CADA QUÁ EM SEU CADA QUÁ: QUANDO A CAPOEIRAGEM COMEÇOU... por LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

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LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ “CADAQUÁ EMSEUCADAQUÁ”: QUANDO A CAPOEIRAGEM COMEÇOU... VOLUME I SÃO LUÍS – MARANHÃO 2023
VOLUME I “CADAQUÁ EMSEUCADAQUÁ”: QUANDO A CAPOEIRAGEM COMEÇOU... LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ SÃO LUÍS – MARANHÃO 2023

Nossa capa Jogo de capoeira – autor desconhecido

Divulgação Secel

FICHA CATALOGRÁFICA

QUANDO A CAPOEIRAGEM COMEÇOU...

LEOPOLDO GIL DIULCIO VAZ

Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Academia Ludovicense de Letras Academia Poética Brasileira Centro Esportivo Virtual Professor de Educação Física (aposentado) IF-MA; Mestre em Ciência da Informação

Seguiremos, neste resgate, a metodologia utilizada para a construção do Atlas do Esporte no Brasil (DaCosta, 2005), de resgate da memória da Capoeiragem. Ordem cronológica dos acontecimentos, publicados nos jornais dos Estados, disponíveis na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, com o termo de busca “capoeira”. Sempre que possível, também trabalhos acadêmicos. Temos três momentos: os primeiros registros da atuação de ‘capoeiras’, a fase de aceitação, e a diáspora dos mestres baianos, até os tempos atuais. Tenho colocado queaCapoeiragem, noMaranhão, étãoantigaquanto às doRio deJaneiro,Bahia,ouRecife... Fato contestado por alguns Capoeiras... Diz o ditado: “mata-se a cobra e mostra-se o pau”; prefiro mostrar a cobra morta...

Venho trazendo ao conhecimento dos estudiosos da área várias evidências de que desde o princípio dos 1800 já se falava – e se praticava – a capoeiragem por estas bandas. De acordo com Mario Meireles (2012) 1 até antes, referindo-se à chegada do Bispo D. Timóteo do Sacramento (1697-1702) - homem intolerante -, e às suas brigas com a população, excomunhões, e enfrentamentos, inclusive físico – brigas nas ruas de seus correligionários e opositores, alguns de outras ordens religiosas: “[...] enquanto os escravos de ambos – do Bispo e do Prior – cruzando-se nas ruas tentavam decidir o desentendimento de seus senhores a golpes de capoeira.” (p. 98).

Claro que o Mestre se enganou quanto à prática da capoeiragem naquela época...

1577 - Primeiro registro do vocábulo “capoeira” na língua portuguesa: Padre Fernão Cardim (SJ), na obra “Do clima e da terra do Brasil”. Conotação: vegetação secundária, roça abandonada (Vieira, 2005) 2 .

1640 - Com o advento das invasões holandesas, na Bahia e em Pernambuco, principalmente a partir de 1640, houve uma desorganização generalizada no litoral brasileiro, permitindo que muitos escravos fugissem para o interior do país, estabelecendo-se em centenas de quilombos, tendo como consequência o contato ora amistoso, ora hostil, entre africanos e indígenas. Tende-se a acreditar que o vocábulo, de origem indígena Tupi, tenha servido para designar negros quilombolas como “negros das capoeiras”, posteriormente, como “negros capoeiras” e finalmente apenas como “capoeiras”. Cabe ressaltar, que nunca houve nenhum registro da Capoeira em qualquer quilombo. Sendo assim, aquilo que antes etimologicamente designava “mato” passou a designar “pessoas” e as atividades destas pessoas, “capoeiragem”. (Vieira, 2005) 3 .

1 MEIRELRES, Mário. ‘A cidade cresce e é posta sob interdito pelo Bispo (1697-1702)”. In HISTORIA DE SÃO LUIS (org. de Carlos Gaspar e Caroline Castro). São Luis: Licar, 2012, edição da Faculdade Santa Fé, póstuma, p. 93-99

2 VIEIRA, Sérgio Luiz de Souza. Capoeira. in PEREIRA DA COSTA, Lamartine (org.). ATLAS DE ESPORTES NO BRASIL. Rio de Janeiro : Shape, 2005, p. 39-40. 3 in www.capoeira-fica.org

APRESENTAÇÃO

1712 - Segundo Coelho (1997, p. 5) 4 o termo capoeira é registrado pela primeira vez com a significação de origem linguística portuguesa (1712), não se visualizando qualquer relação com o léxico tupi-guarani. 1757 é encontrada primeira associação da palavra capoeira enquanto gaiola grande, significando prisão para guardar malfeitores. (OLIVEIRA, 1971, citado por ARAÚJO, 1997, p. 5) 5 . Ressalte-se que está vinculado ao Estado Colonial do Maranhão e Grão-Pará, em carta de Mendonça Furtado ao seu irmão, o Marques de Pombal, ... 1769/1779 - As primeiras notícias sobre a Capoeira/Capoeiragem aparecem, já, no SÉCULO XVIII 6: na década de 1769-1779, Joaquim Manoel de Macedo, em sua crônica “Memórias da Rua do Ouvidor”, relata fatos que aconteceram durante a administração do vice-rei, o Marques do Lavradio; nelas, relata a famosa história do tenente Amotinado, capoeirista que teria servido de auxiliar nas aventuras eróticas do vice-rei. Considera-se ser esta a primeira referência sobre a capoeira no Rio de Janeiro; provavelmente Macedo se aproveitou de memória oral de seu tempo (1820 a 1882), assim como de pasquins e cantigas que se fez a respeito na época. Em sua referência direta à capoeira, Macedo (1988, p. 37) apenas comenta que “talvez fosse o mais antigo capoeira do Rio de Janeiro, jogando perfeitamente a espada, a faca, o pau e ainda e até de preferência a cabeçada e os golpes com os pés”. (Vieira e Assunção, 1998).

1770 (Edmundo, 1938, citado por Vieira, 2005) Afirma Hermeto Lima:

“[...] segundo os melhores cronistas, data a Capoeiragem, de 1770, quando para cá andou o Vice-Rei Marques do Lavradio. Dizem eles também que o primeiro capoeira foi um tenente chamado João Moreira, homem rixento, motivo porque o povo lhe apelidou de ‘amotinado’. Viam os negros escravos como o ‘amotinado’ se defendia quando era atacado por 4 ou 5 homens, e aprenderam seus movimentos, aperfeiçoando-os e desdobrando-os em outros dando a cada um o seu nome próprio. Como não dispunham de armas para sua defesa uma vez atacados por numeroso grupo defendiam-se por meio da ‘Capoeiragem’, não raro deixando estendidos por uma cabeçada ou uma rasteira, dois ou três de seus perseguidores” (Lima, Hermeto in “Os Capoeiras”, Revista da Semana 26 nº 42, 10 de outubro de 1925, citado por Vieira, 2004)

1788 (?) as maltas dos capoeiras já inquietavam os cidadãos pacatos do Rio de Janeiro e se tornavam um problema para os vice-reis (Carneiro, 1977)

1789 12 de abril - primeiro aparecimento da palavra capoeira escrita no registro da prisão de Adão, pardo, escravo, acusado de ser capoeira. [Nireu Cavalcanti, O Capoeira, Jornal do Brasil, 15/11/1999, citando do códice 24, Tribunal da Relação, livro 10, Arquivo Nacional, Rio de Janeiro]. (texto disponível em www.capoeira-palmares.fr/histor)

E no Maranhão:

1820 - Para Mestre Marco Aurélio (Marco Aurélio Haickel), desde os anos de 1820 têm-se registros em São Luís do Maranhão de atividades de negros escravos, como a “punga dos homens”. Esclarece que, antigamente, a Punga era prática de homens e que após a abolição e a aceitação da mulher no convívio em sociedade passa a ser dançada por mulheres, apenas: "Há registro da punga dos homens, nos idos de 1820, quando mulher nem participava da brincadeira sendo como movimentos vigorosos e viris, por isso o antigo ditado a respeito: "quentado a fogo, tocado a murro e dançado a coice" (Mestre Marco Aurélio, em correspondência eletrônica, em 10 de agosto de 2005).7

Por ter certa semelhança com uma luta, a “pernada” ou “punga dos homens” tem sido comparada à capoeira. A pernada que se constata no tambor de crioula do interior, lembra a luta africana dos negros bantus chamada batuque, que Carneiro (1937, p. 161-165) descreve em Cachoeira e Santo Amaro na Bahia e que usava os mesmos instrumentos e lhe parece uma variante das rodas de capoeira.

4 ARAÚJO, 1997, obra citada.

5 ARAÚJO, 1997, obra citada,

6 Onde não está indicado o estado/cidade, refere-se a fatos ocorridos no Município da Corte – Rio de Janeiro.

7 [Jornal do Capoeira] http://www.jornalexpress.com.br/

SUMÁRIO

Expediente

Apresentação 03 Sumário 05

VOLUME I

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES PRILIMINARES 06 ORIGENS 17

RIO DE JANEIRO – DÉCADAS DE 1760/70 21

MINAS GERAIS - 1825 41

MARANHÃO – DÉCADA DE 1820 65 CEARÁ - 1830 99

SÃO PAULO – 1833 SOROCABA - 1833 125

ALAGOAS - 1834 139 SERGIPE - 1842 153 BAHIA - 1849 161

PERNAMBUCO - 1850 189

SANTA CATARINA – 1850 199 MATO GROSSO - 1859 231 PARAÍBA - 1861 275 ESPÍRITO SANTO - 1868 283 PARÁ - 1868 327

VOLUME II

RIO GRANDE DO SUL - 1869 397 AMAZONAS - 1872 417 PIAUÍ - 1874 433 GOIÁS - 1881 451 AMAPÁ - 1885 461 PARANÁ - 1889 467

RIO GRANDE NO NORTE – 1889 523 ACRE – 1904 535

DISTRITO FEDEAL - 1963 553 RORAIMA - 1969 563

MATO GROSSO DO SUL – DÉCADA DE 1980 579 RONDONIA - 1981 589

TOCANTINS – DÉCADA DE 1980 619 SOBRE O AUTOR 623

Partindo do entendimento de que a Capoeira é uma prática cultural no sentido mais dinâmico possível do termo, o que é a Capoeira?8 Como podemos defini-la? Esse entendimento é essencial, para podermos interpretar o surgimento e o entendimento do que se referia ao utilizar o termo, na imprensa, ao longo do tempo...

Tenho encontrado as mais variadas respostas: capoeira é luta; capoeira é esporte; capoeira é folclore; outros dizem que é um lazer; é uma festa; é vadiação; é brincadeira; é uma atividade educativa de caráter informal. Não me conformo com essas classificações simplistas e reducionistas; compreendi que a Capoeira é tudo isso... Assim, compreender a Capoeira como sendo uma prática cultural representa um salto qualitativo para além das visões essencialistas, que, por vezes, apelam para um mito de origem reivindicando a pureza ou a tradição de certo antigamente da Capoeira.

Quero chamar a atenção para o entendimento de que as práticas culturais, como a Capoeira, não estão paradas no tempo e, por isso mesmo, a transformação constante é inevitável. As necessidades e os problemas dos (as) Capoeiras de outrora não são os mesmos de hoje. A cada dia se joga uma Capoeira diferente. A Capoeira de hoje é diferente da Capoeira de ontem e da de amanhã – esse exemplo de constante transformação demonstra suficientemente bem que a cultura está em permanente mudança9 Para Viera (2017) 10:

Não podemos perder a perspectiva de que Arte se relaciona com técnica e que muitas modalidades esportivas de lutas são consideradas como "Artes" Marciais. Neste contexto a Federação Internacional de Capoeira é fundadora da União Mundial de "Artes" Marciais (WOMAU) e que a modalidade, enquanto atividade física e esporte é bicampeã mundial de Artes Marciais.

Para Mestre Tuti (2011) 11:

A Capoeira é essencialmente dialética e dinâmica; e por ser uma manifestação que se espalhou pelo mundo muito recentemente, recebe milhares de análises em seus diversos aspectos – teórico, técnico, didático, tático, filosófico etc. - e cada uma delas baseada na realidade de cada norteador de um trabalho (entenda-se: Mestre, Professor, Instrutor etc.).

Até aqui, vemos a fortaleza da Capoeira: a junção dos diversos pontos de vista que fazem com que ela não seja monopolizada em única verdade; e, sim, descentralizada em diversas faces de uma mesma manifestação. O que não é salutar é a imposição de uma verdade em detrimento de outra, gerando a perda de criatividade e a estabilização dos conhecimentos. Desta forma, é difícil dizer que algo é errado na Capoeira Assim, práticas culturais são aquelas atividades que movem um grupo ou comunidade numa determinada direção, previamente definida sob um ponto de vista estético, ideológico etc.12. A arte apresenta registros documentais e iconográficos desde o século XVIII13 O que é ‘capoeira’? Vernaculizarão do tupi-guarani caá-puêra: caá = mato, puêra = que já foi; no Dialeto Caipira de Amadeu de Amaral: Capuêra, s.f. – mato que nasceu em lugar de outro derrubado ou queimado.

8 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira no Maranhão – afinal, o que é Capoeiragem? In www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticias=379

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O que é a Capoeira ? In JORNAL DO CAPOEIRA, disponível em www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticias=675

9 CORTE REAL, Márcio Penna. A Capoeira na perspectiva intercultural: questões para a atuação e formação de educadores(as). 2004

10 VIERA, Sérgio. Correspondencia pessoal via correio eletrônico, destinada a Leopoldo Gil Dulcio Vaz, em 07 de setembro de 2017

11 Mestre Tuti in CHAMADA NA ‘BENGUELA’ -17/11/2011) To: capoeiranaescola@googlegroups.com Sent: Saturday, September 17, 2011 1:04 AM Subject: Chamada na 'Benguela’

12 COELHO, T. DICIONÁRIO CRÍTICO DE POLÍTICA CULTURAL. São Paulo: Iluminuras, 1999

13 IPHAN, Assessoria de Imprensa do Iphan. A capoeira na história. in REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA NACIONAL, Ed. de Julho de 2008, disponível em http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1871

ARAUJO, Paulo Coelho de; JAQUEIRA, Ana Rosa Fachardo. DO JOGO DAS IMAGENS AS IMAGENS DO JOGO – nuances de interpretação iconográfica sobre a Capoeira. Coimbra - Portugal: Centro de Estudos Biocinéticos, 2008.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
PRILIMINARES

Data de 1577 primeiro registro do vocábulo “capoeira” na língua portuguesa: Padre Fernão Cardim (SJ), na obra “Do clima e da terra do Brasil”. Conotação: vegetação secundária, roça abandonada (Vieira, 2005) 14 . PorCapoeiradeve-seentender “individuo(s) ou grupo de indivíduos que promovião acções criminosas que atentavam contra a integridade física e patrimonial dos cidadãos, nos espaços circunscritos dos centros urbanos ou área de entorno“? conforme a conceitua Araújo (1997) 15 ao se perguntar “mas quem são os capoeiras? e por capoeiragem como: [...] a acção isolada de indivíduos, ou grupos de indivíduos turbulentos e desordeiros, que praticam ou exercem, publicamente ou não, exercícios de agilidade e destreza corporal, com fins maléficos ou mesmo por divertimento oportunamente realizado? (p. 69); e capoeirista, como sendo: os indivíduos que praticam ou exercem, publicamente ou não, exercícios de agilidade e destreza corporal conhecidas como Capoeira, nas vertentes lúdica, de defesa pessoal e desportiva? (p. 70).

Para esse autor, capoeiras era a denominação dada aos negros que viviam no mato e atacavam passageiros (p. 79), em nota registrando Decisão de 27 de julho de 1831, documentada na Coleção de Leis do Brasil no ano de 1876, p. 152-153; “manda que a Junta Policial proponha medidas para a captura e punição dos capoeiras e malfeitores (ARAÚJO, 1997).

Nos jornais pesquisados, em dado momento surge o termo ‘capoeira de galinhas’ certamente se referindo espécie de cesto feito de varas, onde se guardam capões, galinhas e outras aves, conforme Rego, 1968 16: [...] os escravos que traziam capoeiras de galinhas para vender no mercado, enquanto ele não se abria, divertiam-se jogando capoeira. (Antenor Nascimento, citado por REGO, 1968, citados por MANO LIMA – Dicionário de Capoeira. Brasília: Conhecimento, 2007, p. 79) 17

Encontrei na correspondência do então Governador do Estado do Maranhão e Grão-Pará e o Ministro de D. José I, Marcos Carneiro de Mendonça18 , em “A Amazônia na era Pombalina”, carta de Mendonça Furtado19 a

14 VIEIRA, Sérgio Luiz de Souza. Capoeira. in PEREIRA DA COSTA, Lamartine (org.). ATLAS DE ESPORTES NO BRASIL. Rio de Janeiro : Shape, 2005, p. 39-40.

15 ARAUJO, Paulo Coelho de. ABORDAGENS SÓCIO-ANTROPÓLIGAS DA LUTA/JOGO DA CAPOEIRA – de uma actividade guerreira para uma actividade lúdica. (S.L.): PUBLISMAI – Departamento de Publicações do Instituto Superior Maia (Porto), 1997.

16 LIMA, Mano. DICIONÁRIO DE CAPOEIRA. 3ª. Ed. Ver. E amp. Brasília: Conhecimento, 2007

ARAUJO, Paulo Coelho de; JAQUEIRA, Ana Rosa Fachardo. DO JOGO DAS IMAGENS AS IMAGENS DO JOGO – nuances de interpretação iconográfica sobre a Capoeira. Coimbra - Portugal: Centro de Estudos Biocinéticos, 2008.

MARINHO, Inezil Penna. A GINÁSTICA BRASILEIRA. 2 ed. Brasília, Ed. Do Autor, 1982

17 LIMA, Mano. DICIONÁRIO DE CAPOEIRA. 3ª. Ed. Ver. E amp. Brasília: Conhecimento, 2007.

18 MENDONÇA, Marcos Carneiro de. A AMAZONIA NA ERA POMBALINA. Tomo III. Brasilia: Senado Federal, 2005, volume 49-C.

19 Francisco Xavier de Mendonça Furtado (1700 1769) foi um administrador colonial português. Irmão do Marquês de Pombal e de Paulo António de Carvalho e Mendonça. Foi governador geral do Estado do Grão-Pará e Maranhão de 1751 a

ARAUJO, Paulo Coelho de; JAQUEIRA, Ana Rosa Fachardo. DO JOGO DAS IMAGENS AS IMAGENS DO JOGO – nuances de interpretação iconográfica sobre a Capoeira. Coimbra - Portugal: Centro de Estudos Biocinéticos, 2008.

seu irmão, o Marques de Pombal, datada de 13 de junho de 1757, dando conta da desordem acontecida no Arraial do Rio Negro, com as tropas mandadas àquelas paragens, quando da demarcação das fronteiras entre as coroas portuguesa e espanhola. Afirma que os dois regimentos que foi servido mandar para guarnição eram compostos daquela vilíssima canalha que se costuma mandar para a Índia e para as outras conquistas, por castigo. A maior parte das gentes que para cá era mandada eram ladrões de profissão, assassinos e outros malfeitores semelhantes, que principiavam logo por a terra em perturbação grande: [...] que estava uma capoeira cheia desta gente para mandarem para cá [...] sem embargo de tudo, se introduziram na Trafalha, soltando-se só do regimento de Setúbal, nos. 72 ou 73 soldados, conforme nos diz o Tenente-Coronel Luis José Soares Serrão, suprindo-se aquelas peças com estes malfeitores [...] rogo a V. Exa. queira representar a Sua Majestade que, se for servido mandar algumas reclutas (sic), sejam daqueles mesmos homens que Sua majestade, ordenou já que viesse nestes regimentos, e que as tais capoeiras de malfeitores se distribuam por outras partes e não por este Estado que se está criando [Capitania do Rio Negro] [...] (p. 300). (grifos do texto).

Ou devemos entendê-la, a Capoeira, como: [...] Desporto de Criação Nacional, surgido no Brasil e como tal integrante do patrimônio cultural do povo brasileiro, legado histórico de sua formação e colonização, fruto do encontro das culturas indígena, portuguesa e africana, devendo ser protegida e incentivada” (Regulamento Internacional da Capoeira) 20; assim como Capoeira, em termos esportivos, refere-se a [...] um jogo de destreza corporal, com uso de pernas, braços e cabeça, praticado em duplas, baseado em ataques, esquivas e insinuações, ao som de cânticos e instrumentos musicais (berimbau, atabaque, agogô e reco-reco). Enfocado em sua origem como dança-luta acabou gerando desdobramentos e possibilidades de emprego como: ginásticas, dança esporte, arte marcial, folclore, recreação e teatro, caracterizando-se, de modo geral, como uma atividade lúdica. (Atlas do Esporte no Brasil, 2005, p. 39-40) 21 .

“Capoeiragem”, de acordo com o Mestre André Lace: ”uma luta dramática” (in Atlas do Esporte no Brasil, 2005, p. 386-388)22 .

“Carioca” - Uma briga de rua, portanto capoeiragem (no sentido apresentado por Lacé Lopes) –outra denominação que se deu à capoeira, enquanto luta praticada no Maranhão, no século XIX e ainda conhecida por esse nome por alguns praticantes no início do século XX. 23

Para Câmara Cascudo (1972) 24, Capoeira: 1759 e secretário de Estado da Marinha e do Ultramar entre 1760 e 1769. http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Xavier_de_Mendon%C3%A7a_Furtado

20 Aprovados em Assembléia Geral de fundação da Federação Internacional de Capoeira - FICA - ocorrida por ocasião do I Congresso Técnico Internacional de Capoeira, realizado nos dias 03, 04, 05 e 06 de junho de 1999 na Cidade de São Paulo, SP, Brasil, revisados na Assembléia Geral Extraordinária ocorrida na Cidade de Lisboa, Portugal, em 02 de julho de 2001 e pelo II Congresso Técnico Internacional de Capoeira, realizado na Cidade de Vitória, ES, Brasil, nos dias 15, 16 e 17 de novembro de 2001.

21 PEREIRA DA COSTA, Lamartine. ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Belo Horizonte: SHAPE, 2005, VIEIRA, Sérgio Luis de SousaCapoeira - http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/1.pdf;

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira no/do Maranhão http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/181.pdf

LOPES, André Luis Lacé. Capoeiragem -http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/69.pdf também disponível em http://www.confef.org.br/arquivos/atlas/atlas.pdf; http://www.atlasesportebrasil.org.br/escolher_linguagem.php;

22 LOPES, André Luis Lacé. Capoeiragem -http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/69.pdf também disponível em http://www.confef.org.br/arquivos/atlas/atlas.pdf

23 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio Vaz. A CARIOCA. in BOLETIM DO IHGM, no. 31, novembro de 2009, edição eletrônica em CD-R (préprint).

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira no/do Maranhão http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/181.pdf

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira no Maranhão – afinal, o que é Capoeiragem? In JORNAL DO CAPOEIRA, disponível em www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticias=379

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O que é a Capoeira ? In www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticias=675

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO. São Luis: SEDEL, 2014, em DC

24 CAMARA CASCUDO, Luis da. DICIONÁRIO DO FOLCLORE BRASILEIRO. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1972.

[...] jogo atlético de origem negra, ou introduzida no Brasil por escravos bantos de Angola, defensivo e ofensivo, espalhado pelo território e tradicional no Recife, cidade de Salvador e Rio de Janeiro, onde são reconhecidos os mestres, famosos pela agilidade e sucessos.

Informa o grande folclorista que, na Bahia, a capoeira luta com adversários, mas possui um aspecto particular e curioso, executando-se amigavelmente, ao som de cantigas e instrumentos de percussão, berimbaus, ganzá, pandeiro, marcando o aceleramento do jogo o ritmo dessa colaboração musical. No Rio de Janeiro e Recife não há, como não há notícia noutros Estados, a capoeira sincronizada, capoeira de Angola e o batuque-boi. Refere-se, ainda, à rivalidade dos guaiamus e nagôs, seu uso por partidos políticos e o combate a eles pelo chefe de Polícia, Sampaio Ferraz, no Rio de Janeiro, pelos idos de 1890. O vocábulo já era conhecido, e popular, em 1824, no Rio de Janeiro, e aplicado aos desordeiros que empregavam esse jogo de agilidade. (CÂMARA CASCUDO, Dicionário do Folclore) 25 . ParaaCapoeira, apresentam-setrês momentos importantes: finais doséculo XIX,quando apráticada capoeira é criminalizada; décadas de 30/40, quando ocorre sua liberação; década de 70, quando se torna oficialmente um esporte.

CAPOEIRA ANGOLA - a proposta explícita da capoeira Angola é tradicionalista, no sentido de manter, o quanto possível, os “fundamentos” ensinados pelos antigos mestres. Está intimamente ligada a figura de Mestre Pastinha – Vicente Ferreira Pastinha -; aprendeu a capoeira antes da virada do século XIX (nasceu em 1889) com um velho africano.

CAPOEIRA REGIONAL - é a partir do final da década de 1920 que Mestre Bimba – Manoel dos Reis Machado – desenvolveu na Bahia a sua famosa capoeira Regional, que, apesar do nome, foi a primeira modalidade de capoeira a ser praticada em todo o Brasil e no exterior. Bimba partiu de uma crítica da capoeira baiana, cujo nível técnico considerava insuficiente, sobretudo se confrontado com outras lutas e artes marciais, que começavam a ser difundidas então no Brasil.

CAPOEIRA CONTEMPORÂNEA – o panorama da capoeira no Brasil e no exterior se tornou de tal maneira complexa que é impossível, atualmente, distinguir apenas a capoeira Angola e a Regional, pois surgiram estilos que se pretendem intermediários e que têm sido denominados de “Contemporânea” ou mesmo “Angonal”:

- CONTEMPORÂNEA – é a denominação dada por Mestre Camisa a capoeira praticada no Grupo Abadá, com sede no Rio de Janeiro;

- ANGONAL – neologismo que representa uma tendência na capoeira atual que funde elementos da Capoeira Angola com a Capoeira regional, criando um estilo intermediário entre essas duas modalidades; é, também, o nome de um grupo, do Rio de Janeiro – Mestre Boca e outros;

- ATUAL – denominação que seria usada por Mestre Nô de Salvador, para designar esta terceira via (Vieira e Assunção, 1998) 26

Do Atlas do Esporte no Brasil:

Origens e Definições A capoeira é hoje um dos esportes nacionais do Brasil, embora sua origem seja controvertida. Há uma tendência dominante entre historiadores e antropólogos de afirmar que a Capoeira surgiu no Brasil, fruto de um processo de aculturação ocorrido entre africanos, indígenas e portugueses. Entretanto, não houve registro de sua presença na África bem como em nenhum outro país onde houve a escravidão africana. Em seu processo histórico surgiram três eixos fundamentais, atualmente denominados de Capoeira Desportiva, Capoeira Regional e Capoeira Angola, os quais se associaram ou se dissociaram ao longo dos tempos, estando hoje amalgamados na prática. Desde o século XVIII sujeita à proibição pública, ao longo do século XIX e até meados do século XX, ela encontrou abrigo em pequenos grupos de praticantes em estados do sudeste e nordeste. Houve distintas manifestações da dança-luta na Bahia, Maranhão, Pará e no Rio de Janeiro, esta última mais utilitária no século XX. Na década de 1970 sua expansão se iniciou em escala nacional e na de 1980, internacional. Embora sejam encontrados diversos significados para o vocábulo “capoeira”, cada qual se referindo a objetos, animais, pessoas ou situações, em termos esportivos, trata-se de um jogo de

25

26 VIEIRA, Luiz Renato; ASSUNÇÃO, Mathias Röhring. Mitos, controvérsias e fatos: construindo a história da capoeira. In ESTUDOS AFRO-ASIÁTICOS, 34, dezembro de 1998, p. 82-118

CAMARA CASCUDO, Luis da. DICIONÁRIO DO FOLCLORE BRASILEIRO. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1972.

destreza corporal, com uso de pernas, braços e cabeça, praticado em duplas, baseado em ataques, esquivas e insinuações, ao som de cânticos e instrumentos musicais (berimbau, atabaque, pandeiro, agogô e reco-reco). “Enfocada em suas origens como uma dança-luta, acabou gerando desdobramentos e possibilidades de emprego como: ginástica, dança esporte, arte, arte marcial, folclore, recreação e teatro, caracterizando-se, de modo geral, como uma atividade lúdica. (VIEIRA, 2006) 27 .

Na pesquisa realizada pelo IPHAN, ela é definida como: [...] um fenômeno urbano surgido provavelmente nas grandes cidades escravistas litorâneas, que foi desenvolvido entre africanos escravizados ligados às atividades “de ganho” da zona portuária ou comercial. A maioria dos capoeiras dessa época trabalhava como carregador e estivador, atividades muito ligadas à região dos portos, e muitos realizavam trabalho braçal. 28

Seguindo a justificativa do IPHAN, a partir de 1890, quando a capoeira foi criminalizada, através do artigo 402 do Código Penal, como atividade proibida (com pena que poderia levar de dois a seis meses de reclusão), a repressão policial abateu-se duramente sobre seus praticantes. Os capoeiristas eram considerados por muitos como “mendigos ou vagabundos”. Outras práticas afro-brasileiras, como o samba e os candomblés, foram igualmente perseguidas. 29 Mais adiante, durante a República Velha, a capoeiragem era uma manifestação de rua, afrodescendente, e muitos dos seus praticantes tinham ligações com o candomblé, o samba e os batuques. A iniciação dos capoeiras nessas atividades acontecia provavelmente na própria família, no ambiente de trabalho e também nas festas populares. Ainda sobre o universo das ruas, estudiosos revelam que o cancioneiro da capoeira se enriqueceu dos cantos de trabalho, e que o trabalhador de rua, em momentos lúdicos ou de conflitos, também se utilizava dos golpes e movimentos da capoeira. 30

Consideram que já na década de 1920, com o apoio fundamental de intelectuais modernistas que procuraram reconstituir as bases ideológicas da nacionalidade, as práticas afro-brasileiras começaram a ser discutidas, e passaram a constituir um referencial cultural do país.

Ao final dos anos 30 a capoeira foi descriminalizada e passou de um extremo a outro, a ponto de ser defendida por historiadores e estudiosos como esporte nacional, considerada a verdadeira ginástica brasileira. A manifestação já foi apontada como esporte, luta e folguedo, e era praticada por diferentes grupos sociais, principalmente a partir do século XX. 31 Assim, em 1937:

[...] a capoeira começou ser treinada como uma prática esportiva, e não apenas como uma “vadiação” de rua.

Neste mesmo ano Mestre Bimba criou o Centro de Cultura Física e Capoeira Regional da Bahia. “A capoeira regional nasceu como forma de transformar a imagem do capoeira vadio e desordeiro em um desportista saudável e disciplinado. Ele criou estatutos e manuais de técnicas de aprendizagem, descreveu os golpes, toques, cantos, indumentárias especiais, batizados e formaturas.

“Em seguida, Mestre Pastinha fundou o Centro Esportivo de Capoeira Angola , em 1941, e assim este estilo passou a ser ensinado através de métodos próprios.

“A ideia da capoeira como arte marcial brasileira criou polêmica, pois era defendida por uns e criticada por outros, principalmente pelos angolanos, que afirmavam a ancestralidade africana do jogo. 32

27 VIEIRA, Sergio Luiz De Souza. Capoeira. In DaCosta, Lamartine (Org.). ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio De Janeiro: CONFEF, 2005, p. 1.44-1.45) DaCOSTA, 2006, , obra citada. p. 1.44-1.45. Disponível em www.atlasesportebrasil.org.br

28 IPHAN, Assessoria de Imprensa do Iphan. A capoeira na história. in REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA NACIONAL, Ed. de Julho de 2008, disponível em http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1871

29 VIEIRA, Sérgio Luiz de Souza. Capoeira. in PEREIRA DA COSTA, Lamartine (org.) ATLAS DE ESPORTES NO BRASIL. Rio de Janeiro: Shape, 2005, p. 39-40.

30 VIEIRA, 2005, obra citada, p. 39-40.

31 VIEIRA, 2005, obra citada, p. 39-40.

32 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio Vaz. A CARIOCA. in BOLETIM DO IHGM, no. 31, novembro de 2009, edição eletrônica em CD-R.

Na linha do tempo estabelecida pelos estudos do IPHAN, uma grande leva de capoeiristas chegou ao Rio por volta de 1950 oriundos da Bahia [a diáspora da capoeira baiana, no entender de Lacé Lopes]. O mais importante deles foi Mestre Arthur Emídio, que trouxe um estilo de capoeira diferente, de movimentação velozemarcialmenteeficaz,masquemantinhaorquestraçãomusical.Aindanadécadade50acapoeirapassou a ser retratada e divulgada por artistas como Jorge Amado, Carybé e Pierre Verger, entre outros. Nos anos seguintes, entre 60 e 70, ganhou espaço também nas produções artísticas do Cinema Novo, Tropicália e Bossa Nova.33

Para os estudos do IPHAN, foi a partir de 1970 que a capoeira se expandiu em larga escala pelo Brasil. A Angola deve sua recuperação, em grande parte, à atuação de Mestre Moraes, aluno de Pastinha, a partir de 1980, com a fundação do Grupo Capoeira Angola Pelourinho, que fortaleceu sua prática na Bahia e a disseminou pelo centro-sul do país e no exterior. 34

Temos que concordar com a Profa. Lurdinha Macena35, quando fala da “Valorização dos grupos folclóricos, dos artesãos e artistas populares cearenses na divulgação turística”: [...] elenca o que ela denomina de “furadas turísticas” e coloca a Capoeira figurando nessa lista, assim como o Carnaval fora de época, o Fortal, os Resorts etc. Afirma que quando se apresenta um grupo de Capoeira, divulga-se a Bahia e não o Ceará. Em verdade, pensa-se a Capoeira como sendo baiana, talvez pela divulgação da Capoeira que se tem hoje ter sido realizada em grande parte por mestres baianos. Porém, como já foi supracitado, o próprio Dossiê realizado pelo IPHAN não a reconhece como prática oriunda da Bahia e o Governo Federal a reconhece como Patrimônio Imaterial do Brasil. Também é verdade que a Capoeira desenvolvida no Ceará é muito jovem. Poucas ou quase nenhuma cantiga de Capoeira faz referência ao Ceará, mesmo já havendo uma produção cearense divulgada fora do Estado. Dizer que a Capoeira, praticada aqui, é da Bahia é um ledo engano, ou melhor, desconhecimento do assunto. Até porque, existem grupos oriundos do Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília etc. e que trazem inúmeras características desses Estados. Em qualquer bairro da cidade de Fortaleza percebe-se essa manifestação cultural como prática em ambientes fechados ou em praça pública. Essa cultura que é desenvolvida no Estado é bastante conhecida no exterior por ser uma capoeira solta, estilizada e cheia de floreios36 .

Para encerrar essas considerações iniciais sobre que capoeira estamos falando – e não falamos da baiana, por certo, e concordando com a professora citada acima, que cada estado ou região tem a sua história, inclusive da “sua capoeira”, e, concordo com Almeida e Silva (2012) 37, para quem a história da capoeira é marcada por inúmeros mitos e “semiverdades”, conforme nos esclarece Vieira e Assunção (1998)38. Esses mitos e estórias dão base às tradições que se perpetuam e proporcionam a continuidade de um passado tido como apropriado. Na capoeira, a narrativa oral das suas “estórias” adquiriu uma força legitimadora tão forte que, por muitas vezes, podemos encontrar discursos acadêmicos baseados nelas39 . Mestre Gavião, maranhense, já viajou por muitos estados brasileiros à procura de capoeira, e sempre buscou manter suas raízes, só absorvendo o que achava interessante para enriquecer sua capoeira. Certa vez, um mestre em um evento em São Paulo, o viu jogando e perguntou: “Oh Mestre, essa sua capoeira é africana?”. Poderia – ou deveria! – ter respondido: “Não, é Capoeira do Maranhão, de São Luís, ludovicense!!!”.

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio Vaz. A Guarda Negra. Palestra proferida no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão em agosto de 2009, publicado no BOLETIM DO IHGM, no. 31, novembro de 2009, edição eletrônica em CD-R (pré-print).

33 VIEIRA, 2005, obra ciatada, p. 39-40.

34 VIEIRA, 2005, obra citada, p. 39-40.

35 MACENA, Maria de Lourdes. Valorização dos grupos folclóricos, dos artesãos e artistas populares cearenses na divulgação turística. In I Fórum IOV Ceará de Folclore e Artes Populares. Fortaleza – CE. 2011.

36 In I FÓRUM DE FOLCLORE E ARTES POPULARES NA CIDADE DE FORTALEZA - IOV – Ceará, Internacionale Organisation für Volkskunst/Organização Internacional de Folclore e Artes Populares, 18 e 19 de março de 2011 -

37 ALMEIDA, Juliana Azevedo de; SILVA, Otávio G. Tavares da. A CONSTRUÇÃO DAS NARRATIVAS IDENTITÁRIAS DA CAPOEIRA. Vitória; UFES. REV. BRAS. CIÊNC. ESPORTE vol.34 no. 2 Porto Alegre Apr./June 2012. e-mail: julazal@yahoo.com.br

38 VIEIRA, Luiz Renato; ASSUNÇÃO, Mathias Röhring. Mitos, controvérsias e fatos: construindo a história da capoeira. In ESTUDOS AFRO-ASIÁTICOS, 34, dezembro de 1998, p. 82-118

39 Vieira e Assunção (1998) apontam esse fato no seu artigo. VIEIRA, Luiz Renato; ASSUNÇÃO, Mathias Röhring. Mitos, controvérsias e fatos: construindo a história da capoeira. In ESTUDOS AFRO-ASIÁTICOS, 34, dezembro de 1998, p. 82-118

É a “Capoeiragem Tradicional Maranhense”, assim denominada pelos Mestres Capoeiras partícipes do Curso deCapacitação dos Mestres Capoeiras doMaranhão,adeptos dadenominada‘capoeiramista’, após os estudos realizados, passandodeoraem diantea assim denominarseu estilo deluta,conformecorrespondência pessoal, via Facebook, de Mestre Baé, em 28 de setembro de 2017. Pois bem, a capoeiragem praticada no Maranhão é a CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE. Temos a “nossa capoeira”, diferente da soteropolitana, baiana, carioca, ou qualquer outra que seja denominada40 . Perguntamos aos Mestres Capoeira do Maranhão EXISTE UMA CAPOEIRA GENUINAMENTE MARANHENSE? O QUE A CARACTERIZA? EM QUE É DIFERENTE, POR EXEMPLO, DA ANGOLA, REGIONAL E/OU CONTEMPORÂNEA? Ao que responderam:

40 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; Alunos do Curso Sequencial de Educação Física turma C, da Universidade Estadual do Maranhão –UEMA. Capoeiragem No Maranhão. Parte I. In JORNAL DO CAPOEIRA, http://www.jornalexpress.com.br

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira no Maranhão - Parte II - Afinal, O Que É Capoeiragem? In JORNAL DO CAPOEIRA, http://www.jornalexpress.com.br

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeiragem no Maranhão - Parte IV - Capoeira Angola. In JORNAL DO CAPOEIRA, http://www.jornalexpress.com.br

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeiragem No Maranhão. Parte V - Capoeira regional". IN In JORNAL DO CAPOEIRA, http://www.jornalexpress.com.br

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeiragem No Maranhão. Parte VI - A Capoeira "CARIOCA". In JORNAL DO CAPOEIRA, http://www.jornalexpress.com.br

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. “QUENTADO A FOGO, TOCADO A MURRO E DANÇADO A COICE": Notas sobre a Punga dos HomensCapoeiragem no Maranhão. In Jornal do Capoeira - Edição 43: 15 a 21 de Agosto de 2005, EDIÇÃO ESPECIAL- CAPOEIRA & NEGRITUDE, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticia=609

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Notas sobre a Punga dos Homens - Capoeiragem no Maranhão. In JORNAL DO CAPOEIRA, 14/08/2005, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/notas+sobre+a+punga+dos+homens++capoeiragem+no+maranhao

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio Qual Capoeira? JORNAL DO CAPOEIRA - http://www.jornalexpress.com.br

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PUNGA DOS HOMENS / TAMBOR-DE-CRIOULO (A)-“PUNGA DOS HOMENS”. In REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA. Volume 09, Número 02, jun/dez 2006

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A Capoeira nos Congressos de História da Educação Física, Esportes, Lazer e Dança. JORNAL DO CAPOEIRA, Edição 73 - de 14 a 20 de Maio de 2006, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. LIVRO-ÁLBUM DOS MESTRES DE CAPOEIRA DE SÃO LUÍS DO MARANHÃO: MESTRE PATINHO -ANTONIO JOSÉ DA CONCEIÇÃO RAMOS. Entrevista concedida a Manoel Maria Pereira, aluno do Curso Seqüencial de Educação Física, da UEMA, em trabalho apresentado à Disciplina História da Educação Física e dos esportes, ministrada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz, 2006.

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Conversando com Antônio José da Conceição Ramos, JORNAL DO CAPOEIRAhttp://www.capoeira.jex.com.br/ Edição 63 - de 05 a 11/Mar de 2006

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Cluster Esportivo de São Luis do Maranhão, 1860 – 1910. In DACOSTA, LAMARTINE (ORG.). ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio de Janeiro: CONFEF, 2006, 2.7. http://cev.org.br/biblioteca/cluster-esportivo-sao-luis-maranhao1860-1910/

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Punga dos Homens e Capoeira no Maranhão. In DaCOSTA, Lamartine PEREIRA. ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio de Janeiro: CONFEF, 2006 disponível em WWW.atlasdoesportebrasil.org.br

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Pungada dos Homens & A Capoeiragem no Maranhão - MESTRE BAMBA, do Maranhão. JORNAL DO CAPOEIRA - http://www.jornalexpress.com.br

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira no/do Maranhão http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/181.pdf

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio Vaz. A CARIOCA. in BOLETIM DO IHGM, no. 31, novembro de 2009, edição eletrônica em CD-R (pré-print).

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio Vaz. A Guarda Negra. Palestra proferida no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão em agosto de 2009, publicado no BOLETIM DO IHGM, no. 31, novembro de 2009, edição eletrônica em CD-R (pré-print).

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CADA QUÁ, NO SEU CADA QUÁ – A PUNGA DOS HOMENS NO TAMBOR DE CRIOULA

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CHRONICA DA CAPOEIRA(GEM) REVISITANDO A PUNGA: “QUENTADO A FOGO, TOCADO A MURRO E DANÇADO A COICE”

VAZ, Leopoldo y VAZ, Delzuite. A Carioca. Actas del III Simposio de Historia do Maranhão Oitocentista. Impressos no Brasil no seculo XIX. Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), São Luís, 2013. Extraído el 15 de marzo de 2015 dehttp://www.outrostempos.uema.br/oitocentista/cd/ARQ/34.pdf

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO. São Luis: SEDEL; IHGM, 2013. Em CD.

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Livro-Álbumdos Mestres Capoeiras do Maranhão, ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO. São Luis: SEDEL, 2014, em DC

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CRONICA DA CAPOEIRAGEM. São Luis: edição do autor, 2013; 2015 (2ª Ed. Revista e atualizada), 2015 disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/notas+sobre+a+capoeira+em+sao+luis+do+maranhao ; issuu.com/leovaz/docs/cronica_da_capoeiragem_-_leopoldo_g

GRUPO 1. Todos concordam que ‘sim’; se caracteriza pela forma de jogar, de se adaptar e não se define por ‘estilo’; a maior diferença da Capoeira Maranhense para a Angola, Regional, ou Contemporânea é a metodologia de ensino tradicional praticada no Maranhão, com suas influencias da cultura do Maranhão; exemplos: Bumba-meu-boi, Tambor de Crioula, Punga.

GRUPO 2. A principal característica era o jogo solto, com floreios e movimentos oscilantes com jogo alto e rasteiro obedecendo ao toque do berimbau.

GRUPO 3. Sim; seu jogo executado nos três tempos (embaixo, no meio, e em cima); musicalidade e o seu espírito de jogo

GRUPO 4. Existe a Capoeira Maranhense, e tem uma característica própria, pois a mesma é jogada de forma diferenciada, sempre seguindo os toques executados. A Capoeira Maranhense é diferente da Angola, Regional, e Contemporânea porque ela é jogada de forma diferente, não seguindo as tradições da Angola, regional e Contemporânea.

GRUPO 5. Sim, Capoeira Ludovicense, praticada na Ilha de São Luís, caracterizada pela ginga e aplicação de golpes e movimentos diferenciados da Capoeira Angola tradicional, da Capoeira Regional, e da Capoeira Contemporânea, por exemplo: não se tinha ritual, nem formação de bateria, eram usados toques da capoeira Angola, são Bento Pequeno de Angola, São Bento Grande de Angola e samba de roda.

GRUPO 6. Existe; se diferencia porque é jogada em três tempos (ritmos): Angola, São Bento Pequeno e São Bento Grande; o que a diferencia são as influencias muito fortes da mossa cultura e da nossa região.

ORIGENS –

(Mito das origens remotas. In Vieira e Assunção, 1998)

SÉCULO XVI –“numa noite escura qualquer, o primeiro negro escapou da senzala, fugiu do engenho, livrou-se da servidão, ganhou a liberdade... escapou o segundo e o terceiro, na tentativa de segui-lo, fracassou. Recapturado, recebeu o castigo dos negros (...) as perseguições não tardaram e o sertão se encheu de capitães-do-mato em busca dos escravos foragidos. Sem armas e sem munições, os negros voltaram a ser guerreiros utilizando aquele esporte nascido nas noites sujas das senzalas, e o esporte que era disfarçado em dança se transformou em luta, a luta dos homens da capoeira. ’A capoeira assim foi criada’. (Jornal da Capoeira, n. 1, 1996)”. (Vieira e Assunção, 1998, p. 83).

- no entender de muitos capoeiristas, quando o primeiro escravo angolano pisou a Terra de Santa Cruz (hoje, Brasil), já o teria feito no passo da ginga e no ritmo de São Bento Grande;

SÉCULO XVII – - Com o advento das invasões holandesas, na Bahia e em Pernambuco, principalmente a partir de 1640, houve uma desorganização generalizada no litoral brasileiro, permitindo que muitos escravosfugissem para o interior do país, estabelecendo-se em centenas de quilombos, tendo como consequência o contato ora amistoso, orahostil,entreafricanoseindígenas.Tende-seaacreditarqueovocábulo,deorigemindígenaTupi,tenhaservido para designar negros quilombolas como “negros das capoeiras”, posteriormente, como “negros capoeiras” e finalmente apenas como “capoeiras”. Cabe ressaltar, que nunca houve nenhum registro da Capoeira em qualquer quilombo. Sendo assim, aquilo que antes etimologicamente designava “mato” passou a designar “pessoas” e as atividades destas pessoas, “capoeiragem”. (Vieira, 2004, in www.capoeria-fica.org).

1687 sendo governador Matias da Cunha, o sertanejo, estacionado no sertão da Bahia, ofereceu os serviços ao governo para exterminar os palmares, exigindo como prêmio as terras conquistadas e os escravos que aprisionasse. Aceita a proposta pelo governo, a três de março de 1687, foi assinado o respectivo contrato. Domingo Jorge Velho, comandando 7.000 homens bem armados e equipados, dirigiu-se á serra da Barriga, onde iniciou os primeiros combates com os negros [...] ”O escravo se mostrava superior na luta [...] A causa dessa superioridade, que, na luta corpo a corpo mostrava o refugiado na capoeira, explicavam os da escolta, que diziam saber e aplicar o foragido um jogo estranho de braços, pernas, cabeça e tronco, com tal agilidade e tanta violência, capazes de lhe dar uma superioridade estupenda. Espalhou-se, então, a fama do “jogo do capoeira” que ficou sendo a capoeiragem.( Burlamaqui,A.-“Ginástica Nacional (Capoeiragem),Metodizada e reglada” ,Rio de Janeiro,1928, in MARINHO, 1.980:66). http://www.docpro.com.br/Linkultural/Acervo/Acervo24.html

Pastinha (1988, p. 24-5) afirmou que entre os mais antigos mestres de Capoeira figura o nome de um português, José Alves,discípulodeafricanosequeteriachefiadoumgrupodecapoeiristasnaguerradosPalmares(inVieiraeAssunção, 1998), muito embora esses autores considerem que não haja nenhum documento que permita concluir que osintegrantes do famoso quilombo tenham praticado capoeira ou outra forma de luta/jogo; - a origem africana da capoeira é defendida geralmente pelos praticantes da Capoeira Angola: ”Não há dúvidas de que a capoeira veio para o Brasil com os escravos africanos”. (Mestre Pastinha, 1988, p. 22, citado por Vieira e Assunção, 1998);

- a existência da capoeira parece remontar aos quilombos brasileiros da época colonial, quando os escravos fugitivos, para se defenderem, faziam do próprio corpo uma arma (Reis, 1997, p. 1)

SÉCULO XIX a capoeira como luta aparece nas fontes de forma massiva a partir da segunda década do século XIX, justamente depois da transferência da corte portuguesapara o Rio de Janeiro. A palavra “capoeira” era usadatanto para designar uma prática, quanto para um grupo de pessoas. Capoeira se referia então a um conjunto de técnicas de combate que envolvia tanto o uso de uma grande variedade de armas (facas, sovelões, navalhas, cacetes, estoques até pedras e fundos de garrafa) quanto o uso de golpes com as pernas ou a cabeça. Era praticada por indivíduos que eram, em sua grande maioria, escravos africanos, dos quais muitos provinham de áreas de cultura bantu. Ocasionalmente pessoas livres ou mesmo membros do exército ou da polícia, como no caso do Major Vidigal,tambémconheciamestastécnicas,oupelomenostalconhecimentoeraatribuídoaeles.Aomesmotempo, o termo capoeira designava os integrantes de grupos de “malfeitores”, que, segundo as fontes policiais, andavam pelas ruas, armados, atentando contra a ordem estabelecida. (Vieira e Assunção, 1998). Esses autores consideram que o uso indiferenciado do termo capoeira tanto para as técnicas de combate quanto para os grupos à margem da sociedade colonial sugere que o primeiro significado se tenha criado por extensão do segundo.

- antes do final do século XIX não se encontraram até hoje fontes que se refiram à existência de capoeira ou outra luta na Bahia. (Vieira e Assunção, 1998).

- para a capoeira, apresentam-se três momentos importantes: finais do século XIX, quando a prática da capoeira e criminalizada; décadas de 30/40, quando ocorre sua liberação; década de 70, quando se torna oficialmente um esporte.

CAPOEIRA ANGOLA a proposta explícita da capoeira Angola é tradicionalista, no sentido de manter, o quanto possível, os “fundamentos” ensinados pelos antigos mestres. Está intimamente ligada a figura de Mestre Pastinha –VicenteFerreiraPastinha-;aprendeuacapoeiraantesdaviradadoséculoXIX(nasceuem1889)com umvelhoafricano.

1910-1922 Pastinha já ensina capoeira a seus colegas aprendizes da Marinha (ingressou na escola em 1902), e depois para estudantes que viviam nas redondezas; 1941 assume a direção de uma academia, após ter deixado de ensinar por vários anos; a capoeira Regional já se encontrava em pleno desenvolvimento; Pastinha percebeu a necessidade de inovação dentro da tradição para garantir que a modalidade de capoeira ensinada por ele permanecesse uma alternativa viável à Regional. Ao introduzir essas mudanças, passou a denominar sua luta de esporte, para distanciá-la da marginalidade e legitimar o seu ensino; adotaram uniformes, fomentando o espírito de grupos e introduziu a graduação formal para mestre.

DÉCADAS DE 1940 – 1960 passou a se apresentar – a semelhança de Bimba – com seu grupo pela Bahia e pelo Brasil, garantindo à Angola um mínimo de espaço público.

DÉCADAS DE 1950-1970 a capoeira Regional conseguiu maior projeção no período, e a Angola teve que se definir em oposição a esta para justificar a sua existência, investindo naqueles aspectos que estavam perdendo importância na Regional, como a teatralidade, a espitirualidade, o ritual, a tradição; mesmo os movimentos foram estilizados numa determinada direção com o intuito de distanciar nitidamente do estilo Regional.

DÉCADA DE 1980 a partir desse período, a Angola conseguiu inverter a situação desfavorável em que se encontrava em relação à Regional. (Vieira e Assunção, 1998).

CAPOEIRA REGIONAL - BIMBA

DÉCADA DE 1920 é a partir do final da década que Mestre Bimba – Manoel dos Reis Machado – desenvolveu na Bahia a sua famosa capoeira Regional, que, apesar do nome, foi a primeira modalidade de capoeira a ser praticada em todo o Brasil e no exterior. Bimba partiu de uma crítica da capoeira baiana, cujo nível técnico considerava insuficiente, sobretudo se confrontado com outras lutas e artes marciais, que começavam a ser difundidas então no Brasil.

1928 Bimba explica, em entrevistas a jornais (Tribuna da Bahia, 18 de novembro de 1972; Diário de Notícias, 31 de outubro e 1º. de novembro de 1965) que neste ano já havia finalizado a criação da nova modalidade de capoeira, a Regional, que é o “batuque misturado com a Angola, com mais golpes, uma verdadeira luta, boa para o físico e para a mente”; faz ainda um esclarecimento importante, fornecendo uma pista para o aparente hiato entre as tentativas de esportização da capoeira do Rio de Janeiro e da Bahia, ao dizer que “introduziu ensinamentos dos livros de jiu-jitsu, judô e livre, aproveitando apenas a ginga da Angola”, e acrescenta que a Regional poderia ser disputada sem berimbau e pandeiro. (Reis 1997, p. 133)

1932 Decidiu então criar um estilo novo, que passou a ensinar em sua academia, fundada em 1932.

1937aSecretariadeEducação,SaúdeeAssistênciaPúblicadoEstadodaBahiareconheceuoficialmenteasuaacademia, outorgando-lhe um certificado de professor de Educação Física. Bimba transferiu aprática da capoeira da rua para um recinto fechado, a academia; a fragmentou em “exercícios fundamentais” a serem praticadas diariamente, “seqüências” e a roda propriamente dia: criou um método de ensino formal para uma prática até então predominantemente informal. Introduz novos golpes euma série demovimentos (cintura desprezada) que usavam o contato físico direto para treinar a flexibilidade da coluna e a capacidade do capoeirista de cair em pé quando projetado em um “balão”; a capoeira regional definia-se, do ponto de vista técnico, por ser um a luta praticada numa posição mais ereta do que a capoeira baiana tradicional e de usar golpes mais altos e geralmente mais rápidos. Foi introduzida também uma hierarquia até então inexistente na vadiação baiana, onde se distinguiam calouros, formados e formados especializados (mestres). Outra inovação – fundamental – foi a mudança radical do meio social onde recrutava seus alunos, passando a exigir-lhes carteira profissional, e conseguiu atrair alunos da classe média.

1939-42 chegou a ensinar a capoeira no quartel do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Exército Brasileiro – CPOR. As mudanças introduzidas pela Regional resultaram na esportivização da arte, destacando-se a crescente burocratização, a incorporação de elementos das artes marciais orientais, a cooptação ideológico e política pelo sistema, provocando um embranquecimento de uma arte negra (Vieira e Assunção, 1998).

CAPOEIRA CONTEMPORÂNEA o panorama da capoeira no Brasil e no exterior se tornou de tal maneira complexa que é impossível, atualmente, distinguir apenas a capoeira Angola e a Regional, pois surgiram estilos que se pretendem intermediários e que têm sido denominados de “Contemporânea” ou mesmo “Angonal”.

- CONTEMPORÂNEA é a denominação dada por Mestre Camisa a capoeira praticada no Grupo Abada, com sede no Rio de Janeiro;

- ANGONAL é o nome de um grupo, também do Rio de Janeiro – Mestre Boca e outros; - ATUAL denominação que seria usada por Mestre Nô de Salvador, para designar esta terceira via (Vieira e Assunção, 1998).

“CAPOEIRA(S)PRIMITIVA(S)”ou,formasprimitivasde/dacapoeira–outrascapoeiras:Ofenômenodasacademias baianas trará uma nova conformação à própria história da capoeira, uniformizando (no que tange às tradições, hábitos, costumes, rituais, instrumentação, cantigas etc.) sua prática, especialmente após a migração de mestres para o sudeste brasileiro. Isso foi um dos motivos pelos quais a capoeira conhecida e praticada hoje é a baiana. Infelizmente, por outro lado, foram-se apagando pouco a pouco as práticas regionais anteriores como a pernada, a tiririca, o cangapé, a punga, o bate-coxa... Que não puderam oferecer resistência e nem conseguiram criar condições para competir com a capoeira baiana. (Carlos Carvalho Carvalhedo, in Jornal do Capoeira).

BATE-COXA manifestação das Alagoas, uma dança ginástica: "a dança do bate-coxa não se confunde com a capoeira. Os praticantes são da mesma origem, descendentes de escravos". Acredita Câmara Cascudo que o bate-coxa seja mais violento, onde os dois contendores, sem camisa, só de calção, aproximam-se, colocando peito a peito, apoiando-se só nos ombros, direitocom direito. Umavez apoiados os ombros, aosom do canto deum grupo que está próximo,ao ouvirse o ê boi, ambos os contendores afastam a coxa o mais que podem e chocam-se num golpe rápido. Depois da batida, a coxa direita com a coxa direita, repete a esquerda, chocando-se bruscamente ao ouvir o ê boi do estribilho. A dança prossegue até que um dos contendores desista e se dê por vencido.

BATUQUE dança com sapateados e palmas, ao som de cantigas acompanhadas só de tambor quando é de negros ou também de viola e pandeiro "quando entra gente mais asseada". Batuque é denominação genérica de toda dança de negros na África. Batuque é o baile. De uma descrição de um naturalista alemão, em visita às Gerais, em 1814/15, ao descrever a dança, fala da umbigada [punga]. Com o nome de "batuque" ou "batuque-boi" há uma luta popular, de origem africana, muita praticada nos municípios de Cachoeira e Santo Amaro e capital da Bahia, uma modalidade de capoeira. A tradição indica o batuque-boi como de procedência banto, tal e qual a capoeira, cujo nome tupi batiza o jogo atlético de Angola. É descrita por Edson Carneiro (Negros Bantos) - a luta mobilizava um par de jogadores, de cada vez; dado osinal, uniam aspernas firmemente,tendo ocuidado deresguardar o membroviril e os testículos. Dos golpes, cita o encruzilhada, em que o lutador golpeava coxa contra coxa, seguindo o golpe com uma raspa, e ainda o baú, quando as duas coxas do atacante devam um forte solavanco nas do adversário, bem de frente. Todo o esforço dos lutadores era concentrado em ficar de pé, sem cair. Se, perdendo o equilíbrio, o lutador tombasse, teria perdido a luta. Por isso mesmo, era comum ficarem os batuqueiros em banda solta, equilibrando-se em uma única perna, e outra no ar, tentando voltar aposição primitiva. O batuque na Bahia se chama batuque, batuque-boi, banda, e raramente pernadanome que assumiu no Rio de Janeiro... Ficaram famosos como mestres na arte do batuque, Angolinha, Fulo, Labatut, Bexiga Braba, Marcelino Moura... Do vocábulo "batuque-boi", registra: espécie de Pernada. Bahia. A orquestra das rodas de batuque era a mesma das rodas de capoeira - pandeiro, ganzá, berimbau.

PERNADA Câmara Cascudo informa que assistiu a uma pernada executada por marinheiros mercantes, no ano de 1954, em Copacabana, Rio de Janeiro. Diziam os marinheiros que era carioca ou baiana. É uma simplificação da capoeira. Zé da Ilha seria o "rei da pernada carioca"; é o bate-coxa das Alagoas. Ainda Edson Carneiro (Dinâmica do Folklore, 1950) informa ser o batuque ou pernada, bem conhecido na Bahia e Rio de Janeiro, não passa de uma forma complementar da capoeira. Informa, ainda, que na Bahia, somente em arraiais do Recôncavo se batuca, embora o bom capoeira também saiba largar a perna No Rio de Janeiro já se dá o contrário - a preferência é pela pernada, que na verdade passou a ser o meio de defesa e ataque da gente do povo.

VER AINDA:

Pernada de Sorocaba - ver crônica do folclorista Carlos Cavalheiro, em que faz uma análise da relação entre dançasluta (pernada, tiririca etc.) com a Capoeira no interior Paulista. In http://www.capoeira.jex.com.br/

O ensino da capoeiragem no início do século XX, ver crônica do folclorista Carlos Cavalheiro onde comenta a repercussão em jornal de Sorocaba, São Paulo, sobre a abertura de Academia de Capoeira no Rio de Janeiro, em 1920. A matéria trouxe a chamada "Um Desporto Nacional", disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/

Capoeira, Pernada e Tiririca in Crônica sobre Capoeira, com algumas informações sobre a Pernada de Sorocaba e a Tiririca da capital paulista, ambas uma espécie de "capoeira primitiva" do Estado de São Paul, por Miltinho Astronauta, in Jornal do Capoeira Edição AUGUSTO MÁRIO FERREIRA - Mestre GUGA (n.49) de 13 a 19 de Novembro de 200, disponível em www.capoeira.jex.com.br

Tiririca, Capoeira & Barra funda, por Elaine Muniz Pires, sobre a história dos bairros paulistanos, em especial a Barra Funda, onde acontecia a Tiririca, uma espécie de Capoeira Primitiva, disponível em www.capoeira.jex.com.br

Notas sobre a Punga dos Homens - Capoeiragem no Maranhão: crônica por Leopoldo Gil Dulcio Vaz, in Jornal do Capoeira - Edição 43: 15 a 21 de Agosto de 2005, EDIÇÃO ESPECIAL- CAPOEIRA & NEGRITUDE, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/

Ainda sobre a Punga dos Homens – Maranhão - Visita à Câmara Cascudo: crônica por Leopoldo Gil Dulcio Vaz, in Jornal do Capoeira - Edição 44: 22 a 28 de Agosto de 2005 EDIÇÃO ESPECIAL estendida - CAPOEIRA & NEGRITUDE, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/

Rio de Janeiro Situa-se a sudeste da região Sudeste do país, tendo como limites os estados de Minas Gerais (norte e noroeste), Espírito Santo (nordeste) e São Paulo (sudoeste), além do Oceano Atlântico (leste e sul). Ocupa uma área de 43 750,425 km².[2] Os naturais do estado do Rio de Janeiro são chamados de fluminenses (do latim flumen, literalmente "rio").[8]

A cidade mais populosa é a sua capital homônima, polo da segunda maior metrópole do Brasil. Apesar de ser, em termos de território, o terceiro menor estado brasileiro concentra 8,4% da população do país, sendo o estado com maior densidade demográfica do Brasil. Segundo dados do Censo 2010, o estado é o terceiro mais populoso do Brasil, atrás de São Paulo e Minas Gerais. A estimativa populacional calculada pelo IBGE, tendo como referência em 1° de julho de 2021, foi de 17 463 349 habitantes.[2]

O produto interno bruto (PIB) do estado é o segundo maior do país, enquanto o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) fluminense é o quarto mais elevado do Brasil. Além disso, o Rio de Janeiro apresenta a terceira maior taxa de alfabetização do país, somente atrás de Santa Catarina e Distrito Federal O estado é formado por duas regiões morfologicamente distintas: a baixada e o planalto, que se estendem, como faixas paralelas, do litoral para o interior. Paraíba do Sul, Macaé, Guandu, Piraí, Muriaé e Carangola são os principais rios. O clima varia de tropical a subtropical. Há ocorrência de geadas, nos meses de inverno, em regiões acima dos mil metros de altitude e inclusive queda de neve esporádica no Parque Nacional de Itatiaia. O litoral fluminense também o terceiro mais extenso do país, atrás das costas de Bahia e Maranhão.[9] Assim como em outras unidades da federação brasileiras, todos os anos é realizado o Campeonato Estadual de Futebol. O campeonato do atual Estado do Rio de Janeiro é disputado desde 1979, após a fusão dos estados da Guanabara e do antigo estado do Rio de Janeiro, cuja capital era Niterói. Até então existiam os campeonatos Carioca e Fluminense, além do Fluminense de Seleções. Os quatro principais clubes de futebol do Rio de Janeiro são os clubes de futebol, Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco da Gama. Os quatro estão entre os mais tradicionais do Brasil e possuem performances mais destacadas que os outros clubes que representam o Estado do Rio de Janeiro em competições nacionais e internacionais.[83][84][85][86][87] A cidade do Rio de Janeiro, sede dos quatro grandes, é aquela que reunia mais clubes profissionais no Brasil em 2018, um total de 28 clubes, contra 9 clubes de Belém, a segunda colocada, com o Estado do Rio de Janeiro tendo 69 clubes em todas as suas divisões nesse ano.[88] No estado nasceram medalhistas olímpicos como Martine Grael,[89] Clinio de Freitas, Daniel Adler, Eduardo Penido, Isabel Swan, Kiko Pelicano, Marcelo Ferreira, Marcos Soares, Nelson Falcão e Ronaldo Senfft no iatismo;[90] Thiago Pereira,[91] Bruno Fratus[92] e Jorge Fernandes na natação;[93] Robson Caetano,[94] Rosângela Santos[95] e José Telles da Conceição[96] no atletismo; Luiz Felipe de Azevedo no hipismo;[97] Afrânio da Costa[98] e Fernando Soledade no tiro;[99] Affonso Évora,[100] Alfredo da Motta,[101] Algodão,[102] Edson Bispo,[103] Fernando Brobró,[104] Fritz,[105] Marcus Vinícius Dias,[106] Ruy de Freitas[107] e Sérgio Macarrão[108] no basquete; Adriana Samuel, Ana Cristina, André Nascimento, Bernard, Bernardinho, Bruninho, Fabiana Alvim, Fernanda Ferreira, Fernandão, Janina, Kátia Lopes, Leandro Vissotto, Marcelo Elgarten, Nalbert, Rui, Tande, Thaísa e Valeskinha no vôlei;[109] Bárbara Seixas,[110] Jackie Silva,[111] Raquel da Silva,[112] Sandra Pires[113] no vôlei de praia, além de Hugo Calderano, o maior mesatenista da história do Brasil;[114] Nelson Piquet, tricampeão mundial de F1,[115] Bob Burnquist, considerado um dos maiores skatistas de todos os tempos[116] e Marcus Vinicius D'Almeida, vice-campeão mundial de tiro com arco.[1

1626 “Com base nas Ordenações Filipinas, isto em 1626, se organiza uma Polícia no Rio de Janeiro que: Munida de um instrumento jurídico, pode a Polícia dar vazão aos seus instintos, massacrando a torto e a direito os capoeiras que encontrava: estivessem ou não em distúrbios, a ordem era o massacre”. In ARAÚJO, 1997, p. 59, citando Rego, 1968, p. 123, in OLIVEIRA, 1971, p. 78).

