Jornal Nossa Voz

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V O Z NOSSA

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I N FO R M AT I V O

OFICIAL

DA

UNIÃO

NACIONAL

DOS

ESTUDANTES

une.org.br facebook.com/uneoficial

-

ABRIL

DE

2018

Edição Especial para a UNE Volante Abril de 2018

democracia educação, liberdade e

ABRIL - 2018 – 1

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A UNIVERSIDADE PÚBLICA E AS URNAS DEVEM SER SOBERANAS! A UNE Volante vai desbravar a realidade das universidades de Norte a Sul: serão três meses desembarcando em dez estados e doze instituições de ensino públicas. Queremos abraçar esse país imenso, diverso, colorido e infelizmente tão desigual. É certo que os tempos sombrios que temos vivido só ampliam esse abismo de desigualdade. A ruptura democrática tem ramificado as ações do golpe político que sofremos e feito sangrar estudantes, trabalhadores, mulheres, negros, LGBTs, os mais pobres e seus defensores. Não é a toa que a primeira mulher à frente da República foi tirada do poder, que uma vereadora preta, bissexual e criada na favela foi executada pelo Estado no Rio de Janeiro, e que o único ex-presidente do Brasil preso sem provas foi o que tirou os brasileiros da pobreza. Luiz Inácio Lula da Silva é um preso político e é nosso dever denunciar isso. Sabemos que a perseguição ao maior líder popular desse país tem fins eleitorais e faz parte do mesmo enredo que ataca as universidades públicas, a nossa soberania e os nossos direitos. Mas, nós estudantes sabemos que em momentos de crise é necessário eleger prioridades e que defender nossa democracia e a educação é essencial para esta nação avançar. Revisando os 80 anos da UNE nas ruas, temos a certeza que lutar vale a pena. Nas duas primeiras edições da UNE Volante em

62 e 63 defendemos a posse legítima de João Goulart, conseguimos maior participação dos estudantes nos órgãos colegiados das universidades e fundamos o Centro Popular de Cultura (CPC). Nos anos 2000 voltamos com as caravanas. Foram quatro edições onde reafirmamos a importância da cultura brasileira, do SUS, organizamos reivindicações que resultaram em políticas de democratização como ProUni e Reuni. Exemplos de que a juventude tem força e coragem para interferir e fazer uma virada nesse roteiro político triste que tem seguido nossa vida sob desmandos de um governo que não elegemos. Queremos mostrar que o povo tem capacidade de apontar saídas para a crise, que para isso é urgente reestabelecer nossa democracia e a universidade será nosso instrumento. É por isso e para isso que estamos na estrada: vamos de universidade em universidade debater nossas perspectivas, defender a liberdade de Lula, e resguardar nosso patrimônio que são as instituições de ensino superior públicas desse país. A UNE Volante é uma verdadeira declaração de amor ao Brasil. A gente quer participar da mudança e fazer do nosso país o melhor lugar do mundo. Vem com a gente? Marianna Dias

Presidenta da UNE

DIRETORIA EXECUTIVA GESTÃO 2017/2019 Presidenta: Marianna Dias I Vice-Presidenta: Jessy Dayane Silva Santos 1ª Vice-Presidenta: Erika Rodrigues Silva I 2º Vice-Presidente: Rodrigo Moreira Rodrigues 3º Vice-Presidente: Wesley Rage Santos de Albuquerque I Tesoureiro Geral: Ivo Braga Diretora de Comunicação: Nágila Maria I Diretora de Políticas Educacionais: Julia Louzada de Souza Diretora de Universidades Particulares: Keully Meirelles I Diretor de Relações Internacionais: Gabryel da Costa Henrici 1º Diretor de Relações Internacionais: Luiz Eduardo Correa da Silva I Diretora de Movimentos Sociais: Taíres dos Santos Diretora de Direitos Humanos: Gabriela Soldera Ferro I Diretor de Memória Estudantil: Iago Montalvão Oliveira Campos Diretora de Cultura: Daniella Rebello I Diretor de Universidades Públicas: Mario Magno de Oliveira Silva 1º Diretor de Universidades Públicas: Leonardo da Costa Guimarães 2ª Diretora de Universidades Públicas: Carla Juliana Almeida dos Santos 1º Diretor de Extensão: Airton dos Santos da Silva Junior I Diretor de Relações Institucionais: Bruna Chaves Brelaz

