Revista Mundo Fiat 116

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REVISTA DO GRUPO FIAT DO BRASIL NúmERO 116 - JUN/JUL 2012

Mais tecnologia no campo

Valentino Rizzioli, presidente da CNH, apresenta as novas máquinas agrícolas da Case e da New Holland

19ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação Iveco lança a linha Tector As preciosidades expostas no Brazil Classics Fiat Show Jeep, a paixão do baterista do Paralamas do Sucesso, João Barone mundo Fiat entrevista Luis Fernando Veríssimo Conheça o Palio Di Siena, a tradicional corrida hípica italiana Francisco Brennand: o mago em seu templo


ECOVILLAS VALE VERDE NÃO É BEM NO CORAÇÃO DE BETIM: É NO PULMÃO.

As nações que mais investiram em competitividade ao longo dos anos, encontram-se agora fora da zona de risco de crise financeira e de pagamentos. Este é o exemplo para o Brasil

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economia brasileira mostra mais uma vez sua capacidade de reação. A concessão de incentivos na forma de redução da incidência de impostos sobre diversas gamas de produtos provocou imediato aumento do consumo, comprovando a surpreendente elasticidade da demanda em relação ao preço. No caso da indústria automobilística, inverteu-se a tendência de queda de vendas de automóveis e comerciais leves dos meses anteriores e o resultado acumulado no primeiro semestre praticamente se iguala ao de igual período de 2011, embora o setor de caminhões ainda não tenha apresentado reação. Tal desempenho é resultado da combinação de uma medida de caráter transitório, a redução de impostos, com fatores como a redução da taxa de juros, o destravamento da concessão de crédito e o aumento da confiança do consumidor, que tendem a persistir nos próximos meses. Assim, para sustentar o vigor do mercado no médio e longo prazos é preciso acrescentar a estes fatores o esforço para aumentar a competitividade do produto nacional, através da combinação de investimentos públicos e privados em infraestrutura e oferta de insumos, tecnologia e desenvolvimento de produtos, otimização de processos e cadeias produtivas. Esta é a nossa lição de casa, que significa a busca de maior eficiência produtiva através de ferramentas como o World Class Manufacturing (WCM), programas de redução de custos, investimentos incessantes em inovação de produtos e processos. Esta é a forma de agregar valor ao produto brasileiro, de modo a estruturar a economia para os novos tempos, fortalecendo-a e criando diferenciais de vantagens competitivas. Observando o cenário internacional de incertezas, constatamos que as nações que mais investiram em competitividade ao longo dos anos, encontram-se agora fora da zona de risco de crise financeira e de pagamentos. Este é o exemplo para o Brasil. O futuro depende de nossas decisões e ações no presente, para que a agenda econômica esteja fundada em uma política industrial ousada, que estimule um salto no desenvolvimento nacional. ( *) Presidente do Grupo Fiat/Chrysler para a América Latina MUNDOFIAT

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sumário

06 PALIO DE SIENA: a tradição

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popular italiana inspira a Fiat Desde a Idade Média, a cidade italiana de Siena é palco de corrida hípica muito peculiar, em que o prêmio é um tecido pintado por pintor renomado e o personagem principal é o cavalo

Iveco lança linha Tector Nova geração da família Ecoline irá contribuir para a estratégia de crescimento da empresa

24 As preciosidades expostas

no Brazil Classics Fiat Show

FIAT DO BRASIL S/A Presidente: Cledorvino Belini MONTADORAS FIAT AUTOMÓVEIS Presidente: Cledorvino Belini CASE NEW HOLLAND Presidente: Valentino Rizzioli IVECO LATIN AMERICA Presidente: Marco Mazzu

SERVIÇOS FINANCEIROS BANCO FIDIS Superintendente: Gunnar Murillo BANCO CNH CAPITAL Superintendente: Brett Davis FIAT FINANÇAS Superintendente: Gilson de Oliveira Carvalho

Ceramista, escultor, desenhista, pintor, ilustrador... Enfim, um artista plural. Assim é Francisco de Paula Coimbra de Almeida Brennand

SERVIÇOS FIAT SERVICES Superintendente: (interino) FIAT REVI Superintendente: Marco Pierro FIDES CORRETAGENS DE SEGUROS Superintendente: Marcio Jannuzzi FAST BUYER Superintendente: Valmir Elias ISVOR Superintendente: Márcia Naves

62 Tecnologia para

o celeiro do mundo Investimentos no agronegócio da América Latina elevam a capacidade produtiva e refletem crescimento na indústria do setor. À frente do mercado, a Case New Holland investe na ampliação de sua capacidade produtiva

E mais 14 Festa Tradicional Italiana em Belo Horizonte 20 Caravaggio – iluminado e genial 32 Jeep, uma paixão antiga 42 A vida segundo Luis Fernando Veríssimo

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60 Linha 2013 do Palio Weekend, Strada e Siena EL chega com formas renovadas 66 Mercado de construção brasileiro gera otimismo 74 As novidades do câmbio Dualogic Plus 78 Qualidade de vida e sustentabilidade 82 Magneti Marelli amplia atividades do Projeto Formare

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84 Melhorando a gestão empresarial 86 Linea 2012 garante sucesso da Copa Fiat 88 Fórmula Truck 2012 a todo vapor 90 Arte e indústria

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www.eticagrupofiat.com.br

SISTEMAS DE PRODUÇÃO COMAU Superintendente: Gerardo Bovone

48 O Mago da Várzea

Arte e cultura em destaque POr MArco AnTônIo LAge(*)

COMPONENTES FPT INDUSTRIAL Superintendente: Enrico Vassallo MAGNETI MARELLI Presidente: Virgilio Cerutti TEKSID DO BRASIL CEO Nafta e Mercosul: Rogério Silva Jr.

Araxá, em Minas Gerais, recebe a cada dois anos a mais importante exposição de automóveis antigos, reunindo um acervo valioso que impressiona público e colecionadores

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eXPedienTe

Mundo Fiat é uma publicação da Fiat do Brasil S/A, destinada aos stakeholders das empresas do grupo no Brasil.

ASSISTÊNCIA SOCIAL FUNDAÇÃO FIAT Diretor-Presidente: Adauto Duarte CULTURA CASA FIAT DE CULTURA Presidente: José Eduardo de Lima Pereira EDUCAÇÃO FUNDAÇÃO TORINO Presidente: Raffaele Peano COMITÊ DE COMUNICAÇÃO Alexandre Campolina Santos (Fiat Services ), Ana Vilela (Casa Fiat de Cultura), Pollyane Bastos (Teksid), Cristielle Pádua (Fundação Torino), Elena Moreira (Fundação Fiat), Fabíola Sanchez (Magneti Marelli), Fernanda Palhares (Isvor), Jorge Görgen (CNH), Marco Antônio Lage (Fiat Automóveis), Marco Piquini (Iveco), Milton Rego (CNH), Othon Maia (Fiat Automóveis), Renata Ramos (Comau) e Roberto Baraldi (Fiat do Brasil). Jornalista Responsável: Marco Antônio Lage (Diretor de Comunicação da Fiat). MTb: 4.247/MG Gestão Editorial: Margem 3 Comunicação Estratégica. Editora-Executiva e Chefe de reportagem: Juliana Garcia. Colaboraram nesta edição: Daniel Prado, Fabiana Nogueira, Guilherme Arruda, João Barone, Jamerson Costa, José Rezende Mahar, Lilian Lobato, Marina Celinsky, Oliviero Pluviano, Regina Trombelli, Ricardo Dilser e Roberto Baraldi. Projeto Gráfico e Diagramação: Sandra Fujii. Produção Gráfica: Ilma Costa. Impressão: EGL - Editores Gráficos Ltda. Tiragem: 19.500 exemplares. Redação: Rua Oriente, 445 – Serra – CEP 30220-270 – Belo Horizonte – MG – Tel.: (31) 3261-7517. Fale conosco: mundofiat@fiatbrasil.com.br Para anunciar: José Maria Neves (31) 3297-8194 – (31) 9993-0066 – mundofiat@uol.com.br

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rte e cultura em suas múltiplas dimensões dão o tom desta edição da Mundo Fiat, conectando-se de modo natural às atividades do grupo Fiat/Chrysler. Logo às primeiras páginas, vemos o Palio di Siena, a tradicional corrida hípica italiana que inspirou os nomes de dois modelos de automóveis da Fiat que são sucessos de vendas. Também está aí a cobertura da Festa Italiana em Belo Horizonte. São exemplos da cultura como referência e inspiração, que estabelece a conexão entre a tradição e o presente. Também tem destaque a obra do pintor italiano Caravaggio, apresentada ao público mineiro pela Casa Fiat de Cultura, em mostra que segue para São Paulo. Os traços do passado brilharam em Araxá, estância hidromineral de Minas Gerais, onde acontece a cada dois anos uma exposição de automóveis antigos reconhecida pela qualidade e diversidade de seu acervo, tendo como cenário o Grande Hotel Araxá, que evoca a grandeza de um passado de riquezas e suntuosidade. Muitas mentes brilhantes contribuem com o conteúdo desta edição. João Barone, baterista do Paralamas do Sucesso, fala com emoção de sua paixão pelo Jeep, veículo que ajudou a desbravar o Brasil, cuja marca hoje integra o grupo Fiat/ Chrysler. E como contraponto às aventuras fora de estrada, o escritor Luis Fernando Veríssimo, reconhecido por seu temperamento comedido e recolhido, continua a encantar as novas gerações de leitores. Suas crônicas produzidas com sensibilidade e elegância retratam a evolução da vida e dos sentimentos de mundo ao longo de quase meio século. Ainda no campo da arte, o ceramista, escultor, desenhista, pintor e ilustrador Francisco Brennand concedeu à revista um longo depoimento sobre sua trajetória, obra e opções estéticas. Ele conta como transformou as velhas instalações industriais da cerâmica da família, em Recife, em um templo mítico, que reúne seres imaginários perfilados como resquícios de uma civilização perdida. A Oficina Brennand foi o cenário escolhido para a apresentação da linha 2013 do Palio Weekend, Strada e Siena EL. Da estética, à técnica. O presidente da CNH, Valentino Rizzioli, apresenta as novas máquinas da Case e da New Holland. A Iveco lança a nova geração do caminhão semipesado Tector, o mais novo membro da família Ecoline. Outro destaque é o novo câmbio Dualogic Plus, disponível no Bravo 2013. São exemplos da cultura industrial em evolução. Boa leitura! (*) Diretor de Comunicação da Fiat/Chrysler

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PALIO DE SIENA: a tradição popular italiana inspira a Fiat Desde a Idade Média, a cidade italiana de Siena é palco de corrida hípica muito peculiar, em que o prêmio é um tecido pintado por pintor renomado e o personagem principal é o cavalo POr oLIvIero PLuvIAno* *Fotos gentilmente cedidas pelo Consorzio per la Tutela del Palio di Siena


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m que outro lugar do mundo um cavalo entraria na igreja como personagem principal de uma multidão de pessoas em devota peregrinação e, no silêncio mais absoluto, seria acolhido e abençoado por um padre em uma atmosfera de grande comoção? E onde se encontraria, meses mais tarde, o mesmo corcel à cabeceira da mesa de um imenso banquete ao ar livre que serpenteia com suas mesas pelas ruelas de um burgo antigo. Onde mais uma corrida que dura pouco mais de um minuto mobilizaria uma cidade inteira durante todo o ano com missas, festejos, preces, cerimônias, procissões, evoluções de bandeiras, ritos cristãos e pagãos, atávicas e implacáveis rivalidades, passeios históricos medievais...? Em que outro lugar obras de arte assinadas pelos pintores mais famosos do mundo, que embelezam o estandarte de seda entregue como prêmio ao cavalo vencedor, não são nem admiradas por um povo, dividido em 17 ‘’contrade’’ (bairros), inimigas ou pouco amigas entre si, para o qual a única coisa importante é vencer? O ‘’cencio’’, o trapo, como é chamado informalmente o precioso tecido retangular, para eles poderia até ser todo branco que não faria a menor diferença. Isto é o Palio de Siena, uma lenda única no mundo, que remonta ao medievo, que inferniza ou torna paradisíaca a vida dos habitantes desta esplêndida pequena cidade no centro da Toscana, a região mais bonita da Itália, com a competição equestre mais incrível do planeta. E faz isso duas vezes ao ano, no verão, nos dias 2 de julho e 16 de agosto, e algumas vezes até três vezes, com o Palio extraordinário de setembro ou junho. Palio e Siena são dois nomes escolhidos pela Fiat para batizar dois carros de extraordinário sucesso no

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Brasil e no mundo. Foi o famoso semiólogo florentino Omar Calabrese, falecido recentemente aos 63 anos de idade, que teve a ideia de dar estes nomes durante uma colaboração com a casa de Turim na metade dos anos noventa. Calabrese é indiscutivelmente o pai do Palio e do Siena: dois nomes que expressam o amor dele pela fabulosa cidade toscana onde ele viveu por mais de 20 anos, ensinando em sua insigne Universidade. Se o Carnaval do Rio é a maior e mais alegre festa do mundo, o Palio é a festa mais sentida e sofrida pela sua gente. Basta ir à parte central da Piazza del Campo na noite do Palio junto aos ‘’contradaioli’’ (habitantes da contrada) senenses, que não pagam o ingresso naquela ilha no interior do percurso redondo da competição, para sentir fisicamente a tensão e a eletricidade que emana daquelas pessoas que nasceram e cresceram no antagonismo com os outros, fiéis até a morte ao próprio bairro que quase sempre tem o nome de um animal, verdadeiro ou imaginário, denominado em puro italiano ou em dialeto toscano: Oca (Ganso), Aquila, Bruco (Minhoca), Tartuca (Tartaruga), Chiocciola (Caracol), Giraffa, Drago, Istrice (Porco-espinho), Nicchio (Concha), Pantera, Leocorno (Unicórnio)… “A alma mais profunda do Palio reside na existência e no dinamismo das contrade”, explica, desde Siena, Sandro Trafieri, 74 anos, advogado e antigo contradaiolo do bairro da Civetta (Coruja). “No Renascimento havia muitíssimas corridas de cavalos em toda a Europa. O fato que em Siena tenha permanecido intacta a tradição desta galopada deriva do nascimento e organização das contrade que repartiram entre si o território da cidade. A contrada é a linfa vital do Palio”, acrescenta.

Nas páginas anteriores primeira rodada na esquina de San Martino

Na página ao lado o ‘’carroccio’’ carrega o Palio e o emblema de Siena

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Os ‘’drappelloni’’ do Palio pintados por Ali Hassoun, primeiro islâmico a representar Nossa Senhora (2010), Renato Guttuso (1971), Fernando Botero (2002) e Tullio Pericoli (2011)

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Pertencer a este ou àquele bairro é uma coisa que permanece viva e eufórica na pequena cidade de quase 55 mil habitantes: os contradaioli consideram seu bairro como uma pequena pátria. “Antigamente, até o fim da Segunda Guerra mundial, todos nascíamos em casa com parteira”, conta Sandro. “O lugar em que alguém vinha ao mundo determinava a contrada à qual pertenceria. Se alguém começasse a frequentar pessoas de outro bairro, era apelidado com desprezo de “rivenduto” (vendido). Hoje, nascendo no hospital, praticamente você escolhe a contrada. Pode ser geralmente aquela do “babbo” (pai) ou da ‘’mamma” (mãe), mas não é obrigatório: cada um escolhe seu bairro livremente, por simpatia, pelas cores da bandeira, porque gosta do local que ocupa na cidade. Porém, depois de escolhido não pode ser trocado durante toda a vida: uma pessoa fica presa à contrada para sempre, mesmo indo viver longe, fora de Siena”, revela. O Palio antigamente era disputado ‘’alla lunga’’ ( no sentido longitudinal ), em um percurso que se desenrolava seguindo a rua principal entre uma das portas e a outra mais distante dos muros da cidade, praticamente atravessando a cidade. Mas era um percurso difícil de seguir e muito perigoso. Por isso, em 1656 foi abolido e substituído pelo Palio ‘’alla tonda’’ (circular) que é disputado ainda hoje em torno da fabulosa praça principal de Siena, uma concha em declive aconchegada sob a altíssima Torre do Mangia. O cerimonial mais intenso do Palio dura quatro dias: é muito interessante unir-se a uma contrada e seguir com respeito e a alguma distância os rituais que levam no último dia à corrida em si mesma, que é realizada em torno das 19h30, ao por do sol. Eles são a apresentação do estandarte, o autêntico Palio, que é publicamente

vaiado ou aplaudido conforme a opinião do povo senense, famoso pela sinceridade de seu caráter, independentemente do carisma e da fama internacional do pintor que o produziu. Seguem-se os volteios das bandeiras, executados por pessoas em trajes medievais, com as bandeiras coloridíssimas que são arremessadas para o céu por meio de técnicas refinadas, transmitidas de pai para filho. Vêm as bênçãos dos cavalos nas igrejas de cada contrada e a missa dos jóqueis na Piazza del Campo, na alvorada do dia do Palio, todos reunidos diante da capela do Palácio Comunal. É o cortejo histórico que é protagonista de todo o dia final, com os tambores e os trompetes que marcam o ritmo do desfile, levando lentamente na praça a ‘’balzana’’, o emblema de Siena em branco-prata e preto, e os figurantes vestindo o costume das dezessete contrade, das quais somente dez irão competir pelo Palio (as outras sete, além de três sorteadas entre as restantes, vão correr o Palio seguinte). “Basta ouvir o rufar dos tambores e o som das chiarine de prata (antigos trompetes sem teclas) que tocam o hino do Palio para sentir, como acontece comigo indiscutivelmente

todas as vezes, uma forte emoção”, confessa Sandro: “Por fim chega o carroccio, o carro puxado pelos bois, símbolo da liberdade comunal, que encerra o passeio histórico transportando o cencio’’. O anel da pista na Piazza del Campo está totalmente recoberto de “tufo”, uma mistura de “terra de Siena” que favorece a corrida dos cavalos. No início da competição os jóqueis recebem os “nerbi”, chicotes de tendão de boi ressecado, os quais podem incitar o próprio cavalo, mas são muito adequados a golpear impiedosamente os adversários. São três voltas da praça, que não chegam a um quilômetro no total, com os cavalos montados “a pelo”, ou seja sem a ajuda da sela: o recorde de menor tempo utilizado para o percurso é de um minuto, 12 segundos e 8 décimos. O trajeto tem três curvas. A primeira, de San Martino, é mortal e é a mais difícil de ser enfrentada: os cavalos chegam de rédea solta no fundo de uma descida e devem realizar uma curva seca de 95 graus, forrada de colchões para amortecer as quedas dos cavalos e dos cavaleiros que quase sempre acontecem nesta parte do percurso. Mas não precisa ter medo: o vencedor do Palio poderá

Na hora da competição com um cavalo ‘’scosso’’, sem jóquei

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Gravuras de Guido Colucci (1921): ‘’sbandierate’’ na frente da igreja de Provenzano, durante a corrida e a ceia no bairro vencedor. (Coleção Pier Guido Landi)

