ALL EM REVISTA, vol 1, n 4, set dez 2014

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ALL EM REVISTA REVISTA (ELETRÔNICA) DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS

NÚMERO ATUAL - V. 1, N. 4 2014 SÃO LUIS – MARANHÃO – OUTUBRO A DEZEMBRO

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A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.

EXPEDIENTE

ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS

ALL EM REVISTA Revista (eletrônica) da Academia Ludovicense de Letras

COMISSÃO DE BIBLIOGRAFIA Leopoldo Gil Dulcio Vaz Presidente Ana Luiza Almeida Ferro André Gonzalez Cruz COMISSÃO DE PUBLICAÇÃO E EVENTOS Dilercy Aragão Adler Presidente Aldy Mello de Araújo Antonio José Noberto da Silva Sanatiel de Jesus Pereira CONSELHO EDITORIAL Sanatiel de Jesus Pereira Presidente Aldy Mello de Araújo Dilercy Aragão Adler EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luis – Maranhão (98) 3236-2076 # (98) 8119 1322 ENDEREÇO ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS Palácio Cristo Rei – UFMA / Sala do Memorial Gonçalves Dias Praça. Gonçalves Dias, 351 - Centro: São Luís - MA. CEP: 65042-240. TELEFONES: (98)3272-9651/9659 Ou Centro de Criatividade Odylo Costa, filho Sala de Multimeios Praça do Projeto Reviver

A Academia Ludovicense de Letras – ALL –, fundada em 10 de agosto de 2013, “tem por finalidade o desenvolvimento e a difusão da cultura e da literatura ludovicense, a defesa das tradições literárias do Maranhão e, particularmente, de São Luís, a perpétua renovação e revitalização do legado da Atenas Brasileira, o culto às origens da cidade e à sua formação pelas letras, a valorização do vernáculo e o intercâmbio com os centros de atividades culturais do Maranhão, do Brasil e do exterior” (Art. 2º, do Estatuto Social). Em seu artigo 58, “Além de outras que venham a ser criadas, constituem o rol permanente das publicações oficiais da Academia a Revista, os Perfis Acadêmicos e a Antologia.”. Esta Revista, apresentada em formato eletrônico, destina-se à divulgação do fazer literário dos membros da Academia Ludovicense de Letras – ALL . Está dividida em sessões, que conterão os: DISCURSOS E PRONUNCIAMENTOS dos sócios da Instituição, e de literatos convidados, não pertencentes ao seu quadro social; ALL NA MÍDIA resgata as colaborações nas diversas mídias, quando identificados como membros da ALL; ARTIGOS, CRÔNICAS, OPINIÕES manifestas pelos membros da Academia; POESIAS de autoria de seus membros. Haverá uma sessão DE ICONOGRAFIA, registrando-se as atividades da ALL, e aquelas em que seus membros tenham participado, assim como a divulgação de nosso CALENDÁRIO DE EVENTOS. Poderá, ainda, conter ASSUNTOS ADMINISTRATIVOS, referentes a questões estatutárias, regulamento, e avisos. As colaborações não poderão ultrapassar 30 laudas – formato A4, Times New Roman, em Word, espaço único, com ilustrações. Normas de publicação ABNT. Os contatos são feitos através de seu Editor, pelo endereço eletrônico vazleopoldo@hotmail.com NOSSA CAPA: Escudo da ALL

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ALL EM REVISTA Revista (eletrônica) da Academia Ludovicense de Letras ENDEREÇO PARA CORRESPONDENCIA: EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luis – Maranhão (98) 3236-2076 # (98) 8119 1322

NUMEROS PUBLICADOS – ENDEREÇO ELETRONICO V.1, n. 1, 2014 (janeiro/março) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma V.1, n. 2, 2014 (abril/junho) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_ V.1, n. 3, 2014 (julho/setembro) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho_34d409e2ef5b18 V. 1, n. 4, 2014 (outubro a dezembro)

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ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS Fundada em 10 de agosto de 2013 Registrada sob no. 48.091, de 09 de janeiro de 2014 – Cartório Cantuária de Azevedo CNPJ 20.598.877/0001-33 DIRETORIA PRESIDENTE VICE PRESIDENTE SECRETARIO GERAL 1º SECRETARIO 2º SECRETARIO 1º TESOUREIRO 2º TESOUREIRO

ROQUE PIRES MACATRÃO DILERCY ARAGÃO ADLER LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ ÁLVARO URUBATAN MELO ANA LUIZA ALMEIDA FERRO RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO CLORES HOLANDA SILVA CONSELHO FISCAL

MEMBRO MEMBRO MEMBRO

ALDY MELLO DE ARAUJO AYMORÉ DE CASTRO ALVIM JOSÉ DE RIBAMAR FERNANDES CONSELHO DOS DECANOS

DECANO CONSELHEIRO CONSELHEIRO CONSELHEIRO CONSELHEIRO

ARTHUR ALMADA LIMA FILHO - 17.10.1929 ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO - 08.11.1934 ROQUE PIRES MACATRÃO - 13.11.1935 JOSÉ DE RIBAMAR FERNANDES - 30.01.1938 RAIMUNDO DA COSTA VIANA – 09. 11.1939 CONSELHO EDITORIAL

SANATIEL DE JESUS PEREIRA PRESIDENTE ALDY MELLO DE ARAÚJO DILERCY ARAGÃO ADLER

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SUMÁRIO EXPEDIENTE SUMÁRIO APRESENTAÇÃO MEMBROS FUNDADORES E OCUPANTES DE CADEIRA CALENDÁRIO 2015 PROJETOS PROJETO “’190 POEMAS PARA MARIA FIRMINA DOS REIS” DILERCY ARAGÃO ADLER 1ª CONVOCATÓRIA - “CENTO E NOVENTA POEMAS PARA MARIA FIRMINA DOS REIS” - 01 de Outubro de 2014 a 31 de Janeiro de 2015 DILERCY ARAGÃO ADLER ANIMA LUDOVICENSE DA ALL / PROJETO ANIMA LUDOVICENSE 4 SÉCULOS ANA MARIA FELIX GARJAN ELOGIO AO PATRONO ELOGIO AO PATRONO: ARQUIMEDES VIEGAS VALE; MICHEL HERBERT ALVES FLORÊNCIO; E POSSE DE MARIO DA SILVA LUNA DOS SANTOS FILHO DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DO ACADÊMICO ARQUIMEDES VIEGAS VALE – FUNDADOR DA CADEIRA 20, PATRONO: GRAÇA ARANHA SANATIEL PEREIRA ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA 20: GRAÇA ARANHA ARQUIMEDES VIEGAS VALE DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DE MICHEL HERBERT ALVES FLORÊNCIO À ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS NA SUA POSSE, EM 24 DE OUTUBRO DE 2014, NA CADEIRA Nº 12 PATRONEADA POR JOSÉ RIBEIRO DO AMARAL ACADÊMICO ARQUIMEDES VIEGAS VALE – CADEIRA Nº 20 ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA 12: JOSÉ RIBEIRO DO AMARAL MICHEL HERBERT ALVES FLORENCIO DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DO ACADÊMICO MARIO DA SILVA LUNA DOS SANTOS FILHO EM SUA POSSE NA CADEIRA 10, PATRONO SOUSÂNDRDE ARQUIMEDES VIEGAS VALE ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA 10: SOUSÂNDRDE MARIO DA SILVA LUNA DOS SANTOS FILHO ELOGIO AO PATRONO: RAIMUNDO DA COSTA VIANA APRESENTAÇÃO DO FUNDADOR DA CADEIRA DE Nº 36, O ACADÊMICO RAIMUNDO DA COSTA VIANA AYMORÉ DE CASTRO ALVIM ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA 36: JOÃO MIGUEL MOHANA RAIMUNDO DA COSTA VIANA ELOGIO AO PATRONO: ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO EU O RECOMENDO... “por minha livre e espontânea vontade” - DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DO ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO

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LINHARES DE ARAÚJO

ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA 4: FRANCISCO SOTERO DOS REIS ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO ELOGIO AO PATRONO: ANTONIO JOSÉ NOBERTO DA SILVA; E ANA LUIZA ALMEIDA FERRO DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DO ACADÊMICO ANTONIO JOSÉ NOBERTO DA SILVA, DA CADEIRA Nº 1 DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS ANA LUIZA ALMEIDA FERRO

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ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA Nº 1, CLAUDE ABBEVILLE, PELO MEMBROFUNDADOR ANTONIO NOBERTO: CLAUDE ABBEVILLE - O PRIMEIRO CRONISTA DO MARANHÃO ANTONIO NOBERTO APRESENTAÇÃO DE ANA LUIZA ALMEIDA FERRO, MEMBRO-FUNDADOR, OCUPANTE DA CADEIRA NÚMERO 31, POR ANTONIO NOBERTO: A FLOR-DE-LUÍS ANTONIO NOBERTO DISCURSO DE ELOGIO AO PATRONO MÁRIO MARTINS MEIRELES, DA CADEIRA Nº 31 DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS ANA LUIZA ALMEIDA FERRO DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DO ACADÊMICO WILSON PIRES FERRO, DA CADEIRA Nº 7 DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS ANA LUIZA ALMEIDA FERRO ELOGIO AO PATRONO: JOÃO FRANCISCO BATALHA; E CLORES HOLANDA SILVA DISCURSO DE SAUDAÇÃO A JOÃO FRANCISCO BATALHA, NA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS, NO DIA 14 DE DEZEMBRO DE 2014. ÁLVARO URUBATAN DE MELO DISCURSO DE ELOGIO A JOÃO DUNSHEE DE ABRANCHES MOURA. PROFERIDO POR JOÃO FRANCISCO BATALHA, OCUPANTE DA CADEIRA Nº 19 DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS. PRONUNCIADO NO AUDITÓRIO CRISTO REI DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, NO DIA 14 DE DEZEMBRO DE 2014. JOÃO FRANCISCO BATALHA DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DE CLORES HOLANDA, MEMBRO-FUNDADOR OCUPANTE DA CADEIRA Nº 30, PATRONEADA POR ODYLO COSTA, FILHO, PELO MEMBRO-FUNDADOR ANTONIO NOBERTO, OCUPANTE DA CADEIRA NÚMERO 1 ANTONIO NOBERTO ELOGIO AO PATRONO ODYLO COSTA, filho CLORES HOLANDA SILVA - CADEIRA Nº. 30 ELOGIO AO PATRONO: RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO DISCURSO DE RECEPÇÃO AO PROFESSOR RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO PROFERIDO PELO ACADÊMICO RAIMUNDO GOMES MEIRELES, OCUPANTE DA CADEIRA Nº 17 DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS. RAIMUNDO GOMES MEIRELES DISCURSO DE ELOGIOS AO PATRONO DA CADEIRA Nº 05, JOÃO FRANCISCO LISBOA, DO PROFESSOR RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO, MEMBRO FUNDADOR DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO ALL NA MÍDIA O PODER DO TEMPO, DE ALDY MELO, NA REVISTA DO PH VIAGEM A COIMBRA, NA REVISTA DO PH EXPOSIÇÃO FRANÇA EQUINOCIAL PARA SEMPRE VIVA ÁGUA COMEMORA 30 ANOS COM FESTA – LANÇAMENTO DO LIVRO: “QUERIDO PROFESSOR DIMAS - ANTONIO MARIA ZACHARIAS BEZERRA DE ARAÚJO E A EDUCAÇÃO FÍSICA MARANHENSE: UMA BIOGRAFIA (AUTORIZADA), de Leopoldo Gil Dulcio Vaz e Denise Martins e Araújo PAPAGAIOS AMARELOS I E II LAÇOS COM MOTIVAÇÃO LITERÁRIA FUNDAÇÃO FRANCESA CORROBORADA EM LIVRO A CIDADELA POSSE DE ANTONIO BRANDÃO – NA REVISTA DO PH HOMENHEM A ODYLO NA ALL – NA REVISTA DO PG

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ODYLO NA FESTA DA ACADEMIA LUDOVICENSE – NA REVISTA DO PH ÁLVARO MELO – CIDADÃO LUDOVICENSE POSSE DE JOÃO BATALHA NA ABL OS 70 ANOS DE JOÃO BATALHA LAURA ROSA – UM OLHAR PARA UMA IMORTAL (NÃO SÓ DA AML…) LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ O PERIQUITO DE FARDÃO JOÃO BATISTA ERICEIRA PREMIAÇÃO DA ACCADEMIA INTERNAZIONALE IL CONVIVIO CARMELA TUCCINARI REVISTA LUDOVICENSE - SÃO LUÍS 400/2012 CONGRATULAÇÕES À LUDOVICENSE ANA LUIZA ALMEIDA FERRO SIOGE: PATRIMÔNIO DO MARANHÃO PAULO MELO SOUSA É O MEU GURI CERES COSTA FERNANDES POR QUEM OS SINOS DOBRAM SANATIEL DE JESUS PEREIRA A MENORIDADE RELATIVA DO AGENTE E A NECESSIDADE DE SUA COMPROVAÇÃO MEDIANTE DOCUMENTO OFICIAL ANDRÉ GONZALEZ CRUZ; ISLA CAROLINE BERBARE LEITE CAMILA NASCIMENTO E DILERCY ADLER: a poesia da poesia DINACY CORRÊA LEITURA DE POESIA LICEO DE BENIDORM DILERCY ARAGÃO ADLER 8ª FEIRA DE LIVROS DE SÃO LUIS III CONGRESSO MARANHENSE DE HISTÓRIA DA MEDICINA - Discurso proferido pelo Prof. Aymoré Alvim, na sessão solene de abertura, na noite de 5 de novembro de 2014. AYMORÉ ALVIM LANÇAMENTO DE LIVRO DE ANA LUIZA SOS VIDA (PAZ NO TRÂNSITO) ANTONIO BRANDÃO LANÇA CRONICA DOS 400 ANOS EM COIMBRA – PALESTRA EM COIMBRA ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO POSSE DE MICHEL HERBERT FLORENCIO NA ACADEMIA BRASILEIRA DE MEDICOS ESCRITORES – ABRAMES ARQUIMEDES VALE É HOMENAGEADO PELA SOBRAMES PLENÁRIA DE NOVEMBRO DE 2014 – ALDY MELO LANÇA O PODER DO TEMPO EXPOSIÇÃO DO CENTENÁRIO DE ODYLO COSTA, FILHO A FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE CULTURA (FUNC) LAMENTA O FALECIMENTO DE FIRMINO DINIZ: MORRE MESTRE DINIZ – OS BERIMBAUS SE CALAM, CHORANDO O ENCANTAMENTO DO VELHO MESTRE CAPOEIRA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ CRONICAS, CONTOS, OPINIÕES DILERCY ADLER ERA UMA VEZ O AMOR... ONDE ESTÁ O PARAÍSO? HAMILTON RAPOSO MIRANDA FILHO CONVERSA DE MARANHENSE ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE AS IDEIAS DE THOMAS PICHETTY

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AYMORÉ ALVIM PINHEIRO: O BOI DO PORTINHO E AS ELEIÇÕES DE 1950 FERNANDO BRAGA A PRIMEIRA ROMANCISTA BRASILEIRA VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES O PRIMADO DA IMAGINAÇÃO: um estudo arteterapêutico em Maria Firmina dos Reis JOSÉ NERES MARIA FIRMINA DOS REIS: PIONEIRA EM PROSA E VERSO DILERCY ARAGÃO ADLER NOTA EXPLICATIVA SOBRE E EM HOMENAGEM À MARIA FIRMINA DOS REIS E A GONÇALVES DIAS EDMILSON SANCHES LAURA ROSA WYBSON CARVALHO LAURA ROSA, A VIOLETA DO CAMPO JOSÉ DE OLIVEIRA RAMOS "ENGENHO DA VIDA" UM HIDROAVIÃO CHEGA A SÃO LUÍS JOSÉ MARCELO DO ESPÍRITO SANTO ANA MARIA FELIX GARJAN AZULEJOS CULTURAIS DE SÃO LUÍS – 4 SÉCULOS - Movimento pró-Memória, in poéticas, estéticas e estilísticas literárias RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO NÚCLEO DOCENTE ESTRUTURANTE NA GESTÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR POESIAS CLORES HOLANDA SILVA BANDEIRA BRANCA OUTUBRO DE FEIRAS NUMA SEXTA-FEIRA DE HALLOWEEN TERESINKA PEREIRA 20 DE OUTUBRO, DIA DO POETA AYMORÉ ALVIM O ÚLTIMO ADEUS INDO COM O VENTO NATIVIDADE. ANA LUIZA ALMEIDA FERRO "QUANDO" DILERCY ADLER AMOR SUBLIME AMOR A ARTE DE VIVER INCLUI ESTRADAS MARIO LUNA FILHO RUA PADRE GEROSA ANEXOS ÍNDICE DA ‘ALL EM REVISTA’, VOLUME 1, 2014 REVISTA 1, JANEIRO/MARÇO REVISTA 2, ABRIL/JUNHO REVISTA 3, JULHO/SETEMBRO REVISTA 4, OUTUBRO/DEZEMBRO INDICE DE AUTORES – COLETANEA INDICE DE AUTORES - POESIA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

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APRESENTAÇÃO/RELATÓRIO/INFORMES Bem sei que alguns “puristas” vão criticar o escrivinhador. Acreditam que a Revista da Academia deva ser apenas para divulgar os ‘feitos’ de seus membros. Com o que concordo... Mas... E esse ‘mas’ se deve a alguns escritos que têm aparecido e que se referem à identidade do maranhense; ou como diria nosso Patrono Reis, à “maranhensidade”. Assim, na construção de nossa “ALL em Revista” se farão alguns registros que denotem essa qualidade do/de ser... Na leitura, vocês verão do que estou falando. Não estranhem, se aparecerem estranhos... Deve-se ao registro da língua falada no Maranhão; sempre ouvi dizer que aqui se falava o melhor português do Brasil – Sotero e Martins de Araújo não nos deixariam mentir; mas o fato é que depois que a Rede Globo se tornou rede nacional e adentrou em todos os rincões, fala-se uma pseudo “língua brasileira” identificada como “carioquês” – um regionalismo... Acredito ser obrigação nossa, enquanto Academia de Letras preservar o ‘bom falar’ e o ‘bom escrever’, para além dos códigos de linguagem que os ‘tempos modernos’ se nos impõem, via ‘nuvem’, mídias televisivas, e redes sociais... Assim, em “CRONICAS, CONTOS, OPINIÕES”, replicamos de Hamilton Raposo Miranda Filho as ‘CONVERSA DE MARANHENSE’; de Fernando Braga artigo sobre ‘A primeira romancista brasileira’; de nossa Correspondente Vanda Lúcia da Costa Salles transcrevemos a palestra ministrada quando do lançamento do Projeto MFR: ‘O PRIMADO DA IMAGINAÇÃO: um estudo arteterapêutico em Maria Firmina dos Reis’, assim como a palestra do José Neres sobre ‘MARIA FIRMINA DOS REIS: PIONEIRA EM PROSA E VERSO’; de nosso confrade da Academia Caxiense, e da Imperatrizense de Letras, jornalista EDMILSON SANCHES artigo sobre uma de nossas patronas, ‘LAURA ROSA’; do jornalista José de Oliveira Ramos material que nos mandou, e já publicado na imprensa local, sobre o ‘Engenho da Vida’; e de nosso confrade José Marcelo do Espírito Santo, do IHGM, que nos relata a amerrissagem de ‘UM HIDROAVIÃO CHEGA A SÃO LUÍS, material também nos enviado, para aproveitarmos, se possível...; e na sessão POESIAS, a de nossa ‘correspondente’ nos Estados Unidos Teresinka Pereira sobre o “20 DE OUTUBRO, DIA DO POETA”. Estive lendo algumas revistas de outras Academias; em sua maioria trazem os ocupantes de Cadeiras; acrescentamos já a partir da edição anterior a relação; junto, o nosso calendário de Elogios aos Patronos e Posses... Esperamos poder cumpri-lo e, em breve, termos as 40 cadeiras ocupadas, com o devido registro da contribuição de cada um para as letras ludovicenses, e maranhenses... Continuamos com os habituais colaboradores. E na medida em que o tempo passa as apresentações dos membros – fundadores e efetivos - e elogios e discursos de posse estão sendo transcritos. Um trimestre cheio... a Revista sairá bem ‘gorda’. Terminamos um ano “fiscal” – janeiro a dezembro, do ano de 2014. Foram quatro os números da ALL EM REVISTA publicados; o Índice da revista estará ao final

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deste... já temos condições de estabelecer ‘a elite’ da ALL... mas não o faremos neste momento... Até o momento contamos com 44 autores, E só para chatear, presto explicação1: Para se determinar a Elite de Autores da Academia Ludovicense de Letras – ALL – aplicar-se-á a “Lei do Elitismo” (PRICE, 1965)2, e a da “Lei de Lotka” (1926). A primeira se utiliza de citações e destina-se a estimar o tamanho da elite de 1

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias. Organização da Informação em Ciências do Esporte – a experiência do CEDEFEL-MA com revistas especializadas. ANAIS do XVIII SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, São Caetano do Sul (SP), 08 a 11 de outubro de 1992, p. 105 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias. A produção do conhecimento na Escola de Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais. ANAIS da 45ª. REUNIÃO ANUAL DA SBPC, Recife (PE), 11 a 16 de julho de 1993, p. 54; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias. A produção do conhecimento na Escola de Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais. ANAIS do VIII CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, Belém (PA), o6 a 10 de setembro de 1993, p. 136. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias; SANTOS, Luis Henrique. Produtividade e elitismo na Educação Física Brasileira (1993), in Produção do conhecimento em Educação Física e Desportos no Nordeste Brasileiro. ANAIS do III JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA DA UFMA, São Luis, 05 a 08 de dezembro de 1995, p. 14-21. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ELITISMO NO IHGM. REVISTA DO IHGM, N. 30, agosto 2009 ed. Eletrônica 123- 185 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ÍNDICE DA REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO. REVISTA DO IHGM, N. 30, agosto 2009 ed. Eletrônica 186-205 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA DO IHGM; REVISTA DO IHGM No. 38, setembro de 2011 – Edição Eletrônica, p 75 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_38__setembro_2011 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. OS SÓCIOS DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO. Revista IHGM, No. 43, DEZEMBRO de 2012, p. 59. http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_43_-_dezembro_2012 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ÍNDICE DA REVISTA DO IHGM – APRESENTAÇÃO. Revista IHGM, No. 44, março de 2013, p 71. http://issuu.com/leopoldogildulciovaz/docs/revista_ihgm_44__mar_o_2013 PRICE, Derek J. De Solla. Networks of scientific papers. Science, [s.l.], v. 149, n.3683, p. 56-64, July 1965. citado por GUEDES, Vania L. S.; BORSCHIVER, Suzana. BIBLIOMETRIA: UMA FERRAMENTA ESTATÍSTICA PARA A GESTÃO DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO, EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO, DE COMUNICAÇÃO E DE AVALIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA LOTKA, A. J. The frequency of distribuition of scientific productivity. JOURNAL OF THE WASHINGTON ACADEMY OF SCIENCES, v. 16, n.12, p. 317-323, 1926, citado por GUEDES, Vania L. S.; BORSCHIVER, Suzana. Bibliometria: uma ferramenta estatística para a gestão da informação e do conhecimento, em sistemas de informação, de comunicação e de avaliação científica e tecnológica. MERTON, R. K. The Mathew effect in science. SCIENCE, [s. l.], v. 159, n. 3810, p. 58, Jan. 1968, citado por GUEDES, Vania L. S.; BORSCHIVER, Suzana. Bibliometria: uma ferramenta estatística para a gestão da informação e do conhecimento, em sistemas de informação, de comunicação e de avaliação científica e tecnológica; 2 A “Lei do Elitismo” utiliza-se de citações e destina-se a estimar o tamanho da elite de determinada população de autores; enuncia que “toda população de tamanho N tem uma elite efetiva tamanho √ N” (PRICE, 1965). Price, em “Little Science, Big Science, observou que, para as ciências em geral, o número de autores decresce mais rapidamente que o inverso do quadrado, mais aproximadamente à Lei do Inverso do Cubo 1/n3. (PRICE, Derek J. De Solla. Networks of scientific papers. Science, [s.l.], v. 149, n.3683, p. 56-64, July 1965. citado por GUEDES, Vania L. S.; BORSCHIVER, Suzana. BIBLIOMETRIA: UMA FERRAMENTA ESTATÍSTICA PARA A GESTÃO DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO, EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO, DE COMUNICAÇÃO E DE AVALIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA).

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determinada população de autores. Enuncia que “toda população de tamanho N tem uma elite efetiva tamanho √ N”. Observa-se que, para as ciências em geral, o número de autores decresce mais rapidamente que o inverso do quadrado, mais aproximadamente à Lei do Inverso do Cubo 1/n3. Já a Lei de Lotka, relacionada à produtividade de autores e fundamentada na premissa básica de que “alguns pesquisadores publicam muito e muitos publicam pouco”, enuncia que “a relação entre o número de autores e o número de artigos publicados por esses, em qualquer área científica, segue a Lei do Inverso do Quadrado 1/n2”. Vou utilizar dos quatro números publicados do Volume 1 publicados pela ALL no ano de 2014....

A Elite dos Autores se constituirá daqueles que tiveram certo número contribuições, com base no que foi publicado na ALL em Revista. Se seguirá o padrão de distribuição das leis e princípios bibliométricos, condizente com a máxima conhecida como “Efeito Mateus na Ciência”, que diz: “aos que mais têm será dado em abundância e, aos que menos têm até o que têm lhes será tirado” 3. Trata-se de uma abordagem ao efeito Mateus mediante a análise de processos psicossociais, que afetam o sistema de avaliação e distribuição de recompensas científicas. Por exemplo: cientistas altamente produtivos, de universidades mais conceituadas, obtêm frequentemente mais reconhecimento que cientistas igualmente produtivos, de outras universidades. Assim como: “a ciência da informação é um campo dedicado às questões científicas e à prática profissional voltadas para os problemas de efetiva comunicação do conhecimento e de seus registros entre os seres humanos, no contexto social, institucional ou individual do uso e das necessidades de informação”. (Saracevic, 1996, p.47) 4.

Voltemos ao trivial: o Confrade-Tesoureiro Campos providenciou tudo o que foi relativo à parte fiscal – Receita Federal – da ALL; a Confreira-Secretária Ana Luiza, os registros cartoriais... assim passamos a ter vida legal neste 2014. E a incansável Vice Dilercy deu-nos muito trabalho, com suas ideias mirabolantes, produzindo – e muito – para que a ALL não saísse do noticiário. Conseguimos ‘nossa casa’, embora despejados, agora, pela segunda vez: Clores, nos abrigou no Palácio Cristo Rei; Ceres, no Centro de Criatividade Odylo Costa, filho. Em comum: a ‘paixão’ de ambas pelo Odylo... o escritor... Vamos, pois, ao ‘Odylo’... Esperamos que na próxima gestão consigamos o mesmo apoio que tivemos de ambas... Nosso muito obrigado... Foram 12 reuniões de Diretoria – claro, uma por mês... – 21 reuniões plenárias, sendo 12 ordinárias – claro de novo, uma por mês... – e 374 visitantes, em nossos eventos... Nesses eventos foram feitos os Elogios ao Patrono e as Posses de novos membros: 3

MERTON, R. K. The Mathew effect in science. SCIENCE, [s. l.], v. 159, n. 3810, p. 58, Jan. 1968, citado por GUEDES, Vania L. S.; BORSCHIVER, Suzana. Bibliometria: uma ferramenta estatística para a gestão da informação e do conhecimento, em sistemas de informação, de comunicação e de avaliação científica e tecnológica. 4 LIMA, Gercina Ângela Borém. Interfaces entre a ciência da informação e a ciência cognitiva. Ci. Inf., Brasília, v. 32, n. 1, p. 77-87, jan./abr. 2003

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CADEIRA 01 02 04 05 07 08 10 12 16 19 20 21 23 26 30 31 32 36

PATRONO Claude d’Abbeville Antônio Vieira Francisco Sotero dos Reis João Francisco Lisboa Antônio Gonçalves Dias Maria Firmina dos Reis Joaquim de Sousa Andrade José Ribeiro do Amaral Antônio B. Barbosa de Godois João D. de Abranches Moura José Pereira da Graça Aranha Manuel Fran Paxeco Domingos Quadros B. Álvares Raimundo Corrêa de Araújo Odylo Costa, filho Mário Martins Meireles Josué de Souza Montello João Miguel Mohana

MEMBRO Antonio Noberto João Batista Ericeira Antônio Augusto Ribeiro Brandão Raimundo Nonato S. Campos Filho Wilson Pires Ferro in memoriam Dilercy Adler Mario da Silva L. dos Santos Filho Michel Herbert Alves Florencio Aymoré de Castro Alvim João Francisco Batalha Arquimedes Viegas Vale Leopoldo Gil Dulcio Vaz Álvaro Urubatam Mello João Batista Ribeiro Filho Clores Holanda Silva Ana Luiza Almeida Ferro Aldy Mello de Araujo Raimundo da Costa Viana

DATA 11/12/2014 28/06/2014 09/12/2014 20/12/2014 11/12/2014 09/08/2014 24/10/2014 24/10/2014 31/05/2014 14/12/2014 24/10/2014 31/01/2014 31/01/2014 06/06/2014 14/12/2014 11/12/2014 22/02/2014 25/10/2014

Para o ano de 2015, temos as pendências abaixo, que não foram cumpridas neste ano que se finda; todo têm até o mês de maio para os Elogios e /ou Posse... prazo de alguns já esgotados – Fundadores desde este mês de dezembro; os novos Efetivos, já prorrogado o prazo, em mais seis meses, que se encerra – o ultimo a receber a comunicação – em MAIO: CADEIRA 03 06 11 13 14 15 17 18 27 28 29 33 34 39

PATRONO Manuel Odorico Mendes Cândido Mendes de Almeida Celso T. da Cunha Magalhães – Artur de Azevedo – Aluísio de Azevedo – Raimundo Correia – Catulo da Paixão Cearense Henrique M. Coelho Neto Humberto de Campos Veras Astolfo H. de Barros Serra Maria de Lourdes A. Oliver Carlos Orlando R. de Lima Lucy de Jesus Teixeira José Tribuzi Pinheiro Gomes

MEMBRO Sanatiel de Jesus Pereira Roque Pires Macatrão André Gonzalez Cruz Maria Thereza de Azevedo Neves Osmar Gomes dos Santos Daniel Blume Pereira de Almeida Raimundo Gomes Meireles Arthur Almada Lima Filho José de Ribamar Fernandes Sálvio de Jesus de Castro Costa Eva Maria Nunes Chatel Paulo Melo Sousa Ceres Costa Fernandes Jose Claudio Pavão Santana

DATA 24/01/2015 MARÇO JANEIRO 26/01/2015 FEVEREIRO JANEIRO MARÇO ? ? MAIO FEVEREIRO ? FEVEREIRO ?

Neste primeiro semestre de 2015, temos que publicar os Editais de abertura de vagas para novos membros efetivos, pois ainda temos vagas as seguintes Cadeiras: CADEIRA 09 22 24 25 35 37 38

PATRONO Antônio Henriques Leal José Américo O. C. dos A. Maranhão Sobrinho Manuel Viriato C. B. do Lago F. Laura Rosa Domingos Vieira Filho Maria da Conceição N. Aboud Dagmar Destêrro e Silva

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40

José Ribamar Sousa dos Reis

Em nossa ultima Plenária se acatou as ponderações e se decidiu que, de hora em diante - exceto as já programadas... – apenas um Elogio e/ou Posse por sessão, e esta será sempre Extraordinária: explicitando - não mais Elogios e Posses nas Sessões Plenárias Ordinárias, as de último sábado de cada mês. Lembramos a todos que já foi decidido que os discursos de posse (ou os elogios, assim como as apresentações...) devem ser submetidos à Presidência pelo menos uma semana antes do evento. Não para censura, revisão, ou quaisquer de gênero... mas para que se tenha a garantia de que estarão prontos no tempo acordado... temos algumas apresentações pendentes... Conseguimos aprovação para o modelo de nossa carteira de identidade da ALL, assim como do lay-out de nossos Diplomas e Certificados, ambos sugeridos pelos Confrades Ana Luiza e Campos - e aprovados; breve, serão expedidos todos os Diplomas e Certificados no modelo aprovado, a todos aqueles que já tomaram posse e apresentaram seus elogios; os novos já serão expedidos no modelo aprovado. Ainda estamos com dificuldades em coletar as assinaturas em nossas Atas. Tão logo encerradas, as redigimos e submetemos a todos, através do correio eletrônico, para as sugestões e alterações, acréscimos e supressões... Após prazo de uma semana para as manifestações, a transcrevemos no livro próprio – eletrônico – e coleta das assinaturas na Plenária seguinte; como não temos o comparecimento de nossos Membros em todas as sessões, a maioria das ausências justificadas, não temos conseguido as assinaturas. Daí a Secretaria Geral ter comunicado que somente o Presidente, Secretário Geral – ou seus eventuais substitutos, quando ocorrer – assinarão as atas, e aqueles que fizerem o Elogio e/ou tomarem posse, quando for o caso; a comprovação dos presentes se fará/dará pelas assinaturas nos livros próprios. Nosso Regimento Interno não foi registrado em Cartório, ainda, porque não conseguimos, ainda, todas as assinaturas na ata de sua aprovação... Lembrando que temos dois Projetos aprovados – e em andamento: MFR, dos 190 anos de nascimento, com dois volumes a serem publicados: poemas e papers. O outro o Centenário de MMM, que segundo entendimento da Comissão (de sugestões), será efetivamente comemorado na data de aniversário das ALL – agosto, e não em março, mês de seu nascimento... E todo ano será determinado/comemorado um de nossos Patronos por ocasião de data alusiva a nascimento, de preferência em século... Ano de... como 2015 será o “Ano de Mário Meireles”; 2014 foi o de “Maria Firmina dos Reis”. Lembrando a todos as obrigações sociais, a que nos submetemos: comparecimento às Sessões – Ordinárias e Extraordinárias – e o comparecimento junto à Tesouraria: Banco do Brasil, Agencia 1639-X, conta/corrente 40.042-4 - Academia Ludovicense de Letras; anuidade estabelecida em HUM salário mínimo, podendo ser recolhida na base de 1/12 (um doze avos) correspondente à cada mês, vincendo – até o dia 05 de cada mês. Sim, pode ser recolhido como ‘mensalidade’ – divide-se o valor do SM estabelecido a partir de janeiro de cada ano por 12, e tem-se o valor da ‘mensalidade’.

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Bom, na Coluna 1 temos o número de autores segundo sua produção (coluna 2) sendo o total de artigos publicados (1 x 2) está na coluna 3; mesma coisa se dá nas colunas 4 (autores de poesias) pelo numero de poemas (4 x 5) tem-se o total de poesias publicadas. Na coluna 7 temos o total de autores, já depurada – isto é, excluindo-se do total aqueles que também têm artigos publicados – 55 remanescentes. Na coluna 8, temos as somas das colunas 3 (total de artigos) com a 6 (total de poesias), perfazendo 232 contribuições... 57,8 por número... PRODUÇÃO DE AUTORES x NÚMERO DE ARTIGOS x NUMERO DE POESIAS NO. DE AUTOR(ES) 1 1 1 1 1 2 1 2 4 4 24

NO. DE ARTIGOS 2 18 16 13 11 9 7 5 3 2 1

TOTAL ARTIGOS 1x2 18 16 13 11 18 7 10 12 8 24

43

-

1341

NO. DE AUTOR(ES) 4 1 1 1 1 1 1 1 3 4 20 TOTAIS 212

NO. DE POESIAS 5 -

TOTAL AUTORES 1+4

14 12 11 9 7 5 4 3 2 1

TOTAL POESIAS 4x5 14 12 11 9 7 5 4 9 8 20

TOTAL GERAL 3+6 18 16 14 13 12 11 27 14 15 4 21 16 44

-

98

55

232

1 - Tem-se 1 artigo com 3 autores; e 1 artigo com 2 autores – 3 artigos onde 13- 3 = 133 2 - 12 autores de poesias constam como autores de Artigos 21 + 12 = 33 poetas registrados

Considerando as fórmulas dispostas – façam bom uso – temos que a elite de autores de artigos é constituída por aqueles que publicaram mais de 11,5 artigos; temos dois autores... e a dos poetas com mais de 9,8 poemas... 3 poetas... É... acho que foi um bom ano...

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Editor SECRETÁRIO GERAL DA ALL

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MEMBROS FUNDADORES E OCUPANTES DAS CADEIRAS CADEIRA 1 PATRONO CLAUDE D’ABBEVILLE FUNDADOR ANTONIO NOBERTO (POSSE 14/12/2013 – ELOGIO AO PATRONO 11/12/2014) CADEIRA 02 PATRONO ANTÔNIO VIEIRA FUNDADOR JOÃO BATISTA ERICEIRA (POSSE 14/12/2013 – ELOGIO AO PATRONO 28/06/2014) CADEIRA 3 PATRONO MANUEL ODORICO MENDES FUNDADOR SANATIEL DE JESUS PEREIRA (POSSE 14/12/2013 – ELOGIO AO PATRONO A MARCAR) CADEIRA 4 PATRONO FRANCISCO SOTERO DOS REIS FUNDADOR ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO (POSSE 14/12/2013 – ELOGIO AO PATRONO 09/12/2014) CADEIRA 5 PATRONO JOÃO FRANCISCO LISBOA FUNDADOR RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO (POSSE 14/12/2013 – ELOGIO AO PATRONO 20/12/2014) CADEIRA 6 PATRONO CÂNDIDO MENDES DE ALMEIDA FUNDADOR ROQUE PIRES MACATRÃO (POSSE 14/12/2013 – ELOGIO AO PATRONO A MARCAR)

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CADEIRA 7 PATRONO ANTÔNIO GONÇALVES DIAS FUNDADOR WILSON PIRES FERRO (POSSE 14/12/2013) (FALECIDO JANEIRO 2014) 1º OCUPANTE VAGA CADEIRA 8 PATRONO MARIA FIRMINA DOS REIS FUNDADORA DILERCY ARAGÃO ADLER (POSSE 14/12/2013 – ELOGIO AO PATRONO 09/08/2014) CADEIRA 9 PATRONO ANTÔNIO HENRIQUES LEAL 1º OCUPANTE VAGA CADEIRA 10 PATRONO JOAQUIM DE SOUSA ANDRADE (SOUSÂNDRADE) 1º OCUPANTE MARIO DA SILVA LUNA DOS SANTOS FILHO (POSSE 24/10/2014) CADEIRA 11 – PATRONO CELSO TERTULIANO DA CUNHA MAGALHÃES FUNDADOR ANDRÉ GONZALEZ CRUZ (POSSE 14/12/2013 – ELOGIO AO PATRONO A MARCAR) CADEIRA 12 PATRONO JOSÉ RIBEIRO DO AMARAL FUNDADOR MICHEL HERBERT ALVES FLORENCIO (POSSE 14/12/2013 – ELOGIO AO PATRONO 24/10/2014)

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CADEIRA 13 PATRONO ARTUR NABANTINO GONÇALVES DE AZEVEDO 1º OCUPANTE MARIA THEREZA DE AZEVEDO NEVES (A TOMAR POSSE) CADEIRA 14 PATRONO ALUÍSIO TANCREDO GONÇALVES DE AZEVEDO FUNDADOR OSMAR GOMES DOS SANTOS (POSSE 14/12/2013 – ELOGIO AO PATRONO A MARCAR) CADEIRA 15 PATRONO RAIMUNDO DA MOTA DE AZEVEDO CORREIA 1º OCUPANTE DANIEL BLUME PEREIRA DE ALMEIDA (A TOMAR POSSE) CADEIRA 16 PATRONO ANTÔNIO BATISTA BARBOSA DE GODOIS FUNDADOR AYMORÉ DE CASTRO ALVIM (POSSE 14/12/2013 – ELOGIO AO PATRONO 31/05/2014) CADEIRA 17 PATRONO CATULO DA PAIXÃO CEARENSE FUNDADOR RAIMUNDO GOMES MEIRELES (POSSE 14/12/2013 – ELOGIO AO PATRONO A MARCAR) CADEIRA 18 PATRONO HENRIQUE MAXIMIANO COELHO NETO FUNDADOR ARTHUR ALMADA LIMA FILHO (POSSE 14/12/2013 – ELOGIO AO PATRONO A MARCAR) CADEIRA 19 PATRONO JOÃO DUNSHEE DE ABRANCHES MOURA FUNDADOR JOÃO FRANCISCO BATALHA (POSSE 14/12/2013 – ELOGIO AO PATRONO 14/12/2014)

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CADEIRA 20 PATRONO JOSÉ PEREIRA DA GRAÇA ARANHA FUNDADOR ARQUIMEDES VIEGAS VALE (POSSE 14/12/2013 – ELOGIO AO PATRONO 24/10/2014) CADEIRA 21 PATRONO MANUEL FRAN PAXECO (FRAN PAXECO) FUNDADOR LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ (POSSE 14/12/2013 – ELOGIO AO PATRONO 31/01/2014) CADEIRA 22 PATRONO JOSÉ AMÉRICO OLÍMPIO CAVALCANTE DOS ALBUQUERQUES MARANHÃO SOBRINHO 1º OCUPANTE VAGA CADEIRA 23 PATRONO DOMINGOS QUADROS BARBOSA ÁLVARES FUNDADOR ÁLVARO URUBATAM MELLO (POSSE 14/12/2013 – ELOGIO AO PATRONO 31/01/2014) CADEIRA 24 PATRONO MANUEL VIRIATO CORRÊA BAIMA DO LAGO FILHO 1º OCUPANTE VAGA CADEIRA 25 PATRONA LAURA ROSA 1º OCUPANTE VAGA CADEIRA 26 PATRONO RAIMUNDO CORRÊA DE ARAÚJO 1º OCUPANTE JOÃO BATISTA RIBEIRO FILHO (POSSE 06/05/2014)

17


CADEIRA 27 PATRONO HUMBERTO DE CAMPOS VERAS FUNDADOR JOSÉ DE RIBAMAR FERNANDES (POSSE 14/12/2013 – ELOGIO AO PATRONO A MARCAR) CADEIRA 28 PATRONO ASTOLFO HENRIQUE DE BARROS SERRA 1º OCUPANTE VAGA CADEIRA 29 PATRONA MARIA DE LOURDES ARGOLLO OLIVER (DILÚ MELLO) 1ª OCUPANTE EVA MARIA NUNES CHATEL (A TOMAR POSSE) CADEIRA 30 PATRONO ODYLO COSTA, FILHO FUNDADORA CLORES HOLANDA SILVA (POSSE 14/12/2013 – ELOGIO AO PATRONO 14/12/2014) CADEIRA 31 PATRONO MÁRIO MARTINS MEIRELES FUNDADORA ANA LUIZA ALMEIDA FERRO (POSSE 14/12/2013 – ELOGIO AO PATRONO 11/12/2014) CADEIRA 32 PATRONO JOSUÉ DE SOUZA MONTELLO FUNDADOR ALDY MELLO DE ARAUJO (POSSE 14/12/2013 – ELOGIO AO PATRONO 22/02/2014) CADEIRA 33 PATRONO CARLOS ORLANDO RODRIGUES DE LIMA FUNDADOR PAULO MELO SOUSA (POSSE 14/12/2013 – ELOGIO AO PATRONO A MARCAR)

18


CADEIRA 34 PATRONA LUCY DE JESUS TEIXEIRA 1ª OCUPANTE CERES COSTA FERNANDES (A TOMAR POSSE) CADEIRA 35 PATRONO DOMINGOS VIEIRA FILHO 1º OCUPANTE VAGA CADEIRA 36 PATRONO JOÃO MIGUEL MOHANA FUNDADOR RAIMUNDO DA COSTA VIANA (POSSE 14/12/2013 – ELOGIO O PATRONO 25/10/2014) CADEIRA 37 PATRONA MARIA DA CONCEIÇÃO NEVES ABOUD 1º OCUPANTE VAGA CADEIRA 38

PATRONA DAGMAR DESTÊRRO E SILVA 1º OCUPANTE VAGA CADEIRA 39 PATRONO JOSÉ TRIBUZI PINHEIRO GOMES (BANDEIRA TRIBUZI) FUNDADOR JOSE CLAUDIO PAVÃO SANTANA (POSSE 14/12/2013 – ELOGIO AO PATRONO A MARCAR) CADEIRA 40 PATRONO JOSÉ RIBAMAR SOUSA DOS REIS 1º OCUPANTE VAGA

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CALENDÁRIO DE ATIVIDADES 2015 MES

JANEIRO

FEVEREIRO

MARÇO

ABRIL

DIA 24 26 ?

03 ? ? ? 28 ? ? ? 28 ? ? 25

MAIO

? 30

JUNHO

27 25

JULHO

AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO

? 10 29 26 31 28 19

ATIVIDADE ELOGIO AO PATRONO POSSE ELOGIO AO PATRONO POSSE 1ª Convocatória MFR POSSE POSSE ELOGIO AO PATRONO ELOGIO AO PATRONO Reunião de Diretoria Plenária Ordinária ELOGIO AO PATRONO ELOGIO AO PATRONO ELOGIO AO PATRONO Reunião de Diretoria Plenária Ordinária ELOGIO AO PATRONO ELOGIO AO PATRONO Reunião de Diretoria Plenária Ordinária POSSE Reunião de Diretoria Plenária Ordinária Reunião de Diretoria Plenária Ordinária Reunião de Diretoria Plenária Ordinária Mostra de Literatura ANIVERSÁRIO DA ALL Reunião de Diretoria Plenária Ordinária Reunião de Diretoria Plenária Ordinária Reunião de Diretoria Plenária Ordinária Reunião de Diretoria Plenária Ordinária Reunião de Diretoria Plenária Ordinária

Esponsável Sanatiel Maria Theresa André Daniel Projeto Maria Firmina Ceres Eva Osmar Macatrão

obs

CRM Fim de prazo AML

AML (?) Reinício das atividades 2015

Meireles Almada Lima José Fernandes Início das festividades Centenário Mário Meirelres – até agosto

Paulo Melo Sousa Pavão Santana

Sálvio Dino

AML (?)

Comissão Eventos

Centenário Mário Meireles

Início recesso

Início recesso

20


EFEMÉRIDES ? ? 20 21 23 24 26 30 02 06 19 21 03 08 09 10 11 14 15 22 25 10 11 13 14 21 22 24 26 30 03 05 06 09 10 13 22 23 29 09 15 21

JANEIRO ? - NASCIMENTO DE CLAUDE D´ABEVILLE – PATRONO DA CADEIRA 1 ? - FALECIMENTO DE CLAUDE D´ABEVILLE – PATRONO DA CADEIRA 1 2014 - FALECIMENTO DE WILSON PIRES FERRO – FUNDADOR DA CADEIRA 07 1913 – FALECIMENTO DE ALUISIO TANCREDO GONÇALVES DE AZEVEDO – PATRONO DA CADEIRA 14 1884 – NASCIMENTO DE MANUEL VIRIATO CORRÊA BAIMA DO LAGO FILHO – PATRONO DA CADEIRA 24 1799 – NASCIMENTO DE MANOEL ODORICO MENDES – PATRONO DA CADEIRA 3 1931 – FALECIMENTO DE JOSÉ PEREIRA DA GRAÇA ARANHA – PATRONO DA CADEIRA 20 1938 - NASCIMENTO DE JOSÉ DE RIBAMAR FERNANDES – FUNDADOR DA CADEIRA 27 FEVEREIRO 1927 – NASCIMENTO DE JOSÉ TRIBUZZI PINHEIRO GOMES – PATRONO DA CADEIRA 39 1608 – NASCIMENTO DE ANTONIO VIEIRA - PATRONO DA CADEIRA 2 1978 – FALECIMENTO DE ASTOLFO HENRIQUE DE BARROS SERRA - PATRONO DA CADEIRA 28 1864 – NASCIMENTO DE HENRIQUE MAXIMINIANO COELHO NETO – PATRONO DA CADEIRA 18 MARÇO 1881 – FALECIMENTO DEE CANDIDO MENDES DE ALMEIDA – PATRONO DA CADEIRA 6 1947 – NASCIMENTO DE JOSÉ RIBAMAR SOUSA DOS REIS – PATRONO DA CADEIRA 40 1915 – NASCIMENTO DE MARIO MARTINS MEIRELES – PATRONO DA CADEIRA 31 1874 - NASCIMENTO DE MANUEL FRAN PAXECO, PATRONO DA CADEIRA 21 1871 – FALECIMENTO DE FRANCISCO SOTERO DOS REIS – PATRONO DA CADEIRA 4 1960 - NASCIMENTO DE CLORES HOLANDA SILVA – FUNDADORA DA CADEIRA 30 1941 – FALECIMENTO DE JOÃO DUNSHEE DE ABRANCHES DE MOURA – PATRONO DA CADEIRA 19 1920 – NASCIMENTO DE CARLOS ORLANDO RODRIGUES DE LIMA – PATRONO DA CADEEIRA 33 2006 – FALECIMENTO DE JOSUÉ MONTELLO – PATRONO DA CADEIRA 32 1812 – NASCIMENTO DE JOÃO FRANCISCO LISBOA – PATRONO DA CADEIRA 5 1962 - NASCIMENTO DE OSMAR GOMES DOS SANTOS – FUNDADOR DA CADEIRA 14 ABRIL 1967 – FALECIMENTO DE MANUEL VIRIATO CORRÊA BAIMA DO LAGO FILHO – PATRONO DA CADEIRA 24 1984 - NASCIMENTO DE ANDRÉ GONZALEZ CRUZ – FUNDADOR DA CADEIRA 11 1904 – FALECIMENTO DE DOMINGOS QUADROS BARBOSA ÁLVARES – PATRONO DA CADEIRA 23 1940 - NASCIMENTO DE ÁLVRO URUBATAN MELO – FUNDADOR DA CADEIRA 23 1857 – NASCIMENTO DE ALUISIO TANCREDO GONÇALVES DE AZEVEDO – PATRONO DA ADEIRA 14 1902 – FALECIMENTO DE JOAQUIM DE SOUSA ANDRADE – SOUSANDRADE – PATRONO DA CADEIRA 10 1808 – NASCIMENTO DE FRANCISCO SOTERO DOS REIS – PATRONO DA CADEIRA 4 1900 – NASCIMENTO DE ASTOLFO HENRIQUE DE BARROS SERRA – PATRONO DA CADEIRA 28 2000 – FALECIMENTO DE MARIA DE LOURDES ARGOLLO OLIVER – PATRONA DA CADEIRA 29 1863 – FALECIMENTO DE JOÃO FRANCISCO LISBOA – PATRONO DA CADEIRA 5 1927 – FALECIMENTO DE JOSÉ RIBEIRO DO AMARAL – PATRONO DA CADEIRA 12 MAIO 1853 – NASCIMENTO DE JOSÉ RIBEIRO DO AMARAL – PATRONO DA CADEIRA 12 1859 – NASCIMENTO DE RAIMUNDO DA MOTA DE AZEVEDO CORREIA – PATRONO DA CADEIRA 15 1960 - NASCIMENTO DE PAULO ROBERTO MELO SOUSA – FUNDADOR DA CADEIRA 33 2011 – FALECIMENTO DE CARLOS DE LIMA – PATRONO DA CADEIRA 33 1940 – FALECIMENTO DE CATULO DA PAIXÃO CEASRENSE – PATRONO DA CADEIRA 17 1940 - NASCIMENTO DE AYMORÉ DE CASTRO ALVIM – FUNDADOR DA CADEIRA 16 1900 – NASCIMENTO DE ASTOLFO HENRIQUE DE BARROS SERRA PATRONO DA CADEIRA 28 1966 - NASCIMENTO DE ANA LUIZA ALMEIDA FERRO – FUNDADORA DA CADEIRA 31 1885 – NASCIMENTO DE RAIMUNDO CORRÊA DE ARAÚJO – PATRONO DA CADEIRA 26 JUNHO 1879 – FALECIMENTO DE CELSO TERTULIANO DA CUNHA MAGALHAES – CELSO MAGALHAES – PATRONO DA CADEIRA 11 1925 – NASCIMENTO DE JOÃO MIGUEL MOHANA – PATRONO DA CADEIRA 36 1868 – NASCIMENTO DE JOSÉ PEREIRA DA GRAÇA ARANHA – PATRONO DA CADEIRA 20

21


07 08 09 10 11 18 22 23 24 30 01 10 12 19 21 24 28 30 03 04 08 09 11 13 17 25 29 30 01 08 11 13 14 17 22 25 27 29 31 02 03 09 08 11 13 14 19

JULHO 1950 - NASCIMEENTO DE DILERCY ARAGÃO ADLER – FUNDADORA DA CADEIRA 8 1955 – NASCIMENTO DE ARTUR NABANTINO GONÇALVES DE AZEVEDO – PATRONHO DA CADEIRA 13 1944 - NASCIMENTO DE JOÃO FRANCSICO BATALHA – FUNDADOR DA CADEIRA 19 1832 – NASCIMENTO DE JOAQUIM DE SOUSA ANDRADE – SOUSANDRADE – PATRONO DA CADEIRA 10 2007 – FALECIMENTO DE LUCY TEIXEIRA – PATRONA DA CADEIRA 34 2003 – FALECIMENTO DE MARIO MARTINS MEIRELES – PATRONO DA CADEIRA 31 1925 – NASCIMENTO DE MARIA DA CONCEIÇÃO NEVES ABOUD – PATRONA DA CADEIRA 37 1922 – NASCIMENTO DE LUCY DE JESUS TEIXEIRA – PATRONA DA CADEIRA 34 1692 – FALECIMENTO DE ANTONIO VIEIRA – PATRONO DA CADEIRA 2 1949 - NASCIMENTO DE ARQUIMEDES VIEGAS VALE – FUNDADOR DA CADEIRA 20 1952 - NASCIMENTO DE LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ – FUNDADOR CADEIRA 21 1828 – NASCIMENTO DE ANTONIO HENRIQUES LEAL – PATRONO DA CADEIRA 9 1936 - NASCIMENTO DE WILSON PIRES FERRO – FUNDADOR DA CADEIRA 7 AGOSTO (?) - NASCIMENTO DE MICHEL HERBERTH ALVES FLORENCIO – FUNDADOR DA CADEIRA 12 1823 – NASCIMENTO DE ANTONIO GONÇALVES DIAS – PATRONO DA CADEIRA 7 2013 – FUNDAÇÃO DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS 1995 – FALECIMENTO DE JOÃO MIGUEL MOHANA – PATRONO DA CADEIRA 36 1979 – FALECIMENTO DE ODYLO COSTA, FILHO – PATRONO DA CADEIRA 30 1917 – NASCIMENTO DE JOSUÉ DE SOUZA MONTELLO – PATRONO DA CADEIRA 32 1951 – FALECIMENTO DE RAIMUNDO CORRÊA DE ARAÚJO – PATRONO DA CADEIRA 26 1940 – NASCIMENTO DE ALDY MELLO DE ARAUJO – FUNDADOR DA CADEIRA 32 1970 – NASCIMENTO DE ANTONIO JOSÉ NOBERTO DA SILVA – FUNDADOR DA CADEIRA 1 SETEMBRO 1867 – NASCIMENTO DE JOÃO DUNSHEE DE ABRANCHES DE MOURA – PATRONO DA CADEIRA 19 1923- FALECIMENTO DE ANTONIO BATISTA BARBOSA DE GODOIS – PATRONO DA CADEIRA 16 1977 – FALECIMENTO DE JOSÉ TRIBUZZI PINHEIRO GOMES – PATRONO DA CADEIRA 39 1612 – FUNDAÇÃO DE SÃO LUIS DO MARANHÃO 1925 – NASCIMENTO DE DAGMAR DESTERRO E SILVA – PATRONA DA CADEIRA 38 1981 – FALECIMENTO DE DOMINGOS VIEIRA FILHO – PATRONO DA CADEIRA 35 1911– FALECIMENTO DE RAIMUNDO DA MOTA DE AZEVEDO CORREIA – PATRONO DA CADEIRA 15 1952 – FALECIMENTO DE MANUEL FRAN PAXECO, PATRONO DA CADEIRA 21, EM LISBOA 1864 – FALECIMENTO DE MANUEL ODORICO MENDES – PATRONO DA CADEIRA 3 1924 – NASCIMENTO DE DOMINGOS VIEIRA FILHO – PATRONO DA CADEIRA 35 1885 – FALECIMENTO DE ANTONIO HENRIQUES LEAL – PATRONO DA CADEIRA 9 1956 – NASCIMENTO DE JOSÉ CLÁUDIO PAVÃO SANTANA – FUNDADOR DA CADEIRA 39 OUTUBRO 1884 – NASCIMENTO DE LAURA ROSA – PATRONA DA CASDEIRA 25 1863 – NASCIMENTO DE CATULO DA PAIXÃO CEASRENSE – PATRONO DA CADEIRA 17 1825 – NASCIMENTO DE MARIA FIRMINA DOS REIS – PATRONA DA CADEIRA 8 2005 - FALECIMENTO DE MARIA DA CONCEIÇÃO NEVES ABOUD – PATRONA DA CADEIRA 37 1818 – NASCIMENTO DEE CANDIDO MENDES DE ALMEIDA – PATRONO DA CADEIRA 6 1929 – NASCIMENTO DE ARTHUR ALMADA LIMA FILHO – FUNDADOR DA CADEIRA 18 1908 – FALECIMENTO DE ARTUR NABANTINO GONÇALVES DE AZEVEDO – PATRONHO DA CADEIRA 13 1886 – NASCIMENTO DE HUMBERTO DE CAMPOS VERAS – PATRONO DA CADEIRA 27 1913 – NASCIMENTO DE MARIA DE LOURDES ARGOLLO OLIVER – DILÚ MELO – PATRONA DA CADEIRA 29 1977 – NASCIMENTO DE DANIEL BLUME DE ALMEIDA – 1º OCUPANTE DA CADEIRA 15 1951 – NASCIMENTO DE RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO – FUNDADOR DA CADEIRA 5 1962 – NASCIMENTO DE RAIMUNDO GOMES MEIRELES – FUNDADOR DA CADEIRA 17 NOVEMBRO 1946 – NASCIMENTO DE JOÃO BATISTA ERICEIRA – FUNDADOR DA CADEIRA 2 1864 – FALECIMENTO DE ANTONIO GONÇALVES DIAS – PATRONO DA CADEIRA 7 1939 – NASCIMENTO DE RAIMUNDO DA COSTA VIANA – FUNDADOR DA CADEIRA 36 1934 – NASCIMENTO DE ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO – FUNDADOR DA CADEIRA 4 1917 – FALECIMENTO DE MARIA FIRMINA DOS REIS – PATRONA DA CADEIRA 8 1849 – NASCIMENTO DE CELSO TERTULIANO DA CUNHA MAGALHAES – PATRONO DA CADEIRA 11 1935 – NASCIMENTO DE ROQUE PIRES MACATRÃO – FUNDADOR DA CADEIRA 6 1976 – FALECIMENTO DE LAURA ROSA – PATRONA DA CADEIRA 25 186 - NASCIMENTO DE ANTONIO BATISTA BARBOSA DE GODOIS – PATRONO DA CADEIRA 16

22


28 29 05 09 14 20 25 26

1880 – NASCIMENTO DE DOMINGOS QUADROS BARBOSA ÁLVARES – PATRONO DA CADEIRA 23 1934 – FALECIMENTO DE HENRIQUE MAXIMINIANO COELHO NETO – PATRONO DA CADEIRA 18 1880 – NASCIMENTO DE DOMINGOS QUADROS BERBOSA ALVARES – PATRONO DA CADEIRA 23 DEZEMBRO 1934 – FALECIMENTO DE HUMBERTO DE CAMPOS VERAS – PATRONO DA CADEIRA 27 2010 – FALECIMENTO DE JOSÉ RIBAMAR SOUSA DOS REIS – PATRONO DA CADEIRA 40 1914 – NASCIMENTO DE ODYLO COSTA, FILHO – PATRONO DA CADEIRA 30 1879 – NASCIMENTO DE JOSÉ AMERICO CAVALCANTE DOS ALBUQUERQUES MARANHÃO SOBRINHO – PATRONO DA CADEIRA 22 1915 – FALECIMENTO DE JOSÉ AMERICO CAVALCANTE DOS ALBUQUERQUES MARANHÃO SOBRINHO – PATRONO DA CADEIRA 22 1946 – FALECIMENTO DE DOMINGOS QUADROS BERBOSA ALVARES – PATRONO DA CADEIRA 23

FALECIMENTO: DAGMAR DESTERRO (38);

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PROJETO “190 POEMAS PARA MARIA FIRMINA DOS REIS”

DILERCY ARAGÃO ADLER APRESENTAÇÃO O presente Projeto objetiva, em termos gerais, prestar uma homenagem, em 2015, à Maria Firmina dos Reis (1825-1817), Patrona da Academia Ludovicense de Letras, ano em que completará cento e noventa anos de nascimento. A exemplo dos “Mil poemas para Gonçalves Dias”, a proposta expressa o objetivo de divulgar a vida e a obra de grandes nomes nacionais, em especial maranhenses, para além das fronteiras continentais, ratificando a importância de, pela literatura e por trabalhos científicos engajados politicamente, contribuir para a disseminação e adoção de estratégias que resultem na mudança social, na direção de modelos de sociedades mais equânimes. Por outro lado tal proposta reafirma que esta Academia deve primar pela consecução da sua finalidade, constante no seu Estatuto, qual seja: [...] o desenvolvimento e a difusão da cultura e da literatura ludovicense, a defesa das tradições literárias do Maranhão e, particularmente, de São Luís, a perpétua renovação e revitalização do legado da Atenas Brasileira, o culto às origens da cidade e à sua formação pelas letras, a valorização do vernáculo e o intercâmbio com os centros de atividades culturais do Maranhão, do Brasil e do exterior.

E acrescento: sem distinção de gênero, credo, raça, religião, condições econômicas, ou outra qualquer que possa segregar cidadãos, pessoas, para que não se repitam injustiças na nossa história cultural (ADLER, 2014, p. 19). Assim, será deflagrada uma convocatória aos poetas locais, aos de outros Estados do Brasil e também aos do estrangeiro, para prestarem as suas homenagens à Maria Firmina dos Reis, através de poesias, assim como de estudos e pesquisas sobre sua vida e a sua obra.

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Outra intenção deste Projeto é possibilitar a todos aqueles que desejam iniciar ou continuar a trilhar os caminhos das letras que o façam nesta oportunidade, já que a participação é aberta a todos, desde escritores, poetas, pesquisadores, professores e estudantes dos vários graus de ensino, a partir do ensino fundamental. Assim, espera-se contribuir para o fomento da cultura da nossa cidade, do nosso Estado e do nosso Brasil, ao mesmo tempo, com a projeção da nossa cultura e feitos, que são muitos, no exterior. Afinal, a Academia Ludovicense de Letras é a academia de uma capital - ilha, fundada por franceses, que é objeto de um dos primeiros escritos sobre o Brasil, lançado na França, em 1614, intitulado História da Missão dos Padres Capuchinhos na Ilha do Maranhão e Terras Circunvizinhas, de autoria de Claude D’Abbeville, capuchinho francês, que, em 1612, participou da invasão francesa ao Maranhão, sendo um dos Patronos desta Casa, da Cadeira de número 01. Convém registrar ainda que Abbeville era um apaixonado pelas terras do Maranhão e expressa esse amor nos relatos poéticos e lúcidos engendrados com arguta percepção e muita sensibilidade. Outro dado digno de realce é que a ilha, além de ser presenteada com essa primeira publicação de um estrangeiro, gerou filhos ilustres no cenário da cultura brasileira, com projeção no exterior e, por isso, entre os seus títulos foi contemplada com o de A Athenas Brasileira, o que muito honra os ludovicenses e os move na busca da sustentação desse título. No que diz respeito ao quantitativo de poesias, este foi definido a partir dos anos de vida da autora a serem comemorados, uma poesia para cada ano. Serão aceitos os poemas até completarem, por ordem de chegada, os 190 poemas. Este Projeto será oficialmente lançado dentro da programação do aniversário de 189 anos de Maria Firmina, em São Luís dia, 11/10/2014, e em Guimarães, dia 12/10/2014 e as antologias serão lançadas no aniversário de 190 nas duas cidades em 2015. Desse modo, com este Projeto objetiva-se também honrar a memória da grande escritora maranhense, como prova do reconhecimento do seu grande trabalho literário, de cunho político muito forte e singular, já que viveu nos últimos dias da escravidão e realçava sempre em suas obras a humanidade do negro, do índio e da mulher, que, à época, eram considerados e tratados como seres inferiores. Não se pode deixar de enfatizar que, a despeito de todas as condições e características adversas: mulata, pobre, bastarda, mulher, tudo isso em um Brasil escravocrata no século XIX, ainda assim, com os mais louváveis méritos, Maria Firmina dos Reis se estabelece, reconhecidamente hoje, como uma das escritoras mais admiráveis de toda a literatura brasileira... A justiça está sendo feita! (ADLER, 2014, p.6).

Ainda é importante considerar que os trabalhos intelectuais elaborados a cada momento da história social são submetidos à avaliação de uma pequena elite que é

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detentora do poder da aclamação ou refutação a esses trabalhos. Pois, como assevera Cruz (2006, apud Adler, 2014, p.6): Venho também insistindo que já é hora de abandonar essa mania de seguir a mesma trilha, de repetição, louvação e imitação, concordando mais uma vez com Zuleide Duarte quando ela cita Robert Frost: “Quem anda sempre pelo mesmo caminho nunca vai saber o que há nas outras estradas e isto faz toda a diferença.

Assim, este momento de Maria Firmina dá-se graças a Nascimento de Morais Filho, que não segue as mesmas trilhas, segundo Cruz (2006 apud Adler, 2014, p.6): [...] Não fosse José Nascimento Morais Filho, o nosso Zé Morais, este contumaz andarilho de trilhas nunca antes percorridas, Maria Firmina dos Reis não teria vindo à luz.

Ou seja, com este Projeto pretende-se dar continuidade ao trabalho de Nascimento de Morais Filho e Horácio Almeida, com a certeza da premente necessidade de propiciar a navegação por nova rotas e com navegadores de outros oceanos. OBJETIVOS - Conhecer a vida e a obra de Maria Firmina dos Reis e reconhecer a importância das motivações que caracterizam a sua obra, tais como o romantismo, o nacionalismo e dentro destes a valorização dos povos que iniciaram a história do nosso país. - Apreender a importância do conhecimento e divulgação da vida e obra dos grandes nomes nacionais, entre eles, o de Maria Firmina, que por algum tempo não teve o reconhecimento merecido da sua obra. - Compreender a urgência de otimização do potencial criador da criança e do adolescente e o papel de mediação das Academias de Letras, num trabalho conjunto com a escola nessa perspectiva.

ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS: 1. Lançar o Projeto no aniversário de 189 anos, em 11 e 12 de outubro de 2014 em São Luis e em Guimarães respectivamente. 2. Divulgar o Projeto por todos os canais de comunicação locais, de outros Estados do Brasil e do Estrangeiro, em universidades e escolas, incentivando a participação de estudantes do Ensino Fundamental ao universitário. 3. Coletar o material e organizar o projeto gráfico. 4. Lançar as antologias, no aniversário de cento e noventa anos de nascimento de Maria Firmina dos Reis, em 11 e 12 de outubro de 2015 em São Luis e em Guimarães respectivamente. PERÍODO: de 11de outubro de 2014 a 11/06 de 2015.

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ENTIDADES E ÓRGÃOS ENVOLVIDOS: Academmia ludovicense de Letras-ALL, Academia Vimarense de Letras-AVM, Federação das Academias de Letras do Maranhão-FALMA, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão-IHGM, Instituto Histórico e Geográfico de Guimarães-IHGG, Sociedade de Cultura Latina do Brasil-SCLB, Cercle Universel des Ambassadeurs de la Paix suisse / France - Delegação do Maranhão e Liceo Poético de Benidorm-Espanha Delegação do Maranhão NORMAS DOS TRABALHOS a) ANTOLOGIA “CENTO E NOVENTA POEMAS PARA MARIA FIRMINA DOS REIS” - Cada Poeta poderá apresentar até cinco (cinco) poemas em homenagem à Maria Firmina dos Reis. Formato A4, Times New Roman, tamanho 12, espaço 1, e enviar, adjunto, currículo literário resumido (no máximo seis linhas), em que conste data de nascimento, cidade e país de origem; e-mail, com foto atualizada, - A aceitação dar-se-á na ordem de recebimento da (s) obra(s), até completar os 190 (cento e noventa) poemas. Envio de Poesias para: dilercy@hotmail.com b) ESTUDOS E PESQUISAS: “SOBRE MARIA FIRMINA DOS REIS” - Cada autor ou coautor poderá enviar até dois (02) textos, com, no máximo, 10 (dez) páginas, formato A4, Times New Roman, tamanho 12, espaço 1, incluindo bibliografia e fotos. - Ao enviar sua obra, esta deverá vir acompanhada de pequena bio-bliografia, com foto atualizada e e-mail, cidade e país de origem. - A aceitação se dará na ordem de recebimento da (s) obra(s) até completar 300 páginas. Envio de Trabalhos para: vazleopoldo@hotmail.com CUSTOS: As antologias adotarão o sistema consorciado, na qual os custos serão rateados entre autores que receberão em livros os valores pagos.

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CRONOGRAMA DE ATIVIDADES ATIVIDADES

Preparação do Projeto

set 2014

out 2014

nov 2014

JAN a JUNHO 2015

x

x

JULHO a SET 2015

OUT 2015

X

Lançamento do Projeto em São Luis e em Guimarães Divulgação das atividades Recebimento do Material

X x

Preparação das Antologias

x

LANÇAMENTO das Antologias em São Luís e em Guimarães

x

REFERÊNCIAS: ADLER, Dilercy Aragão. Elogio à patrona Maria Firmina dos Reis: ontem uma maranhense; hoje, uma missão de amor! São Luís: ALL, 2014.

SÃO LUIS

GUIMARÃES

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JOSÉ JOSÉ NERES E VANDA SALLES – PALESTRANTES

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1ª CONVOCATÓRIA

“CENTO E NOVENTA POEMAS PARA MARIA FIRMINA DOS REIS” 01 de Outubro de 2014 a 31 de Janeiro de 2015 DILERCY ARAGÃO ADLER APRESENTAÇÃO A exemplo dos “Mil poemas para Gonçalves Dias”, esta proposta expressa o objetivo de divulgar a vida e a obra de grandes nomes nacionais, em especial maranhenses, para além das fronteiras continentais, ratificando a importância de, pela literatura e por trabalhos científicos engajados politicamente, contribuir para a disseminação e adoção de estratégias que resultem na mudança social, na direção de modelos de sociedades mais equânimes. FINALIDADE Prestar uma homenagem, em 2015, à Maria Firmina dos Reis (1825-1817), Patrona da Academia Ludovicense de Letras, ano em que completará cento e noventa anos de nascimento. Por outro lado tal proposta reafirma que esta Academia deve primar pela consecução da sua finalidade, constante no seu Estatuto, qual seja: [...] o desenvolvimento e a difusão da cultura e da literatura ludovicense, a defesa das tradições literárias do Maranhão e, particularmente, de São Luís, a perpétua renovação e revitalização do legado da Atenas Brasileira, o culto às origens da cidade e à sua formação pelas letras, a valorização do vernáculo e o intercâmbio com os centros de atividades culturais do Maranhão, do Brasil e do exterior. A proposta expressa o objetivo de: - Divulgar a vida e a obra de grandes nomes nacionais, em especial maranhenses, para além das fronteiras continentais, ratificando a importância de, pela literatura e por trabalhos científicos engajados politicamente, contribuir para a disseminação e adoção

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de estratégias que resultem na mudança social, na direção de modelos de sociedades mais equânimes. - Conhecer a vida e a obra de Maria Firmina dos Reis e reconhecer a importância das motivações que caracterizam a sua obra, tais como o romantismo, o nacionalismo e dentro destes a valorização dos povos que iniciaram a história do nosso país. - Apreender a importância do conhecimento e divulgação da vida e obra dos grandes nomes nacionais, entre eles, o de Maria Firmina, que por algum tempo não teve o reconhecimento merecido da sua obra. - Compreender a urgência de otimização do potencial criador da criança e do adolescente e o papel de mediação das Academias de Letras, num trabalho conjunto com a escola nessa perspectiva. NORMAS DOS TRABALHOS a) ANTOLOGIA “CENTO E NOVENTA POEMAS PARA MARIA FIRMINA DOS REIS” - Cada Poeta poderá apresentar até cinco (cinco) poemas em homenagem à Maria Firmina dos Reis. Formato A4, Times New Roman, tamanho 12, espaço 1, e enviar, adjunto, currículo literário resumido (no máximo seis linhas), em que conste data de nascimento, cidade e país de origem; e-mail, com foto atualizada, - A aceitação dar-se-á na ordem de recebimento da (s) obra(s), até completar os 190 (cento e noventa) poemas. b) ESTUDOS E PESQUISAS: “SOBRE MARIA FIRMINA DOS REIS” - Cada autor ou coautor poderá enviar até dois (02) textos, com, no máximo, 10 (dez) páginas, formato A4, Times New Roman, tamanho 12, espaço 1, incluindo bibliografia e fotos. - Ao enviar sua obra, esta deverá vir acompanhada de pequena bio-bliografia, com foto atualizada e e-mail, cidade e país de origem. - A aceitação se dará na ordem de recebimento da (s) obra(s) até completar 300 páginas. Envio de Poesias para: dilercy@hotmail.com Envio de Trabalhos para: vazleopoldo@hotmail.com CUSTOS: As antologias adotarão o sistema consorciado, na qual os custos serão rateados entre autores que receberão em livros os valores pagos. ENTIDADES E ÓRGÃOS ENVOLVIDOS: Academmia ludovicense de Letras-ALL, Academia Vimarense de Letras-AVM, Academia Caxiense de Letras , Federação das Academias de Letras do MaranhãoFALMA, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão-IHGM, Instituto Histórico e Geográfico de Guimarães-IHGG, Sociedade de Cultura Latina do Brasil-SCLB, Cercle Universel des Ambassadeurs de la Paix suisse / France - Delegação do Maranhão e Liceo Poético de Benidorm-Espanha - Delegação do Maranhão.

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PROJETO AZULEJOS CULTURAIS DE SÃO LUÍS & “ANIMA LUDOVICENSE 4 SÉCULOS” UMA SINFONIA POÉTICA, ARTÍSTICA E CULTURAL ANA MARIA FELIX GARJAN

Homenagem à Alma da Ilha de São Luís do Maranhão, com a participação de poetas, artísticos plásticos, fotógrafos, músicos, cantores, atores. Ouverture (...) o além – da – coisa, Coisa livre da coisa, circulando. Carlos Drummond de Andrade “A Palavra e a Terra” “Porque o olho vê com maior precisão o objeto dos seus sonhos, com a imaginação, quando está acordado?”

Leonardo da Vinci “Não sei se era memória o que eu falava, se era palavra muda o que eu ouvia, sei de imensas presenças que giravam”...

Jorge de Lima, Invenção de Orfeu, Canto IV “L’homme vit et se meute dans ce qu’il voit; Mais Il ne voit que ce qu’il songe”.

Paul Valery “O Folclore sou eu, escrevo como se fossem cartas para a posteridade”

Heitor Vila – Lobos Pensamos sobre o futuro agora-amanhã.

Ana Maria Felix Garjan _____________________________________ São Luís – Maranhão

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PROJETO AZULEJOS CULTURAIS DE SÃO LUÍS Primeira versão de “Anima Ludovicense da ALL” Proposta cultural, artística e acadêmica. Idealizadora e proponente: Ana Maria Felix Garjan Membro Correspondente da ALL Proposta à Academia Ludovicense de Letras: “Anima Ludovicense da ALL”

1. Apresentação A proposta “Anima Ludovicense 4 séculos” faz parte do Projeto AZULEJOS CULTURAIS DE SÃO LUÍS Anima Ludovicense 4 Séculos tem como objetivos especiais a ampliação e desenvolvimento de conteúdos culturais iniciados há dez anos, bem como divulgar novos roteiros e projetos culturais que foram inaugurados em setembro de 2012, por ocasião dos 400 anos de fundação de São Luís, através de sua idealizadora. 2. Considerações Considerando o valor histórico e literário da Academia Ludovicense de Letras – ALL – Ano I, apresentamos algumas idéias, sugestões e propostas que possam vir a ser consideradas importantes, pelos Membros dessa Arcádia, objetivando a criação do projeto Anima Ludovicense da ALL. A Academia Ludovicense de Letras tem contribuído com a memória de importantes e ilustres nomes da Literatura Ludovicense, notadamente o de sua Patrona Maria Firmina dos Reis e do Poeta maior Gonçalves Dias. 3. Primeira versão “Anima Ludovicense da ALL” 3.1 - Objetivos principais - Ampliar os conteúdos da identidade cultural da ALL;

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- Criar a letra e música do Hino Louvação da ALL, como parte das comemorações do Ano do Centenário de Nascimento do Historiador Mário Martins Meireles, a partir do início de 2015. - Organizar um seminário da ALL, objetivando a criação de um plano Cultural da Academia Ludovicense de Letras. 3.2- Sobre o Hino Louvação da ALL Os hinos assim como os brasões, bandeiras e logomarcas institucionais são símbolos cívicos que representam importante expressão cultural de fatos e representações culturais, literárias, históricas e científicas de uma entidade, de uma cidade, de um país. Um hino é uma importante identidade cultural e possibilita a valorização das instituições, assim como pode contribuir com a preservação da memória cultural que valorize personalidades do passado, bem como o cenário, imagens, fatos, paisagens das cidades onde nasceram. As diversas idéias e diálogos da idealizadora foram compartilhados e refletidos com a Acadêmica Ana Luiza Almeida Ferro, Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras, em junho deste ano, e a mesma aceitou o convite para participar da criação da letra de algumas estrofes, que serão relacionadas com a fundação de São Luís e com o centenário de seu Patrono, o historiador Mário Martins Meireles. Outras estrofes estão sendo escritas por Ana Maria Felix Garjan, desde agosto. Assim, a letra do hino terá duas compositoras da Academia Ludovicense de Letras. O Hino Louvação da ALL seria apresentado, primeiramente, por ocasião da solenidade alusiva ao centenário de nascimento do Historiador Mário Martins Meireles, em ocasiões oficiais e comemorativas e pelas comemorações do segundo aniversário da ALL, em agosto de 2015. As apresentações seriam através de corais da cidade, como o Coral São João, por exemplo, e por cantores convidados para alguns solos, que seriam acompanhados por instrumentos musicais clássicos e por instrumentos de música popular de São Luís. Nas apresentações do Hino Louvação da ALL poderá haver a participação de performances apresentadas por dançarinos ludovicenses, maranhenses e de artistas convidados pelo Grupo de Coordenação das apresentações do Hino Louvação da ALL. 3.3-Saraus poéticos e artísticos poderão ser integrados às comemorações do Centenário do Historiador Mário Meireles, em 2015; 4-Concursos Poéticos em homenagem a São Luís, por época das comemorações de sua fundação, em setembro, a partir de 2015, e conforme apoios culturais, para que essa programação obtenha bons resultados. A cada ano o concurso poético e artístico deveria levar o nome de um dos patronos da pela ALL, e a escolha seria por votação, ou outra forma de escolha do nome, entre os 40 patronos da ALL. 5- Exposição de Artes Plásticas e fotografia em homenagem a São Luís 403 Anos, pela artista plástica, fotógrafa e poeta AMFGarjan e convidados. A cada ano a curadora indicará o nome de um ou mais artistas plásticos a serem apreciação pela presidência e

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diretoria da Academia Ludovicense de Letras, para que sejam convidados a participar desse eventos integrados. Esses produtos culturais materiais e imateriais poderiam representar maior valorização e divulgação de importantes marcos-históricos que justificaram o nascimento da Academia Ludovicense de Letras - ALL, de seus patronos que são personagens ilustres de São Luís e de outras cidades maranhenses, bem como divulgar mais amplamente suas histórias de vida e suas obras, que poderiam ser reverenciados através de diversas expressões culturais, como a música, roteiros de teatro, artes plásticas, fotografia, poesia. Os argumentos históricos, as expressões artísticas, salões de artes plásticas e fotografia, bem como saraus poéticos e artísticos, concursos poéticos premiados, coletâneas poéticas de escritores e poetas reverenciados pela ALL, teriam como objetivo maior homenagear São Luís – Patrimônio Cultural da Humanidade, a partir de 2015. No caso dessa proposta ser aprovada será apresentado o Projeto ANIMA LUDOVICENSE DA ALL, pela idealizadora, com a participação da Acadêmica Ana Luiza Almeida Ferro, já citada, bem como a participação de outros acadêmicos interessados nessas programações, conforme as áreas de seu interesse, no caso poesia, fotografia e artes plásticas, enviando suas sugestões e/ou propostas relacionadas com a proposta em pauta. 6.- Plano Cultural da ALL A Academia Ludovicense de Letras poderia vir a ter um plano ou programação cultural a partir de um seminário, considerando seus objetivos maiores, e a importância da aproximação da entrada da Terceira Década do Século XXI. E o Tempo é o Grande Senhor da História, assim como a História é Mãe de todas as Artes!

São Luís – MA, 28 de novembro de 2014 Ana Maria Felix Garjan Membro Correspondente Academia Ludovicense de Letras- ALL Endereço: Rua Frei Mansueto, 1077- Condomínio Cairo, Apto. 502 VARJOTA - ALDEOTA - CEP: 60.170-070 - FORTALEZA – CE. - Fone: (85) 3267 0068. (85) 9699 2246 / (85) 9767 6605 E-mail: anafelixgarjan@gmail.com Links: http://revistaartforumcultural.blogspot.com http://projetoartforumuniversidade.blogspot.com https://www.facebook.com/LouvacaoASaoLuis4SeculosDeHistoria

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ELOGIO AO PATRONO

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ELOGIO AO PATRONO ARQUIMEDES VALE, MICHEL FLORENCIO, E POSSE MÁRIO LUNA

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DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DO ACADÊMICO ARQUIMEDES VIEGAS VALE – FUNDADOR DA CADEIRA 20, PATRONO: GRAÇA ARANHA

SANATIEL PEREIRA

PROFERIDO DIA 24 DE OUTUBRO DE 2014, NO AUDITÓRIO DO CRM

Nasceu na cidade de São Bento – MA em 22 de julho de 1949. Filho do comerciante e político Manoel Rodrigues Vale e da dona de casa Zuila Viegas Vale. Fez o curso primário no Grupo Escolar Motta Júnior e parte do ginasial na primeira turma da Escola Normal Ginasial Dom Felipe Conduru, ambas em São Bento. Concluiu o ginásio e fez o secundário, em São Luís, no Colégio Ateneu Teixeira Mendes. Formou-se em Medicina, em 1975, pela Faculdade Medicina da Universidade Federal do Maranhão. Pós graduou-se no Rio de Janeiro, a partir de 1976, fazendo Residência Médica em Clínica Médica no Hospital Sousa Aguiar e seguidamente Residência Médica em Endoscopia Peroral no Hospital Central do IASERJ. Obteve o registro de especialidade em Gastroenterologia por atuação profissional e produção científica. Tem o grau de Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Maranhão, obtido em 2001. Fez curso de pós-graduação em Hipnose Clínica, em Salvador – BA em 2012, pela Associação Brasileira de Hipnose. Iniciou suas atividades profissionais como médico da Previdência Social, em 1978, por concurso público e aposentou-se pelo Ministério da Saúde, também por concurso público, iniciou-se no magistério superior em 1979 no Departamento de Morfologia da Universidade Federal do Maranhão onde se aposentou como professor adjunto. Fez vários cursos de atualização e aperfeiçoamento e frequentou inúmeros Congressos Médicos no Brasil e no exterior. Participou de várias bancas de concursos para ingresso na carreira do magistério superior. Publicou vários trabalhos científicos em revistas especializadas, de circulação nacional e em anais de congressos. Palestrante e conferencista em vários congressos de âmbito nacional. Pioneiro no Estado do Maranhão da Endoscopia Respiratória, da Endoscopia Digestiva no serviço público, na Laparoscopia Diagnóstica e na Hipnose Clínica moderna. É membro da Federação Brasileira de Gastrenterologia, da Sociedade Maranhense de Gastrenterologia, da Sociedade de Hipnose Médica do Estado do Rio de Janeiro (SOHIMERJ) e da Associação Brasileira de Hipnose, da qual faz parte da diretoria nos biênios 2011/2012 e 2013/2014 .

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É membro da ACADEMIA SAMBENTUENSE DE LETRAS, cadeira nº 31, desde 2002, onde foi Vice-presidente em 2006 e de 2011 até abril de 2014. Foi Presidente de 2007 a 2010. É membro DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE MÉDICOS ESCRITORES / REGIONAL MARANHÃO desde 2009 e atual Presidente para o biênio 2013/2014. Atual Vice-Presidente Nordeste da SOCIEDADE BRASILEIRA DE MÉDICOS ESCRITORES. Assumiu a cadeira nº 18 da ACADEMIA BRASILEIRA DE MÉDICOS ESCRITORES em 2012, no Rio de Janeiro. É membro fundador da ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS na qual ocupa a cadeira nº 20. É membro Correspondente da ACADEMIA TUPÂENSE DE LETRAS ARTES E CIÊNCIA desde novembro de 2013. É membro da ACADEMIA MARANHENSE DE MEDICINA na qual ocupa a cadeira nº 31 desde 31 de janeiro de 2014. Foi condecorado com o medalhão do Bicentenário da Justiça Militar, no Rio de Janeiro, em 2010; com a medalha do mérito Sambentuense “Gov. Newton Belo” em 2013 e com a medalha “Comenda Gonçalves Dias” pelo Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. Publicou em 2006 a livro de poesias“Resíduos Cartesianos” e em 2012 o livro “Apologia do Abstrato – Poesias”.Participou em várias antologias de prosa e poesia. Participou de concursos literários nacionais, recebendo menção honrosa no XXIV Congresso Brasileiro de Médicos Escritores, em Curitiba – PA e segundo lugar na VII Jornada Nacional Sobrames e XII Jornada Médica Literária Paulista, em 2012, em São Paulo.

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CADEIRA 20 PATRONO: GRAÇA ARANHA

FUNDADOR ARQUIMEDES VIEGAS VALE

Posse 14 de dezembro de 2014

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ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA 20: GRAÇA ARANHA

ARQUIMEDES VIEGAS VALE 24 de outubro de 2014 – Auditório do CRM

JOSÉ PEREIRA DA GRAÇA ARANHA tem o nome literário de Graça Aranha, nasceu nesta cidade – São Luís do Maranhão, em 21 de junho de 1868. Oriundo de família de posses era filho de Temístocles da Silva Maciel Aranha e de Maria da Glória da Graça, e neto por parte materna do Barão de Aracati, de quem tinha o mesmo nome sem o Aranha. Faleceu no Rio de Janeiro, em 26 de janeiro de 1931. Formou-se em Direito pela Faculdade do Recife em 1886, sendo, nesse mesmo ano designado para assumir o cargo de Promotor de Justiça em Guimarães, sendo transferido para Rosário no ano seguinte e logo em 1888 tornou-se o Juiz de Direito de Órfãos de Vitória e Arari , aqui no Maranhão e em 1889 exerceu o cargo de Juiz de Direito na cidade Campos, Rio de Janeiro e depois na cidade de Porto do Cachoeiro (Hoje Santa Leopoldina) no Estado do Espírito Santo. Dirigido para a carreira diplomática serviu em Londres, Noruega, Holanda e na França. Aposentou-se nesta última investidura. Nas palavras de um seu contemporâneo, o médico e escritor carioca Afrânio Peixoto, Graça Aranha era “um escritor brilhante, às vezes confuso, que escrevia pouco com muito ruído”. Foi membro fundador da cadeira 38 da ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS, que tem como patrono o filósofo e poeta pernambucano Tobias Barreto e como sucessor o inventor Alberto Santos Dumont. Por sua vivência em países europeus, e por conta dos cargos diplomáticos que ocupou, ele foi assistente e admirador dos movimentos vanguardistas que lá surgiram e tentado introduzi-los, à sua maneira, na literatura brasileira, advindo dois fatos que marcam a sua rica trajetória de ativista intelectual. O primeiro e mais importante foi a sua participação na organização e atividade na SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922, que aconteceu na cidade de São Paulo, entre os dias 11 e 17 de fevereiro, no Teatro Municipal, movimento que diversificou os caminhos das artes no Brasil oportunizando a liberdade de criação, fugindo de estilos rigorosos e pré-estabelecidos dentro de conceitos arcaicos, sem espaço para evoluir, na qual proferiu uma conferência intitulada “A Emoção Estética na Arte Moderna”,

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defendendo uma arte, uma poesia e uma música novas, com algo do "Espírito Novo" apregoado pelo crítico de arte franco-italiano vanguardista, Guillaume Apollinaire, que foi quem criou o termo “surrealismo”. A título de admiração e beleza coloquei um fragmento dessa conferência: Destes [poetas], libertados da tristeza, do lirismo e do formalismo, temos aqui uma plêiade. Basta que um deles cante, será uma poesia estranha, nova, alada e que se faz música para ser mais poesia. De dois deles, nesta promissora noite, ouvireis as derradeiras “imaginações”. Um é Guilherme de Almeida, o poeta de Messidor, cujo lirismo se destila sutil e fresco de uma longínqua e vaga nostalgia de amor, de sonho e de esperança, e que, sorrindo, se evola da longa e doce tristeza para nos dar nas Canções Gregas a magia de uma poesia mais livre do que a Arte. O outro é o meu Ronald de Carvalho, o poeta da epopeia da Luz Gloriosa, em que todo o dinamismo brasileiro se manifesta em uma fantasia de cores, de sons e de formas vivas e ardentes, maravilhoso jogo de sol que se torna poesia! A sua arte mais aérea agora, nos novos epigramas, não definha no frívolo virtuosismo que é o folguedo do artista. Ela vem de nossa alma, perdida no assombro do mundo, e é a vitória da cultura sobre o terror, e nos leva pela emoção de um verso, de uma imagem, de uma palavra, de um som à fusão do nosso ser no Todo infinito (ARANHA, 1969, p. 742-743).

Pelo seu lado, era imperioso que achasse um sitio onde se colocasse, já que estava deslocado do contexto vigente, desde o lançamento de seu romance CANAÃ, em 1902, pelo que é considerado um autor pré-modernista. A sua outra atitude veio do seu incoformismo com com a restrita adesão ao modernismo, então rompe com a Academia Brasileira de Letras em 1924, a qual acusou de passadista e dotada de total imobilismo literário, mesmo concitando-a renovar-se, pela aceitação das novas tendências estéticas. Ele chegou a declarar "Se a Academia se desvia desse movimento regenerador, se a Academia não se renova, morra a Academia!". Iniciou-se uma fase agitada nos círculos literários do país. Graça Aranha é considerado um dos chefes do movimento renovador de nossa literatura, fato que vai acentuar-se com a conferência "O Espírito Moderno", lida na Academia Brasileira de Letras, em 19 de junho de 1924, na qual o orador declarou: "A fundação da Academia foi um equívoco e foi um erro". O nosso, também conterrâneo, “príncipe dos prosadores” Coelho Netto deu pronta resposta a Graça Aranha. Escreveu: "O brasileirismo de Graça Aranha, sem uma única manifestação em qualquer das grandes campanhas libertadoras da nossa nacionalidade, é um brasileirismo europeu, copiado do que o conferente viu em sua carreira diplomática, apregoado como uma contradição à sua própria obra." Em 18 de outubro de 1924, Graça Aranha comunicou o seu desligamento da Academia por ter sido recusado o projeto de renovação que elaborara: "A Academia

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Brasileira morreu para mim, como também não existe para o pensamento e para a vida atual do Brasil. Se fui incoerente aí entrando e permanecendo, separo-me da Academia pela coerência”. O Acadêmico Afonso Celso, jornalista mineiro, por acaso filho do Visconde de Ouro Preto, tentou, em 19 de dezembro do referido ano, promover o retorno de Graça Aranha às lides acadêmicas. Este, contudo, agradeceu o convite, acrescentando: "A minha separação da Academia era definitiva", e, mais: "De todos os nossos colegas me afastei sem o menor ressentimento pessoal e a todos sou muito grato pelas generosas manifestações em que exprimiram o pesar da nossa separação". As suas principais obras literárias são: CANAÃ – romance lançado em 1902. Aborda a imigração alemã no estado do Espírito Santo, por intermédio do conflito entre dois personagens principais, Milkau e Lentz, que representam diferentes linhas filosóficas. Temas como opressão feminina, imperialismo germânico, militarismo, corrupção dos administradores públicos, ostracismo, conflito de adaptação à nova terra são tratados nesse romance. Denuncia as extorsões praticadas pelos poderosos, os preconceitos e o racismo. Por essas características e por seu valor documental, o romance se destaca como o marco inicial do Pré-Modernismo e se classifica como romance de tese ou de ideias. O discurso empregado está recoberto pelo caráter humanitário e universalista, defendido pelo protagonista Milkau. O autor dá colorido impressionista à descrição da natureza, retratando o país, entre cores exuberantes. Dessa forma, cumpre a principal proposta do Pré-Modernismo: a "redescoberta do Brasil", por meio da denúncia da realidade brasileira. Embora não apresente personagens bem estruturadas e convincentes, a linguagem empregada demonstra a preocupação do autor com a qualidade estética. Além da presença do imigrante, da colônia e do mulato, há a recorrência ao folclore indígena e europeu, ressaltando a diferença cultural existente. Segundo Alfredo Bosi, Canaã nasce como o "retrato de algumas teses em choque e deleitação românticonaturalista das realidades vitais. A dualidade, não resolvida por um poderoso talento artístico, criou graves desequilíbrios na estrutura da obra...". MALAZARTE - peça de teatro que estreou em Paris em 1911. E uma amostra significativa de como o simbolismo europeu influenciou a dramaturgia pré-modernista brasileira. No palco, os personagens não servem tanto à ação, mas a uma discussão filosófica norteada pelos questionamentos morais de Nietzsche questionamentos deliberadamente irracionais e perfeitos para o ideal simbolista do período. Um paralelo entre Canaã, romance anterior de Graça Aranha, que também discute as ideias de Nietzsche e Malazarte é possível e revela como as convicções filosóficas do autor transformaram-se num curto período de tempo. Ainda que a peça tenha fracassado como solução estética a obra é uma tentativa de modernização da dramaturgia brasileira, em um momento em que o pais carecia de grupos teatrais profissionais. A ESTÉTICA DA VIDA – É um livro de ensaios que os especialistas reconhecem como de grande importância para Modernismo, uma definição do projeto do movimento. Em tal obra a problemática da brasilidade está presente e sua contribuição para o Modernismo foi exatamente a abordagem dessa questão, uma “filosofia de ação”na qual o homem brasileiro precisa buscar uma compreensão estética da existência, sendo a arte (e aqui, em especial; a literatura), um dos caminhos privilegiados em direção à formação de um “espírito nacional”, na qual o diálogo oferece á palavra a

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possibilidade de remeter-se a uma infinidade de respostas, na qual, uma desvendará a “alma brasileira”, quando; “A palavra por si só, diz mais daquilo que se pode ser. Graça Aranha crítica o posicionamento de Kant, para o qual “a arte seria o livre jogo da nossa imaginação e do nosso sentido”, e também Schiller, que encontrava neste jogo a essência da arte. Para ele, o jogo seria apenas um dos efeitos ou expressões da arte, mas não a razão do senso estético, o que importava realmente era que o homem notasse em si mesmo o inesgotável criador de imagens e formas subjetiva que ele é, ou poderá vir a ser. ESPÍRITO MODERNO – livro de ensaios, lançado em 1925, em que enfeixa as suas memoráveis conferências de 1922 a 1924. FUTURISMO – lançado em 1926, participação no Manifesto Futurismo, de Fillipo Marinetti e seus companheiros. Este foi o líder da vanguarda europeia e criador do futurismo. VIAGEM MARAVILHOSA – lançado em 1929 foi o seu último romance. Celso Vieira, biógrafo, ensaísta e historiador pernambucano, ao assumir a cadeira 38 da Academia Brasileira de Letras, substituindo Santos Dumont, assim se refere a esta obra: “Graça Aranha, sem o vigor matinal de Canaã, perfaz A Viagem Maravilhosa com o espírito de revolta, que ele cultivou entre os insubmissos, mais ou menos jovens, mais ou menos rubros, temendo envelhecer nas erupções deste começo de século, atormentado pela crise econômica e pela ideia marxista. Da sua novela, porém, não se destacava um só temperamento de grande revolucionário com idealidade e bravura. Os seus agitadores são meramente criaturas de superfície, girando na própria ressaca do Flamengo: nenhuma dessas almas incolores traz consigo a força rebelde, que se desencadeou mais tarde no pampeiro da arrancada outubrista. Sem qualquer preconceito de época ou preferência de escola, suponho que o livro nada acrescentou à glória do esteta e do pensador, não obstante o movimento, a largueza, o impressionismo e a coloração de algumas paisagens ou de alguns episódios como os trechos de macumba e do carnaval, fragmentos esculturais num deserto. Pela instantaneidade, pela vibratilidade, o romance procura adaptar-se ao modernismo da composição cinemática e da trepidação mecânica dos novos tempos. Mas falhou a psicologia no desenho dos caracteres, a imaginação no enredo, o poder sugestivo nas evocações do ambiente social, a ideologia no debate dos personagens, o lirismo ou a tragédia na revivescência das paixões, a dramaticidade no choque dos interesses e dos sentimentos, a própria sintaxe no idioma”. O MANIFESTO DOS MUNDOS SOCIAIS – lançado em 1935. Graça Aranha ainda escrevia o livro “O MEU PRÓPRIO ROMANCE” quando faleceu.

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Em sua autobiografia, Graça Aranha expressa a intenção de mostrar que toda sua vida se pauta no impulso de libertação, o que aproxima, em essência, a imagem que constrói de si e a dos protagonistas de seus romances. O Ludovicense Graça Aranha foi um dos mais importantes da ficção pré-modernista do Brasil.

