou por Nova York, à frente da unidade de operações comerciais para a América Latina da farmacêutica. Murillo também desempenhou a função de líder de desenvolvimento de novos negócios, na Bolívia, e de diretor de negócios de “primary care”, no Chile. No início de julho, o Valor informou que Mezei havia comunicado no mês anterior a intenção de se desligar da farmacêutica. Em nota, a Pfizer confirmou a informação e disse que, sob a liderança de Mezei, “as operações da Pfizer no Brasil foram muito bem-sucedidas, com um forte empenho na promoção da saúde junto à população”. No mesmo dia, a farmacêutica americana confirmou que decidiu revender a fatia de 40% que detinha no laboratório Teuto, de genéricos, para a família Melo, que já era dona de 60% — em 2010, sob a gestão de Mezei, a Pfizer chegou ao capital do Teuto, pagando R$ 400 milhões à família Melo pela participação de 40%.

51 - Revista Newcor News


NN |Entrevista 72ºCongresso Brasileiro de Cardiologia

Teremos a possibilidade de um enfeixamento das atividades científicas divulgadas no ano, com todos os destaques especiais

Dra. Amanda Guerra de Moraes Rego Sousa, presidente do 72º Congresso Brasileiro de Cardiologia

Um congresso que vai trabalhar na fronteira do conhecimento cardiovascular, com três dias de intensa atividade. É assim que a presidente do 72ºCongresso Brasileiro de Cardiologia e diretora geral do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, Amanda Sousa, define o evento, que acontecerá em São Paulo, entre 3 e 5 de novembro. Além dos temas clássicos, que serão abordados em sua profundidade, com ênfase nas prevenções primária e secundária, atividades especiais e interativasserão diferencial deste ano, entre as quais: o Summit de Inovações em Cardiologia Intervencionista, o Simpósio 1ª Ponte de Safena, o Fórum de Ideias, o Brasil Prevent International, o Espaço Tendências, o Handson, o Gran Simposio Ibero-latinomericano, o Simpósio JACC/ABC/IJCS e o Cardio-X (Cardiology Experience by SBC & ACC). O que destacar desta programação acompanhamento desses pacientes: Quais científi ca tão rica? sinais de alerta na evolução para que uma ou outra atitude seja tomada? Está havendo Amanda Sousa: Serão muitas novidades. recorrência da doença? Houve falência do Com relação ao Summit de Cardiologista resultado? Quais são os sinais de boa evoIntervencionista, gostaria de esclarecer que lução? E, naturalmente, dentro da cardioloele visa o cardiologista clínico. Como tratar gia intervencionista, abordaremos todas as por meio das técnicas da cardiologia inter- modalidades de técnicas para o tratamenvencionista um paciente? Ele deve ficar fa- to das diversas afecções cardiovasculares, miliarizado com os protocolos de preparo e com foco especial para a doença arterial 52 - Revista Newcor News


53 - Revista Newcor News


NN |Atualidade coronária, que é a doença mais prevalente entre todas. Mas serão também abordadas as cardiopatias estruturais, sobretudo as valvopatias, e em particular a estenose aórtica degenerativa do idoso. Com a maior longevidade do brasileiro, ela passou a ser rotina nos consultórios dos clínicos. Então, o procedimento em pacientes muito idosos torna-se bastante atraente, uma vez que levá-los à cirurgia representa um alto risco de óbito. Importante frisar também as arritmias, e uma muito frequente é a fibrilação atrial. A ablação elimina a arritmia, dá melhor qualidade de vida e muito melhor prognóstico em relação aos problemas que a fibrilação atrial traz. Já temos três convidados internacionais confirmados: Roxana Mehran e George Dangas, do Mount Sinai Hospital, NY, e Eberhard Grube, da Universidade de Bonn, na Alemanha. E completando, serão apresentados casos editados e casos ao vivo, do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia de SP e do Instituto do Coração da FMUSP.

realizado em novembro, teremos a possibilidade de um enfeixamento das atividades científicas divulgadas no ano, com todos os destaques especiais. Participarão o American College Cardiology, a American Heart Association, as Sociedades Europeias, Portuguesa e Espanhola de Cardiologia, além das sociedades latino-americanas. E o Simpósio JACC/ABC/IJCS, que também é inovativo, visará compartilhar as experiências editoriais das grandes áreas de publicação das duas sociedades, os Arquivos Brasileiros de Cardiologia e o American College. Quais os destaques para o jovem cardiologista e o acadêmico?

Amanda Sousa: Neste congresso, também vamos reforçar a contribuição do jovem pesquisador e entusiasmar e valorizar o acadêmico. Dentro de Temas Livres, estamos programando uma ampla participação dos recém-formados. O nosso futuro está na juventude e o que eles fazem precisa ser considerado e valorizado. Nós, cada vez Os 50 anos da 1ª Ponte de Safena no mais, recebemos contribuições originais, Brasil serão lembrados? que nos mostram a força e o palpitar da ciência brasileira. Este ano, vamos reforçar Amanda Sousa: Vamos promover o Sim- igualmente os temas livres em ambos os pósio de Cirurgia Cardíaca, celebrando a formatos: pôster e oral. O Congresso Aca1ª Ponte de Safena no país, sob a coorde- dêmico será realizado pela segunda vez e nação do Dr. Luiz Carlos Bento de Souza, terá grandes novidades para o estudante diretor da Divisão de Cirurgia do Instituto médico. Dante Pazzanese de Cardiologia e que participou dessa primeira cirurgia de ponte de O que a senhora considera como gransafena, há 50 anos, como assistente do Dr. de missão neste Congresso? Adib Jatene. Ele organizou a programação deste simpósio, que será muito interessan- Amanda Sousa: Nosso objetivo é que o te e que deverá trazer dois convidados da cardiologista saia verdadeiramente “encanárea: Joseph Sabik (Cleveland) e Myguel tado” com o evento e mais “enamorado” Uva (EACTS). pela Cardiologia. Queremos que as pessoas saiam muito motivadas para irmos à bataE o que esperar dos Simpósios Conjun- lha contra a doença cardiovascular, atuando tos, com as clássicas entidades asso- de maneira enfática para que sejam mudaciativas do mundo? dos os desfechos negativos que acometem Amanda Sousa: Como o 72º Congresso será nossos pacientes. Fonte: Jornal do SBC 54 - Revista Newcor News


55 - Revista Newcor News


56 - Revista Newcor News


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.