Livro caju

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ESCOLA DE ENSINO MÉDIO BARÃO DE ARACATI

O (Re) Aproveitamento de Resíduos Agroindustriais do Caju na Produção de Adubo Orgânico, Ração Animal e Carne Sintética

Letícia da Silva Freitas

ARACATI 2017


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ESCOLA DE ENSINO MÉDIO BARÃO DE ARACATI

O (Re) Aproveitamento de Resíduos Agroindustriais do Caju na Produção de Adubo Orgânico, Ração Animal e Carne Sintética

Letícia da Silva Freitas

ARACATI 2017


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AUTORA - ALUNA

Letícia da Silva Freitas

ORIENTADOR Professor Esp. Víctor Silva do Carmo

O Beneficiamento do Caju Através do (Re) Aproveitamento do Bagaço na Construção de uma Economia Sustentável e Solidária em Aracati/CE

ESCOLA DE ENSINO MÉDIO BARÃO DE ARACATI Praça dos Prazeres nº: 82 – Centro – Aracati-CE CEP: 62.800-000 TEL: (88) 3442-2608

ARACATI 2017


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DEDICATÓRIA

Dedicamos esse trabalho primeiramente a Deus que nos possibilitou o dom da vida, como também inteligência, saúde e força para enfrentarmos todos os caminhos, problemas e dificuldades com garra e perseverança e assim conseguir a vitória. Aos nossos pais por sempre estar ao nosso lado nos incentivando a seguir bons caminhos e nos corrigindo ao nos desviarmos. A nosso orientador professor Víctor Silva do Carmo por sempre acreditar no nosso potencial e tão bem nos conduzir durante toda a pesquisa. Aos nossos professores e ao núcleo gestor da Escola de Ensino Médio Barão de Aracati por nos incentivar na nossa prática. Por fim, a nós mesmos por todo trabalho, sofrimento e luta na execução das etapas do projeto.


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AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Deus por tudo que tem feito em nossa vida, pois sabemos que tudo que temos e conseguimos é por sua vontade. Aos nossos pais por todo apoio desde o momento do nosso nascimento. A todo o grupo que participou de forma ativa em todo processo. Aos nossos professores, núcleo gestor e funcionários da Escola de Ensino Médio Barão de Aracati por sempre se preocupar com nossa formação e nos propiciar uma educação de qualidade. E especialmente, ao nosso orientador Víctor Silva do Carmo por ter sempre estado do nosso lado no desenrolar das atividades e não nos deixar fraquejar perante as adversidades.


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SUMÁRIO

RESUMO

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INTRODUÇÃO

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1. Como tudo começou: primeiro passo.

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2. Entrevista semiestruturada com o Secretário de Agricultura do

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município de Aracati e com o representante do SEBRAE: segundo passo. 3. Desenvolvimento de produtos à base de caju e pesquisa de

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mercado: terceiro passo. 4. Entrevista Semiestruturada com o Representante de uma

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Empresa do Município que Fabrica o Suco Industrial: quarto passo 5. Criação de produtos a partir do (re) aproveitamento do bagaço

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do caju: quinto passo. 5. 1 Ração animal 5. 2 Adubo orgânico 5. 3 Hambúrguer sintético de caju CONCLUSÕES

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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RESUMO

O presente estudo, para realização do mini livro, surgiu com o objetivo de analisar se o município de Aracati/CE aproveitava de maneira eficiente e sustentável o potencial econômico do caju na busca da geração de emprego e renda, assim como o desenvolvimento da economia local. Para tanto, foram desenvolvidas pesquisas, primeiramente, bibliográficas e logo depois empíricas, através de entrevistas semiestruturadas e aplicação de questionários, para se responder o seguinte questionamento: Será que o município de Aracati/CE aproveita de maneira eficiente e sustentável o potencial econômico do caju? Através da análise dos dados coletados observou-se que a referida cidade não aproveita de maneira eficiente todo o potencial econômico da fruta. E mais, descobriu-se, mediante a realização de uma pesquisa de mercado, que há nesse município um mercado promissor para produtos à base do caju. Com o processo de pesquisa, descobriu-se ainda, que existe na cidade fábricas que trabalham com o aproveitamento do sumo desta fruta, mas que não utilizam o bagaço desta e acabam por descartá-lo de maneira inadequada no meio ambiente. Com isso, pensando no desenvolvimento da economia local, de maneira sustentável e solidária, realizou-se o (re) aproveitamento do bagaço do caju na produção de adubo orgânico, ração animal, assim como na criação de uma carne sintética que chamouse de Burguerju.


