Exlibris dezembro geral

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Comunicação & Informação

ALM OFTALMOLASER

Há 20 anos a Promover, Prevenir, Tratar e Cuidar Dezembro 2015 Bimestral

13ª Edição

Distribuição gratuita com o Jornal Público Encarte da responsabilidade de Crónica Pronunciada, Lda. Não pode ser vendido separadamente.

ISSN: 2183 – 0525


Editorial

« JUNTOS, CRIAMOS OPINIÃO! » Desacordo com acordo

Saberei um dia O valor de uma vírgula Ou ponto final Inspirar Expirar Suspender mudanças

Suspirar um Ai Dizer um Ui Em ponto de exclamação

Falar e não falar Esperar resposta Em ponto de interrogação

BOAS Terminar FESTAS sempre EmDA PONTO FINAL EQUIPA DO EXLIBRIS

Falar um todo Contendo travessão Seta de cupido

J.Q. 2015

Autor do livro «No pó do meu baú» www.facebook.com/pages/Falando-ao-Anoitecer

Ficha Técnica

Propriedade Crónica Pronunciada, Lda

Periodicidade Bimestral

Produção de Conteúdos Filipa Pereira e Joana Quaresma

Número de Depósito Legal 369793/14

Gestores de Processo José Ferreira e Nuno Sintrão

Design Gráfico Rui Moreira Design

Morada Rua Dr. Augusto Martins, Ed. Versailles, nº33, Sala 3, 4470-145 Maia

Telefone 220 982 534 Email geral@exlibrisci.pt Site www.exlibrisci.pt

Os artigos nesta publicação são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião do editor. Reservados todos os direitos, proibida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro processo, sem prévia autorização do editor. A paginação é efetuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos do suplemento, exceto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anunciantes. Quaisquer erros ou omissões nos conteúdos não são da responsabilidade do editor.


Saúde

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ALM-Oftalmolaser

20 anos de inovação em Oftalmologia

Altamente diferenciada e sintonizada com o mais atual «Estado da Arte» desta área do saber, a ALM-Oftalmolaser assume-se como uma Instituição de referência na prevenção, no diagnóstico e no tratamento das patologias do foro oftalmológico. Delineando estratégias que lhe permitem manter-se na senda da excelência em todas as áreas de atuação nesta especialidade, a Instituição manifesta uma aposta permanente no conhecimento e na inovação, realizando técnicas cirúrgicas com elevados níveis de segurança e de sucesso. 20 anos ao serviço da acuidade visual da população são o corolário de uma ação norteada pela implementação de estratégias percursoras das best practices. Sendo uma referência de inovação e de pioneirismo, a Clínica afirma-se também como um agente promotor da excelência ao nível do ensino e da investigação. O ExLibris® abre-lhe as portas desta Clínica altamente credenciada, traçando um retrato da sua evolução, pela voz dos seus fundadores. Sediada no coração da Capital, a mer. Nessa altura, tal como recorda ALM-Oftalmolaser ocupa uma po- Adriano Aguilar, oftalmologista e sição de destaque no panorama na- fundador da Clínica, “a Oftalmolocional da Oftalmologia. Duas déca- gia estava a dar um grande salto no das ao serviço da Saúde são o co- âmbito dos procedimentos cirúrgirolário de uma ação baseada no cos para correção de erros refrativos. profissionalismo, na ética e na qua- Até então, a cirurgia era realizada lidade patenteadas. Caracterizando- manualmente, com um bisturi ca-se pela diferenciação tecnológica e librado. Com o surgimento do Laser pela excelência do corpo clínico, a – e sendo este caracterizado por posInstituição tem edificado um per- sibilitar o uso de técnicas que aprecurso de meritório sucesso ao longo sentam ótimos resultados –, consida sua ação em prol da saúde oftal- derámos que deveríamos apostar mológica. Evidenciando a inovação na criação de um espaço onde esta e o pioneirismo que fluem no seu abordagem cirúrgica fosse privilecódigo genético, a ALM-Oftalmo- giada. Com efeito, esta foi a primeilaser uniu, há 20 anos, “oftalmolo- ra Instituição de cuidados de saúde, gistas de diferentes escolas que ma- em Lisboa, a receber um Laser e a nifestaram interesse em criar um primeira Clínica devidamente certiespaço para desenvolver a Cirur- ficada para realizar cirurgia em regigia Refrativa. Esta foi, sem dúvida, me de ambulatório”, advoga. Afirmando-se, de facto, como um uma época de grande entusiasmo”, recorda, com regozijo, Manuela Ci- exemplo de excelência na área oftaldade, oftalmologista e fundadora da mológica, referenciada entre congéneres e pacientes, a ALM-OftalmoALM-Oftalmolaser. Efetivamente, os especialistas da laser edificou um percurso de meClínica foram introdutores, em Lis- ritório sucesso, evoluindo, ao longo boa, em 1995, da Cirurgia Refrativa dos anos, numa lógica de compleda Córnea, pela técnica do PRK (mo- mentaridade de serviços em difedelação na superfície da córnea) e rentes vertentes: diagnóstico preposteriormente do LASIK (mode- coce, tratamento, criação de conhelação nas camadas mais profun- cimento, ensino e formação. Com das desta mesma estrutura), utili- efeito, as primeiras instalações da zando para o efeito o Laser de Exci- Clínica, sediadas na Avenida da Li-

berdade, rapidamente “se demonstraram diminutas face à procura. Tornava-se imperioso alargar o bloco operatório e, por isso, mudámos para este espaço”, afiança Manuela Cidade. Atualmente, a Clínica dispõe de uma enorme diferenciação tecnológica que permite desenvolver métodos terapêuticos up to date. Privilegiando uma oferta global e integrada, a ALM-Oftalmolaser abrange todas as subespecialidades oftalmológicas, estando apetrechada, para tal, com os mais modernos meios de diagnóstico e terapêutica, desde aparelhos de Tomografia de Coerência Ótica (OCT), Angiografia Fluoresceínica e de Verde de Indocianina, Biometria, Paquimetria e Perimetria Computorizada, aos Ultrassons e aos variados Lasers. O bloco operatório, com as salas cirúrgicas completamente munidas com tecnologia sofisticada e espaço de recobro dos cuidados pós-anestésicos, reúne os requisitos mais exigentes relacionados com a Cirurgia Ocular de Ambulatório, da Catarata ao Glaucoma e da Retina à Cirurgia Refrativa. Na opinião de Manuel Monteiro Grillo, oftalmologista e fundador da ALM-Oftalmolaser, o progressivo aumento de serviços clínicos decorreu “da preocupação

em dar uma resposta efetiva às necessidades da saúde visual dos nossos pacientes”.

Manuela Cidade Sendo uma figura incontornável da Oftalmologia, Manuela Cidade é, de facto, um exemplo de que «não há limite de velocidade na estrada para a excelência»1 e de que se consegue alcançar o sucesso, com dedicação e perseverança. Com um percurso de aproximadamente 30 anos no domínio da Oftalmologia, passou pelo Centro Hospitalar de Setúbal, pelo Hospital de São José e pelo Hospital Garcia da Orta. Apesar de praticamente durante todo o seu percurso profissional se ter dividido entre o serviço público e o privado, hoje abraça apenas a atividade da ALM-Oftalmolaser – um projeto que ajudou a nascer e para o qual deu contributos determinantes no seu desenvolvimento, empenhando-se para que, hoje, esta se afirme

como uma Clínica conceituada e que responde, em qualidade e diferenciação, à sua missão. Apesar de inicialmente, após a conclusão da Licenciatura e do Serviço Médico à Periferia, pretender escolher uma especialidade médica, não tardou até que Manuela Cidade se deixasse conquistar pelas particularidades que distinguem a Oftalmologia, sendo esta uma área que alia a componente cirúrgica à vertente humana, possibilitando a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Neste contexto, durante o período em que assumiu cargos de chefia no Hospital de São José, dedicou-se particularmente à Retinopatia Diabética, tendo sido responsável por criar, nessa Instituição, a consulta da Diabetes Ocular e da Mácula. Depois deste percurso pautado pela qualidade, pelo rigor e pelo profissionalismo, “direcionei-me para a Cirurgia da Córnea e para a Cirurgia Refrativa”, refere. Nascida em Almada e tendo, portanto, uma noção realista das necessidades da população aí residente, bem como das lacunas que se observavam na prestação de cuidados oftalmológicos, Manuela Cidade concluiu que o serviço disponibilizado pelo Hospital da região “não era suDezembro 2015 ExLibris


ficiente para dar resposta às carências prementes”. Apesar de reconhecer ao Serviço Nacional de Saúde o devido mérito por ter vindo a edificar um percurso de evolução, tornava-se imperioso “criar uma Clínica exclusivamente ligada à Oftalmologia, onde os doentes pudessem encontrar um leque alargado de subespecialidades, com serviços privados e convencionados. Para além disso, pretendíamos criar um espaço com condições não só para pacientes, mas também para médicos”, refere a entrevistada, evidenciando a importância e a valorização que a ALM-Oftalmolaser dá aos recursos humanos. E assim nasce, em Almada, um conceito inovador, determinado em cumprir elevados critérios de qualidade e de eficiência. Atravessámos a ponte e, na margem esquerda do Rio Tejo, avistámos um concelho que se estende até ao mar, onde a tradição e a modernidade se articulam numa urbe repleJantar de comemoração dos 20 anos . Créditos Ana Pereira ta de História e Cultura. Ali, de frente para a Capital, encontrámos um ta área do saber, o médico-cirurgião gal. Efetivamente, Manuel Monteiro o especialista refere que “a causa verdadeiro polo onde a Saúde e a Ci- ingressou na Faculdade de Medici- Grillo foi um dos primeiros cirurgi- mais comum é a iatrogenia, ou seência se harmonizam. Ao dar os pri- na da Universidade de Lisboa, onde ões a realizar este procedimento ao ja, não sabemos o que acontece. No entanto, este tem mais tendência meiros passos na ALM-Oftalmolaser posteriormente concluiu o Doutora- nível nacional. Apesar de deter conhecimentos para ocorrer em pessoas que apretemos oportunidade de testemunhar mento em Medicina e Cirurgia. Reum projeto assente na diferenciação cordando a sua formação académi- transversais a toda a especialidade, sentam maior fragilidade da retina, técnica e tecnológica, mas onde, si- ca, onde teve oportunidade de gran- o cirurgião elege a Cirurgia Implan- nomeadamente os míopes”. A estes multaneamente, é privilegiado um jear parte dos conhecimentos e da to-refrativa, a Cirurgia de Catarata e fatores predisponentes podem aintratamento integrado e individuali- experiência que fizeram dele o con- a Cirurgia Vítreo-retiniana como as da ser aditados conjuntos de situazado – aspetos que são apanágio da ceituado oftalmologista que é, Ma- áreas de preferência neste segmen- ções traumáticas, infeciosas e promarca ALM-Oftalmolaser. Com efei- nuel Monteiro Grillo encontrou nes- to da Medicina. Tecendo um perti- liferativas, nos quais se incluem a to, esta dispõe, atualmente, de um le- ta especialidade da Medicina uma nente balanço sobre a evolução dos Retinopatia Diabética. Nestas situque alargado de subespecialidades “área que conjuga as componentes procedimentos cirúrgicos no âmbi- ações de Descolamento da Retina, o da Oftalmologia, sendo já uma refe- médicas e cirúrgicas e onde, para to da Oftalmologia, o cirurgião refe- cenário terapêutico é dominado perência na Margem Sul na prevenção, além de tratarmos doentes, tam- re que “o progresso tem sido notável la Vitrectomia. Sendo este um proem todas as subespecialidades. Ape- cedimento cirúrgico, o seu objetivo no diagnóstico e no tratamento das bém os curamos”. patologias deste foro. Ao longo da sua formação, e con- sar de a Cirurgia da Catarata e de a radica na remoção do humor vítreo siderando que o contacto com dife- Cirurgia Refrativa terem evidencia- – substância gelatinosa e viscosa que rentes realidades clínicas se assu- do avanços substanciais, considero ocupa quase 2/3 do globo ocular e me como uma interface do conhe- que a Cirurgia Vítreo-retiniana foi que se localiza entre o cristalino e a cimento e do saber, o especialista a que protagonizou uma revolução retina. Uma vez retirado, pode enrealizou vários estágios, cursos e em termos cirúrgicos porque conse- tão executar-se a ação reparadora visitas de estudo de Pós-graduação guimos contrariar paradigmas em da retina e, posteriormente, através, na Europa e nos Estados Unidos que, perante a falta de tratamentos, por exemplo, da injeção de um deda América (EUA), destacando-se os doentes cegavam”, refere Manuel terminado tipo de gás, procede-se o Moorfields Eye Hospital em Lon- Monteiro Grillo, acrescentando que à substituição do humor vítreo. Esdres, o A. Z. Middelheim de Antu- “a Retinopatia Diabética, as doenças tas situações “apresentam um certo Manuel Monteiro Grillo Conceituado especialista, Manuel érpia, o Beth Israel Medical Center do vítreo, os Descolamentos da Re- caráter de urgência, devendo ser inMonteiro Grillo tem edificado um e o Mount Sinai Hospital em Nova tina e as patologias da mácula são, tervencionadas antes que o Descopercurso notável na Oftalmologia, Iorque. Nos EUA teve oportunidade habitualmente, os casos com indi- lamento atinja a zona central”. Para além de contribuir para a em todos os seus domínios, desig- de contactar com uma técnica pio- cação para realização deste proceexcelência da prestação de cuidanadamente na vertente assistencial, neira, na altura, a Vitrectomia, ten- dimento”. Apesar de o Descolamento da Re- dos da ALM-Oftalmolaser, Manuel no ensino e na investigação. Símbo- do sido responsável por trazer o colo de prestígio e de notoriedade nes- nhecimento granjeado para Portu- tina ser uma situação multifatorial, Monteiro Grillo é, simultaneamenExLibris Dezembro 2015

te, o diretor do Serviço de Oftalmologia do Hospital de Santa Maria e professor auxiliar da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Enquanto regente da cadeira de Oftalmologia, tem oportunidade de colocar o seu conhecimento e sapiência ao serviço da formação de novas gerações de médicos. Com efeito, enquanto perfeito conhecedor da realidade do ensino oftalmológico, o médico refere que “a formação ministrada em Portugal é extremamente completa, sobrepondo-se à de vários países europeus. No nosso país, a Ordem dos Médicos e o Colégio da Especialidade preveem que um interno deve realizar determinado número de cirurgias para poder aceder aos exames da especialidade”. Neste enquadramento, Manuel Monteiro Grillo destaca, ainda, a “qualidade da investigação desenvolvida nos diversos domínios da Oftalmologia, ao nível nacional, nos centros universitários”. Com uma vasta experiência em prática hospitalar e privada, o especialista advoga que, para além de, obviamente, “o setor público desempenhar um papel importante na saúde ocular da população, a Oftalmologia apresenta características que


AFIRMANDO-SE, DE FACTO, COMO UM EXEMPLO DE EXCELÊNCIA NA ÁREA OFTALMOLÓGICA, REFERENCIADA ENTRE CONGÉNERES E PACIENTES, A ALM-OFTALMOLASER EDIFICOU UM PERCURSO DE MERITÓRIO SUCESSO, EVOLUINDO, AO LONGO DOS ANOS, NUMA LÓGICA DE COMPLEMENTARIDADE DE SERVIÇOS EM DIFERENTES VERTENTES: DIAGNÓSTICO PRECOCE, TRATAMENTO, CRIAÇÃO DE CONHECIMENTO, ENSINO E FORMAÇÃO.

lhe permitem, com independência, rigor e bons resultados, ter uma boa atuação no setor privado”. E estes são, precisamente, os pilares estruturantes que têm norteado a atuação da ALM-Oftalmolaser ao longo de 20 anos a «promover, prevenir, tratar e cuidar». Este é um exemplo categórico de um cirurgião para quem «a busca da excelência não é um objetivo, e sim um hábito»2.

Adriano Aguilar Referenciado entre os pares pela experiência e know-how, e evidenciando uma busca incessante pelo conhecimento, Adriano Aguilar tem contribuído para o progresso da própria Oftalmologia, em Portugal. Cultivando a curiosidade científica, o médico-cirurgião foi o responsável por criar, em 1984, o Centro Oftalmológico de Lisboa que “pretendia ser a consulta externa dos hospitais públicos”. Tendo permanecido 19 anos nessa Instituição

de prestação de cuidados de saúde, nio da Cirurgia Refrativa, “permite foi o responsável por montar o pri- que, na referida separação das cameiro Centro de Cirurgia Ambula- madas, não haja perda celular. Isto porque este Laser recorre a uma catória do país. Para além da prática clínica no mada de gás para fazer essa separadomínio hospitalar, Adriano Agui- ção”, refere o especialista, acrescenlar, em 1995, associou-se a um gru- tando que estes procedimentos “são po de especialistas multidisciplinar praticamente indolores e apresenpara, em conjunto, criarem aquela tam um pós-operatório rápido”. Nos que viria a ser considerada uma re- casos em que as dimensões anatóferência na Oftalmologia nacional: micas do olho não permitem o rea ALM-Oftalmolaser. Tendo nasci- curso à tecnologia Laser, “optamos do na eterna cidade do conhecimen- pelo implante de lentes fáquicas into, Coimbra, Adriano Aguilar elege traoculares”, sem que a lente natua Cirurgia Refrativa como uma das ral do olho (cristalino) seja retirada. suas áreas de preferência, na atua- Neste processo, a Biometria, isto é lidade, embora já se tenha dedica- o cálculo da potência da lente, asdo com particular interesse à Neu- sume especial relevância. ro-oftalmologia. A investigação desenvolvida no Na sociedade contemporânea, os âmbito da Cirurgia Refrativa, tal erros refrativos são patologias alta- como refere o cirurgião, “permite mente prevalentes, sendo a princi- que o Laser de Femtosegundo sepal causa de diminuição de visão. ja utilizado, atualmente, também Estes são motivados por alterações na introdução de anéis intracorno sistema ótico e, também, na ca- neanos, para tratamento do Quepacidade de acomodação do olho ratocone” – uma doença da cór(isto é, no processo de focalização nea que se manifesta na alteração da imagem na retina). Manifestan- da sua conformação, refletindo-se do-se em idades precoces, a corre- num adelgaçamento progressivo. ção destes erros refrativos carece do uso de meios auxiliares de visão (óculos ou lentes de contacto) ou de cirurgia que permite restabelecer a acuidade visual do paciente de forma célere e praticamente sem dor. Com efeito, com o intuito de fazer um retrato da evolução cirúrgica neste domínio, o especialista começa por delinear o âmbito de atua- Carlos Marques Neves ção do LASIK, referindo que “são as “A Medicina é um trabalho de medições anatómicas do olho que equipa. E aqui essa perceção foi definem o tipo de tratamento a efe- determinante para o sucesso do tuar”. Idealizada para tratar erros projeto que agora cumpre duas dérefrativos – Miopias, Hipermetro- cadas. Os fundadores – os quatro sópias e Astigmatismos –, esta técni- cios e mais duas dezenas de colegas ca inovadora de moldagem da cór- – são uma referência da Oftalmolonea realizada por um feixe Laser, gia portuguesa. E, ao longo destes atua na camada intermédia da cór- 20 anos, essa equipa renovou-se e nea exposta após se levantar a ca- manteve os parâmetros de qualidamada mais superficial. O Laser de de que a coloca hoje entre uma das Excimer, por sua vez, molda a cór- referências da especialidade, ao nínea com o objetivo de alterar a sua vel europeu. curvatura, permitindo assim que A ALM-Oftalmolaser participa os raios luminosos formem um fo- atualmente em ensaios clínicos co sobre a retina. multinacionais, de segurança e de Mantendo-se na vanguarda da terapêutica, e integra uma rede euinovação, na atualidade, a ALM- ropeia de investigação, a EVICR.net. -Oftalmolaser disponibiliza o La- Um dos fatores diferenciadores da ser de Femtosegundo. Resultante Oftalmologia moderna é a capacide um upgrade tecnológico, esta dade de diagnóstico e a possibilitécnica, quando utilizada no domí- dade de orientar o tratamento em

Jantar de comemoração dos 20 anos. Créditos Ana Pereira

função de cada doente. Numa época em que a tecnologia é vista como garantia de qualidade, a verdade é que nesta especialidade é o oftalmologista que pode fazer a diferença e afirmar a qualidade de um centro como o nosso. Ciente da qualidade que oferece, mas também capaz de entender a sua dimensão num mercado cada vez mais concentrado em grandes grupos, a ALM-Oftalmolaser encontra nessa sua caraterística não uma desvantagem, mas um desafio. Sem megaestruturas de apoio é na nossa dedicação que construímos um modelo que se traduz numa relação privilegiada com quem nos procura, mantendo vivo um sistema que valoriza, de forma ca-

da vez mais rara, o ato clínico e a relação médico-doente. Tudo isto sem prejuízo da nossa capacidade de responder com eficácia às complexas relações, seja com os sistemas de regulamentação, os subsistemas de saúde ou com as seguradoras. A nossa preocupação centra-se, por isso, nos doentes. Desde o primeiro contacto, ao balcão de atendimento, até ao dia em que deixam as nossas instalações. É nessa relação, em que a prioridade é o paciente e a busca da melhor solução terapêutica, que se constrói – e continua a construir – esta equipa de excelência. Uma equipa de médicos que afirma o seu sucesso com o contributo de enfermeiros, técnicos e rececionistas.“

Dezembro 2015 ExLibris


Ana Quintas entrevista António Castanheira Dinis Enquanto jovem oftalmologista, Ana Quintas entrevista António Castanheira Dinis, jubilado recentemente, com o objetivo de absorver conhecimento sobre um conjunto de aspetos da especialidade, olhando o passado e antevendo o futuro, com base na atualidade.

Professor, agora que já está Jubilado, como revê a sua vida profissional e académica? Faço esta pergunta como jovem oftalmologista e estou certa de que a sua experiência será útil para o meu futuro profissional. Quanto à vida profissional e académica, nunca me interroguei como se desenvolveram. Na verdade, nunca tive ambições académicas, mas as circunstâncias levaram-me a não recusar o que me foi proposto e acabei por gostar muito de ensinar a juventude, tanto no âmbito de futuros médicos generalistas, como de especialistas. Depois, acabei, também, por me envolver na Pós-graduação em Oftalmologia. Quanto à vida profissional, foi com muito agrado que a desenvolvi e mantenho um prazer imenso no que ainda faço na atualidade. Recentemente, deixei a clínica individual e procuro estar mais integrado num grupo de ‘experts’ que me apoiam e aos quais confio os doentes que carecem de tratamentos mais atualizados. Na verdade, considero serem os executores mais expeditos e modernizados, em termos cirúrgicos e de tratamentos específicos. Hoje em dia, é um nome incontornável da Oftalmologia portuguesa mas, olhando um pouco para trás, como foi o Professor Castanheira Dinis enquanto jovem oftalmologista? Quais foram os seus maiores desafios e como é que os venceu? Desde muito cedo, ainda no 5º ano do Curso, decidi que seguiria Oftalmologia porque senti que esta daria a oportunidade de me satisfazer com o que ela potencia sob o aspeto clínico. Para além disso, considerava a cirurgia ocular ‘limpa’, sem sangue, com aquelas poucas exceções que ainda hoje se verificam. Assim, como muito cedo me encaminhei para a Oftalmologia, e como era uma especialidade pouco procurada à época, tinha como objetivo compreender tudo o que a ela estava associado. Por isso, decidi realizar um estágio de um ano, na Bélgica, antes de concluir a especialidade porque na ExLibris Dezembro 2015

Universidade de Gand primava Quando surgiu a ideia de subso ‘Papa’ da Oftalmologia, à época. tituir o cristalino opacificado Portanto, digo que os desafios par- (Catarata) por uma lente intraocutiram de mim e, se se pode dizer, lar, deu-se uma mudança de paraera eu que os criava e que os reali- digma porque os referidos óculos zava. Este foi um ano ‘sabático’, de já não necessitavam de ser tão grande riqueza clínica e científica, ‘fortes’. Acontece que o aperfeiçoade internacionalização do espírito mento das lentes intraoculares não e de conceitos e de grande aquisi- foi imediato e decorreram alguns ção de conhecimento oftalmológi- anos até se atingir uma plataforco, médico e cirúrgico, para além da ma técnica aceitável que pudesse descoberta das diversas técnicas de transformar o procedimento cidiagnóstico e terapêutica que, mais rúrgico quotidiano da Cirurgia da tarde, viriam a ser implemen- Catarata associada à introdução tadas em Portugal. Por isso, desta lente. E, neste sentido, veio antecipei, conheci e pra- a ficar estabelecido que a melhor tiquei o que de mais ino- técnica seria a de manter a cápsula vador havia no campo da do cristalino in situ, colocando-se Oftalmologia. a lente no interior. Tudo isto levou Outros desafios, mais à Facoemulsificação, bem com ao tarde mas ainda enquanto aperfeiçoamento das referidas lenjovem oftalmologista, terão si- tes intraoculares. do os Concursos Hospitalares A evolução seguinte da Cirurgia e Académicos. Acabei por ficar da Catarata veio a incidir na reduem primeiro lugar em todos eles ção do Astigmatismo pós-cirúrgico, (Carreira Hospitalar), ou por ser diminuindo-se a incisão, entre candidato único antes de outros outras técnicas. Depois, desejoupares (Carreira Académica) e, mais -se colocar o sistema ótico do glouma vez, o desafio partiu de mim, bo ocular sem nenhuma alteração no Doutoramento e no Concurso refrativa, calculando-se através de para Professor Associado. Mas, nes- fórmulas teórico-empíricas espesa altura, já deixara de ser um oftal- cificamente a melhor potência dimologista jovem para passar a ser óptrica. E deu-se início à Cirurgia um ‘par’ da Sociedade Portuguesa Refrativa da Catarata como hoje em de Oftalmologia. Em suma, o gran- dia se procede. de desafio foi a Oftalmologia no seu todo e a ‘vitória’ foi ter conseguido. Quando há 20 anos se fundou a Clínica ALM-Oftalmolaser, e Há temas em que a sendo seu sócio fundador, penOftalmologia é ‘rainha’, pois sou que esta viesse a ter a projeconsegue resolver situações ção de que atualmente desfruta de cegueira a 100% ou próximo no meio oftalmológico? Na realidade, quando em 1993 ideadeste valor, como acontece lizámos a Clínica, não estava projecom a Cirurgia da Catarata. tada para ter a envergadura que hoComo viveu esta evolução no je apresenta. Estava somente destiseu quase meio século de vida nada à Cirurgia Refrativa da córnea, profissional? Muito agradeço a sua ideia de ouvir reunindo um grupo de oftalmoloum sénior e de saber como ele vê a gistas que desejavam desenvolver evolução da Oftalmologia. Sobre a a sua experiência ao nível privado. Catarata, poderei dizer que, quan- Foi um pioneirismo lisboeta muito do comecei a especialidade, o obje- bem acolhido pelos doentes e pelos tivo principal e único era remover colegas. Depois, alguns anos mais tarde, começou a surgir a ideia de se o cristalino opacificado, para que voltasse a existir uma completa conceber uma ‘Clínica de oftalmologistas para oftalmologistas e seus transparência dos meios óticos do globo ocular. Contudo, era necessá- doentes’. Assim, em 1995, é fundada rio substituir o poder dióptrico do a Oftalmolaser e, em 2003, é inaucristalino removido (20 a 23 diop- gurada a ALM-Oftalmolaser – uma trias positivas) por lentes monta- Clínica de outra dimensão, mais gedas em óculos. Só assim a pessoa neralista e, simultaneamente, mais voltaria a ter uma acuidade visual especializada em todas as técnicas funcional e razoável. Certamente, diagnósticas e terapêuticas atualitodos se recordam de uns óculos zadas e inovadoras. Ana, olhando para trás, não se cujas lentes tinham um aspeto de ‘fundo de garrafa’ e que nada mais pensou que fossemos tão longe e, na eram do que a habitual correção óti- atualidade, verificando a projeção ca após Cirurgia de Catarata. que a Clínica tem, só podemos conNão irei falar das técnicas que cluir que o nosso melhor marketing foram sendo usadas e que inci- se deveu aos nossos doentes que se diam numa abertura muito larga sentiram acolhidos e tratados para da córnea, provocando acessoria- os seus males e foram divulgando a mente um enorme Astigmatismo, ALM-Oftalmolaser. Sem dúvida, esmas realço o facto de as suturas tamos gratos pela confiança depoutilizadas serem demasiado ‘gros- sitada e pela fidelidade aos nossos sas’, originando, naturalmente, um cuidados oftalmológicos intenso mal-estar ocular durante, 1 Mahatma Gandhi aproximadamente, um mês. 2 Aristóteles

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Consultas de Oftalmologia Geral e Subespecialidades

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Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo

Promover a Endocrinologia

Congresso Português de Endocrinologia 2016 67ª Reunião Anual da SPEDM A realizar de 28 a 30 de janeiro, no Hotel Vila Galé em Coimbra, o Congresso Português de Endocrinologia 2016 / 67ª Reunião Anual da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM) representará uma excelente oportunidade de intercâmbio de conhecimento e experiência neste campo do saber. “As doenças endócrinas e metabólicas nais, trabalhos de grande valor ciensão muito frequentes e é importan- tífico”, evidencia Francisco Carrilho. Os Encontros com o Especialista te que sejam melhor diagnosticadas e tratadas”. Neste sentido, “o Con- servirão para abordar temas como: gresso Português de Endocrinologia «Hiperparatiroidismo primário», 2016 / 67ª Reunião Anual da Socie- «Emergências endócrinas» e «Síndade Portuguesa de Endocrinologia, drome testosterona baixa – quem Diabetes e Metabolismo (SPEDM) tratar?», no dia 29 de janeiro; «Deassume-se como um palco privile- ficiências de Vitamina D: quem rasgiado para a melhoria dos conheci- trear, quando e como tratar», «Diabementos, sendo importante a partici- tes no Internamento» e «Insuficiênpação não só dos endocrinologistas, cia cortico-supra-renal-terapêutica», mas também de colegas de outras es- no dia 30. Já as Conferências serão, pecialidades médicas com patologias no dia 29, sobre «Novas tecnologias comuns”, afirma Francisco Carrilho, no tratamento da Diabetes: presenpresidente da SPEDM. Perspetivan- te e futuro» e «O ano em Hipófise» e, do juntar mais de 600 participantes, no dia 30, sobre «O ano em Tiroide» o Congresso contará com a presença e «Pitfalls in Thyroid function tests». de conceituados palestrantes nacio- Haverá ainda quatro sessões clíninais e internacionais que, em conjun- cas: «Controvérsias na terapêutica to, irão promover um profícuo debate injetável na Diabetes Tipo 2», «Diasobre as patologias do foro endócri- betes não é só glicémia», «Otimizano, numa abordagem que se preten- ção e individualização terapêutica de que seja diversificada e transver- na Diabetes Mellitus Tipo 2» e «Casal a todos os domínios desta espe- nagliflozina: Um passo em frente na inibição do SGLT2». cialidade médica. Além disso, materializando a coComo tem sido habitual, “o Programa terá Cursos Pré-congresso, operação com diversas Sociedades Conferências, Encontros com o Es- Científicas, como é já tradição da pecialista e Sessões Clínicas com SPEDM, nesta edição do Congresso a participação de colegas de reco- estará também presente a Sociedade nhecido mérito nacional e interna- Espanhola de Endocrinologia e Nucional”. Os horários nobres do Con- trição. Num Joint Meeting a acontegresso serão preenchidos com comu- cer no dia 30 de janeiro, investiganicações orais sobre os mais variados dores dos dois países apresentarão temas. “Damos muita importância a trabalhos que estão a suscitar muito esta parte do Programa porque con- interesse e centrados no tema deste sideramos que as comunicações ano que é «Disruptores Endócrinos orais devem servir para mostrar o na Patologia Humana». A este propóque os endocrinologistas estão a fa- sito, Francisco Carrilho explica que zer de diferenciado e com impacto “os disruptores endócrinos são subsna comunidade médico-científica tâncias químicas exteriores ao nosso nacional e internacional. Temos um organismo e que atuando no sistema número crescente de jovens endocri- endócrino alteram a fisiologia hornologistas, de grande qualidade, que monal endócrina. Diversos estudos têm apresentado, com regularidade, científicos têm comprovado o efeiem reuniões nacionais e internacio- to adverso de disruptores endócri-

nos no nosso organismo”. Podemos encontrá-los em pesticidas, produtos eletrónicos, produtos de higiene pessoal, cosméticos, aditivos alimentares e contaminantes. Recentemente, a Organização Mundial da Saúde apresentou um relatório (State of the Science of Endocrine Disrupting Chemicals) que alerta para os potenciais perigos dos efeitos destas substâncias e para a necessidade de se investigar melhor o seu real impacto sobre a saúde e o ambiente. O Programa completo do Congresso Português de Endocrinologia 2016 e outras informações importantes sobre o evento podem ser consultadas em: http://www.congressoportuguesdeendocrinologia.com/. Objetivo da SPEDM: Assegurar tratamentos e difundir conhecimento junto do grande público Para terminar, Francisco Carrilho, presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, traça uma pertinente aná-

lise sobre a evolução desta área do saber: “A Endocrinologia é uma especialidade multifacetada. Não age sobre nenhum órgão específico, mas sim sobre todo o organismo, atuando em todas as glândulas de produção endócrina. Por isso, temos várias áreas, nas quais assumem o protagonismo a Diabetes, a Tiroide e a Obesidade, as doenças do Hipotálamo-Hipofisárias, as da Supra-Renal, das Gónadas (ovários e testículos), do Metabolismo Ósseo e as alterações do crescimento e da puberdade. Além disso, sendo uma especialidade em constante evolução, o desenvolvimento da Imagiologia médica e de técnicas laboratoriais de diagnóstico tornaram a Endocrinologia numa área médica com grande evidência. As hormonas circulam no sangue em quantidades muito reduzidas. Até há uns anos, não havia possibilidade de doseá-las na corrente sanguínea, no entanto a evolução dos meios laboratoriais e da imagem médica permitiu diagnosticar e mostrar que as doenças glandulares e endócrinas são frequentes – muita gen-

te pensava que eram raras – e de difícil tratamento. Acrescentando a isto a mudança do estilo de vida verificado nas últimas décadas, que levou ao aumento da Diabetes e da Obesidade para números extraordinários, a Endocrinologia assume, na atualidade, grande relevância”. Assim, implementando uma filosofia de atuação a montante da doença, “a SPEDM pretende encetar estratégias no sentido de fazer uma maior divulgação junto do grande público, transmitindo conhecimento e mostrando como se faz a prevenção e o tratamento das doenças endócrinas. Sabemos que este é um caminho difícil e muitas vezes inglório, mas pretendemos cooperar na mudança de comportamentos e de hábitos nocivos e, consequentemente, na promoção de estilos de vida saudáveis”. Simultaneamente, “a SPEDM continuará a pugnar para que, em Portugal, estejam disponíveis as tecnologias mais avançadas para o tratamento de todas as doenças endócrinas e metabólicas”, afirma Francisco Carrilho

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Dezembro 2015 ExLibris


Saúde

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Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra

Fomentando a padronização das melhores práticas clínicas na prevenção, no diagnóstico e no tratamento das doenças endócrinas, o Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra conquistou o estatuto de Instituição de Saúde de referência nacional. Sendo um Centro de inovação e saber, e apesar de colocar o pendor da sua ação na atividade assistencial, o Serviço afirma-se como agente promotor da excelência ao nível do ensino e da investigação. Em entrevista ao ExLibris®, Francisco Carrilho, diretor, abre-lhe as portas do Serviço para dar a conhecer este agente de conhecimento e de proficiência. Atravessamos o rio Mondego pa-

Referência de qualidade e de inovação em Endocrinologia

Francisco Carrilho, diretor do SEDM do CHUC

ExLibris Dezembro 2015

ra contemplar uma metrópole que, desde a Baixa até à Alta da cidade, se afirma como um dos berços mais emblemáticos do conhecimento científico. Coimbra, a eterna «cidade dos estudantes», é hoje reconhecida internacionalmente como a capital portuguesa da Saúde, estando na linha da frente da qualidade e da inovação dos cuidados assistenciais prestados à população. E é neste enquadramento que encontramos um Serviço ímpar, referenciado pela sua excelência em Portugal e além-fronteiras: o Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SEDM) do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC). O ExLibris® abre-lhe as portas de um dos mais conceituados interlocutores do saber nesta área do conhecimento que, ao longo da sua ação enquanto impulsionador da atividade assistencial e científica, tem contribuído para o desenvolvimento, em lato sensu, da Medicina, através de feitos indeléveis, de abordagens clínicas visionárias e da conceção de técnicas de vanguarda. Perspetivando uma atuação global e integrada, esta apresenta-se como uma Instituição diferenciada,

tendo no seu código genético uma ação assente em três vetores fundamentais: assistência clínica, ensino pré e pós-graduado e investigação. Com referências históricas que remontam a 1974, o Serviço conta já com 41 anos de atividade que são, simultaneamente, o corolário de uma atuação centrada na excelência e orientada para a prestação de cuidados diferenciados, com eficiência e qualidade, em articulação com as necessidades da região onde se insere. Acompanhando a evolução da Medicina nas últimas décadas, o SEDM foi contribuindo ativamente para o «Estado da Arte» em Endocrinologia. Assim, assumindo-se como um importante centro de formação, difusão e estandardização das melhores práticas clínicas, o Serviço apresenta um corpo de médicos altamente credenciado, com grande tradição na ligação a centros clínicos e de investigação de prestígio nacional e internacional. Isto demonstra bem a motivação destes especialistas em aprofundar os seus conhecimentos e em estar one step ahead nesta área do saber, disponibilizando as abordagens mais vanguardistas que potenciem o melhor tratamento e a qualidade de vida dos doentes que procuram o Serviço. Além disso, o SEDM detém, igualmente, uma equipa de Enfermagem própria e altamente especializada que acompanha, com facilidade, a inovação e a atualização dos conhecimentos. Organização funcional promove diferenciação clínica Colocando o pendor da sua ação no doente, o Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo do CHUC aborda a Saúde de forma integrada e personalizada. “Somos um Serviço fim de linha para as doenças endócrinas e metabólicas, das quais se destacam como mais frequentes a Diabetes, a Obesidade e as doenças da Tiroide, mas também as doenças do Hipotálamo-Hipofisárias, as da Supra-Renal, das Gónadas (ovários e testículos), do Metabolismo Ósseo e as alterações do crescimento e da puberdade. Por isso, as nossas orientações estão de acordo com a necessida-


de de aprofundar o conhecimento nestas áreas do saber, disponibilizando os tratamentos e as abordagens mais inovadoras”, refere Francisco Carrilho, diretor do SEDM. Assim, para dar uma resposta eficaz e adequada ao volume de utentes e às suas necessidades e expectativas, o Serviço apresenta uma estrutura funcional e hierarquizada, em que cada área está sob a égide de um responsável – um rosto que se responsabiliza pelo setor e que responde pelo trabalho desenvolvido, pela equipa que coordena e pelos resultados apresentados. Todos estes parâmetros de qualidade são reportados, periodicamente, ao diretor do Serviço que, naturalmente, tem a tutela e a responsabilidade da estrutura operacional e salvaguarda o cumprimento dos mais elevados padrões de excelência e de rigor. Estas metodologias são precursoras do sucesso e têm possibilitado ao Hospital progredir enquanto impulsionador da qualidade. Assim, e de acordo com o organograma desenvolvido por Francisco Carrilho, a entrada no Serviço é operacionalizada através da Urgência, do Internamento – com 16 camas, sendo, portanto, o Serviço com maior capacidade do país –, ou mediante a Unidade de Consultas Externas, que disponibiliza a realização de consultas de Endocrinologia Geral, da Tiroide e da Diabetes. Neste domínio, o Serviço possibilita a posterior referenciação do paciente para Consultas Diferenciadas ou para Consultas Multidisciplinares. Os doentes com patologias de

tumores da Hipófise, Cancro da Tiroide, tratamento da Diabetes com recurso a Bombas Infusoras de Insulina, Obesidade e posterior acompanhamento após realização de Cirurgia Bariátrica encontram, neste segmento, um acompanhamento altamente diferenciado e especializado que é apanágio do SEDM do CHUC. Evidenciando, simultaneamente, um enfoque na personalização da atividade clínica, o Serviço, ainda no âmbito das Consultas Diferenciadas, prevê as Consultas de Transição em Endocrinologia e em Diabetes, direcionadas para os jovens com idades compreendidas entre os 18 e os 22 anos até então consultados no Hospital Pediátrico. De acordo com o diretor do Serviço, “estes doentes têm uma consulta para se poderem adaptar progressivamente às metodologias de um Hospital de adultos com a tranquilidade tão necessária nestas faixas etárias”. Tendo como objetivo o tratamento integral do doente, existem também as Consultas Multidisciplinares, onde a cooperação entre diferentes especialistas potencia o nível de prestação de cuidados. Exemplo categórico desta premissa reside na Endocrinologia e Obstetrícia que, sendo uma consulta realizada na Maternidade, acompanha grávidas maioritariamente com Diabetes gestacional e/ou com disfunções tiroideias. A participação conjunta do endocrinologista e do obstetra é muito relevante, tendo sido realizadas 2 815 consultas no ano transato. Por sua vez, a consulta de Dia-

19AS JORNADAS DE ENDOCRINOLOGIA E DIABETES DE COIMBRA REALIZADAS ENTRE OS DIAS 6 E 7 DE NOVEMBRO, AS 19AS JORNADAS DE ENDOCRINOLOGIA E DIABETES DE COIMBRA REPRESENTARAM UMA EXCELENTE OPORTUNIDADE PARA JUNTAR VÁRIOS GRUPOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM TORNO DA DISCUSSÃO CLÍNICA, DA APRESENTAÇÃO DE ESTUDOS CIENTÍFICOS E DE CURSOS PRÁTICOS EM ÁREAS ESPECÍFICAS DA ENDOCRINOLOGIA E DIABETES. ORGANIZADO PELO SERVIÇO DE ENDOCRINOLOGIA, DIABETES E METABOLISMO DO CHUC, ESTE EVENTO ACOLHEU MAIS DE 800 PARTICIPANTES, ENTRE PROFISSIONAIS E INVESTIGADORES QUE DESENVOLVEM ATIVIDADE NESTE DOMÍNIO DA SAÚDE. REALIZADAS PELA PRIMEIRA VEZ EM 1979, ESTAS SÃO PROVAVELMENTE AS JORNADAS DE ENDOCRINOLOGIA E DIABETES, COM ORGANIZAÇÃO REGULAR, MAIS ANTIGAS DO PAÍS. ATÉ 2012, ESTA REUNIÃO ASSUMIA UMA PERIODICIDADE DE DOIS EM DOIS ANOS, NO ENTANTO, QUANDO FRANCISCO CARRILHO ASSUMIU A DIREÇÃO DO SEDM PASSOU A TER REALIZAÇÃO ANUAL. APRESENTANDO UMA ABORDAGEM TRANSVERSAL SOBRE AS DIVERSAS ÁREAS DE INTERESSE DA ENDOCRINOLOGIA, A EDIÇÃO DESTE ANO ABRIU COM A CONFERÊNCIA PROFERIDA PELO DR. LIMA REIS SOBRE O IMPORTANTE TEMA «UTOPIAS ALIMENTARES» E CONTEMPLOU SESSÕES CLÍNICAS SOBRE TIROIDE E DIABETES TIPO 2, CURSOS PRÁTICOS DE INSULINOTERAPIA E CONFERÊNCIAS COM DIVERSOS TEMAS COM GRANDE ATUALIDADE: «CONTRACEÇÃO HORMONAL FEMININA EM 2015»; «O OBESO SAUDÁVEL É REALMENTE SAUDÁVEL?»; E «O QUE FAZEM AS HORMONAS NO DESEJO SEXUAL?». ALÉM DISSO, TEVE TAMBÉM LUGAR O XIII SIMPÓSIO DE ENDOCRINOLOGIA E DIABETES NA GRAVIDEZ, QUE TEM REALIZAÇÃO DE DOIS EM DOIS ANOS, COM PRESIDÊNCIA DA PROF.ª MANUELA CARVALHEIRO, A QUAL FOI, AO LONGO DE MUITOS ANOS, A PRINCIPAL INCENTIVADORA DA SUA REALIZAÇÃO. COMO JÁ É HABITUAL, NO DIA ANTERIOR AO INÍCIO DAS JORNADAS, A 5 DE NOVEMBRO, REALIZOU-SE UM CURSO DE DIABETES PARA ENFERMEIROS.

betes e Transplantação Renal afirma-se como uma estrutura orgânica multidisciplinar orientada para diabéticos cujo quadro clínico exige a realização de transplante ou para doentes renais que, por via da administração dos fármacos imunossupressores após a transplantação, desenvolvem a Diabetes. São também consultados nas Consultas Multidisciplinares, por endocrinologistas e psiquiatras, distúrbios alimentares como a Anorexia, Bulimia e Obesidade. Numa intervenção conjunta entre Endocrinologia, Podologia, Cirurgia Vascular e Ortopedia, a consulta do Pé Diabético tem, por sua vez, como principal realizadas 2 019 sessões direcionaobjetivo desenvolver cuidados dife- das para 1 215 doentes, o que, de facrenciados para evitar a amputação. to, corrobora a eficiência dos cuidaUm bom exemplo de pioneiris- dos assistenciais prestados. mo, evolução e progresso do CHUC centra-se na criação da Unidade Re- Ao serviço da evolução científica construtiva Genito-Urinária e Sexu- Evidenciando a matriz idential (URGUS). Assegurada por 15 es- tária que flui no seu ADN e paupecialistas das áreas da Cirurgia tando a sua atuação pela permaPlástica, Endocrinologia, Gineco- nência na vanguarda, o Serviço logia, Psiquiatria e Urologia, esta de Endocrinologia, Diabetes e afirma-se como uma estrutura in- Metabolismo do CHUC afirma-se, tegradora das diferentes especiali- igualmente, no ensino e na invesdades necessárias para a realização tigação. Neste sentido, em estreide mudança de sexo em indivídu- ta colaboração com a Faculdade os com perturbações de identidade de Medicina da Universidade de de género. O endocrinologista é res- Coimbra, o Serviço participa no ensiponsável pela transformação hor- no pré-graduado da Endocrinologia monal necessária antes da cirurgia através da Unidade Curricular de definitiva para mudança de sexo e Patologia Médica II, com regência também pelo seguimento posterior da Prof.ª Leonor Gomes. Já ao nível da formação pós-graduada, o SEDM do tratamento hormonal. A abordagem clínica e a gestão assume-se como palco de formação promovidas pela direção, bem co- para internos de Endocrinologia, mo a otimização dos seus recursos, Nutrição, Medicina Geral e Familiar, permitem ao SEDM obter significa- e Medicina Interna. Ainda neste dotivos rácios de eficiência. Assim, em mínio, o SEDM do CHUC criou a 2014, foram admitidos no Interna- Escola da Diabetes [mais informamento 595 doentes, o que se reper- ção na página seguinte] que visa cute numa demora média de 8,03 ministrar formações sobre diversos dias, que, segundo Francisco Carri- temas relacionados com a Diabetes, lho, “é superior ao desejado devido dirigidas aos profissionais de saúde aos casos de Pé Diabético e de Ano- e aos cuidadores que se ocupam do rexia que, dada a sua complexidade, tratamento de pessoas diabéticas. Afirmando-se, igualmente, como requerem um período de internamento mais prolongado”. Ao nível um importante palco de produção das Consultas Externas, as áreas de científica, o Serviço tem participado Diabetologia, Endocrinologia, Ti- em investigação clínica colaborando, roide, Obesidade, Oncologia Tiroi- sempre que possível, em estudos nadeia e de Endocrinologia Obstétrica cionais e internacionais. Refere-se foram as que assumiram maior im- projetos de investigação científica pacto no universo de 23 406 consul- dos quais são exemplo o ERCUSYN tas realizadas em 2014. No Hospital – Registo Europeu de Síndrome de de Dia, no ano em questão, foram Cushing e Avaliação de Qualidade

de Vida; DIAMARKER Project: Genetic Susceptibility for Multi-systemic Complications in Diabetes Type 2; Marcadores Moleculares de Prognóstico e Seleção Terapêutica em Carcinomas Diferenciados da Tiroide; ENSAT — European Network for the Study of Adrenal Tumors, entre outros igualmente relevantes e com impacto nesta especialidade da Medicina, contribuindo determinantemente para o seu progresso e evolução. Muito do conhecimento criado pelos elementos que compõem o Serviço é apresentado e difundido nos principais palcos científicos da especialidade, aos níveis nacional e europeu, uma vez que os médicos do SEDM assumem responsabilidades de direção em inúmeras Sociedades Científicas e Grupos de Estudo em diversas áreas de interesse da Endocrinologia. A par destes eventos, o Serviço organiza, anualmente, as Jornadas de Endocrinologia e Diabetes de Coimbra que representam um importante momento de partilha de conhecimento. A 19ª edição destas Jornadas teve lugar no passado mês de novembro [ver caixa de texto]

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Praceta Prof. Mota Pinto 3000-075 Coimbra Telefone

Consultas Externas

239 400 423

239 400 536

Fax

Internamento

239 825 879

239 400 632

www.endocrinologia-chuc.org Dezembro 2015 ExLibris


Saúde

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Escola da Diabetes

ESCOLA DE DIABETES 2016

18 de Fevereiro Formação em Diabetes para enfermeiros e cuidadores de pessoas idosas no domicílio e em instituições 15 de Abril Pé diabético 20 de Maio Insulinoterapia na Diabetes tipo 2 Autocontrolo glicémico 24 de Junho Terapêutica Farmacológica na Diabetes tipo 2 Nutrição na Diabetes tipo 2 07 de Outubro Terapêutica Nutricional na Diabetes Casos Clínicos

Escola da Diabetes: Formação para todos os que tratam e cuidam das pessoas com Diabetes ExLibris Dezembro 2015

11 de Novembro Tratar a Diabetes no Domicílio e em Instituições 25 de Novembro Diabetes: como tratar a IRC ligeira a moderada, Hipertensão Arterial, Dislipidemia, Apneia do Sono e Disfunção Sexual Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo Diretor: Dr. Francisco Carrilho Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra Pretendendo transmitir conhecimentos, o Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SEDM) do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) criou a Escola da Diabetes com o objetivo de realizar cursos de formação para profissionais de saúde interessados no tratamento da Diabetes, bem como para cuidadores de diabéticos. Os temas lecionados, o plano curricular e os docentes de cada módulo são criteriosamente escolhidos pela Comissão Científica da Escola. O corpo docente é constituído por médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos e podologistas com experiência no tratamento da Diabetes e em formação profissional. Respeitando a programação anual estabelecida, os cursos são organizados e disponibilizados em módulos temáticos, com objetivos, metodologias de ensino e público-alvo bem definidos.

Apresentando uma duração variável, cada curso termina com um teste de avaliação. As formações são presenciais e decorrem no CHUC. Tendo como preocupação ministrar cursos dirigidos a públicos variados, a Escola objetiva, também, potenciar o tratamento multidisciplinar da Diabetes. “Importa formar profissionais e cuidadores, definir áreas de intervenção, hierarquizar e responsabilizar os vários agentes envolvidos no tratamento desta patologia. Pois, esta doença deve ser tratada por grupos multidisciplinares organizados, em que o médico assume uma posição de liderança. Assim, consegue-se ter uma capacidade mais alargada de ver e de tratar o diabético. É uma patologia crónica, ou seja, que implicará cuidados de saúde ao longo de toda a vida do doente. Por isso, torna-se imperioso criar condições de autonomia e permitir o autocontro-

lo da doença e, para tal, tem que se ir além da formação dirigida a profissionais e especialistas e formar também cuidadores e doentes”, evidencia Francisco Carrilho, diretor do SEDM do CHUC e presidente da Comissão Científica da Escola. Em 2015, o Programa contou com quatro cursos nas seguintes áreas: Pé Diabético, Insulinoterapia na Diabetes Tipo 2 e Autocontrolo glicémico na Diabetes Tipo 2, Terapêutica Farmacológica na Diabetes Tipo 2 e Nutrição na Diabetes Tipo 2, Terapêutica Nutricional na Diabetes e casos clínicos. Tecendo um balanço extremamente positivo deste primeiro ano de atividade da Escola, Francisco Carrilho adianta que “as 25 vagas de cada curso foram sempre preenchidas. Pelo facto de termos registado uma enorme adesão, em 2016 vamos alargar a nossa oferta formativa para sete sessões temáticas [consultar programação]”

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Saúde

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Centro Universitário de Medicina — FMUP/CHSJ

A FMUP em números Presentemente, estão alocados à FMUP:

2885

Estudantes

297

Docentes e Investigadores

162

Trabalhadores Não Docentes

15

Cursos de Mestrado

11

de Doutoramento

2

Unidades de Investigação

O CHSJ em números Num dia comum ocorrem no CHSJ as seguintes atividades:

7

Partos

116

Altas de Internamento

118

Intervenções Cirúrgicas

515

Sessões de Hospital de Dia

744

Atendimentos nas Urgências

758

Primeiras Consultas

Em 2015, a nota mínima de acesso ao Mestrado Integrado em Medicina na UP foi de 186,7: a mais elevada entre as Faculdades de Medicina e de Ciências Médicas do país. Em 2015, pelo segundo ano consecutivo, e pelo oitavo no conjunto dos últimos 11 anos, o Centro Hospitalar de São João foi considerado o melhor Hospital português, de acordo com o Ranking promovido para esse efeito pela Escola Nacional de Saúde Pública.

Articulação entre a formação de médicos e a prática da Medicina

Pretendendo alcançar ambiciosos patamares de excelência, o Centro Universitário de Medicina (CUME) congrega, numa simbiose perfeita, duas marcas de qualidade articuladas numa cátedra de pensamento crítico e de “É preciso ensinar Medicina para se praticar Medicina com qualidade” – este foi o mote para a conversa que o ExLibris® teve com Maria Amélia Ferreira e Nuno Montenegro, diretora e subdiretor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP). De facto, ensino e prática da Medicina são dois domínios in-

Projetos do CUME, a concretizar a médio e a longo prazo: Centro Europeu de Medicina Translacional; Centro de Simulação Biomédica; Centro de Investigação Clínica.

criação de conhecimento. Esta parceria entre a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e o Centro Hospitalar de São João e visa o desenvolvimento de novos projetos na área da Saúde. Desta forma, otimizando

recursos e potenciando resultados, o CUME irá consubstanciar-se numa das estruturas mais emblemáticas e com maior impacto na comunidade médico-científica, aos níveis nacional e internacional.

dissociáveis. E, por isso, numa edi- ta a retoma da noção de Hospitalção em que lhe damos a conhecer a -Escola que está presente na cidade qualidade e a diferenciação patente- do Porto desde 1825 – data em que adas em diversos Serviços e especia- foi criada a FMUP, então designalidades do Centro Hospitalar de São da como Real Escola de Cirurgia do João (CHSJ), não poderíamos pas- Porto. Mais tarde, o projeto – visiosar à margem da criação do Centro nário à época – do Hospital de São Universitário de Medicina (CUME). João, contemplou a criação de um Este é um projeto distinto que nas- edifício único onde se ensinasse e ce da parceria formalizada, a 31 de praticasse Medicina. Assim, desde agosto, pelos ministros do Ensino 1959, Faculdade e Hospital vivem a Superior e da Saúde, entre o Centro paredes meias. No entanto, “chegou Hospitalar de São João e a Faculda- agora a hora de ir mais além e de de de Medicina da Universidade do transformar esta coexistência físiPorto. Tal como Maria Amélia Fer- ca num verdadeiro compromisso de reira sentenciou, na sessão de apre- articulação funcional”, afirma Nuno sentação, “o CUME é o casamento Montenegro. Com efeito, “este conde duas instituições que há muito sórcio pretende operacionalizar a interligação entre estas duas instivivem em união de facto”. Efetivamente, o CUME represen- tuições, através da criação de proje-

tos concretos desenvolvidos nos domínios do ensino, da assistência e da investigação biomédica”, acrescenta Maria Amélia Ferreira. Sendo referências categóricas de excelência no domínio da Medicina, “seria contranatura que a FMUP e o CHSJ não unissem esforços para se assumirem como uma Unidade ímpar ao serviço da Saúde e da Ciência”, afirma Nuno Montenegro, evidenciando que “há uma evidência clara de que, para além de saber prestar cuidados de saúde, o médico tem de apresentar uma inequívoca cultura de rigor, de exigência e de ciência e estas premissas são adquiridas na Faculdade. Por isso, queremos unir formalmente os domínios do ensino e da prática da Medicina, passando da retórica à prática e assumindo o CUME como uma Instituição distintiva e influenciadora. Queremos que os alunos que escolhem a FMUP saibam que têm um Hospital comprometido com sua formação ao nível da prática clínica e, paralelamente, queremos que os médicos que trabalham no CHSJ reconheçam que têm uma Faculdade comprometida em promover a sua formação pós-graduada”. Neste sentido, potenciando a qualidade patenteadas por estas duas Unidades, “agregando massa crítica, adquirindo maior capacidade e impacto científico e potencial de investigação de translação, o CUME afirma-se como uma estrutura muito competitiva do ponto de vista da cidade, da região e do país”, reitera a diretora da Faculdade de Medicina da UP.

ximas ações do CUME permitirão a criação do Centro Europeu de Medicina Translacional, onde estará incluído um banco de dados que representará um valor acrescentado para a investigação clínica. Além deste, outro projeto incidirá mais diretamente no domínio da formação pré e pós-graduada: o Centro de Simulação Biomédica. Esta estrutura consubstanciar-se-á num centro de treino de equipas multiprofissionais e de cirurgia experimental, onde os futuros especialistas poderão fazer uma aprendizagem virtual de técnicas de vanguarda. Neste contexto, importa que se desenvolva também capacidade de investigação e se apresente um pensamento crítico consolidado, no sentido de proporcionar uma exímia cultura científica às novas gerações de médicos. E, por isso, a par destas estruturas, o CUME estará, igualmente, apostado na criação do Centro de Investigação Clínica”, afirma Maria Amélia Ferreira. Fazendo jus aos legados da Faculdade e do Hospital e aos feitos indeléveis de todos aqueles que contribuíram para as suas histórias, o CUME assume a responsabilidade de contribuir ativamente para a evolução da Medicina, investindo na inovação científica e tecnológica, na criação e transmissão de conhecimento e na formação académica de médicos altamente qualificados

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Afirmar o CUME como uma referência à escala global Para concretizar a sua missão, o Centro Universitário de Medicina vai implementar três projetos de grande relevância e impacto em Portugal e além-fronteiras: “As próDezembro 2015 ExLibris


Saúde

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Assumindo-se como um interlocutor privilegiado da inovação e, simultaneamente, como uma Unidade de cuidados de saúde multidisciplinar, o Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar de São João patenteia uma ação fundeada na humanização da Saúde, em prol da melhoria dos cuidados assistenciais. Fomentando a estandardização das melhores práticas clínicas na prevenção, no diagnóstico e no tratamento das doenças deste foro, o Serviço norteia a sua atuação pela diferenciação tecnológica e pela excelência do corpo clínico, introduzindo, reiteradamente, fatores de inovação, dos quais se destaca a Ecografia por via endoscópica – uma técnica fundamental no estadiamento do Cancro do Pulmão. Em entrevista ao ExLibris®, Agostinho Marques, diretor, evidencia o pioneirismo que flui no ADN do Serviço e a sua estratégia de crescimento. Numa pertinente reflexão sobre o futuro da saúde pulmonar, o especialista defende a necessidade da criação de um Centro do Sono. Regressámos ao Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar de São João (CHSJ) com o objetivo de avaliar a evolução aos níveis da assistência clínica, do ensino pré e pós-graduado e da investigação. De facto, ao longo da sua ação, este agente do conhecimento tem acompanhado a evolução da Medicina nas últimas décadas e contribuído ativamente para o «Estado da Arte» em Pneumologia. 36 anos de atividade são, assim, o corolário de uma atuação centrada na excelência e orientada para a prestação de cuidados diferenciados, com eficiência e qualidade, em articulação com as necessidades da região onde se insere. Assim, assumindo-se como um importante centro de formação, difusão e estandardização das meExLibris Dezembro 2015

Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar de São João

Há mais de três décadas a inovar em Pneumologia

Agostinho Marques, diretor do Serviço de Pneumologia do CHSJ

lhores práticas clínicas, a Unidade apresenta um corpo clínico altamente credenciado, composto por profissionais com uma vasta experiência e vocacionados para tratar doentes respiratórios graves que, na sua maioria, são muito dependentes e complexos. “Tendo em conta a alteração sociodemográfica verificada nas últimas décadas, a par de um exponencial desenvolvimento tecnológico, o Serviço registou um crescimento acentuado ao longo dos anos, resultado de uma procura cada vez maior, seja pelo aumento da incidência das doenças respiratórias na população portuguesa, seja pelo reconhecimento do CHSJ enquanto Instituição de qualidade e de credibilidade”, afirma Agostinho Marques, diretor do Serviço. De facto, com o intuito de responder eficazmente às necessidades da população, “o Hospital tem incrementado significativamente a sua capacidade e atividade assistenciais, no sentido de permitir uma maior acessibilidade através do aumento do número de primeiras consultas. Este objetivo tem sido alcançado à custa da dedicação e da motivação

das equipas médicas, uma vez que o CHSJ, em consonância com o panorama nacional, tem levado a cabo uma política de racionalização de recursos e, simultaneamente, de contenção de custos”, refere o médico pneumologista, acrescentando que, “apesar destes constrangimentos, a aposta mantém-se na qualidade como uma marca identitária deste Centro Hospitalar que está a promover a certificação na maior parte dos seus Serviços”. Promoção da diferenciação e excelência clínicas Colocando o pendor da sua ação no doente, o Serviço aborda a Saúde de forma integrada e personalizada. Assim, para dar resposta eficaz e adequada ao volume de utentes e às suas necessidades e expectativas, este apresenta uma estrutura funcional que pretende dar cumprimento à natureza das suas atividades, em quantidade e diferenciação, impostas pela sua missão assistencial. Com efeito, a extensa atividade clínica é desenvolvida através das valências de Ambulatório (consultas externas e exames de diag-

nóstico), do Laboratório de Fisiopatologia (que permite estudos de mecânica ventilatória, estudos funcionais no recém-nascido e estudos de exercício), do Laboratório do Sono, da Unidade de Reabilitação Respiratória e do Internamento. Registando as doenças respiratórias elevada prevalência na sociedade, o Serviço promoveu uma setorização por superespecialização no âmbito da Consulta Externa, criando unidades vocacionadas para prestar um tratamento mais direcionado a cada patologia. Assim, na atualidade, o Serviço recebe utentes ao nível da Consulta Geral, da Oncologia Pneumológica, da Asma, da Consulta de Apneia do Sono, da Insuficiência Respiratória, da Patologia Intersticial, da Desabituação Tabágica e da Consulta de Ventilação Não Invasiva. Nestas áreas, “recebemos milhares de doentes por ano. Um dos maiores problemas do Ministério da Saúde são as listas de espera e, infelizmente, a Pneumologia contribui negativamente para estes dados. Temos uma procura muito grande e há áreas em que, efetivamente, não apresentamos a devida

capacidade de resposta, como por exemplo nos casos de Apneia do Sono em que o doente pode ter de esperar mais de dois anos por uma consulta. Isto porque a capacidade de atração deste Serviço é elevada e, consequentemente, o fluxo de utentes é enorme. No entanto, nesta patologia, este panorama verifica-se ao nível mundial, uma vez que, tendo o aumento da esperança média de vida potenciado a prevalência da Apneia do Sono, estão a ser identificados tantos casos que nenhuma Unidade de Saúde no mundo consegue promover uma resposta eficaz. No entanto, há domínios em que eletivamente não deixamos haver atraso. Se nos chega um pedido de consulta e há indicação ou suspeita de Cancro do Pulmão, então esse doente ultrapassa todos os outros. E, infelizmente, estas situações são cada vez mais frequentes”, adianta o entrevistado. Paralelamente, nas patologias com menor incidência na população como, por exemplo, as do Interstício Pulmonar, o Serviço regista, igualmente, elevada procura porque detém uma equipa dedicada a esta área – articulando a


