Poiesis 242

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Feira do Livro acontece em Araruama até 28 de maio

Camilo Mota

Marcelo Figueiredo

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Literatura, Pensamento & Arte

Um grande artista em busca de apoio

Página 3 Página 6 Ano XXIII- nº 242 - maio de 2016 - Saquarema, Araruama, Iguaba Grande, Cabo Frio, Arraial do Cabo, S. Pedro da Aldeia e Petrópolis Elza Fiúza/ Agência Brasil

Caminhos para superar a dor da perda Pesquisas recentes indicam que o cérebro registra as dores emocionais da mesma forma que as dores físicas. As perdas amorosas e o luto causam essas sensações de desconforto. Confira artigo na página 2.

Movimento em Araruama busca empoderar mulheres

Estatuto de guardas civis é discutido na Alerj

Divulgação

O empoderamento feminino, a luta por direitos e o combate a desigualdades são metas do Movimento de Mulheres de Araruama (MMA),

fundado por um grupo de profissionais de várias áreas e que pretende desenvolver atividades culturais, formativas e reflexivas no municí-

pio. A entidade é apartidária e independente, tendo como foco a melhoria da qualidade de vida e maior dignidade para as mulheres. Página 4.

André Barbosa

Em audiência pública realizada no final de abril na Alerj, foi discutida a importância das guardas civis como importante compo-

nente da segurança pública. Uma lista de reivindicações também foi entregue à Comissão de Segurança. A deputada estadual Marcia Jeo-

vani destacou, entre outras coisas, o trabalho de qualidade que vem sendo realizado pelos guardas civis de Araruama. Página 3.

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nº 242 - maio de 2016

Vivenciando o luto e as perdas cotidianas

É possível ser diferente?

Camilo Mota*

Dinovaldo Gilioli*

R

ecente estudo realizado por pesquisadores das Universidades de Columbia, Michigan e Colorado, nos EUA, demonstrou como a rejeição amorosa tem a mesma correspondência que as dores físicas no ser humano. Baseado no mapeamento das atividades cerebrais, eles verificaram que o sentimento de perda e separação tem o mesmo impacto que o de uma queda ou um ferimento. Ou seja, a dor emocional ativa a mesma área do cérebro responsável por localizar sinais de uma dor física. A comprovação da neurociência vem se somar ao que se observa em consultórios de psicologia e psicanálise, quando as perdas dos pacientes se configuram em dores emocionais tão fortes quanto as físicas. Em alguns casos, a dor da perda se torna tão insuportável que o indivíduo chega a se machucar fisicamente para que uma dor suprima a outra. A perda amorosa é uma das facetas deste sentimento tão forte que afeta as pessoas em sua relação objetal com o mundo. O distanciamento do outro chega a se aproximar do sentimento de luto, que, segundo Sigmund Freud , “é a reação à perda de um ente querido, à perda de alguma abstração que ocupou o lugar de um ente querido, como o país, a liberdade ou o ideal de alguém, e assim por diante”. Por mais religiosos que sejamos, por mais estudos que façamos sobre o sentido da vida, ou mais conhecimento científico que tenhamos sobre os mecanismos de

funcionamento dos sistemas corporais, a morte ainda se configura como uma grande ameaça, um todo incompreensível que nos assalta a consciência e nos leva à abstração provocada pelo luto. É a perda mais evidente. O luto é natural. E como toda perda, no sentido psicanalítico ou neurocientífico, causa dor. Vivenciado em sua naturalidade, ele segue cinco etapas, bem identificáveis: a negação, a raiva, a barganha, a depressão e a aceitação. Pode ser que a pessoa em luto passe por todas elas, ou pelo menos duas. Às vezes, permanece por longo tempo na negação e entra em estado depressivo. Há o risco de que a tristeza profunda se torne depressão.

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Mas há saídas e caminhos. Esta é a proposta de Petra Franke em seu livro “Toda noite escura tem um final de luz: orientação e conforto em tempos de luto” (Petrópolis, Vozes, 2016, tradução de Carla Koch). Só o título da obra já nos dá um alento para prosseguirmos em busca da esperança. O texto se desenvolve no sentido de levar o leitor a encontrar forças para, dia após dia, seguir o caminho do luto até o ponto de se livrar da dor. De leitura fácil e até didática em alguns momentos, o livro traça a rota do otimismo e da esperança. Afirma a autora: “Mesmo quando nos momentos mais sombrios tudo ainda parece tão difícil e sem sentido, haverá futuro,

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Camilo de Lélis M. Mota

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e vale a pena lutar por isso”. Rico em citações reflexivas, “Toda noite escura..” traz ainda exercícios e sugestões de práticas para aliviar o sofrimento. É mais que uma obra de autoajuda. Não se destina apenas a quem está vivenciando o luto, mas a qualquer pessoa que busque compreensão sobre este mistério que ainda assombra a alma humana e que Manuel Bandeira tão bem traduziu em versos: “Quando a Indesejada das gentes chegar (Não sei se dura ou caroável), talvez eu tenha medo. Talvez sorria, ou diga: - Alô, iniludível! O meu dia foi bom, pode a noite descer. (A noite com os seus sortilégios.) Encontrará lavrado o campo, a casa limpa, A mesa posta, Com cada coisa em seu lugar.”