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INTRODUÇÃO

O caju é uma fruta nativa da costa norte e nordeste do Brasil, sendo os estados do Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte os seus maiores produtores. Rica em nutrientes, desta fruta aproveita-se tudo tornando-se assim uma ótima fonte de emprego e renda. Gomes (2010) aponta que o cajueiro é uma planta de origem brasileira. Antes mesmo dos portugueses desembarcarem no Brasil, os indígenas que aqui habitavam já se utilizavam fartamente do caju para sua alimentação. Pereira da Costa, em seu clássico Vocabulário Pernambucano (Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Pernambuco,v. XXXIV, In: Gomes 2010), afirma que a época da frutificação do cajueiro, da colheita dos seus frutos – o Acaju – era para os índios a suspirada estação da fartura de víveres e da abundância, dos prazeres, das festas e das orgias prolongadas, e de uma embriaguez constante produzida pelo cauim. Aca-ju-im, o vinho de caju, que a seu modo fabricavam. Os índios da etnia Tremembé fermentavam o suco do caju para obter o mocororó, que era bebido na cerimônia do Torém. Na língua tupi acaiu (caju) significa noz que se produz. O caju, pode-se dizer, é uma das frutas símbolo do Nordeste brasileiro. Gomes (2010) afirma que no Brasil os cajueiros estão concentrados principalmente nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, sobretudo nesta última. Ali o caju está presente na literatura, na poesia, no artesanato, nos ditos populares, na pintura, na fala, na música, na dança, nos jogos infantis, nas crendices, nos costumes, no folclore, na medicina, nas artes decorativas, no mobiliário e, é claro, na culinária nordestina. Caju, cajueiro e derivados são termos que dão nomes a cidades e vilarejos, bairros, ruas e avenidas, estradas, pessoas, famílias, parques, praças, serras, praias, sítios, lagoas, rios, estabelecimentos comerciais, empresas, instituições, eventos, festivais e festas populares, entre outros. Do caju tudo se aproveita desde a planta (raiz, caule, folhas), até o fruto (pendúculo, castanha, amêndoa)e além de ser uma fruta deliciosa, ainda apresenta propriedades medicinais. Quanto a isso, em Gomes (2010) observa-se que o pedúnculo, ou pseudofruto é suculento e muito rico em fibras, vitamina C e ferro. É também fonte de betacaroteno (provitamina A), vitamina do complexo B e dos minerais cálcio, magnésio, manganês, potássio e fósforo. Além disso, fornece


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carboidratos. Do ponto de vista medicinal, o caju fornece um potente antioxidante, vitamina C, que também previne resfriados e ajuda na cicatrização de feridas e lesões. (www.seagri.ce.gov.br, in: GOMES, 2010, 30). Ele ainda aponta que essa propriedade biológica também está associada à prevenção de doenças crônico-degenerativas, como problemas cardiovasculares, câncer e diabetes, além de prevenir males como a anemia, a gripe e a cegueira noturna. Atua, ainda, para fortalecer o sistema imunológico e combater o estresse. Além disso, auxilia na contração muscular, pelo seu conteúdo em minerais. De acordo com estudo publicado em Caju: negócio e prazer, um copo de suco de caju supre toda necessidade diária de vitamina C de uma pessoa adulta. O suco apresenta ainda teores consideráveis de açúcares redutores

