jornal coletivo sÓ, nona edição, nov/dez, 2009

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s Ó - O i tav a e d i ç ã o , a n o 2 , n o v e m r o / d e z e m b r o d e 2 0 0 9 I p r e ç o c o l a b o r at i v o R $ 1 , 0 0


por lucas rodrigues fotos por chuck dedo amarelo

São Paulo

1554/Hoje

Homenagem ao rock paulistano

Que tragédia! A família paulistana agora chora ao ver os filhos rebelarem-se e saírem às sextas em busca da filosofia udigrudi. Talvez fosse melhor vê-los descendo para um pique-nique em Praia Grande. Mas o desejo dos filhos é brindar com sangue de porco! No dia 30/10, foi dado prosseguimento a um projeto audacioso de valorização e ressurgimento do sentimento rocker-resistente, princípio fundamental de nossa academia libertária. Celebrada, a noite Udigrudi 2! reuniu 87 pessoas. Nas palavras de um dos músicos, "só a nata!" esteve presente. No dia 25/9, o jarro de leite estava cheio: 213 pessoas cantaram e dançaram o rock'n'roll. Nesse texto, os ouvidos dão atenção ao acontecimento mais recente, o do dia 30/10.

Sejam bem vindos ao som!

Um registro deve ser feito em relação ao Soul Barbeccue, piratas que levantam a bandeira da Cantareira: o fato de todos serem ou terem se formado no curso superior de música das Faculdade Integradas Cantareir. Isso os credencia como músicos dotados de capacidade harmoniosa e improviso, casamento perfeito. Com trinta anos nas costas, eles já não são mais apenas rockeiros apaixonados ou adolescentes de espírito hippie. Nota-se, na música do quinteto, a busca de uma concepção e-xistencial que preserva a origem e o tesão musical de cada integrante. A bateria casa com o sopro estreante, e quando André Mainardi, no baixo, entra em simbiose com um desses intrumentos, faz-se o jazz. Perez passaria pela Broadway ou pelos palcos londrinos de onde nasceram o musical Jesus Cristo Super Star. Ele tem voz e carisma para se vestir de profeta: camisa preta entreaberta e o crucifixo do tamanho da palma de uma mão fazem nuvens negras, criam a mitologia de bruxos reunidos num ritual. Trocam o pentagrama pelo terreno do palco e as rezas por excelentes linhas vocais - mini-coral de André, Perez e da maestrina Camila Antonelli, responsável por teclado e guitarra psicodélica. A guitarra tem timbres fuzz aos solos que lembram fritações progressistas de John McLaughin. Joelho na vitrola. Rock pesado e humor são características comuns entre duas bandas paulistanas calcadas no reino animal. Joelho de Porco e Baratas Organolóides da Bolha de Rock poderiam ser um cover dos grandes astros do rock anos 70, mas fizeram, fazem e criam, perpetuam o gênero: rock brasileiro, miscelânea que não distingue a roça da cidade. Os Baratas são Zappa acompanhado de uma voz como a de Tim Maia. De peito nú, Luíz mostra ser um baterista experiente, assim como seu parceiro de cozinha Leonardo Jabba Jabba. Ambos evidenciam trilha que começou na banda Expresso Monofônico, grupo já de histórico no rock nacional - CD lançado com apoio do guru independente Luíz Calanca. Jabba Jabba, como é conhecido, é fã esclarecido de Sabbath, mas seu baixo vai além do peso, assim como seu talento, que aparece nas roupagens vocálicas e composicionais. Impressiona o tamanho e a qualidade do repertório do grupo. Podem-se destacar músicas como: Ventilador - “Tenho uma solução para você, ventilador/Vida louca que eu tenho, que todo mundo tem” - , Cheirinho de Mato Verde e Farofa Brasileira.

Posso tocar seu ponto fraco, sensibilidade, arrepiado de emoção e o século xxi

Mud Shark faz música visceral, uma tradução possível para o termo rock. O power trio assina em baixo da noite de improvisos roqueiros. Cada apresentação dos meninos (vale lembrar que a banda foi a mais jovem da noite) é destacada pelo tônus de levar o baile até o fim. A desconfiança antes dos shows desses malucos sempre surge, ainda mais quando a subida no palco ancontece às três da manhã de um dia em que o elixir da existência torna-se o rock. Doses de lisergia produzem essa banda que derrete no palco. Vide a atuação da lagartixa e baixista elétrico Érico, conhecido na boca dos fãs underground como Erich Jones. Alex Cabral, na bateria, fica mais solto acompanhando os deliciosos exageros e ápices intermináveis de Erich e Leonardo. O guitarra, que já se apresentou também com teclado, sabe reconhecer o palco, e talvez por isso tenha tanta habilidade de brincar com a voz, mesmo com o cansaço de mais de oito horas de trabalho duro. Assim como Giba, ele é outro que transborda a influência do enorme Tim, e impressiona indo do agudo ao grave. Mud Shark é banda pra quem gosta de rebolado, rock'n'roll requebra geral, disposição típica do brasileiro picardio.

O

manifesto da noite udigrudi:

“Somos

uma parcela da sociedade que, por

basear sua filosofia em obras mais modernas e contemporâneas, tem con-

seguido superar traumas da didatura, traumas do processos de careteamento crítico-cultural que tomou conta no formato de didática opressora e patriarcal-familiar-burguesa propostas pelas mofadas cabeças verdes milicos).

(sim,

dos

Depois de 3000 pulverizados pela ‘ignorância patriótica', não temos e nem teremos medo de enfiar a mão inteira na ferida e fazê-la sangrar o máximo possível”. A máxima desta edição: os criminosos culturais não passarão! está formada uma nova falange. por isso, abram os ouvidos, ou temam e se armem contra nossa loucura, afinal fazemos a história e vivemos o passado do futuro. aqui está nosso legado. Desfrute dessas páginas e abra a cabeça. esse "quem são esses malucos!?!?" acaba de construir seu nono passo.


Contato Centro Cultural Popular Consolação

Rádio segunda Coluna Jazz R$2,00 JONATAS JAZZ QUARTET

Consolação, 1897, (11) 2592-3317 so.contato@gmail.com ccpc@ccpc.org.br Endereço - Rua Navarro de Andrade, nº 20, ap. 22 05418-020, São Paulo, SP Telefones - (11) 2771-7297 e 7689-7560 por Uirá do Rádio Expediente Peço licença pra chegar, pois sair das ondas sonoras Edição, reportagem e diagramação - Lucas Rodrigues de Campos e entrar nessa onda escrita é de certa forma compliIlustrações e arte - Chuck Dedo Amarelo cado para mim. Revisão de texto - Tatiane Klein Mas vamos pra cima! Esse espaço fino do jornal estará Colaboração - Elton Amorim aqui para colocar pingos nos “is” e compartilhar com http://so0jornal.wordpress.com você sonoridades e experiências fantásticas. Digo isso http://www.ccpc.org.br

