A INTERNACIONALIZAÇÃO DA CAPOEIRA

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ARTIGO 2° - Entende-se por Capoeira para fins do Estatuto da Confederação Brasileira de Capoeira, e da Federação Internacional de Capoeira, os múltiplos aspectos da Arte Marcial de raiz genuinamente brasileira, tais como desportivos, educacionais, lúdicos- terapêuticos, artísticos, culturais, místicos, filosóficos e folclóricos sem distinções de estilo, que por seu processo de formação, estruturação e fundamentação filosófica, abrange características do Desporto Formal e Não-Formal, podendo também obter ou ter obtido outras denominações ou derivações de nome, bem como outras que eventualmente possam vir a surgir, todas sob sua esfera de atribuições, a qual caracteriza-se num sistema de defesa e ataque, que pode ser utilizada como Arte, Dança, Ginástica, Luta ou Jogo, individualmente, duplas ou conjuntos, através de movimentos ritmados e constantes, com agilidade, flexibilidade, domínio de corpo, destreza corporal, esquivas, insinuações e quedas, fazendo uso de qualquer parte do corpo, em especial pernas, braços e cabeça, tendo como movimento base a ginga, sendo praticada com acompanhamento de instrumentos musicais, pertinentes aos padrões tradicionais das chamadas Capoeira Angola e Capoeira Regional, nas quais é indispensável o uso do berimbau.

REGULAMENTO DESPORTIVO INTERNACIONAL DE CAPOEIRA PARA COMPETIÇÕES AMADORAS, ADAPTADAS E ESCOLARES. Regulamento Desportivo

(iesambi.org.br)

No processo de construção de identidade, Vieira (2012)1 ressalva que, em relação à criação da Capoeira, mesmo que a base cultural africana tenha sido a referência simbólica utilizada pelos escravizados, o que se deu foi uma readaptação ao contexto em que viviam e, nesse sentido, ela foi forjada de maneira única em solo brasileiro, não existindo nada que se assemelhasse a ela noutra parte do mundo. Ele afirma que a Capoeira, segundo as pesquisas atuais, surge como uma manifestação que integra diversas características de diferentes grupos étnicos vindos da África que, ao se conjugarem no Brasil, adquiriram um dado formato que, aos poucos, foi se condensando, se ritualizando, ganhando uma identidade própria, uma liturgia específica. E, no início do século XX, ela começa a adquirir uma roupagem mais esportiva (Vieira, 2012)

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1 VIEIRA, Luiz Renato (2012), “Entrevista gravada concedida a José Valentim Viana Cordeiro”

2 VIEIRA, Luiz Renato (2012), “Entrevista gravada concedida a José Valentim Viana Cordeiro”

A INTERNACIONALIZAÇÃO
DA CAPOEIRA

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1932 - A primeira escola (academia) de capoeira foi fundada em Salvador, em 1932. Coube a Mestre Bimba a tarefa de definir as normas (como o sistema de uniforme branco e cinto) e as regras da capoeira. No entanto, a escola só foi registrada depois que Mestre Bimba recebeu um convite oficial do Presidente do Brasil, Getúlio Vargas, para realizar uma apresentação de capoeira. Como resultado, a escola foi registrada junto ao Ministério da Educação brasileiro.

1941 - Decreto 3.199 que estabeleceu as bases do esporte no Brasil. Com apoio neste ato foi constituída a Confederação Brasileira de Pugilismo – CBP – que já na fundação instituía o Departamento nacional de Luta Brasileira, que foi o embrião da Confederação Brasileira de Capoeira. Este foi o primeiro reconhecimento esportivo oficial da modalidade (Vieira, 2005)

- Uma das "lendas" na história da capoeira é Vicente Ferreira Pastinha, também conhecido como Mestre Pastinha, o fundador do estilo de capoeira denominado "Angola". Pastinha nasceu em Salvador em 05 de abril de 1889. Ele conheceu a capoeira na infância através de um marinheiro africano. Embora tenha entrado na escola da Marinha na juventude, ele acabou abandonando a carreira de marinheiro para ensinar capoeira. Devido à seus vários adágios, ele foi denominado " o filósofo da capoeira". Em 1941, ele recebeu um convite de um dos seus alunos para ir à "Ladeira do Gengibirra" em Salvador. Os participantes pediram ao mestre para ensiná-los. Assim, foi fundada a Escola de Esportes e Capoeira Angola. O uniforme da escola era "preto e amarelo", porque esta era a cor do uniforme do time de futebol favorito do Mestre. As atividades da academia acabaram se enfraquecendo devido às pressões por parte do Governo. Mestre Pastinha, que viveu em pequeno quarto, cego e deprimido em seus últimos anos, morreu em 1982 aos 92 anos de idade.

1942 - Mestre Bimba fundou sua segunda escola de capoeira, que continua funcionando até os dias atuais. Mestre Bimba dedicou toda a sua vida ao desenvolvimento de capoeira, e mesmo no dia da sua morte (05 de fevereiro de 1974) se preparou para uma apresentação de capoeira.

No prefácio do catálogo de uma exposição de Neves e Sousa em Angola, no ano de 1966“Da minha África e do Brasil que eu vi”, Câmara Cascudo mencionava que o pintor “viu a ginástica do n´golo, batizada ‘capoeira’”. Estava se divulgando então, pela primeira vez no Brasil a teoria do ‘n´golo’ como luta ancestral da Capoeira. Encampada a teoria de Neves e Sousa por Câmara Cascudo em seu Folclore Brasileiro (1967) e as explicações no Dicionário do Folclore brasileiro (1972).

Para Assunção e Peçanha (2009) 3 o ‘n´golo’ acabou transformado num mito de origem – um “elo perdido” – da Capoeira. Até a década de 1960, ninguém tivera conhecimento dessa ancestralidade, quando Pastinha recebeu a visita do pintor angolano Albano Neves e Sousa. Este afirmou ter visto na África uma dança semelhante ao tipo de Capoeira que o Mestre baiano ensinava. A memória oral não registrava nenhuma prática ancestral específica. Em suas palestras pelo Brasil, Albano Neves e Sousa conseguiram convencer alguns brasileiros de sua teoria, entre eles o folclorista Câmara Cascudo, então presidente da Sociedade Brasileira de Folclore.

Para começar, não foi transmitido pelos mestres africanos aos seus alunos brasileiros via tradição oral. Aceitar literalmente o mito, um tremendo anacronismo, ou seja: como pode uma manifestação documentada apenas no século XX ser ‘a origem’de uma capoeira que existe pelo menos desde o início do século XIX? Pensar que o n´golo teria sobrevivido inalterado desde a época do tráfico negreiro é ignorar as profundas mudanças pelas quais passaram as sociedades do território angolano nesse período”. [...] Surpreende que hoje, em Angola, o n´golo seja completamente desconhecido, assim como seu papel como mito fundador da capoeira.[...]”. 4

Nesse mesmo período, se estendendo até a década de 70, os destinos procurados eram Estados Unidos e Europa. Os capoeiristas mais aventureiros decidiam ficar por onde se apresentavam o que, gradativamente, foi reforçando um movimento migratório que se seguiu nos anos posteriores (Falcão, 2005)5:

ASSUNÇÃO, Matthias Röhrig; PEÇANHA, Cinésio Feliciano (Mestre Cobra Mansa). Elo perdido:Adança da zebra. In REVISTA DE HISTÓRIADA BIBLIOTECANACIONAL. Março 2008, p. 14-21, disponível em www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1445

4 ASSUNÇÃO, Matthias Röhrig; PEÇANHA, Cinésio Feliciano (Mestre Cobra Mansa). Elo perdido:Adança da zebra. In REVISTA DE HISTÓRIADA BIBLIOTECANACIONAL. Março 2008, p. 14-21, disponível em www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1445

5 Fluxos e refluxos da capoeira: Brasil e Portugal gingando na roda. Disponível em: Análise Social Vol. 40, No. 174 (Primavera de 2005), pp. 111-133 (23 páginas) Fluxos e refluxos da capoeira: Brasil e Portugal gingando na roda on JSTOR

Mestre Nestor Capoeira, na década de setenta, foi quem primeiro introduziu classes de Capoeira na Europa, na London School of Contemporary Dance, na Inglaterra (Capoeira, 2005: 121). Foi, também, neste mesmo período, que Mestre Jelon Vieira chegou à Nova Iorque, tendo passado por Londres com o grupo folclórico em que estava inserido. Mestre Jelon declara que o seu trabalho inicial fixou-se numa academia de danças, chamada La Mamma, em Manhattan, onde permaneceu entre 1975 e 1979.

A Capoeira chega à Península Ibérica por volta da década de oitenta do século XX, por meio de mestres brasileiros que imigraram para Portugal, em busca de oportunidades e com a intenção de disseminar a arteluta pelo mundo. Curiosamente, nos dias de hoje, grande parte dos que difundem a Capoeira no país são portugueses, fato esse que se deu em decorrência de um longo trabalho, perpetuado por mais de duas décadas. 6

Seguindo Cordeiro (2021) 7, a Capoeira, hoje, é considerada uma instituição global, que representa a cultura afro brasileira no exterior:

As primeiras viagens da arte-luta datam da década de sessenta, momento no qual os grupos folclóricos brasileiros atravessavam fronteiras. Nessas primeiras incursões, a Capoeira era exposta de maneira folclorizada e estilizada, seguindo os moldes culturais exportados por Carmem Miranda, com destaque para as baianas e as mulatas, que, com toda pompa, vestiam seus trajes coloridos, de maneira a recriar o exotismo tropical brasileiro muito característico da época.

1960 - O grupo "Senzala" foi estabelecido pelos irmãos Flores, Paulo, Rafael e Gilberto em 1960. Os irmãos Flores foram discípulos de Mestre Bimba e de Mestre Pastinha. Atualmente o grupo Senzala dirige escolas nos EUA, Portugal, França, Alemanha, Itália, Holanda, Dinamarca, Sérvia, Finlândia e Ucrânia.

1966 Participação dos representantes da chamada Capoeira Angola, sob a liderança de Mestre Pastinha, no Primeiro Festival de Artes Negras de Dakar. A delegação brasileira volta do Senegal afirmando que não existia Capoeira na África. Passam então a reivindicar uma posição nacional, afirmando que a “Capoeira Angola” é a verdadeira “Luta Brasileira”, uma vez que Mestre Bimba havia registrado com o nome “Luta Regional”.

1967 A Força Aérea Brasileira organizou o Primeiro Congresso Nacional de Capoeira.

- O grupo "Cordão de Ouro" (Gold Belt em inglês) foi fundado pelos Mestres Suasuna e Brasília em 1967. O grupo difere de todas as escolas de capoeira por sua técnica apurada. O grupo opera escolas em mais de 20 países do mundo.

1969 A Força Aérea Brasileira organizou o Segundo Congresso Nacional de Capoeira. Nestes dois eventos, aviões da FAB trouxeram mestres de todo o Brasil com o objetivo de dar uma organização nacional efetiva à prática da luta (Vieira, 2005)

DÉCADA DE 1970 – iniciou-se a fundação das federações Estaduais de Capoeira, sob a jurisdição da CBP. E nesta mesma década começa a expansão da Capoeira por todo o país, a qual antes estava limitada a poucas iniciativas e localizações. Neste estágio, passam a convergir e se consolidar vários suportes para o desenvolvimento da Capoeira tais como a institucionalização da luta (livros e publicações, gestão por federações, etc.); multiplicação de mestres (imigração entre regiões do Brasil e para o exterior, festivais de grupos renomados, etc.); melhoria do conhecimento (pesquisa,, ensino em universidades, etc.); e reconhecimento público do seu valor cultural e esportivo (Vieira, 2005)

6 JOSÉ VALENTIM VIANA CORDEIRO. A HISTÓRIA DA CAPOEIRA NO ALGARVE, 2021, Mestrado em História e Patrimônios Trabalho efetuado sob a orientação de: Professora Dra. Renata Malcher de Araujo. UNIVERSIDADE DO ALGARVE Faculdade de Ciências Humanas e Sociais. Disponível em VF - 20JAN22 .pdf (ualg.pt)

7 JOSÉ VALENTIM VIANA CORDEIRO. A HISTÓRIA DA CAPOEIRA NO ALGARVE, 2021, Mestrado em História e Patrimônios Trabalho efetuado sob a orientação de: Professora Dra. Renata Malcher de Araujo. UNIVERSIDADE DO ALGARVE Faculdade de Ciências Humanas e Sociais. Disponível em VF - 20JAN22 .pdf (ualg.pt)

1972 - O grupo "Muzenza" foi criado em 1972 pelo Mestre Paulão, um díscipulo do Mestre Mintirinha, o líder do grupo Obaluae. Em 1975 o grupo passou a ser liderado pelo Mestre Burguês. Todos os anos o grupo organiza o campeonato mundial e europeu.

1974 - A capoeira desenvolveu-se rapidamente nos últimos 50 anos do século passado.. Novas escolas e e grupos internacionais foram criados, e diferentes competições foram organizadas. Assim, em 1974, a capoeira foi aceita como o esporte nacional do Brasil. Atualmente, escolas de capoeira, academias, federações nacionais e grupos internacionais operam não apenas no Brasil, mas também em outras partes do mundo. Grupos de capoeira como ABADA, Muzenza, Axe, Senzala, Cordão de Ouro, Capoeira Brasil atuam de forma mais abrangente.

1982/1987 - O objetivo do grupo "Axé Capoeira", segundo seu líder o Mestre Barrão, "é desenvolver todos os aspectos da capoeira". Ele estabeleceu o grupo internacional "Axe Capoeira" em 1982 e o registrou oficialmente em 1987, com a ajuda de Mestre Pirajá. Atualmente o grupo opera escolas de capoeira em mais de 20 países do mundo sob o nome da organização "Axe Capoeira".

1988 - O grupo "Adaba-Capoeira", cujo signifcado é Associação Brasileira de Apoio e Desenvolvimento da Arte da Capoeira, foi fundado em 1988 pelo Mestre Camisa, um discípulo do famoso Mestre Bimba. Seu o objetivo de proteger as tradições e, ao mesmo tempo, em adapatar-se aos novos aspectos da capoeira. O grupo possui mais de 50.000 membros em mais de 20 países.

1989 - GCB. As raízes do grupo "Capoeira Brasil" encontram-se no grupo "Senzala". O grupo foi criado pelos Mestres Paulinho, Boneco e Paulão no Rio de Janeiro em 1989. O grupo dirige escolas em 15 estados dos EUA, na Holanda, na França, no Japão, na Turquia e na Austrália.

1993 - realização do Primeiro Congresso Técnico Nacional de Capoeira, na cidade de Guarulhos-SP. Objetivo: padronização de procedimentos técnicos, culturais e esportivos (Vieira, 2005)

1995 - em 1995 sua prática foi reconhecida oficialmente como esporte de alto nível passando a ter representação no Comitê Olímpico Brasileiro.

1997 - Organização do Segundo Congresso Técnico Nacional de Capoeira (Vieira, 2005)

1999 - realização do Terceiro Congresso Técnico Nacional de Capoeira e Primeiro Congresso Técnico Internacional de Capoeira, na cidade de São Paulo. Aprofundamento das padronizações técnicas e difusão para o exterior.

- Fundação da Federação Internacional de Capoeira, em São Paulo.

- Fundação da Associação Brasileira de Árbitros de Capoeira, em São Paulo (Vieira, 2005)

REGULAMENTO INTERNACIONAL DE CAPOEIRA

De cumprimento, no Brasil, pelos órgãos de governo nos termos do IV do Artigo 217 da Constituição Federal Brasileira e de adoção obrigatória por todos os praticantes, nos termos do Parágrafo 1° do Artigo 1° e do Item IV do Artigo 4°, parágrafo 3° do Art. 5° e do Art. 14 da Lei Federal 9.615 de 24/03/98 (Lei Pelé), do Art. 18 do Decreto Federal 2.574 de 29/04/98 e do Item III do Artigo 2° da Lei 9.696 de 01/09/98 (Regulamenta da Profissão do Professor de Educação Física).

TÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Artigo 1°- Os seguintes itens de padronizações técnicas, culturais e desportivas foram aprovados em Assembléia Geral Ordinária da Confederação Brasileira de Capoeira - CBC, ocorrida por ocasião do II Congresso Técnico Nacional de Capoeira realizado nos dias 03, 04, 05 e 06 de junho de 1999, na Cidade de São Paulo, SP, Brasil, se fazendo presente o Conselho Federal de Educação Física - CONFEF, onde juntamente se realizaram as atividades do I Congresso Técnico Internacional de Capoeira, sendo também fundadas no dia 06 a Associação Brasileira de Árbitros de Capoeira - ABAC e a Federação Internacional de Capoeira - FICA, que referendou as atividades do evento, estabelecendo o Regulamento Internacional de Capoeira e Regulamento Desportivo Internacional de Capoeira, os quais são de natureza obrigatória para todos os praticantes da modalidade, nos termos da Lei Federal 9.615 de 23/04/98 (Lei

Pelé), em seu Artigo 1° parágrafo 1° e Artigo 4° Item IV Parágrafos 1° e 2°, do Decreto Federal 2.574 de 29/04/98 em seu Artigo 5° Item IV, parágrafos 1° e 3° e Artigos 17 e 18, associados ainda ao Item III do Artigo 2° da Lei Federal 9.696 de 01/09/98 (Regulamentação dos Profissionais de Educação Física).

Artigo 2°- A Capoeira passa a ser reconhecida internacionalmente como um Desporto de Criação Nacional, criado no Brasil e como tal, pertencente ao patrimônio cultural do povo brasileiro, legado histórico de sua formação e colonização, fruto do encontro das culturas indígenas, portuguesa e principalmente dos povos africanos, devendo ser protegida e incentivada na forma da Constituição Federal do Brasil.

Parágrafo 1°- A Capoeira por sua inserção no processo histórico da nação portuguesa no período colonial brasileiro, bem como por haver recebido suas influências culturais, também faz parte, reconhecidamente, do acervo cultural da chamada Pátria-Mãe brasileira.

Parágrafo 2°- Em virtude da Capoeira ter sido criada e concebida como tal no Brasil, também passa a ser considerada como um patrimônio cultural dos povos da América e da humanidade.

Parágrafo 3°- Em virtude dos dispostos neste Artigo e Parágrafos anteriores, também é reconhecida internacionalmente a Capoeira como:

1. Desporto Cultural;

2. Desporto de Identidade;

3. Desporto Tradicional.

Parágrafo 4°- Constitui depreciação do patrimônio cultural a não aplicação ou deturpação dos conteúdos estabelecidos por este Regulamento.

Artigo 3°- Considera-se como prática do desporto formal da Capoeira, para efeitos legais, sua manifestação cultural sistematizada na relação ensino aprendizagem, havendo um ou mais docentes e um corpo discente, onde se estabelece um sistema de graduação de alunos e daqueles que ministram o ensino, havendo uma identificação estabelecida em uniformes e símbolos visuais, independentemente do recinto onde se encontrarem.

Artigo 4°- Considera-se como pratica desportiva não formal da Capoeira, para efeitos legais, sua manifestação cultural, sem qualquer uma das configurações estabelecidas pelo Artigo anterior, e que seja praticada em recinto aberto, eminentemente por lazer, o que caracterizará a liberdade lúdica de seus praticantes.

Artigo 5°- Fica aprovado o Regulamento Desportivo Internacional de Capoeira, o qual é de natureza obrigatória para todos os eventos competitivos da modalidade, na forma do Parágrafo 1° do Artigo 1° da Lei Federal 9.615 de 23/04/98, quer seja em encontros, festivais, torneios, campeonatos ou quaisquer outras denominações e que impliquem em critérios de avaliação de desempenho e premiação de qualquer natureza.

Artigo 6°- Ficam aprovados os usos comerciais dos emblemas da CBC e da FICA, na industrialização e comercialização de materiais didáticos ou pedagógicos, livros, CD's, instrumentos musicais, uniformes, cordas, cordões, adornos, equipamentos, acessórios etc..

Parágrafo 1°- Cada entidade nacional de administração também se utilizará comercialmente de seu emblema associado ao da FICA na elaboração dos materiais constantes neste artigo.

Parágrafo 2°- São considerados materiais de primeira categoria aqueles que forem industrializados dentro das especificações técnicas e tiverem o selo de garantia contendo o emblema da FICA e da CBC no Brasil, ou juntamente com os das entidades nacionais de administração do desporto de cada país, reconhecidas pela mesma.