A UNIDADE APRESENTA UM CORPO CLÍNICO ALTAMENTE CREDENCIADO, COMPOSTO POR PROFISSIONAIS COM UMA VASTA EXPERIÊNCIA E VOCACIONADOS PARA TRATAR DOENTES RESPIRATÓRIOS GRAVES QUE, NA SUA MAIORIA, SÃO MUITO DEPENDENTES E COMPLEXOS prática clínica com a investigação – que se consubstancia numa referência nacional. “Os médicos responsáveis por cada subespecialidade são, de facto, clínicos de grande diferenciação. Orgulho-me de dirigir uma equipa tão capaz e notável”, reitera o conceituado pneumologista. Sendo o acesso a estas Consultas diferenciadas efetivado, maioritariamente, através dos Cuidados Primários, o Serviço promove iniciativas que visam uma intervenção precoce e especializada. A relação de proximidade que se estabelece com Centros de Saúde é, como afiança Agostinho Marques, “um objetivo que foi bastante dinamizado no último ano, uma vez que a Instituição fomentou sessões de formação e de esclarecimento junto dos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) do Porto relativas a diferentes temas, destacando-se a problemática da Oxigenoterapia

Equipa do Serviço de Pneumologia do CHSJ

em que se exige que seja o pneumologista a passar a primeira prescrição”. Com esta estratégia diferenciada “facilitamos não só o acesso de doentes ao Hospital, como quebramos as barreiras e simplificamos os processos de apoio. O sistema está concebido para que o utente esteja diretamente ligado ao seu médico de família, recorra ao Hospital em situações agudas e regresse, posteriormente, aos cuidados de Medicina Geral e Familiar”, adianta. Ao nível do Internamento, a Unidade apresenta “uma capacidade de 21 camas, onde se incluem três quartos duplos de isolamento com pressão negativa, e uma taxa de ocupação plena, sendo que esta é sempre superior a 90%. Note-se que, muitas vezes, esta lotação acaba por ultrapassar os 100%, quando temos doentes internados ao cuidado da Pneumologia nas restantes enfermarias do Hospital. Se a nossa

capacidade estiver esgotada e chegar um paciente com situação aguda, necessitando de ser internado, este é levado para a enfermaria onde houver cama e, posteriormente, são os pneumologistas que lhe vão prestar a devida assistência. Esta é a política de gestão de camas instituída no CHSJ que permite, igualmente, balizar as necessidades de cada Serviço. Pois, na perspetiva dos médicos, dir-se-ia que seriam precisas sempre mais camas. No entanto, este rácio é adequado às nossas necessidades e à dimensão do Centro Hospitalar de São João”, refere. Considerando que “as patologias respiratórias não se circunscrevem à Pneumologia, os especialistas do Serviço dão, também, apoio a outros utentes internados, independentemente da natureza da sua doença. Assim, para além de cada pneumologista trabalhar 12 horas por semana no Serviço de Urgên-

cia, o nosso corpo clínico vai, com frequência, às Unidades de Cuidados Intensivos (realizar limpeza de brônquios, endoscopias e aspirações, fazendo, assim, o controlo da doença respiratória) e aos blocos operatórios entubar doentes para realização de cirurgia complexa”. Por outro lado, “alguns dos nossos utentes são intervencionados pelo Serviço de Cirurgia Cardiotorácica, havendo uma articulação e uma relação muito próxima, até porque as Unidades são contíguas”, afirma. Com efeito, como se pode comprovar, a multidisciplinaridade é premissa irrevogável em Pneumologia. Cancro do Pulmão: Elevada incidência na população portuguesa Registando uma elevada incidência, de acordo com dados epidemiológicos, em Portugal, o Cancro do Pulmão ocupa o quarto lugar ao nível

da prevalência, sendo que os seus precedentes são a Neoplasia da Mama, da Próstata e do Colo-retal. Este é, igualmente, o tipo de Cancro responsável pela maior taxa de mortalidade no país. De acordo com a informação de diversas publicações que retratam os níveis de incidência e de mortalidade da doença, da autoria da Direção Geral da Saúde e, também, da Fundação Portuguesa do Pulmão, todos os anos surgem quatro mil novos casos em Portugal. O principal fator de risco é, de acordo com figuras proeminentes da comunidade médico-científica, o fumo do tabaco, sendo este, aliás, responsável por cerca de 3,5 milhões de mortes, por ano, e de 10 mil por dia. Com efeito, a Organização Mundial de Saúde prevê que, em 2020, o tabaco se assuma como a maior causa de mortalidade e invalidez, motivando mais mortes que a Tuberculose, o VIH e os acidentes de aviação em conjunto. Comparativamente com outros tipos de Cancro, o tratamento do Tumor do Pulmão tem registado avanços notáveis nas várias áreas, nomeadamente na cirurgia, na radioterapia, na quimioterapia e nas terapêuticas biológicas. Sendo este um Tumor multifacetado, importa realizar um diagnóstico precoce e um rigoroso estadiamento, identificando os marcadores tumorais que permitirão dirigir a terapêutica. Neste sentido, “o Serviço realiza a Ecografia por via endoscópica, uma técnica recente para analisar os tumores que devem, ou não, ser submetidos a cirurgia”, explica Agostinho Marques, acrescentando que, “depois de se avaliar a localização e a extensão da doença, o clínico poderá decidir qual o melhor procedimento terapêutico indicado para cada caso, tendo ainda em consideração a condição geral e as restantes patologias de que o doente padece, nomeadamente ao nível cardiorrespiratório”. De acordo com os principais barómetros, cerca de 60 a 70% dos utentes são diagnosticados numa fase mais avançada da patologia e em que a disseminação do Tumor já se fez para outros órgãos, o que se traduz numa taxa de sobrevida reduzida. No entanto, esta realiDezembro 2015 ExLibris


desenvolvimento associadas à especialidade, o Serviço de Pneumologia do CHSJ mantém um contacto estreito com a comunidade científica, numa lógica de partilha de saberes. Destacam-se, neste sentido, os estudos publicados nos campos da Apneia do Sono, da Doença Obstrutiva Crónica (DPOC), da genética do Cancro do Pulmão e nas doenças do Interstício Pulmonar.

dade tem vindo a mudar nos últi- lar as defesas naturais do organismos anos: “Se recuarmos duas dé- mo, “tem granjeado ótimos resulcadas, a esperança média de vida tados nos pacientes em que está a para um doente com Cancro avan- ser aplicada”, afirma o especialista. çado do pulmão era de quatro meses. Hoje, à custa de muito traba- Ao serviço da evolução científica lho científico e clínico, o panorama Pautando a sua atuação pela permelhorou e o período de sobrevi- manência na vanguarda, o Serviço vência é de cerca de um ano. Tal de Pneumologia do Centro Hospitem sido possível devido ao rigor talar de São João afirma-se, igualimposto na investigação médica mente, como uma cátedra de enque se consubstanciou na criação sino e de investigação. Neste sende mais opções terapêuticas, per- tido, em estreita colaboração com mitindo-nos personalizar o trata- a Faculdade de Medicina da Unimento de acordo com o estadio do versidade do Porto (FMUP), para desenvolvimento e com o subtipo além de orientar a formação prédo Tumor”. Neste sentido, Agosti- -graduada, recebendo alunos em nho Marques realça que “a esperan- contexto de aula para acompaça reside na Imuno-Oncologia que, nhar a rotina dos médicos, o Serno último ano, produziu resultados viço é palco de formação para os espantosos, primeiramente no Me- internos de Pneumologia e de Melanoma e agora também no Cancro dicina Geral e Familiar. “Ao nível do Pulmão. Neste momento, há en- do ensino pós-graduado, temos, saios clínicos em desenvolvimen- todos os anos, cerca de 10 futuros to, nos quais temos doentes envol- especialistas em Pneumologia no vidos”. Este tratamento promissor Serviço, para além de recebermos tem como propósito destruir as internos vindos de outros pontos células tumorais, através da me- do país para realizarem formação dicação imunológica. Para tal, re- complementar numa técnica muicorre-se ao estímulo dos linfóci- to diferenciada. Além disso, contatos – glóbulos brancos com uma mos com a colaboração de um fiação importante na defesa do or- sioterapeuta muito conceituado ganismo –, esperando-se que estes no panorama internacional e, por atuem contra as referidas células isso, recebe frequentemente estumorais, conduzindo à sua des- tagiários nesta área oriundos dos truição e promovendo o desenvol- quatro cantos do mundo”. Simulvimento de memória imagiológica taneamente, “fazemos, com muicontra essas células ou futuras reci- to sucesso, a formação continuada divas. Apesar de estar ainda numa de médicos. Neste contexto, o obfase de estudo, a Imunoterapia que, jetivo não se centra apenas em pona sua essência, pretende estimu- tenciar a formação pura, uma vez ExLibris Dezembro 2015

que queremos, sobretudo, incentivá-los a inscreverem-se em Programas Doutorais que os estimulem e obriguem a atingir elevados níveis de produção científica que, por sua vez, resultarão em importantes benefícios para a atividade assistencial e para o desenvolvimento de novas técnicas, já que se trata de Ciência aplicada à prática clínica”, advoga. Beneficiando da experiência de Agostinho Marques enquanto antigo diretor da FMUP e regente, desde há vários anos, da Unidade Curricular de Medicina (4º ano), o ExLibris® aproveitou o ensejo para traçar um breve retrato da formação médica em Portugal e, neste contexto, o entrevistado foi perentório ao responder que “a qualidade dos jovens que saem das Faculdades de Medicina no nosso país é imensa. Além disso, o nosso internato é um modelo muito considerado na Europa, sendo o produto final de excelência. Ao longo dos anos, o Serviço teve a honra de formar pneumologistas de grande qualidade e diferenciação. No final de cada ano, o único problema é que, por nosso desejo, ficaríamos com todos os finalistas e, infelizmente, tal não é possível. Mas, esses especialistas acabam por fazer carreira noutros hospitais da região e, assim, dão o seu notável contributo para o desenvolvimento da Pneumologia na região Norte e em Portugal”, afirma, com orgulho. No entanto, Agosti-

nho Marques aproveita para lembrar que “as Escolas de Medicina portuguesas estão estranguladas. Há claro excesso de médicos, aliás o número de clínicos que existe em Portugal por milhão de habitantes é maior do que a média europeia. E a nossa preocupação não é o desemprego médico; é arranjar formas para que os jovens possam concluir todo percurso até se tornarem especialistas. Se tal não for possível, o investimento anterior será em vão. Esta é uma matéria que carece de reflexão e de intervenção urgente”, sublinha. Afirmando-se, igualmente, como um importante palco de produção científica, o Serviço tem por objeto social o desenvolvimento de investigação clínica, enquadrada na promoção e produção de conhecimento e melhorando, deste modo, a qualidade e eficiência assistenciais. “Aliás, para incutir o gosto pela aprendizagem contínua é essencial que se desenvolva uma forte formação científica, no sentido de se saber construir conhecimento. Isto é fundamental na formação de bons médicos. E, neste sentido, a FMUP é uma Instituição que produz muita ciência”. Seguindo uma tendência de crescimento sustentado, “o Serviço apresenta, anualmente, rácios muito satisfatórios de publicação de artigos científicos na literatura médica mundial, com fator de impacto”. Centrando-se as linhas de investigação nas grandes áreas de

Desafio de futuro: Criar um Centro do Sono Valorizando o seu legado de sucesso que garantirá, certamente, um futuro promissor, este é um projeto centrado na diferenciação terapêutica e tecnológica e na humanização dos cuidados de saúde prestados. Com efeito, o Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar de São João privilegia o tratamento integral do doente de acordo com os mais elevados padrões de qualidade. Assim, com os olhos postos no futuro, Agostinho Marques garante que “o Serviço irá trabalhar, afincadamente, para manter este rumo e cuidar dos equipamentos existentes, sem nunca estagnar”. Ao perspetivar os tempos vindouros, o diretor defende que o repto passa por “estarmos atentos aos desafios e preparados para os vencer com sucesso”. Na senda da excelência e da melhoria da prestação de cuidados assistenciais, adequando a sua oferta à necessidade da população onde se insere, o Serviço terá de equacionar respostas ambiciosas para patologias com elevada prevalência, como é o caso da Apneia do Sono. Neste sentido, Agostinho Marques está a elaborar uma proposta para apresentar à Administração Regional de Saúde que visa a criação de um Centro do Sono de grande dimensão

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Saúde

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Serviço de Ortopedia do Centro Hospitalar de São João

Ortopedia e Traumatologia: 56 anos de excelência em prol do doente

O ExLibris® abre-lhe as portas do Serviço de Ortopedia e Traumatologia do Centro Hospitalar de São João, no Porto. Não vai querer perder esta visita guiada por Rui Pinto, diretor do Serviço, que nos mostra uma Instituição de referência e projeção internacional nesta área do saber. 56 anos de diferenciação no tratamento de todo o tipo de patologias ortopédicas são, assim, o corolário do profissionalismo consagrado na sua atividade, contribuindo para o desenvolvimento da própria especialidade em Portugal. Quem beneficia desta constante evolução no caminho da excelência? Os doentes que são o centro da atividade do Serviço – premissa bem patente em cada ato clínico e em todas as decisões de gestão. manização dos cuidados prestados. nação de conhecimento. Com re- ca Rui Pinto, acrescentando que “a dos melhores Serviços de Ortope- Não sendo alheios às conversas que ferências histórias que remontam evolução e o progresso do Serviço dia do país, perceber quais as en- ecoam pelos corredores, consegui- a 1959, esta é uma Instituição com devem-se a todos os seus profissiogrenagens da sua qualidade e ver, mos perceber o esforço que toda a um passado repleto de glória e tra- nais, cujo quadro é constituído por in loco, as estratégias indutoras de equipa – desde as assistentes ope- dição. A história do Serviço conta- 38 médicos, 84 enfermeiros, 20 asexcelência – seja ao nível assisten- racionais até aos médicos – faz, no -se em uníssono com a do Hospi- sistentes operacionais e quatro ascial, seja no domínio da sua gestão sentido de proporcionar um aten- tal de São João e a par do progres- sistentes técnicos, a quem gostaria organizacional – é sempre um pri- dimento rápido e eficaz e, conse- so médico, científico e tecnológico de agradecer o apoio que me têm vilégio. Por forma a concretizar esta quentemente, de promover o bem- promovido aos longos dos últimos dado”. prerrogativa, o ExLibris® foi até ao -estar de todos os doentes. Efetiva- 56 anos. Tendo sempre «perspetiPorto para lhe abrir as portas de um mente, este não é um espaço onde vado o futuro assente nos ombros Áreas de diferenciação dos mais conceituados interlocuto- a doença é um fator dominante; pe- dos gigantes do passado»1, o Servi- promovem qualidade res desta área do saber: o Serviço de lo contrário, é um local onde a de- ço foi evoluindo ao longo do tempo, Sendo um projeto centrado na difeOrtopedia e Traumatologia do Cen- dicação e a preocupação pela saúde no sentido de responder eficazmen- renciação terapêutica e tecnológica, tro Hospitalar de São João (CHSJ). estão bem patentes em cada gesto te às exigências técnicas e de assis- o Serviço de Ortopedia e TraumaE foi nesta cidade «invicta» – que e ato clínico. Já no domínio da ges- tência que foram surgindo, na senda tologia do CHSJ privilegia o tratase tem afirmado, progressivamen- tão hospitalar, o ExLibris® teve ain- de um futuro promissor. “Estando mento integrado do paciente. Insete, como um dos berços mais emble- da oportunidade de testemunhar a classificado como Hospital de nível rido num Hospital central, esta esmáticos do conhecimento científico eficácia do trabalho em equipa e da III, ou seja, polivalente e de referên- trutura organizacional dá resposta – que encontrámos um Centro que, implementação de processos orga- cia de outras Unidades, o repto pas- a uma multiplicidade de patologias, ao longo da sua ação enquanto im- nizacionais que potenciam a otimi- sou sempre por inovar no sentido de desde a área pediátrica à de adultos, pulsionador da atividade assisten- zação dos recursos e dos resultados proporcionar o melhor tratamento desde a Traumatologia às Artroplascial e científica, tem escrito páginas obtidos. E, por último, na vertente aos doentes. Há 50 anos, o desa- tias, aos tumores e às infeções. Tenbrilhantes no livro que conta a his- social, percebemos que um Servi- fio era tratar a doença. Hoje, vai-se do, assim, capacidade técnica em tória desta especialidade médica em ço só pode granjear elevados níveis mais longe porque, além de operar todo o tipo de tratamento médicoPortugal. Assim, através de feitos in- de qualidade se a sua atividade for bem o doente e de ter bons resulta- -cirúrgico do aparelho locomotor, é deléveis, de abordagens clínicas vi- centrada nas pessoas, ou seja, nes- dos, é necessário permitir-lhe uma aqui que os doentes com patologia sionárias e da conceção de técni- te caso, nas necessidades dos doen- boa acessibilidade aos cuidados de mais complexa do Norte do país recas de vanguarda, a Instituição tem tes em primeiro lugar e, depois, nos saúde, informá-lo devidamente e cebem assistência. Ao nível das instalações, o Servicontribuído para o desenvolvimen- profissionais, nas suas expectativas dar-lhe as melhores condições de to, em lato sensu, da Medicina. e ambições de evolução. alojamento e de humanização de ço dispõe de 75 camas de internaE, de facto, esta visita consubsEnquanto entidade aglutinadora forma a promover a qualidade clí- mento distribuídas por duas unitanciou-se num verdadeiro momen- de Saúde, Ciência e Inovação, o Ser- nica e a satisfação dos pacientes. Es- dades e organizadas em diversas tito de aprendizagem a vários níveis: viço de Ortopedia e Traumatologia tes são parâmetros de qualidade que pologias de enfermarias. 67 destas humano, científico, organizacional do CHSJ assume-se como uma Uni- assumem muita relevância na atua- camas destinam-se a casos de Ortoe social. Ao darmos os primeiros dade diferenciada, tendo no seu có- lidade. Por isso, numa busca inces- pedia e de Traumatologia de adulpassos nesta Unidade de excelência, digo genético uma missão triparti- sante pela excelência, o Serviço tem tos no Hospital de São João e oito referenciada internacionalmente da assente nas vertentes assisten- conseguido evoluir, gerar conheci- estão vocacionadas para a Ortopepela qualidade patenteada, somos, cial, de formação de novas gerações mento e obter diferenciação em áre- dia Infantil no «Joãozinho». No inde imediato, conquistados pela hu- de médicos e de criação e dissemi- as específicas da Ortopedia”, expli- ternamento de adultos, distribuído

Ter oportunidade de conhecer um

por dois pisos, sendo virtualmente, atribuído à Ortopedia (piso 7) e à Traumatologia (piso 8), Rui Pinto evidencia que “esta organização não é estanque, isto é, serve as necessidades do Serviço a cada momento, por forma a rentabilizar os nosso recursos e a otimizar a nossa taxa de ocupação”. Estendendo a sua ação pelas valências de Ambulatório, Internamento, Bloco Operatório e Urgência, o Serviço integra quatro unidades funcionais: Traumatologia, Ortopedia, Cirurgia de Ambulatório e Banco de Osso. Na área da Traumatologia, cuja atividade está sediada no Serviço de Urgência do CHSJ, “incluímos quatro grupos, cada um separado em duas equipas, que dão assistência permanente aos doentes que entram no Hospital por esta via. Cada equipa é formada por três especialistas e um interno”, explica Rui Pinto, acrescentando que, “paralelamente, e desde 1 de outubro, asseguramos também a Urgência em Ortopedia Infantil. Formámos equipas especializadas neste domínio, no entanto, não tendo o número necessário de profissionais para garantir este atendimento, tivemos de realizar alguns contratos com especialistas interessados nesta área do conhecimento. Estamos, por isso, numa fase de consolidação e esperamos apresentar um Serviço de Urgência em Ortopedia Infantil mais robusto e eficiente no decorrer do Dezembro 2015 ExLibris


Rui Pinto, diretor do Serviço de Ortopedia e Traumatologia do CHSJ

próximo ano”, adianta o médico ortopedista. Ainda neste âmbito, enquanto Centro altamente diferenciado, o Serviço apresenta quatro áreas de diferenciação: Traumatologia pediátrica (cuja porta de entrada é a Urgência em Ortopedia Infantil), Traumatologia geriátrica (doentes com mais de 65 anos), Traumatologia da Coluna e Traumatologia pélvica. O anel pélvico é formado pelos ossos ilíaco, púbis, ísquio e sacro, que são unidos por ligamentos extremamente fortes, sendo o complexo ligamentar posterior o mais importante do ponto de vista biomecânico. As fraturas nesta área são produzidas por acidentes de grande impacto sobre a cintura pélvica. “Este é o aspeto major da Traumatologia, uma vez que estas são as fraturas que ocorrem na meia idade que causam maior morbilidade e mortalidade. Por isso, devido à sua complexidade, defendo que esta área só deve ser tratada em centros muito diferenciados. Estes são doentes muito instáveis que apresentam um elevado risco de desenvolver complicações, pelo que necessitam com frequência de cuidados intensivos. Aliás, este paciente é partilhado pelo Serviço de Ortopedia e pelas Unidades de Cuidados Intensivos, nas quais os especialistas em Medicina Intensiva têm um trabalho fundamental para estabilizar o doente e criar as condições necessárias que nos permitam operá-lo e, posteriormente, para que a reExLibris Dezembro 2015

cuperação seja bem sucedida. Com efeito, considero que o tratamento das fraturas ocorridas no anel pélvico deve ser feito por uma equipa muito experiente, capaz de intervir rapidamente”, reitera. Por sua vez, na área da Ortopedia, “o Serviço diferencia-se nas seguintes vertentes: Ortopedia Infantil, Pé e Tornozelo, Joelho, Anca, Mão, Ombro e Coluna Vertebral”. Estes são domínios de diferenciação que permitem manter a especialização técnica e a capacidade de atuar e de responder de forma eficaz a situações extremas, exigentes e rigorosas. Para além da Urgência, outra porta de entrada de doentes é a valência de Ambulatório. Assim, “asseguramos Consultas Externas nestes segmentos nos dois polos do Centro Hospitalar de São João – Porto e Valongo”. Depois da integração do Hospital Nossa Senhora da Conceição de Valongo no CHSJ, “decidimos manter e expandir as consultas de Ortopedia nesse polo, respondendo às necessidades da população que reside nessa área. Além disso, em Valongo, está também localizada a nossa Unidade de Cirurgia de Ambulatório. Nesta valência, temos uma resposta rápida e eficiente que se equipara à de qualquer instituição de saúde privada. Temos uma lista de espera muito curta e, desde que o doente é visto na consulta até ao agendamento da Cirurgia de Ambulatório, apresentamos um tempo médio de espera de 20 dias”, realça Rui Pinto. Já ao ní-

vel da Cirurgia mais pesada e complexa, “a mediana de espera ronda os dois meses e meio”. No entanto, por forma a otimizar recursos, permitir uma resposta mais célere às necessidades do doente e aumentar a qualidade do tratamento cirúrgico, o Serviço está a implementar um Programa inovador: o Rapid Recovery [ver caixa de texto]. Por último, no âmbito da oferta assistencial, resta-nos referir o Banco de Osso. Integrado no Serviço de Ortopedia e Traumatologia do CHSJ, esta entidade é responsável pela colheita, preparação e utilização aloenxerto ósseo (transplante ósseo entre indivíduos geneticamente diferentes, de uma mesma espécie). “Presentemente, não fazemos recolha em dadores de órgãos, apenas nos doentes que operamos no Serviço, aproveitando as cabeças femorais quando procedemos a Artroplatias totais da anca”, explica Rui Pinto. “O Banco de Osso, tal como o Serviço de Ortopedia e Traumatologia do CHSJ, está a ser alvo de um processo de certificação que pretendemos ver concluído em breve”, acrescenta. Equipas motivadas promovem resultados clínicos de excelência Em meados da década passada, Bill Gates2 disse que «ao olharmos para o próximo século, os líderes serão os que potenciam os outros». E, ao conhecermos Rui Pinto, ficamos com a certeza que estamos diante de um verdadeiro líder: um timo-

neiro que, estando ao leme do Serviço, sabe envolver todos os profissionais e motivá-los a darem o melhor de si para, em conjunto, rumarem a um futuro promissor. São muitas as estratégias que o diretor do Serviço enceta com o propósito de cumprir este desígnio, mas todas visam “dar autonomia e visibilidade aos profissionais, oferecendo-lhes condições para que evoluam dentro da especialidade e das suas áreas de interesse”, afirma. “No setor público, não temos responsabilidade na maior parte das contratações, por isso recebemos um grupo de profissionais que não foi escolhido por nós. Depois, o segredo reside em conhecer cada elemento e cativá-lo para cumprir os objetivos do Serviço. Para isso, temos, ao longo do ano, alguns eventos que são de convívio e de agregação como, por exemplo, o almoço de Natal e diversas reuniões entre especialistas. Desta forma, conseguimos criar um grupo coeso que sabe trabalhar em conjunto, em prol do doente. Simultaneamente, apoiamos a projeção individual dos médicos, aos níveis nacional e internacional. Com efeito, muitos especialistas do Serviço assumem responsabilidades de direção nas principais Sociedades Científicas de Ortopedia e Traumatologia, onde apresentam os trabalhos científicos que desenvolvem e obtêm um justo reconhecimento pelos seus pares”, realça Rui Pinto. Assim, como se pode consta-

RAPID RECOVERY — UM PROGRAMA AO SERVIÇO DA QUALIDADE SENDO DESENVOLVIDO POR UMA EQUIPA MULTIDISCIPLINAR – COMPOSTA PELO CIRURGIÃO, A ANESTESISTA, A ENFERMEIRA GERAL E A DE REABILITAÇÃO, E A ASSISTENTE SOCIAL – O RAPID RECOVERY É UM PROGRAMA QUE PRETENDE INFORMAR O DOENTE SOBRE O PLANO DE TRATAMENTO CIRÚRGICO A QUE ESTE VAI SER SUBMETIDO, ESCLARECER AS SUAS DÚVIDAS, DESMISTIFICAR MEDOS E ANTECIPAR PROBLEMAS. PARA CONCRETIZAR ESTES DESÍGNIOS, O DOENTE E UM ACOMPANHANTE/CUIDADOR PARTICIPAM NUMA REUNIÃO DE GRUPO, NA QUAL TOMAM CONHECIMENTO DE TODOS OS PASSOS QUE ANTECEDEM E SUCEDEM A CIRURGIA, DAS PRÓTESES UTILIZADAS E APRENDEM A UTILIZAR OS MEIOS AUXILIARES DE LOCOMOÇÃO COMO AS CANADIANAS. DEPOIS, TÊM UMA REUNIÃO DE CARIZ MAIS PRIVADO COM O MÉDICO, A ENFERMEIRA E A ASSISTENTE SOCIAL, “ONDE TENTAMOS PERCEBER SE EXISTEM DIFICULDADES E CONSTRANGIMENTOS SOCIOECONÓMICOS QUE POSSAM INTERFERIR COM A RECUPERAÇÃO DO PACIENTE. CASO SE VERIFIQUEM, ESTA EQUIPA COMEÇA A DELINEAR DE IMEDIATO ESTRATÉGIAS POR FORMA A PERMITIR A RESOLUÇÃO ANTECIPADA DESTES PROBLEMAS”, EXPLICA RUI PINTO. NORMALMENTE, DEPOIS DESTA REUNIÃO, OS DOENTES SÃO CHAMADOS PASSADOS 15 DIAS PARA SEREM SUJEITOS A CIRURGIA E PREVÊ-SE QUE TENHAM ALTA ENTRE O TERCEIRO E O QUARTO DIA. O PROGRAMA TEM SIDO MONITORIZADO E AUDITADO CONTINUAMENTE PELO SERVIÇO, PERMITINDO AVERIGUAR O CUMPRIMENTO DESTES PARÂMETROS E AS ÁREAS DE MELHORIA. “PARA JÁ, O RAPID RECOVERY ESTÁ A SER APLICADO APENAS NAS CIRURGIAS DA ANCA E DO JOELHO, MAS PREVEMOS ESTENDER O PROGRAMA, DE FORMA TRANSVERSAL E PROGRESSIVA, A TODAS AS ÁREAS DE INTERVENÇÃO, NO DECORRER DO PRÓXIMO ANO”, ADIANTA O DIRETOR DO SERVIÇO. NO DOMÍNIO DA ORTOPEDIA INFANTIL, NOMEADAMENTE NA CONSULTA DE ESCOLIOSES, “ESTÁ A DECORRER UM PROGRAMA SEMELHANTE. EMBORA TENHA OS MESMOS OBJETIVOS DO RAPID RECOVERY, ESTE É ADAPTADO À FAIXA ETÁRIA PEDIÁTRICA, COM


SUPORTE NUMA PEQUENA BROCHURA, ESTANDO ANCORADO NA IMAGEM DE UMA PEQUENA GIRAFA – CHAMADA «JO» QUE É UM DIMINUTO DE «JOSEPHINE» – EM QUE O PESCOÇO ESCONDE UMA COLUNA VERTEBRAL QUE PERMITE EXPLICAR AOS PAIS E À CRIANÇA A DOENÇA E PROCEDIMENTO CIRÚRGICO A SER REALIZADO. DESTA FORMA, CONSEGUIMOS GERIR AS EXPECTATIVAS, ENVOLVER OS DOENTES E OS SEUS FAMILIARES E, ASSIM, POTENCIAR A QUALIDADE DO TRATAMENTO”, REITERA RUI PINTO.

