Revista Oriente Ocidente N.15 - INSTITUTO INTERNACIONAL DE MACAU 2005

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ISSN 1680-7855

EAST WEST

Cavalgar o tigre

Número 15 Julho de 2005

O IIM E O BRASIL NOVOS PROTOCOLOS DO IIM com

Instituto Brasileiro de Estudos da China e Ásia Pacífico Instituto de Investigação Científica e Tropical Instituto Inter-Universitário de Macau Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau International Business Machines World Trade Incorporation (IBM)

ORIENTEOCIDENTE 1


www.iimacau.org.mo

Rua de Berlim, Edifício Nam Hong, 2º andar NAPE, MACAU, Tel (853) 751727 - (853) 751767 Fax (853) 751797 email iim@macau.ctm.net

Este número de Oriente/Ocidente teve o patrocínio da Fundação Jorge Álvares

ORIENTEOCIDENTE “newsletter” do IIM Instituto Internacional de Macau Número 15 Julho de 2005 Editor Luís Sá Cunha Produção IIM Design Gráfico victor hugo design Impressão Tipografia Hung Heng Tiragem 1.500 exemplares Preço MOP 20.00/ 2.00

Editorial 04 CAVALGAR O TIGRE

IIM/Brasil 06 O IIM E O BRASIL 08 MACAU, UMA PLATAFORMA PARA A COOPERAÇÃO BRASIL-CHINA (AMAURY PORTO DE OLIVEIRA) 10 MACAU, PLATAFORMA DE COOPERAÇÃO BRASIL-CHINA 11 IIM EM COLÓQUIO INTERNACIONAL SOBRE LUSOFONIA 11 PROTOCOLO RIO – MACAU 12 MAPA DAS RELAÇÕES COMERCIAIS BRASIL-CHINA

Protocolos 20 20 20 21 21

PARCERIA ENTRE O IIM E A IBM PROTOCOLO COM IBECAP IICT/IIM CELEBRAM PROTOCOLO PROTOCOLO IIM/IIUM PROTOCOLO IIM/UCTM

Prémio “Identidade” 22 PRÉMIO IDENTIDADE PARA HENRIQUE DE SENNA FERNANDES 22 IIM DISTINGUE OLIVEIRA SALES

Serão Macaense 23

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SERÃO MACAENSE COM HENRIQUE DE SENNA FERNANDES


Seminários/Conferências

Visitas

24 SÉRIE DE SEMINÁRIOS DEDICADOS À GESTÃO E LIDERANÇA 25 SESSÃO DE APRESENTAÇÃO DA IBM: “WHAT CAN IBM DO FOR MACAU” 25 SEMINÁRIO SOBRE INDICADORES DE QUALIDADE DE VIDA 25 RECEPÇÃO-SEMINÁRIO COM FUNDAÇÃO CASSAMARCA 26 ARQUITECTURA DE MACAU EM DEBATE NA CALIFÓRNIA 26 O IIM NA CONFERÊNCIA DA PATA 26 CONFERÊNCIA DE JORGE RANGEL NO CIARI 26 IIM NO AICEP

37 ENCONTRO COM O GABINETE DE LIGAÇÃO 37 IIM VISITA CLUB LUSITANO DE HONG KONG 37 ESPECIALISTA EM ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS 37 EMPRESÁRIO DA LUSOFONIA NO IIM 37 ELEIÇÕES LEGISLATIVAS NA RAEM

Livros

Actividades 38 38 38 38 38

ASSEMBLEIA GERAL DEPOIS DA LUSOFONIA, A LATINIDADE PROMOÇÃO DA LÍNGUA MAPEAL IIM COM BIBLIOTECÁRIOS

Nossos sócios 28 FERNANDA DIAS TRADUZ POEMAS CHINESES 32 “SUSPEITO QUE SOU COMO PARENTE” 33 FRONTEIRAS DA IDENTIDADE – MACAENSES EM PORTUGAL E EM MACAU 34 “MACAENSES EM PORTUGAL E EM MACAU” – LANÇADO EM LISBOA 34 PAISAGISMO EM MACAU – LIVRO DO ARQº. ANTÓNIO SARAIVA 34 FEIRA DO LIVRO NO IIM 35 APRESENTAÇÃO DO LIVRO: RAEM – CINCO ANOS

Exposições 35 EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA “MACAU – PATRIMÓNIO UNIVERSAL” NA CALIFÓRNIA 35 IMAGENS DE MACAU NO BRASIL 36 PINTURA DE MACAU NA SHIP E EM POMBAL

40 41 41 41 41

JORGE RANGEL VENCEU ELEIÇÕES NA SHIP “PEREGRINAÇÃO”, A AVENTURA DA ILUSTRAÇÃO EVOCAÇÃO DO POETA RODRIGO EMÍLIO GALARDÕES AOS NOSSOS SÓCIOS NOVOS DOUTORADOS

Notícias da Diáspora 42 ANTÓNIO C. JUNIOR 25 ANOS DE DESIGN 43 NOVOS PROTOCOLOS DA APIM COM AS CASAS DE MACAU NO BRASIL 43 APOMAC HOMENAGEOU MEMBROS HONORÁRIOS 43 FUNDAÇÃO CASA DE MACAU TEM NOVO PRESIDENTE 43 EDITORA DA BISAVÓ

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Editorial

Cavalgar o tigre Esta publicação “Oriente/Ocidente”, que materializa as funções de “newsletter” do nosso Instituto, tem vindo a conhecer algumas alterações de percurso, nos últimos três anos.

Avaliamos isto como sinal positivo da nossa evolução. E, quando dizemos da “nossa evolução”, queremos significar a mesma publicação mas, também e sobretudo, a nossa instituição, – é que a “Oriente/Ocidente” vai espelhando no seu rosto as mudanças e flexões dos nossos avanços e crescimento. Terá ela, a partir de agora, regularidade semestral, e terá duas versões distintas: uma publicada em Língua portuguesa, e outra, bilingue, em Inglês e Chinês. Das razões desta alteração:

Cada vez mais, com surpreendente actualidade, se multiplicam os factos que vão corporizando a vocação de Macau como ponto de intercâmbios com o grande espaço da lusofonia. O fenómeno alimenta a imprensa com várias notícias ao ritmo diário.

Quem nos acompanha, sabe que o IIM também vem remando nestas velozes águas, atento à identidade de Macau, servente da sua ligação exterior, promotor do progresso desta terra.

Fomos, aliás, os primeiros que acreditaram nesta abertura estratégica, tendo desde o início inscrito o reforço da lusófona componente sócio-cultural de Macau nos nossos objectivos axiais. Intenção que se revê na criação de ligações cada vez mais integradas e consistentes com instituições lusófonas de prestígio, o que é evidentemente ilustrado nos múltiplos protocolos que já registamos na nossa carteira de relações.

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Editorial

Assim, o maior afluxo noticioso e o apelo objectivo desta dinâmica que é essencial que acompanhemos, – justificam esta opção pela publicação em exclusiva língua portuguesa.

É claro que isto tem a contrapartida positiva também por nós almejada – possibilitar a edição de uma edição em Inglês e Chinês, para, com idêntica lógica, acompanhar a fervilhante revolução que revolve a inteira Macau, em processo de construção de uma nova fisionomia, um novo modelo, onde a dimensão internacional é todos os dias mais complexa e mais determinante.

Evocando uma antiga designação chinesa, Macau é, nos momentos que passam, a “porta da cruz”. O futuro passa por aqui todos os minutos. O Mundo emprega aqui os olhos.

E, nós, procuraremos estar ao ritmo e cavalgar o tigre.

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IIM/Brasil

MACAU O IIM

eo

Decorreu em Macau, no passado 13 dia de Maio, uma importante conferência intitulada “Plataforma das Relações de Desenvolvimento Sustentável entre a RPC e o Brasil na Nova Era”, sobre o papel de Macau como plataforma geradora de negócios e ponte de intercâmbio académico e cultural entre a China e aquele grande país da América do Sul. Quando contactado pelo Instituto do Desenvolvimento Sustentado da Universidade da Ciência e Tecnologia de Macau, o Instituto Internacional de Macau (IIM) respondeu prontamente ao convite e aceitou dar a sua melhor colaboração para o êxito deste evento, não só participando activamente na sua organização, mas também promovendo a vinda de um distinto orador, o Embaixador Amaury Porto de Oliveira, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, que apresentou uma bem elaborada comunicação sobre o tema geral da conferência. A sua presença marcou o início de mais um relevante canal de comunicação entre Macau e o Brasil, através do IIM. Tendo em consideração as muitas intervenções previstas, o tempo muito limitado concedido a cada orador e a necessidade de se evitarem duplicações desnecessárias, repetindo temas e abordagens que outros conferencistas se propunham tratar, optei por cingir a minha comunicação ao papel que cabe ao IIM

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Brasil

Jorge A. H. Rangel

desempenhar, em consonância com os seus objectivos estatutários, no que respeita ao reforço das ligações académicas, culturais, científicas e intelectuais com instituições congéneres do exterior, privilegiando, neste contexto, as relações com as do grande mundo de língua portuguesa, com especial destaque para o Brasil. Ao longo dos seus cinco anos de existência, o IIM firmou protocolos de cooperação com prestigiados organismos daquele país, como o Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro, o Liceu Literário Português, a Universidade Federal de Pernambuco, a Fundação Joaquim Nabuco, a Universidade de Cândido Mendes, o Centro de Estudos Fernando Pessoa da Universidade de São Paulo, o Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, a Federação das Associações Portuguesas e Luso-Brasileiras do Brasil, a Associação Casa de Macau de São Paulo, a Casa de Macau do Rio de Janeiro e, na nossa última deslocação ao Brasil, no mês passado, com o IBECAP – Instituto Brasileiro de Estudos de China e ÁsiaPacífico, novo organismo criado para acompanhar, na perspectiva académica, o desenvolvimento da vasta área geográfica em que Macau se insere, tendo escolhido o IIM para seu parceiro nesta região. Muitos dos protocolos firmados permitiram a realização de estudos e de projectos

conjuntos e a promoção de um intercâmbio útil que importa intensificar. Podemos enumerar as seguintes, como sendo as actividades mais relevantes neste domínio, realizadas pelo IIM, através das parcerias estabelecidas: palestras feitas pelo IIM no Real Gabinete Português de Leitura, no Liceu Literário Português e no Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro; a participação em conferências, seminários e colóquios organizados por estas instituições; a publicação do livro “Macau Somos Nós”, um mosaico de memórias dos macaenses do Rio de Janeiro; encontros com dirigentes de organismos que integram a Federação das Associações Portuguesas e Luso-Brasileiras; o levantamento, por uma equipa de especialistas, de todas as existências bibliográficas relativas à China e existentes nas bibliotecas de todo o Brasil, para a publicação de um livro bilingue Português-Chinês intitulado “A Presença Chinesa no Brasil”, em colaboração com a Fundação Joaquim Nabuco; o apoio ao Instituto de Estudos Latino-Americanos da Academia das Ciências Sociais de Pequim e publicação do livro “Modernização do Brasil”; a colaboração com a Associação Empresarial de Empresários Lusófonos de Macau na preparação de um manual sobre o Brasil, em português, chinês e inglês; a recolha e o tratamento actualizado de dados estatísticos e outros sobre o Brasil e sobre outros Países de Língua Oficial Portuguesa e a sua disponibilização aos


