MARANHAY 7 - SETEMBRO 2023

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“ÁGUAS REVOLTAS QUE CORREM CONTRA A CORRENTE” REVISTA DE HISTÓRIA(S) DO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - EDITOR – Prefixo 917536 NÚMERO 07 – SETEMBRO – 2023 MIGANVILLE – MARANHA-Y
MARANHAY

A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.

EXPEDIENTE

MARANHA-Y REVISTA DE HISTÓRIAS DO MARANHÃO Revista eletrônica

EDITOR

Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com

Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luís – Maranhão (98) 3236-2076 98 9 82067923

CHANCELA

Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); Titular da FEI (1977/1979); Titular da FESM/UEMA (1979/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IFMA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 16 livros e capítulos de livros publicados, e mais de 430 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Academia Poética Brasileira; Sócio correspondente da UBE-RJ; Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luís (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Prêmio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Prêmio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; Editor da “ALL em Revista”, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras; Editor da Revista do Léo, a que esta substitui (2017-2019), hoje MARANHAY – Revista Lazeirenta, já voltando ao antigo título de “Revista do Léo”; Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

UM PAPO

A Cidade da Ilha do Maranhão – entenda-se São Luís – completa aniversário, oficialmente, neste mês de setembro. Data do estabelecimento oficial da Colônia Francesa denominada de França Equinocial. Comemora-se essa data, embora haja dúvidas, até hoje, quem realmente fundou a cidade.

A Ilha já havia sido ocupada há pelo menos 9.000 anos – segundo as descobertas mais recentes, de resquícios encontrados no Sítio Roseana, no Bambuzal-Cohama, e ocupado por diversos povos: ceramistas de Mina, Sambaquis, Ceramistas amazônicos, tupis, e por fim, europeus. A fixação se dá a partir de 1594, com a feitoria de Jacques Riffault, Charles DesVaux, e Davi Migan... há registros de que mais de 400 europeus – franceses, portugueses, ingleses, holandeses – por aqui permaneciam algum tempo, negociando com os índios. A última ocupação tupinambá se deu pouco antes da chegada desses europeus, expulsando os tapuias – jes – para o interior e negociando com esses franceses. Só depois veio o estabelecimento da França Equinocial...

E eis que vem um “Deputado Dr.” Que quer mudar a História... claro que não se aceita “adesão ao Império” , e sim, AAnexação, mas daí ao que pretende este ‘representante do povo’, equivocadamente fazer...

Aos poucos, vamos desvendando nossa(s) história(s)...

SUMÁRIO EXPEDIENTE 2 EDITORIAL 3 SUMÁRIO 4 S. RAIMUNDO NONATO DOS MULUNDUS 5 SÃO RAIMUNDO, DOS MULUNDUNS - QUEM – OU O QUÊ – FESTEJAR? LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ 6 HANDEBOL NO MARANHÃO: ALGUMAS NOTAS MAIS... LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ 10 O ÚLTIMO MISSIONÁRIO JESUÍTA DA AMÉRICA PORTUGUESA, MORTO PELO MARQUES DE POMBAL DIOGO GALHARDO NEVES 44 O GUILHERME QUE ERA WILLIAM RAMSSÉS SILVA 48 UM BRAVO MARANHENSE JERONIMO DE VIVEIROS 50 O NATAL DE 1728 E A "RAINHA ESTHER DO MARANHÃO" RAMSSÉS SILVA 52 ESCUDO DA PREFEITURA DE SÃO LUIS CRIADO POR SÓCIOS DO IHGM 56 NOTA DE REPÚDIO 57

S. RAIMUNDO NONATO DOS MULUNDUS

Existem duas romarias católicas mais conhecidos no Maranhão: a de São José de Ribamar e a de São Raimundo Nonato, em Vargem Grande. Ambas as tradições fazem parte do circuito expositivo de longa duração do CCPDVF.

Ana Socorro Braga (1998), em monografia do Curso de Educação Artística da UFMA informa que “a devoção a São Raimundo está relacionada às estradas de boiadas que serviam de caminho para o gado que era transportado pelos vaqueiros para as grandes fazendas escravagistas e produtoras de algodão do Vale do Itapecurú”.

Na romaria de São Raimundo um lugar importante é ocupado pelos cavaleiros, em número de mais de mil, que acompanham a procissão e participam em grupos. É realizada no final do mês de agosto quando parte da cidade se transforma num grande arraial, recebendo inúmeros visitantes e filhos da região, que vivem em outros lugares. É precedida por um período de novenas e ladainhas e no dia de São Raimundo (30/08) se realiza um grande cortejo ao povoado de Paulica, localizado há alguns quilômetros da cidade, levando a imagem do santo pela manhã e trazendo-a de volta ao fim do dia.

Os participantes vão a pé, de automóvel ou a cavalo. Em Paulica realiza-se uma missa campal, os devotos depositam ex-votos, fazem um grande acampamento e apresentações da cultura popular. São Raimundo foi um bispo espanhol que teria vivido na Idade Média, mas em Vargem Grande dizem que houve um vaqueiro de nome Raimundo, que viveu na fazenda dos Mulundus, há cerca de 30 kms da cidade, morreu ao bater com a cabeça numa carnaubeira e seu corpo teria ficado intacto, dando início à romaria.

REFERÊNCIAS:

FERRETTI, S. Os roteiros da fé no Maranhão. São Luís, 2018. Imagens do acervo CCPDVF.

SÃO RAIMUNDO, DOS MULUNDUNS - QUEM – OU O QUÊ –FESTEJAR?

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

Academia Poética Brasileira

Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão

Academia Ludovicense de Letras

O Dia do Vaqueiro é 29 de agosto (Lei Federal 11.797/2008). No terceiro domingo de julho é comemorado o Dia Nacional do Vaqueiro Nordestino. O vaqueiro é responsável por realizar o tratamento de pastos e outras plantações para ração que alimentam o gado, também realiza ordenha e mantém todos os cuidados com o animal. Dia Nacional do Vaqueiro - 29 de Agosto - Calendário 2023 (calendario.online)

Já no Maranhão, o festejo de São Raimundo Nonato dos Mulundus, o santo vaqueiro, protetor e padroeiro dos vaqueiros, é um novenário – de 22 a 31 de agosto, dia em que ele faleceu (ou foi encontrado morto?), na antiga fazenda, hoje povoado, Mulundus, a 30 km de Vargem Grande (MA).

A ORIGEM DOS MULUNDUNS

Para o austríaco Ludovico Schwennhagen, o Maranhão existia, como a república dos tupinambás, já antes da fundação de Tupaón. Os sete povos tupis, que tomaram posse do norte do Brasil, cerca de 1500 anos A.C., entram pela foz do rio Parnaíba, procurando as serras em ambos os lados desse rio. Do lado oriental ficam os tabajaras, do lado ocidental os tupinambás; os outros cinco povos estenderam-se para o sul e sudeste. Todos os sete povos formaram uma confederação e as Sete Cidades (no Piauí) eram a capital federal, isto é, o lugar, onde se reunia todos os anos o Congresso dos Sete Povos. (SCHWENNHAGEN, 1925).

Mas a harmonia não ficou sempre intacta; por quaisquer motivo desligaram-se os tupinambás da confederação e constituíram seu próprio congresso, ao lado ocidental do Parnaíba, em Mulundús.

Os tupinambás já eram grandes senhores, tinham ocupado a maior parte do interior do Maranhão, tinham fundado mais de cem colônias no Grão Para, Amazonas e Mato Grosso e precisavam dum centro nacional para conservar a unidade da nação dos tupinambás.

Esse centro era Mulundús, onde se reuniam todo os anos os delegados de todas as regiões, ocupadas pelos tupinambás. Nas cartas e relatórios do padre Antonio Vieira encontram-se muitos indícios desses factos. Ele relata que alguns dos seus amigos tupinambás lhe contaram que no interior do Maranhão se reúnem os delegados de todas as aldeias que falam a mesma língua geral, e pediram ao padre mandasse para lá um sacerdote católico para celebrar missa, dentro da grande reunião do povo. Assim o antigo congresso de Mulundús ficou transformado numa festa cristã, dedicada à memória de São Raimundo, como ainda agora se faz. Sempre, porém, essa festa conservou o caráter dum congresso popular, para onde veem de longe, de Goiás, Mato Grosso e Pará amigos, parentes e comerciantes daquelas regiões que pertenciam antigamente ao grande domínio dos tupinambás. Ludovico Schwennhagen

A região que compreendia Itapecuru Mirim, Vargem Grande, Chapadinha, Brejo, Anajatuba, Manga do Iguará (Nina Rodrigues), Araioses, Cantanhede e outras existia grandes fazendas de gados o que justifica as centenas de vaqueiros devotos do Santo espanhol, que segundo a lenda, enquanto fazia suas orações

a Virgem Maria esta enviava um anjo para guardar os rebanhos sob os seus cuidados, daí a ter um “representante” conterrâneo melhor ainda.

Muito propícia a criação de gado que eram comercializados no Arraial da Feira atual Itapecuru Mirim ou transportada para São Luís via rio Muni. As crianças desde muito cedo começavam a aprender o mister de vaqueiro, que era a função de maior status entre os escravos. A profissão de vaqueiro passava dos pais para os filhos.

O FESTEJO DE SÃO RAIMUNDO NONATO DOS MULUNDUS

Mas, qual ‘Raimundo Nonato’??? O Vaqueiro, morto, e reverenciado como santificado? O filho da fazendeira, curado por intercessão do Santo (vaqueiro)? Ou o santo espanhol?

RAIMUNDO NINA RODRIGUES, O FILHO DA PROMESSA

O filho da promessa, Raimundo Nina Rodrigues o mais ilustre filho da terra, foi médico legista, psiquiatra, professor e antropólogo. Faleceu em 1906.

O pequeno Raimundo nasceu no dia 4 de dezembro de 1862, porém foi uma criança com a saúde frágil e mais uma vez Dona Luiza recorreu ao Santo pedindo proteção e saúde ao filho e em troca prometeu fazer vir da Espanha uma imagem autêntica confeccionada na oficina sacra da terra natal de São Raimundo. Quando o filho atingiu a juventude a imagem foi encomendada. A trajetória da imagem foi difícil. Ela foi enviada à Portugal de lá foi feito o translado de navio para a capital, São Luís, depois foi levada de barco a vapor até Itapecuru –Mirim quando as autoridades locais e eclesiásticas a transportaram até a igreja de São Sebastião e depois à Mulundus. A chegada da imagem ocorreu no penúltimo quartel do século XIX. Blog da Jucey Santana: SÃO RAIMUNDO DOS MULUNDUS

Por volta dos anos 30 do século XIX, o tenente-coronel Antonio Bernardino Ferreira Coelho adquiriu o Engenho Primavera que outrora pertencera a madrinha do vaqueiro Raimundo Nonato. Na constância do cargo de Deputado Provincial Antonio Bernardino transferiu a Vila de Olho d’Agua para Vargem Grande em 1845. No final dos anos cinquenta o deputado vendeu o Engenho Primavera ao coronel Francisco Solano Rodrigues. Ao comprar as terras adquiriu também a escravatura dos antigos proprietários com todos seus costumes e crendices. No local se estabeleceu com a família depois do casamento com a senhora Luíza Roza Nina Rodrigues, onde tiveram sete filhos: Djalma, Joaquim, Raimundo, Themístocles, Antônio, Saul, e Maria da Glória. Blog da Jucey Santana: SÃO RAIMUNDO DOS MULUNDUS

Dona Luíza figurou como responsável pela festa durante muitos anos sendo seguida por seu filho o capitão Saul Nina Rodrigues que mesmo residindo no Engenho São Roque em Anajatuba, gerindo os negócios da família mantinha negócios em Vargem Grande tendo continuado como Mordomo da festa. Dona Luiza faleceu em 17.12.1911.

O tenente- coronel Francisco Solano Rodrigues, foi juiz de direito, Comandante Superior da Guarda Nacional, da Vila de Vargem Grande, deputado constituinte, Presidente da Câmara de Anajatuba e grande benfeitor de Vargem Grande, tendo cedido uma das suas casas para servir de cadeia pública à Vila.

Desde o início do Século XX, começaram as campanhas pela imprensa, pelos moradores e principalmente pelos comerciantes para a transferência da festa para a sede de Vila de Vargem Grande. O povoado de Mulundus, era desprovido de estrutura adequada para a celebração da festa que havia se tornado muito grande.

Porém os tradicionalistas resistiam, por achar que a festa deveria permanecer no local onde iniciou. Foram anos de negociações para solucionar o impasse. Somente em 1953, na gestão do arcebispo Dom José

Medeiros Delgado, houve a transferência da festa para Vargem Grande, passando a ter uma maior projeção. Os conservadores, no entanto, inconformados continuaram celebrar São Raimundo Nonato em Mulundus, que em consenso a igreja fixou a data do evento no povoado para o mês de outubro e assim respeitando a religiosidade popular. A festa reúne féis de todo o Maranhão também de outros Estados, em pagamentos de promessas.

O SANTO ESPANHOL, SÃO RAIMUNDO NONATO

Foi um doutor da igreja, um grande Bispo e mártir da fé católica. Roga por nós, São Raimundo! (em catalão: Ramon Nonat, em castelhano: Ramón Nonato) é um santo católico romano que viveu no século XIII e se rebelou contra a escravidão, que na época era tida como natural. Raimundo recebeu a alcunha de Nonato ("não nascido") porque foi extraído do ventre de sua mãe, já morta antes de dar-lhe à luz, ou seja, não nasceu de uma mãe viva, mas foi retirado de seu útero, algo raríssimo à época. São Raimundo NonatoDiocese de São José do Rio Preto/SP (bispado.org.br)

Por isso é festejado, no dia 31 de agosto, como o patrono das parteiras e obstetras. Em 1224 entrou na Ordem de Nossa Senhora das Mercês, que era dedicada a resgatar os cristãos capturados pelos muçulmanos levados para prisões na Argélia. Mas ele não queria apenas libertar os escravos, lutava também para manter viva a fé cristã dentro deles. Capturado e preso na Argélia, converteu presos e guardas, mas teve a boca perfurada e fechada por um cadeado para não pregar mais. Após sua libertação, foi nomeado em 1239 cardeal pelo papa Gregório IX, todavia no início de seu caminho a Roma padeceu violentas febres pela qual morreu. Servilio Conti. O santo do dia.- 10. ed revisada e atual - Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. Raimundo Nonato – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Em “A história de São Raimundo Nonato dos Mulundus”, a professora Dolores Mesquita diz que Mulundus era uma fazenda de “umas brancas da família Faca Curta”, ricas e donas de muitos escravos. O racismo é impedimento à santificação de negros no Brasil (geledes.org.br)

O fato: Raimundo Nonato, com outros vaqueiros, caçava uma rês desgarrada e sumiu. Dois dias depois foi encontrado morto: o corpo conservado e exalando um perfume! O povo entendeu que virara um santo. Não houve enterro. O corpo sumiu! É um mistério! Segundo os escravos Raimundo, Secundio, Quirino, Martiniano, Macário, Zé Firino, Militão e José Cabral, os padres levaram o corpo para Roma. Mistérios e farsas sobre são Raimundo Nonato dos Mulundus | O TEMPO

No local do acidente foi feita uma capela de palha (depois o santuário de são Raimundo dos Mulundus, hoje em ruínas), e, chefiados por Macário Ferreira da Silva, criaram um novenário, que se encerrava no dia de sua morte, 31 de agosto. “Isso pelos anos de 1858, mais ou menos” (Dolores Mesquita).