EXPEDIENTE

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O Jornal Nossa Voz é uma publicação da União Nacional dos Estudantes. Jornalista responsável: Cristiane Tada CR (DRT/PR: 6956). Redação: Cristiane Tada e Renata Bars. Fotos: Yuri Salvador, Cuca da UNE, Francisco Proner. Projeto gráfico: Grito Propaganda. Endereço: Rua Vergueiro, 2485 I Telefone: (11) 5539.2342 Fale com a UNE: www.une.org.br | facebook.com/uneoficial | twitter.com/uneoficial


INQUIETOS E DESPERTOS FESTIVAIS UNIVERSITÁRIOS DO CIRCUITO INQUIETAÇÕES SÃO ESPAÇO DE CULTURA, POLÍTICA E ENGAJAMENTO PELA EDUCAÇÃO

Segundo os dicionários, a palavra ‘’inquietações’’ significa agitação provocada por dúvidas, confusões, hesitações. Inquietar mentes e provocar ideias num período em que a democracia é gravemente ameaçada é justamente o objetivo do Circuito Inquietações, que acontece durante toda a Caravana da UNE. O Circuito é um momento de conexão de toda a produção cultural universitária inspirado na força dos festivais universitários do passado e também do presente. Entre os eventos que projetaram Ferreira Gullar, Eduardo Coutinho, Caetano e Gil e os recentes ‘’Deu na Telha’’ na Universidade Federal Fluminense (UFF) ou ainda o ‘’Inquietação pela Democracia’’ da Universidade de Brasília (UnB), o selo ‘’Inquietações’’, parceria do Cuca com entidades estudantis locais, promete lançar uma semente importante na história do movimento estudantil e da universidade brasileira. ‘’O movimento estudantil e as universidades já se mobilizam para dar vazão a produção local e agora é a vez disso acontecer nacionalmente. A cultura dentro da universidade é muito rica, mas ainda falta espaço na indústria cultural para essa galera extrapolar os muros da academia. Por isso estamos despertos para ampliar esse trabalho’’, falou a coordenadora do Cuca da UNE, Camila Ribeiro.Cultura: bandeira de luta do movimento estudantil A cultura sempre andou lado a lado do movimento estudantil. A Bienal da UNE, evento que já se encaminha para sua 11º edição é exemplo disso, onde, assim como o “Inquietações’’, diversas linguagens se encontram para mostrar a riqueza da nossa cultura popular. “É essa mistura toda que traz para os nossos festivais um grande potencial. É isso que deixa ele interessante e menos careta. Na cultura universitária quem desenha também trabalha com

música, e quem trabalha com música também pode contribuir pro teatro. É uma transversalidade sem igual’’, destacou Camila.

CULTURA: BANDEIRA DE LUTA DO MOVIMENTO ESTUDANTIL

Inquietação pela democracia realizado em Abril de 2016 na UnB.

A cultura sempre andou lado a lado do movimento estudantil. A Bienal da UNE, evento que já se encaminha para sua 11º edição é exemplo disso, onde, assim como o ‘’Inquietações’’, diversas linguagens se encontram para mostrar a riqueza da nossa cultura popular. ‘’É essa mistura toda que traz para os nossos festivais um grande potencial. É isso que deixa ele interessante e menos careta. Na cultura universitária quem desenha também trabalha com música, e quem trabalha com música também pode contribuir pro teatro. É uma transversalidade sem igual’’, destacou Camila.