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ser até mesmo um cavalo “scosso”, sem jóquei, basta que cruze a linha final em primeiro lugar. Já aconteceu por 23 vezes desde 1784 até hoje. Quase tudo se resolve na ‘’mossa’’, a partida, o lugar entre os dois “canapi” (cordas grossas) onde devem ficar alinhados os dez cavalos sorteados para as dez contrade escolhidas. O ‘’mossiere’’, o starter, homem fundamental da corrida que tem uma grande responsabilidade por todo o Palio, pode atrasar a partida válida por até mais que uma hora, deixando os senenses com os nervos à flor da pele. Das dez contrade que disputam o Palio, nove são alinhadas pelo mossiere entre os canapi, enquanto a décima, chamada “rincorsa”, ou arrancada, fica fora e tem a tarefa de dar a partida lá de trás, superando a galope o mecanismo que por fim abre a competição. Mas o disparo repetido do “mortaletto”, uma pequena mas ruidosa bomba de papel indicando que a partida falhou, ressoa muitas vezes antes que a partida realmente aconteça. Enquanto isso os jóqueis, nos longos minutos ocupados a manter os cavalos escoiceando entre os canapi, estipulam alianças entre si por dinheiro e promessas. E os contradaioli ficam muito atentos em decifrar pelo movimento dos lábios o que eles dizem: estão em jogo centenas de milhares de euros, e um jóquei, depois do Palio, pode ser perseguido e surrado pela multidão furiosa se eles perceberem que o seu comportamento deixa entender que ele se “vendeu” ao rival, como pode acontecer. Uma alegria irreprimível toma conta imediatamente dos membros da contrada vencedora, que gritam sua felicidade, se jogam em direção ao cavalo ganhador invadindo Piazza del Campo, levam o jóquei em triunfo e vão em seguida no Duomo, a Catedral, no Palio de Agosto e na igreja de Provenzano em julho, para

agradecer em prantos a Madonna com o canto do Maria Mater Gratie. Tudo isso ao anoitecer, depois de terem ficado durante horas ansiosos, inquietos e suados pelo calor, apinhados um sobre o outro ondeando sobre o calçamento quente da praça. A “campanina” (pequeno sino), que se encontra no oratório da contrada, toca sem interrupção durante a noite toda para anunciar a todos a imperdível notícia da vitória. Deste momento em diante, qualquer ocasião será boa para fazer pesar sobre os outros o triunfo do próprio minusculo estado, até o “jantar da vitória”, em setembro ou no começo de outubro, quando no próprio bairro enfeitado para a festa acontecerá o banquete ao ar livre de milhares de contradaioli, com o cavalo vencedor fazendo as honras da casa na cabeceira da mesa: o jóquei fica sentado apenas ao seu lado. A Oca, chamada pelos adversários da Torre de Infamona (a grande infame, porém os “ocaioli” consideram este termo como um elogio), é a contrada que na história ganhou mais Palios, 64: não é à toa que tem como sua patrona aquela Santa Caterina da Siena que é a personalidade sacra mais venerada pelos senenses. Em seguida vem a Chiocciola que ganhou 51 vezes e a Tartuca (47). Uma única mulher, em todos estes anos, correu um Palio, para a Aquila em 1957: ela se chamava Rosanna Bonelli. Mas a corrida do Palio é uma coisa masculina, mais adequada para os “butteri”, os gaúchos da vizinha Maremma, e para os cavaleiros da Sardenha que deram a Siena tantos grandes jóqueis. E o Palio? Os contradaioli que o ganharam vão guardá-lo em seu museu junto aos outros estandartes conquistados, a objetos sagrados e a documentos históricos, visíveis somente por meio de reserva prévia. Tiveram este fim “cenci” excep-

cionais executados por pintores do calibre de Corrado Cagli, Fernando Botero, Renato Guttuso, Aligi Sassu, Antonio Bueno, Alberto Sughi, Salvatore Fiume. Mas o que se pode fazer? Antes que a junta comunal de Siena decidisse, quase trinta anos atrás, que todos os Palios da Assunta (de 16 de agosto) seriam pintados por mestres de fama mundial, os estandartes de seda eram pintados por artesãos locais. Pois bem: estes Palios em estilo “panfortesco”, como são chamados pelos encarregados, isto é, mais adequados a em-

brulhar o panforte (o doce natalino muito bom, ainda que um pouco pesado da gastronomia senense) que a celebrar o sucesso na corrida de cavalos mais atípica do mundo, de acordo com os senenses são iguais aos outros Palios artísticos, sejam eles bonitos ou feios. E’ porque eles encarnam o espírito de cada contradaiolo da paixão, do desejo irreprimível, da vontade, do capricho e da libido de vencer. Sim, o importante, no mítico Palio de Siena, é exatamente isto: que a própria contrada, que o próprio popolo (povo), ganhe a qualquer custo. O Palio é verdadeiramente e eternamente “movido pela paixão”.

A chegada da vitoriosa ‘’contrada’’ do Istrice

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em Belo Horizonte A sexta edição da festa reuniu na capital mineira cerca de 80 mil pessoas em clima de descontração familiar e muita italianidade

POr LILIAn LobATo

U 6a edição da Festa Italiana contou com a presença de 80 mil pessoas

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m momento de integração entre as culturas brasileira e italiana. Foi o que proporcionou a sexta edição da Festa Tradicional Italiana, realizada em 3 de junho pela Associação de Cultura Ítalo-Brasileira do Estado de Minas Gerais (Acibra-MG), com patrocínio da Fiat Automó-

veis, Iveco Latin America e Fundação Torino. O evento tomou conta da Savassi, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, e fez com que cerca de 80 mil pessoas se sentissem em meio a uma verdadeira colônia italiana. Em 2012, a festa foi maior e ainda melhor. Para a sua realização, foi

preciso interditar a avenida Getúlio Vargas, entre as ruas Tomé de Souza e Professor Morais, além das ruas Inconfidentes e Rio Grande do Norte. Diferente de como aconteceu no ano passado, quando a Festa Italiana foi realizada no bairro Funcionários devido às obras de revitalização da Savassi, onde é tradicionalmente realizada. Alegria e descontração não faltaram à sexta edição da festa e o ambiente familiar era percebido por todas as partes. A gastronomia também merece destaque já que das 103 barracas montadas, 64 eram de comidas e bebidas típicas, de 35 estabelecimentos tradicionais italianos da cidade. “A cada edição o evento se torna maior. Isso confirma o sentimento italiano de Belo Horizonte”, ressaltou o vice-presidente da Acibra-MG, Anísio Ciscotto Filho. De

acordo com ele, a festa já é considerada a maior no mundo, fora da Itália, a ser realizada em um só dia. Desde 2007, a Acibra-MG realiza o evento em Belo Horizonte. A associação busca colocar em prática a missão de promover a integração cultural entre italianos e brasileiros, seja por meio da música, da literatura, da dança ou qualquer outra forma de manifestação cultural. Em 2012, quando completa dez anos de atividades culturais, a entidade realizou a sexta edição ininterrupta da Festa Italiana, que já faz parte do calendário oficial da capital mineira. É o que confirmou o governador do estado, Antônio Augusto Anastasia, que esteve presente no evento em todas as edições. “A festa já se ampliou, o que revela o gosto dos belo-

Fotos Ignácio costa

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Festa Tradicional Italiana

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culTura O governador Antônio Anastasia e o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, aproveitaram o evento para sancionar lei que institui o dia 2 de junho como o Dia da República Italiana na cidade

A Iveco, uma das patrocinadoras do evento, expôs três Iveco Stralis na cor branca com faixas vermelha e verde, em homenagem à bandeira Italiana

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-horizontinos pela Itália e por essa comemoração”, destacou. O prefeito Márcio Lacerda também prestigiou o evento e aproveitou a ocasião para sancionar, no palco principal, o projeto de lei nº 2196/12, que institui o dia 2 de junho como o Dia da República Italiana na cidade. A programação da Festa Italiana foi destinada a todo tipo de público. Entre as várias atrações do dia, estavam apresentações de grupos de dança, música e teatro, além da Banda Asas de Minas – Aeronáutica, que abriu o evento, e do Grupo de dança folclórica italiana Tarantolato. Para completar, se apresentaram Paola Giannini, Banda Berimbau, Fernando Noronha & Banda, e Kélber Pontes. Para a criançada, um espaço foi reservado exclusivamente para participação em atividades na barraca do Corpo de Bombeiros e na Transitolândia, montados no Espaço Infantil. A Cia Fiorini de Teatro - Espetáculo “Doroteia - a princesa tagarela” completou a festa. Repetindo a ação realizada na última edição do encontro, a Fundação Torino e seu Centro de Língua e Cultura Italiana também marcaram presença na festa. As instituições participaram com dois estandes, em que os interessados puderam tirar dúvi-

das e conhecer um pouco mais sobre o trabalho desenvolvido. O público que compareceu aos estandes ainda participou de um sorteio de 10 bolsas de 40% do curso de língua. A Iveco participou do evento com a exposição de caminhões. Em homenagem à Itália, a empresa levou três Iveco Stralis na cor branca com faixas vermelha e verde representando a bandeira do país. Um Iveco Daily da Fórmula Truck também foi exposto na festa e, além dos caminhões, foi realizada uma ação interativa com IPads. O público tirava fotos próximo aos caminhões e recebia as imagens por email ou compartilhava nas redes sociais.

MAIor e MeLhor A 6ª edição do evento surpreendeu o público presente, sobretudo pela ampliação do espaço. Para Marcelo Campos, que participou da festa pela primeira vez e foi acompanhado pelos familiares, a organização estava impecável, com segurança e boas opções de gastronomia italiana. “Foi possível reunir a família, degustar bons pratos e desfrutar de um bom momento de descontração”, disse. Para o casal Matheus Fraga e Karla Lopes, presentes no evento pela segunda vez, a Festa Italiana já é tradicional em Belo Horizonte e vale a pena participar. De acordo com ele, a edição anterior já havia superado suas expectativas e, em 2012, encontrou ainda mais opções de pratos típicos da culinária italiana. Encontro entre amigos também não faltou. Séphora Queiroz, Jardel Queiroz, Jaqueline Queiroz e Elton Andrade já haviam estado no evento em outras edições e ficaram impressionados com a utilização do espaço. “A festa está maior e mais organizada. São mais opções de restaurantes, apresentações e um ambiente familiar extremamente seguro”, ressaltou Séphora Queiroz. Os estabelecimentos participantes também ficaram satisfeitos com a ampliação do espaço e ressaltaram a importância da Festa Italiana, sobretudo

para a população de Belo Horizonte, carente desse tipo de evento. Para o proprietário da Chácara Chiari, Carlos Chiari, presente no evento desde a primeira edição, com o fortalecimento da festa, o atendimento também está melhor. “Fizemos questão de aumentar o número de garçons e caixas para oferecer um atendimento de qualidade ao público. Ainda criamos uma área vip para os clientes se sentirem mais à vontade. Tenho amigos que vieram de várias partes do Brasil somente para prestigiar a festa italiana, que precisa se tornar referência no Brasil e acontecer mais vezes ao ano. O evento reúne pessoas que estão em prol da gastronomia italiana de qualidade”, destacou Chiari. O proprietário do Tutto Itália, Antônio Alencar Mattar, também participa da festa desde a primeira edição e garante que o evento está cada vez melhor. Segundo ele, a festa foi ampliada e o público está mais selecionado. Dentre os itens comercializados em sua barraca, os mais procurados foram os vinhos italianos, sanduiche de mortadela e presunto, e queijos. Presente na Festa Italiana desde a primeira edição, Massimo Battaglini, um dos sócios do Osteria Mattiazzi, ficou entusiasmado com a organização do evento em 2012. “Belo Horizonte é uma cidade carente de eventos em espaços públicos. Esta festa deveria ser ampliado para que ocorresse mais vezes ao ano. Este novo espaço na Savassi contribuiu para a nova estrutura da festa”, concluiu.

Antônio Alencar Mattar, proprietário da Tutto Itália, participa desde a primeira edição da festa, onde comercializa vinhos, queijos e presuntos

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de admiradores e inimigos, Caravaggio, hoje, 400 anos depois de sua rápida e intensa passagem pelo mundo, é considerado um dos mais importantes artistas italianos de todos os tempos. Sem ele, bem provavelmente, Ribera, Rembrandt e Delacroix não teriam existido. Ou melhor, teriam tomado outro rumo e suas obras seriam completamente diferentes. Sem dúvida alguma, Michelangelo Merisi da Caravaggio andava, ou melhor, flanava, bem à frente do seu tempo. Pois o público mineiro, mais uma vez privilegiado, teve a oportunidade honrosa de conferir, a maior exposição de Caravaggio já realizada na América do Sul. As seis pinturas originais do artista, e outras 14 de seus seguidores, conhecidos como “Caravaggescos”, precisaram de transporte especial e ainda permaneceram dois dias dentro das caixas, para assimilação da temperatura e da umidade. Os quadros vieram de valiosas coleções europeias, públicas e particulares, e ficaram expostos na Casa Fiat de Cul-

Caravaggio recria a figura mitológica da Medusa: Horror hipnótico

tura entre os dias 22 de maio e 15 de julho. Fruto de uma longa negociação, a mostra levou milhares de apreciadores da arte ao mundo do artista, recorde de público e crítica. Só depois de dois meses a exposição pegou novamente a estrada, desta vez para aterrissar no Museu de Arte de São Paulo (MASP), onde certamente encantará os olhos e o imaginário da pauliceia. De São Paulo, a mostra segue para o Museo Nacional de Bellas Artes, em Buenos Aires. SeM eSPerAnçA, SeM MeDo Nec spe, nec metu. Ou seja, sem esperança, sem medo. Era esse o lema que Caravaggio e seus comparsas seguiam à risca. O artista passava mais tempo nas ruas e tabernas de Ortaccio, o paraíso caído do rio Tiber, do que em qualquer outro lugar. Caravaggio chegou até a morar em um suntuoso palácio, a convite do cardeal Francesco Maria del Monte, onde viveu cercado de poetas, músicos e outros pintores; mas era mesmo do submundo roma-

Caravaggio iluminado e genial

O público mineiro teve a oportunidade única de conferir na Casa Fiat de Cultura a maior exposição de Caravaggio realizada na América do Sul

POr DAnIeL rubenS PrADo

A

rruaceiro, turbulento, perturbador, intrigante, assombroso. Mas, acima de tudo, um gênio. Esse é Michelangelo Merisi, mais conhecido como Caravaggio (1571-

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1610), nome da vila da região da Lombardia em que o pintor italiano do século XVI nasceu. Após inúmeros perrengues, driblando a lei, colecionando enrascadas, conquistando uma gama

A exposição impressionou o engenheiro civil Lázaro Lara, de 38 anos: “É tudo muito expressivo, seu modo de pintar dá a impressão de realidade”

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culTura O curador da exposição, professor Fabio Magalhães, disse que o artista “não trabalhava intelectualmente, ele punha o modelo e o representava”

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no que o artista tirava sorrateiramente seus personagens, magistralmente transformados em figuras sagradas, que estampavam as paredes de igrejas italianas. Caravaggio humanizava deuses e retratava como ninguém o drama da vida e da morte, com a intimidade que lhe era peculiar. O curador da exposição, professor Fabio Magalhães, disse que o artista não costumava “fazer estudos, não trabalhava intelectualmente. Ele punha o modelo e o representava. Inclusive, seus detratores diziam que, sem o modelo, ele não era capaz de pintar. Mas era justamente o modelo que trazia essa realidade para suas obras. E ele a representava usando pessoas do povo, mesmo que os temas fossem importantes dentro da hierarquia religiosa - a representação dos santos, da Virgem, ou mesmo de Cristo. Ele usava personagens das ruas, criando mal-estar e, muitas vezes, problemas no seu tempo”. A arte de Michelangelo Merisi destrói a barreira de segurança da moldura e alcança o espectador de uma forma única. “Ele revolucionou a arte de seu tempo, trazendo esse realismo para a pintura. Mas é um realismo que, por outro lado, convive com elementos metafísicos, com elementos poéticos, com elementos dramáticos – o que humaniza esse realismo. E há essa relação, esse abismo, essa vertigem entre o profano e o sagrado, entre o mundo da realidade e o mundo metafísico. E é isso que dá a ele uma força extraordinária no elemento dramático”. Sempre na contramão de tudo e de todos, o pintor mais céle-

bre da cidade de Roma não se importava com a beleza refinada dos pintores da época. Sua vida torta se refletia em sua obra. Em suas pinturas, o artista detalhava as imperfeições do ser humano – trapaças, figuras de olhos cansados, mãos e unhas sujas, frutas podres, entre outras realidades, inconcebíveis para os tradicionais. É assim que ele encanta, até hoje, gente de todas as idades, como Giordano Henrique Liporati, de apenas oito anos: “É a minha segunda vez em uma exposição de arte. Eu gostei muito das pinturas. Os quadros são muito legais. Eu sinto que é a realidade do que aconteceu no passado”. E foi com essa espantosa realidade que o artista também impressionou Lázaro Lara, engenheiro civil, 30 anos mais velho que Giordano. “É tudo muito expressivo. Os tamanhos também são bem generosos. Seu modo de pintar dá a impressão de realidade os detalhes humanos, as figuras, a luminosidade, as sombras. Os detalhes de luz, então, são maravilhosos. Uma perfeição. Impressionante”. FonTe De Luz O impacto causado por Caravaggio se deve à sua peculiar técnica de pintura – perspectiva tonal, ou chiaroscuro, “claro e escuro” em italiano. Mestre na arte de manipular a luz, sua revolucionária técnica também era chamada de tenebrismo, que consistia na aplicação de um fundo escuro com a incidência de focos de luz sobre os detalhes. Os espectadores podem perceber os personagens iluminados pelos artifícios pictóricos, que dão a impressão de que estão vivos, como se fosse uma cena de teatro. Esses detalhes de luz fazem suas pinturas realistas demais. É assim que o também artista norte-americano, Charles Micklosky, radicado no Brasil há nove meses, vê as obras de Caravaggio e é inspirado por ele: “Eu acho que ele quer colocar o espectador dentro de suas pinturas, dando-lhe outro tipo de experiência,

que não existia antes no mundo da arte. Eu amo Caravaggio. Eu já vi seus quadros na Itália, em Nova Iorque e, agora, no Brasil. Eu amo as luzes, o drama e o fato que ele pintava inspirado em modelos vivos. Ele é muito direto. Acho que a arte dele tem muito da sua personalidade”. MuITo ALéM DA MArgeM Caravaggio viveu a maior parte da sua vida como fora da lei. Era um pintor que sabia o que era viver na pele suja dos pobres e piedosos. Frequentava as piores tabernas de Roma e, no final de sua vida, teve a cabeça colocada a prêmio pelo assassinato de Ranuccio Tomassoni, morto pelo artista durante um duelo, perto das quadras de tênis de cidade. Fugiu para Malta, onde acabou sendo preso em uma cela subterrânea. De lá, ele escapou. Até hoje, ninguém sabe como. Morreu no caminho de volta para Roma, vítima fatal de seus próprios excessos, seus devaneios. Foi em Malta que ele fez um de seus quadros mais perturbadores, onde Davi segura

a cabeça de Golias. Golias, na pintura, é o próprio Caravaggio. No quadro, está escrito os dizeres, em latim: humilitas occedit suberbiam – a humildade supera o orgulho -, como uma espécie de pedido de perdão por suas façanhas. Tudo isso está estampado nas obras de Caravaggio. Porém, sua obra está acima de todos seus delitos: “Sua vida começa a desandar. Ele foge de Roma e vai viver em Malta. Porém, seu prestígio em Malta é efêmero, logo cai em desgraça. Poucos anos depois, ele morre. Enfim, essa vida do Caravaggio, essa vida transgressora, aparece na obra dele também. É esse o espírito que me encanta nele, do homem que vive a cidade, não o homem que vive a vida palaciana, e sim a vida urbana mesmo, vida das ruas de Roma, de suas tabernas, dos amigos, das noitadas. E também essa Roma violenta, dos confrontos pessoais, onde ele teve inúmeros atritos. Mas essa sua atitude de vida não é suficiente para explicar a impressionante obra que ele produziu”, explica Fabio Magalhães.

