Catálogo da 12ª Bienal da UNE, "Brasil: um povo que resiste"

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Organizado por

Rafael Minoro Ilustrado por JJBZ




Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Catálogo da 12ª Bienal da UNE : Festival dos Estudantes / [organização Rafael Minoru Uchiama Andrade]. -- Belo Horizonte : Contra Regras, 2021. ISBN 978-65-995495-0-2 1. Arte 2. Arte moderna - Brasil 3. Artes visuais 4. Bienal da União Nacional dos Estudantes (UNE) 5. Ciência 6. Cultura 7. Cultura popular - Brasil 8. Soares, Elza 9. Tecnologia I. Andrade, Rafael Minoru Uchiama.

21-72296 CDD-709.81

Índices para catálogo sistemático: 1. Bienal da UNE : Artes visuais 709.81 Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427

Elza Soares

Pintura digital 46x64cm baseada em fotografia digital, 2021. Juliano de Oliveira Moraes JJBZ



Este catálogo é uma homenagem a todas as vidas perdidas no Brasil pela covid-19. São mortes que poderiam, sim, ter sido preservadas, mas a necropolítica levada adiante pelo governo de Jair Bolsonaro negou a ciência, desrespeitou orientações dos órgãos mundiais de Saúde, não adquiriu vacinas e fez piada com a doença. A cultura é resistência diante de tanta barbaridade. Elza Soares é vacina pra combater a maldade. Emicida é imunizante contra o preconceito. O Teatro Oficina é o nosso Butantan, produzindo o melhor soro-antiofídico-artístico pra extirpar o veneno fascista. KL Jay e Dexter são álcool em gel da melhor qualité, limpam caminhos e abrem mentes. Todos os estudantes formam uma imensa barreira sanitária para evitar que o bolsonarismo avance e continue o seu genocídio contra a juventude, as mulheres, a população negra e LGBTQIA+, os professores, pesquisadores e todos os que sobrevivem e resistem na luta por um país mais diverso, com oportunidade e justiça social.

As atividades presenciais da 12ª Bienal da UNE - Festival dos Estudantes foram realizadas seguindo os protocolos de saúde impostos pela Prefeitura de São Paulo no combate à covid-19. Todos os envolvidos passaram por testagem e utilizaram os EPIs indicados.


União Nacional dos Estudantes une.org.br

Circuito Universitário de Cultura e Arte da UNE @cucadauneoficial


Eu vejo um mundo novo refletido nos olhos dos jovens

Show da 12ª Bienal da UNE com Elza Soares no Theatro Municipal


Eu sempre, a vida toda, conectei-me muito mais aos jovens na idade, porém sábios na experiência. A palavra futuro já crava que a esperança está em quem terá muitos anos de vida pela frente. Cada vez mais os jovens já nascem capazes, maduros e conscientes. Eu não só me conecto aos jovens, como me sinto tão jovem quanto eles, ano após ano. Sim, meu corpo não me acompanha como antes, mas minha mente não está presa a nada. Minha voz não está amarrada ao padecer da matéria. Jovem eu me sinto e ao lado dos jovens a vida toma um sentido mais interessante. Eu tive a honra de ser a homenageada na 12ª Bienal da UNE. Como se não bastasse, tive também a honra de fazer o show principal do evento ao lado de outro artista jovem e talentoso, o Flávio Renegado. Na abertura do nosso show eu vi jovens incríveis que estão à frente da diretoria de uma entidade tão importante quanto a UNE, falando da maneira com que eu gostaria que os adultos falassem. Com amor, fé, esperança e com o protesto afiado e no tom certo. Ver aquela juventude tão linda e próspera, falando sobre um futuro em que acredito, foi tão emocionante pra mim que durante o show tive vários momentos difíceis de controlar. Logo eu, que sou dura na queda, mas segurar as pontas diante de tamanha emoção não foi fácil. Minha vontade era de abraçar aquela juventude toda. Eu cantava e imaginava cada estudante, cada jovem assistindo. Éramos nós ocupando o nobríssimo palco do Theatro Municipal de São Paulo. Era uma mulher preta, que veio da favela, eram jovens talentosos, esperançosos e guerreiros por um mundo mais digno, ocupando um nobre e imponente espaço da cidade. Aquele teatro vazio de gente, mas preenchido de amor, da energia das milhares de pessoas que assistiam da sua casa, fez meu coração disparar e bater mais alto que a percussão do Mestre DaLua, que tocava logo ali ao meu lado. Vocês são o nosso futuro. Eu sou a memória de vocês. Quando nos juntamos é que a vida acontece de verdade. É quando a transformação realmente toca o mundo. Aos jovens de todas as épocas eu devo a minha carreira. Aos jovens dessa época eu agradeço por me deixarem cantar até o fim, seja lá que fim for e quando for e por me darem a oportunidade de viver os melhores anos da minha vida, como estou vivendo nesses últimos cinco. Aos jovens eu ofereço a minha experiência e peço a vocês que continuem compartilhando comigo o frescor da juventude. Um beijo amoroso e especial à UNE, à nossa juventude, ao Iago e a todo o time da diretoria.

Elza Soares


Da esquerda para a direita: Manuella Mirella (CUCA), Iago Montalvão (UNE) e Rozana Barroso (UBES) ocupam o Theatro Municipal

Intervenção da UNE, UBES, ANPG e CUCA em frente ao Theatro Municipal


A celebração da 12ª Bienal da UNE – Festival dos Estudantes, que teve como tema “Brasil, um povo que resiste”, ao homenagear a cantora Elza Soares e o centenário da Semana de Arte Moderna - que acontecerá no ano que vem -, no palco do estopim modernista, o Theatro Municipal de São Paulo, acaba sendo mais um ato simbólico e importante de resistência no momento em que o governo federal criminaliza a Cultura e a Educação. Assim como na época de enfrentamento da ditadura, os estudantes têm papel fundamental para atuar contra um tipo de governo que sempre trabalhou para o apagamento da memória e para o silenciamento das vozes. Elza Soares representa muito para o povo brasileiro, sua resiliência e suas lutas diárias. O resgate dessa história de uma mulher preta que precisou lutar diversas vezes pela sua própria vida é reflexo de muitas outras Elzas existentes nas preferias e interiores do Brasil. A sua recente exaltação entre os jovens a partir de 2015, quando lançou o disco A Mulher do Fim do Mundo – que ficou internacionalmente reconhecido como um dos 10 discos mais importantes do ano pelo The New York Times – é a resposta para décadas de uma história que tentou ser calada, mas que agora encontrou voz e rosto e que está sendo assistida por todas e todos. O disco de Elza reacendeu uma luz na luta antirracista, na expansão da defesa da diversidade, no reconhecimento das pluralidades expressivas do nosso povo e na necessidade de mudanças na nossa sociedade. Podemos arriscar, cada qual com seu momento histórico, que o lançamento do disco representa o mesmo espírito preconizador do modernismo que foi a Exposição de Pintura Moderna, que Anita Malfatti realizou em 1917 e que resultou, posteriormente, na Semana de Arte Moderna de 1922. Ambas abriram o olhar às nossas riquezas culturais e sociais e, no caso de Elza, consagra aquilo que, com licença poética, desenhamos como Novos Modernistas. Eventos como a Bienal da UNE são de fundamental importância, não somente para lembrar que a Cultura e a Educação sempre atuaram conectadas, que a defesa do pensamento começa nas salas de aulas, mas que também a construção do campo civilizatório, que a recuperação e construção da cidadania plena se dá no confronto ao obscurantismo, que muitas vezes insiste em querer habitar as terras brasileiras. O pensamento dá trabalho, mas vencerá os elogios à ignorância. São nesses gestos de enfrentamento para a defesa da Cultura, que soam as vozes esperançosas, nas ruas, palcos, praças, estúdios e lares onde a vida e a liberdade de expressão vingarão em plenitude e beleza para derrotar os que banalizam a morte e celebram armas e ódio.

Hugo Possolo Diretor-geral da Fundação Theatro Municipal


Teatro Oficina: Sede da 12ª Bienal da UNE


Maio de 2021, Tekoha Bixiga, o Teatro Oficina virado Estúdio Oficina recebe o Festival dos Estudantes e mais uma vez experimenta de perto o nascimento de uma linguagem nova. A TV Uzyna virada TV UNE, a Universidade Antropófaga em todas as suas possíveis dentições, o passo firme do RAP, com Dexter e KL Jay pisando na pista-palco-rua Lina Bardi, mostraram que a encruzilhada é quente e que a arte não tem e não quer fronteiras. Com uma pegada viva e cheia de movimento, a programação da 12ª Bienal da UNE ocupou com força a pista do Oficina e firmada na bigorna de Ogum trocou ideia com o BrazyL para debater Juventude, Cultura, Re-existência Y Democracia. Visões que estão na essência antropófaga da Associação Teatro Oficina Uzyna Uzona desde seu nascimento e em cada renascimento. O Teat(r)o Oficina saúda os estudantes com os versos de Rimbaud em “Uma temporada no inferno”: Quando iremos afinal, além das praias e dos montes, saudar o nascimento do trabalho novo, da nova sabedoria, a fuga dos tiranos e demônios, o fim da superstição, para adorar - os primeiros! – o Natal na terra! O cântico dos céus, a marcha dos povos! Escravos, não amaldiçoemos a vida.

Ciça Lucchesi Bárbara Tecnizada nas ondas da TV UZYNA ≠ youtube.com/uzonauzyna [inscreva-se]


Estudantes no interior do Theatro Municipal


São Paulo sediou em maio a 12ª Bienal da UNE e, ainda que de maneira remota em sua maior parte, o Festival dos Estudantes pautou questões importantes, reunindo artistas, jovens e outros setores nas discussões sobre o Brasil. O momento é sensível em muitos sentidos. Por um lado, a crise sanitária inédita em mais de 100 anos, potencializada pelo descaso do governo federal em relação à saúde e à vida de sua própria população. Por outro lado, a crise política causada pelos ataques diretos de feições autoritárias à cultura, às artes e aos profissionais da cultura. Dessa forma, o lema da Bienal, “Brasil – Um Povo Que Resiste” faz todo o sentido. A Cultura é uma saída justa, próspera e democrática para as crises que vivemos, e ela deve estar no eixo central de desenvolvimento econômico-social das cidades, dos estados e do país. Para que nos tornemos, enfim, uma nação mais democrática, mais igualitária e mais unida. O papel dos estudantes na construção dessa luta conjunta, a partir de uma agenda de diversos setores, é fundamental. Fui presidente do Centro Acadêmico da Faculdade de Direito do Mackenzie, participei de atividades estudantis, e lembro que na minha época o movimento estudantil era muito distante dos movimentos culturais da juventude. Vai no sentido contrário a ocupação por parte da UNE do Theatro Municipal de São Paulo – palco histórico de movimentos artísticos centrais da cultura brasileira, como a Semana de Arte Moderna de 1922, para cujo centenário já preparamos as celebrações, e de outros movimentos sociais ao longo da história. É muito importante que os estudantes permaneçam mobilizados e que a cultura faça parte do debate estruturante da sociedade brasileira. Porque nada acontece por acaso. Arte é ocupar. Minha saudação a todos os participantes da Bienal.

Al ê Youssef

Secretário de Cultura da Cidade de São Paulo


Índice

Manifesto 16

Uma Bienal como nenhuma outra na nossa história Iago Montalvão 20

CUCA 20 anos Manuella Mirella 22

Abertura Elza e Bienal: 30

Teatro Oficina 36

Aula magna Brasil: um povo que resiste! 42


Mostras 48

UBES - DNA da Rebeldia

Números da Bienal

Rozana Barroso 164

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Mostra Artes Cênicas 54

Mostra Artes Visuais 66

Mostra Música 92

Mostra Audiovisual

Bastidores 172

Diretorias 194

Coordenação, Produção e Técnica 198

Patrocinadores 208

102

Mostra Ciência & Tecnologia 118

Mostra Extensão Universitária 128

Mostra Literatura 134

Lado C 150

Mostra Jogos Digitais / Games 158

Revista Buzina 28, 46, 148 e 170


Manifesto

Brasil: um povo que resiste




Cês pensa que é rabisco, mas é hieróglifo, tio. Cês pensa que é só modernidade, mas o bagulho é antigo. É tudo que já tava aí, mas que o Brasil finge ter esquecido. É ancestral e colorido. São telas de um futuro a viver. Pintadas com o tempo já vivido. Se liga, respeitável público. Respeito é pra quem tem. Abram alas pro Brasil que se veste por inteiro. De real, de genuíno. Que admira a própria forma, a própria métrica, o próprio ritmo. Cês pensa que cânone é só os cara que cês lê no livro. Mas aqui tem várias e vários. No samba, no funk, nas rima, no pixo. Na cultura popular, na quebrada do verso, no improviso. Na favela, no sertão, na floresta, na mistura de tudo isso. Tudo que nóis tem é nóis. E esse é o nosso início. São Paulo, maio de 2021. Terra de Mário, Oswald, de Tarsila. De Mano Brown, Negra Li e de Emicida. A Bienal da UNE convida: telas abertas, pintura coletiva. Desenhar um Brasil legítimo. Um Brasil com a juventude por cima. Do samba ao hip-hop, das quadrilhas juninas ao passinho. Da MPB ao forró, da bossa-nova ao sertanejo, do cinema ao Youtube, dos memes aos livros. Dos palcos às transmissões, de galerias a periferias, na antropofagia do caminho.

Nosso beat atravessa o tempo, no tambor do terreiro ou no grave do baile. Hino de preto, de favelado. Que quando toca, ninguém fica parado. Nossa feat é com o povo porque nós temos lado. Conhecimento das crew, das tribo e dos reinado. A gente se estuda, a gente se ensina, é circular como Freire, pedagogia do encantado. É resistência, é dialeto, tipo Lélia Gonzalez. Revolução de Dandara e Zumbi dos Palmares. É o mundo em mulher, tipo Elza Soares. Elza dos ares, dos morros, dos mares. Elza do Brasil que deu certo. Espelho de vitórias, representatividades. Homenageada dessa Bienal, retumbante na ascensão da mãe gentil. Elza de amores e dores. Farol vivo do ser e do estar do Brasil. Respeito. Respeita a UNE, respeita os estudantes. Respeita a ciência que não é baderna, respeita a creche, a escola técnica, respeita a vida, o conhecimento, o diploma dos pobres, as portas abertas. Entramos. Ninguém sai. Respeita o CUCA, em seus 20 anos. O poder da cultura, das minas, dos manos. Dos jovens armados de spray ou aquarela. Das telas nas faculdades. Das telas nas favelas. Respeita os sonhos da arte moderna. Brasil por Brasil, antropofágico e possível. Da diversidade a unidade incrível. Respeita as lésbica, as trans, quem é invisível. As gay, as bi, o arco-íris irreversível. Brasil sem volta, pintado de nois. Da nossa força e da nossa voz. Há quase duzentos anos, inventaram nossa independência. Nas telas do Brasil de hoje, um povo e sua resistência.

Acesse o QR Code e leia a íntegra do manifesto.

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Uma Bienal como nenhuma outra na nossa história

Presidente da UNE no Teatro Oficina


Após 21 anos construindo o maior festival cultural estudantil da América Latina, com um legado transformador para a juventude e a cultura nacional, chegamos à 12ª edição do nosso encontro em meio ao mais devastador momento da história da República no Brasil. A pandemia da covid-19 e a política de genocídio de um governo anti-povo que, ao início desse festival, já apresentava o assustador número de mais de 400 mil vidas perdidas e o quadro de uma jovem democracia fustigada com os anseios de golpe e autoritarismo que tomaram de assalto a presidência do país. Realizar a nossa Bienal, em meio a esse cenário, foi a forma de demonstrar que o movimento estudantil brasileiro está vivo, unido, inspirado pelos mesmos sonhos e pelas mesmas forças da cultura do nosso país em sua diversidade transformadora. Porém, encontramos o desafio de realizar, pela primeira vez na história, o festival sem nenhuma atividade presencial, sem público presente nos seus shows, nas exposições, nos seus espetáculos teatrais, nas mostras de cinema. Uma Bienal realizada de forma completamente online, com o uso de tecnologias e do incrível poder de união e mobilização da juventude organizada brasileira. Neste catálogo, você encontra um pedaço dessa aventura, registrado na potência e qualidade das mostras universitárias das suas diversas áreas, nas nossas homenagens à resistência de nosso povo, personalizada na grandiosidade de Elza Soares, nos muitos debates, oficinas, vivências e aprendizados dessa experiência virtual e real da nossa história. Nas próximas páginas está o sumo de todo o esforço e criatividade de quem realizou esse evento em condições inesperadas e únicas, mantendo a condução do nosso fio daqui para o futuro. Siga conosco. Viva a Bienal da UNE. Boa leitura.

Iago Montalvão Presidente da União Nacional dos Estudantes

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Coordenadora do CUCA faz intervenção na frente do Theatro Municipal

Não é segredo para ninguém que a cultura é um dos pilares fundamentais na construção identitária de um país. Quando pensamos no Brasil, nosso maior bem emerge quando educação e cultura se cruzam. Existe algo que é nato da nossa gente, que só brota aqui nessa terra e difere de tudo que o mundo produz. A brasilidade que encanta é fruto de um quê incerto e genuíno, matéria-prima que bebe de si mesma e que chama para o embate, artista após artista, geração após geração. Uma vontade de quantificar, tipificar, de certa maneira tenta entender, tenta definir, o indefinível. Obras que marcam a história do mundo nasceram, fundamentalmente, desse desejo de nos vermos em

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cena, e denunciar as dores e sabores de viver um tempo sendo brasileiro. E é com sentimento de pertencimento e da necessidade absurda de organizar estudantes artistas e realizadores culturais, que o Instituto CUCA da UNE foi criado. Sem aceitar que a arte e a cultura estariam em destaque apenas nos verões dos anos ímpares entre os dias das bienais da UNE, o CUCA foi se transformando em debate permanente dando espaço e visibilidade às produções artísticas e culturais universitárias. Fomos Pontão de Cultura em cada canto desse país, aglutinando trocas com pontos de cultura e estabelecendo uma rede de estudantes nos estados brasileiros a partir de CUCAs que discutiam o território e a cultura regional/local. Fomos projetos de extensão nas universidades brasileiras, distribuímos audiovisual em cineclubes, realizamos oficinas diversas, criamos folhetins, zines e jornais. Nosso esforço coletivo organizou uma rede forte de estudantes dispostos a pensar novas formas de articular a vida cotidiana das universidades e a cultura do nosso povo. A comunicação popular nos serviu de saída para a impossibilidade do grito. Cobrimos as ocupações das sedes do MinC nos estados, fotografamos os atos de rua contra o golpe de 2016, documentamos as ocupações nas universidades contra a PEC do fim do mundo. Ocupamos. Comunicamos com um celular na mão e com a perspectiva do eu. Olhar de estudante para estudante. A prática da crítica à mídia hegemônica. Comunicação é força. Comunicação é rede, e nós somos uma rede forte. Nossos 20 anos representam a mais larga experiência de cultura da União Nacional dos Estudantes: o CUCA da UNE. Se o Brasil é diverso, o CUCA acompanha esse gingado tratando de se adequar, e até revolucionar os formatos de nossas ações. Foi assim com a realização da 12ª Bienal da UNE - Festival dos Estudantes, que carinhosamente chamamos de “A Bienal do Brasil”. Assustados com o universo de possibilidades e a imensidão de desafios, fomos engatinhando, pensando, construindo, pesquisando até chegar a um conceito que pudesse expressar todo o nosso sentimento, utilizando como base o conceito do que foi a Semana de Arte Moderna, chegamos a um novo momento de possibilidades múltiplas de criação, mapeamento e distribuição da cultura e arte brasileiras, somos fruto das experiências de outra geração, mas colhemos um produto tipicamente do Brasil: na cultura da mistura a antropofagia ainda é o que nos UNE. Fazendo juz ao tema “Brasil, Um Povo Que Resiste”, a Bienal da UNE marca a história das bienais com um formato nunca antes experimentado, mas que alcançou seu objetivo. Fomos 18 pré-bienais, ousamos em permanecer ao vivo para todo o Brasil, a partir do YouTube da UNE, por mais de 8 horas ininterruptas por 5 dias consecutivos, mostramos para o Brasil que o CUCA da UNE, no auge dos seus 20 anos de trajetória, entre erros e acertos que marcam o que nós somos, está mais vivo que nunca. Somos ontem, hoje e sempre, tradição e futurismo, amor e caos expandido.