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viver deve continuar sendo determinado pela lógica de mercado e consumo, onde as pessoas valem mais pelo que têm do que pelo que são? Em tempos neoliberais, de coisificação das relações humanas e de tantas certezas, é profícuo o exercício da dúvida, das ações questionadoras. Neste sentido, a ação cultural, de caráter transformador, é tão necessária quanto essencial se entendermos que é mais pela via artística que homens e mulheres podem expressar sua integralidade; se é por aí que circula o sangue oxigenador do imaginário, que estimula a criatividade, que fortalece a mente, que anima o coração, que dá mais sentido, alegria e prazer à vida. Se entendermos que é por aí que vão se criando laços de ternura, de amorosidade, amizade, rebeldia, de inquietação e de inconformismo com a realidade.

Divulgação / Heloisa Ballarini

É nessa dimensão crítica e aberta que podemos vislumbrar uma história diferente, na ótica da inclusão, da emergência de novos sonhos, novas utopias e realizações. Tempos de abraços afetivos, na construção da solidariedade permanente. Nesse caminho de busca de nossa verdadeira identidade, do desnudamento dos valores dominantes, é possível apontar para a descoberta profunda de nós mesmos, de nossa raiz, de nossa cultura, de nossa condição de nação. Afinal de contas de que serve a arte, senão para alimentar a vida de vida? Senão, para nos encharcar de possibilidades? É possível ser diferente? Pelo menos, tente. *autor dos livros Sindicato e Cultura (Sinergia/Editora Insular) e Cem Poemas (Editora da UFSC), dentre outros. dinogilioli@yahoo.com.br

Misoginia e feminicídio Thiago Lontra / Alerj

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papel do machismo e das estruturas sociais no feminicídio foi discutido em um seminário da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), nesta segunda-feira (02/05). De acordo com as palestrantes, a misoginia, que consiste em condutas de ódio, rejeição e desrespeito, sejam implícitas ou explícitas, de homens contra mulheres, é um fator crucial na morte de mulheres todos os dias. Só no estado do Rio, em 2014, 420 mulheres foram mortas e 781 foram vítimas de tentativa de homicídio. Segundo dados do Mapa da Violência 2015, o Brasil é o quinto país com mais assassinatos de mulheres, atrás apenas de El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia. Presidente da comissão, a deputada Enfermeira Rejane (PCdoB) ressaltou o desconhecimento da população sobre o tema. “A legislação é um passo muito importante, mas para transformar mesmo a sociedade quanto a esses problemas, é preciso levar o debate adiante, informar as pessoas.” Para a psicanalista Manola Vidal, a razão por trás das práticas misóginas, tem raízes históricas. “Em nossa sociedade, o

homem é a medida de todas as coisas. Aprende-se tudo a partir do masculino, enquanto o que é feminino é desvalorizado. Isso vale tanto para o modo como os homens se relacionam com as mulheres quanto com outros homens”, explicou Vidal, que também integra o Conselho Estadual de Direitos da Mulher (Cedim). Adriana Ramos, juíza auxiliar da Presidência do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), afirmou que a melhor maneira de combate à violência contra a mulher é a educação. “Só podemos cobrar o que sabemos que existe. Para alcançarmos uma mudança efetiva de comportamento, tem que começar na base. As meninas e os meninos precisam aprender sobre igualdade de gênero desde os ensinos fundamental e médio”, disse. A produtora cultural Maria Julia Ferreira apresentou a importância de como a figura feminina é representada na mídia para a construção e desconstrução de percepções misóginas. Ferreira fez também um recorte racial. “As mulheres negras e pobres são as mais afetadas e eu vejo um movimento feminista que às vezes é seletivo e elitista. Enquanto não unificarmos as lutas, não haverá mudança”, afirmou. (Texto de Isabela Cabral/Alerj)

EXPEDIENTE O Jornal Poiésis - Literatura, Pensamento & Arte é uma publicação da Mota e Marin Editora e Comunicação Ltda. Editor: Camilo Mota. Diretora Comercial: Regina Mota. Conselho Editorial: Camilo Mota, Regina Mota, Fernando Py, Sylvio Adalberto, Gerson Valle, Marcelo J. Fernandes, Marco Aureh, Francisco Pontes de Miranda Ferreira, Charles O. Soares. Jornalista Responsável: Francisco Pontes de Miranda Ferreira, Reg. Prof. 18.152 MTb.

Rua das Bougainvilleas, 4 - Rio do Limão - Araruama-RJ CEP 28970-000 ( (22) 98818-6164 ( (22) 99982-4039 ( (22) 99770-7322 E-mail: jornalpoiesis@gmail.com Site: www.jornalpoiesis.com.br. Facebook: www.facebook.com/ jornalpoiesis Distribuição dirigida em: Saquarema, Araruama, São Pedro da Aldeia, Iguaba Grande, Cabo Frio, Arraial do Cabo e Petrópolis. Fotolito e Impressão: Tribuna de Petrópolis.

Colaborações devem ser enviadas preferencialmente digitalizadas, espaço simples, fonte Times New Roman ou Arial, corpo 12, com dados sobre vida e obra do autor. Os originais serão avaliados pelo conselho editorial e não serão devolvidos. Colaborações enviadas por e-mail devem ser anexadas como arquivo .doc ou .docx. Os textos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Jornal Poiésis.


