Ôxe! - Julho de 2014

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Venda Proibida

Julho / 201 4

ANO VI − Numero 62

5.000 Exemplares

Fran ci sco Morato - São Pau l o

Brasil

imagem: Roger Neves

Comportamento Sociedade Cultura e Let's Rock!

Distribuição Gratuita graças ao apoio do comércio local

No mês de aniversário daquele que já foi o rítmo oficial da rebeldia, um minuto de reflexão sobre seus caminhos por aqui Realização:

Be Linux, Be Free!

Na confecção deste material gráfico foram utilizados apenas softwares que atendem a licença GNU/GPL.


1 ::. Diga, Ôxe! Marília e Ricardo - proprietários do Espaço Eco's

Julho / 201 4

imagem: Fabia Pierangeli

Quem frequenta as noites moratenses ou se interessa por atividades culturais, certamente já foi no Espaço Eco's. Esse mês fomos lá e conversamos com a Marília e o Ricardo que nos contaram um pouco como é manter esse espaço alternativo em Morato. Aproveite e confira o vídeo da conversa no blog! Ôxe!: Pra quem não conhece, quem são os proprietários querem transformação. Acho que tudo isso foi confluindo gente vem aqui e nos pergunta se não pretendemos ir pra pra gente montar esse espaço. um espaço maior, mas não queremos, pensamos sim em do Espaço Eco's, Marília e Ricardo? Marília: Bom, eu vou focar um pouco mais na minha Ôxe!: E como surgiu a ideia de montar um espaço co- mais pra frente abrir em outros lugares outros cantinhos como o Ecos. Esse sonho de ter outros lugares, a aproxicarreira profissional. Durante 18 anos fiz teatro amador mo o Eco's? aqui na cidade. Comecei a trajetória lá atrás, com o Carlos Eco's: Individualmente, cada um de nós que investiu na mação de pessoas não só de Morato, mas também de FranGomiero, e isso eu vou ressaltar sempre, não vou esquecer ideia de montar o Espaço Eco's, já tinha o desejo de ter um co, Caieiras e até de outras cidades mais longe, que acabam nunca desse nome, dessa pessoa maravilhosa, que me apon- lugar pra ir, de ter uma opção, de poder juntar pessoas pra conhecendo o Eco's por causa de amigos que moram por tou caminhos e me ajudou a escolher coisas que hoje eu trocar ideias e abrir um lugar pra gente ter como oferecer aqui. Isso tudo nos dá força e nos mantém em pé. É aquela acredito que sou. Eu fazia parte do Haima, grupo de teatro um espaço cultural para os artistas. O Ricardo e o Carlos ti- teimosia, de acreditar em algo e arregaçar as mangas pra formado por jovens que começou em 1992 e fazia apresen- nham um enfoque maior na questão do bar, a Marília na fazer. A gente sabe que tem muita gente por aí torcendo pro tações por conta própria, de maneira independente, princi- área do artesanato, de criar um bazar e o Diogo nos souve- Ecos fechar, mas a gente também sabe que tem muito mais palmente nas escolas. Depois veio o NAC (Núcleo de Artes nirs. Mas quando a gente começou a colocar a ideia em gente torcendo pra ele continuar aberto. A gente tem muitos Cênicas), que tinha vários núcleos, onde eu conheci novas prática, ela começou a ganhar uma proporção enorme e vi- parceiros, sem os quais, possivelmente, já teríamos fechado pessoas e a gente participou do Mapa Cultural que aconte- mos a necessidade de investir forte na estrutura do bar, por- as portas. Com certeza, o Eco's não é feito só pela gente, é ceu em Taboão da Serra. Nós não ganhamos o primeiro lu- que alugamos o espaço e precisávamos por o espaço pra feito por pessoas que estão sempre do nosso lado, família, gar, mas vieram várias premiações, trouxemos 4 troféus pra funcionar. Então a ideia foi investir no bar, abrir as portas e amigos, nossa equipe de trabalho. Morato e isso foi muito marcante, tanto pra mim como pros aos poucos ir inserindo atividades mais culturais, apresenta- Ôxe!: Além da música ao vivo e do bar, que temos em outros jovens que faziam parte. Foi a partir daí que eu senti ções, cursos, oficinas. E esse foi o caminho que a ideia ori- outros lugares na cidade, um dos diferenciais do Ecos é a necessidade de me profissionalizar e fui fazer faculdade ginal foi naturalmente tomando, um bar, que também tem abrir espaço pra que outras atividades artístico-culturais de Arte, com especialização em teatro. Depois que me for- espaço para a cultura e para a Arte. aconteçam. Vocês podem falar um pouco sobre essas mei, fui fazer especialização em Pedagogia do Teatro, em quais são e como são mantidas? Sorocaba, com uma das grandes mestres do teatro brasilei- Ôxe!: E quais são as maiores dificuldades de manter um atividades, Eco's: Essa é uma grande questão, do que gostaríamos ro, a Ingrid Koudela, que me deu uma bagagem enorme. espaço como o Ecos? fosse, do ideal e de como temos conseguido levar. O Meu trabalho de conclusão de curso foi sobre teatro para Eco's: Nosso maior problema é não termos capital de gi- que seria termos diversas apresentações de teatro, de danjovens especiais, que eu desenvolvi na APAE de Francisco ro e aí a gente tem que esperar sempre o próximo final de ideal ça, exposições, atividades diferenciadas, toda semaMorato e é uma experiência que não dá pra esquecer. Eu te- semana, onde depositamos todas as nossas expectativas. Es- na. Mas a genteenfim, tem feito um trabalho de formiguinha, nho tudo registrado e dentro da educação foi um dos últi- peramos o final de semana e dependemos de como ele vai porque não temos recurso pra contratar essas apresentações mos trabalhos que eu fiz. Eu fiquei 11 anos na sala de aula, ser pra programar a próxima