Revista Domingo 24 de janeiro de 2010

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A O L E I TO R Estação dos sonhos Boa parte dos mossoroense que passam pela Estação das Artes Elizeu Ventania sabe que aquele pedaço da cidade preserva uma parte importante da história local, mas poucos têm noção de que a existência da estrada de ferro de Mossoró foi possível graças à visão de um empresário suíço, chamado Ulrich Graff, que aportou nessas terras e, com suas ideias, modernizou a Terra de Santa Luzia. Hoje, em forma de homenagem, um bairro recebe o nome do visionário. DOMINGO conta nesta edição um pouco dessa história e seus personagens, assim como o fortalecimento econômico que a criação da estrada de ferro trouxe a Mossoró. Na série sobre os bairros, nossa repórter fala sobre o Alto de São Manoel, segundo maior da cidade, e seus moradores. Mostra que a área, que na década de 50 era pouco habitada,

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CONTO José Nicodemos

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ganhou ares de desenvolvimento e hoje é um dos pontos mais movimentados no dia-a-dia dos mossoroenses. Nesta edição, entrevistamos o novo pároco da Catedral de Santa Luzia, padre Walter Collini. Ele nos fala sobre sua chegada à catedral e a missão de guiar a principal paróquia da Diocese. Um desafio especial, já que padre Walter Collini vem para substituir o saudoso Monsenhor Américo Simonetti, falecido em novembro do ano passado. Ainda temos uma reportagem sobre os benefícios do caju para a saúde e outra que dá orientação sobre o planejamento financeiro em casa.

ENTREVISTA

Com o pároco da Paróquia de Santa Luzia, padre Walter Collini

• Edição C&S Assessoria de Comunicação • Editor-geral William Robson • Editor/Redator Izaíra Thalita • Diagramação Rick Waekmann

Boa leitura, Esdras Marchezan Chefe de Reportagem

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NUTRIÇÃO Conheça os benefícios do caju para sua saúde

LISTA DE COMPRAS Como economizar utilizando dicas simples de planejamento

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HISTÓRIA A trajetória da construção e o fim da estrada de ferro de Mossoró

• Projeto Gráfico Augusto Paiva • Impressão Gráfica De Fato • Revisão Rafaela Gurgel e Gilcileno Amorim • Fotos Fred Veras, Carlos Costa e Marcos Garcia • Infográficos Neto Silva

CULINÁRIA Aprecie os sabores dos pratos indicados nesta edição

Redação, publicidade e correspondência Av. Rio Branco, 2203 – Mossoró (RN) Fones: (0xx84) 3315-2307/2308 Site: www.defato.com/domingo E-mail: redacao@defato.com

DOMINGO é uma publicação semanal do Jornal de Fato. Não pode ser vendida separadamente.

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CONTO/JOSÉ NICODEMOS

CONSULTA QUE NÃO FOI Dr. Castro se encontra? Por favor avise-lhe que é o Gileno, ele sabe. Não havia ninguém no consultório, a não ser por um senhor já adiantado de anos, sentado na poltrona do canto da sala, com um papel na mão, ar de abandono. Mas logo me arrependi de mandar-me anunciar. Meu problema, entendem, não era mesmo de medicina psiquiátrica. Aproximados havia anos pelo exercício da literatura, mais precisamente, pela poesia, dr. Castro e eu nos encontrávamos sempre pelos fins de tarde num barzinho tranquilo da Ribeira, num grupo de intelectuais. Éramos sempre os últimos a sair, a "saideira" do dr. Castro outra coisa não queria dizer que "ficadeira", ironizava Odílio, o dono do bar. E ficávamos até tarde. Minha mãe temia pelo meu estado depressivo, acabasse louco, e muito religiosa, achava que era porque eu não acreditava na existência de Deus. Meterame com a leitura desses escritores malucos, enchera a cabeça de minhocas, e queria convencê-la de uma tal crise existencial, nome bonito mas só besteira, Deus se compadeça. Então, por que não consultaria o dr. Castro, o psiquiatra de nome mais alto na cidade, se éramos tão amigos. E eu não lhe dava ouvidos. Naquela tarde, porém, ao sair da repartição onde era empregado, interiormente estreitado por uma angústia irresistível, deliberei a uma consulta com dr. Castro. Fui. Mandou, pela moça da recepção, que eu entrasse. Desanimado de encontrar melhora com a medicina, sabia muito bem de mim, nada não, passei aqui só pra cumprimentá-lo, vou passando, a gente se encontra mais tarde em Odílio. Médico experiente na sua especialidade, deve de ter percebido meu estado de alma nas indicações externas da fisionomia, demorasse mais um tempo, precisávamos conversar. Não teve jeito, eu queria era sair dali, ganhar a rua, não sabia se me apertava mais o peito ou a cabeça. E acabei no

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rumo de Odílio. A mesa reservada aos intelectuais, ainda vazia, num silêncio em que ainda ressoavam, como amadorrados do uísque da noite anterior, versos e exaltados comentários sobre autores e de livros. Sentado num tamborete do balcão,

Aproximados havia anos pelo exercício da literatura, mais precisamente, pela poesia, dr. Castro e eu nos encontrávamos sempre pelos fins de tarde num barzinho tranquilo da Ribeira, num grupo de intelectuais. já um tanto bebido, um homem bem apessoado, pelo visto pessoa que tivera educação superior, e era coisa na vida, falava com Odílio sobre depressão existencial, só os imbecis, contados aqui os crentes no sobrenatural, não eram ex-

perimentados pelo vazio em que mergulha a vida quando o homem se coloca o problema do fenômeno humano. E citava Sartre, com total segurança nos domínios teóricos do existencialismo. O negócio, Odílio, é tocar um tango argentino, se a isto pode a alma ajudar na correspondência, ou na última hipótese embriagar-se, como o velho Sartre, se não há coragem para a atitude mais lógica da vida, o suicídio, e desmontou-se numa gargalhada desconjunta de bêbado. Dr. Castro chegou, seu jeitão de bem com a vida, sei lá, era um homem de formação positivista, eu já era outro do que era ao adentrar-lhe o consultório, quero dizer, minha hora cedera à hora do bar. No bolso, um poema existencialista quase de improviso, ainda quente do forno, se diz, e que dr. Castro fez questão de copiar. Foi a consulta que não foi. Fitou-me de olhar fundo, e sorriu um sorriso sem palavras, baixando os olhos míopes.

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E N T R E V I S TA / PA D R E W A LT E R C O L L I N I

