Revista da Gestão da UNE 2013-2015

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REVISTA DA GESTテグ DA UNE 2013 - 2015





CrĂŠdito: Midia Ninja


DIRETORIA DA UNE Gestão 2013-2015 Presidenta: Virgínia Barros Vice-presidente: Mitã Chalfun 1ª Vice-presidenta: Katerine Oliveira 2° Vice-presidente: Ronald Luiz “Sorriso” 3ª Vice-presidenta: Daniele Ferreira Secretária-geral: Iara Cassano 1° Secretário: Tony Sechi Tesoureiro-geral: Bruno Correa 1° Tesoureiro: Andson “Katu” Silva Dir. da Área de Humanas: Ivo Braga Dir. de Comunicação: Thiago José Dir. de Assistência Estudantil: Juliana Souza 1° Dir. de Assistência Estudantil: Patrick Campos Araújo 2° Dir. de Assistência Estudantil: Gladson Reis 3° Dir. de Assistência Estudantil: Tadeu Lemos 4° Dir. de Assistência Estudantil: “Campo popular que vai botar a UNE pra lutar” Dir. de Políticas Educacionais: Thiago “Pará” 1° Dir. de Políticas Educacionais: Pedro Paulo de Araújo 2° Dir. de Políticas Educacionais: Henrique Iglecio Fernandes 3° Dir. de Políticas Educacionais: Kauê Luchetta Dir. de Universidades Públicas: Mirelly Cardoso 1° Dir. de Universidades Públicas: Carlos Edísio 2° Dir. de Universidades Públicas: Iago Campos 3° Dir. de Universidades Públicas: Rafael Gutierrez 4º Dir. de Universidades Públicas: Pedro Serrano Dir. de Cultura: Patrícia de Matos 1ª Dir. de Cultura: Juliana Tramontini 2° Dir. de Cultura: Geovanny Silva Dir. de Assuntos da Mulher: Lays Gonçalves 1ª Dir. de Assuntos da Mulher: Jessy Dayane Silva Santos 2º Dir. de Assuntos da Mulher: “Bloco da unidade para o Brasil avançar” Dir. de Relações Internacionais: Thauan Fernandes 1° Dir. de Relações Internacionais: Matheus Malta Rangel 2° Dir. de Relações Internacionais: Rodrigo Suñe de Oliveira Dir. de Movimentos Sociais: Deborah Costa 1ª Dir. de Movimentos Sociais: Amanda Ferreira Teixeira 2° Dir. de Movimentos Sociais: Anderson Roberto 3ª Dir. de Movimentos Sociais: Laís Rondis

Dir. de Universidades Particulares: Marcus Vinicius 1° Dir. de Universidades Particulares: Mateus Weber 2° Dir. de Universidades Particulares: “Campo popular que vai botar a UNE pra lutar” 3° Dir. de Universidades Particulares: “Bloco da unidade para o Brasil avançar” Dir. de Direitos Humanos: Camila Souza Menezes 1º Dir. de Direitos Humanos: “Bloco da unidade para o Brasil avançar” 2º Dir. de Direitos Humanos: João Paulo Furtado Dir. de Relações Institucionais: Patrique Lima 1° Dir. de Relações Institucionais: William Rodrigues Dantas 2º Dir. de Relações Institucionais: André Augusto Dir. de Assuntos Anti-racistas: Marcela Ribeiro Dir. de Ciência e Tecnologia: Jonas Lube 1ª Dir. de Ciência e Tecnologia: Milena Pereira Dir. de Desporto Universitário: Igor Mayworm Dir. de Extensão Universitária: Valmir Lopes 1° Dir. de Extensão Universitária: Lucas dos Reis Vieira 2ª Dir. de Extensão Universitária: Tainá Reis Serafim 3° Dir. de Extensão Universitária: André Tomaz Cardoso Dir. de Meio Ambiente: Wallan Araújo 1° Dir. de Meio Ambiente: Marcelo Tourinho 2º Dir. de Meio Ambiente: Matheus Araripe Dir. de Memória do Movimento Estudantil: Fabrício Lima da Paz Dir. Jurídico: Victor Grampa Dir. LGBT: Nathalia Bittencourt 1° Dir. LGBT: Larissa Passos Dir. de Políticas Públicas de Juventude: “Bloco da unidade para o Brasil avançar” 1° Dir. de Políticas Públicas de Juventude: João Victor 2° Dir. de Políticas Públicas de Juventude: Deryk Vieira Santana 3° Dir. de Políticas Públicas de Juventude: Victor Hugo 4ª Dir. de Políticas Públicas de Juventude: Lucielma Godinho Vice-Presidente AC/RO: Jeffrey Caetano Vice-Presidente AL: Thiago Souza


Vice-Presidente AM: Yann Evanovick Vice-Presidente BA: Thiago Dantas Vice-Presidenta CE: Germana Amaral Vice-Presidente DF: André João Vice-Presidente MG: Max Ziller Vice-Presidente MT/MS: Vinicius Brasilino Vice-Presidenta PA/AP: Iane Almeida Vice-Presidente PB/RN: Damacieudo Dantas Vice-Presidenta PE: Alana Moraes Vice-Presidente PI/MA: Eduardo Correa Vice-Presidente PR: Maicon Custodio Barbosa Vice-Presidente RJ/ES: Carlos da Silva Furtado Vice-Presidente RR: Railson Santos Barbosa Vice-Presidente RS: Álvaro Lotterman Vice-Presidente SP: Arthur Miranda Presidenta UEE/SP: Carina Vitral Presidenta UEE/RJ: Tayná Paolino Presidente UEE/MG: Paulo Sergio Oliveira Presidente UEE/SC: Yuri Becker Presidenta UPE/PR: Elys Marina Zioli Coordenadora-geral UEE Livre/RS: Ana Carolini Presidenta UEB/BA: Marianna Dias Presidente UEE/AM: Aldemir Caetano Jr. Presidente UEE/GO: Lucas Ribeiro Presidente UEE/MT: Rarikan Heven

COORDENAÇÃO DO CUCA DA UNE Coordenadora-geral: Patrícia de Matos Coordenador de Audiovisual: Rodrigo Morelato Coordenadora de Projetos e Finanças: Bárbara Cipriano Coordenador de Arte e Cultura: Bruno Bou Fernanda Rangel (CUCA da UFF) Vitor Hugo e Guilherme Pereira (CUCA UFMT) Bia Miranda (CUCA UFF) Nínive Aquino (CUCA CE) Evandro Machado (CUCA da FEEVALE) Dani Rigo (CUCA da UNESC) Susy BO (CUCA da UEM) Alexandre Blanco (CUCA da UFPA) Flor Ribeiro (CUCA PE) Kadu Lima (CUCA BA)

expediente A “Revista da Gestão” é uma publicação da União Nacional dos Estudantes. Coordenação editorial: Rafael Minoro (CR) Textos: Cristiane Tada, Renata Bars, Bruno Huberman, Yuri Salvador e Artênius Daniel Projeto gráfico e diagramação: Fields 360 – fields360.agency Endereço: Rua Vergueiro, nº 2485, bairro Vila Mariana, São Paulo/SP – CEP: 04101.200 Telefone: 11 5539.2342 Site oficial: www.une.org.br Fale com a UNE: contato@une.org.br Fale com a redação: redacao@une.org.br Fale com a assessoria de imprensa: imprensa@une.org.br Assessoria de comunicação: Contra Regras Comunicação Ltda. CNPJ: 12.795.929/0001-33

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Índice

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12 Entrevista

Com a palavra

A luta é o nosso habitat

Um diálogo com Vic Barros

A diretoria

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33

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Editorial

Com a palavra As parcerias

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Com a palavra As redes

66 Máquina do tempo

Dois anos de lutas nas universidades

50

A UNE e a busca pela verdade

68

Quem também constrói a UNE?

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Praia do Flamengo 132: Uma história que se ergue

53 A UNE da Cultura


20 As ruas somos nós!

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23

Reforma Política para mudar o Brasil

42

28

Um novo momento para a educação

brasileira

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Dois anos de estudantes em movimento

Linha do tempo

UNE de cara nova na internet

58

62

64

UNE de todas as vozes

Estudantes do mundo unidos

Prestação de Contas da Gestão


A luta ĂŠ o nosso

habitat 10


N

o período de dois anos corridos, desde a posse desta gestão da União Nacional dos Estudantes, o Brasil fez mais uma curva no caminho da sua história. Novas transformações, novos desafios, novas reivindicações de todas as partes têm exigido, cada vez mais, da nossa democracia e explicitado a necessidade de superar injustiças, desigualdades, traumas do passado e opressões de todos os tipos.

O movimento estudantil acompanha esse percurso de dentro das universidades, na luta pela educação pública de qualidade, na batalha pela regulamentação do ensino privado, na defesa da juventude – especialmente a pobre e negra – na trincheira por uma reforma política democrática, na construção de uma sociedade sem preconceitos e igualitária. Esse é o habitat das militantes e dos militantes da UNE, que estampam as páginas desta revista. É onde estivemos entre junho de 2013 e junho de 2015. O trajeto tem sido de avanços e também de resistência aos retrocessos. Nos momentos de maior comemoração, esta gestão conheceu a aprovação do Plano Nacional de Educação com os sonhados 10% do PIB, dos royalties do petróleo para o ensino do país, da Lei da meia-entrada, do Marco Civil da Internet, da Lei Cultura Viva e a realização da maior das bienais da UNE, em todos os tempos. Porém, também coube aos estudantes confrontar a onda de conservadorismo que se instalou no pior Congresso Nacional desde a ditadura, tenebrosas propostas como a de redução da maioridade penal, a concentração de poder dos meios de comunicação, a criminalização e perseguição aos movimentos sociais, a violência policial, o machismo, o racismo, a homofobia e transfobia alarmantes. Foi no intervalo desses dois anos que se completou meio século do golpe militar de 1964, devidamente descomemorado pela UNE, no dia primeiro de abril de 2014, em frente ao nosso emblemático endereço da Praia do Flamengo 132. A lembrança desse período, bizarramente saudado e evocado pelo fascismo de alguns no começo de 2015, traz ao movimento estudantil a consciência de que o Brasil precisa muito de sua juventude organizada em unidade e combatividade. A UNE está completando 78 anos sem medo do trajeto. A história demonstra que a luta dos estudantes sempre direciona os rumos de todo um país. Que venham os próximos desafios e as próximas vitórias!

União Nacional dos Estudantes

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Entrevista

Um diálogo com Vic Barros Pernambucana natural de Garanhuns, quinta mulher presidenta da UNE na história, a estudante de Letras da Universidade de São Paulo (USP) comenta sobre o atual cenário da luta estudantil. Leia abaixo: Como mensurar o saldo de uma gestão da UNE tão movimentada como esta que se encerra? Houve alguma marca? Há algo que define o que foi o movimento estudantil nos últimos dois anos? Não é simples avaliar e definir qual seria essa marca, mas o saldo é certamente positivo e motivador. A organização e a unidade do movimento estudantil brasileiro, nos últimos quatro anos, nos levaram a jornadas e vitórias fantásticas, como foi a aprovação dos royalties do petróleo e do Fundo Social do Pré-Sal para a educação, do Plano Nacional de Educação e da destinação de 10% do PIB para a área educacional do país. Essas talvez sejam as principais vitórias da gestão e ela traz o acúmulo de gestões anteriores, que conseguiram manter essa luta com muita personalidade e maturidade por tanto tempo. Acredito que essa poderia ser apontada como a marca da UNE atualmente: uma entidade consciente, enérgica, dedicada, perseverante, que se constrói nas ruas e nas universidades, com muita certeza dos seus objetivos. Por isso, os alcança. Qual sua avaliação sobre o atual momento na luta do movimento educacional no país?

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Após a aprovação dos royalties e do Pré-Sal para a educação, além do PNE, precisamos garantir a implantação das metas do Plano e os desdobramentos dessa política no ensino federal e também nos estados e municípios. Essa será uma tarefa árdua para o movimento estudantil e para todas as entidades e grupos que batalham pela qualidade da nossa educação. Pesa ainda, nessa conta, um cenário de instabilidade econômica e política, que já provocou cortes no setor. A UNE não aceita nenhum centavo a menos para a educação! No que diz respeito ao ensino superior, há uma necessidade clara de promover a permanência daqueles que entraram, tanto na rede pública como na rede privada, ao longo da última década. Por um lado, precisamos consolidar as políticas de assistência estudantil, trazendo mais garantias para esse novo estudante, que chegou à universidade com um perfil socioeconômico diferente do que sempre foi padrão. Em outra frente, temos que brigar, cada vez mais, pela urgente regulamentação do ensino privado, combatendo a expansão das práticas mercadológicas na área da educação, estabelecendo limites e critérios para a qualidade da formação dessa grande parcela de estudantes brasileiros.


“Nosso sonho é um Brasil Você socialmente justo, foi a quinta mulher presidenta da UNE em 77 anos da entidade. Como é atualmente de todas e todos.” o

machismo dentro do movimento estudantil e como enfrentá-lo?

Ainda há muito machismo no movimento estudantil, assim como em todas as organizações da sociedade, e continua sendo muito difícil ocupar esses espaços como mulher. Porém, percebo que o movimento começa a se questionar a respeito disso quando temos três presidentas nas três principais entidades de juventude do país: a UNE, a UBES e a ANPG, assim como diversas presidentas nas uniões estaduais pelo Brasil. Além disso, um dos espaços que mais têm crescido na UNE é o Encontro de Mulheres Estudantes (EME), que busca organizar e fortalecer a nossa luta. Ainda é um desafio e um contra-senso lidar com uma maioria de homens que, apesar de militar em muitas causas comuns que você, ainda reproduzem estereótipos e práticas absolutamente lamentáveis e opressoras. Mas não arredaremos o pé, ainda faltam muitas de nós aqui.