semana. Sabemos que isso é e quando fazemos cobrando a adesão tem sido no Estado e também, 1 ano e meio na Prefeitura de Várzea um erro, porque ainda não temos um caixa que nos permita muito baixa. Com a música, temingresso, sido mais porque Paulista. E depois de tudo isso, o Eco's entra na história. programar nossas atividades com folga e isso envolve tudo, o público aceita melhor vir no bar e pagar tranquilo, um valor simbóDeixei o Estado, exonerei meu cargo em Várzea Paulista e a contratação dos artistas, o pagamento dos colaboradores e lico como couvert artístico pra ouvir um som, mas quando hoje estou aqui. Eu nem sei muito bem que nome dar pra das contas, a reposição das mercadorias. A gente não tem trazemos outras atividades, como teatro e dança, o público isso, alguns dizem empresária, eu acho um nome meio for- giro pra poder levar a próxima semana com tranquilidade. se mostra um pouco mais resistente em pagar. Mas vamos te, mas o que sei é que a cultura vai estar sempre muito jun- E isso tem deixado a gente de cabelo em pé, de cabelos continuar batendo nessa tecla. Além disso existem outras to, em qualquer coisa que eu faça. brancos, com muito estresse e até tirando um pouco do atividades que estão acontecendo no Ecos, em horário alpique, principalmente na nossa vida familiar, de pas- ternativo ao funcionamento do bar: o projeto Escape, uma Ricardo: Antes de qualquer coisa, sou professor. É assim nosso sear com os filhos. Porque nesse momento, o Eco's vem em parceria com o músico e arte-educador Jansen, que oferece que todo mundo me chama, até aqui no bar, professor Ri- primeiro lugar e quando a gente pensa em pegar um cine- aulas de música (violão, sax, cajón, teclado, etc); e a parceria cardo. A minha história é um pouco menos artística, mas minha com as crianças, lembra que aquele dinheiro daria com o arte-educador Eduardo Bartolomeu, que tem trazido sempre próxima da arte. No início, um pouco mais próxima pra comprar a mercadoriajá que está acabando... atividades artísticas para as crianças, oficinas, apresentado teatro. Eu jogava RPG com os amigos e depois que sai ções. E só temos conseguido manter essas atividades difeda escola fui fazer faculdade de Biologia, que não é muito Ôxe!: E com tantas dificuldades, o que motiva vocês a renciadas por causa das parcerias que temos firmado. artístico, mas que eu adoro. Terminei a faculdade e fui dar continuarem? aula. Foi muito estranho começar a dar aula porque eu sem- Eco's: É o que a gente se pergunta todos os dias. Porque Ôxe!: E daqui pra frente, o que estão pensando? Como pre fui muito tímido, sempre sofri muito pra falar em públi- dá vontade sim, e isso não vamos esconder de ninguém, di- esperam que o Eco's esteja daqui uns 5 anos? co, mas quando eu dou aula acontece um fenômeno que eu versas vezes já tivemos vontade de desistir, de jogar o Eco's Eco's: Esperamos já ter conseguido acertar as coisas e ter costumo chamar de “o professor e o monstro”, eu entro na pros ares e retomar a vida que a gente tinha antes, voltar pra mais atividades culturais acontecendo. Não só música, mas sala de aula e consigo falar tranquilo. A primeira escola que sala de aula, voltar a estudar, fazer as coisas que sonháva- uma programação semanal bem variada, com teatro, dança, eu lecionei foi no Levorim e depois, já passei por uma infi- mos e que deixamos um pouco de lado pra investir no oficinas, exposições. E, se tudo der muito certo, que a gente já nidade de outras escolas. Comecei um projeto de cursinho Eco's. Tem semana que a gente pensa, não vai dar, a gente tenho um Espaço Eco's 2, pré-vestibular, junto com o Maurício. A gente dava aula e não vai resistir por mais uma senascendo em algum cobrava um valor simbólico pra pagar o espaço, mas no fim mana, mas aí, sempre chega lugar por aí. .:: do cursinho, ninguém estava pagando mais porque todo alguém pra dar força, o pai, a mundo que chegava e dizia que ia parar porque não tinha mãe, o irmão, os amigos e dinheiro a gente dizia, não, fica aí. O cursinho durou 3 anos são essas pessoas que nos e tivemos que fechar porque estávamos com uma dívida dão força e fôlego pra ter enorme. Depois fui dar aula em algumas escolas particula- ânimo, resistir por mais res, passei no concurso do Estado e foi muito triste pra um final de semana. E mim, parar de dar aula no Estado. Quando abrimos o Ecos esse ânimo vem pela eu acabei exonerando meu cargo de professor no Estado, foi garra interna de realaté um pretexto porque os horários não batiam, mas já fazia mente querer tempo que eu queria sair. Não pelos alunos e nem pelo tra- manter um esbalho, mas pelo atual sistema de ensino. Em relação ao tea- paço diferencitro, depois que eu comecei a fazer faculdade, alguns amigos ado e pensar lá meus começaram a se aproximar do NAC, a acompanhar na frente, até as apresentações e eu, de tabela, também comecei a acom- mesmo de ter panhar e me apaixonei literalmente pelo teatro. Foi lá que outros lugares que conheci a Marília, com quem me casei. Sempre fui muito tenham as mesmas ligado à música também, já tive uma banda. A gente já par- características do ticipou de movimentos culturais aqui na cidade, do Mora- Ecos, como uma teia Desvaiada e sempre esteve envolvido com projetos que franquia. Muita Ricardo e Marília , o simpático casal do Espaço Eco's, além de apoiar iniciativas como o Ôxe!, também abre as portas do espaço que mantêm para diversas atividades culturais.