‘Minha vida, tempo, trabalho e dedicação pertencem a vocês’ O padre Walter Collini estava há 36 anos na paróquia da cidade de Martins e, desde o dia 3 de janeiro deste ano, assumiu a Paróquia de Santa Luzia substituindo o Monsenhor Américo Simonetti na tarefa de conduzir as atividades e paroquianos. Aos 64 anos de idade o padre, que nasceu em de Pinzollo - Trento/Itália, está entusiasmado com a nova missão - ele sai de bicicleta bem cedo e percorre perímetro externo da paróquia com cerca de nove quilômetros. Apesar de admitir que sentiu um pouco ao deixar a paróquia de Martins, padre Walter entende que pode contribuir muito para a Paróquia de Santa Luzia. Sobre um pouco de si e de suas ações, Collini descreve mais na entrevista que segue: DOMINGO - Quem é o padre Collini - seu jeito de ser e de trabalhar? PADRE COLLINI - É um aprendiz de quase 64 anos, que gosta do que faz porque faz o que gosta de fazer; os outros dizem que é uma pessoa simples, humilde, tenaz, perseverante, fiel, leal, sincero, transparente, trabalhador incansável, generoso... E os defeitos? Eu adianto para vocês: eu conheço o padre Walter há 64 anos e, para vocês não se decepcionarem posteriormente com ele, não pensem que é tudo aquilo que dizem dele, não! Quando alguém me cumprimenta com aquele bordão consagrado: "Prazer em conhecê-lo!!!", eu fico brincando: "Eu conheço o padre Walter há 64 anos e não tenho esse prazer todo em conhece-lo!"... Diz-se que a primeira impressão é a que fica. E penso: Como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos muito bem! Penso também que o bom (olha a presunção!) não é bom onde o ótimo é esperado. E se for apenas sofrível? Olhe, eu estou sendo tentado de dizer logo uma dúzia dos meus defeitos... Acho melhor do que vocês descobrirem-nos! Não! É melhor resistir a essa tentação. Eu posso parecer uma pessoa ingênua e falar como uma pessoa ingênua; mas não se deixem enganar: eu sou mesmo uma pessoa ingênua! Agora, vocês têm uma vantagem a respeito dos paroquianos de Martins: eles tiveram que me aturar por 36 anos. Vocês, no máximo, vão me aguentar só por 11 anos, quando alcançarei, se não morrer antes, a idade canônica para entregar a paróquia ao senhor bispo. (Se eu ficasse 36 anos aqui também, completaria exatamente os 100!). O SENHOR é italiano e seu país tem uma história muito forte com a religião católica, muitos santos e santas são seus conterrâneos. Essa atmosfera religiosa te influenciou pra sua escolha pelo sacerdócio? Quais foram suas influências? É VERDADE. Tem muitos santos e san-

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tas, canonizados, que nasceram na Itália, mas é verdade também que na mesma Sicília, onde nasceu Santa Luzia, nasceu e prosperou igualmente a máfia, "produto típico" da Itália... Minha vocação nasceu pelo menos uns cem anos antes de eu nascer... Em primeiro lugar coloco a religiosidade "respirada" na minha família de sangue e na minha "família-Igreja". Nossa família-Igreja é feita de todas as raças: nós somos jovens e velhos, ricos e pobres; homens e mulheres, pecadores e santos. Nossa família se difundiu pelos cegos e pelos mudos. Com a graça de Deus nós abrimos hospitais para cuidar dos doentes, estabelecemos orfanatos e ajudamos os pobres. Nós somos a maior instituição caritativa do planeta, trazendo alívio e conforto para os que precisam. Nós educamos mais crianças do que qualquer outra instituição educativa ou religiosa. Nós desenvolvemos o método científico e as leis da evidência. Nós fundamos o sistema universitário, nós defendemos a dignidade de toda vida humana e preservamos o casamento e a família. Cidades foram homenageados com o nome de nossos venerados santos e santas que percorreram o sagrado caminho antes de nós. Guiados pelo Espírito Santo nós compilamos a Bíblia. Nós somos transformados pela Sagrada Escritura. A Sagrada Tradição tem nos guiado constantemente por dois mil anos. Nós somos a Igreja Católica. Com mais de um bilhão na nossa família compartilhando dos sacramentos da plenitude da fé cristã. Por séculos nós temos

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rezado por você e todo mundo a cada hora, por todos os dias sempre que celebramos a missa. O próprio Jesus lançou as fundações para nossa fé, quando disse a Pedro o 1º Papa: "Tu és Pedro, e sobre ESTA pedra edificarei a MINHA Igreja". Por mais de dois mil anos nós tivemos uma linha interrupta de pastores guiando a Igreja Católica com amor e verdade. No mundo confuso e doloroso pra si viver e nesse mundo cheio de caos, dificuldades e dor é confortante saber que algumas coisas permanecem coerentes, verdadeiras e fortes: nossa fé católica e o eterno amor que Deus tem por toda criação. Nossa família é unida em Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. Nós somos católicos. Em segundo lugar, de maneira mais específica, o que me levou a seguir a vida religiosa, a minha vocação para a vida sacerdotal, foi o chamado de DEUS que se fez ouvir ainda na minha infância. A vocação, isso é, o chamado, é de DEUS; a resposta é do ser humano. DEUS chama através de pessoas, acontecimentos, circunstâncias, necessidades... Que se tornam a linguagem de DEUS que comunica com a gente. Precisa que aquele que é chamado saiba entender e interpretar a mensagem de DEUS. O que me atraiu foi a transcendência, o desafio das alturas, como uma escalada espiritual, a vertigem dos abismos divinos, o desejo de servir, a necessidade de responder ao amor divino, a inconsistência das coisas humanas, a vontade de anunciar a Boa-Nova, a fé na Palavra e na Vida, a misticidade dos Sacramentos, o desejo de ser um semeador de esperança, o mistério arcano da infinitude e da eternidade de DEUS... COMO se deu a vinda ao Brasil? NA época do Concílio Vaticano II muitos bispos passavam pelo seminário em busca de vocações para a América Latina. Senti que DEUS estava me chamando. Me dispus a ser um instrumento nas mãos de DEUS. Tinha a consciência bem clara de que seria apenas que nem o jumentinho que carregou JESUS entrando em Jerusalém. Escrevi então para Dom Gentil, na época bispo de Mossoró, apresentando-me como possível candidato a trabalhar por aqui. Lembro que na carta havia acenado ao fato bíblico de Sansão que com uma queixada de burro havia matado 1.000 inimigos. Ponderava, então, que com um burro inteirinho a serviço de objetivos mais pacíficos do que os de Sansão, e com a graça de DEUS, poderia se conseguir prestações melhores! Por isso Dom Gentil me engajou imediatamente!... QUAIS foram os maiores desafios quando assumiu a Paróquia de Martins e agora, na nova Paróquia em Mossoró? O MAIOR desafio para um padre, tanto lá como cá, é a escassez de sacerdotes. Você consegue contar quantos médicos têm em Mossoró para atender aos doentes? Quantos mecânicos têm para consertar carros e motos? Mas quantos padres têm para cuidar do espírito, da alma? E não venha me dizer que

tem menos doentes no espírito do que doentes no corpo! Por isso a primeira providência que tomei foi de abrir a "Clínica do Espírito", o "Pronto Socorro da Alma". E tem uma coisa: não precisa pagar plano de saúde ou consulta ou remédio: o atendimento e os remédios são inteiramente gratuitos.