no sentido mais fantasioso da palavra, pois a realidade está saturando. E nessa primeira empreitada na escrita coloquial vou falar de um veículo de comunicação bem charmoso, o rádio. O bom e velho rádio, que, desde os fins dos anos 1800, tentava irradiar pelo mundo a experiência de alguns cientistas - não se tem nem a certeza exata de seu inventor, porém entre italianos, ingleses, russos, até um padre gaúcho conhecido com Roberto Landell de Moura está na história por realizar experiências de transmissão e recepção. Entre experimentos, tecnologias de guerra e aprimoramentos, o rádio teve sua primeira transmissão de uma estação (estúdio) em 1916, em Nova York. Em 1922, o Brasil realizou sua primeira transmissão com um discurso do Presidente Epitácio Pessoa, na comemoração de 100 anos de Independência. Desde então, a comunicação ganhou uma rapidez que influenciou o século XX de forma que nunca mais a vida seria como antes. Nas terras tupiniquins, o rádio foi importante para aproximar presidentes como Getúlio Vargas do povo, para a transmissão de cultura e notícias, também para tornar mentiras em verdades, na manipulação de seus ouvintes, e para mostrar que, muito do que se tem na TV de hoje, foi criado na época do rádio - diga-se de passagem as “escolinhas do barulho”, programas de auditório, os noticiários e cia. De lá pra cá, muita coisa aconteceu e nem tanta coisa mudou. Talvez. Mas muito da história viva é contada pelas ondas radiofônicas. Contada por poucos e ouvida por muitos. Esse “contada por poucos”, porém, pouco a pouco, deixa de ser verdade, porque cada vez mais vozes são postas a serem escutadas. Escutadas por menos pessoas, sim. Mas para aqueles que estiverem prontos pra sintonizar.

Como

disse

Rober to Carlos: s u r d o s . S e rá ?

todos estão

o u ç a p ro gr a m a ç ã o s e m a n a l e m : w w w . ccp c . o rg . b r

oficinas

Além da extensa e contínua programação musical, som ao vivo - todos os dias, semana a semana -, o Centro Cultural possibilita tomar contato com diversas criações que mesclam capacitação na área de produção cultural: Rádio, Documentário, Teatro, Orquestra de Escaletas. Ao final, as oficinas, que duram de um a três meses, transformam a experiência laboratorial em projetos concretos.

Jonatas Sansão (Bateria), Lucas Macedo (Sax), André Soratti/Kiko (Baixo) e Davi Sansão (Piano). Há mais de um ano, quem passa às segundas pelo CCPC distorce o triste início da semana ao tomar contato com temas clássicos do jazz, como Maiden Voyage e Cantaloupe Island, ambas de Herbie Hancock, influência declarada dos músicos. Além do quarteto liderado por Jonatas, outro grupo bate cartão às segundas-feiras: o instrumental Água Viva, que destila o melhor do instrumental brasileiro.

pressuredropR$2,00

terça BUD DUB

D U B

BUD DUB BUD DUB O já tradicional happy hour do CCPC apre-

senta, todas as terças, o PRESSURE DROP! É reggae do começo ao fim com: MOA ANBESSA SOUND, BOOMSHOT SOUND, ZION!

Sexta Samba projeto Groove Rock à Brasileira

O principal objetivo do Groove à Brasileira é trazer a música negra brasileira desenvolvida desde a década de 70, como o soul e o funk, para a noite paulistana. Entre outras vertentes, será explorado o que há de mais contemporâneo neste cenário musical, abrindo espaço a cada noite para convidados que fazem a cena da música negra paulistana. Toninho Crespo e Banda trazem seu samba rock e influências da música negra brasileira, soul music, rap e dub, todos presentes no recém-lançado CD Estilo Samba Rock. O Dj Adauto Dhemix, atuante desde os anos 70 na arte da discotecagem em São Paulo, traz em seus vinis os clássicos do samba rock e também mixagens de produções inéditas da black music de diversos estilos e épocas. Dj Guinho contribui com sua experiência com os clássicos do breakbeat, do hip hop, do funk e do soul . www.myspace.com/toninhocrespo

Veja a descrição completa de cada atividade em www.ccpc.org.br


nossos apoiadores


por lucas rodrigues com colaboração de elton amorim e chuck dedo amarelo

Um dia depois de ter participado da festa que comemorou os três anos da revista Rolling Stone no Brasil e de ter sido abordado de forma abrupta por policiais em uma ronda noturna, Eduardo Araújo, foi acordado pelo coletivo sÓ. Ele nos recebeu gentilmente em sua residência. Em 2010 o músico, arranjador e compositor completa 50 anos de carreira notável. Desde a obra que mais o aproximou da fama e do amor popular (“O Bom”, cunhada em conjunto com Carlos Imperial, no ano de 1967), transformando-o em ídolo de uma geração – chegou a estampar capas de revistas como a Contigo, no fim dos anos 60 –, até a produção autônoma e experimental garantida durante toda a década de 70, Eduardo tornou-se mais que uma simples voz da Jovem Guarda e passou a trabalhar uma concepção musical muito própria e inovadora, contrariando o senso comum que hoje o mantém numa incômoda situação de ostracismo. Para a celebração da data, um projeto do músico já aguarda liberação de verba via Lei Rouanet, e uma biografia, de autoria do jornalista Okky de Souza, está sendo preparada. Fascinado pela música de raiz e pelo folclore brasileiro, Eduardo, roqueiro diplomado, pioneiro do gênero na terra tupiniquim desde a gravação e lançamento de compacto em 60 e 61, apresentou, na década de 70, uma fusão que reunia expressões nitidamente psicodélicas - do hard, do prog, do glam e do funk setentista - ao sentimento musical brasileiro, conhecido vezes como Tropicália, vezes como MPB. Um bom resumo para tentar escrever sobre a música de Eduardo é apresentar os nomes de seus melhores trabalhos: Kizumbau (1972), Pelos Caminhos do Rock (1975) e Sou Filho Dêsse Chão (1976), álbuns que chocam o ouvinte atento pelo peso contra-cultural e vertiginoso. Enquanto obras em espírito como essas estiverem sob o limbo da ignorância, o pesar será o imperativo dos malditos! É quando evoca os momentos que envolvem as obras citadas que Eduardo mostra-se desgostoso, revida de forma saudável o descaso existente em relação a seus melhores trabalhos mas sente-se relevante na construção da BMB, a Boa Música Brasileira. Sujeito cheio de si, Eduardo bate no peito e arroga - em busca de respeito e reconhecimento - feitos brilhantes e transformadores da música, e, em especial do rock brasileiro: influência a Raul Seixas, descobrimento de Lanny Gordin, responsável pela gravação do primeiro disco de soul brasileiro em parceria com o então novato e maluco Tim Maia. A disposição de conversar, durante quase três horas, com jovens apreciadores de sua obra permitiu a Eduardo Araújo contar a história de grandes músicos e amigos, como Sérgio Sá, Guilherme Lamounier, Luciano Souza, Dirceu Medeiros, Chico Médori, Dirceu Medeiros, Albino Infantozi e a falecida esposa Silvinha. A biografia de Eduardo Araújo torna-se ainda mais sagrada e única ao notar-se a quantidade de jovens que trilharam o caminho da música e chegaram ao amadurecimento por terem acreditado - escolhidos ou escolhendo - no talento de um Eduardo, exímiocriativo-inovador produtor e compositor musical. Se fôssemos biografar todos os músicos nomeados nas fichas técnicas dos longplays ou citados por Eduardo Araújo durante a entrevista, faríamos o livro “História do rock brasileiro! Misturando rock com baião!”. É por esse motivo que passaremos de forma breve e sem o merecimento devido pela carreira de grandes músicos e nomes fundamentais da dita MPB - nomes maiores por terem começado a trabalhar entre 60 e 70 e provarem que a ação do músico enquanto trabalhador é essencial e perdurável.