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Be Linux, Be Free!

Na confecção deste material gráfico foram utilizados apenas softwares que atendem a licença GNU/GPL.

::. O que a gente usou nessa edição

::. Na Faixa

Por: Fabia Pierangeli

::. Programação Espaço Eco's

Rock, MPB, Discotecagem e Festa Julina prometem animar e aquecer as noites frias do mês de julho no Espaço Eco's. Isso sem falar nos deliciosos caldos, na variedade de bebidas e no monte de gente interessante que você também pode encontrar por lá. Então, vamos nessa? Anote aí na sua agenda e aproveite!!! Toda quinta a partir das 20h – Tequila (Entrada Free) Dia 18/07 (sexta) a partir das 21h30 – Jam Brasil (R$ 3,00) Dia 19/07 (sábado) às 21h30 – DJ Django & Vivi - Anos 60 a 90 (R$ 3,00) Dia 20/07 (domingo) a partir das 18h – Festa Julina Espaço Ecos & Músico e cantor Associação ConPoeMa, ila apresenta com apresentação musi- Tequ o melhor do popcal de músicas tradiciorock e MPB no mês de Julho nais “Prato do dia: Virado à ConPoeMa” (Entrada Free) Dia 25/07 (sexta) a partir das 20h – Banda Matrix (R$ 3,00) Dia 26/07 (sábado) a partir das 21h30 – DJ Juliana – Electro Rock (R$ 3,00) Dia 27/07 (domingo) a partir das 20h – TVs (Entrada Free)

Retalhos, com o espetáculo “Othelo [e a loira de Veneza]” - GRATUITO

Dia 02 de agosto às 20h, na sala de balé da Secretaria Municipal de Cultura (Rua Azevedo Marques, 26, Centro, Francisco Morato) – Núcleo Vinícius Piedade, com o espetáculo “Carta de um pirata – uma comédia inconformada” - ENTRADA: $Pague quanto puder$ Mais informações:www.teatrogirandola.com.br ou 4488-8524

