Ôxe! - Junho de 2014

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Venda Proibida

Junho / 201 4

ANO VI − Numero 61

5.000 Exemplares

Francisco Morato - São Paulo

Brasil

imagem: Mari Moura

Comportamento Sociedade Cultura e ocupAÇÃO!

Distribuição Gratuita graças ao apoio do comércio local

No mês da Copa, classe artística e produtores de todo o estado de São Paulo se articulam e conseguem aumento de quase 50% para um dos principais programas de incentivo do governo do estado. Veja como foi essa bonita luta que mostra que juntos podemos muito mais!!! Realização:

Be Linux, Be Free!

Na confecção deste material gráfico foram utilizados apenas softwares que atendem a licença GNU/GPL.


1 ::. Diga, Ôxe! Giancarlo Pinceli - empresário e morador de Franco da Rocha

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imagem: Mari Moura

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imagem : Mari Moura

imagem : Mari Moura

Nem todo mundo sabe, mas além de fazer tatuagens e modificações corporais na HellTattoo, o Gian (como é conhecido) também apoia e colabora positivamente na transformação de nossa região. Esse mês fomos trocar uma ideia com ele e você conhece um pouco mais sobre o cara aí embaixo. saúde também é ruim. Gasta-se milhões com o futebol, mas Inclusive já conversei com parceiros para trazer esse projeto Ôxe!: Pra quem não conhece, quem é Giancarlo Pinceli? Giancarlo: Eu sempre trabalhei, desde os onze anos de o governo esquece dos menos favorecidos, se mudar a edu- pra cá, mas antes disso preciso de verba, por isso estou reaidade, estudei, mas nunca fui fã de estudar, comecei a traba- cação e a saúde é automático termos mais cultura e saber lizando um projeto de cada vez. lhar com essa idade vendendo sorvete, depois com doze como caminhar, onde chegar. A partir do momento que os anos comecei a trabalhar numa eletrônica e fui estudar na pais começarem a ensinar os filhos a como agir, teremos Florenço de Abreu. Trabalhei até uns dezesseis anos e de- um mundo melhor. pois conheci a galeria do rock, tatuagens, piercings, e aí en- Ôxe!: Como surgiu o seu interesse em instalar internet livre trei nesse mundo da arte. Tem nove anos que eu tenho um no centro da cidade? estúdio de tatuagem e piercing no centro de Franco, o Hell Giancarlo: Criei a rede interna no meu estúdio e tamTattoo e tenho algumas atividades sociais na rua. Na reali- bém muita gente usando ali no centro, então vi uma opordade, acho que eu sempre fiz atividade social minha vida tunidade de troca, através desse projeto eu vou enriquecer inteira, para ajudar quem precisa, mas de uns tempos pra cá, meu banco de dados para a Hell Tattoo e vou fornecer innós do estúdio, demos ênfase em atividades sociais, e é gra- ternet livre para os usuários. Estou terminando de homolotificante, pois faz parte da minha vida. gar o sistema inteiro pra não ter problemas, o programador está finalizando o sistema, minha ideia é ceder uma hora Ôxe!: Muitos conhecem a Hell Tattoo, mas poucos sabem por dia pra cada pessoa navegar, quando estiverem esperanque você realiza várias outras atividades, além de manter Os bancos da praça foram revitalizados e valorizados com a intervenção do Mosko, grafiteiros da essa empresa. Como surgiu o seu interesse em realizar ati- do o trem, o ônibus, qualquer um pode identificar a rede cidade. através do celular, do tablet ou do notebook, os usuários vidades culturais na região? Giancarlo: Acho que já faço atividades culturais há mui- cairão numa página de cadastro, depois do preenchimento, to tempo, tudo começou com o Franco do Rock, um dos cada pessoa tem 60 minutos para utilização livre, depois Ôxe!: Antes de ser empresário e ser conhecido na cidade, primeiros eventos de rock and roll que rolou em Franco. Eu desse tempo, a conexão será derrubada para que uma nova você já tinha interesse em realizar melhorias para a poputinha uns 15 anos, a