na pessoa que plantou a árvore. Corrijo: nas pessoas... Como não lembrar Monsenhor Américo Vespúcio Simonetti e Mons. Huberto Brüning, só para citar os que conheci pessoalmente? O trabalho do Missionário, do Pastor, do Profeta não é o de plantar para ele mesmo colher. JESUS já havia avisado: "Pois nisto é verdadeiro o proCOMO foi a despedida dos paroquia- vérbio: Um é o que semeia, outro, o que conos em Martins? lhe. Eu vos enviei a colher o que não trabaCONFESSO para vocês que foi um pou- lhastes. Outros trabalharam e vós aproveico difícil e penoso ter que sair de Martins tastes o trabalho deles". (João, 4,37-38). E São depois de tantos anos de presença e de ser- Paulo lembra: "Eu plantei, Apolo regou, mas viço naquela paróquia. Mas sei que quando era Deus que fazia crescer". (1Cor. 3,6). Pois Deus apaga é porque vai escrever alguma coi- é: eu vim, muito indignamente, para cosa. E sei também que DEUS nunca nos dá lher o que, com a graça de DEUS, os anteincumbências e tarefas maiores do que nos- cessores plantaram. E, dando certo, vou tamsas forças de realizá-las. bém semeando para o Reino de DEUS. Foi o primeiro amor. Lá cresci e amaEstou consciente da responsabilidade que dureci. 36 anos de presença e de serviço na recai sobre meus ombros. Imbuído de profunParóquia de Martins não apenas fizeram do reconhecimento ao Senhor pela prova de de mim o pároco que por aqui passou mais confiança com que me distingue, recebi das tempo dos 169 anos de existência desta pa- mãos de Dom Mariano a responsabilidade róquia - basta dizer que batizei mais da me- do pastoreio da Paróquia de Santa Luzia. tade dos atuais católicos da Paróquia de MarNa carta aberta que enderecei aos paroquiatins e celebrei o casamento de pelo menos nos no dia da "posse", crei ter deixado claro o 70% deles - mas foi também um tempo mais "endereço" do meu trabalho pastoral. Cito: do que suficiente para pároco e paroquia"Chama-se oficialmente e comumente de "POSSE" esta investidura e a própria cerimônia. Mas, apesar de ser este mesmo o termo consagrado pelo uso habitual Estou consciente da da palavra, prefiro falar em entrada, inresponsabilidade que recai sobre trodução, admissão, investidura. A palavra "posse" insinua o conceito de "poder", meus ombros. Imbuído de de "possuir", quando, na verdade, é uma profundo reconhecimento ao missão, uma incumbência que deve ser Senhor pela prova de confiança assumida com espírito de serviço... O padre Walter não vai tomar posse da pacom que me distingue, recebi das róquia; é a paróquia que vai tomar posmãos de Dom Mariano a se do padre Walter. De fato, a partir de responsabilidade do pastoreio da hoje minha vida, meu tempo, meu esforço, meu trabalho, minha dedicação Paróquia de Santa Luzia. vai pertencer a vocês. Não foi por acaso a escolha do título desta carta aberta aos nos criarem laços de afeto recíproco e até paroquianos "ENTREGA DO NOVO PÁde apego e para que eu fosse incorporado a ROCO À PARÓQUIA DE SANTA LUZIA". paisagem de Martins, de tal forma que pa- Na verdade Dom Mariano não está entreganrecia que nunca chegaria a sair daqui. do a Paróquia de Santa Luzia ao padre Walter; Pois o Espírito Santo que nos dá a paz, mas está entregando o padre Walter à Paróquia de não nos deixa em paz, veio me desinstalar do Santa Luzia". E se você tiver a curiosidade de meu ninho, do meu cantinho querido, e so- procurar o contexto da citação no cabeçalho prou nos meus ouvidos a mesma canção de 36 desta folha (Lucas, 19,31c): "O Senhor precisa anos atrás quando me mandou sair da Itália: "Sai dele", perceberá que o que eu me proponho é da tua terra e vai onde te mostrarei!". apenas de ser um instrumento nas mãos diviA coisa que da qual mais gostei foi que nas. Eu fico feliz em saber que DEUS quis e a primeira reação dos paroquianos de Mar- quer "precisar" de mim. Mas, se eu me sinto tins foi de revolta contra a minha saída, mas como o jumentinho que carregou JESUS na depois a maioria das comunidades, não só entrada de Jerusalém, não fico vaidoso, imaaceitaram, mas até fizeram uma cerimônia ginando equivocadamente endereçados a mim, de envio, tomando consciência que elas tam- as palmas e os gritos de "Hosana!". bém faziam parte deste projeto missionário... SABEMOS que o senhor incluiu em COMO está sendo a adaptação na Pa- sua rotina passeios de bicicleta por toda róquia de Santa Luzia? a paróquia, é verdade? O PRIMEIRO período é o do "amaciaÉ VERDADE, sim, Izaíra. Desde o primento": é preciso tanto o padre se adaptar meiro dia de minha presença na paróquia, à paróquia, como a paróquia se adaptar ao bem cedinho, perto das 5 da manhã, percorpadre. Continuidade e inovação ao mesmo ro, de bicicleta, o perímetro externo da mestempo. Honestamente, se quisermos ser jus- ma que soma cerca de 9 quilômetros. (Territos não podemos comer a fruta sem pensar torialmente é a menor Paróquia da Diocese Jornal de Fato

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de Mossoró). É o "bom dia!" que dou diariamente aos meus paroquianos, é a bênção do Pastor, é o cerco de amor e de afeto por cada pessoa que está dentro deste limite geográfico, mas que se expande ao mundo inteiro, passo rezando o Terço, invisivelmente recomendando cada um a DEUS, a Maria, ao Anjo da Guarda, aos Santos e Santas... É uma celebração, uma liturgia sobre duas rodas... O SENHOR tem uma trajetória que o liga a comunicação, quando criou a Rádio Vida de Martins, um ponto comum com a história do antigo pároco, padre Américo. O senhor assumirá programas na Rádio Rural? Como pretende usar o veículo dentro de sua atuação como novo pároco? NA verdade eu não sou um comunicador formado, mas sou apenas um apaixonado do Evangelho que, obedecendo ao Mestre, "grita sobre os telhados" o anúncio de JESUS. DEUS se fez PALAVRA e o rádio é o melhor púlpito, o ambão mais eficiente, o moderno areópago para divulgar o VERBO. Sempre ando dizendo que rádio não é apenas um meio de comunicação... É um inteiro! Aí você pode sempre deixar uma mensagem boa para este mundo com muita pressa e pouca prece! Quem fala, semeia; quem escuta, colhe. E se o amor cresce o mal desaparece! Quanto à minha participação na programação da Rádio Rural dependerá da programação da mesma e do tempo que devo dedicar à Paróquia de Santa Luzia. Quando estiver colocando mais ainda os pés no chão a gente volta a conversar. Por enquanto sei que a Rádio Rural está passando por uma renovação de equipamentos de transmissão (transmissor e torre). A PARÓQUIA de Santa Luzia, por estar inserida no coração da cidade de Mossoró, em pleno centro, precisa renovar a participação de jovens na Igreja. De que maneira o senhor percebe a participação de jovens na paróquia? O MUNDO atual está com fome e sede de DEUS. O perigo é o do náufrago que se agarra à primeira coisa e a qualquer coisa que passa por perto dele. Primeiro precisa-se falar muito com DEUS a respeito dos seres humanos, depois pode-se falar muito aos seres humanos a respeito de DEUS. Fiquei surpreso em constatar o número elevado de jovens que já me procuraram para uma orientação espiritual. Provavelmente a juventude está carente de referenciais, de orientação, de guias seguros, de ideais motivadores, de rochas sobre as quais construir os alicerces da sua vida. QUAL a importância das comunidades católicas e de movimentos como Renovação Carismática para a Igreja na sociedade moderna? ELES representam hoje uma parcela considerável do povo de DEUS. É importante conseguir fazer a síntese entre realidade hu-

