Convite para escolas TC

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terra chama

Por Magui Kampf

Curadoria Juliane Mai

Visitação 09 mar - 20 abr | 2024

ter a sex 10h-12h | 12h30-17h

sáb 10h-16h

Entrada gratuita

Casa das Artes Regina Simonis

Rua Marechal Floriano, 651. Centro. Santa Cruz do Sul. RS

Promoção Realização

Financiamento

com
Projeto realizado
recursos do FUNCULTURA - SECULT
Foto: Melissa Braga
Patrocínio Apoio

c onvite - t erra c hama para escolas

Convidamos o corpo docente, funcionários e alunos para visitarem a exposição “Terra Chama”, de Magui Kampf, com curadoria de Juliane Mai, na Casa das Artes Regina Simonis, entre 09 de março e 20 de abril de 2024.

Contato para agendamento de visitas e compra de obras:

Pró-Cultura, com Elaine, 51 9 8923 7808

o rientacoes aos docentes

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Acreditamos que a mostra, além de ser interessante às disciplinas das artes, pode também ser trabalhada pelas disciplinas de literatura e geografia, ciências/biologia, psicologia, entre outras.

a rtes: a artista desenvolve seu trabalho utilizando-se de diversas formas de expressão. A turma encontrará fotografias, vídeos, textos poéticos e literários, cadernos manipuláveis, desenhos, rabiscos e duas instalações tridimensionais. As fotografias foram produzidas pela artista ou fotógrafos convidados, a partir de vivências em ambientes naturais e construídos. A relação do corpo feminino com a paisagem e o território é o principal assunto de interesse da artista, que propõe uma investigação sobre as emoções que um território pode despertar nos seres humanos.

Dica: Esta exposição pode ser trabalhada em sala de aula, após a visita, através da disciplina de artes cênicas e de artes visuais, tendo como sugestão a expressividade dos sentimentos em pinturas com uso de cores, tecidos, formas,… bem como performances explorando o corpo e tecidos.

Literatura: a mostra apresenta 7 textos que introduzem cada série fotográfica, escritos pela artista. 1 texto reproduzido do livro A Dança da escritora Oriah Mountain Dreamer. 1 texto literário de ficção fantástica criado pela artista, que acompanha

desenhos, e 1 caderneta com breves pensamentos, anotações de histórias vividas por mulheres, frases e inquietações diversas.

Dica: Os alunos podem produzir seus próprios textos, a partir de visões particulares sobre a exposição ou sobre cada série apresentada. Podem ser trabalhos individuais ou separados em 7 grupos, em que cada um aborde uma das séries para discutir.

Geografia: as fotografias e vídeos foram produzidos em diversas locações: Barra de Valizas no Uruguai (Bosque Ombues e Cerro Buena Vista), Parque das Dunas de Cidreira - RS, Santa Cruz do Sul - RS (casa particular e segundo piso da Casa das Artes Regina Simonis), São Sebastião - SP (praia de Boiçucanga), Ilha de Fernando de Noronha - PE (Praia da Conceição e Ponta da Air France).

Dica: Como sugestão de trabalho em aula, os alunos podem buscar informações sobre a história e geografia destas localidades. A artista sugere que, ao conhecerem a história destes locais, os alunos poderiam fazer alguma relação com as emoções que a artista apresentou em cada série.

Psicologia: O assunto tem como ponto de partida o universo feminino, mas muitos homens têm demonstrado conexão com diversas passagens da exposição, portanto recomenda-se aos professores buscarem despertar o olhar crítico tanto dos meninos quanto das meninas em relação ao apresentado. O assunto principal da mostra são as emoções humanas, descobertas a partir de um olhar questionador sobre a paisagem/território.

Dica: Dinâmicas para entender as percepções dos alunos ao obsevarem as pesquisas apresentadas (cada série possui um assunto principal)

Ciências/biologia: O cofre do espaço expositivo aborda assuntos relacionados as dores humanas e seus processos sentimentais, a partir de questões que envolvem o universo femiinino e seus corpos.

Dica: Trabalhar questões de endometriose, aborto, sangue, doenças, morte como algo que faz parte da vida e das experiências humanas.

Observação: Informamos que, dentro da sala cofre, uma das obras apresenta assuntos que envolvem o corpo feminino (doença, sangue, morte) que podem ser delicados de tratar com menores. A visitação de grupos de estudantes com menos de 13 anos à sala cofre fica à critério do professor.