cidade não tinha um lugar pra gente es- pessoa possa utilizar a internet. lação? cutar um som, então conheci um grupo de pessoas da Giancarlo: Sempre acreditei em fazer o bem, sem olhar cultura, não era uma associação, mas parecia, era uma asa quem. Tem a ver com a educação que eu tive, através da sociação informal. Participava do Franco do Rock uma vez minha mãe, da minha avó e do meu avô. Meu avô sempre por mês, num domingo, foi aí que iniciou esse meu desejo se doou muito para as pessoas, ajudar o próximo já veio de artístico, muitas pessoas iam no evento, que era gratuito, família e acho que é isso que faz a diferença. com entrada de um 1kg de alimento não-perecível. Acho que tudo começou aí. No meu estúdio, por exemplo, nós Ôxe!: E se alguém se interessar em colaborar? Com o que e tentamos dar oportunidade para muitas pessoas, quem como pode colaborar? chega e fala que quer participar de alguma maneira, se saGiancarlo: Primeiro, uma boa conversa, pra ver se os be desenhar ou fazer algo artístico, incentivamos. projetos e as intenções são parecidas com as minhas, uma forma de nos conhecermos e discutir como podemos realiÔxe!: Nesse momento, que projetos você está realizando e zá-los juntos. .:: como faz para desenvolvê-los e mantê-los. Tem algum tipo de Franco da de apoio privado ou público? A Praça da Cruz do Raul: o conhecido pontoe seus parceiros Rocha foi revitalizado com a ajuda do Gian Giancarlo: No momento, estou no projeto “Adote uma praça”, da prefeitura, que visa melhorar esses espaços abandonados, e a prefeitura não consegue dar conta de restaurar Ôxe!: Você pretende realizar esse trabalho de restauração todas as praças, o projeto é destinado a empresas, que tem em outras praças da cidade? mais recursos para cuidar da praça e não abandoná-las. Vi Giancarlo: Por mim, reformaria todas as praças da cidasobre o projeto, falei com o prefeito e adotei a praça da de, mas não tenho poder aquisitivo pra isso, se minha emCruz do Raul, bairro onde sempre morei e tenho muito afe- presa tivesse mais giro de capital, um parceiro ou poder to por ele, pois meu avô cuidou muito tempo da praça. Vi aí público na mão, porque não é só reformar e fazer um playuma oportunidade de reformá-la, fiz o serviço de capinação, ground, queria instalar uma academia ao ar livre em cada pintura, reforma, alvenaria, instalei um playground, que uma praça, pensando na terceira idade, em atividades físicas para parte foi doação e a outra eu comprei. Os recursos vem to- a população, queria fazer slackline aqui também, que é codos da HellTattoo e sobre minha mão de obra, costumo di- mo se fosse uma corda bamba, amarra de um ponto a ouzer que tenho soldados (risos), tenho muitos parceiros que tro, onde você se equilibra e trabalha muito o corpo. correm comigo e consegui mobilizar alguns moradores do bairro, não tive apoio do comércio local, mas não é por falta de apoio que eu não vou realizar um projeto. Também estou organizando a Campanha do Agasalho e parte do que for arrecadado, será usado nas ruas dos bairros de Franco da Rocha. Ôxe!: E na sua opinião qual a importância da questão cultural para a cidade? Giancarlo: É importante ter um teatro na cidade, Franco da Rocha nunca teve um apoio da cultura, a questão das verbas é algo nebuloso, o acesso à cultura aqui nas regiões é através de iniciativas independentes, o Ôxe!, o André Arruda, grafiteiros e outros artistas que fazem arte e tem necessidade de movimentar a região, sem ganhar nada e muitas vezes até, tirando do bolso pra fazer um evento funcionar. Ôxe! Pra você, o que é necessário pra mudar a nossa região, principalmente ligado à área de arte e cultura? Giancarlo: A educação em primeiro lugar, dar acesso à informação, conscientizar e instruir as pessoas, pois a educação não é digna, o mundo acaba moldando os jovens, a Giancarlo Pinceli em um dos bancos da praça que ajudou a reformar: além de patrocinar

