MARANHA-Y - Revista de História(s) do Maranhão

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MARANHAY

“ÁGUAS REVOLTAS QUE CORREM CONTRA A CORRENTE” REVISTA DE HISTÓRIAS DO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - EDITOR – Prefixo 917536 NÚMERO 01 – MARÇO – 2023 MIGANVILLE – MARANHA-Y

A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.

EXPEDIENTE

MARANHA-Y REVISTA DE HISTÓRIAS DO MARANHÃO Revista eletrônica

EDITOR

Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com

Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luís – Maranhão (98) 3236-2076 98 9 82067923

CHANCELA

Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); Titular da FEI (1977/1979); Titular da FESM/UEMA (1979/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF-MA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 16 livros e capítulos de livros publicados, e mais de 430 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Academia Poética Brasileira; Sócio correspondente da UBE-RJ; Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luís (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Prêmio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Prêmio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; Editor da “ALL em Revista”, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras; Editor da Revista do Léo, a que esta substitui (2017-2019), hoje MARANHAY – Revista Lazeirenta, já voltando ao antigo título de “Revista do Léo”; Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.

UM PAPO

Devido às mudanças ocorridas na plataforma que utilizo para as publicações sobre o Maranhão, fui obrigado a suprimir da REVISTA DO LÉO – Revista Lazeirenta – o material referente à História(s) do Maranhão e à Literatura Ludovicense/maranhense. Daí, também limitada à 50 páginas, máximo que permite o ISSUU para postar gratuitamente, damos início à esta nova publicação, com os colaboradores de sempre... Mãos à obra...

SUMÁRIO

EXPEDIENTE

EDITORIAL

SUMÁRIO

UM DISCURSO, UMA CERTEZA… DA VILA (VELHA) DE VINHAIS - LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

O CANGAÇO NO MARANHÃO - RAMSSÉS SILVA FILIPE PEDRO BORGES

JOÃO MENDES DE ALMEIDA – DANIEL JORGE FILHO

BARÃO DE TROMAÍ E A VILA DE TURIAÇU - DIOGO GUALHARDO NEVES

RAYMUNDO JOSÉ DE SOUZA GAYOSO - DIOGO GUALHARDO NEVES

PADRE ADHERBAL GOMES DE CASTRO - O FAZEDOR DE MENINOS - KENARD KRUEL FAGUNDES números publicados

UMDISCURSO,UMACERTEZA…DAVILA(VELHA)DEVINHAIS

LeopoldoGilDulcioVaz

InstitutoHistóricoeGeográficodoMaranhão

AcademiaLudovicensedeLetras

O IHGM, em evento recente, (re)lançou “Dois estudos”, de José de Ribamar Caldeira[1], por ocasião da doação de sua biblioteca àquela instituição de pesquisa e guardiã da memória/história do Maranhão. No primeiro,oDiscursodeJapi-açueMomboré-uaçuéoquenosinteressa.

Ao transcrever – e analisar – os dois discursos, dá-nos informações de que A “ilha de Maranhão” e suas cercanias haviam sido povoadas tardiamente pelos Tupinambá, em grande parte originários das zonas do litoral situadas mais a leste. É de 1612 a informação da chegada dos Tupinambá à ilha grande do Maranhão, dada pelos primeiros contatos dos capuchinhos e os índios; estes ainda se lembravam da chegada à região. Claude d’Abbeville afirma haver encontrado testemunhas oculares daquela primeira vaga migratória, ocorrida provavelmente entre 1560 e 1580: Muitos desses índios ainda vivem e se recordam de que, tempos após a sua chegada na região, fizeram uma festa, ou vinho, a que dão o nome de cauim […] (Abbeville,1614,p.261)[2].

Os discursos dos dois índios Tupinambás aparecem nos capítulos XI e XXIV da crônica “História da missão dos padres capuchinos na Ilha do Maranhão e terras circunvizinhas”, de Claude d’ Abbeville (1975). Em seu discurso, Japi-açu[3][…]alude ao domínio dos portugueses, que os forçou a abandonar sua

terra(Pernambuco e Potiu)e a refugiar-se aqui(Upaon-açú). A aversão dos Tupinamba maranhense aos portugueses era profunda e antiga. Remontava ao começo do século XVI, quando eles se transferiram de outraspartesdoNordesteparaoMaranhão.Logoapósteremaqueleseuropeusseestabelecidonelas. ConformeCaldeira(2004,p.16),relatodessesacontecimentosseencontraemAbbeville,capítuloXVIII: […] Abbeville conta que, em visita à aldeia de Eussauap, onde fora erguida uma cruz, e não obstante o bom acolhimento por parte de seus habitantes, a certa altura, quando estavam reunidos na casa grande, tomou a palavra um velho indígena, de mais de 180 anos, e disse de sua desconfiança para com a manifestada boa intenção dos pai (mair), os franceses, pois que assim também se haviam os perós em Caeté e Potiú (Rio Grande do Norte), como ele próprio, Momboré-uaçu, testemunhara.(CALDEIRA,2004,p.28)

AlfredMétraux (1927,p.6-7) [4]cita outras narrativas concordantes com adeClauded’Abbeville,a fimde assegurar-se do período provável dessa primeira migração (entre 1560 e 1580), especialmente a do português Soares de Souza (Tratado Descriptivo do Brasil) [5]que afirma, em 1587, que a costa atlântica, do Amazonas à Paraíba, era povoada pelos Tapuia. Essa primeira migração é a única que teve como resultado,segundoMétraux,umanovaextensãodosTupi(DAHER,2004) [6]:

[…] (para escaparem do convívio com esses colonizadores (portugueses) (…) optaram por migrar para Oeste – em busca da Terra sem males – fixando-se no Maranhão após terem combatido e expulsado para distante de si outros grupos indigenas por eles aí encontrados […] (CALDEIRA, 2004, p. 16).

Caldeira (2004, p. 18) afirma que os franceses incluíram visitas constantes de alguns de seus líderes às aldeias, nas quais pronunciavam discursos louvando as virtudes dos franceses e estimulando o ódio dos índios pelos portugueses, além de promessas de proteção aos indígenas contra estes, e orientação e assistênciareligiosa.

Eram encarregados de tais pronunciamentos, sobretudo Françoise de Rasilly […] e Charles dês Vaux aventureirohuguenotequeestiveranoMaranhãoporlongoperíododetemponofinaldoséculoXVIeque fora umdos principais incentivadores, juntoà cortefrancesa, para a organização deexpediçãodestinada à instalaçãodaFrançaEquinocial[…][7]

JacquesRiffault,CharlesdesVaux,DavidMigan–naturaldeVienne,noDelfinado, eAdolphedeMontville, na companhia de centenas de outros navegadores e selvagens de diferentes tribos, se faziam presentes nosmaisdiversosrecantosdoNorteeNordestebrasileiro,entreoPotengieoAmazonas.

Em1583,doiscapitãesfrancesesdisserama sirWalterRalegh conheceroMaranhão, masnuncasesaberá sesetratavadoMaranhãoilhaoudoMaranhãorio.