Parágrafo 3°- Todos os materiais que não estiverem dentro das especificações técnicas de que trata este Artigo e dos Parágrafos anteriores, serão considerados de segunda, terceira ou quarta categoria.

Parágrafo 4°- É prerrogativa exclusiva da Presidência da FICA, da CBC no Brasil, e das entidades nacionais de administração do desporto em outros países, a negociação direta com empresas visando a industrialização e a comercialização dos materiais de que trata este Artigo.

Parágrafo 5°- Os símbolos das Entidades de Administrações Desportivas são de propriedade legal das mesmas, na forma do Artigo 87 da Lei Federal 9.615 de 24/03/98, sendo terminantemente proibido seus usos sem a devida autorização formal.

TÍTULO II - DO UNIFORME OFICIAL

Artigo 7°- Fica estabelecido como Uniforme Oficial o seguinte conjunto padrão:

1. Camiseta de malha branca, mangas curtas e gola olímpica (tipo hering), com insígnia ao peito, num espaço de 0,20 x 0,20 m. ou acima entre a articulação do ombro e o coração, num espaço de 0,10 x 0,10 m.. As eventuais propagandas obtidas pelas delegações somente serão colocadas na parte das costas, entre as articulações dos ombros, num espaço de 0,10 x 0,20 m., sendo vedada propaganda em qualquer outra parte.

2. Calça branca de helanca, até o tornozelo, com cinco passadores para a corda ou cordão, com elástico na cintura, com o emblema de sua entidade na região do terço superior do quadriceps esquerdo, num espaço de 0,10 x 0,10 m. sem propaganda na mesma ou em qualquer outro local.

3. O cordão ou corda, nas cores oficiais, será de uso obrigatório dentro e fora das entidades de prática e em todos os eventos desportivos, sendo seu comprimento na altura do joelho.

Artigo 8°- Nas regiões frias, poderá ser adotada a camisa de malha de manga longa, desde que o Regulamento do Evento assim o determine, para árbitros, mesários, ritmistas e atletas.

TÍTULO IV - DO SISTEMA DE COMPETIÇÕES

Artigo 9°- Ficam estabelecidos os seguintes critérios para o Sistema Oficial de Competições:

A- Profissionais - Será criada uma comissão para avaliar esta situação;

B- Semi-Profissionais - Será criada uma comissão para avaliar esta situação;

C- Escolares - Nos termos do Art. 14 Lei 9.615 de 24/03/99 é prioritária para o sub-sistema desportivo integrado pela CBC e suas Federações Estaduais e Ligas.

4. Especiais e Adaptadas - Incentivadas junto ao Comitê Paraolímpico Brasileiro;

E- Amadoras - Foi aprovada a manutenção do atual sistema.

Parágrafo 1°- Nas competições oficiais municipais, regionais, estaduais, nacionais e internacionais, cada técnico de cada delegação poderá inscrever até dois assistentes técnicos, os quais deverão estar uniformizados de terno ou blaser com gravata nos desfiles de abertura e de encerramento, podendo retirar o paletó ou blaser nos momentos das competições, permanecendo porém de gravata durante todo o período do evento.

Parágrafo 2°- No caso de haver mulheres na função de técnicas, as mesmas deverão estar em traje social compatível.

Parágrafo 3°- Somente um técnico poderá ter acesso à mesa.

Parágrafo 4°- A Diretoria de Competições providenciará um braçal ou credencial de técnico que será cedida somente a um técnico por equipe, instrumento este que permitirá o acesso à mesa.

Parágrafo 5°- Os atletas participantes das competições oficiais deverão estar obrigatoriamente de posse do uniforme oficial e no uso de suas graduações.

Parágrafo 6°- Nenhuma pessoa poderá participar das competições oficiais, sem que esteja de posse de sua carteira de registro institucional.

Artigo 10- Nenhuma competição Regional, Estadual, e Nacional poderá ser realizada sem que seja assegurado alojamento com colchões para as delegações participantes, com pelo menos uma antecedência de 24 (vinte e quatro) horas do horário de início das atividades e de no mínimo 48 (quarenta e oito) horas antes das competições individuais.

Artigo 11- As inscrições para as competições serão encerradas com uma antecedência de 07 (sete) dias antes da realização do evento.

Artigo 12- Será realizado um Congresso Técnico com os Técnicos e Assistentes Técnicos das delegações participantes, no dia que anteceder o evento.

Artigo 13- A pesagem dos atletas será efetuada com uma antecedência mínima de 06 (seis) horas antes do início das atividades, resguardados os horários de descanso dos atletas compreendido entre as 20:00 às 07:00 hr.

Artigo 14- Somente poderão ser inscritos nas competições individuais, dois atletas por cada categoria de peso, sexo e idade, os quais só poderão competir nas categorias específicas, admitindo-se a inscrição de um atleta reserva, o qual somente poderá competir na falta de um inscrito principal.

Artigo 15- Não serão admitidas bonificações por atletas participantes para efeito de calculo das classificações gerais das equipes, concebendo-se entretanto a criação de prêmios especiais por tal mérito.

TÍTULO III - DA NOMENCLATURA OFICIAL DE MOVIMENTOS

Artigo 16- Para estabelecer a Nomenclatura Oficial de Movimentos, buscaram-se as raízes desportivas da Capoeira tomando-se por base histórica os trabalhos deixados por Plácido de Abreu, Raul Pederneiras, Annibal Burlamaqui (Zuma), Coelho Neto, além de Innezil Pena Marinho, tendo como bases atuais, os referenciais obtidos pelos trabalhos de Me. Bimba (Manuel dos Reis Machado), fundador da segunda Escola Técnica de Educação Física no país e Me. Pastinha (Vicente Ferreira Pastinha), fundador do primeiro Centro Esportivo de Capoeira, entendendo entretanto como única a Capoeira, porém considerando-se distintos seus os padrões de jogo advindos do emprego dos padrões de ritmos do berimbau em cada um dos legados que nos foram deixados como herança cultural, resgatando-se as nomenclaturas encontradas nas obras dos mesmos e que doravante serão padronizados pela C.B.C. no Brasil e pela FICA em âmbito internacional.

Parágrafo Único- Em virtude de alguns movimentos serem apenas adaptações de outros ou em alguns casos derivações, ficou deliberado como Nomenclatura Oficial de Movimentos a proposta apresentada pela Diretoria Técnica da CBC, sob a responsabilidade do Me. Paulo César Almeida Prado (Puma), já difundida no Livro "O Trivial da Capoeira" da "Coleção Formar" Volume I da CBC Editora Araújo Gama, conforme tabela abaixo:

NOMENCLATURA OFICIAL DE MOVIMENTOS A- MOVIMENTO FUNDAMENTAL: 1-Ginga; B- MOVIMENTOS DESEQUILIBRANTES: 2. Aú; 3. Arpão de Giro; 4. Cocorinha;

Negativa; 6. Rolé; 7. Pião; 8. Esquiva; C- MOVIMENTOS DESEQUILIBRANTES DE PROJEÇÕES: 9. Arqueado; 10. Apanhada; 11. Açoite de Braço; 12. Balão Cinturado; 13. Balão Gravatado; 14. Crucifixo; 15. Dentinho; D- MOVIMENTOS DESEQUILIBRANTES DIRETOS: 16. Arrastão; 17. Cruz;

Escorão ou Chapa;

Joelhada;

Meia Lua de Compasso ou Rabo de Arraia;

Meia Lua de Frente;

Martelo;

Ponteira;

Queixada;

Benção; F- MOVIMENTOS TRAUMATIZANTES COM MEMBROS SUPERIORES:

Asfixiante;

Bochecho;

Chave;

Cotovelada;

Cutila;

Forquilha;

Telefone;

Leque;

Galopante;

5.

18. Banda; 19. Banda Trançada; 20. Tesoura; 21. Rasteira; 22. Vingativa; 23. Tombo da Ladeira; 24. E- MOVIMENTOS TRAUMATIZANTES COM MEMBROS INFERIORES: 25. Armada; 26. Calcanheira;

• Godeme;

• Palma; G- MOVIMENTOS TRAUMATIZANTES INTERMEDIÁRIOS:

• Chapéu de Couro; • Cabeçada; • Sapinho ou Coice; • Mortal;

• Queda de Rins; • Vôo do Morcego; H- MOVIMENTOS ESTRATÉGICOS: • Volta do Mundo (sentido horário ou antihorário); • Chamada ou Passo a Dois (frente, costas, alta e baixa).

TÍTULO V - DO SISTEMA OFICIAL DE GRADUAÇÃO

Artigo 17- Tendo em vista as necessidades de se estabelecer novos estágios de graduações, em virtude do grande número de crianças que adentram cada vez mais em nossa modalidade, bem como se adaptar as atuais em função de novos ajustes advindos da Lei 9.696 de 02/09/98, que Regulamenta a Educação Física, estabeleceu-se o seguinte SISTEMA DE OFICIAL DE GRADUAÇÃO, o qual é de natureza obrigatória para todas as Ligas Nacionais, Federações Estaduais, Ligas Regionais, Ligas Municipais e Entidades de Prática Desportiva e cultural, bem como para as Associações Brasileiras, Estaduais e Municipais, na forma do Parágrafo 3° do Artigo 5° da Lei Federal 9.615 de 24/03/98, a saber:

SISTEMA OFICIAL DE GRADUAÇÃO

A- GRADUAÇÃO INFANTIL (03 aos 14 anos):

lº estágio - aluno iniciante: sem corda ou sem cordão

2º estágio - aluno batizado: cinza claro/verde

3º estágio - aluno graduado: cinza claro/amarelo 4º estágio - aluno graduado: cinza claro / azul

5º estágio - aluno intermediário: cinza claro / verde e amarelo

6º estágio - aluno adiantado: cinza claro / verde e azul 7º estágio - aluno estagiário: cinza claro / amarelo e azul

C- FORMADOS E ESPECIALISTAS NO ENSINO DE CAPOEIRA (antigo Quadro de Instrutores): 15º estágio - Formado: verde, amarelo e azul 16º estágio - Monitor: verde e branco 17º estágio - Instrutor: amarelo e branco 18º estágio - Contra Mestre: azul e branco 19º estágio - Mestre: branco

B- GRADUAÇÃO PADRÃO (14 anos em diante): 8º estágio - aluno iniciante: sem corda ou sem cordão 9º estágio - aluno batizado: verde 10º estágio - aluno graduado: amarelo 11º estágio - aluno graduado: azul 12º estágio - aluno intermediário: verde e amarelo 13º estágio - aluno adiantado: verde e azul 14º estágio - aluno estagiário: amarelo e azul D- CONSELHO SUPERIOR DE MESTRES: 20º estágio - Mestre Integrante: branco brasão em cobre 21° estágio - Mestre Efetivo: branco brasão em prata 22º estágio - Mestre de Honra: branco brasão em ouro

Parágrafo Único- Foi extinto o nível e a denominação de mestríssimo.

TÍTULO VI - DAS DISPOSIÇÕES

TRANSITÓRIAS

Artigo 18- A Graduação Infantil seguirá os mesmos parâmetros da graduação padrão, acrescentandose apenas a cor cinza claro nas mesmas. Ao final das mesmas ou quando o aluno completar 14 anos, seu Especialista no Ensino poderá incluí-lo na graduação padrão, em qualquer um dos estágios, nunca excedendo o 12° nível (intermediário), levando sempre em consideração as cerimônias de batismo e graduação pelas quais passaram o referido aluno.

Artigo 19- Deverá ser colocado sobre a amarração das pontas das cordas, de um lado, uma insígnia da Entidade Nacional de Administração a que pertencer o capoeirista e de outro lado da FICA.

Parágrafo Único- Poderão também ser colocadas sob os símbolos das entidades descritas neste Artigo, também as insígnias da Federação ou Liga a que pertencer o praticante.

Artigo 20- Serão respeitados integralmente, até a realização de um Congresso Técnico específico, todos os procedimentos culturais pertinentes à chamada Capoeira Angola.

Parágrafo 1°- Os reconhecimentos pela CBC ao CONFEF específicos dos praticantes enquadrados neste Artigo, somente poderão ser efetuados se encaminhados por suas entidades representativas, observadas entidades estaduais e regionais de administração desportiva.

Parágrafo 2°- Uma vez reconhecidos, os praticantes enquadrados neste Artigo deverão portar brasões de equivalências de seus níveis em comparação aos demais.

TÍTULO VII - DO CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA - CONFEF

Artigo 21 - O Conselho Federal de Educação Física - CONFEF, passou a ser desde o dia 01/09/98 por força da Lei 9.696, o órgão de classe dos Professores de Educação Física e daqueles que exerciam atividades similares até a referida data.

Artigo 22- Foram deliberados pela Assembléia Geral, alguns ajustes pertinentes aos novos procedimentos decorrentes da adaptação daqueles que ministram instrução em nossa modalidade.

Artigo 23- Os estágios referentes ao antigo Quadro de Instrutores sofreram alterações para estarem em consonância com as determinações do CONFEF, que determinou a exclusão da palavra "professor" a qual é reservada somente para quem concluiu a graduação em Educação Física, sendo automaticamente substituída pala palavra "instrutor", consequentemente alterando o nome para Quadro de Formados e Especialistas no Ensino da Capoeira.

Parágrafo 1°- Foram, também sobre a orientação do CONFEF, criados dois Quadros de Formados e Especialistas, a saber: um para os Professores de Educação Física com Formação em Capoeira, que poderão trabalhar com a parte de preparação física e com a parte técnica, segundo seus níveis, e outro para os Profissionais de Qualquer Área com Formação em Capoeira, que atuarão somente com a parte técnica, necessitando de um Professor de Educação Física para acompanhar a parte da preparação física.

Parágrafo 2°- Fica assegurado que os Professores de Educação Física, somente poderão atuar na parte técnica da Capoeira se estiverem dentro dos procedimentos culturais específicos da modalidade, estipulados pelo tempo de prática e níveis de promoção aprovados em Congressos Técnicos.

Parágrafo 3°- Serão observados rigorosamente os tempos mínimos de idade, de prática e de escolaridade para a obtenção do Registro Nacional de Formado e Especialista no Ensino da Capoeira, qual será expedido provisoriamente pelo prazo de um ano, período no qual o candidato deverá completar uma carga horária especifica definida através dos Cursos de Padronização e Qualificação aprovados pelo CONFEF, onde após a conclusão o mesmo será expedido em caráter definitivo.

Parágrafo 4°- Em todos os procedimentos será observado o referendo do Conselho Superior de Mestres. Parágrafo 5°- Fica deliberada pela Assembléia Geral a seguinte tabela para ambos os Quadros:

QUADROS DE NÍVEIS DE FORMADOS E ESPECIALISTAS NO ENSINO DA CAPOEIRA

QUADRO DE PROFISSIONAIS DE QUALQUER ÁREA COM FORMAÇÃO EM CAPOEIRA QUADRO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA COM FORMAÇÃO

CAPOEIRA Nível Escolaridade Idade m í n i m a

Esc o l a r i d

Tempo capoeira N í v e l

Idade m í n i m a

Tempo

Formado 2° Grau 18 a n o s

Monitor 2° Grau 20 a n o s

Instrutor 2° Grau 25 a n o s

Contramestr e 2° Grau 30 a n o s

a d e

05 anos F o r m a d o

Gra d u a ç ã o

18 a n o s

05 anos

Mestre 2° Grau 35 a n o s

07 anos M o n i t o r

Gra d u a ç ã o

20 a n o s

07 anos

Vide a b a i x o

12 anos I n s t r u t o r

Esp e c i a l i z a ç ã o

25 a n o s

12 anos

Lat u S e n s u

17 anos C o n t r a m e s t r e

30 a n o s

17 anos

22 anos M e s t r e

Me s t r a d o

35 a n o s

22 anos C.S.M. Notório sab er

Vide abaixo C S M

Do u t o r a d o

Vide a b a i x o

Artigo 24- Foram definidos pela Assembléia do referido Congresso, em virtude de uma orientação do CONFEF, em especificar o campo de trabalho de cada nível de especialista no ensino, as seguintes atribuições aos níveis de especializações, conforme a tabela abaixo especificada:

Vide

TABELA DE ATRIBUIÇÕES AOS NÍVEIS DE FORMADO E DE ESPECIALISTA NO ENSINO DA CAPOEIRA QUADRO DE PROFISSIONAIS DE QUALQUER ÁREA QUADRO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Formado - Agente Básico de Instrução Técnica

Monitor - Sub-Coordenador Técnico

Formado - Agente Básico de Instrução Técnica e Pedagógica

Monitor - Sub-Coordenador Técnico e Pedagógico

Instrutor - Coordenador Técnico e Pedagógico Adjunto Contramestre - Coordenador Técnico

Instrutor - Coordenador Técnico Adjunto

Contramestre - Coordenador Técnico

Mestre - Supervisor Técnico, Pedagógico e Cultural Mestre do C.S.M. - Consultor Técnico e Cultural

Mestre - Supervisor Técnico e Cultural

Mestre do C.S.M. - Consultor Técnico, Pedagógico e Cultural

Artigo 25- Aos integrantes do Quadro de Profissionais de Qualquer Área com Formação em Capoeira, será garantida somente a prerrogativa do ensino técnico da modalidade, porém não o da preparação física, que é de atribuição específica dos Professores de Educação Física.

Artigo 26- Aos integrantes do Quadro dos Professores de Educação Física com Formação em Capoeira, será garantida a prerrogativa do ensino técnico e a preparação física para a modalidade.

Artigo 27- Os Professores de Educação Física que não tiverem formação em Capoeira, ou que a mesma não esteja em concordância com os tempos mínimos de idade e de tempo de prática, será garantida apenas a prerrogativa da preparação física da modalidade, não podendo assim, atuar na parte técnica.

Artigo 28- Os conteúdos de cada nível de especialização e seus campos de trabalhos, serão delimitados estabelecendo-se o seguinte cronograma: até 25 de junho, envio das propostas para os Diretores Regionais da CBC. Até 15 de julho reunião dos Diretores Regionais com os Presidentes de Federações. Dia 31 de julho, encontro dos Diretores Regionais na Cidade do Rio de Janeiro, RJ, com os Vice-Presidentes e Presidente da CBC, juntamente com membros os do CONFEF para definirem os requisitos mínimos e a formação técnica, pedagógica e/ou acadêmica de cada nível de especialização.

Artigo 29- Ficou deliberado em Assembléia Geral, que somente através da CBC é que serão encaminhados ao CONFEF, para o devido registro, os Formados e Especialistas no Ensino com formação em qualquer área, bem como os Professores de Educação com formação em Capoeira.

Artigo 30- A partir de 01 de agosto de 1999, somente poderão ser reconhecidos como Formados e Especialistas no Ensino da Capoeira, aqueles que forem possuidores de no mínimo o Certificado de Conclusão Escolar do Segundo Grau, isto, já estabelecendo um pré-requisito para a introdução modular da Capoeira na escola.

Artigo 31- O documento que habilita ao ensino da Capoeira passa a ser denominado Registro Nacional de Especialista no Ensino da Capoeira - RENECA, o qual somente é expedido pela C.B.C., através de alguma Federação ou Liga, estabelecendo-se a ordem hierárquica.

Parágrafo 1°- O RENECA será expedido provisoriamente por uma ano, aos que obtiverem nota mínima 5,0 (cinco) nos exames de pré-qualificação.

Parágrafo 2°- No ano de vigência do RENECA provisório o formado ou especialista deverá passar por uma carga horária padrão, estabelecida pelos módulos do Curso de Qualificação e Padronização, cujos conteúdos serão definidos até o dia 31 de julho, em reunião dos Diretores Regionais da CBC juntamente com o CONFEF.

Parágrafo 3°- O exame pré-qualificatório será constituído de:

1. Avaliação teórica de conhecimentos de Capoeira;

2. Avaliação teórica e prática de instrumentos musicais, confecção e manuseio

3. Avaliação teórica e prática de conhecimentos técnicos em Capoeira e no caso dos Professores de Educação Física, também em treinamento e aptidão física;

4. Avaliação teórica e prática de organização, condução e finalização de aula e de Roda Capoeira.

Parágrafo 4°- Os exames de pré-qualificação serão avaliados sempre por um número ímpar de pessoas, constando na equipe obrigatoriamente o Diretor Regional, O Diretor Técnico Estadual e no caso de Ligas também do Diretor Técnico Municipal, dos Presidentes das Entidades de Administrações envolvidas, um representante do CONFEF e por dois ou três Mestres pertencentes ao Conselho Superior de Mestres da jurisdição.