Em 1858, já era rezada a novena, e havia uma capela de palha para o santo vaqueiro, a partir da qual foi erguido o Santuário de são Raimundo Nonato dos Mulundus, de rara beleza; e entre 1901 e 1908, o padre Custódio José da Silva Santos, de Vargem Grande, celebrava a festa em Mulundus “Apesar do abandono em que vive, o altar onde celebram as solenidades religiosas permanece firme, sendo resistente ao sol e à chuva; diz o povo que não cai porque são Raimundo protege aquele santo lugar”. O racismo é impedimento à santificação de negros no Brasil (geledes.org.br)

Muito religiosa Dona Luiza, quando chegou já encontrou a capelinha em Mulundus que fazia parte da propriedade da família. Passou a fazer a manutenção e incentivar o culto a São Raimundo Nonato. Em 1862, enquanto gestava um dos seus filhos se sentiu muito doente então fez promessa, que se tivesse um bom parto, o filho receberia o nome do Santo, porque além de protetor dos vaqueiros é invocado como patrono e protetor das parturientes e das parteiras, porque durante o seu nascimento a sua mãe faleceu e ele foi extraído vivo.

Após a Proclamação da República (1889), Mulundus foi comprada pelo coronel Solano Rodrigues, cuja mulher, dona Luíza, em pagamento a uma promessa ao santo vaqueiro, mandou fazer em Portugal uma

imagem dele que custou 1 conto e 700 réis, pela cura da pneumonia de seu filho Saul Nina Rodrigues, advogado, irmão do médico Nina Rodrigues.

Até 1908, os padres celebravam missa no santuário de Mulundus. Em 1930, o arcebispo de São Luís proibiu o festejo, alegando ser profano! As perseguições do oficialato católico ao santo vaqueiro beiram a insanidade e a ganância. O povo manteve a devoção, sem padre e sem missa.

Em 1954, o arcebispo dom José Delgado, acoitado pela polícia, “mudou”, como se fosse dono de uma obra popular, o Santuário de Mulundus para Vargem Grande, dando-lhe novo nome: Santuário de São Raimundo Nonato, bispo espanhol da ordem dos mercedários (1204-1240), santificado! Os romeiros não arredaram de Mulundus!

A arquidiocese decidiu disputar com Mulundus e dividir a fé do povo: “Comprou 180 hectares da fazenda Paulica, a 7 km de Vargem Grande, e fez uma capela para onde os romeiros em procissão conduzem a imagem de são Raimundo Nonato (o bispo espanhol) no dia 22 e a trazem de volta para a igreja no final do dia” (professora Dolores Mesquita).

O VAQUEIRO RAIMUNDO NONATO

Para Marcus Ramusyo de Almeida Brasil, A história de São Raimundo Nonato dos Mulundus está envolta em narrativas de mistério, fé e devoção, no contexto das crenças populares e das práticas performáticas socioculturais que as engendram. São Raimundo Nonato dos Mulundus, o santo vaqueiro: travessias da religiosidade em movimento | Domínios da Imagem (uel.br):

Raimundo Nonato Soares Cangaçu nasceu em 31 de outubro de 1700, no povoado de Vargem Grande. Veio a falecer no dia 31 de agosto de 1732. Revela a memória coletiva que o vaqueiro Raimundo Nonato estava cavalgando em velocidade pelas matas quando bateu com seu cavalo em uma árvore. Tanto ele quanto seu cavalo ficaram combalidos, ali pereceram e morreram. No entanto, ao entrar em estado de decomposição, em vez de feder e ser comido pelos vermes, o corpo de Raimundo Nonato se santificara, emanava, então, perfume de flores. Nasceu, ali, linda vegetação. O local de sua morte tornou-se lugar de peregrinação com o passar do tempo. Seu nome se manteve forte no imaginário popular do sertanejo da região, vindo a se tornar o santo protetor dos vaqueiros e daqueles que vivem nos rincões do Maranhão profundo, através de quase 300 anos de tradição. (MELO, 2016, Nágela Mila de. São Raimundo Nonato dos Mulundus em Vargem Grande – MA: uma experiência estética. Licenciatura em Artes Visuais –Departamento da Licenciatura em Artes Visuais do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – Campus Centro Histórico, 2016. Monografia em Artes Visuais.)

E Laércio liga, perguntando quando a Federação de Handebol foi regularizada... Lembrando, que ela foi fundada em 1974, pelo próprio Laércio, porém não foi registrada em cartório a ata de fundação, tampouco junto ao então CRD.

Em depoimento, Laércio afirma que era mais fácil, à época, estar junto da FMD – por onde as Federações de então, e os esportes em geral, participavam de eventos nacionais e regionais. Não houve preocupação em ‘criar/fundar’ a federação especializada, pois funcionava, então, como um departamento da FMD. Laércio já trabalhava no antigo DEFER, junto a Cláudio Vaz e depois, Carlos Alberto Pinheiro. Em 1979 foi criada a SEDEL, ao mesmo tempo em que a FMD se transformou de eclética em especializada, cuidando apenas do futebol – FMF; então, iniciou-se um processo de regularização das Federações existentes

Basquetebol e Handebol, e a criação das demais. Fui encarregado dessa tarefa, como assessor da Coordenação de Esportes.

Participei da fundação de onze – ou mais – federações especializadas... e da regularização da de Handebol, adaptando os estatutos à nova legislação...

Não se sabe, exatamente, quando começou a prática do Handebol; depoimentos de alunos/atletas da então ETFM, e mesmo dos Maristas, afirmam que foi introduzida ainda na década de 1960 pelo prof. Braga.

HANDEBOL NO MARANHÃO: ALGUMAS NOTAS
MAIS...

Depois, houve alguns cursos de proficiência e eficiência em educação física – os alunos mais tarde foram equiparados à licenciados, assim como os egressos dos cursos de monitores de sargento do exército e oficiais de educação física.

Na década de 1950, eram organizadas duas competições esportivas escolares; os jogos promovidos pelo médico Carlos Vasconcelos – delegado do MEC no Maranhão -, e os Jogos Intermunicipais, que era voltado para o interior, promovidos pelo Estado, com Mary Santos à frente, participando deles as escolas da Capital e de algumas cidades do interior:

A Mary Santos era do Estado, da Secretaria de Educação e Cultura, onde tinha uma Secretaria de Esporte, Secretaria de Educação Física do Estado, era Serviço de Educação Física do Estado [Fundado em 42 pelo médico Alfredo Duailibe]. Alfredo é meu cunhado até hoje, [...] ele era médico, ele foi o único médico em Educação Física no Maranhão era o Alfredo Duailibe, é o doutor Carlos Vasconcelos.

A Mary estava no Estado, a Ildenê, no Município. A Ildenê era Secretaria de Educação e a Mary era de Educação Física. Era diretora do Serviço de Educação Física. (VAZ DOS SANTOS, ENTREVISTA).

MARY SANTOS

ATLAS
DO ESPORTE NO BRASIL – 2006 – WWW.ATLASESPORTEBRASIL.ORG.BR

Cabe lembrar, aqui, que em 1952, no dia 24 de abril, em O Combate, era anunciado a abertura do CURSO DE EDUCAÇÃOFÍSICAparaodia1ºdemaio:serianoAeroClubedoMaranhão,einiciativadeRubemTeixeira Goulart.

Em meados da década de 1950 - 1956, o Dr. Carlos Vasconcelos, então delegado do MEC no Maranhão, especializado em Educação Física, começa a promover os “Jogos Intercolegiais”.

Sá Vale, Inesio, Carlos Vasconcelos, Luiz Vieira, Para (irmão de Canhotinho) Reinaldo Lira, Silvino Goulart, Jaime Santana e Aziz Tajra

Geraldo Menezes, coordenador de esportes do Maristas na época, lembra desses jogos, que participou já em seu final:

“O Carlos Vasconcelos era um médico de educação física e era o delegado do MEC, unia os grandes colégios da capital, mais Escola Técnica, e fazia uma competição com esses colégios; nessa época não havia limite de idade, então todos os alunos poderiam participar. Então o que acontecia os jogos escolares era assim uma espécie de vitrine do esporte maranhense, por exemplo, os times de futebol selecionavam atletas estudantes para o profissionalismo dessas competições. De onde saiam a grande maioria desses atletas: Escola Técnica, Liceu Maranhense, e alguns do Colégio Marista, muito pouco do Colégio Maristas. Do Colégio Marista saiu: Canhotinho, saiu Adalpe que hoje é juiz em Imperatriz, saiu um que chamavam, um escurinho que chamavam Pula-Pula, a da Escola Técnica saiu Gojoba, Alípio, Alencar, Chamorro, Milson do Liceu Maranhense... Houve época em que o Sampaio Correia era presidido pelo Prof. Ronald Carvalho e os atletas eram ex-alunos ou alunos da Escola Técnica, Liceu Maranhense, Colégio de São Luís e Colégio Maristas; não havia jogador de fora, era a base estudantil.". (MENDONÇA, José Geraldo Menezes de. In Entrevista).

Fala-se muito que a introdução do Handebol no Maranhão foi do Dimas. Há indícios de que antes Darcimires do Rego Barros1, veio dar um curso de Educação Física, e teve uma parte do curso dedicada ao Handebol. Isso, em 1958. Em “O Combate” de 19 de abril, é confirmado o Curso de Educação Física, ministrado por Ingrid Woolkben e Darcimires do Rego Barros, através de um convenio com a Divisão de Educação Física do MEC. O curso iniciaria a 20 de abril, na sede do Litero Portugues, e seria o II Curso de Educação Física para rapazes e moças.

1 Darcymires Ismaelino do Rêgo Barros | Escavador

A Profa. Ingrid já estivera no Maranhão, no ano anterior (1957) ministrando cum Curso de Educação Física para moças. Em 23 de maio de 1957, o Dr. Carlos Vasconcelos anunciava que o SESC estaria oferendo um CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA MODERNA para moças. O dr. Carlos Vasconcelos era, então, Diretor de Educação Física do Estado, e vice-presidente do CRD. O curso seria ministrado pela profa. Ingrid, especializada em educação física feminina moderna, e de daria no período de 31 de maio a 05 de junho.

Em1956,oDr.CarlosVasconcelos,entãodelegadodoMECnoMaranhão, especializadoemEducaçãoFísica, começa a promover os “Jogos Intercolegiais”. O certo, que há registros – memórias - de que o handebol fosse praticado durante os jogos estudantis criados pela profa. Mary Santos, ainda nos anos 1960... Alguns, falam que nos anos 1950.

Mary Santos, carioca, jornalista e formada em Educação Física, pela Escola Nacional de Educação Física, veio para o Maranhão para ser Diretora do Departamento de Educação Física da Secretaria de Educação do

Estado, cujo objetivo era divulgar a Iniciação Esportiva em nosso Estado, tendo apoio de José Sarney que era o Governador do Estado naquela época.

Embora na biografia de Mary Santos haja a informação de ser carioca e tenha vindo para o Maranhão a convite de Sarney, vamos encontrar que, em 1942, o Governo Federal distribui bolsas para a recém-criada Escola Nacional de Educação Física e o então prefeito de São Luís, Pedro Neiva de Santana, convidou o jovem médico Alfredo Duailibe para cursar especialização em Medicina Desportiva, juntamente com Rubem Goulart, Mary Santos, Maria Dourado e Lenir Ferreira, estes, para cursarem Educação Física.

Aoregressardeseucurso deespecialização(1943), oInterventorPaulo Ramos nomeouoDr.AlfredoDuailibe para trabalhar no Departamento Geral de Instrução Pública, propondo ao Prof. Luiz Rêgo, então seu Diretor, a criação do "Serviço de Educação Física". Em abril, dava início a uma nova fase da Educação Física no Maranhão: os alunos da rede pública e privada seriam submetidos a exames periódicos de saúde e a adoção da prática da educação física nas escolas...

Um ano antes,ohojeCoronel PM reformado, Eurípedes BernardinoBezerra foraparaaEscoladeEducação Física do Exército fazer o Curso de Sargento Monitor de Educação Física.

Alguns falam que nos anos 50 o Handebol já era praticado. Recorremos a Aymoré de Castro Alvim2 para esclarecer esse ponto:

Era uma quarta-feira, dia de sueto ou folga no Seminário. Pela manhã, após o café, havia jogos de futebol, voleibol e handebol. À tarde, após a merenda, podíamos receber visitas de parentes (de amigos não, pois poderiam vir namoradas no pacote) ou, então, sair para fazer compras do que se precisasse ou mesmo visitar parentes que não podiam ir ao seminário. Mas, sempre acompanhado por um colega mais velho e de confiança. Sozinho, nem pensar. Numa dessas quartas-feiras, eu já me encontrava no pátio com Osmar, Viana, Sarenga, Biné Curau, Salamargo, Quiba e outros aguardando o padre Aloísio escalar as duas equipes de futebol. […].

[Ao que perguntei, em seu Face: Leopoldo Gil Dulcio Vaz] “Confrade, lindo!!! Que ano foi isso? Como eram as práticas esportivas no Seminário? Você fala em handebol; mas só foi introduzido no Maranhão na década de 60, na ETFM, em jogo de exibição, depois no final dos anos 60, início dos anos 70; seria o mesmo esporte? Ou seria o espirobol?”. Pois bem, hoje recebo a resposta:

Aymoré Alvim “Meu caro confrade, o jogo que chamávamos handebol era mesmo com a mão, mas havia um mastro com uma corda na ponta e na outra ponta da corda uma bola. O mastro ficava no cruzamento de 2 duas retas que delimitavam 4 espaços onde ficava 1 jogador em cada um, distribuídos alternadamente. Dois companheiros quando pegavam a bola faziam de tudo para os outros dois adversários não pegar. Se ocorresse invasão do campo adversário perdia a bola e ponto. Era mais ou menos isso que chamávamos handebol. Quando vi muito depois aqui fora até como esporte olímpico achei esquisito”.

Era mesmo espirobol… conforme Moema de Castro Alvim, irmã do Aymoré, as meninas também o jogavam, já, em Pinheiro lá pelo final dos anos 50…

2Aymoré Alvim – VERGONHA DAS VERGONHAS. (Do livro: Memórias de um seminarista. A publicar). VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. BLOG DO LEOPOLDO VAZ HANDEBOL NO MARANHÃO – já se jogava na década de 50 (??)… disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2013/08/15/handebol-no-maranhao-ja-se-jogava-na-decada-de-50/

O que é confirmado por Cláudio Vaz dos Santos:

Nós não tínhamos professor de Educação Física, nem leigo; nós tínhamos apenas os irmãos Maristas, que nos colocavam para praticar esporte, era: o futebol de campo e o espiribol; o Basquete, o vôlei não existia também; nossa prática maior era o futebol de campo, onde é hoje o [Hotel] Vila Rica, ali era o nosso campinho de futebol, pagávamos 500 réis para o Colégio Marista para participar; depois do almoço arregaçávamos as calças antes de começar as aulas, nós praticávamos esporte de 12h30min até às 13h30minh. Nós saíamos suados, eu me lembro desse detalhe... Passávamos todo dia, nós praticávamos e pagávamos 500 réis, nesse tempo era réis. (VAZ DOS SANTOS, ENTREVISTA).