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DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DE MICHEL HERBERT ALVES FLORÊNCIO À ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS NA SUA POSSE, EM 24 DE OUTUBRO DE 2014, NA CADEIRA Nº 12 PATRONEADA POR JOSÉ RIBEIRO DO AMARAL

ACADÊMICO ARQUIMEDES VIEGAS VALE – CADEIRA Nº 20 Ilmo. Sr. Roque Macatrão digníssimo e competente Presidente desta Academia em nome de quem, respeitosamente, estendo minha saudação aos demais componentes desta mesa. A vida é um substantivo que aceita todos os adjetivos, porque estes são empregados de acordo com o que sentimos. Assim, hoje, aqui, quero dizer que a vida é um caminho de letras de onde nascem poetas e prosadores para cercá-la de pensamentos amenos e suaves. Mas, poucos percorrem essa trilha porque há exigências e a primeira e fundamental é o entrelaçamento da visão com o pensamento para criar um panorama diferente daquilo que se apresenta como trivial. E essas pessoas tendem à coalescência, para crescerem e marcarem presença na sociedade atual, cuja parte mais expressiva é avessa a qualquer complexidade mental. Por isso, hoje, estamos aqui, no palco desta Academia Ludovicense de Letras, para, em momento solene, descerrar os seu umbral para a entrada de um merecedor: Michel Herbert Alves Florêncio. E é com muita honra estou a apresentá-lo para a nossa Academia pelas suas qualidades de intelectual e ser humano envolvido com bons princípios de relacionamento pessoal, com uma espiritualidade que o suaviza e o inspira, além de ativista convicto do desenvolvimento cultural do Estado. Nossos caminhos apenas se cruzaram quando era meu aluno, no curso de medicina na Universidade Federal do Maranhão, e depois, em um período mais recente, ao ser chamado por ele quando reestruturava a Sobrames no Maranhão. Daí então passamos a beber no cálice comum da cultura. Michel Herbert Alves Florêncio nasceu em 1º de agosto de 1969, na cidade de Bacabal no interior do Maranhão. É formado em medicina pela Universidade Federal do

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Maranhão, em 1996 e pós graduado em Pediatria e Endocrinologia Infantil, em São Paulo. Por concurso público é médico da Prefeitura Municipal de São Luis e por contrato da Prefeitura Municipal de Zé Doca – Maranhão, além de desempenhar atividade autônoma em seu consultório particular de pediatria, em São Luis. Foi membro da Sobrames Paulista até o ano 2000 e é membro fundador da Sobrames do Maranhão, da qual foi presidente no período de 2008 a 2010. É Delegado Regional do Movimento Poético Nacional desde 2010. É membro da Academia Brasileira de Pesquisa e Estudos Literários – ABPEL. É membro fundador da Academia Ludovicense de Letras na cadeira nº 12. Tem participação em diversas antologias: 2000 – Pizza Literária da Sobrames Paulista – Décima Fornada. 2003 – I Antologia Sobrames Maranhão – Arte de Ser 2009 – Organizou e participou da II Antologia Sobrames Maranhão – Receita Poética. 2010 – III Antologia Sobrames Maranhão – Sobre o amor 2010 – Fundou o informativo Receita Poética da Sobrames Maranhão 2010 – Presidiu a I Jornada Médico-Literária da Sobrames Maranhão / a VI Jornada Nacional Sobrames e / II Exposição de Artes Médicas do Maranhão 2012 – Participou dos Anais do XXIV Congresso Brasileiro da Sobrames e VIII Congresso da UMEAL. 2012 – Organizou a Antologia de foto-poesia em homenagem ao 4º Centenário de São Luis: 4 Séculos de Beleza e Poesia. 2012 – Participou do XVII Congresso Brasileiro de História da Medicina, no qual proferiu a palestra intitulada “ A Medicina e a Literatura Maranhense: A vida e obra do médico Odorico Amaral de Matos” Participou de todos os Congressos da Sobrames desde 2008. Tem os seguintes livros publicados: O verbo em ebulição: orações, salmos e poesias. Palavras e verbos: poesias. O município de Zé Doca: passado e presente. Assim, digníssimos confrades e confreiras, estou abarrotado de certeza que a presença de Michel, nesta casa, tem muito a destilar por sua dedicação pela cultura e pela proficuidade da sua obra, que apenas como vivax ilustração cito um dos seus poemas: DE TEMPOS EM TEMPOS De tempos em tempos O vento muda a sua direção E com ele a vida E a melodia de uma canção De tempos em tempos A fome e a sede assolam O mais rico coração. E no inverno da vida A semente da esperança Floresce ao cheiro da chuva.

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De tempos em tempos Os despojos que ficaram da guerra, As lápides que lembram o que passou Tornam-se verdades Para uma bela e nova história. De tempos em tempos Morre a tristeza e traz de volta a alegria Morre a dor e renasce o amor De tempos em tempos.

Muito mais teria a dizer sobre o nosso neófito porém vou apenas declinar o que ele diz sobre si mesmo: “Sou a concatenação de um fonema ou a singela frase de um poema. Sou uma semente regada em algum lugar esperando o momento de germinar. Pela atenção que me deram, muito obrigado!

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CADEIRA-12 PATRONO JOSÉ RIBEIRO DO AMARAL

. (1853-1927) FUNDADOR

MICHEL HERBERT ALVES FLORENCIO 1/8/1969. POSSE 14 DE DEZEMBRO DE 2013

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ELOGIO AO PATRONO

24/10/2014. “A história é a testemunha dos tempos, a luz da verdade, a vida da memória, a mestra da vida, a anunciadora da antiguidade” (Cícero 106-43 aC). Em primeiro lugar quero aqui deixar registrado meu espanto de ainda na primavera da vida ser presenteado com este laurel de membro de uma academia desta imponente cidade, berço da mais elevada intelectualidade brasileira, quiçá mundial. Embora estejamos aqui habitando num outro areópago da “Atenas brasileira”, não deixa de ser menos ilustre. Agradeço àqueles que lembraram o meu nome, ou simplesmente do meu entusiasmo frente à entidade médico literária SOBRAMES-MA(Sociedade Brasileira de Médicos Escritores- Regional Maranhão) a que presidir nos anos de 2008 a 2010 soerguendo-a do seu sono hibernal e ajudando a consolidá-la dentro do cenário nacional. Sobre as minhas parcas publicações, não passam, reconheço, de um transbordar da alma sem muitas ambições ou pretensões literárias. Apenas busquei está em paz comigo mesmo, pagando uma divida às minhas emoções e à minha fé (sementes) tornando-as com a sua publicação, bem mais perene do que eu, pois creio na capacidade de multiplicação das emoções através da arte. Conversar com o passado é das aventuras literárias uma das mais instigantes, nela nos armamos com dez por cento de inspiração e noventa por cento de transpiração. Isto fugiu inicialmente à minha vocação literária, mais achegada ao mundo dos versos. Para honrar este novo desafio, embarquei numa viagem rumo ao passado, precisamente de um século. Enfrentei e superei os monstros do temor, a fúria e a tempestade do desânimo. Como um náufrago, enfim sobrevivi. Como bem escreveu nosso ilustre representante da literatura maranhense e da política nacional José Sarney Costa, em seu poema “Retalhos de um poema de um Náufrago da Índia”.

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Retalhos de um Poema de um Náufrago da Índia. Naveguei mares antigos. Vi monstros e voadores. Vi deuses e tempestades. Vi homens e marinheiros. Nas velas feita de vento, rompidas na ventania, eu saquei minha espada, lutei com mares e gentes, capitães, padres e tenentes. Rompi a linha da vida Dos monstros que nos cercavam, Tridentes que levantavam, Vênus, Minerva e Tétis. A todos disse com força, Que do meu peito sangravam Coisas do bem e do mal mais que tudo, flor do peito, cantares de Portugal. Minha febre e meu amor, Minha força de pecado Sangue desejo e dor. Navego da Índia pobre, Atravesso as Baleares, os ventos vêm do Sul As sortes mandam do Norte. Estou no mar das saudades Nas águas das esperanças, em áfrica maçal e Celião, Dentro do coração. Maria Tejo e Leiria Porto , Arco de Valdevez, Vilaça Coimbra e Mombaça caminhos de recorrer Lisboa, Alfama e Varzim, Ai que saudades de mim Sim, ai que saudade de mim... Agora pertenço também a uma douta academia que requer de mim bem mais que minhas emoções e fé expressa em meus versos. Carece de todos nós confrades e confreiras da Academia Ludovicense de Letras, entusiasmo, entrega, compromisso, engajamento. Com este engajamento, naveguei mares bravios rumo ao passado, até 1912. Muito pouco se comparado a aventura histórica do meu patrono que percorreu três séculos rumo ao século XVII, que fez deste intelectual maranhense jornalista, um historiador proeminente, com a publicação de seu livro sobre a fundação francesa de nossa capital dentre diversos outros trabalhos bibliográficos e historiográficos. Diante deste inusitado desafio que o destino tem me conduzido, nesta nova faina visitei membros de família, conheci personagem ilustres como o escritor Jomar Moraes, historiador da literatura maranhense do mais profícuo da AML( Academia Maranhense

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de Letras) garimpei arquivos de bibliotecas públicas e particulares, sebos e livrarias modernas, e em livros pessoais do autor datado de 1898, como Apontamentos: História da revolução da Balaiada, com a devida vênia de dona Helosine, hoje com 97 anos amável viúva do imortal Dr. Odorico Amaral de Matos, neto de José Ribeiro do Amaral, tudo na tentativa de fotografar a alma deste ilustre personagem da história maranhense. Empreendi meticulosa busca a despeito de sua personalidade e obras, seus feitos, seus legados deste insigne historiador maranhense. Constatei como veremos que no apagar das luzes do século XIX e na alvorada do século XX tantas e tamanhas foram os as suas realizações que o afamaram como respeitável historiador e jornalista e educador. Seus artigos suas teses permanecem incólume nos dias de hoje apesar das criticas contrárias. Com os pés firmes no chão deste novo areópago e destituídos agora dos temores iniciais considero necessário antes de tudo situar o patrono desta cadeira de número doze, José Ribeiro do Amaral, que ora tenho a honra e a responsabilidade de assumir, sem nenhuma pretensão a ele nivelar-me, no contexto das letras do Maranhão num breve resumo histórico literário. A História das letras no Maranhão A história das letras no Maranhão pode ser melhor e mais profundamente estudada em outras fontes dos estudiosos da literatura maranhenses A. Reis Carvalho e Mário M. Meireles, nos trabalhos: a ” Literatura Maranhenses( in “Biblioteca Internacional de Obras Célebres” e –vol XX )e História das letras no Maranhão”, São Luis , 1955 respectivamente. Foram estes que didaticamente dividiram em fases conforme vos exponho agora. A primeira fase, denominada “literatura da terra” a de maior extensão no tempo, e por isso que abrange no Maranhão, por força daquele atraso na conquista, os séculos XVII e XVIII. Destacam-se os crônistas Capuccinos franceses Claude d’Abbeville e Yves d’Evreux, integrantes da expedição de La Ravardiere em 1612 que tanto trabalharam como apóstolos da fé cristã por dois anos consecutivos em nossas terras, mas que também se destacaram na qualidade de historiadores. Abro aqui um parêntesis para expor que tais obras serviram de esteio para a pesquisa do ilustre patrono desta cadeira quando deu sua contribuição a historia do nosso Estado e ao Brasil escrevendo sobre a Fundação do Maranhão.Cito :Históire de La mission des pères capucins em I’Isle de Maragon et terras circunvoisines, edição primitiva de 1614. A segunda fase,é o ciclo de transição do primeiro quartel do século XIX, em que desaparecem os últimos cronistas e ensaia-se mediocremente a “literatura sobre a terra”, enquanto no tradicional ambiente universitário d’além mar cultivam-se os engenhos da nova geração que frutificarão no período áureo das letras maranhenses, comunicando-lhes característica essencialmente coimbrão que o reveste e distingue em seu romantismo classista. Na terceira fase, que se estende do segundo ao terceiro quartel da centúria oitocentista,os doutores de Coimbra, de retorno à terra, fazem surgir a imprensa periódica e o “Grupo Maranhense do romantismo brasileiro”. Aqui permaneceram sem títulos universitários os mestres Sotero dos Reis e João Lisboa. Nesta fase a província recebe como justo prêmio, o cognome honroso de Atenas do Brasil.

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A quarta fase, é o período que vai do terceiro ao último quartel do século XIX, com o surgimento do naturalismo, do parnasianismo, do simbolismo, os intelectuais da terra, arrastados para fora dela por força das circunstâncias econômicas, fazem-se essencialmente literatos nacionais: Teófilo Dias, Raimundo Corrêa, Aluizio e Arthur Azevedo, Coelho Neto, Graça Aranha. A quinta fase, e penúltima, transbordando nos últimos anos do século XIX para o primeiro quartel do século XX (1894 e 1932) Integra-se no ciclo literalmente chamado de “decadentismo e caracteriza-se dentro das fronteiras traçadas pelo Parnaíba, o Gurupí e o Tocantins, pela reação dos remanescentes do êxodo intelectual da fase anterior. Como propósito de restabelecer, na terra, os foros da cultura atenienses iniciou-se intensa atividade literária com a criação de diversas agremiações culturais. Destacam-se: a Oficina dos Novos e a Renascença Literária. A oficina dos Novos fundada em 28 de julho de 1900, tinha estrutura semelhante à das Academias. Antes, porém de muitos dos integrantes desta agremiação integrar Academia Maranhense de Letras, coexistiram harmonicamente por alguns anos. A Oficina dos Novos dava a seus membros o ”título de operários” e editava um boletim oficial denominado Os Novos. Neste contexto de efervescência cultural um grupo de intelectuais reuniram-se no salão de leitura da Biblioteca Pública do Estado,às 19 horas do dia 10 de agosto de 1908. À época, a Biblioteca funcionava no prédio que hoje é sede própria do sodalício, o diretor do estabelecimento Ribeiro do Amaral, fundou nesta ocasião a Academia Maranhense de Letras. Faziam parte na ocasião, os seguintes intelectuais assim denominados fundadores: Barbosa de Godois, Antonio Lobo,Domingos Barbosa, Côrrea de Araujo, Vieira da Silva,Raul Astolfo Marques, Alfredo de Assis Castro, Xavier de Carvalho, Godofredo Viana, maranhenses todos e Fran Paxeco , português, e Clodoaldo Freitas, piauiense e claro, Ribeiro do Amaral, que por ser o mais idoso por força estatutária eleito o seu primeiro presidente. Por não dispor de sede própria durante longos anos a Academia funcionou provisoriamente, na residência de presidente Ribeiro do Amaral localizado na rua Osvaldo Cruz n.49. No dia 7 de setembro seguinte, como predeterminado e comemorando o octogésimo sexto aniversário da Independência, realizou-se na mesma Biblioteca, a solenidade da sessão inaugural. A direção dos trabalhos coube ao Prof. Ribeiro do Amaral que, o mais idoso da ilustre companhia, foi seu primeiro presidente, conforme a regra do 5º. Dos Estatutos; Astolfo Marques, como secretário- geral, e Alfredo de Assis, como bibliotecário-tesoureiro, compuseram a mesa. O Patrono José Ribeiro do Amaral nasceu em 3 de maio de 1853 e faleceu no dia 30 de abril de 1927 às 13 horas da tarde aos 74 anos de idade em sua residência.O Jornal Imparcial de 01 de maio de 1927,descreve assim: “Faleceu ontem nesta capital as 13h, o venerado historiógrafo maranhense Jose Ribeiro do Amaral na avançada idade de 74 anos, em sua residência

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na rua Osvaldo Cruz n.49. funcionário competente e zeloso, pai de família modelar pelo carinho e previdência com que se ocupava e devotadamente dos seus, educador operoso, pesquisador emérito da história e escritor incansável, cumpriu com esforço digno de seu dever de homem público e particular e, ainda mais deixou uma obra considerável, constante de muitos volumes, onde sua erudição se patenteou recomendando o seu nome ao público” . Ribeiro do Amaral seus cargos, suas obras e seus títulos: • Teve sua formação educacional no Colégio Nossa Senhora da Glória, também chamado colégio dos Abranches. Graduado na área de Jornalismo. • Catedrático de História e Geografia do Liceu Maranhense • Diretor do colégio Liceu Maranhense. • Diretor da Biblioteca Pública, nomeado em 13 de abril de 1896 permanece por 4 meses depois retorna em 19 de agosto de 1910 a 21 de julho de 1913. • Diretor da imprensa Oficial do Estado. • Durante período de 1911 a 1912 publicou diversos trabalhos sob o titulo geral de Maranhão histórico, os quais coligidos pelo escritor Luiz de Mello, resultaram no livro O Maranhão histórico, publicado postumamente. • Organizou o catálogo da imprensa no maranhão:jornais e revistas e outras publicações periódicas de 1821 a 1908 apresentado por ocasião da celebração do centenário da imprensa no Rio de Janeiro em 22 de fevereiro de 1911. • Zeloso, possuidor da maior coleção de Jornais antigos do Maranhão a contar do primeiro deles “O Conciliador”. Esta coleção foi vendida pela família ao acervo da Biblioteca pública Benedito Leite. • Fundou e dirigiu o Colégio São Paulo que muitos e assinalados serviços prestou à educação da juventude maranhense. • Instituiu a cadeira de N. 11 patroneada por João Francisco Lisboa • Homenagem a João Francisco Lisboa:O presidente da AML, Ribeiro do Amaral, em nome do governo do Estado, profere extraordinário discurso, realçando a vida e a obra de João Francisco Lisboa. • Exerceu a presidência da entidade (AML) desde 1908 até abril de 1927, quando faleceu. • Pertenceu ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). • Em 1925- figurou entre os fundadores do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM). • Possuidor de medalhas comemorativas: • Espada de ferro. • Medalhão: Central do Brasil: Christiano Otoni- Iniciativa e tenacidade. 29 de março de 1908. • Medalha centenário de Christiano Benedicto Ottoni. 21 de maio de 1911. • Medalhão Vital Brasil-Primeiro Centenário –-1854-1864. • Medalha de bronze –Lousiane Purchane Exposition. • Medalhão Compa.Luz Stearica.Rio de Janeiro,1906.

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Autor de numerosas bibliografias e historiográficas: 1)“O conde d’Escrangnolle”.Lliv J. Leite-rio de Janeiro, s.d. 2) “O Estado do Maranhão em 1896”. Tip. De Frias- Maranhão e m 1879,202p. 3)” Apontamentos para a História da Revolução da Balaiada na Província do Maranhão 1873-1839”.Tip. Teixeira- Maranhão,1898.110 p. 4) “Apontamentos para a história da Revolução da Balaida na província do Maranhão1840-1841.Tip. Teixeira- Maranhão 1906.138p. 5) “Apontamento para a revolução da Balaiada na Provincia do Maranhão” Tip. Teixieira- Maranhão, 1908.138p. 6) “2 de novembro de 1685”. Imprensa Oficial- Maranhão”. Imprensa OficialMaranhão,1910, 16p. 7)”Fundação do Maranhão” . Imprensa Oficial- Maranhão, 1911,15p. 8)”A cidade de São Luis por ocasião da invasão holandesa, in “ Diário Oficial”, ed. De 1-3-1912-1912-São Luis. 9)”O maranhão histórico- Convento de Santo Antônio”, idem, Ed. De 19-1.1912-S. Luis. 10)”Fundação do maranhão”. Tip. Teixeira- Maranhão,1912.222 págs. Ilustrada. 11) “Apontamento para a história da vida e obras do Senador Cândido Mendes de Almeida” Imp. Oficial-Maranhão,1913, 21p. 12) A Fundação de Belém. Tip.J. Pires- Maranhão,1916,35p. 13)” Discurso proferido na sessão inaugural da Academia Maranhense de Letras”, in “Imprensa Oficial- Maranhão, 1917, 29 p. 14)” Limites do Maranhão com o Piauí ou a questão de Tutóia”. Imp. OficialMaranhão-1919,332p. 15) “Estado do Maranhão, in Dic. Histórico Geográfico e Etnográfico do Brasil” Imp. Nacional-Rio de Janeiro 1922, 2º.vol. 16) “As revoluções do segundo império e a obra pacificadora de Caxias” Tip. TeixeiraMaranhão 1922.59p. 17)” O Maranhão no centenário da independência”- Maranhão , 1923. 18) “Efemérides maranhenses”, Tip. Teixeira- Maranhão 1923. T.I.124. 19) “História do Maranhão”. Edição para a infância.Liv. Soares- Maranhão -1923.T.I 24p. 20) “ A Glorificação de Odorico Mendes e Efemérides Maranhenses, S.Luis, 1923” 21) “Nobiliarquia Maranhense”, in Ver. Do IHG do Maranhão.N.1- São Luis 1926, p. 37 a 41. O homem e sua causa Grandes homens, grandes vultos intelectuais do passado, do presente e do futuro, se fazem pelos seus legados nas múltiplas áreas da sociedade (política, saúde, educação, cultura, esporte, etc.). Nada somos pelo que somente falamos ou cremos, mas por aquilo que fazemos, criamos ou recriamos. Como nos escreveu Tiago em sua Epístola sobre o falar e o agir: “a fé sem obras é morta”. Epístola de Tiago 2:16. Em nossa causa reside a essência da nossa alma, do nosso viver, do nosso existir, do nosso persistir. Nós nos tornamos perenes quando deixamos de sonhar e tão somente

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de crer, e passamos para a dimensão do fazer, do agir do existir. É quando “o verbo se faz carne e habita entre nós”. Assim são nossos sonhos, projetos e nossas obras, precisam tornar-se reais através de nossa própria diligência, pelo risco de nos tonarmos meros expectadores do espetáculo da vida. Pesquisas historiográficas que envolvem o universo cultural do nosso estado desde tempos provinciais coloca Ribeiro do Amaral entre os intelectuais que deixaram legados na área de Educação, e Cultura. Uma resposta que resume a característica mais marcante deste historiador, segundo o escritor e um dos mais ativos membros da AML ,Jomar Morais: “Relevante aspecto da biografia intelectual desse ilustre maranhense, fato que merece atenção especial, é o vivo interesse que ele tinha pelas fontes fundamentais de seus estudos de eleição”.(Fundação do Maranhão, 3°edição, AML, 2012. A francofilia de Ribeiro do Amaral aflora nas páginas do livro Fundação do Maranhão, na homenagem prestada “Ao espírito superior da Missão Francesa de 1612, brilhantemente representado em Yves d’Evreux e Daniel de La Ravardiere” segundo Mont’ Alverne Frota. Escreveu na orelha do mesmo livro. “Ribeiro do Amaral tinha desmedido amor à terra natal que chamou de terra querida, no discurso de posse na presidência da Academia Maranhense de Letras. Foi dedicado aos interesses culturais da cidade que tanto amava. Passou a vida entre os livros e jornais. O pioneirismo dos franceses, na fundação da cidade que tanto amava, estava para ele sedimentado em provas irrefutáveis.” Sobre a vida de Ribeiro do Amaral, escreve ainda Frota:..”foi uma comprovação desse empenho de ir buscar água na fonte cristalina da verdade histórica”. Da Fundação do Maranhão Dentre sua vasta contribuição na área da cultura literária, a obra mais relevante e que demonstra seu “desmedido amor à terra natal, que chamou de terra querida, no discurso de posse da Presidência da Academia” foi o livro intitulado Fundação do Maranhão(Memória Histórica) 1º.Edição São Luis :Typogravura Teixieira, 1912.222p.il. relata-nos com uma riqueza de detalhes os depoimentos dos historiadores capuccinos como o venerável padre Ivo d’Evreux e Cláudio de Abbeville e veio à lume no aniversário do tercicentenário de São Luis. “O pioneirismo dos franceses na fundação da cidade que tanto amava, estava para ele sedimentada em provas irrefutáveis”. Mont Alverne Frota acrescenta-nos na sua palestra “Ribeiro do Amaral e seu tempo” da 2º. Feira do Livro em 15 de 10 de 2008. Relevante aspecto da biografia intelectual desse ilustre maranhense, fato que merece atenção especial, é o vivo interesse que ele tinha pelas fontes fundamentais de seus estudos de eleição. Escreveu Jomar Moraes.(Documentos maranhenses N. 22 edição comemorativa do centenário da AML.p.25 Livro do Centenário. AML).

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Passado um século da sua publicação, sua tese permanece inabalável, apesar das criticas, pois está fundamentada em fontes históricas raríssimas e irrefutáveis. Segue as palavras introdutórias da referida obra: “Assim pensando, escrevemos esse livro, que aspiração outra não tem, nem pretensão qualquer alimenta, senão da de comemorar o Tricentenário do estabelecimento dos franceses no Maranhão, em 1612.” A Crítica da tese A tese brilhantemente defendida por José Ribeiro do Amaral não ficou incólume às críticas que persistem até o dia de hoje provocando calorosos debates em meios acadêmicos polarizando opiniões. Considerada um mito, ou simplesmente estórias ou mais grosseiramente uma farsa, cujo objetivo é dar a capital maranhense um status de cidade fundada pelos franceses. “Um presente dado pelo intelectual , jornalista e historiador presidente da Academia Maranhense de Letras à época do tercicentenário desta capital” escreveu Maria de Lourdes Lauande Lacroix em seu livro: a Criação de um Mito. Sobre a Missão de Daniel de LaTouche, o Senhor de La Ravardière que aportou no Maranhão em 1612, diz-se que o curto tempo em terras maranhenses e outros interesses ainda relativos à região norte do Brasil não permitiram àquela empreitada fundar uma cidade em São Luís. Citando Berredo a historiadora afirma ainda que o Forte São Luís não passava de uma “débil força de pau a pique”. E mais: “Convém grifar que o nome da cidade invoca o querido santo francês Luís IX, canonizado muito antes do descobrimento do Brasil, muito reverenciado pelos fiéis portugueses, e não uma homenagem prestada a Luís XIII”. Defesas da tese Em 13 de junho de 2001 (jornal O Estado do MA) o notável representante da Academia Maranhense de Letras (AML), Jomar Moraes, considerando que embora o referido livro tenha um estilo alucinante e que a autora disponha de grande “habilidade argumentativa na defesa de seus pontos de vista... eles seguem na contramão de fatos concebidos, irrefutáveis e devidamente registrados pela história”. Em outro artigo (jornal O Estado do MA, 04/09/02) diz que naquela solenidade, franceses e índios estavam em “atitude de contrição diante da cruz chanteada em memória daquele ato fundador”. O intelectual ainda se refere aos mesmos fatos como as “solenidades que oficializaram o domínio espiritual e a conquista administrativo-militar da França sobre a nascente colônia...” (jornal O Estado do MA, 05/10/05). Outro membro da AML, Abel Ferreira, (jornal O Estado do MA, 12/09/02) afirma, referindo-se à missa: “Contudo, tal cerimônia ocorreu e, mesmo que não tivesse essa finalidade, pode ser considerada como marco zero, o termo inicial da História de São Luís, especialmente porque não há registro de que os portugueses tenham realizado atos cerimoniosos de fundação da cidade”. Outro historiador Mário Meireles, em sua obra “História do Maranhão” publicado em 1980, descreve com muita propriedade os feitos dos franceses no período em que estiveram aqui (26 de julho de 1612 a 2 de novembro de 1615) contrariando a opinião

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de que a breve presença dos gauleses por estas plagas não permitiram imprimir sua marca. “No atinente à defesa da sede, além do forte São Luis, construíram mais três na ilha grande; Itapari, Sardinha e Cahur. O forte São Luis que abrigava a residência do governador e o armazém de munições”... Além de fortes os portugueses quando aqui chegaram encontraram, capelas, seminários e singelas habitações. Segundo Meireles é indubitável que os franceses lançaram a pedra fundamental da colonização de São Luis e que de fato foi consolidada pelos portugueses. Sob a responsabilidade da “Comissão de Comemorações dos 400 anos de fundação de São Luís”, o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão - IHGM iniciou um círculo de debates com os seguintes temas: 1) As primeiras tentativas de ocupação até a consolidação da conquista da terra; 2) Do Reino Unido português ao Império Brasileiro; 3) Maranhão Republicano; 4) A cidade de São Luís foi fundada por franceses; 5) A cidade de São Luís não foi fundada por franceses; 6) A cidade de São Luís foi fundada por quem? Conclusões possíveis. A discussão deste tema como se vê, perdura por séculos alimentando egos e provocando manifestações histriônicas como bem diz o escritor Jomar Moraes, de intelectuais em busca de notoriedade, sem, no entanto abalar a veracidade histórica dos fatos. Dentro da nossa confraria da Academia Ludovicense de Letras destacam-se dois diligentes e proeminentes escritores que tem se debruçados anos de pesquisas historiográficas sobre o tema referido: são eles, Antonio Noberto, na obra França Equinocial, uma história de 400 anos. Ed.2012; outra com obra que em breve será publicada é da nossa confrade Ana Luiza Almeida Ferro, com a obra intitulada. 1612: papagaios amarelos na Ilha do Maranhão e a fundação de São Luis(edição brasileira) e outro chamado 1612: os franceses na Ilha do Maranhão e a fundação de São Luis(edição portuguesa), reforçando ainda mais com provas irrefutáveis a influência francesa na colonização do nosso estado. Cumprida a missão Desde que por obra do destino fomos engajados nessa douta academia assumimos todos, uma nobre missão de dilatar as fronteiras e as divisas, se é que há, do conhecimento e da cultura de nosso povo de nossa era. ALL tornou-se para mim um poema inacabado em que por toda a minha a vida tenho como obrigação crescer literalmente para honrá-la e engrandecê-la, pois me sinto um poeta pequeno demais para tão grande poesia. Começamos sempre como reza tradição com o culto e a honra ao passado destacando nossos grandes vultos que por estas terras semearam do bornal intelectual suas sementes. Tais sementes geraram frutos que nos legaram lições, verdades e convicções, difíceis de serem abaladas, pois foram resultadas de largos trabalhos de pesquisas.

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Não devemos, no entanto ficar preso ao passado, mas olharmos o futuro e permanecermos antenados com o presente, cumprindo cabalmente e honrosamente a função que nos cabe como membro de uma douta e incipiente Academia. Concluo que o homem sem uma causa está nu. Digo isso, não literalmente, mas culturalmente, historicamente. Portanto abracemos todos, mais esta vocação, contribuindo, somando com grãos de areia, pedras e mármores literários o alicerce de uma era que chamamos de hoje. “A história do homem bem mais rico e interessante que a história dos homens, nela nos inspiramos e nos espelhamos”. Escreveu nosso poeta e cronista José chagas e ainda nos diz mais: “A soma da memória cultural de uma sociedade, é aquilo que se pode deixar de mais nobre no complexo do nosso legado humano”. José chagas. Em sua crônica: A vingança da Academia. 8 agosto de 1987.disse a despeito da sua função na AML: “A contrapartida que posso dar a esta importante instituição é dar minha alma, meu ser, existir para ela e fazê-la existir para mim, dou –te minha vontade , meu bem querer, meu ser, meus versos.” Que venha ALL, que são todos vós, me acrescentar bem mais que posso dar-lhe. E que meus versos possam ajudá-la também a engrandecê-la. E que alguém possa de mim orgulhar-se, pelo que fui, pelo que fiz, não somente pelo que tenho ou disse. Meu muito obrigado. BIBLIOGRAFIA. Academia Maranhense de Letras.Livro do Centenário/Academia Maranhense de Letras - São Luis:Edições Aml,2009 124p.:Il-(Coleção Documentos Maranhenses v.22 ). Amaral. José Ribeiro do. Apontamentos para a História da Revolução da Balaiada. Província do Maranhão. 1837-1839. Maranhão 1808 Amaral. José Ribeiro do. O Maranhão Histórico. Artigos de Jornal(1911-1912)/ José Ribeiro do Amaral.São Luis: Instituto Géia, 2003.128p. Coleção Geia de Temas Maranhenses,v.1 Amaral . José Ribeiro.Fundação do Maranhão(Memória Histórica) 1º.Edição São Luis :Typogravura Teixieira, 1912.222p.il Amaral. José Ribeiro.Fundação do Maranhão(Memória Histórica) 3º.Edição São Luis : Edições AML,2012 214p.il. Antologia da Academia maranhense de Letras 1908-1958. Edição Fac-similar comemorativa do centenário da Fundação da Academia Maranhense de Letras. São Luis –Maranhão 2008. Castro Lucia. Que Ilha Bela! São Luis reconstrói a tua história (1612-2012). São Luis:360°.Gráfica e Editora,2013. São Luis(MA)-História,1612-2012. Castro. Augusto César; Silva. Diana Rocha da.Castellhanos.Samuel Luís Velásquez. A Biblioteca Pública do Maranhão como Instituição educacional. Perspectiva em Ciências da Informação.v.16.n.3, p. 255-269 jul-set/2011 Frota. Mont Alverne palestra “Ribeiro do Amaral e seu tempo” da 2º. Feira do Livro em 15 de 10 de 2008.

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Lacroix. Maria de Lourdes Lauande . A criação de www.outrostempos.uema.br, ISSN 1808-8031, volume 02, p. 54-80 54

um

mito.

O Imparcial.30 de abril d 1927. Arquivo de microfilmagem da Biblioteca Pública Benedito Leite.visitado 03/10/2014. Sarney José.Saudades mortas. 2002, editora ARX. Em seu poema “Retalhos de um poema de um Náufrago da Índia.

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APRESENTAÇÃO DO ACADÊMICO MARIO DA SILVA LUNA DOS SANTOS FILHO EM SUA POSSE NA CADEIRA 10

ARQUIMEDES VIERGAS VALE MARIO DA SILVA LUNA DOS SANTOS FILHO, ou Mário Luna como é conhecido, é filho de Mario Luna e Noeme Santos. Nasceu em São Luís, em 27 de julho de 1950. Bem cedo ainda, foi para Caxias, e estudou no Grupo Escolar Coelho Neto, onde fez o antigo primário. Depois estudou no Colégio Caxiense, onde cursou o antigo Ginásio. Veio para São Luís em 1966, onde estudou no Liceu Maranhense. Ali participou com dedicação e destaque de atividades literárias, sendo um dos participantes do Movimento Antroponáutica. Em 1969, ainda estudante liceista, foi o vencedor do concurso de natal, promovido pela Academia Maranhense de Letras, e ganhou o prêmio Luís Viana, com o conto "O Pescador e a Menina". Em 1970 venceu o concurso Serviço Militar - 1970, instituído pelo Exercito Brasileiro, com a monografia sobre João Pandiá Calógeras. Em 1975 lançou seu livro de poemas "Do Sapato ao Pé Descalço", com prefácio do escritor e jornalista Erasmo Dias, membro da Academia Maranhense de Letras, que diz do poeta... "Mais uma força que eclode, partindo solitária, porém muito forte no atual momento renovador da arte maranhense." Fernando Braga, poeta maranhense, diz sobre o livro de estreia de Mario Luna... "Seus trabalhos, quase todos, têm a estrutura dos sintomas e das causas. Deus permita que um novo Jorge de Lima apareça novamente, nestas horas de modernismo que mais e mais se impõe”. Ainda em, "As lâmpadas do Sol”, pg 36, o poeta Carlos Cunha diz: "Quando se imagina de um poema para outro que Mario Luna Filho ficou definitivamente na tecla da poesia individualistica, pessoal, de repente ele surpreende o leitor com versos de denúncia implacável".

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Formou-se em medicina pela UFMA, em 1976. Partiu para o Rio de Janeiro em 1977, onde fez residência em Cirurgia Infantil, no Instituto Fernandes Filgueira, da Fundação Osvaldo Cruz. Retornou para São Luís em 1979. Em 1988 lançou o seu segundo livro intitulado "Do Granito e do Infinito", prefaciado por Wolney Milhomem, jornalista e poeta da Academia Brasiliense de Letras e abas do escritor Albérico Carneiro Filho. Wolney diz “O expressionismo de Mario Luna tem uma eloquência própria a um anjo ferido, a refletir o fascínio de um raio que chega, gerando límpida emoção espacial. E de logo se percebe sutil confidência entre o amargurado cantor e as divindades sobressaltadas deste agitado espetáculo, quando já se experimenta a véspera de um futuro já saqueado." Albérico também diz: “[...] outra faceta da poética de Mario nos leva para próximo de Cecília Meireles ou Jorge de Lima no que foram de introspectivos: "ENIGMA”, "O MIRANTE', 'NOSSA DOR'. Estes três últimos e melhores poemas do autor que passa aqui nesta vinheta sua por um Carlos Drummond de Andrade ou por um João Cabral de Melo Neto, em se tratando de contensão, ou seja, no dizer demiurgico-poundiano, um mínimo de palavras para um máximo de significado”. Depois um silêncio literário angustiante... Participou de várias antologias poéticas, como "Itinerário Poético de Caxias" de Quincas Vilaneto em 2003. Participou de 3 antologias poéticas da SOBRAMES REGIONAL MARANHÃO ,a última em 2011.Tem a publicar o livro de poemas "Epitáfio das Palavras"; "Chão Azul, livro de contos e "Um Pingo Para o seu Devido i", ensaio literário. È com muito orgulho que assisto a justiça que se faz a um poeta. Um grande poeta. Ocupar uma cadeira na Academia de Letras de São Luís é a uma justa resposta que este poeta recebe por sua produção literária de alto nível. Parabéns, Mario Luna. Parabéns, poeta.

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CADEIRA 10 PATRONO JOAQUIM DE SOUSA ANDRADE (SOUSÂNDRADE)

PRIMEIRO OCUPANTE

MARIO DA SILVA LUNA DOS SANTOS FILHO Eleição 28 de fevereiro de 2014 Posse 24 de outubro de 2014

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DISCURSO DE POSSE

Eu, Mário Luna Filho trago comigo algumas lembranças de minhas veredas que me trouxeram até aqui. Caminhos díspares, tortos, mas que foram caminhos de chegar. Digo mesmo que foram os caminhos da poesia, filha da dor e do sofrimento no cadinho da esperança, que me fizeram sonhar em pertencer a esta nobre Academia. Academia esta que acabo de transpor os seus umbrais, o que me faz me sentir em casa e um dos seus pares. Confrades e confreiras, não falo tanto de mim, pois a poesia, este pássaro nômade sem rumo que corteja o infinito, é que é a verdadeira dona deste momento. Confrades e confreiras, digo apenas que sou a argamassa de Mario e Noeme num colóquio do destino. Mario que sou. Não sou colina de Roma. Mario poeta. Mario Luna mesmo sem luar. Luar que mesmo no deserto florirá. Falo sim da Academia, como a vejo e como a sonho. Academia que transita no dilema eterno entre tradição petrificante X inovação revigorante. A tradição nos remete ao histórico pertinente e válido. Mas em Sousândrade me inspiro, em Sousândrade vejo o apontar caminhos novos, o desafio de seguir em frente, desvendar o futuro, plantar em vertentes verdes e mananciais puros da própria alma. Plantar sementes vivas/vivificantes. Gestos de ir além. A ousadia deve nos guiar no tempo presente. Que seja ela a mola propulsora de cada um de nós. Sempre sem medo de descobertas, descortinaremos novos mundos para a literatura. Confrades e confreiras, somente assim saberemos se chegamos cedo demais ou tarde demais neste tempo em que a literatura vive uma crise profunda e radical. Quem somos nós? Náufragos ou balsas em mares estranhos? O que sejamos, devemos buscar estratégias de sobrevivência. Juntos, companheiros, certamente construiremos o nosso amanhecer em uma nova Canaã, como sonhou o nosso Graça Aranha, onde as palmeiras, no seu balançar, nos soprem aos ouvidos uma palavra tão doce: Liberdade! Liberdade! Liberdade! Que assim seja. E viva a academia.

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ELOGIO AO PATRONO - RAIMUNDO VIANA

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APRESENTAÇÃO DO FUNDADOR DA CADEIRA DE Nº 36, O ACADÊMICO RAIMUNDO DA COSTA VIANA

AYMORÉ DE CASTRO ALVIM Sr. Presidente da Academia Ludovicense de Letras Acadêmico Roque Pires Macatrão. Sr. Secretário Geral Acadêmico Leopoldo Gil Dulcio Vaz. Ilustres confreiras e confrades. Cumprimento os parentes do Acadêmico Raimundo Viana e do seu Patrono, padre João Miguel Mohana aqui presentes. Minhas senhores e meus senhores. Regozijemo-nos, nesta auspiciosa data, em que esta Casa de Maria Firmina tem o grande prazer em acolher o nosso confrade e fundador da Cadeira de nº 36, o Acadêmico Raimundo da Costa Viana, para ouvir o elogio ao seu Patrono, o médico, intelectual e sacerdote João Miguel Mohana. A escolha da Cadeira patroneada pelo ilustre sacerdote, creio, encontra-se envolta em profundas emoções e lembranças, de vez que o meu preclaro e fraterno amigo Viana conviveu com João Mohana, do qual foi aluno, no Seminário de Santo Antônio. Permitam-me, com a devida vênia, antecipar-me à apresentação do Acadêmico Viana para expressar-lhe a minha profunda gratidão pela deferência com que me distinguiu ao convidar-me para saudá-lo, neste momento de grande significado ao nosso homenageado e de indisfarçável satisfação para todos nós. Este momento que ora vivenciamos, nesta ensolarada manhã de outubro, cujo calor envolve e permeia abrasador os vetustos casarões do Centro Histórico desta bela e quatrocentona São Luís, faz-me avivar, na memória, sentimentos pretéritos de fraterna e grande amizade, no velho seminário da Praça Antônio Lôbo, o que me impõe garantirlhes que este meu ilustre amigo, pelos seus inequívocos predicados literários, muito contribuirá para levarmos à frente as nossas pretensões de ver a nossa Academia crescer, no seio da comunidade Ludovicense. Portanto, faço esta apresentação com imenso prazer e sem dificuldades, apesar de me faltar a devida competência, para desincumbir-me de tão prazerosa tarefa.

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Assim o digo, reiterando-lhes o que acima já me reportei, por conhecer o professor Viana, praticamente, desde pré-adolescente, quando, assim, chegamos ao Seminário de Santo Antônio, na década de 1950. Eu, em 1953, e ele dois anos depois pelas mãos do Monsenhor Pedro, pároco de Brejo, cidade natal do nosso confrade. Ali, nasceu o nosso homenageado, em 9 de novembro de 1939, de uma família simples de pequenos agricultores, mas fiel aos preceitos éticos e morais da Igreja Católica cuja fé professam. Foi no seio dessa família do Sr. Hamilton da Costa Viana e de dona Idalina Monteles Viana que o garoto Raimundo cresceu e se desenvolveu. Desde cedo, na Escola Municipal onde fez as primeiras letras e concluiu o curso primário, Viana já se destacava entre seus colegas pelo esmero com que se dedicava aos estudos, principalmente, da gramática portuguesa. Expressava tal dedicação, nas composições, nos ditados e cópias que fazia e que eram sempre elogiados pela sua professora. Coroinha na Igreja Matriz do Brejo, aquele garoto magro, bom de bola e muito loquaz que sempre falava para alegria dos pais que queria ser padre, passou a chamar a atenção do pároco, Monsenhor Pedro. Concluído o primário, com autorização dos pais, o padre o trouxe para São Luís para interná-lo, no Seminário. Chegou, em fevereiro de 1955. Conversador, relacionou-se logo com os seminarista, inclusive comigo, quando iniciamos uma fraterna amizade que nos une até os dias presentes. No futebol, éramos companheiros na mesma equipe comandada pelo padre Aloísio Deina Gotche. Seus pendores literários logo se manifestaram nas sessões dominicais da Academia D. Francisco de Paula e Silva, geralmente presidida pelo padre Reitor. Só nos diferenciávamos em nota de comportamento. Mas, sejamos sinceros, o Viana perto de mim era um santo. Isto, no entanto, não impediu que juntos cumpríssemos, por várias vezes, algumas medidas disciplinares como chamavam por la os castigos. Lembro-me, apenas para descontrair um pouco, de uma passagem da qual fiz um conto que está no meu livro “Saudades do Seminário” ainda não publicado, quando cheguei para o Viana e lhe disse: - Rapaz, ali na Rua de Santo Antônio tem uma pequena que sempre que passo por la ela ri comigo. Ela também tem uma irmã muito bonitinha. Quarta feira (dia de sueto ou folga no Seminário) tu dizes ao padre Sílvio que eu vou sair contigo e aí eu te levo para passar por lá. Viana, que foi sempre bom em latim, olhou para mim e disse: - Aymoré, Aymoré, ad autum nati sumus (nascemos para as coisas do alto). - Só se foste tu, porque eu nasci para as daqui de baixo.

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- Tu não queres ser padre? - Viana, nós fomos chamados, por isso estamos aqui. E se não formos escolhidos? É por isso que enquanto não o for vou me virando por aqui mesmo. - Mas não contes comigo. Esse era o Viana. Amigão, mas sempre vigilante, afastando-me das tentações terrenas. No início de 1958, deixei o Seminário. Raimundo Viana permaneceu. Dois anos depois ingressou no Seminário Maior onde concluiu o Curso Superior de Filosofia. Foi nesse período de 3 anos de Seminário Maior que Viana conheceu o padre Mohana que acabara de receber a ordem sacerdotal, no Seminário de Viamão, Rio Grande do Sul. Tornaram-se grandes amigos além de tê-lo como professor e orientador espiritual. Deixando o Seminário, no final de 1963, seguiu para Fortaleza onde morou de 1964 a 1967 quando exerceu a docência de Língua Portuguesa, no segundo grau do Liceu Cearense. Retornando a São Luís, em 1968, Viana aproveitou a oportunidade para completar a sua formação superior. Bacharelou-se, em 1970, em Filosofia pela Universidade Federal do MaranhãoUFMA e licenciou-se em Letras Clássicas, nesse mesmo ano. Em 1979, concluiu o Curso de Direito, também na UFMA, exercendo, desde então, o exercício da advocacia, OAB-MA nº 2458. Posteriormente, pós-graduou-se em Teoria da Comunicação com estudos especiais em Língua Latina e Grega, na Universidade de Paulo - USP. Como professor concursado, o Prof. Viana militou na docência da UFMA ministrando aulas de Teoria da Comunicação. Foi, também, na mesma Universidade Chefe do Departamento de Comunicação Social e Vice-Diretor do Centro de Ciências Sociais. Após a aposentadoria, foi professor de Língua Latina, na Universidade CEUMA (UNICEUMA). Viana, como membro efetivo da Academia Brejense de Letras é, atualmente, seu Vice-Presidente. Da sua produção literária constam inúmeras crônicas publicadas ao longo dos anos, no Jornal ESTADO DO MARANHÃO, que estão sendo reunidas para futura publicação sob o título: MINHAS CRÔNICAS. O nosso confrade Viana sempre gosta de dizer: Esto brevis et placebis (seja breve e agradarás). Por isto, não vou me alongar, mas quero, uma vez mais, reiterar a minha grande satisfação de saudar, em nome desta Casa de Maria Firmina, o confrade Viana, no dia que vem fazer o elogio ao seu Patrono como determina o Estatuto da Entidade. Portanto, caro amigo e confrade, seja bem vindo. Todos nós o acolhemos de braços abertos. Muito obrigado. Aymoré Alvim, Cadeira nº 16.

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CADEIRA 36 PATRONO: JOテグ MIGUEL MOHANA

FUNDADOR: RAIMUNDO DA COSTA VIANA

Posse 14 de dezembro de 2013

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ELOGIO AO PATRONO DISCURSO PROFERIDO, EM 25.10.2014, PELO ACADÊMICO RAIMUNDO C. VIANA Sr. Presidente, Senhores mesários, Confrades, confreiras e demais amigos presentes. Preliminarmente, devo dizer-vos da minha satisfação de ter João Mohana, como Patrono da Cadeira, que tenho a honra de ocupar, nesta Instituição Acadêmica. Com emoção, Senhor Presidente, volto ao ano de 1955, quando se cruzaram nossos caminhos. Ele, já médico, deixava o exercício da Medicina Pediátrica, e, em busca de seu OUTRO CAMINHO, o Sacerdócio, ingressava no Seminário Maior (cursos de Filosofia e Teologia), em Viamão R.S. Eu, adolescente, egresso da humilde e distante Brejo, começava, em São Luís, o Seminário Menor, no saudoso Seminário de Santo Antônio. Em 1960, coincidentemente, João Mohana concluía o Seminário Maior, em Viamão, e ordenava-se sacerdote. Eu concluía o Menor, e iniciava o Seminário Maior, em São Luís, e de 1961 a 1963, tive a sorte e honra de tê-lo como professor e orientador de vida. Acompanhou-me, de perto, e prestou-me, de pronto, o indispensável apoio, e orientação, como professor, Sacerdote, e amigo, no momento difícil de minha opção também pelo meu OUTRO CAMINHO. Esta preliminar, Senhor Presidente, apenas, para informar a este sodalício essa convivência salutar e enriquecedora – aluno-professor- que desfrutei com meu Patrono. Por tê-lo conhecido de perto, julgo-me pequeno, Senhor Presidente, diante de tão nobre missão que, nesta oportunidade, me confia esta Academia: a de reunir, em tempo nunca suficiente, a grandeza, em todos os sentidos, de que era portador, o médico, o escritor, e, sobretudo o sacerdote João Mohana. Parodiando o evangelista, ao se reportar à Maria Santíssima – “de Maria nunquam Satis” (de Maria nunca se diz o bastante...) – eu também vos digo, sem medo de errar: de João Mohana “nunquam satis...” (de João Mohana jamais se diz tudo, o bastante). De outro lado, Sr. Presidente, entendo que não devo, neste instante, olvidar a sábia orientação de Cícero, o mais festejado orador romano de todos os tempos, esposada na sua “ars loquendi” (arte de falar...): “esto brevis et placebis”( sê breve e agradarás). Breve sê-lo-ei. Agradarei? Não o sei! Então vejamos: 1 – INFORMES BIOGRÁFICOS - Filho dos emigrantes libaneses, Miguel e Eunice, nasceu João MOHANA, Em Bacabal, neste Estado, em 1925. Viveu sua infância e parte da adolescência, em Viana, onde ainda estudante se destacou pela influência que exerceu junto à juventude local da época, levando-a a participar de diferentes manifestações culturais, como peças teatrais, e um sem número de atividades da espécie. Cursou o segundo grau no colégio Marista, e formou-se, em 1949, em medicina pela Universidade Federal da Bahia. Atendendo assim, como bom filho, o desejo de seus pais cujo sonho era o de vê-lo médico.

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II – O MÉDICO: Concluído, o curso de Medicina, na Universidade Federal da Bahia, João Mohana retorna a São Luís, onde até 1955, desenvolveu suas atividades médicas. Ao lado do saudoso pediatra, Dr. Odorico Amaral de Matos, trabalhou, voluntariamente, no Departamento Estadual da Criança. Homem de muita qualificação, não restringiu suas atividades, única e exclusivamente, ao exercício da medicina. Cristão por formação e vocação, desenvolveu significativo trabalho à frente da Ação católica. Proferiu um sem número de conferências, sobretudo para os jovens, e em todas elas tinha o cuidado de estabelecer o elo, que havia de existir entre a medicina do corpo e a da alma, deixando clara nossa destinação cristã, concluindo sempre com esta exortação evangélica: “Ad autum nati sumus” (nascemos para gestos sublimes, elevados...). Mohana, já desde sua época de médico, era um estudioso e incentivador das diferentes manifestações culturais, a do Teatro sobretudo, o que muito contribuiu, na época, com o desenvolvimento cultural do Maranhão. Mohana era um médico cujos conheci mentos ultrapassavam os da medicina, e se distribuíam em diferentes áreas do saber. Em 1952, movido pelo seu conflito vocacional – médico-padre – lançou seu primeiro livro, o romance “O OUTRO CAMINHO’. Em 1955, já tendo falecido seu pai (1953), o médico João Mohana percebeu que havia chegado a hora de atender ao chamado de seu outro Pai, o do Céu. Sem apego ao “status” financeiro e social que, sobretudo naquela época, lhe conferia a função médica, não hesitou em trocar o jaleco pela batina; deixou Hipócrates e seguiu Cristo, atento às Suas advertências: “si vis salvare, sequere me”.” Ego sum via, veritas et vita...”( Se queres salvar-te, segueme! Eu sou o caminho, a verdade e a vida”). João Mohana partiu, com muita convicção e determinação, em busca do Sacerdócio, seu OUTRO CAMINHO. Internou-se, no Seminário Maior de Viamão RS. Lá se submeteu, ordeira e humildemente, a todos os sacrifícios que a vida conventual impõe aos futuros presbíteros. A partir de então, dedicou-se o seminarista João Mohana à sua preparação teológica para bem desempenhar, no futuro, os serviços do Altar. Cauteloso, preparouse, espiritual e psicologicamente, para essa mudança de vida: de médico para a de um simples seminarista, subordinado como qualquer outro às normas do Seminário de Viamão, reconhecidamente, rígidas, como eram as de todos Seminários católicos da época. Jamais pleiteou, nem aceitaria se lhe fosse oferecido qualquer tratamento diferenciado durante aquele período de formação na clausura. Sua maior preocupação, naquela fase de sua vida, era concluir exitosamente os estudos que o habilitariam, no futuro, ao exercício de seu Ministério Sacerdotal. Pela sua simplicidade, e humildade, encantava seus formadores e demais colegas seminaristas, conquistando de todos respeito e admiração. III – O SACERDOTE Em 1960, tornou-se padre, e retorna para São Luís, onde exerceu, até o último dia de sua vida ( 12 de Agosto de 1995) o Ministério Sacerdotal. Destacou-se pela sua pregação entusiasta e atualizada. Toda ela recheada de espiritualidade e modernidade. Sua oratória empolgava o público. Na comunicação de sua mensagem utilizava, concomitantemente, diferentes tipos de linguagem, sobretudo verbal e gestual, de conteúdo comovente e convincente. Sua disposição para divulgar o evangelho ia além dos púlpitos sagrados. Chegava à rua, em encontros eventuais com amigos; às Universidades; às associações religiosa e laicas. Milhares de pessoas participaram de cursos, Seminários; Aconselhamentos, ministrados por ele em todo o Brasil. Era, na

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verdade , um apóstolo dedicado à conscientização cristã das pessoas. Apostava no surgimento de um mundo melhor; mais solidário. Acreditava na força dos jovens. O que o motivou fundar, em 1975, o Movimento Juventude Autêntica Cristã (JUAC) com o objetivo de fazer surgir lideranças jovens de espírito cristão. Pregava a necessidade de que cada um conscienciosamente refletisse sobre a própria vida. Ensinava que a adversidade, as neuroses, as dores, são como nuvens escuras e passageiras, e assim deveriam ser enfrentadas. Jamais os valores transitórios se sobreponham aos eternos. O que afastará o risco de que pessoas mergulhem na angústia, na depressão, no tédio da vida, e consequentemente na perda do significado da própria existência . Mohana, Sr. Presidente, prezados confrades e confreiras, fora, na verdade, um apóstolo com dedicação exclusiva à conscientização cristã das pessoas. Apostava num mundo melhor. E, talentoso, em suas pregações, sobretudo para os jovens colocava a análise da própria vida, a problemática do próprio destino, e a imperiosa necessidade da fidelidade conscienciosa de cada um à própria vocação. Numa entrevista ao Jornal O IMPARCIAL referiu-se à juventude maranhense, nestes termos: “quero pedir aos moços , aos jovens maranhenses que lutem pela fidelidade à própria vocação, que ao menos o desajustamento profissional seja evitado por um heroísmo individual, enquanto não é possível fazermos mais que isso. E que os pais ajudem os filhos, nessa opção, puxem a corda com eles. É uma maneira prática e bela de sabotar frustrações; o melhor tributo que se pode dar a um filho – abrir com lealdade e coragem a estrada que o levará ao lugar, onde terá sol”. A esse trabalho de evangelização, SR. Presidente, João Mohana dedicou-se em tempo integral. Jamais aceitara outra atividade que não a de mero operário da Vinha do Senhor. Diferentes Governos convidaram-no para integrar seu secretariado, o que ele, prontamente lhes agradeceu e recusou , embora estivesse sempre disponível para contribuir com todo e qualquer governante, oferecendo-lhe sugestões de Planos e Programas de Governo. É dele a ideia da realização dos famosos Festivais de Coros, que começaram, na década de 60, envolvendo estudantes de São Luís. Recusou, em diversas oportunidades, o cargo de professor, na, à época, Universidade Católica do Maranhão. Somente, no Seminário de Santo Antônio, aceitara exercer o Magistério. E o fez sem remuneração. Achava sua obrigação contribuir com a formação dos futuros presbíteros de nossa Arquidiocese. Em sala de aula – sou disso testemunha – não se limitava à mera transmissão de conhecimentos; a cumprir, pura e simplesmente, um programa de ensino. Ia mais além. Aprofundava suas reflexões. Dava-lhes tonalidade cristã. Fizera do Magistério um Ministério, via palavra escrita e falada. Orientava seus alunos a descerem à própria intimidade; a buscarem, vida afora, sempre iluminados pela Fé, os próprios caminhos, dentro de si mesmo . Não tivemos em João Mohana, Sr. Presidente, Confrades e Confreiras, um mero professor, mas um apóstolo-professor. Ao longo de sua vida, cumpriu, digna e eficazmente, onde quer que esteja, o Plano que a si mesmo impôs: o de dedicar-se inteiramente, em tempo integral, ao Ministério da palavra escrita e falada, ressaltando a importância de Deus para a completa realização dos seres humanos. Em São Luís, paralelamente, ao exercício do múnus sacerdotal, Mohana desenvolveu uma importante atuação cultural. Na condição de Presidente da Ação católica arregimentava novos talentos em torno do Teatro; do Cinema; da Música; e da Literatura, objetivando difundir a mensagem cristã através de diferentes linguagens e canais . Pela comunicação escrita divulgou, no âmbito nacional, e até internacional sua

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pregação de conteúdo cristão, sempre insistindo na necessidade da realização ontológica das pessoas; que cada uma, conscienciosamente, restabelecesse o Encontro consigo mesmo.; com a própria interioridade, assumindo a responsabilidade do próprio destino, e o da sociedade em que vive. Aos jovens, sobretudo propõe uma leitura da realidade, e dos mecanismos ideológicos, que se infiltram na religião, na política, e na sociedade brasileiras, oferecendo-lhes pistas de como recusar a condição de objetos, e se transformar em sujeitos na construção de uma sociedade ampla e solidária. Na sua obra A PLENITUDE HUMANA, discute a realização pessoal como ponto-chave para restabelecimento da paz interior. Foi, na verdade, Sr. Presidente, João Mohana um apóstolo-Escritor. Escreveu mais de quarenta títulos entre romances; peças de teatro; e Ensaios. Em todos eles convocava as pessoas para uma vida mais consciente e saudável, visando se nutrisse entre elas uma convivência humana mais fraterna. Seus Ensaios versavam, de regra, sobre temas espirituais e psicológicos. Eram escritos com o mesmo esmero literário com que redigia suas peças de teatro, e romances. Em Mohana, identificava-se o Apóstolo Escritor de estilo personalíssimo, produzindo obras marcadamente construtivas, e literariamente bem realizadas, o que lhe conquistou o interesse e a admiração de um sem número de leitores, tornando-o mundialmente conhecido. A exiguidade do tempo de que ora disponho não permite manifestar-me sobre toda sua vasta produção literária de reconhecida qualidade e atualidade, reproduzida em diversas edições mundo afora, levando ao conhecimento e discussão do grande público problemas existencializados em comum, relacionados ao dia a dia das pessoas. Limitome, entretanto, Sr.Presidente , enumerar apenas alguns que considero luminares de sua produção, literária: O OUTRO CAMINHO, que lhe mereceu da Academia Brasileira de Letras o Prêmio Coelho Netto, e fora traduzido em diversos países da Europa. Um romance original, e em alguns aspectos autobiográfico, onde coloca com clareza e beleza estilística o próprio conflito vocacional: Médico/Padre. - SOFRER E AMAR- Um romance de importância indiscutível. Coloca para reflexão e discussão de seus leitores a psicologia e a teologia do Sofrimento. - MARIA DA TEMPESTADE – outro romance de sua autoria premiado pela Academia Brasileira de Letras. - A VIDA SEXUAL DOS SOLTEIROS E CASADOS – estabelece o elo indispensável entre sua obra de romancista e seu Ensaismo psicanalítico-religioso. Fêlo conhecido e requisitado, em todo o Brasil, como conferencista para casais. Os temas, ali enfocados, se relacionam, sobretudo, à problemática conjugal e familiar, no que se tornou um dos mais credenciados especialistas do Brasil; considerado pela crítica especializada na matéria como o Autor de melhor coleção de educação para o casamento já escrito, até então, em Lingua Portuguesa, hoje traduzida em vários idiomas estrangeiros. - A GRANDE MÚSICA DO MARANHÃO – um livro de inestimável valor cultural, hoje doado ao Arquivo Público do Estado do Maranhão. Nessa obra, João Mohana reuniu quase duas mil peças musicais inéditas, fruto de uma pesquisa que realizara durante trinta anos sobre a Música do Maranhão, tanto a erudita, quanto a popular. Finalmente, Sr. Presidente, vou ficar por aqui. Impossível comentar, um a um, nesta oportunidade, todos os livros publicados de autoria de João Mohana – foram, repito, mais de quarenta títulos, alcançando milhões de leitores. Atente-se, ainda, que a convite de Universidades; Dioceses; e Movimentos sociais, proferiu um sem número de Conferências; ministrara incontáveis Seminários e Cursos. O que levou sua Ação

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Apostólica a todo o Brasil; e a outros países, alcançando milhões de pessoas. Soube, com proficiência, dedicação, e generosidade compartilhar seus talentos com os jovens; os casais; e com todos, enfim, que o procuraram. Foi, sem dúvida, Sr. Presidente, Confrades e Confreiras, o Paulo de Tarso dos novos tempos. Em 12 de Agosta de 1995, após toda uma vida consagrada à pregação da Palavra de Deus, com a tranquilidade dos Justos; de missão cumprida; Vencido o Bom Combate; Praticado a Fé, o Médico; o Professor; e acima de tudo o Sábio e Santo Sacerdote João Mohana, partira para a vida em outra dimensão, a Eterna. Com certeza, Sr. Presidente, Confrades, Confreiras e diletos convidados, que me honram com sua presença, pelo que de João Mohana vi; ouvi; e li, ele fora recebido festivamente com a saudação evangélica de tom paternal reservada para acolher todos aqueles cristãos que durante sua passagem pela vida terrena tenham seguido o SENHOR: “Euge, Euge,serve bone et fidelis, intra in gaudium Domini tui” ( Eia! Eia! Servo bom e fiel, entra na alegria do teu SENHOR!) Muito Obrigado.

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ELOGIO AO PATRONO ANTONIO AUGUSTO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO 09 DE DEZEMBRO DE 2014 – Academia Maranhense de Letras

Sendo conduzido: Linhares (ACL), Ceres (AML), Dilercy (ALL)

Brandão, Buzar (AML), Macatrão (ALL/FALMA), Cursino (PMSL), Linhares de Araujo (ACL)

Brandão e o filhão, MARCOS

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Álvaro, Ceres, Ericeira, Buzar, Macatrão, Arquimedes, Sanatiel, Batalha, Linhares, Leopoldo André, Clores, Brandão, Dilercy

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Batalha, Linhares, Alvaro, Leopoldo, Ceres, Brand達o, Buzar, Macatr達o, Arquimedes, Sanatiel

Buzar, Macatr達o, Cursino

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EU O RECOMENDO... “... por minha livre e espontânea vontade”.

JOSÉ LINHARES DE ARAÚJO Mui ilustres Senhores Presidentes e demais membros da Mesa, Meus distintos Confrades e Confreiras, Convidados e Amigos, e Antonio Augusto. Acho-me aqui, a mando da Academia Caxiense de Letras para lhes trazer uma Encomenda: o Dr. Antonio Augusto Ribeiro Brandão! Eu o recomendo; esperando que o recebam e a ele dispensem “boa atenção e uma vida boa”, como a um dos seus... Não sei, nem sequer suponho, se o que lhes vou dizer e como o faço agora, me garante que seja a maneira e o rito corretos de se apresentar uma criatura de Deus à imortalidade !!! Mas seja lá o que Ele – o mesmo Deus – quiser e bem Lhe aprouver... Em lendo, dele, Antonio Augusto Ribeiro Brandão, a quem d’ora pra frente, tratarei apenas, como Dr. Antonio Augusto; em lendo, repito, este precioso currículo que hoje põe em nossas mãos, onde foca uma rica bagagem de sapiência e de cultura garanto-lhes alegria e satisfação, bem ainda de adminículos e de coisas bem feitas em proveito da vida desse Ente Acadêmico, creio eu. Neste momento solene em que o lhes recomendando, neste momento solene, e VV. Senhorias o acolhendo oficialmente, estarão achegando e VV.SS. o acolher oficialmente, estarão achegando à Obra dos Senhores – como dizer? – um tijolo feito com a argila mais pura, boa e batuta da melhor olaria da Terra Morena de Gonçalves Dias! Ou diria ainda, correndo nela uma viga feita do concreto bem dosado, do ferro de boa têmpera e testada em “radiê” seguro, sem trincadura, na Casa de Coelho Neto, sede da nossa Academia Caxiense de Letras para a estrutura da Casa de VV. Senhorias... E seria tentado a lhes dizer: Os Senhores, a partir de hoje, têm um espaço aprumado e garantido “onde caírem mortos” no dizer do povo; apesar de serem imortais... O Dr. Antônio Augusto vem da mesma “saga”, da mesma “cepa” do pai dele, do Sr. Antônio Brandão, aquele mesmo que nos idos de 1930, ali pelo dia oito de outubro, quando trabalhava no balcão da loja atacadista Lima & Farias, na Praia Grande, nesta Capital; jovem ainda e comerciário, pediu demissão do emprego e, para não ser tido como covarde, se alistou no Pelotão da Cruzada Brizola, uma Unidade do Exército Brasileiro, e com os companheiros de ideal, lançou o brado da revolta e partiu para a guerra contra a Coluna Prestes! Após uma luta renhida e brava, até cruenta, cantando vitória... coberto de glórias, Antônio Brandão retorna a São Luís! Com o modesto “soldo” do butim da guerra que lhe coubera e o “dote” da noiva NADIR, com quem logo se casou, formalizou um capital social, e se estabeleceu em

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Caxias, com comércio de panos, secos e molhados, na Praça Gonçalves Dias e foi morar na Rua do Cisco, hoje Benedito Leite, onde nasceram quase todos os filhos que Deus mandou para Ele e Nadir os criarem para o bem e cidadãos de bem, também. E eles os criaram a seu talante e modos, como entenderam e deu tudo certinho... Esse “daí”, Dr. Antônio Augusto, filho deles, se fez doutor em Economia e noutras qualificâncias, Professor de Faculdades, entende de “arrumação financeira” ou que outro nome tenha e, se não me foge a memória, é PhD nesses “Quê fazeres” todos, em tudo é um craque; camisa 10, até daria salto triplo carpado, se a tanto exigido, no que faz e faz bem feito, ; aina grita “olé” na França e em Portugal... Atrevo-me em afiançar-lhes, ser ele Ente lígitimo e dentro da validade, até ainda membro da Academia Caxiense de Letras, hoje oficializa sua condição de membro fundador do Sodalício dos Senhores, fazendo o Elogio ao seu Patrono, Francisco Sotero dos Reis! Deus o ajude! Ele merece e tem farnel! Acolham-no e vejam o que acontece... “vai quê” de repente... Permitam que lhes diga mais: A Profa. Maria Yeda Soares Gomes, na orelha do livro dele, Fortes Laços, diz: “Dr. Antônio Augusto se realizou como homem (digo eu: como um macho alfa, desculpem a crueza da expressão) plantando uma árvore, tirando filhos na família e escrevendo um livro, com que fechou a divina trindade!” E eu exemplifico: “Plantou um Pé-de-mangas, no quintal da casa da Rua do Cisco, cuja primeira carga não maturou, ele com os irmãos e os colegas da bola do Largo de Sta. Luzia, do Ginásio Caxiense e da Praça Gonçalves Dias comeram-nas, ainda verdes com sal e pimenta do reino socada no almofaris de D. Nadir, com concurso e a cumplicidade de dona Conceição de Maria tiraram os filhos que Deus mandou pra ele; somente muito depois, no sétimo ano do século XXI botou nas mãos da gente, o Livro, ‘Fortes Laços’, de bom tamanho e contexto maior e melhor ainda. Já agora, e outro dia, lançou o das crônicas publicadas pelos jornais o Estado do Maranhão e O Imparcial, que denominou de ‘Crônicas dos 400 anos da Cidade de São Luís’. Pois não é que teve o desplante depois de refazê-lo bilíngue – português e Francês - e lançar em Lyon na França e em Coimbra/Portugal com pompas e circunstâncias. O povo francês, e d´além-mar o receberam com honras fraternais e espontâneas! Vejam a envergadura do meu recomendado a essa Casa, também a bonomia do povo gaulês! E da gente portuguesa... Ô Senhores, o fato de eu estar aqui devo à largueza de bondade do coração do Dr. Antônio Augusto e à bondade, outrossim, dos senhores em aceitar as minhas razões acerca do meu recomendado (aí é que lembro a minha sogra: “filho, coisa oferecida não tem preço, nem em cavalo dado se olha os dentes ou, não os tendo, as próteses!”). É Ele original de fábrica, como lhes disse antes; vazadas minhas tais razões na, também, minha condição de membro fundador da Cadeira 4, da Academia Caxiense de Letras e, bem assim, na minha ciosa e suada cultura de Almanaque que tanto Ele como o Prof. Jacques Medeiros e uns poucos outros admiram e gostam do que digo e ainda botam no ventilador pros amigos; tem gosto para tudo e, por tudo, me encho de vaidades!!! Digo-lhes: Se a aquisição que acabam de fazer não for a melhor, mas é uma delas, e mais: “se não for para ajudar, Ele jamais atrapalhará o trabalho de VV Senhorias! Nós o damos ‘de mão beijada’! Façam dele, pois, bom uso e proveito!” Deus seja louvado. Muito obrigado. Boa noite...

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CADEIRA 4 PATRONO: FRANCISCO SOTERO DOS REIS

FUNDADOR:

ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDテグ Posse 14 de dezembro de 2013

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FRANCISCO SOTERO DOS REIS

ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO Senhor Presidente, autoridades presentes, familiares e amigos, Cumpro, neste momento, com imenso prazer e extrema honra, a formalidade regimental estabelecida por esta Academia, solene e ao mesmo tempo singular, sem “pompas e galas”, mas revestida de afeto e amizade, de fazer o Elogio a Francisco Sotero dos Reis, ilustre intelectual maranhense escolhido meu Patrono da Cadeira 04, que, hoje, efetivamente assumo. Considero ser este o ensejo mágico em que o novo acadêmico apresenta-se à Casa e a seus confrades, e à sociedade de São Luís, e fala dos que o antecederam nesse ritual milenar de preservação do processo cultural. Sou, portanto, imensamente grato a todos que viabilizaram minha aceitação na jovem Academia Ludovicense de Letras. As Academias necessitam de tempo para se firmarem, assim entendia Joaquim Nabuco. Tinha razão até certo ponto. A verdade é que não sendo a cultura propriedade de ninguém em particular, porém um processo de acumulação através dos tempos, as academias que nascem como a nossa, apropriam-se dessa cultura acumulada e, por obrigação, devem agregar-lhe valor. Por outro lado, as Academias não fazem política, mas são instituições políticas. Quer dizer: reunindo pessoas representativas da sociedade, elas não deveriam quedar-se unicamente às tarefas de cunho intelectual, porém participar do equacionamento, encaminhamento e solução dos problemas que afligem o meio em que atuam. Isto lhes daria maturidade e efetividade em breve tempo, desses tempos que exigem pragmatismo e obtenção de resultados. É do meu primeiro livro “Fortes Laços”, página 30, da crônica intitulada “Academia em dia de festa”, a citação que se segue: foi o filósofo Platão quem fundou em 387 a.C., próxima a Atenas, “uma escola dedicada às musas, onde se professava um ensino informal através de lições e diálogos entre os mestres e discípulos”; uma residência, uma biblioteca e um jardim formavam a escola, tendo esse jardim pertencido a Academus, herói da guerra de Tróia, inspirador do termo academia. Vamos precisar das três coisas, principalmente de um jardim.

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As Academias revestem-se de procedimentos que nos foram legados pela tradição francesa: 40 cadeiras patroneadas por personalidades ligadas às letras e sua difusão, ocupadas por cidadãos no pleno gozo dos seus direitos e que se disponham a seguir essa tradição. Por trás de tudo há um ritual a ser seguido e afinal revestir do brilho indispensável o ato que ora protagonizamos, de posse formal a esse compromisso com a cultura maranhense. A Academia Francesa foi fundada em 1635, por iniciativa do cardeal Richelieu, e serviu de modelo à similar brasileira. No seu âmbito, “termos chulos, gíria e expressões coloquiais deveriam ser evitados”. Seus ocupantes são eleitos depois de se apresentarem como candidatos a uma vaga, declarando suas qualificações; o novo acadêmico é empossado “discursando em agradecimento à Academia e fazendo o elogio do seu antecessor”. A Academia Brasileira de Letras foi criada na segunda metade do século XIX, mais precisamente no dia 15 de dezembro de 1896, no Rio de Janeiro, “precedida por intensas reuniões de escritores e publicações de periódicos voltados para a literatura”. Os intelectuais Rodrigo Otávio, Graça Aranha, Raul Pompéia e Machado de Assis, entre outros, participavam desses encontros, que culminaram com o surgimento de “uma sociedade civil de direito privado”, ou como se chamaria hoje, como uma organização não-governamental. Machado de Assis foi aclamado seu primeiro presidente, e foi o fundador da cadeira nº 23. A Academia Brasileira de Letras, que peregrinou pelo centro velho do Rio de Janeiro, recebeu em doação do governo francês uma réplica do Petit Trianon de Versalhes, sua sede definitiva. Essa história não foi muito diferente do que aconteceu com a já centenária Academia Maranhense de Letras, e nem será diferente com a nossa jovem Academia Ludovicense de Letras, que ora entronizamos com este ritual de elogio ao Patrono. Desejo enfatizar, doravante, a escolha de Francisco Sotero dos Reis, como meu Patrono, e agregar valor aos seus reconhecidos dotes intelectuais. Antes, porém, como economista que sou, longe da crença de que esses profissionais apenas tratam com números, desejo afirmar que eles também têm um coração. “Os economistas, pela própria natureza de sua formação, desenvolvem um pendor natural para atividades intelectuais, que se expressa na forma de produção literária e militância cultural de que temos vários exemplos. O maior economista brasileiro, Celso Furtado, foi o grande ministro da Cultura que o Brasil teve. O pai da macroeconomia, John Maynard Keynes destacou-se como entusiástico incentivador das artes da Inglaterra das primeiras décadas do século XX. Mário Henrique Simonsen foi crítico musical muito acatado, enquanto Roberto Campos teve seus méritos reconhecidos pela Academia Brasileira de Letras, que o acolheu como um dos seus membros titulares” (comentários feitos pelo economista José Cursino Raposo Moreira, na apresentação do meu livro “Fortes Laços).

Na década de 40 do século passado, o Maranhão viveu a fase dos Centros Culturais, que, em muitos casos, conviveram harmoniosamente com as Academias já então existentes, como aconteceu com o Centro Cultural Gonçalves Dias, em São Luís; em Caxias, na mesma época, floresceu o Centro Cultural Coelho Neto, fruto da iniciativa de uma plêiade de homens e mulheres militantes culturais, entre eles meu saudoso pai, Antônio Brandão, que se reuniam sempre aos domingos, depois da missa

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na Matriz de N.S. de Conceição e São José, na sala de projeção do Cine Rex, num palco em frente à tela. Poetas declamavam, um conjunto executava músicas de sucessos, moças representavam e cantavam. Era um momento democrático de verdadeira confraternização; depois, em frente ao cinema, todos engravatados e vestindo terno branco, e devidamente enfaixados, deixavam-se fotografar com vista à posteridade. Eram tempos mais tranquilos permitindo serem vividos com grande dose de romantismo, mais intensamente voltados para as coisas do espírito. Ao ter escolhido Sotero dos Reis, como meu Patrono, na nossa Academia Ludovicense de Letras, cujo elogio se segue, ao lado do seu valor intelectual, presto uma homenagem póstuma ao meu pai, que o teve também como patrono, no Centro Cultural Coelho Neto. Na primeira metade do século XX, ocorre, no Maranhão, o fenômeno raro do aparecimento de verdadeiros mestres de Língua Portuguesa Clássica. Esses mestres estavam embriagados pela sabedoria gramatical, vinda do século XIX, passada às gerações futuras por um dos fundadores dos estudos do idioma pátrio, Sotero dos Reis, que foi autor de uma gramática normativa da Língua Portuguesa. Francisco Sotero dos Reis nasceu e morreu em São Luís (22 de abril de 1800 - 10 de março de 1871); um fato significativo realçando inteligência, capacidade de iniciativa e dedicação aos diversos campos do conhecimento nos quais atuou, a par da história construída à qual agregou imenso valor. Foi jornalista, poeta e escritor, e deu lume a uma obra estritamente vinculada a assuntos filológicos; suas incursões temáticas sobre a realidade regional também decorreram num contexto de lutas políticas acirradas e instituintes do jovem Estado Nacional e de uma província inicialmente refratária às proposições separatistas do Brasil. Dizem que “não foi nunca, porém, uma unanimidade em termos dos seus métodos de interpretação e de ensino, pois considerado muito afeito aos aspectos formais da língua e, segundo seus críticos, em prejuízo da sua espontaneidade; também não gozou de amplo conceito entre os políticos da época, em acirradas lutas conjunturais”.

Suas principais obras foram: Postilas de gramática geral aplicada à língua portuguesa pela análise dos clássicos (1862); Tradução de comentários sobre a Guerra Gálica de Júlio César (1863); Gramática portuguesa (1866); e Curso de literatura portuguesa e brasileira (1866-1868), mencionando e consagrando as traduções das obras de Virgílio, realizadas por Odorico Mendes, então mais divulgadas no Rio de Janeiro. Essa obra, Curso de Literatura portuguesa e brasileira, “é uma análise da história da literatura desde os primórdios do nascimento da língua lusitana até a consolidação dos literatos brasileiros”, e Sotero dos Reis “tinha a devida compreensão de que os mecanismos que envolvem um sistema literário estavam em dois estabelecimentos para estudos específicos da língua [...]”: o Liceu, fundado em 1838, e o Instituto de Humanidades.

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“O Curso tinha a dimensão de sua função pedagógica [...], sublinha que todo literato tinha a obrigação de conhecer sua língua, no caso particular, a língua portuguesa [...], da obrigação em compreender que o português, sendo a língua mais nova das neolatinas, tornou-se, segundo ele, em apenas quatro séculos, aquela cuja poesia épica não teve semelhante”, e não poupa críticas à metodologia utilizada em outros Manuais de literatura portuguesa,”cheios de resumos superficialíssimos”. Sotero dos Reis fez referências culturais ao Arcadismo inspirado no Classicismo, passando pelo formalismo da língua culta européia, o português. Ele pregava que essa corrente literária deu nova vida à poesia portuguesa, “expelindo os demônios da literatura de mau gosto, que até então havia invadido e contaminado”, o barroco, “marcadamente gongórico, rebuscado e exagerado”, embora ele não percebesse bem as contradições sociais existentes no Brasil desde o período colonial, conjuntura condicionante dos conflitos oriundos do modelo colonizador. As restrições que Sotero dos Reis fazia ao barroco “era a forma como ele enxergava a sociedade em que ele vivia: escravos vendidos em mercados, o Maranhão agonizando pela queda nos preços internacionais do algodão, “fazendo com que os antigos casarões, símbolos da opulência, com suas fachadas ornadas com azulejaria portuguesa de influência árabe, passassem a dividir espaço com uma relva que subia dos telhados com seus mirantes, como uma espécie de jardins suspensos, avistando somente o horizonte ausente de velas ao vento dos barcos que outrora atracavam no porto”. Sotero dos Reis tinha “devoção” à figura do Marquês de Pombal, pois ele havia participado do que chamou de regeneração da literatura portuguesa reformando seus estudos e melhorando a Universidade de Coimbra, além de criar o Colégio dos nobres. A inspiração da sua Gramática veio das aulas, da explicação das diferenças das regras entre o latim e o português. O mestre percebeu as lacunas principalmente no que se referia à sintaxe, “no que dizia respeito à análise e construção”. “A elaboração dessa obra adveio do exercício do magistério, com o propósito de uma concepção de ensino de língua simples, apenas com regras necessárias e definições de fácil entendimento”. “Era um homem de baixa estatura, seco de carnes, de tez clara, pálpebras superiores demasiado espessas; um grande educador quer na cátedra do magistério, quer na tribuna jornalística; o primeiro professor público do Maranhão após a independência”. Louvem-se os esforços despendidos por Sotero dos Reis, quando se dispôs a estudar a história da literatura brasileira e portuguesa, principalmente porque esse estudo particularizou autores e regiões. Sua pesquisa transformou-se no famoso Curso de Literatura Brasileira e Portuguesa, editado em cinco volumes. Sotero dos Reis foi um pioneiro do gênero, no Brasil e, como acontece ainda nos dias atuais, teve dificuldades na edição do seu trabalho em virtude da demanda exercida por um público específico. Segundo provavelmente à sua própria avaliação, ele estudou 29 principais autores brasileiros e portugueses, destacando-se: Gil Vicente, o primeiro grande dramaturgo português, além de poeta de renome, autor do Auto da Barca do Inferno e Farsa de Inês Pereira; Luiz Vaz de Camões, uma das maiores figuras da literatura em língua portuguesa e um dos grandes poetas do Ocidente; Padre Antonio Vieira, religioso, filósofo, escritor e orador português da Companhia de Jesus; Manuel Odorico Mendes, um político, publicista e humanista brasileiro, autor das primeiras traduções integrais para português das obras de Virgílio e Homero; Antonio Gonçalves Dias poeta, advogado, jornalista, etnógrafo e teatrólogo, expoente da tradição literária conhecida

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como indianismo e do romantismo brasileiro, autor de Canção do Exílio e I-Juca Pirama; Antonio Henriques Leal, jornalista, médico, escritor, deputado, vereador, redator, biógrafo, escreveu o Pantheon, a Província do Maranhão; Alexandre Herculano, escritor, historiador, jornalista e poeta português da era do romantismo. Sotero dos Reis viveu, sempre, no Maranhão. Relembremos alguns aspectos importantes dessa sua vivência. O biógrafo Antonio Henriques Leal, que foi por ele estudado, nos dá conta de que “iniciou sua instrução primária, em escola rudimentar e mal favorecida de disciplinas regulares”, como eram as de seu tempo, o que não o impediu, dada a sua aplicação aos estudos e pronta compreensão, de logo não mais precisar do seu mestre-escola. Ainda bem jovem enfrentou o dilema entre ser comerciante ou agricultor, porém problemas de saúde acabaram por encaminhá-lo às letras depois de intenso contato com os livros. Ele, então, continuou os estudos: foi regente de classes; estudou latim, retórica e filosofia, além de francês e matemática, e quase cursou medicina, na França, não fosse a morte do pai. Sem a possibilidade de estudar no exterior, voltou-se para o seu próprio potencial de conhecimentos passando a ministrar aulas de latim e de francês, na própria residência. A partir daí, por 43 anos ininterruptos, dedicou-se exclusivamente ao magistério. Casou-se com Ana Cândida Compasso, em 30 de março de 1826, com quem teve nove filhos, três dos quais faleceram quando ainda eram crianças. Para o Colégio de Instrução, que foi fundado pelo italiano Tiago Carlos de La Rocca, situado na Quinta das Laranjeiras, depois foi propriedade do barão de Bagé, tornando-se a “quinta do barão” dos nossos dias atuais, Sotero foi nomeado, em 1821, pelo então governador do Maranhão, Bernardo da Silveira Pinto da Fonseca, regente da cadeira de Gramática Latina, também da cadeira pública de Latim. Foi essa cadeira o limitado teatro de suas humildes funções e onde adquiriu os melhores direitos ao nosso conhecimento, assegura Antonio Henriques Leal. Sotero esteve, sempre, “inclinado à missão de preceptor da mocidade que, não se satisfazendo com as aulas publicas, ensinava latim em sua casa, à tarde; e, à noite, gramática portuguesa e francesa alternando essas lições com outras (também não remuneradas) que ministrava às educandas do Asilo de Santa Tereza”. Até 1862, exerceu muitas outras atividades, na Santa Casa de Misericórdia e nos Conselhos Gerais da Província; na política, onde ganhou fama de conservador, teve participação ativa como vereador da Câmara Municipal de Guimarães, da qual veio a ser seu presidente, em 1864, e deputado estadual, para esse cargo eleito em várias legislaturas. Foi crítico histórico-literário, como jornalista, analisando, em 1848, a obra Memória Histórico da Revolução da Província do Maranhão, desde 1938 a 1940, de autoria de Domingos José Gonçalves de Magalhães – o Visconde de Araguaia, considerado o introdutor do Romantismo no Brasil. Com a reforma havida na instrução pública, em 1938, “aumentando as disciplinas no ensino secundário e reunindo-as, em uma única instituição; com a criação do Liceu Maranhense, em 1939, Sotero dos Reis foi nomeado seu primeiro inspetor; as comendas de honra ao mérito Hábito de Cristo e Ordem da Rosa foram-lhe conferidas, “por serviços prestados às letras e à instituição pública”. Apaixonado pelo jornalismo e magistério, segundo Henriques Leal, estreou, em março de 1825, no Argos da Lei, anunciando o periódico “Miscelânia políticoliterária”, em parceria com Raimundo da Rocha Araújo. Nesse mesmo ano e mês, porém, trouxe a lume e por conta própria, “O Maranhense”, semanário que circulou até

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1831, quando veio a ser substituído pelo “Constitucional”, também de sua responsabilidade, com a colaboração do dileto amigo Odorico Mendes, com quem comungava e defendia as ideias de moderação e esquecimento de passadas contensões. Em 1836, passou a integrar o corpo de redatores do “O investigador Maranhense”, que sobreviveu até 1839, dando lugar, em 1840, à “Revista” – veículo literário e político, órgão das ideias conservadoras, um dos jornais mais bem escritos de sua época - à altura da “Crônica”, de João Francisco Lisboa, e em que o ilustre Sotero dos Reis reconheceu e exaltou o talento de Gonçalves Dias, a partir de poemas do imortal poeta das palmeiras, publicados, em 1845, no “Jornal de Instrução” e “Recreio”, pequena revista literária dos estudantes do Liceu. Encerrando a “Revista” (1851), nosso insigne jornalista passou a atuar no “Correio dos Anúncios” que, no ano seguinte, veio a se chamar “Constitucional”. Em 1854, passou à redação do “Observador”; em 1856, integrou-se à equipe de “O Publicador Maranhense. Em 1861, despediu-se do jornalismo político, coagido pelas exigências intempestivas do presidente Major Primo de Aguiar, “abandonou, de vez, a imprensa, restringindo-se e devotando-se, exclusivamente, ao labor de literato e filólogo”. Ainda é de Antonio Henriques Leal o comentário a seguir: Novo Prometeu acorrentado no prelo tipográfico, desde a aclamação da nossa liberdade política, não lhe deram descanso nem refrigério as polêmicas jornalísticas. Paladino da imprensa, só tirou a couraça e abandonou-a quando, em 1862, fecharam-lhe a liça: o lidador infatigável passou então para outro campo mais sólido e sereno. Sotero dos Reis, portanto, devido ao seu temperamento polêmico, foi muito combatido durante o tempo em que militou na imprensa, e acabou tendo que abandonála. Jubilado do magistério público, em 1866, por Lafaiete Rodrigues Pereira, então presidente da Província, intensificou as aulas particulares ministradas em sua própria casa e, posteriormente, tendo sido fechado o Instituto de Humanidades, passou a ensinar no colégio do Dr. Fernando Pereira de Castro Júnior. Sotero dos Reis, embora tenha exercido funções dentro da política, do jornalismo e do magistério, celebrizou-se pelo exercício da carreira acadêmica e, principalmente, pelas suas produções bibliográficas; estudou a gramática da língua portuguesa, a literatura portuguesa e brasileira, confirmando que o maranhense “instruiu-se como pôde, em sua terra natal, onde passou toda a sua laboriosa vida de professor e jornalista, grande sabedor da língua, tendo participado de política militante, como deputado provincial em várias legislaturas” e ainda que “a sua obra decorre quase toda do seu ensino, no Liceu Maranhense e no Instituto de Humanidades, a que o seu curso de literatura parece ter dado foros de pequena Faculdade de Letras”. A obra que estudou profundamente, como vimos, “Gramática Portuguesa”, acomodada aos princípios gerais da palavra, seguidos da imediata aplicação prática, ficou famosa e foi muito difundida, e o “Curso de Literatura Portuguesa e Brasileira”, de caráter didático que, no conceito de muitos autores e críticos literários, como Antonio Cândido, foi, considerável empreendimento no gênero e também o primeiro livro de história literária. Sotero dos Reis, o ilustre gramático maranhense, deixou muitas obras inéditas, dentre as quais preleções sobre assuntos variados, como “as obras póstumas de Gonçalves Dias, as máximas do Marquês de Maricá, a oratória de Mont’Alverne, as obras de João Francisco Lisboa, as do visconde de Almeida Garret e ainda sobre o romance Eurico o Presbítero, de Alexandre Herculano”.

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Lamenta-se que o escritor não tivesse reunido e publicado em livro os seus poemas, a maioria improvisados. Lamenta-se, também, o desaparecimento das traduções que fez “dos Anais de Tácito, da Atala de Chateaubriand, da Fedra de Racine”. Seguem-se dois dos seus sonetos, quando se comemorava (no Teatro União, posteriormente São Luís, hoje Artur Azevedo) o sucesso da Revolução de 7 de abril de 1831: “À campa de Milcíades outrora/ Da Grécia o gênio em pranto se acolhia,/ E a liberdade vendo que partia,/ E a pátria escrava – brama, desadora – // Da liberdade em Roma nasce a aurora,/ Do Capitólio as cimas alumia;/ De lá, Catões e Marcos influía,/ E na Cidade Eterna um tempo mora.// De Roma escrava, arranca o voo esquiva;/ Remonta os Alpes, corta o ar profundo/ E na grata Albion descansa altiva.// Enfia os mares, corre ao Novo Mundo,/ Na América se apraz, e hoje mais viva/ No Brasil se levanta e assombra o mundo. Triunfou, triunfou a liberdade!/ Pelos céus do Brasil, ei-la descorre/ Mais serena, e gentil, e o véu se corre/ Que do rosto lhe encobre a claridade.// Da celeste mansão da Divindade/ Qual a seta veloz à plaga acorre/ Que Cabral viu primeiro, onde o sol morre,/ E ali se mostra em toda a majestade.// Venceste, ó pátria! Salve chão fecundo/ Onde hoje a lei triunfa florescente/ E impera um filho teu – Pedro Segundo.// Salve! O louro arredando verdecente,/ Heróis de Roma, heróis do Novo Mundo,// Inclinam-se do Eliseu a honrada frente”.

Sotero dos Reis, que nunca tivera problemas sérios de saúde, no trânsito para a septuagenária idade, quem sabe dado às irreparáveis perdas afetivas sofridas ao longo dos seus dias: o pai, a mãe, os quatro filhos precocemente falecidos, e a mais sensível de todas, a esposa idolatrada, cuja saudade destila-se dedicada nos versos a seguir. “Se lá da eterna gloria a que voaste,/ A lembrança do mundo se consente,/ Aceita, alma piedosa, a dor pungente/ De tudo quanto aqui idolatraste:// O esposo, a filha, os filhos que deixaste,/ Em mágoa e saudade permanente,/ Vivem na terra em vida descontente/ Dês que as corpóreas vestes tu largaste.// Ao seio de Deus tornas radiante/ De virtude e bondade, qual saíste/Imaculada de nascer ao instante:// A nós queixosos neste vale triste/ Volve-te como foste sempre amante,/ Porque entre nós, só amargura existe”.

Disse Antonio Henriques Leal: assim é que, já em 1870, acometido de uma grave enfermidade, tendo realizado, na tarde do dia 8 de janeiro de 1871, seu último e costumeiro passeio higiênico pelas ruas de São Luís e, oito dias depois, não tendo mais, enfim, conseguido levantar-se, veio a falecer por volta das 04h30min. da madrugada do dia 16 de janeiro desse mesmo ano (1871), deixando capital maranhense submersa em profunda tristeza. E prossegue: ao saber-se de tão desconsoladora notícia, parecia que a população toda se tomava de dó: os discípulos, os conhecidos, os admiradores do sábio mestre acudiam à casa da inconsolável família de Francisco Sotero dos Reis, para certificaremse do sucedido e manifestarem-lhe a mágoa que por igual os oprimia.

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Às cinco horas dessa tarde, saía de sua habitação o cortejo fúnebre, caminho do Cemitério da Santa Casa de Misericórdia; reinando respeitoso silêncio, estampados nos rostos indícios da tristeza, todos compreendiam e sentiam a perda irreparável e enorme que a Província do Maranhão e que o Brasil acabavam de sofrer. Senhor Presidente da Academia Ludovicense de Letras, prezados confrades, autoridades presentes, minhas senhoras e meus senhores, meus familiares, concluo este meu singelo Elogio a Francisco Sotero dos Reis, meu Patrono na cadeira nº 04, desta Academia, com a consciência do nobre dever cumprido e feliz por sacramentar a transitoriedade que nos define como “imortais”.

REFERÊNCIAS: 1 – PT. wikipédia.org/; 2 – HTTP://blog.jornalpequeno.com.br/dinacycorrea; 3 - José Neres, em “O Estudo de literatura do Maranhão do século XIX pelos livros didáticos de Sotero dos Reis”, no III Simpósio de História do Maranhão Oitocentista; 4 – WWW.antoniomiranda.com.br; 5 – WWW.filologia.org.br/; 6 – José Henrique de Paula Borralho, em “Athenas Equinocial”: a fundação de um Maranhão no Império Brasileiro, tese de pós-graduação em História, na UFRJ, NiteróiRj, 2009 (PÁGS. 185/226).

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ELOGIO AO PATRONO ANTONIO NOBERTO & ANA LUIZA 11 DE DEZEMBRO DE 2014 – BRISA MAR HOTEL

Formando a Mesa – Raimundo Marques e José Jorge...

Raimundo Marques (AMLJ); José Jorge (Cônsul Francês); Leopoldo; Ana Luiza, Noberto

Ericeira, Clores, e Vavá – conduzindo Ana Luiza

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DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DO ACADÊMICO ANTONIO JOSÉ NOBERTO DA SILVA, DA CADEIRA Nº 1 DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS5

ANA LUIZA ALMEIDA FERRO Ocupante da Cadeira nº 31 da ALL Um viveu entre o crepúsculo do século XVI e o alvorecer do século XVII, caracterizou-se pela tolerância, fé e erudição, testemunhou o nascimento da cidade de São Luís, escreveu um precioso livro sobre o primeiro ano da presença francesa na Ilha do Maranhão, intitulado Histoire de la mission des pères capucins en l’Isle de Maragnan et terres circonvoisines (História da missão dos padres capuchinhos na Ilha do Maranhão e terras circunvizinhas), e foi um grande propagandista da colonização francesa no Maranhão. O outro é filho do século XX e desbravador do século XXI, caracteriza-se pelo sólido conhecimento sobre a tentativa francesa de implantação de uma colônia no norte do Brasil, pelo arrojo e pela ousadia, defende ardorosamente a atribuição da autoria da fundação de São Luís aos gauleses, é autor da obra A influência francesa em São Luís: uma oportunidade de segmentação do mercado turístico local e é um grande propagandista da França Equinocial. Falo do capuchinho Claude d’Abbeville, cronista da França Equinocial, ao lado de Yves d’Èvreux. Falo do historiador Antonio Noberto, “o turismólogo da França Equinocial, propagandista da primeira e da última história dos maranhenses”, como aprecia, com razão, ser considerado. O primeiro, patrono da Cadeira nº 1 da Academia Ludovicense de Letras; o segundo, fundador e ocupante dessa Cadeira. Ambos idealistas, cheios de fé, cada um no seu tempo. Não poderia haver associação mais feliz ou mais dedicado e fiel escudeiro ao seu cavaleiro. Este momento não poderia ser mais auspicioso: a apresentação de um membro, o primeiro na ordem das cadeiras, como integrante desta Távola Redonda de ideais, que é a nossa Academia Ludovicense de Letras (ALL), mais novo templo da cultura e das letras de São Luís. Chevalier sans peur et sans reproche, devo dizer, expressão que colho de descrição em crônicas contemporâneas de Pierre Bayard. Porém, a tarefa que me coube, em nome da ALL, de saudar este Cavaleiro sem medo e sem mancha, é missão tão honrosa quanto inglória, em razão de suas conquistas e realizações. Se as 5

Proferido no Brisamar Hotel, na Ponta d’Areia, em São Luís-MA, na data de 11.12.2014.

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tivessem poucas, mas ainda assim significativas, eu agiria como o garimpeiro que procura cuidadoso o brilho raro dos diamantes escondidos nas fendas da terra; como as têm em profusão, e ainda assim significativas, prefiro seguir o mister do pescador, que das águas colhe em abundância o peixe precioso de que necessita. Todavia, Senhoras e Senhores, antes de apresentar-vos o Cavaleiro e seus feitos, peço vênia para falar-vos de nossa Camelot. A Academia Ludovicense de Letras, cognominada Casa de Maria Firmina dos Reis, fundada, por 25 intelectuais, em 10 de agosto de 2013, aos 190 anos de nascimento do poeta Gonçalves Dias, é fruto, em especial, da idealização de dois escritores desta terra, o historiador Wilson Pires Ferro, meu pai, e a poeta Dilercy Aragão Adler, cortejando o ideal de desenvolvimento e difusão da cultura e da literatura ludovicense, de defesa das tradições literárias do Maranhão e, particularmente, de São Luís, de perpétua renovação e revitalização do legado da Atenas Brasileira, de culto às origens da cidade e à sua formação pelas letras, de valorização do vernáculo e de intercâmbio com os centros de atividades culturais do Maranhão, do Brasil e do exterior. Pois bem, na Cadeira nº 1 desta Távola Redonda, de ideais, patroneada pelo cronista Claude d’Abbeville, tomou assento, em 14 de dezembro de 2013, data de sua posse, Antonio José Noberto da Silva. O seu nome, verdadeira confluência de rios etimológicos e semânticos que deságuam no oceano do ser Noberto, já antecipa a personalidade e a vocação do nosso Cavaleiro. Antonio vem do latim Antonius e do grego Antônios, significando “inestimável”, “o que não tem preço”, “fazer frente aos inimigos”, “o que enfrenta”. Segundo Plutarco, os Antônios constituíam uma família dos Heráclidas, descendentes de Ánton, filho de Hércules. José tem origem no hebraico Yoseph, expressando “aquele que acrescenta”, “Deus aumentou (com outro filho)”. Norberto vem do teutônico Norberaht, com o significado de “herói brilhante”, “o brilhante do norte”, “ilustre homem do norte”, ou do antigo norueguês Njorth-biart-r, com o sentido de “brilho nórdico”. O “r” a menos em Noberto é a sua marca de modernidade e contestação. E Silva tem origem no latim de mesma grafia, Silva, denotando “floresta”, “mata”. E assim é Antonio José Noberto da Silva, um humanista que se preocupa em fazer frente às injustiças do mundo, em diferentes níveis, e a dedicar um olhar especial para os mais fracos, contrariando interesses diversos muitas vezes e buscando realizar muito mais do que doze trabalhos hercúleos, não como um Dom Quixote a combater moinhos de vento, mas como um moderno cavaleiro a enfrentar os dragões de nossos dias, na qualidade de respeitado inspetor da Polícia Rodoviária Federal, cargo desempenhado com zelo e competência, sempre com o cuidado de exercício apropriado do poder inerente à sua função; que enfrenta, com talento e galhardia, a onda revisionista em prol da afirmação da “fundação” portuguesa de São Luís; que veio acrescentar a sua pena intrépida e a sua voz incansável, caracterizadas pelo uso de uma linguagem acessível à maioria, ao coro de escritores da estirpe de Ferdinand Denis, José Ribeiro do Amaral e Mário Meireles, em defesa da França Equinocial; e que se levanta em defesa do sofrido Norte e Nordeste brasileiro, como nordestino que é, da valorização do feito fundacional francês, sem se olvidar de suas raízes bem tropicais, bem da “mata”, bem da “floresta”. E em que, mais concretamente, Noberto justifica o seu destino de indivíduo que acrescenta ao seu meio social? Como o próprio explica, ele fez um pacto permanente com a eternidade, ao escolher, como objeto de estudo e dedicação, duas temáticas das mais relevantes, representando, respectivamente, a primeira e a última história do Maranhão e dos maranhenses: a França Equinocial e o turismo no cemitério.