IIM/Brasil

BRASIL interessados; palestras na sede do IIM sobre o Brasil; a recolha de documentação e bibliografia sobre o Brasil para a biblioteca do IIM; a organização e realização duma exposição fotográfica sobre Macau, com a colaboração de associações fotográficas locais, com o título “Um Lótus na Lusofonia”, a qual está a percorrer o Estado de São Paulo e será apresentada em cerca de 60 cidades brasileiras; encontros com entidades oficiais do Governo Brasileiro e dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro; o desenvolvimento de um intercâmbio regular com as Casas de Macau; encontros com a Confederação Nacional do Comércio do Brasil e com o conhecido jornalista Carlos Oliveira, autor de diversas obras sobre a China; o apoio ao Instituto do Desenvolvimento Sustentado da Universidade da Ciência e Tecnologia de Macau na preparação desta conferência; e a colaboração com o mesmo Instituto na organização duma visita de empresários chineses ao Brasil, se possível, ainda no corrente ano. O IIM também promoveu, com a colaboração do Centro Científico e Cultural de Macau em Lisboa e o patrocínio da Fundação Jorge Álvares, a oferta de 5 colecções de 300 livros cada sobre Macau a instituições sediadas no Brasil.

gestores da RPC, Taiwan, Hong Kong e Macau, sob a coordenação do Prof. Huang Chihlien, director do Instituto do Desenvolvimento Sustentado da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, tendo os oradores abordado, nas mais variadas perspectivas, os aspectos mais significativos da cooperação económica e estratégica entre a China e o Brasil. As instituições que se envolveram no evento foram, além do IIM e do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau, o Gabinete de Apoio ao Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, a Fundação Macau, a Academia de Cooperação em Comércio e Economia Internacional do Ministério do Comércio da RPC, o Consulado-Geral do Brasil em Hong Kong e Macau, o Gabinete de Ligação do Governo Popular Central na

RAEM, o Instituto de Economia da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade de Tsinghua, o Instituto de Estudos Latino-Americanos da Academia de Ciências Sociais da RPC, o Instituto Internacional da Universidade de Tamkong (Taiwan), a Fundação Sino-Latina de Macau e a Câmara de Comércio Brasil-China. Marcaram presença na cerimónia de abertura o Secretário para a Economia e Finanças, o Comissário-Adjunto do Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros na RAEM e o Cônsul-Geral de Portugal em Macau. O sucesso da conferência recomenda a realização de actividades idênticas no futuro próximo, em Macau e em cidades da RPC e do Brasil.

Com estas acções já concretizadas e com as ligações consolidadas com entidades tão diversificadas, o IIM está em condições de, complementando as iniciativas de outras entidades públicas e privadas, prestar um serviço útil, coerente e consequente no desenvolvimento de relações entre Macau, a China e o Brasil, estando preparado para oferecer a sua disponibilidade e o seu empenhamento para o sucesso de novas iniciativas que o próprio Governo da RAEM tem interesse em ver realizadas, através de organismos da sociedade civil. Participaram na conferência do dia 13 algumas dezenas de académicos e ORIENTEOCIDENTE 7


IIM/Brasil

MACAU Macau, Na virada para a década dos 1990, com a derrocada da União Soviética, generalizouse a menção ao “fim da Guerra Fria”, uma simples referência cronológica, posto que não se firmou até agora tendência suficientemente forte para caracterizar uma nova fase histórica. É possível, contudo, identificar três desenvolvimentos que vão certamente marcar o futuro: (a) os EUA surgiram como a única superpotência, começando imediatamente a pôr de pé a Pax Americana-II, no claro propósito de não permitir que outro país alcance posição tecnológica e militar superior à americana; (b) a interdependência econômica entre os países intensificou-se até alcançar o nível da chamada globalização; e (c) o Leste Asiático continuou a crescer num ritmo extraordinário, firmando-se como a região mais dinâmica do mundo. Até o começo dos 1990, o Japão vinha sendo o motor do crescimento do Leste Asiático, mas na virada para o novo século, embora continuando a ser a segunda maior economia do mundo, começou o Japão a ceder visivelmente à China a posição de locomotiva da Ásia Oriental. A China pode também ser vista como o principal pilar de um edifício geoeconômico com quatro componentes – a RPC, Taiwan, Hong Kong e Macau -, todos interligados em termos de investimentos e comércio, além de entrosados com as cadeias globais de produção e serviços. Os analistas falam dessa construção como o Círculo Chinês. Historicamente, o Japão conheceu dois períodos de industrialização, ambos sob a direção de um modelo de cooperação entre o governo e o empresariado, conhecido como o estado desenvolvimentista. Tratase de modelo inspirado na industrializaçãotardia da Alemanha, diferente da prática anglo-americana mas nem por isso menos capitalístico na sua essência, que o Japão desenvolveu na época da Restauração Meiji. Na sua segunda industrialização, no ORIENTEOCIDENTE 8

uma plataforma para a pós-Segunda Guerra Mundial e em plena Pax Americana-I, pôde o Japão valer-se novamente do estado desenvolvimentista para a estruturação da economia regional do Nordeste Asiático, nela integrando a Coréia do Sul e Taiwan. Os EUA asseguraram a esses três países condições comerciais e financeiras favoráveis, a fim de que pudessem eles inserir-se na nova ordem econômica. A China maoísta foi barrada dessas condições favorecidas, e elas já tinham deixado de operar quando Deng Xiaoping lançou seu esforço de modernização da China e abertura da economia chinesa ao mercado internacional. O clima mudara para os candidatos a ascensão ao mundo desenvolvido. Mas os assessores de Deng tinham estudado com atenção a experiência dos “Pequenos Dragões” e encontrado nela muita coisa válida para a China. Como, por outro lado, Deng não tinha rompido com os objetivos socialistas da era maoísta, vieram os dengistas a criar uma forma inovadora de estado: o estado revolucionário-desenvolvimentista. Sob a direção desse estado, a China está tendo de reinventar a industrialização-tardia. Sob a globalização, o jogo internacional do comércio e dos investimentos é conduzido por firmas, não pelos estados. Os economistas chamam esse novo estágio a “revolução global dos negócios”. Mercadorias, serviços, capital e trabalho qualificado viram-se todos enquadrados em seus respectivos mercados globais, em cada um dos quais um punhado de grandes firmas tomou a liderança na integração sistêmica do setor. O Japão, a Coréia do Sul e Taiwan ainda dispuseram de tempo para levantar campeões nacionais em alguns setores de alta-tecnologia, mas a China não pôde mais repetir o feito. A China está sendo obrigada a montar suas firmas de forma direta, coletando no grande acervo de realizações das bem sucedidas corporações do mundo

capitalista os componentes já testados das diversas indústrias, a fim de com eles construir o edifício da industrialização chinesa. A China encontra-se também empenhada em dotar-se de uma economia de dimensão continental, sólida e coerentemente apoiada em moderna malha de transportes e telecomunicações, uma realização geoeconômica para a qual só se conhece o precedente da continentalização da economia dos EUA, na segunda metade do século XIX. Quando a obra chinesa começar a consolidar-se, em meados do presente século, a China vai certamente aparecer para o resto do mundo como um pólo global de influência alternativo aos EUA. A meu ver, o Brasil tem todo interesse em acompanhar de perto a marcha da continentalização da economia chinesa e, inclusive, a entrosar-se com a mesma. Nós não devemos ver o rejuvenescimento da China como uma ameaça, e sim como um desafio e uma oportunidade. E nesse contexto, Macau surge como excelente plataforma e ponte para o esforço brasileiro de compreender a nova China e cooperar com ela. Brasil e Macau têm uma longa história de contatos. Durante as navegações portuguesas dos séculos XVI e XVII, as naus portuguesas que demandavam Macau faziam usualmente escala em portos do Brasil, dando azo a um intenso intercâmbio de manufaturas e produtos naturais. Mais tarde, quando a família real portuguesa foi forçada a refugiar-se no Brasil, fugindo das forças napoleônicas invasoras, O Leal Senado de Macau enviou generoso auxílio aos exilados do Rio de Janeiro. Nessa época, muitos residentes de Macau emigraram para o Brasil e lá se estabeleceram com sucesso. Nos nossos dias, o excelente relacionamento bilateral entre o Brasil e Macau tem recebido impulso do interesse das duas administrações no cultivo da língua portuguesa.


IIM/Brasil

BRASIL cooperação Brasil-China Por algum tempo ainda, a China verá o Brasil sobretudo como fonte de alimentos e matérias primas imprescindíveis para a manutenção do excepcional crescimento da economia chinesa. Mas esta é também a posição diante da Argentina, da Austrália e outros países. Para o Brasil alcançar um lugar de real proeminência na agenda externa da China será necessário conquistar, por exemplo, o posto de principal supridor de alimentos na pauta importadora chinesa. Situação, aliás, perfeitamente alcançável. A produção e circulação internacional de alimentos promete ser um dos mais importantes setores da economia globalizada, e o Brasil já vem acumulando progressos na agricultura e na pecuária, que poderão nos transformar num dos principais pólos do sistema global de alimentos. Uma séria dificuldade a esse respeito é o péssimo estado da infraestrutura brasileira de portos, estradas de ferro e rodovias. A intensificação da cooperação com a China poderá vir a ser determinante para a superação dessas debilidades brasileiras. Durante a visita do Presidente Hu Jintao ao Brasil, em 2004, negociações foram encetadas para o direcionamento de investimentos chineses na expansão e aperfeiçoamento do sistema ferroviário brasileiro, assim como na modernização de alguns portos exportadores na costa do Brasil. Mas é altamente desejável que a cooperação e o comércio entre o Brasil e a China alcance setores mais sofisticados, com maior conteúdo tecnológico e valor agregado mais elevado. Um desses setores é a produção de software, área em que é de esperar uma importante participação de Macau, posto que Zhuhai é desde l992 uma “zona de software” na China. Poucas atividades industriais cresceram tanto e tão de pressa, na última década, quanto a indústria do software, e Brasil, China e Índia estiveram na frente desse crescimento,

entre os países em desenvolvimento. E tem interesse verificar que Brasil e China se assemelham na abordagem dessa indústria. De um modo geral, cabe reconhecer que as firmas indianas de software atingiram grau mais elevado de maturidade do que as firmas brasileiras e chinesas, mas o Brasil e a China se aproximam na adoção de estratégias para o crescimento da economia nacional, e estão assim mais avançados do que a Índia na edificação de um vibrante setor doméstico de software. Tanto quanto eu sei, contatos já estão em marcha entre firmas e instituições do Brasil e da China com vistas a um trabalho comum na esfera do software. É o caso por exemplo do TecOut-SOFTEX de Campina Grande, Paraíba, no Brasil, e firmas de Guangdong, na China. Na minha cidade de Campinas, no Estado de São Paulo, muito se está fazendo em matéria de software, particularmente nos campos do e-comércio, área em que o Brasil é o líder latino-americano, e do e-governo, com programas de impacto como a votação eletrônica ou a apresentação eletrônica das declarações de imposto de renda. O Brasil e a China têm também posições comuns com relação aos softwares livres ou abertos. Como é sabido, o mercado para os servidores Linux vem crescendo aceleradamente nos dois países. Outra vasta área para a cooperação sinobrasileira é o setor energético. A China tornou-se o segundo maior importador mundial de petróleo e a tendência é para uma busca desesperada dos chineses, mundo afora, por suprimentos de energia capazes de atender à sede de uma população que entrará na Sociedade da Informação, em meados do século, com algo como l bilhão e meio de indivíduos. O Brasil pode oferecer à China nossa já longa experiência com a hidroeletricidade. Na verdade, firmas brasileiras já participaram da construção das comportas na central