Era tão forte a presença francesa que muitos recantos de nossa costa foram batizados com nomes como porto Velhodos Franceseseporto Novo dos Franceses(ambos noRioGrandedo Norte), riodos Franceses (na Paraíba), baía dos Franceses (em Pernambuco), boqueirão dos Franceses (em Porto Seguro), ou praia do Francês (próximo à atual Maceió, em Alagoas). Outro ponto no qual os navios normandos ancoravam com muita frequência era a praia de Búzios, no Rio Grande do Norte, a cerca de 25 km ao sul de Natal. Ao porto localizado na praia de Búzios podiam “surgirnavios de 200 toneladas”. Os francesesusavam o porto da desembocadura do rio Pirangi (aproximadamente 25 km de Natal) para o “resgate do pau” como os portuguesessereferiamaoslocaisdecorteeestocagemdepau-brasil.

Já em 1594, Jacques Riffault, depois de Natal, veio para São Luís, no Maranhão. Junto com Charles des Vauxaporta na Ilha Grande, atual Ilha de São Luís, no Maranhão[8]. O navio de Jacques Riffault naufraga nosbaixiosdailha,maistardedenominadaSant´Ana.

Riffault e Des Vaux aqui desembarcados fundam um estabelecimento que se tornou o “refúgio dos piratas”.

Maspara osseusplanos,umsimplesestabelecimentonãosignificava grandeobra; pensaram emaí fundar umacolônia:aFrançaEquinocial.

Data de 1596 a visita de um Capitão Guérard, que armou dois navios, sendo um deles para o Maranhão –Poste (atual Camocim)[9]-, – estabelecendo com regularidade as visitas à terra de corsários de Dieppe[10],deLa Rochelle[11]ede SaintMalo[12].É nesseano queo Ministro Signeleytoma como ponto de partida dos direitos da França nesta região, funcionando como uma linha regular de navegação entre DieppeeacostalestedoAmazonas.

Na virada do século, segundo o padre e cronista Luis Figueira[13], que escreveu sua penosa saga na Serra de Ibiapaba[14], os franceses no Maranhão contavam, inclusive, com “duas fortalezas na boca de duas grandes ilhas”. Uma destas fortificações, por certo, era o Forte do Sardinha, localizado no atual bairro Ilhinha,nosfundosdobairroBasaemSãoLuís.Esta,emmãosportuguesas,foinomeadadeQuarteldeSão Francisco, que deu nome ao bairro. Servia de proteção ao lugar, em especial, a Uçaguaba[15], reduto de Migan.

Datado de 26 de julho de 1603 há um arresto do tenente do Almirantado em Dieppe relativo a mercadorias trazidas do Maranhão, ilha do Brasil, pelo Capitão Gérard. Meireles (1982, p. 34) [16]traz tambémDuManoiremJeviré;MillardeMoisset,tambémencontrados naIlhaGrande. Oscomandados de Du Manoir e Gérard chegam a quatrocentos; há esse tempo já dois religiosos da Companhia de Jesus haviamestadonoNortedoBrasil.

Entre 1603-1604 Jacques Riffault percorre o litoral do Ceará, quando o Capitão-mor Pero Coelho de Souza[17]recebeu Regimento, passado pela Coroa ibérica, quelhedeterminava: “[…] descobrir por terra o porto do Jaguaribe, tolher o comércio dos estrangeiros, descobrir minas e oferecer paz aos gentios ” e “fundar povoações e Fortes nos lugares ou portos que melhores lhe parecerem“.

Riffault fora buscar recursos e permissão na Europa, partindo para a França, divulgando as grandes riquezas da terra e facilidades de conquista. Charles Des Vaux ficara em terra conquistando a confiança dostupinambás,paraaprenderasualíngua.

O interior do Maranhão era bem conhecido por eles. O Mearim, Itapecuru, Munim, Grajaú, Tocantins e tantos outros eram vias utilizadas que ligavam o interior maranhense com o litoral e a Europa. Nos outros recantos, a história faz menção a eles no constante comércio com os potiguaras, no porto do Rifoles – na margemdireitadoRioPotengi;nosdoisataquesàFortalezadoCabedelo,naParaíba,realizadasem1591e 1597.Nestaúltima,Miganfoigravementeferido,massobreviveu.

ForamelesquefundaramonúcleourbanodeViçosadoCeará[18],sendoqueacidadeaindahojeconserva os topônimos do legado francês. O Pará e o Rio Amazonas eram lugares bem conhecidos destes navegadores. Quando Francisco Caldeira Castelo Branco partiu do Maranhão para fundar Belém (1615) levou consigo Des VauxeRabeau para auxiliarem nanavegação enos primeiroscontatos com osíndiosde lá.

QuandoaesquadradeDanieldeLaTouche,FranciscodeRasillyeoBarão deSancya6de agosto de1612 veem fundear frente a Jeviré (ponta de São Francisco), ali encontraram as feitorias de Du Manoir e do Capitão Guérard. Du Manoir, Riffault, Des-Vaux e os piratas de Dieppe, encontravam-se fundeados no porto, confirmam a presença continuada dos exploradores de todas as procedências nas costas do Maranhão, edoNorteemgeral:umacompanhiaholandesa presididapeloburgomestredeFlessingue[19], ingleses, holandeses e espanhóis negociando com os índios o pau-brasil; armadores de Honfleur[20]e Dieppe; o Duque de Buckigham[21]e o conde de Pembroke[22]e mais 52 associados fundaram uma empresaparaexploraroBrasil;espanhóisdePalos[23].

ParaNoberto(2016):

[…] O Forte Sardinha, edificado em local estratégico, elevado e fronteiro ao porto de Jeviré, dava proteção a este ancoradouro (onde atualmente acontece desembarque de quem chega de Alcântara), à feitoria implantada pelo capitão Jacques Riffault e pelo imediato Charles d’Esternou des Vaux, e à povoação onde residia o tradutor e parente do governador de Dieppe, David Migan, no atual Vinhais Velho. E vigiava também a entrada do rio Anil, principal via aquática para o interior

[…]

OnomeIlhinha,aliás,sugereoóbvio,quetoda aquelaregião formava umapequenailha, pois margeada por um lado pelo Igarapé da Jansen, que no início dos mil e seiscentos ficou conhecido como rio da Olaria, que se juntava a Lagoa, ao Renascença e ao Jaracati, até se encontrar com o rio Maioba ou Cutim, que mais tarde receberia o nome de rio Anil, ao pé da ponte Bandeira Tribuzzi. A pequena ilha era o abrigo ideal contra invasões, poisenquantodificultavaqualquerataqueinimigo,permitiaescapeparaointeriordaIlha Grande emdireção à aldeia de Uçaguaba, que se tornou a Miganville do tradutor francês DavidMigan,primeirapovoaçãoeuropeiadoMaranhãoedetodaaregião.

Tanto comércio fez com bretões e normandos se estabelecessem com feitorias na Ilha Grande, e um desses lugares era a aldeia de Uçaguaba/Miganville (atual Vinhais Velho), misto de aldeia e povoação européia.OportousadonessasatividadeseraodeJeviré(Pontad’Areia).

