Jornal da Aldeia Edição 72

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Ano 8 número 72 Prezados irmãos de fé e caros leitores, analisando a infindável grandeza l e a magnitude das ia bênçãosmagistral r que recebemos de Deus ito ao longo de nossas vidas, tendo como d E base, neste momento, as bênçãos relativas às criancinhas que recebemos neste mundo, entendemos ser de grande valia compartilhar o fruto de tal análise e o sentimento que a envolve. Mentalizando as crianças em geral, as mais belas flores que regam os mais diversos encantadores jardins da humanidade, percebemos ainda mais o quão gratos devemos ser a Deus, primeiramente, por ser o criador de infinita bondade, alegria, amor e pureza, e, também, agradecer a espiritualidade como um todo, por emanar em nosso favor, constantemente, proteção, ultra positividade, firmeza no caminhar, pensar e agir, e por toda força e serenidade irradiada. Válido destacar que se trata de ato de extrema importância nos reunirmos em preces e pensamentos, em ações e abraços, para emanarmos energias ultra positivas e colaborarmos efetivamente com os pais que recebem em suas vidas a altamente complexa missão, de sempre com divino amor, conduzir em uma jornada material, filhos acometidos por graves enfermidades. Realmente, é de se ajoelhar e olhar para o céu agra-

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decendo intensamente e imensamente a Deus, a Jesus, a todos os Orixás e aos Espíritos de Luz pela graça e pela máxima bênção de se ter filhos saudáveis.

adiante constatar, que o verdadeiramente humano ali está, que nos passos e atos deles há solução e resolução de um jeito exemplar.

Ao sermos esplendidamente agraciados com a chegada de um filho entendemos com maior clareza a necessidade de evoluirmos, de transpormos óbices, a princípio, intransponíveis, e de transcendermos quaisquer limites para ver a felicidade fluir em meio e à volta deles.

Temor de algum dia não estarmos materialmente por perto para amparar, confortar, dar carinho, festejar, aplaudir, reverenciar, ou simplesmente olhar. Sentimento atenuado por ter a certeza de sempre amar, amar da maneira mais intensa, de forma incomensurável, de sempre bem-querer, de sempre neles o bom, solidário, honesto e próspero resplandecer.

Filhos, Luzes que iluminam as nossas vidas! Sorrisos que recompensam quaisquer aflições e dificuldades, e mais, que nos estimulam aos voos mais altos. Olhares que nos fazem compreender o até então inimaginável. Vozes que nos tornam as mais alertas sentinelas, sons antes inaudíveis e hoje percebidos em meio aos mais diversos ambientes. Dores de qualquer intensidade que nos preocupam tanto, tanto, que de imediato cederíamos o nosso corpo à dor para neles enxergar o instantâneo alívio. Conquistas de qualquer amplitude que nos elevam do solo ao topo da mais montanha. Missão cristalina de educar e encaminhar, para mais

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A convicção de estarmos ligados espiritualmente pela eternidade nos tranquiliza! Filhos, um amor do “tamanho” do Universo! Que Oxalá ilumine o caminho de todos nós! Salve a Umbanda, que é amor e caridade, Salve Zambi! Alexandros Barros Xenoktistakis EXPEDIENTE istakis ção els B. Xenokt Diretor: Eng e: Dinâmica Comunica rt A e d o s çã ki Dire ktista gels B. Xeno Redator: En s: Adriano Camargo / re Colaborado ares e n Li o ld a n Ro s Xenoktistaki ndros Barros s ro Alexand xa le A : a ic d rí Assessoria Ju OAB/SP 182.106 m.br s– Xenoktistaki l@aldeiadecaboclos.co a rn jo : to conta

11 2796-4374 / 11 94785-5874 / 94726-7609 www.aldeiadecaboclos.com.br aldeiadecaboclos@gmail.com

PREVISÃO BARALHO CIGANO Cartas: ALIANÇA- PÁSSAROS- CACHORRO

Amor

Período excelente para firmar compromissos . Tenha mais flexibilidade com a pessoa amada. Fidelidade, companheirismo e amizade terão uma importância maior dentro do seu relacionamento. Para quem está sozinho, invista em novas amizades.

Profissional e Financeiro

Momento de novas amizades e parceiras. Recomece com mais otimismo uma nova atividade profissional. Pense em um segundo plano para a sua area profissional e financeiro. Novas oportunidades se aproximarão de forma positiva em seu caminho.

Saúde Física e Espiritual

Mantenha seus pensamentos positivos e equilibrados. Cuide de sua parte respiratória nessa fase. Altos e baixos na parte energética e espiritual. Se ame mais! Carol Amorim- Taróloga e Dirigente do Templo de Umbanda Estrela do Oriente Comunicadora da Rádio Mundial 95.7 FM Face: Taróloga Carol Amorim. Atendimento com Tarô e Baralho Cigano. Site:www.carolamorim.com.br WhatsApp: 11 94942-4000 ou 44786398. Atendimento presencial em Santo André ou a distância. Instituto Estrela do Oriente - Santo André.



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GÊNERO, UMBANDA E RESPONSABILIDADE SOCIAL sua identidade de gênero vai se moldando de acordo a cultura que ele está inserido. Deste modo, se um indivíduo nasce em um país onde homens devem usar calças e mulheres saias, ele entende que isso faz parte da sua identidade de gênero e deve se comportar como tal. Na Escócia, por exemplo, os homens vestem uma espécie de saia, o Kilt, em ocasiões especiais. Desta forma, homem usar calça e mulher usar saia, seria um exemplo simples de que isso é uma construção cultural de um povo, por isso uma construção social para um gênero feminino ou masculino. Nesta visão, a construção social vai se moldando ao longo da vida e se ajustando conforme a cultura que o indivíduo está inserido. A identidade de gênero seria essa “modelagem social” de como se deve ser homem ou mulher. Essa teoria supõe que não existe apenas o ser homem ou mulher mais um espectro maior de possibilidades, como as identidades transgêneros.