::. Sarau ConPoeMa

Desde 2012, todo mês, a Associação Cultural ConPoeMa realiza o Sarau ConPoeMa, um espaço aberto para a livre expressão, um espaço de trocas culturais e artísticas. O Sarau de agosto já tem data marcada: acontecerá no dia 09/08, a partir das 19h, no Espaço Girandolá, que fica na Av. São Paulo, 965, Vila Suíça, Francisco Morato. Não perca essa oportunidade, de dizer o que você pensa, o que você sente, de compartilhar conhecimentos, de conhecer gente e ideias novas. GRATUITO! im agem : Divulgação

O informativo Ôxe! é uma iniciativa da Ôxe! Produtora Comunitária que visa propiciar à população de Francisco Morato e região, um veículo de jornalismo cidadão e produção, difusão e divulgação de ideias e informações na área cultural. Todas as informações, ilustrações e imagens são de responsabilidade de seus respectivos autores e obedecem a licença Creative Commons 3.0 Brasil Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença (acesse o blog para maiores detalhes), salvo indicações do(a) autor(a) em contrário. Para ver uma cópia desta licença, visite http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/br/ ou envie uma carta para Creative Commons, 171 Second Street, Suite 300, San Francisco, California 94105, USA.

im agem : Divulgação

Programas Ubuntu 12.04 (ubuntu.com) ::. Festival de Inverno de Franco LibreOffice 3.5.7.2 (pt-br.libreoffice.org) da Rocha GIMP 2.6.12 (gimp.org) Em 2001, nascia em Franco da Rocha, Scribus 1.4.1.svn (scribus.net) um dos primeiros festivais de artes inteInkscape 0.48.3.1 r9886 (inkscape.org) ::. Girandolá ConPoeMa Recebe... gradas de nossa região, o Inverno Cultuem Francisco Morato ral. Idealizado por produtores culturais e Mozilla Firefox 22.0 (br.mozdev.org) artistas que atuavam na cidade naquela Todo primeiro final de semana de cada Audacious 3.4 (audacious-media-player.org) mês a Associação Cultural ConPoeMa, época, o festival ganhou espaço no calenatravés de seu núcleo artístico dário cultural oficial da região e esse ano, ::. Colaboraram nesta edição: vai para sua 14ª Teatro Girandolá, edição. A versão traz para nossa reGilberto Araújo 2014 do Festival gião uma atividade (gilmetamorphos@gmail.com) de Inverno de cultural que é ofeJhoyce Milena Franco da Rocha recida de graça ou (joycepoeta@live.com) acontecerá de 01 a preço popular a 31 de agosto, Messias Silva pra população. No em diversos espa(messiasilvarimador@gmail.com) mês de agosto, o ços da cidade e projeto receberá 2 Remisson Aniceto contemplará as grupos teatrais, (remisson8@yahoo.com.br) Cia. Lona de Retalhos traz adaptação de linguagens de teaem FrancisShakespeare para o calçadão de Franco da Regiane Maria Rocha tro, música, dança, co Morato. (regimarrom@outlook.com) artes plásticas e Dia 02 de agosto às 16h, no cal- áudio-visual. Confira abaixo a programaRégis Andrade çadão em frente à estação de Fran- ção, completamente GRATUITA, do pri(togalindepatane@gmail.com) cisco Morato – Cia Lona de meiro final de semana:

A Equipe Ôxe! é: Fabia Pierangeli, Mari Moura e Roger Neves (digaoxe@gmail.com)

Dia 01/08 às 20h: Escambos Psicopoéticos – abertura do processo de criação

do novo espetáculo do Teatro Girandolá, que tem a história da cidade de Franco da Rocha e do Hospital do Juqueri como ponto de partida. Local: Centro Cultural Newton Gomes de Sá – Av. Sete de Setembro, s/nº, Centro, Franco da Rocha, SP. Dia 02/08 às 20h: Rappin Hood – apresentação musical do rapper, compositor e ativista cultural. Local: Praça Caieiras – Centro, Franco da Rocha, SP. Dia 03/08 às 16h: Girandolá ConPoeMa Recebe... Cia Lona de Retalhos – apresentação teatral do espetáculo “Otelo [e a loira de Veneza)” Local: Calçadão em frente a Casa de Cultura – Centro, Franco da Rocha, SP. O Festival de Inverno de Franco da Rocha é uma realização da Prefeitura de Franco da Rocha, através de sua Secretaria Adjunta de Cultura e tem apoio da Secretaria de Estado da Cultura, APPA, Circuito Cultural Paulista e ProAC – Programa de Ação Cultural. A programação completa pode ser visualizada em na página do evento no Facebook. Outras informações: 4443-7050