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nº 242 - maio de 2016

Comissão de Segurança discute estatuto das guardas civis na ALERJ

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condição de guarda civil municipal como importante componente da segurança pública preventiva e capacitada para garantir a ordem nos municípios, conforme o Estatuto Geral das Guardas Municipais (Lei Federal nº 13.022/14), foi tema da audiência pública realizada no dia 28 de abril no plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. “Hoje, na gestão do prefeito Miguel Jeovani, temos no município de Araruama uma guarda civil municipal que muito nos orgulha e que representa o maior efetivo de polícia do município. Esses agentes já fizeram até cursos de capacitação para manuseio de armas de fogo e seguem buscando outros cursos em parceria com a Acadepol. Outra importante parceria da guarda com a polícia civil é a patrulha Ma-

André Barbosa

A deputada estadual Marcia Jeovani destacou o trabalho de excelência que vem sendo realizado pela Guarda Civil de Araruama na gestão do prefeito Miguel Jeovani

ria da Penha, com o intuito de fiscalizar o cumprimento de medidas protetivas determinadas judicialmente e também de ação policial preventiva, a fim de evitar reincidências e novas violências contra a mulher”, destacou a deputada estadual Marcia Jeovani (DEM). A parlamentar também é

autora de três projetos de lei que reafirmam o compromisso com a aplicação integral da Lei Federal nº 13.022/14. O primeiro é o projeto de lei n°1.504/2016, que cria academias preparatórias das Guardas Civis Municipais com o objetivo de investir na formação, capacitação e especialização dos agentes de

segurança e proteção comunitária. O outro projeto de lei n° 1.467/2016, que firma parceria de cooperação técnica com Acadepol para fins de formação e qualificação em nível básico de noções de defesa pessoal e de técnica de negociações e mediação de conflitos. O terceiro projeto de lei n° 1.464/2016, sugere

Saquarema comemora 175 anos

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município de Saquarema está em festa. No dia 8 de maio serão comemorados 175 anos de emancipação político-administrativa com uma programação que inclui, entre outras coisas, inaugurações de obras e desfile cívico. As comemorações tiveram início ainda no dia 30 de abril, com a VIII Mostra de Carros Antigos. No dia 2, aconteceu o Canta Saquá, tradicional festival de música gospel em Bacaxá. A Pre-

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Arquivo Jornal Poiésis

No dia 8 acontece o tradicional desfile cívico no Centro

feitura também programou a inauguração da Central de Videomonitoramento e das obras da de reforma da Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Turismo. No dia 7 de maio, sábado, acontece a Sessão Solene da Câmara Municipal com entrega de títulos e honrarias na CBV. No dia 8, aniversário do município, será realizada Missa Solene na Igreja de Nossa Senhora de Nazareth às 10 horas, e Desfile Cívico no Centro a partir das 14 horas.

Dia D de vacinação contra influenza atendeu mais de 14 mil em Araruama

população de Araruama aderiu em massa ao Dia D da 18ª Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza, no sábado, dia 30 de abril. Postos de saúde, Setid, CIMI e PAM ficaram abertos o dia todo atendendo a mais de 14 mil pessoas que se enquadram nos grupos que devem ser imunizados. A influenza é uma doença respiratória infecciosa de origem viral, que pode levar a complicações graves e ao óbito, especialmente nos grupos de alto risco. A transmissão ocorre por meio de

Marcelo Figueiredo

secreções das vias respiratórias da pessoa contaminada ao falar, tossir, espirrar ou pelas

mãos que, após contato com superfícies recém contaminadas levam o agente infeccioso

direto à boca, olhos e ao nariz. A vacina é destinada a idosos (a partir de 60 anos), profissionais da saúde, gestantes, mulheres que tiveram filhos nos últimos 45 dias, crianças com mais de seis meses e menos de cinco anos de idade, detentos e funcionários do sistema prisional. Também devem ser vacinadas as pessoas portadoras de doenças crônicas transmissíveis desde que apresentem a prescrição médica especificando o motivo da indicação da vacina. A campanha continua até o dia 20 de maio.

Feira do Livro continua até 28 de maio

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raruama está recebendo este mês mais uma edição da Feira do Livro no Calçadão Cultural Dr. Fábio Freitas, no Centro. Segundo Tiago Fernandes, idealizador da Feira, o projeto cultural tem como objetivo levar livros a preços mais baratos e, com isso, incentivar a leitura. Os estandes ficam montados até 28 de maio nos ASSISTÊNCIA MÉDICA ALBUQUERQUE MAGIOLI

quais podem ser encontrados livros didáticos, infantis, lançamentos e usados de várias editoras, com preços bastante acessíveis. O horário de funcionamento é de segunda-feira a sábado, das 8h às 20h e domingo das 16h às 20h. O evento conta com apoio da Prefeitura de Araruama, através da Secretaria Municipal de Cultura.

Marcelo Figueiredo

a data de 11 de agosto como o “Dia da Guarda Civil Municipal”, em consonância com a Lei Federal 13.022/14 que criou o Estatuto Geral das Guardas Municipais. O professor José Ricardo Brisolla Balestreri, ex-secretário nacional de Segurança, esteve na audiência e apresentou uma estatística de 60 mil homicídios por ano no Brasil. Ele disse ainda que o problema da falta de segurança não é da corporação e sim do sistema. “Onde não há segurança pública, não há aumento do turismo, não há investimentos para o desenvolvimento e não se formam redes de engajamento cívico. Onde o crime domina ou predomina não se pode falar de educação de qualidade. Não é possível falar de segurança num país onde os professores tremem de medo dos alunos ligados ao crime. Os guardas

civis são os capilares da segurança e estão mais próximos da população. Precisamos instituir urgentemente a lei n° 13.022/14, pois a guarda é peça fundamental no bom funcionamento do sistema de segurança pública do estado”, afirmou o ex-secretário nacional de Segurança. O prefeito de Vila Velha, Rodney Miranda, e o subsecretário de Segurança do Rio, Pehkx Jones Gomes, reforçaram que é importante o apoiamento da Secretaria de Estado de Segurança na formação das guardas, assim como a parceria com a Força Nacional durante os Jogos Olímpicos. Uma lista com reivindicações foi entregue pela representação do movimento para a Comissão de Segurança, que se comprometeu a cobrar dos gestores dos municípios o cumprimento da Lei n° 13.022/14.

