Revista Em Cartaz

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“Cartazes são mensageiros. Cartazes são expressão de cultura. Visíveis e inconfundíveis, como parte de um processo de comunicação. Bons cartazes falam uma linguagem internacional.” - Manfred Triesch.

om o intuito de implementar a cultura do cartaz no Brasil, a revista Em Cartaz proporciona ao seus leitores não só a imagem dessas belas obras gráficas, mas também todo seu contexto e conteúdo.

Lucas de Toledo

Nossa maior preocupação é manter o leitor atualizado e informado, suprindo as necessidades de um mercado pouco explorado e divulgado, que merece mais atenção.

Editorial, 07/2012

Suas edições tem a função, de divulgar tudo o que o cerca, como seus concurços, cursos, exposições. Mantendo sempre o leitor informado de tudo o que ocorre no meio, essa edição traz para você, leitor em especial uma seção que aborda o cinema no cartaz e seus personagens, mantendo o foco nos cartazes cubanos de cinema, além de é claro, trazer tudo o que acontece de melhor no meio.


Concurso Museu da Casa Brasileira abre inscrições este mês, acompanhe a matéria que revive toda sua história e sua importância para o cenário do cartaz nacional. Além dos principais cartazes criados para ele.

Campanha de doação criada com uma nova maneira de arrecadar fundos, onde o pôster tem envolvimento direto. Imagens de animais que se transformam em verdadeiras obras gráficas.

Notícias Editorial Sumário Novidades Concursos Exposições

Cartazes criados para exposição que aborda a identidade de cada persongem da série, foram criados com a mistura de diversos elementos.

Campanhas 01 04 06 08 11

Radio Kiss Campanha WWF Quiksilver Go Surf! Camel IBM Star Wars - A indentidade

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JULHO


Cartazes cubanos de cinema e seu contexto cultural político, tendo referência uma série de paradigmas estilísticos que remontam diversas técnicas mundo a fora em busca de sua identidade nacional.

Entrevista com o premiado designer brasileiro Kiko Farkas que criou quase 300 cartazes, entre 2003 e 2007, para os concertos da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP).

Cinema Cinema e seus cartazes Cartazes Cubanos de Cinema Eduardo Bachs Néstor Coll

2012

Novo designer do cenário nacional, apresenta sua série de cartazes para campanha de marca voltada ao mercado têxtil.

Personagens 28 30 40 42

Entrevista Kiko Farkas Kiko Farkas - Cartazes Musicais Ignacio Damián

44 52 58


EM CARTAZ Perfil editorial, 2012

O conteúdo apresentado nesse artigo tem a função de esclarecer os objetivos da revista que tem como referencia o cartaz feito através do lambe-lambe utilizando algumas de suas características visuais. Além disso, busca evidenciar todo o sistema de funcionamento desenvolvido para criar uma forte identidade da revista.

em cartaz uma vitrine que explora e valoriza um dos maiores e bem sucedidos meios de comunicação social. em cartaz uma forma de buscar um lugar no meio de uma sociedade. em cartaz um meio que aborda sua importância na historia e as pessoas que fazem dele mais do que papel e impressão. em cartaz um mural criado para suprir as necessidades das pessoas ligadas às áreas de comunicação e meios sociais e toda a sociedade brasileira interessada. em cartaz pela primeira vez em sua história algo que não será divulgado por ele e sim o divulgará. em cartaz, uma revista feita para cartazes e sua multidão.

m cartaz é uma revista criada com o objetivo de suprir uma lacuna que se encontra vazia, a utilização cartaz na sociedade brasileira. Tem a função de propocionar ao leitor não só informações sobre atualidades, como eventos e concursos, mas também expor sua história junto à da sociedade e é claro valorizar o trabalho e as pessoas por traz dele. Seu foco está direcionado principalmente para profissionais e pessoas que sejam ligadas ou tenham interesse nas às áreas de comunicação, sociais ou história e até mesmo as que veem o cartaz como uma peça de arte. Seu conteúdo varia desde notícias, concursos e eventos até mesmo divulgar trabalhos de ONGs espalhadas pelo mundo, claro que sempre mantendo o foco em seu tema principal o cartaz. Busca explorar sua história junto a sociedade em todos os cantos do mundo expondo toda a sua

Lucas. Capa revista Em Cartaz, 2012.