eventos e shows na região, também colabora na conservação e valorização da cidade.


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Messias Silva (messiasilvarimador@gmail.com) Osnir Gonçalves (osnirviolao@hotmail.com)

primeira das finalidades a que se propôs. As reuniões presenciais tem acontecido mensalmente, e desde abril, o fórum passa a ser, na prática, itinerante, levando as discussões sobre políticas públicas para a cultura, para cada uma das cidades que o compõem. Depois de passar por Francisco Morato e Caieiras, o fórum estará pela primeira vez na cidade originária de toda a região, Mairiporã, no próximo dia 28 de junho. O encontro acontecerá às 14h no Centro Educacional de Mairiporã - Sala de Formação - Avenida Tabelião Passarella, 850, no Centro da Cidade. Mais informações: fpdecultura.wordpress.com imagem : Mari Moura

imagem : Roger Neves

O informativo Ôxe! é uma iniciativa ::. Na Faixa Por: Fabia Pierangeli da Ôxe! Produtora Comunitária que Praça Caieiras, que fica bem no centro O inverno vem chegando devagarzinho da cidade, será GRATUITA e é uma reavisa propiciar à população de Francisco Morato e região, um veículo de jor- e deixando nossas noites bem mais frias. lização da Prefeitura de Franco da Ronalismo cidadão e produção, difusão e O Na Faixa! desse mês traz uma série de cha em parceria com a Secretaria de atividades que prometem aquecer esses di- Estado da Cultura, através do Programa divulgação de ideias e informações na as e noites frios de inverno. Vamos lá, pro- Circuito Cultural Paulista, que desde o área cultural. Todas as informações, ano passado traz atividades artísticas grailustrações e imagens são de responsa- grame-se e aproveite!!! tuitas para a cidade de Franco da Rocha. bilidade de seus respectivos autores e ::. Programação Espaço Eco's obedecem a licença Creative ComMais informações: 4443-7050 Se você está a fim de encontrar pessoas mons 3.0 Brasil Atribuição-Uso interessantes, bater um bom papo, ouvir Não-Comercial-Compartilhamento música de boa qualidade, saborear um pela mesma Licença (acesse o blog bom caldo, beber pra relaxar um pouco e para maiores detalhes), salvo indicade tudo isso prestigiar os artistas loções do(a) autor(a) em contrário. Para além cais, o Espaço Eco's é o lugar que você ver uma cópia desta licença, visite procura. Confira as atrações de junho e http://creativecommons.org/licensimbora lá: ses/by-nc-sa/3.0/br/ ou envie uma Todas as quartas-feiras, a partir das carta para Creative Commons, 171 20h – Banda do Rafa (entrada free) Second Street, Suite 300, San FranO cantor e compositor Charlis Abraão vai tocar no 5º Todas as quintas-feiras, a partir das Tributo ao Raul Seixas que acont cisco, California 94105, USA. ece na Quilombaque. 20h – Tequila (entrada free) Todas as sextas-feiras, a partir das 21h – Vanessa Branco (R$ 3,00) ::. 5º Tributo ao Raul Seixas em Todos os domingos , a partir das 20h Perus Be Linux, Be Free! Inverso A3 (entrada free) Na confecção deste material No dia 28 de junho de 1945, lá em SalDia 21/06, sábado, a partir das 21h – gráfico foram utilizados vador, nascia um menino que anos mais Esttaca Zero (R$ 3,00) apenas softwares que atendem tarde, ficou conhecido em todo Brasil por a licença GNU/GPL. Dia 28/06, sábado, a partir das 21h – suas canções e por seu jeito irreverente de levar a vida. Se estivesse vivo, esse ano o Contagem Zero (R$ 3,00) maluco beleza completaria 69 ::. O que a gente usou nessa edição E além das já tradicionais atrações mu- inesquecível anos a pra comemorar essa data a ComuProgramas sicais do Espaço Ecos, agora, em horário nidade Cultural Quilombaque em paralternativo ao horário de funcionamento ceria com a OMUR e patrocínio Ubuntu 12.04 (ubuntu.com) do LibreOffice 3.5.7.2 (pt-br.libreoffice.org) do bar, o Espaço está abrigando o Projeto Programa VAI realiza o 5º Tributo ao Escape, coordenado pelo músico e profes- Raul Seixas. O evento acontecerá no próGIMP 2.6.12 (gimp.org) sor Jansen com aulas de guitarra, violão, ximo dia 28 de junho, a partir das 15h, Scribus 1.4.1.svn (scribus.net) baixo, cajon, bateria, canto, teclado, sax e Inkscape 0.48.3.1 r9886 (inkscape.org) trompete. Os preços, a partir de R$ 65,00, com ENTRADA FRANCA, na sede da – Travessa Cambaratiba, nº Mozilla Firefox 22.0 (br.mozdev.org) variam de acordo com a modalidade esco- Quilombaque 5, ao lado da Perus – linha 7 rubi Audacious 3.4 (audacious-media-player.org) lhida e também com a carga horária. Mais da CPTM. Noestação palco os cantores Charlis informações pelo telefone 99722-4883 Abraão, Roney Seixas, Luar Asavesso, ::. Colaboraram nesta edição: O Espaço Ecos fica na Rua João Men- entre outros, reviverão as canções do eterdes Júnior, 542, Centro, Francisco Morato. no Raulzito. Vai ficar fora dessa? Colá lá!!! André Arruda Mais informações: facebook.com/qui(arruda@teatrogirandola.com.br) ::. Banda Vanguart em Franco da lombaque ou comunidadequilombaBetto Souza que.blogspot.com (subjetividadeematividade.blogspot.com) Rocha A Vanguart é uma banda de indie rock, Daniela Mendes que nasceu em 2002, em Cuiabá, no Mato ::. Encontro presencial do Fórum (daniella.albu@yahoo.com.br) Grosso. A banda que já lançou três discos Permanente de Cultura da Bacia Danilo Góes se apresentará no próximo dia 21 de ju- do Juquery (surtopsicoticoo@hotmail.com) nho, às 20h, em Franco da Rocha, com O Fórum Permanente de Cultura da seu mais recente trabalho “Muito Bacia George de Paula do Juquery, nascido na conferência Mais Que o Amor”, um disco sensí- municipal (george-140@hotmail.com) de Francisco Morato vel, que mostra toda a força do em agosto dedo cultura ano passado, já vai pro seu Joyce Milena amor, que vai contra toda a lógica (joycemilena2011@gmail.com) mês de existência, resistência, e se do mundo. A apresentação será na 10º consolida como um fórum permanente,

todos que desejam O Sarau ConPoeMa é aberto para afetos. se expressar, trocar conhecimentos, ideias e