Prefeitura de Araruama promove modificações no calendário de pagamentos de servidores

Divulgação/Ascom

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om o objetivo de ajustar o calendário de pagamentos de salários da Prefeitura de Araruama, o prefeito Miguel Jeovani anunciou na segunda-feira, dia 2, em reunião de secretariado, novas medidas para garantir os proventos dos servidores municipais da saúde na mesma data que os demais. A partir do mês de maio, os funcionários comissionados, entre eles secretários, subsecretários, subprefeitos, coordenadores e assessores técnicos, além do prefeito e vice-prefeito, receberão seus salários após os servidores da Saúde, que passam a receber os pagamentos juntamente com os demais servidores dentro do mês em curso. De acordo com o prefeito Miguel Jeovani, a medida é uma adequação necessária para garantir o bom desempenho profissional e o melhor atendimento à população. “A Prefeitura está sem receber repasse do Governo do Estado para a UPA desde março do ano passado. São 14 meses

Dr. Cid José C. Magioli

que não estamos medindo esforços para manter em funcionamento a unidade sem que haja prejuízo da população, como já aconteceu em outros municípios. A partir deste mês estaremos garantindo para os funcionários da Saúde o pagamento de seus salários em dia, acabando com os atrasos que vinham ocorrendo nos últimos meses”, disse. Outras medidas já vinham sendo adotadas. Ainda em janeiro de 2013, antes do iníco da crise que afetou o estado e o país, a atual administração enviou para a Câmara de Vereadores mensagem solicitando a redução em cerca de 30% dos salários dos cargos de prefeito, vice-prefeito e secretários. “Além dessas providências, também enxugamos o número de secretarias e adquirimos frota própria de veículos para diversas pastas, dando fim ao pagamento de alugueis, o que gerou uma grande economia de recursos”, ressaltou o prefeito.

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nº 242 - maio de 2016

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Guardas civis de Araruama participam de palestra motivacional

qualidade dos serviços de segurança também envolve a formação humana. A Prefeitura de Araruama promoveu no dia 29 abril palestras motivacionais para cerca de 160 guardas civis, na Primeira Igreja Batista, com as psicólogas Biancha Mamede e Luma Balbi. De acordo com o secretário municipal de Segurança e Ordem Pública, Silvio Correa, a formação profissional tem sido um dos alvos da atual administração municipal. “A motivação contribui para o aumento da produtividade e é importante para

Regina Mota

a Guarda Civil contar com profissionais envolvidos na melhoria do atendimento à população”, disse.

Entre os temas abordados pelas psicólogas estão ética e moral, valorização profissional e responsabilidade com

“Doulas” poderão estar presentes nos partos em Araruama

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vereador Amigo Walmir apresentou em abril o projeto de Lei que dispõe sobre a presença de “Doulas” durante o parto nas maternidades de Araruama, o que não substitui a presença de acompanhante, instituído pela Lei Federal nº 11.108/2005. “Doulas” são profissionais escolhidas livremente pelas gestantes para prestar suporte contínuo ao longo do processo do parto. Segundo a justificativa do projeto, historicamente as mulheres sempre foram atendidas e apoiadas por outras mulheres durante o parto. Porém, em muitos países, na medida em que

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Regina Mota

dade social. Eles são exemplos para a comunidade e por isso precisam estar atentos à importância do

Wole Soyinka e a literatura africana Rodrigo Conçole Lage*

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O vereador Amigo Walmir apresentou o projeto em abril

mais passaram a dar à luz em hospitais ao invés de terem partos domiciliares, o apoio contínuo durante o trabalho de parto tem se tornado exceção ao invés de regra. A justificativa baseia-se ainda em pesquisas que concluíram que a presen-

ça de uma “Doulas” reduz em 31% o uso de ocitocina sintética, hormônio que induz contrações e aumenta o nível da dor, e em 28% a chance do parto terminar em cesárea, segundo a Organização Americana Cochrane de Saúde.

Movimento de Mulheres de Araruama é criado

o dia 16 de abril mulheres se reuniram na Pontinha, em Araruama, para criar o Movimento de Mulheres de Araruama – MMA, com o objetivo de promover a valorização da classe no município e combater as desigualdades às quais as mesmas estão submetidas. A ideia da formação do grupo partiu da presidente Regina Mota, que também é membro do Movimento Articulado de Mulheres e Amigas de Saquarema – MAMAS, desde a sua fundação, há nove anos. “Desde que me mudei para Araruama eu pensava ser possível a união de mulheres com o mesmo pensamento,

o desenvolvimento pessoal e comunitário. “Os guardas civis têm uma grande responsabili-

o de ajudar outras pessoas que possam necessitar do nosso auxílio. Em Saquarema o movimento tem esse perfil, a tal ponto, de ter auxiliado na instalação do NUAM, da Delegacia de Polícia Civil daquele município”, relatou ela. O grupo, formado por profissionais de várias áreas como jornalistas, psicólogas, advogadas, professoras e empresárias, pretende ainda fomentar a integração social e profissional das mulheres vítimas de violência. De acordo com o Disque 180, dos relatos registrados nos dez primeiros meses de 2015, 85,85% corresponderam a situações de violência doméstica e familiar contra as mu-