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influência sofrida e gerada ao longo dos anos. Dividido em quatro seções fixas que sempre ficarão expostas no sumário da revista: Notícias, referente a atualidades, exposições, concursos e afins. Seu objetivo é introduzir ao leitor todo o que acontece e o que está para acontecer no mundo do cartaz isso pode ocorrer de modo breve ou não. Campanhas, aborda de forma clara e objetiva o seu conteúdo. Explora a utilização do cartaz nas campanhas de produtos, marcas, eventos que fazem uso deles para se comunicar.

Lucas. Sumário

Lucas. Sumário

Revista em cartaz, 2012.

Revista em cartaz, 2012.

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Especial, essa seção possui dois objetivos distintos, um deles é informar o papel do cartaz junto as mais diversas culturas expondo sua influencia para a sociedade e vice versa de modo objetivo, porém com um conteúdo mais vasto, o outro comunica de forma clara e distinta campanhas das mais variadas dentro do tema principal, sempre tendendo a expor trabalhos distintos. Personagens, tem a função de apresentar as pessoas e seu trabalho, seja através de uma entrevista ou matéria. Seu conteúdo varia desde breves a conteúdos mais vastos.


Para facilitar a leitura entre uma página e outra as posições se intercalam nas matérias das imagens e o texto entre uma página dupla e outra isso auxilia a leitura tanto dos textos com as das imagens, não as tornando repetitivas e enjoativas uma vez que os cartazes em sua maioria se mantém do mesmo tamanho. Isso também faz com que a composição das páginas se torne harmônicas. Ela utiliza um grid de seis colunas, para que possa variar as composições de diversas maneiras que auxiliam com o ritmo sequencial das matérias proporcionando uma grande variação no periódico.

Lucas. Página

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revista Em Cartaz, 2012.

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Os abre de matéria são dividos em duas funções uma busca causar grande impacto visual alem de explorar a identidade que se baseia nos cartazes feitos através de tipos moveis de madeira, já a outra supre a função de indicar partes da matéria que possuem menor destaque. As capas sempre seguirão o mesmo padrão a fim de causar forte identidade entre as edições. Nela o logotipo deve sempre ser Incluido em uma composição tipográfica junto da matéria principal, a composição é livre porem o nome da revista deve estar sempre em primeiro lugar, para

Lucas. Página

Lucas. Página

revista Em Cartaz, 2012.

revista Em Cartaz, 2012.

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que se faça o uso do termo “em cartaz” de forma correta. A arte deve sempre fazer alusão aos tipos móveis de madeira. O sumário tem como principal função auxiliar a navegação da revista, sendo dividido em duas partes a superior com a função de descatar as principais materias de cada seção e a parte inferior traz todas as matérias que a revista contem. A revista será trimestral, para que haja uma melhor seleção de material e uma pesquisa mais refinada sobre o assunto, além de não ficar uma revista do cotidiano, sendo uma referência.


Como sugere o perfil da revista ela tem o objetivo de proporcionar a nossa sociedade a cultura do cartaz sendo assim, a expressão utilizada como o nome da revista “em cartaz” traz essa carga que alem de criar uma ligação direta entre o tema e o nome da revista também faz alusão ao fato do termo ser utilizado para apresentar algo, logo uma revista que fala do cartaz em si e sua história junto à sociedade. Em cartaz, termo utilizado a fim de divulgar algo, como uma peça de teatro, um filme, etc. Utilizado como algo que está contido no cartaz, “em cartaz”. Assim como toda a identidade da revista o logotipo traz uma forte referencia dos tipos móveis de madeira que foram e ainda são utilizados para produção de cartazes tipo lambe-lambe. Como base para ele foi utilizada uma fonte que obtivesse algumas caracteristicas chave para criação o logo, no caso a fonte Alfa Slab One em caixa alta.

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Para fortalecer a identidade da marca foi criado um código que além de explorar graficamente a reprodução dos tipos móveis de madeira auxilia na composição do sumário, capa, olhos e toda a identidade da revista.

