REVISTA DO LÉO 96 - ABRIL DE 2024

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REVISTA DO LÉO

REVISTA LAZEIRENTA
NÚMERO 96 – ABRIL – 2024 MIGANVILLE – MARANHA-Y “águas revoltas que correm contra a corrente”
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - EDITOR – Prefixo 917536

A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.

REVISTA DO LÉO REVISTA LAZEIRENTA Revista

eletrônica

EDITOR

Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com

Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luís – Maranhão (98) 3236-2076

98 9 8328 2575

CHANCELA

Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); Titular da FEI (1977/1979); Titular da FESM/UEMA (1979/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF-MA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 20 livros e capítulos de livros publicados, e mais de 430 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Academia Poética Brasileira; Sócio correspondente da UBE-RJ; Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luís (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Prêmio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Prêmio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; Editor da “ALL em Revista”, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras; Editor das “Revista do Léo”, “Maranha-y”, e “Ludovicus”; Condutor da Tocha Olímpica –Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.

EXPEDIENTE
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

UM PAPO

Como diz o ManoPereira: por que só morre gente do nosso lado? Oscarzinho foi meu professor de Basquete, na Escola de Educação Física e Desportos do Paraná – hoje, UFPR -; como jogava... Montada a equipe de Basquete do Duque de Caxias, eu como técnico e jogador... foi meu adversário, pois dirigia a equipe do Clube Curitibano... Descanse em Paz, meu Mestre...

OSCAR DIAS PIMPÃO, nascido no 26 /03/ 1933 em Guarapuava, Paraná foi Professor de Educação Física formado pela antiga Escola de Educação Física e Desportos do Paraná – hoje, UFPR - com mestrado na área da educação esportiva. A história de Oscarzinho se confunde com o basquete do Paraná!

Começou com o basquete aos 14 anos no Colégio Estadual do Paraná, incentivado do professor Hamilton Saporski que, vendo o seu potencial, o convidou para fazer parte de um grupo de jovens no Clube Atlético Ferroviário. Neste grupo, por sinal também estavam os senhores Hélcio Borel de Vernay, Dorcel Pisatto e Fernando Bianco que, juntos, foram tricampeões juvenis da cidade de Curitiba. Logo após desta participação de destaque, ele foi convidado para jogar no Clube Curitibano no qual foi campeão metropolitano por 12 anos consecutivos. A grande influência na sua carreira, foi sem dúvida, a do seu professor Hamilton do Colégio Estadual do Paraná, que o levou também a estudar educação física na universidade federal. Depois da carreira vitoriosa como jogador o Oscar ingressou na carreira de técnico de basquete sendo técnico das seleções juvenil masculina, universitária, feminina paranaense por muitos anos.

JOGOS ABERTOS DO PARANÁ – JAPs

O seu Oscar Pimpão foi idealizador e criador dos JAPs (Jogos Abertos do Paraná) juntamente com o senhor Raynaldo Ramon. Neste período, a cidade de Londrina já participava dos Jogos Abertos do Interior, no Estado de São Paulo. O professor Reynaldo e Oscar viram a possibilidade de fazer uma competição que pudesse unir todo o Paraná, assim nasceu os jogos Abertos do Paraná com o apoio da LEAL(Liga Esportiva e Atlética de Londrina).

Formador de cidadãos

O professor Oscar nos passou que a sua maior alegria foi a de formar atletas e cidadãos de bem para nossa sociedade.

Momento especial

Perguntamos a ele qual foi a história mais marcante como jogador e a que ele se lembrou foi uma cesta em um campeonato master em Maceió em que faltavam alguns segundos e o seu time

estava um ponto atrás, então ele recebeu a bola no meio de campo e de lavadeira fez a cesta da vitória. Foi uma festa geral no ginásio e todos bateram palmas!

Sua inspiração nas quadras

Perguntamos também para seu Oscar qual foi o atleta que ele se espelhou como jogador e ele nos disse sem titubear, Mayr Facci. Para ele, a seleção paranaense da qual ele participou com Schaia, Monta e Mayr, Barros Junior, Zanetti, Barrinhos foi inesquecível.

Oscar Pimpão jogou cinco masters mundiais de basquete e foi vice campeão em quatro delas. Além do Basquete, praticava e foi professor de Voleibol; e ultimamente, dedicava-se ao Tênis, representando o Paraná em vários torneios de veteranos mundo afora.

UM POUCO DA HISTÓRIA DO BASQUETEBOL NO PARANÁ

Manuel Sérgio Vieira e Cunha, nascido em Lisboa, Portugal, em 20 de abril de 1933, é um filósofo, professor, educador, ativista e político português1. Ele é casado com Maria Helena Cabrita e Cunha1.

Ele é licenciado em Filosofia pela Universidade de Lisboa e Doutor e Professor Agregado em Motricidade Humana pela Universidade Técnica de Lisboa1. A sua tese de doutoramento, intitulada “Para uma Epistemologia da Motricidade Humana”, defende a existência da ciência da motricidade humana, de que a educação física é a pré-ciência1

Manuel Sérgio é autor e co-autor de 37 livros e de inúmeros artigos, em revistas nacionais e internacionais1 Ele é professor catedrático convidado aposentado da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa1 Foi professor catedrático da Universidade Fernando Pessoa e do Instituto Universitário da Maia1.

Ele também foi presidente da Assembleia Geral do Clube de Futebol Os Belenenses e vice-presidente da Direção desse mesmo Clube1. Além disso, foi presidente da Assembleia Geral da Associação de Basquetebol de Lisboa e presidente do Conselho Fiscal da Associação de Andebol de Lisboa1

é conhecido por suas contribuições significativas para a filosofia da motricidade humana. Aqui estão algumas de suas principais ideias filosóficas:

Ciência da Motricidade Humana: Manuel Sérgio desenvolveu a tese da existência da ciência da motricidade humana, da qual a educação física, enquanto macro-conceito, é a pré-ciência1. Ele defende que a motricidade humana é um campo de estudo científico legítimo1.

Fenomenologia e Hermenêutica: As escolas filosóficas da fenomenologia e da hermenêutica são as bases do seu pensamento sobre a motricidade humana1. Ele acredita que essas abordagens fornecem uma compreensão mais profunda e holística do movimento humano1.

Pensamento Humanista Cristão: O pensamento humanista cristão influencia fortemente a filosofia de Manuel Sérgio2. Ele acredita que a complexidade humana é refletida e influenciada por esse pensamento2

Desporto e Paz: Manuel Sérgio afirma que o desporto é uma atividade que requer diálogo e paz3. Ele vê o desporto como uma ferramenta para promover a compreensão mútua e a harmonia3

Estas são apenas algumas das principais ideias filosóficas de Manuel Sérgio. Ele é um pensador prolífico e suas ideias abrangem uma ampla gama de tópicos dentro e fora do campo da motricidade humana.

Manuel Sérgio aplica suas ideias filosóficas na educação física de várias maneiras:

Ciência da Motricidade Humana: Ele propõe que a educação física seja vista como uma pré-ciência da motricidade humana12. Isso significa que a educação física deve se concentrar não apenas no desenvolvimento físico, mas também no desenvolvimento cognitivo, emocional e social dos indivíduos.

Pensamento Crítico: Manuel Sérgio enfatiza a importância do pensamento crítico na educação física3. Ele acredita que os alunos devem ser encorajados a pensar de forma radical, rigorosa e sistemática3.

Abordagem Fenomenológica e Hermenêutica: Ele aplica essas abordagens filosóficas para entender o movimento humano em um contexto mais amplo2. Isso ajuda a entender o significado do movimento para o indivíduo e a sociedade.

Desporto e Paz: Ele vê o desporto como uma ferramenta para promover a paz e a compreensão mútua4. Isso é aplicado na educação física através da promoção do fair play e do respeito mútuo.

Estas são apenas algumas das maneiras como Manuel Sérgio aplica suas ideias filosóficas na educação física. Sua influência pode ser vista em muitos aspectos da educação física, tanto em Portugal como em outros países12

as ideias filosóficas de Manuel Sérgio são aplicadas em vários outros campos além da educação física. Aqui estão alguns exemplos:

Educação Motora: Manuel Sérgio defende a Teoria da Motricidade Humana e acredita que a educação motora permite a transformação do homem tradicional para um Ser práxico que modifica a sua realidade1 Ele elenca categorias que dão a ela fundamentações teóricas e filosóficas enquanto novo paradigma epistêmico, sendo elas: a intencionalidade operante, a complexidade humana, o sentido e significado, o Ser-práxico e a transcendência1.

Epistemologia: As reflexões filosóficas de Manuel Sérgio relacionadas às questões epistemológicas têm influenciado o campo da educação física brasileira2. Ele contribuiu para o debate sobre a corporeidade na educação física, introduzindo uma nova perspectiva para pensar a educação física, os esportes e o lazer no Brasil3

Corporalidade e Subjetividade Humana: Manuel Sérgio contribuiu para o campo da educação física com a concepção de corporeidade/subjetividade humana3 Esta concepção é o resultado da articulação teórica dos conceitos de corporeidade/subjetividade do indivíduo e de subjetividade social3

Estes são apenas alguns exemplos de como as ideias filosóficas de Manuel Sérgio são aplicadas em outros campos além da educação física. Sua influência pode ser vista em muitos aspectos de diferentes áreas do conhecimento.

as ideias filosóficas de Manuel Sérgio são aplicadas em vários outros campos além da educação física. Aqui estão alguns exemplos:

Educação Motora: Manuel Sérgio defende a Teoria da Motricidade Humana e acredita que a educação motora permite a transformação do homem tradicional para um Ser práxico que modifica a sua realidade1 Ele elenca categorias que dão a ela fundamentações teóricas e filosóficas enquanto novo paradigma epistêmico, sendo elas: a intencionalidade operante, a complexidade humana, o sentido e significado, o Ser-práxico e a transcendência1.

Epistemologia: As reflexões filosóficas de Manuel Sérgio relacionadas às questões epistemológicas têm influenciado o campo da educação física brasileira2. Ele contribuiu para o debate sobre a corporeidade na educação física, introduzindo uma nova perspectiva para pensar a educação física, os esportes e o lazer no Brasil3.

Corporalidade e Subjetividade Humana: Manuel Sérgio contribuiu para o campo da educação física com a concepção de corporeidade/subjetividade humana3. Esta concepção é o resultado da articulação teórica dos conceitos de corporeidade/subjetividade do indivíduo e de subjetividade social3

Estes são apenas alguns exemplos de como as ideias filosóficas de Manuel Sérgio são aplicadas em outros campos além da educação física. Sua influência pode ser vista em muitos aspectos de diferentes áreas do conhecimento.