Artigo 32- O reconhecimento dos Formados e Especialistas no Ensino da Capoeira é de natureza obrigatória para todos os que atuarem no ensino da modalidade e independe da filiação a qualquer entidade de administração desportiva.

Artigo 33- Independentemente do reconhecimento dos Formados e Especialistas também haverá o reconhecimento dos núcleos de ensino da Capoeira, na forma do Artigo anterior.

Artigo 34- Caso o Formado ou Especialista opte apenas pelo reconhecimento, não terá direito a voto nas entidades, nem poderá ser indicado para qualquer cargo eletivo ou de livre nomeação, pois isto é prerrogativa exclusiva dos membros filiados na entidade.

Parágrafo Único- No caso da opção pelo reconhecimento, o candidato deverá observar a estrita observância deste Regulamento, para manter tal prerrogativa.

Artigo 34- São estabelecidos os seguintes tempos mínimos para promoção, conforme discriminado na tabela abaixo: NÍVEIS DE GRADUAÇÃO OFICIAL

IDADE MÍNIMA TEMPO DE CAPOEIRA

Aluno do 1° ao 7° estágio 03 aos 14 anos De ano em ano

Aluno do 8° ao 14° estágio 15anos em diante 4 anos e 11 meses

15° estágio: Formado 18 anos 5 anos

16° estágio: Monitor 20 anos 7 anos

17° estágio: Professor 25 anos 12 anos 18° estágio: Contra-Mestre 30 anos 17 anos 19° estágio: Mestre 35 anos 22 anos 20° estágio: Integrante - CSM 45 anos 30 anos

21° estágio: Efetivo - CSM 55 anos 40 anos 22° estágio: Honra - CSM 65 anos 50 anos

Artigo 35- Aqueles que já possuíam seus Registros Nacionais Provisórios, na obtenção do definitivo deverão apresentar atestado de escolaridade, no mínimo de segundo grau.

Artigo 36- Aqueles que ainda não tinham tais registros deverão procurá-los junto às Entidades de Administrações Desportivas de suas jurisdições.

Artigo 37- Com fins de regularizar a situação de todos os Formados e Especialistas no Ensino da Capoeira, serão mantidos em todo Brasil, Cursos de Especialização, Qualificação e Padronização, cujo conteúdo será estabelecido pela CBC, em consonância com o CONFEF, envolvendo ainda as Faculdades de Educação Física próximas das referidas jurisdições das entidades de Administração Desportiva.

Artigo 38- O Mestre será responsável pelo trabalho de seus Contramestres, Instrutores, Monitores e Formados, os quais não poderão ter menos de 18 (dezoito) anos.

Artigo 39- Fica deliberado pela Assembléia o estabelecimento de um convênio específico entre o CONFEF e a CBC, no qual o primeiro somente reconhecerá aqueles que forem portadores do encaminhamento efetuado pela CBC, que por sua vez enquanto única entidade Nacional de Administração do Desporto e devidamente reconhecida pelo Comitê Olímpico Brasileiro, e pela Ordem dos Advogados do Brasil, lhe cabe a função de dirigir, difundir, incentivar a prática e promover o desenvolvimento técnico da Capoeira.

Parágrafo 1°- O reconhecimento de que trata este Artigo se efetuará dentro das diretrizes técnicas de formação estabelecidas pela FICA, em consonância com os critérios definidos com o CONFEF.

Parágrafo 2°- Fica deliberado pela Assembléia o requerimento ao CONFEF de um prazo de 5 (cinco) anos para adaptação dos profissionais de qualquer área às novas diretrizes estabelecidas pelo

CONFEF, podendo o mesmo estabelecer novos critérios escolares para as categorias de Instrutor, Contramestre e Mestre, após este período, inclusive a nível superior.

Parágrafo 3°- Fica também deliberado que por este convênio, se efetuará uma parceria para a fiscalização conjunta de todos os locais onde forem ministradas quaisquer atividades de ensino ou de prática da modalidade, contribuindo, assim, ambas entidades, para a melhoria do padrão técnico, pedagógico e profissional pertinente à pratica da referida modalidade.

Parágrafo 4°- Por força deste convênio, a CBC indicará ao CONFEF, um Professor de Educação Física com formação em Capoeira, para atuar como Assessor de Capoeira junto a cada Conselho Regional de Educação Física estabelecido em cada Estado da União, contribuindo por reciprocidade com a formação e a estruturação de cada uma destas entidades.

Parágrafo 5°- O CONFEF e a CBC, atuarão conjuntamente junto ao Ministério da Educação, Ministério dos Esportes e Turismo e no Ministério do Trabalho bem como junto às Universidades e Faculdades, para facilitação do aumento da demanda de Cursos Seqüenciais na área da Educação Física objetivando a re-qualificação dos Formados e Especialistas no Ensino da Capoeira, estabelecendo-se parcerias entre as várias entidades envolvidas, na busca de contrapartidas sociais, de forma que estes novos parâmetros possam também beneficiar a sociedade de um modo geral.

Parágrafo 6°- Além das contrapartidas sociais para o custeio da requalificação dos que atuarem no ensino da Capoeira, buscar-se-ão formas alternativas em parcerias com outras entidades, visando a adaptação de tais profissionais, ficando deliberado também a instalação de salas do Telecurso Segundo Grau da Fundação Roberto Marinho junto a cada Federação, Ligas ou Grupos, bem como junto ao Instituto Universal Brasileiro e outras formas de ensino à distância.

Parágrafo 6°- O CONFEF e a CBC, constituirão parceria para coibir quaisquer veículos de comunicação que vierem a divulgar ou promover indivíduos não qualificados aos ensino da Capoeira.

Parágrafo 7°- Por força do referido acordo, o CONFEF e a CBC, atuarão ainda conjuntamente na fiscalização do ensino da Capoeira em órgãos públicos, escolas, associações, academias de esporte e entidades de prática desportiva em todo o Brasil.

TÍTULO VIII - DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Artigo 40- Fica estabelecido o prazo para o início deste procedimento o dia 01/08/99, bem como os demais exigidos pelo CONFEF.

Artigo 41- Com a fundação da Federação Internacional de Capoeira - FICA, automaticamente ficam transferidos a ela os Membros do Conselho Superior de Mestres, que agora passa a ter atuação internacional.

Artigo 42- Somente a FICA poderá reconhecer os Formados e Especialistas no Ensino da Capoeira em atuação no exterior, segundo os parâmetros das legislações vigentes, e em consonância com as Entidades Nacionais de Administrações de cada país.

Artigo 43- A FICA reconhecerá apenas uma Entidade Nacional de Administração do Desporto em cada país.

Parágrafo 1°- A Entidade Nacional reconhecida, por sua vez, somente poderá reconhecer uma Liga Nacional, uma Federação Estadual por Estado, uma Liga Regional por região e uma Liga Municipal por Município.

Parágrafo 2°- Na hipótese de haver outras entidades de administrações dentro de uma mesma jurisdição, as demais também deverão seguir os critérios estabelecidos por este Regulamento Internacional, nos termos do Parágrafo 3° do Item IV do Artigo 5° do Decreto Federal 2.574 de 29/04/98.

São Paulo, SP, Brasil, 06 de junho de 1999.

Federação Internacional de Capoeira

Confederação Brasileira de Capoeira

2000 - Fundação da Associação Brasileira de Capoeira Especial e Adaptada para a divulgação e prática da capoeira entre portadores de deficiências.

2007 - Castro (2007)8, em seu estudo intitulado “Mestre João Grande: na roda do mundo entre a Bahia e Nova Iorque” pondera sobre o contexto em que se dá a sua pesquisa: “globalização” e “internacionalização” da “tradição” da Capoeira Angola. A grande questão levantada por ele, assim como por muitos outros autores, é a pertinência da utilização desses termos para descrever um fenômeno contemporâneo. Castro (2007) faz coro com Renato Ortiz defendendo a ideia de que, se a noção de globalização for entendida apenas pela sua característica de relações de contatos entre culturas diferentes e distanciadas geograficamente, a globalização não seria, de modo algum, algo original. Entretanto, Castro (2007) se apoia em Sevcenko (2001) no que ele chamou de “era da globalização” para descrever um fenômeno social que despontou, a partir da década de 1970, quando das crises das indústrias petrolíferas. Nesse período teria havido uma superestimulação dos fluxos econômicos com vista ao aquecimento da economia mundial que teria gerado a rede interligada de computadores que, por sua vez, teria provocado uma revolução na comunicação diminuindo distâncias e esfumaçando fronteiras antes nítidas. É nessa perspectiva que Castro (2007) entende a globalização e analisa a consolidação de mestre João Grande nos EUA ocorrida nos anos 1980.

2008 - A roda de capoeira foi registrada como bem já registrado, em 20 de novembro de 2008, pelo Departamento de Patrimônio Imaterial Cultural do IPHAN, utilizando material da Tese de Doutorado do Prof. Dr. Sergio Vieira.

- O ofício dos mestres de capoeira foi registrado em 20 de novembro de 2008, pelo Departamento de Patrimônio Imaterial Cultural do IPHAN, utilizando material da Tese de Doutorado do Prof. Dr. Sergio Vieira..

- Primeiro Campeonato Mundial de Capoeira - FICA - dias 2, 3 e 4 de fevereiro de 2008 no Ginásio de Esportes Nelson Rueger na Cidade de Araras - SP - Brasil.

2009 - 1ª - Primeira Convenção Internacional de Capoeira - 4 e 5 de julho de 2009, Baku, Azerbaijão.

- 23 de novembro - Dia da Capoeira. O Governador Sergio Cabral promulga o dia da capoeira no Estado do Rio de Janeiro.

2010 - Fundação da Federação Fluminense de Capoeira Desportiva - CNPJ: 13.046.043/0001-50, 5 de junho de 2010.

- Fundação da Confederação Brasileira de Capoeira Desportiva- 07 de novembro de 2010, em Araras - São Paulo, CNPJ: 13.253.744/0001-60 - Filiada na Federação Internacional de Capoeira

- Fundação da Confederação Panamericana de Capoeira Desportiva- 7 de novembro, em Araras, São Paulo.

- 29 de outubro de 2010 - A FICA foi apresentada oficialmente em primeira estância ao COI, na entidade SportAccord – Lausana Suiça. Conseguindo o documento “Meeting FICA-SportAccord” - Certificado de Reconhecimento.

Após três décadas de expansão no Brasil e no exterior, a capoeira tornou-se uma das principais práticas esportivas do país, contando um total estimado de seis milhões de praticantes em cerca de 35 mil núcleos de ensino em todas as regiões brasileiras. Há também 24 federações estaduais e 92 ligas regionais e municipais, vinculadas à Confederação Brasileira de Capoeira. Por sua vez, a Federação Internacional de Capoeira já soma sete federações nacionais (Canadá, Argentina, Portugal, Holanda, França, Alemanha, e Austrália), além de identificar a presença da luta em outros 156 países (Vieira, 2005)

2004 - Granada (2004) analisa o processo de fundação da sede de um grupo de Capoeira Angola em Washington, capital dos EUA, na década de 1990. Para o autor, o conceito de “imigração” não era adequado ao contexto ao qual se referia, pois geralmente possuia um apelo às questões financeiras, o

8 CASTRO, Mauricio Barros de. Na roda do Mundo: Mestre João Grande entre Bahia e Nova York. Tese apresentada como conclusão de doutorado –USP, Departamento de História Social, 2007

que não se condizia com o caso analisado. Assim, passou a abordar a questão através do conceito de “diáspora”, baseado em HALL (2003). 2010 - Celso Brito (2010)9 trata sobre a relação entre a cultura local e a cultura global na Capoeira Angola. O autor aborda os fundamentos do ritual, o sistema de linhagem e organização, o que, em outro contexto, Robertson (2000) chamaria de “glocalização”. Assim, Brito (2011; 2016; 2022) considera os fundamentos como fatores responsáveis pelo controle e pela formação de comunidades hierarquizadas e pela relação “nós e os outros” no universo simbólico da Capoeira angola

2012 - Inkeri Aula (2012) discorre sobre o quão filosofia de vida e a pratica da capoeira em si, aos poucos se adentram a Europa e outras partes do mundo, propiciando muito além de experiências corporais, mas também um outro modo de ver, ser, estar e movimentar no mundo. Para a autora o processo de significação das experiências e as reinterpretações de “libertação” oportunizadas pela capoeira se modificam devido a globalização. Logo, a expansão da capoeira para os países “ocidentais” evoluem em direção oposta, já que modelos de prática em economia, política e vida cultural têm saído do ocidente para as outras partes do mundo. A autora utiliza de dois pontos de vista da experiência capoeirística: os dos praticantes da capoeira baianos e europeus (que denomina analiticamente como capoeira “negra” e a “branca). Dessa maneira, considera que a capoeira traz consigo um fundo cultural potente.

2015 - Ricardo Nascimento (2015) 10faz um apontamento importante sobre o surgimento do documentário Mandinga in Manhattan (2005). Este, se trata de um documentário sobre a internacionalização da capoeira a partir do Mestre João Grande, o mais antigo mestre da velha guarda da capoeira baiana que reside nos Estados Unidos e mantém um trabalho consistente por lá até os dias atuais. O documentário discorre sobre a fixação do mestre João Grande em território não brasileiro, e também de outros capoeiristas, que iniciaram a grande “diáspora” da capoeira. O autor também ressalta outros filmes como Mandinga em Colômbia2 (que trata da chegada da capoeira na Colômbia e a interação da cultura afro-brasileira com a cultura afro-colombiana) e Only the Strong (que tem sua tradução no Brasil como “Esporte sangrento” e foi o primeiro filme norte-americano sobre a capoeira) .

2019 - dois estudos se dedicaram exclusivamente à prática da capoeira fora do Brasil: os trabalhos pioneiros de Travassos (2000) sobre a capoeira nos Estados Unidos e os de Vassallo (2001) sobre a capoeira na França.11

2022 - Vivian Campos; Daniele Pereira Canedo(2022) buscaram a “INTERNACIONALIZAÇÃO DA CAPOEIRA: ESTADO DA ARTE”, e encontraram 21 publicações, que constituirão o Portfólio Bibliográfico Final (QUADRO 3).

Quadro 3: Portfólio bibliográfico

AUTOR TITULO ANO DISPONIVEL EM TIPO

Daniel Granada Brasileiros nos Estados Unidos: capoeira e identidades transnacionais: Aspectos da interação social entre brasileiros e estadunidenses nos grupos da Fundação Internacional de Capoeira Angola Dissertação de mestrado em Antropologia. Rio de Janeiro, Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro 2004 DISSERTAÇÃO

Processo n° 01450.002863/200 6-80 Parecer n° 031/08 Registro da Capoeira como Patrimônio Cultural do Brasil Brasília: IPHAN 2008 http://portal.iphan.g ov.br/uploads/ckfind er/arquivos/Parecer %20Capoeira.pdf

9 BRITO, Celso de. A roda do mundo: os fundamentos da Capoeira Angola" glocalizada". 2010.

BRITO, Celso. Diásporas e fluxos da Capoeira Angola entre as décadas de 1980 e 2010. In: I Seminário Internacional História do Tempo Presente. 2014

10 NASCIMENTO, Ricardo Carvalho. É luta ou dança? Reinventando a capoeira na Bretanha francesa. Revista EntreRios do Programa de Pós-Graduação em Antropologia, v. 2, n. 2, p. 59-70, 2019

11 Daniel Granada Ferreira Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Curitibanos - EDUP.http://orcid.org/0000-0003-01935679. DOI: https://doi.org/10.5216/sec.v22i1.49203

Celso de Brito A roda do mundo: Os fundamentos da Capoeira Angola “glocalizada” 2010 https://bdtd.ibict.br/ vufind/Record/UFP R_8d472253d72826 533a4d28de3c60568 6 DISSERTAÇÃO

Celso Brito Diásporas e Fluxos da Capoeira Angola entre as décadas de 1980 e 2010 Anais do seminário Internacional de História do tempo presente 2011 https://www.academ ia.edu/1076296/Di% C3%A1sporas_e_Fl uxos_da_Capoeira_ Angola_entre_as_d %C3%A9cadas_de_ 1980_e_2010 ARTIGO

Celso Brito Análise etnográfica de um grupo de Capoeira Angola na cidade de Lyon-França e sua relação com o contexto global Cultures-Kairós [En ligne], Capoeiras ? objets sujets de la contemporanéité, Théma, Mis à jour le 16/12/2012 2012 https://revues.mshpa risnord.fr/cultureska iros/pdf/538.pdf ARTIGO

Inkeri Aula A CAPOEIRA ANGOLA DOS PRATICANTES EUROPEUS E BAHIANOS: Uma comunidade transnacional experiênciada Revista de Antropología Experimental, nº 12, 2012. Texto 9: 113-134. Universidad de Jaén (España) 2012 https://www.academ ia.edu/5671061/A_C apoeira_Angola_dos _praticantes_europe us_e_bahianos_uma _comunidade_transn acional_experiencia da ARTIGO

InkeriAulaAinternacionalizaçãodacapoeira:práticasdeapropriaçãonaArgentina,PolôniaeItáliaJournal of Experimental Anthropology; Nº 12 (2012): Nº 12, 2012 2012 https://revistaselectr onicas.ujaen.es/inde x.php/rae/article/vie w/1852/0 ARTIGO

REUEL PEREIRA MARELY CAPOEIRA E EFICÁCIA SIMBÓLICA: APONTAMENTOS TEÓRICOS E APORTES EMPÍRICOS Universidade Federal do Espírito Santo Mestrado em Educação Física 2013 http://repositorio.ufe s.br/handle/10/7253 DISSERTAÇÃO

Fábio Araújo Fernandes Capoeiragem In Between: um estudo etnográfico sobre a prática da capoeira na Alemanha Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Florianópolis, 2014. 2014 https://repositorio.uf sc.br/xmlui/handle/1 23456789/129170 TESE

Daniel Granada Tornar-se Mestre de capoeira em Londres: Mestre Fantasma e a relocalização da capoeira na Europa Antropolítica - Revista Contemporânea De Antropologia 2014 https://periodicos.uff .br/antropolitica/arti cle/view/41676 ARTIGO

A. da Rocha, F. Esteves, R. C. de Mello, J. F. da Silva Diasporic and Transnational Internationalization: The Case of Brazilian Martial Arts BAR, Rio de Janeiro, v. 12, n. 4,. 403-420. 2015 https://bar.anpad.org .br/index.php/bar/art icle/view/284. ARTIGO

Celso de Brito A política Cultural da Capoeira Contemporânea: uma Etnografia Sobre os Casos Brasileiro e Português Mediações: Revista de Ciências Sociais 2016 https://doaj.org/artic le/a44c0a45f9c7423 987cca1b3eb796418 . ARTIGO

Ricardo Nascimento É LUTA OU DANÇA? REINVENTANDO A CAPOEIRA NA BRETANHA FRANCESA Revista EntreRios do Programa de PósGraduação em Antropologia(Universid ade Federal do Piauí) 2016 https://www.researc hgate.net/journal/Re vista-EntreRios-doPrograma-de-PosGraduacaoemAntropologia-2595- 3753 ARTIGO

José Luiz Cirqueira FALCÃO ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO DA CAPOEIRA: TRANSNACIONALIDADE, RESISTÊNCIA CULTURAL E MOBILIDADE Criar Educação- Revista do Programa de Pós graduação em educação UNESC 2016 https://core.ac.uk/dis play/236396214 ARTIGO

Ricardo Carvalho Gingando na lusofonia: a institucionalização da capoeira em Portugal IBCE- Instituto Brasileiro de CapoeiraEducação 2016 https://capoeiraibce. com/capoeira/gingan do-na-lusofoniaainstitucionalizacaoda-capoeira-emportugal/?v=19d332 6f3137 ARTIGO

Erick Serna Luna Mandinga é fundamento. La sociogénesis intercultural e interreligiosa de la Capoeira. Interdisciplina 6, n° 16; 207-225 2017 http://www.revistas. unam.mx/index.php/ inter/article/view/65 641/59753. ARTIGO

Joana Porto IÊ VIVA MEU DEUS – CAPOEIRA: DA CRIMINALIZAÇÃO AO RECONHECIMENTO INTERNACIONAL. Dissertação- Programa De Pós- Graduação Interdisciplinar Em Direitos Humanos da Universidade Federal de Goiás 2017 https://bdtd.ibict.br/ vufind/Record/UFG _a496c17f44b81407 6c9169b4fa8f5d93/ Description. DISSERTAÇÃO