::. # IntegrARTE 4, em Mairiporã

O projeto IntegrARTE é desenvolvido pela Secretaria Adjunta de Assuntos Culturais de Mairiporã, acontece mensalmente e tem como objetivo apoiar o desenvolvimento de projetos artísticos locais, proporcionando estímulo, intercâmbio e integração artística e cultural. A seleção dos projetos é feita por meio de credenciamento prévio na plataforma disponível no site do projeto: culturamairipora.blogspot.com.br A 4ª edição do projeto acontecerá no dia 25 de julho, sexta-feira, das 18 às 22h, na Praça Matriz de Mairiporã e trará 3 shows musicais, exposição de artes visuais, projeção mapeada e apresentação de esquete teatral, numa programação toda composta por artistas da cidade. Arte e cultura, de graça, na praça!!! .::


imagem: Roger Neves

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Julhoevento / 201 4 Ao fundo, o M.A.T. (Música e Atitude em Transpiração), produzido pela banda O Mandruvá, que trouxe nomes como Dead Fish e Raimundos, lotando por duas vezes o antigo MAC em Caieiras.

E O ROCK, HEIM?

Quem tem por volta de seus trinta e poucos anos, aqui em nossa região, sendo ou não parte dos legionários do rock, certamente se lembra de um tempo em que nossa região quase teve uma “cena rockeira”. Capitaneados pelo lendário Bar do Percí, principalmente a cidade de Campo Limpo Paulista, foi o destino certo das noitadas juvenis dos que esperavam ouvir rock, não importava o gênero. Era batata: quem não ia para a Led Slay ou Fofinho (por opção ou na falta dela), certamente parava no Bar do Percí ou no Ruínas para ouvir alguma banda ou só ver o pessoal mesmo. Lá foi o palco de estreia de muita banda bacana, foi também o único palco de muitas bandas e o sonho de outras (pois tocar no Percí ou Ruínas e ser minimamente “aprovado” pelo público, podia não ser grande coisa, mas já era um bom começo). Um pouco depois, o Franco do Rock foi o destino de bandas e público que haviam ficado órfãos de Campola. Mais pra frente, vieram bares como o Paraquedas (em Franco), Bijú (em Morato), Bar do Dú (em Caieiras) e o Bar do Woody (em Morato) e projetos como o Ocupando Espaços (em Morato), dentre outros, que trouxeram uma maior diversidade de bandas e propostas; mas por outro lado, uma brevidade cada vez maior dos espaços. E as bandas? Como falar desses espaços e não lembrar de bandas como Iron Cover, Barato da Basiléia, Mortal Pace, Haima, Sem Cultura e Mitologia? E quem nunca passou por algum desses lugares, viu essas bandas e não tem alguma boa história para contar? Haviam espaços (físicos), artistas e público e ainda hoje há uma forte demanda por espaços (simbólicos) assim. Então a pergunta que todo mundo se faz: O que é que aconteceu? E por quê não é mais assim? Talvez mais importante do que resolver o dilema “do ovo e da galinha”, tentando entender se foram os espaços, bandas ou público quem veio primeiro; seja entender o que levou ao fim desse período e o legado deixado. Também não é o caso de tentar reproduzir o que aconteceu naquela época: aquilo tudo se deu em um momento específico, sob condições específicas que dificilmente se repetirão. É muito mais o início de uma reflexão sobre os caminhos que esse importante momento da música em geral, e do rock em específico, teve em nossa região. Quem frequentou estes lugares, sabe como eram escassos os recursos e limitadas as possibilidades da época. Internet e celulares eram uma raridade e redes sociais como o Orkut ou Facebook (na maior parte) não existiam ou eram novidade. Ainda assim, graças ao empenho e iniciativas pessoais de algumas pessoas, foi possível criar espaços para estas expressões e mobilizar pessoas, criando uma comunidade em torno de bandas e estilos. Ao contrário do que acontece hoje, equipamentos de qualidade eram super caros e a maioria não tinha um carro na garagem; fazia-se a coisa como dava, na maior parte na base do amor, improviso e camaradagem. Iluminação e fidelidade sonora eram um sonho distante e o registro dessas coisas praticamente não existe. Em foto, claro; pois em vídeo ninguém nem sonhava em gravar. Como esquecer a clássica solução do palco feito de engradado de cerveja, o salão mal iluminado de propósito, os microfones de vendedor de pamonha dos back-vocals, a caixa “tipo BL” gigante de madeira que servia pra tudo (inclusive mesa e banco) e a bateria velha com peles de couro que precisava ser espancada para emitir algum som? A banda da época que não carregou amplificador ou bateria