e

minerais,

principalmente o ferro, constituindo-se num tônico de primeira ordem, além de desintoxicante, antientérico e diurético. (Secretaria de Turismo do Estado do Ceará, 1997). Quanto ao valor calórico, 100 gramas de caju fornecem 36,5 calorias. Já a amêndoa por sua vez é rica em fibras, proteínas, minerais (magnésio, ferro, potássio, selênio, cobre e zinco), vitaminas A, D, K, PP e principalmente aE, carboidratos, cálcio, fósforo, sódio e vários tipos de aminoácidos.Um destes aminoácidos é a arginina que, no metabolismo,transforma-se em óxido nítrico e este, por vez, alarga as artérias e diminui a pressão sanguínea. Desta forma a castanha do caju contribui no combate às doenças cardíacas. A vitamina E aparece na castanha na forma de gama-tocoferol, que atua como antioxidante ativo e ajuda a prevenir a oxidação do organismo. Quanto à planta em si, ainda temos a goma do cajueiro é um líquido viscoso eliminado pelo cajueiro toda vez que ele sofre algum tipo de ferimento, pois a mesma serve para sua cicatrização. Ela é composta de carboidratos solúveis em água e tem grande potencial de industrialização. Possui características semelhantes às da goma arábica, podendo substituí-la como cola líquida para papel, na indústria farmacêutica, em cosméticos, como aglutinantes de cápsulas e comprimidos e na indústria de alimentos como estabilizante de sucos, cervejas e sorvetes, bem como clarificantes de sucos, podendo ser utilizada na indústria de cajuína como substituta da gelatina. O pedúnculo, de estrutura carnosa e suculenta, representa cerca de 90% do peso do caju e, embora tenha alto poder nutritivo, propriedades medicinais e sabor acentuado, há um imenso desperdício do mesmo nas colheitas anuais, por causada maior valorização da amêndoa e do baixo investimento no seu aproveitamento. Um dos fatores do baixo aproveitamento do pedúnculo é a perecibilidade do mesmo, pois


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sem refrigeração ou condições de embalagem que lhe de em maior durabilidade, sua deterioração se inicia apenas um dia após ser colhido. Outro fato é que o suco, um dos seus principais produtos, necessita, para sua maior durabilidade, de conservantes químicos que muitas vezes alteram o seu sabor, sua cor e sua turbidez. O aproveitamento do pedúnculo apresenta uma gama imensa de possibilidades de produtos que vão desde o consumo in natura como fruto de mesa até produtos industrializados e mais sofisticados. Dessa forma, o MINI LIVRO sobre “O Beneficiamento do Caju Através do (Re) Aproveitamento do Bagaço na Construção de uma Economia Sustentável e Solidária em Aracati/CE” consistiu no levantamento e análise de informações sobre a utilização do caju na cidade de Aracati/CE como fonte de economia e sustentabilidade, na busca de descobrir se o município aproveita todo o potencial econômico do produto. Assim, o nosso grande questionamento foi: Será que o município de Aracati/CE aproveita de maneira eficiente e sustentável o potencial econômico do caju? Acredita-se que o município de Aracati/CE não aproveita de maneira eficiente e sustentável todo o potencial comercial e econômico do caju. preocupando-se, muitas vezes, apenas com a comercialização da castanha e do sumo na criação de suco industrial.


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1. Como tudo começou: primeiro passo

O estudo se realizou a partir de etapas, com início na pesquisa bibliográfica, em que descobrimos o potencial do caju e tudo que pode ser desenvolvido a partir dele. Dessa forma, procurando compreender como era a utilização desse produto no município de Aracati realizamos entrevistas semiestruturadas com representantes do SEBRAE e com o secretário de agricultura do município, em que descobrimos que mesmo o caju apresentando um grande potencial econômico em todos os seus aspectos, em nosso município ele é aproveitado quase que em sua totalidade na produção de castanha e do sumo na criação de suco industrial. Logo depois, desenvolvemos vários produtos alimentícios à base de caju e realizamos pesquisas hedônicas de aceitação e intenção de compra com no mínimo 50 pessoas para cada produto, através da aplicação de questionários, para saber se haveria espaço no mercado para esses produtos. Seguindo, nos preocupamos em saber o que era feito do bagaço após a utilização do sumo pelas empresas e descobrimos que esse não era aproveitado. Logo em seguida, buscando soluções para o bagaço descartado praticamos a reutilização deste na criação de ração animal e adubo orgânico. E mais, criamos ainda uma carne sintética à base da carne de caju de maneira simples, barata, natural e, principalmente, saudável que chamamos de Burguerju. Em seguida, para confirmar a eficácia destes produtos realizamos pesquisas através da aplicação de questionários com os criadores de bovinos, caprinos, e equinos, em relação utilização da ração animal, para saber se houve uma boa aceitação dos animais e se houve engorda desses. Logo depois, observamos e comparamos o tempo de quebra da castanha e o crescimento do cajueiro, com a utilização do nosso adubo orgânico em relação a outros comumente utilizados na região. Por fim, realizamos a aplicação de pesquisas hedônicas de aceitação e intenção de compra com 57 pessoas, em relação à criação da carne sintética e de sua comparação com outras carnes presentes no mercado, através da aplicação de questionários, que apresentou excelentes resultados.