tar, a abordagem clínica e a gestão promovidas pela direção do Serviço, bem como a promoção eficiente dos seus recursos, permitem obter significativos rácios de eficiência e de qualidade. Atentando no relatório mensal de outubro, que apresenta os resultados acumulados até à data e os compara com o período homólogo do ano anterior, podemos constatar que já foram realizadas mais de 30 mil consultas, tendo-se registado um aumento do número de primeiras consultas, o que corresponde a um incremento de 3% na taxa de acessibilidade. Foram operados, até outubro, 3 755 doentes, ou seja, mais 110 intervenções cirúrgicas face ao mesmo período de 2014. Por sua vez, a taxa de ocupação do Internamento situa-se nos 92%, o que representa um aumento de 5% num ano de atividade. E atentando nos indicadores que retratam os níveis de qualidade e de eficiência do tratamento disponibilizado no Serviço, surge logo uma premissa categórica: “Depois de intervencionados, todos os doentes operados saem com um mínimo de autonomia do Hospital, ou seja, com capacidade de marcha, graças também ao trabalho do pessoal de Enfermagem de Reabilitação”, garante o médico ortopedista. De facto, esta intensa atividade e a elevada qualidade apresentadas são, sobretudo, fruto da conjugação e do empenho de uma equipa altamente diferenciada e especializada (médicos e enfermeiros) que apre-

senta uma clara vocação para a prática clínica em grupo e que detém, simultaneamente, uma grande tradição na ligação a centros de investigação de prestígio à escala internacional. Formação de novas gerações Na vertente da criação e disseminação de conhecimento, o Serviço faz parte da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), sendo espaço de formação pré-graduada, bem como campo para o desenvolvimento de trabalhos de Doutoramento. Com efeito, a formação pré-graduada está sob a direção do Prof. Gilberto Costa, regente da disciplina de Ortopedia e Traumatologia da FMUP. A par disso e na formação pós-graduada, tendo idoneidade total para a formação de novos especialistas, atribuída pela Ordem dos Médicos (OM), o Serviço recebe, todos os anos, dois internos que são integrados nas equipas médicas. “Temos o Serviço organizado por forma a cumprirmos a nossa função assistencial apenas com base no trabalho dos especialistas. Ou seja, aqui, os internos vêm para aprender e não para cumprir números. A nossa missão formativa passa por envolvê-los na cultura do Serviço, contactando com a nossa prática clínica e aprendendo com isso. Apenas nos últimos anos, conforme está consignado no plano curricular definido pela OM, é que têm autonomia para realizarem consul-

tas sem acompanhamento dos médicos ortopedistas do Serviço, mas sempre com a supervisão destes”, explica Rui Pinto. Por forma a permitir a plena integração dos internos, a acompanhar as suas dificuldades e a saber das suas preocupações, o diretor do Serviço instituiu um momento semanal de convívio com estas novas gerações: o «Café da Manhã com os Internos». “Os médicos em formação da especialidade são um motor importante de qualquer Serviço hospitalar”, acrescenta Rui Pinto. “Isto porque têm uma enorme vontade de aprender, de praticar Medicina, de investigar e de publicar artigos, o que contagia os especialistas seniores nestas mesmas atividades. A Medicina é a única área que obriga a realização de exames para se progredir na carreira, mas isso é também a própria engrenagem da evolução de um hospital público. Pois, motiva as pessoas a darem o melhor de si, a estabelecerem e cumprirem metas ambiciosas e esses títulos só são credenciados na Medicina estatal”, defende. Por isso, esta Unidade, através da Associação de apoio ao Serviço de Ortopedia, incentiva, sempre que possível, o desenvolvimento de projetos de investigação e a frequência de estágios em centros internacionais de grande diferenciação. Relativamente à criação de conhecimento, o Serviço de Ortopedia e Traumatologia do CHSJ, em parceria com outras Faculdades

e Centros de Investigação, man- ro, e fazendo jus ao legado de sutém uma tendência sustentada de cesso do Serviço, Rui Pinto adiancrescimento e desenvolve estudos ta que o desafio passa por continucientíficos com uma dinâmica re- ar a evoluir, contribuindo para o conhecida pelas comunidades mé- próprio desenvolvimento da espedico-científicas nacional e inter- cialidade. “Já sabemos tratar bem nacional. Sendo esta uma valência todo o tipo de patologia e as suas crítica no quotidiano de qualquer consequências, por isso, a nossa unidade hospitalar universitária, ação futura deve incidir a montanas principais linhas de investiga- te da doença. Ou seja, defendendo ção desenvolvidas neste âmbito uma Medicina Regenerativa, devesão: “Substitutos do osso, infeção mos trabalhar no sentido de evitáe falência na Artroplastia da Anca”. -la. Tal como já acontece noutras Sendo referências nestes domínios, áreas como, por exemplo, em Onos elementos do Serviço têm sido cologia, sabemos que há pessoas amplamente distinguidos pelos que, pela sua carga genética e heseus pares: “Ganhámos, este ano, a reditária, têm maior probabilidade melhor comunicação livre e a me- de vir a desenvolver determinadas lhor comunicação em Traumato- patologias do foro ortopédico. Por logia no Congresso Nacional desta isso, devemos caminhar no sentiárea do conhecimento. Além disso, do de conseguirmos identificar estemos uma representação muito tas pessoas e, aplicando um plano forte na EFFORT (Federação Euro- profilático, evitar o desenvolvimenpeia de Ortopedia e Traumatologia), to da doença”, conclui sendo dos Serviços mais representativos a apresentar trabalhos no 1 Máxima proferida seu Congresso. Simultaneamente, por Isaac Newton temos publicado artigos nas prin- 2 Magnata americano, filantropo cipais revistas nacionais e interna- e autor; cofundador da Microsoft cionais e com um impacto significativo, uma vez que estes já são citados à escala global”. Portanto, como tivemos oportunidade de testemunhar, o Serviço de Ortopedia e Traumatologia do CHSJ é uma unidade visível e referenciada aos níveis nacional e internacional, seja pela qualidade patenteada na prática assistencial, seja pela produção científica de excelência. Com os olhos postos no futu-

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Dezembro 2015 ExLibris


Saúde

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Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar de São João

Gastrenterologia de excelência, ancorada em valores científicos, sociais e humanos O ExLibris® leva-o até ao Centro Hospitalar de São João, no Porto, para lhe dar a conhecer um interlocutor privilegiado do conhecimento: o Serviço de Gastrenterologia. Aqui, encontramos uma estrutura que coloca todo o seu know-how ao serviço do doente e uma equipa competente, empenhada e dedicada em promover uma Medicina de excelência, praticada por pessoas em prol das pessoas. Nesta visita guiada por Guilherme Macedo, diretor, o leitor vai verificar que, além do fator técnico e tecnológico, a diferenciação desta Unidade reside no aspeto humano que incute em toda a sua atividade assistencial. Fomentando, assim, a padronização das melhores práticas clínicas na prevenção, no diagnóstico e no tratamento das doenças do foro digestivo, a Unidade afirma-se como referência de qualidade, inovação e pioneirismo. Além disso, e apesar de colocar o pendor da sua ação na prestação de cuidados de saúde, o Serviço consubstancia-se, também, num agente promotor da excelência ao nível do ensino e da investigação, sendo inclusive acreditado pela Organização Mundial de Gastrenterologia como Centro Específico de Treino de especialistas. ExLibris Dezembro 2015

A oportunidade de conhecer o Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospital de São João (CHSJ) consubstanciou-se num verdadeiro momento de aprendizagem a vários níveis. Guiados por Guilherme Macedo, diretor desta estrutura organizacional, testemunhámos um conhecimento e uma visão que foram muito além das típicas abordagens médicas centradas na tecnologia e na diferenciação técnica. Nesta acutilante conversa, conhecemos um Serviço pelo prisma que deve sempre guiar a Medicina: a humanização. Mais do que os equipamentos, ainda são as pessoas que fazem a diferença na qualidade dos cuidados de saúde prestados à população. Num passado recente, a tecnologia foi um fator diferenciador porque era escassa e revolucionária. No entanto, hoje, a existência de equipamentos de vanguarda é uma premissa assumida em qualquer unidade de saúde de excelência, como é o Hospital de São João. E, por isso, como é que se vai mais além? Como é que se responde eficazmente às necessidades dos doentes? Como é que se proporciona qualidade, a todos os níveis, no tratamento que se disponibiliza? A resposta a estas questões reside, segundo Guilherme Macedo, no facto de um Serviço de excelência – referenciado internacionalmente pela qualidade patenteada – só funcionar se “a sua atividade for centrada nas pessoas. Ou seja, por um lado, nas necessidades dos doentes e, por outro, nos profissionais, nas suas ambições e anseios”. Com efeito, o Serviço não se afigura como um espaço onde a doença é o fator dominante; pelo contrário, é um local onde a dedicação e a preocupação pelo bem-estar do paciente são visíveis em cada gesto e ato clínico, bem como nas suas paredes onde estão expostos os resultados da Instituição – sendo estes um importante interface de transparência e de verdade para com todos os utentes. Este foi, portanto, o mote da entrevista do ExLibris® com o diretor do Serviço de Gastrenterologia do CHSJ que, para além de relatar a evolução do Serviço e da própria especialidade, nos deu o privilégio de adquirir saber científico através

da sapiência do seu discurso que denota a elevada experiência consolidada na prática clínica, no ensino e na criação de conhecimento. E, foi nesta conversa – que, simultaneamente, resultou numa lição – que percebemos o verdadeiro significado da citação proferida, há anos, por João Cid dos Santos1: «Sendo a última profissão romântica, a Medicina será sempre de melhor qualidade quando praticada por homens de cultura». Afirmação da Gastrenterologia como “uma especialidade charneira” Com um legado que remonta aos finais da década de 70, a história do Serviço de Gastrenterologia confunde-se com a história do CHSJ e com o percurso evolutivo da própria especialidade. “A Gastrenterologia ganhou foros de autonomia e de independência, em todo o mundo, em 1959 – ano em que foi inaugurado o Hospital de São João. Essa foi uma feliz coincidência”, começa por contar Guilherme Macedo, acrescentando que “o Serviço, enquanto Unidade de Técnicas Endoscópicas – designação que ilustrava bem a sua limitação de atuação – surgiu em 1974. A partir dessa data, começou-se a verificar um incremento brutal em termos de acessibilidade ao interior do organismo, através do desenvolvimento e da massificação dos métodos endoscópicos”. Incrementada pelo progresso tecnológico, científico e técnico verificado nas décadas que se seguiram, a especialidade de Gastrenterologia traçou um percurso evolutivo notável. Mas, na atualidade, “apesar da Endoscopia Digestiva ser uma prática dominante do nosso dia a dia, a atividade de um gastrenterologista transcende largamente essa viagem pelo interior do corpo humano”, afirma o especialista. O conceito de Saúde Digestiva ou das técnicas associadas mudaram drasticamente nos últimos 20 anos. E, fruto disso, os Serviços de Gastrenterologia de todo o mundo, “sobretudo os que estão na crista da onda e fazem a história avançar”, tiveram que mudar o seu perfil e adaptar as suas capacidades e competências. E, enquanto cáte-

dra de inovação e de pioneirismo, o Serviço de Gastrenterologia foi precursor destas exigências, afirmando a sua estrutura organizacional pela qualidade patenteada. Presentemente, explica Guilherme Macedo, “não há nenhum território do nosso organismo que não seja observável e analisável ao detalhe por um equipamento externo. Por isso, o braço armado da Gastrenterologia é a Endoscopia Digestiva que, na atualidade, permite ver, analisar e resolver. Inicialmente, as técnicas endoscópicas serviam apenas o propósito do diagnóstico. Depois, começou-se a apostar no diagnóstico precoce e a evolução foi no sentido da prevenção – em que a nossa ação acontece a montante da doença – e da terapêutica em todas as fases. Ou seja, tanto num momento inicial em que é possível ter uma atitude profilática através de um tratamento primário, como em fases muito avançadas da doença em que conseguimos tratá-la também”. Esta atuação de largo espetro implicou que “muitos hospitais tivessem dificuldade em perceber qual era o papel da Gastrenterologia. Pois, nós somos os mais médicos dos cirurgiões e os mais cirurgiões dos médicos. E, os hospitais não estavam formatados para incluir esta oferta na sua estrutura organizacional segmentada apenas em Diagnóstico, Medicina e Cirurgia”. No entanto, a Gastrenterologia encaixa no meio de todas estas valências: “Ao mesmo tempo que temos uma enorme capacidade de diagnóstico – sobretudo na Saúde Digestiva, mas não exclusivamente –, conseguimos tratar a patologia, através da utilização de tecnologias extraordinariamente avançadas que nos permitem chegar aos sítios mais recônditos do organismo e intervir”. Neste sentido, “a Gastrenterologia introduziu um fator disruptivo nas estruturas hospitalares, uma vez que obrigou a pensar e a reformular a organização das diferentes especialidades”, reitera Guilherme Macedo, evidenciando que “estamos num ponto de viragem, em que a estrutura hospitalar (médicos e profissionais de outras áreas) compreendem a importância relativa de um território deste e, portanto, dão-lhe espaço,

recursos, capacidade e massa crítica para se poder desenvolver”. Assim, enquanto especialidade charneira, hoje, a Gastrenterologia assume um papel de indiscutível relevância na Saúde. E, neste contexto, tecendo uma análise macro sobre a oferta de cuidados assistenciais em Portugal, Guilherme Macedo defende que as respostas apresentadas pelas diversas unidades de saúde devem ser complementares: “É evidente que a oferta ao nível da Gastrenterologia num hospital de nível terciário, referenciado pela alta diferenciação clínica e pelo seu cariz universitário, não deve ser igual à de um periférico, no qual as respostas devem estar adequadas às perguntas colocadas naquele momento e naquele sítio”. E, por forma a disponibilizar uma oferta otimizada e eficiente ao nível nacional, “existe uma rede de interação entre os diferentes Serviços de Gastrenterologia do país que pretendemos potenciar num breve espaço de tempo, fomentando a boa articulação entre unidades de saúde e, consequentemente, a eficaz referenciação de doentes”, afirma o médico e vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia. Diferenciar em prol da excelência Enquanto entidade aglutinadora de Saúde, Ciência e Inovação, o Serviço de Gastrenterologia do CHSJ afirma-se como uma referência na prestação de cuidados de saúde que, através do desenvolvimento e da aplicação de técnicas de vanguarda, da implementação de conceitos visionários e da promoção de uma cultura organizacional onde o rigor e a exigência são pilares estruturantes, tem contribuído ativamente para o «Estado da Arte» da própria especialidade. “Quando se fala em Saúde Digestiva, abrange-se os órgãos e as estruturas que compõem o tubo digestivo, mas também se inclui o fíga-

O SERVIÇO DE GASTRENTEROLOGIA DO CHSJ É UM CENTRO ESPECÍFICO DE TREINO, ACREDITADO PELA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE GASTRENTEROLOGIA.


Guilherme Macedo Diretor do Serviço de Gastrenterologia do CHSJ

do. Por isso, a Gastrenterologia tem uma área de intervenção alargada, incluindo a Hepatologia como uma subespecialidade”, explica Guilherme Macedo. E, de facto, hoje, olhando para os anseios da população, verificamos que “muitos assuntos relativos à Saúde Digestiva ocupam as primeiras preocupações do indivíduo comum. Neste âmbito, a Oncologia digestiva domina porque, dos 10 Cancros que apresentam maior prevalência e taxa de mortalidade, cinco são do trato digestivo: cólon e reto, estômago, esófago, pâncreas e fígado. Além do Cancro, também a Hepatite e a Obesidade estão na ordem do dia e são duas patologias comuns”, evidencia o especialista, acrescentando que “os gastrenterologistas sabem que estas doenças são motivo de preocupação para a população e para a comunidade médico-científica”. E, por isso, assumindo responsabilidades neste domínio, o Serviço oferece mais do que meras respostas técnicas e tecnológicas. Incrementando a sua competência e capacidade, dinamiza uma missão social, antropológica e humana na abordagem que faz da Saúde Digestiva, indo de encontro às necessidades dos utentes, esclarecendo-os e informando-os devidamente. “É nossa intenção desenvolver um esforço assistencial direcionado para o problema de cada

doente, proporcionando-lhe o melhor tratamento e, também, o melhor acolhimento e acompanhamento no nosso Serviço”, garante. Fruto disso, “tivemos uma exposição no átrio do Hospital, durante este ano, que pretendeu elucidar o utente sobre este mundo da Saúde Digestiva no qual nos movemos”. Assim, fomentando a padronização das melhores práticas clínicas, na prevenção, no diagnóstico e no tratamento das patologias do sistema digestivo, esta Unidade assume-se como interlocutora privilegiada do conhecimento. Com efeito, o Serviço abarca na sua atividade uma tripla missão, assente nas vertentes de assistência, de ensino e de investigação. Estando inserido na Unidade Autónoma de Gestão de Medicina, no plano assistencial, a atividade do Serviço estende-se às valências de Internamento, Consulta Interna, Consulta Externa e Hospital de Dia, Exames Complementares de Diagnóstico e Terapêutica, e de Serviço de Urgência, das 8 às 20 horas, todos os dias úteis. Neste sentido, o Serviço apresenta três unidades funcionais que se articulam entre si e que representam o core da sua atividade: Centro de Endoscopia Digestiva, Consulta Externa e Internamento. Ao nível do Ambulatório, a Consulta Externa está segmentada em

subespecialidades ou áreas de diferenciação, como: Fígado, Doença Inflamatória do Intestino, Pâncreas, Proctologia, Nutrição e Vigilância e Risco – consulta na qual os doentes são acompanhados após tratamentos relacionados com a prevenção oncológica. Atentando, ainda, na organização da oferta assistencial do Serviço, Guilherme Macedo realça que será necessário dar um passo importante nesta área, a curto-médio prazo: “A criação de uma Unidade de Cuidados Intermédios de Gastrenterologia. Esta especialidade incide no diagnóstico e no tratamento de doenças com consequências relevantes e agudas como sejam as hemorragias digestivas graves, as pancreatites agudas, as doenças do fígado que descompensam e obrigam a internamentos urgentes, a insuficiência hepática aguda, entre outras. Quando o paciente chega, numa fase aguda, ao Hospital, é remetido para as Unidades de Cuidados Intensivos, que sendo de cariz polivalente permitem o tratamento eficaz de doentes instáveis e com comorbidades. No entanto, só depois de reunidas as condições para passar para outros níveis de cuidados, este é encaminhado para as enfermarias de cuidados não intensivos. Considero que, sob o ponto de vista das exigências da especialidade, os cuidados prestados a este nível passam a não estar adequados. A Gastrenterologia carece de Unidades de Cuidados Intermédios especializadas que permitam um tratamento diferenciado entre o doente crítico e o doente estável e, por isso, está a gerar-se um movimento mundial que assenta na criação deste tipo de cuidados. Acompanhando e contribuindo para o «state of the art» da especialidade, o Centro Hospitalar de São João poderá também avançar neste sentido e parametrizar o novo paradigma de assistência gastrenterológica”, corrobora o diretor do Serviço.

Tendo abraçado a responsabilidade e a missão de potenciar a Gastrenterologia no CHSJ há seis anos, Guilherme Macedo conseguiu conjugar os esforços de uma equipa altamente motivada – desde assistentes operacionais até médicos – para, em conjunto, renovarem a imagem do Serviço, garantindo-lhe maior notoriedade, robustez e visibilidade nos panoramas nacional e internacional. Deste modo, tem sido possível adotar estratégias indutoras de sucesso e contribuir para que a Instituição registe elevados níveis de diferenciação. Aliás, divulgado em setembro deste ano, o ranking anual dos hospitais, promovido pela Escola Nacional de Saúde Pública, distinguiu a excelência do Centro Hospitalar de São João no tratamento de várias patologias, entre as quais, as do foro digestivo. Atingir estes resultados tem sido possível, na opinião de Guilherme Macedo, “graças, de facto, à motivação e à dedicação de toda a equipa”. E a questão que se impôs de imediato foi: ‘Mas, como se motiva uma equipa para a qual os mecanismos de compensação não são possíveis, nem facilmente utilizáveis numa Instituição pública?’ E a resposta do diretor do Serviço foi rápida e perentória: “Criando condições para que cada profissional possa evoluir, afirmando-se nas suas áreas de interesse sempre privilegiando o desempenho do grupo. Damos oportunidade de puderem participar na história da especialidade e de contactarem com um contexto de inovação ímpar. Por exemplo, por determos tecnologia de ponta, há procedimentos que, no âmbito nacional, só se realizam neste Serviço, como a Colangioscopia direta, a Ablação de tecidos por radiofrequência e a monitorização em tempo real em 3D do percurso do colonoscópio com um aparelho externo. A par disso, é necessário trabalhar ativamente a vertente psicoafetiva dos profissionais. No Serviço, trabalhamos para ultrapassar as dificuldades e fomentar as potencialidades desta Instituição”. E, por isso, “é que conseguimos assegurar 20 mil procedimentos e 18 mil consultas por ano, com um grupo tão pequeno como o nosso, composto por 15 médicos especialistas, sete internos em formação e 22 enfermeiros”. Estes números refletem, efetivamente, a capacidade e a dinâmica do Serviço. No entanto, “mais do que os rácios e os indicadores de atividade, importa a nossa capacidade de gerar conhecimento, através das iniciativas clínicas, académicas e de investigação”, defende Guilherme Macedo. Centro de Treino à escala global Com um elevado cariz de inovação, o Serviço de Gastrenterologia do CHSJ detém um corpo clínico credenciado, com grande tradição na ligação a centros de formação e de

investigação de prestígio nacional e internacional. Além disso, muitos especialistas do Serviço assumem responsabilidades de direção nas principais organizações científicas desta área do conhecimento: Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva e Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado. Desta forma, partilhando conhecimento, apresentando trabalhos científicos e obtendo o justo reconhecimento dos seus pares, os gastrenterologistas do CHSJ têm contribuído ativamente para afirmar esta especialidade como uma das áreas com maior pujança ao nível global. “Em Portugal, fruto do trabalho desenvolvido pelos especialistas em interação com as sociedades científicas, o nível de excelência dos Serviços de Gastrenterologia ombreia com o dos centros mais referenciados em todo o mundo”. Sendo afiliado da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto ao nível da formação pré-graduada, certificado pelo European Board of Gastroenterology and Hepatology para formar especialistas que possam exercer em toda a Europa e acreditado pela World Gastroenterology Organisation (WGO) como Centro de Treino Específico ao nível da formação pós-graduada, o Serviço de Gastrenterologia do CHSJ é, como o ExLibris® teve oportunidade de comprovar, uma Escola de novas gerações de gastrenterologistas. “Ensinar é, de facto, a pedra de toque do Serviço e o valor que mais privilegiamos”, afirma Guilherme Macedo, evidenciando que “o ato de ensinar representa um esforço tremendo para quem o ministra, estando permanentemente a ser desafiado pelo desconhecido e pela melhor forma de transmitir conhecimento. Mas, simultaneamente, é também uma das atividades mais gratificantes para um especialista”. Pois, fazendo jus às sábias palavras da poetiza Cora Coralina, «feliz aquele que transfere o que sabe e que aprende o que ensina». Além do mais, tal como afirma o entrevistado, “num Serviço enquadrado num Hospital Escolar que convive a paredes meias com a Faculdade, transferir conhecimento não é um repto, antes sim uma missão. E, cumulativamente, um Serviço é tanto mais rico e poderoso, no sentido daquilo que pode dar aos doentes, quanto mais capaz for de gerar e transmitir conhecimento”. Com efeito, apesar de colocar o pendor da sua ação na atividade assistencial, o Serviço de Gastrenterologia do CHSJ afirma-se como um agente promotor de excelência, competência e rigor ao nível do ensino e da investigação. “Como cada médico do Serviço sente uma paixão imensa por aquilo que faz, tem Dezembro 2015 ExLibris


Porque se fala tanto em Gastrenterologia atualmente

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Porque a Gastrenterologia ocupa-se da Saúde Digestiva. Este conceito abrange tudo o que diz respeito ao funcionamento normal, bem como às doenças, de órgãos tão frequentemente comentados nos meios de Comunicação Social como o esófago, o estômago, intestino, o pâncreas e claro, o fígado e vias biliares.

Como se pode melhorar a Saúde Digestiva

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Com estratégias simples de Prevenção, com procedimentos que embora sejam tecnologicamente muito sofisticados foram tornados mais acessíveis para Diagnóstico, e com decisões Terapêuticas que incluem grande amplitude de opções e com grande eficácia clínica.

O que é que melhor caracteriza a Gastrenterologia

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A extraordinária evolução tecnológica nos últimos anos, a permitir escrutinar ao detalhe, o interior de nosso organismo. As soluções engenhosas de procedimentos instrumentais para ter acesso e tratar, localmente, situações clínicas que há muito pouco tempo eram irremediáveis. A disponibilidade de fármacos inovadores, a permitir curar doenças infeciosas que evoluiriam para a cronicidade, e a permitir controlar adequadamente a inflamação, verdadeira condição pré maligna nos órgãos digestivos.

Quais as áreas de maior impacto clínico na Saúde Digestiva

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É no universo da Oncologia Digestiva que se registaram os mais visíveis avanços: no rastreio e prevenção do cancro do intestino (colon e recto), no diagnóstico precoce do cancro do esófago do estômago, e no pâncreas. Na Hepatologia, pelo importante relevo social das doenças infeciosas do fígado e significativo impacto económico que a doença crónica do fígado acarreta. A Endoscopia Digestiva com métodos tecnológicos muito avançados, que permitem procurar identificar ao detalhe, todas as lesões em todos os momentos evolutivos da patologia do tubo digestivo.

Porque é importante a Saúde Digestiva para a Sociedade Civil

As perspetivas apontam que a Cirurgia Digestiva irá modificar-se ao longo dos próximos anos, uma vez que, devido à forte aposta no domínio da Medicina Preventiva, o tratamento de pessoas em fase muito avançada da doença digestiva será cada vez mais residual. E, fazendo jus a esta nova realidade que marcará o futuro, faz sentido pensar-se na criação de um Centro que conjugue todas as valências no domínio digestivo e permita um tratamento global, eficaz, eficiente e de elevada qualidade”. No entanto, para efetivar este projeto, “será também necessário que os critérios administrativos relativos, por exemplo, à contratação de pessoal se alterem. É muito importante adquirirmos maior autonomia e capacidade de recrutamento e, em simultâneo, desenvolvermos mecanismos que permitam reconhecer o mérito dos profissionais”, acrescenta. Além disso, a Gastrenterologia é uma área em mudança. “Hoje, além de ser possível ir mais longe, consegue-se também observar com mais detalhe e intervir com maior rigor. A evolução da tecnologia modifica os nossos horizontes de futuro e, para responder aos novos desafios, temos que ser capazes de envolver todos os elementos do grupo de trabalho neste processo evolutivo, em prol da melhoria dos cuidados de Saúde. Por isso, o meu maior desejo é que as barreiras administrativas se dissipem para podermos criar verdadeiramente equipas de vontade, de paixão e de motivação”, conclui

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Porque a Sociedade Civil tem um nível crescente de percepção e de consciência sobre a dimensão coletiva e pessoal das doenças que afectam o aparelho digestivo, e dos recursos económicos que se tornam necessários para ultrapassar patologias de grande frequência e gravidade.

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Fotografias relativas à Exposição “O Universo da Gastrenterologia: Identidade, Vocação e Horizontes”, em 2015

intrínseca a necessidade de criar e transmitir conhecimento como uma exigência. E esta estrutura mental nos profissionais de saúde faz a diferença porque é altamente desafiadora. Cada elemento da equipa sabe que tem de dar o melhor de si, isto é, o máximo em prol sempre da melhoria da qualidade dos cuidados prestados e da evolução, em lato sensu, da Medicina”, atesta Guilherme Macedo. E esta difusão de sapiência e proficiência acontece à escala global pois, enquanto Centro de Treino reconhecido pela WGO, o Serviço integra importantes redes de networking, senExLibris Dezembro 2015

do muito frequente o intercâmbio de experiências e de conhecimento entre especialistas em diversos pontos do globo. “A voz dos investigadores e dos clínicos portugueses tem impacto relevante além-fronteiras. Aliás, a comunidade gastrenterológica do nosso país apresenta reconhecimentos internacionais de relevo, o que nos dá mais força e consistência enquanto Centro de Treino” — sendo este um indicador categórico da qualidade patenteada pelo Serviço neste domínio. Já ao nível da investigação, o Serviço é, com frequência, campo para o desenvolvimento de trabalhos de

Doutoramento. Mantendo, assim, uma tendência sustentada de crescimento e desenvolvendo estudos científicos com uma dinâmica reconhecida pelas comunidades médico-científicas nacional e internacional, o Serviço desenvolve atividade nas seguintes áreas: Endoscopia Digestiva, Oncologia Digestiva, Doenças do Fígado e Doença Inflamatória do Intestino. Nesta vertente da criação de conhecimento científico, a Instituição apresenta resultados, em termos de impacto, bastante relevantes, tendo uma capacidade de publicação de artigos de índole clínica muito satisfatória.

Desafio de futuro: Criar um Centro de Investigação e Promoção da Saúde Digestiva «Gostando mais dos sonhos do futuro do que da história do passado»2, é notório que Guilherme Macedo é um médico ao serviço do conhecimento e da evolução. Assim, com os olhos postos nos tempos vindouros, o gastrenterologista afirma que o desafio passará por criar um Centro de Investigação e Promoção da Saúde Digestiva. “Esta Unidade teria como alicerce uma estrutura como este Serviço: versátil, plural, altamente desenvolvido aos níveis tecnológico, científico e humano.