A 26 de março de 1960, é anunciado pelo representante da Divisão de Educação do MEC, o dr. Carlos Vasconcelos, que moças e rapazes de São Luís poderiam se candidatar a uma vaga – bolsa – para cursas educação física no Recife, escola equiparada à Faculdade Nacional de Educação Física.

No final dos anos 60, o setor de educação física está reorganizado; a profa. Mary Santos dirigia o Departamento de Educação Física no Estado, e havia um outro no Município, dirigido pela Profa. Dinorá. Foi a época da implantação da Educação Física voltada parta o esporte; toda a Educação Física era voltada para esportes. As escolas começam a montar seus departamentos especializados em esportes, em função dos Jogos que eram promovidos pelo Carlos Vasconcelos. São montadas as escolinhas, depois oferta bolsas para atletas que se destacavam nas competições. Esses jogos eram promovidos pela Mary Santos

uns jogos promovidos pelo Departamento de Educação Física do Estado, e os do Carlos Vasconcelos, delegado do MEC. Depois, vieram os Festival Esportivo da Juventude primeiro, e JEM’s em seguida.

Cláudio Vaz, criador dos JEM’s, nos esclarece como eram aqueles jogos organizados pelo Dr. Carlos Vasconcelos, delegado do MEC no Maranhão:

"... eu conheci Carlos Vasconcelos me convidado para apitar os jogos dele, do MEC; mas eram jogos na quadra do Cassino Maranhense, o nível técnico limitadíssimo voleibol, o basquetebol por incrível que pareça o basquetebol era um muito fraco. As mulheres jogavam de saia, não existia praticamente nada, o voleibol era um pouquinho mais desenvolvido, mas em termos de jogos era mais uma participação, quase uma obrigação em participar, não tinha aquela dedicação espontânea dos colégios em praticar, não praticavam, não podiam participar nos

jogos, então quem não praticava o ano todo, não tinha nada para mostrar. Não tinha Educação Física, não tinha desporto, era muito limitado esse trabalho, eu me lembro como se fosse hoje...". (VAZ DOS SANTOS, Cláudio. Entrevista).

J. Alves se refere aos esportes na década de 60, onde já havia “Olimpíada Estudantil”, promovidas por Carlos Vasconcelos e Mary Santos:

Inclusive, com o Carlos Vasconcelos, dirigindo essa competição, nós tivemos a honra de ser vicecampeão olímpico, pelo Liceu, na modalidade de Futebol, disputando como sempre com a Escola Técnica Federal; hoje CEFET... a competição para sua época era, o que é a competição que hoje se realiza, que são os Jogos Escolares Maranhenses, ela tinha a mesma importância que o JEM’s tem agora, agora o número de participantes era muito menor, também não poderia deixar de ser, não poderia ser diferente, é hoje a coisa cresceu se modificou, principalmente quando o Cláudio Vaz assumiu a Coordenadoria de Esporte de Prefeitura, foi que começou a mudar, porque ele tirou essa história de olimpíadas e colocou Jogos Esportivos da Juventude, realizou dois e a partir do segundo apareceu, um moço chamado professor Dimas, que já vivia no meio à muito tempo e graças a uma viagem que ele fez a Belo Horizonte se não me falha a memória, para assistir aos Jogos Brasileiros foi, viu, trouxe a informação possível dessa competição Nacional, que era promovida pelo Ministério da Educação e a partir da sua volta no ano seguinte, já foram realizados não os terceiros jogos esportivos da juventude, mas sim os primeiros Jogos Escolares Maranhenses, em cima da sigla da competição Nacional que é JEB’s, então eles só tiraram o B de Brasil e botaram M de Maranhão, nos Jogos Escolares Maranhenses, aliás Jogos Estudantis Maranhenses, que era Jogos Estudantis Brasileiros, depois Jogos Escolares Brasileiros (risos) passou para Jogos Esportivos da Juventude e hoje já tem um monte de confusão, cada ano eles mudam. Hoje tem Olimpíada, tem jogos da Juventude, tem mais não sei o que.

Comoseobserva,nãoháreferênciaaoHandebol..., mas,paralelamente,haviaos“JogosEscolaresdas Escolas Públicas”, promovidos pelo Departamento de Educação Física do Estado, chefiado pela Profa. Mary Santos. Para Geraldo Menezes – coordenador de esportes do Colégio Marista nos anos de 66 a 72, a educação física no final da década de 1950 era voltada para a Ginástica Calistênica, onde se faziam exercícios de corrida, saltos, flexões, agilidade; erapuxadaparaolado militar: “...nós começamos amontarumaequipedetrabalho voltada para a prática desportiva. Então nós começamos a montar as escolinhas das diversas modalidades, e para cada escolinha nós buscamos um professor experiente na área. Esta montagem já para prática esportiva era em função dos Jogos que eram promovidos pelo Carlos Vasconcelos, ela já tinha o objetivo de preparar os alunos paraadisputa,atéporquenós estávamos fazendodoesporteum Marketingpromocionaldo Colégio, está certo; fazer com que o Colégio saísse das quatro paredes e marcasse presença na sociedade; era o objetivo maior, era esse. A equipe de professores, nós tínhamos o professor Furtado – Atletismo; eu coordenava e dava Futebol de Salão - fui inclusive o 1º campeão de Futebol de Salão masculino, e o 1º campeão de Handebol Feminino - coordenava os esportes e tomava conta do Futebol de Salão e do Handebol feminino, o handebol masculino era o professor Dimas; em 66, tinha o Paulo Macedo que dava Futebol e voleibol. Aí, nós começamos montando as escolinhas, depois nós expandimos, começamos a oferecer bolsas para atletas que se destacavam nas competições, nós levávamos para o Maristas. Esses jogos eram promovidos pela Mary Santos – uns jogos promovidos pelo Departamento de Educação Física do Estado e os do Carlos Vasconcelos, delegadodoMEC ...as bolsasjáforam noperíododo Festival EsportivodaJuventudeprimeiro, e JEM’s em seguida. Levamos para o Colégio Marista, uma geração de atletas, contribuindo para a formação de treinadores, por exemplo, Carlos Tinoco, Paulão, Gil - Gilmário Pinheiro, do Voleibol -, e eles entraram no Maristas como atletas, Raul Goulart. Nós formamos um time com esses atletas. Depois eles deixaram de ser alunos e viraram treinadores: o Gil ficou como professor de vôlei, o Paulão - já foi em 75, 76 - treinador de Basquete, Carlos ficou com o Vôlei, levamos Biguá para o Colégio Marista para colaborar no Handebol, e aí completou a equipe, comigo no Futebol de Salão, com o Dimas na Ginástica e Handebol..."

(MENDONÇA, José Geraldo de. In Entrevista)..

Em 1967, o Professor Nelson Gomes da Silva, contratado através de um convenio entre os Estados de São Paulo e do Maranhão, ministrou o primeiro curso de Handebol, em 120 dias,com uma turma de 25 candidatos; após o término de curso foi realizado o primeiro jogo de Handebol entre os participantes dele. Relação dos Participantes:

Ana Rosa de Sousa Silva; Benedita Duailibe; Clarice Barros Rocha; Dinorah Pacheco Muniz; Elena da Conceição Pereira; Florileia Tomasia de Araujo; Felicidade Mendes de S. Nascimento; Ivete D´Aquino Castro; Ivone da Costa Reis; Julio Elias Pereira; Maria José Reis Maciel; Maria das Graças R. Pereira; Maria da Conceição Sá Melo; Maria da Gloria Castro Fernandes; Maria de Jesus Carvalho de Brito; Maria do Rosário Silva Maia; Maria do Rosário Silva; Maria da Conceição Santos Sousa; Neide Moreira da Silva; Odineia Trompa Falcão; Pedro Ribeiro Sobrinho; Reginaldo Heluy; Sebastiana de Carvalho Pires; Sonia Maria dos Santos Rezende.

O Handebol já era disputado quando da realização do 3º. Campeonato Intercolegial, organizado pelo Serviço de Educação Física, Recreação e Esportes, sob a direção de Mary Santos, EM 1970. O Batista foi o campeão de Handebol (randebol); nas demais modalidades disputadas: Liceu Maranhense (Basquetebol e Futebol de Salão); São Luís (Voleibol Masculino) e a Escola Normal (Voleibol Feminino). Os municípios cujas equipes foram campeãs de suas chaves são: Pedreiras, Esperantinópolis, Timon, Chapadinha, Itapecuru, Guimarães, Cururupu, Pinheiro, Peri-Mirim, Codó, Zé Doca, Colinas, Paço do Lumiar, Primeira Cruz, e Humberto de Campos. (Fonte: SANTOS, Mary. Educação (Crônicas). São Luís: SIOGE, 1988, p. 111-112)

Segundo Dimas,em 1970,atuamcomo professordeEducaçãoFísica,em SãoLuís: noBatista:Rubem Goulart tinha morrido, e Dimas assume seu cargo; no Marista: Eurípedes, Nego Júlio e Furtado; no Ateneu não tinha mais ninguém:

Nego Júlio é íntimo nosso, era Major Júlio. Júlio que inclusive participou daquela primeira demonstração que eu dei, eram os professores de lá, ele e Eurípedes, tanto que ele já me conhecia daí, tanto que depois eu vou fazer um comentário disso, e Furtadinho - Furtado já estava trabalhando aqui nessa época. (DIMAS, entrevistas).

Havia outros professores, trabalhando nessa época:

Era Odinéia; Clarice; tinham muitas; Maria José;... Antes dessas tem outras, Ildenê Menezes, na época foi Secretaria de Educação; Dinorah - e eram duas irmãs - Dinorah... - e a primeira academia que hoje é essa Academia [São Francisco] vou falar sobre isso -, Clarice Lemos; Dinorah e Celeste Pacheco, elas eram irmãs - Pacheco; Graça Helluy, Ah!, tinha muita gente ... Luiz Aranha; nessa época eu acho que já dava aula o Rui [Guterres], marido de Cecília [Moreira]; o Batista que era da Polícia; acho que Cavagnac, tem mais gente..." Aldemir Mesquita lembra-se dos professores que atuavam na antiga Escola Técnica Federal do Maranhãohoje, IF-MA:

Aqui na época na Escola, eu fiquei assistente do Jafe [Mendes Nunes], de futebol de salão... Jafe, radialista, um dos maiores cronistas do Maranhão. Jafe na parte de futebol de salão, eu ficava dando assistência a ele no futebol de salão, e ficava com o handebol, depois quando ele pouco só vinha em época de seleção para treinar, eu passei a assumir definitivamente o futebol de salão. Tinha o França no vôlei que é engenheiro que também é professor de matemática; Celso Cavagnac, natação; Eldir [Campos Carvalho], a parte de educação física; Juarez [Alves de Sousa], que também ficava com educação física, depois no ano seguinte assumiu o handebol e também dirigiu um pouco o futebol de salão; Prof. Furtado! Excelente professor Furtado pioneiro atletismo no Maranhão, professor Furtado e deixa-me ver quem mais, aqui por enquanto é só; Tenente Jeremias na natação, futsal, basquete, vôlei, Handebol... Atletismo e tinha... Vôlei, handebol, basquete, futsal, atletismo, natação, só né? E ganhamos tudo, nós éramos a decisão era 1º, 2º e 3° lugar... (MESQUITA, Aldemir Carvalho de. Entrevistas).

EM 1971 – ministrado outro curso, pelo Prof. Wilson Carlos dos Santos (segundo Maranhão, este curso foi em 1970; Laércio o dá como 1971);

- chega ao Maranhão o Professor piauiense Jamil de Miranda Gedeon Filho; veio ministrar um curso de atualização em Handebol; como consequência deste curso, o Handebol começou a ser difundido no Estado; o Prof. Jamil coordenou a modalidade de Handebol nos IV Jogos Intercolegiais, tendo participado dessa competição 11 (onze) escolas da Capital: Liceu Maranhense, Escola Normal, Santa Teresa, Conceição de Maria, Cardoso Amorim, Nina Rodrigues, São Luís, Luís Viana, CEMA, SENAC, além de 82 (oitenta e dois) municípios do interior, dentre estes, Imperatriz, Balsas, Barra do Corda, Passagem Franca, Timon, Coroatá, Pedreiras, Bacabal, Santa Inês, Chapadinha, Itapecuru-Mirim, Humberto de Campos, Rosário, São José de Ribamar, Viana, Pinheiro, Carutapera, Guimarães; sendo que este último Município, foi o campeão feminino da competição.

- Realização do Primeiro Festival Esportivo da Juventude; idealizado por Cláudio Vaz dos Santos

Cláudio lembra que, em 1971, ele estava na Coordenação de Esporte na Prefeitura de São Luís – Serviço de Educação Física – quando realizou o primeiro Festival Esportivo da Juventude – FEJ:

Aí teve o segundo FEJ, foi quando o Jaime criou o Departamento de Educação Física e Desportos e Pedro Neiva me nomeou no lugar da Mary Santos. Já foi no governo de Pedro Neiva, com Haroldo Tavares - que agora é que tu vais entender -, eu entrei primeiro na Prefeitura, Haroldo Tavares era cunhado de Pedro Neiva, irmão da mulher de Pedro Neiva, que é a mãe de Jaime Santana; então para que eu pudesse assumir o Estado, nesse tempo podia acumular; então criaram o Departamento de Educação Física e Deporto do Estado; saiu o Serviço [de Educação Física] para Departamento. Nesse tempo, na Secretaria de Cultura, o nível do Departamento era mais acima de Serviço, então para que eu fosse para o Estado foi criado o Departamento de Desporto do Estado, para que eu pudesse assumir, acabar o Serviço; então era novo o cargo e aí que eu fui para o Estado, eu acumulei Coordenador de Esporte da Prefeitura e Diretor do Departamento de Educação Física e Desporto do Estado, ligado à Secretaria de Educação, do professor Luis Rego; era o Secretario na época, professor Luís Rego, primeiro Secretário que eu trabalhei. Depois, eu trabalhei com o Magno Bacelar, que foi Secretário; e depois, com o Pedro Rocha Dantas Neto, que também foi Secretário.

Já em 72, fui nomeado Diretor do Departamento, onde foi que ficou o Departamento? Lá no Costa Rodrigues; aí eu transferi a Coordenação, acumulei no Costa Rodrigues, eu levei tudo para lá.

Eu era Coordenador Diretor do Departamento de Educação Física do Estado e Presidente do Conselho Regional de Desportos.

Isso em 72, como era cargo de quem era diretor [do departamento de Educação Física], era o Presidente do C.R.D, automático; não tinha vínculo político nisso, era uma tradição de desporto ligado ao C.N.D (Conselho Nacional de Desporto), onde era [presidente] o Brigadeiro Jerônimo Bastos...

Aí foi que eu fiz a minha equipe, aí foi que o Dimas entra com a parte principal, quando nós estávamos para fazer o segundo FEJ em 72; seria em setembro.

Dimas foi a Belo Horizonte, trouxe toda a informação, e o Maranhão podia participar do JEB's em 72; ele trouxe em 71, ele foi no JEB's em julho e trouxe....

