POESIA MARANHENSE/LUDOVICENSE: OS POETAS ESQUECIDOS “Século XIX – O ciclo de transição do seu primei

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“Século XIX – O ciclo de transição do seu primeiro quartel (1800-1832)”
POESIA MARANHENSE/LUDOVICENSE:
POETAS ESQUECIDOS
DULCIO VAZ SÃO LUIS – MARANHÃO 2024
LEOPOLDO GIL

POESIA MARANHENSE/LUDOVICENSE DOS POETAS ESQUECIDOS:

“Século XIX – O ciclo de transição do seu primeiro quartel (1800-1832)”

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

Academia Ludovicense de Letras Academia Poética Brasileira Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Centro Esportivo Virtual Professor de Educação Física IF-MA (aposentado); Mestre em Ciência da Informação

APRESENTAÇÃO

Tenho me dedicado à memória do Lazer no/do Maranhão. E da Literatura, posto que sócio fundador da Academia Ludovicense de Letras – ALL – e sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão –IHGM; mais recentemente, fui aceito na Academia Poética Brasileira – APB. Quanto ao CEV, é um sítio de disseminação da informação na área das ciências dos esportes. Edito, atualmente, quatro revistas: a da ALL, a do IHGM, e duas outras dedicadas à resgate da memória/história dos esportes, lazer e educação física no/do Maranhão – Léo em Revista – e a Maranha-y, dedicada à(s) História(s) do Maranhão... Nessas atividades, busco desenvolver minhas pesquisas, deparando-me com um sem-número de poetas que foram esquecidos, sejam eles com uma vasta produção ou autores de um único poema.

Já apresentei vários trabalhos de pesquisa identificando alguns desses poetas que foram esquecidos pela literatura ludovicense/maranhense, quando da construção de uma antologia poética, para a ALL; em seguida, na busca de uma imagem ou foto de Maria Firmina dos Reis, em busca nos jornais publicados no Maranhão e disponíveis no acervo da Biblioteca Pública Benedito Leite - BPBL - Acervo Digital (cultura.ma.gov.br), deparei-me com cerca de 6.600 poemas publicados. Daí surgiram várias publicações buscando divulgá-los, identificando-os..., mesmo assim, após intensa busca, não sei quem são, listando-os mais abaixo.

Comecei o atual trabalho após ler publicação no Jornal Pequeno; lamentavelmente, uma vez mais aparece uma ilustração de uma pessoa identificada como sendo Maria Firmina, uma maranhense. E a gravura, apresentada por um artista gráfico de outro estado, semelhante à que, por muitos anos, foi retratada como a autora de Úrsula; tratava-se de uma autora gaúcha, essa retratada, como sendo a maranhense... Por muitas vezes, eu, Dilercy Adler, Noberto, Agenor, nos manifestamos contra essa identificação. Apareceram outras formas de a representar, todas aceitas, menos a de Dila... Então, encontro essa referência:

E me pergunto: Seria Maria Firmina? seria essa a única foto de Maria Firmina? E fui procurar; não encontrei nada, dessa foto, que pudesse me indicar se é a de Maria Firmina... não encontrei a foto, onde presumivelmente, fora publicada: Revista Maranhense... nem na Hemeroteca da Biblioteca Nacional –Coleção Digital de Jornais e Revistas da Biblioteca Nacional (bn.br); lá, não tem nada da Revista - , nem no acervo da Benedito Leite...

Tornei a revisar as publicações disponíveis na Hemeroteca da Biblioteca Nacional, encontrando o que se segue:

Encontrei, em 1903, uma nota dedicada a uma maranhense, poeta também, mas se tratava de Laura Rosa:

A Revista Maranhense é um periódico que, apesar de surgir nas mesmas condições em que surgiram os jornais, pelo interesse de um grupo de jovens intelectuais empolgados com as novas tecnologias da época, possuía, no entanto, um diferencial que dava a ela uma conotação especial. A revista, pela primeira vez no Estado, despertava para o interesse e importância da ciência e da educação como fator transformador da sociedade, o que a fazia ainda mais instigante. Esta afirmação é claramente percebida nos espaços dedicados aos artigos que falam de ciência e de educação, além de ter uma característica poética bem marcante.

[...]

Os rapazes que formavam o primeiro grupo integrante do primeiro número da revista chamavamse Astrolábio Caldas, Fuljencio Pinto, José Monteiro e Francisco Figueiredo. Tinham como objetivo, segundo suas próprias palavras gravadas no primeiro número de 1916, o seguinte: “É mais uma folha de rapazes, que aparece no Estado. Não tem, na acepção rigorosa do termo, um programa. Os programas são desmoralizados. A mocidade só tem um lema, e este é conhecido de todos: estudar para saber. Assim, pois um periódico de rapazes só pode ter um fim: publicar produções literárias, ensaios científicos dos seus redatores e colaboradores. “Que são essas produções ? “Que representam esses ensaios

“A Phantasia em lavas, as primeiras, irradiações do sentimento, um pouco de amor, um pouco de esperança, um olhar cheio de vida, um sorriso cheio de luz, a formosura de uns cabellos negros ou de uma trança loira, o timbre de uma voz suavíssima que se ouviu de passagem, numa noite de luar, o caminho de mãos de verbenas, que se sentia numa tarde estival debaixo de frondes confortadoras, lá no sítio em que se passaram os para sempre lembrados dias da juventude.