Embaixador Amaury Porto de Oliveira

das Três Gargantas, e o Presidente da Eletrobrás, a responsável pela central de Itaipu Binacional, declarou recentemente que o Brasil está preparado para ajudar as Três Gargantas no tocante a redes de transmissão e softwares operacionais. Outro setor em que o Brasil está bem preparado é o da tecnologia e equipamentos para a produção de álcool combustível (etanol) a partir da cana de açúcar. A China, por sua vez, tem muito a ensinar ao Brasil no terreno da energia nuclear. Vem sendo crescentemente aceito que a humanidade deve abandonar os combustíveis fósseis se ainda quisermos salvar o que resta do nosso habitat natural, e a energia do átomo é a única fonte de energia primária para a qual já existe um processo industrialmente rodado, c o m capacidade para substituir os combustíveis fósseis nas quantidades necessárias. Evidentemente, a instalação de uma Segunda Idade Nuclear exigirá reatores e tecnologias inerentemente seguros. Há boa dose de pesquisas e desenvolvimento sendo feitos nesse sentido, inclusive na China. Quando o Presidente Lula da Silva visitou Pequim em 2004, conversas foram iniciadas para uma cooperação no uso pacífico da energia nuclear. Em todas essas áreas de cooperação, Macau pode atuar como plataforma a partir da qual firmas brasileiras estudem e forneçam serviços com vistas à participação brasileira na continentalização da economia chinesa. Os brasileiros temos notícia, por exemplo, da idéia do “Pan-Pearl River Delta”, um programa de cooperação em comércio e investimentos que se estenderá da província de Guangdong para o Centro e o Oeste da China. Não temos dúvida que muitas oportunidades de trabalho para firmas brasileiras poderão ser encontradas num projeto desse porte. Campinas, 2 de Maio de 2005. ORIENTEOCIDENTE 9


IIM/Brasil

Macau, Plataforma de Cooperação

Brasil-China A 13 de Maio decorreu a conferência Macau, Plataforma de Estudos de Desenvolvimento Sustentável entre R.P.C. e Brasil na nova Era, com a colaboração do Instituto Internacional de Macau. O presidente do IIM, Jorge Rangel, proferiu uma comunicação dedicada ao papel do IIM nas ligações entre a China e o Brasil, fazendo referência às múltiplas relações institucionais entre o IIM e instituições académicas e culturais no Brasil, resultado de vários projectos concluídos e em curso. O contributo do IIM consubstanciou-se ainda no convite a um distinto orador brasileiro, o Embaixador Amaury Porto de Oliveira, membro-titular do Instituto de Estudos Económicos e Internacionais (IEEI), São Paulo, e colaborador do Instituto Brasileiro de Estudos de China e Ásia-Pacífico (IBECAP). Para a organização desta conferência, o Instituto Internacional de Macau (IIM), o Instituto Brasileiro de Estudos de China e Ásia-Pacífico, a Câmara de Comércio Brasil-China, a Academia de Estudos de Cooperação em Comércio e Economia Internacional do Ministério de Comércio da R.P.China, o Instituto de América Latina da Academia de Ciências Sociais de Pequim, o Instituto de Economia da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Tsing Hua, juntaram os seus esforços ao anfitrião do evento, o Instituto de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, e beneficiaram do patrocínio do Instituto de Promoção de Investimento e Comércio em Macau e da Fundação Macau. Esta iniciativa, fortemente promovida pelo IIM, integra-se num programa de acção que visa o reforço e a sensibilização das oportunidades que a RAE de Macau pode oferecer a entidades chinesas e brasileiras neste novo ímpeto de aproximação bilateral.

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IIM/Brasil

IIM

em colóquio internacional sobre Lusofonia

Decorreu no Rio de Janeiro, no Liceu Literário Português, de 27 de Março a 1 de Abril, o Colóquio Internacional “A Língua Portuguesa no Mundo da Lusofonia”, em que se comemorou também o centenário do nascimento do grande linguista e filólogo que foi Joaquim Matoso Câmara Jr.. A convite daquela instituição luso-brasileira, participaram nesta iniciativa cultural o presidente e o vice-presidente do Instituto Internacional de Macau (IIM), Jorge Rangel, e José Lobo do Amaral. Jorge Rangel foi convidado para a mesa de honra na sessão de abertura e apresentou uma comunicação subordinada ao tema “Macau – a língua e as instituições de matriz portuguesa cinco anos depois”. O IIM tem desenvolvido estreita colaboração com o Liceu Literário Português e com outros organismos lusobrasileiros, como o Real Gabinete Português de Leitura e a Federação das Associações Portuguesas e Luso-Brasileiras do Brasil.

Protocolo

Rio – Macau Na deslocação ao Rio de Janeiro em Abril, para participarem no Colóquio Internacional sobre a Língua Portuguesa no Mundo da Lusofonia, os presidente e vice-presidente do IIM, Jorge Rangel e José Amaral, foram recebidos pelo Secretário das Relações Exteriores do Estado do Rio de Janeiro, que preconizou o estudo imediato de um protocolo de cooperação ou até de geminação entre Macau e o Rio de Janeiro. Esta matéria foi aprofundada na visita oficial que o Chefe do Executivo efectuou ao Brasil no mês de Junho. Recebido pelo ViceGovernador do Estado, Luís Paulo Conde, que se encontrava acompanhado do Secretário das Relações Exteriores, foi por estes anunciada a preparação de um amplo protocolo, a firmar, possivelmente, durante a visita que Luís Conde espera fazer a Macau.

A participação do IIM no colóquio do Rio de Janeiro foi apoiada pelo Governo da RAEM.

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IIM/Brasil

CHINA

Anos Years 1999 2000 2001 2002 2003

Mapa das Relações Comerciais

Brasil-China Atendendo ao crescente interesse de investidores locais no acompanhamento das relações comerciais entre a República Popular da China e o Brasil, decidiu o Instituto Internacional de Macau apresentar estes mapas, confirmados pela Confede-ração Nacional do Comércio do Brasil e preparados a partir do tratamento de dados obtidos de diversas entidades daquele país de língua portuguesa, designadamente a Secretaria de Comércio Exterior, o Banco Central, o Instituto Brasileiro de Siderurgia, a Embratur e o Ministério de Minas e Energia. A RPC é já o 3º maior comprador de produtos brasileiros. O IIM vai manter actualizada uma base de dados sobre o Brasil e está a preparar idênticos elementos sobre outros países de língua oficial portuguesa.

COMÉRCIO BRASIL-CHINA TRADE BRAZIL-CHINA

CHINA – PARTICIPAÇÃO NO TOTAL DO BRASIL

US$ 1.000.000 – FOB

PARTICIPATION IN BRAZIL’s TOTAL

Importação Exportação Imports Exports

Saldo Balance

865 1.222 1,328 1.554 2.148

676 1.085 1.902 2.520 4.533

-189 -137 +574 +966 +2.385

565.597 908.079

1.185.102 1.566,676

+619.505 +658.597

Importação Imports

2002 ............... 4.18% 2002 ............... 3.29% 2003 ............... 6.20% 2003 ............... 4.45% 2003 Jan-Apr ... 5.71% 2003 Jan-Apr ... 3.71% 2004 Jan-Apr ... 6.02% 2004 Jan-Apr ... 5.07%

Jan-Apr

2003 2004

Exportação Exports

PRINCIPAIS PRODUTOS EXPORTADOS PARA CHINA

MAIN BRAZILIAN PRODUCTS EXPORTED TO CHINA

2004 (Jan – April) Soja, mesmo triturada / Soy, even ground to powder .................... 355.766 Minérios de ferro / Iron one .................................................... 332.110 Soja (óleo) / Soy (oil) .................................................... 168.780 Produtos laminados planos / Flat products ............................................ 143.054 of iron or steel de ferro ou aço Pastas químicas de madeira / Chemical wood pulps ................................ 98.265 Produtos semimanufaturados / Semiprocessed products ........................... 83.127 of iron or steel de ferro ou aço Couros e peles / Hides and skins .......................................... 54.400 Madeiras / Woods ........................................................ 44.058

PRINCIPAIS PRODUTOS IMPORTADOS DA CHINA

MAIN IMPORTED PRODUCTS FROM CHINA

US$ 1.000

2004 (Jan – April) Partes de aparelhos / Parts for radio ............................................ 92.830 transmissores ou receptores transmitters or receivers Circuitos integrados / Integrated ciruits and ................................. 42.658 e microconjuntos electrónicos electronic micro-sets Dispositivos de cristais líquidos (LCD) / Liquid crystal display (LCD) ....................... 36.767 Tecidos / Fabrics ....................................................... 36.213 Máquinas automáticas / Automatic machines .................................. 31.133 para processamento de dados for data processing Compostos heterocíclicos / Heterocyclic compounds ........................... 29.399 Partes de máquinas automáticas / Automatic machine parts ........................... 27.595 para processamento de dados for data processing Coques e semicoques de hulha / Coking of cola ............................................ 27.345

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IIM/Brasil

CHINA - Importação do Mundo CHINA - Imports from the World

Corrente de Comércio | Flow of Trade BRASIL-CHINA

VARIAÇÕES | FLUCTUATION

(US$ 1,000,000 FOB) 2000 .................................................................. 2001 .................................................................. 2002 .................................................................. 2003 .................................................................. 2004 Jan-Jun ....................................................

2000 / 1999 = +24,33% 2001 / 2000 = +18,14% 2002 / 2001 = +21,21% 2003 / 2002 = +39,94%

2.307 3.230 4.074 6.681 4.392

Corrente de Comércio | Flow of Trade (%) Variação | Fluctuation (%)

2004 Jan – Jun 6,70% das Exportações Brasileiras destinaram-se à China 6,70% of Brazilian Exports were sent to China

2001/2000 = +40,01% 2002/2001 = +26,14% 2003/2002 = +63,99%

PARTICIPAÇÃO DA CHINA NO TOTAL DA EXPORTAÇÃO DO BRASIL

PARTICIPAÇÃO DA CHINA NO TOTAL DA IMPORTAÇÃO DO BRASIL

PERCENT PARTICIPATION OF CHINA IN BRAZIL’S

PERCENT PARTICIPATION OF CHINA IN BRAZIL’S

TOTAL EXPORTS

TOTAL IMPORTS

1997 ................................................................. 1998 ................................................................. 1999 ................................................................. 2000 ................................................................. 2001 ................................................................. 2002 ................................................................. 2003 ................................................................. 2004 Jan-Jun ...................................................

2,05% 1,77% 1,41% 1,97% 3,27% 4,18% 6,20% 6,70%

1997 ................................................................. 1,94% 1998 ................................................................. 1,79% 1999 ................................................................. 1,76% 2000 ................................................................. 2,19% 2001 ................................................................. 2,39% 2002 ................................................................. 3,29% 2003 ................................................................. 4,45% 2004 Jan-Jun ................................................... 5,28%

COMÉRCIO CHINA-MUNDO / TRADE CHINA-WORLD

PARTICIPAÇÃO DA CHINA NO TOTAL DA EXPORTAÇÃO MUNDIAL

US$ 1.000.000 PERCENT PARTICIPATION OF CHINA IN WORLD’S Anos Years

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Exportação Exports (FOB) 151.197 182.877 183.589 195.150 249.297 266.620 325.591 437.899

Importação Imports (CIF) 138.944 142.189 140.305 165.788 225.094 243.521 295.171 413.062

Saldo Balance

+12.253 +40.688 +43.284 +29.362 +24.203 +23.099 +30.420 +24.837

TOTAL EXPORTS 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

................................................................. 2,87% ................................................................. 3,32% ................................................................. 3,38% ................................................................. 3,46% ................................................................. 3,92% ................................................................. 4,35% ................................................................. 5,08% ................................................................. 5,89%

ORIENTEOCIDENTE 13


IIM/Brasil

CHINA Brasil – Principais Produtos Importados da China Brazil – Main Imported Products from China (2000 – 2003) 2000 US$ 1.000 Aparelhos transmissores, receptors e componentes ............................. 111.333 Radio transmitters, receivers and components Coques ............................................................ 58.009 Cokes

2001 US$ 1.000 Coques ............................................................ 78.322 Cokes Lâmpadas, faróis ............................................. 76.094 Lamp bulbs, headlights

Brinquedos ...................................................... 56.989 Toys

Partes de aparelhos transmissores, Receptors e componentes .............................. 63.116 Parts and components for radio transmitters and receivers

2002 US$ 1.000 Partes de aparelhos transmissores, receptores e componentes ........................... 124.222 Parts and components for radio transmitters and receivers

