CADA QUÁ NO SEU CADA QUÁ: QUANDO A CAPOEIRAGEM COMEÇOU... VOLUME II, por LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - p

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LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ “CADAQUÁ EMSEUCADAQUÁ”: QUANDO A CAPOEIRAGEM COMEÇOU... VOLUME II SÃO LUÍS – MARANHÃO 2023
Volume II “CADAQUÁ EMSEUCADAQUÁ”: QUANDO A CAPOEIRAGEM COMEÇOU... LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ SÃO LUÍS – MARANHÃO 2023

Nossa capa

Jogo de capoeira – autor desconhecido Divulgação Secel

FICHA CATALOGRÁFICA

QUANDO A CAPOEIRAGEM COMEÇOU...

LEOPOLDO GIL DIULCIO VAZ

Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Academia Ludovicense de Letras Academia Poética Brasileira Centro Esportivo Virtual Professor de Educação Física (aposentado) IF-MA; Mestre em Ciência da Informação

Seguiremos, neste resgate, a metodologia utilizada para a construção do Atlas do Esporte no Brasil (DaCosta, 2005), de resgate da memória da Capoeiragem. Ordem cronológica dos acontecimentos, publicados nos jornais dos Estados, disponíveis na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, com o termo de busca “capoeira”. Sempre que possível, também trabalhos acadêmicos. Temos três momentos: os primeiros registros da atuação de ‘capoeiras’, a fase de aceitação, e a diáspora dos mestres baianos, até os tempos atuais. Tenho colocado queaCapoeiragem, noMaranhão, étãoantigaquanto às doRio deJaneiro,Bahia,ouRecife... Fato contestado por alguns Capoeiras... Diz o ditado: “mata-se a cobra e mostra-se o pau”; prefiro mostrar a cobra morta...

Venho trazendo ao conhecimento dos estudiosos da área várias evidências de que desde o princípio dos 1800 já se falava – e se praticava – a capoeiragem por estas bandas. De acordo com Mario Meireles (2012) 1 até antes, referindo-se à chegada do Bispo D. Timóteo do Sacramento (1697-1702) – homem intolerante -, e às suas brigas com a população, excomunhões, e enfrentamentos, inclusive físico – brigas nas ruas de seus correligionários e opositores, alguns de outras ordens religiosas: “[...] enquanto os escravos de ambos – do Bispo e do Prior – cruzando-se nas ruas tentavam decidir o desentendimento de seus senhores a golpes de capoeira.” (p. 98).

Claro que o Mestre se enganou quanto à prática da capoeiragem naquela época...

1577 - Primeiro registro do vocábulo “capoeira” na língua portuguesa: Padre Fernão Cardim (SJ), na obra “Do clima e da terra do Brasil”. Conotação: vegetação secundária, roça abandonada (Vieira, 2005) 2 .

1640 – Com o advento das invasões holandesas, na Bahia e em Pernambuco, principalmente a partir de 1640, houve uma desorganização generalizada no litoral brasileiro, permitindo que muitos escravos fugissem para o interior do país, estabelecendo-se em centenas de quilombos, tendo como consequência o contato ora amistoso, ora hostil, entre africanos e indígenas. Tende-se a acreditar que o vocábulo, de origem indígena Tupi, tenha servido para designar negros quilombolas como “negros das capoeiras”, posteriormente, como “negros capoeiras” e finalmente apenas como “capoeiras”. Cabe ressaltar, que nunca houve nenhum registro da Capoeira em qualquer quilombo. Sendo assim, aquilo que antes etimologicamente designava “mato” passou a designar “pessoas” e as atividades destas pessoas, “capoeiragem”. (Vieira, 2005) 3 .

1 MEIRELRES, Mário. ‘A cidade cresce e é posta sob interdito pelo Bispo (1697-1702)”. In HISTORIA DE SÃO LUIS (org. de Carlos Gaspar e Caroline Castro). São Luis: Licar, 2012, edição da Faculdade Santa Fé, póstuma, p. 93-99

2 VIEIRA, Sérgio Luiz de Souza. Capoeira. in PEREIRA DA COSTA, Lamartine (org.). ATLAS DE ESPORTES NO BRASIL. Rio de Janeiro : Shape, 2005, p. 39-40. 3 in www.capoeira-fica.org

APRESENTAÇÃO

1712 – Segundo Coelho (1997, p. 5) 4 o termo capoeira é registrado pela primeira vez com a significação de origem linguística portuguesa (1712), não se visualizando qualquer relação com o léxico tupi-guarani. 1757 é encontrada primeira associação da palavra capoeira enquanto gaiola grande, significando prisão para guardar malfeitores. (OLIVEIRA, 1971, citado por ARAÚJO, 1997, p. 5) 5 . Ressalte-se que está vinculado ao Estado Colonial do Maranhão e Grão-Pará, em carta de Mendonça Furtado ao seu irmão, o Marques de Pombal, ... 1769/1779 – As primeiras notícias sobre a Capoeira/Capoeiragem aparecem, já, no SÉCULO XVIII 6: na década de 1769-1779, Joaquim Manoel de Macedo, em sua crônica “Memórias da Rua do Ouvidor”, relata fatos que aconteceram durante a administração do vice-rei, o Marques do Lavradio; nelas, relata a famosa história do tenente Amotinado, capoeirista que teria servido de auxiliar nas aventuras eróticas do vice-rei. Considera-se ser esta a primeira referência sobre a capoeira no Rio de Janeiro; provavelmente Macedo se aproveitou de memória oral de seu tempo (1820 a 1882), assim como de pasquins e cantigas que se fez a respeito na época. Em sua referência direta à capoeira, Macedo (1988, p. 37) apenas comenta que “talvez fosse o mais antigo capoeira do Rio de Janeiro, jogando perfeitamente a espada, a faca, o pau e ainda e até de preferência a cabeçada e os golpes com os pés”. (Vieira e Assunção, 1998).

1770 (Edmundo, 1938, citado por Vieira, 2005) Afirma Hermeto Lima:

“[...] segundo os melhores cronistas, data a Capoeiragem, de 1770, quando para cá andou o Vice-Rei Marques do Lavradio. Dizem eles também que o primeiro capoeira foi um tenente chamado João Moreira, homem rixento, motivo porque o povo lhe apelidou de ‘amotinado’. Viam os negros escravos como o ‘amotinado’ se defendia quando era atacado por 4 ou 5 homens, e aprenderam seus movimentos, aperfeiçoando-os e desdobrando-os em outros dando a cada um o seu nome próprio. Como não dispunham de armas para sua defesa uma vez atacados por numeroso grupo defendiam-se por meio da ‘Capoeiragem’, não raro deixando estendidos por uma cabeçada ou uma rasteira, dois ou três de seus perseguidores” (Lima, Hermeto in “Os Capoeiras”, Revista da Semana 26 nº 42, 10 de outubro de 1925, citado por Vieira, 2004)

1788 (?) as maltas dos capoeiras já inquietavam os cidadãos pacatos do Rio de Janeiro e se tornavam um problema para os vice-reis (Carneiro, 1977)

1789 12 de abril – primeiro aparecimento da palavra capoeira escrita no registro da prisão de Adão, pardo, escravo, acusado de ser capoeira. [Nireu Cavalcanti, O Capoeira, Jornal do Brasil, 15/11/1999, citando do códice 24, Tribunal da Relação, livro 10, Arquivo Nacional, Rio de Janeiro]. (texto disponível em www.capoeira-palmares.fr/histor)

E no Maranhão:

1820 – Para Mestre Marco Aurélio (Marco Aurélio Haickel), desde os anos de 1820 têm-se registros em São Luís do Maranhão de atividades de negros escravos, como a “punga dos homens”. Esclarece que, antigamente, a Punga era prática de homens e que após a abolição e a aceitação da mulher no convívio em sociedade passa a ser dançada por mulheres, apenas:

“Há registro da punga dos homens, nos idos de 1820, quando mulher nem participava da brincadeira sendo como movimentos vigorosos e viris, por isso o antigo ditado a respeito: “quentado a fogo, tocado a murro e dançado a coice” (Mestre Marco Aurélio, em correspondência eletrônica, em 10 de agosto de 2005).7

Por ter certa semelhança com uma luta, a “pernada” ou “punga dos homens” tem sido comparada à capoeira. A pernada que se constata no tambor de crioula do interior, lembra a luta africana dos negros bantus chamada batuque, que Carneiro (1937, p. 161-165) descreve em Cachoeira e Santo Amaro na Bahia e que usava os mesmos instrumentos e lhe parece uma variante das rodas de capoeira.

4 ARAÚJO, 1997, obra citada.

5 ARAÚJO, 1997, obra citada,

6 Onde não está indicado o estado/cidade, refere-se a fatos ocorridos no Município da Corte – Rio de Janeiro.

7 [Jornal do Capoeira] http://www.jornalexpress.com.br/

SUMÁRIO

Expediente

Apresentação 03 Sumário 05

VOLUME I

CADA QUÁ EM SEU CADA QUÁ: QUANDO A CAPOEIRAGEM COMEÇOU... por LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ por Leopoldo Gil Dulcio Vaz - Issuu

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES PRILIMINARES 06

ORIGENS 17

RIO DE JANEIRO – DÉCADAS DE 1760/70 21

MINAS GERAIS – 1825 41

MARANHÃO – DÉCADA DE 1820 65

CEARÁ – 1830 99

SÃO PAULO – 1833 SOROCABA – 1833 125

ALAGOAS – 1834 139

SERGIPE – 1842 153

BAHIA – 1849 161

PERNAMBUCO – 1850 189

SANTA CATARINA – 1850 199

MATO GROSSO – 1859 231 PARAÍBA – 1861 275 ESPÍRITO SANTO – 1868 283 PARÁ – 1868 327

RIO GRANDE DO SUL – 1869 397

VOLUME II

AMAZONAS - 1872 417 PIAUÍ - 1874 433 GOIÁS - 1881 451 AMAPÁ - 1885 461 PARANÁ - 1889 467

RIO GRANDE NO NORTE – 1889 523 ACRE – 1904 535

DISTRITO FEDEAL - 1963 553 RORAIMA - 1969 563

MATO GROSSO DO SUL – DÉCADA DE 1980 579 RONDONIA - 1981 589

TOCANTINS – DÉCADA DE 1980 619 SOBRE O AUTOR 623

VOLUME I RIO DE JANEIRO – (1626); (1687); 1769/1779 MINAS GERAIS – 1825 MARANHÃO – DÉCADA DE 1820 CEARÁ – 1830 SÃO PAULO - 1833 ALAGOAS – 1834 SERGIPE – 1842 BAHIA - 1849 PERNAMBUCO - 1850 SANTA CATARINA – 1850 MATO GROSSO - 1859 PARAIBA – 1861 ESPÍRITO SANTO - 1868 PARÁ - 1868 RIO GRANDE DO SUL – 1869 VOLUME II

Amazonas é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está situado na Região Norte, A área média de seus 62 municípios é de 25 335 km², Sua capital é o município de Manaus. Seus limites são com o estado do Pará ao leste; Mato Grosso ao sudeste; Rondônia e Acre ao sul e sudoeste; Roraima ao norte; além da Venezuela, Colômbia e Peru ao norte, noroeste e oeste, respectivamente. A Região Metropolitana de Manaus, com população superior aos 2,7 milhões de habitantes, é sua única região metropolitana.[15] O descobrimento da região hoje formada pelos estados do Amazonas e Pará foi de responsabilidade do espanhol Francisco de Orelhana. A viagem foi descrita apontando as belezas e possíveis riquezas do local, com os fatos e atos mais prováveis de chamar a atenção da coroa espanhola. Durante essa expedição (ocorrida à época 1541-1542), os espanhóis teriam encontrado as mulheres amazonas guerreiras as Icamiabas, sobre as quais há muita fantasia, mitos e folclores. Em 1850, no dia 5 de setembro, foi criada a Província do Amazonas, desmembrada da Província do Grão-Pará. Os motivos que levaram à criação da Província do Amazonas foram muitos, em especial, a grandíssima área territorial administrada pelo Grão-Pará, com capital em Belém, e as tentativas fracassadas do Peru em ampliar suas fronteiras com o Brasil, com o apoio dos Estados Unidos Amazonas – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Em primeiro, gostaria de salientar que, no período colonial, fora criado o Estado Colonial do Maranhão e Grão-Pará, que se estendia desde o Mucuripe – Ceará até as Guianas e Suriname; do Atlântico até os contrafortes dos Andes, incluindo parte do hoje Mato Grosso. Da correspondência do então Governador do Estado do Maranhão e Grão-Pará e o Ministro de D. José I, Marcos Carneiro de Mendonça8 em “A Amazônia na era Pombalina”, traz-nos carta de Mendonça Furtado9 a seu irmão, o Marques de Pombal, datada de 13 de junho de 1757, dando conta da desordem acontecida no Arraial do Rio Negro, com as tropas mandadas àquelas paragens, quando da demarcação das fronteiras entre as coroas portuguesa e espanhola. Afirma que os dois regimentos que foi servido mandar para guarnição eram compostos daquela vilíssima canalha que se costuma mandar para a Índia e para as outras conquistas, por castigo. A maior parte das gentes que para cá era mandada eram ladrões de profissão, assassinos e outros malfeitores semelhantes, que principiavam logo pôr a terra em perturbação grande:

“[...] que estava uma capoeira cheia desta gente para mandarem para cá [...] sem embargo de tudo, se introduziram na Trafalha, soltando-se só do regimento de Setúbal, nos. 72 ou 73 soldados, conforme nos diz o Tenente-Coronel Luis José Soares Serrão, suprindo-se aquelas peças com estes malfeitores [...] rogo a V. Exa. queira representar a Sua Majestade que, se for servido mandar algumas reclutas (sic), sejam daqueles mesmos homens que Sua majestade, ordenou já que viesse nestes regimentos, e que as tais capoeiras de malfeitores se distribuam por outras partes e não por este Estado que se está criando [Capitania do Rio Negro] [...]” (p. 300). (grifos do texto).

Matos e Cruz (2021)10 Fazem uma revisão crítica dos 49 anos de “capoeira com berimbau” no Amazonas. Temos, como produto sociocultural desta, 81 mestres radicados, 90 aparelhos difusores de capoeira, relações com mais de 40 categorias sociais, artísticas e científicas e com mais de 100 instituições públicas e privadas. A capoeira difundiu-se em todas as classes sociais e faixas etárias, possui representantes nacionais e internacionais, dá origem a publicações acadêmicas, assim como a diversos tipos de mídia, e dispõe de representações de classe. Hoje, apesar de ser considerada patrimônio cultural imaterial do Amazonas, não possui uma efetiva política pública de salvaguarda. Analisando-se comparativamente a formação de capoeiristas e mestres e as gerações subsequentes, foi possível

8 MENDONÇA, Marcos Carneiro de. A AMAZONIA NA ERA POMBALINA. Tomo III. Brasilia: Senado Federal, 2005, volume 49-C. 9 Francisco Xavier de Mendonça Furtado (1700 1769) foi um administrador colonial português. Irmão do Marquês de Pombal e de Paulo António de Carvalho e Mendonça. Foi governador geral do Estado do Grão-Pará e Maranhão de 1751 a 1759 e secretário de Estado da Marinha e do Ultramar entre 1760 e 1769. http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Xavier_de_Mendon%C3%A7a_Furtado

10 MATOS, Luiz Carlos de; CRUS, Tharcísio Santiago. A capoeira em Manaus – Amazonas (1969-2021), IN Revista Entrerios, Vol. 4, n. 2, p. 15-34, (2021)

AMAZONAS - 1872

interpretar os desdobramentos da capoeira na sociedade local e, assim, situá-la num quadro interpretativo de sua contribuição histórica e antropológica para a afirmação da cultura popular no Amazonas.

Ciclo da Borracha (de 1880 a 1912 e de 1942 a 1945) 1899 - Até a presente data, o registro mais antigo da capoeira no Amazonas é o da “capoeira sem berimbau”, em 18 de junho de 1899, data inserida no Ciclo da Borracha.

Encontramos uma primeira referencia à capoeiragem em 1872: Amasonas (AM) - 1866 a 1900 - Ano 1872\Edição 00429 (1)

1878\Edição

Jornal do Amazonas (AM) - 1875 a 1888 Ano 1877\Edição 00184 (1) 23 DE MAIO

Ano 00211 (1) – 04 de dezembro
Ano 1878\Edição 00235 (1) – 14 de abril

Amasonas (AM) - 1866 a 1900 - Ano 1883\Edição 00847 (1)

Jornal do Amazonas (AM) - 1875 a 1888 - Ano 1885\Edição 01031 (1)

Diario de Manáos : Propriedade de uma Associação (AM) - 1890 a 1894 Ano 1891\Edição 00052 (1)

O Imparcial (AM) – 1897 Ano 1897\Edição 00047 (1) – 04 DE MAIO

A Federação : Orgão do Partido Republicano Federal (AM) - 1895 a 1900- Ano 1899\Edição 00396 (1) –

Commercio do Amazonas (AM) - 1870 a 1912 Ano 1899\Edição 00486 (1)

Correio do Norte : Orgão do Partido Revisionista do Estado do Amazonas (AM) - 1906 a 1912 - Ano 1906\Edição 00139 (1)

1º de agosto

Correio do Norte : Orgão do Partido Revisionista do Estado do Amazonas (AM) - 1906 a 1912 - Ano Ano 1911\Edição 00642 (1) – 13 de março

A Lanceta (AM) - 1912 a 1915 Ano 1912\Edição 00027 (1)

Ano 1914\Edição 00067 (1)

A Capital (AM) - 1917 a 1918 - Ano 1917\Edição 00094 (1)

O Madeirense : orgão dos interesses do municipio (AM) - 1918 a 1919 Ano 1918\Edição 00030 (2) Humaitá, 29 de setembro
Imparcial (AM) – 1918 - Ano 1918\Edição 00154 (1) – 02 de junho

Zona Franca de Manaus (de 1967 até a atualidade) foram criados e estabelecidos em comum acordo pelos três entes federativos como ações desenvolvimentistas que visavam à ocupação do “grande vazio demográfico” da Amazônia. A capoeiragem já estava presente na região Norte do país desde a época do Império e nas primeiras décadas da República (principalmente em Belém e Manaus), consolidando-se primariamente como uma modalidade de rebeldia social no formato da “capoeira sem berimbau” (BONATES, 1997, 2011, 2016). Entende-se como “capoeira sem berimbau” a capoeira cuja técnica e cujo treinamento visam somente à briga de rua e/ou à defesa pessoal, com ou sem o emprego de armas.

1969 - a Fundação de Cultura do Amazonas traz a Manaus, para apresentações de capoeira no Teatro Amazonas, o famoso capoeirista e lutador de vale-tudo: o baiano Waldemar Santana, ou Leopardo Negro (também conhecido como Pantera Negra), com sua companhia formada pelos capoeiristas Pombo de Ouro, Tarzan (Sansão), Bando e Berimbau.

1972 - A “capoeira com berimbau”, instituída a partir do ano de 1972, é a capoeira regida pelo berimbau, que atua como instrumento-rei e de comando. Seu principal momento é a roda de capoeira, objetivando a ludicidade. É também conhecida como “capoeira baiana”. Cruz (2021) informa que a abrangência da “capoeira com berimbau” no estado do Amazonas atinge, desde os anos 1980, a longínqua região denominada Alto Solimões.

1972 - Waldemar Santana retorna a Manaus, onde passa uma temporada de três meses. Ele realiza apresentações de capoeira na sede do Nacional Fast Clube e em excursões turísticas, ministra aulas de vale-tudo na sede do Atlético Rio Negro e participa de algumas lutas.

- Bonates (2011) afirma que o ano de 1972 é um divisor na história da capoeiragem no Amazonas. Justifica tal afirmação informando que, no início do segundo semestre de 1972, induzido pelo fluxo migratório causado pela Zona Franca de Manaus, o jovem goiano, aventureiro e capoeirista Julival do Espírito Santo, o Mestre Gato de Silvestre desembarca em terras manauaras e introduz de forma definitiva a capoeira comandada pelo berimbau. Inicialmente, Mestre Gato de Silvestre cria provisoriamente um nome para seu trabalho, intitulando-o de Grupo de Capoeira Zumbi dos Palmares (GCZP), que se torna o primeiro núcleo de ensino de “capoeira com berimbau” no Amazonas, tendo como local de treinamento a sede do Grêmio Náutico Portugal, situada na região central de Manaus, na confluência do início da Avenida Sete de Setembro com a Rua Visconde de Mauá. O Clube Náutico Portugal era presidido pelo senhor José Brás Ferreira, o professor Brás, conhecido lutador de luta-livre, boxe e outras artes marciais, que mantinha, além da prática do remo, uma academia de lutas. O filho do professor Brás, Édson Colyer Brás da Silva, o “Spartacus” (12/7/1951- 11/11/1977), lutador de vale-tudo e catch-as-catch-can, levou o Mestre Gato de Silvestre para ministrar aulas de capoeira no Náutico Portugal, tornando-se o seu primeiro aluno em Manaus. Logo depois, se matricularam Américo Omena, Fernando Lopes (delegado de polícia), os irmãos Marcos, Maurício e Almir Dantas, o lutador Carrasco Cearense, Magriça, Paulinho, Marcolino Salgado, Fernando Lemos de Almeida, Newton Ferreira Filho, os irmãos Wallace e José Wilson Cavalcante, entre outros.

Mestre Gato de Silvestre viveu sua pré-adolescência em Goiânia, onde aprendeu capoeira regional. Depois de excursionar por várias cidades brasileiras, passou a treinar na Associação de Capoeira Vera Cruz, na capital São Paulo, com o baiano Silvestre Vitório Ferreira, o Mestre Silvestre, que em Salvador (BA), na década de 1960, era conhecido como Ferreirinha. Mestre Silvestre aprendeu capoeira, na segunda metade da década de 1950, com os Mestres Waldemar da Liberdade e Caiçara, e era frequentador do Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA). Foi um dos componentes do grupo que Mestre Caiçara levou para São Paulo para gravar o LP Academia de Capoeira de Angola São Jorge dos Irmãos Unidos do Mestre Caiçara 1973, Mestre Gato de Silvestre então transferiu suas aulas de capoeira para a Rua Barroso, 267, situada na área comercial da Zona 3   No dia 2 de fevereiro de 1973, Mestre Gato de Silvestre inaugura festivamente, no antigo Palacete dos Epaminondas, a primeira Academia de Capoeira do Amazonas, a Zumbi dos Palmares.4 No espaço dessa academia, o alagoano Edgar Francisco da Chaga (Mestre Chaguinha) e os amazonenses Luiz Carlos de Matos Bonates (Mestre KK Bonates) e Ivanildo da Silva Corrêa (professor Baixinho Chiburita) deram continuidade aos seus treinamentos de capoeiragem e iniciaram-se na “capoeira com berimbau” com o Mestre Gato de Silvestre 1975, tendo como núcleo gerador a Academia de Capoeira Zumbi dos Palmares, foram criados vários grupos, associações e núcleos de capoeira em Manaus. Primeiramente pelos alunos Chaguinha, KK Bonates e Ivanildo Baixinho, que contribuíram com o Mestre Gato de Silvestre, tanto de forma individual quanto coletiva, para a expansão de um modelo baiano de capoeira reconfigurado no Sudeste, introduzido pelo mestre. Com o passar dos anos, o referido modelo de capoeira dividiu-se em dois grandes segmentos, denominados pela comunidade local de segmento contemporâneo e segmento tradicional, os quais detalharemos mais adiante. Houve a abertura de novos espaços de ensino de capoeira em Manaus e no interior do estado a partir da segunda metade da década de 1970 e na primeira metade da década de 1980, pela ordem de fundação: “Unidos de Nagô”, fundado por Chaguinha e Baixinho; “Oxumaré” (de curtíssima vida), fundado por Chaguinha e KK Bonates;

“Bantus de Angola”, fundado por Chaguinha, Washington Maguila, Roberto Banana e Marcos Dentinho; “Alma Negra”, fundado por KK Bonates

1980, uma segunda geração de difusores – alunos da primeira geração e capoeiras vindos de outros estados – deu continuidade ao processo de propagação do ensino da capoeira no Amazonas, tanto na capital quanto no interior, e, nacional e internacionalmente. Esse processo se deu de forma desordenada e sem critérios comunitariamente estabelecidos, resultando, em muito, na perda ou no distanciamento da proposta pedagógica inicial de capoeira ensinada por Mestre Gato de Silvestre 49 anos de existência da “capoeira com berimbau” no Amazonas, é possível apontar como produto cultural e social: 81 mestres radicados no Amazonas, 90 aparelhos difusores da capoeira (academias, associações, escolas e grupos), relações com mais de 40 categorias sociais, artísticas e científicas e com mais de 100 instituições públicas e privadas. Registra-se a presença de alguns mestres de capoeira não radicados no Amazonas, baianos ou não, que aqui deixaram sua contribuição para o enriquecimento cultural da capoeiragem no Amazonas, tanto para o segmento contemporâneo quanto para o segmento tradicional:

a) Segmento contemporâneo: Gato da Senzala, Juanito Baiano, Profeta, De Menor, Jelon, Camiseta, Nagô, Carioca, Rodolfo, Almir das Areias, Marcos Alabama, Squisito, Índio, Albino, Suassuna, Romão, Mão Branca, Beto “Boneco” Simas, Barrão, Kall, Niltinho, Escorpião, Huck, Cuité, Negro Ativo, Luiz, Tiroteio, Sabará, Cobrinha, Porrada, Nem, Museu, Beija-Flor, Aranha, Macula, entre outros.

b) Segmento tradicional: Silvestre Ferreirinha, João Pequeno, Augusto Demolidor, Boca Rica, Lua de Bobó, Moa do Katendê, Nhô Plínio Garoa, Zequinha de Piracicaba, Dinelson, Djop Corta Capim, Jogo de Dentro, Cobrinha Mansa, Valmir, Jurandir, Renê Bitencourt, Decânio, Vermelho 27, Vermelho Boxel, Miguel Preto, Nenel Machado, Preguiça da Filhos de Bimba, Hélio Xaréu, Boinha Boaventura, Pombo de Ouro, Itapoan, Onça Negra, Deputado, Saci de Bimba, entre outros.

BONATES, Luiz Carlos de Matos. “A capoeiragem na tribo dos manaós”. O Muhra – Secretaria de Cultura, Esportes e Estudos Amazônicos, ano I, (1), 1997, n. p.

BONATES, Luiz Carlos de Matos. “A capoeiragem baré”. In: SAMPAIO, Patrícia Melo (org.). O fim do silêncio: presença negra na Amazônia. Belém: Açaí/CNPq, 2011. pp. 79-102.

BONATES, Luiz Carlos de Matos. “A capoeiragem no Amazonas (1905 a 1980)”. In: PIRES, Antônio Liberac Cardoso Simões et al. Capoeira em múltiplos olhares: estudos e pesquisas em jogo. Cruz das Almas: EDUFRB; Belo Horizonte: Fino Traço, 2013. pp. 163-182. (Coleção UNIAFRO).

BONATES, Luiz Carlos de Matos. Visibilidade da palavra capoeira enfatizada como luta nos jornais do Amazonas no período de 1852 a 1999. Relatório de pesquisa (termo aditivo ao termo de doação número 15/2015). Programa de Apoio às Artes, Secretaria de Cultura do Amazonas, 2018.

BONATES, Luiz Carlos de Matos; CRUZ, Tharcísio Santiago. Capoeira: o patrimônio gingado do Amazonas e sua salvaguarda. Manaus: IPHAN, 202 CRUZ, Tharcísio Santiago. A capoeira no Alto Solimões: corpo, identidade e interação social. Tese de Doutorado. PPGAS, Universidade Federal do Am

Piauí Localiza-se no noroeste da Região Nordeste, engloba a Sub-Região MeioNorte do Brasil. Limita-se com cinco estados: Ceará e Pernambuco a leste, Bahia a sul e sudeste, Tocantins a sudoeste e Maranhão a oeste. Delimitado pelo Oceano Atlântico ao norte, o Piauí tem o menor litoral do Brasil, com 66 km. Sua área é de 251 577,738 km²,[nota 1] sendo pouco maior que o Reino Unido, e tem uma população de 3 289 290 habitantes.[2] A capital e cidade mais populosa do estado é Teresina. Está dividido em 4 mesorregiões e 15 microrregiões, divididos em 224 municípios. Os municípios com população superior a oitenta mil habitantes são Teresina, Parnaíba e Picos. Tem um relevo moderado e a regularidade da topografia é superior a 53% inferiores aos 300m. Parnaíba, Poti, Canindé, Piauí e São Nicolau são os rios mais importantes e todos eles pertencem à bacia do rio Parnaíba. Possui clima tropical e semiárido. As principais atividades econômicas do estado são a indústria (química, têxtil, de bebidas), a agricultura (algodão, arroz, cana-de-açúcar, mandioca) e a pecuária. A região do Piauí começou a ser povoada pelos colonizadores europeus e sobretudo portugueses no século XVII, desde o interior, na época em que vaqueiros, vieram principalmente da Bahia, à procura de pastos. Em 1718, o território, até então pertencente à Bahia, passou a fazer parte do Maranhão. Em 1811, o príncipe Dom João, cinco anos antes de ser coroado rei de Portugal, elevou o Piauí à categoria de capitania independente. Depois que o Brasil tornou-se independente, em 1822, as tropas com fidelidade a Portugal ocuparam a cidade de Parnaíba; as adesões foram recebidas pelo grupo, mas os piauienses acabaram por derrotar os portugueses em 1823. Certos anos após a batalha, por movimentos revoltosos, como a Confederação do Equador e a Balaiada, o Piauí também foi atingido. Em 1852, o governo provincial transferiu a capital de Oeiras para Teresina, desde então o estado começou a crescer economicamente. Desde a Proclamação da República no Brasil, foi apresentado pelo estado que o terreno político tornou-se tranquilo, mas foi muito difícil que o Piauí se desenvolvesse social e economicamente

Mestre Baé liga (20/10/2014). Há muito não nos falávamos. Conta-me sobre o último ano, o ter deixado a Federação e ir cuidar de sua vida, de sua família, e de seu Grupo. Perspectivas de se estabelecer na Europa. Além do Tocantins e Pará, continuando a expansão pelo interior do Maranhão... Fala de que está indo com regularidade ao Piauí, onde a Capoeira está a começar... Digo que não! A Capoeiragem no Piauí é tão antiga quanto a do Maranhão... Têm a mesma origem, desde meados dos 1800 se tem notícias; falei dos Basson, de Parnaíba: Um aluno [do Colégio Pedro Segundo]11, reconhecido como capoeira, foi José Basson de Miranda Osório, nasceu em Parnaíba a 17 de novembro de 1836, faleceu a 17 de abril de 1903, na Estação de Matias Barbosa, Estado de Minas Gerais. Cursou humanidades no tradicional Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, seguindo para São Paulo e ingressando na Faculdade de Direito. Filho do Coronel José Francisco de Miranda Ozório, um dos chefes emancipacionista do Piauí no movimento parnaibano de 19 de outubro de 1822, Comandante das forças legalistas na guerra dos Balaios e um dos raros monarquistas brasileiros a resistir ao golpe republicano de 1889. Ocupou dentre outros, os seguintes cargos: Inspetor, Tesoureiro da Alfândega, Promotor e Prefeito de Parnaíba, Deputado Provincial e Vice-Presidente da Província do Piauí por longos anos, Presidente da Província da Paraíba, Inspetor da Alfândega do Pará e do Ceará, Chefe de Polícia da Capital do Império. (PASSOS, 1982) 12

Para Costa (2007) 13, no Rio de Janeiro, no Recife e na Bahia, a capoeira seguia sua história, e seus praticantes faziam a sua própria. Originavam-se de várias partes das cidades, das áreas urbanas e rurais, das classes mais

11 [...] Muitos dos mais influentes personagens da história do Brasil e da capoeira estudaram no Colégio Pedro II, existindo informações sobre a prática da Capoeira entre eles. O ano de 1841 é considerado como o marco inicial da história da gymnastica no Colégio Pedro Segundo. Exatamente no dia nove de setembro, Guilherme Luiz de Taube, ex-capitão do Exército Imperial, entrou em exercício no cargo de mestre de gymnastica do Colégio. In CUNHA JR, C F F. Organização e cotidiano escolar da “Gymnastica” - uma história no Imperial Collegio de Pedro Segundo. Perspectiva, Florianópolis, v. 22, n. Especial, p. 163-195, jul./dez. 2004 on line, disponível em http://eu-bras.blogspot.com/search/label/1841-Gymnasia%20militar%20en%20el%20Colegio%20Pedro%20II 12 PASSOS, Caio. Cada rua sua história. Parnaíba: [s.n.], 1982. citado por , SILVA, Rozenilda Maria de Castro COMPANHIA DE APRENDIZES MARINHEIROS DO PIAUÍ E A SUA RELAÇÃO COM O COTIDIANO DA CIDADE DE PARNAÍBA. on line, http://www.ufpi.br/mesteduc/eventos/ivencontro/GT10/companhia_aprendizes.pdf 13 COSTA, Neuber Leite CAPOEIRA, TRABALHO E EDUCAÇÃO. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Educação, 2007.

PIAUÍ – 1874

abastadas às mais humildes, de pessoas de origem africana, afro-brasileira, europeia e brasileira, inserindo-se em vários setores e exercendo várias atividades de trabalho, profissões e ofícios. Alguns exemplos que fundamentam essa constatação: Manduca da Praia, empresário do comércio do ramo da peixaria, Ciríaco, um lutador e marinheiro (CAPOEIRA, 1998, p. 48) 14; José Basson de Miranda Osório, chefe de polícia e conselheiro (REGO, 1968)15 [...](GRIFOS MEUS).

FONTE: PASSOS, Caio. Cada rua sua história. Parnaíba: [s.n.], 1982. Citado por , SILVA, Rozenilda Maria de Castro COMPANHIA DE APRENDIZES MARINHEIROS DO PIAUÍ E A SUA RELAÇÃO COM O COTIDIANO DA CIDADE DE PARNAÍBA.

Jornal ‘O Papiro”, de 1874, periódico literário, de Teresina-PI, edição de 9 de julho, em “Reminiscências Infantis” escrevia Lívio Druso:

No jornal “A Época”, órgão conservador, disponível os números de 1878 a 1884, se encontram dez referencias sobre ‘capoeira’, nem sempre relacionadas com capoeiristas e capoeiragem. Na edição de 7 de maio de 1880, por exemplo, ao referirem-se alguns queixosos sobre a atuação do Juiz e das tropas regulares em Jaicó, identifica o Juiz como um cínico, afirmando ‘Que capoeira? Como sabe ser estupidamente cínico.’

Voltemos ao Dr. Basson, e a esse mesmo jornal, edição de 22 de setembro de 1883; o articulista o identifica como ‘capoeira’, e utiliza outro termo para identificar os praticantes da arte da capoeiragem: caceteiro:

14
NESTOR CAPOEIRA: PEQUENO MANUAL DO JOGADOR. 4. ed. Rio de Janeiro: Record. 1998.
15
REGO, Waldeloir. CAPOEIRA ANGOLA: UM ENSAIO SÓCIO-ETNOGRÁFICO. Salvador: Itapuã, 1968.

Em diversas edições, posteriores, em se tratando de fatos e intrigas da política local, dos interiores do Piauí, sempre que se queria denegrir alguém, se lhe referia como “capoeira”:

Barras

Passemos aos registros do Jornal “O Apóstolo”, disponíveis os anos de 1907 a 1912, com seis ocorrências. As do ano de 1909 – a partir de outubro – se referem à capoeira como mato, necessitando de a cidade ser remodelada, eliminando-se “essas capoeiras”, em críticas à proposta do novo Governador de ajardinar a cidade. Outros, a terrenos pertencentes a alguém, e que estaria sendo invadido. Mas há referencia também à prática da “capoeira” a que nos referimos, enquanto arte-luta, como esse comentário:

Campo Maior Amarante
Barras Barras

Baé, podemos ir um pouco mais longe; sabemos que no período colonial desde o Ceará até Rondônia e o Caribe, desde o Atlântico até os contrafortes dos Andes, havia nesse território o grande estado do Maranhão, criando em 1617 e implantado a partir de 1621; o Piauí ficou subordinado ao Maranhão até 1816. Portanto, nossas histórias são as mesmas, subdividindo-se na medida em que o território foi sendo desmembrado; primeiro, o Ceará que voltou a Pernambuco; o Piauí foi a última Província a ser desmembrada...

Em meu livro “Crônica da Capoeiragem” (2014) 16 trago um capítulo“RES PRO PERSONA” 17 , 18 onde procuro esclarecer a origem do termo “capoeira”. O que é ‘capoeira’?

Nossas origens – Maranhão e Piauí – são as mesmas; nossas histórias - até pelo menos 1816 é a mesma – se confundem. Mesmo após a separação, somos estados siameses. Os episódios da Balaiada transcorreram tanto no Maranhão – seu início – quanto no Piauí. Parnaíba teve um papel importante no combate aos insurretos. E os balaios praticavam a capoeiragem... Fico por aqui; devemos buscar mais informações...

1836 nascimento de José Basson de Miranda Osório, em Parnaíba a 17 de novembro de 1836, faleceu a 17 de abril de 1903, na Estação de Matias Barbosa, Estado de Minas Gerais. Cursou humanidades no tradicional Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, seguindo para São Paulo e ingressando na Faculdade de Direito. Filho do Coronel José Francisco de Miranda Ozório, um dos chefes emancipacionista do Piauí no movimento parnaibano de 19 de outubro de 1822, Comandante das forças legalistas na guerra dos Balaios e um dos raros monarquistas brasileiros a resistir ao golpe republicano de 1889. Ocupou dentre outros, os seguintes cargos: Inspetor, Tesoureiro da Alfândega, Promotor e Prefeito de Parnaíba, Deputado Provincial e Vice-Presidente da Província do Piauí por longos anos, Presidente da Província da Paraíba, Inspetor da Alfândega do Pará e do Ceará, Chefe de Polícia da Capital do Império. Perito na arte da capoeira19

1874 Jornal ‘O Papiro”, periódico literário, de Teresina-PI, edição de 9 de julho, em “Reminiscências Infantis” escrevia Lívio Druso20:

16 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CRÔNICA DA CAPOEIRAGEM. São Luís: Edição do Autor, 2014

17 Por metonímia res pro persona, o nome da coisa passou para a pessoa com ela relacionado.

18 http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2013/11/18/8331/

19 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CRÔNICA DA CAPOEIRAGEM. São Luís, 2014

20 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRAGEM NO PIAUÍ. Correspondência eletrônica pessoal a Mestre Baé, 21/10/2014

1878/1884 no jornal “A Época”, órgão conservador, se encontram referencias sobre ‘capoeira’, nem sempre relacionadas com capoeiristas e capoeiragem, tratando de fatos e intrigas da política local, dos interiores do Piauí, sempre que se queria denegrir alguém, se lhe referia como “capoeira”. 21 1880 Jornal A Época, 7 de maio de 1880, referia sobre alguns queixosos sobre a atuação do Juiz e das tropas regulares em Jaicó, identifica o Juiz como um cínico, afirmando ‘Que capoeira? Como sabe ser estupidamente cínico.’ 22 1883 Jornal A Época, edição de 22 de setembro de 1883; o articulista identifica o Dr. Basson como ‘capoeira’, [José Basson de Miranda Osório foi Inspetor, Tesoureiro da Alfândega, Promotor e Prefeito de Parnaíba, Deputado Provincial e Vice-Presidente da Província do Piauí por longos anos, Presidente da Província da Paraíba, Inspetor da Alfândega do Pará e do Ceará, Chefe de Polícia da Capital do Império. (PASSOS, 1982)] 23 e utiliza outro termo para identificar os praticantes da arte da capoeiragem: caceteiro. 24 1907/1912 Jornal “O Apóstolo” a partir de outubro se refere à capoeira, mas como mato, necessitando de a cidade ser remodelada, eliminando-se “essas capoeiras”, em críticas à proposta do novo Governador de ajardinar a cidade. Outros, a terrenos pertencentes a alguém, e que estaria sendo invadido. Mas há referencia também à prática da “capoeira” enquanto arte-luta:

1954 nascimento de José Carlos de Lima (Mestre Zé Carlos), nascido no dia 06/11/1954 em Teresina, conhecido inicialmente como Mestre Bimba, tendo que mudar de apelido devido a coincidência com um dos mais famosos mestres da história da capoeira no Brasil, é funcionário público e iniciou na capoeira no ano de 1976, em Feira de Santana, retornando ao Piauí em 1977, onde se manteve até hoje ensinando e divulgando a capoeira. Reside à rua Ivan Messias Melo, nº 554, bairro Cristo Rei. Se destacou pela forma plástica e de bastante leveza com que jogava capoeira, acompanhado de mais dois irmãos, em especial com apresentações no carnaval de escolas de samba do Piauí, nas décadas de 1970 e 1980, bem como em escolas públicas, além de ser pioneiro na difusão da capoeira na imprensa televisiva, exibindo-se em programas de auditórios e reportagens ao vivo. [SILVA, Robson Carlos da As narrativas dos mestres e a história da capoeira em Teresina/PI: do pé do berimbau aos espaços escolares. http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/7651]

1957 nascimento de Inocêncio de Carvalho Neto (Mestre Caramurú), natural da localidade de Betúlia, no município de Simplício Mendes, Piauí. Nasceu em 18/08, residente em um Chalé, na Rua Beira Mara, 1666, Bairro Beira Mar, Luiz Correia-PI. Exerce a função de Marceneiro, sendo Microempresário de uma pequena fábrica de

21 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRAGEM NO PIAUÍ. Correspondência eletrônica pessoal a Mestre Baé, 21/10/2014

22 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRAGEM NO PIAUÍ. Correspondência eletrônica pessoal a Mestre Baé, 21/10/2014

23 PASSOS, Caio. Cada rua sua história. Parnaíba: [s.n.], 1982. citado por , SILVA, Rozenilda Maria de Castro COMPANHIA DE

MARINHEIROS DO PIAUÍ E A SUA RELAÇÃO COM O COTIDIANO DA CIDADE DE PARNAÍBA. on line, http://www.ufpi.br/mesteduc/eventos/ivencontro/GT10/companhia_aprendizes.pdf

24 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRAGEM NO PIAUÍ. Correspondência eletrônica pessoal a Mestre Baé, 21/10/2014

APRENDIZES

marcenaria. É Mestre de Capoeira da Associação Cultural Lua Nova de Capoeira, ministrando aulas numa academia própria que montou num galpão que adquiriu, ao qual pretende construir, nos fundos, sua própria residência. É poeta e escritor, tendo seu nome e uma pequena biografia registrada no Dicionário de Poetas Piauienses Contemporâneos. Possuí vasta experiência na Capoeira com viagens a vários estados do Brasil, em espacial Goiás, Brasília, Pernambuco e Rio de Janeiro. [SILVA, Robson Carlos da As narrativas dos mestres e a história da capoeira em Teresina/PI: do pé do berimbau aos espaços escolares. http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/7651]

1962 nascimento de José Gualberto da Silva Neto (Mestre Tucano), nascido em Teresina-PI em 07/08/1962, tem 32 deles dedicados à prática efetiva da capoeira, iniciada no ano de 1978 em Teresina, pelos ensinamentos do professor carioca Paulo Capoeira, um dos pioneiros do ensino da capoeira por aqui, com aulas às segundas, quartas e sextas-feiras no Clube do SESC, na Ilhotas. Possui vasta experiência conquistada pela inserção e participação em eventos de capoeira pelo Brasil e viagens internacionais, organizando eventos de capoeira e participando de encontros promovidos por outros mestres de capoeira. É professor de Educação Física, pela UFPI, com Especialização em Esportes e Saúde, também pela UFPI, exercendo sua função de professor efetivo da Secretaria Estadual de Educação (SEDUC), na APAE, Escola Consuelo Pinheiro, localizada no Bairro Cabral, zona norte da cidade, desenvolvendo atividades de esportes, artístico-culturais e de capoeira com crianças e jovens surdas e portadoras de dificuldades mentais leves, a mais de 20 anos. Reside à Rua Dr. Arêa Leão, 1082, Bairro Mafuá, em Teresina e desenvolve trabalho de capoeira na Casa da Cultura (Prefeitura Municipal), no centro da cidade, às terças e quintas feiras, e no Colégio Alceu Brandão (SEDUC), zona sul, aos sábados e domingos. É Mestre de capoeira pela Associação Cultural Raízes do Brasil e ajudou a fundar a primeira associação legalmente constituída do Piauí, a Associação Esportiva, Cultural e Filantrópica Quilombo Capoeira, no dia 12 de outubro de 1984. [SILVA, Robson Carlos da. As narrativas dos mestres e a história da capoeira em Teresina/PI: do pé do berimbau aos espaços escolares. http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/7651] 1963 nascimento de Mestre Chocolate, nascido em Teresina-PI, no dia 26/09/1963, tem 48 anos, reside em Caracas na Venezuela onde desenvolve trabalhos com capoeira e cultura brasileira em várias instituições culturais, sociais e educacionais naquele país. Iniciou na capoeira no ano de 1978, com o Mestre Tucano, seu irmão. Foi um dos precursores, ao lado do Mestre Tucano, da capoeira nas escolas de Teresina-PI. Logo cedo partiu para São Paulo e depois ao Rio de Janeiro, treinando e ensinado capoeira ao lado de renomados mestres dessa arte, retornando a Teresina, onde passou breve temporada, seguindo para Caracas, capital da Venezuela, desenvolvendo sua capoeira e criando a Associação Humaitá - celeiro de bambas. [SILVA, Robson Carlos da As narrativas dos mestres e a história da capoeira em Teresina/PI: do pé do berimbau aos espaços escolares. http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/7651]

1966 o mestre baiano Washington Bruno da Silva (Canjiquinha) faz suas exibições fora do Estado da Bahia, destacando exibição em Teresina-PI [Rego, 1968, p. 277 - Capoeiras Famosos e seu Comportamento na Comunidade Social”] 1969 Mestre Caramurú (reconhecido no universo da capoeira como o pioneiro dessa cultura no Piauí) chegou a Teresina no ano de 1969, iniciando na prática da capoeira no ano de 1970, pelos ensinamentos de um primo oriundo de Salvador-BA, chamado Washington, que veio morar na Via Militar, no bairro Marquês, zona norte da cidade, mais precisamente no Clube do Marquês, clube dos oficiais do Exército do Piauí. Mestre Caramurú fala de seu início na capoeira: Quando esse primo nosso chegou, ele chegou pela manhã e já fez aquela cara de descolado, morava na capital Salvador, outra vivência, outra coisa, então ele chegou em casa e já foi logo andando na rua, queria saber onde eu estava, qual o colégio e tudo mais, e ele já foi logo me pegar no colégio. Na estrada ele já vinha dizendo que fazia capoeira em Salvador, e foi uma coisa que me fascinou, a tarde a gente brincando em um campo no Marquês, que na época era um campo enorme, de chão batido, não tinha praça, os circos vinham e ficavam lá acampados. A gente ficava lá brincando de bola, e lá rolou o primeiro “au” que eu vi, um “au”, uma “benção”, uma “armada”, um salto, um “s” dobrado, porque pra gente, naquele tempo , um “s” dobrado era bonito demais (risos), então aí começou esse movimento, eu e o Washington, o nome dele era Washington Vieira de Carvalho, só que ele me ensinou de uma maneira meio drástica, ele me dava muita pancada, me botava no chão, doía, ralava joelho, ralava cotovelo quando eu caia, não tinha a manha de cair em queda de rins nem “negativa”, nem “cocorinha”, aí eu fui aprendendo. Depois de uns dias, a gente brincando, e eu disse “olha, hoje você não me derruba mais”, um dia de tarde, depois de uma pelada, tinha suado, fomos jogar, aí eu passei a me embaraçar com ele, de igual pra igual, aí eu dei umas duas rasteiras seguras nele, ele levantava a perna, e eu ia por baixo, só que eu entrava no corpo, eu era mais forte do que ele, ele era maior mais era magro, eu entrava com meu corpo por baixo do dele, empurrava com as mãos e puxava como se fosse uma baianada, uma alavanca lateral, e por duas vezes eu consegui derrubar ele, e aí ele disse “ você já aprendeu”. Me lembro disso como se fosse hoje. Aí começou minha grande audácia de querer fazer aquilo ali sempre com as pessoas.[...] isso foi no ano de 70, de junho até julho, ele (seu primo) esteve com a gente até agosto, que eu me lembro que logo depois do meu

aniversário ele foi embora. [SILVA, Robson Carlos da. As narrativas dos mestres e a história da capoeira em Teresina/PI: do pé do berimbau aos espaços escolares. http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/7651]

1971 Segundo Mestre Caramurú a capoeira em Teresina teve início no ano de 1971, enquanto prática realmente instituída, em local próprio e com o uso de vestimentas características. Durante o ano de 70 não, de jeito nenhum, procurei em muitos lugares, eu andava na Vermelha, tinha uma tia que morava na Vermelha, não tinha, passei a frequentar o Círculo Militar quando o presidente era o Carlito, não tinha ninguém com capoeira por lá em 1970, só fui achar uma pessoa pra jogar capoeira em 1971, isso mais ou menos no carnaval, que era uma pessoa que veio de Fortaleza chamado Cláudio, que disse que iria retornar e montar um grupo de Capoeira. [...] não me lembro se ele era daqui, ele só veio pra cá, passou alguns meses, inclusive deu aula, na segunda vez que ele veio ele deu aula no SESC, mas isso bem depois, 74, 75 por aí. Ele não veio logo em seguida nesse tempo que a gente se encontrou no Círculo Militar. (Mestre Caramurú)

- As primeiras manifestações ficaram a cargo de um pequeno grupo de amigos que se reuniam para a prática da capoeira, conhecido como “thurma”, que pregavam a liberdade de expressão e eram representados enquanto intelectuais, se constituindo numa espécie de grupo fechado, mais atrelado à forma livre de se manifestarem e conduzirem suas experiências:

Meu nome é Inocêncio de Carvalho Neto, nascido no povoado de Betúria, da fazenda Malhadinha, uma das fazendas mais antigas do Piauí, tá no mapa de 1970 pra trás, tem um pontinho lá com o nome de “Fazenda Malhadinha”, onde tinham nove escravos nessa fazenda. Na época, eu me lembro vagamente que eu passei só três anos com meus pais legítimos, a gente ia lá comer manga, essa manga rosa, e andar naquele grande porão de pedra que tem lá até hoje, e a coisa que eu achava muito bonita era um paredão de pedra, a cerca lá era de pedra, feita pelos escravos. Então logo depois tive que fazer uma cirurgia, minha mãe me deu pra minha tia, que morava em Floriano, pra fazer essa cirurgia, e a minha tia gostou muito de mim e não me devolveu mais pra minha mãe (risos), fui criado em Floriano. Então minha infância foi em Floriano, e em 69 meu pai deixou a firma onde trabalhava em Floriano e a gente veio morar em Teresina, em dezembro de 1969. Nossa mobília veio toda em um barco e desceu ali onde hoje em dia é o Troca-Troca em Teresina, aí começamos a morar em Teresina, lá na Rua Tiradentes, próximo ali a Coelho de Rezende, quase esquina com essa rua, e fui estudar no Colégio João Costa, se não me engano é ali atrás do Lindolfo Monteiro, e logo anos depois foi montado o polivalente. Lá no João Costa é que onde começou praticamente os movimentos de capoeira, veja o porquê: lá tinha a quadra da LBA, uns dois pés de manga, muito grande, então aquelas pessoas iam fazer aquela assistência social, aquela coisa toda, e ficavam muitas pessoas lá, então certo dia recebemos uma carta que dizia que um primo meu de Salvador iria passar uns três meses com a gente.