[Ao telefone, Eduardo se esforça para completar uma ligação ruim, que logo cai.] Ah... essa tecnologia!

Eduardo Araújo: Hein? Tecnologia... Eles querem concorrer entre eles, aí colocam mais linha do que pode. Vish! Eu tenho um [cita a marca] aqui que é uma beleza! Agora não é mais! Fica pipiupipiuuu... Pega uns jornais, aí, Chuck! Mas... vocês são de alguma uma televisão? Um jornal? [Completa o telefonema] Somos um jornal independente. É sobre cultura brasileira, década de 60, 70. Recupera a memória dessa época. A gente trouxe uns discos pra dar uma ilustrada na conversa [Kizumbau e Sou filho desse chão]. [Espanto] Olha rapaz! Coisa boa! Essas são coisas lendárias. Esses aqui são os melhores discos da minha carreira. Ainda tem um outro que eu considero melhor. Qual você considera melhor? Pelos Caminhos do Rock foi um disco em que eu tive a maior produção e eu pude passar dentro dele um Eduardo Araújo mais, vamos dizer assim, aquele Eduardo Araújo que pode expressar um sentimento de, não só um, mas vários sentimentos de temperança, equilíbrio e experiência. Então esse disco pôde me proporcionar isso e... me fez, realmente pra mim e pra um público, porque ele não foi um disco tão divulgado. É que no Brasil a gente podia fazer também e não só lá fora.

Foi

a primeira vez que eu vi que a gente podia fazer uma coisa brasileira como a coisa lá fora.

Você diz “como a coisa lá fora” em qualidade técnica, produção mesmo, ou em nível de composição, trabalho? Em nível de composição mesmo, porque eu fiz uma releitura do Chico Buarque de Hollanda, no Construção, e no Deus lhe pague. Tem essas duas músicas como regravações e as outras são todas inéditas. [Aparece o filho e eles conversam sobre “a medição”] O Sou Filho Dêsse Chão tem uma importância muito grande pra minha carreira. Eu procurei com esse disco, ser mais um disco assim... ser o mais brasileiro possível. Fazer o tipo de rock

nosso. No Pelos Caminhos do Rock eu não me preocupei com isso. Me preocupei em fazer um disco internacional. Eu precisava fazer um disco que fosse diferente: brasileiro, mas que pudesse fazer sucesso em qualquer lugar do mundo. Esse aqui [aponta para o Kizumbau] é o disco mais cara do Brasil, entendeu? Esse aqui... Eu regravei nele clássicos como a Baixa do Sapateiro [do disco Pelos Caminhos] e fiz músicas. O Kizumbau, que é a primeira música aqui, eu fiz com o Chocolate da Bahia. Uma ligação minha com o pessoal da Bahia. Chocolate da Bahia é um autor popular? Ele é um autor dos mais populares que tem na Bahia. Muito conhecido. Ele... ele era um cara que tava também começando. Primeiro trabalho dele gravado foi comigo, né? Como era esse seu envolvimento na década de setenta com a cultura popular? Porque é bem forte tanto no Kizumbau como no Sou Filho Dêsse Chão a parte religiosa, folclórica, a transcendência. Mais forte ainda no Sou Filho Dêsse Chão. O Sou Filho Dêsse Chão tem uma história dele. Ele é um disco que não tem a mesma qualidade técnica que os outros, gravados em 24 canais... com tudo... Eram discos de gravadora.

O Sou Filho Dêsse Chão

foi a minha primeira produção independente. E sem verba, sem dinheiro!

Gravado no meu estúdio que tinha só oito canais, né? Então nós tentamos fazer o melhor possível ali. Agora, o disco foi feito com o objetivo de fazer um circuíto universitário, de universidades nos Estados Unidos, né? Eu fui praticamente... chegamos com o contrato, já consulado e tudo, por causa desse trabalho, desse disco. Foi mandado pra lá e o disco foi aceito entre vários grupos. Pra que órgãos você mandou o disco? Rádios? Órgãos institucionais? Não. Quem faz isso é uma empresa, que eles, eles... eles têm autonomia de contrato. Não tem licitação, não tem nada disso. São faculdades governamentais, mas faculdades particulares também. É circuito universitário mesmo! Então é cultura, porque o americano é um homem preocupado com isso. Então

eles procuram trazer de fora coisas que sejam diferentes, que não sejam iguais às coisas que fizeram lá. E eu, quem me deu essa dica foi o Paul Ess, que foi o iluminador do Alice

Copper quando veio aqui no Brasil.

Ele namorou uma menina que chamava Rita, que é prima do Serginho, dos Mutantes. Terminou casando com ela. Enquanto ele tava aqui, ele dava aula de inglês e montou uma iluminação enorme pra mim. Na época, acho que, de cantores assim, eu tinha a maior iluminação, que ele fez com torres e pneumáticas, aquela coisa que ninguém tinha aqui ainda, com lâmpadas par e com máquinas de efeito de fumaça. E de repente o Paul trabalhou nessa empresa. Aliás, trabalhou não, ele continuava de licença. Era uma empresa de entretenimento? É, uma empresa de entretenimento. Ela tinha também um departamento que fazia microfilmagens do corpo humano, tudo ligado à universidade, né? Então, eles me contrataram, fecharam contrato. Um dia eu recebo um telefonema dos Paul Ess, já morando nos EUA, e o Paul disse: “Eduardo... Olha... Apresentamos seu trabalho em reunião, com vários... O seu foi destaque, unanimidade. Vocês vão vir pra cá”. Ele já tinha a gravação? Claro! Eu mandei! Ele ficou aqui só uns três meses, depois foi embora. Levou a Rita com ele e tudo. E eu comecei a mandar material pra ele. A gente trocava cartas. Eu tenho as cartas aí, tenho tudo... é difícil mexer, porque é muita [coisa]... Mas eu estou escrevendo um livro, chama-se Pelos Caminhos do Rock, e ele já tá mais ou menos no meio, tá mais do meio. Estou entrando nessa fase exatamente [olha para os discos] mais ou menos, já contei essa fase do Kizumbau. [Silêncio]. Aí fizemos. Como foi a montagem dessa banda? Pra gente interessa muito, porque você é um revelador de instrumentistas e o Sou Filho desse Chão apresenta excelentes músicos. Montamos uma banda. Eu escolhi músicos a dedo. Olha, eu trouxe a banda pra morar em casa.

O primeiro músico que veio foi o Luciano [Souza], da Bahia, depois tomou, ficou com o título de Luguita, aqui em São Paulo. Porque eu já o conhecia na época dos Minos, aí eu trouxe ele pra cá.