“Todos esses fragmentos, cada um com a sua cor mais ou menos nítidos, mais ou menos sentidos, fielmente reproduzidos com a mesma commoção de hontem, ou já emoldurados pela arte são a essência desses periódicos.

“...As publicações têm a vantagem de fazer saltar as falhas e os defeitos. Ficam patenteados, numa evidencia nua ao espírito. E eis porque surje, como necessidade inadiável , o dever de estudar . A grei que redije o periódico do princípio ao trabalho da formação. E então que vem a luz os bons modelos vernáculos que passam de mão em mão.

“Procuram todos ávidos do conhecimento os bons livros. Aprendem a ler nas entrelinhas e a devassar esse outro mundo, até então desconhecido por elles, em que as palavras não são o que são, mas representam idéias, intenções particulares, luz, cor, som, céu e mar, espaço infinito em que voam aves, cantando, e subterrâneos em que se escondem feras e monstros.

“É por isso que desses periódicos nascem os grandes prosadores, os grandes poetas, as vastas illustrações que depois fazem a reputação intelectual de um paiz!

“Elles são o precioso caminho em que se apuram o talento e a vocação dos novos.” (REVISTA MARANHENSE: A CIÊNCIA EM REVISTA NO INÍCIO DO SÉCULO XX. Marla Cristiane Araújo MEDEIROS (UMESP) in INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação – Campo Grande /MS – setembro 2001).

Em artigo de Astrolábio Caldas, redator chefe da Revista Maranhense, fica notado que a segunda versão é fruto da união de dois jornais da juventude maranhense: o jornal “O Estudante” da Sociedade Machado de Assis e “A Vontade” um jornal particular. Outro aspecto relevante é a influência que a juventude recebia de figuras ilustres como: Fran Paxeco e Antônio Lobo. Ambos eram envolvidos com a propagação do conhecimento e o fomento literário e científico no Maranhão. Em livro publicado sobre Fran Paxeco e as Figuras Maranhenses (DA LUZ) foi encontrado uma foto da primeira turma da Faculdade de Direito, nela estavamosrapazesquecompunhamocorpoeditorialdaRevistaMaranhense (PRISMA.COM n.º 30. Movimento Cientificismo no Estado do Maranhão no final do Século XIX e início do Século XX. Universidade Popular, Escola de Ensaio e Revista Maranhense. António José Silva Oliveira; Silvio Seno Chibeni.)

Na primeira fila, sentados, da esquerda para a direita: Djalma Sacramento, José Façanha, João Victor Ribeiro, FRAN PAXECO, Humberto Fontenelle, Francisco Mendes dos Reis e Fulgencio Pinto. Em pé, na 2ª fila: Castro e Silva, Ismael Hollanda, José Mata Roma, Zildo Maciel, Othon Mello, José Monteiro, Edison Brandão e Astrolabio Caldas. Na 3ª. Fila: Waldemiro Vianna, João Guilherme de Abreu, Raimundo Eugenio de Lima, Clemente Guedes, Octavio Bandeira de Melo e Arentino Ribeiro

Astrolábio Caldas, Fuljencio Pinto, José Monteiro - Zildo Maciel

Os números publicados estarão no local próprio: publicações de 1916...

Na busca de uma foto ou gravura de Maria Firmina dos Reis, deparei-me com vários jornais publicados em São Luís que, em seu editorial, dedicavam-se a divulgar a literatura maranhense/ludovicense. E nada da foto/gravura de Firmina...

Em compensação – e dando continuidade até se esgotarem todos os jornais arquivados na Biblioteca Pública Benedito Leite -, se está descobrindo centenas de novos autores, que estavam completamente esquecidos. Alguns, nunca conseguiremos descobrir seus noves, pois se utilizavam de pseudônimos, outros, não conseguimos saber nada de suas biografias, nem se suas assinaturas no final dos poemas são de pessoas reais... outros, iniciavam suas carreiras literárias...

Entre 1821 e 1831, circularam em São Luís cerca de 13 periódicos de matizes políticas distintas, propensos ao debate à medida em que serviam aos interesses de grupos políticos locais. Tais entraves políticos, afinal, davam-se na imprensa a partir de diferentes interpretações que as elites políticas e intelectuais faziam do liberalismo, sempre adaptado de acordo com seus interesses de classe ou grupo social. Alguns dos principais interlocutores desses debates foram, além de Minerva, O Censor Maranhense, A Bandurra (todos ligados à população portuguesa na província), O Farol Maranhense, A Cigarra, O Amigo do Homem e A Estrela do Norte do Brasil: folhas que debatiam temas ligados à Independência e à monarquia constitucional, bem como aos direitos políticos dos cidadãos. Por parte dos periódicos mais explicitamente liberais havia grande crítica aos abusos de autoridades, apontadas como déspotas, em acusações que normalmente recaíam sobre funcionários públicos da alta burocracia, em sua maioria portugueses. Estes eram acusados de conspirar para o retorno do Maranhão ao sistema colonial, trabalhando, portanto, contra os interesses imperiais brasileiros, algo que aumentava o antilusitanismo entre os maranhenses. Nas palavras de Elisabeth Sousa Abrantes, autora do artigo "José Cândido de Moraes e Silva – o 'Farol' – atuação política nos debates e lutas do pósIndependência no Maranhão (1828-1831)",