Um dos temas discutidos no IV Fórum Inter-religioso de Santo André, que aconteceu no último mês de junho no Teatro Municipal de Santo André, foi a necessidade das religiões se posicionarem de forma fraterna frente aos atuais desafios de gênero. A responsabilidade social das religiões foi o tema central do evento, que contou com representantes de diversas religiões. E, qual é o papel da Umbanda neste cenário? Antes de falarmos sobre gênero é importante lembrarmos das instruções do Caboclo das Sete Encruzilhadas quando fundou nossa religião: “Amanhã na casa onde meu aparelho mora haverá uma mesa posta e toda e qualquer entidade que queira se manifestar, independente daquilo que haja sido em vida, todos serão ouvidos e nós aprenderemos com aqueles espíritos que souberem mais e ensinaremos aqueles que souberem menos e a nenhum viraremos as costas nem diremos não, pois esta é a vontade do Pai.” Ora, se no nascimento da nossa religião a premissa era que todos os espíritos fossem ouvidos, independentemente do que tenham sido em vida, quem somos nós agora para discriminarmos quem quer que seja? A discussão sobre gênero é polêmica e cercada de desconhecimentos por grande parte da população, por isso faremos alguns esclarecimentos básicos para início de conversa. Comumente a palavra gênero é entendida como sinônimo de sexo, ou seja, alguém do gênero feminino é uma pessoa do sexo feminino e alguém do gênero masculino é uma pessoa do sexo

masculino. Contudo, a amplitude do termo é muito maior e vai além desta compreensão simplista. A autora Joan Scott (historiadora norte-americana que, na década de 80, direcionou seu trabalho para a história das mulheres, a partir da perspectiva de gênero) nos esclarece que gênero é uma construção social, ou seja, ao longo dos anos de um indivíduo


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Ano 8 número 72 Identidade de gênero não deve ser confundida com orientação sexual, sendo esta a preferência sexual do indivíduo que pode ser heterossexual, bissexual ou homossexual. Os transgêneros são indivíduos que nascem com um sexo e sentem-se psicologicamente de outro e assumem, desta forma, identidade social diferente de sua identidade biológica. Não nos cabe aqui nos aprofundar no assunto, nem tampouco julgar se eles estão certos ou errados. O que nos cabe sim é acolher e ouvir a todos que chegarem em nossas casas e a nenhum indivíduo virarmos as costas,

cumprindo deste modo, a missão que o Caboclo das Sete Encruzilhadas confiou a todos nós umbandistas. Se um espírito que foi padre em uma vida anterior, pode se apresentar como caboclo, porque um ser humano que possui um sexo masculino, não pode ser respeitado e aceito com um nome social feminino, se ele se sente desta forma internamente? Não podemos esquecer que o espírito em sua forma primária não tem sexo, apenas as impressões que lhe são acumuladas ao longa das reencarnações. Deste modo, todos devem ser respeitados, sem distinção qualquer de cultura, posição social, cor ou orientação sexual. Muitas discussões polêmicas têm sido levantadas sobre uma suposta “ideologia de gênero” que visaria criar crianças “sem identidade de homem ou mulher” e que eles escolheriam ao longo da vida o que querem ser. Parece-nos que existe muito equívoco nessas alegações e um medo muito grande de que nossa sociedade se transforme numa sociedade gay. Precisamos nos despir dos preconceitos e olharmos com respeito e cautela para temas que muitas vezes nos parece de difícil compreensão. O que temos já comprovado pelas pesquisas científicas é que ser homossexual não é doença, ou algo que se possa “reverter ou curar”.

Nem tampouco algo contagioso, muito menos uma escolha. O indivíduo nasce assim. Deste modo, não devemos tentar mudar ninguém, mas no mínimo, respeitar e buscarmos entender melhor o tema, para não permitir que a ignorância, sendo esta a falta de conhecimento sobre algum assunto, possa ser disseminada através do nosso verbo. A responsabilidade social que nos cabe é sermos multiplicadores da máxima do amor e da caridade, fundamentos essenciais na vida de qualquer umbandista. O mestre Jesus, em seu inefável exemplo de passagem pela terra, nos ensinou a amar sem distinção. E a umbanda como extensão de Seu serviço a humanidade deve, portanto, praticar a frase “amai a Deus sob todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”. Meu saravá fraterno e até a próxima edição.

Babalaô Ronaldo Linares Santuário: 4338-0261 / 4338-3484 Escritório SANU: 4232-4085 Escritório FUG “ABC”: 4238-5042 www.santuariodaumbanda.com.br federacaoabc@terra.com.br


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ATOTÔ! (SILÊNCIO!) Cada Orixá tem sua saudação, é fato. E, o “Senhor da Terra”, nosso amado Pai Obaluaê, saudamos dizendo Atotô - que significa silêncio.

Obaluaê é o orixá das passagens, seja de um plano para outro, de uma dimensão para a outra, e mesmo do espírito para a carne e vice-versa.

Claro, silenciamos diante da divina presença deste orixá cheio de mistérios, mas às vezes refletindo sobre as coisas mais simples encontramos as mais belas lições.

Por que ele pede silêncio? Talvez porque seja o silêncio o segredo para que possamos encontrar o caminho que transmutará nossas consciências para níveis superiores de entendimento e conexão com Pai Olorum, nosso Divino Criador.

Conta uma lenda que Obaluaê era um orixá rejeitado por sua aparência, que se fazia repugnante aos olhos dos outros orixás, devido as chagas que ele exibia em seu corpo. Ogum, ao saber que Xangô daria uma festa, mas Obaluaê só veria a festa de longe, pela fresta da porta, se compadece dele e lhe cobre com palhas. Ele entra na festa, e mesmo tendo as chagas cobertas fica afastado, envergonhado. Iansã se aproxima dele, dança a sua volta causando uma enorme ventania que levanta as palhas. Neste momento, as feridas se transformam e pipocas e enchem o salão. Por debaixo das palhas, se revela um jovem e belo orixá – Obaluaê! Quando Obaluaê saiu do salão, naquele dia, ele já não era mais o mesmo – houve uma transmutação, e transmutar é o verbo do Trono Masculino da Evolução, regido por ele. Ele saiu da condição de doente para sadio, ele passou de um estado para outro.