Manuella Mirella Coordenadora-geral do CUCA da UNE

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CUCA: duas décadas, muitas histórias

Projeto cultural da UNE mais duradouro realizou um grande balanço por meio de seu seminário, momento de encontro e reflexões que coroa a programação do festival e lança ações futuras

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Desde quando tudo começou, em 2001, o Circuito Universitário de Cultura e Arte da UNE tem sido marcado pelas gerações que estiveram à frente da coordenação dos seus trabalhos. Ele surgiu para dar continuidade à fruição dos bens artísticos e culturais produzidos pelos estudantes no interior das universidades depois da realização da primeira Bienal e, desde então, fez parte da Rede dos Pontos de Cultura, articulou-se às experiências comunitárias em um movimento de alargamento das portas da educação superior e desenvolveu uma rede de comunicadores midialivristas para disputar narrativas após o golpe contra a presidente Dilma em 2016. Com a cabeça aberta para se adaptar às questões de cada tempo, as discussões feitas em um encontro intergeracional na Bienal da UNE já são tradicionais. Esse diálogo permitiu que o CUCA atravessasse, com maestria, duas décadas de existência, tornando-se o projeto cultural de maior duração em uma entidade que tem uma longa história junto às artes. Um de seus feitos mais emblemáticos foi o Centro Popular de Cultura da UNE (CPC da UNE), responsável por lançar nomes como Eduardo Coutinho, Ferreira Gullar, Augusto Boal, entre muitos outros que impactaram fortemente os movimentos artísticos pré-ditadura e que são, até hoje, referências no Brasil e no mundo. Há quem enxergue no CUCA o lugar da síntese após décadas de trajetória, como declamou, em um

vídeo-poema exibido no seminário, Tiago Alves, ex-coordenador do CUCA ao dizer que o projeto “juntou todas as faíscas da nossa geração, numa ligação direta com a brisa da Praia do Flamengo, com as ousadias e as impertinências de Oduvaldo, de Ferreira, de Beth, Cacá.” No entanto, todos esses anos ainda não tinham exigido dos estudantes a realização de exposições no formato totalmente remoto, sem o calor dos encontros presenciais que costumam caracterizar os espaços de troca de quem chega até o evento para falar de suas obras e ouvir sobre tantas outras. Para Manuella Silva, atual coordenadora do CUCA, foi “uma grande surpresa a qualidade dos trabalhos inscritos, um indicativo de que novos métodos podem contribuir para tornar tudo mais acessível e nos manter mais conectados daqui para a frente.” A boa nova é que, para quem já nasceu querendo ser rede, tudo aconteceu de um jeito bem natural e os frutos já podem ser colhidos. Ao inovar por meio de transmissões online, os cuqueiros preparam iniciativas que irão permitir que a produção artística universitária circule com ainda mais força por todo o país, em uma forte ligação com aqueles que se fizeram ouvir durante a pandemia, seja nas obras a céu aberto montadas nos grandes centros urbanos, seja nos versos e rimas produzidos solitariamente e que ganharam reconhecimento coletivo ao chegarem ao público pela primeira vez.

Parte da mostra de Artes Visuais instalada na sede da UNE em São Paulo; na foto, a cuqueira Daline Ribeiro

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Prints do debate promovido pelo CUCA

Um dos fundadores do CUCA, Luis Parras, é entrevistado pela atual cuqueira Daline Ribeiro

Data: 23/05 Tema: 20 anos do CUCA: a mais longa experiência cultural da UNE Cuqueiros: Luis Parras, Ernesto Valença, Ana Cristina Petta, Tiago Alves Ferreira, Alexandre Santini, Fellipe Redó, Rafael Buda, Patrícia de Matos, Camila Ribeiro (ex-coordenadores do Circuito Universitário de Cultura e Arte da União Nacional dos Estudantes-CUCA da UNE).

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Atual coordenação do CUCA se encontra no Teatro Oficina

Os cuqueiros também lançaram um manifesto que renova o seu próximo ciclo. Para ler, é só acessar o QR Code.

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REVISTA BUZINA


Fazia frio quando os olhos de Elza Gomes da Conceição se abriram dentro do endereço da rua Vergueiro, 2485, São Paulo. Era 15 de maio de 2021, tarde de sábado, em meio à maior tragédia sanitária do Brasil, com a contagem de 432.785 mortes de inocentes, vítimas da política genocida do mais detestável governo nacional pós ditadura militar. Na sede da UNE (União Nacional dos Estudantes), a artista Panmela Castro completava, em uma das paredes do pátio, o rosto da mais emblemática artista negra viva brasileira, representante da fibra, das reviravoltas e da resistência da maior parte da população do país. Poucos dias antes do início da 12ª Bienal da UNE, o movimento estudantil brasileiro, em pouquíssimo número na sua sede e sob o ofegar das máscaras Pff2, respirava Elza Soares por todos os cantos. Para além da magistralidade, do talento, da grandiosidade histórica de Elza na história do país, chama atenção também sua longevidade em um país que proíbe pessoas negras e pobres de prosseguirem com o coração retumbando dentro do peito. Ainda no útero da mãe, bebês negros têm cerca de 12% menos acesso ao tratamento pré-natal. Ao nascerem, crianças negras com até um ano de vida tem 22,5% mais chance de morrer em comparação às crianças brancas. Em 70% das vezes, são mortes por causas evitáveis, como diarréia e pneumonia, devido à condição social e de acesso à saúde. Os dados foram apresentados pela Fundação Abrinq em novembro de 2020. Já durante a juventude, a chance de um jovem negro morrer vítima de violência é quase três vezes maior que a de um jovem branco. Os dados são do DataSUS de 2020. Na vida adulta, pessoas afetadas pela estrutura racial brasileira são mais acometidas por doenças como a hipertensão arterial, anemia falciforme, diabetes tipo 2 e tuberculose, conforme levantamento do Ministério da Saúde de 2017. Ao final dessa conta, a expectativa de vida da população negra é de 67 anos de idade, enquanto a dos brancos de 73, segundo recorte da última edição do Relatório Anual das Desigualdades Sociais, do Núcleo de Estudos de População, da Universidade de Campinas (Unicamp). Ao escolher Elza Soares como exemplo de contrariedade impressionante de estatísticas, no momento de extermínio sanitário institucional, pela casca putrefata da extrema-direita presidencial e seu projeto anti-povo, a União Nacional dos Estudantes não espera romantizar ou idealizar a história de agruras de Elza até o lugar que hoje ocupa. Busca, em verdade, catalisar a força da cultura nacional e da energia transformadora do povo, vivo, para que tais histórias não mais se repitam. Mais uma vez, em capítulo dilacerante de sua trajetória como nação, o Brasil resiste. Que essa resistência seja, em um futuro breve, cada vez menos necessária.

Buzine aqui!

Leia o texto completo acessando a Revista Buzina no Medium revistabuzina.medium.com

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Abertura

Elza e Bienal: Uma ocupação que promete durar para sempre



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[1] Elza Soares ocupa o palco do Theatro Municipal [2] O músico Flávio Renegado reverencia Elza [3] Flávio Renegado canta na abertura da 12ª Bienal

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Assista ao show de abertura no QR Code [1] Renegado e Elza [2] Presidenta da UBES com Flávio Renegado e Elza Soares [3] Presidentes das entidades estudantis entregam homenagem a Elza Soares

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Durante muito tempo, o Theatro Municipal de São Paulo foi um símbolo da monumental desigualdade brasileira no coração da metrópole. A maior cidade do país, com sua maioria de pessoas de origem trabalhadora, negros e negras, da população das periferias, guardou por muito tempo, num dos pedaços mais movimentados e populares do seu centro urbano, um vultuoso edifício cultural proibido para o povo, reservado para as elites e para exclusividade da reverência da arte europeia, da fruição dos poucos sobre a exclusão dos muitos, um lugar de mais divisões do que encontros. As recentes iniciativas para ocupar o Theatro Municipal, sintonizando ecos da Semana de Arte Moderna de 1922 e propostas de afirmação cultural e racial como a da gravação do show AmarElo, de Emicida, levaram também a Bienal da UNE para a construção de uma noite histórica naquele palco. O show de Elza Soares, transmitido ao vivo para todo o Brasil, foi a grande atração da abertura do festival. Homenageada da Bienal e acompanhada de Renegado, Elza trouxe ao Municipal a força, o talento e a grandeza da sua imagem como um dos principais patrimônios vivos da cultura brasileira. Antes disso, a abertura da Bienal, transmitida online para todo o Brasil sob uma chuva de comentários, hashtags e aplausos, teve a intervenção de slam de Luiza Lustosa, Kimani, Luz Ribeiro e Manuella Mirella, com texto adaptado de Lucas Koka Penteado. Uma roda de versos, de rostos, de sonhos e cores verdadeiras deste país que resiste. Na noite inicial de uma Bienal feita como nunca, memórias de uma ocupação que promete durar para sempre.


Show de Elza Soares marcou a abertura da 12ª Bienal da UNE

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Teatro Oficina

Foto da foto: Quadro com Zé Celso é fotografado por cuqueiro durante a Bienal


A antropofagia nos UNE Teatro Oficina, sede da primeira Bienal da UNE totalmente online, recebe estudantes para organizar a resistência


Criador da Universidade Antropófoga, que tem como principal inspiração a obra produzida por Oswald de Andrade, o Oficina é como a água que se adapta ao curso do rio, sempre guiado pelo mesmo impulso: deglutir o que há de ruim para criar o novo. Ali, via WI-FI, o teatro se transformou na sede-estúdio da Bienal em um processo de convergência digital e midiática que fez da TV Uzyna a TV UNE, e vice-versa. Durante todo o evento, a produção esteve em contato simbiótico com o elenco de produção do teatro. O ponto de partida de tudo foi um suporte tecnológico montado no palco que conectou em tempo real os diretores da UNE com os participantes que saíam e entravam das telas na velocidade dos dedos de quem operava a central de controle do streaming, uma medida fundamental para manter o distanciamento físico em tempos de pandemia. Mas para o Oficina esse “novo normal” não é tão novidade assim. Muito antes da hiperconexão ser uma obrigação sanitária, ele já havia se transmutado para realizar apresentações multimídia que poderiam ser assistidas presencialmente ou online de qualquer canto do planeta.

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Show de KL Jay e Dexter aconteceu no Teatro Oficina e foi transmitido pelo canal da UNE no youtube

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Atividade da Bienal acontece dentro do Teatro Oficina

Apesar de terem vivido sob forte repressão nos tempos de chumbo, os caminhos artísticos da UNE e do Oficina não costumavam se cruzar até um encontro entre os estudantes e Zé Celso, em 2016. Procurado para ajudar na montagem de um ato contra o golpe em curso naquele ano, o xamã da dramaturgia brasileira foi o elo de um espetáculo-manifesto que reuniu movimento estudantil, coletivos de periferia, artistas e agentes culturais para preparar a resistência. Eleito em 2015 pelo jornal britânico The Guardian o melhor teatro do mundo, o Oficina nasceu no interior da Universidade de São Paulo (USP), em 1958, poucos anos antes da ditadura militar no país. Fundada por Zé Celso Martinez Corrêa, a companhia ganhou notoriedade com a estreia de “O Rei da Vela”, em 1967, peça que a lançou nos braços do tropicalismo. Nos dias de hoje, o grupo funciona em um edifício projetado pela célebre arquiteta Lina Bo Bardi, localizado no coração do tradicional bairro Bixiga, na capital paulista, onde, após décadas de encontros e desencontros, a juventude e as demandas urgente do povo brasileiro, elaboradas em estéticas periféricas, conectaram-se por meio da 12ª Bienal da UNE em um processo criativo de um outro Brasil possível. Evoé!

Assista ao ato de 2016 no QR Code

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Aula Magna Em Aula Magna cujo tema foi “Brasil: um povo que resiste”, representantes do samba, do rap e da pesquisa das artes apontam saídas políticas por meio da cultura

Tudo que nóiz tem é nóiz


Emicida participa online de Aula Magna transmitida também do Teatro Oficina


As inquietações deste tempo pulsaram forte nos corações e mentes dos estudantes durante a Aula Magna da 12ª Bienal. A um ano do centenário da icônica Semana de Arte Moderna de 1922, o sonho de um novo Brasil encontrou abrigo na esquina virtual, com sede no Teatro Oficina, em uma conversa entre o músico e empresário Emicida, a historiadora da arte Aracy Amaral e a sambista, cantora, compositora e deputada estadual Leci Brandão (PCdoB-SP). Em uma volta ao passado para mirar o futuro, os convidados deram as pistas para resistir aos tempos de cólera. Nas palavras de Emicida, “a arte é a maior defesa de um modo de existir”, manto protetor cada vez mais necessário em um contexto de aumento da brutalidade policial e do negacionismo científico. Ficou claro, nas mensagens que viajaram pelo ar tecnológico do templo cênico liderado por Zé Celso, que a arte é a força da vida que insiste em continuar e que tudo, tudo, tudo mesmo que “nóiz tem é nóiz”, como lembra o rapper Emicida em uma de suas canções mais recentes.

Iago (UNE) conduz Aula Magna da Bienal

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Acesse o QR Code para assistir à Aula Magna

Data: 19/05 Tema: Brasil: um povo que resiste Convidados: Leci Brandão (cantora e compositora), Emicida (cantor e compositor), Aracy Amaral (historiadora da arte e professora aposentada da USP)

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REVISTA BUZINA


Você quer falar? Abre o seu microfone. Você quer ouvir? Coloca o fone. Pra sentir-se perto, use a tela. Pra sentir-se vivo, abre o navegador, outra janela. A rede é boa? Talvez caia. Trava. Reinicia. Recarrega. Onde está a tomada? Foi sem aviso, sem simulação ou preparo que conjunto da prática humana cotidiana migrou dos encontros ancestrais, dos grupos e rituais coletivos, para as telas de login e senha. O que era antes troca social complementar, por meio da tecnologia, na necessidade pontual de algum trabalho à distância, reunião à distância ou aula à distância transbordou no ano de 2020 para o desconcerto de um “tudo à distância” que tornou-se imperativo, inescapável, alterando a dinâmica dos contatos e a forma de partilha das práticas de antes. Entre elas, uma das mais atingidas foi a arte e a cultura. Nos visores dos pequenos celulares e dos computadores, comprimiu-se da noite para o dia o percurso de milhares de anos de instituição do espetáculo teatral, do concerto musical, do sarau literário, da exposição e performance artística, da sala de cinema, circo, do cortejo ou bloco de rua, em um violento choque, à despeito das localizadas iniciativas pré-pandêmicas que já haviam buscado essa experiência remota. A 12ª Bienal da UNE, que em sua história já reuniu centenas de milhares de pessoas, em diversos estados do país, é desta vez um dos grandes eventos culturais brasileiros, realizados durante esse período, a apostar em um sólido formato e plataforma online para a circulação das produções realizadas, nesse período, por parte da juventude universitária brasileira. Para isso, a Bienal firmou parceria com o Teatro Oficina, casa da companhia teatral mais antiga do Brasil, em sua emblemática sede no bairro do Bixiga, São Paulo.

Buzine aqui!

Leia o texto completo acessando a Revista Buzina no Medium revistabuzina.medium.com

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MOST 12ª BIENAL DA UNE FESTIVAL DOS ESTUDANTES


TRAS


Sobre fazer dar certo numa Bienal do fim do mundo

Coordenadora de Áreas durante transmissão da Bienal

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Tudo foi desafio, partamos daqui. Diante de todas as receitas, métodos e tecnologias que polimos ao longo destes mais de 20 anos, o que vivemos não cogitamos nem sequer em sonho. Me peguei diversas vezes pensando qual seria o meu papel. Criar algo? Conceber conceitos? Executar? Tudo isso? Tô viajando? Não sei, acho que troquei a roda do carro com ele em movimento, pra variar. Quando a pandemia explode, todas as fórmulas caem por terra. Não havia modelos, apenas um ensaio aqui, outro lá, mas nada comparado ao tamanho e magnitude do que estávamos nos propondo, principalmente quando se carrega o peso histórico das edições passadas. Mesmo com todos os desafios, conseguimos inaugurar a Mostra de Jogos Digitais, promover o primeiro Campeonato de League of Legends da história (!) e fazer tudo dar certo com os coordenadores em suas casas. Alguns em São Paulo? Sim, mas também no Paraná, em Pernambuco, no Maranhão, no Rio de Janeiro e no Distrito Federal. Nossas bancas de seleção tão pouco se somaram presencialmente, tudo foi feito através de telas, cada um transmitindo suas impressões acerca dos trabalhos inscritos de maneira totalmente remota. Foram 18 estados que se dispuseram a construir suas próprias etapas pré-bienais, e nós do lado de cá, acompanhando tudo de longe, torcendo, ajudando e vibrando com cada uma que nascia! O Lado C por si só foi uma grande incubadora do que é possível em futuras edições. Contamos a história de projetos potentes e parceiros da UNE e do CUCA por meio das lentes e perspectivas das próprias pessoas do território, e aqui cabe uma gratidão enorme no peito por ter tido a oportunidade de fazer parte de tudo isso. Uma Bienal em meio ao fim do mundo, em um Brasil regido por um genocida, em circunstâncias pandêmicas que por si só já tem nos exigido muito. Nosso papel fundamental nessa edição foi acolher, mostrar que é possível, que não estamos sozinhos, que há muito sendo feito sim! E da coordenação de áreas especificamente foi não deixar que o peso do dia a dia e as dores que um vírus nos impôs, como não poder estar de corpo presente, por exemplo, fizesse-nos deixar de acreditar na potência que somos, mesmo distantes. Poder ajudar a tornar ideias reais foi uma das maiores gratificações. Nada voltará a ser como foi, ainda que tenha sido lindo, o que há por vir começa com o que fizemos nessa edição, e ainda bem que estávamos juntos. Conseguimos, gente!

Paola Soccas Coordenadora de Áreas

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a 12ª Bienal em

130 32 83 TRABALHOS SELECIONADOS

ARTES CÊNICAS

AUDIOVISUAL

175 52 9 ARTES VISUAIS

MÚSICA

JOGOS DIGITAIS

105 67 29 LITERATURA

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CIÊNCIA E TECNOLOGIA

EXTENSÃO


números

1.725

52.7k

387

7.8k

MINUTOS (28H45MIN) TEMPO DE TRANSMISSÃO NO YOUTUBE

TRANSMISSÃO CICLO DE DEBATES PRÉ-BIENAL

VISUALIZAÇÕES NO YOUTUBE DA UNE

VISUALIZAÇÕES NO YOUTUBE DA UNE

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Mostra

ARTES CÊNICAS


Homenageado:

Augusto Boal

Está fadado ao fracasso um país que não constrói as bases materiais e objetivas que priorizem o investimento na formação criativa e subjetiva de seu povo. Isso porque quando destroem a cultura de um país, ele não resiste, o governo não resiste... Ele cai. A cultura e a arte são capazes de construir uma visão crítica da realidade, numa perspectiva emancipadora tão importante para períodos em que ideias conservadoras e fascistizantes ocupam espaços na sociedade. Esta 12ª Bienal da UNE – Festival dos Estudantes convidou os estudantes de cada canto do Brasil a pensar a arte a partir da perspectiva do momento dramático que vivemos hoje. O tempo volta a ser uma questão neste triste capítulo da história distópica que vive o mundo. A urgência da luta pela vida, contra o ódio, contra a intolerância foram temas recorrentes nos trabalhos das mostras artísticas. A mostra de artes cênicas, em especial, reinventou-se para dar respostas ao novo momento histórico, não mais no palco, nas ruas, no encontro físico, mas ressignificando por meio das telas o conceito de presença, tão importante para o acontecimento cênico. Mesmo no novo formato, não perdemos um elemento imprescindível para um festival que abraça o Brasil, que é a diversidade do seu povo, potencializada ainda mais nesta edição. De norte a sul unificamos o país, que de diferentes formas somaram coro em um único grito de revolta. Os artistas vêm cumprindo um papel imprescindível, por meio das suas produções, ajudando o povo a enfrentar a solidão, a ansiedade e o medo neste tempo obscuro. E os estudantes-artistas estão nesta linha de frente. Em um ano que perdura a pandemia do coronavírus que nos isola socialmente, não podemos deixar a arte sucumbir ao fim dos tempos. O Festival dos Estudantes manteve nossa esperança ativa.