Os periódicos redigidos por portugueses se tornavam alvos fáceis de críticas e suspeitas quanto às suas verdadeiras intenções, sendo acusados frequentemente de absolutistas e defensores dos interesses lusos, como era o caso de “A Bandurra” e “O Censor Maranhense”. As críticas também recaíam sobre jornais que se tornavam instrumentos de defesa de autoridades provinciais consideradas arbitrárias, como foram os casos de “A Bandurra” e “Minerva”, duramente criticados por defenderem a administração do Presidente da Província Manoel daCostaPinto(02/1828 a01/1829)3e fazerem apologias ao ex-presidentePedroJozédaCostaBarros (09/1825 a 03/1827). (p. 4) BNDigital

Em capítulo escrito para a obra Biblioteca Internacional de Obras Célebres (vol. XX), de1912, intitulado A literatura maranhense, Reis Carvalho começa anunciando que, “para fixar as ideias e metodizar” sua análise, dividiu a literatura maranhense em três ciclos, admitindo que, para essa classificação, não houve “na realidade fatos decisivos e característicos na sua evolução, capazes de representar as linhas divisórias de cada ciclo”. No entanto, ele demarca cronologicamente a literatura da seguinte maneira: “o primeiro ciclo vai de 1832 a 1868”; “o segundo ciclo da literatura maranhense abrange a geração nascida das duas primeiras décadas do último semi-século, de 1850 a 1870”; “O terceiro ciclo [...] compreende os escritores nascidos nas duas primeiras décadas da última geração do século passado, 1870 a 1890” (CARVALHO, 1912, p. 9737-9748).

Em Panorama da literatura maranhense, Mário Meireles, seguindo e citando a periodização de Reis Carvalho, admite, no século XIX, a presença de três grandes ciclos, 17 embora ressaltando que, no início daquele século, ocorrera um ciclo de transição (1800-1832) que, para ele, não apresentava relevância para a história literária do Maranhão. Meireles então caracteriza os ciclos literários maranhenses através dos títulos dos capítulos de sua obra: “Séculos XVI e XVII – Literatura sobre o Maranhão”; “Século XVIII – Ainda literatura sobre a terra”; “Século XIX – O ciclo de transição do seu primeiro quartel (1800-1832)”; “Século XIX – Segundo Ciclo (1832-1868)– Ogrupo maranhenseno Romantismobrasileiro.O Maranhão Atenas Brasileira”; “Século XIX – o ciclo de 1868 a 1894. Os homens de letras do Maranhão passam a ser, essencialmente, literatos nacionais”; “Século XX: o ciclo de 1894 a 1932, o decadentismo; a reação local para estabelecer, no Maranhão, os foros de Atenas Brasileira”; “Os tempos atuais”.

“Este Grupo Maranhense abrange, no tempo, o ciclo que vai de 1832 a 1868 e corresponde assim, no campo econômico, ao ciclo do algodão”. E continua: “Com o ciclo do açúcar, sobrevém o ciclo literário de 1868 a 1894 [...] desfazendo-se o Grupo local, os nossos homens de letras passam a emigrar cedo para o Sul, onde, granjeando justo renome, fazem-se essencialmente literatos nacionais” (MEIRELES, 2008, p. 254).

Difundiu-se a ideia de que a literatura maranhense, até o século XIX, com o advento do Romantismo, não possuía autonomia em relação à literatura produzida na metrópole portuguesa. É igualmente corrente a ideia de que, antes dos românticos, foram produzidos textos que não constituíam propriamente uma literatura genuinamente maranhense, mas uma literatura sobre o Maranhão feita por cronistas colonizadores que por aqui passaram, descrevendo as novas terras conquistadas e projetando em seus textos muito mais as visões de seu mundo do que propriamente as características reais do novo mundo que ainda estavam descobrindo. Assim, creio até prova em contrário, neste momento em que a Imprensa Maranhense completa seus 200 anos de existência, serem estas as primeiras poesias publicadas, começando pelo jornal “O CONCILIADOR DO MARANHÃO”1, que veio lume em 15 de abril de 1821 em São Luís (MA):

[...] pouco após a abolição da proibição de circulação de impressos que não fossem da Impressão Régia, O Conciliador do Maranhão foi o primeiro periódico lançado em sua província. De orientação política estritamente áulica, não era nada “conciliador”, posto que acatasse apenas aos interesses portugueses no contexto do processo político que levou o Brasil à Independência. A razão para isso era simples: foi lançado pelo governador maranhense, o marechal português Bernardo da Silveira Pinto da Fonseca, que importara de Londres a prensa que o imprimia, mostrando, afinal, a força da presença lusitana no Maranhão, já que a ruptura entre a colônia e a metrópole traria desvantagens para a elite local. Tendo como redatores Antônio Marques da Costa Soares (então oficial-maior da secretaria do governo e secretário da Junta da Administração da Imprensa) e o padre José Antônio da Cruz Ferreira Tezinho, o jornal foi fortemente influenciado pela Revolução do Porto, crendo fielmente na Constituição portuguesa de 1822, de caráter liberal – mas esse marco inspirava, na verdade, o grupo cujos interesses eram defendidos pelo jornal: a elite provinciana. Tendo abordado os conflitos em torno da adesão forçada do Maranhão ao reino independente sob essa perspectiva, acabou deixando de ser publicado em sua 210ª edição, de 16 de julho de 1823, poucos dias depois da queda de São Luís para as tropas fiéis a Dom Pedro e cerca de duas semanas antes da efetiva inclusão da província ao recém-fundado Império do Brasil. [...]