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2. Entrevista semiestruturada com o Secretário de Agricultura do município de Aracati e com o representante do SEBRAE: segundo passo.

Após o processo de pesquisa bibliográfica era preciso se compreender um pouco mais sobre como o município de Aracati aproveitava o potencial econômico do caju. O nosso grande objetivo era saber se havia um aproveitamento eficiente ou não. Para tanto, procuramos o Secretário de Agricultura do município, assim como um representante do SEBRAE e realizamos com os mesmos uma entrevista semiestruturada. Primeiramente, gostaríamos de saber como eles viam o agronegócio em Aracati, ambos afirmaram que o município apresentava um potencial enorme, mas que era pouco aproveitado. Logo depois, perguntamos se o caju poderia ser visto como uma boa fonte de economia e empreendedorismo, mais uma vez ambos afirmaram que o caju se bem aproveitado pode ser uma boa forma e/ou estratégia econômica. Por fim, perguntamos se eles acreditam que no município de Aracati se aproveita bem todo o potencial econômico desta fruta, mais uma vez tivemos uma resposta convergente, pois os entrevistados afirmaram que o caju oferece um potencial econômico enorme e que em Aracati, o que eles observavam era um bom aproveitamento deste produto na comercialização da amêndoa da castanha, assim como do sumo para a fabricação de suco industrial, mas que a fruta como um todo poderia ser aproveitada melhor, haja vista a gama de possibilidades que ela apresenta e que se caso fosse executado poderia representar um aumento na geração de emprego e renda, assim como, certo desenvolvimento na economia local.


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3. Desenvolvimento de produtos à base de caju e pesquisa de mercado: terceiro passo. Após a entrevista semiestruturadacom o Secretário de Agricultura do município de Aracati e com o representante do SEBRAE, percebemos que no município Aracati/CE do caju era aproveitado, praticamente, apenas a amêndoa da castanha para a comercialização e o sumo na produção de suco industrial e que seu bagaço era desperdiçado e jogado ao meio ambiente, então tivemos a curiosidade de saber se haveria em nossa cidade um mercado promissor para os produtos a base de caju. Para tanto, desenvolvemos uma pesquisa de mercado, a partir da aplicação de questionário, através de uma pesquisa hedônica de aceitação e intenção de compra, em que, primeiramente, desenvolvíamos algumas receitas a base de caju, dávamos às pessoas para que provassem e logo depois elas respondiam ao nosso questionário, como podemos observar nos gráficos abaixo.


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Assim, através das pesquisas realizadas, percebemos que todos os produtos apresentados à população aracatiense tiveram uma excelente aceitação e que se caso esses produtos estivessem disponíveis no mercado para comercialização a grande maioria das pessoas certamente compraria, como se pode perceber nos gráficos acima.

Sendo assim, pode-se afirmar que o município de Aracati/CE

apresenta um mercado promissor para os produtos à base de caju, que se fossem bem aproveitados poderiam significar um aumento na geração de emprego e renda.

4. Entrevista Semiestruturada com o Representante de uma Empresa do Município que Fabrica o Suco Industrial: quarto passo.