Eu falei “Você vem aqui. Vem morar comigo. Vamos compor as músicas juntos”. Aí ele


fotos, da esquerda pra direita, eduardo e stevie wonder, acompanhado de dominguinhos, no palco com silvinha, afinando sua fender

veio. Esse foi o primeiro contato profissional com ele? Foi. Antigamente ele era muito garoto, ele era do Minos. Eu que lancei essa banda aqui com o Pepeu Gomes, né? “Lancei”. Você diz como e por quê? Porque eu, num programa de televisão pela eu e a Silvinha, a gente contratava as bandas. E eles eram uma banda de garotos... assim, prodígios. Os caras eram demais: Jorginho [Gomes], de bateria, o irmão dele, o Pepeu [Gomes] de contra-baixo, cantando muito. O Pepeu canta muito, né? Ah... e essa banda se transformou. O Pepeu foi para os Novos Baianos e o Luciano voltou pra Bahia. Eu queria fazer algo que fosse muito brasileiro, então eu montei um time pra fazer. Trouxe um cara da Black Rio, o Valdecir [Nei], do Rio de Janeiro... veio o Luciano. Aqui [em São Paulo] eu peguei um professor de bateria

Excelsior,

que foi professor de todo mundo que foi pros EUA, foi professor do Chicão [Médori] e Albino. E quando o cara vinha pra tocar comigo, eu obrigava a fazer aula com o Dirceu [Medeiros]. O Chicão mesmo não lia nenhuma nota na frente da bateria, mas era excepcional e foi estudar com o Dirceu Medeiros. Fizemos, eu, o Luciano e Valdecir. Começamos a trabalhar no projeto. Eu falei que tinha um projeto, que ia pros EUA. Eles queriam ir comigo. Expliquei que era trabalho demais, pouco dinheiro. Eles eram muito entusiasmados com o som, aquela época com o rock progressivo, e a gente ia levar um trabalho que realmente fizesse a cabeça do pessoal lá. Conversei muito com eles sobre isso. O Valdecir e o Luciano davam ideias e começamos a escrever. E até escrever mesmo era uma piada. O Luciano não lia nada e o Valdecir muito menos, mas escrevia o que a gente achava que dava certo “Olha isso aqui, foi bom, faz assim”.

Escreviam em prosa... Nós tínhamos que fazer um trabalho muito diferenciado. Tem coisas lá que o americano ia gostar. Se você fugir demais, é um ponto longe demais... A gente tinha que fazer uma aproximação, tem hora que vira rock’n’roll mesmo! E depois volta pro baião! Eu já tinha feito um trabalho de pesquisa quando eu fiz o Kizumbau e a minha ligação com a Bahia era muito grande. Eu ia pra lá, mas não queria fazer o que os Novos Baianos estava fazendo, que era maravilhoso, mas eu queria fazer algo que fosse mais rústico, mais internacional, uma coisa boa aqui e boa lá.

Esse aqui, o Sou Filho Dêsse Chão, ele é um trabalho específico. Ele foi feito pra eu entrar nos EUA.

E deu certo essa empreitada ? Infelizmente não deu certo por nós. O contrato veio, era só assinar e ir embora. A gente ia ganhar dois mil dólares por show e ia fa-

zer uma turnê que a gente só descansava na segunda-feira. Nós só tínhamos um dia de descanso e tocávamos todos os dias. Equipamentos mais violentos possível! Porque a especialidade dessa empresa era equipamento. Tanto que eles faziam a iluminação do Alice Cooper. O que não deu certo foi simplesmente uma coisa: filhos. Tinham nascido os meninos. O Dudu, que apareceu ali, era filho de colo e minha filha na escola. Aí não deu muito certo, exatamente porque na hora da gente decidir foi muito pesado. “Será que é bom mesmo? Vamos ficar dois anos fora do Brasil. Será que compensa? E se não der certo lá? A mídia vai esquecer da gente aqui”. Eu tava numa fase muito boa e outra coisa... esse disco começou a dar certo aqui, começou a abrir portas gigantescas. Você fez programas de televisão com ele, muitos shows? Como foi? O disco foi feito pra lá, mas esse disco influenciou um monte de gente lá do Norte. Começou o pessoal a fazer essa mistura toda que eu fiz aqui. Olha o Alceu Valença.

O

pessoal todo começou a fazer o esquema de eletrificar o baião, o xaxado. Isso é uma coisa que eu tenho na alma desde o começo. Baião pra mim... o Luíz Gonzaga foi meu ídolo, então eu conheço e gosto de música nordestina, e achava a música mais interessante pra você poder pesquisar. Ela é um regional, mas ela já era um underground da música, assim... uma coisa diferenciada. Você pega o forró... Ele tem ritmo, tem balanço, tem suingue, e tem formas de improvisar. Você pode

improvisar

como

o

jazz.

Aí trabalhamos nesse disco por volta de dois meses só compondo as músicas e tal. Letras do Guilherme Lamounier... O Guilherme foi depois. O Guilherme tava no Rio de Janeiro e um dia o Valdecir foi pra lá, pra visitar a família dele, e me ligou pra falar que tinha encontrado com o Guilherme. E me ligou, perguntou se ele podia vir, que ele queria vir, que ele queria me passar umas músicas. O Guilherme teve problemas na época e... Carlos Imperial foi quem lançou o Guilherme,

exatamente num festival. Mas o Guilherme entrou de cara na droga e aí jogou a carreira dele pra fora. Aí nessa época ele tinha melhorado, tinha uma mulher que ajudou ele, e tal. Veio pra São Paulo, e era uma época em que eu era muito procurado por pessoas, compositores do Norte. Com essa abertura desse disco, as pessoas ficaram encantadas assim com o meu trabalho e eu comecei a influenciar a juventude da música, né? Então o pessoal vinha pra São Paulo e chegava “Cadê o Eduardo? Vamo lá e pá”. Foi um disco que impressionou?

Não

fez sucesso “povão”, mas no músico ele fez um sucesso incrível.

Não só aqui no Brasil: nos EUA, em todo lugar que ele foi. Você lembra de uma resposta de outros músicos que tenham ouvido, comentado os discos? O Carlinhos Brown tava começando, era moleque impressionado por esses discos. Laudir [de Oliveira] um instrumentista; o Laudir tem o disco como uma bíblia, porque o Dirceu era o professor dele. Ele amava o cara. Até quem mandou o disco pra ele não foi eu não, foi o Dirceu que mandou. Na hora que o trabalho tava pronto, daquela forma que a gente sabe, “na hora que entra o compasso, vai não sei quantos compassos, vai pra lá, vai pra cá”; que o Guilherme entrou e disse “Vamos fazer um blues brasileiro”. E aí ele mandou a música da Silvinha [cantarola] e passou a fazer parte do nosso grupo, né? Até tocar com a gente, tudo. Ele participou de shows na época? Participou dos meus shows, fazia, fazia uma outra guitarra. Ele fazia outra guitarra. Você acompanhou essa recuperação dele como amigo?

A

verdade é a seguinte: a minha vida inteirinha foi fazendo música e aconselhando esse pessoal pra andar no eixo, mas era difícil. Foi uma época muito difícil. As pessoas que eram bons músicos, eles entravam na droga assim, influenciado pelo pessoal de fora. e eles iam buscar, achava que tinha na época, na cabeça dos caras, que eles iam tocar mais. Muitos entraram na droga achando que iam tocar melhor do


que tocavam.

“Pouts! Dá

um barato!”.