Alfa Slab One

abcdefghijklmnopqrstuvwxyz ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

Museo 300 abcdefghijklmnopqrstuvwxyz ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

Museo 500 abcdefghijklmnopqrstuvwxyz ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

Museo 700 abcdefghijklmnopqrstuvwxyz ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

As fontes que serão utilizadas na revista foram escolhidas não só pela questão hergonimica, funcional, mas tambem pela proximidade com as fontes utilizadas nos cartazes lambe-lambe sendo elas a fonte Alfa Slab One para titulos e olho sua função é criar um grande impacto visual e sempre que possivel ser utilizada em caixa alta. Para texto corrido foi escolhido a Museo em tres versões, 300, 500 e 700 possibilitando uma grande variação de peso no texto.

Este espaço entre a matéria e a vinheta ou númeração é utilizado como legenda, ele não é acompanhada por numeração nem indicação, seu sistema funciona de modo simples não intervindo nas imagens da página. A legenda segue a posição da imagem.

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Produção Gráfica: Formato: 25x19cm Suporte: Papel Couche fosco 90g no miolo e capa de Papel Couche fosco 230g. Acabamento: A encadernação será em Hot Melt. Sistema de impressão: Offset Os textos devem ser iniciados com uma capitular que segue o estilo utilizado no logotipo nas letras “EM” fazendo alusão às caixas existentes nos tipos móveis de madeira, assim como os enceramentos de matéria que são compostos de um conjunto de duas formas que uma preenchida pela letra “E” e outro sem nada.


Campanha de doação criada com uma nova maneira de arrecadar fundos, onde o pôster tem envolvimento direto. Imagens de animais que se transformam em verdadeiras obras gráficas.

ampanha de doação para WWF-Brasil. A DM9DDB transformou moedas de R$ 0,5; R$ 0,25; R$ 0,50 e R$ 1 em tucanos, tartarugas e veados em uma nova campanha para o WWF-Brasil. A mecânica é bem simples: grandes painéis magnéticos trazem marcações onde as moedas devem ser colocadas. Na medida em que o quadro se completa, o conjunto de moedas forma os animais em extinção que, ao final,

acumulam valores de variam de R$ 270 a R$ 490. Além da importancia ecológica por traz da campanha, o resultado gráfico atingido é impressionante. Os pôsteres, estão em grandes empresas de São Paulo como Moviecom Boa Vista, Shopping Penha, Academia Pelé Club, Terra e Cine TAM no Shopping Morumbi entre outras.

DM9DDB.

DM9DDB.

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Campanha WWF tucano , 2009.

Campanha WWF tartaruga , 2009.

Campanha WWF veado , 2009.

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Campanha de insentivo ao esporte como um bem a saúde de seus de praticantes junto da comemoração do dia internacional do surf.

o dia 19 de junho foi comemorado o dia internacional do surf, dia em que praticantes e iniciantes do esporte se reúnem em mais de 20 países para selebrar a data. Aproveitando este evento a Quiksilver investiu em uma campanha de insentivo ao esporte promovendo um grande evento dando condições as pessoas que não tem e também incentivando novos prati-

Lucas de Toledo.

Lucas de Toledo.

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Campanha de incentivo ao surf, 2012.

Campanha de incentivo ao surf, 2012.

Campanha de incentivo ao surf, 2012.

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cantes do esporte. Para divulgar o evento a empresa fez uso de um sistema de cartazes, que alterava a cada dia da semana, e quanto mais perto da data mais forte os batimentos ocorriam. A idéia é mostrar que é um esporte para todos basta somente se mexer para poder.


Cartazes criados para exposição que aborda a identidade de cada persongem da série, foram criados com a mistura de diversos elementos.

agência canadense Bleublancrouge montou uma série de seis pôsteres com a finalidade de divulgar a exposição com o nome Star Wars: identities. Os retratos foram criados com a mistura de diversos elementos. Com um olhar um pouco mais atento é fácil perceber como cada um foi desenhado artisticamente.

tem como objetivo explorar os personagens de George Lucas em suas identidades pessoais.

A exposição para a qual os cartazes foram desenvolvidos

Bleublancrouge.

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Darth Vader, 2012.

Yoda, 2012.

C-3PO, 2012.

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“Ao invés de oferecer uma explicação sobre cada um, nós deixamos para os nossos leitores decifrarem o significado inerente a cada retrato.

moldaram ao longo do caminho”, explicou o blog.