Logo após comprovarmos que em nosso município existe um mercado propício para produtos a base de caju, observamos que uma parte dos nossos produtos utilizávamos o bagaço desta fruta e sabendo que a nossa cidade aproveita mais a amêndoa da castanha como especiarias e sumo do pedúnculo na fabricação de suco industrial. Então levantamos o seguinte questionamento, o que era feito com o bagaço do caju? Foi ai que pensamos em realizar uma entrevista semiestruturada com uma indústria que trabalha com isso em nossa cidade. Fomos uma, duas, três e apenas na quarta tentativa, por intermédio de uma pessoa, conseguimos. Chegando à indústria conhecemos toda a estrutura dela, os procedimentos feitos e realizamos a entrevista semiestruturada com um funcionário da empresa para sabermos se o bagaço do caju era aproveitado ou não. Primeiramente perguntamos quem era os seus fornecedores e ele disse que toda a região fornecia. Logo depois perguntamos quais os seus principais fornecedores e ele nos disse que não tinha como saber ao certo, mas que os seus principais fornecedores estavam em um raio de 40 km da própria fábrica. Depois perguntamos como era todo o processo do suco industrial, ele respondeu que, quando o caju chegava passava um processo de lavagem depois era retirado o sumo e separado do bagaço, logo depois o sumo passaria para um processo químico que se transformaria em suco industrial.


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Por fim perguntamos o que era feito com o bagaço e ele nos respondeu que não aproveitava. Então perguntamos se a empresa poderia nos fornecer o bagaço, e prontamente ele aceitou e, assim, fechamos uma parceria com a indústria.

5. Criação de produtos a partir do (re) aproveitamento do bagaço do caju: quinto passo.

Após a pesquisa de mercado, descobrimos com o processo de pesquisa, que existem na cidade fábricas que trabalham com o aproveitamento do sumo desta fruta, mas que não utilizam o bagaço desta e acabam por descartá-lo de maneira inadequada em uma comunidade próxima a fábrica. Com isso, pensando na economia local e também pensando em maneiras sustentáveis para aproveitar o que seria jogado fora, ou seja, o bagaço, tivemos a ideias de fazer o (re) aproveitamento do mesmo na produção de três produtos, a ração animal, o adubo orgânico e a carne sintética de caju.

5.1. Ração animal

A ração animal surgiu a partir do momento em que percebemos que durante o inverno os animais eram soltos para pastar e que na época de estiagem os animais comiam os cajus que estavam sendo desperdiçados e isso fez com que pensássemos, se os animais comem o bagaço do caju e gostam dele por que não transformar esse bagaço em ração? Então, utilizamos alguns bagaços cedidos por uma pessoa da comunidade e fizemos da seguinte maneira, lavamos o bagaço, colocamos no sol para secar, moemos na forrageira e depois sabendo que na época de estiagem os criadores utilizam a parte aérea da mandioca pensamos em colocar também em nossa ração, logo depois levamos para um animal experimentar e ele adorou, mas saber que um animal gostou não bastava para nós, queríamos testar com mais então resolvemos falar com alguns criadores de uma comunidade e fizemos uma entrevista com eles. Perguntamos primeiramente quantas vezes eles alimentavam os seus animais ao dia, e os três criadores responderam que duas vezes ao dia. Logo depois, perguntamos que tipo de alimento os animais comiam, e eles falaram que no inverno


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eles eram soltos para pastar e que na época de estiagem eles tinham que comprar milho, farelo, ração e acabavam gastando muito dinheiro. Depois da entrevista feita perguntamos se poderíamos testar a nossa ração com os animais deles e eles disseram que sim. Depois ligamos para a empresa que tínhamos fechado um acordo e pedimos a eles se já podiam disponibilizar o bagaço para nós e eles disseram que sim e nos enviaram 500 kg de bagaço e começamos a produzir a ração animal e no primeiro dia fizemos 63 kg de ração e fomos aos criadores deixar o produto e essa sequência se repetiu durante um mês e durante este mês nós acompanhávamos todo o processo e quando chegou o final deste, fizemos uma outra entrevista com os criadores com o objetivo de saber se a ração era eficaz ou não. Primeiramente perguntamos quantas vezes eles alimentaram os seus animais com o nosso produto, eles responderam que duas vezes ao dia. Logo depois, perguntamos se eles perceberam alguma diferença nos animais após se alimentarem de nossa ração, os três nos disseram que perceberam uma certa engorda dos animais e sem contar que os mesmos gostaram muito do produto. Com isso, concluímos que a nossa ração é eficiente, pois, além de gerar uma engorda nos animais pelo fato deles gostarem da ração, os criadores não precisaram gastar mais com milho, farelo, já que eles mesmos poderiam criar o tal produto sem que gerassem gastos, pois eles possuem a matéria prima, que é o caju, a parte aérea da mandioca e a forrageira.