As teorias de Manuel Sérgio, embora influentes, também têm sido objeto de críticas em vários campos. Aqui estão alguns dos principais pontos de crítica:

Educação Física Tradicional: Manuel Sérgio é um crítico da educação física tradicional e refuta o paradigma dualista que se encontra presente no ensino da referida área1 No entanto, alguns argumentam que sua abordagem pode ser muito teórica e abstrata para ser aplicada na prática1.

Influência na Educação Física Colombiana: Embora o pensamento de Manuel Sérgio tenha influenciado a educação física na Colômbia, algumas críticas foram feitas às suas ideias2. O texto apresenta uma análise sobre a influência do pensamento de Manuel Sérgio na Educação Física colombiana e expõe algumas das críticas conferidas a estas ideias2.

Descentralização da Reflexão do Desporto: Manuel Sérgio “descentraliza” a reflexão do desporto do dualismo antropológico cartesiano, centrado na dimensão física e mecânica do homem, para defender um desporto com uma visão antropológica eclética3. No entanto, alguns podem argumentar que essa abordagem pode ser muito abstrata e difícil de implementar na prática3

Estes são apenas alguns exemplos de críticas às teorias de Manuel Sérgio. Como acontece com qualquer teoria, é importante lembrar que o debate e a crítica são partes essenciais do processo acadêmico.

NAVEGANDO COM

JORGE OLIMPIO BENTO

"As armas e os barões assinalados / Que da ocidental praia Lusitana / Por mares nunca de antes navegados / Passaram ainda além da Taprobana / Em perigos e guerras esforçados / Mais do que prometia a força humana / E entre gente remota edificaram / Novo Reino, que tanto sublimaram".

A consagração do direito a uma vida digna, realizada no caminho de perseguição da felicidade, implica a presença acrescida do desporto, a renovação das suas múltiplas práticas e do seu sentido.

Sendo a quantidade e qualidade do tempo dedicado ao cultivo do ócio criativo (do qual o desporto é parte) o padrão aferidor do estado de desenvolvimento da civilização e de uma sociedade, podemos afirmar, com base em dados objetivos, que nos encontramos numa era de acentuada regressão civilizacional. Este caminho, que leva ao abismo, tem que ser invertido urgentemente.

jorge-olimpio-bento.pdf (up.pt)

Jorge Olímpio Bento is a distinguished figure in the field of sports and academia. Born in 1946 in Bragança, Portugal, he has made significant contributions to education, physical activity, and sports. Here are some key points about his life and work:

1. Academic Career:

o Jorge Olímpio Bento holds a degree in Physical Education from the Instituto Nacional de Educação Física (INEF)

o He obtained his doctorate in 1982 from the Ernst-Moritz-Arndt-Universität Greifswald in Germany.

o Since May 1993, he has been a Professor Catedrático (Full Professor) at the Faculty of Sports Sciences and Physical Education at the University of Porto (U.Porto).

o During his tenure, he served as President of the Scientific Council from 1986 to 1996.

o Jorge Olímpio Bento played a crucial role in shaping the academic landscape at U.Porto.

2. Contributions and Honors:

o He was the first elected director of the Faculty of Sports Sciences and Physical Education (FADEUP) after the implementation of statutory changes in 2010

o Beyond academia, he served as President of the Superior Council of Sports of Portugal (2001-2002) and as a Councilor for Sports in the Municipal Council of Porto (1997-1999).

o In recognition of his outstanding service to sports and academia, the Portuguese Olympic Committee (COP) awarded him the National Olympic Order.

o He received honorary doctorates from the Federal University of Amazonas, Brazil (2007) and Kasetsart University, Bangkok, Thailand (2012)

3. Future Endeavors:

o Now that he has retired from teaching, Jorge Olímpio Bento plans to dedicate time to reading, writing, and perhaps even a trip to Brazil, a country to which he maintains strong emotional ties.

o His commitment to education and sports continues, as he remains an active citizen and advocate for the well-being of the academic community.

In summary, Jorge Olímpio Bento’s legacy extends far beyond Portugal, impacting both sports and education. His dedication to ethical and aesthetic values has left an indelible mark on the world of academia and physical activity.

Jorge Olímpio Bento

• 16.05.16

• Por Sara Henriques / FADEUP

Após 52 anos ao serviço da Universidade do Porto, Jorge Olímpio Bento encerrou no passado dia 25 de abril a sua carreira académica na Faculdade de Desporto (FADEUP).

Para trás ficam mais de cinco décadas de um percurso reconhecido em Portugal e além-fronteiras na defesa e promoção do desporto e da lusofonia. Para a frente, afirma “a disponibilidade em continuar a servir a minha Universidade e Faculdade em modalidades consentâneas com a nova situação”.

Licenciado em Educação Física pelo Instituto Nacional de Educação Física (INEF) e doutorado em 1982 na Ernst-Moritz-Arndt-Universität Greifswald (Alemanha), era, até à data da sua jubilação, Professor Catedrático da Faculdade de Desporto da U.Porto desde maio de 1993, tendo sido Presidente do Conselho Científico (1986-1996). Entre 1995 e 1998, assumiu o cargo de Pró-Reitor da Universidade do Porto.

Primeiro diretor da FADEUP eleito – em 2010 – após a entrada em vigor das alterações estatutárias impostas pelo Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior, Jorge Olímpio Bento desempenhou as funções de Presidente do Conselho Superior do Desporto de Portugal (2001-2002) e foi Vereador do Pelouro do Desporto da Câmara Municipal do Porto (1997-1999). Em 2007 e 2012 foi distinguido como Doutor Honoris Causa, respetivamente pela Universidade Federal do Amazonas, em Manaus (Brasil) e pela Kasetsart University, Bangkok (Tailândia). Recentemente, o Comité Olímpico de Portugal (COP) agraciou-o com a Ordem Olímpica Nacional, a mais alta distinção daquele organismo, em reconhecimento do “inestimável serviço prestado ao desporto nacional, ao movimento Olímpico e a Portugal”.

Quanto ao futuro, a ausência das salas de aula promete ser compensada com o tempo dedicado à leitura e à escrita, ou então numa viagem ao Brasil, país ao qual mantém uma forte ligação afetiva. Pelo meio, Jorge Olímpio Bento promete continuar a assumir as funções e deveres inerentes ao seu estatuto académico e ao “exercício da cidadania ativa”.

Naturalidade? Bragada, Bragança

Idade? 70 anos.

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

Da diversidade do seu objeto, expresso na existência de 14 Faculdades altamente prestigiadas.

De que menos gosta na Universidade do Porto?

Do decréscimo do sentido de comunidade, resultante do reformismo neoliberal que entrou nela.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

O cultivo da ética do cuidado da casa comum (bem-estar e relações entre docentes, funcionários não docentes e estudantes; preservação do seu património material e imaterial).

– Como prefere passar os tempos livres?

A ler e escrever.

– Um livro preferido?

São tantos os bons livros. Por exemplo, A Criação do Mundo, Miguel Torga, ou Levantado do Chão, de José Saramago

– Um disco/músico preferido?

Beethoven, na música clássica; Zeca Afonso, na música popular.

– Um prato preferido?

Todas as receitas de bacalhau confecionadas pela minha mulher ou filha.

– Um filme preferido?

“Música no Coração” (algo de que tanto precisamos nesta conjuntura).

– Uma viagem de sonho?

Todas as viagens efetuadas ao Brasil.

– Um objetivo de vida?

Viver com decência / não morrer na cobardia, juntamente com a realização pessoal da minha neta.

– Uma inspiração?

Padre António Vieira.

– Como vê o estado da Universidade?

Vejo a Universidade, em todo o mundo, mergulhada numa profunda crise de autonomia e independência, de identidade e consciencialização da sua missão. Está em risco a sua função de casa da espiritualidade, da erudição, do espírito crítico, da intelectualidade, da liberdade e da sabedoria. Ou seja, a Universidade não está a cumprir o papel de intermediação entre as fontes do saber e os cidadãos. Ademais deixou de chamar a si a apologia e a proclamação das grandes causas da Civilização, da Humanidade e da Sociedade. O lugar destas foi ocupado por uma novilíngua, por interesses e modismos impostos por forças externas, por amos e suseranos sem credibilidade ética e moral.

Acresce que o funcionamento da Universidade, a sua estrutura, o clima que nela reina, as relações que nela se cultivam, as condições laborais que ela promove não constituem uma referência inspiradora de outros setores nesta conjuntura tão carecida de renovação e revigoramento da cidadania e da democracia.

Até quando vai a Comunidade Académica continuar conformada ao atentado à sua dignidade e à subtração de direitos, de que foi alvo a partir da promulgação do RJIES – Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior, nomeadamente ao roubo do direito democrático de eleger o Reitor?

Isto, por si só, constitui uma enorme fonte de problemas, agravados ainda pela inaceitável sub-dotação orçamental, que impede a renovação do corpo de docentes e de funcionários não docentes, e obriga a Universidade a desdobrar-se numa multidão de tarefas. A entrega a estas não resolve a carência de recursos financeiros; porém, afasta-a do cumprimento da sua missão central. Não há regimes fundacionais que lhe valam; estes apenas servem para iludir os incautos!

Enquanto a Comunidade Académica (docentes, funcionários não docentes e estudantes) não acordar do estado de anestesia, em que se encontra mergulhada, a Universidade verá agravadas as circunstâncias da sua existência. Ninguém de fora virá em seu socorro. Prolongar a espera é entregar-se nos braços da fatalidade e do pessimismo.

jorge-olimpio-bento.pdf (up.pt)

Alastramento da solidão

“Cadaumnasua,ninguémnadeninguém.”

Estelemaorientahoje,manifestamente,atramadavidanascidadesenasinstituições.Oafastamento substituiorelacionamento.Osconvívioscaíramemdesuso;sãopoucoseapenasacontecem,forçados esemjúbilo,quandooreifazanos.Asvisitasrecíprocasàcasadosamigosdesapareceramdocenário; já só há memória e saudade delas e dos dias e noites em que eram habituais, com mesas postas de fartura de iguarias simples e de pão e vinho a rodos. Os próximos, íntimos e vizinhos quedam-se ausentes e calados no seu canto. As raríssimas exceções não passam disso. E assim definham a amizade e a solidariedade. A lugubridade instala-se paulatina e sorrateiramente e traz com ela uma

espera fúnebre pelo fim. Será avaliação exagerada? É notório que o ambiente fervilha de agitação e alarido.Mas,observandobem,veremosque,pordetrásdaberrantecortinadaaparência,seescondem velóriosdotempodeexaltaçãodaexistência compartilhada,dassuasalegrias, realizaçõese também dificuldades.Talvezistosejanostalgiaprópriadosquesealimentaramdautopiadeumahumanidade sustentadaporbraçoscúmplices.

