NotiFax de 30 de Abril de 2011

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Caracas – Venezuela * Ano X – Época III * 30 de Abril de 2011 RIF: J301839838

A tristeza das “comédias”... Aconteceu uma destas noites. Outra vez. Enquanto víamos televisão, actividade geralmente pouco recomendável para a saúde mental, e saltitávamos de canal em canal – o famoso zapping – esbarrámos com um programa de um canal nacional, desses a que, por comodidade e talvez preguiça mental, costumamos chamar de comédia. Santo Deus! como diria um amigo que já partiu. Aquilo nem era comédia nem era nada, ainda que haja quem seja capaz de rir com aqueles gags sem graça e coçados de tanto uso. Todo era de uma enorme pobreza intelectual. Confrangedora, diríamos. Mas isso é normal na esmagadora maioria da programação da televisão de aqui, de ali e de mais além. No começo havia um só canal e era geralmente mau. Depois, passámos a ter três ou quatros opções e a (falta de) qualidade continuou a ser a mesma, com algumas excepções pontuais aqui e acolá, só para confirmar a regra. Agora, com essas modernices dos satélites e da televisão por cabo, temos dezenas, quando não centenas, de canais ali mesmo à mão de semear. O que continuamos sem ter é qualidade, porque, afora quatro ou cinco estações, o resto é a mesma pobreza franciscana de sempre. Mas, afinal, de que programa é que estamos a falar? De uma “comédia” onde nos aparece um casal português do mais boçal possível e com os clichês de sempre. Falam mal o castelhano. Ela é gorda, feia, cabeluda e sem o mínimo de graça feminina. Ele, o exemplo acabado de burgesso, além de libidinoso dedicado a inventar expedientes rascas para ver as pernas da empregada doméstica, numa casa onde dificilmente seria credível a sua existência. Não é a primeira vez que nos vemos “retratados” dessa forma nesses ditos programas cómicos, nesse e noutros canais da televisão venezuelana. Existem muitas formas de enxovalhar uma pessoa ou um povo. Esses programas são uma delas. Não é que não haja portugueses e portuguesas como os que ali aparecem. Há tantos como francesas e franceses, alemães e alemãs, venezuelanos e venezuelanas ou de qualquer outra das muitas nacionalidades que povoam este planeta. Por quê somos nós o bombo da festa? Talvez porque não protestamos ou não o fazemos com a contundência necessária. Ou quiçá porque alguns portugueses e portuguesas

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até acham piada a esses sketches onde a nossa Comunidade é enxovalhada de forma bastante grosseira. Claro, esta não é a primeira vez. Mas a repetição não justifica, antes avilta ainda mais. Realmente somos como nos pintam nesses programas de tão mau gosto? É assim a grande maioria da nossa Comunidade a viver neste país? Claro que não. Temos nascidos em Portugal e luso-descendentes altamente preparados em todas as esferas da vida científica, académica, artística e política do país. E até temos um professor universitário e poeta de valor como Indivíduo de Número na Academia da Língua. Mas isto não vende. Por isso não é essa a imagem que dão do nosso gentílico esses programas reles. A intenção é transmitir a ideia de somos incapazes de ser de outra forma. Talvez isso explique a razão pela qual um jornal sério publicou há já algum tempo que o Futre era brasileiro. Claro, se jogava bem à bola , não devia ser português. E o mesmo jornal, respeitável ele, escreveu igualmente, na página de espectáculos, que seria exibida na Venezuela a telenovela caricoca O Primo Basílio, do grande escritor brasileiro... Eça de Queirós! Lógico. Português a escrever? Onde é que já se viu coisa semelhante? Mas há ainda outro caso de desconchavo gritante. O anúncio comercial de um chá. Aquilo é mesmo falta de vergonha ou de... chá! Lá volta a aparecer um portuguesinho, desta vez padeiro ou algo parecido, a fazer um papel ridículo para vender o tal chá gelado. Gelados ficamos nós quando vermos até onde se pode ser lorpa para fazer esses papéis. O que é que podemos fazer? Primeiro que nada, não rir com essas parvoíces. Nós podemos – e talvez até devamos nalguns casos – rirmo-nos de nós mesmos. Contudo, que o façam outros é louça de outra porcelana. Mas podemos fazer mais e que isso doa a quem faz chacota de nós. Num caso, não ligar esse canal, que porcarias também há noutros. No outro, não comprar esse produto. Lamentavelmente, quem escreve estas linhas não pode fazer mais do que escrevê-las. Primeiro porque não costuma ver esse canal. Segundo porque acha que a água fresca é melhor que o chá frio...

Portugal em destaque no FESTin... Portugal foi o país em destaque no FESTin - Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa, que decorreu, recentemente no Cinema S. Jorge, em Lisboa. A sessão de abertura inclui a exibição do filme Lixo extraordinário, de Lucy Walter, uma coprodução brasileira e inglesa que mereceu nomeação para o Oscar de melhor documentário. Este ano na segunda edição, o festival prestou merecida homenagem ao realizador portuense Manoel de Oliveira, o mais universal dos cineastas portugueses. A sala onde decorreu a cerimónia passará a ostentar o nome do cineasta. Manoel de Oliveira tem 102 anos e é o mais velho realizador do Mundo ainda em actividade. O tributo é uma iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa. Esta homenagem vasta ao cinema português no FESTin passou igualmente por uma retrospectiva do realizador João Botelho, com a exibição de quatro dos seus filmes, três longas-metragens e uma curta.