Deu na Telha realizado em Outubro de 2017 na UFF

LUGAR DE CULTURA É NA UNIVERSIDADE! Para a UNE, a cultura deve ser o quarto elemento da universidade, juntamente com o tripé ensino-pesquisa-extensão. Por isso, além das apresentações e intervenções artísticas, o Inquietações vai reivindicar em todo o país a importância dos espaços de cultura dentro das instituições. ‘’Atualmente nas universidades públicas temos visto uma onda de repressão e de desmonte dos espaços do movimento estudantil, que culmina na retirada dos espaços de convivência. Quando um espaço de convivência é tirado, automaticamente é impossibilitada a organização dos estudantes. Esse é o cunho político do nosso festival: queremos uma regulamentação que padronize nacionalmente os espaços culturais, queremos que estudantes e a comunidade possam desfrutar disso. Vamos apresentar um projeto feito de estudantes para estudantes para que a integração na universidade seja cada vez maior’’, explicou a coordenadora do Cuca.

Festival Viva UERJ aconteceu em Fevereiro de 2017, no Rio de Janeiro

Prainha Fica na USP em São Paulo defendeu os espaços de convivência em Novembro de 2017

Você sabia? Vários artistas da cena atual começaram seus trabalhos em universidades ao redor do país.

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Francisco El Hombre – Unicamp Liniker – USP As Bahias e a Cozinha Mineira – USP Filarmônica Passárgada - USP Sara não tem nome – UFMG Codinome Winchester – UFMT Selvagens à procura de lei – UFC (Ceará)

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NA LUTA PELA EDUCAÇÃO, UMA BAGAGEM DE HISTÓRIAS Tradição da entidade, caravanas realizadas pela União Nacional dos Estudantes disseminam cultura e fortalecem a luta pela educação Os pés que abrem os caminhos desta edição da UNE Volante não andam sós. Eles acompanham passos de outras épocas, acumulam e espalham a luta pela educação Brasil afora, como manda a tradição. Em 1962, a história teve início sob a gestão de Aldo Arantes, numa caravana que rodou o país para falar sobre reforma universitária e levar o então recém-criado Centro Popular de Cultura (CPC) a todos os cantos do país. A também “UNE Volante’’ saiu em marcha após o II Seminário Nacional de Reforma Universitária, realizado em Curitiba. “Fizemos a UNE Volante, uma caravana que ia do Rio Grande do Sul a Manaus. Eram vinte e cinco pessoas, vinte integrantes do CPC e cinco dirigentes da UNE. Nós íamos de cidade em cidade, fazíamos assembleias gerais dos estu-

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dantes falando sobre a reforma e ainda apresentávamos as peças de teatro do CPC. Essa ação teve um o grande saldo que foi o fortalecimento do movimento estudantil. Éramos recebidos em cada lugar por milhares de estudantes. Foi muito importante para nossa história’’, relembra Aldo. Em 1963, reforçando as conquistas dessa experiência, foi realizada a segunda edição da UNE Volante, congregando jovens artistas e universitários em busca de conhecer e integrar o Brasil. No entanto, essas experiências foram interrompidas pela ditadura. A UNE foi colocada na ilegalidade em 1964 e sua reestruturação ocorreu quase 15 anos depois, com o enfraquecimento do regime. Contudo, a luta seguiu firme. Os passos já estavam dados. Novas caravanas estariam por vir.

ANOS 2000: PÉS NOVAMENTE NA ESTRADA Em 2004, na gestão do presidente Gustavo Petta, as caravanas voltaram a fazer parte do calendário da entidade. Intitulada “UNE Pelo Brasil’’, a nova edição também trouxe para a pauta a reforma universitária. À bordo de um ônibus, a UNE Pelo Brasil somou 18 mil km rodados em 60 dias de viagem. “ Percorrer as universidades brasileiras foi fundamental porque ajudou a entidade a ter uma proposta de reforma universitária que chegou ao Senado Federal. Essa proposta resultou na aprovação de iniciativas como o Prouni e Reuni. Conseguimos influenciar o debate nacional para mudar a composição da universidade’’, falou o então presidente. Reeleito em 2005, Petta

repetiu a experiência. Durante sua segunda gestão, a Caravana de Cultura e Arte Paschoal Carlos Magno percorreu 20 estados brasileiros levando a semente do Circuito Universitário de Cultura e Arte (Cuca da UNE) para diversas universidades. No segundo semestre de 2008, já sob o mandato da presidenta Lúcia Stumpff, a UNE apostou na diversificação dos temas das caravanas em um projeto ousado, a Caravana Saúde, Educação e Cultura. Em parceria com o Ministério da Saúde, o projeto passou pelos 26 estados, mais o Distrito Federal, a bordo de um ônibus e conscientizou a juventude sobretudo sobre doenças sexualmente transmissíveis como o HIV.