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mana espiritual e material, realizar o casamento entre fé e vida: a vida sem a fé é estéril. A fé sem a vida é alienação. Tem que compor a cruz com as duas direções: a vertical e a horizontal: o relacionamento com DEUS e o abraço à humanidade. A inspiração divina e a prática humana, temos que ser Marta e Maria. QUAIS são as expectativas e ações do novo pároco? ACREDITO que o melhor lugar do mundo é sempre onde o Senhor nos quer. É por amor e obediência a esta Igreja que a sirvo onde DEUS me chama. Eu amo todas as Igrejas, mas estou apaixonado pela minha Igreja Católica e tenho o orgulho de pertencer a essa bimilenária instituição humano-divina. Tenho prazer de estar neste barco de Pedro, com a certeza absoluta de que, mesmo frágil, até com algum defeito e sacudido pelas procelas, mesmo assim e apesar de tudo isso, nunca poderá ir a pique, sucumbindo a prepotência do mar! Pensei de seguir o conselho da placa avisando a passagem da linha do trem: Pare. Olhe. Escute. Preciso conhecer. Conhecer para amar. Quero conhecer os "funcionários", os agentes pastorais e animadores voluntários, os trabalhos pastorais, as famílias, as pessoas sofridas, os doentes, os anciãos, as crianças, os adolescentes e jovens, os casais, os simpatizantes da Igreja, os amigos, os afastados, os desistentes da vida... Preciso conhecer os pontos fortes e os pontos fracos, as conquistas, os recursos humanos e os meios disponíveis. A embarcação sei que está muito boa! Mas o marinheiro de primeira viagem vai ter que melhorar. Já que o grande timoneiro, Mons. Américo já se foi, preciso ouvir bastante o padre Flávio, que assumiu interinamente a paróquia. Mas com certeza não vou fazer como a moça que não sabe dançar e diz que é a orquestra que não sabe tocar. A FESTA de Santa Luzia é um evento grandioso e histórico para Mossoró. Que mudanças podem ser feitas em sua realização e condução a partir deste ano? ESTA é outra realidade que preciso conhecer profundamente. Meu empenho será o de conservar o aspecto religioso da festa, sem que ela descambe para o predominantemente folclórico. Tenho a impressão que mais da metade das energias da paróquia concentram-se em função deste evento. Penso que, mesmo considerando a vocação festiva da Igreja Católica, é muito importante dedicar as energias melhores ao dia-a-dia do trabalho pastoral. É bom fazer uma ponderada avaliação de relação entre "custos" do investimento (em termos de tempo, pessoas engajadas, dinheiro...) e benefícios espirituais obtidos. DEIXE uma mensagem aos leito-

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res... PERGUNTARAM-ME se, constatando os frutos de 36 anos de presença em Martins, eu não sentia alegria e satisfação. Respondi que eu sentia a mesma alegria e satisfação que sente uma ferramenta ao ver o trabalho que a mão realizou! DEUS é quem realiza! Afinal quem é que toca no concerto? O instrumento ou o músico? Na verdade um precisa do outro. Assim também o ESPÍRITO SANTO e o que ele escolheu são o tocador e o instrumento. O instrumento não toca sozinho! E, além do mais, o resultado final, a sinfonia, é colaboração conjunta de muitos instrumentos. Por isso eu aprecio mais o coral do que o solo. Foi assim em Martins. Penso que não será diferente em Mossoró, onde a confiança do atual "regente" da "Orquestra Diocesana", Dom Mariano, me destinou. Acreditar em Deus é fácil; o difícil é acreditar que Deus acredita em nós! Mesmo assim estou ansioso por começar o trabalho porque quando DEUS não escolhe os preparados, prepara os escolhidos! E tenho motivos pessoais para sentir-me feliz e motivado em pastorear esta paróquia: foi nesta catedral que fui ordenado sacerdote 36 anos atrás; Santa Luzia é minha conterrânea; inclusive acredito que devo à intercessão dela se, apesar de uma visão deficiente, ainda enxergo o suficiente para dar conta do trabalho pastoral; e por isso mesmo preciso ainda dos favores dela. Conto com a ajuda de todos! Nenhum de nós, individualmente, é tão bom quanto todos nós juntos. O meu papel, como sacerdote, na comunidade paroquial, espero que seja como o do grampo do caderno: nem precisa que se olhe para ele, mas é ele que tem a função de segurar as folhas juntas. Então, estou aqui. Bendito seja o Nome do Senhor, agora e para sempre. A Paz e o Amor de Cristo a todos!


NUTRIÇÃO

O melhor do

caju Em plena safra do caju, aproveite bem os nutrientes que ele oferece para o bem da sua saúde Árvore originária do Brasil, o cajueiro era nativo da região litorânea. O caju se espalhou pelo país através das castanhas levadas pelos índios. Dele, retiravam alimento e produziam bebidas com o fruto, medicamentos e habitação. Pelas mãos dos colonizadores portugueses, o caju foi levado para vários países da África e Ásia, onde se adaptou perfeitamente. Na Índia, o caju ficou conhecido como "manga dos portugueses". Atualmente, a Índia responde por 90% da produção mundial de castanha de caju e óleo de castanha. O caju tem duas partes: o fruto propriamente dito - a castanha, ao contrário do que muitos podem pensar - e o pseudofruto, chamado cientificamente de pedúnculo floral, que é a parte frequentemente vendida como a fruta. Do ponto de vista nutritivo, é uma fruta muito rica. Seu teor de vitamina C é bem maior que o da laranja. O caju tem ainda quantidade razoável de Niacina, uma das vitaminas do Complexo B, combate problemas de pele e Ferro e contribui para a formação do sangue. É também fonte de betacaroteno (provitamina A) e dos minerais cálcio, magnésio, manganês, potássio, fósforo. Além disso, fornece carboidratos e sua castanha é uma boa fonte de proteínas e gorduras. A vitamina C age contra infecções, previne resfriados e ajuda na cicatrização de feridas e lesões. O caju auxilia na contração muscular, pelo seu conteúdo em minerais. BENEFÍCIOS Por ser rico em fibras, o caju é indicado para aumentar a movimentação intestinal. O fruto é considerado excelente no

combate ao reumatismo e eczemas de pele. De sua castanha se extrai um óleo muito usado como antisséptico e também no combate a vermes intestinais. Em bom estado, a fruta não deve ser verde, nem ter marcas de picadas de insetos. O caju ao natural é excelente no combate ao reumatismo e eczemas de pele. E o óleo da castanha de caju é considerado potente antisséptico, limpando feridas e ajudando na sua cicatrização.

Esse óleo é também indicado no combate a vermes intestinais. As folhas novas do cajueiro, quando cozidas e colocadas sobre feridas, promovem sua cicatrização. Seu período de safra vai de setembro a fevereiro.

Valor calórico 100 gramas de caju fornecem 36,5 calorias

Propriedades medicinais Das folhas novas do cajueiro pode se extrair um suco muito utilizado contra aftas e cólicas intestinais. A raiz pode ser utilizada na medicina como laxante.

RECEITA NUTRITIVA Bolo de caju Ingredientes 1 xícara (chá) de margarina 1 xícara (chá) de açúcar 2 ovos 1 1/2 (chá) de suco de caju 2 xícaras (chá) de farinha de trigo 1 colher de (sopa) de fermento em pó 1 xícara (chá) de uva-passa Açúcar e canela, para polvilhar

Modo de preparo Bata a margarina com o açúcar, junte os ovos, o suco de caju Milani, a farinha e o fermento. Por último, acrescente a uva-passa passada na farinha. Coloque numa fôrma redonda (média), untada e enfarinhada, e leve ao forno médio por 45 minutos. Deixe esfriar e polvilhe com açúcar e canela. Rendimento: 15 porções.