É quase inimaginável que todo esse aparato comercial existisse sem uma forte proteção das armas. Somese que o chefe maior de tudo isso era David Mingan, o Minguão, o “chefe dos negros” (daí o nome de Miganville), que tinha a seu dispor cerca de 20 mil índios e era “parente do governador de Dieppe”. Por fim, a localização da fortaleza está exatamente no lugar certo de proteção do Porto de Jevirée da entrada dorioMaiove(Anil),queprotegeriaMiganville.

Noberto (2016)[24]lembra que àquela época o Brasil setentrional era completamente abandonado pelos portugueses, no território que se estendia da povoação de Natal, no Rio Grande do Norte, até a região amazônica, que no dizer do ilustre historiador maranhense João Lisboa, no Jornal do Tímon: “era um completo abandono (…) e os donatários régios de Portugal e Espanha estavam incorrendo nas penas de comisso”:

Abandonada a região pelos lusos, desde a primeira metade dos anos mil e quinhentos os gauleses da Bretanha e da Normandia se apresentavam como os maiores frequentadores da Ilha do Maranhão, sendo ilustrativa a carona que os sobreviventes da grande expedição de Aires da Cunha, naufragada em 1536 no litoral maranhense, pegaram com os franceses para retornar à Portugal, pois estes é que faziam do Maranhão o principal locus de apoio à intensa movimentação existente entre o Amazonas e os portos franceses de Rouen, Dieppe, La Rochele, Saint Malo, Cancale e Havre de Grace. No final daquele século elescomeçaramasefixarnaIlhaGrande.OnaufrágiodaesquadradocapitãoJacquesRiffaultporvoltade

1594 no Golfão Maranhense foi determinante para a ocupação, que ali edificou uma feitoria (le comptoir) nas imediações da Ponta da Areia. Muitos náufragos e novos moradores da Ilha se amasiavam com as índias e iam residir nas aldeias, que totalizavam vinte e sete, conforme a descrição do escritor capuchinho ClaudeAbbeville.

Pianzola, em sua obra “OS PAPAGAIOS AMERELOS – os franceses na conquista do Brasil(1992)[25]apresenta decalque de mapa datado de 1627, cujo original desapareceu, feito em torno de 1615 pelo português João Teixeira Albernaz[26], cosmógrafo de sua Majestade, certamente feito a partir daquele que LaRavardiére deu ao Sargento- Mor Diogo de Campos Moreno[27]durante a trégua de 1614. O autor chama atenção para os nomes constantes dos mapas, entre os quais muitos de origem francesa, ‘traduzidos’ para o português. Vê-se, na Grande Ilha dentre outros,Migao-Ville, propriedade do intérpretedeDieppe,DavidMigan,seguramenteumpsudônimo,noentenderdePianzola:

“[…] No último quartel daquele século, o que era apenas um posto de comércio, sem maior raiz, tornou-se morada definitiva dos corsários gauleses, vindos de Dieppe, SaintMalo, Havre de Grace e Rouen, que aqui deixavam seus trouchements (tradutores) que viviam simbioticamente com os tupinambá (escreve-se sem “s” mesmo). Entre estes estava David Migan, o principal líder francês desta época. Ele era o “chefe dos negros” (índios) e “parente do governador de Dieppe”. Tinha a seu dispor cerca de vinte mil guerreiros silvícolas e residia na poderosa aldeia de Uçaguaba (atual Vinhais Velho), apelidada de Miganville[…].(NOBERTO SILVA, 2011).

ContinuemoscomNobertoSilva(2011)[28]:

[…] Na virada do século, segundo o padre e cronista Luis Figueira, que escreveu sua penosa saga na Serra de Ibiapaba, os franceses no Maranhão contavam, inclusive, com “duas fortalezas na boca de duas grandes ilhas”. Uma destas fortificações, por certo, era o Forte do Sardinha, localizado no atual bairro Ilhinha, nos fundos do bairro Basa em São Luís. Esta, em mãos portuguesas, foi nomeada de Quartel de São Francisco, que deu nome ao bairro. Servia de proteção ao lugar, em especial, a Uçaguaba, reduto de Migan. Quando da implantação da França Equinocial esse complexo passou para mãos oficiais. Uçaguaba/Miganville passou a ser chamada pelos cronistas Claude Abbeville e Yves d’Evreux de “o sítio Pineau” em razão de Louis de Pèzieux, primo do Rei, ter adotado o local como moradia. Era desse lugar que partia o protagonismo francês para outras regiões como a Amazônia e a serra da Ibiapaba. Foi deste pequeno núcleo maranhense que uma equipe liderada por Charles des Vaux e Adholphe de Montville partiu para criar um povoamento na Serra Grande, onde hoje está a cidade de Viçosa do Ceará, pois os mesmos tinham laços de amizades com os indígenas daquela região. Sobre esse momento o escritor cearense Gilton Barreto na sua obra História, fatos e fotos de Viçosa do Ceará (Fortaleza, 2006) escreveu que “Por volta do ano de 1590, estabeleceram-se na Serra Grande franceses provenientes do Maranhão (…). Deu-se ao lugar um certo perfil urbano com alinhamento de casebres e ruas, dentre estas a Rua de Paris (…) e a Rua Pedra Lipse…”. Deste longínquo período restaram naquele lugar as duas ruas mencionadas. A última delas dá acesso à Igreja do Céu, no topo da montanha e um dos lugares mais visitados de Viçosa e da serra da Ibiapaba.(NOBERTO, 2016)

Segundo Noberto (2016), a França Equinocial compreendia metade do Brasil atual, estendendo-se do Ceará aoAmazonas, esseeventodepassagemdas chavesda fortaleza deSão Luís,demãosfrancesaspara mãos portuguesas, representa um dos acontecimentos mais importantes da América de todos os tempos, poisaliestavasendodecididaasortedemetadedoterritóriobrasileiro:

Em 1607 o jesuíta Luiz Figueira recebeu informações dos selvagens que retornaram do Maranhão para a Ibiapaba.EleasanotouassimnasuaconhecidaRelaçãodoMaranhão:

[…] acerca dos franceses que tínhamos por novas que estavam assentados com duas fortalezas feitas em duas ilhas na boca do rio Maranhão. Uma destas era o Forte Sardinha (le fort Sardine) […]. O quartel francês era comandado por um português, que emprestou seu nome ao forte, e trabalhava para bretões e normandos. Foi ali defronte, no porto de Jeviré, que a esquadra fundadora aportou em 1612. (NOBERTO, 2016).