RIO DE JANEIRO – (1626); (1687); 1769/1779

1687

sendo governador Matias da Cunha, o sertanejo, estacionado no sertão da Bahia, ofereceu os serviços ao governo para exterminar os palmares, exigindo como premio as terras conquistadas e os escravos que aprisionasse. Aceita a proposta pelo governo, a três de Março de 1687, foi assinado o respectivo contrato. Domingo Jorge Velho, comandando 7.000 homens bem armados e equipados, dirigiu-se á serra da Barriga, onde iniciou os primeiros combates com os negros [...] ”O escravo se mostrava superior na luta [...] A causa dessa superioridade, que, na luta corpo a corpo mostrava o refugiado na capoeira, explicavam os da escolta, que diziam saber e aplicar o foragido um jogo estranho de braços, pernas, cabeça e tronco, com tal agilidade e tanta violência, capazes de lhe dar uma superioridade estupenda. Espalhou-se, então, a fama do “jogo do capoeira” que ficou sendo a capoeiragem.(Burlamaqui,A.-“Ginástica Nacional (Capoeiragem), Metodizada e reglada”, Rio de Janeiro, 1928, in MARINHO, 1.980:66). http://www.docpro.com.br/Linkultural/Acervo/Acervo24.html

1769-1779 Joaquim Manoel de Macedo, em sua crônica “Memórias da Rua do Ouvidor”, relata fatos que aconteceram durante a administração do vice-rei, o Marques do Lavradio; nelas, relata a famosa história do tenente Amotinado, capoeirista que teria servido de auxiliar nas aventuras eróticas do vice-rei. Considera-se ser esta a primeira referência sobre a capoeira no Rio de Janeiro; provavelmente Macedo se aproveitou de memória oral de seu tempo (1820 a 1882), assim como de pasquins e cantigas que se fez a respeito na época. Em sua referência direta à capoeira Macedo (1988, p. 37) apenas comenta que “talvez fosse o mais antigo capoeira do Rio de Janeiro, jogando perfeitamente a espada, a faca, o pau e ainda e até de preferência a cabeçada e os golpes com os pés”. (Vieira e Assunção, 1998). 1770 a mais antiga referência da capoeira enquanto forma de luta surge neste ano, vinculado ao tempo do Vice-Rei Marquês do Lavradio no Rio de Janeiro, em que já havia o sentido de ‘amotinados’ aos seus praticantes (Edmundo, 1938, citado por Vieira, 2005)

- ainda segundo Vieira, citando Hermeto Lima, ao nos afirmar que “segundo os melhores cronistas, data a capoeiragem, de 1770, quando para cá andou o Vice-Rei Marques do Lavradio. Dizem eles também que o primeiro capoeira foi um tenente chamado João Moreira, homem rixento, motivo porque o povo lhe apelidou de ‘amotinado’. Viam os negros escravos como o ‘amotinado’ se defendia quando era atacado por 4 ou 5 homens, e aprenderam seus movimentos, aperfeiçoando-os e desdobrando-os em outros dando a cada um o seu nome próprio. Como não dispunham de armas para sua defesa uma vez atacados por numeroso grupo defendiam-se por meio da ‘capoeiragem’, não raro deixando estendidos por uma cabeçada ou uma rasteira, dois ou três de seus perseguidores” (Lima, Hermeto in “Os Capoeiras”, Revista da Semana 26 nº 42, 10 de outubro de 1925, citado por Vieira, 2004)

1788(?) as maltas dos capoeiras já inquietavam os cidadãos pacatos do Rio de Janeiro e se tornavam um problema para os vice-reis (Carneiro, 1977)

1789 12 de abril - primeiro aparecimento da palavra capoeira escrita no registro da prisão de Adão, pardo, escravo, acusado de ser capoeira. [Nireu Cavalcanti, O Capoeira, Jornal do Brasil, 15/11/1999, citando do códice 24, Tribunal da Relação, livro 10, Arquivo Nacional, Rio de Janeiro]. (texto disponível em www.capoeirapalmares.fr/histor)

SÉCULO XIX

1800/1810 o reconhecimento da Capoeira enquanto prática de luta/jogo se dá durante a primeira década do século XIX (ARAÚJO, 1997, p. 63).

1808 quando da chegada da família Real ao Brasil começou o processo de repressão à cultura negra e foi intensificada a perseguição policial.

1809 foi criada a Guarda Real da Polícia na qual o Major Miguel Nunes Vidigal foi nomeado comandante. Major Vidigal foi o verdadeiro terror dos capoeiristas, perseguia-os, espancava-os e torturava-os na tentativa de exterminálos. Apesar dos severos castigos, os capoeiras resistiam bravamente Segundo Barreto Filho e Lima, o Major Vidigal “era um homem alto, gordo, do calibre de um granadeiro, moleirão, de fala abemolada, mas um capoeira habilidoso, de sangue frio, e de uma agilidade a toda prova, respeitado pelos mais temíveis capangas de sua época. Jogava maravilhosamente o pau, a faca, o murro e a navalha, sendo que nos golpes de cabeça e pés, era um todo inexcedível”. (Barreto Filho, Melo & Lima, Hermeto. História da Polícia do Rio de Janeiro: Aspectos da Cidade e da Vida Carioca – 1565/1831, vol I. Rio de Janeiro: S/A A Noite, 1939, pg. 203). Após prestar relevantes serviços policiais para D. Pedro I e D. Pedro II, veio a falecer a 10 de junho de 1853, galgando o posto de Marechal de Campo e Cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro. Ironicamente, talvez tenha sido o primeiro capoeirista a obter esta honraria.

1816 Koster, Travels in Brasil – não mencionou capoeira, mas descreve algo da vida dos negros (in Koster, Henry, Travels in Brazil, 1st edition, Longman, Hust, Rees & Brown, London, 181, disponível em www.capoeirapalmares.fr)

1817/1819 “Leão Angola, escravo de José Pedro de Sousa, por ser encontrado em ajuntamento de capoeiras, achandose-lhe um tambor pequeno”, Códice 403, vol. II, Arquivo Nacional, ano 1817/1819, in ARAÚJO, 1997, p. 65 - Códice 403, Vol II. Arquivo Nacional, de 1817 a 1819. Do Livro de Polícia – prisões de 1817 a 1819 encontram-se também registradas prisões de 1820. Registro de 15 prisões de indivíduos capoeiras. (Araujo 1997)

DÉCADA DE 1820

– o castigo comum de um escravo preso devido à capoeira era de trezentos açoites e prisão de três meses (Holloway, 1989)

1821 a partir deste ano foram baixadas inúmeras as seguintes legislações que proibiram a prática da Capoeira, algumas denominadas de Decisões, as quais se comparam às atuais Resoluções e as Posturas, que correspondem atualmente às Deliberações, a saber:

Decisão de 31 de outubro de 1821 determinou sobre a execução de castigos corporais em praças públicas a todos os negros chamados capoeiras.

Decisão de 05 de novembro de 1.821: determinou providências que deveriam ser tomadas contra os negros capoeiras na cidade do Rio de Janeiro.

Decisão de 06 de janeiro de 1.822: mandava castigar com açoites os escravos capoeiras presos em flagrante delito.

Decisão de 28 de maio de 1.824: dava providências sobre os negros denominados capoeiras.

Decisão de 14 de agosto de 1.824: mandava empregar nas obras do dique os negros capoeiras presos em desordem, cessando as penas de açoites.

Decisão de 13 de setembro de 1.824: declara que a portaria de número 30 do mês de agosto compreende somente escravos capoeiras.

Decisão de 09 de outubro de 1.824: declara que os escravos presos por capoeiras devem sofrer, além da pena de três meses de trabalho, o castigo de duzentos açoites.

- A portaria de cinco de novembro criticando a proliferação dos capoeiras que estão perpetrando mortes e ferimentos; a portaria afirmava que o castigo do açoite era o único que aterroriza e aterra, e ordena a Guarda Real a administrar castigos corporais logo que os pretos fossem presos em desordem, ou com alguma faca ou com instrumento suspeito. (Holloway, 1989);

- Augustus Earle “Negroes fighting. Brazils” (Nègres combattant. Brésils) aquarelle sur papier, 16.5x25.1 cm, date approximative 1821...1823 (disponível em www.capoeira-palmares.fr);

- Representação apresentada pela Comissão Militar designada para estudar a questão dos capoeiras, cujas sugestões foram mandadas pôr em vigor pelo Príncipe Regente, por portaria do Ministério da Guerra de 5 de dezembro de 1821 (disponível em www.capoeira-palmares.fr);

– álbum do Tenente Chamberlain contém primeira imagem do berimbau no Brasil de que se tem conhecimento (Views and Costumes of the City and Neighbourhood of Rio de Janeiro, Brazil, from Drawings taken by Lieutenant Chamberlain, Royal Artillery, During the Years 1819 and 1820, with Descriptive Explanation, London:Printed for Thomas M'Lean, No. 26 Haymarket, by Howlette and Brimmer, Columbian Press, No. 10, Frith Street, Soho Square 1822, disponível em www.capoeira-palmares.fr )

1823 – dezembro; a ordem de castigo corporal foi confirmada por Portaria (Holloway, 1989)

1824 28 de maio, a capoeira era objeto de proibição e sanção dispostas em portaria do Ministério da Justiça do Império (Silva, 2007);

- a punição tornou-se pior: além das trezentas chibatadas eram enviados por três meses para realizar trabalhos forçados na Ilha das Cobras.

- nessas primeiras décadas, os capoeiras majoritariamente, escravos, tinham como principal motivo de sua prisão a própria prática da capoeira, ou sejam, eram presos “por Capoeira” – Portaria 450, de 9 de outubro. (Reis 1997)

1825 Os últimos meses de Rugendas no Brasil em 1825; Rugendas permaneceu 48 dias na Bahia na viajem de volta (disponível em www.capoeira-palmares.fr)

1826 março – o Intendente de polícia da Corte mandou que todo escravo preso por capoeira sofresse sumariamente cem açoites, sendo depois mandado ao Calabouço, a cadeia para escravos no morro do Castelo.

1827 A Rúgendas devemos a mais antiga descrição publicada do jogo de capoeira, sem tratá-lo de atividade mais ou menos criminosa. Ferdinand Denis citou Rúgendas no seu Le Brésil publicado em Paris em 1839, o que faz da Viagem Pitoresca no Brasil a fonte provável para todos os demais autores franceses do século 19 (disponível em www.capoeira-palmares.fr)

1828 a força do capoeira se fez presente na ocasião da revolta dos militares estrangeiros contratados pelo exército brasileiro para lutar na guerra do Prata. Os rebelados tomaram as ruas e o exército teve que lançar mão do poder de enfrentamento das maltas para debelar a confusão.

- O Governo convoca a Capoeira: "A 9 de julho de 1828, o segundo batalhão de granadeiros alemães revoltou-se, protestando contra o espancamento de um de seus soldados. D. Pedro I prometeu atendê-los no prazo de oito

dias, mas no dia seguinte o batalhão de irlandeses insubordinou-se e poucos depois o dos granadeiros alemães. E os mercenários iniciaram o saque na cidade. A população teve de correr para a rua, a fim de defender a sua propriedade. Vidigal congrega os capoeiras e os comanda no ataque à soldadesca desenfreada; consegue assim que os soldados retornem ao quartel onde tinham refúgio certo e poderiam ficar resguardados das cabeças, taponas, pontapés, rabos de arraia e navalhadas" (ver Marinho referenciado em 1945, p. 21 do livro original, in Lace Lopes, 2005)

- História de um mito da capoeira considerada como uma arte marcial brasileira. Em francês, por Pol, 25 novembro 2004. resumo: Afirma-se que "os capoeiras" do Rio de Janeiro teriam participado à derrota do levante das tropas imperiais estrangeiras, em 1828. Nenhum relatório da época leva tal interpretação, que parece a invenção de um escritor, em 1871, quando os capoeiras eram alvo de atenção da imprensa na capital do Império brasileiro. Refletimos sobre o sentido de tal mito. Com os textos dos relevantes documentos. (disponível em www.capoeira-palmares.fr)

- O Reverendo Walsh dá algumas informações: Walsh's Notices of Brazil in 1828 and 1829 The reverend Robert Walsh, C.E., travelled to Brazil for Church duties in 1828-1829. His account, published 1830, gives special attention to British and Irish settlers, but includes Negro uses and customs. Writing about love and war dances, Walsh cites no vernacular names, so the term capoeira cannot appear. (disponível em www.capoeira-palmares.fr)

DÉCADA DE 1830

Decisão de 27 de julho de 1.831: manda que a junta policial proponha medidas para a captura e punição dos capoeiras e malfeitores.

Decisão de 17 de abril de 1.834: solicita providências a respeito dos operários do arsenal de marinha que se tornarem suspeitos de andar armados (fez referência a uma acusação de assassinato feita contra um negro, e mencionou que já haviam sido dadas ordens ao chefe de polícia sobre os capoeiras).

Decisão de 17 de abril de 1.834: dá providências a respeito dos pretos que depois do anoitecer forem encontrados com armas ou em desordens.

Postura de 13 de dezembro de 1.834: dá mais providências contra os capoeiras.

1830 A prática de delegar às patrulhas policiais o direito de castigar com açoites no ato da prisão continuam até a promulgação do Código Criminal do Império, que condicionava a aplicação de açoites nos escravos a uma ordem escrita de uma autoridade policial, ou seja, depois de um processo judicial, sumário que fosse. “Praticar capoeira” não constava da lista “tradicional” de crimes do Código Criminal, mas mesmo assim havia repressão aos escravos e dentre os mais sérios estava o de prática da capoeira; as autoridades policiais emitiram uma série de restrições de intuito de acabar ou pelo menos reduzir a incidência de um fenômeno considerado nefasto (Holloway, 1989).

1831 o Regente Feijó impôs castigos corporais e desterro aos capoeiras cariocas (Carneiro, 1977).

- outubro – através de um aviso, Diogo Feijó então Ministro da Justiça, logo depois da abdicação de Pedro I, emitiu várias restrições legais à disciplina particular, mandando também que o castigo correcional no Calabouço à requisição do dono não devia exceder cinqüenta açoites (Holloway, 1989).

- decisão de 27 de julho no Rio de Janeiro: manda que a junta policial proponha medidas para a captura e punição dos capoeiras e malfeitores (Vieira, 2005)

1832 17 de novembro – o Intendente fez comunicar ao comandante da Policia Militar advertindo que os pretos capoeiras e outros indivíduos de semelhante ordem costumavam trazer sovelões e outros instrumentos desta natureza ocultos dentro de marimbas, de pedaços de cana de açúcar, e no cabo de chicotinhos pretos feitos no país. Insistiu que as rondas praticassem a maior vigilância, e examinassem escrupulosamente tais indivíduos, prendendo-os no caso de achada dos referidos instrumentos, para serem punidos na conformidade das leis (Holloway, 1989).

- introdução do Código de Processo Penal do Império, promulgado sob os auspícios do político liberal Diogo Antonio Feijó, então a frente do Ministério da Justiça, a aplicação de açoites fica sujeita à ordem expressa de uma autoridade criminal ou policial, pressupondo-se um processo judicial (Reis 1997)

1833 Eusébio de Queiroz torna-se chefe de polícia, nos anos de 1833 e 1834; em junho, inconformado com as restrições das novas leis, pede instruções ao ministro da Justiça: “os capoeiras, que sempre mereceram aqui a maior vigilância da Polícia, hoje infestam as ruas da cidade de um modo sobremaneira escandaloso, e não será fácil evitar as funestas conseqüências que daí resulta, enquanto a Polícia a respeito dos escravos não for como antigamente autorizada a fazer castigar, sem mais formalidades de processo, aqueles que forem apanhados em flagrante, ainda contra vontade dos senhores, que a experiência tem mostrado serem pela maior parte os primeiros a quererem desculpar o mau procedimento dos escravos. A petulância destes (capoeiras) tem chegado ao ponto de apedrejar-se no Campo de Honra (hoje, Campo de Santana) com manifesto perigo aos pacíficos cidadãos que por ali passam”. (Holloway, 1989). O ministro da Justiça, Aureliano de Sousa de Oliveira Coutinho, respondeu que a lei devia ser respeitada.

1834 Jean-Baptiste Debret - Voyage Pittoresque et Historique au Brésil, ou Séjour d'un artiste français au Brésil, depuis 1816 jusqu'en 1831 inclusivement, époques de l'avenement et de l'abdication de S.M. don Pedro, premier fondateur de l'Empire brésilien. Paris, Didot Frères, 3 volumes in-Folio publiés en livraisons de 1834 a 1839 (disponível em www.capoeira-palmares.fr)

1836 os problemas relatados por Eusébio de Queiroz, ainda em 1933, continuavam, conforme pedido do Juiz de Paz da freguesia de Santana ao comandante da Policia Militar, no sentido de reforçar as patrulhas no mesmo Campo de Honra, onde os capoeiras tem se apresentado armados de ferros e praticados desordens a atentados. (Holloway, 1989).

1837 Ferdinand Denis e a capoeira – « Le brasilianiste Ferdinand Denis, au Brésil de 1816 à 1819, publie un livre, sans capoeira, en 1822, et un autre, avec capoeira, en 1839. Entre temps, il a lu et apprécié Rugendas. Son deuxième ouvrage sera largement diffusé : il a certainement influencé tous les auteurs français du 19° siècle ». (disponível em www.capoeira-palmares.fr)

1838 embora não constasse do Código das Posturas Municipais da cidade do Rio de Janeiro, o sistema policial encarava a capoeiragem como um problema de comportamento inadmissível, a ser restringido e castigado na medida do possível ao nível das atividades policiais, ou seja, dispensando as formalidades de processo judicial. (Holloway, 1989)

DÉCADE DE 1840

1840 um dos raríssimos registros iconográficos dessa época em que é registrada uma cena da vida carioca, dois guardas conduzem três “negros que vão levar açoites”, um dos quais exibe uma tabuleta com a inscrição “capoeira” (Moura, 1980, citado por Reis, 1997, p. 42)

1845 abril – o Chefe de Polícia propôs e o Ministro da Justiça aprovou uma nova política para lidar com os capoeiras; os escravos presos por essa prática deveriam ser conduzidos ao Calabouço e recebessem 100 açoites e empregados em trabalhos forçados por um mês (Holloway, 1989).

- agosto - depois de reclamações de proprietários, privados dos serviços dos escravos presos por capoeira, essa portaria foi mudada no sentido de aumentar a numero de açoites para 150, e eliminar a sentença de trabalhos forçados por um mês (Holloway, 1989).

- das prisões registradas pelo sistema policial, dentre os motivos mais freqüentes constava “capoeira” – 44 prisões, 4,8% do total e “pertencer a malta de capoeiras”, 14 prisões, 1,5% do total (Holloway, 1989).

1846 Portarias 446, de 30 de agosto – dá as razões que acompanham a alegação principal da prisão de capoeiras –promoverem desordens, que acarretavam a perturbação da ordem pública e de cometer ferimentos, as vezes durante o confronto de maltas rivais. (Reis 1997)

1849 com o objetivo de liberar a cidade do aspecto sombrio provocado pelas nuvens de capoeiras e desordeiros que alarmavam a população, o zeloso chefe de policia do Rio de Janeiro põe em ação um plano ardiloso; na dificuldade de fazer acusações criminais, mandou prender 60 homens, obrigando-os a assinar promessa de trabalho honesto e de bom comportamento; mais tarde, quarenta deles foram presos sob alegação de não haverem cumprido com as condições exigidas, sendo então recrutados para o serviço militar (Reis, 1997, p. 45)

DÉCADA

DE 1850

1850 começaram a ocorrer sucessivas prisões de capoeiristas, os quais estavam formando maltas que atemorizavam a população e os governantes. Os principais focos da capoeira eram: Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. No entanto, no Rio de Janeiro é que a capoeira era motivo de maior preocupação (mesmo porque o Rio era a capital do país na época), era onde estava a maior concentração das maltas, sendo as mais temíveis as do Guaiamuns (termo que designa um crustáceo pantanoso, identificava uma parcela que residia próxima à antiga área pantanosa da Cidade do Rio de Janeiro, que depois, no início do século XX, seria aterrada, pelo Prefeito Pereira Passos, por conta do Movimento Higienista, desencadeando a chamada Revolta da Vacina Obrigatória.) e dos Nagoas (significava gente da nação nagô, escravos originários da África Ocidental e que falavam ou entendiam o ioruba, ou seja, das regiões do Benim e da Nigéria. Estes representavam cerca de 65% da população escrava.). Os Nagoas eram ligados aos monarquistas do Partido Conservador, agiam na periferia, e os Guaiamuns eram ligados aos Republicanos do Partido Liberal, controlavam a região central da cidade. (in Letícia Cardoso de Carvalho http://www.geocities.com/projetoperiferia6/historia.htm)

- localização geográfica de algumas maltas: Cadeira da Senhora: freguesia de Sant´Anna; Três Cachos: freguesia de Santa Rita; Franciscianos: freguesia de São Francisco; Flor da Gente: freguesia da Glória; Espada: Largo da Lapa; Guiamum: Cidade Nova; Monturo: Praia de Santa Luzia. (Reis, 1997) – dos registros de prisões na Secretaria de Policia da Corte, neste ano, a de capoeiras superavam em muito os motivos de prisão de escravos; 1852 essa portaria ainda continuava em vigência: 150 açoites aos presos por capoeira (Holloway, 1989).

1854 Relatório 1853, A.N. Ij6 217, Ofícios do Chefe de Polícia da Corte, 20 jan. 1854, apud Holloway, Policia no Rio de Janeiro 1996:209 Trad. Policing Rio de Janeiro Repression and resistance in a 19th century city, Stanford University Press 1993 (disponível em www.capoeira-palmares.fr )

1855 registro de que pelas 5 horas da tarde passou um magote de capoeiras em correria pela rua da Guarda Velha (atual 13 de maio)

1857-1858 registro de junho de 1857 a maio de 1858, das prisões de escravos no Calabouço, dá-nos de que quase 25% destas se deram por motivo de prática de capoeira (Holloway, 1989).

1859 como era costume, já, de grupos de capoeiras aproveitarem os dias festivos para fazerem suas correrias pelas ruas da cidade, perpetrando crimes e pondo em alarme os cidadãos pacíficos, e dentre os capoeiras havia soldados de la. Linha a paisana, o chefe de policia solicitava ao ministro da Justiça que não permitisse que os soldados que não estivessem de serviço deixassem o quartel, por ocasião da festa de São Sebastião, padroeiro da cidade (Holloway, 1989).

- Charles Ribeyrolles, escritor e jornalista francês, republicano (1812-1860), Diretor do jornal republicano La Réforme, se exilou na Inglaterra para escapar da repressão depois dos eventos de junho 1849. Permaneceu em Jersey até 1855. Em 1858 ou 59, enquanto vivia dificilmente em Londres recebeu encomenda de um livro sobre o Brasil para acompanhar um álbum de ilustrações litografadas a partir de fotografias de Victor Frond. Viajou para o Brasil onde publicou em 1859 o primeiro dos três tomos do seu Brasil Pitoresco, um in-quarto em duas colunas, o texto francês à esquerda, a tradução portuguesa no lado oposto. O tomo 1 resume a história do Brasil desde a chegada dos Europeus; o tomo 2 descreve a viagem, a cidade do Rio e parte do interior da mesma província; o tomo 3 devia tratar da Bahia e do Pernambuco, mas Ribeyrolles morreu antes de completá-lo. No estado em qual fica, descreve o interior campista da província do Rio, e a Fazenda, em geral. E' neste capítulo que Ribeyrolles interessa-se aos Negros, e que menciona a capoeira. Ribeyrolles conclui o livro, certamente no sentido da encomenda oficial, com uma chamada demorada à imigração européia no Brasil. (disponível em www.capoeira-palmares.fr)

DÉCADA DE 1860

1862 Charles Expilly e a dança capoeira - EXPILLY, Charles (Salon-de-Provence 1814 Tain-l'Hermitage 1886), Le Brésil tel qu'il est, Paris 1862. (disponível em <www.capoeira-palmares.fr>)

1865 com ou sem soldados, o problema de capoeiragem durante as festas de São Sebastião continuavam; o chefe de policia recomendou ao comandante da Policia Militar toda vigilância sobre os capoeiras no intuito de reprimir suas costumeiras correrias em tais ocasiões (Holloway, 1989).

1865/1870 O exército voltaria a usar o capoeira a seu favor por ocasião da guerra do Paraguai (1865-1870), quando grupos de capoeiras foram alistados e seguiram para a guerra como os Voluntários da Pátria. Tiveram participação fundamental para a triste vitória do exército brasileiro.

DÉCADA DE 1870

1871 é preso por capoeira um cidadão francês – José Croset – na Lapa, e processado por violação do artigo 116 do Código Criminal que previa o desrespeito a autoridade e resistência a prisão. (Reis 1997) 1872 levantam-se as primeiras vozes pedindo a criminalização da capoeira (Reis, 1997) - nas eleições deste ano, quando conservador gabinete “Ventre Livre” corria o risco de ser alijado do poder, os liberais denunciaram a presença de 65 guardas nacionais que estariam atuando como capoeiras na freguesia da Glória, para lá deslocados pelo juiz de paz da região, o deputado Duque-Estrada Teixeira; em bilhete, de sua ordem, consta “ai vai o reforço pedido, este é de lei, é parte da Flor da minha gente, desejo-lhes triunfo e felicidade...”. Nascia a malta Flor da Gente, a qual tendo colaborado com para a vitória do Partido Conservador nessa ocasião, tornar-se-ia, a partir daí, sinônimo de capangagem política (Reis, 1997, p. 52)

DÉCADA DE 1880

1885 05 de janeiro - capoeiras de uma malta armada pelos inimigos da causa abolicionista invadiram o prédio da redação do jornal "Gazeta da Tarde", dirigido por José do Patrocínio. Consta que essa invasão não teve nada relacionada com o movimento abolicionista, conforme a história passou a registrar o empastelamento do jornal, pelos capoeiras. Foi apenas um enfrentamento entre maltas rivais, colocada de um lado, grupo do Campo de Santana (identificada com os abolicionistas) formada por pequenos vendedores de jornais, e do outro lado (dos escravistas), a malta que dominava o Largo de Santa Rita, chefiada por um tal de Castro Cotrim, junta com outros chefes de malta da região portuária de Santa Rita como Coruja e Chico Vagabundo. Os pequenos vendedores de jornal entraram na redação para fugir de seus perseguidores e foram apoiados pelos funcionários do jornal, que rebateram o ataque.

- Machado de Assis publica “Balas de Estalo” em que se refere aos capoeiras (texto disponível em www.capoeirapalmares.fr)

1886 o cronista francês Émile Allain, em visita ao Rio de Janeiro, após acusar os capoeiras de serem “uma macha na civilização da grande cidade (...) quase todas as pessoas de cor estão organizadas em ´maltas´, e divididas em dois ou mais grupos rivais” (Holloway, 1989; Reis 1997).

- “Emile Allain - Rio de Janeiro: quelques données sur la capitale et sur l'administration du Brésil 2ème ed., Frinzine & Cie. Paris Lachaud & Cia, Rio de Janeiro, 1886 (Notre transcription respecte l'orthographe et les fins de ligne de l'édition originale) : »(p. 143) Capoeira [première acception : forêt de repousse Dans une autre acception très connue à Rio-de-Janeiro, le même terme désigne une classe de bandits dont la police insuffisamment aidée par la loi, n'a pas encore pu débarrasser la ville. Nous ignorons, dans ce dernier sens, quelle est son étymologie. [troisième acception : sorte de perdrix] » ; (p. 271) - Les capoeiras, presque tous gens de couleur, sont organisés en maltas et en badernas, et se divisent en deux ou plusieurs groupes rivaux. L'arme des capoeiras est le couteau, et souvent le rasoir, dont ils se servent, soit dans leurs combats entre eux, soit contre leurs ennemis ou ceux qui sont désignés à leur vengeance. Il arrive parfois, que (texto disponível em www.capoeirapalmares.fr)

- ABREU, Plácido de. Os capoeiras. Rio de Janeiro: Escola Serafim Alves de Souza. Português radicado no Rio de Janeiro onde tornou grande escritor e jornalista. Exímio e valente capoeira, cidadão militante, acabou covardemente assassinado. Seu livro - Os Capoeiras - considerado um livro cult, está sendo adaptado para um especial para TV. Para escrevê-lo, D`Abreu usa o recurso de adiantar um resumo do seu livro seguinte - Guaiamus e Nagoas - (que deixou incompleto), e, ainda, listar uma relação de gírias próprias da capoeiragem da época. Estratégia apropriada posto que um dos personagens principais do romance - Fazenda (ou Albano...) - era um respeitável capoeira guaiamu; e, ao longo do romance, ocorrem confrontos entre os guaiamús e os nagoas, as duas mais poderosas e temidas maltas de capoeiragem de então. (Lace Lopes, 2005)

1887 uma correspondência diplomática francesa relata que “a maior parte [dos capoeiras] é de mulatos; suas associações com um certo número de brancos e, às vezes, estrangeiros (Italianos, gregos, portugueses, mas não espanhóis) (Bretãs, 1991; Reis 1997)

- um representante diplomático francês lamenta que os capoeiras fossem verdadeiros agentes eleitorais que votavam um número indefinido de vezes, impedindo de votar os adversários de seu chefe e, em caso de reclamação ou de resistência, recorriam a ultima ratio, certos da impunidade, garantida pelos chefes políticos influentes. Manduca da Praia, por vezes, era eleitor crônico da freguesia de São José, onde dava as cartas, pintava o diabo com as cédulas; embora tenha respondido a 27 processos por ferimentos leves e graves, fora sempre absolvido por influencia pessoal e dos seus amigos (Reis, 1997, p. 53)

1888 aparece um verbete escrito por Macedo Soares: “dá-se o nome de capoeira a um jogo de destreza que tem as suas origens remotas em Angola” (in CARNEIRO, 1977, p. 3).

- Lei Áurea. Abolição da escravatura em 13 de maio (Vieira, 2005) - quando os ideais republicanos se faziam presentes mais do que nunca, os monarquistas, preocupados com o surgimento das novas idéias e aproveitando-se da popularidade da figura da princesa Isabel, criaram a chamada Guarda Negra (ver Jornal do Capoeira - www.capoeira.jex.com.br, edições: 52 - de 4/dez a 10/dez de 200; 53de 11/dez a 17/dez de 2005; 54 - de 18/dez a 25/dez de 2005). Esta foi uma organização para-militar que uniu os negros capoeiristas contra as idéias republicanas. A partir da criação deste movimento, não houve uma reunião fechada ou comício público dos republicanos que não fosse dissolvido. Onde quer que fosse, estavam lá os capoeiras para criar confusão e impedir a propagação das novas idéias. http://paginas.terra.com.br/arte/angolangolo/textos/texto_05.htm)

- surge o primeiro livro sobre a Capoeira: o romance ‘Os Capoeiras’, de Plácido de Abreu, em que aparece a primeira nomenclatura dos movimentos (Vieira, 2005)

1889 Proclamação da República. A caça aos capoeiras foi incrementada. Não haveria espaço para nada que pudesse pôr a perder toda uma nova postura de governo, e as maltas, desde muito tempo vinham perturbando a situação com suas brigas pelo centro da cidade. Foi quando assumiu importância a figura dum delegado de polícia a quem foi dada total liberdade para prender e deportar os capoeiras para bem longe, mais precisamente para a ilha de Fernando de Noronha. Seu nome, João Batista Sampaio Ferraz, o "cavanhaque de aço". Foi com a participação deste homem que a república colocou a capoeiragem em xeque. Aos poucos, Ferraz foi prendendo cada um dos chefes de maltas da cidade. Por decisão sua, praticar a capoeira transformou-se em contravenção. Em seus primeiros 40 dias na frente da polícia do Rio de Janeiro, Sampaio Ferraz prendeu e deportou nada menos que 1500 capoeiras. O mais curioso foi o autoritarismo com que Ferraz se vestiu para prender, na tentativa de assegurar a ordem pública e o sucesso da república: praticamente toda a sua estada à frente da polícia se deu antes que entrasse em vigor o código penal da república que data de 11 de outubro de 1890-, onde a capoeira foi penalizada. Sampaio Ferraz assumiu a chefia da polícia em novembro de 1889. (Art. 402. Fazer nas ruas e

praças públicas exercícios de agilidade e destreza corporal conhecida pela denominação capoeiragem: andar em carreiras, com armas ou instrumentos capazes de produzir lesão corporal, provocando tumulto ou desordens, ameaçando pessoa certa ou incerta, ou incutindo temor de algum mal; Pena de prisão celular de dois a seis meses. Parágrafo único. É considerado circunstância agravante pertencer o capoeira a alguma banda ou malta. Aos chefes ou cabeças, se imporá a pena em dobro.” (Código Penal da República dos Estados Unidos do Brasil de 1890.)

A obstinação do governo republicano em acabar com a capoeira, enquanto movimento popular ameaçador, foi tanta que Sampaio Ferraz trabalhou com total liberdade de ação, tendo exigido carta-branca por ocasião da sua posse na direção da polícia do Rio. Um episódio curioso, que exemplifica bem seu poder, deu-se quando da prisão de um capoeira de linhagem nobre, um "menino bonito" (como eram chamados os capoeiras de melhor condição social), conhecido pelo nome Jucá Reis. Jucá era filho do conde de Matosinhos e andava pela Europa a mando da família que não mais suportava ter um filho praticante da arte da ralé. Ferraz já havia lhe mandado um recado dizendo para não voltar ao Brasil porque seria preso. Jucá, no entanto, não obedeceu e embarcou de volta para o Rio e na mesma tarde em que chegara fora preso pelo próprio Ferraz no centro da cidade. O pai de Jucá, então, intercedeu junto a Quintino Bocaiúva, Ministro das Relações Exteriores do governo de Deodoro e seu amigo íntimo. Deodoro, por sua vez, intercedeu a Sampaio Ferraz pela soltura de Jucá. O delegado, então, jurou que se soltasse Jucá também soltaria todos os outros capoeiras presos e ameaçou o governo com um pedido de demissão. Diante deste impasse, Deodoro optou por fazer valer a decisão do delegado, ainda mais que havia um certo rancor no ar contra os representantes da monarquia recentemente deposta. Jucá foi preso e deportado para a ilha de Fernando de Noronha, de onde partiu, mais tarde, para a Europa.

Com a atuação deste homem, a capoeira do Rio de Janeiro enquanto movimento de grupo corporificada nas maltas foi aniquilada. A capoeira sobreviveu por força de capoeiristas individualmente, nas tabernas e ruelas da cidade. Não mais em correrias pelo centro do Rio ferindo e matando. Desta época, a primeira década deste século, a capoeira só se ergueria por ocasião do surgimento do desporto capoeira, lá pelas décadas de 20 e 30. Mais por força da emergente Capoeira Regional de mestre Bimba do que pela capoeira tradicional dos negros de Angola e seus descendentes. http://paginas.terra.com.br/arte/angolangolo/textos/texto_05.htm) – Na Casa de Detenção, por ação de Sampaio Ferraz, Chefe de Polícia do Rio de Janeiro, há registros de prisão de 110 capoeiras no período de 15 de novembro de 1889 a 13 de janeiro de 1890; chama a atenção da presença de grande número de “capoeiras brancos”, dos quais a metade era de não brasileiros (Bretas, 1989, p. 58) :

CAPOEIRAS PRESOS SEGUNDO A COR

Brancos 36 32,7% Pretos 33 30,0% Outros* 41 37,3% TOTAL 110 100,0% * Inclui Fulos, Pardos, Morenos e Pardos Escuros Fonte: BRETAS, 1989, p. 58

CAPOEIRAS PRESOS SEGUNDO A IDADE

Menores de 18 anos 1 De 18 a 23 anos 61 De 24 a 29 anos 25 De 30 a 35 anos 9 De 36 a 41 anos 10 Maiores de 41 anos 4 TOTAL 110

Fonte: BRETAS, 1989, p. 58

CAPOEIRAS PRESOS SEGUNDO O LOCAL DE NASCIMENTO

Rio de Janeiro 47 42,3%

Estado do Rio 10 9,1% Nordeste 16 14,5% Sudeste 8 7,2% Sul 4 3,6% Europa 17 15,4% Paraguai 1 0,9%

Açores e Cabo Verde 2 1,8%

Não identificados 5 4,5%

TOTAL 110 99,3%

Fonte: BRETAS, 1989, p. 58

- O chefe de polícia do primeiro governo republicano – Sampaio Ferraz - teve de usar a sua energia para prender os últimos capoeiras – Manduca da Praia e Juca Reis e desterrá-los para Fernando de Noronha (Carneiro, 1977).

- Após o incidente de 14 de julho entre os capoeiras da Guarda Negra e militantes republicanos no coração do Rio, Patrocínio gradualmente se afastou da organização... a guarda entraria em declínio, até ser completamente desbaratada pela repressão de Sampaio Ferraz em 1890; houve episódios da Guarda Negra em outras cidades, como Porto Alegre, Salvador e São Luís

DÉCADA DE 1890

1890 o Código Penal previu penas corporais e desterro para os que se entregassem a capoeiragem (Carneiro, 1977)

- A capoeira quase derruba o Gabinete Ministerial do Marechal Deodoro. No dia 12 de abril deste ano, todo ministério reunido, o Ministro de Relações Exteriores, Quintino Bocaiúva pede a palavra: ou o famoso capoeira Juca Reis, filho do Conde de Matosinho, seria solto ou ele pediria exoneração. Todos os demais ministros intervêm, especialmente Rui Barbosa, tentando uma solução conciliatória. Episódio que está nos Anais da História da República do Brasil. (Fonte: Marinho, 1945, p. 27 , in Lace Lopes, 2005)

- Data da primeira edição de AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço (30a. edição). Rio de Janeiro: Ática, 1997. No capítulo X, há um confronto do capoeira Firmo com o português Jerônimo que se socorreu de um "varapau minhoto" na parte final da luta. (Lace Lopes, 2005)

1892 Em março houve um confronto entre os “morcegos” (praças da polícia fardada) e soldados do exército paulista que eram capoeiristas, ocasionando distúrbios na cidade de São Paulo. (Fonte: http: //www.institutocariocadecapoeira.hpg.ig.com.br/historico.htm acessado em 31.01.2004.

1893 o governo baixa um decreto regulamentando a criação de colônias correcionais para correção, pelo trabalho dos vadios, vagabundos e capoeiras que fossem encontrados e, como tais, processados na Capital Federal (Rego, 1968, citado por Reis 1997)

1897 o general Couto de Magalhães disse que a capoeira não deveria ser perseguida mais sim dominada e ensinada em escolas militares.

SÉCULO XX

1901 José Alexandre Melo Morais Filho, em seu “Festas e tradições Populares do Brasil”, Rio de Janeiro, descreve os Tipos de rua - Capoeiragem e Capoeiras Célebres (disponível em www.capoeira-angola.fr )

1904 edição do livro apócrigo ‘Guia do Capoeira ou Gymnástica Brasileira’. Nele a autoria é feita pelas iniciais ‘O.D.C.’, que significada a época: ofereço, dedico e consagro’. (Vieira, 2005)

1906 CAPOEIRA. Kosmos, Rio de Janeiro, v. 3, n. 3, mar. 1906. Artigo escrito pelo cronista Lima Campos que vale como registro de memória da luta e da época; ilustrações do famoso Calixto Cordeiro com valor iconográfico. (Lace Lopes, 2005)

- a luxuosa Kosmos, Revista Artistica, Scientifica e Literaria, do Rio de Janeiro, publica uma série de artigos sobre os costumes populares cariocas, ilustrada por Kalixto. O texto tem três partes; a primeira define a capoeira como uma luta defensiva, de esquiva; a segunda esboça uma história da capoeira no Rio de Janeiro; e a última, voltando aos princípios, destaca a observação, fundamental na defesa, nota o caráter escarnecedor do capoeira carioca. As seis caricaturas de Kalixto representam situações de luta, com forte caraterização dos participantes (texto disponível em www.capoeira-angola.fr)

- L.C., na revista Kosmos, se refere à suposta origem brasileira da capoeira. Diz o artigo: Por que, quando, e como nasceu a capoeira? Na transição provavelmente do reinado português para o Império livre, pela necessidade do independente, phisicamente fraco de se defender ou agredir o expossessor, robusto, nos distúrbios, então freqüentes em tavernas e matulas por atrictos constantes de nacionalidade, tendo sua gênese em dois pontos diversos [...] criou-a o espírito inventivo do mestiço porque a capoeira não é portuguesa, nem mesmo é negra, é mulata, é mestiça, é cafuza, e é mameluca, isto é, é cruzada, é mestiça [...] a navalha do fadista da mouraria lisboeta, alguns movimentos sambados e simiescos do africano e, sobretudo, a agilidade, a levipidez felina e pasmosa do índio nos saltos rápidos, leves e imprevistos (L.C., 1906 apud PIRES, 1996, p. 198).

- LIMA CAMPOS. CAPOEIRA, esgrima de olhos. In REVISTA KOSMOS, Rio de Janeiro: Kosmos, 1906, p. 191-194 1907 O.D.C. Guia do Capoeira ou Ginástica Brasileira (2a. edição). Rio de Janeiro, Livraria Nacional. Livro duplamente misterioso. Pelo seu autor que não quis aparecer e, sobretudo, pelo seu desaparecimento da Biblioteca Nacional. Por sorte, antes desta ocorrência, Annibal Burlamaqui teve a chance copiá-lo (sem ter como reproduzir as

ilustrações). Enquanto o original não reaparece é esta cópia que está correndo o mundo. Segundo alguns estudiosos, "ODC" não representa as iniciais do possível nome do misterioso autor; "ODC" significa simplesmente, "Ofereço, Agradeço, Consagro". Corre, ainda, uma curiosa versão em que a autoria do livro é atribuída ao primeiro tenente da Marinha José Egydio Garcez Palha. Tendo esse oficial falecido em 1898, seu livro sobre capoeira foi publicado posteriormente sobre a sigla ODC. (Lace Lopes, 2005)

- João do Rio - "Presepes" - João do Rio (João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto, Rio de Janeiro, 5 agosto 1881 id. 23 junho 1921), jornalista e escritor, publicou Presepes em 1907, depois incluído em A alma encantadora das ruas, de 1908. Embora não consagrado primeiramente à capoeiragem, o texto apresenta uma geração de capoeristas posterior aquela que mobilizou a atenção de Melo Morais Filho em 1893 (disponível em www.capoeira-angola.fr ): “Mas por que, continuo eu curioso, põem vocês junto do rei Baltasar aquele boneco de cacete? - Aquele é o rei da capoeiragem. Está perto do Rei Baltasar porque deve estar. Rei preto também viu a estrela. Deus não esqueceu a gente. Ora não sei se V. Sa conhece que Baltasar é pai da raça preta. Os negros da Angola quando vieram para a Bahia trouxeram uma dança chamada cungu, em que se ensinava a brigar. Cungu com o tempo virou mandinga e S. Bento. - Mas que tem tudo isso?... Isso, gente, são nomes antigos da capoeiragem. Jogar capoeira é o mesmo que jogar mandinga. Rei da capoeiragem tem seu lugar junto de Baltasar. Capoeiragem tem sua religião.”

1908 Ano da primeira edição de RIO, João do (João Paulo Barreto). A alma encantadora das ruas. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura,Departamento de Documentação e Informação Cultural, Divisão de Editoração, 1995 (Biblioteca carioca). Neste livro, João do Rio registra a presença do berimbau no Rio. Significativa a leitura do diálogo do capítulo PRESEPES: "Isso, gente, são nomes antigos da capoeiragem. Jogar capoeira é o mesmo que jogar mandinga. Rei da Capoeiragem tem o seu lugar junto de Baltasar. Capoeiragem tem sua religião. Abri os olhos pasmados. O Negro riu". "V. S ªnão conhece a arte? Hoje está por baixo. Valente de verdade só mesmo uns dez: João da Sé, Tito da Praia, Chico Bolívar, Marinho da Silva, Manuel Piquira, Ludgero da Praia, Manuel Tolo, Moisés, Mariano da Piedade, Cândido Baianinho, outros... Esses "cabras" sabiam jogar mandinga como homens. Então os capoeiras estão nos presepes para acabar as presepadas...". (lace Lopes, 2005) 1909 o primeiro confronto entre um capoeirista e um lutador oriental deu-se no Rio de Janeiro, quando apareceu por lá um campeão japonês de jiu-jitsu, Miaco, dando exibições. Um grupo de estudantes de medicina convidou-o a enfrentar um conhecido capoeirista, carregador do Café Saúde, chamado Ciríaco, que vivia pelas docas. No momento da luta, o japonês abaixou-se para cumprimentar Ciríaco e o capoeirista, pensando já ser um ataque, toca-lhe um violento rabo-de-arraia, liquidando-o mesmo antes de começar a briga. (Jornal do Capoeira:www.capoeira.jex.com.br: Andre Luiz Lacé Lopes, Edição 45: 29 de Agosto à 04 de Setembro de 2005; Leopoldo Gil Dulcio Vaz, Edição 45: 29 de Agosto à 04 de Setembro de 2005.

DÉCADA DE 1910 - no Rio de Janeiro, os capoeiras também possuíam espaços dedicados aos treinamentos de sua luta, alguns freqüentados inclusive pela fina flor da elite; segundo Inezil Penna Marinho (1945), aluno assíduos de um deles, “aqui no Rio, Sinhozinho mantém uma academia em Ipanema, destinada aos moços grã-finos que desejam ter algum motivo para se tornar valentes”; nessa “academia” haveria aparelhos que o mestre inbeta para o treinamento de seus alunos, inclusive os que dão soco e passam rasteiras. (Reis, 1997, p. 103)

1910 o maranhense Coelho Neto apresenta um projeto de lei para a Câmara dos Deputados tornando obrigatório o ensino da capoeira nas escolas civis e militares; usa de dois argumentos para sua proposta pedagógica: o primeiro, era de que a capoeira, como excelente ginástica, promovia um desenvolvimento harmonioso do corpo e dos sentidos; o segundo atribui a capoeira um sentido estratégico de defesa individual (Reis, 1997, p. 88-89).

- O escritor Coelho Neto, segundo Francisco Pereira da Silva, era exímio na arte: “Ágil na pena quanto destro na rasteira, duas vezes publicamente se valeu do ensino da capoeiragem recebido nos tempos de rapaz. Josué Montello refere a um destes episódios, precisando a data de 6 de agosto de 1886, quando à noite em meeting de abolicionistas no Teatro Politeama do Rio de Janeiro, discursava Quintino Bocaiúva. A certa altura, capoeiristas a soldo dos escravocratas irrompem das galerias e armam tremendo salseiro. Luzes apagadas, vem Coelho Neto e realiza a incrível proeza de desarmar o chefe do bando, que outro não era senão Benjamim - o mais temível capoeira carioca.”. De outra feita, em episódio também narrado por Josué Montello e aqui transcrito de Pereira da Silva, demonstrou seus atributos de destreza e valentia: “Na Academia Brasileira de Letras, fizera o tribuno maranhense referência em desfavor de um colega de imortalidade. Dias depois lhe apareceu um filho do suposto ofendido exigindo satisfação. Gravemente desentenderam-se e o jovem, que era atleta, não retardou seu golpe de jiu-jitsu. Instantaneamente e com agilidade felina, partiu Coelho Neto para o rabo de arraia levando o insolente a beijar o pó da calçada e a sumir no oco do mundo...” (in ADORNO, Camile. A Arte da capoeira)

DÉCADA DE 1920

1922 Publicação de PEDERNEIRAS, Raul. Geringonça carioca: verbetes para um dicionário da gíria. 2. edição revista e aumentada. Rio de Janeiro: Officinas Graphicas do Jornal do Brasil. Referindo-se a capoeira diz o autor: "Geringonça carioca nasceu do vulgo hybrido, da mestiçagem que formou a nacionalidade. A primeira a destacar-se foi a do capoeira, essa entidade que teve foros de instituição, esse exercício que alcançou as principaes camadas da sociedade" (Duas Palavras, p. 3). Grande parte do livro de Pederneiras baseia-se na gíria específica dos capoeiras da época. Daí a sua importância como memória. (Lace Lopes, 2005)

1923 o escritor Monteiro Lobato escreveu o conto “O 22 da ‘Marajó’” em que denota a familiaridade com termos típicos da capoeira, afirmando mesmo que “Antes do futebol, só a capoeiragem conseguiu um cultozinho entre nós e isso mesmo só na ralé”. Mais adiante revela a intimidade com a gíria dos capoeiras: “ Só uma besta destas dá soltas sem negaça...”. (Fonte: Lobato, Monteiro. – A onda verde – Ed. Brasiliense – SP – 9ª ed. – 1959.)

1924 NETTO, Coelho, Nosso Jogo, do livro BAZAR. Livraria Chardron, de Lello & Irmão Editores, Rua das Carmelitas, 144, Porto, Portugal, 1928. Este livro foi publicado em 1928 (Porto), mas o artigo Nosso Jogo foi publicado, pela primeira vez, em 1924, no Rio de Janeiro.(Lace Lopes, 2005)

- HOPFFER, Frederico. Duas palavras sobre o Jogo de Pau. Lisboa: J. Rodrigues & Cia, 1924

1926 foi publicada uma série de artigos sobre "Capoeira e Capoeiragem" no Jornal Rio Sportivo, edições de 16/06, 19/07, 6 e 16/09, 18/10, escritos por Adolfo Morales de Los Rios. (Câmara Cascudo)

1928 Annibal Burlamaqui apresenta uma das primeiras tentativas de sistematização da luta para fins desportivos realizadas na primeira metade deste século. Em seu livro “Gimnástica Nacional (Capoeiragem) metodizada e regrada (Rio de Janeiro, ed. Do autor, 1928)” apresenta um sistema de competição, uma classificação de golpes e um esboço de metodologia de treinamento (Vieira e Assunção, 1998).

1929 Capoeiragem e Capoeiras. Revista Criminal, no. 28. Rio de Janeiro, 1º de maio do ano assinalado. Artigo escrito pelo jornalista e capoeira Paulo Várzea: "Madrid tem o chulo; Buenos Aires, o compadron; Lisboa, os fadistas, o Rio de Janeiro, a Capoeiragem..." (Lace Lopes, 2005)

DÉCADA DE 1930

1931 "Escola Typica de Agressão e Defeza"- Entrevista com Jayme Ferreira, Noite Ilustrada, junho 24, 1931. Reportagem pela qual se pode perceber a existência de várias academias, nas décadas de 1920 e 1930 no Rio de Janeiro: "A Capoeiragem tem no Rio, o seu período áureo. Foi quando praticada no "batuque", apenas pelos chamados "malandros" , se irradiou pela cidade toda, descida da Favela e de outros morros mais ou menos célebres, na pessoa do "capoeira" que se servia della para levar a bom termo as suas proesas de certo modo arriscadas".

- "Combates que despertam Emoção". Jornal dos Sports, 3 de julho de 1931: "As gymnasticas nacionais (capoeiragem) e japoneza, face a face...". A matéria termina da seguinte maneira: "Os juizes serão os srs. Carlos Gracie. Director da Academia de jiu-jitsu, e Jayme Ferreira, director da Academia de Capoeira".

1932 EDMUNDO, Luís. O Rio de Janeiro no Tempo dos Vice-Reis. 2a. edição revista e atualizada. Rio de Janeiro: Athena, [1932]. Cap. 4: Aspectos da cidade e das ruas, p. 31-40, descreve um capoeira: "Socialmente é um quisto, como poderia ser uma flor. Não lhe faltam, a par de instintos maus, gestos amáveis e enternecedores. É cavalheiresco para com as mulheres. Defende os fracos. Tem alma de D. Quixote". (Lace Lopes, 2005)

- NINA RODRIGUES. OS AFRICANOS NO BRASIL. São Paulo: Nacional, 1932

1935 "André Jansen em Salvador". Rio de Janeiro, Diário de Notícias. 30 outubro: "O público carioca conhece sobejamente o sportista André Jansen, considerado o mestre absoluto da luta brasileira (a capoeiragem). Várias vezes André teve ocasião de brilhar em nossas arenas, demonstrando sua technica admirável, servida por uma valentia e uma resistência extraordinária. ...Jansen, o maior discípulo de Agenor Sampaio, Sinhozinho... O hospitaleiro povo bahiano vae ter occasião de apreciar o espírito combativo,a intelligência, dextreza e sagacidade do jovem sportista brasileiro..."

- Edison Carneiro, Negro Bantus, 1937. Negro Bantus notas de etnografia religiosa e de folclore (Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1937), témoigne de la capoeira à Bahia à cette époque, vue par un sympathisant. Son amie américaine Ruth Landes (City of Women, 1947) décrit Edison Carneiro comme un mulâtre baianais "aristocrate" qui maintient toujours une certaine distance avec les "Nègres". Reconnu ensuite comme une autorité en matière de folklore, Edison Carneiro (1912-1972) a écrit sur la capoeira dans plusieurs ouvrages, notamment A Sabedoria Popular (Rio de Janeiro:Instituto Nacional do Livro, 1957). (disponível em www.capoeira-angola.fr )

- “A luta brasileira”. O Malho, 29 de julho de 1937.

1938 EDMUNDO, Luís. O Rio de Janeiro do meu tempo (1a. edição). Rio de Janeiro: BNH, [s/d, circa 1990]. Edição especial. A primorosa edição produzida pelo extinto Banco Nacional da Habitação inclui caricaturas de J. Carlos, Calixto, Armando Pacheco, Raul Pederneiras e vários outros. Neste livro, o carioca Luis Edmundo (1878/1961) resume a história do lendário capoeirista Manduca da Praia (Capítulo 12 - A Vida de Cortiço, págs. 137/139). Luís

Edmundo, boêmio, poeta, escritor e brilhante jornalista, pertenceu à Academia Brasileira de Letras e ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. (Lace Lopes, 2005)

- QUIRINO, Manuel. COSTUMES AFRINAOS NO BRASIL. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 1938

- Os desafios que faziam da capoeira um espetáculo continuassem a chamar a atenção do público, ainda que acontecessem de uma forma diversa. É o que se nota em uma notícia do Jornal dos Sports, periódico esportivo de maior sucesso na cidade do Rio de Janeiro neste período: “Miguel Marquez, conhecido como Miguelzinho da lapa, por intermédio do Jornal dos Sports, lança um desafio ao lutador português Manoel Crillo para uma luta de capoeiragem pelo novo regulamento da Federação brasileira de Pugilismo, mas com a condição de valer o “tapa”. As condições da luta ficam ao critério do adversário” “Capoeiragem – Luta brasileira”. Jornal dos Sports, 7 de Julho de 1938.

DÉCADA DE 1940

Decada de 1940 -

1940 Decreto 2848. Institui o novo Código Penal Brasileiro. Neste ato não é citada a Capoeira. A partir desta data o uso da palavra ‘capoeira’ tem transitado sem conotações policiais (Vieira, 2005)

- Lorenzo Turner, 1940-41 - Probablement pas les premiers enregistrements sonores de capoeira, mais les premiers que nous connaissons. Mestre Bimba, et son groupe, Mestre Cabecinha et son groupe "Capoeira Angola Esperança", " Luciano, Manoel et Juvenal" sur disque 78 tours, par un linguiste nord-américain. Consulter nos fiches (en anglais et portugais, disponível em www.capoeira-angola.fr ).

1941 Decreto 3.199 que estabeleceu as bases do esporte no Brasil. Com apoio neste ato foi constituída a Confederação Brasileira de Pugilismo –CBP – que já na fundação instituía o Departamento nacional de Luta Brasileira, que foi o embrião da Confederação Brasileira de Capoeira. Este foi o primeiro reconhecimento esportivo oficial da modalidade (Vieira, 2005)

- FONSECA, Gondim de. Biografia do jornalismo carioca - 1808/1918. Rio de Janeiro: Quaresma. Contem a relação de todos os jornais e revistas cariocas que surgiram de 1808 a 1908, e um dicionário de caricaturistas. Fonte para pesquisa de fundamental importância para a memória da capoeira: "Muitas coleções de jornais que consultei na Biblioteca Nacional estão quase desfeitas. Se não forem restauradas acabarão em poucos anos, e o leitor do futuro só terá notícias delas através deste cartapácio". (Lace Lopes, 2005)

- Renato Almeida, "O Brinquedo da Capoeira" 1941. Renato Almeida (1895-1981), décrit une "capoeira" dans sa ville natale de Santo Antonio de Jesus, Bahia, en 1941, dans "O Brinquedo da Capoeira", Revista do Arquivo Municipal de S. Paulo, vol LXXXIV (1941), pág. 157-162; reédité dans Tablado Folclórico, São Paulo:Record Brasileira, 1961, in-8o p. 125-136. (disponível em www.capoeira-angola.fr )

– Inezil Penna Marinho, em trabalho classificado em 1º. lugar em concurso de monografia da Divisão de Educação Física do Ministério da Educação e Cultura, faz nova tentativa de sistematização da capoeira; seus textos têm como principal enfoque a metodologia do treinamento da capoeiragem, dando enfase nos aspectos ginásticos e uma tentativa de organizar sessões de treinamento de capoeira para fins educacionais (Vieira e Assunção, 1998).

1945 MARINHO, Inezil Penna. Subsídios para o estudo da metodologia do treinamento da capoeiragem. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1945. Melhor livro escrito sobre capoeiragem segundo opiniões correntes de especialistas. Leitura altamente recomendável para qualquer mestre de capoeira ou pesquisador.

- "Malandragem nasceu com a própria cidade: do capoeira de ontem ao malandro de hoje". Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 19 janeiro.

- OLIVEIRA, Valdemar de. Frevo, capoeira e passo (1a. edição). Recife: Editora de Pernambuco, 1971. Referindo-se ao histórico episódio da prisão do capoeira Juca Reis, na pág. 81 de seu livro, Oliveira comenta: "O exemplo repercutiu no país inteiro. A liquidação foi geral. As polícias estaduais se movimentaram, apoiadas no primeiro código Penal da República". A História da Capoeira e da capoeiragem (luta de verdade), passa por Pernambuco, e esse livro é uma das leituras de fundamental importância para bem entendê-la. A base do livro foi um trabalho produzido pelo autor, em 1945, e publicado, com destaque, no volume VI, do ano VI, do Boletim LatinoAmericano de Música. (Lace Lopes, 2005)

1946 MORAIS FILHO, Alexandre José de Mello. Festas e tradições populares do Brasil. Revisão e notas de Câmara Cascudo. 3a. edição. Rio de Janeiro: F. Briguiet, 1946. "Capoeiragem e Capoeiras Célebres - Rio de Janeiro" é, certamente, uma fonte de memória. Dois exemplos: "No Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, há uma subclasse que reclama distintíssimo lugar entre as suas congêneres e que tem todo o direito a uma nesga de tela no quadro da história dos nossos costumes - a dos capoeiras (p. 444)". "Os capoeiras, até quarenta anos passados, prestavam juramento solene, e o lugar escolhido para isso eram as torres das igrejas (p. 446)". (Lace Lopes, 2005)

1947 Ruth Landes City of Women, 1947. - Ethnologue américaine, Ruth Landes a séjouné à Bahia de septembre 1938 à février 1939, elle lia amitié avec Edison Carneiro. Son livre contient une description de capoeira pendant la fête de la Ribeira, et surtout, une étude des relations de genres à Bahia. Des hommes pratiquent la capoeira, remise en cause de l'ordre ici-bas, à l'extérieur et en public; tandis que les femmes dirigent le candomblé dans des cérémonies privées qu'elles réalisent dans des temples fermés, et qui vise à rétablir l'ordre dans l'au-delà. (disponível em www.capoeira-angola.fr )

- "O Sensacional cotejo de Capoeiragem". Jornal dos Sports, 2 de abril: a luta de Luiz Aguiar "Ciranda" (aluno de Sinhozinho, foto) com Jurandir (aluno de Bimba); "Hoje no Estádio Carioca - o capoeira carioca Hermanny (capoeira de Sinhozinho) em confronto como Perez (capoeira de Mestre Bimba)". Globo Esportivo, 7 abril de 1949. (Lace Lopes, 2005)

DÉCADA DE 1950 Ao longo desta década notabilizou-se Sinhozinho, na área mais influente do Rio de Janeiro, adotando uma Capoeira eclética e utilitária (Vieira, 2005)

1951 "O Destino da Capoeira". Globo Esportivo, 7 de julho de 1951. Longa e substancial entrevista com Sinhozinho e Rudolf Hermanny, Rio de Janeiro. "Trabalha-se no Brasil pela Sobrevivência da Capoeira". Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 23 de setembro de 1951. Outra longa e reveladora entrevista com Sinhozinho. (Lace Lopes, 2005)

- CATUNDA, Eunice, Capoeira no Terreiro de Mestre Waldemar, Fundamentos Revista de Cultura Moderna, nº30, São Paulo, 1952 (Eunice Catunda (ou Katunda), musicienne brésilienne (1915 1956) rend visite au terrain de Maître Waldemar da Paixão et décrit sa capoeira et sa musique. Trad. fr. "La capoeira au terrain de Waldemar" et notes par P. Briand, disponível em www.capoeira-angola.fr )

1953 O Conselho Nacional de Desporto – CND - expede a Resolução 071, estabelecendo critérios para a prática desportiva da Capoeira, sendo este o segundo reconhecimento oficial. (Vieira, 2005)

- em julho, Bimba vai ao Rio de Janeiro, sendo recebido pelo então Presidente Getulio Vargas no Palácio do Catete, onde realiza demonstrações. Nessa ocasião, Vargas exaltaria a capopeira, como “nossa luta nacional”. (Reis, 1997, p. 135)

- ANTÔNIO, Carlos. A Arte dos moleque de Sinhá - Camarada bota sentido! Capoeira vai te Batê.... Flan, Rio de Janeiro, 31 maio, 1. cad.:9; Última Hora, São Paulo, 25 abril de 1956: "Neste mundo cada vez mais dependente do marketing, parece que só existiu e que só existe quem está todos dias na mídia. Mídia paga ou não. Daí a ignorância sobre a extraordinária Capoeira de Sinhozinho de Ipanema. Outro bom exemplo, ou melhor, outra boa injustiça pode ser registrada em relação ao Sr. Antenor dos Santos, mineiro, vice-presidente da Portela e um 'animador da capoeira' ". Nas décadas de 1940/1950 o Senhor Santos coordenava um grupo de bons angoleiros, na prática, comandados por Joel Lourenço do Espírito Santo.

- "Rudolf Hermanny e Carlson Gracie, impressionantes". O Jornal, 18 março. Confronto de Rudolf Hermanny (Sinhozinho) com Guanair Vial (Gracie). "O sangue dos valentes ensopou a quadra de cimento do Estádio do Vasco". Revista O Cruzeiro, 4 de abril. Outra manchete do confronto de Rudolf Hermanny com Vial. "Vitória Espetacular de Hermanny". O Popular, 30 de junho. Confronto entre Rudolf Hermanny e Artur Emídio de Oliveira (Itabuna). Artur Emídio aprendeu capoeira com Mestre Paisinho, em Itabuna, Bahia. (Lace Lopes, 2005)

- CAMARA CASCUDO, Luis da. DICIONÁRIO DO FOLCLOORE BRASILEIRO. Rio de Janeiro, 1953

1956 OLIVEIRA, Albano Marinho de. BRIMBAU O ARCO MUSICAL DA CAPOEIRA. In REVISTA DO IHGB, salvador, no. 8, 1956, p. 229-251

196(?) NEVES E SOUSA, Albano. Da minha África e do Brasil que eu vi, Angola, (s.d.) (196?)

1961 DA COSTA, Lamartine Pereira. Capoeiragem: a arte da defesa pessoal brasileira. Rio de Janeiro: [s.n.], 1961; Capoeira sem mestre. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1962. Lamartine Pereira Da Costa praticou capoeira, introduziu oficialmente a capoeiragem na Marinha, escreveu vários artigos e um livro específico sobre o assunto. Como professor de Educação Física escreveu dezenas de artigos, coordenou dezenas de projetos a nível nacional e internacional. Com doutorado em Filosofia, além de professor universitário, tornou-se um consultor internacional em sua área profissional

- LYRA FILHO, João. Sinais de sociologia dos desportos. [S.l.]: Confederação Brasileira de Desportos (Gestão João Havelange), 196l. Cap. 3: Miscigenação e capoeiragem: pequeno libreto contendo a palestra de João Lyra Filho, realizada no dia 25 de agosto de 1960, relacionando a capoeiragem com a Sociologia dos Esportes. (Lace Lopes, 2005)

1962 é publicado o livro “Capoeira sem Mestre”, de autoria de Lamartine Pereira da Costa; propunha uma espécie de ensino de capoeira por correspondência, pois a luta poderia ser a sós, como no box, dispensando a figura do mestre (Reis, 1997, p. 156); COSTA, Lamartine Pereira da. Capoeira sem mestre. Rio de Janeiro: Edições de Ouro,1962.

1963 "Batismo de capoeira em Copacabana". Jornal A Noite, 23 junho. Mestre Caboclo forma mais uma turma da capoeira: Turma Artur Emídio.

- "Capoeira renasce no Rio com suas velhas tradições". Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 22 de dezembro. Reportagem de página inteira, com duas ilustrações (uma delas inspirou a capa do livro "A Volta do Mundo da Capoeira"). Gira em torno de uma "Operação Capoeira" deflagrada no Rio de Janeiro; registra a importância de Sinhozinho, Artur Emídio e outros.

1963 Coulisses de l'Exploit, 1963, "Capoera" - Reportage de 5mn 10s dont 3mn 25s de présentation de capoeira par le groupe de Mestre Pastinha. De la capoeira à la télévision française en 1963 - En 1963, la télévision française diffuse un reportage qui montre une présentation du groupe de capoeira de mestre Pastinha sur la plage déserte près du phare d'Itapoan, près de Salvador, Bahia. Vous pouvez télécharger la vidéo de 5 mn La Capoera sur le site de l'Institut National de l'Audiovisuel (www.ina.fr). (disponível em www.capoeira-angola.fr )

- CARNEIRO, Edison. LADINOS E CRIOULOS; ESTUDOS SOBRE O NEGRO NO BRASIL. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 1964

1965 CARNEIRO, Edison.Dinâmica do folclore. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965. Na década de 1970, no programa radiofônico "Rinha de Capoeira" (Radio Roquete Pinto-RJ, produção de André Lacé), o saudoso Professor Edson Carneiro discutiu um tema que dá significado à sua contribuição ao estudo da capoeiragem: "como diferenciar a dinâmica do folclore da estilização folclórica da capoeira contemporânea?"

- LEMOINE, Carmem Nícias de. Jogo de capoeira. Tradições da Cidade do Rio de Janeiro do século 16 ao 19. Rio de Janeiro: Pongetti, 1965. p. 226-233. Lemoine cita Mestres Leopoldina, Bimba e outros. (Lace Lopes, 2005)

- MARINHO, Inezil Penna. SUBSÍDIOS PATRA A HISTÓRIA DA CAPOEIRAGEM NO BRASIL. Rio de Janeiro: Tupy, 1965

- Pierre Kast: Carnets Brésiliens n. 3, 1966. Documentaire de 58mn comportant une séquence de 6mn présentant l'académie de mestre Bimba. Lire notre description de la capoeira dans les Carnets Brésiliens, premier film en couleur et avec son synchrone que nous connaissions. (in www.capoeira-angola.fr)

1967 A Força Aérea Brasileira organizou o Primeiro Congresso Nacional de Capoeira.

- CAMARA CASCUDO, Luis da. FOLCLORE DO BRASIL. PESQUISAS E NOTAS. Portugal: Fundo de Cultura, 1967, cap. 7 –Capoeira, p. 179-189.