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Estação de Mossoró lig ava comercialmente a cidad e até Sousa (PB)

HISTÓRIA

Estrada feita de

sonhos Um dos momentos mais importantes da história da cidade se deu com a sonhada construção da estrada de ferro de Mossoró, luta de poucos que hoje só é contada nos livros O prédio da antiga Estação Ferroviária é uma das poucas provas que existem na cidade de que por aqui passou uma estrada de ferro e que por cerca de trinta anos foi mecanismo de desenvolvimento econômico para a cidade. É uma das poucas provas, porque sobre essa história não há um museu próprio, nem trilhos, nem trens, nenhuma memória resguardada da história da estrada de ferro para as gerações que se seguem, como há em muitas cidades brasileiras. O que há são livros, fotografias de uma época de prosperidade e lembranças de quem viveu a época da estrada de ferro na cidade. Essa história foi contada algumas vezes pelo seu Amaro Leandro aos filhos e depois ao neto Alysson Paulo Holanda, que hoje é aluno do segundo período do curso de História na Universidade do Estado do RN (UERN). Para ele, uma motivação a mais para que ele se interessasse em pesquisar sobre a estrada de ferro de Mossoró, como aluno voluntário do Projeto de Extensão de "Formação de Bibliotecas de Incentivo à Cultura". "No projeto fomos organizar o acervo da Coleção Mossoroense e lá escolhi o tema da Estrada de Ferro para me aprofundar principalmente porque meu avô foi um dos primeiros ferroviários e trabalhou na estrada de ferro por 40 anos", explica Alysson. Nos seus estudos e leituras, Alysson constatou a importância da estrada de ferro de Mossoró, que possuiu uma linha férrea que por mais de 80 anos cortou a cidade. "A ferrovia foi uma expressiva obra de engenharia, modificou paisagens e perspectivas do sertão. Criada pelo trabalho árduo de muitas autoridades e do empenho de operários que acreditavam em seu potencial, foi símbolo de uma época áurea e se encontra atualmente em processo

Ponte de Ferro em 1915

de esquecimento por falta de uma política de preservação de sua memória e história", ressalta Alysson. O COMEÇO Tudo começou com um idealizador que nem era mossoroense de nascimento. Foi ideia do suíço John Ulrich Graff, um empresário cheio de grandes ideias, que na época instalou a sua Casa Graff na cidade de Mossoró, em 1868, a qual comercializava diferentes tipos de mercadorias. Partiu dele uma proposta enviada ao poder público e à sociedade em geral da criação de uma estrada de ferro ligando o litoral do Rio Grande do Norte ao rio São Francisco. "Ele obteve essa concessão através do decreto provincial 5.561, de 26 de fevereiro de 1874. Pelo projeto, a estrada de ferro deveria sair de Porto Franco, em Areia Branca, passando por Mossoró, seguindo pela chapada do Apodi até Pau dos Ferros. O projeto caducou por falta de auxílio financeiro. Mas, o espírito de luta desse industrial tornava-o incansável na sua luta pelo desenvolvimento da região, porque o transporte de cargas era feito principalmente em lombos de burro, imagine a dificuldade", ressalta o pesquisador Geraldo Maia. Geraldo conta que quase quarenta anos depois é que o sonho de Ulrich Graff passou a se realizar, através do interesse de outros sonhadores como ele, e se concretizou com a Companhia Estrada de Ferro de Mossoró S. A, que foi iniciada pela firma Sabóia de Albuquerque & Cia., em 31 de agosto de 1912. "Em 19 de março de 1915, numa sexta-feira, era inaugurado oficialmente o seu primeiro trecho, entre Porto Franco, em Areia Branca, e Mossoró. Esse sonho era compartilhado por toda a Mossoró. Por isso, quando a locomotiva Alberto Mara-

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Reprodução do Acervo do Museu L auro da Escóssia - Primeiro trajeto foi inaugurado em 1915. Na foto, personalidades ilustres, como cel. Vicente Sabóia, Jerônimo Rosado, Rodolfo Fernandes e cel. Bento Praxedes


nhão chegou à Estação, foi recebida com aplauso. Na plataforma do carro-chefe da composição, viajavam personalidades da época. O primeiro trajeto foi de Porto Franco a Mossoró. Aquele 19 de março foi realmente uma data muito importante para a cidade", conta Geraldo Maia. A partir daquela data, seguiram-se anos de luta pelo prolongamento da estrada de ferro, que passou por muitos municípios do Estado, como Governador Dixsept Rosado, Caraúbas, Patu, Almino Afonso, Frutuoso Gomes, Antônio Martins, Alexandria. Em 1951, foi inaugurada a Estação Ferroviária da cidade de Sousa (PB) e a estrada passou a ser chamada de Estrada de Ferro MossoróSousa. "O tempo que Mossoró levou para concluir a sua estrada de ferro foi muito longo e, quando finalmente ficou pronta, os objetivos dos primeiros tempos já não poderiam mais ser alcançados. O caminhão já havia invadido as estradas e com ele o trem não podia competir, nem em velocidade nem em tempo", ressalta Geraldo Maia. O FIM A consolidação das rodovias para o transporte da produção salineira efetivou o golpe final

dores motiva e trabalha de Ferroviária

na estrada de ferro Mossoró-Sousa, desativada em junho de 1995, deixando apenas registros. "A história ainda não é contada por inteiro, pois pouco foi feito para que preservassem seus registros, existindo poucos locais de memória que aludem à ferrovia mossoroense. Um desses locais é a Fundação Vingt-un Rosado, através do acervo da Coleção Mossoroense e de documentos existentes", explica Alysson Holanda. O estudante ressalta que é a Coleção Mossoroense - considerada uma das maiores fontes de conhecimento da região potiguar - que guarda parte da memória da linha férrea, através de obras como a publicação das cartas enviadas por Ulrich Graff para obter a concessão da estrada de ferro, sendo a primeira datada de 1876, mas editada e republicada várias vezes pela Coleção, e o livro "Minhas memórias da estrada de ferro de Mossoró", de 1959, de autoria de Pedro Leopoldo.

Primeiros agentes da Estrada de Ferro de Mossoró Francisco Santiago de Freitas - 1° agente de Mossoró Hermes de Castro Sebastião Silvino de Souza Geraldo Benevides Pedro (do Boi) José Ferreira Maia José Maria de Morais Raimundo Lino Martins Dalmário Santos Oliveira Fonte: Livro - Estrada de Ferro Mossoró-Sousa: Um sonho, uma realidade, uma saudade, de autoria de Manoel Tavares de Oliveira Coleção Mossoroense: Série C - Outubro de 2005.

Alysson Holanda pesquisou a história da estrada na Coleção Mossoroense

Principais obras sobre a Estrada de Ferro na Coleção Mossoroense 1 - A engenharia nacional passou por Mossoró seguindo as pegadas do sonho Grafiano: Vicente Saboya de Albuquerque - Dicionário dos Guerreiros da Grafiana Saga da Estrada Ferroviária de Mossoró ao São Francisco: Coleção Mossoroense: Fascículo IV - 8° volume, dezembro de 2000.

2 - Estrada de Ferro Mossoró-Sousa: Um sonho, uma realidade, uma saudade. - Coleção Mossoroense: Série C - Outubro de 2005. (Autor: Manoel Tavares de Oliveira)

3 - Estrada de Ferro de Mossoró (em direção ao São Francisco) - Contrato celebrado em 26 de agosto de 1875 e confirmado por decreto imperial 6.139, de 4 de março de 1876. (Autor: Ulrich Graff)

4 - Minhas Memórias da Estrada de Ferro de Mossoró, Coleção Mossoroense - 1959. (Autor: Pedro Leopoldo)