Japi-açu, através de Migan, convida Françoise de Rasily para ter com ele em sua aldeia para tratar de assuntos importantes; lá Japi-açu diz que já estavam começando, os indígenas, a se aborrecer por não chegarem os guerreiros franceses sob o comando de um grande morubixaba; que já tinham resolvido abandonar a região com receio dos perós. Afinal, já estavam cansados de negociar com os naturais de Dieppe, “pobres marinheirosenegociantes”[29],quelhesprometiamavindadeumgrandechefeparaos proteger dos portugueses:

[…] o orador (Japi-açu) percebe que os integrantes da frota destinada a instalar a França Equinocial não eram ‘pobres marinheiros e negociantes’ – como os que viviam no Maranhão entre os indígenas desde o final do século XVI -, ‘nossos bons amigos’, referindo-se àqueles que viviam desde certo tempo entre os Tupinambá […] mas um exercito de ‘bravos soldados’ para a defesa contra os inimigos […] Do discurso de Momboré-uaçu – capitulo XXIV, intitulado Do que ocorreu em Eussauap durante a nossa visita, acontecida num domingo (20 de outubro de 1612…), após a realização de missa à qual compareceram os “habitantes de Eussauap juntamente com os franceses– este afirma que vira a chegada dos perós em Pernambuco e Potiú; e da mesma forma que com os portugueses, aconteceu com os franceses: […] Da primeira vez que vieste aqui, vós o fizeste somente para traficar […] nessa época, não faláveis em aqui vos fixar; apenas vos contentáveis em visitar-nos uma vez por ano, permanecendo entre nós somente durante quatro ou cinco luas. Regressáveis então a vosso país, levando os nossos gêneros para trocá-los com aquilo de que carecíamos. […] Agora já nos falais de vos estabelecerdes aqui, de construirdes fortalezas para defendernos contra os nossos inimigos […] trouxeste um morubixaba e vários Paí […] depois da chegada dos Paí, plantastes cruzes […](CALDEIRA, 2004, p. 38, in ABBEVILLE, 1975, p. 115115).

Poucosmesesdepois–prossegueNoberto(2016)-,oentãoativocomplexobélico-portuário-comercialsob a proteção do Forte Sardinha foi esvaziado e substituído pelo momento oficial estabelecido no Maranhão daFrançaEquinocialpelosgeneraisLaRavardièreeRazilly:

O primeiro conjunto de leis das Américas, promulgado na Praça do Forte no dia primeiro de novembro de 1612,queprevia pena de morte,dentreoutras coisas, não permitiadesobediênciasdos antigos ocupantes franceses do pequeno reduto, pois tudo e todos estavam sob as ordens do reino da França. Alguns permaneceram na Ilha a serviço do Rei, sob as ordens do governador Daniel de la Touche. As ações, a partir de então, migraram para o novo locus no promontório mais alto onde a cidade de São Luís foi implantada, na atual Praça Pedro II, local escolhido pelos novos senhores da terra para levantar a cidadela de São Luís. Tem-se, pois, que a ocupação do Maranhão com o estabelecimento de uma povoação ininterruptamente ocupada por europeus, em especial, franceses, se deu em 1594, com o estabelecimento de Miganville, mais junto á aldeia de Uassap – Eussauap – hoje, Viva Velha de Vinhais; e a missa, celebrada aquela primeira,sedeunacapelinhaaliconstruída,erezadaamissanodia20deoutubrode1612…

Nafaltadeumadatafixadanaqueleanode1594–seriamarço?–comemora-seos422anosda‘fundação’ de Miganville/Onçaguaba – Uassap – Eussauap/Aldeia da Doutrina (1617 ou 1622, dos Jesuítas)/Vila (Nova) de Vinhais (1755-1835)… Temos o dia 20 de outubro como data de comemoração, quando dos 404 anosdaprimeiramissarezadaechantadaacruz…

Capela de Vinhais -

Bragança > Vinhais > Bairro do Carvalhal

[1]CALDEIRA, José de Ribamar Chaves.DOIS ESTUDOS: os discursos de Japi-açu e Momboré-uaçu e Vdiagem no Maranhão, 1800-1850. São

Luis: EDUFMA, 2004

[2]ABBEVILLE, Claude d’.HISTÓRIA DA MISSÃO DOS PADRES CAPUCHINOS NA ILHA DO MARANHÃO E TERRAS CIRCUNVIZINHAS. Belo Horizonte: Itatiaia, 1975. Daher,Andrea.AconversãodosTupinambáentreoralidadeeescritanosrelatosfrancesesdosséculos XVI e XVII,Horiz. antropol.vol. 10no. 22. Porto Alegre. July/Dec.2004http://dx.doi.org/10.1590/S0104-71832004000200004

[3]Japi-açú era ‘o primeiro e o maior morubixaba não somente da aldeia, mas ainda de toda a Ilha Grande’, conforme Abbeville, 1975, p. 141.

[4]MÉTRAUX,Alfred.Migrationshistoriquesdestupi-guaranis.Paris:MaisonneuveFrères,1927citado por Daher, Andrea.A conversão dos Tupinambá entre oralidade e escrita nos relatos franceses dos séculos XVI e XVII,Horiz. antropol.vol. 10no. 22Porto Alegre. July/Dec.2004http://dx.doi.org/10.1590/S0104-71832004000200004

NOBERTO DA SILVA, Antonio. SãoLuísantesdafundação.in ALLEMREVISTA,vol.3,n.3,julhoasetembrode2016,p.237240, pré-print. Palestra apresenta por ocasião das comemorações dos 404 anos de fundação de são Luis, promovida pela Academia Ludovicense de Letras, em 8 de setembro, na casa de Cultura Huguenote Daniel de La Touche.

NOBERTO DA SILVA, Antonio. São Luís antes da fundação. inJORNAL PEQUENO, São luis, 8 de setembro de 2016

NOBERTO DASILVA, Antonio. SãoLuísantesdafundação. inOIMPARCIAL, SãoLuis,8desetembrode

2016

[5]http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me003015.pdf

[6]DAHER, Andrea.A conversão dos Tupinambá entre oralidade e escrita nos relatos franceses dos séculos XVI e XVII,Horiz. antropol.vol. 10no. 22Porto Alegre. July/Dec.2004http://dx.doi.org/10.1590/S0104-71832004000200004

[7]VER Abbeville, 1975, p. 23 e 27 [8]http://pinheiroempauta.blogspot.com.br/2012/09/distribuicao-das-sesmarias-em-cuma.html

[9]Não seria POTE –

[10]Dieppeou, na sua forma portuguesa, Diepa[2]é umacomuna francesanaregião administrativadaAlta Normandia, nodepartamentodoSena Marítimo https://pt.wikipedia.org/wiki/Dieppe

[11]La Rochelle[2][3][4][5](raramente aportuguesada comoRochela ou Arrochela[6]) é umacomuna francesa, situada no departamento de Charente-Maritime, na região dePoitouCharentes [7]Foi um importante porto no período colonial, junto comHavre,HonfleureBordéus.https://pt.wikipedia.org/wiki/La_Rochelle

[12]Saint-Malo(Bretão:Sant-Maloù) é uma comunafrancesasituada nodepartamentodeIlle-etVilaine, naregiãoBretanha.https://pt.wikipedia.org/wiki/Saint-Malo