O Brasil tem vivenciado todos os tipos de manifestações nos últimos dois anos, desde o processo fantástico de junho de 2013 à lamentável expressão fascista de alguns, em 2015, pedindo a volta da ditadura militar. Para onde vão as ruas do país? É um período muito particular da democracia, porque o próprio conceito democrático está em disputa. Para nós, a onda que se iniciou a partir de 2013 é claramente fruto da emancipação causada por algumas mudanças sociais, pela inclusão de indivíduos que agora querem mais, pelo maior acesso à universidade, aos bens culturais, à internet, às redes sociais. Mas não basta. Precisamos, urgentemente, promover a educação pública e de qualidade, além de corrigir a estrutura política brasileira, a partir de uma grande reforma popular e democrática. As ruas do país precisam entoar o fim do financiamento de empresas a campanhas políticas, para encerrar o ciclo de troca de interesses e corrupção que atinge o Brasil, a garantia e ampliação de direitos – que vem sendo ameaçados pelo atual quadro de deputados e senadores - e de uma política econômica que favoreça realmente à população e não aos interesses dos grandes grupos financeiros. Há muito o que se construir e não podemos recuar. Nosso sonho é um Brasil socialmente justo, de todas e todos. Os que apostam no golpismo e no retrocesso nunca passarão.

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Com a palavra,

a diretoria:

Essa gestão começou nas ruas junto à juventude de junho de 2013, para defender mais direitos, democracia e participação. E foi assim, com muita pressão, que conquistamos os 10% do PIB e os 50% do Fundo Social do Pré-sal para a educação. Essa gestão também pensou na organização e no fortalecimento da rede da UNE. Tivemos a ampliação e consolidação do Encontro das Estudantes Negras, Negros e Cotistas e a comemoração dos 10 anos do Encontro de Mulheres, com mais de mil participantes. Tivemos, ainda, a realização do Encontro LGBT. Essas atividades mostram uma UNE atenda às transformações da nova juventude. MITÃ CHALFUN VICE-PRESIDENTE DA UNE

Essa gestão da UNE foi marcada pela intensificação das lutas da juventude e dos trabalhadores no Brasil. Logo após o 53º ConUNE ocorreram as gigantescas jornadas de junho, renovando as esperanças que lutando conquistaremos mais direitos e uma vida mais digna. O ajuste promovido pelo governo federal trouxe para os estudantes grandes dificuldades, com isso a UNE precisará organizar mobilizações nacionais contra o corte de verbas e ataques que temos sofrido, a exemplo do dia 26M, que reuniu diversos setores e mobilizou milhares de estudantes de norte a sul do país. KATERINE OLIVEIRA 1ª VICE-PRESIDENTA

A União Nacional dos Estudantes encerra mais um ciclo de lutas com ousadia. Ousadia essa que nos permitiu conquistar projetos que marcam nossa geração, como o PNE, a destinação dos royalties e os 50% do Fundo Social do Pré Sal para a educação, o Estatuto da Juventude, o Marco Civil da Internet. Ousadia essa que nos permitiu inovar na construção dos espaços da UNE, como a 9ª Bienal. Somos a geração da nova universidade, e temos que dar respostas à altura dos novos desafios e demandas, a UNE cumpre esse papel, e precisa seguir cada vez mais ousada e combativa. IAGO CAMPOS 2° DIR. DE UNIVERSIDADES PÚBLICAS

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Fazer movimento estudantil é ser tomado por um desejo de justiça social. O primeiro passo é acreditar que a política é o maior instrumento de revolução social existente, e que só deve ser usada para fazer o bem às pessoas. ANDRÉ AMARAL FILHO 2º DIR. DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS

Somos a gestão da UNE que se iniciou em junho de 2013, fazemos parte da geração de jovens que sacudiu as ruas do Brasil com uma das maiores mobilizações populares da história. Foram anos de muito enfrentamento, desde as tropas da polícia até os setores mais conservadores que se organizaram e foram pra rua também. Vencemos. A democracia venceu! Ao fim desses dois anos, podemos contabilizar as vitórias dos 10% do PIB para educação no PNE, dos 50% do Fundo Social do Pré-Sal e 75% dos royalties do petróleo para educação, a aprovação do Estatuto da Juventude e a nova Lei da meia-entrada. IVO BRAGA DIR. DA ÁREA DE HUMANAS Através da participação no movimento estudantil tive a experiência marcante de conviver com a pluralidade de pensamento. Lidar com as diversas forças, as divergências e convergências do nosso movimento social, é uma experiência extremamente rica e é o que nos motiva a fortalecer, cada vez mais, essa entidade, lutar por ela, com coragem e determinação. A UNE representa todos nós e a Juventude Socialista Brasileira está disposta a continuar na luta pelas pautas estudantis e sociais, dialogando e respeitando as mais diversas opiniões. TONY SECHI 1º SECRETÁRIO

São dois anos de muita luta! A gestão da UNE se inicia em um turbilhão de indignação, momento histórico em que a juventude ocupa o centro da luta. O Movimento RUA, da Juventude Anticapitalista, fundado em janeiro de 2013, se orgulha de ter hasteado a bandeira vermelha da UNE por uma educação libertadora, contra a opressão nas universidades e ruas, nas diversas lutas, na cidade e no campo, greves, marchas, ocupações e manifestações duramente reprimidas, Centros Acadêmicos, DCEs, defendendo a educação pública e os direitos dos estudantes, através de uma cultura política estudantil radical, autônoma a governos, feminista, negra e LGBT. DEBORAH CAVALCANTE DIR. DE MOVIMENTOS SOCIAIS

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Todo militante estudantil sonha em um dia ser diretor da UNE e comigo, ao longo de dez anos de ativismo, não foi diferente. Nesse período, a UNE foi marcada pelo enfrentamento. Lutamos contra o retrocesso, barramos o golpismo das elites e demos mais um passo rumo as reformas democráticas, tão necessárias. Os sonhos de Darcy Ribeiro, João Goulart e Leonel Brizola, que aprendi a compartilhar, estão vivos e sempre estarão, até o dia em que possamos reinventar o Brasil. WILLIAM RODRIGUES 1º DIR. DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS

Nossa gestão teve início em junho de 2013 e não poderia ter sido diferente. Somos parte de um novo Brasil, com a marca da inquietude e do inconformismo. Ser da UNE é um aprendizado constante. Nesse período, fizemos grandes campanhas em defesa da educação e contra a mercantilização do ensino, reafirmamos nosso compromisso com programas sociais, como o FIES, ProUni e Reuni, que democratizaram o acesso de milhares de jovens trabalhadores e trabalhadoras ao sonho da universidade. Nas ruas e em cada canto do país, hasteamos nossas bandeiras, com pautas justas. E posso afirmar: a UNE é do tamanho do Brasil e dos nossos sonhos. MATEUS WEBER 1° DIR. DE UNIVERSIDADES PARTICULARES

Andar e lutar por esse país é ter a dimensão da sua riqueza e da sua diversidade, representadas nas suas culturas, seus costumes e os seus valores. Tudo isso me fez perceber o enorme desafio que é a UNE: ser “A nossa força e a nossa voz”. Tantas vozes diferentes unidas nas causas mais generosas: educação de qualidade, direito a viver e a ser feliz para construir um futuro melhor aaraTod@s. Esses são os sonhos que movem toda a juventude! RONALD LUIZ “SORRISO” 2º VICE-PRESIDENTE

Fazer parte da UNE é ajudar a construir um caminho importante da história do país. Nesses dois anos, lutamos para colocar a educação e os direitos da juventude como prioridade. Garantimos os 10% do PIB para a educação e a Lei da meiaentrada, conquistas especiais que marcam o movimento estudantil. Fortalecemos a organização da UNE e da rede do movimento. Plantamos vitórias importantes, que serão colhidas pelas gerações futuras. Vamos em frente. Temos muito o que fazer para que o Brasil seja o país dos nossos sonhos. Estamos vencendo.

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BRUNO CORRÊA TESOUREIRO-GERAL DA UNE


Esses dois anos foram marcados por grandes desafios, que apontaram as potencialidades e limites de nossa entidade. Iniciamos a gestão no momento em que explodiram as “Jornadas de Junho”, que revigoraram o protagonismo da juventude. Construímos o debate sobre a mudança da política, através de um Plebiscito Popular, por uma Constituinte para a Reforma Política, com mais de 7 milhões de votos. E, após derrotar o conservadorismo nas urnas, temos de derrotá-lo nas ruas. Temos também a tarefa de derrotar o ajuste fiscal neoliberal, que já cortou 7 bilhões da educação. Vida longa à luta estudantil e à UNE! THIAGO “PARÁ” DIR. DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS

Perto de completar os seus 80 anos de vida, a UNE está mais jovem, forte e organizada. Nos últimos dois anos, o movimento estudantil protagonizou o que talvez seja uma das mais importantes conquistas para o país, que foi a aprovação do Plano Nacional de Educação com 10% do PIB para o setor. As lutas e bandeiras se renovam com o tempo, mas nosso sonho de um país com mais igualdade, justiça social e sem opressões continua alimentando nossa enorme vontade de estar em movimento. Isso é a UNE. Essa é a juventude que já mudou e vai continuar mudando o país para melhor. PATRIQUE LIMA DIR. DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS

Ter contribuído com essa gestão, representando os e as estudantes no Fórum Nacional de Educação e na organização da 2º Conferência Nacional de Educação, permitiu vivenciar diretamente importantes conquistas, como a aprovação das cotas raciais, destinação dos royalties do petróleo e do Fundo Social do Pré-sal para a educação, o Estatuto da Juventude e o PNE. Essa gestão se encerra em meio a uma crise de dominação econômica, moral e cultural do capitalismo, apontando a necessidade maior de nossa rebeldia nas lutas. MIRELLY CARDOSO DIR. DE UNIVERSIDADES PÚBLICAS

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Participamos das jornadas de junho de 2013 com o compromisso de lutar para dar consequência às reivindicações das ruas. Fruto desse processo foi a aprovação dos 10% do PIB e 75% dos royalties do Pré-Sal para a educação. Realizamos a mais efervescente Bienal da UNE dos últimos anos, com mais de 1.559 trabalhos estudantis inscritos, com os principais temas da política nacional, educação, cultura e ciência, trazendo para a roda artistas, acadêmicos e movimentos sociais. Relançamos a rede cultural dos estudantes, o CUCA da UNE, garantindo que a Bienal possa ser um processo permanente nas universidades. PATRÍCIA DE MATOS DIR. DE CULTURA

Esta gestão da UNE foi marcada por importantes conquistas, como a aprovação do Plano Nacional de Educação com 10% para a Educação, pela criação de espaços da UNE em um novo formato, como o III Seminário Nacional de Assistência Estudantil, pela necessidade de lutar pela Reforma Política Popular. Mas, principalmente, pelo desafio de ter claro, diante de uma conjuntura de extrema polarização, o lado que está: o das e dos trabalhadores, da juventude excluída, dos e das estudantes. JULIANA DE SOUZA DIR. DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL

Nesses dois últimos anos, a solidariedade internacional e a parceria com entidades irmãs se expandiram na UNE. O congresso da OCLAE, o FMJE e os atos públicos, em defesa de nossa soberania, demonstram isso. Para mim, é um orgulho imenso saber que pude contribuir diretamente com a história do Brasil, sendo da UNE. Conquistamos a destinação da maioria dos recursos do Pré-Sal para a educação e agora, acima de tudo, estamos em defesa da nossa democracia e da Petrobras. A sensação de dever cumprido só não é maior que a vontade de continuar a luta! THAUAN FERNANDES DIR. RELAÇÕES INTERNACIONAIS

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Estar na UNE é uma daquelas experiências que levaremos para a vida, ainda mais com grandes vitórias que nós, estudantes brasileiros, protagonizamos. Logo no começo da gestão, ocupamos as ruas, conquistamos a vinculação dos royalties do petróleo para a educação, que abriu as portas para um PNE com metas avançadas, como a de 10% do PIB. A universidade está cada vez mais popularizada e são nesses espaços que nascem os sonhos de um Brasil mais justo, igualitário e democrático! A UNE, mais uma vez, contribui para a história do nosso povo! THIAGO JOSÉ DIRETOR DE COMUNICAÇÃO


MEIA-ENTRADA

É DIREITO + LAZER + EDUCAÇÃO + CULTURA

documentodoestudante.com.br


As ruas somos nós! De junho de 2013 à defesa da democracia em 2015, a UNE esteve na linha de frente ao lado da juventude e dos trabalhadores. Já no primeiro mês da gestão da UNE 2013/2015, as jornadas de junho escancaram os limites da política institucional e colocaram o Brasil no limiar de uma nova fase de aprofundamento e ampliação da democracia. Foi um movimento que deu o tom do que viria nos anos que se seguiram: a juventude incansavelmente nas ruas, por mais direitos, pressionando os poderes legislativo e executivo, em todo o país.

“A nossa gestão pós-jornadas, de junho de 2013, teve o desafio de evocar e fortalecer o papel mobilizador e participativo da UNE, em meio a um turbilhão de indignação dos estudantes e da juventude”, afirma a diretora de Movimentos Sociais da UNE, Deborah Costa. Os acontecimentos de junho foram como uma fagulha. Em centenas de cidades do Brasil houve mobilizações que, a princípio, pediam por melhorias no transporte público e logo chegaram a temas amplos e importantes, como a qualidade dos serviços públicos e o fim da corrupção. Para a presidenta da UNE, Virgínia Barros, junho exigiu, com a pressão das ruas, “a elevação dos níveis de participação popular na vida política e na governança do País”.