“SÉCULO XIX – O CICLO DE TRANSIÇÃO DO SEU PRIMEIRO QUARTEL (1800-1832)”

No Publicador Maranhense, Edição 00187 (1), 24 de maio de 1844, é publicado um soneto encontrado na Tesouraria do Pará, dentro de um livro de contas da Fazenda Arari de Marajó2, de que foi administrador um frade Mercedário: o Soneto foi feito em 1710:

1 por Bruno Brasil 24 MAIO 2018 Artigo arquivado em Hemeroteca e marcado com as tags Censura e repressão, Crítica política, Dom Pedro I, Imprensa Áulica, Imprensa oficial, Liberalismo, Maranhão, Portugueses no Brasil, Primeiro Reinado. BNDigital

2 2Encanto Caboclo: Fazenda ARARI

Provávelmente, a primeira poesia publicada por um ludovicense seja o soneto abaixo, de autoria de Francisco Sutero dos Reis

FranciscoSoterodosReis (São Luís do Maranhão, 22 de abril de 1800 – 16 de janeiro de 1871) foi um jornalista, poeta, professor e escritor brasileiro do século XIX Deixou uma obra vinculada a assuntos filológicos. Suas incursões temáticas sobre a realidade regional também decorreram num contexto de lutas políticas acirradas e instituintes do jovem Estado Nacional e de uma província inicialmente refratária às proposições separatistas do Brasil. Escreveu, também, uma das primeiras histórias literárias no Brasil: o Curso de Literatura Portuguesa e Brasileira (1866-1873), fruto de sua experiência docente no Instituto de Humanidades, cujo diretor era Pedro Nunes Leal. 3 Era primo da escritora Maria Firmina dos Reis 4

3 De Melo, Carlos Augusto. Introdução. In: REIS, Francisco Sotero dos. Curso de Literatura Portuguesa e Brasileira: autores portugueses. Jundiaí: Editora Paco/CNPq, 2018.

4 Mendes, Algemira Macêdo. Maria Firmina dos Reis e Amélia Beviláqua na história da literatura brasileira: representação, imagens e memórias do século XIX e XX. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2006.

Conciliador do Maranhão (MA) - 1821 a 1823: ano 1821,

Buscamos a autoria dessas primeiras poesias, odes, e hinos: eram portugueses!!! E encontramos outras peças... Dente os autores, o Major de Cavalaria Rodrigo Pinto Pizarro (ajudante de ordens do Governador Bernardo da Silveira Pinto)5 , 6; pressupõe-se que seja o autor do primeiro soneto encontrado. Seria ele RODRIGO PINTO PIZARRO PIMENTEL DE ALMEIDA CARVALHAIS primeiro e único Barão da Ribeira de Sabrosa?7 Em sua biografia consta que colaborou na Revolta Liberal do Maranhão de 1821-1822.

5 BERNARDO DA SILVEIRA PINTO DA FONSECA (Várzea de Abrunhais, Lamego, 1780 maio de 1830), 1.º visconde da Várzea, foi um marechal-de-campo do Exército Português e administrador colonial. Foi o último governador português da capitania do Maranhão, cargo que exerceu de 24 de agosto de 1819 a 15 de fevereiro de 1822. Nomeado governador e capitão general do Maranhão, cargo que exerceu até 15 de fevereiro de 1822, r evelou-se um excepcional administrador, sendo impresso em tipografia instalada por sua iniciativa o primeiro jornal maranhense, intitulado O Conciliador do Maranhão. Durante o seu governo a cidade de São Luís do Maranhão passa por grandes reformas, com os edifícios públicos restaurados, as ruas calcetadas e o Largo do Palácio transformado em aprazível Passeio Público.

6 Apelidado pela chocarrice maranhense de o Dente de Alho, por ter na arcada dentária superior um incisivo pronunciadamente incisivo Comentário de Jomar Moraes em Um editor maranhense, disponível em Um editor maranhense - BLOG – ACADEMIA MARANHENSE DE LETRAS

7 por vezes simplificado em Barão de Sabrosa (Alijó, Vilar de Maçada, 30 de março de 1788 Alijó, Vilar de Maçada, 8 de abril de 1841); consta ter sido militar e político português, presidente do Conselho de Ministros.

Segundo Galves 8, [...] O “povo” ocupou o Teatro, gratuitamente, nos dias 6, 11 e 13 de abril de 1821, para aclamar o rei, a Constituição e Pinto da Fonseca. Para o dia 6, Costa Soares [Antônio Marques da Costa Soares, um dos redatores d´O Conciliador, então oficial-maior da secretaria do governo e secretário da Junta da Administração da Imprensa] 9 - preparou um monólogo, alusivo à nova ordem política, recitado no Teatro:

Oh prazer! Oh Virtude! Oh Pátria, Oh Glória!

Oh Astros portentosos, que girais

Em torno do Sol radiante que hoje assoma!

Emanações d’um Deus, eu vos bendigo!