Rosa Amorim Coordenadora da Mostra de Artes Cênicas

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#PegaAVisão

A mistura das dores do passado e do presente

Em um mergulho no Brasil profundo, obras bebem na fonte do Teatro do Oprimido e antigo espectador assume centro do palco

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Mostra Artes Cênicas


A partir de um resgate da tradição do Teatro Nacional, capitaneado por Augusto Boal no Centro Popular de Cultura da UNE (CPC da UNE) no início dos anos 1960, a Bienal trouxe apresentações que colocam como protagonistas os que, em outras proposições estéticas, eram invisibilizados. A ideia da democratização das formas de se representar as lutas sociais ganharam força na peça “Mutirão em Novo Sol”, em que trabalhadores rurais se emancipam para se tornarem sujeitos de suas próprias narrativas ao contracenarem, por meio de telas de computador, em uma trama sobre a luta dos camponeses no período da ditadura militar. Foi também por meio de uma videoconferência do google meet que estudantes inovaram em suas encenações. Em “Cálice”, do Grupo Base de Teatro, da Universidade Federal do Ceará (UFC), atores dão vida à agonia vivida pelo povo brasileiro na atual crise econômica e sanitária. O confinamento, que tomou conta de todos neste momento pandêmico, foi matéria-prima para a criação de “Confins de Mim”, um mergulho interno e angustiante proposto por Ana Schaefer, da Universidade Federal Fluminense (UFF). Ao misturar as dores do passado e do presente, as sete obras selecionadas demonstraram-se altamente politizadas, trazendo temas da comunidade LGBTQIA +, a luta contra a fome, a situação do trabalhador da arte, os sentimentos ocasionados pelo isolamento social e, principalmente, a necessidade da construção de um teatro libertador em que o espectador de sempre se move para o coração da cena.

Mostra Artes Cênicas

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mostra selecionada

“CÁLICE”

Grupo Base de Teatro

Universidade Federal do Ceará/Cascavel (CE)

Você tem fome de quê? Sede de quê? CÁLICE. Um desgoverno em que as injustiças sociais se fazem retrato do caos, que vem calando vozes, derramando sangue, destruindo famílias, emanando ódio... Um país “condensado” em transbordar desigualdade. Elenco: Bruno monteiro, Vitor Damasceno, Leo Laxmy, Leudo Duran Texto: Criação coletiva Direção e dramaturgia: Vitor Damasceno Costa Iluminação: Criação Coletiva Design gráfico: Leudo Duran Figurino: Criação coletiva Duração: 17min23 Classificação: 12 anos

Mostra Artes Cênicas

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“NOVO AMAPÁ” Cia. Supernova

Universidade Federal do Amapá (UNIFAP)

Peça com olhar artístico e poético sobre o maior naufrágio fluvial da história brasileira, em 6 de janeiro de 1981, no Rio Cajarí (proximidades da fronteira entre Amapá e Pará), com mais de 600 vítimas. Baseado no texto Triste Janeiro, do jovem ator e dramaturgo Joca Monteiro, que em seus poemas homenageia os envolvidos naquele acontecimento. Atores: Hayam Chandra, Jhimmy Feiches, Sabrina Bentes, Márcia Fonseca, Maria Rosa, Valdir Ribeiro, Fernanda Amaral, Ana Luz, Cecília Zahlouth Direção, produção e iluminação: Marina Beckman Direção de arte: Paulo Rocha e Nathan Zahlouth Assistente de produção: Rúbia Carla Assessoria de comunicação: Adryany Magalhães Maquiagem: Arnanda Oliveira Design: Xion Texto Triste Janeiro: Joca Monteiro Trilha sonora: Paulinho Bastos Gravação e mixagem da música: Hian Moreira Duração: 35 min Classificação: Livre

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Mostra Artes Cênicas


“ALECRIM” Ingrid Gomes

Universidade Federal do Pará (UFPA)

Ancestralidade, sonhos e conquistas de mulheres pretas, estórias que precisam ser contadas urgentemente. O processo foi realizado em São Domingos do Capim e protagonizado por duas moradoras da cidade que nunca haviam experienciado o teatro antes. Elenco: Claudete Passos e Klaryane Pimentel Dramaturgia, encenação e iluminação: Ingrid Gomes Filmagem e edição: Tarsila França Música: “Comigo ninguém pode”, de Jhulie Vivências-Narrativas: Daisy Feio, Margarida Teixeira, Natália de Jesus e Raissa Ladislau Ilustração: Thais Machado Designer gráfica: Kimberlly Espindola Mídia social: Daisy Feio Apoio: Jamivu Duração: 18min57seg Agradecimentos: Douglas Herverton, Larissa Latif e Maria Odanita Classificação: Livre

“QUARTO DE DESPEJO”

Teatro Negro Carolina Maria de Jesus Instituto Federal do Maranhão/Buriticupu (MA)

Pesquisa iconográfica. Trabalho com fotografias da Carolina Maria enquanto escritora e as capas do livro “Quarto de Despejo” em todas as edições brasileiras, em uma abordagem de “gênero, raça e classe”, procurando pensar o “lugar de fala” de meninas negras, contribuindo com procedimentos de ensino-aprendizagem inclusivos, participativos e democráticos. Autora: Carolina Maria de Jesus Direção, roteiro e adaptação: Francisca Márcia Costa de Souza Atores: Lázaro Gomes de Sousa, Laisla Vieira dos Santos, Thays Millena da Costa Alves e Larissa Gomes Dos Santos Local de apresentação: Instituto Federal do Maranhão – Campus Buriticupu, Sala de Leitura da Biblioteca Chico Mendes. Montagem do cenário: Lázaro Gomes de Sousa, Laisla Vieira dos Santos, Thays Millena da Costa Alves, Larissa Gomes Dos Santos Duração: 7min09 Classificação: Livre

Mostra Artes Cênicas

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“CONFINS DE MIM” Ana Schaefer

Universidade Federal Fluminense (UFF)

Performance realizada durante a quarentena, a temática desse experimento cênico é emergencial: aborda as muitas faces de um confinamento -que pode ser tanto físico, como verbal, social, ou, às vezes, emocional. Performance e texto: Ana Schaefer Fotografia, montagem e produção: Ana Schaefer Iluminação: Marta Barcellos Figuração: Leonardo Bueno Duração: 2 min Classificação: Livre

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Mostra Artes Cênicas


“MADE IN BRAZIL” Cia. ABClown

Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho/São Paulo (SP)

Apresentação de circo composta por dois capítulos: I - A Saga do Auxílio Emergencial, que conta a aventura da Palhaça Binha que vai sacar o seu auxílio; II - Não tem imperialismo no Brasil [LEGENDADO BR], livremente inspirado no texto de Augusto Boal, que satiriza, de forma irônica, um estadunidense explicando o significado da bandeira brasileira. Elenco, direção, dramaturgia e edição: Cia. ABClown (Gabrielle Paula e Rondinely Lima) Duração: 7min32seg Classificação: Livre

“CONTRA INDICAÇÃO” Bicha Poética

Sesi Euzébio Mota de Alencar/Sobral (CE)

Vídeo-poema sobre o cenário político, social e econômico em que vivemos. Aborda temáticas como: LGBTfobia, racismo e preconceitos sobre pessoas que historicamente tiveram seus corpos marginalizados e subalternizados. Poema: Bicha Poética Captação Edição: Y.Choices Produção: Saymon Lopes, Diego Clementino e Iana Marques Duração: 2min35 Classificação: 14 anos

Mostra Artes Cênicas

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mostra convidada

“MUTIRÃO EM NOVO SOL”

Brigada Nacional de Teatro Patativa do Assaré-MST A montagem é de autoria de um coletivo coordenado por Nelson Xavier e Augusto Boal e toma como referência a luta dos camponeses nos anos 1960. Encenada pelo CPC e MCP, esta peça ficou desaparecida por décadas. O MST faz uma leitura dramática apontando as convergências com a situação atual do Brasil. Produção e concepção: Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra Música dos créditos: Enxame Sem Terra: Luciano Carvalho/Jonathan Silva Duração: 25 min

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Mostra Artes Cênicas


“OS RATOS NÃO ESTÃO NO PORÃO” Grupo Experimental (Recife/PE)

Videodança-manifesto, poesia/denúncia sobre o descaso com o artista do país, que mergulhado no contexto pandêmico está em situação de extrema vulnerabilidade e beira a miséria com a falta de assistência ao setor. Está à mercê dos governantes que não solucionam uma questão histórica e permanentemente latente: o desemparo do trabalhador de arte. Concepção, direção geral, figurino e intérprete: Mônica Lira Direção artística e figurino: Rafaella Trindade Direção de fotografia, câmera e montagem: Silvio Barreto Desenho cenográfico e criação das peças: Sérgio Altenkirch Desenho de luz e execução: Beto Trindade Produção e assistente de iluminação: Caio Trindade Ambiente sonoro e trilha original: Diego Drão e Ivo Thavora Registro fotográfico: Ivan Dantas Locação filmagem: RedeMoinho da Ilha (Sergio Altenkirch) Design gráfico: Carlos Moura Assessoria de comunicação: Marta Guimarães Duração: 18 min

Mostra Artes Cênicas

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Mostra

ARTES VISUAIS

Mostra Artes Visuais


Homenageada:

Rede NAMI/Panmela Castro

A linguagem das ruas que transforma o cotidiano em arte vem acompanhando as transformações sociais e tecnológicas. Projeções, mapping, manifestações em formato de lambes, colagens e diversos mosaicos se tornam potência de expressão popular e vêm conquistando, cada vez mais, um papel político fundamental em tempos de isolamento social. A Urbanografia do fim do mundo transformou as mais diferentes técnicas das artes visuais em reproduções em um só suporte: nossa galeria de arte virou arte urbana, dessas que não pedem licença, em lambes que hoje ocupam as sedes das entidades estudantis. Selecionamos em uma banca que contou com o artista carioca Mulambö e as ex-coordenadoras do CUCA Priscila Lolata e Andressa Argenta, trabalhos das mais diversas técnicas e as reproduzimos em formato de galeria urbana e como parte do estúdio de transmissão da Bienal, no Teatro Oficina. Pela primeira vez, tendo a tecnologia como aliada, conseguimos apresentar a exposição de forma virtual com comentários em mp4 dos artistas sobre as suas próprias obras, em um espaço de troca com a banca de seleção. Também homenageamos Elza Soares por meio da Rede NAMI e a grafiteira Panmela Castro, além de projetarmos nossas inquietações nos muros de São Paulo junto aos projetos “Design ativista” e “Projetemos”.

Rebeca Belchior Coordenadora da Mostra de Artes Visuais Mostra Artes Visuais

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#PegaAVisão

No vazio da rua, arte visual vira multidão Exposição realizada em meio à pandemia recria formatos e traz como tema central experimentações em estruturas a céu aberto

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Mostra Artes Visuais


Com o tema “Urbanografia: a linguagem do fim do mundo”, a mostra de Artes Visuais da 12ª Bienal da UNE resgatou as intervenções urbanas como referencial estético após mais de um ano de grito entalado na garganta de quem não pôde protestar fora de casa em virtude da covid-19. Por isso, a escolha de dar vazão à linguagem desenvolvida nos mais diversos ambientes da cidade teve papel fundamental no momento em que o encontro presencial ficou mais difícil. Foi dessa forma que a Rede Nami, fundada por Panmela Castro, passou a estimular o protagonismo de mulheres para protegê-las da violência doméstica. A Organização Não Governamental (ONG), que foi homenageada, grafitou o rosto de Elza Soares na sede da UNE - a cantora lançou um álbum voltado à resistência feminista intitulado “Deus é Mulher.” O coletivo Design Ativista, que organiza uma rede colaborativa de designers que se mobilizam

Mostra Artes Visuais

contra injustiças, e o Projetemos, que fez projeções na Avenida Consolação, em São Paulo - local que tem virado alvo de protestos visuais desde o início da pandemia -, compuseram a mostra convidada. Com 23 trabalhos selecionados, a arte urbana seguiu como fio condutor de técnicas convergidas em galerias alternativas que interferem no espaço público para ressignificá-lo e dão visibilidade a bandeiras de luta. Por conta disso, a Bienal montou duas grandes instalações compostas pelas obras dos estudantes: uma na sede da entidade estudantil, em formato lambe-lambe, e outra no Teatro Oficina, com um grande mosaico fotográfico. Na impossibilidade de estarem presentes fisicamente, os autores adicionaram mais uma camada de sentido às obras ao gravarem áudios reproduzidos à medida que elas eram expostas na transmissão ao vivo, provando que, quando o assunto é reinvenção, não há limites.

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mostra selecionada

“JANELA” Técnica: Fotografia

Bianca Rocha Gouveia

Universidade Corporativa (UNICORP)

“SEM TÍTULO” Técnica: Fotografia Caíque Costa

Universidade de São Paulo (USP)

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Mostra Artes Visuais


“A POESIA ESTÁ NAS RUAS” Técnica: Arte digital em Photoshop Isadora de Lima Romera

Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Mostra Artes Visuais

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“IMPONÊNCIA”

Técnica: Caneta esferográfica sobre papel Elson Júnior Universidade Federal da Bahia (UFBA)

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Mostra Artes Visuais


“RUPESTRE EM FAVELA” Técnica: Gravura sobre rocha Mathias Duarte

Universidade Federal da Bahia (UFBA)

“NÃO EXISTE VIOLÊNCIA CULPOSA” Técnica: Colagem digital 1080 x 1350 pixels Dery Ohanna Bruna Heldt

Centro Universitário Belas Artes São Paulo

Mostra Artes Visuais

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“CAROLINA MARIA DE JESUS” Técnica: Pintura mural Arthur Carvalho

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

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Mostra Artes Visuais


“VÊNUS ATROZ” Técnica: Ilustração digital Camila Lisboa

Universidade Federal de Viçosa (UFV)

Mostra Artes Visuais

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“A FERIDA INVERSA”

Técnica: Aquarela e lápis 8B sobre canson A4 Paulo Ferreira (Afrokaliptico)

Universidade Federal do Rio Grande (FURG)

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Mostra Artes Visuais


“SEM TÍTULO / “OS CABELOS DE MARIÁ”

Técnica: Linóleo gravura impressa em cartolina Tamara Noel Universidade Federal da Bahia (UFBA)

“O ANCESTRAL SOU, TAMBÉM, EU” Técnica: Foto performance Ysmael Ventura

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Mostra Artes Visuais

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“CORPOTERRA, 2021”

Técnica: Impressão sobre papel - 59cm x 84cm Camilla Dumas Instituto Federal de Goiás

“ATOÍCES” 1. BECO DA LOROTA / 2. CANTO DA PROSA Técnica: Fotografia Ana Martha Coutinho Moreira Falabella

Universidade Estadual de Minas Gerais - Escola Guignard (UEMG)

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Mostra Artes Visuais


“GOTA DA SEIVA” Técnica: Colagem digital Maíra Vilas Boas

Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Mostra Artes Visuais

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“VIOLÊNCIA PATRIARCAL” Técnica: Colagem analógica Bia Gonçalves

Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)

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Mostra Artes Visuais


“DORES DA VIDA ADULTA” Técnica: Ilustração digital Amsterdan Felipe

Pré-vestibular/Caucaia (CE)

Mostra Artes Visuais

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“CONSERVADOR”

Técnica: Intervenção. Latas/vidros em conserva Carol Machado

Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC)

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Mostra Artes Visuais


“VÓ ZÍ, DA SÉRIE MITOLOGIA NORDESTINA” Técnica: Pintura digital Álisson Pereira Flor

Universidade Regional do Cariri (URCA)

Mostra Artes Visuais

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“MENINO CAVALGANDO EM DIREÇÃO AO CEMITÉRIO” Técnica: Fotografia colorida 716 x 527 pixels Thamires Bibiane da Silva Messerchimidt Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

“SOBRE PESSOAS QUE SENTEM MUITO (I, II E III)” Técnica: Animação 2D David Francisco dos Santos (Haki)

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

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Mostra Artes Visuais


“ANDAR NA FLORESTA EM NOITE DE LUA” Técnica: Linoleogravura 297 x 210 mm impressa com tinta à óleo em papel 200g Sulamita

Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

Mostra Artes Visuais

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“POR UM LEVANTE”

Técnica: Fotografia preta e branca 2048 x 1365 pixels Thamires Bibiane da Silva Messerchimidt Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

“UMA FAMÍLIA QUE RESISTE” Técnica: Fotografia Paulo Sérgio Vieira UniCuritiba (PR)

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Mostra Artes Visuais


“SILVESTRE CORAÇÃO” Lucas Gauchinho Rodrigues

Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila)

“ELZA - RAINHA DO BRASIL” Técnica: Lambe-lambe Juliana Ferreira dos Santos

Universidade Estadual de Minas Gerais Escola Guignard (UEMG)

Mostra Artes Visuais

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“CANTO DE ALDEIA”

Técnica: Fotografia Beatriz Tuxá e Raquel Franco

Universidade Federal da Bahia (UFBA)

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Mostra Artes Visuais


“O SURTO COLETIVO”

Técnica: Lápis de cor, caneta hidrográfica e nanquim líquido sobre Canson A2 200g/m² Pedro Bahia Universidade Estadual de Minas Gerais Escola Guignard (UEMG)

“YURI A.”

Técnica: Carvão e papel Wilton Oliveira

Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Mostra Artes Visuais

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mostra convidada

Pintura de painel em homenagem a Elza Soares na sede da UNE

PANMELA CASTRO Artista visual, ativista, grafi teira, performer e educadora. Utiliza o graffi ti como aliado em sua produção e ativismo em defesa dos direitos da mulher e da igualdade de gênero, retratando em murais rostos de personagens femininos duplicados, conectados e envoltos por elementos simbólicos. Reconhecida internacionalmente, seu trabalho, além da pintura e do graffi ti, inclui performances, fotografia, vídeo, esculturas e instalações participativas.

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Mostra Artes Visuais


DESIGN ATIVISTA Rede de design colaborativo que se mobiliza a partir de uma causa e ideais de igualdade e justiça social, promovendo o design com fins ativistas. Representada na Bienal por Felipe Altenfelder.

PROJETEMOS Grupo de projecionistas que surgiu com a chegada da Covid-19 ao Brasil em 2020. Das suas janelas, criam narrativas com a projeção, ferramenta essencial de expressão e informação, por meio de manifestos sociais, artísticos e afetivos nas fachadas e empenas de prédios nas cidades. As ações diárias constroem um fluxo de movimento entre um mundo fluido, digital e sem fronteiras, e o mundo físico, literalmente concreto, um processo contínuo de reconfiguração.