Daniel Granada Práticas em movimento: a pesquisa de campo no caso da capoeira fora do Brasil Revista Sociedade E Cultura, 22(1) 2019 https://revistas.ufg.b r/fchf/article/view/4 9203. ARTIGO

Matthias Röhrig Assunção Engolo e capoeira. Jogos de combate,étnicos e diaspóricos no Atlântico Sul Revista Tempo Niterói Vol. 26 n. 3 2020 https://www.scielo.b r/j/tem/a/G4KKLtX 67KrdL6TTqPQKx4 R/. ARTIGO

Celso Brito e Daniel Granada Cultura, política e sociedade: estudos sobre a Capoeira na contemporaneidade Teresina: EDUFPI 2020 https://www.ufpi.br/ arquivos_download/ arquivos/livro_digita l1_12020060916114 4.pdf. LIVRO

Celso Brito Análise etnográfica de um grupo de Capoeira Angola na cidade de Lyon-França e sua relação com o contexto global Cultures-Kairós [En ligne], Capoeiras ? objets sujets de la contemporanéité, Théma, Mis à jour le 16/12/2012 2022 https://revues.mshpa risnord.fr/cultureska iros/pdf/538.pdf ARTIGO

Mais, podemos recuar ao período da ‘diáspora forçada’ dos ‘negros’ para o Brasil, e Maranhão – 1619/21 a 1823, período em que existiram dois estados coloniais: Brasil e Maranhão e Grão-Pará - depois Grão-Pará e Maranhão -, estados independentes e depois, provinciais do Império português – onde o sol nunca se punha? Comecemos pela provocação do Javier Rubiera, da “Agrupación Española de Capoeira” e , então, Presidente da FICA12 - Federação Internacional de Capoeira – que me convida a fazer uma análise de imagens sobre a Capoeira(gem), a partir das gravuras de Rugendas13, fazendo uma correlação entre os movimentos encontrados na(s) Capoeira(s) e outras manifestações da lúdica e do movimento, encontrada em outras terras. Vem reunindo uma série de “pranchas” buscando as raízes da Capoeira 14. Informa Javier: Encontramos en nuestra pesquisa los artes marciales indicados en el mapa que se encuentran justamente en los lugares de las rutas de los navíos de los imperios coloniales así como en las ruta ancestra de los malayos e hindúes que poblaron Madagascar.15

12 Federação Internacional de Capoeira

13 Johann Moritz Rugendas (Augsburgo, 29 de março de 1802 Weilheim, 29 de maio de 1858) pintor alemão que viajou por todo Brasil durante 1822-1825 e pintou povos e costumes. Rugendas era o nome que usava para assinar suas obras. Cursou a Academia de Belas-Artes de Munique, especializando-se na arte do desenho. Pintor de cenas brasileiras, nasceu em Augsburg, em 29 de março de 1802 e faleceu em Weilheim, em 29 de maio de 1858. De família de artistas, integrou a missão do barão de Georg Heinrich von Langsdorff e permaneceu no Brasil três anos. IN http://pt.wikipedia.org/wiki/Rugendas

14 “[...] data a Capoeiragem, de 1770, quando para cá andou o Vice-Rei Marques do Lavradio. Dizem eles também que o primeiro capoeira foi um tenente chamado João Moreira, homem rixento, motivo porque o povo lhe apelidou de ‘amotinado’.” in VIEIRA, Sérgio Luis de Sousa. Capoeira – origem e história. Da Capoeira: Como Patrimônio Cultural PUC/SP – Tese de Doutorado – 2004 Disponível em http://www.capoeira-fica.org/. 15 http://saladepesquisacapoeira.blogspot.com/; http://asi-afri.blogspot.com/; http://afroasia-bras.blogspot.com/ ; http://asia-brasil.blogspot.com/; http://cap-dep.blogspot.com/; http://cap-ang.blogspot.com/; http://cap-reg.blogspot.com/; http://ladja-martinica.blogspot.com/. http://moraingy-malgache.blogspot.com/; http://moringue-reunion.blogspot.com/;

HIPÓTESIS DE LA PESQUISA (RUBIERA CUERVO, 2009)

A - Jogo Malayo - Bersilat versión demostración (técnica de malicia) Lucha Malaya-Bersilat versión lucha-del juego malicioso a la Lucha (versión lucha)16

B - Jogo Malgache17 (Hablar de malgaches es hablar de malayos, primeros habitantes de Madagascar (Lucha Diamanga, Ring-Morainguy afro-malgache-Bantú)18

16 sobre bersilat Suas técnicas de autodefesa datam do início do século 15 e hoje ainda é popular. A arte goza de tanta popularidade que pode ser praticada por qualquer pessoa, seja ele de 8 ou 60 anos de idade. Quando o bersilat foi apresentado pela primeira vez à Corte de Malaca por um professor religioso do norte de Sumatra, na Indonésia, tornou-se uma parte necessária da educação de um jovem. Houve mudanças consideráveis feitas no estilo original e, ao longo dos anos, foi praticado em segredo com rituais e costumes complicados. Na Malásia, o bersilat atrai muitos homens para suas aulas noturnas. Particularmente os jovens que vivem em aldeias e áreas suburbanas se entregam a aprender suas técnicas de autodefesa. Eles são ensinados os pontos finos de parrying ou evitar um ataque por um oponente que pode estar armado com um kris (faca malaia) ou pedang ou parang panjang (espada malaia). Os jovens de hoje em dia adotam o bersilat como uma forma artística de exercício físico, e muitas vezes demonstram a arte em cerimoniais. Os instrutores enfatizam as suas técnicas de autodefesa. Bersilat Weds Artes Marciais e Dança - Black Belt Magazine

17 O malgaxe (malagasy) é uma língua malaio-polinésia falada por praticamente toda a população de Madagascar Em Madagascar, a língua malgaxe é considerada a língua nacional, mas divide a condição de língua oficial com o francês, que continua sendo a língua principal nos meios escritos e na educação. Existem também alguns falantes de malgaxe na ilha francesa de Mayotte e em comunidades originárias de Madagascar assentadas em Reunião (França), Comores e outros países.

18 A arte marcial moring, como outras tradições da Reunião, é originária da África e de Madagáscar, onde era praticada pelas populações destas regiões mesmo antes da colonização da Ilha Bourbon, que se tornou a Ilha da Reunião em 1848 [5] . De um ponto de vista estritamente etimológico, o termo moring pertence à língua malgaxe. A “Moraingy” é uma arte de combate que foi amplamente praticada em Madagáscar no século XVII, durante o período do rei Andrianapoimerina. Trata-se de um jogo ritual viril entre homens, que tem lugar em dias de festa ou durante a circuncisão [6] . Com um ritual semelhante à moring da Reunião, difere, contudo, em termos de estilo de combate e dos golpes utilizados pelos combatentes. Na moraingy malgaxe, tal como na moring da Reunião ou das Ilhas Comores, a luta começa sempre com um desafio. O ritual, idêntico para combatentes pertencentes a zonas geográficas diferentes – Madagáscar, Arquipélago das Comores, Ilha da Reunião – atesta a

C

- Jogo de Angola - Moringue Malgache versión demostración (mantenida por Pastinha) e o jogo dos bosquimanos ao suL de angola 19

D - Jogo de Regional - Moringue Malgache versión Lucha como escisión del Moringue Malgache promovida por Bimba por influencia de Cisnando (jiu-jitsu) buscando una Lucha Brasileña sin tener en cuenta el Fair Play.

E

- Jogo da Capoeira Deportiva: Rescate de la versión Juego de las dos técnicas ancestrales del Bersilat teniendo en cuenta el Fair Play. Recordando palabras de Cajiquinha” la capoeira no tiene fín hasta que no esté deportivizada”.20

REFLEXIÓN: Cuando la Capoeira Deportiva, como tal, sea reconocida como deporte a nivel mundial, podremos, rescatar la versión lucha (Bersilat, capoeiragem de rua (savate), lucha de

origem comum desta arte de combate. A mesma cena de desafio pode ser observada nos três países. Um concorrente emerge da multidão e desafia um potencial adversário enquanto uma equipa de músicos anima o evento ao ritmo de tambores ou, na sua falta, de latas de zinco. O desafio também pode ser expresso através de gritos de guerra. Em resposta ao desafio, um homem sairá da multidão para enfrentar o primeiro combatente.

Em Madagáscar, nas Ilhas Comores e na Ilha da Reunião, os combatentes andam à volta do ringue, que é marcado por um círculo no chão. A luta começa ao ritmo do tocador de tambor que anima o evento. As técnicas utilizadas variam de acordo com os costumes do país, consoante o estilo praticado. Em Madagáscar, os lutadores de “moraingy” não usam os pés e não estão autorizados a golpear pontos vitais. De igual modo, nas Ilhas Comores e em Mayotte, a “Mrengué” ou “Mouringué” é uma verdadeira luta pugilística que decorre à noite e por vezes durante uma noite inteira [7] . Tal como em Madagáscar ou na Reunião, o ritual do desafio realizava-se em torno de um círculo, ao ritmo dos tambores. Em Ngazidja, na Grande Comore, uma outra forma de pugilismo, a “Nkodézaitsoma”, era praticada no 26.º dia do mês de jejum do Ramadão, sob a forma de uma luta com as mãos, não codificada. Primeiro, opunha os jovens, depois as mulheres, e por fim os homens a altas horas da noite. Ao contrário da “Mrengué” de Mayotte, onde um árbitro intervinha para separar os combatentes após duas ou três agressões violentas, por vezes fatais, as regras da “Nkodézaitsoma” eram mais confusas e a luta degenerava em verdadeiras batalhas. Os participantes esqueciam então o significado do 26.º dia do Ramadão ou Noite do Destino, a noite em que o anjo Gabriel transmitiu a revelação divina a Maomé. A luta dos clãs destinava-se a lembrar aos participantes como as pessoas viviam antes da revelação divina a Maomé.

Da família da moring praticada na Reunião, a “Dakabé” ou “Diamanga” é perpetuado nos planaltos altos de Madagáscar. Na “Diamanga” os praticantes utilizam, como na moring da Reunião, essencialmente técnicas de pés. Assim, podemos encontrar na moring o “tsipak’akoho” – golpe com a planta do pé -, o “kopola manitra” ou “miamboho” – golpe com o lado do pé – ou o “ambadiha” – golpe invertido. Também outras técnicas, tais como a “kapa tokana” – batida da roda – ou a “dongomby” –projeção de força em direção do peito do adversário – são semelhantes às técnicas da moring. Para além das nuances de estilo, a pertença da moring à família das artes de combate afro-malgaxe é inegável. Se a moring transita por Madagáscar onde a sua presença é antiga, antes de se desenvolver na Ilha da Reunião, o seu berço parece ser a África onde esta arte de combate tem sido praticada desde tempos ancestrais. Os Negros de África, Moçambique ou Angola, tinham tradições marciais antes da sua partida forçada para as regiões colonizadas da América ou do Oceano Índico. A origem da “capoeira”, verdadeira moring do Brasil, é africana. Os Negros de Angola, transportados como escravos para o Brasil, preservaram um rito guerreiro chamado “Batouk“. Os angolanos lutavam imitando os gestos dos animais. Os golpes tinham nomes figurados como o salto do cavalo, o salto do macaco, o coice do cavalo… etc.

Tal como a capoeira brasileira, a moring é um valor cultural transmitido pelos antepassados afro-malgaxes de geração em geração ao longo de vários séculos [8] . Os escravos africanos, trazidos para Madagáscar em pequenos navios árabes ou para as colónias do Oceano Índico por comerciantes de escravos ocidentais, trouxeram consigo este valor da sua cultura ancestral, uma verdadeira válvula de segurança da identidade [9] . Sem a moring ou a dança Maloya, o homem negro que tinha perdido as suas língua e religião nativas dava por si desenraizado, sem qualquer referência cultural. Em 1714, com 623 brancos e 534 negros de Madagáscar e África a viverem na Ilha da Reunião, podemos ser levados a crer que a moring ainda não tinha sido desenvolvida. O contexto sociocultural da ilha evoluiu muito rapidamente com a introdução maciça de escravos malgaxes e africanos no século XVII [10] Moring, a arte guerreira da Reunião, as suas origens afro-malgaxes | Société de plantation, histoire et mémoires de l’esclavage à La Réunion (portail-esclavage-reunion.fr)

19 obra de Katia M. De Queiros Mattoso, Etre esclave au Brésil, Paris, Librairie Hachette, 1979, 317 p. Do mesmo modo, relativamente à capoeira, uma arte marcial próxima do moring, ler o artigo de Fabriziochiesa, em Revue des sports de combats et arts martiaux, setembro de 1986. O autor escreve: Após a abolição da escravatura, a cultura negra desenvolveu-se rapidamente e com ela a capoeira, que foi uma parte importante da mesma. A Capoeira, herdada da escravatura, pratica-se como a moring. - Artigo de Maillet (J.P.), entrevista de Beija Flor, Capoeirista, na revista Karate Buschido, junho de 1989.

20 Macarty (J.). - Quand la capoeira rencontre le Moring, in Journal Témoignages, Saint-Denis, 8 de outubro de 1986, p.5: Henri Lagarrigue, um dos últimos moringueurs de Ligne Paradis (Saint-Pierre) enfrentou um capoeirista brasileiro numa demonstração. O jornalista transcreve as impressões dos últimos moringueurs da ilha.

navaja (faca, sardinha) pero primero debemos tener en cuenta el FAIR PLAY y seguidamente rescataremos la Capoeira como Lucha en un contexto deportivo reglado. En esta situación Cajiquinha vería realizada su reflexión.

Em http://moraingy-malgache.blogspot.com.br/ explica-se basicamente que foram trazidos ao Brasil pessoas da Ilha São Lourenço como escravas (costa de Moçambique), essas pessoas trouxeram uma luta ancestral que se disseminou entre tradições do continente africano também trazidas ao Brasil, essa mistura culminou no que chamamos de capoeira. Ilha São Lourenço é um nome antigo de Madagascar e a luta era a diamanga, a população de Madagascar é composta de uma grande parcela de bantus moçambicanos, mas as primeiras pessoas que povoaram a ilha vieram da Malásia, a diamanga está ligada ao silat melayu que também possui similaridades com a capoeira. Portanto, além de ter uma herança africana adquirida não só no Brasil como no próprio Madadagascar, a capoeira compartilha um berço longínquo nas tradições indianas, nas quais pode-se rastrear as raízes do kung-fu, carate, silat, etc. O savate se desenvolveu nas ruas francesas, mas nasceu nos convés dos navios, fruto da observação de marinheiros europeus sobre culturas asiáticas, em portos países como Malasia21

A contra-costanãofaz parte darotadosnegreiros queabastecemo Brasil.Mesmo assimexistem,segundo Antonil, “...alguns (escravos) de Moçambique, que vêm nas naus da Índia”.22 Entre os anos de 1720/1722, dezesseteadultos da ilha de São Lourenço (antigo nome da ilha deMadagascar) sãobatizados na Sé. Neste período são também batizados dois adultos moçambiques. A concentração de dezenove batismos num período de três anos indica a escala de uma embarcação vinda da contra-costa. Mostra ainda que, quando se trata de proprietários que batizam seus escravos, estes recebem o sacramento num espaço de tempo relativamente curto. Dos dezessete escravos da ilha de São Lourenço quatro são batizados em 1720, onze em 1721 e apenas dois em 1722. Os dois moçambiques são batizados em 1720." http://www.historia.uff.br/labhoi/modules/rmdp1/uploads/May07mzCeIm6__mina_angola_guine.pdf

Campo de Mandinga: Pareidolia: cara de um, focinho do outro 22 10- Conexões da Moraingy-Ringa, Diamanga (moraingy-malgache.blogspot.com)

22 21

http://books.google.com/books?id=XSESAAAAIAAJ&pg=PA174&lpg=PA174&dq=%22corsarios+malayos%22&source=bl&ots=X5e zorxKq5&sig=ZUeWRqTN5y3Z9-VFvjw1hDbVHDo&hl=es&sa=X&oi=book_result&resnum=3&ct=result#PPA212,M1

Indo mais adiante, Rubiera Cuervo envia-me mensagem eletrônica em que provoca: “[...] Se você concorda que uma raiz da Capoeira é a Ringa-Moringue malgache 23 depois dos fatos de minhas pesquisas relatemos num artigo. A partida da redação são as gravuras de Rugendas [...].” 24

23 O malgaxe (malagasy) é uma língua malaio-polinésia falada por praticamente toda a população de Madagascar. Em Madagascar, a língua malgaxe é considerada a língua nacional, mas divide a condição de língua oficial com o francês, que continua sendo a língua principal nos meios escritos e na educação. Existem também alguns falantes de malgaxe na ilha francesa de Mayotte e em comunidades originárias de Madagascar assentadas em Reunião (França), Comores e outros países. IN http://pt.wikipedia.org/wiki/Malgache

24 Correio eletrônico recebido de Javier Rubiera - Presidente, Presidente General de FICA www.capoeira-fica.org, Agrupación Española de Capoeira, http://aecfica.blogspot.com/,, NIF G74237405, através do endereço FICA. [capoeira.espanha@gmail.com], enviada dia 4/9/2009 13:30 para Leopoldo Gil Dulcio Vaz leopoldovaz@elo.com.br.

Comentário do autor da obra:

“os negros tem ainda um outro folguedo guerreiro mais violento, a ‘capoeira’: dois campeões se precipitam contra o outro, procurando dar com a cabeça no peito do adversário que desejam derrubar. Evita-se o ataque com saltos de lado e paradas igualmente hábeis; mas lançando-se um contra o outro mais ou menos como bodes, acontece-lhes chocarem-se fortemente cabeça com cabeça, o que faz com que a brincadeira não raro degenere em briga e que as facas entrem em jogo, ensangüentando-a”.(p. 75)[...]

Araújo e Jaqueira (2008) tecem o seguinte comentário:

“Dentro do contexto da luta brasileira, este é a imagem mais referenciada em documentos de origens diversas, talvez por ser a primeira iconografia publicada, mas não a única, que mais explicitamente identificou a presença do jogo denominado Capoeira num dos períodos históricos brasileiros e, igualmente descrita pelo autor com uma série de adjetivações, que vão desde um folguedo guerreiro de cariz violento ou mesmo uma brincadeira e por fim um jogo, o que nos faz refletir sobre as suas possíveis características de expressividade no período colonial do Brasil – luta, jogo, dança”. (p. 75-76)

Prancha 27 - SÃO SALVADOR - 1820/1835 – publicada em 1835:

Prancha 18 – JOGO DA CAPOEIRA - 1820/1835 – publicada em 1835-

“A iconografia denominada São Salvador, apresenta-se como um dado histórico que nos possibilita interpretações de alguns factos dos costumes dos grupamentos marginais da sociedade imperial brasileira, mais concretamente da Capoeira [...] a imagem de Rugendas, busca fundamentalmente retratar uma panorâmica da cidade do Salvador, apresentando-nos em primeiro plano, uma cena característica de um dos costumes baianos, o jogo da Capoeira, tornando esta iconografia de capital importância para a reescrita e/ou reinterpretação da história desta expressão corporal, visto ser este tipo de documento dentre tantos outros, até ao momento, o primeiro, mas não o único que confirma ter existido tal expressão corporal na sociedade soteropolitana, isto para os contextos históricos colonial, imperial e da 1ª república. [...]” (ARAUJO e JAQUEIRA, 2008m, p. 69)

“Apesar de Rugendas não referir-se explicitamente nesta obra sobre a exercitação da capoeira pelos indivíduos enfocados, não podemos deixar de concluir pela presença de elementos de cariz corporal que bem podem evidenciar na imagem, isto pelos conhecimentos por nós adquiridos sobre esta expressão, trata-se estes, de gestuais específicos da luta, onde a cabeçada, ginga e esquivas se podem visualizar, não nos permitindo inferir acerca da sua forma de emanação – jogo; luta, aprendizagem. Destarte não haver indicações do autor sobre este enfoque, e considerando a sua descrição sobre a iconografia ‘Jogo da Capoeira’, nos conduz na admissão de estarmos na presença de jogo ou de aprendizagem, quando associamos as condutas miméticas de alguns, brejeiro e de admiração de outros personagens presentes na cena.[...] O que mais podemos extrair desta imagem, é a presença de uma movimentação rítmica configurada pelo movimento alternado das pernas e conhecida contemporaneamente por ginga, isto, sem qualquer auxílio de instrumentos musicais para a sua exercitação, indiciando portanto, a não obrigatoriedade destes no seu contexto de expressividade, e muito menos a subordinação ao berimbau”. (ARAUJO e JAQUEIRA, 2008m, p. 72-73) 25

25 ARAUJO, Paulo Coelho de; JAQUEIRA, Ana Rosa Fachardo. DO JOGO DAS IMAGENS ÀS IMAGENS DO JOGO – nuances de interpretação iconográfica sobre a Capoeira. Coimbra-Portugal: Centro de Estudos Biocinéticos, 2008

Em nota de pé-de-página, Araujo e Jaqueira (2008) referem-se a outras obras, desse mesmo período, que retratam o movimento identificado como Capoeira no Brasil:

“No período de 1820/25 foram igualmente elaboradas mais duas imagens que retratam a prática de uma manifestação de luta dos negros e, posteriormente, identificada como Capoeira em face das movimentações corporal presentes, e sustentadas pelas descrições de Rugendas. Este mesmo artista foi o autor de outra obra em que se pode visualisar (sic) na Bahia, uma forma de expressão corporal, que não identificando-se nominalmente com manifestação da luta brasileira, não nos podemos furtar de assim reconhecê-la. A outra imagem é a denominada “Negros brigando nos Brasis’ de autoria de Augustus Earle”. (ARAUJO e JAQUEIRA, 2008, nota de pé-de-página, fls. 7576, obra citada).