Majestoso Congresso, a quem é dado

8 GALVES, Marcelo Chece. Comemorações vintistas no Maranhão (1821-1823). Outros Tempos Volume 8, número 12, dezembro de 2011 – Dossiê História Atlântica e da Diáspora Africana, 2011

9 BNDigital

9 PINHEIRO, Rosane Arcanjo. O Conciliador e o jornalismo maranhense no início do século XIX. Tese apresentada ao programa de pós-graduação em Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul como requisito parcial para obtenção do grau de doutor. Linha de Pesquisa: Práticas profissionais e processos sociopolíticos nas mídias e na comunicação das organizações. Orientador: Professor Dr. Antonio Hohlfeldt Porto Alegre 2016

Neste dia exultar, fruir delícias; Sem reserva alteai canoros hinos

Quais retumbam nos céus do Tejo e Douro

Heróica Lusitânia os ferros quebra; E n’um firme padrão ovante eleva

Indestrutível bem, vantagem certa, Da glória nacional, prelúdio augusto

Santa Constituição! Teu almo [sic] influxo

É astro benfeitor que volve em luzes

Às vexadas nações, as densas trevas, Que usurpador abuso lhes mandava

A tua aparição, sumindo crimes

Atrai a Terra com ridente amplexo

Virtudes divinais, que espavoridas, Do globo há muito desertado haviam!

Graças mil a João, que há de breve

Aos votos Nacionais unindo os votos

Ser a bem do seu povo, um pai da Pátria, O Soberano maior do mundo inteiro!

Maranhenses, louvai este áureo dia, Em que vem rutilar na vossa esfera

A sã Constituição que vos promete

Os ridentes anais da Idade d’Ouro

E gratos exaltai Silveira exímio!

A cuja sombra venturosos sempre, Alcançareis a meta esclarecida

Por que a Lusa Nação ansiosa anela

Continuando: [...] Costa Soares saudou os pilares da “nova ordem”: Constituição, D. João VI e Pinto da Fonseca, chamado de ‘SILVEIRA’”. No mesmo estilo gongórico, compôs o Hino Constitucional, cantado repetidas vezes dentro do Teatro:

Antônio Marques da Costa Soares, oficial maior da secretaria do governo, foi diretor da Tipografia e autor de peças teatrais elogiosas apresentadas ao governo português no Teatro União.10

Outro poema, também publicado em O Conciliador do Maranhão11, foi apresentada pelo leitor “Um amigo da boa ordem” para saudar a nova ordem constitucional, na edição de número 8, de 10 de maio de 1821. O autor da homenagem comentou as informações que a publicação trouxe na primeira edição, quando os redatores detalharam amissãodojornal maranhense.“Um amigo da boa ordem”elogiouojornal ecriticouos opositores do governo, através de um poema de Camões:

Mas o pior de tudo é que a ventura

Tão ásperos os fez, e tão austeros

Tão duros, e de engenho tão remisso

Que a muitos lhe dá pouco ou nada disso

A 17 de fevereiro aparece este trecho de uma ode, sem identificar o autor, parece que transcrito de Ode Pindáricas12 de Antônio Diniz da Cruz e Silva (Elpino Nonacriense)13 ,

10 PINHEIRO, Rosane Arcanjo. O Conciliador e o jornalismo maranhense no início do século XIX. Tese apresentada ao programa de pós-graduação em Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul como requisito parcial para obtenção do grau de doutor. Linha de Pesquisa: Práticas profissionais e processos sociopolíticos nas mídias e na comunicação das organizações. Orientador: Professor Dr. Antonio Hohlfeldt Porto Alegre 2016

11 O Conciliador do Maranhão, 10 de maio de 1821, nº 8, p.6, citado por PINHEIRO, 2016

12 Odes Pindaricas, De Antonio Dinys Da Cruz E Silva: Chamado Entre Os Poetas Da Arcadia Portugueza, Elpino Nonacriense ... Antonio Dinis da Cruz e Silva Hansard, 1820

13 ANTÓNIO DINIS DA CRUZ E SILVA (Lisboa, 4 de Julho de 1731[1] – † Rio de Janeiro, 5 Outubro de 1799) é um poeta português do século XVIII, foi magistrado de profissão e fundador da Arcádia Lusitana em 1756. Em 1801 são publicadas as "Odes Pindáricas", em 1802 o poema "O Hissope" e, entre 1807 e 1817, parte significativa da sua obra foi publicada em seis volumes sob a denominação "Poesias". António Dinis da Cruz e Silva – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Dirás talvez calumnia detestável, Que em Dirce emplumo ufano, As aureas setas de hum brilhante engano;

Mas talvez por empresa menos belas, Brilhe de Leda a prole entre as estrelas. A.D. da Cruz. Od. Pind.14

Segue o seguinte ‘SONETO”:

Seja, ou não, a oferenda derradeira, A que aceitas, espada rutilante, Quão própria do teu punho, Heroe prestante, Oh saudoso, magnânimo SILVEIRA!

A terra Transmontana, a Herminia Beira, (E por todas o impávido Amarante,) Lysia, Hespanha, América distante, * Dão-te duas Crôas – Cívica, e Guerreira, -

São estes os lauréis, he este o espólio, Que os Honrados te dão, que te pertence, Bem que sejas credor d´hum Sceptro, e Sólio:

Hum Nume foste!. A Patria que te incense; Colocando no Luso Capitolio, O Paládio do Povo Maranhense!...