Mostra Artes Visuais

Felipe

Mozart

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Mostra

MÚSICA

Mostra Música


Homenageada:

Leci Brandão

Coordenar uma mostra de forma remota foi um desafio. Nunca, em toda minha trajetória na produção cultural, imaginei que faria um evento deste porte sem ser fisicamente. Desenvolver um novo formato traz inúmeras dificuldades, desde a pré-produção, sendo a principal delas manter a qualidade técnica da obra dos artistas como se estivessem ali, presencialmente. Nessa etapa, preparamos um novo modelo, que o artista aproveitasse ao máximo de uma nova linguagem e pudesse mostrar para todo o país quem ele realmente é, qual a sua manifestação cultural e como ele quer ser visto. Desta forma, realizamos as gravações em estúdios parceiros no local onde ele/ela estava, para que tivesse total liberdade para fazer o seu trabalho com a qualidade que merece. Nossos dois curadores, André Cecílio e Mayara Mello, levaram o convite com muita responsabilidade e leveza, mesmo tendo perdido horas de um fim de semana avaliando os projetos encaminhados para Bienal. Selecionar os artistas, orçar estúdios, fechar contrato e marcar a gravação. Na segunda-feira, tudo isso já estava sendo agilizado. Deixo meu agradecimento aos artistas, que auxiliaram muito em todo o processo, sem eles nada seria possível. Em menos de uma semana para apresentação ocorreram as gravações, todas seguindo as normas de segurança sanitária e cumprindo um prazo extremamente apertado para entrega do material. Agradeço a cada profissional e técnico que se dispôs a realizar esta parte do projeto. Vocês são incríveis. Graças a todas essas mãos, realizamos uma mostra incrível, que deu oportunidade e visibilidade a estes jovens artistas, mantendo a qualidade que eles merecem.

Flávia Medeiros Coordenadora da Mostra de Música Mostra Música

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#PegaAVisão

Em um só lugar, de Norte a Sul

Do rock de Brasília ao pop de quem vem do interior, a mostra de Música, que teve programação convidada 100% negra, buscou representar diversidade musical do país

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Mostra Música


Rap, samba, mixagem ao vivo para todo mundo ver: tudo isso aconteceu no palco online da Bienal da UNE, coroado com a presença da homenageada e símbolo da Música Popular Brasileira (MPB), Elza Soares. De Flávio Renegado a Dexter e KL Jay - o último, DJ aclamado e fundador do grupo Racionais MCs-, os artistas convidados têm trajetórias parecidas, ou seja, são pretos, vieram das periferias de centros urbanos e tiveram que enfrentar uma indústria desigual para se estabelecer. Inspirados nas trajetórias desses precursores da busca pela independência artística, os estudantes selecionados puderam, graças à tecnologia, “dividir” o palco com nomes de peso. Cada um recebeu o apoio da Bienal e gravou a sua apresentação a partir de estúdios localizados em suas próprias cidades, lembrando o formato descentralizado dos festivais de música independente pós-anos 2000. E as referências foram além do jeito de se apresentar. A cantora Lá, do Centro Universitário de Belas Artes de São Paulo, soltou a voz em um timbre que recordou Joyce -voz inconfundível da MPB-, demonstrando frescor e maturidade impressionantes. Em outra rodada apetitosa de show, quem apareceu na tela foi a banda Marlua, com um forró denso e empolgante, mantendo a diversidade de estilos que caracteriza o evento. Ainda teve o Zênit, trazendo a tradição do rock brasiliense; a live session, da cantora Annah, de Curitiba; Big James, representando o rap de Fortaleza; e a drag queen MAC estudante da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), que este ano já lançou o seu primeiro single: “Amor Ruim”. Bapho!

Mostra Música

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mostra selecionada

BIG JAMES E CONVIDADOS: RONI FLOW, DJ LORENZO, MC RAY CEJA Professor Milton Cunha/Fortaleza (CE)

Músico, ator, poeta, cantor e compositor cearense. Integrou a banda GhettoRoots e o Coletivo Ocupa Cajueiro. Participou das edições 2017 e 2018 do Maloca Dragão e em 2109 da XIII Bienal Internacional do Livro do Ceará. Em 2020, lançou seus primeiros trabalhos de audiovisual nas plataformas digitais.

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Mostra Música


MAC Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

MAC é drag queen e cantora do interior de São Paulo. Seu primeiro lançamento autoral foi a faixa “Amor Ruim”, em janeiro de 2021. Vem trabalhando outras músicas autorais e pretende, ainda em 2021, lançar o seu primeiro EP (disco digital).

LÁ Centro Universitário Belas Artes (SP)

Artista LGBT+ paulista que deu início à sua carreira em 2020. Apresenta músicas autorais no estilo das brasilidades. A artista acredita que a música tem o poder de unir as pessoas e o que mais a fascina é ver como as músicas reverberam de forma única em cada uma.

Mostra Música

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MARLUA Centro Universitário da Grande Dourados EAD (UNIGRAN)

Natural de Vitória da Conquista (BA), Marlua é cantora, compositora e poetisa. Em dez anos de carreira, teve a honra de abrir shows de artistas renomados como Lenine, Marina Elali, Luiza Possi e Vander Lee. Fez parte do corpo de atores/cantores principais da Ópera Medieval Caatingueira FAVIELA do menestrel Elomar Figueira de Mello. Haeckel França (baixo/backing) Felippe Donatto (guitarra) Marlua (vocal) Kleberson (bateria)

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Mostra Música


ANNAH Instituto Federal do Paraná

Cantora residente em Curitiba, em atividade desde 2009, atuando como backing vocal em eventos como casamentos, aniversários, formaturas, entre outros. “Sobre Você” é uma live Session que fala sobre sentimentos e a necessidade de se ouvir e conseguir entender o que essas sensações estão dizendo sobre você.

ZÊNIT

Maurício, Cauã, Rafael e Cavalcante Centro Universitário de Brasília - Ceub (DF)

Nascidos no planalto central, os quatro integrantes se juntaram para uma formação “tradicional” de uma banda de rock. Lançaram o 1º trabalho de estúdio “Frágil”, misturando influências diversas de cada componente, chegando a um som que mistura do indie ao pop.

Mostra Música

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mostra convidada

KL JAY - RACIONAIS MCs Juntamente com Edi Rock, Mano Brown e Ice Blue, fundou o Racionais MCs em 1989. Com o rapper Xis criou a gravadora que depois se tornou produtora de eventos e confecção conhecida como 4P. Com Xis, também produziu por 10 anos o mais importante campeonato de DJs do país, o “Hip Hop DJ”. É sócio da gravadora Cosa Nostra (com o Racionais MCs) e possui um selo individual, o “KL Música”. Foi ainda apresentador do YO! MTV Raps.

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Mostra Música


DEXTER Dexter 8º Anjo, como é conhecido pelos fãs, chama-se Marcos Fernandes de Omena. Referência no Hip Hop nacional, tem mais de 30 anos de carreira e ficou conhecido nos anos 1990, quando foi um dos fundadores do grupo 509-E. Privado de sua liberdade, por 13 anos, Dexter reconhece os deslizes do passado e os encara como aprendizado. Hoje, há 9 anos em liberdade, compartilha sua experiência por meio de palestras, bate-papos, shows e eventos. Fundou a sua própria empresa, a 8º Anjo Produções.

Preta Ferreira foi mestra de cerimônia na Mostra de Música

RODA DE SAMBA Arthur Favela Bernadete Elizeth Souza Fernando Szegeri Helinho Guadalupe Marcelo Fonseca Maurinho De Jesus Paula Sanches René Sobral

Mostra Música

Roberta Oliveira Rodolfo e Toinho Melodia Rodrigo Pirituba Rosa Rio Thiago Praxedes Marquinhos Jaca Trio Gato Com Fome Edu Batata Marlene Mendes

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Mostra

AUDIO VISUAL


Homenageada:

Graci Guarani

O processo de concepção da Bienal da UNE, como um todo, foi um grande ir e vir de possibilidades e ideias. A única certeza era de que não estávamos só, e bastou. Logo de início foi consenso entre os coordenadores das diferentes linguagens que deveríamos buscar um relacionamento prévio e preparatório para com os CUCAs estaduais, tornando possível assim que mais estudantes tivessem acesso à participação. Dentre os objetivos conceituais, o de que a seleção deveria contemplar a maior diversidade regional possível, estava no centro da discussão, logo, os critérios para selecionar as obras fizeram uma busca ativa por representatividade, dentro do singular de cada região inscrita, acompanhando paralelamente as atuais modificações do setor para levar o cinema ao espectador, através de uma plataforma de streaming criada exclusivamente para o evento. Tivemos 83 filmes inscritos, dentre eles: documentários, ficção e animação em curtas-metragens. O Circuito GRAVE de produções audiovisuais acadêmicas levou, por fim, 16 filmes selecionados, e 3 filmes convidados: “Atravessa a Vida” (o único longa da programação), de João Jardim, e “Tempo Circular” e “Kunhangue - Universo de um novo mundo”, ambos da homenageada Graci Guarani. Das principais reflexões que tiramos quanto à essa edição da Bienal, é que mesmo com todas as dificuldades enfrentadas pelo evento ocorrer durante a pandemia e a necessidade de distanciamento físico, paradoxalmente, o movimento que já vinha ocorrendo de ampliação de meios de exibição e de realizações de reuniões virtuais, proporcionou um alcance territorial mais amplo do que se estivesse circunscrito ao estado a sediar o evento, como em edições anteriores. Talvez este seja o legado da 12ª edição da Bienal: buscando superar obstáculos, aprendeu maneiras de estar em mais espaços num país de proporções continentais.

Victor Rinaldi Coordenador da Mostra de Audiovisual

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#PegaAVisão

Quebrando as paredes do cinema Incorporação do streaming virou solução mais democrática para quem tem dificuldade de acesso às salas de exibição

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Mostra Audiovisual


Com o tema “Os filmes foram feitos para serem vistos”, a Mostra de Audiovisual ocorreu em um canal no Vimeo por meio da plataforma Grave, criada pelos articuladores do CUCA da UNE para a construção de um circuito universitário de cinema. Por esse motivo, os curadores se concentraram em mapear o que os estudantes andam produzindo e, assim, garantir representatividade regional para além do tradicional eixo Rio-São Paulo, destino da maior parte dos recursos de fomento para o setor. Além disso, a exposição colocou em primeiro plano narrativas tomadas pelas questões do cotidiano, do micro ao macro-político, elementos que têm impactado a produção artística universitária como um todo. Em “Dois”, um curta metragem não ficcional de Guilherme Jardim e Vinicius Focus, do Centro Universitário UNA, em

Mostra Audiovisual

Belo Horizonte, rapazes tentam se manter conectados durante a pandemia, em um misto de crônica com pitadas de posicionamento em um momento em que o afeto pode ser revolucionário. Com muita força veio, também, o “Carta à Pátria”, “um vômito”, segundo seu realizador, Nelson Moura, da Universidade Federal do Piauí (UFPI), que levou ao público os sentimentos em ebulição dos não conformados. A busca pela abrangência alcançou a produção de Graci Guarani, educadora audiovisual indígena que, em “Tempo Circular”, nos ensina a exercer uma noção não linear da nossa experiência de vida, um convite à descolonização do nosso olhar. Ao que tudo indica, a ideia de um cinema sempre novo pulsa forte nos corações e mentes dos cineastas em formação.

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mostra selecionada

“SUNFLOWER”

Direção: Julio Cesar do Bertolini do Amaral Pontifícia Universidade Católica (PUC-PR)

Filha e mãe vivem em harmonia, até que uma notícia vira seu mundo de cabeça para baixo. Sunflower remenda através da finitude da vida humana, dando novas lentes ao valor do tempo da vida, e como conciliamos com nossos arredores.

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Mostra Audiovisual


“COPACABANA MADUREIRA” Direção: Leonardo Martinelli

Universidade Estácio de Sá - UNESA (RJ)

Eleições presidenciais. Notícias falsas. Prazeres e dores pelos bairros da cidade. Brasil, século XXI.

Mostra Audiovisual

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“INSPIRAÇÕES”

Direção: Ariany de Souza

Escola Municipal Adalgisa Nery (RJ)

A diretora e atriz principal do filme, Ariany de Souza, é uma jovem da Zona Oeste do Rio de Janeiro que encontrou na música e na poesia as inspirações para vencer os obstáculos que a vida foi colocando em seu caminho.

“ÚLTIMO CINEMA DE RUA” Direção: Marçal Garcia Vianna

Universidade Veiga de Almeida (RJ)

Jéssica, mãe de Zeca, um menino da periferia que ganhou uma bolsa numa escola particular, é chamada para uma reunião com a professora do seu filho. Em um encontro cheio de farpas, reflexões e visões de mundo distintas, um veredicto é dado e o destino de Zeca precisará ser decidido.

“CARTA À PÁTRIA”

Direção: Nelson Moura Fé

Universidade Federal do Piauí (UFPI)

Viaja pela morte que orquestra a necropolítica do nosso país e dança pelo terror estético da nossa história cravada em violência, covardia e desigualdade.

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Mostra Audiovisual


“RETINA”

Direção: Victor Rosalino Ferreira Universidade Estácio de Sá (PA)

Uma reflexão sobre a criação da imagem na nossa mente. Apoiada em um largo estudo sobre gestalt e semiótica, o filme é um desafio à imaginação e à interpretação de quem o vê.

Mostra Audiovisual

“YACUNÃ TUXÁ: MULHER INDÍGENA, SAPATÃO E ARTISTA EM SALVADOR” Direção: Raquel Souza Franco

Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Fotorreportagem sobre Yacunã, artista indígena do povo Tuxá, no município de Rodelas, norte da Bahia. Originária do semiárido, estudando em Salvador, a arte de Yacunã propõe diálogo com a capital baiana em um processo de descolonização do imaginário construído sobre os povos indígenas no Brasil.

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Mostra Audiovisual


“DOIS”

Direção: Guilherme Jardim e Vinícius Fockiss Centro Universitário UNA (MG)

A relação de dois rapazes, Bernardo e Luix, tentando manter a proximidade afetiva durante o período de isolamento social. Exibido entre duas janelas, que representam o universo particular de cada personagem.

Mostra Audiovisual

“O ABEBÉ ANCESTRAL”

Direção: Paulo Roberto Ferreira Filho Universidade Estadual de Santa Cruz (BA)

A partir das vozes de Mãe Darabi/Alba Cristina Soares (Ialorixá), Olúkóso/Luzi Borges (Kolabá de Xangô) e das performances da atriz Izadora Guedes, o documentário aborda a história de Mejigã, sacerdotisa nigeriana que sofreu diáspora no século XIX e foi escravizada no Engenho de Santana (Ilhéus - BA), do qual escapou resistindo e se tornando símbolo de empoderamento ao gestar uma dimensão Ijexá no Sul da Bahia.

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“ÀPROVA”

Direção: Natasha Roberta dos Santos Rodrigues Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Entre os vazios da universidade e o brado tempestuoso da luta pelas cotas, o documentário-ensaio apresenta as vozes de quem viveu e ainda vive a Unicamp sob as forças do racismo e da discriminação.

“AUSÊNCIA” “MIRAGEM”

Direção: Bruna Guido

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Direção: Igor Luiz Cardoso Santana

Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)

Universidade Federal do Amapá (UNIFAP)

Em um futuro próximo, a personagem Karina Sousa vive isolada no interior da Paraíba. Depois de muito tempo, ela concede uma entrevista sobre as mudanças climáticas ocorridas em Campina Grande. Voltamos ao passado para acompanhar sua trajetória como ativista ambiental e a busca por conscientização de uma população que nunca a escutou.

Uma jovem se vê perdida e lentamente dissociada da sua própria realidade conforme encontros e poemas esclarecem que algo desapareceu de dentro dela.

Mostra Audiovisual


Mostra Audiovisual

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Mostra Audiovisual


“REJUNTE”

“DUDA”

Centro Universitário em Itu e Salto (SP)

Centro Universitário de Arte e Educação Santa Cecília Helena (SP)

Direção: Giulia Baptistella

Retrato de Iraci Pereira, mulher, mãe e pedreira que, aos 44 anos, passou por dois relacionamentos abusivos e sofreu todo tipo de violência, até reconstruir sua vida e se encontrar na construção civil, ambiente de trabalho majoritariamente masculino.

Direção: Carolina Lobo

Maria não consegue mais dormir. Grávida de oito meses do seu segundo filho, ela se sente desamparada e angustiada como na primeira gravidez. Imersa em um vertiginoso fluxo de consciência, esta é uma história de horror e delírio sobre a maternidade e a depressão pós-parto.

“MINHA DEUSA E EU”

Direção: Gabrela Viera Produtor Executivo: Guilherme Fogaça Centro Universitário em Itu e Salto (SP)

Documentário performático com linguagem experimental sobre o encontro com a Deusa interior na pessoa da contemporaneidade. Uma jornada de autoconhecimento por meio da medicina da Ayahuasca.

Mostra Audiovisual

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mostra convidada “KUNHANGUE UNIVERSO DE UM NOVO MUNDO (2021)” Direção: Graciela Guarani DOC

Em tempos pandêmicos, muitas reflexões são conectadas e despertadas, da própria forma de refletir à maneira como se vive e deseja. “KUNHANGUE” é um estalo, disparador de outros meios de sentir nesse contexto. Modo transcendente de mulheres indígenas da etnia Guarani de São Paulo, que subverte e dinamiza atravessamentos para o fortalecimento de suas existências como originárias: sabedoria milenar Guarani que acessa um universo de um novo mundo.

“TEMPO CIRCULAR (2018)” Direção: Graciela Guarani DOC

O curta-metragem aborda o tempo na visão indígena da Nação Pankararu. Um tempo não linear, um tempo circular, tempo de escutar o passado estando no presente e pensando no futuro, um tempo onde os três estágios de tempo se comunicam com sabedoria, respeitando o ciclo natural das coisas, “TEMPO CIRCULAR” traz narrativas originais com canções, dizeres da vida, da corrida diária pelo bem estar e o apelo à ancestralidade e a paz.

GRACIELA GUARANI é cinegrafista, roteirista e fotógrafa. Nascida no Mato Grosso do Sul, Aldeia Jaguapiru, TI Dourados. Foi parte do núcleo audiovisual da Ação dos Jovens Indígenas e atua na produtora Indígena Petei Xe Ra. Participou da Rede Índios Online.

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Mostra Audiovisual


“ATRAVESSA A VIDA (2020)” Direção: João Jardim DOC

Enquanto alunos do 3º ano do ensino público no interior do Sergipe se preparam para a prova que pode determinar o resto de suas vidas, o documentário retrata as angústias e os prazeres da adolescência através de seus gestos, inquietações e conquistas.

JOÃO JARDIM

O primeiro longa—metragem de João Henrique Vieira Jardim, “Janela da Alma”, ganhou 11 prêmios nacionais e internacionais e levou mais de 140 mil pessoas aos cinemas em 2002. “Pro Dia Nascer Feliz”, seu segundo trabalho lançado em 2006, é um documentário sobre as situações adversas que o adolescente brasileiro enfrenta dentro da escola. Junto com a britânica Lucy Walker e a brasileira Karen Harley, codirigiu o documentário “Lixo Extraordinário”, indicado ao Oscar de melhor documentário, em 2011, e ganhador de prêmios nos Festivais de Berlim e Sundance.

Mostra Audiovisual

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Mostra

CIÊNCIA & TECNOLOGIA


Homenageados:

Instituto Butantan, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)

Inspirados pelo sentimento de ruptura dos paradigmas artísticos da Semana de Arte Moderna de 1922, a Mostra Estudantil de Ciência e Tecnologia da 12ª Bienal da UNE - Festival dos Estudantes buscou valorizar o conhecimento produzido nas instituições que desenvolvem pesquisas no Brasil e resistem à iminente interrupção de seu funcionamento após severos cortes de orçamento promovidos pelo governo federal. É preciso investir em ciência para nossa soberania e em educação para que nosso povo recupere o direito de sonhar. Com a inovadora coordenação da Associação Nacional dos Pós-graduandos (ANPG), esta edição 100% on-line da Mostra Científica foi aberta para secundaristas e universitários, sob a temática “Conhecimento é Soberania”. A curadoria contou com 22 pesquisadores pós-graduandos que avaliaram 70 trabalhos inscritos nas áreas de Ciência Exatas, Tecnologias e Engenharias; Ciências Biológicas e da Saúde; Educação; Ciências Humanas e Sociais aplicadas; Geociências Agrarias e estudos de combate à pandemia de Covid-19. Com a proposta “O minuto da ciência”, os trabalhos selecionados foram exibidos em diversos momentos da programação da 12ª Bienal, proporcionando aos jovens pesquisadores o estímulo às novas maneiras de comunicar, divulgar e popularizar a ciência produzida para a sociedade. A ciência e a inovação, na qualidade de saberes integrados às práticas sociais, são recursos de independência intelectual e de construção de estruturas políticas mais justas, democráticas, solidárias e, especialmente, subsidiárias de valores compartilhados dos povos originários de nossa nação.