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Sobre a primeira, há cerca de 20 anos Antonio Noberto principiou o estudo da rica história da relação franco-maranhense. Nem ele mesmo esclarece ou sabe o motivo do interesse pela história dos vencidos. E o que para ele é somente uma preferência sem maiores explicações, para outros é algo que merece ser decifrado. Em abril de 2013 o etnólogo francês Jean-Yves Loude, da região do Beaujolais, publicou sua mais importante obra sobre o Brasil: Pépites brésiliennes (Actes Sud), em francês, com previsão de publicação em português para 2015. Neste trabalho, que versa sobre a luta e a saga do negro no Brasil, Jean-Yves, no capítulo dedicado ao Maranhão e aos maranhenses, chama o nosso cavaleiro de “O turismólogo da França Equinocial”, uma vez que poucos por estas plagas conhecem tão bem esse capítulo primordial da história do Maranhão quanto Noberto, não por acaso um dos prefaciadores, ao lado de Lucien Provençal e Vasco Mariz, do livro 1612, de minha autoria. Noberto, com a generosidade que lhe é peculiar, no tocante à inclusão do meu nome, diz que formamos uma dupla “ungida pelos bons ventos e sopros celestiais e de Poseidon”, que “não se intimida e não repara na força da tempestade, antes, cada vez mais, mostra força e vigor, combatendo o argumento dos vencedores e cumprindo com maestria e louvor a missão de revelar a verdadeira história da Nova França no Maranhão”. Noberto é, conforme já sabemos, um grande propagandista do empreendimento gaulês no Maranhão, porquanto defende que a História, se conhecida e divulgada, pode ser fonte de orgulho e riqueza aos maranhenses, por meio da atividade turística. Vislumbrando esse horizonte de amplas possibilidades, ele apresentou sua monografia na Universidade Federal do Maranhão intitulada “A influência francesa em São Luís e os benefícios à atividade turística”, posteriormente transformada no livro, com alteração no título, A influência francesa em São Luís: uma oportunidade de segmentação do mercado turístico local (São Luís: EDICEUMA, 2004. 144 p.), publicado em 2004. Dois anos depois, trouxe à luz o projeto de roteiro turístico “Seguindo os papagaios amarelos: um passeio de resgate histórico do nascimento de São Luís”, vencedor em um concurso de roteiros turísticos promovido pela Prefeitura Municipal de São Luís, por intermédio da Secretaria Municipal de Turismo. Daí resultou, em 2007, a implantação do Passeio pela Prefeitura e pela Aliança Francesa de São Luís. Também em 2006, Noberto concorreu ao Prêmio Literário e Artístico Cidade de São Luís, promovido pela FUNC, com o romance Só por uma estação: uma viagem ao Brasil, colocando-se entre os vencedores, a atestar o seu talento literário, já que o historiográfico é conhecido de todos. Publicada em 2007, a obra, consoante a programação oficial da Primeira Feira do Livro de São Luís, foi o primeiro livro publicado na FELIS. O sucesso nos dois concursos traduziu-se em premiação pecuniária. E o nosso “ilustre homem do norte” voltaria a fulgurar com o seu “brilho nórdico” poucos anos depois, desta feita no período áureo das celebrações dos 400 anos de São Luís, e sem auxílio algum do Poder Público. Para tal, ele se preparou da melhor maneira. Inicialmente, no âmbito doméstico, fez a pesquisa sobre a presença gaulesa no Brasil. Gastando do próprio bolso, após venda de um apartamento próprio, como um Razilly empenhado em rearmar a nau capitânia da França Equinocial, ele visitou Belém e Bragança no Pará, Fortaleza, Chaval e a serra da Ibiapaba no Ceará, Natal no Rio Grande do Norte, João Pessoa e Cabedelo na Paraíba, Recife e Itamaracá em Pernambuco, Rio de Janeiro e Cabo Frio no Rio e São Francisco do Sul em Santa Catarina. Contratou os serviços de alguns dos principais artistas plásticos do Maranhão, a exemplo de Rogério Martins, Bart e Adriano Kilala, visando à formação do acervo

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voltado para o tema em causa. Simultaneamente, na companhia da inseparável e dedicada esposa Aline Vasconcelos, empreendeu viagem à França para dar prosseguimento aos estudos sobre a história da França Equinocial. No Velho Continente, visitou o Louvre, particularmente a Galeria Richelieu, e o convento capuchinho em Paris, os Arquivos de Saint-Malo e Cancale, Plouer-sur-once, Dinar na Bretanha, Lyon e outras cidades, concentrando-se em museus, bibliotecas e arquivos. E os frutos foram colhidos em 14 de agosto de 2012. Nessa data, no Palácio Cristo Rei, com a valiosa assistência das amigas e Confreiras Clores Holanda, da ALL, e Joana Bittencourt, do IHGM, Noberto apresentou a Exposição “França Equinocial para sempre”. Este trabalho foi laureado, mediante votação, como “Melhor evento cultural voltado para os 400 anos de São Luís” no I Prêmio Cazumbá de Turismo. Foram quase cinco mil visitas recebidas pela exposição em dois meses. Um sucesso incontestável. A propósito, lembro que escrevi um artigo na época, publicado no jornal O Estado do Maranhão, sobre o evento, sob o título “Convite ao passado de São Luís”. No ano subsequente a exposição foi contratada para os 400 anos da cidade de Bragança-PA, com não menor êxito. Em sequência, continuando o seu caminho de sucesso, foi contratada pela Prefeitura Municipal de São Luís para os 401 anos desta capital. Hodiernamente encontra-se em cartaz na Casa de Cultura Huguenote Daniel de La Tousche, situada no Beco Catarina Mina, no Centro Histórico da capital maranhense. Em 2012 Noberto igualmente lançou o livro França Equinocial: uma história de 400 anos, em textos, imagens, transcrições e comentários, em que figura como organizador e um dos seis autores, além de um álbum com o mesmo título. Não menor preparação por parte de Noberto exigiu a segunda temática. Enquanto a maioria dos seres humanos do planeta, eu incluída, e, desconfio, dos animais também, habitualmente passa longe das casas dos mortos, salvo duas ou três vezes na vida, algumas vezes mais nos mergulhos literários ou cinematográficos e (quase) obrigatoriamente apenas uma na morte, Antonio Noberto dispôs-se a percorrer centenas de cemitérios Brasil afora. Faltaram-lhe somente quatro estados, Mato Grosso, Acre, Amapá e Roraima, não por falta de disposição, mas por falta de dinheiro. Mas esteve em todos os estados do Nordeste, Sul e Sudeste. Em Porto Velho visitou o cemitério da Candelária, conhecido como “o cemitério dos heróis esquecidos”, no Bairro Triângulo, onde estão sepultados mais de mil e quinhentos trabalhadores da estrada de ferro Madeira-Mamoré, mortos em decorrência de acidentes ou doenças tropicais entre 1907 a 1912, o qual já recebeu estrangeiros de 22 países. Em São Borja-RS, terra dos presidentes, esteve na derradeira morada de Getúlio Vargas, João Goulart, Brizola e Gregório Fortunato. Percorreu, mais de uma vez, as necrópoles do Rio de Janeiro e São Paulo. E assim desbravou aproximadamente duzentos cemitérios por quase todo o Brasil, além do famoso Père-Lachaise, em Paris. Em São Luís, nosso Cavaleiro se entregou de princípio à pesquisa no Gavião. Procurou conhecer a história da necrópole, em especial as artes e as personalidades relacionadas. Em 2004, estimulou Aline Vasconcelos a preparar monografia de conclusão de curso sobre o Gavião, no que foi atendido, daí resultando o trabalho intitulado “O cemitério do Gavião como mais um espaço de visitação turística em São Luís”. No ano seguinte, deu-se o lançamento do passeio no cemitério do Gavião. Uma multidão e a imprensa, todos acompanhados por músicos da escola de Música Lilah

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Lisboa, tendo Zezé Alves na flauta, Manoel Mota ao violino e João Soeiro ao violão, disputavam um pouco daquele espaço até então considerado indesejável ou assustador. E o Gavião nunca mais foi o Gavião. É possível notar que, em quase dez anos, o velho cemitério conheceu melhoramentos, uma vez que muitas famílias, com um novo olhar sobre a necrópole, passaram a cuidar dos túmulos de seus entes amados e a velar um pouco mais por suas responsabilidades funerárias. Igualmente houve progressos por parte da própria administração do cemitério, na pessoa da administradora Helena Estrela Damous. A parte musical dos passeios logo ganhou a contribuição do sax e do pandeiro. No passeio, nosso Cavaleiro mostra aos visitantes os túmulos de pessoas que contribuíram para construir a história da cidade, do estado e do país, a exemplo daqueles de Aluísio Azevedo, Sousândrade, Nascimento Moraes, Joãozinho Trinta, Padre João Mohana e Maria Aragão. Sem dúvida, trata-se de uma iniciativa criativa e louvável, em um país que costuma esquecer os seus heróis, anônimos ou famosos. Ainda permanece inédito o texto de um livro preparado por Noberto sobre as visitações aos cemitérios brasileiros mais importantes. No presente, os passeios no Gavião são realizados apenas por encomenda de escolas e universidades. Antonio Noberto não nasceu em berço de ouro ou prata. Seus pais eram pessoas simples, de pouco estudo e poucos recursos. Aos cinco anos, ele auxiliava os dois irmãos mais velhos na venda de tomates nas ruas de seu torrão natal. Descamisado, trajando um pijama claro de bolinhas verdes, ele ajudava, orgulhoso, a empurrar um carrinho de mão cheio dos tais tomates. Atendia pelo carinhoso apelido de “Amorzinho”, já que, gordinho, de cabelo liso em forma de cuia, amarelado por força do Sol, teve uma infância feliz em meio aos frequentes banhos no famoso açude inaugurado em 1959 por Juscelino Kubtscheck na cidade cearense de Pentecoste, onde nasceu a 30 de agosto de 1970. Após usufruir essa primeira infância dourada na companhia de amigos e dos vários irmãos, chegou a São Luís na segunda metade da década de 70 para cá se estabelecer e vir a defender, no tempo oportuno, com razão e sensibilidade, fundamento e paixão, a história do Maranhão e dos maranhenses. Ele poderia ter escolhido qualquer tema de nossa história para o objeto de sua dedicação, mas foi a causa da França Equinocial que o encantou e que ele decidiu adotar como um filho mui estimado, por julgá-lo “o princípio de tudo”. Ninguém no presente século foi mais dedicado à ideia da França Equinocial Seu interesse pela relação franco-maranhense, aliás, é antigo, sendo anterior ao período acadêmico. Antonio José Noberto da Silva, cavaleiro da Cadeira nº 1 desta Távola Redonda, é filho de Henrique Firmiano da Silva e Raimunda Noberto da Silva, já falecidos. Possui sete irmãos no Maranhão, além de seis pelo lado paterno. Aportou neste estado aos sete anos, depois da morte do pai um ano antes, vitimado por um AVC. Seus estudos foram quase todos realizados em escola pública, à exceção da primeira série, cursada na Escola Santa Maria Goretti no município de seu nascimento. Prosseguiu o ensino fundamental na Unidade Integrada Rubem Almeida e na escola Manoel Beckman, ambas situadas no bairro Bequimão em São Luís. O segundo grau, fê-lo na escola Almirante Tamandaré, no bairro Cohab.

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Formou-se em Turismo pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), começou Licenciatura em História pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), sem, contudo, por circunstâncias pessoais, concluí-la. É pós-graduado em Gestão Mercadológica e Consultoria em Turismo pelo então Centro Universitário do Maranhão (UNICEUMA), hoje Universidade Ceuma, bem como pós-graduando em Gestão Empresarial pelo Instituto Superior de Administração e Negócios (ISAN)/Fundação Getúlio Vargas (FGV). É servidor federal do Departamento de Polícia Rodoviária Federal (DPRF/MJ) desde 1994, pesquisador, escritor, professor, palestrante e guia de turismo (SENAC/EMBRATUR). Responsável pela coluna “No cerne da questão”, publicada mensalmente no Jornal Cazumbá, escreveu igualmente no Almanaque JP Turismo na coluna “Trincheira da maranhensidade”, ao lado dos escritores Aymoré Alvim, Álvaro Urubatan e Joana Bittencourt, com quem compartilhava o espaço, dando sequência ao meritório trabalho encetado pelo escritor José Ribamar Sousa dos Reis. Desempenhou funções variadas: foi Presidente da Associação Brasileira dos Bacharéis em Turismo, seccional Maranhão (ABBTUR-MA); Secretário municipal da Prefeitura de Vargem Grande-MA, contando apenas 22 anos de idade; Relações Públicas do Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais do Maranhão (SINPRF/MA); e assessor de comunicação da Polícia Rodoviária Federal no estado. Promove e exerce atividades humanísticas como a valorização da faixa de pedestre e a aproximação da PRF com as comunidades às margens das rodovias, além de, atualmente, ser o representante no Maranhão da Associação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (ANPRF). Por sua reconhecida atuação na divulgação e promoção da relação francomaranhense, tornou-se membro do Conselho Diretor da Aliança Francesa de São Luís em 2009, mediante convite do Cônsul honorário da França no Maranhão, José Jorge Leite Soares, e do Presidente do Comitê, Nelson Almada Lima. É sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), ocupando a Cadeira nº 43, patroneada por Tasso Fragoso. O nosso Cavaleiro, que prefere ser chamado simplesmente de Antonio Noberto, inclusive para fins literários, é casado com Aline Pinheiro Vasconcelos e pai de Alana Vasconcelos. A obra do nosso Cavaleiro já ultrapassou há tempos as fronteiras do nosso estado, pela abordagem de temas nacionais e estrangeiros. Antonio Noberto deixou sua contribuição na obra Daniel de La Touche de la Ravardière: grand navigateur, son histoire, da historiadora Claudine Doreau, publicado na França pela TPMG (2007), de Jean-Marie Collin, amigo do nosso Cavaleiro. Em 2011 veio a lume na Bretanha o livro Malouins et cancalais à la conquête du Brésil, do escritor Alain Roman, também exibindo uma pequena participação do nosso escritor. Em virtude de seu papel na divulgação da história e da cultura de Guimarães, particularmente do nome da primeira romancista abolicionista do Brasil, Maria Firmina dos Reis, recebeu o título de cidadão vimarense, concedido pela Câmara daquele município, projeto dos vereadores e amigos Athaide Junior e Oswaldo Gomes. Noberto é profundo conhecedor do primeiro capítulo da história do Maranhão. É respeitado mesmo por aqueles que não comungam a sua opinião. Já tomou parte, mais

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de uma vez, frente a frente, de acirrados, mas sempre respeitosos, debates de alto nível sobre a fundação de São Luís com a historiadora Professora Maria de Lourdes Lauande Lacroix. E sempre foi elogiado pela argumentação sólida e bem fundamentada. Ele tenta sempre oferecer aos maranhenses, com zelosa atenção à verdade histórica, os fatos relacionados àquela promissora união entre católicos e protestantes, entre europeus e indígenas, entre gauleses e tupinambás. O nosso Cavaleiro, a propósito, é o autor do primeiro mapa de São Luís: SaintLouis capitale de La France Equinoxiale – 1615, numa tentativa de apresentar a capital maranhense nos seus primórdios. Ele se considera nativista, mas isso não o torna xenófobo. Orgulha-se de sua aparência tupinambá, ao mesmo tempo que de seu nascimento há precisos 400 anos depois de Daniel de La Touche, nascido em 1570, fundador de São Luís, pioneiro da exploração das Guianas, reputado navegador e colonizador. É o seu modelo de ser humano na História. O idealismo é uma marca de ambos. Daniel acreditava na França Equinocial; Noberto acredita em São Luís. O nosso Cavaleiro sempre menciona que, toda vez que buscou o caminho da Europa e da França, o Maranhão fez a melhor opção, citando, por exemplo, o nosso auge no século XIX, quando São Luís mereceu, por sua população e riqueza, “o quarto lugar entre as cidades brasileiras”. Por outro lado, Antonio Noberto pondera que, considerando não ser a França Equinocial exatamente uma obra do governo gaulês, não obstante o caráter oficial de que se revestiu o empreendimento francês no Maranhão, a Nova França não remanesce nos atos oficiais, porém no coração daqueles que nunca perderam a capacidade de sonhar com um mundo mais justo e melhor. O nosso Cavaleiro defende que o Brasil necessita fazer o caminho de volta, isto é, reconhecer a contribuição de cada um dos povos que o formaram, seja europeu, seja ameríndio, seja asiático, seja africano, bem como exorcizar alguns fantasmas aprisionados nos quartos escuros da História do Brasil. Para ele, a França Equinocial, como marco de colonização e cunho pioneiro no Brasil setentrional, é uma das grandes contribuições do período colonial e uma grande oportunidade ao país e, especialmente, ao Maranhão e a São Luís. Noberto encontra a sua felicidade no convívio com a família, a esposa e a filha, seus irmãos, amigos, colegas de serviço, confrades e confreiras. E também na oportunidade de poder servir e contribuir coletivamente. Segue, indubitavelmente, a regra de ouro de Samuel Johnson: It is our first duty to serve society [...], ou seja, “é nosso primeiro dever servir a sociedade”, evocando a sentença de Voltaire: C’est n’être bon à rien de n’être bon qu’à soi (“Servir somente para si é não servir para nada”). É este o nosso Chevalier sans peur et sans reproche, meu amigo Antonio Noberto, a quem agradeço a subida honra do convite para apresentá-lo nesta noite especial de celebrações de nossa Academia. Muito obrigada.

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CADEIRA 1 PATRONO CLAUDE D´ABBEVILLE

FUNDADOR

ANTONIO NOBERTO Posse em 14 de dezembro de 2013

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ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA Nº 1, CLAUDE ABBEVILLE, PELO MEMBRO-FUNDADOR ANTONIO NOBERTO

CLAUDE ABBEVILLE O PRIMEIRO CRONISTA DO MARANHÃO "E os índios com os franceses fincaram os estandartes de França no centro desta terra recentemente conquistada não por armas, e sim pela cruz, não pela força, e sim pelo amor". Claude Abbeville

Confrades, confreiras, autoridades, amigos, amigas, senhoras e senhores, boa noite! Começo esta conferência informando que ela será breve! Um elogio ao patrono geralmente é recheado de um longo discurso com muitas páginas. Mas considerando que os eventos desta noite, que acontecerão aqui neste aconchegante hotel do nosso amigo Nan Souza, são altamente convergentes para o nosso patrono Claude d’Abbeville – ou Claudio de Abbeville –, procuraremos ser breve neste singelo elogio. Em uma manhã do dia seis de agosto de 1612, após uma difícil e perigosa travessia do Atlântico, quatro frades da Ordem de São Francisco se destacavam em meio à multidão de franceses e nativos que disputavam espaço no porto de Jeviré, aqui pertinho de onde estamos agora, na atual Ponta d’Areia, antiga Upaon-Açu dos tupinambás. Os silvícolas mais ansiosos não esperaram os pequenos barcos aportarem, antes, lançaram-se ao mar e trouxeram os capuchinhos nos braços para não molharem os pés. Em terra firme, os religiosos se ajoelharam e entoaram de pronto um Te Deum laudamos. São as primeiras impressões e descrições de Claude Abbeville, primeiro cronista desta terra, sobre a Ilha Grande. Tais pormenores compõem a obra História da missão dos padres capuchinhos na Ilha do Maranhão e terras circunvizinhas, impressa à la imprimerie François Huby, em

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1614 em Paris. A esta obra seguiu-se a do superior da missão francesa, Yves d’Evreux, Continuação da história das coisas mais memoráveis acontecidas no Maranhão nos anos de 1613 e 1614. Trabalho que teve seu título alterado para Viagem ao Norte do Brasil feita nos anos de 1613 e 1614. Foi graças à cultura escrita do estrangeiro, notadamente dos franceses, que o Brasil e o mundo puderam conhecer a realidade do período colonial brasileiro. Na Baía da Guanabara, durante a França Antártica (1555 – 1567), se por um lado o calvinista Jean de Léry e o católico André Thévet empregaram energias no embate religioso, narrando pormenores do sonho da Nova França que, (dentre outros) pela inabilidade do seu chefe maior, o católico Nicolas Durand de Villegaignon, transformou-se em um grande pesadelo, por outro, os narradores contribuíram para o mapeamento da língua nativa, bem como a descrição da população, fauna, flora, toponímia, clima da região, etc. Décadas depois, bem mais ao norte, outros cronistas tirariam do anonimato e do abandono o Brasil setentrional. Foram eles, os capuchinhos Claude Abbevile e Yves d’Evreux, os primeiros a relatarem o que de bonito aqui existia e o progresso da colônia. Coube a Abbeville preconizar o novo mundo que surgia e, com isto, legar uma obra de referência, consultada nos quatro cantos da terra “para melhor se conhecer o Brasil”. Os quatro capuchinhos que vieram na expedição comandada por Daniel de La Touche em 1612, nasceram em cidades relativamente próximas, no Noroeste da França. Claude Abbeville, Ambroise d’Amiens (primeiro europeu, que se tem conhecimento, sepultado oficialmente em solo maranhense), Yves d’Evreux e Arsène de Paris tiveram como berço cidades fronteiriças aos principais portos emissores de corsários e viajantes na França, especialmente nos séculos XVI, XVII e XVIII. A biografia do nosso primeiro cronista não é muito conhecida, apesar da manifesta contribuição literária, especialmente ao Maranhão. Na verdade, a história de Abbeville ainda carece de maior estudo e divulgação, e cabe ao Maranhão o resgate deste mestre das letras... Do pouco que sabemos sobre ele destaca-se a construção de um convento, por volta de 1606, do qual se tornou responsável. De acordo com o prefácio à primeira edição da obra de Abbeville, escrita pelo médico e escritor Cesar Augusto Marques – que foi quem realizou em 1874 a publicação em português das obras de Abbeville e Evreux –, nosso cronista escreveu um livreto em 1623, onde também narra a chegada dos frades capuchinhos ao Maranhão e, mais detalhadamente, a conversão dos índios. Este trabalho raro só foi reeditado em 1876 em Lyon. Comecemos, então... Seu nome secular é Firmin (ou Clémont) Foulon, nascido na segunda metade do século XVI – em data incerta – na cidade de Abbeville, no Departamento do Somme, na Picardia, a alguns quilômetros do atual Canal da Mancha. A Picardia, na verdade, juntamente com Bretanha e Normandia, foi uma das regiões da França que mais enviou colonos para o Maranhão naquele período. Uma das marcas do nosso patrono foi o zelo e o interesse pela causa do nativo e pela escrita minuciosa de toda a viagem do Porto de La Houle, em Cancale, na Bretanha, descrevendo minuciosamente lugares, coisas, fatos e pessoas...

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Relatos dos quatro meses que morou na Ilha do Maranhão; a viagem de volta ao Velho Mundo e o sucesso da estada dos seis tupinambás que foram prestar honras ao rei menino, Luís XIII, fato acontecido no dia de São João, em 24 de junho de 1613, na corte francesa, e descrito pelo poeta Malherbe e pelos olhos e pincel acurados do pintor belga Frans Porbus (1569 – 1622). Os relatos e imagens dos tupinambás do Brasil setentrional devemos a este magnífico escritor francês, que nos legou ainda – possivelmente ajudado ou ajudando os demais frades capuchinhos – o primeiro conjunto de leis da América, publicado no Forte São Luís (atual Praça Pedro II) em 1º de novembro de 1612, com o título de Leis fundamentais decretadas na Ilha do Maranhão em 1612. As digitais de Foulon na compilação de tais leis são inequívocas: honra a Deus, honra ao rei e o convívio mútuo. Outra obra de digitais capuchinhas é o livro “História dos animais e árvores do Maranhão”, publicada pelo Frei Cristovão de Lisboa em 1624. A escrita muito se assemelha à dos capuchinhos Yves d’Evreux e Claude Abbeville. Na capa original do livro, inclusive, aparece a frase Saint-Louis du Maranhan, ville du Brésil. No livro Historia da missão dos padres capuchinhos na Ilha do Maranhão e terras circunvizinhas, principal obra do nosso primeiro cronista, que os leitores podem adquirir facilmente nas livrarias e sebos em São Luís ou em outras cidades do país, Abbeville é genial ao descrever a língua e os costumes dos primeiros habitantes da Ilha Grande. Graças a ele, e ao seu companheiro Yves d’Evreux, hoje conhecemos, por exemplo, as aldeias, tribos e nações que habitavam o Maranhão e o Brasil setentrional. Foi Claude Abbeville quem discriminou as vinte e sete aldeias da Ilha Grande; aspectos astronômicos e da língua nativa, etc. Fez relatos da estada em Fernando de Noronha, com descrições até o Maranhão; mencionou o rio Camocim e as montanhas altas da Ibiapaba, no Ceará, onde hoje estão as cidades de Tianguá e Viçosa. Nesta, existiu uma colônia francesa iniciada em fins dos anos mil e quinhentos. Coube também a Abbeville fazer a primeira menção aos Lençóis Maranhenses. Isto aconteceu no dia 25 de julho de 1612, “quando vimos as areias brancas”, diz ele. Aproveito aqui este momento, misto de história e turismo, para dizer, em especial aos meus pares do turismo, que o naufrágio de Gonçalves Dias não aconteceu em frente aos Lençóis, em Barreirinhas, como equivocadamente se divulga. Nosso maior poeta naufragou nos Atins do litoral ocidental, na madrugada do dia 4 de novembro de 1864, no município de Guimarães. A data de falecimento de Claudio de Abbeville também não é certa, podendo ser em 1626 ou 1632, em Rouen. Na verdade, a vida e obra deste insigne patrono ainda carece de muito estudo e pesquisa. Vale lembrar aos confrades e confreiras, que sem o empenho do nosso patrono e de seus pares no estabelecimento da França Equinocial, não teríamos hoje a capital com nome o São Luís, igualmente o adjetivo gentílico “ludovicense”, pois diz respeito ao rei da França. E por conseguinte, não teríamos a Academia Lodovicense de Letras. Nossa capital seria em outro lugar, com outro nome, com outro desenho, e por aí vai.... Mas que bom que os estrangeiros tiveram a ousadia de vim para o Brasil disputar este pedaço da América. Franceses, holandeses, ingleses, suíços, belgas, escoceses, espanhóis, italianos, alemães, poloneses, sírio-libaneses, japoneses e tantos outros fizeram muitas maravilhas no nosso país. Foram criticados, marginalizados, assassinados e enforcados nas lutas e disputas daquele período inicial da Terra Papagalis. Nós que conseguimos nos libertar das amarras coloniais impostas, que efetivamente vivemos com a cabeça no século XXI e fazemos uso sensato e racional das mídias e facilidades de comunicação, somos gratos e conscientes da grande contribuição de corajosos e valorosos homens e mulheres que para cá vieram e depositaram as

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esperanças de uma nova vida nesta parte do Novo Mundo. Foram eles que tentaram abrir o Brasil para o mundo em um período em que as relações eram extremamente selvagens, ao descreverem a terra, a fauna, a flora e seus habitantes. Muitos pagaram com a própria vida por se atreverem descrever o Brasil e fazer mapas detalhados das cidades brasileiras. Foram eles que “compensaram” a falta de cultura escrita do nativo dizimado e da magia africana escravizada. Estes dois segmentos – o índio e o negro – já começaram a ser reconhecidos em seus direitos seculares, mas o estrangeiro, o alógeno, esse continua inacreditavelmente marginalizado e esquecido pelos governantes, pois não tem o poder do voto. Enquanto não existir uma política corajosa e justa sobre estes que ajudaram a fazer o Brasil bonito e plural, nossos números do turismo continuarão pouco expressivos (com o PIB turismo um pouco superior a 3% no Brasil e menos de 1% na conta exportação do estado do Maranhão). Um Brasil melhor e mais justo passa pelo reconhecimento da contribuição estrangeira no país. Nós da Academia Ludovicense de Letras estamos dando um pouco de contribuição resgatando as belas histórias dos nossos patronos Abbeville e Meireles. A obra do nosso primeiro cronista nos indica o bom caminho a seguir e nos incita a sairmos do lugar comum, a sairmos do nosso quadrado e nos aventurarmos no novo, no turismo, no lazer e no entretenimento. Abbeville se aventurou no Novo Mundo, batizou, ajudou na missão evangelizadora, profetizou a paz na Ilha do amor e ajudou a fundar São Luís, primeira cidade de todo o Brasil setentrional. Sua obra é conhecida nos cinco continentes, sendo um convite para nós maranhenses avançarmos rumo à justiça e ao progresso, especialmente em direção à atividade turística ligada aos gauleses, pois só assim seremos dignos de continuarmos a sua obra colonizatória e civilizatória que ele com tanto zelo começou. Como certa vez disse o meu amigo historiador Mario Martins Meireles, hoje patrono da cadeira ocupada por Ana Luiza Almeida Ferro: “A maior presença de franceses em São Luís é a prova material de que a França Equinocial nunca acabou”. Esperamos em breve trazer mais informações sobre nosso patrono Claude Abbeville, aquém pedimos uma salva de palmas! Muito obrigado! Antonio Noberto, Cadeira nº 1.

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APRESENTAÇÃO DE ANA LUIZA ALMEIDA FERRO, MEMBROFUNDADOR, OCUPANTE DA CADEIRA NÚMERO 31, POR

ANTONIO NOBERTO

A Flor-de-Luís Confrades, confreiras, autoridades, amigos, amigas, senhoras e senhores, boa noite! Lembram do conto Maneira de amar (ou O Girassol), de Carlos Drummond de Andrade? Nele, um jardineiro despendia muito tempo conversando com as flores do jardim. Conversou tanto que, pelos poucos resultados, foi despedido pelo empregador. Vejo que também estou me especializando com as flores. Investindo parte do meu tempo em falar das flores. Em 2012 fiz a apresentação da confreira e amiga Clores Holanda, no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. Clores, no grego, quer dizer “a deusa das flores”. Neste próximo domingo devo fazer nova apresentação de Clores, desta feita pela Academia Ludovicense de Letras. E agora, neste momento, tenho a incumbência de falar de outra flor. Não da deusa, mas da jóia. Aquela que nos encheu os olhos quando apresentou o livro Crime organizado e organizações criminosas mundiais no Programa do Jô Soares. Livro que foi premiado recentemente na Itália. Infelizmente, via de regra, as más notícias e tragédias que o Maranhão exportam tem mais facilidade em ganhar a boca do povo do que as boas notícias, que quase sempre se perdem em meio à difícil concorrência do que a mídia divulga. A minha missão agora a noite é apresentar uma maranhense de muitas virtudes e predicados, aquela que não fez questão de seguir os muitos “trens da alegria” que observamos Brasil a fora. Não é uma Amélia ou Maria-vais-com-as-outras, antes uma honrada e decidida mulher que optou, literalmente, pelo caminho da justiça e hoje engrandece o Ministério Público e o estado do Maranhão. Os maranhenses mais atentos são orgulhosos do trabalho de Ana Luiza Ferro, que tem a competência de apresentar ao Brasil e ao mundo um trabalho sobre “crime organizado” e logo em seguida lançar um trabalho poético que derrete o coração mais petrificado. Talvez por isso que a ela foi incumbida a tarefa de falar de um assunto cheio de humanidade e dignidade como é o caso do tema “franceses no Maranhão”. Sobre o assunto, aliás, ela é versada.

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Faz poucos anos publicou um artigo intitulado Flor de Lis. É desta sublime Flor de Luís, Ana Luiza, que me ocupo agora ... E vamos ao que interessa, pois o currículum dela não é dos menores. ANA LUIZA ALMEIDA FERRO nasceu em São Luís, Maranhão, em 23 de maio de 1966. Promotora de Justiça, jurista, professora universitária, historiadora, conferencista e palestrante nacional, escritora e poeta, é filha única do também professor universitário e historiador Wilson Pires Ferro, falecido este ano, professor da Universidade Federal do Maranhão, bancário, contabilista, historiador, contista e poeta, e Eunice Graça Marcilia Almeida Ferro, também contabilista, que sempre lhe devotaram amor incondicional e a estimularam ao aprofundamento nos estudos. Seus avós paternos eram João Meireles Ferro, ferroviário da Estrada de Ferro São Luís-Teresina, e Izabel Pires Chaves Ferro, sua madrinha, ambos nascidos em Caxias, onde viveram boa parte de suas vidas. Seus avós maternos eram Marcos Vinicius Sérgio de Almeida, seu padrinho, célebre radialista e locutor na capital maranhense, por duas vezes consecutivas eleito “Rei do Rádio” (1953-1954), e Ducilia Ferreira de Almeida. Estudou no Colégio Santa Teresa, em São Luís-MA (1972-1982), e no Colégio Itamarati, Instituto Guanabara, no Rio de Janeiro-RJ (1983). Formada em Letras (Licenciatura), com habilitação em Língua Inglesa (1984-1988), e Direito (1988-1993), pela Universidade Federal do Maranhão – UFMA, é Promotora de Justiça titular da 14ª Promotoria de Justiça Criminal da Comarca da Ilha de São Luís, Estado do Maranhão, de entrância final, Mestre (2002) e Doutora (2006) em Ciências Penais, pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Professora de Direito da Universidade Ceuma e professora da Escola Superior do Ministério Público do Maranhão – ESMP, em São Luís. Integra a Comissão Gestora do Programa Memória Institucional do Ministério Público do Estado do Maranhão. Ana Luiza foi Presidente da Academia Maranhense de Letras Jurídicas – AMLJ no biênio 2011-2013, a primeira mulher a exercer tal posto, ocupando naquele sodalício, desde 2004, como membro efetivo, a Cadeira nº 5, patroneada pelo Ministro Augusto Olympio Viveiros de Castro. É também membro efetivo da Academia Caxiense de Letras – ACL, ocupando a Cadeira nº 9, patroneada pela Professora Filomena Machado Teixeira, desde 2008, e sócia efetiva do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM, ocupando, desde 2011, a Cadeira nº 36, cujo patrono é Astolfo Henrique de Barros Serra. Recebeu o título de membro honorário da Academia Paraibana de Letras Jurídicas – APLJ em 2014. Finalmente, é um dos 25 fundadores da Academia Ludovicense de Letras – ALL, entidade nascida em 10 de agosto de 2013, onde ocupa, empossada como membro efetivo em 14 de dezembro do ano passado, a Cadeira nº 31, patroneada pelo historiador Mário Martins Meireles, a propósito, seu parente, por parte de pai, autor, entre muitas outras obras, do livro França Equinocial (1962). É autora dos projetos do brasão e da bandeira da ALL. É membro da Comissão Editorial da Revista Eletrônica de Ciências Jurídicas, da Associação do Ministério Público do Estado do Maranhão – AMPEM, desde o segundo semestre de 2004, em São Luís.

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No âmbito nacional, é Membro de Honra da Sociedade Brasileira de Psicologia Jurídica – SBPJ, distinção que lhe foi conferida em 21 de agosto de 2008, em cerimônia realizada em Porto Alegre-RS. E é membro da União Brasileira de Escritores – UBE. Foi aprovada na Seleção de Inglês para professores pró-labore, em setembro de 1988, pelo Departamento de Letras da UFMA, e em Concurso Público para ingresso na carreira do Magistério Superior, na Classe de Professor Auxiliar, na área de Língua Inglesa, Departamento de Letras da UFMA, realizado em 1994, obtendo o segundo lugar, bem como no Processo Seletivo Simplificado para Contratação de Professor Substituto, área de Direito Público, realizado pelo Departamento de Direito, do Centro de Ciências Sociais da UFMA, em 1999, obtendo o primeiro lugar. Foi bolsista do Programa Interinstitucional de Iniciação Científica CNPq/UFMA, desenvolvendo o Projeto de Pesquisa “Programa Permanente de Análise e Indexação de Jurisprudência: Questão Agrária 1981/1989”, no período de abril a dezembro de 1990, em São Luís. No magistério, sua experiência se divide, em especial, entre o ensino da língua inglesa e o das Ciências Criminais. Foi professora dos cursos de extensão de Língua Inglesa I, II, III e IV, promovidos pelo Núcleo de Cultura Linguística do Departamento de Letras da UFMA, nos anos de 1992 e 1993. Foi Professora de Criminologia da Fundação Escola Superior do Ministério Público de Minas Gerais, ministrando em cursos de pós-graduação em Ciências Penais, de 2001 a 2003, em Belo Horizonte. Igualmente ministrou aulas sobre os temas “Tutela repressiva às organizações criminosas” e “Crime organizado e organizações criminosas” nos cursos de Especialização em Ciências Criminais, da Faculdade de Direito de Vitória, no Espírito Santo, em 2013 e 2014. Compôs várias bancas examinadoras. Desempenhou a função de Membro da Equipe de Correção de Redação na Comissão Permanente de Vestibular – COPEVE, quando da realização do Concurso Vestibular de 1993, da UFMA. Foi orientadora de diversos trabalhos acadêmicos. Exerceu a função de Coordenadora de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Direito da Escola Superior do Ministério Público do Maranhão de 2006 a 2009 e o cargo em comissão de Assessor de Procurador-Geral de Justiça nos anos de 2009 e 2010. Fez o Curso La Enseñanza de la Traducción, promovido pela San Diego State University, da Califórnia, Estados Unidos, realizado no âmbito da UFMA em 1988. Na condição de bolsista do Rotary, realizou estudos de pré-mestrado, na área de Inglês, com foco em Literatura, sobretudo a inglesa, na University of Oregon, em Eugene, Estado do Oregon, Estados Unidos, no ano de 1991. É portadora do First Certificate in English e do Certificate of Proficiency in English, concedidos pela University of Cambridge, Inglaterra, e do Certificat pratique de langue française (1er degré), do Diplôme d’études françaises (2e degré) e do Diplôme supérieur d’études françaises (3e degré), pela Université de Nancy II, França. Além dos idiomas inglês e francês, estudou o italiano, o espanhol e o alemão. Foi Promotora de Justiça nas Comarcas de Icatu, Olho D’Água das Cunhãs e São Mateus, como substituta; e nas Comarcas de Carutapera, São Mateus, Viana e Caxias, como titular.

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Proferiu numerosas palestras e conferências em eventos realizados em diversas cidades brasileiras, além de São Luís, a exemplo de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Florianópolis, Goiânia, Boa Vista, Manaus, Vitória, entre outras, geralmente versando sobre Direito ou Criminologia, com destaque para o tema do crime organizado. Obteve o primeiro lugar no Concurso Epistolar Internacional para jovens, promovido pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, Delegacia Regional do Maranhão, realizado em 1982. Foi premiada no Concurso Jovem Embaixador 1983, promovido por O Globo, pelo Instituto Guanabara e pelo Colégio Princesa Isabel, no Rio de Janeiro-RJ. Também recebeu Prêmio de Publicação no V Concurso Raimundo Correa de Poesia, tendo sido selecionada para participar do livro Poetas brasileiros de hoje 1986. Seus poemas foram igualmente incluídos na obra Poetas brasileiros de hoje 1987, na prestigiada Revista Poesia Sempre: Polônia, da Fundação Biblioteca Nacional (2008), e na revista italiana Il Convivio (2014). Alcançou a primeira colocação com a poesia “Quando” no I Concurso Literário de Contos e Poesias em 2012 e o segundo lugar com a poesia “A dama quatrocentona” no II Concurso Literário nos Gêneros de Poesias e/ou Crônicas “São Luís, minha cidade”, no ano seguinte, ambos promovidos pela Associação dos Amigos da Universidade Federal do Maranhão – AAUFMA. Logrou o segundo lugar no Premio “Poesia, Prosa ed Arti figurative”, Sezione Stranieri, Libro edito in portughese, promovido pela Accademia Internazionale Il Convivio, da Itália, com a obra Quando: poesias, em 2014. Recebeu a Medalha “Souzândrade” do Mérito Universitário, concedida pela Universidade Federal do Maranhão, por haver obtido o maior coeficiente de rendimento escolar da universidade, durante o curso de graduação, até o primeiro semestre letivo de 1987. Foi agraciada com o “Prêmio AMPEM”, em três edições (1997-1999), e, em sequência, com o “Prêmio Márcia Sandes”, em suas edições 2001, 2003, 2004, 2006, 2007 e 2008, concedidos pela AMPEM aos autores dos trabalhos jurídicos mais destacados. É autora de vários livros e possui numerosos artigos jurídicos e históricos e peças processuais publicadas em livros e revistas especializadas, entre as quais a Revista dos Tribunais, a De Jure – Revista Jurídica do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, a Revista do Ministério Público do Estado do Maranhão – Juris Itinera e a Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (edição eletrônica), além de artigos e crônicas veiculadas nos jornais O Estado do Maranhão e O Imparcial e poesias, incluídas em publicações variadas. Sua obra Crime organizado e organizações criminosas mundiais (2009), baseada na tese de Doutorado na UFMG, levou-a a ser entrevistada pelo apresentador Jô Soares em seu Programa do Jô, da Rede Globo, exibido em 26 de março de 2010, e pela revista História em curso (São Paulo, Minuano, v. 2, n. 8, p. 10-17, 2012), entre outras entrevistas concedidas em publicações nacionais desde 2009. É um dos seis autores que colaboraram na obra França Equinocial: uma história de 400 anos, em textos, imagens, transcrições e comentários, organizada por Antonio Noberto (São Luís, 2012). No campo jurídico, teve dois artigos – “Reflexões sobre o crime organizado e as organizações criminosas” e “Os modelos estruturais do crime organizado e das organizações criminosas” – incluídos no livro Direito penal empresarial, crime organizado, extradição e terrorismo: volume VI, da Coleção Doutrinas essenciais: Direito penal econômico e da empresa, no ano de 2011, uma republicação, em edição

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especial, dos melhores artigos doutrinários já publicados pela prestigiada Editora Revista dos Tribunais ao longo de 100 anos. Seus autores prediletos são o poeta e dramaturgo William Shakespeare e a romancista Jane Austen, cujas principais obras já leu no original, entre as quais Pride and prejudice, tema de sua monografia de conclusão do Curso de Letras na UFMA, além do poeta Gonçalves Dias, sua referência maior na poesia brasileira, e do romancista cearense José de Alencar, com quem teria laços distantes de parentesco, segundo informações de seu avô materno Marcos Vinicius, já falecido, pela linha da bisavó Luisa Rodrigues de Alencar Almeida, nascida no Ceará, professora normalista, jornalista, pianista, violonista e declamadora de poesias, de quem herdou o segundo prenome. Advanced Shakespeare foi, não por acaso, uma das disciplinas cursadas na University of Oregon, nos Estados Unidos. Esta é a sua bibliografia: a) livros jurídicos, de História e afins: O Tribunal de Nuremberg: dos precedentes à confirmação de seus princípios (Belo Horizonte: Mandamentos, 2002, baseado na monografia de conclusão do Curso de Direito); Escusas absolutórias no Direito Penal (Belo Horizonte: Del Rey, 2003); Robert Merton e o funcionalismo (Belo Horizonte: Mandamentos, 2004); O crime de falso testemunho ou falsa perícia: atualizado conforme a Lei n. 10.268, de 28 de agosto de 2001 (Belo Horizonte: Del Rey, 2004, baseado na dissertação de Mestrado); Interpretação constitucional: a teoria procedimentalista de John Hart Ely (Belo Horizonte: Decálogo, 2008); Crime organizado e organizações criminosas mundiais (Curitiba: Juruá, 2009, baseado na tese de Doutorado); Criminalidade organizada: comentários à Lei 12.850, de 02 de agosto de 2013 (Curitiba: Juruá, 2014, em coautoria com Flávio Cardoso Pereira e Gustavo dos Reis Gazzola); 1612: os papagaios amarelos na Ilha do Maranhão e a fundação de São Luís (Curitiba: Juruá, 2014); e 1612: os franceses na Ilha do Maranhão e a fundação de São Luís (Lisboa: Editorial Juruá, 2014); b) livros de poesias: Versos e anversos (Belo Horizonte: Mandamentos, 2002, em coautoria com o pai Wilson Pires Ferro e o tio José Ribamar Pires Ferro); Quando: poesias (São Paulo: Scortecci, 2008); A odisséia ministerial timbira: poema (São Luís: AMPEM, 2008); e O náufrago e a linha do horizonte: poesias (São Paulo: Scortecci, 2012); c) artigos (em livros e revistas especializadas): d) artigos e crônicas (em jornais): “Mário Meireles, o eterno”, “Um certo Josué”, em homenagem ao escritor Josué Montello, “Saint Louis”, “O Rei do Rádio”, em homenagem ao radialista Marcos Vinicius Sérgio de Almeida, “Essas mulheres extraordinárias...”, “Convite ao passado de São Luís”, no jornal O Estado do Maranhão, 18 ago. 2012; “São Luís, herdeira da França Equinocial”, no jornal O Imparcial, 8 set. 2012 (em parceria com Wilson Pires Ferro); “O fundador esquecido”; “O fundador esquecido II”,; “Ao meu herói, com amor”,; “Ao meu herói, com amor II”; “Meninos, eu vi!”, e “O fundador esquecido III”, no jornal O Estado do Maranhão; Entre as suas poesias premiadas, figuram:

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O PORTEIRO Sob tênue e dúbia luz, entre prédios, paus e pedras, papéis apressados e triste ladrar, caminha solitário o porteiro – porteiro da noite. Passo inquieto, eterno esperar, olhar fugidio e instinto treinado, aperta a cruz e segue calado sob cortante e ébrio açoite, prossegue acuado o porteiro – porteiro do frio. O silêncio errante perde o fascínio: vozes e vultos emergem distantes, tenso supor de perigo latente a espalhar trêmulo torpor; horror da espera, conflito iminente, cedo aguarda, quieto o porteiro – porteiro do medo. O cerco se faz na rua desnuda, desce a violência insana e vã: irmã da droga, prima do álcool; golpes e socos, animais em luta, gritando e gemendo em surda agonia; morte espreitando no canto da vida: cede o vento, a violência, o porteiro – porteiro da morte. Amanhece. Na polícia, a ocorrência; no jornal, a notícia; e para a rua marcada um novo porteiro: herdeiro da noite do frio do medo da morte. (Publicada no livro Versos e anversos, 2002)

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QUANDO Quando a última luz se apagar a noite eterna será meu sol as estrelas piscarão no atol e eu lá, pequena, a cismar. Quando a última voz se calar ouvirei o silêncio dos ressentidos soltarei o grito engasgado dos contidos em meio à solidão do mar. Quando o último perfume se esvair buscarei a fragrância das flores com o cheiro de mil amores e me porei, surpresa, a sorrir. Quando o último sabor se perder encontrarei o gosto da vida no doce aceno da partida e degustarei as delícias do ser. Quando o último toque se findar sentirei a chama que me consome apalparei a frágua da minha fome e descobrirei o verdadeiro lar. Quando a última porta se fechar daquele parapeito da janela do tempo verei a vida passar em contratempo e me olvidarei nas asas do sonhar. (Publicada no livro Quando, 2008)

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CADEIRA Nยบ 31 PATRONO Mร RIO MARTINS MEIRELES

FUNDADORA

ANA LUIZA ALMEIDA FERRO POSSE 14 DE DEZEMBRO DE 2013

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DISCURSO DE ELOGIO AO PATRONO MÁRIO MARTINS MEIRELES, DA CADEIRA Nº 31 DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS6

ANA LUIZA ALMEIDA FERRO Ocupante da Cadeira nº 31 da ALL A Cadeira nº 9 da Academia Maranhense de Letras (AML) guarda a mística do sabiá. Seu patrono é Gonçalves Dias, que costuma, orgulhoso de seus sucessores, segredar aos seus ocupantes: “Minha terra tem palmeiras,/Onde canta o sabiá;/as aves que aqui gorgeiam,/Não gorgeiam como lá.” Foi assim com Catulo da Paixão Cearense. Foi assim com Mário Martins Meireles. Mas, em 10 de maio de 2003, o sabiá se calou. Nesta data deixou a estrada da vida para tomar o rumo da eternidade o Professor Mário Meireles. Não a eternidade dos homens, porque esta lhe pertencia de há muito. Sua figura proba e elegante vive indelével na lembrança de sua família, filhas, netos, bisnetos e parentes de diversos graus que lhe tributam a saudade devida a um ente amado e respeitado; daqueles que com ele labutaram nas árduas, mas recompensadoras trincheiras do magistério; dos membros da Academia Maranhense de Letras, que nele viam um símbolo das mais elevadas virtudes do intelectual maranhense; dos que com ele se ocuparam dos ofícios públicos; dos que algum dia ou por muito tempo tiveram o privilégio de privar de sua companhia sempre gentil, sagaz e inteligente; de seus ex-alunos e admiradores, imensa legião hoje órfã; enfim, dos seus incontáveis leitores, que com ele reviveram, revivem e ainda reviverão, a cada página lida e relida de seus mais de 30 livros, um pouco da História do Maranhão, da História de São Luís, um pouco da história de todos nós. O sabiá se calou. Para a eternidade divina, partiu de repente, tombou abatido por um inimigo insuspeito, sorrateiro, uma dengue. E, para o guerreiro tombado, não há melhor epitáfio que os versos de Gonçalves Dias: E cai como o tronco Do ráio tocado Partido, rojado Por larga extensão; Assim morre o forte! No passo da morte 6

Proferido no Brisamar Hotel, na Ponta d’Areia, em São Luís-MA, na data de 11.12.2014.

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Triunfa, conquista Mais alto brasão.

Não disse adeus e por isso deixou-nos essa impressão incômoda de que tanto mais tinha a dizer. Deixou a Cadeira nº 9, que não mais teve a sua figura esguia, alta, tão alta quanto a sua estatura moral e intelectual, para ocupar uma cadeira em uma nova Academia, onde se encontram seus novos pares, todos também ilustres representantes das Letras timbiras, cavaleiros e damas da Távola Redonda da intelectualidade maranhense, como Gonçalves Dias, Aluísio Azevedo, Artur Azevedo, Sousândrade, Humberto de Campos, Maria Firmina, todos patronos da nossa Academia Ludovicense de Letras (ALL), entre muitos outros e outras, pois felizmente extensa é a lista dos que fizeram de São Luís e do Maranhão a “Atenas Brasileira”. O sabiá se calou. Foi um segundo pai para o meu pai, o Professor Wilson Pires Ferro. E avô de todos nós – que me perdoem a licença que tomo, a sua saudosa esposa, Dona Zezé, as suas filhas, igualmente professoras universitárias, hodiernamente aposentadas, Ana Maria e Mimi, e os seus netos Mário e Jorge Antônio, respectivamente pais de Mariana e de Joana e Jorge Wagner – porquanto não é função de um avô contar – e tão bem no seu caso – histórias da nossa História, manter incólume a memória dos fatos pretéritos e vivas as tradições? No seio da Academia Maranhense de Letras, sua figura algo paternal se agigantava na posição de decano, aquele a quem cabia a honra de apor o colar acadêmico no novo membro. O sabiá se calou. E o historiador que se fez avô e o avô que já era historiador tinha muitas histórias para contar. Por sua pena, vários protagonistas e coadjuvantes da pequena e grande História do Maranhão deixaram as brumas do passado para ganhar vida, uma vez mais, em suas páginas. Por elas, desfilaram conquistadores e nativos, senhores e escravos, brancos, amarelos, negros e mestiços; os franceses da França Equinocial; os portugueses e os holandeses; João de Barros, Primeiro Donatário do Maranhão; Melo e Póvoas, Governador e Capitão-General do Maranhão; Dom Diogo de Sousa, Governador e Capitão-General do Maranhão e Piauí; entre muitos outros. Por causa delas, contemplamos um acurado panorama da literatura maranhense, celebramos o imortal Marabá, brindamos ao amor de Gonçalves Dias e Ana Amélia, devotamo-nos à glorificação de Gonçalves Dias, nosso poeta maior, rendemos nossas homenagens a outro imortal, Catulo, seresteiro e poeta, e garimpamos antológicas preciosidades da Academia Maranhense de Letras. Por meio delas, festejamos o 5º Centenário do Infante D. Henrique no Maranhão, fizemos valiosos apontamentos para a História da Medicina e da Farmácia no estado, testemunhamos a independência do Maranhão e o Maranhão e a República, abastecemo-nos no comércio do Maranhão e aprendemos sobre os símbolos estaduais, sem olvidarmos os nacionais. Aliás, elas nos permitiram alçar voo para além do horizonte timbira, a fim de que vislumbrássemos Santos Dumont e a conquista dos céus, conversássemos com José do Patrocínio na terra e vivenciássemos a partição do mar-oceano. Foram elas ainda que nos reconduziram ao Maranhão, oferecendo-nos um guia turístico de São Luís, Cidade dos Azulejos, com seus segredos, mistérios e encantos, seu brasão d’armas e sua Arquidiocese, e uma visão de Rosário do Itapecuru-Grande. E assim, em meio aos discursos da Academia, o Professor Mário Meireles realizou seus muito mais de dez estudos históricos, seus doze trabalhos hercúleos, que não foram doze e não foram poucos, mas foram muitos e bastantes. Veritas liberabit nos!

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O sabiá se calou. Mário Meireles de há muito deixou de ser apenas um homem. Ele hoje é também uma marca. Escrever como Mário Meireles é cultivar com desvelo a última flor do Lácio nos férteis campos da História, é aliar a elegância de estilo à profundidade e rigor da pesquisa histórica. Tão intimamente associado está seu nome à historiografia maranhense que é impossível separar aquele desta, sem que se lhe abra um enorme rombo no casco. Por estas plagas, ele se transformou, com justiça, em sinônimo de historiador e sua obra, em sinônimo de História do Maranhão, não apenas pela qualidade desta, mas igualmente pelo seu caráter enciclopédico. Se, como diz Schopenhauer, apenas “através da História adquire um povo plena consciência de seu próprio ser”, ninguém mais do que Mário Meireles contribuiu para que tal desiderato fosse alcançado ou possa vir a ser alcançado pelos maranhenses. Nas orelhas da terceira edição da História do Maranhão, o poeta Nauro Machado tece inspiradas considerações sobre o seu autor: Desses espíritos privilegiados, desses reconstrutores de épocas sepultadas, é o professor Mário Meireles o de mais clara visão analítica e inteligência abrangedora, pelo método conceptual de estudo e pela isenção parcimoniosa dos fatos [...], na opulência de um passado rico e poético. É ele, como historiador, o que melhor se arma para a aventura daquilo que vive, como para Teilhard de Chardin, em função duma ciência reveladora do futuro. Autor de inúmeros títulos indispensáveis para o percurso retrospectivo do nosso destino como povo, Mário Meireles é bem o símbolo hierático do pesquisador apaixonado pela sua busca, na simbiose de um acasalamento raro e feliz, em que o amador, como no soneto camoniano, transforma-se na coisa amada. Nos parâmetros da confluência normativa a que se propôs, o professor Mário Meireles se isenta, mente apolínea e clara que é, das interpretações atinentes à sociologia e à política, atendo-se apenas à topicidade dos tipos reconstituídos pela clareza solar de uma insubstituível e improcrastinável historicidade.

E qual a trajetória de vida desse espírito privilegiado? Era filho de São Luís, Maranhão, onde nasceu a 8 de março de 1915, sob os cuidados amorosos de seus pais Vertiniano Parga Leite Meireles e Maria Martins Meireles (antes Maria Ermelinda de Sousa Martins). Principiou seus estudos primários em Santos-SP, no ano de 1920, dando-lhes continuidade, sequencialmente, em Manaus-AM, no Rio de Janeiro-RJ e em São Luís, onde os terminou na Escola Modelo Benedito Leite em 1926. Cursou o secundário na capital maranhense, concluído no Instituto Viveiros em 1931. Em seguida, encetou o curso jurídico na Faculdade de Direito do Maranhão, abandonandoo, contudo, na da Bahia em 1934. No ano de 1966 participou do Ciclo de Estudos da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra em São Luís. Trabalhou no Ministério da Fazenda no período de 1933 a 1965, onde era funcionário lotado na Divisão do Imposto de Renda, com passagens pelos estados da Bahia, Maranhão e Minas Gerais e pelo antigo Distrito Federal e desempenho das funções de Chefe da Seção da Tributação e Fiscalização da Delegacia Regional em Minas Gerais, Inspetor e Delegado Seccional em Juiz de Fora-MG e Delegado Regional do Maranhão. Após aposentar-se no cargo de Agente Fiscal de Tributos Federais em 1965, foi Diretor-Secretário da Indústria e Comércio Primor e do hodiernamente extinto Banco do Maranhão (1965-1967), Secretário-Chefe do Gabinete e da Casa Civil do Governo do Estado do Maranhão, durante a administração de Pedro Neiva de Santana

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(1972-1975), e Representante do Governo do Estado no Conselho Federativo das Escolas Superiores do Maranhão (1974-1975). Lançou-se no magistério particular já em 1931 e, oito anos depois, foi contratado como Professor de História Universal e do Brasil no curso ginasial do Colégio Cysne, de São Luís. No ano de 1953, ingressou no magistério superior, na qualidade de catedrático-fundador da cadeira de História da América, no Curso de Geografia e História da Faculdade de Filosofia (FAFI) da Universidade (católica) do Maranhão, a qual seria mais tarde incorporada como Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras à Fundação Universidade do Maranhão, nascida em 1966, na atualidade Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Foi Professor Titular, posteriormente aposentado, do Departamento de História dessa tradicional instituição de ensino superior, em que exerceu vários misteres e deixou marcas indeléveis como Chefe do Departamento de História, criador e Coordenador do Núcleo de Documentação e Pesquisa Histórica e Geográfica, Presidente do Conselho Editorial, Assessor da Secretaria dos Colegiados Superiores, Chefe de Gabinete da Reitoria, Vice-Reitor Administrativo e membro do Conselho Universitário. Também desempenhou as funções de membro titular do Conselho Diretor da universidade, por nomeação do Presidente da República, consultor-técnico do Diretório Regional de Geografia do Maranhão, membro da Subcomissão Nacional de Folclore e do Conselho do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), no Maranhão, das diretorias da extinta Sociedade de Cultura Artística do Maranhão (SCAM), Departamento de Literatura, e da União Cultural Brasil-Estados Unidos, como Bibliotecário Geral, dos Conselhos Estadual (Maranhão) e Municipal de Cultura (São Luís). O SENAC, a propósito, o elegeu “Professor do Ano” em 1963. Foi membro efetivo da Academia Maranhense de Letras; sócio efetivo e, depois, honorário do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; sócio honorário da Associação Comercial do Maranhão; membro e presidente da Sociedade dos Amigos da Marinha, no Maranhão; sócio honorário e, em sequência, correspondente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; sócio correspondente dos Institutos Históricos e Geográficos de Santos, da Paraíba e do Distrito Federal e das Academias de Letras Paulista, Carioca, Santista, Paraense e do Triângulo Mineiro (Uberaba); sócio fundador e membro do Conselho Diretor da Sociedade Brasileira de História da Medicina (São Paulo); e sócio colaborador da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, no Maranhão. Na Academia Maranhense de Letras, tomou posse na Cadeira nº 9, patroneada por Antônio Gonçalves Dias e fundada por Inácio Xavier de Carvalho, em 3 de março de 1948, tendo como antecessor Catulo da Paixão Cearense. Nessa Casa de Cultura, foi secretário, tesoureiro, vice-presidente e presidente em sucessivos mandatos. No dia de sua posse, foi saudado por Achilles Lisboa, para quem ele não era “um simples cultor propriamente das letras”, mas um verdadeiro “filósofo idealista”. Suas palavras sobre o recipiendário, então um poeta promissor, mas sem produção historiográfica publicada, ainda soam proféticas: Trazeis fôrça, que a mocidade ainda não consumiu e reserva para o futuro, cultura já aprimorada como um tesouro que ha-de crescer, e sobretudo fé e esperanças vivas nos louros que vos virão aumentar ainda mais a bela corôa com que entrais. [...] As vossas poesias, de fino lavor e alta inspiração; os vossos discursos, em que a elegância da forma cuidada aprimora a beleza da idéia desenvolvida; os vossos artigos de crítica penetrante e sensata, toda a vossa atividade literária, enfim, diz-

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nos bem como a fortuna em que acertamos com abrir-vos as portas desta Turris eburnea, em que se procura em grande altura refundir as glórias do Maranhão.

Já no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, ocupou a Cadeira nº 11, patroneada pelo Brigadeiro Sebastião Gomes da Silva Belfort, sucedendo a Cândido Pereira de Sousa Bispo, falecido em 1950. Recebeu numerosas condecorações, entre as quais a Ordem Nacional do Mérito (Portugal), a Ordem das Palmes Académiques (França), a Ordem de Rio Branco (Brasil), as medalhas comemorativas Gonçalves Dias (do Ministério das Relações Exteriores), do Sesquicentenário da Independência do Brasil (do Senado Federal e da Câmara dos Deputados), Santos Dumont (do Ministério da Aeronáutica), do Mérito Timbira (Maranhão), do Tricentenário da Fundação de São Luís, João Lisboa, de La Ravardière, Sousândrade do Mérito Universitário, Simão Estácio da Silveira e do Mérito Judiciário (do Tribunal de Justiça do Maranhão). Foi agraciado com os títulos de Cidadão Honorário de Caxias (Maranhão), Tripulante Honorário do Contratorpedeiro Maranhão, da Marinha de Guerra brasileira, e Bombeiro Honorário, do Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão. Autor prolífico, de quase 40 livros, é indubitavelmente “a maior figura da historiografia maranhense dos séculos XX e XXI”, na justa avaliação de Milson Coutinho. Esta é a sua extensa bibliografia: 1) O imortal Marabá (São Luiz: Tip. M. Silva, 1948), discurso de posse na AML, com o poema homônimo e a saudação do acadêmico Achilles Lisboa como prefácio; 2) Gonçalves Dias e Ana Amélia (São Luís: separata da Revista da AML, 1949; 2. ed., São Luís: Tip. São José do Departamento Universitário Radio, Imprensa e Livro – DURIL, 1964); 3) José do Patrocínio (São Luís: Tipogravura São José, separata da Revista da AML, 1954), conferência; 4) Panorama da literatura maranhense (São Luís: Imprensa Oficial, 1955); 5) Veritas liberabit nos (São Luís: Tip. M. Silva, 1957), em coautoria com José Maria Ramos Martins; 6) Antologia da Academia Maranhense de Letras (Rio de Janeiro: AML, 1958), obra organizada em parceria com Arnaldo Ferreira e Domingos Vieira Filho; 7) Pequena história do Maranhão (Rio de Janeiro: SENAC, 1959; 6. ed., São Luís: SIOGE, 1969); 8) O 5º Centenário do Infante D. Henrique no Maranhão (São Luís: Vice-Consulado de Portugal, 1960), conferência; 9) História do Maranhão (Rio: DASP, 1960; 2. ed., São Luís: Fundação Cultural do Maranhão, 1980; 3. ed., São Paulo: Siciliano, 2001); 10) França Equinocial (São Luís: Tipografia São José, 1962; 2. ed., São Luís: SECMA; Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1982); 11) Guia turístico – São Luís do Maranhão (Rio: Bloch, 1962); 12) A glorificação de Gonçalves Dias (São Luís: Departamento de Cultura do Estado, 1962), em coautoria com Ruben Almeida; 13) Catulo, seresteiro e poeta (São Luís: Tip. São José, 1963); 14) São Luís, Cidade dos Azulejos (Rio: Gráfica Tupy, 1964); 15) História da Independência no Maranhão (Rio de Janeiro: Artenova, 1972); 16) Símbolos nacionais do Brasil e estaduais do Maranhão (Rio: CEA, 1972); 17) Santos Dumont e a conquista dos céus (São Luís: SIOGE, 1973);

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18) Melo e Póvoas – Governador e Capitão-General do Maranhão (São Luís: SIOGE, 1974); 19) Discursos na Academia (São Luís: SIOGE, 1976), em coautoria com Dagmar Destêrro; 20) História da Arquidiocese de São Luís do Maranhão (São Luís: Universidade do Maranhão/SIOGE, 1977); 21) Dom Diogo de Sousa, Governador e Capitão-General do Maranhão e Piauí (1778-1804) (São Luís: Fundação Cultural do Maranhão, 1979); 22) O ensino superior no Maranhão: esboço histórico (São Luís: UFMA, 1981); 23) Apontamentos para a história da Farmácia no Maranhão (São Luís: UFMA/CAPES, 1982); 24) Os negros no Maranhão (São Luís: UFMA, 1983); 25) O brasão d’armas de São Luís do Maranhão (São Luís: Ed. Alcântara/Prefeitura de São Luís, 1983); 26) São Luís com S (São Luís: AML/UFMA, 1984), em coautoria com Manuel Lopes e José Chagas, parecer de cunho histórico-filológico sobre a correta grafia da cidade; 27) O Maranhão e a República (São Luís: SIOGE, 1990); 28) Holandeses no Maranhão (1641-1644) (São Luís: PPPG/EDUFMA, 1991); 29) História do comércio do Maranhão, v. 4 (São Luís: Associação Comercial do Maranhão, 1992), continuação da obra homônima de Jerônimo de Viveiros; 30) Apontamentos para a história da Medicina no Maranhão (São Luís: SIOGE, 1993); 31) Rosário do Itapecuru-Grande (São Luís: SIOGE, 1994); 32) Dez estudos históricos (São Luís: ALUMAR, 1994), livro organizado por Jomar Moraes; 33) Junta Comercial do Estado do Maranhão (São Luís: Jucema, 1995); 34) João de Barros, primeiro donatário do Maranhão (São Luís: ALUMAR, 1996); 35) O Brasil e a partição do mar-oceano (São Luís: Edições AML, 1999); 36) História de São Luís (São Luís: Faculdade Santa Fé, 2012), obra organizada por Carlos Gaspar e Caroline Castro Licar, publicada postumamente.

Quando faleceu em São Luís a 10 de maio de 2003, vítima de uma dengue, seu nome já ultrapassara as fronteiras nacionais e se estabelecera nos domínios d’além-mar. Prova disso é a comum menção à sua obra por autores não apenas de outros estados brasileiros, mas também de outros países, como Portugal e França. Deixou inéditos trabalhos e textos, como um brilhante ensaio sobre o soneto, e poemas inéditos, a exemplo de “Meu espelho”, não datado: De meu espelho a lâmina barata, numa manhã de inverno, escura e fria, mostrou-me, na mudez de uma ironia, meu primeiro fio cor de prata. Olhei-me bem, na face lisa e chata que meu rosto surpreso refletia e quanto mais olhava mais o via... Era um cabelo branco, cor de nata... E eu murmurei, atônito, pensando: – não pode ser..., não pode..., não, não deve... Ou vejo mal, ou luz está faltando...

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Anuviou-se o espelho então de leve e eu vi meu rosto aos poucos se enrugando e meus cabelos todos cor de neve!...

Em Mário Meireles, História e poesia ocasionalmente se fundem, convivendo harmonicamente, a primeira a fornecer a matéria-prima habilidosamente trabalhada pela segunda, o que resulta em textos de inequívoca beleza literária, a ressaltar um conteúdo historiográfico fundado em pesquisa sólida e exaustiva. É o caso, por exemplo, da parte final do derradeiro capítulo da icônica obra França Equinocial (1982), em sua segunda edição: XI – A França Equinocial em três séculos e meio [...] Nascida de amor proibido, que seu pai herege e estrangeiro, um pai, diziamno seus avós tupinambás, foi criada pela mãe-pátria na tradição de sua cultura, na observância de seus costumes e no culto de seus antepassados e, na primeira infância, no ódio ou na indiferença à origem paterna, pois que o progenitor um corsário, ou mesmo um pirata, um roulier de la mer; e sobretudo um herege que fora batido, expulso e aprisionado pelos guardiães da donzela que ele seduzira e conquistara. Vis Jus Prœponderat, inscreveram-lhe no brasão nobiliárquico de origem para que nunca esquecesse a superioridade dos que diziam ser somente seus ancestrais sobre aqueles outros, gauleses e batavos, que haviam sido vencidos e escorraçados, uns após outros. Crescida e maior, porém, e muito embora orgulhosa sempre de sua naturalidade lusitana, daquela estirpe de barões assinalados, pois que neta também de um Albuquerque terrível, zelosa de sua educação coimbrã que lhe concedeu a graça de falar melhor e mais bonito a língua de Camões além-mar, veio a saber, por fim, a verdade sobre sua história. E de então, mais envaidecida mostrou-se entre suas irmãs porque ela não era só diferente; era filha de um [...] [fidalgo] francês que sabe hoje, ao contrário do que lhe ensinaram, que não repudiara aquele amor de que ela nascera, não olvidara a terra virgem em que fora concebida, antes, saudoso e enamorado, tentara voltar a ela, mesmo a serviço dos que o tinham aprisionado por tê-la conquistado. Os fados no entanto não lho permitiram e La Ravardière morreu dando a impressão de que a esquecera e de que aquele amor não fora mais que uma aventura fugaz. E por isso, porque a História lhe ensinou depois a verdade, São Luís, no mais recôndito de seu coração, tem um quê de filial carinho pelo infeliz fidalgo que a fez nascer, aquele Daniel de la Touche cujo sonho de uma França Equinocial desfezse no enredo das intrigas matrimoniais de seu Rei com uma infanta espanhola. Por isso, chama-se a si própria, numa afetividade muito íntima, de Cidade de La Ravardière; e guarda dele um retrato ideal, em bronze, ali mesmo onde ele, há trezentos e cinqüenta anos, colocou-lhe o berço, dentro de uma moldura agreste de palmeiras, guaiacos e murtas. E deu-lhe o nome a uma de suas modernas artérias e a outra, avenidas ambas, disse-a dos franceses e ao Rei e Santo, seu patrono, entronizou-o em uma de suas praças e pô-lo também à entrada do Museu em que conserva suas relíquias. Ali o tem, o seu La Ravardière, no lugar mesmo do berço que ele lhe dera e cultualhe a memória, dele, dos que com ele vieram e de seu Rei, com carinhoso desvelo..., embora a pátria de seu progenitor nem se lembre de que neste pedaço do Novo-Mundo, que é o Brasil, exista uma São Luís que é em verdade uma Saint-

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Louis, em homenagem a um seu rei – Luís XIII, de França e Navarra, neto distante de São Luís, Luís IX [...].

Historiador de vasta e inigualável obra, conferencista cujas conferências não raro se transformavam em livros e poeta ainda a ser (re)descoberto, Mário Meireles era um professor nato, admirado dentro e fora da sala de aula, que encantava os seus interlocutores pela afabilidade, pelo bom humor e pela paixão pela História e que hipnotizava plateias de alunos ou estudiosos. Testemunha a Professora Marize Helena de Campos, Mestre em História pela USP, em opúsculo publicado pelo IHGM em homenagem a Mário Meireles (2003), sobre uma conversa que teve com o professor e uma aula dada por este por ocasião da semana de recepção aos calouros do Curso de História da UFMA: [...] lá estava eu, frente a frente com aquele doce senhor sentado em sua poltrona, em uma sala que nos detalhes revelava sua paixão pela História. Suas palavras, suas explicações, seu bom humor, suas histórias me fizeram ‘viajar’ por um Maranhão que eu não tinha visto em livro algum. [...] Naquela tarde de Abril o Curso de História novamente parou para ouvi-lo. Olhar as expressões dos ouvintes era até engraçado, literalmente boquiabertos, como se não acreditassem na viagem histórica que o Professor lhes proporcionava [...]

Não menos encantador, estimado e dedicado era o Mário Meireles esposo, pai, avô e amigo. Aos 17 ou 18 anos, quando frequentava a casa do jovem José Maria Ramos Martins, já “arrastava a asa” para a irmã deste, de nome Maria José, então estudante do Colégio Santa Teresa, consoante o relato, em tom nostálgico, em seu discurso de posse na Cadeira nº 9 da AML, como digno sucessor do notável historiador, do autor de Um programa de Sociologia Jurídica – outro professor e filósofo idealista de escol, cujo pai era irmão da mãe do nosso homenageado. Mario Meireles desposaria Dona Zezé e com ela viveria um casamento reconhecidamente feliz, de muitos anos, apenas bruscamente interrompido quando da morte desta há alguns anos. A Professora Maria Esterlina Mello Pereira, aposentada pela UFMA, amiga da família, em artigo incluído no mesmo opúsculo antes mencionado, assinala que, “por trás daquele intelectual de renome, se escondia um grande chefe de família, um homem pacato, que, ao lado de sua amada e alegre esposa Maria José Martins Meireles, [...] a saudosa Zezé, desempenhava muito bem tão nobre missão”. Mais adiante, reproduz uma conversa com Dulce Meireles, a Irmã Dulce, irmã do historiador: “[...] quando toquei na postura do professor Mário Meireles com relação à família, ela de imediato falou nestes termos: ‘ele era o ELO que ligava a família’. Por isso era respeitado e querido de todos, segundo a mesma afirmou.” A grande estatura intelectual jamais lhe fez perder a simplicidade no trato com as pessoas. Não por acaso, insurgiu-se contra o duplo “l” que seu último sobrenome originalmente carregava, reduzindo-o a um simples e despojado “l”: Meireles. O teatrólogo e jornalista Américo Azevedo Neto, da AML, ressalta, entre a admiração e o respeito, em artigo publicado em 5 de março de 1988 no jornal O Estado do Maranhão, essa virtude que lhe era tão característica: “Francamente – pensei – um homem desses, com um volume de conhecimentos desse, não poderia, nunca, estar em mangas de camisa. Essa é uma das culturas que, pela imponência, pela importância, pela majestade, solicita sempre paletó.”

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Ao maior historiador maranhense, patrono da Cadeira nº 31 da Academia Ludovicense de Letras, a qual tenho a honra de ocupar, apresento este singelo tributo. Calou-se o sabiá, mas o canto de paixão pelo Maranhão e por São Luís ecoará para sempre, em meio aos bancos da Praça Gonçalves Dias, sobre os azulejos e as pedras de cantaria da Praia Grande, pelas ruas e becos da cidade, junto aos seus monumentos, entre os leões que guardam o Palácio, aos ouvidos das velhas estátuas que enfeitam as nossas praças, ao soprar da brisa do Atlântico, nas areias das praias, no coração de todos nós. Nesse sentido, o sabiá jamais se calará. Mário Meireles era um apaixonado pela História, pelo magistério, pela família, pelos amigos, pela vida, enfim. Como bem disse Hegel, nada de grande foi realizado no mundo sem paixão. Desincumbo-me de minha difícil missão de falar de um gigante das nossas letras com as palavras do próprio em aula da saudade do Curso de História, proferida em 21 de dezembro de 1981, sugerindo uma nova sentença para o Sermão da Montanha: “Bem-aventurados os que saem da Vida deixando e levando Saudades... Que no Reino do Céu todos os pecados lhes serão perdoados...” E, como a vida é combate e só pode os bravos exaltar, resta sentarmos ao redor das obras, literárias e de vida, do penúltimo ocupante da Cadeira nº 9 da Academia Maranhense de Letras e, sob o calor acolhedor da fogueira da imortalidade, imaginá-lo como o sábio timbira a contar: “Meninos, eu vi!” Meus agradecimentos a Deus, Senhor dos nossos caminhos, ao meu pai Wilson Pires Ferro, adorado mestre e amigo maior, já habitando os campos da eternidade, à minha mãe Eunice Graça Marcilia Almeida Ferro, amada Rainha e anjo da guarda, aos familiares, amigos, Confrades e Confreiras presentes, a Antonio Noberto, pela generosa apresentação e pela deferência da escolha de meu nome para apresentá-lo, a Joana Bittencourt, pela chama da França Equinocial a brilhar por meio de sua arte, a Ana Maria e Mimi Meireles, estimadas parentas, descendentes diretas desse gigante das letras timbiras, Mário Martins Meireles, e à direção e equipe do Brisamar Hotel, por este espaço. Muito obrigada pela atenção. REFERÊNCIAS CANEDO, Eneida Vieira da Silva Ostria de et al. Instituto histórico e Geográfico do Maranhão: 80 Anos, 1925-2005: Patronos e Ocupantes de Cadeiras. São Luís: Fortgraf, 2005. p. 64-65. MARTINS, José Maria Ramos. Discurso de posse na Cadeira n. 9 da Academia Maranhense de Letras. 18 jun. 2004. Digitado. MEIRELES, Mário Martins. Curriculum vitae. São Luís, 16 jul. 1980. Datilografado. MEIRELES, Mário Martins. Curriculum vitae. São Luís, [1999?]. Datilografado. MEIRELES, Mário Martins. Dez estudos históricos. Apresentação de Jomar Moraes. São Luís: ALUMAR, 1994. p. 7-9. (Coleção Documentos maranhenses). MEIRELES, Mário Martins. Dom Diogo de Sousa, Governador e Capitão-General do Maranhão e Piauí (1798/1804). São Luís: Fundação Cultural do Maranhão, 1979. p. 5-8. MEIRELES, Mário Martins. França Equinocial. 2. ed. São Luís: SECMA; Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1982. p. 123-124. MEIRELES, Mário Martins. História do Maranhão. 3. ed. São Paulo: Siciliano, 2001. Orelhas por Nauro Machado. MEIRELES, Mário Martins. João de Barros, primeiro donatário do Maranhão. São Luís: ALUMAR, 1996. MEIRELES, Mário Martins. O Brasil e a partição do mar-oceano. São Luís: Edições AML, 1999.

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MEIRELES, Mário Martins. Panorama da literatura maranhense. São Luís: Imprensa Oficial, 1955. p. 226. MEIRELLES, Mário. História de São Luís. Organização de Carlos Gaspar e Caroline Castro Licar. São Luís: Faculdade Santa Fé, 2012. MORAES, Jomar. Apontamentos de literatura maranhense. 2. ed. São Luís: SIOGE, 1977. p. 240-241. PERFIS ACADÊMICOS. Pesquisa e textos de Jomar Moraes. 4. ed. São Luís: Edições AML, 1999. p. 38-41. SARAIVA, Cloves; COUTINHO, Joseth (Org.) Mário Martins Meireles. São Luís: Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, 2003.

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DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DO ACADÊMICO WILSON PIRES FERRO, DA CADEIRA Nº 7 DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS7

ANA LUIZA ALMEIDA FERRO Ocupante da Cadeira nº 31 da ALL Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse o solar de teus amigos ou o teu próprio; a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti (John Donne). A 20 de janeiro deste ano, após 77 anos de navegação pelos mares, ocasionalmente serenos, frequentemente bravios, da vida terrena, o historiador, escritor, poeta, professor universitário e bancário aposentado Wilson Pires Ferro, que tantas vezes seguira para desbravar terras e países longínquos, do Nepal à Noruega, da China ao Canadá, embarcou em uma nau especial, guiada pela mão divina, para a sua derradeira viagem, rumo à eternidade. Sua figura permanecerá indelével na lembrança daqueles que com ele labutaram nas trincheiras do magistério e do mister bancário; dos membros da Academia Ludovicense de Letras (ALL), fundada em 10 de agosto do ano pretérito, da qual ele foi um dos idealizadores e fundadores; dos que algum dia ou por muito tempo tiveram o privilégio de privar de sua honestidade, de sua sinceridade, de sua lealdade, de sua inteligência, de seu amor pela vida e pela sua família; de seus ex-alunos, testemunhas de sua paixão pela História; de seus numerosos leitores, seja de seus poemas, seja de seus artigos, seja de seus contos para a juventude, seja de suas histórias infantis; enfim, e sobretudo, de sua família e de seus amigos, por suas excepcionais virtudes como filho, irmão, esposo, pai e companheiro, dentre outras.

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Proferido no Brisamar Hotel, na Ponta d’Areia, em São Luís-MA, na data de 11.12.2014.

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Oficialmente, ele nasceu em Coroatá, no dia 30 de julho de 1936, em uma família humilde, capitaneada pelo ferroviário João Meireles Ferro e pela dona de casa Isabel Pires Chaves Ferro. Há, entretanto, a informação de que era, na verdade, filho de Codó. Era o mais velho dos seis filhos sobreviventes do casal caxiense, já que outros quatro pereceram ainda infantes. Não teve brinquedos prontos em sua infância; ele próprio os fazia, pela falta de condições econômicas da família. Dos pais herdou, entre outros traços de personalidade, a notável integridade e a grande dedicação aos seus. A profissão do pai imprimiu-lhe na alma a fascinação pelos trens, mais tarde estendida aos bondes. Esta estrofe do poema “Ode a São Luís” atesta essa sua preferência: “Destes, só lembranças passadas,/quando o futuro parecia alvissareiro,/os trilhos sob as ruas asfaltadas,/hoje nem bonde nem passageiro.” Após a morte do pai, assumiu, ainda jovem, o timão da família, em apoio à mãe, cuidando zelosamente de concluir o encaminhamento dos irmãos pela vida, os quais se formariam todos: José Ribamar, Waldemar, Mário, Salvador e Gracinha. Filho exemplar, venerava a mãe, matriarca de inúmeras qualidades, o que está especialmente refletido no seu poema “Mãe-Bela”, do qual cito a estrofe final: Quando exalares o teu último suspiro, teus olhos se fecharem em sono profundo, quero fitar-te, bem fixar a tua imagem, escolher-te minha mãe em outro mundo (Versos e anversos).

Em São Luís, encontrou na figura de um parente ilustre um segundo pai: o historiador Mário Meireles. Estudou, no primário, no Grupo Escolar João Lisboa, de Coroatá-MA; e, no secundário, na então Escola Técnica de São Luís (1949-1952), onde fez o Curso Industrial de Mecânica de Máquinas (1º Ciclo), e na Escola Técnica de Comércio do Centro Caixeiral (1955-1957), onde fez o Curso Técnico de Contabilidade (2º Ciclo). Possuía Bacharelado (1960-1962) e Licenciatura (1963) em Geografia e História, pela antiga Faculdade de Filosofia da Universidade do Maranhão, e pósgraduação em Segurança e Desenvolvimento (1983), pela Escola Superior de Guerra (ESG), no Rio de Janeiro-RJ. Foi auxiliar de escritório da extinta Casa Bancária Francisco Aguiar Ltda. e escriturário nível superior do Banco do Brasil. Exerceu o magistério nos níveis de ensino médio e superior. Era professor aposentado da Universidade Federal do Maranhão, onde ministrou disciplinas em diversos cursos, como o de História, e desempenhou os cargos de Coordenador do Curso de História, Chefe do Departamento de Geografia e História, Administrador do Campus Universitário, Diretor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) e Diretor do Centro de Estudos Básicos (CEB). Foi Assessor perante o Gabinete do Reitor da UFMA (1983-1985). Era também aposentado do Banco do Brasil. Amante das letras, cultor do saber, deixou uma rica e variada bibliografia. Escreveu “São Luís e Alcântara” (Florianópolis, 1977); A educação e os desportos como indicadores do desenvolvimento de uma nação (Rio de Janeiro, 1983); Versos e anversos, em coautoria, obra que reúne poesias, entre as quais a série “Históricas”, desde o Descobrimento do Brasil até a sua Independência (Belo Horizonte, 2002); Espelhos de São Luís, de artigos e crônicas (São Luís, 2005); Depois que o Sol se põe, de contos para a juventude (São Luís, 2007); Quando eu era pequenino, de histórias infantis (São Luís, 2007); e Sombras da noite, igualmente de contos para a juventude

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(São Luís, 2010). Também concluiu os originais de seu terceiro livro de contos, ainda inédito. É um dos autores do livro França Equinocial: uma história de 400 anos, em textos, imagens, transcrições e comentários (São Luís, 2012), organizado por Antonio Noberto. Foi, aliás, um ferrenho defensor da atribuição da fundação de São Luís aos gauleses. Por curiosidade, registro que ele foi professor do Colégio Batista Daniel de la Touche, onde ensinou História Geral, História do Brasil, Geografia do Brasil e Organização Social e Política do Brasil. Wilson Ferro colaborou, por meio de artigos sobre diversos assuntos, muitos dos quais sobre a História de São Luís e do Maranhão, com os jornais Estado de Minas, O Imparcial e, amiudamente, O Estado do Maranhão. Foi agraciado com a medalha Comemorativa do Jubileu de Prata, da UFMA (1991), e a Comenda Gonçalves Dias (2013). Era membro fundador da Academia Ludovicense de Letras, ocupando a Cadeira nº 7, patroneada por Gonçalves Dias, como antes o seu mentor Mário Meireles ocupara a Cadeira nº 9 da Academia Maranhense de Letras, tendo o mesmo insigne vate como patrono. Era, ainda, membro da União Brasileira de Escritores – UBE. Apreciava a arte da declamação e os saraus de poesias. Conquistou o primeiro e o terceiro lugar no II Concurso Literário da AAUFMA (2013), respectivamente com as poesias “A França Equinocial em versos” e “São Luís quatrocentona”. Nesta noite de celebração do feito francês de fundação da cidade de São Luís, peço vênia para apresentar “A França Equinocial em versos” (2013): Bulas papais, o mundo repartiram, Países ibéricos, os preferidos, Terras ignotas, que não descobriram, Reinos cristãos, da partilha excluídos. Os gauleses, inconformados, protestaram, A Cúria Romana ignorou a pretensão, Navegantes e corsários se animaram, Confrontar os lusitanos, a solução. O Atlântico, o cenário das expedições, Heróis, navegantes portugueses, Os espanhóis em frequentes ações, Presentes os marinheiros gauleses. Alvo predileto, o Brasil português, Investidas francesas ao seu litoral, No Maranhão, numa ilha do oceano, Eles fundaram a França Equinocial. La Touche, Razilly e toda a tripulação, Cristãos, de fé inabalável em Jesus, Desceram à terra em sublime missão, Entoaram cânticos, chantaram uma cruz. Viajaram na baía algumas milhas, Dos índios obtiveram assentimento, Alcançaram Upaon-açu, a maior das ilhas, Erigiram casas, fortalezas e convento.

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Nos franceses, renascida a esperança, A sede da colônia já escolhida, Solenemente fincaram armas da França, Uma feitoria na terra esquecida. A União Ibérica ainda existia, Os gauleses instalados no continente, A Espanha, preocupada, exigia Expulsar do Maranhão aquela gente. Combates ocorriam com frequência, Os gauleses, atacados, resistiam, Forças ibéricas com maior eficiência, Seus soldados bem postados insistiam. Os gauleses ocuparam a enseada, Jerônimo de Albuquerque, em golpe de esperteza, As linhas francesas, pelos flancos atacada, Derrotadas pelo ataque de surpresa. Os comandantes trocaram cortesias, Juntos, discutiram um armistício, Entre ambos, acordadas as garantias, A conquista do Maranhão teve início. Perdida a luta, abatidos os perdedores, Inda com forças p’ra tentarem a vitória, Negociaram a rendição com os vencedores, Heroico feito luso que entrou para a história. Quatro séculos do episódio são passados, Um povo alegre, sofrido, mas feliz, Todos celebram os tempos recuados, O nascimento da formosa São Luís.

Cantar a cidade de São Luís era, a propósito, um de seus temas favoritos: “cantores ensaiam melodias,/gorjeiam sabiás e bem-te-vis,/poetas declamam poesias,/hinos de louvor a São Luís” (Versos e anversos, “Ode a São Luís”). Mesmo fragilizado pelo câncer, participou das duas edições da leitura poética global promovida pelo Liceo Poético de Benidorm, da Espanha, na capital maranhense, em 2013. Era um homem de posições firmes e coerentes, de caráter irreprochável, leal, solidário, sábio e inteligente. Não se preocupava em ser politicamente correto; preferia ser simplesmente ético e professar opiniões que representassem fidedignamente os seus elevados padrões morais e as suas convicções. Assim, defendia a família e o casamento tradicionais, o sistema de mérito, o Estado de Israel, a História factual, a luta empreendida pelo regime militar no Brasil contra a implantação do comunismo, que ele tanto abominava. Não tinha vergonha de se colocar mais à direita do espectro político. Horrorizavam-lhe a deterioração dos valores, a disseminação da corrupção e a cultura de permissividade e impunidade no país, o crescimento da violência e o culto à personalidade, de inspiração stalinista. Também propugnava pela justiça social, mas não acreditava no assistencialismo como meio para promovê-la. Era um homem justo, com fome e sede de justiça, como pede o Sermão da Montanha. Jamais conheci alguém mais

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honesto do que ele. Não era perfeito, e nem poderia sê-lo, como qualquer ser humano, mas foi sempre um farol a iluminar a vida de seus familiares e amigos. Seu título maior não estava nas obras que publicou, nem na cadeira que ocupou, ainda que por breve tempo, na Academia Ludovicense de Letras. Seu maior título não era o de historiador, nem o de contista, nem o de poeta, ou tampouco o de Acadêmico, mas sim o de professor, dos que foram e dos que não foram seus alunos, professor de uma vida coerente, proba e laboriosa, professor de uma rica história profissional e pessoal. No campo profissional, lecionou, além das disciplinas mencionadas da grade curricular do Colégio Batista Daniel de la Touche, Contabilidade Comercial na Escola Técnica de Comércio do Centro Caixeiral e, na universidade, as disciplinas Teoria da História, História do Brasil, Sociologia da Educação, História Medieval, História Antiga, História da Cultura, História Política e Socioeconômica, História Antiga e Medieval, História Moderna e Contemporânea e Estudos de Problemas Brasileiros. Nem sempre usufruiu o devido reconhecimento como um dos pioneiros da Universidade Federal do Maranhão, antes Universidade do Maranhão, e homem destacado das letras ludovicenses, mas sempre fez por merecer o que lhe foi reconhecido. Fazia de tudo um pouco em casa. Era um homem verdadeiramente prendado: um pouco eletricista, um pouco carpinteiro, um pouco pintor, um pouco jardineiro. Era ele quem armava a Árvore de Natal todos os anos. Foi o último trabalho a que se dedicou. Era ele quem originalmente cuidava do pequeno jardim do apartamento, antes de a doença limitar-lhe as atividades. Seus belos quadros em tapeçaria decoram as paredes de nosso apartamento. Tinha talento para o desenho e a pintura. Devoto de Nossa Senhora, chamava carinhosamente a sua dileta esposa, Eunice, minha mãe, de Rainha, com quem se casou na longínqua data de 27 de julho de 1963, adentrando com galhardia e amor os férteis campos das Bodas de Ouro em 2013. Eu era a sua Princesa. Foi, para mim, a personificação do que significa ser pai, o melhor pai que uma filha poderia desejar; foi e será sempre o meu melhor amigo; era o meu último revisor e o meu primeiro leitor e maior incentivador. O livro 1612: os papagaios amarelos na Ilha do Maranhão e a fundação de São Luís, de minha autoria, que hoje coloco oficialmente à vossa disposição, com prefácios de Lucien Provençal, Vasco Mariz e Antonio Noberto e apresentação de Wilson Ferro, foi motivado pela paixão de meu pai pelo tema, ao qual dedicou vários artigos. Aliás, foi ele quem me apresentou ao deslumbrante mundo dos livros, especialmente os clássicos. Ora recorro ao que eu disse no discurso de posse na Cadeira nº 36 do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão em 26 de agosto de 2011, na parte dos agradecimentos: Aos meus pais, Wilson Pires Ferro e Eunice Graça Marcília Almeida Ferro, meus eternos anjos da guarda, meus mestres de todas as horas, que não me deixam perder o leme ou soçobrar e que me deram asas para voar e tentar repetir o voo de Dédalo: nem tão perto do mar, que me faça negligenciar a grandeza e as alturas do sonho; nem tão perto do sol, que me faça olvidar as águas frias da realidade e a pequenez da condição humana. Vós sois o meu Velo de Ouro, o meu Santo Graal, o meu tesouro inesgotável de certezas, amor, carinho, apoio e orientações, em meio às incertezas da vida. Vós sois os meus heróis, os meus oráculos, em uma época de falsos profetas e falsos deuses.

Os sinos ainda dobram por minha mãe e por mim, que perdemos, respectivamente, há quase um ano, um esposo dedicado e um companheiro de toda uma

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vida e um pai amoroso e o maior amigo; ainda dobram por seus familiares em geral e amigos, que não mais puderam usufruir a sua companhia; eles ainda dobram por seus leitores, que não mais puderam se deliciar com seus artigos mensais no jornal O Estado do Maranhão e com novos textos oriundos de sua pena. A sua morte nos diminuiu a todos. Ficou uma imensa saudade. A imagem de um barco com seu remeiro, contida no poema “A praia”, de sua lavra, bem evoca a partida do fundador e primeiro ocupante da Cadeira nº 7 da Academia Ludovicense de Letras para além do horizonte terreno: Numa visão infinita, num ponto muito distante, o encontro do céu com o mar, é a linha do horizonte. Longe, sobre as águas, deslizando vem ligeiro, rompendo vagas e ondas, um barco com seu remeiro (Versos e anversos).

Todavia, ele está vivo em nossos corações, nos livros que escreveu, nos exemplos de vida que deu. Lembremos a lição do poeta Henry Longfellow: “As vidas dos grandes homens lembram-nos/Que podemos tornar sublimes nossa vidas,/E, ao partirmos, deixar atrás de nós/Pegadas nas areias do tempo.” Footprints on the sands of time. Sem dúvida, Wilson Pires Ferro deixou muitas pegadas nas areias do tempo, como antes o seu mentor, Mário Meireles. É um inolvidável privilégio ser filha de Wilson Ferro. Meus agradecimentos a todos os presentes.

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CADEIRA Nº 7 PATRONO ANTÔNIO GONÇALVES DIAS

FUNDADOR

WILSON PIRES FERRO Posse em 14 de dezembro de 2013 IN MEMORIAM Coroatá 30 de julho de 1936 São Luís 20 de janeiro de 2014

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ELOGIO AO PATRONO BATALHA & CLORES 14 DE DEZEMBRO DE 2014 – PALÁCIO CRISTO REI

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DISCURSO DE SAUDAÇÃO DE ÁLVARO URUBATAN DE MELO, A JOÃO FRANCISCO BATALHA, NA ALL – 14/122014.

Álvaro Urubatan de Melo com João Francisco Batalha

Quão jubiloso ser o recipiente do acadêmico João Francisco Batalha, em mais uma festiva e memorável noite vivida neste neófito sodalício cujo futuro próspero, pelo talento de seus integrantes anuncia ser esplendoroso. Enquanto esta alacridade é visível em meu semblante, abstrata, porém, autêntica, é a honra pulsante no recôndito da alma. Honra-me sim, ser escolhido para em amplexo caloroso saudar um confrade, como já fizera com o estimado Dr. Aymoré de Castro Alvim. Senhores, são estas missões, resumindo, ordens de pessoas queridas emanadas a um vassalo que se vangloria do apanágio de ser fiel aos seus amigos, verbete esse de valor inestimável, tanto que abomino a expressão amizade duradoura, porque a sendo sincera, entende-se eterna. Sou parcimonioso na construção desse valioso patrimônio, por isso prezo e aos que um dia intitulei com esse sublime adjetivo, nada fará que, ainda, unilateralmente, arrefeça em mim esse sentimento. Em alhures já mencionei de Vinicius de Moraes esta frase: não se faz amigos – reconhece-os. Por isso esforço-me para não decepcioná-los. Tão grande e expressivo é esse carinho que evito até ocupá-los, não por vaidade, mas para poupá-los. Tenho-os, para conforto íntimo o gládio de louvá-los, defendê-los e cantar seus méritos. Para tanto, prazerosamente, estou aqui, a relembrar aos presentes às lutas, os sonhos e as conquistas do Dr. João Francisco Batalha, ilustre recipiendário. Como muitos de nós, seus coevos, Batalha houve o privilégio de nascer no interior. Fê-lo na bucólica Trizidela do Bonfim, município de Arari, portanto, legítimo "quiriba", primitivo gentílico dessa promissora região. Menino provindo do meio rural usufruiu o direito de praticar todas as peraltices próprias da idade. Conheceu os segredos da natureza. Pelo ninho dos pássaros, o florar das árvores, sabia se o inverno seria vigoroso, ou grande a estiagem. Admirava a pororoca, devastando as ribeiras, adubando a terra, deixando húmus para plantio de melancias. Banhou no rio, andou a cavalo, armou arapuca, pastoreou rebanhos, empurrou canoas, pescou, plantou e colheu. Gozou dos privilégios desse saudoso tempo interiorano. Feliz infância a de antanho, expressa saudosamente na poesia de Casemiro de Abreu – meus oito anos. Priscas eras em que o trabalho e a obediência aos pais, o respeito aos mestres não deixavam a estigma da revolta. Ao contrário, formavam adultos, aptos e robustos para enfrentar e vencer as constantes refregas do cotidiano. Eis aqui o confrade Batalha batalhador e vencedor, carregando no peito esse luzidio galardão que o fez adentrar aos umbrais desta confraria, para receber o afago e o apreço de seus pares e ocupar importantes posições no cenário estadual.