Jorge Bento

“E começou o tempo da solidão.

Nos frescos pátios do palácio não penetraram mais os visitantes e a água correndo nos tanques deixou de acompanhar o leve rumor das conversas. Os parentes e os amigos desapareceram como que devorados pela penumbra e todas as coisas pareciam envolvidas em escândalo e terror.

Porém o tempo crescia.

E Gaspar escutava o crescer do tempo. A solidão criava em seu redor um transparente espaço de limpidez onde os instantes avançavam um por um e o universo inteiro parecia atento. O silêncio era como a mesma palavra inumeravelmente repetida.

E debruçado sobre o tempo, Gaspar pensava: 'O que pode crescer dentro do tempo senão a justiça?'

Ajoelhado no terraço, Gaspar olhava o céu da noite. Olhava a alta e vasta abóbada nocturna, escura e luminosa, que simultaneamente mostrava e escondia...”

Sophia de Mello Breyner, em “Os três Reis Magos”.

A propósito da pobreza

Umdia,nopasseiofronteiroaocampusdaFaculdade,encontreiumhomemdeitadonochãoeencostado ao gradeamento. O estado era deveras andrajoso. Fitei-o e prestei-lhe alguma ajuda; após isto entrei no edifício e fui lecionar uma aula. Vários estudantes, que tinham presenciado a cena de longe, pediram a palavra para elogiar a minha atitude. Disse-lhes que não era credor de enaltecimento, porquanto tinha feitoomínimoexigívelaumacriaturahumana.Aproveiteioensejoparatecerbrevesconsideraçõessobre as causas da pobreza e a obrigação cívica e ética de nos envolvermos com a sua erradicação. Vim mais tardea saberque osmesmosestudantespassaram a olhar-me desoslaioe a rotular-me pejorativamente de‘comunista’.Sorri.Éassazpequenoopreçoapagarporquemsepreocupacomobemcomum;grandeé aindigênciaintelectualdospobresdeespírito.

Contra a corrente:

verdade dura

Como afirmou Pablo Neruda, “es dura la verdad como un arado”. Sim, há verdades duras que, por isso mesmo,fendemedoemmuito;estaéumadelas.

Quando,nofechode1991,aURSSeoregimeditosocialistacaíram,oOcidenteficoupraticamentesozinho no tabuleiro da geopolítica global. Com o comando exclusivo da ordem mundial, teve a oportunidade de implementar uma política condizente com os princípios democráticos e republicanos, a toda a hora afirmadoseexibidosparamostrarasuasuperioridadehumanista,éticaemoral.Masnãoagiuassim;em nome do falso liberalismo patrocinou um sistema pérfido e totalitário de governo que colocou a maior parte da riqueza do mundo no bornal de uma minoria e gerou sociedades marcadas pelo crescendo da desigualdadeeinjustiça,pelosacrifíciodospobresepensionistas.Tudopodeserprivatizadoeentregueà obscenidadedosnegóciossujos;àexploraçãojunta-seopecadomaiordacorrupção.

Mais, o Ocidente não cuidou de sublimar os excessos do passado colonialista. Ao invés, tratou de impor novas, porém não menos agressivas, formas de colonização e predação. Para tanto não se coibiude usar padrões-duplos de conduta no relacionamento com os outros povos, de atiçar e fazer guerras e conflitos sangrentos e até de financiar a criação de grupos responsáveis por atentados terroristas em diversas partesdoglobo.

Enfim, a situação, que hoje temos diante dos olhos, comprova o falhanço da liderança da ordem internacional nas últimas três décadas. Em vez de liderar, o Ocidente foi buscar aos porões do tempo a máxima de ‘dividir para reinar’ e reeditou o pior do seu currículo. Para cúmulo, recusa-se a abrir mão deste papel, deseja manter o baralho todo só para si e abespinha-se com o facto do dito Sul Global não querermaissertratadocomovassaloeexigirentrarnojogo.Oraistonãoélucidez;écegueiraprofunda.

Panfleto peçonhento

Os livros são instrumentais: a maioria lança pontes para transpor o fosso da ignorância, mas alguns encarnam o obscurantismo mais abjeto e vil. Inscreve-se no segundo caso o asqueroso panfleto hoje badaladonasredessociais.Assuaspáginasequivalemapedrasqueabrigamescorpiõeselacraus.Tenham cuidado com as criaturas: estão a sair à luz do dia e a exibir o ferrão com o seu peçonhento e mortífero veneno.

Desporto, brincar e jogar

Oexercíciodeaprimoramentodosconceitosnãoapenasfavoreceodesenvolvimentodointelectoealarga opensamento;tambémajudaacompreenderosfenómenoseaquiloqueelesencerram. Brincar e jogar são uma necessidade antropológica, logo universal e indispensável à vida em todas as idades, eras e lugares. Pode ser satisfeita por uma diversidade de atividades mutáveis no decurso dos tempos.Estamosfamiliarizadoscomasqueusamomovimentoeocorpo;mastambémashávirtuais,hoje bem manifestas e até inquietantes; umas e outras geram resultados conformes aos meios avocados para cumprirafunção.

As brincadeiras, adstritas ao panorama lúdico da minha infância, eram eminentemente corporais e motoras. Habitualmente são designadas por ‘jogos populares’. A designação não se afigura rigorosa, porquanto ‘jogo’ não é nome denenhuma atividade. Jogávamos ao pião, à bola, à cabra-cega, à macaca, à bilharda, à malha ou ao fito, às escondidas e por aí fora; não jogávamos ao ‘jogo’. Prefiro referir aquelas competiçõesdedestrezafísicaehabilidadescoordenativascomo‘desportospopulares’,nãotãocomplexos na estrutura de regras e exigências como as disciplinas codificadas na nomenclatura oficial do desporto. Este existe desde tempos imemoriais; o que se alterou e continuará a alterar, ao longo da caminhada civilizacional, são as formas e modelos da sua configuração e organização. Por exemplo, as corridas, as lutaseolançamentodoferro,darelhaoudocalhau,quesepraticavamnasaldeaisefeirasdoPortugalde antanho(ereuniammuitosespectadoresàvoltadoscompetidores),nãoerammenosdesportodoqueos embates realizados em Olímpia ou nos estádios hodiernos. Constituíam manifestações do agonismo e assumiamaessênciadacategoriaantropológicaínsitanofenómenodesportivo.

Tiremos as palas dos olhos: o desporto inclui o brincar e jogar, em associação com outras valências consagradaspelocontextosocioculturalemvigor.Assimfoinopassado,énopresenteeseránofuturo;o espíritoficcionaleinventivodoshumanosnãoacabaaqui.

Sociedades Anónimas Desportivas

Na altura em que foi anunciada a criação das SADs (Decreto-Lei 67/97, de 3 de abril), escrevia semanalmentenojornalABola.Aproveiteiaquelajanelaparamemanifestarcontraa‘inovação’.Vianelaa portaescancaradaàperversãoargentáriadodesporto,ouseja,àentregadesteaosubmundodosnegócios sujoseàderrocadadoassociativismogenuíno.Amaioriadossóciosnãosabia,quiçáaindanãosabe,que perderiaocontrolosobreoseuclube.

Umdia,oSecretáriodeEstadodoDesporto,oDr.MirandaCalha,encontrou-meetransmitiu-meaintenção damedida:pôrcobroaoqueaconteciapordebaixodopanoetornartransparenteaprestaçãodecontas. Retorqui-lhequehaviamelhoresmeiosderegulaçãoeiasucederocontrário:acorrupçãoaumentaria,um número crescente de tubarões introduzir-se-ia no universo desportivo e tudo redundaria no empobrecimento e na ruína dos clubes e do movimento associativo. Não ponho em causa a boa fé do governante de então; e também não quero armar-me em oráculo iluminado por um qualquer poder de adivinhação.Estavanacaraqueoventoneoliberalnãotrazianadadebom;vinhamacaminhooaumento dasfalcatruaseoenriquecimentodenãopoucosfigurões,àcustadadepredaçãodopatrimóniodosclubes. AgoraInêsémorta!

Política externa

Qual o sentido de nos metermos em guerras que não podemos vencer, e de anunciar ameaças e sanções quenãoconseguimoscumprir?Seoridículomatasse,ficávamossemalgunsgovernantes,chefesmilitares e comentadores da treta. Cuidam que pôr-se em bicos de pés e proferir faramalhas e bravatas banais assustaos‘adversários’eagradaaos‘aliados’quenostêmempoucaconta.Alémdenãoganharmosnada com a estultice ea genuflexão, perdemososcaminhosdahistória,ondefirmamosaidentidadeevocação universalista.Ficamosàderivanumpresentecegoquecavaaprópriasepultura.

Poucoapouco,erguem-seasbasesdomundomultipolar.Entreosprotagonistasdanovaordem,quevem aí,figuraumpaís(Brasil)geradopelanossaerrância.Porémadiplomacialusaalheia-sedodevir.Faltamlhe o golpe de asa e a visão dos cometimentos de outrora; e sobra a subserviência que aprisiona na apagadaeviltristeza,aquieagora.

No tempo da ditadura e hoje

Em 17 de abril de 1969, na sessão inaugural do edifício de Matemática da Universidade de Coimbra, o presidente da Associação Académica, Alberto Martins, ergueu-se no auditório, furou o protocolooficial e dirigiu-se subitamente ao Presidente da República, Américo Thomaz: “Em nome dos estudantes da UniversidadedeCoimbrapeçoaVossaExcelênciaparausardapalavra.”Obviamente,foiretiradoàforça da sala e preso, gerando uma onda de protestos por parte dos estudantes. A revolta destes agravou-se e resultounumagrevegeralcom85%deadesão,atalpontoqueogoverno,em6demaio,mandouencerrar auniversidade.Agrevemanteve-seatésetembro

Não obstante a repressão, muitos dos estudantes dos tempos negros da ditadura tinham os olhos incendiados de coragem, de causas e sonhos de liberdade; não aceitavam a tristeza do matadouro. Nos estudantesdehojeaquelebrilhopareceapagado.Estouconvencidodequenenhumagravoatentatórioda sua dignidade os levará a revoltar-se; basta ver o modo como aceitam as cangas do RJIES e do Conselho Geral.Maslevantar-se-iamempeso,seosfestejosda‘queimadasfitas’sofressemqualquerrestrição.