Fábio Magalhães fala sobre o artista e suas obras para visitantes da exposição na Casa Fiat de Cultura

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Studio cerri

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As preciosidades expostas no

Brazil Classics Fiat Show Araxá, em Minas Gerais, recebe a cada dois anos a mais importante exposição de automóveis antigos, reunindo um acervo valioso que impressiona público e colecionadores POr JoSé rezenDe MAhAr

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José rezende - Mahar

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a cada dois anos, com carros escolhidos a dedo e convidados pela organização do evento. O Brazil Classics Fiat Show é a máxima reunião de carros

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uando o assunto é a qualidade dos carros exibidos, nenhum evento supera a exposição antigomobilista que acontece em Araxá

Ford Landau 1982: foi o carro que serviu ao General Figueiredo na Presidência. Tem um motor V8 302 de 200 CV, cambio automático, ar condicionado de painel e um escudo da Presidência na coluna C. Foi o derradeiro modelo da serie que se iniciou em 1967

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Um par de Jaguar: na frente um Mk II de 1966 e atrás um E-Type,de 1971 ambos com motor XK de 3,8 litros e 220 CV. Mais dois carros dentro da doutrina de Sir Willian Lyons, oferecer um visual refinado por um preço contido

Mercedes: os dois exemplares mostrados são bem raros, sendo o modelo 6.3 equipado com um vasto motor V8 de 6.300 cm³ de 250 CV e cambio automático de quatro marchas, dele se dizia que era uma cria de Ferrari com Rolls Royce. Já o belo cupê só foi fabricado de 1970 a a1972. Tem um motor V8 de 3,5 litros de 200 CV, também com cambio automático

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Ford Thunderbird 1956: recordista do leilão de Araxá, onde saiu por um lance de 380 mil reais. Tem motor V8 312 pol³, 220 CV e cambio automático. Faz parte da série incial de Thundenbird de 55 a 57, a mais procurada

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Jeep Militar de Artilharia: o modelo M5 foi fabricado no Brasil e modificado para uso pelas Forças Armadas nos anos 60. Possui motor de seis cilindros e 2,6 litros com 90 CV. Foi o único Jeep mostrado em araxá em honra aos 70 anos da marca, iniciada em 1941/42. Este é um Jeep de Artilharia, equipado com uma bazuca lança foguetes

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Fiat Rally Europa e Cinquecento: duas obras do imortal Dante Giacosa, a Fiat 147 foi o primeiro carro da filial brasileira. Na foto, uma rara versão Rally do modelo Europa. Ao lado dele, o Cinquecento original, carro considerado a motorização das multidões na Itália dos anos 50 com seu motorzinho altamente econômico de dois cilindros e 594 centímetros cúbicos e 22 CV José rezende - Mahar

ridade da exposição de Araxá: nota-se entre os colecionadores de Minas Gerais um apreço especial por modelos europeus. Nem por isso, faltaram os americanos como os Cadillac — raras vezes se viu tantos reunidos. Havia até um de 1906, cujo valor histórico foi ter ganho o Dewar´s Trophy quando desmontaram quatro carros, misturaram as peças e montaram de volta quatro carros que funcionavam. Isso em 1906 era um feito de engenharia, montar um carro sem limar nem ajustar nada.... Do Messerchmitt que veio da Argentina ao Kaiser Carabella, um dos primeiros carros fabricados no país vizinho em 1956, a diversidade foi intensa. Muitas Ferrari, inclusive duas Daytona, uma Maserati Bora e duas Alfa Romeo: uma Giulia SS e uma Alfa Romeo 1900 SS coupe Touring de 1954, as estrelas do Encontro foram muitas e belas. A mostra é a chance de ver raridades que pouco saem das garagens secretas de seus proprietários. No tradicional leilão, preços nas nuvens: um Thunderbird 1956, muito bom, foi arrematado por R$380 mil, enJosé rezende - Mahar

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antigos do Brasil, destaque em qualidade e raridade, uma verdadeira aula de história do automóvel em três dias . A mostra aconteceu no início junho, começando no feriado de Corpus Christi. Sua pompa e circunstância começa pelo lugar: o Grande Hotel de Araxá. Construído entre 1938 e 1944 para ser um Cassino e Termas, cujo prédio é um colosso arquitetônico dos tempos do Estado Novo. O retrato do velho Getúlio Vargas ainda ocupa lugar de honra no saguão. Com a proibição dos cassinos, em 1946, o gigantesco hotel se tornou um centro de águas termais e lamas curativas, que impressiona pela suntuosidade, resquício de um tempo que passou. É mais ou menos o que ocorre com os automóveis presentes ao evento. Os destaques em Araxá são os gigantes dos anos 20 e 30. Sobre os carpetes há Hispano-Suiza, Isotta-Fraschini, Packard... Carros nada práticos para o uso no século XXI, mas que enchem os olhos. Nesse encontro, os Rolls-Royces foram muitos. Os aristocráticos automóveis ingleses são presença cada vez mais numerosa. Aqui, uma particula-

Bem em frente à entrada do Grande Hotel estava um grupo de Ferrari. Eram algumas 328 de motor V8 central e duas maravilhosas Daytona 365 de motor V12 de 350 CV. Por muitos anos as Daytona foram as últimas Ferrari de motor V12 de 4,4 litros dianteiro e caixa traseira, um carro mítico e muito valioso hoje em dia

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O Cadillac Modelo K 1906 foi fabricado por Henry Leland, vindo de uma fábrica de armas. Seu motor de 1.600 centíometros cúbicos tinha um só cilindro e dez CV. Foi o primeiro carro projetado por normas mais estritas de engenharia de precisão, o que lhe deu uma confiabilidade extraordinária, tanto que ganhou um troféu Dewar´s por ter superado, sem problemas, uma prova em que quatro unidades foram desmontadas, misturadas as peças e remontadas sem ajuste nenhum para entrar no lugar e funcionar

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Alfa Romeo Giulia SS Bertone era uma carroceria especial feita pela Bertone em cima de uma plataforma de Alfa Romeo Giulia Tipo 105. Seu motor era 1600 potencializado com dois carburadores Weber 40 milímetros, caixa de cinco marchas e freios à disco nas quatro rodas José rezende - Mahar

CV Standard, mas podia ter várias coisinhas como uma caixa quatro marchas de Corvette e tripla carburação SU como as de Jaguar. Destaque especial foi a coleção de Cadillac da Familia Rigotto, com vários exemplares impecáveis, e a Limousine 1958 com acabamento Derham, um ponto acima do padrão Fleetwood GM. Das Fiat expostas, havia três que chamavam a atenção: um Oggi CSS raríssima, que foi feita em série limitada para homologar um modelo de competição. Outra era uma Rallye 1980 preta perfeita e uma bela italiana X1/9, de motor central de Fiat 128 e 1300 centímetros quadrados, em estado impecável. Araxá fica a 370 quilômetros de Belo Horizonte, 620 de São Paulo e 870 do Rio e é a verdadeira Meca do Antigomobilista: há que ser feita uma peregrinação a cada dois anos! José rezende - Mahar

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quanto um dono de Maverick GT, ano 1974, torceu o nariz recusando uma oferta de R$110 mil. Outra estrela do leilão foi uma rara Ferrari 365 GT 2+2 de quatro lugares. O premio de Best of Show foi para um excelente Rolls Royce Silver Ghost fabricado em uma instalação da Rolls em Springfield, Ohio , durante vários anos no período entre guerras. Seu motor, um enorme seis cilindros em linha de 7,7 litros, tem um funcionamento suave ao extremo e é acoplado a uma caixa de quatro marchas, enquanto seu similar inglês tinha só três, mas ambos com o torque do mundo para tocar as pesadas carrocerias dessa época: sempre mais de 2.500 quilos. O melhor esportivo nacional foi o Uirapuru. Tem um motor Stovebolt usado nos caminhões Chevrolet Brasil com 4.290 centímetros cúbicos e 149

Alfa Romeo 1900 Coupe Toring SS. Essa Alfa foi uma carroceria especial feita em cima do chassi da Berlina 1900, o primeiro carro fabricado inteiro na instalação de Arese, pela Carrozeria Touring com o processo Superleggera. É toda de alumínio em chapas montadas vestindo uma gaiola de tubos finos de aço. Como curiosidade, a 1900 deu origem ao JK fabricado no Brasil com uma plataforma muito semelhante

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PaiXão Pelo JeeP

Jeep, uma

paixão antiga O baterista dos Paralamas do Sucesso, João Barone, divide com os leitores da Mundo Fiat um pouco de sua história e da origem de suas duas paixões: o jeep e a música

POr João bArone

M Paixão começou pelo pai, que dirigiu um Jeep na Itália na 2ª Guerra Mundial

eu pai foi um dos soldados brasileiros que lutou na Segunda Guerra Mundial, os pracinhas, integrantes da Força Expedicionária Brasileira (FEB), que eram assim chamados carinhosamente pela população ao partirem para o front na Itália. Lá, ele dirigiu um destes pequenos e versáteis veículos 4x4, que já era conhecido por todos pelo nome de jeep ou jipe. Passaram-se anos até que eu pudesse realizar um sonho antigo: ter um jeep da época da guerra, igual ao que meu pai dirigia nos campos de batalha. Comecei uma incrível jornada, fiz muitos amigos e passei por lugares que jamais poderia se quer imaginar, tudo por conta desse lendário e valente veículo, o Jeep. Na época em que o Brasil entrou na guerra e teve que convocar homens para ir à luta, meu pai, João de Lavor, era funcionário público. Gostava de tocar violão e fazer serenatas com os amigos, mas teve que largar a viola e pegar no fuzil. A urgência em juntar gente capacitada para o grande esforço de guerra, fez com que meu pai fosse um elemento acima da média, já que falava um pouco de inglês e sabia dirigir. E assim ele partiu para uma grande aventura, algo um tanto estranho, já que significava participar de uma guerra de verdade, com a incômoda sensação da possibilidade real de morrer nessa brincadeira... Meu pai teve muita sorte de voltar da guerra vivo. Mas a vida pode ser muito intrigante e aconteceu do capitão de seu pelotão ser um velho amigo de escola, que o indicou para dirigir um dos jeeps da companhia. Numa dessas idas e vindas, o jeep no qual estava levando munição para um posto de artilharia, ficou sob fogo inimigo e meu pai quase foi atingido. Ficou três dias surdo pelas explosões. Depois de mais algumas passagens mais terríveis, além de ter participado de uma das mais importantes vitórias brasileiras na guerra, a tomada de Monte Castello, meu pai voltou (*) João Barone é baterista do grupo Os Paralamas do Sucesso.

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Barone realizou o sonho antigo de ter um carro da época do confronto


PaiXão Pelo JeeP João Barone integra os Paralamas do Sucesso desde 1981 e é considerado um dos maiores bateristas do país

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ao Brasil e se casou com minha mãe, Elisa, que já era sua namorada antes da partida. Estas histórias ficaram muito tempo esquecidas, algo comum entre os que participaram da guerra. Mas lembrar destas passagens virou a missão de muita gente, filhos ou parentes de ex-combatentes ou não, que reconhecem o sacrifício destes brasileiros que tiveram que ir até a Europa, ajudar a dar um fim naquela coisa horrível que era o nazifascismo. Num país que todo mundo diz que tem memória curta, lembrar disso é não deixar que o esforço de quem foi lutar – do meu pai e de mais de 25 mil brasileiros – tenha sido em vão. Mas a guerra acabou faz tempo e o que é que o jeep tem a ver com isso? Bem, esse verdadeiro ícone da história do automóvel tem uma saga incrível

que começou com a guerra. Devido ao seu grande valor, a trajetória do jeep seguiu durante décadas até chegar nos dias de hoje, quando os utilitários 4x4 e a categoria de veículos SUV (Sport Utility Vehicle) se tornou um dos segmentos mais importantes, populares – e rentáveis - da indústria automobilística. TuDo coMeçou no FInAL De 1941... A guerra estava em andamento na Europa já há dois anos e os Estados Unidos passaram a se preocupar com a possibilidade de serem levados ao conflito. Se isso acontecesse, seria preciso preparar as forças armadas, modernizar a doutrina militar, assim como seu equipamento, em terra, mar e ar. Com o ataque japonês à frota naval americana em Pearl Harbour, em

dezembro de 1941, os americanos entraram na guerra. A sorte é que o gigantesco parque industrial americano estava longe dos ataques inimigos, o que possibilitou a esmagadora produção militar, alimentando o esforço de guerra dos países do bloco aliado ao redor do planeta. O jeep foi um dos equipamentos militares mais produzidos durante a guerra, com cerca de 700 mil unidades fabricadas até o fim do conflito, em agosto de 1945. A história do jeep tem inúmeros detalhes, mas de uma forma geral, o jeep foi uma resposta a um pedido das forças armadas do Tio Sam: era preciso um veículo para substituir o cavalo. Em resposta à abertura de uma concorrência do Exército norte-americano junto à indústria automotiva da época, o jeep se tornou o veículo faz-tudo, pau-pra-toda-obra, que tanto conhecemos e admiramos hoje. Enormes linhas de montagem chegaram a fabricar um jeep por minuto durante a guerra. Curioso que inicialmente, o nome deste veículo era muito complicado: “veículo de comando e reconhecimento de ¼ de tonelada” (que era o peso de carga previsto para o jeep: 250 kg). Durante a guerra, o jipinho era usado até seus limites, sendo surrado sem dó. Mas o bicho aguentava! A vida útil média de um jeep em campo de batalha era de apenas três meses. Mas muitos sobreviveram a guerra inteira. O jeep se provou muito mais capacitado para as durezas em campo de batalha do que previsto, levava mais peso do que os 250 quilos oficiais, andava mais rápido devido ao seu câmbio longo, subia ravinas, valões e encostas mais severas que as previstas nos testes de projeto, enfim, o jeep foi muito mais longe do que imaginado pelos seus projetistas. Tanto assim que, mesmo antes do fim da guerra, seu uso em situações cotidianas, como um veículo utilitário, já estava sendo considerado como um grande negócio, e assim foi.

O jeep no cenário do grande conflito mundial

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O uso do jeep como veículo agrícola era a forma mais óbvia de reconhecer seus atributos. Um câmbio mais curto, assim como o uso de um sem número de acessórios para facilitar a vida no campo, como polias, arados, cavadeiras, pulverizadores e demais aparatos, fizeram dele um sucesso de vendas no pós-guerra. Isso tudo sem mencionar seu grande apelo, que era poder levar seus passageiros até qualquer lugar fora das estradas. O conceito de veículo leve com tração parcial nas quatro rodas e caixa de redução impôs-se a ponto de abrir espaço para outros similares que usaram a ideia. Tanto que em pouco tempo, qualquer veículo 4x4 utilitário passou a ser chamado de jeep. Mas jeep mesmo só existe um... no brASIL DeSDe 1942 No Brasil, o jeep chegou em 1942, com os primeiros exemplares que o Exército brasileiro começou a usar. Com o fim da guerra, o jeep continuou a ser importado, sendo um dos primeiros veículos a ser montado no país, barateando os custos de importação. Havia uma demanda enorme para este veículo, uma vez que o Brasil era (era?) carente de boas estradas e ainda precisava muito ser desbravado em suas dimensões continentais. Foi assim que o jeep até mesmo entrou para o dicionário da Língua Portuguesa, sendo abrasileirado para jipe. Acabou virando sinônimo para “veículo faz-tudo”. Até hoje é comum a expressão “lá, só de jipe”, para designar um local de acesso difícil. Assim, o jeep entrou na vida de muitos brasileiros, seja ao conseguir cruzar os rincões e vales do interior, seja ao descobrir aquela praia paradisíaca, longe de tudo. Vale ressaltar a segurança que um jeep oferece nos momentos em que as chuvas transformam as ruas das grandes cidades em verdadeiros rios, coisa que se repete ao longo de décadas em nosso país. Nessas horas então, só de jeep mesmo!

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A bordo da arte e de um jeep Minha história com o jeep vem de longe, especialmente quando soube que meu pai dirigia um na guerra. Durante minha infância, montei tudo quanto foi aviãozinho de plástico, assim como tanques e veículos militares. Quando descobri Os Beatles, deixei tudo isso de lado, sem contudo esquecer da história de meu pai na guerra, o que me tornava grande fã de livros e filmes sobre o assunto. Um belo dia, resolvi comprar e restaurar um jeep da época da guerra, uma forma de resgatar o legado de meu pai.

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Incorporei-me, assim, a uma tribo muito entusiasmada, que se deleita em caçar e desenterrar todos os parafusos originais do veículo e manter as características legítimas da época, uma espécie de resgate histórico mesmo. Diferente do “jipeiro”, que vai atrás de trilhas para testar as qualidades de seu jeep, esta tribo está mais para o antigomobilista, que evita passar com seu jeep numa simples poça d´água. Não é a toa que estes jeeps merecem a placa preta, atestado da originalidade das autoridades de trânsito, outorgado somente para veículos de coleção, como prova de sua integridade. Esta é uma das maiores ambições de quem restaura um veículo antigo. Meu grande interesse pelo jeep militar antigo, resultou na criação de um clube voltado para o assunto, que reúne os entusiastas na capital carioca, além de muitos outros membros que fazem questão de participar do clube, mesmo sendo de outros estados. Lá se vão mais de dez anos desde a fundação do CVMARJ – Clube de Veículos Militares Antigos do Rio de Janeiro. A idéia foi baseada nos clubes existentes nos Estados Unidos e Europa, que reúnem os aficionados pelos veículos militares. Por alguma razão, estes veículos são capazes de despertar a atenção de um grande público, tão grande quanto os amantes de outras categorias de veículos antigos. Além do lazer, ao mesmo tempo estes clubes funcionam como entidades históricas, ajudando a preservar uma época, o que tem um valor cultural de grande relevância. O CVMARJ foi o primeiro clube no Brasil voltado para a manutenção criteriosa da originalidade dos veículos. Não basta apenas pintar um jeep de verde para ele ser militar - tem que ter pedigree. Inclusive, o clube criou o primeiro atestado de originalidade exclusivo para veículos militares, com critérios muito rígidos, para avaliar o estado de cada veículo e assim possibilitar sua placa preta. A brin-

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cadeira ficou mais séria e os veículos militares ganharam um novo status a ponto de meus jeeps já terem sido premiados em várias exposições de veículos antigos. Meu aprofundamento na história do jeep me levou a comprar muitos livros que contam sua história, além de buscar as peças e detalhes para chegar o mais perto possível de um original da época. Além dos muitos amigos brasileiros, conheci gente de todo mundo que divide esta paixão, nos Estados Unidos, Noruega, Itália, Inglaterra e França. Um belo dia, ainda em 2004, resolvi tentar fazer uma viagem até a Normandia, palco do grande episódio da Segunda Guerra, o lendário Dia D, onde seria realizado um grande evento pelos 60 anos do desembarque dos aliados na França. Num devaneio, tentei buscar meios para sair do Brasil com meu jeep e participar dos eventos lá na França. Consegui apoio para levar meu jeep até lá, despachado de avião! Também tive a idéia de filmar a jornada para um documentário. Consegui lançar o documentário que se chamou Um Brasileiro no Dia D, já exibido no History Channel. Nunca pensei que pudesse chegar tão longe por conta da minha paixão pelo jeep. Mas a vida pode ser muito intrigante. Depois do grande sucesso que tive com meu primeiro documentário, parti para o desafio de outra produção, desta vez, falando sobre os brasileiros na guerra, ainda com o jeep num papel de destaque. Será uma jornada mostrando como os brasileiros são lembrados até hoje pelos italianos, por onde quer que eles tenham passado. Consegui apoio para levar meu jeep novamente até a Europa, desta vez sentindo a emoção de conhecer os mesmos lugares por onde meu pai deve ter passado, dirigindo seu jeep durante a guerra. É uma história emocionante, que vai muito além da viagem por belas paragens do nor-

te da Itália, pois vai mostrar como os pracinhas são lembrados, por serem generosos por terem tratado tão bem o povo sofrido das cidades de onde expulsavam os nazistas. Os trabalhos ainda estão em andamento, mas em breve espero finalizar este novo documentário, percorrendo o caminho dos heróis brasileiros. Em abril de 2012, participei de um evento na Itália, que reuniu mais de cem veículos militares antigos, chamado de Collona della Libertà, realizado no litoral da costa leste italiana, em memória da libertação das cidades da região pelas forças aliadas. Enquanto isso, seguem minhas paixões pela música e pelo jeep. No final deste ano, Os Paralamas fazem 30 anos de formação, que serão comemorados com uma grande turnê. Quanto aos jeeps, faz pouco tempo que aumentei a coleção, quando consegui adquirir um raro exemplar

fabricado em 1941, um dos modelos protótipos, criado para testes antes da fabricação em massa, que começou em 1942. Já fui um feliz proprietário e me lembro com carinho da valente Cherokee Sport, um carro que ainda hoje é um clássico, com suas linhas quadradas tipo box-set. Se um dos grandes apelos do jeep é seu tamanho compacto, fiquei impressionado ao testar o novíssimo Wrangler Unlimited, que se tornou meu maior sonho no momento. Em breve, este mais novo representante da família Jeep entrará para minha garagem como “nave mãe”. Este modelo parece uma resposta aos meus anseios e aos de muita gente por um jeep com quatro portas onde pudesse caber toda a família, atendendo às exigências das batalhas do dia-a-dia dos tempos atuais. O Unlimited chegou em boa hora, com o pedigree da marca Jeep.

Além de admirador da marca, Barone é um colecionador

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Cada passo uma conquista.