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BAIRROS

A independência de um grande bairro Na década de 50, o bair- ra. O Alto de São Manoel é antecedido ro Alto de São Manoel (zo- pelo bairro Ilha de Santa Luzia e começa na leste de Mossoró) tinha após a ponte Dix-Sept Rosado. o cenário semelhante ao de uma zona rural: casas com RECORDAÇÕES aparência simples e muitas Em 1961, uma fotografia que registrou áreas descampadas indica- a enchente do ano mostra bem que o bairvam que ainda não era a zona urbana do ro já estava bem habitado, mas era cercamunicípio, mas era uma via importante, do de muitas carnaubeiras. Não havia ainpois para sair da cidade com destino à ca- da a Ilha de Santa Luzia, bairro que anos pital tinha de se passar por ele. Ao longo depois passou a ocupar essa área alagada do acesso criado com destino à capital, pelo rio Mossoró até os dias de hoje. logo mais construções surgiram, casas e prédios comerciais. Vieram a Escola Dinarte Mariz, ainda hoEnchente mostra Avenida je pertencente ao Município, e ouPresidente Dutra tros empreendimentos que valinterrompida em 1961 orizam-se ao longo da Avenida Presidente Dutra. Hoje, o Alto de São Manoel é o segundo maior bairro da cidade em termos de população, com uma estimativa de 19 a 20 mil habitantes, sem falar dos bairros que compõem o que popularmente ficou conhecido como "Grande Alto de São Manoel", composto por outros bairros, como Planalto 13 de Maio, Costa e Silva, Dom Jaime Câma-

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O Alto de São Manoel é um dos bairros mais prósperos de Mossoró e o segundo maior da cidade

E nas cheias, o Alto de São Manoel ficava incomunicável, era cortado pelo rio Mossoró e não havia como sair do município em direção à capital potiguar. Um pouco dessa história mostra que o Alto de São Manoel, por sua localização privilegiada, se tornaria, anos depois, um dos principais bairros de Mossoró. O bairro, que tem a Avenida Presidente Dutra como principal via de acesso, tem também sua história muito ligada à Igreja do Alto de São Manoel, criada no dia 29 de março de 1964. A igreja construída na parte mais alta da cidade era o princípio de um desenvolvimento que surgia aos poucos. "O padre da época era o padre Alfredo, que permaneceu na paróquia de São Manoel por 14 anos. Depois vieram monsenhor Américo, padre Venturelli, padre Sátiro e depois eu assumi a paróquia, em 1982", relembra o padre Guimarães Neto, que prepara um livro sobre a história da Paróquia de São Manoel e do próprio crescimento do bairro Alto de São Manoel. O religioso é o primeiro a indicar uma das pessoas que mais conhe-


Empresário Rútilo Coelho relembra quando havia poucos prédios e acesso era chamado de avenida da morte

cem as origens do bairro. A professora Fátima Azevedo nasceu na Ilha de Santa Luzia, mas ainda hoje reside no Alto de São Manoel. "Eu estudei na Escola Dinarte Mariz e morava perto. Depois, eu me mudei para a rua onde vivo até hoje, perto da Igreja de São Manoel. Lembro que as ruas do Alto de São Manoel eram de barro, de piçarra e que o prédio onde hoje funciona a Farmácia Pague Menos era uma casa com um grande alpendre. Lembro ainda que onde hoje é a delegacia tinha uma linda praça, onde os jovens se divertiam, assistiam televisão, que era coisa rara na época, e se encontravam. Posso dizer que sou uma apaixonada pelo bairro", lembra Fátima Azevedo.

vesse uma urbanização da avenida, para que ela deixasse de ser a avenida da morte, e depois disso vimos o bairro crescer mais", relembra Rútilo Coelho. Atualmente, o Alto de São Manoel tem característica mista, com área residencial e comercial, e é considerado um dos metros quadrados mais caros para o ramo comercial. Está com 84% de sua área ocupada por construções, o que mostra que, do ponto de infraestrutura, é uma das melhores da cidade com vias asfaltadas ou calçadas, favorecendo o trânsito intenso de veículos e pedestres. Também foi um dos primeiros

Professora Fátima Azevedo: ‘Nasci e me criei aqui; sou apaixonada pelo meu bairro’

a receber o saneamento básico nos conjuntos residenciais, como o Inocoop. O bairro se valoriza também devido aos equipamentos urbanos diversos, dentre os quais, igrejas, hotel, pousadas, padarias, mercados, escolas, UPA, delegacia, bares e restaurantes, entre outros. "Este é um bairro que possui tudo o que se precisa, por isso tenho tanto orgulho de ter visto esse crescimento", completa a professora Fátima Azevedo.

Editoria de arte: Neto Silva

COMÉRCIO PRÓSPERO Na década de 70, o bairro já possuía prédios maiores, como as indústrias de móveis Lindomar e Silvan. O empresário Rútilo Coelho foi um dos primeiros a também investir com negócios mais audaciosos no bairro. "Há 35 anos neste local onde hoje está uma parte de minha concessionária de automóveis estava um prédio de um antigo posto fiscal. Isso quer dizer que onde estamos hoje era uma espécie de limite, o ponto de saída e entrada da cidade. Veja, então, como o bairro cresceu", explica Rútilo. O empresário lembra que, na cheia de 1985, ele foi medir o nível de água para poder planejar a obra em um nível muito acima da água. "Não havia a Leste-Oeste, e quando ocorria a cheia, interrompia o acesso ao centro da cidade. Mas, a Presidente Dutra era o principal caminho para a capital e a porta de entrada da cidade, por isso sempre foi um bairro com característica comercial forte", ressalta Rútilo. Depois, ele recorda que a Avenida Presidente Dutra, por pressão dos comerciantes, ganhou asfalto, mas, por ser maliluminada, ganhou o apelido de avenida da morte, na qual ocorriam acidentes constantes. "Fizemos um apelo para que houJornal de Fato

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L I S TA D E C O M P R A S

Despensa cheia e sem desperdício Uma das tarefas mais constantes da rotina familiar é a compra de alimentos. Cerca de 25% do orçamento das famílias brasileiras é gasto com alimentação, o que mostra que esse é o item de prioridade de gastos. No entanto, a rotina das compras da "feira do mês" pode ser motivo de preocupação quando não se consegue levar o que é preciso ou quando se compra além do necessário gerando desperdício. Uma família de classe média chega a jogar fora cerca de 500 gramas de alimentos por dia. Boa parte desse desperdício de alimentos se dá na hora das compras, quando não se planeja antes de chegar ao supermercado. Segundo o economista Franklin Filgueira, as compras feitas com uma lista, por exemplo, ajudam a não errar na hora de escolher os produtos. "O planejamento perfeito seria aquele em que as compras fossem exatamente correspondentes às necessidades do período. Desse modo, planejar significa definir ou, pelo menos, programar o consumo de um período em um momento anterior a ele. Nesse caso, definir o que se consome em cada dia do período e, a partir disso, elaborar a lista de compras é o que se constitui no comportamento ideal para a gestão de recursos empregados em suprimentos domésticos", ressalta Franklin. O economista explica que uma dica fundamental é elaborar a lista e ater-se unicamente a ela na hora de fazer as compras no supermercado, sem ceder aos impulsos de consumo diante da exposição "tentadora" de produtos nas gôndolas. "Normalmente, a compra além do necessário na feira do mês é, acima de tudo, decorrente da compra por impulso", ressalta. Outra dica importante é fazer cotação de preços com a lista prévia, verificando pelo menos três supermercados de regiões diferentes da cidade e, quando possível, in-

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Antes de sair comprando o que precisa e não precisa, veja as dicas importantes de um economista para evitar desperdício e economizar nas compras

Definir o que se consume em cada dia do período e, a partir disso, elaborar a lista de compras é o que se constitui no comportamento ideal

cluir as feiras dos bairros e os mercados públicos onde, por exemplo, é possível adquirir produtos hortifrutigranjeiros diretamente de seus produtores, podendo obter descontos ou escolher produtos mais frescos.

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Por outro lado, adquirir os secos (cereais, materiais de limpeza, etc.) de uma única vez, fazendo cotações inclusive em atacadistas, também contribuem para a redução do custo da feira mensal.