Dimas me trouxe, eu organizei a primeira equipe com o Dimas, era do Handebol, primeira equipe que nós viajamos para o JEB's; Ginástica Olímpica e Handebol, o Dimas; Coronel Alves, Basquete; Voleibol, Graça Hiluy; Coronel Alves antes era Major, foi isso para dar coletivo que eu levei foram 52 pessoas que eu levei, não levamos atletismo, natação, não levamos nada. Muito bem, com o que Dimas me trouxe, me presenciei muito ao DED. Aí eu já tinha uma parte ativa comigo, porque eu precisava do Dimas, não só como técnico, mas também como conselheiro, porque como eu te falei, eu não sou formado; eu sempre procurava olhar uma pessoa que tivesse um conhecimento acadêmico para poder me orientar, é uma de nossas iniciativas foi justamente essa de criar esses jogos escolares, foi o primeiro e o segundo e depois nós o transformaremos em JEM's, o primeiro JEM's foi em 73, sempre tenho essa dúvida; o pessoal não guarda isso, mas o primeiro FEJ foi em71, o segundo FEJ em 72, e o primeiro JEM's em 73. Por quê? Nós participamos do JEB's e a sigla pesava, mas por bem achamos melhor mudar para JEM's.

Jogos Estudantis Maranhenses foi que viemos, nós já tínhamos passado o primeiro e o segundo FEJ com sucesso, com a mudança, com a formação das escolas, a conscientização, que e a primeira coisa a nascer numa escola era a força da Educação Física através dos esportes, foi a maneira que nós encontramos de valorizar o Professor de Educação Física, ele que era praticamente um esquecido dentro da área educacional, achava – se que era desnecessária a Educação Física onde não se praticava nem a Educação Física, nem os esportes, nós criamos esses jogos para provocar nos colégios essa necessidade de se formar atletas, assim como também transmitir Educação Física e valorizar o professor, porque nós não tínhamos campo de trabalho para eles, e passou a ter; esse foi o ponto marcante do nosso trabalho, que realmente hoje, o que tem, começou ai, onde nós provocamos.

Nós íamos fazer uma Escola de Educação Física particular, já tinha toda a documentação, o professor Salgado deu para mim.

Como eu sentia a necessidade de ter professores formados e o que eu trazia eram poucos em relação à necessidade que nós tínhamos, nós achamos um início para formar a Escola de Educação Física particular... (VAZ DOS SANTOS, ENTREVISTA).

No ano de 1971, o Maranhão já tinha um Basquetebol de nível, na classe juvenil masculina; naquele ano, foi disputado o Campeonato Brasileiro de Juvenil, em Brasília; os jogadores, eram aqueles meninos que jogavam tudo: vôlei, futebol, basquetebol: Gafanhoto, Paulão, Carlos, Phil, os Ninas. Nessa mesma época, estavam acontecendo os III Jogos Escolares Brasileiros - JEB's - em Belo Horizonte. Dimas, que fora como técnico daquela seleção de Basquete, após a competição, dirige-se a Belo Horizonte para ver o que eram aqueles “JEB’s”, que tanto Mary Santos falava e cobrava a participação do Maranhão. Lá, encontra o maranhense Ari Façanha de Sá, coordenador geral dos Jogos, que lhe dá todo o apoio. Dimas volta entusiasmado com o que vira. O Maranhão precisava participar dos JEB’s !

Cláudio Vaz dos Santos, por essa época, já assumira o cargo de chefe do DEFER, no lugar de Mary Santos. É a ele que Dimas apresenta seu relatório, sobre os JEB's. Cláudio Alemão já tinha ideia de fazer uma espécie de jogos estudantis, então com o relatório de Dimas, fez os FEJ.

Segundo Dimas, quando Cláudio assumiu o DEFER, não encontrou nenhuma estrutura montada. O Maranhão não tinha participado ainda dos JEB's, e já se estava realizando os III Jogos e o Maranhão já os perdidos, sem condições de participar. Naquele mesmo ano aconteceu o I FEJ - Festival Esportivo da Juventude.

Eu vim realmente ver Handebol mesmo nos JEB's, quando tive contato com a Ginástica Olímpica, tanto que quando eu vim de lá, dos III JEB's, eu vim na minha cabeça, Handebol e Ginástica Olímpica, agora tem que dizer que anteriormente o professor Darcimyres [do Rego Barros] esteve aqui no Maranhão, e deu um curso de Handebol. Ele deu um curso de Handebol, antes de tudo isso, antes de tudo isso, antes mesmo de voltar do Rio [de Janeiro], na época de Carlos Vasconcelos, de Mary Santos, ele deu um curso aqui de Handebol - 51 ou 52 (sic), por ai, não tenho ideia do ano não, mas deve ter sido pouco antes de eu vir para cá, tanto que eu cheguei aqui ninguém nem falava em nada, não existia nada sobre Handebol.

Quem fez esse curso com ele, não aproveitou nada, nem levou porque também não existia Handebol no Brasil, não tinha divulgação...

O Handebol veio despontar mesmo do JEBS para cá, então ai a história é brava, daí tem muita coisa, daí para frente tem muita coisa boa...

Nesse ano de 69, ai é importante, estava acontecendo os primeiros JEBS em Niterói, foi exatamente na época em que eu cheguei aqui, voltei do Pindaré, Mary Santos, já me conhecia de nome, inclusive ela sabia que em Pindaré Mirim tinha um professor de Educação Física formado, e aqui em São Luís não tinha nenhum... Não tinha nenhum, na época, trabalhando com ela, por isso que ela fez este comentário,

-Em Pindaré tem um professor, e eu não tenho nenhum aqui...

Porque nessa época ela era diretora de alguma coisa. Mas nessa época tinha... Nessa época Rubem Goulart já tinha morrido, eu cheguei aqui na época que Rubem Goulart morreu, tanto que eu assumi no Batista no lugar dele, e José Rosa não era professor de Educação Física, já era da Escola Técnica, também acho que não estava mais trabalhando com Educação Física. Devia ser isso. O [Professor Luis Gonzaga] Braga trabalhou até a morte dele, até 74, ele morreu como professor, mas era só Escola Técnica e a Mary Santos era no nível de Estado, Município. Eu sei que ela fez esse comentário. (DIMAS, entrevistas).

Dimas, 71, 72, quando começa a trabalhar como professor de educação física, quando de seu retorno do Pindaré, introduz o Handebol no Batista e no Marista que eram os Colégios onde dava aulas:

Deve ter sido um curso de 30h [esse curso ministrado pelo Major Leitão, para ingresso no CEMA], umas duas semanas. Tanto que nessa época ele falou sobre Handebol, mas nem chegou a dar aula de Handebol, andou dando alguma coisa sobre Handebol.

-Em 1972 no Governo PedroNeivade Santana os Jogos Intercolegiais foram substituídos pelos FEJ – Festival Esportivo da Juventude, criado por Cláudio Vaz dos Santos, que substituíra Mary Santos na direção dos esportes tanto no Município quanto no Estado; Cláudio Alemão contou com a colaboração de Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araújo – o Prof. Dimas.

- Uma das primeiras providências foi fazerem convênios, sendo então ministrado curso pelo MEC - antigo Curso de Suficiência, para formação de professores; o maranhense Ary Façanha de Sá era o Coordenador. Diversosprofessores etécnicosparticiparam desses cursose foram dadas aulasdas mais variadas modalidades esportivas.

- Um dos professores não veio e um antigo jogador de basquetebol - ex-seleção brasileira - ministrou as aulas de Handebol (Laércio afirma que esse curso pode ter sido dado antes deste ano).

Em outro curso, no Governo Nunes Freire - sendo Coordenador de Esportes Cláudio Vaz dos Santos -, veio uma equipe do Rio de Janeiro, com três professores, para ensinar Basquete (Rui); Atletismo (José Teles da Conceição); e Handebol (um professor de nome Wilson (sic, Maranhão diz que esse professor esteve aqui em 1970, Laércio, em 1971).

Nesta mesma época chega ao Maranhão os professores Laércio Elias Pereira e Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araújo (Dimas) que vão dar continuidade ao trabalho da professora Mary Santos. Claudio Vaz dos

Santos foi convidado pelo Governador Pedro Neiva de Santana, para fazer parte da sua equipe de governo no setor da Educação especificamente na área de Educação Física, ficando responsável pela divisão das modalidades e pela organização dos jogos.

Em 1973, o Ministério de Educação e Cultura - MEC ministrou um curso de suficiência para formação de professores no Maranhão, em São Luís, tendo Ary Façanha de Sá – atleta olímpico do Maranhão em atletismo e funcionário do MEC - como coordenador. Diversos professores e técnicos participaram; as aulas que versaram sobre diversas modalidades esportivas. Por conta da falta de um dos professores, um antigo jogador debasquetebol daex-seleçãobrasileiraministrouas aulasdehandebol. Em um outrocurso,duranteo Governo Nunes Freire e estando como Coordenador de Esportes Cláudio Vaz dos Santos, houve a participação de uma equipe do Rio de Janeiro com três professores, com o objetivo de ensinar basquete tendo à frente o prof. Rui; no atletismo, o José Teles da Conceição; e no handebol, o professor Wilson.

Em 1973, os professores Edivaldo Pereira da Silva e Horácio Pires coordenam o 1º. JEM´S. Neste mesmo ano a equipe do Maranhão participa do 1º. Campeonato Brasileiro de Handebol Juvenil, masculino, ficando em 3º. Lugar.

Lino Castellani Filho, outro do grupo de paulistas que aqui chegou lembra - em artigo publicado no Blog Universidade do Futebol - daquele momento:

Pois é… estávamos no ano de 1976 em São Luís do Maranhão… Nós – um grupo de professores de Educação Física repleto de utopias e ele Djalma Santos, então contratado como técnico do Sampaio Corrêa Futebol Clube, um dos grandes do futebol maranhense, ao lado do Moto Clube e do MAC (Maranhão Atlético Clube).

Boa parte de nosso grupo trabalhava vinculado ao Departamento de Esporte do governo daquele Estado, basicamente envolvido com os afazeres de duas modalidades esportivas, o handebol e o voleibol.

O contrato de trabalho era de 40 horas… não deu outra: montamos um time de futebol e demos a ele o nome de… Handvô-40, homenagem ao handebol, ao voleibol e às 40 horas de trabalho – qualquer semelhança com outra expressão…

Pois foi nesse time que Djalma Santos foi convidado a jogar e… jogou! Se nossas conversas o assustavam às vezes (chegamos perto de comprar uma ilha, embalados pelas ideias de A.S. Neill, fundador da escola de Summerhill), a de participar do time foi recebida com o mesmo sorriso que ele estampa hoje em seu rosto…

Duvidam? Pois aí vai a prova! O primeiro da fila é o diretor – presidente do CEV, Centro Esportivo Virtual… Oúltimo,esteponta-esquerdaquevosescreve!Nomeiodela,DjalmaSantos,juntocomViché,Sidney(ambos professores da UFMA), Gil, “Zé Pipa”, Marcão – o “véio” – e outros cuja lembrança surge enevoada em minha cabeça…

Para Dimas

Quando o Cláudio Vaz começou a trazer esse pessoal de fora, em 74 ou 76, Laércio, Marcão, Biguá, Vitché, então nessa época eu passei o Handebol praticamente para eles; então eu já vinha trabalhando em Ginástica Olímpica e passei a me dedicar mais à Ginástica Olímpica; trabalhava como professor de Educação Física - nessa época eu trabalhava muito com Natação também, principalmente em aulas particulares, em piscinas particulares - e o Laércio praticamente continuou o meu trabalho no Handebol no Maranhão, e aí eu passei a me dedicar mais à Ginástica Olímpica, à natação e às outras coisas... (DIMAS. Entrevistas).

Tanto que temos uma relação de professores do estado que participaram de um deles. Depois, o Prof. Jamil, do Piauí, veio organizar uma competição estudantil, e acabou se fixando por aqui.

É o próprio Prof. Maranhão quem diz que o Handebol foi introduzido no Maranhão pelo Prof. Luiz Gonzaga Braga e o professor José Rosa, ambos da ETFM, hoje IF-MA, ainda na década de 60. Após participarem dos Jogos Estudantis Brasileiros do Ensino Industrial – JEBEI – como técnicos, e como a modalidade seria introduzida nos Jogos seguintes, fizeram um curso no Rio de Janeiro e, ao retornarem, preparam um grupo de alunos. O jogo-exibição foi realizado no aniversário da ETFM, a 23 de setembro, na quadra interna. O Prof. José Geraldo de Mendonça participou dessa apresentação:

[...] A primeira exibição de Handebol no Maranhão foi realizada na quadra da Escola Técnica em 1960, por dois grupos de atletas que o prof. Braga treinou, no dia 23 de setembro. Prof. Braga foi participar de um treinamento de professores das Escolas Técnicas fora do estado e, quando veio, trouxe uma bola de handebol, selecionou dois grupos de atletas alunos dele de educação física. Marcou na quadra interna aqui onde hoje é o prédio grande, com esparadrapo no chão as áreas de gol do handebol e fez no dia 23 de setembro uma exibição; até então era desconhecido no Maranhão, mas só ficou nisso; ele trouxe a ideia, treinou dois grupos de educação física, e no dia 23 de setembro... eu estava nesse grupo; lembro, Edil (Edir Muniz, sobrinho do Prof. Braga); Edir (Carvalho) estava, é de Codó, Braga é de Codó está entendendo; deixa eu me lembrar... não sei se Abdoram participou, mais Abdoram era do grupo, Abdoram, Frazão, deixa eu me lembrar quem mais era do nosso grupo aqui, parece que Walmir também estava, Walmir, da Mecânica, não... Valderez, não era metido a esportista, Valderez não gostava; metido a esportista aqui nessa época era eu e Eldir nós éramos quem vibrávamos com esse tipo de coisa... Me parece que o Macário (da Costa) também era deste grupo” (in ENTREVISTAS).

Em Imperatriz, quem introduziu o Handebol foram os Professores e Acadêmicos da Universidade Federal do Paraná, especificamente da Equipe 49, do Projeto Rondon, da qual participei. Depois, voltando para Imperatriz, junto com a Profa. Marilene Mazzaro, demos alguns cursos e treinamentos, para sua introdução na OCOI, especificamente a de 1976... A Escola Santa Teresinha, onde lecionávamos, foi a pioneira, seguida da Escola Fortaleza (João Pires) e do Complexo Mourão Rangel (Giovani Pinho).

Dimas e Laércio, a partir de 1973/4 começam a atuar em São Luís, com o Handebol, tanto no DEFER/SEDUC quanto no Colégio Batista e nos Maristas (Dimas).

Sobre a repercussão do Handebol no Maranhão, vamos ao fato narrado de que, nos intervalos dos jogos, no Estádio Nhozinho Santos se realizavam partidas de handebol de campo:

[...] na tarde do dia 08 de dezembro de 1974, no Municipal. As duas equipes [Moto e Sampaio Correa] também empataram no jogo de demonstração de handebol, realizado antes da partida pelo campeonato de futebol. O jogo, que serviu apenas para apresentação ao público e marcou a fundação da Federação Maranhense de Handebol do Maranhão, terminou com o placar de 8x8, chegando a agradar e movimentou as torcidas dos dois clubes, que vibraram a cada gol. O Sampaio começou ganhando e esteve sempre à frente do marcador com o Moto empatando nos instantes finais, para maior alegria da torcida rubro-negra. O jogo foi dirigido pelo próprio Presidente da Federação, o professor Laércio Elias Pereira, e o público que compareceu ao Municipal foi de exatos 10.027 pagantes. Sobre a instituição de handebol, um destaque: naquele

ano, 1974, foi fundada a Federação Maranhense de Handebol (FMAH), não legalizada, tendo o professor Laércio como o seu primeiro Presidente.