UNE BRASIL+10 Qual é o Brasil que você quer para os próximos 10 anos? Com essa pergunta em

“AS CARAVANAS SÃO ATIVIDADES EM QUE A ENTIDADE CUMPRE O PAPEL DE SER NACIONAL” mente, a UNE saiu em caravana pelo país no ano de 2012. Foram mais de 50 cidades e mais de 70 universidades públicas e particulares percorridas, na intenção de debater os rumos da educação e uma nova reforma universitária. Daniel Iliescu, presidente da entidade nesta

edição, afirma que as caravanas são atividades em que a entidade cumpre o papel de ser nacional. “Não se é nacional somente no Rio, em São Paulo e em Brasília. É preciso estar lado a lado com os estudantes de Norte a Sul, do interior ao litoral do Brasilzão. Conhecer a diversa realidade concreta, nua e crua que vive a nossa juventude’’, disse. Para ele, construir uma caravana em 2018, num momento em que a democracia está sob forte ataque, é um resgate histórico e necessário. “Em 2012 vivíamos no Brasil um momento de muito otimismo e esperança no futuro. Infelizmente, por enquanto, a História tem tomado outro rumo e nosso

UMA CARAVANA EM 2018, NUM MOMENTO EM QUE A DEMOCRACIA ESTÁ SOB FORTE ATAQUE, É UM RESGATE HISTÓRICO E NECESSÁRIO.

caiam dentro! Muita sola de sapato, muita saliva na língua, muita energia positiva no corpo e na alma. A solução do Brasil está no povo, está nas pessoas e uma entidade fantástica como a UNE é um instrumento precioso para ajudar a unir e organizar o povo e a juventude em nossa luta por um Brasil justo e livre’’, destacou.

povo resiste a uma situação de exceção gerada por um golpe. Por isso,

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UNE PELO PAÍS VAI MOSTRAR QUE A UNIVERSIDADE PÚBLICA ESTÁ A SERVIÇO DO BRASIL NOS 9 ESTADOS MAIS O DF POR ONDE VAI PASSAR, CARAVANA QUER EMBRIONAR COMITÊS EM DEFESA DA EDUCAÇÃO PÚBLICA E DA DEMOCRACIA

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No Brasil a noção de que a educação é um direito e dever do Estado ainda não é clara. Aqui o discurso propagado pelos mais ricos é que para receber garantias de saúde e educação de qualidade é necessário pagar. “A elite brasileira é não tem projeto de nação e é completamente submissa aos interesses estrangeiros. Por isso, a educação não é considerada um direito de todos e todas e um dever do Estado, mas sim uma mercadoria que pode resultar em muito lucro, não só para empresários brasileiros, mas sobretudo para os empresários estrangeiros”, explicou a vice-presidenta da UNE, Jessy Dayane. Ela destaca ainda que através dos diversos meios de dominação ideológica, como a mídia, tentam convencer o povo de que a educação é uma responsabilidade do mundo privado e não um direito garantido na nossa Constituição. O coordenador da UNE Vo-

lante, Leonardo Guimarães, 1º Diretor de Universidades Públicas da UNE, afirma que a caravana foi uma resposta da entidade frente aos ataques ao caráter gratuito da universidade pública. “Vamos pautar o papel das instituições de ensino para setores estratégicos do Brasil como a soberania nacional, o fortalecimento da democracia, a engenharia nacional, a produção agrícola, o combate às desigualdades sociais, a consolidação do SUS, etc. Somente destacando sobre o mérito dessas questões para o nosso progresso vamos ter condições de convencer a sociedade brasileira sobre a importância do caráter gratuito e público da universidade”, afirmou Leonardo. A caravana vai desembarcar no Pará, Ceará, Pernambuco, Distrito Federal, Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo, e vai espalhar uma agenda de luta por todo o Brasil. O objetivo é unificar a comunidade acadêmica, movimentos sociais, associações, agentes de fomento à pesquisa e embrionar Comitês para defender o Ensino Superior público e gratuito, bem como defender a democracia. Para a UNE a perseguição e prisão política do ex-presidente Lula faz parte do mesmo enredo que ataca as universidades públicas, a soberania e os direitos dos brasileiros. Por isso também serão