JORNADA DE LUTAS CONTRA OS RETROCESSOS Infelizmente, apesar de toda a efervescência de junho de 2013, em 2014 foi eleito o Congresso Nacional mais conservador desde a época do regime militar brasileiro. Representantes das bancadas do boi, da bíblia e da bala impuseram uma agenda de posturas reacionárias, em defesa do agronegócio, contra o estado laico e contra a juventude. Diante disso, pautas como a redução da maioridade penal voltaram à cena. A Câmara dos Deputados formou uma Comissão Especial que analisará essa proposta. “Dos 27 membros titulares desse

grupo, 15 pertencem à Bancada da Bala. Isso demonstra bem os interesses que estão por trás daqueles que defendem a medida. É um processo que criminaliza a juventude do nosso país e não resolve o problema da violência: não à redução”, enfatizou a presidenta da UNE.

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Manifestações de junho de 2013.


Em resposta a essa ameaça, em abril a Jornada de Lutas da Juventude reuniu mais de 2 mil estudantes em Brasília. Para a UNE, a luta contra redução é a favor dos jovens que vivem nas periferias e sabem, na pele, como é violento o tratamento da Polícia Militar no país. A UNE também se manifestou contra a criminalização de outros movimentos de juventude. A diretora de Movimentos Sociais da entidade lembrou a importância das marchas da maconha, que fizeram do mês de maio de 2015, o maio verde. “Foram fundamentais para colocar

o debate da legalização contra a atual política de drogas seletiva e que criminaliza a juventude, em especial jovens negros e pobres da periferia”, afirmou.

ESTATUTO DA JUVENTUDE APROVADO A mobilização da UNE e de outras entidades garantiu, em julho de 2013, a aprovação do Estatuto da Juventude no Brasil, que havia sido amplamente debatido no Congresso durante os últimos anos. O estatuto apresenta um conjunto de políticas públicas para a população jovem do país, em áreas como cultura, transporte, comunicação, trabalho, diversidade, saúde e meio ambiente.

REIVINDICAÇÃO

RESULTADO

Contra o aumento nos transportes

Tarifa foi reduzida em mais de 60 cidades e 15 capitais

Mais educação

Aprovados os royalties do e 10% do PIB para o setor

Contra a corrupção

Fortaleceu o movimento pela Reforma Política. Mais de 30 projetos sobre o tema tramitam no Congresso Nacional

Crédito: Midia Ninja

CONQUISTAS DE JUNHO DE 2013

DO PARANÁ A SÃO PAULO: PROFESSORES E ESTUDANTES NA RUA Os estudantes estiveram nas ruas em apoio aos professores do Paraná e de São Paulo. A categoria entrou em greve, nos dois estados, por melhoria salarial, e principalmente, por condições de trabalho dignas. No Paraná, os estudantes protagonizaram, junto com os docentes, uma ocupação histórica na Assembleia Legislativa. Porém, o governo promoveu um verdadeiro “massacre” de professores e estudantes em um dos episódios mais tristes da biografia do estado, no dia 29 de abril de 2015.

De acordo com o diretor da UNE Iago Montalvão, a crise instalada no Paraná é de completa responsabilidade do governador Beto Richa (PSDB), que “durante anos não

soube fazer os investimentos corretos para o desenvolvimento do Estado e quis resolver as contas cortando direitos básicos dos trabalhadores e prejudicando ainda mais a educação paranaense que já está sucateada”.

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Cerca de 100 mil pessoas tomaram a avenida Paulista, em março de 2015.

2015: ESTUDANTES PELA PETROBRAS E A DEMOCRACIA

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Uma das grandes mobilizações de rua da UNE, durante a gestão, aconteceu no dia 13 de março de 2015, quando os estudantes se juntaram a entidades, como a Central Única dos Trabalhadores e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, em uma grande marcha nacional, em defesa da Petrobras e a favor da democracia. Com as denúncias de irregularidades envolvendo a companhia, os estudantes e trabalhadores denunciaram os interesses sempre recorrentes de privatização da Petrobras e da entrega do patrimônio nacional a grandes grupos estrangeiros. Em São Paulo, onde foi realizada a maior das marchas, as entidades reuniram cerca de 100 mil pessoas na Avenida Paulista.


Reforma Política para mudar o Brasil O fim do financiamento de campanhas tornou-se um dos principais objetivos da UNE e dos movimentos sociais de todo o país A política brasileira não agrada os brasileiros. Esse é um fato comum, expresso nas diferentes manifestações pelo país, em pesquisas de opinião, nas rodas de conversa no trabalho, em casa, no espaço público. Qual seria, no entanto, a forma de mudar esse cenário? A UNE assumiu, nesta gestão, o compromisso de perseguir uma reforma política no país capaz de corrigir as distorções desse sistema, combater a corrupção e os interesses econômicos, estabelecer parâmetros justos e dar voz àqueles que nunca tiveram. A reforma política que a UNE quer é a mesma desejada por dezenas de entidades da sociedade civil atualmente. Entre os pontos principais, está o fim do financiamento de empresas a campanhas, um mal que atinge todo o processo eleitoral, de norte a sul do país, por permitir a troca de interesses entre políticos e empresários, que “cobram a conta” depois do pleito. Durante esta gestão, a UNE passou a integrar a Coalizão pela Reforma Política Democrática e ajudou na organização do Plebiscito Constituinte, um movimento nacional que consultou a população a respeito desse tema. O primeiro grande ato realizado pela UNE foi o lançamento do projeto Eleições Limpas na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) no dia 29 de agosto de 2013. O evento teve participação da Ordem dos Advogados do Brasil, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE). “Sempre que esses grupos estiveram reunidos, o Brasil mudou”, disse o representante da OAB, Cézar Britto, relembrando outros momentos como o da campanha “Diretas Já”. UNE quer o fim do financiamento privado de campanhas e partidos.

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COALIZÃO

PLEBISCITO CONSTITUINTE

A partir dessa união de forças, foi lançada a Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, com forte participação do movimento estudantil. Foi elaborado um projeto de lei de iniciativa popular e foram recolhidas assinaturas, em todo o país, defendendo a reforma. Esse foi o mesmo caminho trilhado pela Lei da Ficha Limpa, aprovada com sucesso no Congresso Nacional. Um dos idealizadores das duas iniciativas, o juiz Marlon Reis, do MCCE, disse que o dinheiro “massacra” as candidaturas menores nas eleições, tornando o sistema desigual: “A democracia não se resume ao fato de poder votar, é preciso aperfeiçoá-la”, declarou.

Um dos momentos importantes dessa luta, durante a gestão, foi a participação da UNE na construção do Plebiscito Constituinte, na semana do dia 7 de setembro de 2014. O movimento reuniu entidades sindicais e estudantis, ligadas à luta pela terra, moradia, grupos da cultura, comunicação e Direitos Humanos e promoveu uma grande consulta com a população brasileira de todos os estados, a respeito desse tema.

Segundo o diretor de Comunicação da UNE, Thiago José, a reforma política não sairá sem a pressão das ruas e a grande unidade dos movimentos sociais: “Temos, atualmente, um Congresso Nacional com uma maioria de parlamentares distantes das lutas populares e interessados apenas em suas próprias ambições. Se dependermos do legislativo, a reforma política democrática não será viável. Prova disso é a tramitação de um projeto de “mentirinha”, mascarado de reforma, que é a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 352. O projeto permite o financiamento de empresas a políticos, por isso, nos o chamamos de PEC dos corruptores”, criticou.

#DEVOLVEGILMAR

O resultado foi o seguinte: mais de 7 milhões de brasileiros (97% dos entrevistados) se manifestaram a favor da reforma política e, também, da realização de uma constituinte exclusiva para decidir a respeito dessas mudanças.

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi alvo de protestos por parte da UNE e da juventude ao atrasar o debate e a decisão da casa, sobre o financiamento de empresas a campanhas políticas. O STF recebeu uma Ação de Inconstitucionalidade da OAB, em abril de 2014, alegando que, de acordo com a Carta Magna da nação, o setor empresarial não poderia ser financiador de candidatos e partidos no processo eleitoral.


Seis dos magistrados da corte votaram a favor da ação. Porém, Gilmar Mendes retirou o processo do trâmite, alegando que precisava “dar vistas” ao documento e não o devolveu mais de um ano depois. A retenção da ação pelo ministro gerou a campanha “#DevolveGilmar”, promovida pela UNE nas redes sociais. O ministro chegou a receber um bolo e uma irônica saudação cantada de “Parabéns para você”, por estudantes da Universidade Federal da Bahia quando o “atraso” completou um ano.

SEMINÁRIO DE REFORMA POLÍTICA Em fevereiro de 2015, durante a Bienal da UNE no Rio, a entidade promoveu o seminário “Reforma Política: mudar a política para mudar o Brasil”. Com a participação de dezenas de outros movimentos, autoridades, estudiosos e da juventude de todo o país, o encontro tratou dos principais pontos ligados a esse tema, como o financiamento de campanhas, o sistema proporcional e o voto em lista pré-ordenada, além de mecanismos de inclusão de mulheres, jovens, negros e indígenas na política. Encontro na UFRJ selou Coalizão pela reforma democrática.

A REFORMA QUE A UNE QUER 1. Fim do financiamento de empresas a campanhas políticas.

Se empresa não vota, por que pode financiar campanhas? Esse é um dos principais problemas do sistema político brasileiro, per mitindo a troca de interesses entre políticos e empresários, incluindo o poder econômico na balança das eleições. Quando os can didatos são eleitos, ficam à mercê dos objetivos privados de seus financiadores, permitindo a corrupção e outros desvios éticos. O fim do financiamento empresarial será um dos maiores avanços da história da democracia brasileira.

2. Voto em lista pré-ordenada para o legislativo.

A UNE defende um sistema no qual as pessoas votem em ideias, propostas, e não somente em pessoas. O Brasil possui muitos par tidos e é um desafio para a população entender de que lado cada grupo está. O voto em lista faz com que os candidatos se reúnam em chapas e firmem o compromisso com uma série de posicionamentos, caso eleitos.

3. Políticas afirmativas para mulheres, jovens, negros, índios.

O Congresso Nacional é formado, basicamente, de homens brancos heterossexuais ricos. Porém, essa não é a representação da 25 maioria das brasileiras e brasileiros. A falta de representantes do povo e da afirmação da nossa diversidade na política impede que sejam encaminhadas questões de interesse de todos. A UNE defende a criação de mecanismos de inclusão dos grupos não representados entre os políticos.


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Aprovação histórica do PNE e dos 10%, em maio de 2014.

Um novo momento para a educação brasileira Aprovação do PNE, dos 10% do PIB, royalties do petróleo e Fundo Social do Pré-Sal para a educação foram marco fundamental para o país Não foi fácil, não foi de uma hora para outra, não foi por conta de só uma gestão ou só de uma geração de estudantes, mas o período de 2013 a 2015 ficará sempre marcado como aquele em que o movimento estudantil brasileiro conquistou os 10% do PIB para a educação, os royalties do petróleo e os recursos do Fundo Social do Pré-Sal para esse setor. Trata-se de uma oportunidade histórica para avanços na área educacional brasileira e para transformar profundamente as estruturas sociais de uma país, ainda marcado por fortes contradições.

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“Considero a aprovação do PNE e dos mecanismos de financiamento da educação, uma etapa emancipatória da juventude brasileira”, afirma a presidenta da UNE, Vic Barros. Segundo ela, a luta pelos 10% do PIB e pelas outras bandeiras educacionais será um dia lembrada como um complemento da militância das gerações anteriores do movimento estudantil.


“Aqueles que combateram a ditadura, que entregaram suas vidas e conquistaram a democracia, sonhavam com um país igualitário, com justiça social e sem opressões. Isso só será possível com o pleno desenvolvimento da nossa educação, quando os filhos dos pobres tiverem exatamente as mesmas oportunidades que os filhos dos ricos na sua formação, quando a universidade estiver totalmente pintada do povo livre. Isso só será possível a partir dessa nossa batalha pelo financiamento do setor educacional”, declara. O vice-presidente da UNE, Mitã Chaulfin, também acredita que as recentes conquistas da área educacional serão fundamentais para manter o projeto de reforma universitária, idealizado pela UNE. “Esse suporte financeiro será fundamental para consolidar uma universidade que abriu as portas e que, agora, não pode mais parar. O conjunto de leis que acabamos de aprovar pode representar um grande salto de qualidade no setor educacional, algo que nunca vimos antes”, espera. Mitã considera que essa foi, talvez, a gestão mais vitoriosa da UNE no que diz respeito às políticas de educação. Porém, alerta para a

Estudantes ocuparam o Congress e enfrentaram setores conservadore

necessidade de o movimento estudantil acompanhar, agora, a implementação dessas medidas e cobrar a sua devida execução: “Dentro dos próximos dez anos, podemos ter mudanças muito significativas para democratizar a educação e promover a expansão com qualidade”, prevê.

ROYALTIES E FUNDO SOCIAL A aprovação dos royalties do petróleo e do Fundo Social do Pré-Sal para a educação ocorreu no contexto das manifestações, que começaram em junho de 2013 e se espalharam por todo o país. Com toda a pressão do povo nas ruas, os estudantes exigiram do Congresso Nacional a aprovação da Lei 5.500/2013. O texto original previa 100% dos royalties para o setor educacional, porém, após negociação com os parlamentares, foi feito um acordo positivo destinando 25% desse total também para a área da saúde. O mesmo projeto de lei garantiu 50% do Fundo Social do Pré-Sal para a educação, outra demanda antiga das entidades estudantis. A aprovação se deu no dia 26 de junho e a presidenta, Dilma Rousseff, sancionou a nova lei no dia 9 de setembro daquele mesmo ano.