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lheres. “A exemplo do que é realizado em Saquarema, tão logo possamos, em uma sede própria, pretendemos desenvolver outros trabalhos com as mulheres, como palestras, seminários e aulas de artesanato para ajudar em suas rendas, ou seja, ensiná-las a ter um ofício para que possam, com seu próprio dinheiro, auxiliar nos gastos da casa e na educação dos seus filhos”, completou Regina Mota. A diretoria da MMA é formada por Regina Mota – presidente, Biancha Mamede – vice-presidente, Sandra dos Santos – secretária e Carla Maria Pinto – Tesoureira

trabalho que desenvolvem em favor da população. Precisam estar motivados, buscar qualificação e perseguir o sonho de se tornarem profissionais melhores a cada dia”, disse Biancha Mamede. O prefeito Miguel Jeovani destaca a importância de investimentos na área de segurança pública. “A Guarda Civil de Araruama é motivo de orgulho. A Prefeitura tem investido para garantir um serviço de qualidade para a população, com aquisição de novos equipamentos e veículos, além de cursos de capacitação”, destacou.

m 2015 o prêmio Nobel de Literatura de 1986, Wole Soyinka, visitou o Brasil mais uma vez e não só falou no Memorial da América Latina como também participou, em São Paulo, da primeira edição do Encontro Mundial da Invenção da Literatura (EMIL). Mesmo com toda a sua importância, pois é considerado pela crítica o mais importante dramaturgo do continente africano, a imprensa não deu maior destaque a sua vinda, como podemos ver pela ausência de entrevistas e matérias nos jornais e revistas. Além disso, o mercado editorial também não se interessou em aproveitar a ocasião para publicar alguma nova tradução. Esse desinteresse se deve ao fato de que, apesar do Brasil ter passado por uma espécie de boom editorial de literatura africana de língua portuguesa, esse interesse arrefeceu e, hoje, poucos escritores africanos como Mia Couto ou Pepetela, por exemplo, continuam a ser publicados enquanto outros nunca despertaram o interesse das editoras. No caso específico de Soyinka a única obra publicada no Brasil foi uma tradução da peça “O leão e a jóia”, em 2012. Ela conta a disputa entre Lakunle, um professor primário, e o chefe da aldeia, Baroka, pelo amor de Sidi. Em 2010, a Universidade Federal da Bahia divulgou a realização de uma leitura dramática da peça “Ópera da malandragem”, mas essa tradução inédita não foi publicada em livro. Além disso, encontramos em Portugal a tradução do romance “Os intérpretes”. O leitor de língua portuguesa tem acesso a uma parte ínfima de sua produção e somente uma maior divulgação de sua obra pode contribuir para tentar minimizar essa situação. Seus ensaios, poemas, textos autobiográficos, contos e roteiros de cinema (e os respectivos filmes) ainda não estão disponíveis em português. Por ser praticamente desconhecido no Brasil apresentaremos alguns detalhes de sua biografia. Soyinka nasceu na Nigéria, em Abeokuta, no dia 13 de junho de 1934. Estudou na Nigéria e na Inglaterra, onde no ano de 1957 se formou em literatura inglesa com menção honrosa, na University of Leeds. Sua primeira peça foi um pequeno texto para rádio, “Birthday treat de Keffi”, escrita quando estudou no University College, em Ibadan. Ela foi transmitida em julho de 1954 pelo Nigerian Broadcasting Service. Também foi nesse período que deu início a seu ativismo político com a fundação, juntamente com outros seis estudantes, da organização estudantil “Pyrates Confraternity”. Durante sua estadia na Inglaterra também veio a trabalhar no Royal Court

Theater e esse envolvimento com o teatro o levou a continuar escrevendo seus próprios textos para teatro e rádio. Suas peças foram encenadas não só na Inglaterra, mas também na Nigéria, para onde retornou com o objetivo de estudar a dramaturgia africana. Mais tarde também veio a escrever para a televisão. Em 6 de agosto de 1960 sua peça “My father’s Burden” foi transmitida pela Western Nigeria Television, sob a direção de Segun Olusola. Ele também se envolveu numa polêmica ao criticar o movimento Negritude de Leopold Senghor por seu caráter saudosista que, em sua opinião, o levava a ignorar os benefícios que a modernidade oferecia. Ele foi preso pela primeira vez durante a Guerra Civil, em 1967, tendo ficado em cárcere durante vinte e dois meses. Contudo, a prisão não o impediu de escrever e publicar. Foi professor na Obafemi Awolowo University, tendo renunciando posteriormente ao cargo, e professor visitante no Churchill College, na Cambridge University. Foi um dos fundadores do Drama Association of Nigeria, em 1963. Em 1969 participou da fundação do periódico literário “Black Orpheus”. Passou a viver num exílio voluntário a partir de 1971, tendo vivido em diferentes países. Seu livro “The man died” foi proibido na Nigéria em 1984. Na década de 80 fundou o grupo teatral “Guerrilla Unit”. Em 1986 recebe o prêmio Nobel de Literatura. Em 1988 passou a ser professor de teatro e estudos africanos na Cornell University. Em 1994 ele foi obrigado a fugir da Nigéria por sua postura crítica, pela fronteira com o Benin, e foi para os Estados Unidos. A perseguição governamental que sofreu fez com que fosse classificado como traidor pelo governo do general Sani Abacha. Ele continua escrevendo e atuando politicamente tendo recebido outros prêmios literários. Por esses pequenos detalhes de sua vida podemos ver que a literatura, o teatro, o ativismo político e o magistério são elementos centrais de sua vida e obra e fazem do escritor um dos mais importantes intelectuais africanos da contemporaneidade. O que por si só deveria nos despertar o interesse pela obra do escritor e chamar a atenção para a literatura, e a cultura de modo geral, africana. Apesar das relações entre Brasil e o continente africano serem antigas, pela presença