1968 "Simpósio quer mudar capoeira". Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, 28 agosto: "Simpósio chegou ao final sem decidir se capoeira é luta ou apenas folclore". Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 28 agosto. O evento, presidido pelo Professor Alberto Latorre Faria, reuniu altas autoridades do governo, do esporte e da capoeira: Ministro Lyra Filho, os Doutores Waldemar Areno e Ângelo Decânio, e os Professores Edison Carneiro, Maria Lenk, Lamartine Pereira da Costa, Rudolf Hermanny, Luis Peixoto e André Luiz Lacé Lopes. Trata-se possivelmente do primeiro debate sobre a capoeiragem em evento universitário. (Lace Lopes, 2005). Primeiro evento acadêmico sobre Capoeira em universidade brasileira (Vieira, 2005)

- Waldeloir Rego, Capoeira Angola - ensaio sócio-etnográfico – 1968. Waldeloir Rego, reconhecido estudioso da cultura afro-baiana, nasceu no dia 25 de agosto de 1930, na cidade de Salvador, e faleceu na mesma cidade no dia 21 de novembro de 2001. O seu Capoeira Angola, de 1968, é geralmente reconhecido como um livro fundamental para o estudo da capoeira. Infelizmente, não é fácil encontra-lo. Esgotada a esperança de ver Capoeira Angola ensaio sócio-etnográfico reeditado pelo autor ou mesmo reimpresso, não podendo entregar cópia digital à comunidade devido à continuação dos direitos autorais, só podemos incentivar a procura em bibliotecas públicas colocando aqui um índice detalhado do livro e a conclusão (capítulo XVII. Mudanças SócioEtnográficas na Capoeira), esta na sua integra. (disponível em www.capoeira-angola.fr )

- Jair Moura, Dança de Guerra, 1968 - Le documentaire de Jair Moura enregistre un peu de la capoeira de la vieille génération, Tiburcinho, Totonho, Noronha, déja âgée à l'époque de plus de soixante ans. Jeu de capoeira de João Grande et João Pequeno sur les quais, avec couteau. Présence de mestre Bimba (in www.capeoriaangola.fr)

1969 A Força Aérea Brasileira organizou o Segundo Congresso Nacional de Capoeira. Nestes dois eventos, aviões da FAB trouxeram mestres de todo o Brasil com o objetivo de dar uma organização nacional efetiva à prática da luta (Vieira, 2005)

1969 SALLES, Vicente. Bibliografia crítica do folclore brasileiro: capoeira. Revista Brasileira de Folclore. Rio de Janeiro: Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, v. 8, n. 23, p. 79-103, jan./abr. Pesquisa pioneira. Vicente Salles, além de redator chefe da Revista era um dos principais pesquisadores da Campanha citada.Vicente Salles já publicou vários trabalhos sobre a Capoeiragem e trabalha, atualmente, na Universidade Federal do Pará. (Lace Lopes, 2005)

DÉCADA DE 1970 iniciou-se a fundação das federações Estaduais de Capoeira, sob a jurisdição da CBP. E nesta mesma década começa a expansão da Capoeira por todo o país, a qual antes estava limitada a poucas iniciativas e localizações. Neste estágio, passam a convergir e se consolidar vários suportes para o desenvolvimento da Capoeira tais como a institucionalização da luta (livros e publicações, gestão por federações, etc.); multiplicação de mestres (imigração entre regiões do Brasil e para o exterior, festivais de grupos renomados, etc.); melhoria

do conhecimento (pesquisa,, ensino em universidades, etc.); e reconhecimento público do seu valor cultural e esportivo (Vieira, 2005)

- CAMARA CASCUDO, Luis da. VISÃO DO FOLCORE NORDESTINJO. In Revista de Etnografia, Museu de Etnografia e História, Porto, v. 15, n. 29, out. 1970, p. 69-75

1971 o prédio 19, do Largo do Pelourinho, onde funcionava o “Centro Esportivo de Capoeira Angola” (hoje, abriga o restaurante do SENAC) foi fechado para reforma e Pastinha, já cego e quase paralítico, acabou sendo despejado sem receber qualquer indenização; do material de que dispunha, nada foi devolvido. (Reis, 1997, p. 146-147)

- inaugurada a primeira sede da Academia e Grupo de Capoeira Capitães d´Areia, situado no bairro da Barra Funda; em seguida, o grupo mudou-se para o Bom Retiro e depois para o Brás; abriu-se uma filial nos Campos Elíseos

- OLIVEIRA, Valdemar de. Frevo, Capoeira e passo. Pernambuco, 1971

- ESCARIZ, Fernando. Squindin-din. É a capoeira. Salvador. In TRIBUNA DA BAHIA, 1 de Nov. 1971, p. 5

- SALLES, Vicente. O NEGRO NO PARÁ SOB O REGIME DA ESCRAVIDÃO. Rio de janeiro: FGV/UFPA, 1971

1972 a capoeira é reconhecida como esporte através de portaria do então Ministério da Educação e Cultura, iniciandose um processo de institucionalização e burocratização (Reis, 1977, p. 155). Terceiro reconhecimento oficial da Capoeira como uma modalidade desportiva, por ato do Conselho Nacional de Desportos. Inicia-se a fundação das Federações Estaduais de Capoeira, sob a jurisdição do Departamento Nacional de Capoeira da Confederação Brasileira de Pugilismo.

- SANTOS, José Francisco dos. Memórias de Madame Satã: (conforme narração a Sylvan Paozzo).: Lidador, 1972. "Minha pessoa estava muito feliz naquela noite" - assim começa o livro de Satã. Obra que deve ser lida, também, como importante registro social e sociológico do Rio de Janeiro Antigo. Merece especial registro a maneira como o jornalista Sylvan Paezzo desempenhou o seu papel. SATÃ foi um verdadeiro capoeira street fighter lutador de rua). (Lace Lopes, 2005)

- REVISTA O CRUZEIRO. Capoeira. Malicia, mandinga, malemolência, 28 de junho, 1972

1973 – João Lyra Filho, Elementos de uma Sociologia dos Desportos, 1973 - L'auteur, qui a occupé des fonction officielles à Rio de Janeiro, présente dans un même ouvrage le foot-ball et la capoeira, avec quelques détails sur les modes de pratique et les croyances des pratiquants. (disponível em www.capoeira-angola.fr ) 1974 - LYRA FILHO, João. Introdução à sociologia dos desportos. 3a. edição. Rio de Janeiro: Bloch, [19-]. Leitura recomendada - não sendo possível ler o livro todo, pelo menos, do capítulo dedicado à capoeira. Trata-se de um texto que necessita de revisão atualizada por especialistas. (Lace Lopes, 2005)

1977 CURVELO, Ivan. Capoeira: a falta de rumos é processo de embranquecimento. Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, 24 abr. 1977.(4)f . Entrevista com André Luiz Lacé, então Superintendente Administrativo do Clube de Regatas do Flamengo, sobre o processo de institucionalização da Arte Afro-Brasileira da Capoeiragem. (Lace Lopes, 2005)

- CARNEIRO, Edison. CAPOEIRA. CADERNOS DE FOLCLORE, n. 1, 2ª., Brasília, MEC/DAC/FUNARTE, 1977

- SHAFFER, Kay. O BERIMBAU DE BARRIGA E SEUS TOQUES. Brasília: MEC, 1977. Monografias Folclóricas, 2. 1979 apresentação de um projeto de lei, encaminhado à Câmara Federal, por um mestre de São Paulo, propondo a mudança de “capoeira” para “luta nacional” (Projeto-lei 2.249-A, folheto da Associação de Capoeira Iuna) (Reis, 1997)

-MOURA, Jair. Capoeira, a luta regional baiana. CADERNOS DE CULTURA, Salvador, n. 10, 1979, p. 9-39

- ZUMBI BAHIA e VESTRUZ. História da Capoeira no Recife. Recife, 1979

DÉCADA DE 1980

1980 PEIXOTO, Mário. Ipanema de A a Z: dicionário da vida ipanemense. [S.l.]. Rio de Janeiro: A.A. Cohen. Fonte de informações básicas para os estudiosos da capoeiragem no Rio de Janeiro. (Lace Lopes, 2005)

- BADARÓ, Ramagem. Os negros lutam suas lutas misteriosas: Bimba é o grande rei negro do misterioso rito-africano. In Cadernos de Cultura, no. 2, PM de Salvador, SEDUC, DAC, Divisão de Folclore, Salvador, 1980, p. 45-51

- MUNIZ, João. De Wildeberger a “besouro”, CADSERNOS DE CULTURA, n. 2. PM Salvador/ SEC/DAC/Divisão de Folcloore. Salvador, 1980, p. 59-61

1981 - Inezil Penna Marinho apresenta o Projeto Técnico-Científico da Ginástica Brasileira, inspirada na Capoeira, ao Congresso Mundial da Associação Internacional de Escolas Superiores de Educação Física, realizada no Rio de Janeiro (Universidade Gama Filho). (Vieira, 2005)

- GOMES, Paulo, Mestre. Capoeira: a arte brasileira. [S.l.]. Rio de Janeiro: Centro de Capoeira Ilha da Maré. O baiano Paulo Gomes fez-se mestre no Rio de Janeiro e teve seu melhor momento em São Paulo onde, infelizmente, foi covardemente assassinado. O livro é o escritor falando, simple, sicero e direto. Respeitado e admirado. Valente e destemido, assim como Plácido d`Abreu, morreu lutando bravamente. (Lace Lopes, 2005)

- Nestor Capoeira, Pequeno Manual do Jogador de Capoeira, 1981 - Ouvrage destiné à l'origine aux élèves rencontrés dans des stages, et laissé ensuite seuls. Souvent, les livres sur la capoeira sont écrits par des jeunes, tandis que les anciens préfèrent garder le silence. Nestor Capoeira (1946 ) tente de faire partager la sagesse qu'il a acquise

dans une vie dédiée à la capoeira, avec la familiarité avec l'écriture que lui ont donné ses études supérieures; au fil des années et des éditions, il a enrichi et amélioré son ouvrage et l'a poursuivi par plusieurs autres, notamment Capoeira, os Fundamentos da Malícia (1992), approfondissant sa réflexion culturelle. Disponible et traduit en français. (in www.capoeira-angola.fr )

1982 CARNEIRO, Edison. FOLGUEDOS TRADICIONAIS. Rio de Janeiro: FUNARTE/INF, 1982

- MARINHO, Inezil Penna. A ginástica brasileira (Resumo do projeto geral), Brasília, 1982.

1985 NESTOR CAPOEIRA. GALO JÁ CANTOU. CAPOEIRA PARA INICADOS. Rio de Janeiro: Calicieri, 1985

- DIAS, Luiz Sérgio. Capoeira, nmorte e vida no Rio de Janeiro. REVISTA DO BRASIL, Rio de janeiro, 2 (4), 1985, p. 106/115

1986 MACARTY, José. Quand la Capoeira rencontre lê Moringue. Jornal Témoinages - Quotidien du parti communiste reunionnais. Ilha de Reunião, 8 outubro. Da mesma fonte, datado de 9/10/1986: L`histoire de la capoeira au Brésil. Entrevista com André Luiz Lacé Lopes (Ilha da Reunião, Oceano Índico - 1986). Idem, datado de 11/12 outubro mesmo ano LE MORINGUE (CAPOEIRA!) à la Reúnion - sortir du fénoir une pratique culturel le authentiquement réunionnaise. Jornal Témoignages. (Lace Lopes, 2005)

1987 CHIAVENATTO, Julio José. O negro no Brasil – da senzala à Guerra do Paraguai. 4 ed. Rio de Janeiro : Brasiliense, 1987

- CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, p. 91-139.

1988

- CD FUNARTE ATR32077 Documento sonoro do folclore brasileiro, Vol. V; Berimbau e Capoeira / BA, 1988. in www.capoeira-angola.fr

- ALGRANTI, Leila Mezan. O feitor ausente: estudos sobre a escravidão urbana no Rio de Janeiro (1808-1822). Petrópolis, RJ: Vozes, 1988. p. 164 -172. Em seu trabalho a capoeira é citada como um “padrão de criminalidade escrava” no início do século XIX, no Rio de Janeiro.

1989 FRIGÉRIO, Alejandro. Capoeira: da arte negra a esporte de branco. I REVISTA BRASILEIRA DE CIENCIAS SOCIAIS, n. 10, vol. 4, junho 1989, p. 85-98

- HOLLOWAY, Thomas H. O saudável terror : repressão policial aos capoeiras e resistencia dos escravos no Rio de janeiro no século XIX. In CADERNOS CANDIDO MENDES, Rio de Janeiro, 16, 1989

DÉCADA DE 1990

1990 BACHMANN, Bruno, La capoeira du Brésil, Favre, 1990, premier livre en français. Épuisé, mais se trouve en bibliothèque in www.capoeira-angola.fr

1991 PINTO, Tiago de Oliveira, Capoeira, Samba, Candomblé. Afro-brasilianische Musik im Recôncavo, Bahia, 1991. Berlin:Dietrich Reimer Verlag Basé sur une enquête à Santo Amaro (Bahia) en 1985-1988, décrit avec précision la musique de capoeira qui se jouait en ce lieu et à cette époque. Avec un CD. Disponible en allemand. Les musiques de capoeira et un court texte en portugais se trouvent dans le CD FUNARTE ATR32077 Documento sonoro do folclore brasileiro, Vol. V; Berimbau e Capoeira / BA, 1988. in www.capoeira-angola.fr

- BRETAS, Marcos Luiz. A queda do império da navalha e da rasteira (a República e os capoeiras). In Estudos Afroasiáticos, Centro de Estudos Afro-asiáticos, , Rio de Janeiro, n. 20, junho de 1991, p. 239-256.

1992 Fundação da Confederação Brasileira de Capoeira através do desmembramento do Departamento Nacional de Capoeira da CBP (Vieiria, 2005)

- LEWIS, James Lowell, Ring of Liberation Deceptive Discourse in Brazilian Capoeira, 1992 Chicago:University of Chicago Press. C'est l'ouvrage le plus intéressant de ces dernières années.Disponible en anglais. In www.capoeira-angola.fr

- CORDEIRO, Izabel Cristina de Araújo. Bota mandinga ê... a esportivização da capoeira em questão. 1992. Monografia (Especialização em Recreação e Lazer) - Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas.

- CAPOEIRA, Nestor. Capoeira: os fundamentos da malícia. Rio de Janeiro: Record, 1992

- DIAS, Luiz Sérgio. Quem tem medo da capoeira? Período 1890-1904. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Luiz Sergio Dias, escritor, trabalho de longos nos no Arquivo Municipal do Rio de Janeiro. Trata-se de um trabalho premiado - primeiro lugar - num concurso de monografias. (Lace Lopes, 2005)

ARAUJO, Paulo Coelho de. A falta de rigor científico nos estudos sobre capoeira. In A Ciência do desporto e a Cultura do Homem, Porto, 1993, p. 215-226. Publicação da Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física.

- ARAUJO, Paulo Coelho de. Análise historiográfica da bibliográfica básica utilizada nos estudos sobre a capoeira. In A Ciência do desporto e a Cultura do Homem, Porto, 1993, p. 207-213. Publicação da Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física.

- SOARES, Carlos Eugênio Líbano. A negregada instituição: capoeiras no Rio de Janeiro (1850-1890). 1993. Dissertação (Mestrado em História) - Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCH), Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

1994 SOARES, Carlos E. L. A negregada instituição: os capoeiras no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Coleção Biblioteca Nacional, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura, Deptº Geral de Documentação e Informação Cultural, 1994.

1995 Reconhecimento da capoeira e vinculação da Confederação Brasileira de Capoeira ao Comitê Olímpico Brasileiro (Vieiria, 2005)

- SANTOS, Esdras M. dos. Conversando sobre capoeira. São Paulo: JAC. Livro emocionado, desassombrado e extremamente informativo. Preciosa fonte de informações e esclarecimento sobre a trajetória da Capoeira Regional. (Lace Lopes, 2005)

- NESTOR CAPOEIRA. CAPOEIRA. A DANÇA MORTAL DO BRASIL. I Revista Cinturão Negro, Lisboa, ano II, n. 19, 1995, p. 28-31.

- RODRIGUES, Elinaldo. Capoeira. CORREIO, de 11 de janeiro de 1995, Paraíba, secção de variedades, 1995

- ZULU, Mestre. Idiopráxis da capoeira. Brasília, 1995

- VIEIRA, Luiz Renato. O jogo de Capoeira: cultura popular no Brasil. Rio de Janeiro: Sprint, 1995

- SILVA, Gladson de Oliveira. Capoeira: do engenho à universidade. 2. ed., São Paulo, 1995.

1996 BIBLIOTECA AMADEU AMARAL. Capoeira: fontes multimídia. Rio de Janeiro: Fundação Nacional de Arte, Coordenação de Folclore e Cultura Popular. Oportuno desdobramento da pesquisa de Salles, Vicente (ver 1969). A Biblioteca Amadeu Amaral está situada dentro do complexo cultural do Palácio do Catete (Rua do Catete, 179, Rio de Janeiro-RJ). (Lace Lopes, 2005)

- ANGELO, Decânio Filho. A herança de Mestre Bimba: filosofia e lógica africanas da capoeira. Salvador: [s.n.]. Edição do autor. Apresentação de Jorge Amado e Esdras Magalhães dos Santos. Ângelo Decânio foi aluno e médico de Mestre Bimba, e conviveu com Cisnando Lima ("foi o primeiro aluno branco da classe social dominante em Salvador; Cisnando logo induziu o Mestre Bimba a enriquecer o potencial bélico da luta negra...". Pág. 112). Com profunda admiração, mas com singular realismo, Decano exalta a figura de Bimba. Com autoridade, às folhas tantas, chama atenção para graves distorções que estão ocorrendo, atualmente, com a Capoeira Regional. Leitura recomendada. (Lace Lopes, 2005)

- PIRES, Antônio Liberac Cardoso Simões. A capoeira na jogo das cores: criminalidade, cultura e racismo na cidade do Rio de Janeiro (1890-1937). Dissertação (Mestrado em História), Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCH), Universidade Estadual de Campinas, 1996

- FALCÃO, José Luiz Cirqueira. A escolarização da capoeira. Brasília: ASEFE Royal Court, 1996.

- Fundação da Associação Brasileira de Árbitros de Capoeira, em São Paulo (Vieira, 2005)

- LACÉ LOPES, André Luiz. A Volta do Mundo da Capoeira. Rio de Janeiro: Markgraph. Seleção de artigos, cartas e reflexões sobre a Arte Afro-Brasileira da Capoeiragem. O primeiro artigo selecionado data de 1962. O livro focaliza a marcha da capoeira pelo mundo, mas com especial ênfase na capoeira do subúrbio do Rio de Janeiro, nas décadas de 1960/1970. (Lace Lopes, 2005)

2000 CASTRO, Ruy. Ela é carioca: uma enciclopédia de Ipanema. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. Fonte de informações para interpretações do ambiente onde viveu a capoeiragem utilitária do Rio de Janeiro. Leitura recomendável. (Lace Lopes, 2005)

- Decanio, Capoeira da Bahia on-line. Une sagesse de la capoeira, par le Docteur Decanio, l'héritage de Mestre Bimba, les manuscrits de Mestre Pastinha, mis en ligne par le Docteur Decanio.

- FALCÃO, José Luiz Cirqueira. Os movimentos de organização dos capoeiras no Brasil. Revista Motrivivência, vol. 11, n. 14, maio 2000.

- FALCÃO, José Luiz Cirqueira. A esportivização da capoeira: a trama do poder em jogo. Florianópolis: mimeo, 2000

- BRUHNS, Heloisa Turini. Futebol, carnaval e capoeira: entre as gingas do corpo brasileiro. Campinas: Papirus, 2000.

- RODRIGUES, Antonio E. M. João do Rio: A cidade e o poeta o olhar de flâneur na Belle Époque tropical. Ed. FGV. Rio de Janeiro: 2000.

- KARASCH, Mary. A vida dos escravos no Rio de Janeiro (1808-1850). São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

SÉCULO XXI

2001 - Segundo dados fornecidos pelo presidente da Confederação Brasileira de Capoeira (CBC), Sr. Sérgio Luiz de Souza Vieira. Para administrar a modalidade existem hoje, no Brasil, 78 Ligas Regionais e Municipais, 24 Federações Estaduais, uma Confederação Brasileira, uma Associação Brasileira de Árbitros, uma Associação Brasileira de Capoeira Especial e Adaptada. No âmbito internacional, existe a Federação Internacional de Capoeira (FICA), que coordena os trabalhos das Federações Nacionais de Capoeira, existentes no Canadá, Portugal, Argentina, França, além da Confederação Brasileira de Capoeira. A FICA está organizando também

Federações Nacionais nos EUA, Espanha, Noruega, Japão, Israel, Colômbia, Inglaterra, Bélgica, Singapura, Estônia, Rússia, Alemanha, Itália e Suíça. VIEIRA, S. L. S. Publicação eletrônica (mensagem pessoal). Mensagem recebida por <falcao@ufba.com.br>, em 30 set. 2000. Esses dados foram obtidos em CAPOEIRA Lista de discussão. Lista de discussão do Centro Esportivo Virtual, mantida pelo Laboratório de Informação e Multimídia em Educação Física e Esporte (LIMEFE), na Universidade Católica de Brasília. Disponível em: http://www.cev.org.br/listas/index.html

- SOARES, C.E.L. A capoeira escrava e outras tradições rebeldes no Rio de Janeiro (1808 – 1850). Campinas: UNICAMP/Centro de Pesquisa em História Social da Cultura, 2001

- PIRES, Antônio Liberac Cardoso Simões. Movimentos da cultura afro-brasileira: a formação histórica da capoeira contemporânea (1890 – 1950). 2001. Tese (Doutorado em História) - Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCH), Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

BRASIL. Tribunal Regional Federal. Vara da Seção Judiciária de Belo Horizonte - MG. Obrigatoriedade de inscrever-se nos quadros do Conselho Regional de Educação Física - 6ª Região instituída através da Lei 9.696/98. Apelante: Paulo César Leite dos Santos (mestre Pintor). Apelado: Conselho Federal de Educação Física. Advogada Dra. Júnia de Souza Antunes. Belo Horizonte, 21 de agosto de 2001.

- LEAL, Luiz Augusto Pinheiro. Deixai a política da capoeiragem gritar: capoeiras e discursos de vadiagem no Pará republicano (1888-1906). 2002. Dissertação (Mestrado em História) – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal da Bahia, Salvador.

2003 A Federação Internacional de Capoeira torna-se fundadora da União Mundial de Artes Marciais, em evento ocorrido em outubro, na Cidade de ChungJu, Coréia do Sul.

– A Federação Internacional de Capoeira sagra-se bicampeã no VI Festival Mundial de Artes Marciais realizado na Cidade de ChunJu, Coréia do Sul.

– A Federação Internacional de Capoeira funda a Universidade Livre de Capoeira e Artes Marciais.

- LACÉ LOPES, André Luiz. Capoeiragem no Rio de Janeiro, Sinhozinho e Rudolf Hermanny. Editora Europa, Rio de Janeiro. Obra relacionada com esta referência: "RUDOLF HERMANNY". Coleção GENTE, Editora RIO, Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, 2003.

- Il Papa della Capoeira Brasiliana. Reportagem realizada pelo Professor Alfredo Apicella. MAK (Martial Arts Kombat) Adventures. Itália, abril/maio Black Panther Production, Via Sant`Evasio 55 - 14100 Asti: "Già esiste uma grande letteratura sull`argomento Capoeira, essendo alcuni articoli e libri di André Luiz Lace Lopes, letteratura obligada per chi vuole immergersi nell`argomento a fondo. Questo perché Lace, non há paura del contraddittorio, ossia, oltre a essere amante della capoeiragem (arte di chi pratica), non ricerca affatto fama distorcndo la storia Del passato, modificando date e testimonianze importanti".

- Capoeira - La force cachée de Rio. Revista Karaté Bushido, julho/agosto 2003. Editora Européene de Magazines, 44, Avenue George V 75008 Paris, France. Grand reportage (p. 22): La Capoeira ao coeur de Rio de Janeiro. Entrevista com André Lace (p. 30): ..."Dans son bureau, ou dês centaines de livres et dês dizaines de cassettes vídeo ou CD sont empilés, dans son salon, ou lês meubles sont poussés ´pour "les demonstration avec les visiteurs" (dixit as femme, dans um sourire), son appartement respire la Capoeira."

- "Arte e História também em livros". Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, 11 novembro. "Dois livros estão provocando intensos debates nas rodas de capoeira do Rio de Janeiro, do Brasil e do resto do mundo: 'Capoeiragem no Rio de Janeiro' e 'Rudolf Hermanny', da série GENTE que a Universidade Estácio de Sá vem publicando".

- CD "Os Bambas do Rio Antigo",Mestre Grilo e seu Grupo Arte Nobre. Naldo Studio Produções Musicais, Rio de JaneiroRJ, dezembro de 2003. Trata-se de um marco musical na história da Capoeira, em que a extraordinária figura de Agenor Sampaio (e alguns de seus discípulos) é lembrada e louvada. O texto da contra-capa oferece informações valiosas para compreensão do tema e correspondentes registros de memória. (Lace Lopes, 2005).

2004 lançado Crônicas históricas do Rio colonial, de Nireu Oliveira Cavalcanti, editora Civilização Brasileira/FAPERJ. Reúne os acontecimentos no Rio de Janeiro entre os anos de 1700 e 1810. Os textos foram publicados originalmente no Caderno B do Jornal do Brasil, todas as semanas ao longo do ano de 1999. Os textos do livro são resultado de meticulosa busca nos arquivos da cidade.

- BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria da Promoção de Políticas da Igualdade Racial. Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afrobrasileira e africana. Brasília, 2004.

- OLIVEIRA, Josivaldo Pires de. No tempo dos valentes: os capoeiras na cidade da Bahia. Salvador: Quarteto, 2005,

2008 ARAUJO, Paulo Coelho de. JAQUEIRA, Ana Rosa Fachardo. DO JOGO DAS IMAGENS ÀS IMAGENS DO JOGO –nuances de interpretação iconográfica sobre a Capoeira. Coimbra-Portugal: Centro de Estudos Biocinéticos, 2008.

- FONSECA, Vivian Luiz. A capoeira Contemporânea: antigas questões, novos desafios. RECORDE – Revista. Revista de História do Esporte, v. 01, num 1, 2008.

2009 ABREU, Frede e CASTRO, Maurício Barros de. (Org.). Capoeira. Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2009. OLIVEIRA, Josivaldo Pires de; LEAL, Luiz Augusto Pinheiro. CAPOEIRA, IDENTIDADE E GÊNERO - Ensaios sobre a história social da Capoeira no Brasil. Salvador: EDUFBA, 2009 2010 PEREIRA, Ana Beatriz de Oliveira. A capoeira como espetáculo: Sentimento nacional, esporte e identidade (1909 – 1938). Monografia apresentada ao Departamento de História da PUC-Rio como parte dos requisitos para obtenção de grau de licenciatura em História. Orientador: Leonardo Affonso de Miranda Pereira Departamento de História Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, Dezembro de 2010 2013 VIDOR, Elisabeth; REIS, Letícia Vidor de Sousa. CAPOEIRA – UMA HERANÇA CULTURAL AFRO-BRASILIRA. São Paulo: Selo Negro, 2013 Situação atual CAPOEIRAGEM

A Capoeira com cantoria e ritmo, nos dias presentes, pode ser encontrada no mundo inteiro. Apresentada, na maioria das vezes, em palco, em conjunto com danças e rituais afro-brasileiros adaptados para show - maculelê, samba de roda, dança de orixás, puxada de rede etc. Já a Capoeiragem do Rio Antigo parece ser uma prática em extinção, com os mestres mais velhos aposentados e uns poucos mestres mais jovens migrando para outras lutas similares, como Muay Thay, Caratê ou Box Tailandês. Não sendo de se desprezar, entretanto, alguns esforços que estão surgindo no sentido de revitalizar este tipo de capoeira, como, por exemplo, o Projeto Capoeira Arte Marcial (ver neste particular a parte final do livro "Capoeiragem no Rio de Janeiro, Sinhozinho e Rudolf Hermanny", Lace Lopes, 2003, p. 267). Em termos de fontes, e de acordo com pioneira pesquisa realizada pela Federação Italiana de Capoeira, já existem mais de 500 trabalhos sobre capoeira, sobretudo, sobre sua parte rítmica e cantada. Estando incluídos neste levantamento, não apenas CDs, mas gravações em vinil, K-7, vídeos-tapes e filmes técnicos ou romanceados. Em dezembro de 2003, no Rio de Janeiro, foi editado um CD especificamente sobre Agenor Sampaio, Sinhozinho: "Homenagem aos Bambas do Rio Antigo". Neste particular, cabe mencionar, a primeira gravação, ainda em vinil, do CD "Curso de Capoeira Regional", uma vez que, o libreto que acompanhava o disco, mencionava outras lutas (ver BIMBA, 1963). Mais informações podem sr obtidas no capítulo de Capoeira neste mesmo volume. (Lace Lopes, 2005)

Minas Gerais é o quarto estado com a maior área territorial e o segundo em quantidade de habitantes, localizada na Região Sudeste do país. Limita-se ao sul e sudoeste com São Paulo, a oeste com Mato Grosso do Sul, a noroeste com Goiás e Distrito Federal, a norte e nordeste com a Bahia, a leste com o Espírito Santo e a sudeste com o Rio de Janeiro. Seu território é subdividido em 853 municípios, a maior quantidade dentre os estados brasileiros. A topografia mineira é bastante acidentada, sendo que alguns dos picos mais altos do país encontram-se em seu território. O estado também abriga a nascente de alguns dos principais rios do Brasil, o que o coloca em posição estratégica no que se refere aos recursos hídricos nacionais. Possui clima tropical, que varia de mais frio e úmido no sul até semiárido em sua porção setentrional. Todos esses fatores aliados propiciam a existência de uma rica fauna e flora distribuídas nos biomas que cobrem o estado, especialmente o cerrado e a ameaçada Mata Atlântica. O território de Minas Gerais era habitado por indígenas quando os portugueses chegaram ao Brasil. Contudo, ocorreu uma grande migração para o estado a partir do momento em que foi anunciada a existência de ouro. A extração do metal trouxe riqueza e desenvolvimento para a então província, proporcionando seu desenvolvimento econômico e cultural. Mas o ouro logo se tornou escasso, provocando a emigração de grande parte da população, até que um novo ciclo (o do café) novamente traria a Minas projeção nacional e cujo fim levou ao processo de industrialização relativamente tardio. Minas Gerais atualmente possui o terceiro maior produto interno bruto do Brasil, sendo que grande parte do total produzido no estado ainda se deve a atividades mineradoras. Tal desenvolvimento também advém de sua notável infraestrutura, como a grande quantidade de usinas hidrelétricas e a maior malha rodoviária do país. Em virtude de suas belezas naturais e de seu patrimônio histórico, Minas Gerais é um importante destino turístico brasileiro. O povo mineiro possui uma cultura peculiar, marcada por manifestações religiosas tradicionais e culinária típica do interior,[7] além de importância nacional nas produções artísticas contemporâneas e também no cenário esportivo.

Esportes

O futebol é um dos esportes mais populares no estado de Minas Gerais, tendo como principais equipes Atlético, Cruzeiro, América, Villa Nova, Tupi, Ipatinga, Boa Esporte e Caldense. A Federação Mineira de Futebol é a entidade responsável por organizar a competição mais tradicional do estado, o Campeonato Mineiro, cuja primeira edição foi realizada em 1915. Outra competição tradicional é a Taça Minas Gerais que, por falta de interesse das agremiações mineiras, não foi realizada no ano de 2013. Dentre os maiores estádios de futebol do estado, destacam-se o Independência na capital, Parque do Sabiá em Uberlândia, Mário Helênio em Juiz de Fora, Melão em Varginha, Arena do Jacaré em Sete Lagoas e o Ipatingão, além do Estádio Governador Magalhães Pinto, o Mineirão, que foi uma das arenas da Copa do Mundo FIFA de 2014 A Federação Mineira de Voleibol é a responsável pela organização das competições de vôlei no estado que possui o maior número de atletas registrados como praticantes desse esporte. Existe ainda a Federação Mineira de Basketball, que organiza as competições do esporte, além de buscar difundi-lo pelo estado. Anualmente são realizados os Jogos Escolares de Minas Gerais, na qual competem escolas em vários níveis, desde etapas municipais até as finais estaduais. No estado nasceram os tenistas Marcelo Melo e Bruno Soares, que foram respectivamente o nº1 e o nº2 do mundo em duplas; Ronaldo da Costa, ex-recordista mundial da maratona; medalhistas olímpicos como Maicon de Andrade no taekwondo, Marcus Mattioli na natação, Moysés Blás] e Cláudia Pastor[294] no basquete; Adenízia da Silva, Ana Carolina da Silva, Ana Flávia Sanglard, Ana Paula Henkel, Anderson Rodrigues, Camila Brait, Érika Coimbra, Fabiana Claudino, Gabriela Guimarães, Giovane Gávio, Hilma, Márcia Fu, Xandó, Maurício Souza, Lucarelli, Sassá, Sheilla Castro, Talmo e Walewska no vôlei; além de medalhistas em Mundiais como André Cordeiro, Henrique Barbosa, Larissa Oliveira, Nicolas Oliveira, Rodrigo Castro e Teófilo Ferreira na natação. 2010 - a Superintendência do IPHAN em Minas Gerais mobilizou-se para apoiar a organização da comunidade da capoeira no sentido de auxiliá-la na sistematização de demandas e para promover debates relativos ao Plano de Salvaguarda. os dados levantados durante o mapeamento da capoeira em Minas Gerais nos indicam um universo complexo e multifacetado de identificação dos capoeiristas com os estilos que praticam. Alguns deles se identificaram como praticantes de todos os estilos; outros se definiram simplesmente como “capoeiras”; houve, ainda, os

MINAS GERAIS – 1825

que afirmaram não seguir “rótulos” e aqueles que disseram praticar os estilos “Capoeira raiz”, “Benguela”, “Descendentes de angoleiro”, entre outros

2011 - Mapeamento_da_capoeira_de_minas_gerais.pdf (iphan.gov.br)

A história da capoeira de Minas Gerais é, muitas vezes, retratada de forma indireta. Vários estudos contemplam os capoeiras mineiros que atuaram em outros estados brasileiros, auxiliando as reflexões sobre a capoeira em Minas Gerais no final do século XIX e início do XX, e também sobre sua trajetória na contemporaneidade. Temos, por exemplo, as histórias e vivências do célebre capoeira mineiro Pedro José Vieira, cujo apelido era Pedro Mineiro, que viveu em Salvador, na Bahia, no início do século XX. Existe também a identificação de capoeiras mineiros na Casa de Detenção do Rio de Janeiro, na década de 1880, e nos Livros de Registros de Presos da Casa de Detenção da Corte e do Distrito Federal, no período de 15 de novembro de 1889 a 13 de maio de 1899.

Em Belo Horizonte aparece, no ano de 1916, a primeira academia de ginástica da cidade, que oferece, em meio a modalidades de luta e ginástica, aulas de capoeira. Mas é apenas a partir da segunda metade do século XX que a capoeira começa a ganhar grande adesão em Minas Gerais e a se propagar, mais precisamente no fim da década de 1960 e no início de 1970, tendo destaque os municípios de Belo Horizonte, Juiz de Fora e Teófilo Otoni.

O caso de Teófilo Otoni, por exemplo, é emblemático. Registra-se que no final da década de 1960, o precursor da capoeira na cidade, Wilson Pires (conhecido como Mestre Maxixe), levou até lá, pela primeira vez, o famoso Mestre Bimba. Mestre Maxixe também registrou o seu encontro com o Mestre Bimba no livro intitulado Memória de um capoeirista MAIS INFORMAÇÕES MELLO e SOUZA, 2004; MAIS INFORMAÇÕES Campos, 2006 MAIS INFORMAÇÕES Jornal “As Alterosas”, 11 de novembro de 1916 Maxixe, publicado em 2005. Atualmente, Maxixe é referência para os capoeiristas de Teófilo Otoni. Em contato por telefone realizado em maio de 2014, ele disse que não é vinculado a nenhum grupo de capoeira e que estava doente. QUADRO 2

Atuação dos grupos de capoeira por mesorregião Verificadas as quantidades de grupos de capoeira por município, identificou-se que em Belo Horizonte existem 49 grupos; em Montes Claros, 10; em Juiz de Fora e Uberaba, 09; e em Betim, Contagem e Uberlândia, 08. Esses são os únicos municípios de Minas Gerais que possuem quantidade expressiva de grupos de capoeira, principalmente a capital mineira. Os 430 municípios restantes têm de um a seis grupos, sendo que o número de municípios com apenas um grupo é 304. Dos 389 grupos de capoeira identificados em Minas Gerais, 317 foram fundados no próprio estado, 68 foram criados em outros estados da federação e quatro foram fundados em outros países. Ainda que nem todos os respondentes tenham identificado, durante a pesquisa, a data de criação dos seus grupos, é importante destacar que nove grupos foram criados na década de 1970 (Quadro 3), 32 na década de 1980, 86 na de 1990 e 118 no século XXI. O Quadro 4 apresenta a atuação desses grupos nas mesorregiões de Minas Gerais.

2013 - 20150710191649.pdf (ufmg.br) Vinícius Thiago de Melo HISTÓRIA DA CAPOEIRA DE RUA DE BELO HORIZONTE (1970-1990): MANIFESTAÇÃO CULTURAL, LAZER E POLÍTICA NA SOCIEDADE MODERNA

2016 - capoeira_mineira_brasileira.pdf (ufvjm.edu.br) - Leandro Ribeiro Palhares

- 1700 a 1888: Por quase dois séculos a mão de obra escrava foi utilizada em Minas Gerais para extrair riquezas, especialmente ouro e diamante.

- 1720: Criação da Capitania Hereditária Minas Gerais.

- 1822: Criação da Província de Minas Gerais (substituindo a Capitania Minas Gerais), cuja capital era Vila Rica.

- 1889: Criação do Estado de Minas Gerais (em substituição à Província de Minas Gerais).

- 1907: Nos primeiros anos da primeira década do século XX, surge em Vila Rica (atual cidade de Ouro Preto) o capoeira, valentão e desordeiro Pedro Mineiro.

- 1969: Chegada de Mestre Toninho Cavalieri em Belo Horizonte – momento considerado o marco inicial da capoeiragem na capital mineira

- 1970: Nos primeiros anos da década de 1970 ocorreu o encontro entre os Mestres Toninho Cavalieri e Dunga, na cidade de São João Del-Rey, fato que trouxe Mestre Dunga em definitivo para Belo Horizonte.

- 1983: Primeiro evento de capoeira em Belo Horizonte com um formato já utilizado em outros locais no país: cerimonial, convidados, entrega de graduações, batizado. Até então nenhum capoeirista realizava este tipo de evento na capital mineira.

- 1987: Realização da 1ª Jornada Cultural de Capoeira, na cidade de Ouro Preto reunião capoeiristas de todo o Brasil, em especial a velha guarda da capoeiragem baiana.

- 1988: Realização do I Encontro Mineiro de Capoeira, na cidade de Belo Horizonte, reunindo grandes nomes da 80 capoeira baiana e carioca, além de promover um forte intercâmbio.

- 1990: Criação do jornal impresso Rabo de Arraia, veículo de divulgação exclusiva da capoeira mineira.

- 1991: Criação da Federação Mineira de Capoeira, órgão de representatividade e organização da capoeira. Sua criação contribuiu para a criação da Confederação Brasileira de Capoeira.

- 1995: Realização do I Encontro Internacional de Capoeira, evento que reuniu capoeiristas renomados do Brasil e de diversas partes do mundo e contou com grande audiência e repercussão, inclusive na grade mídia. Foi o primeiro evento de grande porte e internacional realizado na capital mineira.

- 2005: Criação de um novo órgão de representatividade e organização da capoeira: a Federação de Capoeira do Estado de Minas Gerais, a FECAP-MG

Existem indícios dessa prática no ano de 1916, como uma reportagem do jornal As Alterosas, do mês de novembro daquele ano, divulgando o “... Centro de Cultura Physica Olavo Bilac...” (KANITZ, 2011, p. 67), onde a capoeira teria sido praticada. Cabe aqui o mesmo questionamento feito em relação a quem ensinou capoeira a Pedro Mineiro: o capoeirista que ensinaria no referido „Centro de Cultura Physica‟ teria aprendido com quem? Mais uma vez me permito arriscar uma possível resposta: provavelmente com alguém que aprendera em fins do século XIX e/ou início do século XX (haja vista a data da publicação da notícia) – um terceiro fato que vem fortalecer a „teoria‟ que houve práticas de capoeira em Minas Gerais no século XIX e princípios do século XX.

2018 - Conheça a primeira mestra da Capoeira Angola em Minas Gerais: Alcione é uma das poucas que assumiram o posto no Brasil e espera que sua experiência abra portas para mais mulheres

Raíssa Lopes Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) | 08 de Agosto de 2018 /

mestra inaugurou um espaço para viver de cultura popular em Belo Horizonte - Foto: Ronaldo Nina

Com 41 anos, Alcione Alves de Oliveira está ultrapassando barreiras que ainda resistiam na Capoeira Angola do estado. Ela conheceu a prática por incentivo do irmão mais velho, ainda na adolescência, e desde então se encantou e não parou de praticar. Agora ela se tornou mestra e está ao lado de poucas outras mulheres que assumiram o posto no país, como Janja e Paulinha, de Salvador, a Gege, do Rio de Janeiro, e a Elma, do Maranhão. Para se tornar mestre na Capoeira Angola, primeiro é preciso passar pela fase de treinel (quando se é aluno, mas já treina outras pessoas) e depois para contramestre. Hoje existem algumas contramestras angoleiras em Belo Horizonte, mas Alcione também foi a primeira de Minas. “Atualmente, muitas mulheres estão envolvidas com a capoeira, mas ao longo da história os homens foram as lideranças”, comenta. Ao protagonismo masculino, ela atribui vários motivos. Por exemplo, desde pequenos foram incentivados a brincar, correr, explorar o corpo e as milhões de possibilidades de brincadeiras. À mulher, no entanto, era aconselhado se manter protegida, quieta, ficar em casa e se envolver apenas com as tarefas do lar. Para Alcione, isso interfere na maneira como percebemos o corpo, a mente e o que eles têm capacidade de fazer. “A capoeira é um ambiente em que você toca, joga, brinca… É uma vadiação, como a gente fala. E a mulher não podia estar de jeito nenhum nesse lugar. Porém, o mundo está mudando e a capoeira acompanha. Já conseguimos ver como essa prática é um instrumento forte para elas, assim como para os homens, a nível físico, emocional, psicológico”, defende.

Alcione inaugurou há cinco meses um espaço no bairro Floresta, na região central de Belo Horizonte, para viver de cultura popular. Ela reconstruiu o local, e afirma que conquistou o resultado por crer no valor da tradição e da sabedoria ancestral. Em suas aulas, busca repassar o aprendizado que assimilou nessas mais de duas décadas: a visão de mundo da capoeira. “A capoeira tem dois lados. O bem e o mal, o lúdico e o sério. Traz muita coisa para lidar com a vida. São coisas de base para o ser humano”, diz. Outro conhecimento que ela faz questão de transmitir é a importância da insistência e da constância. “Demora, não é fácil. Mas tem a resistência. Tudo que

A

a gente consegue criar uma rotina é bom, segura a gente mais na terra, com o pé no chão. Ajuda a ser mais feliz", ressalta.

Ano 1825\Edição 00036 (1) O Universal (MG) - 1825 a 1842

Ano 1844\Edição 00002 (1) O Mercantil (MG) - 1844 a 1847

Ano 1844\Edição 00014 (1)

Ano 1844\Edição 00023 (1)

OBS: NAS EDIÇÕES SEGUINTES, ATÉ O TÉRMINO DO ANO, HÁ A INFORMAÇÃO DE PRISÃO DE ESCRAVO PRESO POR CAPOEIRA; A MAIORIA, ESCRAVO FUGIDO ESSES ANUNCIOS, DE REPARTIÇÃO DE POLICIA, REPETEM-SE ATÉ 1847

Ano 1851\Edição 00186 (O Conciliador (MG) -1851 Ano 1866\Edição 00011 (1) Constitucional : Jornal Politico, Litterario e Noticioso (MG) - 1866 a 1868 A n o 1 8 5 1\ E di ç ã o 0 0 1 8 6 (1 )
Ano 1867\Edição 00055 (1)
1868\Edição 00026 (1) O Liberal de Minas (MG) - 1868 a 1870
Ano
Ano 1880\Edição 00151 (1) O Baependyano : Folha Scientifica, Litteraria e Noticiosa (MG) - 1877 a 1889
Ano 1885\Edição 00395 (1)
Ano 1887\Edição 00023 (1) O Arauto de Minas : Hebdomadario Politico, Instructivo e Noticioso (MG) - 1877 a 1889

Ano 1891\Edição 00001 (1) Almanak de Juiz de Fora : Publicação Commercial, Industrial, Litteraria, Recreativa, Administrativa, ETC. (MG) – 1891

Ano 1896\Edição 00215 (1) Gazeta de Ouro Fino (MG) - 1892 a 1915

Ano 1899\Edição 00062 (1) Diario de Minas : Propriedade de uma Associação Anonyma (MG) - 1899 a 1901
Ano 1923\Edição 00015 (1) O Abrolho (MG) - 1922 à 1926
1933 – Ano 1933\Edição 00176 (1) Gazeta de Leopoldina (MG) - 1896 à 1960
1945 - Ano 1945\Edição 00021 (1) Vitaminas (MG) – 1945
Ano 1953\Edição 00680 (1) Tribuna de Minas (MG) - 1952 a 1954
1965\Edição 00089 (1) Folha de Nanuque : Um jornal a
(MG) - 1962 a 1967
Ano
serviço da Região
Ano 1978\Edição 00137 (2)
Ano 1978\Edição 04007 (1) O Triângulo (MG) - 1891 a 1979

Ano 1979\Edição 04181 (1) O Triângulo (MG) - 1891 a 1979

Ano 1978\Edição 00544 (1) UFV Informa (MG) - 1977 a 1979

Ano 1979\Edição 00567 (2)

Ano 1979\Edição 00115 (1) Ponto de Vista (MG) – 1979 O Progresso : Orgão de um grupo de alunos da Faculdade de Direito (MG) - 1972 a 1979
Ano 1982\Edição 00003 (1) Vanguarda (MG) – 1982
Ano 1982\Edição 00690 (1) O Correio (MG) – 1982 – SANTA RITA DO SAPUCAÍ Ano 1982\Edição 01032 (1) SF : O Jornal de São Francisco (MG) – 1982
Ano 1993\Edição 01157 (1) Botija Parda (MG) - 1970 a 1997
1995 - Ano 1995\Ano I, nº 1 - 1ª Quinzena de Novembro de 1995 (1)
2005 - Ano 2005\Ano I, nº 10 - 29 de Outubro de 2005 (1)

Maranhão (região inicialmente chamada de Mairi) localizada na Região Nordeste englobando a sub-região Meio-Norte do País. O estado faz divisa com três estados brasileiros: Piauí (leste), Tocantins (sul e sudoeste) e Pará (oeste), além do Oceano Atlântico (norte). Com área de 331 937,450 km² e com 217 municípios, é o segundo maior estado da região Nordeste e o oitavo maior estado do Brasil. Com uma população de 7 153 262 habitantes, é o 11º estado mais populoso do país. A capital e cidade mais populosa é São Luís. Outros municípios com população superior a cem mil habitantes são Imperatriz, São José de Ribamar, Timon, Caxias, Codó, Paço do Lumiar, Açailândia e Bacabal. Em termos de produto interno bruto, é o quarto estado mais rico da Região Nordeste do Brasil e o 17º estado mais rico do Brasil. As principais atividades econômicas são a indústria (o trabalho de transformar alumínio e alumina, celulose, alimentícia, madeireira), os serviços, o extrativismo vegetal (babaçu), a agricultura (soja, mandioca, arroz, milho) e a pecuária. Possui um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país, com 0,687 pontos. Localizado entre as regiões Norte e Nordeste do Brasil, o Maranhão possui o segundo maior litoral do país, resultando em uma grande diversidade de ecossistemas. São 640 quilômetros de extensão de praias tropicais, floresta amazônica, diversas variedades de cerrados, mangues, delta em mar aberto e o único deserto do mundo com milhares de lagoas de águas cristalinas. Também é perceptível, na maior parte do ano(entre os meses de maio a novembro), a seca branda na Microrregião das Chapadas do Alto Itapecuru, acentuadamente em São João dos Patos e Barão de Grajaú. Essa diversidade está organizada em cinco polos turísticos, cada um com seus atrativos naturais, culturais e arquitetônicos. São eles: o polo turístico de São Luís, o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, o Parque Nacional da Chapada das Mesas, o Delta do Parnaíba e o polo da Floresta dos Guarás. Com redução de altitudes e regularidade da topografia, é apresentado um relevo modesto, superior a 90% da superfície inferior a 300 metros. Tocantins, Gurupi, Pindaré, Mearim, Parnaíba, Turiaçu e Itapecuru são os rios mais importantes e pertencem às bacias hidrográficas do Parnaíba, do Atlântico Nordeste Ocidental e do Tocantins-Araguaia O Rei de Portugal Dom João III dividiu a região do Maranhão em duas capitanias hereditárias, que o monarca entregou a Aires da Cunha e Fernando Álvares de Andrade, no ano de 1535 (região descrita como "grande baía com uma ilha"). A partir de então, até os franceses se estabelecerem em 1612 (França Equinocial), o conhecimento da área não foi tomado por Portugal. Em 1615, no contexto da Conquista do Nordeste e Conquista da Amazônia (período de combate as forças estrangeiras que estabeleceram fortificações na região), uma expedição com portugueses e brasileiros partiu da Capitania de Pernambuco, sob ordem do Governador Geral da Armada e Conquista do Maranhão Alexandre de Moura e liderança de Jerônimo de Albuquerque, visando expulsar os franceses e consolidar o domínio português. Como recompensa pelo êxito na empreitada, o General nomeou Jerônimo de Albuquerque Capitão-Mor da Conquista do Maranhão e, em 1621, foi instituído o Estado do Maranhão, por Filipe II de Portugal (e Filipe III da Espanha) no Norte do América Portuguesa, porém instalado em 1626 devido aos conflitos com os holandeses. Sendo o novo Estado uma colônia independente e autônoma do Estado do Brasil, a criação da Capitania do Maranhão ocorreu em paralelo à fundação do Estado do Maranhão, ficando a Capitania subordinação ao Estado. Em 1641, os neerlandeses ocupam a ilha de São Luís, de onde foram expulsos pelos portugueses em 1644 consolidado o domínio português. Em 1654, foi criado o Estado do Maranhão e Grão-Pará, devido ao progresso e ascensão da região de Belém, e a Coroa Portuguesa verificou que tal organização administrativa favorecia apenas aos interesses pessoais de donatários e sesmeiros. Em 1774, o Estado foi dividido em duas unidades administrativas por Marquês de Pombal: o Estado do Maranhão e Piauí e Estado do Grão-Pará e Rio Negro O Maranhão apenas foi conquistado pelo Império do Brasil em 1823, porque Portugal o defendeu muito fortemente, e somente depois que o almirante Lord Cochrane interveio, a pedido de Dom Pedro I. Em 1831, foi irrompida a Setembrada, que pregou que

MARANHÃO – DÉCADA DE 1820

fossem expulsos os portugueses e os frades franciscanos, e, em 1838, a Balaiada, um movimento popular que contrariava a aristocracia rural. A economia declinou devido ao fato de que Princesa Isabel aboliu a escravidão, só vindo à recuperação na época da 1ª Guerra Mundial.

1884 em Turiaçú é proclamada uma Lei – de no. 1.341, de 17 de maio – em que constava: “Artigo 42 – é proibido o brinquedo denominado Jogo Capoeira ou Carioca. Multa de 5$000 aos contraventores e se reincidente o dobro e 4 dias de prisão”. (CÓDIGO DE POSTURAS DE TURIAÇU, Lei 1342, de 17 de maio de 1884. Arquivo Público do Maranhão, vol. 1884-85, p. 124)

2003 Mestre Mizinho, natural de Cururupu, informa que naquela cidade também se praticava uma luta, semelhante a Capoeira, a que denominavam “carioca”:

2005 Dilvan de Jesus Fonseca Oliveira informa que seu avô, falecido aos 92 anos, estivador do Porto de São Luís – Cais da Sagração, Portinho, Rampa Campos Melo – sempre se referia á “capoeira” como “carioca”, luta praticada em sua juventude. Mestre Diniz, nascido em 1929, lembra que “na rampa Campos Melo, quando eu era garoto, meu pai ia comprar na cidade e eu ficava no barco. Eu via de lá os estivadores jogando capoeira”. - em Codó, entre os antigos, a capoeira é denominada de “carioca”.

1697-1702 Mario Meireles – História de São Luís, org. de Carlos Gaspar e Caroline Castro Licar, 2012, edição da Faculdade Santa Fé. Edição póstuma. No capitulo ‘A cidade cresce e é posta sob interdito pelo Bispo (16971702)”, p. 93-99, referindo-se à chegada de D. Timóteo do Sacramento (1697-1702), homem intolerante. Das suas brigas com a população, excomunhões, e enfrentamentos, inclusive físico – brigas nas ruas de seus correligionários e opositores, alguns de outras ordens religiosas, destacamos: “[...] enquanto os escravos de ambos – do Bispo e do Prior – cruzando-se nas ruas tentavam decidir o desentendimento de seus senhores a golpes de capoeira.” (p. 98).

1757 encontrada primeira associação da palavra capoeira enquanto gaiola grande, significando prisão para guardar malfeitores. (OLIVEIRA, 1971, citado por ARAÚJO, Paulo Coelho de. ABORDAGENS SÓCIO-ANTROPOLÓGICAS DA LUTA/JOGO DA CAPOEIRA. (Porto: Instituto Superior Maia, 1997, p. 5).

- Encontrei a citação a que se refere o Mestre Baiano, Catedrático de Capoeira da Universidade de Coimbra em Marcos Carneiro de Mendonça (em “A Amazônia na era Pombalina”. Tomo III. Brasília: Senado Federal, 2005, volume 49-C). Trata-se de uma carta de Mendonça Furtado a seu irmão, o Marques de Pombal – datada de 13 de junho de 1757 -, dando conta da desordem acontecida no Arraial do Rio Negro, com as tropas mandadas àquelas paragens, quando da demarcação das fronteiras entre as coroas portuguesa e espanhola. Afirma que os dois regimentos que foi servido mandar para guarnição eram compostos daquela vilíssima canalha que se costuma mandar para a Índia e para as outras conquistas, por castigo. A maior parte das gentes que para cá era mandada eram ladrões de profissão, assassinos e outros malfeitores semelhantes, que principiavam logo por a terra em perturbação grande:

“[...] que estava uma capoeira cheia desta gente para mandarem para cá [...] sem embargo de tudo, se introduziram na Trafalha, soltando-se só do regimento de Setúbal, nos. 72 ou 73 soldados, conforme nos diz o Tenente-Coronel Luis José Soares Serrão, suprindo-se aquelas peças com estes malfeitores [...] rogo a V. Exa. queira representar a Sua Majestade que, se for servido mandar algumas reclutas (sic), sejam daqueles mesmos homens que Sua majestade, ordenou já que viesse nestes regimentos, e que as tais capoeiras de malfeitores se distribuam por outras partes e não por este Estado que se está criando [Capitania do Rio Negro] [...]” (p. 300). (grifos do texto).

1820 registra-se nesta década referência a “punga dos homens”, jogo que utiliza movimentos semelhantes à capoeira.

1825 Em “O Censor”, edição de 24 de janeiro - Garcia de Abranches ao comentar o posicionamento político do Marques governante – Lord Cockrane – compara alguns portugueses com os desocupados do Rocio – em sua maioria caixeiros – que “pela sua péssima educação, muitos brancos da Europa são tão vis, e tão baixos, como esses mulatos que andam a espancar, a roubar e a matar, pelas ruas da Cidade...” (p. 12-13). Estaria o Censor referindo-se aos capoeiras?

1829 registram-se certas atividades lúdicas dos negros. Nesse ano é publicado no jornal “A Estrela do Norte” a seguinte reclamação de um morador da cidade: “Há muito tempo a esta parte tenho notado um novo costume no Maranhão; propriamente novo não é, porém em alguma coisa disso; é um certo Batuque que, nas tardes de Domingo, há ali pelas ruas, e é infalível no largo da Sé, defronte do palácio do Sr. Presidente; estes batuques não são novos porque os havia, há muito, nas fábricas de arroz, roça, etc.; porém é novo o uso d’elles no centro da cidade; indaguem isto: um batuque de oitenta a cem pretos, encaxaçados, póde recrear alguém ? um batuque de danças deshonestas pode ser útil a alguém ? “(ESTRELLA DO NORTE DO BRASIL, n. 6, 08 de agosto de 1829, p. 46, Coleção de Obras Raras, Biblioteca Pública Benedito Leite)

1835 na Rua dos Apicuns, local frequentado por "bandos de escravos em algazarra infernal que perturbava o sossego público", os quais, ao abrigo dos arvoredos, reproduziam certos folguedos típicos de sua terra natural:“A esse respeito em 1855 (sic) um morador das imediações do Apicum da Quinta reclamava pelas colunas do 'Eco do Norte" contra a folgança dos negros que, dizia, 'ali fazem certas brincadeiras ao costume de suas nações, concorrendo igualmente para semelhante fim todos pretos que podem escapar ao serviço doméstico de seus senhores, de maneira tal que com este entretenimento faltam ao seu dever...' (ed. de 6 de junho de 1835, S. Luís.” (ECCHO DO NORTE – jornal fundado em 02 de julho de 1834, e dirigido por João Francisco Lisboa, um dos líderes do Partido Liberal. Impresso na Typographia de Abranches & Lisboa, em oitavo, forma de livro, com 12 páginas cada número. Sobreviveu até 1836 in VIEIRA FILHO, 1971, p. 36).

- Mestre Militar afirma que a capoeira no Maranhão tem seu início em 1835 (Costa, 2009) 41

1843 o Diretor da Casa dos Educandos Artífices do Maranhão em relato ao Presidente da Província informava que havia “um outro problema”: a segurança dos alunos e do patrimônio da casa, em razão da existência de vários capoeiras, entre eles negros escravos, alguns fugitivos do interior da província e outros alforriados, o que resultava em atos de violência cotidianos, pela falta de intervenção policial no local. Sobre os Capoeiras reclamava esse Diretor:

“Capoeiras que nem os donos das tavernas derrubam, nem a Câmara Municipal os constrange a derrubar, apesar das proximidades em que estão a respeito da Cidade cometessem por aqui crimes de toda a qualidade que por ignorados ficam impunes, tendo já sido espancado gravemente um quitandeiro, e já são muitas as noites em que daqui ouço pedir socorro, sendo uma destas a passada, na qual, às nove horas e quinze minutos, estando todos aqui já em repouso, ouvi uma voz que parecia de mulher ou pessoas moças, bradar que lhe acudissem que a matavam, e isto por vezes, indo aos gritos progressivamente a denotarem que o conflito se alongava pelo que pareceu que a pessoa acometida era levada de rojo por outra de maiores forças, o que apesar da insuficiência dos educandos para me ajudarem, atendendo as suas idades e robustez, e não tendo mais quem me coadjuvasse, não podendo resistir à vontade de socorro a humanidade aflita e não tendo ainda perdido o hábito adquirido na profissão que sigo, chamei dois educandos dos maiores e com eles mal armados, sai a percorrer as mediações desta casa, sem que me fosse possível descobrir coisa alguma, por que antes que pudesse conseguir por os ditos educandos em estado de me acompanharem, passou-se algum tempo e durante ele julgo que a vítima foi levada pelo seu perseguidor para longe daqui. Estes atentados são praticados pelos negros dos sítios que há na estrada que em consequência da má administração em que os tem, andam toda a noite pela mesma estrada, praticando tudo quanto a sua natural brutalidade lhe faz lembrar, e se V. Exa. se não dignar de tomar alguma providência a este respeito parece-me que não só a estrada se tornará intransitável de noite, como até pelo estado em que existem só os negros dos sítios e os vindos da Cidade se reúnem, entregues à sua descrição, podem trazer consequências mais desagradáveis [...] o que falo é para prevenir que este estabelecimento venha a ser insultado como me parecesse muito provável em as cousas como se acham. (FALCÃO, 1843). (citado por CASTRO, 2007, p. 191-192).

A Casa dos Educandos Artífices estava alojada em um edifício construído ainda no Século XVIII, situado num ambiente de “ares agradáveis, liberdade própria do campo, vista aprazível e fora do reboliço da cidade”, entre o Campo do Ourique e o Alto da Carneira – hoje, Bairro do Diamante, ocupado pelo Ministério da Agricultura. O Autor do relatório, José Antônio Falcão, era tenente-coronel reformado do Exército, e havia assentado praça em São Luís, juntamente com seu irmão Feliciano Antônio Falcão, em 1831, como cadete no Regimento de Linha. Antônio Falcão foi o organizador da Casa dos Educandos Artífices, e seu diretor no período de 1841 a 1853. Já Feliciano Antônio Falcão, seu irmão, comandou a força expedicionária para combater os Balaios em Icatu e comandou a terceira tropa por ordem de Luis Alves de Lima e Silva, depois Duque de Caxias, entre as localidades de Icatu e Miritiba (hoje, Humberto de Campos), até o fim da Balaiada. (CASTRO, 2007, p. 184). Cumpre lembrar que estes alertas foram feitos no ano de 1843, apenas um ano após o término da Balaiada –iniciada em 1838, originada com as lutas dos quilombolas na área de Codó (Distrito do Urubu) como antecedentes à eclosão da Revolta, até a condenação do Negro Cosme, em 184242, estando envolvidos vários capoeiras, entre eles negros escravos, alguns fugitivos do interior da província e outros alforriados. Seriam esses Capoeiras remanescentes da Balaiada?

1860 A IMPRENSA - CH RIBEYROLLES. VARIEDADES. A Fazenda (continuação do numero anterior), São Luis, 29 de setembro de 1860, p. 2 publica um artigo, dividido em partes, que apareceram em várias edições, como era costume na época, sob o titulo A FAZENDA:

41 COSTA, C. A. A. História da Capoeira no Maranhão. In: <http://associaogrupokdecapoeira.blogspot.com/2009/07/capoeira-domaranhao.html>.

42 ARAÚJO, Maria Raimunda (org.). Documentos para a história da Balaiada. São Luís: FUNCMA, 2001

Jogos e danças dos negros – No sábado à noite, depois do ultimo trabalho da semana, e nos dias santificados, que trazem folga e repouso, concede-se aos negros uma ou duas horas para a dança. Reúnem-se então no terreiro, chamam-se, grupam-se incitam-se, e a festa começa. Aqui, é a capoeira, espécie de dança física, de evoluções atrevidas e guerreiras, cadenciada pelo tambor do Congo; ali o batuque, posições frias ou lascivas, que os sons da viola aceleram ou demoram: mais além tripudia-se uma dança louca, na qual olhos, seios, quadris, tudo fala, tudo provoca; espécie de frenesi convulsivo e inebriante a que chamam lundu.

Alegrias grosseiras, volúpias asquerosas, febres libertinas, tudo isto é nojento, é triste, porém os negros apreciam estas bacanaes, e outros aí encontram proveito. Não constituirá isto um sistema de embrutecimento?“. 1861 publicado em A IMPRENSA - OS ILUMORISTAS. PÁGINAS SOLTAS: o Sr. Primo, o Serafim e o Cavallo preto de Sua Excia., p. 4, de 11 de dezembro de 1861 o seguinte: “[...] Serafim é um jovem de cara lavada, moreno, barba a lord Raglan, desempenado de capoeira, e andar de cahe a ré, como marinheiro tonto, ou redactor do Porto Livre, nas horas em que o sol procura as ondas do mar [...]”

1863 Josué Montelo, em seu romance “Os degraus do Paraíso”, em que trata da vida social e dos costumes de São Luis do Maranhão, fala-nos de prática da capoeira neste ano de 1863 quando da inauguração da iluminação pública com lampiões de gás; ao comentar as modificações na vida da cidade com as ruas mais claras durante a noite: "Ninguém mais se queixou de ter caído numa vala por falta de luz. Nem recebeu o golpe de um capoeira na escuridão. Os antigos archotes, com que os caminhantes noturnos iluminavam seus passos arriscados, não mais luziram no abandono das ruas."

O que é confirmado por VIEIRA FILHO (1971) quando relata que no famoso Canto-Pequeno, situado na Rua Afonso Pena, esquina com José Augusto Correia, era local preferido dos negros de canga ou de ganho em dias de semana, com suas rodilhas caprichosamente feitas, falastrões e ruidosos. Em alguns domingos antes do carnaval, costumavam um magote de pretos se reunirem em atordoada medonha, a ponto de, em 1863, um assinante do "Publicador Maranhense" reclamar a atenção das autoridades para esse fato.

Mario Meireles – Historia de São Luis, org. de Carlos Gaspar e Caroline Castro Licar, 2012, edição da Faculdade Santa Fé. Edição póstuma, no capitulo referente ao Serviço de iluminação pública (1863-1918), p. 222-225, referindose a falta de iluminação nas ruas, em que era dado toque de recolher às 21 horas, com o repicar dos sinos: “Os que não atendiam ao oportuno aviso dado pelos sinos, corriam o risco, aventurando-se mergulhados nas trevas das ruas estreitas, de ir ao desagradável encontro de animal vagabundo ou de defrontar um capoeira encachaçado, se não de emparelhar com um negro escravo que levasse à cabeça um daqueles fétidos tigres –que iam ser despejados na maré mais próxima.” (p. 222).

1877 MARTINS (1989). In ESPORTES: UM MERGULHO NO TEMPO. São Luís: (s.n.), aceita a capoeira como o primeiro “esporte” praticado em Maranhão tendo encontrado referência à sua prática com cunho competitivo por volta de 1877.

"JOGO DA CAPOEIRA

"Tem sido visto, por noites sucessivas, um grupo que, no canto escuro da rua das Hortas sair para o largo da cadeia, se entretém em experiências de força, quem melhor dá cabeçada, e de mais fortes músculos, acompanhando sua inocente brincadeira de vozarios e bonitos nomes que o tornam recomendável à ação dos encarregados do cumprimento da disposição legal, que proíbe o incômodo dos moradores e transeuntes". (179).

1883 PACOTILHA – 24 fev. –“Publicações a pedido: Negócios do Maranhão: [...] Outro facto do correspondente Eugenio Pavolide é de um preto capoeira, quem em junho passado, pôz em sobressalto a praça do Mercado e ruas adjacentes. Espancara um pobre homem e também as praças da policia [...]Até lá que viva que viva entregue à defesa dos Pavolides, os quais um deles talvez saldoso, o espera no hotel onde neste momento começou a purgar as suas façanhas de capoeira...”

- PACOTILHA - 17 mar. – “(...) Pelas linguagens e pelas expressões de que nos temos servido nas diversas vezes que temos vindo à imprensa discutir negócios daquella sociedade evidencia-se que não temos aprendizagem de capoeira e nunca descemos ao circo de operações physicas.”.

PACOTILHA - 25 junho – “(...) Os outros vaiaram no. Afinal accudiram em chusmas. Genibaldo fazia milagres de capoeira, sem conseguir approximar se delles, que o instigavão.”

- PACOTILHA – 20 ago. – “(...) No sábbado a noite um marinheiro da “Lamego” fez proezas no largo do Carmo (...) Armando de cacete, fazia trejeitos de capoeira e dizia a uns soldados de policia – que chegasse, que elle queria esbodegar um, dar muita pancada (...)”.

- PACOTILHA - 25 set. “(...) sem mais interrogações, pó-se na perna, à frente da tropa, a sacudir o corpo n’ uns movimentos de capoeira, gingando de alegria e enchendo o ar de assovios silvantes.”

1884 PACOTILA – 31 mar. “ O magarefe Serafim, um crápula de força, cheio de insolência (...) Mas sendo o Serafim um capoeira traquejado, sahiu incólume da pendencia”.

- PACOTILHA – 21 jun: “THEATRO SÃO LUIZ 22 DE JUNHO DE 1884 – Terceiro e ultimo espetáculo – função de D. Máxmo Rodriguez, o invencível Sansão do Seculo XX – primeiro Hercules do mundo... terminará o espetaculo com o”

- PACOTILHA – 31 jul. “N’uma estação de urbanos: - Sr. Tenente, tenho seguro um capoeira. – Traga-o a minha presença. – Bem o quero fazer, meu tenente, mas o maldito não me quer largar.”

1885 PACOTILHA – 31 out. – em crônica acerca de estreia de uma peça de Artur Azevedo, no Rio de Janeiro – O mandarim – o comentarista refere-se aos tipos e a interpretação dos artistas: “(...) Barreto não foi infeliz em alguns tipos - o do capoeira e o do Jornal do Commercio optimos”.”

- PACOTILHA – 30 nov. – sobre o lançamento da nova obra de Aluizio de Azevedo:

1886 – PACOTILHA – 22 mai. -

1887 PACOTILHA – 17 set. 1888 PACOTILHA - 6 fev.

1889 PACOTILHA 23 jul. -

- No mês de julho desse mesmo ano teriam ocorrido outras duas conferências em que os republicanos foram apedrejados pelos libertos de 13 do maio (denominados capoeiras) insuflados pelos monarquistas. (Fonte: Luiz Alberto Ferreira - Escola Caminho das Estrelas O MOVIMENTO REPUBLICANO NO MARANHÃO - 1888-1889).

1890 PACOTILHA – 27agosto
1899 PACOTILHA 14 jun, em Carolina

PACOTILHA 15 fev. em Cururupu

SÉCULO XX
1900

- PACOTILHA 20 mai, sobre a passagem de um cometa:

1901 PACOTILHA 24 jan – Um conto de Viriato Correa:

- JORNAL A CAMPANHA 20 set, p. 2 in “Sombrinhas – [...] Si tu fores homem, salta pr’á cá, torneou Eudamidas, tirando o palitot, e fazendo gestos de capoeira”.

1903 JORNAL A CAMPANHA 04 set, p. 2 in “Traças e Troças – de Geraldo Cunha: [...] Meus senhores, apesar de minha horripilante figura, do meu gingado de capoeira que faz lembrar o andarzinho do Godois, sempre me soube colocar na sociedade do homem [...]”.