2002 US$ 1.000 Coques ......................................................... 102.688 Cokes

Hulhas ............................................................. 98.449 Mineral Coal 2003 US$ 1.000 Partes de aparelhos transmissores, receptors e componentes ............................. 199.941 Parts and components for radio transmitters and receivers

Compostos heterocíclicos seus sais e sulfonamidas ............................... 58.129 Heterocyclics, its salts and sulfonamides 2003 US$ 1.000 Coques ......................................................... 213.769 Cokes Tecidos ........................................................... 83.731 Fabrics

Hulhas ............................................................. 90.499 Mineral Coal

Brasil – Principais Produtos Exportados para a China Main Brazilian Products Exported to China 2001 - 2003 2001 US$ 1.000 Soja, mesmo triturada ................................... 537.664 Soy, even ground to powder

2001 US$ 1.000 Pastas químicas de madeira .................... 127.268 Chemical wood pulps

Minérios de ferro e seus concentrados ......... 483.633 Iron ore and concentrates

Automóveis de passageiros ....................... 81.605 Passenger automotive vehicles

2002 Soja, mesmo triturada 825.475 Soy, even ground to powder

US$ 1.000

2002 US$ 1.000 Óleo de soja ............................................. 117.404 Soy (Oil)

Minérios de ferro e seus concentrados ......... 597.225 Iron ore and concentrates

Pastas químicas de Madeira .................... 114.154 Chemical wood pulps

2003 US$ 1.000 Soja, mesmo triturada ................................ 1.313.073 Soy, even ground to powder

2003 US$ 1.000 Óleo de soja ............................................. 256.400 Soy (Oil)

Minérios de ferro e seus concentrados ......... 764.857 Iron ore and concentrates

Pastas químicas de Madeira .................... 265.605 Chemical wood pulps

ORIENTEOCIDENTE 14


IIM/Brasil

COMÉRCIO BRASIL-BLOCOS ECONÓMICOS / TRADE BRAZIL-ECONOMIC BLOCS Corrente de Comércio / Flow of Trade

BRASIL – ORIENTE MÉDIO MIDDLE EAST (US$ 1.000.000 – FOB)

BRASIL – ÁSIA (US$ 1.000.000 – FOB) 2001 ................................................................. 15.874 2002 ................................................................. 16.787 2003 ................................................................. 20.599 2004 Jan-Jun ................................................... 12.049

2001 ................................................................... 3.513 2002 ................................................................... 3.821 2003 ................................................................... 4.437 2004 Jan-Jun ..................................................... 2.672

BRASIL – ÁFRICA (US$ 1.000.000 – FOB) 2001 ............................................................... 5.314 2002 ............................................................... 5.049 2003 ............................................................... 6.114 2004 Jan-Jun ................................................. 4.582

BRASIL – UNIÃO EUROPEIA EUROPEAN UNION (US$ 1.000.000 – FOB) 2001 ............................................................ 29.687 2002 ............................................................ 28.183 2003 ............................................................ 30.789 2004 Jan-Jun .............................................. 18.477

BRASIL – OCEÂNIA (US$ 1.000.000 – FOB) 2001 ................................................................ 2002 ................................................................ 2003 ................................................................ 2004 Jan-Jun ..................................................

576 539 665 362

BRASIL – MERCOSUL SOUTHERN COMMON MARKET (US$ 1.000.000 – FOB) 2001 ............................................................ 13.374 2002 .............................................................. 8.926 2003 ............................................................ 11.358 2004 Jan-Jun ................................................ 6.931

BRASIL – ESTADOS UNIDOS UNITED STATES (included Puerto Rico) (US$ 1.000.000 – FOB)

BRASIL – ESTADOS UNIDOS UNITED STATES

2001 ............................................................ 27.415 2002 ............................................................ 25.973 2003 ............................................................ 26.625 2004 Jan-Jun .............................................. 14.279

Variação / Fluctuation 2202 / 2001 = -5,26% 2003 / 2002 = +2,51%

CORRENTE DE COMÉRCIO / FLOW OF TRADE

A + B + C + D + E + F + G (ST) TOTAL (T) ST/T

US$ 1.000.000 - FOB 2002

2003

2004 (Jan-Jun)

89.278 107.602 82,97%

100.587 121.344 82,89%

59.352 71.563 82,94%

ORIENTEOCIDENTE 15


IIM/Brasil

BRASIL – ÁSIA

COMÉRCIO BRASIL-ÁSIA | TRADE BRAZIL-ASIA (Exclusive Oriente Médio) | (Excluding Middle-East) 1996 – 2004 Jan-Jun US$ 1.000 – FOB

Anos / Years

Exportação / Exports

Importação / Imports

Saldo / Balance

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Jan-Jun

7.813.798 7.729.569 5.615.739 5.732.193 6.324.177 6.949.361 8.791.091 11.676.286 6.786.105

7.589.970 9.173.960 7.884.817 6.475.138 8.599.515 8.924.823 7.996.372 8.923.353 5.262.789

+223.828 -1.444.391 -2.269.078 -742.945 -2.275.338 -1.975.462 +794.719 +2.752.933 +1.523.316

18,62% - das importações do Brasil, em 2004 Jan-Jun, originaram-se da Ásia of Brazilian imports, during 2004 Jan-Jun, came from Asia 15,67% - das exportações do Brasil, em 2004 Jan-Jun, destinaram-se à Ásia of Brazilian exports, during 2004 Jan-Jun, were sent to Asia

BRASIL – ÁSIA (excluding Middle-East)

ÁSIA – Principais Fornecedores de Produtos para o Brasil

Corrente de Comércio Flow of Trade FOB US$ 1.000.000

ASIA – Main Supplying Countries of Products to Brazi

1998 ................................................................. 13.501 1999 ................................................................. 12.207 2000 ................................................................. 14.924 2001 ................................................................. 15.874 2002 ................................................................. 16.787 2003 ................................................................. 20.599 2004 Jan-Jun ................................................... 12.049

2004 1. China .............................................................. 1.492 2. Japan ............................................................. 1.285 3. Korea (South) .................................................... 780 4. Taiwan ............................................................... 420 5. Malaysia ............................................................ 235

Exportação do Brasil para a Ásia Exports from Brazil to Asia Variação | Fluctuation

Importação do Brasil da Ásia Brazilian Imports from Asia Variação | Fluctuation

2002 / 2001 .................................................. +26,51% 2003 /2202 ................................................... +32,82%

2002 / 2001 .................................................. - 10,41% 2003 /2202 ................................................... +11,60%

Jan-Jun 2004 / 2003 .................................................. +26,08%

Jan-Jun 2004 / 2003 .................................................. +30,10%

ORIENTEOCIDENTE 16


IIM/Brasil

PRINCIPAIS PAÍSES FORNECEDORES DE PRODUTOS PARA O BRASIL MAIN SUPPLING COUNTRIES OF PRODUCTS TO BRAZIL FOB – (US$ 1.000.000)

2004 Jan – Jun

1. Estados Unidos ....................... 5.385

5. China ........................................ 1.492

2. Argentina ................................. 2.552

6. Japão ........................................ 1.285

3. Alemanha ................................ 2.319

7. França ....................................... 1.119

4. Nigéria ..................................... 1.643

8. Itália ............................................. 926

PRINCIPAIS PAÍSES COMPRADORES DE PRODUTOS BRASILEIROS MAIN PURCHASING COUNTRIES OF BRAZILIAN PORDUCTS FOB – (US$ 1.000.000)

2004 Jan - Jun

1. Estados Unidos ....................... 8.678

5. Alemanha ................................... 1.974

2. Argentina ................................. 3.281

6. México ....................................... 1.667

3. China ....................................... 2.901

7. Itália ........................................... 1.475

4. Países Baixos .......................... 2.373

8. Japão ......................................... 1.220

ORIENTEOCIDENTE 17


IIM/Brasil

HONG KONG (CHINA)

População | Population 6.800.000 (2000)

COMÉRCIO BRASIL-HONGKONG TRADE BRAZIL-HONG KONG US$ 1.000.000 - FOB

Corrente de Comércio Flow of Trade BRAZIL – HONG KONG US$ 1.000.000 FOB

Anos Years

Exportação Exports

Importação Imports

Saldo Balance

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

465 407 442 475 469 527 694

412 370 281 356 348 295 250

+53 +37 +161 +119 +121 +232 +444

1999 2000 2001 2002 2003

..................................................................... 723 ..................................................................... 831 ..................................................................... 817 ..................................................................... 822 ..................................................................... 944

• COMÉRCIO EXTERIOR Posição de Hong Kong em 2003:

COMÉRCIO HONG KONG – MUNDO TRADE HONG KONG – WORLD US$ 1.000.000 - FOB

21º. Comprador de produtos brasileiros 38º. Fornecedor de produtos para o Brasil

Anos Years

Exportação Exports (FOB)

Importação Imports (CIF)

Saldo Balance

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

180.750 188.059 173.990 173.885 201.860 189.894 200.092

198.550 208.614 184.503 179.520 212.805 201.076 207.644

-17.800 -20.555 -10.513 -5.635 -10.945 -11.182 -7.552

• FOREIGN TRADE Hong Kong’s position in 2003: 21th place as purchaser of products from Brazil 38th place as supplier of products to Brazil

• Participação de Hong Kong no Total da Exportação Mundial das exportações brasileiras destinaram-se á Hong Kong (2003)

• Per cent Participation of Hong Kong in World’s Total Exports

0,95% of Brazilian exports were sent to Hong Kong (2003)

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

das importações brasileiras originaram-se á Hong Kong (2003) 0,52% of Brazilian exports came from Hong Kong (2003)

................................................................. ................................................................. ................................................................. ................................................................. ................................................................. ................................................................. ................................................................. ................................................................. ................................................................. .................................................................

• Participação de Hong Kong no Total da Exportação do Brasil

• Participação de Hong Kong no Total da Importação do Brasil

• Per cent Participation of Hong Kong in Brazil’s Total Exports

• Per cent Participation of Hong Kong in Brazil’s Total Imports

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

................................................................. ................................................................. ................................................................. ................................................................. ................................................................. ................................................................. ................................................................. ................................................................. .................................................................

ORIENTEOCIDENTE 18

0.87% 0,91% 0,88% 0,79% 0,92% 0,86% 0,81% 0,87% 0,95%

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

................................................................. ................................................................. ................................................................. ................................................................. ................................................................. ................................................................. ................................................................. ................................................................. .................................................................

3,64% 3,55% 3,39% 3,43% 3,42% 3,21% 3,10% 3,19% 3,12% 3,13%

0.89% 0,61% 0,67% 0,64% 0,57% 0,64% 0,63% 0,63% 0,52%


IIM/Brasil

ORIENTEOCIDENTE 19


Protocolos

Parceria entre o IIM e a IBM

Protocolo com

O Instituto Internacional de Macau e a IBM World Trade Inc. celebraram dia 17 de Maio o início de uma nova fase de cooperação, tendo sido assinado um protocolo de cooperação entre o director-geral da IBM em Hong Kong, Timothy Cheung, e o presidente do Instituto Internacional de Macau, Jorge Rangel.

Com o objectivo de incrementar o intercâmbio cultural, académico e económico entre o Brasil e a China, usando Macau como centro dinamizador daquelas trocas, foi assinado, em Abril, no Rio de Janeiro, um protocolo de cooperação entre o IIM e o IBECAP – Instituto Brasileiro de Estudos da China e Ásia Pacífico.

O objectivo mais significativo estabelecido no protocolo refere-se ao estudo das tecnologias de informação e ao potencial do seu uso por entidades públicas de Macau, no contexto da linha de acção governativa do governo da RAEM que estabelece o desenvolvimento de um governo electrónico (e-government).

No acto , as duas instituições estiveram representadas pelos respectivos prersidentes, Jorge Rangel e Severino Cabral.