da escravidão em nosso país, isso não significa que tenhamos um grande conhecimento de sua história e cultura. Pelo contrário, uma visão distorcida, estereotipada, que apresenta uma África tal como foi representada no cinema, como nos antigos filmes do Tarzan, ainda impera entre nós. O continente se transformou, novos países surgiram e diferentes movimentos culturais surgiram visando a construção de uma identidade nacional sem que houvesse maior interesse de nossa parte em acompanhar e aprender com essas transformações. Nesse sentido, acredito que uma das formas mais eficazes de se combater esses clichês, e de se ter um primeiro contato com a diversidade e a riqueza cultural presente nas diferentes sociedades do continente africano, se dá por meio do contato com sua literatura. Muitos não sabem, mas, além de uma rica literatura africana de caráter oral (parcialmente recolhida em livro) vamos encontrar também, entre outras, as de expressão portuguesa, crioula, inglesa, alemã, árabe e francesa. Dentre todas, a de mais fácil acesso para nós é a literatura em língua portuguesa. Isso ocorre pelo fato de que alguns autores foram publicados no Brasil e porque temos um acesso relativamente fácil a outros, que foram publicados em Portugal. Por outro lado, devido a falta de tradutores, podemos dizer que não temos acesso a produção em língua crioula. Alguns autores de língua inglesa foram traduzidos, com destaque para as ganhadoras do Nobel Nadine Gordimer e Nadine Gordimer e para o também ganhador do Nobel John Maxwell Coetzee. Por outro lado, a falta de interesse das editoras faz com que o número de obras africanas em língua francesa disponíveis no Brasil seja ínfimo. O número de autores de língua árabe também é mínimo, temos uns poucos autores egípcios traduzidos como o Nobel de Literatura Naguib Mahfouz. Por tudo o que foi dito podemos ver que há muito a se aprender sobre o continente africano, sua história e cultura. O contato com a produção cultural dos diferentes países deve ser valorizado porque só temos a ganhar com isso em muitos sentidos. Não existe sociedade que não possa contribuir para o enriquecimento cultural de outra nação. Além disso, o contato com os países lusófonos pode contribuir para uma maior integração dos países de língua portuguesa. Nesse sentido, o contato com a literatura de outros países de língua portuguesa pode contribuir muito mais para uma tentativa de unificação do idioma do que a reforma ortográfica recém imposta pelo governo. *professor de História em Itaperuna-RJ.


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nº 242 - maio de 2016

DOIS LIVROS DE BOA POESIA Gerson Valle

1) viver (não) é tudo, de Alcides Buss, Caminho de Dentro Edições, Florianópolis, 2015 - A poesia de Alcides Buss caminha. É como se ela seguisse sempre em frente, inspirada no tempo que nos move. Isto, aliás, se torna explícito no livro em questão, dividido em quatro partes, digamos, de boa quantidade de poemas, como se fossem as quatro estações do ano mesmo que começando pelo mês de janeiro, e uma última parte com apenas um poema para retornar a novo janeiro, novo início de ano, retomada do ciclo. E o tempo se torna mais presente com o calendário do mês que vem na página de cada poema. O ciclo se perfaz com novo início. Isto é uma constante da observação do poeta. O “eterno retorno” nietszchiano? Os dois primeiros versos do livro já alerta: “O ano termina. / O ano começa”. E o próprio livro termina com: “Acolha-nos o tempo / como quem, à maneira da Terra, / faz germinar / o que seremos.” O tempo está, mesmo prevendo o retorno, em caminhos diversos que se tomam: “Os caminhos são tantos, são tantos, / mas se entrelaçam em dúvidas / no coração deserto”. E mesmo sabendo que “não

há volta / sem voltarmos ao nada” este “nada” é anterior “a novo começo”. “Nada é para sempre.” // “Mas este abraço de humanidade / é tão crucial, / tão contundente, que nos fazemos crer, até, / que tudo é para sempre.” Como prova do sempre em conflito com o nada “Viver não é dormir. / Viver é acordar.” Os poemas se afirmam no caminho e no tempo: “Você vê que o tempo se esvai / e se aflige com isto. // Os cabelos ficaram brancos. / A pele perdeu o viço” .......... “O tempo nem mesmo existe. / O que existe é o corpo / e, sem você, não é ninguém.” Citar apenas fragmentos é muito pouco. Mas, eles nos posicionam na tônica dominante do livro. Ainda dentro do tema: “Anoiteci / pra esperar o novo dia.” E agrada-me repetir estes dois versos: “Anoiteci” é, em si, um verso miraculoso! Não necessita (nem pede) complemento. Quem se anoitece se basta como acontecimento. Intransitivamente. Mas, se existe um “anoitecimento” ele ocorre “pra esperar o novo dia”! Este tipo de constatação de aparência óbvia, e até redundante, aparece com frequência na poesia de Buss. Entretanto, a sua obviedade, ou mesmo redundância só são concretas