Dando identidade aos temas em exibição, ou as forças que nos moldam, as ilustrações extraem inspirações para cada personagem individualmente – que é o que os toram únicos, ou as coisas e eventos que os

Bleublancrouge.

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Soldiers, 2012.

Boba Fett, 2012.

Darth Maul, 2012.

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CARTAZES

CUBANOS

DE CINEMA Vendo esta sucessão de cartazes, constatamos o surgimento de um significado original, cultural e socialmente verdadeiro para o termoimpressão digital. Assim são os cartazes cubanos: sem dogmatismos, profundamente identificados com a sua cultura, com o seu modo de fazer e ser, apesar da influência dos cartazistas húngaros, poloneses e tchecos, enfim, do grafismo do leste europeu que serviu de referência e aprendizado na formação da chamada escola cubana de cartazes.

Os cartazes cubanos apresentados neste artigo têm como referência uma série de paradigmas estilísticos que remontam às gravuras japonesas do final do século XVIII e início do século XIX, ao Art Nouveau, ao Sachplakat (“Pôster-Objeto”) alemão, à estética dos cartazes poloneses, tchecos e húngaros produzidos na segunda metade do século XX, ao Push Pin Studio de Nova York, ao design californiano do final dos anos de 1960 e à Pop Art.

té 1959, os cartazes cubanos eram voltados para uma estratégia de caráter capitalista. Com o fim da economia de mercado — após a Revolução — a publicidade não mais se justificava. O cartaz cubano, então, passa a exercer uma função relacionada à propaganda política e cultural. Contudo, antes de ser um elemento de difusão institucional, é um fator de cultura. Livre das restrições impostas pela sociedade de consumo,constitui um campo favorável à atividade criadora dos artistas gráficos. Com o triunfo da Revolução originaram-se profundas mudanças políticas, econômicas e

Bachs. ICAIC 16, 1975.

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sociais na história de Cuba. Em março desse mesmo ano se instituiu a primeira lei no campo da cultura que possibilitou a fundação do Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográfica (ICAIC). Com o surgimento dessa instituição manifestouse a vontade de desenvolver um novo cinema a partir de outros pressupostos formais e con-

Bachs. O Cavaleiro Inexistente, 1972.

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Bachs. Cartas do Parque, 1989.

ceituais diferentes de toda a produção realizada anteriormente. Além disso, foi concebida uma ampla política de exibição tanto do cinema nacional como do estrangeiro que possibilitara a formação gradual de um espectador mais culto. Com o nascimento do novo cinema cubano e ante a necessidade de promover um maior volume de filmes, um grupo de designers — muitos dos quais provinham de agências de publici-


Azcuy. A Inútil Morte de meu Sócio Manolo, 1990.

Julio Eloy. 11º Aniversário dos CDR, 1971.

Bachs. Contas a Saldar, 1972.

Damián. O Lobo do Mar, 1973.

Bachs. Pela Primeira Vez, 1968. Bachs. Zorro, 1976.

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dade — começaram a realizar cartazes em solicitação das autoridades do ICAIC. Com inteligência, paixão e eficácia se apropriaram do melhor da arte contemporânea, especialmente o pop norteamericano, a Op Art e a arte cinética assim como de certos códigos da tendência psicodélica européia. Assimilaram influências do cartaz tcheco, polonês e japonês e fizeram uso de tudo o que encontraram ao seu alcance para conceber e lograr, em curto espaço de tempo, um reconhecimento nacional e internacional que

Dimas. A Ilha do Tesouro, 1973.

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significou uma verdadeira revolução nas artes visuais cubanas. Já no final da década de 1960, os cartazes de filmes cubanos e estrangeiros com a marca de Alfredo Rostgaard, Eduardo Muñoz Bachs, Rafael Morante, Antonio Fernández Reboiro, René Azcuy e Antonio Pérez (Ñiko), entre outros, eram expostos em salões internacionais onde alcançaram importantes prêmios. Contudo seu maior mérito constituiu, sem dúvida, a transformação da cultura visual no país e da sensibilidade do público cubano que aceitou e desfrutou estas novas propostas diferentes ao realizado até aquele momento.Debaixo deste signo inovador e transcendente, os designers desafiaram a imaginação e o gosto do público ao alterar conscientemente a comunicação visual convencional. Esta ruptura não abarcou somente a utilização