1902 PACOTILHA 21 abr.
1904 PACOTILHA 16 fev. uma crônica: O Travesseiro:
1909 – PACOTILHA 14 jun. JIU-JITZU: Noticia sobre a luta de Ciriaco com Maeda, ocorrida no Rio de Janeiro e adequação da Capoeira como luta nacional: 1911 DIÁRIO DO MARANHÃO 3 mar. PUF

NASCIMENTO DE MORAES, em uma crônica que retrata os costume e ambientes de São Luís em fins do século XIX e início do XX, publicada em 1915, utilizam o termo capoeiragem:

“A polícia é mal vista por lá, a cabroiera dos outros também não é bem recebida e, assim, quando menos se espera, por causa de uma raparigota qualquer, que se faceira e requebra com indivíduo estranho ali, o rolo fecha, a capoeiragem se desenfreia e quem puder que se salve”. (NASCIMENTO DE MORAES. Vencidos e Degenerados. 4 ed. São Luís : Cento Cultural Nascimento de Moraes, 2000, p. 95).

Em outro trecho é mostrada com riqueza de detalhes uma briga, identificada como sendo a capoeira:

“Ninguém melhor do que ele vibrava a cabeça, passava a rasteira. Armado de um ‘lenço’ roliço e pesado, espalhavase com destreza irresistível, como se as suas juntas fossem molas de aço. Força não tinha, mas sabia fugir-se numa escorregadela dos pulsos rijos que avidamente o tentassem segurar no rolo. Torcia-se e retorcia-se, pulava, avançava num salto, recuava ligeiro noutro, dava de braço e pés para a direita e para a esquerda, aparando no ‘lenço’ as pauladas da cabroiera, que o tinha à conta dos curados por feiticeiros de todos os males. Atribuíam-lhe outros, a superioridade na luta, a certos sinais simbólicos feitos em ambos os braços, sinais que Aranha, muito de indústria, escondia ao exame dos curiosos, o que lhe aumentava o valor”. (in MARTINS, Nelson Brito. UMA ANÁLISE DAS CONTRIBUIÇÕES DE MESTRE SAPO PARA A CAPOEIRA EM SÃO LUÍS. São Luís: UFMA, 2005. Monografia de Graduação em Educação Física (Licenciatura), defendida em abril de 2005

1918 O JORNAL – 27 abr. – A ESMO “Não a duvida: o Maranhão conquistou agora um dos elementos civilizadores de que carecia para ser uma cidade genuinamente moderna. (...) Já tínhamos, é certo, muitos outros: a pedra da memória, os bondes, o cais, o sorvete em carrocinha, a guarda noturna, o refresco de maracujá chupado por canudo, etc, etc. (...) No gênero esporte tínhamos já o foot Ball, com jogos adjacentes e diversões anexas,e já tivemos até a luta romana. (...) Faltava o Box. (...) Pois vamos ter o Box! [...] Acho que a coisa ficaria melhor assim: o Smith de maiollot e luvas de coiro, boxando; o João Pedro, de calça arregaçada e chapéu a ré, espalhando-se na cabeçada e na rasteira...

Ai sim o meu entusiasmo vibraria, como vibrou quando eu li, nos telegramas da imprensa, aquela excelsa vitoria que, no Rio, sobre um mestre japonez de jiu jitsu, ganhou um capoeira do bairro da Saude, por meio de um genial e glorioso rabo de arraia! [...]”

- O JORNAL - 18 jul – Como se conta a História “Há muito o Martiniano Santos apregoava o seu incomensuaravel valor na capoeira, no rabo de arraia, etc. No bairro da Camboa ele era tido e havido como o campeão e, por isso, temido e respeitado em extremo. ([...]”

1920 O JORNAL – S. Paulo e os Jogos Olympicos da Antuerpia – [...] Em todas as (lutas) que conheço, que são, o jiu jitsi, a greco-romana, a livre, as cat-as-catche-can, a turca e até a ... capoeira se quizessem um numero genuinamente brasileiro.[...]”

- DIÁRIO DE SÃO LUIZ, 02 de dezembro –“Nos meandros da politicagem – O Urbano diz que tem medo do Machado e não confia no Domingues, o primeiro porque é um estratégico, o segundo porque é um capoeira ”

1921 O JORNAL – 1 fev - Entreatos “[...] Dei-lhe esperanças, v. avançou, pulou daqui pra acolá, fez capoeira e veio afinal, envergonhado, cair debaixo da verdade. [...]

- PACOTILHA 18 OUT – DESPORTOS

1915

1922 O JORNAL – 3 jun – A INCONFIDENCIA DO ICARAHY – Jil Veloso: “[...] Porque, Oldemar de Lacerda, cedo ou tarde, é fatal, fará de Sansão na tragicomédia reaccionaia. Não a (?) templos, compensal-o á, contudo que desbarate a barricada do messias de Pindotiba, a coices de capeira enfezado...”.

- DIÁRIO DE SÃO LUIZ, 26 de agosto –“Os industriaes de commissões – [...] Já o burocrata, entre apavorado e espavorido, enxugara, por tres vezes, o suor escachoante do rosto e mãos, quando o Chico Páo Pombo aproximando-se-lhe, em requebros de capoeira aposentado, propoz -: Prá que lado qué aderná, seo dotô!? (...) E, estendendo-lhe o braço esquerdo à altura do hombro direito, acurvou-se, rápido, para a direita – joelhos em flexão – e, retezando a perna d’esse flanco, impulsionou-a em sime-circulo para a frente! (...) E quando o pé de Páo de Pombo tocou o artelho esquerdo do misero Sancho, toda a assistência applaudiu, freneticamente, a queda desastrada de seu corpo cevado e flácido como uma bola de borracha... “.

- DIÁRIO DE SÃO LUIZ, 06 out –“Guarda Avançada – Hontem, às 21 horas, os senhores Carlos Burnett e Murilo Serra foram estupidamente agredidos por um guarda civil que terminou por convidar aqueles senhores para um ‘joguinho’ de capoeira ali mesmo na Praça Deodoro onde se deu o facto. (...)”

1923 DIÁRIO DE SÃO LUIZ, 23 ago –“Um sportmen excêntrico – O quitandeiro da rua dos Affogados, canto com a da Cruz, tem lá as suas excentricidades. A de nosso homem, porém, não é das mais plausíveis, dado o seu gênero: insuflar garotos de pouca idade para “treinarem” o “box” e a capoeira, etc.(...) Hontem, às 18:15 horas tivemos ocasião de assitir um desses desagradaveis “treinos”, em sua casa comercial, por dois pequenos que ali foram comprar kerozsene e outros gêneros. (...) A assistência era enorme e composta dos mais intrangisentes ‘habiutés’. O exercício era um mixto de capoeira e ‘box’ importando em sérias quedas no chão encimentado [...]”.

- A PACOTILHA – 05 set – OS DESORDEIROS

1924 – PACOTILHA – UMA REVELAÇÃO - A PACOTILHA – 02 AGO – UMA TRADIÇÃO QUE DESAPARECE – O ULTIMO CAPOEIRA... 1925 DIÁRIO DE SÃO LUIZ, 31 jan –“LITERATURA – Serenata – [...] Assentados em bancos, numa bizarria interessante, estavam o Militão Gallinha, desdentado e morfanho, o Zezinho Côxo, o compadre Paulo – o Rei da Capoeira -, o Nenê de Adriana, o Paulinho das abacattelas e outros.”
1927 – 08 SET – NA POLICIA E NAS RUAS

ANOS 30/40 Mestre Firmino Diniz – nascido em 1929 – que é considerado o mestre mais antigo de São Luís, teve os primeiros contatos com a capoeira na infância, através de seus tios Zé Baianinho e Mané. Lembra ainda de outro capoeirista da época de sua infância, Caranguejo; Mestre Diniz teve suas primeiras lições no Rio de Janeiro com “Catumbi”, um capoeira alagoano. Diniz era o organizador das rodas de capoeira e foi um dos maiores incentivadores dessa manifestação na cidade de São Luís.

1928 – PACOTILHA – 08 MAI
1933 NOTICIAS 14 jul – JANUARIO MIRANDA – Junius Victor:

1948 DIÁRIO DE SÃO LUIZ, 23 jul –“A OBRA SOCIAL DO P.S.T. – [...] Essa atitude desprimorosa, que caracterisa antes de tudo a mentalidade de capoeira dos seus autores, vem mostrar ao Maranhão e ao Brasil que aqui, na terra gonçalvina (...)”

ANOS 50 –Firmino Diniz conheceu a capoeira ainda na primeira metade do século XX no Maranhão, deu prosseguimento ao seu aprendizado no Rio de Janeiro com o Ms Catumbi, e retorna à São Luís, ainda nos anos 50. Anos depois se tornou um dos maiores incentivadores da capoeira ao popularizar a arte em infindáveis rodas que realizava nas ruas e praças de São Luís (PEREIRA, Roberto Augusto A. Roda de Rua: memórias da capoeira do Maranhão da década de 70 do século XX. São Luís: EDUFMA, 2009.

ANOS 60 “Renascimento” da capoeira em São Luís, com a chegada de ROBERVAL SEREJO no início dos anos 60. Criação do Grupo “Bantus”, do qual participavam, além de Mestre Roberval Serejo (graduado por Arthur Emídio); Mestre Diniz (aluno de Catumbi, de Alagoas), Mestre Jessé Lobão (aluno de Djalma Bandeira), de Babalú; Gouveia [José Anunciação Gouveia]; Ubirajara; Elmo Cascavel; Alô; Patinho [Antonio José da Conceição Ramos]; e Didi [Diógenes Ferreira Magalhães de Almeida].

1965 Mestre Paturi (Antonio Alberto Carvalho, nascido em 1946, o Mestre mais velho em atuação, hoje), inicia-se na Capoeira com os Mestres Manoelito e Leocádio, e após a chegada de Mestre Sapo, passa a treinar com este. Foi o primeiro a registrar uma Associação de Capoeira (?).

- MONTELO, Josué. OS DEGRAUS DO PARAÍSO. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1965.

1966 Mestre Canjiquinha [Washington Bruno da Silva, 1925-1994], e seu Grupo Aberrê passam pelo Maranhão, apresentando-se em Bacabal, no teatro de Arena Municipal; e em São Luís do Maranhão: Palácio do Governador; Jornal Pequeno; TV Ribamar; Residência do Prefeito da capital; Ginásio Costa Rodrigues. (in REGO, Waldeloir. Capoeira Angola: ensaio sócio-etnográfico. Salvador :Itapuã, 1968). Acompanhavam Mestre Canjiquinha Sapo [Anselmo Barnabé Rodrigues]; Brasília [Antônio Cardoso Andrade]; e Vitor Careca, os três, ‘a época, menores de idade: - Locais das exibições de Canjiquinha fora da Bahia, dentre elas: “1966 – Maranhão – Bacabal, no teatro de Arena Municipal; São Luís do Maranhão: Palácio do Governador; Jornal Pequeno; TV Ribamar; Residência do Prefeito da Capital; Ginásio Rodrigues Costa”. (Rego, 1968, p. 277 citado por MARTINS, 2005) 43 .

Capoeira no ginázio Será, finalmente, hoje, no Ginázio Costa Rodrigues, a exibição de Canjiquinha o rei da capoeira baiana que juntamente com Brasília, Careca e Sapinho formam um discutido quarteto... Entusiasmo do Governador

1935 A PACOTILHA 24 JAN – ‘BOM CRIOULO’ – nascimento Moraes – critica a livro de Adolpho Caminha:
43 Obra citada

Sexta-feira última Canjiquinha e seus colegas fizeram uma demonstração no Palácio dos Leões para o governador José Sarney e sua família... (JORNAL PEQUENO, 16 de junho de 1966, citado por MARTINS, 2005) 44;

FOI SUCESSO ABSOLUTO A APRESENTAÇÃO DOS CAPOEIRISTAS BAIANOS

Na noite de ante ontem, foi realizada a primeira apresentação em público dos "capoeiristas da Bahia" que se encontram em São Luís, tendo a apresentação dos mesmos agradado a seleta platéia que compareceu ao ginásio coberto do Campo do Ourique.

Aplaudido delirantemente Os "capoeiristas" foram aplaudidos delirantemente pelo público, durante a hora e meia de apresentação de um sem números da luta de "capoeira" e do folclore africano, o que veio demonstrar o alto grau cultural do nosso público, para apresentações dessa espécie, quando <<Canjiquinha>> mais uma vez com seus pupilos brilharam em seus esmerados trabalhos.

Nova apresentação

Dado o êxito alcançado artisticamente pelos representantes baianos no esporte-folclore da "capoeira", os patrocinadores da referida temporada resolveram fazer nova apresentação, desta vez na noite de domingo vindouro, proporcionando assim que maior número de ludovicenses possam presenciar a difícil arte de luta de <<capoeira>>, que cada dia vem tomando vulto em todo o território nacional, no emprego da defesa pessoal.(O IMPARCIAL, 18 de junho de 1966, citado por MARTINS, 2005)45 . 1968 primeira academia de capoeira em São Luís, chamada de Bantu; liderada por Roberval Serejo, um escafandrista da Marinha que aprendeu capoeira no Rio de Janeiro e que veio para o Maranhão nos anos 60. Roberval aprendeu capoeira com um mestre Arthur Emídio, baiano de Itabuna. Desde então, a capoeira deixou de ser praticada em frente ao boteco de cachaça e quitanda, e começou a ganhar novos espaços em escolas, ginásios e academias de ginástica. A academia Bantu funcionou até 1970, ano em que Roberval Serejo faleceu quando mergulhava a trabalho na construção do Porto do Itaqui de São Luís. Depois de Roberval Serejo, Anselmo Barnabé Rodrigues, o mestre Sapo, passou a ser a maior referência na capoeira angola de São Luís, já que os alunos do mestre Roberval passaram a treinar com Sapo (Martins, 2005, pág. 36 in REVISTA CAMBIASSU Ano XVIII, Nº 4 - Janeiro a Dezembro de 2008).

- Mestre Sapo retorna ao Maranhão, para ensinar capoeira. Vai se tornar a maior referência da capoeira do Maranhão, formando inúmeros alunos e graduando vários mestres, até sua morte, em 1982:

“Mestre Pato pontua que, durante a passagem do grupo de Canjiquinha, denominado quarteto Aberrê, em homenagem ao seu Mestre, Canjiquinha recebeu uma proposta de Alberto Tavares - um membro do Governo na época - e do professor de boxe Tacinho, para que deixasse um de seus alunos na cidade no intuito de implantar a capoeira na capital. Foi então que Sapo (Anselmo Barnabé Rodrigues) voltou com o grupo para Salvador para pedir autorização para seu pai, pois ainda era menor de idade (tinha 17 anos), retornando em seguida a São Luís para ensinar capoeira.” (MARTINS, 2005) 46 .

ANOS 1970 As rodas de rua de São Luís continuaram acontecendo durante boa parte da década de 70, lideradas pelo Mestre Diniz e freqüentada pelos capoeiras remanescentes da Bantu e pelos alunos mais velhos e experientes do Mestre Sapo, como: Jessé, Alô, Loirinho e Manuel Peitudinho. Segundo Mestre Pato, Mestre Sapo proibia seus alunos mais jovens de participarem das rodas de rua, pois os que a freqüentavam eram os que já tinham mais autonomia.

As rodas de rua aconteciam em vários pontos da cidade, como o Parque do Bom Menino, Madre Deus e Praça Gonçalves Dias, mas o local preferido era a Praça Deodoro. Segundo Mestre Patinho, essas rodas eram muito violentas e havia uma estreita relação de alguns participantes com a criminalidade. Daí a preocupação do Mestre Sapo em relação à participação de seus alunos nessas rodas. A partir de 1970, Mestre Sapo começou a formar seu grupo de capoeira, passando a ministrar aulas em uma academia de musculação localizada na Rua Rio Branco; é também nesse ano que se dá a morte de Roberval Serejo; seus alunos, da academia Bantú, passam a treinar com Mestre Sapo:

“[...] faziam parte do grupo os alunos Manuel da Graça de Jesus da Silva (Manuel Peitudinho), “Alô”, “Elmo” e Antônio José da Conceição Ramos (Patinho), de acordo com o testemunho de Mestre Patinho”. Seu Gouveia contou que a academia Bantu funcionou até aproximadamente 1970, data suposta em que o Mestre Roberval Serejo faleceu, enquanto mergulhava a trabalho na construção do Porto do Itaqui.” (MARTINS, 2005)47

1971 a Secretaria de Educação e Cultura do Estado, através do Departamento de Educação Física, Esportes e Recreação – DEFER/SÉC – coordenado por Cláudio Antônio Vaz dos Santos, criou um projeto que consistia na implantação

44 Obra citada 45 Obra citada 46 Obra citada 47 Obra citada

de várias escolinhas de esportes no Ginásio Costa Rodrigues. Dentre as atividades esportivas, estava a capoeira, e o Mestre Sapo fora convidado para ministrar as aulas. A partir desse momento, houve um crescimento muito grande do número de praticantes de capoeira em São Luís. Havia várias turmas que funcionavam com aproximadamente 30 alunos cada. Mestre Sapo deu aula nessas turmas até o seu falecimento em 1982, mesmo com as trocas de Governos e Coordenadores:

Mestre Sapo passou a dar um caráter esportivizante à capoeira ensinada no supracitado ginásio, minimizando sua conotação enquanto manifestação da cultura popular. Atribuiu-se a esse processo de esportivização, dentre outros fatores, os objetivos do projeto e o contexto no qual estavam inseridos o mundo da educação física e o esporte, em que eram realizadas várias outras atividades como futsal, vôlei, handebol, basquete e caratê.

Diante desse contexto, Mestre Sapo passou a sistematizar as aulas, adotando o uso de uniformes, e deu muita ênfase à preparação física dos alunos. Segundo Mestre Índio (Oziel Martins Freitas), ele utilizava exercícios como corrida, polichinelo e flexões para essa preparação

Mestre Sapo se ele se definia como angoleiro ou regional, encontramos o seguinte: 9 alunos responderam angoleiro e os outros 6 responderam que ele não se definia unicamente como angola ou regional, pois ensinava as duas vertentes. De acordo com Antônio Alberto de Carvalho (Mestre Paturi), ele falava em capoeira de angola, mas ensinava misto, ou seja, angola e regional. Segundo o Mestre Pato, ele se definia somente como capoeira e que ensinava “as três alturas, as três distâncias e os três ritmos”. Nestes aspectos, ele se referia ao jogo alto, baixo e médio; ao longe, perto e o médio; e aos toques de angola (lento), São Bento pequeno (médio) e São Bento grande (acelerado).

Acreditamos que esses fundamentos em capoeira que Mestre Sapo praticava são heranças de seu Mestre (Canjiquinha) que também os usava, de acordo com a confirmação de Mestre Pato. Além dessas influências, Mestre Sapo utilizava alguns movimentos da Capoeira Regional que ganhou muito mais projeção na década de 70 do que a de angola. (MARTINS, 2005) 48

Em uma de suas viagens, no final dos anos 70, Mestre Sapo, conheceu o Mestre Zulú, em Brasília. Foi quem o graduou Mestre. A partir de então, Mestre Sapo implantou em São Luís o sistema de graduação, através de cordas ou cordel, seguindo as cores adotadas pelo Mestre Zulú. Mas quem o iniciou na capoeira foi Mestre Pelé de Salvador [Natalício Neves da Silva, nascido em 1934]

1972 Mestre Índio: “Quando eu comecei em 1972 até 1984, a capoeira era marginalizada dentro de São Luís, que todo capoeira era vagabundo, marginal, maconheiro, desordeiro”. (in SOUSA, Augusto Cássio Viana de Soares. A capoeira em São Luís: dinâmica e expansão no século XX dos anos 60 aos dias atuais. 72 f. Monografia (Graduação em História) – Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2002)

1976 A CAPOEIRA e sua origem. O Imparcial. São Luís, 20 fev. 1976.

1977 - Academia de Capoeira Angola Tombo da Ladeira. Regis de Sá Almeida conhecido como “Gavião”, é o responsável pela Academia. O estilo de capoeira adotado pelo grupo é a capoeira angola, justificado pelo uso dos fundamentos e a tradição dos movimentos. Gavião nasceu e cresceu no bairro do Desterro e, em 1977, juntamente com um grupo de jovens da Igreja do Desterro, conheceu a capoeira. A trajetória de Gavião na capoeira é parecida com a de muitos mestres e professores daqui de São Luís. Já foi aluno de Mestre Sapo64 e Mestre Patinho65, viajou para Rio de Janeiro, São Paulo, e Salvador em busca de novos conhecimentos.

1978 Mestre Sapo, juntamente com o seu discípulo Pato, participaram do primeiro troféu Brasil, o que seria o primeiro campeonato brasileiro de capoeira, promovido pela Confederação Brasileira de Boxe (CBB). Ambos foram vicecampeões em suas respectivas categorias, sendo que o resultado do Mestre Sapo foi muito contestado pelo público e pelos Mestres presentes, fazendo com que a organização do evento lhe homenageassem com uma medalha de ouro.

Nesse período, já aconteciam várias competições de capoeira pelo Brasil, assim como encontros, simpósios e seminários, com o objetivo de organizar e regulamentar a capoeira e suas competições. O Mestre Sapo, por sua vez, sempre viajava para esses eventos e sua participação nesse movimento trouxe mudanças para a capoeira ao longo dos anos 70 e início dos anos 80.

- Mestre Sapo criou a Associação Ludovicense de Capoeira Angola com o intuito de oferecer uma melhor estrutura física e organizacional à capoeira em São Luís. No depoimento de José Ribamar Gomes da Silva (Mestre Neguinho), nos anos seguintes a 1978, Mestre Sapo, através da referida Associação, na qual era presidente, passou a realizar uma série de competições em São Luís.

1979 Mestre Robervaldo Sena Palhano funda, no bairro da Alemanha, a “Associação Cativos de Capoeira”, com estilo e características próprias, com o objetivo de divulgar e motivar a prática da capoeira; atualmente, possui as seguintes filias e locais de treinamento: São Luís – Mestre Murilo; Paço do Lumiar – Instrutor Genivaldo;

48 Obra citada

Imperatriz – Mestre Miguel; Porto Franco – Instrutora Luiza; Bacabal – Instrutor Fábio; Buriti de Inácia vaz –Instrutor Roberto; Araguaina (TO) – Formado Pessoa; Cachoeirinha (TO) – Instrutor Pedro; Resende (RJ) –Mestre Ricardo; Penedo (RJ) – Mestre Ricardo; Porto Murtinho (MS) – Mestre Robervaldo; Correspondente na Suiça – Aluno URS.

- No final dos anos 70, Mestre Sapo, em uma de suas viagens, conheceu o Mestre Zulú, em Brasília, que o graduou Mestre. Essa graduação não se deu de forma comum, ou seja, através de um Mestre para o seu discípulo, e sim através de cursos e exames para avaliar os seus conhecimentos. A partir de então, Mestre Sapo implantou em São Luís o sistema de graduação, através de cordas ou cordel, seguindo as cores adotadas pelo Mestre Zulú. A adoção do sistema de graduação para a capoeira foi um fenômeno comum nos anos 70 influenciado pelas artes marciais do oriente.

DÉCADA DE 1980

1981 realizado o 1° CAMPEONATO MARANHENSE

JUVENIL DE CAPOEIRA CLÁSSICA):

Capoeira clássica juvenil terá campeonato dia treze

A SEDEL, juntamente com a Federação Maranhense de Pugilismo e ALCA, Academia Ludovicense de Capoeira Angola, estarão promovendo na próxima quarta-feira, dia 13 de maio, no Ginásio Costa Rodriguas, o 1° CAMPEONATO MARANHENSE JUVENIL DE CAPOEIRA CLÁSSICA, em comemoração ao aniversário da Abolição da Escravatura.

Poderão participar quatro componentes e mais um técnico em cada representação. A competição começará às 20 horas e membros do Conselho Técnico de Capoeira farão o julgamento dos participantes da competição. (O Imparcial, 06 maio de 1981). - inserção nos Jogos Escolares Maranhenses (JEM’s), tornando realidade um dos principais objetivos do Mestre Sapo. 1982 Morte de Mestre Sapo. Encerra-se um ciclo na capoeira no Maranhão, inciado por ele: [...] poucos dentre [seus] alunos tornaram-se capoeiras de fato, o que é muito comum. Desses que se tornaram capoeira, três discípulos já estavam dando aulas quando do falecimento de Mestre Sapo: Pato (Antônio José da Conceição Ramos), Raimundão (Raimundo Aprígio Mendes) e Neguinho (José Ribamar Gomes da Silva). Enquanto outros alunos ficaram organizando as rodas da Praça Deodoro, a roda de rua mais tradicional da cidade. Dentre eles, Alberto (Alberto Pereira Abreu), Rui Pinto (Rui Pinto Chagas) e De Paula (Francisco de Paula Bezerra).

E, assim, a capoeira do Mestre Sapo continuou a ser disseminada por São Luís. Posteriormente, outros alunos começaram a dar aulas, como o próprio Alberto Euzamor e Paturi. (MARTINS, 2005) 49

1985 fundado o Grupo de Capoeira Filhos de Ogum por Mestre Indio Maranhão, na Casa de Minas Mãe Angela.

1987 o Grupo de Capoeira Filhos de Ogum muda de nome para Associação Cultural de Capoeira São Jorge, sob a coordenação do Mestre Indio Maranhão

ANOS 90

1990 em 26 de julho é fundada a Federação Maranhense de Capoeira, pelo Mestre Robervaldo Sena Palhano, com as seguintes associações fundadoras: Cativos da Capoeira; Filhos de Aruanda; Capoeira Cordel Branco; Grupo de Apoio à Capoeira. Sua primeira diretoria foi assim constituída: Presidente: Robervaldo Sena Palhano; Vice: Jorge Luis Lima de Sousa; Primeiro Secretário: Roberto Edeltrudes Pinto Cardoso; Segundo Secretário: Antonio Alberto Carvalho.

- Após a primeira gestão, assumiram a Federação: Jorge Luis Lima de Sousa e depois Evandro Costa. – a Capoeira volta aos Jogos Escolares Maranhenses por interveniência de Mestre Robervaldo Sena Palhano, da Associação Cativos de Capoeira;

1997 - A Escola de Capoeira Angola Mandingueiros do Amanhã nasceu em 12 de abril de 1997, no Bairro da Madre Deus. Surgiu a partir de um trabalho voluntário com a capoeira realizado em plena praça pública pelo seu fundador Kleber Umbelino Lopes, o “Bamba”. Na época, foi realizado junto à comunidade um trabalho de “resgate” das raízes culturais com o objetivo de difundir e preservar a filosofia da capoeira de angola e realizar projetos que pudessem beneficiar crianças e adolescentes. Os Mandingueiros do Amanhã vem dedicando seus trabalhos à educação através da capoeira angola com crianças e adolescentes. Essas atividades envolvem a pedagogia do esporte priorizando o resgate da cultura negra e o ensino do respeito entre as pessoas, diz Bamba. A escola encontra-se na Rua Portugal, Praia Grande, desde junho de 2008, e divide o espaço com a Academia de Capoeira Angola Catarina Mina. Os dois grupos dividem o mesmo casarão, sendo que a Escola Mandingueiros do Amanhã ocupa a parte superior do casarão e a Academia de Capoeira Angola Catarina Mina fica na parte inferior do prédio. Bamba criou a “Orquestra de Capoeira Angola Mestre Patinho”, que engloba diversos ritmos maranhenses com o som de berimbaus, e com grande repercussão na mídia local e nacional. E nesse ano, foi

49 Obra citada

aprovado um projeto de Bamba, que leva o mesmo nome da orquestra promovido pela Fundação Gregório de Mattos (FGM), com patrocínio da Petrobras, idealizado pelo Ministério da Cultura. O “Projeto Capoeira Viva”, que tem se dedicado a fomentar políticas públicas para a valorização e promoção da capoeira como bem constituinte do patrimônio cultural brasileiro, está apoiado na diretriz de política cultural da atual gestão do Ministério da Cultura, encaixou o projeto de Bamba na Categoria de Apoio a Ações Sócio-educativas 1998 - A Escola de Capoeira Angola Cortiço do Abelha, fundada em 11 de julho é uma entidade civil que congrega angoleiros sob a responsabilidade de Júlio Sérvio Coelha Serra, o “Abelha”. Criado no bairro da Madre Deus, o Cortiço tem como referência a preservação dos aspectos culturais, filosóficos e sociais que envolvem a capoeira angola, referência esta, seguida do ensinamento do Mestre João Pereira dos Santos ou "João Pequeno de Pastinha", o qual foi o grande tutor que batizou a escola. A escola teve vários endereços no Centro Histórico, na Rua João Vital de Matos, no Beco da Pacotilha e atualmente, no Casarão do Saber, sendo que este último também agrega outras atividades culturais em um mesmo espaço. O Cortiço do Abelha tem 66 A A escola teve vários endereços no Centro Histórico, na Rua João Vital de Matos, no Beco da Pacotilha e atualmente, no Casarão do Saber, sendo que este último também agrega outras atividades culturais em um mesmo espaço. O Cortiço do Abelha tem 66 A escola já foi considerada academia de capoeira, mas mudou para escola por ser mais educacional no sentido de preservação dos fundamentos. desenvolvido trabalhos em outras escolas da Europa, mais precisamente em Itália, na cidade de Milão, Torino e Palermo, França na cidade de Perpignan e Holanda em Amsterdã, Leiden, Maastricht e Helmond, na Suíça, em Basel; Bélgica, em Bruxelles; França, em Lille; e na Itália, Milão, por meio de workshops e oficinas com outros grupos. Aqui no Brasil, Abelha já ministrou oficinas e workshops em Belém, Fortaleza, Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Teresina. Além das aulas e fundamentos da capoeira angola, Abelha fabrica e comercializa instrumentos com outros grupos no exterior, sendo que o mais solicitado é o berimbau decorado com a ajuda de um pirógrafo, instrumento elétrico que serve para decorar o berimbau. Abelha criou o chamado berimbau do futuro, um berimbau constituído em três partes, facilitando o transporte do instrumento sem grandes riscos de danificação.

1999 - Escola de Capoeira Angola Acapus recebeu este nome em homenagem a uma árvore, da qual partiu a sigla ACAPUS, cujo significado é Academia de Capoeira Angola Pequeno Urucum da Senzala. Fundada em 09 de Setembro de 1999, na Rua dos Acapus bairro Renascença, mudou-se para um prédio na Rua Portugal, Praia Grande no Centro Histórico e seu responsável é Luís Augusto Lima, conhecido como “Senzala”, pelo seu estilo de jogo. Senzala pratica capoeira há vinte anos. Trabalhou em projetos sociais como: Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua (MNMMR) e, atualmente, pretende levar as aulas de capoeira para dentro dos quilombos maranhenses. A Escola de Capoeira Angola Acapus possui convênio com uma academia de capoeira na Europa (Associação na Espanha – Murcia), onde alunos mais avançados da escola de São Luís ministram aulas fora do Brasil.

- Mestre Abelha realiza 1ª Clinica de Capoeira Angola em São Luis do Maranhão com a presença do meu Mestre, Jõao Pequeno e a sua neta Nane.

ANOS 2000

2000 NASCIMENTO DE MORAES. VENCIDOS E DEGENERADOS. 4 ed.São Luís : Cento Cultural nascimento de Moraes, 2000

- Fundada em maio a Associação Nação Palmares de Capoeira; vem desenvolvendo um trabalho forte na capital e em várias outras cidades do Estado. Principalmente na Baixada Ocidental maranhense, onde se concentra a maioria de suas unidades de ensino. Fundada através da união de oito professores e contramestres, atualmente sob a coordenação geral do Contra-Mestre Jota Jota, a Nação Palmares de Capoeira atravessou as fronteiras do Estado e do país se instalando na França, na Bélgica. Núcleos no Maranhão: Barreirinhas (Formado: Feiticeiro); Paulino Neves (Formado: Feiticeiro); São Mateus (Estagiários: Cinô e Paturi); Viana (Formado: Zequinha); São João Batista (Formado: Zequinha); Pindaré-Mirim (Formado: Ventania).

- A Academia de Capoeira Angola Catarina Mina surgiu como projeto da Companhia Catarina Mina. Instituição sem fins lucrativos, de caráter sócio-cultural e educacional, localizada em um casarão na Rua Portugal, morada 302, Praia Grande. Foi fundado pelo professor de capoeira e dançarino popular Ivan Madeira e pela arteeducadora e dançarina popular Zayda Costa. De acordo com Ivan Madeira, o Catarina Mina tem desenvolvido vários trabalhos de “resgate” da cultura popular maranhense. Desde sua abertura, a capoeira já estava nos planos da Companhia, mas ainda não desenvolvia atividades nesta modalidade em decorrência da parceria com outra academia de capoeira angola, o Cortiço do Mestre Abelha. Em 2004, a Capoeira Angola foi incluída no quadro das oficinas da Companhia, passando a denominar-se “Escola de Capoeira Angola Catarina Mina” dirigida pelos professores Luciano Serra “Caracol” e Carla Lima “Índia”. O grupo de capoeira Catarina Mina desenvolve, concomitantemente, oficinas com confecções de instrumentos, e já realizou oficina de capoeira com grandes

personalidades da Capoeira Angola aqui na cidade, que foram a I e a II Oficina Catarina Mina de Capoeira Angola trazendo Mestre Valmir (FICA – Fundação Internacional de Capoeira Angola), Mestre Jogo de Dentro (Grupo de Capoeira Semente do Jogo de Angola) e Mestre Poloca (Grupo Nzinga de Salvador).

2001 VAZ, Leopoldo Gil Dúlcio. O LÚDICO E O MOVIMENTO NO MARANHÃO. Lecturas: Educacion Física y DeportesRevista Digital. Buenos Aires, v. 7, n. 37, jun. 2001.

- VAZ, Leopoldo Gil Dúlcio. - LE LUDIQUE ET LE MOUVEMENT AU MARANHÃO/ O lúdico e o movimento em Maranhão (Brasil). Disponível em www_capoeira-infos_org Le Ludique et le mouvement au Maranhão.htm

2002 SOUSA, Augusto Cássio Viana de Soares. A CAPOEIRA EM SÃO LUÍS: DINÂMICA E EXPANSÃO NO SÉCULO XX DOS ANOS 60 AOS DIAS ATUAIS Monografia (Graduação em História) – Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2002

- AZEVEDO, Luis Augusto R. A DIVERSIFICAÇÃO DA CAPOEIRA E DESENVOLVIMENTO, HISTÓRICO DA ABADÁCAPOEIRA DE (SÃO LUIS – MARANHÃO) http://www.flogao.com.br/augustoabadacapoeira/84044433

- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. A INTRODUÇÃO DO ESPORTE (MODERNO) EM MARANHÃO. In CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES, LAZER E DANÇA, VIII, Ponta GrossaPr, 14 a 17 de novembro de 2002. Coletâneas ... Ponta Grossa : UEPG, 2002. Publicado em CD-ROOM.

- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. A INTRODUÇÃO DO ESPORTE (MODERNO) EM MARANHÃO – A CAPOEIRA. IN REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, REVISTA ELETRÔNICA, Volume 05, Número 01, jan/jun/2002. www.cefet-ma.br/revista

2003 SANTOS, Darliete Barbosa. ESCOLA DE CAPOEIRA ANGOLA MANDIGUEIRA DO AMANHÃ: UMA PERSPECTIVA DE CIDADANIA PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO BAIRRO DA MADRE DE DEUS. São Luís, 2003 (Monografia para o grau de Licenciatura em Educação Artística) Universidade Federal do Maranhão. 2005 Instalação do Fórum Permanente da Capoeira no Maranhão, ainda informal BRITO, Nelson Brito. UMA ANÁLISE DAS CONTRIBUIÇÕES DE MESTRE SAPO PARA A CAPOEIRA EM SÃO LUÍS, monigrafia de graduação em Educação Física orientado pelo Prof° Drdo. Tarciso José Melo Ferreira.

- PIMENTA, Eli. CAPOEIRA EM SÃO LUIZ DO MARANHÃO In JORNAL DO CAPOEIRA, acessado em 26 de abril de 2005, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. NOTAS SOBRE A CAPOEIRA EM SÃO LUIS DO MARANHÃO Jornal do Capoeira - Edição 42: 8 à 14 de Agosto de 2005. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/notas+sobre+a+capoeira+em+sao+luis+do+maranhao - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRAGEM E A GUARDA NEGRA: Parte I. Jornal do Capoeira - Edição 52 - de 4/dez a 10/dez de 2005. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/capoeiragem+e+a+guarda+negra+parte+i - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRAGEM, GUARDA NEGRA & ISABELISMO: Parte II. Jornal do Capoeira - Edição 53de 11/dez a 17/dez de 2005. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/capoeiragem+guarda+negra+isabelismo+parte+ii - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRAGEM, GUARDA NEGRA & O FUZILAMENTO DO DIA 17 : Parte III. Jornal do Capoeira - Edição 54 - de 18/dez a 25/dez de 2005. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/capoeiragem+guarda+negra+o+fuzilamento+do+dia+17+parte+iii - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. NOTAS SOBRE A CAPOEIRA EM SÃO LUIS DO MARANHÃO. Jornal do Capoeira - Edição 42: 8 à 14 de Agosto de 2005. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/notas+sobre+a+capoeira+em+sao+luis+do+maranhao

- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PUNGADA DOS HOMENS & A CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO - MESTRE BAMBA, do Maranhão. Jornal do Capoeira - Edição 41: 8 à 14 de Agosto de 2005 http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/pungada+dos+homens+a+capoeiragem+no+maranhao

- CORRÊA, Dinacy. GALERIA DE ANÔNIMOS ILUSTRES (MESTRE BAMBA). In JORNAL PEQUENO, São Luís, Sábado, 14 de junho de 2005, p.8. www.jornalpequeno.net

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- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. NOTAS SOBRE A PUNGA DOS HOMENS - CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO. Jornal do Capoeira - Edição 43: 15 a 21 de Agosto de 2005, EDIÇÃO ESPECIAL- CAPOEIRA & NEGRITUDE. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/notas+sobre+a+punga+dos+homens+-+capoeiragem+no+maranhao

- HAICKEL, Marco Aurélio. BREVES OBSERVAÇÕES SOBRE TAMBOR DE CRIOULA. Jornal do Capoeira - Edição 43: 15 a 21 de Agosto de 2005, EDIÇÃO ESPECIAL- CAPOEIRA & NEGRITUDE. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/breves+observacoes+sobre+tambor+de+crioula

- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. AINDA SOBRE A PUNGA DOS HOMENS – MARANHÃO. Jornal do Capoeira - Edição 44: 22 a 28 de Agosto de 2005, EDIÇÃO ESPECIAL estendida - CAPOEIRA & NEGRITUDE. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/ainda+sobre+a+punga+dos+homens+-+maranhao

- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/capoeiragem+no+maranhao

- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRA NO MARANHÃO - PARTE II. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/capoeira+no+maranhao+-+parte+ii.

- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRA NO MARANHÃO - ANGOLA OU REGIONAL http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/capoeira+no+maranhao+-+angola+ou+regional+ - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO - PARTE IV - CAPOEIRA ANGOLA. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/capoeiragem+no+maranhao+-+parte+iv+-+capoeira+angola - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO. PARTE V - "CAPOEIRA REGIONAL" http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/capoeira+no+maranhao

2006 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. NOTAS SOBRE A CAPOEIRA EM SÃO LUIS DO MARANHÃO. In X CONGRESSO NACIONAL DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER, EDUCAÇÃO FÍSICA E DANÇA, e II CONGRESO LATINOAMERICANO DE HISTÓRIA DE LA EDUCACIÓN FÍSICA. Curitiba-PR, 30 de maio a 04 de junho de 2006, ANAIS: UFPR, 2006... - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ARTUR EMÍDIO E A CAPOEIRAGEM EM SÃO LUÍS DO MARANHÃO. IN REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, Volume 9, Número 01, jan/jun/2006 www.cefet-ma.br/revista - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PUNGA DOS HOMENS / TAMBOR-DE-CRIOULO (A) - “PUNGA DOS HOMENS” - IN REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA,Volume 09, Número 02, jun/dez 2006 www.cefet-ma.br/revista - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. OS HOLANDESES E OS PALMARES: Nassau atacou os Palmares! IN REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, Volume 9, Número 01, jan/jun/2006 www.cefet-ma.br/revista

- GOUVEIA Poliana Coqueiro. A CAPOEIRA EM SÃO LUÍS DO MARANHÃO: O Projeto “Mandigueiros do Amanhã” como exemplo de inclusão social (1995 a 2002). Monografia apresentada ao curso de História da Universidade Estadual do Maranhão, para obtenção do titulo de Licenciada em História. Orientador: Prof. Ms. Paulo Roberto Ribeiro Rios. http://www.outrostempos.uema.br/curso/monopdf2006/monopoliana.pdf

- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRA/CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO. DACOSTA, LAMARTINE (ORG.). A T L A S D O E S P O R T E N O B R A S I L . RIO DE JANEIRO: CONFEF, 2006. http://atlasesportebrasil.org.br/textos/181.pdf

- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O VÔO DO FALCÃO Jornal do Capoeira - Edição 74 - de 21 a 27 de Maio de 2006. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/o+voo+do+falcao

- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A CAPOEIRA NOS CONGRESSOS DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES, LAZER E DANÇA. Jornal do Capoeira - Edição 73 - de 14 a 20 de Maio de 2006. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/a+capoeira+nos+congressos+de+historia+da+educacao+fisica+espor tes+lazer+e+danca

- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. OS HOLANDESES E OS PALMARES. Jornal do Capoeira - Edição 71 - de 30/Abril a 06/Maio de 2006. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/os+holandeses+e+os+palmares

- PEREIRA, Irapuru Iru. CAPOEIRA EM CONSTRUÇÃO: Sobre a construção coletiva da capoeira do "Grupo Angoleiros da Barra" - GABA - Maranhão, que conta com a participação especial dos Índios Guajajaras. Jornal do CapoeiraEdição 69 - de 16 a 22 de Abril de 2006. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/capoeira+em+construcao

- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ATLAS DAS TRADIÇÕES & CAPOEIRA E CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO. Jornal do Capoeira - Edição 64 - de 12 a 18/Mar de 2006. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/atlas+das+tradicoes+capoeira+e+capoeiragem+no+maranhao

- PEREIRA, Irapuru Iru. E A CORDA, QUEM INVENTOU? Jornal do Capoeira - Edição 63 - de 05 a 11/Mar de 2006. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/e+a+corda+quem+inventou+

- PEREIRA, Irapuru Iru. ANGOLEIROS DA BARRA. Jornal do Capoeira - Edição 63 - de 05 a 11/Mar de 2006. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/angoleiros+da+barra

- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ATLAS DA CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO: Conversando com Antônio José da Conceição Ramos, o MESTRE PATINHO. Jornal do Capoeira - Edição 63 - de 05 a 11/Mar de 2006. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/atlas+da+capoeiragem+no+maranhao

- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ANGOLEIROS EM BARRA DA CORDA (MA). Jornal do Capoeira - Edição 59 - de 05 a 11/Fev de 2006. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/angoleiros+em+barra+da+corda+ma+

- assume a Federação Maranhense de Capoeira -“gestão volta ao mundo” – como Presidente: Murilo Sérgio Sena Palhano (988806 54 89); Vice: Cláudio da Conceição Rodrigues; Primeiro Secretário: José Antonio de Araújo Coelho; Comunicação Social: Genivaldo Mendes; Diretor Técnico: Juvenal dos Santos Pereira; Tesoureiro: Márcia Andrade Sena Palhano; Diretor de Arbitragem: Jorge Luis Lima de Sousa. Associações filiadas: Cativos da Capoeira; Filhos de Aruanda; Jeje Nagô; Mara Brasil; Amarauê; Art Brasil; Sheknah.

2007 A Associação Maragñon Capoeira nasceu na comunidade de Pedrinhas "zona rural de São Luís" através do Mestre Ribaldo Branco que percebeu a falta de políticas públicas na comunidade que lhes proporcionasse uma opção

de esporte, cultura e lazer. O grupo Maragñon surgiu através do Mestre Ribaldo Branco, com a finalidade educativa após ter observado um grande vazio que existia entre as crianças, jovens e adolescentes da comunidade do bairro de Pedrinhas. Hoje vem buscando cada vez mais o conhecimento e educação de todos para que possa divulgar o seu grande trabalho. O primeiro trabalho do grupo foi realizado no pátio da escola do bairro com o intuito de divulgar mais e mais a arte da capoeira.

- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A CAPOEIRA NO/DO MARANHÃO: ALGUMAS QUESTÕES PARA REFLEXÃO IN REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, Volume 10, Número 01, jan/jun/2007 www.cefetma.br/revista

- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRA/CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO IN REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, Volume 10, Número 02, jul/dez/2007 www.cefet-ma.br/revista

- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRA(GEM) EMSÃOLUISDOMARANHÃO – NOVOS ACHADOS... WEBARTIGOS\Capoeira (Gem) em São Luis do Maranhão.htm

2008 MENEZES, Giselle Adrianne Jansen Ferreira de. A INDÚSTRIA CULTURAL DA CAPOEIRA ANGOLA NA CIDADE DE SÃO LUÍS, MARANHÃO REVISTA CAMBIASSU, Publicação Científica do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão - UFMA - ISSN 0102-3853 São Luís - MA, Ano XVIII, Nº 4 - Janeiro a Dezembro de 2008.

- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRA(GEM) EM SÃO LUIS DO MARANHÃO – NOVOS ACHADOS... IN REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, Volume 11, Número 01, jan/jun 2008 www.cefet-ma.br/revista - primeiro CD de capoeira do estado, intitulado de ‘Capoeira do Maranhão – Mestre Patinho’, com sete faixas de sua autoria e mais seis de grupos da Escola de Capoeira Angola do Laborarte.

2009 PEREIRA, Roberto Augusto A. RODA DE RUA: MEMÓRIAS DA CAPOEIRA DO MARANHÃO DA DÉCADA DE 70 DO SÉCULO XX. São Luís: EDUFMA, 2009.

2010 PEREIRA, Roberto Augusto. O MESTRE SAPO, A PASSAGEM DO QUARTETO ABERRÊ POR SÃO LUÍS E A (DES)CONSTRUÇÃO DO “MITO” DA “REAPARIÇÃO” DA CAPOEIRA NO MARANHÃO DOS ANOS 60, revista Recorde: Revista de História do Esporte Volume 3, número 1, junho de 2010 - 11 e 12 de setembro de 2010, 1 INTERCAMBIO INTERESTADUAL DE CAPOEIRA DO MARANHÃO com as presenças dos mestres: Marcão (CE), Sabiá (BA), Jabiraca (PI) e Beto (PA), e também a presença de vários mestre maranhenses. Durante o evento ocorreu varias oficinas, intercambios, roda de mestres e professores. - Capa > v. 3, n. 1 (2010) > Pereira - O MESTRE SAPO, A PASSAGEM DO QUARTETO ABERRÊ POR SÃO LUÍS E A (DES)CONSTRUÇÃO DO "MITO" DA "REAPARIÇÃO" DA CAPOEIRA NO MARANHÃO DOS ANOS 60 - Roberto Augusto A. Pereira / Resumo: O presente artigo trata a respeito da (des)construção do "mito" criado em torno da "reaparição" da capoeira no Maranhão nos anos 1960, quando após a passagem por São Luís, do "Quarteto Aberrê", em 1966, liderado pelo Ms baiano Canjiquinha (Washington Bruno da Silva), um de seus integrantes, Anselmo Barnabé Rodrigues, mais conhecido como Ms Sapo, fixa residência na cidade e se torna a principal personagem da capoeira maranhense. Ao longo dos anos 70, os grandes jornais de circulação local reproduzem o discurso expresso pelo MS Sapo de que ele seria o responsável pela "reaparição da capoeira no Maranhão", vindo a convite do então governador José Sarney para "desenvolver a capoeira no Estado".

2011 - BOÁS, MÁRCIO ARAGÃO. O ENSINO DE MÚSICA EM ESCOLAS DE CAPOEIRA DE SÃO LUÍS – MA. Monografia apresentada ao curso de Música da Universidade Federal do Maranhão para obtenção de grau de Licenciado em Música. Orientadora: Profª. Dr. Maria Verónica Pascucci. http://musica.ufma.br/ens/tcc/04_boas.pdf

- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRA EM SÃO LUÍS: ASPECTOS HISTÓRICOS E SÓCIO-CULTURAIS. In III ENCONTRO DE ESTUDOS CULTURAIS - CULTURA & SUBJETIVIDADES – Processos e Conexões São Luís – 16 a 18 de novembro de 2011. Mesa redonda 1: CAPOEIRA EM SÃO LUÍS: ASPECTOS HISTÓRICOS E SÓCIO-CULTURAIS – debatedores: Leopoldo Gil Dulcio Vaz (IHGM); Alberto Greciano (Univ. Autonóma/ES); Bruno Pimenta (PGCult); Gabriel Kafure (Crisol/UFMA). AUDITÓRIO DO JORNAL O IMPARCIAL.

- 16 e 17 de julho 1º. ENCONTRO DE BAMBAS DA CAPOEIRA NO MARANHÃO.

- 20 setembro I CAMPEONATO DE CAPOEIRA DE SÃO LUÍS DO MARANHÃO, I Jogos Especiais de Capoeira, IV Encontro Maranhense das Entidades, Apoio: Prefeitura de São Luís/ Secretaria Municipal de Desporto e Lazer (Semdel); Entidades: Abadá-Capoeira; Escolinha da Semdel; Programa PPD (Secretaria Municipal da Criança e Assistência Social) CDPAE; AMA; Pestalozzi; Associação São Benedito (Bairro de Fátima); Escolinha Comunitária Cazulo (João de Deus); Escolinha do Ipase (Vila Cristalina e Japão); Escola Nossa Senhora de Aparecida (Monte Castelo); Programa Escola de Vida; Unidade Integrada Julio de Mesquita; Unidade Integrada Ercilda Ramos; Unidade Integrada Helena Hantipoff; Unidade Integrada Arnaldo Ferreira; Organizador: Luís Augusto Rabelo. Fonte: http://kamaleao.com/saoluis/1512/i-campeonato-de-capoeira-de-sao-luis-do-maranhao#ixzz2jcIzMSPp

2012 - SILVA, Adalberto Conceição da (Zumbi Bahia); e SANTOS FILHO, José Alípio Assis dos. A RELIGIOSIDADE DA CAPOEIRA NO MARANHÃO. IN REVISTA SAPIENTIA. Edição IV, vol IV, nº 4, ano 3. abril/2012.

- VAZ, Delzuite Dantas Brito; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CHRONICA DA CAPOIRAGEM – A CARIOCA. in XIII INTERNATIONAL SOCIETY FOR THE HISTORY OF PHYSICAL EDUCATION AND SPORT CONGRESS, Rio de Janeiro, 9 a 14 de julho de 2012.

- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CHRONICA DA CAPOIRAGEM – UMA RAIZ DA CAPOEIRA É A RINGA-MORINGA MALGACHE? in XIII INTERNATIONAL SOCIETY FOR THE HISTORY OF PHYSICAL EDUCATION AND SPORT CONGRESS, Rio de Janeiro, 9 a 14 de julho de 2012.

- VAZ, Delzuite Dantas Brito; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PARTIDO CAPOEIRO EM SÃO VICENTE DE FERRER – 1868. in XIII INTERNATIONAL SOCIETY FOR THE HISTORY OF PHYSICAL EDUCATION AND SPORT CONGRESS, Rio de Janeiro, 9 a 14 de julho de 2012.

- Na capital maranhense existem vários grupos de capoeira, atuais, onde o estilo é variado, porém a modalidade predominante ainda seja o de Angola, entre as associações existentes que se pode citar: Associação de Capoeira Angola Maré de Chão – Marinheiro Academia Companhia do Corpo Centro de Treinamento Herança Brasil Capoeira Associação Grupo "K" de Capoeira Associação Cultural de Capoeira São Jorge Centro Cultural Arte de Capoeira Escola Tradicional de Capoeira Angola - Grupo Brinquedo de Angola Escola de Capoeira Angola do Laborarte Grupo Comunitário Semente da Esperança Grupo de Capoeira Nova Vida Grupo de Capoeira Filhos de Ogum Grupo de Capoeira Irmãos da Beira-Mar de Angola (SILVA; SANTOS FILHO, 2012) 50 .

- A Secretaria de Estado da Cultura (Secma) apresenta projeto contemplado no Edital Universal de Apoio à Cultura, na categoria Artes Populares, denominado "Capoeira Angola: Arte e Cultura", representado por Júlio Sérvio Coelho Serra, conhecido como Mestre Abelha. O projeto visa inserir os jovens na cultura capoeirista, tendo como públicos-alvo adolescentes acima de 15 anos. Segundo Mestre Abelha, o projeto tem como objetivo redirecionar os adolescentes ao livrá-los do ócio, das más companhias e ambientes propícios à violência, os levando aos caminhos da capoeira. O Mestre enfoca a importância de um projeto como tal preocupado em recuperar a educação não recebida por esses jovens no ambiente familiar. Como parte da programação do projeto "Capoeira Angola: Arte e Cultura" estão aulas práticas e teóricas de Capoeira Angola, oficinas musicais e de Berimbal, confecção dos instrumentos Caxixi, Berimbau, Baqueta e Reco-Reco, Exibição de filmes e documentários sobre a Capoeira Angola, além de avaliação a aplicação de texto sobre a História do Brasil e do

50 SILVA, Adalberto Conceição da Silva (Zumbi Bahia); SANTOS FILHO, José Alípio Assis dos. A RELIGIOSIDADE DA CAPOEIRA NO MARANHÃO. REVISTA SAPIENTIA Edição IV, vol IV, nº 4, ano 3. abril/2012.

Negro na Capoeira Angola. O programa disponibiliza ao aluno todo o material didático necessário para as atividades, além de lanches para os adolescentes.

2013 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dants Brito. A CARIOCA. in III SIMPOSIO DE HISTORIA DO MARANHÃO OITOCENTISTA, Grupo de Pesquisa, Diretório CNPq - Núcleo de Estudos do Maranhão Oitocentista (NEMO), São Luis, UEMA, 2013.

- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dants Brito. PARTIDO ‘CAPOEIRO’ EM SÃO VICENTE DE FERRER – 1868 in III SIMPOSIO DE HISTORIA DO MARANHÃO OITOCENTISTA, Grupo de Pesquisa, Diretório CNPq - Núcleo de Estudos do Maranhão Oitocentista (NEMO), São Luis, UEMA, 2013

- VAZ, Delzuite Dants Brito; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CHRONICA DA CAPOIRAGEM – A CARIOCA. In HOFMANN, Annete; VOTRE, Sebastião (Organizadores). ESPORTE E EDUCAÇÃO FÍSICA AO REDOR DO MUNDO – PASSADO, PRESENTE E FUTURO. Rio de Janeiro: Gama Filho, 2013, p. 67-78. ANAIS do XIII CONGRESSO DA ISHPES –International Society for the History of Physical Education and Sport, Rio de Janeiro, 9 a 14 de julho de 2012.

- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CHRONICA DA CAPOIRAGEM – UMA RAIZ DA CAPOEIRA É A RINGA-MORINGA MALGACHE? In HOFMANN, Annete; VOTRE, Sebastião (Organizadores). ESPORTE E EDUCAÇÃO FÍSICA AO REDOR DO MUNDO – PASSADO, PRESENTE E FUTURO. Rio de Janeiro: Gama Filho, 2013, p.173-202, ANAIS do XIII CONGRESSO DA ISHPES – International Society for the History of Physical Education and Sport, Rio de Janeiro, 9 a 14 de julho de 2012.

- VAZ, Delzuite Dants Brito; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PARTIDO CAPOEIRO EM SÃO VICENTE DE FERRER – 1868. In HOFMANN, Annete; VOTRE, Sebastião (Organizadores). ESPORTE E EDUCAÇÃO FÍSICA AO REDOR DO MUNDO – PASSADO, PRESENTE E FUTURO. Rio de Janeiro: Gama Filho, 2013, p. 203-208, ANAIS do XIII CONGRESSO DA ISHPES – International Society for the History of Physical Education and Sport, Rio de Janeiro, 9 a 14 de julho de 2012.

- MESTRE PATINHO – CAPOEIRA – Jogo e Fundamento. Documentário sobre a Capoeira: MESTRE PATINHO – o novo no velho sem molesdtar raízes. DVD. 2013

- 22 a 24 de outubro SEMINÁRIO RODA DE CONVERSA COM QUEM ENTENDE DA HISTÓRIA - Projeto de Extensão A Capoeira como elemento formador do indivíduo, do Departamento de Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Maranhão, UFMA no Auditório Mário Meirelles (Auditório A), do Centro de Ciências Humanas, CCH. O objetivo do evento é compartilhar com a Universidade e o público o conhecimento dos antigos mestres que começaram a jogar capoeira há aproximadamente 50 anos, com a presença do mestre Patinho, do grupo Laborarte; presentes o mestre Paturi, da Associação Capoeira Angola do Maranhão e mestre Zumbi Bahia, que é considerado patrimônio Imaterial da Humanidade, da Oficina Afro; encerramento com a presença dos mestres Manuel Peitudinho, Curador e Jacaré. Os organizadores do evento são: o aluno do curso de Ciências Sociais da UFMA, Washington Luiz, e o professor do Departamento de Sociologia e Antropologia, Cláudio Zanonni. Segundo Washington Luiz, todos os mestres que estarão no Seminário, com exceção do mestre Zumbi Bahia, foram formados pelo mestre Sapo, que chegou a Maranhão em 1966 e é considerado uma referência da Capoeira no Maranhão. http://portais.ufma.br/PortalUfma/paginas/noticias/noticia.jsf?id=42445

- VI ENCONTRO NACIONAL DE CAPOEIRA EM SÃO LUIS DO MARANHÃO - Assoc. Cultural de Capoeira São Jorge comemorando seus 26 Anos de existencia sob a coordenação do Mestre Indio Maranhão tem a honra de convidar todos os Mestres e seus discípulos para o VI Encontro Nacional de Capoeira em São Luis do Maranhão que será realizado nos dias 29, 30 de Nov e 01 de Dez de 2013. - início previsto do CURSO DE CAPACITAÇÃO DE MESTRES DE CAPOEIRA DO MARANHÃO; parceria da Fundação Cultural de São Luis – FUNC /Fórum Permanente da Capoeira no Maranhão /UFMA/NEPAS-DEF; nasceu de um desafio feito pelo NEPAS ao Fórum da Capoeira em 2008; ao longo destes anos este curso foi discutido e enriquecido com ideias e propostas. Curso ministrado a 25 mestres, previamente escolhidos em reuniões do Fórum da Capoeira.

https://www.facebook.com/CapoeiraMaranhense/posts/475531545825676 http://saojorgerj.blogspot.com.br/ http://www.corticodoabelha.com/br/Site_2/Biografia.html

2014 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O CHANSON/SAVATE INFLUENCIOU A CAPOEIRA? XIII Congresso Brasileiro de História do Esporte, Lazer e Educação Física. Londrina-Pr, 19 a 22 de agosto de 2014. Anais...

2015 LUCÁ, William Medeiros. FÓRUM PERMANENTE DA CAPOEIRA NO MARNHÃO: criação, reconheimento contribuições. Monografia de Graduação em Educação Física, UFMA, 2015. Orientador: Tarcísio Ferreira.

2019 - 8Capoeira_diagramação Final 0508.indd (iphan.gov.br) história da capoeira no Maranhão é contada em livro

Reprodução

Por: O Imparcial31 de Julho de 2020

Integrante do patrimônio cultural do povo brasileiro, legado histórico de sua formação e colonização, fruto do encontro das culturas indígena, portuguesa e africana, devendo ser protegida e incentivada, a capoeira se espalhou por diversas regiões do país, e no Maranhão por muitos anos ficou conhecida como ‘capoeiragem’, por alguns praticantes no início do século XX.

E um pouco dessa história está sendo contada no livro: “A Capoeira do Maranhão: entre as décadas de 1870 e 1930”, que será lançado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), segunda-feira (3), em evento transmitido ao vivo às 16h pela internet no canal oficial do Iphan. A publicação resulta de ação da salvaguarda da capoeira no Maranhão, a partir do trabalho realizado pelo autor Roberto Augusto A. Pereira, que é capoeira e doutorando em História Comparada pela UFRJ.

O autor faz um percurso no tempo passado, recortando um período específico da capoeira no Maranhão, sobretudo no ambiente urbano da cidade de São Luís (MA), cujas histórias revelam fatos, personagens, trajetórias, experiências e relações sociais, que a torna um dos símbolos da diversidade cultural brasileira. O livro amplia o conhecimento sobre o bem cultural, trazendo à tona não só os momentos de origem da capoeira no estado, desde as maltas de moleques aos marinheiros capoeiristas. A publicação também dá visibilidade às diferentes categorias sociais atribuídas a quem era identificado à capoeiragem, revelando a presença de mulheres nas primeiras formações.

Fruto de ação prevista no Plano de Salvaguarda da Capoeira do Maranhão, a publicação é a primeira de uma série prevista para a divulgação da história da capoeira, intitulada Cadernos de Capoeira no Maranhão. Nesse primeiro volume, são reconstruídos momentos chave para o entendimento da gênese da capoeira em terras maranhenses. Esta iniciativa possibilitará a divulgação da história de seus detentores à sociedade em geral, contribuindo para aumentar e qualificar o conhecimento sobre este bem cultural diante dos poucos registros bibliográficos existentes.

Com a proposta de promover e divulgar a prática no Maranhão, o livro também mostra a formação e desenvolvimento da capoeira, além de reforçar e evidenciá-la como um bem cultural presente na construção histórica e identitária no estado.

A Superintendência do Iphan-MA vem atuando com os capoeiristas na sua mobilização e na implantação de ações de salvaguarda desde 2014, com o objetivo de alcançar um número cada vez maior de detentores, realizar fóruns e encontros propícios à discussão das demandas no estado. Atualmente, o Iphan tem atuado na Pesquisa e Mapeamento da Capoeira na Mesorregião Norte do Maranhão, para mapear e conhecer melhor os grupos existentes no território.

2020 - CAPOEIRGEM TRADICIONAL MARANHENSE, por LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ – 2017 Published on Sep 4, 2020 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE: Livro-álbum dos Mestres Capoeiras do Maranhão. São Luis: edição do Autor (prefixo editorial 936517), 2017. Relatório de Pesquisa CAPOEIRGEM TRADICIONAL MARANHENSE, por LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - 2017 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - Issuu

Roberto Augusto A. Pereira, que é capoeira e doutorando em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), fez um mergulho da prática no estado

O Ceará está situado no norte da Região Nordeste e tem por limites o Oceano Atlântico a norte e nordeste, Rio Grande do Norte e Paraíba a leste, Pernambuco ao sul e Piauí a oeste. Sua área total é de 148 894,442 km²,[2] ou 9,37% da área do Nordeste e 1,74% da superfície do Brasil. A população estimada do estado para 1.° de julho de 2021 era de 9 240 580 habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sendo o oitavo estado mais populoso do país. A capital e município mais populoso é Fortaleza, sede da Região Metropolitana de Fortaleza. Outras cidades importantes fora da Região Metropolitana de Fortaleza são: Juazeiro do Norte e Crato, na Região Metropolitana do Cariri; Sobral, sede da Região Metropolitana de Sobral; Itapipoca, na região norte; Iguatu, na região centro-sul; Aracati, na região do Vale do Jaguaribe; e Quixadá, Iguatu e Crateús na região dos Sertões Cearenses. Na Região Metropolitana de Fortaleza, cidades importantes como Caucaia, Horizonte, Maranguape e Maracanaú, sede do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, incrementam o Produto Interno Bruto cearense. O estado possui ao todo 184 municípios O estado é conhecido nacionalmente pela beleza de seu litoral, pela religiosidade popular e pela fama de ser grande berço de talentos do humor. A jangada, ainda comum ao longo da costa, é considerada um dos maiores símbolos do povo e da cultura cearenses. O Ceará concentra 55% de toda caatinga do Brasil e é o único estado do NordesteSudeste a estar completamente inserido na sub-região do sertão Décimo primeiro estado mais rico do país e o terceiro do Nordeste, o Ceará apresentava, em 2010, a melhor qualidade de vida do Norte-Nordeste, segundo a FIRJAN, além do segundo melhor Índice de Desenvolvimento Humano da região.[O Ceará abriga um dos maiores parques aquáticos da América Latina, o Beach Park, na praia do Porto das Dunas, que recebe cerca de 1,3 milhão de visitantes por ano, e o quarto maior estádio de futebol do Brasil, o Estádio Governador Plácido Castelo (Castelão), que tem capacidade para mais de 64 000 torcedores. Terra de escritores como José de Alencar, Rachel de Queiroz, Patativa do Assaré, Juvenal Galeno, de Dom Hélder Câmara, Clóvis Beviláqua, Castelo Branco e de Padre Cícero, o "cearense do século"[13] O Ceará também revelou Chico Anysio, Renato Aragão e Tom Cavalcante, considerados os maiores humoristas do país; atores e cineastas famosos como José Wilker, Gero Camilo, Luiza Tomé e Karim Aïnouz; além de nomes de destaque das ciências exatas, como Casimiro Montenegro Filho, Fernando de Mendonça, Maurício Peixoto, Cláudio Lenz Cesar, dentre muitos. O Ceará também é conhecido como "Terra da Luz", numa referência à grande quantidade de dias ensolarados, mas que, principalmente, remonta ao fato de o estado ter sido o primeiro da federação a abolir a escravidão, em 1884, quatro anos antes da Lei Áurea. Por esse fato, o jornalista José do Patrocínio cunhou o título de "a terra da luz" ao Ceará.[15]

RESUMO

A Capoeiragem no Ceará, como em quase todos os estados brasileiros, tem sua origem obscura, incerta. Busca-se desvendar esta memória/história, contribuindo com a revelação dos primeiros indícios, tendo por base fontes primárias, registradas nos primeiros jornais e seus registros sobre a atuação dos capoeiras alencarinos.

[...] Os capoeirista cearenses se destacam no cenário mundial da Capoeira, mas muitos de sua gênese, em Terra Alencarina, está obscura. Sabe-se que essa manifestação cultural tem origem incerta, seu primeiro aparecimento em vários pontos do Brasil, sobretudo, Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro. Mais recentemente tem-se apontado para a possibilidade de outros estados estarem envolvidos em sua gênese, ainda não é o caso do Ceará, não há registro nesse sentido, apenas meras conjecturas. In “HISTÓRIA DA CAPOEIRA NO CEARÁ” disponível em https://fundacao-axe-dende.webnode.com/historia-da-capoeirano-ceara/

Outro dia, pedi para entrar na Roda e desafiei Mestre Pezão, que refugou. Ao anunciar evento de Capoeira em Tianguá, postei uma história da Capoeira no Piauí, e Pezão disse não ter sentido, a publicação. Disse-lhe, então, que era para servir de exemplo, para o resgate da memória da capoeira no Ceará e, quem sabe, a construção do Atlas da Capoeira

CEARÁ – 1830

no Ceará – este o desafio!!! Em resposta, mandou-me uma lista de Mestres, que poderiam constituir o Livro-Álbum dos Mestres Capoeiras do Ceará, a exemplo do que se faz no Maranhão51 ... Na construção do Atlas do Esporte no Brasil52, o termo Capoeira(gem)53 aparece referenciado; no Atlas do Maranhão54 , também.