Hipocrisia e putrefação moral

Ocorpo,abocaeasmãostremem-mederevolta.Massintomedonopensamentoenaspalavras.Oimpério da hipocrisia e da putrefação moral tem polícias em toda a parte. Os seus altifalantes e pregadores, instaladosnosjornaisecanaisdetelevisão,criamumaondaderuídoefumoparaquenãosejamescutados os gemidos e vistos os milhares de cadáveres de crianças e mulheres. De dia o império lança alimentos sobre os campos das vítimas; à noite entrega bombas aos matadores. Compulsada a história da humanidade,nãosedescobrenelatãograndeexpoentedafalsidadeemaldade.

Consta que Nero incendiou Roma por capricho e para culpar os cristãos. O império de agora ateia no mundoofogodaguerraparaassustar,dividireroubarospovosemanterestessobasuapata.Deusfaz-se distraído,mascreionajustiçaeprovidênciadivinas;Eleestáadarinteirolivre-arbítrioaoscavaleirosdo apocalipse,paraquecavalguematodaabridaparaoabismodoestertor.ÓDeus,livrai-medelesedemim!

Orientação discursiva

Osnossospronunciamentosdevemassentarsemprenaconvicçãodequeseorientampeloserviçodobem comum, do correto e do justo; e não procurar, preferencialmente, afirmar o que é agradável, apelativo, popularegranjeiaoaplausofácil.AssimproclamouosábioimperadorMarcoAurélionolivro‘Meditações’. Omesmosussurraarazão,dequesomosdotadosefazemospoucouso.Éestequenosdiferenciadabesta; asuafaltadegrada-nos.

Viva São Jorge!

Hojeéodiadele,doguerreirodaluzedobemcontraastrevasdomal.Assuasarmasdefendem-nosdas falsidadesemanhasdosnossosinimigos.

Soldadoromanodealtapatente, foi martirizadonoanode303, notempodoimperadorDiocleciano, por protegeroscristãose seter convertidoao cristianismo. Naslutascom Castela era a sua imagemqueia à frentedastropasportuguesas.

Prostituição

Énecessárioprocederaumaredefinição.Aprostituiçãodeixoudeserprofissãodegentenecessitadae tornou-semododevidafaustosa.Assiméredutorchamar‘prostitutas’apenasàsmulheresquevendemo sexoparasobreviver;ficadeforagentequemataadecênciaparaacederaogalarimeenriquecer.Vários casos,ocorridosnosúltimosdiaseatinentesacandidaturasaoParlamentoEuropeu,justificama reformulaçãodoconceito.

Resumo do memorial de treinamento

Não descendo de possidentes. Da casa onde nasci só existem as paredes esborralhadas. A minha mãe sofreuparamepôrnomundo.Eramtemposdemíngua.Aprendialer,escrevereusarolápiseapenana escolaprimária,eamanobrarosacho,aenxadaeasguinchasnoamanhodaterraduraeinóspita.Conheci, assaz cedo, as pedras agudas, a chuva inclemente, o vento agreste, o sol escaldante, as trovoadas assustadoras.Andeicaminhosdeneve,geadaecalortórrido.Subiencostasíngremeseescuteiouivardos lobos. Ouvi histórias que metiam medo. Senti cagaço da noite, dos fantasmas e mortos, do homem do surrão e do bicho-papão. Vivi muitos funerais de meninos e meninas; morriam quando acabavam de nascer. Às costas transportei feixes e gabelas de guiços e lenha para acender a lareira e o forno onde se cozia o pão. Todos os dias foram de treino, labor e suor. Também recebi lições sobre crenças, milagres, sonhos e o céu estrelado. Tenho encaixilhado em moldura dourada o diploma do doutoramento nesta matéria;levo-ocomigoparatodaaparte.

Depois da infância, fui migrante. Percorri inúmeras etapas. Recordo bem como venci a maioria; não realizei sozinho as mais importantes. A dignidade definha fora do assumir da verdade. Conheço razoavelmente o mundo e o arco-íris dos seus habitantes. Neles floresce a bondade. Apenas cultivo preconceitonotocanteàmalvadezdareencarnaçãoatualdofascismo,nazismoecapitalismoselvagem,em mandantesepausmandados.

Nãoesqueçodondevenho,nemmudareidelado.Entendodetranscendência,deacasoepessoassofridas. SouDoutorHonorisCausanavidasólida;abjuroalíquida.Continuoatreinaraspalavras,paraquesejam vozlímpidaeluzclaradeabril.

Do acaso e do milagre

Há acasos que se assemelham a milagres, mesmo que a sua origem não pareça divina. Ou talvez seja, porquantoaprovidênciaexisteeestáderramadapelaterrainteira.

Na minha infância, em Bragada, só havia o ascensor da escola primária; este não levava longe. Havia igualmente o caminho para o ensino secundário, em Bragança, mas era inacessível à imensa maioria. Sabia-sedaexistênciadaUniversidadeemCoimbra,LisboaenoPorto,semfazerideiaaproximadadoque fosse tal instituição. Olho para trás e não consigo encontrar explicação para o chão andado e as metas alcançadas.Creio, pois,em acasose milagrese, sobretudo,em pessoasque secomprazem em dar a mão, sem colher vantagem do seu contributo para a edificação de vias de redenção e sublimação da vida dos outros. Nunca tive oportunidade de agradecer a todas, porém estão na memória e gratidão. Estão e estarão;nestamoradanãoháquartosparaalugaraoesquecimentoeàtraição.

COLUNA DO PRIMO

Por Prof. Ozinil Martins de Souza Escola Superior de Cerveja e Malte e Faculdade Épica Brusque, Santa Catarina, Brasil

Profissional de experiências diferentes e com vivência profunda nas áreas de Gestão de Pessoas e Educação. Movido a desafios e resultados tenho trabalhado em empresas que me ofereceram as condições para que a motivação me levasse a superar limites. Durante período de 7 anos trabalhei como consultor de empresas onde adquiri vivência em ramos diferentes de negócio, do comércio ao industrial. Em 2003 comecei a trabalhar como professor universitário vindo a exercer cargos de gestão como diretor de faculdade, próreitor de ensino presencial e reitor do Grupo Uniasselvi. Atualmente o desafio está no cargo que ocupo como Secretário de Educação de Indaial. Também executei trabalho em Cuba, onde atuei na implantação da área de Gestão de Pessoas na fábrica Brascuba Cigarrillos, subsidiária da Souza Cruz.

Velhas casas e suas memórias!

Sim! As casas, como nós, têm estórias! Elas são construídas para dar abrigo e servir de ponto de referência para os que nelas habitam; para elas, todos os dias, retornamos de nossos afazeres profissionaiseéondeencontramosorefúgioquenosacolheepermiteorestaurardeforçasparaodia seguinte.

Importantelembrarqueascasas,comonós,tambémenvelheceme,seussinaisdeenvelhecimentosão perceptíveis àqueles que vivememsensibilidade. De repente, oencanamento entope comouma veia de nosso sistema circulatório e, causa um transtorno temporário, pois até a chegada do médicoencanador,ficamosprivados dobemmaispreciosodomundoa quesódamosvalorquandofalta –a água.

Ou um curto-circuito deixa-nos no escuro como se nossos neurônios entrassem em colapso e nos tirassemdoaratéachegadadomédico-eletricistaquenosrestauraaenergia,iluminando,novamente, ointeriordenossacasa.Enfim,asanalogiasseriaminúmerasentreacasaenós,masoimportantesão asestóriasqueavelhacasaguardaemsuasmemórias.

Faço parte, nos três Estados do sul, de grupos que se dedicam a postar fotos e contar estórias de velhas casas. Há casas que resistem a ação do tempo há mais de um século. Imaginem se estas tivessemodomdafalaoquepoderiamnosrelatar.

Quantosnascimentosacasaassistiu?Quantoschoros,madrugadaafora,tirouatranquilidadedospais deixando-osemsobressaltosobreoqueaconteciacomacriança?Quantosmomentosdedespedidaa casa já assistiu? Despedidas de visitas, pois isto acontecia com frequência nos tempos idos e, despedidas definitivas daqueles que ali viviam. Quanto choro e quanto riso compõem a memória da casa!

Osalmoçosdedomingo, quando a famíliase reunia de formaobrigatória, paratrocarafetose contar asestóriasdasemanaesperando,éóbvio,ocafédatardequeseriacontinuadocomojogodevíspora ou qualquer outro entretenimento divertido, envolvendo a todos, pois isto dava sentido à vida; a proximidadedosquesesentiamfelizescomospequenosgestosdeafetodemonstrados. Ah!Comoébomtransitarpelopassado!Comoébomrecordarmomentosvividosequefaziamavida valerapena.Felizesaquelesquetêmoquerecordar,poisviveram!

Amizades se construíam para sempre. A futilidade não existia; o essencial era o ser e não o ter. Procure na sua lista de amigos, como sugere o cantor Oswaldo Montenegro e, veja quais você ainda contatacomfrequência.

Hoje vivemos tempos exponenciais onde o egoísmo e o individualismo norteia a sociedade. Mas, as casas e suas estórias serão eternas mesmo quando aqui não mais estivermos, pois sempre haverá alguémparalembrarumcausoacontecido.

Os antigos quintais e seu papel social!

A população cresceu, e os espaços foram urbanizados

Nostalgia é um sentimento que nos faz retornar ao passado e, quase sempre, nos traz uma noção de perda muito grande.Na coluna passada abordei as velhas casas e suas memórias e isto me trouxe a lembrançadosjardinsedosimensosquintaisemqueéramosfelizessemnecessidadedesairdecasa.

Extensão da casa o quintal nos ofereciaquase tudo que era necessário àvida; a horta nos fornecia o trivial para uma alimentação saudável, sem agrotóxico e,nenhum aditivo químico. Era mantida pelo povo da casa que se preocupava em realizar as ações que a manteriam limpa e saudável, sem infestação deinsetos ouervas daninhas. Delaprovinha aalface, couve, repolho, couve-flor, beterraba alémdetodosostemperosverdesquecompletavamasnecessidadesfamiliares.

Com o passar do tempo e a aceleração do ritmo da vida fomos convencidos que, mesmo com a existência de espaço para teruma horta, era muito melhor comprar estes produtos nos supermercados da vida. Produtos sempre a disposição, em quantidade e muito bem apresentados, alguns vinham envolvidos em embalagens que convidavam o comprador acolocá-los no carrinho de compras.