criados Comitês que vão lutar contra a prisão injusta e sem provas do ex-presidente e assim reafirmar o papel da universidade pública de pilar da democracia nacional como ela já foi em diferentes períodos de exceção como no Estado Novo e na Ditadura Militar. Para o diretor da UNE, em 2018 na celebração dos 100 anos da Reforma Universitária de Córdoba é urgente discutir a reforma universitária, o financiamento das estaduais, a defesa da autonomia universitária. “O manifesto de Córdoba foi o movimento que semeou na América Latina a bandeira da educação superior pública, gratuita e de qualidade como base de superação das contradições e desigualdades locais. Foi também uma resposta contra o autoritarismo e a uma conjuntura mundial de radicalismo. Desde então, essa é uma luta que atravessou gerações no continente, e aqui temos muito o que avançar”, destacou ele.

SUCATEAMENTO E CRISE A expansão da oferta de vagas em universidades devido ao recente processo de interiorização das instituições públicas, nas Privadas com programas de democratização como o Fies e o ProUni, produziram um aumento massivo no acesso de estudantes ao ensino superior.

Hoje mais de 1,2 milhão de jovens estudam nas universidades federais e cerca de meio milhão das estaduais.

Na contramão dessa realidade o Brasil esbarrou em uma grave crise política e econômica, onde uma agenda política não eleita nas urnas resolveu que o povo não cabe mais no orçamento brasileiro e assim reduziu drasticamente os investimentos nos setores sociais como educação e saúde. A Emenda Constitucional 95 que congelou os investimentos no setor pelos próximos 20 anos foi a gota d’água e inviabilizou totalmente o cumprimento do Plano Nacional de Educação que assegurava 10% do PIB para a Educação.

Só no âmbito do Ensino Superior 20 anos sem investimento significa que não serão criadas pelo menos 2 milhões de matrículas nas universidades públicas.


A partir dessa escolha deliberada para que os pobres paguem pela crise cada vez mais a educação pública foi atacada sem clemência e orquestradamente. Os cortes no repasse de verbas das instituições, demissão de funcionários, calote em contas, bolsas cortadas, pesquisas inviabilizadas, obras do REUNI paralisadas, são ações que visaram claramente sucatear as instituições e gerar na opinião pública uma ideia de

insustentabilidade no seu financiamento.

POR UMA PERSPECTIVA DE FUTURO Para a vice- presidenta da UNE, são em momentos de crise econômica e política como a que estamos vivendo que a disputa da educação como um direito ou mercadoria fica ainda mais acir-

rada. “O nosso papel é dialogar com toda comunidade acadêmica no sentido de produzir uma ampla resistência em defesa da educação pública brasileira. Essa luta é em nosso nome, mas também é em nome das nossas crianças e dos que virão. É em nome do presente e do país que queremos no futuro”, destacou Jessy. O discurso de que somente a fatia mais rica da população tem acesso às melhores universida-

des não se sustenta em número. 51% dos alunos das Universidades Federais pertencem a famílias com renda abaixo de três salários mínimos de acordo com Pesquisa realizada pela Andifes. Se considerada a renda média per capita, 78% dos alunos são de famílias com renda de até dois salários mínimos. Portanto nem ricos, muito menos capazes de pagar mensalidades.