• Monte-Vidéo

E este outro, de Manoel Ferreira Freire,

[...] portuguez por nascimento, falleceu na capital do Maranhão, cidadão brasileiro, por haver adherido á constituição do Império. Era professor particular da lingua portugueza e da latina e poeta. Escreveu: Cartas de Calypso, Telemaco, Eucharis e Mentor, escriptas originalmente sobre o romance histórico do Arcebispo Fenelon. Maranhão, 1847, in-8° São em verso. O cântico das aves: poema em dous cantos. S. Luiz, 1855, 56 pags. in-8° Depois do poema, que é em verso hendecasyllabo, seguem-se outras poesias [...]15 .

Vous pourez raffermir, por um accord herenux, Du peuple, &c. du Roi les lefitimes noenuds; El faire encore fleurir la liberté publique,

ANTONIO

DINIZ DA CRUZ E SILVA, Cavalleiro professo na Ord. de S. Bento d’Avis, Doutor na faculdade de Direito Civil pela Universidade de Coimbra; seguiu os logares de magistratura até o de Chanceller da Relação do Rio de Janeiro; sendo ultimamente nomeado Conselheiro do Conselho Ultramarino, cargo de que consta tomara posse, mas que não chegou a exercer. – N. em Lisboa, na freguezia de Sancta Catharina a 4 de Julho de 1731, e m. no Rio de Janeiro no anno de 1799 ou principio de 1800, sem que todavia seja possivel designar a data precisa do seu falecimento. António Dinis da Cruz e Silva | Escritores Lusófonos (escritoreslusofonos.net)

14 Antônio.Diniz da Cruz e Silva (Elpino Nonacriense), Odes Pindaricas , Lisboa 1817;

15 SACRAMENTO BLAKE. Augusto Victorino Alves. DICCIONÁRIO BIBLIOGRAPHICO BRASILEIRO. Volume 6. Rio de Janeiro: Imprensa oficial, 1900, p. 77

Sous l´ombrage sacr´r du pouvir Monatchique. Voltaire.

SONETO

No tempo em que foi presa, e foi captiva, A Lusa Pátria pelo Côso arteio, Luso Nestor (com ímpeto guerreiro,)

Encheste os planos, de Belona altiva: Brio excelso, que a Honra te motiva, Te fez ao Tempo, e ao Lethes sombranceiro, E athe o ardente Clima Brasileiro, Dos teus Commandos as licções deriva.

Muitos que o cingem ferro venerando, Os Nuncios são a penas de Mavorte, Tinindo a espada, o bronze trovejando;

SILVEIRA ostenta o macio, e o forte !.. De Themys cumpre os Votos, governando, Mas no Crime derrama o susto, e a Morte.

Por Manoel Ferreira Freire

em 1822, no Suplemento ao número 64, uma ode “por hum anonymo”, que se identifica como o autor, quando de uma nota publicada em 1828, a 28 de julho, em O Farol Maranhense16:

16 FAROL MARANHENSE, por Bruno Brasil - 28 MAIO 2018 - Artigo arquivado em Hemeroteca e marcado com as tags Censura e repressão, Crítica política, Dom Pedro I, Liberalismo, Maranhão, Primeiro Reinado: Redigido pelo jovem educador José Cândido de Moraes e Silva, o Farol Maranhense foi um proeminente periódico durante os últimos momentos do Primeiro Reinado. Vindo a lume a 26 de dezembro de 1827, exercia verdadeiro ativismo político pela causa liberal exaltada, ou seja, a considerada mais radical do liberalismo, sendo o primeiro órgão de sua vertente política no Maranhão. Defendendo os princípios constitucionais, conseguindo, aliás, grande sucesso junto ao público leitor da elite maranhense, foi, muito por isso, combatido por diversos jornais ideologicamente opostos e perseguido pelas autoridades da época: em linguagem afiada, atacava violentamente tanto os desmandos do poder provincial quanto o lusitanismo – lembrando-se que força de comerciantes e funcionários públicos portugueses no Maranhão de então, dado seus laços com a metrópole nos tempos coloniais, impôs dificuldades à adesão da província à Independência. Tal posicionamento, ademais, onde portugueses eram chamados pejorativamente de “corcundas”, aproximava o Farol, afinal, do levante conhecido como Setembrada, eclodido em dezembro de 1831. Com publicação finda em 15 de abril desse ano, possivelmente por conta da instabilidade causada pela iminência da revolta e da morte de Moraes e Silva, um de seus líderes, o periódico teve uma curta segunda fase, quando, entre 1832 e 1833, foi dirigido por João Francisco Lisboa. No total, o Farol Maranhense lançou 351 edições. BNDigital

Por hum anonymo

Em princípio, pensei que poderia ser o autor desse poema Manoel Odorico Mendes, devido a uma nota publicada em 28 DE JULHO 1828 em O FAROL MARANHENSE17, referindo-se a uma “ODE”, obra de sua primeira mocidade, ante ataques que recebera publicadas em A Bandurra:

[...] Que a chamada Ode foi uma obra de minha primeira mocidade, claramente se manifesta a quem a tiver lido, se a comparar com outras pequenas produções poéticas da minha lavra. A tal Ode é um tecido de maus versos, de pensamentos triviais, de declamações, sem que haja ali nem dicção, ne estilo, e o peior de tudo, sem a mínima sobra de Poesia; [...] Envergonhado estou de sair a luz similhante versalhada, mas que admira?