1 Médico, cirurgião, investigador e professor português 2 Thomas Jefferson


Saúde

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Serviço de Neurologia do Centro Hospitalar de São João

Atividade assistencial, ensino e investigação de excelência em Neurologia Com um legado que remonta a 1959, tendo sido criado logo após a inauguração do Hospital, o Serviço de Neurologia do Centro Hospitalar de São João assume-se como palco de dinamismo e centro de formação, difusão e estandardização das melhores práticas clínicas. Promovendo uma atuação global e multidisciplinar, o Serviço está orientado para a prestação de cuidados diferenciados, com eficiência e qualidade, em articulação com as necessidades da região onde se insere. Assim, contribuindo para o «Estado da Arte» em Neurologia, na atualidade, o Serviço distingue-se pelos resultados assistenciais, de ensino e de investigação apresentados. Dirigido, anteriormente, por nomes sonantes da Medicina, a história do Serviço de Neurologia do Centro Hospitalar de São João (CHSJ) não pode ser contada sem se prestar uma meritória homenagem ao neurologista Celso Cruz: um médico visionário que elevou a qualidade da atividade assistencial ao expoente máximo e que, simultaneamente, contribuiu para projetar o nome do Serviço além-fronteiras. Tendo sido o grande impulsionador do Serviço, Celso Cruz fez a primeira intervenção como cirurgião a 8 de fevereiro de 1963 e foi nome-

ado diretor de Neurologia em março de 1972. Na senda do desenvolvimento desta área do saber, o médico contribuiu ativamente para a fundação do Serviço de Neurologia Médica e Cirúrgica, em 1976. Uma estrutura que prevaleceu até setembro de 2000, altura em que se dividiu em dois Serviços independentes: o de Neurologia e o de Neurocirurgia. Esta cisão foi necessária para permitir que a área de Neurocirurgia tivesse idoneidade formativa, no entanto, dedicando-se ao tratamento dos mesmos doentes, estes são domínios intrinsecamente arti-

culados numa profícua abordagem multidisciplinar. Na atualidade, o Serviço de Neurologia do CHSJ é liderado por Carolina Garrett que, abraçando este legado geracional, tem adotado estratégias de sucesso e, deste modo, contribuído para que a Instituição registe elevados níveis de diferenciação. Aliás, divulgado em setembro deste ano, o ranking anual dos hospitais, promovido pela Escola Nacional de Saúde Pública, distinguiu a excelência do Centro Hospitalar de São João no tratamento de várias patologias, entre as quais, as neurológicas. Estrutura funcional promove qualidade Com profissionais altamente especializados, o Serviço de Neurologia do CHSJ apresenta uma estrutura funcional que pretende prestar os melhores cuidados de saúde aos doentes, dando assim cumprimento à natureza das atividades, em quantidade e diferenciação, impostas pela sua missão assistencial. Inserido na Unidade Autónoma de Gestão de Medicina, a sua ação assenta nas valências de Ambulatório, Internamento e Atendimento Permanente. A prevalência das doenças do foro neurológico tem vindo a assumir uma importância cada vez maior, que se deve à evolução do conhecimento científico e tecnológico dos últimos anos e, sobretudo, às mudanças de comportamentos e estilos de vida e da estrutura etária da população. Acompanhando o aumento da prevalência das patologias deste foro, a Instituição desenvolveu uma organização mais eficiente que permite a subespecialização em diversos domínios da Neurologia. Neste sentido, “faz parte do Serviço a Unidade de Neurofisiologia, cuja equipa é responsável pela realização de exames como Eletroencefalogramas (EEG), monitorizações Vídeo-EEG, monitorizações prolongadas na Epilepsia, Eletromiografias, entre outras técnicas igualmente relevantes”, explica Carolina Garrett, diretora do Serviço. Ao nível do Ambulatório, a Consulta Externa, para além da Neurologia Geral, está segmentada em áreas de diferenciação, como: Epilepsia, Doenças do Movimento, Esclerose Múltipla e Doenças Inflamatórias, Doen-

ças Cerebrovasculares, Doenças Neuromusculares, Distonias, Cefaleias e Demências. No que ao Internamento concerne, o Serviço apresenta uma capacidade de 22 camas. “Prevemos que, quando estiverem concluídas as obras que estão a ser levadas a cabo no Hospital, iremos verificar uma redução no número de camas. Este é um problema para o qual estamos já a encetar soluções, uma vez que, dada a nossa afluência, não podemos perder capacidade de resposta neste âmbito”, alerta a neurologista. A par, e em articulação com estas valências, o Serviço realiza também Atendimento Permanente das 8 às 20 horas, todos os dias úteis. Em estreita colaboração com a Neurocirurgia do Hospital de São João, o Serviço tem-se distinguido na abordagem multidisciplinar da Epilepsia, “tendo introduzido, no CHSJ, a possibilidade de tratamento cirúrgico, proporcionando excelentes resultados e mais-valias na qualidade de vida dos doentes”. Além disso, “nas Doenças do Movimento, fomos os primeiros em Portugal a desenvolver a técnica da Cirurgia Funcional na Doença de Parkinson — a patologia mais frequente neste domínio. Este programa verdadeiramente pioneiro e inovador, que iniciou em 2002, já permitiu operar cerca de 300 doentes”, evidencia Carolina Garrett. Simultaneamente, devem ser também destacados os resultados obtidos pelo Serviço de Neurologia no tratamento multidisciplinar das Doenças Cerebrovasculares. Criação de conhecimento garante futuro na senda da excelência Pautando a sua atuação pela permanência na vanguarda, mantendo-se one step ahead, o Serviço de Neurologia do CHSJ afirma-se, igualmente, como cátedra de ensino e de investigação. Neste sentido, em estreita colaboração com a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, para além de orientar a formação dos seus alunos e de médicos especialistas, o Serviço participa no Programa Doutoral em Neurociências Clínicas, Neuropsiquiatria e Saúde Mental. Por outro lado, o Serviço é palco de aprendizagem para os internos que vêm, opcionalmente, fazer formação específica em Neuro-

Carolina Garrett Diretora do Serviço de Neurologia do CHSJ

logia, completando a sua formação e adquirindo conhecimento e experiência em áreas muito diferenciadas. Numa busca incessante pela excelência, “o Serviço tem incentivado a formação de internos em Centros de excelência no estrangeiro. Ainda que seja por períodos curtos de tempo, não há melhor forma de aprender do que ver fazer. Além disso, quando estes regressam incorporam sempre no Serviço mais-valias como inovação e conhecimento”, acrescenta Carolina Garrett. Afirmando-se, igualmente, como um importante palco de produção científica, o Serviço tem por objeto social o desenvolvimento da investigação clínica, melhorando, deste modo, a qualidade e a eficiência assistenciais. “Num Hospital onde se convive, a paredes meias, com a Universidade, cria-se uma exigência obrigatória ao nível da investigação. Cumprindo este desígnio, as linhas mais proeminentes da nossa atividade científica centram-se no estudo da Doença Vascular Cerebral, das Doenças Inflamatórias e Neurometabólicas, e das Doenças de Movimento”, realça a entrevistada. De olhos postos no futuro, por forma a manter-se no trilho da excelência, “o Serviço deve continuar a diferenciar-se em áreas onde tem experiência e conhecimento consolidados. Pois, num país da dimensão de Portugal, as instituições de Saúde devem optar pela diferenciação e complementaridade, através de uma boa rede de referenciação de doentes”. Neste sentido, um dos projetos que Carolina Garrett pretende concretizar, a curto prazo, radica na “criação de uma estrutura organizacional mais eficaz vocacionada para o estudo da deterioração cognitiva, já que a demência é um dos flagelos atuais e com tendência a aumentar”, conclui

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Serviço de Medicina Interna do Centro Hospitalar de São João

Referência internacional em Medicina Interna Credenciado entre congéneres nacionais e internacionais, o Serviço de Medicina Interna do Centro Hospitalar de São João assume-se como um espaço de partilha de conhecimento, de conjugação de saberes e de promoção da inovação, contribuindo para o «Estado da Arte» nesta área da Saúde. Caracterizando-se pela diferenciação e pela excelência do corpo clínico, a Instituição detém, no seu código genético, expertise em domínios específicos da Medicina que se refletem em mais-valias e em categóricos indicadores de qualidade dos cuidados assistenciais prestados. O ExLibris® tem, em cada edição, sido palco de conhecimento sobre muitas áreas da Saúde. Hoje, chegou o dia de lhe dar a conhecer um dos pilares principais da atividade hospitalar: a Medicina Interna. Assim, guiados por Paulo Bettencourt, responsável pelo Serviço, apresentamos-lhe esta Instituição que se consubstancia numa referência nacional e internacional neste campo do saber. ExLibris Dezembro 2015

Promovendo uma atuação global e multidisciplinar, o Serviço de Medicina Interna do Centro Hospitalar de São João (CHSJ) está orientado para a prestação de cuidados diferenciados, com eficiência e qualidade, em articulação com as necessidades da região onde se insere, contribuindo para o «Estado da Arte» da especialidade. Promovendo a excelência para otimizar os resultados clínicos e o rigor assistencial, o Serviço norteia a sua atuação pela implementação de estratégias de best practices. A Medicina Interna é, muitas vezes, considerada a mãe de todas as especialidades não cirúrgicas. Dedicando-se a tratar o doente adulto de uma forma holística, o internista tem uma enorme experiência hospitalar, trabalhando em áreas nucleares, como sejam a urgência, as enfermarias de Medicina, os cuidados intermédios, os intensivos e os especiais como as unidades de Acidente Vascular Cerebral (AVC), os hospitais de dia e a consulta externa. Esta experiência habilita-o para equacionar os problemas do doente, priorizá-los, realizar diagnósticos difíceis e complexos quando a patologia afeta vários órgãos ou sistemas ou não é clara a sua origem, tratar as doenças em fase crítica, as patologias sistémicas e os doentes com comorbidades. Além disso, o internista é também o médico mais capaz para articular a intervenção dos

outros profissionais e, pela sua natureza, interessa-se por áreas de fronteira que têm impacto no resultado dos cuidados prestados. É, por isso, que a Medicina Interna é considerada uma especialidade basilar em qualquer hospital. Neste sentido, percebendo as particularidades desta área do saber, verifica-se com facilidade que a história do Serviço de Medicina Interna do CHSJ funde-se com a própria história do Hospital. Assim, com um legado que remonta a 1959, o Serviço foi assumindo várias estruturas organizacionais ao longo dos seus 56 anos de história, de acordo com o modelo em vigor em cada época. Em 2006, “foram agregadas todas as valências de Medicina Interna e criou-se um único Serviço. Fruto disso, conseguimos aumentar a nossa massa crítica e o nosso poder organizativo, por forma a afirmar a Medicina Interna como uma área charneira na atividade de uma das unidades hospitalares mais diferenciadas em Portugal, o Centro Hospitalar de São João”, conta Paulo Bettencourt, responsável pelo Serviço. Diferenciação clínica em prol da qualidade assistencial Fomentando a inovação e cultivando o dinamismo, este apresenta-se como um Serviço diferenciado, tendo no seu código genético uma ação assente em três pilares fundamen-

tais: atividade assistencial de exce- des de Internamento, sendo a estrulência, formação pré e pós-graduada tura que detém maior impacto neste e investigação com impacto interna- segmento; uma Unidade de Cuidacional. Assim, fruto da conjugação e dos Intermédios de Medicina vocado empenho de uma equipa médica cionada para prestar o apoio necesaltamente credenciada e dedicada sário a doentes com instabilidade ao a responder eficazmente às neces- nível dos órgãos e/ou dos sistemas; sidades do utente, o Serviço garan- uma Unidade de AVC que recebe pate, na atualidade, uma oferta de má- cientes em fase aguda; e uma Unidaxima complexidade, diferenciação e de de Hipertensão Arterial que regisqualidade, visando a humanização, ta uma relação privilegiada com os a acessibilidade, a equidade, a segu- Cuidados de Saúde Primários e cuja rança e o conforto assistenciais. atividade hospitalar é mais dirigida Tal como o ExLibris® teve opor- para a valência de Ambulatório, tratunidade de testemunhar, um dos tando casos mais graves e de Hiperaspetos mais distintivos do Serviço tensão Arterial Refratária, ou seja, a de Medicina Interna do CHSJ reside pressão arterial que permanece acino seu corpo clínico, sendo consti- ma da meta, apesar do uso de três tuído por 45 especialistas com uma classes de fármacos anti-hipertenvasta experiência hospitalar que se sivos e em doses eficazes”, explica o afirmam em diversas vertentes da médico internista. Medicina e por 35 internos em forParalelamente a esta organização, mação específica em Medicina In- “o Serviço desenvolve atividade em terna. “Partilhamos a ideia de que áreas de diferenciação específica, esta especialidade é de largo espe- aos níveis do Internamento, do Amtro, mas, simultaneamente, vemos bulatório e do Hospital de Dia. Alos internistas como mais-valias em guns destes domínios são exclusiáreas específicas, por apresentarem vos do âmbito da Medicina Interna, um expertise adicional”, afirma Pau- mas outros são desenvolvidos em lo Bettencourt, evidenciando que es- interação com outras áreas do cota é a filosofia que sustenta toda a or- nhecimento e especialidades médicas”. Neste contexto, destacam-se ganização do Serviço. Apresentando uma estrutura fun- “as Doenças Autoimunes, sendo que cional que pretende dar cumpri- o grupo do Serviço que se dedica a mento à natureza das suas ativida- esta área é dos mais antigos da redes, em quantidade e diferenciação, gião Norte. Já na área da Insuficiênimpostas pela sua missão assisten- cia Cardíaca, a atividade que temos cial, o Serviço integra “nove Unida- desenvolvido distingue-se interna-


cionalmente, estando o Serviço inserido na Rede Ibérica de Registo de Insuficiência Cardíaca Aguda. No âmbito das Doenças Hereditárias do Metabolismo, ainda que este seja um campo com uma dimensão diminuta em termos de número de doentes acompanhados, o Serviço apresenta um grande nível de diferenciação e de impacto, colaborando também em parceria com a Pediatria. Numa das áreas com maior relevância na atualidade – as Doenças Cerebrovasculares –, o Serviço articula-se com a Medicina Física e de Reabilitação e com a Neurologia, no sentido de dar apoio nas valências de Ambulatório, de Internamento e na Unidade de AVC. Sendo a primeira causa de morte em Portugal, estas doenças são altamente condicionantes e assumem um impacto enorme na vida do doente pelo que este necessita de cuidados diferenciados em permanência. A par das áreas já mencionadas, participamos também em programas pluridisciplinares em domínios como a Hipertensão Arterial Pulmonar, em conjunto com a Pneumologia, a Cardiologia, a Reumatologia e a Cardiologia Pediátrica, no sentido de, através de um esforço interdisciplinar, permitir o tratamento adequado nesta condição rara e altamente debilitante que requer conhecimentos específicos”, evidencia Paulo Bettencourt. De facto, o tratamento multidisciplinar é uma premissa irrefutável do dia a dia de um internista, pois a visão integradora das características fisiológicas e patológicas do doente e a articulação com as práticas

de outras especialidades definem a lidade pelo prisma que garante que essência da Medicina Interna. “Vi- cada doente possa usufruir das mevemos num dos hospitais mais di- lhores terapêuticas adequadas à sua ferenciados do país, onde todas as situação clínica, em cada momento. áreas do conhecimento existem” e, Isto reflete-se, por exemplo, numa enquanto interplay, o Serviço de taxa de acessibilidade no AmbuMedicina Interna interage com to- latório de cerca de 20%, enquanto das as especialidades. Este é um fac- há 10 anos era inferior a 10%. Esto exigente porque obriga a um co- te é um indicador de qualidade innhecimento alargado sobre todas direto do que oferecemos à populaas áreas da Medicina e, simultanea- ção e que demonstra a evolução pamente, “a uma procura constante de tenteada na última década. Por sua atualização, de acordo com o «state vez, a média de Internamento situaof the art» desta especialidade”. Nes- -se entre os 8,6 e os 8,9 dias – númete sentido, “organizamos reuniões ros expectáveis para doentes mais bissemanais e uma reunião geral do comuns em Medicina Interna, com Serviço todas as semanas. A par dis- patologia crónica e complexa. Outro so, mensalmente, dinamizamos um indicador que merece destaque reencontro, patrocinado pela indús- laciona-se com a área de Insuficiêntria, que conta sempre com a pre- cia Cardíaca, em que, após o Intersença de palestrantes de outras áre- namento, quando os doentes se dirias que vêm partilhar conhecimento gem para o Ambulatório, verifica-se e experiência connosco, permitindo que mais de 70% apresenta toda a tea diferenciação do nosso corpo clíni- rapêutica otimizada, ou grupos farco em áreas específicas e tornando macológicos que melhoram a qualio Serviço mais robusto, apresentan- dade e a quantidade de vida desses do maior impacto interno e externo”, utentes. Estas taxas são comparáreitera Paulo Bettencourt. veis com os rácios registados nos Ainda que, tal como o responsá- grandes centros europeus”. vel do Serviço de Medicina Interna Regendo-se por valores de comdo CHSJ faz questão de realçar, “se- promisso e de rigor é, como se poja difícil verter em números toda a de constatar pelas premissas de difeatividade de uma estrutura deste renciação apresentadas, a missão do cariz”, a abordagem clínica e a ges- Serviço “associar uma prestação de tão promovidas asseguram a res- cuidados de saúde de grande qualiposta eficiente a cerca de sete mil dade a uma procura constante pela internamentos e 20 mil episódios excelência”. de consulta por ano. Atentando nos indicadores de qualidade que espe- Ensino & Investigação lham, direta ou indiretamente, a ati- Pautando a sua atuação pela permavidade da Medicina Interna do Hos- nência na vanguarda, o Serviço de pital de São João, Paulo Bettencourt Medicina Interna do CHSJ afirma-se, começa por explicar que, “enquanto igualmente, como cátedra de ensino Serviço, interessa-nos medir a qua- e de investigação. Neste sentido, em

estreita colaboração com a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), os sete doutorados que fazem parte do corpo clínico do Serviço são responsáveis por disciplinas curriculares do Curso de Medicina e estão intimamente associados a Doutoramentos nas áreas do Metabolismo e das Ciências Cardiovasculares, participando nos conselhos científicos das ofertas formativas da FMUP nestas duas áreas do conhecimento. Ainda no âmbito da transmissão de conhecimento, o Serviço interage com os Cuidados Primários de Saúde em dois primas de atuação: “Em termos institucionais, temos relações diretas estabelecidas com todos os Agrupamentos de Centros de Saúde da nossa área de influência, garantindo acessibilidade a todos os pedidos com tempos médios de espera não superiores a um mês. Além disso, temos uma ação proativa, no sentido de criar uma lógica de proximidade com os médicos de Medicina Geral e Familiar”. Neste contexto, “realizamos anualmente uma Reunião sobre Hipertensão Arterial, em que partilhamos atividade e conhecimento com os colegas dos Cuidados Primários. E, simultaneamente, criámos, em parceria com a especialidade de Cardiologia, um estágio em Medicina Cardiovascular, no qual já se formaram mais de 30 internos de Medicina Geral e Familiar”, conta Paulo Bettencourt. Na vertente da criação de conhecimento científico, o Serviço apresenta resultados, em termos de impacto, bastante relevantes: “Publicamos cerca de 15 a 20 artigos anuais em re-

vistas científicas e com arbítrio científico, nas áreas de diferenciação referidas”. Afirmando-se, assim, como um importante palco de produção científica, o Serviço é reconhecido por congéneres internacionais, o que é claramente motivo de orgulho. Neste sentido, “para além de estar, como referido anteriormente, integrado na Rede Ibérica de Registo de Insuficiência Cardíaca Aguda, o Serviço tem, também nesta área, colaborações com o Amsterdam Medical Center, das quais têm surgido diversas publicações em revistas de elevadíssimo nível de impacto. Numa outra vertente, temos habitualmente três a cinco ensaios clínicos a decorrer ativamente, envolvendo mais de 30 doentes por ano. Entre as principais linhas de investigação destacam-se a área Cardiovascular, as Doenças Autoimunes e as Cerebrovasculares”, afirma. Promovendo um profícuo contacto com a comunidade científica, numa lógica de partilha de saberes, o Serviço participa na organização da Reunião Internacional de Doenças Autoimunes e no Congresso do Núcleo de Estudos da Doença Vascular Cerebral da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna. Desafio do futuro: Apresentar respostas para a doença crónica e complexa De facto, dinamismo, rigor e profissionalismo são pilares que têm norteado o percurso do Serviço de Medicina Interna do CHSJ. Desenvolvendo a sua atividade em consonância com os mais elevados padrões de qualidade, o Serviço, no seu planeamento estratégico, evidencia o compromisso com a prestação de cuidados de saúde de excelência. Assim, com os olhos postos no futuro, Paulo Bettencourt adianta que, nos tempos vindouros, “vamos ter de conjugar a nossa identidade enquanto especialidade – área de conhecimento de largo espectro com expertise adicional em domínios específicos – com as perspetivas de evolução dos estratos etários da população e com a cronicidade e a complexidade das condições de saúde daí inerentes. Neste sentido, temos de delinear estratégias que permitam tornar mais ténue e ter opções adicionais para a transição entre o estado agudo e o crónico, incorporando os cuidados continuados e os de fim de vida nas perspetivas de futuro do Serviço”, conclui

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Serviço de Imunoalergologia do Centro Hospitalar de São João

Assumindo-se como espaço de partilha de conhecimento, de conjugação de saberes e de promoção de inovação, o Serviço de Imunoalergologia do Centro Hospitalar de São João é uma referência na qualidade assistencial. E, apesar de colocar o seu pendor na prestação de cuidados atualmente constituído, além do diretor do Serviço, por sete especialistas e cinco internos. Passados 11 anos, encontramos uma estrutura organizacional que, promovendo a excelência para otimizar os resultados clínicos e responder eficazmente às necessidades da população da sua área de influência, tem contribuído ativamente para o «Estado da Arte» da especialidade. Pautando-se, assim, por fomentar as best practices na prestação de cuidados assistenciais, esta entidade orgulha-se de ser o primeiro Serviço de Imunoalergologia do país e e o primeiro Serviço Clínico do CHSJ a ver a sua qualidade certificada através da Norma ISO 9001 – “acreditação que sublinha o trabalho de toda a equipa e que denota a nossa preocupação constante em promover a qualidade assistencial aos doentes que frequentam a nossa consulta. Este processo foi concluído há um ano e representou, de facto, um marco na história do Serviço, mas tal só foi possível de concretizar devido ao empenho de todos os profissionais e pelo apoio incondicional do Serviço de Certificação do Centro Hospitalar de São João”, evidencia José Luís Plácido. Afirmando-se, desta forma, como uma entidade aglutinadora de Saúde e Ciência, o Serviço apresenta-se como uma Unidade diferenciada, tendo no seu código genético uma ação tripartida: atividade assistencial de excelência, formação e investigação reconhecida internacionalmente.

Excelência no tratamento das patologias imunoalérgicas Fomentando a inovação e cultivando o dinamismo, o Serviço de Imunoalergologia do Centro Hospitalar de São João (CHSJ) disponibiliza cuidados de saúde diferenciados, com qualidade e eficiência, na prevenção, no diagnóstico e no tratamento das patologias imunoalérgicas em todos os grupos etários. Utilizando as técnicas de diagnóstico mais adequadas a cada patologia, e estandardizando as melhores práticas clínicas, o SerExLibris Dezembro 2015

viço assume-se, assim, como um interlocutor privilegiado na qualidade assistencial das doenças imunoalergológicas. Com um legado que remonta a 1971, altura em que foi criada a consulta de Asma/Rinite no Hospital, o Serviço de Imunoalergologia cresceu de mãos dadas com o desenvolvimento desta área do saber que foi reconhecida, como especialidade médica, em 1984. Neste sentido,

o primeiro quadro hospitalar desta Instituição foi aprovado em 1985, com dois chefes de Serviço e quatro assistentes, e os primeiros internos iniciaram a sua prática em 1987. Entre os primeiros imunoalergologistas a formarem-se no Hospital de São João, encontra-se José Luís Plácido, o atual diretor do Serviço. Em 1993, foi criada a Unidade de Imunoalergologia e o Serviço nasce, oficialmente, em março de 2004, sendo

Cuidados assistenciais de elevada qualidade Colocando o pendor da sua ação no doente, o Serviço de Imunoalergologia aborda a Saúde de forma integrada e personalizada. Assim, efetivando uma abordagem fundeada na humanização da Medicina e disponibilizando uma resposta adequada ao volume de utentes que recebe, a sua ação assenta nas valências de Ambulatório — estruturado em dois segmentos: Consulta Externa e Hospital de Dia — e de Atendimento Permanente. Nesta especialidade, “o Internamento é uma atividade minor, sendo muito residual. Registamos apenas entre 20 a 30 internamentos por ano, motivados maioritaria-

mente por descompensações muito graves de Asma. Pois, efetivamente, a Imunoalergologia é uma especialidade vocacionada para o Ambulatório”, afirma o diretor do Serviço. Com efeito, ao nível da Consulta Externa — “o cerne da nossa atividade —, o avanço técnico-científico e a preocupação pela qualidade na prestação dos cuidados médicos, levou à necessidade de criar áreas específicas na avaliação do doente imunoalergológico”. Neste sentido, explica José Luís Plácido, “a oferta do Serviço teve de alargar-se a consultas específicas em áreas como Alergia a Fármacos, Alergia Alimentar; Alergia, Asma e Desporto; Patologia Ocupacional Alérgica; Alergia a Venenos de Himenópteros; Asma Grave; Angioedema Hereditário; Patologia Cutânea Hereditária; e Imunoalergologia de Grupos Etários Pediátricos”. De entre as várias técnicas de diagnóstico realizadas no contexto da Consulta Externa que são determinantes para estabelecer um rigoroso plano terapêutico, destacam-se “os testes cutâneos (por picada, intradérmicos, ou epicutâneos) que são executados em função do tipo de patologia, as provas de função respiratória, nomeadamente a espirometria com prova broncodilatadora, estudo da hiperreactividade bronquica e o doseamento do óxido nítrico exalado”. Por sua vez, “pela sua especificidade, risco, consumo de tempo e necessidade de vigilância após a execução, há procedimentos diagnósticos que só podem ser realizados exclusivamente em Serviços de Imunoalergologia mais diferenciados, nomeadamente na valência de Hospital de Dia”. Neste âmbito, enquadram-se “na área das Alergias alimentares e a fármacos, as provas de provocação com o alimento ou o medicamento suspeito. Paralelamente, em Hospital de Dia, são realizados também os tratamentos de doentes com Imunodeficiências Primárias (administração mensal de globulinas) e Asma grave (tratamento com anticorpos monoclonais)”, explica o imunoalergologista. A par, e em articulação com estas valências, o Serviço realiza também Atendimento Permanente das 8 às 18 horas, todos os dias úteis. “Esta ofer-


de saúde, o Serviço afirma-se igualmente como agente promotor da excelência ao nível do ensino e da investigação. Em entrevista ao ExLibris®, José Luís Plácido, diretor, apresenta os pilares que sustentam a diferenciação desta estrutura organizacional.

ESTE FOI O PRIMEIRO SERVIÇO DE IMUNOALERGOLOGIA DO PAÍS E O PRIMEIRO SERVIÇO CLÍNICO DO CHSJ A VER A SUA QUALIDADE CERTIFICADA ATRAVÉS DA NORMA ISO 9001.

ta funciona como uma urgência para os doentes que acompanhamos na Consulta e apresenta um movimento assinalável, dando uma resposta muito eficaz às necessidades da nossa população de utentes”, evidencia José Luís Plácido. Como se pode constatar, esta abordagem e diferenciação clínica permitem a otimização de um Serviço com escassos recursos humanos. Assim, em 2014, foram realizadas 12 300 consultas, 4 600 testes cutâneos, 7 600 provas de função respiratória, 880 sessões em Hospital de Dia e administradas 4 400 vacinas antialérgicas. Ainda que sejam apenas números, estes dados permitem perceber a dimensão do Serviço, bem como a dinâmica e o dinamismo que fluem no seu ADN, corroborando a eficiência e a qualidade dos cuidados assistenciais prestados. E tal só é possível graças ao empenho de uma equipa médica altamente credenciada, com-

posta por profissionais experientes dos Primários” –, o Serviço tem parque apresentam, também, uma cla- cerias estabelecidas com as espera vocação para o trabalho em equi- cialidades de Obstetrícia e de Otorpa e que detêm, simultaneamen- rinolaringologia. No primeiro caso, te, uma grande tradição de ligação a “seguimos grávidas com Asma, tencentros de formação e de investiga- do possibilidade de observar estas ção de prestígio à escala internacio- pacientes numa consulta urgente denal. E, fruto isso, os colaboradores do signada como «Via Verde», sendo obServiço têm um papel ativo nos ór- servadas no próprio dia ou nas 24 hogãos sociais da Sociedade Portugue- ras subsequentes. Por sua vez, com a sa de Alergologia e Imunologia Clíni- Otorrinolaringologia, são evidentes ca, na Academia Europeia de Alergo- as áreas de fronteira e de grande prologia e Imunologia Clínica, na Ordem ximidade. Fruto disso, uma grande dos Médicos, no Colégio da Especia- percentagem de doentes com Rinilidade e também na Associação dos te Alérgica e com patologia Naso-siServiços de Imunoalergologia. nusal é sujeita a uma avaliação conjunta”, realça. Articulação com outras especialidades Criação e transmissão Colocando o seu know-how ao dis- de conhecimento por de todos os doentes do Centro A par da qualidade clínica, o Serviço Hospitalar de São João, o Serviço de de Imunoalergologia do CHSJ afirImunoalergologia desenvolve uma ma-se, igualmente, pela sua atividaenorme interação com outras espe- de de ensino e investigação. Em escialidades para o tratamento multi- treita colaboração com a Faculdadisciplinar de patologias de frontei- de de Medicina da Universidade do ra. Neste sentido, destaca-se o con- Porto (FMUP), elementos do Serviço tributo dado pelos especialistas do têm atividades docentes pré e pósServiço na área oncológica. “É mui- -graduadas nas seguintes disciplito importante permitir, nestes casos, nas do Mestrado Integrado em Meque o doente consiga fazer o plano dicina: Semiótica Clínica, Imunoloterapêutico de primeira linha defi- gia Clínica e Introdução à Medicina nido para o tratamento da neoplasia I e II. Além disso, têm participações em questão. Assim, recorrendo a pro- ativas nos Cursos de Pós-graduação tocolos de dessensibilização, é pos- em Medicina Desportiva, em Nutrisível ao doente manter a terapêuti- ção Desportiva e em Medicina do ca com um citostático ao qual tenha Trabalho. Cumulativamente, o Serfeito préviamente uma reacção de hi- viço recebe, anualmente, internos persensibilidade. O mesmo acontece de Medicina Geral e Familiar e de no caso das doenças infeciosas, em outras especialidades, como Pneuque a nossa intervenção permite fa- mologia e Medicina do Trabalho, zer dessensibilizações aos fármacos para fazer formação em áreas espesuspeitos de reações de hipersensibi- cíficas em Imunoalergologia, bem lidade usados no tratamento destas como estudantes de Doutoramenpatologias, com muito sucesso e sem tos em outras áreas médicas. Ainda no âmbito da transmissão efeitos adversos graves”. Cumulativamente, também na área da Cardiolo- de conhecimento, o Serviço particigia, “conseguimos avaliar e apoiar os pa nos Encontros de Imunoalergodoentes que têm hipersensibilidade logia do Norte para Medicina Geral à aspirina. E, neste seguimento, au- e Familiar. O evento é organizado xiliamos igualmente a Anestesiolo- pelos Serviços/Unidades de Imunogia a estudar e a compreender as re- alergologia do Centro Hospitalar do ações alérgicas graves que, por vezes, Alto Ave, do Centro Hospitalar do acontecem durante ou após as inter- Porto, do Centro Hospitalar de São venções cirúrgicas”, afirma o entre- João e do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho. Pretendenvistado. Para além deste contributo dado do ser palco de partilha de conheno domínio das Alergias a fármacos – cimento e de experiência, o Encon“resposta cada vez mais reconhecida tro tem contado com cerca de 300 a e procurada pelas outras estruturas 400 inscrições em cada edição. hospitalares e também pelos CuidaParalelamente, em estreita arti-

culação com a comunidade científica, o Serviço colabora e desenvolve continuamente estudos e projetos de investigação nacionais e internacionais. Os resultados desta produção investigativa têm sido publicados nas melhores revistas científicas da especialidade, o que é motivo inquestionável de regozijo e de prestígio. “Em 2014 publicamos 50 trabalhos de investigação e apresentamos 52 em reuniões científicas nacionais e internacionais”, acrescenta José Luís Plácido. Entre as principais linhas de investigação, destacam-se as áreas da Alergia a fármacos, a Alergia alimentar e a Asma, Alergia e Desporto. Na senda da internacionalização, “o Serviço está integrado no grupo de centros colaboradores do ‘Global Allergy and Asthma European Network’, o que tem permitido a nossa participação em vários projetos, estudos internacionais e ‘position papers’ de Sociedades Científicas como a ‘EAACI — European Academy Allergy and Immunology e a ERS — European Respiratory Society’. Além disso, o Serviço tem procurado desenvolver parcerias estratégicas com congéneres estrangeiros, tendo já cooperado em projetos de investigação e de intercâmbio com o Hospital Universitário de Helsínquia”, explica o imunoalergologista. E porque «o caminho faz-se caminhando»1, José Luís Plácido adianta que “o futuro passa por acompanhar os desafios que vão sendo lançados, estando sempre bem apetrechados, sob os pontos de vista técnico, científico e humano, para proporcionarmos uma melhor qualidade na prestação de serviços e para responder eficazmente aos reptos que irão, naturalmente, surgir”

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1 António Machado, poeta espanhol

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Com um legado de sucesso onde alicerça a construção de um futuro promissor, o Hospital do Espírito Santo de Évora E.P.E. (HESE) não se deixa ficar pelo passado, continuando, na atualidade, a afirmar-se enquanto palco de inovação. Os mais de 500 anos de atividade do Hospital são, assim, o corolário de uma ação orientada para que este se assuma como um projeto centrado na diferenciação terapêutica, privilegiando o cumprimento de rigorosos padrões de qualidade na atividade assistencial e na investigação. Com efeito, este ano, o HESE foi, mais uma vez, considerado um dos melhores hospitais do país1, apresentando elevados níveis de desempenho global. Em entrevista ao ExLibris®, Manuel Carvalho, presidente do Conselho de Administração e diretor clínico, traça um retrato da evolução da Instituição, realçando o projeto mais ambicioso do HESE: a construção de um novo Hospital.

Percorremos a planície alentejana até encontrarmos uma Unidade de prestação de cuidados de saúde que se tem afirmado como um importante centro de difusão, transmissão e estandardização das melhores práticas clínicas: o Hospital do Espírito Santo de Évora E.P.E. (HESE). Há mais de 500 anos a cuidar da saúde do Alentejo, o Hospital «desenvolve a sua atividade dirigida à prestação de cuidados de saúde diferenciados, adequados e em tempo útil, garantindo padrões elevados de desempenho técnico-científico, de eficaz e eficiente gestão de recursos, de humanização e promovendo o desenvolvimento profissional dos seus colaboradores». Assim que damos os primeiros passos nesta Instituição de tradição secular, deixamo-nos conquistar pe-

Hospital do Espiríto Santo de Évora E.P.E.