Comentário do apresentador da obra26: “Dois negros moços entregues ao ‘jogo da capoeira’, enquanto outros contemplam de uma casa própria e um policial colonial prepara-se para saltar uma cerca, afim de sustar a luta”

Comentários sobre a obra: “[...] as figuras apresentadas por Rugendas foram e ainda são as mais representativas para o contexto da capoeira, principalmente aquela que foi acompanhada pela descrição [...] A imagem de Augustuis Earle [...] apesar de ter sido elaborada no mesmo período das iconografias de Rugendas, foi durante muito tempo relegada ao esquecimento [...] Earle retratou uma cena típica dos costumes urbanos da cidade do Rio de Janeiro [...] ao tipo de exercitação visualizada pela imagem [...] entendemos ser esta, 26 Não foram encontradas descrições de Augustus Earle sobre a obra, mas somente, a denominação atribuída à imagem como sendo; “Negros brigando nos Brasil” – (Negros fighting, Brazils). ARAUJO e JAQUEIRA, 2009, p. 80-81

PRENCHA 7 – NEGROS BRIGANDO NOS BRASIS (NEGROES FIGHTING, BRAZILS) 1822 Negroes fighting, Brazil”” c. 1824. Autor Augustus Earle (1793-1838) - Painting by Augustus Earle depicting an illegal capoeira-like game in Rio de Janeiro (1824)

manifestadamente, a expressão corporal denominada Capoeira [...] onde depreendemos estarmos diante de dois movimentos conhecidos no contexto atual da luta brasileira, como ginga e benção/escorão/chapa [...]”. (ARAÚJO e JAQUEIRA, 2008, p. 80-87)12

Araújo e Jaqueira (2008) analisaram também a obra de Frederico Guilherme Briggs – Negros que vão levar “açoutes”, estampa avulsa: tipos de rua e caricaturas: FIGURA 20, OBRA DO ANO DE 1832/1836, PUBLICADA EM 1984:

Negros que vão levar açoutes Briggs del. Litho. R.B. Rua do Ouvidor nº 118. Source: Biblioteca Nacional, acervo de gravuras sobre escravatura

Negros que vão levar açoutes, 1832/1836, publicada em 1984

Os autores se valem da obra de TURAZZI (2002) 27, que comenta: “Se as imagens podem ser tomadas como uma ‘narrativa’, as estampas de tipos de rua da Litografia Briggs nos permitem várias leituras [...] Para tanto, eles adotaram como estratégia uma figura de linguagem empregada com freqüência na fala dos cariocas. Mas a substituição de nome próprio por perífrase (isto é, a designação de alguém ou de algo que dê relevo a uma de suas qualidades, e não por seu nome) tem sido, historicamente, um dos traços mais marcantes da linguagem popular do Rio de Janeiro. Pois é exatamente esse estilo de linguagem, saído das ruas, o recurso adotado pelos litógrafos da oficina Briggs para representar e legendar as figuras de suas estampas”.( TURAZZI, 2002, citada por ARAÚJO e JAQUEIRA, 2008, p. 94-95)

27 TURAZZI, Maria Inez (org.). Tipos e cenas do Brasil imperial: a Litografia Briggs na Coleção Geyer. Petrópolis: Museu Imperial, 2002.

Em resposta ao desafio, respondi28 que tenho escrito sobre Capoeira(gem), e agora me vejo na contingência de escrever sobre a relação da Capoeira(gem) e as ‘capoeiras’ 29, melhor, sobre a lúdica e o movimento das populações trazidas para o que hoje chamamos de Brasil, dos diversos recantos do antigo Império português30 .

E aceitando a Capoeira como uma atividade física - vamos chamá-la por hora assim - de criação nacional, tem-se buscado suas origens na África, considerando ser esta a terra de origem dos escravos para cá trazidos, esquecendo-se de que, aqueles a que se chamava de ‘negros’ estavam para além dessa territoriedade - a Mãe-África31 .

28 http://cev.org.br/comunidade/lusofonia/debate/capoeira/ 29 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Jornal do Capoeira http://www.capoeira.jex.com.br/, Edição 47: 30 de Outubro à 05 de Novembro de 2005, Jornal do Capoeira - www.capoeira.jex.com.br; Edição 64 - de 12 a 18/Mar de 2006, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticia=905

Jornal do Capoeira - Edição 44: 22 a 28 de Agosto de 2005, EDIÇÃO ESPECIAL estendida - CAPOEIRA & NEGRITUDE, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/ainda+sobre+a+punga+dos+homens+-+maranhao

Jornal do Capoeira - Edição 42: 8 à 14 de Agosto de 2005, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/notas+sobre+a+capoeira+em+sao+luis+do+maranhao

30 O Império Português foi o primeiro império global da história, com um conjunto de territórios repartidos por quatro continentes, sob soberania portuguesa. Foi também o mais duradouro dos impérios coloniais europeus modernos, sob o nome "Império Colonial Português" na primeira metade do Estado Novo; abrangeu quase seis séculos desde a tomada de Ceuta em 1415 à independência de Timor, em 2002 in BOXER, Charles. The Portuguese Empire: 1415-1825 in http://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Portugu%C3%AAs

31 JACINTO, Cristiane Pinheiro Santos. Fazendeiros, negociantes e escravos: dinâmica e funcionamento do tráfico interprovincial de escravos no Maranhão (1846-1885). In GALVES, Marcelo Cherche; COSTA, Yuri (org). O MARANHÃO OITOCENTISTA. Imperatriz: Ética; São Luís Editora UEMA, 2009, p. 169-194.

ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O TRATO DOS VIVENTES – formação do Brasil no Atlântico Sul, Séculos XVI e XVII.São Paulo: Cia. Das Letãs, 2000;

MELLO, José Antônio Gonçalves de. TEMPO DOS FLAMENGOS – influência da ocupação holandesa na vida e na cultura do norte do Brasil. 4 ed. Rio de Janeiro: Topbooks; Recife: Instituto Ricardo Brennand, 200(5).

COSTA E SILVA, Alberto da. UM RIO CHAMADO ATLÂNTICO – A África no Brasil e o Brasil na África. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003.

Fonte: CAMARGO NETO, 2002, p. 27532

Além das características da lúdica e movimento existentes na África, identificadas as semelhanças com os movimentos da(s) Capoeira(s) - Angola, Regional, e/ou Contemporânea -, há as que chamei de “capoeiras

32 Fernão Pompêo de Camargo Neto. Tese de Doutoramento apresentada ao Instituto de Economia da UNICAMP para obtenção do título de Doutor em Ciências Econômicas –área de concentração: Política Econômica, sob aorientação do Prof. Dr. José Ricardo Barbosa Gonçalves. CPG, 22/02/2002, p. 275

primitivas”33 - tiririca34, batuque35, pernada(s), punga36, carioca37, etc. e mais recentemente, o ‘agarre marajoara’… ainda temos38 o N´golo, a savate, o fado português, o frevo, o semba, o samba... e, os

33 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; LACÉ LOPES, André Luis; RIBEIRO, Milton César. ATLAS DA CAPOEIRA(GEM) NO BRASIL. Pesquisa em construção.

LACÉ LOPES, André. Capoeiragem.in PEREIRA DA COSTA, Lamartine (org.). ATLAS DE ESPORTES NO BRASIL. Rio de Janeiro: Shape, 2005, p. 386-388

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LACÉ LOPES, André Luiz. PÁGINA PESSOAL : http://andrelace.cjb.net/

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LACÉ LOPES, André Luiz. CAPOEIRAGEM NO RIO DE JANEIRO E NO MUNDO. Literatura de Cordel. Rio de Janeiro,2004

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LACÉ LOPES, André Luiz. CAPOEIRAGEM. Palestras e entrevistas de André Lacé Lopes, edição eletrônica em CD-R. Rio de Janeiro, 2006

LACÉ LOPES, André. Capoeiragem.in PEREIRA DA COSTA, Lamartine (org.). ATLAS DE ESPORTES NO BRASIL. Rio de Janeiro: Shape, 2005, p. 386-388

VER AINDA: ARAÚJO, Paulo Coelho de. ABORDAGENS SÓCIO-ANTROPOLÓGICAS DA LUTA/JOGO DA CAPOEIRA. Maia: Instituto Superior de Maia, 1997. Série Estudos e Monografias. O ensino da capoeiragem no início do século XX, ver crônica do folclorista Carlos Cavalheiro onde comenta a repercussão em jornal de Sorocaba, São Paulo, sobre a abertura de Academia de Capoeira no Rio de Janeiro, em 1920. A matéria trouxe a chamada "Um Desporto Nacional", disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/ Notas sobre a Punga dos Homens - Capoeiragem no Maranhão: crônica por Leopoldo Gil Dulcio Vaz, in Jornal do Capoeira - Edição 43: 15 a 21 de Agosto de 2005, EDIÇÃO ESPECIAL- CAPOEIRA & NEGRITUDE, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/ Ainda sobre a Punga dos Homens – Maranhão - Visita à Câmara Cascudo: crônica por Leopoldo Gil Dulcio Vaz, in Jornal do Capoeira - Edição 44: 22 a 28 de Agosto de 2005 EDIÇÃO ESPECIAL estendida - CAPOEIRA & NEGRITUDE, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/ 34 Pernada de Sorocaba - ver crônica do folclorista Carlos Cavalheiro, em que faz uma análise da relação entre danças-luta (pernada, tiririca etc.) com a Capoeira no interior Paulista. In http://www.capoeira.jex.com.br/ Capoeira, Pernada e Tiririca in Crônica sobre Capoeira, com algumas informações sobre a Pernada de Sorocaba e a Tiririca da capital paulista, ambas uma espécie de "capoeira primitiva" do Estado de São Paul, por Miltinho Astronauta, in Jornal do Capoeira Edição AUGUSTO MÁRIO FERREIRA - Mestre GUGA (n.49) de 13 a 19 de Novembro de 200, disponível em www.capoeira.jex.com.br

Tiririca, Capoeira & Barra Funda, por Elaine Muniz Pires, sobre a história dos bairros paulistanos, em especial a Barra Funda, onde acontecia a Tiririca, uma espécie de Capoeira Primitiva, disponível em www.capoeira.jex.com.br

35 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CHRÔNICA DA CAPOEIRA(GEM): ERAM OS ‘BALAIOS’ CAPOEIRA? (inédito)

36 Notas sobre a Punga dos Homens - Capoeiragem no Maranhão: crônica por Leopoldo Gil Dulcio Vaz, in Jornal do CapoeiraEdição 43: 15 a 21 de Agosto de 2005, EDIÇÃO ESPECIAL- CAPOEIRA & NEGRITUDE, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/

Ainda sobre a Punga dos Homens – Maranhão - Visita à Câmara Cascudo: crônica por Leopoldo Gil Dulcio Vaz, in Jornal do Capoeira - Edição 44: 22 a 28 de Agosto de 2005 EDIÇÃO ESPECIAL estendida - CAPOEIRA & NEGRITUDE, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/

37 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A Carioca. In REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO, São Luís, n. 31, novembro de 2009, p. 150-175, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/ihgm_31_novembro_2009

38 FREGOLÃO, Mário Sérgio. A CAPOEIRA NA HISTÓRIA LOCAL: DA VELHA DESTERRO À FLORIANÓPOLIS DE NOSSOS DIAS. Florianópolis, julho 2008. Nota enviada por Javier Rubiera para Sala de Pesquisa - Internacional FICA el 8/18/2009, disponível em http://www.capoeiraunb.com/textos/FREGOLAO,%20MS%20-%20A%20capoeira%20na%20historia%20local.pdf

SOARES, Carlos Eugenio Líbano. Dos fadistas e galegos: os portugueses na capoeira. In Análise Social, vol. xxxi (142), 1997 (3.º), 685-713 disponível em http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1221841940O8hRJ0ah8Vq04UO7.pdf

movimentos encontrados nas Reuniões, nas Antilhas… Influencias européias e asiáticas. Traço de união? Portugal…

Fonte: CAMARGO NETO, 2002, p. 27239

CAVALCANTI, Gil. Do lenço de seda à calça de ginástica. Ter, 17 de Junho de 2008 16:44 Gil Cavalcanti (Mestre Gil Velho), disponível em http://portalcapoeira.com/Publicacoes-e-Artigos/do-lenco-de-seda-a-calca-de-ginastica

FALCÃO, José Luiz Cirqueira. Fluxos e refluxos da capoeira: Brasil e Portugal gingando na roda. In Análise Social, vol. XL (174), 2005, 111-133, disponível em http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/aso/n174/n174a05.pdf

TINHORÃO, José Ramos. HISTÓRIA SOCIAL DA MUSICA POPULAR BRASILEIRA. Rio de Janeiro: Editpora 34, 2001, disponiverl em http://books.google.es/books?id=8qbjll0LmbwC&printsec=frontcover&source=gbs_v2_summary_r&cad=0#v=onepage&q=&f= false

39 CAMARGO NETO, Fernão Pompêo de. Tese de Doutoramento apresentada ao Instituto de Economia da UNICAMP para obtenção do título de Doutor em Ciências Econômicas –área de concentração: Política Econômica, sob a orientação do Prof. Dr. José Ricardo Barbosa Gonçalves. CPG, 22/02/2002, (p. 272)

Para Cavalheiro (2005), o fenômeno das academias baianas trará uma nova conformação à própria história da capoeira, uniformizando (no que tange às tradições, hábitos, costumes, rituais, instrumentação, cantigas etc.) sua prática, especialmente após a migração de mestres para o sudeste brasileiro:

Isso foi um dos motivos pelos quais a capoeira conhecida e praticada hoje é a baiana. Infelizmente, por outro lado, foram-se apagando pouco a pouco as práticas regionais anteriores como a pernada, a tiririca, o cangapé, a punga, o bate-coxa... Que não puderam oferecer resistência e nem conseguiram criar condições para competir com a capoeira baiana. (Carlos Carvalho Cavalheiro, in Jornal do Capoeira)40 .

Concordamos com o grupo que elaborou o projeto para o IPHAN, quando afirma que esta expansão significa a possibilidade de congregar povos e propiciar o diálogo intercultural 41

Para Lacé Lopes (2006) 42, a origem africana, entretanto, é evidente e incontestável, comprovada não apenas pelo perfil étnico predominante dos capoeiras brasileiros do passado, mas, sobretudo, pela existência na África, há séculos, de práticas similares e, haja vista estudos recentes que apresentam movimentos semelhantes à capoeira entre os bosquímanos, de Angola:43

“[...] También tuvieron una danza muy singular, que quizás convenga llamar la danza de acróbatas. En este sentido, brincar y saltar en un círculo, parecía como si sus esfuerzos fueran dirigidos a colocarse en todas las posiciones y contorsiones, el líder tomar su puesto en el centro, y en pasa a su alrededor, mientras que los bailarines se mueven en un círculo retorciéndose, hermanándose, y retorciendo su cuerpo divirtiéndose y la actitud poco común sugiere su fantasía; ahora sí ,en equilibrio con sus manos y tirando de sus las piernas hacia arriba hasta que sus cabezas estaban en la posición de un payaso mirando a través de un caballo en un circo, ahora de pie y sus cabezas, de nuevo el equilibrio caminan sobre sus manos con sus piernas lanzadas en el aire, en el estilo acrobático de verdad. Cambian de una postura a otra, fueron rápidos y continuos, y todo el círculo estaba siempre en constante movimiento [...]” (GEORGE W. STOW, 1905., p. 118)44

40 CAVALHEIRO, Carlos Carvalho in RIBEIRO, Milton César – MILTINHO ASTRONAUTA. (Editor). JORNAL DO CAPOEIRA, SorocabaSP, disponível em www.capoeira.jex.com.br (Artigos publicados)

CAVALHEIRO, Carlos Carvalho. Capoeira em Porto Feliz. in La Insignia, 2007 disponível em http://www.lainsignia.org/2007/julio/cul_037.htm).

CAVALHEIRO, Carlos Carvalho - Cantadores - o folclore de Sorocaba e região (encarte de CD) - Linc - 2000

41 IPHAN, Assessoria de Imprensa do Iphan. A capoeira na história. in REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA NACIONAL, Ed. de Julho de 2008, disponível em http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1871

42 LACÉ LOPES, André. Capoeiragem. In DACOSTA, Lamartine (ORG.). ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio de Janeiro: CONFEF, 2006, p. 10.2-10.4, disponível em http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/69.pdf

43 1952- Entre los Bosquimanos de Angola(jogo de Angola) in http://salavideofica.blogspot.com/2010/02/1952-entre-losbosquimanos-de.html

44 GEORGE W. STOW, F.G.S., F.R.G.S. A History of the Intrusion of the Hottentots and Bantu into the Hunting Grounds of the Bushmen, the Aborigines of the Country WITH NUMEROUS ILLUSTRATIONS. In History of South África. New York : THE MACMILLAN CO.1905, disponibilizado por Javier Rubiera para Conexoes da Capoeira Angola el 2/28/2010

ver vídeos http://www.tvciencia.pt/tvcarq/pagarq/tvcarq02.asp?codaqv=80007
SOCIAL CUSTOMS OF THE BUSHMEN, STOW, 1905 34

Ao longo dos séculos a diversidade cultural da Ilha de Reunião possibilitou a emergência de um esporte moderno, o “moring”, primo da Capoeira brasileira, tendo como origem comum a África, entendida como uma tradicional dança de guerra e arte marcial, tendo como antepassado a dança fabulosa “Combat” das Ilhas Reunião, Madagáscar e África.

45 Réunion ou Reunião é um departamento francês no Oceano Índico, localizado a leste de Madagáscar. A ilha principal é uma das duas maiores Ilhas Mascarenhas, sendo o seu vizinho mais próximo a outra: a Maurícia. Reunião tem, no entanto, várias dependências, espalhadas em torno de Madagáscar, no Índico e no Canal de Moçambique Capital: Saint-Denis. In http://pt.wikipedia.org/wiki/Reuni%C3%A3o_(Fran%C3%A7a)

46 Madagáscar ou Madagascar é um país africano que compreende a Ilha de Madagáscar e algumas ilhas próximas. Está situado ao largo da costa de Moçambique, da qual está separado pelo Canal de Moçambique. Os vizinhos mais próximos de Madagáscar são a possessão francesa de Mayotte, a noroeste, a possessão francesa da Reunião, a leste, e as suas dependências Ilhas Gloriosas (noroeste), Juan de Nova (oeste), Bassas da Índia e Europa (sudoeste) e Tromelin (leste), as Comores a noroeste e as Seychelles a norte. Sua capital é a cidade de Antananarivo. In http://pt.wikipedia.org/wiki/Madag%C3%A1scar

47 Moçambique é um país da costa oriental da África Austral, limitado a norte pela Zâmbia, Malawi e Tanzânia, a leste pelo Canal de Moçambique e pelo Oceano Índico, a sul e oeste pela África do Sul e a oeste pela Suazilândia e pelo Zimbabwe. No Canal de Moçambique, tem vários vizinhos, as Comores, Madagáscar, a possessão francesa de Mayotte e o também departamento francês de Reunião, através das suas dependências Juan de Nova, Bassas da Índia e Ilha Europa In http://pt.wikipedia.org/wiki/Mo%C3%A7ambique

O Moringue no Oceano Índico – Ilha de Reunião45, Madagascar46, Moçambique47 etc. – sem dúvida, é um bom exemplo.