Pois bem, apresento uma primeira contribuição, para ver se surte efeito a provocação. Busco as referencias em jornais da época, disponíveis na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional55, utilizando-me da busca pelo local – no caso: CE; e em todos os periódicos e todas as datas em que foram publicados, utilizando o termo de busca ‘capoeira’; encontrouse:

Nome Descrição

Páginas Ocorrências

O Cearense (CE) - 1846 a 1891 24325 84 103950

709506

Gazeta do Norte : Orgão Liberal (CE) - 1880 a 1890 9174 21

229865

Libertador : Orgão da Sociedade Cearense Libertadora (CE) - 1881 a 1890 5378 20

216828

A Lucta (CE) - 1914 a 1924 2406 11

Pedro II (CE) - 1840 a 1889 12594 17 234702 A Ordem : Trabalho e justiça (CE) - 1916 a 1933 3746 11 720763

801399

A Republica : Fusão do Libertador e Estado do Ceara (CE) - 1892 a 1897 5836 10 235334

A Constituição (CE) - 1863 a 1889 6830 6 764450 A Razão : Independente, Politico e Noticioso (CE) - 1929 a 1938 11784 6 765198 O Ceará (CE) - 1928 2759 6 168092 A Cidade (CE) - 1899 a 1904 1836 4 144843 Revista Trimensal do Instituto do Ceará (CE)1887 a 1900 4030 3 231894 Jornal do Ceará : Politico, Commercial e Noticioso (CE) - 1904 a 1911 3425 3 706752

Imperio do Brasil: Diario do Governo (CE) - 1823 a 1833 4420 3 709450

O Sol: jornal litterario, politico e critico (CE)1856 a 1898 742 3

51 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CRONICA DA CAPOEIRAGEM. Disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/cronica_da_capoeiragem_-_issuu

VAZ,LeopoldoGilDulcio. CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE. Inédito’

52 O Atlas doEsporte noBrasil é a maior base de dados de acesso gratuito em língua portuguesa, com resumos em inglês, abrangendo aEducaçãoFísica,esportese atividades físicas desaúde, lazere turismo. Os dados são produzidoscomoserviçoàcomunidade,semremuneração,porautoresvoluntários,poriniciativadoConselho Federal de Educação Física e Conselhos Regionais de Educação Física. Disponível em www.atlasesportebrasil.org..br ; http://www.atlasesportebrasil.org.br/index.php ; http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/1.pdf 53 http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/69.pdf 54 http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/181.pdf ;http://cev.org.br/biblioteca/atlas-esporte-maranhao/ 55 http://memoria.bn.br/DocReader/docmulti.aspx?bib=%5Bcache%5D228670.6326852.DocLstX&pesq=ca poeira

720631

714380

Descrição

Páginas Ocorrências

O Jornal (CE) - 1932 a 1935 444 3

Gazeta do Sobral : Orgão Imparcial (CE) - 1881 a 1888 209 2

Patria (CE) - 1910 a 1915 1159 1 166731

166693

Revista da Academia Cearense (CE) - 1896 a 1901 1460 1 180238

A Nota (CE) - 1917 a 1921 2266 1 215473

Maranguapense : Jornal Litterario, Commercial e Noticioso (CE) - 1874 a 1875 184 1

Gazeta Official : A Gazeta Official do Ceara (CE)1862 a 1864 737 1 404098

247111

O Commercial : Jornal dos Interesses Commerciaes, Agricolas e Industriaes (CE)1845 a 1860 728 1

494712

Ipu em Jornal : Castigat Ridendo Mores (CE)1957 a 1962 340 1

O Juiz do Povo (CE) - 1850 a 1851 226 1 721255x

701700

O Rebate : jornal independente (CE) - 1907 a 1913 1140 1

766275 Pyrilampo (CE) - 1874 79 1 770507

A Pilheria : Jornal Critico (CE) - 1897 8 1 770558

O Retirante (CE) - 1877 a 1878 151 1 778451

O Tagarella : jornal livre, critico e noticioso (CE) - 1865 124 1 800015

Mensagem Apresentada á Assembléa Legislativa (CE) - 1936 a 1960 1408 1 800040 Diario da Manhã (CE) - 1929 541 1

814741

815209

817295

José de Alencar : Orgão da Sociedade Litteraria José de Alencar (CE) - 1892 a 1893 8 1

O Republicano (CE) - 1895 a 1896 52 1

Almanach Administrativo, Estatistico, Mercantil, Industrial e Literario do Estado do Ceará (CE)1896 a 1902 2091 1

No jornal cearense “Pedro II”, do ano de 1852, edição 1090, aparece como se referindo a uma localidade, Capoeira do Araújo, a mesma que aparece por essa época em vários jornais, quando da construção de uma estrada. Aparece também em diversos folhetins de Camilo Castelo Branco, referindo-se a mato rasteiro, e este abaixo, transcrito da edição de 26 de janeiro de 1872, de um folhetim de José da Silva Mendes Leal, em que explica o termo ‘capoeira’ como sendo mato rasteiro, várzea:

Nome

Temos que concordar com a Profa. Lurdinha56, quando fala da “Valorização dos grupos folclóricos, dos artesãos e artistas populares cearenses na divulgação turística”: [...] a professora elenca o que ela denomina de “furadas turísticas” e coloca a Capoeira figurando nessa lista, assim como o Carnaval fora de época, o Fortal, os Resorts etc. Afirma que quando se apresenta um grupo de Capoeira, divulga-se a Bahia e não o Ceará. Em verdade, pensa-se a Capoeira como sendo baiana, talvez pela divulgação da Capoeira que se tem hoje ter sido realizada em grande parte por mestres baianos. Porém, como já foi supracitado, o próprio Dossiê realizado pelo IPHAN não a reconhece como prática oriunda da Bahia e o Governo Federal a reconhece como Patrimônio Imaterial do Brasil. Também é verdade que a Capoeira desenvolvida no Ceará é muito jovem. Poucas ou quase nenhuma cantiga de Capoeira faz referência ao Ceará, mesmo já havendo uma produção cearense divulgada fora do Estado. Dizer que a Capoeira, praticada aqui, é da Bahia é um ledo engano, ou melhor, desconhecimento do assunto. Até porque, existem grupos oriundos do Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, etc e que trazem inúmeras características desses Estados. Em qualquer bairro da cidade de Fortaleza percebe-se essa manifestação cultural como prática em ambientes fechados ou em praça pública. Essa cultura que é desenvolvida no Estado é bastante conhecida no exterior por ser uma capoeira solta, estilizada e cheia de floreios57 .

MEMÓRIA DA CAPOEIRAGEM NO CEARÁ58

Ao se resgatar a Memória da Capoeira no Ceará, aqui proposta – e espero podermos dar continuidade à ela – podemos afirmar que a capoeira cearense é herdeira da capoeiragem tradicional maranhense? Pois conforme afirmam seus memorialistas e pesquisadores, a cearense é diferente da baiana, embora tenha bebido da mesma fonte, a partir da diáspora dos mestres baianos nos anos 1960, e a procura de mestres de vários estados, já pesquisados, pela capoeira praticada na Bahia, em especial as de Bimba e Pastinha.

56 MACENA, Maria de Lourdes. Valorização dos grupos folclóricos, dos artesãos e artistas populares cearenses na divulgação turística. In I Fórum IOV Ceará de Folclore e Artes Populares. Fortaleza – CE. 2011.

57 In I FÓRUM DE FOLCLORE E ARTES POPULARES NA CIDADE DE FORTALEZA - IOV – Ceará, Internacionale Organisation für Volkskunst/Organização Internacional de Folclore e Artes Populares, 18 e 19 de março de 201158 https://www.youtube.com/watch?v=E0QF4QR-fHQ https://www.youtube.com/watch?v=TaOugpBkeSQ http://tribunadoceara.uol.com.br/blogs/ie-camara/cultura/lancamento-de-livro-que-conta-historia-da-capoeira-ce-nestaquarta-22/

http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/6035/1/2013-DIS-SCSILVA.pdf

Para Silva (2013) 59, poucos são os trabalhos científicos que abordam a história da capoeira cearense. Cita três obras elaboradas na contextura do universo acadêmico da cidade de Fortaleza - Barroso (2009) 60, Câmara (2010) 61 e Albuquerque (2012) 62 .

A primeira obra trata-se de uma publicação do Museu Histórico do Ceará, enquanto a segunda e a terceira são textos dissertativos submetidos à avaliação dos programas de pós-graduações strictu-sensu da Universidade Federal do Ceará. Ambas as dissertações destinam a essa temática um capítulo, em que se referem à origem da História da Capoeira no Ceará abordando teorias sobre o início da prática no Estado.

Barroso (2009) aponta que a capoeira chegou à década de 1960 ao Ceará, e que essa informação foi proferida por capoeiristas cearenses, assim como capoeiristas baianos teriam mencionaram o mesmo dado durante o encontro Capoeira Viva, realizado na cidade de Salvador em 2007. O autor também informa que a capoeira foi trazida por cearenses recém-formados em Direito e Medicina da Universidade Federal da Bahia. Posteriormente menciona que a Capoeira Angola foi trazida ao estado por um médico nomeado mestre Andrezinho, aluno de mestre Bimba. De imediato, não faz o menor sentido tal informação, já que mestre Bimba é criador e maior símbolo da Luta Regional Baiana, popularmente conhecida como Capoeira Regional. Mestre Bimba foi um crítico ferrenho do estilo angoleiro de jogar capoeira. (de acordo com SILVA, 2013).

Silva (2013) fala ainda de evidências das origens do ensino da capoeira no Ceará foram relatadas em Albuquerque (2012), páginas de 37 a 40.

Dentre os fatos mais antigos, foi mencionada a participação de José Sisnando Lima, cearense que realizara estudos na Faculdade de Medicina da Bahia, na criação da Capoeira Regional na década de 1930. A passagem de mestre Bimba em Fortaleza para apresentar o espetáculo Uma noite na Bahia no Teatro José de Alencar em 7 de fevereiro de 1955, evento em que foi mostrado também a capoeira regional. E a afirmação de que o primeiro professor de capoeira no estado a formar discípulos que deram continuidade ao ensino dessa prática em território cearense teria sido José Renato de Vasconcelos Carvalho. De acordo com Albuquerque (2012) não existem levantamentos estatísticos acerca da quantidade de grupos de capoeira no Estado do Ceará, fato que comprova uma grande difusão dessa manifestação cultural na atualidade.

Ainda Silva (2013), ao analisar o trabalho de Câmara (2010), que tem como foco de estudo o Grupo de Capoeira Angola do Ceará, traz um esboço da história de vida de Mestre Zé Renato. Dentre as afirmações mencionadas, é possível deduzir primordialmente o estilo angoleiro do jogo desse mestre, além de também ser reafirmada a importância do 55 repasse de conhecimentos e saberes da capoeira na década de 1970. O protagonismo de José Renato no ensino da capoeira mostra-se de grande relevância, contribuindo para a crescente popularização da prática. Nesse trabalho são citados os quatro mestres que Zé Renato formou, porém a história da capoeira na perspectiva desses mestres não foi abordada em nenhum momento. Isso ocorre porque eles não possuem relação direta com o grupo de capoeira estudado, conferindo ineditismo a este texto. A partir desse momento iniciaremos maior aprofundamento sobre o protagonismo no ensino da capoeira cearense. Como já dito, o foco desta pesquisa se restringe aos quatro mestres formados por José Renato de Vasconcelos Carvalho, José Ivan, Jorge Negão, Everaldo Ema e João Baiano. Procuraremos, entretanto, elucidar brevemente o questionamento de alguns capoeiristas mais antigos sobre a hipótese de a capoeira cearense haver se manifestado anteriormente pela orla marítima de Fortaleza.

59 SILVA, Sammia Castro.. PROTAGONISTAS NO ENSINO DA CAPOEIRA NO CEARÁ: relações entre lazer, aprendizagem e formação profissional. Dissertação submetida à Coordenação do Programa de PósGraduação em Educação Brasileira, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Educação. Área de concentração: História e Memória da Educação. Orientador: Prof. Pós-Dr. José Gerardo Vasconcelos. UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – UFC FACULDADE DE EDUCAÇÃO – FACED PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO BRASILEIRA/ MESTRADO NÚCLEO DE HISTÓRIA E MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO. FORTALEZA (CE) 2013

60 BARROSO, Oswald. Folguedos afro-brasileiros no Ceará: uma aproximação com a capoeira no Ceará. In: HOLANDA, Cristina Rodrigues (org.). Negros no Ceará: história, memória e etnicidade. Fortaleza: Museu do Ceará/ Secult/ Imopec, 2009.

61 CÂMARA, Samara Amaral. Práticas educacionais transmitidas e produzidas na capoeira angola do Ceará: história, saberes e ritual. Dissertação de Mestrado em Educação Brasileira- Núcleo de História e Memória da Educação. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2010.

62 ALBUQUERQUE, Carlos Vinícius Frota de. Tá na água de beber: Culto aos ancestrais na capoeira. Fortaleza, 2012. Dissertação (Mestrado em Sociologia)- Programa de Pós-Graduação em Sociologia do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará.

Para Ricardo Nascimento (2017)63, utilizando as pesquisas disponíveis sobre as origens da capoeira no Ceará, diz ser possível afirmar que, seu início, ocorreu nos anos 70 com José Renato de Vasconcelos Carvalho, conhecido na capoeira como Mestre Zé Renato, considerado, desse modo, o precursor da capoeira no estado (SILVA, 2013).

Esta pesquisa revela ainda que, nos anos setenta, quando teve início o ensino da capoeira no Ceará, destacou-se o Centro Social Urbano Presidente Médici, em Fortaleza, onde ensinava o Mestre Zé Renato, lugar também onde teriam sido iniciados e formados outros quatro importantes mestres: José Ivan de Araújo (Mestre Zé Ivan), João de Freitas (Mestre João Baiano), Everaldo Monteiro de Assis (Mestre Everaldo Ema) e Jorge Luiz Natalense de Sousa (Mestre Jorge Negão). Coube a tais mestres, nas décadas que se seguiram, a tarefa de difusão da prática da capoeira na capital cearense, bem como em outras partes do estado.

A principal referência, hoje, e recente, da capoeira cearense é Mestre Zé Renato, que ainda na década de 1960 retorna ao Ceará, após haver aprendido capoeira na Bahia, embora já tivesse contato com a mesma, de sua infância, em Fortaleza:

Silva (2013) nos traz o seguinte relato: José Renato de Vasconcelos Carvalho, conhecido por mestre Zé Renato protagonista no cenário da capoeira cearense, natural de Crateús-CE é filho primogênito, dentre os sete que Joaquim Severiano Ferreira de Carvalho e Vicência Vasconcelos Carvalho criaram. Conheceu o universo da capoeiragem, aos dez anos de idade. Protagonista no ensino da capoeira no Ceará narra o cenário do primeiro contato que teve com a capoeira na cidade em que nasceu. Por volta de 1960, chegaram a Crateús muitos militares para o 14 Batalhão de Engenharia de Construção. Entre esses, havia Cipolati, sargento gaúcho que havia residido na Bahia por longa temporada, pai de Carlos e Evandro e ex-aluno de um famoso capoeirista, mestre Bimba. Cipolati foi o responsável por iniciar Zé Renato na prática da capoeira. A capoeira fazia parte das atividades em família do sargento Cipolati, pois esse treinava após o regresso do trabalho junto aos filhos. Ao ver a capoeira pela primeira vez, José Renato apaixonouse e iniciou seus treinos com determinada família.

Carvalho Filho (1997) conta que: [...] um militar que chegara à cidade [Fortaleza] vinha da Bahia e trazia consigo a arte da capoeira. O Mestre muito curioso fazia perguntas sobre a cidade do baiano, encantara-se com a ginga e com a habilidade do mesmo. Depois de terminado o primeiro grau, atual ensino fundamental, o Mestre inicia suas viagens pelo mundo da Capoeira, vai para a Bahia e conhece o famoso Mestre Bimba. Mestre Zé Renato terminou o Segundo Grau, atual Ensino Médio, em Ilhéus, onde jogava Angola na praia. Todo final de semana estava em Salvador para jogar na capital. Em 1967, retorna à sua terra natal. Mas com seu espírito inquieto, vai ao Rio de Janeiro, onde treinou com Mestre Leopoldina, grande nome da capoeira carioca.

[...]Zé Renato defronta-se com a saída da família Cipolati da cidade, em decorrência de deslocamento militar. Desse modo procura novos companheiros de treino e, apesar da insistência em tentar convencer amigos a treinar, mestre Zé Renato passou a treinar sozinho. [...] aquilo ficou dentro de mim e por outra sorte, que eu digo que foi sorte, eu tinha um tio que também era sargento do exército, sargento Carvalho, passou a servir o exército lá em Crateús e certo tempo foi mandado pra Bahia. Ele tinha um filho, e pedi para ele pedir o meu pai pra eu ir com ele. Porque eu pensei, Bahia! Capoeira né! (CARVALHO, 2012).

Depois de retornar, em 1967, volta a procurar novas referencias, indo para o Rio de Janeiro e, em 1971, está no Maranhão!!!

Silva (2013) nos conta, ao dar continuidade a trajetória de José Renato, que é importante ressaltar que nesse período que passou na Bahia adquiriu uma meta na vida, que era partir para o Rio de Janeiro e posteriormente para o Maranhão:

De volta a Crateús e à família, porém permanece por quase um ano na terra natal, para logo em seguida partir para o Rio de Janeiro, aos 18 anos de idade, devendo ter ficado nesse Estado por volta de três anos. No Rio, foi jogar capoeira na Central do Brasil com o famoso mestre Leopoldina. Conhecido por Ceará e pelo jogo diferenciado, Zé Renato dedica–se ao aprendizado da capoeira em solo carioca, adquirindo sempre novos conhecimentos.

Ainda seguindo Silva (2013), pouco tempo depois, ao surgir uma oportunidade de trabalho no Maranhão, na área de topografia, o jovem José Renato ficou tentado atingir mais outra meta na vida que era a de conhecer o “berço de negros”, como ele mesmo diz: As experiências do Maranhão pelos idos de 1970 gravitavam ao redor de práticas de

63 NASCIMENTO, Ricardo. Políticas e performances: Um estudo de caso sobre o processo de patrimonialização da capoeira do Ceará. IN ACENO, Vol. 4, N. 7, p. 65-82. Jan. a Jul. de 2017. ISSN: 2358-5587. Cultura Popular, Patrimônio e Performance (Dossiê).

capoeira Angola, Tambor de Crioula e de todas as manifestações de que pôde participar. Amante das artes popularescas, Zé Renato defendeu a ideia de que naquela época os praticantes viam capoeira como arte, apenas isso. Mestre Sapo é a principal referência, renovando a capoeiragem maranhense, com uma fusão dos estilos, pois pertencera a um grupo folclórico que se apresentava pelo Nordeste. Ao se estabelecer no Maranhão, encontra uma capoeira jogada na rua – capoeiragem – de há muito existente, pelo menos desde a década de 1820. Ao misturar os estilos baianos, Angola e Regional, conforme o opositor, e misturá-la aos ritmos e balanceios do folclore maranhense, em especial do tambor de crioulo(a), onde acontecia a Punga dos Homens – espécie de capoeira primitiva -, criando um ‘estilo’ próprio, que vai se consolidar com seus discípulos, em especial Patinho. Já em Brasília, para onde se mudara, e após observar a capoeira praticada naquela cidade, declara:

[...] ter tomado conhecimento de que o estilo regional estava sendo popularizado e praticado em Fortaleza [...] ele ressalta a importância da união entre o jogo baixo angoleiro e do jogo alto da regional e descreve que a sucessão de movimentos da capoeira se torna, desse modo, um movimento em onda com maiores possibilidades de ataque, defesa e malícia.

Os pesquisadores cearenses, que se dedicam ao resgate da sua memória confirmam que ela, a capoeira, praticada no Ceará é ‘cheia de floreios”... não teria sido influência de Sapo?

A Capoeira cearense é uma prática cultural, onde a luta e o espetáculo se misturam. Fortaleza, cidade praiana, é um cenário ideal para a prática de acrobacias que são aprendidas sem técnicas específicas nas praias aos domingos ou nos campos de futebol da cidade. Os movimentos acrobáticos, ou floreios, como são chamados pelos capoeiristas são utilizados para transformar o jogo em um espetáculo aos olhos de quem o vê. São movimentos de equilíbrio e flexibilidade como saltos, bananeiras e giros onde o capoeirista desafia seus limites corporais mostrando uma imensa capacidade sinestésico-corporal. O capoeirista executa esses movimentos também na intenção de enganar o outro jogador e de se movimentar de um lado para o outro da roda.

É o próprio Zé Renato que inclui a influência do samba de gafieira, atividade tradicional que acontece de forma autêntica na região da Barra do Ceará desde meados da década de 50 do século XX: Pouca gente vai entender agora, mas um dia quando eu partir é que vão descobrir que o gingado cearense tem um diferencial dos outros, vem da gafieira [...] Mestre Armandinho que é uma pessoa de fora observou que nossa capoeira é diferente... Essa ginga trouxe esse diferencial. (CARVALHO, 2012).

Em 1972, Mestre Zé Renato regressa a Fortaleza, e começa o processo de implantação da capoeira no Estado. Ensinou nas Escolas Oliveira Paiva e Castelo Branco. Apresentou-se na TV, divulgando a cultura afro-brasileira. Teve como primeiro aluno Demóstenes. Devem ser também lembrados por serem cofundadores Jorge Negão, Everaldo, João Baiano, Márcio, Sérgio, Zé Ivan, George, Juarez, Datim, Antônio Luiz.64 Nas décadas de 1980/90, em Fortaleza só havia dois grupos de capoeira, Senzala e Zimbi65. Neste apareciam nomes como Espirro Mirim, Geléia, Jean, Soldado, Lula, Ulisses, figura como Paulão, Canário, Dingo, Gamela, Araminho, Gurgel.

José Olímpio Ferreira Neto, em sua dissertação intitulada “A HISTÓRIA DA CAPOEIRA NO CEARÁ NAS DÉCADAS DE 1980 E 1990 ATRAVÉS DA MEMÓRIA E ORALIDADE” 66 nos traz que o ponto de partida é a participação do cearense Cisnando na constituição da Capoeira Regional de Mestre Bimba: Ele era um jovem que foi estudar Medicina na Bahia, pois na época não havia tal curso no Ceará. Lá conheceu Manoel dos Reis Machado, o famoso Mestre Bimba, criador da Capoeira Regional. No documentário Mestre Bimba: A Capoeira Iluminada de 2007, o Mestre de Capoeira, Doutor Decânio fala sobre Cisnando e o início da Capoeira Regional. Referindo-se a história da Capoeira de Bimba, ele diz: “A história começa para mim, quando Cisnando chega na Bahia. Ele corre aos capoeiristas, só encontrou um que ele respeitou, que era um negão, que era carvoeiro na Liberdade, que era Bimba” (sic).

Cisnando foi um capoeirista que contribuiu para a história da Capoeira, mas infelizmente não desenvolveu trabalho no Ceará e até onde se sabe não formou discípulos.

64 CARVALHO FILHO, José Bento de. Capoeira: a história do Mestre Zé Renato. Literatura de cordel. Fortaleza – CE, 1997.

65 QUEIROZ, Robério. Mestre Ratto. Disponível em: acessado em 30/05/2011.

66 Disponível em http://www.uece.br/eventos/encontrointernacionalmahis/anais/trabalhos_completos/52-5434-26082012-

231518.pdf

Em 1997, é publicada em Fortaleza, a história do Mestre Zé Renato através de um cordel de autoria de José Bento de Carvalho Filho, vulgo Zelito. O referido autor conta através de versos a história do Mestre Zé Renato, relatada pelo mesmo e confirmada pelos capoeiristas e alunos que conhece tão admirável nome que inicia a caminhada da Capoeira na Terra da Luz: Em vinte e quatro de maio, / De cinqüenta e um nasceu,/ Em Crateús e cresceu / Na arte fazendo ensaio, / Para brilhar como um raio,/ O artista Zé Renato; / Mestre em artesanato/ E também em capoeira,/ Essa luta brasileira/ Feita por negros no mato . (CARVALHO FILHO, 1997, p. 1) Além do Mestre Zé Renato outro mestre que contribuiu para o início do desenvolvimento da Capoeira cearense foi o Mestre Esquisito. Ele trouxe o estilo Regional ao Estado. Onde tem atualmente o Grupo Terreiro que contou em seu elenco com os saudosos Mestres Soldado e Samurai. Este último deu uma contribuição para o ingresso na Capoeira no meio acadêmico. (CARVALHO FILHO, 1997).

A Associação Zumbi do Mestre Everaldo tem entre seus Mestres associados, Lula, Ulisses, Júnior, Jean, Geléia e Wladimir. Este último mora no exterior, divulgando a capoeira do Ceará. O Mestre Lula atua na Prefeitura de Fortaleza ajudando capoeiristas, de qualquer grupo, a desenvolverem projetos na cidade. (CARVALHO FILHO, 1997).

O Mestre Ulisses atua no Centro Social do Bairro Henrique Jorge. Os demais também dão sua contribuição através de aulas e rodas. (CARVALHO FILHO, 1997).

Carvalho Filho (1997) não deixa de citar também o Mestre Paulão do Ceará que na década de oitenta divulgou bastante a Capoeira no Estado, indo para o exterior no início dos anos 1990. Ele teve discípulos como os mestres: Ratto, Zebrinha, Ferrim, Picapau, Envergado, dentre outros que formaram seus grupos. E outros como Kim, Cibriba, Marcão, Juruna que continuam a divulgar a Capoeira do estado no Brasil e no Exterior

Para Ferreira Neto (?) 67, outro nome que é destaque mundial é o Mestre Espirro Mirim. Ele iniciou na Capoeira em 1979, com o Mestre Everaldo, do Grupo Favela, que mais tarde mudou o nome para Grupo Zumbi. Em uma matéria de uma revista especializada em Capoeira o Mestre Mirim (2001, p. 25) diz o seguinte: “Em 1984, fui formado pelo Mestre Everaldo, porém eu não parei de treinar […] resolvi viajar para o Rio de Janeiro […] onde treinei no grupo Palmares com os Mestres Branco e Gomes”. Lá quiseram colocá-lo para dar aulas, mas ele queria aprender mais, então foi para São Paulo, onde se identificou com o Mestre Suassuna com o qual está até hoje. Em 1988, Espirro Mirim formou-se professor pelo Grupo Cordão de Ouro, ano em que trouxe o grupo para Fortaleza e começou seu trabalho. Em 1991, ele recebeu o título de Mestre, depois de pouco mais de uma década de treino. O Mestre Espirro Mirim inicia sua carreira internacional em 1992 quando vai para São Francisco nos EUA, através do Mestre Caveirinha, para ministrar cursos para os americanos, retornando diversas vezes. Em 1996, foi para Israel também através do Mestre Caveirinha. Realiza seu primeiro encontro internacional em 1999 trazendo diversos nomes da Capoeira mundial como o Mestre Caveirinha e o capoeirista e ator César Carneiro que trabalhou no filme Desafio Mortal, ao lado de Van Damme; e Esporte Sangrento, ao lado de Mark Decassos. Continuando com esse pesquisador, apresenta-nos: Robério de Queiroz, conhecido como Mestre Ratto, fundou o Centro Cultural Água de Beber. O mesmo atua através desse centro cultural composto por vários alunos em diversas frentes da capoeira. Ofereceu

67 FERREIRA NETO, José Olímpio. A HISTÓRIA DA CAPOEIRA NO CEARÁ NAS DÉCADAS DE 1980 E 1990 ATRAVÉS DA MEMÓRIA E ORALIDADE (Direito - UNIFOR) jolimpioneto@hotmail.com História, Memória e Oralidade

FOTO: Bimba y Cisnando -FUENTE: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp020539.pdf

um curso de Capacitação e Formação de Profissionais de Capoeira com certificado emitido pela UFC, em 2009 e no mesmo ano a segunda etapa do curso, dessa vez com apoio da Faculdade Católica, Governo Federal e Banco do Nordeste.

O Mestre Chitãozinho, por sua vez, fundou o Grupo Negaça Capoeira, publicou quatro livros, oferecendo uma contribuição bibliográfica ao mundo da capoeira e em especial ao estado cearense. Seu primeiro livro foi Capoeira sob uma nova visão, seguido de O ABC da Capoeira, Consciência Capoeirística e A morte de Besouro. Todos produzidos por sua iniciativa pessoal sem grande apoio.

Carlos Magno Rodrigues Rocha (2006)68 afirma que

“Diferentemente da Capoeira de rua praticada até hoje em Salvador, a Capoeira de Fortaleza caracterizase por ser ensinada e festejada em ambiente fechado, como clubes, academias e residências, e de uma maneira mais pontuada nas praças e nas praias, geralmente motivadas por eventos ou datas comemorativas”.

Continuando com Nascimento (2017), este autor traz duas outras hipóteses da introdução da Capoeira: [...] outras narrativas existentes, alimentam a ideia de que, os primórdios da prática da capoeira do Ceará teve início com o retorno de cearenses, formados em Direito e Medicina nas universidades baianas, que teriam aprendido capoeira naquele estado com Mestre Bimba, criador da capoeira Regional baiana (Neto, 2012). De volta ao estado, após o término dos seus respectivos cursos, alguns destes ex-alunos de Bimba, teriam dado aulas e iniciado alguns neófitos na arte da capoeiragem. Uma terceira narrativa, mais remota, argumenta que existiam escravizados ou negros libertos nos munícipios do Ceará que saberiam e utilizavam formatos gestuais da capoeira e que, estas referências estariam presentes em alguns relatos de passagens em livros locais.

Essa é a história da capoeira cearense relatada em diversos trabalhos acadêmicos... Mas ela é muito mais antiga!!! O que ocorreu na década de 1960, também ocorreu em diversos estados do Brasil, quando a capoeira baiana – com a diáspora de seus mestres – “invadiu” outras terras, sufocando as capoeiras primitivas, já existentes. Ao se estudar as origens das capoeiras no Brasil, verifica-se esse fenômeno. Mas ela surgiu, quase que no mesmo período, com variações de alguns registros de anos, ou mesmo décadas, em diversos locais, não apenas Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. Verificamos que no Ceará aparece, já, na década de 1830, com a prisão de ‘um capoeira’, conforme consta do Diário do Império, edição de 1832, seção correspondente aos acontecimentos no Ceará, certamente referentes às estatísticas do ano anterior:

68 ROCHA, Carlos Magno Rodrigues. A CAPOEIRA NO CEARÁ. Monografia apresentada ao Curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará, para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Sociais. Orientadora: Profa. Dra. Simone Simões Ferreira Soares. Fortaleza – Ce, 2006

A primeira referência com a palavra ‘capoeira’ no Jornal ‘O Cearense” – circulou de 1846 a 1891 - data de 1847; na edição de 04 de janeiro de 1952 de número 20, refere-se à mato rasteiro, em uma poesia, que não identificamos o autor. As referências seguintes também tratam de mato rasteiro... São 84 referencias nesse jornal, sendo a primeira, de capoeira como individuo praticante de uma luta, data de 1852 – “O Cearense”, edição de 17 de dezembro, n.588, aparece nota sobre o alferes João Torres, que teria sofrido ataque de “um capoeira”:

Na edição de 13 de setembro de 1853, refere-se à artigo publicado em outro jornal, “Pedro II” – circulou de 1840 a 1889 - como era normal naquele tempo -, rebatendo notícia veiculada, referindo-se à ‘capoeira’, no seu sentido de denegrir outrem, como facinoroso:

No ano de 1858, edição de 28 de novembro, a nota – editorial – do jornal, defendia-se do sr. João Silveira de Souza, publicada, também, no jornal “Pedro II”, chamando-o de ‘pobre capoeira”:

Em “O SOL”, de 05 de maio de 1859

‘O CEARENSE’, em sua edição de 28 de outubro de 1862, publica carta de um leitor, da cidade de Santa Quitéria, relatando os acontecimentos políticos, refere-se a um cidadão a quem acusa ser ‘capoeira’, pelas injurias que assacava:

Novamente em ‘O Cearense’, na edição de 10 de novembro de 1863, consta:

Já na “GAZETA OFFICIAL DO CEARÁ”, edição de 18 de novembro de 1863, consta o seguinte:

Em 24 de novembro, em ‘O Cearense”, há uma resposta, com o mesmo título, à nota da “Gazeta Official, de 18 de novembro (acima),

Em “O Tagarella”, em sua edição de março de 1865 traz-nos:

Em “A Constituição” – circulou de ‘863 a 1889, de 23 de outubro de 1865 a referencia também é de malfeitor:

Voltamos a “O Cearense, edição de 12 de janeiro de 1866, em nota ‘de repudio’, contra o que fora publicado em outro jornal, pelo sr. Francisco Manoel Dias, taxando-o de ‘capoeira’

Nesse mesmo ‘O Cearense, edição de 22 de novembro de 1868, noticia de um assassinato em Indaiá:

Na edição de 12 de outubro de 1869, noticiado o assassinato de um capoeira, por sua mulher:

Esse crime continua repercutindo na cidade, sendo que no relatório dos crimes do mês, também aparece, como Maria Mussu tendo assassinado a José Capoeira, no bairro do Livramento, da capital. Na edição de 16 de dezembro de 1869 dá-se mais detalhes, informando-se que José capoeira chegara recentemente do Paraguai:

23 de julho de 1871, publicado o seguinte diálogo, em O Cearense:

E derrubam-se ministros por meio de rasteiras e cabeçadas, conforme a edição de 30 de maio de 1872, d’ O Cearense, sobre boatos publicados em A Reforma:

Em “O Pyrilampo”, de 15 de março de 1874, pedia-se que se ensinasse capoeira a alguns jornalistas:

“O Cearense”, em sua edição de 24 de junho de 1874 publica anúncio de fuga de um escravo, oferecendo-se recompensa; uma das características, era o andar de capoeira:

16 de janeiro de 1876, em O Cearense, em correspondência da cidade de Ipu, Arthedouro Burgos de’Oliveira acusa ao juiz da cidade de o haver agredido, utilizando-se de golpes à moda de capoeira:

A 13 de abril de 1876, também em O Cearense, em todas a pedido, do interior, um juiz, em suas decisões, contrariando interesses políticos, é comparado à ‘um capoeira”:

Desta vez, e não é a primeira, um padre é chamado de ‘capoeira’, dada a sua truculência em tratar de seus paroquianos, também por divergências políticas, conforme o Cearense de 27 de agosto de 1876:

No jornal “A Gazeta do Norte”, do ano de 1880, edição 74, - circulou de 1880 a 1890 -aparece pela primeira vez o termo de busca ‘capoeira’, referindo-se à mato raso. Na edição de 07 de dezembro, n. 149, já se refere a facínoras,

Em “O Libertador” – órgão da Sociedade Cearense Libertadora, com edições de 1881 a 1889, na sua publicação de 17 de março de 1881, em sua sexta edição, ‘capoeira’ significando malfeitor e vagabundo. Temos a identificação de um capoeira, Júlio de Vasconcelos, português, de cor branca, preso por ser vagabundo e capoeira, embora redator de um jornal rival, O Cruzeiro:

Como já apontamos mais acima, no jornal “Pedro II”, do ano de 1852, edição 1090, aparece como referindo-se a uma localidade, Capoeira do Araújo, a mesma que aparece por essa época em vários jornais, quando da construção de uma estrada. Notícias de crimes associavam o uso de facas à capoeiras, como malfeitores, aparecem em sua edição 84, de 1881:

Em A GAZETA

DO NORTE, edição de 28 de abril de 1881, um delegado de polícia desafia os presos a jogar capoeira:

O “Pedro !!” em sua edição de 27 de novembro de 1881 traz os instrumentos utilizados na capoeira – o cacete:

N’A GAZETA DO NORTE, edição de 7 de fevereiro de 1882, em resposta, novamente a designação de ‘capoeira’ a indivíduo sem caráter:

Em O Libertador de 12 de abril de 1886, ao noticiar a prisão de um Cearense, como era conhecido José Francisco das Chagas, de 20 anos de idade; é apresentada sua ficha criminal, com várias prisões, por vagabundagem, embriaguez e furto. Algumas dessas prisões, pelo exercício de capoeiragem, ou por capoeira: 1883

O Libertador, na edição de 18 de fevereiro de 1887, caracteriza um capoeira:

O CEARENSE de 20 de julho de 1887 anuncia o recebimento do número 13 de A Quinzena, e ao apresentar o sumário, um dos temas é ‘Capoeira”:

No “Constituição” de 10 de fevereiro de 1888, mais uma nota policial, envolvendo um capoeira:

O jornal “José de Alencar”, órgão do grêmio literário do mesmo nome, em sua edição de 16 de outubro de 1892, traznos umas memórias “do Torres”, escrito por Jubas Coréa; ao descreve-lo:

Em “A República” – fusão de O Libertador e Estado do Ceará, editado de 1892 a 1897, em sua edição de 28 de maio de 1893, refere-se a um tal de “Domingos Capoeira”:

N´A Republica de 10 de março de 1895, outra nota de uma agressão, sendo um dos contendores, um capoeira:

Jornal “O Republicano”, de 28 de dezembro de 1895:

No “Jornal do Ceará, edição de 03 de agosto de 1904, também se refere à mato; na edição de 26 de agosto, noticia de um crime, ocorrido em Acaraú-Mirim:

O REBATE, de 1907 traz:

No jornal “A Nota”, em sua edição de 30 de julho de 1921,

No “O Ceará”, de 30 de março de 1928, com o sentido de mato; na de 04 de abril, refere-se à navalha de um capoeira:

Verifica-se que a maioria das referências se trata de mato rasteiro, ou a ‘capoeira de galinhas, de patos, perus, e mesmo de maracujá.’. Mas há muitas indicações da “capoeira” como confronto, seja físico, através de lutas e/ou ataques a pessoas, seja como tentativa de qualificar as pessoas, na sua maioria, uma autoridade ou seu preposto, denegrindo-o, chamando-o de ‘capoeira’, ou fazendo uso de ‘capoeira’ como forma de se manifestar, e a sua maioria, nesse caso, de xingamentos entre jornalistas e redatores dos diversos jornais... Nada diferente do ocorrido naqueles estados em que já se fez esse resgate da memória...

Em “A Razão” – publicado de 1929 a 1938, na edição de 02 de outubro de 1930, refere-se à luta:

São Paulo Está situado na Região Sudeste e tem por limites os estados de Minas Gerais a norte e nordeste, Paraná a sul, Rio de Janeiro a leste e Mato Grosso do Sul a oeste, além do Oceano Atlântico a sudeste. É dividido em 645 municípios e sua área total é de 248 219,481 km², o que equivale a 2,9% da superfície do Brasil, sendo pouco maior que o Reino Unido. Sua capital é o município de São Paulo e seu atual governador é Tarcísio de Freitas. Com 46,6 milhões de habitantes,[2] ou cerca de 22% da população brasileira, é o estado mais populoso do Brasil, a terceira unidade política mais populosa da América do Sul (superado pela Colômbia e pelo restante da federação brasileira) e a subdivisão nacional mais populosa do continente americano.[7] A população paulista é uma das mais diversificadas do país e descende principalmente de italianos, que começaram a emigrar para o país no fim do século XIX,[8] de portugueses, que colonizaram o Brasil e instalaram os primeiros assentamentos europeus na região, de povos ameríndios nativos, de povos africanos e de migrantes de outras regiões do Brasil. Outras grandes correntes imigratórias, como de árabes, alemães, chineses, espanhóis e japoneses, também tiveram presença significativa na composição étnica da população local. A área que hoje corresponde ao território paulista já era habitada por povos indígenas desde aproximadamente 12000 a.C. No início do século XVI, o litoral da região começou a ser visitado por navegadores portugueses e espanhóis. No entanto, apenas em 1532 o português Martim Afonso de Sousa iria fundar a primeira povoação de origem europeia a vila de Cananéia, na atual Vale do Ribeira. No século XVII, os bandeirantes paulistas intensificaram a exploração do interior da colônia, o que acabou por expandir os domínios territoriais dos portugueses na América do Sul. No século XVIII, após a instituição da Capitania de São Paulo, a região começa a ganhar peso político. Após a independência, durante o Império, São Paulo começa a se tornar um grande produtor agrícola (principalmente de café), o que acaba por criar uma rica oligarquia rural regional, que iria se alternar no comando do governo brasileiro com as elites mineiras durante o início do período republicano. Sob o regime de Vargas, o estado é um dos primeiros a iniciar um processo de industrialização e sua população se torna uma das mais urbanas da federação. Segundo o IBGE, em pesquisa realizada em setembro de 2015, São Paulo tinha a maior produção industrial do país, com o maior PIB entre todos os estados brasileiros. Em 2016, a economia paulista respondia por cerca de 32,5% do total de riquezas produzidas no país, o que tornou o estado conhecido como a "locomotiva do Brasil".[9] O PIB paulista equivale à soma das economias de Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia [10] Se fosse um país soberano, seu PIB nominal seria o 21.ºmaior do mundo (estimativa de 2020).[11][12] Além da grande economia, São Paulo possui bons índices sociais em comparação ao registrados no restante do país, como o segundo maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH),[6] o segundo maior PIB per capita,[3] a segunda menor taxa de mortalidade infantil,[4] a menor taxa de homicídios[13] e a terceira menor taxa de analfabetismo entre as unidades federativas brasileiras.[14]

SÃO PAULO - 1833

O mapa retrata apenas os casos de capoeira em São Paulo, noticiados nos jornais e que apresentavam a localização exata

A Capoeira nas ruas de São Paulo nas primeiras décadas do século XX - Capoeira Contemporânea (capoeirahistory.com)

DEFINIÇÕES

PERNADA - Câmara Cascudo informa que assistiu a uma pernada executada por marinheiros mercantes, no ano de 1954, em Copacabana, Rio de Janeiro. Diziam, os marinheiros, que era carioca ou baiana. É uma simplificação da capoeira. Zé da Ilha seria o "rei da pernada carioca"; é o bate-coxa das Alagoas. Ainda Edson Carneiro (Dinâmica do Folklore, 1950) informa ser o batuque ou pernada, bem conhecido na Bahia e Rio de Janeiro, não passa de uma forma complementar da capoeira. Informa, ainda, que na Bahia, somente em arraiais do Recôncavo se batuca, embora o bom capoeira também saiba largar a perna. No Rio de Janeiro já se dá o contrário - a preferência é pela pernada, que na verdade passou a ser o meio de defesa e ataque da gente do povo. Pernada de Sorocaba – Em Sorocaba, a Pernada era praticada nas rodas de samba do clube 28 de Setembro ou no campo de futebol de chão de terra batida da Água Vermelha, próximo da Igreja de João de Camargo. A pernada, diferente da capoeira, era apresentada durante os desfiles de carnaval, acompanhando os blocos que saiam às ruas. Ao invés do berimbau, a pernada era jogada ao som de samba tocado por instrumentos de percussão como pandeiro, reco-reco e zabumba. O movimento acontecia em Sorocaba, é derivante das lutas e jogos afro-brasileiros trazidos para o Brasil pelos negros no tempo do Brasil colônia, assim como o bate-coxa de Alagoas, o passo do frevo em Pernambuco, o samba de aboio em Sergipe, a tiririca na capital paulista e a também chamada pernada do Rio de Janeiro. Na década de 70, com a chegada das escolas que ensinavam a capoeira baiana, o movimento foi se perdendo e caindo no esquecimento. (ver crônica do folclorista Carlos Cavalheiro, em que faz uma análise da relação entre danças-luta (pernada, tiririca etc) com a Capoeira no interior Paulista. In http://www.capoeira.jex.com.br/ ) Capoeira, Pernada e Tiririca in Crônica sobre Capoeira, com algumas informações sobre a Pernada de Sorocaba e a Tiririca da capital paulista, ambas uma espécie de "capoeira primitiva" do Estado de São Paul, por Miltinho Astronauta, in Jornal do Capoeira Edição AUGUSTO MÁRIO FERREIRA - Mestre GUGA (n.49) de 13 a 19 de Novembro de 200, disponível em www.capoeira.jex.com.br

Tiririca, Capoeira & Barra funda, por Elaine Muniz Pires, sobre a história dos bairros paulistanos, em especial a Barra Funda, onde acontecia a Tiririca, uma espécie de Capoeira Primitiva, disponível em www.capoeira.jex.com.br

1833 os vereadores da cidade de São Paulo editaram uma Postura Municipal proibindo a prática da Capoeira 1850 Carlos Carvalho Cavalheiro, folclorista da cidade interiorana de Sorocaba (SP), um dos mais empenhados historiógrafos de algumas das Capoeiras praticadas no Estado de São Paulo, tem encontrado alguns documentos

O mapa da capoeira

(registros!) preciosos referente à presença da capoeira a partir de meados do século XIX (1850) em solo paulista. É dele a descoberta da existência de Posturas Municipais de Sorocaba, datada de 1850 que proibiam o jogo da capoeira; reeditadas nos anos de 1865 e 1871, mantiveram a proibição;

1860 Um capoeira de nome Diogo – Dioguinho – em sua infância, praticava capoeira com negros nas proximidades da Igreja de São Benedito (in Bernardo, Moacir. A vida bandida de Dioguinho. Ed. Do Autor, 2000, p. 13, conforme informa Carlos Cavalheiro em correspondência pessoal).

1889 em São Paulo, a 11 de fevereiro, o “Jornal Província de São Paulo” (hoje, O Estado de São Paulo) colocava em foco o problema de “conflito entre raças” questionando a posição desses novos cidadãos libertos, dentro os quaia encontra-se os capoeiras: “(...) que elementos são esses que concitam a raça negra ao crime e a prórpia desgraça? Quando no futuro escrever-se a história acidentada do fim do segundo reinado, há de ser não pelas navalhadas dos capoeiras que há de se aferir a cooperação da reça negra”. (Reis, 1997, p. 62)

1890(?) João Amoroso Neto, em livro sobre o bandido Dioguinho da luta deste com um negro capoeira na cidade de Mato Grosso de Batatais, hoje Altinópolis, região de Ribeirão Preto. (in AMOROSO NETO, Alceu. Dioguinho, São Paulo, 1949, conforme informa Cavalheiro em correspondência pessoal). (Ver ainda Cavalheiro, 2007, http://www.lainsignia.org/2007/julio/cul_037.htm)

- um historiador de Porto Feliz (SP), mas natural de Tatuí (SP) de nome João Campos Vieira disse conhecer tradição oral que o Dioguinho era bom capoeira e navalhista, usando a navalha no pé para dar seus golpes. (Cavalheiro, em correspondência pessoal; e in Cavalheiro, 2007, http://www.lainsignia.org/2007/julio/cul_037.htm)

- tem-se notícias de um capoeira chamado Mané, carioca é desterrado para Botucatu (SP) nas perseguições de Sampaio Ferraz; aparece depois em 1927 ensinando capoeira (in ARAUJO, Alceu Maynard. Folclore Nacional, 1964).

1892 - Em março houve um confronto entre os “morcegos” (praças da polícia fardada) e soldados do exército paulista que eram capoeiristas, ocasionando distúrbios na cidade de São Paulo. (Fonte: http: //www.institutocariocadecapoeira.hpg.ig.com.br/historico.htm acessado em 31.01.2004.

(189?) na obra de Alceu Maynard Araújo entitulada "Folclore Nacional" (1964), relata que foi encontrada capoeira no interior paulista entre o final do século XIX e início do século XX. Trata-se de levas de capoeiras soltas nas pontas dos trilhos da Sorocabana, que tinha como destino final a cidade de Botucatu. Na verdade eram capoeiras desterrados do Rio em consequência do Código Penal de 1890.

1900 - Em 28 de maio, o jornal Correio Paulistano apresenta em algumas linhas na coluna de Vida Diária, junto a outras notícias de agressões e roubos,: a notícia de que “Candido Elias Gonçalves, que se gaba de ser o melhor capoeira dessa terra, hontem à noite fazia bonito passando rasteiras nos menores que assistiam a retreta no jardim do palácio, gritando oh ferro, nunca vi tanto aço!”

- A notícia de 15/01/1900 no Estado de São Paulo revela um pouco mais sobre a organização em grupos: É bem conhecido, por todos quanto costumam passar pela várzea do Carmo, nos domingos, do meio dia em diante, o originalíssimo espetáculo que oferecem os desocupados das ruas Vinte e Cinco de Março e Santa Rosa, de uns combates a pedradas travados no aterrado do gasômetro. …as autoridades do Brás conseguiram apurar que os desocupados da rua de Santa Rosa têm três partidos formados, que disputam com outros três da rua Vinte e Cinco de Março, havendo em cada um delles uma bandeira diferente e os respectivos chefes, que são vagabundos adestrados no jogo da funda, capoeiras e navalhistas, que se impõem aos companheiros e subordinados pela força e pela brutalidade de que dão provas nas investidas da várzea.” (Grifos Nossos. Nota: Jogo da funda seria o ato de arremessar pedras à distância com a ajuda de uma corda, uma arma de arremesso medieval)

1903 - Em 06/12/1903, o Correio Paulistano traz a seguinte nota: CAPOEIRA – A cafetina Maria Luiza, teve hontem uma questão na sua casa, à rua senador Feijó, com Carolina Vieira e Guilhermina da Silva. Depois de longa troca de palavras insultuosas, Maria Luiza começou a jogar capoeira. Appareceu, porém naquella ocasião uma praça que prendeu Maria Luiza, à ordem do dr. Pedro Arbues Junior 2º delegado.” (Grifos Nossos)

1907 - Segundo matéria do Correio Paulistano de 26/11/1907, que reproduz uma ata da Câmara Municipal de São Paulo de 1907, desde o começo daquele ano, juízes da capital proferiram sentença em 673 processos referentes à capoeiragem, vagabundagem, jogos e apostas, uso de armas proibidas, e crimes contra o trabalho. Todos esses são crimes relacionados à população marginalizada. São formas de repressão, controle e exclusão de suas atividades que não se enquadravam na sociedade do trabalho em formação na São Paulo do início do século XX.

1913 - Na rua Vergueiro o preto Alfredo Eugênio, de 22 anos de edade, morador da alameda Ribeiro da Silva n. 57, jogava a capoeira hontem às 2 horas da tarde com diversos companheiros. Um destes, exasperado por ter cahido a uma rasteira de Alfredo, vibrou-lhe uma navalhada no lado direito do maxilar inferior. O agressor evadiu-se em seguida e a victima foi medicada na Polícia Central.” (Correio Paulistano, 2 de julho de 1913. Grifos nossos)

1914 - Estado de São Paulo, em 08/02/1914, mostra novamente um agrupamento de capoeiras e, não à toa, numa região ocupada historicamente por negros: Pedem-nos que chamemos as vistas da polícia sobre agrupamento de

indivíduos que todas as tardes até altas horas da noite dão lições gratuitas de capoeira na rua Conselheiro Carrão, no trecho comprehendido entre a esquina da rua Ruy Barbosa e Treze de Maio. As famílias não podem por ali transitar, porque é demais audaciosa e desrespeitadora a atitude de semelhante gente.” (Grifos nossos)

1926 - A caricatura de um capoeira, publicada em 12/02/1926. O jornal humorístico O Sacy brinca no final da legenda com a suspeita, que existia na época, de que o próprio presidente Washington Luiz fosse um capoeira. Quem o vê assim gordete não calcula que capoeira, que cabra bom no porrete, que cabra bom na rasteira. Confirmando o que se diz, que o diga Washington Luiz…”

1927 O folclorista Alceu Maynard Araújo (in Folclore Nacional, 1964) registrou a presença da prática e do ensino da Capoeira na cidade de Botucatu, em algum momento após o Código Penal de 1890 e o ano de 1927. O autor não deixa claro, com precisão, qual o momento em que ele detectou a chegada dos capoeiras na cidade, mas afirma que no ano de 1927 um capoeira carioca chamado Mené ensinou alguns jovens estudantes no Clube Pedrotibico Orfeu. O próprio Maynard declara que ele fez parte daquela turma de "alunos"; Década de 1930 - A pratica da "Tiririca" na capital paulista, décadas de 30(?), 40 e 50, era um tipo de capoeira primitiva, praticada sem a presença do berimbau, mas acompanhada pelo ritmo do samba paulistano. Acreditase na tese de que algo possa ter sido registrado sobre a prática na cidade de Bom Jesus do Pirapora, uma vez que diversos sambistas e praticantes da Tiririca frequentemente deixavam a capital para sambar nas festas que por lá tomavam corpo;

Decada de 1940 - É recente o estudo sobre a capoeira antiga no Estado de São Paulo, embora haja algumas informações esparsas sobre a sua prática em diversas localidades do solo paulista. Segundo o professor Rubini essa prática ocorria na década de 1940 a 1950, na cidade de Porto Feliz. O professor Olivério Rubini informa, por exemplo, que praticava a pernada a qual "era uma brincadeira que antecedia a chegada de todos, onde algumas crianças procuravam derrubar outras com rasteiras. Talvez a diferença com a capoeira era a espontaneidade e a ausência de regras e acompanhamento musical". A pernada parece, então, ser a capoeira primitiva. O local onde se praticava a pernada portofelicense era um terreno baldio usado como campo de futebol e que hoje é a avenida Capitão Joaquim de Toledo, ao lado da Escola Monsenhor Seckler. (Carlos Carvalho Cavalheiro, in La Insignia, 2007. Carta ao autor datada de 04 maio 2006, disponível em http://www.lainsignia.org/2007/julio/cul_037.htm).

1944 AMADO, Jorge. Bahia de todos os santos (1º Edição). 21a. edição revista e atualizada. São Paulo: Martins, 1971. O livro foi publicado pela primeira vez no ano de 1944. Como todas as obras de Jorge Amado, esta também vem sendo reeditada constantemente e lançada em várias outras línguas pelo mundo afora. A partir da 22º edição, entretanto, um substancial e revelador parágrafo foi suprimido. Justamente o que menciona uma visita de Mestre Bimba ao Rio de Janeiro onde foi surpreendido pela alta eficácia da capoeira carioca. Especialistas em Bimba e em Amado defendem que o trecho foi apenas uma fantasia do grande escritor. (Lace Lopes, 2005)

1946 Outra informação sobre a capoeira em Porto Feliz é o relato do senhor José Aparecido Ferraz, conhecido por Zequinha Godêncio. Desde o ano de 1946 ele acompanhava as brincadeiras de capoeira. Aos vinte anos, por volta de 1951, começou a participar das brincadeiras e treinar a capoeira. Havia em Porto Feliz um capoeirista conhecido por Toninho Vieira. Vendo esse capoeirista treinar e jogar, Zequinha começou a praticar imitando-o. "O professor foi só mais ver...", afirmou. (Carlos Carvalho Cavalheiro, in La Insignia, 2007. Carta ao autor datada de 04 maio 2006, disponível em http://www.lainsignia.org/2007/julio/cul_037.htm).

1948-1949 - Mestre Bimba veio para São Paulo para apresentar suas habilidades, nas lutas combinadas, para o povo paulistano. Foi a sensação daquele momento, “lotando Pacaembus” (Estádio do Pacaembu) e chamando a atenção de toda a imprensa. Mestre Damião, Perez e Garrido fizeram parte daquela equipe de jovens aventureiros

- com relação à capoeira regional baiana, a documentação até agora angariada nos dá conta de ter chegado a São Paulo por volta de 1948/49 e ter seu ensino formalizado em academia a partir de 1950.

1949 "Os capoeiristas estão brilhando em São Paulo". A Tarde, Salvador, 25 fevereiro. Embora - agora já sabe - os resultados fossem combinados, mesmo assim houve uma razoável divulgação da capoeira regional baiana no evento foco da notícia.

- "Regressou Mestre Bimba". A Tarde, Salvador, 7 março: não concordando, mas também não proibindo lutas combinadas, Mestre Bimba voltou a Salvador demonstrando satisfação com os resultados alcançados.

Década de 1950 Outra informação interessante de Zequinha Godêncio diz respeito a perseguição policial à prática da capoeira, embora nessa época já não constasse mais no Código Penal. A mesma reclamação fez um capoeirista de Sorocaba, conhecido por Chiu, que disse que por volta da década de 1950 a polícia ainda perseguia quem

praticasse a capoeira. Zequinha informou que havia um bar de um "turco" onde se reuniam os capoeiristas e ficavam jogando. O delegado, Barreto, prendia os capoeirista. "No outro dia cedo ele soltava e elevava ao Porto do Martelo. Chegava lá tinha que lutar com ele. Se a gente jogava ele dentro d'água, saía. Não voltava pra cadeia". O delegado, segundo Zequinha, gostava de desafiar os capoeiristas para uma luta. Aqueles que levassem a melhor poderiam ir. Caso contrário, ficariam mais alguns dias na cadeia. Zequinha lembra alguns nomes de capoeiristas de Porto Feliz: Orides, Pedro (sobrinho de João Xará), Faísca. Também informou que a capoeira era brincada sem acompanhamento musical. "A gente só ia gritando: Aeh!, olha lá, Ah!, Opa! Ia gritando e dando giro". O pessoal de Porto Feliz, na década de 1950, costumava vir a Sorocaba onde no bairro da Árvore Grande brincavam a capoeira com os sorocabanos. "Era lá na Árvore Grande. De lá tinha um chamado Aparecidinho. Tinha Aparecido, um chamado Paulinho. Era os mais chegados". (Carlos Carvalho Cavalheiro, in La Insignia, 2007. Entrevista concedida em 02 nov 2006, disponível em http://www.lainsignia.org/2007/julio/cul_037.htm).

- Ainda sobre a capoeira antiga de Porto Feliz, o colecionador Rubens Castelucci informa que havia um pessoal que brincava no largo da Laje, antiga rua da Laje. Segundo Rubens, o prefeito Lauro Maurino promovia muitas apresentações de capoeira e congada em comícios políticos e em festas. Vinham pessoas de Capivari para auxiliar o grupo de Porto Feliz nas apresentações. (Cavalheiro, 2007, http://www.lainsignia.org/2007/julio/cul_037.htm)

- No ano de 50 e 51, Mestre Damião ministrou primeiro curso oficial de Capoeira que em São Paulo se registrou, na academia de Kid Jofre; Waldemar Zumbano da CBP atestou. (ASTRONAUTA, 2004).

1950/51 de setembro de 1950 a maio de 1951, funcionou em São Paulo a primeira Academia de Capoeira (Luta Regional Baiana)..." (SANTOS, 1996). Para Cavalheiro, a despeito de, no futuro, surgir qualquer outra informação diferente desta, o que se deve considerar é que o fato de Mestre Damião ter ensinado capoeira regional baiana em São Paulo, em academia - portanto, de maneira formal - está amplamente documentado. Entretanto, isso não exclui a existência da prática da capoeira (em suas formas e vertentes) em solo paulista antes do final da década de 1940 ou início de 1950

1956 Última Hora, São Paulo, 25 abril de 1956: "Neste mundo cada vez mais dependente do marketing, parece que só existiu e que só existe quem está todos dias na mídia. Mídia paga ou não. Daí a ignorância sobre a extraordinária Capoeira de Sinhozinho de Ipanema. Outro bom exemplo, ou melhor, outra boa injustiça pode ser registrada em relação ao Sr. Antenor dos Santos, mineiro, vice-presidente da Portela e um 'animador da capoeira' ". Nas décadas de 1940/1950 o Senhor Santos coordenava um grupo de bons angoleiros, na prática, comandados por Joel Lourenço do Espírito Santo.

DÉCADA DE 1960 – migram para São Paulo, no decorrer da década, vários mestres de capoeira baianos em busca de melhores condições de vida (Reis, 1997)

- informa Hamilton Jackson Dias (hamiltonjackson@walla.com) que nos anos 1960 via muitas pessoas que brincavam de capoeira nas ruas mesmo não existindo academias em Sorocaba. “...eu vi Zé Jaú, vi Luizão, João Pantera, Maurinho Meia Lua e tantos outros que brincavam de capoeira aqui em Sorocaba antes de 1970”. (ver box) 1969 é fundada a Associação São Bento Pequeno, uma parceria dos mestres Pinatti, Paulão e o saudoso Paulo Limão, tem endereço certo: Rua do Vergueiro, 2684, próximo ao metro Ana Rosa O Mestre Djamir Pinatti é um dos veteranos da capoeira paulista. Ao lado de Paulo Limão, Paulo Gomes, Suassuna, Silvestre, Brasília, Joel, Gilvan, Grande e tantos outros, fez com que a capoeira adentrasse no seleto cardápio cultural e desportivo da Terra da Garoa, principalmente nos idos dos anos 60 e 70. Em seu acervo particular mantém documentos preciosismos da História da Capoeiragem paulista e paulistana. Será impossível, apenas para dar pequeno exemplo, conhecer a história completa da Federação Paulista de Capoeira (FPC), fundada em 1974, sem recorrer a seu acervo. 1969 Historicamente, desde pelo menos o final dos anos 60, a Capoeira está na Universidade, senão como disciplina, está pelo menos como atividade cultura e desportiva. Na USP (Universidade de São Paulo), Capital, Butantã, os mestres Eli Pimenta e Gladson são os precursores. O primeiro por dar aulas aos alunos e funcionários, com atividade de lazer (1969), e o segundo por ter inserido a capoeira no currículo escolar da Usp (1970/71). Mestre Eli Pimenta, que iniciou Capoeira com Mestre Suassuna, depois passou pelo Cativeiro (de Mestre Miguel Machado), deu aulas na USP entre os anos de 1969 à 1982 (não sei precisar se houveram interrupções nos treinos de capoeira). Uma das fases de Mestre Eli na USP foi no antigo "Barracão", posteriormente demolido.

DÉCADA DE 1970 – iniciou-se a fundação das federações Estaduais de Capoeira, sob a jurisdição da CBP. E nesta mesma década começa a expansão da Capoeira por todo o país, a qual antes estava limitada a poucas iniciativas e localizações. Neste estágio, passam a convergir e se consolidar vários suportes para o desenvolvimento da Capoeira tais como a institucionalização da luta (livros e publicações, gestão por federações, etc.); multiplicação de mestres (imigração entre regiões do Brasil e para o exterior, festivais de grupos renomados, etc.); melhoria do conhecimento (pesquisa,, ensino em universidades, etc.); e reconhecimento público do seu valor cultural e esportivo (Vieira, 2005)

1970/71 A Capoeira é introduzida por mestre Galdson no currículo escolar da USP. Mestre Gladson continuou seu trabalho no CEPEUSP - Centro de Praticas Esportivas da USP - onde ensina até hoje. Sobre a história da capoeira

na USP, tem-se conhecimento dos trabalhos ali desenvolvido por diversos mestres, contramestres e professores como Gladson de Oliveira Silva, Pingüim (Luis Antônio Nascimento Cardoso), Vinícius Heine, João Sarará (João Luis Uchoa Passos), Thiaguinho (Thiago Uchoa Passos), Nego Folha (Márcio Custódio de Oliveira), o grupo Nzinga (M.Janja); o pessoal do Abada e da Malungos.

1971 inaugurada a primeira sede da Academia e Grupo de Capoeira Capitães d´Areia, situado no bairro da Barra Funda; em seguida, o grupo mudou-se para o Bom Retiro e depois para o Brás; abriu-se uma filial nos Campos Elíseos 1974 Fundação da Federação Paulista de Capoeira, precursora no País (Reis, 1997)

- por essa época, surge o Grupo de Capoeira Capitães d´Areia, em São Paulo (Reis, 1997)

1975 ARAÚJO, Alceu Maynard. BRASIL - Histórias, costumes e lendas. São Paulo: Ed. Três. Levantamento sobre cultura popular brasileira, com destaque para danças e jogo, e com menção da capoeiragem, permite perceber a existência de íntimo parentesco do batuque, com o bambelô (Rio Grande do Norte), o caxambú (Minas Gerais),o bate-coxa (Alagoas), o jongo, o côco ou zambê, a chula e a pernada carioca. (Lace Lopes, 2005)

1979 apresentação de um projeto de lei, encaminhado à Câmara Federal, por um mestre de São Paulo, propondo a mudança de “capoeira” para “luta nacional” (Projeto-lei 2.249-A, folheto da Associação de Capoeira Iuna) (Reis, 1997)

DÉCADA DE 1980 em princípio da década, surge o Grupo de Capoeira Cativos, em São Paulo (Reis, 1997)

1988 haviam 36 academias filiadas a Federação Paulista de Capoeira, 12 delas pertencentes a capital - mestre Alcides funda o Centro de Estudos e Aplicação da Capoeira - CEACA. Ambos formam-se mestres em 1992, pelas mãos de Mestre Eli Pimenta. Já em 1969 integra-se ao grupo de capoeiras o jovem Alcides de Lima, hoje Mestre Alcides. Pouco depois (1971) chega também o Dorival dos Santos - Mestre Dorival

DÉCADA DE 1990

1993 realização do Primeiro Congresso Técnico Nacional de Capoeira, na cidade de Guarulhos-SP. Objetivo: padronização de procedimentos técnicos, culturais e esportivos (Vieira, 2005)

1995 SANTOS, Esdras M. dos. Conversando sobre capoeira.. São Paulo: JAC. Livro emocionado, desassombrado e extremamente informativo. Preciosa fonte de informações e esclarecimento sobre a trajetória da Capoeira Regional. (Lace Lopes, 2005)

1995 é fundado o primeiro grupo feminino de Capoeira, pelas professoras Cenira Briz, Viviane Briz e Cristiane Briz (Mãe e filhas, respectivamente), quando criaram uma filial da Associação de Capoeira Ginga Almada Santos de Mestre Ananias Tabacou Cinco anos mais tarde, no ano de 2000, elas desligam-se do "Almada Santos" e fundam sua "Escola de Capoeira Ginga dos Ventos".

1997 Organização do Segundo Congresso Técnico Nacional de Capoeira (Vieira, 2005)

1999 realização do Terceiro Congresso Técnico Nacional de Capoeira e Primeiro Congresso Técnico Internacional de Capoeira, na cidade de São Paulo. Aprofundamento das padronizações técnicas e difusão para o exterior.

- Fundação da Federação Internacional de Capoeira, em São Paulo.

- Fundação da Associação Brasileira de Árbitros de Capoeira, em São Paulo (Vieira, 2005)

SÉCULO XXI

2002 introdução da Capoeira como modalidade oficial nos Jogos Regionais e Abertos do Interior dos Estados de São Paulo e de Goiás.

2003 No programa Terra Paulista, foi citado que na cidade de Bananal, Vale do Paraíba, ainda se praticava uma "capoeira diferente". (Cavalheiro, 2007, http://www.lainsignia.org/2007/julio/cul_037.htm)

2006 Mestre Gladson, professor do Centro de Práticas Esportivas da Universidade de São Paulo (CEPEUSP), realizará um Curso de Difusão Cultural: Aspectos Pedagógicos da Capoeira, dias 10 e 11 de Junho de 2006, com carga horária de 20 horas

- o Grupo Nzinga promove o "Primeiro Encontro de Angoleiras de São Paulo".

2013 - O Jogo de Identidades na Roda de Capoeira Paulistana - Letícia Vidor de Sousa Reishttps://doi.org/10.4000/pontourbe.748 - Entre o começo da década de 1960 e o princípio dos anos de 1970, vários mestres de capoeira e capoeiristas baianos migram para a cidade de São Paulo e formarão a primeira geração de capoeiristas paulistanos. Neste artigo, estabeleço uma comparação entre três diferentes concepções sobre a identidade da capoeira paulistana: a da Federação Paulista de Capoeira, a qual a vê como uma “arte marcial brasileira”, a do Grupo de Capoeira Capitães d’Areia que a representa como “arma dos oprimidos” e a do Grupo de Capoeira Cativeiro que a representa como “uma forma de expressão negra”. Tais representações sociais determinarão a forma de graduação de cada um deles. A Federação Paulista de Capoeira adotará as cores da bandeira nacional, o Grupo de Capoeira Capitães d’Areia tomará como base a história do negro no Brasil e Grupo de Capoeira Cativeiro se baseará nas cores dos orixás.

2014 - - Museu da Pessoa - História da Capoeira Paulista História de: Mestre José de Freitas Nascido na cidade de Macaquinhos (BA), em 29 de abril de 1926, Jose de Freitas começou a treinar capoeira em 1946 com Mestre Caiçara, que depois de algum tempo o apresentou para o inesquecível Mestre Waldemar Rodrigues da Paixão (o Poeta), virando assim seu discípulo. Mestre Ze de Freitas foi um pioneiro da capoeira em São Paulo. Veio para terra da garoa ainda no final da década de 50, e começou suas atividades na capoeira (ainda proibida nessa época) num pequeno corredor de pensão de mais ou menos 3mt x 2mts, no bairro da Mooca. Teve uma passagem no Clube CMTC, onde realmente deu-se inicio a trajetória da capoeira paulista. Junto com outros grandes mestres, onde originou-se a capoeira que vemos hoje no centro sudeste de São Paulo. Trajetória essa que levou o Mestre Zé de Freitas a outro rumo, que a olhos de outros capoeiristas a complexa. Mestre Zé de Freitas formou capoeiristas que hoje também fazem parte da história de nossa capoeira como: Mestre Pinatti, Mestre Joel, Mestre Mello, Mestre Serginho e Mestre Dulcidio (que hoje junto com seus professores representam o grupo Associação de Lutas Unidas Capoeira, fundada pelo Mestre Zé de Freitas). Sua ultima vinda à São Paulo foi em junho de 2007, para participação de documentário chamado Reunião dos 9, onde tentam resgatar a história da Capoeira Paulista. O mestre Zé de Freitas teve acompanhamento o tempo todo de seu eterno aluno e amigo Mestre Dulcidio. Mestre Zé de Freitas se encontra hoje em Alagoinhas com seus quase 90 anos, mas por problemas de saúde não está puxando treinos em sua academia. Mestre Freitas também participou de novelas; trabalhou como segurança de Manoel da Nóbrega, o principal humorista da Praça da Alegria; foi um dos treinadores do jogador Pelé para o filme "A marcha de Chico Bondade", de 1972. Também em São Paulo fundou sua academia, a Associação de Lutas Unidas Capoeira Freitas, no bairro da Sapopemba, que hoje encontra-se na responsabilidade do seu eterno aluno e amigo Mestre Dulcidio. Hoje, aos 88 anos, completados em abril, Mestre Zé de Freitas já não ensina por conta de problemas com a visão.