5.2. Adubo orgânico


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A ideia do adubo orgânico surgiu após percebermos que depois que as pessoas comem, na maioria das vezes, sobram os restos e que esses são utilizados como adubos e sabendo que também existem sobras da ração animal por que não transformar essas sobras em adubo orgânico? Então resolvemos criar o adubo, fizemos o mesmo processo da ração animal, já que não tínhamos restos da ração até então, lavamos o bagaço, colocamos no sol para secar e depois para na forrageira, o único diferencial é que moemos mais até ficar numa consistência parecida com terra. Queríamos utilizar o nosso adubo em uma planta, porém ficamos sem saber qual e foi ai que decidimos utilizar no próprio cajueiro. Ao em vez de apenas testar o nosso produto resolvemos compará-lo com os adubos já existentes e utilizados na região, a cama de frango e o esterco. Então, para testar e comparar o nosso adubo com os outros plantamos a castanhas do cajueiro, em 06 recipientes diferentes, no primeiro: colocamos apenas a areia; no segundo: areia e esterco, no terceiro: areia e o nosso adubo à base de caju; no quarto: areia e cama de frango, no quinto: areia cama de frango e nosso adubo, no sexto: areia, esterco e nosso adubo. Replicamos esse método cinco vezes e tomamos o cuidado de ter o esmo tratamento, a mesma quantidade de água nos mesmos horários, para não haver interferência no resultado. Com o tempo começamos a observar a viabilidade do nosso adubo, pois, em todos os testes, nos recipientes em que estava presente o nosso adubo a castanha quebrou com menos de um mês em 26 dias para o terceiro e o quinto recipientes, 28 para o quarto recipiente, 29 para o sexto recipiente, 31 para o segundo e 32 para o primeiro, no teste 01, 02 e 05. Já para o teste 03 tivemos26 dias para o quinto recipiente, 27 para o terceiro e quarto recipientes, 29 para o sexto recipiente, 31 o primeiro e segundo recipientes. Já para o teste 04 tivemos 27 dias para o terceiro, o quinto e o quarto recipientes, 28 para o sexto recipiente, 30 para o segundo e 31 para o primeiro. Com isso, a priori, podemos observar que o adubo à base caju benefícios para o produtor, haja vista a semente brota mais rápido o que possivelmente poderá acelerar a produção, acrescenta-se ainda que apenas o quarto recipiente que também apresentou a quebra da castanha em menos de um mês, não continha o nosso adubo, já que era formado de areia e cama de frango, composto esse o qual é indicado pela EMBRAPRA em se tratando plantio de caju.


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Com o tempo analisamos também o crescimento das mudas e percebemos a evolução das que estavam com o nosso adubo se destacava bastante o que nos deixava bastante feliz. Com três semanas após a quebra da semente observamos as mudas e vimos que entre 04 de 05 testes a que mais se destacou foi a que estava com o nosso adubo e a cama de frango, apenas em um dos testes o que mais se destacou foi a que estava com o nosso adubo e o esterco, porém em algumas pesquisas que fizemos sobre o esterco descobrimos que ele enfraquece a raiz da planta depois de adulta. Concluímos então que o nosso produto é bastante eficiente, já que ele proporciona um crescimento acelerado para a planta em relação a outros adubos geralmente utilizados e que realidade ainda pode ser acelerada se misturando o nosso a adubo com a cama de frango. Acrescenta-se ainda, que a utilização desse produto ressalta a atitude e pensamento sustentável porque utilizamos algo que iria ser desperdiçado e jogado ao meio ambiente como lixo orgânico. Ressalta-se ainda, o fator econômico porque não houve nenhum custo para produzir este adubo.


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5.3. Hambúrguer sintético de caju

Por fim, o terceiro produto foi o hambúrguer sintético de caju, sabendo que da carne se faz hambúrguer e que já existe uma carne sintética de caju, por que não fazer hambúrguer da carne sintética de caju? Então, resolvemos fazer alguns testes para tentar criar esse hambúrguer através da carne de caju, o primeiro que fizemos não deu certo ficou, pois ele ficou um pouco seco e quebradiço, o segundo também foi um fracasso total, pois o hambúrguer ficou com um aspecto borrachudo e quando estávamos quase que desistindo resolvemos fazer um outro teste e esse deu certo, ficou perfeito e o processo que usamos foi o seguinte. Lavamos os bagaços de caju, depois colocamos no sol para secar durante um determinado período, levamos para o pré-cozimento com algumas leguminosas, logo depois trituramos no liquidificador junto com a farinha de trigo ou com a farinha de rosca.