Por: Roger Neves

nas costas (literalmente), dentro do ônibus ou trem, para to- de uma rádio de Chicago, o Nine Inch Nails lançou um álcar ou ensaiar, que atire a primeira baqueta e assuma sua bum sob a licença Creative Commons (a mesma do Ôxe!) e natureza de playboy! Bebia-se e comia-se o que tinha, “cou- disponibilizou de graça na internet, o Radiohead também vert” e “consumação” eram palavras desconhecidas, cartão disponibilizou um álbum, dentre vários outros exemplos. de crédito era mais raro que dinheiro, vale-transporte paga- Aqui no nosso pedaço, o pessoal também está se mexenva entrada e voltava-se cochilando no primeiro trem ou ôni- do. Locais como o Espaço Eco's (em Morato) vão desbus. Ainda assim, os espaços funcionavam, as pessoas iam pontando como alternativas a completa falta de espaço para e, principalmente, todos curtiam. expressões independentes, ao mesmo tempo em que são Mas sem esse mimimi de que “antes é que era bom”! O uma nova proposta, diferente dos tradicionais botecões. Por fato é que dava certo e funcionava, mesmo com tudo contra outro lado, bandas como O Mandruvá (referência na região e contra todas as possibilidades. Talvez até por isso mesmo. que organiza os M.A.T.s e já trouxe nomes como Dead Não sei se por brio ou pura teimosia insistia-se em realizar Fish e Raimundos para nossa região), Audiozumb (que reeventos, mobilizar o pessoal e tocar pra galera. Não que centemente organizou o festival Lado B em Franco com a fosse uma maravilha também. Todo mundo tinha lá sua re- presença do D.P.R. ), Amarelo Marinho (a inventiva banda clamação: o banheiro imundo, a banda tal que nunca toca- caieirense que tocou no Oxandolá [In]Festa deste ano) e a va, o povo folgado que irritava qualquer um, a aparelhagem veterana Doutor Jupter (que aportou em Mairiporã trazenque era uma bosta e por aí vai. Mas no outro final de sema- do uma proposta inovadora e inédita e cujos integrantes, na, tava todo mundo lá de novo. Lembre-se que estamos fa- dentre outras coisas, organizam o IntegrArte lá), vão moslando de uma época em que o acesso a shows trando alternativas na produção local e os meios de se prointernacionais, as gravações (em VHS) dos shows e mesmo fissionalizar em uma região tão carente de tudo e num a certos discos era raro e muito mais caro no Brasil. E por mercado cada vez mais restrito e fechado. isso mesmo, fazia mais sentido ter uma banda cover e dis- Se por um lado os artistas vão se profissionalizando, ficotecar ou ter um programa na rádio, era um jeito de com- cando mais pé no chão, e os espaços vão aos poucos entenpartilhar (e de ter certo status) com a galera. dendo que é preciso valorizar e respeitar os artistas, por E de lá pra cá? Hoje, está tudo aí disponível a um clique outro lado o público é cada vez mais arisco e aquela fidelide distância e (dependendo de sua conexão) em questão de dade de antigamente já vai longe. Num mundo como o de minutos ou horas, você tem acesso ao que quiser (do show hoje em que há versões personalizadas de quase tudo, as daquela banda que você gosta, até a discografia completa da pessoas também vão montando suas versões personalizadas mesma); é possível saber em tempo real o que está aconte- do que é “curtir rock”, em que se usa a camiseta da banda cendo no mundo todo; locais dedicados exclusivamente ao sem nem saber quem ela é ou em que se compatibilizam rock são cada vez mais raros; coisas quase contraditórias como imagem : Roger Neves programa de rádio ou discotecahouse e punk rock. E querem tudo gem de rock é algo quase em exde mão beijada, pois tudo mais está tinção e mesmo tendo vindo assim, disponível. Sendo tudo enquatro vezes ao Brasil nos últimos tregue em porções individuais, quatro anos, devem haver bem querem também importar para umas quinze bandas covers do dentro de casa ou de seus Metallica só em São Paulo. O que smartphones até a experiência de mudou? A relação das pessoas estar lá, sem (obviamente) estar lá. com a música e músico mudou ou estra E é preciso mostrar que se viveu Orqu e o Abrã lis Char o músic Evento com o Seixas é outro o rock está em decadência? O pú- Melh algo, em detrimento da própria oramentos em homenagem a Raul des. blico ficou mais exigente ou aco- exemplo de união de forças e novas possibilida experiência daquele momento. modado? Tanta disponibilidade E como é preciso continuar transformou tudo em “carne de segunda” ou as pessoas vendendo para manter a máquina girando, o marketing midessa geração “estão em outra”? As pessoas estão mais pre- lionário vai massacrando a percepção das pessoas de que é ocupadas em “ter sucesso” e menos em “viver a vida”? Não necessário consumir o último grande show momento, o faço a menor ideia. E duvido que alguém tenha alguma cer- aparelho de maior fidelidade, a imagem maisdoviva o som teza sobre isso; mas se tivesse que arriscar um palpite, diria mais potente. Assim, a ditadura do “must have” ou vai ofusque o mundo mudou e não dá para esperar resultados dife- cando a percepção obvia de que o melhor mesmo é estar lá, rentes se você continua tentando a mesma coisa. viver aquilo e para que isso seja possível, é necessário dar O mundo mudou. E as pessoas mudaram com ele. As suporte àquilo que se quer viver, em suma, participar. Na mudanças que aconteceram nos últimos dez anos (princi- outra mão, a busca desenfreada pelo que tá na crista da onpalmente na área de tecnologia) mudou tudo. A maior inte- da, o hype do momento, aquilo que todos vão ver e ouvir ração, acesso a informação, o barateamento dos toma o lugar do (pasme!) gosto pessoal de cada um, fazenequipamentos, dentre outras coisas, causou um grande im- do desprezarem o que não se conhece ou, pior, o que não tá pacto e facilitou muito a vida de quem gosta de música, mas na tendência do momento, independente se é bem feito ou por outro lado deixou a coisa toda de um outro jeito. Que não, se VOCÊ gosta ou não. jeito é esse e o que isso vai representar? Veremos em mais Enfim, acredite ou não, ainda temos motivos para comedez anos. E não sou eu quem diz isso, nem o único a perce- morar. Não são muitos, mas temos. Pra ser exato, alguns ber essas coisas. Rádios, artistas, espaços, movimentos e malucos que ainda insistem, não sei se por brio ou teimosia, gravadoras vão migrando cada vez mais para o digital, “pa- em "rockar" por aí. De qualquer modo, feliz Dia Mundial ra a nuvem” e buscando outros meios e tentando entender isso. “Rádio para quem não gosta de rádio!”, diz o slogan do Rock! Afinal, é apenas Rock'n Roll, mas eu gosto! .::