[SILVA, Robson Carlos da As narrativas dos mestres e a história da capoeira em Teresina/PI: do pé do berimbau aos espaços escolares. http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/7651]

1974 Mestre Caramurú inicia um pequeno grupo de capoeira, denominado de Nova lua de Capoeira, sendo o primeiro grupo que se tem notícia no Piauí, por volta de 1974, época que coincide com a chegada de alguns capoeiristas de outros centros que se estabelecem em Teresina:

O “Lua Nova”, [...] foi fundada aí, a raiz dela foi aí, porque primeiro foi “Lua Nova de Capoeira”, depois, com o tempo, é que pessoas me diziam pra fundar uma associação com pessoas que tivessem certa importância na área do esporte ou na área social, daí coloquei como associação, mas não registrada em cartório, não é a associação mais antiga de Teresina, é o grupo de capoeira mais antigo de Teresina. Só veio a haver outro grupo fundado por mim, Carlão, Sevilha, Henry, Paulinho de Tarso, que não é o Paulinho Velho, é o Paulo de Tarso do Rio de Janeiro, o “Paulo Capoeira”, Luís Bahia, que era o Hippie, o Serginho e o Ricardinho, que são dois irmãos do Rio de Janeiro, amigos dele que logo depois vieram pra cá, eram artesãos na época, inclusive me tornei artesão por causa desses dois irmãos. [...] Então, daí em meados de 74 e 75 é que se tem uma amizade com o Paulo Capoeira, que é igual ao Washington, [...] o Washington veio da Bahia e o Paulo Capoeira veio do Rio de Janeiro. Era soldado do exercito, o irmão também era cabo, [...] Resultado: eles vieram embora pra cá devido a recessões lá, aquela coisa toda, ficou muito crítica a situação deles, então o Paulinho veio pra cá, pra casa da avó deles, que ficava no Mafuá, próximo de mim e próximo de Carlão, aonde eu convivia diariamente, que era a casa do coronel, pai do Carlão, e a gente criou aquela amizade, aquela coisa toda. O Paulinho era um eximo capoeirista, malandro do morro, tinha um grupo de capoeira lá no morro, malandro daqueles de gingar, e fazer gesto de macaquice e tal, fazia do corpo o que ele queria, praticamente ele era um “negro de mola”, ta entendendo? Aí a gente começou a treinar, e ele viu que eu tinha potencial, já foi investindo em mim, “olha, você tem que fazer isso aqui comigo direto, não pode sair daqui, tem que ter responsabilidade”, e eu não queria ter muita responsabilidade não.

[SILVA, Robson Carlos da. As narrativas dos mestres e a história da capoeira em Teresina/PI: do pé do berimbau aos espaços escolares. http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/7651]

1975 nas memórias dos mestres, a capoeira começou a se aproximar da escola ainda no ano e 1975, porém somente por meio de apresentações pontuais em escolas públicas, sem nenhum vínculo institucional: Em 1975 a gente fez várias apresentações, vou te citar alguns colégios onde a gente se apresentou: em um colégio na Vermelha, no CSU do Parque Piauí, no colégio da Ampliação no Parque Piauí, no Demóstenes Avelino, próximo à linha do trem, no rumo de quem vai descendo na Pires de Castro, fizemos apresentação várias vezes no Helvídio Nunes, porque a diretora era muito amiga da minha mãe, e ela sempre pedia pra gente fazer apresentação lá, de 75 em diante, em 78 foi quando eu zarpei de Teresina, eu viajei mesmo pra não voltar seguidamente. Fizemos também em um colégio, não me recordo o nome, onde a turma falava “pagou passou”, próximo à São Benedito, tinha o Colégio São Francisco, no centro, depois da Igreja São Benedito, apresentamos muito ali também,fica próximo ao Karnak, por ali. (Mestre Caramurú)

1976 Mestre Marcondes e seus familiares, e o professor Paulo Capoeira formam uma grande turma de jovens capoeiristas divulgando assim a arte da capoeira no estado do Piauí. http://culturaeformacao.blogspot.com.br/2011/03/capoeira-no-piaui.html

- Mestre Zé Carlos - nascido em Teresina a 06/11/1954 - conhecido inicialmente como Mestre Bimba, iniciou-se na capoeira, em Feira de Santana, retornando ao Piauí em 1977, onde se manteve até hoje ensinando e divulgando a capoeira:

Eu comecei a capoeira no Piauí em 1977, quando fui convidado para uma ala no carnaval por Mario de Araujo Lima, ex-carnavalesco, engenheiro da prefeitura, falecido, que Deus o tenha em um bom lugar, e com isso começou o movimento da capoeira no Piauí. Foi se não me engano onde hoje é o atual Bradesco, e eu cheguei e já existiam pequenos focos de capoeiristas, aqueles que passam um mês e viajam para o Sul, para São Paulo, e chegam aqui e dizem que são professores de capoeira (risos), e também semi-analfabetos na área.

- [...] O inicio foi o seguinte: como eu jogava bola todo dia à tarde lá no campo do Clube do Marquês, a gente queria ficar dentro do clube, mas os oficiais não deixavam ter essa coisa assim de menino, bagunça de menino. Lá tinha um racha que era dos oficiais, todo dia de tarde tinha essa pelada deles, e a gente esperava eles terminarem essa pelada deles lá pelas 18 horas, já tudo escuro, porque não tinha refletor lá, só tinha uns pés de manga muito grande, a quadra e o clube do lado, e um portão bem grande de garagem direto pro rumo da quadra. Então a gente esperava terminar isso aí e ia jogar rapidinho, eu e mais quatro colegas vizinhos que eu já estava ensinando. Dentro desse primeiro prefácio de treinamento de capoeira, consegui mais cinco pessoas ao redor do clube, a molecada de lá mesmo que jogava bola por lá, a gente já era amigo, e de tanto eles verem a gente treinar eles se interessaram. Ficou mais ou menos oito pessoas praticando capoeira. (Mestre Caramurú) (Grifos meu) [SILVA, Robson Carlos da As narrativas dos mestres e a história da capoeira em Teresina/PI: do pé do berimbau aos espaços escolares. http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/7651]

1977 após haver retornado do Rio de Janeiro, o capoeirista conhecido como Paulo Capoeira, se estabelece por mais tempo na cidade, propondo uma melhor organização da capoeira, com a abertura de turmas, instituindo horários de treinos, seguindo uma determinada metodologia de ensino e ampliando a difusão dessa arte como uma atividade educativa, capaz de agregar pessoas de idade, sexo, formação, etnia e classe sociais as mais diversas, conseguindo, por meio do contato de parentes seus, acesso ao Serviço Social do Comércio (SESC), que seguindo a política de unidades instaladas em outros centros, estabelece a capoeira como uma das atividades ofertadas à comunidade. Se iniciava, assim, uma nova época da capoeira no Piauí, notadamente marcando o aparecimento de outros capoeiristas que se firmariam como os mestres e guardiões da capoeira piauiense: 1978 em Teresina, o professor carioca Paulo Capoeira, dava aulas às segundas, quartas e sextas-feiras no Clube do SESC, na Ilhotas. [SILVA, Robson Carlos da]

- Mestre Tucano - nascido em Teresina-PI em 07/08/1962 – iniciou na capoeira com o professor carioca Paulo Capoeira, um dos pioneiros do ensino da capoeira em Teresina. Bom, eu iniciei na capoeira mais ou menos na metade de setembro de 1978, acho que pelo dia 15 ou 16 de setembro desse ano, aqui em Teresina, no Ginásio do SESC, hoje chamado de SESC Ilhotas, que é o Ginásio de Esportes do SESC Ilhotas, na época com o professor Paulo Capoeira, em 1978. Então, naquela época, a capoeira em Teresina não era muito difundida, mas chamava a atenção das pessoas, as pessoas achavam a capoeira bonita, ela sempre chamou atenção como beleza plástica, pela sua agilidade, pela sua música, pela sua expressão corporal, porém ela não tinha uma aceitação muito grande pela sociedade, os movimentos da capoeira eram bonitos, muito bem praticados, mas a questão é que as pessoas achavam que o capoeirista não era um sujeito bem quisto, então em 1978, não só aqui como no Brasil de um modo geral, a capoeira não era muito bem aceita como ela é hoje, e aqui em Teresina especialmente, porque aqui tem mais de um tipo de preconceito, além de achar que a capoeira era coisa de quem não tinha o que fazer, era coisa de drogado, era coisa de gente pobre, era coisa de vagabundo, tinha mais um preconceito que pesava muito: se você não era baiano, não era bom de capoeira. Então diziam assim: “ah, é piauiense, se não é baiano então não presta na capoeira”. A visão que se tinha na época da sociedade piauiense era a seguinte, o karate tava em alta, nessa

época eram muito difundidos os filmes de Bruce Lee, e tinha toda aquela coisa do kung-fú chegando, o judô ainda não tinha ainda uma difusão grande, a musculação começava a chegar aqui, a natação estava no auge... e tudo isso era o que dava status aqui em Teresina, as pessoas não aceitavam nem o maratonista, quem corria na rua era vaiado. Então era uma sociedade muito provinciana ainda, e com isso a capoeira não era muito bem aceita, então nós iniciamos em um período um pouco difícil [...]. (Mestre Tucano) [SILVA, Robson Carlos da As narrativas dos mestres e a história da capoeira em Teresina/PI: do pé do berimbau aos espaços escolares. http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/7651]

- Mestre Chocolate - nascido em Teresina-PI, no dia 26/09/1963 - iniciou na capoeira no ano de 1978, com o Mestre Tucano, seu irmão: [...] depois que ele entrou e começou a praticar capoeira no SESC com Paulo Capoeira, e depois começamos a treinar e a fazer aula de capoeira com ele e com o Gladstone, que era um capoeirista que existia no centro da cidade, e nos reuníamos lá no Pirajá, onde hoje é a UESPI. Todos os dias nos dirigíamos para aquele lugar, por volta de 4 ou 5 horas da manhã, para treinarmos capoeira. (Mestre Chocolate) [SILVA, Robson Carlos da]

- Nessa época (1978), chegou o Paulista (Mestre Albino), quando a gente tava fazendo roda no SESC, todo domingo tinha roda, a gente dava aula na terça e no sábado, eram dois dias na semana, e no domingo fazíamos a roda. E num desses domingos apareceu um paulista lá, calça de malha e tudo. [...] E, nesse tempo, quando aparece o Paulista, alguns meses depois chegam três irmãos, também lá no SESC, nessas rodas que eu, o Paulinho e o Deuto estavam fazendo, aí esses três irmãos eram José Francisco, José de Ribamar e o José Carlos (Mestre Zé Carlos), se não me engano, o outro moreno, bem menor. [...] Zé Carlos veio com esse apelido de Bimba. O Paulinho deu um descaramento nele, não gostou do apelido dele, porque não era pra ninguém ter o apelido de “Bimba”, isso na filosofia da gente. [...] eles vieram pra estar com a gente no SESC, o primeiro contato de Bimba, José Carlos e José Francisco foi no SESC [...] assim como o de Albino também foi lá. Só que o Albino ele já tinha estado comigo no Marquês, porque a mãe dele morava ali próxima a Primavera, tava começando esse bairro, pouquíssimas casas por lá [...]. (Mestre Caramurú)

- Outro nome que merece destaque neste período, podendo ser apontado sua inserção na história da capoeira do Piauí é um professor da Escola Federal do Piauí, identificado como Mestre Marcondes, porém sem conseguir notoriedade, nem tampouco um reconhecimento unânime entre os praticantes dessa arte. Sua presença é apontada quase sempre enquanto referência por sua oportunidade de conhecer e praticar capoeira em Brasília, notadamente com alguns mestres de renome, tais como Adilson e Tabosa, sem, no entanto, maior influência na capoeira praticada em Teresina:

[...] foi mais ou menos em 74, 75, nesses meados aí, que a gente já tinha bastante informação, já jogava bastante, já fazia roda,lá no colégio João Costa, depois me mudei pro João Clímaco, e já tinha roda de capoeira porque era eu que fazia, e depois foi que fui conhecer o Marcondes através de um grande amigo meu que era goleiro, o Madeirinha, jogava ali naquela pracinha em frente a aquela penitenciária, que hoje não existe mais.[...] E ele veio pra morar, a família dele veio morar ali, acho que ainda hoje ta do mesmo jeito, com aquela calçada alta, então a gente se conheceu assim, porque eu jogava capoeira, e falaram “olha eu também jogo capoeira e tal” foi quando eu conheci Leal, quando eu conheci finado Zé Maria, quando conheci a turma ali do Pó de Arroz, o pessoal do Fluminense, aquela coisa toda, jogava no Bariri, foi nessa época que eu conheci ele. Mas ele chegava assim: “sou professor“. Era contramestre. (Mestre Caramurú) 1979 alguns dos capoeiristas que se iniciaram no SESC, começam a se organizar em torno de seus próprios alunos, fundando os primeiros grupos organizados do Piauí. Neste período, a capoeira passa a ser conhecida e difundida, seguindo por várias dimensões diferentes, muitos encontros e desencontros, surgindo outras pessoas que marcariam sua presença de forma significativa neste processo.

- Os já conhecidos Zé Carlos e Albino seguem cada qual na formação de seu grupo, seguindo o mesmo caminho os irmãos Tucano e Chocolate, além de outros capoeiristas oriundos do SESC, tais como Valtinho e seu irmão John Grandão. São estes grupos que trarão uma nova roupagem à capoeira, fundando verdadeiras escolas de capoeira, formando discípulos e proporcionando a abertura de novas possibilidades para esta cultura em Teresina, inclusive ampliando seus espaços de atuação para fora do estado.

- Mestre Zé Carlos que forma o grupo Irmão Unidos, desenvolvendo suas atividades no bairro Piçarra, na zona sul da cidade;

- Mestre Albino funda o grupo Escravos Brancos, no Centro Social Urbano da primavera (CSU Primavera), zona norte da cidade;

- Mestres Tucano e Chocolate fundam o grupo Palmares, no Centro de Treinamentos do Pirajá, no bairro Matinha, na zona norte de Teresina; e

- John Grandão, juntamente com seu irmão Valtinho, iniciam o grupo Nova Lua, no bairro Cabral, também na zona norte de Teresina.

A

chegada da capoeira às escolas de Teresina se dá de forma efetiva, mais precisamente a partir da segunda metade do ano, quando os capoeiristas, em busca de espaço para treinar, decidem utilizar os espaços vazios, aos finais de semanas, das escolas públicas de Teresina, grandes pátios e quadras de esportes que ficavam fechadas sem nenhuma utilização pela comunidade próxima ou distante do entorno destas escolas. Então ser aceito na escola era mais difícil ainda, mas como, em alguns casos já tínhamos estudado nas escolas e as diretoras nos conheciam elas autorizavam. O complicado era o vigia abrir os portões. Não foram raras as vezes que tivemos de pular os portões, pois o vigia fechava e ia embora. Nossa experiência mais importante foi no Colégio Benjamin Baptista, o Polivalente, pois conseguimos montar um grupo grande de praticantes e que foi base para os capoeiristas que continuaram a tradição da capoeira em Teresina; continuaram treinando, acompanharam a evolução da capoeira, alguns pararam, como Monteiro, Edson, este sobrinho do mestre Marcondes, um dos pioneiros da capoeira no Piauí; outros se formaram e hoje são mestres, como Bobby e Chocolate. Quando íamos solicitar autorização para treinar capoeira na escola, a diretora fazia sempre algumas exigências, tais como: somente utilizar o pátio e a quadra; evitar andar pelos corredores, salas e outras dependências; manter a escola limpa e segura, pois era proibida a entrada de quem não fosse treinar; permitir que os alunos da escola participassem do grupo. Aí, ainda era comum a gente fazer apresentações na escola, no recreio, quando tinha alguma festa, ou torneios de esportes, que naquele tempo envolviam toda a escola e outras escolas. Também, como já disse, nós mesmos estudávamos na escola e já tinha um vínculo com os professores, a diretora e os outros alunos; isso facilitava muito a aceitação da capoeira, pois a diretora sabia a quem estava entregando a escola. Assim, sempre tinha alunos da escola treinando. (Grifos meu). (Mestre Tucano)

1980 um grupo de jovens capoeiristas formaram o grupo Quilombo Capoeira, formado pelos irmãos Tucano, Bobby e Chocolate, além do professor John Grandão, que levaram a capoeira em todos os locais públicos, instituições privadas e os mais diversos locais onde a capoeira pudesse ser aplicada, desenvolvida e conhecida pelo público em geral. http://culturaeformacao.blogspot.com.br/2011/03/capoeira-no-piaui.html

- destacam-se nomes como Mestre Albino, Mestre Traíra, professor Alberto, Mestre Deuton, dentre outros. http://culturaeformacao.blogspot.com.br/2011/03/capoeira-no-piaui.html

- Mestre Albino procurou e manteve contato com Tucano e Chocolate, indo ao Pirajá em busca de informações sobre a capoeira que lá se fazia. Aconteceu, assim, um dos contatos que contribuiu para o surgimento de uma nova época na capoeira do Piauí, que seria o encontro efetivo dos grupos, promovendo um significativo intercâmbio entre as escolas dessa cultura, além do fortalecimento dos grupos, não esquecendo do clima de rivalidade que a partir de então fica mais evidente, favorecido pelo próprio encontro destas pessoas e de suas concepções.

- Nos anos 80, a capoeira no Piauí teve um grande crescimento sendo conhecida a nível nacional e internacional, revelando grandes talentos, com participação em encontros nacionais, internacionais, shows, cursos, JEBs, JUBs, participação de pessoas portadoras de deficiência, consolidando-se definitivamente nos anos 90 até os dias atuais. http://culturaeformacao.blogspot.com.br/2011/03/capoeira-no-piaui.html

- jornal “O Estado”, com data provável do dia 28/12/1980, assinada pelo jornalista Kenard Cruel, com o título “Praticantes de Capoeira pedem apoio ao Governo”, na qual era chamada a atenção para um grupo de capoeiristas que procuravam despertar nas autoridades políticas, empresariais e da sociedade em geral sobre as dificuldades em se organizarem e a necessidade de serem reconhecidos enquanto grupo representativo dessa cultura, no sentido de realizar eventos em Teresina e participar dos eventos nos grandes centros em que essa arte tinha um desenvolvimento consistente.

1981 e se estendendo até a segunda metade da década de 1980, algumas destas pessoas começam a se encontrar, trocando ideias, visitando os espaços de treinamento e fortalecendo os laços no sentido de melhor organizar a capoeira, surgindo daí os grandes grupos de capoeira, que conseguem arregimentar significativa parcela de alunos, atraindo a atenção da imprensa e despertando nas autoridades o efetivo interesse nessa cultura, identificando seu potencial educativo e cultural. Neste período, acontece também a saída de cena dos capoeiristas que iniciaram o movimento do SESC, alguns voltando a seu estado de origem, como Paulo Capoeira (Paulinho) que retorna ao Rio de Janeiro, “[...] aí o Paulinho disse ‘estou indo embora, não vou demorar muito, mas você fica aqui com a rapaziada e tudo mais’ [...]” (Mestre Caramurú); outros acabam viajando para fora do estado e retornam envolvidos com outras atividades ou, como é o caso de mestre Caramurú, que se afasta em longas viagens pelo Brasil e, ao retornar, se casa e segue trabalhando a capoeira, porém em outras cidades.

- Mestre Chocolate conta de forma pormenorizada alguns desses acontecimentos: Depois veio o Bozó, no Pirajá, que é onde fica a UESPI, com o Quinzinho, com o Monteiro, e nesse período veio o Bobby, que se entrosou depois, o Zé Almeida, e nessa trajetória encontramos em Teresina um aluno de Mestre Pastinha, que ele se dizia ser desertor da Marinha nessa época e estava viajando pelo Brasil. Ele era um cara que vivia na periferia da cidade, na ponte do Rio Parnaíba. Em troca de levarmos comida pra ele, conversava e tal, ele traçou alguns treinamentos pra gente. Ele era conhecido como Mariano, e foi o primeiro contato que tivemos

-

com um professor da Bahia, que era aluno do Pastinha da capoeira de Angola. Depois de um determinado tempo encontramos um pessoal do Mercado Modelo, que vieram fazer uma apresentação aqui, que foi o Cacau e o Coringa, e a gente começou a ter um contato com esses caras por um período, falava, se comunicava e tal, e mais pra frente tivemos contatos com o Paulão do Ceará, começamos a viajar pro Ceará pra fazer roda, encontrar as pessoas e encontramos o Paulão, que era do grupo Senzala, comandado pelo Camisa, do Rio de Janeiro. Lá em Fortaleza conhecemos o Paulão e seus alunos, que eram o Dingo, Dunga, Gamela, Araminho, Querido, Pica-pau, muitos alunos dele.

1983 vinda do Mestre Guarulhos, de São Paulo, mestre filiado à Federação Paulista de Capoeira, essa, por sua vez, filiada à Confederação Brasileira de Pugilismo, com o propósito de visitar familiares, levando Mestre Albino a enxergar ali uma oportunidade única de promover o que considerava um antigo sonho seu, criar a Federação Piauiense de Capoeira e se candidatar a presidente, alcançando, em sua concepção, a liderança dos capoeiristas do Piauí.

- Primeiro Batizado de Capoeira de Teresina, sob coordenação do mestre Guarulhos, reunindo significativa parcela dos capoeiristas em atividade naquela ocasião, porém não conseguindo o consenso entre estes. Seu objetivo era efetivar a graduação de todo o pessoal, concedendo o grau de professor de capoeira para alguns capoeiristas que desenvolviam atividades frente a seus grupos e, para os considerados pioneiros e fundadores da capoeira no Piauí, o grau de mestre, tudo conforme as normas oficiais da Federação Paulista de Capoeira, inclusive com a entrega dos certificados, devidamente carimbados e assinados por mestre Guarulhos, ficando decidido a seguinte relação dos que seriam mestres: Albino, John Grandão, Tucano, Chocolate, Bobby e Monteiro. Não houve um consenso porque queriam nos impor uma sistematização e critérios que não tinha nada haver com nossa história. Neste período não tínhamos graduação, mas seguir as da Federação, sem critérios e ficar dependente da decisão do Albino, não dava.” (Mestre Tucano), e muita gente que naquele período dava aula ficou de fora, alguns não aceitando o convite para participar do evento e outros nem mesmo sendo lembrados, visto que “O Alberto, conhecido como Beto, começou a dar aulas no Jockey ainda no início dos anos oitenta e mesmo não sendo convidado foi lá e ainda distribuiu uns certificados de curso de extensão em capoeira, ministrado por ele, da Universidade Federal. O pessoal do Monte Castelo, que estavam se chegando ao nosso grupo, também nem foram chamados, nem o pessoal do grupo Mocambo, o Zumba e o Baixinho. Ai acabou que a gente discordou e resolvemos não participar, ou seja, fomos pro evento, tocamos, participamos da roda, mas não aceitamos a graduação, nem o diploma de mestre ou de professor. (Mestre Chocolate)

1984 12 de outubro primeira associação legalmente constituída do Piauí, a Associação Esportiva, Cultural e Filantrópica Quilombo Capoeira. Extrato publicado no Diário Oficial do Estado do Piauí, ano LIV, n. 09, 96º da República, em 16 de janeiro de 1985.

- De acordo com relato feito na Ata de criação da Associação Quilombo Capoeira, registrada no dia 12/10/1984, na academia Lumasa, antiga academia de musculação de Teresina, o grupo Quilombo teve como principal objetivo reunir capoeiristas de vários grupos, dispostos a pensar e trabalhar em comum pelo crescimento da capoeira no Piauí, por sua divulgação e prática, o que de fato ocorreu como fica evidente por meio da descrição das pessoas presentes neste momento, alguns dos quais já comandavam seus próprios grupos com bastante significância nesse universo, outros se encontravam praticando capoeira sem nenhuma orientação, somente seguindo aspectos que aprenderam de encontros aleatórios, desejando, a partir da associação a um grupo organizado, se atualizarem e se adaptarem aos novos rumos que tomava a capoeira no Piauí.

- Joaquim Gutenberg, conhecido na capoeira como Quinzinho recorda aquele período: Eu me recordo daquele tempo, porque fui eu quem foi despertar a atenção dos meninos. Como morava e tinha amizade muito próxima ao Monteiro, ouvi ele comentar que o Albino estava organizando a Federação, já com toda a papelada em ordem e iria criar a Federação, sendo presidente. E quem não fosse filiado teria de parar de dar aulas, pois seria exigência para quem quisesse dá aulas ser filiado à Federação, além de padronizar o uso de cordéis, que era a graduação, com as cores da bandeira do Brasil e cordas trançadas. Então, fui correndo à casa do Zé (Tucano), Roberto (Chocolate) e do Bobby, além de avisarmos o John e o Thomas (Rapadura). Então foi daí que saiu a ideia de criarmos uma associação, legal mesmo e reconhecida. Inclusive fomos até Fortaleza e lá procuramos o Canário que nos recebeu muito bem e falou que não tinha essa pressão, que Federação não pode impedir ninguém de dar aulas. Na verdade, todos éramos jovens, a maioria estudante, sem muita experiência sobre estas coisas. Mas no final, aconteceu tudo normal, o Albino fundou a Federação, nós criamos nossa associação, e cada qual seguiu seu rumo. (Quinzinho).

1985 jornal O Dia, edição do dia 15/03/1985, na página 09, por meio de uma reportagem que trazia informações a respeito do primeiro curso de capoeira organizado em Teresina, numa promoção da Associação Quilombo Capoeira e que seria realizado nos dias 18 a 22 de março daquele ano de 1985.

- 19 de outubro fundado o grupo Mocambo, pelo professor Zumba, que destaca entre outros componentes, Palmeira, Jabiraca, Pajé.

1986 jornal O Dia, 11/01/1986, título é “Capoeira teve atividades importantes no ano passado”, trazendo em seu corpo um apanhado das principais atividades desenvolvidas por diversos grupos de capoeira de Teresina e ressaltando o crescimento e expansão de sua prática no Piauí. A matéria destaca os principais líderes da capoeira (Sob a liderança de José Gualberto/Tucano, John, Robson Bobby e Roberto Dídio/Chocolate [...]) que seguem trabalhando de forma efetiva para sua valorização e melhoria técnica de seus praticantes (Quatro viagens a Fortaleza, visando maior aprimoramento técnico com consagrados professores da capital alencarina), corroborando a opção que tive na escolha dos mestres que foram entrevistados no corpo dessa pesquisa, tais como os mestres Tucano e Chocolate; destaca, ainda, a criação de novos grupos de capoeira, assim como o processo de institucionalização destes em associações (Fundação de três associações, aumentando, oficialmente, o número de adeptos e praticantes: Quilombo Capoeira, Palmares Capoeira e Engenho Bantos Capoeira), aliado ao planejamento de novas atividades para o ano de 1986 (Agora, para a temporada de 1986, todos os esforços já começam a ser feitos, a fim de que o número de atividades seja bem maior, expandindo-se mais ainda a capoeira pelo território piauiense).

1987 “Jornal Aliás”, produzido pelos alunos do Colégio Geo-Trópicos, tendo por editor Wellington Soares, cujas matérias eram propostas e produzidas pelos próprios alunos, (SOARES, 1987, p. 01). A edição número três, de maio de 1987, trouxe uma matéria com o título “A Capoeira e o preconceito”, escrita pelo aluno do terceiro ano científico Delson Lustosa de Figueiredo, que à época havia iniciado a prática da capoeira com o professor John Grandão, do grupo Senzala, em Teresina. Traz como única alusão à capoeira no Piauí a passagem citada: “[...]. Em Teresina, o Grupo Senzala é liderado por professores competentes que, através dos seus trabalhos, a capoeira do Piauí está sendo reconhecida e bem vista em todas as outras academias do grupo senzala no país. Já tivemos a oportunidade de trazer o mestre Camisa à Teresina, quando entramos para o grupo e teremos a honra de contar com sua presença mais uma vez juntamente com os melhores capoeiristas do Brasil, em novembro para o 3º BATIZADO DE CAPOEIRA DO GRUPO SENZALA DO PIAUÍ. (FIGUEIREDO, 1987, p. 02. Destaque do autor). [SILVA, Robson Carlos da] 1990 Roda de Rua 7 de setembro, Teresina ano 1990 jogo duro (Boquinha Raiz do Brasil); Capoeiristas jogando Baú, Cobra preta, Paulinho Velho,Tucano, Paulo Urubu, Urubutinga, Mineral, Boby, Carnaúba, Dureza, John Grandão, Mandioca, Piva, Touro, Fofão, Boquinha, Waguener. https://www.youtube.com/watch?v=Z-mIyTWU1gg 1991 revista “Impacto” de número n. 12 do ano de 1991, trouxe uma matéria com o título “Capoeira: arte ou violência”, realizada e produzida por Soraia Cristina, que se incumbiu de contatar por telefone e acertar as entrevistas com os mestres à frente dos grupos de capoeira que se mais destacavam no período de realização da reportagem, levando em consideração aqueles com maior visibilidade na mídia, bem como de levantamento prévio mantido com pessoas da área do esporte e da cultura que indicaram, a partir de conhecimento e convivência frequente em eventos e acontecimentos sociais, quais os mestres mais atuantes e que promoviam a prática dessa cultura em Teresina. Assim sendo, foi mantido contato com o mestre Bobby (Robson Carlos da Silva), na época um dos componentes do grupo Senzala, desenvolvendo trabalho no clube do SESC e coordenando outros trabalhos em escolas particulares (Pituchinha, Cavalinho Azul, Sintagma etc), além da escola pública João Soares no Monte Castelo, bairro da zona sul da cidade. Também foi procurado o professor Zumba (Raimundo Nonato) que se destacava com trabalho junto ao grupo Mocambo, desenvolvendo suas atividades no bairro Mocambinho, um dos maiores bairros da zona norte da cidade e alcançando êxito no processo de escolarização da capoeira naquele entorno social, promovendo a prática da cultura em escolas públicas, centros paroquiais e clubes sociais de esporte e lazer, em especial no “Clube do Manoelzinho”, uma das mais tradicionais casas de festas e shows daquele bairro no período destacado. O texto da reportagem ressalta a existência já na década de 1990 de vários grupos de capoeira em Teresina apontando o grupo Senzala e o grupo Mocambo como destaques, como fica evidente nas palavras da autora do texto: “Atualmente em Teresina existem vários grupos, sendo que cada um tem sua história diferente, mais (sic) basicamente a mesma origem e seguimento. O grupo Senzala por exemplo, que foi fundado pelo famoso mestre-camisa (sic) tem vários grupos em bairros de Teresina e cidades do interior, aparecendo como destaque na lista de componentes, Bob, Grandão, Tucano, Paulinho Velho. [...] Outro grupo que tem se destacado, inclusive como um dos melhores do Piauí, é o grupo Mocambo, fundado em 19 de outubro de 1985 e tem como fundador o professor Zumba, que destaca entre outros componentes, Palmeira, Jabiraca, Pajé, dentre outros. (IMPACTO, 1991, p. 07). (grifo meu). [SILVA, Robson Carlos da]

- [...] a Federação que atualmente está sendo organizada pelo professor Albino, é totalmente descaracterizada, pois até agora em termos práticos não trouxe benefícios, restringindo-se somente em campeonatos que favorece aos despeitos que se assenta gradativamente entre os grupos, não existindo sequer, entrosamento em termos organizativo e sistemático. (IMPACTO, 1991, p. 09). [Trata-se do mestre Albino e o grupo Escravos Brancos] [SILVA, Robson Carlos da]

Bugaloo - número 08 junho/julho, editada pela Point Editoração e vendida em bancas de revistas, com abrangência em vários estados do nordeste, tais como Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Piauí. Período em que a capoeira já esta institucionalizada de forma mais efetiva em Teresina com os grandes grupos de capoeira, na realidade segmentos que se filiavam a um grupo de grande relevância e visibilidade no mundo da capoeira, comandado por um mestre, também, de renome e trabalho valorizado, notabilizado por uma significativa parcela de seguidores e várias filiais espalhadas pelo país e pelo exterior, os quais podem ser identificados como grupo-empresa. O texto, com o título de “IÊ, Viva a Capoeira, Camará”, é assinado por Fátima Guimarães e centra seu foco no que ela denomina de “época de transformações” em que a capoeira no Piauí, por meio dos trabalhos dos mestres e seus grupos, começa a colher bons resultados, ilustrando e justificando esse desenvolvimento com os grandes eventos de capoeira organizados em Teresina, notadamente pelos grupos que se destacam pela proporção de suas atividades e os espaços que ocupam na sociedade piauiense e em especial ao grupo Abadá Capoeira, cujos coordenadores se responsabilizam pelo evento que a autora do texto se propõe descrever e tecer comentários elogiosos. [SILVA, Robson Carlos da]

- Nos dias 13, 14 e 15/06/96, Teresina gingou ao som de birimbaus (sic) e acordou com o som dos atabaques [...] A cidade começa a ter uma visão diferente na quinta-feira dia, 13/06, onde um aulão de capoeira foi realizado em frente à Assembleia. Era um gingado só. Ao lado da avenida não havia distinção de raça, cor, classe social ou profissão. Eram 17:30 e o sol aproveitava para reverenciar os capoeiristas. [...]. “O objetivo da aulão é divulgar a capoeira e mostrar que ele pode ser praticada por qualquer pessoa e em qualquer lugar” como afirma o instrutor Bob. [...]. [Revista Bugaloo - número 08 junho/julho]

- sexta-feira dia, 14/06, foi realizado o Festival de Cantigas de Capoeira no Ginásio do Sesc, com premiações de 1º, 2º e 3º lugares. As participações foram diversas, em (sic) aos capoeiristas visitantes registramos a presença de: Morcêgo (Mestrando) do Rio de Janeiro, Edinho (Professor) de Brasília, Papagaio (Instrutor) de Recife; somados com alunos e graduados de Juazeiro (Ba), Petrolina (Pe), Fortaleza (Ce), Floriano (Pi), Bélem (Pa) e Açailândia (Ma). A organização do evento ficou satisfeita com o êxito alcançado. “Para demonstrar o elevado nível de formação, o grupo Abadá Capoeira – Pi, proporcionou ao público e aos participantes do evento uma programação variada: toques, samba, capoeira, maculelê, apresentações e reportagens; além de suprir a necessidade de se realizar um grande evento de capoeira em Teresina”, comenta o instrutor Bob. (GUIMARÃES, 1996, p. 12). (grifos meus). [Revista Bugaloo - número 08 junho/julho].

2007 início dos “Jogos Abertos Capoeira Ginga Piauí”, em comemoração ao Dia da Consciência Negra, 20 de novembro.

2009 SILVA, Robson Carlos da; CALAND; Tâmara da Costa Sobral. Inserção, atuação e permanência da mulher nos grupos de capoeira de Teresina-PI: notas etnográficas Revista FSA, Teresina, v.6, n.1, jan./dez. 2009, http://www4.fsanet.com.br/revista/index.php/fsa/article/view/427/206

- SILVA, Robson Carlos da. A capoeira como elemento de fortalecimento das identidades social e cultural de crianças e jovens na escola.

http://www.meionorte.com/blogs/edilsonnascimento/a-capoeira-como-elemento-de-fortalecimento-dasidentidades-social-e-cultural-de-criancas-e-jovens-na-escola-111089

2010 Rodrigo Batista Maia, Maria do Carmo de Carvalho e Martins, Cláudio Henrique Lima Rocha, Irapuá Ferreira Ricarte,Vítor Brito da Silva, David Marcos Emérito de Araújo, Lívia de Barros Rocha Tolentino e Silva, Moisés Tolentino Bento da Silva. Efeito da Prática de Capoeira sobre os Parâmetros Cardiovasculares http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/5703

2012 SILVA, Robson Carlos da (Orientador: VASCONCELOS, Jose Gerardo). As narrativas dos mestres e a história da capoeira em Teresina/PI: do pé do berimbau aos espaços escolares http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/7651

2013 21 de janeiro criado o Fórum Estadual de Capoeira do Piauí (FEC/PI) é um espaço democrático e de articulação estadual que objetiva contribuir para o desenvolvimento da capoeira. Missão: Contribuir para o desenvolvimento da capoeira (angola e regional) enquanto expressão cultural, esportiva e lazer pertencente ao patrimônio cultural brasileiro. Descrição: Fórum Estadual de Capoeira do Piauí (FEC-PI) surge do anseio da comunidade capoeirista de criar espaços democráticos para discussão de questões que dizem respeito a promoção e valorização da capoeira, seus mestres e praticantes. Tal fato foi consubstanciado no dia 21 de janeiro de 2013, no Memorial Zumbi dos Palmares, na ocasião em que ocorreu a “Reunião Ampliada Pró-Fórum Estadual de Capoeira do Piauí” e reativação da “Federação Piauiense de Capoeira”. O evento contou com a participação de 34 capoeiristas de 10 entidades de capoeira: 1. ACTC; 2. Alforria Capoeira; 3. Associação Cultural de Capoeira Escravos Brancos; 4. Associação Cultural de Capoeira Iê Berimbau; 5. Associação Cultural de Capoeira Raízes do Brasil;6. Associação Cultural de Capoeira Zumbi; 7. Confiança Brasil Capoeira; 8. Escola de Capoeira; 9. Ginga Piauí; 10. Grupo Oscapoeira. Dentre os mestres participantes destacaram-se: 1. Mestre Albino; 2. Mestre Corujão; 3. Mestre Diogo; 4. Mestre Oscar; 5. Mestre Touro; 6. Mestre Ulisses.

1996 Revista

Estiveram presentes a este ato político as seguintes lideranças e praticantes de capoeira: 1. Aerton Ezequiel Alves; 2. Alan Duarte; 3. Antonio Cardoso da Silva; 4. Antonio Francisco Ramos; 5. Antonio Francisco Ramos; 6. Carlos Henrique Andrade; 7. Childerico Robson; 8. Cristiano Soares P. da Silva; 9. Denys Lucas Barros de Freitas; 10. Fabiano Luper; 11. Francisco C. O. Silva; 12. Francisco de Assis de Deus; 13. Francisco Marciel da Silva; 14. Geni Carlos da Cruz Barros; 15. Jeovania Evangelista Lima; 16. José Francisco Alves; 17. José Gonçalves Cordeiro Neto; 18. Luzinan de Sousa e Silva; 19. Marcio Alves da Silva; 20. Marcio R. Duarte; 21. Maria Eliane Sousa Veras; 22. Natanael Santos da Costa; 23. Paulo Rogério Cardoso de Sousa; 24. Ricardo Henrique C. e Silva; 25. Robson de Sousa Nascimento; 26. Rogéria Pereira da Cruz Ramos; 27. Rômulo Thiago de Oliveira Guimarães; 28. Ulisses Soares Ubirajara.

A partir desse encontro com mestres e representantes das diversas entidades de capoeira, com atuação em Teresina e noutros municípios Piauienses, deliberou-se a realização da I Reunião do Fórum Estadual de Capoeira para o dia 04 de fevereiro de 2013, para se discutir o regimento interno e composição organizacional para atuarem em prol da capoeira no campo da cultura, desporto e educação como indutor de políticas públicas e de controle social. https://www.facebook.com/pages/F%C3%B3rum-Estadual-de-Capoeira-doPiau%C3%AD/416004545160533?sk=info; http://forumcapoeirapiaui.webnode.com/nossa-historia/ 2014 agosto Encontro Nacional de Capoeira, realizado em Teresina durante o último final de semana. http://redeglobo.globo.com/pi/redeclube/noticia/2014/08/ge-piaui-destaca-o-encontro-nacional-de-capoeirarealizado-em-teresina.html

- SILVA, Robson Carlos

da. A CAPOEIRA NOS ESPAÇOS UNIVERSITÁRIOS: PRÁTICAS E ESTUDOS.

O projeto desenvolve suas ações na comunidade dos bairros Pirajá e Matinha, do entorno social à UESPI, tendo como foco crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social, utilizando como instrumento a Capoeira, patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, oferecendo contextos de desenvolvimento humano apropriado à formação cidadã destes. As ações envolvem dinâmicas e “conversas na roda” em que se discute temas referentes aos problemas familiares e sociais que envolvam crianças e adolescentes, trabalhados por especialistas nas áreas de saúde, direito, psicologia etc. disponível em http://www.obscriancaeadolescente.gov.br/index.php?view=article&catid=63%3Acat-boaspraticas&id=458%3Auniversidade-estadual-do-piaui-uespi&format=pdf&option=com_content&Itemid=78 - agosto BERIMBAU DE RENDA é um espaço pensado para fortalecer o movimento de mulheres capoeiristas. O evento se lança como o 1º Festival de Músicas de Capoeira direcionado à voz feminina, a ideia é proporcionar uma maior visibilidade e engajamento das mulheres que cantam e emocionam nas rodas de Capoeira. BERIMBAU DE RENDA propõe ampliar as possibilidades de cada vez mais nós mulheres ocuparmos um espaço que também é nosso que por vezes abrimos mão por insegurança, vergonha ou por não existir um incentivo geral para que o espaço da mulher na capoeira seja cada vez mais visto e explorado. BERIMBAU DE RENDA tem um foco no festival de canto, que nessa primeira edição não será competitiva, porém as músicas participantes deverão ser inéditas, mas não obrigatoriamente autoral, o evento é também uma plataforma de encontros entre mulheres capoeiristas, onde toda a essência da capoeira será abordada por meio de conversas, aulas, rodas e muita música, é claro. BERIMBAU DE RENDA é inovador e conta com todas e todos os capoeiristas para que seja um evento lindo, cheio de perfume, cheio de cor e de muito amor pela Capoeira. Fanpage do evento >>https://www.facebook.com/pages/Berimbau-de-Renda/1449076471988892 Wilena Weronez (artista autônoma) http://www.revistacapoeira.com.br/2014/02/10/1o-festival-de-musicas-de-capoeira-direcionadoa-voz-feminina-em-piaui/ - setembro 06 a 07 a cidade de Brasileira vai sediar o Circuito Piauí Norte de Capoeira Escravos Brancos no Ginásio Poliesportivo. O organizador do evento Thersandro Meneses, pioneiro no município com a prática de capoeira com o Grupo Escravos Brancos, garante que vai ser um grande evento “e que é um orgulho para a nossa cidade, receber grandes nomes da capoeira de todo o Piauí neste circuito”.

- outubro 10 e 11 a Associação Cultural de Capoeira Raízes do Brasil vai realizar o X Encontro de Capoeira do Litoral em comemoração aos seus dez anos de existência em Parnaíba. No evento será realizada troca de cordas, formação de monitores, batizado. Prestigiará o encontro, mestres e contra mestres e professores de outros estados. A Capoeira Raízes do Brasil de Parnaíba tem sede na Rua Benedito dos Santos Lima, 108, no Bairro Pindorama.