Você passou ileso nessa fase quanto às drogas? Nunca! Nada! Nunca me chamou a atenção! Eu era muito família. Gostava muito da minha esposa e o meu compromisso era com a música, a melhor qualidade possível, aquilo que realmente tinha a ver comigo. E os jovens não compreendiam isso. Quando gravou o Kizumbau, você estava com 30 [anos]? Isso. Eu tinha uma experiência. Eles vinham comigo com 18, com 20, e era uma parada, porque as outras bandas que tocavam por aí eram muito louco: Som Nosso de Cada Dia, todo esse pessoal era muito doido. Só eu de caretão no meio desse pessoal e quando eu via que coisa tava pegando fogo, o pessoal falava “Lá vem o Eduardo! Ish!”. Eles tinham medo de mim, corriam de mim. Você era rigoroso com os músicos na hora do trabalho? Comigo nada de drogas. Viaja no meu ônibus, nada de droga, então viajam.. A gente publicou uma foto do Pedrão no seu ônibus, na época da turnê do Sou Filho. Você fez excursão com o Som Nosso. Exato. Trabalhamos juntos, juntos. Depois essa coisas... Como é que eu vou conviver? Porque o pessoal tava nesse embalo. Eu falava “Eu não sou careta! Não vou chegar dando conselho pra ninguém, mas não me oferece que eu não pego. Isso não gosto. Meu compromisso é com a música. Não quero desviar a atenção pra nada”. E me respeitavam todos eles. Agora minha imagem fora é que eu era muito doido também, porque eu andava com os loucos. Ninguém acreditava que eu era um cara normal. Mas essa capa do Kizumbau é toda psicodélica. Não é que eu queria passar isso, é que a época transparecia isso.

Esse

aqui, o Kizumbau, é o primeiro trabalho em que aparecem os músicos. Eu briguei com a gravadora

pra

colocar

todo

mundo.

E desses músicos [presentes na contracapa do disco] quais te impressionaram mais? Aí difícil!

Eles eram todos umas feras medonhas. Mas essa aqui [apontando para a capa do disco, ver ao lado] era a base da minha banda: os quatro [Cacho, Chicão (Médori), Willie Verdaguer e o Sérgio Sá] tocavam comigo direto.

Quem é esse guitarrista, o Cacho? Cacho Valdez. Esse foi o maior guitarrista argentino que surgiu. Na época ele era comparado ao Lanny, entendeu? É tipo um cara assim, destacava como guitarrista, né? Agora... esse me impressionou [indica o jovem que segura baquetas na contra-capa do Kizumbau], o Chicão. Foi um dos maiores bateristas que já vi. Além de ser um tremendo de um baterista técnico, ele tinha uma pegada que nenhum baterista tinha, então eu falei pra ele estudar com o Dirceu, porque o dia que ele entrasse em estúdio eu

ia ficar sem ele, e ele entrou e virou um músico de estúdio. Acabou comigo. Mas aí foi bom porque eu tive a oportunidade de testar outros. Aí veio o Duda Neves, o Albino.... Albino Infantozi? Isso, o Infantozi. A minha gangue era sempre assim. E todo músico queria tocar comigo, porque ele queria... “Vou passar pelo purgatório pra chegar lá em cima e virar um músico de nome, né?”. Então eu passei a ser assim, uma referência, e o cara também limpava tudo, porque às vezes vinha muito grosseiro e ele limpava: “Não, não é isso”. Às vezes o cara era pesado demais, tocava bruto demais, pedalada demais. Isso eu sempre contornava os caras “Não. Por aí não! Não. Segura aí!”. E eles viravam músicos de estúdio realmente, porque tinha um limite pra tudo. Hoje você acredita que tenha sido um professor nesse quesito de produção? Não digo professor, porque eu aprendia mais com eles do que eles comigo, porque eles traziam bagagem dentro deles. Puta bixo! Impressionava. Eram talentosos!

Eu falar desse cara aqui [Sérgio Sá]. Eu peguei ele com 16 anos, era um garoto, menino que veio do Ins-tituto Padre Chico. Quando eu vi o cara, falei “Da onde é que esse cara trouxe tanto conhecimento musical?”. Ele era perfeito e veio tocar comigo e foi uma história juntos. Arranjos. Esse disco é todo arranjo dele. É o [Maestro Daniel] Salinas que escrevia, mas porque ele era cego e não podia escrever. Era garotinho, menino, mandava buscar ele. Ele se formou em música assim, didático totalmente.

Esse foi o primeiro trabalho dele? Como arranjador sim. Mas ele já tocava comigo há muito tempo. Como eram os shows nessa fase? Como eram esses discos no palco? O negócio naquela época... você sabe que eu tinha no Brasil a melhor aparelhagem. Emprestava [equipamentos pra grupos como o Som Nosso de Cada Dia e Terreno Baldio].

A gente tinha que se juntar porque o rock’n’roll não se tocou em rádio. As FMs eram preconceituosas, só tocavam músicas americanas. Então ou tocava aquela água com açúcar tipo Rita Lee, mais ou menos, ou você entrava naquele esquema, ou tava totalmente fora da rádio, né? E aí é a gente que queria fazer o rock mais progressivo, a gente tinha dificuldade, porque até os minutos eles limitavam na música.

Aí não podia trabalhar aquela música. No máximo três minutos, três e meio. E essas músicas aí [aponta para o Kizumbau] pode olhar que não têm: sempre mais pra lá de três [minutos]. Então nesse disco [Kizumbau] eu não tive essa preocupação, de fazer

músicas curtas, exatamente porque Luar do sertão, tem seis minutos, um arranjo... Jamais ia tocar no rádio. A gente sabia que não ia tocar no rádio, mas eu queria produzir isso! Eu tinha muita vontade de produzir, de fazer, de levar pro estúdio... E você me perguntou como eram nossos shows. Teve lugar que eu ligava minha aparelhagem, apagava a luz da cidade inteira, não dava pra ligar a iluminação. Eu tinha na época 120 lâmpadas par, montada por esse rapaz, o Paul Ess. E as primeiras aparelhagens de lâmpadas par no Brasil, eu que fiz. Aquele processo pneumático: um cara subia lá em cima, em duas torres, e ligava a luz. Você lembra qual foi a época mais movimentada desse período? Foi a época dos festivais, né? A partir daquele Festival de Águas Claras, teve outros festivais até mais interessantes. Águas Claras foi o Woodstock, né? Você esteve em Iacanga? Não toquei, não, estive como visitante. Até o Leivinha [produtor do festival e personagem tarimbado da cena roqueira nos 70] era muito meu amigo queria que eu tocasse, mas as bandas que tocavam lá é porque estavam começando na mídia e tocavam de graça, eu não podia tocar de graça, por causa da montagem de equipamento, e nem precisava. Na última hora, o Leivinha tentou arrumar dinheiro pra mim, mas ele não conseguiu, e eu não fui. Mas os outros eu ia. Por exemplo o de Camburiú [Camburock], todo ano tinha, né? Tinha o da Aleluia.

Noite da Aleluia, em lo, Interlagos, esse ditadura

não

deixou

São Pautambém a acontecer.

Esse é o festival pensado também como o Woodstock de Interlagos, em que ocorreu uma reunião dos produtores?