::. Sarau ConPoeMa

Dia 12 de julho, a partir das 19h é dia de mais um Sarau ConPoeMa. E a edição de julho acontecerá, mais uma vez, na nossa casa, o Espaço Girandolá, que fica na Av. São Paulo, 965, Vila Suíça, Francisco Morato, SP. O Sarau ConPoeMa é uma realização da Associação Cultural Confraria Poética Marginal, é GRATUITO e é um espaço aberto para todos aqueles que desejam se expressar, trocar conhecimentos, ideias e afetos. Se você tem o que dizer, não fique fora dessa, participe do nosso Sarau ConPoeMa!!! Mais informações: 4488-8524 .::


imagem: Mari Moura

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Ao fundo, artistas e produtores independentes de 4 Junho / 201 todo o estado de São Paulo lotaram a galeria da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

É GOL DOS ARTI STAS DE SÃO PAULO!

Por: Fabia Pierangeli e Roger Neves

violões, rimas e canções ecoaram, mais uma vez, pelos cor- tória: foram ouvidos e atendidos em suas reivindicações. Se redores da ALESP (Assembleia Legislativa do Estado de ainda não chegamos nos 100 milhões, que foi a primeira São Paulo) que foi ocupada por centenas de artistas e pro- bandeira levantada, certamente, no último dia 10 de junho dutores culturais, vindos de diversas regiões do estado. Os demos um importante passo rumo a eles. Do ano passado manifestantes (no meio do quais estávamos nós, da Associ- pra esse ano, foram quase 50% de aumento de recursos pra ação Cultural ConPoeMa) cantavam, dançavam e exigiam esse programa e o compromisso público dos deputados que o governo cumprisse com o compromisso de investir (inclusive do líder da base governista) em aumentar mais mais 10 milhões de reais no ProAC editais (Programa de ainda os recursos para 2015. Ação Cultural, da Secretaria de Estado da Cultura) assumi- Mas o aspecto mais importante dessa vitória é outro e vai do em dezembro de 2013, na primeira ocupação organizada além dos recursos. Conquistamos, através de nossa atuação por esse mesmo grupo. e pressão, um reivindicação justa que tentaram nos negar e com isso conquistamos também a atenção para a arte e NOVA OCUPAÇÃO, VELHAS DEMANDAS cultura feita fora da capital, mas Durante o ano de 2013, a classe principalmente o respeito do goartística de todo o estado se orgaverno e deputados a estes produnizou, se mobilizou e apresentou tores independentes. Mais que isso, proposta de aumento para 100 mostramos que a sociedade civil milhões de reais nos investimentos organizada e de forma democrátido ProAC Editais em todas as auca pode modificar e interferir dediências públicas do orçamento. Tal cisivamente na administração dos mobilização rendeu o compromismunicípios, estado ou nação. Se so, por parte dos deputados estaainda não é o ideal, ao menos puduais, de propor duas emendas nguarda do circo marcou preseis. demos confirmar que juntos e orçamentárias no total de R$ 14 Nossos Heróis: velha Edita C ça na luta para conquistar recursos do ProA mobilizados podemos mais!!! .:: milhões de reais para o ProAC garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e Editais em 2014, que foi apresenacesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará tada e votada no final do ano passado. Dessa forma, o orçaa valorização e a difusão das manifestações culturais.” mento do programa passaria de 30 milhões (em 2013) para 44 milhões neste ano, um aumento de quase 50%. UM POUCO DE HISTÓRIA As políticas públicas para a cultura são recentes em nosso Pois bem, promessa feita, emenda orçamentária aprovada país e uma mudança realmente significativa só começa a e eis que no início de 2014 a classe artística é surpreendida ser vislumbrada com o conceito empregado no programa com o anuncio de que 10 dos 14 milhões prometidos não Poesia, é o que nos motiva a refletir um pouco sobre Cultura Viva, implantado em 2004 pelo Governo Federal. entraram na rubrica orçamentária do ProAC Editais de nossos erros. Ela nos motiva favorecidamente ao amor, Este programa começa a estimular e a incentivar com re- 2014. A emenda foi proposta, porém o recurso foi destina- para uma personalidade mais reflexiva e crítica. cursos financeiros as manifestações culturais produzidas do de forma genérica à pasta da Secretaria de Cultura e a Sabemos que as gerações se alternam a cada segundo, pela própria população, através de uma seleção feita por Secretaria acabou destinando esse recurso para outros pro- e a cada instante, a poesia é gerada de um indivíduo meio de editais públicos, nos quais qualquer cidadão brasi- gramas que ela mantém. Novas discussões, novas canções, neutro em decisão. leiro pode se inscrever. Jovens são eles! Eles que tanto que fizeram com que nova mobilização e