ESCOLHAS Importante, também, é procurar produtos de bazar (plásticos, panelas, eletrodomésticos, eletrônicos, etc.) em lojas especializadas nesse tipo de produto que, normalmente, têm preços inferiores aos dos supermercados e hipermercados. "Oportunamente, a cotação na Inter-

net - redes de supermercados disponibilizam isso - pode oferecer ainda mais redução no custo da feira mensal", indica Franklin. Para os produtos perecíveis, a compra semanal parece ser a mais indicada. Pela própria característica da perecibilidade e a consequente necessidade de gastos com

conservação. "Esses produtos devem ser bem escolhidos e, com maior frequência de compras (semanal ou quinzenal), as cotações permitirão descobrir os menores preços", completa. Veja mais dicas e conheça a nossa sugestão de lista que poderá te acompanhar nas compras.

Editoria de arte: Neto Silva

Dicas para não faltar e nem sobrar na despensa Procure preços Pesquise em lugares diferentes e encartes de jornais para ter parâmetros e saber se um item está caro ou barato. Uma pessoa familiarizada com os preços consegue economizar até 40% em relação a um leigo.

Leve a lista de compras Com a lista em mãos não se esquece de levar o que está faltando. Antes de sair de casa cheque na despensa, armários e geladeira os produtos de que precisa. É possível planejar a lista de acordo com o cardápio programado da semana.

Não fique passeando entre as sessões No supermercado marque na lista o que você coloca no carrinho conforme a sessão que se está (veja o modelo de lista de compras do Sua Vida). Dividindo os produtos por segmentos como mercearia, limpeza e hortifrutigranjeiros, você não perde tempo entre as sessões e gasta menos.

Não vá fazer as compras com fome A chance de colocar comida a mais no carrinho é bem maior se você estiver com fome. Também evite levar as crianças para as compras, pois elas vão pedir para levar uma série de coisas que não estavam previstas.

Compras semanais Deixe para comprar semanalmente produtos que se estragam rápido como frutas e verduras, carnes e frios. Para as compras do mês priorize os bens duráveis, como cereais e produtos de limpeza, por exemplo.

Observações Deixe para comprar por último os produtos de geladeira para não se estragarem enquanto faz as compras.Emcasa,coloqueosprodutoscomprados na compra anterior na frente para serem consumidos antes. Faça o mesmo com os itens de geladeira,observandosempreadatadevencimento. Dica de livro: "Sobrou Dinheiro! - Lições de Economia Doméstica", do economista Luiz Carlos Ewald (editora Bertrand Brasil).

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ARTIGO/JOSÉ ROMERO ARAÚJO CARDOSO

PRINCESA: OITENTA ANOS DA MAIOR MANIFESTAÇÃO DE INSURGÊNCIA DO MANDONISMO LOCAL "Eita Pau Pereira que em Princesa já roncou, eita Paraíba mulher macho sim senhor, eita Pau Pereira meu bodoque não quebrou!" (Paraíba - Humberto Teixeira/Luiz Gonzaga) A indicação de Epitácio Pessoa para que o sobrinho do poderoso oligarca de nome João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque presidisse o Estado da Paraíba teve raízes na faina corrupta que grassou a unidade federativa quando o renomado político assumiu a gestão executiva brasileira entre os anos de 1919 a 1921. O boom econômico originado com a demanda externa por matérias-primas após a primeira guerra mundial motivou a elaboração de políticas públicas que tinham nas obras de açudagem o principal carro-chefe. Para evitar fuga de divisas para os Estados vizinhos, Epitácio Pessoa pensou em dotar a capital paraibana de um porto com infraestrutura impecável que pudesse sanar velho problema que prejudicava inexoravelmente as finanças do Estado no qual expressava a figura maior do mandonismo local. Não conseguiu, pois o dinheiro para a construção do porto foi parar nos bolsos dos seus aliados. Nessa época, a porção setentrional paraibana mantinha laços econômicos muito fortes com Mossoró, enquanto a meridional era ligada ao Recife, onde se destacava a família Pessoa de Queiroz como principal agente econômico do processo de exportação da produção gerada no semiárido. A barreira orográfica representada pelo planalto da Borborema auxiliava bastante nas decisões dos produtores sertanejos de buscar outros pólos econômicos a fim de realizar negócios lucrativos, tendo em vista a deficiência de meios de transportes eficazes, pois geralmente os deslocamentos eram feitos com tropas de burros. Quando assumiu a presidência paraibana, João Pessoa declarou guerra tributária que atingiu frontalmente a elite sertaneja agropastoril. A taxação sobre a produção, sobretudo a cotonicultura, fez que a margem de lucros dos produtores caísse consideravelmente. Porteiras foram colocadas em pontos estratégicos para que a taxação sobre os produtos fosse realizada. Dessa forma, logo os cofres do Estado foram abarrotados de dinheiro oriundo de majorações exorbitantes. Em contrapartida, a situação social e econômica sertaneja foi se tornando periclitante, com a alta generalizada dos preços aliada à seca que teve início em 1926 com pequeno intervalo em 1929. Nesse ano, a situação tornouse ainda mais alarmante, pois foi deflagrada a grande crise na bolsa de valores Novayorquina, onde eram comercializadas as matériasprimas indispensáveis à reconstrução europeia depois da primeira guerra mundial. Na guerra sem trégua ao mandonismo local, João Pessoa passou a agir de forma impensada sobre as bases do Epitacismo. Desti-

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tuía ou transferia sem a menor cerimônia pessoas importantes do esquema oligárquico, como chefes de mesas-de-renda. O Estado da Paraíba ficou conhecido como a "Suíça Brasileira", graças à mão-de-ferro do presidente, que restabeleceu as finanças públicas, extremamente combalidas com a fase aguda de corrupção que marcou as gestões de Sólon de Lucena (1920-1924) e de João Urbano de Vasconcelos Suassuna (1924-1928). João Pessoa foi convidado pelos governos gaúcho e mineiro para compor a chapa da Aliança Liberal, em vista que havia sido desmanchada a política do café com leite quando da indicação de Júlio Prestes para suceder Washington Luís. Dessa formas, como candidato a vicepresidente, o chefe do Executivo paraibano chegou à Princesa, reduto do "Coronel" José Pereira Lima, principal município prejudicado pelas ousadas políticas públicas adotadas pelo sobrinho do poderoso Epitácio Pessoa. João Pessoa e comitiva foram bem recebidos. Princesa, localizada no cordão de serras que divisa o Estado da Paraíba do Estado de Pernambuco, estava toda enfeitada com bandeiras vermelhas, símbolo da Aliança Liberal, pois era o representante do Epitacismo que se encontrava no território que devia vassalagem à expressão maior da política de compromissos que caracterizava a República Velha. Quando João Pessoa mostrou a chapa da Aliança Liberal, a qual excluía o nome de João Suassuna, estava sendo selado o rompimento do "Coronel" José Pereira com as bases da orientação política que até então seguia. A confirmação veio quando o presidente chegou à capital e recebeu telegrama do chefe político princesense em tom desafiador, no qual informava seguir rumo próprio em companhia de correligionários espalhados pelo Estado. Trocas de telegramas cada vez mais acintosos não deixaram margem a nenhuma dúvida, pois João Pessoa, escudando-se na defesa da ordem em razão do pleito eleitoral a ser realizado em 28 de fevereiro de 1930, decidiu de forma intransigente enviar tropas para o sertão, sendo declarada nesse dia a guerra de Princesa. Conforme o brioso oficial paraibano Ademar Naziazene, em livro sobre a história da polícia militar paraibana, o número total do contingente a disposição do presidente João Pessoa era 890 combatentes. A primeira investida foi sobre a vila do Teixeira, reduto da família Dantas, invadida pela tropa comandada pelo Tenente Ascendino Feitosa que aprisionou vários membros deste clã sertanejo. À disposição do "Coronel" José Pereira foi formado verdadeiro exército composto de mais de 2.800 homens, armados e municiados principalmente com rifles winchester calibre 44. Depoimentos prestados pelo Coronel Manuel Arruda de Assis ao NDIHR/UFPB registraram que as armas estavam ainda encaixotadas com o selo da importadora Matarazzo.