Gravura Cabeçada(Ilha Reunión) - Souvenirs D’’ un aveugle Escrito por Jacques Aragão. http://books.google.com/books?id=jBt5rS1S874C&printsec=toc&hl=es&source=gbs_v2_summary_r&cad=0

Gravura Cabeçada:(Moçambique)Viaje al rededor del mundo:(pag 60,61) recuerdos de un ciego ,Escrito por Jacques Aragão, François Aragão, Santiago Aragão, Publicado por Gaspar y Roig, 1851.http://books.google.com/books?id=y-Jh5z9lHeUC&hl=es

Credit: Studies of gestures and postures of wrestlers, from a Manga (colour woodblock print), Hokusai, Katsushika (17601849) Libraryhttp://www.bridgemanart.com/image.aspx?key=&categoryid=2ccd2910-bd46-4cd5-8ª436d00e2c67b41&filter=CBPOIHV&thumb=x150&num=15&page=86&img=5f983efe5b6f489382b976748b8ebf0b

‘‘A NEGRO FIGHT IN SOUTH AMERICA’’ (VENEZUELA) herper´s weekli 1874.

Gravura de um belo “furdunço” entre capoeiras ocorrido no Rio de Janeiro, no final do século XVIII, publicada em uma revista da época..

Fonte: SANTOS, Esdras Magalhães dos (Mestre Damião ). A VERDADEIRA HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DA LUTA REGIONAL BAHIANA DO MESTRE BIMBA in http://www.capoeiradobrasil.com.br/liga_2.htm

MÉTODO DE BURLAMAQUI –

A CABEÇADA:

A cabeçada é dada muito simplesmente. Aproximando-se do adversário e abaixando-se repentinamente faz-se com que a cabeça bata ou na parte inferior dos queixos ou no peito, na barriga ou ainda no rosto.

Este golpe é um segundo rabo de arraia pelas suas conseqüências porque, sendo bem dado, é demasiadamente terrível para quem o leva.

CAPOEIRA REGIONAL (MESTRE BIMBA) –

A CABEÇADA:

Este golpe é uma verdadeira “marrada” desferida com violentíssimo impulso no meio da cara ou no peito do indivíduo. Sua aplicação requer muita malícia. O golpe em causa já existia desde a Capoeira primitiva (Angola).

Fonte: SANTOS, Esdras Magalhães dos (Mestre Damião ). A VERDADEIRA HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DA LUTA REGIONAL BAHIANA DO MESTRE BIMBA in http://www.capoeiradobrasil.com.br/liga_2.htm

http://2.bp.blogspot.com/_VcRetvJqu_U/SxzxrdHOGaI/AAAAAAAAGbI/kTWDuR3_Qcc/s1600-h/bimba.bmp

Transmitido de pai para filho, por tradição oral, a “moring” não é mais encontrada nos ouvidos de ouvir dizer que em todas as suas sutilezas e suas belezas, até que Jean Rene DREINAZA48 a tirou das sombras e o esquecimento cruel. Assistida no seu trabalho pelo historiador Sudel FUMA, ele encontrou nos escritos de viajantes e outros escritores (apenas o moring trilha, especialmente em Madagascar) a descrição de gestos, técnicas e rituais.

http://www.moringue-france.com/index.html.

48

49

Para SUDEL (2004)

“El moring: una capoeira criolla - El moring, arte marcial practicado todavía en Madagascar (moraingy), Comoras (mrengué), Mayotte, La Reunión y África, llegó a las islas del Océano Índico con los esclavos africanos y malgaches. Pariente cercano de la capoeira brasileña, el moring permitió a los esclavos reestructurar sus vidas y resistir a la opresión cultural colonial. La supervivencia de este rito ancestral 49 Artículo publicado el 20 de febrero de 2004 en el diario L’Express de Mauricio, disponível em http://portal.unesco.org/es/ev.phpURL_ID=23885&URL_DO=DO_TOPIC&URL_SECTION=201.html

recuerda a diario la extraordinaria riqueza de la cultura creole de los esclavos negros de las islas del Océano Índico.” (grifo nosso)

Esse historiador se refere, ainda, em seu artigo, aos diversos povos envolvidos, tanto em África quanto em Madagascar:

“Despojados de su linaje, nombre y genealogía, no se les permitía agruparse y, además, no siempre podían entenderse entre sí por hablar lenguas diferentes, poseer tradiciones distintas y pertenecer a etnias muy diversas del África y Madagascar – makuas, yaos, inhambanes, makondés, betsimisarakas, sakalavas, merinas, betsileos, etc.–, así como de la India, Malasia e Indonésia [...] Entre los tesoros legados por los esclavos que forman parte del milagro creole, tenemos la cocina, la artesanía, la farmacopea, los cuentos y leyendas, y sobre todo las músicas típicas de las islas del Índico – el sega y el maloya– que no sólo perpetúan la memoria de los antepasados en las ondas de las emisoras públicas y privadas de radio, sino que además se han puesto tan de moda entre los jóvenes como el arte marcial del moring [...]En la isla Borbón (La Reunión), las distintas etnias procedentes de Inhambanne (Mozambique) se designaron con el nombre de esta región geográfica.”

http://unesdoc.unesco.org/images/0003/000385/038520sb.pdf

As técnicas de combate são encadeamento de mãos e pés, seguindo o ritmo da música e surgiu nas fazendas da Ilha onde os escravos do século XVIII a praticavam em segredo até à sua abolição em 1848. Posteriormente, a condição de muitos pequenos colonos brancos ou mestiços já não era melhor do que a dos negros libertos de suas correntes, o “moring” se tornou uma distração alegre da miséria nos bairros pobres de cidades ou campos de cana-de-açúcar.

malgache journal: 1936/01/29 (A3,N144). formato original: http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k54276490.r=diamanga.langES
Diamanga

A tradição oral relatada “moringueurs” prestigiados, relacionados com a história da ilha. Personagens como o "Lorenzo, o Diabo", "Inferno Coco", "Henry, a Seta", "Cadine", "Couve-Flor", o “Café Marc”, voltam muitas vezes nas narrativas de vida.

Hoje, graças a seu trabalho pioneiro, o moring é revivido como um esporte, cultura e espetáculo de folclore da ilha da Reunião, sob a forma de dança coreografada e muito espetacular. Desde 1996, o Comitê Reunião foi estabelecido e começou a oferecer cursos que tenham feito rapidamente na íntegra e escolas de toda a Ilha. Desde então, o moring tem investido na cidade. Ao expandir os esportes reconhecidos pelo Ministério da Juventude e Desportos estabeleceu uma estrutura para enfrentar o futuro com serenidade uma Federação Francesa de Moring. Um de seus principais objetivos é descobrir este desporto como muitos a localizar em diferentes regiões da metrópole.

Javier50 levanta duas outras questões: a semelhança dos golpes da capoeira com a savate; as referências que se faz aos praticantes da capoeira em colégios de elite carioca, dentro das aulas de “gymnástica”; o uso de métodos ginásticos no Brasil, da escola francesa, em especial a de Amóros. Assim, encontramos uma influência europeia, configurada através da Chausson/Savate, praticado por marinheiros no porto do sul de Marselha, do século XVII. Segundo os historiadores, foram aprendidos pelos 'leões marinhos' em suas viagens

50 Correspondência eletrônica pessoal, enviada por FICA-Espanha- [capoeira.espanha@gmail.com] sáb 12/6/2010 13:16 para Leopoldo Gil Dulcio Vaz [leopoldovaz@elo.com.br] assunto: A Galhina dos ovos de ouro (Muito Importante).

1820-BAHÍA-Jogo da Capoeira semejante al Moringue malgache,; 1834-RUGENDAS -dibuja la Capoeira ó Moringue ?, 1940ANTROPÓLOGO Herskovits Compara la Capoeira con Moringue disponível em http://saladepesquisacapoeira.blogspot.com/2009/08/1733-carolina-del-sur-boxeador-y.html

aos países do Oceano Índico e o Mar da China. Houve intenso tráfico entre os portos brasileiros - Rio de Janeiro, Salvador, Recife, São Luis e Belém - e Marselha.

A capoeira do século XIX, no Rio, com as maltas de capoeira 51, e em Recife, com as gangues de Rua dos Brabos e Valentões, foram movimentos muito semelhantes aos das gangues de savate (boxe francês) 52 em Paris e das maltas de fadistas53 de Lisboa do século XIX. Chama atenção é que os gestuais dessas lutas também são parecidos, ou seja, os golpes usados na aguerrida comunicação gestual eram análogos.

O Savate ou boxe francês, é um desporte de combate na qual os pés e as mãos são utilizados para percutir os adversários e combina elementos de boxe com técnicas de pontapé. O “Box Savat” é uma luta corpo a corpo que também era uma forma de treinar os soldados franceses nos tempos das guerras napoleônicas, sendo o vigor físico a principal qualidade exigida do soldado. Assemelha-se a um Kata de luta marcial, o qual é composto de golpes de pernas, pés e punhos.

O ‘savate’ surgiu na França, praticado por alguns marinheiros no porto do sul de Marselha, do século XVII. Segundo os historiadores, foram aprendidos pelos “leões marinhos”, em suas viagens aos países do Oceano Índico e o Mar da China. Posteriormente, em cada rixa da barra em portos franceses era comum ver chutes infligidos em qualquer parte do corpo. Os marinheiros chamavam "Chausson" este tipo de combate, em referência à chinelos normalmente usados a bordo. Marinheiros gauleses e espanhóis eram instruídos com estas formas de ataques e defesas. Na época de Napoleão Bonaparte, os soldados do imperador exibiam publicamente suas "aptidões" chutando a bunda de seus prisioneiros. A punição era conhecida como “Savate”, que pode ser traduzido como "sapato velho".54

51 As Maltas eram grupos de capoeiras do Rio de Janeiro que tiveram seu auge na segunda metade do século XIX. Compostas principamente de negros e mulatos (os brancos também se faziam presentes), as maltas aterrorizavam a sociedade carioca. Houve várias maltas: Carpinteiros de São José, Conceição da Marinha, Glória, Lapa, Moura entre outras. No período da Proclamação da República havia duas grandes maltas, os Nagoas e os Guaiamús. http://pt.wikipedia.org/wiki/Malta_(capoeira)

52 On line http://pt.wikipedia.org/wiki/Savate

53 SOARES, Carlos Eugenio Líbano. Dos fadistas e galegos: os portugueses na capoeira. In Análise Social, vol. xxxi (142), 1997 (3.º), 685-713 disponível em http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1221841940O8hRJ0ah8Vq04UO7.pdf 54On line http://saladepesquisacapoeira.blogspot.com/2009/01/pelea-de-marinos-savate.html

http://cap-dep.blogspot.com/search/label/1890-BRASIL-Capoeiragem%20prohibido
Zaqui, João, " Jiu-jitsu (attaque e defensa) contendo os requlamaentos japonés e brasileiro ", Sao Paulo, Brazil, Companhia Brasil Editora, 1936, Publicado por Javier Rubiera para Influências Asiáticas no Brasil el 3/01/2010

FOTO:http://saladepesquisacapoeira.blogspot.com/2009/05/juego-de-imagenes-mujeres.html

Negroes fighting, Brazil”” c. 1824. Autor Augustus Earle (1793-1838) - Painting by Augustus Earle depicting an illegal capoeira-like game in Rio de Janeiro (1824)Fonte English Wikipedia, original: http://hitchcock.itc.virginia.edu/Slavery/detailsKeyword.php?keyword=NW0171&recordCount=2&theRecord=0

Gravura de um belo “furdunço” entre capoeiras ocorrido no Rio de Janeiro, no final do século XVIII, publicada em uma revista da época.. Fonte: SANTOS, Esdras Magalhães dos (Mestre Damião). A VERDADEIRA HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DA LUTA REGIONAL BAHIANA DO MESTRE BIMBA in http://www.capoeiradobrasil.com.br/liga_2.htm

foto:Le moring connaît aujourd’hui une reconnaissance internationale. Ici lors de la Fête de la liberté 2008 à Aix-en-Provence disponible em http://sala-prensa-internacional-fica.blogspot.com/search/label/Moring-Capoeira

O "Chausson" era do sul da França e usava somente os pés; já no Norte, usava-se a combinação de pés e mãos abertas - "savate”. Enquanto os homens se reúnem em um duelo de tiro com espadas ou bastões, as classes mais populares lutavam com os pés e batendo com os punhos, de modo que o Savate, esgrima, pés e punhos, tornaram-se a prática de "Thugs" no momento, para citar apenas Vidocq55, Chefe simbólico do fim do século XVIII.

55 Eugène François Vidocq (23 de julho de 1775 - 11 maio de 1857) foi um criminalista francês cuja história de vida inspirou vários escritores, incluindo Victor Hugo e Honoré de Balzac. Um ex-bandido que posteriormente se tornou o fundador e primeiro diretor do combate ao crime Sûreté Nationale bem como a cabeça do primeiro conhecido agência privada de detectives, Ele é hoje considerado pelos historiadores como o pai da moderna criminologia e da polícia francesa. Ele também é considerado como o primeiro detective privado. Na prisão de Bicêtre Vidocq era de esperar vários meses para a transferência para o Bagne em Brest ao trabalho no cozinhas. Um companheiro preso lhe ensinou a arte marcial savate que mais tarde foi muitas vezes útil para ele. No final de 1811 Vidocq informalmente organizado uma unidade à paisana, o Brigada de la Sûreté (Brigada de Segurança). O departamento de polícia reconheceu o valor dos agentes civis, e em outubro de 1812 o experimento foi oficialmente convertido em uma unidade da polícia de segurança sob a égide da Delegacia de Polícia. Vidocq foi apontado como seu líder. Em 17 de

O contato com essas formas de luta se dá, também, com a interação entre marinheiros, nas constantes viagens entre os dois lados do Atlântico, pois navios da marinha francesa entre 1820 e 1833 foram de Brest (cidade natal de Savate) para Portos do Brasil (Capoeira), Martinica (Ladja) e Bourbon (Moringa):

Fonte: Tratado de hygiene naval, ou, Da influencia das condições physicas e moraes ...

Por J. B. Fonssagrives, on line http://eu-bras.blogspot.com/search/label/1820-1833-BREST%28Cuna%20del%20SAVATE%29Navios%20de%20la%20Armada%20frecuentando%20BRASIL%28Capoeira%29%20MARTINICA%28Ladja%29%20Y%20BOURBON%28Moringue%29

dezembro de 1813 Napoleão Bonaparte assinou um decreto, que fez a brigada de um estado policial de segurança. On line http://en.wikipedia.org/wiki/Eug%C3%A8ne_Fran%C3%A7ois_Vidocq

Fonte: LIBRO:Souvenirs d'un aveugle Escrito por François Arago, Jules Janin Edición: 4 - 1868 - http://books.google.com/books?id=5hGQK-QrB8QC&hl=es&source=gbs_navlinks_s, on line:Ç http://eubras.blogspot.com/search/label/1840-RIO-Savate%20y%20Bast%C3%B3n%20en%20Rio%20de%20Janeiro

De luta de rua passa a esporte regulamentado quando o médico Michel Casseux, em 1825 abriu o primeiro centro de treinamento para o ensino e a prática regulamentada dessas habilidades. Ele tentou criar um sistema de combate menos desajeitado, enfatizando o “roundhouse kick”, laterais e frente ao joelho, canela e peito do pé.

Em 1832, Charles Lecour combinou as técnicas do boxe clássico Inglês com os princípios formulados por Casseux. Esta mistura foi chamada de "savate” - boxe francês - e atraiu tanto a elite da sociedade como os jovens, o que beneficiou o esporte como a aptidão muscular e autodefesa.

Em 1850, a primeira luta de boxe francês com as regras estabelecidas por Casseux, para diferenciá-lo de uma rixa da rua. Louis Vignezon foi o primeiro campeão de Savate ao derrotar seu adversário com a batida de apenas quatro chutes.

Credit:

(1862-1942), 1906 (b/w

fuente: DEPORTES DE COMBATE - BOXEO FRANCES Y ESGRIMA DE PALO, BADENAS, MADRID 1934 - Título Deportes de combate: boxeo inglés, boxeo francés, lucha grecorromana, lucha libre, esgrima de palo, jiu-jitsu, kuatsu ; Autor José Bádenas Padilla; Editor s.n., 1934, on line http://eu-bras.blogspot.com/

Em 1852, a Academia Militar Ecole De Joinville incluiu o Savate no treinamento de recrutas. Em seguida, essas mesmas regras foram estendidas para outras partes do Velho Continente, África, Canadá e Estados Unidos.

Boxing Lesson by Charles Charlemont photo), French Photographer, (20th century) / Bibliotheque des Arts Decoratifs, Paris, France / Archives Charmet / The Bridgeman Art Library

O Box Savat também foi introduzido em nossa Escola pela missão militar francesa56 tanto no Colégio Pedro II57 no Rio e no exército e da polícia francesa através de diversas missões ao Brasil e em 1885 uma missão brasileira viajou para Paris para obter informações sobre o Sistema policial francês (Savate Vidocq) 58:

A referência a aparelhos e peças próprias aos exercícios gymnasticos faz pensar que Pedro Guilherme Meyer tenha desenvolvido um trabalho diferenciado daquele que até então acontecera no CPII que, de um modo geral, esteve centralizado no conteúdo da esgrima. Neste sentido, é esclarecedor o relatório do Inspetor Geral da Instrução Pública do Município da Corte, enviado ao Ministro do Império em 1859: apraz-me declarar a V. Exa. que durante o anno passado começou a funccionar com a possível regularidade o gymnasio do internato. Com pequena despeza se acha provido de um portico regular com varios apparelhos supplementares que permittem a maior parte dos exercícios da gymnastica pratica de Napoleon Laisné, ensinados pelo alferes Pedro Guilherme Meyer. (MINISTÉRIO DO IMPÉRIO, 1858, p.18). De acordo com o Inspetor, Pedro Meyer teria ministrado lições de exercícios gymnasticos inspiradas na ginástica do francês Napoleon Laisné. Este era discípulo do Coronel Francisco Amorós y Ondeano, a principal figura Organização e cotidiano escolar da Gymnastica (CUNHA JUNIOR, 2004, 2008) 59

56http://www.policiamilitar.sp.gov.br/noticias.asp?TxtHidden=144 on line http://sala-prensa-internacionalfica.blogspot.com/search/label/1906Mission%20Francesa%20para%20en%20Brasil%20para%20formaci%C3%B3n%20de%20la%20Fuerza%20P%C3%BAblica

57 O Imperial Collegio de Pedro Segundo (CPII) foi fundado no Rio de Janeiro em 1837. O principal objetivo do governo brasileiro ao organizar o CPII foi oferecer aos filhos da boa sociedade imperial (Mattos, 1999) uma formação secundária abrangente e distintiva, própria à elite da época. A distinção pode ser avaliada pelo título conferido aos alunos que finalizavam o curso de estudos do Colégio, o de Bacharel em Letras, cuja posse garantia lugar em qualquer uma das Academias Superiores brasileiras. CUNHA JUNIOR, Carlos Fernando Ferreira da História da Educação Física no Brasil: reflexões a partir do Colégio Pedro Segundo. IN http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 123Agosto de 2008; CUNHA JUNIOR, Carlos Fernando Ferreira da Organização e cotidiano escolar da “Gymnastica” uma história no Imperial Collegio de Pedro Segundo. In PERSPECTIVA, Florianópolis, v. 22, n. Especial, p. 163-195, jul./dez. 2004, on line, disponível em http://www.ced.ufsc.br/nucleos/nup/perspectiva.html

58 Para saber mais sobre Vidocq e a criação do Savate, ver http://www.arras-online.com/celeb_vidocq.php

59 CUNHA JUNIOR, Carlos Fernando Ferreira da Organização e cotidiano escolar da “Gymnastica” uma história no Imperial Collegio de Pedro Segundo. In PERSPECTIVA, Florianópolis, v. 22, n. Especial, p. 163-195, jul./dez. 2004, on line, disponível em http://www.ced.ufsc.br/nucleos/nup/perspectiva.html

Em 1928, a Missão Militar Francesa passou a contar entre seus integrantes com um oficial encarregado exclusivamente de dirigir a instrução de educação física. Escolhido entre os instrutores da escola de Joinville, o major Pierre Ségur ficou encarregado de ministrar educação física na Escola Militar do Realengo. O relatório do chefe da Missão Militar Francesa referente ao ano de 1928, ao comentar a situação da educação física nas escolas do Exército (Militar, de Sargentos, de Cavalaria e de Aviação), informava que, apesar de nelas ser desenvolvido um trabalho intenso e de muito boa vontade, faltavam os meios práticos e a aplicação de um método firme referência óbvia ao Método Francês60 .