Como podemos representar uma divindade diante das pessoas, se o barulho da fofoca, do julgamento ou da maledicência nos distrai o tempo todo nos afastando das coisas divinas? Quantas almas belas são discriminadas dentro dos terreiros e fora deles? Quantas pessoas precisam somente de alguém que veja além, e que sopre em suas feridas do corpo e da alma ventos de amor e tolerância, para que o melhor delas se revele? Silencie. Ouça seu Cristo interno, seu Ori, sua Centelha. Use as palavras com sabedoria e cuidado, pois elas trazem em si a força do Verbo e podem tanto construir quanto destruir. Procure no silêncio do seu coração as respostas para todas as suas perguntas, pois elas estão lá. Silencie e olhe para dentro. Se cubra com suas próprias palhas e permita que um a um, seus medos e traumas, falsos julgamentos, dúvidas e incertezas se transformem em lindas pipocas. E que essas pipocas encham o salão da sua alma. Obaluaê se resignou diante da sua condição, foi hu-

milde e foi amparado pelo Trono da Lei, por Ogum e Iansã. Assim como prometeu Jesus, o humilde foi exaltado! Agindo assim, ele também mostrou que precisamos uns dos outros. Ogum o protegeu com as palhas. Iansã revelou sua beleza e esplendor. Assim somos nós. Toda alma é divina, toda alma é luz, toda alma reflete o amor e a grandeza do Criador. E todos nós, seja qual for a raça, gênero, aparência ou condição social precisamos lembrar de quem realmente somos e de onde viemos, para evoluirmos e transmutarmos dentro de nós tudo o que impede que isso aconteça. Obaluaê ampara nossa evolução. Sairmos dessa encarnação seres humanos melhores do que quando nascemos é nosso objetivo. Expandir nossas consciências e alcançar um entendimento maior acerca das leis que regem nossas evoluções é a melhor forma de fazer valer a maravilhosa oportunidade de estar aqui, Axé!

Terreiro de Umbanda Pai Oxóssi, Caboclo 7 Flechas e Mestre Zé Pilintra

Críticas e sugestões: t.u.paioxossi@hotmail.com Fone: (011) 96375-7587


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CONHECIMENTO NA UMBANDA Salve sagrados irmãozinhos em Mamãe Natureza, salve sagrados guardiões do conhecimento natural. Isso mesmo, cada umbandista é um guardião do conhecimento natural. Umbanda é religião, do bem, para o bem, e naturalmente os seus religiosos praticantes são atraídos a ela para que desenvolvam seus sentidos, num momento inconscientes , para a consciência no bem. Quando nos referimos de forma direta ao “bem”, sabemos que a definição é exponencial e variável, pois cada um tem um ponto de vista de acordo com seu momento e crescimento, portanto, o bem (ou poderíamos apontar aqui a própria felicidade), para quem está faminto, tanto pode ser um prato de comida para se saciar na rua, ou uma mesa posta no conforto da sua casa. A Umbanda nos oferece a porta do conhecimento como rota, como caminho evolutivo. Guardar esse conhecimento não é escondê-lo, mas sim protegê-lo para que não seja deteriorado pela ilusão das facilidades e do encurtamento da responsabilidade. Umbanda como religião da natureza não se define apenas como religião da natureza de elementos, mas principalmente da natureza humana. Prova disso é a presença do arquétipo, do tipo humano, tipo físico e social presentes nas manifestações das linhas de trabalho e seus guias, e no sincretismo adaptado, assim como na humanização das divindades, ou seja, a atribuição de feições humanas às “coisas divinas” as quais precisamos de parâmetros para explicar. Guardar o conhecimento para que tenha estabilidade, para que perdure no tempo, para que se mantenha vivo e atualizável, mas não descartável. O contato com o conhecimento da religião é teórico, prático, empírico, familiar, por necessidade, por curiosidade, enfim, diversos caminhos que vão dando forma a um conceito umbandista, alinhavado dentro e fora do terreiro. Hoje, muitos cursos falam de umbanda, muitos

workshops sobre temas umbandistas são realidade no nosso meio, e tudo é valido, afinal, com tudo se pode aprender, até o que não se deve fazer e repetir, e isso é aprendizado. E porque os Mestres Espirituais responsáveis pela religião permitem essa vastidão de informações que surgiram nos últimos vinte anos e que aumentam a cada dia? Pois bem, porque a religião e seus religiosos aprendem com os mais sábios; orientam os menos esclarecidos e a nenhum rejeita, mesmo que depois da sua passagem pela religião, saiam dizendo que aqui não foram felizes. Umbanda ainda é amor e caridade, ainda é o brado do Caboclo, ainda é o Preto Velho no toco, ainda é a fumo e a bebida ritualística, ainda é a defumação, a pemba e a toalha, o bate-cabeça, ainda é Exu e Pombagira de preto e preto-vermelho gargalhando, ainda é e sempre será, pois senão não será Umbanda. Aceitar novos conhecimentos para manter-se viva é trabalho de todas as religiões, senão não surgiriam novos “pastores” com fórmulas diferenciadas para pregar a mesma palavra escrita e manter acesa a chama bíblica. Guardar nosso conhecimento é fazer com que práticas naturais não se percam: os amacis, banhos na natureza (praia, cachoeira), as oferendas, a beleza das manifestações naturais. Guardar os pontos e toques antigos de Umbanda, aqueles que não se preocupavam com festivais, mas com a chegada do guia em terra. Nossos guias nos inspiram a estudar, a buscar o conhecimento, e o divino coloca esse conhecimento a disposição, através do trabalho sério, disciplinado e dedicado de alguns de nós. Guardar o conhecimento também e ter o bom senso nessa busca. Separar o joio do trigo como disse o mestre, e colocar cada coisa no seu devido lugar. Entender qual é o conhecimento original e quais são as copias mal feitas.