Izabela Marinho, Luiza Coelho e Raí Campos

Coordenadoras e coordenador da Mostra de Ciência e Tecnologia

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#PegaAVisão

Acredite, a ciência salva

Quem pensa em pesquisa olhando de longe pode achar que se trata, apenas, da frieza dos métodos, mas, na Bienal, a exposição de trabalhos científicos emocionou participantes e público

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Mostra Ciência & Tecnologia


Na contramão da maré negacionista, os estudantes realizaram uma grande homenagem a instituições que estão na linha de frente do combate à covid-19, como a Fiocruz e o Instituto Butantan. Para acrescentar uma camada generosa de esperança, a curadoria avaliou trabalhos que incorporam o conhecimento produzido dentro das universidades e os saberes dos povos originários. Essa busca pela identidade e por representar a diversidade regional do país revelou uma produção de “excelente qualidade”, nas palavras do coordenador da mostra, Raí Campos. Com iniciativas de divulgação científica, muitas delas presentes nas redes sociais, o festival engrossou o caldo de um movimento de defesa da ciência como base para a soberania nacional. Assim, o total de 40 trabalhos selecionados focalizaram temas como a pandemia e a luta por direitos em comunidades quilombolas e indígenas.

Mostra Ciência & Tecnologia

Em Brasília, Wanghley Soares Martins chamou a atenção ao elaborar o estudo, por meio do Instituto Federal de Brasília (IFB), sobre o “Sistema para Auxílio no Diagnóstico da Doença de Parkinson”, um prenúncio do que pode ser um novo caminho para a investigação dos efeitos da doença no corpo de pacientes. No Instituto Federal do Espírito Santo (IFES), estudantes tiveram como objeto de pesquisa uma comunidade indígena de Aracruz para construir estratégias de ampliação do acesso à educação formal na região. Há ainda pesquisa sobre um medidor de temperatura que funciona via WI-FI, ou uma mochila que dificulta a propagação do coronavírus e protege a comunidade escolar na volta às aulas. A inventividade demonstrada reavivou a certeza de que o Brasil continua sendo muito maior do que qualquer crise.

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mostra selecionada “Fatores condicionantes do aprendizado” Natália Raquel de Souza Pires

Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE)

“Direito à educação e políticas de permanência estudantil no ensino superior no Brasil” Caio Pereira Negrão, Lia Nunes Barreto, Mariana Giulia e Chaves Prates Universidade Federal da Bahia (UFBA)

“Programa de educação tutorial: estudo de caso do grupo pet turismo FURG”

Angelice Raquel Motter Manzino, Kimberlin Branco, Juliana Niehues Gonçalves de Lima e Lucimari Acosta Pereira Universidade Federal do Rio Grande (FURG)

“Para bem cumprir a lei das terras: o processo de regularização fundiária no centro sul da província do Piauí (1850-1860)” Cássio Borges

Universidade Federal do Piauí (UFPI)

“Perceba o tatuquara: a leitura dos sujeitos na construção do espaço urbano” Danielle Ramos Pereira e José Ricardo Vargas Faria Universidade Federal do Paraná (UFPR)

“Difusão conceitual da tatuagem criminal na sociedade brasileira” Beatris Garcia da Silva

Escola Técnica Estadual (ETEC - CEPAM / SP)

“A geografia cultural da capoeira em Caxias-MA: território e territorialidade”

Carlos Jardel Araujo Soares, Antonia Mariely Almada Silva e Rebeca Lopes de Sousa Silva Instituto Federal do Maranhão (IFMA - Campus Caxias)

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Mostra Ciência & Tecnologia


“Mapeamento sócio histórico das comunidades remanescentes de quilombolas (CRQ´s) no município de Itapecuru-Mirim – MA”

Cinthya Letícia Corrêa Belfort, Antonia de Castro Andrade, Daisy Damasceno Araújo e Paulo Yuri Paixão Instituto Federal do Maranhão (IFMA)

“Representações sociais de adolescentes escolares sobre o processo de envelhecer: abordagem estrutural” Bernardo Rafael Blanche

Universidade Federal do Piauí (UFPI)

“Projeto faculdade de português”

Laura Carvalho Mariano Lacerda, Manuela da Silva Manenti Santos e Erika Caracho Ribeiro Escola Técnica Estadual (ETEC - CEPAM / SP)

“A luta pelo direito à educação um estudo a partir da realidade indígena de Aracruz - ES” Diwarian Pego de Souza e Josiane Tranhagno Cordeiro Instituto Federal do Espírito Santo (IFES - Campus Aracruz)

“Mobilidade e acessibilidade urbana: inclusão e controle social no planejamento de cidades médias” Raíssa Castro Schorn e Sérgio Luis Allebrandt Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ)

“Sim, nós podemos: resistências insurgentes em construção com a educação popular” Danilo Macruz Inácio

Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)

“A importância de um repositório (website) para a democratização de conteúdos de ensino” Emanuel Vinicius Araújo da Silva e Maria Cleide da Silva Barroso

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE)

Mostra Ciência & Tecnologia

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“Relato de experiência: contribuições do programa de residência pedagógica (PRP) para formação dos licenciados em pedagogia”

Geiza Vitória Miranda de Lima, Maria Lúcia Teixeira Borges, Edilliane da Fonseca Castro, Mariana Carolaine de O. Barbosa e Marlon Vando dos S. Pantoja Universidade Federal do Amapá (UNIFAP)

“Podcast como ferramenta de auxílio para tutores” Rômulo Leonardo Araújo Leal, Priscila Costa Lara, Elizeu Mendes da Silva e Eloísa Maria Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

“Formação de docente e o processo de inclusão dos alunos com deficiência: uma análise na perspectiva interdisciplinar” Laícia Magalhães Costa

Instituto Federal do Maranhão (IFMA - Campus Bacabal)

“A promoção da acessibilidade por meio do ensino de libras na EPT” Ermans Quintela Carvalho e Ricardo Jorge de Sousa Cavalcanti Instituto Federal de Alagoas (IFAL)

“Os jogos patrimoniais e seus impactos socioeconômicos” Albano Francisco Schmidt

Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE)

“Sistema de revisão online: uma possibilidade de aprimorar a escrita para o ENEM” Ana Carolina Barreto Linck

Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS - Campus Canoas)

“Narrativas artísticas visuais contemporâneas para mobilizar a arte como conhecimento” Maria Julia Hunning Ehlert e Viviane Diehl

Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS - Campus Feliz)

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Mostra Ciência & Tecnologia


“Produção e análise de curativo biodegradável de quitosana a partir de resíduos de macrobrachium acanthurus (camarão-canela)”

Amanda Terme Machado Pione, Rafael Cardoso de Castro e Paola del Veccio Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha (RS)

“Métodos de proteção contra infecções sexuais transmissíveis utilizados em mulheres que fazem sexo com mulheres: uma revisão integrativa da literatura” Clara Louise Araújo Reis UNINOVAFAPI (Teresina / PI)

“Simpósio “online” de fisioterapia: desafios da popularização de metodologias de aprendizagem virtual” João Victor Torres Duarte

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

“Sistema para auxílio no diagnóstico da doença de Parkinson” Wanghley Soares Martins e Fábio Henrique Monteiro Oliveira

Instituto Federal de Brasília (IFB - Campus Brasília)

“Dispositivo medidor de temperatura via WI-FI” Ana Beatriz Souza Pimenta

Escola Técnica Estadual Henrique Lage (ETEHL - RJ)

“Gestão de energia”

Marcos Johari Provezani Silva Universidade de Taubaté (UNITAU)

“Dropim”

Giane Mayumi Galhard, Jakeline de Oliveira Carvalho e Robson Ferreira Lopes Instituto Federal de São Paulo (IFSP - Campus Guarulhos)

Mostra Ciência & Tecnologia

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“Sensor RFID para controle de acesso” Carlos Daniel de Jesus Leite

Instituto Federal do Ceará (IFCE)

“Estações meteorológicas educacionais – uma alternativa lúdica para o ensino de educação ambiental” Ruanne Josefa Gois Martins e Carlos Augusto Veras Lima Junior Instituto Federal do Maranhão (IFMA)

“Biostretch: desenvolvimento de biofilmes para aplicação na técnica de Mulching” Laura Nedel Drebes, Cláudius Jardel Soares e Flávia Santos Twardowski Pinto

Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS – Campus Osório)

“Phmetro portátil: uso de smartphone na determinação do PH de soluções utilizando imagens digitais e quimiometria” Hanna Vitória de Oliveira Silva

Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN)

“Desenvolvimento do software sistema de acompanhamento do discente (SADI): uso das tic’s associada à estatística aplicada como subsídios para participação da família na gestão escolar” Fabricio de Sousa Vitorino

Instituto Federal do Maranhão (IFMA - Campus Caxias)

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Mostra Ciência & Tecnologia


“Investigação computacional da cooperatividade na formação de dímeros a partir de complexos de platina com diferentes ligantes” Cristhian Brito Bezerra da Silva

Instituto Federal do Maranhão (IFMA - Campus Bacabal)

“Desenvolvimento de dispositivo eletrônico para monitoramento ambiental” William de Brito Pantoja

Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)

“Block-based para demonstrar teoremas” Marcos H. Silva

Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

“Violência contra a mulher em tempos de isolamento social: perspectivas psicológicas e territoriais” Nathália Cravo Soares Martins

Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

“A crise da esquerda frente a reformas econômicas e políticas no brasil através do jornal voz da unidade (1987-1992)” Paulo Winicius Teixeira de Paula Universidade de São Paulo (USP)

Mostra Ciência & Tecnologia

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Mostra

EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA


Homenageado:

Paulo Freire

O maior festival dos estudantes viveu em 2021 o seu maior desafio: sobreviver ao virtual e se apresentar para os estudantes brasileiros pelas telas dos celulares, computadores ou televisores. Participar da mostra de extensão, que é o fio condutor da materialização do resultado das nossas produções acadêmicas à sociedade, era extremamente desafiador. A banca curadora selecionou projetos que conseguiram se reinventar com a pandemia, que informaram, conectaram-se e garantiram a permanência das universidades nas comunidades e bairros das cidades brasileiras. Sabemos que as universidades têm sido alvo de constante sucateamento e desvalorização pelo Governo Federal, mas os nossos pesquisadores e extensionistas têm provado cada vez mais o relevante e fundamental papel das instituições de ensino para o desenvolvimento nacional. A pandemia nos mostrou que é necessário valorizar o SUS, a ciência, nossos pesquisadores e, sobretudo, que é fundamental investir, defender e valorizar a educação. A Mostra de Extensão na 12ª Bienal da UNE apresentou projetos sociais como o “Minuto Corona”, que tem o objetivo de desmentir todas as notícias falsas sobre a pandemia; e culturais como o “Coral Universitário”, que mesmo on-line levava cultura e entretenimento à sociedade em um momento tão difícil; além de outras iniciativas de acolhimento psicológico, confecção de equipamentos de proteção à covid-19 e combate à desigualdade educacional. Concluímos a Bienal com a sensação de que mostramos ao Brasil que a extensão e as universidades são, sim, de extrema importância para o país e que a educação não só transforma realidades, mas também pode salvar vidas, acolher nos momentos de dores e levar alegria por todo o território brasileiro.

Arthur Mendes Coordenador da Mostra de Projetos de Extensão

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#PegaAVisão

Mostra de extensão faz conexão com a realidade brasileira Com programação online ou em ação dentro de hospitais, extensionistas assumem a linha de frente na luta pela vida

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Mostra Extensão Universitária


Ao levantar o tema da defesa das universidades e institutos federais, a mostra de extensão universitária reforçou a importância da educação superior pública para garantir o tripé ensino-pesquisa- extensão, uma antiga bandeira de luta da UNE para fortalecer a função social das universidades brasileiras. Para selecionar os dez projetos apresentados, a curadoria adotou como critério aqueles que geraram impacto positivo na sociedade no contexto da pandemia, mesmo com as restrições impostas pelo isolamento social. As ações foram desde o combate às fake news sobre o coronavírus até trabalhos como o de Bruna Vieira, estudante do Curso Técnico em Vestuário do Instituto Federal de Brasília, que arregaçou as mangas e organizou a confecção de equipamentos de proteção individual para o uso em ambientes hospitalares. Debates como o da assistência estudantil, medida fundamental para garantir a continuidade dos estudantes que acessaram o ensino superior por meio das ações afirmativas, fizeram parte da construção da mostra. A ideia é, depois da Bienal, manter a articulação forte para impulsionar a extensão universitária em todo o Brasil.

Mostra Extensão Universitária

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“Projeto esquenta ENEM: extensão universitária” Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Autor: Álvaro Gustavo Marques Moraes Co-autores: João Gabriel Lima Modesto; Bruna Santo Melo; Julia Souza Dias; Tamires da Silva de Jesus Prof. orientadora: Isa Beatriz da Cruz Neves

“Coral universitário virtual” Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)

Autor: Amanda Fernandes Pimenta Co-autores: Leandro Mendes Pinheiro; Sâmara Évelyn Souza Coralistas; Alessandra Guimarães Rodrigues; Amanda Fernandes Pimenta; Anna Beatriz Bicalho; Bruna Lorena Figueiredo; Felipe Andrade Costa; Giovanna Assumpção Orsetti; Hanna Viana Barroso; Luis Fernando Mafra; Ana Cristina Pereira Lage; Caroline Queiroz Santos; Fernanda Fraga Campos; Geruza de Fátima Tomé Sabino; Gleyce Campos Dutra; Ivy Scorzi Cazelli Pires; Lorena Lage Caldeira; Maria de Lourdes Santos Ferreira; Rogério Pereira de Arruda; Teresa Cristina de Souza Cardoso Vale; Edivania Cordeiro dos Santos; Haydn Prates Saraiva Filho; Joanne Fernandes; Juliana Pereira Silva; Juliane Dias Barroso; Juliano Gonçalves Pereira; Laura Miranda Borba Varajão; Maria Tereza Almeida; Natália Miranda Barbosa; Sara Santos Januário; Léa Cristina Vilela Sá Fortes Pedreira; Magdala Pimenta Prof. orientadores: Frederico Silva Santos e Guilherme Fortes Drummond Chicarino Varajão

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“Psicoeducação: a arte no combate à psicofobia” Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)

Autor: Andressa Gonçalves Pereira Paschoa Co-autores: Júlia de Souza Brasil da Silva; Larissa Rangel Souto; Rogério Fernandes Macedo; Alícia Caroline Cardoso Ferreira; Guilherme Augusto Torres Dalcol; Ana Alice Pereira Ribeiro; Raíssa Lisboa Ramos; Ana Luiza Mendes de Castro Prof. orientadora: Mestra Camila de Lima

“Confecção de equipamentos de proteção individual descartáveis para uso em ambientes hospitalares e máscaras reutilizáveis para uso em ambientes comuns” Instituto Federal de Brasília (IFB)

Autor: Bruna Fernandes Vieira Prof. orientadora: Juliana Rangel de Morais Pimentel

Mostra Extensão Universitária


“Acolhimento e escuta psicológica em tempos de pandemia: sofrimento e modos de participação social” Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)

Autor: Lucas Cardoso Pereira Co-autores: George Ciro Monteiro de Farias Filho e Reinolds Araújo Silva Prof. orientador: Tiago Iwasawa Neves

“Minuto corona: uma ponte entre ciência, saúde e sociedade” Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre

Autor: Carlos Daniel Vieira Co-autores: Carlos Daniel Vieira; Kimberly Bueno; Juliane de Souza Scherer; Gabriela Barella Schmidt; Mariana Arenson Ortolan; Thaís Zilles Fritsch; Tierre Aguiar Gonçales; Ketlin Nicolai Monteiro; Rahuany Velleda de Morais; Elisangela Hall dos Santos; Aline Poltronieri dos Reis Prof. orientadora: Claudia Giuliano Bica

“Rádio C na pandemia” Instituto Federal de Santa Catarina - Campus Chapecó

Autor: Gil Parisotto Co-autor: Luna Matana Fortes Prof. orientadores: Emy Francielli Lunardi e Alice Dionizio Ribeiro

“Click verde” Universidade Católica Dom Bosco (UCDB)

Autor: Jasmine Leite de Souza Co-autores: Ana Paula Dalbianco e Matheus Henrique Nunes; Prof. orientador: Gabriel Ferraciolli

Mostra Extensão Universitária

“Observatório educativo itinerante” Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Autor: Naiade Salinos Teles Co-autores: Maria Eduarda Schiavo Daros e Gabriela Silveira da Silva Prof. orientadora: Daniela Borges Pavani

“Educação e cidadania: ação solidária de troca de orientação, arrecadação e distribuição de alimentos e insumos de proteção, prevenção e combate à pandemia da covid-19” Instituto Federal Sudeste (MG)

Autor: Renê Stefano Vigilato Co-autores: Aline Eichala Pereira; Bruna Caroline Gonçalves; Dany Lee Fernandes da Veiga Machado; Filipe Otávio de Melo Gomes; Géssika Oliveira de Jesus; Henrique Santos de Jesus; Higor Anatálio da Silva Souza; Jéssica Marques do Nascimento; Kélvia Xavier Costa Ramos Neto; Mariana da Silva; Mariane Atalaia Kling; Paulo Afonso Pereira Verly Filho; Vítor Lucas Silva Santos; Wanessa Oliveira Gomes Prof. orientadores: Margarete Moreira Coutinho e Silva e Antônio Carlos Caires Costa

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Mostra

LITERATURA


Homenageada:

Carolina Maria de Jesus

Foram diversos os desafios de construir uma Bienal durante um período tão conturbado e caótico. A pandemia nos arrastou para uma vivência de distanciamentos obrigatórios, de complexas reflexões sobre produções culturais e nos jogou a responsabilidade de desaguar experiências anteriores de um gigante festival de arte e cultura estudantil para um formato novo. Em meio a uma dominação política nada progressista, a 12ª Bienal da UNE e suas diversas janelas abriram um horizonte para o que pode ser um campo novo de disputas históricas, sociais econômicas e culturais para um viés progressista, com os estudantes mostrando a capacidade de adaptação mesmo em meio à crise mais adversa de nosso tempo. O conceito “Do Marginal ao Erudito: a Humanização Literária” e nossa homenageada Carolina Maria de Jesus foram os norteadores para que a Mostra de Literatura fosse tão potente! Um conjunto de 30 trabalhos foram selecionados a partir dos critérios de originalidade, regionalidade, estética, gênero literário e levando em consideração também nossa complexa variedade linguística. Um Sarau de Literatura de Estudantes e Convidados, um debate tão necessário no Brasil de 2021, discussões sociais, denúncias de violações de direitos, liberdade e democracia foram os elementos presentes na Mostra de Literatura da tão nova e diferente Bienal da UNE. Em meio a um período de incertezas, desvalorização da educação e tentativa de elitização do acesso à leitura, os estudantes deram o recado de que não somente a literatura é um processo cidadão de humanização e crescimento intelectual de indivíduos, como também uma pujante arma de denúncias, de valor cultural imensurável para o próprio debate de soberania.