A história de Goiás remonta ao início do século XVIII, com a chegada dos bandeirantes vindos de São Paulo, atraídos pela descoberta de minas de ouro. Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, liderou a primeira bandeira com a intenção de se fixar no território, que saiu de São Paulo em 3 de julho de 1722. A região do Rio Vermelho foi a primeira a ser ocupada, onde fundou-se Vila Boa (mais tarde renomeada para Cidade de Goiás), que serviu como capital do território durante 200 anos. O processo de independência de Goiás se deu gradativamente, impulsionado pela formação de juntas administrativas. O desenvolvimento e povoamento do estado deu-se, de forma mais intensificada, a partir da mudança da capital para Goiânia, na década de 1930, e com a construção de Brasília, em 1960. é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Situa-se na Região Centro-Oeste do país, no Planalto Central brasileiro. O seu território é de 340 257 km², sendo delimitado pelos estados de Mato Grosso do Sul a sudoeste, Mato Grosso a oeste, Tocantins a norte, Bahia a nordeste, Minas Gerais a leste, sudeste e sul e pelo Distrito Federal a leste. Goiânia é a capital e maior cidade do estado, assim como sede da Região Metropolitana de Goiânia, a única no estado. Outras cidades importantes, fora da região metropolitana de Goiânia, são: Anápolis, Rio Verde, Itumbiara, Catalão, Luziânia, Águas Lindas de Goiás, Valparaíso de Goiás, Formosa, Jataí, Caldas Novas, Goianésia, que também são as maiores cidades em população do interior do estado. Seus municípios situados a leste formam a Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno, uma das duas RIDES no país. Ao todo, o estado possui 246 municípios. Com 7,2 milhões de habitantes, é o estado mais populoso da Região CentroOeste e o 11º mais populoso do país. Possui, ainda, a nona maior economia entre as unidades federativas brasileiras. Segundo o Tribunal Regional Eleitoral de Goiás, em 2016 registram-se 4 464 442 eleitores. Goiás – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Os registros históricos mais antigos encontrados na região do atual estado de Goiás, foram datados de cerca de 11 mil anos atrás, o que indica que a ocupação humana na área se iniciou há milhares de anos. Grande parte dos sítios arqueológicos presentes no estado estão situados em Serranópolis, Caiapônia e na Bacia do Paranã, abrigados em rochosos de arenito e quartzito, além de grutas de maciços calcários. Além destes, há fortes indícios de ocupação préhistórica nos municípios de Uruaçu e Niquelândia que, juntos, abrigam abundante material lítico do homem préhistórico, conhecido como "homem Paranaíba". Por conseguinte, o "homem Paranaíba" é tido como o primeiro representante humano que viveu na área, pertencente ao grupo caçador-coletor. Outro grupo caçador-coletor que viveu na região foi o da "Fase Serranópolis", cujo comportamento foi influenciado por mudanças climáticas, o que fez com que este passasse a se alimentar de moluscos terrestres e dulcícolas, além de uma quantidade maior de frutos.[13] Populações ceramistas também ocuparam o território goiano, em uma época em que o clima e a vegetação eram, supostamente, semelhantes aos atuais. Estas populações ceramistas viveram há cerca de dois mil anos, e eram divididos em: Una, Aratu, Uru e Tupi-Guarani.[ A cultura ceramista da tradição Una, a mais antiga, habitava abrigos e grutas naturais. Alimentavam-se sobretudo de vegetais, e cultivavam milho, cabaça, amendoim, abóbora e algodão. Também foram responsáveis pelo desenvolvimento da tecnologia da produção de vasilhames cerâmicos. Os Aratus habitavam grandes agrupamentos, situados em ambientes abertos, principalmente em matas próximas a rios ou riachos. São os primeiros aldeões conhecidos. Assim como os Una, cultivavam milho, feijão e algodão. Eram responsáveis pela produção de vasilhames cerâmicos de diferentes tamanhos e, confeccionavam rodelas de fusos, utilizados na fiação do algodão, dentre outros artefatos oriundos da manipulação da argila. Já a população da tradição Uru só veio chegar ao território do atual estado, muito tempo após os Aratus. Sua passagem pela pré-história goiana tornou-se conhecida através dos sítios arqueológicos localizados no vale do Rio Araguaia e seus afluentes, datados do século XII. A mais recente das populações, os Tupi-Guaranis, é datada de 600 anos atrás. Estes viviam em aldeias super populosas, dispersas na bacia do Alto Araguaia e na bacia do Tocantins.[13]

GOIÁS - 1881

Período colonial Aos tempos do descobrimento do Brasil pelos portugueses, a região do atual estado de Goiás era habitada pelos índios Avás-canoeiros, tupi-guaranis e tapuias.[14] A ocupação do território goiano teve início com Catarina Silva e as expedições de aventureiros (bandeirantes) provenientes da Capitania de São Vicente. As Bandeiras objetivavam procurar metais preciosos e capturar índios que, por sua vez, serviam como mão de obra escrava no desenvolvimento da agricultura e minas, tanto no "território dos Goyazes" quanto na Capitania de São Vicente. Além destas, outras expedições saíam do Pará, nas chamadas Descidas com vistas à catequese e ao aldeamento dos índios da região. Todas essas expedições tinham como rota o território do atual estado, mas não se dava a criação de vilas permanentes e nem a manutenção de um notável número de população na região.Com a descoberta de ouro na área, a ocupação efetiva se consolidou, tornando-se propriamente dita. Devido à descoberta de ouro em Minas Gerais (próximo à Ouro Preto) e em Mato Grosso (próximo à Cuiabá) entre 1698 e 1718, acreditava-se que a região também possuía abundância em minérios, ideia que ganhou força com a crença, de origem renascentista, de que o ouro era mais abundante quanto mais próximo da Linha do Equador e no sentido leste-oeste. Assim sendo, a busca por ouro no território se intensificou cada vez mais, fazendo deste o foco das expedições dos Bandeirantes pela região.[15]

Umas das Bandeiras mais importantes recebida pelo território goiano foi a liderada por Francisco Bueno, a primeira a encontrar ouro nestas terras, em 1682, embora em pequena quantidade. A região explorada por essa Bandeira estendeu-se das margens do Rio Araguaia até a região do atual município de Anhanguera. Bartolomeu Bueno da Silva, filho de Francisco Bueno e conhecido por Anhanguera (Diabo velho), também fazia parte desta Bandeira. Segundo registros, Bartolomeu Bueno da Silva interessou-se pelo ouro que adornava algumas índias de uma tribo, mas não obteve sucesso em obter informações confiáveis sobre a localização exata desse ouro. Para descobrir a localização, Anhanguera resolveu ameaçar por fogo nas fontes e rios da região, utilizando aguardente para convencer os índios da tribo de que tinhas "poderes" e meios para fazer isto acontecer. Apavorados, os índios levaram-no imediatamente às jazidas, surgindo assim o apelido "Anhanguera" (Diabo Velho ou Feiticeiro).[15] O filho de Anhanguera, também chamado Bartolomeu Bueno da Silva , tentou retornar aos locais onde seu pai havia passado, 40 anos após o acontecido. Bueno da Silva tinha como objetivo encontrar a “Serra dos Martírios”, um lugar fantástico onde grandes cristais aflorariam, tendo formas semelhantes a coroas, lanças e cravos, referentes à “Paixão de Cristo”. Esse lugar, místico, nunca foi encontrado, mas este acabou chegando às regiões próximas ao rio Vermelho, onde encontrou ouro em maior quantidade em 1722.[15] Bartolomeu Bueno da Silva acabou fixando-se na vila de Sant'Anna, em 1727, que mais tarde viria a se tornar a Vila Boa de Goyaz.[15] Depois de seu retorno a São Paulo, onde apresentou os achados em terras goianas, Bueno da Silva foi nomeado capitão-mor das "minas das terras do povo Goiá". Apesar disso, sua influência foi sendo diminuída a medida que a administração régia se organizava na região. Acusado de sonegação de rendas, Bueno da Silva perdeu direitos obtidos junto ao rei, falecendo pobre e sem poder em 1740. O ouro explorado na área era retirado principalmente da superfície dos rios, através da peneiragem do cascalho, se tornando escasso após 1770. A região passou a viver basicamente da pequena agricultura de subsistência e de algumas atividades relativas à pecuária. Nesta época, as principais regiões de Goiás exploradas pela Capitania de São Paulo eram o Centro-Sul (proximidades dos limites com São Paulo). o Alto Tocantins e o Norte da capitania, até os limites da cidade de Porto Nacional (hoje pertencente ao Tocantins). Estas regiões, entretanto, só viriam a receber ocupação humana intensamente a partir dos séculos XIX e XX, como resultado da ampliação da pecuária e agricultura.[15] Separação da Capitania de São Paulo

O atual estado de Goiás foi administrado, no período colonial, pela Capitania de São Paulo, na época a maior delas, estendendo-se do Uruguai até o atual estado de Rondônia. Todavia, seu poder não era tão extenso e proeminente, ficando distante das populações e, também, dos rendimentos.[15] Depois da descoberta de ouro em Goiás, em 1722, os portugueses buscaram aproximar-se da região produtora, como uma forma de controlar melhor a produção de ouro e evitar o contrabando, além de servir como uma resposta mais imediata aos ataques dos índios e controlar os conflitos e revoltas entre os mineradores. Assim sendo, foi criado através de alvará régio a Capitania de Goiás, desmembrada de São Paulo em 1744, com a divisão efetivada em 1748. O primeiro governador da então Capitania de Goyaz foi Dom Marcos de Noronha, que passou a residir em Vila Boa de Goyaz [15]

Divisão administrativa do Brasil após a Guerra dos Emboabas. Durante a maior parte do período colonial e imperial, os limites territoriais entre as capitanias e províncias não eram demarcados com exatidão, estando quase sempre definidos pelos limites das paróquias ou através de deliberações políticas oriundas do poder central. Nesse período, Goiás foi uma das administrações a sofrer maiores perdas de território, com diversas divisões. Duas perdas significativas de território marcaram Goiás na época colonial: O Triângulo Mineiro e o Leste do Mato do Grosso.[15]

A região que hoje corresponde ao Triângulo Mineiro pertenceu à capitania de Goiás, desde sua criação, em 1744, até 1816, pouco antes da independência brasileira. A região foi incorporada a Minas Gerais devido a pressões pessoais de integrantes de grupos dirigentes da região. Apesar de ter passado à hegemonia mineira, o Triângulo continuou sofrendo influência goiana nas suas mais variadas ações, sobretudo na questão política. Em 1861, a Assembleia Geral sediou uma das maiores discussões políticas à época, entre parlamentares de Minas Gerais e de Goiás, por conta da tentativa mineira de ampliar ainda mais o território de Minas Gerais, incorporando áreas do Sul Goiano e próximas ao Rio São Marcos, administradas pela Capitania de Goiás.[15]

As capitanias de Mato Grosso e Goyaz começaram as discussões acerca de seus limites territoriais em 1753. Como resultado das discussões, ficou definido que os limites entre as duas capitanias seria a partir do Rio das Mortes até o Rio Pardo, sendo que este último seria usado como o último limite entre as duas, por sua localização quase na fronteira do Brasil com Bolívia. Em 1838, Mato Grosso reiniciou as movimentações de contestação de limites territoriais, criando a vila de Sant'Ana do Paranaíba, próximo ao limite pré-estabelecido com Goiás. O caso foi tratado pela Assembleia Geral apenas em 1864, que criou uma legislação específica para o entrave. A situação perdurou até a República Velha, com a criação do município de Araguaia em 1913 por parte de Mato Grosso, e criação de Mineiros por parte de Goiás, o que culminou no agravamento do conflito. A questão ficou em suspenso até 1975, quando uma nova demarcação foi efetuada, durante o Regime militar. A decisão final veio em 2001, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) demarcou, por definitivo, a nascente "A" do Rio Araguaia como ponto de partida das linhas demarcatórias entre os dois estados, resultando em perda territorial para Goiás.[15]

Império - De 1780 em diante, a Capitania de Goiás iniciou um processo de ruralização e regressão a uma economia de subsistência, devido ao esgotamento das jazidas auríferas, o que causou graves problemas financeiros, pela ausência de um produto básico rentável. Os portugueses agiram ativamente para tentar reverter essa situação, incentivando e promovendo a agricultura na região. Todavia, a ação não gerou resultados positivos, já que os agricultores temiam o pagamento de dízimos. Outros motivos que contribuíram para o fracasso da iniciativa foi a ausência de um mercado consumidor, dificuldade de exportação - sobretudo pela ausência de um sistema viário - e a falta de interesse dos mineiros pelo trabalho agrícola, pouco rentável. Quando o Brasil conquistou a independência, em 1822, a Capitania de Goyaz foi elevada à categoria de província. Porém, essa mudança pouco alterou a realidade socioeconômica de Goiás, que ainda enfrentava um quadro de pobreza e isolamento geográfico. Poucas mudanças ocorreram, sendo a maioria de ordem política e administrativa. A expansão da pecuária em Goiás alcançou relativo êxito nas três primeiras décadas do século XIX, resultando em um significativo aumento populacional, principalmente no sul da província.[16] A maioria dos migrantes que chegavam ao estado, vinham de outras províncias próximas, como GrãoPará, Maranhão, Bahia e Minas Gerais. Com essa migração, surgiram novas localidades, que logo tornaram-se cidades: no sudoeste goiano, Rio Verde, Jataí, Mineiros, Caiapônia (então Rio Bonito), Quirinópolis (então Capelinha), entre outras. O norte da província também mudou consideravelmente com o aumento populacional. Além do surgimento de novas cidades, as que já existiam (Imperatriz, Palma, São José do Duro, São Domingos, Carolina e Arraias, ganharam novo impulso.[16]

Mapa da Província de Goiás, 1874. Arquivo Nacional. O poder central, apesar de distante, ainda exercia amplo poder sobre a região, pois detinham a livre escolha dos presidentes de província e outros cargos de importância política - todos de nacionalidade portuguesadescontentando os grupos locais. Após a abdicação de D.Pedro I, Goiás experimentou um movimento nacionalista liderado pelo padre Luiz Bartolomeu Marquez, pelo bispo Dom Fernando Ferreira e pelo coronel Felipe Antônio. De imediato, o movimento recebeu o apoio das tropas, conseguindo depor todos os portugueses que ocupavam cargos públicos em Goiás, entre eles, o presidente da província.[16] Vários partidos foram fundados na província por grupos locais insatisfeitos com a influência exercida pelo governo central. Nas últimas décadas do século XIX, surgiram os partidos O Liberal, em 1878, e o Conservador, em 1882. Jornais também foram fundados, usados principalmente como meio de difusão das ideias destes partidos, entre eles Tribuna Livre, Publicador Goiano, Jornal do Comércio, Folha de Goyaz e O Libertador. Com isso, representantes próprios foram enviados à Câmara Alta, fortalecendo grupos políticos locais e lançando as bases para as futuras oligarquias.[16]

O jornal O Libertador havia sido fundado pelo poeta goiano Antônio Félix de Bulhões, e usado por este como meio de divulgação de seus ideais abolicionistas. Félix de Bulhões também promoveu festas para angariar fundos, com o objetivo de alforriar escravos, e compôs o Hino Abolicionista Goiano. Com a sua morte, em 1887, várias sociedades emancipadoras se uniram e fundaram a Confederação Abolicionista Félix de Bulhões. Aproximadamente 4 mil escravos viviam em Goiás, à época da promulgação da Lei Áurea, sancionada em 13 de maio de 1888 [16] O ensino educacional em Goiás foi regulamentado em 1835, pelo presidente da província, José Rodrigues Jardim. Em 1846, foi criado na então capital, Cidade de Goiás, o Liceu, que contava com o ensino secundário. À época, jovens do interior de família classe média-alta e alta concluíam seus estudos em Minas Gerais e faziam curso superior em São Paulo, e os de família menos abastada, encaminhavam-se para a escola militar ou seminários. No entanto, a maioria da população permanecia analfabeta. Somente em 1882 foi criada a primeira Escola Normal de Goiás, na capital deste.[16]

República O Brasil passou ao regime republicano em 15 de novembro de 1889, fazendo de Goiás um estado. Entretanto, pouco se modificou na unidade administrativa em termos socioeconômicos, em especial pelo isolamento resultante da carência dos meios de comunicação. Aliado a isso, a ausência de centros urbanos e de um mercado interno, além de uma economia de subsistência, também contribuíram para os problemas enfrentados pela população goiana. Apenas mudanças administrativas e políticas foram vistas. A primeira fase da República no Brasil, que durou desde sua proclamação até 1930, acentuou a disputa entre as elites oligárquicas de Goiás pelo poder político. Os principais grupos de elite eram os Bulhões, os Fleury, e os Jardim Caiado, que exerciam influência nas mais diversas atividades do estado. Os Bulhões apresentaram forte influência sobre a política do estado até por volta de 1912, com sua liderança maior em José Leopoldo de Bulhões, sucedidos pela elite oligárquica dos Jardim Caiado, liderada por Antônio Ramos Caiado, com seu poder exercido até 1930.[17] Um dos meios de desenvolvimento advindos da mudança para o período republicano, de forma imediata, foi a instalação do telégrafo em 1891, usado para a transmissão de notícias.[17] Posteriormente, a estrada de ferro em território goiano, que chegou no início do século XX, também foi de grande importância para a urbanização na região e a ligação com outras partes do país, facilitando a produção de arroz para exportação.[17] Entretanto, a estrada de ferro não se estendeu até a cidade de Goiás, capital estadual à época, assim como não se prolongou ao norte do estado, devido principalmente a falta de recursos financeiros. Essas regiões permaneciam praticamente incomunicáveis. A pecuária, predominante na parte sul, passou a ser o setor mais importante da economia.[17] Com a Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas à Presidência do Brasil, foram registradas alterações no cenário político estadual. Getúlio Vargas destituiu os governadores e nomeou um governo provisório composto por três membros. O Dr. Pedro Ludovico Teixeira foi nomeado em Goiás, passando a ser interventor do estado dias após sua primeira nomeação.[17] Outra iniciativa surgida como resultado da revolução foi um plano de ação adotado pelo governo nacional, para levar desenvolvimento a alguns estados interioranos do país, entre os quais Goiás, que recebeu investimentos nas áreas do transporte, educação, saúde e exportação. O plano de ação de desenvolvimento em Goiás previa uma outra medida para alcançar o objetivo: A mudança da capital estadual e construção da futura capital.[17] Construção

de Goiânia

Os ideais de "progresso e desenvolvimento", levantados durante a revolução de 1930, foram os principais impulsionadores da mudança da capital goiana, proposta que já havia sido pensada em governos anteriores, mas que nunca havia sido habilitada em parte por falta de apoio do governo nacional. A região onde se encontra a atual capital foi escolhida por apresentar melhores condições hidrográficas, topográficas, climáticas e pela proximidade da estrada de ferro.[17]

No dia 24 de outubro de 1933, lançou-se o projeto de construção e mudança da sede do governo do estado de Goiás, sendo que dois anos depois, em 7 de novembro de 1935, a mudança provisória da nova capital foi iniciada. Para escolher o nome da nova capital, foi promovido um concurso, administrado pelo semanário "O Social". O nome escolhido foi "Goiânia", conforme sugerido pelo professor Alfredo de Castro.[17]

Em 23 de março de 1937, a mudança da capital para Goiânia foi finalizada. O município de Goiás perdeu o posto de sede estadual por meio do Decreto 1.816 daquele ano. Cinco anos após sua instalação definitiva como capital, Goiânia já registrava 15 mil habitantes, atraídos principalmente do norte de Goiás e de estados próximos, como Minas Gerais, Piauí, Bahia e Maranhão.[17]

Goiás experimentou um crescimento acelerado em vários setores, a partir de 1940, resultado de políticas adotadas tanto pelo governo estadual quanto pelo governo nacional, como o desbravamento do Mato Grosso Goiano, a campanha nacional de "Marcha para o Oeste" - com a finalidade de povoação de áreas do interior do Brasil - e a construção de Brasília, que viria a ser a nova capital nacional, assim como ocorrido com Goiânia.[17]

A imigração no estado se intensificou, a urbanização e o êxodo rural foram estimuladas, e a agropecuária se espalhou para outras partes do território, que não fossem apenas o sul. Entretanto, assim como outras partes do país, a industrialização ainda era recorrente e a economia era quase que integralmente dependente do setor primário (agricultura e pecuária), com a vigência do sistema latifundiário.[17]

Em contrapartida, como meio de estimular o desenvolvimento de outras áreas econômicas no estado (principalmente a industrialização), foram criados o Banco do Estado e a Centrais Elétricas de Goiás (CELG), na década de 1950. A continuação dessa inciativa se deu no governo de Mauro Borges Teixeira, que governou Goiás entre 1960 e 1964. Mauro Borges Teixeira também procurou descentralizar a economia, elaborando outro projeto, chamado de "Plano de Desenvolvimento Econômico de Goiás", que funcionou como uma diretriz onde se abrangia áreas de agricultura e pecuária, transportes e comunicações, energia elétrica, educação e cultura, saúde e assistência social, levantamento de recursos naturais e turismo.

Ano 1881\Edição 00022 (1) A Tribuna Livre : Orgão do Club Liberal de Goyaz (GO) - 1878 a 1884

Ano 1882\Edição 00284 (1) A Tribuna Livre : Orgão do Club Liberal de Goyaz (GO) - 1878 a 1884

Ano 1885\Edição 00027 (1) O Publicador Goyano (GO) - 1885 a 1889

Ano 1886\Edição 00082 (1) O Publicador Goyano (GO) - 1885 a 1889

Ano 1955\Edição 01567A (1) O Estado de Goiaz (GO) - 1951 a 1955

Ano 1956\Edição 00096 (1) Jornal de Noticias (GO) - 1952 a 1959

Ano 1959\Edição 00452 (1) Jornal de Noticias (GO) - 1952 a 1959 Ano 1980\Edição 00062 (1) Jornal do Tocantins (GO) - 1979 a 1987 Ano 1984\Edição 00030 (1) – 8 DE JUNHO Voz de Luziânia (GO) - 1982 a 1985 Ano 1985\Edição 00045 (1) Voz de Luziânia (GO) - 1982 a 1985 (99+) MESTRE SABÚ: Memória Social e práticas culturais da capoeira em Goiás (2015). | Tatiana TucunduvaAcademia.edu

Amapá Está situado a nordeste da Região Norte, no Platô das Guianas. O seu território é de 142 828,521 km², o que o torna o 18º maior estado do Brasil. É limitado pelo estado do Pará, a oeste e sul; pela Guiana Francesa, a norte; pelo Oceano Atlântico a nordeste; pela foz do Rio Amazonas, a leste; e pelo Suriname, a noroeste. O Amapá foi desmembrado do estado do Pará em 1943, quando foi criado o Território Federal do Amapá (TFA). Permaneceu nesta condição até 1988, quando a atual Constituição Federal o elevou a estado da Federação. Na bandeira do Brasil, o Amapá é representado pela estrela β de Cão Maior Macapá, que era a capital do extinto Território Federal do Amapá desde 1944,[9] é a atual capital e maior cidade do estado, sendo sede da Região Metropolitana de Macapá, formada por Macapá, Santana e Mazagão. Outras importantes cidades são Laranjal do Jari, Oiapoque, Pedra Branca do Amapari e Porto Grande. De acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sua população era de 877 613 habitantes em 2021. Quanto aos indicadores sociais, o Amapá possui a 14ª menor incidência de pobreza, a sétima menor taxa de analfabetismo e o 15º maior PIB per capita do país. No entanto, o estado apresentou em 2010, a terceira maior taxa de mortalidade infantil entre os estados brasileiros.

2019 - OLIVEIRA, J. P., and LEAL, L. A. P. Cabralzinho: a arte do fazer-se herói nacional através da capoeira. In: Capoeira, identidade e gênero: ensaios sobre a história social da capoeira no Brasil [online]. Salvador: EDUFBA, 2009, pp. 70-82. ISBN: 978-85-232-1726-6. Available from: doi: 10.7476/9788523217266.006. Also available in ePUB from: http://books.scielo.org/id/96v9g/epub/oliveira-9788523217266.epub

1885 - A capoeiragem um dia, pelo excesso de suas “aplicações”, por dá cá aquela palha, conforme os apetites da malandragem, despertou das autoridades medidas arrasadoras de extinção no Rio de Janeiro, onde já se fizera calamitosa... Entre nós, uma rasteira histórica não deve ser esquecida: a do nosso bravo ‘Cabralzinho’, que com ela desarmou um oficial francês que o tentava alvejar a tiro. E com isso pôs abaixo as pretensões da França sobre o nosso Amapá [...] RIBEIRO, José Sampaio de Campos. Gostosa Belém de outrora. Belém: Editora Universitária, 1965, p. 54-55

No entanto, a situação mudaria de importância devido à intervenção de alguns brasileiros, sob a liderança do paraense Francisco Xavier da Veiga Cabral, o famoso capoeira conhecido como Cabralzinho. Contudo, nem sempre as referências a Cabralzinho foram favoráveis. Entre os anos de 1890, quando era apontado como desordeiro por seus oponentes, e 1895, quando ocorre sua participação no conflito com os franceses, muita coisa aconteceu na vida política do Pará. Na maioria delas, esteve presente nosso singular capoeira. Acompanhemos a trajetória de mutação do “valentão” em herói. Cabralzinho nasceu em 5 de maio de 1861 e durante o Império tornou-se famoso por se envolver em diversos conflitos políticos, especialmente por ocasião das eleições. Seu interesse pela política possivelmente foi herança do pai, Rodrigo da Veiga Cabral, que havia sido vereador por dois mandatos entre 1861 e 1868, pelo Partido Liberal. Contudo, Cabralzinho parece não ter tido interesse em seguir a mesma carreira política do pai. Cedo se tornou comerciante e funcionário público (até ser despedido por ocasião do primeiro governo republicano). Tinha um irmão capitão do exército (talvez isso explique a popularidade que Cabralzinho viria a ter junto aos militares) e exerceu a função de comerciante diversas vezes, durante 20 anos. Uma de suas casas comerciais estava situada no Vero-peso, importante área comercial de Belém, e se chamava Facão. Curiosamente este também seria um dos apelidos atribuídos a Veiga Cabral. Outro episódio vivido por Cabralzinho foi seu confronto com o capanga Mão-de-Seda, em 1888. Raimundo Proença conta que “Certa vez, no largo de Sant’Ana (hoje praça Maranhão), ia sendo vítima do punhal do terrível desordeiro conhecido por Mão-de-Seda, valendo-lhe a vida o destemor e a agilidade com que, a golpes de capoeiragem, luta em que era perito, pôs em fuga o agressor”.6 Contudo, escapou a Proença a informação

AMAPÁ - 1885

de que Mão-de-Seda voltou a encontrar Cabral no mesmo largo. Após nova discussão, Mão-de-Seda aproveitou-se do momento em que Cabralzinho lhe deu as costas, retirando-se, para apunhalá-lo. Segundo os depoimentos da época, a tentativa de assassinato ocorreu sob o olhar de uma patrulha montada que se fazia presente naquele momento. O fato foi amplamente citado e discutido pela imprensa da época, pois envolvia assuntos políticos conflituosos entre liberais e conservadores.7 Mão-de-Seda foi acusado de ser agente secreto da polícia e de ter tentado assassinar Cabralzinho a mando do governo. Desde a revolta do Cacaolinho, ao invés de regressar para Belém, instalara-se no Amapá com alguns amigos (possíveis cúmplices das rebeliões anteriores). Viviam do comércio e de atividades extrativas, mas Cabral acabou sendo convidado para participar da política local, como membro do triunvirato que administrava o Amapá. Logo passou a ser uma forte liderança local. Tudo parecia ir mais ou menos bem, mas a calmaria duraria pouco tempo. No ano de 1895 sua vida mudaria radicalmente, inclusive por sua participação no conflito de fronteira nos limites do Amapá e da Guiana Francesa, citado anteriormente.

QUEIROZ, Jonas Marçal de. História, mito e memória: o Cunani e outras Repúblicas. In: GOMES, Flávio dos Santos (Org.). Nas terras do Cabo Norte: fronteiras, colonização e escravidão na Guiana Brasileira – séculos XVIII-XIX. Belém: Editora Universitária UFPA, 1999. p. 337)

Trajano, um ex-escravo da cidade de Cametá, estando ao lado dos franceses, foi nomeado governador/presidente da então recém-fundada República do Cunani, território dentro do espaço brasileiro pretendido pelo governo de Cayena. Em suas ações, Trajano buscou “expandir” o território francês para dentro do Amapá, gerando um conflito que teve por consequência sua prisão em Macapá. De Cayena foi enviada uma tropa para libertar Trajano que ao desembarcar em Macapá sofreu forte resistência por parte de um grupo de brasileiros liderados por Veiga Cabral. É a partir deste momento que a atuação de Cabralzinho como capoeira ficou mais conhecida e o transformou em um herói nacional do período. O conflito imediato iniciou quando as tropas francesas chegaram a Macapá em busca de Cabralzinho. Tinham ordens de prendê-lo. Cabral ficou frente a frente com o comandante da tropa e se recusou a render-se, desafiando o francês. Daí ocorreria o fato que o tornaria célebre: Lunier [o comandante] saca do revólver e tenta aponta-lo em direção de Cabral, que com extrema agilidade se lança sobre o oficial francês, aplicando-lhe o que na gíria brasileira se chama de “capoeira”, e projeta-o ao solo. Sem tempo para oferecer reação o francês cai. Cabral arrebata-lhe o revólver das mãos. Como o oficial ainda insistiu para que a tropa atirasse em Veiga Cabral, este se defendeu e matou o capitão Lunier com sua própria arma. Um tenente, vendo a cena, avança sobre Cabral para vingar a morte do capitão, mas tem a mesma sorte. A cena ainda se repetiria com um sargento. Neste momento, já havia chegado ajuda para o líder capoeira e um tiroteio intenso se iniciou. A tropa francesa se dispersou em fuga, sendo perseguida pelos brasileiros. Posteriormente, os franceses voltaram em maior número e um novo conflito foi desencadeado. Desta vez foram os brasileiros que tiveram que fugir, refugiando-se na mata. Retornaram para socorrer os feridos somente quando os franceses partiram (estes temiam ficar presos no local devido à maré baixa).

1949 - Curiosamente, no livro O Sairé e o Marabaixo, Nunes Pereira apresenta uma fotografia do Marabaixo, em Curiaú, onde em meio à festa aparece uma possível manifestação da capoeira entre seus brincantes (ver figura a seguir).A prática seria uma permanência da época de Cabralzinho, uma inserção do modelo baiano ou a mistura de ambas as tradições?! Bem, outra pesquisa com um recorte temporal mais contemporâneo poderá auxiliar nesta questão. Por ora, devemos compreender que a figura polêmica de Cabralzinho estava inserida em uma situação política bem mais ampla do que apenas suas intenções e práticas pessoais. Foto: Aspectos do Marabaixo no Amapá. Fonte: PEREIRA, Nunes. O Sahiré e o Marabaixo, 135.

2011 - EVENTO DEIXA SUA MARCA NA HISTÓRIA DA CAPOEIRA EM MACAPÁ - Os dias 11 e 12 de novembro de 2011 ficaram marcados para sempre na história da Capoeira em Macapá. Com a participação da principal escola privada, associações e grupos amapaenses, realizou-se o II Seminário e III Batizado de de Capoeira do Centro Cultural Raízes do Brasil. Sob a coordenação do Monitor Passarinho e de sua irmã Margarida. Contou com apoio da Faculdade Fama e da Escola Conexão Aquarela onde são desenvolvidos projetos e aulas no Centro de Treinamento com a modalidade Capoeira. A festa foi em comemoração aos quatro anos de trabalhos realizados pelo Raízes do Brasil no estado, e este ano em especial contou a participação do Mestre Tucano/PI e Contramestre Fupegô ambos do estado do Piauí e visitando a cidade pela primeira vez. O evento foi iniciado no Auditório da Faculdade Fama na sexta-feira dia 11 com palestras e temas voltados a profissionais da modalidade e acadêmicos de educação Física: “Capoeira e Qualidade de vida” e “A Capoeira como instrumento pedagógico”. No sábado dia 12, na Escola Conexão Aquarela foi realizado o III Batizado de Capoeira de 53 crianças e adolescentes e participação de vários grupos de capoeira, a abertura foi com a execução do Hino Nacional Brasileiro ao som do berimbau, apresentação de Maculelê, Jogo de convidados e o ponto máximo da festa foi a troca de cordas de Jeniffer Margarida e do Monitor Passarinho, momento que emocionou a todos os alunos e pais que prestigiaram o evento. “Já participei de vários eventos pelo mundo afora, mas Macapá ficará marcada em minha trajetória de capoeirista, tanto pelas belezas naturais e principalmente em saber

que a capoeira daqui está muito bem representada e organizada e parabéns ao Passarinho e a Margarida que sempre buscam o que há de melhor para repassar aos seus alunos” Declarou Mestre Tucano.

2017 - L-F-C-GUIMARÃES-A-capoeira-e-a-implementação-da-lei-10.639-03-na-educação-física-escolar.pdf (unifap.br) O presente estudo teve como objetivo analisar, a partir das percepções apresentadas por um grupo de quatorze professores da rede de ensino pública estadual do Amapá, o impacto da Capoeira no processo de implementação da Lei 10.639/03 na Educação Física escolar. A revisão bibliográfica estruturou-se nos aspectos legais, na análise das posturas historicamente preconceituosas, discriminatórias e racistas no que tange às culturas africana e/ou afro-brasileira e na importância da Lei 10.639/03; na Capoeira como uma manifestação tipicamente afro-brasileira, ao discorrer sobre os elementos que a fundamentam, como historicidade, origem, etimologia, corporeidade e finalidades políticas e; na área da Educação Física escolar, transcorrendo sobre sua implantação/implementação na escola e suas concepções teórico-metodológicas mais presentes no ambiente educacional. A metodologia utilizada fundamentou-se no Método Dialético, na abordagem qualitativa conhecida como Pesquisa Fenomenológica-Hermenêutica e nas visitações às direções/coordenações pedagógicas das escolas e aplicação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, Questionário e Entrevista individual do Tipo Semiestruturada aos professores–colaboradores. Já a análise dos dados se deu sob o enfoque da Análise de Conteúdo. Os resultados das análises, por sua vez, nos apontaram para uma falta de conhecimento da Lei 10.639/03, para uma reduzida abordagem da Capoeira e para uma marcante utilização de concepções teórico-metodológicas “tradicionais” por parte dos docentes. Por fim, verificamos que a mudança desse cenário, perpassa, por exemplo, por constantes reflexões acerca das questões étnico-raciais, como discriminação, preconceito, racismo e “embranquecimento” e/ou criações de ambientes favoráveis para que os alunos possam mediatizar conteúdos que façam sentido, tornando-se, assim, cidadãos mais críticos, reflexivos e emancipados de discriminação, preconceitos e racismos.

2021 - Dia da Capoeira e do Capoeirista no Amapá é celebrado com roda de mestres e apresentações / Pioneiro no estado, Mestre Bimbinha será um dos participantes da programação, em Macapá - or Rodrigo Juarez Macapá 0/06/2021 14h45 Atualizado há um ano

Mais de 50 grupos serão representados no evento Foto: Arquivo/Secom-AP Nesta quarta-feira, 30 de junho, é celebrado o Dia da Capoeira e do Capoeirista no Amapá. E para marcar a data mestres e alunos vão se reunir em rodas de conversa e apresentações, a partir das 18h, na Fortaleza de São José de Macapá. Que terá também exposição e grupos de marabaixo. Por conta da pandemia da Covid-19 só será permitida a participação de até quatro membros por associação. Representante de dezenas de grupos são esperados no evento coordenado pela Secretaria Extraordinária de Políticas para os Afrodescendentes (Seafro) em parceira com o Instituto Municipal da Promoção da Igualdade Racial (Improir). Um dos pioneiros no Estado, Mestre Bimbinha, 58 anos, estará presente no evento. Há 23 anos ele ensina capoeira na Associação de Capoeira Bimbinha, projeto social que atende mais de 100 pessoas, entre crianças, jovens e adultos, nos municípios de Macapá, Ferreira Gomes e Tartarugalzinho. Capoeirapramimetudoeladirecionouaminhavidamedandoumobjetivoaseguir,ajudouacriarosmeusfilhosnocaminhodobeme dacidadaniacomsaúdefísicaemental.Sóparoquandomorrer.

Mestre Bimbinha tem 40 anos de experiência na capoeira Foto: Roby Bimbinha/Arquivo Pessoal Bimbinha é pai do Contra Mestre Rolisso, que iniciou no projeto aos 6 anos e se tornou um dos principais nomes da capoeira no país. Em 2017, Rolisso ficou em oitavo lugar num dos maiores campeonatos do mundo o Red Bull Paranauê, que tem objetivo de encontrar o capoeirista com maior conhecimento técnico e de performance entre todos os estilos e segmentos.

Em 20217, Rolisso ficou entre os 10 maiores capoeiristas do mundo no RD Paranauê Foto: Roberto Júnior/Arquivo Pessoal No Amapá a capoeira é considerada patrimônio cultural imaterial por sua história e participação na sociedade. Em abril deste foi instalado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) o Comitê Gestor da Salvaguarda da Capoeira do Amapá, formado por 16 membros, oito do Conselho de Mestres e oito entre Contra Mestres e professores, para o reconhecimento como patrimônio da humanidade.

O Paraná . Está localizado ao norte da região Sul, da qual é o único estado a fazer divisa com outras regiões. Delimitado a leste pelo Oceano Atlântico, é dividido em 399 municípios e se limita com os estados de Mato Grosso do Sul (a NO), de São Paulo (ao N e a L) e de Santa Catarina (ao S), além da província argentina de Misiones (a SO) e os departamentos paraguaios de Canindeyú e Alto Paraná (a O). Sua área é de 199 307,922 km², um pouco menor que a Romênia, país com formato semelhante. Com uma população de 10,4 milhões de habitantes, é o quinto estado mais populoso do Brasil. Sua capital é Curitiba. Outros municípios importantes são: Londrina, Maringá, Ponta Grossa, Guarapuava, Cascavel, São José dos Pinhais e Foz do Iguaçu. É o quarto estado mais rico do Brasil pelo PIB, atrás de SP, RJ e MG. Seu território, que abrange toda a extensão da antiga República do Guairá à época do Império Espanhol, era a província mais nova do Brasil imperial, desmembrada de São Paulo em 1853, sendo seu primeiro presidente Zacarias de Góis. Foi criada por motivos diversos, podendo ser citados um acordo pelo apoio oferecido pelos paranaenses à Revolução Farroupilha e o cultivo lucrativo da erva-mate. É também o mais novo estado da região Sul do país, logo depois do Rio Grande do Sul (1807) e Santa Catarina (1738). É historicamente conhecido por sua abundância de pinheirais espalhados pela porção do planalto sul, onde o clima é subtropical úmido temperado, semelhante aos estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, enquanto o restante do Brasil conta com o clima tropical. A espécie predominante na vegetação é a Araucaria angustifolia. Os ramos dessa árvore aparecem na bandeira e no brasão, símbolos adotados em 1947. Atualmente, esse ecossistema encontra-se muito destruído devido à ocupação humana. Já o relevo do Paraná é dos mais altos do Brasil: 52% do território se encontram além de seiscentos metros e somente 3% aquém de trezentos metros. Os rios mais importantes do Paraná são o Paraná, o Iguaçu, o Ivaí, o Tibagi, Paranapanema, o Itararé e o Piquiri Esportes

Ver artigo principal: Esporte do Paraná - O futebol é o esporte mais popular no estado de Paraná, seguido por vôlei, basquete, ginástica, artes marciais e automobilismo O futebol foi introduzido no início do século XX, tendo como principais equipes o Clube Atlético Paranaense, o Coritiba Foot Ball Club e o Paraná Clube, além de outros times menores. O Campeonato Paranaense, realizado anualmente desde 1915, é o principal evento de futebol no estado, organizado pela Federação Paranaense de Futebol, contando com a participação de doze equipes na primeira divisão. Os estádios de futebol Major Antônio Couto Pereira e a Arena da Baixada, ambos em Curitiba, são os maiores do Paraná. O Paraná é sede de eventos esportivos nas mais diversas modalidades, seja de importância local, nacional e até mesmo internacional, entre os quais os Jogos Oficiais do Paraná, realizados pela secretaria estadual do esporte e que reúne os Jogos Abertos do Paraná, os Jogos Colegiais (JOCOPS), os Universitários (JUPS), os da Juventude (JOJUPS) e da Primavera (JEP); o Campeonato Mundial de Carros de Turismo, a Fórmula Truck, a GT3 Cup, a Stock Car Brasil e a SuperBike Brasil, eventos que são realizados no Autódromo Internacional de Curitiba e no Autódromo Internacional de Cascavel. O Paraná sediou quatro jogos da Copa do Mundo de 2014, realizados no Estádio Joaquim Américo Guimarães (Arena da Baixada), em Curitiba. Há ainda diversos incentivos à prática de esportes. o estado nasceram os medalhistas olímpicos Vanderlei Cordeiro de Lima e Édson Luciano no atletismo; Natália Falavigna no taekwondo; Douglas Vieira no judô; Cyro Delgado na natação; Giba, Serginho, Elisângela Oliveira e Filó no vôlei; Emanuel Rego no vôlei de praia; além de medalhistas em Mundiais como Jadel Gregório no atletismo e Amanda, Karol Souza e Mayara Moura no handebol.

PARANÁ - 1889
Ano 1889\Edição 00038 (1) Dezenove de Dezembro (PR) - 1854 a 1890

1899 - Diário da Tarde. Essa matéria circulou no final do século XIX, sob o título de “Brinquedos e Cacetadas”, na qual foi narrada que: Brincavam hontem Filippe Gonçalves e Izidoro Mendes na rua Borges de Macedo, ás dez horas da noite. Consistia o brinquedo em jogos de capoeiragem. Dahi á momentos chegou ao local Manoel Ramos que acreditando tratar-se de uma briga, manejou o cacete que possuía e deu forte cacetada em Filippe, no lado esquerdo da fronte, prostanto-o em seguida. O ferido poude ainda descarregar o seu revolver contra o agressor; a bala alcançou-o ferindo-o levemente. Ambos estão presos. (DIÁRIO DA TARDE, 1899, s/p.).

Ano 1900\Edição 00481 (1) Diario da Tarde (PR) - 1899 a 1983

Ano 1901\Edição 00552 (1)

Ano 1905\Edição 00033 (1) A Noticia (PR) - 1905 a 1908 12 DE DEZEMBRO

Ano 1906\Edição 00071 (2) A Noticia (PR) - 1905 a 1908

Ano 1906\Edição 00096 (1)

Ano 1906\Edição 00229 (1) A Noticia (PR) - 1905 a 1908

Ano 1907\Edição 00018 (1) O Olho da Rua (PR) - 1907 a 1911
Ano 1908\Edição 00024 (1)
Ano 1908\Edição 00003-00005 (7) A Escola : Revista do Gremio dos Professores Publicos (PR) - 1906 a 1921

Ano 1926\Edição 00516 (1)

9 DE JULHO
Ano 1926\Edição 00463 (1) O Estado do Paraná : Jornal da Manhã (PR) - 1925 a 1926

Ano 1937\Edição 00126 (1) O Estado (PR) - 1936 a 1938

Ano
1926\Edição 00558 (1)

Ano 1937\Edição 00145 (1)

Ano 1937\Edição 00176 (1)
Ano 1946\Edição 00003 (2) Joaquim : Em homenagem a todos os Joaquins do Brasil (PR) - 1946 a 1948
Ano 1947\Edição 00463 (2) Diário do Paraná (PR) - 1945 a 1947
Ano 1948\Edição 00018 (1) Joaquim : Em homenagem a todos os Joaquins do Brasil (PR) - 1946 a 1948 Ano 1956\Edição A02298 (1) Paraná Esportivo (PR) - 1952 a 1963 Ano 1956\Edição 01695 (1) A Tarde (PR) - 1930 a 1960
Ano 1956\Edição 01932 (1)
Ano 1957\Edição 02554 (1)

Ano 1959\Edição 02399 (1) A Tarde (PR) - 1930 a 1960

DÉCADA DE 1970 - alguns mestres foram importantes para a difusão da capoeira no Estado. Passaram por Curitiba Mestre Lampião de Goiás (Eurípedes) e Alabamba. Mestre Lampião de Goiás, passou pela cidade no ano de 1970. Depois dele, Mestre Alabamba, que fez alguns “shows” no Teatro Guaíra, em 1972 (SERGIPE, 2006).Ali, no teatro, ele encontrou alguns alunos de Mestre Lampião que haviam sido recém-iniciados, mas,

Ano 1960\Edição 02548 (1) Ultima Hora (PR) - 1959 a 1964

conforme Sergipe (2006), ele não realizou nenhum projeto na cidade. Após Lampião e Alabama, veio Mestre Sergipe e abriu a primeira academia na cidade, como vemos na figura e posteriormente chegaram outros Mestres a Curitiba: Mestre Monsueto, em 1974; Mestre Burguês, Mestre Belisco e Mestre Diabo Loiro chegaram no mesmo ano de 1975; em 1977, Mestre Pernambuco começa seu trabalho na cidade. MACHADO, J. do N. .; SCHUALTZ, J. L. . NOTAS SOBRE A CAPOEIRA PARANAENSE (XIX-XX): RESISTÊNCIA SUBALTERNA. Revista de História Bilros: História(s), Sociedade(s) e Cultura(s), [S. l.], v. 8, n. 17, 2022. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/bilros/article/view/7634. Acesso em: 28 dez. 2022.

Ano 1977\Edição 00052 (1) Correio de Notícias (PR) - 1977 a 1979

Ano 1977\Edição 00126 (1)

Ano 1978\Edição 00301 (1)

Ano 1978\Edição 00312 (1)

Ano 1978\Edição 00327 (1)
Ano 1979\Edição 00599 (1) Correio de Notícias (PR) - 1977 a 1979
Ano 1979\Edição 00625 (1)
Ano 1979\Edição 00660 (1)

1979 - O Diário do Paraná9(1979) noticiou o seguinte: O barulho na boate da Nadir, na Vila Guaíra, era prenúncio de muita confusão, na noite de anteontem. Logo após às primeiras horas da madrugada, não deu outra. A bailarina Joana da Silva, uma bailarina de 23 anos, que luta Capoeira e sabe brigar como qualquer homem, quase decapitou seu parceiro João Fernandes, no interior de um dos quartos do prostíbulo. A mulher, que diz saber ser “danada”, quando preciso, foi presa e autuada em flagrante na delegacia do 8º Distrito policial onde confessou o crime. Segunda ela, “ele quis me matar, quis me “amassar” muito e eu tive que me defender”. Para ela, “ele deve ser maníaco, logo que nós entramos no quarto ele foi me acertando um soco no olho e me derrubando no chão” [...] mesmo assim, conseguiu dar uma gravata e cravar a faca no pescoço da vítima. (DIÁRIO DO PARANÁ, 1979, p. 10)

1983 - o mestre Oriel Feliciano Lopes, também utilizou da Capoeira como autodefesa. Conforme o Diário da Tarde (1983, p. 4):O Mestre de Capoeira Oriel Feliciano Lopes, estava no interior de um bar na Marechal Floriano, 7043, quando pela madrugada foi provocado e agredido pelo militar Orvaldo Gonçalves Ferreira,de 33 anos, que portava um cabo de aço. Na briga porém acabou levando a melhor e o militar precisou ser medicado no Pronto-Socorro do Cajuru, A delegacia de Homicídios foi comunicada da ocorrência e passou o caso para a delegacia do 7.º Distrito.

2010 - (9) Curitiba entra na roda: presença(s) e memória(s) da capoeira na capital paranaense | Liliana Porto, Ariana Rodrigues Guias e Magda L Mascarello - Academia.edu

Regional Matriz

Regional Pinheirinho

Regional Portão

Regional Santa Felicidade

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Grupos de Capoeira em Curitiba 1. CENTRO PARANAENSE DE CAPOEIRA (DÉCADA DE 1970) - Antônio Rodrigues Santos, o Mestre Sergipe, nasceu no dia 11 de outubro de 1952, em Boquim/SE. Ainda criança, mudou-se com sua família para Salvador/BA. Foi ali, na capital baiana, que começou a praticar capoeira, a partir dos seis anos de idade. O mestre recordase que o seu primeiro contato com a arte foi nas rodas de rua da cidade. Ainda menino ficava observando os movimentos executados nestes espaços e em casa tentava reproduzi-los na técnica da oitiva. Encantado com a prática, decidiu procurar orientação na academia de Mestre Caiçara e lá aprendeu os primeiros passos na capoeira com o Contramestre Fernandinho da Paz. Certo dia, ao passar pela sala de treinamento, Mestre Caiçara o viu e perguntou-lhe onde havia nascido. A resposta da pergunta fez com que, a partir de então, seu mestre passasse a lhe chamar Sergipe. Em Salvador morou até os vinte anos de idade, tendo a oportunidade de conviver com grandes nomes da capoeira local. Chegou à cidade de Curitiba em dezembro de 1973, convidado a assumir uma turma de capoeira no Instituto Brasil de Karatê, Capoeira e Judô, situado na Rua XV de Novembro (Centro). Sergipe nos conta que naquela época ainda não era comum utilizar nome de grupo, a forma como os praticantes identificavam-se era simplesmente dizendo quem era o seu mestre. Com as necessidades criadas pelo próprio contexto, chamou seu grupo de Centro Paranaense de Capoeira, que alguns anos depois passaria a ser conhecido como Grupo Mestre Sergipe. Recentemente, no ano de 2010, depois de uma reunião com seus principais alunos ficou decidido que alguns deles, os mais antigos e que já tinham seus próprios grupos consolidados, voltariam a integrar o grupo do mestre, que a partir deste ano volta a ter o nome Centro Paranaense de Capoeira. Mestre Sergipe é reconhecido pela comunidade capoeirística pela sua importância na consolidação e desenvolvimento da capoeira não somente na capital paranaense, mas também em todo o sul do país. (Para mais informações sobre o Mestre Sergipe e o grupo Centro Paranaense de Capoeira, ver texto de memória na segunda parte deste livro). Local e ano de fundação: Curitiba/PR – Década de 1970 Sede: São Jose dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba/PR Inicio das atividades em Curitiba: Primeira metade da década de 1970 Responsável pelo grupo: Mestre Sergipe Responsável local: Mestre Sergipe Última graduação: Mestre (Graduado por Mestre Caiçara/BA – 1973) Estilo predominante do grupo: Capoeira angola pura. Abrangência do grupo: Nacional Principal área de atuação na cidade de Curitiba: Academia Número de pessoas que ministram aulas em

7.
III. Mapeamento dos Pontos de Ensino Regular de Capoeira na Capital Paranaense 1. Curitiba ........................................................................ 29 2. Regional Bairro Novo ............................................... 30 3. Regional Boa Vista .................................................... 31 4. Regional Boqueirão .................................................. 32 5. Regional Cajuru ......................................................... 33 6. Regional CIC ............................................................... 34
.........................................................
8.
................................................
9.
..........................................................
10.
........................................
IV.