O Sr. João Crispim, para me deprimir, era capaz de publicar na Bandurra as vezes que faltei á escola, e todas as minhas travessuras pueris. Contente devo eu estar de ser necessário aos meus detractores recorrer a erros e devaneios dos meus 16 anos, quando me querem censurar pelas minhaqs opiniões na Camara dos Deputados. [...]

Vê-se ser impossível ser o seu autor, embora se refira à uma “Ode” publicada aos 16 anos, conforme afirma. É mais provável seja de autoria de José Pereira da Silva:

José Pereira da Silva, 2o Nascido no Maranhão também no século XVIII, como o precedente, foi bacharel em direito pela universidade de Coimbra, formado em 1785, e cultor das musas. Consta que deixou muitas poesias inéditas e mesmo publicadas. Só conheço delle : Odes (duas) a S. M. I., e á independência do Brazii Acham-se no volume « A fidelidade maranhense demonstrada na sumptuosa festividade que no dia 12 de outubro e seguinte fez a câmara da cidade, etc » Maranhão, 1826, pags. 119 a 122.18

Mas Pinheiro (2016), na edição de número 72, de março de 1822, traz, em sua obra, três sonetos e um poema que abordam o retorno do general Bernardo da Silveira para Portugal. Em um dos sonetos, assinado por “um maranhense”, o autor se mostra agradecido ao militar: traz o mesmo soneto publicado no suplemento do número 64, acima transcrito.

Prossegue Pinheiro em sua análise: O título é “Saudoso adeus ao general Silveira”, que relaciona dois textos. No primeiro, assinado por “Barboza”, o nome do ex-governador é ressaltado: “A inveja, as mãos. Peito

17 O Conciliador do Maranhão, 10 de maio de 1821, nº 8, p.6, citado por PINHEIRO, 2016

18 Odes Pindaricas, De Antonio Dinys Da Cruz E Silva: Chamado Entre Os Poetas Da Arcadia Portugueza, Elpino Nonacriense Antonio Dinis da Cruz e Silva Hansard, 1820

dilacera, ouvindo o teu louvor o justo exulte, e a humanidade se honre” (O Conciliador do Maranhão, 20 de março de 1822, nº 72, p. 4:

Outro soneto, sem autor informado, também destaca as qualidades do general Bernardo da Silveira. Foi publicado na mesma página da edição citada:

Seguem-se-lhe:

Ano 1823

Segundo Moraes , era poeta satírico19:

[...] Sem tardança, tornou-se a Tipografia Nacional Maranhense a gênese das atividades editoriais propriamente ditas no Maranhão. Entre os diversos volumes saídos de seus prelos, vêm-se à lembrança, sem nenhum propósito de citar exaustivamente, mas apenas para efeito de exemplificação, os livros “Poesias”, do poeta satírico José Pereira da Silva, e “A fidelidade maranhense”.[...]

19 MORAES, Jomar. Um editor maranhense, 30 de janeiro de 2013, Jornal: O Estado do Maranhão, Um editor maranhense - BLOG – ACADEMIA MARANHENSE DE LETRAS

O Caramuru : o imperador, e a constituição jurada (bn.gov.br)

Redigido por David da Fonseca Pinto, Minerva foi um periódico lançado a 29 de dezembro de 1827, em São Luís (MA), em meio ao Primeiro Reinado. Seu surgimento se deu em paralelo ao de outras folhas maranhenses, geradas a partir da adesão da província à Independência. Frente ao ativismo político pela causa liberal, à época, onde a observação aos princípios constitucionais e a rejeição ao absolutismo tinham grande expressão, algumas vinham defender, contrariamente, os interesses da colônia portuguesa no Maranhão: comerciantes e funcionários públicos lusitanos, na província, tinham fortes laços com a metrópole desde os tempos coloniais, algo que dificultou mesmo a integração da província ao Império. Minerva, que trazia o brasão imperial em seu cabeçalho, acabou se enquadrando num gênero governista, pró-Dom Pedro, mas que no contexto local o aproximava mais do segundo do que do primeiro grupo: isso fez com que defendesse o governo provincial de Manoel da Costa Pinto (que durou de fevereiro de 1828 a janeiro de 1829) e fizesse apologia ao ex-presidente maranhense Pedro José da Costa Barros (que teve mandato de setembro de 1825 a março de 1827), publicando matéria oficial e pedindo, afinal, o retorno do Brasil à condição de colônia. Em consequência a essa postura conservadora, foi muito atacado por folhas liberais, sobretudo O Farol Maranhense. Minerva, todavia, acabou tendo vida curta: durou, possivelmente, até sua 51ª edição, de 5 de março de 1829.

Com o fim de Minerva, o conservador David da Fonseca Pinto não encerrou sua carreira na imprensa. Das folhas que editou durante o Período Regencial, cabe destacar que foi o redator de O Caramuru, de 1832,