A colaboração entre as duas instituições num futuro próximo irá incluir a apresentação às instituições do ensino primário de Macau do potencial das tecnologias de informação nas primeiras fases do processo educativo. Deste modo, muitos outros seminários e workshops serão organizados conjuntamente para os diferentes sectores da sociedade e da estrutura económica de Macau.

ORIENTEOCIDENTE 20

IBECAP

A nova instituição brasileira, IBECAP, tem por objectivo “a pesquisa e o desenvolvimento de estudos sobre a China e a Ásia Pacífico, especialmente o estado da cultura chinesa no Mundo” e foi criado com a finalidade de “aumentar o intercâmbio cultural, académico e económico do Brasil com a China e os países da Ásia/Pacífico”. A dinâmica do protocolo funcionou de imediato, com a vinda a Macau do Embaixador Amaury de Oliveira para participar num Seminário (ver no início “Relações Macau/Brasil”) e vai também proporcionar uma visita ao Brasil de empresários chineses de Macau e da China.

IICT

e IIM celebram protocolo O IIM celebrou, no dia 24 de Março, em Lisboa, um protocolo de cooperação com o Instituto de Investigação Científica Tropical, organismo público tutelado pelo Ministério da Ciência e do Ensino Superior de Portugal, visando contribuir para o desenvolvimento e aprofundamento da colaboração científica e técnica em domínios considerados de interesse comum. Rubricaram o protocolo, em cerimónia realizada na sede do IICT, os respectivos presidentes, Jorge Rangel e Jorge Braga de Macedo, professor catedrático da Universidade Nova de Lisboa e ex-Ministro das Finanças e ex-director do Centro do Desenvolvimento da O.C.D.E. A colaboração entre as duas instituições envolverá a participação recíproca em programas comuns, incluindo troca de informações e dados, apoio à circulação de especialistas e técnicos, tendo em vista fomentar actividades de estudos, formação e investigação, permuta e colaboração na elaboração de material técnico-científico, didáctico e informativo, publicações e literatura considerada de interesse e, o que merece especial destaque, o acompanhamento internacional das questões relativas à lusofonia, nas vertentes científica e cultural, incluindo as actividades do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Oficial Portuguesa.


Protocolos

Protocolo

Protocolo

IIM/IIUM

IIM/UCTM

Na sequência de vários contactos e participações em realizações comuns, o Instituto Internacional de Macau e o Instituto Inter-Universitário de Macau assinaram, no dia 6 de Janeiro, um protocolo de cooperação para orientar a colaboração e organização comum de iniciativas entre as duas instituições activas na sociedade civil de Macau.

A colaboração em actividades que reforçam os laços entre a China e os países lusófonos, através de Macau, foi a principal ideia matriz do protocolo estabelecido entre o IIM e a Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla apurada do designativo em Inglês).

No que se refere a iniciativas conjuntas em Macau, serão delineadas actividades de pesquisa que ofereçam informações relevantes para a actividade governativa dos líderes da RAEM e que possibilitem o debate de políticas públicas em prol do aprofundamento da identidade própria do território e da sua estabilidade económica e social. Na expressão prática do protocolo, o IIM propôs a deslocação de um especialista da MUST a uma conferência internacional sobre acunpunctura, a ter lugar em Junho, nos Açores. Realizou-se já, também, a conferência sobre a temática de Macau como plataforma de cooperação entre a China e o Brasil (ver nesta edição, área dos seminários).

O protocolo visa sobretudo estimular a investigação científica e os contactos académicos, e a organização de conferências e seminários, pelas duas instituições. Imediatamente após a cerimónia de assinatura do referido protocolo, o Professor Keith Morrison, Vice-Reitor do IIUM, apresentou os resultados da sua investigação dedicada aos “Indicadores da Qualidade de Vida” segundo os padrões internacionais desenvolvidos por organizações internacionais como a UNESCO, o Banco Mundial, a Organização Mundial de Saúde e a Comissão Europeia.

O apoio institucional mútuo será alargado e englobará um vasto leque de actividades no campo da investigação, formação especializada, co-edições, actividades culturais e programas de intercâmbio, estando previsto apoio concreto, no caso de deslocações oficiais à China e aos países de língua portuguesa, aos membros e colaboradores de ambas as instituições nos respectivos espaços de intervenção.

Depois de mais de três dezenas de protocolos associados, e activados, com entidades e instituições do universo lusófono, o IIM tem agora protocolos já assinados com os principais estabelecimentos do ensino superior de Macau.

Esta primeira actividade conjunta abriu uma nova etapa na cooperação entre duas instituições que oferecem o seu contributo para a elevação cultural e científica e para a modernidade da RAEM.

ORIENTEOCIDENTE 21


Prémio de Identidade

Prémio Identidade para Henrique de Senna Fernandes “Portugal é a minha pátria, Macau a minha mátria”

Nesta sentença pode resumir-se a melhor definição da condição macaense, seleccionada entre as muitas declarações que o decano da comunidade macaense, o escritor Henrique de Senna de Fernandes, fez durante a cerimónia pública de homenagem que lhe foi prestada no Instituto Internacional de Macau no dia 21 de Março. Tratou-se da atribuição pública do “Prémio Identidade”, galardão anual instituído pelo corpo universal dos órgãos sociais do IIM a personalidades ou instituições que se distingam pelo seu contributo à identidade de Macau. Este prémio, que fora já atribuído pela primeira vez ao historiador Monsenhor Manuel Teixeira, foi agora, referido ao ano de 2004, entregue a Henrique de Senna Fernandes “pelo seu contributo como escritor para a memória e a identidade de Macau”. Isto porque, afirmou-se e justificou-se durante a reunião da selecção, a memória é o principal e universal pilar da identidade.

Apresentação de livros Para além do acto formal da atribução pública do “Prémio Identidade”, e em associação o significado e oportunidade da função, foi apresentado à comunidade portuguesa o livro “O Olhar de Henrique de Senna Fernandes – Fragmentos”, de Lúcia Lemos e de Yao Jingming, com a presença e as intervenções dos autores. Foram ainda apresentadas mais duas edições do Instituto Internacional de Macau que, tendo sido preparadas para o “Encontro das Comunidades Macaenses – 2004”, ainda não tinham sido apresentadas à comunidade local. Trata-se do livro “Falar de Nós I – Macau e a Comunidade Macaense – Acontecimentos, Personalidades, Instituições, Diáspora, Legado e Futuro”, de autoria de Jorge Rangel, que comentou a obra, seu conteúdo e continuidade. Esteve também presente a conhecida jornalista chinesa Júlia Chiu, para falar do seu livro “Entrevistas a Personalidades”, colecção de entrevistas a trinta personalidades representativas da comunidade portuguesa de Macau, e cujo objectivo foi propiciar um conhecimento mais lato da comunidade portuguesa entre a população chinesa de Macau. A primeira edição do livro foi publicada em Chinês, estando prevista uma outra edição em Língua Portuguesa.

IIM distingue Oliveira Sales O Instituto Internacional de Macau anunciou que vai distinguir com o “Prémio Identidade”, relativo ao ano de 2005, o Comendador Arnaldo de Oliveira Sales e o Club Lusitano de Hong Kong nele simbolizado. O anúncio foi feito pelo presidente do IIM, Jorge Rangel, durante a cerimónia de entrega do Prémio de 2004 a Henrique de Senna Fernandes. Oliveira Sales, uma das mais carismáticas e relevantes figuras da comunidade portuguesa no Extremo Oriente, que prestou serviços distintos em Hong Kong, receberá o galardão durante 2005, oportunidade em que será o protagonista de mais um “Serão Macaense”. ORIENTEOCIDENTE 22


Serão Macaense

Serão Macaense com Henrique de Senna Fernandes Memórias do Tap Seac

Foi mais um “Serão Macaense” protagonizado pelo consagrado escritor macaense, Henrique de Senna Fernandes, e que havia sido anunciado durante a cerimónia em que lhe fora atribuído o “Prémio Identidade”, sessão em que o escritor confessou a sua diponibilidade para vir recordar as suas “Memórias do Tap Seac”. Calhou no mais oportuno momento, quando se preparavam as obras de demolição do popular campo do Tap Seac, onde vai surgir uma vasta praça nova saída do risco do nosso sócio Arq. Carlos Marreiros.

© Carlos Marreiros, 2003

Relevaram, como dentro de caixilhos vivos, os retratos em que nos evocou algumas figuras extraordinárias da comunidade macaense do passado.

Para registo, foi no dia 17 de Maio, quando se via já a fenecer a atmosfera e o recorte da velha Macau mediterrânica.

© Carlos Marreiros, 2003

Com 82 anos, Henrique de Senna Fernandes, arquivo vivo e inesgotável de histórias, episódios e memórias, senhor de retentiva fidelíssima de todos os momentos e períodos da sua vida e da pequena história de Macau, falou como nunca o ouvíramos falar em tantas oportunidades nestes últimos anos – com vivacidade e fluência, assomos surpreendentes e suspensões mágicas que empolgaram a assistência.

ORIENTEOCIDENTE 23


Seminários/Conferências

Série de Seminários Com o intuito de encorajar as qualidades de liderança e cooperação bem como o desenvolvimento de um sistema colectivo de conhecimento entre os quadros empresariais locais, com especial enfoque no sector de serviços, o Instituto Internacional de Macau e a iLearnGlobal juntaram esforços para a realização de uma série de seminários dedicados à gestão e liderança entre 2 e 21 de Junho. Dada a importância do tema para o futuro próximo da RAEM, um conjunto de empresas e instituições associaramse ao propósito, disponibilizando-se para partilhar ao mais alto nível a sua experiência de gestão bem como as práticas responsáveis pelo sucesso da sua empresa ou grupo empresarial. Tendo como patrocinador oficial o Banco Nacional Ultramarino, a série de seminários congregou líderes empresariais como os directores executivos da IBM, Torre de Macau e Compeer Group, o director financeiro da Menzies Macau, o director de marketing do Grupo Shun Tak, e uma das mais bem sucedidas consultoras do ramo hoteleiro de Hong Kong. Uma oportunidade especial para a classe empresarial de Macau explorar, participar e adquirir novos conhecimentos sobre métodos de gestão internacionalmente bem sucedidos. Entre os participantes inscritos encontravam-se gestores e técnicos de recursos humanos de empresas como Hyatt Regency Macau, Wynn Resorts, CEM, Macau 4 th East Asian Games Organizing Committee (MEAGOC), C&C Holdings, Limited, bem como assessores e técnicos superiors da Direcção de Assuntos de Justiça e da Direcção de Serviços das Finanças. Tendo em conta a aceitação e sucesso deste tipo de formação junto dos participantes, o IIM, em parceria com a iLearnGlobal, continuará a envidar esforços para a organização de outras iniciativas formativas de carácter prático e intensivo, visando reforçar o seu contributo para a excelência profissional nesta nova etapa do desenvolvimento de Macau.

ORIENTEOCIDENTE 24

dedicados à

Gestão

e

Liderança


Seminários/Conferências

Sessão de Apresentação da IBM:

Seminário

“What can

Consubstanciando o protocolo de cooperação firmado entre o IIM e o IIUM, o Professor Keith Morrison, Vice-Reitor do IIUM, apresentou na sala de conferências do IIM os resultados da sua investigação dedicada aos “Indicadores de Qualidade de Vida” segundo os padrões internacionais desenvolvidos por organizações internacionais como a UNESCO, o Banco Mundial, a Organização Mundial de Saúde e a Comissão Europeia.

do for Macau” No dia 10 de Janeiro, dois directores regionais da IBM Global Services, Garry Willinge e Stevenson conduziram no IIM um seminário sob a temática “What can IBM do for Macau”, no qual participaram cerca de 40 dirigentes e técnicos superiores de serviços públicos, instituições de ensino superior, bancos e associações locais. Os oradores apresentaram as potencialidades desta multinacional nas áreas das novas tecnologias, inovação, gestão de recursos humanos, gestão financeira, formação e prestação de variados outros serviços especializados. Os participantes, representantes de instituições como a Universidade de Macau, a Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, a Universidade Aberta Internacional da Ásia Oriental, o Instituto Politécnico de Macau, o Instituto de Promoção de Investimento e Comércio em Macau, o Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia, o Centro Incubador de Novas Tecnologias, a Autoridade Monetária de Macau, da delegação do Banco Espírito Santo, do Banco Nacional Ultramarino, das Direcções de Serviços da Educação e Juventude, das Finanças e da Administração e Função Pública, a Inspecção de Jogos, a Associação Internacional dos Empresários Lusófonos e a Câmara de Comércio Brasil-China de Macau, foram convidados a dar sugestões sobre a colaboração que esta e outras multinacionais podem dar a Macau nesta nova fase de acelerado desenvolvimento. No final da sessão foi ainda anunciada a assinatura de um protocolo de cooperação entre a IBM e o IIM, com vista à realização de acções de formação técnica em Macau.