HESE: Há mais de 500 anos a cuidar do Alentejo lo espaço em que cada pormenor segreda memórias de um Hospital que, ao longo de mais de cinco séculos, e apesar das condicionantes, se tem desenvolvido para acompanhar a evolução da Medicina e, deste modo, responder, com elevados níveis de qualidade e de diferenciação, às necessidades da população. Somos, então, gentilmente convidados a realizar um pequeno périplo pela Instituição, enquanto ouvimos Manuel Carvalho, presidente do Conselho de Administração e diretor clínico, tecer um breve retrato sobre a organização da prestação de cuidados assistenciais. À medida que percorremos os corredores, o ExLibris® tem oportunidade de testemunhar a humanização dos cuidados de saúde prestados. Sendo o doente a sua força motriz, o HESE norteia a sua

atuação pela promoção do bem-estar dos doentes que a ele recorrem. De facto, este não é um espaço onde a doença é um fator dominante; pelo contrário, é um local onde a dedicação e a preocupação pela saúde estão patentes em cada gesto e ato clínico. Durante este percurso, temos ainda o privilégio de granjear conhecimento científico, através do discurso que denota a elevada experiência consolidada na prática clínica de Manuel Carvalho, que desempenha, também, funções enquanto médico-cirurgião. Finalmente, no domínio da gestão hospitalar, o ExLibris® tem, ainda, oportunidade de testemunhar a eficácia do trabalho em equipa e da implementação de processos organizacionais que potenciam a otimização dos recursos e os resultados obtidos.

Herdeiro de uma tradição secular, o “Hospital como é hoje entendido iniciou a sua atividade após a Revolução do 25 de Abril, com a nacionalização dos hospitais que pertenciam às Misericórdias. E assim se criou um Hospital público, em Évora, com o conceito que temos hoje do que deve ser uma unidade de saúde, gerida pelo Estado, e que tem como obrigação fornecer os cuidados que a população necessita, sobretudo numa área extensa, como é o Alentejo”. Com efeito, “no distrito de Évora, este é o único Hospital público que existe e que coopera numa organização composta por várias instituições de saúde do Alentejo, assumindo um duplo papel: por um lado, de primeira referência de toda a população do distrito e, depois, como se-

gunda resposta para os outros distritos da região, enquanto Hospital central, nas áreas em que as restantes unidades hospitalares não possuem recursos específicos”, começa por explicar Manuel Carvalho. Neste sentido, este projeto que se tem afirmado, no seio dos congéneres, como um conceito de referência em termos de gestão, organização técnica, prestação, racionalização e humanização dos serviços, presta assistência a cerca de 550 mil habitantes residentes no Alentejo. Articulação de cuidados de saúde promove eficiência De facto, qualidade, rigor e profissionalismo são pilares que têm norteado a atuação da Instituição desde a sua génese. Progredindo enquanto impulsionador da exDezembro 2015 ExLibris


celência, o HESE estruturou a sua área oncológica. A este nível, a Insatividade assistencial de forma a tituição garante os cuidados de Onresponder eficazmente às neces- cologia médica a toda a população sidades da população. Com efeito, da região, dispondo de um Hospital estando o doente no centro da sua de Dia de Oncologia e de uma Uniatuação, o Hospital tem procurado dade de Radioterapia”. No domínio oncológico, o Hospievoluir na senda da inovação, aplicada às áreas de diagnóstico e de te- tal do Espírito Santo de Évora E.P.E., rapêutica, promovendo uma profí- de acordo com uma forte articulacua “articulação com os vários hos- ção com os Cuidados de Saúde Pripitais da região. Há especialidades mários, tem promovido rastreios de estruturantes que estão a funcio- base populacional nas três doenças nar em todos os hospitais da região deste foro previstas pelo Plano Nae as restantes que, pela diferencia- cional de Saúde, designadamente ção dos cuidados, pela necessidade no Cancro da Mama, no Cancro do de recursos específicos ou porque Colo do Útero e no Cancro Colo-renecessitam de uma atividade cons- tal. Com efeito, o HESE “participa tante para se justificar a sua im- ativamente no rastreio, no diagnósplantação, estão sediadas no Hos- tico e no tratamento das patologias pital de Évora como resposta regio- oncológicas”. A cultura organizacional instituínal, tal como acontece com a área Materno-Infantil. Existem três ma- da no Hospital permite-lhe afirmarternidades na região – Beja, Porta- -se, igualmente, pela capacidade de legre e Évora –, sendo o HESE refe- inovação e de pioneirismo, através renciado como o Centro de Apoio da implementação de técnicas de Perinatal Diferenciado, dando, as- vanguarda, no domínio cirúrgico. De acordo com Manuel Carvalho, sim, resposta a todas as situações mais complexas e de maior risco. “a organização e a articulação de cuiPara tal, dispomos de uma Unida- dados observa-se também na área de de Neonatologia, com cuidados cirúrgica. Cada hospital da região intermédios e intensivos para toda prevê uma resposta nas especialidades estruturantes, enquanto que a região”, esclarece. No âmbito das especialidades os cuidados no âmbito das especiamédicas, enquanto Hospital cen- lidades cirúrgicas mais diferenciatral, a Instituição presta, igual- das são prestados no HESE, como é mente, uma resposta regional nos o caso da Cirurgia Pediátrica, da Cidomínios da Endocrinologia, Imu- rurgia Vascular, da Cirurgia Plástica noalergologia, Infeciologia, Gas- e da Cirurgia da Obesidade. E, natrenterologia, Nefrologia, Cardio- turalmente, qualquer área procura logia, Hematologia e da Anatomia estar atualizada e reunir os recurPatológica. Simultaneamente, “a sos apropriados à evolução do coUnidade de Hemodinâmica – vo- nhecimento médico”, afiança Macacionada fundamentalmente pa- nuel Carvalho, acrescentando que ra o diagnóstico e o tratamento da o Hospital presta uma resposta glodoença coronária e arterial perifé- bal no âmbito cirúrgico, “com excerica – dá também uma resposta a ção da Cirurgia Cardíaca, da realitodo o Alentejo”, realça o presiden- zação de transplantes e da Neurote do Conselho de Administração, cirurgia. Estas são áreas que não acrescentando que o HESE se afir- existem no Alentejo, nem devem ma, paralelamente, “como o pivô da porque são muito específicas e ne-

ExLibris Dezembro 2015

cessitam de uma grande casuística para que se justifique a sua implementação. Nestes casos, faz sentido que o país tenha uma organização de cuidados de saúde numa lógica de complementaridade”. Edificando um percurso de meritório sucesso, o HESE tem evoluído de forma paradigmática, sobretudo quando analisados os recursos de que dispõe para prestar os cuidados de saúde necessários. Tecendo uma análise aos indicadores de atividade, facilmente se conclui que, nos últimos 10 anos, se registou um “aumento muito significativo da atividade cirúrgica, sendo que passámos de cerca de 6 000 cirurgias para cerca de 15 000 e de 130 000 consultas para 209 000, em 2014. Simultaneamente, o Hospital tem evidenciado um decréscimo da atividade de urgência, o que evidencia, de certo modo, a evolução dos níveis de cuidados”. Este aumento progressivo da atividade foi acompanhado, em sentido oposto, “pelo encerramento de 53 camas, como resultado da estratégia de reorganização do HESE para conseguir ter ganhos de eficiência”. Neste sentido, “grande parte das mudanças foram feitas de forma gradual, tentando antecipar os problemas que poderiam decorrer do processo. Para conseguir reduzir a capacidade de internamento, o Hospital criou uma forte Unidade de Cirurgia de Ambulatório e fez um grande esforço por forma a ter um papel muito interventivo no âmbito da Saúde Mental comunitária. Isto porque, hoje em dia, a Psiquiatria é uma especialidade mais trabalhada em regime de ambulatório e na comunidade, do que propriamente em internamento. Também se fez um trabalho meritório no sentido de ter uma Unidade de Convalescença, dentro da Rede Nacional

de Cuidados Continuados Integrados, que permitiu antecipar algumas altas hospitalares. Todas estas intervenções possibilitaram encontrar respostas em alternativa ao internamento, reduzindo o número de camas com ganhos de eficiência”. Naturalmente, esta mudança só foi possível “com o empenho e a dedicação de todos os profissionais”, realça Manuel Carvalho. Para além de incrementar uma filosofia assente na melhoria contínua da qualidade assistencial, o Hospital evidencia igualmente uma aposta no corpo clínico, detendo profissionais credenciados. No entanto, neste domínio, o presidente do Conselho de Administração destaca a “dificuldade de fixação de médicos, sobretudo em algumas especialidades em que há carência de especialistas em Portugal, nomeadamente na Anestesiologia, Oncologia, Ortopedia e Ginecologia-Obstetrícia. Estes são exemplos de especialidades estruturantes para as quais necessitamos de uma grande equipa e em que só conseguimos dar uma resposta eficaz pela dedicação dos profissionais. Aliás, neste momento temos quase o mesmo número de médicos que tínhamos há 10 anos. O Hospital de Évora tem feito um grande esforço por formar especialistas, mas, que o caracterizam, o HESE implelamentavelmente, a grande maio- mentou um projeto no acompanharia desses internos acaba por exer- mento de doentes que sofreram de cer posteriormente a sua atividade Acidente Vascular Cerebral (AVC). O «Seguimento Integrado do Doennos hospitais do litoral”. Colocando o pendor da sua ação te com AVC» é, com efeito, uma inino paciente e abordando, assim, a ciativa da responsabilidade do HosSaúde de forma integrada e perso- pital Espírito Santo e do Agrupanalizada, o Hospital tem sido reco- mento de Centros de Saúde (ACES) nhecido pelo seu desempenho glo- Alentejo Central e pretende “otimibal. Com efeito, este ano, o HESE zar a comunicação entre os Cuidafoi, mais uma vez, considerado dos de Saúde Primários e os Hospium dos melhores hospitais do país, tais, de forma a promover um menum estudo apresentado pela em- lhor acompanhamento de todos os presa IASIST no âmbito dos pré- doentes com alta hospitalar pós-AVC. Inserindo-se num projeto de mios TOP5. O Hospital do Espírito Santo de governância clínica, este é um bom Évora E.P.E. foi vencedor na sua ca- exemplo do entendimento que protegoria em 2014 e, em 2015, apesar curamos encontrar entre os vários de não ter sido apurado como ven- níveis da Saúde – Primários, Hoscedor, constou, uma vez mais, na pitalares e Continuados –, de forma lista de nomeados, figurando nos a que os cuidados sejam organizatrês primeiros lugares do seu gru- dos”. Assim, no caso do AVC, o HEpo, “demonstrando que continua a SE “prevê uma resposta imediata desenvolver um trabalho de quali- através da «Via Verde AVC» e o dodade e de excelência na prestação ente é depois integrado na Unidade de cuidados à população do Alente- de AVC para reabilitação e recupejo”, afirma. De acordo com Manuel ração. Sendo esta uma doença que, Carvalho, este ranking trata-se de pelas suas características de gravi“um trabalho de benchmarking em dade e de eventual perda de autoque se analisam hospitais que terão, nomia, fragiliza os doentes, no moem teoria, realidades semelhantes e mento da alta hospitalar tornava-se são utilizados critérios de qualida- imperioso assegurar o seu seguide e de eficiência. Quer na avalia- mento. Por isso, o foco deste projeção deste ano, quer na do ano passa- to centrou-se no reencaminhamendo, ficámos entre os três primeiros to do doente para os Cuidados de classificados. E este é um dado ex- Saúde Primários, de forma planeatremamente importante para per- da, para não haver interrupção no cebermos que temos desenvolvido plano de tratamento. E aqui são enum grande esforço na Instituição”. globadas todas as abordagens necessárias para promover a reabiliInovar na atividade assistencial tação”, garante. No final do ano transato, e evidenNesta lógica de promoção do enciando a inovação e o pioneirismo tendimento entre os vários níveis


O HESE TEM-SE AFIRMADO, DESDE 2014, COMO UM PALCO DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA, AO CRIAR UM CENTRO DE INVESTIGAÇÃO QUE, POR SUA VEZ, ADQUIRIU UMA NOVA DINÂMICA AO ESTABELECER UM PROTOCOLO DE COLABORAÇÃO COM A UNIVERSIDADE DE ÉVORA

Novo Hospital de Évora

de prestação de cuidados assistenciais, a Instituição está também a desenvolver um projeto no âmbito do Cancro Colo-retal. Os princípios orientadores “são os mesmos do «Seguimento Integrado do Doente com AVC», isto é, pretendemos atuar em rede. Percebemos que o paciente em fase de diagnóstico e de estadiamento, muitas vezes tinha de andar entre os Cuidados Primários e o Hospital. Queremos, por isso, minimizar o tempo de intervenção desde a altura em que este manifesta sintomas até ao seu acesso aos cuidados médicos”. Mantendo uma tendência sustentada de crescimento, o HESE tem-se afirmado, desde 2014, como um palco de produção científica, ao criar um Centro de Investigação que, por sua vez, adquiriu uma nova dinâmica ao estabelecer um protocolo de colaboração com a Universidade de Évora. Pretendendo desenvolver estudos de investigação ção reconhecidos pela comunidade científica, enquadrados na produção de conhecimento, e oti-

mizando, deste modo, a qualidade e a eficiência assistenciais, a missão deste Centro passa, de acordo com Manuel Carvalho, “por coordenar e dinamizar as atividades de investigação científica e tecnológica do HESE. Para tal, pressupõe-se a criação de instrumentos necessários ao desenvolvimento de projetos locais, bem como ao estabelecimento de parcerias com entidades externas”. A Saúde em Portugal: Um retrato Questionado sobre o atual estado da Saúde no país, Manuel Carvalho é perentório ao afirmar que “a resposta a esta questão tem de ser apresentada a dois níveis: conjuntural e estrutural”. Tecendo uma análise à estrutura do Serviço Nacional de Saúde (SNS), “considero que Portugal tem um sistema forte, dá uma boa reposta às necessidades da população e este facto é reconhecido internacionalmente. Trata-se de um Serviço de Saúde que é invulgarmente eficaz atendendo à situação financeira do país. Como se

sabe, temos um orçamento para a Saúde, em termos absolutos, per capita, muito inferior à da generalidade dos países da União Europeia e, mesmo assim, conseguimos obter indicadores próximos dos dessas geografias ou até melhores”, afiança o presidente do Conselho de Administração. Já do ponto de vista conjuntural, “o país atravessa sérias dificuldades, mas, apesar destas, existe uma noção clara de que o acesso aos cuidados de saúde tem vindo a melhorar. Mesmo perante esta conjuntura, nos pontos em que mais se justifica, tem havido investimento na qualidade. Temos de ter a noção da força do SNS e de que os hospitais, apesar desta situação difícil de redução da dotação orçamental, têm conseguido manter ganhos de eficiência nos níveis da prestação de cuidados”, atesta. Na direção clínica desde 2005, Manuel Carvalho acumula funções, desempenhando, em simultâneo, o cargo de presidente do Conselho de Administração do HESE. Esta foi, tal como refere, “uma evolução na-

tural que se traduziu na progressi- pondo, isso sim, uma boa estratéva transferência de competências. gia organizacional”. Devo destacar que, neste âmbiE para que o HESE se continue a to, o trabalho realizado pelas dire- afirmar enquanto agente impulsioções anteriores permitiu-nos pros- nador da qualidade, “o projeto que seguir numa lógica de continuida- faz sentido em Évora é o do novo de. E este foi um aspeto decisivo Hospital”. Quando, em 2007, a Inspara as transformações que se ope- tituição passou a ser uma Entidararam no Hospital, sobretudo des- de Pública Empresarial (E.P.E.), code 2007, porque são mudanças que mo recorda Manuel Carvalho, “fonão se implementam apenas num ram apresentados dois planos de mandato. Em termos pessoais, esse negócios: no primeiro, assumia-se foi o repto: fazer com que um Hos- que a estrutura do Hospital – que pital distrital passasse a ser central; em parte tem 500 anos e não foi um verdadeiro Hospital que englo- construída para ser uma Unidade basse praticamente todas as espe- de agudos – está, do ponto de vista cialidades”. físico e de organização, completaNeste percurso, a prioridade mente desadequada. Estimava-se, centrou-se, de acordo com o mé- então, o que era necessário para dico-cirurgião, “no alargamento a transformar numa Organização da carteira de serviços, passan- moderna. No segundo plano, predo o Hospital a abranger uma sé- via-se realizar o mínimo de invesrie de áreas em que os doentes, até timento possível nas atuais instaentão, eram obrigados a percorrer lações e criar uma estrutura nova. vários quilómetros até Lisboa. A A decisão política recaiu sobre espar disso, melhorámos significati- ta segunda alternativa, optando-se vamente o acesso aos cuidados de pela construção de uma estrutura saúde. No passado, o Hospital de de raiz”. Com base nesta orientaÉvora tinha listas de espera de ci- ção política, “fizemos o mínimo de rurgia que registavam médias su- investimento necessário para dar periores a dois anos; hoje, tem das resposta durante alguns anos. Mas, mais baixas do país”, assume, com no futuro, as atuais instalações orgulho. Com efeito, “estando es- deste Hospital não reúnem condites dois objetivos nucleares em ções para que esta possa ser consibom caminho, o objetivo passou derada uma Unidade moderna, flepor garantir a qualidade dos cui- xível e capaz de se adaptar ao dedados prestados”, refere, explican- senvolvimento e às necessidades do que, “mais concretamente, ho- dos cuidados de saúde”, afiança. je há uma série de instrumentos Tendo realizado um concurso inque podemos usar para garantir a ternacional neste âmbito, o HESE qualidade, desde sistemas de acre- “está preparado para avançar para ditação a projetos de governância, a concretização do projeto a qualaos quais temos prestado mais quer momento”, conclui atenção nos últimos anos. Estes, 1 De acordo com um estudo apresentageralmente, não exigem grande do pela empresa IASIST, na cerimónia investimento financeiro, pressu- de entrega dos prémios TOP5.

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Há cinco séculos a cuidar do Alentejo Dezembro 2015 ExLibris


Saúde

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Serviço de Cirurgia Cardiotorácica do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia e Espinho

«Estado da Arte» em Cirurgia Cardiotorácica Fomentando a padronização das melhores práticas clínicas na prevenção, no diagnóstico e no tratamento das doenças cardíacas e valvulares, o Serviço de Cirurgia Cardiotorácica do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho assume-se como um interlocutor privilegiado do conhecimento. Sendo uma referência de inovação e pioneirismo, e apesar de colocar o pendor da sua ação na atividade assistencial, o Serviço afirma-se como um agente promotor da excelência ao nível do ensino e da investigação. No seu código genético convergem fatores de diferenciação, desde logo por implementar técnicas cirúrgicas inovadoras, em Portugal. Em entrevista ao ExLibris®, Luís Vouga, diretor, abre as portas do Serviço para tecer um retrato pertinente sobre a evolução da especialidade. ExLibris Dezembro 2015

Ambicionávamos conhecer uma Unidade que, ao longo da sua ação, enquanto promotora da qualidade assistencial, se afirmasse como um palco de inovação e um ‘berço’ da formação de novas gerações de cirurgiões que, honrando legados geracionais, contribuam para o progresso da Medicina, em lato sensu. E encontrámos, precisamente, um Serviço que, para além de cumprir as premissas enunciadas, se assume como uma referência com projeção aos níveis nacional e internacional. Simultaneamente, este é um exemplo de uma Unidade de prestação de cuidados de saúde que, através do desenvolvimento e da aplicação de técnicas cirúrgicas de vanguarda, da implementação de conceitos visionários e da promoção de uma cultura organizacional onde o rigor e a exigência são pilares estruturantes, tem contribuído para o «Estado da Arte» da própria especialidade. Falamos do Serviço de Cirurgia Cardiotorácia do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E). O ExLibris® abre-lhe, por isso, as portas de um dos mais conceituados interlo-

curso que denota a elevada experiência consolidada na prática clínica e no ensino. Vestidos a preceito e cumprindo as exigências necessárias para entrar no bloco operatório, temos oportunidade de testemunhar a eficácia do trabalho em equipa que potencia a otimização dos recursos e dos resultados obtidos. Em plena harmonia, equipa cirúrgica, anestésica e de perfusão unem conhecimentos, experiência e know-how para promover a qualidade de vida do doente. E foi naquele momento que tivemos a certeza de que aquele coração estava, de facto, em boas mãos. Mais do que um espaço onde vidas ganham um novo sentido, futuros especialistas aprendem novas técnicas de tratamento para, um dia, darem voz às palavras de Isaac Newton: «Se eu vi mais longe foi por estar de pé sobre os ombros de anciãos». Para esta perfeita relação de simbiose contribuem, determinantemente, as orientações do timoneiro, Luís Vouga, já que «o progresso acontece quando líderes corajosos e hábeis agarram a oportunidade para mudar para melhor»2.

cutores do saber neste domínio da Sendo o paciente a sua força motriz, Legado de sucesso: Preservar Medicina, mostrando-lhe, mais do o Serviço de Cirurgia Cardiotorácia e exponenciar que um Serviço, um espaço de par- do CHVNG/E norteia a sua atuação Com efeito, esta cultura organizatilha de conhecimento, de conjuga- pela promoção do bem-estar dos cional está patente no ADN da Instição de saberes e de promoção da ino- doentes que a ele recorrem. No ros- tuição desde a sua génese. Retrocevação. to de cada paciente reflete-se a con- dendo à sua matriz identitária, LuAssim que damos os primeiros fiança numa equipa altamente em- ís Vouga recorda que este Hospital passos no Serviço de Cirurgia Car- penhada e qualificada, que imprime “teve a sua origem no antigo Sanatódiotorácia do CHVNG/E e temos na atividade cirúrgica conhecimen- rio de D. Manuel II, onde, nos fins da oportunidade de testemunhar, in to de vanguarda. Este é, pois, o local década de 50, numa atitude verdaloco, a sua dinâmica, as palavras de onde a inovação é elevada ao expo- deiramente pioneira, foram tratadas Thomas Hobbes ganham ainda mais ente máximo. E se «a inovação é o algumas válvulas mitrais apertadas, expressão: «O aumento da ciência é que distingue um líder de um segui- por ‘comissurotomia mitral fechada’ o caminho e o benefício da humani- dor»1, este é claramente um exem- (Dr. Gomes de Almeida). A atividade dade o fim que se pretende atingir». plo de um Serviço que assume a li- do então Serviço de Cirurgia ToráciEm cada ato clínico, em cada gesto derança no panorama nacional da ca manteve-se depois restringida ao e em cada palavra de esperança é no- Cirurgia Cardiotorácica. Simultane- foro torácico, com nível e prestígio tório o empenho da equipa que, dia- amente, a Unidade consubstancia- (Dr. Sant’Anna Gandra). Já na décariamente, se esforça para promover -se num verdadeiro palco de apren- da de 80, a Cirurgia Cardíaca foi rea qualidade e o rigor assistenciais, dizagem no domínio científico. E tomada (Dr. Jaime Neto) e, passados introduzindo reiteradamente fato- esta foi, efetivamente, uma das ex- cerca de 10 anos, notavelmente exres de diferenciação. O périplo pelo periências mais enriquecedoras que pandida (Prof. Manuel Guerreiro)”. Serviço, guiado por Luís Vouga, di- já tivemos oportunidade de granje- Com efeito, “os resultados obtidos retor, consubstanciou-se, por isso, ar, permitindo-nos absorver conhe- favoreceram a referenciação do Sernum momento único e irrepetível. cimento sobre as doenças cardíacas viço que foi, gradualmente, crescenEnquanto visitantes na Unidade, a e valvulares. Enquanto ouvimos o do”, assegura o diretor, acrescentanatenção não se dissipa em circuns- diretor relatar a evolução do Serviço do que, “fruto da crescente afluêntância alguma e, em cada pormenor e da própria especialidade, temos o cia de doentes, o Serviço trabalhou da atividade clínica, é notória a hu- privilégio de adquirir saber científi- no limite da sua capacidade de enmanização dos cuidados prestados. co através da sapiência do seu dis- tão. Tornava-se, pois, imperioso rea-


Manuela Vieira Responsável pela área da Anestesia em Cirurgia Cardiotorácia

lizar obras de ampliação e de beneficiação, mas, infelizmente, estas não dependiam da nossa vontade. Por isso, só em 2004 é que foi formalmente apresentada uma candidatura aos Fundos Comunitários Saúde XXI, na qual tive o gosto de trabalhar, e que foi muito bem acolhida. Apesar das dificuldades e de se ter equacionado, inclusive, que esta pudesse não ser concretizada, por escassez de fundos, acabou por se conseguir um financiamento e a candidatura avançou. Paralelamente, beneficiou-nos muito o facto de, num processo completamente distinto, o CHVNG/E ter concluído que era necessário realizar obras de fundo no Bloco Operatório central – um projeto impossível de concretizar no antigo edifício. Nesta sequência, o Serviço de Cirurgia Cardiotorácia ‘ganhou’ uma nova ala – onde estão sediadas duas salas do Bloco Operatório e a Unidade de Cuidados Intensivos –, o que proporcionou melhores condições de trabalho e se traduziu na promoção do bem-estar para os doentes. Com estas mudanças, conseguimos transformar o Serviço numa Unidade de prestação de cuidados de saúde onde as condições deploráveis deram lugar a um espaço que, não sendo luxuoso, é considerado funcional”, advoga Luís Vouga. Assumindo-se como um importante centro de formação, difusão e estandardização das melhores práticas, o Serviço de Cirurgia Cardiotorácia deve dar resposta a 37% da população a Norte do rio Vouga, tal como está previsto na rede de referenciação. De acordo com o médico-cirurgião, “cada vez mais nos aproximamos desse objetivo. O entendimento dos diversos conselhos de administração, ao longo dos tempos, não foi uniforme e, por diversas razões, a abertura de camas e de todos os tempos operatórios que as salas poderiam comportar foi gradual. Por esse motivo, o Serviço nem sempre laborou na plenitude desejável. Julgo que estamos, agora, no bom caminho, e temos encontrado um apoio sólido no atual Presidente do Conselho de Administração, Prof. Silvério Cordeiro”. Sendo uma entidade aglutinadora de Saúde, Ciência e Investigação, a Unidade apresenta uma estrutu-

tituída no Serviço permite-lhe afir- assistente hospitalar de Cirurgia Carmar-se, ao nível nacional, pela capa- diotorácica, refere que, atualmente, cidade de inovação e de pioneirismo, “a única indicação para esta técnica através da implementação de técni- é o tratamento da estenose aórtica. cas de vanguarda, no domínio do Esta, por sua vez, consiste na calcidiagnóstico e do tratamento. Com ficação com aperto da válvula aórtiefeito, e de acordo com Luís Vouga, ca, sendo uma patologia valvular carem primeira instância, “preocupa- díaca comum em idades avançadas, mo-nos em realizar cirurgias com particularmente depois dos 75 anos. Contudo, o tratamento de eleição paqualidade”. Com um elevado cariz de inova- ra a estenose aórtica ainda é a cirurção, o Serviço detém um corpo clíni- gia cardíaca aberta e, por isso, as válco credenciado, com grande tradição vulas aórticas percutâneas só estão na ligação a centros de investigação indicadas em pacientes que não pode prestígio nacional e internacional, dem ser operados, ou que apresenestando habilitado para a realização tam um risco cirúrgico muito elevadas mais variadas cirurgias cardía- do. Esta tecnologia também pode ser cas – cirurgia de revascularização do usada em próteses valvulares cardímiocárdio, cirurgia da válvula aórti- acas biológicas quando estas ficam ca e da raiz da aorta, cirurgia da vál- calcificadas e apertadas. Já existe, vula mitral e tricúspida, cirurgia de em fase experimental, uma solução múltiplas válvulas, cirurgia das car- percutânea para tratar a válvula midiopatias congénitas no adulto, ci- tral, mas ainda não está disponível rurgia da aorta torácica, cirurgia das para uso clínico”. Com efeito, a cocomplicações mecânicas do enfarte locação de válvulas aórticas percuagudo –, e torácicas, designadamen- tâneas determina a “implantação te vídeo-mediastinoscopia e vídeo- de um dispositivo metálico, expan-toracoscopia uniportal, cirurgia do sível, com uma válvula no seu intecancro do pulmão e seu estadiamen- rior que é introduzido através da arto, cirurgia do pneumotórax e do em- téria femoral, na virilha, até ao copiema, cirurgia de complicações da ração, onde é colocado na mesma tuberculose e enfisema, cirurgia de posição da válvula aórtica com estepatologias pulmonares congénitas, nose. Este procedimento pode ser recirurgia da hiperhidrose primária e alizado apenas com sedação e sem cirurgia do pectus excavatum. a necessidade de cirurgia”, confirEsta é, tal como garante José Mi- ma Nelson Santos Paulo, acrescenranda, assistente graduado de Cirur- tando que a “principal vantagem da gia Cardiotorácica e responsável pe- sua utilização reside em evitar a cila Cirurgia Torácica do Serviço, “uma rurgia cardíaca aberta, cuja recupedas unidades nacionais que dinami- ração pós-operatória pode ser comza, há dois anos, um projeto de su- plicada em pacientes muito idosos, cesso, no âmbito da lobectomia toro- debilitados e com doenças associacoscópica uniportal – cirurgia tora- das. Como qualquer tecnologia, tamcoscópica assistida por vídeo (VATS) bém esta apresenta alguns riscos e – que revolucionou a forma como os possíveis complicações, pelo que as cirurgiões diagnosticam e tratam a indicações devem ser, sempre, ponpatologia pulmonar, consubstan- deradas, caso a caso”. ciando-se numa mudança de paraNa opinião deste assistente hospidigma. A evolução técnica permitiu talar, este é um bom exemplo do pioque, nos dias de hoje, seja possível a neirismo e da inovação que fluem no realização de ressecções pulmonares ADN do Serviço, já que este “sempre anatómicas por abordagem minima- promoveu a introdução e o desenmente invasiva, através de uma úni- volvimento de tecnologias inovadoca porta de acesso e sem a necessida- ras. As válvulas aórticas percutâneas de de utilizar um afastador de coste- começaram a ser implantadas neste las. Atualmente, a VATS tornou-se a Hospital, pelo Serviço de Cardioloabordagem de primeira escolha em gia (Dr. Vasco Gama), em 2007, ano muitos centros de Cirurgia Torácica, em que se tornaram disponíveis pamostrando-se eficaz mesmo no tra- ra uso clínico na Europa. Em colabotamento do cancro do pulmão, ha- ração com o Serviço de Cardiologia, vendo evidência de que a eficácia oncológica é semelhante à da cirurgia clássica, efectuada por toracotomia”. Com efeito, neste momento, “já somos uma referência nacional neste âmbito, com mais de 50 doentes intervencionados com sucesso através desta técnica. Felizmente, o Conselho de Administração do CHVNG/E criou-nos condições para isso e espero que este procedimento seja um standard de prática, a curto-médio prazo”. Outro dos exemplos categóricos do Serviço, que pretende manterDiferenciação cirúrgica -se one step ahead, radica na colocapromove qualidade ção de válvulas aórticas percutâneas. Esta cultura organizacional ins- Neste contexto, Nelson Santos Paulo,

ra funcional que pretende dar cumprimento à natureza das suas atividades, em quantidade e diferenciação, impostas pela sua missão assistencial. Considerando a separação, há cerca de cinco anos, da Cirurgia Cardiotorácica, determinada pela Ordem dos Médicos em consonância com o paradigma europeu de formação pós-graduada, o Serviço detém “elementos que se dedicam exclusivamente à área Cardíaca ou à Torácica, enquanto outros fazem alguma ponte entre estes domínios do saber. E, na minha perspetiva, é precisamente isto que deve acontecer, ou seja, um Serviço com esta posição ao nível nacional deve ter especialistas que assegurem estas duas vertentes e, sobretudo, estes devem estar interligados, agindo em plena sintonia”. Por sua vez, o acesso às Consultas Externas do Serviço é efetivado, maioritariamente, através dos Cuidados Primários. E, neste sentido, o Serviço promove iniciativas que, efetivamente, objetivam uma intervenção precoce e especializada. A relação de proximidade que se estabelece com Centros de Saúde será, de acordo com Luís Vouga, “fortalecida no futuro”. No entanto, já têm sido desenvolvidas estratégias de comunicação com os médicos de Medicina Geral e Familiar, sendo que, a título exemplificativo, recentemente “foi feita uma reunião com os Agrupamentos de Centros de Saúde em que foi, inclusive, apresentado o site do Serviço de Cirurgia Cardiotorácia [www.cardiotoracica-gaia.com] que suscitou muito entusiasmo, e desde logo aí resultaram sugestões de melhoramento”. Sendo esta uma plataforma de comunicação entre especialidades, clínicos e a sociedade em geral, o site apresenta um retrato muito fiel da dinâmica da Unidade e, desta forma, dá um contributo determinante para a saúde pública. Neste sentido, Luís Vouga acrescenta que “alguns casos chegam-nos, também, por referenciação direta de outros hospitais e mesmo de outros Serviços do Hospital. E toda esta dinâmica traduz-se num volume assistencial considerável”. Com efeito, em 2014 foram realizadas mais de quatro mil consultas – um número que só não é mais elevado porque “o paciente é devolvido à precedência depois da primeira consulta pós-operatória. Há patologias específicas, como a dissecção da aorta, em que há protocolos de acompanhamento pós-operatório bem definidos que determinam que os doentes devem ser seguidos com exames especializados, mantendo-se a ligação ao Hospital. Mas, o paciente cardíaco ou torácico que está estável ao fim de um mês, de um modo geral, é devolvido ao cardiologista ou ao pneumologista”, garante o especialista.