20 MINERVA – FOLHA POLITICA, LITERARIA E COMMERCIAL (MARANHÃO, 1827) por Bruno Brasil 28 MAIO 2018 Artigo arquivado em Hemeroteca e marcado com as tags Conservadorismo, Crítica política, Dom Pedro I, Imprensa Áulica, Imprensa oficial, Maranhão, Portugueses no Brasil, Primeiro Reinado Redigido por David da Fonseca Pinto, Minerva foi um periódico lançado a 29 de dezembro de 1827, em São Luís (MA), em meio ao Primeiro Reinado. Seu surgimento se deu em paralelo ao de outras folhas maranhenses, geradas a partir da adesão da província à Independência. Frente ao ativismo político pela causa liberal, à época, onde a observação aos princípios constitucionais e a rejeição ao absolutismo tinham grande expressão, algumas vinham defender, contrariamente, os interesses da colônia portuguesa no Maranhão: comerciantes e funcionários públicos lusitanos, na província, tinham fortes laços com a metrópole desde os tempos coloniais, algo que dificultou mesmo a integração da província ao Império. Minerva, que trazia o brasão imperial em seu cabeçalho, acabou se enquadrando num gênero governista, pró-Dom Pedro, mas que no contexto local o aproximava mais do segundo do que do primeiro grupo: isso fez com que defendesse o governo provincial de Manoel da Costa Pinto (que durou de fevereiro de 1828 a janeiro de 1829) e fizesse apologia ao ex-presidente maranhense Pedro José da Costa Barros (que teve mandato de setembro de 1825 a março de 1827), publicando matéria oficial e pedindo, afinal, o retorno do Brasil à condição de colônia. Em consequência a essa postura conservadora, foi muito atacado por folhas liberais, sobretudo O Farol Maranhense. Minerva, todavia, acabou tendo vida curta: durou, possivelmente, até sua 51ª edição, de 5 de março de 1829.

Minerva 20: Folha Politica, Litteraria, e Commercial (MA) - 1828 a 1829

produzido a mando de José Bonifácio de Andrada e Silva e seu irmão para a defesa de seus interesses: particularmente adotando linha restauradora, que pedia o retorno de Dom Pedro I ao trono brasileiro.

BNDigital

Fontes: - Acervo: edições do nº 28, de 31 de agosto de 1828, ao nº 51, de 5 de março de 1829. -ABRANTES,ElizabethSousa.JoséCândidodeMoraeseSilva – o “Farol” – atuaçãopolíticanosdebateselutasdopósIndependêncianoMaranhão(1828-1831).TrabalhoapresentadoaoIVSimpósioNacionalEstadoePoder – UniversidadeEstadual doMaranhãoSãoLuís,8a11deoutubrode2007.Disponívelem:http://www.outrostempos.uema.br/curso/estado_poder/39.pdf. Acesso em: 25 abr. 2016.

-MADUREIRA,VicenteAntônio.JoséCândidodeMoraeseSilva.RevistaOutrosTemposvolume6,número8,dezembrode 2009-DossiêEscravidão.Disponívelem:http://www.outrostempos.uema.br/vol.6.8.pdf/Vicente%20Madureira.pdf.Acessoem: 25 abr. 2016.

-SODRÉ,NelsonWerneck.HistóriadaimprensanoBrasil.RiodeJaneiro:CivilizaçãoBrasileira,1966.

A Cigarra (MA) - 1829 a 1830

A CIGARRA (MARANHÃO, 1829) por Bruno Brasil 25 MAIO 2018 Artigo arquivado em Hemeroteca e marcado com as tags Crítica política, Liberalismo, Maranhão, Primeiro Reinado Lançado a 12 de outubro de 1829, em São Luís (MA), A Cigarra foi um periódico político veiculado durante os últimos momentos do Primeiro Reinado. Redigido por Antônio Joaquim de Picaluga, em linguagem furiosa, estava inscrito no ativismo político pela causa liberal, à época, onde a observação aos princípios constitucionais e a rejeição ao absolutismo tinham grande expressão, indo contra os interesses da colônia portuguesa no Maranhão: comerciantes e funcionários públicos lusitanos, na província, sobretudo durante o governo de Manoel da Costa Pinto, tinham fortes laços com a metrópole desde os tempos coloniais, algo que dificultava a adesão maranhense à Independência. Denunciando, assim, os abusos cometidos pelo poder local e rivalizando com folhas maranhenses de interesses políticos distintos, A Cigarra tinha periodicidade mensal, sendo vendida a 160 réis a edição, primeiro na escola do capitão José Martins e depois no estabelecimento comercial de José Pereira de Sá. Foi editado por Picaluga até sua 19ª edição, de 17 de abril de 1830.

Farol Maranhese (MA) – 1827 a 1831, 15 de fevereiro de 1831

21 O Manual das Brasileiras, surgido em São Paulo, em 1830, imbuído do desejo de contribuir para o esclarecimento do público feminino; in Maria-Firmina-dos-Reis-a-voz-negra-na-Literatura-Brasileira-dos-oitocentos.pdf (unimontes.br)

21

Farol Maranhese (MA) – 1827 a 1831, 15 de fevereiro de 1831, Ano 1831\Edição 00289 (1), sobre os acontecimentos ocorridos na Vila de Alcântara; dentro dos festejos, comemorativos ao 07 de abril, foram declamados alguns sonetos:

No “O Brasileiro : Os Despotas22 querem a enemérito; porque só ella pode segurar-lhes submissos escravos perpetuando a barbaridade (MA) – 1830 a 1832”: ano 1832, 21 de junho de 1830, p. 63:

22 Hemeroteca (bn.br)

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); Titular da FEI (1977/1979); Titular da FESM/UEMA (1979/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF-MA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 20 livros e capítulos de livros publicados, e mais de 430 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Academia Poética Brasileira; Sócio correspondente da UBE-RJ; Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luís (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Prêmio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Prêmio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; Editor da “ALL em Revista”, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras; Editor da Revista do Léo; Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.

SOBRE O AUTOR
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