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Batalha é exemplar chefe de família. Modelar funcionário elogiado e respeitado nas várias funções exercidas, devido seus atributos pessoais. Homem livre e de bons costumes, pedra polida, operário das oficinas do GADU. Na juventude foi um dos muitos pupilos do respeitável padre Brand, emérito benfeitor arariense que moldou o caráter de lutas de uma geração vitoriosa que, hodiernamente, o louva e agradece. Lá, nesse áureo tempo, foi líder, teve sonhos, ingressou nas lides políticas, estrada que lhe foi curta para felicidade de sua esposa, a amiga dona Celeste. Filiou-se ao PTB, do qual foi secretário da executiva estadual e delegado na convenção nacional, candidato a deputado estadual, galgou a terceira suplência. Pelo MDB, com apenas 22 anos, elegeu-se o mais novo vereador do Arari. Historiador e historiógrafo, o menino da Trizidela do Bonfim, tem presenteado seu querido Arari, a quem visita frequentemente, opulentando com expressivas dádivas: publicações da rica e história. No ensejo, fugindo do proselitismo agradeço as generosas referências a mim tributadas em seu livro Um Passeio pela História do Arari. Dr. Batalha considera-se tímido – pura modéstia. Em nossas andanças por urbes maranhenses, e foram muitas, ele representando secretarias de Estado, nós – a FALMA e divulgando Academia São-bentuense, fugia de usar da palavra, passando-me o encargo. Em Paço do Lumiar não conseguiu esquivar-se – mostrou-se um bom orador. Revivamos sua trajetória, os feitos, os êxitos e as dificuldades desse modesto e educado confrade, qualidades essas que, como faço com maior desprendimento aos demais hóspedes do palácio do meu coração, enalteço-os por onde passo. Se souberem o contrário são mendazes, maldade de fuxiqueiros. Nosso confrade Batalha nasceu em 8 de julho de 1944. Filho de João Silva Batalha e dona Joana dos Prazeres Batalha. Descende de duas importantes e tradicionais famílias ararienses. Seus irmãos Beni Batalha Gonçalves, Jaime, Raimundo, José Antônio (in memoriam), Manuel todos os Prazeres Batalha, as irmãs Maria Edite Batalha Rodrigues e Tunica Batalha Jardim. Formação escolar: alfabetizou-se e cursou as primeiras letras na escola pública de seu munícipio, denominada “Graça Aranha”. O primário fê-lo nos Institutos Nossa Senhora de Nazaré, cidade de Vitória do Mearim, e concluiu no de Nossa Senhora da Graça, em Arari. O primeiro estágio do ensino médio efetuou no Ginásio Arariense, concluído no Colégio de S. Luiz, na capital do Maranhão, e nele os cursos técnicos de Contabilidade e Administração. Graduou-se em Gestão de Recursos Humanos, pela Universidade Vale do Acaraú. Tem pós-graduação em Gestão Pública, pela Universidade Cândido Mendes. Frequentou o curso de História na Universidade Federal do Maranhão, e, Comunicação Social (jornalismo) na Faculdade São Luís. Jornalista, registrado na DRT-MA, é sócio da Associação Brasileira de Imprensa – ABI. Diplomado da Escola Superior de Guerra possui curso de Auditoria Contábil, feito no Rio de Janeiro e, Formação de Gerência, em Manaus. Cidadão de elevado espírito comunitário é membro atuante e efetivo da Academia Arariense-Vitoriense de Letras, Academia Ludovicense de Letras, Comunidade Elo Literários, Academia de Letras do Brasil (seccional Bahia), Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e da Federação das Academias de Letras do Maranhão. FALMA. Presidente do Grêmio Arariense em cinco gestões e diretor do jornal Vanguarda. Membro titular do Conselho Estadual de Cultura, da Comissão de Análise de Projetos Incentivados da SECMA e da Comissão de Memória e Documentação do CEC. Pertenceu

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ao Conselho do SEBRAE e da Fundação Sousândrade. Sócio do Lions Internacional, clubes de Grajaú, Presidente Dutra e São Luís. Experiência Profissional: comerciário da- White Martins, funcionário do Banco do Maranhão, securitário do Serviço de Assistência Social dos Economiários – SASSE. Economiário aposentado da Caixa Econômica Federal gerenciou as agências de Grajaú, Presidente Dutra, Santa Inês, Açailândia, Monte Castelo e João Paulo. No DETRAN chefiou a Divisão de Legislação e Trânsito sendo na época responsável pela emissão e aplicação de exames de legislação de trânsito no Maranhão. Na Assembleia Legislativa por nove anos chefiou o gabinete da deputada Maura Jorge. Reputado pela sua eficácia gestou o gabinete da Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia e Ensino Superior do Maranhão, durante três secretários, levado pelo último para Secretaria de Estado da Educação do Maranhão, mantido pelos seus três sucessores, desempenhou com inexcedível brilho os cargos de assessor e supervisor administrativo financeiro. Na Maçonaria tem se revelado um modelar operário, livre e de bons costumes. Foi venerável da Loja Maçônica de Estudos e Pesquisas do Grande Oriente Autônomo do Maranhão. Mestre instalado, maçom emérito, pertencente aos Altos Graus Filosóficos membro efetivo dos sodalícios: Academia Maçônica Maranhense de Letras, Academia Brasileira Maçônica de Artes, Ciências e Letras, Academia Maçônica Internacional de Letras, Academia de Artes, Ciências e Letras da Confederação Maçônica do Brasil, Presidente do Núcleo Brasil/Ma, da Academia Maçônica Internacional de Letras. Sócio do Instituto da Maçonaria Maranhense e correspondente da Loja “Fraternidade Brasileira", de Juiz de Fora. Com seus irrefutáveis méritos foi agraciado com os títulos e comendas: Medalha do Mérito Arariense, Distinção do Gr. Or. Lusitano de Cartaxo – Portugal, com a flâmula Fernando Pessoa e Galhardete: A minha língua é minha pátria – Portugal. Comendador Cultural pela Academia Maçônica Internacional de Letras – Lisboa. Certificado de Reconhecimento pelos bons serviços prestados à Maçonaria Maranhense. Comenda Cultural da Academia Paulistana. Diploma pela Academia Internacional de Letras, em referência à sua elevada civilidade e nobreza moral – Lisboa. Membro honorário da Academia de Letras do Paço do Lumiar – Maranhão. Medalha Gonçalves Dias – concedida pelo Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, Associação de Cultura Latina e Federação das Academias de Letras do Maranhão. Em 1959 atingido no coração pela seta de Cupido, lançada do irresistível olhar da jovem Maria Celeste Ericeira, sua vizinha em casa conjugada e colega no ginásio Arariense, depois no Colégio de S. Luiz, contraem matrimônio em 1969, donde vem à prole Alex, Sandra e Fernanda, os netos Laís, Luiza, Ludmila, Maria Eduarda, João Marcos e Gabriel, ornamentada com o bisneto Bento. A Academia São-bentuense de Letras aproveita-se do sublime ensejo das festividades comemorativa que sua família o ofereceu pela passagem dos seus setenta anos, vividos exemplarmente com amor, glórias e conquistas, para desejar-lhe, juntamente com sua família, muitas alegrias e uma vida repleta de felicidades. Encerro, portanto, formulando os votos de felicidades ao ilustre confrade e de felicitações à Academia Ludovicense de Letras, que se reconhece enaltecida com a presença de mais um ilustre figurante originário das barrancas do Mearim e da Baixada Maranhense.

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CADEIRA Nツコ 19 PATRONO JOテグ DUNSHEE DE ABRANCHES MOURA

FUNDADOR

JOテグ FRANCISCO BATALHA Posse em 14 de dezembro de 2013

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DISCURSO DE ELOGIO A JOÃO DUNSHEE DE ABRANCHES MOURA. PROFERIDO POR JOÃO FRANCISCO BATALHA, OCUPANTE DA CADEIRA Nº 19 DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS. PRONUNCIADO NO AUDITÓRIO CRISTO REI DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, NO DIA 14 DE DEZEMBRO DE 2014.

Ilustríssima Senhora escritora e poeta Dilercy Adler; digníssima presidente da Academia Ludovicense de Letras. Ilustríssima Senhora professora, escritora e poeta Ceres Costa Fernandes; da Academia Maranhense de Letras. Ilustríssimo Senhor Professor Ferreira da Silva; digníssimo presidente da Academia de Letras de Paço do Lumiar. Ilustríssima Senhora escritora Joana Bitencourt; digníssima presidente da Academia Pinheirense de Letras. Ilustríssima Senhora Professora Maria dos Reis; digníssima secretária da Academia Arariense Vitoriense de Letras. Doutor Aymoré Alvin; da Academia Maranhense de Medicina. Doutor João Batista Ericeira; da Academia Maranhense de Letras Jurídicas. Meus familiares e meus convidados. Autoridades, senhores e senhoras. Confrades e confreiras da Academia Ludovicense de Letras. Boa noite! Nasci em Arari, município situado nos meandros do rio Mearim, entre os confluentes Pindaré/Mearim rio acima, e Grajaú/Mearim, rio abaixo. Mas, sou ludovicense de coração. Resido há 50 anos e constituí família nesta querida Ilha do Amor e da Poesia, a Upaon-Açu dos Tupinambás, Ilha Rebelde das diversidades e do calor que corre nas veias dos ventos que sopram do Golfão Maranhense. llha do Reggae, Jamaica Brasileira, Capital Brasileira da Cultura e Patrimônio Cultural da Humanidade. Atenas Brasileira que ostenta a maior beleza arquitetônica de origem europeia em continente americano. Hoje, sinto-me como se ludovicense fosse. Sinto-me como parte integrante do torrão em que nasceu o meu patrono João Dunshee de Abranches Moura.

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Já se passou mais de um ano da fundação desta Academia Ludovicense de Letras, ocorrida em 11 de agosto de 2013, onde tenho assento na cadeira de número 19 e, somente hoje, compareço a este sodalício para fazer meu discurso de louvor ao meu patrono. A condição de pertencer a este sodalício pesou mais na benevolência dos meus confrades e confreiras, do que em eventuais atributos de que possa ser portador. Confreiras e confrades! Orgulho-me por ter a honra de partilhar de tão belo convívio espiritual e reconheço meus méritos infinitamente menores que o tesouro cultural de que vós sois portadores. E por todos vós tenho respeito e admiração. Quanto ao meu patrono João Dunshee de Abranches Moura, afirmo que foi um talentoso poeta, criativo e de muita sensibilidade humana, filho do negociante português Antônio da Silva Moura. Este, educado no Havre, na alta Normandia e em Paris. Foi consorciado com dona Raimunda Emília de Abranches Moura, por sua vez, filha mais nova do segundo casamento de Garcia de Abranches com Dona Marta Alonso Veado Alvarez de Castro Abranches. O avô materno foi um polêmico jornalista, dedicado às letras e defensor dos interesses da metrópole através de um jornalismo vigoroso em defesa dos ideais e de posições cívicas. Manteve em São Luís, pela da competência da esposa e das filhas, importante instituição de ensino, que foi relevante na ação cultural de nossa terra naqueles tempos. O nome era Colégio Nossa Senhora das Graças, importante centro educativo, conhecido como Colégio das Abranches, que introduziu, à época, inovações pedagógicas avançadas, tais como etiqueta, dança social e educação física para as alunas. Foi nesta linda Ilha do Amor, entre a Fonte do Ribeirão e o Beco do Teatro, na Rua do Sol nº 141, que nasceu em 2 de setembro de l867, o abolicionista republicano Dunshee de Abranches, vindo a falecer em Petrópolis, aos 74 anos de idade, em 11 de março de 1941. Seu avô, homem culto e dedicado às letras, como já mencionado, além dos dotes de inteligência e dedicação, envolveu-se em posições cívicas na defesa das ideias liberais e da legitimidade de D. Pedro I, no trono português. Em nosso Estado, travou duros embates com Odorico Mendes acerca do futuro da política maranhense durante a fase imperial. Enquanto Odorico Mendes editava o jornal ARGOS DA LEI, Garcia de Abranches publicava O CENSOR MARANHENSE, e travaram fortes polêmicas durante o conturbado momento político de Portugal em defesa das liberdades do Imperador. Fez-se opositor à Confederação do Equador e posicionou-se contra a ação do almirante e Lorde Thomas de Cochrane (primeiro marquês do Maranhão) na luta contra o colonialismo português e espanhol e pela emancipação da América do Sul. João Dunshee de Abranches Moura estudou o primário em sua terra natal, São Luís, no colégio das Abranches. Referindo-se a ele, ao concluir o curso de humanidades, plenamente aprovado aos 16 anos de idade, em severos exames de Gramática Portuguesa, Latim, Francês, Alemão, Inglês, Aritmética, Álgebra, Geometria, Trigonometria, Geografia, História, Filosofia e Retórica, o grande poeta Gonçalves Dias, admirado da inteligência, assim se expressou: “um dos famosos meninos de Liceu”.

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Nesse tempo, já estudara Desenho, com Horácio Tribuzi; Harmonia, com Leocádio Rayol; Piano, com sua mãe, d. Emília; e violino, com Pedro Ziegler. Estudou Ciências Jurídicas e Sociais em Recife, bacharelou-se em Direito e especializou-se em Direito Internacional. Antes, foi aluno da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, até o quinto período. E, retornando aos estudos da Medicina, na Bahia, tirou a carta de farmacêutico. Foi Promotor de Justiça de Barra do Corda e Grajau; parlamentar (deputado provincial e deputado imperial); romancista, historiador, escritor, sociólogo, crítico, jornalista e orador. Poeta talentoso de primeira nomeada é de sua autoria o poema, O Violino do Artista: “Só lhe restava o mágico violino Nessa vida de eterno sofrimento; único amigo, um outro peregrino na rota desgraçada do talento”. Pródigo e fecundo nas letras foi um dos maiores expoentes da literatura brasileira. Polígrafo, como literato, sua obra chega a mais de 120 títulos de diversos gêneros, na maioria narrativa fiel aos fatos e aos feitos, entre os quais, Minha Santa Teresinha, Pela Itália, Pela Paz, Versos de Ontem e de Hoje, Cartas de Uma Sebastianista e outras que se tornaram leitura obrigatória dos estudiosos maranhense, das quais: “A Setembrada” - romance histórico sobre a Revolução Liberal de 1831 no Maranhão. Narra o levante ocorrido durante o período regencial. “O Cativeiro”, romance fantasioso que descreve a beleza de Amélia, filha de escrava com português, alforriada ao nascer. “Garcia de Abranches – O Censor” sobre o seu avô João Antônio Garcia de Abranches, emigrante português, comerciante e publicista visionário que editou em São Luís, entre os anos de 1825 a 1830 o jornal o Censor Maranhense. Sua primeira edição saiu no dia 25 de janeiro de 1825, e durante os cincos anos de circulação bateu-se em defesa das liberdades do imperador Pedro I, em oposição ao jornal Argos da Lei, de Odorico Mendes. “A Esfinge de Grajaú” abordagem eminentemente política de um tempo vivido no sertão maranhense. A obra “A Esfinge de Grajaú”, é uma descrição ardorosa e apaixonada dos seus anos de Promotor Público em Grajaú e Barra do Corda, em tempos ocorridos meio século atrás à data de sua publicação. Representa, segundo Jomar Moraes, fonte de grande valia para a mais clara compreensão de um período tenebroso em terras maranhenses e a mais completa e humana reconstituição do ambiente pré-republicano nos sertões do Maranhão, onde o autor, jovem e idealista, exerceu as funções de Promotor Público e, especialmente, as de observador do Governo da Província. E me toca mais profundo porque, também, retrata a cidade de Grajaú, onde morei e trabalhei nos anos de 1981 e 1982 e relata, em sua trajetória marítima/fluvial, de São Luís a Pedreiras, sua passagem por minha terra nativa:

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“Arari primeiro ponto em que tocamos, tinha um ar risonho e leve, contrastando com o aspecto taciturno de Vitória do Mearim, velha vila decadente, que logo depois visitamos”...

E narra o seu encontro com o Barão do Itapary, (amigo do meu bisavô Ivo Cândido Batalha), provavelmente no estirão do Bonfim, lugar em que nasci, junto ao grande estirão entre as curvas do Tabuleiro e do Belém: “uma das mais lindas retas do rio”... E neste encontro histórico com o D´Arttagnam do Mearim, o mosqueteiro que era proprietário das terras das Flexeiras, com criação de gado (Fazenda Nova Austrália) e moagem de cana e engenho a vapor (Engenho Babilônia), relata o escritor Dunshee de Abranches, que o barão aparece sobre um cômoro, ao fundo do estirão, em um cavalo, acenando de longe com o chapéu de abas largas e aí, então, o vapor Gonçalves Dias, o mais importante que navegava em nossos rios, análogo ao Vesúvio, o vulcão flutuante do Mearim, diminuiu a marcha até parar completamente para cumprimentar o Dr. José Seguins de Oliveira, futuro Barão de Itapary, que: “montado em um soberbo alazão, ricamente ajaezado, com estribos e arreios de prata e trajado elegantemente, com roupas aristocráticas de equitação, calçadas as mãos com finas luvas de pelica, cabelos castanhos, cavanhaque cortado à francesa, rosto alvo, rosado e formoso, parecia mesmo um dos heróis dos velhos romances de cavalaria”.

Estive, recentemente, onde foi a fazenda e o engenho do Barão de Itapary, no interior do Arari. Restam alguns vestígios, que estão sendo destruídos pela ação do tempo, entre os quais, poço, canos de ferro, tachos de fazer açúcar e gamelão de resfriamento, de zinco, fundido em New York. E relato, como denúncia, pelo desprezo das nossas autoridades ao patrimônio de valores históricos, arqueológicos e culturais e aos restos materiais deixados pelos nossos antepassados naquela localidade. Nesse meio inclui-se o importante engenho de açúcar que pertenceu ao meu bisavô Ivo Batalha, do qual ainda existem peças importantes, importadas da Inglaterra, mantidas no local, na Tresidela de Barreiros, graças aos herdeiros do senhor João Luís dos Prazeres, seu último proprietário. O Barão de Itapary era filho do comendador Oliveira, que a história em sua cronologia registra como segundo gestor do município de Arari, eleito em 1868, com mandato exercido nos anos de 1869 a 1873. Ao reconhecer o filho do português Antônio Moura, a bordo do vapor, e informado de sua espinhosa missão ao sertão, o filho do comendador bradou para o comandante do Gonçalves Dias: “Cuidado com esse menino: ouvi-lhe o último discurso no pedestal do Pelourinho; e tenho a certeza de que, nesse andar, será um dia um dos grandes homens do Maranhão!”

O barão, um abolicionista de belas qualidades morais, nove anos mais velho do que o promotor Dunshee de Abranches, conhecia os seus feitos de criança com 11 anos de idade, quando, em janeiro de 1878, um cortejo, composto por políticos, jornalistas, professores, magistrados e autoridades, que passava em frente à casa dos pais do

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menino Dunshee de Abranches, este bateu palmas. A passeata parou, e também, a banda de música, e o menino bradara, em alto e bom som, sacudindo os punhos para fora da janela “Morra a Monarquia! Morra a escravidão! Viva a República!” Faltavam ainda 10 anos para que a Abolição da Escravatura se consumasse e 11 para que a Proclamação da República acontecesse. Quase vinte anos depois, na casa do senador Benedito Leite, os dois se encontram, o fato é relembrado, inclusive as palavras proféticas do Barão de Itapary ditas ao comandante do vapor Gonçalves Dias. Convidado pelo governador José Moreira Alves da Silva, Dunshee de Abranches assumiu a Promotoria Pública da cidade de Grajaú, no alto sertão maranhense, com a missão de averiguar os graves acontecimentos que resultavam em violentas e permanentes brigas, há mais de quarenta anos, e derramamento de sangue entre os acusados de serem facínoras e hordas de assassinos partidários tanto de Leão Leda, quanto de Araújo Costa. Território pejorativamente denegrido como sendo habitado por ladrões e bandidos fugidos de Caxias, do Piauí, do Ceará, Pernambuco e da Bahia, flagelados das secas, que desalojavam os silvícolas da região, tomando os seus espaços. Delinquentes famosos, salientando os famigerados Paraíba do Norte, partidário de Araújo Costa; e Cascavel e Aroeira, cabralhada bem-te-vi comandada pelo major Rosa Lima, partidários de Leão Leda, entre outros. Coube, então, ao nosso patrono, desvendar o enigma daquela vasta região e a esfinge do Grajaú, que, em outras palavras, era resultado da alma revolucionária dos sertanistas maranhenses, mas, que, na opinião da sociedade ludovicense, era um domínio de bandidos e assassinos, que agiam armados em grupos. Conceito injusto. O que existia, na verdade, era o desejo exagerado de liberdade, instrumentalizado pelo fanatismo dos descendentes daqueles que se bateram pela causa da Independência do Brasil e ali se refugiaram da perseguição dos governos imperiais. Eram rebeldes por natureza e convicção e não malfeitores por determinação de caráter. Findo sua missão em Grajaú, o promotor de Justiça retorna à Capital do Estado. Primeiro a cavalo, de Barra do Corda até o Porto das Gabarras, em Anajatuba; e, daí, por barcaça, a São Luís. Descreveu, posteriormente, aquela trajetória, em que atravessou soberbas florestas, serranias coroadas de cedros, vales fecundos e sóbrios, ranchos alegres e sítios pitorescos, rios piscosos, fazendas e arrozais, capelinhas e cruzeiros, roças e roçados, algodoeiros em flor, canaviais auriverdes e, finalmente, o lindo e deslumbrante Campo das Pombinhas. Narrou, também, o desencantamento com as campinas alagadas de Anajatuba, os lodaçais, os pântanos e os mangues do primeiro porto do Mearim, que servia de tumultuário e penoso embarque das reses destinadas ao matadouro de São Luís. E, daí, enfrentou Mearim abaixo e a travessia da Baía de São Marcos, em uma barcaça (em bordejos de quarenta e oito horas), afrontada por ventos fortes, correntes contrárias e violenta pororoca. Casou-se em 6 de janeiro de 1889, com Maurina da Silva Porto, senhorita com quem ficou noivo antes de partir para sua corajosa missão em Barra do Corda e Grajaú.

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Na juventude, proclamava-se ateu, convertendo-se fervorosamente ao catolicismo somente na maturidade. Meu patrono foi, além de tudo, um político ético e escritor polígrafo. Ético, tornou-se adepto do Positivismo, linha teórica da Sociologia que valoriza o ser humano, a paz e a concórdia universal. Sua rebenta, Maurina Dunshee de Abranches Pereira Carneiro, conhecida como Condessa Pereira Carneiro, trazia o jornalismo no sangue e se orgulhava de ser filha, neta e bisneta de jornalistas. Empresária brasileira de grande prestígio nacional e internacional foi diretora do Jornal do Brasil por três décadas, 1953 a 1983, ano em que faleceu. Ajudou a mudar a imprensa brasileira e foi classificada pelos jornais ingleses e pela imprensa francesa como sendo “uma das mulheres mais influentes da América do Sul e também como uma das 50 mulheres mais importantes do mundo”. Revolucionou a imprensa nacional. Antes, nosso homenageado, jornalista Dunshee de Abranches foi presidente da Associação Brasileira de Imprensa – ABI -, empossado em 13 de maio de 1910 e reeleito em 1911, para mais dois anos de mandato, prometendo defender a liberdade de pensamento a qualquer custo. Deve-se a ele os primeiros projetos da Escola de Jornalismo do Brasil e também da modernidade da imprensa brasileira. Senhores e senhoras! Confrades e confreiras! A Academia Ludovicense de Letras se honra e se engrandece em ter João Dunshee de Abranches Moura como patrono da cadeira nº 19. Que o exemplo de sua trajetória pública sirva de modelo para todos nós integrantes deste sodalício. Seu nome está, e ficará, para sempre, escrito na lista dos ilustres e ilustrados homens que São Luís ofereceu ao Brasil. A todos vós que aqui estiveram presente externo meu agradecimentos e minha mais profunda gratidão pela grandeza da amabilidade por terem me ouvido com paciência. À Academia Ludovicense de Letras renovo minha disposição de honrar este sodalício, a cadeira a que tenho assento e o nome do meu patrono, prometendo elucidar com maiores detalhes os feitos de João Dunshee de Abranches Moura. Tenho dito!

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DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DE CLORES HOLANDA, MEMBRO-FUNDADOR OCUPANTE DA CADEIRA Nº 30, PATRONEADA POR ODYLO COSTA, FILHO, PELO MEMBROFUNDADOR ANTONIO NOBERTO, OCUPANTE DA CADEIRA NÚMERO 1

São Luís, 14 de dezembro de 2014. Confrades e confreiras; familiares, amigos e colegas de trabalho de Clores Holanda; amigos e amigas, demais presentes, boa tarde! Primeiramente agradeço à confreira e amiga Clores Holanda por novamente, em um gesto de carinho e apreço, confiar-me a apresentação dela para ser seu padrinho na Academia Ludovicense de Letras. Talvez alguns não saibam que já desempenhei a mesma tarefa em 2012 no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM, instituição que ela ocupa a cadeira patroneada pelo historiador e escritor João Francisco Lisboa. Na oportunidade ela foi apresentada como a deusa das flores, em alusão à deusa grega Clores. Os romanos a chamavam Flora. Apresentar nossa homenageada é tarefa das mais agradáveis. Não só por causa do seu sorriso irradiador ou pelos vestidos coloridos e rodados que alegram qualquer ambiente, mas pelo bom perfume e o espírito pródigo, característico das almas felizes. Tudo isso com uma pitada de simplicidade adquirida na infância, na terra natal. Faz quase três anos que entrevistei Clores, mas é como se fosse hoje. Tudo permanece vivo e destacado como uma cidade iluminada sobre o monte. Desde as saias rodadas da infância, até as pernas trêmulas, quando foi para a entrevista de primeiro emprego em 1979, na UFMA. Esta apresentação será uma espécie de discurso-retrô. Seja porque resgata uma longa e bela trajetória, ou porque para alguns fica a sensação de um déjà vu, em razão da apresentação em 2012. O certo é que adentramos agora em uma história singela, com detalhes emocionantes que, tenho certeza, tem um pedacinho de cada um de nós. A trajetória de Clores tem a marca do amor, do carinho, do sucesso e da competência, e,

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por outro lado, de luta constante, e enfrentamento das dificuldades, sem a maledicência, que comumente observamos nas almas mais frágeis. Ela viu e sentiu na pele – no dizer do meu patrono no IHGM, o general Tasso Fragoso – “os travos da injustiça humana”. Mas, depois de tantas vitórias como esta de hoje à tarde aqui na ALL, ela pode repetir o imperador Júlio Cesar, e dizer: “Vim, vi e venci”. O grande maranhense Humberto de Campos, nascido em Miritiba, lugar que hoje recebe o seu nome, em sua obra Destinos (OPUS EDITORA LTDA. 1983), certa vez nos contou a história de um gênio que, passando pela terra encontrou dois beduínos no deserto da Arábia, quando lhes deu a um deles, além de alguns palmos de terra em um oásis, um saco de ouro. Ao outro um saco de estrume. Ao voltar no ano seguinte, o gênio observou que o homem que recebeu o saco de ouro continuava com seu ouro. O que recebeu o saco de estrume possuía um jardim, todo coberto de flores. Humberto de Campos finaliza dizendo que “A sabedoria humana..., consiste não na conservação das coisas boas que recebemos, mas em transformar em coisas boas as más coisas que o céu nos dá”. Esta estória, você perceberá, não é, nada mais, nada menos que o resumo da vida da nossa homenageada. Que não encontrou um mundo pronto e perfeito. Mas, impulsionada pela inquietação – comum aos vencedores, aos espíritos evoluídos e bons pesquisadores – e pelas palavras do apóstolo Paulo de Tarso, que, escrevendo aos romanos os admoestava: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente” (Romanos 12:2). Tudo isto tem muito a ver com Clores Holanda Silva. Voltemos algumas décadas... Inesquecível aquele 30 de novembro de 1979. Aos 19 anos, saindo da adolescência, portanto, muito insegura e com as pernas trêmulas, Clores deixou a residência na Rua de Santaninha e pegou o coletivo na Praça Deodoro. Seu destino era a sala do reitor da UFMA, professor José Maria Cabral Marques, para uma entrevista de primeiro emprego. Aquele tormento infernal, um estado de nervos que dizia que aquele recinto era uma câmara de gás de um campo de concentração, só terminou quando ela adentrou ao local e o reitor, com toda a simpatia do mundo, chamou-a de criança. Ela respirou fundo, descontraiu, o chão retornou e tudo acabou dando certo. O primeiro labor foi como arquivista no prédio que conhecemos como CEB Velho. Deu nova cara aos amontoados de pilhas de papéis. Racionalizou o lugar. E como nem tudo está tão bom que não possa melhorar (tenho certeza que todos aqui já ouviram o contrário desta frase, mas lembrem que estamos falando de Clores Holanda, que é extremamente positiva, pensa positivo e as coisas sempre dão certo), ela fez um curso de Documentação e Arquivo, um perfeito divisor de águas, que lhe deu um upgrade na carreira. Imagine só, uma pessoa alegre e feliz, autodidata, criativa, apaixonada pelo que faz, que ainda por cima recebe um curso que tem tudo a ver com a sua personalidade e pretensão.... O que isto poderia resultar? Em trabalho bem feito, é claro! E trabalho bem feito, é sabido, sempre atrai a atenção das outras pessoas – para o bem e para o mal. Uma de suas características é nunca esperar cobrança do gestor, sempre se antecipando aos fatos. Observada por todos, não demorou muito para ser “confiscada” por outro setor mais destacado. Tentou algumas vezes o vestibular para o curso de Medicina, e nada! Em um deles faltou só um pontinho. E depois, influenciada pelo irmão historiador Nacor Holanda Silva, investiu em Licenciatura em História e obteve, enfim, em 1985, a glória da aprovação. Hoje, Clores é graduada e pós-graduada em História pela Universidade

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Federal do Maranhão, além de ter iniciado mestrado em Franca-SP, mas a perda de um dos irmãos a trouxe de volta ainda nos primeiros meses do curso. Em 2005 concluiu especialização em Gestão de Arquivos, também pela UFMA. Publicou diversos artigos e livretos, geralmente ligados à administração da UFMA e ao Palácio Cristo Rei. Entre eles: Histórico do Palácio Cristo Rei (2005); Os significados e usos das vestes talares na Universidade Federal do Maranhão (2011); A bandeira da Universidade Federal do Maranhão (2011); Os reitores da Universidade Federal do Maranhão – Gestão Pedro Neiva de Santana – 1967-1968 (2011), dentre outros. É sócia-efetiva do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM, onde ocupou cargo na diretoria. Nossa confreira é esta pessoa competente, de valor, que conhecemos. É totalmente dedicada e devotada ao trabalho, como é sabido pela maioria dos presentes. É romântica, agregadora e de incontáveis virtudes. Sempre solicitada, vez que tudo faz com singular amor e competência. Senhoras e senhores, quem quiser saber mais sobre a vida profissional da nossa empossanda está convidado (a) a tomar um cafezinho com ela. Você vai ter muito a ouvir, a ficha é extensa e limpa. Ou poderá dar uma espiadinha no curriculum dela, que está na revista da Academia Ludovicense de Letras ou nos Perfis acadêmicos: fundadores, trabalho lançado recentemente pela ALL, esforço especial de Leopoldo Vaz e Dilercy Adler. Agora vamos nos ater ao momento que moldou a personalidade gostosa, alegre, jovial, descontraída e vitoriosa da nossa estimada confreira. Quanto à idade dela... ah, isso é segredo... mas continua bem mais jovem e bonita que muitos dos nossos confrades. Clores Holanda Silva nasceu em Presidente Dutra – MA, “quando o sino batia as 18h30”, no dizer da sua adorável mãe. É a antepenúltima de uma família de dez irmãos. Usou azul e branco até aos sete anos, quando também cortou o cabelo – foi promessa materna! Boas lembranças são as roupas rodadas, o branco, o azul, a escola e os colegas, a fartura na mesa, o aconchego da mãe e dos irmãos. Seus pais Geraldo Holanda Cavalcante e Maria Nazaré Gomes Holanda Cavalcante, conhecida por Zazá Holanda, ambos falecidos, foram seus balizadores. Na verdade os pais de Clores foram obrigados a casar porque, em um baile, ele deu um beijo na boca da mãe dela. Isto passado apenas três dias daquela “imoralidade”. Beijar na boca já foi coisa muito grave. Se ainda hoje cada beijo resultasse em um casamento tenho um parente que, de cada balada, voltaria com um caminhão de sogras. Dona Zazá amava Clores a mais da conta, tanto amor materno transpôs décadas e chegou aos nossos dias na forma de um olhar sereno e um sorriso alegre, que fala muito daquela infância bem vivida. Seu maior sonho era usar roupa encarnada. Desejo inesquecível. Na cidade natal estudou no Convento, que era uma escola de freiras, a melhor da cidade. Era muito sapeca. Brigava com a irmã, pois tinha ciúmes dela. A luz apagava as dez da noite, ocasião em que aproveitava para brincar de roda à luz da lua com seus belos cabelos cacheados. O pai dava uma vida confortável aos filhos e a toda a família. Viviam tranqüilos naqueles anos sessenta. A fartura era tanta que, para agradar a todos os filhos, cada um ganhava uma melancia. Mas, como falamos acima, a primavera não dura o ano inteiro. E o certo e líquido, foi deixando de ser tão certo e tão líquido, quando a política, felicidade de uns e tristeza de outros, mostraria sua face perversa àquele clã alegre e feliz. O apoio outrora constante de amigos e parentes se tornou escasso. A família migrou para Santa Inês. Nada melhorou. No ano seguinte retornaram a Presidente Dutra sem o triunfo pretendido. A mãe colocou comércio. Aos doze anos Clores foi estudar em Aracaju, capital de Sergipe. O pai faleceu no ano de 1975. Nesse período os irmãos mais velhos já ajudavam no sustento da família. Entre eles destacou-se Pergentino, que

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se tornou jornalista e foi o pai de todos. Naquele mesmo ano do passamento do pai, trouxe a família para São Luís. Clores se tornou bolsista no colégio Santa Tereza. Depois estudou no colégio MENG. Clores rima com UFMA, vez que praticamente toda sua vida profissional e acadêmica foi nesta instituição de ensino superior. Ela se aposentou em meados deste ano de 2014. Sempre teve medo de alma, mas adora cemitério, “lugar de paz”, diz com certa empolgação no rosto. Qualquer semelhança comigo não é mera coincidência. A diferença é que não tenho medo de alma. A missão dela é cuidar da irmã e da família. Considera o horário do almoço uma hora sagrada. Foi feliz duas vezes. Teve dois amores. Sua frustração é não dirigir, tem um carro que fica parado na garagem, mas prefere andar de ônibus. É mãe e cúmplice da jovem e bonita Marcella Holanda Mendes, formada em Design de interiores e graduada em Administração no UNICEUMA. Ela diz com olhar de mãe coruja – “Marcella é a razão da minha vida!”. Vou ficando por aqui, até porque o patrono de Clores, Odylo Costa, é um vulto gigante, que demanda muito tempo para apresentá-lo. Mas não poderia deixar de dizer que se a vida dela teve grandes percalços ou não foi um “perfeito mar de rosas”, ao menos agora ela pode cantar como Edith Piaf: Non, rien de rien, non, je ne regrette rien. Ni le bien qu’on m’a fait. Ni Le mal. Tout ça m’est bien égal – “Não, nada de nada! Eu não lamento nada. Nem o bem que me fizeram. Nem o mal. Tudo isso tanto faz!”. Por esta história tão bonita, pelas lutas e vitórias eu te digo, em nome de todos os confrades e confreiras desta casa de Maria Firmina dos Reis, estendemos o tapete vermelho para você ocupar com toda a autoridade esta cadeira de número 30 da Academia Ludovicense e Letras. Parabéns, Clores! Muito obrigado! Antonio Noberto, Cadeira 01 – Claude Abbeville.

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CADEIRA Nยบ. 30 PATRONO ODYLO COSTA, filho

FUNDADORA

CLORES HOLANDA SILVA Posse em 14 de dezembro de 2013

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ELOGIO AO PATRONO ODYLO COSTA, filho CLORES HOLANDA SILVA - CADEIRA Nº. 30 São Luís, 14 de dezembro de 2014.

Estimados Confrades e Confreiras da Academia Ludovicense de Letras, Marcella, única filha, Tallissonn Vilhena, genro querido, Leonardo, primeiro neto, que aguardo no próximo ano com o coração transbordando de amor, irmãos e irmãs, parentes, amigos e demais convidados, desejo uma boa noite, que tenho certeza está sendo abrilhantada com a presença eterna de minha saudosa e amada mãe, Zazá Holanda. Para mim é um privilégio está retornando a este belo exemplar da arquitetura ludovicense do Século XIX: O Palácio Cristo Rei: “Guardião das memórias” da primeira Instituição de Ensino Superior do nosso Estado, a Universidade Federal do Maranhão – UFMA. Por aqui passaram ilustres maranhenses que contribuíram na valorização de nossa cultura. Tive a missão, enquanto fui gestora deste Palácio, até julho deste ano, de ter contribuído com a preservação e o registro da memória da UFMA. Hoje, como membro da Academia Ludovicense de Letras quero dizer-lhes que a imortalidade literária tem como uma de suas prerrogativas fazer o elogio a seu Patrono. Para tanto, quero citar uma afirmação de Machado de Assis, que diz: “... As academias são como as armas. Só devem ser utilizadas, antes de tudo, do patrimônio cultural de um povo. Devem representar a memória estética, histórica e intelectual da nacionalidade...”.

Na Academia Ludovicense de Letras, de acordo com seu Estatuto, a sua finalidade é o desenvolvimento e difusão da cultura e da literatura ludovicense, a defesa das tradições literárias do Maranhão e, particularmente, de São Luís, a perpétua renovação e revitalização do legado da Atenas Brasileira, o culto às origens da cidade e à sua formação pelas letras, a valorização do vernáculo e o intercâmbio com os centros de atividades culturais do Maranhão, do Brasil e do exterior. Convicta desta missão, quando tomei posse na Academia Ludovicense de Letras, em 14 de dezembro de 2013; e, sendo uma das sócias fundadoras, hoje estou cumprindo o que preceitua no seu Estatuto, no Art. 91 – É dever de cada membro

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fundador fazer a apresentação do seu curriculum vitae, de forma sucinta, e da personalidade e obra do patrono de sua cadeira, em discurso proferido em sessão extraordinária do Plenário, dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do registro em cartório deste Estatuto, prorrogável por igual período, por motivo justificado. Honrosamente, ocupo neste sodalício a Cadeira nº. 30, patroneada por Odylo Costa, filho, ressaltando a alegria de que me revisto nesta data, 14 de dezembro de 2014, dia que o saudoso Odylo Costa, filho estaria completando cem anos de nascimento. Antes de elogiá-lo busquei pesquisar o verdadeiro significado da palavra elogiar. Dentre vários, formei o meu próprio conceito: “Elogiar é enaltecer publicamente, de maneira favorável alguém reconhecendo seus atributos” Imbuída de um sentimento de humildade, sinto-me agraciada em poder elogiar esse grande vulto da cultura maranhense, Odylo Costa, filho. Embora não esteja conosco fisicamente, será sempre um “imortal” nas nossas memórias. Avaliar sua obra, de notória credibilidade, custou a mim uma tarefa árdua; porém prazerosa quando descobri nele, além do intelectual, um homem bondoso, de coração totalmente desprovido de rancor. É como disse o imortal, Sebastião Moreira Duarte, da Academia Maranhense de Letras, em artigo publicado no Jornal O Estado do Maranhão, em 12 de dezembro de 2014: “Odylo Costa, filho, foi o São Francisco de Assis que o Maranhão deixou de presente para o Brasil”.

Na medida do possível, acho que consegui extrair, em poucas laudas, a essência do legado deixado por esse grande maranhense às letras do Brasil. E como não reconhecê-lo depois de tantas críticas favoráveis a seu respeito? É como afirma o Jornal Estadão em 2000: “... Odylo foi um personagem influente e fascinante da antiga Capital – um maranhense que se tornou símbolo da cidade adotada e que fez de sua casa, em Santa Tereza, Bairro do Centro Carioca, um local de reunião de políticos, jornalistas, artistas e intelectuais das mais diversas correntes de pensamento e afinidades artísticas.”

A convivência nesse meio de intelectuais proporcionou ao Odylo Costa, filho a conquista de grandes amigos como Manuel Bandeira, Gilberto Amado, Afonso Arinos, entre outros. É como dizia minha saudosa mãe, Zazá Holanda, onde parafraseava um ditado popular: “Une-se aos bons que tu serás um deles”. Não foi diferente com o Odylo Costa, filho, onde a partir de agora vamos conhecer um pouco da sua história. Nascido no dia 14 de dezembro de 1914, na Cidade de São Luís, no Estado do Maranhão, Odylo Costa, filho teve como seus pais o Magistrado Odylo de Moura Costa e Maria Aurora Alves Costa. Na Capital Maranhense residiu na Rua da Paz nº. 82. Aos 5 anos, mudou-se para o Piauí. Sua moradia dividia-se entre a beira do Rio Parnaíba, primeiro do lado maranhense; depois, defronte, em Teresina, de onde atravessava o rio para férias no Olho d’água da Prata, ou aos domingos na vila

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fronteira de Flores. Assim, Odylo Costa, filho nasceu e viveu sua infância entre o Piauí, onde a família tinha propriedades e o Maranhão. Foi alfabetizado no Colégio do Sagrado Coração de Jesus, em Teresina e o Ginásio no Liceu Piauiense. Em março de 1930, em companhia dos pais foi morar no Rio de Janeiro com a idade de 15 anos. Bacharelou-se em Direito, pela Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, em dezembro de 1933. Em 6 de janeiro de 1942, na Cidade de Campo Maior, Cidade Natal de sua esposa, no Estado do Piauí deu-se o casamento de Odylo Costa, filho com D. Maria de Nazareth Pereira da Silva Costa, seu único Amor e sua Musa. O amigo Ribeiro Couto a chamava de “Miss Teresina” por ela ser tão linda! Foram seus padrinhos de casamento os poetas: Manuel Bandeira, Ribeiro Couto e Carlos Drummond de Andrade. Contraíram núpcias no Piauí e Ceará. O casal era muito feliz. De sua união matrimonial conceberam nove seis filhos. Um deles, o Pedro Costa, casou-se com Paloma Amado, filha de Jorge Amado. Tinha uma filha que sofria de demência aguda. Considerado um homem feliz – amado dos amigos, respeitado e admirado de toda gente, querido de todos os seus – pais, irmãos, mulher e filhos, Odylo vivia contente na sua casa de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, quando um dia, de repente, o sofrimento na sua expressão mais dilacerante lhe bateu à porta, com a morte de dois filhos. A sombra da tragédia baixou sobre o seu lar feliz, sem remédio e sem consolo com a morte de seus filhos Maria Aurora, após 11 anos de deficiência profunda e Odylinho – Odylo Costa, neto com 18 anos, quando passeava de noite em Santa Tereza, com sua namorada, passa um táxi, dele salta um pivete que agarra a namorada de Odylinho. Ele reage, o pivete tira um revólver e dá-lhe um tiro na barriga. Levado com vida ao Hospital Souza Aguiar, o jovem ainda disse “que pena, eu queria ainda fazer tanta coisa na vida”. Morreu logo em seguida. O assassino tinha 15 anos, foi perdoado pelo pai. Manuel Bandeira – o grande poeta, o maior amigo – explica o singular fenômeno: [...] aquele martírio da filhinha doente, anos e anos, e depois o assassinato do filho mais velho, assaltado na rua, em Odylo desabrochou uma série de poemas admiráveis. E o romancista foi também reconduzido ao romance pelo filho. O filho morto lera os originais inacabados de sua novela – gostou e pediu-lhe que terminasse o livro – e Odylo Costa, filho concluiu e publicou sua obra-prima. Quer dizer, o seu menino fez o milagre e reconduziu-o à Literatura e à Glória”.

Essa grande dor que afligiu o Odylo, fez com que ele transformasse o golpe trágico que o ferira num gesto generoso: Abraçou uma campanha em defesa da criança abandonada – e dessa campanha resultou a sensibilização do poder público e da opinião nacional com a criação imediata da Comissão de Bem-Estar do Menor. Embora, atualmente esse problema continua na nossa sociedade. Vejamos o poema escrito por Odylo Costa, filho em homenagem ao seu filho Odylinho, no livro Cantiga Incompleta, de 1971:

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A Meu Filho Recorro a ti para não separar-me deste chão de sargaços, mas de flores, onde há bichos que amaste e mais os frutos que com tuas mãos plantavas e colhias. Por essas mãos te peço que me ajudes e que afastes de mim com os dentes alvos do teu riso contido, mas presente a tentação da morte voluntária. Não deixes, filho meu, que a dor de amar-te me tire o gosto do terreno barro e a coragem dos lúcidos deveres. Que estas árvores guardam, no céu puro, entre rastros de estrelas, a lembrança dos teus humanos olhos deslumbrados.

Referindo-se ao nome Odylo Costa, filho, fiquei curiosa em saber o porquê de ter uma vírgula depois de Costa e filho ser escrito com letra minúscula. Dentre as respostas encontradas, a que mais me convenceu foi a do Jornalista José Castello, em seu artigo intitulado Odylo entre objetos, publicado no Jornal O Globo em 25 de dezembro de 2010. Vejamos: “A grafia de seu nome, de que nunca abdicou (não Odylo Costa Filho, mas o “filho” em minúscula, a vírgula a separá-lo do nome), indica, talvez, a atenção que o poeta conferia a esse mundo paralelo, barrado pela vírgula cortante. De um lado, o nome, herdado do pai, Odylo de Moura Costa. De outro, a filiação – a herança, essa longa série de laços inertes, mas persistentes -, isto é, o “filho”. Filho de que? A poesia de Odylo está repleta de pistas delicadas mais visíveis. Um passeio pelo índice da “Poesia Completa” oferece uma rota de sinais. À noite, que arrasta o passado. As cartas de amor, as cantigas de amigo, as memórias da cidade natal, extensa cadeia afetiva que alimenta os poemas. Os anjos, a vida de Nossa Senhora, os bichos no céu, sistema de objetos do culto religioso. Correntes, longas caudas de vestimentas antigas, os panos reparadores da fé. Tudo que um poeta carrega”.

Interpretando essa explicação, vislumbro um pouco do legado deixado por Odylo Costa, filho, cuja trajetória profissional tem sua gênese no Jornalismo em 1929, no Estado do Piauí, quando o jovem maranhense, com apenas 16 anos de idade fundou o Semanário Cidade Verde, escrevendo vagos ensaios provincianos. Estes lhe renderam o seu primeiro emprego, passando a assinar suas colunas no Jornal do Commercio, em 1931, apadrinhado pelo amigo Félix Pacheco. Daí por diante sua carreira de Jornalista foi se consolidando, ocupando lugar de destaque em sua vida. Por acreditar no profissional comprometido com o trabalho que faz, dedicando-se com amor e zelo, comungo a admiração de renomados escritores sobre a obra jornalística de Odylo Costa, filho como Manuel Bandeira, quando enobrece sua atuação jornalística: “... no jornalismo, tudo o que faz, o faz com amor. E a sua atividade jornalística foi sempre um ato de amor.”

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Já a Escritora Raquel de Queiroz apontou-o “como o mais completo dos jovens jornalistas. Um importante jornalista, um admirável escritor, um grande poeta. Na vida pública como na vida privada, foi um modelo superior de lucidez, compreensão, bondade e tolerância”.

Enquanto Jornalista, Odylo Costa, filho exerceu vários cargos, dentre eles o de Redator do Jornal do Commercio até 1943. Foi sucessivamente Fundador e Diretor do Semanário Política e Letras (de Virgílio de Melo Franco). Redator do Diário de Notícias, de 1950 até 1955, como Diretor da seção política. De 1952 a 1953 fez crítica literária no Diário de Notícias, onde também criou e manteve, com Eneida e Heráclito Sales, a seção Encontro Matinal, além de assinar crônicas diárias na Tribuna de Imprensa. Diretor de A Noite e da Rádio Nacional. Chefe da Redação do Jornal do Brasil, de 1956 até 1958, de cujo renascimento participou de forma decisiva, revelando o espírito de renovação e modernidade que sempre marcou sua atuação como Jornalista, mantendo até abril de 1965 um artigo semanal no Jornal do Brasil. Diretor da Tribuna de Imprensa. Diretor da Revista Senhor. Secretário do Cruzeiro Internacional e Diretor da Redação de O Cruzeiro, e novamente Redator do Jornal do Brasil. Fundou Semanários Literários. Dirigiu o Jornal Carioca A Noite e a Rádio Nacional. Comentarista Político do Diário de Notícias. Chefe de Redação do Jornal do Brasil e lá empreendeu a grande reforma modernizadora do jornalismo brasileiro. Trabalhou em outros jornais e revistas. Escreveu uma crônica semanal até 1976 para o Jornal Última Hora. Enfim, como Jornalista Odylo Costa, filho foi Secretário, Editorialista, Articulista, Repórter, Cronista, Crítico Literário e Ensaísta, que segundo ele “em cada jornalista há um escritor que não se cumpriu”; embora ele não tenha comprometido sua obra literária pelo jornalismo. Sobre a obra literária de Odylo Costa, filho, citarei, por ordem cronológica, suas publicações, destacando: 1932 – Selecta Cristã, pela Livraria Católica; 1934 – Graça Aranha e Outros Ensaios, denominado inicialmente Analecta, obtendo o Prêmio Ramos da Paz, da Academia Brasileira de Letras; 1936 – em colaboração com Henrique Carstens, Livro de Poemas de 1935; 1945 – Distrito da Confusão, pela Editora da Casa do Estudante do Brasil, que é uma coletânea de artigos de jornal em que fazia a crítica ao regime ditatorial, nos duros dias de 1937; 1963 – Antologia dos Poetas Brasileiros Bissextos Contemporâneos – 2ª. edição, sendo Manuel Bandeira o primeiro a ler alguns desses poemas, sobretudo os inspirados pela morte do filho Odylinho, poemas esses que Manoel Bandeira o colocava entre “os mais belos da poesia de língua portuguesa”; 1966 – Tempo de Lisboa e Outros poemas – poesia. Odylo Costa, filho, animado por Manuel Bandeira, Raquel de Queiroz e outros amigos, reuniu afinal seus versos em volume publicado em 1967, onde mereceu a honra de ser incluído entre os membros da Academia Internacional de Cultura Portuguesa, enfatizando que de abril de 1965 a maio de 1967, foi Adido Cultural à Embaixada do Brasil em Lisboa

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Retornando ao Brasil, em maio de 1967, embora tivesse recusado o convite do Presidente Costa e Silva para exercer o cargo de Diretor da Agência Nacional, Odylo Costa, filho voltou ao exercício do jornalismo; primeiro como Diretor da Revista Realidade, de São Paulo; depois como Diretor de Redação da Editora Abril, no Rio de Janeiro; e posteriormente, como Membro do Conselho Editorial. Em 1971, ampliado com os poemas da Arca da Aliança e abrangendo toda a poesia do autor, saiu o volume Cantiga Incompleta e Maranhão: São Luís e Alcântara – poesia, lançado em São Luís, junto com o Cais da Sagração, de Josué Montello. Em 1972, publicou Os bichos do céu, poesia, com versos para crianças, ilustrado por sua mulher, Nazareth. Interessado nos problemas do menor e do excepcional deu testemunho sobre sua filha, portadora desse mal, na plaquete “a menina que tinha o nome de minha mãe”. Publicou em 1974, Notícias de amor, poesia. Em 1975, Fagundes Varela, nosso desgraçado irmão, ensaio. 1978 – A Vida de Nossa Senhora, poemas nascidos de ilustrações de Nazareth Costa, pela Editora Agir. Ganhou o prêmio da Associação dos Críticos de Arte de São Paulo; 1979 – Boca da Noite, poesia – e a antologia poética Um Solo Amor; 1981 – Meus Meninos e Outros Meninos – artigos. Escreveu o livro Maranhão Velho, sobre São Luís e outras cidades, para a Empresa Brasileira de Turismo – EMBRATUR. Desde então não publicou mais nenhum livro, dedicando-se quase integralmente ao Jornalismo, onde revelaria espírito de renovação e modernidade. Em suma, a obra literária de Odylo Costa, filho é vasta. Foi com o livro Tempo de Lisboa e Outros Poemas, editado em Portugal, que Odylo Costa, filho veio mostrar-nos sua força e sua grandeza de poeta. Realizou uma obra pequena, mas antológica, dedicando-se intensamente em seus projetos literários, que por si só o situaria entre os nossos melhores poetas de todos os tempos. Escreveu novelas, contos, histórias infantis e poesias, tendo recebido vários prêmios. Sobre sua poesia, Carlos Drummond de Andrade disse: “Na verdade, Odylo é como se vestisse roupa de menino em corpo de adulto, é um poeta contumaz e geral, e sabe tirar do soneto uma sutil modulação em que se casam o gosto moderno e o clássico”.

Na vida pública, Odylo Costa, filho teve vida intensa. Conspirou contra Getúlio Vargas, promovendo a oposição ao regime instaurado no país em novembro de 1937. Com a desagregação do regime ditatorial e a reorganização partidária, colaborou no primeiro núcleo da União Democrática Nacional (UDN), em abril de 1945. Exerceu o cargo de Secretário de Imprensa da Presidência na gestão de Café Filho, e instituiu, no Catete, os famosos “almoços de intelectuais do presidente”, e Superintendente das Empresas Incorporadas ao Patrimônio da União. Profundamente ligado ao Maranhão, foi eleito para suplente, no Senado Federal, de José Sarney, escreveu a introdução aos desenhos da pintura Renée Levéfre no belo livro Maranhão: São Luís e Alcântara (1971). Em 1953 foi eleito Membro da Academia Maranhense de Letras, sucedendo Clodomir Cardoso, Jurista, Escritor e Político Maranhense falecido em 31 de julho

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daquele ano. Participou da solenidade de fundação do Jornal O Estado do Maranhão, em 1º. de maio de 1959 com o nome de Jornal do Dia. De abril de 1965 a maio de 1967, foi Adido Cultural à Embaixada do Brasil em Lisboa. Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 20 de novembro de 1969, sendo o 9º. Maranhense a ingressar na Academia Brasileira de Letras, onde proferiu numerosas conferências sobre Gonçalves Dias – seu Patrono, por ocasião do sesquicentenário de seu nascimento, ocupando a Cadeira de número 15, sucedendo a Guilherme Almeida. Foi saudado em 24 de julho de 1970 pelo Acadêmico Peregrino Júnior, que em seu discurso de recepção ao Acadêmico Odylo Costa, filho, traduziu o caráter do Odylo: “... Temos hoje aqui, diante dos olhos, dentro desse pomposo fardão acadêmico, não apenas um importante jornalista, um admirável escritor, um grande poeta, mas também um homem de carne e osso, como queria Unamuno – e que come e bebe, e ama, e dorme, e pensa, e vive o homem que se vê e que se ouve o irmão, o verdadeiro irmão. Odylo Costa, filho é esse homem – autêntico, generoso e fraterno. Homem múltiplo: complexo, numeroso e versátil. Ser de singulares dimensões humanas. Há um tempo calmo e inquieto, afoito e contido, aliciante e estável. Pícnico e ciclotímico, dotado constitucionalmente, pois, de rara capacidade de adaptação e comunicação, é o “homem contagioso” de Cocteau. Na vida pública como na vida privada, é um modelo superior de lucidez, compreensão, bondade e tolerância. Homem de muitos amigos – dono de uma espantosa capacidade de fazer amigos – estes são de três categoriais: paternais – como Manuel Bandeira e Gilberto Amado; fraternais – como Ribeiro Couto a Afonso Arinos; e filiais - como Odylo’s Boys...”

Os Odylo’s Boys” era uma equipe de jovens aprendizes no jornalismo que aprendiam o ofício da profissão fazendo. Também, na Academia Brasileira de Letras, o Acadêmico Afonso Arinos apresentou à Casa, em sua presença, os livros Anjos da Terra e Boca da Noite, cujos originais já entregara aos editores. Como Ficcionista, Odylo Costa, filho publicou aos 50 anos, em 1965, sua primeira obra de ficção, a novela A Faca e o Rio. Conta a história de João da Grécia (Joffre Soares), um homem casado com Maria (Ana Maria Miranda), uma mulher de 40 anos mais nova que ele. Após salvar a vida de Deodato (João Batista), o chicoteia por ciúmes e se muda para a Amazônia, a fim de enriquecer. A novela foi uma forma de Odylo Costa, filho homenagear seu menino Odylinho; pois, quando leu a obra do pai ainda inacabada pediu-lhe que a terminasse. Fez tanto sucesso que a crítica literária, unânime, louvou e consagrou. Antes, a obra era crônica; depois, roteiro de cinema. Teve sua tradução em alemão pelo alemão Curt Mey Clason e para o inglês pelo Professor Lawrence Keates, da Universidade de Lee. Com o mesmo título, A Faca e o Rio foi adaptada para o cinema pelo holandês George Sluizer. A edição portuguesa de A Faca e o Rio em 1966. Também, em edição portuguesa, A Invenção da Ilha da Madeira, ele põe São Pedro – o santo de sua devoção particular – a defender perante Deus a conveniência de entregar a ilha da Madeira aos pescadores portugueses. E por fim, um conto de natal: História de Seu Tomé Meu Pai e Minha Mãe Maria, é um monólogo – a narração coloquial da história do Pai e da Mãe do protagonista, e aqui ainda uma vez aparece a figura dramática de João da Grécia – no meio das aflições e das doçuras, entre revoltosos armados e rudes caboclos pacíficos da beira do rio, em que se desdobra a vida simples, do quotidiano triste daquela

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humanidade tão boa, tão humilde e pobre, que habita geralmente a ficção e a lembrança de Odylo. Essas três novelas – singularmente diferentes no fundo e na forma – são três admiráveis amostras da vocação ficcional de Odylo Costa, filho. Como Crítico e Ensaísta Odylo Costa, filho não teve dificuldade; pois tendo sido neto de professor, filho de juiz, o gosto de julgar e o prazer de ensinar vieram-lhe do sangue e fizeram dele um crítico literário dos mais lúcidos. Vida inteira dedicada ao convívio dos livros. Leu bem, mas do que escreveu. Mas, além de ler e escrever viveu – e é a vivência lúcida e sensível deste homem ancorado na vida, que brotou a sua crítica literária – clara, isenta e livre. Para o teatro, Odylo Costa, filho escreveu a peça para crianças “O Balão que caiu no mar”, representada em 1949, em um prólogo e três atos, inspirada em poema de Manuel Bandeira. Senhoras e Senhores, estar escrito na Bíblia que o Senhor Deus formou o homem do pó da terra, e soprou em seus narizes o fôlego da vida. Acometido de insuficiência cardíaca, no dia 19 de agosto de 1979, o coração de Odylo Costa, filho parou de bater, no vigor de seus 64 anos, cumprindo sua vida terrena. Seus restos mortais se encontram no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju – Rio de Janeiro. Tenho certeza que a putrefação de sua matéria transformou-se em pó de estrelas. Dois dias depois de sua morte mereceu de Carlos Drummond de Andrade, versos assim: “Domingo, a pausa de Deus.". Seu servo Odylo/ vai ao encontro de Deus, logo de manhã,/ à hora singela do café. (...) “Não vi, que essas altíssimas coisas fogem à minha tosca percepção, mas facilmente um cristão imagina/O sorriso de Odylo, respondendo/Domingo de manhã/Ao sorriso de Deus”. A memória de Odylo Costa, filho continua viva. Sempre vêm sendo prestadas homenagens em seu nome. Na Capital Maranhense foi fundado o Centro de Criatividade Odylo Costa, filho há 6 de novembro de 1979, no qual através da Lei nº. 4102, em seu primeiro artigo, cria o Centro de Artes e Comunicações Visuais – CENART, o qual funcionava na Rua do Sol nº. 230, integrando a Fundação Cultural do Maranhão, hoje Secretaria de Cultura do Estado do Maranhão. Tinha como finalidade inicial o ensino das artes visuais e a realização de pesquisas, no intuito de descobrir o valor maranhense no campo das artes visuais. Diante da transformação de Fundação Cultural do Maranhão em Secretaria de Cultura em 1981, o CENART passou a chamar-se Centro de Criatividade Odylo Costa, filho; em homenagem ao poeta e jornalista maranhense. Em 27 de dezembro de 1988, após um ano aproximadamente em período de reforma, o então Presidente José Sarney e o Governador Epitácio Cafeteira inauguraram a sede restaurada do Centro de Criatividade Odylo Costa, filho; localizado na Rampa do Comércio nº. 200, Praia Grande, seu atual endereço. Entretanto, este permaneceu fechado ao público por vários meses, para aquisição de novos equipamentos, treinamento de pessoal, elaboração da programação mais atrativa que respondesse às expectativas do público. A partir desse momento tinha a missão de servir a comunidade maranhense, estimulando as linguagens artísticas, possibilitando a criação, capacitação e difusão em seus múltiplos espaços. Outro espaço criado para homenagear o Odylo Costa, filho foi o Teatro Odylo Costa, filho, no Rio de Janeiro, pelo Reitor Caio Tácito, pela Resolução 486/79. O término das obras e a abertura oficial ocorreu em 28 de julho de 1997, na gestão do Reitor Antonio Celso Alves Pereira, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Capacidade para 1.106 expectadores, projeto arquitetônico de Luiz Paulo Conde e

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Flávio Marinho Rego, projeto acústico de Roberto Thompson Motta e projeto cênico de Fernando Pamplonja. É um dos melhores espaços cênicos do Rio de Janeiro; pois se trata de um espaço com acústica privilegiada e palco com excelentes dimensões, com visibilidade perfeita de qualquer lugar da plateia, além de apresentar muitas outras qualidades técnicas. Em 2010, passou a abrigar a Orquestra Sinfônica Brasileira que ali realiza ensaios e apresentações abertas ao público. No ano de 1983 uma obra inédita foi lançada em homenagem ao Odylo Costa, filho, o livro de contos, Histórias da Beira do Rio, publicado pela Editora Record. Em 1994, o Museu da República, em comemoração aos 80 anos de seu nascimento, realizou mesa redonda com a participação de Rachel de Queiroz, Zuenir Ventura, Ziraldo Alves Pinto, Álvaro Pacheco e Marcos Sá Correa e promoveu a exibição do filme João, baseado em seu romance “A faca e o rio”. Em 2000, Maria Cecilia Barata Costa Junqueira, escritora e jornalista, sobrinha de Odylo, lançou, na Coleção Perfis do Rio, da editora Relume Dumará, o perfil biográfico Odylo, um homem com uma casa no coração. Em 2010, foi publicada sua Poesia Completa, com organização e nota introdutória de Virgílio Costa, pela Aeroplano Editora e teve seu lançamento o debate com Marcos Vilaça, Alberto da Costa e Silva e Marcio Tavares do Amaral. Em 2014, ano alusivo ao centenário de Odylo Costa, filho as homenagens continuam, quando ele foi homenageado na Feira de Livro de São Luís com vasta programação. Hoje, merecidamente, ocupa na Academia Ludovicense de Letras, a cadeira nº. 30. Amanhã, a Academia Maranhense de Letras vai homenageá-lo com o elogio do Acadêmico, José Sarney, Ex Presidente do Brasil. Também na mesma data, o Centro de Criatividade Odylo Costa, filho, às 18h30 abrirá uma exposição alusiva ao centenário de Odylo Costa, filho com poesias e cartas e fotos de livros impressos em painéis de cerca de 1,80m, reinaugurando o painel de fotos colocado no foyer do cinema. Será descerrada uma placa alusiva aos 100 anos de nascimento de Odylo Costa, filho. Agora eu cito uma obra de Josué Montello que ele autografou a mim: Sempre serás lembrada. E o Odylo sempre se terá um pretexto para ser lembrado. Enfim, como disse o Acadêmico Antônio Martins de Araújo, da Academia Brasileira de Filologia: “Um grande homem, como foi Odylo, não morre jamais, porque fica eternizado em suas obras. Essa verdade subjaz no paradoxo de um célebre crítico de arte, segundo o qual “a arte cria uma realidade muito mais real do que a própria realidade.” Trocando em miúdos, isso quer dizer que, embora a pessoa física dos grandes obreiros de nossa civilização ocidental desapareça com o falecimento de todos eles, suas obras atravessarão os séculos lidas por milhares de criaturinhas de Deus. "O nosso vulto, Odylo Costa, filho deixou raízes que jamais serão esquecidas no Maranhão, Piauí e Rio de Janeiro e em todo Brasil. Parabéns a esse homem 100 por cento brasileiro, na alma, no corpo e no coração. Apreciemos o grande amor demostrado por ele pela Capital, do Estado do Maranhão, no verso do livro Boca da Noite, publicado em 1979, ano que se tornou um “estrela”: ILHEU Nasci numa ilha. era meu destino. numa ilha vivo

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desde pequenino, a estender os braços pelo mundo todo em busca de traços que à terra me liguem. Quero o continente! Não me deixem só, Não me quero ausente. Ninguém me compreende esta busca ansiosa: tenho o mar comigo, quero ainda a rosa Joguem fora a âncora! Pois o amor que achei, Meu anel de amigos e a casa do rei trazem sede e fome de mais terra e céu. Por Deus compreendam Quanto sou ilhéu! Careço de afetos Em roda de mim. Foi sorte ou desgraça, Numa ilha vim. Tempo de enxurrada Nessa ilha nasci, Como a água que corre Sou daqui, dali. Por Deus me acarinhem que nasci na ilha, num mês de enxurrada, mês de água andarilha, sobrados e terra porém terra pouca, lavado azulejo sob uma água roca. Meu amor me abraça porque sou ilhéu ando só – na areia entre águas e céu.

Finalizando o meu discurso de Elogio ao Patrono Odylo Costa, filho, agradeço, pela segunda vez, ao Confrade Antonio José Noberto da Silva o carinho de ter feito a minha apresentação em duas instituições de cultura que só têm acrescido conhecimento e agregado valores em minha vida: O Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM, quando tomei posse em 22 de março de 2012 – Bicentenário de João Francisco Lisboa, aqui no Palácio Cristo Rei e hoje, na Academia Ludovicense de Letras – ALL, centenário de Odylo Costa, filho, também neste Palácio. Somando, são 300 séculos mergulhados num passado de dois grandes homens que se imortalizaram pela grandiosidade de suas obras, promovendo a cultura de nosso

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Maranhão. Desde que conheci o Antonio Noberto, em 2011 ele conquistou a minha amizade, que vem se fortalecendo através de um trabalho sério e comprometido na pesquisa, resgatando valores daqueles que só nos enaltecem. Também quero agradecer ao Confrade João Francisco Batalha na parceria de fazermos o elogio nesta mesma data. Enfim, agradeço a Universidade Federal do Maranhão, em nome do Diretor do Memorial Cristo Rei, Carlos Cunha, por ter disponibilizado este espaço para realização desta solenidade. Boa noite! Obrigada pela atenção e paciência.

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POSSE DE RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO 20 de dezembro de 2014

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DISCURSO DE RECEPÇÃO AO PROFESSOR RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHOS

Proferido pelo Acadêmico Raimundo Gomes Meireles, ocupante da Cadeira nº 17 da Academia Ludovicense de Letras. Senhor Presidente, Confrades e confreiras, Coube a mim a honra de apresentar o PROFESSOR RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO à Academia Ludovicense de Letras, o Confrade Fundador da Cadeira nº 5, patroneada pelo jornalista maranhense João Francisco Lisboa, quem ele o elogiará com propriedade há alguns minutos. O Poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu um poema e o denominou Poema de Sete Faces, onde destaca preferência por Raimundo. A razão simples é esta: se fosse chamado Raimundo seria rima, não solução. Permitam-me citar versos do poeta: Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. Meu Deus, por que me abandonaste se sabias que eu não era Deus, se sabias que eu era fraco. Mundo mundo vasto mundo se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução. Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração.

Entre nós, Raimundo está geralmente associado a NONATO. Diz-se, etimologicamente, aquele que não nasceu. Por coincidência, ele nasceu dia 29 de outubro e eu dia 31 do mesmo mês. Talvez por isso, somos chamados Raimundo. O mundo é realmente grande para nós. Somos seres pequenos diante da vastidão do planeta. Eis porque, talvez como disse o poeta, não somos além de uma rima. A solução está no mundo e o mundo é grande. Confrades e confreiras, Para que possamos melhor conhecer o Confrade Campos, pesquei alguns dados da sua trajetória de vida. Para não fugir às recomendações de seu patrono, João Francisco Lisboa, quando se referia a seus escritos:

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Tímon extrata e copia, transformando e aplicando as cópias às cousas e aos homens do seu tempo. Nada mais, nada menos, ou antes, quando muito, estas páginas modestas e humildes serão como memórias do tempo presente, em que, mais tarde, algum esquadrinhador de antiguidades possa beber uma ou outra notícia com que instrua ou deleite os seus contemporâneos. (LISBOA, Crônica Política do Império, 1984, 25).

O Professor Campos nasceu em 29 de outubro de 1951, em Olinda dos Castros, Município de São João Batista, no Estado Maranhão. É o 1º de oito filhos de Raimundo Nonato Serra Campos e Nadir Serra Campos. Possui os seguintes irmãos: Maria Raimunda Serra Campos, Conceição de Maria Serra Campos, Raimunda Yolanda Serra Campos, Raimundo Inácio Serra Campos, Raimunda Goreth Serra Campos, Raimunda Suely Serra Campos e Maria de Jesus Serra Campos. Em Olinda, moravam as famílias Serra Freire, Castro e Campos, cujo líder chamava-se Antônio Serra Freire (com Patente de Capitão), conhecido por Tuneco e sua esposa Joana Penha Serra Freire. Eram proprietários de grande extensão de terra, onde havia muitos canaviais e um engenho de Majarras, puxado a bois. O casal tinha dezesseis filhos, entre eles, Cristina, que se casou com Cristino Ananias de Campos, os seus avós paternos. Cristino, farmacêutico provisionado, homem trabalhador, de estatura mediana, branco, de olhos azuis e de forte liderança, trabalhava na sua modesta farmácia atendendo a comunidade e o seu entorno. Cristina era uma mulher com uma beleza extraordinária, que se dedicou ao serviço da casa e criação dos filhos. Raimundo Nonato Serra Campos era o 1º de 14 filhos de Cristina e de Cristino, foi criado por Tuneco, seu avô, e trabalhava com ele. Mesmo depois que casou com Nadir, continuou a trabalhar na lavoura, nas terras do avô. O Confrade Campos guarda em sua memória a imagem da sua fabulosa primeira professora Maria Madalena Atta de Castro (Dona Maroquinha). Professora do Grupo Escolar “José Maria de Araújo”, onde cursou até o quarto ano Primário. Posteriormente, cursou o quinto ano primário na sede do Município de São João Batista, no Grupo Escolar Estado de Santa Catarina, concluindo o Primário em 30 de novembro de 1967. Na Escola Normal Ginasial “José Maria de Araújo”, no ano seguinte iniciou o Curso Ginasial. Cursando em São João Batista apenas a primeira série. Ao completar 18 anos, viajou para São Luís, tendo que apresentar-se no Exército, mas ficou no quartel apenas 42 dias, pois necessitava trabalhar a fim de ajudar financeiramente no sustento dos demais irmãos. Permanecendo em São Luís, fez seleção na Escola Técnica Federal do Maranhão onde concluiu o Curso Ginasial em 17 de dezembro de 1971. Posteriormente foi selecionado para o Curso Técnico em Química, concluído em 30 de dezembro de 1974. Ainda fez Técnico em Contabilidade no Colégio Cardoso Amorim, concluído em 30 de dezembro de 1977 e o Curso de Transações Imobiliárias, na Secretaria de Educação do Estado do Maranhão, concluído em 06 de junho de 1988. Quanto à graduação, cursou Química Industrial, Licenciatura em Química, Ciências Contábeis e Licenciatura em Matemática na Universidade Federal do

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Maranhão; Licenciatura em Disciplinas Profissionalizantes na Universidade Estadual do Maranhão; Psicanálise Clínica na Sociedade Psicanalítica Ortodoxa do Brasil (Rio) e o Curso de Direito Bacharelado no Centro Universitário do Maranhão - UniCEUMA. Na Pós-Graduação, cursou Especialização em Metodologia do Ensino Superior e Especialização em Auditoria Contábil, na Universidade Federal do Maranhão; Especialização em Direito Tributário e Legislação de Impostos, na Universidade Estácio de Sá (Rio); Doutorado em Ciências Empresariais, na Universidad Del Museo Social Argentino, em Buenos Aires e atualmente é Doutorando em Direito Privado, na Universidad de Ciencias Empresariales y Sociales, também na Argentina. No âmbito profissional iniciou como comerciário, depois foi funcionário da COHAB-MA e a seguir Auditor do Estado do Maranhão, concursado e aposentado em 27 de março de 1998. Atualmente é Avaliador ad hoc do SINAES/INEP/MEC para os cursos de graduação de Ciências Contábeis desde 1996 e Direito desde 2007; membro efetivo do Conselho Curador da Fundação Sousândrade de Apoio ao Desenvolvimento da UFMA, a partir de 24 de novembro de 2010 e Professor Adjunto da Universidade Federal do Maranhão, concursado e nomeado em 21 de dezembro de 1989, lotado no Departamento de Ciências Contábeis e Administração, tendo exercido várias funções, privativas de docentes. Coordenador do Curso de Ciências Contábeis, Membro Titular do Conselho Universitário, Membro Titular do Conselho de Administração, Membro Titular do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão, Membro Titular da Câmara de Administração e Finanças do Conselho de Administração, Membro do Colegiado do Curso de Ciências Imobiliárias, Pró-Reitor de Planejamento e Gestão, Membro do Colegiado do Curso de Ciências Contábeis. Senhor presidente, Confrade e confreiras, O Confrade Campos exerceu a chefia do Departamento de Direito, Coordenador do Curso de Direito, Presidente do Colegiado do Curso de Direito, Membro do Colegiado do Curso de Direito, Chefe do Departamento de Ciências Contábeis e Administração, Coordenador do Curso de Ciências Imobiliárias, Presidente do Colegiado do Curso de Ciências Contábeis, Presidente do Colegiado do Curso de Ciências Imobiliárias. Na humildade do Confrade Campos tenho a absoluta certeza que quem deve brilhar é seu elogio ao seu ilustre patrono, mas antes de finalizar, permitam-me deixar exarado estas últimas referências sobre o nobre Confrade: Atualmente, é lotado no Departamento de Direito da Universidade Federal do Maranhão, onde ministra as disciplinas Direito Agrário e Direito Previdenciário. É coordenador do Curso de Desenvolvimento de Ensino em Prática Jurídica Simulada, com carga horária de 60 horas. É Mestre em Ciências da Educação pela Escola Superior de Educação Almeida Garrett, em Lisboa, Portugal e concludente dos Créditos de Doutorado em Ciências da Educação, na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa, Portugal. Senhor Presidente, O Confrade Campos publicou vários escritos, dentre os quais, AUDITORIA DA QUALIDADE (Caderno de Pesquisa da UFMA – Jan/jun/2000); ÉTICA EMPRESARIAL: o dualismo nas tomadas de decisão nos negócios (Revista Científica UCES ISSN 1514-9358, Primavera 2009); TRANSPLANTES DE ÓRGÃOS: direitos

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da personalidade (Revista Científica UCES ISSN 1514-9358, Otoño 2009); PROPRIEDADE HORIZONTAL: condomínio de edifício e o direito de vizinhança (Revista Científica UCES ISSN 1514-9358, 2010); CELEBRAÇÃO DE CONTRATO DE SEGUROS: uma abordagem no Mercosul (Revista Científica UCES ISSN 15149358, 2010); RESPONSABILIDADE LIMITADA DO EMPRESÁRIO (Revista Científica UCES ISSN 1514-9358); DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR: instrumento de combate à fraude e abuso de direito (Revista Científica UCES ISSN 1514-9358); e DANO MORAL E O QUANTUM INDENIZATÓRIO (Em editoração na Revista Científica UCES ISSN 1514-9358). Na verdade, conheci o Confrade Campos na Shalom Engenharia, empresa que trabalhamos no início da década de oitenta. Ele elaborava a escrituração contábil e eu era o chefe de controle de material e equipamento, na área de produção. Foram tempos bons. Jamais os esquecerei. Lá estive por indicação da Dra. Teresa Filgueiras e do médico, escritor e membro da Academia Maranhense de Letras, Pe. João Miguel Mohana. Nessa empresa, conheci Dr. José Miguel Mohana, homem que vivia para o trabalho, depois mudou e redescobriu a via do transcendente, da espiritualidade propriamente, legado deixado pelo autor de O outro caminho, com isso, apoderou-se da “presença ignorada de Deus”, como diria Victor Franklin. O Confrade Campos fez parte também desta história, já era Contador; eu estava iniciando meus estudos no Seminário Santo Antônio. E a partir daí, construímos uma amizade enriquecedora. Recordo-me certa vez, o Confrade depositou em minhas mãos uma seleção de músicas clássicas, que até hoje, ao ouvi-las, redescubro a arte da música de qualidade que dificilmente as encontrarei tão bem selecionadas, um dos maiores presentes que ganhei nos últimos anos. Graças a Deus, a cada dia o IHGM e a ALL nos oportunizam o estreitamento de nossa relação de amizade e com isso, adquiro a possibilidade de redescobrir o homem trabalhador, honesto e amante da pesquisa e agora também vocacionado da iurisprudentia. Finalmente, tenho certeza de que a ALL possui um grande homem, não pela mensuração da estatura física, mas pela capacidade de contribuição demonstrada nesta Casa, além de possuir serenidade em tudo o que faz. O Confrade Campos é um homem prático, sucinto e objetivo. Este é, em meu simples e limitado entendimento, o Confrade membro fundador da Casa Maria Firmina, Academia Ludovicense de Letras. Parabéns Confrade Campos, sinto-me muito feliz e honrado em poder apresentálo, mesmo que sucintamente, pois sou sabedor que és possuidor de inúmeros títulos que o tempo não permite relatar, mas como o disse o poeta, não passamos de rima, então deixo-o à vontade, ultrapasse a rima, e com a sapientia que Deus o presenteou, como dom gratuito, possa construir incontáveis poemas e reconstruir todos os feitos da natureza de homem brilhante, capacitado da inteligência que lhe é peculiar. Seja Feliz. São Luís, 20 de dezembro de 2014. Raimundo Gomes Meireles, Cad. 17.

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CADEIRA Nツコ 05 PATRONO JOテグ FRANCISCO LISBOA

FUNDADOR

RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO Posse em 14 de dezembro de 2013

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DISCURSO DE ELOGIOS AO PATRONO DA CADEIRA Nº 05, JOÃO FRANCISCO LISBOA, DO PROFESSOR RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO, MEMBRO FUNDADOR DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS

Timon tem presenciado algumas destas cenas, e visto mesmo certos homens, não de todo faltos de mérito e gravidade, que, esquecendo-se um pouco do que devem a si mesmos, atiram-se uns por cima dos outros, sem lhes embaraçar a figura que fazem, até que consigam lugar onde sejam mais visíveis, e onde, sem perda de um momento, possam logo expor às luzes do novo astro as suas comendas, os seus galões e o brilho das elevadas posições que ocupam no grande mundo provincial (LISBOA, 1995, p.60). RESUMO - João Francisco Lisboa, jornalista e historiador maranhense, foi considerado por Capistrano de Abreu como um dos maiores historiadores brasileiros do século XIX, especialmente por ter sido julgado o pioneiro na escrita de uma história “das municipalidades”. Entretanto, isso não foi suficiente para que Lisboa se igualasse a grandes historiadores brasileiros da época. O objetivo deste trabalho consiste no elogio ao patrono da cadeira número 5, relatando algumas das obras e características da escrita da história de Lisboa, avaliando também as possibilidades discursivas de observar como escrevia a história do Brasil no século XIX.

Senhor Presidente, Doutor Roque Pires Macatrão, Senhoras Confreiras e Senhores Confrades da Academia Ludovicense de Letras, Senhoras e Senhores Primeiramente quero externar a minha satisfação de integrar o seleto quadro de membros fundadores desta Casa de Maria Firmina, que se configura como expoente da intelectualidade maranhense. Neste momento, ao qual reputo grande significação e responsabilidade em minha vida, por marcar a minha ocupação da Cadeira de n°. 5, devo fazer, seguindo e segundo a praxe deste ritual, o Elogio ao patrono desta Cadeira o ilustre JOÃO FRANCISCO LISBOA.

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Assim, inicialmente quero reafirmar a minha admiração e respeito pelo Patrono desta Cadeira, o Jornalista JOÃO LISBOA, e levantar alguns dados da sua biografia para que sejam enfatizados, mais uma vez, através desta minha fala, os seus feitos. João Francisco Lisboa, jornalista, advogado, publicista, historiador, biógrafo, orador de largos recursos, nasceu no Distrito de Pirapemas, freguesia de Nossa Senhora das Dores do Itapecuru-Mirim, ainda município de Itapecuru-Mirim, pertencente à Província do Maranhão, em 22 de março de 1812, e faleceu em Lisboa, Portugal, em 26 de abril de 1863. Seu corpo, trasladado um ano após seu falecimento, foi sepultado no seu estado natal. Recebeu a alcunha de “Timon Maranhense”. Era o primeiro filho do casal João Francisco de Melo Lisboa e Gerardes Rita Gonçalves Nina. Descendente de famílias tradicionais ligadas à aristocracia rural instaladas no vale do Itapecuru. Em 20 de novembro de 1834, casou-se com Violante Luísa da Cunha, sobrinha de João Inácio da Cunha, visconde de Alcântara. O casal não teve filhos. Adotou um filha de Olegário José da Cunha, portanto parenta da esposa, a qual veio a falecer pouco depois. Outra filha de Olegário (Maria José) foi adotada pelo casal e sobreviveu a ambos, tendo, já idosa, assistido à inauguração da estátua do pai adotivo, na cidade de São Luís, em 1918. Estudou as primeiras letras em São Luís, onde viveu até os onze anos, quando voltou a Pirapemas. Permaneceu no sítio natal até completar quatorze anos. Falecido o pai, foi enviado para a capital da Província, a fim de trabalhar no comércio como caixeiro da loja do negociante Francisco Marques Rodrigues. Permaneceu nesse ramo de atividade de 1827 a 1829. Largando essa ocupação, dedicou-se inteiramente ao estudo, sob a orientação de alguns mestres renomados, entre os quais o professor de Latim, Francisco Sotero dos Reis. Depois, separados por divergências de natureza política, os dois se tornariam adversários ferrenhos. Sotero dos Reis, em seu Curso de Literatura, gabou-se de ter contribuído para a educação de João Francisco Lisboa que, no entanto, fez sérias restrições ao mestre. Foi político, historiador, jornalista, escritor e também deputado provincial e literato, membro do Instituto Histórico Brasileiro – IHGB e da Academia Brasileira de Letras - ABL, patrono da Cadeira nº 18, por escolha do fundador José Veríssimo. Exerceu o jornalismo na cidade, então agitada por profundos movimentos revolucionários e intensa vida cultural e ideológica – tempo em que ocorrem duas revoltas marcantes, a Setembrada (em 1831) e a Balaiada (de 1838 a 41). Fundou e dirigiu, no Maranhão, vários jornais, dentre os quais, em 1832, o jornal “O Brasileiro”, continuando a pregação interrompida com o fechamento de “Farol Maranhense”, de José Cândido de Morais. Em seguida reeditou o “Farol”, que dirigiu por dois anos. Entre 1834-36 dirigiu o “Eco do Norte”, que foi retirado de circulação, assim como o “Farol”. Deixou o jornalismo, ocupando funções públicas, tendo sido por três anos secretário de governo. Ingressa, então, na política, concorrendo e ocupando por duas vezes a legislatura provincial. Em 38 retomou o jornalismo, participando, como entusiasta do Partido Liberal, da direção da “Crônica Maranhense”, ocasião em que eclodiam os movimentos rebeldes no Estado. João Lisboa foi acusado, sem ter tido efetivamente, culpa de estar envolvido na Balaiada, o que o fez retirar-se da política por uns tempos, voltando-se para a literatura e à advocacia, como rábula.

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Em 1848 retornou à Assembleia Provincial. A 25 de junho de 1852 lançou o famoso “Jornal de Timon” dedicado aos estudos políticos, principalmente de cunho eleitoral, à história do Brasil e à história do Maranhão – revista inicialmente mensal (cinco primeiros números) – e que foi publicada até o volume doze. Os dois últimos, feitos em Lisboa. Ali procedeu a ataques a outro futuro patrono da Academia, Francisco Adolfo de Varnhagen, criticando-o por seu trabalho na “História do Brasil”, recebendo na capital lusa uma resposta panfletária do cunhado de Varnhagen, que também cuidou de ripostar no “Os Índios Bravos e o Senhor Lisboa” (1867). Em 1855 foi ao Rio de Janeiro de onde partiu para Portugal, com a missão de reunir ali documentos históricos do Brasil, quando pesquisava também sobre Antônio Vieira. Em Lisboa já não contava com boa saúde e veio a falecer ainda na capital portuguesa. Homenagens Além do patronato na Academia Brasileira de Letras, a cidade maranhense de João Lisboa foi assim batizada em sua memória. Na capital do Estado uma praça tem seu nome, ornada por uma estátua representando-o, inaugurada em 1918. Biografia Seus trabalhos, publicados em jornais e periódicos, foram alvo de compilações posteriores: “Jornal de Timon”, reunidos em dois volumes (1852-54); Obras de João Francisco Lisboa (com uma notícia biográfica por Antônio Henriques Leal) - 4 vols. (1864-1865). (2a ed., acrescida de apêndice de Sotero dos Reis, Lisboa, 1901, 2 vols.); Vida do Padre Antônio Vieira (obra inacabada, publicação póstuma) - 5a edição, 1891; Obras escolhidas. Ed. Otávio Tarquínio de Sousa. Rio de Janeiro, 1946, 2 vol; Crônica maranhense, 1969; Crônica Política do Império (Jornal de Timon), 1984. Até hoje, sua obra é considerada única devido ao valor da análise crítica que comporta e à qualidade da sua redação. João Francisco Lisboa representa, ao lado de Varnhagem e de Joaquim Caetano da Silva, o tripé da reforma da historiografia brasileira. Um ano após sua morte, seu amigo Antônio Henrique Leal editou suas obras completas, que saíram com o título Obras de João Francisco Lisboa. Os volumes foram originalmente publicados em São Luís do Maranhão, entre os anos de 1864 e 1865. Tem-se conhecimento de outra edição, de 1901, em 2 volumes, desta vez publicada em Lisboa, também rara. Em 1991 foi editada “Obras de João Francisco Lisboa”, versando sobre a “Vida do Padre Antonio Vieira”, “Biografia de Manuel Odorico Mendes”, “Folhetins”, “Discurso sobre a Anistia” e “A Questão da Prata”. As Obras de João Francisco Lisboa, além de exibir sua maestria no domínio da língua portuguesa, refletem ainda os profundos conhecimentos do autor, autodidata, nos campos da História, do Direito e da Literatura. Em 1838, retomou o jornalismo, assumindo a direção da Crônica Maranhense, em sua fase áurea como escritor. Segundo Antônio Henriques Leal, a Crônica era um jornal de combate, especialmente criado para defender os interesses do Partido Liberal, reproduzindo a história viva das lutas políticas daqueles anos. Deixou de circular em

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dezembro de 1840. O Museu Histórico Nacional, do Rio de Janeiro, publicou, em 1969, dois volumes onde se encontra coligida grande parte da colaboração de João Francisco Lisboa nas páginas da Crônica Maranhense. Era o período difícil da Regência e da Maioridade de D. Pedro II. Na tribuna parlamentar e na imprensa, Lisboa defende princípios da liberdade e interesses do povo, sendo injustamente acusado de participação na “Balaiada”, movimento revolucionário maranhense. Por isso, retirou-se temporariamente da política, dedicando-se à literatura e à advocacia. Em 1847, recusou o convite que lhe fizeram os liberais para se apresentar como candidato a deputado geral. Aceitou, contudo, a participação na Assembleia Provincial, para a qual foi eleito no ano seguinte. Em 25 de junho de 1852, saiu o primeiro número do Jornal de Timon, folheto composto de 100 páginas, inteiramente redigido por João Francisco Lisboa. Os cinco primeiros números circularam mensalmente. Somente em 1854 saíram, em volume de 416 páginas, os fascículos de 6 a 10; o 11 e o 12 saíram em março de 1858, quando o publicista residia com a família em Lisboa. Atacou, entre outros, Varnhagen, pelo método que empregou na História do Brasil. Apareceu, então, em Lisboa o panfleto Diatribe contra a timonice. Seu autor, disfarçado sob o pseudônimo de Erasmo, era o cunhado do próprio Varnhagen, Frederico Augusto Pereira de Moraes. Também Varnhagen replicou no opúsculo Os índios bravos e o senhor Lisboa (Lima, 2002.) João Francisco Lisboa transferiu-se em 1855, para o Rio de Janeiro, de onde, após curta permanência, partiu para Lisboa, incumbido pelo Governo Imperial de coligir, em Portugal, documentos e dados elucidativos da história brasileira. Lá pesquisou também sobre a vida do Padre Antônio Vieira, para uma biografia, que ficou inacabada. Após um período de intenso trabalho em arquivos portugueses, realizou uma viagem de despedida ao Maranhão, no período de 5 de junho a 11 de dezembro de 1859. Nos anos que se seguiram, o seu estado de saúde, em função de complicações renais e hepáticas, torna-se cada vez mais precário, e ele veio a falecer às duas horas da madrugada em 26 de abril de 1863, tendo sido sepultado em caixão de chumbo no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa. Ainda naquele ano, já de volta ao Maranhão, D. Violante da Cunha Lisboa tomava providências para que o corpo do marido fosse trasladado de Lisboa para São Luís. Houve alguma demora, e somente em 24 de maio de 1864 aqui chegou a bordo do brigue Angélica, conduzindo os restos mortais de João Francisco Lisboa, o que movimentou milhares de maranhenses. Foi sepultado pela segunda vez na capela-mor da Igreja do Carmo, com uma lápide modesta, onde se lia “João Francisco. Nasceu em 22 de março de 1812 na Província do Maranhão. Faleceu em 26 de abril de 1863 na cidade de Lisboa”. João Lisboa teria a terceira sepultura, no Cemitério do Gavião, de onde, para uma quarta e última morada, foi transferido em 1911 para a praça que tem seu nome, com grande acompanhamento. Jaz o mestre no pedestal de sua estátua, de frente para a Rua do Sol. Sua mulher, d. Violante, faleceu em São Luís em 14 de maio de 1891. A filha adotiva do casal casou-se com o súdito inglês Henry Airlie, residente em São Luís. Os bens deles descritos não revelam qualquer fortuna, prova de que o casal levou vida modesta.

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Logo após o regresso de D. Violante Lisboa ao Maranhão, os amigos da família, destacando-se à frente deles Olegário José da Cunha e Antônio Henriques Leal, iniciaram as gestões para que fossem reunidas todas as obras de João Francisco Lisboa, incluindo-se entre elas a “Vida do Padre Antônio Vieira”, inacabada. Por sua atividade e por sua obra, João Francisco Lisboa é um típico representante de uma época e de uma sociedade. Fez parte do movimento maranhense do século XIX que se distinguiu, talvez pela proximidade material e espiritual da metrópole, por acentuado pendor classicizante, traduzido na fidelidade aos padrões tradicionais do vernáculo e na defesa da tradição e do rigorismo gramatical, o que iria conferir à capital do Maranhão o honroso título de Atenas Brasileira. Foram seus contemporâneos Odorico Mendes, Sotero dos Reis, Joaquim Serra, Franco de Sá, Sousa Andrade, Antônio Henriques Leal, Cândido Mendes de Almeida e César Augusto Marques. Todos os estudos biográficos sobre João Francisco Lisboa, cognominado o “Timon Maranhense”, se baseiam nos dados publicados por seu contemporâneo e amigo íntimo Antônio Henriques Leal na “Notícia acerca da vida e obras de João Francisco Lisboa”, que precede as suas Obras (4 volumes) impressas no Maranhão em 1864-1865, e na biografia, ampliada, reproduzida no Tomo 4º do “Pantheon Maranhense”, editado em 1857 pela Imprensa Nacional de Lisboa. Algumas Obras Festa de Nossa Senhora dos Remédios A festa chamada dos Remédios é a mais popular desta boa cidade de São Luís, quero dizer, é a festa a que concorre maior porção de povo de todas as classes e condições, e a que, na variedade das distrações que proporciona, deixa mais satisfeitos os concorrentes. Em qualquer tempo merecia ser descrita e narrada em algum dos nossos jornais, com que lá por fora e mesmo cá por dentro se ficassem conhecendo e avaliando, em parte ao menos, os nossos costumes e cenas de província; este ano, porém, muito mais, por uma agradável inovação introduzida, a qual é de esperar que nos anos futuros se reproduza e aperfeiçoe, em proveito das belas-artes, e para satisfação deste pobre respeitável público, que vegeta em tamanha e tão rigorosa dieta de tudo quanto pode alimentar e deleitar o espírito, os ouvidos, os olhos, e todas as mais faculdades e sentidos da alma e do corpo. Eu, pois, Timon, vencendo por um pouco a feroz misantropia de que me acusam, verei se faço o que outros não têm feito, e no entanto da mesma via desmentirei a abominável calúnia de que sou vítima, narrando o mais agradavelmente que puder, o que tão agradavelmente presenciei e gozei. Já um mês ou mais antes do dia da milagrosa senhora, começa a azáfama da sua festa; as belas e os elegantes perdem o sono, imaginando nos meios de melhor ataviar-se. Que receios, sobressaltos e angústias nesta amável classe de consumidores, e sobretudo na classe embezerrada dos fornecedores, pela só demora de alguns dias na chegada dos navios que trazem no seu bojo os chapéus, as luvas, os vestidos, as quinzenas, as cassas, as sedas, as plumas, as rendas, as fitas, as flores, as pomadas, os cheiros, e todos os mais gêneros enfim que dão vida e saúde às lojas, e entisicam as algibeiras dos fregueses! Como discorrem em todos os sentidos pelas ruas e travessas, como invadem todas as lojas, as pretas, as cafuzas, as mulatas, sobraçando peças, livros de amostras, e caixas e mais caixas de dourado papelão, com que vão incessantes de um lado para outro, sem conseguirem satisfazer o gosto esquisito ou requintado das caprichosas senhoritas, a quem a emulação e a competência tornam mais difíceis e impertinentes! Os

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sapateiros, alfaiates, costureiras, e modistas não têm mãos a medir; e a urgente e pesada tarefa abrange ordinariamente todo o curso das novenas, e só expira com o último dia da festa. O leitor sisudo e imparcial, mormente o que tem família, terá sem dúvida e por muitas vezes feito sérias reflexões sobre esta deliciosa calamidade, e sobre as suas imediatas consequências em relação à economia pública e privada. Devo, porém, declarar que no meio do geral bulício só Mr. Ory não tem sido muito incomodado; e se o assevero com tanta segurança é porque tenho estado em uma posição vantajosa para observá-lo. Aviados ou não os preparativos, no dia aprazado começam as novenas, anunciadas a girândola de foguetes, ao estouro das bombas, a toque de zabumba, e a repique de sinos, ao meio-dia em ponto na ermida da milagrosa virgem. É de notar que no Maranhão as festas públicas, quer religiosas, quer civis ou políticas, parece que nada valem sem foguetes, sinos, zabumbas, bandeiras, e ariris, acessório obrigado de quase todas elas. Todo o fiel católico romano sabe perfeitamente o que são novenas, e mais o nome pelo menos está indicando que são atos religiosos que se repetem nove vezes. Porém as dos Remédios têm esta particularidade, que se dividem em duas partes, a externa e a interna. Eis a externa. O povo, sem distinção de classe e condições, aflui logo ao anoitecer de todos os pontos da cidade, e ocupa promiscuamente o largo dos Remédios, uns de pé, outros sentados em bancos e cadeiras, uns parados, outros passeando, aqueles fumando, estes devorando doces, estoutros simplesmente conversando, e alguns até engolfados em silenciosa e gozosa meditação. Cada um vestido segundo o seu capricho. E a todos a lua ilumina, o vento refresca, e a poeira incomoda sofrivelmente. Reina por toda a parte o prazer e a cordialidade, e é quase geral a efusão dos bons sentimentos. Pelo que toca à manducação, há anos a esta parte têm os costumes sofrido uma bem sensível alteração. Dantes se improvisavam no largo doze ou mais barracas, com toldos de lona, em que os amigos da alimentação suculenta e abundante iam abarrotar-se de costeletas, lombos de porco, tortas de camarão, escabeches, guisados de peixes, e outras comidas desta feição; este ano, no largo, só deparamos com uma barraca triste e solitária. Há mais outra, a do Sr. Valença, a qual de envergonhada foi encantoar-se lá para os fundos da igreja. Nesta há cavalinhos-de-pau em que certa laia de amadores da equitação tem dado formidáveis corridas, e quedas estrepitosas e vitoriadas. A nossa progressiva e refinada civilização vai banindo esses focos de indigestões e borracheiras, e não sofre mais do que doces leves e delicados, as queijadas, os bolinhos de amor, os pães-de-ló de macaxeira, canudinhos, capelinhas, rebuçados, melindres, e suspiros, a que todo o mundo se atira, e que todo o mundo apenas rega com água pura do Apicum, salvas sempre as honrosas exceções dos fiéis cultores da antiga lei, que continuam a concorrer às solitárias e envergonhadas barracas. Para aviar a enorme massa de consumidores de massas, uma extensa fila de doceiras circula o largo em todas as suas direções, sentadas em cadeiras, costas ao mar, a face para a multidão, e adiante de si, sobre pequenas bancas, os tabuleiros atestados de doces de toda espécie, quartinhas d’água, e a competente lanterna acesa. Estas com as duzentas lanternas produzem uma maneira de iluminação quase à flor da terra, que não é dos espetáculos menos curiosos que ali se oferecem. Não ouso sondar o abismo do consumo e devoração de cada noite; o espírito recua salteado de horror diante do cálculo; baste dizer-se que os que têm a imprudência de passar o largo, à luz do dia imediato, o encontram alastrado e sórdido dos papéis de todas as cores que envolviam os extintos canudos e

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rebuçados, tão deliciosamente chuchurreados na véspera. Seria conveniente que os diretores futuros fizessem remover os despejos destas pacíficas batalhas noturnas, cuja vista é bem desagradável, sobretudo ao amanhecer do dia da festa. As doceiras de tabuleiro podem considerar-se as tropas ligeiras desta guerra gastronômica; mas além disso os particulares que moram pela vizinhança, ou que para ali se mudam nesta quadra feliz, fazem enormes encomendas de grossa e pesada munição para os seus bailes e chás; e nas lojas do palacete do comendador Fernando está assentado o quartel-general desta dulcíssima indústria. Refiro-me à confeitaria do imortal Condeixa, de que dentro em pouco me tornarei a ocupar. Em outras lojas do mesmo palacete embestegou-se o cosmorama do Sr. Gregório; os guinchos de um estropiado realejo forcejam por atrair os curiosos, que ali, por via de regra, não costumam ser de tão boa companhia, como no palacete da rua da Paz. A entrada custa meia pataca (cento e sessenta réis). No antigo alpendre de Nossa Senhora, e numa barraca erguida a poucos passos de distância, tocam alternadamente a música dos Educandos, e a banda de cornetas do Corpo Fixo. Nem a escolha nas peças; nem esmero na sua execução; os instrumentos parecem velhos e rachados, e estão certamente desafinados. Será prudente aplicar o ouvido e a atenção a outros objetos. Ah o balão! Já me ia esquecendo que o balão é também um ingrediente indispensável nestas festas; e o que subiu aos ares na noite de domingo, 5 de outubro do ano da graça de 1851, foi com antecipação anunciado em todos os grandes jornais desta nossa Babilônia, como obra de uma associação de artistas, e produto de uma subscrição nacional, ou provincial... bem se vê que a coisa se tornou séria, e toma todas as proporções gigantescas de uma empresa industrial, artística e científica. Era logo depois da novena; e mal que desatado das importunas prisões o engenhoso e sublime artefato arrancou altivo e majestoso para as etéreas regiões, mil basbaques, a um tempo, e por um só movimento concertado, ergueram ao ar os olhos e narizes, e os queixos estupefatos, e manifestaram de boca aberta a glória e o prazer que os possuía, por alguns minutos de extática admiração, de confuso murmurinho, e zumbido universal. Era pra ver e admirar como na volta vinham praticando sábios e profanos sobre o memorável acontecimento! Qual notava que desta feita não tocou como das outras na torre da igrejinha, antes foi direito seu caminho; qual as centelhas que despedia, as guinadas que dava, e o rumo que tomou; qual enfim que era todo de papel branco, com bordados de verde bem no centro. [...] (Obras de João Francisco Lisboa, vol. 4, 1865) JORNAL DE TIMON - Timon a seus leitores Pois que Timon, saindo do seu obscuro retiro, ousa erguer a voz para censurar e afear o vício e o crime, fazer humildes advertências, e dar modestos conselhos aos que paulatinamente nos arrastaram à situação deplorável e vergonhosa em que atualmente nos achamos, pede a justiça que ele também por seu turno compareça perante o tribunal, responda às acusações que lhe fazem, e dê razão de sua pessoa, atos, palavras e doutrinas. Tendo encontrado nos seus colegas da imprensa, e no público em geral, um acolhimento e favor que revelam mais indulgência que justiça, e vão em todo caso muito além do acanhado merecimento do autor e da obra, Timon contudo tem dado assunto e ocasião a críticas, censuras, juízos e apreciações, mais ou menos benévolas, mas nem sempre exatas e fundadas.