Sampaio Corrêa e Moto Club empataram em jogo de Handebol do Nhozinho Santos

Blog Futebol Maranhense Antigo: Sampaio Corrêa e Moto Club empataram em jogo de Handebol do Nhozinho Santos

Algumas fotos sobre o Handebol de então...

Em 72, Luís Fernando Figueiredo, Phil, Alberto Carlos, Vieira era o goleiro, Chocolate, Chico praticamente a base do Batista e Marista. Aí o time tem um destaque muito grande no JEB's, em compensação no JEM's nesse mesmo ano, eles perdem para a Escola Técnica; A Escola Técnica tinha um timaço...

O Handebol no Maranhão evoluiu tanto que jogode futebol era obrigado no intervalo, ter handebol em campo, alguém já te falou disso? Pois Elias fazia, Elias Pereira, dentro do Nhozinho Santos, botava as traves e fazia Handebol.

Foi do Dimas para cá que realmente passou a ser um esporte competitivo, um esporte escolar mesmo e de alto. Foi nessa época o esporte número um no Maranhão...

O Handebol tomou conta, o basquete, o vôlei, tudo era secundário, o futebol; o handebol era o esporte mais assistido no Maranhão. Era a maior loucura. Era uma festa mesmo de alto nível [...] ai entra essa fase da importação de técnicos e atletas; eu fui muito criticado porque disseram que eu estava trazendo todos de São Paulo para cá e não prestigiava o pessoal do Maranhão, que não tinha professores no Maranhão...

Eram uns quatro professores, dois na ativa e dois já não praticavam mais. Um era meu assessor de gabinete, não tinha força mais para comandar; tinha aquele professor que era da FESM e que depois foi trabalhar no Banco do Brasil, sempre esqueço o nome dele [Prof. Iran].

Na ativa só tinham dois, aí veio o Laércio, veio Búzio para o Basquete, então eu fiz um curso de reciclagem aqui. Trouxe o Domingos Salgado e ai logo depois veio o Marcos.

A minha arbitragem do JEB's veio toda de Belém, toda aquela equipe veio para cá, e de Recife; Expedito, para a natação [de Belém]; Iran Junqueira, handebol de Brasília... Desde a participação de pessoas de fora; os árbitros ficavam esperando a hora de serem convidados, era hospedagem, dinheiro na hora, eu não sei como eu conseguia, eu não tinha um tostão no meu orçamento.

[Aa causa de tudo isso é a ‘Geração de 53’], foi Jaime, Haroldo, todos tinham altas funções no estado. Aí o Jaime telefonava para o Duailibe que era diretor do D.E.R, e disse:

- o Alemão tá com um problema aí, ele tá precisando de 300 agasalhos: manda ele vir falar comigo; Comprava pelo D.E.R (Dep. de Estradas e Rodagens), não tinha nada a ver com o Dep. de Ed. Física porque tínhamos a facilidades de amizades.

O Jaime era Secretario da Fazenda, então o que Jaime falava era uma ordem:

- Zé Carlos, Alemão tá precisando de 30 bolas; Zé Reinaldo, o Ginásio tem de reformar, o Zé Reinaldo Secretário de Viação e Obras; uma semana o estádio ia reformar...

[...] o que eu precisasse eu não tinha dinheiro em espécie, mas eu tinha todo o apoio logístico, tudo o que eu queria eles me davam; vamos viajar, passagem aérea, o Maranhão passou quatro anos viajando por esse Brasil inteiro, não tinha um campeonato brasileiro que o Maranhão não praticasse. Por quê?

Material à vontade, técnicos à vontade, uma constância de trabalhos, o Costa Rodrigues não tinha porta fechada, começava 4 horas, 4, 5 horas da manhã, ia até meia noite ou uma hora e continuava de novo e era uma hora e continuava de novo e era numa dedicação dos professores...

Teve um lance gozadíssimo, eu tinha uma equipe na Coordenação, eu trabalhava na coordenação e no departamento de Ed. Física. O Bordalo que era o Secretario resolveu resumir nossa folha - nesse tempo era 100 mil reais passou para 50.

Eu reuni meu pessoal todinho e nesse tempo não tinha esse negócio de leis trabalhistas:

- vocês são meus professores eu não quero perder nenhum, reduziram o meu custeio de 100 mil para 50, eu não quero perder nenhum de vocês; eu não sei se vocês vão aceitar mas a única maneira que eu posso fazer eu quero todos vocês aqui, eu vou reduzir 50% o salário de todo mundo aqui,

Não saiu nenhum, ficou todo mundo ganhando a metade do salário. Gafanhoto vai te contar essa história e ele morre de rir.

É que na equipe houve uma irmandade, todos tinham o prazer e brigar; para você pegar uma hora no Cota Rodrigues, era uma guerra, todo mundo querendo trabalhar.

Foi assim uma motivação maior que fez esse trabalho aparecer, eu tive uma equipe muito boa, meu professor era meu árbitro, meu professor era meu conselheiro; então tinham um trabalho coletivo e todo mundo querendo essa grandeza de educação física e do desporto e surgiram os colégios, se empolgaram, o colégio que não tivesse participação no JEMS, não tinha aluno, a vibração dos colégios que aguardavam o ano todinho se preparando...

Aldemir Mesquita, professor de educação física da antiga ETFM, onde dava aulas de futebol de salão e handebol, fala da importância desses professores "estrangeiros" para o desenvolvimento do esporte em Maranhão:

Chegava uma pessoa aqui em São Luís, que praticava esporte, que treinava, chegava - eu sou professor de Basquete - começava a trabalhar ... [Prof. Ronald] dava oportunidade nessa época para ele aqui no CEFET, na Escola Técnica; arranjava um contrato provisório de dois meses, três meses ele vinha treinava e nós tínhamos professor de basquete, às vezes nós tínhamos treinador de vôlei, mas ele convidava, como se fosse em vez do professor sair daqui para fazer uma especialização lá fora, seria mais difícil ele tirar uma pessoa daqui para fazer uma especialização lá fora.

Chegava um professor, um professor desse aqui em São Luís, na hora que ele chegava ele via a qualidade do rapaz ele fazia um contrato de prestação de serviço com a escola... Aconteceu com vários professores que eu conheci, inclusive era colega nosso, mas eu sempre dizia assim - nós vamos aprender com esse pessoal, nós não temos oportunidade de sair daqui, eles estão trazendo conhecimento para nós.

Então achava como a pessoa chegava aqui era estrangeiro, era aquilo, aquilo outro, havia aquela critica muita das pessoas desinformadas às vezes falava isso, mas fui o único que defendi isso, era o conhecimento para ter uma visão melhor do esporte.

O professor [Ronald] fez muito isso, deu oportunidade dentro da Escola Técnica, nem uma vez para tomar o lugar de ninguém. (MESQUITA, Aldemir Carvalho de. Entrevistas).

Marcão fala sobre sua vinda para o Maranhão, de como foi o trabalho inicial, de implantar as escolinhas de esportes, trazer as pessoas para assumir os diversos cargos e funções e os primeiros jogos:

Eu, já cansado de São Paulo, e tendo trabalhado com Laércio do SESI de São Caetano e Santo André - a mesma equipe que fazia os esportes do SESI -, eu decidi sair de São Paulo, quando de um JEB's que a gente apitou em Brasília, acho que handebol; em Brasília, e o Laércio estando por aqui em São Luís, nos convidaram para visitar; eu como já tinha intenção de sair de São Paulo não aguentava mais aquela cidade danada, acabei vindo visitar São Luís e em duas semanas como diz outro, fechei a conta e vim embora... Como eu me encontrei com o Laércio, que já estava aqui no Maranhão, em Brasília com a delegação do Maranhão.

Ele nos fez esse convite para vir para conhecer São Luís foi à época de julho, eu vim; inclusive na época eu vim com Júlio, Júlio do Gás, Julinho, não sei se tu já fizeste algum detalhe sobre o Júlio também, foi a primeira vez que nós viemos para cá; viemos de ônibus de Brasília para São Luís e aqui nós ficamos duas semanas passeando e quando eu voltei para São Paulo, já voltei com alguma coisa acertado, na época com Carlos Alberto Pinheiro Barro; então, eu não vim para apitar o JEM's, vim já para trabalhar no antigo Departamento de Educação Física (DEFER, de São Luís-Maranhão) juntamente com o diretor na época o Carlos Alberto Pinheiro de Barros

Cláudio Vaz tinha saído para entrada de Carlos Alberto Pinheiro Barros e o governo de Nunes Freire e o Carlos Alberto; encontrei a assessoria, vamos dizer, assim de trazer elementos, que foi tendo a incumbência, vamos dizer assim, de trazer elementos que pudessem reforçar toda a equipe de trabalho e o trabalho em si... Quem estava aqui, efetivamente, era o Laércio, era Viché, Biguá, Horácio, o Júlio veio, mas volta, não veio, não ficou junto comigo; ele veio para passear junto comigo, mas voltou porque ele ainda era estudante em São Paulo, voltou para concluir o curso, também nunca concluiu, igual a Biné, seria bom detalhar isso na minha biografia, porque

...

já diz que eu não sou formado, mas eu concluo, conclui não, fui até o último ano da escola e por ter vindo praça, eu optei por não concluir porque o trabalho aqui é muito mais importante. Então eram somente elementos que estavam aqui, depois é que, através de Laércio, e de vir é que nós fomos trazendo todo esse pessoal, que foi Zartú, que foi Levy, que foi Júlio, que foi José Carlos Fontes, Sidney, toda a equipe se formou aqui, Demóstenes já estava. Demóstenes estava chegando à mesma época que eu... Domingos Fraga, já estava aqui também. Só que não no Departamento de Educação Física do Estado.

Aquele período eu que foi vice-campeão brasileiro, que só perdia para São Paulo, porque São Paulo dificilmente se ganha, então o Maranhão, foi vice-campeão e ninguém, quando a gente comenta isso em outros lugares, ninguém acredita, acha que isso é um sonho e o basquete feminino surgiu, o voleibol cresceu demais, todos os esportes de uma forma geral, atletismo também, ofereceu vários atletas á nível nacional, então todos os esportes cresceram de uma forma conjunta, não foi um trabalho direcionado para uma modalidade, ou para dizermos assim, enfatizar algo que a gente gostava, foi realmente é multiplicado. Eu lembro que na época não se trabalhou muito o futsal, infelizmente agora não está nesse mesmo nível que estava na época... Na verdade, a proposta que me fizeram para vim ao Maranhão, não tinha direcionamento nenhum. O que Laércio me propôs na oportunidade era que viesse para São Luís do Maranhão, onde já conheciam meu perfil, já conheciam o meu trabalho da época que nós estivemos juntos no SESI, conforme eu já disse - SESI São Caetano e Santo André, e lá ele era coordenador do SESI São Caetano e eu do Santo André;

Nós já nos conhecíamos e ele sabia que ele podia contar comigo em qualquer frente de trabalho. Então, é como eu administrativa essa parte esportiva em Santo André e ele acreditava que eu pudesse me assenhorear dessa função aqui em São Luís do Maranhão, ele me convidou; mas lembro bem que a gente deixou claro que a gente teria que fazer um pouco de tudo, como nós acabamos fazendo realmente e assim os outros também, assim os outros foram convidados por mim, Sidney, Zartú, Lino, eles não vieram direcionados para algum emprego, vamos dizer assim, para algum setor, eles vieram e aqui nós fomos procurando como encaixá-los em algum lugar; então apareceu como, por exemplo, o Lino, apareceu alguma coisa no Maranhão [Atlético Clube], ele foi lá como preparador físico, recém-formado, como preparador físico do MAC, mas também trabalho em outros setores, na parte administrativa do JEM's, que a gente passava noites e noites, hoje a gente vê aí, todos os avanços que houve, no JEM's até o boletim é feito a nível de computador, etc. e tal.

Na época a gente fazia era com mimeógrafo a álcool e dormindo debaixo da mesa, para poder o boletim ficar pronto no dia seguinte; então o Lino, nos ajudou em todos os sentidos; o Sidney também veio, a principio ficou conosco no Costa Rodrigues, com a escolinha de futebol e assim fomos todos, vindo sem um direcionamento efetivo. A gente veio para trabalhar, aonde, não sabia, onde tivesse lugar a gente ia se colocando e auxiliando e dinamizando de todas as formas, o esporte no Maranhão. (GONÇALVES, Marcos Antônio. Entrevistas).

Biguá foi um dos pioneiros, junto com o Laércio, e comenta como se deu a sua vinda para o Maranhão, e em que circunstâncias:

Laércio Elias Pereira, em 1973, dez de... Para ser preciso ele contatou comigo no dia 08 de setembro de 1973, foi contato maluco... Eu queria era aventura, eu queria conhecer, eu tinha assim paixão, loucura para conhecer, viajar, eu sempre tive. Aí Laércio virou - dia 08 de setembro, virou para mim e disse:

- "Quer ir para o Maranhão?” - Virei, "como?" –

Edivaldo “Biguá” Pereira

- "Vai ter os Jogos - primeiros JEM’s 73 -, e eu preciso levar uns caras para apitar, ai tu vai apitando Handebol, tu queres ir?"

Aí eu disse, "quando?" ele disse:

- "Depois de amanhã nós teremos que estar lá, não dá nem tempo de tu pensares!" Ai eu disse: "tô nessa".

Eu nunca tinha andado de avião, nunca! Eu disse: "como é que nós vamos?" "não, o cara vai mandar passagem, tudo de avião." "De avião!?" Porra, eu não queria nem saber quanto eu ia ganhar, se eu não ia! eu queria era andar de avião, né. Eu digo "tô no clima", aí que é interessante... foi que eu cheguei em casa, ai eu disse para minha mãe, para minha mãe e meu pai.

- "Olha eu vou embora, vou passar 15 dias no Maranhão, lá, 15 dias".

Eu sei que no dia 10, eu estava aqui com o Laércio, desceu eu, Laércio... Eu, Laércio, o rapaz, o professorzinho de... Milton usava uns óculos pequeninho - o nome completo dele, eu não lembro. Milton, Laércio, eu, Milton, Laércio... Uns três, nós três, ai descemos; o primeiro cara que manteve contato comigo, foi o J. Alves (José Faustino Alves, jornalista esportivo, aposentadover entrevistas), chegamos e lá estava J. Alves com um fusquinha da Difusora, fazendo reportagem, já dando em primeira mão, que nós tínhamos chegado, ai chegamos aqui, coincidentemente eu fazia aniversário no dia 25 de setembro e o JEM’s estavam rolando, foi a primeira demonstração de carinho do Cláudio Vaz, comigo, aí o Ginásio Costa Rodrigues lotado, lotado, lotado, ai ele parou o jogo e me deu um agasalho completo do Maranhão, me fez de presente, o ginásio inteiro cantando parabéns à você e eu, eu comecei a me agradar desde o começo, porque eu vim apitar handebol, mas de tanto eu me envolver com esporte, os caras chegavam aqui, pôr tem que colocar o Biguá, porque eu estava, eu impunha respeito, mas respeito não era imposição, eu apitava independente, eu não sabia o que falavam A ou B ou C, para mim eu estava lá apitando, colaborando com todo mundo, eu acabei apitando as 3 finais de handebol, final de basquete e final de voleibol. Eu não vim para jogar Handebol, eu vim para arbitrar o JEM’s em setembro; ai aconteceu o fato interessante, no último dia de JEM’s... nós tomamos conhecimento que iria ter o primeiro Campeonato Brasileiro de Juvenil de Handebol, até então - presta atenção -, em julho deste mesmo ano que eu cheguei. Ai é que quando o Laércio disse assim:

- vai ter o primeiro Campeonato Brasileiro de Handebol Juvenil, vai ser em Niterói, vai ser final de novembro, em Niterói. Nós estávamos em setembro.