Marcelo Correia Coordenador da Mostra de Literatura

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#PegaAVisão

Mais livros, menos armas

Sob o símbolo de Carolina Maria de Jesus, poeta negra de origem pobre homenageada na Bienal, festival focou em estimular novos escritores a romperem as fronteiras dos circuitos e formatos tradicionais

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Mostra Literatura


“A caneta, se não estiver nervosa, não está fazendo poesia verdadeira”, declamou Sérgio Vaz, da Cooperifa, ao abrir a mostra de Literatura. Na Bienal da UNE, ela saltou dos saraus de rua e das mãos de gente que escreve, também, sozinha, para ganhar a vida em rimas e textos criados por estudantes por meio do tema “A Humanização Literária: do Marginal ao Erudito.” Os trabalhos apresentados tiveram conteúdo com um forte debate social. A crônica “Alvo de Pele não Alva”, de maria Clara Portela, Noely Silva e Raquel Moraes, do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), narra o assassinato de João Pedro, em São Gonçalo, “morto porque tinha um alvo nas costas, um alvo que factualmente ocupava seu corpo todo: a pele preta.” É também com o olhar voltado para a periferia - seja as das cidades, seja a dos poemas que não se adaptam aos centros convencionais - que o Slam da Balbúrdia, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), apresentou “Carta para Deus”, do artista marginal Gabriel Dantas. No país que quer sobretaxar obras literárias, o texto do estudante aconselha que todos “abram os livros, estudem a idade média, para não comprar indulgências nas igrejas de pregação.” Para o coordenador da mostra, Marcelo Correia, ainda existe uma ideia incrustada de que ler e escrever é para poucos. Ele defende que “as pessoas possam consumir literatura de forma democrática, porque ela humaniza e educa”, algo que ficou claro nas 30 obras selecionadas e expostas em formatos totalmente abertos, em todos os sentidos.

Mostra Literatura

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mostra selecionada “AVISO: ESTA SOCIEDADE ESTÁ EM CONSTRUÇÃO” Gênero: Poesia

Alysson Reis

Universidade Paulista (UNIP)

Poeta, contista e cronista recifense. Escreve sobre as mazelas sociais e também sobre suas vivências. Foi semifinalista da Olimpíada de Língua Portuguesa.

“OS ELEMENTAIS” Gênero: Conto

Christopher Rocha

Instituto Federal do Amazonas (IFAM)

Autointitulado escritor de histórias estranhas, é graduado em história pela Universidade Federal do Amazonas. Iniciou sua jornada de escritor publicando contos no wattpad, participou de antologias e organizou a coletânea “Todas as Vozes: Um Manifesto Literário”, que conta com a participação de vários autores iniciantes do Amazonas.

“LITERATURA DESENCANTADA” Gênero: Poesia

Bianca Arcanjo

Universidade Federal de Sergipe (UFS)

Estudante do curso de Serviço Social. Pesquisa assuntos relacionados à estudos culturais e comunidades tradicionais, principalmente, aos direitos sociais e às políticas públicas ofertadas a estas populações. Realizou monografia na qual identificou os atuais desafios impostos à Política de Assistência Social para a efetivação dos direitos destes povos.

“OFERTA”

Gênero: Poesia

Daynara Lorena

Universidade Federal de Sergipe (UFS)

Aracajuana, graduada em Letras/Português. Mestra em Letras/Estudos Literários PPGL/UFS. Atualmente, cursa Pedagogia (EaD/UNIT). Profissionalmente, atua como professora.

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Mostra Literatura


“SAMBA DA PESADA” Gênero: Poesia

Carina Falchi Instituto Federal do Triângulo Mineiro

Formada em Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas e conhecimentos em Narrativa Transmídia e a Cultura da Convergência (Gestão da Comunicação em Mídias Digitais do Senac). Atualmente, estuda Letras.

“CARTA PARA DEUS” Gênero: Poesia

Gabriel Lopes Dantas

Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)

Conhecido como “Comum, Poeta Marginal”. Graduado em História, desenvolve pesquisa com a temática “A escrita da história nos cordéis de Medeiros Braga: Memórias e práticas educativas em direitos humanos”. Faz parte do Fórum Paraibano do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas. Membro do Coletivo Alguma Coisa. Organizador do Slam da Balbúrdia. Suplente no Conselho Municipal de Políticas Culturais de Campina Grande na área de Literatura.

“O MUNDO ATÍPICO DE ANDRÉ” Gênero: Poesia

Helenna Castro

UNIME Itabuna (BA)

Desenhista e poetisa. Estudante de Comunicação que tem como objetivo de atuação incentivar e fomentar a comunicação popular e contra hegemônica. Itamarajuense residente em Itabuna há dez anos.

“ANEDOTAS DE LIENE DE LIÓ” Gênero: Conto

Hugo Alves Silva

Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

Nascido em Seabra, na Chapada Diamantina (BA). Estudante do curso de Letras Vernáculas. Foi integrante do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) e atualmente é monitor do projeto de extensão “Leituras Nativas”.

Mostra Literatura

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“PÓROS ABERTOS” Gênero: Poesia

Igor Barbosa Marques

Universidad Interamericana - PY

Artista-amazônida, professor especialista em Amazônia e Língua Portuguesa, mestrando em Ciências da Educação (Assunção, Paraguai), produtor cultural do Circuito Norte em Dança e escritor correspondente da Região Norte da Revista Dança Brasil (São Paulo, Brasil) e International Journal of Education, Culture na Society (Nova Iorque, EUA).

“VERSOS DE UM SONHADOR” Gênero: Cordel

Igor José Moreira Machado Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

Estudante de Letras e escritor que utiliza em seu trabalho poemas, cordéis e rimas de rap.

“MULHER DO FIM DO MUNDO” Gênero: Poesia

Jade Beatriz

Projeto Novo Vestibular

Estudante de cursinho pré-vestibular e vice-UBES no estado. Começou sua carreira no teatro, mas na poesia se descobriu aos 14 anos, quando começou a participar e competir em slams. Foi uma das fundadoras do Circus da ACES. Participou de inúmeros festivais em seu estado como Maloca Dragão, Festival Lula Livre, Nívea Viva Rock entre outros.

“PASSAGEIRO” Gênero: Conto

Jaqueline Tavares

Universidade de São Paulo (USP)

Paulistana, graduanda do curso de História. Militante da UJC e professora no Cursinho Popular da FFLCH.

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Mostra Literatura


“BRASIL, QUE AINDA NOS RESTA” Gênero: Poesia Jenyffer Martins

Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

Estudante de ciências biológicas, escreve desde os 12 anos e pretende um dia viver da literatura. Atualmente, dedica-se ao seu primeiro romance, cujo nome é “A mulher que lavava pratos”.

“DESUMANIDADE” Gênero: Poesia Kauany Vitória Krignl

Instituto Federal De Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO)

Estudante do curso Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio. Utiliza poesia para potencializar sua voz para falar de assuntos pertinentes que são negligenciados e demonstrar sua indignação.

“INFÂNCIA QUE RESISTE” Gênero: Poesia Jhonata Roberto de Aquino

Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)

É acadêmico no curso de Letras e se utiliza da literatura como subterfúgio da realidade, mas também um meio de criticar o contexto no qual se insere. Observa as dores do seu povo nordestino e transfigura em imagens poéticas.

“SONETO NORDEST(Í)NO” Gênero: Poesia Lord Gualberto

Faculdade Internacional do Delta (PI)

Historiador, professor, artista plástico, músico, fotógrafo e poeta. Participou da Antologia Concurso Nacional Novos Poetas Prêmio CNNP (Brasil) e Antologia Poética Literatura e Cultura em Tempos de Pandemia (PORTUGAL). Condecorado com a medalha e diploma do MÉRITO MUNICIPAL de Parnaíba, como escritor internacional e um dos maiores pesquisadores da cultura negra do Piauí. Autor do livro “Nguzu que Rompe Grilhões” e “Lótus africana no peito”.

Mostra Literatura

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“SOU CAMALEOA”

Gênero: Poesia José Guilherme França Santos

Universidade Maurício de Nassau (UNINASSAU Caruaru)

Bicha, poeta. Estudante ProUni de Psicologia, professor autônomo de língua portuguesa e inglês. Atualmente, professor de Artes. Utiliza a escrita como ferramenta para manifestação do seu ser, registrar suas angústias, vulnerabilidades, dores e violências.

“PINCELADAS BRASILEIRAS” Gênero: Poesia Loren Almeida Feitoza PUC - MG / UFMG

Estudante de Direito e Ciências Sociais. Sua trajetória é marcada pelas influências de familiares artistas, levando-a a apreciar e também a produzir desenhos e textos. Escreve em formato de poemas e em prosa.

“AMANHÃ QUANDO ACORDAR” Gênero: Poesia Márcia Gabrielle Brito Mascarenhas

Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB)

Atriz, já participou de diversas montagens, entre elas: “Um Dia de Cabra”, selecionado para o V Festeatro de Ilhéus, “Acorda pra morte, moça”, “Lendas da Lagoa Encantada”, “Auto do Boi da Cara Preta”, “Lisístrata” e “As bacantes”. Já participou de antologias, projetos editoriais e outras publicações com seus contos, cordéis e poesias.

“SAUDADE”

Gênero: Poesia Maria Ariany de Sousa Moraes SENAP (CE)

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Mostra Literatura


“ALVOS DE PELE NÃO ALVA”

Gênero: Crônica Maria Clara Portela, Noely Silva e Raquel Moraes

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB)

Maria Clara Araújo Portela realiza trabalhos em crônicas, contos e poemas. Atualmente, cursa Instrumento Musical. Noely Irineu Silva já participou do projeto “Reconectando-se à poesia” declamando Augusto dos Anjos. Entre poesias e ações sociais, também se arrisca na montagem de circuitos, sendo estudante do curso de Eletrônica. Raquel Patrício Moraes é amante de gatos e de investigar como o mundo funciona. Ora mergulhando em livros de psicologia, ora participando em olimpíadas de ciência analisando fenômenos do mundo.

“SEJA A SOBERANA DA TUA VIDA!” Gênero: Poesia Maria Nayara Braz dos Santos

Universidade Federal do Ceará (UFC)

Mulher, negra, LGBTQIA+, natural de Canindé (CE), graduanda em Ciências Sociais. Escreve desde muito pequenina e no Ensino Médio, passou a escrever sobre política e os recortes sociais que atravessam sua existência. Hoje, faz questão de expor suas forças e suas dores por meio da poesia.

“LIBERDADE”

Gênero: Poesia Matheus Ribeiro de Santana Universidade de São Paulo (USP)

Estudante de Ciências Sociais com veia poética, seja na escrita ou em outras formas de produzir arte. Começou a se dedicar com mais afinco à escrita poética durante o período de confinamento, tentando extravasar e imprimir os sentimentos em forma de palavras.

Mostra Literatura

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“ESPERANÇA INOCENTE” Gênero: Crônica Natália Fonseca Nogueira IF SUDESTE MG

Moradora de Juiz de Fora, tem 16 anos e é aluna do do 2° ano do Curso Técnico Integrado em Eletromecânica.

“FIO ANCESTRAL” Gênero: Poesia Rodrigo Gonzaga

Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Cientista social, pesquisador e educador museal. É membro do Laboratório de Curadoria de Exposições Bisi Silva e do Grupo de pesquisa LEVE – Laboratório de Estudos e Vivências da Espacialidade. Seus estudos abordam a representação da Arte, Cultura e Religiosidade afro-brasileira na arte contemporânea.

“DEIXA EU MORRER FELIZ” Gênero: Cordel Tiago Marques Macêdo

Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN)

Graduado em Teologia, é também Técnico em Informática. Atualmente, cursa Letras/Espanhol. Militante do Coletivo Kizomba.

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Mostra Literatura


“PANDEMIA” Gênero: Poesia Uiraquitan Júnio

Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)

Estudante de Letras, escreve textos curtos e rimados. Na adolescência, integrou projeto social onde desenvolveu a técnica do desenho artístico e ingressou no mundo do teatro. Sua inspiração vem do rap, dos festivais e dos coletivos estudantis.

“O QUE RESTOU DA MATA” Gênero: Poesia Will Jones M. Soares

Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)

Estudante de Agronomia é diretor da UEP – Cândido Pinto. Pernambucano de Palmares (conhecida como a terra dos poetas). Escreve poesias ambientadas nas vivências culturais e simbólicas das cidades em que mora/ morou.

“QUEM SOU EU?” Gênero: Poesia Hilton da Silva

Universidade Federal do Sul da Bahia

Natural de Ilhéus e estudante do curso de Linguagens. Começou sua relação com a poesia no ensino médio e escreve desde então. É apaixonado por poesias marginais, usando da mesma para fazer suas críticas sociais.

Mostra Literatura

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mostra convidada SARAU DA MOSTRA ESTUDANTIL E CONVIDADA DE LITERATURA

SÉRGIO VAZ Autor de oito livros, completou 30 anos de poesia em 2018. Fundador da Cooperifa. Homenageado em diversos prêmios pelo seu trabalho, também foi eleito pela revista Época em 2009 um dos 100 brasileiros mais importantes do país. Palestrou em vários países como México, Inglaterra e Alemanha.

CIDA PEDROSA Nasceu em Bodocó, sertão pernambucano. Formou-se em Direito e especializou-se em Ciência Política. Atua desde os anos 1990 na gestão pública sempre conectada com a defesa de causas sociais e direitos humanos. Foi agraciada com o título de cidadã recifense pela Câmara Municipal. Em 2020, foi eleita vereadora em Recife e recebeu o mais importante prêmio da literatura nacional, o Jabuti, concedido a seu nono livro, “Solo para Vialejo”, vencedor nas categorias Poesia e Livro do Ano. Tem outras nove obras publicadas.

AGNES MARIÁ Artivista, escritora, educadora, musicista, produtora, compositora, slammer, atriz e poeta. Natural de Porto Alegre (RS), autodidata, começou a escrever aos seis anos de idade e versar aos 12, quando atendeu ao chamado da poesia marginal. É CEO na Colab Bucepreta e campeã nacional de Slam em dupla e do Slam das Minas/RS. Recebeu o troféu Arte em Movimento 2018 e foi vice-campeã da Flup no mesmo ano.

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Mostra Literatura


LANÇAMENTOS DE LIVROS

“O PODER JOVEM” E “REBELDE TODO DIA” Arthur Poerner

Em seus livros de memórias, o autor narra as histórias de sua vida surpreendente que se entrelaçam com os principais acontecimentos do Brasil e joga um olhar minucioso de pesquisador sobre o movimento estudantil. Nascido na Lapa, bairro carioca de longa tradição boêmia e transgressora, não fugiu à luta desde a juventude: repórter e jornalista, combateu publicamente a ditadura, foi cassado e teve seus livros censurados, permanecendo asilado na Alemanha durante nove anos.

“POR TODOS OS CAMINHOS: PONTOS DE CULTURA NA AMÉRICA LATINA” Célio Turino

Livro que registra a experiência de interação de países latino-americanos com o projeto brasileiro de maneira sistematizada, apresentando não só reflexões e propostas teórico-conceituais, mas também as ações colaborativas desenvolvidas nos dezesseis países visitados pelo autor, que é historiador, escritor e consultor em políticas públicas.

“O LIVRO DO GIA” “A SAGA DO PORCO DOURADO - GIBI”

Concepção: GIA Grupo de Interferência Ambiental Organização: Ludmila Brito, Luís Parras e Marcelo Terça Nada

A obra de estreia do autor pernambucano é um trabalho que converge quadrinhos, pesquisa acadêmica, punk rock e empreendedorismo. Nela, podemos acompanhar a jornada de um herói tipicamente latino-americano (e nordestino) em busca do próprio caminho. Prefácio assinado por Dandara Palankof. Fernando é também ilustrador, multi-instrumentista, jornalista e produtor musical.

Lançado no ano em que o coletivo GIA completa 18 anos, o grupo escreve sobre seu processo e, de alguma forma, o próprio processo traz em si uma narrativa sobre seu método, poética e técnica de produção em arte contemporânea. Se as ações do GIA aconteceram de forma efêmera, esta publicação sistematiza e compartilha parte do conteúdo textual e registros imagéticos de trabalhos que vão do espaço público e intervenção urbana a uma diversidade de suportes e circuitos.

Fernando Athayde

Mostra Literatura

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REVISTA BUZINA


Ele, o povo, ou nós, o povo? Depois de 521 anos de chegada de portugueses à costa sul do hoje estado da Bahia, ressona sobre o fio dos estudos culturais, sociais, políticos brasileiros a indagação dessa mesma quadra. Qual a diferença entre quem fala sobre o povo brasileiro e quem é o povo brasileiro? Há exatamente um século, nas preparações para a Semana de Arte Moderna de 1922, principal marco referencial de transição para a busca de uma brasilidade legítima, suficiente, genuína, o que havia no panorama de olhares sobre a cultura brasileira era uma investigação equipada quase exclusivamente de lentes da tradição europeia, das análises, parâmetros pautados na cátedra de Lisboa, nas linhas dos museus de Paris ou das câmaras musicais de Viena, nos estudos literários, políticos, antropológicos que chegavam à pequena elite nacional como régua de medida do velho mundo para mensurar e entender a diversidade desse país tropical e continental. O que havia, no formalismo do pensamento cultural brasileiro, era ao máximo uma certa idealização distante, uma busca mitológica e afastada por um personagem nacional intocavelmente selvagem, notadamente expressa na construção do indianismo literário de José Alencar, com suas Iracemas e Peris, um dispositivo romantizado de um povo imiscuído à natureza, à virgindade dos supostos avanços e pecados civilizatórios, um certo “povo paisagem”. Coube historicamente às poucas famílias ricas, brancas, detentoras da política e do poder no Brasil, concentrar o protagonismo da produção cultural, intelectual, artística, mesmo ao erigir movimentos amplamente valiosos como a Semana de 1922 e seu clamor revolucionário pela afirmação de um Brasil pintado de Brasil. Porém, mesmo assim, naquele início de século, com a proximidade da tradição escravocrata e cruel da formação brasileira, assim como hoje, quando muitas das consequências trágicas desse período se conservam, o que se destaca na esfera dos saberes, do conhecimento, do pensamento crítico e cultural brasileiro é um discurso que ainda exclui dos holofotes e dos microfones a produção da população negra, indígena, mestiça, sertaneja, favelada, ribeirinha, caipira, mameluca, o povo pobre, que produz a cultura nacional na esfera urbana ou rural. Com a proximidade do centenário daquela investida de 1922, a Bienal da UNE, neste mês de maio de 2021, busca contribuir ao esforço de construção do protagonismo popular na arte, na cultura, na política, na condução dos rumos do futuro do país.

Buzine aqui!

Leia o texto completo acessando a Revista Buzina no Medium revistabuzina.medium.com

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LADO C


Homenageada:

Mãe Beth de Oxum

O Lado Comunidade da Bienal da UNE se apresentou com um novo e desafiador propósito: ir ao encontro da resistência do povo brasileiro nos quatro cantos do Brasil, e dessa vez sem o aguardado trajeto que as Bienais proporcionaram nas últimas edições, mas com a mesma grandeza e emoção que é se conectar com aqueles que fomentam o desenvolvimento social nas regiões. A programação que levava os estudantes para além dos muros do espaço da Bienal se reinventou em um formato audiovisual que ousou estar presente em mais de cinco estados, onde boa parte da construção técnica só foi possível graças aos cuqueiros e colaboradores que toparam participar do grande frenesi que foi construir o Festival dos Estudantes. Convidamos projetos e iniciativas populares pelo país a participarem e terem suas narrativas contadas em vídeos, na perspectiva da unidade e perseverança brasileira, uma vez que a atual conjuntura nunca exigiu tanto que lutemos em prol de nossos ideais. Foram mensagens, ligações e ligações, planilhas, documentos, textos, arquivos e tudo mais, num desenvolvimento criativo que infundiu ideias. O Lado C exibiu histórias que inspiram, mostrou que a união fortalece a sociedade e resultou em diálogos, vivências e pluralidade, por meio das narrativas nas ações comunitárias, educação, arte, cultura, política, esporte e religião. Tudo isso nos mostrou que ainda há esperança, e essa é a cara do Brasil, a de força e coragem! Seguimos sendo um povo que resiste e que luta por igualdade.