novamente, assembleia tomada. Cerca Nessa mesma perspectiva (um pouco depois, em 2006) o de 500 manifestantes se fizeram presentes na sessão ordi- sua imagem seja lembrada em qualquer situação, criticagoverno do Estado de São Paulo lança o ProAC editais, que nária da ALESP, que estava marcada pra começar as 16h30 dos por uma razão inocente, mas precisamente colabotambém seleciona projetos do estado de São Paulo e passa a mas que foi adiada várias vezes com pedidos de recesso dos rativa para uma sociedade mais inteligente, observadora ser um importante mecanismo de incentivo a produção cul- deputados que pareciam estar dispostos a nos darem muita em construção. Jovens são eles! Que sempre saíram às ruas para macanseira. tural paulista; porém, ainda insufinifestar pelo seus direitos,também pelo fato de estarem ciente. Os recursos destinados a Por fim, quando a sessão come- mistos dentro de um mundo preconceituoso e violento. esse programa, um dos poucos que çou o Presidente da comissão de Jovens são eles! Que tomaram a frente do homem atendem diretamente o produtor Educação e Cultura da ALESP, que maduro, pela sua inteligencia e pela sua resistência coindependente, é pequeno e só dá desde o início das manifestações mum dentro de um ar tecnológico moderno. conta de atender parte da produtem se mostrado favorável ao auA poesia se tornou instrumento de inspiração para toção do Estado. Percebendo isso, mento de recursos do ProAC edi- dos, frases que marcam a nossa história não é à toa! ela de produtores e artistas paulistas voltais, se pronunciou e propôs um fato é um instrumento de indignação, lembranças que fitam a se organizar e mobilizar pra recesso para que representantes do cam guardadas em nossa memória, são autores que são exigir que o Estado invista mais movimento ali presentes resolves- descobertos, são diferenças, mas são as diferenças que em cultura e arte. Mais que isso: Entre cantorias, batucadas e violões, artistas sem a situação da destinação dos 10 toma ram tornam a nossa vida mais boa de os corredores da Assembléia Legislativa do Estad que invista diretamente em quem milhões ao ProAC editais em cono. descobrir dons e apreciá-los, mas produz cultura e arte. versa junto aos deputados. Rapidaa palavra que vem do jovem é Nesse sentido, muitos desses produtores se organizam em mente um comissão foi formada e o resultado foi o preciso ouvir, é preciso acremovimentos e um desses movimentos paulistas é o Fórum comprometimento da ALESP em redestinar 4 milhões ao ditar, ele pode te surpreender do Litoral, Interior e Grande São Paulo – Arte e Políticas ProAC Editais, uma vez que na semana anterior, o próprio mesmo que ele não tenha Públicas, que desde 2007 se reúne para discutir políticas Secretário de Cultura já havia anunciado que implementaria preparo e não nos fornepúblicas para cultura e para as artes. Com ele reivindica-se 6 milhões de reais no programa. ça um olhar de atenção. que o governo do Estado de São Paulo volte seu olhar para NOVES FORA... São Jovens! a sala rica produção cultural existente fora da capital. vação do mundo.. E o que isso significa? Que depois de quase 1 ano de E nesse clima de reivindicação de mais atenção do go- mobilização, depois de muita luta, os produtores culturais verno estadual, que no último dia 10 de junho, tambores, independentes de São Paulo conquistaram uma primeira viimagem : Mari Moura

imagem : Mari Moura

A palavra cultura vem do verbo cultivar que se refere a preparar a terra para que produza, e por extensão significa aplicar-se ao desenvolvimento de algo. Cultura é tudo aquilo que diz respeito ao modo de viver de um povo, seus costumes, sua língua, sua arte, sua crença, seu modo de se relacionar com o outro e por aí vai. Cultura diz respeito a tudo aquilo que somos. Não é à toa que o direito a cultura figura entre os direitos fundamentais do ser humano. Sim, direito fundamental! Como o direito a educação e a saúde. Está lá, assegurado na Declaração Universal dos Direitos Humanos, assegurado na nossa Constituição Federal. E se é assim, porque será que em muitos lugares do mundo, a cultura não é valorizada, sendo inclusive tratada como penduricalho, como artigo supérfluo e de luxo? No Brasil, tem sido assim: cultura é a última das prioridades, sempre. Mesmo tendo a ver com tudo o que fazemos e somos. Mesmo sendo esse campo fértil e tão cheio de possibilidades. Mesmo sendo um direito fundamental e de responsabilidade do Estado. E é diante de tudo isso, que produtores culturais de todo o Brasil, ao longo da história, vem se mobilizando pra exigir do Estado Brasileiro que cumpra com seu dever, expresso no artigo 215 da Constituição Federal: “O Estado