- Aí, por, tu queres ficar para jogar?... Ai o Laércio disse, "você não topa ficar?

- "Não, Laércio, eu trouxe pouca roupa, eu não trouxe nada para ficar aqui, eu não tenho nada para ficar aqui". Ai Alemão - Cláudio Vaz -, disse, "não seja por isso, eu te dou toda roupa, te dou tudo, vamos te dar tanto por mês, te damos comida, tudo o que quiser a gente te da".

Só que nós temos que trazer mais, só você não vai dar para segurar essa barra, porque o seguinte, em julho no JEB's em Brasília, a Seleção Paulista foi campeão Brasileira e o Maranhão foi 18o com todos os gatos que você possa imaginar, com os Rubinhos da vida (Rubem Teixeira Goulart Filho), Gafanhoto (José de Ribamar Silva Miranda), Paulão (Paulo Roberto Tinoco da Silva), Carlos (Carlos Roberto Tinoco da Silva, irmão de Paulo) e Ermílio (Nina), todos os gatos que você possa imaginar, nós conseguimos 18o lugar

Ai Laércio disse: "Como é que a gente faz?”- Eu disse: "Faz o seguinte, me arruma passagem e vou até São Paulo, eu vou conversar com meus pais e eu trago o Turco e Dugo - que eram meus companheiros na General Motors. Laércio disse: " bem pensado". O Viché (Vicente Calderoni, professor de handebol da UFMA, hoje), nessa época jogava no Juvêncio, não jogava com a gente não. Ai Laércio disse: "Legal, legal". Ai, eu fui para São Paulo, contei a história para meu pai e minha mãe - eu vou voltar para o Maranhão -, convenci o Turco e Dugo. Ai o que acontece, o seguinte, eu vim na frente e eles ficariam de vir depois, eles estavam estudando - nós estudávamos no mesmo colégio, era no Colégio Barcelona, já nessa fase-, aí eles vieram; aí, nos fomos para o Brasileiro. Laércio, técnico; quando nós chegamos lá, para nossa belíssima surpresa, nós conseguimos o 3º lugar do Brasil. Você sai do 18º em julho, em novembro você em 3º lugar no Brasil; ficou São Paulo, Minas e Maranhão, daí que começou a força do Handebol no Maranhão; ai onde entra o Laércio, com o Viché, eu fui para ...

Eu sai daqui, antes de ir para o Campeonato Brasileiro, para encontrar com os caras em Niterói, eu fui para São Paulo: "Pô precisamos arrumar um cara para trabalhar para gente, como técnico", porque o Laércio sempre foi uma pessoa de idéias, sempre foi uma pessoa de execução, então ele nunca gostou de ser técnico de handebol, ele sempre em todo lugar que ele passou, o seguinte, ele monta uma equipe de handebol, ele vê quem é o liderzinho, quem é o cara que pode botar para frente, ele larga e vai embora; ele sempre foi de projetos; ai eu estava conversando com ele, ele disse: "P..., a gente podia trazer Viché para cá, aquele cara do Juvêncio, aquele cara sabe, conhece as coisas";

"Quando eu for agora a São Paulo, eu convido ele".

E quando eu fui para São Paulo, para me encontrar com a Seleção lá em Niterói, ai eu falei com Viché, falei olha: "É assim, assim,... nós vamos disputar um campeonato, agora, você esta a fim de ir para o Maranhão?"; Viché vinha passando por uma serie de problemas, lá na família dele e com ele próprio também, nessa época e foi interessante ele ter saído de São Paulo, ele estava envolvido em barras pesadíssimas em São Paulo, pesadíssimas a ponto de matar, de morrer; aí surgiu exatamente o lido, ele falou - "P... eu vou", aí ele veio comigo para Niterói; ele já começou a ajudar o Laércio na parte técnica, e de Niterói ele já veio com a delegação do Maranhão para cá e eu e Laércio fomos para São Paulo; fomos para não voltar mais, eu fui para não voltar mais, já conhecia a Tânia, com cinco dias que eu estava aqui, já eu estava namorando Tânia, mas eu tinha dito para ela...

- "Olhe, não sou daqui, não pretendo ficar aqui".

- Os Biguás – Tânia, o neto, e Biguá mas eu deixei bem claro - eu acho que por isso ate que ela gostou da minha sinceridade... acredito...” não pretendo ficar aqui, agora, se você quiser que a gente fique namorando, a gente vai namorar, agora não tem, não posso de dar esperança nenhuma, ai, quando chegou nessa época que eu fui para São Paulo. Ai já não era mais a minha praia. Ai não era, não era, nem eu tinha telefone na época na minha casa, nem Tânia tinha. Quando começamos a trocar, é... dezembro inteiro, ai veio janeiro cara não dá é mais isso para mim, ai eu já achava. Já não tinha nada haver comigo. Eu saia para conversar com meus colegas e eu achava que o papo era muito vazio, eu já não era mais aquele negocio para mim. Ai de repente Cláudio Vaz me liga, ele ligou, ele ligou, eu tinha desse meu tio que era vereador que ficava uns 400 metros da minha casa, então a pessoa ligava para lá e dizia - "Olha, fala para ele estar ai dentro de uns 10 minuto que eu ligo de novo", né, eu lembro ate o numero do telefone ate hoje 442-6778, hoje não existe mais esse numero, ai foram me avisar e eu fui lá, esperar o telefonema dele. Ele disse, "Olha, nós estamos com um projeto aqui de trabalhar firme no Handebol, estamos querendo que você venha, você vai trabalhar com as escolinhas" - e era tudo que eu queria, só que eu, eu não sei to passando por dificuldade, e ele de novo abriu, me favoreceu tudo. (In ENTREVISTA).

Em setembro de 1974 inicia-se o aprendizado do handebol com o Prof. Laércio Elias Pereira transferido de São Paulo-SP para São Luís para atuar na Escola Técnica, e, a seguir, chegam outros professores e alguns atletas do mesmo Estado como Edivaldo Pereira – Biguá e Vicente Calderoni Filho – Viché. Com a chegada dos “paulistas” Laércio, Biguá, e Viché, o professor Dimas, compreendendo suas limitações técnicas, afastase do handebol, considerando sua missão cumprida, nessa modalidade. Data desta época a grande rivalidade do handebol maranhense entreoColégioBatista e aEscola Técnica-CEFET, nascidadacompetiçãodo Batista - base da seleção maranhense que foi aos JEBs - com a Escola Técnica, mais orientada para os JEMs. O primeiro técnico da Escola Técnica foi Aldemir Carvalho de Mesquita, posto assumido depois pelo Prof. Juarez Alves de Sousa e a seguir, pelo Laércio Elias Pereira. Esta função foi assumida então pelo Prof. José Maranhão Penha, na qual permanece até a presente data.

Laércio considera que foi uma espécie de catalisador, ajudando a desenvolver, a princípio, o Handebol e, depois, batalhando a vinda de muitos professores, com o apoio do Cláudio Vaz"a gente chamava para apitar os JEM's e, quando o professor chegava, já tinha alguma coisa”. Entrou e saiu da Escola Técnica mais de uma vez, para abrir vagas nesse processo. Na UEMA também. "Procurei colocar o Maranhão no Mapa...". Para ele, o que garantiu o apoio - e as refregas que levaram a algum progresso - foi a grande dedicação e o sucesso das equipes de Handebol, com participação decisiva do Viché e Biguá, alem dos “professores” que ajudávamos a treinar: Lister [Carvalho Branco Leão], Álvaro [Perdigão], Mangueirão [?]... (PEREIRA, Laércio Elias, Entrevistas).

Em 1974, a equipe maranhense participa do 1º. Campeonato Adulto Masculino, realizado em Fortaleza –Ceará, ficando também com a 3ª. Colocação. A delegação era formada por Álvaro Perdigão, Luiz Fernando, Luis Philip Camarão (Phil), Sebastião Sobrinho Pereira (Tião), Rubem Goulart (Rubinho) Vicente Calderone Filho, Edivaldo L. da Silva (Biguá), Manoel de Jesus Moraes, Antonio Luis Amaral Pereira, Joel Gomes Costa, José Maria e Raimundo Nonato Vieira.

Em 1974, pela Lei no. 3.489, de 10 de abril 14, o Governo do Estado cria a Escola Superior de Educação Física do Estado do Maranhão, com o objetivo (art. 1º) de formar professores e técnicos de Educação Física e Desportos, bem como desenvolver estudos e pesquisas relacionados com a sua área específica de atuação.

Em 1976 realizou-seo 2º Campeonato BrasileirodeHandebol, noRio deJaneiro,sendoa equipedo Maranhão a Campeã, que tinha como técnico o professor Laércio, que só podendo comparecer nos últimos jogos, sendo substituído pelo professor Maranhão. A delegação era formada por: Luis Fernando, Mangueirão, Álvaro, Gilson, Rubinho, Ricardo, Joel, Moraes, Tião, Vicente Calderone e Ivan.

Em 1979, foi realizado o 2º Campeonato Brasileiro Juvenil Masculino de Handebol, em São Luis, sendo campeão a equipe maranhense, que tinha como técnico Vicente Calderone.

A versão corrente é que se credita a Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araújo, o Prof. Dimas, a introdução do Handebol no Maranhão, após assistir a modalidade nos JEB´s de Belo Horizonte, em 1971. Ao retornar a São Luís, começa a ensinar a modalidade e a introduz a partir dos II FEJ, idealizados por Cláudio Vaz dos Santos, o Cláudio Alemão.

A segunda escola a praticar o Handebol, segundo essa versão, foi o Colégio Batista “Daniel De LaTouche”, do qual Dimas era professor, muito embora o Prof. Rubem Goulart (também professor da ETFM, nessa época) já houve feito uma apresentação da modalidade naquela escola. Logo a seguir, o Colégio Maranhense, dos irmãos Maristas (Dimas também era professor), e foi organizada uma Escolinha no Ginásio Costa Rodrigues. Dimas é, na realidade, o grande responsável pelo desenvolvimento do Handebol do Maranhão, junto com Laércio Elias Pereira. No ano de 1973, o Prof. Laércio faz sua primeira visita ao Maranhão; tendo voltado da Olimpíada com vários cursos de Handebol e sendo treinador da General Motors EC, da Seleção Paulista Feminina que iria para os JEBs, e da Escola Superior de Educação Física de São Caetano; convidado a dar cursos pelo Brasil pela ODEFE, houve um circuito de cursos que incluía Maceió, São Luís e Manaus. Em São Luis, enquanto dava o curso, ajudava o Prof. Jamil Gedeon a treinar o time de Handebol que ia para os JEBs. Deu problema no curso de Manaus e o Cláudio Vaz pediu que ficasse treinando no tempo que estaria em Manaus – com essa demora em retorna a São Paulo, o seu auxiliar como técnico da seleção paulista foi efetivado... Depois, pediu para que acompanhasse a equipe nos JEBs em Brasília. Acertou a ida para Brasília – pois o seu substituto o fez permanentemente -, conseguindo classificar a equipe para as quartas de finais; mas no dia que ia começar essa fase, o Basquete levou todos os atletas para jogar o Campeonato Brasileiro em Fortaleza; o Maranhão ficou em oitavo.

Quando da realização dos – agora - JEM´s, Laércio veio para arbitrar os jogos, tendo apitado uma memorável partida entre Batista e Marista, ambos treinadas pelo Prof. Dimas; Laércio trouxe um seu atleta da GM para auxilia-lo na arbitragem: Edivaldo Pereira, o Biguá,; além do Handebol, Biguá apitou várias outras modalidades. Terminado os JEM´s, Biguá se estabelece no Maranhão – primeiro, como atleta, a seguir como técnico, depois como jornalista e dirigente esportivo; acabou virando cidadão maranhense.

Em janeiro de 1974, o Prof. Laércio Elias Pereira volta para morar no Maranhão; é estabelecida a “Missão” do Handebol, com a chegada posterior de Horácio e Viché (Vicente Calderoni Neto); o Projeto Handebol

a “Missão do Laércio” - foi estabelecida pelo Cláudio Vaz e apoiada pelo Secretário de Educação Magno Bacelar.

Dimas, compreendendo suas limitações na modalidade, se afasta, passando a dar todo o apoio aos “paulistas” que estavam chegando, e se dedicando a sua outra paixão, a Ginástica Olímpica.

É dessa época a grande rivalidade do Handebol Maranhense, entre o Batista e a Escola Técnica (IF-MA), nascida de um jogo entre o Batista - base da seleção maranhense que foi aos JEB's - e a Escola Técnica - no final dos JEM's. O primeiro técnico da ETFM foi Aldemir Carvalho de Mesquita, posto assumido depois pelo Laércio Elias Pereira, e depois Prof. Juarez Alves de Sousa; assumiu a equipe o Prof. José Maranhão Penha.

Então foi aí que surgiu... (VAZ DOS SANTOS, ENTREVISTA).

1976 – agosto - a Federação Maranhense de Handebol convoca para treinamento visando o II Campeonato Brasileiro Adulto Masculino, Belo Horizonte - 2ª quinzena de outubro; Apresentação: Domingo, 8 de agosto de 1976

7:00 horas, Ginásio Charles Moritz: convocados os seguintes atletas:

SAMPAIO CORREA Futebol Clube - Luis Carlos Ribeiro – BOI; Sebastião Pereira Sobrinho – TIÃO; José MURILO; João DAMASCENO; Manoel de Jesus Moraes; José LOPES Neto; FERNANDO Souza; IVAN Soares Telles;

CLUBE RECREATIVO JAGUAREMA - Francisco de ARRUDA; Louis Phillip Camarão – PHIL; Fernando Antonio Lima – TONHO; ALEXANDRE Nonato Moraes; José Castelo Branco –TADEU;

GRÊMIO LÍTERO RECREATIVO PORTUGUÊS - ALVARO Perdigão; LUIS FERNANDO Figueiredo; VicenteCalderoniFilho – VICHÉ; Luis VerônicoDUGUEIRA; ANTONIOCARLOS Pereira;

MOTO CLUBE DE SÃO LUÍS - José Henrique Azevedo – MANGUEIRÃO; José GILSON Caldas; Rubem Teixeira Goulart – RUBINHO; José Carlos R Santos – BAGAGE; Antonio ZACHARIAS Castro; MARCIO Vasconcellos;

MARANHÃO ATLÉTICO CLUBE: JOEL Gomes Costa; LUIS HENRIQUE Neves; Sérgio Abreu –SERGIO ELÉTRICO; DEMERVAL Viana Pinheiro; Técnico: Laércio Elias Pereira.