Foi a maior organização dos nossos empresários, na liderança do Mário Bonfigílio, empresário meu e do Som Nosso. Ele juntou todo o pessoal: Casa das Máquinas, A Chave lá do sul, todo o pessoal. Um dia a imprensa veio e deu páginas sobre. E nós lançamos o festival com a promessa do general daqui de São Paulo de que liberaria Intelagos pra fazer, e tava tudo certo. Ia acontecer. A mídia em cima e os caras deram um golpe na gente faltando dois dias pro festival. Eles caçaram o alvará depois de tudo estruturado. Aquele ali seria um marco da música popular brasileira, da cultura brasileira. Alí nós fomos cortados... assim... porque nós preparamos, trabalhamos... Puta. Aquilo ali a gente ia ter a maior aparelhagem, o cara importou a aparelhagem. O dono era Paulo Valadares. Maior equipamento de som aqui da época era o Paulo e a Transasom. Juntaram os dois pra fazer. Ia ser o primeiro Woodstock brasileiro, assim da pesada, mas não deu. Ficamos mui-

eu rocei em espinhos no lugar mais fundo da terra

seca brava, kizumbau, 1972


contos contados por tolos, convencem outros bobos que não sabem de nada

círculo vicioso, guilherme lamounier, sou filho..., 1976

que ele era teimoso, a cabeça do Raul era um pouco pequena. Ele veio com uma banda, Os Panteras, e ele quis ser fiel à banda. O Carlos Imperial falou “Você, eu quero, mas a banda não. Eu não quero essa banda porque eu não tenho onde colocar eles”; [Raul dizia] “não, eu boto eles. Um vai trabalhar em não sei o quê”; [Imperial] “primeira coisa: se você quiser vir, troca esse nome de Raulzito. Raulzito você vai lá pro Paraguai, pra Argentina, aqui não. Eu vou chamar você de Raul Seixas!”. Aí ele ficou bravo e foi embora. Depois o Jerry [Adriani] trouxe ele pra ser produtor, trouxe pra produzir umas coisinhas [desde 69, Raul produzia discos na CBS]. O Raul tocou o Tony Osanah também? Tony Osanah tocou com o Raul. Foi seu parceiro também. Você escolheu vários roqueiros argentinos.

to frustados. Os jornalistas também. Esse pessoal já tava aí: Tarik de Souza, Okki de Souza, aquele que gostava de Made in Brazil...

Ezequiel Neves... Ezequiel, todo mundo dando força. Ia ser um negócio assim de arrebentar. E a proposta era essa, fazer todo ano. Interlagos, lá ia ter o autódromo e nós íamos fazer nosso show lá todo ano. Você passou a ser um artista muito requisitado na década de 70. Quanto você acha que isso é devido ao sucesso obtido com a Jovem Guarda?

Não,

esse movimento nunca chamou Jovem Guarda! A mídia deu esse nome, mas não foi um nome, uma coisa de respeito não! Era Jovem Guarda como se fosse um deboche. Isso que importa pra essas pessoas. Seria assim, uma critica ao comportamento do jovem da época, que era alienado, que era isso, que era aquilo, “quem gosta dessa música é alienado” e fizeram até um movimento injusto contra a gente e botaram esse nome, porque Jovem Guarda nunca existiu, era o programa do Roberto Carlos, não tinha nada a ver. Eu tinha programa, o Ronnie Von era o príncipe, tinha o programa dele lá... todo mundo tinha o seu programa. Então essa fase tem

nada a ver com coisa de

Jovem Guarda.

Mas tem um prêmio ali de 1967 – Bola Branca - ao show chamado “A Juventude Comanda!”. Juventude sim. Eu tô falando Jovem Guarda, que eles colocavam quando queriam separar a gente do Chico Buarque. Como se fossem cafonas? Nem cafona, nós não eramos, houve a época do brega, chamada de pós-Jovem Guarda, Fernando Mendes, Odair José. Não tem nada a ver conosco também. Nós eramos roqueiros! Às vezes alguns muito mais românticos como eram os Beatles. Eu era mais Rolling Stones, aquela praia mais de rock’n’roll.

Mas

a minha preocupação, com a minha música, sempre foi fazer uma música brasileira, desde o começo. E eu provo isso pelo seguinte, porque eu nunca deixei de gravar música brasileira nos meus rocks. Quem gravou na época em que eu gravei? Não tem uma gravação de ninguém.

Raul Seixas veio fazer isso muito depois, e pouca gente sabe que o Raul Seixas é uma... como é que se diz...uma... raiz do Eduardo, vem na raiz do Eduardo Araújo. Ele era um cara que me copiava em tudo, depois não se fala mais nisso. Você chegou a ter contato com ele? Claro. Era meu amigo. Primeira vez que ele veio para o Rio era pra surgir, não esperar aquele festival [1972]. Ele podia aparecer antes. O problema é

Na volta do Raul Seixas quando ele começou a ficar mais assim, a garotada descobriu o Raul Seixas, descobriu porque o Raul era um cara doido mesmo e fazia questão... “Sou doido mesmo”. Ele era todo caretinha quando chegou, ele era super caretinha. Quando ele conheceu o Paulo Coelho... ele voltou com o Paulo, que era muito doido, o que ele falava era “vamos experimentar esse ácido aqui, bom, vai levar a gente pra luz, tem viagem astral com esse...”, e os caras entravam, entendeu? Paulo é um poeta.

Desses figurões com que você teve contato, Paulo Coelho, Raul, teve um tão ou mais destacável, o Carlos Imperial, um magnata da indústria cultural...

Carlos Imperial é o produtor do rock’n’roll no Brasil, da música jovem no Brasil, ponto final.

Ninguém fala mais nisso. Aqui em São Paulo tinha um cara radialista que chamava Tony Aguilar, esses dois são, depois vem Jair de Taumaturgo, que não entendia de rock, mas abriu espaço. Mas o Carlos Imperial, esse cara fez coisas nesse Brasil que devia ter uma bandeira da juventude com uma foto dele, porque ele foi o primeiro cara que enfrentou. Ele reuniu, juntou as pessoas. Me trouxe lá de Minas Gerais. Trouxe lá de Cachoeira do Itapemerim o Roberto. Trouxe o Erasmo. Trouxe o Simonal, e foi trazendo aquelas pessoas. Porque ele sempre foi assim. E ele não era só um cara de rock’n’roll, então, onde tinha uma porta que era interessante pra gente entrar, ele abria, [bate nos discos] ele ia papapapa, até abrir. Quando


homenagem ao sábio chinês fotografia tirada por Eduardo Araújo, no ano de 1971

ele não acreditava que ia abrir, abria a porta. Tinha uma coisa muito forte. Então, ontem eu fui no aniversário da revista Rolling Stone e eu falei lá numa entrevista “Poxa, vocês precisam cuidar do rock brasileiro. Vocês só falam do rock internacional e pegam uma banda qualquer aí. Vocês têm que falar da raiz disso, como é que começou isso, porque lá no EUA a revista fala do passado, pegam os caras lá de 70, 80, 90 anos e botam na capa! Aqui vocês só querem pegar undergroundzinho começando”, entendeu?