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Tal nota o tom de desalento que reina em suas páginas, e o desgosto que manifesta acerca das cousas e dos homens; tal outro o fatalismo das suas doutrinas. Este o argúi de implacável adversário, senão do sistema eletivo em geral, pelo menos das eleições democráticas e do voto universal; aquele critica o seu indiferentismo, egoísmo, panteísmo político, que sei eu? até não falta quem nos quadros que esboça da virtude oprimida e do vício triunfante, veja o oculto pesar de um coração ulcerado pela ingratidão dos partidos, e ouça os derradeiros gemidos de uma esperança que se fina... O mal é patente, dizem, ninguém o contesta. Mas por isso mesmo que ele existe, é que há mister combatido, sempre, e por toda parte. Se atarmos os braços a vãos receios e esperanças, deixando-nos atuar ao sabor dos acontecimentos, e aguardando que venha um novo Moisés com a mágica varinha abrandar o rochedo, e operar o milagre da regeneração, ficaremos para todo sempre transviados no deserto, sem jamais pôr os pés na cobiçada terra de promissão. Tentemos responder a todas estas críticas amáveis e benévolas, que em nada alteram, antes redobram, se é possível, o profundo reconhecimento do autor. Sem dúvida, a mais elevada filosofia no-lo ensina, e Timon o não ignora, o homem foi nascido e criado para o trabalho e para a luta, com que desvie e vença o mal de um lado, e atinja o bem e a perfeição de outro. E por mais que as decepções se multipliquem, nunca deve ele deslembrar que sendo a missão de servir aos seus e à pátria, quase imposta pelo céu e pela natureza, o descorçoamento vem a ser uma verdadeira impiedade. Para encher satisfatoriamente os nossos deveres, e achar na terra a paz e quietação a que aspiramos, e a aprovação da própria consciência, é mister que desempenhemos a tarefa que nos foi dada, sem ter conta com o êxito dos esforços empregados, porquanto o dever é cousa perfeitamente independente e distinta do resultado e bom sucesso. Além de que, a ineficácia das lutas do homem para o bem, é muitas vezes aparente, pois não é raro que uma estrondosa posto que tardia reparação venha por fim coroar as suas fadigas, c recompensá-lo das contrariedades, repulsas e baldões sofridos. Fais ce que dois, advienne que pourra - diz o antigo provérbio francês. Não é pois sobre este ponto que podem ocorrer dúvidas, a dificuldade toda consiste em apurar em certas circunstâncias dadas onde esteja o dever, se na intervenção, se na abstenção. Um dos característicos da época é a ambição arrojada, o orgulho, a temeridade, a presunção e o desvanecimento, imaginando cada um de si que nasceu e foi sorteado pela natureza para dirigir os outros, que é azado, cabal e poderoso para a tudo tentar e pôr por obra. Estes tais, e os que se sentirem, e forem realmente animados do fogo divino, lancem-se muito embora na arena, e caminhem desassombrados até onde os seus destinos os guiarem. É sem dúvida grandioso e digno espetáculo o do patriotismo e do talento que, através de todas as dificuldades e perigos, procuram servir o país, satisfazendo ao mesmo tempo as aspirações de uma legítima ambição; e é certamente muito mais glorioso e nobre reprimir, moderar, dirigir e utilizar as paixões humanas, do que votar-lhes um desprezo impotente e estéril, de que elas zombam em seu curso triunfante e desregrado; mas nisto como em tudo mais, deve cada um, recolhido em seu conceito, pesar séria e maduramente as próprias forças, e verificar a sua aptidão e capacidade, sob pena de não só perder-se inutilmente, como de prestar novos alimentos ao fogo devorador da imoralidade. A força sem conselho desaba com o próprio peso, disse o poeta. Vis consili expers, mole ruil sua. Ora Timon, pouco confiado senão tímido e pusilânime por temperamento, algum tanto experiente em nossas cousas, e escarmentado em tantos exemplos alheios,

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não se sente de nenhum modo inclinado a associar-se aos nossos partidos, conhecendo que de todo lhe falecem as forças e aptidões indispensáveis para corrigi-los e guiá-los ao bem. No meio destas pequenas facções não vejo a pátria. Pesar, sentimento de esperanças fraudadas, não os sente Timon; desalento e desgosto, sim, se o entendeis pelo tédio e repugnância que lhe inspiram o espetáculo e os atores. Não que todos os homens políticos se arremessem na arena, arrastados pelos instintos de uma organização perversa, para darem satisfação às paixões desregradas que os agitam; mas é que ninguém pode respirar impunemente a atmosfera corrupta dos partidos. Ela não fulmina instantaneamente com a morte, como no funesto vale de Java, os desventurados que têm a imprudência e temeridade de penetrá-la; mas ficai crendo que manso e manso, e aos pedaços, todos ali vão deixando o brio, o pundonor e a virtude, que constituem a vida moral do homem. Os homens de bem que na carreira pública buscam dar emprego honesto a seus talentos e atividade, e arriscam a perigosa aventura dos partidos, reconhecem e confessam sim a imoralidade deles, mas sempre seguros de si, e confiados no influxo de uma estrela benigna, presumem que vão dar na balança um peso decidido contra o mal, e farão por fim tal e tamanho bem e serviço, que ficarão mais que muito compensadas as humilhações que são, e a todos se anotam inevitáveis. Turvada a mente por tais idéias, fascinados por esta esperança falaz, e arrastados por uma doutrina perversa, pregada sem rebuço, justificada por eminentes e numerosos exemplos, e coroada por tantos resultados felizes, ei-los caminhando de transação em transação, de concessão em concessão, sacrificando agora um, depois outro princípio, hoje os escrúpulos de uma simples delicadeza, e amanhã tudo quanto há de grave, respeitável e sagrado na vida. O mal que a princípio é encarado com estranheza e horror, já o toleramos, dissimulamos e desculpamos nos outros; depois o aprovamos, e por fim o cometemos de nossa própria conta, e fazemos dele alarde e ostentação. Maculados de contínuo por contactos infames, a alma, o caráter, e ainda o mesmo talento se apoucam, depravam, aviltam e rebaixam a um grau tão ínfimo, que nos encheria de horror se desde o primeiro passo na carreira fatal tivéssemos podido entrevê-lo. E o fantasma que enxergávamos nos prestígios da diabólica miragem, e nos sustinha no curso destes vergonhosos sacrifícios, cada vez se afasta para mais longe, até de todo esvaecer-se, deixando-nos só o pesar e o remorso da fadiga e do crime, igualmente inúteis; senão é que endurecidos pelo mesmo crime, chegamos até a gloriar-nos da própria degradação? Falta a Timon essa flexibilidade que sabe amoldar-se a todas as situa-coes; e falta-lhe sobretudo a mola poderosa de ambição, a força, energia e atividade, bem como todas as esperanças e ilusões que ela gera; e eis porque, no estado das cousas, e segundo o juízo que delas forma, entende ele que o seu dever é abster-se; que assim conserva ao menos intacto o único patrimônio que possui, o da integridade do seu caráter. Sem a orgulhosa pretensão de reprimir o mal, e convertê-lo em bem, que há aí de mais lógico e natural do que o seu retiro e apartamento dos públicos negócios, abandonado por uma vez o empenho perigoso e inútil de discutir e conciliar os interesses variados, recíprocos e encontrados de concidadãos que não solicitam, antes de muito bom grado dispensam o auxílio dos seus conselhos? No silêncio e retiro da obscuridade, ocupado, como Erasmo, a corrigir provas de imprensa, ou desempenhando outros deveres igualmente obscuros e modestos da vida privada, esquivando o comércio da multidão, Timon, como em porto abrigado da tormenta, escapa mais facilmente ao turbilhão dos maus costumes, que a nossa vista, e a roda de nós, envolve e arrebata tantos outros que fatigam as cem bocas da fama, e trazem cheio o universo do ruído dos seus nomes.

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Quererá isto dizer que Timon é indiferente ao bem e ao mal, à opinião e estima dos seus contemporâneos, desprezador, enfim, de homens e deuses? Longe disso, ele preza e reconhece todas as provas de uma consideração fundada em motivos reciprocamente honestos, puros, desinteressados e espontâneos. Fazer-se porém humilde solicitador e vil cortesão das paixões poderosas e triunfantes; prestar as mãos as torpes baixezas com que tantos se alçam as maiores honras; enredar-se em uma palavra nas tortuosas veredas que guiam ao poder, é o que lhe não sofre o ânimo. E todo o seu orgulho e egoísmo está em pedir de contínuo à Providência que o sustenha as bordas do vertiginoso abismo, e na próspera como na adversa fortuna lhe dê a força necessária para resistir às tentações do mal. Porém mesmo a pretendida inação e egoísmo de que o argúem, o seu proceder e isolamento podiam ser um exemplo; e são decerto, com as páginas modestas que publica, um protesto formal contra o proceder oposto. Receiam acaso amigos e adversários que este exemplo seja contagioso, e que desencaminhado e seduzido por ele, o tropel dos combatentes abandone as armas, e deserte o campo? Temor vão a pueril! Nesta abstenção o que contemplam todos é um competidor de menos, e um lugar vago de mais, para ocupar o qual se mostram e oferecem de toda parte, e em cardumes, talentos não vulgares, eminentes capacidades, e corações ardentes de fé, entusiasmo e dedicação. Uno avutso, non deficit alter. Seja. A nobre e verdadeira ambição antes se veja frustrada, que satisfeita por tais meios; e àqueles que o suspeitam devorado pelo pesar, Timon responde que ama mais entranhar-se na rude, austera, apagada, mas não vil tristeza de que nos fala o grande épico português, do que evaporar-se nos gozos e alegrias dos efêmeros e ignóbeis triunfos que todos os dias passam diante de seus olhos, como fantasmas vaporosos que se dissipam ao menor sopro. Não encerrarei o capítulo sem responder a duas outras acusações não menos graves, posto que menos públicas. Timon, dizem, faz nos seus retratos alusão a personagens da época, e desdoura a sua pátria, pintando-a tão corrompida. Meu Deus! que culpa tem o pobre escritor de que a ociosidade, a malícia, e porventura a voz de algumas consciências pouco tranquilas, acusem alusões positivas e intencionais, onde não há senão pinturas gerais, em forma de retratos, dos costumes, extravagâncias e desconcertos da nossa sociedade? Timon nega toda intenção semelhante, que seria isso ir diretamente contra os seus fins, e frustrar com bem pouco aviso todo bom resultado que de seus esforços podia razoadamente prometer-se. Pelo que toca ao descrédito e difamação da terra que nos viu nascer, não tenho admiração para o vício pudibundo, que cora até a raiz dos cabelos, e cobre com as mãos ambas o rosto turvado de uma ingênua e amável confusão! Mas quem ousaria, a não serem os cúmplices do mal, os culpados impenitentes e relapsos, quem ousaria negar, encobrir, ou ainda simplesmente dissimular a degradação e opróbrio a que temos chegado, e hão feito de nós a fábula e o baldão da corte e do império todo, da corte especialmente, que a tantos respeitos nos trata com o desprezo de que somos dignos? Consiste porventura o patriotismo, ou o provincialismo, em negar impudentemente uma verdade conhecida por tal, ou antes confessar nobremente o mal, e da grandeza dele tirar motivo e ocasião para reclamar a emenda e reforma a grandes brados? O que nos desonra e avilta é a corrupção e o vício, são as recriminações apaixonadas das facções, não a exprobração severa, imparcial e desinteressada que Timon arremessa sem hesitar a face de todas elas, e da qual se sente por antecipação absolvido no tribunal de uma opinião esclarecida, como já o está pela sua própria consciência. (Obras de João Francisco Lisboa, p. 195-19, 1865)

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Finalizando, quero enfatizar a necessidade e importância dos registros históricos, lembrando, no entanto, a dificuldade da apreensão de todos os aspectos de cada objeto de pesquisa, principalmente daqueles das Ciências Sociais e Humanas. Isso se deve a múltiplos fatores, mas, principalmente, à dimensão subjetiva, tanto do observador quanto do objeto observado, que, entre outras conseqüências, resulta em interpretações distintas e até mesmo antagônicas de diferentes observadores em relação à mesma situação, sociedade ou pessoa. Pressionado pelos compromissos profissionais e sociais e por uma louca corrida em busca de sucesso material, ainda que não sobre tempo para desfrutá-lo, persegue-se a felicidade do ‘ter’ esquecendo-se de que há outros tipos de felicidade como a do ‘ser’ e a do ‘fazer’. Assim, este Elogio não teria sido possível sem uma boa dose de agressão aos comportamentos convencionais e, sobretudo, sem muitos sacrifícios familiares e pessoais. Mas é, também, fruto da indispensável colaboração de pessoas e instituições que ensejaram recursos de naturezas várias para sua elaboração. Por fim, quero reafirmar a alegria que este momento me proporciona e prometo dedicar-me também ao engrandecimento desta Casa. Todavia, necessito fazer ainda alguns agradecimentos: Em primeiro lugar, a todos aqueles que me ajudaram na tarefa de investigação dessas renomadas figuras da história, cultura e educação no Maranhão, mas, em especial, ao Professor Leopoldo Gil Dulcio Vaz, Secretário Geral da ALL e ao Padre Raimundo Gomes Meireles. Devo anotar, igualmente, as contribuições recebidas da Universidade Federal do Maranhão, onde obtive informações complementares de que me vali neste relato. Meus agradecimentos, enfim, aos colegas docentes e administrativos do Departamento de Direito, aos meus alunos, responsáveis pela minha dedicação e inspiração acadêmica. Aos milhares de trabalhadores, objetivo maior de toda esta atividade acadêmica, por contribuir com os fatos históricos maranhenses. A todos os amigos, colegas de trabalho e colegas de estudos, cujos nomes não posso transcrever pelo receio de cometer a injustiça de deixar de mencionar algum. Contudo, tenho a certeza de que cada um saberá identificar meu obrigado na descrição de todas as atitudes afetuosas recebidas nesse período. Agradeço-lhes, assim, a cessão dos textos mais inacessíveis; o envio das mais recentes decisões adquiridas nos meios acadêmicos sobre o assunto estudado; o esclarecimento das minhas dúvidas; as boas vibrações emanadas; os momentos de desabafo; as palavras de encorajamento nos momentos de desânimo; e a compreensão diante das inúmeras recusas aos reiterados convites. Aos confrades e confreiras aqui presentes, que tão gentilmente compartilham comigo e engrandecem este momento vivido por todos nós. Permitam-me mencionar, por fim, o encorajamento e o auxílio que recebi de minha família, a despeito do desmensurado e injusto sacrifício que lhes impus e que só foi superado pelo grande amor que dedicamos uns aos outros e pela compreensão que se busca ter dos problemas do presente e do futuro. A eles e a meus pais, ‘in memoriam’, a saber: Raimundo Campos, meu amado pai, a Nadir Campos, minha amada mãe, à minha amada esposa Mary, que, apesar de não estarem presentes hoje, neste plano, estão sempre presentes no meu coração; aos meus filhos, Andreia, Adriana, Rafael, Luciana e Fábio, e aos meus netos, Camila, Beatriz, Gabriela, Gabriel, Rafaela, Nicolas e Miguel,

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por existirem em minha vida; também aos meus queridos irmãos e irmãs, meus sobrinhos e às minhas sobrinhas, por estarem sempre ao meu lado. Sinto-me, também, com o dever de anotar as contribuições voluntárias da querida e amada Professora Ildete Pinheiro Dominici, com a sua experiência, pela maneira como conduziu o grande incentivo, sacrificando, frequentemente, a privacidade em seus horários de trabalhos, com a paciência com que sempre me atendeu, quer pessoalmente, quer por telefone, até mesmo em sua residência. Agradeço-lhe pelo grande estímulo à minha veia acadêmica, seja pelo elogio, seja pela crítica, além da constante confiança, e pelas preciosas considerações feitas na ocasião adequada. Continua sendo, no entanto, demérito exclusivamente meu, as falhas que ainda persistem e que sei não serem poucas. Infelizmente, deve-se perseguir o ótimo, mas tenho que me contentar com o satisfatório. Por fim, mas, principalmente, agradeço à energia cósmica, que alguns chamam de Deus, a força, serenidade e concentração a mim proporcionadas, as quais me possibilitaram superar todas as intempéries ocorridas durante a redação deste Elogio ao meu patrono João Francisco Lisboa. Obrigado! REFERÊNCIAS BOGÉA, Kátia Santos; RIBEIRO, Emanuela Sousa; BRITO Stella Regina Soares de. Arquitetura e arte religiosa no Maranhão. São Luís: 3ª Superintendência Regional/IPHAN, 2008. CANEDO, Eneida Vieira da Silva O. Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão: Patronos e ocupantes de cadeiras. São Luís:PORTGRAF, 2005. STUDART, Guilherme. A relação do Maranhão, 1608, pelo jesuíta Padre Luiz Figueira enviada a Cláudio Aquaviva. In: Revista do Instituto do Ceará. 1887, Tomo I, p. 97- 138. Recuperado de http://www.institutodoceara.org.br/ [consulta: 01.11.2010]. STUDART, Guilherme. A relação do Maranhão pelo Pe. Luis Figueira. Dirigida ao Propósito Geral da Ordem de Jesus Cláudio Aquaviva. In: Documentos para a História do Brasil e especialmente a do Ceará 1608-1625. Fortaleza: Typ. Studart, 1904. Colleção Studart, v. I. Recuperado de http://www.institutodoceara.org.br/ [consulta: 01.11.2010]. STUDART, Guilherme. A Relação do Maranhão, 1608, pelo jesuíta Padre Luiz Figueira enviada a Cláudio Aquaviva. In: Três documentos do Ceará Colonial. Fortaleza: Departamento de Imprensa Oficial, Coleção História e Cultura dirigida pelo Instituto do Ceará, 1967. Recuperado de http://www.institutodoceara.org.br/ [consulta: 01.11.2010]. GALLANTI, Rafael. História do Brasil. 2ª ed. São Paulo: Duprat & Comp. 1911, tomo II e III. GALLANTI, Rafael. História do Brasil. 2ª ed. São Paulo: Duprat & Comp. 1911, tomo II e III. NUNES, Joaquim José. Compêndio de Gramática Histórica Portuguesa. 9ª. Lisboa: Clássica, 1989. Recuperado de www.filologia.org.br [Consulta: 01/11/2010]. FIGUEIRA, Luís. Arte da Lingua Brasilica, Composta pelo Padre Luis Figueira da Companhia de IESV, Theologo, Lisboa, Oficina de Manoel da Silva, 1621.

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FIGUEIRA, Luis, p., 1573-1643 (1687) Século XVII. Arte de grammatica da lingua brasilica, Do P. Luis Figueira, Theologo da da Companhia de JESVS. (MIGUEL DESLANDES, LISBOA, 1687) (4 fls. prels. não nums., 167 (+1) p. (Erro de paginação: 30 i. e. 130). [ ](4) A-K(8) L(4)). LEITE, Serafim, S.J., Luis Figueira. A sua vida heróica e a sua obra literária, Lisboa, 1940 (onde se publicam, à excepção da Arte da Lingva Brasilica, as obras referidas supra e outras). Recuperado de http://www.institutodoceara.org.br/ [Consulta: 01.11.2010]. LIMA, Carlos de. Caminhos de São Luís: ruas, logradouros e prédios históricos. São Paulo: Siciliano, 2002. POMPEU SOBRINHO, Thomaz. Relação do Maranhão: Introdução, Notas e Comentários de Th. Pompeu Sobrinho. In:Três Documentos do Ceará Colonial. Fortaleza: Departamento de Imprensa Oficial, Coleção História e Cultura dirigida pelo Instituto do Ceará, 1967. Recuperado de www.filologia.org.br [Consulta: 01/11/2010]. XIMENES, Expedito Eloísio. Relação do Maranhão ou certidão de nascimento do Ceará: necessidade de uma edição crítica. Recuperado de www.filologia.org.br [Consulta: 01/11/2010].

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ALL NA Mテ好IA Mテ好IA

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O ESTADO DO MARANHÃO – PH REVISTA – 02/11/2014

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O ESTADO DO MARANHÃO – PH REVISTA – 02/11/2014

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EXPOSIÇÃO FRANÇA EQUINOCIAL PARA SEMPRE. Na Casa de Cultura Huguenote Daniel de La Touche A Casa foi inaugurada dia 8 de setembro, data da fundação de São Luís por Daniel de la Tousche.

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VIVA ÁGUA COMEMORA 30 ANOS COM FESTA JORNAL PEQUENO – CADERNO DE TURISMO – 05/12/2015 – P. 4 E 5

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Os autores, Leopoldo e Denise, com o biografado, Dimas

Leopoldo, Liane (sobrinha-neta de Dimas), Dimas, o biografado

Leite e o Biografado, Dimas, no momento do aut贸grafo.

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No coquetel, DAVI GIL, CAUÊ, REGIANINHA, DELZUITE, e PEDRO LUCAS

DIMAS e Filhos: Letícia, Silvana, Denise, Viviane, e Helio

Osvaldo e Denise (coautora) seu tio e o pai, Dimas

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Emílio (Judô), J. Alves (Jornalista), Cláudio Vaz (Alemão), Eduardo Telles, e Dimas

Os autores, Denise e Leopoldo

Zizidoro & Dimas

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CADERNO PH – O ESTADO DO MARANHÃO – 07 DE DEZEMBRO DE 2014

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ÁLVARO MELO CIDADÃO DE SÃO LUIS

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LAURA ROSA – UM OLHAR PARA UMA IMORTAL (NÃO SÓ DA AML…) BLOG DO LEOPOLDO VAZ • quinta-feira, 02 de outubro de 2014 às 15:53 http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2014/10/02/laura-rosa-um-olhar-para-uma-imortal/

Logo mais ao cair da tarde, início da noite – ou na boca da noite, como se diz -, a nossa vetusta Academia Maranhense de Letras – AML – estará recebendo a pesquisadora Profa. Dra. Diomar Motta para uma palestra que versará sobre nossa poetisa Laura Rosa. Provavelmente, não me farei presente. Nessa hora tenho já outros compromissos e perderei, certamente, uma grande exposição sobre a vida e obra dessa mulher, a primeira a ocupar um lugar na AML. Meu interesse se dá em função de que Laura Rosa é a patrona da cadeira 24 de nossa novel Academia Ludovicense de Letras – ALL – ainda não ocupada. Assim como em nosso Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM – ocupou a cadeira 1, patroneada por Claude d´Abbeville, e hoje da poetisa Dilercy Aragão Adler. Do livro do IHGM – Patronos e Ocupantes de Cadeiras (Vaz, Leopoldo Gil Dulcio Vaz; Reinaldo, Telma Bonifácio dos Santos – organizadores – e disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/perfil_dos_socios_-_patronos_-_volu), temos: Laura Rosa dos Reis Por José Ribamar Seguins Ingressou no IHGM como funcionária da Biblioteca Publica do Estado, então colocada à disposição do então Secretario de Cultura, Dr. Jomar Moraes, para com sua dedicação e conhecimento especiais zelar e cuidar na reconstituição da biblioteca do Instituto com o aproveitamento dos seus livros e documentos. Mais tarde foi eleita para o quadro de sócios do mesmo Instituto passando a ocupar a cadeira no. 1, patroneada por Claude D´Abeville e primeiros ocupantes Pe. José Maria Lemercier, Jerônimo José de Viveiros, e Monsenhor Ladislau Papp. Laura Rosa é uma mulher romântica contemplativa, solitária. Ama a natureza, de inteligência e imaginação privilegiadas. É sobrinha do escritor maranhense Lucano Duarte dos Reis, o autor de Escombros. Sobrinha-neta, também, de Luis Gonzaga dos Reis, respeitado professor do tradicional Liceu Maranhense, onde ocupava a cadeira de Química. Ela tem pronto a publicar três livros de poesias: São Luis de outrora; Por longos caminhos. Mas o seu trabalho maior está contido no livro Vida e obra de Lucano Reis, prefaciado pelo escritor Clovis Ramos e pelo saudoso escritor Travassos Furtado, respectivamente. (in SEGUINS, José Ribamar. MULHERES NO COMANDO. São Luis, s.e.; s.d., p. 100-101).

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Wilson Ferro, em suas “SUGESTÕES DE NOMES PARA COMPOREM O QUADRO DE PATRONOS DE CADEIRAS (1 a 40) DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS (ALL) I – LUDOVICENSES: a) Autores mais antigos (neoclássicos e românticos) apresenta para a cadeira 25, Laura Rosa (01.10.1884 -14.11.1976) – Obras: Promessas (contos); Castelos no ar (poemas inéditos). Em “BREVE OLHAR SOBRE A LITERATURA LUDOVICENSE” (Vaz, Leopoldo Gil Dulco) está registrado: Para o Plano desta Antologia da Academia Ludovicense de Letras [...] e em homenagem à participação feminina na construção da literatura ludovicense [...] Buscamos a justificativa em destacar a presença feminina em Silva (2009) 8, que afirma: ao longo dos cem anos de existência da Academia Maranhense de Letras, dos cento e quarenta e dois (142) membros, apenas oito (8) são mulheres. São elas: Laura Rosa, Mariana Luz, Dagmar Desterro, Conceição Aboud, Lucy Teixeira, Ceres Costa Fernandes, Laura Amélia Damous e Sônia Almeida. Corrêa e Pinto (2011) 9, ao lançarem olhar sobre a poesia maranhense contemporânea de autoria feminina - a safra poética das últimas décadas do século XX, a partir dos anos 80 -, identificam: Laura Amélia Damous, Dilercy Adler, Rita de Cássia Oliveira, Rosemary Rego, Geanne Fiddan, Andréa Leite Costa e Henriqueta Evangeline. A Academia Ludovicense de Letras, dentre seus membros – Patronos e Fundadores – possui seis Patronas, das Cadeiras: 08: Maria Firmina dos Reis – também Patrona da Academia, por isso “Casa de Firmina dos Reis”; 25: Laura Rosa; 29: Maria de Lourdes Argollo Oliver (Dilú Mello); 34: Lucy de Jesus Teixeira; 37: Maria da Conceição Neves Aboud; e 38: Dagmar Destêrro e Silva. Dentre as Fundadoras: ocupam: Cadeira 8, Dilercy Adler; Cadeira 30, Clores Holanda Silva; e Cadeira 31, Ana Luiza Almeida Ferro. Em março, quando da eleição de novos membros da ALL, foram indicadas e aceitas: Ceres Costa Fernandes, cadeira 34 patroneada por Lucy de Jesus Teixeira, indicação de Álvaro Urubatam Melo;

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SILVA, RENATO KERLY MARQUES. ACADEMIA MARANHENSE DE LETRAS: Produção literária e reconhecimento de Escritoras maranhenses. Dissertação de mestrado. Ufma, 2009. Disponivel em http://www.ppgcsoc.ufma.br/index.php?option=com_docman&task... 9 CORRÊA, Dinacy Mendonça; PINTO, Anderson Roberto Corrêa. POETISAS MARANHENSES CONTEMPORÂNEAS. Revista Garrafa 23, janeiro-abril 2011. Condensação/adaptação de “Teares da Literatura Maranhense: poetisas contemporâneas”. Relatório Final do Projeto de Iniciação Científica BIC-Uema/Fapema-2008/09 de Anderson Roberto Corrêa Pinto, bolsista/orientando da Professora Dinacy Mendonça Corrêa (Projeto TEARES DA LITERATURA MARANHENSE. Núcleo de Estudos Linguísticos e Literários. Curso de Letras/Cecen/Uema.

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Maria Thereza de Azevedo Neves, indicada por Sanatiel de Jesus Pereira, para a cadeira 13 patroneada por Artur Azevedo; Eva Maria Nunes Chatel, indicação de Ana Luiza Almeida Ferro, para ocupar a Cadeira 29, patroneada por Maria de Lourdes Argollo Oliver (Dilú Mello). No artigo publicado em O Estado do Maranhão, de hoje 02 de outubro de 2014, de Carla Melo (Caderno Alternativo), não constam esses dados. Apenas que ela ocupou uma vaga na AML… não sei se a palestrante fará referencias ao IHGM ou à ALL, em sua alocução de hoje lá na AML. Fica aqui, pois o registro…

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O PERIQUITO DE FARDÃO

JOÃO BATISTA ERICEIRA Publicado em O Imparcial, 15 de outubro de 2014 Próximo à eclosão do golpe de 64, a pretexto de combater a subversão e a corrupção, o poeta Ferreira Gullar esteve em São Luís. Os líderes do golpe, diziam-se defensores da democracia ameaçada pelos comunistas. Derrubaram o presidente João Goulart. Elegeram no Congresso, o general 0 Castelo Branco, atribuindo-lhe a missão de presidir as eleições presidenciais marcadas para 65. Como se sabe, golpes dentro do golpe impediram a realização da eleição. Os candidatos presidenciais cassados rumaram ao exílio. Estabeleceu-se a ditadura por vinte anos, sacrificando duas gerações. Deixou a lição: desconfiar sempre dos que dizem defender a democracia pela força das armas. A visita de Ferreira Gullar naqueles dias foi muito celebrada. Tratava-se de um maranhense que vencera no Rio. Destacara-se como jornalista, trabalhando no Jornal do Brasil. Em meados dos anos sessenta era o topo da carreira para qualquer profissional da área. Sobretudo para ele, menino criado nas ruas de São Luís, conhecido pelo apelido de Periquito. Jogava peladas, dividia bolas com Canhoteiro, considerado o melhor ponta-esquerda do Brasil. Durante a visita, discutimos a evolução de sua obra poética. Filiado ao concretismo em 56, migrou para o neoconcretismo em 59. Nós, da União dos Estudantes Secundaristas, festejávamos sua adesão à arte politicamente engajada, e a inserção no Centro Popular de Cultura-CPC da UNE. Repetíamos os jargões: “mas um dia o gigante despertou, e dele, um anão se levantou. Era um país, subdesenvolvido, subdesenvolvido...” Dizíamos, parafraseando seu livro de poesias, publicado em São Luís, em 1949:” Um pouco acima do Chão”. Agora, Gullar pisou no chão de verdade. O responsável pelo atraso do Brasil era o imperialismo ianque. Ceifador das nossas reservas. Remetia, através de suas empresas, lucros extraordinários para as matrizes no exterior. Maniquestícamente, dividíamos os políticos em duas alas: os entreguistas e os nacionalistas, alguns deles, aliados nossos, defensores de uma sociedade mais justa e igualitária. Ferreira Gullar, nascido José Ribamar Ferreira, era um dos nossos, punha o talento e criatividade artística a serviço da libertação do Brasil. E assim continuou. Foi presidente do CPC; em 66, assinou com Oduvaldo Viana Filho a peça “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. A luta contra o autoritarismo prosseguiu através do teatro, da poesia, do cinema, até a sobrevinda de outro golpe, o do Ato Institucional nº 5, levando-o a clandestinidade em 70, e ao exílio em 1971. Migrou para o Rio em 1951. Em episódio de 1950 negou-se a ler na Rádio Timbira nota acusando de subversivos os manifestantes contra a oligarquia vitorinista. Desempregado, transferiu-se para São dos Patos, bastião da Oposição, liderado pela

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prefeita Noca Santos, em companhia do desembargador Kleber Moreira. Lá conheceu o meu tio materno Quincas Bonfim, por ele retratado em um seriado da rede Globo. Kléber Moreira relatava o episódio: “dormíamos no mesmo quarto: eu, Ferreira Gullar e Quincas Bonfim. No dia seguinte, íamos a uma festa em Sucupira, perto de Mirador. Sonhei que caminhávamos os três, e o do meio, o mais alto, estava sem cabeça. Na hora de nos arrumarmos para ir à festa, lembrei-me do sonho, e vi que Quincas era o mais alto”. Disse-lhes: “não vamos a essa festa, vai dar problema”. Quincas respondeu: “que nada vamos para a festa”. Não deu outra, montaram uma confusão e o assassinaram a mando de um capitão da policia encarregado de amedrontar os oposicionistas. O alvo era Quincas Bonfim, alto, forte, e destemido. Em 1996, Gullar escreveu a biografia “Nise da Silveira, uma psiquiatra rebelde”. A biografada, ligada a corrente junguiana, dava aos sonhos valor considerável nas aplicações terapêuticas. É verdade, a vida mesmo não passa de um sonho, para ele, por nós inventado. No exterior entre 71 e 77, elaborou “O Poema Sujo”. Nova canção do exílio, considerada obra prima da literatura universal, escrita em Buenos Aires, entre maio e outubro de 75. É nome de Avenida em São Luís e de Teatro em Imperatriz. Recentemente a Academia Brasileira de Letras-ABL o elegeu para a cadeira 37. O historiador José Murilo de Carvalho relata: “foi uma longa luta para convencêlo. Os bons candidatos não precisam de Academia”. De acordo. Eles é que imortalizam a instituição. Quem imortalizou a ABL foi Machado de Assis. Sua primeira reação após a eleição: “meus amigos de vagabundagem em São Luís vão dizer, ih, é o Periquito de Fardão”. Considero seu poema “Um Instante”, o ponto de interseção entre o momento poético e o místico: “aqui me tenho/ Como não me conheço/ Nem me quis/ Aqui me tenho sem mim/ nada lembro nem sei/ à luz presente/ sou apenas um bicho transparente”. Penso: Periquito merece é o Nobel de Literatura. E não é bairrismo não. www.ericeiraadvogados.com.br

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ACCADEMIA INTERNAZIONALE IL CONVIVIO CARMELA TUCCARI A Promotora de Justiça Ana Luiza Almeida Ferro, membro fundador da Academia Ludovicense de Letras e sócia do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, participará da cerimônia de premiação da Accademia Internazionale Il Convivio, da Itália, a qual terá lugar na cidade de Giardini Naxos, na província de Messina, naquele país, no dia 26 de outubro. O livro Quando: poesias (São Paulo: Scortecci), da jurista e poeta, logrou o segundo lugar no Premio “Poesia, Prosa ed Arti figurative”, Sezione Stranieri, categoria "Libro edito in portughese", promovido pela academia referida. O concurso relativo ao Premio “Poesia, Prosa ed Arti figurative”, em sua edição 2014, teve 978 participantes, dos quais 892 eram italianos e 86 de outras nacionalidades (franceses, espanhóis, argentinos, portugueses, brasileiros). O júri foi composto por 25 membros de diferentes nacionalidades. Ao todo, concorreram 1263 obras. Ana Luiza é autora de mais de uma dezena de livros, a maioria obras de cunho jurídico ou poético.

Risultati finali Il Convivio 2014 Premio “Poesia, Prosa ed Arti figurative” e Premio teatrale “Angelo Musco” I partecipanti a questa edizione del premio, la quattordicesima, sono stati in totale 978, di cui 86 stranieri e 892 italiani. Le opere partecipanti 1263. La giuria era composta da 25 membri. Presidente onorario: Giorgio Barberi Squarotti.Presidente: Carmela Tuccari. Giurati: Giacomo Manzoni di Chiosca,Mauro Montacchiesi, Gaetano Zummo, Francesco Mulè, Tania Fonte, FrancescaLuzzio, Lucia Paternò, Norma Malacrida, Antonia Izzi Rufo, Nunzio razzera, Lucia Schiavone, Adriana Repaci, Giuseppe Manitta, Aurora De Luca, Robert Botto (Francia), Pina Ardita, Maggy De Coster (Francia), Frassino Machado (Portogallo), Maria José Fraqueza (Portogallo), Vittorio Verducci, Sabato Laudato, Maristella Dilettoso, Beatrice Torrente, Adalgisa Licastro. 1 Sezione Poesia Italiana. Primi premiati: 1)Muscardin Rita, Storia di un bambino soldato, Savona; 2) Spinnato Gaetano, Voglio parlarti, figlia, del mio paese antico, Mistretta; 3) Fleri Pierangela, Desiderio, Erice – Casa santa TP; 4) Giacobbe Carmela, Nei colori dell’anima, Gioia Tauro -RC; 5) Bassi Elisa, Tra la gente, Collecchio –Parma. Segnalazione di Merito: Bellanca Giuseppe, Quando, S. Cataldo-CL; Caranti Stefano, Come vorrei, S. M. Maddalena RO; Peloso Vallarsa Anita, Avevo un sogno nel cuore, Pescantina - VR; Pini Pierino, La strage, Montichiari-BS. Menzione d’onore: Apicella Aniello, Quando saremo vento sulle onde del mare, Bellizzi - SA; Mastroianni Angela, A un passo dalla soglia del cielo, Messina; Manzo Giovanni, Incontro con la quiete, Marino - RM; Peluso Augusto, Nell’umida sera, Asti; Pilo Luigi Antonio, Nere toghe in terra, Messina; Napolitano Sabatina, Ille mi par esse, Casalnuovo – NA; Peritore Lorenzo, Elogio Allá donna, Licata - AG; Naso Roberto Maria, Sono lì con te, Vibo Valentia; Lapiana Pietro, Solitudine, Borgia CZ. 2 poesia dialettale. Primi premiati: 1) Bettozzi Armando, Er contrappasso infernale, Roma; 2) Pappalardo Giuseppe, Sugnu vecchiu, Palermo; 3) Calvari Vittorio, 25 avril 1945, Campo Calabro. Segnalazione di Merito: Malambrì Giovanni, I veri sintimenti, Messina. Menzione d’onore: La Montagna Michele, L’urdemo poeta, Acerra –NA. 3 racconto inedito. Primi premiati: 1) Giuffrida Lina, Improvviso arcobaleno, Catania; 2) Mongibello Maria Teresa, Anagrammi, Aci S. Antonio – CT; 3) Di Girolamo Enza, Lotteria, Palermo; 4) Scuderi Mariella, Memorie dolci-amare, Tremestieri - CT; 5) Randazzo Nicotra Carmelita, Il treno della Memoria, San Pietro Carenza – CT. Segnalazione di Merito: Errera Bartolomeo, Chissà se ancora puoi ricordare, Erice –

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Casa Santa; Petralia Di Mauro Pina, Pioggia di cenere, Pedara – CT. Menzione d’onore: Sartor Antonio, Il commiato, Conegliano; Borrello Giuseppe, Zombie, Lamezia T.-CZ; Toscano Carmelina, Amore per procura, Biancavilla; Fedele Francesco, Smoking kills, Asti; Aliquò Filippo Maria, Miracolo o solo fortuna, Reggio Calabria. 4 Romanzo inedito. Primi premiati: 1) Filippone Nicola, Il cielo di Sicilia, Palermo; 2) Fiorentini Ornella, Dove si posano gli aironi, Ravenna; 3) Noviello Michele, 13° apocalittico, Bitonto - BA; 4) Diaz Giorgio, Città amara, Firenze; 5) Barberis Anna Maria, Il quaderno di Lucia, Torino. Segnalazione di Merito: Calce Vincenzo, Disabile abile dal sangue blu, Roma; Martin Giuliano, Claudia del lago, Zoppè di S. Vendemmiaio -TV; Nieddu Giovanna, Il narratore, Ovaro-UD. Finalisti: Muzio Alfredo, Breve racconto della recente storia d’Italia, Piazza Armerina; Di Grazia Sonia, Chiedi una storia, Latisana - UD; Lao Serena, Matilde, Palermo. 5 silloge di poesie inedite. Primi premiati: 1) Sorrenti Vito, I derelitti, Sesto S. Giovanni - MI; 2) Marzi Aldo, Le mie parole, Roma; 3) Lattarulo Alessandro, Perlustrazioni, Bari; 4) De Martino Caterina, Istanti fluttuanti, Catania; 5 ex aequo) Patanè Carmela, Malinconie nascoste in un cappotto, S. Teresa di Riva - ME; 5 ex aequo) Bruno Antonello, Un poeta, Messina. Premio speciale “Eugenio Montale”: Valaskova Sarka, Poesie, Praga (Repubblica Ceca). Segnalazione di Merito: Testa Francesco, Il nibbio, Firenze; Gazzola Rosanna, Se l’anima ha voce, Pistoia; Civello Palma, Attimi nei giorni, Palermo; Barbari Roberto, Figlie di Lesbo, Ponte della Priula; Plamenova Petkova Silviya, Senza cornice, Varna – Bulgaria. Finalisti: Nadalin Bruno, Poesie, Martellago - VE; Gambini Giuseppe, Ballo con la speranza, Torre del Greco - NA; Caruso Giuseppe, Frammenti della memoria, Paternò; Lunardi Evelina, Poesie, Sanremo; Marchetto Aldo, Poesie, Sanremo-IM; Dell’Acqua Nicola, Poesie, Bitonto-Ba; Bellia Liliana, Navigare… fra le onde dell’anima, Catania; Alberti Maria, Poesie, Barcellona ME. 6 libro poesie edite Convivio. Premio Il Convivio 2014: Consoli Santo, Nei giorni della tua vita, Catania; Bosco Armando, La giostra, Lentini; Carbone Rosaria, Fuoco di Luce, Riesi – CL; Maugeri Natale, La vita ai miei occhi, Riposto; Cangelosi Calogero, Randagio in cammino, Palermo; Baglieri Giusi, Ho seminato parole, Catania; Rossi Celant Piera, Vite negate, S. Lucia di Budoia – PN. 6 libro edito narrativa. Primi premiati: 1) Pessina Anna Gertrude, Solitudini, Napoli; 2) Basso Maria Pia, Noi due, Acireale CT; 3) Santini Alessandra, Alba letale, Roma; 4) Barcellona Giuseppe, Il sorriso di Hans, Palermo; 5) Casali Vittorio, Ancora insieme, Roma. Premio della giuria: Prisco Annella, Appuntamento in rosso, Napoli. Segnalazione di Merito: Marini Germana, Cin Cin alla beffarda vita, Vercurago - LC; Faletti Loredana, Variazioni feline, Aosta; Militano Agresta Enza, La fiaba del villaggio incantato…, Palmi – RC. 6 libro edito Poesia. Primi premiati: 1) Cerniglia Rossella, Penelope, Palermo; 2) Barbarulo Giulia Maria, L’anemone stellato, Capezzano - SA; 3) Mazzuca Emma, Quando Il cielo si inclina, Latina; 4) Maso Borso Maria Antonia, Solfeggio, Treviso; 5) Di Benedetto Raffaella, Canto lugubre, Montella – AV. Segnalazione di Merito: Pecman Bertok Alessandra, Cercando Ale, Muggia - TS; Ghezzo Giulio Dario, Un vivere di vento, Venezia; Traina Tino, Sopra l’erba, Partanna TP; Sciannimanico Nicola, Un soffio dell’anima, Roma. Menzione d’onore: Salustro Salvatore, Vita, Siracusa; Ferrante Francesco, Nto jardinu di l’amuri, Terrasini -PA; D’Angelo Sergio, Angoli introversi, Chiaramonte gulfi -RG; Vadalà Teresa, Sulle onde della vita, Messina. 6 libro edito saggio. Primi premiati: 1° per la saggistica letteraria: Di Lieto Carlo, Luigi Pirandello Pittore, Napoli. 1° per la saggistica storica: Mellace Giuseppina, Una grande tragedia dimenticata, Roma. 1° per la saggistica scientifica: Costanzo Santa-Scortegagna Renzo, La difficoltà di essere speciali, Padova. Segnalazione di Merito: Gipponi Laura, Il tesoro della Mente, Capralba – Crema. Menzione d’onore: Albano Giovanni, La teorizzazione della comunicazione poetica, Lipari – ME. 7 pittura scultura. Primi premiati: 1) Blondin Josette, Féérie terrestre, Biscarrosse – Francia; 2) Rizzo Caterina, Luci e colori, Pizzo-VV; 3) Nania Aurelia, Pittura, Reggio Calabria; 4) Bonfanti Adelaide, La natura si veste a festa, Airuno-LC; 5) Gonçalves Carlos Roberto, Barco de pescadores, Inhumas – GO Brasile. Premio speciale scultura “Antonello Gagini”: Malavolta Pietro, Profili, Folignano – AP. Premio Speciale per la pittura “Antonello da Messina”: Simone Maria Lidia, E.. guardai nelprofondo dilagante vuoto, Messina. Premio speciale per la fotografia: Galioto Grisanti Paola, Villa san Cataldo, Bagheria – PA. Segnalazione di Merito: Corsaro Rossana, Amore, Croce Vallanidi - RC; Barbaro Maria Eleonora, Fragranza d’ebano, Reggio Calabria; Barbagallo Gaetana, I sapori della mia terra, Catania; Oriolo Antonella, Prime luci, Catanzaro; Vasta Angela, Max, Catania; Colombo Carla, La magia di un nuovo tramonto, Imbersago- LC; Alibrandi Angela, Torre Faro, Messina. 8 Premio Angelo Musco. 1 Teatro dialettale siciliano. Primi premiati: 1) Schirinzi Italo, Cccà, ddà, sutta, supra, Piombini –LI; 2) Grasso Santo, A sorti du cumuni, Raddusa; 3) Noto Giovanni, La festa, Siracusa. Segnalazione di Merito: Serrentino Maria, Due angeli di serie C, Pachino; Pennisi D’Arrigo Giovanna, Amuri e brodu di ciciri, Acireale. 2 teatro inedito. Primi premiati: 1) Cirri Aldo, La chiamavano bocca di rosa, Roma; 2) Dalla Vecchia Aldo, Vita da giornalaia, Milano; 3) Guarneri Cirami Alberto, Il paese dei galantuomini, Caltagirone; 4) Cardella Antonella, La vendetta, Catania; 5) Mazreku Monique e altri, Vekki a ki?, Cassina de’ Pecchi – MI. Segnalazione di Merito: Spampinato Giambattista, Il bivio, Catania. Finalisti: Prospero Annamaria, La traccia, Latisana UD; Fava Daniela, Uma luce nel buio, Ispica -RG; Capizzi Francesca Eleonora, Lavare i panni, Sasso Marconi –BO. 3 teatro edito. Primi premiati: 1) Amodei Giuseppina, Il sipario smarrito, Piandiscò - AR; 2) Barbera Michele, Tutta colpa della libertà, Menfi -AG; 3) Piazza Roxas Gaetano, L’imperatore sta morendo, Catania. 9 opera musicata. Primi premiati: 1) Di Salvatore Rosamaria, Com voce di mimosa, Catania; 2) Canino Paola, Voglia di volare, Palermo; 3 ex aequo): Minetti Fulvia, Assolo del cuore, Profili, traccia n. 1, Roma; Stabile Maria, Cantu d’amuri, Vita – TP. Premio alla carriera: Lao Serena, Sira d’Austu, Palermo. Premio speciale per la tematica sociale “Falcone – Borsellino”: F. Billeci-D. Veca, Pizzu? Stu …azzu, Borgetto - (PA).

10 Sezione Stranieri. Libro edito portoghese. Primi premiati: 1 Narrativa), Trevisan Lauro, O Ultimo papa, Santa Maria – Rio Grande - Brasile; 1 Poesia), Antunes Elias, Chamados da Chuva e da Memoria, Taguatinga – DF - Brasile; 2) Almeida Ferro Ana L., Quando, São Luis – MA Brasile; 3) Damasceno Divino, Baù de Cinzas, Goias –

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GO – Brasile. Segnalazione di Merito: Del Maestro Humberto, Monologos intimos, Vitoria – ES brasile; Bourscheid Cleonice, Ave Passaro, Porto Alegre RS - Brasile. Poesia Portoghese. Primi premiati: 1) Raposo da Luz Amelia M., Rosas de Ferro, Brasile; 2) Miranda America, A poesia do silencio, Lisbona; 3) Dos Santos R. Luis Filipe, Quero…, Lisbona – Portogallo. Racconto Portoghese. Primi premiati: 1) Gonçalves Fr. Gracio, Vozes de sal, Odivelas – Portogallo; 2) Solomon Alexandru, Networking, San Paolo Brasile; 3) Patricio do Vale Natalia, Não quiero mais ser pobre!, Leça do Balio – Portogallo. Premio Speciale “Eugenio Montale”: Barros L. Marcus Tulius, Envelhecer, Vicente Pires – DF. Sez. Francese. 1° racconto) Blondin Mihaela, Lors des fêtes d’Hiver, Bruges - Francia; 1° teatro edito), Blondin Jean-Claude, L’orme de l’innocence, Biscarrosse - Francia; 1° teatro inedito), De Boer Jan, La leyenda de Libertad, St. Laurent de la C. – Francia. Sez. spagnola. Primi premiati: 1 ex aequo poesia) Sánchez Barea Ivonne, Musa, Granada – Spagna; 1 ex aequo poesia) Tocco Silvia, Carta a Ulises, Buenos Aires - Argentina; 1 racconto) Corcione Crescini Lidia, Bajo el sol, Cartagena – Colombia. 1 libro edito), Drese M. Cristina, Fuego y laberinto - Buenos Aires – Argentina Sez. Romena. Libro edito. 1) Popovici Lavila, Love story, Stati Uniti; 2) Florian Ileana-Lucia, Cercuri concentrice, Orastie - Romania; 3) Patrut Nicolae - Ileana Vlad, Mama… O lacrima de cer, Caras Severin - Romania. 11 Sez. Ragazzi. 1° ex aequo: Schenini M. de Lourdes, Diferente, Porto Alegre - RS Brasile; Druck B.Laura, Tons da vida, Porto Alegre – Brasile. Segnalazione di merito: Loreiro Bruschi Gabriele, O mar, Porto Alegre – Brasile. Premio speciale della Creatività: Zappalà Giuseppe, All’inizio era un paradiso, ora…, Villafranca – ME; Romeo Federica, Ipocrisia, Messina. Presidente della Giuria Carmela Tuccari

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REVISTA LUDOVICENSE - SÃO LUÍS 400/2012 *** Revista Ludovicense - São Luís 402/2014 ArtForum Internacional News, 26/10/2014*** ---- Cultura e Memória em Movimento ---

Congratulações à ludovicense Ana Luiza Almeida Ferro Hoje, dia 26 de outubro de 2014, Ana Luiza participou da cerimônia de premiação da Accademia Internazionale Il Convivio. Seu livro "Quando: Poesias", publicado pela Editora Scortecci, São Paulo, mereceu destaque no Premio "Poesia, Prosa ed Art figurative" 2014, Sezione Straniere, na categoria Libro edito in portughese. Essa academia está localizada na cidade de Giardini Naxos, província de Messina, na Itália. Essa importante premiação internacional é o resultado do concurso literário promovido pela Accademia Internazionale Il Convivio, que contou, neste ano de 2014, com a participação de 978 poetas e escritores, entre eles, 892 italianos e 86 participantes de diversos países, e 1263 obras de autores de diversas nacionalidades concorreram a esse premio. O número de obras que concorreram com essa premiação foi de 1263 e o júri contou com 25 membros de diversos países. Ana Luiza Almeida Ferro é promotora de Justiça, sendo titular da 14ª Promotoria de Justiça Criminal de São Luís-Maranhão; Membro Efetivo da Academia Caxiense de Letras -ACL; Membro fundador da Academia Ludovicense de Letras - ALL, Sócia Efetiva do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão-IHGM, ex-Presidente da Academia Maranhense de Letras Jurídicas-AMLJ, 2011 - 2013). A maranhense Ana Luiza Almeida Ferro é Mestre e Doutora em Ciências Penais.(UFMA), Professora de Direito no UNICEUMA; Coordenadora de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Direito e Professora da Escola Superior do Ministério Público do Maranhão. A acadêmica maranhense recebeu diversas premiações brasileiras e estrangeiras, e se destaca no cenário brasileiro, por suas diversas obras jurídicas, literárias e poéticas.

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SIOGE: PATRIMÔNIO DO MARANHÃO Do retorno de um baluarte cultural no governo Flávio Dino

PAULO MELO SOUSA Poeta, jornalista, pesquisador de cultura popular, Mestre em Ciências Sociais.

Em matéria publicada neste jornal no dia 17 de outubro passado, o escritor Herbert de Jesus Santos, jornalista aguerrido e preocupado com a cultura maranhense, levantou uma importante bandeira, conclamando o futuro governador do Maranhão, Flávio Dino, a ressuscitar o antigo Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado – SIOGE, que foi largado às moscas pelos governos anteriores. O prédio abrigava o maior parque gráfico do Maranhão, e prestou relevantes e incalculáveis serviços ao estado. Desativado desde 1997, o SIOGE funcionava em prédio localizado à rua Antônio Rayol, Centro Histórico de São Luís, e que se encontra, no momento, totalmente deteriorado, um crime patrimonial perpetrado contra o Maranhão. Situa-se ao lado do Mercado Central, outro logradouro público que se encontra, literalmente, em petição de miséria. Nesse contexto, é importante informar que o prédio no qual funcionou o SIOGE foi cedido pelo estado à Universidade Federal do Maranhão – UFMA, em acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. Segundo duas fontes fidedignas, em caráter irrevogável. Dessa forma, fica difícil a retomada do prédio pelo estado. No entanto, a proposta de reativação do SIOGE permanece de pé, pois independe do prédio em si. Outro imóvel pode abrigar o órgão, de preferência no Centro Histórico. Muita coisa apodreceu no rincão maranhense, resultado do descaso e da falta de visão de políticos míopes. Lembro-me que, em 1994, o meu primeiro livro de poemas foi publicado pelo extinto Plano Editorial SECMA/SIOGE, numa parceria que foi responsável pela revelação de muitos escritores maranhenses, e que hoje continuam em franca produção. A Secretaria de Cultura do Estado organizava o concurso literário em busca de novos valores, contratava a Comissão Julgadora e, após o resultado, o SIOGE ficava responsável pela publicação dos livros premiados. Uma sintonia que funcionou durante logo tempo. "Eu lembro que ainda peguei os últimos anos do Suplemento Literário O Vagalume. Era uma referência que se tinha de uma época onde conjuntamente existia uma diversidade de espaços se não para escoamento, mas para a produção de livros: Concurso Literário do Sioge, da EDUFMA, da SECMA, Concurso Literário Cidade de São Luís, Festival de Poesia Falada da UFMA, Festival de Poesia do Poeme-se. Enfim, havia uma esperança maior de publicarmos as nossas pretensões poéticas", declara o

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ator e escritor Dyl Pires, que hoje integra a “Companhia de Teatro Os Satyros”, de São Paulo. O suplemento literário “O Vagalume” ultrapassou as fronteiras do Maranhão. “Ele surgiu após as experiências das edições especiais do Diário Oficial Especial, numa iniciativa de Francisco Camêlo, que implantou a Equipe de Pesquisa e Jornalismo do Sioge, em 1983, coordenada por mim e composta pelos professores Maria José Vale de Oliveira, Alberico Carneiro e pelo jornalista e escritor Jorge Nascimento, que produziram durante cinco anos trabalhos de caráter científico e cultural. O Vagalume surgiu no final de 1988, com a mesma equipe, só que tendo como editor Alberico Carneiro”, informa o escritor Wilson Martins. A iniciativa elevou o nível cultural de várias gerações de maranhenses, não apenas aquela que publicou seus textos no suplemento, mas também as de pesquisadores ulteriores, que ainda hoje bebem nas águas desse mecanismo ímpar da Literatura Maranhense contemporânea. O prédio no qual funcionou o SIOGE se encontra em área de tombamento, também de responsabilidade do IPHAN, que pode e deve dar sua contribuição para a revitalização física do imóvel, inclusive com renovação de sua fachada, que antes foi coberta por azulejos modernosos, que nem de longe imitam os nossos azulejos portugueses originais. Por incrível que possa parecer, a Secretaria de Cultura do Estado tem, no Centro de Criatividade Odylo Costa, Filho, uma oficina de azulejaria que nunca foi posta de forma efetiva em funcionamento. Alguns profissionais que ali trabalham (dentre os quais o abnegado senhor Domingos) foram estudar em Portugal com dinheiro do estado, e sabem reproduzir com fidelidade os azulejos portugueses de outrora, os mesmos que ainda hoje adornam as fachadas de muitos de nossos prédios históricos, apesar do vandalismo e do roubo de muitos exemplares. Esses profissionais estão à deriva, e a produção, ali, é pífia. Esse problema é muito simples de resolver: a questão da recuperação da fachada do antigo prédio já estaria a priori equacionada no que se refere a este pormenor, bastando acionar, através da UFMA, a contribuição desses técnicos e especialistas. A revitalização do antigo órgão, o SIOGE é uma demanda antiga da classe artística maranhense, e a atual movimentação, capitaneada por Herbert Santos, tem o aval da maioria dos intelectuais contemporâneos do estado ou que moram fora do Maranhão. O governador eleito, Flávio Dino, é, além de um político já habilidoso, um homem sensível, que possui formação intelectual, e que é dotado de informação cultural, dono de sensibilidade, que sabe ouvir com discernimento. Temos certeza de que está atento a esta demanda, com relação ao SIOGE, cuja revitalização só lhe dará o respaldo de que veio para mudar, de verdade, o Maranhão, em todas as suas estruturas, das quais a cultura representa um dos mais imponentes pilares.

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É O MEU GURI

CERES COSTA FERNANDES PUBLICADO EM O ESTADO DO MARANHÃO, 16 DE NOVEMBRO DE 2014

Mães são seres de uma espécie diferente. Mesmo as mais pobres e ignorantes sonham o melhor para seus filhos. Daí, passarem a nomear seus pimpolhos com nomes nunca dantes existentes. Nomes inventados, compostos de outros nomes, nomes de artistas e de gente célebre, grafados à brasileira, tais como Edilamar, Maico Jequisson, Jon Kenedy, ou exóticos como Gleyson Keyllysson, Wilkerson Allison, etc. Querem descendentes com nomes diferentes.Talvez, sonhando um futuro de destaque. Algumas presenciam o momento de fama dos filhos. Não é bem como imaginavam: a “glória” se dá apenas nas páginas da seção policial. Vemos fotos de jovens, descamisados, de cabeça baixa alguns, com um sorrisinho cínico aquele lá, e muitos, muitos de costas ou com o rosto borrado: são os famosos “de menor”. E, ao lado do jovem meliante, vêm os belos e exóticos nomes escolhidos pelas mães? Não. Apenas os codinomes: rata prenha, porca preta, orelha, babão, gonorreia, fala na gaita, pateta e outros belos que tais. Elas escolheram com tanto cuidado e carinho o nome ilustre ou estrangeirado, para ver o filho, enfim famoso, vilipendiado com tais apelidos. Mas não disse que mãe é um ser estranho? Mesmo com os crimes hediondos comprovados, eles são os seus guris. Juram que “seus meninos” não são maus, só jogaram a gasolina e tocaram fogo na pequenina por um acaso. Mataram 30? Foram obrigados, não foi por mal, já prometeram não fazer mais. Não confessam, mas sabem e sofrem, quando veem os rapazolas, antes tão de casa e da família, cooptados pelas fações do Bonde dos 40 ou do PCM da Baixada. Até bem pouco, os heróis desses meninos eram o Batman, o Homem Aranha ou os lutadores de MMA. Agora, quem os fascina são os chefões do pó, do crime organizado, que para nosso azar é a única coisa organizada nesta terra. As mães captam as verdadeiras intenções dos chefões ao aliciar os seus meninos inimputáveis: vão usá-los como “bucha de canhão”. Orgulhosos, marcham à frente da tropa, obedecem ordens de dentro dos presídios de atear fogo em ônibus , com ou sem pessoas dentro, e assumem os homicídios perpetrados pelos veteranos. Assumem todos os riscos. E pior, confessam com orgulho que mataram, fizeram e aconteceram. São pegos e soltos em seguida; se, por acaso, são presos, vão parar em casas de “ressocialização”, ensinam tudo o que sabem para os que lá estão e que talvez ainda tenham recuperação e depois saem pela porta da frente. A impunidade os faz cínicos e valentes. Uma declaração de um outro de mente distorcida, diz que tencionava “matar o maior número possível de pessoas” até completar os 18 anos. Entendem o ECA como manual só de direitos e impunidades. Não desconfiam que estejam sendo usados para driblar a lei e livrar os chefes da cadeia. As mães silenciam e sofrem.

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Li uma entrevista feita com o jovem George Martins, o Negueba, homicida e assaltante. Ao ser perguntado qual era a sua facção criminosa, respondeu: “Eu sou do Bonde dos 40”... “Faço o que eles pedem porque quem entra uma vez não sai mais. Na verdade, é um caminho sem volta.” É isso aí. Caminho sem volta. Coagidos, usados, ameaçados, não podem recuar, serão mortos pelos próprios companheiros. É justo municiar os velhos bandidos com a carne jovem que eles põem em frente ao canhão para se defender? É isso que estamos fazendo, mais mal do que bem, negando a redução da maioridade a esses rapazes a partir dos 16. Os velhos e irrecuperáveis os deixariam em paz quando eles perdessem a função de escudo humano e bode expiatório. Seriam mais estorvo que ajuda. Ah, aí vão aliciar os de 15 para baixo, podem dizer. É mais difícil. A maioria ainda está sobre a influência da família e não é forte o bastante para enfrentar a guerra entre as facções. Há exceções, bem menos numerosas que as da faixa de 16 em diante. Ao lado do endurecimento legal, vamos ocupar os jovens, dar-lhes maiores condições de cidadania: escolas em tempo integral, cursos profissionalizantes, estágios remunerados, recrutamento para a prática de esporte etc. O crime deixará de ser tão atrativo a esses jovens sem a impunidade garantida. O valor de mercado dos menores nas facções vai baixar muito. A quem irão imputar os crimes? Isso resolve o problema da criminalidade? Não, mas diminui a impunidade. Não sejamos hipócritas, o jovem de hoje, municiado com informação, amadurece mais cedo. Crimes hediondos e homicídios devem ser duramente punidos não importa a faixa etária. Os menores, de qualquer idade que tenham cometido esses crimes não podem ser misturados com menores infratores em estabelecimentos tipo FUNAC. Devem ser julgados como adultos, sim, mas enviados para cadeias construídas especialmente para menores, separados por faixa etária e periculosidade, com oportunidades de trabalho e estudos, distantes dos que os juraram de morte. As mães agradecerão. A impunidade campeia. Bandidos com várias prisões, condenados por crimes de morte são soltos para passar em casa o Dia das Crianças!! Nosso sistema penal é muito leniente, não temos prisão perpétua, muitos facínoras tendo cumprido o sexto da pena, podem passar para o regime semiaberto, que é mais um engodo. A situação está tão distorcida que aceitamos o que acontece e temos receio de nos manifestar. É politicamente incorreto ser a favor do endurecimento das leis penais e a favor da maioridade penal. Falei de semiaberto? Em semiaberto estamos todos nós, os honestos e trabalhadores. Estamos todos presos, condenados a trabalhar de dia e voltar cedo para dormir na nossa casa-prisão, gradeada, com cerca elétrica e arames farpados. Com uma diferença, os incendiários, latrocidas, os estupradores, pedófilos, ladrões do dinheiro público, voltam em segurança para a sua cela e nós retornamos apavorados ao lar, sem saber o que nos espera na entrada. ceresfernandes@superig.com.br

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POR QUEM OS SINOS DOBRAM

SANATIEL DE JESUS PEREIRA Engenheiro Civil, Escritor, Pesquisador e Professor Associado da UFMA. Publicado no dia 24/11/2014 – Jornal O Estado do Maranhão. No período de um ano, alguns dos meus melhores companheiros de viagem partiram sem que eu tivesse lhes dado um último abraço. Certamente com as suas missões cumpridas e sem nenhuma vontade de ficar, deixaram-nos, afinal amanhã iremos nos reunir para formar o mesmo pó da terra que nos deu origem. Foram homens e mulheres notáveis, servidores da humanidade, que deixaram como rastro os seus exemplos e as suas obras. Na sua maioria, cultivaram a virtude que receberam, para devolvê-la acrescida de juros e correção monetária. Foram seres humanos que cresceram como as flores de lótus no interior dos organismos sociais que os receberam no seio, galgando os mais significantes patamares, sem perderem a condição de pessoas simples e enriquecidas de amor. Outro dia, no final da tarde, sentado em uma das últimas cadeiras de engraxate existentes na Praça João Lisboa tive a oportunidade e a alegria de ouvir os sinos da Igreja do Carmo dobrarem, saindo do silêncio em que se encontram na maior parte do tempo. Os sons ressoaram em meus ouvidos, fazendo-me lembrar de dois momentos interessantes que tive o privilégio de presenciar. Um mais antigo levou-me aos tempos em que nas nossas cidades interioranas os sinos dobravam quando alguém falecia na comunidade. O outro momento mais recente, que me deixou emocionado, foi em Sevilha, na Espanha, quando os carrilhões de uma das mais antigas igrejas do mundo, banharam toda a Terra com seu som inebriante, desdobrando-se em notas musicais. Já foi o tempo em que os cristãos importantes ou comuns tinham a hora da sua morte anunciada pelos sinos empoleirados nas altas torres das igrejas. O som choroso das badaladas dos sinos emudecia o povoado em respeito àquele que deixava a Terra, depois de realizar a sua missão, indo para o Céu. Os sinos marcavam o início de um longo ritual que ia do ato de velar o corpo até o momento de depositá-lo em sua morada final, no seio da Terra. Durante esse período, havia tempo para orar, chorar e contar as boas ações que haviam sido realizadas por aquele que partia. Em algumas comunidades do Maranhão, ainda se leva em cortejo o corpo até o campo santo, acompanhado por uma laboriosa orquestra de instrumentos de sopro, que toca o réquiem de despedida. Meus amigos, aqueles que se foram, não tiveram a honra de fazer dobrar os sinos de nenhuma igreja, para anunciar aos Céus que alguém importante perante Deus partia deste mundo, porque realizara a sua missão com sucesso. Somente o som das palmas de agradecimento daqueles que os carregaram para entregá-los ao solo materno foi ouvido no campo santo.

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Há dez anos, em uma notável noite de autógrafos de lançamento do primeiro volume do livro São Bento dos Peris, do confrade Álvaro Melo, os sinos da Matriz dobraram naquela ocasião, por ordem e graça do Bispo da Diocese, para louvar tão magnífico feito de um gentil homem da terra. Entretanto, esse fato quase gera uma polêmica entre este que lhes escreve e o padre residente naquela época no município de São Bento, que entendia não ter a igreja qualquer ligação com a Academia e suas manifestações. Nessa oportunidade, procurei fazê-lo ver que tradição e cultura estavam umbilicalmente ligadas à religião e, além do mais, o patrono da Academia Sambentuense era Dom Felipe Conduru, um padre erudito. Irredutível, em sua fala em tom dominical, argumentou que somente o bispo poderia autorizar tal ato fora de cerimônias previstas pela igreja. O bispo, mais atento aos movimentos da terra, autorizou imediatamente a façanha inusitada. E assim os sinos dobraram, juntando-se ao ritual da terra, da água, do fogo e do ar, mostrando a presença da divindade naquele local. Imagino que seria muito significante se voltássemos a fazer os sinos dobrarem para aqueles que partem após realizarem grandes obras dentro da sociedade em que viveram. Mas por quem eles vão dobrar? A melhor forma de sinalizar aos Céus, indicando que um grande homem ou mulher que viveu na Terra está a caminho, seria fazer os carrilhões se desdobrarem em plena e gloriosa alegria. Acho que vou sugerir ao bispo em São Luís para pensar sobre o assunto.

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A MENORIDADE RELATIVA DO AGENTE E A NECESSIDADE DE SUA COMPROVAÇÃO MEDIANTE DOCUMENTO OFICIAL

ANDRÉ GONZALEZ CRUZ10 ISLA CAROLINE BERBARE LEITE11

http://revistavisaojuridica.uol.com.br/…/103/artigo333907-1…

http://revistavisaojuridica.uol.com.br/advogados-leis-jurisprudencia/103/sumario.asp

INTRODUÇÃO A dosimetria penal adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro é inspirada no método trifásico proposto por Nelson Hungria, segundo o qual o cálculo penal é composto por 03 (três) fases distintas e sucessivas. Nesse sentido, o Código Penal vigente no país estabelece, em seu art. 68, que a pena-base será fixada a partir das circunstâncias judiciais elencadas no seu art. 59, sendo sucedida pela aplicação das circunstâncias atenuantes e agravantes observadas durante a instrução processualcriminal e, logo em seguida, devem ser aplicadas as causas de diminuição e de aumento gerais ou especiais, caso a existência de alguma delas seja reconhecida no caso concreto. O art. 59 do Código Penal Brasileiro elenca como circunstâncias judiciais a culpabilidade, os antecedentes criminais, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos, as circunstâncias e as consequências do crime, e, por fim, o 10

é Mestre em Políticas Públicas pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Especialista em Ciências Criminais pela Universidade Gama Filho (UGF) e Especialista em Ciências Criminais pela Escola Superior do Ministério Público do Estado do Maranhão (ESMP/MA), em convênio com a Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). Analista e Assessor de Procurador de Justiça no Ministério Público do Estado do Maranhão. Membro Efetivo da Academia Maranhense de Letras Jurídicas (AMLJ) e da Academia Ludovicense de Letras (ALL). 11 é Assessora de Procurador de Justiça no Ministério Público do Estado do Maranhão.

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comportamento da vítima. Nessa primeira fase, o julgador deve analisar cada uma dessas circunstâncias de forma isolada, apontando fundamentação concreta para aquela que valorar negativa ao réu, aplicando uma pena-base necessária e suficiente para a reprovação e prevenção do crime. Para fixar a pena-base, o julgador tem como parâmetro os limites mínimo e máximo cominados no tipo penal violado, não podendo ultrapassá-los. Na segunda fase da dosimetria da pena é analisada a possibilidade de incidência das circunstâncias atenuantes e agravantes de pena sobre a pena-base fixada na fase anterior, sendo que as circunstâncias agravantes de pena são elencadas de forma taxativa pelos arts. 61 e 62, e as circunstâncias atenuantes de pena são previstas nos arts. 65 e 6612, todos do Código Penal Brasileiro. Durante essa fase do cálculo penal, não há parâmetros expressos em relação ao quantum de aumento ou de diminuição a ser aplicado, devendo o julgador aplicar, com razoabilidade, cada circunstância cuja ocorrência concreta foi constatada durante a instrução criminal. Há, porém, vedação expressa à aplicação de circunstância agravante que constitua ou qualifique o delito, conforme redação do art. 61 do Estatuto Punitivo, sob pena de o julgador incorrer em bis in idem. Apesar de não haver um parâmetro expresso que oriente a fixação do quantum de diminuição ou de aumento nessa fase, a jurisprudência majoritária, notadamente dos tribunais superiores do país, a exemplo do que dispõe a súmula nº 231 do Superior Tribunal de Justiça, entendem que a pena não pode ser diminuída em um patamar que a deixe aquém do mínimo legal do tipo penal violado. De igual modo, entende a jurisprudência majoritária brasileira que a aplicação de circunstância agravante não pode conduzir a pena a um patamar além do máximo cominado ao tipo penal em questão. Ainda nesse contexto, é importante registrar que, havendo concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes de pena, o art. 67 do Código Penal preceitua que preponderam as circunstâncias relacionadas aos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência. A principal dessas circunstâncias preponderantes, segundo entendimento jurisprudencial majoritário, refere-se à menoridade relativa do agente na época dos fatos, possibilitando ao menor de 21 (vinte e um) anos uma redução da pena, consoante redação do art. 65, I, primeira parte, do Código Penal Brasileiro, circunstância que será objeto de estudo no presente artigo. Por fim, consoante estabelecido no art. 68 do Código Penal, cabe, na última fase da dosimetria, analisar a ocorrência fática das causas de aumento e de diminuição de pena, sendo que estas causas podem ser genéricas ou especiais, caso sejam previstas na parte geral ou especial, respectivamente, do Estatuto Penal. Nessa fase da dosimetria são elencadas as proporções de aumento ou de diminuição de pena, podendo a pena definitiva ser fixada em patamares que ultrapassam os limites abstratamente cominados no tipo penal violado. Nesse viés, é importante ressaltar ainda que, segundo o parágrafo único do art. 68 do Código Penal, havendo concurso entre causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial do Estatuto Penal, o juiz pode se limitar a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua. Passadas estas considerações iniciais sobre o tema da dosimetria penal, será abordada, a partir desse momento, de forma específica, a circunstância atenuante de 12

Muito embora a relação das circunstâncias atenuantes de pena do art. 65 seja taxativa, a própria legislação penal permite a incidência de uma circunstância atenuante genérica, conforme disposto no art. 66 do Código Penal, in verbis: “art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei”.

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pena referente à menoridade relativa do agente, cuja incidência demanda a comprovação da idade do agente mediante documento hábil, consoante entendimento majoritário da jurisprudência brasileira, constando tal requisito, inclusive, na Súmula nº 74 do Superior Tribunal de Justiça. A MENORIDADE RELATIVA DO AGENTE Segundo lição de Greco (2012, p. 564), as circunstâncias “são dados periféricos que gravitam ao redor da figura típica e têm por finalidade diminuir ou aumentar a pena aplicada ao sentenciado”. Diferente das elementares, as circunstâncias não interferem na definição jurídica da infração penal, sendo que, dessa forma, a ausência de uma circunstância não ocasiona uma interferência na definição do tipo penal. Conforme mencionado anteriormente, para fins de aplicação da constrição corpórea do réu, o Código Penal Brasileiro estabelece quais circunstâncias poderão atenuar ou agravar a pena-base quando são devidamente reconhecidas no bojo processual. Nesse contexto, o art. 65 do Estatuto Penal elenca as circunstâncias que sempre atenuam a pena do réu. Entre essas circunstâncias atenuantes descritas no referido artigo, mais precisamente no inciso I, encontra-se a atenuante da menoridade relativa do agente, in verbis: Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença;

Segundo ensinamento de Nucci (2012, p. 496-497), esta circunstância “foi introduzida como atenuante no sistema penal a partir do Código Criminal do Império de 1830, fixando-se, desde então, como preponderante no confronto com eventuais agravantes”. Apesar de possuir críticas pessoais em relação à valoração com preponderância da menoridade relativa do agente, uma vez que o Código Civil vigente considera absolutamente capaz o indivíduo maior de 18 (dezoito) anos, Nucci reconhece que a doutrina majoritária continua a considerar a menoridade relativa como a circunstância atenuante mais importante. Fabbrini e Mirabete (2012, p. 298-299) explicam que “as razões que levaram à diminuição da pena são a imaturidade do agente, que não completou ainda seu desenvolvimento mental e moral, sendo fortemente influenciável em decorrência do menor uso de reflexão”, não estando, assim, em igualdade de condições com os indivíduos maiores de 21 (vinte e um) anos. Os autores aduzem ainda que “a presunção escampada no art. 65, I, não se funda na incapacidade civil, mas expressamente na idade cronológica do agente”. Trata-se, portanto, segundo Fabbrini e Mirabete, de um ponto de vista biopsíquico. De igual modo, os referidos autores reconhecem que a jurisprudência é predominante no sentido da preponderância desta atenuante sobre as circunstâncias agravantes de pena. Ainda no que concerne ao tratamento diferenciado da legislação penal em relação ao menor de 21 (vinte e um) anos, Greco (2012, p. 724) destaca: A imaturidade daqueles que ainda não estão com sua personalidade completamente formada, como acontece com aqueles que estão saindo da adolescência e entrando na fase adulta, pode conduzir à prática de ilícitos impensados. Além disso, a convivência carcerária do menor de 21 anos com

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criminosos perigosos acaba por deturpar a sua personalidade, razão pela qual, como medida despenalizadora, a lei penal reduz pela metade o cômputo do prazo prescricional, seja da pretensão punitiva, seja da pretensão executória.

Destarte, se o agente possui menos de 21 (vinte e um) anos na época dos fatos narrados no processo criminal, possui este o direito de ter sua pena atenuada em caso de condenação. Percebe-se a importância também desta específica circunstância quando se vê que, segundo regra do art. 115 do Código Penal, o prazo prescricional é reduzido pela metade quando o agente possui menos de 21 (vinte e um) anos ao tempo do crime, sendo, em ambos os casos, imprescindível a comprovação da idade do agente mediante documento oficial. Confirmando esse entendimento, a redação do parágrafo único do art. 155 do Código de Processo Penal é inequívoca quando dispõe que a prova referente ao estado das pessoas atenderá às limitações da lei civil, isto é, a comprovação da data de nascimento do indivíduo se faz, por exemplo, com a apresentação de documento oficial. Quanto a essa questão, cumpre registrar, mutatis mutandis, o que leciona Rangel (2014, p. 469): A prova do estado civil das pessoas está sujeita às limitações impostas pela lei civil (cf. art. 155, parágrafo único, do CPP, com redação da Lei nº 11.690/2008). Primeiro exemplo: a pena imposta, ao agente casado, em decorrência da prática do crime de estupro, somente podia ser aumentada da quarta parte (cf. art. 226, III, do CP – esse inciso foi revogado pela Lei nº 11.106/2005) se houvesse nos autos a certidão de casamento (cf. Código Civil, art. 1543 – Lei nº 10.406/2002), pois somente a prova testemunhal, mesmo que submetida ao crivo do contraditório, não autorizava o juiz a aumentar a pena, pois prova do casamento faz-se pela lei civil: certidão de casamento [...]. Segundo exemplo: a decretação da extinção da punibilidade do fato praticado pelo acusado, que dizem “estar morto”, somente poderá ocorrer se houver nos autos a certidão de óbito comprovadora do mesmo, pois não adianta prova testemunhal ou cópia de inquérito policial para apurar a morte do acusado e nenhum outro meio de prova que não a certidão de óbito (cf. art. 62 do CPP c/c 77 da Lei nº 6.015/1973 – Lei de Registros Públicos). Assim, somente à vista de certidão de óbito é que poderá ser decretada a extinção da punibilidade.

A comprovação da menoridade relativa do agente, tanto para aplicação da circunstância atenuante, a qual prepondera sobre as circunstâncias agravantes, quanto para efeitos de redução do prazo prescricional, deve ser efetuada por meio de certidão de nascimento ou documento equivalente, a exemplo da carteira de motorista, da certidão de reservista, da cédula de identificação profissional, da carteira de trabalho, entre outros. O art. 2º da Lei nº 12.037/2009, que dispõe sobre a identificação criminal do civilmente identificado, lista os documentos idôneos para atestar a identificação civil do indivíduo, in verbis. Art. 2º. A identificação civil é atestada por qualquer dos seguintes documentos: I – carteira de identidade; II – carteira de trabalho; III – carteira profissional; IV – passaporte; V – carteira de identificação funcional; VI – outro documento público que permita a identificação do indiciado. Parágrafo único. Para as finalidades desta Lei, equiparam-se aos documentos de identificação civis os documentos de identificação militares.

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É importante destacar ainda que o Superior Tribunal de Justiça editou uma súmula sobre essa questão. Trata-se da Súmula nº 74, a qual preceitua que “para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por documento hábil”. Diferente não é o entendimento majoritário do Supremo Tribunal Federal, conforme será demonstrado a seguir. Habeas corpus. Corrupção de menores (art. 1º da Lei nº 2.252/54). Prova criminal. Menoridade. Inexistência de prova específica. Impossibilidade de configuração típica da conduta imputada ao paciente. Precedentes. Ordem concedida. 1. A idade compõe o estado civil da pessoa e se prova pelo assento de nascimento, cuja certidão - salvo quando o registro seja posterior ao fato - tem sido considerada prova inequívoca, para fins criminais, tanto da idade do acusado quanto da vítima. Precedentes do STF. Inteligência do art. 155, parágrafo único, do CPP. 2. Writ concedido. (STF, HC 110303/DF, Relator: Min. DIAS TOFFOLI, DJ: 26/06/2012, 1ª Turma, grifo nosso). "HABEAS CORPUS" - CRIME DE FALSIDADE IDEOLÓGICA - MENORIDADE DO PACIENTE À ÉPOCA DO DELITO - OCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA DO ESTADO - EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PEDIDO DEFERIDO. - O termo inicial da prescrição da pretensão punitiva do Estado - tratando-se de falsificação de dados em carteira de trabalho - coincide com o dia em que o crime se consumou, aplicando-se a regra geral prevista no art. 111, I, do Código Penal. Precedente. - Reduzem-se de metade os prazos legais de prescrição penal, quando o autor do fato delituoso, ao tempo do crime, era menor de 21 anos (CP, art. 115), não importando, para esse efeito, que se trate de prescrição da pretensão punitiva ou de prescrição da pretensão executória do Estado. O reconhecimento desse benefício legal, no entanto, depende, para efetivar-se, da existência de prova idônea da menoridade do agente, como aquela fundada em certidão de nascimento. Precedentes. (STF, HC 73033-7 / RS, Relator: Min. CELSO DE MELLO, DJ: 28/11/1995, 1ª Turma, grifo nosso). HABEAS CORPUS. MENORIDADE. COMPROVAÇÃO MEDIANTE DOCUMENTO IDONEO. PRETENSAO AO RECONHECIMENTO DA CIRCUNSTANCIA GENERICA DE ATENUAÇÃO DA PENA. A alegação de menoridade do réu há de ser comprovada mediante prova documental especifica e idônea, consistente na certidão de nascimento ou mesmo na apresentação da carteira de identidade expedida por órgão oficial. A mera referência ao auto de qualificação, lavrado pela autoridade policial, onde está consignada a data de nascimento do paciente, é insuficiente para o reconhecimento do benefício de atenuação da pena. Precedentes da Corte. Ordem indeferida. (STF, HC 70060/RJ, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, DJ: 16/03/1993, 1ª Turma, grifo nosso).

O Superior Tribunal de Justiça também já se manifestou em relação ao assunto, sendo que a referida Corte tem decidido, de forma majoritária, pela necessidade de documento hábil para comprovar a menoridade relativa, conforme se vê a seguir: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. AUSÊNCIA DE DOCUMENTO HÁBIL A COMPROVAR A MENORIDADE DO RÉU AO TEMPO DO CRIME. 1. O reconhecimento da redução do prazo prescricional pela metade, nos termos do art. 115 do Código Penal, requer a apresentação de documentos que atestem de forma segura a idade do agente. 2. Agravo regimental desprovido. (STJ, AgRg no REsp

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nº 1.342.353 – ES, Relatora: MIN. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, DJ: 11/06/2013, 6ª Turma). PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. EMPREGO DE ARMA DE FOGO. PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE APREENSÃO. ART. 167 DO CPP. MENORIDADE DO RÉU. COMPROVAÇÃO POR DOCUMENTO HÁBIL. SÚMULA 74/STJ. AGRAVO IMPROVIDO. 1. Nos termos do art. 158 do CP, muito embora a apreensão da arma seja obrigação da polícia e sua posterior perícia imprescindível para a correta aplicação da majorante inserta no inciso I do § 2º do art. 157 do CP (art. 158 do CPP), eventual impossibilidade da apreensão, com a consequente não realização da perícia, autoriza a utilização de outros meios de provas para suprir tal deficiência instrutória, nos termos do art. 167 do CPP. 2. "Constitui documento hábil a atestar a menoridade do paciente quando da prática do delito pelo qual restou condenado cópia da certidão de nascimento autenticada pelo Cartório do Juízo oficiante"(HC 17.338/RJ, Rel. Min. JOSÉ ARNALDO DA FONSECA, Quinta Turma, DJ 25/2/02). 3. Agravo regimental improvido. (STJ - AgRg no REsp: 1056458 ES, Relator: Min. ARNALDO ESTEVES LIMA, DJ: 13/04/2010, 5ª TURMA, grifo nosso). PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. ESTUPRO COM VIOLÊNCIA PRESUMIDA. PROVA DA IDADE DA OFENDIDA. CÓPIA DE CERTIDÃO OU DOCUMENTO HÁBIL. IMPRESCINDIBILIDADE. I – A prova acerca do disposto na alínea "a" do ora revogado art. 224 do Código Penal, por ser dado fundamental para a adequação típica da imputatio facti, deve obedecer à exigência prevista no art. 155, parágrafo único, do CPP, mormente quando a ofendida não é de tenra idade ou, então, não está distante da idade limítrofe de 14 anos. II – A eventual permissão legal de demonstração subsidiária não se equipara à forma meramente alternativa. Inexistindo motivos para a não juntada oportuna da prova legalmente exigida, é desautorizada a simples substituição – como se opção fosse – por dados outros, carecedores, em situações tais, de força probatória apta a contornar a expressa e legal limitação, o que, igualmente, não desobriga a acusação do ônus probandi. Recurso provido. (STJ, REsp nº 1120110/AC, Relator: Min. FELIX FISCHER, DJ: 23/03/2010, 5ª Turma, grifo nosso).

Nesse último julgamento, o Tribunal da Cidadania, através da sua 5ª Turma, decidiu de forma unânime, que, ante a ausência de documento hábil que comprove a idade da vítima na ocasião do crime, não pode o acusado ser condenado por crime sexual com presunção de violência. Em seu voto, o Relator, Ministro Felix Fischer, ressaltou que tanto a idade da vítima quanto a do acusado precisa estar comprovada nos autos de forma segura e idônea, por meio de documento público, conforme se vê abaixo. [...] Entendo, a teor do disposto no art. 155, parágrafo único, do Código de Processo Penal, não ser prescindível, na hipótese, a apresentação de documento hábil a comprovar a idade da ofendida ou então a realização de perícia médica. Com efeito, dispõe o referido artigo: "Art. 155. (...) Parágrafo único. No juízo penal, somente quanto ao estado das pessoas, serão observadas as restrições à prova estabelecidas na lei civil." Isso significa dizer que a comprovação do estado das pessoas, dentre elas, inexoravelmente a idade, deve ser feita por forma determinada, em regra,

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portanto, por meio de documento público como v.g. certidão de nascimento. Ademais, cabe mencionar que não foi por outra a razão pela qual se editou a Súmula 74 desta Corte: "Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por documento hábil." Examinando o conteúdo da Súmula acima transcrita em confronto com o caso ora em análise, tenho que seria um inadmissível contra senso exigir-se tal comprovação quando necessária para beneficiar o réu (com a aplicação da atenuante), mas não exigi-la, de outro lado, quando, inquestionavelmente, tivesse o condão de agravar a sua situação. Não ignoro, cabe assinalar, a presença de precedentes emanados deste e. Tribunal em sentido oposto (v.g. HC 42.930/MG, 6ª Turma, Rel. Min. Hélio Quáglia Barbosa, DJ de 24/10/2005) assentando que a comprovação da menoridade admite, em certas hipóteses, provas outras que não a comprovação por documento idôneo (ou exame pericial). Contudo, com eles não comungo. [...] Em outra oportunidade, mais recente, decidiu a e. Quinta Turma que: "A comprovação do estado das pessoas, dentre elas, inexoravelmente, a idade, deve ser feita por forma determinada, em regra, portanto, por meio de documento público como v.g. certidão de nascimento." (REsp 762.043/RJ, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJ de 06/08/2007). [...] Ad argumentandum tantum, seria, por acaso, coerente, exigir-se prova plena e legal acerca da menoridade (para efeito de inimputabilidade, ou, então, de prescrição, etc.) e dispensar-se, pura e simplesmente, sem motivos, a acusação de igual prova (a documental ex vi art. 155, parágrafo único do CPP) acerca — ainda mais - de elemento fulcral para a adequação típica? Quero crer que não! Da mesma maneira, as regras que permitem forma subsidiária de prova não podem ser concebidas como formas alternativas. Se algo restou impossível de ser demonstrado nos termos da lei, a forma subsidiária, às vezes, é admitida. Todavia, a mera opção - cômoda e não autorizada, repito — é que não encontra respaldo no direito processual penal. Aliás, se fosse admitida, a limitação inicial seria - pela via da opção - letra morta ou simples ornato legal. Afastado este enfoque, nem mesmo a convicção do julgador - argumento destituído de conteúdo mas, por vezes, utilizado - pode suprir o não preenchimento do requisito probatório. Despiciendo mostrar que a transmutação da convicção do julgador em prova implicaria na inimpugnabilidade desta última no plano recursal. Dessa forma, concluo que a ausência de comprovação da idade da vítima (que frise-se, não seria de tenra idade), afasta, por conseguinte, a presunção de violência no crime em foco. Ante o exposto, dou provimento ao recurso para absolver o recorrente, com fulcro no art. 386, inciso VI, do Código de Processo Penal. É o voto. (grifo nosso).

Em sentido contrário, citar-se-ão algumas jurisprudências em que os tribunais consideram idônea a comprovação da idade do agente através de outros documentos, desde que estejam dotados de fé pública, para fins de incidência da circunstância

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atenuante, bem como para reconhecimento da extinção da punibilidade do agente em razão da prescrição, na forma do art. 115 do Código Penal. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. CORRUPÇÃO DE MENORES (ARTIGO 1º DA REVOGADA LEI 2.252/54, ATUAL ARTIGO 244-B DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE). DOCUMENTO HÁBIL PARA COMPROVAR A MENORIDADE. EXISTÊNCIA. SÚMULA 74/STJ. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA PARA A APLICAÇÃO DO CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO. DESÍGNIOS AUTÔNOMOS NÃO DEMONSTRADOS. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. NÃO CONHECIMENTO DO WRIT. CONCESSÃO DA ORDEM DE OFÍCIO. 1. Segundo a novel orientação desta Corte Superior, ratificada pela Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, não se conhece de habeas corpus impetrado em substituição ao cabível recurso constitucional. 2. A inadequação da via eleita, todavia, não desobriga esta Corte Superior de fazer cessar manifesta ilegalidade que resulte no cerceamento do direito de ir e vir do paciente. 3. O documento hábil ao qual a Súmula n.º 74/STJ faz referência não se restringe à certidão de nascimento, como defende a impetração. Outros documentos, dotados de fé pública e, portanto, igualmente hábeis para comprovar a menoridade, também podem atestar a referida situação jurídica, como, por exemplo, a identificação realizada pela polícia civil. 4. Como de sabença, o concurso formal perfeito caracteriza-se quando o agente pratica duas ou mais infrações penais mediante uma única ação ou omissão; já o concurso formal imperfeito evidenciase quando a conduta única (ação ou omissão) é dolosa e os delitos concorrentes resultam de desígnios autônomos. Ou seja, a distinção fundamental entre os dois tipos de concurso formal varia de acordo com o elemento subjetivo que animou o agente ao iniciar a sua conduta. 5. Assim, verificada a ocorrência de concurso formal entre o crime de roubo e de corrupção de menores, as penas referentes aos dois delitos serão aplicadas cumulativamente somente quando demonstrada a existência de desígnios autônomos por parte do agente. Caso contrário, é de ser aplicada a mais grave das penas cabíveis aumentada de 1/6 (um sexto) até 1/2 (metade), por expressa disposição legal (Art. 70, primeira parte, do Código Penal). 6. Tendo em vista que as instâncias ordinárias não indicaram se os crimes concorrentes resultaram de desígnios autônomos, inviável a aplicação do concurso formal impróprio na hipótese em apreço. 7. Writ não conhecido. Ordem de habeas corpus concedida, de ofício, para reconhecer o concurso formal próprio, reduzindo a pena imposta ao paciente. (STJ, HC nº 134.640 – DF, RELATORA: MIN. ALDERITA RAMOS DE OLIVEIRA, DJ 06/08/2013, 6ª Turma, grifo nosso). DIREITO PENAL. HABEAS CORPUS. LATROCÍNIO. (A) EXCESSO NA DOSIMETRIA DA PENA. INOCORRÊNCIA. (2) MENORIDADE. DOCUMENTO HÁBIL. EXISTÊNCIA. CONSTRANGIMENTO. RECONHECIMENTO. 1. Não se apura ilegalidade na majoração em 1/10 da pena-base em condenação por latrocínio, dado o emprego de armas de grosso calibre e a existência de concurso de agentes. 2. Constando dos autos folha de antecedentes na qual se apura a menoridade do réu, tem-se documento hábil nos termos da Súmula 74 deste Superior Tribunal de Justiça. 3. Ordem concedida, em parte, para reconhecida a atenuante prevista no art. 65, I, do Código Penal, reduzir a pena para vinte anos de reclusão (STJ - HC: 50379 RJ, Relator: Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, DJ: 04/09/2007, 6ª TURMA, grifo nosso).

Todavia, data vênia, os dados obtidos através de certidão de antecedentes ou presentes em termo de interrogatório não conduzem a um juízo de certeza, uma vez que

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a declaração do réu, ainda que não contestada, não enseja o reconhecimento da sua menoridade relativa, não podendo ser comparada, muito menos substituir, um documento público. Destarte, nos casos de identificação criminal, segundo a Lei nº 12.037/2009, o material datilográfico, fotográfico e/ou genético coletado deve ser encaminhado ao órgão oficial de identificação para confronto com o banco de dados, a fim de confirmar a qualificação do indivíduos, inclusive sua idade. Não sendo possível tal comprovação dos dados obtidos, a informação unilateral prestada pelo réu não pode ser utilizada como parâmetro para o reconhecimento da menoridade relativa. CONSIDERAÇÕES FINAIS Por todo o exposto, conclui-se que a menoridade do agente deve ser comprovada mediante documento hábil, nos termos da Súmula nº 74 do Superior Tribunal de Justiça, sendo que não é suficiente a simples alegação da parte, uma vez que o art. 155 do Código de Processo Penal estabelece que as provas concernentes ao estado das pessoas, inclusive a idade, devem atender às limitações da legislação civil, sendo necessária a apresentação de documento oficial. Dessa forma, a menoridade relativa deve ser comprovada nos autos mediante documento idôneo, como, por exemplo, a certidão de nascimento do indivíduo ou documento equivalente. De fato, a identificação criminal pode ser efetuada quando não houver possibilidade de identificação civil, seja por ausência de documento ou quando o documento apresentado for insuficiente para a correta identificação do acusado. Todavia, quando não for possível a comprovação das informações prestadas pelo indivíduo com o banco de dados existente no órgão oficial de identificação, as informações prestadas são inidôneas para a comprovação da idade do réu, ante o caráter duvidoso das informações unilaterais prestadas pelo acusado. Destarte, sendo impossível a comprovação da idade do agente mediante documento oficial, é possível a utilização de forma alternativa, como é o caso da identificação criminal do acusado, porém, quando não houver a ratificação das informações através do banco de dados oficial, não podem estas serem utilizadas para fins de incidência da circunstância atenuante de pena ou para redução do prazo prescricional. Portanto, documentos produzidos através de informação unilateral do acusado, como é o caso de termo de qualificação, termo de interrogatório, folha de antecedentes criminais, entre outros, quando não apresentados documentos oficiais, tais quais a certidão de nascimento ou documentos cuja expedição se instrui pelo registro civil, apesar de indicarem que plausível a tese de menoridade relativa do réu, não atestam de forma segura e idônea a idade do acusado ao tempo do crime, o que impõe, nesses casos, a vedação à aplicação da circunstância atenuante e da redução do prazo prescricional, elencadas pelos art. 65, I, e 115, ambos do Código Penal Brasileiro. REFERÊNCIAS BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. AgRg no REsp nº 1.342.353/ES, Relatora: Min. Maria Thereza de Assis Moura, data de julgamento: 11/06/2013, 6ª Turma. ______. AgRg no REsp: 1056458 ES, Relator: Min. Arnaldo Esteves Lima, data de julgamento: 13/04/2010, 5ª TURMA. ______. REsp nº 1120110/AC, Relator: Min. Felix Fischer, data de julgamento: 23/03/2010, 5ª Turma.