[13]Luís Figueira(1574 ou 1576,Almodôvar,Portugal– outubro de 1643,Ilha de Joanes,Brasil colônia), foi um padre jesuítade destacada atuação no Brasil colonial. Foi autor de uma das primeiras gramáticas dalíngua tupi, denominadaArte da Lingua Brasilica. Entre 1607 e 1608, acompanhou FranciscoPintoe60índiosnumatrágicaexpediçãoao Maranhão.Inicialmentechegaram auma aldeia naChapada de Ibiapaba(atualCeará), e dali seguiram à aldeia de Jurupariaçu, onde receberam notícias sobre a presença de franceses e índios hostis.[2]Dali partiram para o Maranhão, mas foram atacados por índios, instigados pelos franceses. O padre Francisco Pinto foi morto pelos indígenas em 10dejaneirode1608;LuísFigueiraconseguiuescaparefoidepoisresgatadoporoutrojesuíta, Gaspar deSamperes,regressando aPernambuco. Estes fatos são bemconhecidos pela Relação do Maranhão, escrita por Luís de Figueira em 1609, na qual são descritos em detalhe as peripécias da viagem. https://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_Figueira

[14]O topônimo “Ibiapaba” é oriundo do termo tupiyby’ababa, que significa “terra fendida” (yby, terra +‘ab, cortar +aba. ASerra da Ibiapaba, também conhecida comoSerra Grande,Chapada da IbiabapaeCuesta da Ibiapaba, é uma região montanhosa que localiza-se nas divisas dos estados do CearáePiauí. Uma região atraente em riquezas naturais que já era habitadas por diversas etnias indígenas. Os povos que viviam já negociavam diversos produtos naturais com povos europeus, tais como os franceses, antes mesmos da chegadas dos portugueses. Habitada inicialmente por índios tabajarasetapuias, como a índia Iracema que se banhava na bica do ipu foi bastante retratada no livro IracemadeJosé de Alencar. A cidade mais antiga da serra é Viçosa do Ceará, que foi colonizada pelosjesuítasdaCompanhia de Jesusa partir doséculo XVI. Também encontram-se as cidades doTianguá,Ubajara– onde existe aGruta de Ubajara https://pt.wikipedia.org/wiki/Serra_de_Ibiapaba

[15]Segundo Capistrano de ABREU , “EUSSAUAP – nom do lieu, c’est à dire le lieu ori on mange les Crabes”. – Bettendorf leu em Laet Onça ou Cap, que supôs Onçaquaba ou Oçaguapi; mas tanto na ediçãofrancesa,comonalatinadaqueleautor,oqueselê,éEUSS-OUAP.NahistóriadaCompanhiade Jesus na extinta Província do Maranhão e Pará, do Padre José de Morais, está Uçagoaba, que com melhor ortografia é Uçaguaba composto de uçá, nome genérico do caranguejo, e guaba, particípio de u comer: o que, ou “onde se come caranguejos”. ABBEVILLE, Claude d´.

HISTÓRIA DA MISSÃO DOS

PADRES CAPUCHINHOS NA ILHA DO MARANHÃO E TERRAS CIRCUNVIZINHAS. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1975

[16]MEIRELES, Mário Martins.FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982

[17]Pero Coelho de Sousafoi um exploradorportuguês, oriundo dosAçores, primeiro representante daCoroaadesbravarosterritóriosda capitaniadoCearánoiníciodoséculoXVII.Em1603,requereue

obteve daCorte Portuguesapor intermédio deDiogo Botelho, oitavo Governador-geral doBrasil, o título de Capitão-mor para desbravar, colonizar e impedir o comércio dos nativos com os estrangeiros que a anos atuavam na capitania do “Siará Grande”. Após uma série de lutas, conquistou a região daIbiapabavencendo osfranceseseindígenas. Depois dessa vitória ele tentou entrar mais na região na direção doMaranhão, mas devido à rebelião de seus homens, retornou à barra do rio Ceará onde ergueu oFortim de São Tiago da Nova Lisboa.http://pt.wikipedia.org/wiki/Pero_Coelho_de_Souza [18]Viçosa do Cearáé o primeiro município criado na Serra da Ibiapaba, inicialmente habitada poríndiosTabajaraspertencentes ao ramoTupi,anacé,arariúecroatádo ramoTapuia. Viçosa foi antigaaldeiade índios dirigida porpadresdaCompanhia de Jesus(VejaMissão da Ibiapaba). Foi desbravada ao findar o século XVI, quando do contato dos índios com os franceses, vindos doMaranhãoentre1590e1604, data em que foram expulsos porPero Coelho de Sousa, quando este fazia tentativas de colonização portuguesa no Ceará..https://pt.wikipedia.org/wiki/Vi %C3%A7osa_do_Cear%C3%A1

[19] Jan de Moor, burgomestre de Flessingue, dirigia uma companhia de conquista na Amazônia. Jayme I, da Inglaterra, concedia cartas-patentes a John Rovenso, Thomas Challomer e Roberto Marcourt, para o senhoreamento da região entre o Essequibo e o Amazonas.http://www.brasiliana.com.br/obras/pontos-de-partida-para-a-historia-economica-dobrasil/pagina/73

[20]Honfleuré umacomuna francesanaregião administrativadaBaixa-Normandia, nodepartamentoCalvados.https://pt.wikipedia.org/wiki/Honfleur

[21]Os títulos deMarquêseDuquede Buckingham, referindo-se à Buckingham, foram criados várias vezes nos pariatosInglaterra,Grã-Bretanha, e noReino Unido https://pt.wikipedia.org/wiki/Ducado_de_Buckingham

[22]ElCondado de Pembroke, asociado con elCastillo de Pembroke, enGales, fue creado por el reyEsteban de Blois. En varias ocasiones la línea se extinguió y el Condado hubo de ser recreado, empezando la cuenta de nuevo con el primer nuevo conde. El1 de septiembrede1533,Enrique VIII, ascendió a su esposaAna Bolenacreando para ella el rango demarquésde Pembroke,1en señal de honor, ya que su tío abuelo Jasper Tudorhabía sido Conde de Pembroke y el padre de Enrique VIII,Enrique VII, había nacido allí. Ana Bolena, reina consorte de Inglaterrapor su matrimonio conEnrique VIIIy primeramarquésde Pembroke. El actual conde también ostenta el título de Conde de Montgomery, creado en1605, para el hijo más joven del Henry Herbert, II conde de la octava creaciónantesdequeélascendieracomoIVcondeen 1630.Losactualescondesostentantambiénlos títulos subsidiariosdeBarón HerbertdeCardiff,deCardiff,enel Condado deGlamorgan (1551),Barón

Herbert de Shurland, de Shurland, en la Isla de Sheppey, en el Condado de Kent (1605), yBarón Herbert de Lea, de Lea, en el Condado de Wilts (1861). Todos están en el rango de nobleza deInglaterraexcepto la Baronía de Herbert de Lea, que está en el rango de nobleza del Reino Unido La sede familiar está en la Casa Wilton, enWiltshire https://es.wikipedia.org/wiki/Condado_de_Pembroke

[23]Palos de la Fronteraé ummunicípiodaEspanhanaprovínciadeHuelva,comunidade autónomadaAndaluzia.https://www.google.com.br/?

gws_rd=cr&ei=NLTMVuXUKMTFwASa5I2ICQ#q=Palos

[24] NOBERTO DA SILVA, Antonio. São Luís antes da fundação. in ALL EM REVISTA, vol. 3, n. 3, julho a setembro de 2016, p. 237-240, pré-print. Palestra apresenta por ocasião das comemorações dos 404 anos de fundação de são Luis, promovida pela Academia Ludovicense de Letras, em 8 de stembro, na casadeCulturaHuguenoteDanieldeLaTouche.