Ninguém se importava com a procedência e com os insumos utilizados para sua produção. Entre o fazeremcasaecompraropronto,venceuocomodismo.Mesmofamíliasmaiscarentes,quepoderiam reduzirseucustoalimentarproduzindoemcasa,optaramporcomprarnossupermercados.

O mesmo aconteceu com o pomar. Às casas de antigamente, com grandes terrenos,a existência do pomar era uma exigência básica. Enquanto criança, asfrutaseramquase sempre, colhidas em casa e, comoeu,milharesdecriançassupriamsuasnecessidadessemsairdoquintal.Abacate,maçã,mamão, limão, pera,e,omaiormotivo de orgulhooparreiral quenosabastecia de uvas equenospropiciava osencontrosfamiliaresdebaixodesuassombrasamigaseconfidentes.

As frutas e hortaliças que não eram produzidasem casaeram obtidas com os vizinhos que estavam, sempre,dispostosaservireaserservidos.Ah!Importantelembrarquenosquintaisdeantigamente sempre tinha espaçopara um galinheiro quesupria as famílias comcarne de qualidade e baixíssimo custo.

Mas,a populaçãocresceu, osespaçosforamurbanizados,osterrenosforamdiminuindo de tamanho, as casas se verticalizaram e os espaços foram sumindo e, assim, o modelo de vida em que nós, os experientesdehoje,fomoscriadosficounopassadoenamemóriaqueesperorevitalizarnaquelesque leremasimplóriacoluna.

A vida é este moto-contínuo que tritura tudo que um dia nos trouxe felicidade e nos permitiu acumular estórias. Nunca, em qualquer época da humanidade, tivemos tanta evolução tecnológica e estivemostãosósapontodetransformar,emmelhoramigo,otelefonecelulareasmídiassociais.

NaEuropadesdeoséculoXIXashortascomunitáriasexistemesupremanecessidadedaspessoas.Em Paris(2020)foicolocadaadisposiçãodopovoamaiorhortacomunitáriadaEuropa.Sãoorganizadas e administradas pelas prefeituraslocais. Em Florianópolis existe o CultivaFloripaque ajuda na organizaçãoenaentregadeinsumosaosinteressadosemmanterhortascomunitárias.

Comaaproximaçãodaseleiçõespergunteaoscandidatosdesuacidadeoqueachamdaideiaecomo fariamparaoperacionalizá-las.Tãosimplesquantoeficazaideiamereceprosperar!

Eleições 2024 – Questões para reflexão!

Esta coluna, pretensiosamente, permite-se fazer algumas sugestões

Comaaproximaçãodaseleiçõesparaprefeitosevereadoresousoofereceralgunstemasquedeveriam sercolocadosemdiscussãocomapopulaçãoqueoselegerá.Esquecendoosvotosquesãodadospor amizade, por atendimento a favores, por dívidas pessoais antigas e sem falar na compra de votos, é possívelelegerpessoascomprometidascomasociedadeesuasnecessidades. Muitoscandidatos o serão por pressão dos partidos, para atingircotas ou, simplesmente,para fazer número. Não têm pauta e não conhecem os problemas e suas possíveis soluções. Esta coluna, pretensiosamente,permite-sefazeralgumassugestões.Vamosaelas:

Fato –Envelhecimento da população:é de conhecimento de todos que o mundo envelhece rapidamente, Brasil incluído.Qual sua proposta em relação aos serviços que são prestados a esta parte da população? Quais as mudanças físicas que serão necessárias nas cidades para atender as necessidades geradas pelo envelhecimento? E, como ficará o sistema de aposentadoria dos funcionáriospúblicosdasuacidade?Estudarestetemaeapresentarpropostasépapeldavereançae dosnovosgestoresmunicipais;

Fato–MobilidadeUrbana:seoproblemajáégraveatualmenteimaginecomoficarádeoraemdiante com o aumento da circulaçãode veículos. Que tal pensar em ruas de mão única, criação de ciclovias, sistemas exclusivos para ônibus, proibição do trânsito de veículos pesados na área central das cidades,criaçãodeportossecos,bolsõesparaestacionamentosdecarrosnasáreascentraisecriação deruasexclusivasparapedestres.

Fato–DesenvolvimentoEconômico:JuntocomaEducaçãoestaáreaédevitalimportânciaetemque ser ocupada porprofissional com visão de futuro e extremamente habilitado. As questões que se apresentam no momento são: desenvolver áreas com agregação de alta tecnologia,incentivar o empreendedorismocomoformadegeraçãodeempregosdealtovaloragregado,desenvolverpolíticas para incentivar o turismo e com isto treinar pessoas para o domínio de idiomas e, não esquecer o turismo de aventura. Importante perguntar-se quais são as vantagens competitivas oferecidas pelo município,poisistopermitirásaberqueempresasatrair.

Fato –Desenvolvimento Sustentável:Não é mais possível continuar destruindo a natureza em nome de falso progresso.Pensar em crescer é fundamental mas,respeitando a natureza. Para isto há perguntas a serem respondidas: Onde estão os mananciais d’água do município? Estão mapeados e preservados?Oqueomunicípiotemfeitonosentidodeconscientizarosusuáriossobreaimportância da água? Os rios que nos servem estão sendopreservados? E nosso lixo? É lixo ou fonte de riqueza? Lixo reciclável é viável? Como fazer para colocá-loem operação? E, o saneamento básico cobre quantosporcentodesuacidade?

Enquanto trabalhei em Brusque (2009 a 2011) naUniasselvi/Assevimparticipamos de um grupo que criou o Planeja Brusque 2040. Era um projeto ambicioso que pretendia se antecipar aos futuros problemas. Acidade comprou a ideia e o projeto discutiu e propôs uma série de mudanças. Infelizmente a política se sobrepôs e o projeto não teve continuidade, masnorteou e conscientizou sobreofuturodacidade.

Importante que os novos prefeitos e vereadores saibam que é possível prever e planejar o futuro de suas cidades. Outros temas importantes serão abordados em continuação na próxima coluna.É só uma simples contribuição, poiscomo dizia Sêneca, “não adianta vento a favor para quem não sabe aondevai!”

Eleições 2024 – Questões para reflexão –

Parte II

A cidade é do povo e deve ser planejada e pensada em função das facilidades que trará às pessoas

Na coluna anterior foram apresentadas sugestões aos candidatos aos cargos de vereador e prefeito era para que pensassem em propostas para as áreas que, a nosso ver, são prioritárias. Pela ordem: Envelhecimento da população, Mobilidade urbana, Desenvolvimento econômico e Desenvolvimento sustentável. Nesta coluna, abordaremos outros tópicos que entendemos devem ser discutidas com a comunidade de eleitores pelo menos para que se saiba qual o pensamento do candidato a respeito.

Importante salientar uma premissa que entendo como básica: a cidade é do povo e deve ser planejada e pensada em função das facilidades que trará às pessoas. Não se pode mais pensar as cidades como um ajuntamento de pessoas transformadas em míseros habitantes de um grande subúrbio abandonado à própria sorte. As cidades pequenas, com facilidades ainda de gestão e, que buscam o crescimento a qualquer preço, sofrerão as consequências pelo açodamento. É hora de pensar as cidades!

Fato 5 – Segurança Social: Importante que os candidatos exponham sua visão sobre as mudanças que afetam a humanidade e a insegurança gerada por estas mudanças. Há mais de 20 anos, escritores como John Naisbitt, Jeremy Rifkin e Willian Bridges, alertam o mundo sobre as mudanças no mercado de trabalho. O surgimento da Inteligência Artificial acelerou este processo de mecanização e robotização do trabalho. Quais suas propostas para esta área? Qual a vocação profissional de sua cidade? Está sendo explorada? Lembre-se que, segundo o IBGE, em 2050 a média de idade da população será de 46 anos. Como manter as pessoas ativas profissionalmente em razão das mudanças tecnológicas?

Fato 6 – Educação: este é o maior problema que o Brasil enfrentará nos próximos anos. A evasão escolar, no ensino médio e superior, representa um gargalo brutal para que se assimile o desenvolvimento tecnológico. É crescente o analfabetismo funcional; hoje somos 16 milhões de analfabetos e, em números cautelosos, 50 milhões de analfabetos funcionais. Quais são as propostas para a área da Educação no seu município? O que pode ser feito a nível municipal para melhorar a qualidade de ensino? E na área técnica o que pode ser feito?

Fato 7 – Saúde: o desenvolvimento tecnológico na área da saúde foi um dos mais fortes. A medicina evoluiu nos diagnósticos a partir dos equipamentos desenvolvidos. A inovação é uma constante, mas o custo sofreu um incremento considerável. Como garantir o acesso a pessoas de menor poder aquisitivo sem espera demasiada? Qual sua visão sobre medicina preventiva x medicina curativa? Será possível trabalhar regionalmente com hospitais municipais especializando-se em determinadas áreas e atendendo populações maiores e, com isto otimizar o uso dos caros equipamentos?

A história já nos tem ensinado, ao longo do tempo, que planejar é fundamental para a obtenção do sucesso. Não podemos ter em nossas Câmaras de Vereadores e Prefeituras pessoas bem intencionadas, mas que nada conheçam de gestão; saber administrar é pedra basilar para uma boa gestão. O futuro das cidades está nas mãos de seus eleitores!

dAS BARRANCAS DO TOCANTINS

ZECA

14/5/1958 - Xambioá, TO

Cantor. Compositor, Poeta.

Aos cinco anos de idade mudou-se com a família para a cidade de Imperatriz, no Maranhão, onde cursou o primário e o ginásio. Abandonou o antigo segundo grau no último ano. Autodidata, dedicou-se aos estudos das expressões culturais e literárias da região tocantina. Militou no jornalismo, mas abraçou como profissão a de cantor e compositor.

Tem se destacado como o mais autêntico e original poeta de sua região. Participa ativamente dos movimentos culturais de Imperatriz e regiões anexas. Em 1977, ingressou no movimento teatral de Imperatriz, inicialmente como ator e depois como autor e diretor de peças. Montou vários espetáculos teatrais e escreveu as peças “Imperatriz por um triz”, “Mistérios do bico”, “Amigo tem que ser amigo” e “Colhedor de sonhos”.

É membro fundador da Associação Artística de Imperatriz, do Grupo Teatral Darc e do Grêmio Recreativo Voluntários do Samba. Foi presidente do Sindicato dos Músicos da Região Tocantina. Participou de inúmeros festivais de música, sendo vencedor de alguns deles. Gravou o disco “Cio do homem”, com dez composições de sua autoria. Escreveu e publicou os livros de poesia “Calumbi”, “Moinho” e “Gotas de Sol”. Publicou ainda “Dez contos de Pulinário”, de contos.