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DO qruaotm a C rô n i c o i d i an o d u m su bu rban o

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Sobre a raridade de conversar

Por: Olavo Passos* A sociedade é tecida em relações políticas econômicas e simbólicas. Na contemporaneidade, ainda observando a sociedade como um tecido, além da inversão, de valores e/ou significados – aqui nem há o julgamento: se isso é bom ou ruim – houve também o surgimento de fissuras devido ao constante esticar do tecido social, que resultou na perca desses valores e/ou significados, antes determinantes para o desenvolvimento das relações, o que afeta violentamente o hábito de todos participantes dessa sociedade. No banco de trem, com aquele senhor, vinha ouvindo suas vantagens de ter vivido seus bons tempos. – Óia moço, quando eu trabalhava, era muito divertido pegar o trem. A gente nem se incomodava de ir de pé, nois ia conversano... Fazendo brincadeira, falando de futebol... Eu me lembro, como se fosse hoje, quando o Franco Montoro ganho. Nóis foi fazendo festa de lá até aqui, achano que as coisas iam melhorá... Até que era divertido. Seo Fulano, aposentado como vigia, como ele mesmo me disse. “Divertido” foi o adjetivo que o mesmo atribuiu a aventura do trajeto em sua época. E ali naquele horário de pico, estava eu: abarrotado entre os neo-candangos (meus conterrâneos), em prosa com o velho, derivada do atual advento tecnológico, ou mais precisamente, do seu reflexo negativo que é o déficit na comunicação direta entre as pessoas. – Assunta só, moço: essa gente nem se conversa, Só fica qu’esses negócio nus’ovido. Mexenu no celular. Daqui um tempo conversá vai sê coisa rara. Como de fato, ele estava certo. Quanto a mim, que me considero um saudosista dum tempo que nunca vivi, fico cada dia mais descrente da Humanidade, aliás, para mim a realidade é muito simples; tudo dá no abismo. Dalí ele se despediu e agradeceu a conversa – mas eu só fiz foi lhe informar as horas. Depois que saiu, peguei meu fone para ouvir meu samba triste. .:: * - Olavo Passos é um personagem do Drama Crônico, criado por George de Paula

"Arte pra mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte pra mim é missão, vocação e festa"

Ariano Suassuna

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A COPA É DA FIFA, A CU LPAPor:ÉAndré NOArruda SSA

Abriram-se, enfim, as cortinas e começou o espetáculo! Quando, naquele 30 de outubro de 2007, dia em que o presidente da FIFA ratificou o Brasil como país-sede da Copa do Mundo de Futebol 2014, qual foi sua primeira reação? ( ) Comemorou, por gostar de futebol; ( ) Festejou, pois, o Brasil, por ser considerado por quase uma unanimidade o melhor do mundo nesta matéria, já merecia sediar novamente tal competição e poder apagar de uma vez por todas as trágicas e tétricas memórias do “maracanaço” de 50; ( ) Como um bom chato de plantão, simplesmente não curtiu a notícia; ( ) Num primeiro momento, ficou feliz, mas, imediatamente se lembrou que vivemos no país da malfadada “Lei de Gerson”, e que esta seria uma maior oportunidade para que, por todo país, se utilizasse a verba pública de forma ainda mais descabida daquela que, infelizmente, virou costume e, até mesmo, quase uma tradição nacional. O que foi devidamente confirmado nestes tantos anos de preparação do país para receber esse megaevento; ( ) Gostou. Pois entendia que a Copa nos deixaria um legado com carácteres públicos e sociais e não este “ouro de tolo”, de que nos fala Mércia Alves, em seu excelente texto “Copa do Mundo – De qual legado se está falando?” (ww.portalpopulardacopa.org.br); ( ) Não concordou. Por entender que o Brasil tem muito maiores prioridades em que investir, a exemplo da Saúde, Educação e Segurança (não necessariamente nesta ordem, embora esta me satisfaça); ( ) Adorou. Não por causa do futebol em si, mas sim por perceber que com isto seu partido, ou aquele por quem você tem bastante simpatia, seria beneficiado; ( ) Alternativa anterior, porém, utilizando da regra três do futebol, sai “partido político” e entra “empresa”; ( ) Ficou alheio e indiferente a isso (o que, quase sempre, é a pior das escolhas); ( ) Nenhuma das alternativas. Independente de qual ou quais alternativas você possa se identificar, a verdade é que a Copa da Fifa no Brasil já começou. A despeito de todas as manifestações e grupos organizados contra sua realização, de toda (des)organização de nossos órgãos Federais, Estaduais e Municipais onde os jogos devem acontecer e de todo esforço e êxito de nossas autoridades e membros da comissão organizadora em manchar o brilho do País, ao mostrar mundo afora tamanha ingerência e incompetência em administrar tensões. A Copa começou e, mais uma vez, temos de engolir uma injustiça, como o fato de que uma minoria vai se aproveitar dela e prosperar ainda mais, em detrimento da paixão e de um certo grau de ingenuidade da maioria. A Copa começou e temos de aceitar que, absurdamente, de acordo com o que foi noticiado, a FIFA e seus patrocinadores oficiais foram isentados pelo governo brasileiro do pagamento de algo próximo a R$ 1,1 bilhão, no período de 2010 a 2014, apenas em impostos federais. A Copa começou, ainda que quase nada daquilo que fora prometido como legado de sua realização (excetuando-se os estádios) tenha sido cumprido. A Copa começou e nem mesmo o “pontapé no traseiro” de seus (i)responsáveis e (des)organizadores, ameaçado pelo senhor Jérôme Valcke, aconteceu. A Copa começou. E já pouco importa o resultado dentro de campo. Que a partir de então, possamos encarar o futebol como ele deve ser visto: apenas “a coisa mais importante, dentre as menos importantes”, no dizer de Arrigo Sacchi. A Copa começou. Fica, portanto, a expectativa maior, para o placar a ser criado pelo povo nas urnas, no próximo mês de outubro. A Copa começou e fica a sensação de que, mais uma vez, o “Gigante” acordou tarde demais. A Copa da FIFA começou, também por Culpa Nossa. .::