- O Maranhão sagrou-se campeão do II CAMPEONATO BRASILEIRO DE HANDEBOL; a equipe era formada por: Luis Fernando, Mangueirão, Álvaro, Gilson, Rubinho, Ricardo, Joel, Moraes, Tião, Viché, e Ivan; o técnico foi o prof. Laércio Elias Pereira, tendo como auxiliar o Prof. José Maranhão Penha. O Prof.Laércio só pode chegar para os últimos jogos, e a equipe foi dirigida até então pelo prof. Maranhão.

1977

JEB´S

Brasília

Maranhão vice-campeão masculino e vice-campeão no feminino.

- o Prof. Marco Antonio Gonçalves (Marcão), substitui o prof. Laércio na presidência da FMHA

1978 – JEB´S – João Pessoa-PB – 3º. Lugar masculino

- Campeonato Brasileiro APAES – Natal-RN – Campeão Masculino

1979

II Campeonato Brasileiro Juvenil de Handebol, realizado em São Luís – Maranhão. A equipe do Maranhão sagrou-se campeã brasileira, tendo como técnico, Vicente Calderone Filho, Viché.

- Phil Camarão é eleito presidente da FMHA (estes dois últimos femininos).

GUIMARÃES - 1979 – Alguns professores participam de um curso em São Luís, promovido pela então Secretaria de Desportos e Lazer – SEDEL -; quando do retorno o Handebol foi introduzido nas escolas pelos professores Rui Moreira, Isabel Pinheiro e Cláudio Tonio. 1981 – realização da I Mini-Olimpíada, com a disputa de várias modalidades esportivas, dentre as quais o Handebol; a equipe campeã foi a da 2ª. série da ensino médio, com as seguintes jogadoras: Laurenice (goleira); Carmenilde, Niridalva, Almerinda, Joana Costa, Maria José Pimenta, Dinorah, e o técnico foi Rui Moreira. 1987 – realizado os Jogos Olímpicos Vimarenses, como seguimento da Mini-Olimpíada (1981), disputadas várias modalidades esportivas, dentre elas, o Handebol; esses jogos foram realizados pela Comissão Municipal de Desportos e Lazer – Comdel, pelos professores Aelson de Jesus Martins, José Maria Mondego, João Raimundo Costa Pontes, Joselita Pereira Sousa, Carmenilde Coimbra, Valdemir Pestana 2005 – o Handebol é praticado apenas nas escolas de Ensino Fundamental e Médio Fonte: AGUIAR, Alibel Francisco Mondego; COIMBRA, Carmenilde; PONTES, João Raimundo Costa. ENTREVISTAS

1980 - Campeonato Brasileiro APAES – Curitiba-Pr – campeão masculino

1981 – JUB´S – São Luís-Ma – vice-campeão masculino; técnico: José Maranhão Penha.

- Campeonato Brasileiro entre FEBEM – Rio de Janeiro – Campeão Masculino

- JEB´S – DF – 3º. Lugar masculino

- Herberth Schalcher é eleito presidente da FMHA

1982 - Campeonato Brasileiro APAES – Belém – PA – campeão feminino

- Lister Castelo Branco Leão é eleito presidente da FMHA, e vai exercer o mandato até 1987

1983 - Campeonato Brasileiro entre Colégios Batista – Rio de Janeiro –RJ – campeão masculino

1984 – Campeonato Brasileiro Intermaristas – Belém-PA – vice-campeão feminino

1985 – JEB´S – São Paulo – 3º. Lugar feminino

1986 – JEB´S – Vitória-ES – 3º. Lugar masculino

- Campeonato Brasileiro Intermaristas – João Pessoa-PB – vice-campeão feminino

1988 – JEB´S – São Luís – MA – Campeão masculino

- Campeonato Norte-Nordeste APAES – São Luis-MA – campão masculino e feminino

- Campeonato Brasileiro APAES – Bauru-SP – campeão feminino

- Campeonato Brasileiro Intermaristas – Fortaleza-CE – campeão masculino e feminino

- Campeonato Brasileiro Intermaristas – São Luis-MA – campeão masculino e feminino

- Álvaro Perdigão é eleito presidente da FMHA, permanecendo até os dias atuais.

BREJO DOS ANAPURUS - 1988 – os principais esportes praticados no Município são: Futebol de Campo, Futebol de Salão (Futsal), Handebol, baralho e damas; os times de Futebol de campo existentes são América, Brejo Esporte Clube, Gonçalves Dias, Ipiranga, São Paulo, Halley, e AABB.

MATA ROMA - 1988

os principais esportes praticados são: futebol, futsal, handebol (masculino e feminino), e jogo de baralho. Entre os times existentes, destacam-se: Ideal Sport Club, Palmeiras, Vasco, Cruzeiro, Botafogo, Santa Rita Futebol Clube, Juventude Sport Clube, Ginazinho e Unidade Bandeirantes

Centro Esportivo Virtual | CEV | Jogos Escolares no Maranhão - Memórias de Velhos

Fonte: Blog do Olivar: HANDEBOL MARANHENSE : RESGATANDO UM POUCO DO PASSADO. (blogolivar.blogspot.com)

- final do JEBS 1988 , no ginásio Castelinho, hoje ginásio Giorgiana Fluguer, Maranhão x Alagoas , Castelinho lotado com pessoas tentando entrar , governador na época , Cafeteira , estava assistindo o jogo , em determinado momento do jogo , por volta das 16h ou 17 h , o ginásio tinha uma abertura no teto nas laterais ao qual quando o sol baixava, entrava a luz solar na quadra . Eu estava no jogo e estava 1 gol pró time adversário , e o sol começou a bater exatamente nós meus olhos impedindo que eu como goleiro enxergasse a bola arremessada pelo adversário , nesse momento chamei o meu técnico e comuniquei , ele se dirigiu aos mesários e avisou que o goleiro dele estava impossibilitado de de enxergar por conta do sol , e pediu que parasse o jogo , os árbitros disseram que não iriam parar o jogo.

Nesse momento desceu a comitiva inteira do governador cafeteira juntamente com os seguranças dele e entrou na quadra e pediu pra falar com o árbitro , o árbitro foi em sua direção e disse que quem mandava no jogo era ele. Cafeteira não se fez de rogado e falou que quem mandava no estado era ele e ele estava mandando parar o jogo até o que o sol não impedisse mais o goleiro da seleção dele enxergasse , o árbitro muito contrariado sacudiu a cabeça e cafeteira retrucou , e disse;

- “ meu amigo , faz o que eu to mandando , e aprende logo uma coisa …

BOI NA TERRA DOS OUTROS , É VACA …”

E assim o árbitro interrompeu a partida até que o sol baixasse . Ganhamos de 2 gols de diferença a final

(7) Facebook

É com bastante pesar que a Federação Maranhense de Handebol, lamenta profundamente o falecimento do ex-presidente José Pinheiro Silva, nesta segunda-feira (2).

Pinheirinho era um grande incentivador do handebol no estado, sendo um dos nomes mais expressivos da modalidadenoMaranhão,porvezes,ahistóriadohandebolmaranhenseseconfundecomasuaprópriahistória esportiva.

Amplamente reconhecido por sua dedicação ao esporte, não somente na função de técnico, mas também na condição de presidente da FMaH, representando de forma primorosa, o esforço imensurável e a contribuição positivaao handebol maranhense ebrasileiro.Nestemomento, fazemos o reconhecimento do seulegadocomo

notável esportista, amigo sincero de conduta ilibada e referência para sua família. Manifestamos nosso sinceros sentimentos a todos os amigos e familiares. Vai o homem, fica a saudade, memória e exemplo para todos nós.

Handebol do Maranhão conquista medalhas na Copa Nordeste Cadete em Maceió-AL

Igor Leonardo03/09/2017

As equipes masculina e feminina de Handebol do estado do Maranhão, conquistaram bons resultados nas disputas da Copa Nordeste Cadete de Seleções, realizado no Ginásio Presidente Fernando Collor de Mello (SESI), em Maceió (AL).

No masculino, a equipe Maranhense conquistou a medalha prata. Na decisão da competição, os Maranhenses enfrentaram a Seleção Paraibana e perderam pelo placar de 20×18. Já no feminino, o Maranhão ganhou a medalha de bronze, com uma vitória diante da Paraíba por 24×17.

O Governo do Estado do Maranhão apoia o Campeonato Maranhense de Handebol 2017! O secretário Márcio Jardim oficializou o apoio ao lado da vice da Federação, Leila Martins. Com o certificado em mãos, vamos captar os recursos, em busca do patrocinador por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte.

O ÚLTIMO MISSIONÁRIO JESUÍTA DA AMÉRICA PORTUGUESA, MORTO PELO MARQUES

DE POMBAL

Gabriele Malagrida (1689-1761), foi um padre jesuíta italiano. Tendo sido missionário no Brasil e pregador em Lisboa.

Nascido na vila de Managgio, a 18 de setembro de 1689. Desde criança deu provas de engenho e ao mesmo tempodumatendênciaparaomisticismo.DepoisdecompletaremMilãoos seusestudosentrounaCompanhia de Jesus, em Génova, a 27 de setembro de 1711.

pediu ao Superior Geral da Ordem Jesuíta para ser destinado como missionário, para as Índias. No entanto, em 1721, partiu antes para as missões no Brasil.

Foi mandado para Belém do Pará, a fim de aprender a língua indígena e trabalhar como padre na cidade. Em 1723 foi enviado, pela primeira vez, como missionário aos Caicazes, tribo indígena que habitava ao longo do curso dos rios Itapicuru e Munim, na Capitania do Maranhão. Desta nação indígena passou a outras: os Guanarés e os Barbados, no rio Mearim.

No ano seguinte voltou a catequisar indígenas, conseguindo o elogiado feito de missionar algumas aldeias dos ferozes Barbados, no vale do rio Itapecuru (Maranhão), cuja missão teve grande desenvolvimento. Esse fato foi assaz comemorado pelo governo, que exaltou seu ardentíssimo zelo e piedade cristã, além do destemor, sobretudo depois daqueles bárbaros, em tempos de paz, terem matado o venerável padre João de Avelar. Em agosto de 1729, com a ajuda dos Barbados tentou missionar outras nações

Foi retirado definitivamente da missão indígena por volta de 1729 para ensinar no Colégio de São Luís do Maranhão, a fim de preparar futuros missionários, ensinando Filosofia e Teologia.

A partir de 1735 inicia-se uma nova etapa como "missionário apostólico" ou missionário popular, quando, ao sair de São Luís, se dirige ao sul, via capitania do Piauí, em direção à Bahia, pregando missões populares por todas as localidades em que passou, promovendo a renovação espiritual por meio dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola e animando a vida religiosa do sertão da região Nordeste do Brasil, até então desamparado religiosamente. Em suas orações atraía multidões, passando a ser chamado por muitos admiradores, de apóstolo do Brasil. Chegou a Salvador (Bahia) em 1738, onde continuou as suas pregações populares com grandes conversões, em número e qualidade. Nessa capital iniciou um convento para "convertidas" e um Seminário para o clero diocesano.

De 1741 a 1745 andou pelo sertão da capitania de Pernambuco e da capitania da Paraíba, sempre pregando retiros e tomando iniciativas de fundação de Conventos e Seminários. A capela existente até hoje no Colégio

Santa Teresa, da Congregação das Irmãs de Santa Doroteia do Brasil, no Maranhão, também foi fundada por ele, onde existem até hoje objetos pessoais de Malagrida que podem ser vistos mediante autorização das irmãs De 1746 a 1749 retorna ao Maranhão e Pará onde continua a sua ação de pregador de missões populares, até que concebeu a ideia de ir a Portugal, solicitar a aprovação do Rei, para funcionarem legalmente as suas fundações e conseguir recursos

Em 1749, o padre Gabriel Malagrida retornou à Europa em busca de recursos para auxiliar na manutenção dos inúmeros conventos e seminários que fundara. Chegando a Lisboa, foi, de fato, recepcionado como santo. E a imagem que conduzia consigo foi levada pelo povo, em procissão, para a igreja do colégio de Santo Antão. Por esse tempo, o rei D. João V, que estava enfermo, o acolheu paternalmente, fazendo-lhe concessões diversas e chamando-o para junto de si.

Foi o padre Gabriel Malagrida, quem o assistiu na hora derradeira, ministrando-lhe a extrema-unção. Esse fato aumentou ainda mais a sua fama de santidade e o seu crédito entre a nobreza e o povo de Deus. Em seguida, foi nomeado conselheiro real nas possessões de ultramar. Porém, o ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro marquês de Pombal, que ascendeu no reinado de D. José I, filho daquele falecido monarca, ensimesmado, não via com bons olhos a pregação mística e credibilidade popular daquele santo homem. Por isso mesmo, retornando ao Pará, em 1751, não foi Malagrida bem recebido pelo governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão do marquês de Pombal, que viajara com ele no mesmo navio Permaneceu a capital até 1751, quando regressou ao Maranhão onde permaneceu até 1754. Nesse ano regressou definitivamente a Portugal, a rogo da rainha viúva D. Mariana de Áustria.

Estava o padre Gabriel Malagrida, em Lisboa, quando sobreveio o terramoto de 1755. Foi, então, imenso o terror que se abateu sobre a população, atribuindo-o a castigo divino, de que seria necessária a penitência e a compunção. Como consequência, visando levantar os espíritos abatidos, encarregou o marquês de Pombal que um padre compusesse um folheto, que ele mandara publicar, explicando as causas naturais dos terramotos, e se desviando da crença desanimadora de que fora castigo de Deus. Porém, contra essa atitude, saiu em campo o místico Malagrida, respondendo-o com um folheto intitulado: Juízo da verdadeira causa do terremoto que padeceu a corte de Lisboa no 1.º de Novembro de 1755.

Nessa contradita, carregada de fervor religioso, combateu com veemência e indignação as doutrinas expostas no folheto divulgado por Pombal, e atribuía a castigo de Deus as causas do terramoto, devido aos intoleráveis pecados que eram ali praticados

Como solução, recomendava procissões, penitencias e, sobretudo, recolhimento e meditação de seis dias nos exercícios de Santo Inácio de Loyola.

Também, por acreditar que a sua fama de santo, o prestígio que gozava junto à alta nobreza, a longa folha de serviço missionário, a fundação de muitos seminários e sua eloquente pregação, respaldavam-lhe lutar contra o despotismo de Pombal. E, parece, que de Setúbal ainda escreveu uma carta ameaçadora, que teria terrível significado depois do atentado contra o Rei Dom José, em 3 de setembro de 1758, atribuído ao duque de Aveiro e aos marqueses de Távora, com o apoio da Companhia de Jesus. Esse episódio serviu para fortalecer o poder do ambicioso ministro, que trabalhou pela prisão e expulsão dos jesuítas do reino de Portugal, assim como a execução de grande parcela da alta nobreza naquele que ficou conhecido como processo dos Távora. Pouco tempo depois, Pombal acusou os jesuítas de conspiração contra a coroa portuguesa, Malagrida acabou sendo acusado de Heresia pelo Santo Oficio e por seus textos criticando o estado português e posteriormente condenado ao garrote e fogueira, penas executadas em um auto-de-fé no dia 21 de setembro de 1761, no Rossio, a praça principal de Lisboa.