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______. HC nº 134.640 – DF, Relatora: Min. Alderita Ramos de Oliveira, data de julgamento: 06/08/2013, 6ª Turma. ______. Supremo Tribunal Federal, HC 110303/DF, Relator: Min. Dias Toffoli, data de julgamento: 26/06/2012, 1ª Turma. ______. HC 73033-7 / RS, Relator: Min. Celso de Mello, data de julgamento: 28/11/1995, 1ª Turma. ______. HC 70060/RJ, Relator(a): Min. Ilmar Galvão, data de julgamento: 16/03/1993, 1ª Turma. GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. vol. 1. 14. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2012. MIRABETE, Júlio Frabbrini; FABBRINI, Renato N. Manual de Direito Penal. vol 1. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012. NUCCI, Guilherme de Sousa. Manual de Direito Penal: parte geral; parte especial. 8.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012. RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 22. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

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CAMILA NASCIMENTO E DILERCY ADLER: a poesia da poesia

DINACY CORRÊA IN CANTOS A BEIRA-MAR – ENCARTE CULTURAL E LITERÁRIO UEMA-NOTÍCIAS – ANO 14, NO. 23, JULHO/AGOSTO DE 2014 – prefácio das obras reunidas: A Tecelã de Eros nos Trópicos Maranhenses (Camila i Nascimento) e Poesia Feminina: estranha arte de parir Palavras (Dilercy Adler) –

Oxalá me beijasse com/ ósculo de sua boca.../ Sim, tuas carícias são mais suaves/ do que o vinho agradáveis ao olfato são os teus perfumes... [...]. O meu amado é radiante e rubicundo/ distinguido entre mil [...]. O seu palato é a doçura/ e todo ele é delícias [...]. Eu sou do meu amado/ e ele é meu [...]. Eu sou do meu amado/ e para mim se voltam os seus atrativos./ Vem, meu amado, saiamos para o campo/ pernoitemos nas aldeias.../ Madruguemos para ir aos vinhedos/ veremos se a vinha já lança rebentos, se se entreabrem as flores,/ se florescem as romanzeiras.../ Ali te darei os meus amores.[...]. (Cântico dos Cânticos –

Salomão) Elegendo como epígrafe ao prefácio desta dupla obra – que se descortina e eleva às alturas do tão perspicaz olhar da Professora Camila Nascimento, sobre a poesia dilercyanda – fragmentos (em enunciação feminina) do Cântico dos Cânticos, que se ergue na estrutura de um poema lírico/dramático, no bucolismo de um idílio pastoril, nos matizes de um Canto de Amor a festejar a comunhão total entre o Único e a Única... o verdadeiro matrimônio (consumado mútua e eternamente no coração e na integralidade da relação espírito/alma/corpo), transcendemos à remotíssima cultura hebraica, estabelecendo uma conexão transtextual entre a poesia de Dilercy Adler e a ancestral voz de Sulamita, na sublimidade da experiência amorosa, do verdadeiro encontro com o Outro, na contemplação/exaltação do ser amado. E nessa conexão, pode-se dizer, pontua-se a contemporaneidade de uma poesia que se inscreve no presente, marcando-o nos tons do arcaico, ou seja: ultrapassando o agora e remetendo ao passado; eternizando-se no tempo e referencializando a história; integrando-se ao presente e projetando-se para o futuro (para lembrar Giorgio Agambem) – assim, também, fazendo eco a todo um coro de vozes femininas, que se enunciam, na lírica maranhense e brasileira dos nossos dias, a abordar a mais profunda (e fecunda), universal e significativa (a)ventura humana: o Amor entre dois seres polarizados. Poesia que é chama ardente, flecha de fogo, projetada pela dona/dama, em direção ao cavalheiro, o homem amado, o eleito do seu coração.

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“O Amor é lindo!” – quem ainda não ouviu ou pronunciou frase tão popular, ao admirar dois seres em idílio? Excelso Amor humano/divino, em tua inseparável analogia! – posto que somos imagem e semelhança de Deus, de onde procede o Amor “e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus, porque Deus é Amor” (I Jo. 4,7 - 8). Há de se notar, nas páginas desta obra, a sensibilidade, a maestria com que a professora Camila Nascimento, na sua verve metapoética, no (re)tecer da poesia da poesia, põe em tela, revelando/recriando/reinventando a lírica desta nossa “tecelã de Eros nos trópicos maranhenses” que, na força analógica/dialógica do verbo poético, compartilha com o leitor a sua relação com o mundo, na busca/encontro Eu/Tu, no estar/caminhar com a sua Alteridade, na aspiração vívida de um amor mutuamente correspondido: Amo estar contigo/ amo sentir-te amigo [...] compartilhando uma intimidade/ de fogosa cumplicidade/ de palavras gestos/ e atos/ que se soltam espontâneos/ e voláteis [...]...

E em espaços esparsos, sem limites, que também se abrem para a contemplação/exaltação/revelação da beleza, os encantos masculinos, vislumbrados no amado/amante: ...eu gosto da tua boca/ do teu peito/ do teu corpo/... adoro ver-te relaxado e nu... do cenário paisagístico crepuscular... como o Pôr-do-sol no Iate Clube, na [...] beleza tamanha/ dos [...] raios viris/ que incidem prateados/ nas brumas do mar/ rodeando a Ilha [...]... Para a lembrança, a saudade... curtida numa Tarde nublada, com chuva a cair/ água sangrando/ lavando o pranto/ dentro de mim/ terra molhada no meu jardim/ flores brotando saudade... ou num Doce Vazio, quando o acordar e olhar pro lado da cama/ onde ontem estavas/... hoje vazio.../ é sentir tua falta e ficar lembrando dos nossos momentos... Entrelace palavra/vida que nos remete à filosofia do diálogo, à Buber*, no seu postular que “Toda vida verdadeira é encontro”, de forma que Eu só existo à medida que digo Tu ao outro, aceitando-o, na sua alteridade, sem restrições e na totalidade do meu ser... [...] amo-te em partes/ e por inteiro/ amo teu ego/ nem sempre em equilíbrio/ amo as incertezas com que me cerceias/ amo profana e santamente/ cada fração de segundo a dois que vivemos.../ ...compartilhando/ ...compactuando! Me olha dessa maneira/ que só os amantes sabem fazer/ me enxerga fundo na alma/ na intimidade maior de mim/ me inala sentindo o cheiro/ de amor... [...] me sente inteiramente tua/ na fantasia da poesia/ que me inebria/ por vir de ti.

A poesia de Dilercy Adler, tão pertinentemente lida, comentada e revelada pela professora Camila Nascimento, nas páginas deste novo livro (e sob o respaldo erótico/teórico/crítico de autoridades como George Bataille, Octávio Paz, Angélica Soares...), canta a busca da realização do Eu, na sua comunicação com o mundo, sua relação com a alteridade, na plenitude do Ser. Poesia que sugere o Eu/Tu, fundidos e confundidos num só, nela sobressaindo-se os belos flagrantes sugestivos de um oaristo talâmico.

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Eu te falo/ mansamente tantas coisas/ eu te ouço/ com os olhos fixos/ nos contornos dos teus lábios/ que se movem sensualmente/ e me hipnotizam/ sinto-me tocada inteira/ pela mucosa quente da tua boca/ que tórrida e calmamente/ me devassa/ pele e mente!// eu te digo tanto e muito [...]. ...Adoro sentir/ o som ritmado no meu peito/ quando ainda/ em deleite/ descansas o teu corpo/ sobre o meu/ na cama desfeita [...].

Poesia que reflete o olhar para o outro, numa aptidão perceptiva, capaz de aceitálo ou mesmo resgatá-lo, na sua totalidade, unidade e unicidade, de modo a torná-lo presença para mim... Até mesmo na instância de que Ser mulher/ é antes de tudo/ ser gente! [...]. E no perceber/revelar que, em sua essência invisível, ELA, ainda quando sob as aparências de boba e superficial/ alienada e/ frívola, guarda dentro de si uma mulher/ incrível/ inesperada/ forte/ soberba/ linda/ e muito gente/ que precisa apenas/ ser buscada/ descoberta/ e livre/ para sobrepujar/ o que fizeram dela/ o que a forçaram a ser/ e que ela infelizmente/ muitas vezes/ nem se dá conta!... E muito mais há para dizer sobre a poesia erótico/amorosa de Dilercy Adler – o que a professora, mestre e doutora, Camila Maria Silva Nascimento o faz, magistralmente. Com você, leitor, a ensaísta, no seu olhar metapoético, crítico/analítico e a musa “tecelã de Eros nos trópicos maranhenses”. Vale a pena ler o livro. Boa leitura!! *Martin Buber, In: O Eu e o Tu, 1923.

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LEITURA DE POESIA LICEO DE BENIDORM

DILERCY ARAGÃO ADLER 100 Mil Poetas e Músicos por Mudanças. Esse o tema da Leitura Poética do Liceo de Benidorm de setembro, no dia 29/09 (segunda feira), às 17h, na sala Nauro Machado, no Centro de Criatividade Odylo Costa, filho. Estaremos comemorando também nessa ocasião, o dia da Paz que é comemorado também em setembro, no dia 25. Queremos Paz interior e no mundo! Queremos Mudanças para a Igualdade, Justiça e Paz entre os homens e mulheres, de todas as idades e povos!!! Muita PAZ, SAÚDE e POESIA. Dilercy Adler Delegada do Liceo de Benidorm-Espanha/no Maranhão Embaixadora do CERCLE UNIVERSEL DES AMBASSADEURS DE LA PAIX/no Maranhão Presidente da Sociedade de Cultura Latina do Brasil-SCLB Vice Presidente da Academia Ludovicense de Letras-ALL “Todos aqueles que trabalham pela Paz formam alma, corpo e mente, uma mesma Família Universal da Paz”. Jean-Paul Nouchi - Presidente Fundador AMBASSADEURS DE LA PAIX SUISSE / FRANCE

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8ª. FEIRA DE LIVROS DE SÃO LUIS 31/10 a 09/11 - 2014

Dilercy e Roque na Abertura – 31/10/2014

“Mesa” da Abertura da 8ª. FELIS – presença do Presidente da ALL

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No estande da ALL, dia da abertura

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LANÇAMENTO DE LIVROS

Lançamento de Livros: Diário de Viagem, de Dilercy e Leopoldo Elogio à Maria Firmina, de Dilercy, e De súbito... à deriva... & Porto Poesia, de Dilercy e Cesar Maranhão

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CONVITE Para o lançamento da obra Criminalidade organizada: comentários à Lei 12.850, de 02 de agosto de 2013 (Curitiba: Juruá, 2014), de autoria de Ana Luiza Almeida Ferro (MA), Flávio Cardoso Pereira (GO) e Gustavo dos Reis Gazzola (SP), na Feira do Livro de São Luís, no dia 6 de novembro (quinta), às 18h, no Espaço Casa do Escritor Ubiratan Teixeira, no Convento das Mercês.

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RESUMO DO LIVRO: Análise, artigo a artigo, da Lei nº 12.850, de 2 de agosto de 2013, nova lei de controle do crime organizado, com ênfase nos antecedentes históricos do crime organizado, nas características doutrinárias da organização criminosa, na evolução de seu conceito no Direito brasileiro, no crime de organização criminosa, com suas causas de aumento de pena e circunstância agravante, no crime de obstrução à persecução penal, na medida cautelar aplicável ao funcionário público, no efeito da sentença condenatória, na investigação criminal e nos meios de obtenção da prova, em especial no tocante à colaboração premiada, à ação controlada, à infiltração de agentes e ao acesso a registros, dados cadastrais, documentos e informações, nos crimes ocorridos na investigação e na obtenção da prova, no procedimento relativo aos delitos tipificados na Lei nº 12.850/2013, nas questões da duração da instrução criminal no caso de réu preso e da possibilidade de decretação do sigilo da investigação diante do princípio constitucional da ampla defesa, nas alterações infligidas aos artigos 288 e 342 do Código Penal, na revogação da Lei nº 9.034/1995 e no confronto da novel lei com a Lei nº 12.694/2012, quanto ao conceito de organização criminosa. Conto com a sua presença. Abraços, Ana Luiza Almeida Ferro

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III CONGRESSO MARANHENSE DE HISTÓRIA DA MEDICINA

Confrades Aymoré Alvim e Arquimedes Vale

Confrade Aymoré Alvim

III CONGRESSO MARANHENSE DE HISTÓRIA DA MEDICINA Discurso proferido pelo Prof. Aymoré Alvim, na sessão solene de abertura do III Congresso Maranhense de História da Medicina, na noite de 5 de novembro de 2014.

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O que é História da Medicina? Para que serve História da Medicina? Com estas duas questões poderemos avaliar as razões pelas quais estamos todos aqui reunidos, nestes três dias. A História da Medicina, segundo Anne Rooney, é a história das grandes contribuições de todos os povos a esta arte universal que constitui a Medicina. Nessa reconstituição do passado da atividade da arte de curar, vejamos o que nos diz, também, sobre a primeira questão o professor de patologia Kurt Sprengel, na sua obra “Ensaio sobre a História Pragmática da Medicina”: A História da Medicina não tem por objetivo relatar a vida dos médicos célebres, nem enumerar e criticar as obras sobre a arte de curar, mas procura examinar de forma mais particular os sistemas que dominaram, sucessivamente, os métodos sobre os quais se basearam o tratamento das doenças e as revoluções ocorridas, nas teorias e na prática do exercício da medicina. Como podemos constatar, essas teorias constituem um rico acervo de conhecimentos que representa um determinado período através dos tempos, com suas variadas concepções religiosas, filosóficas e culturais para explicar, no seu momento histórico, o entendimento epistemológico da etiologia das doenças e seus métodos terapêuticos. É dentro deste contexto, que nos permitimos transpor os limites temporais dos espaços pretéritos, para melhor avaliar, compreender e interpretar essas teorias, no seu tempo. O julgamento crítico de qualquer dessas etapas, com os olhos fixos no presente, se constitui causas de grosseiras distorções da realidade, nas nossas conclusões. É Sudhoff quem, na Alemanha do século XIX, dá o grande impulso para o estudo da História da Medicina, na Europa, quando criou o Instituto de História da Medicina, em Leipsig, que depois se transformou num grande centro de estudos nessas área. Ao mesmo tempo, implantou, no curso de Medicina da Universidade local, a Cátedra de História da Medicina. Mais tarde, um de seus alunos, Henry Sigerist, um dos mais importantes professores de História da Medicina, nas Universidades de Leipsig e depois nas de Johns Hopkins e Yale, onde criou cátedras da referida disciplina, concluiu, na sua obra, “A História da Medicina”, que a teoria e a prática do exercício médico são determinadas pelos diversos problemas de aspecto histórico, econômico e geográfico. Com a visão focada nesse contexto, encontramos a resposta para a segunda questão: Para que serve a História da Medicina? O estudo de um fato histórico exige de cada um de nós, médicos e não médicos, conhecimentos multidisciplinares que nos proporciona expandir o nosso conhecimento, dando-nos uma nova realidade de mundo. Alarga os nossos horizontes, em detrimento do espaço que nos vem restringindo, a cada dia, os avanços tecnológicos e a indústria de medicamentos. De humanista que era, o médico vem sendo transformado, sem perceber, em um técnico da medicina. Outro problema que podemos entender como corolário desse e que vem, desde o século XIX, é o distanciamento cada vez maior do médico e demais agentes de saúde dos princípios éticos, com certo desprezo aos valores humanísticos.

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Envolvendo, no seu estudo, um vasto campo de informações, necessárias ao enriquecimento cultural e humanístico do profissional, a História da Medicina foi introduzida, pela reforma de 1832, como cátedra, conjuntamente com Higiene, nas Escolas de Medicina, então existentes no Brasil, em Salvador e Rio de Janeiro. Mais tarde, em 1891, dois anos após a queda do governo imperial no Brasil, outra Reforma, com um viés fortemente positivista, foi introduzida com profundas alterações, no currículo dos cursos médicos. Como consequência, foram retiradas as disciplinas de Ciências humanas por inoportunas, inclusive a História da Medicina. Em decorrência, vem sendo constatado um crescente e progressivo arrefecimento dos valores humanísticos que têm se refletido, negativamente, na relação médico-paciente. Somam-se a isto, os grandes avanços das ciências médicas, a partir da segunda metade do século XIX, em diferentes campos do saber, como da bacteriologia, da epidemiologia, anestesia, assepsia, do diagnóstico, da terapêutica e da genética, que se por um lado vem refletindo promissores avanços, na arte de proteger e curar, por outro vem transformando o médico em um ser egoísta, autoritário, detentor dos saberes da ciência, a quem compete, destarte, impor aos pacientes seus pontos de vista sem aceitar qualquer questionamento. Com relação a isto, ilude-se quem pensa que o outrora médico de família era aquele anjo que a história nos retrata. Por trás daquele atencioso profissional, estava sempre o médico autoritário a quem cabia determinar o que lhe parecia sem aceitar contestação. Tal comportamento somente começou a ser percebido quando, a partir da década de 1960, na Europa e nos Estados Unidos, passou a ser sentido um progressivo esvaziamento dos serviços de saúde e consultórios médicos pelos seus usuários. Estes, além de se queixarem do tipo de atenção que lhes era dispensado, começaram a procurar cura para seus males, nas Igrejas cristãs, nos Centros Espíritas, e em outras confissões religiosas além da crescente opção pelo que costumamos chamar de Medicina alternativa ou oriental. Tal efeito começou ser observado, no Brasil, na década de 1980. E agora, o que fazer? Qual a alternativa para a Medicina Oficial? Pelas suas estreitas relações com outras ciências humanas, a História da Medicina vem sendo reintroduzida nos currículos das Escolas Médicas do Ocidente com o objetivo de despertar, num processo de questionamento contínuo com os estudantes da graduação e da pós-graduação, os valores que pelo próprio modelo de sua formação universitária lhes foi subtraído, a fim de buscar formar profissionais que mais humildes, não obstante o desenvolvimento das ciências, aprendam a se adequar às circunstâncias atuais sem perder o espírito solidário, altruísta, a doçura, a atenção, valores estes necessários e essenciais ao exercício da boa medicina ou da arte de curar. É ou não bonita, fecunda e necessária a História da Medicina? A resposta é sua. Muito obrigado.

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LANÇAMENTO DE LIVRO DE ANA LUIZA

EDIÇÃO BRASILEIRA

EDIÇÃO EUROPÉIA

A obra literária e Histórica "1612: os papagaios amarelos na Ilha do Maranhão" foi indicado para concorrer ao PRÊMIO PEDRO CALMON DO IHGB, neste ano de 2014. A importante obra representará o INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO.

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SOS VIDA (PAZ NO TRÂNSITO)

SOS VIDA (PAZ NO TRÂNSITO) – Noberto, Campos, Meireles, e Alana!!!

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PALESTRA EM COIMBRA Minhas palavras iniciais são de agradecimento às autoridades da Universidade de Coimbra e de sua Faculdade de Economia, que gentilmente acataram minha disposição em visitá-las. Desta vez venho proferir uma Palestra cheia de invocações ligadas à história do Brasil e de Portugal, plena de assuntos do particular interesse dos atuais e futuros economistas, e comentar sobre algumas das crônicas do meu mais recente Livro, que autografarei em seguida. Magnífico senhor reitor da Universidade de Coimbra, Professor Doutor João Gabriel Silva, em nome do qual saúdo seus ilustres Vice-reitores; Senhor diretor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, Professor Doutor José Joaquim Dinis Reis, e seus subdiretores; Senhora professora doutora Lina Paula David Coelho, que ultimou nossos entendimentos sobre esta visita; Senhora Ana Serrano, que foi digna receptora dos nossos contatos iniciais; Demais autoridades aqui presentes, colegas professores e estimados alunos de Coimbra, onde “pelas ruelas pipocam as tradicionais e animadas repúblicas dos estudantes” e que, desde 1537, “perambulam com livros debaixo do braço, ocupam as mesas dos cafés e dos bares, cantam fado e fazem festa noite adentro”. A todos trago um abraço dos maranhenses de São Luís do Maranhão, a única cidade brasileira fundada pelos franceses, em 1612, e colonizada pelos portugueses, desde 1615. Abraços do reitor da Universidade Federal do Maranhão, Professor Doutor Natalino Salgado Filho; Abraços dos presidentes Roque Pires Macatrão, da Academia Ludovicense de Letras, e Antônio Pedro Carneiro, da Academia Caxiense de Letras, às quais tenho a honra de pertencer.

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Esta visita tem para mim um significado todo especial. Estou na vetusta e histórica Universidade de Coimbra, fundada no século XIII, em 1290, que teve papel fundamental na formação da elite brasileira; e tenho raízes portuguesas advindas de minha avó materna, Maria Laura da Silva Ribeiro, nascida na província de Trás-osMontes e Alto Douro, legando-me o gosto pelos produtos da terra e o amor pelas conquistas dos Grandes Navegadores. Até meados do século XIX, a maioria dos nossos ministros graduou-se em Coimbra, como é o caso de José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838), considerado Patriarca de Independência do Brasil (1822), e os escritores Antero de Quental, Eça de Queirós. Luís de Camões, Mário de Sá Carneiro, Gregório de Matos e Tomás Antônio Gonzaga. Atualmente, a Universidade de Coimbra é a instituição no exterior com mais estudantes brasileiros, pelos diversos Termos de Cooperação celebrados e renovados com suas congêneres nacionais, como é o caso da Universidade Federal do Maranhão, da qual sou professor de economia (aposentado) e represento-a neste momento solene. A Universidade de Coimbra, referência internacional na área de direito, tornouse mais recentemente também um polo respeitado na Europa em pesquisa de saúde e produção de tecnologia, e desde o período medieval e Renascimento, é uma depositária de fontes documentais. Mário Brandão, que tem o meu sobrenome, figura entre seus autores mais citados nas décadas de 1930, 40, 50 e 60. Um lídimo representante desse referencial, Manuel Fran Paxeco, nascido Manuel Francisco Pacheco (1874-1952), jornalista, escritor, diplomata e professor de português, foi Cônsul de Portugal no Maranhão, aonde chegou no dia 2 de maio de 1900; autor de várias obras e de grande amor pelo Estado foi membro fundador da Academia Maranhense de Letras e casou-se com a maranhense Isabel Eugênia de Almeida Fernandes, natural de São Luis, de quem teve uma filha, Elza Fernandes Paxeco, “primeira senhora doutora pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa”. O Maranhão e seus intelectuais, diz Rossini Correa, tiveram um papel fundamental na formação de uma identidade nacional, quando o nosso Estado foi rico [...], os filhos das classes mais abastadas iam estudar na Europa e traziam o conhecimento acumulado para aplicar no Brasil [...]. Destacaram-se na literatura nesse período Gonçalves Dias, Odorico Mendes, Gomes de Souza, Vieira da Silva, que ajudaram a fundar o humanismo no Brasil; depois os irmãos Artur e Aluísio Azevedo, mesmo finda a opulência, surgiram como nomes na literatura estadual [...]. Dentre os muitos e ilustres maranhenses que estiveram em Coimbra, mais recentemente, destaca-se o professor José Maria Cabral Marques, advogado pela antiga Faculdade de Direito de São Luís, ex-reitor da Universidade Federal do Maranhão, membro da Academia Maranhense de Letras, e agraciado com a Ordem da Instrução Pública, no Grau de Comendador, da Presidência da República de Portugal. Desejo ressaltar que venho à Universidade de Coimbra, e a esta sua prestigiada Faculdade de Economia, em nome da Universidade Federal do Maranhão, da qual sou professor aposentado, como disse, e onde ensinei por quase vinte anos ininterruptos; egresso da Universidade Estadual do Maranhão, onde fui professor titular fundador de uma das suas primeiras escolas de nível superior geridas pelo Estado do Maranhão, a Escola de Administração Pública, venho também em nome das Academias Caxiense de

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Letras, em Caxias, minha terra natal, e da Academia Ludovicense de Letras, em São Luís. A Universidade Federal do Maranhão é uma instituição relativamente nova, pois foi oficialmente criada em 1966. Antes existiram Escolas isoladas e que foram transformadas em uma Fundação. Atualmente, tendo à frente o Magnífico Reitor Natalino Salgado Filho, a quem agradeço o incondicional apoio à minha viagem, nossa Universidade tem experimentado franco progresso na melhoria e expansão dos seus diversos cursos pelos inúmeros campi, no Estado do Maranhão, além de significativa ampliação das suas instalações no campus do Bacanga, em São Luís, onde mantém sua sede. Estamos vivendo um acelerado progresso em todos os sentidos. “A UFMA é hoje a instituição federal que mais envia alunos do Maranhão para o exterior, pelo programa Ciência sem Fronteiras; só em 2013, foram enviados 112 alunos para países como Estados Unidos, Canadá e Austrália, e, até o final deste ano, cerca de 320 estudantes terão sido beneficiados” (Citar alguns números da Instituição: Campi=8; total estudantes=27/30 mil; concorrentes aos vestibulares=130 mil; graduação=20 mil; pós-graduação=7 mil;). Parodiando a letra da música e afirmando que “no peito dos economistas também bate um coração”, além de restabelecer contatos com esse berço tradicional da vida universitária, Coimbra, e como fiz recentemente na França, em Lyon, no Instituto de Estudos Brasileiros da Université Lumière 2, venho também doar e autografar meu segundo livro “Crônicas de 400 anos/Chroniques de 400 ans”, bilíngue português/francês, escrito para homenagear o 4º Centenário de São Luís do Maranhão, que, como disse, foi fundada pelos franceses e colonizada pelos portugueses. Diz o economista maranhense José Cursino Raposo Moreira, meu amigo, na “orelha” do meu primeiro livro intitulado “Fortes Laços”, que se encontra na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, desde 2009, quando, pela primeira vez, visitei a cidade, e a propósito de alguns de nós mesmos: “[...] os economistas, pela própria natureza de sua formação, desenvolvem um pendor natural para atividades intelectuais, que se expressa na forma de produção literária e militância cultural de que temos vários exemplos. [...]; e prossegue: o pai da macroeconomia, John Maynard Keynes (menção à coincidência da Sala), destacou-se como entusiástico incentivador das artes na Inglaterra das primeiras décadas do século XX [...]”, e Celso Furtado, Mário Henrique Simonsen e Roberto Campos são exemplos entre os brasileiros. Agora, um pouco da minha própria história: Quando ingressei na Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro (uma das primeiras escolas de economia do Brasil), em 1956, havia apenas cinco anos de reconhecimento da nossa profissão (Lei 1411/51). Lembro-me de que as lutas com esse objetivo foram intensas e lideradas, entre outros idealistas, por Reynaldo de Souza Gonçalves e Alberto Almada Rodrigues, dois dos meus ilustres professores. Era nosso diretor o professor, político e escritor Conde Cândido Mendes de Almeida Junior, descendente de tradicional família originária de Portugal, que chegou ao Brasil, em 1808, e estabeleceu-se em vários Estados, inclusive no Maranhão, em Caxias. As lutas visando afirmação da nossa profissão foram intensas e exigiu muita persistência; entre 1956 e 1959, enquanto universitários, vivíamos um período

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florescente da economia brasileira e tudo levava a crer que teríamos um futuro altamente promissor pela frente. Logo depois as coisas mudaram bruscamente e tivemos que refazer nossos planos. Com a permissão de vocês, direi mais a meu respeito, sobre minhas origens, o que tenho feito como economista e escritor, e professor universitário; sobre o que penso, escrevo e tenho publicado, na imprensa de São Luís, artigos e crônicas sobre a conjuntura econômica brasileira e internacional, e o cotidiano das cidades. Vou referirme a alguns trechos desses textos apoiado em estatísticas recentes, a fim de que percebam minhas preocupações atuais com os caminhos da ordem econômica sob o regime capitalista globalizado. Permaneci no Rio de Janeiro até 1965, já casado e onde nasceram meus dois primeiros filhos. Retornei ao Maranhão, em 1966, integrando-me ao setor público estadual e ajudando a fundar as primeiras escolas de nível superior, tornando-me economista da Secretaria de Viação e Obras Públicas e professor fundador titular da Escola de Administração Pública do Estado do Maranhão, ensinando Teoria Econômica; depois me transferi para a Universidade Federal do Maranhão, onde ensinei Economia Monetária e Mercado de Capitais, aposentando-me em 1997, todavia sentindo ainda muitas saudades desse tempo; momentos como os de agora, portanto, são profundamente emocionantes para mim. Continuo em atividade como economista da Secretaria de Planejamento da Prefeitura de São Luís, desde 2005. No período de 1979 a 1887, integrei diretoria no sistema financeiro estadual e, nessa condição, em 1980, tive oportunidade de viajar aos Estados Unidos, para frequentar um Seminário sobre o mercado de capitais e financeiro realizado na Universidade de Nova York. Naquela oportunidade, visitando a Bolsa de Valores, a NYSE, perguntei a um expositor: você acha que a crise de 1929 poderá repetir-se? Ele respondeu que sim, mas que “haveria salvaguardas”?!(). Agora, a partir da “crise da bolha” de 2008, penso ter entendido o que ele, intuitivamente, quis dizer. Doravante, para qualificar nossa profissão, assuntos mais específicos e do interesse dos economistas. Finda a Segunda Guerra Mundial, buscava-se uma nova ordem econômica; esse objetivo, quando o conflito acabou, foi concretizado predominantemente à custa da intervenção estatal no domínio econômico, o chamado “Estado do Bem-Estar Social”, sob a presidência de Franklin Delano Roosevelt. A célebre Conferência de Bretton Woods, em julho de 1944, que culminou com a criação do Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento-BIRD, o Banco Mundial, e do Fundo Monetário Internacional-FMI, fundamentou essa nova ordem (quando da Conferência, os EUA já eram “donos de 60% das reservas de ouro do mundo”). John Maynard Keynes liderou e teve ampla influência em quase tudo que foi discutido naquela oportunidade; já àquela altura houve “argumentação insistente de países que pretendiam ter quotas maiores no capital do FMI, significando maior poder de voto”, como continua sendo reivindicado até os dias atuais. Aliás, a recente criação do banco dos emergentes, o banco dos BRICS, reafirma esse desejo e, no caso, a disponibilidade de um “colchão de reservas” em proveito próprio, para enfrentamento de resistência a possíveis novas crises.

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As questões debatidas em Bretton Woods voltaram à baila desde a chamada “crise das hipotecas”, iniciada nos Estados Unidos, em 2007, e repercutida e ainda repercutindo na Europa, principalmente nos países da zona do euro (limitações da moeda única). O excesso de liquidez (“quantitative easing”), que invadiu o mundo capitalista com trilhões de dólares, foi recentemente anunciado pelo Banco Central Europeu (“o único grande banco central que até agora tinha evitado embarcar em um afrouxamento quantitativo”), na Conferência de Jackson Hole, nos Estados Unidos, como uma das soluções à recuperação da eurozona. Por ação dos próprios bancos centrais dos países desenvolvidos, mais as maciças emissões primárias da chamada dívida soberana, com recompras garantidas no mercado secundário de títulos, fez-me lembrar das “salvaguardas” que, segundo aquele expositor da NYSE, existiriam no futuro. Foi evitada uma “quebradeira” geral (de bancos que se tornaram “grandes demais para tanto”), mas os efeitos estão aí a impedir a retomada do crescimento e a diminuição do endividamento, e a regulação dos mecanismos financeiros (alavancagem dos bancos e seus instrumentos derivados. Há uma verdadeira financeirização dos mercados e a microeconomia está perdendo seus pressupostos básicos, como a racionalidade do consumidor e a autossuficiência desses mercados. Além disso, avançam práticas da chamada “contabilidade criativa”, mascarando resultados. Até meados dos anos 70, a igualdade Produto-Renda-Despesa refletia o equilíbrio. Nos tempos atuais, a moeda, como reserva de valor, de fato e de direito deixou de ser lastreada; a dívida pública soberana ultrapassou todos os limites em relação ao PIB; os bancos alavancaram além do seu patrimônio; surgiram os famosos derivativos e a financeirização passou a predominar entre os agentes econômicos. A verdade é que o capitalismo financeiro desconhece o sistema produtivo e passa a existir apesar dele, contudo, moeda em circulação sem contrapartida de produto, gera inflação, e ela já está chegando aos países de economia reflexa, como o Brasil. A recuperação da economia dos países desenvolvidos, segundo os especialistas, trará reflexos negativos consideráveis na dos países emergentes. Consequências: Oscilações nos mercados financeiros; Desvalorização nas moedas; No Brasil, movimentos para evitar a queda do real frente ao dólar; Recuperação econômica na Europa, ainda com ameaças de estagnação e deflação na eurozona, inclusive Alemanha (maior governo da zona do euro, que responde por quase 30% do PIB de toda a região [...], França e Itália (esta em recessão pela terceira vez)) e nos Estados Unidos (a Bolsa de Nova York está enfrentando dificuldades para equilibrar o mercado de ações frente ao mais lucrativo mercado dos chamados derivativos), e turbulências nos mercados emergentes; O “quantitative easing” ou afrouxamento financeiro sendo adequado pelo “tapering” (menor oferta de dólares no mundo gerando repatriamento de capitais); como consequência, ao menos no curto prazo, além da desvalorização de moedas nacionais, menos investimento interno (reflexos no mercado de capitais), maiores custos de importação (exportações favorecidas, mas sem que a desvalorização das moedas respectivas provoque efeitos colaterais), níveis de inflação mais altos, aumento da taxa de juros; O acúmulo de reservas.

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Em estimativas recentemente revistas inclusive pelo FMI e “experts” do mercado financeiro: Estados Unidos crescendo 2,2% este ano e 3,1% em 2015, com repercussões nas economias emergentes, mais aqui (no Brasil) e menos ali (na China e Índia); Zona do euro crescendo 0,8% este ano e 1,3%, em 2015; Brasil crescendo 0,3% este ano e 1,4%, em 2015; México crescendo 2,4% este ano e 3,5% em 2015, com México e Brasil respondendo por 60% da economia da região - AL. A recuperação da economia mundial segue, portanto, potencialmente lenta e fraca, e desigual, tanto nas desenvolvidas quanto nas emergentes, agravada pelas crises políticas antigas e mais recentes. O Brasil é a 7ª economia no ranking mundial, PIB 4,8 trilhões de reais, cerca de equivalentes US$2.215; Renda “per capita” US$ 10.328; Evolução do PIB, 2010=7,5%, 2011=2,7%, 2012=0,9%, com leve recuperação em 2013=2,3%, voltando a cair em 2014 para 0,3% em estimativa revista pelo FMI, ou, no máximo, 0,7% a 0,9%, por outras fontes; Superávit primário de 1,9% do PIB, em 2015 (déficit total acumulado = R$15,3 bilhões, de janeiro a setembro 2014); Taxa de investimento=17,7% do PIB; Taxa de poupança=12,7% do PIB; Força de trabalho (PEA) 107 milhões; Inflação IPCA=5,91% (2013); Desemprego= 5,0% da PEA; Taxa básica de juros SELIC, BACEN acaba de elevar para 12,0% a/a; Salário mínimo R$724,00; Dívida pública bruta total=61,7% do PIB. Há ainda uma mudança nos destinos das exportações brasileiras, mais para os Estados Unidos e menos para a China: “aviões, produtos de ferro e aço [...], máquinas e motores para os americanos; celulose, soja e café para os chineses”. Apesar desses números do PIB em termos absolutos, em termos relativos o Brasil está bem atrás dos USA (US$17.528), China (US$10.027) e Japão (US$4.846), e em menor escala da Alemanha (US$3.845), França (US$2.885) e Reino Unido (US$2.827). Sofre ainda os reflexos da crise americana principalmente depois da quebra do banco Lehman Brothers: fluxos e refluxos de capitais interferindo no câmbio; Baixo investimento na formação de capital fixo;

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Uso da política monetária aumentando a taxa de juros no combate à inflação; Enfrentamento das expectativas desfavoráveis dos agentes de produção; Baixa geração de superávits primários; Expansão e contenção na política de crédito ao consumo; Manutenção e retirada de incentivos fiscais à produção e ao consumo; Insistência em programas sociais e de transferência de renda. O país tem grandes reservas internacionais, mas há anos tem também uma inflação estrutural, ora de demanda, que volta a crescer; tem também um déficit externo elevado. Enquanto isso, o sistema bancário continua ganhando muito dinheiro em operações que falham “em tornar a intermediação de recursos mais pujante e em taxas de juros mais razoáveis”. Haveria uma “dominância financeira em curso”? Reflexões: O que Keynes faria em 2014? Para quem não sabe, além de economista famoso e mais influente do século XX, Keynes ganhou muito dinheiro no mercado de capitais administrando fundo de ações. Alguns dos seus conselhos: Ignore o ruído; Seja “do contra”; Prefira ações a títulos para superar a inflação; Commodities podem ser perigosamente voláteis; Dividendos são desejáveis; Pare de suar. Keynes foi partidário de programas intervencionistas liderados pelo poder público; Políticas monetárias e fiscais para enfrentar os ciclos econômicos; Níveis de renda afetando o nível de emprego; A taxa de juros como prêmio à liquidez; A importância das expectativas supondo que o presente estado de coisas continuará indefinidamente, a menos que haja razões específicas para esperar mudanças. Relax: Desejaria, agora, finda a parte mais árida da minha Palestra, fazer alguns comentários sobre as motivações que me levaram a escrever algumas das crônicas selecionadas constantes do livro bilíngüe “Crônicas de 400 anos”, que a seguir doarei autografo a vocês. RAZÃO E SENSIBILIDADE é um grito de alerta em favor do patrimônio histórico das cidades, particularmente de Caxias, no Maranhão, no Brasil, minha terra

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natal; é um posicionamento democrático contra o lento, gradual e inexorável processo de “modernização” dos espaços às vezes onde se nasce, cresce e morre. VEREDA TROPICAL lembra a minha juventude, em São Luís, e das músicas caribenhas que tocavam nos clubes da cidade, nos bailes da vida, das namoradas e das dificuldades em conservá-las. O QUE É A FELICIDADE? Quem sabe? Eu arrisquei escrever sobre algo apenas experimentado por quem sente. Cada qual é feliz à sua maneira; não há uma receita pronta e acabada. AMOR PERDIDO (páginas 49 a 55) é sobre futebol, que já gostei tanto, todavia acabei perdendo o interesse face desilusões ocasionadas por circunstâncias adversas. Dizem que “somos nós e as nossas circunstâncias”, não é assim? O SERENO DO CASSINO (páginas 101 a 104). “Sereno” diz-se das pessoas que permanecem, de fora, observando os que entram, nos bailes da vida; e Cassino com dois “s” não é clube de jogo, contudo clube de dança. Os de fora observam, fazem comentários de toda ordem, riem, divertem-se com os ditos “privilegiados”: sobre se estão bem vestidos, bem acompanhados. É divertido! MELANCOLIA (páginas 125 a 128) Gosto tanto desta crônica, que parece ficção, mas é realidade, pois foi baseada em fatos reais; mostra como o simples viver é, para algumas pessoas, um verdadeiro dilema. “Seriam os poetas predestinados aos sofrimentos da alma”? Finalizando: Dirijo-me, mais uma vez e para finalizar, ao magnífico reitor da Universidade de Coimbra, professor doutor João Gabriel Silva; ao diretor da sua Faculdade de Economia, professor doutor José Joaquim Dinis Reis; à sua vice-diretora professora Lina Coelho; à senhora Ana Serrano, chefe da Biblioteca Geral da UC, que deu sequência aos nossos contatos iniciais; aos professores e alunos aqui presentes e que prestigiaram este Evento. Agradeço, mais uma vez, a todos em meu nome pessoal e pela deferência à Universidade Federal do Maranhão, na pessoa do magnífico reitor Natalino Salgado Filho; à Academia Caxiense de Letras, pelo seu presidente Antônio Pedro Carneiro; à Academia Ludovicense de Letras, pelo seu presidente Roque Pires Macatrão; Aos meus familiares aqui presentes Mônica Regina Soares Brandão dos Santos, minha filha, advogada, e Fábio Lúcio Campos dos Santos, meu genro, médico, meus dedicados companheiros desta viagem e de outras viagens; E aos amigos de São Luís, que gostariam de ter sido possível atravessar o Atlântico, para prestigiar-me e serem “testemunhas oculares da história”. Muito brigado a todos. Convite à seção de autógrafos do Livro.

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POSSE DE MICHEL HERBERT FLORENCIO NA ACADEMIA BRASILEIRA DE MEDICOS ESCRITORES – ABRAMES EVENTO REALIZADO NO RIO DE JANEIRO.

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ARQUIMEDES VALE É HOMENAGEADO PELA ABRAMES

Em solenidade da ABRAMES com o Dr. Pietro Novelino, Presidente da Academia Nacional de Medicina

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PLENÁRIA DE NOVEMBRO DE 2014 –

Macatrão, Brandão, Aldy, e Clores LANÇAMENTO DO LIVRO DE ALDY MELO

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O professor, escritor e ex-reitor da Universidade Ceuma e UFMA, membro efetivo do IHGM, e membro fundador da Academia Ludovicense de Letras, Aldy Mello de Araújo, lançou seu mais novo livro, intitulado “O Poder no Tempo” na Instituição. O lançamento aconteceu no salão nobre da biblioteca Presidente José Sarney, no dia 27 de novembro, às 19h, no campus Renascença. Na ocasião, foi realizada uma sessão de autógrafos, prestigiada pela comunidade acadêmica, familiares e autoridades. A publicação é uma longa viagem pela trajetória da Humanidade e o progresso humano, desde a Pré-história até a Contemporaneidade de nossos dias, estudando o poder no tempo. O autor explica que o poder, no tempo antigo ou nos novos tempos, tem sido sempre objeto de ganância e disputa por parte de seus detentores, não importando que eles tenham sido imperadores, reis, colonizadores, papas ou governantes. Assim como os poderosos, as igrejas, também, buscaram o exercício do poder em nome da uma espiritualidade, não bastando os gregos com suas divindades primordiais ou alegóricas. Durante o evento, o reitor Marcos Barros em sua fala disse que a Instituição sentese honrada por receber este evento, de grande valia para a literatura local. O professor Ramiro Azevedo, presidente do Conselho Editorial e docente há mais de 22 anos na Universidade, fez uma saudação ao homenageado e discorreu sobre o méritos do trabalho. “O professor Aldy Mello de Araújo possui uma expressiva e competente folha de serviço acadêmico à mocidade do Maranhão e do Brasil. É dignificante o exemplo que dá como intelectual em plena capacidade criativa, agora realçada com este eloquente trabalho “O Poder no Tempo”. A comunidade acadêmica, principalmente, está de parabéns”, enfatizou. O livro contém sete capítulos, todos expondo a caminhada da raça humana e como ela tem convivido com o poder, não esquecendo a evolução do conhecimento e as conquistas de cada época. Trata-se não só de um olhar sobre o passado, mas de uma revisão da memória do tempo em torno de um assunto que ainda hoje ocupa lugar no coração e na vontade dos homens: o poder. Após os discursos, o Professor Aldy Mello expressou seu agradecimento aos presentes e colaboradores. “Além de honrado é muito gratificante estar aqui. O livro é sempre o resultado de um trabalho de pesquisas onde expomos ideias e deixamos para as gerações futuras aproveitarem, pois geralmente quem faz o livro não aproveita quase nada. Aproveita é quem lê. Portanto, é muito festivo estar aqui revendo amigos, revendo todos vocês que trabalham na Universidade Ceuma e isso me faz ter um sentimento de grandeza, de gratidão”, disse. Estiveram presentes no evento o reitor Marcos Barros, o pró-reitor de graduação Saulo Martins, o pró-reitor da Saúde Marcos Pacheco, o pró-peitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Valério Monteiro Neto, o defensor do Estado Aldy Mello de Araújo Filho, a defensora geral do Estado Mariane Albane, além de professores e convidados do autor. O livro ficará disponível em todas as Livrarias Belas Artes e no IHGM. Mais sobre o autor Aldy Mello de Araújo é ex-professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA); mestre em Ciências Sociais pela Universidade de Louvain, na Bélgica. Possui os cursos de Administração Universitária pela Organização Universitária Nacional –

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OUI, do Canadá; Metodologia da Pesquisa Social pela Portland State University, nos Estados Unidos; professor emérito da Arkansas State University, também nos Estados Unidos; bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela UFMA. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras, ex-reitor da UFMA, da Universidade Ceuma e ex-diretor da Faculdade Euro-Americana, em Brasília. É membro titular do Conselho Diretor da Universidade Federal do Maranhão; da Academia de Ciências e Artes da Câmara Brasileira de Cultura, na área de Ciências Sociais, onde ocupa a cadeira Gilberto Freyre, e do Conselho de Desenvolvimento Tecnológico do Estado do Maranhão. Adaptado do site da Universidade CEUMA

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EXPOSIÇÃO DO CENTENÁRIO DE ODYLO COSTA, FILHO

VAVÁ, SARNEY, CERES, CLORES - ALL REPRESENTADA NA EXPOSIÇÃO

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Func Fundação de Cultura 23 de dezembro às 17:57 ·

A Fundação Municipal de Cultura (Func) lamenta o falecimento de Firmino Diniz, mestre de capoeira dos mais antigos de São Luís. O professor e integrante da Academia Ludovicense de Letras, Leopoldo Vaz, escreveu homenagem no blog do jornal O Estado contando um pouco da biografia do mestre. Leia: http://goo.gl/wN3vZD

Leopoldo Vaz | MORRE MESTRE DINIZ – OS BERIMBAUS SE CALAM, CHORANDO O ENCANTAMENTO DO VELHO... BLOGSOESTADO.COM

Leopoldo Gil Dulcio Vaz

MORRE MESTRE DINIZ – OS BERIMBAUS SE CALAM, CHORANDO O ENCANTAMENTO DO VELHO MESTRE CAPOEIRA Por Leopoldo Vaz • terça-feira, 23 de dezembro de 2014 às 10:31 Logo cedo, recebo telefonema de Mestre Baé: - Mestre, o velho Diniz morreu… ontem à noite; está sendo velado na Pax União, ali no Canto da Fabril. Todos os Mestres Capoeiras estão sendo convocados para prestar-lhe homenagens. O aguardamos por lá, esta manhã… Mestre Firmino Diniz – nascido em 1929 – era o Mestre mais antigo de São Luís. Teve os primeiros contatos com a capoeira na infância, através de seus tios Zé Baianinho e Mané. Lembra ainda de outro capoeirista da época de sua infância, Caranguejo, apelido

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vindo de seu trabalho de vendedor dessa iguaria, que costuma tocar berimbau na “venda” de propriedade de sua mãe, localizada no bairro do Tirirical. Viu, algumas vezes, brigas desse capoeirista com policiais. (SOUZA, 2002, citado por MARTINS, 2005, p. 30)[14]. Mestre Diniz teve suas primeiras lições no Rio de Janeiro com “Catumbi”, um capoeira alagoano. Diniz era o organizador das rodas de capoeira e foi um dos maiores incentivadores dessa manifestação na cidade de São Luís.

http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/notas+sobre+a+capoeira+em+sao+luis+do+maranhao issuu.com/leovaz/docs/cronica_da_capoeiragem_-_leopoldo_g

Quando do “Renascimento” da capoeira em São Luís, com a chegada de ROBERVAL SEREJO no início dos anos 60 e a criação do Grupo “Bantus“, do qual participavam, além de Mestre Roberval Serejo, graduado por Arthur Emídio; Mestre Diniz (aluno de Catumbi, de Alagoas), Mestre Jessé Lobão (aluno de Djalma Bandeira), de Babalú; Gouveia [José Anunciação Gouveia]; Ubirajara; Elmo Cascavel; Alô; Patinho [Antonio José da Conceição Ramos]; e Didi [Diógenes Ferreira Magalhães de Almeida].

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Em setembro de 1996 Mestre Indio do Maranhão sendo Graduado Mestre por Mestre Firmino Diniz.

Em Tradições – Capoeira/capoeiragem no Maranhão Atlas do Esporte do Maranhão. http://cev.org.br/biblioteca/tradicoes-capoeira-capoeiragem-maranhao/ Mestre, Patinho, relata o aparecimento do Grupo Bantus: “… bem aqui na Quinta, bem no SIOGE. Década de 60 era um grande reduto da capoeira principalmente na São Pantaleão, onde nasci…. Pois bem, um amigo que tinha recém chegado do Rio de Janeiro, Jessé Lobão, que treinou com Djalma Bandeira na década de 60; Babalú, um apaixonado pela capoeira; outro amigo que era marinheiro da marinha de Guerra, também aprendeu com o mestre Artur Emídio do Rio, Roberval Serejo; juntamos Jessé, Roberval Serejo, Babalú, Artur Emídio (sic) e eu formamos a primeira academia de capoeira, Bantú, e estava sem perceber fazendo parte da reaparição da capoeira no Maranhão. Também participaram Firmino Diniz e seu mestre Catumbi, preto alto descendente de escravo. Firmino foi ao Rio e aprendeu a capoeira com Navalha no estilo Palmilhada e com elástico, nos repassando.” (Antonio José da Conceição Ramos – Mestre Patinho – em entrevista concedida a Manoel Maria Pereira) [2]. In http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2009/12/27/artur-emidio-e-acapoeiragem-em-sao-luis-do-maranhao/ Em “Memórias da Capoeira do Maranhão” pesquisa de Roberto Augusto A. Pereira, o livro Roda de Rua – Memórias da Capoeira do Maranhão da Década de 70 do Século XX, lançado em dezembro de 2009, em São Luiz, tem como ponto de partida as rodas de capoeira nas ruas de São Luís e, entre os personagens marcantes da capoeira na época, o livro foca especialmente nos capoeiristas Anselmo Barnabé Rodrigues, o Mestre Sapo; Mestre Roberval Serejo e Firmino Diniz, o Mestre Diniz.

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Categoria Atlas do Esporte no

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CRテ年ICAS, CONTOS, ARTIGOS

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ERA UMA VEZ O AMOR... ONDE ESTÁ O PARAÍSO?

DILERCY ADLER [...] a impossibilidade de tanto amor profícuo me deplora! [...] a fé nos homens ainda persiste o amor à vida ainda vive a esperança ainda resiste... In: Desabafos...Flores de plástico...libidos e licores liquidificados (ADLER, p. 26, 2008).

Laura sonhava com a sua primeira vez. Imaginava-se no mesmo paraíso de Eva. Aquela imensa área colorida onde predominava o verde salpicado de amarelo ouro, vermelho intenso, vermelho claro, azul, lilás, enfim, todas as cores do arco-íris nas árvores, nas flores, na grama salpicadas de orvalho, vindos do sereno da noite. Ela gostava de chuva, do cheiro da terra molhada, que, a seu ver, era o precioso orgasmo da terra. Na escola ela tinha recebido orientação sexual, porque seus pais, muito recatados e ciosos, não falavam desse assunto. Além disso, procurou livros que tirassem as suas dúvidas. Um dia, até procurou a professora de Ciências para também trocar ideias, embora tenha ficado ainda com um monte de interrogações, as quais imaginava que seriam respondidas quando tivesse a sua primeira experiência sexual. Laura já estava com 15 anos, e a maioria das suas colegas já tinha iniciado a sua vida sexual, ela não. Mas ela se convencia de que não tinha pressa, queria que fosse algo especial, inesquecível. Chegou a imaginar o cenário onde se desenrolaria esse momento, um paraíso na terra, seu paraíso somente compartilhado com o seu eleito. Romântica, sempre se considerou uma romântica incurável. E aí o esperado parecia ter iniciado quando conheceu Saul, um aluno da sua escola, de uma série mais adiantada. Sentiu um frio no estômago ao vê-lo correndo na quadra da escola, numa partida de vôlei. Ao saltar, parecia um “deus grego”, caminhava e corria com desenvoltura e elegância, os seus saques eram precisos e coroados pelo uhuhuhuhuh! da plateia.

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Naquele dia, depois do jogo, procurou aproximar-se do time. Quis parabenizar a todos, mas principalmente o Saul. Chegou perto dele, com calma e largo sorriso adornado por um lânguido olhar e lhe disse: quero dar-lhe um beijo para expressar a minha admiração por sua performance no jogo, posso? Ele prontamente respondeu que sim! E o beijo foi dado, claro que no rosto, mas com muito carinho. Parece que Saul tinha entendido a mensagem e sentido algo especial nesse beijo, pois imediatamente convidou-a para sair com o grupo e comemorar. Não era preciso mais nada! De pronto aceitou o convite. Começou a sair com o grupo de Saul. Meninos e meninas animadas, descoladas, papos interessantes, todos um pouco mais velhos. Passaram-se alguns dias e Laura via em Saul o seu Adão e se imaginava no Paraíso como Eva... se imaginava no paraíso e ficava pensando o que Adão e Eva sentiram ao ser expulsos do paraíso!!! Os dois perceberam afinidades e partilharam sonhos; a vida estava perfeita demais, se é que se pode achar felicidade demais! Parecia estar no paraíso... literalmente no paraíso porque, apesar da felicidade de Eva e Adão, tem-se a impressão de que eles não faziam sexo... ou será que faziam? Mas ela se via com Saul num paraíso sem sexo, porque ainda não tinham tido nenhuma experiência sexual. Ambos acalentavam o sonho de que esse momento fosse muito especial... até nisso pareciam!!! Mas, os sentidos, o corpo, falam sempre muito alto, afinal, trocavam beijos, carícias, só não concretizavam o ato sexual porque estavam esperando esse momento especial. Adorava, como adorava os beijos de Saul, seus toques, afagos, as palavras que sussurrava em seus ouvidos... Por isso, apesar de não ter adentrado no paraíso (com sexo), sentia-se feliz! Sentia-se à porta do paraíso do amor com sexo! As amigas perguntavam a ela se já tinha tido relação sexual com Saul, mas ela ria e desconversava, queria que fosse algo só deles, de mais ninguém. Assim, ao completar seis meses que saíam e trocavam carícias e juras de amor, resolveram buscar um lugar afrodisíaco e pensaram em deixar rolar naturalmente, sem planos; não queriam que esse dia fosse totalmente planejado. Se desse para acontecer, aconteceria, caso contrário, ficaria para outra ocasião. Então, naquele dia foram à praia e caminhavam sentindo o frescor da espuma do mar nos seus pés. Ao longe, na linha do horizonte, o sol brilhava, parecia sorrir, e de repente Laura pensou ver o sol piscar numa atitude de cumplicidade como a dizer: “Por que esperar mais? Vocês se amam, têm tanto em comum, sentem desejos, fortes desejos que têm sido reprimidos a tanto custo!... Por que esperar?” Repentinamente, tomada por um impulso forte e incontrolável, ela, Laura, abraçou-se sensualmente ao corpo de Saul, e sentiu seu corpo todo estremecer, respondendo aos apelos dos instintos sexuais, próprios de todos os animais, mas com o pulsar de um coração repleto de amor e desejo. Deixaram seus corpos orquestrarem aquela indefinível sinfonia... indescritível!... Se amaram... muitas e muitas vezes naquela manhã de sol, naquela praia deserta sem se importar com nada nem com ninguém. Só eles existiam... Algo que Laura achou interessante foi que ela tomou a iniciativa, ela não resistiu aos apelos sedutores do mar, do sol e, claro, do sorriso, olhar e do corpo escultural de Saul.

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Assim, adentraram no Paraíso, no Paraíso de Adão e Eva, com sexo! Sexo pleno, porque pleno de amor... Ficaram deitados na areia, deixaram as ondas lavarem seus corpos, suas roupas... Como estavam molhados, encharcados! Mas, repletos de amor, ternura, desejo, enfim, de todos os sentimentos puros que deveriam ser sentidos por mais pessoas no mundo. Sentia-se privilegiada e ao mesmo tempo penalizada por saber que tão poucas pessoas adentravam no paraíso e lá permaneciam por muito tempo!!! Que incongruência da vida humana, já que deveríamos ter nascido para a felicidade, não para a dor, para a desilusão, para a incompreensão... Tão embevecidos estavam que não perceberam três homens se aproximando. Um deles perguntou as horas e eles se espantaram, pois não os viram chegar, mas gentilmente responderam. Mas os homens não se afastaram e Laura e Saul começaram a ficar apreensivos. De repende eles avançaram sobre o casal e desenrolou-se uma cena de horror que não convém descrever... Enquanto ainda tinha vida Laura viu-se entrando no paraíso e saindo dele de uma forma grotesca... E se perguntava: Por quê? Por que existem pessoas assim? Mas o seu último olhar, o seu último pensamento foi para o seu grande amor, Saul, que, junto com, ela adentrou idilicamente no paraíso e dele foi expulso abruptamente!! É que todo ato sexual amoroso leva ao paraíso. O desafio é como permanecer nele por muito tempo. Às vezes os outros nos arrastam, nos expulsando dele, às vezes nós mesmos não sabemos permanecer nele e saímos com os nossos próprios pés !!! Era uma vez o amor!!! Haverá sempre “uma vez para o amor !!!” E o paraíso? Onde estará, para além do nosso desejo, da nossa necessidade, necessidade premente e irrevogável de felicidade?

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CONVERSA DE MARANHENSE

HAMILTON RAPOSO MIRANDA FILHO .O maranhense sempre foi um brasileiro diferenciado, não fomos fundados por portugueses, a nossa posição geográfica é indefinida e a nossa linguagem nos diferencia dos outros brasileiros. Falar que está arreliado é o mesmo que dizer que está irritado ou desassossegado. Se esta irritação extrapolou os limites e criou-se uma confusão, costumamos chamar esta situação de cascaria e o indivíduo causador da cascaria é o casqueiro. O casqueiro é diferente do fuxiqueiro, que é aquele que faz o fuxico, o leva e trás. Fuxico é o disse me disse. O final de todo fuxico é uma grande cascaria. Em toda cascaria ou fuxicagem você pode ouvir uma pérola maranhense o “eu vou te da-le”, que é o mesmo que bater em alguém. É uma frase ameaçadora, é o extremo da raiva de um maranhense e se alguém de outro estado ouvir de um maranhense o “eu vou te da-le um bogue”, avise para que saia da frente que o maranhense vem raivoso. O bogue significa esmurrar outra pessoa, é o mesmo que sopapo ou murro. O bogue mais terrível é o bogue no “pé do ouvido”, é terrível, um verdadeiro “pescoção”! Confesso que nunca dei um bogue em ninguém, fiquei somente na vontade, faltaram-me coragem e força física. Em uma ocasião senti vontade de dá um bogue em um colega quando disputava uma lanceada na Praça da Alegria, outra vez foi jogando bolinha e o parceiro não avisou o “casa ou bola porco leitão”. Se você não entendeu, com certeza nunca empinou papagaio ou jogou bolinha de gude. A desaprovação de uma situação ou quando não tenha nenhum valor ou significado, ou aquilo que não presta, identificamos como fuleragem, tanto que o causador da fuleragem é o fulero ou imprestável ou irresponsável. Pior que a fuleragem é a esculhambação, situação onde exista corrupção, malversação pública ou privada ou descuido com a moral. O esculhambado é o grande causador da esculhambação. Se algo quebrou ou apresentou algum defeito, tenha certeza que está escangalhado e que precisa de conserto. O maranhense não diz que um objeto está quebrado, ele diz que está escangalhado. Se este objeto for um carro e se estiver bastante usado, com certeza este carro é uma “casqueta” Com certeza se conhece alguém muito econômico, que não gastou dinheiro quando não devia e muito menos quando devia, alguém que nunca divide uma conta e que sempre dá uma desculpa para sair na hora da divisão, este é o canhenga.

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Adoeceu, sentiu-se incomodado, pede por ajuda ou por socorro, o maranhense vai dizer “me acode” e se ouvir “me vale ou valha-me”, tenha certeza que é um pedido de clemência ou de ajuda Divina para o seu sofrimento. O hum, hum ou hém, hém são palavras afirmativas ou negativas, e o seu sentido depende do contexto de quem fala ou de quem ouve. Outras vezes não tem significado nenhum, o maranhense simplesmente ignora a conversa dizendo hum, hum ou hém, hém. Colocar uma roupa no cabide do guarda-roupa é compreensível, entretanto o maranhense coloca a roupa na cruzeta, ele não fecha o zíper, ele fecha o ríri e ele abotoa a camisa depois de engomada. O “piqueno ou piquena” não significa o antônimo de grande ou tamanho das pessoas. Referimo-nos à faixa etária ou características infantis. Pode às vezes ter um caráter pejorativo, não sei por que alguns quando chamados de piqueno, devolvia em tom raivoso que piqueno era filho de cego, confesso que nunca entendi esta resposta. Não existe expressão mais maranhense que “qualhira ou qualira”. Adoramos ser identificado por qualira, talvez seja a identificação do maranhense em qualquer lugar do mundo, se ele ouve alguém ser chamado de qualira, ele tem certeza que um maranhense está por perto. O qualira pode até ser comparável com gay, fresco ou veado, mas não tem caráter homofóbico. Qualira é um estado de espírito e qualhiragem ou deixar de fazer qualhiragem, é o mesmo que pedir para uma pessoa deixar de fazer besteira ou chatice, portanto se alguém lhe chamar de qualhira ou qualira, não se arrilie e nem faça cascaria, sente num mocho e descanse. Em caso de admiração, ouve-se o “éguas”! Éguas é uma palavra exclamativa e superlativa e utilizada pelo maranhense no sentido de exagero. O órgão genital feminino é o xiri, e junto com o qualira formam uma dupla 100% maranhense, que resistem bravamente a todos os modismos e invasões culturais, são duas identidades genuinamente maranhenses. O maranhense não vive sem xiri, sem qualhiragem e sem farinha d’ água!

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BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE AS IDEIAS DE THOMAS PIKETTY

ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO Este texto não é uma pretensa provocação aos economistas de todos os matizes, nem tem a intenção de substituir um Regime que, nas palavras de Winston Churchill, “é o melhor de todos, à exceção dos demais”. A verdade é que, provadamente, ao longo do tempo, pelas consequências principalmente decorrentes da globalização cada vez mais em curso, entre suas vantagens e desvantagens, algumas teorias econômicas até então consagradas pela ciência estão sendo postas em “xeque”. No decurso da crise da zona do euro escrevi muito a respeito. Convém lembrar que essa crise, decorrente da derrocada das “sub-primes” (títulos hipotecários negociados junto ao sistema bancário americano), abalou a teoria da regulação dos mercados e a crença de que os consumidores agem de forma racional, e fez surgir a chamada “financeirização” da economia em que os bancos “grandes demais para quebrar” extrapolaram a capacidade de administrar seus ativos promovendo alavancagens de alto risco, principalmente envolvendo os famosos derivativos. Em artigo intitulado “A economia precisa de novas teorias”, publicado no jornal “O Estado do Maranhão”, enfatizei que, para evitar a repetição do “crash” de 1929, a Grande Depressão, nos Estados Unidos, os bancos centrais dos países mais desenvolvidos, inclusive dos de lá, decidiram injetar muitos trilhões de dólares em socorro a governos e empresas endividados, e ao próprio sistema bancário na iminência de não receber créditos havidos; para mim ficara evidente a necessidade de ser restabelecida a lógica da proporção entre meios de pagamentos produtos/serviços, da base monetária e seu multiplicador, e da necessidade de regulação do sistema por parte das autoridades monetárias. Relembremos o que eminentes teóricos escreveram a respeito do crescimento econômico, do capital e seu processo de acumulação, da geração da riqueza e sua distribuição, questões que estão na base do livro de Thomas Piketty, “O Capital do Século XXI”, ainda na versão francesa, mas que brevemente será lançado entre nós. Antes, qualificando o autor, Piketty é economista e professor da Escola de Economia da Universidade de Paris, e esposa uma nova teoria, pelo menos no que se refere à concentração e distribuição de renda no regime capitalista considerando-se implícitas na sua tese as políticas monetária e fiscal. Adam Smith (1723-1790), célebre escocês “gênio” tutelar da escola clássica e um dos construtores das bases da moderna ciência econômica, que escreveu “A Riqueza das

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Nações”, “uma teoria sobre o crescimento econômico baseada na produtividade do trabalho e na distribuição funcional da renda”, contestava a “supremacia do Estado pela acumulação de metais preciosos e preocupava-se mais com o homem e com a distribuição da riqueza, e com os problemas ligados à sua repartição”; são temas centrais das pesquisas pioneiras feitas por Piketty e expostas no seu já famoso Livro. Sabemos que há outras teorias acerca do sistema capitalista. Apenas para lembrar a mais marcante delas, de cunho socialista, a da “mais-valia”, que pregava a apropriação do fator trabalho no ato da produção e não somente após a venda do produto, por parte do detentor do Capital. Faria diferença na distribuição da renda de certa forma imaginada por Smith; hoje, a participação do trabalhador no lucro das empresas não seria um forma de reconhecer isso? De Alfred Marshall (1842-1924), que procurou dar um tratamento quantificado à economia e analisou o comportamento do consumidor numa visão microeconômica, de que adotaria decisões racionais, Piketty herdou esses fundamentos ao embasar sua tese em pesquisa aplicada de sua participação na riqueza, mas admitindo influências psicológicas nessas decisões. Como Marshall, Piketty preocupa-se com a situação dos menos favorecidos levando-o à “percepção de que a pobreza está na raiz de muitos males sociais”, que é preciso erradicá-la através da educação e saúde setores facilitadores de uma mais equitativa distribuição de renda. Piketty admite as vantagens do sistema capitalista, acredita “no livre mercado e na propriedade privada”, mas vê que “há um risco se não mostrarmos que é imperioso repartir os ganhos da globalização de forma mais equilibrada”. O certo é que a melhoria na repartição da riqueza deveria ser função do crescimento e da produtividade decorrente da utilização racional dos fatores de produção, base do desenvolvimento econômico; nada de formas de protecionismo incentivadas pela filantropia e pela política.

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PINHEIRO: O BOI DO PORTINHO E AS ELEIÇÕES DE 1950

AYMORÉ ALVIM Os últimos raios de sol caiam, naquela mormacenta tarde de junho, sobre Pinheiro, banhando os campos do Pericumã ainda inundados pelas chuvas do fim do inverno. No porto, que ficava por trás da casa de Antenor Correia, uma pequena multidão fervilhava, naquele dia perdido na memória, do ano de 1950. Os foguetes pipocavam com intervalos regulares ate que, em dado momento, se intensificaram, aumentando o frenesi dos populares, principalmente, das moças que ali se encontravam. Lá para as bandas do “Poste de ferro”, já era bem nítida a visão de canoas, grandes e pequenas, das quais partia um som com ritmo de zabumba, bem cadenciado e por demais conhecido, que começava ser ouvido anunciando a chegada da comitiva do bumba meu boi de Macapá, ou melhor, do boi do Portinho. Tio Paulo Castro, o empresário, juntamente com Onofre Ribeiro e muitos outros que formavam a comissão organizadora se agitavam de um lado para outro, ultimando os preparativos para a recepção. Momentos depois, sob ovação dos presentes e intenso foguetório, começavam a descer das canoas o dono do boi, seu Rafael, João Botão, o “pop star” da época, primeiro bailante e puxador de toadas, que alvoroçava o coração das senhoritas pinheirenses e, por fim, o restante do batalhão. Foram dias muito movimentados, principalmente, no bairro da Matriz, onde foi hospedada a comitiva, no prédio que ficava em frente à casa de Fausta Reis e ao lado da residência de “Paulo Bebeu”. Durante o dia, era grande a afluência popular para apreciar os ensaios. À noite, antes do início das apresentações, fogueiras de variados tamanhos ardiam, às portas das residências onde eram degustados o mingau de milho, bolo de macaxeira e, ainda, doces variados, enquanto a criançada se distraia tocando bombas e queimando fogos como pistolas, estrelinhas e trepa-moleques que vieram substituir os temíveis busca-pés. Mais tarde, por volta das vinte e uma horas, iniciavam as apresentações do bumba-boi. Dessa vez, foi no quintal do Grupo Escolar Elisabetho Carvalho também conhecido por “quintal do bode”, jocosa referência popular à antiga sede da Loja Maçônica de Pinheiro.

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A área recebeu, com muita antecipação, uma limpeza geral. Foram preparadas as arquibancadas e os galpões com instalação de banheiros, bar e quiosques para vender mingau de milho e as guloseimas próprias da temporada. Para os primeiros dias, os bilhetes foram adquiridos com bastante antecedência, tal era a popularidade do boi do Portinho. Nesse ano de eleições, o que chamou muita atenção foi uma toada que agradou muita gente e desagradou outras, principalmente, os políticos locais, mas ficou na memória do pinheirense que sempre, à época de eleições, dela se lembrava. Por isso, lembrei-me, também, dela agora: “Em outubro vai ter eleição. É chegado o tempo de todo caboclo ter valor. Os grandes homens com sua amabilidade, Pra falar a verdade, chamam a gente até doutor. Depois, quando se acham bem servidos, Ficam até desconhecidos Que são capazes de pisar, Olhe lá, O pobre do eleitor”. Naquela época, eles não davam a mão para ninguém, não abraçavam nem beijavam velhos e nem carregavam criancinhas. O negócio era o tapinha nas costas. - Como é, meu doutor, conto com seu votinho este ano? - “ E cuma não, meu branco”. Ao término da temporada, as despedidas foram concorridas e muitas lágrimas rolaram nos tristonhos rostos das senhoritas que ficaram a ouvir, enquanto as canoas se afastavam, o João Botão cantar: “Adeus que já vou embora, É chegada a hora, eu tenho que voltar. Eu vou choroso e o meu coração pesaroso, Na hora desta partida, por não poder te levar”. Continua ou não adequada, ainda, para o momento? A palavra e sua.

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A PRIMEIRA ROMANCISTA BRASILEIRA

FERNANDO BRAGA Especial para o Jornal de Brasília, em 16 de novembro de 1975 HTTPS://WWW.FACEBOOK.COM/GROUPS/324308197653931/PERMALINK/707830122635068/

Prisioneiro voluntário em uma oficina de criações e emoções diversas, Nascimento Moraes Filho, mergulhou algum tempo atrás em uma gloriosa pesquisa nas salas grandes da Biblioteca Pública do Estado, em São Luis, como se fosse conduzido pela determinação daquele verso de Whitman: “o que não está numa parte está noutra”, usando apenas a vontade como poder. Deste trabalho, sentiu há poucos dias passados, o resultado dos seus propósitos, quando fez a entrega ao Maranhão, em praça pública, do romance “Úrsula”, reeditado em fac-símile, justamente nos 150 anos da escritora Maria Firmina dos Reis, nascida em São Luis a 11 de outubro de 1825 e falecida na cidade de Guimarães [interior do Estado] a 11 de novembro de 1917. O romance “Úrsula”, de Maria Firmina dos Reis, foi publicado pela primeira vez em 1859, pela “Tipografia do Progresso” [São Luís], razão pela qual, se prendeu Nascimento Moraes Filho, provando com a justeza de sua coerência intelectual, ser ela a primeira romancista brasileira. Esquecida entre jornais empoeirados e entre históricos documentos amarelados pelo tempo, Maria Firmina dos Reis, até então, tinha o nome apenas gravado na “água”, como no epitáfio famoso escrito na pedra que silencia o sono eterno de Keats. A ninguém coube o fôlego da intencionalidade em fazer conhecida esta grande mulher, neste nosso século e, se porventura soubessem da sua existência, diriam displicentemente “que Wattan sem as Valkirias a tenha”, talvez levado pelo descaso consciente de não estarem prestando um grande serviço às letras do país, ou pelo medo na incursão de tão cansativo e torturante trabalho. E Nascimento Mores Filho dela lembrou-se, com a perspectiva vocacional, colhendo do desconhecido subsídios valiosos para a dignidade do conhecer, sabendo que a arte é a sensibilidade humana e neta de Deus através dos homens. E daí o inesperado, a surpresa, legitimando a romancista Maria Firmina dos Reis na escala dos valores merecidos, até então desprezada no bastardismo do esquecimento. A Nascimento Moras Filho coube a petulante coragem, mostrando que nada mundifica tanto a alma dum homem como a criação da beleza e da verdade. E ele não se acobardou diante das seríssimas dificuldades existentes, sem nada que lhe norteasse

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uma pesquisa de grande valia e sem nenhum instrumento de metodologia cientifica. Como poeta, transcendeu sensivelmente ao apuro da sua criação de artista, norteando-se apenas a sonhos azuis e longínquos e, como folclorista, homem de cultura feita, maturado por vivências às vezes cruéis e também fantasísticas, teve ao seu lado a suprema ousadia da intenção acidental ou não, mas feliz de certo, que é o destino em estado de rigidez, crendo mais na extensão que propôs realizar do que mesmo no pão em substituição terrível ao suor, admitindo, como Spengler, a possibilidade de transpor o presente como limite de investigação. E agora aí está Maria Firmina dos Reis, já conhecida no Maranhão, devendo, de agora em diante, por processos lentos, ser conhecida em todo país, pela supremacia de ser a primeira romancista brasileira, carente da necessidade crítica que há de vir por certo. E agora aí está Maria Firmina dos Reis, em busto na Praça do Pantheon, em São Luís, e com placa comemorativa num velho casarão da Rua de Santana, onde funcionava, na época, a “Tipografia Progresso” que teve a felicidade de editá-la pela primeira vez. E agora aí está Maria Firmina dos Reis, com nome de Rua em um dos bairros da Ilha, onde o poeta cantou em versos, rogando a Deus não deixá-lo morrer sem avistar pela derradeira vez as palmeiras que ornamentam a triste e melancólica Praça de seu nome... Parabenizo Nascimento Moraes Filho por ter sabido que a compreensão é mais que a conquista e que o conhecer é mais que o possuir... O “ego habeo fatum” extenderse-á sempre às suas motivações... Por fim, parabenizo o Maranhão, que também agora acolhe feliz Maria Firmina dos Reis entre seus filhos ilustres, no “logos” dos seus imortais, louvando aos filhos de nossos filhos, “por nume nossos avos”.

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O PRIMADO DA IMAGINAÇÃO: um estudo arteterapêutico em Maria Firmina dos Reis

VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES

“A poesia é a vida a nos beijar o corpo com toda a sua loucura de alma.” Resumo: O PRIMADO DA IMAGINAÇÃO: um estudo arte terapêutico em Maria Firmina dos Reis configura o diálogo da Literatura com a Arteterapia. Nele é enfatizada a importância da imaginação criativa para a formação do(a) leitor (a) perspicaz, enquanto canto e encanto do projeto político - literário - social em obras da escritora maranhense Maria Firmina dos Reis, no Brasil do século XIX. Palavras-chave: Imaginação - Literatura-Arteterapia - Liberdade/Loucura/Amor

INTRODUÇÃO Em um jeito todo próprio, de amorosa contemplação que se fez leitura e paixão de práxis educativa, quase à flor da pele, porque sabemos que “ é a paixão que explica a forma, e esta, transforma-se em linguagem (essência humana), que é Arte, ou seja, Humanização” (SALLES, 2013), aqui venho também exaltar a beleza comungada entre iguais, em um coexistencialismo estético, que ao nosso ver: “(...) reflete sobre a questão do patrimônio histórico cultural como meio ambiente que deve ser preservado, principalmente o conhecimento e o uso que se faz dele e de suas diferentes linguagens.” (SALLES, 2010, p. 7).

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E desvelar o canto e encanto do projeto político-literário-social, portanto, educacional e universalista, em obras da escritora maranhense Maria Firmina dos Reis, em pleno Brasil do século XIX, ainda escravocrata. Revela Bachelard (2007), que “o problema da intuição do instante” onde o instante funda o possível. Nesse instante fecundo ou intuitivo que “a consciência atenta será enriquecida por um conhecimento objetivo”. É a novidade instantânea de pensamento audacioso uma inscrição de amor na memória humana, mensagem e/ou convite a uma missão, que vem do latim “missio” e do grego “apostello”, ambos significando “envio”, que se firmará a clarividência telepática da potência pessoal. Esse instante poético surge do encantamento que é uma ambivalência excitada, dinâmica, vital. O primado da imaginação, por suposto é a persistência da energia da libido na reconfiguração de um autêntico universo intercomunicativo ao ser para que uma bioecolinguística se faça presente memória porque sabemos que “a posição do autor” não é um problema de forma e muito menos de técnica narrativa, mas um princípio do pensamento criativo elaborando uma nova ordem socioética, sublinhando o significado chave na reflexão de um momento decisivo da história universal humana. Para Jung (2000) “ o entusiasmo é a fonte do belo” e a arte tem o objetivo criativo de fazer com que a psique do indivíduo tenha a possibilidade de se expressar através de imagens ou de símbolos, exercitar com alegria esse jorrar criativo representando ali seus sentimentos mais intensos e profundos. Na beleza artística da “ironia disfarçada” na polifonia de voz ao convidar o(a) leitor(a) a ir além dos estereótipos da interpenetração entre natureza e liberdade, o universo firminiano desvela e exercita-se com alegria de filósofa a sua “individuação” que caminha ao encontro da felicidade ético-politica que também é atravessada intuitivamente por uma postura pós-moderna como “mandala”que se estrutura no desenho circular ritual, uma senda à um projeto social. É uma “potência de ação com objetivo de práxis frente à dialética exclusão/inclusão na configuração dessa ação com significado e emoção, coletivas e individuais” (Sawaia: 2013). Explica-nos esse autor : Para esclarecer a distinção do sofrimento e felicidade de dor e sofrimento tomemos como exemplo as emoções vivenciadas por participantes de movimentos sociais. Todos sentem alegria e prazer com a conquista das reivindicações, mas nem todos sentem a felicidade pública. Esta é experienciada apenas pelos que sentem a vitória como conquista da cidadania e da emancipação de si e do outro, e não apenas de bens materiais circunscritos. A felicidade ético-política é sentida quando se ultrapassa a prática do individualismo e do corporativismo para abrir-se à humanidade. (SAWAIA, 2013, pp.106/7). Abrir-se à humanidade é uma audácia na sociedade contemporânea pós-moderna brasileira onde o corpo do sujeito mulher é visto como uma desrazão, instado e inscrito ao rol do patológico e da desordem, interrompida que é na normalidade de sua afetividade, emoção e amor, se pararmos e olhar o alto índice de violência de gênero, isto é, já um feminicídio. Ousamos dizer há uma “perversidade” incontestável a fomentar um “banzo” individual e coletivo no bojo social das elites brasileiras, enquanto projeto de desfiliação para a desqualificação dos sujeitos sociais, em conseqüência, da família brasileira e de sua Educação, posto que é esta maioria, já que dos 26 estados no país, em apenas 6 deles, as mulheres perfazem menos de 48%, e são efetivamente chefes de suas famílias.

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Assim, nessa linha de pensamento audacioso, aproprio-me das palavras da também singularíssima escritora maranhense Dilercy Adler, que em seu “Elogio à Maria Firmina dos Reis, intitulado: Maria Firmina dos Reis: ontem, uma maranhense; hoje uma missão de amor!” que a partir de suas leituras, informa-nos : No meu entender, a sua Personalidade Política, retratada no seu inquestionável engajamento político é o sustentáculo da sua obra literária e da sua vida. Essa certeza me encanta através da clara visão dos seus atos e palavras passando por todas as questões que limitam a felicidade do ser humano em seu coletivo. (ADLER, 2014, p. 13). As obras dessa primeira Personalidade Política e Literária Feminina Afrodescendente do Maranhão, portanto do Brasil, intitulam-se: Úrsula ( romance, 1859); Gupeva (conto, que se quer romance, 1861/1862 ( O Jardim das Maranhenses) e 1863 (Porto Livre) e 1865 ( Echo da Juventude). Poemas em: Parnaso Maranhense, 1861. A Escrava ( conto, 1887, A Revista Maranhense nº 3); Cantos à Beira-Mar ( poesias, 1871). Participou da antologia poética Parnaso Maranhense(1861), além de espalhar poemas em: A Imprensa, Publicador Maranhense, A Verdadeira Marmota, Almanaque de Lembranças Brasileiras; Semanário Maranhense, O Domingo, O País, A Revista Maranhense, Diário do Maranhão, Pacotilha(jornal), e Federalista. Composições musicais: Auto de bumba-meu-boi (letra e música); Rosinha, valsa (letra do poeta Gonçalves Dias e música); Hino à Libertação dos Escravos (letra e música, 1888); Pastor estrela do oriente (letra e música); Canto de recordação ( “à Praia de Cumã”, letra e música), aqui estão a revelar-nos que a imaginação criativa é ponto fulcral para a visão plurotrópica de mundo, onde a Democracia e os Direitos Humanos são verdades a serem conquistadas cotidianamente, haja vista as suas palavras- chave escritural ser a tríade universal revolucionária: Liberdade/ Loucura/ Amor. Apesar das forças que a obstacularizaram e a levaram ao ostracismo por mais de um século, suas ideias núncia poética são apropriadas ao século XXI, elucidam o que fazer para termos saúde mental e social, no público e no privado. Arte circular, dialógica, plural, do dizer feminino ancestral, eis Maria Firmina dos Reis que se oferece, desnudando a ilusão para através da ficção e de seu iluminante imaginário criativo e indômito, cantar do âmago o indizível, norteando-nos para colocarmos a vida no centro do pensar, e jamais, jamais sejamos sevos. Porque é a desumanidade, o afastamento de si mesmo, que impede “a felicidade do ser humano em seu coletivo”, principalmente ao desviar-se do seu projeto de vida original e perpetrar a violência de gênero, historicamente engendrada. Para falarmos de imaginação criativa, literatura e arteterapia, devemos ter em mente que é através do uso poético na produção da metáfora e da metonímia, imagens sínteses do mundo, que a imaginação se revela como produtora manifestante do dinamismo criativo, tornando-a expressão sine qua non da liberdade humana, cuja ubiqüidade constitui o segredo da transcendência humana, objetivo da utopia. Por utopia entendemos o diálogo plurotrópico (Eu: sujeito de/em conhecimento x O outro : a língua e a cultura), que no dizer firminiano é estabelecido quando encontramos e ensejamos ser “leitor(a) perspicaz”, o decifrador(a) da passagem para a comunhão intercomunicativa, no desconstruir do estereótipo canônico literário brasileiro construído para a mulher negra. A sua arte é uma poética inusitada que se expressa comprometida com uma missão, um engajamento político onde a liberdade/loucura/amor é o que deve “causar”,

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modificar o “comportamento alocutivo”(Charaudeau: 2011) do(a) leitor(a), haja vista o autor-escritor portador de um projeto de escritura jogar com a realidade e a ficção, e transformar parodisticamente a própria ficção recriando o espaço vivencial a partir de “intertextualidade implícita de subversão”(Koch: 2012), porque sabemos já que todo texto é um intertexto. Por intertexto compreende-se outro já existente, cujo fenômeno de intertextualidade, que nada mais é do que o diálogo entre texto, poderá aliar-se a tradição posicionando ao lado da ideologia dominante e/ou projetá-lo para o lado das diferenças como no caso da paródia que possui um efeito centrífugo. Ao projetá-lo para o lado das diferenças antropofagia-o, apoderando-se desse discurso original, para rejeitá-lo, modificando explicitamente, ao tecer uma ironia e fundar outra realidade fundamental e significativa de relação entre o discurso e seu contexto interdiscursivo, o que tão bem o faz em sua cosmogonia poética Maria Firmina dos Reis. Entendendo que a poética do ser é produto da imaginação criativa, que por sua vez pode ser compreendida como a energia vital que persegue a intersubjetividade para o diálogo plurotrópico, o qual surge de uma práxis da consciência poética, adquirida a partir da leitura e escrita social e/ou de mundo, porque Literatura- arte da palavra escrita e falada, e, Arteterapia- o desvelar de imagens primordiais com o objetivo de ativar o processo de despertar a liberdade de sentir e pensar do humano para a sua originalidade existencial. Ao trabalhar o simbólico, a Arteterapia, dimensiona a sensibilidade, esgarça a imaginação criativa para a catarse emocional de re-ligação dos universos internos e externo da pessoa humana em favor da saúde pessoal e social. IMAGINAÇÃO CRIATIVA, LITERATURA E ARTETERAPIA Faz-se necessário irmos além da norma, posto que o diálogo firminiano engendre o sonho de igualdade na liberdade de/do ser, em perseguir o dizer original. Aqui cabe a pergunta: o que é ler? Ler é ver o que está escrito, decifrar o sentido de. Portanto, qual o sentido da palavra que é substantivo feminino, imagem de um universo, produto de um imaginário que pensa/sente o mundo, a realidade, isto é, a própria sociedade? Quem é Úrsula? Qual o significado do nome Úrsula? De que lugar Úrsula, mulher negra/(Escrava?) fala? O que fala? E por que fala? Podemos inferir que o nome Úrsula de origem proto-europeu, proveniente do latim, significa entre tantos conceitos, tais como: “ pequena ursa”, “mulher feia, pouco sociável”, “anti-musa”, imagem especular de urso, “aquela que deve aprender sobre o conhecimento da alma, porque é sensível, imaginativa e observadora, metáfora da vida cotidiana que serve para explicar vários laços sociais e seus nós, entre eles o da mulher oprimida em sua história e na história planetária; metonímia do indivíduo pela classe, sendo símbolo do que simboliza. Leitora perspicaz busca dialogar com igualdade, e em sua práxis existencial, reverbera iluminar o presente, que no tempo e em tempo, é manhã e porvir. Visionária, essencialmente humanista quer a Educação: dos corpos e almas, da sexualidade e dos saberes, sonha com uma escola mista, onde homens e mulheres possam ser leitores de sua escrita social. Esse projeto de vida faz-nos lembrar de nosso poema E nos faz lembrar o poema desafinado A Louca, Essa Mulher Em Nós, cujos versos cantamos: (...) e outras formas e jeitos pelos sonhos absorvidos/ Ao se olhar no espelho, percebe-se/ a missão embala/ mas também é utopia em cada mulher que se descobre no seio secreto da vida./ Ela & elas soletram o

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invisível escrito no espelho:/ O po vo al fa be ti za do. (SALLES, 2013, pp. 86,87). Sabe-se que na Literatura, a ironia é um estilo de linguagem caracterizado por subverter o símbolo, que, a princípio, representa. Arte de zombar de alguém ou de alguma coisa, com a intenção de obter a reação do leitor, ouvinte ou interlocutor. Usando a ironia de situação, o discurso firminiano altamente crítico em sua análise social e de mundo constrói a possibilidade do diálogo inovador afrodescendente e renovador em arte brasileira, por esse motivo um non sense. Para além da norma, o discurso firminiano, perspícuo diálogo, busca denunciar a derrisão que acontece no cotidiano, usando a ironia de situação, esse estilo de linguagem caracterizado por subverter o símbolo que, a princípio, representa. Entendendo que a ironia ( imagem especular) utiliza-se como uma forma de linguagem pré-estabelecida para, a partir e de dentro dela, contestá-la. É um discurso dialético, sabedor que é a afirmação da consciência como fundamento da verdade- essa consciência histórica a operar negativamente-, em busca iniludível que a história não são os dados históricos, mas a experiência humana que nela se formou. No prólogo do original romance Úrsula (1859), a autora (uma maranhense, que é brasileira) escreve convicta, mas com sapiência irônica, de leitora perspicaz porque sabe que a autorreflexão forma o sujeito: (...)mesquinho e humilde livro é este que vos apresento leitor. Sei que passará entre o indiferentismo glacial de uns e o riso mofado de outros, e ainda assim o dou a lume. Não é a vaidade de adquirir nome que me cega, nem o amor próprio de autor. Sei que pouco vale este romance, porque escrito por uma mulher, e mulher brasileira, de educação acanhada e sem o trato e conversação dos homens ilustrados, que aconselham, que discutem e que corrigem, com uma instrução misérrima, apenas conhecendo a língua de seus pais, e pouco lida, o seu cabedal intelectual é quase nulo. (REIS, 2014, p. 13, apud MOLINA) (grifo meu). Ao leitor, somente ao leitor explica-se, em testemunho, enquanto sujeito da História, potencializando corpos e afetos. Com voz própria diz: “o dou a lume”. Por quê? Para quê? Talvez, para que a verdade na/da história se revele à posteridade, e encontre o(a) leitor(a) perspicaz, o(a) elegido(a). O (A) que possivelmente desvelará uma das possibilidades de leitura menosprezada, posto que “mesquinho e humilde livro” pode significar: este livro é solo fértil, leitor perspicaz, foi construído por uma escritora negra que adquiriu consciência de si, enquanto pessoa humana, no tempoespaço, e seu secreto desejo é compartilhá-lo contigo, porque é todo o bem material que lhe deixo como herança, nessa terra solo sobre nós, nesse mundo, nesse planeta. Com toda minha humildade apresento-o, no aqui e agora, linguagem. Não a menospreze, é teu patrimônio. Eduque-se criticamente! Conheça a ti mesmo! Para que haja sentido na relação dialética que a liberdade mantém com as determinações. Eis Úrsula: uma deusa maternal e protetora no espaço central e circular do tempo, ofereço-te! Para Foucault, a obra vista como loucura tem na humildade a voz primeira da loucura, porquê para esse autor: A loucura é ruptura absoluta da obra, ela constitui o momento constitutivo de uma abolição que fundamenta no tempo a verdade da obra; ela esboça a margem exterior, a linha de desabamento, o perfil contra o

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vazio. (...) Só há loucura como instante último da obra- esta a empurra indefinidamente para seus confins; ali onde há obra, não há loucura- e no entanto a loucura é contemporânea da obra, dado que inaugura o tempo de sua verdade. (FOUCAULT, 1987, pp. 529/530). Humildade, oriunda da palavra húmus, senhores (as) não é um eufemismo, e sim, flexibilidade que é a curvatura do ser. O que de acordo com a Arteterapia, confere resiliência as pessoas, haja vista Maria Firmina dos Reis ter vivido e bem, com um apurado senso crítico até os seus 92 anos, pois falece em Guimarães ( Maranhão), em 1917. Compreendemos assim ao inferir que a palavra “mesquinho” também significa, “desprezado”, e já a palavra “humilde”, poderá significar: “ bom de coração”, enquanto adjetivo de dois gêneros, significará : “ a humildade como característica da pessoa humana, aquela que adquiriu consciência com base no conhecimento de si”. Todavia, o que a cega? Cegar, não no sentido de tirar a visão ou no sentido figurado “ a quem a paixão tira o juízo, o raciocínio”, mas sim “aquele que se recusa a enfrentar a realidade e desatar o nó cego, o nó do laços sociais desumanizados.” Ou será saber e poder denunciar com sagaz ironia, através de sua magistral escritura, os que “com uma instrução misérrima”, tripudiou e obstaculizou sua “lida”, principalmente por ser mulher? Que menosprezam a Educação, seu projeto de vida. Que desconhecem que humildade é assumir, seus direitos e obrigações, erros e culpas sem resistir. É a qualidade das pessoas que procuram se manter no nível dos outros, sabendo que ninguém é pior ou melhor, todos estamos ao mesmo nível de cordialidade, de respeito, de simplicidade, de honestidade, isto é, de dignidade humana em direitos e deveres, na vida. Portanto, humildade é um sentimento adquirido lentamente pelo trabalho interior ou provocado pelo conhecimento; de que existe um ser superior ao mesmo. Daí, em Úrsula (1859), dá voz a uma mulher, a escrava mãe Suzana (uma griô), símbolo do símbolo, que narra a violência do seu processo de trasladação para o Brasil: (...) Meteram-me a mim e a mais trezentos companheiros de infortúnio e de cativeiro no estreito e infecto porão de um navio. Trinta dias de cruéis tormentos, e de falta absoluta de tudo quanto é mais necessário à vida passamos nessa sepultura até que abordamos as praias brasileiras. Para caber a mercadoria humana no porão fomos amarrados em pé e para que não houvesse receio de revolta, acorrentados como animais ferozes das nossas matas, que se levam para recreio dos potentados da Europa. Davanos água imunda, podre e dada com mesquinhez, a comida má e ainda mais porca: vimos morrer ao nosso lado muitos companheiros à falta de ar, de alimento e de água. É horrível lembrar que criaturas humanas tratem a seus semelhantes assim e que não lhes doa a consciência de levá-los à sepultura asfixiados e famintos (REIS, 2014, p. 17). Em A Escrava, novela de 1887, Joana, mulher negra e mãe, representante do coletivo, denuncia o tráfico infantil: Um homem apeou-se à porta do Engenho, onde juntos trabalhavam meus pobres filhos – era um traficante de carne humana. Entre abjeto, e sem coração, homem a que as lágrimas de uma pobre mãe não podem comover, nem comovem os soluços do inocente. (...) A hora permitida ao descanso,

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concheguei a mim meus pobres filhos, extenuados de cansaço, que logo adormeceram. Ouvi ao longe rumor, como de homens que conversavam. Alonguei os ouvidos; as vozes se aproximavam. Em breve reconheci a voz do senhor. Senti palpitar desordenadamente meu coração; lembrei-me do traficante... Corri para meus filhos, que dormiam, apertei-os ao coração. Então senti um zumbido nos ouvidos, fugiu-me a luz dos olhos e creio que perdi os sentidos. (...) Ah! Minha senhora! (...) Que espetáculo! Tinham metido adentro a porta da minha pobre casinha, e nela penetrado o meu senhor, o feitor, e o infame traficante. Ele, e o feitor arrastavam sem coração, os filhos que se abraçavam a sua mãe. (REIS, 2014, p. 256). Em Gupeva, conto indígena, a que denomina nos folhetins à época romance, em jogos de linguagem se apropria do nome do cacique indígena dos Tupinambás personagem do livro Caramuru, publicado em 1781, cujo autor Frei José de Santa Rita Durão criara, em formato ideal. Este, retrata a história da Bahia e o desenvolvimento do Brasil em seus primórdios, onde a composição tem caráter informativo, um registro histórico através de usos, costumes, crenças e temperamento dos indígenas brasileiros, representados ali por Gupeva, que estabelece amizade interétnica com o europeu Diogo, além de Sergipe, Jararaca, Moema e Paraguaçu, em meio a exótica paisagem da natureza tropical. Aquele, uma épica feminina interétnica abarcando sutilmente o tema social interdito da violência sexual e do incesto, na relação entre etnias. Régia Agostinho da Silva em seu ensaio MARIA FIRMINA DOS REIS E SEU CONTO GUPEVA com propriedade nos fala sobre essa também singular obra firminiana: A ação do que a autora intitula “romance brasiliense” se desenrola também na Bahia e trata ainda do encontro e desencontro de dois povos de culturas diferentes; a Europeia e a Indígena. Firmina certamente também conhecia o texto de seu conterrâneo Gonçalves Dias, I-Juca Pirama, Últimos Cantos (DIAS, 2002) publicado em 1851. Por isso, a abordagem indianista foi provavelmente movida pela leitura desses textos, que ao serem lidos e repensados pela autora, influenciaram a escrita de seu Gupeva. A narrativa trata de um índio, cujo nome é Gupeva, pai de Épica, que se apaixona pelo marinheiro francês Gastão, passa-se na Bahia, no mesmo espaço, onde se delimitou a história “verdadeira de Caramuru. Gupeva fala da triste história de uma índia que teria viajado com Paraguaçu e Caramuru para a França, a índia se chamava Épica e quando a mesma voltou para a América e casou-se com Gupeva, acabou lhe revelando que não era mais pura, que havia sido seduzida por um certo conde de... Mesmo envergonhado Gupeva cria a criança que Épica trazia no ventre, filha do francês e coloca na menina o mesmo nome da mãe Épica. No desenrolar da trama, Gastão descobre que sua amada indígena é filha de seu pai, o conde de... e portanto o seu amor era pecado. Gupeva, ao descobrir isso mata Gastão e Épica, a filha também acaba morrendo, assim como Gupeva. No meio dessa narrativa evidentemente trágica, Maria Firmina constrói uma imagem interessante de mulher indígena e de pátria/mátria que é, afinal, a nação brasileira que se forma na pena desses poetas românticos também. Trata-se de um “romance brasiliense” que tem,

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ao nosso entender, a tentativa de construir uma narrativa épica para a formação de nossa pátria/mátria nação. (SILVA, 2014, p.9 ). Maria Firmina dos Reis publica Gupeva, pela primeira vez em 13 de outubro de 1861, no Jornal O Jardim das Maranhenses. Republica-o nos jornais Porto Livre (1863) e Echo da Juventude (1865). Elucida-nos Régia Agostinho da Silva: Maria Firmina dos Reis, quando publica Gupeva, em 1861, constrói, em nosso entendimento, não um mito de uma possível fundação, mas a impossibilidade de uma fundação, que era a junção de indígenas com franceses, visto que este povo como apresentado pela autora, no conto/romance, era movido por paixões abrasadoras, sem honra e sem dignidade. A paixão que era a inversão do amor romântico, casto respeitador e assexuado. A herança francesa, Épica, é filha ilegítima, provocadora de um amor incestuoso e pecaminoso. Morre Gastão, morre Épica e morre Gupeva, para que a pátria/mátria Brasil possa existir, a partir da força do amigo Alberto, o português justo e digno, quão justo e digno havia sido Gupeva em vida ao não denunciar Épica mãe e criar a filha bastarda. (op. cit., 2014, p.6). A irônica épica firminiana é uma paródia palimpsestra a épica romântica de Frei José de Santa Rita Durão, e aos cânones literários, destarte desconstruir com singularidade a narrativa original, seguindo a imagem real do oráculo: “ Conhece-te a ti mesmo?”, para ensinar o caminho a seguir e a imagem original não ser relegada a registro de coisificação- loucura social-, mas sim, patrimônio privado e/ou público de possível originalidade existencial ( saúde mental). Dinâmica e plural Maria Firmina dos Reis atuando como folclorista ajudou a preservar textos da literatura oral, mas também como compositora escreveu a letra e música de um maravilhoso e inovador hino sobre a abolição da escravatura, cujo excerto extraímos do livro Poemas Sobre Trabalhadores- uma antologia de domínio público, a nos oferecer deleite e conscientização, enquanto mulher e escritora do tempo em que nos é dado vivenciar. Canta em nós e para todos e todas: Hino à liberdade dos escravos Salve Pátria do Progresso!/Salve! Salve Deus a igualdade/ Salve! Salve o Sol que raiou hoje,/ Difundindo a Liberdade!/ Quebrou-se enfim a cadeia/ Da nefanda Escravidão!/ Aqueles que antes oprimias, / Hoje terás como irmão (FARIA. PINTO, 2011, p.53). Cantar a liberdade será não normatizar a vida, o imaginário, o qual os teóricos iluministas o determinou como ficção, desvinculando-o do saber racional. Será cantar como a poeta Cecília Meireles que disse “ Liberdade : essa palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda.” E que em nossa apresentação “ A Poesia Musicada no Brasil: A Poeiesis de Gênero em “Cantigas Para A Mulher Do Século XXI” também colocamos voz:

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Ouso dize-vos que sou da “Lira”, da “Leitura e Escrita” e do Amor, adepta da “Liberdade”, e dessa Senhora de mim não abro mão. Amo o entardecer, adoro o mar e sentir os raios de sol em minha pele. A Literatura faz morada em mim, e agora, anda um tal de “Fato, Norma e Valor” aguçando os meus sentidos, interferindo nos conceitos bioecolinguísticos, pois não sei viver sem harmonia. Que, vim para “causar”, nem sempre digo “sim”, gosto de Museus e sonho para este país o “ Museu da Educação”, portanto, vencendo o obscurantismo, a intolerância, a indiferença, e até o feminicídio, ouso dizer, para que não fique nenhuma dúvida entre nós: devemos nos capacitar em aprender o inútil conhecimento(para alguns): o de desatar os nós sociais porque aos poetas cabe a difícil “arte de parir palavras”(ADLER,2011) da essência da poiesis, que mímesis é, mas também transfigurá-las em discurso literário, o qual também é discurso politizado que busca ser reconhecido no agora para que a vida esteja sempre no centro do pensar humano. (SALLES, 2013, p.381). Já em seus poemas “O Meu Desejo” (1871) e “Confissão” (1871), Maria Firmina dos Reis, através do “eu-lírico”- essa voz intersemiótica oriunda do corpoalma-, porque palavra também imagem é, enquanto maranhense, mulher brasileira e afrodescendente, não traindo a si mesma, universaliza-se na configuração de seu universo, pede a uma outra consciência poética e amorosa que cante “um canto de infinito amor”: Liberdade/Loucura/Amor -, presença circular nesse imaginário literário transgressor, que fez da contraideologia o caminho sutil de passagem para a desorganização da História da Literatura Brasileira. Pedagogicamente ensina ela, em seus Cantos à Beira Mar ( São Luís do Maranhão, 1871, p.35): “ Canta poeta, a liberdade, - canta!(...)/ Oh! Sim, poeta, liberdade, e glória/ toma por timbre e viverás na história.” Viver a história e na história seria contemplar o direito ao livre pensar, o direito a transgressão escritural e de/do conhecimento, tomando por pressuposto ser um exercício de poiesis de resistência e de cooperativismo contra a opressão, a pobreza, ao ostracismo, à miséria humana, a morte, conforme a luta empreendida por poetas, escritores, jornalistas, médicos sem fronteiras, ativistas sociais, médicos, entre outros, recentemente na história humana e que acredito ser um dos mais singulares fato da história contemporânea internacional do século XXI, que foi a tentativa de morte a uma menina de apenas Malala Yousafzai, nascida a 12 de julho de 1997, em Mingora, no distrito de Swat, localizada no noroeste da província de Khyber Pakhtunkhwa, no Paquistão, e em 9 de outubro de 2012, foi baleada na cabeça e pescoço em uma tentativa de assassinado por talibãs armados quando voltava para casa em um ônibus escolar. Simplesmente porque teve a ousadia criar um blog sob um pseudônimo de levantar a voz em prol dos direitos à educação e a educação de mulheres em seu país e no mundo. Ao pensarmos esse episódio, podemos dimensionar o porquê Maria Firmina dos Reis causar tanto escândalo ao fundar uma escola mista em Guimarães, em pleno século XIX. Para síntese, deixamos aqui as principais características textuais norteadoras do universo firminiano, esse imaginário poético-criativo-discursivo, a nosso ver abre diálogo com a pós-modernidade:

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SÍNTESE DE LEITURA E ESCRITA DO BANQUETE EX-CÊNTRICO EM MARIA FIRMINA DOS REIS:

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POSIÇÃO NO PANORAMA DA CULTURA MARANHENSE, SEGUNDO NASCIMENTO MORAIS FILHO:

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DA DISCURSIVIDADE ARTETERAPÊUTICO

DA

OBRA

E

NA

OBRA-

UM

FAZER

DOS CANTOS PARALELOS: Intertextualidade e Intratextualidade 1.3.1- A original):

INTERTEXTUALIDADE ( Busca IDENTIDADE, afirma um texto

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A INTERTEXTUALIDADE ( marca a DIFERENÇA, discurso MARGINALnega um texto):

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E acima de tudo, o nosso apreço emocionado não somente a esta singularíssima autora como a todos e todas em forma desse singelo e amoroso poema, também intitulado Úrsula, porque a poesia inunda-nos corpo e alma: Entre pitangueiras, pintassilgos e uivos de guarás em verdes folhas escrevo resistência porque é preciso guardar misteriosa, a voz dos silenciados afirmar no tempo, dirias: como o gemido do mar... e delírio de flor!