Curitiba: 1 pessoa Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Matriz Endereço para contato: Rua Octavio Cin, S/N – Colônia Afonso Pena – São José dos Pinhais/Pr

2. MUZENZA (1975) - O grupo Muzenza começou sob influência do Capuarte Filhos de Obaluaê, de Mestre Mentirinha. Em 1972, participando deste grupo, Mestre Paulão passa a chamá-lo Muzenza. O nome sofre nova modificação quando Mestre Burguês começa a lecionar capoeira nos bairros de Madureira e Meyer (RJ), denominando seus núcleos de Netos da Muzenza. Pouco tempo depois, aprovado em concurso público, Mestre Paulão inicia o trabalho como fuzileiro naval na marinha, não podendo continuar suas atividades na capoeira. Confiou, então, esta tarefa a seu discípulo, Mestre Burguês, que continuou o trabalho em Curitiba, para onde havia se mudado em outubro de 1975. Depois de algum tempo na capital paranaense, Mestre Burguês retoma a denominação dada por Mestre Paulão, apenas Muzenza. A expansão do grupo começou logo após sua fundação, e embora tenha sido iniciado no Rio de Janeiro, passa a ser reconhecido no mundo da capoeira pelo seu vínculo com Curitiba. Em pouco tempo Foz do Iguaçu contava com representantes da Muzenza que, depois disso, não parou de crescer, expandindo-se rapidamente para todo o Brasil e mais trinta países. Nascido no estado de Sergipe, Mestre Burguês mudou-se com a família para o Rio de Janeiro ainda aos três meses de vida. O primeiro contato com a capoeira veio através da proximidade com a Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense e o livro Capoeira sem Mestre. Ainda adolescente treinava os exercícios trazidos pelo livro junto a um amigo que tinha uma pequena noção dos movimentos, o suficiente para provocar a curiosidade de saber mais sobre a prática. Assistia também às rodas de capoeira do bairro de Ramos, onde conheceu Mestre Paulão – que viria a ser o seu primeiro e único mestre nos treinamentos no Grupo Muzenza. Nesse período tinha, aproximadamente, catorze anos de idade. Em 2006, Mestre Burguês voltou a morar no Rio de Janeiro, cidade onde estava antes da vinda para a capital paranaense. Porém, como ele mesmo afirma, ainda hoje tem Curitiba como cidade referência para o grupo e, nos batizados que participa em diversas partes do Brasil e do mundo, é sempre apresentado como um mestre do Paraná. (Texto informado pelo representante do grupo; para mais informações sobre o Mestre Burguês e o grupo Muzenza, ver texto de memória na segunda parte deste livro). Local e data de fundação: Rio de Janeiro/RJ – 05/05/1972 Sede: Curitiba/PR Início das Atividades em Curitiba: 20/10/1975 CURITIBA ENTRA NA RODA 46 GRUPOS DE CAPOEIRA EM CURITIBA 47 Responsável pelo grupo: Mestre Burguês Responsável local: Mestre Buguês. Última graduação: Mestre (Graduado por Mestre Paulão/RJ – 1975) Estilo predominante do grupo: Capoeira moderna Abrangência do grupo: Internacional Principal área de atuação em Curitiba: Escolas particulares, academias e projetos sociais Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 8 pessoas Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Santa Felicidade e Matriz Endereço para contato: Rua Mal. Deodoro, 148, 1º Andar – Centro – Curitiba/P

3. FAROL DA BAHIA (1984) - O grupo Farol da Bahia foi criado em meados da década de oitenta no bairro Carmo, em Curitiba, quando foi fundada a academia de Mestre Piton. Naquela época, os alunos de Mestre Sergipe, ao abrirem suas academias, passavam a utilizar um nome próprio para o local de treino. Isto não significa que deixassem de integrar o grupo do mestre, mas alguns acabaram ganhando status de grupos. Assim, em 1984, após abrir sua academia, Piton foi incentivado por seu mestre a criar seu próprio grupo. Foi também Mestre Sergipe quem o ajudou a escolher o nome Farol da Bahia. Aloísio de Souza Piton, o Mestre Piton, nasceu no Recôncavo Baiano no dia 25 de dezembro de 1945, onde morou até os dezenove anos de idade. Na sua infância chegou a ter um breve contato com a capoeira, no entanto não considera esse período como significativo em sua formação enquanto capoeirista. No ano de 1966 mudou-se com a família para o interior do Paraná, onde chegou a ter uma academia de luta livre, esporte que praticava antes da capoeira. Morou no interior do estado por três anos, e em 1971 mudou-se para a capital. Certo dia, em um sábado de 1974, estava andando pelas ruas do centro da cidade e foi atraído pelo som do berimbau: era uma apresentação de rua e na roda observou Mestre Sergipe cantando e jogando na companhia de uns quatro alunos. No início ficou com receio, pensou tratar-se de mais alguém tentando enganar o povo, mas logo ficou encantado com a desenvoltura do mestre na roda. Após o show procurou informarse do endereço onde aconteciam os treinos. Na segunda-feira seguinte começou a frequentar as aulas. Três anos depois, graças à sua agilidade corporal e sua experiência com outras lutas passou também a ensinar capoeira. O primeiro local onde atuou como professor foi no SESI Portão. Tempos depois também compartilhava horários de aulas na academia do próprio Mestre Sergipe, no centro da cidade. Antes de abrir sua academia própria em 1984, local em que permanece até o presente momento, Mestre Piton ainda teve outra academia no mesmo bairro, e dividiu um espaço no bairro Portão com um aluno formado por Mestre Sergipe. Atualmente o mestre também dá aulas para crianças que participam de um projeto social em sua academia (Para mais informações sobre o Mestre Piton e o grupo Farol da Bahia, ver texto de memória na

segunda parte deste livro). Local e data de fundação: Curitiba/PR – 1984 Sede: Curitiba/PR Inicio das atividades em Curitiba: 1984 CURITIBA ENTRA NA RODA 48 GRUPOS DE CAPOEIRA EM CURITIBA 49 Responsável pelo grupo: Mestre Piton Responsável local: Mestre Piton Última graduação: Mestre (Graduado por Mestre Sergipe/PR – 1984) Estilo predominante do grupo: Capoeira Abrangência do grupo: Municipal Principal área de atuação: Academia Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 1 pessoa Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Boqueirão Endereço para contato: Rua Tenente Francisco Ferreira de Souza, 3676 – Carmo – Curitiba/PR

4. KAUANDE (1988) O Grupo Kauande de capoeira foi oficialmente criado em 1989 por Luiz Carlos Déa, conhecido na capoeira como Mestre Déa. Nascido no dia 09 de agosto de 1964, em Curitiba, Mestre Déa teve a oportunidade de conhecer a capoeira em 1979, durante a apresentação de um grupo no colégio onde estudava – Colégio Dom Ático – na Vila Lindóia. Depois que assistiu ao jogo, logo teve interesse em praticar capoeira, e a partir daí começou a treinar com Mestre Paulino, aluno de Mestre Grande de São Paulo. No entanto, como Paulino não ficou muito tempo na cidade, indo embora dois anos depois, Déa conheceu outros mestres e professores de capoeira com quem passou a conviver. Sem a presença do mestre, os alunos reuniam-se para trocar experiências entre si e, desta forma, continuar os treinamentos. A partir do final da década de oitenta, especificamente em 1988, Déa começa a dar aulas de capoeira e surge então a necessidade de qualificar-se para isso. Passa a viajar para São Paulo para fazer cursos de qualificação oferecidos pela Federação Paulista de Capoeira, espaço onde conhece vários mestres, com destaque para Gladson, Pedro Augusto e Brasília (aqueles que viriam a formá-lo mestre no ano de 2007). Déa relembra que na ocasião em que decidiu escolher o nome de seu grupo, em 1989, reuniu seus alunos e pediu sugestões. Ubiratã Machado, um de seus alunos na época e ilho de uma historiadora que pesquisava a temática do negro, com o auxílio de sua mãe, sugeriu o nome Kauande, que significa Guerreiro Iluminado em uma língua africana. As primeiras aulas já com o novo nome aconteceram em um salão de condomínio, passando para a garagem da casa do próprio mestre, até se estabelecer em espaços como academias e projetos sociais, onde permanece até hoje. Posteriormente, Mestre Déa ingressou na política, tendo sido vereador de Curitiba (Para mais informações sobre o Mestre Déa e o grupo Kauande, ver texto de memória na segunda parte deste livro). Local e data de fundação: Curitiba/PR – 1988 Sede: Curitiba/PR Início das atividades em Curitiba: 1988 Responsável pelo grupo: Mestre Déa Responsável local: Mestre Déa Última graduação: Mestre (Formado por Mestre Gladson, Mestre Pedro Augusto e Mestre Brasília – SP – 2007) Estilo predominante do grupo: Capoeira regional contemporânea Abrangência do grupo: Estadual Principal área de atuação em Curitiba: Projetos sociais Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 10 pessoas Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Portão Endereço para contato: Avenida Brasilia, 4974 – Novo Mundo – Curitiba/PR

5. ABADÁ Capoeira (1992) - “O ABADÁ - Capoeira (Associação Brasileira de Apoio e Desenvolvimento da Arte – Capoeira) é uma entidade sem fins lucrativos que tem como objetivo a difusão da cultura brasileira através da Capoeira, acreditando no exercício da arte como um forte instrumento de integração social, pois possibilita, também, a recuperação da noção de cidadania” . Fundada no Rio de Janeiro no ano de 1988 por José Tadeu Carneiro Cardoso, Mestre Camisa. Hoje o ABADÁ é uma das maiores organizações de capoeira do mundo, presente em todos os estados do Brasil e em mais de trinta países dos cinco continentes. O grupo chega à cidade de Curitiba em agosto de 1992, representado por Piriquito Verde. Nascido na cidade portuária de Paranaguá, Paraná, Piriquito mudou-se para a capital com sua família ainda aos cinco anos de idade. Interessou-se pela capoeira após assistir a performance de Garbu, um antigo amigo que era mestre sala e também capoeirista. Foi este o responsável por apresentá-lo a Mestre Burguês, do grupo Muzenza, em 1977. Neste grupo permaneceu treinando até 1990, quando entrou no ABADÁ. Em Curitiba, Piriquito Verde ministra aulas desde o inicio da década de oitenta, desenvolvendo atividades nos mais diversos espaços, academias, clubes, escolas públicas e particulares. No entanto, foi como estagiário do curso de Educação Física em um projeto da Prefeitura, em 1984, que começou sua carreira de educador e teórico da capoeira para crianças. Logo no início das atividades houve uma grande demanda infantil, um público quase inexistente na capoeira curitibana nesse período. Com a demanda surgiu também a necessidade de se especializar e adequar a técnica de ensino da capoeira. As experiências, somadas às pesquisas bibliográficas, tiveram como resultado a publicação de diversos livros pedagógicos, colocando-o na condição de uma das referências na metodologia de trabalho com crianças (Para mais informações sobre Piriquito Verde e o grupo ABADÁ, ver texto de memória na segunda parte deste livro). Local e data de fundação: Rio de Janeiro/RJ – 1988 Sede: Rio de Janeiro/RJ Inicio das atividades em Curitiba: Agosto de 1992 Responsável pelo grupo: Mestre Camisa Responsável local: Professor Piriquito Verde Última graduação: Professor Estilo

predominante do grupo: Metodologia própria do grupo ABADÁ Principal área de atuação na cidade de Curitiba: Escolas particulares Abrangência do grupo: Internacional Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 4 pessoas Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Matriz Endereço para contato: Rua Bolívia, 81, Sobrado II – Bacacheri – Curitiba/PR

6. ACAPRAS (1992) - A ACAPRAS – Academia de Capoeira Praia de Salvador – foi criada no inicio da década de 1980, por Gideoni Silveira. Silveira nasceu em uma aldeia indígena do interior do Paraná em 02 de maio de 1962. Porém, no inicio da década de 1970, ainda criança mudou-se para São Paulo junto a sua irmã Lídia, e foi nesta cidade que começou a praticar a capoeira no ano de 1973. Inicialmente na Associação de Capoeira Quilombinho, com Mestre Valmir, com quem permaneceu um curto período. Após a saída deste grupo passou a frequentar algumas academias da cidade antes de conhecer Mestre Limão, que viria a ser o seu mestre. Com ele se formou professor em 1980 e mestre em 1981. Ainda no ano de 1980 retornou para o interior do Paraná, e no dia 24 de novembro do mesmo ano fundou o grupo ACAPRAS, na cidade de Cambira. Em seguida, mudou-se com o grupo para Apucarana/PR. Rapidamente este ganhou visibilidade e reconhecimento, pois naquela época a capoeira era novidade no interior do estado. Ao longo de mais de trinta anos de estrada, seu trabalho se expandiu para os mais diversos espaços, inclusive para o sistema penitenciário do estado. As atividades do grupo na capital paranaense começaram em 1992 com os capoeiristas Marcílio e Olímpio, ambos egressos do sistema prisional. A partir do ano de 1998, Mestre Silveira assumiu as atividades do grupo em Curitiba. Não muito tempo depois fundou sua primeira academia, no Bairro Capão Raso. Desde então, o grupo vem expandindo-se cada vez mais, inclusive para outros estados do Brasil. Atualmente, em Curitiba, são desenvolvidas atividades em vários espaços: escolas do município, academias, associações de moradores e projetos sociais. Segundo o próprio mestre, o grupo também está presente em todas as penitenciárias do estado do Paraná (Para mais informações sobre o Mestre Silveira e o grupo ACAPRAS, ver texto de memória na segunda parte deste livro). Local e data de fundação: Cambira/PR – 24/11/1980 Sede: Curitiba/PR Inicio das atividades em Curitiba: 1992 Responsável pelo grupo: Mestre Silveira Responsável local: Mestre Silveira Última graduação: Mestre (Graduado por Mestre Limão/SP – 1981) Estilo predominante do grupo: Capoeira angola de fora Abrangência do grupo: Nacional Principal área de atuação em Curitiba: Escolas municipais Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 15 pessoas Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Cajuru Endereço para contato: Avenida Winston Churchil, 2730, sala 24 – Pinheirinho – Curitiba/PR

7. CAPOEIRA BRASIL (1992) No dia 14 de janeiro de 1989, nasceu, na cidade de Niterói/RJ, o Grupo Capoeira Brasil, com liderança compartilhada por três mestres: Paulinho Sabiá, Paulão e Boneco, todos ex-integrantes do grupo Senzala, do Rio de Janeiro. Na ocasião da criação do grupo estavam presentes vários mestres de renome da capoeira do Brasil. Desde então, o Capoeira Brasil começou a expandir-se por todo país e até mesmo para o exterior. Três anos após a fundação, em 1992, o grupo chegou a Curitiba, representado pelos então professores, hoje mestres Cabeça, Índio e Xangô. Contudo, ao longo dos anos de existência do Capoeira Brasil na capital, as lideranças foram alternando-se até chegar ao modelo atual. Hoje, o responsável pelo grupo é o Contramestre Duende – Robson Pinheiro. Duende é natural de Curitiba. Nasceu no dia 26 de maio de 1976. Na capoeira começou em 1991, com o Mestrando Sapo, que era aluno de Mestre Índio. Com ele permaneceu treinando até 1997, quando Sapo decidiu filiar-se ao grupo Nação Capoeira. Duende optou por permanecer no Capoeira Brasil e passou a treinar com Mestre Índio, que liderava o núcleo na cidade. Com a saída de Índio em 2007, Duende foi convidado pelo próprio Mestre Paulinho Sabiá a assumir a coordenação do grupo em Curitiba. Local e data de fundação: Niterói/RJ – 14/01/1989. Sede: Niterói/RJ Início das atividades em Curitiba: 1992 Responsáveis pelo grupo: Mestre Paulinho Sabiá, Mestre Paulão e Mestre Boneco Responsável local: Contramestre Duende Última graduação: Contramestre (Graduado por mestre Paulinho Sabiá/RJ – 2009) Estilo predominante do grupo: Capoeira regional contemporânea Abrangência do grupo: Internacional Principal área de atuação na cidade de Curitiba: Escolas particulares e municipais Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 5 pessoas Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Cajuru Endereço para contato: Rua Teodoro Wincler, 79 – Cidade Jardim – São José dos Pinhais/PR

8. FORÇA DA CAPOEIRA (1993) Força da Capoeira O Grupo Força da Capoeira foi criado por Joaquim Guedes da Silva Alcoforado Neto, Mestre Kinkas, e sua esposa Áurea Luiza Niño Alcoforado, no dia 24 de maio de 1993, em Curitiba. Mestre Kinkas nasceu no dia 25 de agosto de 1963, em Goiana, litoral pernambucano. Mas foi em Recife, no ano de 1977, que deu seus primeiros passos no mundo da capoeira. As aulas iniciais foram em uma garagem na casa de seu professor, o jovem Caveira, que era apenas dois anos mais velho do que ele. Ali permaneceu treinando por cerca de três anos. No entanto, como Caveira não poderia mais ministrar aulas por

falta de tempo, sugeriu que Kinkas procurasse os Contramestres Birilo e Corisco para continuar os treinamentos. Algum tempo depois, Birilo junta-se ao Contramestre Corisco para criar o grupo Chapéu de Couro, sendo estes e também Mestre Mulatinho as principais referências em sua formação como capoeirista. Em 1989, Mestre Kinkas mudou-se para a cidade de Curitiba em busca de novas oportunidades, e logo na chegada começou a frequentar as rodas de capoeira, onde rapidamente obteve reconhecimento. Em março de 1990 foi convidado para dar aulas na academia Muzenza, grupo em que esteve até março de 1993, quando decidiu sair para iniciar um trabalho próprio junto a sua esposa e aluna. Nasceu assim o grupo Força da Capoeira. As primeiras aulas do novo grupo foram dadas em escolas municipais e em projetos sociais do estado, no IAM – Instituto de Amparo o Menor – onde trabalhou até 1998. Atualmente o grupo desenvolve atividades de capoeira nos mais diversos espaços, tais como: escolas municipais, escolas particulares, academias e projetos sociais, trabalha também, com frevo, maculelê e côco de embolada como atividades relacionadas à capoeira (Para mais informações sobre o Mestre Kinkas e o grupo Força da Capoeira, ver texto de memória na segunda parte deste livro). Local e data de fundação: Curitiba/PR – 24/05/1993 Sede: Curitiba/PR Inicio das atividades em Curitiba: 1993 Responsável pelo grupo: Mestre Kinkas Responsável local: Mestre Kinkas Última graduação: Mestre (Graduado por Mestre Mulatinho/PE – 1996) Estilo predominante do grupo: Capoeira regional Principal área de atuação: Escolas municipais e projetos sociais Abrangência do grupo: Nacional Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 7 CURITIBA ENTRA NA RODA 56 GRUPOS DE CAPOEIRA EM CURITIBA 57 pessoas Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Bairro Novo Endereço para contato: Rua Dona Bárbara Cid, 480, AP. 16 – Uberaba – Curitiba/P

9. ABRACAP (1994) - ABRACAP, Associação Brasileira de Capoeira, é um grupo de abrangência nacional, fundado por Mestre Paulo Gomes na década de 1970, no estado de São Paulo. O grupo chega a Curitiba no ano de 1994, através de Mestre Kunta Kintê (Carlos Roberto Álvares), que havia se filiado ao grupo devido a seu interesse em aprender a metodologia de trabalho com capoeira desenvolvida nas escolas do estado de São Paulo. Visava, a partir de tal aprendizado, propor o mesmo projeto à Secretaria de Educação do Estado do Paraná. O objetivo era desenvolvê-lo nas escolas do estado e município. Mestre Kunta Kintê nos conta que este trabalho foi pioneiro nas atividades oficiais em escolas municipais de Curitiba, bem como nas escolas do estado. As primeiras a participarem do projeto foram: Escola Estadual Pedro Macedo e a Escola Municipal Papa João XXIII. Depois de oito meses de trabalho, precisou trazer professores de outras cidades e até mesmo de outros estados para suprir a grande demanda de aulas. Mestre Kunta Kintê, natural de Assis Chateaubriand/PR, nasceu no dia 04 de janeiro de 1964. Mudou-se para Curitiba ainda com oito anos de idade, onde começou a praticar capoeira com Mestre Sergipe em 1979. Logo alcançou destaque dentro do grupo e começou a ministrar aulas, não só na academia do mestre, mas também no seu próprio espaço no bairro Portão, onde permaneceu por muito tempo. Desta academia saíram diversos professores e mestres, lideres de alguns grupos ainda em atuação na cidade nos dias de hoje. Consagrado mestre em 1995, foi também na década de 1990 que Kunta Kintê teve uma grande repercussão como capoeirista, ao participar de campeonatos de vale tudo onde se utilizou das técnicas de capoeira para enfrentar atletas de outras modalidades. Local e data da fundação do grupo: São Paulo/SP –Década de 1970 Sede: São Paulo/SP Inicio das atividades em Curitiba: 1994 Responsável pelo grupo: Responsável local: Mestre Kunta Kintê Última graduação: Mestre (Graduado por Mestre Sergipe – 1995) Estilo predominante do grupo: Capoeira regional pura Abrangência do grupo: Internacional Principal área de atuação em Curitiba: Academias Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 2 pessoas Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Portão Endereço para contato: Rua Isaac Ferreira da Cruz , 2998 –Sitio Cercado – Curitiba/P

10.

ASSOCIAÇÃO DE CAPOEIRA LENÇO DE SEDA

(1995) A Associação de Capoeira Lenço de Seda foi fundada em 1977, na cidade de Timóteo/MG, por Reginaldo Consolatriz Maia, conhecido na capoeiragem como Mestre Véio. Além da capoeira, o Lenço de Seda sempre se preocupou em atuar como um grupo de resgate da cultura afrobrasileira, trabalhando atividades como: capoeira, maculelê, samba de roda, bumba meu boi, teatro, percussão, dentre outras manifestações populares. A história do grupo em Curitiba começa com a chegada do capoeirista Jean Carlo Gomes, o Taruíra, em 1995. Jean Carlo é mineiro, nascido no dia 09 de março de 1974. Começou a praticar capoeira com Mestre Véio aos dez anos de idade, em uma escola municipal na cidade de Timóteo. Seu início como professor de capoeira foi no começo da década de 1990. Em 1995 decidiu mudar-se para Curitiba. Embora a princípio não pensasse trabalhar com capoeira, no mesmo ano começa a dar aulas em um projeto social, algum tempo depois em escolas municipais, percebendo assim a possibilidade de dedicar-se somente à capoeira. Logo que chegou à cidade, ele criou um novo nome para o grupo, pois na época era característica do grupo Lenço de Seda que cada aluno atuasse com um nome próprio, por isso Taruíra chegou a utilizar durante algum tempo o nome Berimbau de Ouro. No entanto, na década de noventa, Mestre Véio propõe em uma

reunião que todos passassem a utilizar o nome Lenço de Seda. Desde então, continuou seu trabalho com a capoeira e sua principal área de atuação é na educação infantil, principalmente na região da Cidade Industrial de Curitiba e em escolas particulares. Local e Data de Fundação: Timóteo/MG – 1977 Sede: Timóteo/MG Inicio das atividades em Curitiba: 1995 Responsável pelo grupo: Mestre Véio Responsável local: Contramestre Jean Taruíra Última graduação: Contramestre (Graduado por Mestre Véio/MG em Curitiba – 1997) Estilo predominante do grupo: Capoeira tradicional (busca as raízes, os rituais e a tradição) Abrangência do grupo: Internacional Principal área de atuação em Curitiba: Escolas particulares Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 4 pessoas Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: CIC Endereço para contato: Rua Maria Teodoro Vilalva, 03 – CIC – Curitiba/ PR

11. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CAPOEIRA NAÇÃO

(1997) A Associação Brasileira de Capoeira Nação foi fundada em 1989, na cidade de Porto Alegre/RS, por Mestre Tucano. Atualmente, em cada estado onde existe atividade do grupo há um responsável com autonomia nas decisões locais, além de existir um conselho fiscal que é reunido em situações específicas. Na cidade de Curitiba, é a associação liderada por Noel Aparecido de Pinho, o Mestrando Sapo. Sapo nasceu na cidade de São Tomé, interior do Paraná, no dia 19 de outubro de 1962. Chega a Curitiba em 1981. Sapo recorda-se que certo dia estava passando pela rua XV de Novembro, no centro da cidade, e parou para assistir uma roda de capoeira. No final da apresentação foram distribuídos panfletos com endereços das academias do grupo em questão. Interessado em treinar capoeira, resolve procurar a academia mais próxima de sua casa. no bairro Capão Raso. Quem dava aulas naquela região da cidade era o Contramestre Gegê, do grupo Muzenza, e foi com ele que teve os primeiros treinamentos na capoeira a partir de março de 1983. Com Gegê permaneceu treinando até 1986, pois nesse ano seu professor se mudou para outra cidade. Na ocasião passou a treinar com Índio, também do grupo Muzenza, até o ano de 1994. Um ano depois teve uma breve passagem por outro grupo de capoeira da cidade e em 1997 participou de um batizado do Grupo Nação Capoeira em Porto Alegre. Neste evento foi convidado pelo então responsável pelo grupo, Mestre Tucano, a nele ingressar. Em novembro do mesmo ano realizou o primeiro evento já como integrante do grupo Nação na capital paranaense. Local e data de fundação: Porto Alegre/RS – 1989 Sede: Cada núcleo tem sede própria no estado de referência Inicio das atividades em Curitiba: 1997 Responsável pelo grupo: Mestre Guigui Responsável local: Mestrando Sapo Última graduação: Mestrando (Graduado por Mestre Pop/SC – 2005) Estilo predominante do grupo: Capoeira regional Abrangência do grupo: Internacional Principal área de atuação em Curitiba: Escolas estaduais Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 9 pessoas Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Boqueirão Endereço para contato: Rua Wilson Stadler, 105 – Pinheirinho – Curitiba/P

12. Associação Cultural Capoeira Camaleão (1997) A Associação Cultural Capoeira Camaleão foi fundada na cidade de Curitiba/PR, em 1997, por João Batista Lopes, mais conhecido como Contramestre Xingu. Nascido no dia 11 de junho de 1973, na cidade de Goiânia/GO, Xingu começou a praticar capoeira em 1982 no grupo Vem Câmara, do atual Mestrando Charme, em Anápolis/GO. Permanece neste grupo por dez anos, até 1992, quando seu professor decide filiar-se ao grupo ABADÁ. Na ocasião, não aceitou a mudança, optando por continuar as práticas de capoeira sozinho, sem assumir a identidade de nenhum grupo. Permaneceu dessa forma por cerca de cinco anos. A primeira vez que esteve em Curitiba foi em 1989, e desde o primeiro contato manifestou seu interesse em estabelecer-se na cidade. No entanto, durante o período de 1989 e 1996, criou uma espécie de ponte entre sua cidade de origem e a capital paranaense, morando um pouco em cada uma delas. Em 1997, porém, decidiu se fixar definitivamente em Curitiba, onde fundou a Associação Cultural Capoeira Camaleão. A partir de então, vem desenvolvendo atividades relacionadas à capoeira em diferentes bairros de Curitiba e na região metropolitana da cidade. Local e data de fundação: Curitiba/PR - 1997 Sede: Curitiba Inicio das atividades em Curitiba: 1997 Responsável pelo grupo: Mestrando Xingu Responsável local: Mestrando Xingu Última graduação: Mestrando (Graduado por Mestre Zé Beiço de Paranaguá/PR – 1998) Estilo predominante do grupo: Capoeira contemporânea Abrangência do grupo: Internacional Principal área de atuação em Curitiba: Academias Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 1 pessoa Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Cajuru Endereço para contato: Rua Doutor Estevan Ribeiro de Sousa Neto, 646 –Cajuru – Curitiba/P

13. BERIMBAU DE PRATA (1998) Berimbau de Prata foi fundado em 1998 pelo Mestre Samuca. Mestre Samuca começou a praticar capoeira em Londrina, interior do Paraná, em data não conhecida com precisão. Também não se sabe ao certo o momento de sua chegada em Curitiba. Na capital paranaense, teve uma passagem pelo grupo ACAPRAS, onde foi graduado mestre. Também obteve o título de mestre em segundo grau por Mestre Sergipe. À frente do grupo, Samuca desenvolveu atividades com capoeira até 2009, mas teve sua trajetória

interrompida devido a seu assassinato pela polícia. A partir de então, foi Claudemir Carolino, conhecido na capoeira como Jesus, quem assumiu a coordenação do grupo na cidade. Jesus é natural de Céu Azul/PR. Nasceu no dia 19 de fevereiro de 1976, vindo para Curitiba com sete anos de idade, local onde se iniciou na capoeira em 1997. Aprendeu a arte da capoeiragem com Mestre Samuca, e em 2001 começou a dar as primeiras aulas de capoeira em projetos sociais comunitários. Obteve a graduação de formado pela Federação Paranaense de Capoeira, apadrinhado por Mestre Amilton, reconhecido como seu mestre de referência, tendo em vista o falecimento de Samuca. Desde que assumiu o grupo, o principal foco de trabalho está em associações de bairros. Jesus ressalta que o grupo Berimbau de Prata não tem pretensões comerciais, pois seu líder trabalha com outras atividades e não tem a capoeira como sua principal fonte de renda. Local e data de fundação: Curitiba/PR – 1998 Sede: Curitiba/PR Inicio das atividades em Curitiba: 1998 Responsável pelo grupo: Jesus Responsável local: Jesus Última graduação: Formado (Graduado por Mestre Amilton – 2009). Estilo predominante do grupo: Capoeira contemporânea Abrangência do grupo: Municipal Principal área de atuação em Curitiba: Associação de moradores Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 2 pessoas Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Cajuru Endereço para contato: Rua Raul Alvorada, 23 – Bairro Uberaba –Curitiba/PR

14. GUERREIRO DOS PALMARES (1998) O grupo de capoeira Guerreiro dos Palmares foi fundado no dia 25 de agosto de 1996, em Porto Alegre/RS, pelo mestre Pop Lainy. Durante os dois primeiros anos, o grupo permaneceu nos pampas gaúchos, migrando para Curitiba junto com seu mestre fundador, no ano de 1998. Embora seja natural de Plautino Soares/MG, Mestre Pop Lainy mudou-se junto com sua família para Belo Horizonte antes de completar um ano de idade. Começou a jogar capoeira com catorze anos, em 1981, junto a um grupo de meninos que praticavam uma espécie de luta não muito definida. A princípio o mestre não sabia que essa luta era capoeira. Apenas dois anos depois teve consciência disso, quando um amigo o convidou para assistir a uma roda de capoeira em Vila Rica, bairro de Belo Horizonte. Enquanto assistia os capoeiristas, Pop Lainy reconheceu os movimentos e percebeu que também ele, junto aos amigos, praticava a mesma arte. Permaneceu na capital mineira, jogando e praticando capoeira, até os vinte anos de idade. Nesse período mudou-se para São Paulo, onde começou a fazer shows na rua, local onde conheceu Mestre Lima e, por ele, foi convidado a frequentar sua academia. Passou, então, a treinar com Mestre Lima, alternando os meses de treinamentos com viagens para shows. Em 1996, foi formado mestre de capoeira. Neste mesmo ano, em uma de suas andanças pelo Brasil, a caminho do Rio Grande do Sul passa pela cidade de Curitiba. E é para Curitiba que retorna dois anos depois, com o grupo de capoeira Guerreiros dos Palmares já formado, instalando-se definitivamente na capital paranaense. No final desse mesmo ano, Mestre Pop Lainy sofre um grave acidente que o afasta da capoeira por dois anos. Durante 1999 e 2000, o grupo foi treinado por um dos alunos graduados, em uma academia no centro da cidade. Atualmente, o mestre é responsável pelo cargo de presidente da Federação Paranaense de Capoeira (Para mais informações sobre o Mestre Pop Lainy e o grupo Guerreiro dos Palmares, ver texto de memória na segunda parte deste livro). Local e data de fundação: Porto Alegre/RS –25/10/1996 Sede: Curitiba/PR Início das Atividades em Curitiba: 1998 Responsável pelo grupo: Mestre Pop Lainy Responsável local: Mestre Pop Lainy Última graduação: Mestre (Formado por Mestre Lima/SP – 1996) Estilo predominante do grupo: Capoeira Abrangência do grupo: Nacional Principal área de atuação em Curitiba: Escolas municipais Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 6 pessoas Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: CIC Endereço para contato: Rua Marcos Bertholdi, 1344 – Campo de Santana – Curitiba/P

15. ARUANDA DO PARANÁ (1999) Indalésio Luiz Machado ou Japonês, como é conhecido no mundo da capoeira, é natural da cidade de Arapongas/PR, nascido no dia 29 de janeiro de 1972. Foi no interior do estado, em sua cidade natal, que teve o primeiro contato com a capoeira no ano de 1986, sendo Mestre Carrasco o responsável por lhe ensinar os primeiros passos. Com o mestre permaneceu treinando por alguns anos, até que a rotina foi rompida pelo falecimento deste. Frente à situação, Japonês decide assumir as atividades do grupo na cidade. Como Carrasco era discípulo de Mestre Lampião, após seu falecimento Japonês buscou em Lampião a figura do mestre, e encontrou a orientação necessária para a continuidade de sua formação enquanto capoeirista. Na ocasião de sua mudança para Curitiba, no final de 1991, o próprio Mestre Lampião sugeriu que ele aproveitasse a oportunidade de conviver na mesma cidade de Mestre Sergipe para fazer de sua estada a continuação do aprendizado na arte da capoeira. A orientação foi seguida, tanto que obteve a sua última graduação, de contramestre, em evento realizado pelo próprio Mestre Sergipe, com o consentimento de Mestre Lampião. Japonês fundou o grupo Aruanda do Paraná no município de Colombo, região metropolitana de Curitiba, em 1999, contando com o apoio de seus alunos. Atualmente o grupo possui uma coordenação renovada periodicamente de acordo com as demandas oriundas do contexto da capoeira. Para facilitar o

processo de arrecadação de recursos o grupo tem caracterização como entidade sem ins lucrativos. Na cidade de Curitiba, sua principal área de atuação é dentro das escolas da rede municipal de ensino. Na região metropolitana, porém, o trabalho é desenvolvido também em outros espaços. Local e data de fundação: Colombo/PR - 1999 Sede: Colombo/PR Inicio das atividades em Curitiba: 1999 Responsável pelo grupo: Contramestre Japonês Responsável local: Contramestre Japonês Última graduação: Contramestre (Graduado por Mestre Sergipe/PR – 1993) Estilo predominante do grupo: Capoeira regional Abrangência do grupo: Estadual Principal área de atuação em Curitiba: Escolas municipais Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 1 pessoa Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Boa Vista Endereço p

16. GRUPO SENZALA DE CAPOEIRA (1999) O Grupo Senzala de Capoeira foi criado no Rio de Janeiro por volta do ano de 1962, liderado pelos irmãos Paulo e Rafael Flores. Os primeiros treinos eram realizados no terraço do prédio onde moravam. O nome Senzala, porém, foi oficializado somente em 1965. Dois anos depois, seus integrantes foram convidados a participar de um torneio de capoeira denominado Berimbau de Ouro. Ao vencer tal torneio por três vezes consecutivas, o grupo conquistou a posse definitiva do troféu e, a partir de então, passou a ser conhecido nacionalmente. O Senzala chegou a Curitiba em 1999, trazido por Roberto José de Carvalho (professor Rapadura) sob a liderança de Mestre Elias. Logo após o inicio das atividades, Rapadura veio a falecer e a coordenação do núcleo ficou a cargo de seu irmão Quebra-Queixo (Fernando Rogério de Carvalho), ainda supervisionado por Mestre Elias ao longo de dois anos. Após este período, a coordenação do núcleo na capital paranaense passou a ser de Mestre Itamar, que ainda hoje é quem orienta as atividades do grupo. A partir de 2006, por motivos disciplinares, Mestre Itamar encerrou as atividades do grupo na cidade. Após o ocorrido, o Professor Kaveira (Hairton Luiz Nardino Junior) solicitou ao mestre que as atividades continuassem sob sua responsabilidade. O pedido foi acatado e após reunião dos Cordas Vermelhas (mestres responsáveis pelo grupo) tornou-se o único núcleo legal do Grupo Senzala na cidade, o que permanece até hoje. O Professor Kaveira (Hairton Luiz Nardino Junior) nasceu em Curitiba no dia 21 de junho de 1982 e começou a praticar capoeira em 1994, com 12 anos de idade. Perto de sua casa na Vila Maria Antonieta, em Pinhais (região metropolitana de Curitiba), no salão paroquial da Igreja São José Operário, aconteciam aulas de Capoeira com o Mestre Coró (formado por Mestre Sergipe). Por não ter condições de pagar a mensalidade, assistia aos treinos com o seu irmão mais novo (Ítalo), e ao chegarem em casa tentavam reproduzir os movimentos (as esquivas, os golpes, os Floreios, as músicas, os toques de berimbau, pandeiro e atabaque). Aos 15 anos de idade (1997), veio residir em Curitiba, continuando seus treinamentos com seu irmão. Começou a ensinar alguns amigos. Após concluir o 2º Grau, em 2000, começa a trabalhar e decide procurar um grupo de capoeira para obter um melhor fundamento da arte. Em 26 de março de 2001, inicia os treinamentos com o Professor Quebra-Queixo do Grupo Senzala, e com ele permanece até o inal de 2006, sendo que a partir desta data passa a coordenador do Grupo Senzala em Curitiba, sob orientação do Mestre Itamar (texto informado pelo representante do grupo). CURITIBA ENTRA NA RODA 66 GRUPOS DE CAPOEIRA EM CURITIBA 67 Data e local de fundação: Rio de Janeiro/RJ – Início da década de 1960 Sede: Rio de Janeiro/RJ Inicio das atividades em Curitiba: 1999 Responsável pelo grupo: Mestre Itamar Responsável local: Professor Kaveira Última graduação: Professor (Graduado por Mestre Itamar/RJ – 2007) Estilo predominante do grupo: Estilo próprio do grupo Senzala Abrangência do grupo: Internacional Principal área de atuação em Curitiba: Academias Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 1 pessoa Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Matriz Endereço para contato: Av. Presidente Kennedy, 1313, sobreloja –Rebouças – Curitiba/

17. MALTA SENZALA (1999) Fernando Rogério de Carvalho é conhecido no mundo da capoeira como Contramestre Quebra-Queixo. Nascido em 15 de abril de 1978, em Curitiba, foi na capital que teve o primeiro contato com a capoeira, ainda aos nove anos de idade (1987). Começa a praticar com Mestre Burguês (Grupo Muzenza) e com ele permanece por cerca de dois anos. A partir de então, passa a treinar com seu próprio irmão, o professor Rapadura (Roberto José de Carvalho), também do grupo Muzenza. Ao longo da década de 1990, Rapadura chegou a criar um grupo próprio em parceria com outro mestre, mas o trabalho não perdurou por muito tempo. No inal da década, precisamente no ano de 1999, os dois irmãos decidem entrar para o grupo Senzala, núcleo de Mestre Elias, quem orientou as atividades por cerca de dois anos. A partir desse momento, a supervisão passa para as mãos de Mestre Itamar. Ainda no ano de 1999, Rapadura veio a falecer e assim Quebra-Queixo assume o trabalho com o grupo em Curitiba, sendo o responsável pela consolidação do mesmo na cidade. Permanece ligado ao núcleo de Mestre Itamar até o ano de 2006. A partir desta data passa a ser orientado por Mestre Gil Velho, do grupo Malta Senzala de capoeira, um dos fundadores do grupo Senzala de capoeira do Rio de Janeiro. Além de contramestre de capoeira, Quebra-Queixo é formado em Educação Física com Licenciatura Plena e Bacharelado em Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais. Possui também Pós-

Graduação em Educação Bilíngue para Surdos e Língua Portuguesa (texto revisado pelo representante do grupo). Local e data de fundação do grupo: Rio de Janeiro/RJ – 1966 Sede do grupo: Rio de Janeiro/RJ Inicio das atividades em Curitiba: 1999 Responsável pelo grupo: Mestre Gil Velho Responsável local: Contramentre Quebra-Queixo Última graduação: Contramestre (Graduado por Mestre Gil Velho/RJ – 2009) Estilo predominante do grupo: Estilo próprio do grupo Senzala Abrangência do grupo: Internacional Principal área de atuação em Curitiba: Academias Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 3 pessoas Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Matriz Endereço para contato: Rua 24 de maio, 1701 –Rebouças – Curitiba/PR – Fone: (41)99638777

18. RUANDA (1999) - O grupo Ruanda foi fundado por Mestre Edir em Santo André/ SP, por volta de 1994. Em Curitiba, as atividades do grupo começam com a chegada de Vitor Hugo Padilha dos Santos, ou Professor Paulista, como é conhecido na capoeira. Paulista é natural de Santo André, Grande São Paulo. Nasceu no dia 12 de dezembro de 1980 e começou a praticar capoeira em 1990, com Mestre César, com quem permaneceu até meados de 1992. Como o mestre deixou de dar aulas no projeto que ele frequentava, passou a treinar sozinho durante algum tempo. Também frequentava algumas rodas da região, embora não mantivesse vínculo especial com nenhum mestre ou professor. Desta forma, continuou praticando até o ano de 1998, quando Mestre Edir começou a dar aulas no mesmo projeto social onde havia iniciado na capoeira com Mestre César. Permaneceu treinando com Mestre Edir até 1999. Ainda neste ano decidiu se mudar para Curitiba. Logo após a chegada à capital paranaense começa a ministrar aulas de capoeira gratuitamente para um grupo de alunos na região do bairro Passaúna. Estas aulas aconteciam em espaços improvisados, muitas vezes nas casas dos próprios alunos. A partir de 2001, Paulista passou a residir no bairro de Santa Felicidade, e nesta região começou a dar aulas em academias e pré-escolas particulares. Paulista é formado também em Educação Física, título que recebeu em 2004 pela UNICEMP, tendo como orientador de pesquisa Piriquito Verde. Atualmente Mestre Edir não pratica mais capoeira, de forma que a responsabilidade pelo grupo foi coniada ao Professor Paulista e, consequentemente, sua sede passa a ser Curitiba. Local de data de fundação: Santo André/SP – 1994 Sede: Curitiba/PR Inicio das atividades de Curitiba: 1999 Responsáveis pelo grupo: Professor Paulista Responsável local: Professor Paulista Última graduação: Professor (Graduado por Mestre Edir – 2002) Estilo predominante do grupo: Capoeira Abrangência do grupo: Nacional Principal área de atuação em Curitiba: Espaço alugado Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 1 pessoa Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Santa Felicidade Endereço para contato: Rua Prof. Francisco Zardo, 299, Sobrado 2 – Santa Felicidade – Curitiba/P

19. RODA LIVRE (1999) / SP, por volta de 1994. Em Curitiba, as atividades do grupo começam com a chegada de Vitor Hugo Padilha dos Santos, ou Professor Paulista, como é conhecido na capoeira. Paulista é natural de Santo André, Grande São Paulo. Nasceu no dia 12 de dezembro de 1980 e começou a praticar capoeira em 1990, com Mestre César, com quem permaneceu até meados de 1992. Como o mestre deixou de dar aulas no projeto que ele frequentava, passou a treinar sozinho durante algum tempo. Também frequentava algumas rodas da região, embora não mantivesse vínculo especial com nenhum mestre ou professor. Desta forma, continuou praticando até o ano de 1998, quando Mestre Edir começou a dar aulas no mesmo projeto social onde havia iniciado na capoeira com Mestre César. Permaneceu treinando com Mestre Edir até 1999. Ainda neste ano decidiu se mudar para Curitiba. Logo após a chegada à capital paranaense começa a ministrar aulas de capoeira gratuitamente para um grupo de alunos na região do bairro Passaúna. Estas aulas aconteciam em espaços improvisados, muitas vezes nas casas dos próprios alunos. A partir de 2001, Paulista passou a residir no bairro de Santa Felicidade, e nesta região começou a dar aulas em academias e pré-escolas particulares. Paulista é formado também em Educação Física, título que recebeu em 2004 pela UNICEMP, tendo como orientador de pesquisa Piriquito Verde. Atualmente Mestre Edir não pratica mais capoeira, de forma que a responsabilidade pelo grupo foi coniada ao Professor Paulista e, consequentemente, sua sede passa a ser Curitiba. Local de data de fundação: Santo André/SP – 1994 Sede: Curitiba/PR Inicio das atividades de Curitiba: 1999 Responsáveis pelo grupo: Professor Paulista Responsável local: Professor Paulista Última graduação: Professor (Graduado por Mestre Edir – 2002) Estilo predominante do grupo: Capoeira Abrangência do grupo: Nacional Principal área de atuação em Curitiba: Espaço alugado Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 1 pessoa Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Santa Felicidade Endereço para contato: Rua Prof. Francisco Zardo, 299, Sobrado 2 – Santa Felicidade – Curitiba/PR

20. ACADEMIA DE CAPOEIRA BARIGUI (2000) - A Academia de Capoeira Barigui foi criada na capital paranaense, em 2000, pelo capoeirista Geraldo Mariano de Souza. Geraldo nasceu em uma pequena cidade do Ceará, chamada Mauriti, no dia 16 de fevereiro de 1969. Com apenas oito meses de idade, veio morar em Curitiba com

sua família. Sua história na capoeira começa em 1988, com o Professor Júnior do grupo Muzenza, onde treinou por cerca de quatro anos. No início da década de noventa, seu professor icou um tempo afastado da capoeira, por motivos pessoais. A partir deste momento, Geraldo passou a treinar com Mestre Burguês, com quem permaneceu por um curto período de tempo. Após sair da Muzenza, ele teve uma passagem pelo grupo Berimbau de Ouro, o atual “Lenço de Seda” do Contramestre Jean. Começou a dar aulas em 1996, em uma associação do Bairro CIC (Cidade Industrial de Curitiba), e em 2000 chegou a frequentar as aulas do grupo Força da Capoeira, onde icou pouco mais de um ano. Foi então que, em 2001, decidiu fundar seu próprio grupo. Atualmente não vive da capoeira, dá aulas na parte de baixo do sobrado onde mora, sendo uma espécie de academia própria. Neste espaço, além de ministrar aulas para a comunidade, também desenvolve um trabalho social, que oferece treinamentos gratuitos para quem não pode pagar as mensalidades. Local de data de fundação: Curitiba/PR – 2000 Sede: Curitiba/PR Inicio das atividades em Curitiba: 2000 Responsável pelo grupo: Professor Geraldo Mariano de Souza. Responsável local: Professor Geraldo Mariano de Souza Última graduação: Professor (Graduado por Contramestre Jean do Grupo Lenço de Seda – 1997). Estilo de capoeira predominante do grupo: Capoeira regional Área de abrangência do grupo: Municipal Principal área de atuação: Academia Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: CIC Endereço para contato: Rua Adolfo Rocha de Almeida, 91 – Barigui I – Curitiba/PR

21. ANGOLA DOBRADA (2000) Angola Dobrada Um grupo com líderes brasileiros, fundado em solo estrangeiro. Esta é a história do grupo de capoeira Angola Dobrada, que foi criado na Alemanha pelos mestres Rogério e Índio, em 1992. Antes de fundar o Angola Dobrada, Mestre Rogério fazia parte do GCAP – Grupo de Capoeira Angola Pelourinho de Mestre Moraes, com quem aprendeu capoeira. A história do Angola Dobrada começou em Curitiba no ano 2000, com um professor de capoeira que permaneceu na cidade até 2006. Neste ano, após decidir que iria embora, o professor responsável pelo grupo na cidade convidou o Contramestre Welington Márcio dos Santos, conhecido como Contramestre Negão, para continuar o trabalho na capital paranaense. Negão, nascido em Belo Horizonte em 21 de setembro de 1975, aprendeu capoeira em seu estado natal. Começou seus treinamentos com Mestre Rogério, quando ainda menino, em 1989. Ao longo de sua trajetória como capoeirista, chegou a dar aulas no Rio de Janeiro e na Alemanha. Negão nos conta que o Angola Dobrada vem da linhagem direta de Mestre Pastinha, e nos mostra a árvore genealógica feita por Mestre Cobra Mansa, destacando a presença de seu mestre, Mestre Moraes, Mestre João Grande e finalmente Mestre Pastinha. Atualmente, no Grupo Angola Dobrada há várias pessoas trabalhando em diferentes cidades do Brasil e também no exterior. Local e data de fundação: Alemanha – 1992 Sede: Cada núcleo tem sua sede, mas os mestres moram na Alemanha Inicio das atividades em Curitiba: 2000 Responsáveis pelo grupo: Mestre Rogério e Mestre Índio. Responsável local: Contramestre Negão Última graduação: Contramestre (Graduado por Mestre Rogério – 2004) Estilo predominante do grupo: Capoeira angola Principal área de atuação em Curitiba: Espaço próprio Abrangência do grupo: Internacional Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 1 pessoa Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Matriz Endereço para contato: Rua Presidente Faria, 372, sala 6 – Centro – Curitiba/P

22. GRUPO RAÍZES DE ESTUDOS E PESQUISA DE CAPOEIRA

(2000) O Grupo Raízes foi criado pelo capoeirista Luiz Henrique de Araújo Mendes, natural de Bauru/SP, conhecido na capoeiragem como Mestre Carvoeiro. Nascido no dia 24 de abril de 1968, começou seus treinamentos na capoeira em 1980, com Mestre Miranda, aluno de Mestre Faca da Associação de Capoeira Netos de Amaralina, de São Miguel Paulista. Lá permaneceu até concluir o estágio de professor, e em 1990 iniciou um segundo estágio de treinamento, com Mestre Lima, em Taquaritinga/SP. Com ele permaneceu treinando até obter a graduação de mestre na década de noventa, evento realizado na cidade de Ribeirão Preto, que marcou a despedida de Mestre Lima do Brasil, rumo à Suíça, onde já havia estado anteriormente. Mestre Carvoeiro morou na Bahia entre o inal da década de noventa e início do ano 2000. Relata que já havia passado por Curitiba diversas vezes, mas só veio morar na cidade deinitivamente em 2000, seguindo recomendações do Mestre Pop Lainy, que era seu colega de treinamento em São Paulo. Aqui, estabeleceu-se no Bairro Boqueirão, onde desenvolveu os primeiros trabalhos nas associações de bairro e em escolas públicas. Aos poucos o grupo foi se expandindo e seu trabalho chegou a algumas cidades da região metropolitana de Curitiba, e até mesmo em outros estados. Desde 1985 vem trabalhando com o grupo de capoeira, sempre com os mesmo ideais, porém, sem dar-lhe um nome especíico. Durante algum tempo chegou a chamar seu grupo de Guerreiros de Luanda, mas somente a partir de 1995 passou a usar o nome Raízes. Atualmente o grupo está mais voltado para a educação infantil com o Projeto ABC da Capoeira e também para trabalhos sociais realizados em Curitiba e diversas cidades da região metropolitana. Além de estar presente em outros estados brasileiros, o Raízes conta com representantes em Londres e no Japão. O grupo se caracteriza como uma entidade sem ins lucrativos e atende cerca de 3.500 crianças e adolescentes carentes. Local e data

de fundação: Curitiba/PR – 1995 – São Paulo/SP Sede: Piên/PR Inicio das atividades em Curitiba: 2000 Responsáveis pelo grupo: Mestre Carvoeiro Responsável local: Mestre Carvoeiro Última Graduação: Mestre (Graduado por Mestre Lima/SP – Década de 1990) Estilo predominante do grupo: Capoeira contemporânea Abrangência do grupo: Internacional Principal área de atuação em Curitiba: Academias e associações de moradores Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: não informou Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: não informou Endereço para conta

23. AÇÃO CAPOEIRA (2001) O grupo Ação Capoeira foi fundado em novembro de 2001, em Curitiba. Inicialmente era composto por quatro pessoas que dividiam a liderança. Cerca de seis meses depois, dois integrantes deixaram o grupo, permanecendo então Mestre Alemão e Contramestre Kanelão, que compartilham sua liderança até os dias atuais. Os responsáveis relatam que desde o início a missão do grupo é trabalhar nas escolas, com um público infantil. Embora seus dois líderes sejam capoeiristas oriundos de diferentes grupos, suas linhagens na capoeira acabam se encontrando por intermédio de seus primeiros professores. Mestre Alemão – Gilson Roesner – nasceu no dia 14 de novembro de 1964, em Curitiba, e iniciou na capoeira com Mestre Kunta Kintê, na academia do Portão, em 1984. Antes disso, já em 1982, teria manifestado interesse pela capoeira. Mas como naquele momento não tinha condições de pagar pelas aulas, foi somente em 1984, depois de ingressar no exército e tendo assim recursos próprios, que conseguiu pagar as mensalidades. O critério para escolha do local de treino foi o endereço mais perto de sua casa, o que o levou à academia de Mestre Kunta Kintê (que na época era aluno formado de Mestre Sergipe). Com ele permaneceu por cerca de seis anos, até que em 1990 decide sair do grupo. Após sua saída, chega a trabalhar no grupo Kauande por cerca de dois anos, para daí então fundar o grupo África Brasil, que esteve ativo até 2001. Após esse período, juntou-se ao Contramestre Kanelão para fundar o Grupo Ação Capoeira. João Francisco ou Contramestre Kanelão, por sua vez, é do dia 09 de fevereiro de 1958, natural de Quatinga/PR. Mudou-se para a capital com sua família, ainda aos nove anos de idade. Ele nos conta que começou a praticar capoeira no ano de 1981. Certo dia estava andando pelas ruas do centro de Curitiba e ouviu o som de um berimbau que vinha da academia de Mestre Sergipe. Resolveu entrar e lá viu duas pessoas praticando movimentos de ataque e contra-ataque com meia lua de compasso, o que lhe chamou a atenção. Como estava fazendo curso de datilograia em dias de semana, só poderia praticar aos sábados. E por essa coincidência de horários acabou tornando-se aluno de Mestre Piton e não de Mestre Sergipe. Nesse período, Sergipe e Píton dividiam os horários de aula na academia, sendo que aos sábados era Mestre Piton quem ensinava. Desde então nunca mais parou de treinar. Depois de quatro anos de prática também começou a dar aulas já na nova academia do Mestre Piton, na Vila Hauer. Permaneceu junto ao mestre no Grupo Farol da Bahia por dezenove anos. Em 2001, juntouse ao então Contramestre Alemão para criar o Grupo Ação Capoeira. Atualmente, o Ação Capoeira tem registro na prefeitura municipal de Curitiba com certificado de utilidade pública. Desenvolve trabalhos em escolas públicas e projetos sociais da capital e região metropolitana, além de estar presente também em outros estados. Local e data de fundação: Curitiba/PR – 2001 Sede: Curitiba/PR Inicio das atividades em Curitiba: 2001 Responsáveis pelo grupo: Mestre Alemão, Contramestre Kanelão Última graduação: Mestre Alemão (Graduado por Mestre Pop/SC – 2008), Contramestre Kanelão (Graduado por Mestre Píton/PR – 1992) Estilo predominante do grupo: Capoeira contemporânea Abrangência do grupo: Nacional Principal área de atuação em Curitiba: Escolas municipais e academias Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 2 pessoas Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Boqueirão Endereço para contato: Rua Paulo Setúbal, 3224 –Boqueirão – Curitiba

24. CAPOEIRA

ANGOLA RESISTÊNCIA

E ARTE (2002) O grupo Capoeira Angola Resistência e Arte foi fundado em 2002, na cidade de Curitiba, pelo Professor Carlinhos (Carlos Ferraz de Almeida Junior). Nascido em Olinda/PE, em 18 de julho de 1976, lá começou a praticar em 1989 com Mestre Sapo, do grupo Angola Mãe, onde permaneceu até 1998. Conhece Curitiba em 1996, quando é convidado pelo Professor Nino, do grupo Angola Mãe, a ministrar uma oficina de capoeira angola. Retorna à cidade novamente em 1997, para assumir as aulas de Nino que estava viajando para o exterior, permanecendo até o final do ano. Como Nino decidiu fixar moradia na Suécia, surge o convite a Carlinhos para assumir o grupo. A aceitação faz com que, no ano seguinte, se mude definitivamente para Curitiba, permanecendo à frente das atividades do grupo por cerca de dois anos. Em 2000, sai do Angola Mãe e permanece lecionando até 2002 sem vínculo com nome de grupo. Finalmente, neste ano, motivado pelos seus próprios alunos, cria o Grupo de Capoeira Angola Resistência e Arte. Na ocasião, é apadrinhado por Mestre Lua de Bobó da Bahia, a quem Carlinhos considera e reconhece como seu mestre. A história de Carlinhos se relaciona à criação de dois grupos de capoeira angola presentes na cidade de Curitiba atualmente. Quando professor do grupo Angola Mãe, um de seus alunos decidiu filiar-se ao grupo Angola Dobrada, de Mestre Rogério. Outros alunos resolveram acompanhá-lo. Poucos meses depois, devido a

divergências filosóficas, saíram do novo grupo para filiar-se ao grupo Zimba, do Mestre Boca do Rio. Segundo relatos do próprio Carlinhos, a história da capoeira angola em Curitiba está diretamente relacionada ao movimento da somaterapia. Este consiste em terapia que utiliza técnicas libertárias através de movimentos da capoeira angola. Já na década de 1990 existia um grupo terapêutico na cidade, porém não havia professores de capoeira angola. Então, alguns professores de capoeira regional – Mestre Cabeça, Mestre Xangô e Mestre Kinkas – foram chamados para dar aulas de capoeira angola para o grupo terapêutico. Tempos depois, chega a Curitiba o Professor Nino, angoleiro de formação, que logo é convidado a assumir o grupo. Local e data de fundação: Curitiba/PR – 2002 Sede: Curitiba/PR Inicio das atividades em Curitiba: 2002 Responsável pelo grupo: Carlinhos Responsável local: Carlinhos Última graduação: Professor ou Treinel (Formado por Mestre Sapo/PE – 1998) Estilo predominante do grupo: Capoeira angola Abrangência do grupo: Municipal Principal área de atuação em Curitiba: Sede própria Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 1 pessoa Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Boa Vista Endereço para contato: Rua João Loprete Frega, 76 – São Lourenço

25. ASSOCIAÇÃO DE CAPOEIRA ARAÚNA (2004)

A Associação de Capoeira Araúna (ACA) foi fundada pelos irmãos capoeiristas Lício Niz Leal e Walter Leal, no dia 16 de outubro de 2004. Mais conhecidos como Mestre Pé de Vento e Mestre Barracão, respectivamente, apresentam uma trajetória parecida no mundo da capoeira. Começaram a treinar no inicio da década de 1980 com o professor Jorge Luiz de Freitas, conhecido como Piriquito Verde, na época pertencente ao grupo Muzenza. Em 1990, Piriquito Verde sai do grupo Muzenza e os dois jovens continuam sua prática com Mestre Burguês, por aproximadamente três anos. Em 1993, seguindo os passos de seu primeiro professor, migram para o grupo Abadá Capoeira, onde permanecem por um período de quatro anos. De 2001 a 2004, realizam um trabalho junto ao capoeirista Cavalo, fundando a escola Capoeira Arte e Cultura. Depois disso, decidem fundar juntos o grupo Araúna. Atualmente os mestres dividem a responsabilidade pelo grupo. Barracão nasceu no dia 30 de setembro de 1964. Foi graduado mestre no ano de 2004 por uma banca formada por capoeiristas locais e de fora do Estado. O mestre recorda que na ocasião teve que responder a uma série de perguntas feitas pela banca, assim como cantar e tocar os diferentes toques do berimbau. A iniciativa foi de Mestre Sergipe, à frente da Federação Paranaense de Capoeira. Pé de Vento, por sua vez, é natural de Curitiba, nascido em 02 de dezembro de 1956, onde começou a treinar em agosto de 1982. Foi graduado mestre no dia 19 de outubro de 2006 por mestre Sergipe. O grupo Araúna conta hoje com três pessoas ministrando aulas em Curitiba. Sua principal área de atuação é o trabalho com educação infantil, desenvolvido em pré-escolas particulares. Além disso, realizam atividades em associações de moradores e academias. Local e data de fundação: Curitiba/PR – 16/10/2004 Sede: Curitiba/PR Inicio das atividades em Curitiba: 2004 Responsáveis pelo grupo: Mestre Pé de Vento e Mestre Barracão Responsáveis locais: Mestre Pé de Vento e Mestre Barracão Última graduação: Mestre Pé de Vento (Graduado por Mestre Sergipe/ PR - 2006), Mestre Barracão (Graduado em evento realizado pela Federação Paranaense de Capoeira - 2004). Estilo predominante do grupo: Capoeira angola e regional (predominância da regional) Abrangência do grupo: Municipal. Principal área de atuação em Curitiba: Pré-escolas particulares Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 3 pessoas Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Cajuru Endereço para contato: Rua Alberto Pasqualini, 198 – Uberaba – Curitiba/PR

26. NAGÔS (2004) Donizete da Silva, conhecido na capoeira pelo pseudônimo Espoletha, nasceu no dia 19 de abril de 1972, na pequena cidade de Ubiratã/PR. No entanto, ainda com três anos de idade mudou-se para Curitiba, onde permanece até hoje. Espoletha relata que conheceu a capoeira com aproximadamente sete anos de idade, através de um programa de televisão. Desde aquele momento a luta chamou muito sua atenção. No entanto, é somente no ano de 1983, com onze anos, que procurou um lugar para treinar. Nesse período chegou a conhecer uma academia do grupo Muzenza, onde presenciou uma roda de capoeira angola. Esta, porém, não era a mesma capoeira que havia chamado sua atenção na TV, o que não lhe despertou interesse em participar do grupo. Foi então que um amigo prometeu levá-lo para conhecer a academia de Mestre Sergipe. Como o amigo, no entanto, demorava a cumprir a promessa – dando-lhe a impressão que este dia nunca chegaria –Espoletha procura uma academia muito próxima de onde morava: a Farol da Bahia, de Mestre Piton. Começa a treinar no local, com o então Professor Kanelão, aluno de Píton. Permanece ali até 2004, quando seu professor decide sair do grupo Farol da Bahia e formar o seu próprio. Não concordando com essa mudança, Espoletha também decide formar um grupo, ao qual deu o nome de Nagôs. Em 2008, foi graduado contramestre em um evento organizado pela Federação Paranaense de Capoeira. Atualmente tem como seu principal foco de atuação o treinamento de capoeira em academias. Deine como seu estilo a capoeira regional. Local e data de fundação: Curitiba/PR – 2004 Sede: Curitiba/PR Inicio das atividades em Curitiba: 2004 Responsável pelo grupo: Contramestre Espoletha Responsável local: Contramestre Espoletha Última graduação: Contramestre (Formado

em evento realizado pela Federação Paranaense de Capoeira – 2008) Estilo predominante do grupo: Capoeira regional Abrangência do grupo: Municipal Principal área de atuação em Curitiba: Academias Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 5 pessoas Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Bairro Novo Endereço para contato: Rua Nova Aurora, 1670 – Sitio Cercado – Curitiba/PR

27.