Também na Escola de Educação Física da Polícia Militar de São Paulo, criada em 1910, o Savat é introduzido:

Pg. II. Executivo - Caderno 1. DOSP de 25/02/2010 http://www.jusbrasil.com.br/diarios/5135262/dosp-executivo-caderno-1-25-02-2010-pgii/pdfView#xml=http://www.jusbrasil.com.br/highlight/5135262/missao%20francesa –Publicado por AEC para Influencias Européias no Brasil

CUNHA JUNIOR, Carlos Fernando Ferreira da História da Educação Física no Brasil: reflexões a partir do Colégio Pedro Segundo. IN http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 123 - Agosto de 2008 60

VIEIRA, Luis Renato. Educação e autoritarismo no Estado Nobo. In EDUC E FILOS. Uberlândia, 6 (12): 83-94, jan./dez. 1992, disponível em http://capoeira-utilitaria-capoeiragem.blogspot.com/2010/03/1921-adop-metodo-ed-fisica-ejercito-br.html

Para COSTA (2007) 61, no Rio de Janeiro, no Recife e na Bahia, a capoeira seguia sua história, e seus praticantes faziam a sua própria. Originavam-se de várias partes das cidades, das áreas urbanas e rurais, das classes mais abastadas às mais humildes, de pessoas de origem africana, afro-brasileira, europeia e brasileira, inserindose em vários setores e exercendo várias atividades de trabalho, profissões e ofícios. Alguns exemplos que fundamentam essa constatação: Manduca da Praia, empresário do comércio do ramo da peixaria, Ciríaco, um lutador e marinheiro (CAPOEIRA, 1998, p. 48) 62; José Basson de Miranda Osório, chefe de polícia e conselheiro (REGO, 1968)63 ; mais recentemente, Pedro Porreta, peixeiro, Pedro Mineiro, marítimo, Daniel Coutinho, engraxate e trabalhador na estiva; Três Pedaços, que trabalhava como carregador (PIRES, 2004, p. 57, 61, 47 e 73)64; Samuel Querido de Deus, pescador, Maré, estivador e Aberrê, militar com o posto de capitão (CARNEIRO, 1977, p. 7 e 14)65. Todos eram capoeiristas.

Muitos dos mais influentes personagens da história do Brasil e da capoeira estudaram no Colégio Pedro II, existindo informações sobre a prática da Capoeira entre eles. O ano de 1841 é considerado como o marco inicial da história da gymnastica no Colégio Pedro Segundo. Exatamente no dia nove de setembro, Guilherme Luiz de Taube, ex-Capitão do Exército Imperial, entrou em exercício no cargo de mestre de gymnastica do Colégio.66

Outro professor, Pedro Meyer, para além da esgrima, desenvolveu um trabalho mais abrangente no CPII: Nesse sentido, é esclarecedor o relatório apresentado pelo inspetor geral da Instrução Pública do Município da Corte em 1859: Durante o anno passado começou a funccionar com a possivel regularidade o gymnasio do internato. Com pequena despeza se acha provido de um portico regular com varios apparelhos supplementares que permittem a maior parte dos exercicios da gymnastica pratica de Napoleon Laisné ensinados pelo alferes Pedro Guilherme Meyer 17. De acordo com o inspetor, Pedro Meyer teria ministrado lições de exercicios gymnasticos inspiradas na ginástica do francês Napoleon Laisné, discípulo do coronel Francisco Amoros y Ondeano, a principal figura da ginástica francesa, falecido em 1848. Laisné tornou-se um dos principais continuadores da obra de Amoros, desenvolvendo seu trabalho na Escola de Joinville-le-Point, local para o qual Foi transferido em 1852, o principal ginásio antes dirigido pelo Coronel Amoros (Baquet, 199-). Segundo Carmen Lúcia Soares (1998), no método organizado por Amoros destacavam-se os exercícios da marcha, as corridas, os saltos, os flexionamentos de braços e pernas, os exercícios de equilíbrio, de força e de destreza, bem como a natação, a equitação, a esgrima, as lutas, os jogos e os exercícios em aparelhos, tais como as barras fixas e móveis, as paralelas, as escadas, as cordas, os espaldares, o cavalo e o trapézio. No CPII, atividades desse tipo foram implementadas por Pedro Meyer, mestre que introduziu na instituição os exercicios gymnasticos em aparelhos.67

61 COSTA, Neuber Leite Capoeira, trabalho e educação. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Educação, 2007.

62 NESTOR Capoeira: Pequeno Manual do Jogador. 4. ed. Rio de Janeiro: Record. 1998.

63 REGO, Waldeloir. Capoeira Angola: um ensaio sócio-etnográfico. Salvador: Itapuã, 1968.

64 PIRES, Antonio Liberac A. Capoeira na Bahia de Todos os Santos: estudo sobre cultura e classes trabalhadoras (1890 - 1937).

Tocantins: NEAB/ Grafset. 2004

65 CARNEIRO, Edson. Capoeira. 2 ed. 1977 (Cadernos de Folclore).

66 Guilherme de Taube, como a maioria dos mestres de gymnastica que passariam pelo CPII ao longo dos oitocentos, era um exoficial do Exército. Sua experiência com os exercícios ginásticos no meio militar serviu como um atestado de sua aptidão para o emprego no Colégio. Durante todo o período imperial não haveria concurso para esse cargo, sendo os profissionais contratados diretamente pelo Reitor ou pelo Ministro do Império, de acordo com a necessidade da instituição. A gymnastica era considerada uma atividade eminentemente prática. Ao contrário dos responsáveis pelas outras cadeiras oferecidas pelo CPII, os pretendentes ao cargo de mestre de gymnastica não eram avaliados por seu conhecimento teórico, mas por sua perícia e experiência de trabalho com esta arte no meio militar ou nas instituições escolares civis. [...] (CUNHA JR, C F F. Organização e cotidiano escolar da “Gymnastica” - uma história no Imperial Collegio de Pedro Segundo. Perspectiva, Florianópolis, v. 22, n. Especial, p. 163-195, jul./dez. 2004) on line, disponível em http://eu-bras.blogspot.com/search/label/1841Gymnasia%20militar%20en%20el%20Colegio%20Pedro%20II

67 CUNHA JUNIOR, Carlos Fernando Ferreira da Organização e cotidiano escolar da “Gymnastica” uma história no Imperial Collegio de Pedro Segundo. In PERSPECTIVA, Florianópolis, v. 22, n. Especial, p. 163-195, jul./dez. 2004, on line, disponível em http://www.ced.ufsc.br/nucleos/nup/perspectiva.html

CUNHA JUNIOR, Carlos Fernando Ferreira da História da Educação Física no Brasil: reflexões a partir do Colégio Pedro Segundo. IN http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 123 - Agosto de 2008

Um aluno, reconhecido como capoeira, foi José Basson de Miranda Osório, nasceu em Parnaíba a 17 de novembro de 1836, faleceu a 17 de abril de 1903, na Estação de Matias Barbosa, Estado de Minas Gerais. Cursou humanidades no tradicional Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, seguindo para São Paulo e ingressando na Faculdade de Direito. Filho do Coronel José Francisco de Miranda Ozório, um dos chefes emancipacionista do Piauí no movimento parnaibano de 19 de outubro de 1822, Comandante das forças legalistas na guerra dos Balaios e um dos raros monarquistas brasileiros a resistir ao golpe republicano de 1889. Ocupou dentre outros, os seguintes cargos: Inspetor, Tesoureiro da Alfândega, Promotor e Prefeito de Parnaíba, Deputado Provincial e Vice-Presidente da Província do Piauí por longos anos, Presidente da Província da Paraíba, Inspetor da Alfândega do Pará e do Ceará, Chefe de Polícia da Capital do Império. (PASSOS, 1982) 68:

Para CARVALHO (2001) 69, entre os capoeiras havia muitos brancos e até mesmo estrangeiros. Em abril de 1890, ainda em plena campanha de Sampaio Ferraz, foram presas 28 pessoas sob a acusação de capoeiragem. Destas, apenas cinco eram pretas. Havia dez brancos, dos quais sete estrangeiros, inclusive um chileno e um francês. Era comum aparecerem portugueses e italianos entre os presos por capoeiragem. E não só brancos pobres se envolviam:

68 PASSOS, Caio. Cada rua sua história. Parnaíba: [s.n.], 1982. citado por , SILVA, Rozenilda Maria de Castro COMPANHIA DE APRENDIZES MARINHEIROS DO PIAUÍ E A SUA RELAÇÃO COM O COTIDIANO DA CIDADE DE PARNAÍBA. on line, http://www.ufpi.br/mesteduc/eventos/ivencontro/GT10/companhia_aprendizes.pdf

69 CARVALHO, José Murilo De. BESTIALIZADOS OU BILONTRAS? (do Livro Os Bestializados – O Rio de Janeiro e a República que não foi”, Cia das Letras, págs. 140-164, ano 2001). On line, http://www.cefetsp.br/edu/eso/lourdes/bestializados.html

“A fina flor da elite da época também o fazia. Neste mesmo mês de abril de 1890 foi preso como capoeira José Elísio dos Reis, filho do conde de Matosinhos, uma das mais importantes personalidades da colônia portuguesa, e irmão do visconde de Matosinhos, proprietário do jornal O Paiz. Como é sabido, a prisão quase gerou uma crise ministerial, pois o redator do jornal era Quintino Bocaiúva, ministro e um dos principais propagandistas da República. Outro caso famoso foi o de Alfredo Moreira, filho do barão de Penedo, embaixador quase vitalício do Brasil em Londres, onde privava do convívio dos Rothschild. Segundo o embaixador francês no Rio, Alfredo era "um dos chefes ocultos dos capoeiras e cabeça conhecido de todos os tumultos". O representante inglês informava em 1886 que José Elísio e Alfredo Moreira eram vistos diariamente na rua do Ouvidor, a Carnaby Street do Rio, em conversas com a jeunesse dorée da cidade

http://web.tiscalinet.it/canneitaliana/italo.htm

No início do século XX, no Brasil começou a se tornar mais comum a prática da luta romana, notadamente desafios entre atletas cariocas e de São Paulo. José Floriano Peixoto foi um dos mais renomados dessa modalidade naquele momento.

No seu livro de memórias, comenta Luiz Edmundo, captando bem o momento de transição:

Não se pratica a ginástica do corpo. A do sentimento basta. E nesse particular, ninguém supera o jovem desse tempo... Vive ainda da lírica do poeta Casimiro de Abreu, acha lindo sofrer-do-peito, bebe absinto e, de melenas caídas nas orelhas, ainda insiste em recitar ao piano. Toda uma plêiade de moços de olheiras profundas, magrinhos, escurinhos, pequeninhos... Tipos como o do atleta José Floriano Peixoto, são olhados, por todos, com espanto. (Edmundo, 1957, p.833)

Zeca Peixoto, como era conhecido, destacava-se não só pelo seu corpo forte, como também pelo fato de ser praticante e campeão de muitos esportes diferentes. Ganhou ar de herói quando salvou diversas pessoas em um naufrágio que ocorrera na Bahia, ocasião em que retornava de excursão à Europa. Nos primeiros anos da década de 1900, Peixoto já estava envolvido com o grupo de Paul Pons, um francês muito atuante nos primeiros momentos do halterofilismo no Brasil e no mundo. No decorrer da década esteve envolvido com apresentações em teatros, fazendo parte da "Companhia Ginástica e de Variedades" e chegando a ser proprietário de um circo (Circo Floriano), que fez sucesso na cidade70 .

O escritor maranhense Coelho Neto, tido como grande capoeirista é citado como um dos precursores da Capoeiragem, haja vista que no Artigo 17- do regulamento da FICA, quando trata da Nomenclatura de Movimentos de Capoeira estabelecida em sua parte “A- Nomenclatura Histórica”, colhida a partir da pesquisa nas obras dos primeiros autores a escreverem sobre a Capoeira, aparecem Plácido de Abreu, Coelho Neto e Annibal Burlamaqui (Zuma):

Parágrafo 1°- Legado de Plácido de Abreu - 1886: Trastejar, Caçador, Rabo de Arraia, Moquete, Banho de Fumaça, Passo de Sirycopé, Baiana, Chifrada, Bracear, Caveira no Espelho, Topete a Cheirar, Lamparina, Pantana, Negaça, Ponta-pé e Pancada de Cotovelo.

Parágrafo 2°- Legado Apócrifo - 1904: Pronto, Chato, Negaça de Inclinar, Negaça de Achatar-se, Negaça de Bambear para direita ou esquerda, Negaça de Crescer, Pancada de Tapa, Pancada com o Pé, Pancada de Punho, Pancada de Tocar, Rasteira Antiga, Rasteira Moderna e Defesas. 70 On line http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01882007000200008&script=sci_arttext

Parágrafo 3°- Legado de Coelho Neto - 1928: Cocada, Grampeamento, Joelhada, Rabo de Arraia, Rasteira, Rasteira de Arranque, Tesoura, Tesoura Baixa, Baiana, Canelada, Ponta-pé, Bolacha Tapa Olho, Bolacha Beiço Arriba, Refugo de Corpo, Negaça, Salto de Banda e Banho de Fumaça.

Parágrafo 4°- Legado de Annibal Burlamaqui (Zuma), autor da primeira Codificação Desportiva - 1928: Guarda, Rasteira, Rabo de Arraia, Corta Capim, Cabeçada, Facão, Banda de Frente, Banda Amarrada, Banda Jogada, Banda Forçada, Rapa, Baú, Tesoura, Baiana, Dourado, Queixada, Passo de Cegonha, Encruzilhada, Escorão, Pentear ou Peneirar, Tombo da Ladeira ou Calço, Arrastão, Tranco, Chincha, Xulipa, Me Esquece, Vôo do Morcego, Espada e Suicídio.

COELHO NETO

PLÁCIDO DE ABREU MORAIS

Para Pol Briand71, dois termos da capoeira baiana têm origem certamente francesa, são o “aú” que em português é “pantana” como escrito nos artigos de 1909 descritivos da luta de Ciríaco contra Sada Miako no Pavilhão Pascoal no Rio de Janeiro e “role”; é provável que os nomes usados na capoeira venham de instrutores militares de ginástica das Missões francesas.

A expressão francesa "faire la roue" designa um movimento similar ao “aú” da capoeira, e o "roulé-boulé" é uma técnica para amortecer um choque (pulando de uma altura) rolando sobre si mesmo, com alguma semelhança ao “role” da capoeira:

“Suponho que a influência francesa se deu através do serviço militar obrigatório no Brasil a partir de 1908. Foi promovido pelos mesmos militares e intelectuais nacionalistas favoráveis à educação física (e ao ensino da capoeira como esporte nacional 72. Antes da vinda dos franceses em 1908, a influencia alemã predominava do exército brasileiro. Os franceses tiveram não somente atuação direta em S. Paulo, como também indireta, com difusão de um manual de educação física no Brasil inteiro. 73. Ainda estou a recolher elementos sobre a sua presença na Bahia. Há de ressaltar, pista ainda não seguida, que a Marinha também praticava educação física e que os famosos mestres de capoeira Aberrê e Pastinha foram Aprendizes Marinheiros no início do sec. 20. Como indica Loudcher (op.cit), o exército e a marinha de guerra francesa fizeram ao inventar o esporte como preparação física para a guerra no final do século 19, interpretação muito particular do jogo de desordeiros que era a savate, transformando-la em largas proporções. É certo que a escola de polícia de Joinville, situada perto da École normale militaire de gymnastique de Joinville, tinha um uso mais prático para o combate sem armas ou com armas improvisadas. Entretanto, os instrutores militares sempre dominaram o ensino. Os instrutores de educação física da missão militar francesa foram pouquíssimos. Se influência tiveram, foi geralmente indireta, através de pessoas por eles [in]formados. Portanto, os ensinos franceses foram interpretados e adaptados pelos brasileiros, e, notadamente, pelos adeptos da capoeiragem e do jogo de capoeira, sempre interessados em novos

71 On line in http://saladepesquisacapoeira.blogspot.com/search/label/Ginga-SAVATE

72 KUHLMANN, Paulo Roberto Loyolla (Major), Serviço Militar Obrigatório no Brasil: Continuidade ou mudança? Campinas: Núcleo de Estudos Estratégicos – Unicamp / Security and Defense Studies, vol. 1, winter 2001, p.1.

73 SOUSA, Celso. , La mission militaire française au Brésil de 1906 à 1914 et son rôle dans la diffusion de techniques et méthodes d'éducation physique militaire et sportive. Thèse Histoire contemporaine, Université de Bourgogne, 2006 in [http://www.esefex.ensino.eb.br/atual_trab/%40cap I.PDF

truques

(outra palavra francesa que substitui o português 'ardil' nos Ms. de mestre Pastinha).Os franceses, como os ingleses e alemãs, participaram também da promoção da idéia esportista no Brasil. Passar, no conceito dos praticantes, de brinquedo e da vadiação a esporte de competição, transtornou a capoeira, como quem sabe ler pode constatar nos debates consecutivos à organização de campeonato no palanque do Parque Odeon em Salvador em 1936. Hoje se procura recuperar o sentido e a sabedoria associadas à atividade antes desta fase. Aparentemente, o esporte de competição não atende às necessidades de todo mundo. Como sempre com essa fonte, o artigo citado74 traz erros na grafia dos nomes (dos franceses) e uma inconguidade: "O Bailado Joinville Le Pont: dança folclórica, hoje extinta na França e só praticada pela Polícia Militar do Estado de São Paulo." Não faz sentido. "La danse de Joinville Le Pont" não pode ser dança folclórica. É obviamente piada de militares para designar o seu treino, sendo que Joinville, situada perto no rio Marne próximo de Paris, era o subúrbio onde no espaço onde não se construía por causa das enchentes, vinha dançar o povo (e malandros) parisiense em barracões chamado “guinguettes" (o termo, de mesmo origem que 'ginga', evoca o ato de mexer as pernas “jambes” ou popularmente 'gambettes' como também 'gigolette' e 'degingandé'. O que foi extinta é a École normale militaire de Gymnastique, chamada 'de Joinville' embora o terreno em que se situava, no Bois de Vincennes, tivesse sido anexado pelo município de Paris em 1929.

PANTANA - Volta sobre o corpo aplicando os pés contra o peito d o adversário (Abreu, 1886, in LIMA, 2007, p. 158).

O capoeirista, negaceando, simula um salto mortal e, com as mãos apoiadas no chão, desfere com os pés uma violenta pancada, que visa geralmente o rosto ou o peito do adversário (Moura, 1991, in LIMA, 2007, p. 158)

74 Bailado Joinville Le Pont -SESC Pompeia Dia(s) 26/04 Domingo, às 17h. O “Bailado Joinville Le Pont” é uma dança folclórica, originalmente extraída de uma dança camponesa do interior da França, posteriormente sistematizada pela Escola de Joinville Le Pont. Com o advento das Guerras Napoleônicas essa dança foi utilizada pelos comandantes franceses como forma de treinamento e entretenimento de seus soldados. Em 1906, uma missão composta por 19 oficiais da gerdarmarie francesa introduziu a dança na Academia de Polícia Militar do Estado de São Paulo, com a finalidade de reforçar o condicionamento físico dos soldados brasileiros. Hoje em dia este bailado está extinto na França, contudo ainda é praticado no Brasil pela Academia de Polícia Militar do Barro Branco. Deck Solarium. In http://www.sescsp.org.br/sesc/programa_new/mostra_detalhe.cfm?programacao_id=149568

PANTANA Capoeiragem: Articulo EEUU-Nueva York -1953 http://capoeira-utilitariacapoeiragem.blogspot.com/2010/03/1953-eeuu-articulo-de-capoeiragem-en.html

O “AÚ” é descrito como: Movimento que na Capoeira corresponde ao posicionamento do corpo apoiado nas mãos (“em representação ao desenho da letra ‘A”) com os pés erguidos e abertos (em representação ao desenho da letra “U”. É um movimento característico da capoeira, no qual o praticante leva as duas mãos ao chão, subindo imediatamente as duas pernas, geralmente esticadas e caindo geralmente em pé. (MANO LIMA, 2007, p. 64):

É um movimento de capoeira que pode ser aplicado de muitas formas: Em pé, agachado entre outros –AÚ AGULHA; AÚ AMAZONAS; AÚ BANDEIRA; AÚ BATIDO; AÚ CAMALEÃO; AÚ CHAPA DE FRENTE; AÚ CHAPA DE COSTAS; AÚ LATERAL; AÚ CHIBATA COM UMA PERNA; AÚ CHIBATA COM DUAS PERNAS; AÚ COICE; AÚ COM UMA DAS MÃOS; AÚ CORTADO; AÚ DE COLUNAS; AÚ DE ROLÊ; AÚ DUBLÊ; AÚ FININHO; AÚ GIRO COMPLETO; AÚ MARTELO; AÚ MORCEGO; AÚ MORTAL; AÚ PALITO; AÚ PARAFUSO; AÚ PICADO; AÚ PICO; AÚ PIRULITO; AÚ QUEBRADO; AÚ SANTO AMARO; AÚ SEM MÃOS; AÚ TESOURA; AÚ VIRGULINO.

