Região de Leiria, 4 de Dezembro de 2009

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20 NEGÓCIOS | INVESTIR & AGIR

Região de Leiria 4 | Dezembro | 2009

Joaquim Dâmaso

INDÚSTRIA DE MOLDES MOSTRA KNOW-HOW

A Cooperativa de Fátima estima extrair 650 mil litros até Fevereiro

Ano histórico na produção de azeite Campanha ∑ Arranca com mais quantidade de azeitona e qualidade superior Na Cooperativa de Olivicultores de Fátima, cujo lagar continua a vibrar de vida, não há memória recente de algo assim. A produção de azeitona disparou e a qualidade do azeite acompanha o entusiasmo, com gordura elevada e baixa acidez, prometendo uma campanha histórica. É “um ano excepcional”, afirma Pedro Gil, tesoureiro da cooperativa, uma das maiores do país, com 850 associados. Em apenas dois meses, a quantidade de azeitona recebida mais do que duplicou. O balanço final, lá para fins de Fevereiro, deverá atingir umas invulgares sete mil toneladas de fruto laborado e 650 mil litros do chamado ouro líquido. Ainda em Fátima, a empresa embaladora Vineves, que trabalha quase exclusivamente para exportação, espera um crescimento entre 20 a 30 por cento. A marca Portucale vendese sobretudo no Brasil e Estados Unidos, também

na Europa e África. Trata-se de “um ano histórico em termos de volume”, que proporcionou “azeites muito bons” no início da campanha, diz o empresário Virgulino Neves. As condições climatéricas favoráveis e a baixa ocorrência de problemas fitossanitários explicam o balanço, mas também é certo que o sector vive um período de expansão e só a Cooperativa de Fátima, por exemplo, ganhou cem sócios no último ano. A resistência da oliveira, uma árvore que quase não dá trabalho, e a poupança obtida ao tirar azeite para consumo próprio ajudam a explicar a boa dinâmica, considera Pedro Gil.

Mão-de-obra cara. No concelho de Ourém, de acordo com as últimas estatísticas do antigo Instituto Nacional de Garantia Agrícola (INGA), existiam 12 lagares em actividade no ano de 2006. O município de Alvaiázere era o pri-

meiro na região (14), aparecendo depois Ansião (9), Pombal e Porto de Mós (6), Batalha, Leiria, Pedrógão Grande, Alcobaça (2) e Castanheira de Pêra (1). Em 2006, segundo o INGA, foi em Ourém, Alvaiázere, Ansião e Pombal que mais azeitona se processou e mais azeite se extraiu (15 mil toneladas e dois milhões de litros). É justamente no concelho de Alvaiázere que está instalada a empresa Serrafino, que tem lagar próprio e comercializa a marca Sicoliva no mercado interno e na exportação. Teresa Freire confirma tratar-se de um ano “de muita produção” e “muito boa qualidade”. Os lagares estão a rebentar pelas costuras, mas, no entanto, há olival que vai ficar por apanhar. Isto porque em determinadas condições a colheita manual pode não compensar, dado o custo e baixa produtividade da mão-de-obra, que vai escasseando.

Potencial por explorar. Segundo dados da Casa do Azeite – Associação do Azeite de Portugal, o mercado português vale já 150 milhões de euros. Vive uma fase de dinâmica na produção, com novos olivais e técnicas mais adaptadas. Os lagares são menos, mas modernizaram-se. Foi o que fez a Cooperativa de Fátima, que investiu 600 mil euros em 2006 para aumentar a capacidade de laboração de 70 para 200 toneladas por dia, acrescentando uma linha de extracção. Na zona de Porto de

Santuário de Fátima dá 17 toneladas

Mós, a empresa Preciosa Carvalhana e Filhos também investiu. Este ano, o lagar registou um “afluxo anormal” e há mês e meio que trabalha quase 24 horas por dia. Marco Costa Santos diz que a rentabilidade do azeite tem sido menor, mas a quantidade invulgar a extrair vai ser aproveitada para “atacar a exportação”, nomeadamente nos Estados Unidos, Brasil, Canadá e Holanda. “É um mercado apetecível para nós”, refere. Cláudio Garcia claudio.garcia@regiaodeleiria.pt

∑ Proprietário de vários olivais, o Santuário de Fátima é o sócio número 68 da Cooperativa de Olivicultores de Fátima. Em termos de quantidade de azeitona entregue, está nos primeiros 50 associados. Na actual campanha, já descarregou 17 toneladas no lagar.

Mostrar ao mundo a capacidade de Portugal para desenvolver produto. É o objectivo do workshop D2P - From Design to Product, que se realiza na Marinha Grande a 16 de Dezembro, nas instalações do Centimfe. O evento, com 300 participantes na última edição, em 2008, inclui demonstrações de produtos, tecnologias e soluções inovadoras e emergentes. Ao mesmo tempo, está prevista a apresentação de casos concretos de boas práticas por especialistas e empresas de áreas como o design, arquitectura, comunicação, energia, aeronáutica, desporto, lazer, entre outras. A organização pretende sensibilizar as empresas para a capacidade instalada em Portugal em termos de conhecimento e soluções tecnológicas para apoio ao desenvolvimento de produto. No mesmo espaço, vão estar reunidos profissionais da indústria, investigadores, designers, professores e estudantes.

LEIRIA TEM OBSERVATÓRIO DE EMPRESAS FAMILIARES O Instituto Politécnico de Leiria criou um observatório de empresas familiares, com o objectivo de ajudar a melhorar a competitividade do tecido empresarial da região de Leiria. A investigação vai procurar definir políticas e práticas de gestão adequadas, esperando-se os primeiros resultados dentro de um ano. A primeira etapa será a caracterização do perfil das empresas familiares na região, procurando identificar os traços culturais dominantes e de que forma estes influenciam o comportamento organizacional.


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