de novos códigos, mas também a composição no espaço bidimensional. Modificaram a localização e a tipografia nos textos, incorporaram a técnica do papel recortado, abandonaram o recurso tradicional dos fotogramas e o desenho realista de rostos e cenas dos filmes. Por último, eliminaram as frases comerciais dentro do cartaz, limitando a informação para o público essencialmente ao título do filme e à ficha técnica mais importante. Os cartazes do ICAIC, como foram e são conhecidos, contribuíram com excelentes designs sobre a base de uma técnica absolutamente artesanal: a serigrafia, alcançando com ela uma grande riqueza formal e de cores, e mais especialmente de texturas. Mesmo os designers trabalhando com enormes carências materiais, estas significaram um desafio que foi sempre assumido com um grande sentido da realidade dependente, sobretudo, da disponibilidade de recursos que dispunham. Os impressores se viram obrigados a trabalhar com papéis e cartolinas de baixa qualidade, inclusive imprimir em folhas de papel tipo jornal, para solucionar as dificuldades que se apresentavam dia-a-dia. Esta nova gráfica abandonou rapidamente o grande formato usado nos primeiros cinqüenta anos do século XX pela cartazística cubana para assumir a reprodução de cartazes num tamanho menor: 51 x 76 centímetros. Para lograr uma maior aproximação com o público, os cartazes foram colocados não só nas fachadas e saguões dos cinemas, mas também em parques, praças e ruas mediante estruturas metálicas cobertas

Bachs. Dedicação ao prof. Wolney, 1971.

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Reboiro. Moby Dick, 1968.

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Bachs. Maravilhas com tranรงas Largas, 1977.


por uma cúpula de onde se alocavam oito cartazes que podiam ser observados de qualquer perspectiva urbana. Também os grandes painéis publicitários existentes na cidade, que até 1959 eram utilizados para fins puramente comerciais, se converteram em suportes do novo design gráfico cinematográfico. Assim, as cidades enobreceram-se

Azcuy. Um Ramo de Flores e uma Bandeira, 1981.

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com uma beleza diferente à vista de todos os cidadãos. O valor e a hierarquia cultural outorgados ao cartaz de cinema mudaram adiante, pois independentemente do filme promovido, o público começou a admirar os cartazes e a conservá-los por seu intrínseco valor artístico: os cartazes do ICAIC foram qualificados como obras de arte e passaram a ocupar os espaços de lares e escritórios.

Azcuy. Porto Rico, 1975.

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Azcuy. A Armadilha, 1975.

Após uma frutífera década de 1960, no fim dos 70 promoveu-se uma exposição de grande porte intitulada 1000 Cartazes Cubanos de Cinema. Ela foi realizada no Museo Nacional de Bellas Artes de Havana, em decorrência do vigésimo aniversário da fundação do ICAIC e como homenagem a Saúl Yelín, principal gestor da gráfica cinematográfica, falecido alguns anos antes.


Um imenso volume de obras posto à disposição do público cubano permitiu apreciar novamente o impacto gráfico e a eficácia comunicativa lograda pelos cartazes cubanos em quase 20 anos de trabalho subsidiado. Essa ampla seleção de cartazes demonstrou a transcendência alcançada em tão pouco tempo pelo design gráfico como veículo de difusão e portador de novos valores estéticos. Encerrava-se assim o período de máximo esplendor no design gráfico para o cinema, o qual foi motivo de debate e reflexão no meio intelectual cubano e de notável promoção no exterior.Nas décadas seguintes, os anos 80 e 90, e devido à crise econômica que atravessava o país, a exibição de filmes de outros países decresceu e a produção de filmes cubanos foi diminuída. Isto repercutiu, sem dúvida, em uma menor quantidade de cartazes do ICAIC. No entanto, já nos anos 90 começou a observar-se uma lenta recuperação na produção cinematográfica nacional e, paralelamente, o surgimento de uma nova geração de criadores gráficos formados fundamentalmente pelo Instituto Superior de Diseño de Havana. Estes jovens designers atualmente realizam uma gráfica a partir de novas referências visuais e da utilização de técnicas vinculadas à computação. Têm aceito o desafio da impressão serigráfica de suas obras como modo de dar continuidade à importante tradição alcançada. A presença deste novo design permitirá manter viva a imagem do cartaz cinematográfico cubano no rico espectro da cultura cubana contemporânea.