GRUPO ZIMBA DE CAPOEIRA ANGOLA

(2005) O Grupo Zimba de Capoeira Angola – Núcleo Curitiba foi formado em maio de 2005, a partir da união de capoeiristas interessados em treinar capoeira angola. Liderados, então, por Luis Augusto e Andréia Comasseto, o grupo treinou nos fundos da empresa Ideograma, posteriormente junto à CASLA (Casa Latino Americana), junto à UPE e por im em sua sede atual, situada na Rua Marechal Hermes, 1355. Atraídos pela capoeira e pelo trabalho desenvolvido pelo Mestre Boca do Rio, o grupo foi buscar sua orientação. Depois de vários contatos e vindas do mestre a Curitiba, Marcelo Conceição dos Santos (Mestre Boca do Rio), o fundador do Grupo Zimba de Capoeira Angola, assume a orientação e coordenação do grupo curitibano. O Grupo Zimba tem por finalidade a pesquisa, difusão, prática e preservação da capoeira angola. Desenvolve atividades com treinos às segundas e quartasfeiras, e rodas aos sábados, além de projetos sociais na periferia e na Região Metropolitana de Curitiba. O Zimba Curitiba conta hoje com quatro puxadores de treino: Rafael Milani (adultos), Caetano Magno Ferreira (adultos e crianças), Ângela Ribeiro (crianças) e Fábio Tavares de Macedo (adultos e crianças). Sua gestão local obedece aos critérios de organização coletiva imanentes à filosofia da capoeira angola, cuja liderança e hierarquia se pautam no respeito adquirido e atribuído pela própria comunidade que a pratica, tendo como instância final decisória o Mestre Boca do Rio. Local e data de fundação do grupo: Salvador/BA – 1998 Sede: Salvador/BA Inicio das atividades em Curitiba: 2005 Responsável geral pelo grupo: Mestre Boca do Rio Responsáveis locais: Rafael Medeiros, Fábio Tavares, Ângela Ribeiro e Caetano Magno. Estilo predominante do grupo: Não entendemos a Capoeira Angola como um “estilo” de capoeira, pois segundo Mestre Pastinha “capoeira é uma só”. Abrangência do grupo: Internacional Principal área de atuação em Curitiba: Espaço alugado Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 4 pessoas Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Matriz Endereço para contato: Rua Marechal Hermes, 1355 – Centro Cívico – Curitiba/PR – www.zimba.org.br

28. ILÊ DE BAMBA (2005) O grupo de capoeira Ilê de Bamba foi fundado no município Fazenda Rio Grande, região metropolitana de Curitiba, em 05 de junho de 2005. A iniciativa para a criação do grupo surgiu por parte de alguns professores da região que, juntamente com Mestre Baiano, consolidaram o projeto. Desde o inicio, a coordenação do grupo é compartilhada de forma equitativa entre seus integrantes, ainda que Baiano seja, para todos, o mestre de referência. O objetivo principal do grupo é criar um ambiente de cooperação onde todos possam opinar e participar das decisões. Para a viabilização desse ideal democrático, o grupo se organiza estabelecendo uma diretoria circular renovada a cada quatro anos, oficializado como uma organização não governamental (ONG). Essa denominação, segundo o Contramestre Spok, facilita a arrecadação de recursos para realização de trabalhos sociais com a capoeira. Tais projetos são a principal área de atuação do grupo na atualidade, principalmente na região metropolitana de Curitiba, em especial no município de Fazenda Rio Grande. Já em Curitiba as atividades se concentram em associações de moradores. Na capital, quem coordena o grupo Ilê de Bamba é Edemilson Cabral de Mello, mais conhecido como Contramestre Spok. Natural de Clevelândia, interior do Paraná, Spok é de 1º. de junho 1974, mas aos oito anos de idade muda-se para Curitiba junto com a família. Em 1986 começa a praticar capoeira com Pixote, do grupo Muzenza, e com ele permaneceu treinando por cerca de onze anos. Em 2002, Spok foi graduado contramestre por Mestre Baiano, na cidade de Curitiba. Local e data de fundação: Fazenda Rio Grande/PR – 05/06/2005 Sede: Fazenda Rio Grande/PR Inicio das atividades em Curitiba: 2005 Responsável pelo grupo: Mestre Baiano Responsável local: Contramestre Spok Última graduação: Contramestre (Graduado por Mestre Baiano – 2002) Estilo predominante do grupo: Capoeira regional e angola, sem predominância de uma delas Abrangência do grupo: Estadual Principal área de atuação em Curitiba: Associação de moradores Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 1 pessoa Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Pinheirinho Endereço para contato: Travessa Cinamomo, 85 – Eucaliptos – Fazenda Rio Grande/PR

29. CENTRO CULTURAL HUMAITA (2006) O Centro Cultural Humaita – Centro de Estudo e Pesquisa da Arte e Cultura Afrobrasileira - foi fundado por Adegmar José da Silva, conhecido na capoeira com o apelido de Candiero (apelido que substitui o anterior, Sombra). Candiero é, na atualidade, também o presidente do Humaita. Natural de Goioerê/PR, de 01 de fevereiro de 1973, Candiero tem seu primeiro contato com a capoeira aos treze anos. No município de Colombo, onde residia na época, começa a praticar alguns movimentos junto a um grupo de garotos do lugar. Pouco tempo depois, conhece Contramestre Baiano, formado por Mestre Sergipe, com quem passa a treinar por três anos. Em 1989, vem para Curitiba treinar no Centro Paranaense de Capoeira. Ali, tem

aulas também com Mestre Sergipe e outros alunos formados por ele, e permanece vinculado ao Centro por três ou quatro anos. Após este período, decide praticar Muay Thai, o que o afasta da capoeira por cerca de cinco anos. Em 1998 Candiero conhece o Mestre Kunta Kintê da Bahia, em uma de suas apresentações de rua. Estimulado a voltar a treinar, segundo relata, pelo encontro com o Mestre Kunta Kintê da Bahia, ele o procura e manifesta o desejo de treinar com ele. Como Mestre Kunta não estava ministrando aulas regularmente no momento, sugere que procure um dos grupos tradicionais da cidade. Mesmo assim, Candiero consegue ter algumas aulas com Mestre Kunta, que então estava atuando na academia de Mestre Sergipe no horário de almoço. Ao se decidir sobre seu caminho na capoeira, busca o ABADÁ Capoeira – primeiro através de Piriquito Verde e depois de Piraquara, com quem tem mais empatia. Em 2000 conhece Mestre Camisa, que lhe recomenda procurar por Mestrando Morcego, em Brasília, e desde então viaja pelo Brasil, continentes europeu e africano, mantendo contato com vários integrantes do ABADÁ e com diversos mestres da capoeira angola e da capoeira regional. Permanece no grupo até 2006, quando, segundo suas palavras, morre o Sombra e nasce o Zelador Cultural Candiero e o Centro Cultural Humaita. Assim, embora tenha treinado com vários mestres, considera Mestre Kunta Kintê da Bahia como seu mestre. Desde a saída do ABADÁ, intensiica sua atuação como aprendiz de capoeira angola e Zelador Cultural: participa da fundação da Velha Guarda da Capoeira Paranaense, bem como de projetos de incentivo e pesquisa sobre capoeira e outras manifestações de arte e cultura afrobrasileiras. Local e data de fundação: Curitiba/PR – 2006 Sede: Curitiba/ Inicio das atividades em Curitiba: 2006 Responsável pelo grupo: Zelador Cultural Candiero Responsável local: Zelador Cultural Candiero Última graduação: Não possui graduação formal Estilo predominante do grupo: Capoeira angola Abrangência do grupo: Internacional (presente também na África) Principal área de atuação em Curitiba: Centro Cultural Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 1 pessoa Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Matriz Endereço para contato: Rua General Carneiro, 390, 5º. andar – Centro – Curitiba/PR –emaildohumaita@gmail.com

30.

ALIANÇA PARANAENSE DE CAPOEIRA GOSPEL

(2007) Aliança Paranaense de Capoeira Gospel é o nome do grupo de capoeira nascido a partir da aliança entre os professores Zig e Neston. Oficialmente criado em 2007 na cidade de Colombo, (região metropolitana de Curitiba), o grupo é liderado por Ezequiel Monteiro, conhecido na capoeiragem como Zig. Natural de Porecatu/PR, Zig nasceu em 27 de setembro de 1976. Em 1986, então com nove anos de idade, começa seus treinamentos de capoeira na cidade de Teodoro Sampaio, localizada no limite entre Paraná e São Paulo. Suas primeiras lições foram dadas pelo Professor Irineu, com quem permaneceu treinando por cerca de três anos, até mudar-se para Campo Grande/MS. Nesta cidade, continuou seus treinamentos com Mestre Moreno, acompanhando-o até 1993 – quando novamente migra para Rosana, município no interior paulista. Ali, Filia-se ao grupo Brasileirinho, onde foi formado professor pelo Mestre Carlos. Em 1999, chega à capital paranaense e se insere no grupo Farol da Bahia, liderado por Mestre Piton. Um ano depois, junto com o Contramestre Kanelão, sai do grupo e fundam o Ação Capoeira, onde permanece tão somente por um curto período de tempo. Por volta de 2005, começa o trabalho com capoeira evangélica. No entanto, foi em 2007 que, junto ao pastor da igreja a que pertence e com grande aceitação de todos os fiéis praticantes, paulatinamente o trabalho foi ganhando consistência e as aulas passaram a ser ofertadas dentro da igreja. Nasce assim a Aliança Paranaense de Capoeira Gospel. Uma peculiaridade do grupo e de seu trabalho nesse espaço religioso está nas letras das músicas cantadas nas rodas de capoeira. Nesse contexto, o grupo procura substituir palavras relacionadas a santos e religiões afro-brasileiras por palavras cristãs. A liderança do grupo é compartilhada entre os professores Zig e Neston, sendo que somente o primeiro atua na cidade de Curitiba. Na capital paranaense o professor dedica-se especialmente ao ensinamento de capoeira em escolas particulares. Local e data de fundação: Colombo/PR – 2007 Sede: Colombo/PR Inicio das atividades em Curitiba: 2007 Responsáveis pelo grupo: Professor Zig e Professor Neston Responsável local: Professor Zig Última graduação: Professor (Graduado por Mestre Carlos/SP – 1993) Estilo predominante do grupo: Capoeira contemporânea CURITIBA ENTRA NA RODA 86 GRUPOS DE CAPOEIRA EM CURITIBA 87 Abrangência do grupo: Curitiba e região metropolitana Principal área de atuação em Curitiba: Escolas particulares Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 2 pessoas Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Distribuídos por três regionais Endereço para contato: Rua Vinicius de Moraes, 342 - Vila Guarani

31. ARTE E RAÇA (2007) O grupo de capoeira Arte e Raça foi fundado em 13 de janeiro de 2007 por Emilio José Alves de Andrade, o Mestre Emílio, em Curitiba/PR. Nascido no dia 21 de agosto de 1979, na cidade de Medianeira, interior do estado, Emilio começou a praticar capoeira com apenas nove anos em Assis Chateaubriand, para onde havia se mudado ainda com um ano de idade. Seus primeiros treinamentos foram acompanhados por Mestre Baiano, do Mato Grosso. Poucos anos depois, porém, o mestre veio a falecer, e Emílio passou a treinar com outras pessoas. Por volta dos treze anos de idade, mudou-se para a Bahia, ali

permanecendo por um ano. Ao retornar a sua cidade, começa a dar aulas de capoeira, e com dezesseis anos abre sua primeira academia. A partir de 1999, filia-se ao grupo Guerreiro dos Palmares, do Mestre Pop Lainy. Como integrante do grupo continua ministrando aulas em Assis Chateaubriand até 2003, quando decide mudarse para a capital do estado. Em Curitiba, permanece vinculado ao mesmo grupo até 2007. Segundo o mestre, nesse período tinha interesse em desenvolver trabalhos com capoeira em projetos sociais. Esta proposta, porém, não chamava a atenção do Guerreiro dos Palmares. Então, para efetivar suas ideias, Emílio decide sair e criar um novo grupo, que foi denominado Arte e Raça. Nessa ocasião seus alunos o acompanharam. Eram cerca de sessenta pessoas, dentre eles alguns já ministrando aulas. No dia 26 de setembro de 2009 foi graduado mestre por Mestre Monsueto, em Santa Catarina. Local e data de fundação: Curitiba/PR – 13/01/2007 Sede: Curitiba/PR Inicio das atividades em Curitiba: 2007 Responsável pelo grupo: Mestre Emílio José Alves Andrade Responsável local: Mestre Emílio José Alves Andrade Última graduação: Mestre (Graduado por Mestre Monsueto/SC – 2009) Estilo predominante do grupo: Capoeira Abrangência do grupo: Nacional Principal área de atuação em Curitiba: Associações de bairro, projetos sociais e escolas municipais Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Não informado Endereço para contato: Rua Francisco José Lobo, 1065 – Sitio Cercado – Curitiba/P

32. ASSOCIAÇÃO

TRADIÇÃO CAPOEIRA

(2007) Associação Tradição Capoeira foi fundada por Mestre Amilton em 2007, no município de Colombo, região metropolitana de Curitiba. Na ocasião, Amilton ainda treinava com Mestre Sergipe, no centro de Curitiba. Porém, a mudança do local de treinos para o município de Piraquara inviabilizou a continuidade dos treinamentos devido à distância. Mestre Amilton decidiu, então, criar o próprio grupo. As primeiras atividades já pelo grupo Tradição ocorreram em um projeto social de um bairro do município de Colombo, patrocinadas por uma autoescola, onde ministrava aulas para crianças carentes da comunidade. Milton Sérgio Perpétuo ou simplesmente Amilton, como é conhecido na capoeira, é natural de Ribeirão do Pinhão, interior do Paraná. Mudou-se para Curitiba aos cinco anos de idade. O início da prática da capoeira foi motivado pelo irmão que morava em São Paulo e já tinha experiência na arte/jogo/luta. Seguindo os passos do irmão, no inicio da década de oitenta procurou uma academia de capoeira para começar os treinamentos. O primeiro lugar que encontrou foi a academia Muzenza, e neste grupo permaneceu treinando por cerca de três anos, com o Professor Sargento. Depois deste período, ica um ano sem praticar, até que após uma conversa com Mestre Sergipe decide retomar os treinamentos e, no retorno, ingressa para o grupo do próprio Mestre Sergipe. Na academia, antes de treinar com o mestre, teve aulas com outros professores do grupo, como Drácula e Kunta Kintê. Local e data de fundação: Colombo/PR - 2007 Sede: Curitiba/PR Inicio das atividades em Curitiba: 2007 Responsável pelo grupo: Mestre Amilton Responsável local: Mestre Amilton Última graduação: Mestre (Graduado por Mestre Sergipe/PR – 1998) Estilo predominante do grupo: Capoeira angola Abrangência do grupo: Municipal Principal área de atuação: Academias e escolas municipais Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 2 pessoas Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Boa Vista e Bairro Novo Endereço para contato: Rua M

33. CENTRO CULTURAL CADÊNCIA CAPOEIRA (2007) Centro Cultural Cadência Capoeira foi fundado no dia 1º. de janeiro de 2007 por Fernando Teixeira, em dois lugares, simultaneamente: na cidade de Siegen/Alemanha e também no Brasil. O grupo tem como líder fundador o Contramestre Cabeça, que desde o inicio escolheu como missão principal do grupo levar ao conhecimento de pessoas de diferentes nacionalidades, em todo o mundo, o que é a capoeira e como este jogo/arte/luta pode contribuir para a confraternização entre os diversos povos e culturas. Atualmente o grupo conta com representantes em alguns países da Europa, além dos núcleos em atividade no Brasil. Na cidade de Curitiba, as atividades do Cadência começaram ainda em 2007 com o Professor Baiano, que permaneceu como coordenador local até o inal de 2008. Após mudar-se, a coordenação do núcleo na capital paranaense passou para as mãos do Instrutor Zoinho. (Leandro Vanderlei Lopes). Nascido em 31 de janeiro de 1983, em Curitiba, Zoinho começou a praticar capoeira com quinze anos de idade, com o então Contramestre Ceará, no grupo Muzenza. Neste permaneceu treinando até 2001, ano em que migrou para o grupo Kauande de capoeira de Mestre Déa, onde permaneceu até 2008. Saiu deste grupo com o objetivo criar outro. No entanto, respondendo a convite do Contramestre Cabeça para integrar o grupo Cadência Capoeira, após reletir sobre a proposta decide aceitá-la. Em 2009 começa o ano já como representante do grupo Cadência em Curitiba. Atualmente, além de ministrar aulas de capoeira em diferentes espaços da cidade, Zoinho também tem trabalhado na confecção de materiais relacionados à prática da capoeira, sobretudo vestuários, tanto para o mercado interno quanto para o mercado europeu. Local e data de fundação: Alemanha e Brasil – 2007 Sede: Siegen/Alemanha Inicio das atividades em Curitiba: 2007 Responsável pelo grupo: Contramestre Cabeça Responsável local: Instrutor Zoinho Última graduação: Instrutor (Graduado pelo Contramestre Cabeça – 2009) Estilo predominante do grupo: Capoeira regional Abrangência do grupo: Internacional Principal área de atuação

em Curitiba: Academias Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 1 pessoa Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Portão Endereço para contato: Rua Ildefonso Stockler de Franca, 218 – Novo Mundo – Curitiba/PR

34. CIA VOLTA AO MUNDO CAPOEIRA (2008) Grupo CIA

Volta ao Mundo Capoeira foi fundado na cidade de Fortaleza/CE, em 31 de julho de 2008, tendo como fundador o Mestre Francisco Aloísio Teixeira Filho, ou Mestre Ceará como é conhecido no mundo da capoeira. Na cidade de Curitiba as atividades do grupo se iniciaram ainda em 2008, com o próprio mestre. Ceará nasceu no dia 31 de julho de 1971, em Belém/PA, mas foi criado em Fortaleza, capital do estado que lhe rendeu o apelido. E foi lá que teve o primeiro contato com a capoeira, por volta do ano de 1981. Em maio de 1994 entrou para o grupo Muzenza, de Mestre Burguês, e por este grupo continuou atuando na cidade por cerca de mais um ano, quando se muda para Curitiba (1995), cidade referência para o novo grupo. Logo que chega, começa a dar aulas em diferentes espaços. Em 1996 consagra-se contramestre também pelo grupo Muzenza, em evento realizado anualmente. Neste grupo permanece até 2001, quando se ilia ao Capoeira das Gerais, de Belo Horizonte, coordenado por Mestre Museu. Neste grupo permanece por cerca de quatro anos. Em 2008 é graduado mestre e ainda neste ano volta para sua cidade de origem, para fundar o CIA Volta Ao Mundo. Apenas dois anos após a fundação, o grupo possui núcleos espalhados pelo Brasil e até mesmo no exterior. Tendo em vista o rápido crescimento, o mestre relata que tem dividido o seu tempo permanecendo temporadas em cada um dos núcleos existentes, supervisionando e orientando os professores. Em Curitiba, atualmente a maior área de atuação do grupo são as escolas estaduais. Além da capital, existe também uma representação do grupo no interior do estado. Local e data de fundação: Fortaleza/CE – 2008 Sede: Fortaleza/CE Inicio das atividades em Curitiba: 2008 Responsável pelo grupo: Mestre Ceará Responsável local: Mestre Ceará Última graduação: Mestre (Graduado por Mestre Museu/MG – 2008) Estilo predominante do grupo: Capoeira contemporânea Abrangência do grupo: Internacional Principal área de atuação em Curitiba: Escolas estaduais Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 1 pessoa Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: CIC Endereço para contato: Rua Cidade Gaúcha, 120 – CIC – Curitiba/PR

35. ASSOCIAÇÃO DE CAPOEIRA GRUPO ESQUIVA (2009)

A Associação de Capoeira Grupo Esquiva foi fundada no inal de 2008, porém seu registro se deu somente no início de 2009. Seu fundador, o capoeirista Edimilson Santana dos Santos, conhecido como Esquiva, nasceu no dia 12 de setembro de 1977, na pequena cidade Heliópolis, interior da Bahia. Esquiva iniciou seu aprendizado na capoeira baiana, com o Mestre Edmundo Borges Costa Lima, em uma cidade chamada Euclides da Cunha, em 1993. Dez anos depois, em 2003, Esquiva chega a Curitiba, e neste mesmo ano começa a dar aulas de capoeira na cidade. Na época integra o grupo Guerreiros dos Palmares, do mestre Pop Lainy. Porém, em 2008 decide criar o próprio grupo de capoeira. O local de fundação foi a Academia da Gente, chamada de Centro de Lutas da Prefeitura de Curitiba, na Vila Santa Rita, bairro Tatuquara. Esquiva permanece trabalhando nessa academia por cerca de dois anos. Desde então, seu trabalho continua em outros espaços, como escolas municipais e estaduais, e também em associação de moradores. Atualmente o diferencial do grupo é a parceria com a aldeia indígena urbana, chamada Kakané Porã, bairro Caximba, onde dá aulas de capoeira. Esquiva descreve seu trabalho como sócioeducativo, voltado para todas as idades com um papel fundamental na orientação de crianças e adolescentes contra a violência e o uso de drogas. Local e data de fundação: Curitiba/PR – 2009 Sede: Curitiba/PR Inicio das atividades em Curitiba: 2009 Responsáveis pelo grupo: Contramestre Esquiva Responsável local: Contramestre Esquiva Última graduação: Contramestre (Graduado por Mestre Pop Lainy/PR – 2004) Estilo predominante do grupo: Capoeira angola e regional (predominância da regional) Abrangência do grupo: Municipal Principal área de atuação em Curitiba: Escolas municipais Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 5 pessoas Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Pinheirinho Endereço para contato: Sem endereço no momento

36. ASSOCIAÇÃO HERANÇA CULTURAL CAPOEIRA

(2009) A Associação Herança Cultural Capoeira foi fundada na cidade de Guarulhos/SP, em 04 de abril de 1991, por Carlos Alberto Lanatovitz, o Mestre Catitu. Inicialmente com o nome Guerreiros de Zumbi – nome que permaneceu sendo usado até 2000, quando Mestre Catitu, percebendo o dinamismo no qual a capoeira está envolvida, resolveu reestruturar o grupo – passa a se denominar Herança Cultural Capoeira. O grupo chega à cidade de Curitiba em 2009, trazido por Maurício Moura, o Batata. Maurício nasceu em 05 de dezembro de 1982, na cidade de Ipiranga, interior do Paraná. E foi também no interior do estado, em Sabáudia, que começou a praticar capoeira em 1997. Antes de mudar-se para a capital, em 2000, teve uma passagem pela cidade de Arapongas. Já em Curitiba filia-se ao grupo Guerreiro dos Palmares, e cerca de dois anos depois de instalado na cidade inicia seu primeiro trabalho com capoeira em uma academia. Logo começa também a ministrar aulas de capoeira nas escolas da rede municipal da cidade. A partir de 2009,

filia-se ao grupo Herança Cultural, se tornando o responsável por sua implementação e coordenação em Curitiba. Local e data de fundação: Guarulhos/SP – 1991 Sede: Guarulhos/SP Inicio das atividades em Curitiba: 2009 Responsáveis pelo grupo: Mestre Catitu Responsável local: Batata Última graduação: Estagiando (Graduado por Mestre Catitu – 2009) Estilo predominante do grupo: Capoeira regional Abrangência do grupo: Internacional Principal área de atuação em Curitiba: Escolas municipais e academias Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 1 pessoa Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Boa Vista Endereço para contato: Rua Diácono Silvério da Silva Negrão, 91 – Cachoeira – Curitiba/PR

37.

INSTITUTO DE ARTE CULTURA BRASILEIRA TRIBUS CAPOEIRA

(2009) Marcel Ricardo Stocco, conhecido na capoeira como Cabeção, nasceu em Curitiba, em 05 de agosto de 1979. Iniciou a prática da capoeira em 2000, com Mestre Déa. Cerca de dois anos depois, começou a dar aulas pelo projeto Educando com Arte do grupo Kauande, despertando assim o interesse em continuar trabalhando na área. Após o início das atividades no projeto, se viu motivado a trabalhar também em outros espaços, passando assim a dar aulas de capoeira em academias da cidade. Em 2008, desvinculou-se do grupo Kauande, juntamente com quatro alunos. Ao longo do ano continuou ministrando aulas de capoeira, sem manifestar pertencimento a nenhum grupo especíico, amadurecendo as idéias de trabalho. No inal de 2008, após concluir o curso de Educação Física, suas idéias começaram a se materializar na forma de projetos e assim, no ano seguinte, decidiu nomear seu grupo de trabalho como Instituto de Arte Cultura Brasileira Tribus Capoeira. Desde o início, o objetivo do grupo era trabalhar com crianças em escolas da rede particular de ensino. Para tanto desenvolveu uma metodologia voltada a uma perspectiva da capoeira como ferramenta educacional, planejando antecipadamente as aulas que seriam realizadas ao longo do semestre. Além disso, o fato do grupo estar formalizado legalmente facilitou a negociação com as instituições de ensino frente à crescente exigência burocrática para contratação de serviços. Atualmente, o maior foco de trabalho continua sendo as escolas particulares da capital. Conta também com alguns núcleos espalhados pela região metropolitana de Curitiba. Local e data de fundação: Curitiba/PR –2009 Sede: Curitiba/PR Inicio das atividades em Curitiba: 2009 Responsável pelo grupo: Instrutor Cabeção Responsável local: Instrutor Cabeção Última graduação: Instrutor Estilo predominante do grupo: Capoeira regional contemporânea Abrangência do grupo: Municipal Principal área de atuação em Curitiba: Escolas particulares Número de pessoas que ministram aulas em Curitiba: 5 pessoas Regional com maior número de pontos de prática em Curitiba: Portão Endereço para contato: Rua João Nicco, 85 – Mossunguê – Curitiba/ P

2012 - A Superintendência do IPHAN no Paraná formou o primeiro Comitê Gestor da Salvaguarda da Capoeira no Paraná em 2012, durante o Seminário de Patrimônio Imaterial e Cultura Afro-Brasileira. Na mesma ocasião foram discutidas em cinco Grupos de Trabalho diretrizes gerais para a elaboração do Plano de Salvaguarda na Capoeira no Paraná (Capoeira e Educação; Identidade e Diversidade; Capoeira e Desenvolvimento Sustentável; Capoeira: Profissionalização, Organização Social e Internacionalização; Esporte e Lazer

2013 - Capoeira completa 40 anos desde a chegada ao Paraná (gazetadopovo.com.br)

2015 - CAPOEIRANEWS: MESTRE PARANÁ - Paranauê, Paranauê, Paraná! - Mestre Paraná (Osvaldo Lisboa dos Santos 1922 - 1972), fundador do Grupo Capoeira São Bento Pequeno nos anos 50, do qual constitui toda a formação do grupo Muzenza. Mestre Paraná iniciou na capoeira aos 10 anos de idade, na região do Alto das Pombas, no bairro da Federação em Salvador no ano de 1932, com o mestre Antonio Corró, que nasceu em 1870, sendo exescravo, analfabeto e carroceiro do Cais Dourado, em Salvador Bahia. Participou também no filme "O Pagador de Promessas, viajou por todo o Brasil, mostrando a capoeira e o som do seu berimbau, gravando um compacto duplo pela CBS em 1963, "Capoeira Mestre Paraná", com toques de Angola, São Bento Grande, São Bento Pequeno e o corrido Avise A Meu Mano. No dia 7 de Março de 1972, no IAPASE (Rio de Janeiro), quando estava tocando seu berimbau e cantando, foi vítima de um súbito colapso cardíaco onde veio a falecer. Parabéns aos

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II.
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III.
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IV.
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V.
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VI.
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VII.
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VIII.
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IX.
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X.
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XI.
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PARTE II: MEMÓRIAS DE MESTRES I. Metodologia
95
Mestre Burguês
99
Mestre Déa
107
Mestre Kinkas
115
Mestre Kunta Kintê da Bahia
124
Mestre Pernambuco
133
Piriquito Verde
141
Mestre Piton
150
Mestre Pop Lainy
158
Mestre Sergipe
167
Mestre Silveira
175

discípulos do Mestre Paraná e ao Mestre Polaco por ajudar a manter viva essa história, aliás, história essa que é parte importantíssima de nossa identidade cultural e de luta de resistência. Mestre Paraná, iniciava suas apresentações, com a famosa cantiga...

Ê Paraná,ê Paraná!

Paraná,meu Paranaguá!

Ê Paraná,terra da boa madeira.

Ê Paraná,aqui estão seus capoeiras.

Ê Paraná,tocando seu berimbau.

Ê Paraná,reco-reco e pandeiro.

Eu vou ver lampião de amor,ê Paraná.

ê Paraná,ê Paraná.

2016 - paper-4b0ea2dd87946765b035a9b666b4eba1.pdf (unicamp.br) - HISTÓRIA DA

NEGRA EM LONDRINA-PR (1930-1957)

CAPOEIRA E DA PRESENÇA

1960 - De acordo com Caldas (2012), os primeiros capoeiristas chegaram em Londrina como seguranças dos magnatas do café na década de 1960, no entanto o primeiro a realmente “desenvolver um trabalho com capoeira na cidade” foi mestre Lampião a partir de 1979.

2017 – CAPOEIRANEWS: MESTRE MEINHA NO FESTIVAL EM CAMPO LARGO - PR

CAPOEIRANEWS: TAMANDARÉ TEM AXÉ, ALMIRANTE TAMANDARÉ - PR

CAPOEIRANEWS: AULÃO DE CAPOEIRA, CURITIBA - PR

CAPOEIRANEWS: BATIZADO E TROCA DE CORDAS, PINHAIS - PR

2019 - portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/pr_ps_capoeira.pdf

2020 - Capoeirando ed.36.pdf (africaeafricanidades.com.br) História a contrapelo: vanguarda feminina na Capoeira Paranaense - Houve registro da participação de muitas capoeiristas nos Jogos Estudantis Brasileiros (JEBs), durante as décadas de setenta e oitenta, visto que na década de oitenta já constavam no regulamento dos jogos a categoria masculina e feminina na modalidade de capoeira. Daqui em diante houve uma maior abertura para as mulheres capoeiristas, o que talvez esteja relacionado à legalização do judô feminino, no ano de 1979, que repercutiu em todo campo das artes marciais (SOUZA, 2010).

O Diário da Tarde vinculou a seguinte notícia: “às 7 horas da manhã, deu-se hoje na rua Barão do Serro Azul, um fato escandaloso, de que a polícia não teve conhecimento. Um soldado embriagado, jogava capoeira com uma mulher. Conclusão: tabefes e sangue” (DIÁRIO DA TARDE, 1900). 1979, que apresenta outra capoeirista, de nome Joana da Silva (figura 1), que respondeu a este tipo de violência, que ainda permanecia impregnado na cultura. Desta vez a capoeira foi usada enquanto instrumento de libertação. O Diário do Paraná (1979) noticiou o seguinte: O barulho na boate da Nadir, na Vila Guaíra, era prenúncio de muita confusão, na noite de anteontem. Logo após às primeiras horas da madrugada, não deu outra. A bailarina Joana da Silva, uma bailarina de 23 anos, que luta capoeira e sabe brigar como qualquer homem, quase decapitou seu parceiro João Fernandes, no interior de um dos quartos do prostíbulo. A mulher, que diz saber ser “danada”, quando preciso, foi presa e autuada em flagrante na delegacia do 8º Distrito policial onde confessou o crime. Segunda ela, “ele quis me matar, quis me “amassar” muito e eu tive que me defender”. Para ela, “ele deve ser maníaco, logo que nós entramos no quarto ele foi me acertando um soco no olho e me derrubando no chão” [...] mesmo assim, conseguiu dar uma gravata e cravar a faca no pescoço da vítima. (DIARIO DO PARANÁ, 1979, p. 10)

2021 - "Que memória é essa da capoeira no Paraná?": evento do MUPA celebra a cultura e memória da capoeira no Paraná | Museu Paranaense - Exibição de documentário – Complementando a programação das mesas, durante os dias 20 a 26 de agosto, o MUPA disponibilizará o documentário “Mestre Sergipe – Um Homem, uma Força, um Coração”, realizado por umas das convidadas do evento, Cleo Sheirosa. O material estará disponível gratuitamente para os interessados assistirem nesse período. Link para assistir: https://drive.google.com/file/d/1UHZetsL4V59x9dBThJAZkn9g-i3FZNQ-/view?usp=drivesdk

2018 - Historia da capoeira na região de imbituva by Jeferson do Nascimento Machado - Issuu

2022 - NOTAS SOBRE A CAPOEIRA PARANAENSE (XIX-XX): RESISTÊNCIA SUBALTERNA | Revista de História Bilros: História(s), Sociedade(s) e Cultura(s) (uece.br) - MACHADO, J. do N. .; SCHUALTZ, J. L. . NOTAS SOBRE A CAPOEIRA PARANAENSE (XIX-XX): RESISTÊNCIA SUBALTERNA. Revista de História Bilros: História(s), Sociedade(s) e Cultura(s), [S. l.], v. 8, n. 17, 2022. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/bilros/article/view/7634. Acesso em: 28 dez. 2022.

- https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/45356/Lauana%20Sentone.PDF?sequence=1&isAllowed= lauana sentone o desenvolvimento da capoeira em matinhos ...

› bitstream › handle O presente artigo versa sobre a história da Capoeira em Matinhos (município do litoral do Paraná), cujo objetivo foi registrá-la a partir da experiência ...

https://acervodigital.ufpr.br

Rio Grande do Norte Está situado a nordeste da Região Nordeste e tem por limites o Oceano Atlântico a norte a leste, a Paraíba a sul e o Ceará a oeste. É dividido em 167 municípios e sua área total é de 52 809,601 km², o que equivale a 3,42% da área do Nordeste e a 0,62% da superfície do Brasil,. Com uma população de mais de 3,5 milhões de habitantes, o Rio Grande do Norte é o décimo sexto estado mais populoso do Brasil, possuindo o segundo melhor IDH e a maior renda per capita da região Nordeste[ e a melhor expectativa de vida do Norte-Nordeste, chegando a 76,0 anos, a nona maior do país. A história inicia-se a partir do povoamento do território que hoje é o Brasil, quando houve uma onda de migrações para os Andes, depois para o Planalto do Brasil, a região Nordeste, até chegarem ao Rio Grande do Norte. Ao longo de sua história, seu território sofreu invasões de povos estrangeiros, sendo os principais os franceses e holandeses. Em 1535, a então Capitania do Rio Grande estaria sendo doada pelo rei D. João III a João de Barros. Em 1822, quando o Brasil conquistou sua independência do Império Português, o Rio Grande do Norte passaria a se tornar província e, com a queda da monarquia e a consequente proclamação da república em 1889, a província se transforma em um estado, tendo como primeiro governador Pedro de Albuquerque Maranhão. A capital do estado é Natal e sua atual governadora é Fátima Bezerra, eleita nas eleições estaduais realizadas em 2018. Devido à sua localização geográfica, que forma um vértice a nordeste da América do Sul, o Rio Grande do Norte é tido como uma das "esquinas" do Brasil e do continente, posição que também lhe confere uma grande projeção para o Atlântico (a maior dentre os estados brasileiros). Seu litoral, com extensão aproximada de quatrocentos quilômetros, é um dos mais famosos do Brasil. Na economia, destaca-se o setor de serviços. Devido ao seu clima semiárido em parte do litoral norte, o Rio Grande do Norte é responsável pela produção de mais 95% do sal brasileiro. Na bandeira nacional brasileira, o estado é representado pela estrela Shaula, da constelação de Scorpius.

RIO GRANDE NO NORTE – 1889
Ano 1889\Edição 00005 (1) O Povo (RN) - 1889 a 1892

Ano 1890\Edição 00185 (1) Gazeta do Natal : Orgão

(RN) - 1888 a 1890

Ano 1890\Edição 00187 (1)

Conservador
Ano 1892\Edição 00026 (1) O Santelmo (RN) - 1891 a 1893
Ano 1906\Edição 03071 (1) Diario do Natal : Orgam do Partido Republicano (RN) - 1906 a 1909 13 DE NOVEMBRO Ano 1908\Edição 03362 (1) Diario do Natal : Orgam do Partido Republicano (RN) - 1906 a 1909
Ano 1945\Edição 02938B (1) A Ordem (RN) - 1935 a 1967 Ano 1963\Edição 05551A (1) ) A Ordem (RN) - 1935 a 1967 6 DE JULHO

- MEMÓRIAS DA CAPOEIRA NA CIDADE DO NATAL/ RN. João Carlos Neves de Souza e Nunes Dias; Igor Yuri Temistócles de Albuquerque - Em Natal, a gênese da capoeira data dos anos de 1970, inicialmente praticada de maneira aleatória, no porto da cidade, a capoeira tem sua legitimação social nos anos de 1990, com a sistematização dos grupos de capoeira em Natal. Ao final da década de 1970 e início da década seguinte, mestre Marcos (Grupo de Capoeira nacional) e mestre Índio (Grupo de Capoeira Terra do Sol) contribuíram significativamente para a sistematização da capoeira, bem como para a formação de novos mestres que mais tarde fundaram novos grupos na cidade. Nesse sentido, destaca-se: mestre Irani (Grupo de Capoeira Cordão de Ouro); mestre Canelão (Grupo de Capoeira Boa Vontade); mestre Robson (Grupo de Capoeira Corpo Livre), mestre Caio, mestre Daniel e mestre Alexandre. Observamos ainda a mudança dos locais da prática da capoeira na cidade, do espaço público para o privado, que passa pela divulgação da capoeira em alas de escolas de samba da cidade, em praças públicas, em praias e posteriormente para lugares mais fechados, ou mais restritos como residências, centro comunitários, academias de ginástica da cidade, ou ainda prédios próprios.

2012 - No compasso do mestre - 10/03/2012 - Notícia - Tribuna do Norte Felipe Gurgel Repórter - A história da capoeira se confunde um pouco com a do potiguar Cícero Alves do Nascimento. A luta foi criada pelos escravos africanos ainda no século XVI, que precisavam se defender dos capitães do mato, no tempo da escravidão. Para Nascimento, o contato com a capoeira não foi para praticar um esporte e sim, para aprender a lutar e se vingar dos homens que assassinaram seu pai, em Pitangui, praia de Extremoz, região metropolitana de Natal. “Infelizmente, procurei a capoeira para outros fins e não para o que realmente ela serve, que é o esporte, inclusão social, dança, música. Graças a Deus, a capoeira mudou completamente a minha cabeça e meu modo de ver o mundo”, revela Alves, mas, mais conhecido como Mestre Índio.

Para saber um pouco mais desse desportista que mudou a forma como a sociedade via os capoeiristas, é preciso voltar 40 anos no tempo, quando ele, aos 11 anos, teve que se mudar para São Paulo com a família. Foi lá que conheceu o esporte. Seu primeiro contato com a dança/esporte foi em 1973, com o Mestre Dorival, do grupo Bantu de Angola, na capital paulista. Com a constante mudança de endereço em São Paulo, Cícero Alves do Nascimento foi obrigado a mudar de grupo e passou a frequentar as rodas de capoeira do Mestre Adjani Pineti, isso em 1975. Nessa época, o Mestre Índio ainda era apenas um aluno de capoeira. Mas, tudo começou a mudar quando ele, em uma viagem de férias para Natal na década de 80, ficou na casa da avó, no bairro das Quintas. Como em São Paulo fazia muito frio e na capital do Rio Grande do Norte estava fazendo calor, Nascimento tomou a decisão que mudou sua vida: optou por abandonar o emprego que tinha na capital paulista e voltou a morar na sua cidade. “Não voltei para São Paulo nem para dar baixa na minha carteira de trabalho. Não me preocupei com nada de lá. Só não voltava para aquele frio de jeito nenhum”, relembra. Mas, se morar em Natal poderia ser uma mudança na vida de Mestre Índio, viver no bairro das Quintas não estava sendo nada bom. O crescente número de gangues e as brigas entre os adolescentes das comunidades vizinhas, como Mãe Luiza, incomodava o capoeirista, que teve uma iniciativa pioneira em Natal: montar um grupo com jovens em situações de risco, para tentar ocupar o tempo ocioso dos adolescentes. “Fiquei preocupado com toda aquela violência, brigas, que estavam acontecendo com os jovens da nossa cidade e decidi criar o grupo Terra do Sol, de capoeira, para ensinar aos jovens, dar a eles uma ocupação. E o retorno foi o melhor possível. Os jovens dos outros bairros, que viviam em confronto com os moradores das Rocas, vieram treinar com a gente. Aquilo foi ótimo, já que eles foram desenvolvendo uma amizade, que fez com que as brigas de gangues praticamente acabassem”, afirma Mestre Índio.O grupo Terra do Sol existe até hoje. Com quase 30 anos de história, a roda de capoeira criada por Mestre Índio ultrapassou as barreiras de Natal e já conta com alunos em diversas cidades e estados. “O Terra do Sol cresceu bastante nessas décadas. Já temos grupos na Paraíba, Ceará, Pernambuco, além de cidades vizinhas a Natal. O litoral norte e o sul do Rio Grande do Norte também fazem parte do nosso grupo. Além disso, meu filho tem um grupo que dá aula na praia de Pipa e em Tibau do Sul. A capoeira conseguiu se livrar do preconceito e agora está em todos os lugares”, disse. Perguntado se existia a possibilidade de algum dia se aposentar da capoeira, o Mestre Índio foi taxativo na sua resposta. “Isso não vai acontecer nunca”, afirmou, para depois continuar na sua resposta. “ Não sei o que faria longe da capoeira. Ela me ensinou e me deu tudo que tenho hoje em dia. Digo que a capoeira não é só um esporte, uma dança. É muito mais que isso. Às vezes estou para baixo,

2007

preocupado com alguma coisa e é só tocar no berimbau que tudo muda, o sangue ferve, esqueço de tudo e naquele momento, me transformo em uma pessoa completamente despreocupada com o mundo. O que interessa é estar na roda, jogando a capoeira”, revela. Preocupação com o futuro da capoeira Com quase 40 anos na capoeira, o Mestre Índio viu algumas mudanças na dança/esporte acontecer ao longo de quase quatro décadas. Assim como todo esporte, as transformações são importantes, para que a técnica vá se aperfeiçoando, mas, de acordo com o Nascimento, nem todas as alterações foram benéficas para a luta marcial. “É difícil dizer o sistema de graduação utilizado na capoeira hoje em dia. Cada grupo, praticamente, tem o seu estilo de graduar os alunos. Isso é complicado, porque não se pode ter uma base do nível do esporte, já que de roda em roda existe vários tipos de cores dos cordões ou corda. Isso não é bom”, afirma Índio. De acordo com ele, a capoeira começou com apenas quatro cordas, que representavam as cores da bandeira do Brasil: verde, amarelo, azul e branco. Essa última era o mais alto nível de graduação. Mas, com a reclamação por parte de alguns grupos, o sistema foi mudando e as cores também. Ficou decidido que as cordas iriam obedecer as cores da história dos negros e o vermelho e preto foram inseridas. “Hoje, tem grupos que usam apenas quatro cordas e outros que usam 21. Só aí você vê a diferença das coisas. Ninguém está preocupado com a capoeira de uma maneira geral e sim, só com os seus grupos”, revela Mestre Índio. E essa falta de companheirismo entre os grupos de capoeira só está enfraquecendo a arte fora do Brasil. Segundo Cícero, já existe um movimento na Europa para transformar a dança/esporte em Patrimônio Imaterial da Cultura. “ Se isso vier a acontecer, vamos perder toda a nossa história de uma arte genuinamente brasileira e não podemos deixar que isso aconteça”, afirma. Para que isso não aconteça, o Mestre Índio está tentando internacionalizar o seu grupo, Terra do Sol. Só assim, de acordo com o seu pensamento, a capoeira tem capacidade de continuar sendo uma arte do Brasil. “Hoje em dia, os europeus não estão mais importante os mestres de capoeira do Brasil. Não podemos deixar que eles tomem a capoeira ”, finalizou.

2014 - Memorial da Capoeira – Natal (RN) – CiMusé (cimuse.com.br)

2016 - Universidade Federal do Rio Grande do Norte: Relato de Vivência Escolar: Capoeira, homenagem, resistência e conquista da liberdade (ufrn.br)

2018 - Um grande nome da capoeira em São Gonçalo é o mestre gato, que desenvolve um trabalho superbacana na comunidade de Guanduba. Lá, na academia de capoeira “Salve Zumbi”, os treinos acontecem diariamente e são conduzidos pelo mestre, que teve seu primeiro contato com esta arte aos 10 anos de idade. O mestre Gato, destaca o início da capoeira na cidade: “Aqui em Guanduba, a capoeira teve início em 1984. O primeiro professor foi José Roberto Máximo, conhecido como Beto coquinho. Eu iniciei na capoeira em 1986. Atualmente, nós contamos com 800 alunos fortalecendo o nome da academia de capoeira Salve Zumbi, do mestre Caboclo e do mestre Gato”. A capoeira é um das modalidade que recebem incentivo da Prefeitura Municipal de São Gonçalo, por meio da Secretaria Municipal de juventude, esporte e lazer (SEMJEL), com auxílio de materiais e auxílio na realização de campeonatos. Conheça esta linda história narrada pelo Mestre Gato: (N)Atividade: Conheça a capoeira são-gonçalense - Prefeitura de São Gonçalo do Amarante (saogoncalo.rn.gov.br)

- 1ª Reunião para a Salvaguarda da Roda de Capoeira e do Ofício dos Mestres de Capoeira do RN (doity.com.br)

2019 - CONSCIÊNCIA NEGRA: Mais de 100 capoeiristas se reunem para discutir as políticas voltadas para a proteção da arte negra no RN - IFRN-ZL

- Mestre de Capoeira do RN receberá homenagem na Bahia - Papo Cultura O Rio Grande do Norte terá este ano um representante no Troféu “Berimbau de Ouro”, evento que será realizado nesta sexta-feira (22), em Salvador/BA. O Mestre Marcos (Capoeira Angola de Natal), 64 anos, receberá a premiação por 50 anos dedicados à Capoeira em escolas de todo o RN e através de jogos escolares por 32 anos seguidos, inclusive no Projeto Conexão Felipe Camarão, sendo um dos seus fundadores. Dos meus oito anos de capoeira, o primeiro foi com mestre Marcos. Sei do seu empenho em não só ensinar, mas organizar e disseminar a capoeira no Estado. E se o toque do berimbau avisa que é capoeira angola, o homem é sinistro na roda! (rs). Merece todo o respeito, muito também pelo trabalho realizado no projeto Conexão Felipe Camarão, o qual é um dos fundadores. O Troféu Berimbau de Ouro, criado por Máximo Pereira de Brito Filho (Mestre Máximo), brasileiro natural de Santo Amaro/BA, representa a força da Capoeira. A noite de Gala homenageará também outras personalidades por serem destaques do ano em suas áreas profissionais. Nomes de grande peso da Cultura, Política, Jornalismo, Literatura, e obviamente da Capoeira marcarão presença numa noite de valorização e reconhecimento. Para o Mestre Marcos, a premiação é um grande reconhecimento de ter colaborado com o sistema educacional potiguar ao longo de 50 anos, ensinando centenas de jovens a história da cultura da África/ Brasil e os ensinamentos do Mestre Pastinha, ícone da Capoeira Angola, e de tantos outros mestres de Capoeira brasileiros.