fomos pioneiros na expansão desta tecnologia para acessos cirúrgicos alternativos, como a aorta ascendente e a artéria axilar, bem como na implantação destes dispositivos em próteses cardíacas disfuncionantes. O CHVNG/E foi o primeiro no mundo a colocar, no mesmo paciente, dois dispositivos: um na válvula aórtica nativa e outro num anel de plastia mitral, implantado, anos antes, numa cirurgia convencional. Foi constituída, desde o início do programa das válvulas aórticas percutâneas, uma equipa multidisciplinar, ou Heart Team, para avaliação de todos os candidatos a estas tecnologias, muito antes de esta ser uma exigência conforme à boa prática clínica. Esta abertura, em relação à inovação e à ampla experiência adquirida, posiciona os Serviços de Cirurgia Cardiotorácica e de Cardiologia do CHVNG/E como referências internacionais para a introdução de novas tecnologias na área da intervenção cardíaca”. A este nível de diferenciação é ainda aditado “outro fator de qualidade inquestionável: a realização de cirurgias de revascularização do miocárdio com dois ou mais enxertos, utilizando duas artérias mamárias internas [ver foto]. Há cada vez mais evidência de que esta abordagem promove melhores resultados a médio-longo prazo”, evidencia Luís Vouga. De facto, em 2014, o Serviço realizou 46% dos casos com uso das duas artérias mamárias. A par desta evolução cirúrgica, o grupo de anestesiologistas que prestam atividade assistencial na Cirurgia Cardiotorácica tem dado passos consistentes na senda da melhoria contínua. Com efeito, tal como refere Manuela Vieira, assistente graduada de Anestesia e responsável pela área da Anestesia em Cirurgia Cardiotorácia, “este foi o primeiro Serviço, em Portugal, a extubar doentes dentro do Bloco, ou seja, o paciente acorda da anestesia geral ainda na sala cirúrgica o que significa que não necessita de ventilação nos Cuidados Intensivos. Esta realidade promove uma evolução clínica mais rápida do doente no pós-operatório, melhorando a qualidade assistencial e a satisfação global do pa-

Revascularização do miocárdio com utilização de duas mamárias internas

Dezembro 2015 ExLibris


Luís Vouga, diretor, e equipa do Serviço de Cirurgia Cardiotorácica

ciente, sem interferir nos outcomes”, evidencia a médica, acrescentando que “a Anestesiologia tem acompanhado as novas técnicas cirúrgicas”. A formação do grupo de anestesistas da Cirurgia Cardíaca e Torácica é contínua e tem ido ao encontro dos passos inovadores que o Serviço tem dado ao longo dos anos! Neste contexto, Manuela Vieira realça, ainda, “a necessidade de interação máxima entre as equipas cirúrgica, anestésica, de perfusão e de enfermagem. Temos de estar todos em sintonia e integrados para que os resultados sejam fantásticos. E, felizmente, temos conseguido”. Com um legado de sucesso onde alicerça a construção de um futuro promissor, o Serviço não se deixa ficar pelas glórias do passado, continuando, na atualidade, a afirmar-se enquanto palco de inovação e de formação de novas gerações de especialistas. A longevidade da atividade do Serviço é, assim, o corolário de uma ação orientada para que este se afirme como um projeto centrado na diferenciação terapêutica e tecnológica, privilegiando o cumprimento de elevados padrões de qualidade na atividade assistencial, no ensino e na investigação. Em 2014, “ realizámos cerca de 1 200 cirurgias e este número é superior ao da esmagadora maioria dos centros cirúrgicos espanhóis e até de muitos europeus”, afiança o diretor do Serviço. Apesar da sua missão se centrar na atividade assistencial, a UnidaExLibris Dezembro 2015

de afirma-se igualmente como um palco de ensino pré e pós-graduado. “O Serviço tem manifestado um particular empenho na formação dos seus internos de especialidade, e isso reflete-se sempre que estes se apresentam a exame final da especialidade, pela robustez e diversidade da casuística cirúrgica apresentada. Claro que isso só é possível porque os mais velhos os apoiam, corrigindo e aprimorando competências. É gratificante ver que os jovens cirurgiões saem daqui capazes e com perfeita autonomia”, afirma, com regozijo, Luís Vouga. De igual modo, “muitos médicos internos de outras especialidades, nomeadamente Cirurgia Geral, Cirurgia Vascular, Anestesiologia, Cardiologia e Pneumologia cumprem os seus estágios curriculares no nosso Serviço. Igualmente damos apoio à formação de técnicos de Cardiopneumologia”. Apesar de colocar o pendor da sua ação “na atividade assistencial e na prestação de cuidados aos seus doentes que são o centro da sua atividade, o Serviço de Cirurgia Cardiotorácica afirma-se enquanto promotor da excelência ao nível do ensino e da atividade científica e pedagógica, figurando num patamar elevado no panorama nacional, no que diz respeito à formação de novas gerações de cirurgiões especialistas. O Serviço tem idoneidade reconhecida pela Ordem dos Médicos para a formação de cirurgiões cardíacos, torácicos e cardiotorácicos, recebendo, habitualmente, um

interno por ano (Cirurgia Cardíaca ciência assistenciais. Neste âmbito, ou Cirurgia Torácica); este ano, re- “temos desenvolvido uma atividade cebeu dois, um para se formar em extremamente interessante aos níCirurgia Cardíaca e outro em Cirur- veis nacional e europeu. Tive oporgia Torácica. A excelência de forma- tunidade de participar na comisção de novas gerações de cirurgiões são de organização do Congresso é reconhecida pelos pares e refleti- Europeu de Cirurgia Torácica nos da nas elevadas classificações de últimos dois anos, mas toda a equiavaliação dos currículos cirúrgicos pa mantém também uma tendênEnsino de um interno na implantação dos nossos candidatos no exame de cia sustentada de participação em de uma prótese aórtica stentless por mini-esternotomia que implica técnicas saída da especialidade. De facto, o eventos científicos, enquanto cone especificidades particulares e mais exigentes, mas com clara vantagem para Serviço está focado não só no tra- ferencistas e palestrantes convidaos doentes. tamento dos doentes cardiotoráci- dos ou mesmo através da comunicos, mas também na formação de cação livre de artigos”, refere José especialistas que permitam a con- Miranda. tinuidade do Serviço ao mais elevaSimultaneamente, neste domído nível de qualidade e, desta for- nio, os trabalhos de investigação ma, prestar também um serviço so- desenvolvidos no Serviço de Cirurcial, mostrando um compromisso gia Cardiotorácica, no âmbito do em garantir o futuro da especiali- 3º Ciclo de Estudos, estão integradade e o tratamento das gerações dos no Programa Doutoral em Civindouras”, afirma Miguel Guer- ências Cardiovasculares da FMUP Tratamento da válvula aórtica e de ra, assistente hospitalar de Cirur- que “tem como principal objetivo aneurisma da aorta ascendente por mini-esternotomia e incisão na pele de 8 cm. gia Cardiotorácica e assistente da promover a investigação científiPara além do resultado cosmético, esta abordagem cursa com menos dor e menos Faculdade de Medicina da Univer- ca numa área das Ciências da Saúalterações respiratórias. sidade do Porto (FMUP), acrescen- de da maior importância em termos tando que este Serviço se assume, de prevalência, incidência, morbiliclaramente, como “uma Escola de dade e mortalidade”, refere Miguel cirurgiões cardíacos e torácicos. O Guerra que está na fase final da reServiço tem participado ativamen- alização deste Ciclo. A temática “da te na organização de congressos na- nossa tese de Doutoramento aborcionais e internacionais, assim co- da o estudo da função cardíaca, em mo na dinamização de cursos de ci- particular da diástole e do enchirurgia experimental avançada em mento ventricular, através da ava- Setembro 2014 animais, permitindo a divulgação liação e da caracterização de graLobectomia vídeo-toracoscópica por porta única para tratamento do cancro do as melhores soluções, com vista da excelência dos resultados e a dientes de pressão intraventricula- para encontrar pulmão: permite uma recuperação mais rápida, com internamentos conclusão deste projeto fundamental paramais os curtos, aposta na formação em técnicas di- res em corações normais e doentes. ànossos para além dos resultados cosméticos e de doentes. melhor outcome em termos oncológicos. ferenciadas e na promoção da ino- Numa primeira fase, desenvolvesido eleito em março de 2014 para vação. Na área da Cirurgia Cardía- mos os trabalhos de investigação Tendo presidente do Conselho de Administração, ca, o Serviço é reconhecido pela sua em modelos animais no Laborató- queconfiado rede ode referenciação. pilares é quena nortearão plano para os próximos anos do ampla utilização de condutos arte- rio de Fisiologia da FMUP e, mais estratégico Acredito que 2016 trará uma evoluCHVNG/E? riais, nomeadamente dupla mamá- recentemente, aplicámos a mesma O Centro çãoHospitalar positiva com caoferece neste cuidados desentido, saúde organização com 34 Serviços clínicos, ria na cirurgia de revascularização metodologia em doentes com este- numa pacidade de resposta mais célere distribuídos por três unidades que progridem na do miocárdio com clara vantagem nose aórtica severa, submetidos a interligação a todas as solicitações. Neste procom os Cuidados Primários para às necessidades dos pacientes. Dada no que diz respeito à patência dos Cirurgia Cardíaca para substituição responder cesso, manteremos uma aposta na a diferenciação de que dispomos, somos bypasses coronários a longo prazo, e valvular no CHVNG/E. Estudando e procurados qualidade, da por doentes deatravés todo o país, o que nosAcreditação motiva a sermos cada vez melhores. pelo tratamento da válvula aórtica compreendendo os mecanismos fi- orgulha doe Serviço que dará consistência “Pretendemos teràum Centro r O nosso plano estratégico afirma a atual carteira que privilegia o acesso, presta e de aneurismas da aorta ascenden- siopatológicos que levam à disfun- de Serviços nossa atividade. Esteaprocesso secomo a necessária para satisfazer clínicos de elevada difer cuidados de saúde da população que te por mini-esternotomia – com cla- ção e a sua importância na recupe- procura rá,deportanto, um garante para osa liderança do- no Siste assumindo servimos, não se equacionando qualquer de Saúde (SNS) na prestação ra vantagem não só cosmética, mas ração da função após o tratamento, redução. entes e para a sociedade em geral”. Por outro lado, enfatiza a capacidade e em algumas áreas especializa técnica dos cuidados prestados. também na redução das complica- conseguimos diagnosticar mais ce- a diferenciação A estrutura deste Serviço “foi Com efeito, a oferta prevista neste âmbito ções e na recuperação mais rápida do e atuar mais precocemente. «Ti- permitirá criada, trabalhada e sedimentada melhorar o acesso aos cuidados e responder à procura de cuidados com internamentos mais curtos. No me is myocardium and time is out- programados ao longo de muitos anos, nomeadaurgentes. Adicionalmente, optámos por adaptar que diz respeito à Cirurgia Torácica, comes» aplica-se não só à doença a oferta mente na crescente qualificação a uma procura de serviços na de todos os médica, com socioprofissionais reafectação do número de este destaca-se por ser o único Ser- coronária, mas cada vez mais à pa- áreagrupos envolvicamas de Internamento às reais necessidades e viço público do Norte e Centro do tologia valvular”. dos.com Asasmais-valias criadas e o servide acordo boas práticas evidenciadas peloço rácioprestado cama/milhão de habitantes. país a utilizar a abordagem toracosà comunidade são, cerComo já referi, apresentámos, ainda, um cópica por rotina em mais de 70% «O caminho faz-se tamente, visíveis ambicioso programa bem de investimento que see incontornádivide em duas áreas: oa novo edifício hospitalarem curso, do das suas intervenções. A aposta do caminhando»3 veis. Com ampliação, e o plano de renovação de equipamentos e Serviço em técnicas de cirurgia mi- De facto, qualidade, dinamismo, instalações. CHVNG/E, esperamos, Quanto ao plano de renovação de todos, ver o queatingir importa em a cerca de 19 nimamente invasiva, quer pela es- rigor e profissionalismo são pila- equipamentos Serviço dimensão que se milhões de euros, este está totalmente ternotomia parcial, quer pela ví- res que têm norteado o percurso dependente sempre se propôs, e do lhe foi atribude verbas que resultam de Contratos Programa de anos deo-toracoscopia, tem-se mostrado do Serviço. Desenvolvendo a sua encerramento ída. Vamos acreditar!” anteriores com a Administração Central do uma enorme mais-valia na presta- atividade em consonância com os Sistema 1 Steve Jobs de Saúde (ACSS). Sem estes não será concretizar tal projeto, resultante do presidente ção de cuidados e na diferenciação mais elevados padrões de qualida- possível 2 Harry Truman, 33º desinvestimento em equipamentos e sistemas do nosso Serviço, sendo amplamen- de, a Unidade, no seu planeamen- médicos dosqueEstados Unidos a indefinição quanto a um novo provocou. É certoMachado que, do ponto de vista te reconhecida pelos cardiologistas to estratégico, evidencia o com- Hospital 3 António financeiro, o CHVNG/E tem procurado manter e pneumologistas que nos referen- promisso com a inovação patente estabilidade nos seus resultados, através de um ciam os seus doentes”. no seu ADN. De olhos postos nos controlo de custos rigoroso. Esse controlo tornaEnquanto palco de produção anos vindouros, Luís Vouga refere científica, o Serviço mantém uma que “o passado e o presente têm de ten dência sustentada de cresci- estar patentes na conjugação do fumento e desenvolve estudos de turo”, evidenciando, assim, a valoinvestiga ção com uma dinâmi- rização do legado de sucesso. Acica reconhecida pela comunidade ma de tudo, conclui o diretor, “escientífica, enquadrados na produ- pero que sejam dadas ao Serviço as ção de conhecimento e otimizan- condições necessárias para cumprir do, deste modo, a qualidade e a efi- o papel que lhe está formalmente

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Saúde

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Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro E.P.E.

«Melhorar Sempre» é o lema do CHTMAD Apostado num processo contínuo de melhoria, o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) E.P.E. é uma Instituição referenciada pela qualidade patenteada nos cuidados de saúde que disponibiliza. Fomos até Vila Real para conhecermos o projeto «Melhorar Sempre» e a Política de Melhoria da Qualidade desta Instituição de saúde ímpar no panorama nacional. Em que consiste o projeto «Melhorar Sempre» e quais as metas que pretende cumprir? Estando o doente no centro da atividade do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) E.P.E., o «Melhorar Sempre» é um sistema de monitorização da qualidade dos cuidados de saúde prestados no CHTMAD tendo por base

um conjunto de indicadores clínicos, induzindo a discussão dos resultados entre pares. Os dados recolhidos são transversais à generalidade dos serviços clínicos do Centro Hospitalar, existindo alguns indicadores que focalizam questões específicas como sejam o trabalho de parto ou os retornos ao Hospital após internamento ou cirurgia de ambulatório.

A iniciativa é conduzida por um grupo de trabalho, no qual participa um membro do Conselho de Administração, o Gabinete da Qualidade, o Gabinete da Informação à Gestão, o Serviço de Informática, o Gabinete da Codificação e os Serviços Financeiros. Foi este grupo que selecionou os primeiros indicadores a medir, definiu métricas, implementou a ferramenta de recolha automática dos dados e agora remete a informação aos diretores de Serviço e recolhe as conclusões apresentadas. A análise e a monitorização dos indicadores funcionam como um alerta de que algo deve ser estudado, identificando áreas potenciais a melhorar, originando o despoletar de melhorias efetivas de forma a tornarem os processos mais eficientes, eliminando os desperdícios e reduzindo os riscos físicos. Os doentes são, pois, os principais beneficiados com esta iniciativa. Qualquer melhoria, consubstanciada na redução de readmissões ao internamento, ou no tempo de atendimento no Serviço de Urgência terá no paciente o principal beneficiário. Atentando na Política de Melhoria Contínua da Qualidade, de que forma é que esta contempla e cumpre a missão e a visão estratégica da Instituição? Não há, no CHTMAD, política de melhoria contínua desenquadrada da missão, da visão ou da estratégia da Organização. Esta nossa iniciativa

vai ao mais fundamental da missão de um Hospital: a prestação de cuidados de saúde. Por outro lado, pretendemos diminuir custos e maximizar proveitos, por forma a reunir os meios financeiros necessários para o funcionamento do CHTMAD, a sua modernização e inovação. Que objetivos pretende cumprir e ganhos de eficiência incorporou no CHTMAD E.P.E. ao longo do último ano? Nesta altura, monitorizamos: percentagem de doentes que tiveram um episódio de urgência até 72 horas após um episódio de cirurgia de ambulatório; pedidos de consulta não marcados, por especialidade e antiguidade; taxa bruta de reinternamentos; taxa de reoperações; taxa de mortalidade (geral; neonatal e por grupo etário; perioperatória); taxa de altas com nota de alta hospitalar; tempo médio de estadias pré-cirúrgicas; percentagem de cesarianas; percentagem de retornos ao Serviço de Urgência e tempo em Urgência superior a seis horas. As ações que decorrem desta avaliação permitem melhorar todo o processo, desde o diagnóstico até à alta e, com isso, obter os ganhos de eficiência inerentes. Assim, quais as estratégias delineadas para envolver as equipas diretivas, os profissionais e os utentes no cumprimento destes desígnios? O envolvimento é conseguido pelo diálogo. Divulgar os objetivos, apresentar resultados, discutir e corrigir sempre que necessário são meios essenciais para a adesão. Não estamos a julgar ou a culpar. A confiança é essencial para que haja intenção em reportar um resultado adverso, ou não atuar defensivamente no sentido de evitar um resultado adverso.

do através do projeto de acreditação pela Joint Commission International (JCI). Em outubro de 2010, foi certificado pela JCI, tornando-se no primeiro Centro Hospitalar a ser acreditado na totalidade das suas unidades hospitalares. Os Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar e o Serviço de Imunohemoterapia da Unidade de Vila Real estão também certificados pela Norma ISO 9001:2008. O Centro Hospitalar participa também no Sistema Nacional de Avaliação em Saúde (SINAS), dinamizado pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS). O CHTMAD é avaliado na Unidade Hospitalar de Vila Real, nas áreas de Cirurgia de Ambulatório, Pediatria, Ginecologia, Obstetrícia, Neurologia, Ortopedia, Cardiologia, Dor, Tromboembolismo Venoso, Cuidados Intensivos e Cirurgia do Cólon. Em Lamego, é avaliada a área de Cirurgia de Ambulatório e, em Chaves, em Ortopedia e em Cirurgia de Ambulatório. Em setembro deste ano, o CHTMAD foi alvo de uma auditoria focalizada, pelos auditores da ERS, cujos resultados evidenciaram a excelência clínica nas duas áreas auditadas: Cuidados Intensivos e Cirurgia do Cólon. Neste âmbito, algum projeto que se pretende implementar no futuro? Ambiciona-se dar continuidade ao projeto de acreditação pela Joint Commission International, bem como integrar o grupo de benchmarking de indicadores com os hospitais em acreditação por esta Instituição internacional. Uma iniciativa como o «Melhorar Sempre» está eternamente inacabada. Novos indicadores vão surgir, bem como detalhes de indicadores já em uso que vão ser implementados com vista a utilizar o manancial de informação de que dispomos

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Quais as acreditações patenteadas pelo Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro E.P.E. que afirmam a qualidade da Instituição? O Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, E.P.E. implementa vários programas de melhoria contínua, sendo que o mais abrangente é o que está a ser desenvolviDezembro 2015 ExLibris


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Sociedade Portuguesa de Hemorreologia e Microcirculação

Há mais de 30 anos a promover o conhecimento em Hemorreologia e Microcirculação Enquanto importante espaço de partilha de saberes ao serviço da evolução científica, a Sociedade Portuguesa de Hemorreologia e Microcirculação (SPHM) assume-se como um núcleo aglutinador de diversos médicos, biólogos, bioquímicos, engenheiros e outros investigadores no âmbito da Saúde que se dedicam ao estudo, ao desenvolvimento científico e à aplicação prática – experimental e clínica – dos conhecimentos sobre Hemorreologia e Microcirculação. Em entrevista ao ExLibris®, Carlota Saldanha, presidente, traça o retrato da evolução da Sociedade, evidenciando os eixos estruturantes da sua ação. Norteando a sua atuação pela promoção do conhecimento, a SPHM é a responsável pela organização da 18th Conference of the European Society for Clinical Hemorheology and Microcirculation, a realizar em junho de 2016, em Lisboa. Assumindo-se como um agente promotor da excelência clínica e científica, a Sociedade Portuguesa de Hemorreologia e Microcirculação (SPHM) tem edificado um percurso paradigmático no desenvolvimento científico e na aplicação prática – experimental e clínica – dos conhecimentos sobre estes domínios. Com efeito, mais de três décadas a afirmar-se como um espaço de partilha de saberes são o corolário de uma ação centrada na promoção da investigação, na formação específiExLibris Dezembro 2015

ca neste âmbito e no estreitamento de relações científicas entre os seus associados e os restantes médicos. Por isso, desde a sua génese, a Sociedade tem granjeado do meritório reconhecimento por parte das congéneres e da comunidade científica internacional. A história da Hemorreologia começou na década de cinquenta do século XX e, desde então, vários são os cientistas que se têm dedicado à investigação e à promoção do conhecimento neste domínio. O ExLi-

bris® foi, por isso, conhecer a presidente da Sociedade Portuguesa de Hemorreologia e Microcirculação: Carlota Saldanha – professora associada com agregação na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL) e responsável da Unidade de Biologia da Microcirculação e Inflamação do Instituto de Medicina Molecular de Lisboa (iMM). Com efeito, a oportunidade de conhecer a história desta Sociedade multidisciplinar, pela voz da sua presidente, consubstanciou-se num verdadeiro

momento de aprendizagem ao nível científico pela experiência, conhecimento e know-how com que a interlocutora nos brindou. Numa retórica cativante, evidenciando a sua sapiência nos domínios da Hemorreologia e da Microcirculação, Carlota Saldanha, mais do que uma cientista, é uma ‘apaixonada’ pela investigação, contribuindo, deste modo, para a evolução da Medicina em lato sensu. Tal como descreveria Ricardo Reis, é uma investigadora que «põe quanto é no mínimo que faz». E, à medida que a conversa decorre, recordamo-nos das sábias palavras de Arthur Kornberg1: «It is the discipline of science that enables ordinary people, whether chemists or biologists, to do the ordinary things which, when assembled, reveal the extraordinary intricacies and awesome beauties of nature». Hemorreologia e Microcirculação em Portugal Definido, pela primeira vez, por AL Copley, cientista alemão, o termo Hemorreologia engloba «as propriedades deformáveis e de fluxo dos constituintes celulares e plasmáticos do sangue, bem como as propriedades reológicas da parede vascular em interação direta com o sangue». Com efeito, em Portugal, o estudo desta ciência começou a dar os primeiros passos em 1977, através de um pequeno grupo de docentes da disciplina de Bioquímica da FMUL que norteava a sua atuação pelo estudo do metabolismo eritrocitário e da função respiratória do sangue. “Quando cheguei à FMUL, em 1973, comecei a trabalhar com o Professor Carlos Manso e o colega Lúcio Botas, cardiologista, debruçando o meu estudo sobre o metabolismo eritrocitário, aplicado em Cardiologia. Posteriormente, João Martins e Silva, Professor catedrático e médico patologista clínico, ex-diretor da FMUL e do Instituto de Biopatologia Química2, também se dedicou ao estudo do glóbulo vermelho e, deste modo, começámos a analisar a sua parte metabólica e a sua função respiratória, ou seja, a capacidade que a hemoglobina tem de ceder o oxigénio ou não em várias situações patológicas”, recorda Carlota Saldanha, acrescentando que o estudo científi-

co “foi associado a vários grupos clínicos, não só de Hipertensão com o Professor Nogueira da Costa, mas também ao nível das funções hepáticas com o Professor José Manuel Pinto Correia”. Em meados de 1982, os estudos realizados começaram a abranger a reologia3 do sangue, tendo como objetivo inicial a análise da deformabilidade eritrocitária em diversas situações clínicas e experimentais. De forma a passar uma mensagem acessível para a sociedade, a presidente explica que “para que o oxigénio chegue a todo o organismo, o glóbulo vermelho tem de se deformar para passar nos capilares – vasos sanguíneos do sistema circulatório de pequeníssimo calibre. Ora, quando há alterações da hemoglobina – Hemoglobinopatias –, mudanças da própria membrana do eritrócito, ou quando este percebe que há uma inflamação e produz espécies reativas, o eritrócito tem menos facilidade de passar nesses capilares, ou seja, na zona da Microcirculação”. Na altura em que realizámos este estudo, “tivemos oportunidade de analisar esta realidade de forma muito simples, através de um aparelho – idealizado pelo cirurgião vascular Dr. John A. Dormandy – que recorria à pressão negativa de água para fazer passar o sangue através de poros e, desse modo, conseguíamos perceber quanto tempo este levava a passar”, acrescenta. Mais tarde, a dimensão do trabalho iniciado pelos jovens investigadores foi completada por docentes médicos da FMUL que aderiram aos estudos hemorreológicos de âmbito clínico. Nesta lógica de crescimento e de evolução, foi constituída, então, uma Associação Científica — o Grupo Português de Hemorreologia — que, em 1984, foi admitida formalmente na Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa (SCML), como secção afiliada. Passados dois anos, por deliberação da Assembleia Geral, com a concordância posterior da SCML, a então Sociedade Portuguesa de Hemorreologia — designação adotada em 1985 — desvinculou-se da Sociedade onde estava integrada, adquirindo, neste sentido, autonomia jurídica e funcional, e passando a ter sede na FMUL, no Instituto de Bioquímica.


Carlota Saldanha Presidente da SPHM

Afirmando-se, desde a sua génese, bioquímicos, engenheiros e outros como um espaço de partilha de sabe- investigadores no âmbito da Saúres e de promoção do conhecimento de e, neste sentido, “ao longo dos científico, a Sociedade, mais tarde, anos, tem desenvolvido vários proalargou o seu âmbito de atuação à jetos em diversas áreas do saber, desMicrocirculação. Tal como recorda de as Neurociências à Cardiologia e Carlota Saldanha, “começou a per- à Nefrologia, passando ainda peceber-se que aos estudos dos parâ- las doenças metabólicas e por pametros hemorreológicos deveria ser tologias como a Hipertensão Arteacrescentada a vertente da Micro- rial e a Diabetes”, refere a presidencirculação, em consonância, tam- te. Neste sentido, desenvolvendo a bém, com o que acontecia, na altu- sua atividade em consonância com ra, na Europa”. Com efeito, pautan- os mais elevados padrões de qualido a sua atuação pela permanência dade, a Sociedade tem evidenciado, na vanguarda, a SPHM passou a de- ao longo da sua ação, uma aposta bruçar-se, igualmente, sobre o seg- permanente na investigação clínica mento da rede vascular constituída – cujos resultados contribuirão para pelos vasos mais estreitos da circu- otimizar os indicadores da excelênlação, designadamente as arterío- cia assistencial nas diversas especialas, os capilares e as vénulas. Con- lidades da Medicina. Exemplificansiderando as características enun- do os projetos que são desenvolvidos ciadas, a Microcirculação contrasta continuamente pela Sociedade, Carcom a Macrocirculação, sendo que lota Saldanha destaca “a tese de Douesta é responsável por veicular o san- toramento de Maria José Santos da gue entre os órgãos, através das arté- unidade do iMM João Eurico Fonserias, veias e anastomoses arteriove- ca, membro da SPHM, que se centra nosas. Como refere a Professora as- na análise do Lupus Eritematoso e sociada com agregação da FMUL, “a da Artrite Reumatoide. Realça ainda Microcirculação é constituída pela que, em 2003, Helena Canhão defenzona de diâmetro mais reduzido” e deu a sua tese de Douroramento que tem como principais funções a irri- focava a prevenção da osteoporose. gação tecidual; a pressão sanguínea; Simultaneamente, temos em mãos as trocas líquidas transcapilares en- um estudo em Oftalmologia e outre o sangue e os tecidos irrigados; a tro em Neurologia”. Para além desoxigenação tecidual, o fornecimen- tas observações de caráter científico to de nutrientes e a remoção de CO24 contribuírem para fomentar o coe metabolitos locais; a temperatura nhecimento relativamente a diferencorporal; e a proteção anti-inflama- tes patologias, potenciam a própria tória. Estas funções, por sua vez, es- formação, a capacitação das equitão distribuídas por três diferentes pas pluridisciplinares e a evolução setores funcionais: de resistência – da Medicina. Evidenciando a proarepresentado pelas arteríolas; de tro- tividade e o dinamismo que fluem cas – onde se englobam os capilares; no seu ADN, Carlota Saldanha, em e de “estagnação transitória”, por dis- 2000, percebeu que “o prémio Notensão das vénulas. bel em Física e Medicina atribuído em 1998 a Robert F Furchgott, LouSPHM: Uma perspetiva is J Ignarro e Ferid Murad tinha sido multidisciplinar conseguido com base em experiênCom um perfil multidisciplinar, a cias que verificavam que a acetilcoSPHM assume-se como um núcleo lina reduzia ou aumentava a vasodiaglutinador de médicos, biólogos, latação consoante atuava no endotélio danificado ou intacto. Esta ação resultava da indução da síntese e liA SOCIEDADE TEM bertação de um vasodilatador – o DESENVOLVIDO UMA INTENSA Monóxido de Azoto (NO) (chamado POLÍTICA DE INTERNACIONALIpor muitos erradamente como óxiZAÇÃO, CONSCIENTE DE do nítrico). Sabia-se que a acetilcoQUE ESTA ESTRATÉGIA lina atuava ao nível do sistema nerREPRESENTA UMA MAIS-VALIA voso ou da junção muscular. Já que INQUESTIONÁVEL ENQUANTO a mesma atua como vasodilatador, INTERFACE DE CONHECIMENTOS poderia aumentar a capacidade do E EXPERIÊNCIAS CIENTÍFICAS

glóbulo vermelho em se deformar e em recuperar a sua forma. E, efetivamente, percebi que sim. Recorri ao microscópio com uma sonda verde florescente e verifiquei que existia NO quando os eritrocitos estavam na presença de acetilcolina”. Simultaneamente, a presidente da SPHM tem-se dedicado, desde 2000, ao estudo do fibrinogénio. Também conhecido como Fator I, o fibrinogénio é a proteína sanguínea produzida pelo fígado que desempenha um papel importante na coagulação do sangue. Quando o fibrinogénio não funciona corretamente, ou quando está ausente ou num nível muito baixo, um coágulo sanguíneo tem dificuldade em formar-se. Em valores acima do normal recebe o nome de “proteína de fase aguda”, por estar aumentada na inflamação. Era sobejamente conhecida por ter a particularidade de agregar os eritrócitos. E, levámos vários anos até perceber onde é que o fibrinogénio se liga na membrana do eritrócito. “No Instituto de Medicina Molecular (iMM Lisboa), este é um tema que se iniciou num projecto liderado por mim para responder à pergunta — qual o alvo na membrana do glóbulo vermelho onde o fibrinogénio se liga o alvo foi identificado? Esta é uma questão que tenho continuado a desenvolver porque é necessário perceber o que se passa quando o fibrinogénio se liga a esse alvo, ou seja responder à pergunta — sairá ou não o NO do glóbulo vermelho, de indivíduos normais ou com patologia vascular, quando na presença do fibrinogénio? Quais são as moléculas da membrana e do interior do eritrócito que participam nessa resposta?”, afiança. Legado de sucesso, futuro promissor Estando a valorização científica intrinsecamente associada ao seu código genético, a SPHM edita, semestralmente, o «Boletim da Sociedade Portuguesa de Hemorreologia e Microcirculação». Esta plataforma de comunicação, criada em maio de 1985, foi idealizada com o objetivo de difundir notícias relativas às atividades associativas, fichas de natureza técnico-científica e programas de resumos científicos das reuniões promovidas pela Sociedade. Este é

um projeto editorial que, de acordo com Carlota Saldanha, “é muito valorizado pelos associados” que o encaram como uma oportunidade fulcral de se manterem up to date nestes domínios. Adequando a sua dinâmica ao paradigma da globalização, a Sociedade tem desenvolvido uma intensa política de internacionalização, consciente de que esta estratégia representa uma mais-valia inquestionável enquanto interface de conhecimentos e experiências científicas. Com efeito, desde 1984, e por proposta de John Dormandy, a SPHM foi admitida como membro da European Clinical Hemorheology Coordinator Committee. Atualmente, tem ainda participação ativa nos órgãos e atividades da European Clinical Society of Hemorheology, na European Society of Microcirculation e no conselho editorial de jornais de âmbito científico. Delineando estratégias para se manter one step ahead, e de forma a fomentar a cooperação com congéneres nacionais e internacionais, a Sociedade organiza variadas reuniões, simpósios e congressos. Em 1997, e reconhecendo a sua importância no panorama científico da Hemorreologia e da Microcirculação, a SPHM foi incumbida de planear o 10º Congresso Europeu de Hemorreologia Clínica e, mais tarde, o 23º Congresso da Sociedade Europeia de Microcirculação. No próximo ano, o dinamismo da Sociedade volta a ser expresso na dinamização da 18th Conference of the European Society for Clinical Hemorheology and Microcirculation. Enquanto palco de conhecimento, o Convénio organizado pela SPHM afirmar-se-á como um espaço de reflexão e de referência sobre “função vascular ao nível das do-

enças cerebrovasculares e cardíacas; patologias venosas; Microcirculação, inflamação e modelação; novas técnicas de Hemorreologia que vão depender do avanço dos equipamentos; reologia dos biomateriais; doenças metabólicas; hemóstase (coagulação, anticoagulação e fibrinólise); Microcirculação experimental e clínica; interação das células sanguíneas com corpos ou superfícies estranhas; e terapêutica”. Tendo edificado um legado de sucesso, o futuro da Sociedade Portuguesa de Hemorreologia e Microcirculação só poderá conhecer um incremento assinalável. De olhos postos no futuro, e desenvolvendo a sua atividade em consonância com as guidelines internacionais, a Sociedade, no seu planeamento estratégico, evidencia um compromisso com a inovação patenteada no seu código genético. Considerando que «o caminho faz-se caminhando»5, “as novas gerações que assumirem a direção da SPHM trarão, certamente, novas ideias que harmonizarão com o legado que deixamos (anteriores e presente Órgãos Sociais da SPHM): uma Sociedade com estatutos de utilidade pública, sem fins lucrativos, que tem um órgão difusor, que participa em reuniões, que desenvolve uma intensa atividade de investigação e que aposta na comunicação através do seu site”, conclui

