Revista do IHGM, n. 42, setembro de 2012

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Neste trabalho lançaremos mão de parte de alguns artigos já publicados na mídia local e regional, como o texto o Quadricentenário de São Luís: Fundação francesa e oportunidades. Com a aproximação do evento das comemorações do quadricentenário da capital do Estado. Especula-se muito. Vemos e ouvimos de tudo: críticas, polêmicas, contestações, politização do evento, manifestações, atrasos, cobras e lagartos. Quase tudo contra a gestão pública nas três esferas de poder. E que pena que muito do que é falado realmente procede. Não precisava ser assim! Tudo bem que não somos um Canadá da vida, que iniciou seus preparativos dos quatro séculos com quase uma década de antecedência. Tivemos muito tempo para começar a trabalhar, mas não o fizemos. Deixamos tudo para a última hora, como sempre. Mas o mal maior talvez seja a tentativa de alguns de politizar o evento, vez que o quarto centenário cai em ano eleitoral. E o que era para ser um jogo de frescobol, onde um arredonda a bola para o outro, tornou-se um desafio de tênis, um dificultando a vida do outro. O que todos torcemos é que uma oportunidade tão grande para São Luís e para a população não seja totalmente esvaziada por interesses pessoais e político-partidários. Por outro lado, não se pode esquecer que nem tudo está perdido e estagnado, existe a mobilização de alguns que estão correndo atrás e, com isto, muitas ações deverão acontecer neste ano de 2012 e 2013. E é procurando visualizar mais as oportunidades que as dificuldades, mesmo em meio aos desentendimentos, contestação e outras mazelas, que São Luís caminha para ser a mais nova integrante do grupo de cidades quadricentenárias das Américas. É senso comum, por sua vez, que dificuldades assim quase sempre antecedem grandes eventos similares. O Brasil, no evento comemorativo dos 500 anos, também não conseguiu fugir de polêmicas. Na década de noventa, alguns dos principais líderes políticos de quatro estados da Federação iniciaram querelas em torno do descobrimento. A aproximação do mega-evento dos quinhentos anos foi o combustível para o desencadeamento de uma grande peleja, briga de gente grande. O jogo de interesses político-econômicos teve de um lado, o então governador de Pernambuco, Miguel Arraes, defendendo que Vicente Pinzón chegou ao Cabo de Santo Agostinho em janeiro de 1500, quatro meses, portanto, antes de Pedro Álvares Cabral. Tasso Jereissati pediu vênia e defendeu que o Cabo onde Pizón arribou não era outro senão o do Mucuripe, no Ceará. O senador e ex-presidente José Sarney se adiantou e reivindicou a passagem do navegador Duarte Pacheco Pereira, em 1498, no litoral oeste do Maranhão – entre Guimarães e a foz do Gurupi. Outro poderoso do cenário político, o senador paraense Jader Barbalho, alegou que Pacheco teria aportado no litoral de lá, entre o rio Gurupi e a terra dos Caetés – hoje Bragança. Em meio ao puxa pra cá, estica pra lá, o homem forte do governo FHC, o baiano Antonio Carlos Magalhães, ciente de que a precedência do descobrimento vai muito além de algo romântico ou novelesco por envolver grandes interesses políticos e econômicos, impulsionado pelo trade turístico da terra de Jorge Amado, bateu o pé e sentenciou: “Tais polêmicas são desnecessárias, pois o que importa é que Cabral é o descobridor oficial porque foi o primeiro que aportou aqui para esse fim, autorizado pela coroa portuguesa”. O papo estava encerrado e a Bahia promoveu sem mais problemas o grande evento do descobrimento – exceto, todos lembram, a réplica da nau, não navegou. O Canadá, em 2008, no evento dos 400 anos, também precisou transpor seus obstáculos e polêmicas antes da grande festa. Mas ao final todo esforço valeu a pena. Não bastassem problemas políticos, também se observam polêmicas semelhantes a esta que antecedeu as comemorações dos quinhentos anos do descobrimento do Brasil,


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