Barone encanta o Árvore da Vida Músico interagiu e tocou com os jovens percussionistas do programa POr LILIAn LobATo

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aixões movem a vida do baterista do Paralamas do Sucesso, João Barone. Além da música, que Barone classifica como “remédio para a alma”, o músico tem uma bonita história com carros da marca Jeep. A partir dessa ligação com uma das marcas Fiat Chrysler e sempre disposto a apoiar projetos que envolvam arte, o músico visitou o programa social Árvore da Vida, no Jardim Teresópolis, em Betim (MG). “Conhecer o Árvore da Vida foi muito especial. O trabalho realizado salta aos olhos e mostra que todos precisam ter acesso à música. Estou surpreso com tudo o que conheci e faço questão de divulgar o programa ”, ressalta. Para Barone, a iniciativa deveria servir de inspiração para as demais empresas instaladas no Brasil. “Até para suprir o que o governo não consegue dar aos jovens”, afirma. Durante a visita, um dos pontos altos foi o talk show, em que os par-

ticipantes do programa e empregados da Fiat sorteados para o encontro com o baterista puderam fazer perguntas e conhecer um pouco mais sobre a carreira e os desafios enfrentados pelo músico. Barone compartilhou os caminhos trilhados por ele e pelo Paralamas do Sucesso e deu boas dicas aos jovens que desejam seguir carreira na música. Segundo Barone, o Árvore da Vida tem um papel importante na vida dos jovens e viabiliza não só o acesso à música, mas algo ainda mais importante: disciplina, dedicação, formação humana e desenvolvimento pessoal, possibilitando experiências e escolhas. Ao final do encontro, os alunos das oficinas de canto coral e de percussão se apresentaram para o músico. Barone foi convidado a tocar com os jovens percussionistas e, para a emoção de todos, se juntou à turma em duas músicas.

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A vida segundo Luis Fernando Veríssimo POr guILherMe ArruDA

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mente reconhecidas pelo público valendo-se de uma inesgotável galeria de tipos. Impossível ficar alheio às confusões da Comédia da Vida Privada, ou deixar de se identificar com As Aventuras da Família Brasil, o Analista de Bagé, As Cobras, ou ainda, A Velhinha de Taubaté.

Quem trabalha na imprensa, não pode ficar esperando a inspiração. Eu sempre digo que a minha musa é o prazo de entrega

A empatia dos seus textos é tão forte que se multiplicaram na Internet crônicas atribuídas a ele, mas postadas por jovens aspirantes anônimos, tipo todos querem ser Luis Fernando. “Uma senhora se aproximou de mim recentemente dizendo que não gostava muito dos meus textos, excetuando um, chamado Quase”, diverte-se o gaúcho referindo-se ao mais famoso dos

Fotos Ale ruaro

aptar as sutilezas do comportamento humano e, semanalmente, entregá-los ao público sob a forma de crônicas bem humoradas, inteligentes, às vezes temperadas com fina camada de ironia, mas sempre construídas com extrema simplicidade e elegância, é um ofício reservado para poucos. Quando este ofício é exercido há mais de quatro décadas e se ainda por cima o conjunto de sua obra for uma unanimidade nacional, bem, aí o nome que aparece no topo da lista é o do gaúcho Luis Fernando Veríssimo, filho do também escritor Érico Veríssimo. Ao contrário do pai que se distinguiu pelo romance – o épico O Tempo e o Vento é a sua obra-prima — Luis Fernando optou por seguir o jornalismo e a música. O jornalismo lhe deu a base para esta jornada que já se estende por 45 anos, notadamente, as redações de jornais do Rio Grande do Sul, onde ingressou em 1966 fazendo o trabalho de copydesk (sujeito que aprimora o texto dos outros). Três anos depois, com a idade de 33 anos, recebeu a chance de escrever crônicas diárias ao substituir o escritor Sérgio Jockymann. Desde então, aprendeu a não esperar pela inspiração e passou a imprimir um estilo inconfundível que se tornaria a sua marca para sempre. Soube apropriar-se do cotidiano para compor situações instantanea-

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textos espalhados na rede não escritos por ele. Aqui, vale uma pausa: a relação de LFV com a Internet não vai além de algumas poucas funções prosaicas, como mandar e receber e-mails e fazer pesquisas no Google. O computador é tão somente mera máquina de escrever. Redes sociais? Nem pensar, embora reconheça nelas o meio para as grandes mobilizações. “As revoluções no futuro serão técnicas e silenciosas”. Luis Fernando é um sujeito tímido, exageradamente tímido; é capaz de prestar atenção a boas histórias por horas a fio sem dizer uma palavra. No começo deste ano ele falou: “Não sou eu que falo pouco; são os outros que falam muito”. Certa vez chegou a comentar que escrever nunca lhe deu grande prazer. “Às vezes a gente se surpreende, quando lê o que escreveu. Quase sempre a surpresa é negativa, do tipo “Como é que fui escrever esta bobagem”? De qualquer maneira, como diz o Zuenir Ventura, o prazer não está no escrever, está no ter escrito, quando se lê o resultado. A boa surpresa é sempre um prazer”. Bem, o certo é que uma parte da sua obra foi parar em dezenas de livros, na televisão, e o que pouca gente sabe, foi parar na academia, em diversas teses e dissertações. O processo de criação de uma crônica sua nasce sempre de alguma coisa lida ou entreouvida. Para informar-se lê o Globo, o Estadão, Folha de São Paulo, Zero Hora, NY Times na Internet e as revistas New Yorker, The Nation, New York Review of Books, London Review of Books. “Leio tudo com variado grau de atenção”, diz, lamentando que ultimamente leia pouco por prazer. Ao ser perguntado sobre autores favoritos, relaciona o ultimo

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A Internet é uma terra de ninguém. Ou uma terra de qualquer um

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Le Carre, os brasileiros Rubem Fonseca, Milton Hatoum e Moacyr Scliar. “Já li muito Nabokov, Fitzgerald, Saul Bellows”, emenda. Aos 75 anos de idade completados em setembro passado LFV se diz cansado. Gostaria de parar de escrever ou, pelo menos, diminuir o ritmo — atualmente produz três colunas por semana — e lastima que no Brasil seja difícil viver somente de direitos autorais. A boa notícia é que ele não vai parar de escrever. No final do ano passado ele lançou Em Algum Lugar do Paraíso, Editora Objetiva, coletânea com 41 crônicas, a maioria publicada nos últimos cinco anos. Paralelamente,

pretende continuar com sua outra paixão, tocar sax junto com o Jazz Seis – “o menor sexteto do mundo, pois hoje são cinco os integrantes”. Quem cuida da sua agenda é a mulher, Lúcia Veríssimo, com quem está casado desde 1964 e com a qual teve três filhos. Fernanda, a mais velha, que acaba de defender uma tese em Sorbonne; Mariana, formada em arquitetura e é roteirista de TV e cinema; e Pedro, que largou tudo (trabalhava como publicitário) para ser cantor e compositor. A seguir trechos da entrevista concedida em sua casa, em Porto Alegre — a casa é a mesma onde o pai escreveu O Tempo e o Vento.

Nos últimos anos diminuiu a desigualdade social no Brasil. Pouco, mas o bastante para nos dar esperança que vá melhorar mais. Os corruptores continuam impunes, mas pelo menos alguns corruptos andaram se incomodando MF - Todo leitor assíduo se pergunta: Como é possível escrever com tamanha regularidade e qualidade. A inspiração transpira ou a transpiração inspira? Qual é o segredo? LFV - Um amigo meu diz que a criação é noventa por cento transpiração e dez por cento desodorante. Não chego a tanto, mas acho que principalmente quem trabalha na imprensa, não pode

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ficar esperando a inspiração. Eu sempre digo que a minha musa é o prazo de entrega. MF - A maneira como nasce uma crônica hoje é a mesma de trinta anos atrás? O que mudou? LFV - O que mudou é que antigamente eu escrevia mais. Hoje escrevo menos. Não sei se fiquei mais conciso ou mais preguiçoso. Mas o gênese, o

ponto de partida, das crônicas continua o mesmo. Tudo dá crônica. MF - Escrever tem algo de antropofágico? Grande escritor e músico. Escrever é ouvir? LFV - Infelizmente, por razões de saúde, não posso mais exercer meu lado gourmet. Hoje sou um gourmet não praticante. Escrever é, em grande parte, prestar atenção. Neste sentido, acho que tem pouco a ver com música. MF - Fala-se muito que o modo como se lê livro hoje – impresso – está ameaçada pelo mundo digital. O futuro do livro é no papel ou digital? LFV - O texto do futuro vai continuar a ser texto, mesmo que mude o seu veiculo. Eu não vou aderir ao tablete ou a qualquer outro tipo de livro eletrônico, que para mim jamais substituirão o livro impresso, mas a minha neta não vai ter o mesmo preconceito. Mesmo porque não terá outra alternativa. Mas só vou começar a me preocupar quando inventarem um computador que substitua o escritor. MF - O senhor crê que os escritores terão que mudar a linguagem para se comunicar com os novos públicos? Isto é: o cérebro de quem adora a tela de computador funciona igual ao das gerações dos leitores do texto organizado em papel? LFV - A linguagem está mudando, sem duvida, mas penso que as pessoas continuarão a procurar as mesmas coisas num texto. Criatividade, divertimento, emoção, independentemente da linguagem. MF - Por que os internautas adoram espalhar textos assinados por

você, mas que visivelmente não são de sua autoria? É uma forma de homenagem? LFV - Pois é. É difícil entender o que leva alguém a escrever um texto, e às vezes um bom texto, e atribuí-lo a outro. Mas não há como evitar. A Internet é uma terra de ninguém. Ou uma terra de qualquer um. MF - O que está lendo? Que recomenda das novas gerações do Brasil e do mundo? LFV - Tenho lido muito jornal e muita revista, para me informar, com pouco tempo para ler por prazer. Mas recomendaria os bons escritores brasileiros do momento, como o Milton Hatoum, o Tabajara Ruas e o Rubem Fonseca, por exemplo. MF - O senhor disse certa vez que: “No Brasil o fundo do poço é apenas uma etapa”. Quantas etapas ainda faltam? LFV - Não sei. O fato é que quando a gente pensa que é o fundo, ainda não é. MF - O que o faz sentir orgulho do Brasil? E o que o faz corar? LFV - Nos últimos anos diminuiu a desigualdade social no Brasil. Pouco, mas o bastante para nos dar esperança que vá melhorar mais. Os corruptores continuam impunes, mas pelo menos alguns corruptos andaram se incomodando. MF - E o mundo: melhorou ou piorou nos últimos 75 anos? LFV - Melhorou em alguns aspectos, piorou em outros. Estamos vivendo mais, mas nos desentendendo mais também.

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O Mago da Várzea POr PeDro Ivo bernArDeS

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Fotos ricardo verçosa

eramista, escultor, desenhista, pintor, ilustrador... Enfim, um artista plural. Assim é Francisco de Paula Coimbra de Almeida Brennand, pernambucano de Recife, nascido em 11 de junho de 1927. Hoje com 85 anos, pai de cinco filhos, seu Francisco prepara o lançamento de seu livro de memórias, coroando uma relação com a literatura que vem desde moço. Na verdade, trata-se de um diário que começou a escrever em fevereiro de 1949, quando embarcou junto com a jovem Deborah, com quem acabara de casar, numa viagem à Paris, com o objetivo de aprofundar os estudos sobre artes plásticas. Sua formação, no entanto, começou aqui mesmo, no Recife, com a convivência com nomes como Álvaro

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O pernambucado Francisco de Paula Coimbra de Almeida Brennand, hoje com 85 anos

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Amorim, Balthazar da Câmara, Mário Nunes e Murilo La Greca. Na Europa conviveu com nomes lendários das artes plásticas e da literatura, como Fernand Léger e o poeta surrealista René Char. O despertar para a cerâmica, até então considerada uma arte menor pelo jovem artista pernambucano, se deu por inspiração da obra de Pablo Picasso, que assim como Miró, Matisse, Gauguin, Lérger, tinha incursionado pelo mundo da cerâmica.

O atelier, instalado nas ruínas da antiga fábrica de telhas e tijolos do grupo industrial Brennand, na Várzea, trouxe novos desafios, como o de ser tornar empresário para poder explorar todo o seu potencial artístico. Assim, a produção de pisos e revestimentos cerâmicos passou a manter toda a estrutura montada pelo artista no Engenho São João da Várzea. Hoje, a Oficina Cerâmica Francisco Brennand reúne grande parte da obra do artista, com algo em torno de 2.000 peças, mas Francisco Brennand prefere dizer que são 1.001 peças, numa referência à infinitude das histórias das 1.001 noites. Ao longo de sua carreira, participou de várias exposições nacionais e internacionais, individuais e coletivas. Sua obra recebeu diversos

prêmios, entre eles o Prêmio Interamericano de Cultura Gabriela Mistral, concedido pela Organização dos Estados Americanos (OEA), em 1993. Expôs em diversas cidades brasileiras e vários países, como Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, França, Espanha, Bélgica, Itália, Suíça, Uruguai e Venezuela. Em pouco mais de duas horas de uma conversa descontraída em seu atelier, no engenho São João da Várzea, uma semana após seu aniversário de 85 anos, Francisco Brennand falou um pouco sobre a sua relação com a pintura, com a cerâmica e a vida empresarial e sobre seus novos projetos. A seguir, os principais trechos da entrevista:

O despertar para a arte Não existe nada que venha do nada. Todos nós somos feitos pelos outros. É aquilo que o filósofo espanhol Ortega y Gasset (José Ortega y Gasset) disse: “Eu sou eu e minhas circunstâncias.” Você não pode dizer que de repente se manifestou um artista. Não existe isso. Bach, o grande músico alemão, era de uma família de músicos. Há sempre uma herança. O meu começo foi um tio-avô que tinha jeito para desenho; um primo que era desenhista e meu pai que era um colecionador de arte. Não era na realidade um pintor, nem um escultor, mas era um colecionador e tinha uma certa sensibilidade artística. Em 1942, meu pai comprou uma coleção de pintura e os quadros necessitavam de restauração. Ele podia ter pedido ao meu irmão mais velho para que acompanhasse todo o processo, mas ele me chamou e disse que iria me ocupar de ir à casa do restaurador. Eu nunca tinha ido à casa de um pintor. Eu via pinturas nas pa-

redes da minha casa, mas não sabia o que era um pintor. Na primeira vez que eu fui lá encontrei um velho viúvo, com a casa cheia de gatos. Esse velho morava sozinho e não fazia nada, a não ser restaurar quadros. Nem ao menos pintar quadros ele pintava mais. Tinha sido um dos fundadores da Escola de Belas Artes, junto com alguns outros pintores que ele acabou me apresentando. Quando eu vi aquele estilo de vida, que era diametralmente oposto a toda minha maneira de viver, sem horários nem coisa nenhuma, fiquei encantado e passei a faltar aula para ir para a casa dele. O próprio cheiro do atelier, o cheiro de terebintina, me encantava. Até hoje, quando eu sinto esse cheiro, é como se fosse um despertar para todo um processo de criação.

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arTes A Oficina Brennand surgiu em 1971, das ruínas de uma olaria da família

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As influências Eu então levei a sério, conheci outros pintores. Já estava, nessa época, procurando livros, que sempre me acompanharam. Os livros e a literatura, sobretudo a literatura a respeito dos pintores. E comecei a ler sobre a vida de Van Gogh, Gauguin, Cézanne. Os meus mestres daqui (do Recife) eram acadêmicos, mas me ensinaram a pintar no campo. Devo muito a eles. Com vinte anos já completos, participei do Salão do Museu do Estado de Pernambuco. E tirei o primeiro lugar, concorrendo com os meus professores, que eram Álvaro Amorim, Mário Nunes, Murilo La Greca, Balthazar da Câmara, todos fundadores da Escola de Belas Artes.

Também tive uma influência enorme da literatura. Um parente do governador (Eduardo Campos), o Renato Campos, irmão de Maximiniano (Campos), pai de Eduardo, uma vez chegou assim como você, dizendo que estava fazendo uma enquete com escritores e artistas para saber quais são os dez escritores que mais influenciaram suas obras. Era uma mania nos anos 60 e 70. Eu disse Dostoiévski, Dostoiévski, Dostoiévski... repeti cinco vezes. Dostoiévski para mim encarnava o mundo literário todo e a condição humana. Quando eu fui à Suíça, procurei fazer um roteiro que Dostoiévski fez quando morou lá. Fui na Basiléia ver o Cristo morto de

Holbein, porque Dostoiévski falou dele. Sempre fui regido pelo lado literário das coisas. Tenho a influência da literatura em tudo. Sou infinitamente influenciá-

vel, como um jovem. O que caracteriza o jovem? Ser infinitamente influenciável. Pois eu sou tão influenciável quanto um jovem.

A viagem para a França Em 1948, Cícero Dias, que desde os vinte anos morava na França, mas vinha com frequência visitar o Recife, que era o lugar de origem dele, fez uma grande exposição na Faculdade de Direito. Nessa época ele estava evoluindo da pintura primitiva e onírica para a pintura abstrata, por influência dos pintores franceses e de Picasso. Houve um grande debate, uma polêmica entre os estudantes, o pintor, os que admiravam o que ele estava começando a fazer

e os que renegavam o fato de Cícero ter abandonado uma veia poética ligada aos canaviais, ao casario e às jangadas. Foi quando Cícero me disse que eu devia largar todos os laços familiares e seguir para a Europa, senão eu ficaria aqui perdendo tempo. Meu pai não fazia objeção nenhuma ao fato de eu ter manifesto meu desejo de ser um pintor, mas eu com vinte anos viajar para a Europa parecia demais. Cícero usou uma palavra mágica na sua argumen-

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tação. Ele disse a meu pai: “deixe-o ir nem que seja em caráter experimental. Ele vai, se ele não se der bem, se ele não se interessar, se ele não se apaixonar pelo ofício, ele volta e se integra na

empresa. Isso não vai tirar nada. De qualquer maneira é uma forma de ele se ilustrar, e ele vai inclusive aprender francês”. Meu pai achou razoável essa observação e foi assim que viajei.

O casamento Mas antes de viajar, de uma certa maneira eu ainda abusei. Porque eu tinha uma namorada (Deborah Brennand) que já estava na Faculdade de Direito, e eu não queria perdê-la. Se eu

A admiração do artista pela cerâmica veio de Pablo Picasso e de outros mestres

fosse embora para a França sozinho, quando voltasse ela estaria casada. Ou então, eu é que me casaria por lá.

A descoberta da cerâmica Minha admiração pela cerâmica veio basicamente de Picasso. Na primeira semana após a minha chegada à França, Cícero me convidou para uma exposição de Picasso. Para um jovem artista brasileiro como eu, ver um quadro original de Picasso era qualquer coisa de fantástico. Mas para minha surpresa, no lugar de quadros, era uma exposição de cerâmicas. Você pode imaginar? Eu, na realidade, olhava a cerâmica com desconfiança, porque achava que era uma arte menor, uma arte decorativa, apenas or-

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Então eu fiz a proposta. Você aceita deixar os estudos de Direito, casar comigo e ir embora para Paris? Qual era a moça que iria recusar uma proposta desta? E ela então viajou comigo. Foi uma viagem de nove, dez dias, que está anotada religiosamente, porque minha mulher enjoou desde que saiu do Rio de Janeiro, até chegar em Las Palmas. Três meses depois, na França, descobrimos que ela estava era grávida. Foi uma aventura fabulosa. E fui com a ideia de passar bastante tempo, apesar de Cícero ter utilizado esse estratagema de uma viagem provisória, eu levei uma mala para passar dez anos em Paris. Estávamos numa época ainda de transição, no pós-guerra. Paris vivia ainda num racionamento enorme de carvão, de carne, de tudo. Eram muitas dificuldades. O Banco do Brasil só permitia o envio de uma certa quantia. Então não tinha luxo de pegar táxi. Andava de metrô e vivia como estudante em Paris. Foi uma vida realmente difícil, mas nós enfrentamos.

namental. Achava que só existia uma grande arte, a pintura de óleo sobre tela. Quando eu vi as cerâmicas de Picasso, cai do cavalo. Me senti humilhado, porque nunca tinha aproveitado nada de cerâmica e vi que o mestre dos mestres soube tirar partido da cerâmica e estava ali com uma obra maravilhosa. Então fiz um juramento, de que quando voltasse da Europa eu iria fazer cerâmica e a encararia com seriedade. Como eu passei muito tempo na Europa, fui descobrindo que Miró fazia cerâmica, Gauguin fazia cerâmi-

ca, Matisse fez cerâmica – e inclusive chegou a decorar uma capela –; Fernand Legér fazia cerâmica. Todos os grandes mestres da arte moderna haviam incursionado pela cerâmica. Só eu, um estudante desconhecido de arte do Nordeste brasileiro, achava que a cerâmica era uma arte menor. Aí fui para a Itália e lá aprendi a trabalhar numa cerâmica convencional, feita desde o século 16. Não tinha nada a ver com o que fazia Picasso, Miró ou Léger. Era uma cerâmica antiga. Era apenas um processo de se apoderar de uma técnica qualquer, no caso a Maiólica, que é uma argila vitrificada

com óxido de estanho, que dá o tom branco, pintada com óxidos metálicos, dando aquela aparência de cerâmica esmaltada. Mas aquilo não me agradava. Queria na cerâmica exatamente aquilo que você não poderia imitar se fizesse uma pintura a frio. Porque na cerâmica em 50% é você quem atua e em 50% atua a natureza, o fogo. Não é um processo de transformação. É um processo de transmutação da matéria. Era isso que eu perseguia, o que via nas cerâmicas desses mestres. Uma matéria que parecia lava vulcânica, que parecia que você tinha encontrado na natureza e não pintado.