2015 - Livro: Capoeiras e valentões na história de São Paulo | Portal Capoeira

2021 - A Capoeira nas ruas de São Paulo nas primeiras décadas do século XX - Capoeira Contemporânea (capoeirahistory.com)

História da capoeira de São Paulo grande Mestre GUILHERMÃO MESTRE JAIR E C MESTRE PEPEU CAPOEIRA - História da capoeira de São Paulo grande Mestre GUILHERMÃO MESTRE JAIR E C MESTRE PEPEU CAPOEIRAYouTube

A Capoeira na praça e o pioneirismo do Mestre Zumbi – Expresso Periférico (expressoperiferico.org) Capoeirista de Suzano: conheça a história do mestre Amaro, um dos pioneiros da capoeira paulista - Agência Mural (agenciamural.org.br)

2022 - Capoeira, Roda de Samba e muita cultura, aqui em São Paulo! (spcity.com.br) Mestre de Capoeira.indd (unesp.br)

Situação atual

CAPOEIRAGEM

A Capoeira com cantoria e ritmo, nos dias presentes, pode ser encontrada no mundo inteiro. Apresentada, na maioria das vezes, em palco, em conjunto com danças e rituais afro-brasileiros adaptados para show - maculelê, samba de roda, dança de orixás, puxada de rede etc. Já a Capoeiragem do Rio Antigo parece ser uma prática em extinção, com os mestres mais velhos aposentados e uns poucos mestres mais jovens migrando para outras lutas similares, como Muay Thay, Caratê ou Box Tailandês. Não sendo de se desprezar, entretanto, alguns esforços que estão surgindo no sentido de revitalizar este tipo de capoeira, como, por exemplo, o Projeto Capoeira Arte Marcial (ver neste particular a parte final do livro "Capoeiragem no Rio de Janeiro, Sinhozinho e Rudolf Hermanny", Lace Lopes, 2003, p. 267). Em termos de fontes, e de acordo com pioneira pesquisa realizada pela Federação Italiana de Capoeira, já existem mais de 500 trabalhos sobre capoeira, sobretudo, sobre sua parte rítmica e cantada. Estando incluídos neste levantamento, não apenas CDs, mas gravações em vinil, K-7, vídeos-tapes e filmes técnicos ou romanceados. Em dezembro de 2003,

no Rio de Janeiro, foi editado um CD especificamente sobre Agenor Sampaio, Sinhozinho: "Homenagem aos Bambas do Rio Antigo". Neste particular, cabe mencionar, a primeira gravação, ainda em vinil, do CD "Curso de Capoeira Regional", uma vez que, o libreto que acompanhava o disco, mencionava outras lutas (ver BIMBA, 1963). Mais informações podem sr obtidas no capítulo de Capoeira neste mesmo volume. (Lace Lopes, 2005)

CAPOEIRA

Após três décadas de expansão no Brasil e no exterior, a capoeira tornou-se uma das principais práticas esportivas do país, contando um total estimado de seis milhões de praticantes em cerca de 35 mil núcleos de ensino em todas as regiões brasileiras. Há também 24 federações estaduais e 92 ligas regionais e municipais, vinculadas à Confederação Brasileira de Capoeira. Por sua vez, a Federação Internacional de Capoeira já soma sete federações nacionais (Canadá, Argentina, Portugal, Holanda, França, Alemanha, e Austrália), além de identificar a presença da luta em outros 156 países (Vieira, 2005)

FONTES:

ASTRONAUTA, Miltinho - Capoeiras do Vale do Paraiba e Litoral Norte - Ed. do Autor - 2004

RIBEIRO, Milton César – MILTINHO ASTRONAUTA. (Editor). JORNAL DO CAPOEIRA, São José dos Campos-SP, disponível em www.capoeira.jex.com.br (Artigos publicados)

CARNEIRO, Edson. Capoeira. In CADERNOS DE FOLCLORE 1. Rio de Janeiro: MEC/FUNARTE, 1977

CAVALHEIRO, Carlos Carvalho in RIBEIRO, Milton César – MILTINHO ASTRONAUTA. (Editor). JORNAL DO CAPOEIRA, São José dos Campos-SP, disponível em www.capoeira.jex.com.br (Artigos publicados)

CAVALHEIRO, Carlos Carvalho. Capoeira em Porto Feliz. in La Insignia, 2007 disponível em http://www.lainsignia.org/2007/julio/cul_037.htm).

CAVALHEIRO, Carlos Carvalho - Cantadores - o folclore de Sorocaba e região (encarte de CD) - Linc - 2000 DIAS, Maria Odila Leite da Silva - Quotidiano e poder em São Paulo no século XIX " Brasiliense " 2001 PEREIRA DA COSTA, Lamartine (org.). ATLAS DE ESPORTES NO BRASIL. Rio de Janeiro: Shape, 2005 REGO, Waldeloir. CAPOEIRA ANGOLA – ENSAIO SÓCIO-ETNOGRÁFICO. Salvador, Itapuã, 1968. p. 298-313

REIS, Letícia Vidor de Sousa. O MUNDO DE PERNAS PARA O AR – A CAPOEIRA NO BRASIL. São Paulo: Publisher Brasil; FAPESP, 1997

REIS, Letícia Vidor de Sousa. Capoeira, Corpo e História. In JORNAL DA CAPOEIRA, disponível em www.capoeira.jex.com.br, capturado em 14 de abril de 2005, artigo com base na dissertação de mestrado "Negros e brancos no jogo de capoeira: a reinvenção da tradição" (Reis, 1993).

REIS, Letícia Vidor de Sousa. In RIBEIRO, Milton César – MILTINHO ASTRONAUTA. (Editor). JORNAL DO CAPOEIRA, Sorocaba-SP, disponível em www.capoeira.jex.com.br (Artigos publicados)

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. In RIBEIRO, Milton César – MILTINHO ASTRONAUTA. (Editor). JORNAL DO CAPOEIRA, São José dos Campos-SP, disponível em www.capoeira.jex.com.br (Artigos publicados)

VIEIRA, Luiz Renato; ASSUNÇÃO, Mathias Röhring. Mitos, controvérsias e fatos: construindo a história da capoeira. In ESTUDOS AFRO-ASIÁTICOS, 34, dezembro de 1998, p. 82-118

VIEIRA, Sérgio Luiz de Souza. Capoeira. in PEREIRA DA COSTA, Lamartine (org.). ATLAS DE ESPORTES NO BRASIL. Rio de Janeiro: Shape, 2005, p. 39-40.

Origens da Capoeira no estado de São Paulo - Grande parte dos estudiosos da Capoeira insiste na tese de que o Estado de São Paulo só conheceu essa manifestação afro-brasileira a partir de meados do século XX, quando capoeiristas baianos como Mestre Ananias, Mestre Esdras Santos, Mestre Suassuna e outros fundaram seus grupos e academias na capital paulista. À luz da análise de documentos e pela analogia dos fatos históricos essa afirmação parece insustentável. Primeiro, porque o número de escravos negros no Estado de São Paulo foi relevante, especialmente nos séculos XVIII e XIX. Segundo, é fato notório e conhecido que após a proibição do tráfico negreiro (que coincide com a expansão cafeeira) a mão-de-obra escrava da lavoura paulista será buscada na importação do escravo de outras regiões brasileiras em que o ciclo econômico esteja em decadência, como foi o caso da cultura açucareira do Nordeste e a exploração de minérios em Minas Gerais. A presença da cultura africana e afro-brasileira no Estado de São Paulo é antiga. Mas, isso seria suficiente para autorizar, por analogia, a declaração de que em São Paulo já se tinha notícia da capoeira antes do século XX? 1833 Posturas Municipais da cidade de São Paulo, que a requerimento do Presidente da Província, Cel. Rafael Tobias de Aguiar, sorocabano de escol, foi apresentado no dia 24 de janeiro de 1833 e aprovado pelo Conselho Geral em 1º de fevereiro do dito ano e publicado a 14 de março. Rezava parte da Postura que: "Toda pessoa que nas praças, ruas, casas públicas ou em qualquer outro lugar também público, praticar ou exercer o jogo denominado de capoeira ou qualquer outro gênero de luta, (...). (...).” (Fonte: Briand, Pol – Anotações em ficha de estudo. O pesquisador buscou tais informações na tese de doutorado de Paulo Coelho de Araújo, Porto (Portugal), 1996.)

É preciso ter claro na mente como se desenvolveu a capoeira e separar em dois momentos históricos: o da informalidade e o da formalidade dessa prática. Primeiramente, devemos entender que a mesma apareceu entre os negros escravos de Angola e os primeiros registros dão conta de que se tenha desenvolvido entre os quilombolas de Pernambuco. Posteriormente, essa luta encontrou em todos os rincões do Brasil suas formas regionais: a capoeira Angola e a pernada no Rio de Janeiro, a punga no Maranhão, o bate-coxa em Alagoas, o cangapé ou cambapé no Ceará, a tiririca ou pernada em São Paulo, a capoeira de Angola (e posteriormente a Regional Baiana) na Bahia. O fluxo de escravos de uma região a outra, depois da proibição do tráfico negreiro, e atendendo as demandas econômicas de cada localidade, deram a capoeira à possibilidade de eficazmente se difundir por várias partes do Brasil, sempre mantendo algumas características básicas como o jogo de pernas, alguns golpes e a música como elemento rítmico e dissimulador da belicosidade. Essa forma de capoeira era informal, ou seja, não se aprendia em academias (até porque desde 1890 estava proibida pelo Código Penal, pena que perdurou até 1937).

Notícias diversas também se têm do pessoal da pernada, a capoeira paulista simplificada. Em São Paulo, segundo Nenê da Vila Matilde e Geraldo Filme, era conhecida por tiririca. É a mesma pernada carioca. Sebastião Bento da Cunha, conhecido por “Carioca”, residente no Bairro Santa Terezinha em Sorocaba, alega que conheceu esse jogo com o nome de samba-de-roda, praticado em Valença e Barra Mansa, no Estado do Rio de Janeiro. No Maranhão é conhecida por punga e está ligada ao Tambor de Crioula. Marcelo Manzatti fala da tiririca como sendo forma primitiva de Capoeira ou Pernada, praticada ao som do Samba, sendo os golpes desferidos em meio aos passos da dança. Na capital paulista, especialmente na Praça da Sé, se praticava a tiririca. Os mais destacados nessa brincadeira foram Caco Velho, Germano Mathias, Geraldo Filme, Inocêncio Thobias, Pato N’Água, Osvaldinho da Cuíca, Sinval Guardinha, Perdigão entre outros. Esse pessoal acompanhava os blocos e cordões carnavalescos, protegendo o grupo dos rivais. (Carlos Cavalheiro)

1890 O delegado de polícia de São Paulo e escritor João Amoroso Neto, na biografia do célebre bandido Dioguinho, publicada em 1949, afirma, comentando sobre fato ocorrido por volta de 1890, que “O delegado de polícia de Mato Grosso de Batatais (região de Ribeirão Preto) estava furioso, porque os soldados haviam deixado fugir um preto capoeira que se metera numa briga”. Disso se depreende que a capoeira já era conhecida no Estado de São Paulo no século XIX e mesmo em 1949, ano da publicação referida, era manifestação conhecida, eis que com naturalidade foi citada sem que nem mesmo houvesse a necessidade de explicação em nota. Portanto, não há como imaginar que a capoeira tenha aparecido em São Paulo somente na década de 1960. Em outro livro sobre o mesmo Dioguinho, encontramos referência a capoeira praticada na cidade de Botucatu, em meados do século XIX: “Dioguinho... Freqüentava assiduamente as rodas de capoeira no largo da Igreja São Benedito, onde se tornou um exímio capoeirista, um dos melhores lutadores dessa luta-arte da cidade e região [14]”. (Fontes: Amoroso Netto, João. – História Completa e verídica do famoso bandido paulista Diogo da Rocha Figueira, mais conhecido pelo cognome de DIOGUINHO, por um delegado de Polícia – Oficinas Gráficas da Rua do Hipódromo –SP – 1949; Bernardo, Moacir – A vida bandida de Dioguinho – ed. do autor – 2000 – pág. 13.)

EM SOROCABA-SP - 1833

1892 Em março houve um confronto entre os “morcegos” (praças da polícia fardada) e soldados do exército paulista que eram capoeiristas, ocasionando distúrbios na cidade de São Paulo.

(Fonte: http: //www.institutocariocadecapoeira.hpg.ig.com.br/historico.htm acessado em 31.01.2004.

1923 o escritor Monteiro Lobato escreveu o conto “O 22 da ‘Marajó’” em que denota a familiaridade com termos típicos da capoeira, afirmando mesmo que “Antes do futebol, só a capoeiragem conseguiu um cultozinho entre nós e isso mesmo só na ralé”. Mais adiante revela a intimidade com a gíria dos capoeiras: “ Só uma besta destas dá soltas sem negaça...”. (Fonte: Lobato, Monteiro. – A onda verde – Ed. Brasiliense – SP – 9ª ed. – 1959.)

1927 O folclorista Alceu Maynard Araújo informa que nessa época aprendeu capoeira com um dos desterrados cariocas, chamado Menê, na cidade de Botucatu / SP. No mesmo ano o jornal Cruzeiro do Sul publica nota em que dois capoeiras se ferem mutuamente durante a brincadeira da capoeira.

1930/1950 Com a fundação de academias de capoeira, em fins dos anos 1930 e início de 40, pelos Mestres Bimba e Pastinha, surgiu aí o modelo baiano de prática formal da capoeira. Antes, era brincadeira de rua, aprendida nos becos e nos quintais, escondida. A partir das primeiras academias muda-se o paradigma. E essa capoeira formal, baiana, esse modelo de prática é que vai ser exportado para São Paulo a partir de fins da década de 1940 a início de 1950.

VILA DE SOROCABA – Em Sorocaba, embora não fosse atingida pela expansão cafeeira, antes, possuía economia esdrúxula para a época, calcada no comércio de tropas, o número de escravos era relativamente grande, embora concentrados nas mãos de poucos proprietários.

1778/1836 A Vila de Sorocaba no período 1778 a 1836: verificou-se um rápido crescimento no número de fogos, o que denota expansão proporcional da Vila, na qual se evidenciou uma variada atividade, tanto agropecuária como de comércio e serviços; apesar do grande número de escravos ali existente, a maioria dos fogos não contava com os mesmos”. (in Luna, Francisco Vidal. Posse de Escravos em Sorocaba (1778-1836). Primeiro Seminário do Centenário da Abolição do Escravismo: Da Época Colonial à Situação do Negro na Atualidade, São Paulo, FEA/USP-IPE, 1986, 21 p.)

Não há como negar, portanto, a presença marcante do escravo negro na história de Sorocaba. Luiz Mott, pesquisando os arquivos da Torre do Tombo, encontrou mesmo documentos referentes à prisão do escravo João Mulato, em 1767, pelo Tribunal da Inquisição, que estava em visita Pastoral a Sorocaba. A prisão do escravo foi pelo motivo do mesmo portar uma “bolsa de mandinga”, ou seja, um patuá. Esse amuleto é conhecido por sua fama em “fechar o corpo” de quem o carrega. Dessa forma protege-se de agressão física produzida por quaisquer instrumentos. Com relação à cidade de Sorocaba, inúmeros documentos demonstram o conflito entre senhores e escravos, desmentindo a lenda de que nessa cidade os escravos eram pacíficos porque eram “bem tratados e quase todos domésticos”.

1832 no dia 27 de junho, Bento, escravo do Padre Reverendo João Vaz de Almeida, agrediu numa luta a Manuel José de Campos, ferindo-o com uma facada.

1833 Francisco, escravo do alferes Bernardino Jozé de Barros respondeu a processo crime por desferir uma pancada em Manoel Antonio de Moura.

1835 o escravo Salvador, de propriedade de José Joaquim de Almeida, foi ferido a espadada por Thomaz de Campos, depois do escravo cobrar uma dívida[18]. O fato ocorreu no dia 12 de agosto de 1835.

1836 no dia 06 de abril, Salvador, escravo de Manoel Claudiano de Oliveira resistiu a voz de prisão do Comandante e dos praças da Patrulha, mesmo depois de desarmado da faca que carregava, tendo mesmo lutado com os soldados e disparado com arma de fogo contra os mesmos.

1875 o escravo Generoso desferiu um tiro alvejando e matando o seu senhor Tenente Coronel Fernando Lopes de Sousa Freire.

Escravos valentes, lutadores, fortes. As crônicas judiciárias da cidade de Sorocaba estão recheadas de informações a esse respeito. Reporte-se ainda ao caso dos escravos Antônio, Roque e Amaro que foram enforcados depois de condenados pelo Júri de Sorocaba por terem matado o senhor Joaquim Rodrigues da Silveira, no dia 14 de novembro de 1850. É interessante notar que dos depoimentos colhidos à época dos fatos, soube-se que Antônio era natural de Pernambuco, Vila de Catolé, e que Roque “viera vendido da Bahia”. Não só reforça a afirmativa de que para cá vieram escravos vendidos do nordeste, bem como os dois estados dos quais eram naturais os escravos são tradicionalmente terras em que se deu a gênese da capoeira!

Portanto, em que pese as diferenças regionais (Mestre Bimba mesmo nomeou o seu estilo como Capoeira Regional Baiana), não é impossível que elementos que conheciam a capoeira em seus estados natais tivessem sido vendidos para o sudeste e continuado aqui sua prática. Aliás, é mais que provável.

1850 Em 26 de agosto, a Câmara Municipal de Sorocaba enviou ao Presidente da Província um ofício anexando a este o Código de Posturas Municipais de Sorocaba, com a finalidade de ser aprovado, o que de fato ocorreu no dia 07 de outubro de 1850. No Título 8º desse Código de Posturas, no artigo 151 está explícito: “Toda a pessoa que

nas praças, ruas, casas públicas, ou em qualquer outro lugar tão bem público praticar ou exercer o jogo denominado de Capoeiras ou qualquer outro gênero de luta, sendo livre será preso por dois dias, e pagará dois mil reis de multa, e sendo cativa será preso, e entregue a se o senhor para o fazer castigar naquela com vinte cinco açoites e quando não faça sofrerá o escravo a mesma pena de dois dias de prisão e dois mil réis de multa”.(Código de Posturas da cidade de Sorocaba – 1850 – Arquivado na Divisão de Acervo Histórico da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Documento encontrado por Dainis Karepov a pedido do Deputado estadual Hamilton Pereira.)

- As leis municipais de Sorocaba repressivas à prática da capoeira continuaram sendo editadas nas Posturas Municipais durante as décadas subseqüentes:

1865 o tópico referente à proibição da capoeira figurou no artigo 127: “Toda e qualquer pessoa que em praças, ruas, ou outro qualquer lugar exercer o jogo denominado capoeiras, ou qualquer outra luta, será multado em 4$ e dois dias de prisão". (Fonte: CÂMARA MUNICIPAL DE SOROCABAPosturas da Câmara Municipal da cidade de Sorocaba acompanhadas do regulamento par o cemitério da mesma cidade - Tipografia Imparcial - SP - 1865.)

1871 o artigo 73 do Código de Posturas da Cidade de Sorocaba apresenta o seguinte texto: "Jogar capoeiras ou qualquer gênero de luta em publico: penas, 4$ de multa e 2 dias de prisão". (Fonte: CÂMARA MUNICIPAL DE SOROCABA - Código de Posturas da Câmara Municipal da cidade de Sorocaba - Tipografia Americana - SorocabaSP - 1871.)

1882 o termo "capoeiras" deixa de figurar no texto legal: “Art. 72. É proibido jogar pelas ruas e lugares públicos qualquer espécie de jogos ou luta, os infratores incorrerão na multa de vinte mil réis e cinco dias de prisão". (Fonte: CÂMARA MUNICIPAL DE SOROCABA - Código de Posturas da Câmara Municipal da cidade de Sorocaba com regulamentos para a Praça do Mercado e Cemitério, Annexos. - Tipografia Americana - Sorocaba - SP - 1882.

1887 Uma notícia interessante, colhida no Diário de Sorocaba, em 1887, diz: CARTEIRA DA POLÍCIA - Á ordem do Sr. delegado de polícia, foi a 16 do corrente recolhido à cadeia João de Almeida, vulgo Brizolla, por provocar desordens. "Á mesma ordem, no mesmo dia e pelo mesmo motivo foi recolhido o preto Antônio José da Silva, que trouxe mais agravante de, no corredor do mosteiro de S. Bento fazer um grande rolo. Ah está no que dão os valentões. (Fonte: Diário de Sorocaba, 18 de outubro de 1887 - pág. 03).

NOTA: A palavra rolo, que os dicionários atuais apresentam como sendo sinônimo de confusão ou perturbação da ordem, era, no século XIX, comumente associada a tumultos provocados pelos capoeiras ou por suas maltas. 1907 as notícias sobre a capoeira em Sorocaba aparecem com mais clareza, informando, com alguns detalhes, sobre a existência do jogo e da prática dessa luta. Uma das publicações nos jornais sorocabanos alerta para a existência de um barbeiro no início do século XX, cujo salão estava localizado na Rua Direita (hoje Boulevard Dr. Braguinha), e que seria um "capoeira ‘desconjuntado’". É esta a nota: MEUS REPAROS - Assisti aos festejos do 13 de Maio. Estiveram assim... Parabéns ao Daniel de Moraes, a quem se deve o não ter ficado "em branco", a data. Vendo passar os manifestantes, conduzidos pela palavra do Ramiro Parreira, vieram-me á mente cenas dos 13 de Maio de alguns anos atraz, uns 20 talvez, época em que tínhamos aqui diversos oradores fogósos entre os homens de côr. Destes o mais entusiasmado e verbo trhagico era o popular Benedicto Gostoso, mulato escuro, physionomia viva, cabelo encaracolado e repartido "de banda", capoeira "desconjuntado" e barbeiro de profissão. Era proprietário de um salão ali na rua Direita (...) Mas se o Gostoso era hábil no desbastar uma gaforinha, os seus maiores êxitos eram numa tribuna popular a 13 de Maio. Ante a multidão ávida dos seus arroubos oratórios, tomava attitudes empolgantes e "soltava o verbo": "Os escravos, meus senhores, vinham para o Brasil em grandes ‘trasatraticos’". Mais adeante: "O dr. Antônio Bento, senhores, era um homem tão importante, mas tão importante mesmo, que nem devia ser "doutor" mas sim ‘coronel da Guarda Nacional’". E por ahi seguia. K.D.T. O articulista acima, que assina por iniciais, reportou-se a fato ocorrido cerca de 20 anos antes, o que nos remete a data aproximada de 1907. Benedito Gostoso era residente e estabelecido em Sorocaba. É provável que outros capoeiristas tenham sido seus contemporâneos nessa mesma cidade. (Fonte: Cruzeiro do Sul, 18 de maio de 1927 - nº 6151 - 2ª página.)

1909 Dentre as notícias de portadores de navalha, como arma, há a de um soldado "indisciplinado" que foi preso em Sorocaba. Eis a notícia: “Indisciplinado - Ontem, pelas 4 e 45 da tarde o praça do destacamento local de nome Francisco Cândido dos Santos, n. 111, da 4ª Companhia do 3. batalhão, sendo repreendido pelo Comandante, revoltou-se contra este e, puxando por uma navalha, desafiou a todos que o prendessem. O Comandante, então, ordenou sua prisão o que foi conseguido a muito custo. O soldado Marcos Antônio Moreira foi ferido com uma navalhada pelo soldado indisciplinado. O sr. dr. Delegado fez lavrar auto de prisão em flagrante e vai instaurar o competente processo”. (Fonte: Cruzeiro do Sul, 29 de julho de 1909 - 2ª página. Notícia encontrada pela historiadora Adilene Ferreira Carvalho Cavalheiro) 1914 é veiculada na imprensa sorocabana uma nota ligando a capoeira com a prática de desordens, ou, em outras palavras, a capoeira como prática comum de desordeiros: Notas policiais (...). Foram presos hoje as 10 ½ por

estarem promovendo graves desordem na Rua do Votorantim, os incorrigíveis valentes, Olympio Monteiro e Antônio Francisco da Silva (vulgo Grão de Bico) sendo que este armado de uma enorme pernambucana tentou ferir o primeiro. Mas Olympio num zig-zag de verdadeiro capoeira soube desviar os golpes contra ele dirigidos e em sua defesa descascou no "purungo" do "Grão de Bico" a cacetadas.” (Fonte: Diário de Sorocaba, 21 de janeiro de 1914 - nº 10 - 1ª página.)

DÉCADA DE 1920 Ainda sobre a década de 1920 mais duas notícias da imprensa escrita autorizam a afirmação da inquestionável existência de capoeiras em Sorocaba. Uma delas trata de um sutil comentário do jornalista acerca de fato policial de ordem doméstica: FATOS POLICIAIS NO BOM JESUS - Jovita da Silva levou á autoridade do distrito, queixa seu marido, que a esmurra. Jovita declarou á autoridade que, por sua vez, enfrenta o marido, passando-lhe rasteiras. Se é assim, não há de que zangar-se a Jovita, que se diverte em capoeiragem com o inexperto marido...”. (Fonte: Cruzeiro do Sul, 03 de abril de 1927 - nº 6116 - 1ª página.);

- A outra notícia é mais esclarecedora, fornecendo alguns outros dados, a despeito de ter redação parcimoniosa: Delegacia Regional

BRINCADEIRA DESASTRADA - No páteo da estação Sorocabana os operários Joaquim Diniz Costa e Orlando di Fogni brincavam de "capoeira", cada qual empunhando sua faca, quando por uma rasteira errada ambos cairam, ferindo se também cada qual com sua faca. A polícia teve conhecimento do fato. (Fonte: [13] Cruzeiro do Sul, 08 de fevereiro de 1927 - nº 6072 - 4ª página.)

1934 – Segundo testemunho da senhora Thereza Henriqueta Marciano, 71, nascida em Tietê e residente em Sorocaba desde 1934, seu pai, o senhor João André era praticante dessa arte, a qual aprendeu com José André, seu pai, na fazenda Parazinho em Tietê. Da época em que viveu em Sorocaba, ou seja, a partir de 1934, João André sempre brincou de capoeira e de maculelê (dança de paus, como disse dona Thereza). João André era negro e nasceu em 1889. Além da capoeira e do maculelê, conhecia o tambú, ou samba caipira. Faleceu em Sorocaba em 1965, aos 74 anos de idade. (Fonte: Entrevista de dona Thereza Henriqueta Marciano cedida a Adilene Ferreira Carvalho Cavalheiro e a Carlos Carvalho Cavalheiro em 14.12.2003.)

DÉCADA DE 1950 - Em Sorocaba, o pessoal da pernada também acompanhava os cordões. José de Campos Lima se lembra do famoso Zé Jaú, negro esguio, alto (cerca de 1,90 metros de altura), magro, e muito bom de pernada. Era ágil e ninguém podia com ele. Foi o mais famoso e valente negro da pernada sorocabana. Isso lá pelos idos de 1950. Seu nome completo era José de Barros Prado e nasceu em Tietê por volta de 1927. Segundo o cururueiro Daniel Araújo, que trabalhou com Zé Jaú nas Indústrias Barbéro, a partir do ano de 1955, a pernada era um “tipo de capoeira, com bastante agilidade”. Quem praticava a pernada conseguia lutar com relativa facilidade com três ou quatro oponentes. Apesar de não ser praticante da pernada, Daniel Araújo foi muito amigo de Zé Jaú, antes mesmo de trabalharem juntos, e presenciou várias brigas em salões de baile envolvendo o pessoal da pernada. Era chute, cabeçada, rasteira... (Fonte: Cavalheiro, Entrevista cedida por telefone dia 14.12.2003, às 21 horas.)

- Em Sorocaba ou nas cidades da região em que houvesse baile, lá estava o pessoal da pernada. Também nos blocos carnavalescos como no Cordão dos Farrapados, nas escolas de samba 28 de Setembro, Terceiro Centenário, Estrela da Vila. Era o carnaval sorocabano da década de 1950, quando quem não possuía dinheiro para comprar lança perfume (permitido na época) jogava água com pó de café num eufemismo de entrudo. Zé Jaú morou no bairro do Vergueiro e era filho de Chico Gato. Casou-se com Luzia Arruda e foi morar na Rua Santa Rosália. Faleceu em 1964. Ainda pequeno veio para Sorocaba. Fazia parte do pessoal da pernada em Sorocaba ainda o Mula, o Vadeco, o Luizão entre outros. (Fontes: Entrevista feita por Carlos Carvalho Cavalheiro com Daniel Araújo e sua esposa Inês, realizada no dia 21.02.2004; Sobre o Zé Jaú: entrevista com Luzia Arruda no dia 20.02.2004 feita por Adilene Ferreira Carvalho Cavalheiro e entrevista com Daniel Araújo e sua esposa Inês, realizada no dia 21.02.2004 por Carlos Carvalho Cavalheiro e Adilene Ferreira Carvalho Cavalheiro. Ainda, entrevista por telefone com Maria José Lima no dia 20.02.2004 feita por Carlos Carvalho Cavalheiro.)

1953 Luizão (Luiz Gonzaga Rodrigues), nascido em Cesário Lange, em 1938, chegou a Sorocaba em 1953, tendo contato com o samba e a pernada com o pessoal da Escola de Samba Guarani, por volta de 1965. Era passista, ou seja, pertencia a ala do pessoal da pernada. Para ele a pernada “...é o tipo de movimento de quem pudesse mais chorava menos. Então era, propriamente para mim, uma capoeira que a gente fazia com um tipo mais simples, não tinha assim um preparo mesmo para dizer: “− Você dá assim e eu saio...”, tipo combinado, não. Se errasse, caia mesmo. Era pernada, tinha rabo de raia, tinha um chute de pé, chute de lado, valia cotovelada, cabeçada, não interessa... E o sujeito tinha que bancar bem a rasteira, né”. Luiz Gonzaga Rodrigues se lembra de mais alguns nomes do pessoal da pernada: Lamparina, Ardano, Pedro Fuminho, Tavinho, Tião Preto, Lazinho, Nardo, Dito Vassoura, Darci Branco, Maurinho Meia Lua, Vartinho, Sapatão... (Fonte: [33] Entrevista realizada em 03.03.2004 com Luiz Gonzaga Rodrigues por Carlos Carvalho Cavalheiro.)

1958 Josias Alves, conhecido por Chiu, foi outro capoeirista que, nascido na Fazenda Lulia em Maristela, passou a residir em Sorocaba a partir de 1958. Alega que brincava capoeira na fazenda e em Sorocaba, juntamente com um grupo de negros capoeiras, no clube 28 de setembro, entre os anos de 1958 a meados de 1960. As brincadeiras eram acompanhadas por um berimbau e um pandeiro. Chiu informou que a capoeira era reprimida pela polícia, mesmo em 1958 (anos depois de ser tirada do Código Penal). Não era perseguição a capoeira em si, mas a qualquer reunião festiva de negros, segundo sua concepção. Aliás, os rituais afro-brasileiros também eram vistos com muitas reservas, conforme seu depoimento. Depoimentos similares apontam para a perseguição policial aos sambistas e jogadores da tiririca em São Paulo. Geraldo Filme chegou a afirmar: “A tiririca é o jogo da pernada. Naquela brincadeira, na época, não podia fazer samba na rua em São Paulo. Quem fazia samba ia em cana”. (Fonte: Cavalheiro, Carlos Carvalho. – Folclore em Sorocaba – Prefeitura Municipal de Sorocaba – 1999.)

DÉCADA DE 1960 - No início da década de 1960 apareceu em Sorocaba o capoeirista Dorival Dutra. Nascido em 19 de setembro de 1926 em Cosmópolis / SP, viveu muitos anos em Sorocaba. Teve alguns problemas com a justiça por motivos de agressão. Era conhecido pelo apelido de Cuíca. Em meados da década de 1960 já estava em Sorocaba Pedro Feitosa de Almeida, que, embora criança aprendesse capoeira no nordeste com o capoeirista Zuza. 1969 No final da década de 1960 e início da de 1970 surge a primeira academia de capoeira de Sorocaba, de propriedade do empresário Jorge Melchíades de Carvalho Filho. Já não era mais a capoeira informal, mas o modelo de formalidade criado pelos baianos. Jorge Melchíades realizou apresentações de capoeira, incluindo a de 1970, no programa Cidade contra Cidade, apresentado por Sílvio Santos na TV Tupi. Essa academia durou poucos anos. (Fonte: “Em 1969 trouxe pela primeira vez espetáculos de capoeira e montou academia onde a ensinou alguns anos”. Carvalho Filho, Jorge Melchíades. – Seja feliz já. Onde? Como? – Ed. Martin Claret – 1998 – pág. 177 – Sobre o autor.)

DÉCADA DE 1970 -

1976 ou pouco mais, um professor conhecido por Sabugo (Luiz Carlos Rafaldini) abriu na cidade de Sorocaba uma filial da Academia Nova Luanda, do Mestre Valdenor. Em pouco tempo a academia fechou. Consta que antes disso Sabugo formou-se mestre. (Fonte: Cavalheiro, in Santos, Valdenor Silva dos. – Conversando “nos bastidores”com o capoeirista – 1ª ed. – 1996.)

1978 Pedro Feitosa de Almeida e Luiz Sabugo abriram a academia “Netos de Luanda”. Testemunha desse fato é o hoje mestre Jeová, que iniciou a prática da capoeira naquela época. (Fonte: Entrevista por telefone com Mestre Pedro Feitosa de Almeida no dia 20.02.2004; Entrevista com Jeová Silva Nascimento (Mestre Jeová) no dia 04.01.2000 por Carlos Carvalho Cavalheiro.)

DÉCADA DE 1980 -

1981 Mestre Pedro Feitosa traz para Sorocaba a filial do Grupo Cativeiro. Em 10 de julho de 1981, Eduardo Alves Santos, o Mestre Fálcon, registra a sua Associação de Capoeira Ginástica Nacional (antiga filial da Cordão de Ouro do Mestre Suassuna), na Rua Miguel Giardini, nº 72[39]. Mestre Fálcon continua com seu trabalho a frente da Associação Nacional e é o atual presidente da ASCA (Associação Sorocabana de Capoeira). (Fonte: Cavalheiro, Carlos Carvalho. – Folclore em Sorocaba – Prefeitura Municipal de Sorocaba – 1999; Declaração de contribuinte do imposto sobre serviços de qualquer natureza da Prefeitura Municipal de Sorocaba – documento registrado em 08.08.1984. Ver também publicação no DOE, em 28.05.1981, pág. 19.)

DÉCADA DE 1990 – Mestre Pedro saiu do Grupo Cativeiro, o qual passou a ser comandado pelo Mestre Cuco (Manoel Troiano dos Santos), e em 1994 fundou a Associação de Capoeira Liberdade. (Fonte: Cavalheiro, Carlos Carvalho. – Folclore em Sorocaba – Prefeitura Municipal de Sorocaba – 1999. Ver também “Jornal da Capoeira” – nº 03 –junho de 2000, página 02.)

SÉCULO XXI

2002 Mestre Pedro deixou o comando da Associação de Capoeira Liberdade para os Mestres Cupim, Jeová e Jaime; para fundar a Associação Cultura Brasileira de Capoeira Angola.

INÉDITAS DA HISTÓRIA DE SOROCABA...

(enviado por correio eletrônico por Hamilton Jackson Dias, domingo, 25 de novembro de 2007 18:34, aos autoreshamiltonjackson@walla.com)

Gosto da coluna do Marvadão, especialmente quando ele trata da memória de Sorocaba, quando ele publica as histórias contadas pelo povo, as histórias que não estão nos livros, aqueles aspectos pitorescos que nenhum historiador se preocupou em registrar.

Esses dias, porém, me deparei com alguns escritos assinados por um senhor chamado Jorge Melchiades e por outro chamado Wellington Figueredo numa coleção de jornais com o nome "Nossa Posição" e descobri coisas interessantíssimas da história de Sorocaba. E não só isso: descobri através desses dois expertes "PHDs" o que é e o que não é história. Não é história, por exemplo, o que não foi escrito no passado por nenhum historiador e também não é história o que é recolhido em depoimento, mesmo que as pessoas tenham sido as únicas testemunhas de um fato. Fiquei muito intrigado porque já escrevi para a Folha Nordestina de Sorocaba afirmando o que vi na década de 1960, que muitos brincavam de capoeira na rua mesmo não existindo academias em Sorocaba. Mas esses senhores disseram que quem diz isso está delirando, ou é bêbado ou louco ou sei lá. Tudo porque sustentam que o primeiro a saber capoeira em Sorocaba foi o tal do Jorge Melchiades! Isso em 1970! Antes dele ninguém.

Ai eu aprendi sobre a História de Sorocaba: A) Havia uma porteira nas entradas da cidade impedindo que escravos que soubessem capoeira entrassem em Sorocaba; B) Os negros de Sorocaba eram incapazes de desenvolver capoeira porque ainda não havia nascido o senhor Jorge; C) Os baianos e nordestinos que vieram para Sorocaba, especialmente na década de 1950, eram mandados embora para sua terra se soubessem capoeira; D) Tudo o que contaram sobre a capoeira aqueles que a viram antes do Jorge é mentira; E) Os baianos que comercializavam na época dos tropeiros com os sorocabanos não podiam saber capoeira porque senão eram mortos, porque ninguém poderia saber capoeira antes do Jorge nascer; F) Todas as citações, fotos, relatos que existirem sobre capoeira em Sorocaba antes do Jorge são pura mintira.

Fico indignado como para prevalecer a sua mentira alguém pode desmoralizar as outras pessoas, desqualificando elas, dizendo impropérios, chamando-as de bêbadas. Pois eu vi Zé Jaú, vi Luizão, João Pantera, Maurinho Meia Lua e tantos outros que brincavam de capoeira aqui em Sorocaba antes de 1970. Então tudo o que vi é mentira? Não posso admitir tanto preconceito com relação aos negros de Sorocaba! Afirmar o que se está dizendo é o mesmo que dizer que os negros daqui foram incapazes de desenvolver a capoeira e que precisou de um branco para que isso acontecesse. E isso não tem cabimento.

FONTES:

CAVALHEIRO, Carlos Carvalho. FOLCLORE EM SOROCABA. Sorocaba: Prefeitura Municipal de Sorocaba – 1999. CAVALHEIRO, Carlos Carvalho APONTAMENTOS PARA A HISTÓRIA DA CAPOEIRA EM SOROCABA . disponível em http://www.jornalmundocapoeira.com/?pg=noticia&id=486

CAVALHEIRO, Carlos Carvalho. - Apontamentos para a história da capoeira em Sorocaba in: A NOVA DEMOCRACIA nº 18 - RJ - Maio de 2004.

CAVALHEIRO, Carlos Carvalho NOTAS PARA A HISTÓRIA DA CAPOEIRA EM SOROCABA (1850 – 1930). Disponível em http://www.jornalmundocapoeira.com/?pg=noticia&id=495

BOX 1–
REVELAÇÕES

Alagoas . Está situado no leste da região Nordeste e tem como limites Pernambuco (N e NO), Sergipe (S), Bahia (SO) e o Oceano Atlântico (L). Ocupa uma área de 27 778,506 km², sendo ligeiramente maior que o Haiti. Sua capital é a cidade de Maceió e a sede administrativa é o Palácio República dos Palmares. O atual governador é Paulo Dantas (MDB). Inicialmente, o território alagoano constituía a parte sul da Capitania de Pernambuco, só vindo a conquistar sua autonomia em 1817, como punição imposta por D. João VI aos pernambucanos pela chamada "Revolução Pernambucana", movimento separatista.[7] Sua ocupação decorreu da expansão para o sul da lavoura de cana-de-açúcar da Capitania de Pernambuco, que necessitava de novas áreas de cultivo. Surgiram, assim, Porto Calvo, Alagoas (atual Marechal Deodoro) e Penedo, núcleos que orientaram, por muito tempo, a colonização e a vida econômica e social da região. A invasão holandesa em Pernambuco estendeu-se a Alagoas em 1631. Os invasores foram expulsos em 1645, depois de intensos combates em Porto Calvo, deixando a economia local totalmente desorganizada. A fuga de escravos negros durante a invasão holandesa criou um sério problema de falta de mão de obra nas plantações de cana. Agrupados em aldeamentos denominados quilombos, os negros só foram dominados completamente no final do século XVII, com a destruição do quilombo mais importante, o de Palmares. Durante o Império, a Confederação do Equador (1824) movimento separatista e republicano, recebeu o apoio de destacadas figuras alagoanas. Na década de 1840, a vida política local foi marcada pelo conflito entre os lisos, conservadores, e os cabeludos, liberais. No início do século XX, o sertão alagoano viveu a experiência pioneira de Delmiro Gouveia, empresário cearense que instalou, em Pedra (atualmente, Delmiro Gouveia), a fábrica de linhas Estrela, que chegou a produzir 200 mil carretéis diários. Delmiro Gouveia foi assassinado em outubro de 1917 em circunstâncias até hoje não esclarecidas, depois de ser pressionado, segundo consta, a vender sua fábrica a firmas concorrentes estrangeiras. Depois de sua morte, suas máquinas teriam sido destruídas e atiradas na cachoeira de Paulo Afonso Penúltimo estado brasileiro em área (mais extenso apenas que Sergipe) e 16º em população, é um dos maiores produtores de cana-de-açúcar e coco-da-baía do país e tem na agropecuária a base de sua economia. Terra do sururu, marisco das lagoas que serve de alimento à população do litoral, e da água de coco, Alagoas possui também um dos folclores mais ricos do país. O estado possui um dos menores índice de desenvolvimento humano (IDH) e índice de alfabetização do país, embora tenha se destacando cada vez mais para melhoramento dos índices, como é o caso da mortalidade infantil no estado, saindo do último lugar para o décimo sexto em todo o país, devido a políticas voltadas a saúde dos recém-nascidos no interior de Alagoas. O estado ainda possui o maior índice de evasão escolar.

PALMARES - muito embora sem fundamentos, diz-se que nos Palmares já se praticava ‘Capoeira”, como a entendemos hoje; o que não é correto afirmar-se. A expressão ‘negro de capoeira”, esta sim, podemos dizer que vem desta época.

1640 Início das invasões holandesas. Desorganização social no litoral brasileiro. Evasão dos escravos africanos para o interior do Brasil. Aculturação afro-indígena. Organização de dezenas de quilombos. Surgem as expressões: ‘negros das capoeiras’, ‘negros capoeiras’, e ‘capoeiras’. (Vieira, 2004, 2005). Com o advento das invasões holandesas, na Bahia e em Pernambuco, principalmente a partir de 1640, houve uma desorganização generalizada no litoral brasileiro, permitindo que muitos escravos fugissem para o interior do país, estabelecendo-se em centenas de quilombos, tendo como consequência o contato ora amistoso, ora hostil, entre africanos e indígenas. Tende-se a acreditar que o vocábulo, de origem indígena Tupi, tenha servido para designar negros quilombolas como “negros das capoeiras”, posteriormente, como “negros capoeiras” e finalmente apenas como “capoeiras”. Cabe ressaltar, que nunca houve nenhum registro da Capoeira em qualquer quilombo. Sendo assim, aquilo que antes etimologicamente designava “mato” passou a designar “pessoas” e as atividades destas pessoas, “capoeiragem”. (Vieira, 2005) 69 .

ALAGOAS – 1834
69 in www.capoeira-fica.org

Informa José Antonio Gonsalves de Mello – em “Tempos dos Flamengos” 70 que foi durante o período da dominação holandesa que tiveram condição para se desenvolver vários quilombos. Desde 1638 há referência a quilombos que se constituía uma grave ameaça para as populações e os bens dos moradores. Havia, também, pequenos aldeamentos ou bandos de negros que roubavam e matavam pelos caminhos: os boschnegers, contra os quais eram empregues capitães de campo brasileiros, já que os holandeses eram considerados incapazes para tal função. Vários capitães de campo foram empregados a soldo dos holandeses (Dag. Notule de 19 de dezembro de 1637; idem de 30 de dezembro de 1637; de 21 de setembro de 1638, em nota de péde-página de Mello, 2005(?), p. 192-193).

O “Diário da viagem do capitão João Blaer aos Palmares em 1645” (in Mello, 2005(?), p. 193), dá-nos informes interessantes a respeito de alguns quilombos. Fica-se sabendo que, nas imediações do quilombo que Jan Blaer destruiu, tinham existido anteriormente mais dois outros. Nas palavras do autor do relatório, houve um “velho Palmares” que os negros tinham abandonado por estar situado em “local muito insalubre” e do qual se passaram para o “outro Palmares” ou “grande Palmares”, destruído por Reolof Baro e seus tapuias. Deste transferiram-se eles para o “novo Palmares”, que Blaer atacou... (p. 193).

Outros documentos informam a respeito dos Palmares ... desde 1638, um deles causava sérias apreensões aos moradores de Alagoas, dos quais os quilombolas roubavam escravos e incendiavam as casas. O capitão Lodij foi encarregado de persegui-los, com mosqueteiros holandeses e com índios. Do resultado, nada consta dos documentos (Dag. Notule de 26 de fevereiro de 1638, em nota de pé-de-página de Mello, 2005(?), p. 193).

Em 1642, preparou-se nova expedição, desta vez chefiada por Manuel de Magalhães, pessoa conhecedora da região e respeitada pelos moradores portugueses, morador nas Alagoas. Concedeu-se lhe autorização para a expedição, mas sobre o que posteriormente ocorreu, nada informam os documentos (Dag. Notule, de 20 de fevereiro, em nota de pé-de-página de Mello, 2005(?), p. 193).

Dois anos mais tarde, em 1644, Roelof Baro parte em expedição ao interior do país. Levava uma tropa de índios brasilianos (tupis), e os holandeses, inclusive Baro, eram quatro. Os documentos não dão pormenores, mas o caso é que os índios se amotinaram e Baro desistiu de prosseguir. Reuniu à sua gente uns cem tapuias e resolveu atacar o que ele chamou de “pequeno Palmares”. Ouçamos o escrito de Mello (2005 (?), p. 194, com base no Dag. Notule de 2 de fevereiro de 1644 e Gen. Missive ao Conselho dos XIX, datada de Recife, 5 de abril de 1644) sobre o episódio: A 2 de fevereiro o conde de Nassau recebia notícias de Baro, por carta datada de Porto Calvo de 25 de janeiro de 1644.Contava ele que, pretendendo atacar o ‘pequeno Palmares’, achou-se imprevistamente em frente ao ‘grande Palmares’ que investiu em seguida. A luta pela posse do quilombo foi dura, tendo Baro contado cem negros quilombolas mortos. De seu lado houve um morto e quatro feridos. O sítio foi incendiado, tendo sido feitos ali 31 prisioneiros, entre os quais sete índios tupis (brasilianos) e alguns mulatinhos (mulaetjens). O quilombo estava cercado por duas ordens de estacas, e ‘era tão grande que nele moravam quase 1.000 famílias, além dos negros solteiros’. Em volta da estacada ‘havia muitas plantações de mandioca e um número prodigioso (wonderbaer) de galináceos, embora não possuíssem qualquer outro animal de maior vulto’, sendo que ‘os negros viviam ali do mesmo modo que viviam em Angola’. (p. 194).

Estas são as informações que Baro transmitiu ao Conde e que os documentos conservam... Outros quilombos surgiram no período da dominação holandesa, mas são poucas as informações sobre eles. Um estava situado na “Mata do Brasil” e os seus elementos corriam a região, em bandos, roubando e matando. O governo holandês castigava exemplarmente os que conseguia capturar: eram enforcados ou queimados vivos (Carta do Conselho de Justiça do Brasil ao Conselho dos XIX, datada do Recife, 1º. De outubro de 1644 e outras, in Mello, 2005(?), p. 195). Nassau atacou os Palmares!

BATE-COXA - manifestação das Alagoas, uma dança ginástica: “a dança do bate-coxa não se confunde com a capoeira. Os praticantes são da mesma origem, descendentes de escravos”. Acredita Câmara Cascudo71 que o bate-coxa seja mais violento, onde os dois contendores, sem camisa, só de calção, aproximam-se, colocando peito a peito, apoiando-se só nos ombros, direito com direito. Uma vez apoiados os ombros, ao som do canto de um grupo que está próximo, ao ouvir-se o “ê boi”, ambos os contendores afastam a coxa o mais que podem e chocam-se num golpe rápido. Depois da batida, a coxa direita com a coxa direita, repete a esquerda, chocandose bruscamente ao ouvir o “ê boi” do estribilho. A dança prossegue até que um dos contendores desista e se dê por vencido.

70 MELLO, José Antonio Gonsalves de. TEMPO DOS FLAMENGOS. Rio de Janeiro: Topbooks; Recife: Instituto Ricardo Brannad, 2002

71 CAMARA CASCUDO, Luis da. DICIONÁRIO DO FOLCLORE BRASILEIRO. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1972.

Como dissemos, nas Alagoas, o termo capoeira aparece, na imprensa, desde o final de 1870, mas com a conotação, primeiro, de mato rasteiro e depois, de cesto para carregar/transportar galinhas e outras aves, assim como termo pejorativo. Como jogo/luta a primeira referência data de 1834 – Conforme GUSTAVO BEZERRA BARBOSA, em sua Dissertação de Mestrado com o título UMA POSSÍVEL “SIMBIOSE”: VADIOS E CAPOEIRAS EM ALAGOAS (1878-1911, ao citar Marques (2013), que faz menção em sua pesquisa a uma documentação recolhida no acervo da Biblioteca Nacional, na qual se destaca o pedido de “providências a respeito dos [...] pretos e capoeiras que depois do anoitecer forem encontrados com armas ou em desordem” (p. 45)72. O documento citado é datado de 1834 - MARQUES, Danilo Luiz. Sobreviver e resistir: os caminhos para liberdade de africanas livres e escravas em Maceió (1849-1888). Dissertação (Mestrado em História) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2013.

1875 – No Jornal do Pilar, edição de 30 de janeiro: Pedimos ao snr. fiscal que por amor a hygiene publica faça desaparecer o tal brinquedo de laranginhas de muito ja caduco nos logares cevilisados e prohibido por uma postura da Camara Municipal, si não nos trahe a memoria. Sobre ser anarchronico semilhante divertimento, é fatalissimo á saude. Olhe, snr. fiscal, de um passeio ao pateo do Rozario, por occazião das novenas, que V. Mª se admirará de ver a aluvião de taboleiros desses incommodos objectos com que se diverte meia duzia de capoeiras [...] (Jornal do Pilar, 30 de janeiro de 1875, p.1).

1881 – Em O ORBE73, falando sobre os criados que se contratava para serviços domésticos, há o diálogo entre duas senhoras, em que um serviçal é identificado como praticante de capoeira:

1884 – Em O Orbe74, edição de 28 de setembro, um leitor dirige carta à redação, comentando notícia publicada anteriormente, sobre acontecimentos em uma das cidades do interior, em que se envolveu uma alta autoridade, agredindo outra, e diz ser, a agressora, a bem de verdade, um praticante de capoeira:

72 MARQUES, Danilo Luiz. Sobreviver e resistir: os caminhos para liberdade de africanas livres e escravas em Maceió (1849-1888). Disseratação (Mestrado em História) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2013. (file:///C:/Users/LEOPOLDO/Downloads/Uma%20possivel%20201csimbiose201d%20vadios%20e%20capoeiras%20em%20Ala goas%20-1878-1911-%20.pdf

73 O Orbe (AL) - 1879 a 1900 http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=260959&pesq=capoeira

74 O Orbe (AL) - 1879 a 1900 http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=260959&pesq=capoeira

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Em O Orbe, edição de 12 de dezembro, novamente distúrbios públicos, por ocasião de exames escolares, comparados como atos de capoeiras

1885 – Em O Orbe, edição de 28 de janeiro, anuncia-se a partida para a corte dos deputados geraes eleitos, conservadores, em que eram comparados, seus inimigos/adversários, como responsáveis por vários atos desabonadores, como se praticantes de capoeira:

- Em O Orbe, edição de 30 de janeiro, sob o título Variedades, e tema Segurança individual, dirigido a Carlos Rodrigues, o autor, Cypriano de Barros, fala de um atentado sofrido, tendo reagido:

- Em O Orbe, de 11 de fevereiro: No domingo último, á tardinha, em plena rua do Conselheiro Sinimbú, fomos testemunha occular de mais um facto que bem denota o progresso que sob os auspícios da policia da actualidade vae se transplantando da Côrte para as ruas da nossa modesta capital. Eis o facto: Dous capoeiras, d’sses que tão bons serviços hão prestado, e talvez á esta hora estejão prestando nos arredores da cadeia velha com selectos auxiliares do governo das duplicatas na campanha do terceiro escrutinio, esmurravão-se, a bom esmurrar, quando um dos taes heroes, já exausto de forças e vendo gotejar-lhe o sangue de um ferimento que na lucta recebera, dá as de villa diogo, e n’uma carreira precipitada, perseguido pelo victorioso combatente, agarra-se, suplicante, com o senhor alferes pharmaceutico Anisio Gomes, que n’essa occasião passava. Aturdido com o inesperado abraço, ao qual o valiente contendor não queria respeitar, a muito custo poude o digno pharmaceutico militar desvencilhar-se de ambos, e continuar o seu trajecto. E a policia? - Nem por sombra se mostrou! - Dorme, dorme, oh! beatifica policia!... (O Orbe, 11 de fevereiro de 1885, p. 1-2)

1886 – O Orbe, edição de 26 de outubro, sob o título Jurisprudência, arroladas as testemunhas, consta a da terceira:

- em O GUTENBERG75, edição de 24 de novembro, acerca de uma briga

1887 – O Gutemberg, edição de 06 de outubro, consta:

75 Gutenberg : Orgão da Associação Typographica Alagoana de Socorros Mutuos (AL) - 1881 a 1911 http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=809250&pesq=capoeira

1899 – na edição de 14 de novembro de O Gutemberg, acerca de festejos religiosos acontecidos:

1891 – In Jornal do Penedo76, 30 de maio, é publicado o novo Código Penal, de 1890, onde se criminaliza a prática da capoeira:

76 Jornal de Penedo (AL) - 1875 a 1890 - http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=111589&pesq=capoeira

Cruzeiro do Norte77 também é publicado

Código Penal, na parte em que se refere aos capoeiras como infratores da

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No Jornal
lei 77 Cruzeiro do Norte : Publica-se ás quartas, sextas e domingos (AL)
1893 http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=809420&pesq=capoeira
o
- 1891 a

1893 – Em O CRUZEIRO DO NORTE, edição de 17 de fevereiro há referência a um médico, que seria capoeira, pelas atitudes que demonstrava, com acusações de roubos de bens públicos, assim como de insultos às autoridades:

78 Cruzeiro do Norte : Publica-se ás quartas, sextas e domingos (AL) - 1891 a 1893 http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=809420&pesq=capoeira eader/DocReader.aspx?bib=809420&pesq=capoeira

79 Patria (AL) - 1891 a 1892, http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=843806&pesq=capoeira

1892 - No
Jornal Cruzeiro do Norte78, edição de 10 de fevereiro, aparece a seguinte quadrinha
– Apresentados à Polícia, presos, diversas pessoas, dentre eles, um capoeira, conforme A PATRIA79, de 23 de abril

1896 – Em O TRABALHO80, edição de 06 de junho, jornal de Penedo, destaca discussão de dois membros do Congresso do Estado, num xingamento comum naquelas épocas, quando se queria destratar o adversário, chamando-o de capoeira:

1905 – No Gutemberg, edição de 14 de outubro:

- 19 de outubro, em O Gutemberg, noticia de prisão de uma capoeira:

80 O Trabalho (AL) - 1882 a 1898 http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=809896&pesq=capoeira

- 24 de novembro:

1909 – Junho, 15 - artigo escrito por Barreto Cardoso, um intelectual, acadêmico, e cronista, que publicara seus textos em uma seção intitulada “Bosquejos”, publicada no jornal Gutenberg. Eis aqui um chronista atrapalhado, leitor, a cata de assumptos para os seus mal acabados escriptos. As ampulhetas da semana deixaram vazar toda a areia dos seus recipientes, sem que algo de novo apparecesse,

nem uma nota siquer de sensação, um facto por mais trivial que fosse, mas capaz de deixarse margem á bisbilhotice e á analyse dos chronistas aos de suicidios por amor, esmagamentos, assassinatos, etc, de todos esses factos que, embora por si só nada valham nem sejam considerados novidades, entanto, trabalhados por mãos de jornalistas, com os seus titulos em lettras garrafaes, ainda conseguem mover a piedade nas almas sensiveis. Isto quanto á parte sensacional, apenas, que é, quasi sempre a dos escandalos mundanos, cujos personagens se nos apresentam, ora de saia demitraine e chapéo Dreadnought, ora de pés descalços, brandimdo punhaes e navalhas ou esfolando a cara de algum freguez com um rabo de arraia certeiro (Gutenberg, 15 de junho de 1909, p. 1).

1917 – Em O DIÁRIO DO POVO81, edição de 02 de março,

1979 – em Penedo, havia um grupo de capoeira liderado pelo Professor Toinho, onde o hoje Mestre Inácio se iniciou DÉCADA DE 1980 - Em União dos Palmares, a capoeira chega na década de 1980, com Lizanel Cândido da Silva, o Mestre Jacaré, alagoano de Palmeira dos Índios, mestre de capoeira residente em Maceió/AL, início o primeiro grupo de capoeira em terras palmarinas, a Associação de Capoeira Palmares, sendo esse o único grupo na cidade durante aproximadamente uma década. Com o passar do tempo, sendo União dos Palmares uma cidade com forte potencial histórico e cultural que desperta o interesse de vários segmentos da cultura, sobretudo a capoeira, outros mestres, contramestres e professores de capoeira instalaram aqui seus grupos, e hoje chega a um total de 11 grupos de capoeira, são eles: Associação de Capoeira Palmares;

2. Grupo Abadá-capoeira

3. Grupo Candeias; 4. Grupo Essência;

5. Grupo Guerreiros do Quilombo;

6. Grupo Legião Brasileira de Capoeira;

7. Grupo Muzenza; 8. Grupo Negaça; 9. Grupo Raízes de Zumbi 10. Grupo Tradição; e 11. Grupo de Capoeira Gameleira https://www.facebook.com/lbcnaterradezumbi/posts/breve-hist%C3%B3ria-da-capoeira-em-uni%C3%A3o-dospalmarespor-roberto-martins-barbosaestag/457892900989483/ 1981 – Chegaram em Arapiraca os Mestres Lira e Bahia – formandos de Mestre Grande, do grupo Dois de Ouro, de São Paulo. Mestre Inácio se matricula nessa associação, formando-se em 1984 1984 – Mestre Inácio, em 5 Junho funda a Academia Dragão de Capoeira; dentre seus alunos Samuel, Nó Cego, Ernandes, Catrepilha e Chapinha, Charuto e Jean Espirro, pegaram a corda de aluno graduado; Jean Espirro e presidente da Associação Arte Capoeira e Charuto e presidente da Associação Arte Brasileira. De Samuel saiu Sapulha hoje mestrando e presidente do Arte Brasil Capoeira e também saiu Hemem hoje mestre e presidente do Grupo Águia Negra e presidente da Federação Alagoana de Capoeira, Gato Preto também foi aluno de Mestre Inácio, dele saiu Jaminho (Vulcão), de Vulcão veio Azulão e ai por diante.

1989 – GRUPO ÁGUIA NEGRA CAPOEIRA - O mestre “Rimem” como é conhecido na capoeira, se trata do nosso colega Aldo, que desde os seus 12 anos vem na prática deste esporte. Aldo nasceu em Taquarana – AL, em 1989 adotou Marechal Deodoro como sua cidade e desenvolveu aqui a Capoeira. Transferiu sua academia de Arapiraca que levava o nome de Associação de Capoeira Pele Negra, para o nosso município. Logo após, mudou para o nome GRUPO ÁGUIA NEGRA CAPOEIRA , como é conhecida ainda hoje, na época era localizado no prédio do antigo Alpendre Bar, passou também pela sede do Grêmio na Rua Dr. Ladislau Neto e chegou até a funcionar no pátio do Museu de Arte Sacra, lá Aldo deu muitas aulas nas práticas de defesa pessoal e assim, foi reconhecido pela sociedade Deodorense. Hoje já tem sua própria sede localizada na Rua Prefeito Júlio Lobo. O mestre “Rimem” Aldo, trouxe muitos capoerista de outras localidades para nosso município e aqui fez muitos eventos, adquirindo ainda mais experiência e conhecimento mais profundo na Capoeira, foi Vice

81 Diario do Povo : Orgão do Partido Republicano Conservador (AL) - 1916 a 1917 http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=215414&pesq=capoeira

Presidente, e hoje é o atual Presidente da FALC – Federação Alagoana de Capoeira. http://www.marechalnoticias.com.br/colunas/osmar-junior/surgimento-da-capoeira-em-marechal-deodoro/

2000 - Mestre Inácio passa a ser vice presidente da Associação Raízes de Capoeira, sendo graduado mestre. Foi grã mestre do Arte Brasil capoeira onde o presidente e o mestrando Sapulha.

2008 - em homenagem a Mestre Inácio foi fundada a Associação Cultural Inácio Capoeira, na qual é grão mestre e presidente.

2011 – JUNHO, 11 - ASSEMBLEIA GERAL DA FEDERAÇÃO ALAGOANA DE CAPOEIRA, PRESTAÇÃO DE CONTAS DE TUDO QUE FOI REALIZADO PELA FALC DURANTE ESTA GESTÃO, ALEM DA MUDANÇA DE PRESIDENTE. A ASSEMBLEIA FOI MARCADA PALA DESPEDIA DO ATUAL PRESIDENTE (CONTRA MESTRE MARCO BAIANO) QUE FOI TRANSFERIDO PELA EMPRESA EM QUE TRABALHA PARA SÃO PAULO, FATO QUE IMPOSSIBILITOU SUA PERMANENCIA A FRENTE DA FEDERAÇÃO

2014 - Discutir a promoção e preservação da roda e dos mestres tradicionais de capoeira de Alagoas. Esse é o principal objetivo do Seminário Rota de Capoeira Palmares que levará para Maceió e União dos Palmares/ AL, nos dias 18 e 19 de novembro, importantes representantes dessa expressão que mistura arte marcial, esporte, cultura popular e música. O evento faz parte da programação que a Fundação Cultural Palmares (FCP – MinC) preparou para as comemorações para o 20 de novembro – Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Na noite do dia 18 de novembro o presidente do Grupo de Capoeira Angola Pelourinho (GCAP), Mestre Moraes, e a representante do grupo Ilé Axé Legioniré Nitó Xoroqué, Mônica Carvalho, participam de um debate sobre as raízes culturais que influenciaram a capoeira, na mesa “Roda de Sotaque Candomblé, Capoeira e Samba: Um giro pela história e cultura negra no Brasil”.

2017 - GUSTAVO BEZERRA BARBOSA defende sua Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pósgraduação em História da Universidade Federal de Alagoas, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em História. Orientador (a): Prof. Dra. Irinéia Maria Franco dos Santos com o titulo UMA POSSÍVEL “SIMBIOSE”: VADIOS E CAPOEIRAS EM ALAGOAS (1878-1911). A pesquisa tem por objetivo investigar vadios e capoeiras em Alagoas, mais particularmente em Maceió, durante o período 1878 a 1911. Para tanto, tem como foco principal os códigos criminal (1830) e penal (1890), as posturas municipais de Maceió de 1878 e 1911, os relatórios dos presidentes da província e as informações presentes nos jornais publicados na capital alagoana nos anos finais do Império até os anos iniciais da República. A pesquisa foi feita a partir de documentação de diversas proveniências e de uma abordagem de análise qualitativa, por entendermos que esta nos permite perceber as diferentes interações sociais presentes nos contextos onde vadios e capoeiras se inserem historicamente. Toma-se como hipótese nesta pesquisa a existência de uma “simbiose” entre vadios e capoeiras, observada na documentação analisada. O caminho para o desenvolvimento e análise desta questão tem como referência o paradigma indiciário de Carlo Ginzburg. Através desse método efetuou-se um estudo do material documental, possibilitando a aproximação da realidade pertinente à experiência de vadios e capoeiras. Por outro lado, o método também nos ajuda a indagar as estruturas invisíveis dentro das quais, vadios e capoeiras estavam inseridos.

Sergipe Está situado na Região Nordeste e tem por limites o oceano Atlântico a leste e os estados da Bahia, a oeste e a sul, e de Alagoas, a norte, do qual está separado pelo Rio São Francisco. Está dividido em 75 municípios e é o menor dos estados brasileiros, ocupando uma área total de 21 910 km², tornando-o pouco maior que El Salvador. Em 2021, sua população foi recenseada em 2,3 milhões de habitantes. Sua capital e cidade mais populosa é Aracaju, sendo a mesma sede da Região Metropolitana de Aracaju, que inclui os municípios de Barra dos Coqueiros, Nossa Senhora do Socorro e São Cristóvão.Sergipe emancipou-se politicamente da Bahia em 8 de julho de 1820. A então capitania de Sergipe del-Rey viria a ser elevada à categoria de província quatro anos depois, e, finalmente, a estado após a proclamação da República em 1889. A atividade agrícola é um fator da economia sergipana. Em destaque nesse ramo, encontra-se o cultivo da cana-de-açúcar. A laranja e o coco também são produzidos pelo estado. O extrativismo mineral é outra atividade do setor primário Petróleo, gás natural, calcário e potássio são os principais.[7]

Ano 1842\Edição 00373 (1) Correio Sergipense : Folha Official, Politica e Literaria (SE) - 1840 a 1866

Ano 1850\Edição 00025 (1) O Novo Iris : Jornal Politico, Litterario, Industrial e Mercantil (SE) - 1850 a 1852

SERGIPE – 1842

Ano 1851\Edição 00113 (1)

Ano 1857\Edição 00023 (1) Correio Sergipense : Folha Official, Politica e Literaria (SE) - 1840 a 1866

Ano 1890\Edição 00128 (1)

Ano 1890\Edição 00131 (1)

Ano 1890\Edição 00034 (1) Gazeta de Sergipe : Folha Diaria (SE) - 1890 a 1891 1977 - Luiz Carlos Vieira Tavares, ou Mestre Lucas, desde a década de 70 começou a praticar a capoeira em Aracaju, no Cotinguiba Esporte Clube. Em 1977, ele já fundava, com alguns amigos, o grupo de capoeira ‘Os Molas’.