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PNE E 10% DO PIB Após a aprovação dessas duas importantes fontes de financiamento para o ensino do país, todas as expectativas se voltaram para o Plano Nacional de Educação (PNE), o projeto com mais longa tramitação no legislativo brasileiro, completando quatro anos no Congresso. Fruto de embates com o setor privado e de desentendimentos entre setores da sociedade e a área econômica do governo, o PNE trouxe vinte metas, tendo como ponto principal, a garantia de aplicação de 10% do Produto Interno Bruto do país em educação. O PNE já havia sido amplamente debatido entre a Câmara e o Senado, mas tardava, cada vez mais, o momento em que teria sua votação final. Esse momento veio a acontecer no dia 28 de maio de 2014. Após grande mobilização da UNE e de outras entidades nos corredores do Congresso, blitz e pressão junto a parlamentares de todos os partidos, o projeto foi a plenário em clima de grande apreensão. Os estudantes que acompanhavam a votação, já haviam lutado de todas as formas pelo PNE, incluindo até o enfrentamento com setores conservadores da política nacional, que não gostaram do Plano prever um regime educacional não sexista, livre dos preconceitos de gênero e da homofobia.

A Ordem do Dia na Câmara começou trancada pelas medidas provisórias 634 e 638, que vieram do Senado Federal na noite anterior. Para reverter o quadro e conseguir incluir o PNE na pauta, parlamentares e representantes da sociedade civil se mobilizaram durante todo o dia. Escureceu e não havia, ainda, nenhuma previsão do que fosse acontecer, mas os estudantes não recuaram. Às 19h, o Plano finalmente começou a ser discutido. Houve muita negociação das entidades com o presidente da casa e, em seguida, a matéria seguiu para o plenário. O PNE e os 10% do PIB para a educação foram aprovados por unanimidade. Com cartazes e bandeiras, os estudantes comemoraram: “Hoje conquistamos a maior vitória da educação brasileira. Está aprovado o Plano Nacional de Educação! Isso significa democratização do acesso à universidade, erradicação do analfabetismo, qualidade da educação básica e valorização do professor. O Brasil finalmente tem um projeto transformador para sua educação, que deverá estar conectada com os desafios maiores de nossa nação. Parabéns, estudantes de todo o Brasil! Essa conquista tem, indiscutivelmente, o carimbo da União Nacional dos Estudantes!”, destacou a presidenta da UNE, Virgínia Barros.

#NENHUMCENTAVOAMENOS

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Apesar dos avanços importantes, o setor educacional também enfrentou sérios problemas e desafios no último período. Em 2015, foram anunciados cortes profundos no orçamento da educação, que receberam o repúdio e o protesto dos estudantes. A UNE se manifestou, afirmando que não aceitará nenhum centavo a menos para o setor educacional do país e reivindicando mudanças na política econômica, que não prejudiquem os estudantes.


Com a palavra,

as parcerias:

A parceria da UNE com a CUT, que sempre foi fundamental para reforçar a luta da classe trabalhadora, se estreitou nos últimos anos e garantiu o êxito de campanhas, como a do Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva que conseguiu quase oito milhões de votos no Brasil. Para a CUT, a luta dos e das companheiros(as) da UNE, em defesa da educação, é a luta por um Brasil com desenvolvimento mais justo e inclusivo. E ter esses jovens nas nossas jornadas contra a terceirização e todas as medidas de retirada de direitos é a garantia de que estamos, de fato, construindo uma nação mais justa e para todos. VAGNER FREITAS PRESIDENTE NACIONAL DA CUT

A UNE é nossa irmã mais velha e, por isso, nutrimos um grande carinho uma pela outra. Nesses últimos dois anos, estivemos juntas na linha de frente para combater retrocessos, como a absurda proposta de redução da maioridade penal e os ataques à democracia. O último período também foi de consolidação e defesa de políticas de acesso ao ensino superior, como o ProUni, o Fies e a as cotas. Parabéns à gestão da UNE, que conquistou o Plano Nacional de Educação. Estamos juntos sempre em defesa dos estudantes. BÁRBARA MELO PRESIDENTA DA UBES

A UNE e a ANPG lutaram muitos nos últimos dois anos por mais investimentos para a educação. Uma vitória que deve ser lembrada é a conquista do Plano Nacional de Educação, com 10% do PIB para o setor. A UNE também é parceira de primeira hora nas lutas dos pós-graduandos em defesa do aumento das bolsas de estudo e pela ampliação, consolidação e aperfeiçoamento de programas como o Ciência sem Fronteiras. TAMARA NAIZ PRESIDENTA DA ANPG

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Uma ofensiva conservadora quer tirar direitos dos trabalhadores. Nessa luta contra o retrocesso, a UNE esteve lado a lado dos trabalhadores para defender as conquistas e os avanços dos últimos anos. A UNE esteve na rua para dizer que os estudantes são contra a proposta de terceirização e que têm bem claro a sua posição: nenhum direito a menos! Obrigado a UNE, grande parceira de lutas! ADILSON ARAÚJO PRESIDENTE DA CTB

Estive no Encontro de Negros, Negras e Cotistas da UNE e é incrível ver essa nova geração de jovens organizados, a partir da universidade, dialogando com os grandes temas da agenda nacional. Isso marca a incidência do enfrentamento ao genocídio, à defesa das políticas afirmativas, à luta contra a redução da maioridade atualmente na pauta da União Nacional dos Estudantes. ÂNGELA GUIMARÃES PRESIDENTA DO CONSELHO NACIONAL DE JUVENTUDE (CONJUVE)

Para quem, na infância, não se enxergava alguém que poderia entrar em uma escola, cantar aqui nesta Bienal da UNE chega a ser uma agressão, um choque do que você nunca imaginou ou mensurou do que é a força da canção. Sempre converso sobre a importância que é se pensar a educação, mas lembrar que existe um ser em construção. CRIOLO CANTOR E COMPOSITOR

Para mim, tocar para essa galera (da Bienal da UNE) é o sonho de qualquer artista, porque, na verdade, o público mais desafiador e interessante para qualquer artista é justamente aquele que questiona, que tem o poder de pensar sobre as coisas, analisar aquilo que está sendo dito nas letras, trazer aquilo para uma vivência e que absorve a arte não só como entretenimento, mas, também, como uma forma de transformação.

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PITTY CANTORA E COMPOSITORA


Dois anos de lutas nas universidades Balanço do biênio mostra novos desafios no ensino superior, tanto na redes pública quanto na rede privada O último período exigiu, e continua exigindo, bravura dos estudantes brasileiros. Com as conquistas de políticas que facilitaram o acesso à universidade, como as cotas e os 10 anos do ProUni, a quantidade de estudantes no ensino superior aumentou drasticamente. Hoje, são 7 milhões, cerca de 18% dos jovens brasileiros. Com isso, os desafios têm aumentado e a busca por qualidade de ensino, assistência e avanços na educação têm sido galgados com muito suor e pressão da estudantada. No início do ano de 2015, o anúncio do ajuste de verbas do governo para as universidades federais colocou o setor em alerta: “Já estivemos na rua e vamos continuar nela enquanto essas medidas de austeridade continuarem”, afirma a diretora de Universidade Públicas da UNE, Mirelly Cardoso. “Obviamente, o Brasil não está fora de um contexto mundial de

crise do capital, mas esperamos que a política de ajustes seja revogada de setores fundamentais, como a educação e a saúde”, completa.

MUDANÇAS E TRANSTORNOS NO FIES Dentro desse contexto de contingenciamento, as novas regras para o Programa de Financiamento Estudantil (FIES), anunciadas em dezembro de 2014, também têm causado transtornos para milhares de estudantes do ensino privado e, inclusive a desistência de alunos em concluir os seus cursos. Na opinião da UNE, a reforma do FIES, apesar de ser legítima em alguns dos seus méritos – como a maior fiscalização sobre as universidades privadas e o combate aos abusos do setor – não pode, de maneira alguma, prejudicar o estudante como tem acontecido.

Estudantes da Gama Filho em protesto no Rio de Janeiro

Na Universidade de Fortaleza (Unifor) no Ceará, o aumento não justificado de 12% nas mensalidades barrou o aditamento de novos contratos do programa e trouxe dificuldades, até mesmo, para quem já era beneficiário. Os estudantes organizaram protestos, se mobilizaram e conseguiram reverter o reajuste na mensalidade da instituição pela metade.

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Porém, em diversas universidades pelo país, o drama ainda não acabou. O diretor de Universidades Privadas da UNE, Mateus Weber, afirma que a entidade não aceita nenhum centavo a menos para a educação. “Estamos mobilizando as IES privadas do Brasil afora e a Justiça para garantir que nenhum estudante do Fies seja prejudicado”, declara. Ele lembra que, para combater a raiz desses problemas, a entidade defende também uma maior regulamentação do ensino privado no Brasil. Para tanto, o movimento estudantil cobra a urgente criação do INSAES (Instituto Nacional de Supervisão e Avaliação do Ensino Superior). E essa cobrança não é de hoje. Nesses últimos anos a UNE tem participado de várias audiências públicas pedindo a aprovação do Instituto. O projeto aguarda na Câmara dos Deputados e, apesar de aprovado o regime de urgência do tema, o Presidente da Casa, Eduardo Cunha, com total indiferença, afirmou que não deve colocá-lo para votação. UNE se manifestou contra o descredenciamento e prejuízos aos estudantes.

EDUCAÇÃO NÃO É MERCADORIA

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No início de janeiro de 2014, o movimento #ForaGalileo, dos estudantes da Universidade Gama Filho (UGF) e UniverCidade, tornou-se um símbolo da luta nacional contra a situação de descaso do ensino superior privado brasileiro. Foi, também, nesse mesmo ano que a UNE lançou a cartilha “Educação não é mercadoria” e consolidou, ainda mais essa bandeira do movimento estudantil de toda a América Latina.

A crise nas universidades privadas cariocas começou após o Grupo Galileo Educacional comprar as duas universidades, em meados de 2011. O resultado foi demissões, aumento das mensalidades, reajustes abusivos, protestos de alunos, funcionários e professores, além da falta de diálogo com a comunidade acadêmica. O Ministério da Educação decidiu pelo descredenciamento das duas instituições.


A UNE avaliou que essa não era a melhor das saídas para a crise, pois prejudicou estudantes que precisavam terminar seus cursos. Foram realizadas diversas manifestações e a maior ocupação de reitoria da história do movimento estudantil: foram 78 dias. Sem avanços, os jovens ocuparam o MEC, em Brasília, cobrando soluções efetivas para a crise. Acampados no gramado do Palácio do Planalto, diretores da UNE, da UEE-RJ e estudantes da Gama Filho, foram retirados e agredidos pela polícia do Congresso. Após esses episódios, a UNE conseguiu uma vitória importante: a Carta de apoio dos reitores de todas as universidades federais do Rio de Janeiro à federalização instituições privadas sucateadas e descredenciadas.

das

ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL E REFORMA CURRICULAR Atualmente sete em cada dez estudantes brasileiros trabalham e muitos tem dificuldades para se manter na universidade e terminar seus cursos. Portanto, foi crescente também nesta gestão a luta por mais políticas de Assistência Estudantil. “Esse público novo da universidade já não se contenta com políticas de permanência somente interna, como um restaurante universitário. Ele quer respostas que compreendam a assistência estudantil para fora da universidade, como o transporte para a faculdade, acesso à informação, à cultura”, afirma a Diretora de Universidades Públicas, Mirelly Cardoso. Ela acrescenta que o modelo educacional de muitas universidades ainda é da época da ditadura e que são necessárias reformas curriculares. “Quando essas instituições foram criadas, eram para os homens, héteros e brancos, de uma classe rica que não precisavam trabalhar. Popularizamos a universidade colocamos filhos e filhas de trabalhadores e trabalhadoras nela, mas ainda temos uma grade curricular que não corresponde à realidade desse novo público”.

ProUni A UNE comemorou 10 anos de Programa Universidade para Todos, em 2014. Nesse período, o ProUni concedeu 1.497.180 bolsas, segundo o último balanço divulgado pelo MEC. Porém, o Prouni também precisa se reformular, ser mais abrangente e incluir os estudantes de baixa renda em todos os cursos.

INSAES O INSAES (Instituto Nacional de Supervisão e Avaliação do Ensino Superior) tramita na Câmara dos Deputados desde 2012. O requerimento para a votação, em regime de urgência da proposta foi aprovado em março deste ano pelo plenário da Câmara. Caberá ao Instituto supervisionar e avaliar 35 instituições de educação superior no sistema federal de ensino públicos ou privados.


Praia do Flamengo 132: Uma história que se ergue Obras do novo prédio da entidade estão em fase avançada. Projeto doado por Oscar Niemeyer deverá ser concluído em 2016. O endereço mais conhecido do movimento estudantil brasileiro está movimentado nos últimos meses. Tratores, escavadeiras, betoneiras, trabalhadores e um sonho realizado: reerguer o prédio onde funcionou a sede da UNE e da UBES, desde 1942, incendiado e, posteriormente, demolido pela ditadura militar brasileira. O terreno vago da Praia do Flamengo 132, deu lugar às obras do centro cultural, que abrigará as memórias da luta estudantil de todos os tempos. O prédio será um importante patrimônio da cidade do Rio de Janeiro, e teve o seu projeto arquitetônico desenhado por Oscar Niemeyer, que presenteou a UNE e a UBES em reconhecimento à importância do local para a afirmação da democracia no país. O prédio terá museu, auditório multiuso, sala de exposições e será permanentemente ocupado pelos movimentos culturais da cidade. A expectativa da UNE é que as obras estejam prontas em 2016. Para desenvolver a obra, a UNE se preocupou em buscar soluções ambientalmente corretas e padrões internacionais de sustentabilidade. Além disso, o projeto dialoga de forma moderna e dinâmica com a cidade do Rio, buscando interação com o espaço público, priorizando formas alternativas de mobilidade e contribuindo para um novo olhar sobre o ambiente urbano.