É membro fundador da Academia Imperatrizense de Letras.

Zeca Tocantins - José Bonifácio Cezar Ribeiro

AS RUAS E OS RIOS

Lánostempospassadososrioseramasruasemantinhamumatrafegabilidadeintensa,asnaçõesviviam às margens destes e a comunicação/negociação se dava através deles. Essa história de descoberta todos nóssabemosqueé purabalela, centenasoutalvez milharesdenaçõesviviam nasAméricas,sendoquase todas destruídas pelo poder das armas portuguesas e espanholas. Rios de sangue correram deste gesto desumano,aganânciadosinvasoresproduziadesprezoaquemsecolocasseemseucaminho.

Essainvasãofoi precedidadeumaoutra,tãoterrívelquantaa primeira. A igreja católica, atravésdeseus sacerdotes, trouxe a estas terras um deus nunca visto, mas tão poderoso quanto as armas destrutivas conduzidaspelosinvasores.Foiassimqueosdeusesdestastantasculturasforamdestruídos.Umainvasão culturaldemolidora,arrastouaquelepovonadireçãodeumafénuncavivenciadaentreeles.Atémesmoos poderososromanosquandodominouomundopreservouorespeitoàsculturasdominadas.

Asruasvirandoriosécertamenteumavingançadanatureza,aliás,elasemprereageàsagressõessofridas.

O desmatamento praticado nos meios urbanos somados à plastificação do terreno através das camadas asfálticas, impedindo a água de penetrar o solo, tem produzido verdadeiras catástrofes nas grandes cidades.Talvezaságuastenhamumamemóriabemmelhorqueanossa,elasnãoesquecemoseucaminho. Ecarregamemsuasenchentestudoqueinsisteemimpedirseupercurso.Infelizmente,alémdosprejuízos materiais,muitasvidassevãonasenxurradas.

Todos estes fins apontam para um novo começo: é preciso que haja entendimento entre o homem e a natureza.Esseembatenãopodepermanecer,faz-senecessárioqueseencontreopontodeequilíbrioeque essaconvivênciasejapacífica.Aganânciahumanapoderápagarumpreçomuitoaltopelasuanegligência, anaturezatemsofridodanosquepoderiamserevitados.Ohomemprecisasevercomoapróprianatureza, um ser pertencente à família das árvores, dos bichos e das águas. Assim, quem sabe, podemos até não evitarofimdomundoqueasreligiõestantoalmejam,maspodemosadiarporumbomtempo.ZT

O QUE HÁ

PARA LER

https://www.revistafutebolestudado.com/revistas/revista25

ACONTECEU

NONATO REIS - A BOLA ENGANOU O GOLEIRO E TAMBÉM O FOTÓGRAFO

Nos anos da impressão a chumbo e também do off-set, as redações de jornal ficaram marcadas não apenas pelo clímax da notícia em ebulição, mas também pela gama de trapalhadas no exercício da profissão, algumas de natureza sui-generis. Eu me considero um privilegiado por ter convivido com as diversas etapas do processo tecnológico da imprensa e delas tirar o mínimo de aprendizado, que levarei comigo pelos anos afora.

Podia aqui relatar um sem-número de registros importantes, enaltecer a competência e a entrega de profissionais dedicados naquele que era, para além do saber acadêmico, o melhor laboratório de jornalismo. Porém, se havia acertos, e estes eram muitos, também havia deslizes – numa proporção menor, é claro – e eram esses “escorregões” do fazer jornalístico que descongestionavam o ambiente tóxico das redações, tornando-o mais respirável e até sedutor.

Como esquecer o dia em que Jacir Moraes – dono de O Debate -, levou um pito do seu revisor, Luiz Galinheiro, que o deixara patético? Era um sábado e, como se numa ação combinada, quase todos os repórteres faltaram ao serviço, o que deixara Jacir pela hora da morte. Jacir, conhecido pelo gênio forte e os modos rudes, decidiu que aquela falta coletiva não passaria impune. “Todos estão suspensos por sete dias!”, bradou no ápice da sua indignação.

Galinheiro, que mantinha o velho hábito de trazer um palito de fósforo entre os dentes, rechaçou. “Jacir, tu não tem moral para punir ninguém!”, e antes que Jacir reagisse, completou. “Tu contrata um bando de cacheceiros e quer cobrar responsabilidade deles? Tu mesmo foi expulso da polícia por indisciplina”. Ninguém conseguiu ficar sério, nem mesmo Jacir.

A fotografia, pela sua dinâmica e necessidade de sintonia com os fatos retratados nas matérias, era o setor que mais acumulava incidentes, alguns dos quais entrariam para o anedotário, pela capacidade dos fotógrafos de forjarem um álibi. Um desses registros envolveu Biné Moraes, no jornal Diário do Norte, quando do encalhe de um navio coreano, ao tentar navegar no canal que leva ao Porto do Itaqui. Hadad Neto, editor do jornal, queria uma cobertura memorável, com uma foto histórica, para ilustrar a primeira página. Biné, que não conseguira chegar próximo do navio, por falta de embarcação que o levasse até o local do encalhe, se virou como pôde. Da rampa do porto (que não dava a menor visibilidade para o navio) ajustou o zoom da câmera e disparou o gatilho da máquina. O máximo que conseguiu foi mostrar uma mancha (ilha oceânica), que se projetava à frente do navio, encobrindo-o completamente.

Quando Hadad olhou o material, levou um susto e cobrou explicação do subordinado. Disse:

- Ô Biné, cadê a foto do navio?

E Biné, todo solícito.

- Ta aí, Neto!

- Aí onde, que eu só vejo uma mancha escura?

E Biné, naquela sua inocência calculada:

- Tu não vê o navio porque essa mancha, que é uma ilha, está na frente dele. Mas o navio tá aí, eu garanto.

Outro caso digno das anedotas de Sérgio Porto aconteceu com o fotógrafo De Jesus, de O Estado do Maranhão. De Jesus formara dupla comigo de 91 a 93, quando passei por aquele jornal, e, de vez em quando, dava uma derrapada, que conseguia contornar com algum esforço de oratória.

Certo dia, um domingo de superclássico, Ribamr Corrêa, diretor de Redação, programara a capa do jornal, imaginando uma foto digna de primeira página, que retratasse, ou resumisse a história daquele jogo, que decidiria o título do campeonato maranhense, que o Moto acabou por conquistar, com um gol antológico, aos 37 minutos do segundo tempo.

O atacante do Moto, cujo nome não me recordo, pegou uma bola esticada na ponta direita; na velocidade, venceu dois jogadores contrários, invadiu a área, livrou-se dos dois zagueiros que correram em sua direção, e com um drible de corpo deslocou o goleiro para o canto direito, enquanto a bola "morria", mansamente, no fundo das redes, passando rente ao poste esquerdo.

De Jesus preparou o material e entregou a Corrêa, que com uma lupa examinava cada fotografia, para escolher aquela que estamparia a capa do jornal em tamanho de meia página. Depois de vasculhar tudo, chamou De Jesus às falas.

- Homem, cadê a foto do gol?

E De Jesus, entre rei pasmado e senhor de si, saiu-se com esta:

- Que foto, Corrêa, se nem o goleiro viu a bola?

A redação veio abaixo, e Corrêa, sempre zeloso com o fazer jornalístico, não conseguiu conter uma bela gargalhada.

São registros como esses que entram para a história, e ali se tornam imortais.

ReumatanxButazona

MEMÓRIA DO FUTEBOL JOGO DOS VETERANOS DE BARRA DO CORDA (MA)

Em1970,noestádioAriosvaldoCruz,naAltamira.

Osnomessereferemaremédiosquecombatiamreumautismohámaisde50anos.

Nafotodapartedecima:

Empé:

DocaFerreira,GalenoBrandes,AntônioBatucada,FerreirinhaeCleantes.

Agachados:AntônioQuirino,ValdirMota,BitaMilhomem,Ranulfo,RégisFalcãoeJoãoPedro.

Nafoto,partedebaixo:

Empé:

AntônioPreguim,ZéFerreira,JoãoMartins(DomRato),Moreno,DrAbreueFrazão; Agachados:

Macedo,ZéBarbosa,NonatoVinvim,BombardoeAntenor; SegundoGilbertoQueiroz,queassistiuapartida,oReumatanganhoudoButazonade1x0,golassinalado peloMacedo..

PELA HISTÓRIA BARRA-CORDENSE

Nadécadade60timefemininodevoleiboldeBDCeraumdosmelhoresdoMaranhão

UmtempodeouroparaovoleibolfemininodeBarradoCorda,duranteofinaldadécadade50aoiníciode 60doséculo20.

EmBarradoCordapraticava-semuitovoleibol.Aseleçãoeraquaseimbatível.

Nestafoto,doiníciodadécadade60,umdostimescomGracinhadoValdeco,DeltaMartins,Lurdinhado EduardodosCorreioseLeléSoares.

FotodoacervodeLeléSoares,queatualmentemoraemTaguatinga-DF

Brilhando Além das Fronteiras: Atletas Maranhenses Conquistam o Mundo

O Maranhão, conhecido por sua rica cultura e história, também é lar de atletas excepcionais que têm brilhado nacional e internacionalmente em seus respectivos esportes. Nesta matéria, destacaremos alguns desses talentos que conquistaram o mundo com suas habilidades, determinação e dedicação. Desde a skatista prodígio Rayssa Leal à talentosa jogadora de futebol Ary Borges, conheceremos a história de sucesso desses atletas maranhenses que se tornaram verdadeiras inspirações para milhares de pessoas.

A Fadinha do Skate

Nascida em Imperatriz, Rayssa Leal é uma das maiores revelações do skate mundial. Desde tenra idade, ela impressionou a todos com sua habilidade e paixão pelo esporte. Conquistou os corações do público brasileiro e do mundo ao ganhar a medalha de prata nos Jogos Olímpicos, tornando-se a atleta mais jovem a subir ao pódio no skate street feminino. Seu talento, carisma e dedicação têm inspirado uma nova geração de skatistas no Brasil.

A Craque do Futebol Feminino

Natural de São Luís, Ary Borges é uma das estrelas do futebol feminino brasileiro. Atuando como meio-campista, ela se destacou em clubes nacionais e internacionais, como o Santos Futebol

1. Rayssa Leal: 2. Ary Borges:

Clube e o Sporting de Lisboa, em Portugal. Com sua visão de jogo, técnica refinada e liderança em campo, Ary se tornou uma das referências do futebol feminino no Brasil e uma verdadeira embaixadora do esporte em seu estado natal.