Página - IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional O Projeto Capoeira no Rio Grande do Norte objetivou o mapeamento dos pontos de prática de capoeira, atuantes em cerca de 50 municípios do

Estado do Rio Grande do Norte e a realização de quatro oficinas de capacitação nas cidades de Natal, Mossoró, Pau dos Ferros e Caicó com representantes capoeiristas destes pontos mapeados. Foram capacitados representantes desses municípios na proposta pedagógica cidadã desenvolvida pela Escola de Capoeira Cordão de Ouro. O projeto previu a realização da Exposição Origem da Capoeira com acesso livre do público durante as oficinas e a criação de sítio na internet para disponibilizar o material coletado durante o mapeamento. É uma forma de salvaguardar, fortalecer a sua prática e divulgar a capoeira. A Escola de Capoeira Cordão de Ouro é uma entidade civil sem fins lucrativos, voltada à difusão da prática da capoeira e do ensino da sua história e à promoção do exercício da cidadania nas comunidades carentes, por meio de ações e projetos educativos e de fomento de atividades produtivas. Criada em 1996, a Escola executa trabalho pedagógico na cidade de Natal. A Exposição Origem da Capoeira foi idealizada a partir da reunião de várias formas de expressão artística, com a visualização de fatos da história afro-brasileira e a sua oralidade. Ela é composta por obras de artes, palestras em vídeos, maquetes de uma fazenda colonial e do Quilombo dos Palmares, um tronco em tamanho real utilizados nos castigos dos negros e apresentação de uma Roda de Capoeira.

2022 - Conselho de Mestres de Capoeira do Rio Grande do Norte | COMCAP-RN - ONDE POSSO PRATICAR CAPOEIRA POTIGUAR?

Capoeira potiguar: onde praticar esse esporte (natalrn.com.br)A Capoeira Potiguar como já explicitado anteriormente, procura seguir mais o estilo de Capoeira Regional, porém algumas escolas seguem também o estilo de Angola. Vamos ver onde a luta pode ser praticada.

A Capoeira potiguar No estado do Rio Grande do Norte, quase um terço dos 167 municípios existentes possuem espaços para prática de capoeira.

A escola de Capoeira Cordão de Ouro, atuante na cidade de Natal, identificou, através do “Projeto de Capoeira no Rio Grande do Norte”, municípios que possuem pontos de prática de capoeira no estado. Esse levantamento teve a participação de mestres, contramestres e monitores de capoeira, não apenas do Rio Grande do Norte, mas também do Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia e apontou a prática em 50 municípios do estado.

A Escola Capoeira Cordão de Ouro existe desde 1996 e tem como missão difundir a Capoeira Potiguar na cidade de Natal. Foram levantadas, nas principais cidades do Rio Grande do Norte, as escolas em que se pode praticar a Capoeira Potiguar, além de mais dois municípios que foram importantes no desenvolvimento do projeto acima mencionado.

Natal

Em Natal, capital do Rio Grande do Norte, também conhecida como a “Cidade do Sol” ou “Noiva do Sol” encontraremos os seguintes centros de capoeira:

• Capoeira Cordão de Ouro;

• Escola de Capoeira Ylê Ayê;

• Memorial da Capoeira;

• Capoeira CTMV (Centro Tradicional de Capoeira e Vadiação);

• Capoeira Boa Vontade;

• Academia de Capoeira Professora Miudinha;

• Academia de Capoeira CDO;

• Escola de Capoeira Batucaxé ECB (Mestra Sherra);

• Grupo de Capoeira Lua Arte;

• Instituto Capovida Mestre Welton;

• Capoeira Dona Moça;

• Centro Cultural Gingafrica;

• Sede ECNU – Mestre Jr. Aranha.

Importante ressaltar que foram elencados os locais que têm relação direta com o esporte, mas pode acontecer de encontrarmos mais academias que incluam o esporte em seu repertório.

Parnamirim

A cidade de Parnamirim é vizinha a Natal, tem parte na história da Segunda Guerra Mundial, quando tornouse base aérea dos EUA: Parnamirim Fields, devido à sua posição estratégica. Ela também possui muitos pontos turísticos, um dos mais conhecidos é o Cajueiro de Pirangi.

Os centros de capoeira em Parnamirim são os seguintes:

• Academia Mala Véia Capoeira ECNU;

• Centro de Formação Capoeira Herança de Zumbi;

• Salatiel Rufino – aulas de Capoeira com Textura;

• Associação NAGÔAS de Capoeira Tradicional.

Assim como em Natal, destacamos os centros voltados para diretamente para o esporte.

Mossoró

A próxima cidade que apresentamos onde praticar capoeira é Mossoró, localizada geograficamente entre Natal e Fortaleza, historicamente se destaca por ter abolido a escravidão antes da Lei Áurea exigir e, também, por impor resistência aos cangaceiros e Lampião. Segue uma escola tradicional de capoeira da cidade:

• Escola Quilombo Capoeira – Mossoró.

Mossoró também é conhecida por sua forte cena cultural, sendo o Chuva de bala a mais característica.

São Gonçalo do Amarante

O município de São Gonçalo do Amarante tem desde 2014 o Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves, transportando cargas e passageiros, sua localidade é a região metropolitana de Natal. As escolas de prática de capoeira que encontramos são:

• Academia de Capoeira Renascer;

• Mestre Lobinho.

Até agora levantamos as principais escolas das principais cidades do Rio Grande do Norte. Na sequência estão duas cidades que constam no “Projeto de Capoeira no Rio Grande do Norte”.

Pau dos ferros

Na cidade de Pau dos Ferros um destaque é o atrativo cultural FINECAP – Feira Intermunicipal de Educação, Cultura, Turismo e Negócios do Alto Oeste Potiguar prevista para acontecer entre o final de novembro e meados de dezembro. Aqui para jogar capoeira temos:

• Associação Cultural e Desportiva Pauferrense de Capoeira.

Como já abordado algumas vezes, provavelmente existam espaços que promovam esportes variados e incluam também a capoeira, a intenção aqui foi destacar o espaço que é parte do projeto.

Caicó

De Caicó, para conhecermos um pouco, os destaques são culturais: a Festa de Sant’Ana, considerada patrimônio imaterial e os bordados de Caicó ou Seridó, por terem acabamento perfeitos. O local também tem prática de capoeira:

• Projeto Fábrica Cultural – Aulas de Capoeira.

Essas são algumas das cidades que promovem a prática da Capoeira no RN. Mas se você mora em outra cidade, pode procurar saber nas escolas e associações vinculadas a esportes, onde praticar em seu município.

A Capoeira Potiguar, como já mencionado, também pode ser encontrada em outros municípios dentro do Rio Grande do Norte e é um excelente esporte a ser praticado por pessoas das mais variadas idades, trazendo diversos benefícios para o corpo, além de uma vivência cultural que fortalece as raízes do praticante com a história do nosso país.

Mestre Irani Irani Martins

Mestre Irani Irani Martins Dantas, filho de Asclepiades Militão e Suzana Dantas, nasceu no ano de 1963 em Cruzeta, interior do Rio Grande do Norte, indo morar em Natal ainda criança. Parte de uma família de 10 irmãos, 7 fizeram capoeira mas apenas ele permaneceu. Iniciou o aprendizado na capoeira em 1979 com amigos que se encontravam e realizavam apresentações nas escolas para ganhar pontos nas disciplinas, no bairro Soledade, zona norte de Natal. Um anos após, foi treinar com Givaldo Dantas no clube de mães do mesmo bairro. Em 1982, o professor Givaldo o levou para treinar com Contramestre Índio, recém-chegado de São Paulo e que era formado pelo Mestre Limão. Passou 5 anos treinando nesta academia e formou-se professor em 1985. Em 1988 passou a integrar o Grupo Cordão de Ouro, tornando-se aluno do Mestre Suassuna. Em 1989 foi que de fato oficializou-se a fundação do Grupo Cordão de Ouro em Natal, dando início a uma história que hoje completa 21 anos de trabalho e desenvolvimento da capoeira em todo o estado do Rio Grande do Norte. Atualmente o Grupo Cordão de Ouro, sob a coordenação do Mestre Irani, conta com representantes (professores e contramestres) em todo o Rio Grande do Norte, abrangendo mais de 40 municípios: Natal, Parnamirim, Mossoró, São José do Mipibu, Carnaúbas, Arenã, Goianinha, Canguaretama, Piquiri, Pedro Velho, Ten. Laurentino, Bodó, Lagoa Nova, Cerro Corá, Currais Novos, Santana do Matos, Jucurutu, Bom Jesus, Touros, Serra Caiada, Nísia Floresta, São Vicente, Florânia, Lajes, Jardim de Angicos, João Câmara, Afonso Bezerra, Caiçara do Rio dos Ventos, Fazenda Nova, Assu, São Rafael, Angicos, Carnaubais, Patu, Areia Branca, Pilões, Tangará,

últimos 15 anos, o Mestre Irani viajou por grande parte do mundo realizando worshops e divulgando a capoeira em países como Inglaterra, França, Dinamarca, Espanha e outros. Da mesma forma, todos os anos atrai capoeiristas de diversas partes do mundo que vem para Natal participar de suas famosas aulas e rodas.

Sítio Novo, Serra da Tapuia, Cruzeta, Jardim do Seridó, Caicó, Alexandria e outros. Expandiu-se também para estados vizinhos, como Pernambuco, Paraíba e Alagoas, além de representantes no Rio de Janeiro, Bahia e Mato Grosso do Sul. Exportou alunos para diferentes países, com Estados Unidos, França, Noruega, Suíça e outros. Nos

Acre é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Localiza-se no sudoeste da Região Norte, fazendo divisa com duas unidades federativas: Amazonas ao norte e Rondônia a leste; e faz fronteira com dois países: a Bolívia a sudeste e o Peru ao sul e a oeste. Sua área é de 164 123,040 km² Essa área responde inferiormente a 2% de todo o país. De acordo com os geógrafos, se trata de um dos estados com menor densidade demográfica do Brasil e foi o mais recente que os brasileiros povoaram de maneira efetiva. Nele localiza-se a extremidade ocidental do Brasil. A cidade onde estão sediados os poderes executivo, legislativo e judiciário estaduais é a capital Rio Branco. Outros municípios com população superior a trinta mil habitantes são: Cruzeiro do Sul, Feijó, Sena Madureira e Tarauacá. Somente em 1877 teve início no Acre que naquela época pertencia à Bolívia a chegada da quase totalidade dos migrantes que, oriundos do Nordeste do Brasil, mais precisamente do Ceará, colonizaram a região para buscar a borracha que se encontrava na Floresta Amazônica. Nas últimas décadas do século XIX, moravam cinquenta mil brasileiros na região. Os seringueiros, lutaram com as tropas para realizar a ocupação da região e, em 1903, ao lado do último líder da Revolução Acriana, o gaúcho Plácido de Castro, foram os autores da proclamação do Estado Independente do Acre Então, a região foi ocupada militarmente pelo governo brasileiro e depois o Brasil estabeleceu diálogo diplomático com a Bolívia. Em consequência, o Brasil assumiria o controle do Acre. O governo brasileiro decidiu criar o Território Federal do Acre em 1904. Por força da lei federal n.º 4.070, o presidente do Brasil João Goulart elevou o Território Federal do Acre à categoria de Estado em 1962. Acre – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

1904 - Prata Preta: Um capoeira desterrado - por KK Bonates – Luiz Carlos de Matos Bonates

Prata Preta: Um capoeira desterrado - Capoeira Contemporânea (capoeirahistory.com)

Em 10 novembro de 1904, ocorreu nas ruas do Rio de Janeiro, então capital da República, uma série de manifestações populares que contestavam a obrigatoriedade da vacinação contra varíola e que resultaram em confrontos com as forças de segurança que perduraram até o dia 16 de novembro e, para conter a revolta popular, foi decretado o estado de sítio e revogada a obrigatoriedade da vacinação.

Essa convulsão social recebeu o nome de Revolta da Vacina ou Quebra Lampiões e teve como saldo oficial 30 pessoas mortas, 110 feridas e 945 presas na Ilha das Cobras, que foram posteriormente deportadas, se estrangeiras, ou desterradas para o norte do país, se brasileiras, principalmente para o Acre, à época, território federal recémincorporado ao Brasil.

Uma das figuras de destaque nesta revolta foi o estivador e capoeira Horácio José da Silva, o Prata Preta, reconhecido por muitos pela liderança em um dos principais redutos da resistência popular, a barricada Porto Arthur, localizada no Bairro da Saúde, assim denominada em referência à violenta batalha ocorrida na guerra russo-japonesa (1904-1905). O desterro dos socialmente indesejáveis para a Amazônia, um lugar distante, fronteiriço e rústico, data da época do Brasil Colônia estendendo-se até as primeiras décadas da República. O perfil da grande maioria destes indesejáveis era caracterizado pela pobreza, pelo crime ou por promoverem desordem social.

Em geral, o tratamento dado aos indesejáveis “canas graúdas”, ou seja, aos da burguesia, tais como militares de alta patente, políticos influentes e jornalistas era diferenciado do tratamento dos “canas miúdas”, estes provenientes das classe subalternas. Via de regra, o “cana graúda” era processado, continuava no seu lugar de origem, sendo primeiro preso, depois anistiado e em seguida, retornava à vida pública.

O embarque dos desterrados de 1904 para o Acre deu-se através de navios denominados paquetes, conhecidos como Itas, movidos a vapor e pertencentes à Companhia Nacional de Navegação Costeira e foram alugados pelo Governo Federal para o transporte dos desterrados.

Os prisioneiros eram alocados nos porões em condições de promiscuidade, sem direito de subir ao tombadilho e vigiados por forte contingente de militares.

ACRE – 1904

Três paquetes foram responsáveis por transportar os desterrados de 1904 – Itaipava, com duas viagens, Itaperuna e Itapacy, com uma viagem cada. O trajeto entre o Rio de Janeiro e Belém do Pará levava, em média, 11 dias, e entre Belém e Manaus, 5 dias. Quando em Manaus, os desterrados eram transferidos para barcos regionais de menor calado, os “gaiolas” ou “batelões”. Estes barcos então seguiam rumo ao Território do Acre e, dependendo do seu destino, poderiam navegar por três tributários do Rio Amazonas, os rios Madeira, Purus e Juruá. Se o porto de destino era Pennapolis (antiga Vila Empreza , atual Rio Branco) ou Senna Madureira, o tempo médio da viagem era de 15 dias. Para Cruzeiro do Sul, sede do Departamento do Alto Juruá, cerca de 20 dias. Prata Preta, um indesejável “cana miúda”, foi preso em 17/11/1904, às 9 horas da manhã, fora das trincheiras de Porto Arthur. Portava consigo dois revólveres, uma faca e uma navalha e seu corpo estava marcado de contusões causadas por espada. Reza a lenda que comandava em torno de 2.000 revoltosos. Foi levado com outros 96 presos para a Ilha das Cobras para serem posteriormente embarcados para o Acre.

Não há muitas informações bibliográficas ou orais sobre Prata Preta. O pouco que se tem está em notícias de jornais, revistas e almanaques do período, que, dependendo da linha ideológica da imprensa (monarquia, república ou anarquismo), afirmam ou negam sua liderança popular, elegendo-o ora como um herói, ora como anti-herói ou vilão, como exemplificado a seguir.

Prata Preta é um homem de 30 anos presumíveis, alto, de compleição robusta, completamente imberbe. A sua fama de homem valente e rixento não foi desmedida, pois ele era visto nos pontos mais perigosos das trincheiras e barricadas, atirando de carabina nas forças atacantes…Ao que parece, Prata Preta era considerado o general Stoessel de Porto Arthur, da Saúde..”

A Notícia, 16 e 17/11/1904, XI, n 271, p 1. - A grande custo ele foi conduzido para a Repartição Central de Polícia, sendo antes desarmado…deu o nome de Horácio José da Silva e foi metido em uma camisa de força, recolhido ao xadrez. Esse crioulo tem a alcunha de “Prata Preta” e, pela sua conhecida bravura como famoso desordeiro, fora proclamado chefe dos sublevados da Saúde.”

Jornal do Commercio, 17/11/1904, n 521, p 2. - (…) um negro terrível, um verdadeiro demônio. Este negro, alto, musculoso, forte entre os mais fortes, tomou logo certa supremacia, assumindo as funções de chefe dos porões. Armado de um grosso pedaço de cabo, entrou logo a surrar bestialmente, ferozmente seus companheiros de infortúnio, só os abandonando quando o sangue rubro esguichava das feridas.”

Jornal do Brasil, 28/12/1904, p 2. - Tudo era mentira, mas ainda existia o Prata Preta alí…à preta! Fomos então saber da história do celebrado Prata. Ora, o Prata também é pilheria. Não se sabe até agora o personagem que mais se salientasse nos famosos distúrbios. Prata Preta costuma parar nos jaburus das ruas da Conceição e S. Jorge. Em geral, é um pai d’agua, quebra água, mata o bicho, embebeda-se. Os últimos conflitos tinham-no excitado, como excitou as mulherinhas das rótulas, fazendo-as gritar mata! Em acessos histéricos. Nosso Prata Preta nunca tinha sido valente.” Gazeta de Notícias, 18/11/1904, “A última ilusão”, p 2. - Sobre o desterro de Prata Preta para o Acre encontramos algumas referências em noticiosos que apenas citam o fato, mas, devido ao uso partidário e/ou ideológico do nome Prata Preta pela imprensa e na falta de documentação comprobatória plausível, o que resta são pistas, indicativos e evidências de que Prata Preta foi mesmo desterrado e retornou ao Rio de Janeiro anos depois. A respeito das pistas, indicativos e evidências, citamos a crônica O K. Abrahão, de Armando Sacramento, e a descrição de um carro alegórico no carnaval de 1905, que teve como tema a barricada Porto Arthur, do Bairro da Saúde. Ainda perseguido pelo homem dos óculos, um dia quase o K. Abrahão foi levado para o Acre juntamente com o Prata Preta. Depois das explicações foi posto a rua e desde então, para evitar outra embrulhada idêntica, não mais saiu de cena.”

O Rio Nu, 4/3/1905, edição 695, p 2. - O Porto Arthur, da Saúde, é mais um carro de crítica. Sobre uma carroça a que se lê a inscrição – Hospital de sangue, há um grande canhão …tapado. Do lado direito uma flamula vermelha indicava

o espírito guerreiro de façanhudos desordeiros sob a chefia do intrépido Prata Preta. Lampiões quebrados cercam o carro, em espirituosos democráticos eram sublimes de verve. Guarda de honra de acreanos, transportando o machado e a caneca que os hão de regenerar na terra da borracha.”

Gazeta de Noticias, 4/3/1905, “Pepinos Carnavalescos”, edição 63, p 2.

Por fim, Silva (2013) informa, sem maiores detalhes, que Prata Preta foi desterrado para o Acre no dia 25 de dezembro de 1904 e embarcado no navio Itaipava, com outras centenas de desterrados desconhecidos. Segundo Bonates (2016) e Bonates & Cruz (2020) o registro documental mais antigo da presença da capoeira no Estado do Amazonas, até a data deste ensaio, data de 1899, contudo, evidências indicam comportamentos sociais relacionados com a cultura da capoeira ou ação de capoeiristas em datas anteriores, podendo-se retroagir até a época da Revolta da Cabanagem (1835-1840).

Intrigante é o fato de a raridade do registro de capoeiragem nos noticiosos amazonenses ser quebrada a partir dos festejos carnavalescos de fevereiro de 1905, portanto, logo após a chegada dos desterrados. Os registros aumentam até 1920, quando ocorre a derrocada do Ciclo Econômico da Borracha, e só voltam a crescer a partir ano de 1972, com a vinda de Julival do Espírito Santo, o mestre Gato de Silvestre, em pleno Ciclo Econômico da Zona Franca de Manaus. Pelo exposto, três perguntas se fazem pertinentes:

Prata Preta teria retornado ao Rio de Janeiro?

Prata Preta teria estado ou permanecido algum tempo em Manaus?

A passagem e/ou a presença de desterrados teriam contribuído para a intensificação de notícias na imprensa sobre capoeiragem no Amazonas no período de 1905 a 1920?

Consideramos que as respostas são positivas para as três perguntas, desde que se aceite para a primeira pergunta a possibilidade de Prata Preta ter sido mesmo desterrado. Apresentamos alguns fatos que podem colaborar para a aceitação dessas hipóteses:

Notícias em jornais cariocas informam a prisão ou ação de um indivíduo ou de indivíduos com a alcunha Prata Preta, nos anos posteriores à Revolta da Vacina (1909 e 1910) . Embora o nome conhecido de Prata Preta aqui referenciado seja Horácio José da Silva, e o da citação abaixo seja Honório Manoel Leandro, deve-se considerar que aqueles que já estiveram às voltas com a polícia se valiam do expediente de documentos de identificação e endereços falsos para esconder sua verdadeira identidade.

Também foi preso o conhecido desordeiro da saúde Honório Manoel Leandro, vulgo Catta Preta ou Prata Preta. Esse tipo vinha acompanhado desde a Central por um agente, sendo preso quando desembarcava em Campo Grande.”

O Paiz, 31/1/1909, “Eleições Federais”, p 2. - Solidário, político, amigo inseparável, o moralista Dr. Barbosa Lima, como o amigo político de Prata Preta, José do Senado, Camisa Preta, os heroicos cabos eleitorais de um deputado que tem horrorizado o espírito público com os maiores crimes.”

O Paiz, 3/11/1910, “Carta Aberta”, p 3. Não vale a pena voltar a fazer considerações acerca do fato de terem os incorruptíveis e austeros magistrados apurado a eleição realizada na Biblioteca Nacional, cujos votos continuam encerrados na urna lacrada e depositada na polícia, arrebatada das mãos ensanguentadas do cidadão, galopim eleitoral, que acode a sugestiva alcunha de Prata Preta.”

O Paiz, 20/11/1909, “Conselho Municipal”, p 1. Aí está a que fica reduzido todo o programa em torno do caso do Conselho, eleito pela junta de pretores, que secundou com notável elevação e patriotismo, os esforços do Prata Preta e da honrosa entourage do glorioso deputado Irineu Machado, empreiteiro-mor da mazorca civilista que virá regenerar os nossos costumes políticos e moralizar o sufrágio universal.”

O Paiz, 07/01/1910, “Água na Fervura”, p 1. Honório Prata Preta perigoso indivíduo viciado, penetrou ontem no botequim n. 67, da rua D. Clara e pediu Paraty ao caixeiro Raul Santos. Como na véspera Prata preta tivesses bebido e não quisesse pagar, o caixeiro Raul negou-lhe a bebida. Valeu-lhe isso levar uma valente cacetada na cabeça , vibrada pelo desordeiro, que, após o delito, bateu em retirada.”

Gazeta de Notícias, 18/09/1911, “Valente Cacetada”, p 1. Quando aportados em Manaus, os desterrados eram transferidos para barcos regionais de menor calado, os “gaiolas” ou “batelões”. Essas transferências poderiam levar alguns dias, dependendo do número de desterrados e da logística do transbordo, entre outras, o que poderia aumentar o tempo de permanência em Manaus e elevar a possibilidade de uma fuga de prisioneiros dos navios para a cidade;

A primeira cidade portuária com navios aptos para o retorno ao Rio de Janeiro era Manaus e em seguida Belém. Como as condições de vida social, trabalhista e econômica nos seringais eram péssimas, podemos inferir que muitos dos desterrados ao partirem do Acre para Manaus estariam em condições de penúria e, por conseguinte, com grande dificuldade para conseguir trabalho e dinheiro suficiente para sua subsistência e concretizar seu retorno ao Rio de Janeiro. Essas circunstâncias, possivelmente, forçaram que muitos dos desterrados optassem por ficar em Manaus ou Belém.

Temos assim, que o governador Silvério Nery em sua mensagem proferida na abertura da 2ª sessão ordinária da 5ª legislatura, em 10/06/1905, reclama da presença de capoeiras enviados para o Amazonas pelo governo federal numa tentativa de transformar o Estado em presídio.

A ação da capoeiragem no Amazonas, principalmente em Manaus, não pode ser mais despercebida e faz com que o governador do Estado do Amazonas, Pedro Alcântara Bacelar, em 1/10/1917, em plena derrocada do Ciclo Econômico da Borracha, sancione a Lei número 920 que promulga Código do Processo Penal do Estado do Amazonas. Nesta lei, no Capítulo VI que trata do Processo das Contravenções, reza nos artigos 251 e 252 o seguinte: Quando o delinquente for condenado como vadio ou capoeira, a sentença obrigá-lo-á assinar termo de ocupação dentro de quinze dias, contados do cumprimento da pena.” (artigo 251).

Se o termo for quebrado, o delinquente será novamente processado na forma do presente Código do Processo Penal. (artigo 252).

Embora tenha feito uma pesquisa basilar para o estudo dos desterrados para o Acre, Silva (2013) comenta que pouco se sabe sobre as desventuras das pessoas desterradas para as regiões do Acre na primeira década do século XX. Comenta ainda que não se encontram muitos rastros documentais ou testemunhais.

Em consonância com Silva, Patrícia Sampaio (2011) informa que a pesquisa da presença da cultura da capoeiragem no Amazonas não pode ser mais ignorada. Concordamos com esses autores e almejamos que essa frente de pesquisas se concretize e que seja extensiva a região norte como um todo e enfatize, quantitativa e qualitativamente, a contribuição cultural e econômica dos degredados e de outros migrantes na Amazônia.

O nome Horácio José da Silva e a alcunha “Prata Preta” parecem ser comuns para a época da Revolta da Vacina e são encontrados entre 1901-1911 nos jornais do Rio de janeiro referindo-se a pessoas brancas ou negras, a oficial de justiça e a ladrão de galinha, a navalhista e a secretário de bloco carnavalesco, a testemunha de agressão física e a capitão e ainda, a assassino.

Os fatos aqui narrados mostram que a controversa imagem do personagem Horácio José da Silva, o Prata Preta, estivador, capoeirista e homem preto, considerado por muitos como um herói da cultura das ruas, merece esclarecimentos da historiografia, tanto no detalhamento de sua ação na Revolta da Vacina, quanto a sua vida no desterro e seu possível retorno ao Rio de Janeiro. A memória da capoeiragem e das lutas populares no Brasil agradecem se isto for feito.

KK Bonates: Mestre da Escola de Capoeira “Matumbé”, Manaus, AM. kkbonates@yahoo.com.br

Bibliografia

Bonates, L.C.M. 2016. A Capoeiragem no Amazonas (1905 a 1980) In: Capoeira em múltiplos olhares: estudos e pesquisas em jogo / Organizado por Antônio Liberac Cardoso Simões Pires e outros – Cruz das Almas: EDUFRB; Belo Horizonte. Fino Traço. Coleção UNIAFRO :13. - & Cruz, T.S. 2020. CAPOEIRA: o patrimônio gingado do Amazonas e sua salvaguarda. Conselho de Mestres da Salvaguarda da Capoeira do Amazonas/IPHAN, Manaus, 148p. Sampaio, P.M. 2011. O fim do silêncio: a presença negra na Amazônia. Belém: Editora Açaí; CNPq 298p. Silva, F.B. 2013. Acre, a Sibéria tropical: desterros para as regiões do Acre em 1904 e 1910. Manaus: UEA Edições, 326p

O Municipio (AC) - 1910 a 1937 - Ano 1913\Edição 00129 (1) – 13 de março

Ano 1914\Edição 00172 (1) – 11 de janeiro

Ano 1914\Edição 00173 (1) – 18 de janeiro

Commercio do Acre : Orgam Independente (AC) - 1915 a 1918 - Ano 1917\Edição 00116 (1) – 17 de agosto

O Acre (AC) - 1929 a 1972 - Ano 1944\Edição 00737 (1) – 12 de março

O Jornal (AC) - 1974 a 1982 - Ano 1978\Edição 00080 (1) –

O Acre (AC) - 1929 a 1972 - Ano 1982\Edição 00072 (1)

INSTITUIÇÕES E AGENTES DE CAPOEIRA DE RIO BRANCO (AC) - Maria do Socorro Craveiro de Albuquerque; Rejane Marcelina Ribeiro; Eliana de Oliveira Cavalcante; Valéria Mendes dos Santos Ferreira. - Hoje, doze grupos estão, em parte, organizados formalmente na Liga Acreana de Capoeira. Realizam batizados anuais e contam em média com duzentos alunos. Efetuam ainda trabalhos em diversos bairros por meio de projetos (Leis de incentivo à Cultura e ao Desporto/Estadual e Municipal), bem como atendendo diversas secretarias em projetos setoriais, e também de forma voluntária em escolas, hospitais, presídios, parques, praças e associações de moradores, consolidando de forma permanente sua inserção cultural e contribuição social. Na cidade de Rio Branco. A capoeira se constituiu em Rio Branco, principalmente, a partir da vinda de professores formados em outros Estados brasileiros contando dentre esses professores um acreano – que procederam a sua implantação a partir de cinco núcleos geradores dos doze grupos que atualmente configuram a área de conhecimento da cultura de capoeira no

Acre: 1. Grupo Candeias (Professores Falcão, Saci e Graduado Riquinho); 2. Grupo Cordão de Ouro (Mestre Xandão); 3. Grupo Capoeiracre (Mestre Olho de Peixe); 4. Grupo Mameluco (Mestre Moreno); 5. Grupo Abadá (Professor Urubu, Janaú); 6. Grupo Guanabara (Professor Cobra Papagaia); 7. Grupo Senzala (Professores Cancão e Pavão); 8. Grupo Besouro Mangangá (Professor Caju); 9. Grupo Axé (Professor Malvado e Roda); 10. Grupo Viva Capoeira (Professor Adalcides); 11. Grupo Acre-Brasil (Professor Caboclinho); 12. Grupo Acre – Capoeira (Professores Juvenil e Bou).

1973 – O primeiro Mestre de Capoeira a abrir uma Roda em Rio Branco, foi Mestre Baiano quando da construção da Ponte Metálica, na década de 1970. A primeira roda de capoeira que teve em Rio Branco foi feita por baianos que vieram contratados para a construção da ponte metálica.. Trinta e sete baianos chegaram ao Acre, em 1973, para trabalhar na construção da ponte Coronel Sebastião Dantas (ponte metálica). Neste grupo incluía-se Natálio Miranda dos Santos, o Baiano como era conhecido. Aluno de mestre Caiçara da Bahia organizou junto com seus conterrâneos a primeira roda de capoeira, com instrumentos e ladainhas, em Rio Branco. Passaram, assim, a fazer apresentações na Escola de Samba “Unidos do Bairro Quinze” e Bairro Seis de Agosto. As autorizações para as apresentações em espaços públicos, “um grande problema da época”, eram concedidas pelo Secretário de Segurança e Polícia Civil (SILVA24, 2005, p. 30).

1975/ 1980 - No período que vai de 1975 ao início da década de 1980, as rodas de capoeira deixaram de acontecer (SILVA, op. cit.). Não se conhecem os motivos desse refluxo, no entanto, pode-se especular que isso tenha acontecido em virtude da conclusão da ponte, quando esses trabalhadores, “os baianos”, teriam retornado à sua terra natal. A capoeira retorna com “força total em 1982 com Rodolfo, primeiro mestre a chegar ao Acre” 1982 - No entanto, a primeira escola de capoeira foi aberta por Mestre Rodolfo, em 1982, onde funcionava o Grupo de Teatro Horta, em seguida transferido para o Clube Vasco da Gama, depois para o Clube Juventus, e se transferindo definitivamente para a sede do SESC, até sua detenção em 1987.

O Jornal (AC) - 1974 a 1982 - - Ano 1980\Edição 00135 (2)

Ano
00140 (1)
1980\Edição

1982 -Mestre Rodolfo institui a capoeira em Rio Branco a partir do desenvolvimento de trabalho em Clubes e Academias, trazendo ao Acre mestres de renome nacional. Seus alunos viajavam para treinar no Sudeste devido ao seu reconhecimento no meio esportivo da capoeira. Sua trajetória é contada nos seguintes termos: Rodolfo era um profissional da aviação e trabalhava como piloto. Foram encontradas drogas ilícitas no avião que ele pilotava, e Rodolfo foi preso por tráfico. Mandado para um centro de reabilitação na cidade de São Paulo, o mestre de capoeira realizou trabalhos sociais e educacionais com os detentos (SILVA, 2005, p. 30).

Ano 1982\Edição 00096 (1) – 03 de setembro

Ano 1982\Edição 00103 (1)

Diário do Acre (AC) - 1982 a 1984- Ano 1982\Edição 00134 (1)

Diário do Acre (AC) - 1982 a 1984 - Ano 1983\Edição 00213 (2)

Repiquete (AC) - 1984 a 1985 - Ano 1985\Edição 00027 (1) – 29/07 a 06/08 Repiquete (AC) - 1984 a 1985 - - Ano 1985\Edição 00028 (1)

1987 - Antonio Domingos, batizado na capoeira como

Papagaia, deu continuidade ao trabalho iniciado por Mestre

– após sua detenção em 1987 – fundando o segundo núcleo de capoeira de Rio Branco, na época ligado ao Grupo Senzala. Posteriormente desligou-se desse grupo e filiou-se ao Grupo Mareja. Atualmente Papagaia dirige um trabalho ligado ao Grupo Guanabara. O professor Papagaia “enfrentou muito preconceito por causa de seu mestre, que fora preso recentemente, e por causa da marginalização que a capoeira continuava sofrendo” (SILVA, 2005, p. 31). Em entrevista o professor Papagaia nos reafirma o entendimento de outros professores e mestres: “o mestre Rodolfo é que foi, na realidade, o introdutor da capoeira aqui no Estado”.

Cobra Rodolfo

1991 - O terceiro núcleo é iniciado com a vinda, em 1991, de Guilherme Henrique Caspary Ribeiro Filho para o Acre. Mestre Olho de Peixe era ligado ao Grupo Senzala, na época, depois filiou-se ao Grupo Capoeira Brasil. atualmente o grupo denomina-se Capoeiracre e conta, inclusive, com núcleos na Austrália e Alemanha. 1992 - O processo de implantação da capoeira em Rio Branco deu-se, ainda, a partir de duas outras iniciativas, que ajudaram a difundir e criar adeptos dessa manifestação cultural. A primeira delas foi a inclusão da capoeira nas escolas do Sistema Estadual de Ensino a partir de 1992; ). Tal iniciativa se constituía em um novo projeto onde as aulas de educação física contavam com três sessões semanais, e a possibilidade do educando optar por uma aula complementar de xadrez, capoeira ou ginástica rítmica desportiva.

- O quarto núcleo formou-se a partir da chegada do professor Índio a Rio Branco. Natural de Recife (PE) iniciou seu trabalho nos anos de 1990, com o Grupo Abadá, denominado atualmente Grupo Viva Capoeira. Em 1997 viaja para os Estados Unidos – deixando como responsável pelo grupo o professor Adalcides – e reside atualmente no Canadá, onde fundou um novo núcleo, vindo, no entanto, periodicamente a Rio Branco E quinto núcleo, foi formado pelo acreano Francisco Alexandre Silva de Almeida, o mestre Xandão que retornara em 1991 para Rio Branco, vindo de Cuiabá onde recebeu sua formação e foi batizado por Mestre Mato Grosso no Grupo Conceição da Praia. Mais tarde filia se ao Grupo Maculelê, e atualmente seu trabalho é filiado ao Grupo Cordão de Ouro de mestre Suassuna.

- Na segunda metade da década de 1990 os grupos de capoeira passaram por um período de rivalidades, que ocasionavam “brigas internas, regionais e até nacionais” (SILVA, 2005, p. 31). –

1997 - posteriormente, desde 1997 na Universidade Federal do Acre. A primeira iniciativa foi implantada e implementada pela Coordenação de Educação Física, do Ensino Fundamental (SEE/ACA segunda iniciativa consistiu na realização de dois Projetos de Extensão de capoeira que foram sediados no Departamento de Educação Física e Desporto (DEFD) da UFAC.

1997/1998 - O primeiro, denominado Núcleo de Estudos e Prática de Capoeira da UFAC), foi realizado durante 1997 e 1998.

2000 - os professores de capoeira decidem criar a Liga Acreana de Capoeira. Segundo mestre Xandão: A idéia da liga partiu de uma discussão entre eu, Moreno, Cláudio Matias e Papagaia. Nesse momento entendeu-se que deveríamos criar uma entidade formalizada da capoeira no Acre, e chamamos todos os capoeiristas para realizar essa iniciativa.

2004/2005 - , Estudando e praticando Capoeira, foi efetivado de 2004 a 2005. Atualmente, o projeto é coordenado pelo professor Leandro Ribeiro Palhares e conta com ajuda do voluntário Ademir José de Oliveira. Todavia, o primeiro núcleo de capoeira formalmente aqui instalado foi conduzido por mestre Rodolfo e era denominado Cativeiro. Segundo relato do professor Bruno Camelo Derze

2007 - Acre: Uma proposta social de capoeira ByLuciano Milani21 de Março, 2007 Manifestação da cultura afrobrasileira como instrumento para a inclusão social e para uma vida saudável: Contemplado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura, o projeto “Uma Proposta Social de Capoeira”, realizado pelo Mestre Xandão, propõe a acesso a uma vida mais saudável e produtiva por meio da prática da capoeira. O projeto acontece a 15 anos, com uma história bem próxima à história da capoeira no Acre, construído em função de comunidades carentes, envolvendo principalmente adolescentes, jovens e adultos em situação de vulnerabilidade social. A Proposta Social de Capoeira consiste na promoção de aulas de capoeira, cursos, encontros e outros meios de formação a fim de difundir manifestações da cultura afro-brasileira e proporcionar aos envolvidos a capacitação para geração de renda a partir da cultura. Acre: Uma proposta social de capoeira | Portal Capoeira

2010 - Acre: “Eu Pratico o Melhor Esporte do Mundo: Capoeira” ByLuciano Milani3 de Dezembro, 2010 - Projeto existente há dez anos leva o esporte para a periferia de Rio Branco: Aconteceu nessa quarta-feira, 1, o lançamento do projeto “Eu Pratico o Melhor Esporte do Mundo: Capoeira”, na Paróquia Cristo Libertador. O projeto existe há cerca de 10 anos e possui um grande legado de capoeiristas, todos oriundos da periferia de Rio Branco. A iniciativa foi financiada pela Fundação Garibaldi Brasil e cerca de 80 alunos serão contemplados pelo projeto. O objetivo do projeto é proporcionar aulas de capoeira três vezes por semana para jovens e adultos da comunidade, além de contribuir no processo educacional, religioso e cultural do público alvo, trabalhando valores sociais a esta prática popular, como cidadania, coletividade, solidariedade, parceria, afetividade, respeito, disciplina, organização e responsabilidade. Os alunos também serão contemplados com uniformes e incluídos no batizado.

2019 - PLANO DE SALVAGUARDA DA CAPOEIRA miolo-DIGITAL-01.indd (iphan.gov.br)

O Distrito Federal Situado na Região Centro-Oeste, é a menor unidade federativa brasileira e a única que não tem municípios, sendo dividida em 33 regiões administrativas, totalizando uma área de 5 760,784 km².[3] Em seu território, está localizada a capital federal do Brasil, Brasília, que é também a sede de governo do Distrito Federal.

O Distrito Federal é praticamente um enclave no estado de Goiás, não fosse a pequena divisa de pouco mais de dois quilômetros de extensão com o estado de Minas Gerais, marcada pela passagem da rodovia DF-285. Por via terrestre, o Distrito Federal se conecta a Minas Gerais por uma pequena ponte de 130 metros sobre o rio Preto.[8][9] Durante o Império, o predecessor ao Distrito Federal atual era o Município Neutro, onde se situava a corte, na cidade do Rio de Janeiro. Depois da proclamação da república, a cidade do Rio de Janeiro tornou-se a capital federal, que, no início da década de 1960, foi transferida para Brasília, no centro do Brasil, no leste do estado de Goiás e a oeste do estado de Minas Gerais, no atual Distrito Federal. Quando de sua transferência, o território onde se localizava anteriormente o antigo Distrito Federal, onde a cidade do Rio de Janeiro se situava, passou a ser o estado da Guanabara (de 1960 a 1975).[10]

Com a reordenação republicana do território brasileiro, as províncias passaram a estados e cada um deles passou a ser uma unidade da federação. Quase todos os estados surgiram das províncias de mesmos nomes, exceto o Distrito Federal e outros estados criados pela divisão territorial.[10] O atual Distrito Federal foi idealizado por um projeto do então presidente Juscelino Kubitschek de mudança da capital nacional da cidade do Rio de Janeiro para o centro do país.[

Ao se buscar referencias à Capoeiragem no Distrito Federal, aparecem Rio de Janeiro e Brasília

Hemeroteca Digital Brasileira UF:DF - Periodo:

Brasil Ilustrado (DF) - 1908 a 1950

Correio Braziliense (DF) - 1960 a 1969

Correio Braziliense (DF) - 1970 a 1979 131996 576

Correio Braziliense (DF) - 1980 a 1989 140038 1387

Correio Braziliense (DF) - 1990 a 1991 19100 127

Correio Braziliense (DF) - 2002 a 2009 245970 1840

Correio Braziliense (DF) - 2010 a 2014 160035 873

• Filme & Cultura 1 (DF) - 1965 a 1972 1336 1

1963 - Nesse processo, a capoeira chega em Brasília, trazida por um baiano conhecido como Mestre Arraia, que foi aluno de Mestre Bimba em Salvador e é o pioneiro da capoeira na cidade tendo se “apresentado” como capoeirista em 1963, mas permanecendo apenas dois anos na capital federal Grupo de Estudos de História da Capoeira: A Capoeira em Brasília (estudoscapoeira.blogspot.com)

Nesse processo, a capoeira chega em Brasília, trazida por um baiano conhecido como Mestre Arraia, que foi aluno de Mestre Bimba em Salvador e é o pioneiro da capoeira na cidade tendo se “apresentado” como

DISTRITO FEDERAL – 1963
Páginas Ocorrências Opções
1957 3
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capoeirista em 1963, mas permanecendo apenas dois anos na capital federal. A partir de 1965, o então aluno Tabosa ficou em seu lugar.

Brasília era uma cidade muito nova e promissora e havia um intenso desembarque de pessoas, entre elas capoeiristas. É nessa época que chega o mestre Onça Tigre, também de Salvador e aluno de mestre Bimba, e estabelece um trabalho em Taguatinga. Mestre Zulu havia chegado em 1957 e teve contato com a capoeira através de um carioca chamado Sérgio Maluco, quando se tornou autodidata até 1970 e treinou com mestre Tabosa até começar a ensinar em 1972, passando a desenvolver uma nova vertente de capoeira denominada por ele mesmo de Arte-Luta, que não era nem Angola e nem Regional. Além disso, buscou a institucionalização da capoeira, destacando o nome da cidade na organização de eventos e campeonatos. A capoeira havia sido reconhecida como esporte de luta em janeiro de 1973, por resolução do Conselho Nacional do Desporto e foi inserida na Confederação Brasileira de Pugilismo. Até 1979 a organização da capoeira em Brasília se constituía de associações independentes. Foi a partir daí que os dirigentes das principais entidades da luta se uniram pela criação da Federação Brasiliense de Capoeira. Os Mestres Zulu, Tabosa, Barto, Tranqueira, Adilson, Waldemar Santana, Russo, Pombo de Ouro, Risomar, Monera, Risadinha, Chibata e Ruy, que eram os titulares das principais associações da cidade, estavam sempre promovendo intercâmbios entre suas academias da busca do aperfeiçoamento técnico e organizacional da luta em Brasília. Para isso contavam com o apoio do deputado Caio Pompeu (Arena/SP), que chegou a presidir uma reunião que se propunha a debater a criação de uma federação esportiva fundada sob valores democráticos. Um interessante anacronismo entre o partido de direita em pleno regime militar e uma associação esportiva democrática.

O Jornal de Brasília de 29/09/1979 ostentava a seguinte matéria: Capoeiristas do DF querem padronização. O que ilustra a tendência do Distrito Federal na época. A partir da metade da década de 1970, principalmente a partir da realização da primeira Grande Roda de Capoeira, um dos primeiros eventos nacionais de capoeira, em 1976, mestre Zulu parece se destacar na comunidade capoeirística de Brasília como uma espécie de porta-voz, buscando a institucionalização da capoeira enquanto manifestação esportiva da cultura brasileira. Mestre Zulu de acordo com entrevista concedida ao Jornal de Brasília em 13/01/1980, era contrário às rodas de rua: “Começavam a aparecer em Brasília os primeiros vestígios dessa forma de praticar a capoeira que tanto têm denegrido a capoeira nacional em outros estados da federação devido recair num processo antieducativo e desprestigioso para a modalidade”.

Em contrapartida, a rua é o berço da capoeira, como afirmava Mestre Gigante: “Naquela época não havia academia. Somente no dia de domingo é que tinha vadiagem na rua. “

Em Brasília, a capoeira de rua, que começava a aparecer na segunda metade da década de 1970, era uma extensão da academia.

A forma pela qual os praticantes brasilienses viam a capoeira é completamente distinta dos antigos baianos. Mas a busca pelo aprimoramento físico, a utilização da musculação e inserção de técnicas de outras lutas na prática da capoeira não é exclusividade e nem criação dos brasilienses. Não deixa de ser uma herança de Mestre Bimba, que rompeu com a capoeira tradicional na técnica e ritualística. Criou seqüências de ensino para iniciantes e foi reconhecido como professor de educação física em 1937, quando pôde abrir a primeira academia de capoeira do Brasil, o Centro de Cultura Física e Regional.

Os capoeiristas de Brasília influenciaram na atual configuração da capoeira, principalmente pelas iniciativas de padronização e organização por meios federativos.

A capoeira é e sempre foi dividida e anacrônica. A capoeira de Brasília colabora na construção das técnicas e da estética da capoeira recente. As muitas descontinuidades desse processo, fazem da história da capoeira um campo fértil para pesquisadores e interessados.

G1 - Pioneiro da capoeira em Brasília fala do amor à cidade e ao esporte - notícias em Distrito Federal (globo.com)21/04/2016 17h43 - Atualizado em 21/04/2016 17h43 PioneirodacapoeiraemBrasíliafaladoamoràcidadeeaoesporte

Mestre Tabosa recebeu o título de Cidadão Honorário do Distrito Federal. Sua trajetória na capoeira em Brasília virou livro e documentário. Do G1 DF

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Mestre Tabosa, pioneiro da capoeira em Brasília (Foto: Bárbara Nascimento/G1)

Hélio Tabosa de Moraes veio para Brasília com 12 anos, em 1960. O pai, que eramilitar, foi transferido para a capital e Tabosa achava a cidade um pouco entediante. "Não tinha nada no começo, as coisas ainda estavam acontecendo por aqui". Hoje, mais conhecido como Mestre Tabosa, o senhor de 69 anos acha a cidade um dos lugares mais bonitos do mundo. Nascido noRiodeJaneiro,seconsidera"muitomaisbrasiliensedoquequalqueroutracoisa".Foiaquiqueconheceuseusdoisamores: a mulher, Tereza, e a capoeira.

Eu não conhecia de perto a capoeira, mas a vibração dentro de mim me fazia querer aprender. "

Mestre Tabosa

Mestre Tabosa foi o fundador da primeira academia de capoeira e um dos primeiros professores da luta no Distrito Federal. Formou mais de 20 pessoas, entre elas a primeira mulher do Brasil a receber a corda vermelha, que na capoeira de Tabosa significa se tornar mestre, abaixo somente da corda branca. "Ela foi para os Estados Unidos e até hoje ensina capoeira lá. Fiquei muito orgulhoso, mas o mérito é todo dela."

Tabosa começou na capoeira em 1964, após assistir uma exibição no Elefante Branco. "Eu não conhecia de perto a capoeira, mas a vibração dentro de mim me fazia querer aprender. Quando vi a exibição do Mestre Arraia, só pela destreza dessa pessoa, eu decidi fazer", conta. Mestre Arraia, que veio da Bahia para Brasília, virou seu mentor e professor. "Foi por pouco tempo. Arraia era metido em movimentos políticos, teve que sair fugido daqui depois do golpe militar."

Anos depois, em 1968, Tabosa foi convidado pela Universidade de Brasília para dar aulas de capoeira por meio da federação de educação física da instituição. Durante esse período, Tabosa foi campeão da competição nacional "Berimbau de Ouro", que acontecia no Rio de Janeiro. Ele e dois amigos receberam o troféu em formato de berimbau, que era feito de ouro mesmo, mas foram furtados dias depois. "Nem deu pra ficar rico", comenta.

Mestre Tabosa (Foto: Lucas Ribeiro/Arquivo Pessoal)

Entre 1964 e 1970, a capoeira foi crescendo na capital e grupos foram formados, que Tabosa descreve como sendo "gangues". "A capoeira antigamente era mais violenta, as pessoas formavam gangues mesmo. Na rua, tinha briga, tinha luta. Eu sempre fui da paz."

Tabosa também foi convidado a se apresentar no Palácio do Buriti para a filha do ex-presidente Ernesto Geisel. "Foi algo um pouco confuso, fui pego de surpresa. Meu pai sendo militar, não podia me envolver muito com essas questões políticas, não poderia recusar. Acabou que me senti lisonjeado", diz.

A ideia de inaugurar a academia de capoeira surgiu depois que um amigo voltou de um intercâmbio nos Estados Unidos. "Ele veio cheio de ideias no campo comercial. Ele propôs pra mim, já que eu tinha um certo nome na comunidade aqui. No início

eu fui contra e não queria me meter muito nisso", diz. Na época, Tabosa ainda cursava direito no Ceub. "Acabou que a capoeira virou a coisa mais importante da minha vida. Nunca virei advogado."

Em 1974, Tabosa, que já era mestre, fundou a Academia Tabosa de Capoeira e Ginástica com seu amigo Robson Machado, na 505 Sul. "Tinha pouca gente, inicialmente. Eu tinha toda a preocupação de pagar os custos fixos da academia e tudo, mas nos primeiros dois meses já tinha orçamento suficiente pra honrar os custos", diz. A academia já chegou a receber mais de 200 alunos de capoeira. "Já tive que dar aula em um ginásio uma vez porque não tinha espaço."