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O terreno da Praia do Flamengo foi reconquistado pela UNE em 2007, em uma grande manifestação depois da 5ª Bienal da entidade. Antes, funcionou ali um estacionamento irregular, instalado após a demolição do antigo prédio. Com a ocupação dos estudantes, teve início uma grande campanha da sociedade civil para que a posse fosse devolvida à UNE. Artistas, intelectuais, políticos e a população local apoiaram o movimento, até a vitória na justiça, em 2008.

Projeto da sede foi doado por Oscar Niemeyer.


Sede da UNE demolida pela ditadura, na década de 1980.

Já em 2010, a UNE foi indenizada, por decisão unânime do Congresso Nacional, em função das mortes, torturas e perseguições do estado brasileiro aos estudantes, durante a época da ditadura militar. Na época, o presidente Lula compareceu pessoalmente ao endereço da Praia do Flamengo, repetindo o gesto do presidente João Goulart, em 1963. Ao reerguer o seu prédio, a UNE colabora para afastar de vez os fantasmas de um passado doloroso e indesejado, demonstrando a maturidade da democracia brasileira e a força da juventude na construção de um país livre, justo e soberano. Terreno da Praia da Flamengo com obras a todo o vapor.

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Dois anos de estudantes em movimento UNE busca a democratização e ampliação da rede do movimento estudantil com a nova configuração do público universitário

Homenagem a Helenira Resende, no 62º CONEG.

Organizar e fortalecer a rede do movimento estudantil, em um universo de 7,3 milhões de universitárias e universitários em todo o país, é um grande desafio para qualquer gestão da UNE. Esta que se encerra, então, já começou com a responsabilidade de ratificar o desejo de um gigantesco Congresso da entidade.

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O encontro, que foi realizado no final de maio e início de junho de 2013, na cidade de Goiânia, envolveu quase dois milhões de estudantes na sua etapa preparatória e teve delegados eleitos em 98% das universidades de todo o país. A chapa “Bloco da unidade para o Brasil avançar” foi eleita com 2.607 dos votos (69%), dentro de um total de 3.764 delegados credenciados.

Desde então, todas as atividades do movimento estudantil seguiram com grande participação de jovens das universidades públicas e privadas. Na avaliação do Diretor da Área de Humanas da UNE, Ivo Braga, a UNE vive um momento de democratização e fortalecimento: “Fomos a gestão dos maiores Fóruns da UNE e isso é muito significativo para demonstrar a disposição dessa geração em transformar o seu futuro”, opina. Como exemplo, ele aponta o último Conselho Nacional de Entidades Gerais (Coneg) da UNE, que teve a participação de 500 Diretórios Centrais dos Estudantes (DCEs) de todo o Brasil. “Essa é uma prova incontestável de que, quanto mais ampla for a nossa entidade, mais o movimento estudantil se organiza no país inteiro”, diz.


POSSE PRESTIGIADA A posse da diretoria eleita deveria acontecer logo depois do Congresso, porém, com toda a efervescência dos acontecimentos de junho de 2013, a nova gestão já começou diretamente com o pé nas ruas, nas jornadas de manifestações por todo o país. A posse veio a acontecer no dia primeiro de agosto, na Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo (USP). Mais de 60 entidades dos movimentos sociais brasileiros participaram da posse, demonstrando a grande importância e legitimidade do movimento estudantil no conjunto das lutas populares brasileiras. Também participaram autoridades do Brasil e do exterior.

Estudantes no 62º CONEG.

REUNIÕES DA DIRETORIA PLENA Durante a gestão, a UNE realizou três reuniões da sua diretoria plena, composta por mais de 80 membros. Todos os encontros foram abertos a todos os estudantes e à sociedade, em geral. O primeiro encontro aconteceu logo após a posse da nova diretoria, em agosto de 2013, na Universidade de São Paulo. A segunda reunião aconteceu entre os dias 24 e 26 de fevereiro de 2014, na Universidade de Brasília (UnB), e a terceira nos dias 14 e 15 de outubro de 2014, no Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOSP). Pela primeira vez, as reuniões da diretoria plena da UNE foram transmitidas ao vivo pela internet, por meio da TV UNE. 63º CONEG.

CONSELHOS DE ENTIDADES GERAIS A gestão 2013-2015 da UNE promoveu duas edições do Conselho Nacional de Entidades Gerais (Coneg), reunindo DCEs, Executivas de Cursos e Uniões Estaduais Estudantis de todo o país. O 62º Coneg aconteceu nos dias 31 de maio e primeiro de junho de 2014, na Universidade de São Paulo (USP). Ainda no calor da aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE) nos dias anteriores, o encontro também definiu a plataforma de reivindicações da UNE para os candidatos às eleições federais e estaduais daquele ano. A 63º Conselho ocorreu, também, em São Paulo, na Universidade Nove de Julho, entre os dias 20 e 22 de março de 2015, e terminou com a convocação do 54º Congresso da UNE. Plenária 63º CONEG.

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linha do tempo da gestão 2 de junho de 2013

14 de agosto de 2013

A UNE elege sua nova presidenta: Vic Barros, pernambucana de Garanhuns, estudante de Letras da Universidade de São Paulo (USP). A eleição acontece após um grande Congresso na cidade de Goiânia.

Após um dia de ocupações da UNE, é aprovada na Câmara a lei que destina 75% dos royalties do petróleo para a educação, uma conquista histórica que estava sendo perseguida pelos estudantes há muitos anos.

2 de junho de 2013

13 de junho de 2013

9 de julho de 2013

14 de agosto de 2013

9 de julho de 2013 Ainda sob o calor das Jornadas de Junho, a UNE e outras entidades conquistaram a aprovação do Estatuto da Juventude, um conjunto de leis para garantir os direitos da população com idades entre 15 e 29 anos, no Brasil.

13 de junho de 2013 A UNE participa das jornadas de junho, série histórica de manifestações, que foi protagonizada, principalmente, pela juventude brasileira, reivindicando a redução das tarifas dos transportes, melhorias nos serviços públicos, mudanças na política, mais investimentos e prioridades para áreas como a saúde e a educação. Na foto um dos protestos, realizado no dia 13 em São Paulo.

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1º de abril de 2014 A UNE realiza a “descomemoração” do golpe militar de 1964, no dia em que esse evento completou 50 anos. Os estudantes realizam uma vigília, durante a madrugada. na frente da antiga sede da entidade na Praia do Flamengo, Rio de Janeiro.

26 de dezembro de 2013 A gestão da UNE consegue mais um grande feito histórico para o movimento estudantil: a aprovação de uma lei nacional para garantir o direito da meia-entrada de estudantes em eventos culturais e esportivos. A Lei 12.933/2013 estabelece os mesmos critérios para a meia em todo o Brasil, combate a banalização desse direito e as falsas carteiras.

29 de agosto de 2013

26 de dezembro de 2013

1º de março de 2014

1º de abril de 2014

1º de março de 2014 UNE lança a cartilha “Educação não é mercadoria”, uma publicação nacional para alunos das universidades privadas de todos os estados. O material explica como os alunos devem se posicionar contra os abusos de algumas dessas instituições, como aumentos irregulares nas mensalidades e problemas com a qualidade de ensino.

29 de agosto de 2013 A UNE promove um grande ato na faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), junto com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), movimentos de magistrados e ligados à igreja católica para lançar o projeto Eleições Limpas. Trata-se de uma proposta de reforma política para ampliar a democracia no Brasil, combatendo o poder econômico no sistema político, contra as doações de empresas para campanhas.

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13 de março de 2015 A UNE participa, junto à CUT, à CTB ao MST e outros movimentos, do Dia Nacional de Lutas em defesa da Petrobras e pela Reforma Política. Em uma grande onda de manifestações nacionais, os estudantes ocuparam as ruas das principais cidades brasileiras e denunciaram, também, a onda de conservadorismo e golpismo expressa no país nos primeiros meses de 2015.

1º a 6 de fevereiro de 2015 Foi realizada a 9a edição da Bienal da UNE, o maior festival estudantil da América Latina, na cidade do Rio de Janeiro. Com o tema “Vozes do Brasil”, essa foi a maior das bienais já realizada pela entidade, com a participação de 12 mil jovens de todo o país e mais de 200 atrações.

28 de maio de 2014

1º a 6 de fevereiro de 2015

12 de fevereiro de 2015

13 de março de 2015

28 de maio de 2014

12 de fevereiro de 2015

Foi conquistada a maior vitória da UNE e do movimento estudantil na área da educação. Com muita pressão dos estudantes, o Congresso Nacional, finalmente, aprovou o Plano Nacional de Educação (PNE) , com a garantia de 10% do PIB brasileiro investidos, exclusivamente nesse setor.,

A UNE se junta aos professores do Paraná em apoio à greve contra a retirada de direitos e ao pacotaço do governador Beto Richa. O movimento foi duramente repreendido pela Polícia Militar do estado e levou a episódios tristes de violência contra os professores, como o ocorrido no dia 29 de abril.

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1º a 3 de maio de 2015 Realizado o 6º Encontro de Mulheres da UNE (EME). O evento reuniu centenas de mulheres estudantes, em Curitiba, para promover a luta contra o machismo nas universidades e na sociedade em geral.

16 de abril de 2015 A UNE se junta a UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) em um protesto, na capital federal, contra a proposta de redução da maioridade penal no Brasil. Os estudantes também denunciaram o extermínio da juventude negra no país e cobraram mais investimentos em políticas educacionais e voltadas para os jovens.

3 a 5 de abril de 2015

16 de abril de 2015

1º de maio de 2015

1º a 3 de maio de 2015

1 de maio de 2015 Lançado o novo site da UNE, com uma nova plataforma para a circulação de informações, mais canais de participação, opinião e organização da juventude. Em seguida, foi lançado, também, o aplicativo da UNE.

3 a 5 de abril de 2015 Foi realizado o quarto Encontro de Negros, Negras e Cotistas da UNE, na Universidade Federal da Bahia. Centenas de estudantes se reuniram para debater as políticas de inclusão racial e social dentro do ensino superior brasileiro.

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UNE de cara nova na internet Lançamento do novo site da entidade ocorreu em meio à luta pela democratização da comunicação no Brasil. No dia primeiro de maio de 2015, foi lançado o novo site na UNE da internet. A página dos estudantes foi reformulada de forma a apresentar mais conteúdos, notícias, informações e artigos de opinião, relacionados ao movimento estudantil e às lutas populares, em geral. Além disso, o site permite mais interação dos internautas e articulação com os canais da entidade nas redes sociais. Segundo o diretor de Comunicação da UNE, Thiago José, o novo site representa um momento de amplo crescimento das mídias virtuais da entidade, ocupando um lugar cada vez maior de interlocução com a classe estudantil brasileira: ”Nos últimos anos, a internet se consolidou como uma nova forma de gerar debate, fazer a informação circular e mobilizar as pessoas”, afirma. A UNE também avançou nas redes sociais. Durante esta gestão, desde junho de 2013, a página da UNE no Facebook aumentou em quatro vezes o seu alcance, recebendo, atualmente, quase 170 mil curtidas. A UNE também ampliou o seu engajamento no Twitter e passou a explorar outras ferramentas como o Instagram e o Whatsapp.

UNE PELA DEMOCRATIZAÇÃO DA MÍDIA No Brasil, apenas sete famílias comandam quase tudo que a população lê nos jornais, assiste na televisão ou escuta pelo rádio. Por isso, é cada vez mais crescente no país o debate sobre a democratização dos meios de comunicação, uma medida urgente para equilibrar a circulação de informação na sociedade. A UNE defende o projeto de lei de iniciativa popular da mídia democrática, elaborado pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), que busca regulamentar o setor.

MARCO CIVIL DA INTERNET: VITÓRIA DOS MOVIMENTOS Em abril de 2014, a mobilização de ativistas digitais, grupos ligados à comunicação, à mídia livre e à diversidade cultural conseguiram a maior vitória da história do Brasil, no que se refere ao uso da internet: a aprovação do Marco Civil para o mundo virtual. A regulamentação garante um mínimo de equilíbrio na rede, principalmente, no que se refere à sua neutralidade. Com o Marco Civil, os provedores de serviço ou empresas de telefonia não podem limitar ou definir o conteúdo que o usuário poderá acessar.

A REDE GLOBO APOIOU A DITADURA 46

Em 2015, completou-se 50 anos da maior e mais poderosa rede de televisão do país. Como presente de aniversário, a Rede Globo ganhou dos estudantes uma chuva de protestos contra o papel nefasto que cumpre, historicamente na política brasileira. A UNE lembrou, principalmente, o apoio da Globo à ditadura militar no país.