Depois de pronto demos o nome de Burguerju. Então, logo depois, tivemos a ideia de levar a nossa carne para as ruas, respeitando todo processo de higienização, com o objetivo de saber se o produto teria uma boa aceitação da população e se caso estivesse disponível no mercado se teria uma boa venda.


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Então, fizemos escalas hedônicas de aceitação e intenção de compra, através da aplicação de questionários, em que as pessoas experimentavam o nosso produto e logo depois respondiam ao instrumento de pesquisa que apresentava parâmetros desde desgostei extremamente até gostei extremamente e certamente eu compraria até certamente eu não compraria, como pode ser observado nos gráficos abaixo:

Escala Hedônica de Aceitação do Burguerju Desgostei extremamente

22%

2% 0% 13%

Desgostei muito Desgostei moderadamente Desgostei ligeiramente Indiferente

63%

Gostei ligeiramente Gostei moderadamente Gostei muito

Gostei extremamente

Escala Hedônica de Intenção de Compra do Burgueju Certamente eu compraria

2% 2%5%0%

Provavelmente eu compraria Talvez eu compraria/talvez eu não compraria

91%

Provavelmente eu não compraria Certamente eu não compraria


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Pode-se perceber que o “Burgueju” teve uma excelente aceitação, pois, a maioria das pessoas afirmou que gostaram extremamente e que se esse produto estivesse a venda no mercado certamente comprariam. Com isso, mais uma vez ressaltamos a viabilidade do nosso produto que tem aparência, gosto e cheiro de hambúrguer, que é cem por cento natural, sem muita gordura e durável, já que pode dura uma semana na geladeira e até noventa dias no congelador, e mais, é um ótima alternativa para pessoas que são vegetarianas e/ou que desejam ter uma vida saudável. Com isso, concluímos que o nosso produto é excelente, pois além de ser um produto natural, é econômico produzido através de uma atitude sustentável.


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CONCLUSÃO

Pode-se observar que o trabalho se mostrou extremamente pertinente, uma vez que conseguiu realizar o levantamento de informações sobre a utilização do caju no município, diagnosticou a presença de um possível problema e apresentou possíveis soluções para esse. Acrescenta-se ainda, que a determinada pesquisa apresenta-se como um meio benéfico tanto para os estudos científicos quanto para o desenvolvimento da economia da cidade, mostrando assim ser um trabalho muito importante para a sociedade, já que é viável por ter características naturais e um preço baixo. Assim, após todo o processo de pesquisa e experimentação conseguiu-se comprovar que o nosso município não aproveita todo potencial econômico do caju, que em caso afirmativo significaria um aumento na geração de emprego e renda, assim como certo avanço no desenvolvimento da economia local, uma vez que se comprovou a existência de um mercado para os produtos à base de caju. E mais, que através de estratégias simples, baratas e saudáveis podemos encontrar soluções sustentáveis para o (re) aproveitamento do bagaço desta fruta preservando o meio e, ainda, gerando renda.


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GOMES, Jeter (org). Os frutos sociais do caju. Fundação Banco do Brasil. São Paulo: Todos os Bichos, 2010.

LIMA, V. de P.M.S. A cultura do cajueiro no Nordeste do Brasil. Fortaleza: BNBETENE, 1988. 486p. (BNB-ETENE. Estudos Econômicos e Sociais, 35).

MEDINA, J.C.; BLEINTOTH, E.W.; BERNHARDT, L.W. Caju: da cultura ao processamento e comercialização. Campinas: Instituto de Tecnologia de Alimentos, 1978. p.5–66. (INSTITUTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS. Série Frutas Tropicais, 4).

PAIVA, F.F. de A.; GARRUTI, D. dos S.; SILVA NETO, R.M. da. Aproveitamento Industrial do caju. Fortaleza: Embrapa-CNPAT/SEBRAE/CE, 2000. 88p. (EmbrapaCNPAT. Documentos, 38).


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