Na violência do trabalho cotidiano, no sequestro de corpo/alma como respirar a poesia que não se cala? Como abafar, o que em mim se faz canto: Como interferir dos olhos o discurso patriarcal disseminado? Como? Como esquecer a pálida manhã? Se o meu ideal ainda é ela... e na Educação que sonho há ternura... Ó Suzana, reinvento o delicado poema!

Se me queres romântica, não sou. Se me Se me

queres ateia, queres teteia,

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não sou. não sou.


Se me Se me Se me

queres submissa, queres escrava, queres maldita...

não sou. não sou. bem sou.

E se comandas a dor, podeis ser tigre, mas pantera E toda amor,

A entalhar teu nome trançado em narrativas tantas, árvoresfolhasdemim consubstanciadas folhetins,

sou!

em

Ó Túlio, juro jamais calarei o que é opressão! Porque sei: lágrimas são inúteis. Recuperada a memória, aqui estamos em feminina identidade, no voo pleno, e asas abertas!

Dessa forma, inserimos aqui a contribuição arteterapêutica dos alunos da Turma 606/2014, do CMIBO-Colégio Municipal Irene Barbosa Ornellas sobre leituras e escrita perspicaz a partir de obras poéticas de Maria Firmina dos Reis, este poema em homenagem a Maria Firmina dos Reis, da aluna Rafaela, da Turma 606/2014, do CMIBO- Colégio Municipal Irene Barbosa Ornellas, no Jardim Catarina-São GonçaloRj-Brasil:

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HOMENAGEM A MARIA FIRMINA DOS REIS Maria Firmina dos Reis Mulher negra Abriu um livro Viu um sol E uma nuvem Na esperança Achou uma amiga, fez-se em poesia Virou uma flor! Referências: ADLER, Dilercy. “Elogio à Maria Firmina dos Reis, intitulado: Maria Firmina dos Reis: ontem, uma maranhense; hoje uma missão de amor!”. 2014,, p.13. ANDRETA, Bárbara Loureiro. A Voz e a Memória dos Escravos: Úrsula de Maria Firmina dos Reis Disponível em: http://periodicos.est.edu.br/identidade BACHELARD, Gaston. A intuição do instante. Trad.; Antonio de Paula Danesi.Campinsa-SP: Verus Editora,2007, p.39; CHARAUDEAU, Patrick. Linguagem e discurso - modos de organização. 2ª ed.SP: Contexo, 2012, p.83 FARIA, Antonio Augusto Moreira de. PINTO, Rosalvo Gonçalves. Poemas brasileiros sobre trabalhadores- uma antologia de domínio público. Organizadores: Antonio Augusto Moreira de Faria e Rosalvo Gonçalves Pinto. FALE/UFMG:Belo Horizonte, 2011, p.53; Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/vivavoz/data1/arquivos/poemastrabalhadores-site.pdf , em 21/9/2014, às 20:56. FOUCAULT, Michel. História da Loucura. 2ª ed. Perspectiva: SP,1987, p.p. 529;530. JUNG, C.C. Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo. RJ: Vozes, 1987, p.351 KOCH, Ingedore G. Villaça. Et ali. Intertextualidade, Diálogos Possíveis. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2012,p.31. MOLINA, Lívia Menezes da Costa. Maria Firmina dos Reis 150 anos de pura ousadia. Disponível em: : http://www.letras.ufmg.br/literafro/data1/autores/102/mariafirminacritica02.pdf , em 15/9/20 , às 14:27 h ROSAL, Soraia Ribeiro Cassimiro. Um olhar sobre o romance Úrsula, de Maria Firmina dos Reis. Disponível em : http://www.letras.ufmg.br/literafro/data1/autores/102/mariafirminacritica05.pdf , em 15/9/2014, às14:21 h SALLES, Vanda Lúcia da Costa. Diversidades e loucuras em obras de arte; um estudo em arteterapia. RJ: Ágora da Ilha, 2002 ............ ......... Núncia Poética. 2ª ed. CBJE: RJ,2011, p.7.

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........... ......... Cantigas Para a Mulher do Século XXI. CBJE:RJ, 2013, p.86,87. ..........., ......... . A Poesia Musicada No Brasil: A Poiesis de Gênero em “Cantigas para a Mulher do Século XXI”. In. FERNANDES, Meireluce. TUNHOLI, Nazareth.(orgs.) XI ENCONTRO INTERNACIONAL DE ESCRITORAS- Provocações, testemunhos e evolução da literatura. Brasília: FUNAG,2014, p.381. SAWAIA, Bader Burihan.O Sofrimento Ético-Político Como Categoria de Análise da Dialética Exclusão/Inclusão. In. As Artimanhas da Exclusão- Análise psicossocial e ética da desigualdade social. 13ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013, PP 106,107. SILVA, Régia Agostinho da. “ A mente, essa ninguém pode escravizar”: Maria Firmina dos Reis e a escrita feita por mulheres no Maranhão. Disponível em : http://anpuh.org/anais/wpcontent/uploads/mp/pdf/ANPUH.S25.0592.pdf em 15/9/2014, às 14:33 http://www.cesargiusti.bluehosting.com.br/Especiais/MFReis/critica.htm , em 15/9/2014, às 14:47 h http://revistalingua.uol.com.br/textos/64/artigo249030-1.asp , em 17/9/2014, às 21:41 h http://negrosgeniais.blogspot.com.br/2014/04/maria-firmina-dos-reis-poetisa.html , em 21/9/2014, às 21:11 h

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MARIA FIRMINA DOS REIS: PIONEIRA EM PROSA E VERSO13

JOSÉ NERES14 Caros senhores e senhoras membros da Academia Ludovicense de Letras Caros convidados e convidadas Bom dia Vivemos hoje, conforme nos diz o sociólogo espanhol Manuel Castells, em uma sociedade em rede, onde todos, de alguma forma, se conhecem ou pelo menos mantêm algum tipo de contato físico ou virtual, onde tudo se encontra interligado em uma imensa cadeia de informações que se multiplicam ad infinitum. Mas nossa sociedade também é líquida, como preconiza o pensador polonês Zigmunt Bauman. Nesse modelo contemporâneo de sociedade, as relações são instantâneas e rapidamente se diluem em meio a uma série de situações que exigem velocidade. Nesse ambiente em que as incertezas imperam, segundo o educador francês Edgar Morin, podemos recorrer ao antigo, mas sempre atual pensamento de Karl Marx, reproduzido por Marshall Berman de que tudo o que é sólido se desmancha no ar. Foi em um intervalo dessas atividades impostas por nossa sociedade pós-moderna que eu abrir minha caixa eletrônica de mensagens e me deparei como um simpático e carinhoso e-mail a professora, acadêmica e escritora Dilercy Aragão Adler convidandome para falar sobre a escritora maranhense Maria Firmina dos Reis, nesta data tão especial que marca a passagem de 189º ano de nascimento e neste ano que, dentro em pouco, lembrará seu 97º ano de passamento rumo à imortalidade. Ao receber e depois aceitar o pedido, alegria e apreensão tomaram conta de meu ser. Alegria por ter sido eu, um mero amante das letras e humilde pesquisador da cultura de nosso Estado o escolhido para uma homenagem tão importante como esta. E escolhido por uma instituição que embora ainda jovem já deu demonstrações públicas de seriedade e de compromisso para com a cultura não apenas da Ilha de São Luís, como também com o Estado como um todo. Apreensão por que não se trata de uma conversa pessoas comuns, com curiosos que apenas querem saber dados superficiais 13

Palestra proferida no dia 11.10.2014 (em São Luís do Maranhão) e em 12.10.2014 (em Guimarães), à convite da Academia Ludovicense de Letras, por ocasião das comemorações do 189º aniversário de Nascimento de Maria Firmina dos Reis. 14 * Professor de Literatura. Graduado em Letras (Ufma), especialista em Literatura Brasileira (Puc-MG) e Mestre em Educação (UCB); membro da Academia Maranhense de Letras, eleito em 30 de outubro de 2014.

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sobre a vida e a obra da Autora de Úrsula, mas sim de uma plateia na qual seguramente há diversos estudiosos do assunto, intelectuais acostumados com as labutas da pesquisa e profundos conhecedores da vida e da obra da homenageada deste evento. Um público tão selecionado como este deixa qualquer palestrante mais seguro, pois terá a certeza de que qualquer falha e qualquer deslize de informação poderão ser corrigidos por qualquer um dos membros dessa plêiade que acompanha minha fala. Fico feliz também por saber que em pleno final de semana, quando muitas pessoas procuram e anseiam por diversões de variados matizes, mas que quase nunca incluem livros ou literatura, um grupo se dispõe a ouvir e dialogar sobre nossas letras e sobre uma escritora que passou tanto tempo sem ter seu nome devidamente comentado nas rodas intelectuais, mas que nas últimas décadas vem saindo do limbo do esquecimento literário e despertando a curiosidade de diversos estudiosos não apenas no Maranhão ou no Nordeste, mas também em grande parte do Brasil. Comentando sobre esse esquecimento que toldou o contato com a produção intelectual de Maria Firmina dos Reis, a historiadora Régia Agostinha da Silva, comenta que: Existem poucos que versam diretamente sobre a obra de Maria Firmina dos Reis. Este fato talvez se deva ao tempo em que a escritora passou no ostracismo ou foi para o mesmo relegada. Fato é que só a partir da obra de José Nascimento Moraes Filho Maria Firmina; fragmentos de uma vida, de 1975, é que a escritora será retomada. (SILVA, 2011, p. 321).

Neste mundo pós-moderno em que o sucesso ou a visibilidade de alguém é medido por uma pesquisa em buscadores virtuais como o google, decidi iniciar nosso passeio-pesquisa sobre Maria Firmina dos Reis a partir de um simples processo de comparação. Para tal fim, escolhemos quatro outros escritores maranhenses também pouco divulgados e estudados e, após digitar seus nomes entre aspas, a fim de filtrar ainda mais as respostas, na mais popular página de busca usada no Brasil, chegamos aos seguintes resultados: Nº aproximado de recorrências

Tempo de busca

Adelino Fontoura

20.600

0,29

Teófilo Dias

35.500

0,34

Euclides Faria

22.800

0,25

Antônio Henriques Leal

31.900

0,28

Maria Firmina dos Reis

64.900

0,30

Autores

Pesquisa realizada em 02 de outubro de 2014.

Podemos notar, pelos dados expostos acima que, pelo menos em termos de recorrência, o nome de Maria Firmina dos Reis lidera esse hipotético ranking de autores maranhenses citados nas páginas da internet. No caso de Euclides Faria e Téofilo Dias por exemplo, grande parte das referências remetem a endereços e a logradouros. De modo geral, o nome de Maria Firmina dos Reis aparece muitas vezes na busca relacionado a pesquisas e estudos relativos à literatura. Isso demostra, de certa forma, que a intelectual aqui homenageada se torna a cada dia mais atual e que seus trabalhos

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têm despertado o interesse dos pesquisadores contemporâneos que divulgam os resultados de suas pesquisas na grande rede mundial de computadores. Mesmo relegada a um segundo ou terceiro plano nos estudos sobre a literatura maranhense, hoje, com relativa facilidade, a partir de buscas em livros e na internet, é possível encontrar alguns excelentes estudos sobre nossa matriarca literária, como por exemplo: Algemira Macedo Mendes – Maria Firmina dos Reis – Um marco na literatura afro-brasileira do século XIX. Algemira Macedo Mendes – Maria Firmina e Amélia Beviláqua na história da Literatura Brasileira: representação, imagem e memória nos séculos XIX e XX Adriana Barbosa de Oliveira – Gênero e etnicidade no romance Úrsula, de Maria Firmina dos Reis Juliano Carrupt do Nascimento – O negro e a mulher em Úrsula de Maria Firmina dos Reis Claunísio Amorim – Imagens do Negro na Literatura Brasileira: uma análise do romance Úrsula, de Maria Firmina dos Reis Dilercy Aragão Adler – Elogio a Maria Firmina dos Reis

Mesmo sem ter um interesse meramente biográfico, tecerei a seguir breves comentários acerca da biografia de nossa autora, sempre amparado pelos estudos de pesquisadores que se debruçaram longa e ativamente sobre a vida e obra dessa pioneira das letras maranhenses, como José Nascimento Moraes Filho, Luíza Lobo, Régia Agostinha da Silva e Eduardo de Assis Duarte, entre outros. Maria Firmina dos Reis, nossa escritora hoje homenageada nasceu em São Luís do Maranhão no dia 11 de outubro de 1825 e faleceu na cidade de Guimarães, no dia 11 de novembro de 1917, aos 92 anos de idade, “solteira, pobre, cega e desconhecida da crítica de seu tempo”, como nos informa a competente pesquisadora Luiza Lobo. Sendo considerada filha bastarda, foi registrada como filha pelo casal João Pedro Esteves e Leonor Felipe dos Reis. Bem cedo, mal completados seus primeiros cinco anos de vida, mudou-se para a cidade de Guimarães. Enfrentando preconceitos de diversos tipos por ser pobre, mulher e mulata em uma sociedade que valorizava os bens materiais e na qual a mulher era vista apenas como peça de decoração e de procriação e onde o mulato era tratado como animal de carga, não tendo vez nem voz, Maria Firmina desafiou todos os paradigmas vigentes na época e conseguiu fazer carreira no campo intelectual e no profissional, sendo inclusive aprovada em concurso público para o cargo de professora de instrução primária. Magistério, escrita e luta contra as situações as quais consideravas injustas parecem ter sido suas vocações desde cedo, acompanhando-a ao longo de toda a vida. Segundo informações de Nascimento Moraes Filho, incansável pesquisador a quem devemos grande parte das informações sobre a vida e a obra dessa autora, mesmo após sua aposentadoria ela continuou envolvida com a sala de aula e acabou levantando polêmica ao fundar uma escola mista no Estado, provavelmente a primeira fundada no Maranhão com essa diretriz pedagógica. Sobre o mais conhecido e divulgado trabalho de Maria Firmina dos Reis, o romance Úrsula, uma obra admirada por muitos pesquisadores, desprezada por outros e

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totalmente ignorada por alguns, recorro à síntese elaborada pela professora Luíza Lobo e que, de maneira bastante clara, traça os principais pontos da obra. Comenta a autora de Crítica sem Juízo que: O livro focaliza o amor impossível de dois jovens brancos. Tancredo e Úrsula são impedidos de se casarem pelo perverso tio desta, que se apaixonara por ela. Úrsula e Tancredo se escondem, mas Tancredo é assassinado pelo tio dela na porta da igreja, quando chega para o casamento. O Trágico evento leva Úrsula à loucura, numa cena semelhante à de Ofélia, no Hamlet. Posteriormente o tio se arrepende e se converte a padre. Este triângulo amoroso destruído tem outro paralelo: o pai de Tancredo, também malvado, se apaixona e se casa com a noiva que o filho ia desposar, antes de conhecer Úrsula. Tancredo relata esse evento em flash-back a Úrsula, após seu acidente de cavalo, justamente quando fugia, infeliz, da própria casa. Desacordado, ele é levado pelo escravo Túlio onde Úrsula mora com sua mãe. Agora Úrsula, além de cuidar da mãe doente, se ocupa também da recuperação do rapaz. (LOBO, 2007, p. 350).

O conflito e a torrente que conduz as personagens a finais trágicos, juntamente com outros diversos aspectos da obra, permitem à pesquisadora classificar o romance como uma obra ultrarromântica. Sem discordar da autoridade intelectual de Luíza Lobo, posso acrescentar a reflexão de que no livro, mesmo em prosa, há a confluência e características inerentes aos três momentos classicamente estudadas como fases da poesia romântica. De um lado há a exaltação da natureza pátria, como pode ser percebido na ênfase da autora no descritivismo da exuberância natural da pátria, conforme pode ser visto logo no primeiro parágrafo do livro: São vastos e belos os nossos campos; porque inundados pelas torrentes do inverno semelham o oceano em bonançosa calma – branco lençol de espuma, que não ergue marulhadas ondas, nem brame irado, ameaçando insano quebrar os limites, que lhe marcou a imponente mão do rei da criação. (REIS, 2004, p. 15)

O clima tétrico e o próprio enredo da narrativa, que se evolui para o final trágico das personagens, remetem à segunda fase do Romantismo, nesse olhar ultrarromântico detectado por Luíza Lobo. O tripé Amor/Morte/Loucura está estreitamente encadeado no romance, ligando personagens, situações e destinos em uma lógica que não trai as expectativas do leitor de obras românticas. Complementando esse pensamento, posso ainda dizer que o paralelismo das múltiplas narrativas que formam o romance conflui para que, em muitos casos, a história de uma personagem encontre uma imagem especular no passado de uma outra personagem, que vê sua vida refletida e revisitada pela história que se repete. Por outro lado, a romancista também recorre, mesmo que de modo não tão enfático às ideias abolicionistas que marcaram o período condoreiro de nossas letras românticas. As personagens negras – Túlio, Suzana e Antero – embora não sejam protagonistas, são de vital importância para ao desenrolar de algumas partes do enredo, seja como elementos essenciais para a composição das peripécias, como é o caso de Túlio, que aparece em pontos capitais da história, seja como forma reflexão sobre os diversos aspectos da dicotomia escravidão/liberdade, como é o caso de Suzana e de Antero.

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Mesclar essas temáticas que eram bastante utilizadas pelos demais escritores românticos de forma isolada parece ser também uma das marcas do pioneirismo dessa escritora que não se contentou em deixar suas marcas na educação e na prosa de nosso Estado, tendo também grande atuação na arte de transformar palavras e pensamentos em poesia. A pátria, o amor e a liberdade do negro são algumas de suas temáticas mais recorrentes. Não é à toa que ela escreveu, a fim de comemorar a notícia da assinatura da lei que libertou os negros das agruras da escravidão que ela compôs o Hino à Libertação dos Escravos, o que demonstra um interesse que vai além das artes de das ideias de pioneirismo e demonstra seu intrínseco interesse pela parte mais essencial da vida que é a noção de Ser Humano, independentemente de credo, raça ou gênero. Seu pioneirismo ia além das atividades em sala de aula. Hoje, nossa escritora é reconhecida como pioneira em diversas áreas da literatura, escrevendo e publicando, além do hoje relativamente bem divulgado romance Úrsula, também poemas, letras de hinos, charadas e um álbum de memórias no qual destaca passagens de sua vida, suas angústias e ansiedades. Sobre esse tema, o do pioneirismo de Maria Firmina, publiquei há alguns anos um breve artigo no jornal O Estado do Maranhão e peço permissão para vocês a fim de ler esse referido trabalho. Metade do século XIX. O mundo passa por grandes transformações e novas filosofias abalam o modo de pensar do homem. Os dogmas românticos, influenciadores de tantas gerações, começam a demonstrar seus sinais de debilidade, abrindo caminho para o objetivismo de novas tendências. No Brasil, o progresso aporta em forma de iluminação a gás, ferrovias, navegações fluviais e de leis que tentam proteger os oprimidos pelos poderosos barões. Na prática, porém, as mudanças são lentas. As minorias continuavam socialmente inferiorizadas e as perspectivas de verdadeiras transformações pareciam algo fora da realidade. É em tal contexto que a literatura maranhense conhecerá a sua matriarca, Maria Firmina dos Reis. No âmbito literário, o Maranhão ainda saboreava os retumbantes ecos do sucesso dos intelectuais que compunham a plêiade conhecida como Grupo Romântico Maranhense. Gonçalves Dias já era um nome respeitado, um símbolo vivo dos valores poéticos que germinavam na recém-denominada Athenas Brasileira. Mas, infelizmente, mesmo diante de tanto progresso, as mulheres ainda eram relegadas (quando muito) a um segundo na vida intelectual da província (e do país como um todo). Eis, então, que, em 1859, mesmo ano da publicação de As Primaveras, de Casimiro de Abreu, surge o romance Úrsula, uma obra ímpar no cenário literário da época. Mesmo não tendo inovações narrativas e/ou estilísticas, Úrsula traz algo de novo para as letras brasileiras, já que, como diz Charles Martin. Em um estudo sobre o livro, “a autora supera o ponto de vista usual sobre representação do negro como personagem nos romances”, ou seja, em Maria Firmina, o negra deixa de ser visto apenas como um ser exótico de ser personagem-problema e passa a viver na condição de gente normal. A autora ainda, como observa Karla Viégas, em monografia recentemente defendida na Universidade Federal do Maranhão, propõe uma nova visão do passado africano, respeitando “a alma e a vivência do negro no Novo Mundo”. Mesmo não sendo as personagens centrais do romance, os negros recebem um tratamento especial. Susana, Túlio e Antero não são tratados de forma convencional, saindo da padronização comum às obras publicadas até então sobre

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os escravos e ganhando matizes mais naturais, em que saudade e sofrimento se misturam a heroísmo e amizade sincera. O negro deixa de ser reificado e passa a ser humanizado, sem, contudo ter destruída sua aura de idealização romântica. Não se reduz, no entanto, ao fato de haver publicado Úrsula o pioneirismo de Maria Firmina. Em muitos outros campos ela deixou suas marcas, destacando-se na prosa, na poesia, na música e na educação. Foi ela a primeira a fundar uma escola mista no Brasil, a compositora do Hino da Libertação dos Escravos, uma das primeiras mulheres a colaborar em jornais. Tudo isso em uma sociedade predominantemente machista, que acreditava que as mulheres não servem para as lides intelectuais, reservando-lhes apenas as tarefas domésticas. O pioneirismo da escritora maranhense, contudo, nem sempre foi reconhecido. Até a década de 70 do nosso século, quando o pesquisador Nascimento Morais Filho começou a rastrear as publicações da autora de Gupeva, os historiadores e críticos literários dividiam entre Nísia Floresta e Teresa Margarida da Silva e Orta o posto de primeira mulher a publicar obra literária no Brasil. Hoje, mesmo após sérios e competentes estudos de diversos intelectuais, ainda não se vê, infelizmente, o nome de Maria Firmina dos reis recebendo o merecido destaque. Seus livros não são reeditados e os estudos a seu respeito circulam quase que exclusivamente nos meios acadêmicos. O caminho do reconhecimento é sempre tortuoso e a escritora, como se adivinhasse que poderia cair no esquecimento, certa vez escreveu: “É sempre assim difícil colher flores/ Sem sentir lancinante, agudo espinho”. (NERES, 1999, p. 04)

Nos momentos finais desta minha fala sobre a grandiosa Maria Firmina dos Reis, aproveito para agradecer a todos os que, nesta época pós-moderna que preza pelo imediatismo das ações, disponibilizaram um pouco de seu tempo para ouvir alguém falar sobre literatura. Agradeço também à minha antiga professora Sonia Baptista Ferreira que, nos inícios dos anos noventa, apresentou-me, durante suas aulas de Literatura Maranhense, a obra de Maria Firmina. Agradeço também aos membros da Academia Ludovicense de Letras pelo convite, e especialmente à professora Dilercy Adler que intermediou o convite. Lembro também que o que temos atualmente de estudos sobre a produção intelectual de Maria Firmina dos Reis não passa de um breve sussurro diante de toda a profusão de vozes críticas que ainda está por vir. E cabe a nós empreender esforços rumo à divulgação dos trabalhos dessa escritora que, aos poucos, vem deixando a sombra do esquecimento e conquistando um espaço que lhe foi negado ao longo da história de nossas letras. Termino com os versos seguintes de nossa autora homenageada e com o convite para que todos leiam e divulguem suas obras. A UMA AMIGA Eu a vi - gentil mimosa, Os lábios da cor da rosa, A voz um hino de amor! Eu a vi, lânguida, e bela: E ele a rever-se nela: Ele colibri - ela flor. Tinha a face reclinada Sobre a débil mão nevada:

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Era a flor à beira-rio. A voz meiga, a voz fluente, Era um arrulo cadente, Era um vago murmúrio. No langor dos olhos dela Havia expressão tão bela, Tão maga, tão sedutora, Que eu mesmo julguei-a anjo, Eloá, fada, ou arcanjo, Ou nuvem núncia d'aurora. Eu vi - o seio lhe arfava: E ela... ela cismava, Cismava no que lhe ouvia; Não sei que frase era aquela: Só ele falava a ela, Só ela a frase entendia. Eu tive tantos ciúmes!... Teria dos próprios numes, Se lhe falassem de amor. Porque, querê-la - só eu. Mas ela! - a outra ela deu meigo riso encantador... Ela esqueceu-se de mim Por ele... por ele, enfim

Muito obrigado! REFERÊNCIAS DUARTE, Eduardo de Assis. Maria Firmina dos Reis e os Primórdios da ficção afrobrasileira. In: REIS, Maria Firmina. Úrsula. Florianópolis/Belo Horizonte: Editora Mulheres/PUC Minas, 2004. LOBO, Luíza. Crítica sem Juízo. 2 ed. Rio de Janeiro: Garamond, 2004. NERES, José. Maria Firmina dos Reis, uma pioneira. São Luís, O Estado do Maranhão. 1999. Opinião, página 04. REIS, Maria Firmina. Úrsula. Florianópolis/Belo Horizonte: Editora Mulheres/PUC Minas, 2004. SILVA, Régia Agostinha da. Maria Firmina dos Reis e o Verbo Encantado: vida e obra de uma romancista do século XIX no Maranhão. In: COSTA, Yuri; GALVES, Marcelo Cheche (orgs.). Maranhão: ensaios de biografia e história São Luís, Café e Lápis/Editora da Uema, 2011. p. 319-334. TELLES, Norma. Escritoras, escritas escrituras. In: PRIORI, Mary del (org.). História das Mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2007. p. 401-442.

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NOTA EXPLICATIVA SOBRE E EM HOMENAGEM À MARIA FIRMINA DOS REIS E A GONÇALVES DIAS

DILERCY ARAGÃO ADLER Hoje, dia 11 de novembro, é o aniversário de morte/encantamento de Maria Firmina dos Reis e, no dia 03, também deste novembro, foi o aniversário de 190 anos de morte/encantamento de Antônio Gonçalves Dias. O curioso, talvez por intenção predestinada, é que ambos se foram (embora tenham deixado grande legado científico-cultural) no mesmo mês – novembro. Gonçalves Dias, dia 03 do ano de 1864, e Maria Firmina dos Reis, no dia 11 do ano de 1917. Ambos foram seres humanos extraordinários, com projeções em alguns aspectos distintos e em outros, semelhantes. Semelhantes também no que diz respeito a se materializarem como “arautos da humanidade necessária” em cada mulher, cada homem e nos seus coletivos. Neste ano não fizemos nenhuma comemoração especial por ocasião dessas datas, as quais, de fato, devem marcar o nosso calendário de eventos culturais. Entretanto, neste 2014, embora não tenhamos feito nenhum ato público nessas duas datas, faz-se necessário lembrar que esses dois ilustres maranhenses têm o reconhecimento dos seus valores como seres humanos e intelectuais por parte de muitos admiradores, entre estes, dos membros da “Associação dos poetas dos Mil poemas para Gonçalves Dias ” e dos membros da “Academia Ludovicense de Letras-ALL”. Isso porque a Academia de Letras da cidade São Luís foi fundada no aniversário de 190 anos de vida de Gonçalves Dias, em 2013, e escolhemos o nome de Maria Firmina dos Reis para batizarmos este nosso sodalício - Casa de Maria Firmina. E mais uma vez quis o destino que os dois se encontrassem em lugares que os eternizassem: o primeiro, [...] uma praia do município de Guimarães, chamada Cumã, no local onde o navio Ville de Boulogne afundou, fazendo como única vítima o poeta caxiense. Quem sabe o amor à vida, à luta pela humanização do ser humano levou Gonçalves Dias a dar os seus últimos suspiros nas águas da baía de Cumã:

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Nesta praia de límpidas areias./ Prateada de noite pela lua./ Passo horas cismando em meus amores./ me perdia olhando a imagem sua. [...]

Ainda na última estrofe dessa canção, assim diz o primeiro verso: Meu recinto não passa desta praia./.

Então lá ficou Gonçalves Dias, se encantou como dizem os vimarenses, no abraço das ondas da praia da qual Maria Firmina dizia: Meu recinto não passa desta praia. Nesse recinto estão os dois, com certeza! - Canto de Recordação - Composição (letra e música) de Maria Firmina (ADLER, 2014, pp.17-18) O segundo, na Casa de Maria Firmina dos Reis, pois nela, a ALL, como já referimos, passou a existir no aniversário de 190 anos de vida de Gonçalves Dias. Essas nossas homenagens, portanto, estão eternizadas, marcadas a “ferro e fogo do amor, da poesia, da compaixão, da humanidade necessária” disseminadas por esses dois iluminados seres. No entanto, sabemos que estas não nos isentam de outras tantas homenagens devidas, as quais devemos honrar. Assim, para minimizar a nossa falta, registramos que neste novembro (de 31 de outubro a 09 de novembro) foi realizada a 8ª Feira do Livro de São Luís – FELIS e nela os dois foram homenageados: Gonçalves Dias, com a palestra: “Gonçalves Dias: outros olhares”, proferida pelo jornalista Dr. Luis Antônio Giron, e Maria Firmina dos Reis, com o lançamento, em livro, do elogio de Dilercy Adler, ocupante da Cadeira nº 8, patroneada por Maria firmina e intitulado: “Maria Firmina dos Reis: Ontem, uma maranhense; hoje, uma missão de amor!”. Então, reafirmamos que esses dois ilustres maranhenses, que marcaram seus espaços na historiografia cultural maranhense e brasileira, serão sempre por nós cultuados, e as suas memórias louvadas. São Luís, 11 de novembro de 2014.

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LAURA ROSA

EDMILSON SANCHES

Há 38 anos, em 14 de novembro de 1976, falecia em Caxias a escritora Laura Rosa. Ela morava na casa de sua amiga Filomena Machado Teixeira, a Tia Filozinha, que foi minha professora no Ensino Fundamental e era vizinha "de quintal", na Rua São Benedito, cujos fundos "batiam" com os do quintal da casa em que morava minha família, na Rua Afonso Cunha, em Caxias. Quando estudava o Ensino Médio, fui durante os três anos presidente eleito e reeleito do Grêmio Santa Joana d'Arc, do Colégio São José (Associação das Irmãs Missionárias Capuchinhas). Tenho forte lembrança de que vi a assinatura de Laura Rosa em algum documento que eu manuseava durante as tardes ou noites em que eu ficava na escola, para conhecer mais e organizar melhor as atividades do Grêmio. Abaixo, transcrevo o que escreveu sobre Laura Rosa meu confrade da Academia Caxiense de Letras Wybson Carvalho, jornalista e poeta, referência literária em Caxias. Também cuidei de ligar hoje de manhã cedo para a professora Joseana Maia, chefe do Departamento de Letras da Universidade Estadual do Maranhão em Caxias, que é a titular da cadeira que tem como patronesse a grande escritora ludovicense-caxiense Laura Rosa. EDMILSON SANCHES ***

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LAURA ROSA, A VIOLETA DO CAMPO

WYBSON CARVALHO poeta e membro da Academia Caxiense de Letras "Laura Rosa, nascida em São Luis do Maranhão, no dia 1º de outubro de 1884. Por amor à língua portuguesa e às letras, formou-se em Normalista do Magistério, e, como professora, veio para o sertão, ainda, na segunda década do século passado com a finalidade de lecionar na antiga Escola Normal de Caxias. "Em sua terra natal, durante sua escolaridade, escreveu inúmeros poemas e participava, ativamente, da vida literária estudantil ludovicense, vindo a ser cognominada de “violeta do Campo”; pseudônimo com o qual assinava seus poemas. "Na princesa do Sertão Maranhense, a poetisa, Laura Rosa, foi hóspede durante muitas décadas da valorosa professora caxiense, Filomena Machado Teixeira, e, com a qual, foi das primeiras incentivadoras da criação da Academia Caxiense de Letras, e, na qual, é patrona da Cadeira que pertenceu a Adailton Medeiros e que deverá ser ocupada, brevemente, pela professora e escritora Joseane Maia, membro da Casa de Coelho Neto. "Antes de sua partida para uma dimensão de além-vida, a poetisa realizava em procedimento espontâneo, quase que diariamente ao receber visitas, verdadeiros saraus poéticos na companhia de escritores e poetas caxienses, dentre os quais: Cid Teixeira de Abreu, Déo Silva, João Vicente Leitão, Abreu Sobrinho, Vitor Gonçalves Neto, Jota Cardoso e, ainda, os estudantes ginasiais àquela época: Edmilson Sanches e Wybson Carvalho, bem como outros jovens poetas da cidade, quando em adolescência, se intrometiam entre ela e eles para aprender a ouvir e passar a gostar de poesias. Laura Rosa se encantou, em Caxias, na data de 14 de novembro de 1976, aos 82 anos de vida dedicados ao magistério e às letras. Laura Rosa, foi a primeira mulher maranhense a ter acento a uma Cadeira na Academia Maranhense de Letras. "Eis, alguns trechos do discurso de posse da poetisa Laura Rosa, proferido no dia 17.04.1943, no Salão Nobre da Casa de Antônio Lobo (AML). "No discurso, destaco um ponto que parece comum na posse de membros homens e/ou mulheres, à referência a algum amigo mais próximo, o qual parece ser responsável pela indicação do membro para ocupar à vacância da Academia. “ "Manda a justiça que vos diga, em primeiro lugar, que me trouxeram para esta casa de sábios ilustres as mãos amigas de Corrêa de Araújo e Nascimento de Moraes com a benevolência de seus pares. Trouxeram-me, porque, de mim mesma, nunca imaginei suficientes os meus versos, para merecimento de tão honrosas credenciais”.

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"A humildade com que a escritora se apresenta frente aos seus atuais confrades prolonga-se por algumas frases reforçando a valorização dos membros mais antigos e, ao mesmo tempo, sutilmente reconhecendo o valor de suas poesias. "“Eis-me, portanto, aqui, Senhores, a primeira mulher que aqui entra, porque assim o quiseram os homens ilustrados desta agremiação, guardiãs fiéis de nossas tradições literárias”." Por Wybson Carvalho, poeta e membro da Academia Caxiense de Letras

ESQUELETO DA FOLHA (poema de Laura Rosa - seleção de Wybson Carvalho) Vede, senhor, apodreceu na lama Eu a vi há muito tempo entre a folhagem Antes do vento lhe agitar a rama E do regato, sacudi-la à margem. De vigente e de verde tinha fama Da folha mais famosa da ramagem Desceu nas águas e resta da viagem O labirinto capilar da tinta. Ninguém pode fazer igual verdade Nem filigrana mais perfeita e linda Nem presente melhor pode ser dado. Guardai, Senhor, guardai este esqueleto Todo cuidado! É uma folha ainda Onde escrevo de leve este soneto.

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"ENGENHO DA VIDA"

JOSÉ DE OLIVEIRA RAMOS zeoliveira43ramos@gmail.com (Texto publicado também no Acervo de Mhário Lincoln) http://blogdohelciosilva.blogspot.com.br/2014/12/engenho-da-vida.html#more

Engenho Central construído pelos ingleses foi o coração de Pindaré-Mirim até 1910

Tem coisas na vida que a gente precisa contar. Contar bem direitinho para que pessoas da geração atual consigam compreender e fiquem registradas para os que ficarão e até para os que um dia virão. Brincando, eu diria até que, imitando os atuais, “tem coisas que a gente precisa até desenhar”. Faz muito tempo que os filmes americanos mostravam aquelas confusões todas, quando, no faroeste estavam sendo construídas ferrovias, cidades e outros, para impulsionar o desenvolvimento. Aquela balbúrdia desorganizada (perdoem a redundância, mas ela é necessária, aqui) aparentando um descontrole total nas ações do trabalho. Imagine um porto sem a estrutura mecanizada de hoje, com estivadores se atropelando (eles ganhavam por volumes carregados), se encontrando em meio às necessidades de descarregar trens, botes e navios e carregar outros tantos. Os locais cobertos pela fumaça, animais transportando cargas e aquela barafunda que, para alguns, significava “desenvolvimento” na produção de alimentos e na forma de resolver muitas coisas. Como se fazia antigamente.

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Assim, hoje, escolhemos falar não dessa desorganização de trabalhadores. Queremos falar da importância que teve para o Maranhão, nos áureos tempos, o Engenho Central, local onde a vida era impulsionada como se fora a artéria aorta dos seres humanos. Pois, conforme dados encontrados em pesquisa, o Engenho Central de PindaréMirim foi “criado” em 1880, através do Decreto-Lei 7.811 do dia 31 de agosto daquele ano. Foi construído à margem do rio Pindaré num terreno que, antes, pertencera à Colônia de São Pedro, naqueles anos habitada pelos índios Guajajaras. O Engenho Central também era conhecido como Companhia Progresso Agrícola. O projeto e comando da obra estiveram a cargo do técnico inglês Robert Collond, que, na época trabalhava para a empresa inglesa Fawcet Preston & Cia., que fixou também em solo maranhense os trilhos da primeira ferrovia do Estado, o que auxiliaria no transporte dos produtos beneficiados no Engenho – que receberia posterior apoio da navegação fluvial via rio Pindaré. Todo o maquinário e aparelhagem necessários à instalação e funcionamento do Engenho Central foram importados da Inglaterra pela quantia de 28$000 réis. Em 1888, ainda por iniciativa da mesma empresa, foi instalado em Pindaré-Mirim o sistema de iluminação elétrica, conferindo ao município um pioneirismo no gênero em todo o Brasil - pois, somente em 1892 foi que a cidade fluminense de Campos foi dotada de energia elétrica. O Engenho Central, um dos melhores do Brasil, possuía 500 carros de boi, 35 carroças, cerca de 50 casas de madeira, três léguas de terra apta à lavoura e 10 km de via férrea. Hoje, este secular monumento, com sua tradicional chaminé, seus paredões em alvenaria, seu teto laminado sobre custosa estrutura de ferro, é um dos últimos representantes do sistema de engenhos centrais instalados no Brasil durante o Império. Ainda é localizado na Avenida Elias Haickel, esquina com Praça São Pedro, Centro, em Pindaré-Mirim. Nos dias atuais, fora de atividade há muitos anos, o Engenho Central continua sendo uma referência no município que foi de grande importância para o crescimento da agricultura do Estado e de quase tudo que se dispunha naqueles tempos. Foi na efervescência dos anos 60, mais precisamente em 1967, que Pindaré-Mirim e por consequência o Engenho Central entrou numa fase decadente na dependência do beneficiamento e exportação dos produtos que ali chegavam (cana-de-açúcar, algodão, arroz, milho e mandioca), quando, no dia 14 de março foi criado o município de Santa Inês, antes conhecido apenas como “Ponta de Linha”, pois era ali que terminava a linha férrea do ramal. Santa Inês foi parte de Pindaré-Mirim. Com o encerramento das atividades produtivas do Engenho Central, por volta de 1910 , a população de “Ponta da Linha” passou a dedicar-se à cultura de algodão , arroz , milho e mandioca , porém continuou dependendo de Pindaré-Mirim, a quem era subordinada administrativamente e por onde sua produção era escoada. Muito procurado por famílias nordestinas, que constituem atualmente, com seus descendentes, mais da metade da população local, o povoado cresceu rapidamente, a ponto de, no início da década de 60, tornar-se mais importante, em termos demográficos e econômicos, do que a sede do município a que pertencia. Hoje, de acordo com o IBGE, pelo censo de 2014, Santa Inês tem 82.680 habitantes, enquanto Pindaré-Mirim conta com apenas 32.236.

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Inacreditavelmente, a partir da emancipação de Santa Inês, Pindaré-Mirim – ainda que menos populoso, mas nem menos importante – começou a aproveitar o que o horizonte da vida lhe oferecia. E desabrochou, culturalmente. Não imagine que o Engenho Central não tem nenhuma relação com a cultura que desabrochou em Pindaré-Mirim. Foi ali, exatamente na área interna desocupada do Engenho Central, que surgiram os primeiros “urros do boi” Mimoso, prosa e magia cultural de Coxinho.

“Lá vem meu boi urrando, subindo o vaquejador, deu um urro na porteira, meu vaqueiro se espantou, o gado da fazenda com isso se levantou. Urrou, urrou, urrou, urrou meu novilho brasileiro que a natureza criou...”

Da mesma forma, foi exatamente no dia 10 de fevereiro daquele ano de 1910 – quando o Engenho Central parou de funcionar e beneficiar produtos da agricultura maranhense – que em Pindaré-Mirim nasceu Maria José Camargo Aragão, que se tornaria médica e conhecida Brasil à fora. A médica Maria Aragão iniciou sua carreira como pediatra , mas fez carreira como ginecologista. Formou-se em medicina pela Universidade do Brasil , do Rio de Janeiro. Sua história tem origem na extrema pobreza, mas ela logo parte em busca da superação da fome, do preconceito (por ser negra e mulher no inicio do seculo passado), da agressão e da perseguição do sonho de ajudar a humanidade. Dotada de um grande senso de liderança, enfrentou as oligarquias políticas, em pleno regime militar na década de 60, e sofreu as perseguições promovidas pela ditadura.

Rio Pindaré (à esquerda, o Engenho Central) fotografado de Monção

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UM HIDROAVIÃO CHEGA A SÃO LUÍS

JOSÉ MARCELO DO ESPÍRITO SANTO 15 Sampaio Correia II era o nome do primeiro hidroavião que cruzou os céus do Maranhão e aqui amerrissou – termo utilizado para o pouso na água– em 1923, inserindo São Luís na rota das viagens aéreas que nas primeiras três décadas do século passado buscavam suplantar recordes de tempo, velocidade e distâncias em várias partes do mundo. Se hoje a aeronave é mais lembrada por ter dado nome ao mais popular time de futebol do estado, “nunca se viu aqui no Maranhão manifestação de tamanho vulto e que tanto prendesse a atenção do nosso povo” (Diário de São Luiz, 19/12/22). A tripulação foi recebida numa aclamação popular de seis dias que, de longe, superou a recepção a qualquer personalidade que anteriormente subira a Rampa do Palácio, naquela época a “entrada” da cidade. Desde julho de 1922 os principais jornais ludovicenses anunciavam a nova aventura. O norte-americano Walter Hinton (1888-1981) apresentava o projeto de travessia, num hidroavião, do trecho sobre o Atlântico entre as duas Américas, chegando ao Rio de Janeiro durante as comemorações do Centenário da Independência. Herói da nova tecnologia de vôos de longa distância, Hinton participou da travessia do Atlântico norte em 1917, quando dos quatro hidroaviões que partiram dos EUA apenas o Curtiss NC de Hinton chegou a Portugal. A notícia ganhou as manchetes dos jornais nacionais pois um brasileiro faria parte da tripulação; e passou a interessar ao Maranhão, pois São Luís foi anunciada como uma das escalas de abastecimento do hidroavião. O cearense Euclides Pinto Martins (1892-1924) foi o co-piloto, compondo uma equipe que revelou a força emergente dos meios de comunicação de massa naquele momento: piloto, co-piloto e, além de um mecânico para as obrigatórias revisões a cada amerrisagem, completavam a tripulação um jornalista do New York World e um cinegrafista para registro da viagem. O filme foi previamente negociado para exibição em rede nos EUA e os textos jornalísticos vendidos para as Américas e Europa.

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José Marcelo do Espírito Santo, arquiteto, professor da UFMA e Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, é autor da pesquisa inédita Intrépidos Argonautas: a travessia aérea Nova York-Rio de Janeiro de Walter Hinton e Euclides Pinto Martins. Publicado em O Estado do Maranhão em 134 de dezembro de 2014

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O bimotor Curtiss teve sua construção dirigida por Pinto Martins e foi especialmente preparado para a travessia, recebendo a mais nova tecnologia existente. Instrumentos completos de navegação, peças sobressalentes e reforço nos reservatórios de combustível, motores de alta velocidade com menor consumo, além de rádiostransmissores. O hidroavião recebeu o nome do presidente do Aeroclube Brasileiro e então senador José Mattoso de Sampaio Correia (1875-1942), que garantiu o apoio do governo brasileiro. Em agosto de 1922 os jornais ludovicenses já registravam Sampaio “Corrêa”, sem o “i” presente na forma correta do nome, acompanhando a grafia utilizada nos jornais cariocas. Doze dias foi o tempo estimado para a travessia: pouco mais de oito mil milhas náuticas e um total de 97 horas em vôo. Quatorze escalas para reabastecimento, reparos e descanso, sendo sete amerrisagens em território brasileiro. O hidroavião levantou vôo de Nova York em 17 de agosto e São Luís já anunciava a formação de um Comitê de Recepção aos aviadores. Pinto Martins era um empreendedor, muito mais do que um aventureiro interessado em recordes. A idéia da travessia e os contatos de patrocínio financeiro foram do engenheiro e piloto cearense. Ele buscava a viabilidade de uma linha aérea entre as duas Américas para passageiros e mala postal. O vôo estreou o correio aéreo internacional no Brasil, ao trocar correspondências dos EUA para o Rio de Janeiro e entre os estados brasileiros. Desde a partida de Nova York os aviadores enfrentaram intenso mau tempo. A Pacotilha e o Diário de São Luiz registraram a queda do hidroavião no mar no dia 22 de agosto, sendo a tripulação resgatada dos tubarões pela Marinha americana na Baía de Guantánamo (Cuba). Após a compra de outro hidroavião partiram da Escola Naval de Pensacola (EUA) somente em 3 de setembro. O modelo era igual ao anterior, porém usado, não possuía rádio, muito pesado e não teve os tanques de combustíveis e motores preparados. Após perderam toda a bagagem no acidente, receberam os uniformes militares na cor cáqui com os quais chegaram ao Maranhão. São Luís montou uma ampla programação. A recepção a Hinton e Martins contou com grande participação popular, reunindo todos os grupos sociais, sem exceção. Receberam homenagens das colônias cearense, portuguesa, espanhola, inglesa, síria e italiana. Das igrejas Católica e Protestante, além das principais Lojas da Maçonaria local. Indústria, Viação e Navegação e muitas entidades de classe, principalmente do operariado. O trecho Bragança (PA)-São Luís deveria durar três horas. Mas a partida demorava. Os ludovicenses começaram a ficar impacientes com a demora, pois, a qualquer boato da chegada, se deslocavam para a Praça Pedro II na espera da aeronave, prejudicando o trabalho e o comércio local. A cidade aguardava o estouro de rojões vindos da cabeceira do rio Bacanga para a mobilização das autoridades junto a Rampa; mas crianças, por brincadeira, estouravam fogos de artifício em alarmes falsos, enganando a população... O Jornal instalou um “placar” na porta de sua sede, com informações “oficiais” sobre a travessia e a Capitania dos Portos montou uma operação especial para a descida do inédito visitante. Um trem extra da Estrada de Ferro São Luís-Teresina trouxe os piauienses para a chegada do hidroavião.

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O Sampaio Correia II chegou a São Luís as 12h15 do dia 14 de dezembro de 1922. A aeronave apareceu sobre a Ponta d’Areia, sobrevoando a cerca de 300 ms de altura a Praça Pedro II, seguindo sobre a rua da Palma até a o Desterro, rua Afonso Pena e Praça João Lisboa, de onde voou sobre a Praia do Caju e novamente para o Desterro, de onde desceu para a amerrissagem. Tocou a água próximo a rampa da Companhia Fluvial (no Portinho), pouco além do Tamancão, e atracou por fim numa bóia próxima a Rampa do Palácio. O hidroavião só era esperado para o dia seguinte e pegou a cidade de surpresa, que tranquilamente estava em horário de almoço. O comércio não reabriu no período da tarde, assim como todas as repartições públicas. O primeiro a desembarcar em terra foi o cinegrafista, armando sua câmera. Hinton e Pinto Martins foram carregados pela população. Receberam as chaves da cidade e foram saudados pelos representantes dos governos, seguindo para a Capitania dos Portos. Na subida da Rampa foram recebidos com todos os sinos das igrejas repicando, assim como os apitos das fábricas e embarcações atracadas entre o Cais da Sagração e a Ponta d’Areia. Discursos (em português e inglês), salva de 21 tiros, hinos brasileiro e americano. Uma árvore centenária na Rampa do Palácio teve seus galhos quebrados pelo excesso de peso das pessoas “trepadas” e que vieram ao chão... Famílias inteiras subiram nos telhados e até mesmo a Cavalaria do Estado avançou sobre populares em busca de melhor posição para ver o hidroavião na murada do Palácio. Segundo os jornais uma mulher, na pressa para sair de casa e presenciar a chegada, vestiu sua saia ao contrário; outra interrompeu seu banho e saiu à rua em trajes não muito apropriados. Da sede da Capitania foram para a Casa Gentil, sobrado reservado para a hospedagem, o que levou a multidão que se aglomerava na Rampa e na Praça Pedro II para a Praça Benedito Leite, tornando intransitável a esquina das ruas de Nazaré e da Palma. Por espaço, mulheres trocaram socos e tapas em frente ao prédio. A noite a festa se deslocou para a Praça Deodoro com bandas de música, fogos de artifício e sessão de cinema ao ar livre. A programação foi intensa. Almoço no Palácio dos Leões, recepção na Câmara Municipal (hoje Palácio La Ravardière) e Chá Dançante no F. A. Club, por onde passaram mais de 2.400 pessoas. Conheceram a Praia do Olho d’Água, “soirée” no Casino Maranhense e eventos com a imprensa. O Grupo Talma apresentou um espetáculo teatral especial e palestras na Associação Comercial e no Cine Teatro Éden. O Sampaio Correia II decolou as 8h15 da manhã de 19 de dezembro, em frente à Rampa do Palácio, logo após uma missa na escadaria da Sé. Novamente a Rampa, toda a Muralha do Palácio, Baluartes e Cais da Sagração, os edifícios próximos, estavam lotados pelos que desejavam se despedir. Embarcações levavam famílias inteiras para a última vista do hidroavião, em sua arremetida final. A tripulação recebeu um presente: dois volumes com poesias de Gonçalves Dias. Chegaram a Camocin (CE) sem nenhum imprevisto. Porém o naufrágio anterior e os constantes problemas com os velhos motores inviabilizaram o calendário. Apenas em 8 de fevereiro de 1923 o avião chegou a Baía da Guanabara. O atraso e os problemas mecânicos demonstraram o quanto a tecnologia e a infraestrutura ainda teriam que melhorar para a implantação de uma linha aérea regular no Brasil. Sem implantar seus projetos, Pinto Martins acumulou problemas pessoais e financeiros. Sua esposa americana se recusou a morar no Brasil e pediu divórcio, além

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da pressão para quitar o empréstimo para os gastos na travessia. No dia 12 de abril de 1924 o piloto brasileiro suicidou com um tiro na cabeça, vítima de uma crise de depressão. Hoje Pinto Martins é lembrado no Aeroporto Internacional de Fortaleza e nas comemorações em Camocin, sua cidade natal. Mas São Luís nunca esqueceu os aviadores e seu barco voador. Foram homenageados por diferentes classes trabalhadoras e empresariais, receberam poemas e foram transformados em garotos-propaganda do comércio local: venderam sapatos da sapataria Monte Líbano de Nicolau Waquin, tecidos da Casa Gentil e alardearam a qualidade da cerveja paraense. Ganharam um Marco Comemorativo, “Pinto Martins” virou nome de um dos principais salões de barbearia da cidade, “Sampaio Corrêa” virou marca de cigarro e nome do principal time de futebol do estado do Maranhão, quando em 25 de março de 1923 um grupo de operários resolveu criar a Associação Sampaio Corrêa Futebol Clube, que continua mobilizando diferentes segmentos do Maranhão em torno do mesmo nome gravado na memória da cidade há 92 anos.

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AZULEJOS CULTURAIS DE SÃO LUÍS – 4 SÉCULOS Movimento pró-Memória, in poéticas, estéticas e estilísticas literárias Homenageado: Poeta, crítico de arte, memorialista e imortal Ferreira Gullar.

ANA MARIA FELIX GARJAN Compartilhando narrativas culturais em capítulos de essencialidades. Ave Gullar! Iniciamos esse ensaio e homenagem registrando o pensamento do poeta Ferreira Gullar: “A ARTE EXISTE PORQUE A VIDA NÃO BASTA”. Ele diz em suas diversas entrevistas quando lhe é perguntado qual seria, em sua opinião, o conceito da palavra arte: “a arte é uma coisa muito difícil, não me considero a altura de definir o que é arte porque é uma coisa da experiência. Seguramente arte supõe uma linguagem, o conhecimento dessa linguagem e, sobretudo talento, de modo que para se fazer arte tem que nascer artista, não que nasça sabendo, mas com as qualidades que poderão torná-lo um artista. Definir arte de uma maneira genérica é muito difícil”.

A ainda disse: “A crítica de arte foi uma coisa que nasceu do próprio processo cultural. As pessoas naturalmente que se interessam por arte, que não são criadoras de arte, mas que tem grande interesse por arte, buscam o entendimento da arte porque no fundo a crítica é antes de mais nada a tentativa de entender a arte. Evidentemente não há crítica infalível. A crítica tem uma parte de conhecimento e de objetividade. Outra parte é subjetividade e opinião”.

Pensando e dialogando sobre arte como expressão da sociabilidade humana: Os fatos artísticos e sociais, como elementos da cultura, evidenciam que os modos de compreensão e apropriação da realidade ocorrem de forma coletiva, mediante práticas sociais que são compartilhadas e transmitidas historicamente.

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Por essa razão, somos todos, coletivamente, sujeitos criadores da cultura e da arte, considerando que herdamos concepções, representações e significados que assimilamos, modificamos e comunicamos, garantindo a continuidade do conhecimento e do compartilhamento de símbolos sociais essenciais para a vida em sociedade. Segundo Bourdieu, o capital simbólico que podemos acumular como aporte cultural constitui-se de elementos da vida social que influenciam a cultura e por ela são também influenciados: as artes, as formas de comunicação, as crenças, os costumes formam a amálgama dessa experiência de vida social. Nesse sentido, a arte como forma privilegiada de leitura e interpretação da realidade social, pode ser considerada como um modo de expressão complexo e multifacetado, pois sendo o resultado de um contexto social, não é apenas o reflexo de uma realidade, mas também apresenta sua potencialidade para questionar esse contexto. Paulo Barroso, pesquisador português, no campo da sociologia da arte, lembra-nos que: “A criação artística como expressão social está patente, na variedade de estilos, formas, matérias e temas que marcam as épocas das obras de arte”. Ao longo da história a arte tem conseguido expressar a diversidade religiosa: os templos gregos em honra dos deuses, as pirâmides egípcias, as mesquitas árabes, os mosaicos bizantinos ou os vitrais góticos e os capitéis românicos das catedrais ocidentais. (Barroso: p.83) Um exemplo da arte como elemento de intervenção social pode se evidenciar em uma dupla dimensão: reiterando valores sociais ou questionando a ordem social. Por exemplo, reiterando os valores vigentes podem ser citados os monumentos que simbolizam o regime democrático, como a estátua da liberdade, em Nova Iorque, ou a águia imperial, em Versalles, fazendo a apologia ao Estado absolutista de Luís XIV. Por outro lado, a obra de Pablo Picasso, Guernica, conhecida mundialmente, expressou o posicionamento político do artista em relação aos republicanos, durante a Guerra Civil Espanhola, retratando a destruição de Guernica, capital do país Basco. Picasso não reproduziu cenas da guerra, mas os sentimentos de horror e dor provocados pelos impactos desse bombardeio. A obra de 1937 antecipou uma visão do massacre que ocorreria em toda a Europa, durante a Segunda Guerra Mundial. Na atualidade, a realidade mundial mostra-se ao mesmo tempo padronizada pelo mercado global, porém também muito diversificada num contexto em que convivem diversificadas e contraditórias interpretações e expressões da sociabilidade humana. Temos a construção de profundos movimentos pela PAZ, enquanto proliferam as guerras no oriente. Portinari, com sua obra Guerra e Paz, conseguiu captar a profunda contradição da civilização humana. Também o termo “arte” pressupõe uma realidade diversa, razão pela qual existem linguagens artísticas diferentes e peculiaridades técnicas e materiais das obras. A diversidade da realidade artística e as peculiaridades das linguagens e técnicas da arte explicam a capacidade de produção e de recepção de influências do meio social. Existem tanto modos de ver como mundos interpretados pela arte, na medida em que proliferam redes ou estruturas onde se produzem e se consomem obras de arte, o que leva Pierre Bourdieu a designar por campo artístico. (BARROSO: p. 84). Na realidade, o artista é um intérprete do meio em que se encontra inserido e é portador de sínteses artísticas em que os elementos sociais, elaborados em seu pensamento e influenciados por seus sentimentos, se refletem em suas obras, sendo, portanto, um

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criador e comunicador de elementos subjetivos e objetivos, que se materializam na pintura, na literatura, na música e na fotografia. Os artistas envolvidos no movimento de produção entre os continentes, como está publicado nos livros que estão sendo lançados em diversos países da Europa, dos quais faço parte, são artistas que, atravessando fronteiras e articulando pessoas do Brasil e dos mais diferentes países, apresentam sua arte sob os mais diferentes estilos, trabalhando para construir uma relação mais ampliada entre a arte e os mais diversos segmentos da sociedade, na tentativa de ultrapassar os limites das sociedades capitalistas contemporâneas, onde um público restrito tem acesso ao “mercado das obras de arte” e aos valores estéticos impostos por esse campo artístico, constituído predominante por uma classe social privilegiada. Naturalmente, um processo de democratização da arte e de suas formas de manifestação requer uma renovação nos processos de sociabilidade humana, permitindo uma ampla circulação de produção artística em todos os campos, para que se construam novos padrões culturais, que embora não possam ser isentos das influências do atual contexto social, fortaleçam formas de influenciar esse contexto, visando principalmente humanizar as relações sociais. A relação entre arte e educação foi defendida por muitos artistas e escritores do século XIX, mas destaca-se aqui Fernando Pessoa, que defendeu uma função instrutiva da arte para o bem e para a verdade, o que quer dizer, claramente, o fortalecimento entre a ética e a estética. Ave Gullar! Recordemos uma das suas mais belas poéticas: Poema Traduzir-se Uma parte de mim é todo mundo: outra parte é ninguém: fundo sem fundo. Uma parte de mim é multidão: outra parte estranheza e solidão. Uma parte de mim pesa, pondera: outra parte delira. Uma parte de mim almoça e janta: outra parte se espanta. Uma parte de mim é permanente: outra parte se sabe de repente. Uma parte de mim é só vertigem:

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outra parte, linguagem. Traduzir uma parte na outra parte — que é uma questão de vida ou morte — será arte?

(Ferreira Gullar. Os Melhores Poemas de Ferreira Gullar.) Ferreira Gullar nasceu em São Luís do Maranhão, em 1930. Quando garoto jogou futebol, depois pintou alguns quadros, por ter descoberto a arte. Mas a paixão de sua vida é a poesia. Ele publicou seu primeiro livro, aos 19 anos, intitulado “Um pouco acima do chão”. Aos 21 anos mudou-se para o Rio de Janeiro, onde foi locutor de rádio, editor de revistas literárias, colaborou com jornais e revistas como poeta e crítico de arte. Em 1976 publicou o “Poema Sujo”, livro que marcaria toda a sua obra literária. Dentre suas principais obras destacam-se: "A luta corporal", lançada em 1954, "Dentro da noite veloz", do ano de 1975, "Poema sujo" de 1976 e "Na vertigem do dia", em 1980. Registramos os primeiros versos do POEMA SUJO, de Ferreira Gullar: turvo turvo a turva mão do sopro contra o muro escuro menos menos menos que escuro menos que mole e duro menos que fosso e muro: menos que furo escuro mais que escuro: claro como água? como pluma? claro mais que claro claro: coisa alguma e tudo (ou quase) um bicho que o universo fabrica e vem sonhando desde as entranhas azul era o gato azul era o galo azul o cavalo azul teu cu tua gengiva igual a tua bocetinha que parecia sorrir entre as folhas de banana entre os cheiros de flor e bosta de porco aberta como uma boca do corpo (não como a tua boca de palavras) como uma entrada para eu não sabia tu

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não sabias fazer girar a vida com seu montão de estrelas e oceano entrando-nos em ti bela bela mais que bela mas como era o nome dela? Não era Helena nem Vera nem Nara nem Gabriela nem Tereza nem Maria Seu nome seu nome era… Perdeu-se na carne fria perdeu na confusão de tanta noite e tanto dia perdeu-se na profusão das coisas acontecidas constelações de alfabeto noites escritas a giz pastilhas de aniversário domingos de futebol enterros corsos comícios roleta bilhar baralho mudou de cara e cabelos mudou de olhos e risos mudou de casa e de tempo: mas está comigo está perdido comigo teu nome em alguma gaveta.

Ave Gullar! Dezembro de 2014: Ferreira Gullar na Academia Brasileira de Letras A Academia Brasileira de Letras realizou a cerimônia de posse do novo imortal maranhense Ferreira Gullar, nascido em São Luís em 10 de setembro de 1930; Em 05 de dezembro de 2014 tornou-se o mais novo imortal da ABL, no quarto ano da 2ª década do século XXI, às vésperas do novo de 2015, desse Terceiro Milênio. O Maranhão, São Luís e o Brasil têm grande orgulho desse seu filho, o poeta Ferreira Gullar, maestro das palavras, de novas vozes, de novos sons, das diversas odes, sinfonias, cantos e estética de sua poesia sem fronteiras e de sua importante participação no cenário da literatura brasileira, latina e internacional. É crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista, ensaísta, um dos fundadores do neoconcretismo, colunista da Folha de São Paulo, e um dos mais reverenciados e prestigiados autores brasileiros vivos, na nossa contemporaneidade desse início do Século XXI. Ferreira Gullar é um admirado e respeitado poeta brasileiro, um doce e forte poeta de cabelos lisos e brancos da cor de prata lunar de uma Ilha Ludovicense encantada, sua terra natal, que o fez ser também encantado, mais ainda, em seus 84 anos, pois é possuidor de uma rara e virtuosa essencialidade e simplicidade no que pensa, fala, escreve e deixa fluir, através da arte do tempo em sua vida e em sua obra, que ganhou notoriedade e que é reconhecida há décadas, a partir de sua ida para o Rio de Janeiro, mas sempre retornando à sua amada cidade onde estão seus amados familiares, amigos, admiradores e seguidores de sua obra literária.

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A partir do dia 5 de dezembro de 2014, o grande poeta Ferreira Gullar passou a ser o mais novo membro imortal da Academia Brasileira de Letras, uma das importantes instituições literárias do nosso país. Gullar, poeta maranhense na Casa de Machado de Assis. Conforme as diversas notícias nos meios de comunicação e na ABL: Primeiramente, na data de 14/07/2014, Ferreira Gullar se candidatou a uma vaga na ABL, enviando uma carta de praxe, uma vez que tinham sido abertas inscrições que foram até o prazo de 10 de agosto, pela vaga de uma Cadeira em disputa que era ocupada por Ivan Junqueira, falecido em 3 de julho deste ano. Gullar contou com o apoio do seu amigo, o acadêmico Antonio Carlos Secchin, que liderou a campanha por sua eleição, o qual proferiu um importante discurso sobre a obra do poeta, pois ele como crítico literário foi o organizador do livro: "Ferreira Gullar: Poesia Completa, Teatro e Prosa”. A Academia Brasileira de Letras, cujo patrono é o imortal Machado de Assis, abriu seus espaços acadêmicos, suas portas, janelas, salões e sua atmosfera histórica, na noite do dia 5 de dezembro para empossar mais um notável representante das letras e cultura brasileira, em nível internacional. Ferreira Gulllar foi empossado na cadeira nº 37 da Academia Brasileira de Letras, sucedendo ao poeta e tradutor Ivan Junqueira (1934-2014). Em seu discurso de linguagem simples, mas com mensagens leves e importantes, Gullar falou sobre o caminho e processo que o levou à ABL, fez homenagem aos seus antecessores e recebeu muitos aplausos dos seus novos confrades, amigos e admiradores, inclusive contou com a presença dos seus amigos, a atriz Fernanda Montenegro e o cartunista Ziraldo. Gullar agradeceu a todos, fez agradecimento ao acadêmico José Sarney, seu amigo maranhense, e homenageou o patrono de sua cadeira, Tomaz Antonio Gonzaga. Ele disse: "Não diria que foi um grande poeta, mas tampouco enveredou pela falsa retórica e falsos sentimentos". Ao final de seu discurso, foi realizada a cerimônia que formaliza a posse dos novos acadêmicos. Nessa ocasião, o acadêmico José Sarney entregou a ele a espada, o acadêmico Eduardo Portella fez a aposição do colar e a acadêmica Ana Maria Machado lhe entregou o diploma, conforme a cerimônia oficial da Casa de Machado de Assis - a sua nova casa, onde seus membros honram a língua pátria que une povos. E creio que sua presença levará novas vozes e novo oxigênio à ABL, e a tradicional cerimônia de posse de Ferreira Gullar, transmitida ao vivo, pela primeira vez, pelo novo sistema de comunicação da ABL. Por coincidência ele foi empossado na mesma data em que São Luís foi elevada à condição de Patrimônio Cultural da Humanidade, pela UNESCO, em cerimônia na sede de Paris, em 5 de dezembro de 1997, ocasião em que estiveram presentes a então Governadora Roseana Sarney, o arquiteto e coordenador de parte dos documentos formais sobre o centro histórico de São Luís, Felipe Andrés, diretor do Patrimônio Cultural do Estado, na época, e outros assessores de governo e autoridades.

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“Petit Trianon de Versailles”, suas portas, janelas e salões abertos A Academia Brasileira de Letras foi fundada em 1897, e a instalação de sua sede foi no prédio neoclássico batizado de “Petit Trianon de Versailles”, em 1923, como a sede definitiva da ABL, que abre suas portas, janelas e salões iluminados, para receber cada novo acadêmico que é empossado em cadeiras patroneadas por grandes nomes da literatura nacional, por falecimento de mais dos seus membros. O Grande Senhor Tempo é testemunha da história da arte e das realizações institucionais que representam setores e segmentos da sociedade mundial. E nessa perspectiva, sob a direção da arte do tempo, as sessões da ABL, desde sua fundação em 1897, até 1904, se realizavam em diversos locais da cidade do Rio, tais como: Colégio Pedro II, Biblioteca Fluminense, Real Gabinete Português de Leitura e Ministério do Interior. Foi o acadêmico Mário de Alencar quem conseguiu a permissão para a Academia funcionar no prédio Silogeu Brasileiro, também no centro do Rio de Janeiro, onde realizava suas atividades acadêmicas, até se fixar no Petit Trianon. A réplica brasileira foi construída na Avenida das Nações (atual Avenida Presidente Wilson), no coração do Rio, para registrar a importante participação francesa na Exposição do Centenário da Independência do Brasil, em 1922. Após as comemorações, em 1923, o prédio ficou sem utilização, e assim foi doada à ABL. O belo prédio foi doado à instituição literária brasileira pelo Governo francês, através de seu primeiro-ministro, Raymond Poincaré, e presidente da República, Alexandre Millerand. A cerimônia de inauguração do novo endereço da importante Casa de Machado de Assis foi dirigida pelo Acadêmico Afrânio Peixoto, presidente da ABL, que contou a importante presença do embaixador da França, Alexandre Conty, além de outros ilustres acadêmicos, da época. Assim, a centenária e histórica Academia Brasileira de Letras abriu portas e janelas do “Petit Trianon de Versailles”, para mais uma tradicional cerimônia de posse de um novo imortal: Ferreira Gullar, pois sua obra viva representa milhares de palavras que possuem alma, sons, muitas vozes, ressonâncias, cores, ecos e verdades que atravessam fronteiras, pois o poeta, aos 84 anos, passa a ocupar a cadeira deixada por Ivan Junqueira. Gullar, em sua sabedoria maior, em seu conhecimento filosófico, histórico, literário, poético e artístico criou diversos movimentos literários, e suas dezenas de obras publicadas no Brasil possuem uma linguagem universal que é traduzida por mentes e corações sensíveis, pois o coração do poeta, sua alma, sensibilidade, inteligência, sua beleza interior encantam os ludovicenses, maranhenses, brasileiros, assim como encantam os latinos e europeus que são leitores de suas diversas obras, assim como encantam dezenas de cantores, músicos, atores, poetas e escritores brasileiros. Esse importante crítico de arte já ocupa uma cadeira acadêmica na Casa de Machado de Assis, na cidade do Rio de Janeiro, uma das sedes da cultura brasileira e internacional.. Vestindo o fardão de acadêmico, Gullar abriu seu discurso agradecendo aos amigos acadêmicos que tanto insistiram para que ele se candidatasse a uma vaga na casa, como José Sarney, Eduardo Portella, Ana Maria Machado, Cicero Sandroni e Antonio Carlos Secchin. "Aproveito para pedir desculpas por tanto ter me esquivado à sua paciente generosidade", disse ele, publicamente, uma vez que teria sido criticado por alguns, por ter tido sempre uma postura transgressora, e que estaria traindo seu passado ao participar de uma instituição que representa tradição e o 'establishment'. Gullar referiuse à guinada como coerente com suas escolhas na vida, sempre surpreendentes:

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"Como minha vida tem se caracterizado não pelo previsível, mas pelo inesperado, ao decidir-me pela candidatura à que nunca aspirei, agi como sempre agi, ou seja, optar pelo imprevisível. Estou feliz da vida, uma vez que, aos 84 anos de idade, começo uma nova aventura pelo inesperado que a algum lugar desconhecida há de levar-me. Pode alguém se espantar ao me ouvir dizer que posso encontrar o novo nesta casa que é o reduto próprio da tradição. E pode ser que esteja certo. Não obstante, como na vida, em qualquer lugar, em qualquer momento, o inesperado pode acontecer".

Seguindo a tradição, Ferreira Gullar homenageou os ocupantes da cadeira 37: Alcântara Machado, Getúlio Vargas, Assis Chateaubriand, João Cabral de Melo Neto e, finalmente, seu antecessor e amigo, Ivan Junqueira. "Posso garantir-lhes que foi um grande homem de letras. Na literatura, encontrou seu verdadeiro universo", disse o poeta. Ferreira Gullar homenageou o patrono de sua cadeira, Tomaz Antonio Gonzaga. "Não diria que foi um grande poeta, mas tampouco enveredou pela falsa retórica e falsos sentimentos", disse Gullar, um dos mais aclamados autores brasileiros vivos. Ave Gullar!

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NÚCLEO DOCENTE ESTRUTURANTE NA GESTÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR

RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO Resumo - Este estudo aborda a criação do NDE no âmbito das políticas educacionais referentes à avaliação do ensino superior. Destacam-se as concepções e finalidades do Núcleo Docente Estruturante - NDE, a exigência legal para a sua implementação, a exigência de constituição de um núcleo de docentes e os Projetos Político-Pedagógicos dos cursos de graduação como objetos de estudo e trabalho do NDE.

Palavras-chave: Educação superior; Avaliação de cursos; NDE. INTRODUÇÃO Este estudo aborda o tema da gestão da educação superior, especificamente a criação do Núcleo Docente Estruturante - NDE nos cursos de graduação das instituições de ensino superior no Brasil com foco na sintonia entre a atuação do núcleo e os preceitos legais que o regem. O NDE foi instituído no contexto das políticas educacionais para a educação superior brasileira, especificamente no que se refere à avaliação dos cursos de graduação das instituições públicas e privadas, tendo em vista que o modelo de avaliação vigente no Brasil para esse nível de educação, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES, prevê, além da avaliação de cursos, a avaliação das instituições e dos estudantes. Trata-se o Núcleo Docente Estruturante, tomando como referência as normas legais que o instituíram na gestão acadêmica dos cursos de graduação das instituições de ensino superior brasileiras, destacando a incipiente produção científica sobre o tema e situando este estudo entre as abordagens já realizadas. Além disso, reflete-se sobre os projetos político-pedagógicos dos cursos de graduação como objetos de estudo e trabalho do Núcleo. Na perspectiva de melhor compreender o Núcleo Docente Estruturante, nas IES do Brasil, considerado neste estudo como inovação na gestão acadêmica, discute-se nesta parte do trabalho o NDE a partir de sua concepção, definições e finalidades,

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segundo a norma legal que o institui; enfoca-se também a exigência legal para implementação do Núcleo Docente Estruturante e ainda a atuação desse Núcleo como instrumento de gestão da educação superior no Projeto Político-Pedagógico dos cursos de graduação.

CONCEPÇÕES E FINALIDADES DO NÚCLEO DOCENTE ESTRUTURANTE O NDE, no âmbito da gestão acadêmica dos cursos de graduação, foi instituído pela Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior – CONAES, conforme o artigo 1º, parágrafo único da Resolução nº 01/2010 que assim expõe, O Núcleo Docente Estruturante (NDE) de um curso de graduação constitui-se de um grupo de docentes, com atribuições acadêmicas de acompanhamento, atuante no processo de concepção, consolidação e contínua atualização do projeto pedagógico do curso. Parágrafo único. O NDE deve ser constituído por membros do corpo docente do curso, que exerçam liderança acadêmica no âmbito do mesmo, percebida na produção de conhecimentos na área, no desenvolvimento do ensino, e em outras dimensões entendidas como importantes pela instituição, e que atuem sobre o desenvolvimento do curso.

Assim, em 2010, dá-se a criação definitiva do Núcleo Docente Estruturante constituído por professores com características específicas, de modo a atender as finalidades do NDE. Os professores para integrar o NDE devem apresentar níveis mais elevados de titulação, tempo disponível para o curso, com uma carga de trabalho parcial ou integral, e ainda razoável experiência docente. Além disso, devem demonstrar engajamento político- pedagógico, de modo a contribuir com a construção do PPC e o acompanhamento do desenvolvimento das atividades pedagógicas do curso. Convém enfatizar que, desde 2007, com o intuito de qualificar o envolvimento docente no processo de concepção e consolidação de um curso de graduação, foi criado o NDE para os cursos de Medicina e Direito, pela Portaria Nº 147, de 2 de fevereiro de 2007. O NDE, na sua concepção, torna-se responsável pela formulação do projeto pedagógico do curso – PPC, sua implementação e desenvolvimento, composto por professores: a) com titulação em nível de pós-graduação stricto sensu; b) contratados em regime de trabalho que assegure preferencialmente dedicação plena ao curso; e c) com experiência docente. O coordenador pedagógico do curso de graduação, por sua vez, também coordenador do NDE, é responsável pela articulação dos docentes que integram o NDE, com vistas à elaboração, implementação, ao acompanhamento e à atualização do projeto político-pedagógico. Este deve ser construído com base nas três dimensões definidas pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES, sendo a primeira: organização didático-pedagógica; a segunda: corpo docente e tutorial; e a terceira: infraestrutura.

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Na prática, o trabalho do coordenador juntamente com os dos demais integrantes do NDE implica o desenvolvimento de um conjunto de ações e atividades de interação, orientação, cooperação, acompanhamento e articulação entre os agentes do processo de ensinar e aprender e, para isso, o NDE, sob a direção do coordenador do curso/NDE atua em sintonia com as subunidades acadêmicas dos centros acadêmicos e do departamento de desenvolvimento e organização acadêmica da Pró-Reitoria de Ensino de cada universidade. O NDE deve definir prioridades, estratégias e buscar resultados coerentes com as metas estabelecidas globalmente pela IES. Nesse sentido, é importante que os integrantes do NDE conheçam a legislação pertinente, o cenário externo, o mercado, as expectativas da sociedade e o perfil do aluno que procura a IES. O coordenador e demais membros do NDE também devem ter capacidade empreendedora para traduzir essas prioridades em resultados, propondo novas alternativas e mobilizando os recursos que estão ao seu alcance. A implantação do NDE nos cursos de graduação, desde que sigam as diretrizes estabelecidas na sua concepção, impulsionarão o trabalho da coordenação em algumas de suas atribuições, tais como: o planejamento anual das atividades acadêmicas, o acompanhamento do fazer pedagógico de professores e alunos e a proposição de atividades inovadoras antes relegadas ou consideradas de realização inviável. Face ao exposto, salienta-se que a problemática da conflituosidade é de especial importância para a gestão pedagógica nas instituições, pois, dependendo da forma como é enfrentada, pode apontar para a destruição das relações e graves comprometimentos institucionais, à medida que se perdem de vista os interesses, as finalidades da organização e a missão para a qual todas as ações devem convergir. No entanto, os conflitos podem ser oportunidades de inovações e mudanças, caso as diferenças sejam vistas como riqueza de ideias e propostas para novos caminhos, por possibilitarem novas aprendizagens. É aqui que se faz sentir a importância do NDE, conforme vem sendo defendida nesta reflexão, como um instrumento propulsor do aperfeiçoamento das ações da docência e da gestão do curso de graduação, à medida que o atributo da gestão pedagógica é o critério definido na Resolução 1 – CONAES, que o institui, conforme o seu artigo 2º: O Núcleo Docente Estruturante deve ser constituído por membros do corpo docente do curso que, em seu âmbito, exerçam liderança acadêmica, percebida na produção de conhecimentos na área do curso, no desenvolvimento do ensino, e em outras dimensões entendidas como importantes pela Instituição, e que atuem sobre o desenvolvimento geral do curso.

Em que pese a importância do NDE como potencial interventor na qualidade do ensino superior, ao analisar a produção acadêmica acerca do tema, percebe-se que ainda não despertou interesse entre os pesquisadores, sendo bastante reduzidas as publicações de artigos científicos e ainda mais escassas as dissertações e teses sobre o NDE, talvez esse fato seja explicado pela recente obrigatoriedade de constituição do Núcleo por força de normas legais. Nessa perspectiva, com a realização deste estudo pretende-se contribuir para colmatar essa lacuna.

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Todavia, ressalta-se a iniciativa de Rocha (2012) que contribuiu para ampliar as discussões sobre o tema através da investigação que objetivou analisar se a criação do NDE favorece a implementação de ações de qualidade nos cursos de graduação. A autora realizou estudo qualitativo e quantitativo em oito cursos de graduação de duas instituições de ensino superior privadas de São Luís - Maranhão, cujos instrumentos de coleta de dados foram observações e entrevistas. A análise de conteúdo dos dados obtidos permitiu à pesquisadora concluir que os Núcleos Docentes Estruturantes dos cursos investigados ainda não conseguiram implementar intervenções de melhorias, pois, segundo ela, “[...] a apatia predomina no grupo que o integra, com poucas exceções, o objetivo para o qual o NDE fora criado, ainda não responde aos interesses e envolvimento dos atores no processo de condução, criação, implantação e implementação dos cursos superiores de graduação” (Rocha, 2012, p. 152). Diante dessa realidade, ratifica-se a relevância deste estudo no âmbito da gestão de cursos da educação superior brasileira, pois é preciso não esquecer que a educação é uma prática social e política, porquanto age sobre o desenvolvimento humano, sobre as infinitas possibilidades de desenvolvimento de inteligências e habilidades, e por isso o gestor acadêmico, ao visar em primeiro plano os interesses coletivos e ao cumprimento do papel social das instituições educativas, explora os instrumentos à sua disposição, a exemplo do NDE, para alavancar a qualidade dos serviços educacionais oferecidos. Na sequência deste trabalho, reflete-se sobre a obrigatoriedade do NDE nas IES brasileiras. EXIGÊNCIA LEGAL PARA IMPLEMENTAÇÃO DO NÚCLEO DOCENTE ESTRUTURANTE A institucionalização da Portaria-MEC nº 147, de 2 de fevereiro de 2007, que criava o NDE era restrita aos cursos de Medicina e Direito. Apesar dessa limitação aos dois cursos referidos, os demais cursos também eram submetidos à exigência da existência do NDE, sem qualquer amparo legal, o que por sua vez resultava em um montante razoável de recursos administrativos e judiciais por esses cursos. Em 13 de maio de 2010, pelo Ofício-Circular DAES/INEP/MEC nº 48, a Presidente da CONAES, o Presidente do INEP e a Diretora de Avaliação da Educação Superior do INEP comunicaram aos Procuradores Institucionais (PI) das IES, entre outras alterações no sistema e-mec e em critérios de avaliação institucional e de cursos, que (...) o Núcleo Docente Estruturante - NDE, parcela do corpo docente responsável pela criação, implantação e consolidação do projeto pedagógico do curso, deve ser considerado como elemento diferenciador da composição e organização do corpo docente do curso.

Também em 9 de junho de 2010, pelo OF.CIRC.MEC/INEP/DAES/CONAES nº 67, as mesmas autoridades do MEC comunicaram aos Procuradores Institucionais e demais dirigentes das IES várias decisões da CONAES tomadas em reuniões ordinárias, que aprovaram alterações nos instrumentos de avaliação do INEP, entre elas a extensão da existência do NDE para todos os cursos.

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Em 17 de junho de 2010 – data posterior aos ofícios-circulares referenciados –, a CONAES aprovou a Resolução nº 1/2010, resultante do Parecer CONAES nº 4, de 17 de junho de 2010, homologado pelo Ministro da Educação em ato publicado no DOU de 27/7/2010 (Seção 1, p. 14), que normatiza o Núcleo Docente Estruturante – NDE e dá outras providências, com fundamento no inciso I, art. 6º da Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004. A seguir, o texto nuclear da Resolução nº 1/2010: Art. 1º O Núcleo Docente Estruturante - NDE de um curso de graduação constituise de um grupo de docentes, com atribuições acadêmicas de acompanhamento, atuante no processo de concepção, consolidação e contínua atualização do projeto pedagógico do curso. Parágrafo único. O NDE deve ser constituído por membros do corpo docente do curso, que exerçam liderança acadêmica no âmbito do mesmo, percebida na produção de conhecimentos na área, no desenvolvimento do ensino, e em outras dimensões entendidas como importantes pela instituição, e que atuem sobre o desenvolvimento do curso. Art. 2º São atribuições do Núcleo Docente Estruturante, entre outras: I - contribuir para a consolidação do perfil profissional do egresso do curso; II - zelar pela integração curricular interdisciplinar entre as diferentes atividades de ensino constantes no currículo; III - indicar formas de incentivo ao desenvolvimento de linhas de pesquisa e extensão, oriundas de necessidades da graduação, de exigências do mercado de trabalho e afinadas com as políticas públicas relativas à área de conhecimento do curso IV - zelar pelo cumprimento das Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação. Art. 3º As Instituições de Educação Superior, por meio dos seus colegiados superiores, devem definir as atribuições e os critérios de constituição do NDE, atendidos, no mínimo, os seguintes: I - ser constituído por um mínimo de 5 professores pertencentes ao corpo docente do curso; II - ter pelo menos 60% de seus membros com titulação acadêmica obtida em programas de pós- graduação stritco sensu; III - ter todos os membros em regime de trabalho de tempo parcial ou integral, sendo pelo menos 20% em tempo integral; IV - assegurar estratégia de renovação parcial dos integrantes do NDE de modo a assegurar continuidade no processo de acompanhamento do curso.

Para alguns estudiosos da questão, a criação do NDE nos moldes expostos fere, principalmente, a autonomia da universidade, assegurada pelo art. 207 da Constituição, já que o NDE não partiu do âmbito da universidade, mas do Parecer CONAES nº 4, de 17 de junho de 2013, homologado pelo Ministro da Educação em ato publicado no DOU de 27/7/2010 (Seção 1, p. 14). Este normatiza o Núcleo Docente Estruturante – NDE e dá outras providências.

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Assim, a Portaria Ministerial nº 147/2007 foi usada como instrumento legal, confundindo princípios de legalidade com portaria ministerial, mero ato executivo para o cumprimento de lei. Nas anunciadas decisões da CONAES, são apresentados como fundamento legal o inciso I do art. 6º da Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2044, que institui o SINAES, e dá outras providências. Recorre-se à transcrição integral do referido art. 6º, para melhor entendimento das competências legais da CONAES: Art. 6º Fica instituída, no âmbito do Ministério da Educação e vinculada ao Gabinete do Ministro de Estado, a Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior – CONAES, órgão colegiado de coordenação e supervisão do SINAES, com as atribuições de: I – propor e avaliar as dinâmicas, procedimentos e mecanismos da avaliação institucional, de cursos e de desempenho dos estudantes; II – estabelecer diretrizes para organização e designação de comissões de avaliação, analisar relatórios, elaborar pareceres e encaminhar recomendações às instâncias competentes; III – formular propostas para o desenvolvimento das instituições de educação superior, com base nas análises e recomendações produzidas nos processos de avaliação; IV – articular-se com os sistemas estaduais de ensino, visando a estabelecer ações e critérios comuns de avaliação e supervisão da educação superior; V – submeter anualmente à aprovação do Ministro de Estado da Educação a relação dos cursos a cujos estudantes será aplicado o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes - ENADE; VI – elaborar o seu regimento, a ser aprovado em ato do Ministro de Estado da Educação; VII – realizar reuniões ordinárias mensais e extraordinárias, sempre que convocadas pelo Ministro de Estado da Educação.

A CONAES é, portanto, um órgão colegiado de coordenação e supervisão do SINAES, subordinado ao Ministro da Educação, que não tem poder deliberativo. Por outro lado, o inciso I citado dá à CONAES a competência para propor e avaliar as dinâmicas, os procedimentos e mecanismos da avaliação institucional, de cursos e de desempenho dos estudantes. Nessa competência não se insere a de impor a criação de órgãos na estrutura acadêmico-administrativa das IES, como o NDE, por exemplo. Trata-se, assim, para alguns estudiosos, da questão de uma arbitrariedade da CONAES, homologada pelo Ministro da Educação. Os aspectos contraditórios dessas decisões da CONAES conduzem a algumas reflexões a respeito de sua competência e composição.

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Indicador de destaque considerado como elemento diferenciador O NDE deve ser considerado como elemento diferenciador da composição e organização do corpo docente do curso – indicador de destaque em lugar de indicador imprescindível. Contudo, se o curso não tiver o NDE em sua organização ou obtiver conceito um em qualquer dos indicadores referentes a esse órgão, o conceito da dimensão corpo docente será um no processo de avaliação do INEP. Nesse caso, ainda segundo decisão da CONAES, o conceito inferior a três, em qualquer uma das dimensões do instrumento de avaliação, ensejará a celebração de protocolo de compromisso a ser firmado entre a IES e o Ministério da Educação, conforme o disposto no art. 10 da Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004. Os indicadores referentes ao NDE passaram a ser de destaque, mas continuam imprescindíveis nas confusas, contraditórias e ilegais decisões da CONAES. Caso alguma IES inclua o NDE na estrutura de seus cursos de graduação, deve merecer um conceito elevado, como o cinco, mas a que faça a opção por não ter esse órgão não pode ser punida com o protocolo de compromisso. Isso é mais uma arbitrariedade imposta pelo Ministro da Educação, por meio de seus órgãos auxiliares, às IES privadas. Nas IES mantidas pela União, cabe a elas defenderem seus interesses junto ao seu mantenedor, o MEC. NDE ‘versus’ colegiados de curso O Parecer nº 4/2010 contém preciosidades e piruetas redacionais para justificarem o injustificável: a imposição de um núcleo docente para cuidar do projeto pedagógico do curso, duplicando essas funções com o colegiado do curso, também objeto de vários indicadores e critérios de avaliação nos instrumentos adotados pelo INEP. Transcrem-se alguns parágrafos do mencionado Parecer: A ideia surge da constatação de que um bom curso de graduação tem alguns membros do seu corpo docente que ajudam a construir a identidade do mesmo. Não se trata de personificar um curso, mas de reconhecer que educação se faz com pessoas e que há, em todo grupo social, um processo de liderança que está além dos cargos instituídos. Se a identidade de um curso depende dessas pessoas que são referências, tanto para os alunos como para a comunidade acadêmica em geral, é justo que se entenda e se incentive o reconhecimento delas, institucionalmente, para qualificar a concepção, a consolidação e, inclusive, a constante atualização de um projeto pedagógico de curso. Com isso se pode evitar que os PPCs sejam uma peça meramente documental. Entende-se, então, que todo curso que tem qualidade possui (ainda que informalmente) um grupo de professores que, poder-se-ia dizer, é a alma do curso. Em outras palavras, trata-se de um núcleo docente estruturante. É importante ainda observar que, dentro da tradição bastante burocratizante das instituições de ensino no Brasil, recomendar-se ou, mais ainda, exigir-se a existência de um NDE, tenderia a induzir a definição deste como um órgão deliberativo, o que pode significar a perda da eficácia de suas funções. O NDE deve ser considerado não como exigência ou requisito legal, mas como elemento diferenciador da qualidade do curso, no que diz respeito à interseção entre as dimensões do corpo docente e Projeto Pedagógico do Curso.

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Já há, na quase totalidade dos cursos superiores, um órgão colegiado que se ocupa das questões do curso, inclusive do PPC, coordenado pelo Coordenador do Curso. É o que se convencionou chamar de Colegiado de Curso, ainda que receba nomes diversos em diferentes instituições. No entanto, o Colegiado de Curso tende a ter um papel administrativo muito forte, resolvendo questões que vão desde a definição das necessidades de professores para atenderem disciplinas até a simples emissão de atestados, passando pela administração ou acompanhamento do processo de matrícula. Tais funções são necessárias, mas, sem dúvida, normalmente se sobrepõem à necessária reflexão sobre a qualidade acadêmica do curso. Sendo assim, ainda que muitas vezes o coordenador do curso seja um professor que ajuda a dar identidade ao curso, outras tantas vezes o coordenador é um professor que exerce a importante função de fazer os fluxos não serem interrompidos, ainda que não seja um dos lideres acadêmicos no sentido colocado acima e nisso não há demérito algum. Este raciocínio nos leva a entender que o trabalho do Colegiado de Curso (assim como da sua coordenação) não pode ser confundido com o papel de um núcleo docente estruturante. Ambos podem ser exercidos pelas mesmas pessoas, mas normalmente não o são, e isso até enriquece o processo. Assim, esta CONAES entende que o NDE é um bom indicador da qualidade de um curso de graduação e um elemento de diferenciação quanto ao comprometimento da instituição com o bom padrão acadêmico. Constitui-se num grupo permanente de professores, com atribuições de formulação e acompanhamento do curso. Para isso, é necessário que o núcleo seja atuante no processo de concepção, consolidação e contínua atualização do projeto pedagógico do curso, e que esteja formalmente indicado pela instituição. Deve ser constituído por pelo menos 5 (cinco) professores pertencentes ao corpo docente do curso, com liderança acadêmica e presença efetiva no seu desenvolvimento, percebidas na produção de conhecimentos na área, no desenvolvimento do ensino, e em outras dimensões entendidas como importantes pela instituição. Para a institucionalização do NDE, as IES, através dos seus colegiados superiores, devem definir sua constituição, de acordo com os critérios (composição, titulação dos membros, tempo de dedicação e de permanência sem interrupção, etc.) estabelecidos nos instrumentos aplicados pelo INEP para avaliação de cursos de graduação. As lES deverão definir as atribuições do NDE, ficando claro que não podem ser confundidas com as do Colegiado do Curso. Sendo um grupo de acompanhamento, seus membros devem, permanecer por, no mínimo, 3 anos e adotada estratégia de renovações parciais, de modo a haver

continuidade no pensar do curso. O Parecer, após uma difícil ginástica verborrágica para justificar a existência paralela do NDE e do colegiado de curso, afirma que este raciocínio nos leva a entender que o trabalho do colegiado de curso, assim como da sua coordenação, não pode ser confundido com o papel de um núcleo docente estruturante. O único aspecto que pode diferenciar esse dois organismos é o da competência deliberativa, exclusiva do colegiado de curso. Tal decisão remete-se à era pré-reforma universitária de 1968. A reforma universitária de 1968, implantada pelo regime militar de 1964, num de seus dispositivos mais avançados para a época, tinha entre os seus princípios, na organização das IES, o da não duplicação de meios para fins idênticos ou equivalentes.

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A decisão da CONAES duplica meios para fins idênticos ou equivalentes. Alínea “c”, art. 11 da Lei nº 5.540, de 28 de novembro de 1968. A CONAES diz que o NDE constitui-se um grupo permanente de professores. Seus membros devem permanecer por, no mínimo, 3 anos. Implanta nas IES privadas, regidas pela CLT, regime de trabalho incompatível com os princípios da livre iniciativa. Essa estabilidade empregatícia, mesmo temporária, pode ser adotada nas IES públicas, onde o regime é estatutário e não há nenhum compromisso com resultados.

O SINAES e a CONAES: composição equívocos e desvios de competência A Lei nº 10.861, de 2004, dispõe no § 1o, art. 1º, que O SINAES tem por finalidades a melhoria da qualidade da educação superior, a orientação da expansão da sua oferta, o aumento permanente da sua eficácia institucional e efetividade acadêmica e social e, especialmente, a promoção do aprofundamento dos compromissos e responsabilidades sociais das instituições de educação superior, por meio da valorização de sua missão pública, da promoção dos valores democráticos, do respeito à diferença e à diversidade, da afirmação da autonomia e da identidade institucional.

O SINAES foi transformado, todavia, em puro instrumento de regulação, com a adoção prioritária, ou quase que exclusiva, do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes - ENADE, para avaliar a qualidade das IES e de seus cursos de graduação. É o ENADE que gera o Conceito Preliminar de Curso - CPC e o Índice Geral de Cursos IGC, criados ao arrepio da Lei nº 10.861, de 2004, pelo Ministério da Educação, e usados para decisões nos atos autorizativos – credenciamento e recredenciamento institucional e autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento de cursos de graduação. O MEC, por seus diversos órgãos, incluindo a CONAES, descumpre o art. 2º da referida Lei nº 10.861, transcrito em seguida: Art. 2º SINAES, ao promover a avaliação de instituições, de cursos e de desempenho dos estudantes, deverá assegurar: I – avaliação institucional, interna e externa, contemplando a análise global e integrada das dimensões, estruturas, relações, compromisso social, atividades, finalidades e responsabilidades sociais das instituições de educação superior e de seus cursos; II – o caráter público de todos os procedimentos, dados e resultados dos processos avaliativos; III – o respeito à identidade e à diversidade de instituições e de cursos; IV – a participação do corpo discente, docente e técnico-administrativo das instituições de educação superior, e da sociedade civil, por meio de suas representações.

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A avaliação institucional e de cursos, realizada pelo INEP, é desprezada ou minimizada diante da aplicação do CPC e do IGC, conceitos não previstos em lei. Caberia perguntar, nesse particular, onde fica o princípio da legalidade, intransigentemente defendido pela Secretaria de Educação Superior naquele momento, somente nas situações de interesse da atual política ministerial, mas reiteradamente ignorado quando o MEC, indevidamente, estabelece novas regras e obrigações por meio de portarias, notas técnicas e assemelhados. O caráter público de todos os procedimentos, dados e resultados dos processos avaliativos é também ignorado, dando-se ampla divulgação somente aos indicadores marginais à Lei do SINEAS – o CPC e o IGC. Não há, por outro lado, nenhum respeito à identidade e à diversidade de instituições e de cursos. Faculdades, centros universitários e universidades são avaliados com o mesmo instrumento, com ligeiras diferenças em alguns critérios de análise. Aos cursos ministrados por essas IES são aplicados os mesmos instrumentos e critérios de análise. Os incisos I, II e III do acima transcrito artigo 2º são descumpridos sistematicamente pelo Ministro da Educação e por seus subordinados, não importando o nível hierárquico ou o tipo de órgão. O parágrafo único do referido art. 2º prevê que os resultados das avaliações constituirão referencial básico dos processos de regulação e supervisão da educação superior, neles compreendidos o credenciamento e a renovação de credenciamento de instituições de educação superior, a autorização, o reconhecimento e a renovação de reconhecimento de cursos de graduação. Os resultados das avaliações ‘in loco’, realizadas pelo INEP, são questionados ou invalidados com a adoção, pela SESu, do CPC e IGC. O ENADE, segundo o artigo 5º da Lei do SINAES, tem por objetivo a avaliação do desempenho dos estudantes dos cursos de graduação. Esse exame será acompanhado de instrumento destinado a levantar o perfil dos estudantes, relevante para a compreensão de seus resultados. O conceito ENADE, ao lado de outro conceito marginal – Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado – IDD, não previsto em lei, e o instrumento destinado a levantar o perfil dos estudantes, são usados indevidamente para atribuir qualidade educacional a um curso de graduação, com a geração do CPC e, consequentemente, do IGC. Descumpre-se, também, o art. 5º da Lei nº 10.861. A CONAES integra o Gabinete do Ministro e é composta por treze membros, escolhidos na forma do art. 7º, a saber: I. um representante do INEP; II. um representante da CAPES; III. três representantes do MEC, sendo um obrigatoriamente do órgão responsável pela regulação e supervisão da educação superior; IV. um representante do corpo discente das IES; V. um representante do corpo docente das IES; VI. um representante do corpo técnico-administrativo das IES; VII. cinco membros, indicados pelo Ministro da Educação, escolhidos entre cidadãos com notório saber científico, filosófico e artístico, e reconhecida competência em avaliação ou gestão da educação superior.