Indicadores de Qualidade de Vida

Esta primeira actividade conjunta abriu uma nova etapa na cooperação entre duas instituições, abordando um aspecto que mereceu atenção especial no relatório das Linhas de Acção Governativa para 2005 do Chefe do Executivo da RAE de Macau. A premência e a actualidade desta problemática para o território traduziramse já na criação de uma nova comissão de estudo sobre a qualidade de vida da população local. O IIM manifestou já ao recém-criado Centro de Estudos para a Qualidade de Vida a disponibilidade para lhe dar a sua melhor colaboração, promovendo mais iniciativas neste âmbito.

Recepção e Seminário com Fundação

Cassamarca No contexto da conferência anual da Fundação Cassamarca, este ano realizada em Macau, em Janeiro, o Instituto Internacional de Macau (IIM) e o Instituto Inter-Universitário de Macau (IIUM) reuniram no dia 7 de Janeiro, no auditório do IIM, representantes de um conjunto de instituições locais com o intuito de apresentar e discutir assuntos relacionados com a gestão do património em Macau. Para a recepção-seminário foram convidadas as instituições locais que desenvolvem actividades relacionadas com a preservação e gestão do património de Macau. Acederam ao convite o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, o Instituto Ricci, o Instituto de Formação Turística e a Fundação Sino-Latina. A Fundação Cassamarca, tal como o IIM e o IIUM, apresentou aos participantes a sua missão, prioridades estratégicas e principais projectos. Deste modo foi dado um primeiro passo para o fortalecimento das relações desta importante Fundação cultural italiana com as instituições que em Macau continuam a promover o desenvolvimento e a promoção da cultura e do património no Território.

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Seminários/Conferências

O IIM na Conferência da

Arquitectura de Macau em debate na Califórnia Gustavo da Roza, prestigiado arquitecto e “filho da terra”, deslocou-se a San Jose, Califórnia, a convite do Instituto Internacional de Macau, para proferir uma palestra sobre a Arquitectura patrimonial de Macau. A apresentação teve lugar no espaço da mostra fotográfica Macau – Universal Heritage, Celebrating a Unique Architectural Duality, inaugurada no início de Abril no History Park da cidade de San Jose, e enquadrada num conjunto de iniciativas do IIM que visam a promoção do património de Macau.

O IIM esteve presente na 54ª. Conferência da Pacific Asia Travel Association (PATA), realizada com grande sucesso em Macau, na 3ª. semana de Abril. O presidente do IIM, na qualidade de membro vitalício desta associação de turismo da Ásia e do Pacífico, presidiu ao forum dos membros vitalícios, que se realizou pela primeira vez, e participou nas reuniões do Conselho Directivo a que está, por inerência, ligado. Também se inscreveram nesta Conferência, em nome do IIM, o secretário da Direcção, Luís Sá Cunha, o vogal da Direcção, Rufino Ramos e o coordenador de projectos especiais, André Silveira, tendo todos participado nas principais cerimónias, convívios e reuniões técnicas. Mais de mil delegados de organismos, directa ou indirectamente ligados ao turismo, participaram neste evento que é organizado anualmente por aquela prestigiada associação, considerada a “voz e a autoridade do turismo” na região.

IIM

no

O IIM, representado pelo Secretário, Luís Sá Cunha, participou no seminário da AICEP realizado em Macau (“Forum dos Operadores de Correios e Telecomunicações dos Países Lusófonos”), e que congregou na RAEM os principais representantes dos operadores dos Correios e Telecomunicações dos países de Língua Portuguesa, que aqui vieram apresentar e discutir as experiências e novidades das tecnologias digitais aplicáveis aquela área. Luís Sá Cunha apresentou numa comunicacão intitulada “ Tecnologias, Memória e Progresso”.

A referida palestra realizou-se a 24 de Abril, tendo sido co-organizada pela Portuguese Heritage Society da California e pelo Chinese Historical and Cultural Project do parque museológico History San Jose. A exposição foi também integrada nas comemorações do dia de Portugal, 10 de Junho, no parque History San Jose, onde anualmente afluem milhares de pessoas da comunidade portuguesa que conta, em San Jose, com 400.000 residentes. O gabinete dos serviços de Turismo na Califórnia associou-se às comemorações distribuindo brochuras sobre o turismo de Macau aos visitantes da exposição.

Conferência de

Jorge Rangel no CIARI “Macau, 5 anos após a transferência de soberania” – foi o tema da conferência do Presidente do IIM, Jorge Rangel, realizada na 38ª. Tertúlia do CIARI – Centro de Investigação e Análise em Relações Internacionais, em que o IIM tem vindo a participar. Jorge Rangel fez uma longa exposição sobre o desenvolvimento de Macau desde a transição, referindo a sua muito positiva situação financeira, mas chamando a atenção para a rápida descaracterização da cidade nesta fase de grande progesso material, na sequência da liberalização das concessões a novas operadores de jogos de fortuna e azar. Referiu também a situação da comunidade portuguesa, os seus problemas e desafios e as instituições ao seu serviço. Esta tertúlia realizou-se na sede da delegação do IIM em Lisboa, em 27 de Janeiro.

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O seminário, que foi organizado pelo Presidente da AICEP, Manuel Frexes, e pelo Director Geral, Rui Marques, teve acolhimento e organização em Macau pela Direcção dos Correios e Telecomunicações de Macau , na figura do Engº. Roldão Lopes, e contou com recepção especial pelo Secretariado do Forum para a Cooperação Económica entre a China e os Países de Língua Portuguesa, que ofereceu um almoço aos participantes, onde a Coordenadora Rita Santos fez uma exposição sobre o incremento das actuais relações entre a China e a lusofonia através de Macau.


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Livros

Fernanda Dias

traduz poemas chineses

“Instrumentos feitos pelos bárbaros de Macau conseguem transformar a guerra em paz” Liang Di

Mais um sarau literário no auditório do IIM, para evocar poesia chinesa. E, neste caso concreto, para evocar poesia chinesa que também se refere a Portugal. Foi no dia 1 de Março o lançamento do livro “Poemas de uma monografia de Macau”, de autoria da escritora e artista Fernanda Dias, e que foi editado pela nova editora COD. Fernanda Dias, que se foi afirmando no campo cultural ao longo da sua produtiva estadia em Macau, pegou na mítica monografia de Macau – “Aomen Jilue”, em cantonense “Ou-Mun-Kei-Leok” – escrita no Século XVIII por dois mandarins letrados, Yin Guan-ren e Zhang Yulin, enviados pelo imperador Qianlong para descreverem a cidade e a vida social de Macau administrada pelos portugueses. O texto, que descreve e refere o sistema de defesa e as fortalezas, a cidade os tipos sociais, os comportamentos e as práticas religiosas, e que integra descrições fabulosas de animais etc., é intercalado de poemas, integrando algumas poesias escritas em períodos anteriores. Os poemas falam sobretudo de viagens, das embaixadas chinesas aos reinos vizinhos, e das novidades vindas do Ocidente, referindo muito em especial os portugueses e Macau. Fernanda Dias, com assistência de Stella Lee Shuk Yee, apaixonou-se e traduziu os poemas, com rigor e propriedade de linguagem, para Português, tendo assim prestado um serviço cultural, que começa pela divulgação actual do “Ou-Mun-Kei-Leok” que, traduzido por Luís Gonzaga Gomes, continua no esquecimento de portugueses e chineses. Durante o lançamento foram lidos alguns poemas, e houve projecção de imagens alusivas ao universo da flora e fauna referidas nos poemas. Transcrevemos alguns poemas, onde é evidente a bondade do encontro na pureza e surpresa do primeiro olhar sobre o Outro:

Macau

Não há muito que o Lótus se eleva na terra Onde vivem lado a lado chineses e bárbaros Os mercadores chineses, homens do Sul Os rios, as montanhas, os Cinco Picos Tudo pertence ao mesmo sistema Todos os paízes enviaram para aqui livros Em barcos, seguindo as glaucas ondas Esbatidos no extremo do firmamento Na cidade longínqua o Céu consentiu um perigo Pois o remoto e próximo poder tudo devoram O templo de S. Paulo preciosos tesouros guarda Corre a água por entre as ilhas Nos canais em cruz da Letra Dez As mulheres bárbaras governam bem as casas O virtuoso Bispo é respeitado Os homens sábios, porém, engendram planos A Passagem do Tigre constrange-te a garganta A Fortaleza do Monte Anterior pesa-te no dorso E por tudo isto, oh! Porta da Baía A chave do cadeado ainda aqui se encontra. Li Zhuguang

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Livros

O Sol na Praia Grande

No mar as praias enlaçam-se como dois anéis No Arco do Sul, o sol jubiloso cai nas águas Ouro fundido da praia-mar Rubro cinábrio escorre da mítica fornalha Ao longe vogam barcas Como flores de pessegueiro no vaivém das ondas Barcos-dragões despojam do seu nácar O Rio das Perólas De súbito esvai-se a névoa E na imensidão iluminada Os Dez Mil Seres resplandecem Eternamente jovens Yin Guang-ren

Mong Há na luz do poente

A Colina do Lótus, ao cair da tarde Reflecte o fulgor das esparsas nuvens rubras Ilusão dos pavilhões, tão próximos de mim A névoa avança das Portas do Cerco Alastra na espessura do bosque em flor A inspiração poética é um dom do céu O fogo crepuscular arde em perfeita beleza Obra e Criador são uma e a mesma coisa. Yin Gunag-ren

O templo de S. Paulo

Recém-chegados a uma terra estranha Os viajantes buscam novidades Logo encontram gente de fato curto E colete comprido E alguns de corpo tatuado Na encruzilhada Gente que vai ao templo de S. Paulo Com os seus chapéus Mais finos que os de tiras de bambu Entrelaçadas E palanquim de grades em vez de carruagens A nossas gentes Desinteressam-se das nossas coisas Preferem os estrangeiros Tão fervorosos. Bonzo Shi Jishan

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Livros

Pressentido o Outono

Na Taipa, velas enfunadas pelo vento

Oscila solitária a ilha Como que sobre verde folha de lótus Cuja dourada haste revestida brilha Sob o orvalho de jade que caiu do céu Erguem-se magestosas moradias Acompanhando a curva da Baía Miram-se nela os moradores como num espelho Quando cheguei, ao arriar as velas Julguei que fossem barcos as casas com balaústres Vogando por entre ramos de salgueiro A que ninho pertencem estas andorinhas? As cigarras trilam, indiferentes Nos arvoredos, ao pôr-do-sol Belas paisagens que me emocionam E que tanto me fazem meditar Quando a península, como uma pintura Emoldurada de nuvens transparentes É doce devaneio, poema outonal.

Surgem velas e mastros sobre a vasta toalha de água Sulcando as ondas de luminosa prata Entre nuvens dispersas águias desdobram as asas Cai o sol rente ao mar, sobre os canais Em redor, na imensidão do espaço, nada à vista Incontáveis montanhas parecem deslizar Porque se apressam tanto, os voadores corcéis? Chegam velozes, da mítica montanha de Kunlun...