Bruna Liotto é uma jovem tenista natural do Maranhão que vem ganhando destaque no cenário nacional do tênis. Com habilidades técnicas impressionantes e determinação, Bruna conquistou vários títulos em torneios juvenis brasileiros, demonstrando seu potencial para se tornar uma atleta de sucesso no esporte. Sua evolução e dedicação ao tênis têm inspirado outros jovens no estado a seguirem carreira no esporte.

Thalia e Thalita são duas irmãs que se destacam no rugby, nascidas em São Luís. Ambas têm se destacado em competições nacionais e internacionais, representando o Brasil em torneios importantes. Sua força, velocidade e paixão pelo esporte as tornaram referências no rugby feminino do Maranhão, inspirando outras mulheres a se envolverem nessa modalidade desafiadora.

3. Bruna Liotto: A Promessa do Tênis Maranhense 4. Thalia e Thalita: Dupla de Destaque no Rugby 5. Andriele Rocha: O Talento no Beach Soccer

Andriele Rocha é uma jogadora de beach soccer que nasceu em São Luís. Ela é uma das principais atletas da seleção brasileira de beach soccer feminino, contribuindo para a conquista de importantes títulos em competições internacionais. Sua habilidade com a bola e sua técnica refinada fazem dela uma figura importante no cenário do beach soccer no Brasil e no Maranhão.

Natural de São Luís, Iziane Castro é uma das maiores jogadoras de basquete do Brasil. Com uma carreira internacional notável, ela atuou em diversos clubes e ligas ao redor do mundo. Iziane também representou a seleção brasileira em várias edições dos Jogos Olímpicos e de campeonatos mundiais, demonstrando sua qualidade como cestinha e líder em quadra. Seu talento inspira jovens jogadoras de basquete no Maranhão e no país.

Ana Paula Rodrigues é uma talentosa jogadora de handebol nascida em São Luís. Ela já defendeu diversas equipes brasileiras e ganhou reconhecimento pelo seu desempenho em quadra. Ana Paula também integrou a seleção brasileira de handebol, sendo uma das referências no esporte no país. Sua habilidade técnica e dedicação são inspirações para as futuras gerações de atletas do handebol maranhense.

6. Iziane Castro: A Estrela do Basquete 7. Ana Paula Rodrigues: Habilidade e Garra no Handebol

O Jovem Talento do Futebol

Thiago Henrique Mendes Ribeiro é um jogador de futebol natural do Maranhão, conhecido por seu talento e habilidades no campo. Como um jovem atleta promissor, ele chamou a atenção em clubes de base e competições regionais antes de ser contratado por times profissionais. Sua versatilidade como meio-campista e a capacidade de marcar gols o destacaram no cenário do futebol brasileiro. Thiago Henrique é visto como uma grande promessa para o futuro do futebol do Maranhão e do Brasil, e sua carreira continua a ser acompanhada de perto por muitos fãs e entusiastas do esporte.

O “Codó” do Atletismo

José Carlos Moreira, mais conhecido como “Codó”, é um atleta brasileiro que brilhou na modalidade do atletismo, especificamente nas provas de corrida. Nascido em Codó, no Maranhão, ele representou o Brasil em diversas competições, incluindo os Jogos Olímpicos. Codó foi um dos principais nomes do atletismo brasileiro nas décadas de 90 e 2000, sendo reconhecido por sua velocidade e força em provas de velocidade e revezamento. Seu legado como atleta tem inspirado gerações futuras de corredores no Maranhão e no país.

8. Thiago Henrique Mendes Ribeiro: 9. José Carlos Moreira: Brasileiro 10. Bruno Lobo: Velejador

Bruno Lobo é um velejador maranhense que competiu na modalidade de Kit Surt (Windsurf) nos Jogos Pan-Americanos. Representando o Maranhão e o Brasil no evento, ele demonstrou seu talento e dedicação ao esporte, participando em uma competição de alto nível com os melhores atletas da região das Américas. Sua participação nos Jogos Pan-Americanos é uma conquista significativa e inspiradora para a comunidade esportiva maranhense e brasileira como um todo. Para mais informações atualizadas sobre suas conquistas e desempenho, é recomendado acompanhar notícias e fontes confiáveis de esportes náuticos e velejadores.

11. Kadu Pakinha: Surfista

Kadu Pakinha é um surfista maranhense que conquistou o título de bicampeão maranhense de surf, demonstrando seu talento, dedicação e paixão pelo esporte. Nascido e criado no litoral do Maranhão, Kadu desenvolveu uma afinidade natural com as ondas desde jovem. Sua determinação e esforço o levaram a brilhar nas competições locais, onde se destacou com um estilo único e habilidades excepcionais na prancha.

O Maranhão orgulha-se de ter produzido atletas de alto calibre que brilham em âmbito nacional e internacional. Da jovem skatista Rayssa Leal à experiente jogadora de futebol Ary Borges, esses talentos são verdadeiras referências e inspirações para toda uma geração de esportistas maranhenses. Seus feitos não apenas enchem de orgulho o estado, mas também demonstram que, com dedicação, talento e determinação, é possível conquistar o mundo e deixar um legado duradouro no universo esportivo. Que suas histórias sirvam como incentivo para os futuros atletas do Maranhão a perseguirem seus sonhos e alcançarem o sucesso em seus esportes.

QUECOMECEMOSJOGOS!

Achamaolímpicafoiacesanestaterça-feira(16),emumacerimônianoTemplodeHera,emOlímpia,palco dosJogosnaAntiguidade,naGrécia

Atochaolímpicainiciaagoraumrevezamentocontandocommaisde10milcondutoresatéiluminara piradosJogosdeParis,nacerimôniadeaberturadodia26dejulho. Ansiedadeamil!

O dia em que Prometeu roubou o fogo sagrado de Zeus

Diz o mito que Prometeu, um Titã, cansado da arrogância dos deuses resolveu roubar o fogo de Zeus para doá-lo aos humanos. Mais do que um comportamento indisciplinado, sua atitude buscava distribuir parte da consciência exclusiva dos deuses àqueles pobres mortais fadados a uma vida vil pela falta de entendimento profundo e integral das coisas do mundo. No fundo Prometeu sabia que a posse da chama e sua distribuição entre a humanidade representaria a iluminação daquela gente sem alma, inanimada, desanimada. O resultado dessa ousadia foi a perda do controle dos deuses sobre os humanos.

Talvez o que Prometeu não soubesse é que a conquista desse estado de consciência era um caminho sem volta. O passo seguinte seria sempre uma escolha, um posicionamento, mas jamais a ignorância, preenchida pela escuridão da inconsciência, que em alguns momentos da vida é como um bálsamo para curar a dor do infortúnio, das injustiças que o entendimento das coisas traz.

Prometeu foi e fez. Pagou com o preço da liberdade e da dor a sua atitude destemida permanecendo agrilhoado a um rochedo no Cáucaso pela eternidade. Diz o mito que seu fígado era devorado durante o dia pelos abutres e se regenerava durante a noite, provocando-lhe um sofrimento sem fim. Esse estado de coisas se alterou quando o centauro Quíron, mestre de heróis, usou sua vida de imortal, marcada pela dor eterna depois de ser ferido acidentalmente por uma flecha envenenada, pela do Titã indolente.

Negociar com Zeus essa troca não foi tarefa fácil, afinal insultar o maioral é afronta de morte para quem tem CPF e RG, mas para os imortais pode ser um problema sem fim. Assim foi. E a partir disso estamos eu, você que me lê, nós que refletimos aqui escrevendo e lendo essas arborescências diante do altar sagrado de Hera, em Olímpia, na Grécia, dia 21 de abril de 2016, esperando pelo ato mágico do acendimento da chama olímpica que dará início aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro nesse ano.

Claro que penso no fogo, em Prometeu e toda a simbologia da consciência, em um momento que avisto cordas, polícia e crachás anunciando o acesso restrito de poucos mortais à condição de divinos na partilha desse momento sagrado. E inevitavelmente surge a questão: por que tudo isso é restrito a tão poucos? E rapidamente a resposta me vem a mente: porque, lembrando Baudrillard, alguns tantos ao longo do último século tentaram transformar os Jogos Olímpicos em um simulacro. Deixe-me ser clara. Destituíram uma celebração sagrada de sua pregnância mítica para transforma-la em um produto altamente rentável e de fácil consumo seja no Oriente, seja no Ocidente, fato quase inédito em um mundo marcado pelas diferenças e exclusões, onde a intolerância promove o ódio e a aniquilação. Não foi a toa que Teodósio, mesmo tendo impedido os Jogos Olímpicos de sua continuidade por ser uma festa pagã no século III depois de Cristo, não alcançou seu intento ad eternum.

A pregnância mítica da celebração olímpica era mais forte do que a intolerância católica. Tanto foi assim que depois de 16 séculos tudo voltou ao seu devido lugar. Ou melhor, não ao mesmo lugar porque hoje, aqui sentada em uma rocha defronte às ruínas do Templo de Hera, tendo o crachá do Comitê Olímpico Grego como salvo conduto, condição conquistada não pela minha trajetória como pesquisadora olímpica no Brasil, mas por ser colaboradora da Academia Olímpica Internacional, percebo a intenção de Prometeu. Desejo nesse momento, do fundo do meu coração, ter ao meu lado todos aqueles atletas que me relataram a importância e o significado dos Jogos Olímpicos; dos meus alunos e parceiros do Grupo de Estudos Olímpicos da USP e outros colaboradores dos Estudos Olímpicos espalhados pelo Brasil e mundo afora e de tantos apreciadores dessa celebração que pudessem estar aqui, sob as oliveiras, esperando pelo momento mágico de assistir a transmutação de um raio de sol em fogo que animará os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

Vendo e sentindo a todas essas cenas percebo o que deveriam ser os Jogos na Antiguidade e também no princípio do Século XX quando Pierre de Coubertin tentou promover educação pelo esporte revestindo a competição de simbolismo, condição capaz de fazer aquele fenômeno se tornar universal. Ao longo das horas que permaneci sentada de frente ao Templo observei atônita a chegada do recipiente metálico onde o raio de sol seria capturado e congelei. Eu sabia que ali seria aceso o fogo e não ousei me aproximar daquele objeto sagrado. Naquele momento apenas os organizadores e a polícia estava no local. Passadas algumas horas um casal também perplexo diante do objeto teve a ousadia de se aproximar e tirar uma foto. Depois deles inúmeras pessoas encrachazadas passaram por ali. Passaram reto, prontos para o espetáculo da chama, poucos conhecedores do ritual. Passaram pelo recipiente como se fosse uma bacia de alumínio usada para preparar o almoço do dia, provando a condição de simulacro da celebração. Aquele momento tinha tudo para ser um show e não a celebração revivida do passado. Felizmente, muitos gregos e alguns estrangeiros tinham a dimensão simbólica daquele instante. Era um momento estético e também ético. Aquela chama não era apenas fogo que ardia e queimava. Era antes de tudo um símbolo que invocava os séculos de sobrevivência de um ato que se indefine como história ou mito e, justamente por isso, provoca em alguns mais do que beleza, mas a emoção de fazer parte de uma celebração que não se define pelo tempo.