É possível ouvir as emoc o es da t erra ?

A exposição terra chama, é fruto de uma pesquisa realizada ao longo de 5 anos, pela artista MAgUI KAMPF, que percorreu lugares, de norte a sul, entre Brasil e Uruguai, carregando consigo tecidos em cores para sentir a Terra.

A través do silêncio e também do som, as experiências foram acontecendo. Procurando vivenciar e registrar esses momentos, ora sozinha, noutras acompanhada, fotografando e sendo fotografada, gravando, desenhando e escrevendo, ouvindo, sentindo e interagindo com a mãe Terra e com tudo que ela pode oferecer de mais puro. Fazendo brotar dores e amores das profundezas do seu ser. Revelando intimidades que se conectaram com outras mulheres, reforçando as questões do feminino, da criação divina, dos enlaces ma ternais, matriarcais e da força motriz que essa energia exerce no mundo.

O resultado desse projeto se fez t erra c hama , uma mostra imersiva conduzida por uma linha invisível, conectando-se por meio de três elementos comuns: o grande tecido fluido, a paisagem natural e os corpos femininos. Nessa linha, a artista propõe uma viagem em conexão com os sentimentos, pela qual o visitante começará sentindo a brisa suave, passando para um mergulho nas dores mais profundas do ser, revelando conflitos, tristezas, angústias e também toda a beleza que existe nesse emaranhado. Se perdendo e se encontrando e, aos poucos, transmutando esse peso, se libertando das prisões físicas, mentais, espirituais e energéticas, para então sentir a leveza da vida novamente, através da d anca com o v en t o .

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Foto: Anderson Lima

terra chama

Magui Kampf - Artista

Um dia, em uma das minhas viagens, imaginei se seria possível que a Terra tivesse emoções. E, se tivesse, seria cada paisagem uma expressão de um sentimento desse Ser? Teriam as dores da Terra virado cicatrizes ou as lágrimas virado rios? Seria talvez possível escutar as histórias da Terra, percebendo sua paisagem para além das belezas captadas po r nossos olhos?

Co m esta provocação, eu comecei a percorrer lugares, levando comigo um tecido vermelho. O tecido era a forma que encontrava conexão com meu próprio feminino: mãe, tia, avó, todas tinham nas tramas e costuras uma forma de conexão com seus próprios sentimentos. Achei, por intuição, que aquele pedaço de pano poderia me ajudar a mergulhar mais fundo na pró pria Terra.

E m uma caminhada por cenários mágicos de Fernando de Noronha, Boiçucanga, Cidreira, Barra de Valizas e Santa Cruz do Sul, o tecido criou portais de conexão entre os meus sentimentos e os da Terra. Para buscar encontros cada vez mais profundos, convidei mulheres para sentir essas possíveis conexões junto comigo. Algumas vezes eu observava de fora, com o meu olhar registrando através da máquina fotográfica,

Foto: Anderson Lima

por outras, meus amigos fotógrafos e artistas Melissa Braga e Fred Borba me deram a honra de nos fotografar imersas nos tecidos e nas emo ções.

Como u ma dança, os tecidos se esvoaçam, se alinham e formam desenhos no ar e no chão… assim, representando os sentimentos através do feminino, as performances vão acontecendo, como rituais de conexões imprevistas e não-imagináveis, numa possível revelação da própria Terra-mãe de suas belez as e emoções.

A expr essão profunda de um antigo vulcão, o sol escaldante sobre as areias brancas, o vento suave de uma brisa matinal ou uma edificação abandonada, cada lugar foi trazendo pequenas janelas de conexões, pequenas possibilidades de compreensão de que há mais sentimentos em cada pedaço de Terra, do que eu poderia supor. Pelo menos foi assim que vivenciei esta jornada, com o coração aberto para ouvir esta mãe.

Anderson Lima
Foto:

Fragmentos dos textos da exposição:

l ivre

... U m vento cada vez mais forte soprava do leste. O tecido começou a querer escapar das nossas mãos. Então nos espalhamos pela costa, abrindo espaços entre nós, conectada s pelos fios, pelas tramas, pelas histórias vividas.

O vento tomou o seu lugar e, ao fazer do tecido balão, nos fez dançar no seu ritmo. Ora resistindo à sua força e teimando que ali era a nossa casa, ora permitindo sonhar com asas abertas que nos levariam ao lugar da nossa imaginação...

a bandono

... O pa ssado e o presente se confundiram no meu corpo. Senti na imagem da piscina um reflexo da minha angústia. Mergulhei na piscina de galhos, como quem mergulha no buraco da própria existência. Caí de cabeça, mas não encontrei o fundo. Encontrei apenas lodo...