Gabriel Jhonatta Coordenador do Lado C

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#PegaAVisão

Uma teia digital

Coletivos de todo o país pegam microfones e câmeras para produzir Lado C tecnológico

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Lado C


Fortalecido após se associar à experiência dos Pontos de Cultura - uma rede de projetos socioculturais de base, na maioria das vezes, comunitária -, o Lado C (Comunidade) assumiu uma nova roupagem nesta Bienal. Antes da pandemia, estudantes se inscreviam com antecedência para realizar intercâmbios culturais nas cidades-sede, locais onde podiam conhecer de perto expressões culturais e artísticas de povos que sempre (re) existiram em seus territórios. Desta vez, o cruzamento entre a tecnologia e o tradicional desembocou com brilhantismo no evento online. Vídeos enviados de todo o país compuseram a programação do Lado C digital, em um verdadeiro documentário produzido de forma colaborativa com apresentações, performances e discussões sobre pautas variadas. Em dos episódios, Mãe Beth de Oxum, Griô do Côco de Umbigada - um brinquedo secular que se mantém de pé graças, também, aos seus esforços - pega o microfone e anuncia: “chegou a rádio que esqueceu do seu dinheiro, mas não esqueceu de você.” A voz ecoa do Morro da Tapia, localizado na periferia de Olinda, para abrir

Lado C

um programa da Rádio Amnésia, uma iniciativa para manter a comunidade conectada e de olhos bem abertos. Mãe Beth ainda afirma que seus tambores, perseguidos historicamente, “têm força e poder”, e que eles estão preparados contra o conservadorismo crescente que ameaça sua cultura. A Bienal também apresentou experiências que têm reinventado os espaços acadêmicos. Esse é o caso da Batalha da Escada, que levou o movimento Hip Hop das periferias da capital federal para a Universidade de Brasília (UnB). O evento virou projeto de extensão e já inspira iniciativas semelhantes em todo o país. A Bienal ainda contou com o Vetflix, um coletivo que produziu um filme que narra, em tom de crítica e humor, o dia a dia da juventude periférica de Fortaleza. Rolou apresentação de grupo LGBTQIA+ de dança Vogue para performar e levantar a autoestima de grupos estigmatizados pelo preconceito. Teve também o projeto de Quilombo que trabalha com teatro de Boneco e Software livre ao mesmo tempo, e que tem dado um gás na pandemia diretamente de Porto Alegre. As histórias e as teias dessa rede são muitas - e resistem.

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“COQUE CONNECTA E COCO DE UMBIGADA”

Direção e imagens: Pedro Caldas Edição: Jacob Alves e Karyston Soares Na terra do frevo, apresentamos o Coque Connecta, organização empenhada em promover o protagonismo dos jovens da comunidade do Coque, em Recife, por meio da educação. Na cidade vizinha, Olinda, conhecemos o Coco de Umbigada, um dos principais pontos de cultura de Pernambuco, articulado por Mãe Beth de Oxum, que impulsiona a cultura, política e cidadania local.

“SÃO MATEUS EM MOVIMENTO” Imagens: Daline Ribeiro, Gabriel Jhonatta, Marcelo Correias e Victor Rinaldi Edição: Jacob Alves e Karyston Soares

Um espaço comunitário que proporciona atividades artísticas, educacionais e culturais aos jovens da periferia, criado por um coletivo de artistas na comunidade de São Mateus, Zona Leste de São Paulo. O projeto abrange diferentes áreas de atuação artística e cultural, como o movimento reggae em São Mateus, Coletivo Coletores e a Favela Galeria, que leva a arte aos muros da comunidade.

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Lado C


“VIVÊNCIA BALLROOM E BATALHA DA ESCADA” Imagens: Pedro Além e Beatriz Oliveira Direção artística (Vivência): Ruan Guajajara Edição: Jacob Alves e Karyston Soares

O mundo dos bailes e das rimas do hip hop na capital do Brasil. O Vivência Ballroom ocupa o Mercado Sul com o Vogue, celebrando a existência de diversas corporalidades LGBT’s, historicamente marginalizadas. Na UnB, um grupo de estudantes proporciona um fluxo entre as periferias do DF e a universidade por meio da Batalha da Escada.

Lado C

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“ESCOLINHA COMUNITÁRIA DA MATINHA E ESTUDANTES INDÍGENAS NA UNIVERSIDADE” Direção: Tel Guajajara Imagens: MandaJob Produções Edição: Jacob Alves e Karyston Soares

A transformação na Amazônia é construída por diferentes mãos. Nas periferias do bairro de Fátima, em Belém, o skate é o principal instrumento nas mãos da juventude, enquanto nas universidades públicas, estudantes indígenas lutam pelo acesso, permanência e persistência da diversidade cultural diariamente.

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Lado C


“QUILOMBO DO SOPAPO E VETINFLIX” Direção e Imagens: Aline Seixas, Ícaro Kropidloski e Regina Brunet Edição: Jacob Alves e Karyston Soares

O Ponto de Cultura Quilombo do Sopapo produz a arte popular, comunicação e a cultura dos tambores do sopapo na cidade de Porto Alegre. Já no nordeste, o Vetinflix busca levar conscientização ao povo cearense sobre os assuntos sociais através das paródias e do bom humor.

“VIDA, PÃO, VACINA E EDUCAÇÃO!” (UBES) Direção: Daniela Moura Edição: Jacob Alves e Karyston Soares

Estudantes de diferentes regiões do Brasil levam esperança e vida aos muros das escolas com a campanha “Vida, Pão, Vacina e Educação”.

Lado C

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Mostra

JOGOS DIGITAIS GAMES (NOVIDADE!)


Homenageado:

João Brant

A mostra de Jogos Digitais surgiu de uma vontade antiga e crescente de absorver esse contingente de jovens que encontrou nos games uma maneira não só de se divertir, mas de profissionalizar o que começou como rolê. Que enxergaram nesse mercado explosivo seu futuro e cotidiano e, a partir disso, seguem colocando todo seu potencial criativo na concepção e entrega de boas experiências. Muito do que existe é embrionado nas Universidades e Institutos Federais, sabiam? Por isso, defendemos tanto e conseguimos que essa mostra nascesse. Os desafios foram muitos, criar algo do nada não é fácil, sem modelos para nos espelharmos, só a vontade de fazer. Ter encontrado parceiros incríveis ao longo do processo talvez tenha sido o que fez tudo dar certo. João Brant foi nosso convidado e um curador sensacional, que nos ajudou a selecionar dois entre os nove jogos inscritos, além de ter participado ativamente da nossa programação, testando e comentando ao vivo junto com as estudantes desenvolvedoras de ‘Aurora’ e ‘Basta!’. Quando falamos do mundo dos jogos percebemos ao longo da curadoria uma forte presença de pensamentos progressistas, não seria este então mais um campo para a disputa das ideias? Fizemos o primeiro Campeonato de LoL da história das Bienais da UNE! O objetivo era acolher estudantes que se ligam em jogos. A Bienal é sobre se divertir, sobre trocar, sobre experimentar o novo, e a nossa mostra entregou tudo isso. Quanto ao futuro, aguardamos ansiosamente pela vacinação em massa da população, por comida no prato de todos os brasileiros e a retomada do sorriso no rosto da nossa gente, para que só assim possamos nos encontrar novamente, não mais através de telas, mas quem sabe? E transformar essa mostra, que já nasceu prometendo muito, em sua melhor versão!

Gabriel Her é dia

Coordenador da primeira Mostra de Jogos Digitais das Bienais

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#PegaAVisão

Quando a brincadeira vira resistência Nova área da Bienal dá visibilidade a gamers universitários engajados que são promessas para o setor

Mostra Jogos Digitais/Games


O maior festival estudantil da América Latina realizou, pela primeira vez, uma mostra de Jogos Digitais para desvendar o que anda acontecendo no interior dos cursos ligados às ciências da computação. E o resultado foi surpreendente. Geralmente indicados nas manchetes como a causa do crescimento de uma indústria bilionária, as produções dos gamers revelaram-se preocupadas em tocar o imaginário de toda uma geração de jogadores. Além de contar com a apresentação de jogos que buscam conscientizar e dar vazão às narrativas sobre personagens importantes do país - anônimos ou não -, a atividade teve um campeonato com a presença de um total de 24 times, sendo 16 na série B e 8 na série A. Tudo ocorreu pelo canal da UNE no twitch, que ficou rapidamente agitado após o início das

Mostra Jogos Digitais/Games

partidas. Os times, que mesclam estudantes de universidades de todo o país, disputaram um a um até o resultado final. Tudo foi organizado em torno de duas modalidades: uma amadora e outra profissional, de acordo com o nível de experiência dos participantes. Ao colocar a diversão e debate político lado a lado, a UNE fomentou o contato dos jogadores com o movimento estudantil e suas bandeiras de luta. Para o homenageado, João Brant, cientista da computação e fundador da Long Hat House, as produções exibidas na Bienal demonstram “grande maturidade, da construção narrativa à parte mecânica”, um sinal de que os jogos da atual geração de realizadores têm se distanciado das referências estrangeiras para se abrirem para as questões do Brasil.

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mostra selecionada

Aurora: A Child’s Journey

Desenvolvedores: Camila Abegg Bothona

OVERVIEW

"Aurora: A Child's Journey" é um serious game de aven tura e puzzle em terceira pessoa, que conta a história do in cêndio nos terminais quím icos da Ultraca rgo, na região de Santos - SP, pelos olhos e sentim entos de uma criança que vive em uma vila próxima ao acidente, inspira da na "Vila dos Pescadores", comunidade afetada pelas consequências desse desastre.

Universidade Anhembi Morumbi (SP)

Jogo curto e emocionante que fala sobre o impacto de um grande desastre ambiental pelos olhos e sentimentos de uma criança. Determinada a ajudar sua comunidade, aurora sai em uma aventura para descobrir o que está causando tanta destruição e como solucionar esse problema, muitas vezes misturando a realidade com sua imaginação. Para ajudá-la, você deve pular por palafitas, fugir de um enorme monstro aquático, movimentar máquinas em uma fábrica e o mais importante, utilizar a imaginação de Aurora para modificar a realidade, resolver puzzles, e encontrar o responsável pelo incêndio que está destruindo a vila dela e seus arredores.

Em um ambien te que mistura o real e o imaginário, a intençã o é conscientiz ar sobre o desastre e suas consequências , trazer a atenção para a s pessoas prej udicadas e a falta de justiça para as mesma s na maioria dos casos, além de expor a neg ligência de grandes empre sas com a ma nutenção de suas sedes, o que causa diversos desastres ambientais como o que tratamos em Aurora.

Basta!

Desenvolvedores: Bruna Grinkraut Universidade Anhembi Morumbi (SP)

É um serious game mobile onde você é um expectador do relacionamento de Mônica e debate com suas amigas se ela está ou não em um relacionamento abusivo. O jogo simula um celular onde tudo acontece nas redes sociais e apresenta pequenos puzzles para conseguir as informações. O grande objetivo é mostrar os primeiros sinais de um relacionamento abusivo e como se deve reagir. Para isso, usa-se as escolhas de respostas levando as ramificações na narrativa. Se o jogador demonstra já saber os sinais e como lidar com essa situação, os acontecimentos do jogo são benéficos, caso contrário paramos a narrativa para ensiná-lo e damos outra oportunidade de jogo.

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Violência contra a mulher Na Lei Maria da Penha estão listados cinco tipos de violência doméstica e familiar contra a mulher: ● ● ● ● ●

Violência Física; Violência Psicológica; Violência Sexual; Violência Patrimonial; Violência Moral;

Mostra Jogos Digitais/Games


mostra convidada

DANDARA

Desenvolvedores: João Brant e Lucas Mattos Long Hat House “Dandara” é um jogo indie em 2D, que traz uma personagem baseada em Dandara dos Palmares, escrava fugitiva e esposa de Zumbi dos Palmares, que lutou contra o sistema escravista. O game foi aclamado Brasil afora, sendo contemplado com diversos prêmios e significativo reconhecimento.

Mostra Jogos Digitais/Games

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UBES DNA da Rebeldia

Diretoria da UBES participa da 12ª Bienal no Teatro Oficina


RODA DE CONVERSA: VIDA, PÃO, VACINA, EDUCAÇÃO E ARTE


Presidenta da UBES em frente ao Theatro Municipal

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A SAÍDA ESTÁ NA VALORIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO, DA CIÊNCIA E DA PESQUISA


O DNA da Rebeldia, atividade da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas dentro da Bienal da UNE - Festival dos estudantes, aconteceu de 20 a 22 de maio de 2021, e mostrou o que as e os estudantes dos institutos federais e das escolas técnicas estaduais têm produzido nesse momento para o nosso país. É certo que o agravamento da desigualdade social tem atingido a todos nós. Apesar disso, estudantes nestas instituições não param de produzir Ciência e pesquisa, e pensar saídas para que o Brasil possa superar as crises, principalmente a da pandemia da Covid-19. Nós secundaristas, da UBES, somos conhecidos como rebeldes com causa e não é à toa. Isso porque a nossa rebeldia tem sempre um motivo, uma consequência. Está no nosso DNA! E nesse momento tão difícil, a nossa rebeldia tem produzido medidor de temperatura via Wifi, mochila anti-Covid e muitos outros projetos que participaram desta Bienal dos Estudantes. No Brasil de um presidente negacionista como é Bolsonaro, as saídas e a esperança de tempos melhores estão, mais do que nunca, na valorização da Educação, da Ciência e da Pesquisa, na luta dos estudantes secundaristas. Viva a rebeldia dos estudantes secundaristas de todo o Brasil! Muito bem-vinda, muito bem-vido ao DNA da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas! Vida, Pão, Vacina & Educação!

Rozana Barroso Presidenta da UBES

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Tema: Roda de Conversa “Vida, Pão, Vacina, Educação e Arte.” Data: 21/05 Convidados: Cristiani Vieira Machado (vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da FIOCRUZ), Samara Martins (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas-MLB), Naomar Almeida (ex-reitor da UFBA e da UFSB).

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#PegaAVisão

DEMOCRACIA OU NADA Após campanha de alcance nacional para resistir aos ataques a direitos básicos da população, a UBES trouxe para a Bienal representantes de diversos setores, seguindo o que orienta a sua melhor tradição: conjugar cultura e política para reacender a esperança

O ponto de partida para a roda de conversa “Vida, Pão, Vacina, Educação e Arte”, que reuniu a vice-presidente da Fiocruz - fundamental na produção da vacina contra o coronavírus -, Cristiani Machado, o ex-reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Naomar Almeida, e Samara Martins, do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) foi o renascimento da democracia brasileira pós-ditadura militar. Ao falar do direito à saúde, formalizada na Constituição de 1988, Cristini reforçou que, desde aquele ano, vemos uma intensa “disputa de visões que se relacionam com o debate sobre o financiamento das universidades e instituições de pesquisa.” A década de 1990, marcada pela pressão neoliberal, representou também um período de “tensões na implementação do SUS [Sistema Único de Saúde] e de projetos de universalização em geral’’, segundo a diretora. Não à toa, o atual Governo Federal avança sobre essas estruturas e garantias construídas nas últimas três décadas. Para

Naomar, o “movimento de desestruturação da educação tem a ver com uma desestabilização da própria democracia.” Por isso, em mais um momento difícil, a UBES trouxe o símbolo da Semana de Arte Moderna de 1922 para o festival, capítulo da história de grande euforia na busca por uma identidade e um caminho genuinamente brasileiros. A um ano do centenário desse importante marco histórico, a entidade provoca um olhar para o passado para caminhar em direção ao futuro. Como disse Aldir Blanc, parece que, ainda, “o Brazil não conhece o Brasil.” Guiada pelo espírito dos vanguardistas anticoloniais, a entidade máxima dos secundaristas construiu, ao longo da Bienal, alternativas a partir de um pacto realizado em amplo diálogo para defender a escola pública e a ciência, lugares onde mora o país dos sonhos de tantas gerações. Por esse motivo, a entidade fez uma grande convocatória às ruas para defender vida, pão, vacina, educação e arte para todos os brasileiros.

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REVISTA BUZINA


Brasil chega a meio milhão de mortos com Bolsonaro. Aula de natação à tarde. A paráfrase de Franz Kafka, em um dos seus mais conhecidos excertos nos diários de 1914, é um teste de provocação à nossa capacidade de banalização, inoperância e auto aniquilamento perante o curso devastador dos acontecimentos. No texto original, Kafka anota, talvez com naturalidade irônica ou como um pedido de socorro a si mesmo, a declaração de guerra entre a Alemanha e a Rússia, desencadeando o maior banho de sangue já oferecido, até então, aos solos da Europa, com a brutalidade de um conflito de consequências mundiais. Entre a primeira e a segunda guerra, — que Kafka não viveu para ver — não parece que o gênero humano aprendeu muito. Além da repetição, em maior escala, da conflagração sanguinária dos exércitos, da moedura de carne diuturnamente, o senso de limites da barbárie foi totalmente inundado pela hecatombe do nazismo, do massacre e genocídio nos campos da Alemanha, em uma tragédia mundial que reflete até hoje, no coração dos minimamente sensíveis, a mesma pergunta: “como foi possível deixar tudo isso acontecer?”. Quando a política genocida do governo federal brasileiro vai batendo sua meta de cadáveres nas UTIs lotadas, empacotados nos contêineres do Amazonas ou dos enterros noturnos de São Paulo, é cada vez mais recorrente a mesma reflexão. Como nós, no olho real desse massacre, estamos deixando tudo isso acontecer? Ao terminar a sua 12ª Bienal, transmitida de forma online a partir do Teatro Oficina, em São Paulo, a União Nacional dos Estudantes (UNE) busca encontrar o caminho de uma resistência e ofensiva contra a tragédia do governo Bolsonaro e sua política de morte. Não se trata de tarefa fácil mas, ao que parece, o absurdo kafkiano que tomou conta da realidade do país nessa tragédia sem fim aparente opera uma mudança de curso nas formas de oposição ao proto fascismo instalado nos palácios da República. O Brasil vive um momento decisivo, com os contornos dramáticos do maior morticínio da história da República a lhe assombrar e com a tristeza de morte a evaporar nesse outono de ruas vazias. Mas, ao que parece, o asfalto terá em breve companhia.

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Equipe de produção da Bienal trabalha no Teatro Oficina

BAST 12ª BIENAL DA UNE FESTIVAL DOS ESTUDANTES


TIDORES


Um novo ponto de encontro: os comentários

Quem foi aos festivais no formato presencial sabe a experiência sensorial que isso pode significar. Ao chegar na sede do evento, além de encontrar performances que pipocam de forma surpreendente em qualquer local, ouve-se muita coisa - na maioria das vezes, trechos de rimas improvisadas mais conhecidas como “palavras de ordem”

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Os “cantos”, geralmente, saem da boca de gente que se aglutina em grupos por ser ou de uma mesma universidade, ou de uma mesma cidade, ou de um mesmo estado. Como em um jogo de afirmação, alguns gritam: “Uh Paraná! Uh Paraná”. Já outros se fazem presentes por meio do “Uh Siará! Siárá!” e aquelas famosas vaias felizes que só os cearenses sabem fazer. Quem tem mais gogó costuma sair com ar de satisfeito. O que não se esperava era que o barulho também se impusesse quando tudo ficasse meio sem som. O burburinho do festival convergiu para um só lugar: o chat do youtube, transformando-se em um comentariado frenético que se moveu com vida própria ao longo das apresentações fortalecendo laços, bandeiras de luta e identidades. Ao invés de usarem a força das cordas vocais, o recurso ao alcance

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foi o “CLT + C e CTL +V”. Quem copiasse e colasse mais vezes a mesma frase tinha chance maior de se sobressair. Foi assim do início ao fim. Comunidades se organizavam e pautavam discussões que, na maioria das vezes, eram amistosas. Se algum fascista ousasse invadir o bate-papo online, não sobrava nada. Nos shows, as bandas aproveitaram para divulgar seus @ do instagram ou o lançamento da próxima música no Spotify. As tags foram muitas. Teve gente que saiu com novos amigos, ou mais articulado com artistas de outros estados. Também rolou choro via emoji, risos e %$#@! quando o assunto era o Governo Federal. Parece que os estudantes se fizeram caber, embora não menores, dentro de uma caixa de comentários. Ninguém passou ileso.