Entender que nas novidades e a tecnologia não são ruins, desde que não se perca a raiz, a essência. Respeitar os que nos trouxeram até aqui, para que um dia possamos ser respeitados pelos que virão. Assim teremos história, e os próximos terão o que contar. Respeitar a autoria dos trabalhos teológicos e doutrinários, escritos e falados. Respeitar sua história, seu formador, os terreiros pelos quais passou. Que os novos umbandistas possam ter exemplos bons dos seus dirigentes, e que esses possam ser verdadeiros e ter o que contar, para que assim, a Umbanda se fortaleça cada vez mais. Quando falta conhecimento, sobra opinião, e opinião sem fundamento é como notícia falsa... Aliados o conhecimento e a opinião fundamentada nesse, aí sim são “fundamento”. Hoje não escrevi sobre ervas como sempre, deu vontade de escrever essas palavras sobre Umbanda e sobre nosso momento. Vejo muita gente boa trabalhando para a estabilidade da religião, e vejo também muita gente brincando com o conhecimento/opinião e brincando com a boa fé das pessoas que buscam nossa Umbanda. Acordemos guerreiros encarnados, guardiões humanos do conhecimento da nossa amada Umbanda! Nossas melhores armas são o bom senso e o exemplo. Que assim seja e se realize, pois esse é o desejo do nosso Divino Criador e de nossos Pais e Mães Orixás.

Adriano Camargo Erveiro da Jurema Sacerdote de Umbanda, autor do livro Rituais com Ervas, banhos defumações e benzimentos. adriano@ervasdajurema.com.br www.oerveiro.com.br



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RELIGIOSIDADE Acredito que vivemos hoje um momento muito especial da história da humanidade. Vejo um esforço contínuo das hierarquias divinas para que as pessoas acordem de uma vez por todas e compreendam que a única esperança de dias melhores é a mudança das consciências. Nada liberta mais do que o conhecimento. Como diz a máxima da teosofia: “Não há religião superior à verdade”.

criticar as religiões dos outros fosse usado pra orar pelo planeta? Com certeza muita coisa boa se realizaria.

e assistir a todos os tipos de opinião e tirar minhas próprias conclusões.

Vejo grupos imensos de pessoas, que se dizem cristãos, fazerem exatamente o contrário do que Jesus ensinou...Quem é perfeito o bastante pra atirar pedras em quem quer que seja?

Não existe certo ou errado. Existem experiências, descobertas, aprendizados.

Quem tem a outorga das divindades pra julgar o que pode ou não pode dentro dos terreiros?

A religião é uma providência divina para necessidades humanas.

Será que as divindades seguem as regras estabelecidas pelos homens? Será que se você ouvir um nome de um orixá que não é usualmente cultuado no seu terreiro mas mesmo assim chamar por ele, ele vai deixar de te atender?

A religiosidade é a experiência de cada um com o Criador.

Será que os muros que os homens construíram com suas regras e proibições limitam os orixás?

Nenhuma religião ensina o mal. Todas são boas e planejadas para que todos possam se relacionar com o Divino.

Eu não posso acreditar nisso. Pra mim, só não vive na Luz quem não quer, pois seja qual for a divindade que você chamar, ela virá para atender ao seu chamado, independentemente do que possam pensar.

Talvez o erro das pessoas seja confundir religiosidade com religião.

Hoje eu entendo que cada um está exatamente onde deve estar neste momento. Se alguém está meditando num mosteiro, pregando, jejuando, orando, ou o que quer que seja, e está feliz, ele está no lugar certo pra ele e ponto. O problema é o julgamento e a pretensão de que só há um caminho para a salvação, e esse caminho é a religião que ele escolheu. Dá pra imaginar uma religião, que supostamente liga as pessoas a Deus, separá-las da própria família?

Quanto mais eu experencio e aprendo, mas entendo que a separação não existe, é apena uma ilusão. Como um imenso quebra-cabeças, cada religião tem uma peça, nem melhor nem pior, mas que completa o todo.

Nada do que se aprende é perdido. Coisas que não fazem sentido hoje, podem fazer amanhã. Conceitos enraizados hoje, podem não fazer sentido no futuro. E na verdade nada disso importa; o que importa é a busca. É não ter preguiça de segurar as rédeas da sua própria evolução e ser responsável pelas próprias decisões. Não dá pra empurrar a própria espiritualidade com a barriga, como se faz com a vida em geral. Estamos aqui por escolha, e ficamos patinando em sucessivas encarnações por termos a ilusão de que não há outro caminho... Vivam sua espiritualidade no seu íntimo, no seu coração, e encontrem um meio de vivenciá-la de modo a serem felizes e plenos. A escolha é sua, o caminho é seu, não deixem que tirem isso de você, Axé!

A religião certa é a que te completa, te faz feliz. O terreiro certo é aquele que você não precisa ficar olhando no relógio torcendo pra hora passar. Eu tenho um lema: ser simples sempre; comum, jamais!

Dá pra aceitar que uma pessoa sofra discriminação dentro a própria casa por escolher uma religião diferente da maioria?

Me recuso a pensar como os outros pensam ou a ver as coisas pelos olhos dos outros.

Já pararam pra pensar se todo o tempo perdido pra

Faço questão de pensar por mim mesma, ler, ouvir

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Nanã Buruquê é um orixá muito antigo e está associado às águas paradas, à lama dos pântanos, ao lodo do fundo dos rios e mares. Na África, Nanã se refere às pessoas idosas e respeitáveis “mãe”. No Brasil, Mãe Nanã é sempre lembrada como a “orixá Vovó”; realmente ela representa o arquétipo ancião, sendo representada como uma senhora idosa, que quando se manifesta em seus iniciados, possui um andar lento, curvado pra frente. É sincretizada com Sant’Ana, a avó de Jesus Cristo. Estudando mais profundamente seus mistérios, ficamos maravilhados com a extensão da sua atuação sobre nós seres humanos, e com a importância que Nanã tem em nossas vidas e no nosso objetivo que nada mais é do que a evolução. Nós poderíamos ter optado por evoluir em outras dimensões, mas escolhemos vivenciar a dualidade para despertar nossas faculdades com maior rapidez, e desta forma acelerar a nossa evolução. Pai Olorum se mostra tão perfeito, que cada divindade tem seu lugar e sua função na criação, e tudo é arquitetado para que cada peça desta divina engrenagem se encaixe e funcione perfeitamente. Um dos aspectos mais interessantes da atuação de Mãe Nanã é sua atuação no processo de reencarnação. É ela que decanta todas as emoções do espírito que irá reencarnar, fazendo com que ele esqueça tudo o que viveu e possa começar uma nova passagem pelo planeta Terra sem os tormentos que certamente trariam consigo: culpa, medo, revolta, ódio, etc. Neste caso, o esquecimento é um presente, pois temos a oportunidade de começar do zero e fazer de maneira diferente tudo aquilo que fizemos errado na vida anterior, recomeçando, inclusive, de onde paramos em nossa evolução. Nanã é um orixá bi-elemental ou seja, rege sobre dois elementos: terra e água. Sua regência sobre o elemento terra denota sua estreita ligação com a Mãe Terra. Isto me lembra a frase bíblica: “Tu és pó, e ao pó voltarás”... Nanã realmente recebe em seu ventre terreno os corpos dos filhos que desencarnam, e que voltando ao pó se fundem novamente ao “barro” primordial.