Aú é indispensável na pratica da capoeira, por ser um dos passos mais usados. Existem dois tipos de aú. Aú aberto: é utilizado no início e na saída da roda. É também conhecido como estrela. É só colocar as mãos no chão e depois os pés para o alto,e termina em pé. Aú fechado:semelhante ao rolê,acrescenta-se um pulo Aú dobrado: a entrada do movimento é semelhante ao aú aberto, mas na metade do movimento dobra-se a coluna para sair de frente. Aú trançado: movimento em que se entra no aú aberto mas troca-se as pernas "trançando-as", sendo a perna que impulsiona o corpo a primeira que vai tocar o solo. Aú sem mãos: mesmo movimento do aú aberto, mas executado sem o emprego das mãos. http://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%BA

Techniques et apprentissage du moring réunionnais

Résumé Sport de combat rituel, le moring associe la musique, l’’expression corporelle, les traditions guerrières et les cultes afro-malgaches. Cousin de la Capoeira du Brésil, le moring réunionnais dû affronter bien des préjugés et des interdits tout au long de son histoire. Ce livre contribue à réhabiliter cet art populaire. Il met en valeur les bienfaits de cette discipline où le corps et l’’esprit s’’épanouissent. Règles et techniques sont expliquées précisément, illustrées par de nombreux croquis de mouvements.

Pintura do italiano Giovanni Battista Tiepolo, chamada Pulcinella and the Tumblers de 1797, época em que a ginástica renascia em apresentações públicas. A obra encontra-se no Museu Settecento Veneziano

http://www.livranoo.com/livre-Reunion-Techniques-et-apprentissage-du-moring-reunionnais252.html

http://www2.webng.com/portaldacapoeira/au.html

Sequência de Bimba (8)

Jogador 1 - bênção e aú de rolê. Jogador 2 - negativa e cabeçada. http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://lh3.ggpht.com/_MARp4qSlMvU/SiRJDUmNnaI/AAAAAAAAAPA/O02 nIzd1G5o/sequencia6.gif&imgrefurl=http://omandinguero.blogspot.com/2009_06_01_archive.html&usg=__R477GbXv4MFJTojcTNYDN3M-A0=&h=261&w=481&sz=6&hl=ptBR&start=1&tbnid=xGLM7LmLEMqgzM:&tbnh=70&tbnw=129&prev=/images%3Fq%3Djoelhada%2B%252B%2Bcapoeira%26gbv %3D2%26hl%3Dpt-BR

http://angoleiro.files.wordpress.com/2008/12/traira.jpg

http://4.bp.blogspot.com/_kL_C1q2fRZo/SairYBUBtsI/AAAAAAAAAFg/GyRpMviliGQ/S760/capoeira+03.jpg

Pencak Indonésia

O pesquisador francês está a buscar evidências de que a Marinha “também praticava educação física e que os famosos mestres de capoeira Aberrê e Pastinha foram Aprendizes Marinheiros no início do sec. 20” haja vista que a “influência francesa se deu através do serviço militar obrigatório no Brasil a partir de 1908”, tendo sido “promovido pelos mesmos militares e intelectuais nacionalistas favoráveis à educação física (e ao ensino da capoeira como esporte nacional”.

Em artigo publicado no Jornal do Capoeira 75 em 2005, já havia respondido parte dessa questão:

“Em "A Pacotilha", São Luís, segunda feira, 14 de junho de 1909, há uma notícia que tem por título "JIUJITZÚ" - certamente transcrita de "A Folha do Dia" - do Rio de Janeiro (ou Niterói):

"Desde muito tempo vem preocupando as rodas esportivas o jogo do Jiu-Jitzú, jogo este japonês e que chegou mesmo a espicaçar tanto o espírito imitativo do povo brasileiro que o próprio ministro da marinha mandou vir do Japão dois peritos profissionais no jogo, para instruir os nossos marinheiros.

"Na ocasião em que o ilustre almirante Alexandrino cogitava em tal medida, houve um oficial-general da armada que disse ser de muito melhor resultado o jogo da capoeira, muito nosso e que, como sabemos, é de difícil aprendizagem e de grandes vantagens.

"Essa observação do oficial-general foi ouvida com indiferença.

"A curiosidade pelo jiu-jitzu chega a tal ponto que o empresário do "Pavilhão Nacional", em Niterói, contratou, para se exibir no seu estabelecimento, um campeão do novo jogo, que veio diretamente do Japão.

"Ha alguns dias esse terrível jogador vem assombrando a platéia daquela casa de diversões com a sua agilidade indiscritível, com os seus pulos maquiavélicos. Todas as noites o campeão japonês desafia a platéia a medir forcas com ele, sendo que, logo nos primeiros dias de sua exibição, se achava na platéia um conhecido "malandrão".

"Feito o desafio, o "camarada" não teve duvidas em aceitar, subindo ao palco.

"Depois de tirar o paletó, colete, punhos, colarinho e as botinas, o freguês "escreveu" diante do campeão, "mingou" abaixo do "cabra"; este assentou-lhe a testa que o japones andou amarrotando as costelas no tablado. A coisa aqueceu, o japonês indignou-se, quis virar "bicho", mas o brasileiro, que não tinha nada de "paca" foi queimando o grosso de tal maneira que a policia teve que intervir para evitar ... o japonês. “'A Folha do Dia' narra o seguinte: 'Diversos freqüentadores do Pavilhão Nacional vieram ontem a esta redação apresentar o Sr. Cyriaco Francisco da Silva, dizendo-se o mesmo senhor vencido o jogador japonês que se exibe atualmente naquela cada de diversão.

"O Sr. Cyriaco é brasileiro, trabalhador no comercio de café e conseguiu vencer o seu antagonista aplicando-lhe um "rabo de arraia" formidável, que no primeiro assalto o prostrou.

"O brasileiro jogou descalço e o japonês pediu que não fosse continuada a luta.

"Ficam assim cientes os que se preocupam com o novo esporte que ele é deficiente. Basta estabelecer o seguinte paralelo: no jiu-jitzu a defesa é mais fácil que o ataque; na capoeiragem a grande ciência é a defesa, a grande arte é saber cair.

"Sobraram razões ao nosso oficial general quando dizia que o brasileiro 'sabido, quando se espalha, nem o diabo ajunta'.". (Grifos nossos).

Em 1972, o General Jayr Jordão Ramos76 apresenta seu “Parecer sobre a Capoeira-Desporto”, em relatório do Conselho Nacional do Desporto do Ministério da Educação e Cultura (MEC), ressaltando a importância de dar à capoeira “formas e regras desportivas”, com o objetivo de reabilitá-la enquanto luta. Nesse mesmo parecer citado acima, o General aponta que pela falta de incentivo público, a capoeira serviu, por muitos momentos, à malandragem e desordem. Assim, só teria restado para a capoeira, fixar-se no campo do

75 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Jiu-Jitsu no Maranhão. In Jornal do Capoeira Edição 45: 29 de Agosto à 04 de Setembro de 2005, 0on linme. Diospon[ível em http://www.capoeira.jex.com.br/

76 RAMOS, Jayr Jordão. OS EXERCICIOS FISICOS NA HISTORIA E NA ARTE. Rio de Janeiro: IBRASA, 1983

O General Jayr Jordão Ramos nasceu em 14 de julho de 1907, no Rio de Janeiro. Cursou a Escola Militar do Realengo, e foi declarado aspirante a oficial em 1930. Ao longo de toda a sua carreira militar dedicou-se às questões relacionadas à prática e ao ensino de Educação Física. Como aluno, recebeu Menção Honrosa na Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx). É importante ressaltar que esta instituição balizava os rumos da Educação Física no Brasil à época. Em 1935, é nomeado instrutor da EsEFEx e começa a estabelecer contato com outras Escolas importantes internacionais, como a Escola Superior de Educação Física Joinville-LePont, lá realizando cursos

folclore (FONSECA, 2009) 77. Entretanto, ainda para o General Ramos, se tivesse sido devidamente fomentada:

“[...] seria modalidade ginástica bastante praticada (...). Ao lado do Judô, do Boxe, do Karatê e de outras formas de luta, deve ser a capoeira estimulada. Como desporto, ela apresenta no seu aspecto, um misto de semelhança com a luta francesa “Savate” e com a japonesa do Karatê (...). (FONSECA, 2009)

Ainda segundo essa autora, Vicente Ferreira Pastinha nasceu em Salvador, na Bahia, em 05 de abril de 1889. Filho de uma mulata baiana e de um comerciante espanhol, aprendeu capoeira ainda na infância, através dos ensinamentos de um africano chamado Benedito, buscando aprender a se defender depois de muito apanhar de um menino de seu bairro. Aos 12 anos entrou, em Salvador – onde morou a vida toda – na Escola de Aprendizes de Marinheiro e, posteriormente, na Marinha, lá permanecendo até os 20 anos. Em 1910 dá baixa e começa a dar aulas de capoeira em um espaço onde funcionava uma oficina de ciclistas. Ainda na Marinha, teve contato com esgrima, florete e ginástica sueca, o que nos mostra que conheceu outros estilos de luta que não a capoeira.

Já Manoel dos Reis Machado, Mestre Bimba, como ficou conhecido, nasceu em 23 de novembro de 1899, na freguesia de Brotas, em Salvador, Bahia. Era filho de Luiz Cândido Machado, ex-escravo, e Maria Martinha do Bonfim, descendente de índios. Iniciou a capoeira com cerca de 12 anos, mas nessa época já tinha familiaridade com as técnicas do batuque78, uma vez que seu pai era muito famoso nessa modalidade. Seu professor, segundo relata Muniz Sodré (2002)79, era um mestre da ‘capoeira antiga’, anterior à divisão em diferentes estilos, chamado Bentinho.

Na realidade, não é novidade um membro das Forças Armadas Brasileiras estar envolvido com questões relativas à capoeira, principalmente no intento de enquadrá-la enquanto atividade esportiva. No início do século XX, como demonstrado anteriormente, setores militares defenderam a criação de um Método Nacional de Educação Física baseado na capoeira, além de serem feitas as primeiras propostas acerca da regulamentação da capoeira enquanto esporte. (FONSECA, 2009).

Em 1906, a luxuosa Kosmos, Revista Artistica, Scientifica e Literaria, do Rio de Janeiro, publica um artigo de Lima Campos: "A Capoeira", ilustrada por Kalixto. Este artigo é um registro da construção da capoeira moderna, sua arquitetura tem como base o movimento nacionalista do final do século XIX, o qual se estenderá até meados do século XX. Lima Campos enaltece a vocação cultural mestiça da capoeira carioca e mostra a destruição da capoeira de movimento social, pela República e a gênese da proposta moderna da capoeira; A ginástica Nacional.

"Das cinco grandes lutas populares: a savata francesa, o jiu-jitsu japonês, o box inglês, o pau português e a nossa capoeira, temiveis pelo que possuem de acrobacia intuitiva de elastério e de agilidade em seus recursos e avanços táticos e em seus golpes destros é, sem duvida, a última, ainda desconhecida fora do Brasil, mesmo na América, a melhor a mais terrível como recurso individual de defesa certa ou de ataque impune.

Nas outras (com bem limitada exceção de apenas alguns golpes detentivos ou de tolhimento no Jiu-jitsu e a limitadíssima exceção do célebre círculo defensivo descrito pelo movimento giratório contínuo do pau no jogo português) o valor está no ataque; na capoeira porém, dá-se o contrario: o seu mérito básico é a defesa; ela é por excelência e na essência defensiva. Lima Campos: "A Capoeira", 1906 Kosmos, Revista Artística, Scientifica e Literaria."

77 FONSECA, Vivian Luiz. Capoeira sou eu: memória, identidade, tradição e conflito. Rio de Janeiro: GFV/CPDOC, 2009. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil – CPDOC como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em História, Política e Bens Culturais.

78 O batuque é uma mistura de dança e luta, na qual os jogadores usam as pernas para desequilibrar o adversário.

79 SODRÉ, Muniz. Mestre Bimba: corpo de mandinga. 2002. Citado por FONSECA, Vivian Luiz. Capoeira sou eu: memória, identidade, tradição e conflito. Rio de Janeiro: GFV/CPDOC, 2009. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil – CPDOC como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em História, Política e Bens Culturais.

Santos (2006) 80 informa que em 1928, o capoeira-intelectual carioca Anibal Bulamarqui, conhecido como mestre Zuma, publicou o livro Ginástica Nacional (Capoeiragem) metodizada e regrada, cujo prefácio de Mário Santos dizia: “Adotemos a capoeiragem, ela é superior ao box, que participa dos braços; ela é superior à luta romana, que baseia na força; é superior à japonesa, pois que reúne os requisitos de todas essas lutas, mais a inteligência e a vivacidade peculiares ao tropicalismo dos nossos sentimentos pondo em ação braços, pernas, cabeça e corpo”.

Em Negros e Brancos no Jogo da Capoeira: a Reinvenção da Tradição, Letícia Vidor de Sousa Reis descreve a tentativa de Burlamarqui, e de outros intelectuais do começo do século, de transformar a capoeira num esporte “branco” e “erudito”, ou seja, eles tinham para a capoeira um projeto nacional, implicando numa única nomenclatura dos movimentos corporais da capoeira e no estabelecimento de um único conjunto de regras:

“Apellidei este methodo, puramente meu, de “ZUMA”, não só porque Zuma é a quarta parte do meu segundo nome, como também porque uma feliz coincidência faça com que se perceba nitidamente a letra Z no centro do campo de luta que adoptei para o meu método de capoeiragem, differenciando-o dos campos de sports communs. Primeiramente idealisei um campo de luta onde, com espaço suficiente, se pudesse realisar a GYMNASTICA BRASILEIRA. 81

80 SANTOS, Eduardo Alves (Mestre Fálcon) CAPOEIRA NACIONAL: A Luta por Liberdade IV IN Jornal do Capoeirawww.capoeira.jex.com.br Edição 61 - de 19 a 25/Fev de 2006 Sorocaba-SP, disponível em http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.jornalexpress.com.br/gerencia/antigos/ver_imagem.php%3Fid_image m%3D4273&imgrefurl=http://www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php%3Fid_jornal%3D13170%26id_noticia%3D848 &usg=__Sn7kJPy_YwGNzGjlIVhtUcf6xro=&h=414&w=287&sz=60&hl=ptBR&start=6&tbnid=q52S4xUiYR9MQM:&tbnh=125&tbnw=87&prev=/images%3Fq%3Dcapoeira%2B%252B%2Bodc%26gbv%3D 2%26hl%3Dpt-BR

81 Fonte: SANTOS, Esdras Magalhães dos (Mestre Damião). A VERDADEIRA HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DA LUTA REGIONAL BAHIANA DO MESTRE BIMBA in http://www.capoeiradobrasil.com.br/liga_2.htm

Aproximadamente na mesma época em que Bimba criava na Bahia a Luta Regional, no Rio de Janeiro, se tem notícias de Agenor Moreira Sampaio, conhecido como Sinhozinho de Ipanema. Sinhozinho nasceu em 1891, em Santos, filho de um tenente-coronel e chefe político local, e descendente de Francisco Manoel da Silva, autor do Hino Nacional Brasileiro. Esses dados nos permitem perceber que Sinhozinho, como seu próprio apelido sugere, não provinha das classes baixas, fazendo parte das camadas mais favorecidas. Sua clientela também era composta por rapazes de classe média, em geral jovens de Ipanema e Copacabana (FONSECA, 2009). Segundo André Lacé Lopes (2005) 82, ele aprendeu capoeira nas ruas da cidade do Rio de Janeiro, para onde se mudara com sua família. Aprendeu boxe e luta greco-romana, e achando que a capoeira se mostrava pobre para a luta, principalmente a ‘agarrada’, resolveu aplicar alguns dos golpes aprendidos nas outras lutas à capoeira.

Agenor Moreira Sampaio, mais conhecido como Sinhozinho, ao centro, e alunos. Ano: 1940 (Paulo Azeredo é o último à esquerda). Sinhozinho, que sempre enfatizou o treinamento de força, foi um grande treinador e 82 LOPES, André Luiz Lacé. Capoeiragem no Rio de Janeiro, no Brasil e no Mundo. Literatura de Cordel, 2ª edição. Rio de Janeiro, 2005.

formador de campeões na capoeira e em outros esportes no Rio de Janeiro, na primeira metade do século XX. A capoeira de Sinhozinho, também conhecida como Capoeira Utilitária, era uma capoeira voltada para a eficácia como luta, inspirada na violenta capoeira carioca e não era acompanhada por instrumentos musicais.

Agenor Sampaio – Sinhozinho - começa sua vida esportiva praticando a luta greco-romana:

“Comecei a minha vida sportiva – disse o Sinhôzinho, preliminarmente – em 1904, no Club Esperia de S. Paulo; como socio-alumno. Ahi me mantive até 1905, quando fui para o Club Athletico Paulistano, que foi o primeiro club do Brasil que teve piscina. [...] Houve um movimento dissidente no football de então, de modo que me transferi para a Associação Athletica das Palmeiras, que havia feito fusão com o Club de Regatas São Paulo. Ahi, em companhia de Itaborahy Lima, José Rubião, Hugo de Moraes e mais alguns amigos, comecei a praticar com enthusiasmo a gymnastica, tendo, por exemplo, Cícero Marques e Albino Barbosa, que eram, naquelle tempo, os maiores athletas do Brasil.[...] Mais tarde ” prosseguiu o nosso entrevistado ” com a vinda de Edú Chaves da Europa, novos ensinamentos nos foram ministrados, dos quaes a luta greco-romana, box francez (savata) e a gymnastica em apparelhos foram os mais importantes. [... ] Em 1907, ingressei no Club Força e Coragem, que obedecia à direcção do professor Pedro Pucceti. Continuei os exercícios que sabia e outros mais, que aprendera com o referido mestre. [...] em 1907, obtive os meus primeiros sucessos nesta luta e tive occasião de vencer o torneio da minha categoria. [...] Em 1908, mudei-me para esta capital, de onde jamais me afastei. O Rio é uma cidade encantadora pelos seus recursos naturaes e captivante pela lhaneza dos cariocas, que são extremamente hospitaleiros.[...] Fui um dos fundadores do Centro de Cultura Physica Enéas Campello, que teve o seu período de fastigio no sport carioca. Ali, ao lado de João Baldi, Heraclito Max, Jayme Ferreira e o saudoso Zenha, distingui-me em diversas provas em que tomei parte.” (in “Clube Nacional de Gymnastica: Uma grande Promessa” - Diário de Notícias, RIO, 1º de setembro de 1931) Grifos nossos

Segundo Jorge Amado (VASSALO, 2003) 83 Mestre Bimba foi ao Rio de Janeiro mostrar aos cariocas da Lapa como é que se joga capoeira. E lá aprendeu golpes de catch-as-catch-can, de jiu-jitsu, de boxe. Misturou tudo isso à Capoeira de Angola, e voltou falando numa nova capoeira, a ‘Capoeira Regional’.

83 VASSALO, Simone Ponde. “Capoeiras e intelectuais: a construção coletiva da capoeira autêntica”. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, 2003, v.2, n.32, p 106-124

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