NOVO SITE DA UNE A União Nacional dos Estudantes está de cara nova na internet. O site da UNE foi reformulado e agora possui novos conteúdos, mais notícias, artigos e mais interatividade com a rede do movimento estudantil. Acesse www.une.org.br 47


Com a palavra,

as redes:

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A UNE e a busca pela verdade Entidade e estudantes “descomemoraram” os 50 anos do golpe militar de 1964 e relembraram os seus heróis. Sem dúvida, a juventude foi a principal atingida pelo golpe militar, que elegeu os jovens e seus sonhos como a maior ameaça, um inimigo a ser combatido. A UNE foi colocada na ilegalidade, a sua sede, na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, foi incendiada pelos militares e toda a sua diretoria teve que fugir para o exílio. Durante os vinte anos de trevas da ditadura, muitos estudantes tombaram na defesa da democracia e se tornaram heróis da juventude brasileira, como Honestino Guimarães, Helenira Rezende e Edson Luís. Cinquenta anos depois daquele trágico ano de 1964, a democracia voltou, mas os resquícios e efeitos colaterais daquele período, ainda são entraves ao Brasil que a juventude deseja. A polícia militar segue reprimindo os movimentos sociais, a mídia continua na defesa dos poderosos e os torturadores andam livres pelas ruas. Os sonhos daquela geração e desta, contudo, ainda estão vivos. Como aconselha o rapper Criolo, na canção “Samba, Sambei”: “Não baixe a guarda, a luta não acabou!”.

“DESCOMEMORAÇÃO” DOS 50 ANOS DO GOLPE MILITAR Entre março e abril de 2014, a UNE realizou uma série de intervenções nas ruas e nas redes para “descomemorar” os 50 anos do golpe de 1º de abril de 1964. Na internet, o site da entidade lançou uma Linha do Tempo sobre a participação dos estudantes brasileiros na resistência à ditadura, no processo de redemocratização do país e de busca pela verdade sobre os crimes cometidos pelo Estado naquele período (acesse através do link: http://bit.ly/1cj7KI8). Na noite do dia 31 de março de 2014, os estudantes realizaram uma “vigília da resistência” para lembrar, 50 anos depois, o incêndio e a destruição da sede da entidade, um dos primeiros atos dos militares assim que instauraram a ditadura. Os estudantes fizeram um enterro simbólico, do regime militar, em frente à antiga sede, na Praia do Flamengo, 132, com velas, flores, poesias e canções, que lembraram desaparecidos. Atualmente, o edifício está em reconstrução.

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Já no dia 1º de abril, cerca de três mil pessoas saíram às ruas da capital carioca para lembrar os 50 anos do início da ditadura. A manifestação, que saiu da Praça da Candelária, teve como principal objetivo chamar a atenção da sociedade para o resgate da memória de tantas vítimas da ditadura, assim como celebrar a democracia conquistada após este período sombrio de nossa história.

Lançamento da Comissão da Verdade da UNE, em Recife.


“Com a violência de uma ação militar obscura, construída e apoiada por setores conservadores e poderosos da sociedade civil, a democracia foi ao chão, deixando a vitória parcial da incerteza, da irracionalidade, da exceção. O ano de 1964 tornou-se o marco de um golpe, um ataque, a punhalada que criou uma ferida profunda, com cicatrizes ainda visíveis”, escreveu a presidenta da UNE, Vic Barros.

COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE DA UNE Em janeiro de 2013, a UNE lançou a sua Comissão Nacional da Verdade (CNV), que teve como objetivo investigar, apurar e esclarecer os casos de morte ou desaparecimentos de estudantes e dirigentes da entidade durante a ditadura. Agora, a Comissão divulga o seu relatório final. Após dois anos de intensas pesquisas e muitas dificuldades impostas pela caserna militar, a CNV da UNE lança uma revista com o relatório, em um ato, no 54º Congresso da UNE. “Registros que permanecem do passado, representam para a UNE, um fator importante para entender sua história. A memória é uma dessas ferramentas que a UNE entende que podem transformar a sociedade”, afirma a coordenadora da comissão, Raisa Marques.

A publicação traz um relatório sobre a vida e a morte do seu ex-presidente, Honestino Guimarães, assassinado pelo regime em 1973. Honestino se tornou um símbolo da juventude brasileira, mas o paradeiro dos seus restos mortais ainda é incerto. A comissão preparou, também, um texto sobre a militante estudantil Helenira Rezende, antiga dirigente da entidade, que foi morta durante a Guerrilha do Araguaia.

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Conflito com policiais durante manifestações de junho de 2013.

A LUTA PELA DESMILITARIZAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR Herança maldita da ditadura, o combate à militarização da polícia brasileira se tornou uma das principais lutas desta gestão da UNE. Essa bandeira ganhou força nas Jornadas de Junho de 2013, quando a violenta repressão da Polícia Militar de São Paulo, sobre os protestos pela redução da tarifa do transporte público ,transformaram as manifestações em grandes mobilizações de massa em todo o país. As cenas de violência protagonizadas pela PM do Paraná em opressão aos protestos dos professores da rede pública, em abril de 2014, foram mais um capítulo desta triste história nacional. “A Polícia Militar, sua concepção e prática, é obra da ditadura civil-militar brasileira. Ainda hoje é possível encontrar semelhanças, seja na truculência, na tortura, no assassinato ou na ocultação de cadáveres, como no caso Amarildo. A atuação da PM, em protestos e greves, também deixa clara a urgência da pauta”, observa Thiago Pará, diretor de Políticas Educacionais da UNE. Para resolver a crise na segurança pública, a entidade defende a aprovação da PEC 51/2013, do senador Lindberg Farias (PT-RJ). “O projeto avança na perspectiva de unificação das carreiras civil e militar das polícias, na desmilitarização, na mudança nos currículos das escolas militares, na construção de ouvidorias, entre outros pontos. É uma mudança positiva e, certamente, contribuirá para tornar nossa segurança pública mais humana”, afirma Thiago Pará. 52


A UNE da Cultura Bienal, aprovação da Lei Cultura Viva, regularização do acesso à meia-entrada e a reestruturação do Cuca marcam gestão. A complementaridade entre cultura e educação é um dos focos da União Nacional dos Estudantes desde a sua fundação, em 1937. A participação dos estudantes em atividades culturais é parte importante do processo educacional, tornando-se solo fértil para o desenvolvimento da identidade nacional e propiciando novos rumos e ideias para o Brasil que queremos construir. Nesta gestão, a entidade obteve grandes avanços e conquistas, como a aprovação da Lei Cultura Viva, agora política de Estado, a reestruturação do Circuito Universitário de Cultura e Arte da UNE, o conhecido ‘’CUCA’’, a aprovação da Lei 12.933/2013, que pela primeira vez regularizou o direito à meia-entrada em todo o território brasileiro e a realização da 9ª Bienal, que com mais de 15 mil estudantes inscritos, transformou-se na ‘’Bienal das Bienais’’. Para a diretora de cultura da UNE, Patrícia de Matos, estimular a cultura é fugir de uma educação burocrática, que não se preocupa em preparar cidadãos para pensar e participar da vida política. ‘’Divulgar a produção cultural, que emana das universidades e das comunidades, estimula a circulação do que existe de mais rico dentro das instituições. A internet, as redes culturais, a cultura colaborativa e a possibilidade de acesso ao conhecimento e exercício da expressão são elementos que acreditamos serem necessários para a educação no país’’, disse. Criolo fez um dos shows mais históricos das Bienais.

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UMA ‘’SENHORA’’ BIENAL De 1º a 6 de fevereiro de 2015, a UNE realizou a sua maior Bienal de todos os tempos. Os cerca de 15 mil estudantes presentes na 9ª edição do evento, realizada na Fundição Progresso e nos Arcos da Lapa no Rio de Janeiro, tiveram a oportunidade de respirar cultura. Foram seis dias de festival com muitos debates, exposições, apresentações de música, teatro, dança e vernissages. Sob o tema ‘’#VozesdoBrasil’’, o evento, que já é considerado o maior festival estudantil da América Latina, recebeu também convidados especiais como os ministros da Secretaria Geral da Presidência e da Cultura, Miguel Rosseto e Juca Ferreira, o sambista Arlindo Cruz, a cantora Pitty, o rapper Criolo, a banda Cidade Negra, o cantor Alceu Valença, o poeta Sérgio Vaz, e Jefferson Monteiro, criador da personagem Dilma Bolada.

A diversidade linguística brasileira norteou os mais de trezentos trabalhos escolhidos dos quase 2 mil inscritos por estudantes de todo país. As áreas que receberam trabalhos foram: música, artes visuais, literatura, audiovisual, artes cênicas, ciência e tecnologia e projetos de extensão. ‘’O resultado da das inscrições de trabalhos nos surpreenderam positivamente. Essa Bienal teve o maior número de inscritos de toda a sua história. Isso garantiu uma mostra com uma vasta diversidade cultural. Vale destacar que a produção cultural dos estudantes, além de estar efervescente dentro das universidades, mostrou também uma qualidade e uma ousadia de temas e propostas muito apuradas’’, avaliou a diretora de cultura da UNE.

Encontro com o ministro da Cultura, Juca Ferreira.

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BIENAL DA MÚSICA A mostra convidada de música da 9ª Bienal reuniu algumas das atrações mais aclamadas Brasil afora: Criolo, Alceu Valença, Pitty, Cidade Negra e Arlindo Cruz fecharam as noites do festival, com grandes shows ao ar livre no coração da Lapa. Abrindo a série de shows, o cantor e compositor, Arlindo Cruz, fez uma apresentação arrebatadora Arlindo Cruz e Dona Ivone Lara no palco da Bienal. no Circo Voador. Autor de inúmeros clássicos, o artista recebeu no palco a grande homenageada da mostra de música do festival, Dona Ivone Lara. Emocionada, a rainha do samba agradeceu a presença dos estudantes e ainda cantou trechos da música “Sonho Meu”. Já no segundo dia, a cantora Pitty levou a loucura os milhares de fãs que ocuparam os Arcos da Lapa. Na terceira noite foi a vez do cantor pernambucano, Alceu Valença, lotar a Praça e relembrar seus hits junto à estudantada. A banda Cidade Negra encerrou o quarto dia de atividades comemorando 20 anos do disco “Sobre Todas as Forças”. Para fechar, o rapper Criolo fez um show memorável na última noite do festival: mais de 30 mil pessoas compareceram aos Arcos da Lapa.

BIENAL DOS DEBATES Grandes debates tomaram conta da 9ª Bienal da UNE. Ao longo de todo o evento, seminários, discussões e rodas de conversa expuseram as mais variadas ideias sobre diferentes temas. A variação linguística foi tema central do debate “Vozes do Brasil, traduzindo a brasilidade”, com o professor do Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução da UnB (Universidade de Brasília) Marcos Bagno e a coordenadora do Núcleo Educativo do Museu da Língua Portuguesa (SP), Marina de Toledo. ‘’A língua em 140 caracteres’’ foi outra discussão que agitou o festival. A atividade teve como convidados o criador da personagem virtual Dilma Bolada, Jeferson Monteiro, e a representante do Mídia Ninja, Raíssa Galvão, falando sobre a influências das redes sociais na comunicação. Os assuntos dialogaram diretamente com o tema desta edição da 9ª Bienal da UNE, #VozesdoBrasil. Reforma política, seminário de cultura e regulação da mídia também foram alguns dos assuntos debatidos durante o evento. 55


BIENAL DE MAIS CULTURA

LEI CULTURA VIVA!

O ministro da Cultura, Juca Ferreira esteve presente no festival e bateu um papo com os estudantes presentes. A conversa com o ministro se deu em formato dinâmico, circular, com a colaboração de diversos movimentos culturais de juventude e cultura do país, entre eles o “Fora do Eixo” e a “Nação Hip Hop Brasil”.

Em abril, um dos desafios citados pelo ministro da cultura durante a Bienal foi superado. Isso aconteceu devido ao lançamento da Política Nacional de Cultura Viva (PNCV). Instituída pela Lei 13.018/14, mais conhecida como Lei Cultura Viva, a PNCV transformou a lei, que trata dos pontos de cultura no país, em política de estado.

Juca enumerou desafios do setor cultural no próximo período, entre eles a reformulação da Lei Rouanet e dos mecanismos de financiamento, o fortalecimento da cultura popular, a implementação da Lei Cultura Viva e o crescimento da cultura digital. Ele ouviu reivindicações dos grupos presentes, e prometeu apoio aos estudantes na regulamentação da meia-entrada, que classificou como “parte de uma política de democratização da cultura no Brasil”.

Para a diretora de cultura da UNE, Patrícia de Matos, o lançamento da Lei Cultura Viva foi um marco importante para a garantia do direito à cultura. ‘’Sem dúvida, a transformação da lei em política de Estado e a sua ampliação vai ao encontro da necessidade de radicalizar a democracia no nosso país, na medida em que o programa conta com a participação permanente da sociedade, superando a burocracia que afasta o Estado do povo’’, avaliou.

Espetáculo de abertura da Bienal em homenagem à obra “Macunaíma”.

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Praça dos Arcos da Lapa reuniu multidões.

MEIA-ENTRADA PRA VALER! A garantia do acesso estudantil aos bens culturais passa pela luta travada pela meia entrada, pauta da UNE há 70 anos e um dos principais direitos conquistados pela juventude no século passado. Nos últimos anos, entretanto, foi fortemente atacada após a edição da MP 2.208/01, que fragilizou o direito à meia-entrada e fez subir o preço dos ingressos. Por conta da MP 2.208/01, entidades alheias à escola e à universidade puderam emitir a Carteira de Identificação Estudantil (CIE), o que fez com que, uma série de entidades cartoriais – que tratam a meia-entrada não como um direito, mas como mercadoria – emitissem o documento e proliferassem fraudes. A nova Lei da Meia-Entrada tem o intuito de proteger e assegurar o direito do estudante. Somente por meio da padronização dos documentos é que fraudes podem ser evitadas. A Lei da Meia-Entrada revoga a MP 2.208/01 e padroniza, nacionalmente, a carteira de identificação estudantil. Dessa forma, a fiscalização sobre a emissão do documento é reforçada, assegurando que um piso, de pelo menos 40% de ingressos para espetáculos artísticos, culturais e esportivos, sejam reservados exclusiva e prioritariamente, para estudantes, deficientes e jovens de baixa renda.