NANÃ BURUQUÊ – SABER PARA EVOLUIR Sua regência sobre o elemento água decanta todos os negativismos emocionais que possam atrasar nossa evolução, tornando-nos mais racionais. Ela está presente nos ciclos mais importantes das nossas vidas. No fim do ciclo da fertilidade feminina, por exemplo, onde se encerra a fase jovem da mulher, mas se inicia a fase “anciã”, respeitada pelo conhecimento que adquiriu ao longo de sua vida. Nada pode nos levar mais longe do que a sabedoria. Podemos ter experiência, poder, dinheiro, mas pra que serve tudo isso diante do que não se pode medir em valores?

Jonas França - Nanã Buruquê

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Todos deveríamos alcançar a maturidade em condições melhores do que viemos. E o que vemos? – Muitos idosos amargos, tristes, sem perspectiva de vida ou além-vida, apáticos e sem esperança. Nunca foi esse o plano. O plano é viver, aprender, não necessariamente pela dor. Tirar de cada experiência uma lição. Passar os ensinamentos que aprendeu aos outros. Decantar dos registros de nossas almas toda a negatividade, dúvidas, incertezas, tudo aquilo que nos impede de evoluir, de crescer como seres divinos que somos. Nanã tem este mistério. Falem com ela. Peçam e serão atendidos. Acendam uma vela lilás. Ao lado, um pequeno vaso de crisântemo em tons de lilás a violeta e um copo com água. Clamem por transmutação. Transmutar é mudar pra melhor. É ressignificar sentimentos e crenças limitantes que te impedem de sair do estado atual para um nível de consciência superior. Ela ocupa o polo feminino do Trono da Evolução. Este é o objetivo de estarmos aqui. A boa notícia é que nunca é tarde, Axé!!!

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TRAPAÇAS RELIGIOSAS Junto à premissa da caridade incondicional surgiu a falta de interpretação maldosa dos objetivos do culto. Pretensiosos, indivíduos tentam a todo custo arrancar de médiuns e dirigentes uma consulta fora de hora, um encontro por baixo dos panos, uma forma de furar a fila e ser atendido antes de outrem etc, empregando frases de efeito ensaiadas e estapafúrdias. Agem como se a doação ao próximo fosse restringida a proporcionar o que querem e nada mais. Um ato de egoísmo sem tamanho. Dado que os espíritos de luz nos ensinam a procurar em nós as falhas que culminam em erros, é-se esperado que ceder aos argumentos baixos de um religioso preso em seu próprio mundo em nada agregará. Talvez seja possível livra-se da questão por algum tempo ao receitar um suposto ritual “salvador de almas”, todavia é previsto que esta pessoa retornará logo que perceber que o trabalho perdeu sua eficiência. Mas, em realidade, a única coisa que foi perdida é a maturidade para reconhecer que vida não é feita somente de constantes atentados espirituais. A partir dessa incessante busca por banhos, defumações, ebós, padês e oferendas capazes de resolver cada nova questão que surge no cotidiano nasce o

mercado de falsos pais e mães de santo que ganham pequenas fortunas vendendo a felicidade eterna. Mesmo que, em teoria, somente a habilidade de barganha do “sacerdote” seja a chave para o convencimento de mentes deterioradas, na prática a ânsia por receber aquilo que foi negado por verdadeiros mensageiros da Umbanda igualmente propaga esse vírus da sociedade. Tal qual crianças muito mimadas, adultos revoltam-se contra ótimas casas por conta das respostas sérias e realistas recebidas quando acreditavam piamente que compactuariam com tamanha negligência para com si próprios. Esses atos impensados geram sequelas financeiras e emocionais muito maiores do que aquelas carregadas antes de adentrar o espaço do tal “dirigente”, portanto a raiva jamais deve ser um combustível para buscar ajuda onde não deve. Ao considerarmos que a compra e venda é a prioridade do “pai de santo”, certamente é viável compreender por que ele sempre compactuará com qualquer que seja o achismo trazido pelo futuro cliente: se ele acha que tem uma demanda, o melhor ritual a preço de um carro será oferecido; se acha que seu finado parente está a lhe assombrar, um encaminhamento formidável a pre-

ço de uma televisão nova será indicado; se acha que médico nenhum pode lhe amparar, assumirá ilusoriamente o compromisso para com aquela existência e arrancará até o último centavo da vítima sem ao menos indicar outra opção. E se ela morrer? Bom, a culpa foi dela por não ter buscado ajuda de um profissional. Verdadeiros médiuns e dirigentes que tentam, aos trancos e barrancos, construir uma estrutura de acolhimento favorável e justa possuem admirável consciência de seus deveres para com cada um que visita seus terreiros, consequentemente nunca concordarão com posturas inconsequentes, levianas e fúteis. Eles tomarão as dores dos consulentes como suas sem que nada além de um bom abraço e um voto de confiança sejam solicitados, pois é para isso que ali estão. Esta é a real caridade.