A Oficina Brennand é a materialização de um projeto obstinado e sem trégua

A oficina e a fábrica Aproveitei uma velha fábrica de telhas e tijolos, fundada pelo meu pai em 1917 e fechada no começo dos anos 40. Em 1971, com 44 anos, pela primeira vez tive a ideia que iria possuir alguma coisa. Minha família tinha várias fábricas, mas também tinha vários herdeiros. Eu poderia ter ações, mas não tinha um lugar onde

eu pudesse fazer o que queria. Quando vim pra cá, não tinha visita nenhuma, a não ser do meu velho pai, que vinha ver o que é que eu estava fazendo. Sozinho, botei as máquinas em andamento, mas passei três anos para recuperar tudo que tinha quebrado aqui dentro. O mais difícil foram os fornos.

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O surgimento do empresário

Lugar único no mundo, a Oficina constitui-se num conjunto arquitetônico monumental de grande originalidade

Então o que é que eu tive que fazer, sem nunca ter tido nenhuma experiência empresarial? Tive que produzir cerâmicas, ladrilhos. O mesmo ladrilho sobre o qual eu pintava. Você pode chamar de predestinação, sorte, como queira, mas uma série de coisas aconteceram e me alavancaram para que tudo desse certo. Primeiro, havia aqui 33 operários que pertenciam ao grupo empresarial que tinham que manter a ruína. Quando eu cheguei eles tiveram que escolher se ficavam com seu Francisco, que era uma artista, um boêmio, ou continuavam nas indústrias do Grupo Brennand. Desses 33, 30 ficaram comigo, com o aventureiro, pintor, doidão, etc. Depois, a famosa sede da Sudene estava em fase de acabamento e apareceram quatro jovens arquitetos, selecionados por concurso, para terminar a obra. Queriam usar um revestimento qualquer para dar uma beleza àquele gigante. Eles já tinham visto alguns murais meus e perguntaram se eu não poderia produzir um certo número de

metros quadrados para eles revestirem o prédio. Eu teria dois anos para entregar todo o material. Entrei numa concorrência com outras empresas interessadas. Era uma quantidade enorme, revestimento externo, interno e pisos. Venci a disputa e isso me deu, inclusive financeiramente, a possibilidade e manejar tudo isso. E fomos melhorando, fizemos outro forno, começamos a produzir para São Paulo, para o Rio, para aqui e acolá. A cerâmica fabricada aqui passou a ser uma espécie de padrão. Meus próprios irmãos tentaram fazer uma coisa parecida. Fizeram a tal da Terragres, que era um produto muito parecido com o meu. Tinha o nome Brennand, mas não era um Francisco Brennand. Eles venderam gato por lebre (risos). Com a produção de pisos mantendo a Fábrica e a Oficina, eu pude ir armazenando as peças que fazia e isso foi se transformando numa espécie de santuário, um templo. A mata crescendo em torno de mim e eu ficando aqui dentro como se fosse um ninho.

A sexualidade das obras Minhas peças têm uma pesada carga sexual, mas isso tem uma razão. Há uma observação de Arnold Toynbee, um historiador inglês, que ficou na minha memória. Ele disse: “o sexo, mais do que a morte, deixa o homem diante de uma perplexidade insanável.” Não há nada que nos deixe mais aterrorizados e perplexos do que a finitude, o fato de você simplesmente se transformar em nada. Embora a gente também venha do zero, mas no momento que a gente passa a existir, a gente não pode compreender o que é não existir. E ele diz, mas do que a morte, o sexo nos deixa diante de uma

perplexidade insanável. Por que? Porque o sexo está ligado à reprodução. Então se você descobrisse o porquê da sexualidade, por que as coisas se reproduzem... O ovo, por exemplo, no dicionário de símbolos, é um emblema de imortalidade. As coisas são eternas porque se reproduzem. O próprio universo se reproduz. As estrelas nascem, vivem e morrem. E nós somos feitos da mesma matéria das estrelas. Não há nada no nosso corpo que não exista nos componentes do espaço, na Lua, em Marte. O que não é desse universo é a nossa maneira de pensar. É aí que somos extraviados.

Centenas de esculturas cerâmicas povoam os espaços externos e internos da Oficina

As grandes obras Algumas vezes eu fico olhando determinada cerâmica e admirando o que eu consegui fazer em termos de matéria. Porque eu fiz algumas cerâmicas como as de Juan Miró, de Pablo Picasso, e eu pensava que eu jamais poderia fazer nada igual. Não estou competindo com um pintor genial, que fez uma cerâmica genial, mas posso dizer que a matéria que ele conseguiu, eu consegui. Porque não dependia nem dele

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e nem de mim. Em parte foi o fogo que nos ajudou, como a lava do vulcão depois de endurecida. Quem sabe a oficina, com tudo o que eu fiz nela, as colunas, os murais, as cerâmicas, os pisos... enfim, tudo o que eu consegui fazer, quem sabe isso não representa o meu maior quadro, o meu maior cenário. Como se fosse um conjunto de tudo o que eu queria dizer e foi dito. Agora de uma coisa eu tenho certeza.

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eu tenha que ser lembrado no futuro, que seja por ele. Embora ele esteja lá em situação de miséria, porque a Rua das Flores durante noite e dia é usada como mictório. Ele já tem uma cor turva, por causa da ureia. Para arrancar

tem que ser com espátula. Era para ter um soldado para guardar aquilo, porque é um monumento nacional. Aquela foi a nossa única batalha verdadeira e nós botamos o rico exercito holandês para fora daqui.

Parque das Esculturas Aquela ideia foi de Reginaldo Esteves, muito combatida na época. Eu fui convidado para fazer o Parque das Esculturas (situada no centro de Recife) e quando fiz aquela torre, só pelo fato de ser um monumento vertical, gerou uma polêmica horrível de que era um pênis. Tem até uma forma fálica, mas é uma chaminé antes de mais nada. Uma bengala, se você bota para cima, ganha uma forma fálica, mas é uma bengala. Alguns edifícios tem notadamente uma forma fálica... Me pediram para fazer e eu fiz uma torre. Era uma homenagem aos 500 anos da descoberta do Brasil, imagine... a intenção era completamente diferente. Eu até disse que estava achando aquilo parecido com um foguete da Nasa, se botasse Nasa/USA iriam pensar que estavam

lançando um foguete (risos). Então meu assessor sugeriu que eu mudasse a ogiva, porque era isso que estava parecendo, uma ogiva. Por acaso, minha filha, que tem uma coleção de plantas tropicais, trouxe uma planta conhecida como flor de cera. O nome, na verdade, é Roberto Burle Max 1 e 2, porque foi descoberta por Burle Max. São duas flores equatorianas descobertas e trazidas por ele para o Brasil. Ela é tão perfeita que não parece natural. Então decidi fazer a cumieira com essa flor e tirar a ogiva. Era como se a torre fosse uma trepadeira que sustenta as plantas. E também passei umas gárgulas – que são bichos com a boa aberta – para tirar a ideia da verticalidade. Mas não teve jeito. A obra gerou polêmica, mas está lá, os turistas vão e apreciam.

O batismo da torre Em constante processo de mutação, a Oficina forma um universo abissal, dionisíaco, sexual e religioso

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Esse mural que está nas Ruas das Flores, dedicado ao povo brasileiro, por que o tema é a Batalha dos Guararapes, é uma obra importante em minha vida. Ele tem 32 metros e pouco por apenas 2 metros e meio de altura. Você anda ao lado dele como quem lê uma historia em quadrinhos e é a história da Revolução Pernambucana, da expulsão dos holandeses. Fiz em 1961, quando Jânio Quadros tomou posse, e acabei quando Jânio renunciou. Esse eu considero o meu maior trabalho, porque é um trabalho que está um pouco desligado das minhas preocupações pessoais, de sexo, luxúria, das coisas do corpo feminino. Não existe mulher

nenhuma neste mural, só existem os guerreiros brasileiros a combater o rico e bem armado invasor holandês. E não existe um só de nós mortos, só holandeses. E tive que procurar uma bandeira. Não podia ser a bandeira de Portugal, porque a vitória foi nossa. Não podia ser a bandeira do Império, que não existia. Então utilizei, propositadamente, numa forma de antecipação, a bandeira da República brasileira. Na época fui chamado de analfabeto, ignorante... disseram que descaracterizei a história. Este mural foi uma encomenda de dois banqueiros de Minas Gerais, que eram donos do Banco da Lavoura de Minas Gerais. Se é que

Na madrugada de 1º de janeiro, o Parque das Esculturas estava no escuro total. Alguns estudantes, por conta da polêmica, atravessaram, cheios de adrenalina... que idade maravilhosa. Foi no réveillon, cheios de cerveja e na maior alegria, imagino. Lá, no centro da torre, que é oca, se depararam com um ovo – que para mim é o símbolo da imortalidade – pendurado no eixo da torre. Então um subiu no cangote do outro e começou a balançar o ovo, que virou um pêndulo. Nessa brincadeira, o ovo se espatifou e os estudantes caíram em si, como se tivessem feito um sacrilégio. No outro dia, a imprensa toda chamou os estudantes de vândalos. Dois ou três dias depois, alguém me telefona e diz: “Quero dizer que não

somos vândalos, como a imprensa está nos tratando. Nós estávamos alegres, brincando... era noite de festa e aquilo nos chamou a atenção. Mas a intenção não era quebrar. Queremos ir ai em comissão para lhe pedir desculpas.” Eu disse: “não façam isso que eu não recebo. Porque se eu tivesse a idade de vocês, eu pegava no ovo e começava a balançar e eu iria quebrar. Vocês querem saber de uma coisa? Não existe a cerimônia do batismo do navio, que se faz jogando alguma coisa contra a quilha do navio, que pode ser, em geral, uma garrafa de vinho ou de champanhe. Então vocês batizaram o monumento!” Aí eles ficaram numa alegria só, muito satisfeitos, e eu os convidei para virem me visitar, mas não para pedir desculpas.

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www.newholland.com.br

O diário Como disse, tenho muita influência da literatura, e precisava escrever. Desde que eu viajei para a França, até hoje eu continuo escrevendo um diário. Começa em fevereiro de 1949. Tenho aqui o que seria a boneca do primeiro volume, que vai de 1949 a 1979. Possivelmente até o final do ano será publicado. A princípio, são quatro vo-

lumes. Ele não é a expressão de toda a verdade de minha vida, claro, mas era minha intenção contar um pouco de todas as coisas que se passaram. Por exemplo, o sucesso da cerâmica, as pretensas conquistas femininas, as desilusões... enfim, um pouco de tudo por que passei ao longo desses 85 anos.

O ceramista JOãO Cabral de MelO NetO a Francisco brennand

Fechar na mão fechada do ovo a chama em chamas desateada em que ele fogo se desateia e o ovo ou forno tem domadas então prender o barro brando no ovo de não sei quantas mil atmosferas que o faça fundir no útero fundo que devolve a terra à pedra que era

Vista do Parque das Esculturas de Brennand, um belo espaço localizado nos arrecifes de Recife que possui 50 esculturas em bronze do artista 58

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lanÇamenTo

Linha 2013 do Palio Weekend, Strada e Siena EL chega com formas renovadas A

Oficina Brennand, em Recife, foi o cenário mítico e monumental escolhido para a apresentação ao mercado dos novos Fiat Palio Weekend, Strada e Siena EL, em junho. Sucesso em seus segmentos, eles receberam agora em sua linha 2013 novas soluções estéticas e de acabamento, além de novas versões e uma listas de conteúdos bastante completa. Tudo isso resultou em uma gama de produtos muito mais moderna, equipada e segura. A evolução de estilo alcançou tanto o sedã quanto a picape e a station wagon. O Centro Estilo Fiat América Latina desenvolveu novas soluções para a parte frontal dos veículos, que os deixam com um visual marcante. Outro ponto forte trabalhado pelos designers da Fiat foi o interior dos carros, privilegiando o conforto e a praticidade.

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A nova picape Strada - líder de mercado há 12 anos consecutivos em seu segmento –ganha em sua linha a nova motorização E-torQ 1.6 16V, que se soma às Fire 1.4 e E-torQ 1.8 16V, e passa a oferecer a Cabine Dupla em todas as versões. Já o novo Palio Weekend está disponível em quatro versões, que tem à sua disposição três motorizações: Fire 1.4, E-torQ 1.6 16V e E-torQ 1.8 16V. Enquanto que o sedã Siena EL, que mantém identidade própria, vem com uma lista de equipamentos muito completa frente aos seus concorrentes e opções de motores Fire 1.0 e 1.4. A versão Adventure, a mais desejada dos Fiat Palio Weekend e Strada, também está disponível com o câmbio Dualogic® e o bloqueio de diferencial Locker. Já em termos de segurança, o conceito HSD (High Safety Drive), composto por

air bag duplo e freio ABS com EBD, está ainda mais presente na lista de equipamentos de série dos novos modelos 2013. Novos desenhos: mais atuais e atraentes Com detalhes sutis que os diferenciam, o novo frontal dos Fiat Palio Weekend, Strada e Siena apresenta um visual renovado, que se conecta harmoniosamente com a lateral e a já consagrada traseira dos veículos. O para-choque mais volumoso e de linhas limpas, elegantes e modernas em conjunto com os faróis passa um maior size-impression aos novos modelos. Ele traz uma nova grade superior com desenho em colméias e uma barra horizontal cromada, remetendo ao family feeling Fiat. Na parte inferior do para-choque, destaque-se o novo design que aumenta o dinamismo da área dos faróis de neblina e da grade inferior, alargando e abaixando o carro. As versões Adventure também receberam um novo para-choque. Ele traz um visual mais robusto, uma característica consagrada dessa linha, mas ao mesmo tempo com um toque mais urbano. Este novo para-choque também dá a sen-

sação de um carro mais alto com o peito de aço se integrando perfeitamente ao desenho da versão. Externamente ainda foi criado um conjunto de novas rodas e calotas para os veículos 2013. Um dos destaques é a nova roda de 16 polegadas para a versão Adventure, com pneus de uso urbano. O Centro Estilo Fiat também trabalhou para buscar o máximo de originalidade e um aspecto clean e funcional ao interior dos modelos. Isso gerou um habitáculo com formas suaves e elegantes, além de mais confortável. O interior dos modelos recebeu tecidos mais nobres nas forrações, novo volante, quadro de instrumentos com novas grafias que melhoraram a leitura e a assimilação das informações transmitidas, além de inúmeros itens de conveniência como porta-copos, objetos e revistas. A soma de todos esses elementos resultou em um ambiente interno mais agradável, harmônico e funcional, em que as formas em alto relevo estão bem caracterizadas na nova tampa do air bag, nas novas saídas de ar e na parte central do painel de instrumentos.

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Tecnologia para o celeiro do mundo Investimentos no setor de agronegócio da América Latina refletem crescimento na indústria. À frente do mercado, a Case New Holland investe na ampliação do portfolio dos produtos

Case IH participou da Agrishow apresentando o que há de mais moderno no mundo em equipamentos pesados e agrícolas

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onsiderada o celeiro do mundo, a América Latina está passando por uma grande transformação tecnológica na agricultura, alternativa através da qual está tornando possível aumentar a produção para atender a crescente

demanda por alimentos. Soluções inovadoras e sustentáveis envolvem indústria e biotecnologia, traçando um novo horizonte para o setor que, no Brasil, é responsável pela movimentação de 22,3% do Produto Interno Bruto (PIB).

É neste cenário que a Agrishow – Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação se faz gigante. Em sua 19ª edição, considerada a maior de todas, a exposição recebeu neste ano 130 mil visitantes e movimentou mais de R$ 2 bilhões em negócios (13% a mais em relação à edição anterior), além de alavancar a movimentação econômica do município paulista de Ribeirão Preto, onde é realizada a feira. A ambição, de acordo com Maurílio Biagi Filho, presidente da Agrishow, é tornar a feira a maior do mundo no setor. A depender das perspectivas de crescimento, o empresário pode trabalhar tranquilamente com esta expectativa. Até 2015 o mercado nacional deve ter um aumento médio de 10% ao ano no que se refere à comercialização de máquinas com maior potência embarcada, especialmente tratores e colheitadeiras. Serão 80 mil novos equipamentos agrícolas no mercado

latino até 2015. “Estamos em uma das poucas regiões do mundo onde há espaço para ampliar a tecnologia aplicada na agricultura. Hoje vemos um mercado com produtos em evolução, principalmente do ponto de vista tecnológico”, avalia Valentino Rizzioli, presidente da CNH Latin América, ressaltando que o mercado não deve crescer apenas em número de unidades vendidas, mas no tamanho médio das máquinas comercializadas. Atendendo a esta demanda, a Case New Holland, que tem na América Latina 20% de seu faturamento, está aplicando um pacote de investimento de R$ 2 bilhões no desenvolvimento de novos produtos e na expansão de sua capacidade produtiva. “Na edição deste ano da Agrishow participamos com as quatro marcas apresentando o que há de mais moderno no mundo em equipamentos pesados e agrícolas. Também fazem parte dos investimentos duas novas plantas na região, uma localizada em Córdoba, na Argentina, e outra em Montes Claros, norte de Minas Gerais”, diz Rizzioli. cASe Ih Exemplo de investimento pôde ser visto nos equipamentos levados pela Case IH para a Agrishow. Com o objetivo de ofertar um sistema completo de mecanização, a marca desenvolveu o conceito de Sistema Global: uma ideia que une a oferta de equipamentos para todas as etapas produtivas da agricultura e um pacote de serviços, peças, ampliação da rede de concessionários e suporte financeiro. “Nosso portfólio de produtos está em constante evolução para atender as necessidades de cada segmento agrícola e as particularidades de cada região”, afirma Alfredo Jobke, diretor de marketing da Case IH para América Latina. O lançamento do Max Case IH, um serviço dedicado ao atendimento de máquinas paradas no campo, mostra esta preocupação.