2001 - Junior (2005) é o Mestre de capoeira Alvinho sucuri e sua dissertação foi sobre a reafricanização da capoeira termo que ele deu para a tentativa da capoeira buscar suas raízes africanas. Mas não fez pesquisa histórica e sim com depoimentos de Mestres de seu tempo. Em 2001 quando o autor defendeu o seu TCC abordou a questão histórica, foi um dos pioneiros, mas só encontrou capoeira em Sergipe na década de 50 do século XX. 2015 - Notícia: Mapeamento da capoeira tem início em Sergipe - IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional 2016 - 1469828756_ARQUIVO_SubmissaoArtigoANPHUR-doc.pdf (anpuh.org) - A Capoeira No Jornal O Republicano De Sergipe Em 1890: Reflexões Sobre Um Dos Atos Do Governador Felisbelo Freire Tatiane Trindade Machado1 Simone Silveira Amorim2. O Republicano, onde identificamos 3 notícias, dentre elas a edição 131 de 07 de maio de 1890, na página 2, coluna, 5. Com a manchete intitulada Os deportados de Sergipe foi descrita a deportação de 52 vagabundos, ladrões de cavalos e capoeiras. Encontramos ali o primeiro indício de que existiram capoeiras em Sergipe, no século XIX. Jornal O Republicano, no dia 01 de maio de 1890. Nela, o jornal salienta que os proprietários não tinham mais sossego e que a atitude do Governador de deportar os 52 vagabundos, ladrões de cavalos e capoeiras, foi nobre no sentindo de retomar a paz em terras Sergipanas. Lá constava [...] a administração do Estado de Sergipe, encontrou os gatunos e capoeiras de collo alçados9 . O transito nas estradas era difícil, os proprietários desanimados, não tinha meios de resistência a oppor aos ladrões de cavallos: os assassinatos erão frequentes e q’ só depois de uma excursão q’ o chefe de policia em pessoa fez pelo estado foi que a segurança publica restabeleceu-se a confiança e tranquilidade publicas firmarão-se [...] (Estado de Sergipe. Jornal O Republicano, anno II, nº 127, 01 de maio de 1890. p. 2. col. 4-5). Percebemos a partir de notícias do jornal O Republicano de 1890 que existiram movimentos de capoeira em Sergipe naquele período, mas que também esse fato gerou um embate político entre os jornais locais. Na verdade, o fato da deportação dos capoeiras gerou várias notícias e desencadeou uma série de ataques ao então governador Felibelo Freire, por outros periódicos tanto do Rio de Janeiro como de Sergipe. “O berimbau me deu o compasso”: a capoeira e suas manifestações em Sergipe, no século XIX | Revista Brasileira de História da Educação (uem.br); “ESCORREGAR NÃO É CAIR É UM JEITO QUE O CORPO DÁ”: AS CONFIGURAÇÕES DA CAPOEIRA EM SERGIPE NO SÉCULO XIX (1874-1891) (grupotiradentes.com)

2020 - - Pesquisa sobre a história e conformação da capoeira no estado de Sergipe – Estilo Nacional - A Estilo Nacional foi contratada para desenvolver pesquisa sobre a história e a conformação atual da Capoeira no estado de Sergipe, paralelo à mobilização dos mestres, grupos e/ou praticantes dessa dança-jogo-luta. A concorrência foi organizada pela Superintendência Estadual do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN-SE).

2022 - Mestre Puma: 45 anos de capoeiragem - 29 de agosto de 2022 Mestre Puma: 45 anos de capoeiragem (destaquenoticias.com.br) - Cicero Cunha Bezerra*

2022 a capoeira sergipana está em festa. O grupo de maior expressividade no campo da promoção, prática e reflexão sobre essa arte/luta brasileira, “Os molas”, completa 45 anos de existência. Mantendo a prática que caracteriza o trabalho de Mestre Lucas (Luiz Carlos Vieira Tavares), alguns eventos já estão acontecendo e acontecerão ao longo desse ano. Fundado em 1977, em “ Os Molas” já foram formados vários professores e Mestres que se espalharam, criando seus grupos, por vários Estados brasileiros e países do mundo. Um dos participantes importantes, nas origens do grupo, é Paulo César Almeida do Prado, mais conhecido como Mestre Puma.

Mestre Puma Nascido no Rio de Janeiro, registrado na Bahia e habitante de Aracaju, dos onze aos dezoito anos de idade, quando ingressa na Marinha de Guerra, Mestre Puma, também completa, em 2022, quarenta e cinco anos de capoeiragem. Filho da sergipana Mirian Almeida do Prado – neta de parte de mãe de indígena Xocó -, e do carioca Paulo Serra do Prado, neto de imigrante espanhol com sangue negro de Minas Gerais, Mestre Puma traz a mestiçagem brasileira que também caracteriza a capoeira em seu longo processo histórico. Como pesquisador que sou, interessado no papel da capoeira na constituição da cultura brasileira, em particular do Nordeste, tive o prazer de conversar com Mestre Puma sobre a sua trajetória, formação e trabalhos acadêmicos convertidos, ao longo dos anos, em palestras, cursos e livros, além de participações em entidades como Presidente de Federação Sergipana de Capoeira-FSC, Diretor Técnico da Confederação Brasileira de Capoeira – CBC, Diretor Regional Nordeste da CBC, Conselheiro Técnico da Federação Internacional de capoeira – FICA, Vice-presidente fundador da Associação Nacional de Árbitro de Capoeira e Mestre do Conselho Superior de Mestre CSM/CBC/FICA. Nossa conversa regada ao som do berimbau e sob o olhar atento da lua cheia de agosto, pode ser resumida nas seguintes palavras. Como muitos capoeiristas, a exemplo de Mestre Pastinha, o seu vínculo com a capoeira começou na infância em um “embate entre meninos”. Aluno do Colégio dos Padres, no bairro da Curva Grande, em Salvador, Paulo descobriu a capoeira em uma queda: “briguei e cai sentado”. Foi quando ouviu uma voz: “sai fora, ele é da turma da capoeira da escola…”; desde então, Paulo sentiu-se tocado e, graças ao gosto do pai, jornalista, boêmio e amigo da malandragem de beira de cais, Paulo assistia às rodas do Mercado Modelo onde jogava o Mestre Caiçara e outros. Detalhe curioso, a família era vizinha de mestre Bimba, na ladeira do nordeste de Amaralina, mas lamentavelmente, o menino não conheceu a maior lenda da Capoeira Regional.

Foi somente com sua vinda para Aracaju que Paulo Prado tomou contato, na ocasião de uma comemoração do dia do folclore no colégio Prof. Rollemberg Leite, com Mestre Lucas e o recém criado grupo Os Molas. Começava, assim, sua efetiva aprendizagem e parceria que permanece até os dias de hoje. Nos anos oitenta, em função da sua entrada na Marinha brasileira, o já capoeirista segue para Salvador e o que era memória de menino, se concretiza em jogo de rua. Uma vez mais, o Mercado Modelo, considerado a “Meca da capoeira”, é palco de encontros com grandes Mestres como Cacau, Coringa e Dois de Ouro. Outro momento marcante da sua vida se deu, posteriormente, no Rio de Janeiro, com o Mestre Pedro Ziza. Juntos fundaram o grupo Resistência rendendo uma colaboração de trinta anos à frente deste grupo. Para Mestre Puma, capoeira é oxigênio, fonte de onde emana a vitalidade da vida que impulsiona variados interesses que perpassam da teologia, à arquitetura, ao urbanismo, à educação e, mais recentemente, às Ciências da religião, área na qual defendeu a dissertação de mestrado (2022), a primeira no Brasil, sobre as relações entre os simbolismos religiosos oriundos do candomblé, do cristianismo e do judaísmo na obra de um dos mais influentes e importantes Mestres da Capoeira Regional de Bimba: Angelo Augusto Decanio Filho, Mestre Decanio. Para Puma capoeira e religião, em sentido amplo do termo, são áreas de conhecimentos complementares que dialogam em um processo de hibridização que exige compreensão e reconhecimento das suas diferenças e aproximações. Só assim, ancestralidade e diversidade de credos, que compõem o vitral de crenças na roda, podem encontrar dinamicidade e harmonia sem exclusão ou redução da capoeira a um aspecto específico.

O papel de Mestre Puma na disseminação da capoeira em Sergipe, além de sua já citada participação como integrante do grupo Os Molas, ministrando aulas nas segundas, quartas e sextas-feiras, começou no CSU na rua Alagoas quando ministrou aulas tendo como primeiro aluno matriculado Álvaro Machado, hoje Mestre Alvinho Sucuri do Grupo de Capoeira Mocambo e outros como Cheio de enfeites, hoje Mestre Toinho. Em 1980, Paulo Puma participou do importante 1º Seminário Regional de Capoeira em Salvador, BA, onde conhece grandes Mestres como Cobrinha Verde que, segundo ele, “insinuou vários golpes como a banda trançada e rezas”, Curió de quem ouviu relatos sobre as suas armas e truques da capoeira; outros Mestres emblemáticos da história da capoeira também foram contactados como Braz, Bom Cabrito, Marcelino Mau, Itapoan, João Pequeno e João Grande

de Pastinha. No seminário Puma teve a oportunidade e o privilégio de jogar em uma roda movida por mestres como Gigante, no gunga, Caiçara e seu apito cantando para os mestres Nô e Dmola. Um jogo descrito por ele como “alucinante de contorções desequilibrantes em uma roda inusitada” com direito a um “colar de força” aplicado pelo mestre Braz, aluno de Bimba, no também espetacular Canjiquinha. Memórias que, certamente, nos conduzem ao núcleo da capoeiragem em seus mitos, ritos e fatos. Das lembranças deste encontro, marcado pela a ausência/presença do Mestre Pastinha, já recluso em sua casa, Puma se lembra da imagem simbólica da esposa do mestre angoleiro, Dona Romélia, que servia o cafezinho nos intervalos dos seminários. Dos frutos dos GTs (Grupos de trabalhos), Puma, em conjunto com os Mestres Cobrinha Verde, Curió, Marcelino e Bom Cabrito, propuseram algumas diretrizes para a capoeira da Bahia. Uma das suas sugestões foi a construção de um tablado, em círculo, que ficaria em frente ao Mercado Modelo como um lugar especifico para o jogo de roda. Era a proposta de um jovem de apenas 17 anos que circulava em meio aos grandes Mestres. A ideia foi aprovada e hoje faz parte do cartão postal do Mercado Modelo de Salvador.

Em Aracaju, Mestre Puma, em parceria, uma vez mais com Mestre Lucas, organizaram o 1º Seminário de Capoeira de Sergipe no CSU. Um evento importante que deu início às primeiras graduações e nivelamento que tiveram, como primeiro instrutor formado, Giovane, hoje Mestre Touro do Grupo Cordão de Ouro de Sergipe. Também é preciso destacar suas contribuições para o desenvolvimento da nomenclatura da Capoeira Desportiva que possibilitou a inscrição capoeira no COB desde 1988. No que se refere à produção intelectual do Mestre Puma destacam-se dois livros: o primeiro chama-se “O Trivial da Capoeira” escrito logo após a sua formação em Mestre, pela mão de Mestre Ziza, em 1996. Nele, Puma apresenta a Nomenclatura Oficial da Capoeira Desportiva. Um trabalho realizado com o seu irmão também capoeirista, Mestre Canelas. O resultado é lembrando por ele como “surpreendente” diante da plateia de mestres que ocupavam o Congresso Técnico da Confederação Brasileira de Capoeira (CBC) e a Federação Internacional de capoeira (FICA). A apresentação da Nomenclatura contou, também, com a participação de um voluntário da plateia, Mestre Passarinho de Goiânia, hoje Mestre Suíno. Como ressaltado, a Nomenclatura de Golpes encontra-se nos registros do COB e COI como a primeira nomenclatura de movimentos da capoeira desportiva.

Em 2019, um segundo livro é lançado e, desta vez, em comemoração ao centenário da capoeira Regional do mestre Bimba. Nele, Mestre Puma apresenta a Capoeira Regional mediante uma ousada visão hermenêutica que a faz berço do que ele chama de “capoeira secularizada”. Uma proposta que passeia pela história do Brasil, pelos ritmos dos batuques, passando pelo candomblé, pelo samba de roda até chegar na capoeira. Indagado sobre o passado, o presente e o futuro, Mestre Puma revela o aspecto de abertura para novas experiências, sem desconsiderar o passado, mas dialogando com um tempo no qual tradição e inovação são faces inevitáveis de uma realidade sem fronteiras em que a tecnologia transforma comportamentos e o jogo pode se dar tanto na técnica dos movimentos corporais nas rodas, como nos “likes” das redes sociais. O importante, no entanto, é a percepção da capoeira como ferramenta de educação. Como forma de intervenção político-social que abraça a cultura brasileira e faz da sua força histórica, esporte, lazer e projetos sociais. Longe das padronizações que enrijecem, para Puma não é necessário transformar a capoeira em esporte olímpico, pois ela já é, diz o Mestre. Atualmente, Puma continua respirando o seu oxigênio vital em Aracaju à frente da Academia Brasileira de Capoeira (ABC) e, como um incansável projetista, marinheiro, artesão de barcos e de ideia, pretende transformar a ABC em uma referência nos estudos e treinos de capoeira sob forma de “disciplina, especialização ou até mesmo uma faculdade”, sentencia o Mestre. A nós, amantes da ginga, resta-nos acompanhar o trabalho dos mestres que fazem da capoeira uma filosofia de vida, uma atividade transformante e transformadora. O Estado de Sergipe está de parabéns e bem representado no cenário de uma manifestação legitimamente brasileira e que, lamentavelmente, ainda, não ocupa o seu lugar de merecimento no Brasil. Aguardemos mais novidades.

*Professor do Departamento de Filosofia/UFS

Aracajú: Mestre Lucas fala sobre capoeira e lançará livro em Sergipe | Portal Capoeira

A . Está situada no sul da Região Nordeste, fazendo limite com outros oito estados brasileiros - é o estado brasileiro que mais faz divisas:[10] com Minas Gerais a sul, sudoeste e sudeste; com o Espírito Santo a sul; com Goiás a oeste e sudoeste; com Tocantins a oeste e noroeste; com o Piauí a norte e noroeste; com Pernambuco a norte; e com Alagoas e Sergipe a nordeste. A leste, é banhada pelo Oceano Atlântico e tem, com novecentos quilômetros, a mais extensa costa de todos os estados do Brasil, com acesso ao Oceano Atlântico. Ocupa uma área de 564 733,177 km²,[3] sendo pouco maior que a França. Dentre os estados nordestinos, a Bahia representa a maior extensão territorial, a maior população, o maior produto interno bruto e o maior número de municípios. A capital estadual é Salvador, terceiro município mais populoso do Brasil. Além dela, há outros municípios influentes na rede urbana baiana, como as capitais regionais Feira de Santana, Vitória da Conquista, Juazeiro, Barreiras e o bipolo Ilhéus/Itabuna.[11]

Um dos primeiros núcleos de riqueza açucareira do Brasil, a Bahia recebeu um imenso contingente e enorme influência de africanos escravizados, trazidos pelos colonizadores europeus para comercialização, visando a suprir os engenhos e as minas de ouro da colônia [12] Esses indivíduos escravizados procediam em especial do Golfo da Guiné, das antigamente chamadas costas dos escravos, da pimenta, do marfim e do ouro, no oeste africano, com destaque para o Império de Oió, fundado e habitado pelo povo iorubá, e o antigo Reino de Daomé. Em contraposição, o Rio de Janeiro viria a receber, posteriormente, escravos procedentes principalmente de Angola e Moçambique [13] Assim, a influência da cultura africana na Bahia permaneceu alta na música, na culinária, na religião, no modo de vida de sua população, não só ao redor de Salvador e Recôncavo baiano, mas, principalmente, em toda a costa baiana. Um dos símbolos mais importantes do estado é a da negra com o tabuleiro de acarajé, vestida de turbante, colares e brincos dourados, pulseira, saias compridas e armadas, blusa de renda e adereços de pano da costa, a típica baiana A Bahia é considerada a parte mais antiga da América Portuguesa, pois foi na região de Porto Seguro, litoral sul da Bahia, que a frota de Pedro Álvares Cabral ancorou, em 22 de abril de 1500,[14] marcando o descobrimento do Brasil pelos portugueses e a celebração da primeira missa, na praia da Coroa Vermelha, presidida pelo frei Henrique Soares de Coimbra.[12][15] É de se destacar também o decreto de abertura dos portos às nações amigas, promulgada em 28 de janeiro de 1808 por meio de uma Carta Régia pelo príncipe regente dom João VI de Portugal, na Capitania da Bahia, acabando com o monopólio comercial e abrindo a economia brasileira para o comércio exterior.[16][17][18][19] Em 1 de novembro de 1501, o navegante florentino Américo Vespúcio, a serviço da Coroa portuguesa, descobriu e batizou a Baía de Todos-os-Santos, maior reentrância de mar no litoral desde a foz do Rio Amazonas até o estuário do Rio da Prata. O local foi escolhido para abrigar a sede do governo-geral em março de 1549 com a chegada do fidalgo Tomé de Sousa, a mando do rei Dom João III de Portugal para fundar a que seria, pelos próximos 214 anos, a cidade-capital do Brasil Colônia, Salvador.

O estado possui um alto potencial turístico, que vem sendo muito explorado através de seu litoral (o maior do Brasil), da Chapada Diamantina, do Recôncavo e de outras belezas naturais e de valor histórico e cultural. Possui a sétima maior economia do Brasil, com produto interno bruto superior a 290 bilhões de reais, representando quase 20 mil reais de PIB per capita. A sua renda, no entanto, não é bem distribuída, se refletindo num índice de desenvolvimento humano de 0,714 em 2017[20] Na Bandeira do Brasil, o estado da Bahia é representado pela estrela Gamma Crucis (? Crucis) da constelação do Cruzeiro do Sul (Crux).[21]

BAHIA – 1849
Ano 1849\Edição 00082 (1) Correio Mercantil : Jornal Politico, Commercial e Litterario (BA) - 1836 a 1849

Ano 1851\Edição 00077 (1) A Verdadeira Marmota : Do Dr. Prospero Diniz (BA) - 1851 a 1852

Ano 1851\Edição 00090 (1) – 19 de novembro

Ano 1856\Edição 00025 (1) - 19 de setembro

O Constitucional : Folha Politica, Litteraria e Commercial (BA) - 1851 a1864

Ano 1876\Edição 00001 (1) Annaes da Assembléa Legislativa Provincial da Bahia (BA) - 1873 a 1887
Ano 1877\Edição 00115 (1) - 12 de agosto Correio da Bahia : O Correio da Bahia é propriedade de uma Associação (BA) - 1871 a 1878
Ano 1878\Edição 00191 (1) 20 de janeiro O Monitor (BA) - 1876 a 1881 Ano 1881\Edição 00001 (1) - O Encouraçado : Vida com honra ou morte com gloria (BA) – 1881 -

Ano 1885\Edição 00245 (1) 31 de outubro Gazeta da Bahia : A "Gazeta da Bahia" é propriedade de uma Associação (BA) - 1879 a 1886

Ano 1890\Edição 00099 (1) 03 de junho Pequeno Jornal (BA) - 1890 a 1893

Ano 1890\Edição 00199 (1) 4 de outubro - Pequeno Jornal (BA) - 1890 a 1893

Ano 1891\Edição 00267 (1) – 03 de janeiro

Ano 1891\Edição 03352 (1) ornal de Noticias (BA) - 1891 a 1898

Ano 1897\Edição 00305 (1) – 30 de dezembro Cidade do Salvador (BA) - 1897 a 1899

Ano 1898\Edição 00005 (1)

Ano 1889\Edição 00044 (1) – 24 de fevereiro Diario da Bahia : O Diario da Bahia é propriedade de uma Associação (BA) - 1882 - 1889

Ano 1904\Edição 00036 (1) - Gazeta Médica da Bahia : Publicada por uma Associação de Facultativos (BA)1867 a 1905 Ano 1912\Edição 00036 (1) – 13 de outubro - Gazeta de Noticias : Sociedade Anonyma (BA) - 1912 a 1914 Ano 1914\Edição 00037 (1) A Noticia : Nosso Programma - nossa rota, nosso escopo (BA) - 1914 a 1915 Ano 1919\Edição 00006 (1) A Hora : Diario Vespertino - Politico e Independente (BA) – 1919
Ano 1919\Edição 00046 (1) – 03 de março
Ano 1920\Edição 00130 (1) – 18 de setembro - A Manhã : Propriedade da Sociedade Anonyma "Diario de Noticias" (BA) - 1920 a 1921

Ano 1929\Edição 00079 (1) c. (BA) - 1929 a 1934

Ano 1929\Edição 00134 (1)

Ano 1932\Edição 00196 (3)
Ano 1932\Edição 00196 (3)

Ano 1935\Edição 01394 (1) O Imparcial : Matutino Independente (BA) – 1935

Ano 1935\Edição 01491 (1) – 24 de outubro O Imparcial : Matutino Independente (BA) – 1935

Ano 1935\Edição 01498 (1) – 31 de outubro O Imparcial : Matutino Independente (BA) – 1935
Ano 1935\Edição 01504 (1) – 06 de novembro O Imparcial : Matutino Independente (BA) – 1935 Ano 1935\Edição 01538 (1) – 10 de dezembro
Ano 1948\Edição 00776 (1) O Momento (BA) - 1948

Ano 1950\Edição 0011-0012 (1) - Unica : quinzenario illustrado : mundanismo, esportes, cinema, actualidades (BA) - 1925 a 1953

Ano 1951\Edição 0003-0004 (1)

Pernambuco Está localizado no centro-leste da região Nordeste e tem como limites os estados da Paraíba (N), do Ceará (NO), de Alagoas (SE), da Bahia (S) e do Piauí (O), além de ser banhado pelo oceano Atlântico (L). Ocupa uma área de 98 149,119 km² (6,57% maior que Portugal). Também fazem parte do seu território os arquipélagos de Fernando de Noronha e São Pedro e São Paulo. Sua capital é Recife e a sede administrativa é o Palácio do Campo das Princesas. O atual governador é Paulo Câmara (PSB). Pernambuco é a sétima unidade federativa mais populosa do Brasil, e possui o décimo maior PIB do país e o maior PIB per capita entre os estados nordestinos Já sua capital, Recife, é sede da concentração urbana mais rica e populosa do Norte-Nordeste. No interior do estado, os municípios mais populosos são Caruaru, Petrolina, Garanhuns e Vitória de Santo Antão. Pernambuco foi o primeiro núcleo econômico do Brasil, uma vez que se destacou na exploração do pau-brasil (também referido como pau-de-pernambuco) e foi a primeira parte do país onde a cultura canavieira desenvolveu-se efetivamente. A Capitania de Pernambuco, a mais rica das capitanias da América portuguesa durante o ciclo do açúcar, chegou a atingir o posto de maior produtor mundial da mercadoria. No estado ocorreram muitos dos primeiros fatos históricos do Novo Mundo: na Ilha de Itamaracá estabeleceu-se, em 1516, o primeiro "Governador das Partes do Brasil", Pero Capico, que ali construiu o primeiro engenho de açúcar de que se tem notícia na América portuguesa. Pernambuco teve ainda participação ativa em diversos episódios da história brasileira: foi palco das Batalhas dos Guararapes, combates decisivos na Insurreição Pernambucana e considerados a origem do Exército Brasileiro; e serviu de berço a movimentos de caráter nativista ou de ideais libertários, como a Guerra dos Mascates, a Revolução Pernambucana, a Confederação do Equador e a Revolução Praieira. Conhecido por sua ativa e rica cultura popular, Pernambuco é berço de várias manifestações tradicionais, como a capoeira, o coco, o frevo e o maracatu, bem como detentor de um vasto patrimônio histórico, artístico e arquitetônico, sobretudo no que se refere ao período colonial. Em 1970 surgiu no estado o Movimento Armorial, que teve como figura central o escritor Ariano Suassuna. Duas décadas mais tarde apareceu outro importante movimento que se constituiu numa espécie de contraponto ao Armorial: o Manguebeat, cujo maior expoente foi o artista Chico Science Pernambuco – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

PERNAMBUCO - 1850
Ano 1850\Edição 00004 (1) O Patuléa (PE) – 1850 Ano 1853\Edição 00134 (1) O Liberal Pernambucano (PE) - 1852 a 1858 28 DE FEVEREIRO

Ano 1861\Edição 00118 (1) O Constitucional : Jornal Politico, Religioso, Scientifico, Litterario (PE) – 1861

Ano 1861\155 (1) 30 DE SETEMBRO

Ano 1867\Edição 00014 (1) O Conservador : Jornal Politico, Noticioso e Litterario (PE) - 1867 a 1868

Ano 1868\Edição 00006 (1) A Tesoura : Cortar a mentira, Com fina rasoura, Mostrar a verdade... Eis a Tesoura (PE) - 1868 a 1869

Ano 1868\Edição 00025 (1) O Liberal (PE) - 1868 a 1870 18 DE NOVEMBRO

Ano 1889\Edição 00067 (1) Jornal do Povo: Publicação à tarde (PE) - 1889

Ano 1889\Edição 00103 (1)
1890\Edição 00067 (1) A Epocha : Orgão do Partido Conservador (PE) - 1889 a 1890 10 DE ABRIL
Ano
Ano 1902\Edição 00043 (1) O Besouro : Illustrado e Humoristico (PE) - 1902 a 1903 Ano 1906\Edição 00009 (1) Almanach de Pernambuco (PE) - 1899 a 1925 Ano 1926\Edição 0050 (1) Rua Nova (PE) – 1926 Ano 1966\Edição 0110 (1) Diário da Manhã (PE) - 1964 a 1969 Ano 1967\Edição 1030 (1) 2009 - HISTÓRIA DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA - novembro 07, 2009 HISTÓRIA DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA (mestrepiraja.blogspot.com)

1978 a capoeira tomou um impulso muito grande em sua divulgação e ensino, foi quando eu, Mestre Pirajá, participava de um concurso de música afro-Brasileira no Sesc de Santo Amaro quando conhecí o Mestre João mulatinho que se fazia acompanhar do Mestre Zumbí Bahia, e ambos tinham ido para assistí ao evento musical e mim conhecerem, fizemos uma grande amizade e apartí daí passamos a nos encontrar sempre que possivel para troca de conhecimentos, estudo, organização e jogar-mos capoeira, ainda hoje mim lembro da música que concorrí, sendo a mesma de autoria minha, Edson oliveira(compositor da escola Galeria do Ritmo) e do meu aluno e tambem compositor Heleno Lovação, “ Assunçê dis que não jogo Vou jogar prá assunçê ver Mas jogando a Capoeira Faço o mundo estremecer Vai vai Galeria, vai brincar O carnaval, Na roda de Capoeira E no som do Berimbau E Grupo Senzala de Capoeira Joga de pés no chão e sacode a poeira.”

1980 nós faziamos o 1º Batismo Oficial e coletivo de Capoeira, porque os Batismos de Capoeira do Grupo Senzala já acontecia desde 1974 individualmente entre os membros do grupo com o seu Mestre Pirajá. 1981 já existia 7 (sete) Academias de Capoeira em todo Estado de Pernambuco, “ Grupo Senzala de Capoeira” no Morro da Conceição, do Intrutor Pirajá; “Studio de Arte Física” em Boa Viagem, dos Instrutores Mulatinho e Bigode; “Viva a Bahia”no Bairro do Prado do Instrutor Galvão; “Grupo Cajueiro Sêco de Capoeira”em Prazeres do instrutor Paulo de Prazeres(ou Paulo Guiné); “ Grupo Marco Coca-Cola de Capoeira”em Casa Caiada-Olinda do Instrutor Coca-Cola; “Grupo Lázaro Africano de Capoeira” no Amaro Branco-Olinda do Instrutor Lázaro; “ “A.A.A.C.M.”na Rua Gevásio Pires, Centro do Recife, Instrutores Zumbí Bahia e Mulatinho, local a onde agente costumava se reunir nos fins de semana para conversar-mos e jogar capoeira numa grande roda geralmente ás tarde.

Nêste mesmo ano no mês de agôsto, o Instrutor João Mulatinho, havia entrado em contato com o Instrutor ZULU de Brasilia, DF. Reuniu-se com os Lideres dos Grupos acima citados no objetivo de modificar as cordas que eram nas côres da Bandeira Brasileira, passando a ser conforme as côres dos Orixás da Umbanda, com irradiação nas côres: Azul= Iemanjá; Marron=Xangô; Verde=Oxossi; Amarelo=Oxum; Rôxo=Iansã; Vermelho=Ogum; Branco=Oxalá. Onde

ouve a concordância de toudos os Instrutores dos Grupos acima citados. Os Instrutores passaram a usar a corda Vermelha e os mais graduados passaram a usar a corda Marron, foi aí que ouve uma grande evasão de graduados que não aderiram ao novo sistema de graduação, criando com isso uma divisão muito grande da nossa capoeira local, pois aqueles que ainda eram alunos e jogavam até bem a capoeira se achavam já prontos a ser professores, o que Eu, João Mulatinho, Zumbí Bahia e Galvão não concordava, pois ainda lhes faltavam muitos fundamentos sôbre a capoeira Angola e a Capoeira Regional. Em Janeiro de 1982, O Conselho de Moradores do Morro da Conceição, em conjunto com o centro de Comunicação do Córrego do José Grande, com autoria de Cassimiro Junior e Admilson Barros, compôs um Cordel, com o titulo de “Pirajá o Mito da Capoeira”. Em 1983, o Mestre Pirajá com o seu “Grupo Senzala de Capoeira”, foi convidado para fazer o fundo musical tocando com o seu Berimbau o toque de Santa Maria no Casamento de Roberta e Admilson Barros, realizado na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição do Morro, o que se tornou um fato inédito para toudos que estavam presente ao ato Religioso, uma vez que a Capoeira nesta època sofria uma grande e intensa descriminação por parte da nossa Sociedade, foi um grande marco para aqueles que sempre acreditaram e sempre sonharam e tiveram esperança de ver a nossa Arte-Capoeira reconhecida como ela é hoje, reconhecida em toudo Brasil e em mais da metade do mundo, graças a luta e insistência de toudos os Mestres ainda vivos e os que já partiram dêste mundo para outro melhor. No ano de 1986, data que na época já existia Mestres Cordas Vermelhas formados em outros Estados do Brasil, e aquí em Pernambuco, titulo ortogado pelo “Departamento Especial de Capoeira da Federação Pernambucana de Pugilismo e da CBP”, o Mestre Pirajá, convidou toudos os Mestres cordas Vermelhas da época que eram; Mestre(João Mulatinho, Bairro de Boa Viagem), ( Zumbí Bahia do Sesc de Santo Amaro), ( Paulo Guiné de Prazeres), ( Galvão do Prado), (Marcos Coca-Cola de Olinda), toudos com seus auxiliares e alunos para examinar os graduados do “Grupo Senzala de Capoeira do Mestre Pirajá”, dessa primeira turma, em 10 de maio de 1987, na Sede da Escola de Samba Galeria do Ritmo e tendo seu final dos exames na Escola Maria da Conceição no Largo D. Luiz, atráves de exames e planos de aulas , só cinco(05) conseguiram chegar e serem aprovados pela banca formada pelos Mestres examinadores á Corda Vermelha que era a maior graduação na época, recebendo o titulo de “Mestre Instrutor” ; Cancão, Espinhela,Todo-Duro,Duvalle e Barrão, que hoje divulga a existência da Capoeira Pernambucana em vários Estados do Brasil e em dezenas de Países do mundo, em 1997, dez anos depois formei com a Corda Vermelha, Mestre Cal, que venhe seguindo a mesma filosofia do Mestre como os demais jà formado, voltada para o trabalho, honestidade e amizade.

2012 - Carlos Bittencourt Leite Marques.pdf (ufrpe.br)

2018 – Capoeira busca reconhecimento em Pernambuco - Manifestação da cultura popular ganha segunda edição de seminário, enquanto projeto de lei busca seu fortalecimento no Estado Capoeira busca reconhecimento em Pernambuco - Folha PE

Capoeira se torna Patrimônio Cultural Imaterial de Pernambuco | Pernambuco | G1 (globo.com)

2021 - Manual da Capoeira de Pernambuco Imortal, Imortal!! (slideshare.net)

Santa Catarina . Está situada no centro da região Sul do país. Possui como limites: ao norte, com o Paraná, ao sul, com o Rio Grande do Sul. A leste, com o Oceano Atlântico e a oeste, com a província argentina de Misiones. Compreende uma superfície de 95 736,165 km². Com uma população de 6,2 milhões de habitantes, é o décimo estado mais populoso do Brasil. Sua capital é Florianópolis, segunda cidade mais populosa do estado, após Joinville. Além do Espírito Santo, Santa Catarina constitui um dos dois estados cuja capital não é o município com maior número de habitantes. Conta com 295 municípios. Suas maiores cidades constituem Joinville, Florianópolis, Blumenau, Criciúma e Chapecó. Constitui um dos estados brasileiros com relevo mais montanhoso. 52% do território se encontram além de 600 metros. Uruguai, Canoas, Pelotas, Negro, do Peixe, Itajaí, Iguaçu, Chapecó e Tubarão constituem os rios mais importantes. Tem um clima subtropical úmido. Sua economia tem como bases os setores industrial (agroindustrial, têxtil, cerâmica, de máquinas e equipamentos), extrativista (mineral) e pecuarista.O território foi concedido a Pero Lopes de Sousa em 1534. Em 1675, Nossa Senhora do Desterro, hoje Florianópolis, na ilha de Santa Catarina, começou a ser criada por Francisco Dias Velho. Em 1739, a capitania foi emancipada de São Paulo e, dez anos depois, vieram os primeiros açorianos trazidos pelo governador Silva Pais, que concedeu enorme estímulo à região. Em 1777, foi invadida pelos espanhóis, no entanto, acabou sendo entregue no mesmo ano, como resultado do Tratado de Santo Ildefonso Em 1829, foi criada a mais antiga colônia de imigrantes alemães. No período imperial, Santa Catarina foi palco de vários conflitos, principalmente da Revolução Farroupilha, que atingiu a província. Ao término do século XIX, o descobrimento do carvão mineral em suas terras concedeu enorme estímulo ao progresso no sul do estado. Para cá vieram novas multidões de imigrantes alemães e também de italianos, que se ocuparam das pequenas plantações e da vitivinicultura Os índices sociais do estado estão entre os mais altos do Brasil. Tem o mais elevado índice de expectativa de vida do país (empatando com o Distrito Federal). Possui a menor taxa de mortalidade infantil e também é a unidade federativa com a mais baixa desigualdade econômica e analfabetismo do Brasil. Santa Catarina possui o sexto maior PIB do país, com uma economia variada e com fortes afinidades à industrialização. Importante polo de exportação e de consumo, é um dos estados que mais expandem na economia brasileira e que responde por 4% do produto interno bruto do país.

Não me utilizei de todas as mais de 1600 referencias nos jornais publicados no Estado. Para quem desejar complementar os dados, aqui estão localizadas... Hemeroteca Digital Brasileira UF:SC - Periodo:

SANTA CATARINA – 1850
Descrição Páginas Ocorrências Opções 12345678910... Qtd./Pag.: 50 página 1 de 21, acervo 1 até 50 de 1003 Correio do Povo (SC) - 1921 a 2014 113821 400 Jornal O Município (SC) - 2005 a 2019 95851 230 Correio do Norte (SC) - 1947 a 2022 45670 152 O Estado de Florianópolis (SC) - 1915 a 1972 112105 147

Descrição

Páginas

Ocorrências Opções

Republica (SC) - 1889 a 1937 46042 63

Cruzeiro do Vale (SC) - 1990 a 2020 18857 53

A Nação (SC) - 1943 a 1970 48044 51

Blumenau em Cadernos (SC) - 1957 a 1998 14804 41

Republica (SC) - 1858 a 1937 46599 38

O Despertador (SC) - 1863 a 1883 8987 34

Zero (SC) - 1982 a 2017 3392 32

Boletim Trimestral -Sub Comissão Catarinense de Folclore (SC) - 1949 a 2011 5600 27

O Estado (SC) - 1920 a 1929 17320 24 Jornal do Comercio (SC) - 1880 a 1894 13068 22

Boletim Trimestral -Sub Comissão Catarinense de Folclore (SC) - 1949 a 1997 3766 21

A Regeneração : jornal da Provincia de Santa Catharina (SC) - 1868 a 1889 10180 20

A Noticia (SC) - 1931 a 1944 27601 19

O Estado (SC) - 1930 a 1939 18520 17

A Regeneração (SC) - 1868 a 1901 10238 17

Gazeta de Joinville : Orgam dos interesses Agricolas, Mercantis e Industriaes desta Provincia e especialmente da Comarca de S. Francisco (SC) - 1877 a 1908 2136 15

O Apostolo : Orgão do Apostolado da Oração (SC)1929 a 1959 2824 14

O Estado (SC) - 1892 a 1902 5750 14

Der Hansabote (SC) - 1904 a 1913 415 13

O Argos da Provincia de Santa Catharina (SC) - 1856 a 1861 3220 12

O Amigão (SC) - 1972 a 2004 1423 12

O Estado (SC) - 1915 a 1919 4803 9

O Dia : Orgão do Partido Republicano Catharinense (SC) - 1901 a 1918 21154 9

Conservador : Orgão do Partido (SC) - 1884 a 1889 4580 9

Revista do CEMJ (SC) - 2005 a 2022 1808 9

A Cidade (SC) - 1924 a 1973 25446 9

O Conservador : Jornal Politico, Noticioso e Commercial (SC) - 1873 a 1880 2150 8

A Gazeta (SC) - 1934 a 1940 9962 8

Reform (SC) - 1887 a 1888 260 6

A Ponta (SC) - 1993 a 1996 89 6

Descrição

Páginas Ocorrências Opções

Gazeta do Commercio (SC) - 1914 a 1918 1483 5 Republica (SC) - 1895 a 1897 1694 5

O Mercantil (SC) - 1861 a 1868 2989 5 Commercio de Joinville (SC) - 1900 a 1913 1642 5

Der Hansabote (SC) - 1904 a 1913 410 4

Educação Afro (SC) - 1995,1996,1998 e 2000 21 4

Matraca (SC) - 1882 a 1888 263 3

Revista Catharinense (SC) - 1914 1185 3

Sul Americano (SC) - 1899 a 1904 707 3

Sul : Revista do Circulo de Arte Moderna (SC) - 1948 a 1952 1654 2

Rolonie, Haus Und Hof (SC) - 1911 a 1920 302 2

O Mosquito : Periodico semanal, de principios agradaveis, criticos, litterarios e mais alguma cousa (SC) - 1888 a 1889 119 2

O Conciliador Catharinense : Jornal Official, Noticioso e Litterario (SC) - 1849 a 1850 417 2

O Pacaja : Jornal Litterario, Recreativo e Noticioso (SC) - 1862 109 2

O Mensageiro (SC) - 1855 a 1916 880 2

A Província (SC) - 1870 a 1872 423 2

Ano 1850\Edição 00093 (1) O Conciliador Catharinense : Jornal Official, Noticioso e Litterario (SC) - 1849 a 1850

Ano 1856\Edição 00074 (1) O Mensageiro (SC) - 1855 a 1916

Ano 1856\Edição 00039 (1) O Argos da Provincia de Santa Catharina (SC) - 1856 a 1861

Ano 1856\Edição 00078 (1)

Ano 1858\Edição 00302 (1) O Argos da Provincia de Santa Catharina (SC) - 1856 a 1861

Ano 1861\Edição 00002 (1) O Mercador (SC) – 1861

Ano 1857\Edição 00184 (1)
Ano 1861\Edição 00061 (1) O Mercantil (SC) - 1861 a 1868

Ano 1861\Edição 00062 (1)

Ano 1861\Edição 00064 (1)

Ano 1862\Edição 00020 (1) O Pacaja : Jornal Litterario, Recreativo e Noticioso (SC) – 1862

Ano 1884\Edição 00014 (1) O Globo (SC) – 1884
1864\Edição 00351 (1) O Mercantil (SC) - 1861 a 1868
Ano

Ano 1874\Edição 00115 (1) O Conservador : Jornal Politico, Noticioso e Commercial (SC) - 1873 a 1880

Ano 1876\Edição 00363 (1)

Ano 1885\Edição 00050 (1) Matraca (SC) - 1882 a 1888 Conservador : Orgão do Partido (SC) - 1884 a 1889

Ano 1884\Edição 00097 (1)

Ano 1885\Edição 00052 (1)

Ano 1888\Edição 00023 (2) O Mosquito : Periodico semanal, de principios agradaveis, criticos, litterarios e mais alguma cousa (SC) - 1888 a 1889

Ano 1889\Edição 00014 (1) Sul (SC) - 1889 a 1890

Ano 1895\Edição 00275 (1) Republica (SC) - 1895 a 1897

Ano 1901\Edição 00102 (1) O Dia : Orgão do Partido Republicano Catharinense (SC) - 1901 a 1918

Ano 1900\Edição 00331 (1) O Futuro (SC) - 1891 a 1900

Ano 1915\Edição 00030 (1) Oriente (SC) - 1911 a 1915

Ano 1917\Edição 08572 (1) O Dia : Orgão do Partido Republicano Catharinense (SC) - 1901 a 1918

Ano 1929\Edição 00002 (1) O Espião (SC) – 1929

Ano 1938\Edição 01175 (1) A Gazeta (SC) - 1934 a 1940A Gazeta (SC) - 1934 a 1940
Ano 1939\Edição 01340 (1)

DÉCADA DE 1970 –

1970 em Blumenau, a capoeira como outras manifestações Afros, começam a aparecer no cenário do Vale; e daí em diante ganham grande ênfase na região; as aulas sistematizadas começam a partir da década de 80; mas por enquanto, as confirmações são de que as aulas sistematizadas em grupos, nas academias, projetos sociais, surgiram a partir da década de 90.

1972 acredita-se que Blumenau conhece a capoeira e suas vertentes pela primeira vez, com a apresentação do grupo Oludamaré no teatro Carlos Gomes.

1975 Em 10 de maio, o Jornal Santa Catarina, demonstra a dificuldade das manifestações afros- brasileiras para sua fixação como manifestação no local.

Ano 1988\Edição 00001 (1) Fala, PMDB (SC) - 1988

Ano 1951\Edição 00016 (1) Sul : Revista do Circulo de Arte Moderna (SC) - 1948 a 1952 Ano 1983\Edição 00007 (1) Jornal do Beto (SC) – 1983

Ano 1983\Edição 00037 (1) O Amigão (SC) - 1972 a 2004 O Amigão (SC) - 1972 a 2004

DÉCADA DE 1990 a capoeira desperta o interesse da população blumenauense. Começa a aparecer no cenário da cidade pessoas que ajudariam a mudar o percurso social, cultural e esportivo da capoeira. É a época que a capoeira, através das aulas sistematizadas ganhava ênfase. As aulas Implantadas no início da década de noventa, na Fundação Cultural de Blumenau pelo professor Carlos José da Silva, conhecido como “Tigre” despertam interesse do povo blumenauense. Mas ele não estava sozinho neste trabalho de implantação; Claudiney Márcio Serafim, o “Neizinho” inicia um trabalho de capoeira na Universidade Regional de Blumenau. Eles começam aos poucos a ganhar adeptos, realizar exibições e atrair capoeirístas de outras regiões do país. Com isso aparecem outros personagens da história da capoeira em Blumenau. Primeiro, vindo da Bahia; Raimundo Nascimento dos Santos, “Mestre Sardão”, que junto com o professor Tigre, fundaram a 1º Associação de Capoeira Blumenauense “Os Bambas da Capoeira”. Logo em seguida devido o trabalho ganhar muitos adeptos e campo na cidade, chega Adriano de Jesus Paixão - “ Contramestre Bião” -, também vindo da Bahia através do Mestre Sardão.

Ano 1993\Edição 00001A (1) A Ponta (SC) - 1993 a 1996

1994 chega a cidade (Blumenau)mais um capoeirista para se juntar ao grupo de baianos que vieram divulgar a capoeira: Valter Alves de Oliveira, o “Mestre Serpente” ajuda a divulgação da capoeira e com a partida do Mestre Sardão para Espanha, supervisiona o trabalho da associação.

1996 Mestre Serpente, convida seu irmão, também baiano, Ismael de Oliveira, “Contramestre Dendê” a participar do trabalho já em andamento. O grupo ganha adeptos, vários alunos, surgem assim os primeiros graduados , agora representado pela “Associação Filhos dos Bambas”; e as exibições pela cidade, como também pelas cidades vizinhas começam a serem exploradas. Devido a incompatibilidade de políticas de organização, o grupo se separa, e começa um a nova fase da capoeira na cidade. Surgem várias associações, com novos trabalhos de capoeira; entre elas “ Corpo e Movimento”, “Muzenza” e a já citada “Filhos dos Bambas” derivada da Associação “Os Bambas da capoeira”. E mais tarde no final dos anos noventa e início do século XXI, surgem outras associações como “Magia da Bahia” tanto como o ressurgimento da antiga associação “Os Bambas da Capoeira” e novos trabalhos, como do grupo Abadá, Bimbas do Sul, e Grupo Mestre Buda Capoeira Ano 1996\Edição 00011 (1) A Ponta (SC) - 1993 a 1996

1997 A Fundação Cultural de Blumenau realiza uma política de descentralização da cultura no início de 1997, surgindo vários focos das oficinas espalhadas pela cidade.

- A partir de 1997, a cidade começa a ser palco de muitos eventos de capoeira, não que antes não aconteciam, mais a partir desta data, os eventos são maiores, com dimensões nacionais. Isso se deve a participação de grupos de capoeira de nível nacional e internacional como o Grupo Muzenza de Capoeira.

- Blumenau segue com uma equipe para o 1º Mundialito de Capoeira, que se realizaria em Curitiba. Na equipe improvisada, a presença de quatro atletas. A blumenauense Michele Rafaela Ramos, a “Estrela”, conquistou o segundo lugar no I Mundialito da Superliga Brasileira de Capoeira; Michele tem 18 anos, competiu na categoria feminino livre, com quase 80 atletas de 13 países, entre eles o Canadá, Inglaterra, Itália, Argentina, Uruguai, Chile, Estados Unidos, Portugal e Espanha. A “Estrela” de Blumenau é vice-campeã mundial na categorial individual,

vice campeã mundial em dupla, e medalha de “destaque do Mundialito”. Aluna graduada do Grupo Muzenza de Capoeira da Fundação Cultural de Blumenau, Michele pratica o esporte desde os 9 anos de idade.

Ano 1999\Edição 00095 (2) O Amigão (SC) - 1972 a 2004

Ano 1999\Edição 00096 (1)

Ano 2000\Edição 00012 (4) Educação Afro (SC) - 1995,1996,1998 e 2000

2007 realizado o I Festival: Blumenau Mostra Capoeira, no dia 01 de Dezembro; onde haverá amostras do ano de 2007 sobre a Capoeira, apresentações dos grupos de diversas idades, batizado e troca de graduação dos novos alunos.

(iphan.gov.br) -

Breve Histórico da Capoeira em Santa Catarina

1977 - A Capoeira em Santa Catarina, praticada de forma contínua, inicia-se em 1977, em Florianópolis. Portanto, uma história recente, com muitas possibilidades de pesquisa direta com os agentes dos fatos, bem como em fontes documentais. Neste texto, pretende-se contextualizar brevemente o momento vivido em Florianópolis no início da prática, bem como registrar outras atuações pioneiras no estado e uma linha cronológica do desenvolvimento nas décadas seguintes. O final da década de 1970 pode ser caracterizado como um período de grande importância histórica, devido ao processo de reconstrução das organizações populares em busca da democracia e pela queda da ditadura, uma agitação popular da qual Santa Catarina não permaneceu distante. No bojo dessas mobilizações, as manifestações antirracistas tiveram como eixo a Sociedade Cultural Antonieta de Barros, criada com a árdua missão de não somente denunciar as dificuldades, miséria e condição social dos afrodescendentes, mas de procurar apontar que a discriminação racial é uma questão política e estrutural. Em 20 de novembro de 1980 - data instituída como Dia da Consciência Negra em homenagem ao líder Quilombola, Zumbi dos Palmares -, aconteceu o ápice do Movimento Antonieta de Barros. Esse ato público causou espanto nas elites da sociedade florianopolitana por ser algo inédito. A polícia se fez presente chegando até a impedir a participação da Escola de Samba Protegidos da Princesa, com receios de um novo conflito urbano semelhante à ‘Novembrada’ (1979), quando da visita do então Presidente João Batista Figueiredo. Outras sociedades culturais fizeram parte do evento, tais como: Cacumbi do Capitão Amaro e a Academia Berimbau de Ouro. De um modo geral, são raríssimas as referências nos periódicos locais sobre a Capoeira nos primeiros anos de prática em território catarinense. Destaca-se a matéria publicada em agosto de 1983, no jornal Galera da Ilha, baseada numa entrevista com Mestre Pop. Um histórico bem embasado é narrado sobre a Capoeira e seu surgimento, partindo do pressuposto de que não se concebe uma manifestação cultural tão ligada às raízes do País e, no entanto, tão desconhecida, principalmente na região Sul. As entrevistas com as pessoas que vivenciaram o tema em questão é que são o ponto forte dos registros sobre o início da Capoeira em Santa Catarina. Essa metodologia, chamada no meio acadêmico de História Oral, muito antes validada pelos griots, é o que baseia a transmissão de conhecimentos ancestrais de africanos e afrodescendentes. Seguindo essa via é que se constata que em 1977 chegava a Florianópolis um jovem chamado Lourival Fernando Alves Leite (Pop), vindo do Mato Grosso do Sul. Embalado com os sonhos do Movimento Hippie, Pop saiu a viajar, vindo parar em Balneário Camboriú e posteriormente em Florianópolis, sem, no entanto, objetivar o trabalho com Capoeira, e sim com o seu artesanato, exposto inicialmente na Praça XV de Novembro. Neste mesmo local, Pop mantém contato com o professor Nóbrega Fontes, diretor de Assuntos Culturais da Secretaria de Educação e Cultura do Estado, que procurava algum capoeirista para indicar para uma apresentação. Com o apoio de dois capoeiristas que estavam de passagem por Florianópolis, Pop realizou a apresentação no Educandário 25 de Novembro (Fucabem), uma instituição governamental, situada no bairro Agronômica, próxima ao Hospital Infantil Joana de Gusmão, que abrigava menores em vulnerabilidade social. Ali, encontravam-se por volta de duzentas crianças e adolescentes de diferentes classes sociais e com passado e presente geralmente muito sofrido. Após a apresentação, Pop foi convidado a ministrar aulas na instituição. O treinamento era usualmente à noite, após as 18h30, e ocorriam rodas na Praça XV de Novembro, no Centro, e na Praça do Almirante, na Avenida Beiramar Norte. Os alunos de destaque costumavam viajar com Pop para os eventos realizados em outras cidades do sul do País, como Curitiba, por exemplo, com passagens pagas pelo Educandário. Quando os Mestres de outras cidades viam aqueles meninos jogando e sabendo de onde vinham, ficavam espantados, pois a grande maioria deles não sabia que poderia existir Capoeira em Florianópolis. O reconhecimento do trabalho e do título de Mestre se dava a cada viagem. Em 1979, Mestre Pop monta a primeira academia de Capoeira em Santa Catarina, situada na Rua Francisco Tolentino, Centro de Florianópolis, com o nome Associação Berimbau de Ouro. O público atendido ali era outro, formado por pessoas de classe média a alta, que se juntavam aos meninos da Fucabem de forma amigável. Mestre Pop passou a ser um elo entre dois mundos diferentes, mas com um objetivo comum: aprender Capoeira. Passados os anos, houve a incursão temporária de outros capoeiristas a Santa Catarina que influenciaram consideravelmente o trabalho de Mestre Pop, tais como Skisito, Cigano e o Mestre Miguel Machado. “...eu tinha um berimbau, ficava tocando ali na praça, o pessoal chegava próximo, ficava perguntando, a molecada do morro, a molecada que vivia ali na Praça XV, já se interessaram em aprender Capoeira. E aquela motivação das pessoas em cima de mim me levou a pensar em dar aula, muito embora não tivesse ainda tanta experiência.” Também houve no início da década de 1980 em Florianópolis outros trabalhos de Capoeira, mas que não perduraram, como os dos capoeiristas: Linguado, Pinguim e Maurício. Dando início a outros trabalhos que tiveram continuidade - não ligados a Mestre Pop -, por volta de 1983, chega a cidade de Joinville o capoeirista Sinhozinho, reconhecido como Mestre anos depois, e, em 1985, chega a Florianópolis o Contramestre Alemão. Já na década de 1990, com o aumento

2020 - plano_salvaguarda_capoeira_santa_catarina.pdf

expressivo de formação de educadores locais e com a chegada de vários capoeiristas de outros estados, a Capoeira se expande e hoje está presente em todas as regiões de Santa Catarina

Está localizado na região Centro-Oeste. Tem a porção norte de seu território ocupada pela Amazônia Legal, sendo o sul do estado pertencente ao Centro-Sul do Brasil. Extensas planícies e amplos planaltos dominam a área, sendo que a maior parte destes (cerca de 74%) se encontra abaixo dos seiscentos metros de altitude. Juruena, Teles Pires, Xingu, Araguaia, Paraguai, Rio Guaporé, Piqueri, São Lourenço, das Mortes, Rio Vermelho e Cuiabá são os rios principais. Tem como limites os estados do Amazonas, Pará (norte); Tocantins, Goiás (leste); Mato Grosso do Sul (sul); Rondônia e a Bolívia (oeste), país vizinho. Ocupa uma área equivalente à da Venezuela e não muito menor do que a vizinha Bolívia. Mato Grosso está organizado em 22 microrregiões e cinco mesorregiões, dividindo-se em 141 municípios, sendo os mais populosos e importantes: a capital Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis, Sinop, Tangará da Serra, Barra do Garças e Cáceres Pelo Tratado de Tordesilhas (de 7 de junho de 1494), o território do atual estado de Mato Grosso pertencia à Espanha Os jesuítas, a serviço dos espanhóis, criaram os primeiros núcleos, de onde foram expulsos pelos bandeirantes paulistas em 1680. Em 1718, a descoberta do ouro acelerou o povoamento. Em 1748, para garantir a nova fronteira, Portugal criou a capitania de Mato Grosso e, lá, construiu um eficiente sistema de defesa. O Tratado de Madri, de 1750, reconheceu as conquistas bandeirantes na região de Mato Grosso, para dirimir questões de limites entre Portugal e Espanha. Com a chegada dos seringueiros, pecuaristas e exploradores de erva-mate na primeira metade do século XIX, o estado retomou o desenvolvimento. Em 1977, a parte sul do estado foi legalmente desmembrada, formando, assim, um novo estado, Mato Grosso do Sul, o que na prática só se daria em 1979. Mato Grosso – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Ano 1861\Edição 00153 (1) A Imprensa de Cuyabá : Periodico Politico, Mercantil e Litterario (MT) - 1859 a 1865

MATO GROSSO - 1859

Ano 1880\Edição 00083 (1) O Iniciador : Jornal Commercial, Noticioso e Litterario (MT) - 1879 a 1881 04 DE OUTUBRO

Ano 1881\Edição 00035 (1) O Iniciador : Jornal Commercial, Noticioso e Litterario (MT) - 1879 a 1881

Ano 1882\Edição 00006 (1) ) O Iniciador :
Litterario (MT) - 1879 a 1881
Jornal Commercial, Noticioso e

Ano 1893\Edição 00712 (1) O Matto-Grosso (MT) - 1890 a 1937

Ano 1903\Edição 00027 (1) A Reacção : orgão do Partido Republicano de Matto Grosso (MT) - 1902 a 1903

Ano 1925\Edição 00010 (1) O Pharol (MT) - 1902 a 1926

Ano 1936\Edição 09365 (1) Tribuna (MT) - 1925 a 1949 –

Ano 1936\Edição 01263 (2) A Cruz : Orgão da Liga Social Catholica Brasileira de Matto-Grosso (MT) - 1910 a 1969 Ano 1941\Edição 00626 (1) O Estado de Mato Grosso (MT) - 1939 a 1972 21\12
Ano 1973\Edição 06558 (1) O Estado de Mato Grosso (MT) - 1939 a 1972 Ano 1975\Edição 07198 (1)
Ano 1977\Edição 07790 (1) O Estado de Mato Grosso (MT) - 1939 a 1972

Ano 1978\Edição 07850 (1)

Ano 1978\Edição 08009 (1)

Ano 1978\Edição 08014 (1)

08023 (1) 22 DE
08188 (1)
Ano 1978\Edição
SETEMBRO Ano 1979\Edição
08268 (1) – 31
08373 (1)
Ano 1979\Edição
DE JULHO Ano 1979\Edição
Ano 1985\Edição 09953 (1)
1963\Edição 04245 (1)
1969\Edição 05422 (1)
1970\Edição 05614 (1) – 8 DE JANEIRO
Ano
Ano
Ano
1984\Edição 01124 (1)
Ano 1984\Edição 01111 (1) Jornal do Dia (MT) - 1984 a 1986
Ano
Ano 1984\Edição 01136 (1)
Ano 1984\Edição 01138 (1)
Ano 1984\Edição 01925 (1) 20 DE JUNHO
Ano 1984\Edição 01937 (1) 05 DE JULHO
Ano 1984\Edição 01941 (1) 10 DE JULHO Ano 1984\Edição 01969 (1) 12 DE AGOSTO
1984\Edição 02060 (1) 05 DDEZEMBRO
Ano 1984\Edição 01987 (1) 02 DE SETEMBRO Ano
Ano 1985\Edição 02120 (2) 17 DE FEVEREIRO
1985\Edição 02120 (2) 17 DE FEVEREIRO Ano 1985\Edição 02147 (2) 23 DE MARÇO
Ano
Ano 1985\Edição 02147 (2) Ano 1985\Edição 02148 (1) 24 DE MSRÇO
02185
11 DE
Ano 1985\Edição 02180 (1) 05 DE MAIO Ano 1985\Edição
(
MAIO
1985
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MESTRE CARIVALDO E A CAPOEIRA EM RONDONÓPOLIS, POR IRENILDE WINGERT [1] MESTRE CARIVALDO E A CAPOEIRA EM RONDONÓPOLIS | HETEC - HISTÓRIA, EDUCAÇÃO & TECNOLOGIAS (wordpress.com)

Na década de oitenta, os rondonopolitanos tinham o contato com a Capoeira através de um rapaz chamado Sinézio (José Fernandes). Ele fazia o jogo da Capoeira na Praça Brasil e na Praça dos Carreiros, onde as pessoas se aglomeravam em passeios na praça como programa familiar aos domingos e feriados. Segundo entrevista do professor Machado, Sinézio era o único que lutava Capoeira na época, não havia academia.

No dia vinte e sete de setembro de 1985, às 18h00min h Carivaldo chegou a Rondonópolis. Foi para um hotel onde pediu informações sobre as academias existentes na cidade. Foi informado sobre a academia Líder de Artes, do professor Venâncio.

A academia Líder de Artes funcionava na esquina da Avenida Dom Pedro II com a Avenida Amazonas no centro de Rondonópolis. (atualmente é uma sorveteria)

Ao chegar à academia Líder de Artes o mestre Carivaldo se apresentou à secretária que pediu que ele esperasse, pois o professor Venâncio estava dando aula. Após longa espera conseguiu falar com ele. Venâncio o atendeu e ficou de dar uma resposta.

Aconteceu na cidade, no ginásio Marechal Rondon, um campeonato de artes marciais, onde o mestre Carivaldo conseguiu fazer demonstração de Capoeira sozinha. Ligou sua radiola com um disco de músicas da Capoeira e fez sua apresentação. Na semana seguinte foi trabalhar na Academia Líder de Artes. A fama do mestre Carivaldo se espalhou na cidade. Em pouco tempo a grande maioria dos alunos da academia eram os praticantes de Capoeira. Diante da repercussão do seu trabalho e de ecoar pelos quatro cantos da cidade o quanto o “mestre é bom em lutar Capoeira”, Sinézio foi até a academia para saber se tudo era verdade chamando o mestre Carivaldo para a roda de Capoeira. Começaram a disputa como brincadeira, mas quando as coisas esquentaram, o Carivaldo deu-lhe um golpe que o deixou no chão. “Não é nada. Isso é para você ver que está lidando com profissional”, disse mestre Carivaldo massageando seu abdômen para que recobrasse as forças. A partir daí, Sinézio passou a ser também, aludo do mestre Carivaldo na academia.

Em 28 de Setembro de 1986 aconteceu em Rondonópolis o 1º Campeonato Mato-grossense de Capoeira, onde mestre Carivaldo foi campeão no peso médio e Sinézio (José Fernandes) ficou em 2º lugar no peso leve.

Em 1986 o mestre Carivaldo dava aula na academia e trabalhava na Sadia.

A Capoeira alcançou grande prestígio em Rondonópolis e todo o Mato Grosso. Havia aqui um campeão! Houve grande divulgação da Academia e da Capoeira. Cada vez chegava mais alunos para “o mestre”.

“Em dois meses tinha mais de cem alunos”, segundo mestre Carivaldo. Sucederam-se apresentações em eventos e nas praças.

A ACADEMIA CHIBATA

Em 1987, o mestre Carivaldo saiu da Academia Líder de Artes e funda a Academia Chibata, na Avenida Fernando Correa da Costa, Vila Aurora, próximo à cadeia pública. Foram tempos difíceis. Poucos alunos tinham possibilidades de pagar a mensalidade. Com cerca de 50 alunos e poucos pagando, o mestre andava a pé de porta em porta pedindo patrocínio. Pouco conseguia. Pedia ajuda na feira para sustentar esposa e os quatro filhos que trouxera de São Paulo após seis meses de ter se estabelecido em Rondonópolis. Nos dias de feira faziam a roda de Capoeira e após a apresentação passavam o chapéu para ganhar algum dinheiro. Para participarem de um campeonato em Cuiabá, mestre Carivaldo ganhou um saco de “pão dormido” da padaria do Léo Rabelo. Comprou mortadela e pôs no meio do pão. Era o que tinham para comer na viagem. Só com o dinheiro da passagem, chegaram a Cuiabá e foram dormir na porta da Igreja Matriz de Cuiabá. O padre os viu e mandou o mestre e seus quinze alunos entrarem e se abrigarem dentro da igreja, onde passaram a noite. No dia seguinte ganharam café da manhã e em agradecimento os garotos limparam todo o mato que havia ao redor da igreja e ganharam também o almoço. Participaram do campeonato em Cuiabá e saíram vice-campeões da competição mato-grossense.

Arquivo M.C. – 1986 Arquivo M.C. – 1986 Arquivo pessoal do Mestre Carivaldo – 1985

Em 1987 chegou à cidade e entrou na academia dizendo: “Eu sou o mestre Edson”. Ao que o mestre Carivaldo respondeu: “Pode entrar que a casa é sua”. Edson chegou à academia fardada, pois era policial militar. “Eu vim de São Paulo sou professor Edson e vim fazer uma visita”. Então o mestre Carivaldo falou: “Tire o revólver”. Ele tirou e disse: “vamos jogar Capoeira”. Ao entrar na roda o mestre Carivaldo percebeu que estava diante de um bom capoeirista. Jogaram por algum tempo e se despediram. Do ano de 1988 ao ano de 1993, a Academia Chibata realizava apresentações no desfile de 7 de setembro em Rondonópolis.

Primeiro Grupo de Capoeira da Academia Chibata – 1987 Desfile de 7 de setembro de 1993 – Arquivo Mestre Carivaldo.

Diante das dificuldades na época, mestre Carivaldo e mestre Edson trabalhavam juntos ministrando aulas e divulgando a Capoeira. Sem o apoio dos meios de comunicação, faziam apresentações nas praças, faziam caminhadas e corridas nas ruas com os alunos para chamar a atenção das pessoas. Conforme entrevista do mestre Edson, “aos poucos as pessoas foram falando: olha aquilo lá é Capoeira. É uma luta, é uma dança, tal, aos poucos as pessoas começaram a conhecer e aí nós começamos a proliferar nosso trabalho através do boca a boca na cidade”. Edson abriu sua academia a Afro Brasil. Inicialmente os alunos da Chibata e do Afro Brasil tinham rivalidade apenas na roda de Capoeira. Ao saírem dali, eram bons amigos. Com o passar do tempo, os alunos começam a fazer disputas, longe de seus mestres, para ver qual academia ira melhor e o que começava no jogo de Capoeira, terminava em pancadaria. Em 1989, chegou a Rondonópolis o Wellinton, que veio de Brasília (DF) formando do mestre Cal, da Ave Branca, Academia de Capoeira de Brasília, um dos maiores grupos de Capoeira do Brasil. Cal foi menino de rua e hoje é um grande mestre que tem alunos dando aula de Capoeira até nos Estados Unidos, segundo mestre Carivaldo. “O Wellinton era bom de Capoeira e metido a valentão. Enxergava só de um olho, era alto e forte”, disse mestre Carivaldo. Chegou à academia Chibata e falou ao mestre Carivaldo: “Eu sou Wellinton, contra mestre, sou de Brasília”. “O mestre Carivaldo falou: Pode chegar que a casa é nossa”. Ele então perguntou: “posso jogar?” E o mestre respondeu: “pode”. Ele colocou o abadá (roupa de jogo) e entrou na roda. “O jogo começou na academia minha tinha o Edson, um negão que era o carrasco da minha academia. Aí os dois se pegaram”. Se pegava eu ia lá e tirava de novo, se pegava eu ia lá e tirava de novo, só que o Edson não dava moleza não pra ele, sabe? Aí pronto! Ele foi, jogou com nós. Aí falei pra ele: olha vai devagar com os moleques aqui, que os moleques são novos. Aí joguei com ele, era bom capoeirista também. “Aí ele foi e abriu a academia lá no bairro da Coophalis, no salão do São Cristóvão”. Esta foi à narrativa do mestre Carivaldo sobre a vinda do mestre Wellinton para Rondonópolis. A partir daí os alunos foram chegando para a academia de Wellinton e aumentou a rivalidade entre as três academias existentes em Rondonópolis. Sempre que se encontravam nas ruas da cidade, os alunos queriam medir forças para ver quem era o melhor no jogo da Capoeira e acabava em pancadaria.

Foi um período de bastante crescimento e divulgação da Capoeira, porém havia muita rivalidade entre as academias, principalmente por parte dos alunos que acabavam envolvendo seus mestres. Houve muitas brigas entre as academias.

Wellinton ficou na cidade de Rondonópolis até 1992. Ele foi embora e seus alunos não entraram em academia nenhuma. “Ficaram por aí”, segundo mestre Carivaldo.

Em 1991 o Edson formou oito alunos que ficaram aqui mesmo. O Edson foi embora depois de alguns anos e hoje o Jeguinho segue com os “Filhos do Quilombo”, que são os que saíram da formação do grupo do mestre Edson.[2]

MESTRE CARIVALDO PERDE A MÃO EM ACIDENTE NA SADIA

Após dez anos de trabalho na Sadia, como classificador de soja, mestre Carivaldo perde a mão direita em um acidente. Ele conta que seu colega saiu para tomar água. A máquina embuxou e ele desligaram para arrumá-la. O colega ao

voltar ligou a máquina sem perceber que mestre Carivaldo estava mexendo nas engrenagens que prenderam sua mão. Com o acidente continuou dando aulas falando para os alunos como teriam que fazer.

Em sua entrevista de 26 de Janeiro de 2007, mestre Jeguinho diz que seu “início na Capoeira foi péssimo, porque eu treinei durante cinco anos da minha vida, eu treinei escondido da minha mãe, minha mãe não podia saber. Porque naquela época quem praticava o pessoal falava que era malandro”. Esta realidade não era só a da família do mestre Jeguinho, muitas outras mães se opuseram a participar dos seus filhos nas academias ou grupos de Capoeira. Quando os grupos de diferentes mestres se encontravam nas ruas, e começavam a disputa para mostrar a superioridade na roda de capoeira e acabava em pancadaria. Seus mestres eram severos ao tratar a questão dentro das academias, porém seus alunos tinham a necessidade de provar aos rivais a superioridade da sua luta, muitas vezes longe dos olhos do seu mestre.

Em seu relato na entrevista de 26 de Janeiro de 2007, mestre Edson fala que após algum tempo houve uma divisão na cidade: “Então nós tivemos uma negociação no qual ele ficava depois da ponte da Vila Aurora e eu ficava pra cá da ponte da Vila Aurora. Então eu não invadia o espaço dele e ele não invadia o meu… “ Cada mestre de Capoeira tinha seu território definido para conseguir seus alunos e trabalhar com a Capoeira.

Segundo Domingos André dos Santos, mestre Di Mola, que tem 47 anos e 40 de Capoeira “quando a fama de um capoeirista habilidoso corria pelas regiões, sempre tinha quem queria desafiá-lo. Só que não era de um pra um. Eram cinco ou seis que vinham pra cima”.

A rivalidade existente na capoeira vem de longa data. Cada capoeirista na luta com seu adversário. Quer mostrar suas habilidades e malícia pra superioridade de seus golpes. Eles têm orgulho em exaltar o nome de quem foi seu mestre. Deixando de lado a violência, podemos dizer que o desafio faz parte do jogo. O ser humano tem a necessidade de mostrar a que veio. Ele precisa desafiar e ser desafiado para crescer e buscar novas formas, no caso da Capoeira, novos golpes, novo jeito, maior conhecimento para o desempenho no jogo e nas lutas. Podemos perceber que hoje os capoeiristas buscam a capoeira arte, a cultura, o jogo seguro, onde o desafio é chegar em todas as camadas da sociedade. Saindo da senzala para a casa grande.