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Dos treze membros, cinco são funcionários da estrutura executiva do MEC; três representam os segmentos da comunidade acadêmica, estudantes, professores e técnicos-administrativos e cinco são de livre escolha do Presidente da República, mediante indicação do Ministro da Educação. EXIGÊNCIA DE CONSTITUIÇÃO DE UM NÚCLEO DE DOCENTES Para compreender a exigência legal de implementação do NDE nas instituições de ensino superior, torna-se necessário situar tal medida no contexto mais amplo onde esta se situa, uma vez que não é possível analisar os fenômenos educativos isolados das determinações histórico-sociais das quais fazem parte. Nessa perspectiva, trata-se de reconhecer a prescrição legal de implantação do NDE como um elemento das atuais políticas educacionais para o ensino superior, como um instrumento de avaliação da educação nesse nível de ensino. O NDE foi criado num momento de transição. Sua criação deu-se, especialmente, para que houvesse um subsídio complementar para as decisões administrativas em relação aos processos dos cursos para os quais faltava parecer favorável da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB ou do Conselho Nacional de Saúde - CNS. Porém, sua transposição para todos os demais atos regulatórios do Ministério da Educação aparentemente não respeitou o princípio da legalidade. Em primeiro lugar, por um fato muito simples: não há lei que exija a existência do Núcleo Docente Estruturante como requisito para a atividade econômica ligada ao ensino superior. Em segundo lugar, porque a competência legal para estruturar os recursos humanos, bem como toda a rotina em relação ao projeto pedagógico, é das instituições de ensino superior e não do órgão regulador. Para vincularem-se ao sistema federal, as instituições de ensino têm de cumprir exigências previstas em lei. Isso decorre da aplicação do art. 170, parágrafo único e do art. 209, da Constituição Federal de 1988, que preveem: Art. 170 [...] Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. [...] Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições: I - cumprimento das normas gerais da educação nacional; II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público.

Ao contrário da avaliação, a regulação do ensino superior não possui lei específica. Há somente um enunciado genérico na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, que exige: “A autorização e o reconhecimento de cursos, bem como o credenciamento de instituições de educação superior, terão prazos limitados, sendo renovados, periodicamente, após processo regular de avaliação” (Brasil, Lei 9.394/96, art. 46).

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Mas, apesar da evidente omissão legislativa – ou da limitada abordagem, se considerada a referência na LDB –, o poder público vem tratando da regulação do ensino superior, já há muitos anos, por meio de decretos. Exemplo disso é o Decreto nº 5.773/2006, que, sem evidenciar preocupação com a limitação dos requisitos legais, dispõe: Art. 35. A instituição deverá protocolar pedido de reconhecimento de curso, no período entre metade do prazo previsto para a integralização de sua carga horária e setenta e cinco por cento desse prazo. § 1o O pedido de reconhecimento deverá ser instruído com os seguintes documentos: I - comprovante de recolhimento da taxa de avaliação in loco; II - projeto pedagógico do curso, incluindo número de alunos, turnos e demais elementos acadêmicos pertinentes; III - relação de docentes, constante do cadastro nacional de docentes; e IV - comprovante de disponibilidade do imóvel. [...] Art. 41. [...] § 1o O pedido de renovação de reconhecimento deverá ser instruído com os documentos referidos no art. 35, § 1o, com a atualização dos documentos apresentados por ocasião do pedido de reconhecimento de curso. § 2o Aplicam-se à renovação do reconhecimento de cursos as disposições pertinentes ao processo de reconhecimento.

Certamente nenhuma dessas exigências consta do texto da LDB. E, por isso, já nesse nível de regulação, existem discussões judiciais sobre o excesso de poder regulamentar, ou seja, sobre o desrespeito aos limites do texto contido na Lei regulamentada pelo referido Decreto. Enfim, a exigência de constituição de um núcleo de docentes – por meio de instrumentos de avaliação – é requisito que não está previsto em lei e, por isso, não há consenso na literatura específica sobre o tema em relação à exigência desse requisito para a autorização, o reconhecimento ou a renovação de reconhecimento de um curso superior, cuja principal alegação é o desrespeito ao princípio constitucional da legalidade. A LDB expressamente prevê incumbências para as IES em relação a sua proposta pedagógica e à administração de seu pessoal e de seus recursos materiais e financeiros (Brasil, Lei n. 9.394/96, art. 12). Nesse sentido, as IES são parte do sistema federal de ensino com competência especificada na lei que regulamenta o setor. Entretanto, em que pesem as críticas à criação do NDE, inclusive as controvérsias relativas à legalidade de sua existência, este estudo realça o Núcleo como fortalecedor da gestão com potencialidades para promover a qualidade da educação superior brasileira, uma vez que atua sobre um aspecto crucial dos cursos de graduação: os projetos político-pedagógicos. Na sequência reflete-se sobre os projetos políticopedagógicos como objetos de estudo e trabalho do NDE.

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PROJETOS POLÍTICO-PEDAGÓGICOS DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO E A ATUAÇÃO DO NDE COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR O estudo do planejamento e da gestão educacional, e de modo particular a sua aplicação, são de enorme importância, ao mesmo tempo que se apresentam como um grande desafio aos gestores acadêmicos. Importância porque, quando implementado de acordo com a realidade e as necessidades da IES, uma gestão eficaz pode fazer a diferença, utilizando-se de métodos e técnicas adequadas e compatíveis aos seus fins e objetivos. A articulação entre o projeto político-pedagógico, o acompanhamento das ações, a avaliação e utilização dos resultados, com a participação e o envolvimento das pessoas, o coletivo da instituição pode levá-la a ser eficiente e eficaz. Desafiante porque, administrar de forma racional, sem se utilizar dos princípios da administração científica/taylorista, exige de todos os seus atores uma relação dialética, uso de técnicas e habilidades humanas eficazes e adequadas aos objetivos a que se propõe a escola. Os projetos político-pedagógicos dos cursos de graduação mostram a visão macro do que a instituição universidade pretende ou idealiza fazer, seus objetivos, metas e estratégias permanentes, tanto no que se refere às suas atividades pedagógicas como às funções administrativas. Portanto, o projeto político-pedagógico faz parte do planejamento e da gestão da educação superior. A questão principal do planejamento é expressar a capacidade de se transferir o planejado para a ação. Assim sendo, compete ao projeto político-pedagógico a operacionalização do planejamento educacional, em um movimento constante de reflexão-ação-reflexão. Logo, a importância do projeto político-pedagógico está no fato de que ele passa a ser uma direção, um rumo para as ações dos cursos. É uma ação intencional que deve ser definida coletivamente, com consequente compromisso coletivo. É político porque reflete as opções e escolhas de caminhos e prioridades na formação do cidadão, como membro ativo e transformador da sociedade em que vive. É pedagógico porque expressa as atividades pedagógicas e didáticas que levam a instituição a alcançar os seus objetivos educacionais. É importante igualmente, que o projeto político-pedagógico seja entendido na sua globalidade, isto é, naquilo que diretamente contribui para os objetivos prioritários dos cursos, que são as atividades educacionais, e naquilo cuja contribuição é indireta, isto é, as ações administrativas. É também um instrumento que identifica a universidade como uma instituição social, voltada para a educação, portanto, com objetivos específicos para esse fim (Veiga, 2002, p. 13-14). Por isso, ao se construir o projeto político-pedagógico, é fundamental que se tenha em mente a realidade que circunda a instituição; realidade que se expressa no contexto macro da sociedade: econômico, político e social; e aquela que se verifica no entorno da IES. A realidade macro da sociedade, certamente, afeta a vida da instituição, assim como também a afeta a sua realidade interna específica, o seu funcionamento, suas possibilidades e seus limites. Não levar em consideração os aspectos sociais que envolvem a instituição no planejamento educacional, mesmo em nível micro, pode fazer com que o planejamento falhe em seus resultados.

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Os pressupostos que podem ser considerados na construção de um projeto político-pedagógico, e aqui analisados, são denominados por Aguilar (1997) como dimensões ou elementos constitutivos de um projeto político-pedagógico. A primeira dimensão a considerar é aquela que o autor denomina estrutural e conjuntural da sociedade, que refletirá a visão do contexto macro da sociedade em seus aspectos econômicos, políticos e sociais. Em função da atual conjuntura sociopolítica, de acordo com o autor, alguns fatores devem ser levados em consideração: exclusão social e educacional; desemprego; desvalorização do trabalho humano; bolsões de riqueza e miséria existindo simultaneamente; ausência de políticas públicas sociais; falta de recursos materiais e profissionais para a gestão da instituição. Sobre a dimensão estrutural e conjuntural, assim ele se expressa: Para consolidar a relação entre instituições educacionais e sociedade é necessário conhecer os determinantes que condicionam sua organização no âmbito econômico e político. Esses determinantes devem ser contemplados se queremos responder a seguinte pergunta: que indivíduos estamos formando para viver nessa sociedade? (Aguilar, 1997, p. 7, grifos do autor)

Aqui cabe também, complementando o pensamento exposto por Aguilar (1997), um questionamento que deve estar sempre presente, implícita e explicitamente, em toda a construção do projeto político-pedagógico: Que sociedade se quer construir? A segunda dimensão considerada é a ética valorativa que se reveste de fundamental importância para a formação da cidadania. Responde a seguinte questão: Que valores-guias devem ser constituídos para a construção e valorização do nosso projeto político-pedagógico? O autor destaca para a formação da cidadania os seguintes valores: tolerância radical - supõe a preocupação com os outros e se opõe ao individualismo da postura liberal; valentia cívica - disposição de luta das pessoas para causas que julgam corretas e justas; solidariedade - envolve sentimento de irmandade, como também ações nesse sentido; justiça - orienta a valentia cívica e a solidariedade. O justo e o injusto, como todos os outros valores, são definidos nas interrelações de toda a instituição educativa e famílias que atende. A terceira dimensão a ser analisada na construção de um projeto políticopedagógico é a historicidade da instituição ou realidade interna. Isso significa “resgatar o passado, desvelar o presente e projetar o futuro” (Aguilar, 1997, p. 9). Portanto, com a experiência do passado, as suas lições aplicadas ao presente, pode-se projetar o futuro com mais precisão. Nessa terceira dimensão é importante considerar as esferas espaciais, temporais e culturais que toda instituição desenvolve em sua existência, formando assim sua identidade. Ao se considerar essas esferas, pode-se construir um projeto políticopedagógico em harmonia com a história e a identidade da instituição. A quarta dimensão apresentada pelo autor é o processo do conhecimento, que se reveste de uma importância especial, uma vez que se trata do conteúdo, dos conhecimentos que a instituição quer socializar e produzir. Responde a questão relativa aos conhecimentos a serem socializados e produzir em cada instituição. A dimensão do processo do conhecimento vai além da obediência ao currículo oficial, se a linha constitutiva do projeto político-pedagógico estiver assentada na

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análise do macrocontexto sociopolítico e na realidade interna de cada instituição. Sobre esse aspecto assim se posiciona Aguilar (1997, p. 10): Sistematizar um Projeto Pedagógico em um contexto institucional cria espaços para que os agentes do processo educativo definam o conhecimento a ser produzido e socializado, assim como as metodologias mais apropriadas para seu desenvolvimento.

O texto reproduzido abaixo complementa e resume muito bem o que foi dito aqui de importante na construção de um projeto político-pedagógico: O projeto pedagógico não é uma peça burocrática e sim um instrumento de gestão e de compromisso político e pedagógico coletivo. Não é feito para ser mandado para alguém ou algum setor, mas sim para ser usado como referência para as lutas da escola. É um resumo das condições e funcionamento da escola e ao mesmo tempo um diagnóstico seguido de compromissos aceitos e firmados pela escola consigo mesma – sob o olhar atento do poder público. (Freitas , 2004, p. 69)

O que fica claro é que o projeto político-pedagógico do curso, quando bem construído e administrado, pode ajudar de forma decisiva a universidade a alcançar os seus objetivos. A sua ausência, por outro lado, pode significar um descaso com o curso, com os alunos, com a educação em geral, o que, certamente, refletirá no desenvolvimento da sociedade em que a escola estiver inserida. Considera-se que a gestão do projeto político-pedagógico realiza-se não somente durante o seu acompanhamento, mas também durante a sua elaboração, em que fica clara a importância da participação e do compromisso do coletivo da universidade. Por sua vez, a universidade não pode prescindir da administração, entendida como atividade natural humana para alcançar certos fins e objetivos e que se utiliza de forma racional de recursos materiais e humanos (Paro, 2002). A questão que se coloca é como administrar, de forma democrática e participativa, em um contexto de sociedade dominado pelo modelo de produção capitalista, utilizando-se do princípio da racionalidade. Apesar das dificuldades inerentes aos sistemas da sociedade atual, o que se pretende é que a universidade tenha uma administração participativa, sem autoritarismos, que se preocupe com o coletivo, com o desenvolvimento dos seus profissionais, porém sem perder a perspectiva de realização de um trabalho de qualidade, que visa a objetivos sociais, usando métodos e técnicas que garantam o alcance deles. Enfim, uma administração [...] que, sem os constrangimentos da gerência capitalista e da parcelarização desumana do trabalho, seja uma decorrência do trabalho cooperativo de todos os envolvidos no processo escolar, guiados por uma "vontade coletiva", em direção ao alcance dos

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objetivos verdadeiramente educacionais da escola. (Paro, 2002, p. 160)

Logo, o enfoque de qualidade que se pretende enfatizar na gestão do projeto político-pedagógico é o da qualidade negociada, entendida como uma construção participativa e coletiva. A qualidade negociada assim caracterizada através dos seguintes indicadores: a qualidade tem uma natureza transacional – não é um valor absoluto e não se estabelece ‘a priori’; a qualidade tem uma natureza participativa – natureza polifônica; a qualidade tem uma natureza autoreflexiva – reflexão sobre a prática; a qualidade tem uma natureza contextual e plural – admite modalidades de realização diferentes, ênfase de prioridades, idiossincrasias; a qualidade é um processo – a qualidade constrói-se; a qualidade tem uma natureza transformadora – transformar para melhor, supõe ação; a qualidade tem uma natureza formadora – produz uma cultura, induz à transformação para melhor dos seus atores (Bondioli, 2004). É oportuno destacar que qualidade negociada não significa a ausência de um padrão de qualidade. O padrão de qualidade de partida deve ser definido não só pela escola internamente, como também pelas redes de ensino e pelo poder público. Em sendo assim, a universidade não define o seu padrão de qualidade dentro das suas limitações e possibilidades, mas segue o padrão de partida definido pelo coletivo do sistema educacional da sociedade. Entende-se que o enfoque da qualidade negociada abrange uma totalidade de fatores essenciais à vida de uma instituição que se pauta por uma gestão participativa e democrática. Sobre o enfoque da qualidade negociada na administração do projeto político-pedagógico, assim se posiciona Freitas (2004, p. 71): O pressuposto deste enfoque é que as instituições também “aprendem”, como as pessoas. Como um coletivo, as instituições têm uma memória das suas lutas e demandas e são um organismo vivo que reflete sobre sua realidade e seu futuro, assumindo postura de não neutralidade diante dos distintos caminhos a seguir.

Outro aspecto que merece ênfase na gestão do projeto político-pedagógico é a questão da avaliação. Para retratar a sua importância, pode-se utilizar o que diz Luckesi (1998, p. 116-118) a esse respeito: A avaliação poderia ser compreendida como uma crítica de percurso de ação, seja ela curta, seja prolongada. Enquanto o planejamento dimensiona o que se vai construir, a avaliação subsidia essa construção, porque fundamenta novas decisões. [...] a avaliação como crítica de percurso é uma ferramenta necessária ao ser humano no processo de construção dos resultados que planificou produzir, assim como o é no redimensionamento da direção da ação.

Ainda sobre avaliação, e quando se fala em avaliação institucional, entendida como aquela que a instituição faz de si mesma, a autoavaliação, considerando o seu todo pedagógico e administrativo e suas relações externas, o projeto político-pedagógico

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reveste-se de uma importância vital para a sua realização, como bem mostra o trecho abaixo: A peça chave na questão da avaliação institucional é o projeto políticopedagógico da escola e suas relações com a gestão escolar. Tem como pressuposto a gestão escolar democrática e participativa e articula seus compromissos em torno à construção do projeto pedagógico da escola. Neste sentido, parte de uma concepção de educação aceita pelo coletivo e que deve unir as ações deste na escola. Inclui não só a comunidade interna da escola, mas envolve relações com a família e com a comunidade externa mais ampla. A escola não pode pensar a si mesma desconhecendo suas relações com seu entorno. (Freitas, 2004, p. 68-69)

Quanto às técnicas de gestão a serem utilizadas, têm que ser compatíveis com a especificidade organizativa, com os objetivos e fins da instituição. Entretanto, isso não elimina a necessidade de se buscar, de forma racional, a eficiência, cujos critérios estão voltados à economicidade, e à eficácia, cujos critérios são os resultados, o poder de produzir os efeitos esperados (Sander, 1995). Buscar a eficiência e a eficácia de forma racional através dos recursos materiais e humanos não significa aplicar os conceitos da administração empresarial na instituição. A utilização racional do esforço humano, Paro (2002, p. 23) chama de “coordenação do esforço humano coletivo” ou simplesmente “coordenação”. Quanto à utilização racional de recursos pela gestão da escola, assim Paro (2002, p. 23) se posiciona: “Enquanto a ‘racionalização do trabalho’ se refere às relações homem/natureza, no processo administrativo, a “coordenação” tem a ver, no interior desse processo, com as relações dos homens entre si”. Construir o projeto político-pedagógico da instituição é fundamental, porém não administrá-lo adequadamente não leva a lugar algum. Fatalmente, a instituição não atingirá os seus objetivos de forma ótima, com a qualidade que dela esperam os seus alunos, pais, comunidade e sociedade de forma geral. A universidade como uma instituição social voltada para a educação do cidadão tem como objetivos principais instruí-lo e formá-lo. Entretanto, esses objetivos podem ser alcançados com melhor qualidade quando integrados e articulados aos objetivos administrativos. Caberá à administração, portanto, como "coordenação do esforço humano coletivo" Paro (2002, p. 23), promover um clima institucional saudável, em que as pessoas se sintam responsáveis pela instituição, pelos seus fins últimos de formar cidadãos criativos, construtores e transformadores da sociedade; a articulação harmônica entre os fatores materiais e humanos, isto é, aqueles recursos que a instituição tem para atingir os seus objetivos de ensino e da aprendizagem dos seus alunos. Poderá lançar mão de métodos e técnicas de administração sem, contudo, descaracterizar a sua essência e especificidade de instrução e formação e sem transformá-la em uma organização empresarial que visa apenas à produtividade, não aceitando o conceito produtivista de instituição educativa, impingido pelas políticas públicas da educação neoliberal.

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É que se parte da premissa de que a universidade deve formar os alunos para a vida, isto é, dar instrução e formação para o cidadão poder ser agente de sua história, mesmo estando esta condicionada a outras inúmeras circunstâncias. O resultado final, portanto, é formar o aluno como cidadão consciente e capaz de decidir os seus destinos. Considerando que é do interesse da sociedade que seus cidadãos sejam educados, instruídos e formados, e que esta é a principal função das instituições educativas, administrá-las de modo eficiente e eficaz é uma das condições para que cumpram o seu papel. Quando assim administradas, as instituições oferecem condições para a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem. Então, para que a universidade realmente alcance os seus objetivos, é de fundamental importância que a construção e o acompanhamento do projeto políticopedagógico estejam alicerçados em uma administração participativa, coletiva, em que as decisões sejam democratizadas e que o seu processo de avaliação e revisão seja uma prática coletiva constante, como oportunidade de reflexão para mudanças de direção e caminhos. Entende-se que uma vez formulado e conhecido o problema, a sua solução está posta; a própria universidade possui as suas forças transformadoras, os seus agentes sociais, econômicos, políticos que podem impulsioná-la para uma gestão eficiente e eficaz, alcançando os seus objetivos especificamente pedagógicos-educacionais de forma significativa. Justifica-se essa forma positiva de encarar o desafio da gestão acadêmica no seguinte texto de Marx: [...] a humanidade só se propõe as tarefas que pode resolver, pois, se se considera mais atentamente, se chegará à conclusão de que a própria tarefa só aparece onde as condições materiais de sua solução já existem, ou, pelo menos são captadas no processo de seu devir (Marx, 1978, p. 130).

Daí que implementar uma gestão nos moldes aqui preconizados requer uma ruptura com o ‘status quo’, persistência e vontade de todos os atores envolvidos e principalmente o compromisso político com a educação emancipadora. Por último, como um ponto de reflexão importante para os educadores, não se pode deixar de referenciar o poder transformador do conhecimento e da educação. As instituições de formação humana não são apenas e tão somente a reprodução da sociedade, mas por meio dos seus movimentos, entendidos inclusive pela ação dos seus profissionais, pode quebrar as cadeias da reprodução social. Essa é uma opção política do educador. CONCLUSÃO Com a finalidade de compreender o NDE no contexto das políticas educacionais, buscou-se nomeadamente aquelas referidas à avaliação, considerando a instituição desse núcleo como uma estratégia inovadora e potencialmente construtora de uma melhor qualidade dos cursos de graduação das instituições. Nesse sentido, espera-se contribuir com a produção acadêmico-científica acerca no NDE como instrumento de gestão da educação superior.

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BIBLIOGRAFIA Aguilar, L. E. A gestão da educação: seu significado a partir de propostas pedagógicas institucionais. Texto apresentado no III Congresso Latino-Americano de Administração da Educação – 21-25 de julho de 1997. Unicamp – São Paulo, 1997. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com alterações adotadas pelas Emendas Constitucionais nºs 1/92 a 55/2007 e pelas Emendas Constitucionais nºs 1 a 6/94. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2007. BRASIL. Decreto nº 5.773, de 9 de maio de 2006. Dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores de graduação e sequenciais no sistema federal de ensino. Diário Oficial da União de 10 maio. 2006. BRASIL. Ministério da Educação. Portaria nº 147, de 2 de fevereiro de 2007. Institui a sistemática para a realização do Exame Nacional de Cursos. Diário Oficial da União de 05 fev. 2007. Seção 1, Brasília. BRASIL. Lei nº. 5.540, de 28 de novembro de 1968. Fixa normas de organização e funcionamento do ensino superior e sua articulação com a escola média e dá outras providências. DOU de 3.12.1968, Brasília. BRASIL. Lei nº.9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União de 23 dez. 1996b. Brasília. BRASIL. Lei nº.10.861, de 14 de abril de 2004. Institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES. Diário Oficial da União de 15 abr. 2004a, Seção 1. Brasília. BRASIL. Parecer CONAES nº. 4, de 17 de junho de 2010. Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior. Conselho Nacional de Educação. Diário Oficial da União n.º 142 de 27.07.2010, Seção 1, página 14, Brasília. BRASIL. Resolução CONAES nº. 1, de 17 de junho de 2010. Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior. Conselho Nacional de Educação. Diário Oficial da União n.º 142 de 27.07.2010, Seção 1, página 14, Brasília. Bucci, M. P. D. Processo administrativo: perspectivas modernizantes decorrentes da nova legislação. In Cardozo, J.E., Queiroz, J. E, & Santos, B. M.W. (Orgs.). Curso de Direito Administrativo Econômico. Vol. III, p. 835, São Paulo: Malheiros,2006. Freitas, L. C. Dialética da inclusão e da exclusão: por uma qualidade negociada e emancipadora nas escolas. In Geraldi, C. M. G., Riolfi, C. R., & Garcia, M. F. Escola Viva: elementos para a construção de uma educação de qualidade social. Campinas: Mercado de Letras Edições e Livraria Ltda., 2004. Luckesi, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. 7.ed. São Paulo: Cortez Editora, 1998. Marx, Karl. Contribuição para a crítica da economia política. Coleção Os Pensadores. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1978. Paro, V.H. Administração escolar: introdução crítica. 11.ed. São Paulo: Cortez Editora, 2002. Rocha, M. Avaliação do ensino superior brasileiro e o núcleo docente estruturante. São Paulo: All Print Editora, 2012.

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Sander, B. Gestão da educação na América Latina. Campinas: Editora Autores Associados, 1995. Veiga, I. P. A. Projeto político-pedagógico: uma construção coletiva. In Veiga, I. P. A. (Org.) Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 15.ed. Campinas: Papirus Editora, 2002.

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POESIAS

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CLORES HOLANDA SILVA

BANDEIRA BRANCA A bandeira branca está pichada de tanto lamento de um povo a se calar. Fica cada vez mais difícil hastear nas ruas quando vou caminhar. Em cada calçada, rua ou avenida a falta de tranquilidade vive a reinar. Peço a Deus libertar o ser humano perturbado das algemas da impunidade. E que o Governo garanta a paz, o amor e a compreensão entre irmãos. Vamos buscar a serenidade almejada na consciência de cada um. Dando atenção ao irmão carente de comida, roupa, saúde, moradia, amor e compreensão. Nesta Capital chamada São Luís, do Estado do Maranhão. A bandeira que eu quero levantar Nas terras do meu Maranhão deve ser hasteada sem nenhuma mancha. Significando paz e tranquilidade pública, entre irmãos. Cada um enfrentando os problemas com dignidade e muita ação. Limpando as pichações de cada coração. Quem sabe um dia os libertará dessa coisa chamada corrupção. Que há anos vem manchando a honra dos cidadãos. Enquanto outros trabalham com dignidade em prol de nossa nação.

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OUTUBRO DE FEIRAS NUMA SEXTA-FEIRA DE HALLOWEEN Feira de livro, feira de alimentos, feira de artesanato. O povo se encontrando livremente. Cada qual querendo comprar. Quem sabe uma abóbora do Halloween. Para afastar os maus espíritos duma sexta-feira que não é 13. O saber dos escritos nutre a mente, vestindo a alma dum povo sofrido. Uns plantam; outros colhem; e, outros vendem. Até chegar o tempo da colheita dos frutos do conhecimento. Sinto o sabor dos saberes da arte de um povo. Há Sexta-feira inusitada! Sentindo emoções que vinham de gestos ardentes. Estava envolvida em pedaços de memória da vida familiar. Tentando remendar aquilo que sobrou do tempo que passou. Nesta sexta-feira de bruxas com suas vassouras voadoras. Peço a proteção de Nosso Senhor.

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TERESINKA PEREIRA16

20 DE OUTUBRO, DIA DO POETA Os poetas são bailarinos que dançam sozinhos num palco invisível. Mas sua mágica provoca os sentimentos de outros poetas que os vêem bailar e fazer saltar tantos versos pelo ar! Quando estiver triste, aborrecido ou contrariado, convide a um/a poeta para fazer acrobacias na sua emoção!

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Presidente da INTERNATIONAL WRITERS AND ARTIST ASSOCIATION, Toledo, USA

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AYMORÉ ALVIM

O ÚLTIMO ADEUS Como uma nuvem que cruza os céus ela cruzou com nossas vidas e partiu. Como a brisa fresca que sopra do mar arrefecendo-nos com o seu frescor, ela permeou os nossos sentimentos, trazendo-nos momentos agradáveis e depois se foi. Como as águas do rio que passam e não retornam, Moema passou por nós. Banhou-nos a alma com o seu convívio, e fecundou-nos o conhecimento com seus saberes. Assim foi Moema. Para mim, simplesmente, Mó. Filha de dona Inez e seu José Alvim. Alegrou-nos a vida com o seu nascer, numa noite morna e clara de verão, lá em Pinheiro. Deixou-nos tristes de saudades quando partiu, naquela noite morna e escura, na frieza de uma UTI . Vá, querida. Se Ele te chamou é porque cumpriste a missão que te foi reservada aqui na terra. Que sejas cumulada de graças pelos momentos de alegria com que nos brindaste, no teu convívio. E agora, que O contemplas face a face, goze para sempre a tua alma da plenitude, em Sua eterna companhia. Adeus!

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INDO COM O VENTO Nossos momentos com o tempo vão passando E vão ficando cada vez mais tão distantes Que, às vezes, mesmo assim, por uns instantes, Gratas lembranças sempre ele nos traz Dos momentos que passamos, nesta vida, Muitos deles são lembranças tão queridas Que nos mostram, claramente, que a saudade È a grande falta que alguém nos faz. Quando eu me perco por momentos contemplando Quanta beleza há, no azul do céu profundo, Eu vejo as nuvens, pouco a pouco, desenhando A tua face, no universo do meu mundo. Se, no entanto, por instante, me extasia Toda a beleza da aurora, num lampejo, Eras tu que me acordavas com um beijo Anunciando para mim um novo dia. Mas se eu me deixo embevecer pelo arco-íris Que o céu esculpe caprichando em suas cores É o teu corpo divinal que admiro Emoldurado entre arcos multicores. E nas minhas orações de cada dia, É para ti que priorizo as minhas preces. E se descanso, às horas vagas, lendo um livro A tua imagem em cada página aparece. A brisa fresca que permeia de mansinho O meu cantinho onde eu fico a repousar Traz teu perfume que me envolve com carinho Me permitindo, sem sentir, eu divagar Sobre os tempos que passamos bem juntinhos, Que vão ficando cada vez mais tão distantes, Levando ao longe esses momentos fascinantes, Tal qual o vento que ao passar não volta mais. E, assim, me permiti Em ti me abandonar E ser feliz.

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NATIVIDADE. Antes que surgissem as primeiras estrelas, Antes que brilhasse a primeira aurora Tu já estavas comigo. No meu amor, eu te gerei. Quando do nada Tudo eu tirei Tu estás comigo. Nunca estiveste, Nunca estarás, Tu estás. És o Senhor do tempo Embora não o conheças. O tempo é relativo, O tempo passa. Tu não passarás. Porque tu és quem és Como eu sou quem sou. Nunca foste, nem serás. Simplesmente, és. Enviei-te humano Por amor aos homens. Festejam a tua chegada Mas poucos, ainda, te conhecem. Muitos não te conheceram. Deste-lhes amor, E te devolveram o ódio. Mostraste o valor do perdão, Mas continuam cultivando a vingança. Comungaste com eles a fraternidade Mas te responderam com a exclusão. Concedeste-lhes a vida, No esplendor da natividade Mas continuam matando. De quem comemoram, mesmo, a natividade?

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ANA LUIZA ALMEIDA FERRO

"QUANDO" Quando a última luz se apagar a noite eterna será meu sol as estrelas piscarão no atol e eu lá, pequena, a cismar. Quando a última voz se calar ouvirei o silêncio dos ressentidos soltarei o grito engasgado dos contidos em meio à solidão do mar. Quando o último perfume se esvair buscarei a fragrância das flores com o cheiro de mil amores e me porei, surpresa, a sorrir. Quando o último sabor se perder encontrarei o gosto da vida no doce oceano da partida e degustarei as delícias do ser. Quando o último toque se findar sentirei a chama que me consome apalparei a frágua da minha fome e descobrirei o verdadeiro lar. Quando a última porta de fechar daquele parapeito da janela do tempo verei a vida passar em contratempo e me olvidarei nas asas do sonhar. São Luís - MA, 2003.

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DILERCY ADLER

AMOR SUBLIME AMOR D. Afonso IV algoz de desumanidade ímpar carrasco de imperdoável pecado condenou à morte amor imaculado deverasmente forte inopinado! amor que resistiu a exílio separação tão lendários quanto trágicos que reinam em imaginários... linguagens sem tradução! tal Romeu e Julieta amargaram doce amor regado a lágrimas sangue algas avermelhadas falsa moral podre pudor! hoje Coimbra adormece no sono da insensatez sangrando dor incessante da amada e doce Inês... mas por fim no sono eterno ambos descansam em paz amor por fim consumado frente a frente ou lado a lado no outro plano da vida para sempre sempre... eternamente!

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A ARTE DE VIVER INCLUI ESTRADAS Vítimas acidentes tragédias saudades muitas saudades por ausências permanentes... tua presença sempre plena e total agora nada só um vazio imenso sempre sempre muito igual... foste de mim tão cedo - inesperadamente quis o destino te arrebatar assim e por ironia confesso - não esperavapensei ver-te crescer como as estradas que levam sempre a algum jardim... te fiz poemas planos tudo o mais correspondias com vigor fugaz e numa manhã de azul celestial de um dia qualquer de um dia tão igual um bêbado atravessa um sinal e te leva para aonde agora estás... hoje memórias saudades vazios... sei que eu podia ainda ter-te aqui o destino se descuidou por um momento e a estrada te levou precocemente... da vida de tudo de mim! a arte de viver inclui estradas estrelas ruas becos luas avenidas todas tão coloridas cheias de vida muita vida!!

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que fiquem sempre assim iluminadas em sinuosas formas qual serpentes mas sem sangue derramado de inocentes sem dor sem velas -só felicidade-!!! Vítimas acidentes tragédias saudades muitas saudades por ausências permanentes... como eu queria ter-te aqui agora cruzando estradas ruas becos vias avenidas feliz e livremente!!! 15/11 2014 às 15h.30min

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MARIO LUNA FILHO

RUA PADRE GEROSA Sempre quis Fazer um poema Para a rua Padre Gerosa, Não um poema épico Ou onírico, Nem uma elegia ou haikai. Não. Talvez um poema lirico Ou nem tanto. Um poema Sem parábolas ou metáforas. Que fosse um poema comum Desses que se encontra Em todo rodapé de jornal. Que fosse ao menos Um poema desses que se encontra Na seção de achados e perdidos. Sempre quis Fazer um poema Para a rua Padre Gerosa Um poema mínimo que fosse, Quase não existindo, Mas que existisse. Que lembre ao menos De tênue lembrança Do seu espreguiçar toda manhã. Para poder acordar, Uma rua perdida, No meio de tantas outras. Poucos a conhecem (..) A rua Padre Gerosa No entanto Traça paralelos a minha alma, Desembocando em todos os meus caminhos. É que, Em algum lugar Da rua Padre Gerosa, Deixei guardado O tempo De minha infância.

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ALL EM REVISTA – ÍNDICE VOLUME 1- 2014 LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Mestre em Ciência da Informação Editor da ALL EM REVISTA [...] a ciência da informação é um campo dedicado às questões científicas e à prática profissional voltadas para os problemas de efetiva comunicação do conhecimento e de seus registros entre os seres humanos, no contexto social, institucional ou individual do uso e das necessidades de informação. (Saracevic, 1996, p.47) 17.

Escrevi, na apresentação do ultimo volume de nossa Revista (eletrônica): Terminamos um ano “fiscal” – janeiro a dezembro, do ano de 2014. Foram quatro os números da ALL EM REVISTA publicados; o Índice da revista estará ao final deste... Já temos condições de estabelecer ‘a elite’ da ALL18... Mas não o faremos agora... Até o 17 18

LIMA, Gercina Ângela Borém. Interfaces entre a ciência da informação e a ciência cognitiva. Ci. Inf., Brasília, v. 32, n. 1, p. 77-87, jan./abr. 2003

PRICE, Derek J. De Solla. Networks of scientific papers. Science, [s.l.], v. 149, n.3683, p. 56-64, July 1965. citado por GUEDES, Vania L. S.; BORSCHIVER, Suzana. BIBLIOMETRIA: UMA FERRAMENTA ESTATÍSTICA PARA A GESTÃO DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO, EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO, DE COMUNICAÇÃO E DE AVALIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA LOTKA, A. J. The frequency of distribuition of scientific productivity. JOURNAL OF THE WASHINGTON ACADEMY OF SCIENCES, v. 16, n.12, p. 317-323, 1926, citado por GUEDES, Vania L. S.; BORSCHIVER, Suzana. Bibliometria: uma ferramenta estatística para a gestão da informação e do conhecimento, em sistemas de informação, de comunicação e de avaliação científica e tecnológica. MERTON, R. K. The Mathew effect in science. SCIENCE, [s. l.], v. 159, n. 3810, p. 58, Jan. 1968, citado por GUEDES, Vania L. S.; BORSCHIVER, Suzana. Bibliometria: uma ferramenta estatística para a gestão da informação e do conhecimento, em sistemas de informação, de comunicação e de avaliação científica e tecnológica VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias. Organização da Informação em Ciências do Esporte – a experiência do CEDEFEL-MA com revistas especializadas. ANAIS do XVIII SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, São Caetano do Sul (SP), 08 a 11 de outubro de 1992, p. 105 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias. A produção do conhecimento na Escola de Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais. ANAIS da 45ª. REUNIÃO ANUAL DA SBPC, Recife (PE), 11 a 16 de julho de 1993, p. 54; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias. A produção do conhecimento na Escola de Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais. ANAIS do VIII CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, Belém (PA), o6 a 10 de setembro de 1993, p. 136. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias; SANTOS, Luis Henrique. Produtividade e elitismo na Educação Física Brasileira (1993), in Produção do conhecimento em Educação Física e Desportos no Nordeste Brasileiro. ANAIS do III JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA DA UFMA, São Luis, 05 a 08 de dezembro de 1995, p. 14-21. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ELITISMO NO IHGM. REVISTA DO IHGM, N. 30, agosto 2009 ed. Eletrônica 123185 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ÍNDICE DA REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO. REVISTA DO IHGM, N. 30, agosto 2009 ed. Eletrônica 186-205 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA DO IHGM; REVISTA DO IHGM No. 38, setembro de 2011 – Edição Eletrônica, p 75 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_38_-_setembro_2011 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. OS SÓCIOS DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO. Revista IHGM, No. 43, DEZEMBRO de 2012, p. 59. http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_43__dezembro_2012 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ÍNDICE DA REVISTA DO IHGM – APRESENTAÇÃO. Revista IHGM, No. 44, março de 2013, p 71. http://issuu.com/leopoldogildulciovaz/docs/revista_ihgm_44_-_mar_o_2013

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momento contamos com 55 autores – 21 com poesias e 44 com artigos – e um total de 232 contribuições, sendo 134 artigos e 98 poesias publicadas – não se excluíram aquelas publicadas mais de uma vez, em números ou inserções em artigos. A Elite dos Autores se constituirá daqueles que tiveram certo número contribuições, com base no que foi publicado na ALL em Revista. Seguir-se-á o padrão de distribuição das leis e princípios bibliométricos, condizente com a máxima conhecida como “Efeito Mateus na Ciência”, que diz: “aos que mais têm será dado em abundância e, aos que menos têm até o que têm lhes será tirado” 19: Para se determinar a Elite de Autores da Academia Ludovicense de Letras – ALL – aplicar-se-á a “Lei do Elitismo” (PRICE, 1965) 20, e a da “Lei de Lotka” (1926). A primeira se utiliza de citações e destina-se a estimar o tamanho da elite de determinada população de autores. Enuncia que “toda população de tamanho N tem uma elite efetiva tamanho √ N”. Observa-se que, para as ciências em geral, o número de autores decresce mais rapidamente que o inverso do quadrado, mais aproximadamente à Lei do Inverso do Cubo 1/n3. Já a Lei de Lotka, relacionada à produtividade de autores e fundamentada na premissa básica de que “alguns pesquisadores publicam muito e muitos publicam pouco”, enuncia que “a relação entre o número de autores e o número de artigos publicados por esses, em qualquer área científica, segue a Lei do Inverso do Quadrado 1/n2”. Vou utilizar dos quatro números publicados do Volume 1 publicados pela ALL no ano de 2014....

Trata-se de uma abordagem ao efeito Mateus mediante a análise de processos psicossociais, que afetam o sistema de avaliação e distribuição de recompensas científicas. Por exemplo: cientistas altamente produtivos, de universidades mais conceituadas, obtêm frequentemente mais reconhecimento que cientistas igualmente produtivos, de outras universidades. A aplicação dessas Leis a uma Revista de duplo aspecto: literário e científico carece de maiores estudos e se trata, efetivamente, de uso pouco eficaz, mas que se poderá aplicar, haja vista que temos sessões destinadas a estudos acadêmicos, e à divulgação de poesias, em sua maioria de membros da ALL. Assim, teremos duas sessões, neste Índice da REVISTA DA ALL (eletrônica): artigos, crônicas, contos, constituindo-se em uma coletânea; e poesias, em uma 19

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MERTON, R. K. The Mathew effect in science. SCIENCE, [s. l.], v. 159, n. 3810, p. 58, Jan. 1968, citado por GUEDES, Vania L. S.; BORSCHIVER, Suzana. Bibliometria: uma ferramenta estatística para a gestão da informação e do conhecimento, em sistemas de informação, de comunicação e de avaliação científica e tecnológica.

A “Lei do Elitismo” utiliza-se de citações e destina-se a estimar o tamanho da elite de determinada população de autores; enuncia que “toda população de tamanho N tem uma elite efetiva tamanho √ N” (PRICE, 1965). Price, em “Little Science, Big Science, observou que, para as ciências em geral, o número de autores decresce mais rapidamente que o inverso do quadrado, mais aproximadamente à Lei do Inverso do Cubo 1/n3. (PRICE, Derek J. De Solla. Networks of scientific papers. Science, [s.l.], v. 149, n.3683, p. 56-64, July 1965. citado por GUEDES, Vania L. S.; BORSCHIVER, Suzana. BIBLIOMETRIA: UMA FERRAMENTA ESTATÍSTICA PARA A GESTÃO DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO, EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO, DE COMUNICAÇÃO E DE AVALIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA).

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antologia da Revista. Nesta última não somente aquelas publicadas na sessão correspondente, mas todas aquelas que apareceram publicadas nos diversos ensaios, elogios, discursos, enfim, nas palavras de seus membros, e convidados a participar da revista. Quando se observa o número de artigos/textos publicados e o numero de autores, nota-se uma divergência, haja vista que alguns textos têm mais de um autor... Todos os autores estão registrados, individualmente; da mesma forma, na determinação de autores de poesias foram considerados apenas os que escreveram apenas poesias; do total de 33 autores registrados, 12 já aparecem como autores artigos; por isso registram-se 54 autores no total, haja vista que aparecem duas vezes, não influindo no cálculo do número de poesias, na relação autor(es) x poesia(s). Algumas poesias aparecerem mais de uma vez, geralmente citadas em artigos publicados, daí a ocorrência de uma mesma poesia mais de uma vez, sendo considerada as veze em que foi publicada. PRODUÇÃO DE AUTORES x NÚMERO DE ARTIGOS x NUMERO DE POESIAS NO. DE AUTOR(ES) 1 1 1 1 1 2 1 2 4 4 24

NO. DE ARTIGOS 2 18 16 13 11 9 7 5 3 2 1

TOTAL ARTIGOS 1x2 18 16 13 11 18 7 10 12 8 24

43

-

1341

NO. DE AUTOR(ES) 4 1 1 1 1 1 1 1 3 4 20 TOTAIS 212

NO. DE POESIAS 5 -

TOTAL AUTORES 1+4

14 12 11 9 7 5 4 3 2 1

TOTAL POESIAS 4x5 14 12 11 9 7 5 4 9 8 20

TOTAL GERAL 3+6 18 16 14 13 12 11 27 14 15 4 21 16 44

-

98

55

232

1 - Tem-se 1 artigo com 3 autores; e 1 artigo com 2 autores – 3 artigos onde 13- 3 = 134 2 - 12 autores de poesias constam como autores de Artigos 21 + 12 = 33 poetas registrados

Considerando as fórmulas dispostas – façam bom uso – temos que a elite de autores de artigos é constituída por aqueles que publicaram mais de 11,5 artigos; temos dois autores... e a dos poetas com mais de 9,8 poemas... 3 poetas...

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N. 1, janeiro/março 2014 http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma __ _ _O

EXPEDIENTE, p. 2 APRESENTAÇÃO, p. 5 SUMÁRIO, p. 6 CALENDÁRIO 2014, p. 8 ICONOGRAFIA, p. 10 LEI Nº 4.916 DE 15 DE JANEIRO DE 2008 - INSTITUI A SEMANA MUNICIPAL DO LIVRO E DO AUTOR MARANHENSE, NO MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS. Prefeitura Municipal de São Luís, p. 11 IN MEMORIAM – WILSON PIRES FERRO, p. 12 OUTRAS PALAVRAS - Dilercy Aragão Adler – Cadeira 8, p. 16 HOMENAGEM PÓSTUMA A WILSON PIRES FERRO Ana Luiza Almeida Ferro – Cadeira 31, p. 17 FALTA UMA ACADEMIA Wilson Pires Ferro – Cadeira 7, p. 22 FALTAM ACADEMIAS Wilson Pires Ferro – Cadeira 7, p. 24 ELOGIO AO PATRONO, p. 26 FRAN PAXECO – Cadeira 21 Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Fundador, p. 27 DOMINGOS QUADROS BARBOSA ÁLVARES – Cadeira 23 - Álvaro Urubatan Melo – Fundador, p. 54 JOSUÉ DE SOUZA MONTELLO – Cadeira 32 - Aldy Mello de Araújo – Fundador, p. 70 ALL NA MÍDIA, p. 81 OUTONO EM NOVA YORK - Antonio Augusto Ribeiro Brandão – Cadeira 4, p. 83 SOBRE ESPORTE, FUTEBOL & LITERATURA – e os 150 anos de Coelho Neto - Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Cadeira 21, p. 90 COPA DO MUNDO NO BRASIL - ENTRE PROTESTOS E COMEMORAÇÕES - Antonio Noberto – Cadeira 1, p. 107 CRONICAS, CONTOS, OPINIÕES, p. 110 NOVA ORDEM ECONÔMICA - Antônio Augusto Ribeiro Brandão – Cadeira 4, p. 111 CAMPO DE PERIZES OU DE PERIS? - Antonio Noberto - Cadeira 1, p. 113 LIÇÃO DE VIDA - Aymoré de Castro Alvim – Cadeira 16, p. 114 POESIAS, p. 116 WILSON PIRES FERRO: um estudioso e grande amante das letras - Dilercy Aragão Adler – Cadeira 8, p. 117 POESIAS SELECIONADAS - Wilson Pires Ferro – Cadeira 7, p. 124 OS TEMPOS SÃO OUTROS - Aymoré de Castro Alvim – Cadeira 16, p. 129 O DIA ACABOU - Clores Holanda Silva, Cadeira 30, p. 130 DIA INTERNACIONAL DA MULHER – POESIAS - Dilercy Aragão Adler – Cadeira 8, p. 131

N. 2, abril/junho 2014 http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_ APRESENTAÇÃO, p. 5 SUMÁRIO, p. 6 CALENDÁRIO 2014, p. 8 ICONOGRAFIA, p. 9 ELOGIO AO PATRONO, p. 17 APRESENTAÇÃO DO FUNDADOR DA CADEIRA 16: AYMORÉ DE CASTRO ALVIM - ÁLVARO URUBATAN MELO, p. 18 ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA 16: BARBOSA DE GODÓIS - AYMORÉ DE CASTRO ALVIM, p. 21 DISCURSO DO MEMBRO-FUNDADOR ANTONIO NOBERTO, CADEIRA Nº1, EM RECEPÇÃO AO POETA, CANTOR E COMPOSITOR JOÃOZINHO RIBEIRO, p. 30

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DISCURSO DE POSSE DO POETA, CANTOR, COMPOSITOR E ESCRITOR JOÃO BATISTA RIBEIRO FILHO NA CADEIRA N. 26 DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS, PATRONEADA PELO POETA PEDREIRENSE RAIMUNDO CORRÊA DE ARAÚJO, p. 41 FESTA PARA JOÃOZINHO - SAMUEL BARRETO, p. 47 CAMARADA JOÃO - JOANA BITTENCOURT, p. 48 ALL NA MÍDIA, p. 49 LANÇAMENTO DE LIVRO - Criminalidade Organizada - Comentários à Lei 12.850, de 02 de Agosto de 2013 - Prefácio de Eugenio Pacelli - A Organização Criminosa - A Colaboração Premiada – A Infiltração Policial - As Ações Controladas - Análise Artigo a Artigo - Com Exemplos Práticos. - ANA LUIZA ALMEIDA FERRO, Cadeira 31; FLÁVIO CARDOSO PEREIRA e GUSTAVO DOS REIS GAZZOLA, p. 50 ARTIGO - REVISTA JURIS, ano 1, n. 1, março/abril 2014 - 25 ANOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL: ACERTOS E DESACERTOS - JOÃO BATISTA ERICEIRA, p. 52 ARTIGO - REVISTA JURIS, ano 1, n. 1, março/abril 2014 - EDWIN SUTHERLAND – O CRIME DE COLARINHO BRANCO E O CRIME ORGANIZADO - ANA LUIZA ALMEIDA FERRO - Cadeira 31, p. 55 Seminário "A operação civil-militar de 64: o contexto maranhense" - “NATUREZA POLÍTICO-JURIDICA DA OPERAÇÃO CIVIL-MILITAR DE 64 E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA O FUTURO DO MARANHÃO”. - JOÃO BATISTA ERICEIRA, p. 74 O ÚLTIMO CAFÉ DO POETA - CERES COSTA FERNANDES, p. 77 CRONICAS, CONTOS, OPINIÕES, p. 79 ANTONIO NOBERTO ESCREVE, E ALERTA, p. 80 “SUGESTÕES DE NOMES PARA COMPOREM O QUADRO DE PATRONOS DE CADEIRAS (1 a 40) DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS (ALL)” - WILSON PIRES FERRO; ANA LUIZA ALMEIDA FERRO, p. 87 QUANDO O CORAÇÃO FALA MAIS ALTO. - AYMORÉ ALVIM, p. 95 PALESTRA EM LYON - ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO, p.97 CONFERENCE A LYON - ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO, p. 100 MEDICINA E ESPIRITUALIDADE - AYMORÉ ALVIM, p. 104 BREVE OLHAR SOBRE A LITERATURA LUDOVICENSE - LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ, p. 106 DIA DO TRABALHO OU DO TRABALHADOR? - AYMORÉ ALVIM, p. 162 SELO COMEMORATIVO - HISTÓRICO E JUSTIFICATIVA - DILERCY ADLER, p. 164 CARAMURU ROSENHEIM - SANATIEL PEREIRA, p. 166 O CAMINHO DAS ESTRELAS - SANATIEL PEREIRA, p. 168 MELANCOLIA - ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO, p. 170 MOMENTOS ONÍRICOS. - AYMORÉ ALVIM, p. 171 QUEM NÃO PODE COM O POTE NÃO AGARRA NA RODILHA. - AYMORÉ ALVIM, p. 173 REIVENTAR O CAPITALISMO? - ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO, p. 175 ESPERANDO O HEXA. - AYMORÉ ALVIM, p. 176 NOITES DE JUNHO - ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO, p. 178 A CONSTITUIÇÃO EM RUÍNAS - JOÃO BATISTA ERICEIRA, p. 180 POSTURAS DO MUNICÍPIO DE ARARI - JOÃO FRANCISCO BATALHA, p. 182 A LEI, ORA A LEI... - JOÃO BATISTA ERICEIRA, p. 184 POESIAS, p. 186 REPÚDIO AO ESTUPRO - DILERCY ADLER, p. 187 POESIA PROFILÁTICA - AYMORÉ ALVIM, p. 188 AMOR E DESEJO - AYMORÉ ALVIM, p. 189

N. 3, julho/setembro 2014 http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18 EXPEDIENTE, p. 2 SUMÁRIO, p. 8 APRESENTAÇÃO, p. 10 CALENDÁRIO 2014, p. 12 REGIMENTO GERAL, p. 13

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ICONOGRAFIA, p. 34 ELOGIO AO PATRONO, p. 54 AO PENSADOR, COM CARINHO - ANA LUIZA ALMEIDA FERRO, p. 55 ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA Nº 02 da ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS, PADRE ANTONIO VIEIRA, proferido pelo Professor - JOÃO BATISTA ERICEIRA, p. 59 APRESENTAÇÃO DE DILERCY ARAGÃO ADLER NO DIA DE SEU “ELOGIO AO PATRONO” - ANDRÉ GONZALEZ CRUZ, p. 67 ELOGIO À PATRONA MARIA FIRMINA DOS REIS: ontem, uma maranhense; hoje, uma missão de amor! DILERCY ARAGÃO ADLER, p. 70 HOMENAGEM A MARIA FIRMINA DOS REIS - OSVALDO GOMES, p. 85 ALL NA MÍDIA, p. 88 "O PORTEIRO" - Revista italiana Il Convivio, de Poesia, Arte e Cultura, da escritora e poeta maranhense ANA LUIZA ALMEIDA FERRO, p. 89 MEDICINA E RELIGIÃO - Conferência na Residência de Psiquiatria / UFMA - AYMORÉ ALVIM, p. 90 SOBRE "FORTES LAÇOS” - Livro do Prof. ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO; registro na Página oficial da UFMA, p. 91 A POÉTICA DE DILERCY ARAGÃO ADLER, NO PANORAMA DA LITERATURA BRASILEIRA, p. 92 CAMPO DE PERIZES OU DE PERIS? - ANTONIO NOBERTO, p. 93 A FRANÇA EQUINOCIAL E SEU LEGADO - – PALESTRA – II MOSTRA DE LITERATURA - ANTONIO NOBERTO, p. 94 NOTAS EM ‘O IMPARCIAL’ E ‘O ESTADO DO MARANHÃO’ – 1º ANIVERSÁRIO, p. 95 INFLUENCIA MILITAR NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR - XIII CONGRESSO DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSICA – 2014: LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ, p. 96 MIGUEL HOERHANN - PIONEIRO DA EDUCAÇÃO PHYSICA NO MARANHÃO - XIII CONGRESSO DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSICA – 2014: - LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ, p. 102 FRAN PAXECO – UM DOS PROPUGNADORES DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO MARANHÃO - XIII CONGRESSO DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSICA – 2014: - LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ, p. 109 O “CHAUSSON/SAVATE” INFLUENCIOU A CAPOEIRA? - XIII CONGRESSO DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSICA – 2014: - LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ, p. 115 TARRACÁ, ATARRACAR, ATARRACADO... - XIII CONGRESSO DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSICA – 2014: - LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ, p. 125 PRIMEIRO ANIVERSÁRIO DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS FOI CELEBRADO NA UFMA, p. 133 MENINOS, EU VI! - ANA LUIZA ALMEIDA FERRO, p. 136 NA ACADEMIA PARAIBANA DE LETRAS JURÍDICAS, p. 138 O FUNDADOR ESQUECIDO - ANA LUIZA ALMEIDA FERRO, p. 139 AS VELAS DE SÃO LUÍS - CERES COSTA FERNANDES, p. 141 A REFUNDAÇÃO DE SÃO LUÍS - JOÃO BATISTA ERICEIRA, p. 143 LIVRO, ACADEMIA E INCLUSÃO SOCIAL - SANATIEL PEREIRA, p. 145 PALESTRA EM LYON - ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO, p. 147 CRONICAS, CONTOS, OPINIÕES, p. 150 ÉTICA COMO PRÁTICA DA VIDA HUMANA - ALDY MELLO, p. 151 UM BISPO PARA SER LEMBRADO - ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO, p. 160 SÃO JOÃO EM PINHEIRO - AYMORÉ ALVIM, p. 162 A SAGA DE JUCA DE HONORATA - AYMORÉ ALVIM, p. 164 TEMPOS BONS! - AYMORÉ ALVIM, p. 166 E PINHEIRO VIROU VILA - AYMORÉ ALVIM, p. 168 PRIMAVERA EM PARIS - ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO, p. 170 AS JABUTICABAS - LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ, p. 172 PIMENTA NOS OLHOS - ARQUIMEDES VALE, p. 175 A PARTIDA DE FUTEBOL - AYMORÉ ALVIM, p. 178 GONÇALVES DIAS, SÃO LUÍS E REFERÊNCIAS CULTURAIS - ANA MARIA COSTA FELIX, p. 180 POESIAS, p. 197 MARIA FIRMINA DOS REIS; UMA TARDE NO CUMAN; NO ÁLBUM DE UMA AMIGA; O MEU DESEJO; AH! NÃO POSSO; SEU NOME, p. 198 AYMORÉ ALVIM - QUE DÚVIDA!; OS SENTIDOS DA VIDA, p. 203 ANA LUIZA ALMEIDA FERRO - O PORTEIRO, p. 206 ARQUIMEDES VALE - MEU TEMPO; p. 207

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DILERCY ADLER - PSICANALITICAMENTE FALANDO; ORAÇÃO; DEUS, p. 208 ANA MARIA FELIX GARJAN - POEMAS DE AMOR A SÃO LUÍS 402, EM 8 DE SETEMBRO DE 2014; SÃO LUÍS – ILHA ATEMPORAL; ALMA DA CIDADE EM MANTRA POÉTICO; SINERGIA DO TEMPO EM TI; SÃO LUÍS DA HUMANIDADE. P. 210

N. 4, outubro/dezembro 2014 EXPEDIENTE 1 SUMÁRIO 4 APRESENTAÇÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ 8 MEMBROS FUNDADORES E OCUPANTES DE CADEIRA 14 CALENDÁRIO 2015 20 PROJETOS PROJETO “’190 POEMAS PARA MARIA FIRMINA DOS REIS” DILERCY ARAGÃO ADLER 24 1ª CONVOCATÓRIA - “CENTO E NOVENTA POEMAS PARA MARIA FIRMINA DOS REIS” - 01 de Outubro de 2014 a 31 de Janeiro de 2015 DILERCY ARAGÃO ADLER 32 ANIMA LUDOVICENSE DA ALL / PROJETO ANIMA LUDOVICENSE 4 SÉCULOS ANA MARIA FELIX GARJAN 34 ELOGIO AO PATRONO 38 ELOGIO AO PATRONO: ARQUIMEDES VIEGAS VALE; MICHEL HERBERT ALVES FLORÊNCIO; E POSSE DE MARIO DA SILVA LUNA DOS SANTOS FILHO 39 DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DO ACADÊMICO ARQUIMEDES VIEGAS VALE – FUNDADOR DA CADEIRA 20, PATRONO: GRAÇA ARANHA SANATIEL PEREIRA 42 ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA 20: GRAÇA ARANHA ARQUIMEDES VIEGAS VALE 44 DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DE MICHEL HERBERT ALVES FLORÊNCIO À ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS NA SUA POSSE, EM 24 DE OUTUBRO DE 2014, NA CADEIRA Nº 12 PATRONEADA POR JOSÉ RIBEIRO DO AMARAL ACADÊMICO ARQUIMEDES VIEGAS VALE – CADEIRA Nº 20 50 ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA 12: JOSÉ RIBEIRO DO AMARAL MICHEL HERBERT ALVES FLORENCIO 53 DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DO ACADÊMICO MARIO DA SILVA LUNA DOS SANTOS FILHO EM SUA POSSE NA CADEIRA 10, PATRONO SOUSÂNDRADE ARQUIMEDES VIEGAS VALE 65 ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA 10: SOUSÂNDRDE MARIO DA SILVA LUNA DOS SANTOS FILHO 67 ELOGIO AO PATRONO: RAIMUNDO DA COSTA VIANA 69 APRESENTAÇÃO DO FUNDADOR DA CADEIRA DE Nº 36, O ACADÊMICO RAIMUNDO DA COSTA VIANA AYMORÉ DE CASTRO ALVIM 71 ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA 36: JOÃO MIGUEL MOHANA RAIMUNDO DA COSTA VIANA 74 ELOGIO AO PATRONO: ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO 80 EU O RECOMENDO... “por minha livre e espontânea vontade” - DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DO ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO LINHARES DE ARAÚJO 84 ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA 4: FRANCISCO SOTERO DOS REIS ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO 86 ELOGIO AO PATRONO: ANTONIO JOSÉ NOBERTO DA SILVA; E ANA LUIZA ALMEIDA FERRO 95 DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DO ACADÊMICO ANTONIO JOSÉ NOBERTO DA SILVA, DA CADEIRA Nº 1 DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS

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ANA LUIZA ALMEIDA FERRO 97 ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA Nº 1, CLAUDE ABBEVILLE, PELO MEMBRO-FUNDADOR ANTONIO NOBERTO: CLAUDE ABBEVILLE - O PRIMEIRO CRONISTA DO MARANHÃO ANTONIO NOBERTO 104 APRESENTAÇÃO DE ANA LUIZA ALMEIDA FERRO, MEMBRO-FUNDADOR, OCUPANTE DA CADEIRA NÚMERO 31, POR ANTONIO NOBERTO: A FLOR-DE-LUÍS ANTONIO NOBERTO 109 DISCURSO DE ELOGIO AO PATRONO MÁRIO MARTINS MEIRELES, DA CADEIRA Nº 31 DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS ANA LUIZA ALMEIDA FERRO 116 DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DO ACADÊMICO WILSON PIRES FERRO, DA CADEIRA Nº 7 DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS ANA LUIZA ALMEIDA FERRO 127 ELOGIO AO PATRONO: JOÃO FRANCISCO BATALHA; E CLORES HOLANDA SILVA 134 APRESENTAÇÃO BATALHA – Alvaro 135 DISCURSO DE ELOGIO A JOÃO DUNSHEE DE ABRANCHES MOURA. PROFERIDO POR JOÃO FRANCISCO BATALHA, OCUPANTE DA CADEIRA Nº 19 DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS. PRONUNCIADO NO AUDITÓRIO CRISTO REI DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, NO DIA 14 DE DEZEMBRO DE 2014. JOÃO FRANCISCO BATALHA 138 DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DE CLORES HOLANDA, MEMBRO-FUNDADOR OCUPANTE DA CADEIRA Nº 30, PATRONEADA POR ODYLO COSTA, FILHO, PELO MEMBRO-FUNDADOR ANTONIO NOBERTO, OCUPANTE DA CADEIRA NÚMERO 1 ANTONIO NOBERTO 145 ELOGIO AO PATRONO ODYLO COSTA, filho CLORES HOLANDA SILVA - CADEIRA Nº. 30 149 ELOGIO AO PATRONO: RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO 161 DISCURSO DE RECEPÇÃO AO PROFESSOR RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO PROFERIDO PELO ACADÊMICO RAIMUNDO GOMES MEIRELES, OCUPANTE DA CADEIRA Nº 17 DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS. RAIMUNDO GOMES MEIRELES 163 DISCURSO DE ELOGIOS AO PATRONO DA CADEIRA Nº 05, JOÃO FRANCISCO LISBOA, DO PROFESSOR RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO, MEMBRO FUNDADOR DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO 167 ALL NA MÍDIA 181 O PODER DO TEMPO, DE ALDY MELO, NA REVISTA DO PH 182 VIAGEM A COIMBRA, NA REVISTA DO PH 183 EXPOSIÇÃO FRANÇA EQUINOCIAL PARA SEMPRE 184 VIVA ÁGUA COMEMORA 30 ANOS COM FESTA – LANÇAMENTO DO LIVRO: “QUERIDO PROFESSOR DIMAS - ANTONIO MARIA ZACHARIAS BEZERRA DE ARAÚJO E A EDUCAÇÃO FÍSICA MARANHENSE: UMA BIOGRAFIA (AUTORIZADA), de Leopoldo Gil Dulcio Vaz e Denise Martins e Araújo 185 PAPAGAIOS AMARELOS I E II 189 LAÇOS COM MOTIVAÇÃO LITERÁRIA 190 FUNDAÇÃO FRANCESA CORROBORADA EM LIVRO 191 A CIDADELA 192 POSSE DE ANTONIO BRANDÃO – NA REVISTA DO PH 193 HOMENHEM A ODYLO NA ALL – NA REVISTA DO PH 194 ODYLO NA FESTA DA ACADEMIA LUDOVICENSE – NA REVISTA DO PH 195 ÁLVARO MELO – CIDADÃO LUDOVICENSE 196 POSSE DE JOÃO BATALHA NA ABL 197 OS 70 ANOS DE JOÃO BATALHA 198 LAURA ROSA – UM OLHAR PARA UMA IMORTAL (NÃO SÓ DA AML…) LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ 199 O PERIQUITO DE FARDÃO JOÃO BATISTA ERICEIRA 202 PREMIAÇÃO DA ACCADEMIA INTERNAZIONALE IL CONVIVIO

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CARMELA TUCCINARI 204 REVISTA LUDOVICENSE - SÃO LUÍS 400/2012 CONGRATULAÇÕES À LUDOVICENSE ANA LUIZA ALMEIDA FERRO 207 SIOGE: PATRIMÔNIO DO MARANHÃO PAULO MELO SOUSA 208 É O MEU GURI CERES COSTA FERNANDES 210 POR QUEM OS SINOS DOBRAM SANATIEL DE JESUS PEREIRA 212 A MENORIDADE RELATIVA DO AGENTE E A NECESSIDADE DE SUA COMPROVAÇÃO MEDIANTE DOCUMENTO OFICIAL ANDRÉ GONZALEZ CRUZ; ISLA CAROLINE BERBARE LEITE 214 CAMILA NASCIMENTO E DILERCY ADLER: a poesia da poesia DINACY CORRÊA 224 LEITURA DE POESIA LICEO DE BENIDORM DILERCY ARAGÃO ADLER 227 8ª FEIRA DE LIVROS DE SÃO LUIS 229 III CONGRESSO MARANHENSE DE HISTÓRIA DA MEDICINA - Discurso proferido pelo Prof. Aymoré Alvim, na sessão solene de abertura, na noite de 5 de novembro de 2014. AYMORÉ ALVIM 237 LANÇAMENTO DE LIVRO DE ANA LUIZA 240 SOS VIDA (PAZ NO TRÂNSITO) 241 ANTONIO BRANDÃO LANÇA CRONICA DOS 400 ANOS EM COIMBRA – PALESTRA EM COIMBRA ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO 242 POSSE DE MICHEL HERBERT FLORENCIO NA ACADEMIA BRASILEIRA DE MEDICOS ESCRITORES – ABRAMES 251 ARQUIMEDES VALE É HOMENAGEADO PELA SOBRAMES 252 PLENÁRIA DE NOVEMBRO DE 2014 – ALDY MELO LANÇA O PODER DO TEMPO 253 EXPOSIÇÃO DO CENTENÁRIO DE ODYLO COSTA, FILHO 256 A FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE CULTURA (FUNC) LAMENTA O FALECIMENTO DE FIRMINO DINIZ: MORRE MESTRE DINIZ – OS BERIMBAUS SE CALAM, CHORANDO O ENCANTAMENTO DO VELHO MESTRE CAPOEIRA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ 257 CRONICAS, CONTOS, OPINIÕES 261 DILERCY ADLER ERA UMA VEZ O AMOR... ONDE ESTÁ O PARAÍSO? 262 HAMILTON RAPOSO MIRANDA FILHO CONVERSA DE MARANHENSE 265 ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE AS IDEIAS DE THOMAS PICHETTY 267 AYMORÉ ALVIM PINHEIRO: O BOI DO PORTINHO E AS ELEIÇÕES DE 1950 268 FERNANDO BRAGA A PRIMEIRA ROMANCISTA BRASILEIRA 271 VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES O PRIMADO DA IMAGINAÇÃO: um estudo arteterapêutico em Maria Firmina dos Reis 273 JOSÉ NERES MARIA FIRMINA DOS REIS: PIONEIRA EM PROSA E VERSO 292 DILERCY ARAGÃO ADLER NOTA EXPLICATIVA SOBRE E EM HOMENAGEM À MARIA FIRMINA DOS REIS E A GONÇALVES DIAS 299 EDMILSON SANCHES LAURA ROSA 301 WYBSON CARVALHO LAURA ROSA, A VIOLETA DO CAMPO 302 JOSÉ DE OLIVEIRA RAMOS "ENGENHO DA VIDA" 303 UM HIDROAVIÃO CHEGA A SÃO LUÍS

359


JOSÉ MARCELO DO ESPÍRITO SANTO 307 ANA MARIA FELIX GARJAN AZULEJOS CULTURAIS DE SÃO LUÍS – 4 SÉCULOS - Movimento pró-Memória, in poéticas, estéticas e estilísticas literárias 311 RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO NÚCLEO DOCENTE ESTRUTURANTE NA GESTÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR 319 POESIAS 339 CLORES HOLANDA SILVA BANDEIRA BRANCA OUTUBRO DE FEIRAS NUMA SEXTA-FEIRA DE HALLOWEEN 340 TERESINKA PEREIRA 20 DE OUTUBRO, DIA DO POETA 342 AYMORÉ ALVIM O ÚLTIMO ADEUS INDO COM O VENTO NATIVIDADE. 343 ANA LUIZA ALMEIDA FERRO "QUANDO" 346 DILERCY ADLER AMOR SUBLIME AMOR A ARTE DE VIVER INCLUI ESTRADAS 347 MARIO LUNA FILHO RUA PADRE GEROSA 350 ANEXOS 351 ÍNDICE DA ‘ALL EM REVISTA’, VOLUME 1, 2014 LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

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COLETÂNEA ALL EM REVISTA - ÍNDICE DE AUTORES EDITOR – Leopoldo Gil Dulcio Vaz CALENDÁRIO 2014, ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 8, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma

ICONOGRAFIA,

ALL

EM

REVISTA,

V.

1,

N.

1,

janeiro/março

2014,

p.

10,

abril/junho

2014,

p.

8,

p.

9,

2014,

p.

12,

2014,

p.

13,

http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma

CALENDÁRIO

2014,

ALL

EM

REVISTA,

N.

2,

2,

abril/junho

http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

ICONOGRAFIA,

ALL

EM

REVISTA,

N.

2014,

http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

CALENDÁRIO

2014,

ALL

EM

REVISTA,

N.

3,

julho/setembro

http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

REGIMENTO

GERAL,

ALL

EM

REVISTA,

N.

3,

julho/setembro

http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

ICONOGRAFIA,

ALL

EM

REVISTA,

N.

3,

julho/setembro

2014,

´p.

34,

http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

SOBRE "FORTES LAÇOS” - Livro do Prof. ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO; registro na Página oficial da UFMA, ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 91, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

A POÉTICA DE DILERCY ARAGÃO ADLER, NO PANORAMA DA LITERATURA BRASILEIRA, ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 92, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho_34d409e2ef5b18

NOTAS EM ‘O IMPARCIAL’ E ‘O ESTADO DO MARANHÃO’ – 1º ANIVERSÁRIO, ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 95, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18 PRIMEIRO ANIVERSÁRIO DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS FOI CELEBRADO NA UFMA, ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 133, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

CALENDÁRIO 2015 20 ELOGIO AO PATRONO: ARQUIMEDES VIEGAS VALE; MICHEL HERBERT ALVES FLORÊNCIO; E POSSE DE MARIO DA SILVA LUNA DOS SANTOS FILHO. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 39 ELOGIO AO PATRONO: RAIMUNDO DA COSTA VIANA. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 69 ELOGIO AO PATRONO: ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 80 ELOGIO AO PATRONO: ANTONIO JOSÉ NOBERTO DA SILVA; E ANA LUIZA ALMEIDA FERRO. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 95 ELOGIO AO PATRONO: JOÃO FRANCISCO BATALHA; E CLORES HOLANDA SILVA. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 134 ELOGIO AO PATRONO: RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 161 PODER DO TEMPO, DE ALDY MELO, NA REVISTA DO PH. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 182 VIAGEM A COIMBRA, NA REVISTA DO PH. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 183 EXPOSIÇÃO FRANÇA EQUINOCIAL PARA SEMPRE. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 184 VIVA ÁGUA COMEMORA 30 ANOS COM FESTA – LANÇAMENTO DO LIVRO: “QUERIDO PROFESSOR DIMAS - ANTONIO MARIA ZACHARIAS BEZERRA DE ARAÚJO E A EDUCAÇÃO FÍSICA MARANHENSE: UMA BIOGRAFIA (AUTORIZADA), de Leopoldo Gil Dulcio Vaz e Denise Martins e Araújo. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 185 PAPAGAIOS AMARELOS I E II. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 189 LAÇOS COM MOTIVAÇÃO LITERÁRIA. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 190

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FUNDAÇÃO FRANCESA CORROBORADA EM LIVRO. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 191 A CIDADELA. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 192 POSSE DE ANTONIO BRANDÃO – NA REVISTA DO PH. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 193 HOMENGEM A ODYLO NA ALL – NA REVISTA DO PH. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 194 ODYLO NA FESTA DA ACADEMIA LUDOVICENSE – NA REVISTA DO PH. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 195 ÁLVARO MELO – CIDADÃO LUDOVICENSE. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 196 POSSE DE JOÃO BATALHA NA ABL . ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 197 OS 70 ANOS DE JOÃO BATALHA. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 198

REVISTA LUDOVICENSE - SÃO LUÍS 400/2012 - CONGRATULAÇÕES À LUDOVICENSE ANA LUIZA ALMEIDA FERRO. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 207 8ª FEIRA DE LIVROS DE SÃO LUIS. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 229 LANÇAMENTO DE LIVRO DE ANA LUIZA. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 240 SOS VIDA (PAZ NO TRÂNSITO). ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 241 POSSE DE MICHEL HERBERT FLORENCIO NA ACADEMIA BRASILEIRA DE MEDICOS ESCRITORES – ABRAMES. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 251 ARQUIMEDES VALE É HOMENAGEADO PELA SOBRAMES. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 252 PLENÁRIA DE NOVEMBRO DE 2014 – ALDY MELO LANÇA O PODER DO TEMPO. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 253 EXPOSIÇÃO DO CENTENÁRIO DE ODYLO COSTA, FILHO. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 256

362


A ALDY MELLO DE ARAUJO JOSUÉ DE SOUZA MONTELLO. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 70, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma

ÉTICA COMO PRÁTICA DA VIDA HUMANA. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 151, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

ALVARO URUBATAN MELO DOMINGOS QUADROS BARBOSA ÁLVARES. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 54, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma APRESENTAÇÃO DO FUNDADOR DA CADEIRA 16: AYMORÉ DE CASTRO ALVIM. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 18, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_ DISCURSO DE SAUDAÇÃO A JOÃO FRANCISCO BATALHA, NA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS, NO DIA 14 DE DEZEMBRO DE 2014. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 135

ANA LUIZA ALMEIDA FERRO HOMENAGEM PÓSTUMA A WILSON PIRES FERRO. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 17, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma LANÇAMENTO DE LIVRO - Criminalidade Organizada - Comentários à Lei 12.850, de 02 de Agosto de 2013 - Prefácio de Eugenio Pacelli - A Organização Criminosa - A Colaboração Premiada – A Infiltração Policial - As Ações Controladas - Análise Artigo a Artigo - Com Exemplos Práticos. - ANA LUIZA ALMEIDA FERRO, Cadeira 31; FLÁVIO CARDOSO PEREIRA e GUSTAVO DOS REIS GAZZOLA. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 50, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

ARTIGO - REVISTA JURIS, ano 1, n. 1, março/abril 2014 - EDWIN SUTHERLAND – O CRIME DE COLARINHO BRANCO E O CRIME ORGANIZADO. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 55, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

“SUGESTÕES DE NOMES PARA COMPOREM O QUADRO DE PATRONOS DE CADEIRAS (1 a 40) DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS (ALL)”. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 87, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

AO PENSADOR, COM CARINHO. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 55, , http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

"O PORTEIRO" - Revista italiana Il Convivio, de Poesia, Arte e Cultura, da escritora e poeta maranhense ANA LUIZA ALMEIDA FERRO, ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 89, , http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

MENINOS,

EU

VI!

ALL

EM

REVISTA,

N.

3,

julho/setembro

2014,

p.

136,

http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

NA ACADEMIA PARAIBANA DE LETRAS JURÍDICAS. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 138, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18 O FUNDADOR ESQUECIDO. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 139, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DO ACADÊMICO ANTONIO JOSÉ NOBERTO DA SILVA, DA CADEIRA Nº 1 DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 97 DISCURSO DE ELOGIO AO PATRONO MÁRIO MARTINS MEIRELES, DA CADEIRA Nº 31 DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 116 DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DO ACADÊMICO WILSON PIRES FERRO, DA CADEIRA Nº 7 DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 127

ANA MARIA FELIX GARJAN GONÇALVES DIAS, SÃO LUÍS E REFERÊNCIAS CULTURAIS. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 180, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

363


ANIMA LUDOVICENSE DA ALL / PROJETO ANIMA LUDOVICENSE 4 SÉCULOS. ALL EM REVISTA, n. 4,

outubro/dezembro 2014, p 34 AZULEJOS CULTURAIS DE SÃO LUÍS – 4 SÉCULOS - Movimento pró-Memória, in poéticas, estéticas e estilísticas literárias. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 311

ANDRÉ GONZALEZ CRUZ APRESENTAÇÃO DE DILERCY ARAGÃO ADLER NO DIA DE SEU “ELOGIO AO PATRONO”. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 67, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho_34d409e2ef5b18

A MENORIDADE RELATIVA DO AGENTE E A NECESSIDADE DE SUA COMPROVAÇÃO MEDIANTE DOCUMENTO OFICIAL. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 214 – COAUTORIA: ISLA CAROLINE BERBARE LEITE

ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO OUTONO EM NOVA YORK. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 83, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma

NOVA ORDEM ECONÔMICA. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março, p. 111, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma

PALESTRA

EM

LYON.

ALL

EM

REVISTA,

N.

2,

abril/junho

2014,

2,

abril/junho

2014,

p.

97,

http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

CONFERENCE

A

LYON.

ALL

EM

REVISTA,

N.

p.

100,

http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

MELANCOLIA.

ALL

EM

REVISTA,

N.

2,

abril/junho

2014,

p.

170,

http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

REIVENTAR O CAPITALISMO? ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 175, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

NOITES

DE

JUNHO.

ALL

EM

REVISTA,

N.

2,

abril/junho

2014,

p.

178.

http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

PALESTRA EM LYON. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 147, , http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

UM BISPO PARA SER LEMBRADO. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 160, , http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

PRIMAVERA EM PARIS. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 170, , http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA 4: FRANCISCO SOTERO DOS REIS. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 86

CRONICA DOS 400 ANOS EM COIMBRA – PALESTRA EM COIMBRA. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 242 BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE AS IDEIAS DE THOMAS PICHETTY. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 267 ANTONIO NOBERTO COPA DO MUNDO NO BRASIL - ENTRE PROTESTOS E COMEMORAÇÕES. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 107, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma CAMPO DE PERIZES OU DE PERIS? ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 113, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma

DISCURSO DO MEMBRO-FUNDADOR ANTONIO NOBERTO, CADEIRA Nº1, EM RECEPÇÃO AO POETA, CANTOR E COMPOSITOR JOÃOZINHO RIBEIRO. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 30, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_ ANTONIO NOBERTO ESCREVE, E ALERTA. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 80, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

CAMPO DE PERIZES OU DE PERIS? ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 93, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

A FRANÇA EQUINOCIAL E SEU LEGADO - PALESTRA – II MOSTRA DE LITERATURA ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 94, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho_34d409e2ef5b18

364


ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA Nº 1, CLAUDE ABBEVILLE, PELO MEMBRO-FUNDADOR ANTONIO NOBERTO: CLAUDE ABBEVILLE - O PRIMEIRO CRONISTA DO MARANHÃO. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 104 APRESENTAÇÃO DE ANA LUIZA ALMEIDA FERRO, MEMBRO-FUNDADOR, OCUPANTE DA CADEIRA NÚMERO 31, POR ANTONIO NOBERTO: A FLOR-DE-LUÍS. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p 109 DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DE CLORES HOLANDA, MEMBRO-FUNDADOR OCUPANTE DA CADEIRA Nº 30, PATRONEADA POR ODYLO COSTA, FILHO, PELO MEMBRO-FUNDADOR ANTONIO NOBERTO, OCUPANTE DA CADEIRA NÚMERO 1. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 145

ARQUIMEDES VIEGAS VALE PIMENTA NOS OLHOS.

REVISTA,

N.

3,

julho/setembro

2014,

p.

175,

,

http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA 20: GRAÇA ARANHA. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 44 DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DE MICHEL HERBERT ALVES FLORÊNCIO À ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS NA SUA POSSE, EM 24 DE OUTUBRO DE 2014, NA CADEIRA Nº 12 PATRONEADA POR JOSÉ RIBEIRO DO AMARAL. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 50 DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DO ACADÊMICO MARIO DA SILVA LUNA DOS SANTOS FILHO EM SUA POSSE NA CADEIRA 10, PATRONO SOUSÂNDRADE. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 65 ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA 20: GRAÇA ARANHA. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 44 DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DE MICHEL HERBERT ALVES FLORÊNCIO À ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS NA SUA POSSE, EM 24 DE OUTUBRO DE 2014, NA CADEIRA Nº 12 PATRONEADA POR JOSÉ RIBEIRO DO AMARAL. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 50 DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DO ACADÊMICO MARIO DA SILVA LUNA DOS SANTOS FILHO EM SUA POSSE NA CADEIRA 10, PATRONO SOUSÂNDRADE. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 65

AYMORÉ DE CASTRO ALVIM LIÇÃO DE VIDA. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 114, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma

OS TEMPOS SÃO OUTROS. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 129, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma

ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA 16: BARBOSA DE GODÓIS. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 21, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_ QUANDO O CORAÇÃO FALA MAIS ALTO. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 95, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

MEDICINA E ESPIRITUALIDADE.

ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 104,

http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

DIA DO TRABALHO OU DO TRABALHADOR? ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 162, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

MOMENTOS

ONÍRICOS.

ALL

EM

REVISTA,

N.

2,

abril/junho

2014,

p.

171,

http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

QUEM NÃO PODE COM O POTE NÃO AGARRA NA RODILHA. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 173, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_ ESPERANDO O HEXA. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 176, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

MEDICINA E RELIGIÃO - Conferência na Residência de Psiquiatria / UFMA. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 90, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18 SÃO JOÃO EM PINHEIRO. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 162, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

A SAGA DE JUCA DE HONORATA. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 164, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

365


TEMPOS

BONS!

ALL

EM

REVISTA,

N.

3,

julho/setembro

2014,

p.

166,

http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

E PINHEIRO VIROU VILA. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 168, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

A PARTIDA DE FUTEBOL. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 178, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

APRESENTAÇÃO DO FUNDADOR DA CADEIRA DE Nº 36, O ACADÊMICO RAIMUNDO DA COSTA VIANA. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 71 III CONGRESSO MARANHENSE DE HISTÓRIA DA MEDICINA - Discurso proferido pelo Prof. Aymoré Alvim, na sessão solene de abertura, na noite de 5 de novembro de 2014. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 237 PINHEIRO: O BOI DO PORTINHO E AS ELEIÇÕES DE 1950. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 268

C CARMELA TUCCINARI PREMIAÇÃO DA ACCADEMIA INTERNAZIONALE outubro/dezembro 2014, p. 204

IL

CONVIVIO.

ALL EM REVISTA, n. 4,

CERES COSTA FERNANDES O ÚLTIMO CAFÉ DO POETA. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 77, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

AS VELAS DE SÃO LUÍS.

ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 141,

http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

É O MEU GURI. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 210

CLORES HOLANDA SILVA ELOGIO AO PATRONO ODYLO COSTA, filho. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 149

D DILERCY ARAGÃO ADLER OUTRAS PALAVRAS. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 16, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma WILSON PIRES FERRO: um estudioso e grande amante das letras. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 117, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma SELO COMEMORATIVO - HISTÓRICO E JUSTIFICATIVA. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 164, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_ ELOGIO À PATRONA MARIA FIRMINA DOS REIS: ontem, uma maranhense; hoje, uma missão de amor! ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 70, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18 PROJETO “’190 POEMAS PARA MARIA FIRMINA DOS REIS”. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 24 1ª CONVOCATÓRIA - “CENTO E NOVENTA POEMAS PARA MARIA FIRMINA DOS REIS” - 01 de Outubro de 2014 a 31 de Janeiro de 2015. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 32 LEITURA DE POESIA LICEO DE BENIDORM. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 227 ERA UMA VEZ O AMOR... ONDE ESTÁ O PARAÍSO? ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 262 NOTA EXPLICATIVA SOBRE E EM HOMENAGEM À MARIA FIRMINA DOS REIS E A GONÇALVES DIAS. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 299

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DINACY CORRÊA CAMILA NASCIMENTO E DILERCY ADLER: a poesia da poesia. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 224

E EDMILSON SANCHES LAURA ROSA. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 301

F FERNANDO BRAGA A PRIMEIRA ROMANCISTA BRASILEIRA. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 271

FLÁVIO CARDOSO PEREIRA LANÇAMENTO DE LIVRO - Criminalidade Organizada - Comentários à Lei 12.850, de 02 de Agosto de 2013 - Prefácio de Eugenio Pacelli - A Organização Criminosa - A Colaboração Premiada – A Infiltração Policial - As Ações Controladas - Análise Artigo a Artigo - Com Exemplos Práticos. - ANA LUIZA ALMEIDA FERRO, Cadeira 31; FLÁVIO CARDOSO PEREIRA e GUSTAVO DOS REIS GAZZOLA. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 50, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

G GUSTAVO DOS REIS GAZZOLA LANÇAMENTO DE LIVRO - Criminalidade Organizada - Comentários à Lei 12.850, de 02 de Agosto de 2013 - Prefácio de Eugenio Pacelli - A Organização Criminosa - A Colaboração Premiada – A Infiltração Policial - As Ações Controladas - Análise Artigo a Artigo - Com Exemplos Práticos. - ANA LUIZA ALMEIDA FERRO, Cadeira 31; FLÁVIO CARDOSO PEREIRA e GUSTAVO DOS REIS GAZZOLA. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 50, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

H HAMILTON RAPOSO MIRANDA FILHO CONVERSA DE MARANHENSE. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 265

I ISLA CAROLINE BERBARE LEITE A MENORIDADE RELATIVA DO AGENTE E A NECESSIDADE DE SUA COMPROVAÇÃO MEDIANTE DOCUMENTO OFICIAL. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 214 – COAUTORIA: ANDRÉ GONZALEZ CRUZ

J JOÃO BATISTA ERICEIRA 25 ANOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL: ACERTOS E DESACERTOS. ARTIGO - REVISTA JURIS, ano 1, n. 1, março/abril 2014. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 52, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

“NATUREZA POLÍTICO-JURIDICA DA OPERAÇÃO CIVIL-MILITAR DE 64 E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA O FUTURO DO MARANHÃO”. Seminário "A operação civil-militar de 64: o contexto maranhense" ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 74, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

A CONSTITUIÇÃO EM RUÍNAS. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 180, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

367


A

LEI,

ORA

A

LEI...

ALL

EM

REVISTA,

N.

2,

abril/junho

2014,

p.

184,

http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA Nº 02 da ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS, PADRE ANTONIO VIEIRA, proferido pelo Professor JOÃO BATISTA ERICEIRA. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 59, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18 A REFUNDAÇÃO DE SÃO LUÍS. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 143, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

O PERIQUITO DE FARDÃO. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 202

JOÃO BATISTA RIBEIRO DISCURSO DE POSSE DO POETA, CANTOR, COMPOSITOR E ESCRITOR JOÃO BATISTA RIBEIRO FILHO NA CADEIRA N. 26 DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS, PATRONEADA PELO POETA PEDREIRENSE RAIMUNDO CORRÊA DE ARAÚJO. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 41, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

JOÃO FRANCISCO BATALHA POSTURAS DO MUNICÍPIO DE ARARI. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 182, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

DISCURSO DE ELOGIO A JOÃO DUNSHEE DE ABRANCHES MOURA. PROFERIDO POR JOÃO FRANCISCO BATALHA, OCUPANTE DA CADEIRA Nº 19 DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS. PRONUNCIADO NO AUDITÓRIO CRISTO REI DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, NO DIA 14 DE DEZEMBRO DE 2014. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 138 JOSÉ DE OLIVEIRA RAMOS "ENGENHO DA VIDA". ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 303 JOSÉ LINHARES DE ARAÚJO EU O RECOMENDO... “por minha livre e espontânea vontade” - DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DO ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 84 JOSÉ MARCELO DO ESPÍRITO SANTO UM HIDROAVIÃO CHEGA A SÃO LUÍS. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 307

L LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ APRESENTAÇÃO, ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 5, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma IN MEMORIAM – WILSON PIRES FERRO, ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 12, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma

FRAN

PAXECO.

ALL

EM

REVISTA,

V.

1,

N.

1,

janeiro/março

2014,

p. 27,

http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma

SOBRE ESPORTE, FUTEBOL & LITERATURA – e os 150 anos de Coelho Neto. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 90, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma APRESENTAÇÃO. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 5, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

BREVE OLHAR SOBRE A LITERATURA LUDOVICENSE. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 106, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_ APRESENTAÇÃO, ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 10, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

INFLUENCIA MILITAR NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR. ANAIAS DO XIII CONGRESSO DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSICA – 2014: ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 96, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

368


MIGUEL HOERHANN - PIONEIRO DA EDUCAÇÃO PHYSICA NO MARANHÃO. ANAIS DO XIII CONGRESSO DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSICA – 2014: ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 102, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18 FRAN PAXECO – UM DOS PROPUGNADORES DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO MARANHÃO ANAIS DO XIII CONGRESSO DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSICA – 2014: ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 109, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho_34d409e2ef5b18

O “CHAUSSON/SAVATE” INFLUENCIOU A CAPOEIRA? ANAIS DO XIII CONGRESSO DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSICA – 2014: ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 115, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18 TARRACÁ, ATARRACAR, ATARRACADO... ANAIS DO XIII CONGRESSO DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSICA – 2014: ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 125, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

AS

JABUTICABAS.

ALL

EM

REVISTA,

N.

3,

julho/setembro

2014,

p.

172,

http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

APRESENTAÇÃO. ALL EM REVISTA, N. 4, outubro/dezembro 2014, p. 8

LAURA ROSA – UM OLHAR PARA UMA IMORTAL (NÃO SÓ DA AML…). ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 199 A FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE CULTURA (FUNC) LAMENTA O FALECIMENTO DE FIRMINO DINIZ: MORRE MESTRE DINIZ – OS BERIMBAUS SE CALAM, CHORANDO O ENCANTAMENTO DO VELHO MESTRE CAPOEIRA. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 257 ÍNDICE DA ‘ALL EM REVISTA’, VOLUME 1, JANEIRO/DEZEMBRO 2014. ALL EM REVISTA, n. 4,

outubro/dezembro 2014, p. 351

M MARIO DA SILVA LUNA DOS SANTOS FILHO ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA 10: SOUSÂNDRDE. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 67 MICHEL HERBERT ALVES FLORENCIO ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA 12: JOSÉ RIBEIRO DO AMARAL. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 53

O OSVALDO GOMES HOMENAGEM A MARIA FIRMINA DOS REIS. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 85, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

P PAULO MELO SOUSA. SIOGE: PATRIMÔNIO DO MARANHÃO. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 208

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO LUIS LEI Nº 4.916 DE 15 DE JANEIRO DE 2008 - INSTITUI A SEMANA MUNICIPAL DO LIVRO E DO AUTOR MARANHENSE, NO MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS. Prefeitura Municipal de São Luís, ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 11, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma

369


R RAIMUNDO DA COSTA VIANA ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA 36: JOÃO MIGUEL MOHANA. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 74 RAIMUNDO GOMES MEIRELES DISCURSO DE RECEPÇÃO AO PROFESSOR RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO PROFERIDO PELO ACADÊMICO RAIMUNDO GOMES MEIRELES, OCUPANTE DA CADEIRA Nº 17 DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 163 RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO DISCURSO DE ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA Nº 05, JOÃO FRANCISCO LISBOA, DO PROFESSOR RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO, MEMBRO FUNDADOR DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 167 NÚCLEO DOCENTE ESTRUTURANTE NA GESTÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 319

S SAMUEL BARRETO FESTA PARA JOÃOZINHO. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p.

47,

http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

SANATIEL DE JESUS PEREIRA CARAMURU ROSENHEIM. ALL

EM

REVISTA,

N.

2,

abril/junho

2014,

p.

166,

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O CAMINHO DAS ESTRELAS. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 168, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

LIVRO, ACADEMIA E INCLUSÃO SOCIAL. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 145, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DO ACADÊMICO ARQUIMEDES VIEGAS VALE – FUNDADOR DA CADEIRA 20, PATRONO: GRAÇA ARANHA. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 42 POR QUEM OS SINOS DOBRAM. . ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 212

V VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES O PRIMADO DA IMAGINAÇÃO: um estudo arteterapêutico em Maria Firmina dos Reis. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 273

W WILSON PIRES FERRO FALTA UMA ACADEMIA. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 22, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma

FALTAM ACADEMIAS. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 24, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma

“SUGESTÕES DE NOMES PARA COMPOREM O QUADRO DE PATRONOS DE CADEIRAS (1 a 40) DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS (ALL)”. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 87, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

WYBSON CARVALHO LAURA ROSA, A VIOLETA DO CAMPO. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 302

370


ANTOLOGIA # ALL EM REVISTA

ANA LUIZA ALMEIDA FERRO O PORTEIRO. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 206, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18 O PORTEIRO. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 114 QUANDO. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 115 QUANDO. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 346

ANA MARIA FELIX GARJAN TRIBUTO À ‘CANÇÃO DO EXÍLIO’. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 195 POEMAS DE AMOR A SÃO LUÍS 402, EM 8 DE SETEMBRO DE 2014. SÃO LUÍS – ILHA ATEMPORAL. ALMA DA CIDADE EM MANTRA POÉTICO. SINERGIA DO TEMPO EM TI. SÃO LUÍS DA HUMANIDADE. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 210, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

ANTONIO GONÇALVES DIAS UM CANTO DE MORTE. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 79

ARQUIMEDES VIEGAS VALE MEU TEMPO. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 207, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

AUTOR DESCONHECIDO NA MISSÃO. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 80

AYMORÉ DE CASTRO ALVIM POESIA

PROFILÁTICA. ALL EM REVISTA, N. 2, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_ AMOR E DESEJO. ALL EM REVISTA, N. 2, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

abril/junho

2014,

p.

188,

abril/junho

2014,

p.

189,

QUE DÚVIDA! OS SENTIDOS

DA VIDA. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18

2014,

p.

203,

O ÚLTIMO ADEUS INDO COM O VENTO NATIVIDADE. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 343

BILUCA FERES/MÁRIO CAJUEIRO HINO DO AYMORÉ SPORT CLUB. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 178

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE POEMA DE SETE FACES. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 163

CLORES HOLANDA SILVA O DIA ACABOU. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 130, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma

BANDEIRA BRANCA.

371


OUTUBRO DE FEIRAS NUMA SEXTA-FEIRA DE HALLOWEEN. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 340

CORRÊA DE ARAÚJO DE VOLTA. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 42 ORÁCULO. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 44 O RIO DA SAUDADE. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 45

COXINHO MIMOSO - URROU. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 306

DILERCY ARAGÃO ADLER DIA INTERNACIONAL DA MULHER – POESIAS. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 131 ESPAÇO FEMININO MULHER FRAGMENTOS DE MULHER http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma VELEJANDO. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 123 REPÚDIO AO ESTUPRO ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 187, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_ NO PRINCÍPIO ERA O VERBO. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 78 ACRÓSTICO MARIA FIRMINA. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 83 ESPAÇO FEMININO. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 83

PSICANALITICAMENTE FALANDO. ORAÇÃO. DEUS. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 208, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18 FLORES DE PLÁSTICO...LIBIDOS E LICORES LIQUIDIFICADOS. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 262

AMOR SUBLIME AMOR A ARTE DE VIVER INCLUI ESTRADAS. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 347

DOMINGOS QUADROS BARBOSA ÁLVARES BORBOLETA. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 64 CABELEIRA DE MULHER. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 64 PARA A ... ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 64 PARA A... ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 64 VENDO A ... ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 64 SONHO. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 65 NOITE. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 65 A TI (Federalista – 02.08). ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 65 SOROR JOANA ANGÉLICA. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 68

FERNANDO PESSOA ANTÔNIO VIEIRA. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 64

FERREIRA GULLAR TRADUZIR-SE. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 313 POEMA SUJO. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 314

372


JOANA BITTENCOURT CAMARADA JOÃO. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 48, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_

JOÃO BATISTA RIBEIRO HOMENAGEM A JOSÉ CHAGAS. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 45

JOÃO BOTÃO TOADA - ELEIÇÃO TOADA – DESPEDIDA. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 270

JOÃO DISTINTO O DELEGADO. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 162 DONA RITINHA. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 163 DONA SANTINHA. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 163

JOÃO DUNSHEE DE ABRANCHES MOURA O VIOLINO DO ARTISTA. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 141

JOHANN WOLFGANG VON GOETHE PROÉMIO. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 183

JOSÉ SARNEY RETALHOS DE UM POEMA DE UM NÁUFRAGO DA ÍNDIA. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 55

LAURA ROSA ESQUELETO DA FOLHA. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 303

LUÍS DE CAMÕES POEMA. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 184

MANUEL NUNES PEREIRA O DISCÓBOLO. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 120

MARIA FIRMINA DOS REIS HINO À LIBERTAÇÃO DOS ESCRAVOS. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 70 NO ÁLBUM DE UMA AMIGA. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 73 O CANTO DO TUPI. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 79 VALSA. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 81 UMA TARDE NO CUMAN. NO ÁLBUM DE UMA AMIGA. O MEU DESEJO. AH! NÃO POSSO. SEU NOME. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 198, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18 HINO À LIBERTAÇÃO DOS ESCRAVOS. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 288 A UMA AMIGA. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 297

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MARIO LUNA FILHO RUA PADRE GEROSA. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 350

MÁRIO MARTINS MEIRELES MEU ESPELHO. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 122

MICHEL HERBERT FLORENCIO DE TEMPOS EM TEMPOS. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 51

ODYLO COSTA, FILHO A MEU FILHO. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 153 ILHEU. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 158

SAMUEL BARRETO HOMENAGEM A JOSÉ CHAGAS. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 45 FESTA PARA JOÃOZINHO. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 47

TERESINKA PEREIRA 20 DE OUTUBRO, DIA DO POETA. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 342

VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES HOMENAGEM A MARIA FIRMINA DOS REIS. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 290

WILSON PIRES FERRO MÃE-BELA. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 18 ODE A CAXIAS. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 118 GONÇALVES DIAS. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 119 ADEUS, POETA. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 120 LAMENTO INDÍGENA. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 121 POESIAS SELECIONADAS: A NOITE DE NATAL LUAR DO MEU SERTÃO A HISTÓRIA, A MEMÓRIA NUM MEMORIAL ODE A SÃO LUÍS A FRANÇA EQUINOCIAL EM VERSOS. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 124, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma

A FRANÇA EQUINOCIAL EM VERSOS. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 128 A PRAIA. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 131

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