POESIA ESCRITA Edimilson de Almeida Pereira A Iara escreve um diário com peixes-flores e passarins-mutuns. Todos de uma cor maçã. Até o gato-andorinha pousa leve na beira da página. Na palavra algo se move. A Iara vê cada uma como um ovo que se abre. E vira de repente. *

MOVIMENTO O Tuca puxa o rabo seco da lagartixa. Vira o cesto de linhas da avó, se ela cochila. Tira um sapato da cesta de lixo. Rabisca no dedo um anel. Quer vestir a roupa do sapo que chegou no céu. Edimilson de Almeida Pereira é professor do departamento de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora. Os poemas acima fazem parte de seu livro “As falas da aranha” (Belo Horizonte, Nandyala, 2009)

no sentido prosaico de uma frase. Ao se tornar poesia elas se engrandecem, tomam em sua forma poética a verdade, a essência para a nossa sensibilidade existencial. Não posso deixar de reproduzir um poema inteiro que não só exemplifica seu tom aparentemente prosaico preenchendo nossa sensibilidade poética por sua colocação em evidência do que nos toca, como pela atualidade do tema político: “Eis uma coisa que não podemos fazer sozinhos: eleger governantes. De antemão sabemos que ninguém responderá plenamente por nossos anseios e sofridas esperanças. Que bom seria se pudéssemos levar a vida sem Governo, cada um e todos respondendo por seus atos em exercício de liberdade! Está provado, sim, agora este sonho não é possível. Cabe-nos então votar, eleger, aceitar. Mas como dói engolir tudo o que fazem e dizem em nome desse poder

que lhes damos!” 2 - Theo & May, de Rita Moutinho, Ibis Libris, Rio de Janeiro, 2016 - Este é o quarto livro de Rita Moutinho dedicado à forma soneto, e aqui a grande maioria ingleses, com pouquíssimos italianos, sendo a quase totalidade nas rimas toantes. Segundo a autora, ela teve por referência o livro de poemas “Toi et moi”, de Paul Géraldy, que foi um “best-seller” da poesia amorosa do século XX (teve tradução para o português de Guilherme de Almeida, “Eu e você”). Um “best-seller” em Poesia é coisa rara, sendo que até ficou famoso um jargão tirado do livro: “Si tu m’aimais, et si je t’aimais, comme je t’aimerais!” Mas, parece-me, a ligação dos dois livros está no fato da descrição dos amores de um homem e uma mulher. Rita constrói uma continuidade narrativa que vai desde a mocidade até a morte do casal, revezando os poemas como sendo da autoria uma vez do Theo outra vez da May. Chega a criar a referência aos anos de nascimento e morte dos dois: 1919-2001. Faz poesia sub-entendendo uma ficção, passando muito pelo gênero epistolar. Um amante escreve para o outro, e aí nar-

FINAL Paul Géraldy Pois bem, adeus. Nada esqueceu?... Tem tudo já? Não temos nada mais a dizer face a face. Pode ir... Mas, não! Espere um pouco! Como está chovendo!... Espere que isso passe. Agasalhe-se bem! Está frio lá fora. Você devia pôr um “manteau” mais pesado. Já tem tudo o que é seu? Nada me resta agora? As suas cartas? O retrato?... Já que a gente se vai separar, olhe-me ainda um instante... Mas sem chorar: seria idiota. Como é horrível agora a lembrança remota Do que nós fomos numa vida antiga e linda! Nossas vidas se confundiram totalmente... E agora cada qual retoma o seu caminho! Nós vamos partir, cada qual mais sozinho, Recomeçar, vagar por aí... Certamente, Sofreremos também... Mas há de vir, depois O esquecimento, a única cousa que perdoa. E há de haver eu haver você; sermos dois; Sermos isto: uma pessoa e outra pessoa. Veja! Você já vai entrar no meu passado! Havemos de nos ver na rua, casualmente... Eu hei de olhar e de ir, sem ter atravessado... Você irá com vestidos novos, diferentes... E viveremos nossas vidas paralelas... E amigos contarão a você minha história... E eu direi de você, que foi a minha glória, A minha força e a minha fé: “Como vai ela?” O nosso amor... era esta cousa sem valor!... No entanto, que loucura a dos primeiros dias! Lembra-se bem? Que apoteose, que magia!... Se nos amávamos!... E era isto o nosso amor! Mesmo nós, até nós então, quando dizemos “eu te amo!”, O que é que vale o que estamos dizendo?... É humilhante, meu Deus!... Somos todos os mesmos? Iguais aos outros, nós?... Mas, como está chovendo! Você não sai com um tempo assim... Fique comigo! Fique! Vamos viver – não sei... – mais conformados... Os nossos corações, embora bem mudados, Se reforçam talvez às luzes do sonho antigo... Vamos tentar. Ser bons, de novo. Que remédio! Podem falar: a gente tem seus hábitos... Então? Não vá! Fique! E retome ao meu lado o seu tédio, Eu retomo ao seu lado a minha solidão. (do livro “Toi et moi”, de 1912, na tradução de Guilherme de Almeida, “Eu e você”, de1932)