Eles querem conquistar seu espaço, viver a liberdade tão sonhada. Em sua entrevista, o professor Machado afirma que a classe média ainda é um objetivo a ser alcançado pela Capoeira. Por que tanta resistência uma vez que a capoeira é o segundo esporte em movimentos do corpo e nossa sociedade busca cada vez mais fazer esporte para obter uma vida saudável? Será que a capoeira ainda é “coisa de preto malandro?”

Em todas as entrevistas realizadas podemos aplicar aos capoeiristas a celebre frase: “Capoeira não e explica, se sente.” Sentir e viver a capoeira é o que todos fazem. Mas que se possa dizer, o capoeirista deixa toda a sua emoção fluir ao falar da Capoeira. Como dizia mestre Bimba, “Capoeira é capoeira”. Não importa se Angola, Regional ou Contemporânea, é Capoeira.

Principais Característias da Capoeira Rondonopolitana

Inicialmente em Rondonópolis houve uma mistura da Capoeira Angola com a Capoeira Regional, segundo o professor Machado (professor de Capoeira, aluno do mestre Carivaldo da 1º turma de Capoeira em Rondonópolis). O som do berimbau era de Angola e os golpes, a luta da Regional. Denominava-se Capoeira Regional, mas com o toque de Capoeira Angola. Não se diferenciavam os toques e os fundamentos dos dois segmentos da Capoeira. Com o tempo o mestre Carivaldo foi esclarecendo os alunos, que por sua vez também buscaram esclarecimentos fazendo cursos e participando de simpósios e encontros de Capoeira, onde foram aprendendo a diferenciar a Capoeira Angola e a Regional.

Hoje, os professores de Capoeira em Rondonópolis estão seguindo a Capoeira Contemporânea, difundida pelo mestre Camisas na década de 90. Ele propôs a unificação da Capoeira. Daí surgiu a ABADÁ (Associação Brasileira de Desenvolvimento e Apoio a arte e Capoeira). Passados dez anos a abadá cresceu e é o maior grupo do mundo. O mestre Camisa fez um resgate do jogo de Benguela, Juna e outros. Ele resgatou o que Bimba fez de maneira mais dinâmica e para os novos tempos. Os movimentos foram modificados de maneira que não haja lesão nos nervos e tendões dos praticantes da Capoeira. Os movimentos foram melhorados para não prejudicar as articulações. Houve maior envolvimento com professores de educação física e outras áreas que colaboraram para o melhoramento de exercícios que machucavam o joelho, os nervos, por serem movimentos muito abertos. Hoje todos seguem o ABADÁ, segundo o professor Machado.

A filosofia da Capoeira do Grupo Chibata, é “resgatar o mestre de Capoeira como educador, como a pessoa que vai ajudar um cidadão e contribui para a formação de um cidadão crítico e participativo”, segundo professor Machado. As academias têm cada uma a sua formação, a sua filosofia individual. A Federação Mato-grossense faz a avaliação dos alunos para emitir os Certificados de graduação.

As características técnicas da Capoeira em Rondonópolis diferem de academia para academia por muitos anos não evoluiu. Ficou muito aqui dentro, sem sair em busca de aprimoramento e renovação. Ela veio evoluir há pouco tempo, com a chegada do Cavalo e do professor Machado, que saíram em busca de novas técnicas e novos conhecimentos trazendo para Rondonópolis o que aprenderam. Encontraram aqui resistência por parte de membros do grupo que

dizem que eles estão “querendo colocar algo na Capoeira que não existe”, conforme entrevista do professor Machado. Até então o nível técnico da Capoeira era muito ruim. Mas está melhorando. Os capoeiristas professores estão buscando novas informações e formações na capoeira, pois ela está sempre evoluindo. Mestre Bimba dizia que a Capoeira é assim: o mestre ensina o golpe de uma maneira, mas o jeito e o corpo de executar o golpe são da pessoa que está aprendendo. Ela vai colocar aí todo o seu potencial, a sua maneira de ser e fazer o movimento, então, o movimento nunca será exatamente igual ao que o mestre ensina. Na Capoeira há esta dinâmica, há esta possibilidade. Os mestres e professores de Capoeira em Rondonópolis estão buscando uma forma de trabalho em conjunto. Hoje é possível encontrarmos numa roda várias academias, sem brigas, sem desavenças, apenas o jogo, a luta, a arte se sobrepõe a qualquer resquício do que tenha acontecido no passado. Segundo a professora de Capoeira Vudu, há um “intercâmbio entre os grupos, pra tentar cada vez mais crescer”. (…) isso aí é a melhor forma. “Os grupos de Capoeira estão percebendo que a união entre eles os fortalece e aumenta a possibilidade de renovação, de crescimento e divulgação da Capoeira”. Eles querem mostrar para toda a sociedade o valor do seu trabalho, da cultura capoeirística e todas as possibilidades de melhoria de vida que ela oferece. A Capoeira rondonopolitana busca atingir a classe média-alta da sociedade, como forma de aceitação, reconhecimento e demonstração de que a Capoeira não é só coisa de “preto”, marginal e malandro. Mestre Bimba do alto de sua sabedoria fez esta ligação da Capoeira com as classes elevadas na Bahia. Seus alunos eram médicos, advogados, filhos de coronéis, entre outros. Na periferia, a capoeira está crescendo juntamente com os movimentos populares como o Hip Hop, que se utiliza dos movimentos e da capoeira para ajudar na dança do Hip Hop. A aceitação da Capoeira na periferia é muito boa. O trabalho está sendo desenvolvido no sentido de levar a Capoeira para as universidades, escolas particulares e para as academias do centro da cidade. Das academias da cidade, segundo professor Machado, apenas a Centauro, que é academia de artes marciais e funciona no prédio da academia Chibata, trabalha também com a Capoeira. Em algumas escolas particulares já foram ministradas aulas de Capoeira, mas não estão sendo realizadas no momento. Segundo a professora Vudu, há cinco anos ela trabalha na Escola Ramiro e continuará neste ano com aulas de Capoeira. Fica bem caracterizado que a Capoeira rondonopolitana ainda é bem aceita na periferia. No centro da cidade esteja começando um trabalho para atingir as classes médias e altas, que ainda oferecem resistência na aceitação e principalmente na mudança da maneira de pensar e agir em relação ao negro, ao pobre, à cultura que vem do popular, do povão e que de certa forma os amedronta, até por falta de melhores esclarecimentos.

A Capoeira rondonopolitana está em fase de crescimento, de renovação, de transformação. Seus integrantes estão buscando o seu jeito de ser Capoeira.

Problemas na Capoeira em Rondonópolis

Durante muitos anos a Capoeira foi relacionada à violência, à negros vagabundos e a uma luta perigosa. Era coisa de negro pobre. Em Rondonópolis não foi diferente. Houve resistência, porém o principal problema é a aceitação da Capoeira pelo próprio negro que por sua vez também a considera “coisa de malandro”.

“Outro problema é entre os capoeiristas também, pois até pouco tempo os capoeiristas não podiam se encontrar que saía baderna, isso ainda existe um pouco, é preciso para”. Os professores estão buscando maneiras de conviver pacificamente e que a disputa seja apenas na roda, no jogo, na diversão e na arte da Capoeira, conforme entrevista com professor Machado.

O grupo Chibata, formado por mestre Carivaldo sofreu várias facções. Os alunos saíam da academia Chibata e formavam outra academia. Com o tempo a formação de alguns capoeiristas ficou sem consistência, num processo muito rápido de formação, onde não se levava em conta os fundamentos da Capoeira. Segundo o professor Machado, “tem muito professor de Capoeira aqui em Rondonópolis de formação duvidosa.” Os professores e mestres de Capoeira em Rondonópolis estão buscando junta uma maneira de crescimento na formação dos novos capoeiristas. Fomenta a capoeira arte, a cultura, o resgate do cidadão, fazendo um trabalho social em suas academias. Até pouco tempo, dois anos atrás o nível técnico dos capoeiristas não era o melhor, não havia busca de conhecimentos, informação e melhor formação dos capoeiristas. Segundo professor Machado em sua entrevista: “era uma sarobeira só”.

A Secretaria de Cultura dispõe de verba para eventos culturais e segundo o professor Machado, houve erro na construção do projeto ou no preenchimento do projeto por falta de experiência dos capoeiristas, a verba não saiu integral, e o pouco que recebeu foi graças à intervenção de um deputado. Alguns capoeiristas alegam a falta de recursos como um dos grandes problemas da Capoeira, porém, o que está faltando é esclarecimento quanto às leis e as possibilidades de viabilização de recursos.

Mestre Edson em sua entrevista falou da falta de reconhecimento, uma vez que ele e mestre Carivaldo já trouxeram títulos brasileiros e estaduais para a cidade. Falta de valorização dos atletas da Capoeira.

Condicionantes Tendências e possibilidades da Capoeira em Rondonópolis.

A tendência da Capoeira em Rondonópolis é de grande transformação. A Capoeira Contemporânea dá abertura para que haja criação e inovação nos golpes. Mestre Nenel diz que se mudar um movimento na maneira de executar um

golpe, já não é mais capoeira Regional e sim Contemporânea. A Capoeira não é estática. Está sempre em transformação.

As possibilidades da Capoeira são diversas: pode ser arte e ofício. Através da Capoeira vive-se a cultura brasileira, resgata-se a origem do povo brasileiro. No ofício da Capoeira conquista-se a cidadania.

Existe a possibilidade de a Capoeira fazer parte do currículo de algumas escolas em Rondonópolis, como a André Maggi, Ramiro, Renilda ela já existe; já houve em algumas escolas particulares.

A academia Chibata está preparando um grande evento para o mês de outubro de 2007, será um encontro de capoeiristas do Brasil.

O lançamento de um CD também está nos projetos da Chibata para 2007.

Fazer cursos de capacitação para os professores é uma meta a ser alcançada dentro da Capoeira.

A tendência da Capoeira rondonopolitana é de crescimento e integração entre os vários grupos existentes na cidade, eliminando as antigas rivalidades que relutam por vezes e persistem ainda hoje. A busca de novos conhecimentos na prática dos golpes e da maneira de jogar, lutar e difundir a arte e a cultura capoeirística, vai tirar a Capoeira da sarobeira, dando-lhe uma nova face.

Mestre Carivaldo (Antonio Lopes dos Santos).

Nascido aos 20 de Março de 1955, em Souto Soares (BA) (antigo distrito de Oricuri). Bisneto de escravos, filho de Maria Etelvina de Jesus e de Antonio Lopes dos Santos, tem 5 irmãos (sendo 2 falecidos).

Em entrevista no dia 31 de Janeiro de 2007, mestre Carivaldo relatam sua infância, até os doze anos: “Eu nasci no ano de 55, né, quando eu tinha 12 anos de idade fui trabaiá na roça, nos canaviais e minha mãe era mulher muito pobre, trabalhava também na roça, meu pai morreu, deixo nós tudo pequeno e aí pra sustenta eu tive de ajuda minha mãe. Eu não tive uma infância, hoje que nem os menino, eu não tinha carrinho de brincadeira, não tinha nada, minha brincadeira era a enxada na mão, né, nós passava fome, viajei não tinha nada pra come em casa. Eu tive de pedi aos vizinho, minha mãe mando, era uma vida muito difícil. Então, chegava de noite ia dormir cansado, pra no outro dia trabaiá. Minha mãe era analfabeta, meu pai também era. A minha mãe não colocava nós na escola, que não tinha, ta entendendo? Que a escola era longe. Era quase 40 km da minha cidade, minha cidade tinha 4.000 habitantes, era uma cidade muito sofrida. Com doze anos perdi meu pai. Meu pai foi pra roça, chegou lá ele foi corta madeira, caiu uma árvore em cima dele.”

Após a morte de seu pai, sua mãe casou-se novamente.

Seu padrasto tinha um bar, mexia com alambique e jogava um pouco a Capoeira e ensinou ao Carivaldo os primeiros movimentos da Capoeira.

Sua mãe vendia acarajé, coxinha e outros salgados em Salvador nos finais de semana, na praia, onde o Carivaldo conheceu melhor a Capoeira. Em entrevista para o livro Valores Culturais da Nossa Terra, mestre Carivaldo declara ao falar da Capoeira que assistia na praia acompanhando sua mãe: “Apaixonei-me na hora. Aquilo me marcou muito. A dança, a música, o berimbau. Coisas da África. Parecia que tinha estado. Havia uma coisa dentro de mim que me chamava para a Capoeira.”

Aos doze anos Carivaldo conhece mestre Caiçara e fica oito meses na sua academia.

Aos quinze anos vai com um Tio para São Paulo para trabalhar na construção civil. Chegando lá, hospedou-se na casa de Dona Ivone que era a patroa de sua tia e dona da construtora em que iria trabalhar. Dona Ivone vendo que o rapaz era muito jovem, o deixou ajudando nos serviços da casa como jardineiro, lavador de carro, cuidador dos cachorros, enfim, tudo o que fosse necessário, e depois ia para a escola. Aí aprendeu várias coisas entre: “Comer direito, as horas, atravessar a rua, comprar pão e depois de dois meses fazia a compra do mês no mercado sozinho”, conforme sua declaração em entrevista no dia 19 de Janeiro de 2007.

Estudou no Mobral, na Escola Regina o Mundo, escola particular. Ganhou uniforme camisa branca, calça azul, gravata borboleta e sapato preto. O mestre Carivaldo se emociona ao relatar sua história. “Dona Ivone era como uma mãe pra mim.” Estudou nesta escola por 3 anos. Aprendeu a dirigir e muitas outras coisas. Parou de estudar na 5º série porque começou a trabalhar de ofice boy para a construtora e não dava mais para chegar no horário das aulas.

Em 1976, Carivaldo conheceu a academia Capitães de Areia no Parque Dom Pedro. Onde os professores eram de Salvador e Almir das Areias era conhecido de sua mãe, que recomendou eu ele ficasse com eles. Começou a trabalhar de “orelha” no SESC.

De 1977 retorna para a Bahia para se formar na Capoeira com seu mestre lá na Bahia. Ao chegar à Bahia, o mestre queria muito dinheiro para formá-lo, não tendo como pagar a alta quantia, volta para São Paulo. Começa treinar e dar aula na academia do mestre Ferreira. Ficou aí por três anos. Formou-se em 1979.

Em 1983 abriu sua academia “Senhor do Bonfim”, no bairro Ipiranga.

Em 1984, com o registro da Academia entra na Federação Paulista.

Mestre Carivaldo participou em 1984 do Campeonato Paulista, ficando em 3º lugar. Foi Campeão do Festival de Verão e de inverno em São Paulo.

Em 1985, veio para o Mato Grosso. Havia muita academia em São Paulo. Tinha esperança de ganhar mais dinheiro em Mato Grosso. Segundo o relato de um amigo caminhoneiro que o mestre Carivaldo encontrou no Mercado Municipal de São Paulo, no Mato Grosso ele nunca tinha visto Capoeira. Indicou ao mestre Carivaldo que fosse à rodoviária e pegasse o ônibus para Cuiabá. “Aí eu me invoquei, eu acho que eu vou lá mesmo. Oh pessoal! Sem eu me perder… aí no dia 26 de setembro de 1985 peguei o ônibus lá da Andorinha e vim parar aqui.” Dentro do ônibus um passageiro que vinha ao seu lado disse que em Rondonópolis não havia Capoeira. Então lhe pediu que indicasse quando da chegada à Rondonópolis que ia descer lá.

“No dia 27 de setembro de 1985 eu cheguei aqui na rodoviária, dez horas da manhã, na rodoviária velha. Sol quente! E eu com o cabelão desse tamanho! Calça jeans da bocona, com uma bolsa de couro, menina oh! Cabelão aqui assim. Camisa jeans, sol quente, eu forte. Aqui assim cheio de colocar tudo sapatão. Falei meu pai do céu. Olhei a lua assim. Que sol quente é esse meu pai do céu. Aonde que eu to? O povo olhando em mim assim, aquele sol quente. Aí eu desci e vi o hotel Sumaré, fiquei lá dois dias.”

Em seguida perguntou como fazia para chegar ao centro. Chegou à praça Brasil, “feiazinha, plantinha feia, setembro , tudo sem folha, o pessoal tudo assim, meio caipira ainda. Cheguei sentei assim na praça, assim sabe? O povo olhava em mim assim sabe? Olha! Aquele negão do cabelão assim, eu era um negão forte, aí eu procurei ao povo: olha, aonde tem academia aqui? – olha, aqui ó, pega essa rua aqui que tem uma academia de karatê, o dono dela chama Venâncio.” Mestre carivaldo relatou na entrevista que chegou na Academia do Venâncio falou com a secretaria que queria falar com o professor. Ela disse-lhe que ele estava dando aula e que ele esperasse. Depois de muito tempo de espera ele apareceu e perguntou:

V – “O que você quer falar comigo?”

C – “Eu disse, não! Eu sou mestre de Capoeira, vim de São Paulo.”

V – “Ah! É uma novidade aqui! Você espera mais um pouco que to acabando a aula.”

O mestre Carivaldo esperou mais ou menos uma hora.

O Venâncio então chegou e disse:

V – “Toda pessoa que chega aqui fala que é professor.”

C – “Não Venâncio, eu sou professor de verdade! Aí eu peguei meu documento, né minha carteirinha e mostrei pra ele.”

V – “Nem eu tenho essa carteira! Nem eu! Então me desculpe que você é um mestre de verdade.” Depois de algumas conversas, acertam-se para que o mestre Carivaldo começasse a dar aula.

O primeiro campeonato de Capoeira Mato-grossense realizou-se em Rondonópolis, no ginásio de esportes Marechal Rondon, no dia 28 de Setembro de 1986.

O mestre Carivaldo vence o campeonato representando a academia Líder de Artes.

Em 16 de junho de 1986, mestre Carivaldo funda a Academia Chibata, onde começa a dar aula, na Avenida Fernando Correa, próximo à cadeia pública, hoje é a auto-escola Dourado. Hoje, a Chibata tem mais ou menos 400 alunos e é o 2º grupo de Capoeira em Mato Grosso. Mestre Carivaldo foi formado pelo mestre Ferreira pela Associação de Capoeira Regional, no dia 19 de Março de 1979 em São Paulo. Possui Curso Técnico Desportista de Capoeira, pela Federação Paulista; Curso do I grau pela Federação Paulista de Capoeira em 1974.

No Registro geral dos Mestres de Capoeira do Brasil seu número é o 055 – Confederação Brasileira de Pugilismo. Foi Bicampeão do Festival de Verão realizado no Embuí – SP, 1974/75. Vencendo também em 1975 o festival de inverno do Embuí – SP.

Em Rondonópolis a Capoeira está presente nos jogos Estudantis, graças ao trabalho incansável do mestre Carivaldo. Uma vez por ano realiza-se o batizado da Capoeira em Rondonópolis, onde os alunos jogam a Capoeira com seus professores e mestres e recebem o cordão pela primeira vez ou trocam de cordão. Ao som do berimbau organiza-se a roda. Após a ladainha iniciam-se as palmas e o jogo começa. A cerimônia consiste no jogo do mestre com o aluno, onde o aluno é avaliado.

“hoje é dia de festa Dia de batizado

Quem não for meu amigo “É meu convidado”

Arquivo PETI – Batizado 2006

Após a luta que dura pouco instantes o aluno recebe o cordão. No projeto em que trabalha, mestre Carivaldo dá aula para aproximadamente 350 crianças que formam 14 turmas e todas passam pela Capoeira, bem como pelas outras atividades existentes.

Em conversa com alunos que estavam em sua aula no dia 31 de Janeiro deste, podemos perceber que o envolvimento do mestre Carivaldo com seus alunos vai além do ensinamento de golpes de Capoeira. Há certa identificação delas com o mestre. Ao fazerem suas perguntas sabem exatamente do que estão falando. Sua infância embora não seja na zona rural também é sofrida.

Esperei o mestre Carivaldo terminar sua aula. As crianças que estavam fazendo sua aula têm entre 7 e 8 anos de idade. Comecei pedindo que ele falasse de sua infância e após seu relato todos queriam fazer-lhe perguntas. E que perguntas!

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pesquisar e estudar a capoeira, não é uma tarefa fácil, sobretudo quando se é de fora da roda. Porém ao longo deste trabalho percebi que não estudava apenas a capoeira, mas sim a construção da sociedade, da cultura e do povo brasileiro.

Nosso conhecimento da cultura negra é bastante restrito. Encurralamos os negros nas senzalas e só os vemos a partir daí, trancados, tristes, quase sem vida. Infelizmente é esta mentalidade que mina em nossa historiografia.

Luiz Luna na obra “O negro na Luta Contra a Escravidão” diz que: “A ignorância de um lado e a ganância de outro foram os principais fatores que concorrem para que a escravidão perdurasse, atrasando o país em muitos anos de progresso.”(1976,251). Ainda somos ignorantes e a ganância nos cega. Há muitos pontos obscuros na história quando se refere aos negros. Foram queimados documentos para apagar a presença deles na história do povo brasileiro. Em nosso curso não tivemos História da África. Continuaremos ignorantes se não buscarmos por conta própria um maior conhecimento do nosso povo. A ganância é a fonte de tudo o que é ruim e o jogo de interesses a expande por todos os lados.

A capoeira, segundo o professor Machado, “é a rainha da cultura brasileira.” Sendo assim, salve, salve nossa rainha! A ti e a todos os mestres e capoeiristas e mestres, o reconhecimento do teu poder. O trono e a coroa também são teus. A Princesa Isabel apenas usufruiu da posição em que se encontrava. Tu Capoeira és a expressão plena da liberdade. Em ti o negro encontrou refúgio e força para continuar vivendo. Os mestres de capoeira ainda hoje são reverenciados e respeitados. O mestre Carivaldo do alto da sua sabedoria deixa à sociedade rondonopolitana o seu maior legado: a Capoeira. A luta-arte que expressa à cultura e a ânsia de liberdade do povo brasileiro. A roda da vida nos lembra sempre que a força de uma nação está no seu povo e na sua cultura. Desta todos fazemos parte, não importando a cor da pele, a religião ou qualquer atitude que queiramos apresentar para provar o contrário.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADORNO, Camille. Arte da Capoeira. São Paulo. A biblioteca virtual do estudante brasileiro. bibvirt@futuro.uesp.br. 1998.

AREIAS, Anandes das. O que é Capoeira. 4ª edição. SP. Editora Tribo, 1983.

CAMPOS, Hélio. Capoeira na Escola. Salvador. EDUFBA, 2003.

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[1] É formada em história UFM/CUR, especialista em Geo-História e professora da Rede Estadual de Ensino.

[2] A academia dos Filhos do Quilombo funcionava no Parque Universitário.

Ano 1986\Edição 02418
21 DE
Ano 1986\Edição 02436 (1) 14 DE MARÇO
(1)
FEVEREIRO
Ano 1986\Edição 02453 (2) 05 DE ASBRIL Ano 1986\Edição 02469 (1) 28 DE ABRIL Ano 1986\Edição 02470 (1) – 27 DE ABRIL
Ano 1986\Edição 02507 (1) 12 DE JUNHO

Parte integrante do universo cultural afro-brasileiro, a capoeira hoje é aceita, ensinada e praticada em diversos espaços educacionais de Mato Grosso. Mas nem sempre foi assim. O histórico da manifestação e sua chegada no Estado são relatados por mestres pioneiros no livro “Capoeira: da senzala a imaterialidade”, da pesquisadora Adinéia Leme

A obra será lançada neste sábado (04), na Livraria Janina do Shopping Pantanal, em Cuiabá. Conforme a descrição do trabalho, será o primeiro material publicado sobre o assunto no Estado.

Durante a pesquisa, a autora se debruçou na história oral, utilizando as narrativas e memórias dos mestres da capoeira mato-grossense. Entre os achados do estudo, o livro mostra, um nascimento “espontâneo e pautado no prazer da prática”, durante a década de 1960. “Os mestres são os principais atores dessa história, e, portanto, detentores do conhecimento de sua própria trajetória e do início em Mato Grosso. Pioneiros na arte de ensinar e perpetuar a capoeira. As narrativas revelam o mundo da simbologia da arte afro-brasileira em músicas, movimentos, histórias e tradições, onde o corpo e a alma se fundem em um só”, destaca a escritora. Compartilham seus testemunhos os mestres Eron, Sombra, Lindomar e os professores Biro, Coral e Veto; todos escolhidos diante da representatividade reconhecida no Estado.

- História da capoeira em Mato Grosso é tema de palestra - O evento é gratuito e é voltado para professores, historiadores, pesquisadores e público geral interessado no tema. As inscrições são feitas online. Graciele Leite | Assessoria Secel

A palestra será proferida por Adinéia da Silva Leme, autora do livro - Foto por: Christiano Antonucci | Secom MT . Para difundir e preservar a memória dos mestres da capoeira no Estado, a Biblioteca Pública Estadual Estevão de Mendonça promove no dia 25 deste mês a palestra ‘Capoeira: da senzala à imaterialidade’. O evento

2019 Pesquisadora lança livro sobre a história da capoeira em Mato Grosso - Para elaborar a pesquisa, escritora utilizou relatos dos mestres Eron, Sombra, Lindomar e os professores Biro, Coral e Veto Maria Clara Cabral maria.clara@olivre.com.br

é gratuito e é voltado para professores, historiadores, pesquisadores e público geral interessado no tema. Ao todo são 50 vagas, e as inscrições podem ser feitas online. A palestra será proferida por Adinéia da Silva Leme, autora do livro ‘Capoeira: da senzala à imaterialidade. As vivências dos mestres e a história da capoeira em Mato Grosso’, lançado este ano pela editora CRV. Os participantes terão direito a certificado, e o evento será realizado no dia 25, das 8h às 12h, no Palácio da Instrução. O evento integra o trabalho de divulgação do livro, que aborda a capoeira como uma arte que une povos e culturas diferentes. “O início da história da capoeira no Brasil se funde com a história da resistência dos negros no país. Pois, mesmo com o fim da escravidão, os capoeiristas tinham a capoeira como uma das formas de manter o ideal de liberdade e resistência”, destaca a sinopse. Como método de apuração, a autora conversou com mestres para captar significados, memórias e sentimentos deles. A proposta da pesquisadora foi contar a história pela perspectiva das pessoas para estimular o sentimento de pertencimento, perpetuação e valorização da capoeira às gerações futuras.

2021 - Exposição no Várzea Grande Shopping mostra a história da Capoeira em Mato Grosso A exposição conta com mais de 250 itens e pode ser visitada até o dia 14 de agosto - Fonte: Secom/VG -

Os admiradores e praticantes da capoeira terão a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre este esporte visitando a exposição “Capoeira, uma viagem pela história em Mato Grosso”, que foi aberta na noite de ontem, 14, no segundo piso do Várzea Grande Shopping. A exposição é o resultado de uma parceria entre a Prefeitura Municipal, por meio da Superintendência de Cultura da Secretaria de Educação, Cultura, Esporte e Lazer com o Instituto Semente Brasil e o VG Shopping. A exposição, que é gratuita, pode ser visitada até o dia 14 de agosto. De acordo com o superintendente Joilson Marcos da Silva, a exposição conta com mais de 250 itens, entre cartazes, quadros, fotografias, pinturas, ilustrações, documentos antigos, revistas especializadas, vídeos, livros, vestuário e muitos outros objetos que contam um pouco da trajetória do esporte, criado pelos ancestrais africanos escravizados no tempo do Brasil colonial e que hoje é uma arte marcial muito conhecida, praticada e difundida pelo mundo afora. “Essa exposição é um reconhecimento público pela característica cultural que o esporte representa e aqui neste espaço da Superintendência, podemos mostrar ao público a história da capoeira em Várzea Grande, assim como valorizar seus praticantes e homenagear nossos mestres locais” afirmou Joilson.

Representando a Assembleia Legislativa, o deputado Gilberto Cattani (PSL) disse na abertura do evento, que tramita no Poder Legislativo um projeto para tornar Patrimônio Cultural do Estado de Mato Grosso todas as artes marciais praticadas no estado, inclusive a capoeira, que poderá favorecer a captação de recursos públicos por parte de instituições que trabalham com o esporte, beneficiando assim as comunidades carentes. “A Assembleia Legislativa cumpre seu papel social e reconhece a necessidade da prática esportiva como ferramenta de inclusão social e da melhoria da qualidade de vida saudável”, declarou.

O presidente da Federação Mato-grossense de Capoeira, Everton Moreira Salgado, disse que serão 30 dias de exposição, onde o público vai assistir apresentações de capoeira de diversas vertentes, dança folclórica baiana, como o Maculelê, participar de rodas de conversas e apresentações de vídeos sobre a capoeira e seus principais mestres como Vicente Joaquim Ferreira (Mestre Pastinha), criador da Capoeira Angola e Manoel dos Reis Machado (Mestre Bimba) criador da Capoeira regional.

Para a subsecretária de Educação, Cultura, Esporte e Lazer, Maria Alice Barros, a exposição faz parte de uma importante parceria com o Instituto Semente Brasil que já desenvolve várias ações culturais no município. “O Instituto Semente Brasil é um dos pontos culturais de Várzea Grande onde realiza um belíssimo trabalho, levando o esporte, o lazer e a alegria para nossas crianças. Essa exposição conta a história da capoeira em Mato Grosso e vai contribuir

ainda mais para o fomento dessa arte tão importante que deve ser, cada vez mais, valorizada por fazer parte da nossa cultura nacional”, finalizou.

- Fortalecer a cultura e vivência da capoeira acontece na Casa Cuiabana - O evento acontecerá no dia 14 de junho e trará rodas de capoeira, samba de roda, apresentações de maculelê, bate-papo com mestres de capoeira e noite de autógrafos 5 de junho de 2019, 07:51

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Esporte, dança, luta ou música, seja qual for a designação, a capoeira é reconhecida como uma expressão cultural brasileira que contribuiu para o processo de resistência do povo negro no país. Sua trajetória em Mato Grosso será celebrada no Luau “Vivências da Capoeira” a ser realizado na Casa Cuiabana, no dia 14 de junho, a partir das 19 horas. O evento busca reunir os mestres de capoeiras apontados no livro “Capoeira: da senzala à imaterialidade. As vivências dos mestres e a história da capoeira em Mato Grosso”, da historiadora e professora Adinéia Leme. Resultado da dissertação de mestrado e da tese de doutorado em Ciências da Educação, o livro é o primeiro a narrar a história da capoeira no Estado e será vendido e autografado pela professora durante a festa.

A realização do luau também oportunizará um diálogo aberto entre a Secretaria Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel) e o Fórum de Capoeira de Mato Grosso. Na ocasião, o secretário da Secel, Allan Kardec, vai conversar com os representantes, debatendo o papel da capoeira na história e na atualidade mato-grossense e ouvir as demandas do setor.

Para Joacelmo Borges, o mestre Biro, um dos representantes do Fórum de Capoeira, o bate-papo vai estreitar laços e, por isso, está sendo considerado um grande avanço na trajetória da prática capoeirista em Mato Grosso. “É a primeira vez que um secretário de Estado vai sentar para nos ouvir. Ninguém nunca nos ouviu. E nesse luau vamos poder falar sobre as necessidades e demandas de interesse da capoeira em Mato Grosso. Essa possibilidade de visibilidade e de escuta é uma conquista significativa para nós”, relata mestre Biro.

Com o intuito de levar conhecimento sobre a formação da cultura afro-brasileira, o Luau vai proporcionar ao público apresentações que têm em comum a raiz africana, como o samba de roda e o maculelê, esta última uma dança que simula a luta tribal usando como arma dois bastões.

Haverá também, é claro, rodas de capoeira manifestando toda a musicalidade da arte marcial brasileira determinante para a valorização da identidade e das manifestações culturais do povo afro-descendente.

Parceria Divulgação Secel

Tela ilustrando a prática de capoeira

Por compreender tanto o esporte quanto a cultura, a parceria da Secel para a difusão e preservação da capoeira no Estado, teve início com a palestra ‘Capoeira: da senzala à imaterialidade’, promovida em maio na Biblioteca Pública Estadual Estevão de Mendonça. A capacitação foi proferida pela autora do livro de mesmo nome, Adinéia da Silva Leme.

“Capoeira: da senzala à imaterialidade” faz uso das narrativas de memórias dos mestres de capoeira mato-grossenses: Mestre Edmundo, Mestre Eron, Mestre Sombra, Mestre Lindomar e Mestre Ray Kintê e os professores Biro, Coral e Veto.

A noite de autógrafos do livro está na programação do Luau “Vivências da Capoeira”, realizado numa parceria entre a Secel e o Fórum de Capoeira de Mato Grosso.

Memória dos mestres de referência da Capoeira do estado de Mato Grosso do Sul - YouTube

A Paraíba - localizada a leste da Região Nordeste. Seu território é dividido em 223 municípios e apresenta uma área de 56 467,242 km². Banhada a leste pelo Oceano Atlântico, limita-se a norte com o Rio Grande do Norte, a sul com Pernambuco e a oeste com o Ceará. Com mais de quatro milhões de habitantes, a Paraíba é o 15º estado mais populoso do Brasil. A capital e município mais populoso é João Pessoa. Outros municípios com população superior a cem mil habitantes são Campina Grande, Santa Rita e Patos. Antes da colonização portuguesa, a Paraíba foi habitada por várias tribos indígenas. Em 1534, foi subordinada à Capitania de Itamaracá, adquirindo autonomia política em 1574 com a criação da Capitania da Paraíba, anexada a Pernambuco em 1756 e recuperando sua autonomia em 1799, existindo como unidade política separada desde então. No ano de 1930, Getúlio Vargas indicou o presidente do estado (hoje governador), João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, como vicepresidente do Brasil. O assassinato de João Pessoa por João Duarte Dantas foi o estopim para a Revolução de 1930 e o fim da República Velha. A Paraíba é berço de brasileiros notórios, como Epitácio Pessoa (ex-presidente do Brasil), Pedro Américo (pintor de renome internacional), Assis Chateaubriand (mais conhecido por ter fundado o Museu de Arte de São Paulo e a TV Tupi), Celso Furtado (um dos economistas mais influentes da história latinoamericana), além de escritores como Ariano Suassuna, Augusto dos Anjos, José Américo de Almeida, José Lins do Rêgo, dentre muitos.

Ano 1861\Edição 00040 (1) A Regeneração : Jornal Politico, Litterario, Noticioso e Commercial (PB) - 1861 a 1862

PARAIBA – 1861
Ano 1861\Edição 00002 (1) O Mercador : Folha Commercial e Noticiosa (PB) – 1861

Ano 1884\Edição 00213 (1) Diario da Parahyba : Orgão de todas as classes (PB) - 1884 a 1885

Ano

Ano 1888\Edição 00160 (1) 18 de novembro

1888\Edição 00159 (2) Gazeta da Parahyba : Folha Diaria (PB) - 1888 a 1890

Ano 1888\Edição 00161 (1) 20 de novembro

Ano 1909\Edição 00379 (1) O Norte (PB) - 1908 a 1956 30 de agosto

Ano 1915\Edição 02111 (1)

1990, Mestre Dário inicia sua aprendizagem de capoeira no Grupo de Capoeira Lua de Palmares, coordenado por Dorivan Rafael, que fazia parte da Associação Cultural de Capoeira Badauê dos Palmares, de Campina Grande -

PB, fundada por Mestre Sabiá, que, na ocasião, era aluno do Mestre Nô e era integrante da ABCCAP. O Grupo de Capoeira Lua de Palmares se reunia no Serviço Social do Comércio - SESC, situado na Rua Des. Souto Maior, 281, Centro, João Pessoa-PB (Entrevista com M.D., 2019).

1998 – O Grupo Capoeira Angola Palmares - Roger JP/PB, foi fundado em 17 de março de 1998, com a coordenação de Mestre Dário Pereira João (M.D)1 , que, na época, era instrutor de capoeira. Contou também com a participação de Malu Farias (Contramestra Malu), que era cordel amarelo, e com a supervisão de Mestre Lázaro e com a orientação do Mestre Norival Moreira de Oliveira (Mestre Nô), filiado à Associação Brasileira Cultural de Capoeira Angola Palmares (ABCCAP). Nessa época, foi criado o logotipo do Grupo

2012 - PDF - Flávio Lima.pdf (uepb.edu.br)

2014 - Com mais de 2 mil alunos, Campina faz a maior roda de capoeira do Brasil | globoesporte.com

2016 - Capoeira Angola Berimbau Viola Paraíba Criativa (paraibacriativa.com.br)

Notícia: I Fórum para Salvaguarda da Capoeira vai acontecer na Paraíba - IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

2020 - RACIn, João Pessoa, v. 8, n. 1, p. 226-241, jan./jun. 2020 Roda de capoeira, memórias representadas: ressignificação do grupo Angola Palmares – Roger JP/PB

PROJETO NOSSAS RAÍZES: A História da Capoeira na Paraíba - Menino, Quem Foi Teu Mestre? - YouTube PROJETO NOSSAS RAÍZES: A História da Capoeira na Paraíba - Menino, Quem Foi Teu Mestre?

2022 - Capoeiristas da PB falam sobre a importância do legado | Cultura (brasildefatopb.com.br)

O Espírito Santo Está localizado na região Sudeste. Faz divisa com o oceano Atlântico a leste, com a Bahia ao norte, com Minas Gerais a oeste e com o estado do Rio de Janeiro ao sul. Sua área é de 46 095,583 km². Sua capital é Vitória, porém Serra é o município mais populoso. O Espírito Santo é, ao lado de Santa Catarina, um dos únicos entre os estados do Brasil no qual a capital não é o município mais populoso de seu estado O gentílico do estado é capixaba ou espírito-santense.

1535, os colonizadores portugueses chegaram na Capitania do Espírito Santo e desembarcaram na região da Prainha. Naquela época, teve início a construção do primeiro povoado que recebeu o nome de Vila do Espírito Santo. Por causa dos índios terem atacado a Vila do Espírito Santo, o líder Vasco Fernandes Coutinho fundou outra vila, naquela vez em uma das ilhas. Esta vila passou a ser chamada de Vila Nova do Espírito Santo, atual Vitória. Enquanto isso, a antiga recebeu o nome de Vila Velha.

1715 - a anexação do Espírito Santo à Bahia. Então, a capital da extinta Capitania do Espírito Santo passou a ser Salvador.

1809 - A Capitania do Espírito Santo somente recuperou sua autonomia da Capitania da Bahia em 1809. Com a proclamação da Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822, o seu status foi alterado para província, permanecendo assim até a Proclamação da República Brasileira, em 15 de novembro de 1889, quando se transformou no atual estado do Espírito Santo.

Atualmente, a capital Vitória é um importante porto exportador de minério de ferro. Na agricultura, merecem destaque os seguintes produtos econômicos: o café, arroz, cacau, cana-de-açúcar, feijão, frutas e milho Na pecuária, há criação de gado de corte e leiteiro. Na indústria, são fabricados produtos alimentícios, madeira, celulose, têxteis, móveis e siderurgia O estado também possui festas famosas. Entre elas podemos citar: a Festa da Polenta em Venda Nova do Imigrante, a Festa da Penha em Vila Velha e o Festival de Arte e Música de Alegre O Vital (carnaval fora de época, em novembro) foi extinto.

Ano 1868\Edição 00022 (1) O Estandarte : Jornal Politico, Litterario, e Noticioso (ES) - 1868 a 1873

ESPÍRITO SANTO - 1868
Ano 1873\Edição 00044 (1) O Estandarte : Jornal Politico, Litterario, e Noticioso (ES) - 1868 a 1873
1873\Edição 00256 (1) 23 de agosto O Espirito - Santense (ES) - 1870 a 1889
1876\Edição 00008 (1)
Ano
Ano

Ano 1876\Edição 00242 (1) A Constituição : Orgão do Partido

Ano 1876\Edição 00263 (1) A Constituição : Orgão do Partido Conservador (PA) - 1874 a 1886

Conservador (PA) - 1874 a 1886

Ano 1878\Edição 00051 (1) – 31 DE JULHO - A Actualidade : orgão do Partido Liberal (ES) - 1878

Ano 1879\Edição 00052 (1) O Espirito - Santense (ES) - 1870 a 1889

Ano 1882\Edição 00052 (1) O Cachoeirano : Orgão do Povo - Columnas francas a todas as intelligencias (ES) - 1877 a 1923

Ano 1883\Edição 00103 (1) 22 DE SETEMBRO O Horizonte (ES) - 1880 a 1885

Ano 1883\Edição 00104 (1) 25 DE SETEMBRO

Ano 1883\Edição 00078 (1) O Espirito - Santense (ES) - 1870 a 1889

Ano 1884\Edição 00062 (1) Ano 1884\Edição 00062 (1)

Ano 1884\Edição 00690 (1) 25 DE DEZEMBRO A Provincia do Espirito-Santo : Jornal consagrado aos interesses provinciaes, filiado à escola liberal (ES) - 1882 a 1889

Ano 1885\Edição 00694 (1) 06 DE JANEIRO
Ano 1885\Edição 00940 (1) 12 DE NOVEMBRO - A Provincia do Espirito-Santo : Jornal consagrado aos interesses provinciaes, filiado à escola liberal (ES) - 1882 a 1889 Ano 1885\Edição 00956 (1) – 1º DE DEZEMBRO
Ano 1885\Edição 00033 (1) - O Constitucional : Orgão do Partido Conservador (ES) - 1885 a 1889 Ano 1887\Edição 01327 (1) 25 DE MARÇO A Provincia do Espirito-Santo : Jornal consagrado aos interesses provinciaes, filiado à escola liberal (ES) - 1882 a 1889
Ano 1887\Edição 00067 (1) O Espirito - Santense (ES) - 1870 a 1889 Ano 1888\Edição 00045 (1) O Cachoeirano : Orgão do Povo - Columnas francas a todas as intelligencias (ES) - 1877 a 1923
Ano 1889\Edição 00002 (2)
Ano 1889\Edição 00171 (1) O Constitucional : Orgão do Partido Conservador (ES) - 1885 a 1889

Ano 1886\Edição 00314 (1) – 8 DE OUTUBRO A Folha da Victoria (ES) - 1883 a 1888

Ano 1887\Edição 00454 (1)

Ano 1890\Edição 02168 (1) 28 de fevereiro - O Estado do Espirito-Santo : Ordem e Progresso (ES) - 1890 a 1911 Ano 1892\Edição 02861 (1) - O Estado do Espirito-Santo : Ordem e Progresso (ES) - 1890 a 1911 Ano 1893\Edição 03187 (1) 18 de agosto O Estado do Espirito-Santo : Ordem e Progresso (ES) - 1890 a 1911
Ano 1895\Edição 00020 (1) O Cachoeirano : Orgão do Povo - Columnas francas a todas as intelligencias (ES) - 1877 a 1923

Ano 1897\Edição 00120 (1) 11 de junho O Estado do Espirito-Santo : Ordem e Progresso (ES) - 1890 a 1911

Ano 1900\Edição 00003 (1) 05 de janeiro O Estado do Espirito-Santo : Ordem e Progresso (ES) - 1890 a 1911

Ano 1900\Edição 00225 (1) O Estado do Espirito-Santo : Ordem e Progresso (ES) - 1890 a 1911
00293
O
: Ordem
Progresso
Ano 1901\Edição
(1)
Estado do Espirito-Santo
e
(ES) - 1890 a 1911
Ano 1901\Edição 00033 (1) O Estado do Espirito-Santo : Ordem e Progresso (ES) - 1890 a 1911

Ano 1893\Edição 00983 (1) 22 de setembro Commercio do Espirito Santo (ES) - 1892 a 1910

Ano 1896\Edição 00056 (1) 05 de março - Commercio do Espirito Santo (ES) - 1892 a 1910

Ano 1897\Edição 00011 (1) 14 de janeiro Commercio do Espirito Santo (ES) - 1892 a 1910

Ano 1897\Edição 00263 (1) Commercio do Espirito Santo (ES) - 1892 a 1910

Ano 1910\Edição 00036 (1) Commercio do Espirito Santo (ES) - 1892 a 1910 Ano 1910\Edição 00284 (1) Diario da Manhã : Orgão do Partido Constructor (ES) - 1908 a 1937
1930\Edição 00214 (1) Vida Capichaba (ES) - 1925 a 1940
00262 (1)
Ano
Ano 1931\Edição
Ano 1932\Edição 00308 (1)
Ano 1949\Edição 00119 (2) 24 DE MAIO A Época (ES) - 1946 a 1949

Ano 1952\Edição 00012 (1) - Folha do Povo : O vespertino do Espirito Santo (ES) - 1952 a 1953

Ano 1957\Edição 01083 (1) Folha Capixaba : Defesa da Terra e do Povo do Espirito Santo (ES) - 1945 a 1961

DÉCADAS

DE 40/50 - A HISTÓRIA

DA CAPOEIRA MODERNA NA GRANDE

VITÓRIA-ES Lorrana Xavier Juliana Azevedo de Almeida - [...] Antigamente havia em Vitória, o hábito de se encerrarem rodas nas portas dos bares, nas favelas, onde dois homens se degladiavam e apostas era feitas. Não havia, no entanto, a presença de música, nem técnica específica, e, ao contrário do que poderia esperar, tais lutas não eram reprimidas pela polícia, que, ao contrário as incentivava. Correm boatos também, nas décadas de 40 e 50, que um baiano, reconhecido com um dos mais importantes nomes da CAPOEIRA no Brasil, Mestre Vicente Ferreira Pastinha, organizou rodas na

cidade de São Mateus. Infelizmente não foi possível ir mais fundo na pesquisa destes fatos, para reconhecê-los como verdadeiros e documentá-los. TCC Lorrana FINAL 02-07.docx (doctum.edu.br)

1964 - O Mestre Odilon chama a atenção para a presença da capoeira desde 1964, ensinada por Coelho (em Jucutuquara, e também ligada ao samba). Mas é a versão contada pelo mestre Luiz Paulo que encontra mais escuta: O capixaba Nerci Cardoso foi o pioneiro que teve contato com a capoeira no Rio de Janeiro, e em 1970, de volta ao Espírito Santo, participou do desfile de carnaval da Escola Unidos da Piedade, que teve como tema a Bahia, ele e seu amigo Salomão representaram a capoeira. A escola venceu, e algumas pessoas passaram a ter interesse em aprender a capoeira. Esses primeiros capoeiristas tiveram influência do livro de Lamartine Pereira da Costa, “Capoeira sem Mestre”. Por fim, Nerci se afastou da capoeira e Julimar Ferreira Lopes, conhecido como Binho, deu continuidade ao seu trabalho (FILGUEIRAS, 2003 apud OLIVEIRA, 2019, p. 57).

1968 - 1968. Mestre Luiz Paulo alegava ser o mestre mais antigo em atuação no Espírito Santo e dizia ser o maior detentor de documentos sobre a capoeira do ES desde a década de 60 do século XX até os dias atuais. Ele acusava que qualquer outro mestre que dissesse que era o mais antigo, estava mentindo

Em 1968, o Sr. Necir Cardoso, capixaba do Morro do Moscoso, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde aprendeu com Paulo Bandeira, de Bonsucesso a CAPOEIRA e logo se apaixonou pela arte. Quando em 1970 retornou ao (sic) [do] Rio, seu irmão, o sambista já falecido Mário César Cardoso, estava inserido na organização da Escola de Samba Unidos da Piedade para o carnaval. O tema escolhido para aquele ano tinha sido a Bahia, e, por conselho de Orlando Bonfim, baiano, não poderia faltar uma ala de candomblé e outra de CAPOEIRA. Candomblé era fácil, mas como conseguiria formar a ala da CAPOEIRA, se na cidade não existia? Foi quando Mário César lembrou-se que seu irmão dominava a arte e o convidou. Necir a princípio recusou, dizendo que não sabia nada de CAPOEIRA e não seria capaz de arcar com tal responsabilidade. Mas acabaram por convencer Necir a sair na Escola. Só que sozinho ninguém joga CAPOEIRA, então Necir convidou um amigo, Anildo – apelido Salomão, para juntos treinarem e formar a tal ala. Assim foi feito. Esta história aí é minha! Quem escreveu isso tudo e viveu e vi isso! E não escrevi o que me falaram não... Mas acrescentaram algumas coisas. Essa história fui eu. A primeira história, quem escreveu isso fui eu. Eu fiz essa matéria num jornal em 1976. Eu tenho esse jornal aqui. [...] Eu que lancei essa primeira história. Que até aí nem se falava da história da capoeira do Espírito Santo. Eu que fiz esse relato todinho. Tudo que eu botei aí, Diabo Louro, Binho... Eu tenho isso aqui (conversa informal entre a orientadora e mestre Luiz Paulo, via whatsapp, no dia 23 de março de 2021).

1973, chegou em Vitória o baiano Lourival Araújo dos Santos, o Mestre Diabo Louro. Segundo contam, Mestre Louro teria fugido de Salvador por ter atingido um adversário com um golpe mortal, e chegou a cidade “com uma mão na frente e outra atrás”. Zé da Máfia o conheceu e se apressou em levá-lo na roda do Grupo Berimbadu, que nessa época era na Cabana do Clube Rio Branco. Apresentou-se como “um baiano bom de briga”, e logo fez-se à roda para tirar a prova. Mestre Louro então mostrou uma CAPOEIRA muito superior que a do Grupo e venceu a todos. A amizade estava selada. Apresentaram-se a Orlando Bonfim, que o hospedou em sua casa e conseguiu um barracão no Morro do Bonfim para ele dar aula. Binho notando que ainda faltava muito para aprender, entregou a Academia do Praia Tênis Clube a Diabo Louro, que a batizou de Centro de Cultura Física Regional, tornando-se seu aluno e grande amigo. Foi a partir dessa época, em 1974, que a CAPOEIRA começou a ser melhor vista pela nossa sociedade, embora o preconceito exista até hoje. Com a ajuda da imprensa que escreveu algumas matérias a respeito, a CAPOEIRA conseguiu atingir a pessoas de diversas idades, sexo e condição social. A semente lançada por Necir começa a germinar. Em território capixaba [Diabo Louro] apresentou as duas vertentes difundidas na Bahia: a capoeira Angola e a Regional. Segundo dados históricos, Diabo Louro deixou a cidade em 1976, no seu lugar assume seu aluno mais graduado: Binho, que ministrava suas aulas e treinos no bairro Jucutuquara e também para a elite capixaba no clube Praia Tênis (2019, p. 60).

Nosso documento de referência conta que muitos outros grupos começaram a surgir em Vitória. Ele cita nomes de alguns desses e bairros onde acontecia a prática da capoeira: [...] em Fradinhos (Grupo Bangalô), Maruípe, Gurijica, Santo Antônio, Jardim da Penha (Grupo Gexá), e diversos outros bairros. Mestre Louro frequentava todas essas rodas onde sempre se sobressaía diante de qualquer adversário, provando ser o único Mestre de Vitória em sua época. Alguns desses grupos se extinguiram por mera falta de incentivo do governo e da população.

Embora esses tenham sido nomes de destaque, segundo Mestre Luiz Paulo, a capoeira no Espírito Santo teve 3 raízes: mestre Diabo Louro, mestre Caio Resende e mestre Odilon (FILGUEIRAS, 2003).

1977 - Mestre Caio Resende, da cidade de Muqui – ES, voltou do Rio de Janeiro em 1973, começando a ministrar a capoeira em terras capixabas somente em 1977. Suas influências para a capoeira eram provenientes da Federação de Capoeira do Rio de Janeiro, conforme nos conta Filgueiras (2003). Ele fundou, então, o grupo Quilombo do Queimado, que ficou sob a responsabilidade do seu aluno Bininha, após sua morte em 1995.

Em 1973 Caio chega em Vitória (ES) com intuito de morar na cidade e mostrar seu trabalho. Tão pouco era divulgado a CAPOEIRA, que ele só veio saber da existência de outros CAPOEIRISTAS quase um ano depois que já dava aula. Foi numa roda na feira dos municípios, que ele manteve contato com Mestre Diabo Louro (Baiano, aluno de Mestre Ezequiel, que chegou em 1972 no ES), Binho (seu aluno), Odilon (Berimbazu) e o grupo Gexá de Jardim da Penha. Descobrindo que não estava sozinho na cidade, foi estimulado a continuar sua luta contra o preconceito e as dificuldades da época. Durante muitos anos Caio e Binho levaram a capoeira sem incentivos oficiais, sozinhos, acreditando estar em suas mãos, a sobrevivência desta arte em Vitória. Em 1976 Caio voltou ao Rio de janeiro, onde treinou um ano intensivo com Mestre falcão e Mestre Poeira, que o formaram. Retornando à Vitória em 1977, já formado, deu aula em diversas escolas e comunidades da grande Vitória, entre elas a Choupana no Bairro Colorado (V.V), com o nome Místico: “Grupo de Capoeira Feitiço”; por volta de 1976 mudou o nome para “Grupo Quilombo do Palmares”, permanecendo este nome ate 1978. Por já existir grupo com este nome Mestre Caio resolveu trocar somente para “Palmares”; mais tarde este nome veio a ser mudado, o Grupo se chamaria “Associação de Capoeira Caio Cesar Rezende”. Mas, vendo ele que isto se tornaria muito otimista de sua parte, resolveu escolher outro nome para sua instituição, daí veio a ideia de dar o nome do último “Quilombo do estado do Espírito Santo”, mais específico na Serra. Daí veio o nome de “Associação de Capoeira Quilombo do Queimado” no qual se predomina até hoje.

Caio Resende e seus discípulos tiveram como referência a capoeira carioca. Já Binho, teve como base a capoeira baiana de mestre Diabo Louro. No entanto, Filgueiras (2003) conta que, em 1976, depois que Diabo Louro foi embora do ES, Binho não deu continuidade ao trabalho e seus alunos Rogério Medeiros (mestre CapixabaRogério Sarlo de Medeiros Filho foi formado mestre pelo grupo ABADÁ Capoeira. Este grupo surgiu da cisão do grupo Senzala em 1988) e Luiz Paulo (mestre Luiz Paulo - Luiz Paulo Lima Nunes foi formado mestre pelo grupo Senzala) foram buscar conhecimento no Grupo Senzala do Rio de Janeiro.

Já mestre Odilon - Odilon Dias Vieira, nascido em 1951, na cidade de Alegre – ES e formado mestre pelo grupo Beribazu de Brasília - nos conta que aprendeu a capoeira regional em Brasília, na década de 70, com mestre Zulu. Este mestre funda o grupo Beribazu em 1972 (FILGUEIRAS, 2003) e, em 1973, Odilon volta para o Espírito Santo e começa a dar aulas de capoeira em Colatina.

1978 - Mestre Fábio (Fábio Luiz Loureiro, nascido em 1965 na cidade de Vitória- ES. Formado mestre pelo grupo Beribazu em 1992) conta que a primeira vez que viu uma roda de capoeira foi na Feira dos Municípios, em 1978, no Clube Álvares Cabral. Ele diz que a roda era “tensa” e se lembra de alguns capoeiristas capixabas já participantes nessa roda: Caio, Bininha, Carlos Henrique e Odilon. Cabe destacar, novamente, o aspecto de violência existente nas rodas da década de 70 e 80. Mestre Fábio nos contou que, por vezes, a capoeira jogada nas rodas que aconteciam nas ruas era agressiva, com caráter de luta, no entanto, havia uma camaradagem entre os capoeiristas. Odilon e Fábio deixam claro que os praticantes não eram inimigos, mas quando se encontravam na roda e tocava o São Bento Grande, “o pau quebrava”. Essa situação gerava uma certa representação social para capoeira capixaba que reverberou por muito tempo em sua aceitação pela população da Grande Vitória. Tanto mestre Odilon quanto mestre Fábio, narram que a capoeira não era bem-vista pela sociedade da época, tanto por sua história antiga ligada à escravidão negra, quanto por esse aspecto violento que ela, por vezes, apresentava. Mestre Fábio também lembra que a época ainda era de ditadura militar no Brasil e que, em muitas rodas, eles percebiam o olhar vigilante da polícia. Ainda que se lembre de alguns fatos da década de 1970, Fábio iniciou sua prática na capoeira em 1980 no projeto de extensão da UFES. Seu mestre era o Carlos Henrique, irmão de Odilon e Iris que também praticavam capoeira pelo grupo Beribazu 1979, mestre Odilon para de dar aulas de capoeira para se dedicar mais à sua profissão e seu irmão, Carlos Henrique, prossegue com o trabalho de capoeira na UFES até 1986. Mestre Odilon diz que nunca parou a capoeira, mas hoje, ele não frequenta mais rodas e prefere manter-se como pesquisador desta arte. Deste modo, corroboramos com Filgueiras (2013), Oliveira (2019) e Almeida (2020) que a capoeira na Grande Vitória teve maior influência da capoeira do Rio de Janeiro. Inclusive, até o grupo Beribazu recebeu influências do Rio, pois mestre Zulu (o fundador do grupo) foi aluno do grupo Senzala de Brasília (FILGUEIRAS, 2013). Consequentemente, o grupo Beribazu de Vitória possui traços dessa capoeira carioca.

1992 - Valter Pereira do Rosário, ou para muitos, o Mestre Cabelim, tem a história da sua vida entrelaçada a história de João Neiva. Desde 1992 levando o esporte aos moradores do município, Cabelim rodou por alguns lugares até encontrar aquele que seria o local de crescimento pessoal e profissional. Nascido em 1968 no município de Afonso Cláudio, sul do Espírito Santo, Valter mudou-se para Baixo Guandu ainda muito novo. Mas foi aos 20 anos, através de Arindo Furtado Lima, o Mestre Lima, que o jovem teve seu primeiro contato com a capoeira, no município de Aimorés, no Lorena Clube. O jovem, desde o início mostrou que tinha talento para a capoeira e conquistou sua primeira graduação com apenas 45 dias treino. Fato esse que se leva em torno de 6 a 9 meses. Em 1992, aos 25 anos, Cabelim passa a morar em João Neiva e tem sua primeira turma oficial de capoeira, com cerca de 80 alunos pagantes, no Clube Vila Nova. Mostrando trabalho e talento, logo surge a oportunidade do

atleta levar sua turma para Centro Comunitário da cidade, ganhando mais 10 alunos de um Projeto Social bancados pela Prefeitura. Neste mesmo ano, Cabelim monta seu próprio grupo de capoeira, o Jogo Livre, que ao longo dos anos formou muitos alunos e também tomou proporções maiores. O grupo desenvolve seus trabalhos em municípios como Ibiraçu, Fundão, Santa Maria de Jetibá e Aracruz, e também fora do Estado, no município mineiro Alvarenga. Se engana quem acredita que a vida de Cabelim foi tudo fácil, o capoeirista chegou a passar dificuldades, chegando a morar com sua família em um pequeno cômodo alugado nos fundos de uma borracharia. No ano de 2001, Cabelim chegou a tão sonhada graduação de Mestre, passando a ter ainda mais notoriedade entre os capoeiristas do Espírito Santo. A luta diária não fez o atleta desistir. O Mestre conseguiu sair do aluguel e comprar sua casa própria e aos poucos transformar o local não apenas na sua moradia, mas também em sua academia, onde dá aulas e treina. Atualmente, Mestre Cabelim atua no projeto Crubixá J.H.J, em que dá aulas de capoeira há mais de 11 anos e também, na Pestalozzi de João Neiva em que ensina a prática há mais de 12 anos aos alunos da instituição. Com 51 anos de vida e 31 deles dedicados a capoeira, Cabelim atende cerca de 100 alunos semanalmente e ainda treina para suas competições. Perguntado sobre sua aposentadoria, o mestre disse que está em seus planos, mas que ainda não tem data definida.

2018 - Capoeira do Espírito Santo para o Mundo - Dizem que a capoeira engravidou na África e nasceu no Brasil. Mas viajou o mundo e hoje é falada com muitos sotaques. Um grupo surgido no Espírito Santo, A.C.A.P.O.E.I.R.A., faz parte dessa história de expansão. Com núcleos no exterior, o grupo criado pelo Meste Capixaba já realizou diversos eventos junto com outros grupos em vários países, mas pela primeira vez, prepara o Encontro Europeu A.C.A.P.O.E.I.R.A., de 2 a 5 de novembro, exclusivo para integrantes do grupo. O local é a cidade de Frankfurt, na Alemanha, onde os trabalhos de capoeira são coordenados por Mestre Arisco, um alemão formado por Mestre Capixaba que coordena as atividades por lá há cerca de 20 anos. O encontro vai reunir cerca de 300 capoeiristas de núcleos do grupo na Alemanha, Suécia, Suíças e Grécia, além de convidados do Brasil. O Espírito Santo estará representado por Mestre Capixaba e Mestre Jeffinho, de Cariacica. Outros convidados são Mestre Gororoba e professora Priscila (RS) e formando Kiduro (SP).

TCC Lorrana FINAL 02-07.docx (doctum.edu.br)

EDITAL Nº002/2020 – Seleção de Ações de Salvaguarda da Roda de Capoeira e Ofício de Mestres de Capoeira

ANEXO 1. Listagem de grupos praticantes da Roda de Capoeira e do Ofício de Mestres de Capoeira no estado do Espírito Santo.

Região Município Grupos Metropolitana Cariacica Cativeiro A.C.A.P.O.E.I.R.A Associação São Salvador Águias Acrobatas Projeto Capoeira Preparando para a Vida - Escola Aberta Vitória Camarada Camaradinha Liberdade Reza Forte Candinheiro Raízes da Bahia Irmãos Caramuru Capoeira Tribal Aliança Dendê Moruô Ginga do Corpo Berimbazu Equipe Mestre Paulista A.C.A.P.O.E.I.R.A Sapeba Capoeira Cativeiro Metadoarte Capoeira Angola Volta ao Mundo Vila Velha Raiz da Arte CECAC ABRACAR Filhos da Princesa do Sul Quilombo do Queimado Leões da Tribo Serra Associação Aliança Capoeira Aliança Força Negra Irmandade Caramuru Capoeira Doberimbau Palmares Sul São José de Calçado Cultuarte cafeeira Castelo Grupo Baobá Muqui Grupo Baobá Mimoso do Sul Capoeira filhos de Guerreiro Apiacá Capoeira filhos de Guerreiro Cachoeiro de Itapemirim Filhos da Princesa do Sul Navio Negreiro Agogo de Nizambe Mocambos Capoeira Libertação Norte e Noroeste Conceição da Barra A.C.A.P.O.E.I.R.A/ Capura Raça Ecoporanga Senzala do Patrimônio dos Pretos Jaguaré Escola de Capoeira Lutando Pela Mesma Arte João Neiva Cordão Vermelho Linhares Abolicionismo Pandeiro de Ouro ACR ENFICAM - Capoeira Maré Arte Capoeira Renovada Reza Forte Força Negra Nova Venécia A.C.A.P.O.E.I.R.A Sagaz Capoeira Pedro Canário Semente da Terra Montanha_Acapoeira Canários da Senzala Filhos da Reza Pinheiros Semente da Terra São Mateus Capoeira Dendê Abadá Capoeira Kricaré Berimbazu Capura - Raça Guerreiros da Força Iê Capoeira Sagaz Capoeira Agogo de Nizambe Pé da Capoeira São Gabriel da Palha Ierê Capoeira Sooretama Toca do Lobo Aracruz ACARBO 100% Capoeira Vila Valério Ierê Capoeir

Pará- Está situado na Região Norte, sendo o segundo maior estado do país em extensão territorial, com uma área de 1 245 870,798 km², constituindo-se na décima-terceira maior subdivisão mundial. É maior que a área da Região Sudeste brasileira, com seus quatro estados. É dividido em 144 municípios, que possuem área média de 8 651,881 km². O maior deles é Altamira com 159 533 km², o quinto município mais extenso do mundo e o maior município do Brasil; o menor é Marituba, com 103 km². Sua capital é o município de Belém e seu atual governador é Helder Barbalho. Com 8,7 milhões de habitantes, é o estado mais populoso da Região Norte e o nono mais populoso do Brasil. Dois de seus municípios possuem população acima de 500 mil habitantes: Belém, a capital e sua maior cidade com 1,4 milhão de habitantes em 2018 e Ananindeua, com 525,5 mil habitantes. O estado é ainda, subdividido em 7 regiões geográficas intermediárias e 21 regiões geográficas imediatas. Seus limites são com o estado do Amapá a norte, Roraima a noroeste, Amazonas a oeste, Mato Grosso a sul, Tocantins a sudeste, Maranhão a leste; além do Suriname e Guiana ao extremo norte. O Pará possui uma densidade demográfica considerada baixa, sendo superado apenas por Rondônia em sua macrorregião. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2018 a densidade demográfica equivalia a 6,70 habitantes por quilômetro quadrado. Existem duas regiões metropolitanas no estado: a Belém e Santarém, com população de 2,5 milhões e 335 mil habitantes, respectivamente. A região que hoje forma o estado do Pará foi explorada, inicialmente, pelo espanhol Francisco de Orellana. Orellana iniciou sua viagem partindo da foz do rio Amazonas, percorrendo todo o Vale Amazônico, enquanto descrevia em cartas as belezas e possíveis riquezas do local (como as drogas do sertão), com os fatos mais prováveis de chamar a atenção da coroa espanhola. A partir do século XVII a região foi denominada Conquista do Pará, passando a integrar a então Capitania do Maranhão da América Portuguesa. Em 1616 foi criada a Capitania do Grão-Pará e a cidade de Belém do Pará, quando os portugueses decidiram expandir seus domínios para o oeste. Posteriormente foi criando o Estado do Grão-Pará e Rio Negro, que englobava tanto o atual estado do Pará como a Capitania de São José do Rio Negro (atual estado do Amazonas). O território paraense é coberto pela maior floresta tropical do mundo, a Amazônia. O relevo é baixo e plano; 58% do território se encontram abaixo dos 200 metros. As altitudes superiores a 500 metros estão nas seguintes serras: Serra dos Carajás, Serra do Cachimbo e Serra do Acari. Nos últimos anos, o estado experimentou um notável crescimento econômico, registrando um Produto interno bruto (PIB) considerado alto e uma urbanização maciça em suas maiores cidades. No entanto, o Pará ainda registra vários problemas sociais e ambientais, especialmente em seu interior. Vem do Pará o maior índice de desmatamento no Brasil, mesmo em áreas de preservação ambiental, alinhado a outras anomalias sociais. Problemas como a pobreza e criminalidade são encontrados demasiadamente e o estado possui a segunda pior educação pública do Brasil, conforme o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD-Brasil), além do quarto menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da nação, com 0,698 (2017) e o município com a pior qualidade de vida em todo o país, Melgaço, situado na Ilha de Marajó Pará – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

PARÁ - 1868
Ano 1868\Edição 00031 (1) Diario de Belém : Folha Politica, Noticiosa e Commercial (PA) - 1868 a 1889 12 DE SETEMBRO

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a 1898
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Ano 1989\Edição 22260 (2)

Ano 1989\Edição 22260 (2)

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Ano 1989\Edição 22371 (1)

Ano 1989\Edição 22400 (2)

2008 - CAPOEIRA, IDENTIDADE E GÊNERO - UFPA Campus Cametá - https://www.campuscameta.ufpa.br › textos › cap... PDF O resultado pode ser conferido no seu livro A política da capoeiragem: a história social da capoeira e do boi-bumbá no. Pará republicano (1888-1906).

2012 - A Capoeira no Pará: tradição, fé e resistência no tripé de uma formação cidadã - linesilva_ferreira@hotmail.com - Anderson Patrick Rodrigue rodriguesap_ufpa@yahoo.com.br

2020 - plano_salvaguarda_capoeira_para.pdf (iphan.gov.br)

“Espetáculo de Luta”: a presença feminina na capoeira em Belém do Pará no final do século XIX e início do XX "Espectáculo de Lucha": la presencia femenina en la capoeira de Belém do Pará a finales del siglo XIX y principios del XX "Fighting Spectacle": the female presence in capoeira in Belém do Pará at the end of the 19th century and beginning of the 20th Lucenilda dos Santos Passos Luiz Augusto Pinheiro Leal 03-D-02_Espetaculode-Luta.pdf (generonaamazonia.com)

Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); Titular da FEI (1977/1979); Titular da FESM/UEMA (1979/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IFMA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 15 livros e capítulos de livros publicados, e mais de 425 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Academia Poética Brasileira; Sócio correspondente da UBE-RJ; Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luís (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Prêmio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Prêmio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; Editor da “ALL em Revista”, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras; Editor da Revista do Léo (20172019), MARANHAY – Revista Lazeirenta (2020-2021, já voltando ao antigo título de “Revista do Léo” (2022); Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.

SOBRE O AUTOR
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