Alan Barbieri Sacerdote Umbandista do Templo Escola Casa de Lei Alan Barbieri Contato: (11) 2385-4592 barbieri.empresa@gmail.com



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MEMÓRIAS DA UMBANDA XVI PAI JOÃO DE CAMARGO DE SOROCABA

Esta é uma história que envolve a atividade de um médium carismático, considerado um santo popular, milagreiro e médico dos pobres, que ajudou muitas pessoas nos seus processos caritativos. Foi uma figura muito importante nos processos espiritualistas afro-brasileiros, retratado no filme Cafundó, com Lázaro Ramos no seu papel. “profetizado”, como diz o povo, construiu a pequena capela em frente à estrada da Água Vermelha. Daí em diante, dedicou-se exclusivamente à sua “missão”. Todavia, em contraste com a versão, que circula entre os crentes, soube o seguinte, o Nhô Dito: “João de Camargo curava antes de ser “profetizado”, desde muito, mas só aqui e ali”. Isso confirma a hipótese da influência de sua mãe e de algum companheiro negro, cativo como ele. Maria Elise Gabriele Baggio Machado Rivas cita: Outra figura que marcou a vida de João de Camargo foi Alfredinho. Esse menino morreu em um acidente com um cavalo e, como dissemos, a cidade era conhecida pelo envolvimento com a montaria, o que causou grande impacto em todos os habitantes e se transformou em um mito local. Alfredinho teve uma cruz posta próxima à Estrada da Água Vermelha para rememorar aos transeuntes sua morte. Aí ocorreram os primeiros fenômenos mediúnicos, que considerava ininteligíveis. Seu nome era João de Camargo Barros. Como escravo herdou seu sobrenome do seu antigo dono. Popularmente era conhecido como João de Camargo e mais tarde Nhô João. Nasceu, em 16 de maio de 1858, na fazenda dos Camargo Barros, no município de Sarapuí, na região metropolitana de Sorocaba, no Estado de São Paulo. Era filho de Francisca Paula de Jesus (Nhá Chica), escrava de Luís de Camargo Barros e de pai incógnito. Foi batizado na Igreja Matriz de Nossa senhora das Dores de Sarapuí. Cresceu na fazenda onde nasceu e não teve acesso à educação escolar, sendo analfabeto. Nessa fazenda trabalhou como tropeiro. Após a Lei Áurea, oficialmente Lei Imperial nº 3.353, sancionada em 23 de maio de 1888, foi para Sorocaba. Nesta cidade trabalhou como cozinheiro. Saiu duas vezes de Sorocaba e em uma dessas vezes conheceu Escolástica do Espírito Santo Maduro com quem ficou casado cinco anos. Em 1893, alistou-se como soldado voluntário, no batalhão dos Voluntários Paulistas. Deu baixa em 1895, quando terminou a Revolução Federalista. Retornou a Sorocaba para recomeçar a vida, trabalhou em vários empregos para sobreviver na lavoura e olarias. Muito jovem começou a receber algumas influências religiosas, das religiões africanas, crenças populares e prática de curandeirismo por intermédio de sua mãe Francisca (Nhá Chica), e do Catolicismo, com sua sinhazinha Ana Teresa de Camargo e também com o Monsenhor João Soares do Amaral através de seus

sermões. Essas diversas influências estimularam nele uma fé fundamentada no sincretismo entre os cultos afro-brasileiros e o Catolicismo popular. Em 1897 iniciou-se na trilha do misticismo. Tinha o hábito, que adquiriu com Nhá Chica, de acender velas e rezar ao pé da cruz, nessa época já efetuava algumas curas. Vejamos mais detalhes nas palavras abalizadas do sociólogo Florestan Fernandes: João de Camargo nasceu em Sarupuí, bairro de Cocais, onde foi cativo dos Camargo de Barros. Em julho de 1858 foi batizado, tendo como madrinha Nossa Senhora das Dores. Sua mãe era uma negra cativa, um pouco desvairada, chamada Francisca, mais conhecida como “Nhá Chica” e “Tia Chica”, que também fazia algumas práticas de curandeirismo (informações obtidas de Dona Eugênia Marília de Barros, descendente dos Camargo de Barros, que vive em uma casa perto a Igreja, mandada construir por seu primo João de Camargo). Por intermédio de sua “sinhá”, dona Ana Tereza de Camargo, católica praticante e muito devota, foi João iniciado no Catolicismo. Trabalhou nos serviços da casa e depois na lavoura, como cativo, tendo com certeza recebido influências de sua mãe e doutros escravos, nesta época. Depois da libertação, até 1893, quando fez parte do Batalhão de Voluntários Paulistas, que formou ao lado do governo, em Itararé, trabalhou como doméstico em várias famílias. Casou-se, nesta época, com uma mulher branca, do Pilar, e continuou na mesma vida até 1905. Nesta data passou a trabalhar numa olaria. De onde passou, em 1906, já

O Monsenhor João Soares do Amaral, que muito o ajudou na fase mais difícil da sua vida, depois de desencarnado, passou a ser o seu principal guia espiritual. Em 1905 quando caminhava pela Estrada da Água Vermelha parou para rezar ao pé da cruz de Alfredinho. Chegando a casa, por volta da meia noite, começou a sentir coisas estranhas como luzes, ventos e outros sinais. Por causa desses fenômenos, as vezes, era considerado louco. Genésio Machado, no livro João Camargo e seus milagres, cita: João de Camargo foi uma dessas pessoas que, há seu tempo, se revelaram "seres especiais", dotados de poderes misteriosos e predestinados a cumprir certas missões em seu meio, após terem vivido experiências mitológicas, esotéricas, místicas ou religiosas; há seu tempo, pois, foi que ele veio a saber o que lhe foi anunciado por Rongondongo, quando da visão que teve certa noite, aos pés da cruz do pequeno mártir Alfredinho: Tu hás de ser Aquele da nossa cor, O escolhido para mostrar ao mundo O poder de Deus Adilene Cavalheiro explica: Entre as vozes que ouvia, a mensagem para que parasse de beber era clara, uma vez que, segundo a voz que lhe falava, o álcool o impedia de receber a missão designada, além de lhe estragar o corpo. Em 1906, recebera uma visão ao pé da cruz do Menino Alfredinho que lhe indagava o porquê de sua permanência ainda


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Ano 8 número 72 na bebida e a necessidade de preparar-se para a incumbência recebida. Fugiu para a serra como quem vai a Capela da Penha, mas novamente ouviu uma voz que dizia para que não se perturbasse, devendo voltar e preparar-se a fim de construir uma Igreja no bairro da Água Vermelha, longe da cidade. A partir desse encontro João de Camargo passou praticar a caridade, cura, bem como organizar o espaço a ele designado. Com a ajuda de familiares e de pessoas simples, João de Camargo ergueu a capela às margens do Córrego da Água Vermelha. Em 1910, a capela foi ampliada. Em 1913, João de Camargo foi processado sob a acusação de pratica de curandeirismo. Foi absolvido e, para proteger o novo culto de perseguições, fundou em sua capela a Associação Espírita e Beneficente Capela do Senhor do Bonfim, que foi reconhecida como pessoa jurídica em fevereiro de 1921. É um templo de uma religião sincrética, que mistura o Catolicismo popular com os cultos afro-brasileiros. João de Camargo contrariava os padrões estabelecidos e foi preso mais 17 vezes pela prática de curandeirismo, mas sempre tratou seus detratores com doçura.