[25]PIANZOLA,Maurice.OSPAPAGAIOSAMARELOS– osfrancesesnaconquistadoBrasil.SãoLuis:SIOGE, 1992.

[26]João Teixeira Albernaz, também referido como João Teixeira Albernaz IouJoão Teixeira Albernaz, oVelho(Lisboa,últimoquarteldoséculoXVI—c. 1662),paradistingui-lodoseunetohomónimo,foio mais prolíficocartógrafoportuguêsdoséculo XVII. A sua produção inclui dezanove atlas, num total de

duzentas e quinzecartas. Destaca-se pela variedade de temas, que registam o progresso dasexplorações marítimas e terrestres,em particular no que respeita aoBrasil. João Teixeira Albernaz I pertenceu a uma destacada família de cartógrafos cuja actividade se estende desde meados do século XVI até ao fim do século XVIII, incluindo o seu pai Luís Teixeira, o tioDomingos Teixeira, o irmãoPedro Teixeira Albernaz e o netoJoão Teixeira Albernaz, o Moço além de Estevão Teixeira.https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Teixeira_Albernaz,_o_Velho

[27]Diogo de Campos Moreno(Tânger,1566–1617) foi ummilitarportuguês. Após ter combatido naFlandres, seguiu para oBrasilem1602, com o posto desargento-mor, junto comDiogo Botelho. NoMaranhãojuntou-se aJerônimo de Albuquerque Maranhão e aAlexandre de Mourana luta contra osfrancesese seus aliadosindígenas, estabelecidos na chamadaFrança Equinocial, conseguindo a vitória em1615. Com base nas suas experiências no Brasil redigiu o “Livro que Dá Razão ao Estado do Brasil” (1612) ea “Jornada do Maranhão” (1614), obras que não assinou. Nesta última, Moreno relata a conquista do território, embora tenha enaltecido os seus próprios feitos. Foi tio de Martim Soares Moreno https://pt.wikipedia.org/wiki/Diogo_de_Campos_Moreno

[28]SILVA, Antônio Noberto.O Maranhão francês sempre foi forte e líder. Inhttp://www.netoferreira.com.br/poder/2011/11/o-maranhao-frances-sempre-foi-forte-e-lider/, 05/11/201114h2505/11/201114h25.Vertambém:

EVANDRO JUNIOR. : SaintLouisCapitaledeLaFranceEquinoxiale Riqueza históricaesquecida.IN Jornal O Estado do Maranhão em 18.12.11, disponível emhttp://maranhaomaravilha.blogspot.com/2011/12/saint-louis-capitale-de-la-france.html .

O CANGAÇO NO MARANHÃO

Ramssés Silva

Muitos desconhecem, mas, o fenômeno social do banditismo rural intitulado Cangaço também ocorreu em terras maranhenses, com seus atores específicos e, na mesma época em que Lampião assolava o semi-árido nordestino.

O nosso Cangaço ocorreu, mais precisamente, na região da Baixada Maranhense, em cidades como Bequimão (antiga Santo Antônio e Almas), Viana, Cajapió, Pinheiro, São Bento e São Vicente Férrer.

O mais icônico destes facínoras por nossas terras foi o famigerado Tito Silva. Bandido de alta periculosidade, ladrão de gado, saqueador e assassino, Tito assolou a Baixada nas décadas de 1910 e 1920.

Em uma das passagens, Tito e seu bando invadiram a cidade de Bequimão, buscando vingança contra um desafeto, o Cel. Sousa Castro. Amarraram-no, cortaram suas orelhas e o mataram a coronhadas de rifle na frente de sua casa comercial que, logo em seguida, foi saqueada.

Como a maioria dos cangaceiros, o fim de Tito foi trágico. Segundo os registros de época, quando já preso e prestando serviços no Aprendizado Agrícola Cristino Cruz nos anos 1930, foi fuzilado no interior da escola por agentes da segurança pública, tendo seu corpo sumido, assim como sua fama, agora revisitada.

Fonte: Hemeroteca Digital

FILIPE PEDRO BORGES

A Terra de Santa Cruz

Lápide de Filipe Pedro Borges (1755-1824) cavaleiro da Ordem de Cristo e Comissário Geral das três ordens militares na Província do Maranhão durante do Reinado da Rainha Dona Maria I de Portugal. Acervo do Museu da Igreja do Carmo e dos Capuchinhos, Maranhão. Créditos a Diogo Gualhardo Neves pela Fotografia

Importante senhor de engenho do Maranhão Filipe Pedro Borges implantou fazendas, moinhos de engenhos e a produção agrícola se desenvolveu, com a força da mão de obra escrava, oriundas das regiões do Daomé e Costa do Ouro. As terras onde foi fundada da Cidade de Cururupu, Maranhão, pertenceram a família de Filipe Pedro Borges, uma sesmaria que estendia - se originalmente desde a ponta Sassoitá até as margens do rio Turiaçu.

Prestou Auxílio financeiro as missões dos capuchinhos e na expedição de Alexandre Rodrigues Ferreira no Maranhão e Grão Pará. Fidalgo Cavaleiro da Casa Real, Filipe Pedro Borges manteve longa correspondência com a Família Real Portuguesa. Apoiou a adesão do Maranhão a independência do Brasil em 1823. Fonte: História da independência da Província do Maranhão, 1822-1828 Luís Antônio Vieira da Silva

JOÃO MENDES DE ALMEIDA (1831 -1898) foi um jurista, político, jornalista e líder abolicionista maranhense.

Daniel Jorge Filho Figura ilustre no meio jurídico, João Mendes nasceu em Caxias, Maranhão, e iniciou seus estudos na Faculdade de Direito de Olinda e logo em seguida transferiu-se para São Paulo, onde concluiu o curso em 1853.

Assim que se formou, assumiu o cargo de juiz em Jundiaí (SP) e depois na capital paulista. Nesses cargos, permaneceu por cinco anos, até que resolveu abandonar a magistratura para ingressar no universo político, sendo deputado geral pelo estado do Maranhão em duas legislaturas e por São Paulo em três legislaturas.

É autor do "Dicionário Geográfico da Província de S. Paulo" Sua versatilidade também ficou marcada pela atuação na imprensa. Fundou e dirigiu os jornais A Lei, A Opinião Conservadora, A Ordem, A Autoridade, A Sentinela e A Sentinela Monarquista, todos em São Paulo. Seus artigos diários, influenciavam os debates políticos em todo o país, se tornando um importante formador de opinião em todo o Brasil. Mas sua atuação mais marcante, conforme relatam os registros históricos, foi à frente do movimento abolicionista. Líder do Partido Conservador, de 1859 a 1878, foi o principal redator da Lei do Ventre Livre, a qual defendeu através da imprensa. Uma de suas características mais marcantes era a generosidade. Quando alguém precisava de seus serviços e não podia pagar, ele atendia gratuitamente. Com a Proclamação da República em 1889, João Mendes de Almeida , que então contava sessenta e oito anos , havia sido obrigado a ocultar - se durante os governos de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto visto ser monarquista . Estava , assim , não só pelo seu catolicismo exaltado , mas ainda pelas paixões políticas do momento , extremamente irritado com a influência do Positivismo, a proclamação e organização da República.