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A Polícia Militar paraibana lutava com armas obsoletas, com munição vencida, impossível de ser usada de forma adequada. Para tentar contornar a situação dramática, o governo gaúcho montou esquema de contrabando em barris de sebo, tendo em vista que a alfândega, enquanto órgão federal, era controlada pelo perrepistas. Zé Pereira enviou cerca de 500 homens, comandados por Lindu e Luiz do Triângulo, para soltar os Dantas que se encontravam aprisionados e ameaçados de ser sangrados. O movimento armorial, liderado por Ariano Suassuna, reconheceu o gesto heróico, concedendo título de nobreza ao último comandante supracitado, em obra por título "O Romance da Pedra do Reino". Foram quase cinco meses de combates inenarráveis, quando se destacaram nomes como Marcolino Pereira Diniz, Manuel Lopes Diniz, Cícero Bezerra, Sinhô Salviano, João Paulino, Caixa de Fósforo, entre outros, do lado do "Coronel" José Pereira, enquanto combatentes fiéis a João Pessoa se destacaram Coronel Elísio Sobreira, Raimundo Nonato, Clementino Quelé, Jacob Franz, gaúcho que saiu do Rio Grande do Sul para servir à causa da Aliança Liberal, entre muitos outros, comandados pelo secretário de Interior e Justiça José Américo de Almeida. Com total apoio do Palácio do Catete, Zé Pereira conseguiu que Princesa se tornasse território livre e independente, com constituição própria, hino e bandeira próprios, exército próprio, enfim, legalmente separada do Estado da Paraíba. A família Pessoa de Queiroz, com quem o chefe princesense mantinha laços econômicos e pessoais estreitos e marcantes, manteve-se impávida ao lado das oligarquias insurgentes durante toda a luta, não obstante a proximidade familiar com o presidente João Pessoa. Sobre Princesa, Ruy Facó destacou em Cangaceiros e Fanáticos que o território transformou-se em fortaleza inexpugnável s que sobre seus muros vacilavam as tropas regulares. Com certeza, pois a cidadela insurgente e seus arredores foram fortificados e defendidos com unhas e dentes na maior demonstração de rebeldia do mandonismo local na República Velha. Em 26 de julho de 1930, após constatar a ausência de ética ensejada pelas batalhas, quando diário e cartas íntimas foram publicadas na imprensa oficial paraibana, o advogado João Duarte Dantas foi à caça do Presidente João Pessoa pelas ruas do Recife, encontrando-o na companhia de amigos na confeitaria Glória. Os tiros que mataram João Pessoa puseram fim à luta e a uma era, pois em outubro de 1930 foi deflagrada a revolução que iria gradativamente cercear o poder dos "Coronéis" e instituir nova ordem abalizada na ênfase ao nacional-populismo que caracterizou o período varguista. José Romero Araújo Cardoso é professor-adjunto do Depto. Geografia/Uern.


CULINÁRIA

Pãozinho recheado INGREDIENTES

Massa:

4 tabletes de fermento biológico; 1 kg de farinha de trigo (mais ou menos); 3 colheres (sopa) de açúcar; 1 colher (sopa) de sal; 1/2 copo (requeijão) de azeite; 1 copo (requeijão) de leite morno; 2 ovos

Recheio:

MODO DE PREPARO Numa vasilha grande, misture o fermento com o sal e o açúcar até virar um líquido Junte os ovos, o azeite, e o leite, coloque a farinha aos poucos até a massa desgrudar das mãos e dar ponto para enrolar

Tempura de legumes e camarão INGREDIENTES 4 camarões grandes / 1 abobrinha média / 1 cenoura média 1 pimentão verde médio / 4 folhas de chicória crespa / 1/2 xícara (chá) de farinha de trigo / 1 gema / 1 xícara (chá) de óleo de soja / 2 colheres (sopa) de óleo de gergelim / sal a gosto

MODO DE PREPARO Lave os camarões, elimine as cabeças e as cascas (mantenha os rabinhos), lave mais uma vez e reserve. Lave a abobrinha, parta ao meio, elimine parte do miolo e corte o restante em bastões não muito finos. Raspe a casca da cenoura e corte em bastões não muito finos, no sentido do comprimento. Elimine o pedúnculo do pimentão, parta ao meio e descarte as sementes. Pique em tiras de tamanho semelhante ao da cenoura e reserve. Lave as folhas de chicória, seque com toalha de papel e reserve. Numa tigela, peneire a farinha de trigo com o sal. Junte a gema e 4 colheres (sopa) de água gelada. Bata com um batedor manual por 2 minutos, ou até obter uma massa homogênea. Reserve. Coloque numa frigideira os óleos de soja e de gergelim e leve ao fogo por 3 a 4 minutos, ou até alcançar 180ºC. Passe os camarões, a abobrinha, a cenoura, o pimentão e as folhas de chicória na massa, um a um, e retire o excesso de massa (deixe ficar somente uma camada bem fina). Coloque, aos poucos, na frigideira com o óleo e, assim que começar a dourar, retire com uma escumadeira. Disponha sobre toalha de papel para retirar o excesso de óleo e sirva com shoyu.

Faça bolinhas do tamanho de laranjas e deixe crescer um pouco, abra com o auxílio de um rolo de massa do tamanho de um pratinho de sobremesa Coloque 1 fatia de mussarela, mais 1 de presunto e no meio 1 colher (sopa) cheia da mistura de tomates, azeitonas e orégano Enrole como se fosse uma panqueca, apertando as pontas para grudar bem e não sair o recheio, pincele com gema de ovos e polvilhe com orégano (pouquinho) Asse em forno pré-aquecido a 200°

Salada de morangos com frutas secas e nozes INGREDIENTES 4 colheres (sopa) de açúcar / 1 xícara (chá) de suco de laranja / 1/2 xícara (chá) de vinho branco / 4 figos secos picados / 4 damascos secos picados / 5 ameixas secas sem caroço picadas / 4 fatias de manga seca picadas / 250 g de morangos picados / 8 nozes picadas / 1 pitada de pimentado-reino / bolo de laranja para acompanhar

MODO DE PREPARO Coloque numa panela o açúcar, o suco de laranja, o vinho branco e a pimenta-do-reino. Mexa até o açúcar dissolver. Leve ao fogo e deixe até ferver. Retire do fogo, despeje numa tigela e junte os figos, os damascos, as ameixas e a manga. Deixe descansar por 15 minutos. Em seguida, acrescente os morangos e as nozes, misturando delicadamente. Por fim, polvilhe a pimentado-reino. Corte o bolo de laranja em pedaços, disponha nos pratos e sirva com a salada de frutas. Se preferir uma versão mais refrescante desta sobremesa, acompanhe a salada de frutas com sorvete. Jornal de Fato

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FONTE: tudogostoso.com.br

Presunto em fatias; Mussarela em fatias; Tomate sem sementes picadinho; Orégano; Azeitonas picadinhas


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