Assediavam seus músicos? Sim, levaram o Lanny, a Gal Costa levou... viu e levou, levou pra Europa. Infelizmente lá, ele deu uma... sei lá onde foi, deram a ele pra experimentar... Aquilo só foi um pavil. Ele era um menino bom, um menino maravilhoso, puro, puro, puro, era um anjo puro. "Ah, é, deixa eu experimentar, poah, poah!" Quando você viu ele com a guitarra, você se impressionou? Era uma coisa de louco! Eu me lembro muito do Lanny, porque olha... Ele pegava uma música e tocava todas em acordes. Eu nunca vi isso [falando com as mãos, imitando os acordes de Lanny]. Os acordes soavam melodias. O que que é isso... [canta as melodias] e ia embora...a música inteirinha. É um gênio, Lanny é um gênio, gênio, gênio! Você tem acompanhado a carreira dele hoje? Depois ele tocou comigo, quando fui para os festivais, o Lanny foi comigo. Tomava um remedinho... tomava e tocava. Técnica ele continuou com ela, onde ele bota a mão sai som. De gravações o Lanny fez o que com você? Ah, o Lanny começou gravando comigo, a primeira gravação dele em estúdio foi comigo [compacto de Nem Sim, Nem Não, de 68]. O disco da Silvinha ele gravou todo, longplay todinho dela, o meu disco, aquele da capa psicodélica [de 1971]. Inteiro, todo ele, todas as guitarras. Você tem orgulho de ser responsável pela estréia do Lanny? Ele não tocou com ninguém mais do que comigo. Na Gal ele fez cinco, seis músicas. Comigo era amigo, era meu amigo... tivemos um trio, o famoso trio. Dartagnan, baterista...o... [nesse momento, Eduardo se levanta e começa a procurar alguma coisa em sua estante recheada de prêmios, fitas de rolo, e algumas enciclopédias] Você tem fotos da época? Se tiver... difícil... acho que tá fácil, eu separei, um dia tava vendo ela aqui. [Depois de dois minutos, Eduardo volta com um envelope, duas fotos batidas por ele mesmo, no ano de 1971] Dartagnan, Lanny no meio, e o Pancho, do baixo. Essa é a formação do disco de 1971, Ave Maria no Morro...

Eu falei, “vocês precisam melhorar essa revista de vocês, vamos contar a história do Brasil. Ou o rock não existe aqui? Ou ele surgiu agora, né”. Falei pros caras: rock é muito mais do que isso.

movimento de rock no brasil, esse aqui, o Kizumbau, foi um que vendeu muito.

Eu

Um compacto “garageiro” né? Garageiro, garageiro! De fazer bandinha lá no fundo do quintal e tocar nas festinhas. Aquele de entrar carregando o amplificadorzinho Pahme, ligar eu mesmo, o público já ta entrando e a gente tá ligando. “Vamo entra lá e tocar!” Ontem até me deu uma saudade lá, porque entrou aquele menino [Marcelo Camelo], não tem nada a ver com o som que eu faço, mas me deu uma nostalgia [visivelmente emocionado], porque eles procederam do mesmo jeito. Saiu ligando amplificador, mexendo.... Você ia nos shows que aconteciam na

Você imagina se eu boto um cara lá, eu ia perder muito tempo se não tivesse aquela sonoridade... swing, aquela coisa, não dava pra entrar na banda, às vezes eu perdia tempo. Pô, saía um baterista. Quando saiu o Duda Neves “Pô, quem eu vou por?” O Duda tocou comigo naquela fase que gravei o disco nos EUA, o Rebu Geral [1981], aí veio o Albino. Então, a gente ia buscando até encontrar, às vezes perdia muito tempo. O Albino tinha uma banda chamada Orquestra Azul, foi a primeira banda mais nesse espírito jazz rock. Era trio, baixo, bateria e guitarra, e era muito bom, muito bom, mas eu esperei ele ficar um pouquinho mais maduro pra chamar. Se ele viesse naquela época, talvez ia ter muita dificuldade, então veio quando já tava mais técnico. Tocava muito, mas naquela prainha que era deles, que era um rock progressivo muito bom. Vocês tem alguma coisa deles, da Orquestra Azul? [na sequência, uma rápida conversa sobre o grupo]. Quanto à vendagem, você tinha acesso aos números?

Do

Hoje quando você rememora isso, fala dessa movimentação do Carlos Imperial e dos músicos, você decreta que seria um fundador, que você é o fundador do rock brasileiro? Não... eu sou... eu sou um dinossauro do rock’n’roll no Brasil.

sou o primeiro roqueiro, antes do Erasmo, antes de todo esse pessoal. Já fui o rei do rock de Minas Gerais. Você tem aquele disquinho meu? Nossa é 1960 bixo! Quem gravou em 60?

guitarra. eu sempre tive os melhores solistas na minha banda. eu queria caras muito bons tocando.

época, era acostumado a acompanhar os movimentos das bandas? Eu era um ídolo na época e eles estavam começando. A Pompéia era assim, a Broadway, o pessoal era muito musical, e Os Mutantes eram de lá. Eu sempre fui assim. Quando eu via que tinha talento, eu tava do lado. O Lanny eu fui buscar. Ele tinha 16 anos. Molecão. Na época ele usava aquelas cuecas ninguém usa mais, ele usava aquelas cuecas e... eu fui pedir autorização pro pai dele. Tinha que pedir coisa no juizado de menor. O Lanny viajava comigo com documento do juizado pra subir no palco. Um amigo meu falou assim, um baixista que tocava comigo, de Santos, “Conhece o Lanny? Vou te apresentar um guitarrista”. Eu tava precisando de um guitarra, tinha perdido um que trabalhava comigo, que não era bom mas tinha um pegada boa de rock e foi tocar não

sei com quem, nem me lembro mais. O Cacho foi quando saiu o Lanny. O Aristeu foi depois eu coloquei ele na banda do Roberto. Esse arranjo de Resposta [canção presente em Kizumbau] é dele, pedi pra fazer uma abertura pro nosso show [cantarola todos os compassos do riff psicodélico]. Isso aí bixo! O cara fala assim pra mim “tem um teste”, chegava o batera eu falava “dá o som do Aristeu pra ele tocar”. Você tocava também. Qual era o seu ídolo na guitarra? Aí era o Santana. Por que influência do Santana? Porque ele era um músico que fazia uma bandeira dele, da terra dele, mexicano, aquela veia latina.

Queria fazer uma coisa dentro do que ele faz, mas brasileira, daí que vêm as capoeiras, as coisas nossas. Eu nunca fui um solista assim de

de disco.

Eu

Tem idéia de números? Dezenas de milhares? Talvez, esse disco vendeu muito na Bahia. Mas não tocava em rádio. Vendeu muito. O disco nosso, ele ia pro exterior, ele vendia por vários lugares. Esse disco aqui apesar de ele não ter tocado no rádio, as pessoas se interessavam por Eduardo Araújo: “O que ele lançou?” e saíam atrás e compravam, então eram colecionadores

não sei se vendeu cem mil, porque eu não sei o que representa isso em disco, né? Mas o que representava no rock... o que vendeu do Frank Zappa vendia disso aqui. Pra você ter uma idéia, Zappa não era um cara muito popular, né? Tem que ser cabeça pra comprar Frank Zappa, só que nossa juventude era uma juventude muito informada musicalmente, pra você ter uma ideia, [era] matéria obrigatória música no colégio.