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De acordo com Rafael Miotto, gerente de serviços da Case IH para a América Latina e responsável pela implantação do Max Case IH, “quando o sistema é acionado, uma equipe dedicada analisa as informações, filtra e toma todas as ações necessárias, evitando qualquer perda de tempo no processo, desde a detecção da falha até a reparação”. Símbolo de robustez, a Case IH surpreendeu os agricultores que passaram pela feira expondo duas novas linhas de tratores de alta potência, a família Puma com os modelos de 195cv e

Rizzioli revela que faz parte dos investimentos uma nova planta em Córdoba, na Argentina, e outra em Montes Claros (MG)

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210cv e a família Steiger, com os modelos de 450cv e 550cv – os maiores do mercado nacional. Ampliando sua oferta de produtos, a marca passou a ofertar também sua enfardadeira 433R para o mercado brasileiro, além dos utilitários Scout e Scout XL, capazes de auxiliar os produtores rurais nas tarefas de no campo. Cercada por usinas sucroalcooleiras, a cidade de Ribeirão Preto, que sedia a feira, atrai as principais tendências para o setor. Na oportunidade, a Case IH apresentou a série A8000 de colhedoras de cana versão 2012. As novidades incluem um novo software de controle do consumo do combustível Smart Cruise, além de melhorias

no sistema de arrefecimento da caixa do motor, no sistema de controle automático do corte de base e em alguns itens de segurança das máquinas. new hoLLAnD Fortalecendo seu posicionamento de ampliação da oferta de produtos, a New Holland utilizou a Agrishow como plataforma para apresentação das soluções ofertadas pela marca no setor. Segundo o vice-presidente da marca para a América Latina, Bernhard Kiep, a feira foi palco das novidades tecnológicas que devem fazer parte da agricultura brasileira. “Estamos buscando variedades em tamanho de máquinas e tecnologias de ponta para acompanhar as exigências do mercado de agronegócio dos produtores brasileiros”. Vislumbrando um mercado crescente de máquinas grandes, a marca apresentou na Agrishow a CR9080, de 450 cv, uma gigante que se encaixa na Classe VIII. Além de disponibilizar a maior máquina com duplo rotor do mercado, Luiz Feijó, diretor comercial, ressalta que a New Holland lançou, ainda, a CR5080. “É um equipamento que serve de porta de entrada para os produtores que possuem áreas menores e querem deixar de utilizar o sistema convencional de debulha e aderir ao duplo rotor.” Outro gigante, o T9.560, chegou ao Brasil no momento mais apropriado: Ribeirão Preto é o coração produtivo da cana-de-açúcar no país e a cultura exige tratores de altíssima potência, como os da linha T9. Outra referência para o setor de cana foi a apresentação do projeto desenvolvido pela New Holland em parceria com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) que permite viabilizar a geração de energia sustentável através da palha da cana-de-açúcar. A pesquisa, baseada na aplicação da enfardadora da New Holland, está sendo desenvolvida desde maio de 2010 e já apresenta resultados favoráveis. “Damos

um passo à frente no que diz respeito à sustentabilidade do agronegócio com o selo ‘Clean Energy Leader’. Isto é visível nos nossos investimentos em pesquisas na área de bioenergia florestal e da palha da cana, oferta de motores adequados para adição de biodiesel e preocupação em estarmos inseridos no programa Agricultura de Baixo Carbono”. PeSo PeSADo no AgronegócIo O mercado de construções no Brasil segue crescendo e a expectativa é de aumento de 50 a 60% na venda de equipamentos pesados nos próximos três anos. Além da aplicação na construção e mineração, a utilização dos equipamentos de construção tem conquistado na agricultura um importante segmento de negócios. “Temos uma atuação diferenciada no mercado sucroenergético e por isso não poderíamos deixar de participar da Agrishow, que tem sido uma vitrine para a apresentação dos nossos equipamentos”, afirma Marco Borba, diretor Comercial e de Marketing da New Holland Cons-

trução para a América Latina. No estande da marca foram apresentadas a nova motoniveladora RG170.B, a pá-carregadeira W170B, a retroescavadeira B90B 4X4, a minicarregadeira L220 e o trator de esteira D140B. Roque Reis, diretor geral da Case Construction Equipment para a América Latina, é otimista com o crescimento do mercado, mas acredita em um crescimento gradual de aproximadamente 10% ao ano até 2015. Baseado no fato de as vendas para o segmento terem aumentado 30% de 2010 para 2011, ressalta que cada vez mais o agroempresário investe em equipamentos pesados para alcançar maior produtividade. “As máquinas de construção são usadas na infraestrutura das fazendas e usinas, em serviços gerais, carregamento de grãos, movimentação de bagaço de cana-de-açúcar, insumos e muitas outras aplicações”. Entre outros equipamentos que podem ser adaptados para o setor, a Case desenvolveu a versão canavieira da pá carregadeira 721E, especialmente para movimentação de bagaço de cana.

Durante a Agrishow, New Holland apresentou novos equipamentos e soluções ofertadas pela marca no setor

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em APROVAçãO

No segmento de linha amarela – das máquinas de construção e infraestrutura, como retroescavadeiras, escavadeiras hidráulicas e pás carregadeiras – o número de expositores de fora, especialmente Coréia do Sul e China, cresceu visivelmente. Segundo o Guia Oficial da M&T 2012, somando os estandes de máquinas, peças e suprimentos, 161 expositores eram chineses. Já o número de marcas de máquinas de construção no mercado brasileiro aumentou de 11 em 2006 para 36 este ano.

Mercado de construção

brasileiro gera otimismo A M&T Expo 2012, 8a Feira Internacional de Equipamentos para Construção e 6a Feira Internacional de Equipamentos para Mineração, simboliza o crescimento do setor

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estagnação do mercado europeu e a desaceleração norte-americana somadas ao crescimento da economia brasileira e à expectativa de investimentos em infraestrutura são fatores que têm feito o mundo voltar os olhos para os países emergentes, como o Brasil. A M&T Expo 2012 - 8ª Feira Internacional de Equipamentos para Cons-

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trução e 6ª Feira Internacional de Equipamentos para Mineração, realizada em São Paulo entre os dias 29 de maio e 2 de junho, confirmou esse fato. O evento, considerado o maior já realizado, teve 494 expositores, sendo 270 nacionais, de nove estados, e 224 internacionais, vindos de 15 países. Foram mais de mil marcas que expuseram cerca de 3.500 equipamentos para ter-

Estande da New Holland chamou atenção dos visitantes e foi considerado de padrão internacional

raplanagem, pavimentação, içamento, perfuração de rochas, além de motores, peças e componentes. Esse montante representa um crescimento que beira os 15% em relação à M&T 2009. Segundo Afonso Mamede, presidente da Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção), organizadora do evento, foram fechados R$ 1,2 bilhão em negócios - 20% a mais que na edição passada. Esse montante corresponde a aproximadamente 10% do total faturado anualmente pelo segmento. “Em 2009, a feira já havia sido um divisor de águas para o segmento ao alcançar um montante de R$ 1 bilhão em negócios, revertendo os reflexos da crise econômica que afetou, na ocasião, diversos países”, esclarece Mamede.

MercADo creScenTe O que atrai essas empresas é a movimentação da economia, o crescimento do segmento nos últimos anos e a promessa de novos investimentos. Uma pesquisa anual feita pela Sobratema indicou que mais de 12 mil obras estão em andamento ou a serem iniciadas no Brasil até 2016 e envolvem um investimento de aproximadamente R$ 1,4 trilhão. Neste cálculo estão também as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), assim como as obras para a Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, sendo que alguns projetos têm orçamento adicional. O mercado de máquinas de construção e infraestrutura deu um grande salto nos últimos seis anos, passando de 7.090 unidades em 2006 para 27.832 no ano passado. Já em 2012, com a desaceleração da economia, o mercado se mantém estável e deve fechar o ano no mesmo patamar de 2011. Não era essa a previsão inicial do setor, que apostava num mercado cerca de 10% maior. Mas, os números não desanimam os empresários, que continuam a investir e acreditam em aumento da demanda para 2013 e os anos seguintes. creScIMenTo eM 2013 Essa é a expectativa do diretor geral da Case Construction Equip-

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neGócios Roque Reia, diretor geral da Case Construction para América Latina: “não estamos acomodados com a liderança histórica da marca no segmento. procuramos, cada vez mais, um produto melhor“

Marco Borba, diretor Comercial e de Marketing da New Holland Construction para a América Latina: “o mercado de máquinas de construção vivencia um ótimo momento”

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ment para a América Latina, Roque Reis. Ele comenta que o mercado é o melhor dos últimos 10 anos, mas o Governo precisa agilizar as obras de infraestrutura para que o País continue a se desenvolver. “O Brasil tem todas as oportunidades de crescimento. A iniciativa privada está se preparando, investindo em novas fábricas e produzindo a todo vapor, porém os investimentos em infraestrutura demoram a sair da divulgação para a ação, dando a insegurança para o curto prazo e gerando custos adicionais de manutenção de estoques”, esclarece Reis. Segundo o diretor Comercial e de Marketing da New Holland Construction para a América Latina, Marco Borba, “o mercado de máquinas de construção vivencia um ótimo momento, devido ao grande número de obras que vem acontecendo no país, principalmente com as realizações da Copa do Mundo e Olimpíadas”. Borba reforça que de 2002 pra cá o Brasil só cresceu. “Um crescimento contínuo, historicamente, nunca havia acontecido. A tendência é que continuemos assim”. As duas marcas são da Case New Holland, da CNH / Fiat Industrial. Juntas, elas detêm mais de 26% do mercado. Case e New Holland possuem estruturas comerciais, de marketing e rede de pós-vendas distintas. Porém, o sistema de produção é conjunto. Hoje, a planta industrial de Contagem (Minas Gerais) está com sua capacidade produtiva, de 9 mil unidades/ ano, no limite. Para atender à demanda, a Case New Holland vai abrir uma nova fábrica, em Montes Claros, na região norte de Minas Gerais, com investimento de R$ 600 milhões, programada para iniciar operações em 2014. A estimativa é gerar 2.700 postos de trabalho, sendo 700 diretos e mais 2.000 a partir de um pólo fornecedor

de peças e componentes que será estabelecido na área vizinha à fábrica. A área total do complexo em Montes Claros deverá atingir 2 milhões de metros quadrados, com 700 mil metros quadrados dedicados à própria planta. LInhA De ProDuToS e PóS-venDA Para competir num mercado que cresce a cada dia na demanda por produtos e com a chegada de novos concorrentes, as marcas apostam na evolução da linha de produtos e no atendimento de pós-venda. A New Holland Construction apresenta uma grande rede de distribuidores em todo o território nacional e mundial. “Obtivemos um crescimento de 80% nos pontos de vendas para atendimento na América Latina e no Brasil contamos hoje com 40 pontos de distribuição”, revela Borba. “A capilaridade da nossa rede de concessionários é um diferencial. Presente em cada canto do Brasil, nossas revendas reunidas hoje formam a mais ampla estrutura nacional de distribuição de equipamentos”, informa o executivo da New Holland. A Case, tradicional fabricante de retroescavadeiras e pás carregadeiras de 10 toneladas, há cinco anos vem, gradualmente, aumentado seu portfólio e hoje se posiciona como uma marca de linha completa. “Em 2006, comercializávamos 13 modelos de máquinas no Brasil. Hoje, são 32 em sete linhas diferentes. O crescimento da demanda nos fez incorporar novos produtos ao portfólio, com escavadeiras e pás carregadeiras de maior porte, miniescavadeiras, skids e outros produtos de diferentes tamanhos”, explica Reis. A mesma evolução passou a rede de concessionários que este ano deve chegar a 36 pontos de atendimento pelo País.

LÍDER DE MERCADO, CASE LANÇA RETROESCAVADEIRA 580N

Case aproveitou o evento para lançar a retroescavadeira 580N, resultado da experiência de 55 anos da empresa na produção destas máquinas

Líder absoluta no segmento de retroescavadeiras no brasil - o maior do setor de máquinas de construção - a case lançou na M&T expo 2012 o modelo 580n. “A 580n é resultado da experiência de 55 anos da marca na produção de retroescavadeiras. nosso objetivo com este lançamento é a evolução da linha e, com isso, garantir a continuidade da liderança no segmento. não estamos acomodados com a liderança histórica da marca no segmento. Procuramos, cada vez mais, um produto melhor, que dê maior retorno ao cliente”, afirmou o diretor geral para a América Latina, roque reis, durante a cerimônia de lançamento do produto, no estande da marca, com a presença do presidente mundial Mario gasparri, de clientes e concessionários. A case também celebrou na M&T os 170 anos de criação da marca, fundada em 1842 por Jerome Increase case, em racine (wisconsin), nos estados unidos. As máquinas case ganharam um novo padrão de identificação visual, que agora também inclui a ave símbolo da marca, a águia.

NEW HOLLAND LEVA VÁRIAS ATRAÇÕES PARA A FEIRA Presente em todas as edições da M&T expo, a new holland apresentou novos modelos em 2012. entre a M&T 2009 e esta, 18 novas máquinas da marca chegaram ao país, entre novas séries de pás-carregadeiras, tratores de esteiras, retroescavadeiras, motoniveladoras e minicarregadeiras. Sobre motoniveladoras, mesmo sendo recém lançadas (em 2011), a nova linha da new holland apresentada pela primeira vez na feira ganhou ainda mais melhorias em sua motorização e transmissão. A marca também trouxe para a M&T os mais novos modelos de manipuladores telescópicos: LM1445 e LM1745. Ambos têm capacidade para elevação de carga de 4.500 kg e contam com o moderno motor new holland Tier 3, que cumpre todas as normas européias e brasileiras de emissão de poluentes. outra atração da new holland foi a comemoração dos 40 anos de suas minicarregadeiras, máquinas que são referência mundial em sua classe, principalmente por serem as únicas que possuem o exclusivo projeto de elevação vertical Super boom, que garante a melhor estabilidade, altura e alcance de descarga de sua categoria. A história das “minis” começou em 1972, com o lançamento do modelo L35. em toda essa trajetória, mais de 200 mil minicarregadeiras new holland foram vendidas, em mais de 120 países. entre eles, o brasil, que recebeu a nova série 200 no ano passado.

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A expectativa positiva da empresa também se deve ao fato de o novo modelo ser derivado de um dos mais bem-sucedidos caminhões da história da Iveco no mundo, o Eurocargo. O veículo é o terceiro modelo no ranking dos semipesados europeus, com market share de 21%. Lançado em 1991, e quatro gerações depois, cerca de 500 mil Eurocargos já foram comercializados em mais de 160 países. Para a gerente da gama de semipesados e pesados da empresa, Cristiane Nunes, o diferencial da Iveco está no fato de a empresa sempre ir além das normas ambientais. “A empresa conta com um time qualificado que está atento às melhorias necessárias em cada veículo. O consumidor é extremamente exigente e busca conforto, dirigibilidade, alta potência do motor e economia. É preciso oferecer produtos de alto nível para conquistar os clientes”, avalia.

Iveco lança linha Tector Nova geração da família Ecoline irá contribuir para a estratégia de crescimento da empresa

POr LILIAn LobATo

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pós o lançamento das linhas Daily – de 3,5 a 7 toneladas de PBT – e Trakker - caminhões pesados fora de estrada para até 74 toneladas de PBT-, a Iveco Latin American apresenta ao mercado o semipesado Tector (16 a 23 toneladas de PBT). O veículo faz parte da família Ecoline e, além de atender a legislação ambiental, é sinônimo de conforto, versatilidade e economia. “A nova geração Iveco Tector foi desenhada para encaixar-se ao mercado dos semipesados como uma luva, em benefício dos clientes” ressalta Marco Mazzu, presidente da empresa.

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A ideia é atender um segmento que caminha de vento em popa e representa um em cada três caminhões vendidos no Brasil. Como a Iveco é uma empresa full range – reúne gama completa de veículos – certamente os semipesados são parte fundamental na estratégia de crescimento. Tanto, que a expectativa é comercializar 4.500 unidades só em 2012. O consumidor também saiu ganhando com a nova versão. Ao todo, são 41 configurações que se diferenciam a partir dos três tipos de cabine (curta, leito e a nova versão leito teto alto), motores potentes e econômicos

Nova versão da lnha Tector oferece quatro opções de distância entre-eixos

Iveco FPT Industrial de 218 cv e 280 cv, três opções de transmissão (de 6, 9 velocidades e 10 velocidades), três tipos de tração (4x2, 6x2 e 6x4) e quatro distâncias entre-eixos. Com a nova frota de semipesados, a Iveco ganha espaço no mercado brasileiro e passa a atender, sobretudo, os setores de construção civil, agropecuário, alimentício, de bebidas e eletroeletrônicos. Quando lançou a primeira geração do Tector, em 2008, a marca detinha cerca de 3% de participação na categoria. Já no ano passado, fechou com 7,4%. A partir do lançamento da nova geração do veículo, a Iveco espera acelerar essa tendência de crescimento.

conForTo gArAnTIDo A nova linha de semipesados é dividida em dois níveis de acabamento: o Iveco Tector e o Iveco Tector Attack. As duas versões chegam ao mercado brasileiro com dois anos de garantia, sendo um ano total e mais um ano para o powertrain. O Iveco Tector é ideal para quem busca o que há de mais moderno e eficiente em transporte sem abrir mão do conforto. Segundo Cristiane Nunes, um exemplo disso é a nova versão com opção cabine leito teto alto, que amplia consideravelmente o espaço interno. Ela ainda destaca as mudanças realizadas no interior do veículo, que foi remodelado e está de cara nova. O painel de instrumentos é bem ilumi-

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Melhor desempenho e menor consumo Para equipar a nova geração do Iveco Tector, a Iveco contou com a FPT Industrial, que lançou o neF 6 euro v. o motor atende os novos limites de emissões do Proconve P7 da legislação brasileira e traz inovações que proporcionam 5% de redução no consumo de combustível. vale ressaltar o melhor desempenho nas duas versões com potências máximas de 218cv e 280cv. A calibração do neF 6 euro NEF 6 Euro V v foi alterada em relação ao avanço do motor. A curva possui torque máximo em rotações mais baixas e em uma faixa bem mais ampla (de 1.250rpm a 2.000rpm), melhorando a performance do propulsor.

com seis cilindros em linha e quatro válvulas por cilindro, o novo motor da FPT Industrial possui novo turbocompressor que garante maior pressão da admissão do ar, melhorando a pressão de combustão. Para atender os novos limites de emissões, o novo neF 6 utiliza o sistema Scr (Selective catalyst reduction), tecnologia que contribui para remoção do nox dos gases de exaustão e garante os baixos índices de emissões de poluentes. os pistões também foram alterados para atender os limites do Proconve P7, criando uma nova câmara de combustão. outra modificação do neF 6 euro v que beneficiou os proprietários do novo Iveco Tector foi o aumento no intervalo de troca de óleo. o novo motor permite paradas a cada 60.000 quilômetros em função de utilizar o óleo 5w30 sintético. Anteriormente, as trocas eram necessárias a cada 20.000 quilômetros em uso rodoviário.

nado e elegante, com computador de bordo. O volante é regulável em altura e alcance e o banco do motorista tem regulagem pneumática. Para melhorar, ainda há porta-objetos. A suspensão da cabine também está entre as novidades e apresenta molas helicoidais e amortecedores nos quatro pontos de fixação. O ar-condicionado é de série, bem como os vidros verdes, vidros elétricos, para-sol externo e climatizador (para cabine leito teto alto). Entre os opcionais, estão travas elétricas, retrovisores externos com acionamento elétrico, rádio CD player MP3, rodas de alumínio, faróis de neblina e um segundo tanque de alumínio de 300 litros. O consumidor que preza pelo máximo de conforto ainda pode contar com a versão top de linha, o Tector Stradale. Com tração 6x2 e o maior entre-eixos (5.670 mm), o veículo possui cabine leito teto alto, com todos os opcionais de série. “Nesta nova geração, especificamos o tanque de alumínio de 400 litros para todas as versões, o que já era um grande desejo dos motoristas”, ressalta Cristiane Nunes. QuALIDADe ALIADA Ao Preço Como veículo de entrada, o Tector Attack supera as expectativas e é o melhor custo benefício do segmento. O veículo reúne robustez, durabilidade e economia, atributos que o tornam uma excelente opção. A suspensão é de cabine mista com molas atrás e coxins na frente. De série, há o volante regulável em altura e a escotilha de teto. O modelo está disponível nas versões 4x2 e 6x2, tem dois tipos de cabine, curta e leito, ambas com teto baixo, e duas opções de entre-eixos. O banco do passageiro é de dois lugares, para acomodar as equipes urbanas compostas normalmente por motorista e ajudantes.

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Para atender necessidades específicas, como na construção civil e transporte de minérios, ainda é possível contar com o Iveco Tector 6x4, feito também para atuar como veículo de apoio em operações canavieiras ou madeireiras. As severas condições impostas a esse segmento são completamente atendidas com a estrutura da cabine reforçada, chassis mais robustos e suspensão dianteira com molas semielípticas. O veículo é ligeiramente mais alto que os demais e tem para-choque preto metálico, com características de off-road. O interior é igual ao do Attack e o piso da cabine é de borracha reforçada.

O interior do veículo foi remodelado e ampliado: o painel é luminoso, o volante ajustável e possui vários porta-objetos

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As novidades do câmbio

Dualogic Plus Lançado em 2008, o Dualogic une conforto de um câmbio automático com a eficiência no consumo de combustível da transmissão manual POr rIcArDo DILSer

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Fiat Bravo 2013 mudou. Sua gama de versões foi revista, assim como seus conteúdos e itens de conveniência. Melhor e mais competitivo dentro do segmento, o Bravo traz grandes novidades: a versão Sporting com motor E.torQ 1.8 16V, suspensão esportiva, ótima relação custo/benefício e também o novo câmbio Dualogic Plus. O câmbio automatizado está disponível em todas as versões do Bravo, exceto no T-Jet, que continua equipado com transmissão manual de seis marchas.