Pai João de Camargo desencarnou em 28 de setembro de 1942 em Sorocaba e foi sepultado no Cemitério da Saudade. Após sua morte a Capela do Senhor do Bonfim ficou fechada durante cinco anos por questões judiciais, pois, Escolástica do Espírito Santo Maduro, sua ex-esposa, requereu sua parte no espólio. Seu quarto na capela até hoje é preservado. A sepultura de João de Camargo é uma réplica da Capela do Senhor do Bonfim, construída em 1948, por João Massa, um de seus devotos, e é visitado por grande número de devotos. A devoção cresceu muito após o seu falecimento e aumentou ainda mais o respeito pelo culto sincrético que ele praticou em vida. “Figura extremamente carismática e que encontrou na Umbanda a continuidade do trabalho que ele já praticava encarnado” (Douglas Rainho).

Pai João de Camargo Imagem de gesso na Capela Senhor do Bonfim Foto de Tarsila Costa de Oliveira

Seus discípulos diziam que João de Camargo curava várias doenças utilizando apenas óleos e ervas. Pessoas de várias partes do Brasil e do exterior o procuravam em busca de auxílio. Consagrou sua vida aos necessitados. Tornou-se famoso e foi tema de livros, artigos, dissertações de mestrado e do filme Cafundó, estrelado por Lázaro Ramos e dirigido por Clóvis Bueno e Paulo Betti.

Pai Diamantino no interior da Capela do Senhor do Bonfim Foto de Tarsila Costa de Oliveira

Editor: Diamantino Fernandes Trindade

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CARNAVAL 2019 - LEANDRO DE ITAQUERA VAI HOMENAGEAR Na noite de 10 de julho de 2018, São Paulo conheceu num evento realizado na Casa de Cultura de Itaquera, o enredo da Escola da Samba Leandro de Itaquera para o carnaval de 2019.

às lagrimas, tamanha a emoção transmitida pelo ato. Logo após, as baianas trouxeram um andor com uma imagem do mentor, enquanto os Ogãs entoavam uma cantiga em homenagem ao mesmo.

Tradicionalmente conhecida por levar a cultura afro para a avenida, dessa vez a agremiação surpreendeu a todos com um tema que envolve a união de duas raças: os negros e os índios. Dessa linda união surgiu um guerreiro cafuso, um grande caçador, que se desenvolveu cultuando a fé nos Orixás, somando isso à sabedoria da pajelança indígena e aos ensinamentos cristãos passados pelos jesuítas.

Foi maravilhoso.

Se você é um leitor de romances de cunho umbandista deve estar pensando: “Mas eu já li algo parecido!”... e é isso mesmo. O enredo definido pela agremiação terá como tema: UBATUBA – O RECONTO DO CABOCLO SUB A LUZ DO LUAR e foi baseado na obra literária “O Arraial dos Penitentes”, escrito por Pai Silvio da Costa Mattos e terá como centro, a história do Caboclo Ubatuba, mentor espiritual da APEU, instituição umbandista, também sediada na zona leste da capital. O evento foi aberto com a presença da diretoria da escola, inclusive do seu presidente-mor, Leandro Alves Martins e de autoridades governamentais. Em seguida, uma dança indígena foi apresentada pela comissão de frente, seguido de um “esquenta” com o hino da escola. Depois das primeiras considerações do diretor de Carnaval Fabio Flish, uma linda apresentação teatral mostrou um resumo do enredo, contando a história do caboclo, desde a união de seus pais, até seu desencarne. Integrantes da APEU e da escola foram

Cremos ser a primeira vez que uma agremiação carnavalesca levará a público um enredo que tratará de uma entidade espiritual que atua nas esferas da Umbanda, já que o mais comum é a homenagem aos Orixás, por isso, a responsabilidade é muito grande, não só pelo trabalho à ser apresentado, mas também, para fazê-lo de forma que transmita uma mensagem positiva a respeito dos mentores que lidam nesta energia universalista que envolve nossa fé. A Leandro contará com uma comissão de carnaval formada por: Denildo (criação de alegorias), Gemilson Durval e Dinei (direção de fantasias), Guilherme

Estevão (criação visual), Augusto Oliveira (decoração de fantasias) e Leomax Castro (criação de fantasias específicas). Ainda terá Zanza Santos (comissão de frente), o trio formado por Pica Pau, Maurício e Jenifer (Harmonia), Paulão (alegorias), com a direção geral de Carnaval de Fábio Flisch. Além disso, a vermelho e branco manterá à frente da bateria o Mestre Pelé, bem como o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira continuará sendo formado por José Luiz e Juliana. O intérprete oficial será Juninho Branco. A Leandro de Itaquera será a quinta escola a desfilar no Grupo de Acesso no dia 03 de março de 2019. Cobertura: Rádio Raízes de Umbanda http://raizesdeumbanda.com Reportagem e texto: Sandro C.Mattos


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BOOK - LANÇAMENTO REUNE PONTOS DA UMBANDA

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LANÇAMENTO DIA 09 DE AGOSTO ,NA BIENAL DO LIVRO ÀS 19 h Agora o Instituto Cultural Tambor de Orixá, terá os pontos com cifras e partituras, o nosso Mestre Severino Sena e a sua parceira nesta obra maestrina Luciana Barletta, ficaram honrados por terem o apoio e o prefácio no livro do músico e maestro Luís Schiavon da banda RPM e Domingão do Faustão!