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Continua patente exposição Abrir Abril.... O Consulado Geral de Portugal em Caracas informa que se associa às comemorações do 37ª aniversário do 25 Abril, através da promoção, em parceria com o Instituto Português de Cultura, da exposição intitulada "Abrir Abril, o chegar da Liberdade”, gentilmente cedida pelo Instituto Camões. A exposição estará patente ao público nas instalações do Consulado Geral em Caracas de 25 de Abril a 15 de Maio. Na madrugada do 25 de Abril a senha para o início do golpe revolucionário foi Grândola, uma canção de Zeca Afonso (…) O fim do regime salazarista não significou apenas o fim da censura. Representou a libertação de um conjunto de tabus que atrofiavam todas as manifestações socais e culturais (…) Durante o período revolucionário emergem na sociedade portuguesa novos valores, relacionados com a família e a condição feminina”, lê-se na exposição. O Instituto Camões e a Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas pretendem com esta exposição “homenagear os cidadãos anónimos, intelectuais, jornalistas, escritores e artistas de todas as artes para que o 25 de Abril nunca deixe de ser história. História dos povos das nações de língua portuguesa, língua em que deixou de haver palavras proibidas, criando um espaço de irreversível liberdade”. Esta exposição é composta por 17 cartazes, onde consta informação, fotografias, notícias e cartoons relacionados com a Revolução dos Cravos. Existem também algumas notícias censuradas e, ainda, o mandato de captura do Dr. Mário Soares e uma carta escrita por este a 15 de Maio de 1961, quando se encontrava preso.

Escritor António Torrado candidato prémio internacional.... O escritor António Torrado é candidato ao prémio ibero-americano SM de Literatura Infantil e Juvenil deste ano. O próximo livro de António Torrado faz parte da colecção de "... e outra história" publicada pela Civilização Editora, que já conta os títulos "Vamos contar um segredo... e outra história", "Uma história redonda... e outra história" e "Uma história assim... e outra história". Com 40 anos de vida literária e vencedor do Grande Prémio Gulbenkian da Literatura Infantil, o autor tem mais de uma centena de livros publicados, muitos dedicados à infância, e é pelo conjunto da obra nesta vertente que é o candidato de Portugal à sétima edição do prémio internacional. O prémio, no valor de 20 mil euros, é atribuído pela Fundação SM, e destina-se a promover "o trabalho de escritores vivos com obra de reconhecida relevância literária dedicada a jovens e crianças", referiu a Direção-Geral do Livro e das Bibliotecas (DGLB). O vencedor será anunciado no final do ano na Feira Internacional do Livro de Guadalajara, no México.

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João Pedro Rodrigues no júri do Festival de Cannes.... O realizador português João Pedro Rodrigues fará parte de um júri que vai decidir dois dos prémios da 64.ª edição do Festival de Cinema de Cannes, a realizar-se entre 11 e 22 de Maio, anunciou a organização. Este júri vai encarregar-se de escolher três de 16 obras enviadas por escolas e universidades de todo o Mundo e seleccionadas pela Cinéfondation - criada pelo Festival de Cannes em 1998 para "inspirar e apoiar a próxima geração de cineastas internacionais", segundo consta no sítio oficial do festival -, numa cerimónia a realizar-se a 20 de Maio. Entre os filmes seleccionados está ‘A Viagem’, curta-metragem escrita e realizada pelo português Simão Cayatte. A participação portuguesa na 64.ª edição do Festival de Cannes integra ainda a curta-metragem ‘Nuvem’, do realizador luso-suíço Basil da Cunha, que será exibida na Quinzena dos Realizadores.

Bertrand do Chiado é a livraria mais antiga do mundo.... A Bertrand do Chiado foi reconhecida pelo Guinness como a livraria mais antiga do mundo ainda em actividade. O atestado está exposto desde ontem à noite no interior da loja. A livraria Bertrand do Chiado está em funcionamento desde 1732 e o processo de candidatura a livraria mais antiga do mundo obedeceu “a uma rigorosa prestação de provas”. A primeira Bertrand, fundada por Pedro Faure em 1732, abriu portas na Rua Direita do Loreto, em Lisboa. Mais tarde, em 1755, quando já era o genro de Faure, Pierre Bertrand que dirigia a livraria foi instalar-se junto da Capela de Nossa Senhora das Necessidades por causa do Grande Terramoto. Dezoito anos depois, em 1773, a Bertrand voltou a abrir as portas na já reconstruída baixa pombalina. No texto de José António Saraiva, “Bertrand – a história de uma editora” é-nos dito pelo historiador que a Bertrand teve 11 nomes e conheceu quatro moradas. AJUDE-NOS A DIVULGAR A CULTURA PORTUGUESA!

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