A academia funcionou por 26 anos e mudou de lugar duas vezes: foi para a 506 Sul e para a Asa Norte. Em 2002, Tabosa resolveu ir para o Rio de Janeiro com a esposa, depois de ter passado o negócio para alunos. "Já estava cansado e fui para Búzios, mas continuava vindo para Brasília sempre que podia, para dar palestras e oficinas".

Tabosa diz que tentou morar em Búzios por ter se decepcionado com Brasília. "No início de 90, o filho da jornalista [Valéria] Velasco foi assassinado por uma gangue que praticava artes marciais e as pessoas começaram a demonizar qualquer tipo de luta", diz. "Depois disso fiquei desanimado com a cidade."

Mestre Tabosa (Foto: Bárbara Nascimento/G1)

Apesar de ter se mudado para o Rio de Janeiro, Tabosa sentia falta da capital. "Todo mês eu estava aqui e resolvi voltar. Brasília tem essa energia mística que faz a gente querer voltar e nunca sair", declara. "Qualidade de vida não é morar na beira da praia. É você sair, ter amigos, ser reconhecido. É você estar numa cidade em que você se locomove facilmente", completa. "Brasília é muito mais forte em mim que o Rio. Meu ginásio foi todo aqui, minha universidade foi aqui, a academia, o esporte. De 60 até agora, você vê, 56 anos. É um tempão", diz. Hoje, Tabosa mora no Lago Sul, bairro que fica às margens do lago que, para ele, é o melhor lugar de Brasília. "É o pulmão de Brasília. Gosto de acordar e ver o lago, gosto de remar de manhã e sentir a calmaria."

Graduação

Mestre Tabosa, enquanto ensinava capoeira na academia, criou sua própria forma de graduação no esporte. A corda branca com pontas vermelhas amarrada na cintura caracteriza o nível mais alto de formação de um capoeirista que aprendeu com Tabosa. "Cada estado, cada lugar tem um jeito de formar, cores diferentes de graduação", explica. Brasília tem essa energia mística que faz a gente querer voltar e nunca sair"

Mestre Tabosa Tabosa criou um jeito próprio de avaliar os capoeiristas brasilienses, baseando as cores da corda nas cores dos sete orixás da umbanda para mostrar cada evolução. Para o mestre, a umbanda sintetiza a fé do negro escravo. "Escolhi a umbanda porque ela é uma religião afrobrasileira, assim como a capoeira. A fé era a única coisa que o negro tinha. Eu resolvi homenagear o negro africano, que veio no navio negreiro, mas que pariu a capoeira em solo verde e amarelo", diz.

As cores da gruação de Tabosa, do nível inicial ao nível mais avançado, são azul, que representa Iemanjá, verde, que representa Oxó, amarelo, que representa Iansã, roxo, que representa Oxum, marrom, que representa Xangô, vermelho, que representa Ogum, e branco, que representa Oxalá. "As três primeiras cores formam a bandeira do Brasil." Na umbanda, Oxalá simboliza o mais elevado estágiovibratório. Representa a paz, o amor, o abrigo, a resignação, a dignidade e o exemplo maior de evolução espiritual. "A corda branca com pontas vermelhas também homenageiam Ogum, divindade guerreira".

Mestre Tabosa (Foto: Bárbara Nascimento/G1) Reconhecimento

Em 2010, Mestre Tabosa recebeu o título de cidadão honorário de Brasília, na Câmara Legislativa do Distrito Federal, por ser pioneiro da capoeira na cidade e pela divulgação do esporte. "A gente pensa que não tem ninguém vendo o que a gente está fazendo. Às vezes você dá o seu melhor e parece que ninguém está prestando atenção, mas sempre tem alguém vendo. Fiquei extremamente feliz de receber esse título."

Além do título, Tabosa publicou um livro com o apoio do Fundo de Apoio à Cultura. O livro, "O filho de Xangô", foi distribuído em todas as bibliotecas públicas do DF e conta a história de Tabosa e da capoeira em Brasília. Xangô, nas religiões africanas, é o orixá da justiça, do trovão e do fogo. "Um amigo meu me deu a ideia de contar a minha história, que é muito próxima da história de Brasília. Se eu não contasse, ela poderia se perder." (Bárbara Nascimento, do G1 DF)

Reflexões sobre a história da capoeira em Brasília (1library.org)

1. ESPAÇO PÚBLICO, TERRITORIALIDADE, CIDADANIA E A RODA DE CAPOEIRA

2.2 Reflexões sobre a história da capoeira em Brasília

Esta parte da pesquisa se destina a periodizar a capoeira na escala Brasília. Portanto, temos o propósito de compreender o surgimento, desenvolvimento e percurso da capoeira no Distrito Federal, sob a luz da territorialidade e território, de forma a analisar a evolução espaço/temporal da relação capoeira e espaço público urbano em Brasília. Pretendemos aqui tomar conhecimento da trajetória da capoeira brasiliense, rastreando sua vinculação com o espaço público urbano da cidade. Podemos dividir a história da capoeira de Brasília em décadas que vão de 1960 a 1970, 1980 a 1990, e 2000. A trajetória da capoeira em Brasília é recente, sobretudo se comparada às cidades consideradas matrizes da capoeira, que são Salvador, Rio de Janeiro e Recife, cujas respectivas histórias da capoeira remontam, no mínimo, do século oitocentista. Entretanto, apesar de Brasília possuir uma história nova no universo da capoeira, a cidade conta com uma produção única e diversa em diversos aspectos da capoeira, seja pela qualidade técnica, quantidade de escolas de capoeira, eventos de destaque no cenário nacional e mesmo pela produção acadêmica dedicada à capoeira. Brasília completou meio século de existência no ano de 2010. Se compararmos com as cidades onde a capoeira esteve presente há alguns séculos, como Salvador, Rio de Janeiro, Recife, nota-se que Brasília possui uma trajetória relacionada à capoeira também recente. Entretanto, a história da capoeira de Brasília iniciou-se desde seus primórdios. Acreditamos que houve trabalhadores, os conhecidos candangos, sobretudo aqueles que vinham das cidades onde a capoeira já estava implantada, que desde a construção de Brasília, seja nos canteiros de obras do Plano Piloto, seja na Cidade Livre, atual Núcleo Bandeirante, a capoeira, muito provavelmente, era praticada de maneira informal e esporádica nos tempos livres dos trabalhadores. Porém, não encontramos nenhum registro para confirmar com veemência a existência desse fato. A capoeira em Brasília começou formalmente na década de 1960, com a ida do mestre Arraia para a cidade. Mestre Arraia, Aldenor Carvalho Benjamim, era filho de Amarílio Benjamim, ministro da justiça negro que foi transferido para Brasília. Segundo o mestre Claudio “Danadinho”, mestre Arraia era “um intelectual erudito e popular [...] No início da década famosa de 1960, ele ensinava capoeira no pilotis do seu bloco, na 206 sul, quando tinha 17 anos” (QUEIROZ, 2005 p.1). Ele foi o primeiro a levar a capoeira para uma instituição de educação pública na década de 1960, o colégio Elefante Branco, localizado na 907/8 da Asa Sul, onde fundou a academia São Bento Pequeno. De acordo com o historiador Daniel Mafra: [...] a capoeira chega em Brasília, trazida por um baiano conhecido como Mestre Arraia, que foi aluno de Mestre Bimba em Salvador e é o pioneiro da capoeira na cidade tendo se “apresentado” como capoeirista em 1963, mas permanecendo apenas dois anos na capital federal. A partir de 1965, o então aluno Tabosa ficou em seu lugar (MAFRA, 2011).

Em entrevista concedida ao Jornal Diário de Brasília em 1977, Mestre Arraia relatou que no ano de 1963 ele e outro capoeirista de nome Evaristo realizaram uma apresentação no colégio Dom Bosco, localizado ainda hoje na 702 sul, onde foi realizado o primeiro jogo de capoeira que se tem registro (MORAES, 2009, p.45).

O mestre Cláudio Queiroz “Danadinho”, discípulo do próprio mestre Arraia, afirmou que ele também era conhecido como baiano pelas rodas de capoeira: “Foi um percursor de capoeira contemporânea, sem barreiras entre estilos, dada sua formação a partir de Mestre Bimba, de Pastinha, Acordeon, João Grande, Sena, Gildo Alfinete e Robertinho S” (QUEIROZ, 2005, p. 1). Os quatro discípulos de Mestre Arraia, iniciados na academia São Bento Pequeno, que vieram a ser formados mestres em Brasília são Hélio Tabosa de Moraes (Mestre Tabosa), Cláudio José Pinheiro Villar de Queiroz (Mestre Cláudio Danadinho), Alfredo Eustáquio Pinto (Mestre Fritz) e Mestre Barto, que desenvolveu o ensino da capoeira no Guará. O grupo formado por Mestre Arraia fez diversas apresentações pela cidade. Alguns dos locais onde eram realizadas as apresentações foram o Centro Integrado de Ensino (CIEM), que se localizava na 605 Norte, próximo à via L2, onde hoje funciona o ambulatório do Hospital Universitário de Brasília; o Clube do Congresso, situado na QI 16 do Lago Norte; o Iate Clube, que fica no Setor de Clubes Norte; e na 304 Sul, próximo à lanchonete Pigalle. Mestre Arraia não permaneceu por muito tempo em Brasília e retornou à Bahia em 1966. Com sua saída, seus alunos prosseguiram autonomamente com o ensino da capoeira na cidade. Consequentemente, na década de setenta,Tabosa iniciou as aulas de capoeira na Universidade de Brasília e Cláudio “Danadinho” começou a dar aulas no Elefante Branco e logo depois no colégio CIEM.

Mestre Tabosa foi responsável por criar as bases do sistema de graduação que associa cores de orixás com as graduações da capoeira. Segundo o próprio Tabosa quando ele estava no Rio de Janeiro em contato com membros do grupo Senzala, num dia que ele passava pela avenida Barata Ribeiro em Copacabana avistou uma loja de artigos de Umbanda, e uma guia (cordão) que possuía sete cores lhe chamou atenção. Ao entrar na loja perguntou ao comerciante o significado daquelas cores de forma a obter a explicação. Assim Tabosa decide homenagear a religião afro-brasileira e os negros, de modo a estabelecer as cores das graduações (cordas) de acordo com as respectivas cores da simbologia de alguns orixás. Após a iniciativa de Tabosa mestre Zulu complementa e aprofunda esse sistema de graduação. Criando assim um sistema de graduação baseado nos domínios de irradiação dos orixás e na fase sócio histórica dos negros que foram trazidos ao Brasil no processo escravocrata, conhecido como Diáspora Africana ou Diáspora Negra. Outro personagem pioneiro da capoeira brasiliense é Adílson Alves da Silva (Mestre Adílson). Segundo sua narrativa na obra O Filho de Xangô, ele começou a ter contato com a capoeira por meio de enciclopédias e revistas. Ao observar Cláudio e Tabosa jogando capoeira na SQS 209, passou a imitá-los. Adílson também participou de treinos juntamente com Claudio “Danadinho” e Tabosa. Segundo uma entrevista concedida ao mestre Kadu, Adílson disse: “Eu comecei praticando a capoeira sozinho através de livros, como o de Lamartine Pereira da Costa da Ediouro. Eu precisava de algo que me permitisse criar e me oferecesse mais recursos nos combates de rua” (SILVA, 2012, p. 1). Na mesma entrevista, Adílson descreveu como foi sua relação inicial com a capoeira e consequentemente com os discípulos de mestre Arraia:

Existia no colégio Elefante Branco um grupo liderado pelo saudoso mestre Arraia. Eu era muito novo para poder ir sozinho aos treinos e não tive nenhum incentivo dos meus pais. Eram pessoas humildes, as quais não vislumbravam qualquer futuro nessas coisas, além do preconceito também, que a capoeira carregava na sociedade. Tive que me contentar com as informações que obtinha através de livros como a Enciclopédia Barsa e alguns impressos de jornais. Isso me desenvolveu um traço autodidata cuja manifestação se propagou por toda a minha vida. A Super Quadra 209 sul possuía apenas dois blocos de apartamentos para acolher militares do exército e suas famílias. O mestre Claudio Danadinho morava com seus pais num deles. Certa vez eu estava me exercitando no gramado da quadra 409 sul, em frente ao bloco onde os alunos do mestre Arraia se reuniam. Estive algumas vezes com eles porque me chamavam de longe ao me verem praticando sozinho meus movimentos incipientes, do outo lado da rua (SILVA, 2012).

Ao ler este relato, temos uma noção da dinâmica inicial da capoeira em Brasília, com poucos praticantes, apenas uma academia de capoeira conduzida pelo mestre Arraia, num contexto em que a capoeira não tinha o mesmo reconhecimento social da atualidade, isto é, às vezes era vista como algo negativo. Portanto, em Brasília houve um processo difusor da capoeira, diferente das outras cidades onde a capoeira foi difundida através do espaço público, incialmente, para os espaços privados. Mesmo com a possibilidade de alguns trabalhadores terem praticado, informalmente e esporadicamente, a capoeira em Brasília, desde sua construção a cidade era um grande canteiro de obras. Uma condição específica de sua formação foi que era difícil determinar o que era espaço público e espaço privado, pois a cidade estava sendo constituída. Por outro lado, não temos registros da prática da capoeira antes da inauguração da capital. A partir dessa reflexão e com os registros que se tem da origem da capoeira em Brasília, entendemos que o processo que ocorreu na capital foi o inverso do que ocorreu nas cidades matrizes da capoeira, isto é, a capoeira foi desenvolvida e irradiada a partir dos espaços privados, como citado acima.

De acordo com Mafra (2011), na década de 1960 Brasília, além de nova, era considerada uma cidade próspera. Então, a chegada de pessoas era algo constante, inclusive de capoeiristas. Nesse contexto, o referido historiador apontou a chegada de dois personagens marcantes que participaram ativamente da capoeiragem brasiliense: É nessa época que chega o mestre Onça Tigre, também de Salvador e aluno de mestre Bimba, e estabelece um trabalho em Taguatinga. Mestre Zulu havia chegado em 1957 e teve contato com a capoeira através de um carioca chamado Sérgio Maluco, quando se tornou autodidata até 1970 e treinou com mestre Tabosa até começar a ensinar em 1972, passando a desenvolver uma nova vertente de capoeira denominada por ele mesmo de Arte-Luta, que não era nem Angola e nem Regional. Além disso, buscou a institucionalização da capoeira, destacando o nome da cidade na organização de eventos e campeonatos (MAFRA, 2011).

Onça Tigre chegou a visitar e participar dos treinos na academia do Mestre Arraia, conforme afirmação constatada pelo mestre Tabosa: “Onça Tigre passou a participar com regularidade dos nossos treinos (academia São Bento Pequeno), onde contava histórias, falava da Regional e dos golpes” (Moraes, 2009, p.121).

De acordo com Rubens Cavalcante Junior (2011), Mestre Gato Preto e Mestre Valdemar Santana contribuíram com parte da história da capoeira em Brasília. Essas duas referências da capoeira permaneceram por longa data na cidade, de modo que desenvolveram o ensino da capoeiragem na capital brasileira. Em 1977, Gato Preto começou a dar aulas no clube Vizinhança na Asa Norte. Na mesma década, Valdemar Santana ministrou aulas no centro de Brasília, mais precisamente no CONIC, localizado no Setor de Diversões Sul. Ainda de acordo com Mafra (2011), a capoeira em Brasília, até 1979, estava organizada por meio de associações independentes. Em 1973 a capoeira foi reconhecida como esporte de luta, vinculada à Confederação Brasileira de Pugilismo. Segundo o referido historiador foi em meio a este contexto de esportização da capoeira que: [...] os dirigentes das principais entidades da luta se uniram pela criação da Federação Brasiliense de Capoeira. Os Mestres Zulu, Tabosa, Barto, Tranqueira, Adilson, Waldemar Santana, Russo, Pombo de Ouro, Risomar, Monera, Risadinha, Chibata e Ruy, que eram os titulares das principais associações da cidade, estavam sempre promovendo intercâmbios entre suas academias na busca do aperfeiçoamento técnico e organizacional da luta em Brasília. Para isso contavam com o apoio do deputado Caio Pompeu (Arena/SP), que chegou a presidir uma reunião que se propunha a debater a criação de uma federação esportiva fundada sob valores democráticos. Um interessante anacronismo entre o partido de direita em pleno regime militar e uma associação esportiva democrática (MAFRA, 2011).

Portanto percebemos que a capoeira em Brasília, na década de 1970, caminhou para a organização desportiva, em consonância com o contexto nacional, que também estava voltado para a perspectiva da capoeira enquanto desporto. De acordo com Mafra, “[...] a busca pelo aprimoramento físico, a utilização da musculação e inserção de técnicas de outras lutas na prática da capoeira não é exclusividade e nem criação dos brasilienses” (MAFRA, 2011).

Com o crescimento e expansão da cidade e da capoeira, houve um crescimento da população associado ao aumento de espaços de ensino da capoeira e, consequentemente, um processo gradativo de utilização e apropriação de espaços públicos pela capoeira, por meio de rodas e apresentações públicas. Segundo Daniel Mafra (2011), foi a partir de meados da década de 1970 que a capoeira brasiliense começou estabelecer um contato mais estreito com o espaço público de Brasília: “a capoeira de rua, [...] era a extensão da academia”. Na figura 2 da seção 2.2 do capítulo anterior, podemos ver a realização de uma roda de capoeira, no final da década de 1970, feita por integrantes diversos da capoeiragem de Brasília no espaço público da Torre de TV, local privilegiado, como já relatado anteriormente no capítulo 2, e bastante representativo e simbólico para a capoeira de Brasília. Uma roda de capoeira famosa em Brasília, a primeira que se tem registro de utilizar o espaço na Torre de TV com periodicidade de realização constante durante alguns anos, foi conduzida pelo mestre Sabú, que morava em Goiânia e vinha nos finais de semana para Brasília expor instrumentos musicais na feira de artesanato da Torre de TV. Mestre Sabú, Manoel Pio Sales, foi discípulo de mestre Caiçara da Bahia. Segundo Tucunduva (2012), ele foi o primeiro mestre a trabalhar efetivamente com a capoeira Angola em Goiás. Também era artesão de instrumentos musicais de capoeira e os vendia aos finais de semana na feira de artesanato da Torre de TV.

A década de oitenta foi uma fase em que a capoeira já estava consolidada em Brasília. Muitos eventos de caráter nacional consagraram a trajetória da capoeira na cidade. Pode-se citar a inserção de projetos relacionados à capoeira nas escolas públicas do Distrito Federal, a realização da Grande Roda, a organização do Festival Praia Verde, bem como a execução dos Jogos Escolares Brasileiros.

O ensino da capoeira nas escolas públicas do Distrito Federal ocorreu de forma não sistemática em relação à Fundação Educacional do Distrito Federal até 1981. No ano seguinte, de acordo com Mestre Zulu (1995), por iniciativa do professor Antônio Batista Pinto, o próprio Zulu e o professor Inezil Penna Marinho, ligados à FEDF, iniciaram o projeto denominado “Ginástica Brasileira – Capoeira” em caráter experimental no colégio Agrícola de Brasília. Ainda de acordo com Zulu (1995), em 1986 o próprio Zulu apresentou um projeto novo à FEDF, denominado “Prospectiva Construtivista de Capoeira”, que previa a expansão do ensino da capoeira a outras escolas ligadas à rede oficial de ensino. Dando continuidade a este projeto, Zulu criou o projeto “Currículos e Programas: Expansão da

Capoeira na Rede oficial de Ensino”, em 1987. Assim, foram criados os Centros de Aprendizagem de Capoeira (CAC) em diversas cidades satélites de Brasília.

Um grandioso encontro que reuniu diversas vertentes e escolas da capoeira do Brasil foi a Grande Roda. Este evento ocorreu durante dezenove anos consecutivos em diversas escolas, clubes e espaços públicos do Distrito Federal, de 1976 a 1994. A Grande Roda teve alcance nacional e reuniu representantes variados, personagens renomados e anônimos do cenário da capoeira brasileira. O encontro previa a realização de competições, bem como debates e palestras sobre a capoeira. Entre alguns dos objetivos do evento, destacaram-se a troca de experiências por partes dos praticantes, mestres e professores, o desenvolvimento técnico- desportivo e a valorização da capoeira perante o poder público e a sociedade. Além dos objetivos citados, o encontro serviu como um espaço de sociabilidade, de diálogo entre os atores da capoeira. Assim, a Grande Roda pôde contribuir para uma maior articulação da capoeira brasiliense no cenário nacional.

Os Jogos Escolares Brasileiros incluíram a capoeira como modalidade em 1985. Entretanto, a experiência inicial da capoeira no JEB não foi satisfatória. Como inicialmente ela foi coordenada pela Confederação Brasileira de Pugilismo, houve uma distorção em relação à abordagem competitiva da capoeira, deixando a desejar no que se referia aos seus fundamentos.

Todavia, na realização do 18º JEB em 1989, sediado em Brasília, a capoeira teve um destaque. Segundo Sergio Graça, um dos entrevistados na obra O filho de Xangô, a capoeira foi tida como “referência daqueles jogos”. Os Jogos contaram com a participação de Mestres ilustres do cenário nacional da capoeiragem, como João Pequeno, João Grande, Paulo dos Anjos, Ezequiel, Itapuã, Pombo de Ouro, entre outros. De acordo com Kátia Passos (1989, p. 43), o 18º JEB destacou a capoeira como temática de divulgação, através da representação de uma roda de capoeira (Figura 3). A proposta de divulgação se pautou nos significados que a roda de capoeira trazia naquele contexto, como uma manifestação “esportiva-cultural” que representava “um caráter de ruptura frente à dominação”, “um sentimento de integração, de união, entre aqueles que participam da roda” e “uma estreita relação com as origens do povo brasileiro”.

Figura 5 - Cartaz do 18º Jogos Estudantis Brasileiros

Outro importante encontro realizado em Brasília compreendeu a capoeira Angola, ocorreu em 02 de novembro 1986 (figura 4) e foi o Festival Praia Verde, realizado no Ginásio Claudio Coutinho. Este evento contou com a presença de Mestres renomados como, Moraes, Boca Rica, Cobra Mansa, João Pequeno, Curió, entre outros.

Figura 6 - Festival Praia Verde (1986)

Fonte: (Hilton Souza, 1986) Descrição: Mestre Moraes e mestre Curió, agachados ao pé do berimbau.

Por outro lado, a capoeira em Brasília nas décadas de 1980 e 1990 foi marcada por um territorialismo forte dos grupos de capoeira, que iam crescendo em quantidade, considerando a formação de novos mestres, novos praticantes e novos grupos em todo o Distrito Federal. Esse territorialismo exacerbado, presente em vários grupos de capoeira do DF, era expresso em combates corporais violentos que ocorriam, sobretudo, nas rodas de capoeira e, às vezes, em espaços fora das rodas de capoeira, como nas próprias ruas e em eventos públicos diversos que eram realizados pela cidade.

Esta característica da capoeira de Brasília, nesse período, tem uma relação com as gangues que se formavam ao longo da cidade. A própria concepção espacial, de caráter segregador, encontrado na estrutura urbana da cidade, considerando todo o DF através da divisão territorial, Plano Piloto e cidades “satélites”, de modo a separar as classes sociais de acordo com sua condição econômica. Assim, entendemos que a segregação espacial que a cidade apresenta é um dos fatores que corroboraram para a formação de gangues urbanas em todo o DF.

Essa divisão de classes sociais em Brasília se estabelece também em nível intraurbano, isto é, expresso através da forte setorização que apresenta a estrutura espacial do Plano Piloto e também das cidades “satélites”, pois mesmo dentro de uma mesma Região Administrativa o padrão segregador gerado pela divisão espacial altamente setorizada é um aspecto constituinte da estrutura interna das RAs. Esta segregação espacial, materializada na estrutura urbana em todo o DF, propiciou a formação de gangues diversas, principalmente de classe média, que eram divididas pelas quadras residenciais nos bairros Asa Norte e Asa Sul, no caso do Plano Piloto. Nas cidades “satélites” as gangues também eram divididas de acordo com os bairros e as quadras residenciais. Muitos praticantes de capoeira, nas décadas de 1980 e 1990, estavam associados a essas gangues urbanas, que seguiam a tendência de formação de territórios a partir da divisão espacial delimitada por quadras residenciais de acordo com a condição social e financeira dos moradores de cada bairro. Alguns grupos de capoeira formavam quase que inteiramente algumas dessas gangues, pois uma das características das gangues era o combate corporal agressivo entre grupos rivais. Todavia, era nas rodas de capoeira, especialmente aquelas que eram realizadas em espaços fechados, isto é, na própria academia dos grupos realizadores, o que denotava um caráter territorial forte em relação ao espaço de realização do ritual, que os combates corporais violentos eram constantes, sobretudo nas “visitas” que os grupos rivais faziam nessas academias. Como as academias de treino de capoeira se constituíam em espaços privados, ou

documento Espaço público : apropriação e direito ao uso : a territorialidade das rodas de capoeira em Brasília (Distrito Federal) (páginas 79-91)

História - Capoeira Beribazu Um pouco da nossa história Fundado pelo Mestre Zulu em 11 de agosto de 1972, o Grupo de Capoeira Beribazu teve sua primeira sede Colégio Agrícola de Brasília, localizado na cidade de Planaltina (DF). Conforme seu fundador, o Grupo Beribazu fundamenta sua filosofia e suas ações no binômio “arte-luta”, congregando as características da capoeira como folguedo de origem popular, expressão artística e modalidade de luta.

Em 1994, após o afastamento do Mestre Zulu, o Grupo de Capoeira Beribazu passou a ser conduzido por um coletivo de Mestres e Contramestres, denominado Conselho de Mestres. Engajados nesse contexto, mestres, contramestres e demais docentes da entidade buscam sempre ampliar seus conhecimentos e sua qualificação profissional. Alguns optaram por realizar sua formação acadêmica em áreas ligadas à educação, dirigindo estudos e pesquisas para os temas relacionados à capoeira. Por essa razão, Beribazu é um Grupo internacionalmente reconhecido por seu pioneirismo nas pesquisas sobre a capoeira, sua história, seus fundamentos pedagógicos e suas tradições. O Grupo atua, também, na educação informal e em muitos outros espaços institucionais como academias, clubes, condomínios, associações comunitárias e projetos sociais.

O Grupo Beribazu considera a capoeira um patrimônio sociocultural universal, relacionando sua prática pedagógica com temas ligados à vida cotidiana, e incentiva seus componentes à reflexão e à crítica, na busca da construção de uma sociedade mais humana e fraterna.

Contando com o reconhecimento da sociedade pelo trabalho que vem desenvolvendo em seus quarenta e cinco anos de atuação, o Grupo Beribazu é regido juridicamente por um Estatuto que define seus objetivos e orienta suas ações. Atualmente, o Conselho de Mestres do Grupo é coordenado por uma dupla de seus membros, mestres ou contramestres, com alternância a cada quatro meses.

Com base na última edição do Cadastro de Estagiários e Docentes (jul. 2022), o Grupo Beribazu conta atualmente com 320 docentes, sendo 22 Mestres (4 Mestres Dignificadores e 18 Mestres Edificadores), 34 Contramestres, 2 Mestrandos, 44 Instrutores, 80 Monitores e 138 Estagiários.

Além do Distrito Federal, onde se desenvolveu inicialmente, o Grupo Beribazu pode também ser encontrado nos Estados de Goiás, Espírito Santo, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Maranhão, Ceará e Piauí. A partir do início dos anos 1990, as atividades foram expandidas para diversos países. Além do Brasil, atualmente, o grupo desenvolve trabalhos de capoeira na Argentina, Austrália, Itália, Polônia e Canadá.

No

Roraima Está situado na Região Norte do país, sendo o estado mais setentrional (ao norte) da federação. Tem por limites a Venezuela, ao norte e noroeste; Guiana, ao leste; Pará, ao sudeste; e Amazonas, ao sul e oeste. Ocupa uma área aproximada de 224 300,506 km², sendo o décimo quarto maior estado brasileiro. Em Boa Vista, única capital brasileira totalmente no Hemisfério Norte, encontra-se a sede do governo estadual, atualmente presidido por Antonio Denarium. A história roraimense está fortemente ligada ao Rio Branco. Foi através deste rio que chegaram os primeiros colonizadores portugueses. O Vale do rio Branco sempre foi cobiçado por ingleses e neerlandeses, que adentraram no Brasil através do Planalto das Guianas em busca de indígenas para serem escravizados. Pelo território da Venezuela, os espanhóis também chegaram a invadir a parte norte do rio Branco e no rio Uraricoera. Os portugueses derrotaram e expulsaram todos os invasores e estabeleceram a soberania de Portugal sobre a região de Roraima e de parte do Amazonas. O estado é o menos populoso do país, com uma população de 652 713 habitantes, segundo estimativas de 2021 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É, também, o que apresenta a menor densidade demográfica na federação, com 2,33 hab/km². Sua economia, baseada principalmente no setor terciário, registra uma alta taxa de crescimento, embora seu Produto interno bruto (PIB) seja o menor do país, com seus R$ 14,252 bilhões, representando 0,15% da economia brasileira. Situado numa região periférica da Amazônia Legal, no noroeste da Região Norte do Brasil, predomina em Roraima a floresta amazônica, havendo ainda uma enorme faixa de savana no centro-leste. Encravado no Planalto das Guianas, uma parte ao sul pertence à Planície Amazônica Seu ponto culminante, o Monte Roraima, empresta-lhe o nome. Etimologicamente resultado de contração de roro (verde) e imã (serra ou monte), foi batizado por indígenas pemons da Venezuela.

2019 - CapoeiraRR_Mapeamento_dos_grupos.pdf (iphan.gov.br)

DÉCADA DE 1960 - A trajetória da capoeira no Estado de Roraima, a partir dos finais dos anos de 1960, se baseia nas narrativas e vivências dos capoeiristas desse período. Possivelmente nessa época houvessem ocorrido os primeiros movimentos de capoeira no Estado, quando um grupo de soldados da brigada de paraquedistas do exército brasileiro fizeram algumas rodas de capoeira pelas praças de Boa Vista. Uma dessas rodas aconteceu no bloco de carnaval “Bafo da Sucuriju” de 1969 na Praça Capitão Clovis, chamando a atenção do público e em especial ao roraimense Rodney Oliveira, conhecido na capoeira como “Negativa”. Após a passagem por Roraima dos capoeiristas que eram soldados paraquedistas, novos movimentos só voltariam a acontecer pelo ano de 1978, com a chegada de Carlos Bruno “Cambota”, oriundo de Manaus. Ainda no mesmo ano, Bruno organizou um grupo de alunos e começou a ensinar capoeira. Em 1979, o grupo ganhou um reforço, pois Rodney “Negativa”, que havia viajado para aprender capoeira em Feira de Santana, na Bahia, retornou a Boa Vista, e passou a integrar o grupo de Bruno “Cambota”. Desta turma, Rodney “Negativa” destaca nomes como Wilsão, Wilmar, Pelé, Igor, Celso e Kiko. No ano de 1982, chega a Boa Vista Sérgio “Caranguejo”, capoeirista e jogador de futebol. Sérgio veio para tentar a carreira de jogador de futebol, mas como também era capoeirista, foi convidado, juntamente com seu amigo Zé Roberto, a ministrar aulas na Escola São Vicente. Nesse momento, Silvestre Barros teve seu inicio na capoeira junto com Sérgio Caranguejo, conhecido como Mestre Ongira e coordenador do grupo Angola Guerreiros de Palmares. No ano de 1987, vindo do Piauí, chega a Boa Vista Dagoberto Luís Ventura Mota, conhecido como Mestre Caimbé e coordenador do Grupo Raízes Brasileira - Escola de Capoeira. Caimbé já tinha iniciado a prática no Piauí e ao chegar conheceu alguns capoeiristas após assistir a um evento de luta livre na Praça Capitão Clóvis. Logo em seguida, passou a treinar com o grupo que se reunia num pequeno espaço em uma vila no bairro São Francisco. Dessa época destacamse ainda os nomes como: Nenê, Demir (Mestre Rubem), Luizinho, Iran e Beto. No ano de 1989, Renato Adolpho Lopes, conhecido como Mestre “Maluco”, chegou a Roraima, oriundo de Brasília. Maluco também já tinha contato com a capoeira em Brasília e participou pela primeira vez de uma roda de capoeira em Boa Vista no parque Anauá, no ano de 1990.

DAGOBERTO LUÍS VENTURA MOTA MESTRE CAIMBÉ COORDENADOR DO GRUPO RAÍZES BRASILEIRA –ESCOLA DE CAPOEIRA Dagoberto Luís Ventura Mota, Mestre Caimbé, nasceu em 24 de novembro de 1966, em

RORAIMA – 1969

Teresina, Piauí. Filho de Maria Mercedes Ventura Mota e Benedito Pereira da Mota, começou a praticar capoeira em novembro de 1982 na Unidade Escolar Paulo Ferraz, Teresina - PI, com os professores Piva e Geraldo Magela. No ano seguinte as aulas passaram para a escola João Soares e, em 1984, Robson Carlos da Silva, Mestre Bobby, que é seu Mestre até os dias de hoje, assumiu o comando das aulas. Em primeiro de maio de 1987, Mestre Caimbé se muda para Roraima e começa a desenvolver um trabalho com capoeira na capital, Boa Vista, criando o grupo “Raízes Brasileira”. Durante o período de 1987 à 1990, Caimbé passou por diversos locais ministrando aulas de capoeira na cidade, tais como: Centro do Campus Avançado, Escola Costa e Silva, PERCUSSORES DA CAPOEIRA EM RORAIMA Sede do Rio Negro, bairros Aparecida e Mecejana. Em 20 de novembro de 1990, inaugurou seu próprio espaço no quintal da sua casa, sendo o primeiro grupo com espaço próprio no Estado de Roraima. Atualmente, nesse espaço funciona a sede do Grupo Raízes Brasileira – Escola de Capoeira. Após o primeiro batizado de Roraima, em 1993, por influência do seu Mestre Bobby, Caimbé passou a representar o grupo “Abadá-Capoeira” até o ano 1998. A partir desse ano, mestre Bobby desligou-se do Abadá e Caimbé ingressou no “Raízes do Brasil”, permanecendo no mesmo até o ano de 2010. Em 2010, Mestre Bobby cria a Escola de Capoeira Mestre Bobby. Neste momento, Caimbé retoma a identidade com o nome do primeiro grupo que fundou no estado, Raízes Brasileira - Escola de Capoeira, mantendo o vínculo com a escola de Mestre Bobby. Durante sua jornada com a capoeira, Caimbé realizou e participou de diversos eventos sempre com o propósito de difundir a arte e cultura brasileira e destacar o nome do Estado de Roraima para o mundo. Nestes anos, foi homenageado com alguns títulos em reconhecimento ao seu trabalho, dos quais pode-se destacar: Comenda Orgulho de Roraima, Personalidades que lutam pela Igualdade Racial – Assembleia Legislativa de Roraima (22/08/2017); Título de Cidadão Boavistense, pela excelência do desenvolvimento da capoeira em Boa Vista – Câmara Municipal (21/06/2016); Certificado de Honra ao Mérito – Pelo trabalho com a Capoeira - Governo do Estado de Roraima (13/03/2009); Prêmio de Notoriedade Cultural 2000, ao Grupo de Capoeira Raízes do Brasil - Conselho Estadual de Cultura / Séc. de Educação, Cultura e Desporto de Roraima (20/12/2000); Moção de Aplauso do Conselho Estadual de Cultura do Estado de Roraima (26/9/2018) Por toda sua história de dedicação, prática e trabalho dentro da capoeira, Caimbé teve a honra de se formar Mestre, recebendo a corda vermelha das mãos de seu Mestre, em 12 de dezembro de 2009, em Teresina – PI, no evento “Mestre Bobby 30 anos, luta, sabedoria e honra”.

RENATO ADOLPHO LOPES MESTRE MALUCO COORDENADOR DO GRUPO SENZALA EM RORAIMA Renato Adolpho Lopes, conhecido na capoeira como Mestre Maluco, iniciou na capoeira em meados de 1983, com 13 anos de idade, no Distrito Federal, Brasília. Seu primeiro contato 13 com a capoeira foi com Mestre Paulão em um projeto social no estádio Mané Garrincha, região do Cruzeiro. Em 1984, viajou pela primeira vez para a cidade de Boa Vista, Roraima, por um período curto de oito meses, retornando à Brasília no início de 1986. Nesse mesmo ano, Renato começa a treinar no Grupo Senzala com Jorge Augusto F. da Silva, Mestre Amendoim, recém chegado do Rio de Janeiro. Em 1989, se muda para Boa Vista e no ano seguinte inicia a fazer parte da capoeira do Estado, fundando a filial do grupo Senzala em Roraima. Em 1994, começou a ministrar aulas no Parque Anauá, onde tinha cerca de 200 a 250 alunos. Em 1997, muda o local de treinos, passando para uma academia próxima a Motoraima. No ano de 2000, o grupo de Renato começa a desenvolver um trabalho em Caracas, Venezuela. O trabalho era coordenado por ele e pelo professor Emerson “Rasta”. Rasta fazia parte do grupo Senzala em Brasília e tinha chegado em Boa Vista no ano anterior para um evento e desde então passou a morar na cidade e ajudar Renato. Já no ano de 2001, os dois organizaram o primeiro batizado de capoeira do Grupo Senzala na Venezuela, sendo realizado na Universidade Metropolitana de Caracas. O trabalho foi sendo reconhecido dentro e fora do país e, em 2008, Renato começa a participar de eventos na Europa passando uma temporada de dois meses por países como Finlândia, Estônia e Suécia. Logo após, em 2010, Renato passa a ter uma logomarca exclusiva para identificar o Grupo Senzala em Roraima. No dia 20 de novembro de 2014, com o apoio do Governo do Estado de Roraima, passa a ter um espaço definitivo e inaugura o projeto da Casa da Capoeira, localizado dentro Parque Anauá. Em 22 de agosto de 2017, Mestre Maluco é agraciado com a comenda orgulho de Roraima pela Assembleia legislativa do Estado, pela sua história na luta por igualdade racial. Em 26 de setembro 2018, recebeu a Moção de Aplauso do Conselho Estadual de Cultura do Estado de Roraima. Atualmente, Renato desenvolve e coordena trabalhos em Roraima, Acre e na Venezuela

Ano 1983\Edição 00004 (1) Folha de Boa Vista (RR) - 1983 a 1998

Ano 1984\Edição 00024 (1) Ano 1986\Edição 00191 (1)
Ano 1991\Edição 00761 (1)

Ano 1992\Edição 00941 (1)

Ano 1993\Edição 01043 (1)

Ano 1994\Edição 01351 (1)

Ano 1994\Edição 01353 (1)

Ano 1994\Edição 01393 (2)

Ano 1995\Edição 01515 (1)

Ano 1995\Edição 01517 (1)

Ano 1995\Edição 01531 (1)

Ano 1995\Edição 01540 (1)

Ano 1995\Edição 01576 (1)

Ano 1995\Edição 01580 (1)

Ano 1995\Edição 01587 (1)

Ano 1995\Edição 01693 (1)

Ano 1995\Edição 01725 (1)

Ano 1996\Edição 01757 (1)

Ano 1996\Edição 01780B (1)

Ano 1996\Edição 01846 (1)

Ano 1996\Edição 01857 (1) Ano 1997\Edição 02040 (1)

Mato Grosso do Sul - Localiza-se no sul da Região Centro-Oeste. Limita-se com cinco estados brasileiros: Mato Grosso (norte), Goiás e Minas Gerais (nordeste), São Paulo (leste) e Paraná (sudeste); e dois países sul-americanos: Paraguai (sul e sudoeste) e Bolívia (oeste). É dividido em 79 municípios e ocupa uma área é de 357 145,532 km², com uma população de 2 839 188 habitantes em 2021, é o 21º estado mais populoso do Brasil A capital e município mais populoso de Mato Grosso do Sul é Campo Grande Outros municípios com população superior a cem mil habitantes são Dourados, Três Lagoas e Corumbá A extremidade ocidental do estado é coberta pelo Pantanal; o noroeste cobre as planícies; O desejo de desmembrar Mato Grosso do Sul de Mato Grosso se iniciou nas primeiras décadas do século XX, com uma revolta sob a liderança do coronel João da Silva Barbosa, resultando que os rebeldes foram derrotados. O norte sempre teve resistência, por ter medo de que o estado se esvaziasse economicamente. Por ocasião da Revolução Constitucionalista de 1932, efetivou-se a adesão do sul ao movimento, sob a condição de que se fosse vitorioso seria dividido o antigo estado. No dia 11 de outubro de 1977, finalmente concretizou-se o desmembramento de Mato Grosso do Sul, que o presidente Ernesto Geisel elevou à categoria de estado em 1º de janeiro de 1979, sendo primeiro governador empossado Harry Amorim Costa, além da Assembleia Constituinte. O acontecimento das primeiras eleições deu-se apenas em 1982. Como justificativa de desmembrar o novo estado, foi argumentado pelo governo federal que a grande extensão da área do antigo estado tornava-o difícil de administrar, além da apresentação dos verdadeiros ambientes naturais diferenciados.

1980 -

MeiaNoite recebeu graduação de Instrutor pelas mãos do Mestre Paulo Índio do Brasil, começando suas atividades no Bairro Tiradentes com um pequeno número de alunos. Já em 80, transferiu suas atividades para a Igrejinha São Benedito, fundando assim o Grupo. Em 1990 Meia-Noite tornou-se Mestre pela Associação Filhos de Pinatti de São Paulo, que tinha como titular o Mestre Carlos Almir Índio do Brasil (irmão do Mestre Paulo Índio do Brasil –atualmente estabelecido em Presidente Prudente/SP). Hoje, no com o Mestre Meia-Noite executa um trabalho no Bairro Tiradentes

1985 - Mestre Guerreiro 11 de setembro de 2017 · Mestre Guerreiro a mais de 30 anos atua na cidade de Dourados-MS onde dedica sua vida a ensinar a arte da capoeira a comunidade douradense. Mário Alves dos Santos, conhecido no mundo da capoeira como Mestre Guerreiro, nascido em 18 de Junho de 1950, natural do Sergipe, apaixonou-se pela capoeira ainda criança, treinando na rua e em campos aquilo que assistia nas rodas de capoeira da época. Já na cidade Salvador –BA treinou com Mestre Carlinhos no bairro Cosme de Farias e Mestre Antonio Diabo. Em 1974 muda-se para a cidade de São Paulo onde começa a fazer parte da Associação de Capoeira Vera Cruz, dirigida pelo saudoso Mestre Silvestre com quem formou-se professor.

MATO GROSSO DO SUL – DÉCADA
DE 1980
Mestre Meia - Associação de Capoeira Pantanal LORIVAL ROCHA DA CRUZ Em 1979

O trabalho realizado por Mario Alves dos Santos, o Mestre Guerreiro, na Associação de Capoeira Baiana, em Dourados, foi finalmente reconhecido. Na última quarta-feira (19) ele foi homenageado em Brasília com o prêmio “Viva meu mestre”, oferecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O prêmio é um reconhecimento ao trabalho realizado pelos mestres de capoeira em todo o país. Em sua academia, Mestre Guerreiro dá aulas a pessoas de todas as idades, mas recebe, também, crianças e jovens carentes e indígenas. Ele foi o único sul-mato-grossense a ser homenageado. “Esse prêmio foi muito importante para mim e tenho certeza que só veio a coroar e motivar o nosso trabalho. Assim, tenho certeza de que estou no caminho certo. Ofereço o prêmio a todos os mestres, as pessoas que me ajudam e, em especial, minha família e alunos”, comemora. Sergipano, Guerreiro é mestre há 30 anos, o mais antigo do Mato Grosso do Sul. Mas, desde a infância, joga capoeira. O prêmio recebido do Iphan será usado para dar continuidade ao trabalho social que ele realiza.A ministra da Cultura, Ana de Holanda, lembrou a diversidade cultural do país e disse que o prêmio é uma celebração da iniciativa de “preservação do nosso patrimônio histórico e cultural”. O presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida, vai mais além e afirma que a homenagem “reconhece “a recuperação” desse patrimônio pela sociedade.

2000 - GRUPO CAMARÁ

CAPOEIRA é entidade sem fins lucrativos, fundada no ano 2000, sendo legalizada em 13 de janeiro de 2006, tem o titulo de UTILIDADE PÚBLICA MUNICIPAL e ESTADUAL, é registrada e faz parte do Conselho Municipal de Cultura, Rede MS Ponto de Cultura, tem (02) CD, (06) seis DVDs gravados, é PONTO DE CULTURA, patrocinado pela Fundação Estadual de Cultura e Ministério da Cultura, foram premio na Fundação Itaú Social – UNICEF e outros, realizou vários eventos culturais e esportivos, pelo relevante trabalho conquistou a sua própria sede, local apropriado com salas, onde é desenvolvido aulas de Capoeira, danças afro/brasileira ( macule le, samba de roda, puxada de rede), inclusão digital, palestras sócio/cultural, expandiu suas atividades para vários municípios do Mato Grosso do Sul e outros Estados do Brasil . 2008 -

Mestre Pernambuco - Instituto de capoeira Cordão de Ouro/MS LAMARTINE JOSÉ DOS SANTOS Nascido no Cabo de Santo Agostinho, litoral de Pernambuco, Iniciou com o Mestre Bem te vi (Associação de Capoeira Bem te vi - PE), depois com o Mestre Irani (Grupo Cordão de Ouro – RN), formado a Mestre de Capoeira em 2012 e atual presidente do Instituto de Capoeira Cordão de Ouro/MS, Presidente do Conselho Estadual dos Direitos do Negro/MS - 2017/2018 e atual Presidente, atuou no Conselheiro Municipal de Desenvolvimento de Direitos do Negro de Corumbá/MS - 2014/2016, também atuou no Conselheiro Municipal dos Direitos do Negro de Campo Grande,Conselheiro Estadual Gestor do Fundo de Defesa e de Reparação de Interesses Difusos Lesados de MS - 2015/2017, Coordenador Geral do Fórum da Capoeira de Mato Grosso do

Radicado na cidade de Dourados- MS desde 1985 onde Dirige a Associação de Capoeira Baiana. Em 2011 foi um dos Mestres de capoeira brasileiros a ser contemplado com o prêmio Viva Meu Mestre que buscava premiar 100 mestres com 55 anos ou mais cuja trajetória de vida tenha contribuído de alguma forma para a transmissão e a continuidade do esporte-luta no Brasil. TRABALHO DE MESTRE GUERREIRO É RECONHECIDO PELO IPHAN 23 outubro 2011 - 11h16

Sul, Membro do Comité Gestor da Salvaguarda da Capoeira do Mato Grosso do Sul, Membro do Fórum Permanente das Entidades do Movimento Negro/MS, Membro da Rede Nacional de Ação pela Capoeira, Membro do Setorial Nacional de Expressões Artísticas Culturais Afro Brasileiro e atuou no Conselho Nacional de Políticas Culturais - CNPC - 2015/2017, Fundador do Instituto de Capoeira Cordão de Ouro/MS fundado em 13 de março de 2008, constituída juridicamente em março de 2011, recebeu o Mérito Legislativo Zumbi dos Palmares conferido no dia 20 de Novembro 2009, em 19 de Julho de 2013 a CDOMS se tornou uma instituição de Utilidade Publica Municipal – Lei nº 2.331/2013 e em 29 de setembro de 2015 a Lei nº 4.726/2015 declarou de Utilidade Publica Estadual e a homenagem Amigos da Juventude de Corumbá/MS no mesmo ano r no ano de 2017 recebeu o Prêmio Aleixo Paraguassú Netto e o Prêmio Amigos dos Direitos Humanos, conferidos pela Subsecretaria de Defesa dos Direitos Humanos da Cidade de Campo Grande/MS, em 2017 recebeu da Assembleia Legislativa, a Medalha Manoel dos Reis Machado – Mestre Bimba. Hoje o Mestre Pernambuco, desenvolve suas aulas na Capital do Mato Grosso do Sul.

2010 - O Grupo de capoeira liderado pelo Professor “Abraão” como é conhecido no município, possui 12 anos de fundação, foi criado através de um grupo de amigos que participavam de outro grupo de capoeira que atualmente foi extinto, desde então o Professor Abraão procurou se especializar na área e logo no inicio fez pareceria com o Grupo de Capoeira “Liberdade e Expressão” de Campo Grande que tem como líder o mestre “Profeta” e sob a chancela deste grupo realizou atividades de 2010 até 2013, quando recebeu a proposta de tocar seu projeto sobre a chancela de outro grupo de Capoeira de Campo Grande denominado “Roda de Bamba” do Professor Leandro Bussanelo, do qual realizou suas atividades de 2013 até 2015. Com a finalidade de criar sua própria marca foi em 2016 que o Professor Abraão criou sua marca própria “Arte Expressiva”, que realizou suas atividades de 2016 a 2017; Já de meados de 2017 até os dias atuais o Grupo de Capoeira do Professor Abraão voltou a usar a chancela do grupo “ Liberdade e Expressão”, porém nestes 10 anos de história é um dos poucos grupos “vivos” em Aquidauana e já faz parte de seu patrimônio cultural. Abraão de Araujo Ferreira - Professor de Capoeira a mais de 12 anos em Aquidauana e Anastácio (MS), Atualmente possui uma academia de capoeira no Bairro Santa Terezinha em Aquidauana e ministra aulas de capoeira de forma gratuita na sede do Instituto Ressoarte em Anastácio MS. Mapa Cultural de Mato Grosso do Sul - Academia de Capoeira Liberdade e Expressão - Mapa da Cultura Brasileira

2013 - Parque Cultural recebe visita de mestre e alunos de capoeira de Nova Mutum: As crianças que participaram dessa aula integrada aprenderam maculelê, samba de roda, capoeira angola, regional e contemporânea Por Ascom/Francieli Cela 26/09/2013 09:52/ Na tarde de ontem (25), o Parque Cultural realizou um Aulão de Capoeira que contou com a presença do mestre de capoeira Claudinei Paulo Ferreira, e, dos alunos do professor de Nova Mutum. As crianças que participaram dessa aula integrada aprenderam maculelê, samba de roda, capoeira angola, regional e contemporânea, e algumas informações sobre a história da capoeira e das músicas que embalam o esporte. Claudinei é natural do Mato Grosso do Sul, também trabalha como professor de danças afro-brasileiras e há 25 anos pratica capoeira. De acordo com o professor, a aula integrada entre os municípios é uma oportunidade de aumentar o conhecimento dos jovens participantes. “O capoerista precisa ser artista, precisa ter a sensibilidade em saber das potencialidades do corpo, da música, da expressão ao jogar, do elaborar e manusear os instrumentos”, destacou Claudinei. Em um mês de funcionamento, o Parque Cultural atende mais de 800 crianças nos períodos matutino e vespertino, e adultos, no período noturno. As aulas de capoeira atendem cerca de 160 alunos. Parque Cultural recebe visita de mestre e alunos de capoeira de Nova Mutum | Prefeitura de Lucas do Rio Verde

O mestre de capoeira Antônio Marco de Lima, o mestre Liminha, de Campo Grande, que é uma das referências na expressão cultural que mistura arte, esporte, cultura e música, comemora em junho 25 anos de trabalho. Para marcar a data e também seu aniversário de 40 anos, o grupo que ele criou, o Capoeira Conterrâneo, promove neste sábado (6), às 17h (de MS), no centro cultural José Octavio Guizzo, o primeiro batizado e troca de graduação. "Durante todos

2014 - 2015 - MestredecapoeiradeCampoGrandecomemora25anosdetrabalho-Mestre Liminha é uma das referências na arte da capoeira no estado. Evento neste sábado vai marcar as comemorações da data. O mestre de capoeira Antônio Marco de Lima, o mestre Liminha, de Campo Grande, (Foto: Divulgação/Capoeira Conterrâneo)

estes anos temos feito um trabalho sério com a sociedade e de respeito a esta arte que encanta a todos. Um dos nossos objetivos dentro do ensinamento é valorizar esta cultura genuinamente brasileira que tem papel fundamental na história do nosso país", diz o mestre Liminha, completando que a capoeira além do condicionamento físico trabalha também com a coordenação motora, raciocínio e equilíbrio dos praticantes. O grupo - O Conterrâneo Capoeira foi criado este ano pelo mestre e conta com 14 professores e 400 alunos. Atua em projetos sociais, institutos e escolas. Mestre Liminha explica que mesmo com o grupo sendo novo, o trabalho que o cerca já vinha sendo desenvolvido há mais de duas décadas e seus professores têm em média aproximadamente 15 anos de treinamento na capoeira.