ra o que faz, se lê, o que lê, de forma às vezes coloquial, mas sempre pousando na gravidade do verso metrificado: “Trago devagarinho meu cigarro / enquanto leio versos portugueses...... “Sei que estás a ler Bertrand Russell / e que meditas sobre essa tragédia (a guerra)......... “Escrever, escrever é meditar / sobre as mortes aqui e no além-mar”. O Théo descende de uma família condenada no século XVII a anualmente ir a Trento pelo assassinato de um “luthier”, tendo de sempre levar consigo um violino, “miolos de pão para sugar o sangue das águas e versos que chorem perdão, com secura dos sons”, explicação esta que vem no “postscriptum” em forma de prosa (carta), sem, no entanto, guardar a verossimilhança necessária para uma ficção, continuando, assim, a subjetividade poética ainda aí. E a poesia se faz na ficção apenas entrevista, mas guardada como um símbolo: “Querida, até a morte irei a Trento / com o mea culpa herdado e o desalento.” Às vezes o “namoro” do casal passa do lirismo ao corriqueiro, quase grosseiro: “Desliguei o abat-jour para observá-lo, / descansando do dia, em sono intenso, depois de caminharmos lado a lado / por variados recantos do

terreno..... “com o abat-jour desligado eu me aproximo / e, Theo, bem sem-vergonha te bolino...” Este poema da May onde entra o abat-jour tem um correspondente do Théo, que vai reproduzido integralmente na seção de poemas deste jornal. Ao final da vida, já com 79 anos, May descreve a vida como: “O pêndulo do tempo está mais lento, / e a rotina se faz com mais vagar.” Terminando por fazer um balanço positivo do que passaram: “Theo, apesar do espinho que há no arbusto, / os deuses são conosco seres justos.” Um livro de Poesia que guarda a originalidade da construção numa temática, ao contrário da maioria dos livros do gênero que apresentam poemas esparsos, como já eu tinha observado na resenha que fiz em Poiésis de agosto de 2013 do seu outro livro “Psicolirismo da terapia cotidiana”, sempre merecendo uma leitura atenta e degustativa para quem aprecia boa Poesia. Gerson Valle é poeta e escritor, membro do conselho editorial do Jornal Poiésis e membro titular da Academia Petropolitana de Letras.

SEGUNDO SONETO DO ABAT-JOUR Rita Moutinho

Excitado, procuro o interruptor para amá-la, querida, à plena luz e, subindo no mais alto platô, contemplo-te anulando esse abat-jour. Estás linda, e um dossel imaginário embrulha nossa cama com seu manto, para em recato amar-te nos teus lábios, no corpo que transborda tanto encanto. Fazer amor, assim, iluminados, como dois sóis em atrito e felizes, sublimou, o que chamam uns de ato, na autêntica atitude do sublime. Deuses explodem a cúpula do abat-jour. A cópula festeja os corpos nus. Theo (Do livro “Theo & May”, resenhado nesta página por Gerson Valle)

POÉTICA Anderson Braga Horta Deixe que a mão escreva. A cabeça está velha, está cansada, cheia de pensamentos gastos e de ideias senis. Não há mais atlântica nem floresta amazônica nem sertão bruto. Há estradas asfaltadas, esclerosadas, trabalhadas por preconceitos os mais vis. Deixe que a mão escreva. O coração viciou-se num certo número de emoções e já está disponível para sentir o novo. Cristalizou-se a melodia. O belo já não flui. O pássaro já não rompe a casca do ovo. Deixe que a mão escreva. A vontade amolece ao peso dos desejos e se desfibra e verga a orgulhosa cerviz. Onde era força, ou a ilusão da força, agora não há mais que informe cicatriz. Deixe que a mão escreva. (Este poema está em “Tiempo del Hombre - Seleción elemental bilingüe espagnol-portugués”, Maribelina, Casa del Poeta Peruano, Ciudad de Lima, 2015. Seleção de poemas de Anderson Braga Horta com diversos tradutores para o espanhol)


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nº 242 - maio de 2016 Camilo Mota

Bailarino pede apoio para estudar em Nova Iorque

O

bailarino Leonardo Brito, também conhecido carinhosamente pelos amigos como “Chocolate”, iniciou sua carreira no Projeto Primeiro Passo, quando então o mesmo funcionava na Colônia de Pescadores Z 24, de Saquarema. Agora ele solicita ajuda para estudar fora do país. Reconhecido pelos seus gestos e passos perfeitos no palco, Leonardo conseguiu o reconhecimento para ingressar na Escola Estadual de Danças Maria Olenewa, que funciona no anexo do Teatro Municipal do Rio, onde já estuda há três anos e meio. Recentemente o bailarino foi selecionado para es-

Saiba mais: brasil.gov.br/brasil-de-resultados/infraestrutura

tudar em uma das escolas mais bem conceituadas no mundo da dança, a Alvin Ailey School, de Nova Iorque. Para que esse sonho seja realizado, Leonardo Brito está fazendo uma campanha para arrecadar dinheiro. Os interessados em ajudar poderão se dirigir à Caixa Econômica Federal e depositar qualquer quantia na Conta Poupança 17498-0, Agência1332, Operação 013, em nome de Leonardo Brito de Mendonça. Doações também podem ser feitas pela internet através do link https://www. vakinha.com.br/vaquinha/ ajude-o-leonardo-a-ir-para-o-alvin-ailey-school

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