O Dualogic já faz parte da vida dos consumidores Fiat. Lançado em 2008 com o Stilo, uniu o conforto de um câmbio automático com a eficiência no consumo de combustível e desempenho apreciados em uma transmissão manual. Além disto, mantinha também o prazer de dirigir, já que Dualogic oferece opções de trocas manuais ao comando do motorista. O segredo está em sua concepção. Trata-se de uma transmissão na qual todos os comandos manuais são substituídos por um conjunto conectado a uma centra-

Fiat Bravo está melhor e mais competitivo dentro do segmento

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O Bravo 2013 inaugura uma nova etapa na evolução do Dualogic. Após uma série de estudos que levaram em consideração usuários de carros automáticos, os técnicos da Fiat recalibraram o sistema, tornando o Dualogic Plus uma das melhores transmissões no segmento. As trocas de marchas estão mais confortáveis e harmoniosas com as rotações do motor e com o nível de exigência de potência naquele momento. Se a performance exigida for moderada, as trocas serão extremamente suaves. Caso o motorista deseje potência, o sistema irá buscar velocidade, com trocas mais rápidas e esportivas. Auto-adaptativo, o Dualogic entende a necessidade do cliente e ajusta o tempo das trocas de marchas para cada situação. Além de ter revisto todo o conceito das trocas de marchas, agora muito mais confortáveis, novas tecnologias estão presentes nesta transmissão. As exclusivas funções Creeping e

CENTRALINA DO CÂMBIO

BORBOLETA DE ACELERAÇÃO

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INFO PAINEL

ALAVANCA SELETORA

COMANDO ELETROHIDRÁULICO

COMANDO DO ACELERADOR

Auto-Up Shift Abort se somam às já conhecidas operações Manual, Auto Down, Kick Down e Sport . A função Creeping proporciona manobras muito mais confortáveis e seguras, uma vez que o sistema se encarrega, automaticamente, de mover lentamente o veículo, sem que o condutor precise acionar o acelerador, como em qualquer modelo automático convencional. Para tanto, o câmbio deve estar posicionado no modo manual ou automático. Assim que o motorista retirar o pé do freio, o sistema Creeping movimenta o carro lentamente, deixando para o motorista o único trabalho de manobrar o volante e o freio, sem ter que se preocupar com o acelerador. O sistema Dualogic Plus identifica a intenção de manobra do motorista (porta fechada, marcha engatada, sem pressionar os pedais de freio e acelerador) e exige da Centralina do motor uma força extra, que pode chegar aos

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CENTRALINA DO MOTOR

Divulgação

lanÇamenTo O Bravo oferece mais conforto ao dirigir, uma vez que a potência do motor é dosada eletronicamente por meio do Dualogic Plus

lina eletrônica, que troca informações com o motor e com o próprio câmbio. Este sistema, desenvolvido pela Magneti Marelli, proporciona para o usuário um funcionamento igual ao de um câmbio automático convencional, não existindo o pedal da embreagem. O sistema nasceu nas competições de Fórmula 1 por oferecer trocas de marchas mais eficientes e a equipe Ferrari foi a primeira a utilizar o câmbio automatizado, em 1989.

3,5 quilograma força metro de torque, sem que o motorista precise acionar qualquer comando. Além do conforto, isto representa maior segurança, já que a potência do motor será dosada eletronicamente através do Dualogic Plus. Esta “força extra” do motor é capaz de impulsionar o veículo em manobras e até em pequenos aclives, limitando a velocidade em 7,5 quilômetros por hora. Outra melhoria do sistema é a função Auto-Up Shift Abort. Ainda mais inteligente, o sistema é capaz de identificar o exato momento de uma retomada de velocidade e abortar, se for o caso, a troca para uma marcha superior, mantendo a rotação do motor elevada para disponibilizar mais torque e potência. Tamanha evolução já está sendo adotada em outros modelos Fiat, como o Linea 2013 e o nosso mais novo lançamento, o Punto. É a Fiat mais uma vez inovando, melhorando e apontando tendências.

Autoadaptativo, o Dualogic verifica as informações do motor, do câmbio e até das reações do motorista. Com isso, interpreta o melhor momento para trocar as marchas

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educaÇão

Qualidade de vida

e sustentabilidade 6ª Corrida e Caminhada Fundação Torino reúne pais e filhos em atividade esportiva e preza por atitudes ecologicamente corretas POr LILIAn LobATo

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prática de esportes é fundamental para uma vida saudável. Para incentivar os alunos e suas famílias, a Fundação Torino – Escola Internacional realizou, em 3 de junho, a sexta edição da Corrida e Caminhada Fundação Torino. Ao todo, 1000 atletas participaram das atividades, além de

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cerca de 570 crianças. Com o tema “Pelas próximas gerações”, a instituição valorizou a conservação ambiental e a inclusão social, pilares que estima em sua conduta diária. A corrida e a caminhada ocorreram no bairro Belvedere, com largada e chegada na Praça Dr. Íris Valadares, traje-

to conhecido pelos aclives e declives que desafiam o atleta. Os percursos foram de 10 quilômetros para corrida, 4 quilômetros para caminhada e de até 200 metros para corrida infantil. Além disso, foi realizada uma prova para Portadores de Necessidades Especiais - PNE. A escola planejou cada detalhe das atividades. Ideais de educação ambiental e consciência sustentável fizeram parte do início ao fim da corrida, inclusive na escolha do material para a produção dos kits, que foram entregues aos inscritos. Cada atleta recebeu uma camiseta customizada e uma mochila, ambas confeccionadas com tecido produzido a partir de garrafas pet. Para completar, todo material usado na publicidade do evento foi produzido com papel reciclado, e os banners, depois de utilizados, se-

rão reaproveitados para a produção de ecobags. Em ano de realização da Rio +20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Fundação Torino se manteve atenta ao objetivo desse grande evento. É preciso pensar na renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação do progresso e das lacunas existentes. O presidente da Fundação Torino, Raffaele Peano, destacou a importância da integração proporcionada pelas atividades. Segundo ele, a corrida e caminhada foi um momento família, em que todos puderam participar juntos. Enquanto os pais praticavam atividades físicas, os filhos também competiam e ainda se divertiam no espaço de recreação exclusivo, com brinquedos e oficinas educativas, fruto da

Cristiane Soares participou da caminhada com o marido Fernando e os filhos Marcelo e Thales

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educaÇão

No caso de Débora Carla de Brito, a corrida precisou ser trocada pela caminhada para que ela pudesse acompanhar o filho Pedro Henrique. “Estamos participando pela primeira vez e gostei muito da organização das atividades. O Pedro joga futebol, mas sempre incentivo a praticar novas atividades para ter uma vida saudável”, explicou.

Débora Carla sempre incentiva o filho Pedro Henrique a praticar esportes

parceria com o Projeto Praça Ativa. Na ocasião, também foram distribuídos pipoca e algodão doce. Os atletas participantes também agiram com responsabilidade social. Durante o período de inscrições, a escola instigou os interessados a comparecerem ao local da prova com agasalhos que, logo após o aquecimento, foram doados à Campanha do Agasalho 2012. Todas as peças foram destinadas a instituições que cuidam de crianças carentes. Para Cristiane Soares, que participou da caminhada pela segunda vez com o marido, Fernando Soares Chiacchio, e com os filhos, Marcelo e Thales, essa foi uma oportunidade de incentivar as crianças a praticar esporte. Ela, que já faz spining, sabe a importância da atividade física e faz o possível para que os meninos sejam ativos. Os funcionários do grupo Fiat marcaram presença na corrida e caminhada. Ana Paula Pena Almeida e Cristiane Assis, funcionárias da Fiat Automóveis, combinaram de caminhar juntas. No local, encontraram Eduardo Vasconcelos, também da Fiat, e Marcus Pereira, da Case New Holland. Ambos já correm há 10 anos.

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Vencedores da 6ª edição da Corrida e Caminhada Fundação Torino os primeiros colocados na 6ª edição da corrida e caminhada Fundação Torino (1º ao 5º lugares), nas modalidades feminino, masculino e Pne – Portadores de necessidades especiais, receberam premiações que variaram entre r$ 500,00 e r$ 100,00, respectivamente. Seguem abaixo os vencedores:

mASCULINO (10 km) vanderlei Alves Tibúrcio - 30min43 edson Tibúrcio Alves - 30min48 reginaldo José da Silva – 30min52 Albertino Silva da Luz – 31min31 célio rodrigues da Silva – 32min00

O câmbio automatizado líder absoluto de mercado agora ficou insuperável!

FEmININO (10 km) erika Maria José vieira - 37min35 Jurací da consolação evangelista 43min07 natália vasconcelos - 43min31 Fernanda carvalho Lopes – 44min16 Ana Maria Martins de Freitas – 44min44

Free Choice, câmbio manual com controle eletrônico e duas novas funcionalidades.

PARA-ATLETAS carleilton Freire dos Santos – 36min41 carlos Alves nascimento – 38min38 gilson viana das virgens Porto – 42min44 Luiz Fernando Moreira Triunfo – 43min36 Antônio José ramos – 45min22

O câmbio automatizado Free Choice da Magneti Marelli evoluiu e agora possui duas novas funções que proporcionam ainda mais conforto ao motorista. A função Creeping move lentamente o veículo assim que o freio é liberado, perfeito para manobras de estacionamento. Já a Auto-UP Shift Abort, identifica a necessidade de mais torque e realiza a troca para uma marcha imediatamente inferior, melhorando a performance em subidas íngremes ou para a retomada rápida de velocidade, como por exemplo, em uma ultrapassagem. Magneti Marelli, inovação sempre.

Faz parte da sua vida.


educaÇão

Turma de alunos do Formare de Mauá

Magneti Marelli amplia

atividades do Projeto Formare Linguagem Brasileira de Sinais passa a fazer parte da grade de aulas dadas pelo Projeto Formare nas unidades de Hortolândia e Mauá, no estado de São Paulo

POr FAbIAnA nogueIrA

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om o intuito de dar continuidade às ações de incentivo à inclusão social de adolescentes e jovens das comunidades em que está inserida, a Magneti Marelli, uma das principais fabricantes de sistemas e componentes automotivos de todo o mundo, passou a oferecer aos alunos do Projeto Formare das escolas de Hortolândia e Mauá ensinamentos sobre a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras). A iniciativa, além de representar o contato com uma nova habilidade de comunicação e outras realidades de vida, também se configura como um diferencial no mercado de trabalho para esses jovens. Por DenTro Do ProJeTo ForMAre Idealizado pela Fundação Iochpe, o objetivo do Formare é oferecer cursos de educação profissional para adolescentes e jovens de baixa renda por meio de aulas ministradas pelos colaborado-

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res das próprias empresas que adotam o programa, que tem duração de um ano e é reconhecido pelo Ministério da Educação por meio da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Na Magneti Marelli, o Formare foi implantado no início de 2004 e já beneficiou 540 jovens em quatro escolas de diferentes cidades: nas unidades de Lavras (MG), Mauá (SP), Hortolândia (SP) e Amparo (SP). Além de aulas teóricas e práticas, ministradas voluntariamente pelos próprios colaboradores nas instalações da empresa , os alunos também recebem uma série de benefícios. SInAIS PoSITIvoS Em Hortolândia, São Paulo, as aulas de Libras tiveram início no ano passado, quando os 20 alunos do Formare passaram a aprender o alfabeto e os números da linguagem de sinais. Além disso, eles também têm contato com ex-

pressões que transmitem seus sentimentos, estados de saúde e outros contextos, como situações relacionadas à família, higiene, natureza e lugares. Segundo a educadora voluntária de Hortolândia, Ana Garcia, no início os alunos temem ter dificuldades para aprender a nova técnica, mas logo os movimentos manuais e olhares se tornam familiares. Ana, que tem deficientes auditivos na família, aprendeu a se comunicar por meio de sinais quando ainda era criança e afirma que poder transmitir seu conhecimento a outras pessoas é uma experiência bastante satisfatória. ‘Ensinar Libras é muito importante para mim, pois não são só os alunos que conhecem algo novo. Eu também aprendo muito durante as aulas. É uma troca constante’, explica. BONS ExEmPLOS ExISTEm PARA SEREm SEGUIDOS O resultado positivo na unidade de Hortolândia fez com que a Magneti Marelli de Mauá, São Paulo, também incluísse as aulas de Libras nas atividades de seus 20 alunos. Para Mônica Santos, coordenadora da iniciativa na unidade de Mauá, a inclusão da disciplina na grade de atividades amplia o conhecimento dos jovens e gera um novo tipo de interação com outras realidades, aumentando o respeito e a admiração desses alunos pelo próximo. Jeferson Borges de Oliveira passou a integrar a Escola Formare de Mauá no último mês de março e conta que seu interesse por Libras começou bem antes de entrar no Projeto. ‘Uma vez, quando ainda era bem pequeno, encontrei um livro da minha mãe e comecei a folheá-lo. Encontrei uma página que falava sobre a comunicação com deficientes auditivos e então comecei a treinar o alfabeto. Como ainda era bem pequeno para entender certos assuntos, pensei que fosse apenas uma brincadeira de códigos e comecei a incentivar minha irmã a aprender também. Todos os dias nós conversávamos usando o alfabeto, sem saber do que se tratava de verdade’, lembra. Mas o que antes era brincadeira passou a ser levado a sério por Jeferson e, hoje, ele diz que o conhecimento em Libras pode não só ajudá-lo em suas relações profissionais, mas também a se colocar no lugar das pessoas com deficiência auditiva. ‘Um dia podemos precisar da ajuda de

alguém que tenha perdido a audição. E então, como faremos? Eu penso muito nisso e carrego eternamente em meu coração a experiência em Libras, pois pude perceber que muitos surdos conseguem se comunicar mais do que nós que temos voz e que, por diversas vezes, não fazemos um uso adequado das palavras’, acredita. Bruno Henrique Cesar, também estudante de Libras da unidade de Mauá desde março, afirma que a experiência está sendo fundamental, pois além de estar em contato com uma nova forma de comunicação, está servindo para que ele aprenda a ter paciência com ele mesmo. ‘Eu fui o aluno que mais teve dificuldades no começo das aulas. Não conseguia gravar os sinais e isso me

Os alunos Jefferson, Bruno Henrique e Letícia nos perguntam em sinais: “você quer aprender libras?”

chateava muito. Mas tudo mudou quando um colega que é deficiente auditivo me disse, usando os sinais, que eu nunca iria aprender tudo rapidamente, que era preciso passar por todas as etapas com calma. Eu guardei isso e fui procurar conhecimento também fora do Formare’, conta. Em Mauá, quem ministra as aulas é o educador voluntário Thiago Barros de Almeida, que teve sua primeira experiência em Libras em outra empresa em que trabalhou. Segundo ele, uma das melhores partes desta experiência é perceber que após um tempo os alunos são capazes de perceber o outro de uma maneira diferente, com mais respeito e admiração’, conclui.

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caPaciTaÇão

ronaldo guimarães

Melhorando a

As empresas que apresentaram melhor desempenho foram premiadas

gestão empresarial Programa de Capacitação de Fornecedores da Fiat contribui para desenvolvimento e crescimento das micro e pequenas empresas POr LILIAn LobATo

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Analista do Sebrae, Denise Fernandes diz que parceria surgiu para qualificar fornecedores do setor automotivo

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levar a competitividade das micro e pequenas empresas. Esse é um dos principais objetivos do Programa de Capacitação de Fornecedores desenvolvido, desde 2007, pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae-MG) e a Fiat Automóveis. A ideia do projeto é aumentar a qualidade dos produtos e serviços fornecidos, bem como reduzir custos e melhorar a gestão das empresas. O melhor é que tanto os fornecedores quanto a montadora são beneficiados. Conforme a analista do Sebrae-MG, Denise Fernandes, que também é gestora do projeto, as ações do programa foram intensificadas em 2010, mas tudo começou quando a entidade procurou a Fiat em busca de uma parceria para qualificar os fornecedores do setor automotivo. “Estamos sempre em busca de grandes empresas para participar do programa. Fizemos uma avaliação da Região Metropolitana de Belo Horizonte e percebemos que a maioria das micro e pequenas em-

presas é fornecedor Fiat ou fornecedor do fornecedor Fiat”, explica. Como a empresa aposta na capacitação, aprovou a iniciativa e deu início ao processo. Primeiramente, foi definido o Tier 1 – primeira linha de fornecedores da Fiat. Com isso, as empresas desse grupo indicaram outras empresas que vieram a se tornar o Tier 2 (segunda linha ou fornecedores dos fornecedores). Em março de 2011, foi realizado um evento com mais de 100 pequenos fornecedores e apresentado o projeto de capacitação. Ao todo, 40 empresas aderiram e receberam o diagnóstico do Sebrae-MG. Dentre os aspectos avaliados estavam gestão de finanças e de pessoas, responsabilidade social, processos produtivos, infraestrutura, planejamento e relação com a comunidade. Ao final, as empresas que apresentaram resultado abaixo de 70% receberam um plano de ação e tiveram o acompanhamento do Sebrae-MG para melhorar a gestão empresarial. Já as empresas que apresentaram resultado acima desse percentual foram convidadas a participar do Academia Lean. Esse nome é dado ao programa de treinamento aplicado, desde 2009, pelo Grupo Fiat aos seus fornecedores da primeira linha ou Tiers 1. Por orientação e sugestão do Sebrae-MG, a montadora decidiu, no ano passado, desenvolver um programa também para os fornecedores da segunda linha, os Tiers 2. Na primeira edição, 11 micro e pequenas empresas se

inscreveram no curso e oito delas cumpriram todas as tarefas. Denise Fernandes ressalta que o projeto não é apenas para capacitação dos fornecedores. “Criamos um ambiente que favorece o desenvolvimento das micro e pequenas empresas. É possível ter acesso a melhores práticas, novos clientes, rodada de negócios, bem como se torna viável visitar grandes empresas do setor automotivo e entender como funciona toda a cadeia produtiva”, ressalta. Ainda segundo a gestora do projeto, o sucesso da micro e pequena empresa durante o programa está atrelado à sua facilidade em mudar a cultura organizacional. “Muitas vezes, o empresário faz a gestão da empresa daquela mesma forma, há muitos anos. O proprietário assume muitos cargos ao mesmo tempo e tem dificuldade em se capacitar. Ao aprender a dividir tarefas, ele motiva os funcionários, melhora os processos produtivos e se torna a empresa mais competitiva”, avalia. FInALISTAS brILhAnTeS Comprometimento e empenho não faltaram às oito empresas finalistas da primeira edição do Academia Lean Tiers 2. Por meio do projeto, os fornecedores conseguiram detectar as falhas e iniciar uma mudança de cultura nos processos internos. São eles: Almig Prestadora de Serviços (Mateus Leme), Usilider Usinagem (Sete Lagoas), Partner Rubber Indústria e Ferrolene Ind. Com. Metais (Contagem), GB Plast, Kjet e Isoespuma

(Belo Horizonte), e Ciser Nedschroef Fixadores Automotivos (Sarzedo). A oitava empresa – Ciser Nedschroef Fixadores Automotivos – se destaca ainda mais em função de ter conseguido subir de patamar: desde janeiro se tornou Tier 1 do Grupo Fiat. Localizada em Sarzedo, com 160 empregados, é a maior fabricante de fixadores da América Latina, com capacidade produtiva de 6.000 mil toneladas/mês e 27.000 produtos agrupados em 436 linhas para atender a 20 mil clientes em mais de 20 países. De acordo com o gerente geral, Flávio Márcio Multari, a experiência da Ciser no Academia Lean fez toda a diferença e contribuiu para o processo produtivo. “Modificamos a forma de trabalhar e tornamos a fábrica mais eficiente. O resultado foi acima do esperado e em função disso, o investimento na continuidade do aprendizado será permanente. Os colaboradores estão motivados e atentos a cada detalhe”, avalia. Ele ainda revela que a empresa irá fazer parte da nova etapa do Academia Lean que será destinada ao setor de qualidade. Já a Kjet, localizada no bairro Céu Azul, em Belo Horizonte, reúne 56 funcionários e o faturamento anual chega a R$ 4 milhões. A empresa, fundada em 1995, está no programa desde 2007. A fábrica produz cerca de 200 itens (aproximadamente 1,3 milhão peças/mês) para a indústria automobilística (peças de plástico para o conjunto de pedais, empunhadoras do freio de mão).