Foto: Melissa Braga

Vídeos c onstruindo “ p rocessos i nternos”

... Na criação e montagem da performance Processos Internos. A artista escolhe o local entre a rocha e o mar para montar a instalação. Ela usa do próprio corpo para construir um círculo sobre a areia, onde, depois, utilizando de troncos e galhos secos encontrados no local e o seu tecido preto, constrói um ambiente circular, que se assemelha a um útero...

p rocessos i nternos

... É uma performance realizada na praia de Boiçucanga, com o tecido preto, onde a artista investiga as angústias que vive, representadas pelos sons sobrepostos em camadas. As polifonias foram acrescidas ao vídeo no momento da edição e são trechos de áudios coletados pela artista durante caminhadas em cidades novas, ou dentro de casa durante a reclusão da pandemia ...

É dificil sair de você

... É uma experiência que a art ista realiza com o tecido preto, seu primeiro contato com a cor preta no tecido. É filmado no ateliê da residência artística Kaaysá em Boiçucanga. A artista interage com o tecido e ouve as emoções que reverberam no seu corpo...

c aderninho das d ores

... É um caderninho que contê m memórias, poesias, histórias reais de mulheres reais (nomes fictícios), rabiscos e flores secas coletados pela artista na sua trajetória e compilados no formato de um fichário manipulável. As histórias que ela conta são de amigas suas que atravessaram por situações difíceis na vida e que puderam se transformar...

p ater

... A pessoa, sim, existia. Tinha nome e idade. Mas não tinha paternidade. Nascera quando eu era criança. Se bem me lembro, naquele mesmo ano, que guardo na memória, dos meus olhos em lágrimas… Descobri então que os homens também fazem abortos. Ignoram suas crias, filhas de seu sangue, não lhe dão sobrenome e lhes deixam o espaço vago na certidão de nascimento. Trinta e três por cento da população brasileira, sofre com o aborto paterno e ostenta na falta da identidade a violência do abandono...

m ater

... Juliana s entiu a dor, o peito apertou. Ela gritou de aflição, era uma voz que parecia su focar, que precisava falar. Ninguém ouviu Juliana gritar. Mas ela sabe que, por d entro, ela explodiu

Q uando todo o sentimento já tínhamos sentido, o vento finalmente soprou. Entendemos que, mulher, a ilha fora silenciada, mas que dentro da sua terra ainda pulsava, lava, quente e vibrante. À ilha, na verdade, lhe faltava a sua voz...

Foto: Anderson Lima Foto: Fred Borba

s il ê ncio

... Boiçucanga era uma rocha. E ela chorava. Era bela, acessível, suave e também forte e resistente. Mas eu podia ver o choro que escorria pela sua pele. Não importava a sua idade, pois certamente ela era muito antiga. Muito ela já tinha visto e muito já tinha sentido. E ela sabe que muito ainda virá a sentir. Então, diante do tempo, que lhe é circular, ela permite a lágrima lhe molhar o rosto, mas ela sabe que é só uma gota passageira, num oceano de tempo de rochas…

v ento e a reia

... Vento e Areia é começo e é fim. Se t eve silêncio, foi aqui que se fez. Se houve grito, foi aqui também que se gritou. Se alguém ouviu, não importa. Era eu e mais ningu ém.

E ngraçado, achei que não tivesse muito a dizer. Queria mesmo era observar. Mas intervi. Coloquei um pouco de mim em cada lugar que passei. E cada lugar colocou muito de si dentro de mim. Agora já sou, inteira, todos os lugares por onde passei.

Vento e areia foi gravado no alto do Cerro Buena Vista em Barra de Valizas, em 2017, quando a artista fez uma travessia solitária de 12 km pela costa uruguaia até Cabo Polônio. No topo do cerro Magui deixou que o vento brincasse com o pedaço de tecido vermelho e filmou as interações. Para a edição do vídeo, ela contou com o apoio de Henrique Sulzbacher (compositor e flautista) e Roberto Pohlmann (violonista) para a cessão da música Tempestá (de Las Hermanas) do Duo Vento e Madeira ...