2016 - Vivendo a Capoeira Camuanga de Angola UFMS Campo Grande Protocolo do SIGProj: 214468.1071.202977.30092015 De:31/01/2016 à 14/12/2016 Coordenador-Extensionista Luis Alejandro Lasso Gutiérrez nstituição

UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Unidade Geral CCHS - Centro de Ciências Humanas e Sociais Unidade de Origem GAB/CCHS - Gabinete do Diretor Resumo da Ação de Extensão

O projeto de vivência de Capoeira Camuanga de Angola oferece aulas e treinos permanentes de capoeira angola para a comunidade acadêmica (discentes, técnicos e docentes) e a comunidade externa (jovens, adultos e idosos) tanto dentro de Universidade, quanto em outros espaços na cidade de Campo Grande. Tem por objetivo resgatar aspectos da cultura afro, com as rodas de capoeira angola (produto da senzala), maculelê e samba de roda, expressões culturais que com custo tem sobrevivido dentro de nossa sociedade. No projeto também são abordadas questões tais como saúde, expressão corporal, musicalidade, esporte e lazer. A realização dessas atividades também leva a um debate sobre a história do escravizado afro-brasileiro e sua libertação, abrindo espaço para um estudo teórico a respeito da história e da cultura afro-brasileira. Serão realizadas ações de extensão regulares tais como duas aulas de capoeira angola por semana, às terças e quintas, das 18:00 as 20:00, na área esportiva da UFMS ministradas pelo Mestre Pequeno, e duas aulas semanais às segundas e quartas feiras no mesmo horário na Central de Comercialização em Economia Solidária no centro da Cidade. Além disso, serão realizadas atividades e eventos em espaços públicos e os três grandes eventos de vivência da Capoeira Angola com oficinas, palestras, aulas práticas e troca de experiências. Por outro lado, a proposta tem parceria com a Escola Municipal Professora Maria Lúcia Passarelli para a realização de treinos na escola com alunos do ensino básico e demais membros da comunidade escolar no bairro Aero Rancho em Campo Grande.

Público-Alvo O projeto Camuanga de Capoeira Angola oferece aulas de capoeira angola para a comunidade acadêmica (discentes, técnicos e docentes) e a comunidade externa (crianças, jovens, adultos e idosos). Tem por objetivo resgatar aspectos da cultura afro com as rodas de capoeira angola (produto da senzala), maculelê e samba de roda, expressões culturais que com custo tem sobrevivido dentro de nossa sociedade. No projeto também é abordado questões como saúde, esporte, expressão corporal, musicalidade e lazer. A realização dessas atividades também leva a um debate sobre a história do escravizado afro-brasileiro e sua libertação, abrindo espaço para um estudo teórico a respeito da história e da cultura afro-brasileira. Atualmente as aulas de Capoeira Angola organizadas pela Associação Camuanga de Capoeira Angola são realizadas em três localidades: 1- Na UFMS - campus de Campo Grande. As aulas de capoeira angola são realizadas duas vezes por semana, às terças e quintas, das 18:00 as 20:00, ministradas pelo Mestre Pequeno (José Leandro Leite). 2 - Na Escola Municipal Professora Maria Lucia Passarelli, Bairro Aero Rancho. As aulas são ministradas duas vezes por semana, segundas e quartas, das 18:00 as 20:00, ministradas pelo Mestre Pequeno (José Leandro Leite). 3Central de Comercialização em Economia Solidária, Centro. As aulas são ministradas duas vezes por semana, segundas e quartas, das 18:00 as 20:00, ministradas pelo instrutor de capoeira Adailton Xavier.

- SIMPÓSIO

DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL DISCUTE A VALORIZAÇÃO

DA CAPOEIRACategoria: Geral | Publicado: segunda-feira, dezembro 12, 2016 as 08:53 | Voltar

Campo Grande (MS) – Teve início na manhã deste sábado (10) o III Encontro Estadual para a Salvaguarda da Capoeira em Mato Grosso do Sul e o VI Simpósio Estadual de Educação Patrimonial. O evento acontece no auditório do Instituto Histórico e Geográfico, em Campo Grande. Compuseram a mesa debatedora Marley Sigrist, da Comissão Sul-Mato-Grossense de Folclore; Carlos Versoza, da Subsecretaria de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial e da Cidadania (Subpirc/Sedhast); Norma Daris, superintendente do instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan); Caciano Lima, gerente de Patrimônio Histórico e Cultural da Fundação de Cultura de MS; Andréa Freire, secretária adjunta de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação (Sectei) e Lucimar Espíndola (Mestre Cai Duro), do Fórum Estadual da Capoeira de MS. Norma Daris, superintendente do Iphan, iniciou os trabalhos fazendo um breve resumo das ações do Iphan. Em 2014 aconteceu o Primeiro Encontro da Salvaguarda da Capoeira em Mato Grosso do Sul e em 2015, o Segundo Encontro, que gerou o Fórum Estadual da Capoeira. “O Iphan estará sempre ao lado dos mestres e estudiosos da capoeira, dando todo o apoio necessário”.

A secretária adjunta da Sectei, Andréa Freire, saudou a todos os mestres presentes e capoeiristas que ajudaram a construir “essa expressão tão genuína da cultura brasileira”. “É uma satisfação que a Fundação de Cultura esteja junto com vocês para contribuir na ampliação do espao da capoeira em Mato Grosso do Sul. Queremos agradecer ao Iphan, à professora Marley, ao Carlos Versoza, subsecretário da Igualdade Social, que é uma conquista do Estado. Que deste evento possam sair proposições positivas, que em 2017 possamos estar cada vez mais juntos”.

Marley Sigrist, da Comissão Sul-Mato-Grossense de Folclore, cumprimentou a todos os mestres que fazem com que a capoeira se mantenha viva na memória nacional. Ela falou sobre o registro, pelo Iphan, em 2008, da Roda de Capoeira e Ofício dos Mestres de Capoeira. O Patrimônio Imaterial é composto pelas práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas, junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados – que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural. O Patrimônio Cultural foi instituído pelo artigo 216 da Constituição Federal de 1988 e nos parâmetros do Patrimônio Imaterial, criado por decreto em 2000. Suas características são: transmitido de geração a geração, o patrimônio cultural imaterial é constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza. Os bens culturais imateriais passíveis de registro pelo Iphan são aqueles que detêm continuidade histórica, possuem relevância para a memória nacional e fazem parte das referências culturais de grupos formadores da sociedade brasileira. Segundo Marlei, o decreto 3.551, de 4 de agosto de 2000, institui o registro de bens culturais de natureza imaterial e cria o Programa Nacional de Patrimônio Imaterial, que implementam políticas públicas para o reconhecimento, a valorização e o apoio sustentável aos bens culturais de natureza imaterial. A salvaguarda é um conjunto de medidas no intuito de garantir a viabilidade e a revitalização de diversos aspectos da manifestação cultural eleita como patrimônio cultural imaterial.

Logo depois, o subsecretário de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial e da Cidadania (Subpirc/Sedhast), Carlos Versoza, fez um resumo das ações da subsecretaria, criada no fim de 2014. Seguiu à sua fala a palestra de Caciano Lima, gerente de Patrimônio Histórico e Cultural da Fundação de Cultura de MS, que fez um retrospecto dos Simpósios de Educação Patrimonial já realizados. “Trazer a capoeira enquanto patrimônio cultural para o simpósio é muito importante, principalmente pelas questões que foram levantadas sobre a educação formal. Os mestres de capoeira sem curso superior ganham menos que os professores formados, principalmente em educação física. Queremos fomentar as discussões desta questão no campo formal da educação, especificamente da educação patrimonial”.

Lucimar Espíndola, o Mestre Cai Duro, fez um breve relato das ações do Fórum Estadual de Capoeira, que existe há um ano, e distribuiu aos presentes o regimento interno do Fórum. As discussões proporcionadas pelo evento, intercaladas com as palestras, foram intensas e calorosas, com ampla participação dos presentes.

Lamartine José, o Mestre Pernambuco, disse que como patrimônio cultural, a capoeira teve um reconhecimento, “para que a sociedade enxergue esta manifestação cultural com outro olhar, sem a criminalização. O Estado olhar para a arte negra é de extrema importância, pois a sociedade nos olha diferente, sem preconceito. Hoje ainda tem muito isso. Aqui em Mato Grosso do Sul temos um diferencial, pois a capoeira faz parte de alguns fóruns, como o Fórum de Educação da Diversidade Étnico-racial de Mato Grosso do Sul; o Fórum das Entidades do Movimento Negro; o Fórum de Saúde Estadual e o Fórum Estadual de Cultura. Capoeira não é só levantar a perna, estamos em busca das políticas públicas para a população negra”.

Para Mestre Pernambuco, a Sectei e a Fundação de Cultura sempre receberam os mestres capoeiristas e deu todo o apoio “para desenvolvermos nosso trabalho”. “A Sectei tem um papel importante na capacitação para elaborar projetos, nos capacita para buscar recursos não só aqui mas também em nível nacional. Os grupos de capoeira daqui de Mato Grosso do Sul são voltados para a questão pedagógica, não só como esporte. O trabalho

social é muito forte, há assistentes sociais, professores de educação física, pedagogos, psicólogos… os grupos são mais bem estruturados. Isso levou um tempo para que o pessoal entendesse”. As discussões continuam na tarde deste sábado e acontecem no domingo no período da manhã e da tarde. Os produtos a serem concretizados ao final do encontro, o Plano de Salvaguarda e a Eleição do Conselho Gestor, permitirão colocar o Estado de Mato Grosso do Sul junto às regiões pioneiras na salvaguarda da capoeira. (Karina Lima)

2018 – FÓRUM ESTADUAL DA CAPOEIRA/MS

Mestra Léa (Pantaneira) - Instituto de Capoeira Cordão de Ouro/MS - A presença feminina na Capoeira não é novidade e as mulheres estão conquistando cada vez mais este espaço. Alguns exemplos do poder feminino na Roda de Capoeira, de acordo com relatos históricos, são: Maria Doze Homens, que ficou conhecida assim após derrubar 12 homens; Maria Salomé; Chicão e, agora no nosso estado, Léa Vieira, a Mestra Pantaneira (CDOMS). https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=2610586149166436&id=1658989734326087

Mestre Amauri - Porto da Barra AMAURI OLIVEIRA SOUZA - Mestre Amauri faz parte do grupo Porto da Barra. É descendente do Mestre Bradesco, da técnica Capitães da Areia. Tornou-se Mestre em 2012. Atualmente tem um trabalho no bairro Buriti.

Mestre Pernalonga - Modelo Cidadania DOUGLAS CORRÊA DA SILVA - PARAÍSO DAS ÁGUAS Mestre Pernalonga vem da descendência Capitães da Areia, foi condecorado mestre em 2010 e filiou-se ao Grupo Modelo Cidadania em Abril de 2016 . Teve o primeiro contato com a Capoeira aos 03 anos de idade e nunca mais parou de praticar. Leva um lindo trabalho com a Capoeira na Região Norte do Estado de Mato Grosso do Sul, no Município de Paraíso das Águas - MS. Atualmente, cursa a Faculdade de Pedagogia pois acredita muito na importância da educação na Capoeira.

Mestre Caiduro - Movimento Certo LUCIMAR ESPÍNDOLA DA SILVA - CAMPO GRANDE Mestre Caiduro é fundador do grupo "Movimento Certo", vem da linhagem do Mestre Caiçara, recebendo seu cordel azul em 1983, cordel trançado em 1986 e Contramestre em 1987. Foi condecorado a Mestre em 1993. Atualmente desenvolve trabalhos na área de artesanato da Capoeira na confecção de instrumentos como atabaques e berimbaus, além de oferecer aulas de capoeira em comunidades carentes da cidade.

Mestre Ceará - Porto da Barra ALEX DAVALOS BARROS - CAMPO GRANDE Mestre Ceará é descendente da Farol da Barra, técnica Capitães da Areia. Formou-se pelo grupo Porto da Barra em 31/09/2000, sendo consagrado a Mestre em 07/11/2015. Hoje, desenvolve um trabalho voltado a crianças carentes nos bairros, denominado "Toque do berimbau nos bairros", abrangendo Coophatrabalho e Nova Lima

Mestre Corumba - Libertos da Capoeira CLÍDIO DANIEL DE LIMA VERNOCHI - CAMPO GRANDE Descendente do Mestre Negrande e Mestre Caçula, foi aluno do professor Terrorista, praticante da técnica Capitães da Areia. Atualmente, realiza aulas no PCAF(Projeto Crianças e Adolescentes Feliz), Cacimba da Saúde e na própria academia de Capoeira.

Mestre Liminha- Conterrâneo Capoeira ANTONIO MARCOS DE LIMA - CAMPO GRANDE Mestre de Capoeira a 25 anos, técnica Capitães de Areia. É fundador do grupo "Conterâneo Capoeira" e atualmente oferece oficinas de Capoeira gratuitamente na Plataforma Cultural. "Durante todos estes anos temos feito um trabalho sério com a sociedade e de respeito a esta arte que encanta a todos. Um dos nossos objetivos dentro do ensinamento é valorizar esta cultura genuinamente brasileira que tem papel fundamental na história do nosso país".

Ratinho - Associação de Capoeira Pantanal

OSMAR ALVES DA SILVA - AQUIDAUANA – MS Associação de Capoeira Pantanal, está presente em Aquidauna pelo trabalho do Mestre Ratinho. Formado pelo Mestre Dantas (Grupo Golpe Bonito, Osasco-SP) é Mestre desde 1995.

Mestre Sadã Instituto de Capoeira Cordão de Ouro/MS Irã Oliveira da Silva - AquidauanaMS Vice-Presidente da CDOMS Mestre

Mestre Shallon - Raízes da África APARECIDO TEODORO LUIZ Mestre Shallom vem Linhagem do Mestre Pinatti do grupo São Bento Pequeno e Dois de ouro. Tornou-se Mestre em 11-02-99. Grupo Raízes da África.

2021 - Cultura afrobrasileira é representada pela capoeira no Campão Cultural com exposição de fotografias e oficinas29 nov 2021 Cultura afrobrasileira é representada pela capoeira no Campão Cultural com exposição de fotografias e oficinas – Fundação de Cultura (fundacaodecultura.ms.gov.br)

Campo Grande (MS) – A capoeira está representando a cultura afrobrasileira no Campão Cultural – I Festival de Arte, Diversidade e Cidadania. Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, a Roda de Capoeira é um dos símbolos do Brasil mais reconhecidos internacionalmente. Ela expressa a história de resistência negra no Brasil, durante e após a escravidão. No festival está acontecendo uma exposição de fotografias sobre a capoeira de Mato Grosso do Sul no Memorial Educativo, que tem a curadoria da artista visual Rose Borges. A exposição faz um paralelo entre os primórdios da capoeira em MS e a nova geração pujante e ativa que mantêm viva nosso patrimônio imaterial. As fotografias apresentam as duas esferas entre o novo e antigo, o saber do mestre e a roda de capoeira, as manifestações da “capoeira de rua” na década de 90 e a capoeira de rua dos anos 2000.

Mestre Cachorrão Cleyton Blanco - Jardim – MS Grupo Luanda Capoeira - CDO

Rondônia Está localizado na região Norte e tem como limites os estados de Mato Grosso a leste, Amazonas a norte, Acre a oeste e o Estado Plurinacional da Bolívia a oeste e sul. O estado possui 52 municípios e ocupa uma área de 237 590,547 km²,. Sua capital e município mais populoso é Porto Velho, banhada pelo rio Madeira. Além desta, há outras cidades importantes como Ariquemes, Cacoal, Guajará-Mirim, JiParaná, Rolim de Moura e Vilhena. O relevo é suavemente ondulado; 94% do território encontra-se entre as altitudes de 100 e 600 metros. Madeira, Ji-Paraná, Guaporé e Mamoré são os rios principais. O clima é equatorial e a economia é baseada na pecuária e na agricultura (café, cacau, arroz, mandioca, milho) e no extrativismo da madeira, de minérios e da borracha. É o único estado brasileiro cujo nome homenageia uma figura histórica nacional, no caso, o Marechal Rondon (1865-1958), que desbravou o norte do país em meados dos anos 1900, inclusive a região que hoje leva seu nome.É o terceiro estado mais populoso da Região Norte com 1 815 278 habitantes, segundo estimativa do IBGE para 2021, sendo superado apenas pelo Pará e Amazonas. Quatro de seus municípios possuem população acima de 100 mil habitantes, sendo estes Porto Velho, Ji-Paraná, Ariquemes e Vilhena. A população rondoniense é uma das mais diversificadas do Brasil, composta de migrantes oriundos de todas as regiões do país, dentre os quais destacam-se os paranaenses, paulistas, mineiros e gaúchos, que fixaram-se na capital, preservando-se ainda os fortes traços amazônicos da população nativa nas cidades banhadas por grandes rios, sobretudo em Porto Velho e GuajaráMirim, as duas cidades mais antigas do estado. O estado é o terceiro mais rico da Região Norte, responsável por 11% do PIB da região. Apesar de ser um estado jovem (criado em 1981), possui o quinto melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região Norte o terceiro maior PIB per capita, a segunda maior taxa de alfabetização e a terceira menor taxa de analfabetismo entre todos os estados das regiões Norte e Nordeste do país, além da segunda maior teledensidade do Brasil. Entre 2002 e 2014 o estado apresentou 85,2% de crescimento acumulado do PIB, sendo o 5º estado brasileiro que mais cresceu no período. Rondônia possui ainda a menor incidência de pobreza e a maior proporção de veículos por habitante entre todos os estados das regiões Norte e Nordeste e também a 2ª melhor distribuição de renda, o 4º menor índice de desemprego e o melhor índice de transparência de todo o Brasil. Ano 1981\Edição 13724 (1) Alto Madeira (RO) - 1917 a 1989

RONDONIA - 1981

Ano 1981\Edição 13762A (1)

Ano 1982\Edição 13942 (2)

Ano 1982\Edição 14030 (1)

Ano 1982\Edição 14180 (1)

Ano 1983\Edição 14420 (1)
Ano 1983\Edição 14603 (1)

Ano 1983\Edição 14693 (1)

Ano 1984\Edição 14844 (1)

Ano 1984\Edição 14846 (1)

Ano 1985\Edição 16710 (1)

Ano 1986\Edição 16862 (1)
Ano 1986\Edição 17992 (1)

Ano 1987\Edição 19202 (1)

Ano 1986\Edição 19007A (1)

Ano 1986\Edição 19089 (1)

Ano 1988\Edição 19475 (1)

Ano 1987\Edição 19342 (1)

2021 - História da capoeira em Rondônia resgatada em documentário e revista - News Rondonia Portal de NoticiasAs primeiras manifestações mais expressivas apontam para a década de 40, no ciclo da borracha. Não há um estudo oficial sobre a origem da capoeira em Rondônia. Contudo, com base em fontes disponíveis, pesquisas correlacionadas, depoimentos de personagens e pesquisadores, A Federação de Capoeira de Rondônia (Fecaron) e a Associação Portovelhense de Capoeira (Arca) vem realizando há anos um trabalho de resgate da história da capoeira, catalogando registros e documentos e mapeando a linha do tempo. O resultado é um vídeo-documentário e uma revista, que surgem como as maiores fontes sobre a capoeira em Rondônia.

DA QUANTIDADE DE GRUPOS À PARTICIPAÇÃO

PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA | Revista Brasileira de Ciência e Movimento (ucb.br)

2012, o IPHAN15, revelou que existiam mais de dez grupos de capoeira em Porto Velho naquele ano, cinco dos quais eram mais reconhecidos com relação a número de praticantes. Considerando que os dados da presente pesquisa foram obtidos entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019, o resultado encontrado revela que poucas mudanças no número de grupos ocorreram após 2012

Falcão2 , relata que “essa forma de organização das capoeiras nos moldes de grupos institucionalizados é recente”, iniciado nos anos 1970, e que o pertencimento a um grupo é algo importante para o reconhecimento social da capoeira.

2021 - A CAPOEIRA NA CAPITAL DO ESTADO DE
DO
RONDÔNIA:

Roraima Está situado na Região Norte do país, sendo o estado mais setentrional (ao norte) da federação. Tem por limites a Venezuela, ao norte e noroeste; Guiana, ao leste; Pará, ao sudeste; e Amazonas, ao sul e oeste. Ocupa uma área aproximada de 224 300,506 km², sendo o décimo quarto maior estado brasileiro. Em Boa Vista, única capital brasileira totalmente no Hemisfério Norte, encontra-se a sede do governo estadual, atualmente presidido por Antonio Denarium. A história roraimense está fortemente ligada ao Rio Branco. Foi através deste rio que chegaram os primeiros colonizadores portugueses. O Vale do rio Branco sempre foi cobiçado por ingleses e neerlandeses, que adentraram no Brasil através do Planalto das Guianas em busca de indígenas para serem escravizados. Pelo território da Venezuela, os espanhóis também chegaram a invadir a parte norte do rio Branco e no rio Uraricoera. Os portugueses derrotaram e expulsaram todos os invasores e estabeleceram a soberania de Portugal sobre a região de Roraima e de parte do Amazonas. O estado é o menos populoso do país, com uma população de 652 713 habitantes, segundo estimativas de 2021 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É, também, o que apresenta a menor densidade demográfica na federação, com 2,33 hab/km². Sua economia, baseada principalmente no setor terciário, registra uma alta taxa de crescimento, embora seu Produto interno bruto (PIB) seja o menor do país, com seus R$ 14,252 bilhões, representando 0,15% da economia brasileira. Situado numa região periférica da Amazônia Legal, no noroeste da Região Norte do Brasil, predomina em Roraima a floresta amazônica, havendo ainda uma enorme faixa de savana no centro-leste. Encravado no Planalto das Guianas, uma parte ao sul pertence à Planície Amazônica Seu ponto culminante, o Monte Roraima, empresta-lhe o nome. Etimologicamente resultado de contração de roro (verde) e imã (serra ou monte), foi batizado por indígenas pemons da Venezuela.

2019 - CapoeiraRR_Mapeamento_dos_grupos.pdf (iphan.gov.br)

DÉCADA DE 1960 - A trajetória da capoeira no Estado de Roraima, a partir dos finais dos anos de 1960, se baseia nas narrativas e vivências dos capoeiristas desse período. Possivelmente nessa época houvessem ocorrido os primeiros movimentos de capoeira no Estado, quando um grupo de soldados da brigada de paraquedistas do exército brasileiro fizeram algumas rodas de capoeira pelas praças de Boa Vista. Uma dessas rodas aconteceu no bloco de carnaval “Bafo da Sucuriju” de 1969 na Praça Capitão Clovis, chamando a atenção do público e em especial ao roraimense Rodney Oliveira, conhecido na capoeira como “Negativa”. Após a passagem por Roraima dos capoeiristas que eram soldados paraquedistas, novos movimentos só voltariam a acontecer pelo ano de 1978, com a chegada de Carlos Bruno “Cambota”, oriundo de Manaus. Ainda no mesmo ano, Bruno organizou um grupo de alunos e começou a ensinar capoeira. Em 1979, o grupo ganhou um reforço, pois Rodney “Negativa”, que havia viajado para aprender capoeira em Feira de Santana, na Bahia, retornou a Boa Vista, e passou a integrar o grupo de Bruno “Cambota”. Desta turma, Rodney “Negativa” destaca nomes como Wilsão, Wilmar, Pelé, Igor, Celso e Kiko. No ano de 1982, chega a Boa Vista Sérgio “Caranguejo”, capoeirista e jogador de futebol. Sérgio veio para tentar a carreira de jogador de futebol, mas como também era capoeirista, foi convidado, juntamente com seu amigo Zé Roberto, a ministrar aulas na Escola São Vicente. Nesse momento, Silvestre Barros teve seu inicio na capoeira junto com Sérgio Caranguejo, conhecido como Mestre Ongira e coordenador do grupo Angola Guerreiros de Palmares. No ano de 1987, vindo do Piauí, chega a Boa Vista Dagoberto Luís Ventura Mota, conhecido como Mestre Caimbé e coordenador do Grupo Raízes Brasileira - Escola de Capoeira. Caimbé já tinha iniciado a prática no Piauí e ao chegar conheceu alguns capoeiristas após assistir a um evento de luta livre na Praça Capitão Clóvis. Logo em seguida, passou a treinar com o grupo que se reunia num pequeno espaço em uma vila no bairro São Francisco. Dessa época destacamse ainda os nomes como: Nenê, Demir (Mestre Rubem), Luizinho, Iran e Beto. No ano de 1989, Renato Adolpho Lopes, conhecido como Mestre “Maluco”, chegou a Roraima, oriundo de Brasília. Maluco também já tinha contato com a capoeira em Brasília e participou pela primeira vez de uma roda de capoeira em Boa Vista no parque Anauá, no ano de 1990.

DAGOBERTO LUÍS VENTURA MOTA MESTRE CAIMBÉ COORDENADOR DO GRUPO RAÍZES BRASILEIRA –ESCOLA DE CAPOEIRA Dagoberto Luís Ventura Mota, Mestre Caimbé, nasceu em 24 de novembro de 1966, em

RORAIMA – 1969

Teresina, Piauí. Filho de Maria Mercedes Ventura Mota e Benedito Pereira da Mota, começou a praticar capoeira em novembro de 1982 na Unidade Escolar Paulo Ferraz, Teresina - PI, com os professores Piva e Geraldo Magela. No ano seguinte as aulas passaram para a escola João Soares e, em 1984, Robson Carlos da Silva, Mestre Bobby, que é seu Mestre até os dias de hoje, assumiu o comando das aulas. Em primeiro de maio de 1987, Mestre Caimbé se muda para Roraima e começa a desenvolver um trabalho com capoeira na capital, Boa Vista, criando o grupo “Raízes Brasileira”. Durante o período de 1987 à 1990, Caimbé passou por diversos locais ministrando aulas de capoeira na cidade, tais como: Centro do Campus Avançado, Escola Costa e Silva, PERCUSSORES DA CAPOEIRA EM RORAIMA Sede do Rio Negro, bairros Aparecida e Mecejana. Em 20 de novembro de 1990, inaugurou seu próprio espaço no quintal da sua casa, sendo o primeiro grupo com espaço próprio no Estado de Roraima. Atualmente, nesse espaço funciona a sede do Grupo Raízes Brasileira – Escola de Capoeira. Após o primeiro batizado de Roraima, em 1993, por influência do seu Mestre Bobby, Caimbé passou a representar o grupo “Abadá-Capoeira” até o ano 1998. A partir desse ano, mestre Bobby desligou-se do Abadá e Caimbé ingressou no “Raízes do Brasil”, permanecendo no mesmo até o ano de 2010. Em 2010, Mestre Bobby cria a Escola de Capoeira Mestre Bobby. Neste momento, Caimbé retoma a identidade com o nome do primeiro grupo que fundou no estado, Raízes Brasileira - Escola de Capoeira, mantendo o vínculo com a escola de Mestre Bobby. Durante sua jornada com a capoeira, Caimbé realizou e participou de diversos eventos sempre com o propósito de difundir a arte e cultura brasileira e destacar o nome do Estado de Roraima para o mundo. Nestes anos, foi homenageado com alguns títulos em reconhecimento ao seu trabalho, dos quais pode-se destacar: Comenda Orgulho de Roraima, Personalidades que lutam pela Igualdade Racial – Assembleia Legislativa de Roraima (22/08/2017); Título de Cidadão Boavistense, pela excelência do desenvolvimento da capoeira em Boa Vista – Câmara Municipal (21/06/2016); Certificado de Honra ao Mérito – Pelo trabalho com a Capoeira - Governo do Estado de Roraima (13/03/2009); Prêmio de Notoriedade Cultural 2000, ao Grupo de Capoeira Raízes do Brasil - Conselho Estadual de Cultura / Séc. de Educação, Cultura e Desporto de Roraima (20/12/2000); Moção de Aplauso do Conselho Estadual de Cultura do Estado de Roraima (26/9/2018) Por toda sua história de dedicação, prática e trabalho dentro da capoeira, Caimbé teve a honra de se formar Mestre, recebendo a corda vermelha das mãos de seu Mestre, em 12 de dezembro de 2009, em Teresina – PI, no evento “Mestre Bobby 30 anos, luta, sabedoria e honra”.

RENATO ADOLPHO LOPES MESTRE MALUCO COORDENADOR DO GRUPO SENZALA EM RORAIMA Renato Adolpho Lopes, conhecido na capoeira como Mestre Maluco, iniciou na capoeira em meados de 1983, com 13 anos de idade, no Distrito Federal, Brasília. Seu primeiro contato 13 com a capoeira foi com Mestre Paulão em um projeto social no estádio Mané Garrincha, região do Cruzeiro. Em 1984, viajou pela primeira vez para a cidade de Boa Vista, Roraima, por um período curto de oito meses, retornando à Brasília no início de 1986. Nesse mesmo ano, Renato começa a treinar no Grupo Senzala com Jorge Augusto F. da Silva, Mestre Amendoim, recém chegado do Rio de Janeiro. Em 1989, se muda para Boa Vista e no ano seguinte inicia a fazer parte da capoeira do Estado, fundando a filial do grupo Senzala em Roraima. Em 1994, começou a ministrar aulas no Parque Anauá, onde tinha cerca de 200 a 250 alunos. Em 1997, muda o local de treinos, passando para uma academia próxima a Motoraima. No ano de 2000, o grupo de Renato começa a desenvolver um trabalho em Caracas, Venezuela. O trabalho era coordenado por ele e pelo professor Emerson “Rasta”. Rasta fazia parte do grupo Senzala em Brasília e tinha chegado em Boa Vista no ano anterior para um evento e desde então passou a morar na cidade e ajudar Renato. Já no ano de 2001, os dois organizaram o primeiro batizado de capoeira do Grupo Senzala na Venezuela, sendo realizado na Universidade Metropolitana de Caracas. O trabalho foi sendo reconhecido dentro e fora do país e, em 2008, Renato começa a participar de eventos na Europa passando uma temporada de dois meses por países como Finlândia, Estônia e Suécia. Logo após, em 2010, Renato passa a ter uma logomarca exclusiva para identificar o Grupo Senzala em Roraima. No dia 20 de novembro de 2014, com o apoio do Governo do Estado de Roraima, passa a ter um espaço definitivo e inaugura o projeto da Casa da Capoeira, localizado dentro Parque Anauá. Em 22 de agosto de 2017, Mestre Maluco é agraciado com a comenda orgulho de Roraima pela Assembleia legislativa do Estado, pela sua história na luta por igualdade racial. Em 26 de setembro 2018, recebeu a Moção de Aplauso do Conselho Estadual de Cultura do Estado de Roraima. Atualmente, Renato desenvolve e coordena trabalhos em Roraima, Acre e na Venezuela

Ano 1983\Edição 00004 (1) Folha de Boa Vista (RR) - 1983 a 1998

Ano 1984\Edição 00024 (1) Ano 1986\Edição 00191 (1)
Ano 1991\Edição 00761 (1)

Ano 1992\Edição 00941 (1)

Ano 1993\Edição 01043 (1)

Ano 1994\Edição 01351 (1)

Ano 1994\Edição 01353 (1)

Ano 1994\Edição 01393 (2)

Ano 1995\Edição 01515 (1)

Ano 1995\Edição 01517 (1)

Ano 1995\Edição 01531 (1)

Ano 1995\Edição 01540 (1)

Ano 1995\Edição 01576 (1)

Ano 1995\Edição 01580 (1)

Ano 1995\Edição 01587 (1)

Ano 1995\Edição 01693 (1)

Ano 1995\Edição 01725 (1)

Ano 1996\Edição 01757 (1)

Ano 1996\Edição 01780B (1)

Ano 1996\Edição 01846 (1)

Ano 1996\Edição 01857 (1) Ano 1997\Edição 02040 (1)

Tocantins O Tocantins foi o último estado brasileiro a ser criado, tendo sido estabelecido no ano de 1988 Está localizado a sudeste da Região Norte e tem como limites Goiás a sul, Mato Grosso a oeste e sudoeste, Pará a oeste e noroeste, Maranhão a norte, nordeste e leste, Piauí a leste e Bahia a leste e sudeste. Sua capital é a cidade planejada de Palmas que, dentre as capitais estaduais brasileiras, é a menos populosa. Ocupa uma área de 277 720,520 km Com mais de 1,6 milhão de habitantes, é o quarto estado mais populoso da Região Norte e o vigésimo quarto mais populoso do Brasil. Apenas dois de seus municípios possuem população acima de 100 mil habitantes: Palmas, a capital e sua maior cidade com quase 290 mil habitantes em 2017, e Araguaína, com cerca de 175 mil habitantes. Tocantins possui um dos mais baixos índices de densidade demográfica no país, superior apenas ao dos estados de Roraima, Amazonas, Mato Grosso e Acre. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2017 a densidade demográfica equivale a 5,58 habitantes por quilômetro quadrado. Além de Palmas e Araguaína, outras cidades importantes no estado são Gurupi, Porto Nacional e Paraíso do Tocantins. Juntos, estes cinco municípios abrigavam, em 2015, cerca de 42,22 por cento da população total do estado. O relevo apresenta chapadas ao centro, ao sul e ao leste, a Serra Geral a sudeste, a Serra das Traíras (ou das Palmas) ao sul, e a planície do Araguaia, com a Ilha do Bananal, nas regiões norte, oeste e sudoeste. São importantes o Rio Tocantins (incluindo o Rio Maranhão), o Rio Araguaia, o Rio Javaés, o Rio do Sono, o Rio das Balsas, o Rio Manuel Alves e o rio Paranã. O clima é tropical. Veja lista de rios do Tocantins.a economia tocantinense se baseia no comércio, na agricultura (arroz, milho, feijão, soja, melancia), na pecuária e em criações. No setor terciário suas principais atividades estão concentradas em Palmas e também nos municípios que estão localizados às margens da Rodovia Belém-Brasília, principal via de ligação da capital federal com a parte norte do Brasil. Possui o segundo maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o quarto maior PIB per capita entre todos os estados do Norte do Brasil. A Serra das Traíras, localizada no município de Paranã e na divisa com Goiás, é o ponto mais elevado no estado, com 1 340 metros de altitude.

2013 - TEDE: NAS

PALMAS

DA

CAPOEIRA: RESISTÊNCIA CULTURAL

PELA CHAPADA DOS NEGROS EM ARRAIAS/TO (1984 a 2012). (pucgoias.edu.br)A pesquisa tem por objetivo (re) construir historicamente parte da trajetória do grupo de capoeira existente na cidade de Arraias Tocantins, intitulado Associação Cultural Chapada dos Negros (ACCN), à luz de conceitos que fundamentam essa modalidade esportiva e cultural, especialmente quanto ao que se refere à memória, identidade e educação para as relações étnico raciais, que se constituem a partir da sua existência no município. Nessa direção, foi possível conhecer, interpretar e compreender a história da capoeira em Arraias, retratando-a quanto a sua colaboração para a continuidade da memória individual, coletiva , institucional e para a consciência histórica e cultural da comunidade. A prática da capoeira em Arraias/TO, no decorrer dos anos de 1984 a 2012, vem contribuindo para a construção da identidade negra, da resistência cultural, daqueles que integram as experiências difundidas pela Associação Cultural Chapada dos Negros (ACCN) por intermédio da apropriação de saberes e fazeres da comunidade. Busquei nesta caminhada, analisar diversas formas de praticar a capoeira, seus princípios e valores, acionados pelo grupo de modo singular, para a construção do sentimento de pertencimento e condutas pautados pelos referenciais simbólicos e culturais afrobrasileiros. Utilizei como instrumento metodológico e interpretativo as narrativas dos sujeitos da pesquisa, tendo como pressuposto básico, suas histórias de vida, interlocutores da construção da pesquisa. Pelos mestres e praticantes da capoeira, pude perceber que, apesar dos obstáculos impostos pela escravidão no Brasil, em especial a ocorrida na cidade de Arraias -TO, os africanos e seus descendentes encontraram meios para se organizarem e manifestarem suas práticas culturais influenciando profundamente a sociedade arraiana. Por isso, ao entoar o canto nas palmas da capoeira resistem à força histórica de sua luta.

2019 - Terreiro na História da Capoeira no Tocantins e o Centenário da Capoeira Regional

Sesc Cultura ON - A história da Capoeira Angola no Tocantins. - YouTube

2021 - Mapeamento da capoeira no estado do Tocantins (www.gov.br) - A partir de 2012, a aproximação entre IphanTO e capoeiristas foi progressiva, e em 2015 a salvaguarda da capoeira no estado começou a ocorrer de forma

TOCANTINS – década
de 1980

estruturada, sendo constituído o Comitê de Salvaguarda da Capoeira no Tocantins, conforme Portaria nº 02/2016, publicada no Diário Oficial da União no dia 04 de março de 2016. No que refere-se a pesquisa documental identificamos dois acervos de relevância: Centro de Arte Cultural do Mestre Geléia, em Dianópolis e a Associação Cultural Chapada dos Negros, do Mestre Fumaça, em Arraias. Todavia, tais acervos documentais encontram-se em frágil estado de conservação, devido a dificuldade dos detentores em fazer a manutenção destes espaços de memória e destas significativas fontes históricas. O Centro de Arte Cultural Mestre Geléia é um espaço particular construído na residência do Mestre Geléia, na cidade de Dianópolis. Além do acervo documental, neste espaço funciona a academia para realização das aulas de capoeira; com as paredes decoradas com fotos de capoeiristas e dos mestres consagrados, como Pastinha e Bimba, estante com CDs, além de berimbaus dependurados e cartazes de eventos. Na parte superior do prédio há uma sala com as paredes decoradas com objetos e imagens 27 Mapeamento da Capoeira no Estado do Tocantins: experiência na região sudeste da capoeira, armários com arquivos de livros, documentos, CDs, fitas cassetes, disco de vinil e outros instrumentos que envolvem a capoeira. Conforme pode ser observado nas fotos 01 e 02. O acervo pessoal do Mestre Geléia possui diversificados documenos iconográficos, sonoros, visuais ou audiovisuais e escritos sobre a capoeira, especialmente registros sobre a capoeira no Sudeste do Tocantins. O acervo não está acondicionado, conforme as normas técnicas de conservação e sua manutenção e preservação se encontra em risco de perda. Para além desse aspecto, o Mestre Geléia informou-nos, naquela ocasião, que estaria prestes a se aposentar e pretendia retornar ao seu estado de origem, Pernambuco e ainda não sabia qual seria o destino do rico acervo. Fotos 01: Centro de Arte e Cultura Mestre Geléia. Fonte: Resultados da Pesquisa I Etapa - Mapeamento da Capoeira no Tocantins - Região Sudeste. Fotografia 1 e 2 de: JESUS, Valdirene | nov./2001. Série Mapeamento da Capoeira no Tocantins, v.1 28 Fotos 01: Centro de Arte e Cultura Mestre Geléia. 29 Mapeamento da Capoeira no Estado do Tocantins: experiência na região sudeste Fonte: Resultados da Pesquisa I Etapa - Mapeamento da Capoeira no Tocantins – Região Sudeste. Foto: JESUS, Valdirene | Jan./2018. Fotos 03 e 04: Acervo Documental da Associação Cultural Chapada dos Negros. Série Mapeamento da Capoeira no Tocantins, v.1 30 O acervo da Associação Chapada dos Negros, na ocasião da pesquisa, estava armazenado em dois espaços distintos: no Ponto de Cultura e na residência do Mestre Fumaça. O prédio do espaço do Ponto de Cultura apresentava infiltrações, umidade e o acervo encontrava-se disposto nos vários espaços desse prédio, sendo que o acondicionamento não estava de acordo com as normas de preservação de acervos documentais, comprometendo a vida útil dos documentos. Não muito diferente, os documentos que estavam na residência do Mestre Fumaça, encontravam-se empilhados dentro de caixotes (Fotos 03 e 04), de forma improvisada e mal acondicionados. Conforme pode ser observado nas imagens, os documentos, CDs, fitas cassetes, vídeos e outros não estavam catalogados e nem organizados conforme as técnicas de arquivos e conservação de documentos. Outros capoeiristas armazenam os documentos, especialmente fotografias, em redes sociais na internet. Além da fragilidade na guarda e preservação dos acervos documentai outro desafio para a realização do mapeamento da capoeira no Tocantins foi a negação das informações por parte de alguns capoeiristas. Salvo algumas exceções, muitos capoeiristas dificultavam a realização das entrevistas, sendo necessárias inúmeras tentativas para conseguir agenda-las. Outros capoeiristas alegavam que não iriam “ganhar nada com esse mapeamento”, inclusive, instigando outros detentores a não colaborar com a pesquisa. Tudo isso ainda se tornou mais agravante e desafiador devido ao curto tempo para nós pesquisadores procedermos ao mapeamento. No que concerne à produção teórica, poucas são as obras, identificadas, que tratam da capoeira na Região Sudeste do estado do Tocantins. Tivemos como fonte de pesquisa o Banco de Dados as Bibliotecas dos Câmpus de Arraias, de Porto Nacional e de Palmas, da UFT, a Biblioteca do Centro Universitário Luterano de Palmas (Ceulp/Ulbra) e a Biblioteca da Universidade Estadual do Tocantins (Unitins), em Palmas. Nos acervos pesquisados das Bibliotecas dos Campus de Arraias e Porto Nacional, da UFT, fizemos a opção pelo conjunto de monografias publicadas nos cursos de Pedagogia e Geografia, no período de 2005 a 31 Mapeamento da Capoeira no Estado do Tocantins: experiência na região sudeste 2016, visando identificar a produção teórica existente acerca da temática relativa à capoeira. Na produção teórica analisada identificamos um número de nove documentos, sendo sete monografias do Curso de Pedagogia e uma do Curso de Geografia que fazem referência direta ou indireta a temática da capoeira. A produção teórica revela considerável diversidade de abordagens sobre a capoeira, destacando os elementos de resistência cultural e de afirmação da identidade negra para alguns trabalhos e para outros, aparece como instrumento de inclusão social por meio de ações socioeducativas ou como ferramenta para construção de práticas pedagógicas afirmativas no processo de ensino e aprendizagem. Também, na biblioteca do Câmpus de Arraias identificamos uma dissertação de mestrado intitulada Nas palmas da capoeira: resistência cultural pela Chapada dos Negros em Arraias/TO, da autora capoeirista Silvia Adriane T. de Moura, foi transformada em livro, em 2017. Em seu trabalho, a autora aborda a trajetória histórica do grupo de capoeira Associação Cultural Chapada dos Negros (ACCN) da cidade de Arraias. Assim, amparados nas

narrativas dos capoeiristas, apresentamos aqui nesta publicação as narrativas e conjunturas culturais e sociais identificadas que revelam as raízes da capoeira na região e seu histórico de resistência. Outrossim, reafirmamos a necessidade de uma pesquisa histórica e documental mais aprofundada, exemplo disso é que as análises sobre os mitos de origem da capoeira na região têm dificuldades para precisar autoria, data e local. Região Sudeste, a partir da década de 1980. O Mestre Géléia destaca que em diálogo com mestre Tambor esse fez referência da presença do Mestre Caramuru – vindo de Terezina (PI) –, no início da década de 1980. Ouvimos outros comentários sobre a passagem de capoeiristas na região por volta da décaa de 1970, entretanto não conseguimos identificar/contactar pessoas e/ ou localizar registros que certificasse estes relatos. Ressaltamos que estes e outros fragmentos de memórias são relevantes e indicativos que reforçam a necessidade de uma investigação histórica e documental mais aprofunada, na perspectiva de melhor elucidar tais fatos, bem como identificar os detentores do saber de outrora e, assim, (re)construir, com maior precisão, a história da capoeira na região.

O Mestre Geléia relatou alguns acontecimentos envolvendo “os valentões”, os quais utilizavam-se das pernadas, cambotas, rasteiras e ponto de facão, conforme podemos observar nos trechos a seguir: Quando eu cheguei em Dianópolis, antes de nós termos o trabalho lá, passou um camarada lá chamado por Berimbau. Um cara arruaceiro. Isso aí foi já em 1985, 1986. Quando eu fui pesquisar sobre Berimbau lá com delegado, que é o tenente Pedro Gomes lá, da polícia que era o deleado, ele quase me batia dizendo: 'não quero falar daquele malandro não'. Depois fiquei sabendo que o Berimbau era muito arruaceiro e pegou ele deu uma peia, então os caras não gostam de falar muito não [...] (SILVA, 2017).

Em Conceição do Tocantins, identificamos o senhor chamado Arlindo Ferreira de Aquino, que outrora tinha sido jogador de cambota. Na ocasião ele rememorou fragmentos desse passado em que jogava rasteira, juntamente com outros companheiros: [...] a gente tirava o sábado só para lutar, ia para beiras dos rios e lutava, jogava bola e depois lutava [...]. O pai dele era chamado Francisco, mas tratavam ele como Negão. Ele era considerado um ótimo capoeirista, conhecido em toda região de Taguatinga, Conceição, Natividade e Arraias, trabalhava na região nas fazendas, vivia no trecho, [...] Seu Alexandre (Moreno) que ainda é vivo em Conceição sabe contar um pouco dessa história [...]. Eu só jogava quando tinha precisão, quando estava enraivado jogava rasteira. Só jogava quando estava com raiva, juntava uns dois ou três e ele era perigoso, ninguém pegava [...]. Quando havia entreveiro ele saia na capoeira e aprendeu astuciando [...]. O pai dele veio do Piauí. Não tinha ninguém ensinando, aprendia olhando, [...] hoje tenho 74 não dou mais pra nada (AQUINO, 2017).

Webson de Melo Teles, Secretário de Esporte e Juventude da cidade de Conceição do Tocantins, atesta que o senhor Arlindo Ferreira de Aquino, foi um jogador de cambota: [...] as pessoas contavam as histórias de seu Arlindo, e depois surgiram outros como Funaro (nego Elton) e Quebraqueixo (Vendedor ambulante de quebra-queixo que andava na região) que quando se encontravam tiravam racha na praça. Seu Arlindo era desse grupo [...] (TELES, 2017)

Professor Bolim, do Grupo Miscigenação destacou que aos 10 anos de idade teve contato com a capoeira, em Taguatinga, por intermédio do Mestre Fumaça: [...] Eu pratico capoeira desde 90, que eu pratico capoeira [...]. Comecei com o Mestre Fumaça da Chapada dos Negros de Arraias e o contramestre Cachorrão e Professor Salário e Professor Rodrigo. Eles que trouxe a cultura da capoeira, foi através deles que veio para Taguatinga [...] (FRANÇA, 2017)

Taipas, o Contramestre Alicate, do Grupo Santa Geração informou-nos que ele foi o pioneiro a ensinar a capoeira nesta cidade, no ano de 2002. Naquela ocasião o referido capoeirista era vinculado a Associação Chapada dos Negros: Lá em Taipas nós iniciamos, no início do ano de 2002. Eu tinha 16 anos de idade, foi lá onde eu comecei dar aula. Foi a primeira capoeira que teve em Taipas. Eu ia sempre. As vezes ficava uns dias lá Na década de 1990 dar-se-á chegada do Mestre Geléia na Região Sudeste do Tocantins. Sua vinda para o Estado aconteceu, via concurso público, para a Banda de Música da Polícia Militar do Tocantins, tendo a maioria dos membros oriundos da região nordeste do país, especialmente dos estados de Pernambuco e Piauí. Ele destacou que após o processo de formação passou a fazer parte da Banda de Música Santa Cecília da cidade de Arraias. Ao chegar em Arraias o capoeirista, filiou-se ao grupo do Mestre Fumaça, permanecendo por um ano. Logo após criou o seu próprio grupo, o Balé Capoeira: [...] Eu criei um grupo aqui de capoeira em 1994 chamado Grupo Balé Capoeira Brasil, meu mesmo com outros direcionamentos de metodologia de ensino, aqui na cidade de Arraias e atuei aqui na cidade de Arraias, Dianópolis e São Domingos/GO [...]”. (SILVA, 2017) Porto Alegre do Tocantins identificamos o ex-capoeirista Efferson Cleiton C. do Nascimento, apelidado de professor Jatobá, que nos informou que foi filiado ao Grupo Atabaque, de Porto Nacional, do Mestre Vareta e que no período de 2000 a 2003 ensinou capoeira, de forma voluntária, no Colégio Estadual Alfredo Nasser, desta cidade

São Valério da Natividade, identificamos o ex-capoeirista Márcio Rodrigues dos Santos, apelidado de Instrutor Peterpan. O ex-capoeirista Peterpan nos informou que no período de 2001 a 2005, realizou diversas ações de forma voluntária nas praças públicas e no Colégio Estadual Regina Siqueira Campos, desta cidade o município de Novo Jardim, identificamos um capoeirista autodidata e estudioso da capoeira. O capoeirista, Jairon Pereira dos Santos, conhecido como Professor Branco contou-nos que iniciou a capoeira em 2002, com um aluno do Mestre Romeu, do Grupo Sol Nascente de Brasília. Em 2011, o Professor Branco filiou-se a Associação Desportiva Cultural de Capoeira Santa Geração, permanecendo até meados de 2017.

Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); Titular da FEI (1977/1979); Titular da FESM/UEMA (1979/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IFMA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 15 livros e capítulos de livros publicados, e mais de 425 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Academia Poética Brasileira; Sócio correspondente da UBE-RJ; Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luís (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Prêmio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Prêmio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; Editor da “ALL em Revista”, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras; Editor da Revista do Léo (20172019), MARANHAY – Revista Lazeirenta (2020-2021, já voltando ao antigo título de “Revista do Léo” (2022); Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.

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