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comPeTiÇões

Linea 2012 garante sucesso da Copa Fiat

Iveco renova parceria com Racing Festival

Após passar por um processo de evolução, o modelo 2012 do Fiat Linea está repleto de novidades técnicas e motor mais potente, que o torna ainda mais veloz

POr LILIAn LobATo

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oi dada a largada para a temporada 2012 da Copa Fiat, que tende a reservar emoções ainda maiores que a dos seus dois primeiros anos de vida, quando surgiu nas pistas brasileiras como Trofeo Linea. Para este ano, as expectativas são ainda melhores em função do novo carro da competição. Após passar por um processo de evolução, o modelo 2012 do Fiat Linea apresenta novos componentes e motor mais potente, que o torna ainda mais rápido. Melhor, transforma o veículo em um puro sangue de corrida. Para chegar ao carro ideal foi preciso passar por um processo de atualização tecnológica que consumiu cerca de oito meses em testes de desenvolvi-

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mento do Linea 2012. O passo inicial foi o aumento de potência do motor Fiat FPT 1.4 turbo e 16 válvulas de 210 cavalos - uma versão com 230 e outra com 260 HPs. Os carros ainda foram submetidos a mudanças profundas exigidas pela introdução do motor mais forte e os pneus Pirelli P Zero de competição - agora com aro 18 e não mais 16. A suspensão dianteira original do Linea foi substituída por uma projetada especialmente para as pistas, com barra anti-rolagem ligada diretamente à manga de eixo. A traseira também foi alterada e permitirá regulagem muito mais rápida da cambagem e da convergência das rodas.

“Nosso desafio era fazer do carro da Copa Fiat um puro-sangue de corrida sem perder algumas características do veículo de rua. Por isso, ao mesmo tempo em que introduzimos mudanças significativas nas suspensões, mantivemos partes originais como carroceria e longarina. Mas conseguimos alcançar o objetivo de produzir um carro com maior potência e estabilidade”, explica Ricardo Dilser, assessor técnico da Fiat. Para completar, os carros, que estrearam no circuito de Londrina, receberam um kit aerodinâmico constituído por saias laterais, pára-lamas, asas dianteira e traseira, assoalho de madeira e extrator de ar posterior. Toda essa atualização representa um aumento considerável de velocidade em relação ao modelo anterior. Além de apresentar um carro ainda melhor, a Copa Fiat – categoria de turismo do Racing Festival – premiará o campeão com um Linea. A tarefa, nada fácil, está em vencer Cacá Bueno, o único piloto a conquistar o Trofeo Linea. Dentre os principais adversários, está o irmão Popó e os experientes Christian Fittipaldi, Giuliano Losacco e Leonardo Nienkötter. O calendário da competição manteve seu formato de seis rodadas duplas. A Copa Fiat iniciou em Londrina (03/06), passou por Goiânia (08/07) e ainda irá contemplar Curitiba (29/07), São Paulo (19/08), Brasília (09/09) e Nova Santa Rita (04/11).

O bicampeão Cacá Bueno começa na frente

Para manter a logística do campeonato, a Iveco Latin America repetiu a parceria dos últimos dois anos com o racing Festival e cedeu dois caminhões pesados Iveco Stralis para transportar todos os equipamentos necessários para a montagem da estrutura da competição. neste ano, o racing Festival terá duas categorias: a copa Fiat (automóveis) e a r1 gP 1000 (motocicletas), ambas com seis etapas em cinco estados. “A participação da Iveco agrega enorme valor ao racing Festival, pois significa um importante aval de qualidade e seriedade à logística que cerca o evento. Temos certeza que essa união perdurará por muitos anos”, destaca Titônio Massa. os caminhões Iveco Stralis são um 490S41T 4x2 cinza e um 570S46T 6x2 com câmbio automatizado de cor branca. A cada etapa, os veículos transportarão 18 toneladas de equipamentos de estrutura, como arquibancadas, camarotes e cenografia. A média de rodagem em cada uma das etapas será de 3.000 quilômetros.

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CALENDáRIO FóRmULA TRUCk 2012 08/07 Etapa São Paulo válida pelo campeonato brasileiro e Sul-Americano 05/08 Etapa Cascavel (PR) válida para o campeonato brasileiro 09/09 Etapa Argentina (Córdoba) válida para o campeonato brasileiro e Sul-Americano Valmir Benavides, o “Hisgué”, cumpriu o prometido e garantiu seu lugar entre os primeiros colocados

O piloto Beto Monteiro manteve a liderança no campeonato

Fórmula Truck 2012

a todo vapor

Três caminhões Iveco pontuam em prova considerada a mais desafiadora da temporada, no autódromo Internacional Ayrton Senna, em Goiânia

POr LILIAn LobATo

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m verdadeiro show. Foi o que aconteceu na 4ª etapa do Campeonato Brasileiro de Fórmula Truck, realizada no Autódromo Internacional Ayrton Senna, em Goiânia (GO), em junho. A Iveco não ficou para trás e três caminhões pontuaram tanto na Classificação Geral de Pilotos quanto na de Marcas. O resultado superou as expectativas em função de a prova ser considerada a mais desafiadora da temporada. Apesar do oitavo lugar, o piloto Beto Monteiro manteve a lideran-

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ça no campeonato ao chegar aos 87 pontos na classificação geral, com vantagem de 27 pontos sobre o segundo colocado. Em seu Stralis SI-12 número 88, Monteiro foi prejudicado por uma fatalidade. Há cinco minutos do final da prova, um dos pneus traseiros esquerdos furou por não suportar o desgaste causado pela alta temperatura da pista, que chegou à média de 30º. Devido à alta resistência do caminhão Iveco Stralis SI-12, Monteiro prosseguiu na prova e garantiu seu lugar na tabela.

14/10 Etapa Guaporé (RS) válida para o campeonato brasileiro 11/11 Etapa Curitiba (PR) válida para o campeonato brasileiro 09/12 Etapa Brasília (DF) válida para o campeonato brasileiro

“Estava em um ritmo bom, preocupado em não forçar muito. A temperatura estava alta e fui pego de surpresa com o problema do pneu, que dechapou. Sempre tive como base um pódio bom para mim no campeonato. De toda forma, foi bom manter a liderança e ver que o nosso caminhão, em ritmo de corrida, está muito competitivo”, explica Monteiro. Valmir Benavides, o “Hisgué”, cumpriu o prometido antes da etapa goianiense, garantindo seu lugar entre os 10 primeiros colocados. Ele largou da 22º posição e chegou em 7º lugar, fazendo uma excelente prova de recuperação. “Em relação aos outros fins de semana da temporada, considero que fomos bem, apesar do sétimo lugar. Evoluímos, tiramos conclusões e temos muito o que fazer”, destaca. Já o piloto Fred Marinelli, da Marinelli Competições, comemorou muito o seu quarto lugar, que valeu a subida de quatro posições na tabela e o 10º lugar na classificação geral. “Há tempo não subia ao pódio, mas posso garantir que é uma sensação muito boa. Larguei de uma posição do meio para trás do grid, mas consegui fazer uma prova de recuperação para chegar em quarto lugar”. Para Marco Piquini, diretor de comunicação da Iveco e chefe da Scuderia, o resultado em Goiânia comprova toda a resistência e qualidade dos veículos da marca Iveco. “A mesma tecnologia utilizada nas pistas de corrida é repassada aos caminhões de rua. Não conseguimos um resultado melhor na última prova por problemas nos pneus – ou seja, uma causa não ligada ao nosso produto”, ressalta. A Iveco participa da competição desde 2009, quando passou a ser um campeonato Sul-Americano. Além da etapa São Paulo, que marcou a metade da Temporada 2012, e foi válida para o campeonato Brasileiro e Sul-Americano, o calendário da competição reserva boas corridas.

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Arte e indústria David Henrique, operador da Fiat Powertrain, cria com perfeição miniaturas de carros da Fiat, um hobby que surgiu por influência do pai e pela força da produção de cerâmica em Campo Largo, a Capital da Louça

POr JAMerSon coSTA

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de algum modelo específico”, afirma David Henrique. Apaixonados por carro, os dois iniciaram a atividade como hobby há sete anos e não pararam mais. A ideia surgiu quando David Henrique tinha 16 anos e pediu ao pai que fabricasse um modelo de carro em cerâmica.

David Henrique Carneiro Agner, 24 anos, e o pai, José Stresser Agner: miniaturas são confeccionadas há sete anos, como hobby dos dois

Arquivo pessoal do funcionário

rte e indústria juntas, lado a lado. Trabalhos que reúnem características dos dois processos, à primeira vista antagônicos, são apreciados pelos funcionários da Fiat Powertrain em Campo Largo (PR), cidade conhecida como Capital da Louça. O artista responsável pelas peças trabalha como operador na fábrica e, nas horas vagas, se transforma em artesão. É assim que surgem os trabalhos do operador de bloco David Henrique Carneiro Agner, 24 anos, funcionário da empresa há dois. Junto com o pai, José Lício Stresser Agner, ele confecciona carrinhos em miniatura, trabalhados a partir do barro. A coleção conta com mais de 30 modelos, inclusive a primeira versão do Palio (de 1997), Fiat 147 e Bravo. “Trabalharemos agora com o Novo Palio, porque muitas pessoas já me pediram”, comenta o jovem.

O segredo da fabricação está na confecção do molde de gesso, que demora mais de um mês para ficar pronto. “É a parte mais demorada e trabalhosa do processo”, lembra. Com a fôrma pronta, é possível fazer qualquer quantidade de cópias das miniaturas, inclusive com variações de cor, que eles conseguem com o uso de tintas de pintura automotiva, vendidas em lojas especializadas. Para conseguir um nível de detalhamento que surpreende a quem vê, pai e filho se baseiam em pesquisas feitas em revistas e na internet. “Hoje é mais na internet, que tem tudo. A gente consegue achar muitas fotografias com detalhes de carros e a partir delas fazemos o molde de gesso à mão”, explica José Agner. Depois de confeccionar a fôrma, os dois conseguem fabricar o modelo em uma semana – ou no máximo dez dias. “Quando mostramos todos ficam encantados com os carrinhos e muitos pedem para comprar ou encomendam

Carros têm tamanho médio de 30 x 5cm e são confeccionados com pintura automotiva original

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O nome A Cidade das Louças mostra a influência da indústria de cerâmica para Campo Largo

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Divulgação Fiat Powertrain

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Criatividade inspiradora na Fiat Powertrain

Acervo Prefeitura Municipal de campo Largo

A planta de campo Largo, que produz os motores e.torQ, guarda uma preciosidade em termos de artesanato. um mural feito em azulejo pelo artista plástico do município, renato hundsdorfer, autor de outros murais instalados pela cidade. o painel da fábrica tem 46 metros de comprimento por 2 metros de altura, é pintado à mão e retrata os aspetos e atividades econômicas e culturais da cidade, desde o setor automotivo à fabricação de vinhos e porcelana. o artista ressalta ainda que a basílica de Aparecida (SP) tem uma obra de mais de 5 mil metros quadrados feita em azulejo pintado e instalada por trabalhadores campo-larguenses.

David Agner segura um Fiat Bravo na área de montagem da fábrica. A arte de Agner é apreciada pelos colegas que encomendam modelos Fiat

CONHECIDA COmO “CAPITAL DAS LOUÇAS” CAmPO LARGO É RESPONSáVEL POR:

90% 50% 30% 90% de toda porcelana de mesa fabricada no país

50% de toda cerâmica Industrial

Fonte: Prefeitura Municipal de Campo Largo 92

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30% de toda cerâmica branca de mesa

“Quando era criança brincava com caminhõezinhos, pequenos ônibus e jipinhos feitos de madeira pelo meu pai”, diz o jovem. José Agner trabalha com porcelana há mais de 30 anos. “Muita gente tenta copiar nossas miniaturas, mas não fica igual como o da gente. Cada peça nossa é igualzinha ao modelo original”, completa. FAMíLIAS crIADAS PeLA cerâMIcA Em Campo Largo, indústria e artesanato se cruzam. São artesãos que aprendem a arte de confeccionar objetos com as mãos em casa e vão para as fábricas. Ou são processos que, incialmente manuais, se desenvolvem e ganham ritmo industrial, a exemplo das indústrias de porcelana locais. “Posso dizer que quase todos os moradores de Campo Largo são netos, filhos ou sobrinhos de ceramis-

tas. E muitos deles hoje estão empregados nas fábricas da cidade, como a Fiat Powertrain”, destaca José Canisso, presidente do Sindicato das Indústrias de Vidros, Cristais, Espelhos, Cerâmicas de Louça e Porcelana, Pisos e Revestimentos Cerâmicos do Estado do Paraná (Sindilouça-PR), vinculado à Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). O município é responsável por 90% de toda a porcelana de mesa fabricada no país, 50% da cerâmica

industrial e 30% da cerâmica branca de mesa. Essas empresas produzem anualmente cerca de 450 milhões de peças, abastecendo o mercado interno e com participação na exportação para a Europa, América do Sul e América do Norte. São mais de 35 indústrias de cerâmica, que geram 5.500 empregos. Além das grandes, a cidade também conta com pequenas empresas de produção de itens utilitários e decorativos.

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noTas

Iveco eSTreIA no FuTeboL brASILeIro coM recorDeS De AuDIêncIA

Iveco AMPLIA AceSSo A InForMAçõeS

A Iveco conseguiu audiências recordes ao patrocinar o corinthians nas partidas da semifinal da copa Santander Libertadores da América 2012, a primeira participação da montadora no futebol brasileiro. A marca da empresa foi estampada como patrocinadora principal, com destaque no peito e nas costas da camisa, nas duas partidas entre corinthians e Santos, em 13 e 20 de junho, nos estádios da vila belmiro (SP) e Pacaembu (SP). A primeira decisão atingiu média de 39 pontos no Ibope, equivalentes a 54% dos televisores ligados no canal que transmitiu o jogo, recorde para o futebol brasileiro em 2012, superado apenas pela segunda partida: com 41 pontos (equivalentes a 60%), a transmissão apresentou picos de 50 pontos, comparáveis aos de jogos do brasil em copa do Mundo. Para a primeira final da história da equipe no campeonato, a Iveco já garantiu o apoio e investimento, com patrocínio nas duas partidas – que podem ter novos recordes de audiência, dada a importância histórica dos jogos e devido ao corinthians ser responsável por quatro das cinco melhores audiências de 2012. Para o primeiro vice-presidente da Diretoria do corinthians, Luís Paulo rosenberg, “receber um investimento de uma empresa como a Iveco é uma mostra da importância e da força da marca corinthians, uma das 25 mais valiosas do futebol mundial”. o vice-presidente da Iveco, natale rigano, considera que o patrocínio chega em um momento importante para a empresa: “continuamos crescendo: nossa rede está em expansão e estamos lançando uma nova geração de caminhões, a gama ecoline, ainda mais forte, resistente e moderna”. embora seja ainda iniciante no futebol brasileiro, a Iveco já acumula alguma experiência no esporte. A empresa foi a patrocinadora oficial do campeonato argentino nas últimas três temporadas.

A Iveco apresentou, em 25 de maio, o Iveco Diretto, um portal interativo que leva informações relevantes da empresa, de forma simples e direta, a concessionários, imprensa e demais públicos. o site reúne banco de imagens, releases, campanhas, vídeos e outros materiais oficiais da montadora. “A Iveco tem um compromisso com a inovação e as ferramentas digitais fazem parte dessa visão”, comenta o diretor de comunicação da Iveco, Marco Piquini. no portal Iveco Diretto (www.ivecodiretto.com.br), jornalistas cadastrados terão acesso a conteúdos exclusivos, enquanto concessionários da rede Iveco, com um cadastro restrito, encontrarão campanhas e materiais promocionais.

FunDAção TorIno recebe PrêMIo A Fundação Torino recebeu o Prêmio cidadãos do Mundo 2012 com o Projeto Ambiental econscienza, que incentiva a reutilização de materiais recicláveis, transformados em itens de uso da própria Fundação. o projeto é desenvolvido pela professora chiara Algisi e conquistou o terceiro lugar na categoria responsabilidade Social empresarial do prêmio, oferecido pelo jornal ‘hoje em Dia’ e entregue em 25 de junho, durante cerimônia no auditório do unI-bh, em belo horizonte. este ano, o cidadãos do Mundo recebeu a inscrição de 31 projetos em três categorias.

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FIAT gAnhA PrêMIo brASIL De Ação AMbIenTAL A Fiat foi vencedora do Prêmio brasil de Ação Ambiental na categoria Melhor Trabalho em água, pelo projeto de melhoria técnica da estação de Tratamento de efluentes (eTe). A premiação é uma parceria da casa brasil com o Jornal do brasil e tem o objetivo de divulgar e reconhecer as atividades das empresas brasileiras que se destacaram quanto à sustentabilidade. A estação de Tratamento de efluentes (eTe) é uma das mais modernas da América Latina e permite recircular 99% da água no interior da fábrica.

FIQue Por DenTro DA ProgrAMAção Do rALLy unIverSITárIo 2012 o rally universitário é aberto a carros de todas as marcas fabricados a partir de 1992. em caso de dupla, pelo menos um dos integrantes deve estar matriculado em uma instituição de nível superior. Se houver o zequinha, que é como se chama o carona no rally, dois devem ser universitários. Para garantir vaga, basta doar quatro latas de leite em pó, por pessoa, que serão repassadas para instituições filantrópicas da cidade onde será a corrida. nesta disputa para amadores há uma aula de navegação gratuita para todos. confira a programação das próximas etapas: 18 e 19 de agosto – campos (rJ) 15 e 16 de setembro – Maceió (AL) 22 e 23 de setembro – João Pessoa (Pb) 20 e 21 de outubro - cuiabá (MT) 10 e 11 de novembro - Porto Alegre (rS) 01 de dezembro – Final (em local a ser divulgado)

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raio-X do GruPo FiaT no brasil

FIAT SpA MONTADORAS

COMPONENTES

SERVIÇOS

Fiat revi www.fiat.com.br Fiat Automóveis www.magnetimarelli.com Magneti Marelli

Raio-X do Grupo Fiat no Brasil

Fiat Services

SISTEMAS DE PRODUÇÃO Fides Corretagens de Seguros

www.teksid.com.br Teksid do Brasil www.isvor.com.br Isvor Instituto para o Desenvolvimento Organizacional

www.comau.com.br Comau do Brasil

SERVIÇOS FINANCEIROS

Fiat Finanças

Banco Fidis

FIAT INDUSTRIAL eMPreSA: Fiat do Brasil S.A. A Fiat do Brasil S.A., constituída em 1947, é a empresa mais antiga do Grupo Fiat no Brasil. É a representante, no país, da holding Fiat SpA e presta serviços em suas diversas áreas de atuação à Fiat Industrial SpA. A Fiat do Brasil S.A. tem a função de representação institucional perante as autoridades governamentais, comunicação corporativa, auditoria interna, treinamento, contabilidade, normatização e gestão das áreas fiscal e tributária, metodologia, folha de pagamento e outras atividades de suporte às operações do Grupo, prestando serviços a 19 empresas, divisões, associações e fundações.

MONTADORAS

COMPONENTES

SERVIÇOS FINANCEIROS

www.fptpowertrain.com FPT – Powertrain Technologies (Mercosul)

Banco CNH Capital

www.cnh.com Case New Holland (CNH)

www.iveco.com.br Iveco Latin America

CULTURA

EDUCAÇÃO

ASSISTÊNCIA SOCIAL

www.casafiatdecultura.com.br Casa Fiat de Cultura

www.fundacaotorino.com.br Fundação Torino

www.fundacaofiat.com.br Fundação Fiat

LocALIzAção: tem plantas industriais nos estados de Minas Gerais, Paraná e São Paulo. PreSIDenTe: Cledorvino Belini

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memória

Absoluto – desde 1920 POr JAMerSon coSTA

A

marca da Fiat gravada na lateral de premiados tratores é realidade há muito tempo. A história da fabricante, em si, está diretamente relacionada com a produção de maquinários multifuncionais para agricultura – assim como está intimamente ligada com a fabricação de uma série de equipamentos necessários ao progresso de diferentes áreas da economia. As propagandas brasileiras do final da década de 1910 e início de 1920 dão exemplos de características que, desde aquela época, diferenciavam os produtos da Fiat no mercado. Elas evocavam qualidades de poderosos equipamentos, como as funções de lavrar, arar, colher e debulhar, uma combinação de recursos que vem associada com vantagens econômicas: baixo consumo e o “preço diminuto – embarque immediato”, como destaca outro comercial do mesmo período. Além das funções e da garantia de bom negócio, as divulgações destacam os prêmios. O título “Classificado primerio absoluto” desta propaganda mostra conquistas da fabricante na Inglaterra, França, Bélgica e Buenos Aires em 1919 e Índia, em 1920, resultados que atestam o reconhecimento internacional dos produtos da Fiat: exatamente como acontece até hoje. Este anúncio mostra que a Fiat vende tratores há cerca de 100 anos no Brasil. Mas foi na década de 1950, em São Paulo, que a marca deu os passos iniciais para a fabricação local. A primeira fábrica do Grupo Fiat no país foi inaugurada em 1970, em Contagem (MG). A planta está em atividade até hoje, fabricando máquinas de construção da Case New Holland.

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