Yin Guang-ren

O rochedo das Duas Carpas

Yin Gunag-ren

Os Portugueses

Seus barcos deslizam sobre o mar Os remos indómitos lembram centopeias Os notáveis vêm de longe aos oito templos Ostentam o bastão vermelho das confrarias Entregam o selo em frente do Buda E logo se retiram. Que augúrios imploram à monja mendicante Ao escolher o dia fasto para os seus casamentos? You Tong

Diz a lenda que um dia, um lenhador Das florestas da Ilha do Alaúde Viu duas donzelas formosas Na Baía das Fadas Subitamente transmudadas Num par de carpas. Ainda hoje são elas que, dolentes Ora carpas ora donzelas Entre a Ilha da Cauda do Leme E a do Alaúde Vêem passar os bárbaros de Macau Nos seus navios mercantes

Lavando as mãos em água de canela

Quando as velas regressam do mar Os mercadores estrangeiros Vertem água de canela de jarros de prata Sobre bacias de jade esculpidas Assim lavam as mãos, que ficam perfumadas Como se acabassem de colher flores. Gao Qi

Anónimo

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Livros

Ode ao Orgão Português

Agradecendo a lapiseira de coral Ao meu amigo português, o ilustre Kwok

Semelhante à harmónica-de-fénix Com duas asas, dir-se-ia levantar voo Os tubos verdes e dourados erguem-se No lugar das hastes de bambu Curtos e longos, grandes e pequenos Em ordem se alternam mutuamente A madeira substitui a cabaça, o fole é de couro Ora levantado, ora comprimido, o ar gira, expelido O vento agita as palhetas, sai o som dos orifícios As teclas de marfim premindo o ar Vibrante melodia irrompe do alto No coro de S. Paulo, dentro e fora Dez léguas em redor se ouve a música Não o som da classe Cordas-de-Seda Antes sons como os do Carrilhão-de-Pedra E os da categoria dos Metais No início fracos, depois fortes, cheios e límpidos Espalham-se pela ilha, em toda a sua perfeição É subtil a lei que rege a construção dos orgãos O meu amigo, sendo um estudioso da nossa era Andando em viagem, veio ontem até Macau Foi recebido pelas autoridades com música Mestres tocaram com a perfeição de divindades Instrumentos feitos pelos bárbaros de Macau Conseguem transformar a guerra em paz Envergonham a fraca música dos lupanares Aves em júbilo juntam o seu canto à voz do órgão O som macho é tão forte como a nota Sino-Amarelo O som fêmea é semelhante à nota Tubo-do-Sul Em plena sonoridade, elevam-se, afinados Transformam-se em vibrante harmonia No alvorecer de um novo dia, o Mestre da Música Certamente levará para a corte A sublime ave canora.

Em que ano terão mergulhado a férrea rede Para arrancar os corais do fundo do mar Cujos perfis sinuosos fazem deles ganchos ideais? Usam-nos também para aros de óculos E elegantes canos de bastão Assim como acessórios para a mesa de jade Ah! quem me dera ter o talento de Xu Ling Talvez então fizesse um apoio para os lápis! Encontrei corais macios Como madeira de amoreira vermelha Fiz um apoio de coral para os pincéis coloridos Com os quais as letras cursivas formam bocados Levei esse apoio de coral à minha mulher Para ser acariciado pelos seus dedos delicados Afim de avivar sua formosa cor vermelha Não tendo jóias para retribuir o teu presente Envio-te o descanso de coral que eu mesmo fiz E estes singelos versos. Shi Jinzhong

Liang Di

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Livros

Suspeito que sou como parente Excerto de “Suspeito que sou como parente”, por Joaquim Manuel Magalhães, in “Actual” – edição da “Expresso” de 18 de Junho de 2005. Crítica literária em que é referida e situada, na bibliografia passiva do autor de “Clepsydra”, a edição do IIM “A Poesia de Camilo Pessanha” de Carlos Morais José e Rui Cascais

“ (...) A ligação da poesia com Pessanha acaba em 1916. A ligação de Pessanha com a escrita em prosa, ensaística ou jurídica, continua para lá dessa data”.

Ana de Castro Osório surge a desempenhar um papel pelo qual a literatura portuguesa nunca a poderá esquecer: a compilação, a tempo, da Clepsydra, o único livro de Pessanha. Ela surge, no momento final em que a poesia ainda interessa a Pessanha, a delinear o processo de reter esse livro (...). Aproveitando aquela que se tornaria a última deslocação de Pessanha ao Continente – (...) – decide aplicar os seus conhecimentos de “recolhedora” de histórias populares tradicionais e de histórias infantis (...). Tinha uma sabedoria técnica de fixação de depoimentos orais, em que se tornara uma especialista, na dimensão que estes processos de “recolhimento” tinham no seu tempo. Em sessões com Pessanha na sua casa de Lisboa, entre finais de 1915 e princípios de 1916, ajudada pelo seu filho João de Castro Osório (que fixava por escrito o ditado – que poderia ser de memória ou não – feito por Pessanha dos seus versos) e por seu sobrinho António Osório de Castro, obviava qualquer descuido que pudesse ter surgido no final de cada sessão e organiza esse livro. Envia-o a Camilo Pessanha depois de o ter publicado em 1920 e recebe deste nenhuma desaprovação do que quer que fosse – cerca de um ano depois (a indiferença pela poesia está já bem sinalizada nesta demora). Entretanto, Ana de Castro Osório retira dezasseis poemas do seu manuscrito de Clepsydra para serem publicados por Luís de Montalvor na revista “Centauro”, vol. I, 1916. Envia um exemplar dessa publicação em Outubro desse ano a Pessanha. Este, nessa época final de preocupação com a poesia, introduz alterações pelo seu punho aos poemas; creio que certas dessas ORIENTEOCIDENTE 32

alterações sugerem opções por outra organização morfológica, enquanto outras parecem ser a correcção de situações que se afastavam da versão por si deixada a Ana de Castro Osório, introduzidas talvez por Luís de Montalvor em função de qualquer publicação prévia, mas que Ana deve ter tido o cuidado de confrontar com autógrafos de que teria conhecimento, pois aparecem na edição de 1920 com as emendas principais introduzidas manualmente pelo autor na edição da “Centauro”, emendas essas por si impossíveis de conhecer. Veja-se somente um breve exemplo: em “Floriram por engano as rosas bravas”, no v.11, é enviada para a “Centauro” a expressão “vago estendal de gelos”; Pessanha corrige no texto da “Centauro” esta expressão por “na acrópole de gelos”; a Clepsydra canónica, sem que a sua autora tivesse conhecimento da emenda, já introduz essa nova expressão. Como teria procedido Ana de Castro Osório a essa mudança? Spaggiari (ver adiante) indica a existência de um autógrafo do poeta de 1916 – de algum modo, Ana de Castro Osório deve ter tomado conhecimento dele e, por qualquer motivo, resolveu seguir a sua versão. O que demonstra, quer-me parecer, um trabalho que se adiciona à simples transcrição do fixado nas sessões de 1916 e a existência de opções editoriais por parte da primeira editora de Clepsydra. Estes indícios podem indeterminar a hipótese de o livro ter sido organizado exclusivamente a partir das sessões na casa Osório de Castro. Teremos de pensar que, ao minucioso cuidado com a redacção do seu jovem filho no final de cada sessão

com Pessanha, entre 1916 e 1920, Ana Osório se dedicou a um trabalho de comparação com textos anteriormente publicados e com autógrafos por certo distribuídos entre amigos, tendo feito opções. As alterações por mão de Pessanha no seu exemplar da “Centauro” são dadas a conhecer em A Poesia de Camilo Pessanha, Carlos Morais José e Rui Cascais, Instituto Internacional de Macau, Macau, 2004. A edição fac-similada desses poemas emendados pelo punho do autor (que ajuda a substituir perfeitamente a consulta do original) é da mais significativa importância, por nos permitir estabelecer a versão até agora definitiva, a partir do próprio Pessanha, da sua Clepsydra. Como? A única versão canónica deste volume é a edição, com 30 poemas, de Ana de Castro Osório (1920) – apesar de vários filólogos considerarem canónicas as duas outras edições a cargo de João de Castro Osório, é para mim claro, depois das informações de António Osório, que só a organizada pela mãe daquele, apesar de com a ajuda do filho como “amanuense”, o poderá ser. Aliás, repare-se que as edições posteriores de João de Castro Osório não têm o equilíbrio da estabelecida pelos conhecimentos de fixação textual de sua mãe. Nesta edição canónica, a partir de agora, devem introduzir-se as emendas da mão de Pessanha no exemplar da “Centauro” que não figurem já, por trabalho editorial autónomo, na primeira edição do livro. Assim teremos, sem grandes complicações, tão ao gosto dos mirabolantes filólogos actuais, a Clepsydra inteiramente desejável.”


Livros

Fronteiras da Identidade Macaenses em Portugal e em Macau Jorge A. H. Rangel

Novo livro lançado em Lisboa O estabelecimento da Região Administrativa Especial de Macau, em Dezembro de 1999, em consonância com a Declaração Conjunta firmada por Portugal e pela República Popular da China, com a correspondente transferência formal do exercício da soberania, suscitou a atenção de instituições académicas e científicas, tendo a “questão” de Macau sido, nos últimos anos, o tema central de conferências, colóquios e seminários, estudos, publicações e, até, teses de mestrado, merecendo particular destaque a que Francisco Lima da Costa defendeu na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, em 2003, com o título “Fronteiras da Identidade. O Caso dos Macaenses em Portugal e em Macau”. Apresentada na sequência de um projecto patrocinado pela Fundação Jorge Álvares e elaborado no seio do Gabinete de Investigação Aplicada daquela universidade, envolvendo cerca de cem entrevistas, cinquenta das quais foram rigorosamente seleccionadas e atentamente analisadas nos seus conteúdos, a dissertação foi avaliada por um júri constituído pelos Professores João Pina Cabral, Rui Santos e Margarida Marques, estando para muito breve a sua publicação. Francisco Lima da Costa, licenciado e mestre em Sociologia, está agora a enfrentar um novo desafio – o doutoramento, ambicionado patamar a que se propõe chegar, tirando pleno proveito das suas qualidades de meticuloso investigador e qualificado docente, devotado à actividade académica nas suas múltiplas vertentes. Natural de Arão, Valença do Minho, Francisco Lima da Costa é membro da Rede Internacional Metropolis e da Rede Europeia de Excelência IMISCOE, sendo as suas áreas de especial interesse e investigação as relações inter-étnicas, os processos