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Margarina de gigante Eram os idos dos meus cinco anos quando, fui passar um final de semana na longínqua casa de minha avó Zefa, no bairro vizinho. Viagem que se repetiu mais algumas vezes ao longo daquele ano com estranhíssimos acontecimentos, que ficam para outra vez. Como toda avó que se preze, “Vó Zefa” – evocada assim por mim, sempre acompanhada por um ponto de interrogação fazendo caretas diante um imenso mundo inexplicável – pulou da cama antes mesmo do primeiro galo disparar seu despertador esganiçado que, por Deus!, não tinha botão de desligar. Começou seus afazeres e sua peregrinação resmunguista por toda a casa; não havia quem não acordasse com aqueles chunc chunc rrhuun rrhuun frichh frichh e eu, não era a exceção da regra. Fui logo me espreguiçando e levantando; caminhei até a cozinha, esfregando os olhos de remela entre um bocejo e outro, onde Vó Zefa preparava o café da manhã daquele domingo que prometia um dia de sol mais azedo que limão. Antes que eu despejasse meu bom dia sonolento, Dona Zefa se adiantou e soltou a tarefa mais difícil da minha efêmera existência: “Meu fi, cê vai até o bar do seu Anízio e pede isso aqui de pão, que eu vô aprontando o café.” Até que eu sabia onde

era... a minha cara de espanto era por nunca ter ido tão longe sozinho, mas como não tinha ninguém que fizesse o serviço, saí portão afora com uma coragem que não cabia em mim, e me sentia desbravando um mundo selvagem com cachorros-dragões e árvores-monstros de seis braços. Mas que nada, naquela ruazinha tranquila até os cachorros preferiram dormir até mais tarde, para minha sorte. Enfim, cheguei ao meu destino. Pedi o pão ao Seu Anízio e retornei. Ao adentrar em casa, a mesa do café já estava posta, e minha vó foi logo me dando um beijo de agradecimento na testa... fui coroado! Agora já podia assumir meu trono, na cabeceira da mesa. E foi então que Vó Zefa tirou da geladeira vermelha um imenso pote de margarina Claybom, mas imenso mesmo! Não havia nada maior do que aquilo. “Vó, é desse tamanho mesmo?” disse eu boquiaberto, tomando em minhas mãos o pote de 1 quilo, “Só pode ser comida de gigante!”. “Que nada meu fi, deixa de bobagem e come logo antes que o leite esfrie” e encerrou a conversa colocando em meu prato duas fatias de pão com a margarina de gigante. Por muito tempo aquele foi o acontecimento mais incrível da minha vida. Talvez ainda seja... .::

imagem: Stock.XCHNG - www.sxc.hu // fotomontagem: Roger Neves

Roger Neves fotomon tagem :