‘’A conquista da meia entrada integra o conjunto de lutas recentes da juventude brasileira, assim como o direito à educação, ao transporte e à saúde. O acesso à cultura é fundamental ao empoderamento dos estudantes e sua formação crítica, plural e cidadã’’, comemorou o tesoureiro da UNE, Bruno Corrêa.

OBRIGADO, CUCA! O Circuito Universitário de Cultura e Arte (CUCA), da UNE, foi quem organizou a 9º edição da Bienal. Criado em 2001, o CUCA funciona como uma rede de iniciativas culturais pelas universidades do país, potencializando o trabalho de jovens artistas e o diálogo com outras expressões da cultura popular. Além de elaborar boa parte da programação da Bienal, articular a rede de produtores e fazedores de cultura nas universidades para a realização das mostras selecionadas, o CUCA, da UNE, se desafia a imergir, de forma permanente, no ambiente cultural e artístico, aprimorando sua rede e acumulando experiências. ‘’Ao protagonizar o processo de mobilização dos trabalhos inscritos e coordenar a seleção e curadoria dos trabalhos, o CUCA ganha, a cada Bienal, uma nova roupagem e se reinventa no ritmo da vida cultural e artística das universidades e, também, do povo brasileiro’’, destacou Patrícia de Matos.

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Defesa da juventude negra foi uma das principais lutas da gestão.

UNE de todas as vozes Enune, EME e Seminário LGBT mostram a força da diversidade e da luta contra as opressões na entidade. ‘’A UNE somos nós, nossa força e nossa voz’’, diz o hino da entidade. Nesta gestão, as vozes que se destacaram foram aquelas de combate à opressão e a todas as formas de preconceito. Sua força ficou óbvia devido as grandiosas edições do Encontro de Estudantes Negros, Negras e Cotistas (Enune), Encontro de Mulheres Estudantes (Eme) e também do 1º Seminário de LGBT da UNE, realizado durante a 9ª Bienal. Para a presidenta da UNE, Virgínia Barros, o movimento estudantil se mantém na linha de frente do combate a qualquer tipo de opressão. ‘’Somente na luta cotidiana contra o machismo, racismo e homofobia poderemos mudar a realidade de medo e violência e construir uma sociedade igualitária e fraterna, onde todos e todas possam viver plenamente a sua diversidade. Essa pauta nos une’’, enfatizou.

OS NÚMEROS COMPROVAM Tanto a 4ª edição do Enune quanto a 6ª edição do EME e o 1º Seminário LGBT comprovaram a dimensão das lutas travadas pelo povo negro, pelas mulheres e pelos homossexuais.

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Realizado na Universidade Estadual da Bahia (UNEB), em Salvador, o Enune contou com a presença de cerca 600 participantes. Já o Eme recebeu mais de mil meninas na Universidade Federal do Paraná (UFPR) em Curitiba e o 1º Seminário LGBT foi um dos momentos mais concorridos da 9ª Bienal, realizada em fevereiro na capital carioca. Todas as edições já fizeram história na entidade: são as maiores realizadas, até então.


TODOS CONTRA O PRECONCEITO! O 1º Encontro LGBT da UNE foi uma das atrações mais prestigiadas pelos participantes nesta 9ª Bienal, lotando o espaço do Largo Pasárgada, na Fundição Progresso, na quinta-feira, dia 5 de fevereiro. Debateram direitos e trajetórias a deputada federal, Érika Kokay (PT-DF); Andrei Lemos, do Apoio à Gestão Participativa do Ministério da Saúde; Symmy Larrat, coordenadora do Programa Transcidadania da Prefeitura de São Paulo; Tiago Ducrer, do Coletivo Nacional de Juventude Negra (Enegrescer) e Rafael Pedral, da Secretaria de Juventude Nacional ABGLBT. Para diretora LGBT da UNE, Larissa Passos, este foi um dos grandes momentos da gestão. “O primeiro e grandioso Encontro LGBT da UNE garantiu a presença nas mesas de cada sigla (LGBT), das mulheres e dos negros. Trouxe o debate que a UNE disputa diariamente, que é uma educação laica e emancipatória, uma vez que a comunidade LGBT é invisibilizada ou discriminada da educação infantil ao ensino superior. Entendemos que é garantindo direitos (educação, saúde, direito à cidade, cultura), que estas pessoas terão condições básicas para escolherem suas trajetórias’’, avaliou. Segundo ela, a UNE, com seu peso institucional, político e social, segue firme na luta em defesa da educação laica e da democracia do país. ‘’O movimento estudantil está articulado, com o intuito de promover, cada vez mais, possibilidades de entrada, permanência e saída de LGBTs nas instituições de ensino, combatendo todo e qualquer tipo de discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, em diálogo também com o mundo do trabalho. Entendemos que é construindo a equidade de oportunidades na educação, que a universidade terá meios para quebrar seus muros, dialogar com a comunidade e modificar o cenário social e do mundo do trabalho, que ainda permanece LGBTfóbico’’, contou.

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Manifestação nas ruas de Salvador, durante o ENUNE.


POVO NEGRO UNIDO O feriado de Páscoa, de 5 a 7 de abril, foi um período de muita luta e engajamento para os mais de 600 estudantes que estiveram presentes durante a 4ª edição do Encontro de Estudantes Negros, Negras e Cotistas da UNE (Enune), realizado na Universidade Estadual da Bahia (Uneb), em Salvador. Debates, rodas de conversa, oficinas, grupos de discussão e até uma manifestação tomaram conta dos três dias de evento. “Este encontro fez parte de uma agenda central para reforçar a luta anti-racista. Foi um momento para debater as políticas educacionais e um projeto de país negro, que emancipe os mais de 50% de sua população”, contou a diretora de combate ao racismo da UNE, Marcela Ribeiro.

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Uma importante moção de repúdio à redução da maioridade penal, discussão em curso no Congresso Nacional também foi produzida pelos estudantes. ‘’A aprovação da PEC 171/93 vai de encontro a todos os avanços conquistados ao longo de 515 anos de resistência do povo negro no Brasil, materializados, sobretudo, na institucionalização do combate ao racismo pelo governo federal, com a criação da SEPPIR. Os desdobramentos das políticas de ações afirmativas, articuladas por essa estrutura de governo, como a aprovação Lei de Cotas, o Estatuto da Igualdade Racial, tiveram impacto real na vida da população negra e abriram, ainda que de modo muito inicial, novas perspectivas de superação do alijamento do povo negro promovido pelo racismo’’, diz a moção.

Sob o tema ‘’O Brasil que queremos para a população negra’’, os jovens participantes construíram importantes documentos e agendas de luta para o próximo período.

MULHERES DE LUTA

O documento construído na plenária final, intitulado ‘’Carta do Cabula’’, alusão ao bairro onde foi realizado o Enune, e onde 13 jovens negros e pobres foram assassinados pela polícia local, afirma que o racismo é um dos principais fatores estruturantes das injustiças sociais que acometem a sociedade brasileira e que, consequentemente, ‘’é a chave para entender as desigualdades sociais, ainda existentes no país. Mais da metade da população brasileira é negra e a maior parte dela é pobre, se apresentando enquanto reflexo histórico do escravismo na formação da sociedade brasileira, apropriado pelo capitalismo.’’

Estudantes na luta contra o machismo.

O 6º Encontro de Mulheres Estudantes da UNE (Eme) aconteceu de 1 a 3 de maio e reuniu cerca de mil mulheres na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba, para discutir temas como o combate ao machismo, racismo e lgbtfobia, democratização da mídia, reforma política, e muito mais.


EME reuniu mais de mil mulheres em Curitiba.

‘’Tivemos um grande 6º EME, mais de mil mulheres, de todo o Brasil, participando e debatendo como o patriarcado opera e quais as formas de resistência que as mulheres organizadas se ocupam em suas vidas e nas universidades. Foi o primeiro EME que teve a creche/ciranda, organizada pelo fato de que, em torno de 15 mães, levaram suas filhas e filhos. Pela rede de solidariedade criada entre as próprias estudantes mães e não-mães, de escalas e atividades, conseguimos que a maioria das mães participassem dos debates e das ações culturais’’, falou a diretora de mulheres da UNE, Lays Gonçalves. Em 2015, a diretoria de mulheres completou 10 anos de história na entidade. ‘’No movimento feminista e estudantil aprendemos que, o que temos de mais precioso, é termos umas as outras. Esses 10 anos de diretoria de mulheres, que culminaram nesta grandiosa edição do EME, foram gratificantes. Tivemos um espaço em que pudemos viver um pouquinho da auto organização e de nossas contradições. Isso nos faz crescer e avançar. A vivência na diretoria de mulheres e do EME reafirmaram a certeza de que, a solidariedade feminista deve nos ensinar a ouvir e a olhar umas para as outras: paz entre as mulheres, e guerra ao capital e ao patriarcado’’, destacou Lays. 61


Estudantes do mundo unidos UNE reafirma seu papel de aglutinadora do movimento estudantil da América Latina. Nos últimos dois anos, a UNE participou de importantes encontros de juventude internacionais, que reforçaram o protagonismo dos estudantes na conquista do direito à educação, bem como os princípios anticapitalistas na construção por um mundo melhor. O movimento estudantil mostrou, ainda, que está firme na defesa das soberanias nacionais, do fortalecimento de suas culturas e na sua responsabilidade dos avanços democráticos de suas nações. No Equador, o 18º Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes, que aconteceu em dezembro de 2013, recebeu a delegação brasileira em Quito. O diretor de Relações Internacionais da UNE, Thauan Fernandes, estava lá e assegurou o papel do Brasil em garantir a harmonia dos povos latinos e a unidade das entidades representantes dos estudantes na América Latina.

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Congresso da OCLAE, na Nicarágua.

Ele defendeu essa união das entidades e dos jovens do continente como a principal arma contra as injustiças sociais, que ainda são gritantes. “A mercantilização da educação, por exemplo, é um ponto triste que une a América Latina. O movimento estudantil do Chile, e o próprio Brasil, devem lutar juntos contra a sanha voraz do capital estrangeiro e em defesa de uma educação pública, gratuita e de qualidade”, explicou.


Movimento estudantil latino-americano quer unificação do continente.

Com o mesmo sentimento de coesão para a força do continente, o 17º Congresso da Organização Continental Latino-Americana e Caribenha de Estudantes (OCLAE) realizado em Manágua, capital da Nicarágua, em agosto de 2014, sinalizou avanços. A delegação da UNE apresentou um panorama da educação brasileira, as vitórias e desafios para garantir o financiamento de 10%do PIB para o setor conquistados recentemente. O diretor da UNE e secretário da Organização Continental Latino-Americana e Caribenha de Estudantes (Oclae) Mateus Fiorentini, que encerrou o mandato na ocasião, destacou os avanços do período na luta, que teve seu ápice com a criação do Espaço Latino-Americano e Caribenho de Estudantes (ELACES). Ele ressaltou os esforços por uma América Latina em paz e com justiça social, contra a presença militar dos EUA no continente, em especial na Colômbia, e o enfrentamento as tentativas de desestabilização política e econômica, promovida pelo imperialismo na Venezuela.

“Fazer o OCLAE na Nicarágua foi um sinal que, o movimento estudantil de todo o continente, está comprometido com transformações mais profundas nas nossas sociedades”, destacou. Já este ano, a 14ª edição do Fórum Social Mundial (FSM), reuniu cerca de 60 mil pessoas em março, em Túnis, capital da Tunísia, norte da África, em protesto contra a globalização neoliberal e em defesa da “Dignidade, Direitos e Liberdade.” O novo representante da UNE na OCLAE, Rafael Bogoni, participou do evento e também destacou o fortalecimento dos estudantes e movimentos sociais em escala global. “Precisamos ter uma educação que colabore e esteja a serviço da integração regional, uma educação pública, gratuita e de qualidade de fato. O FSM mostrou que essa luta não é só nossa, não estamos sozinhos, temos uma força continental, de outros povos, outros lugares do mundo. A unidade é a palavra de ordem’’, enfatizou Bogoni.

Na América Latina uma média de 50% das matrículas são no setor privado do ensino superior. No Brasil são cerca de 75% e no Chile a porcentagem é de 60%. Como no Brasil, a maioria se encontra, também, vendida para o capital estrangeiro. A OCLAE representa 36 Federações Estudantis do continente, inclusive organizações do movimento estudantil secundarista, universitário e de pós-graduandos de 23 países do Continente Americano, com mais de 150 milhões de membros.