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Muito antes do “encontro marcado” Isolamento social não foi empecilho para que processo aberto e nacionalizado de construção do maior festival estudantil da América Latina fosse bem sucedido

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As Bienais não começam em suas cidades-sede. Antes do dia oficial de início do grande encontro, estudantes de todo o Brasil se agitam em seus estados e universidades para organizar as pré-bienais, atividades que garantem a representatividade que o evento que alcança as extremidades do país merece. Mas dessa vez tudo foi diferente. Após a diretoria da UNE tomar a decisão de adotar o formato remoto para garantir a segurança dos participantes, as atividades nos estados teriam que replicar o modelo, o que aumentaria ainda mais a dose de desafio. Apesar disso, a surpresa foi imensa. Depois do Ceará fazer a sua etapa preparatória, outros estados “abraçaram a ideia em efeito dominó”, conta a coordenadora geral do CUCA, Manuella Silva. Ao todo foram quatro debates prévios e 18 pré-bienais que ocorreram em todas as regiões, o que manteve a abrangência que o festival propõe. A novidade

também foi a formação de uma enorme corrente de solidariedade. No Paraná, a diretoria da União Paranaense dos Estudantes (UPE) aproveitou a ocasião para fazer a campanha “Um Real pela Vida’’. A proposta foi arrecadar recursos para ajudar famílias que têm passado fome com o agravamento da pandemia e da crise econômica. A iniciativa se espalhou e se fez presente na Bienal a nível nacional. Ao final da programação, os estudantes envolvidos nas pré-bienais organizaram um dia nacional de mobilização para ajudar quem mais precisa. Nessa mesma toada, os debates que antecederam o dia da abertura também trouxeram para o centro da discussão as questões mais urgentes, como a defesa do auxílio emergencial, a luta contra a censura a artistas, a necessidade da chegada das vacinas para proteger vidas e a defesa da educação e da ciência.

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WhatsApp da UNE Bienal #euassisti Estudante: Opa Iago Iago Montalvão: Salve! Estudante: Olha só, eu assisti à Bienal da UNE e simplesmente amei tudo, fiquei lá colado com a cara no computador e queria saber um pouco mais. Como vocês tiveram a ideia de fazer esse evento? Iago Montalvão: Poxa, que massa que você curtiu! Estudante: Iago Montalvão: A Bienal foi criada a muitas mãos � e veio principalmente do nosso sentimento, dentro da diretoria da UNE, de que precisávamos manter esse festival, mesmo em caráter online, mostrando a força da rede do movimento estudantil e valorizando a cultura que continua sendo produzida pela galera das universidades e das escolas brasileiras. Estudante: Muito legal! E como vcs escolheram a Elza pra ser a homenageada? Amo ela, quero dar um beijo naquela bochecha gostosa! Iago Montalvão: Essa foi uma proposta muito massa que veio do CUCA. Estudante: CUCA? Iago Montalvão:

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Iago Montalvão: O CUCA é o Circuito Universitário de Cultura e Arte da UNE, responsável pela Bienal e pelo nosso movimento cultural na entidade. A Elza foi escolhida por representar tudo de melhor que nosso povo tem: genialidade e resistência. Nenhuma artista viva simboliza tanto o tema que a gente escolheu pra Bienal: “Um povo que resiste” . Estudante: Que massa. Acho que rolou também uma super conexão e clima bom nas transmissões das mostras, no dia a dia da Bienal, parecia até que a gente tava lá ao vivão presente KKK Iago Montalvão: Pode crer! Que bom. Mas eu acho que isso teve muito a ver também com a parceria que a gente fez com o Teatro Oficina, que é um lugar histórico de SP e com uma atmosfera incrível, todo o trabalho da equipe da filmagem, da produção, fizemos o melhor que pudemos. A UNE merece e a juventude merece. Estudante: Noooosssa Iago, falando assim, já tô até com saudade da Bienal. rsrsrs #saudadesbienal Iago Montalvão: Ué, é só assistir de novo! Tá tudo lá no canal da UNE no Youtube! Kkkkkk Estudante: Kkkkkkk. Verdade, boa ideia! Bora maratonar! Iago Montalvão: É noix!

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Identidade Visual 12ª Bienal da UNE

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A arte da 12ª Bienal surge inspirada no centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, um dos temas de fundo do Festival dos Estudantes. A pintura digital traz a representação de uma multidão, de um Brasil amplo, corajoso e livre, com suas características, traços e perfis étnicos diversos. O trabalho usa técnicas diferentes, com visual de tinta à óleo, mas referenciado na arte interiorana do Brasil e na natureza analógica, porém “pixelada”, das intervenções de rua em lambe-lambe, spray ou rolinho. O desafio foi construir identidades étnicas a partir do tom azul, que predomina nos e nas personagens. Embora uma cor seja mais visível, é perceptível a multiplicidade do que é ser brasileiro com a negritude e os povos originários em destaque. O trabalho foi elaborado em plena pandemia, fato que fez com que as demais cores que o compõem trouxessem o caráter festivo de um baile de carnaval, tão característicos do Brasil e da nossa arte e que ficou reprimido durante o isolamento social em razão da covid-19. A pintura lembra o céu, o ar e o respiro que todos precisam neste momento de sufocamento. É um suspiro, uma esperança que transparece no olhar altivo das e dos personagens, para cima, um olhar meio ferino, da confiança, da juventude revolucionária e vanguardista na arte.

JJBZ Artista gráfico

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“Delay” no show do KL Jay no Teatro Oficina

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Montagem da Mostra de Artes Visuais na sede da UNE

Transmissão da Bienal direto do Teatro Oficina

Equipe de produção da Bienal

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Coordenação do CUCA

Mostra de Literatura

Mostra de audiovisual

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Diretora da UNE, Bruna Brelaz, e o DJ KL Jay

Bastidores do Teatro Oficina

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Portal Catraca Livre

clipping Correio Brasiliense

Folha de S.Paulo

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Portal G1

Guia do Estudante

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Diretoria executiva da UNE (2019/2021)

Iago Montalvão Oliveira Campos - Presidente Elida Regina de Lima- Vice-presidenta Regina Brunet Alencar e Silva - 1ª Vice-Presidência Vitor Straub de Moraes - 2º Vice-Presidente Victoria Ferraro Lima Silva - 3° Vice-presidência Gabryel da Costa Henrici - Secretário-geral Bruna Chaves Brelaz - Tesoureira-geral Camila Cristina da Silva Ribeiro - Diretora de Comunicação Ingrid Guzeloto Ramos Ferreira - Diretora LGBT Dyanne Andressa de Lima Barros - Diretora executiva de Movimentos Sociais Maycon Maciel Pinto - Diretor de Universidades Públicas Julia Barbosa de Aguiar Garcia - Diretora executiva de Políticas Educacionais Luis Filipe Eich - Diretor de Relações Institucionais Diego Pereira Pandullo - Diretoria de Acesso ao Ensino Superior Adriano Mendes de Souza - 1° Diretor de Políticas Educacionais Isis Mustafá - Diretoria executiva de Relações Internacionais Natan Ferreira - 1° diretor de Combate ao Racismo

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Coordenação nacional CUCA da UNE (2019/2021) Manuella Mirella - Coordenadora-geral Arthur Mendes - Coordenador de Arte e Cultura Daline Ribeiro - Coordenadora de Comunicação Paola Soccas - Coordenadora de Projetos e Finanças

Coordenações estaduais do CUCA da UNE

Amazonas - Ernan Passos Amapá - Geiza Miranda Bahia - Uíse Epitácio Ceará - Carlos Daniel de Jesus Leite Distrito Federal - Gabryel Santos Goiás - Thaís Falone e Ranilson Júnior Maranhão - Ana Raquel Farias Minas Gerais - Diego Carlos Ferreira Mato Grosso - Wesley da Mata Pará - Tel Guajajara e Gabriel Jhonatta Pernambuco - Malu Barros Piauí - Bernardo Blanche e Daline Ribeiro Paraná - Flávia Medeiros Rio de Janeiro - Maria Eduarda José e Rebeca Belchior Rio Grande do Norte - Gabriela Leopoldo Rio Grande do Sul - Airton Silva, Lara Luísa, Gabriela Silveira e Naiade Salinos Santa Catarina - Lucene Magnus e Paola Soccas São Paulo - Marcelo Correia

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Bancas de seleção das mostras

ARTES VISUAIS Priscila Lolata Andressa Argenta João Gabriel (Mulambö) ARTES CÊNICAS Helena Albergaria Aline Luana Oliveira AUDIOVISUAL Ana Petta Rafael Buda LITERATURA Oussama Naoua Philipe Ricardo Silva Araujo MÚSICA Mayara Melo André Cecilio JOGOS DIGITAIS Joao Brant EXTENSÃO Carlos Alexandre Amaral Araújo Deryk Vieira Santana

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CIÊNCIA E TECNOLOGIA Aline Vicente Cavanus, USP. Andriele Ferreira Qualhato, UFG. Brener Neves Silva, UFF. Camila Lima Pontes de Mello, UFG. Caroene Neves Silva, UFRGS. Felipe Aquino Domiciano, UFG. Fernanda de Fátima de Oliveira Spirandeli, UFTM. Geisa Nunes de Souza Mozzer, UFG. Gustavo Diniz de Mesquita Taveira, UFRJ. Gyannini Jácomo Cândido do Prado, UFG. Hélen Barcellos da Silva Martins, UFRJ. Karla Vitor de Oliveira, PUC-Goiás. Leandro Viana de Almeida, IFTM. Lissandra Amorim Santos, UFRJ. Lorena de Oliveira, UFG. Lucas Silverio Parreira, UFG. Marijara de Lima, Universidade Lusófona. Milayde Serra Braga, Faculdade São Leopoldo Mandic. Nadjanaira Barbosa Abrão, UFG. Natália Silva Trindade, UFRJ. Neiva Sales Rodrigues, Unioeste. Paulo César Marques Holanda, UFRJ. Tássia Cristina da Silva, UFPE. Wanessa Patrícia Rodrigues da Silva, UFG.


LADO C Construção Audiovisual: Daline Ribeiro (PI) Gabriel Jhonatta (SP) Marcelo Correia (SP) Victor Rinaldi (SP) Pedro Caldas (PE) Pedro Henrique Alencar (DF) Beatriz Oliveira (DF) Aline Seixas (RS) Ícaro Kropidloski (RS) Regina Brunet (RS) MandaJob Produtora (PA)

Edição: Jacob Alves Karyston Soares Projetos e Narrativas: São Mateus em Movimento (SP) Vivência Ballroom (DF) Batalha da Escada (DF) Coque Connecta (PE) Estudantes Indígenas nas Universidades (PA) Escolinha Comunitária de Skate da Matinha (PA) Vetinflix (CE) Ponto de Cultura Quilombo do Sopapo (RS) Vida, Pão, Vacina e Educação (UBES)

Colaboradores: Catharina Cunha (PE) Ruan Guajajara (DF) Negotinho (SP) Luciana Monteiro(SP) Alexandre Blanco (PA) Tel Guajajara (PA)

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Coordenação 12ª Bienal da UNE Festival dos Estudantes Manuella Mirella - Coordenadora Geral Paola Soccas - Coordenadora de Áreas Daline Ribeiro - Coordenadora de Comunicação Uíse Epitácio - Coordenadora de Comunicação Rebeca Belchior - Coordenadora da Mostra de Artes Visuais Rosa Amorim - Coordenadora da Mostra de Artes Cênicas Victor Rinaldi - Coordenador da Mostra de Audiovisual Marcelo Correia - Coordenador da Mostra de Literatura Flávia Medeiros - Coordenadora da Mostra de Música Gabriel de Herédia Nascimento - Coordenador da Mostra de Jogos Digitais Raí Campos - Coordenador da Mostra de Ciência e Tecnologia Luiza Coelho - Coordenadora da Mostra de Ciência e Tecnologia Izabela Marinho - Coordenadora da Mostra de Ciência e Tecnologia Arthur Mendes - Coordenador da Mostra de Projetos de Extensão Gabriel Jhonatta - Coordenador do Lado C

Equipe técnica campeonato de jogos digitais 202

Taça Júpiter da Universidade de São Paulo Coordenadora - Ana Braunstein Hosts - Lucas Almeida, Theo “Pastheo” Levy Narradores - Giovanni “GigioEx” Rodrigues League Ops - Ana “Stein” Braunstein, Andrew “Zero” Melo, Luiz “Prada0ne” Prado, Pedro “Pita” Matos, Paulo “Symião” Filho Comentarista - José “ZenoEx” Mazer Advogado - Pedro “Pita” Matos


Transmissão VÍDEO TRANSMISSÃO / TV UZYNA Ciça Lucchesi - Direção de imagem Igor Marotti - Cinegrafista Luiz Egídio - Cinegrafista Luiz Pereira de Oliveira Júnior - Direção técnica Anderson de Sousa - Operador V-mix Diego Everson Kuhnen - Supervisão técnica Alexandre Pereira de Oliveira - Suporte técnico Anderson Jordão da Silva - Suporte técnico Tulio Vagner da Silva - Suporte técnico e operador de zoom VIVÊNCIAS ZOOM André Chagas dos Santos - Gestão de vivências zoom Weslhem Barbosa da Costa - Operador de zoom Luciano de Jesus Rocha - Operador de zoom Roberto Ioshimura do Amaral - Operador de zoom TEATRO OFICINA Camila Fonseca - Som Luana Della Crist - Luz Cyntia Monteiro - Luz Kael Studart - Produção Anderson Puchetti - Produção executiva Rafael Pereira - Portaria Camila Oliveira Silva - Limpeza TV UZYNA youtube.com/tvuzyna

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Produção Contra Regras Comunicação e Produção - Produção-geral Tiago A. Ferreira - Diretor-geral Artênius Daniel - Roteiros e editor da Revista Buzina Patrícia Bssa - Infraestrutura, montagem e cenografia Alexandre Santini - Abertura Emilia M. Potapczuk - Debates e oficinas Luis Parras - Mostras artísticas e abertura Gilda Mendes - Mostra de música Valter Lacorte - Técnico da mostra de música Nathalia Fernandes - Mostra de artes cênicas e Lado C Gustavo Guardabassi - Mostra de artes visuais Henrique Bardella - Mostra de audiovisual e jogos digitais Jeff Nunes - Mostra de literatura

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Ficha técnica catálogo Projeto editorial, organização e edição: Rafael Minoro Assistente editorial: Ana Cristina Jardim de Melo Co-edição e redação: Patrícia de Matos Colaboração: Artênius Daniel Projeto gráfico e diagramação: @JJBZ As fotos presentes nesse catálogo são de: Daline Ribeiro, Gabriel Jhonatta, Karla Boughoff, Uíse Epitácio, Victor Rinaldi e Yuri Salvador

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Assista aqui aos 3 dias de Bienal na íntegra: dia 1

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dia 2

dia 3


Veja o mini doc da Bienal: 207


HISTÓRIA DAS BIEN UNE @uneoficial • 1999, Salvador No improviso, sem muito apoio e com perseverança: assim nasceu a primeira Bienal da UNE. O evento foi um sucesso e, no final, durou mais tempo do que o previsto. A partir de então, a @uneoficial e a cultura tornaram-se inseparáveis. Segue o fio +

UNE @uneoficial • 2001, Rio de Janeiro Para continuar dando vazão à produção artística universitária, a @uneoficial funda o @cucaune e recebe no evento figuras como Augusto Boal e Tom Zé, além de ganhar das mãos de Oscar Niemeyer o projeto de reconstrução da sua antiga sede, incendiada pelos militares no golpe de 1964 +

UNE @uneoficial • 2003, Recife e Olinda Com o tema “Um Encontro com a Cultura Popular”, o evento teve a presença de Gilberto Gil, à época ministro da Cultura, Sérgio Mamberti, Paulo Miklos, Ariano Suassuna, entre muitos outros. Foi a primeira vez que o Encucado, jornal do @cucaune, circulou nas mãos dos participantes +

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NAIS - segue o fio [+] UNE @uneoficial • 2005, São Paulo Em “Soy Loco por Ti América”, que teve como sede o Parque Ibirapuera, a @uneoficial investiu na integração continental por meio da cultura. O festival aconteceu paralelamente ao Congresso da @oclae, entidade que representa os estudantes de toda a América Latina. Foi um grande encontro de proporção internacional +

UNE @uneoficial • 2007, Rio de Janeiro Religiões de matriz africana, samba, povos de terreiro e muito mais: assim foi a 5ª Bienal da UNE, sob o tema “Brasil-África: um Rio chamado Atlântico’’. Na ocasião, o festival homenageou Abdias Nascimento, Dona Ivone Lara, Beth Carvalho, Mãe Beata, além de receber o escritor angolano Ondjaki. Ao final do evento, a @uneoficial retomou a sua sede, tomada pela ditadura militar +

UNE @uneoficial • 2009, Salvador Para construir uma síntese após 5 edições das Bienais, a @uneoficial trouxe o tema “Raízes do Brasil: formação e sentido do povo brasileiro.” A programação aconteceu no Pelourinho e teve os shows memoráveis de Margareth Menezes, Marcelo D2 e Cordel do Fogo Encantado +

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HISTÓRIA DAS BIENAIS - A THREAD UNE @uneoficial • 2011, Rio de Janeiro A Lapa ficou pequena pra essa que foi uma Bienal gigantesca. O evento, que tbm comemorou os 10 anos do @cucaune, colocou samba e luta política em uma batida só. O presidente da UNE à época deu o tom ao dizer, no discurso de abertura, que “ser feliz é uma forma de combate.” Foi eletrizante +

UNE @uneoficial • 2013, Olinda e Recife Em “A Volta da Asa Branca”, a @uneoficial homenageou a cultura sertaneja a partir do forró de Gonzagão, da poesia de João Cabral de Melo Neto, da prosa de Graciliano Ramos, entre outros. A entidade ainda ostentou a identidade visual feita por J.Borges, artista plástico homenageado nessa edição. E como esquecer os shows de Lenine, Alceu Valença, Elba Ramalho e Mundo Livre S/A no Marco Zero do Recife? +

UNE @uneoficial • 2015, Rio de Janeiro Em “Vozes do Brasil”, a @uneoficial propôs uma reflexão sobre a identidade nacional a partir das linguagens. A coisa toda foi da Academia Brasileira de Letras à inventividade das ruas e dos morros. Teve tbm um momento inesquecível com Juca Ferreira, ministro da Cultura à época, e os shows abarrotados de Alceu Valença, Pitty, Cidade Negra e Criolo - dizem que nesse último o mar de gente se estendeu até Santa Tereza +

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UNE @uneoficial • 2017, Fortaleza “Freguês, é só chegar!” E quem foi se deparou com uma “Feira da Reinvenção” montada no Dragão do Mar, um complexo cultural cravado na capital cearense q tinha de tudo um pouco. Teve show de Emicida e Gaby Amarantos, além de uma apresentação do icônico Teatro Oficina. Zé Celso tbm foi visto perambulando sozinho pelas barraquinhas. Nessa Bienal, a opção foi homenagear movimentos artísticos p/ fazer da profusão de proposições estéticas a invenção de novas coisas no terreno da arte e da cultura +

ARTES CÊNICAS LITERATURA MÚSICA ARTES VISUAIS AUDIOVISUAL CIÊNCIA E TECNOLOGIA PROJETOS DE EXTENSÃO INSCREVA SEU TRABALHO: une.org.br - facebook.com/uneoficial + Infos: 11 5539.2342 - redecucadaune@gmail.com

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21/10/16 19:18

UNE @uneoficial • 2019, Salvador Ao celebrar seus 20 anos de existência a Bienal voltou à sua terra de origem com o tema “Gil, um reencontro com o Brasil” para fazer uma homenagem à vida e obra do cantor baiano. A programação, que ocorreu toda na @ufba, terminou com uma linda culturada com cheirinho de alfazema sob o batuque dos Filhos de Gandhy +

UNE @uneoficial • 2021, São paulo #12BIENALDAUNE #TeatroOficina #Emicida #ElzaSoares #KLJay #Dexter #LeciBrandão #BrasilUmPovoQueResiste #UNE #Live #2021 +

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Este catálogo foi composto em Titling Gothic FB, impresso em papel offset 115g/m² durante o inverno de 2021. Até o momento da impressão, mais de 530 mil pessoas haviam perdido suas vidas para a COVID-19 no Brasil, segundo números oficiais. Quantas pessoas poderiam ainda estar vivas se o presidente não fosse um genocida?




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