As bases de João Mendes de Almeida localizavam - se no catolicismo radical , dentre os estudantes da Faculdade de Direito que dirigiam o Autoridade , e nos membros do antigo partido conservador dissidente. Em 1872 colaborou na "Ordem", folha do clero. Em 1876, tendo cessado a publicação da "Ordem," fundou a "Sentinella", na qual sustentou a mesma politica da Opinião conservadora ; mas suspendeu a Sentinella quando lhe foi annullada a eleição de deputado goral em 1879, e entregou-se de novo á advocacia.

Em 1883 inseriu no Jornal do commercio um Projeto para a transformação do trabalho servil, abolindo já a escravidão e instituindo a servidão por sete anos.

Aludindo a sua energia de homem politico, quando na oposição, o "Globo illustrado", do Rio de Janeiro, em 1882, e referindo-se aos acontecimentos parlamentares de 1873-1875, fazia esta apreciação: "O sr. João Mendes de Almeida, um espirito capaz de tecer uma rede de conspirações, cercava o ministro com mil ardis de guerra"

O sr. dr. João Mendes de Almeida gosa com efeito da fama de ser um dos mais distinctos e eruditos advogados do Brazil. Tem grande facilidade de escrever e falar, e é um polemista hábil e perspicaz, que os adversarios temem, mas que é considerado e respeitado de amigos e adversarios, por seu merito e por sua incansavel actividade. Tem estilo incisivo e expõe as questões com extrema clareza. Não possue titulos, nem condecorações"

Para homenageá-lo, a cidade de São Paulo denominou a praça onde tinha sua residência de "Praça Doutor João Mendes", na qual foi edificado o fórum que leva o nome de seu ilustre filho João Mendes de Almeida Júnior.

João Mendes de Almeida foi casado com Ana Rita Fortes Leite Lobo. Era irmão de Cândido Mendes de Almeida, ambos filhos do capitão-de-milícias Fernando Mendes de Almeida, português, que se radicou em 1816, na cidade de Caxias, Maranhão, onde se casou com Esméria Alves de Sousa. Era neto dos portugueses João Mendes de Almeida e Maria Escolástica da Fonseca Ramos. Seu filho João Mendes de Almeida Junior tornou-se importante advogado e jurisconsulto, seguindo os passos do pai.

Destacado como escritor, jurista e político, João Mendes de Almeida faleceu em São Paulo, no dia 16 de outubro de 1898. Seu casarão em Caxias, situado na Praça da Independência (atual Praça do Panteon), foi doado conforme seu

desejo a Diocese do Maranhão para a instalação de uma escola. Hoje em seu local está o Colégio São José, das irmãs capuchinhas.

BARÃO DE TROMAÍ E A VILA DE TURIAÇU

DIOGO GUALHARDO NEVES

1) Na primeira imagem:

Luís Antônio de Oliveira Júnior, primeiro e único Barão de Tromaí (1836-1906) foi um proprietário rural e titular brasileiro.

Era filho do português Luís Antônio de Oliveira, que construiu fazendas nas terras dos municípios de Turiaçu e Candido Mendes.

Após estudar engenharia no Rio de Janeiro, retornou a Turiaçu, onde fundou a Fazenda São Luiz, para cultivar cana-de-açúcar, nas imediações do atual distrito de Barão de Tromaí, em Cândido Mendes.

Dono de engenhos e escravos, seu pai faleceu em 1872, deixando as propriedades e a liderança do Partido Conservador no município para seu filho.

Em 1880 tornou-se Coronel Comandante Superior da Guarda Nacional.

Foi agraciado barão de Tromaí em 29 de setembro de 1883.

Em 1897, chefiou uma expedição que percorreu o vale do rio Turiaçu.

Foi presidente da Câmara Municipal e, em 1892, foi eleito vice-presidente do Maranhão, sendo reeleito para o quadriênio seguinte.

O Barão de Tromaí faleceu em 21 de Dezembro de 1906 deixando herdeiros.

2) Na segunda imagem: Aspecto da vila de São Francisco Xavier do Turiaçu.

DIOGO GUALHARDO NEVES

Raymundo José de Souza Gayoso (1747-1813) nasceu em Buenos Aires e viveu como lavrador de vastas terras e escravarias na ribeira do Itapecuru. Sua opus magna é o “Compêdio histórico-político dos princípios da lavoura do Maranhão”, livro muito utilizado por historiadores que pesquisam sobre a economia maranhense na passagem do século XVIII ao XIX. A imagem de Gayoso foi apresentada como “inédita”, em artigo de Olavo Correia Lima. Trata-se de um óleo sobre tela existente no Arquivo Público do Piauí. O artigo foi publicado pela Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, dirigida pelo escritor Ruben Almeida, em 1953.

RAYMUNDO JOSÉ DE SOUZA GAYOSO

PADRE ADHERBAL GOMES DE CASTRO - O FAZEDOR DE MENINOS

KENARD KRUEL FAGUNDES

Na antiga Vila de Tutóia, distante 12 km da sede atual - Tutóia Nova, está localizada a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, de estilo barroco, pertencente à Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, promovida a esta condição pela Resolução Régia de 18 de junho de 1757.

A Igreja teve a edificação, no século XVII, coordenada por padres da Companhia de Jesus, com trabalho dos índios Teremembés e dos negros. Está entre as mais antigas igrejas do Maranhão. Tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Estado.

Nos registros também aparece como um dos primeiros vigários o padre João Ribeiro Soares, que já residia na Missão da antiga cidade.

Depois, tivemos o padre João Tavares*, nascido no Rio de Janeiro, a 27 de setembro 1679. Veio para cá, com ajuda da Coroa para pacificar os nativos Teremembés oriundos do Ceará. “Quando chegou, orientou o índio Morubixaba a requerer, junto ao Rei de Portugal dom João V, a primeira gleba de Terra, em Tutóia, que se chamou Mayrim, onde se

instalou a aldeia, depois transformada em missão, por ele, padre João Tavares”, informa o jornalista Elivaldo Ramos.

Em seguida, chegou o padre Lino Antônio Pereira de Sampaio, autorizado pela freguesia de Brejo, em 1815, a fazer pequenas restaurações na igreja, que apresentava problemas na estrutura física, mesmo tendo paredes em estilo rústico, feitas de “pedra e cal”, com espessuras bem largas.

Outros padres que passaram por lá: José Luís, João Ferreira, Luís Barreto e José Dias Seabra, que foram tutores por vários anos dos índios Teremembés, intermediando a conquista dos bens (terra e gado), os quais foram depois possuídos por eles clandestinamente.