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Prestação de Contas da gestão Veja o balanço financeiro da entidade até o final de 2014. Os números do primeiro semestre de 2015 serão divulgados no site da UNE. O Congresso da UNE, realizado em 2013, além de ter escolhido a diretoria que agora se despede da entidade, também elegeu o Conselho Fiscal da UNE, responsável por acompanhar as suas contas e dinamizar a admisnitração. O Conselho é composto por 9 membros da UNE e entidades nacionais como a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG). O órgão faz parte do projeto de transparência da UNE, que realiza a fiscalização das ações na área financeira. Os conselheiros se reuniram duas vezes, sendo a última no dia 25 de março, quando aprovaram por unanimidade, a prestação de contas da UNE até 2014. O tesoureiro, Bruno Corrêa, apresentou a planilha de despesas e receitas da entidade. “Destacamos os custos da realização dos eventos do período: o 62º Conselho Nacional de Entidades Gerais (Coneg), início da produção da 9ª Bienal da UNE, duas reuniões da diretoria Plena, a Jornada de Lutas da Juventude e a mobilização durante o ano, que foi muito importante para a aprovação do Plano Nacional de Educação”, explicou. Veja a seguir a prestação de contas até o final do ano de 2014. Os números do primeiro semestre de 2015 ainda estão sendo contabilizados, serão auditados, submetidos à aprovação e divulgados no site da entidade: Relatório de prestação de contas da União Nacional dos Estudantes Exercício / 2014

Grafico1 - Receitas do período de 01/02/2014 a 31/12/2014 Recebimentos Diversos ; 114.336,00; 2%

Empréstimos; 0,00; 0% Captação de recurso para eventos; 200.000,00; 3%

Receita Financeira; 1.473.438,79; 22% Receita de distribuição de carteiras; 4.868.637,28; 73%

Receita de distribuição de carteiras Captação de recurso para eventos Empréstimos Receita Financeira Recebimentos Diversos

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Grafico 2 - Despesas do período de 01/02/2014 a 31/12/2014


Relatório de prestação de contas da União Nacional dos Estudantes Exercício / 2014 RELATÓRIO DAS RECEITAS DO PERIODO DE 01/02/2014 A 31/12/2014 DESCRIÇÃO Saldo Inicial

Total

Receita de distribuição de carteiras Captação de recurso para eventos Empréstimos Receita Financeira Recebimentos Diversos

Executado fev-14 15.411,19

Executado mar-14 7.491,96

Executado abr-14 2.456,68

Executado mai-14 2.627,21

Executado Executado Executado Executado Executado jun-14 jul-14 ago-14 set-14 out-14 43.337,21 Relatório 49.608,12 de prestação 12.507,31 21.350,69 44.363,18 de contas da União

959.908,96 814.531,49 0,00 0,00 135.347,87 10.029,60

568.233,05 412.542,07 0,00 0,00 150.218,38 5.472,60

725.452,48 571.620,10 0,00 0,00 141.115,86 12.716,52

859.052,24 693.362,40 0,00 0,00 152.330,24 13.359,60

584.787,24 444.435,27 0,00 0,00 133.959,67 6.392,30

455.437,98 294.449,14 0,00 0,00 150.134,01 10.854,83

451.956,26 303.215,03 0,00 0,00 135.040,58 13.700,65

Exercício / 2014 472.363,02 476.589,39 324.385,34 345.171,82 0,00 0,00 0,00 0,00 137.448,23 109.687,12 10.529,45 21.730,45

Executado nov-14 13.320,49 Nacional

Grafico1 - Receitas do período de 01/02/2014 a 31/12/2014

Executado TOTAL dez-14 82.083,04 dos Estudantes R$ Realizado 324.965,38 777.666,07 6.656.412,07 211.527,01 453.397,61 4.868.637,28 0,00 200.000,00 200.000,00 0,00 0,00 0,00 112.634,37 115.522,46 1.473.438,79 804,00 8.746,00 114.336,00

Recebimentos Diversos ; 114.336,00; RELATÓRIO 2% DAS DESPESAS DO PERIODO DE 01/02/2014 A 31/12/2014 Executado fev-14

DESCRIÇÃO Empréstimos; Total 0,00; 0%

Executado mar-14

Receita Financeira; 1.473.438,79; 22% 967.828,19 362.637,03 82.781,55 13.078,65 55.941,82 14.124,27 230.561,60 0,00 208.703,27

Captação de Despesas da Diretoria e atividades da Gestão recurso para Folha de Pagamento e Encargos eventos; Despesas financeiras tributarias e fiscais 200.000,00; Fornecedores de Serviços 3% Utilidades e Serviços Produção e DNC Investimentos Dividas consolidadas

573.268,33 215.505,13 22.364,13 21.034,75 30.897,00 18.806,66 125.885,30 0,00 138.775,36

Executado abr-14

Executado mai-14

Executado jun-14

Executado jul-14

Executado ago-14

Executado set-14

Executado out-14

Executado nov-14

Executado dez-14

725.281,95 239.302,36 52.378,42 28.218,61 49.953,30 11.981,58 66.055,70 0,00 277.391,98

818.342,24 578.516,33 492.538,79 443.112,88 470.698,31 199.759,14 199.291,45 136.128,58 Receita de75.933,34 distribuição 101.488,37 de carteiras; 36.666,60 75.590,84 73% 109.382,47 4.868.637,28; 15.867,57 17.966,74 28.381,68 47.724,91 37.244,38 84.869,48 15.041,80 11.117,91 12.879,14 11.359,83 10.776,62 103.827,80 57.071,50 67.562,92 128.384,17 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 179.761,26 10.000,00 87.733,43

449.350,53 150.757,62 76.576,14 17.325,63 45.163,89 13.051,69 125.264,50 0,00 21.211,06

507.632,08 256.202,83 767.230,95 250.575,33 168.707,60 537.413,94 Receita de distribuição de carteiras 137.221,09 7.496,22 127.678,34 Captação para eventos 12.646,76de recurso 5.208,96 4.839,39 48.750,20 36.142,20 61.800,15 Empréstimos 17.193,75 12.911,37 22.478,45 41.244,95 25.736,48 13.020,68 Receita Financeira 0,00 0,00 0,00 Recebimentos Diversos 0,00 0,00 0,00

Saldo em 31/12/2014

TOTAL R$ Realizado 6.579.305,10 2.930.776,49 796.175,04 273.951,21 513.529,13 156.681,27 984.615,60 0,00 923.576,36 77.106,97

Grafico 2 - Despesas do período de 01/02/2014 a 31/12/2014

Investimentos; 0,00; 0%

Dividas consolidadas; 923.576,36; 14%

Produção e DNC; 984.615,60; 15%

Despesas da Diretoria e atividades da Gestão; 2.930.776,49; 45%

Despesas da Diretoria e atividades da Gestão Folha de Pagamento e Encargos Despesas financeiras tributarias e fiscais

Fornecedores de Serviços; 513.529,13; 8%

Fornecedores de Serviços Utilidades e Serviços Produção e DNC Folha de Pagamento e Encargos; 796.175,04; 12%

Utilidades e Serviços; 156.681,27; 2%

Investimentos Dividas consolidadas

Despesas financeiras tributarias e fiscais; 273.951,21; 4%

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Máquina do tempo

O que estava acontecendo há...

70 ANOS ATRÁS Em 1945, terminava a segunda guerra mundial com a derrota do nazismo de Hitler. No Brasil, a UNE e os estudantes haviam sido a principal força de oposição ao fascismo dos alemães, desde o começo do conflito, e influenciaram a opinião pública do país. Em março, o estudante, Demócrito de Sousa Filho, morreu baleado pela polícia no Recife, após um ato de protesto contra o regime de Getúlio Vargas. Neste mesmo ano, a UNE realizou seu 6º Congresso e elegeu como presidente Ernesto da Silveira Bagdocimo.

60 ANOS ATRÁS Em 1955, o Brasil efervescia. Após o suicídio de Getúlio, em 1954, o país enfrentava grandes debates sobre o rumo da sua democracia e sobre a soberania nacional. A UNE havia sido protagonista de parte dessa história, com a campanha “O Petróleo é Nosso”, que levou à criação da Petrobras, em 1953. O 18º Congresso da entidade elegeu o estudante, Carlos Veloso de Oliveira, presidente.

50 ANOS ATRÁS

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No ano de 1965, o movimento estudantil ainda tentava se recuperar da grande violência do golpe militar de um ano atrás, quando a primeira ação da ditadura foi incendiar e metralhar a sede dos estudantes, na Praia do Flamengo, 132. Era uma época de confronto. Uma histórica greve de 7 mil alunos paralisava a Universidade de São Paulo (USP). O 27º Congresso da UNE, na capital paulista, elegeu o paulista, Antônio Xavier, presidente.


40 ANOS ATRÁS O período entre 1972 e 1979 foi, sem sombra de dúvidas, o mais difícil já enfrentado pelo movimento estudantil brasileiro. No momento mais violento da ditadura, 1975, foi quando se completaram três anos do desaparecimento de Honestino Guimarães, ex-presidente da entidade, e dois anos da morte de Alexandre Vannuchi Leme. Os movimentos de juventude ensaiavam uma resistência, que só iria ganhar fôlego no final da década, com a reconstrução da UNE em Salvador (BA).

30 ANOS ATRÁS Após a imensa campanha das “Diretas Já” em 1984, com grande protagonismo das entidades estudantis, o Brasil tinha o seu primeiro presidente civil, em 1985, Tancredo Neves, que morreu por complicações de saúde e foi substituído por José Sarney. Era uma época de libertação da política e dos costumes. Para a juventude, o ano foi marcado, entre outras coisas, pela chegada do festival Rock in Rio e suas diversas expressões culturais, após anos de repressão e censura.

20 ANOS ATRÁS Durante o ano de 1995, o primeiro do governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso, a UNE lutava contra as primeiras medidas de enfraquecimento da educação pública brasileira, entre elas o “Provão” e a política de avaliação do ensino superior. A entidade também elegia, nesse ano, o seu primeiro presidente negro, o baiano Orlando Silva Jr.

10 ANOS ATRÁS Em 2005, a UNE realizou a sua 4a Bienal de Arte e Cultura, em São Paulo, com o tema “Soy Louco por ti América” e uma proposta de integração do continente. O Brasil também recebia o 14º Congresso da Organização Continental LatinoAmericana e Caribenha dos Estudantes (OCLAE). Após muita luta dos estudantes brasileiros por uma reforma universitária, era criado o programa Universidade Para Todos (Prouni). No Congresso da UNE, em Goiânia, Gustavo Petta tornava-se o primeiro presidente reeleito da história da entidade.

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Quem também constrói a UNE? Uma entidade do tamanho da UNE envolve a militância de milhares de estudantes em todo o país e muita atividade dentro das universidades de norte a sul. Porém, a UNE também é construída por outras e outros personagens, que trabalham e colaboram com cada uma das suas causas. Conversamos com algumas pessoas, que atuam na sede da entidade, em São Paulo, para saber quem são, o que fazem e recolher os seus olhares sobre o movimento estudantil e as lutas da juventude.

Márcio Tito O auxiliar-geral, Márcio Tito da Silva, trabalha na UNE desde 2006. Aos 28 anos ele se formou em Turismo, incentivado pelo contato com os estudantes. Para ele, os eventos são sua parte preferida do trabalho, afinal, ocasiões como essa despertam seu instinto de guia turístico. ‘’Quando comecei a trabalhar na UNE, não tinha muito conhecimento sobre o movimento estudantil. Aqui tive a oportunidade de aprender muito sobre política e recebi um grande incentivo para concluir meus estudos. Trabalhar na UNE é um orgulho. É uma entidade reconhecida no Brasil todo por suas lutas, em prol da educação. Me sinto parte de cada conquista dessas cinco gestões pelas quais passei’’, disse.

Graça Maria Gracineide Demésio Alves, ou simplesmente ‘’Graça’’, como é conhecida por todos, já é patrimônio da entidade. Trabalhando na UNE como auxiliar de limpeza há exatos 20 anos, Graça também é parte integrante da história dos estudantes que passaram por aqui. ‘’Trabalhar na UNE é gratificante, pois aprendemos só de observar os estudantes. É um ambiente divertido que nos dá a oportunidade de conhecer e conviver com pessoas dos mais diferentes tipos. Aqui todos se tratam com igualdade e respeito. Não faço parte da militância, mas meu convívio aqui dentro já me faz sentir parte dela’’, contou. 68


Thauane Thauane Maynara Santos tem apenas um ano de UNE, mas já afirma ter aprendido muito. É ela quem fica na recepção da sede da entidade, localizada na capital paulista, recebendo a todos com um simpático sorriso. Aos 19 anos, Thauane iniciará seu curso de Gestão de Recursos Humanos, ainda este ano, e diz estar preparada para enfrentar os desafios da universidade. ‘’A minha experiência na UNE com certeza me ajudará a compreender melhor a vida universitária. Estarei pronta para debater qualquer assunto na sala de aula e defender o direito dos estudantes também’’, brincou.

Flávio Trabalhando no setor comercial desde 2000, Flávio Gonçalves é capaz de responder a qualquer dúvida relacionada à carteirinha de estudante. ‘’Quando cheguei aqui não tinha noção do tamanho da entidade. Com os anos, a UNE só vem crescendo. Hoje em dia, vemos o nome da entidade vinculado a muitas lutas importantes no país. É muito bom saber que faço parte dessa história’’, contou.

Joaci O gerente administrativo, Joaci Agostinho, trabalha na UNE desde 2004 e diz que zela pela entidade como se fosse sua. ‘’Quando fui convidado a trabalhar aqui, não conhecia o movimento estudantil. Foi um choque grande adentrar esse setor. Aqui temos um clima diferente das empresas tradicionais, é um ambiente agradável e, claro, com público jovem. Também acabo me sentindo parte das conquistas. Muitas vezes a gente percebe que começa a deixar de ser somente funcionário e passa a ser militante também’’, falou. 69


NOVO APLICATIVO DA UNE O aplicativo da UNE é uma inovação para facilitar o acesso dos estudantes sobre as novidades da entidade, sua agenda de atividades e a diversos serviços. Leve o movimento estudantil dentro do bolso! Disponível para os sistemas Android e iOS



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