Luis Vega. Porque se Amam, 1973.

Azcuy. Alarme no Acampamento de Prisioneiros, 1976.

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Damián. Dulci-

Raúl Martínez.

ma, 1973.

Lucia, 1968.

Azcuy. Beijos

Dimas. Tristana,

Roubados, 1970.

1973.

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Bachs. A Espada Maldita, 1969. Coll. Mostra de Filmes Restaurados (FIAF), 1990.


Kiko Farkas Brasil, 1957 Kiko formou-se na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP em 1982. Em 1987 abriu, em São Paulo, a Máquina Estúdio, onde trabalha até hoje dedicando-se principalmente ao design editorial. Em 2005 o estúdio venceu o concurso para a criação da Marca Brasil, programa de identidade corporativa para o setor de turismo, que foi também usada como sinal de procedência para produtos exportados. Em 2006, a convite do Ministério da Cultura, Kiko Farkas foi cocurador e responsável pela criação do pavilhão brasileiro na feira DesignMai no programa Copa da Cultura, em Berlim.Kiko Farkas é membro da Alliance Graphique Internationale (AGI) e foi um dos fundadores da Associação de Designers Gráficos (ADG Brasil). Entre os prêmios recebidos estão três Jabutis da Câmara Brasileira do Livro (1995, 1997 e 2007) e o Prêmio Aloísio Magalhães da Biblioteca Nacional (2008).

O premiado designer brasileiro Kiko Farkas criou quase 300 cartazes, entre 2003 e 2007, para os concertos da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP). Boa parte deles está agora reunida no livro cartazes musicais. Nestas cinco perguntas, Kiko fala sobre sua carreira e fontes de inspiração.

a ideia de projeto há uma vontade de controle total sobre o método criativo e produtivo. Nesse sentido, qual é o espaço para o erro no seu processo de criação? Dois dos meus grandes ídolos fizeram do “erro” sua virtude estética. Thelonious Monk e Van Gogh se apropriaram da realidade e a recriaram de forma absolutamente particular. A arte que produziram nos obrigou a rever nossos critérios de beleza. Não é o erro de derrubar o pote de tinta sem querer ou de incluir uma nota ao acaso, mas de procurar novas e estranhas combinações de cores ou sons. Foram pessoas “erradas” que construíram universos absolutamente coerentes e complexos, combinando controle absoluto e ao mesmo tempo abertura. As descrições de arranjos cromáticos que Van Gogh faz nas cartas a seu irmão Théo são de um rigor e complexidade inacreditáveis.

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Kiko Farkas,

Kiko Farkas,

Kiko Farkas,

OSESP. 2007.

OSESP. 2008.

OSESP. 2007.

Kiko Farkas,

Kiko Farkas,

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OSESP. 2008.

OSESP. 2009.

OSESP. 2007.

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Kiko Farkas,

Kiko Farkas,

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OSESP. 2008.

OSESP. 2007.

OSESP. 2009.

Kiko Farkas,

Kiko Farkas,

Kiko Farkas,

OSESP. 2007.

OSESP. 2008.

OSESP. 2008.

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O que pode ser percebido como de nominador comum em seus projetos? Em qualquer trabalho que eu tenha realizado, sempre busquei a harmonia, o humor e a beleza, como nos trabalhos do (grande e inatingível mestre) Saul Steinberg, por exemplo. De maneira às vezes sistemática, às vezes lírica, com doses variáveis de humor e, na maioria das vezes, colorida. Mas nem sempre: o preto-e-branco muitas vezes serviu de porto seguro ao qual voltava depois de incursões arriscadas. Costumo deixar que o cotidiano invada o meu trabalho. Não tenho preconceitos nem obedeço a dogmas estéticos, teóricos. Tudo que cruza meu caminho é alimento, deglutido, digerido e depois expelido. É sempre um movimento sensível no início, seguido de experiências de linguagem e sistematização.