Na Igreja existia uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, trazida de Portugal, com destaque para a linda coroa de ouro. Tentaram roubá-la. Os fiéis, temerosos de uma nova investida, a tiraram do altar-mor, que ficou vazio por anos, até que, no lugar, colocaram a imagem de uma Nossa Senhora da Conceição mais simples.

O padre Hélio Maranhão quis mandar restaurar a imagem original, desfigurada pelo tempo, mas os moradores não deixaram, temendo que ela fosse furtada. Bem, mais eu queria concluir este textim falando do padre Adherbal Gomes de Castro, um dos que passaram mais tempo atuando na Paróquia de Nossa Senhora da Conceição ( anos de 1908, de 1923 a 1933 e 1938).

Esta semana, recebi, como hóspedes na Pousada Kruel, os amigos Ozias Correia (da Parnaíba) e Mara Correia (de Piripiri). Ele, funcionário público estadual (escrivão de polícia). Ela, enfermeira, doutora (aposentada), professora e escritora. Ambos residente em Rondônia. Fomos ao Solar dos Santos, no Quilombo Itaperinha, no Povoado do mesmo nome, distante da sede Tutoia 12 km. Um lugar lindo, divino, maravilhoso. Ao passarmos por Tutoia Velha, a Dra. Mara Correia viu a Igreja de Nossa Senhora da Conceição e mostrou interesse em conhecê-la e fotografá-la. O nosso motorista, o gentil barriga branca Ozias Correia, parou o potente carrão, e fomos à missão. De tudo, o mais interessante foi ver, no centro da igreja, o túmulo do padre Adherbal Gomes de Castro. E saber um pouco da história dele, contada por uma senhora, tronco velho, que o conheceu: "Este padre não era gente, tanto rezava missa, realizava desobriga quanto fazia filhos. A povoação de Tutoia Velha muito deve a ele em crescimento. Eu mesmo, de quando em vez, me pego a desconfiar de que sou filha do padre. Todos que o conheceram dizem que eu sou a cara dele. Deus o tenha em bom lugar".

* Padre João Tavares ingressou na Companhia de Jesus, a 11 de junho de 1697. Foi missionário 12 anos. Mestre em Filosofia e Teologia, lecionou Gramática, Filosofia e Teologia. Foi vice-reitor do Colégio do Maranhão. Faleceu, aos 64 anos de idade, a 27 de setembro de 1743, sem ver o templo construído.

CARTA GERAL DA PROVÍNCIA DO MARANHÃO

- dividida em 8 comarcas (1838).

Note, à esquerda, o Vale do Rio Itapecuru e, à direita, o Vale do Rio Periá e seus respectivos afluentes.

Na Ribeira do Itapecuru aparecem antigas propriedades rurais de antigas famílias como os Gromwell, os Belfort, os Gomes de Souza, etc. Muitas dessas propriedades, hoje em dia, transformaram-se em povoados ou bairros.

Em destaque, o município de Icatu, o 2° mais antigo do Maranhão.

Uma das curiosidades fica por conta do povoado São Simão, pertencente ao município de Rosário-MA. Seu nome primitivo era "Pai Simão".

Outra curiosidade fica por conta da designação primitiva da atual cidade de Morros. Seu nome original era "Mouros".

Fonte: Arquivo TJMA

FORTE DO SÃO FRANCISCO É O ANTIGO FORTE SARDINHA

Resolvi postar aqui para as informações ficarem para a posteridade. Anotações do Noberto:

1 - o Forte do São Francisco é o antigo Forte Sardinha, dos franceses, levantado, provavelmente, no final dos anos mil e quinhentos põe Charles des Vaux e seus aliados;

2 - Foi neste Forte que Daniel de La Touche de la Ravardière se rendeu no dia 4 de novembro de 1615 a Alexandre de Moura;

3 - A época dos franceses era de taipa de pilão e guarnecido com três ou quatro peças de artlharia;

4 - Este Forte tinha a função de proteger a entrada da Ilha, especialmente a aldeia de Uçaguaba / Miganville (atual

5 - o Forte foi edificado pelos franceses em local estratégico, em um promontório, em uma ilha (é verdade, o São Francisco era uma Ilha até 1970, quando foi construída a

avenida Colares Moreira. que separou o mangue e lagoa da Jansen do mangue do Jaracati), onde hoje está o Armazém Paraiba, Shopping Monumental, etc.;

6 - Charles des Vaux também participou da escolha do local onde seria edificado o Forte do Presépio de N S de Belém, marco inicial do Pará. E note a coincidência do local escolhido para a edificação do Forte, um promontório, com vários igarapés ao fundo, quase formando uma Ilha;

7 - Descobri o local onde existiu o Forte Sardinha a partir de um pedido do amigo e acadêmico Sálvio Dino, que me relatou uma missão dada pelo professor, historiador e escritor Rubem Almeida, que em 1964, quando da visita do Embaixador da França no Brasil, em frente a estátua de Daniel de la Touche, na Praça Pedro II, os alunos e exalunos de Almeida foram instados a pesquisar onde existiu o Forte Sardinha, pois ali era importante levantar um monumento que mostrasse que naquele local São Luís passou de mãos francesas para mãos portuguesas. Os destinos da América do Sul foram selados naquele local.

8 - no dia da capitulação de La Touche, o nome do Forte foi rebatizado de Fortaleza do Sardinha para Forte do São Francisco, que deu nome ao importante e tradicional bairro de São Luís.

Mas vamos ao texto sobre a foto capturada das ruínas do Forte de São Francisco, imagem onde aparece o magnifico historiador Raimundo Lopes.

Raimundo Lopes nas Ruínas do Forte de São Francisco, Ponta de São Francisco, Ano de 1939

Essa bela fotografia foi feita pelo fotógrafo Clodomir Pantoja, proprietário da famosa Foto Londres. Clodomir Pantoja registra o geógrafo vianense Raimundo Lopes(1894-1941) posando nas ruínas do Forte São Francisco, em 1939. No fundo da fotografia, podemos ver a vista da cidade velha de São Luís do Maranhão. Provavelmente, o Raimundo Lopes deve ter contratado o Clodomir Pantoja de freelancer para fazer serviço de fotografia em pesquisas de campo.

Raimundo Lopes era um intelectual membro do AML, IHGM e era conhecido nacionalmente pelo seu trabalho no Museu Nacional nas áreas que envolvem Naturalismo, Geografia, Etnolografia, Arqueologia e Antropologia.

O intelectual de Viana fez parte do IPHAN, foi importantissimo no levantamento e tombamento de bens do Maranhão. Sob a sua orientação, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) fez o primeiro tombamento nacional no Maranhão. Trata-se do sítio arqueológico sambaqui do Pindaí, em 1939. Mas o trabalhou não parou só no Sambaqui do Pindaí, há registros que o Raimundo Lopes penetrou outros lugares da nossa ilha para fazer levantamentos e tombamentos de bens históricos para o Maranhão, mas pena que foi efêmero, pois dois anos depois do Tombamento do Sambaqui do Pindaí, falece o Raimundo Lopes, em 1941.

- Arquivo Geral do IPHAN (@iphangovbr)

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