Por: Gilberto Araújo

imagem: Stock.XCHNG - www.sxc.hu

Julho / 201 4

"Se você acha que está muito velho para o rock, é porque você está" Lemmy Kilmister (Motorhead)


Julho / 201 4

Indaguei a Poesia

AMOR ARDENTE

Por: Regiane Maria

imagem: Stock.XCHNG - www.sxc.hu // fotomontagem: Roger Neves

Por: Messias Silva

Gostaria de saber o que a poesia falou a poesia disse que o poema disse à ela que a filosofia formulou um conto com uma história bela Gostaria de saber à quem, a filosofia se inspirou a poesia disse que o poema disse contudo que a filosofia o ar da utopia respirou com grandes poetas e tudo Gostaria de saber sobre os poetas a poesia disse que o poema disse com vaidade disse o poema à poesia versando em festas que foi consagrado por Bandeira e Drummond de Andrade Gostaria de saber dos públicos e discretos a poesia disse que o poema disse perceber Augusto dos Anjos, Trindade, Cecília e Lispector as estrofes de emoções a receber Gostaria de saber dos poetas que a estrela irradia a poesia disse que o poema disse;eternos Veríssimo Oswald, Sabino, Quintana, Gonçalves Dias Olavo Bilac, Cora Coralina, Vinícius Gostaria de saber da poesia e prosa se poema e conto são irmãos a paixão de Castro Alves e Guimarães Rosa Adélia Prado, Saramago, Machado de Assis e Camões Gostaria de saber e a poesia me esclareceu me disse que disse aos poetas palavras versadas que me ofereceu eu disse ao poema que disse à poesia que amei e fui honesto. .::

Não sei se são seus olhos ou o teu modo de ser só sei que quando te vejo sinto meu corpo estremecer Estremece de tanto desejo de vontade em teu corpo tocar não sei se é paixão ou vontade de te amar

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Amar-te de um modo diferente na fúria de teu calor sentir o teu corpo suado a possuir meu eterno fervor...

imagem: WikiMedia - wikimedia.org // fotomontagem: Roger Neves

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AO MEU GRANDE AMOR ÉDER FRANCO

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Julho / 201 4

GADO DE MANOBRA

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Ôxe!

"Enquanto houverem garotos chateados, o rock'n'roll continuará existindo" Por: Jhoyce Milena

Ôxe! vem da Bahia, Aqui na terra paulista, Morato City se espalhou.

Ozzy Osbourne

Ôxe! que parte à cultura, Aquela grande mistura, de Oxandolá, Girandolá.

im agem

: Roge r Neve s

Ôxe! é diferenciado, A junção de cada arraiado, Mapeia o que parece calado. Ôxe! muito bem elogiado, Através da poesia apresentado, Sarau ConPoeMa diferenciado. É mais que um misturado, É aquele planejado narrado, espalhado pelas bancas de jornal. Gilberto, Mari, Roger e Fabia, Se esqueci de algum me desculpe! São todos bem empenhados, Pela criação cultural. .::

EXTRAVIO DE TALÃO J.R. DA SILVA-CONSTRUÇÃOME, estabelecido na Rua 24, 446-

Jd. Vassouras I- Francisco MoratoSP- CEP: 07950-000, CNPJ 05.819.924/0001-38 e Inscrição Municipal 40-0100-11457, comunica o EXTRAVIO do talonário de notas fiscais série “A” de Serviços, de n°001 a 050, conforme B.O. nº 7601 94/201 4.

Por: Régis Andrade É interessante, havia repressão mas havia educação. Não sou a favor de nenhum tipo de violência, até mesmo esta cometida na época da ditadura. Na verdade é que não temos mais o regime de ditadura, mas a violência está ai, escancarada de forma bruta, Se falam de tortura militar, Mas hoje convivemos com a tortura civil democrática, O povo não pode se defender, não temos esse direito, que na época da censura tínhamos o direito de defesa, Hoje temos que baixar as calças e deixar tudo acontecer e calado, Vivemos uma falsa democracia, Palavra bonita na boca dos políticos, Ela é linda mas para o povo aonde está a democracia, O direito de ir e vir, Nós temos a obrigação sim de pagar os impostos, E ver tudo acontecer calado? Somos gado de manobra na mão do sistema, Que nos, manipula de forma impiedosa para o abate. .::


SEM PR E ÀS 1 0 H !!!


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