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CORAÇÃO E.T.

Adolescência

Por: Messias Silva

Por: Joyce Milena

Muitas vezes, pensei em ser adulto logo, por pensar em ter o modo, de um adulto independente. Mas coube a mim, que é um momento adorável, aconselhável, aproveitar antes do fim. Agradeci o tempo, mas ele sumiu no vento, e o trabalho necessitou.

eu vi que o tempo passa, e os problemas traça, uma rota pra mim.

Como Vênus, seu amor é mortífero... sem atmosfera, não tênue, somente com a mãe Terra me identifico;

eu vi que o tempo passa, e meus cabelos brancos, começam surgir. desejando que tudo volte, querendo ser criança, para a adolescência reconstruir. na memória sempre passa, aquela época, eu me arrependo do que fiz. Cêtámaluco .::

imagem: Stock.XCHNG - www.sxc.hu // fotomontagem: Roger Neves

eu vi que ser adulto, responsável pelos atos, eu perco meus contatos, pois eu tenho, que da casa cuidar.

Minha´lma, como o Sol, é ardente... o astro-rei, seu coração frio é oposto à Mercúrio;planeta quente, pode ser que errei...

Em 201 4 estamos novamente oferecendo o que há de melhor para você que deseja adquirir sua habilitação. Venha conhecer nossas instalações e conferir nossos preços!

Meu sangue também é da cor de Marte, o planeta vermelho... me alertaram para que a descarte mas não segui o conselho... imagem: Stock.XCHNG - www.sxc.hu

Paqueras e Paqueras, sonhos entre si, adolescência é assim, o momento de sorrir.

Por Júpiter!... o desafio é faze-la perder todo gás... de repente a sua frieza estupida, com meu calor, se desfaz... Pretendia conquistá-la...ainda este ano... lhe daria um dos anéis de Saturno... um de Urano... outro de Netuno...

"Inserção"

A cobriria de carinhos sob o lençol, o seu corpo ardente de paixão... da nuca aos tornozelos até raiar o Sol, a livraría de Hades, mas leváva-a à Plutão... Para derreter o seu gelo, vem a mim a influência da Lua, com boa fase e zêlo, temperar a sua índole crua;

Por: Daniela Mendes Lá fora som de violão Aqui dentro uma multidão Meu coração é ardente, de utopias incorrigíveis em mim. capaz de ebolir um vulcão... Tudo bem, assim sempre foi e será... deixar seu sangue fervente... Mas agora é você: à correr nas suas veias e descongelar seu coração... parte dessa quimera doce e pura de uma primavera que virá Se quiser ! ainda... pra nós a sós sonharmos fantasias emocionadas E que o tempo junto a ti seja longo como estrada a pé sem intervalos, nem feridas abertas a cancelar quero tempo junto a ti... sem oscilar.

"Não é possível estar dentro da civilização e fora da arte".