Ao manipular o tribunal da Inquisição, o Marquês expulsou os Jesuítas de Portugal provocando uma onda de analfabetismo no País.

No Brasil, por volta de 1759, muitas escolas que vigoravam pela mão destas Ordens fecharam e algumas bibliotecas ficaram em ruínas.

Como Malagrida não pôde ser condenado no caso dos Távora por falta de provas, foi solicitada a sua transferência para uma prisão da Inquisição. Em 12 de janeiro de 1759, foi considerado réu de lesa-majestade e condenado à pena de garrote e de fogueira. Em seguida, entregue à Inquisição, em 17 de janeiro daquele ano, em virtude de ser religioso, quando foi encarcerado no cárcere da Custódia, sofrendo tortura e desumanos

interrogatórios, no Palácio dos Estaus, fato que muito contribuiu para que seu temperamento exaltado resvalasse à insanidade. Acusado de heresia, inventor de novos erros heréticos, convicto, ficto, falso, confitente, revogante, pertinaz e profitente, foi pela nada santa Inquisição, condenado no auto-da-fé de 20 de setembro de1761, àpenadeexcomunhãomaior,depostoedegredadodesuas ordens, relaxadoàprisão secular com mordaça e carocha com rótulo de heresiarca. O suplício foi realizado no dia seguinte, ardendo seu corpo em chamas, na fogueira armada na Praça do Rossio, em Lisboa, em seguida sendo as cinzas disseminadas pelo mar.

Não satisfeito com essa brutalidade, Pombal ainda agiu para apagar a memória do fanático religioso, mandando destruir pinturas que existiam com a efígie do mesmo em um recolhimento da vila de Setúbal, tanto em azulejos quanto em outras espécies, reduzindo umas a pó e outras a cinzas. Cópia da sentença foi encaminhada para o Estado do Maranhão e Grão Pará, para conhecimento das pessoas que foram por ele missionadas.

O teatro foi uma das suas grandes paixões, tendo tido mais tarde peças suas encenadas no Brasil e na Ópera de Lisboa. E foi numa representação teatral no Colégio que frequentava, que vestido de Rei, olhou para uma imagem de Cristo que estava nas paredes do salão e se sentiu numa situação que rondava o absurdo. A partir

daquele momento decidiu dedicar a sua vida aos pobres e viver sob o exemplo de Cristo

Fonte: Francisco Butiña, Vida del P. Gabriel Malagrida de la Compañía de Jesús, quemado como hereje por el Marqués de Pombal. Barcelona, Imp. de Francisco Rosal y Vancell, 1886;

O GUILHERME QUE ERA WILLIAM

Ainda no final dos anos 1600, chega ao Maranhão um jovem aventureiro americano, natural de Boston, Estados Unidos, para trabalhar na lavoura. Ele consegue datas de terra e se estabelece no que hoje é o atual município de Cajapió-MA.

Seu nome? Guilherme Ewerton. Enriqueceu, virou Capitão e, através de seus casamentos, deixou extensa prole que povoa até hoje os campos da Baixada Maranhense e várias cidades do Estado e do Brasil.

Um de seus filhos com Victória de Andrade foi Isabel de Andrade Ewerton, que casou com o também imigrante Lancelot Belfort, natural de Dublin, Irlanda. Isabel morre jovem, deixando três filhos com Lancelot: Maria Madalena Belfort, Ricardo Belfort e Guilherme Belfort. Desses filhos do casal, descendem boa parte dos Ewerton e dos Belfort do Maranhão.

Voltando ao nosso desbravador, a verdade é que não se chamava Guilherme! Foi um aportuguesamento. Uma forma de ser rapidamente incorporado e contrair núpcias com mulheres pertencentes à sociedade local e às famílias pioneiras. Esses contratos nupciais eram essenciais para garantir o futuro, vinculado à nobreza da terra.

Descobri que o nome "Guilherme" é o termo em português para se referir a "William", tanto que o príncipe William, membro da realeza britânica, por vezes, é chamado de "Guilherme" em matérias da comunidade lusófona. Insisti na busca pelo nome nativo, em detrimento do aportuguesado. Pois bem, nosso pioneiro quase não aparece citado como Guilherme nos registros de seus primeiros anos por aqui. Surgiu pra nós um tal William Ewerton no início dos anos 1700, assinando documentos relacionados à transações fundiárias. Bingo! Era o "Guilherme", e eis a assinatura do homem:

Texto: Ramssés Silva

Créditos: Christoffer Melo

Fonte: Livro de Registro de Notas n. 4 - Cartório do 2 ofício de notas de São Luís (1720).

REVISTA DO IHGM 3 – 1951

O NATAL DE 1728 E A "RAINHA ESTHER DO MARANHÃO"

RAMSSÉS SILVA

Noite de 25 de dezembro de 1728. A Igreja de Nossa Senhora do Carmo encontra-se lotada para a missa de Natal. Entre os "fiéis", encontra-se uma jovem chamada Izabel Gomes, acompanhada de sua família. Todos sentados, atentos à celebração quando, de repente, um deles expõe um boneco de massa de pão representando Jesus Cristo, que passa de mão em mão entre cada integrante da família, que começam a devorar e despedaçar o boneco na frente de todos, sem a menor cerimônia. A igreja toda olha aquele espetáculo incrédula e horrorizada. A missa pára. O que está acontecendo?

Estranho, não? Não! Foi um ato orquestrado com horas de antecedência. Izabel Gomes e sua família estavam, hámeses, sendo investigados pelo TribunaldoSanto Ofício,cujo Censorno Maranhãodespachavano Colégio de Nossa Senhora da Luz, na Igreja da Sé. Havia denúncias da prática de judaísmo por parte de sua família. Izabel era conhecida pelo Censor, inclusive, como "Rainha Ester".

Havia na Madredeus uma capela, já extinta, erigida à Nossa Senhora da Boa Hora. A família de Izabel Gomes, mantenedora do local, pretendia transformá-la em sinagoga. Havia badaladas de sinos em horários "esdrúxulos" aos católicos, fazendo referências aos momentos de orações do povo de Israel. Quando recebiam visitas de cristãos, a família de Rainha Ester oferecia água pútrida, acumulada em bilhas com excremento de animais. Não faziam a menor cerimônia em esconder sua profissão de fé e sua insatisfação com a perigosa e mortal perseguição.

No fatídico Natal de 1728, encomendaram previamente a um artesão a confecção do boneco de massa para levar à missa noturna, frequentada àquela época, certamente, por boa parte da população da primitiva São Luís.

Os reflexos deste ato foram os mais severos possíveis. Toda a família teve que, diante do Censor, explicar os atos considerados heréticos pela Inquisição Portuguesa. Muitas audiências. Perigo de todos arderem na fogueira em Lisboa nos Autos de Fé.

Quer saber o fim da história? Está por ser descoberto pela professora Marize Campos, da UFMA, que também descobriu toda esta curiosa e verídica história.

Texto: Ramssés Silva

Fonte: https://cuadernosjudaicos.uchile.cl/.../view/60590/64050

Foto: Benedito Lemos Júnior

Auto da Inquisição que mandou fazer o padre Carlos Pereira, comissário do Santo Ofício na cidade do Maranhão (Inquirição de 1731). Disponível em: https://digitarq.arquivos.pt/details?id=4499086 6 ANTT – TSO, IL, Cadernos do Promotor, Caderno 119, livro 311, fl. 378v.

“A igreja Nossa Senhora da Vitória foi a primeira matriz de São Luís, erguida em 1621. O nome da igreja está relacionado à vitória dos portugueses em relação aos franceses na Batalha de Guaxenduba, a qual foi concebida pela ajuda direta de Nossa Senhora que, segundo relatos, lhes conferiu a vitória na batalha. Em 1626, coube ao padre jesuíta Luís Figueira a missão de, além da fundação do Colégio da Luz, construir uma nova igreja para a Ordem. Em 1626, o Pe. Luís Figueira construiu também a primeira capela do Colégio dedicada à Nossa Senhora da Luz”. In: SILVA, Regiane Aparecida Caire y SOUSA, Marília Martha França. A Companhia de Jesus em São Luís do Maranhão: Considerações sobre pintura e talha na Catedral da Sé. IHS. Antiguos jesuitas en Iberoamérica. Vol. 4 nº 1 enero ‐ junio 2016.

Ermida de N. S. Da Boa Hora. Existio na quinta da Boa Hora, propriedade do Barão de Anajatuba, bem perto da Madre de Deus. Foi seu fundador o capitão-mor Antonio Baldez da Silva, como se lê na provisão de ermitão, passada a 23 ele maio de 1727, registrada na câmara ecclesiastica. Não sabemos ao certo quando foi fundada, e a este respeito deparamos com o requerimento do sargento-mor João Nogueira de Sousa, pedindo a câmara « uns chãos» na rua que vae de canto de João Barbosa para a ermida de N. S da Boa Hora, adiante da Fonte das

Pedras, em 1723. Corre a tradicção de ter sido possuída pelos jesuítas, que compraram a quinta onde estava a capella, para convalescença dos seus doentes, o que é bem possível. In: MARQUES, Cezar Augusto. Dicionário Histórico - Geographico da Província do Maranhão. Maranhão, 1870. Typ. do FRIAS, rua da Palma n° 6. p.198.

DE CAMPO E A CIDADE DE VIANA

ÁUREO VIEGAS MENDONÇA

Nas primeiras décadas do século XVIII a missão jesuítica nas terras maranhenses fundou a Fazenda Agrícola São Bonifácio do Maracu, localizada as margens do Igarapé do Engenho, marco inicial da colonização de Viana, dedicada a criação de gado e plantação de cana de açúcar, embrião que deu origem a cidade de Viana.

José Feliciano Botelho de Mendonça, meu hexavô, primo de Sebastião José de Carvalho e Melo o “Marquês de Pombal” chegou a Viana na segunda metade dos anos 1700, ficou conhecido como o "Adão do Pindaré", deixou muitos descendentes na região, seus parentes são os Botelho, os Mendonça, os Lopes da Cunha, os Furtado de Mendonça e os Mendonça Furtado.

O mestre-de-campo José Nunes Soeiro que se estabeleceu em Viana no século XVIII foi o primeiro Tabelião da então Vila de Viana um homem muito riquíssimo na época, era o mais rico que Viana já teve em todo o período colonial e faz parte da história da cidade de Viana, deixou muitos descentes no Maranhão, foi José Nunes Soeiro recomendado por Marquês de Pombal quem levou de Pernambuco os Botelho de Mendonça para a cidade de Viana.

José Nunes Soeiro o mestre-de-campo denominação que constituía um posto de oficial superior, existente nos exércitos de Espanha, França e Portugal, na época do Antigo Regime. De acordo com o país, competia, a um mestre de campo, exercer o comando de um regimento ou terço, sendo, aproximadamente, equivalente ao atual posto de coronel, ou seja, um militar.

A fazenda São Bonifácio do Maracu era uma fazenda dos jesuítas que foram expulsos do Brasil por Marques de Pombal em 1756 e tiveram seus bens confiscados pela Coroa, o Engenho São Bonifácio abrangia além da Palmela, as terras do Ibacazinho, da Ponta e do Marimar, foi doado pela coroa portuguesa a José Feliciano Botelho de Mendonça, os "Botelho" e os "Mendonça" da Baixada Maranhense têm origem em José Feliciano Botelho de Mendonça, a fazenda São Bonifácio do Maracu, espólio dos jesuítas, era uma fazenda riquíssima, os jesuítas que foram expulsos do Brasil por Pombal em 1756 e tiveram seus bens confiscados pela Coroa. Este pouco tempo depois o vendeu ao Mestre de Campo José Nunes Soeiro.

Só no Engenho do Maracu existiam 5.242 cabeças de gado, casa-grande, capela, olaria, e mais 6 alambiques. A propriedade possuía outras culturas frutíferas e um plantel de 190 escravos.

Quando da morte do Mestre de Campo, o Engenho de São Bonifácio possuía 165 escravos. No inventário também aparece um Engenho do Maracu com 190 escravos, mais de 5.200 cabeças de gado e 500 cavalos. Existem fortes evidências de que as terras dos jesuítas foram divididas. A parte dos Mendonça passou a se chamar Palmela, enquanto a parte de José Nunes Soeiro passou a ser chamada Engenho do Maracu, cuja atividade principal era a criação de gado. Quando da morte do mestre de campo não há referência à Fazenda Palmela no inventário, porém essas referências aparecem nos inventários dos Mendonça. o mestre de campo José Nunes Soeiro ficou com a parte principal da fazenda e José Feliciano ficou com outra área das terras e construindo a sede da Palmela, e o Soeiro ficou com a antiga capela dos jesuítas.

Omestre-de-campojáhaviaintroduzidonoempreendimentoomontantede165escravosafricanos, construído uma olaria, ter expandido o canavial e ter diversificado a plantação com culturas de café, seringueiras, laranja, abacate, além de ter também um armazém e hospedaria, 146 cavalos e mulas e 8.541 cabeças de gado.

Dom Frei António de Pádua e Belas foi eleito em 18 de julho de 1783 bispo do Maranhão, durante o governo da diocese teve várias dificuldades, a coroa portuguesa envia Manuel António Leitão Bandeira para o Brasil na qualidade de Corregedor, Provedor e Ouvidor geral da Comarca do Maranhão, com quem D. Fr. António de Pádua veio a ter um conflito, tudo devido ao desejo do bispo de alterar o percurso da procissão do Corpus Christi, no ano de 1785, enviando por um cónego o aviso à câmara; contudo o poder local decidiu conservar o percurso realizado anteriormente, merecendo esta atitude de desobediência a ameaça de excomunhão maior por parte do bispo, que foi repreendido pelo ministro português. O Bispo se recolheu ao convento de Santo Antônio e dali partiu para Viana onde abrigou-se em Maracu fazenda do mestre-de-campo José Nunes Soeiro.

O MESTRE

O Marechal de campo José Nunes Soeiro por ordem da junta foi preso pelo escrivão da mesma Antônio Caetano Borges ancestral do Tenente José Caetano Borges devido ter dado hospedagem ao bispo, através do Ofício do ouvidor-geral do Maranhão, Manuel António Leitão Bandeira, para o secretário de Estado da Marinha eUltramar,MartinhodeMelo eCastro,sobrea prisão domestre-de-campo JoséNunes Soeiro,dando conta que executou os autos, tal como foi ordenado pelo aviso de 20 de Julho de 1788.

(*) Áureo Viegas Mendonça é escritor, geógrafo, pesquisador e servidor público federal.

Fontes:

Jornal Semanário Maranhense nº 47 de 19 de julho de 1868.

Uma Região tropical de Raimundo Lopes

História de um Menino Pobre – Sálvio Mendonça

Postagens no facebook: Ramssés de Sousa e Silva

Christoffer Melo

Foto: arquivo participar e inventário José Nunes Soeiro TJ MA.

ESCUDO DA PREFEITURA DE SÃO LUIS FOI CRIADO POR SÓCIOS DO IHGM

Veja a imagem abaixo do escudo da Prefeitura de São Luís criado por sócios do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão em 1926.

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