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1 Bioquímico agraciado com o Prémio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1959 2 Presidente Honorário da SPHM 3 Ramo da mecânica dos fluídos que estuda as propriedades físicas que influenciam o transporte de quantidade de movimento num fluído 4 Dióxido de carbono 5 António Machado

Dezembro 2015 ExLibris


Ensino

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VII Encontro Nacional das Ciências e Tecnologias da Saúde

Novos desafios e paradigmas para melhores cuidados de saúde Com o objetivo de refletir o presente e projetar o futuro, o VII Encontro Nacional das Ciências e Tecnologias da Saúde, dinamizado pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa entre os dias 12 e 14 de novembro, representou uma excelente oportunidade para tecer uma análise sobre a evolução verificada nesta área do saber, atentando nos passos dados em prol do desenvolvimento da profissão e perspetivando os desafios do futuro. Constituindo um dos maiores intercâmbios de conhecimento e experiência deste campo do saber, o VII Encontro Nacional das Ciências e Tecnologias da Saúde, realizado entre os dias 12 e 14 de novembro, representou uma excelente oportunidade para tecer uma análise pertinente sobre os temas de interesse atuais e com impacto no futuro das profissões de Diagnóstico e Terapêutica. Organizado pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa (ESTeSL), o Encontro teve lugar no seu auditório e acolheu mais de 200 participantes, entre estudantes, docentes, profissionais, investigadores e responsáveis das principais entidades e associações que desenvolvem atividade nos domínios do Ensino e da Saúde. O ExLibris® fez questão de marcar presença neste evento científico para ver, in loco, como é que se conjuga o passado e o presente numa cátedra de pensamento crítico que permite perspetivar o fuExLibris Dezembro 2015

turo. “Às Escolas de Saúde compete formar os seus estudantes para uma adequada aprendizagem em contexto de evolução e de mudança permanentes. A sétima edição deste Encontro surgiu assim, num momento em que a mudança ocorre nos paradigmas de formação em Ciências e Tecnologias da Saúde”, afirmou Luís Lança, vice-presidente da ESTeSL e presidente do Encontro, na nota de abertura. Desta forma, assumindo-se como um pertinente processo de reflexão sobre a mudança perspetivada, a Reunião “contou com 70 propostas para trabalhos. A maioria resultou na apresentação de posters científicos, 19 comunicações orais e workshops”, acrescentou Luís Lança. Neste sentido, permitindo uma abordagem transversal sobre todos os temas que influem no desempenho das profissões de Diagnóstico e Terapêutica, a edição deste ano abriu com a conferência proferida por Carlos Martins, do Centro Hospitalar Lisboa

Norte, sobre o importante tema sociado a infeção hospitalar decor- tuição onde trabalha. Trazendo ca«Os novos desafios da Saúde! Da rente da utilização de dispositivos sos concretos dos desafios que enmédicos invasivos é superior à ta- controu neste processo, Fernanda dificuldade à oportunidade...». O Programa do Encontro con- xa de mortalidade por acidentes de Pereira Santos conseguiu elucitemplou, para além da exposição viação? Este foi um dos indicado- dar a audiência sobre as melhores de posters, sessões paralelas sobre res apresentados por Paulo Sousa, estratégias para motivar todos os diversas temáticas, comunicações da Escola Nacional de Saúde Pú- profissionais, envolvendo-os em livres dirigidas a diferentes grupos blica e coordenador do Programa equipas multidisciplinares e, asde interesse, sessões plenárias so- «STOP Infeção», que mais surpre- sim, implementar boas práticas. bre temas como: «Infeção hospi- endeu a audiência. Na sua expla- A par do planeamento e da impletalar e boas práticas» (Paulo Sou- nação, o especialista alertou para mentação, a enfermeira destacou, sa – ENSP, Paulo André Fernan- a prevalência da infeção hospita- também, a importância da monides – PPCIRA, Fernanda Pereira lar e para o seu impacto clínico e torização e da avaliação do cumpriSantos - CHLC); «Contributos das económico. Com duração de três mento das normas instituídas. Após as apresentações, a ConfeNeurociências para a compreen- anos, o Programa «STOP Infeção» é são do comportamento humano» um desafio Gulbenkian que envol- rência deu lugar a um importante (Albino Maia – Fundação Cham- ve 12 unidades de saúde de Norte espaço de reflexão, em que os papalimaud, Cláudia Cavadas – Uni- a Sul do país. Depois de concluído lestrantes esclareceram dúvidas versidade de Coimbra); «Avaliação este Programa, “o objetivo é envol- pertinentes da audiência. de tecnologias em Saúde e impac- ver todas as instituições do sisteto nos cuidados ao doente» (Cata- ma de saúde português e também Sistema binário rina Costa – INFARMED, André os cidadãos num trabalho conjun- no Ensino Superior Coelho – ESTeSL); «Promoção da to e num espírito de cooperação e A sessão sobre o «Sistema binário Literacia em Saúde: desafios para transparência, por forma a obter no Ensino Superior em Portugal: os profissionais» (Ana Rita Pedro ganhos no futuro”, afirmou o pa- que futuro e implicações?» (João Duarte Silva — A3ES, Valter Lemos – ENSP, Catarina Vaz de Almeida – lestrante. SCML, Inês Alves – ANDO PortuDepois desta exposição, seguiu- — IPCB, Jorge Conde – ESTeSC) foi gal); «Sistema binário no Ensino -se a apresentação de Paulo André uma das mais participadas em toSuperior em Portugal: que futuro Fernandes, do Programa de Pre- do o Encontro. O tema em si dese implicações?» (João Duarte Silva venção e Controlo de Infeções e pertou o interesse dos participan– A3ES, Valter Lemos – IPCB, Jorge de Resistência aos Antimicrobia- tes pela sua particular relevância e Conde – ESTeSC). nos (PPCIRA). Numa comunica- controvérsia. As apresentações dos O Encontro encerrou com uma ção muito apaixonada sobre o te- oradores focaram pontos de vista Conferência sobre «Investigação e ma, Paulo André Fernandes conse- opostos sobre a temática. Por um Saúde nos próximos 30 anos: que guiu captar a atenção da audiência lado, a questão legal que estabeleperspetivas?», realizada por Ma- e salientar a importância do cum- ce o sistema binário em Portugal e, ria Carmo Fonseca, do Instituto primento das bundles, das normas por outro, a realidade com que alde Medicina Molecular de Lisboa. instituídas pela Direção Geral de gumas Instituições de Ensino Su“As Escolas de Saúde estão a formar Saúde, da vigilância epidemioló- perior Politécnico se apresentam profissionais para atuar nas próxi- gica, do reforço do Programa de com uma elevada qualidade na inmas décadas, por isso é para esse Apoio à Prescrição Antibiótica e vestigação produzida e na qualifiperíodo que temos de definir os de outras medidas igualmente im- cação académica do corpo docente. nossos horizontes de Ensino”, rei- portantes. Mais do que evidenciar Os exemplos que foram dados, ao terou o presidente do Encontro. o trabalho realizado pelo PPCIRA nível do ensino e da investigação Sendo o evento de maior impor- aos níveis nacional, regional e lo- produzida em ambos os sub-sistetância nesta área do saber, esta cal, Paulo André Fernandes pro- mas, permitiram discutir e debater Reunião aliou a componente cien- moveu uma abordagem mais alar- as diferenças e as semelhanças entífica à vertente socioprofissional, gada que, assente numa perspetiva tre o Politécnico e o Universitário num processo de reflexão que po- comportamental e social, pretentenciou o estabelecimento de dinâ- deu evidenciar que todos temos micas e articulações entre Ensino e um papel a desempenhar na preprofissões da Saúde. Para uma me- venção da infeção, o que represenlhor compreensão dos temas abor- tará um ganho efetivo para a qualidados, o Programa completo pode dade da Saúde em Portugal. ser consultado em http://sites.esPara terminar esta sessão espetesl.ipl.pt/vii-encts/. cial, a enfermeira Fernanda Pereira Santos, do Centro Hospitalar LisInfeção hospitalar e boas boa Central (CHLC), falou da sua práticas: Um tema que própria experiência ao executar a interessa a todos Política de Melhoria da Qualidade Sabia que o número de mortes as- e da Segurança do Doente na Insti-

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Saúde

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Assumindo-se como um espaço de partilha de conhecimento, de conjugação de saberes e de promoção da inovação, a Uroclínica tem edificado um percurso de meritório

Uroclínica

sucesso na prevenção, no diagnóstico e no tratamento das doenças urológicas. Regressámos a esta Clínica, onde a ciência e o vanguardismo se harmonizam, com o objetivo de tecer um

retrato pertinente sobre a Hiperplasia Benigna da Próstata. Reis Santos, urologista e diretor da Uroclínica, apresenta as abordagens terapêuticas mais inovadoras, bem

Hiperplasia Benigna da Próstata: Uma doença que surge com o aumento da idade

O regresso à Uroclínica consubstanciou-se num verdadeiro momento de aprendizagem ao nível científico pela vasta experiência e pelo amplo conhecimento com que Reis Santos, urologista e diretor da Uroclínica, nos brindou. Com efeito, enquanto interlocutor privilegiado do conhecimento urológico, o cirurgião começa por explicar que, “apesar de não se conhecerem efetivamente as causas da Hiperplasia Benigna da Próstata (HBP), pensa-se que esta deriva de um desregulamento entre fatores hormonais envolvidos com a glândula e associados ao envelhecimento”. Habitualmente, a próstata aumenta ao longo de toda a vida do homem, mas apresenta dois principais períodos de crescimento: o primeiro sucede na puberdade, em que a próstata duplica o seu tamanho, e o segundo ocorre a partir dos 40 anos. Com efeito, a HBP tende a “desenvolver-se em todos os homens a partir dos 40 a 50 anos de idade, embora seja apenas considerada doença quando origina manifestações”. Esta patologia urológica traduz-se, assim, no desenvolvimento de um tumor benigno, constituído por células da próstata, cuja replicação, mais rápida do que o habitual, provoca a formação de uma massa no seu interior que, ao adquirir determinado volume, começa a comprimir a uretra, tornando-se num obstáculo ao esvaziamento da bexiga. Perante este quadro clínico, o urologista explica que “os indivíduos com HBP, dependen-

do do equilíbrio dos seus sistemas nervosos simpático e parassimpático, podem apresentar uma grande tensão na cápsula prostática [ver caixa de texto]. Esta não cede perante o aumento dos nódulos que, deste modo, irão comprimir a uretra. Porém, há situações em que a cápsula relaxa e, mesmo que a glândula tenha cerca de 300 ou 400 gramas — considerando que o normal são 20 —, o homem urina normalmente e está assintomático”, refere o urologista, acrescentando que é “esta variabilidade entre a cápsu-

SABIA QUE… A PRÓSTATA TEM O TAMANHO E O ASPETO DE UMA CASTANHA E É ENVOLVIDA POR UM REVESTIMENTO EXTERNO, A CÁPSULA PROSTÁTICA? LOCALIZA-SE LOGO ABAIXO DA BEXIGA, ÓRGÃO ONDE A URINA ESTÁ TEMPORARIAMENTE ARMAZENADA, E ENVOLVE A URETRA – O CANAL ATRAVÉS DO QUAL A URINA PASSA DESDE A BEXIGA ATÉ AO EXTERIOR. la, a anatomia e o crescimento dos nódulos que vai determinar a abordagem terapêutica. Em termos percentuais, cerca de 80% dos homens, se viverem o tempo suficiente, acabam por ter queixas que justificam a intervenção médica ou cirúrgica”, afiança. Os sintomas da HBP, de acordo com Reis Santos, “inicialmen-

te são de difícil caracterização. As micções passam a mais frequentes e o jato de urina começa a diminuir – deixa de ser projetado em arco, passando a cair na vertical –, mas, como este ato é repetido várias vezes ao dia, o homem não se apercebe da importância deste indicador”. Mais tarde, o doente manifesta “outras queixas associadas à bexiga que começa a hipertrofiar, já que o músculo tem de fazer mais força para tentar vencer a resistência. É então que o paciente começa a ter vontades imperiosas de urinar que vai controlando até ao dia em que sofre uma incontinência por imperiosidade”. Posteriormente, o indivíduo, “quando urina, sente que não esvazia a bexiga. Isto é, na altura da micção, começa por urinar fraco no início, mas, algum tempo depois, o jato parece quase normalizar. No entanto, o esvaziamento vesical não é completo, pois, poucos minutos mais tarde, sente novamente a necessidade de urinar um volume semelhante”. Uma das complicações deste esvaziamento incompleto da bexiga leva à “formação de cálculos nesse órgão ou a infeções urinárias”. Não raramente poderá ocorrer uma Retenção Urinária Aguda, “sendo esta provocada por uma obstrução total da uretra, devido a fatores adicionais como uma inflamação, stress, frio, medicamentos e à presença da HBP. Esta complicação manifesta-se através da impossibilidade de urinar num quadro de dor brutal, que só passa com a algaliação do

Reis Santos Urologista

doente de urgência”. Para além disso, a Retenção Crónica da urina, a Infeção e a Litíase Urinária podem acabar por danificar o aparelho urinário, originando uma Hidronefrose1, que pode, por sua vez, provocar uma Insuficiência Renal. Intervenção médica e cirúrgica: Um retrato da evolução Atualmente, no arsenal terapêutico coexistem duas classes de medicamentos para o tratamento da HBP. Uma delas induz “o relaxamento da cápsula prostática e permite que doentes muito sintomáticos aguentem cerca de alguns anos sem cirurgia, enquanto a próstata continua a crescer. Por outro lado, temos fármacos capazes de inibir a multiplicação das células e o crescimento da glândula é contido”. Esta última opção não constitui uma prioridade para Reis Santos porque “apresenta como consequências a Disfunção Erétil e a redução da líbido. Paralelamente, há evidência de que estes fármacos interferem no PSA – Antígeno Prostático Específico –, baixando-o artificialmente e isso pode levar a um atraso na deteção do Cancro da Próstata”. De acordo com o especialista, “este medicamento já foi testado também como profilático do Cancro da Próstata, mas estudos realizados não permitiram que essa indicação fosse ainda aceite. Verificou-se que nos doentes em que se encontrou, mais tarde, tumor maligno este estava em estadios mais agressivos”. A inovação farmacológica tem potenciado diversas alterações na abordagem clínica desta patologia, desde logo por disponibilizar medicamentos capazes de minimizar os sintomas e de melhorar a qualidade de vida. Este cenário de profunda evolução traduz-se “em intervenções ci-

como as técnicas minimamente invasivas para o tratamento desta patologia que apresentam mais-valias incomensuráveis quando comparadas com os procedimentos clássicos. rúrgicas significativamente mais tardias e, como tal, operamos próstatas maiores”. Neste âmbito, as técnicas clássicas utilizadas apontavam para a cirurgia aberta. Porém, hoje, podem adotar-se técnicas minimamente invasivas que fomentam o sucesso terapêutico, sendo que a utilização destas “está dependente do volume da glândula. Na atualidade, já conseguimos abordar casos em que a próstata chega a pesar 160 gramas ou mais, com recurso a estes procedimentos inovadores”. Em meados dos anos 70, tal como recorda o urologista, “começaram a realizar-se Resseções Transuretrais da Próstata – tal como na cirurgia aberta, a parte da próstata que está aumentada é removida, mas agora por via endoscópica e em pequenos fragmentos. Esta cirurgia, realizada, tal como o nome indica, através da uretra, exige menos tempo de internamento, mas não acabou com o risco de sangramento”. A inovação permite, atualmente, utilizar técnicas que recorrem ao LASER e que constituem um avanço no tratamento da HBP. Com uma vasta experiência na utilização do LASER KTP – conhecido como Greenlight –, Reis Santos refere que, “em vez de ressecarmos a próstata, com esta tecnologia vaporizámo-la com LASER. Esta abordagem cirúrgica permite que o doente não sangre (mesmo os que fazem anti-coagulação/agregação), não necessitando, por isso, de deixar algália para lavagens contínuas da bexiga no pós-operatório, podendo sair do hospital nas primeiras 24 horas ou no mesmo dia”, conclui 1 Distensão (dilatação) do rim pela urina,

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causada pela pressão de retorno sobre este quando há obstrução mais abaixo.

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Dezembro 2015 ExLibris


Direito

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No último ano, as compras online dispararam nos principais barómetros de análise. No entanto, neste novo paradigma em que os websites e o comércio eletrónico começam a assumir o protagonismo no âmbito do consumo, torna-se

Luisa Pereira Teixeira Advogada

imperioso perceber qual a obrigatoriedade de quem vende, de acordo com os documentos reguladores da atividade a vigorar no ordenamento jurídico, por um lado, e, por outro, quais as garantias do consumidor. Regressámos, por

Comércio eletrónico: Quais os seus direitos?

Estamos a três dias do Natal e, nes- Antes de encomendar: Que ta altura do ano, muitas terão si- informação disponibilizar? do as vezes em que se sentiu ten- O que deve saber? tado a fazer uma compra à distân- As marcas que enveredaram por escia de um clique, de forma a evitar te desafio na cloud “devem dispoas filas intermináveis das lojas fí- nibilizar as informações do vendesicas naquela que é a ‘euforia na- dor e todos os detalhes do processo talícia’. Assumindo-se o ExLibris® de celebração do contrato, especialcomo uma plataforma de comuni- mente as cláusulas gerais a celecação e de informação, voltámos à brar – destacando-se o preço total conversa com Luísa Pereira Teixei- incluindo taxas, impostos e encarra, advogada, e o comércio online gos suplementares de cada produdeu o mote a esta reflexão oportu- to; as modalidades de pagamento; e as condições e prazos de garantia” na e elucidativa. Com efeito, a causídica come- —, num espaço designado «termos e ça por explicar que, em Portugal, condições de utilização». Neste sen“é o Decreto-Lei N.º 24/2014 de 14 tido, Luísa Pereira Teixeira adverte de fevereiro que aborda o regi- para o facto de, neste local, deveme aplicável aos contratos cele- rem ser expressas “as exclusões de brados à distância e fora do esta- responsabilidade, bem como as inbelecimento comercial”. Por isso, formações gerais sobre os produtos as empresas que pretendam es- comercializados”. tabelecer uma plataforma eletrónica de comércio devem conhe- Quer confirmar a encomenda? cer, na íntegra, as disposições Findo o processo de compra, o sido Diploma legal, de forma a ga- te da loja online deve automaticarantir maior segurança ao con- mente “enviar ao consumidor um sumidor nas compras efetuadas e-mail com a confirmação da celepela Internet, no momento que bração do contrato no prazo máxiantecede a encomenda, na altu- mo de cinco dias”, refere a causídira da confirmação da compra e ca, acrescentando que o referido Decreto-Lei prevê inúmeras inforno pós-venda. ExLibris Dezembro 2015

isso, ao Gabinete Jurídico Luísa Pereira Teixeira para, numa análise pertinente e esclarecedora, perceber quais as regras que regem a nova era do consumo, sobretudo numa altura do ano em que as vendas disparam.

mações obrigatórias que devem constar neste e-mail, designadamente “a necessidade de individualização dos produtos ou serviços adquiridos, as características da compra efetuada e eventuais encargos adicionais”.

ção do artigo deverão ser suporta- ção, à substituição do produto, à redos pelo consumidor, desde que o dução adequada do preço ou à resolução do contrato sem que este website explicite essa informação. Quando em causa estão produtos facto lhe cause grave inconveniencom defeito, Luísa Pereira Teixeira te. O prazo previsto para estas sigarante que “não existe um enqua- tuações é de 30 dias”, afiança. Padramento específico para quando ra terminar, a causídica sugere que, a compra é feita pela Internet. Nes- “tanto empresas como consumidoComprou e não ficou satisfeito? tes casos é aplicado o regime jurí- res devem estar plenamente consA regulamentação aplicada a es- dico da venda e garantia dos bens cientes das suas obrigações e dos tes casos prevê que, se se tratarem de consumo, corporizado no Decre- seus direitos para que o comércio de produtos sem defeito, seja “as- to-Lei N.º 67/2003”. Este prevê que online cresça cada vez mais ao nísegurado ao consumidor o direito “o consumidor tem direito à repara- vel nacional”. de desistir da compra, isto é, de livremente resolver o contrato”. Com efeito, de acordo com a advogada, ao consumidor é reservada esta possibilidade, já que “a compra à distância não lhe permite ter certeza concreta das características do produto em questão. A Lei prevê, no entanto, limites para o exercício desse direito, nomeadamente o facto de a livre resolução não poder ocorrer quando, a título exemplificativo, estão em causa produtos personalizados ou de higiene”. Em regra, o prazo para o exercício do direito de livre resolução é de 14 dias, contados a partir da data em que o consumidor recebe o produto, sendo que os custos da devolu-


Lazer

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Idealizado para conquistar a sociedade cosmopolita, o Corinthia Hotel Lisbon tem cumprido o seu desígnio e excedido as expectativas. Envolto na sedutora paisagem lisboeta, este Hotel intenso, luxuoso e com um toque de genuinidade assume-se, também, como o Centro de Negócios ideal para acolher reuniões e conferências. Beneficiando de uma localização privilegiada e de boas acessibilidades, o Corinthia Hotel Lisbon afirma-se como a unidade hoteleira, em Portugal, com maior capacidade para receber eventos do segmento empresarial. Deixe que as cinco estrelas flamejantes deste Hotel ‘iluminem’ o seu evento com a elegância, a eficiência e a qualidade que são seu apanágio. O ExLibris® teve o privilégio de conhecer este projeto, pela voz de Reuben Mifsud, diretor geral, e de comprovar que o Corinthia Hotel Lisbon se consubstancia, de facto, como um dos ex-líbris da Hotelaria nacional. Caminhámos por entre «ruelas e calçadas»1 e, no nosso âmago, ecoam as palavras de poetas e compositores que retratam esta cidade cosmopolita na sua verdadeira essência. «Lisboa menina e moça, menina»2 representa uma perfeita simbiose entre tradição e modernidade. Com efeito, em cada recanto, erguem-se pedaços de história do povo lusitano e de conquistas geracionais que se harmonizam com a evolução patenteada nas construções contemporâneas e que exaltam a beleza da cidade. Ao cair da noite, ergue-se um manto negro e a cidade mergulha num encantamento singular. O bulício que é seu apanágio esmorece e, no céu, resplandecem as cinco estrelas flamejantes do Corinthia Hotel Lisbon. Numa verdadeira homenagem ao requinte e ao glamour, ergue-se, numa das artérias mais dinâmicas da

Corinthia Hotel Lisbon

conquistado a sociedade cosmopolita, beneficiando de uma localização privilegiada e brindando os visitantes com um serviço sublimado pela excelência.

Um verdadeiro Centro de Negócios cosmopolita

Reuben Mifsud, Diretor Geral

metrópole, o Corinthia Hotel Lisbon, idealizado de acordo com tendências de Design vanguardistas. Deixámo-nos conquistar por este conceito high-end e damos os primeiros passos para testemunhar este oásis contemporâneo. Assim que entrámos no lounge, o olhar perde-se num infinito de pormenores onde a genuinidade e a elegância se harmonizam. Num espaço amplo, com uma atmosfera intimista, a contemporaneidade reafirma-se em cada pormenor da decoração, onde assumem o protagonismo os tons claros e relaxantes. Brindados pelo sorriso constante e pela simpatia do staff, sentimo-nos deslumbrados por este Hotel que guarda, na sua essência, o esplendor da cidade lisboeta. Num verdadeiro elogio à Arte e à Cultura portuguesas, a receção da Unidade Hoteleira foi idealizada para re-

produzir um dos elementos mais característicos da cidade: a calçada portuguesa. Recriado em pele, este elemento, que representa uma perfeita simbiose entre contemporaneidade e tradição, surpreende os visitantes pela beleza genuína. Este tributo é materializado, também, nas telas de conceituados artistas portugueses: Diogo Navarro, Ana Maria Lopes e Susana Bravo. “Tendo aberto ao público em 2004, percebemos que, passados 10 anos, se tornava imperioso renovar o lobby, de forma a manter os níveis de satisfação dos clientes que nos procuram por lazer ou por negócios. Pretendíamos criar um ambiente intimista e trazer Lisboa para o interior. E este foi o desafio lançado aos designers”, afirma Reuben Mifsud, diretor geral. De facto, ao longo da sua ação, o Corinthia Hotel Lisbon tem

O Hotel com maior capacidade para acolher eventos Ecoando nos quatros cantos do mundo como símbolo de prestígio, o Corinthia Hotel Lisbon, no piso 24, presenteia os clientes com uma vista extenuante sobre a cidade. Habitualmente, “os últimos pisos dos hotéis são destinados às melhores suites”, começa por explicar o diretor geral. Porém, sendo a satisfação do hóspede a força motriz desta Unidade Hoteleira, “concebemos este piso – o Executive Club Sky Lounge – para o lazer dos clientes que ficam instalados nos executive rooms, nas executive suites, ou nas ambassador e presidential suites, oferecendo-lhes um pequeno-almoço reservado, um serviço de canapés e bebidas ao longo do dia e, ainda, uma sala de reuniões que pode ser usada durante uma hora gratuitamente”. Do conceito Executive Club fazem parte, assim, os quartos e suites localizados nos pisos superiores do Hotel, bem como um leque de serviços especiais, dos quais se destacam: o check-in privado, o serviço personalizado da equipa de Guest Relations, o jornal impresso ou download através da aplicação Press Reader, entre outros. Para além do reconhecimento que tem granjeado por parte dos turistas, o Hotel é conotado entre as comunidades científicas e principais setores de atividade da economia mundial como o espaço ideal para a realização de reuniões ou conferências. Com 16 salas que beneficiam de uma generosa luz solar, este é, efetivamente, o Hotel, em Portugal, com maior capacidade para acolher os eventos do setor dos negócios. Esta capacidade instalada é completada pela sua localização, que beneficia de boas acessibilidades. “Para além de o Hotel estar localizado junto às sedes de diversas organizações, dispõe de bons acessos, o que é determinante quando se pensa em movimentar, por exemplo, um grupo muito grande que está alojado nas nossas insta-

lações. Os responsáveis pelas organizações de eventos, quando optam por Portugal, têm em consideração não só as características do Hotel, mas também toda a logística envolvida”. Por entre os serviços de excelência disponibilizados para este segmento de mercado [ver edição 12º do ExLibris], destacam-se “a possibilidade de os hóspedes fazerem o download de uma app do Corinthia e, desde modo, receberem todas as notificações relativas ao evento no qual estão integrados; e a rede Wi-Fi acessível em todo o Hotel. Aliás, já recebemos um evento do setor de Tecnologias de Informação e estiveram ligados cerca de 300 dispositivos à nossa rede, o que evidencia a nossa capacidade”, revela Reuben Mifsud. A dinâmica do Corinthia Hotel Lisbon tem sido continuamente reconhecida por conceituadas organizações, sendo que este foi considerado, em junho de 2015, como o melhor Hotel na categoria de «Sustentabilidade Ambiental» pela prestigiada Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), pelo seu projeto Hotel Energeticamente Eficiente; em setembro, foi eleito Europe’s Leading Green Hotel e Portugal’s Leading Conference Hotel pela World Travel Awards; e, em novembro, foi consagrado como Continent: Europe Luxury Green Hotel e Country Luxury Business Hotel pela World Luxury Hotel Awards. As distinções que honram a marca Corinthia e prestigiam o serviço prestado traduzem, igualmente, “a satisfação dos nossos clientes”. Com uma visão única e extraordinária sobre os setores do Turismo e da Hotelaria, Reuben Mifsud, de olhos postos no futuro, “refere que o próximo passo radica na renovação das instalações”. Apesar de estas apresentarem níveis de qualidade e de conforto inquestionáveis, “temos de estar one step ahead. Mas, o que investimos na renovação não é nada quando comparado com a aposta que fazemos nas pessoas, ambicionando prestar, sempre, um serviço de excelência”, conclui

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1 «Porto sentido», Rui Veloso 2 «Lisboa menina e moça» de Carlos do Carmo Dezembro 2015 ExLibris



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