SEGUNDO O ESTUDO DO IPEA CADA R$ 1 GASTO COM EDUCAÇÃO PÚBLICA GERA R$ 1,85 PARA O PIB. Para a UNE o investimento em educação não pode ser computado e suprimido como um gasto qualquer, pois altera diretamente a balança da economia nacional por gerar tecnologia, inovação e conhecimento de ponta. “No que se refere a gratuidade do ensino é imprescindível considerar a relação entre os retornos econômicos e sociais bem como a melhoria de vida dos estudantes com menor renda que após a graduação aumentam as chances de inserção no mercado de trabalho e com salários melhores”, destacou Leonardo. Isso sem contar no setor de Ciência e Tecnologia. Relatório Research in Brazil, divulgado em Janeiro deste ano mostra que a produção científica do Brasil é dependente exclusivamente das universidades públicas. O estudo mostrou que de 2011 a 2016 as 10 universidades mais produtivas e bem-conceituadas do país são públicas e gratuitas.

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A PRISÃO DE LULA É UMA VIOLAÇÃO DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO UNE CONVOCA ESCOLAS E UNIVERSIDADES A ORGANIZAREM COMITÊS EM DEFESA DA DEMOCRACIA E DA LIBERDADE DO EX-PRESIDENTE O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se entregou para a Polícia Federal no último dia 7 de Abril. Não sem resistência. A manifestação popular que se viu em São Bernardo, região do ABC de São Paulo, em sua defesa nunca ocorreu por outro representante político brasileiro. Milhares de pessoas vieram de diversos estados ao Sindicato dos Metalúrgicos para manifestar seu apoio e solidariedade a Lula.

“Essa corja de pilantras que estão no judiciário acham que podem instaurar a ditadura da toga nesse país, mas enquanto existir a UNE, a juventude desse país resistirá. Nós não vamos abaixar a guarda”, defendeu a presidenta da UNE, Marianna Dias. Depois que Lula chegou em Curitiba apoiadores organizaram um acampamento Lula Livre, uma vigília permanente em frente à sede da Polícia Federal. Os movimentos sociais, sindicais e estudantil estão unidos para pressionar o STF e resistir ao encarceramento do maior líder popular da história do país.

PRESO POLÍTICO “A prisão do presidente Lula nesse momento representa o ápice do ataque à democracia no Brasil desde o golpe de 2016. Também representa uma violên-

cia contra os direitos garantidos na Constituição à todo cidadão, pois se trata de uma prisão fruto de uma condenação sem provas e baseada na presunção de culpabilidade”, afirmou a vice-presidenta, Jessy Dayane. Isso por que o processo que levou Lula à prisão está repleto de arbitrariedades denunciadas por inúmeros juristas. A falta de provas, argumentos falhos dos procuradores, juiz e desembargadores, curvou a magistratura a acusações ideológicas altamente influenciadas pela mídia elitista brasileira. “A Constituição brasileira não pode ser conspurcada com fins eleitorais. A defesa da liberdade de Lula hoje nos é importantíssima e está inserida na defesa do nosso estado democrático de direito e inclusive das prerrogativas e direitos individuais”, completou Marianna. Para os estudantes Lula é um

Crie um Comitê em defesa da Democracia e da Liberdade de Lula na sua universidade

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1-Reúna o máximo de pessoas: estudantes, professores, trabalhadores e servidores da educação; 2- Divulgue suas ações e dispute opiniões por meio de materiais, orientações das entidades estudantis nacionais, passagens em salas de aula, reuniões, panfletagens, debates, assembleias, intervenções e campanhas; 3- Organize grandes atos nas universidades e escolas; 4- Mantenha os comitês mobilizados permanentemente acumulando forças.

preso político. E a UNE que historicamente sempre esteve na frente da luta pela democracia e cumpriu um papel decisivo nos períodos de acirramento da luta política no nosso país tem o dever de denunciar a cúpula da Justiça usurpando o poder do povo. Por isso além dos Comitês em defesa da Universidade Pública a UNE Volante vai espalhar pelo Brasil também uma defesa permanente pela liberdade de Lula. “Vamos convocar estudantes a organizarem Comitês em defesa da Democracia e da Liberdade de Lula em escolas e universidades de todo país, para reunir aqueles que se indignam, travar debates, conscientizar e convencer mais estudantes sobre a necessidade de se mobilizar. Só com uma democracia forte a educação pode avançar”, finalizou a presidenta da UNE.


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