A grande maioria dos projetos que produziu é voltada ao universo cultural. Foi uma escolha? Não foi algo deliberado, apenas foi acontecendo. Acho que, de certa forma, acabamos sendo escolhidos. Talvez a maneira como montei minha estrutura de trabalho, um estúdio pequeno, tenha influenciado nisso. Acredito que no campo cultural há mais espaço para expressão pessoal e, como meu trabalho é mais autoral, essa talvez tenha sido a principal razão.

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Em um intervalo entre 2003 e 2007 foram projetados quase 300 cartazes. Como foi essa dinâmica? De que maneira seus assistentes contribuíram? Os cartazes foram criados num ritmo muito intenso, então eram como aspiradores de tudo que ocorria na minha vida e na do estúdio. O mais interessante foi a migração das ideias, ou mesmo de imagens, de um cartaz para outro. Nesse processo, a participação dos assistentes foi muito importante. Alguns cartazes foram criados por eles sob minha direção, como acontece frequentemente aqui no estúdio. Tenho muito prazer em dirigir meus assistentes. Há neles muita qualidade e informação, mas existe algo (experiência talvez) com que posso contribuir bastante. Talvez eu tenha uma visão mais completa de todo o processo pelo qual um projeto passa, enquanto eles se concentram mais naquilo que está na tela. De qualquer modo a participação dos assistentes é muito importante, tanto que os trabalhos são sempre creditados.

Kiko Farkas, OSESP. 2009.

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Kiko Farkas,

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OSESP. 2008.

OSESP. 2007.

OSESP. 2007.

Kiko Farkas,

Kiko Farkas,

Kiko Farkas,

OSESP. 2007.

OSESP. 2007.

OSESP. 2008.

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O João de Souza Leite, em texto publicado no livro, além de buscar nos cartazes referências históricas ao design, os aproxima do universo das artes plásticas? Sempre me considerei um técnico, daí o nome do estúdio, Máquina, que se apoia em uma visão funcionalista do design. Nunca me identifiquei com aqueles designers que se consideram artistas geniais. Ao montar minhas palestras e workshops, e também depois de ver a palestra Kiko Farkas, OSESP. 2007.

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que a Paula Scher fez no TED [associação norte-americana que organiza discussões em torno dos temas Tecnologia, Entretenimento e Design], comecei a olhar para as coisas importantes que fiz e notei que existe nelas um viés marcadamente “artístico”. É uma surpresa que me deixa confuso. Não que isso tenha se tornado uma preocupação, mas as minhas convicções foram abaladas. Ainda não sei bem o que fazer com isso. Kiko Farkas,

Kiko Farkas,

OSESP. 2008.

OSESP. 2007.

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Referências de onde foram retirados os textos e imagens utilizados para compôr o trabalho.

Conceituação e pesquisa:

Matérias:

Site:

Campanha WWF / pág.10 http://abcdesign.com.br/por-assunto/cases/ cartaz-magnetico/

http://woodtype.org/ Acesso em 31/06/2012 Livros: BRINGHURST, Robert. Elementos do estilo tipográfico. São Paulo: Cosac & Naify, 2005 INSTITUTO TOMIE OHTAKE. A cultura do cartaz: meio século de cartazes brasileiros de propaganda cultural. São Paulo: Instituto Tomie Ohtake, 2008. MOLES, Abraham A. O cartaz. São Paulo: Perspectiva, 1987.

Identidade: Star Wars / pág.12 http://abcdesign.com.br/por-assunto/ promocoes/a-identidade-de-darth-vader/ Cartazes Cubanos de Cinema / pág 14 GUEDES, Alexandre [org]. Cartazes cubanos: um olhar sobre o cinema mundial . – Rio de Janeiro: Letra e Imagem, 2009. Cartazes Músicais Cinco pergutas para Kiko Farkas / pág.24 FARKAS, Kiko; ATTWATER, Juliet. Cartazes musicais: musicais posters. São Paulo: Cosac & Naify, 2009.

SAMARA, Timothy; BOTTMANN, Denise. . Grid: construção e desconstrução. São Paulo: Cosac & Naify, 2007. TUPIGRAFIA. São Paulo: Bookmakers, ed.7, 2000. Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=kI5RekPMh_c Acesso em 31/06/2012

Trabalho Acadêmico: Universidade Presbiteriana Mackenzie Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Curso de Design Projeto II - Prof. Alex Mazzini Aluno: Lucas Brites Ramalho de Toledo TIA: 31065414-4

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