Banana POP

é um movimento de artistas independentes. Nasceu na Zona Leste de São Paulo, em parceria de Edu Osmédio, Wanderlei Valle e Thiago Padoan com o CEU ARICANDUVA. Um evento por mês é realizado no teatro do CEU um teatro de primeiro mundo, onde qualquer artista gostaria de se apresentar - reunindo artes plásticas, fanzines, cinema, teatro e performance. O nome é influenciado na arte pop de Andy Warhol. No MOMENTO 60, uma das movimentações, houve a transmissão do longa Terra em Transe, de Gláuber Rocha, sendo apresentado por Gilberto Petruche. Foram oito horas de evento onde tocaram as bandas: VILLA NOVA [atual OS FARPAS], HITCHICOCKS, PARALLÈLES E OS HAXIXINS. Já passaram pelo Banana POP bandas como: EXPRESSO MONOFÔNICO, OS SKYWALKERS, CASA FLUTUANTE, MARTA MURATÓRIO, FERNANDA CAMPOS, DENIS FERREIRA, ROBSON PIMENTEL, ANGELO AQUINO, PAULO RHAMIREZ, ACAS, BARATA SUICIDA, HOT MONSTERS, TUBARÃO EM CHAMAS, OS CAVERNAS, FUZZFACE, A MATILHA, JOE BLACK, MENARCA, KÁLISSE, BIRHU POETA, CHURRASCO ELÉTRICO, AEROCASE, COLORBAR, PATRIMÔNIO NACIONAL, OS RADIOFÔNICOS, OS VELHOS LOBOS,VERTIGEM S/A, SPRINT 77 E THE CLAVION.

DIA 21 DE NOVEMBRO, 16H00 EM PONTO, ENTRADA DE GRAÇA: BLACK NEEDLES, MASSAHARA, COSMO DRAH E OS OTÁVIOS. CONFIRA: AV.ARICANDUVA, SEM NÚMERO, AO LADO DO SHOPPING INFORMAÇÕES 28362451 / 83386207

O Mundo Estranho de PB A evidência de que a internet propõe um universo incomensurável de idéias é reforçada na colisão com um corpo estranho e curioso. No caso, tratamos da ánalise do astro Paulo Beto e seu mundo estranho (http://mundoestranhodepb.blogspot.com/). Estranho mesmo! PB reúne em seu microcosmo cibernético disco do Palhaço Carequinha [veja reprodução do post ao lado] e coletânea de pop-sexual-japonês da década de 70. Mineiro de Juíz de Fora, Paulo é músico profissional desde 87. Em sua carreira, montou e participou das bandas Silverblood, Primal Violence, Anvil fx, LCD, Freakplasma e hoje Zeroum. Segundo Paulo: “Nenhuma das bandas virou mega hit, mas quem conhece respeita: isso abriu portas para eu trabalhar com publicidade. Fora isso trabalho em colaboração com artistas plásticos e de vídeo arte como Roberto Bellini e Lucas Bambosi”. O respeito foi adquirido pelos interessados nas produções voltadas à vanguarda sonora, principal característricas do trabalho desse músico experimental, que conseguiu galgar excelente posicionamento profissional no mercado publicitário. É através da produção de comerciais para marcas como Lego e Panasonic, que Paulo consegue conservar sua formação e gosto musical peculiar, o que também lhe garante ser “dono de uma excelente coleção de sintetizadores”. Paulo comenta sobre o blog em que reúne trabalhos autorais, raridades em vinil e coletâneas diversas montadas pelo próprio: “O disco mais baixado no meu blog até hoje foi o da dupla sertaneja Conde e Drácula, mais de 2500 vezes, seguido pelo disco Tortura, mais de 1000 vezes - um disco que, no meio dos anos 60, era vendido em sexy shops americanos com sons de pessoas sendo torturadas, tipo S&M com objetivos eróticos. Outra coisa que é motivo de linkarem meu blog muitas vezes e encontrá-lo na busca do Google, são as palavras ‘travesti’ ‘brazil’, porque postei um compacto de um travesti dos anos 60 chamado "Valéria, o Travesti". Sabe como é. Internet gira muito em torno do sexo. Fora isso tento naturalmente equilibrar com essas barbaridades compositores de música séria de vanguarda como K. Stockhausen, Carl Orff e muitos outros mais obscuros. Mas a regra principal do meu blog é tentar postar apenas o que ainda não existe disponível na internet aberta, nunca postar algo que está facilmente à venda e atrapalhar algum selo. Levantar artistas esquecidos. Coisas assim. Faço isso com a fantástica ajuda de meu amigo Yupo Tozuka, grande entendedor e colecionador”. Prato cheio para tarados sonoros, o site é recheado também de discos seminais da música eletrênica, de vanguarda e krautrock. Vale também a escuta da rádio safári, ancoradas por Paulo e seu parceiro Tatá Aeroplano. por lucas rodrigues

Fudeu! Ligaram o Palhaço Carequinha no pedal Fuzz! OS FALCÕES REAIS Carequinha da

A

é

garotada diferença

o e

Acompanhado

da cidade de mesmo

boa

desse

de

praça

disco

é

pela banda beat:

BARRA MANSA,

sempre da que

,

amigo

ditadura ele

.

estava

na moda, ou seja, no ritmo do Yê-yê-yê. Procurei esse disco por muito tempo. Pra mim era só uma lenda. Mas ele existe mesmo e é bom pra caramba. Alguns velhos sucessos do Palhaço e mais novas canções e interpretações. A cereja do bolo é a última faixa "The Millonaire" com um arranjo que lembra bandas como The Ventures e é totalmente instrumental. Com certeza um agrado pra banda. Aliás, esta banda chegou à acompanha-lo nesse período em seu programa de TV. Agora, algo que realmente me intriga é o segundo integrante da esquerda para a direita.

Afinal, o que ele toca na banda? Todos os outros estão Será que dançava? Será que era o vocalista quando não tinha o Palhaço? O coro infantil é formado por 8 crianças do "Pequenos Cantores da Guanabara", com certeza um grupo coral da época. posando em suas funções de forma bem clara, mas, e ele?

Bem, ga,

pra quem preferir, chupem uma drocoloquem o Carequinha no ipod e saiam viajando na onda do Palhaço! Podis crê, bicho!!!!!! por paulo beto


Cosmo Drah

e

As bandas

Massahara

firmaram nos últimos me-

ses uma parceria que tem se mostrado eficiente. tos

se

Jun-

apresentaram

mais de cinco vezes e vêm esquentando o público para a virada do ano no festival

Psicodália,

que terá como

Mutantes e TerBaldio. ambos os gru-

headliners reno

pos carregam a bandeira do rock nacional e não pode-

riam ficar de fora dessa que é a maior celebração do gênero no país, por isso organizaram uma excursão e lotaram o hard bus que par-

30, rumo à cidade de Rio Negrinho, Santa Catarina. A oportunidade tirá dia

de conhecer o trabalho das bandas

é

estar

na terceira noite

presente

Udigrudi,

organizada por nós, coletivo sÓ e bandas, mais o

Centro Cultural Popular Consolação Confira na próxima edição: Eduardo Araújo fala de censura, destrincha a indústria do disco, apresenta Gil Beltran, e revela os bastidores da produção do primeiro disco soul do país, feito em parceria com o então novato Tim Maia

abaixo um aperitivo

Como você acompanhou as transições da música brasileira? Porque você fez parte da entrada da guitarra, e depois essa confusão de mpb que não gostava de guitarrra, e surge a tropicália...

Essa época foi interessante. A preocupação do pessoal

da mpb é que a gente tomaria o espaço deles, entendeu? “Porque o rock'n'roll é importado, essa juventude tá ocupando espaço”... e com o negócio das guitarras ia sumir os acústicos, o violão. Uma preocupação boba, besta, o acústico tá aí até hoje. Meu show é todo acústico. Em vez de se preocupar em continuar fazendo as coisas boas que eles faziam, eles se preocupavam em ir pra rua fazer protesto contra guitarra. Um absurdo bixo! Aquilo eu achava a coisa mais ridícula do mundo.


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