Relato as impressões desse instante com a emoção de quem se sentiu roubando um pouco a chama de Prometeu. Nesse ambiente fechado, restrito a alguns compartilho aqui um pouco daquilo a que poucos tiveram acesso, desejando que de alguma forma isso seja multiplicado por muito. O pertencimento não se dá apenas pela presença naquele lugar, naquele momento em específico. Ele se dá principalmente pelo acesso a uma educação significativa onde a informação ganha a amplitude de conhecimento e não de objeto de consumo imediato. Não desejo os Jogos Olímpicos apenas como uma grande competição esportiva que eles parecem ser. Desejo-os como história, como mitologia, como arte de diplomacia que foram e ainda são no círculo dos “Zeuses” contemporâneos, porque em meio ao movimento olímpico atual circula tudo isso e ainda interesses econômicos, ideológicos e políticos globais e regionais.

Voltando ao mito também me ocorreu que não bastasse a ira de Zeus prendendo Prometeu ao Cáucaso. Rancoroso ele ainda fez os mortais pagarem pela ousadia do Titã. Diante da impossibilidade de roubar de volta a consciência dos humanos, Zeus se incumbiu de submetê-los a provações usando para o irmão Epimeteu (o que vê e aprende depois) e sua esposa Pandora (a detentora de todos os dons), enviando-lhes um presente de núpcias enigmático e contraditório: um belo jarro de argila, modelado por Hefesto, com a recomendação de que jamais fosse aberto. Para tornar o presente irresistível contou ainda com a arte da tecelagem de Atená que adornou o objeto com o próprio cinto; a beleza e o desejo indomável foram ofertados por Afrodite; Hermes colaborou com as artimanhas, a imprudência, a astúcia, os ardis, o fingimento e o cinismo; Cárites e Persuasão embelezaram-na com colares de ouro e as Horas lhes deram flores da primavera.

Embora Prometeu tenha instruído o irmão e a cunhada a jamais aceitarem um presente de Zeus, a recomendação não foi ouvida. Ingênua, bela, recatada e do lar, Pandora não podia imaginar que naquele presente estava contida a vingança do maioral entre os deuses, fazendo a humanidade pagar pela ousadia do cunhado. Ali estavam contidas todos os males, as fadigas e doenças que viriam a molestar os humanos no momento em que o pote foi aberto. Fechado em um átimo Pandora ainda conseguiu conter a esperança, razão pela qual ainda sobrevivemos a toda ordem de infortúnios.

Assistindo de perto a recriação de momento mágico sou levada a crer que efetivamente história e mito se confundem, principalmente na constituição de nosso psiquismo. É inegável a força que o mito exerce no enfrentamento que temos daquilo que escapou da caixa tornando-nos demasiadamente humanos. E talvez resida ali, naquele último elemento retido, a razão de persistirmos às adversidades e ao imponderável. Graças a esperança cheguei a Olímpia, quando já aos 35 minutos do segundo tempo da prorrogação, sem as condições materiais para fazer o transporte até a Grécia, tive meu pedido acolhido pelo Ministério do Esporte. Fui e vi. O fogo, a recriação do ritual e a manutenção de uma celebração que pulsa nos Jogos Olímpicos. E agora aqui, prometeicamente, compartilho com os mortais esse momento sagrado.

Imperatrizensenotopo!!!

OatletaimperatrizenseDaviBandeira,de21anos,foicampeãobrasileiroelevouamedalhadeourono71º CampeonatoBrasileiroMastersdeNatação2024,nacategoriaPré-master,queocorreunacidadedeBelém,no estadodoPará.

Acompetiçãoéumgrandeeventodanataçãonacional,emqueatletasdetodooBrasilcompetem. Parabéns@daviswin._desejamosmuitosucessoemuitasvitórias!!!!

LUTADORA MARANHENSE É CAMPEÃ SUL-AMERICANA DE MMA APÓS DERROTAR COLOMBIANA

Imperatrizense conquista título de campeã sul-americana de MMA amador pela Confederação Brasileira de MMA Desportivo.

A imperatrizense Regiane Borges, conhecida no mundo da luta como Regiane Tatália, realizou um grande feito no início deste mês de abril: ergueu o título de campeã sul-americana de MMA amador representando a Confederação Brasileira de MMA Desportivo, a CBMMAD, depois de derrotar a lutadora colombiana Sharon Nicole Vargas Baron. O embate entre as duas lutadoras ocorreu no dia 07 de abril, no Arnold South America MMA Open, que faz parte do Arnold Sports Festival South America, maior evento multiesportivo da América do Sul, que aconteceu de 5 a 7 de abril, na cidade de São Paulo. O festival reuniu diversos setores de nutrição, fitness e saúde, além de atrações, profissionais, atletas, praticantes de atividades físicas e amantes de esporte. Regiane garantiu o cinturão em uma vitória por nocaute técnico no segundo round, na categoria peso mosca (56,7 kg). Um nocaute ocorre quando um golpe ou sequência legal de golpes incapacita o oponente sem interrupção externa necessária. No boxe, isso é quando um lutador é derrubado e não se levanta dentro da contagem do árbitro; no MMA, não há contagem após a queda. O nocaute técnico acontece quando o árbitro interrompe a luta para prevenir danos sérios, quando o treinador joga a toalha, o médico declara que o lutador não pode continuar com segurança, ou quando o lutador não consegue se defender, como foi o caso da oponente colombiana.

A imperatrizense explicou como se deu a representação na seleção brasileira de MMA. “A minha luta foi casada, eu fui selecionada para representar o Brasil, e eu tendo essa oportunidade de representar o Brasil eu já faria parte da seleção e seria classificada para o Panamericano. O desafio era para ver qual dos países iria participar [Brasil ou Colômbia] no Panamericano. Acabei ganhando.”

O termo “luta casada” em MMA indica que a luta foi planejada e acordada entre os competidores e os organizadores antes do evento, buscando criar uma luta equilibrada, neste caso os lutadores são emparelhados com base em seus pesos e habilidades.

Com três vitórias e uma derrota, Regiane Tatália, de 24 anos, já atuou no boxe, mas se destaca hoje no cenário do MMA. Mora atualmente na cidade mineira de Varginha e faz parte da equipe da Academia Ribas, da família da lutadora de MMA Amanda Ribas. A atleta cumpre uma rotina puxada de treinos e enfatiza sua dedicação para alcançar seus objetivos, incluindo o Panamericano, ao mesmo tempo lida com a saudade da família que está em Imperatriz e a preocupação em se manter financeiramente em outra cidade.

“O período de preparo foi como todos os outros do MMA até aqui: treinando durante toda a semana, fazendo ‘os bicos’ durante o fim de semana. Graças a Deus consegui encontrar um outro serviço que encaixa bem porque eu não posso trabalhar durante a semana por conta dos treinos. E é aquela, não larguei minha família para nada, né? Então o foco sempre é a luta. Essa vitória agora em cima da colombiana com o título brasileiro me alavanca mais ainda para o Panamericano pela seleção brasileira. Saudade demais da família. Tá doido! Um ano já, um ano longe da minha mãe, sem poder ver ela. Não deu para ir nesse final de ano agora, mas meus planos é quando for, passar um mês agarradinho. Me sinto muito feliz, realizada por ter conquistado esse título porque a Amanda [Ribas] é embaixadora da seleção brasileira de MMA e eu treinando na academia me sinto lisonjeada por ela ter me entregado o cinturão no pódio.”

Apesar do orgulho pela conquista, Tatália lamenta a falta de reconhecimento em sua cidade natal, Imperatriz. Determinada a alcançar seus sonhos, espera inspirar mais visibilidade para o MMA feminino e para os atletas maranhenses.

“Não parei para pesquisar ainda, mas acho que eu sou a primeira maranhense a entrar para seleção brasileira de MMA. Eu fico triste porque não tenho tanto reconhecimento pela minha cidade. Acho que não valorizam tanto o esporte, só quando a gente chega no pódio, no caso da Rayssa [Leal], né? Tive o prazer de acompanhar um pouco da trajetória dela de perto, pô vendendo rifa. E hoje em dia eu me encontro na mesma altura, fazendo rifa para poder ir para os campeonatos. E é aquela: eu sei onde eu vou chegar e eu sei aonde eu quero chegar e eu tô batalhando por isso. Abri mão de muita coisa, até da minha família, de estar perto, de ter as datas e tudo mais para poder alcançar esse objetivo. E eu me sinto orgulhosa de mim porque eu sei o que eu tô fazendo e eu sei a coragem que eu tenho e tenho quase certeza de que eu sou a primeira maranhense, a primeira imperatrizense também a conquistar o título sul-americano pela seleção brasileira sendo mulher, né? Eu acho que falta um pouco de visibilidade nesse aspecto.”

Sobre MMA e o Arnold South America MMA Open

O MMA, ou Mixed Martial Arts, combina técnicas de diversas artes marciais, como Jiu-jitsu, Muay Thai e Judô, tanto em pé quanto no chão. As competições de MMA são divididas por peso. As mulheres competem nas categorias peso palha, peso mosca, peso galo e peso pena, enquanto os homens competem em mais seis categorias, incluindo uma para atletas acima de 120,2 kg.

No Arnold South America MMA Open as lutas foram organizadas em categorias divididas por idade e peso. Na categoria Youth C (12/13 anos), houve disputas até 40 kg no feminino e masculino. Já na categoria Youth B (14/15 anos), as lutas abrangeram pesos variados, desde 40 kg até 72 kg no masculino e até 67 kg no feminino. Para os participantes da Youth A (16/17 anos), as categorias incluíram peso palha, galo, pena e leve, tanto para homens quanto para mulheres, com limites específicos de peso em cada uma. Além disso, no evento também houve competições na categoria sênior, para lutadores acima de 18 anos, abrangendo diversas classes de peso e o desafio internacional com atletas do Brasil e da Colômbia.

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