Rui Barbosa


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Messenger

BROCAS E ANENCÉFALOS

Ou o perigo no Reinado dos Broncos Um quase soneto (Dedicado a Silvia Sapucaia) imagem: Stock.XCHNG - www.sxc.hu

A noite inteira acordado. Já faz uns dias que suas noites estão mais longas. Ficou no celular, mensagem instantânea, as horas passam tão rápido, essa é a sua sensação. Nem percebeu que já era tarde da madrugada. Será que quando se está apaixonado tem o poder de modificar a percepção de duração do tempo? Conheceu a pessoa pela qual está apaixonado por uma rede social, quando chegou a solicitação de amizade, aceitou, e a partir daí começaram a conversa pelo chat. Entrou em seu perfil, olhou suas fotos, “curtiu” quase todas. No primeiro momento estranhou o convite, pois a moça em questão de estética estava muito além do que ele já havia se envolvido. Mas trocando mensagens percebeu que gostavam das mesmas coisas. A cada link de música enviada trazia uma sensação diferente, como se aquilo aproximasse eles e a impressão é que já tinha intimidade de longas datas. Ela revelou coisas pessoais e ele se sentiu a vontade para falar de suas intimidades. Não demorou uma semana e já estava se sentindo apaixonado. Nas mensagens deles começaram aparecer os primeiros “eu te amo”. A distância impedia o encontro entre eles. Mas era um sentimento que crescia a cada dia. No curso, no churrasco de família, no trem, no hospital, não tinha nenhum local que ele não estava trocando mensagens pelo celular. A noite as conversas esquentavam, as trocas de mensagens pegavam tons eróticos, ocorrendo até troca de fotos íntimas. Se sentiu especial, alguém se importava com ele, alguém se importava como tinha sido seu dia, mesmo sempre sua resposta sendo seca, pois não tinha muito o que contar, seu dia era um marasmo só. Ela que trouxe motivos alegres para aquela vida tediosa, sem graça e indiferente. Estava apaixonado por alguém que nem se quer chegou a ouvir voz, as ideias do dia a dia o prendiam de tal maneira que não deixava possibilidade que outra pessoa entrasse em sua vida. Além disso, sua beleza e timidez evitava muito o relacionamento com as mulheres. A cada dia que passava a necessidade de se encontrarem aumentava. O Dia “D” foi marcado, ela viajaria diversos quilômetros e ele teria que buscá-la na rodoviária. Seu melhor perfume, sua melhor roupa, seu melhor sorriso no rosto. Estava levando consigo um presente, mas ganharia também um presente: o fim de semana seria todo para os dois. A ansiedade o corrói, cada minuto era uma eternidade, não para de olhar pro celular, a mensagem não está indo. Permanece parado próximo ao desembarque, milhares de pessoas passaram por ele, nenhuma era sua amada. Será que ela o viu e desistiu. Coração acelerou, parece que viu ela de costas, a mesma tonalidade do cabelo, já tinha visto aquela blusa em alguma foto. Felicidade toma conta dele. Como uma mudança repentina de tempo, um sol brilhante transforma em um céu carregando de nuvens - não era ela. Horas e mais hora e nada, lá fora cai um temporal. Ele encostado ao lado de um painel de anúncio de uma Perfumaria (O dia dos namorados nunca foi tão gostoso), feição triste e celular jogado com toda força no chão. Rodoviária fria comparável às redes sociais virtuais. .::

::. BETTO SOUZA

Por: Danilo Góes

"Religião e arte procedem da mesma raiz e são parentes próximos. Economia e arte não se conhecem".

Willa Cather

Por: Osnir Gonçalves (blemblemblemglomblem: Prelúdio ao som de...) Se a broca entendesse, dar-lhe-ia boa bronca Mostrar-lhe-ia que sua boca, apesar de não ser arma branca Come, devora e corta fundo, livros azuis e brancos Colocar-lhe-ia no banco (de pedra) para lhe quebrar os dentes: quem sabe não desistiria de fazer-me folha branca. Se a broca fosse parente de sangue Das bactérias mal-tratadoras de livros Valer-me-ia dos valentes cupins (que pelo menos gostam da solidez da madeira), Para que estes lecionassem de novo: “Eia Broca, cuidado! É disso que as gentes se fazem!” (Diriririróóóó... Intermezzo enquanto as brocas comem livros...) E preciso desses aios-cupins porque ouvi (sem querer) a Broca-Mór bradar: “Avante brocas! Desfaçamos as gentes! Estabeleçamos o reinado dos anencéfalos!” É o cúmulo da insensatez livresca Precisar dar bronca em brocas “encéfalas” da pólis Pela impossibilidade de dar uma bronca em broncas brocas brancas! (Os livros choram: a música agora é o som de páginas amassadas: scxidgfjdfhissss!)


SEM PR E ÀS 1 0 H !!!


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