“ h i stórias do v ento”

... Ela caminhou por toda a costa, que estava deserta. Sozinha, a imagem da paisagem se confundia com a dos pensamentos. Desde que deixara sua casa, foram alguns quilômetros andando… talvez fossem dias, ou até mesmo anos. Quem poderia ter cer teza de por quanto tempo estava caminhando só?

At ravessou a nado o riacho que a separava das dunas e, molhada, subiu passo a passo a íngreme encosta de areia fofa. A caminhada até o alto foi severa. Quanto mais alto, mais vento, mais areia, mais quente o sol batia. No caminho, se perguntava para quê esta odisseia toda - precisava mesmo pôr-se à prova? Prova de quê?...

Ela correu para tentar resgatar o tecido das mãos do vento, e então viu, através de uma fenda, o vento, o tecido e as rochas brincarem de redemoinho. A cena lhe pareceu tão natural e perfeita, que se sentou no chão e admirou a brincadeira. Até que percebeu que a dança era uma provocação pra ela! O vento continuava assobiando, chamando ela pra dançar junto. Foi então que ela se rendeu. Se levantou e, num salto, desapareceu dentro do redemoinho de vento, areia e tecido vermelho ...

a d anca

... Também me disseram que o grave do tambor era como ouvir o coração no ventre da mãe. Tum tum, tum tum. Bato os pés descalços no chão. Os afundo na grama e finjo que crio raízes. Ergo meus braços e finjo que toco o sol. Assim queria ser, elo de ligação: asas e raízes...

o mb ues

... Vídeo captado no Bosque Ombues em Barra de Valizas. Foi o primeiro experimento da pesquisa artística, que teve início em dezembro de 2017. No vídeo, a artista monta um celular num tripé, escolhe uma paisagem e se filma realizando movimentos de dança no bosque, com seu tecido vermelho. Na edição dos vídeos, ela utilizou-se de elementos sonoros originais, como o gavião, e de banco de áudios...

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s obre t erra c hama

Terra Chama é uma exposição cultural, gratuita, que apresentará o resultado visual de uma pesquisa artística desenvolvida ao longo de 5 anos por Magui Kampf. Com curadoria de Juliane Mai, realização da MOVE Coletivo Cultural e promoção da Associação Pró-Cultura, a exposição conta com financiamento da Secretaria Mu nicipal de Cultura, através dos recursos do FUNCULTURA-Secult.

A pesquisa foi realizada em colaboração com diversas mulheres, com os fotógrafos e artistas Fred Borba e Melissa Braga e com registros fotográficos e audiovisuais da própria artista. Passando por diferentes localidades como Santa Cruz do Sul, Cidreira, Boiçucanga, Barra de Valizas e Fernando de Noronha, a artista se propôs a se conectar com as emoções de c ada território.

O resultado é uma sequência de 56 fotografias e 3 vídeos, além de textos, desenhos e uma instalação tridimensional, que retratam as diversas emoções, dores, angústias e alegrias que permeiam o universo feminino. Conectando-se por meio de três elementos comuns, o grande tecido fluido, a paisagem natural e os corpos femininos, a artista propõe uma viagem em conexão com os sentimentos de uma grande mãe chamada Ter ra.

A exposição tem como objetivo permitir que o visitante possa se conectar com o seu próprio universo interior, despertando reflexões sobre as emoções humanas, a conexão com a natureza e a preservação ambiental, além de contribuir para a formação de u m público crítico e reflexivo em relação à arte, à cultura e aos sentimentos.

As obras fotográficas estão à venda.

Foto: Anderson Lima

i nformacões tÉ cnicas

Evento: Exposição “Terra Chama”

Artista: Magui Kampf

Curadoria: Juliane Mai

Produção Executiva: MOVE Coletivo Cultural

Financiamento: Secretaria Municipal de Cultura - Funcultura - Secult

Patrocínio: Led Store, BVK Advogados, Pitt Jeans

Apoio: Setorial das Artes Visuais, Anderson Lima Fotografia, Vitoriana, g ica

Artesanal Terapêutico, Versus Ateliê e Impressão, Savedra

Local: Casa das Artes Regina Simonis. Centro de Santa Cruz do Sul. RS

Vernissage/abertura: 08 de março de 2024, às 20h

Período de visitação: de 09/03 a 20/04/2024

Horários de visitação: Terça a sexta - 10h às 12h e 12h30 às 17h, e sábado - 10h às 16h

Entrada gratuita

Contato para agendamento de visitas e compra de obras:

Pró-Cultura, com Elaine - 51 9 8923-7808

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Foto: Anderson Lima

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