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09 de Agosto

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Exú não é Diabo Alexandre Cumino Quinta, 09 de Agosto às 19:00 Madras – Stand J060

de 03 à 12 de Agosto 25ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo

i Pavilhão de Exposições do Anhemb tana San – 9 1.20 , oura Avenida Olavo Font : ções rma Maiores info http://www.bienaldolivrosp.com.br/

11 de Agosto

4º Festival de Curimba - Cuiabá

h Sábado, 11 de agosto às 14 T /M abá Cui – i Anfiteatro Médic sos Pas lo rce Ma es: Mais Informaçõ

26 de Agosto

aos m e g a n e m o H º 7 leiros i s a r B s o l c o b Ca

hrs de Agosto às 12 ão Domingo, 26 aç uc Ed ecretária da Auditório da S arilu, M . Jd eia, 245 – ld A da a ad tr Es SP Carapicuíba 0-9600 ações: (11) 867 rm fo Maiores in

10 de Agosto 1º Homenagem aos Ogãns, Curimbeiros e Alabês da Umbanda e Do Candomblé Sexta, 10 de agosto às 19:00 Câmara Municipal de Diadema Av. Antônio Piranga, 474 – Centro, Diadema

19 de Agosto

Lançamento do DVD Sandro Luiz Domingo, 19 de Agost o às 13hrs Clube Esperia - Marec hal Leitão de Carvalho Parque Anhe mbi Santana, São Paulo SP

16 de Setembro 9º Festival de Curimba Um Grito de Liberdade!

Domingo, 16 de setembro às 13h Clube Juventus: Rua Juventus, 690 Mooca, São Paulo/SP Mais Informações: (11) 2796-4374 94785-5874 Whatsapp: (11) 94726-7609 / (11)


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6° FESTIVAL DE CURIMBA E DANÇA DA BATUQUEIROS DA LUZ

No dia 08/07/2018 foi realizado o 6º festival de curimba e dança batuqueiros da luz, no festival desse ano foi especialmente em homenagem para nosso ícone da umbanda Pai Élcio de Oxalá, o evento teve uma média de 1200 pessoas e tivemos apresentação especial de Aldeia de Caboclos, Sandro Bernardes, bateria da escola de samba Nenê de Vila Matilde e várias outras. Queremos parabenizar todos os concorrentes pelas maravilhosas apresentações e parabenizamos a curimba filhos de jurema que foi a campeã do festival. Agradecemos todos os irmãos e irmãs que estiveram prestigiando o evento. 1º Lugar Filhos de Jurema 2 º Lugar Filhos do Ouro 3 º Lugar Nação Tambor 4º Lugar Filhos de Oxum 5º Lugar Império de Exu 6º Lugar Raízes Ancestrais 7º Lugar Raízes de Iansã 8º Lugar Luz de Aruanda 9º Lugar Curimba de 1 Ogan

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300 CESTAS BÁSICAS PARA A POPULAÇÃO A Associação Espírita Alfa & Ômega realizou a entrega de quase 300 (trezentas) cestas básicas na primeira quinzena de julho, ou seja, 100 (cem) famílias foram contempladas nesse 3º (terceiro) trimestre de 2018.

cada um, transforma-se em muito para nosso projeto. Esse projeto visa não apenas auxiliar as famílias necessitadas, mas também conscientizar a todos que você sempre tem uma maneira de ajudar seu irmão.

Conseguimos aumentar a quantidade de cestas entregues nesse trimestre, pois recebemos os alimentos doados na Procissão de Xangô, evento organizado pela Aldeia de Caboclos. Agradecemos, mais um vez, a oportunidade, confiança e parceira que já selamos há anos.

Já estamos começando a nos organizar para a próxima entrega das cestas básicas e muito felizes e gratos pela COMUNIDADE SAMBA DA MARIA CURSI (https:// pt-br.facebook.com/www.sambamariacursi.com.br/) ter confiado em nosso projeto pelo segundo ano consecutivo. Dia 21.07 (domingo) houve a comemoração do 14º aniversário da comunidade, no qual a entrada custava 01 kilo de alimento. Todos os alimentos foram doados ao nosso projeto. Não temos palavras para agradecer a essas grandes parcerias que estamos formando. Que essas ações sejam grandes exemplos e que tenhamos cada vez mais pessoas apoiando nossos projetos.

Temos buscado aumentar a cada trimestre o número de famílias que recebem as cestas, mas infelizmente não temos tido tantos retornos positivos. A procura por DOADORES SOLIDÁRIOS para nosso projeto tem sido árdua. Mensalmente doamos cestas básicas para quase 60 (sessenta) famílias fixas cadastradas em nosso projeto, pois tais famílias tem problemas de doenças incuráveis e não recebem auxilio do governo, ou se recebem não conseguem sobreviver. Nosso projeto visa auxiliar famílias que estão passando também por problemas financeiros pontuais, como o desemprego que assola o país. Sabemos que não mudaremos a realidade de todos, mas estamos fazendo nossa parte, o “pouco” de doação de

Nossa casa, Associação Espírita Alfa e Ômega, está de portas abertas para quem quiser nos procurar, abraçar nossas causas solidárias que acontecem durante todo o ano ou mesmo conhecer nosso terreiro. Vejam mais informações em nosso site www.associacaoalfaeomega.org e nos siga nas redes sociais. Que

façamos dessa passagem aqui na Terra a nossa melhor experiência de vida e de amor ao próximo. Axé irmãos de fé. Desejamos cada vez mais evolução espiritual, prosperidade e saúde a todos da Aldeia de Caboclos, exemplos de fé e união umbandista! Axé e gratidão. Associação Espírita Alfa e Ômega Rua Augusto Giorgio, 222 São Mateus São Paulo - SP CEP 03965-050 | (11) 2018 0879 Nos envie um e-mail para ser DOADOR SOLIDÁRIO: ass.alfa.omega20@gmail.com Visite nosso SITE: www.associacaoalfaeomega.org Nos siga nesse facebook: facebook.com/alfa.eomega.56 Nos adicione nesse facebook: facebook.com/jose.edsonrodriguesii.5 Curta nossa página: facebook.com/AssociacaoEspiritaAlfaOmega/


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