identitários, o associativismo, o turismo étnico, o ambiente e os impactos sociais das novas tecnologias de informação. Investigador associado do Gabinete de Sociologia Aplicada da Universidade Nova de Lisboa e Professor do Instituto Politécnico de Tomar, participou, entre outros, nos projectos “Turismo étnico: uma oportunidade para os imigrantes ou um ‘new deal’ para as cidades?”, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, “Empresarialidade e cidadania: modos de inclusão das comunidades imigrantes em Portugal”, patrocinado pelo Praxis XXI e “Participação e cidadania entre as comunidades étnicas na Área Metropolitana de Lisboa”, tendo também variados trabalhos apresentados em conferências e congressos e artigos publicados em revistas e actas de encontros científicos. Consultando algumas das melhores obras de autores portugueses e estrangeiros versando temas da historiografia macaense, incluindo trabalhos mais recentes que veiculam teses formuladas a partir do acesso a fontes chinesas, Francisco Lima da Costa faz, na primeira parte do seu livro, prestes a sair do prelo, o enquadramento histórico do estabelecimento dos portugueses em Macau, referindo as diversas explicações contextuais conhecidas, identifica, numa perspectiva histórico-sociológica, os fundamentos da identidade macaense e os factores que contribuíram para o seu reforço e analisa os momentos mais marcantes do longo percurso até à transição político-administrativa, concluída em 20 de Dezembro de 1999. Neste âmbito, procura explanar o significado do “foro do chão” e o da “soberania dividida” e salienta o papel do Senado, as ameaças de outras potências coloniais, o papel das elites macaenses na gestão da sua cidade, as providências régias que marcaram o fim da preponderância do Leal Senado, os Tratados de Amizade e Comércio de 1887 e de 1928, os principais conflitos políticos com a RPC, os efeitos da chamada “revolução cultural”, as consequências do 25 de Abril, o Estatuto Orgânico de Macau, a Declaração Conjunta, a transição e a diáspora macaense. Com base nas entrevistas e depoimentos que foi pacientemente recolhendo ao longo de muitos meses, o autor analisa, seguidamente, as respostas às muitas questões que colocou a macaenses residentes em Macau e no exterior, mormente em Portugal, sobre a forma como encararam as mudanças operadas em Macau, os reflexos dessas mudanças nas suas vidas, as suas opções, as suas identificações subjectivas, os elementos que melhor caracterizam a pertença identitária dos macaenses, as suas referências e as dificuldades que experimentaram. A partir daí, apoiando-se em Anthony Smith (A “Identidade Nacional”, Gradiva, 1997), Hans Vermeulen (“Imigração, Integração e a Dimensão Política da Cultura”, edições Colibri, 2001) e outros reputados sociólogos, o autor procura caracterizar os macaenses, fazendo a sua tipologia, lembrando os atributos

presentes: um nome (macaenses), um mito de linhagem comum, que por acaso assenta numa génese multiétnica, memórias históricas partilhadas, como o comprova a historiografia macaense, a diferenciação cultural, a terra natal e um sentido de solidariedade que se manifestou ao longo da história. As entrevistas também tornaram evidente que o macaense sempre se aproximou da referência formal portuguesa e a sua distinção assenta em factores como a língua, a religião e a gastronomia, por exemplo. A maior ou menor concentração espacial dos macaenses nas áreas de residência e o seu número aproximado, em Macau, Portugal e noutros países, merecem também a atenção do autor. Com todos estes elementos identificados, a parte final do livro é dedicada aos marcadores da identidade macaense, analiticamente apreciados, designadamente no que respeita às línguas utilizadas, incluindo os hibridismos linguísticos, a valorização hereditária, nas suas componentes portuguesa, chinesa e outras, a gastronomia, a religião e as festividades tradicionais a ela ligadas, as culturas portuguesa e chinesa em presença, o sentido de pertença, a história e o legado, o território e a noção de soberania, as encruzilhadas identitárias, a emigração e a diáspora, o associativismo, as solidariedades, situações de discriminação e de integração, a estratificação social, a mobilidade e as próprias dinâmicas inerentes a um processo de construção ou reconstrução social e à redefinição ou renovação duma estrutura identitária, à luz de novos condicionalismos e instrumentalizações. Em conclusão, Fernando Lima da Costa afirma que “no momento em que a identidade macaense parecia prestes a soçobrar, renasce com um novo vigor celebrando o hibridismo como forma superior de cosmopolitismo” e os estudos que efectuou sobre a identidade macaense permitiram-lhe “constatar o carácter de perenidade das identidades concedido pelo peso estruturador da história, por um lado, e, por outro, observar como o processo de essencialização das dimensões identitárias relevantes se constrói, destrói e reconstrói de forma bastante plástica e estratégica”. O livro “Fronteiras da Identidade. Os Macaenses em Portugal e em Macau” será, assim, um contributo da maior relevância para um melhor entendimento da génese, do processo de desenvolvimento e da situação actual da comunidade ou, se quisermos, das comunidades macaenses e, ainda, da dimensão e significado da sua diáspora. Tal como o autor, também “somos de opinião que enquanto houver Macau haverá macaenses. Consideramos que a transferência da soberania pode, ao contrário de ser uma ameaça de diluição, transformar-se numa oportunidade para afirmar e cimentar o capital de identidade”. É este, certamente, um dos maiores desafios lançados aos macaenses no seu percurso quadrissecular. ORIENTEOCIDENTE 33


Livros

Paisagismo em Macau livro do

Arqº. António Saraiva Macaenses em Portugal e em Macau lançado em Lisboa O livro “Fronteiras da Identidade – Macaenses em Portugal e em Macau”, da autoria do sociólogo e investigador Francisco Lima da Costa, foi lançado no dia 3 de Junho, em Lisboa, no Centro Científico e Cultural de Macau, tendo sido apresentado pelo presidente do Instituto Internacional de Macau, Jorge Rangel, que também o prefaciou. (ver página anterior) A sessão foi muito concorrida, tendo nela participado muitos professores e estudantes do ensino superior. A obra é uma adaptação da tese de mestrado do autor, investigador associado do Gabinete de Sociologia Aplicada da Universidade Nova de Lisboa e professor do Instituto Politécnico de Tomar, desenvolvida a partir de cerca de cem entrevistas feitas a macaenses residentes em Macau e no exterior, mormente em Portugal, sobre a forma como encararam as mudanças operadas em Macau, os reflexos dessas mudanças nas suas vidas, as suas opções, as suas identificações subjectivas, os elementos que melhor caracterizam a pertença identitária dos macaenses, as suas referências e as dificuldades que experimentaram. Este livro é um contributo relevante para um melhor entendimento da génese, do processo de desenvolvimento e da situação actual da comunidade macaense e, ainda, da dimensão e significado da sua diáspora. Publicada pela editora Fim do Século, a obra foi apoiada pela Fundação Jorge Álvares e pela SociNova – Gabinete de Estudos da Universidade Nova de Lisboa.

O processo de “crescimento para dentro” e o fenómeno urbano de “horror ao vazio”, em que a fúria da construção todos os dias se salda numa “terrível agressão ao verde”, foram os traços mais gerais com que foi caracterizado o actual estado da cidade de Macau pelo arquitecto e engenheiro agrónomo António de Paula Saraiva. O conhecido e popular arquitecto paisagista, há vinte e um anos a residir em Macau e que foi durante quase todo aquele período o responsável, dentro dos Serviços do Leal Senado, pelos jardins e zonas verdes da cidade, falava na sessão de apresentação do seu livro “Princípios de Arquitectura Paisagista e de Ordenamento do Território”, no dia 9 de Junho, no auditório do IIM, que acolheu e organizou a sessão. O acto iniciou-se com uma intervenção do Presidente do IIM, Jorge Rangel, e com uma mensagem do editor, Robert Lopes, que se deslocou propositadamente a Macau, tendo de seguida o autor apresentado uma exposição em “power point” de 20 minutos sobre as alterações nos equilíbrios da paisagem e zonas verdes da cidade nos últimos anos. As afirmações do Engº. Saraiva estimularam as intervenções posteriores de uma assistência de cerca de 50 pessoas, em que se distinguiam muitos arquitectos em exercício em Macau, todas confluindo ao registo de apreensões e críticas à evolução mais recente da paisagem urbana. “Eu começo a ter medo de Macau”, afirmou um dos arquitectos presentes, perante as verificações galopantes da agressão ao verde e da ocupação dos espaços livres. “É uma cidade em que o espaço envolvente de Macau vai sendo adulterado “com uma continentalização em que as pessoas vão deixando de ver o mar” e com as construções em gigantismo que “distorcem a silhueta e a leitura de edifícios patrimoniais”, afirmou-se.

Feira do Livro do IIM O IIM iniciou com êxito a organização regular de feiras de livros dentro das suas instalações. Esta actividade foi iniciada no dia da atribuição pública do “Prémio Identidade – 2004”, do IIM, ao escritor Henrique de Senna Fernandes. A feira disponibilizou edições do IIM e outras publicações editadas em Macau sobretudo nos anos 80 e 90, e que constituiram ofertas ao IIM, em resposta ao pedido da nossa Direcção para constituir os fundos da nossa Biblioteca, nos sectores das temáticas macaenses. Alguns dos títulos expostos, pela sua raridade e escassez e pelo facto de se lhes não prever qualquer possibilidade de reedição, são já autênticos exemplares de alfarrabismo. O IIM colheu encorajadoras receitas com a venda, tendo organizado uma segunda

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edição, com exemplares renovados e títulos diversos, na ocasião do “Serão Macaense” de Henrique de Senna Fernandes. A Feira do Livro será mais uma actividade com carácter institucional e regular a partir de agora dentro da nossa casa.


Livros/Exposição

Exposição Fotográfica

Macau Património Universal na Califórnia

Apresentação do livro

RAEM – cinco anos No dia 14 de Dezembro, na Sala de Actos do Instituto Internacional de Macau, teve lugar a apresentação do livro “Região Administrativa Especial de Macau, cinco anos”, edição do Instituto do Oriente, centro de investigação do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), Universidade Técnica de Lisboa. Na ocasião, os académicos e investigadores Heitor Romana, Carlos Piteira, Elsa Dinis, Cristina Alves, Andrea Valente e André Silveira apresentaram ao público presente algumas das mais importantes conclusões do estudo que a equipa de investigação do Instituto do Oriente levou a cabo nos primeiros anos de vida da RAE de Macau com o apoio da Fundação de Ciência e Tecnologia (FCT), sediada em Lisboa. Este instituto de investigação dirigido pelo Professor Dr. Narana Coissoró propõe-se manter a sua actividade regular de acompanhamento e estudo da evolução económico-social de Macau com um novo projecto, aprovado pela FCT em Janeiro de 2005, que analisará o papel de Macau como plataforma de cooperação entre a China e o mundo de língua portuguesa, as suas potencialidades e desafios concretos. O Instituto Internacional de Macau e o Instituto do Oriente celebraram um protocolo de cooperação no último trimestre de 2000, tendo desde então o IIM dado apoio técnico e logístico a este Instituto da Universidade Técnica de Lisboa nas suas periódicas missões ao Território.

A exposição “Macau – Património Universal”, discurso fotográfico sobre o património de Macau organizado pelo Instituto Internacional de Macau, – foi inaugurada dia 7 de Abril no parque histórico da cidade de San Jose, Silicone Valley, California, onde pode ser visitada durante três meses. Esta apresentação é resultado da acção de promoção do património de Macau efectuado pelo IIM e corporizado na primeira mostra da exposição em Berkeley, na International House da famosa Universidade da Califórnia, durante a Conferência “Macau – Space of Cultural Encounters”. A exposição, iniciativa e organização do IIM, é constituída por um conjunto de 52 fotografias ampliadas à escala 60 x 40 cm, ilustrativas de vários aspectos do património de Macau, pertencentes ao Departamento do Património Cultural do Instituto Cultural da RAEM que deu o seu patrocínio à organização. Dedicada em especial ao conjunto de edifícios classificados incluídos na candidatura de Macau a património mundial, podemos apreciar nesta exposição preciosas perspectivas e detalhes dos referidos edifícios bem como retratos das tradições culturais ligadas à vivência dos lugares, em particular cerimónias e festividades religiosas. Decisiva para a organização desta mostra foi a colaboração da Portuguese Heritage Society da Califórnia, na pessoa de Arthur Britto, e do Chinese Historical and Cultural Project do parque museológico History San Jose. Durante o ano de 2005 a exposição fotográfica “Macau - Património Universal” irá ser exibida em outros locais dos Estados Unidos da América e em importantes centros culturais do Canadá.

Imagens de Macau no Brasil A exposição “Uma flor de lótus na lusofonia” – constituída por belíssimas fotografias de paisagem, arquitectura, sociedade e cultura de Macau, de autoria de fotógrafos artísticos da Associação Fotográfica de Macau e dos Serviços de Turismo da RAEM – continua a sua intensa a longa itinerância por cerca de 60 cidades do Brasil. Iniciada há cerca de dois anos, em 2004, a exposição esteve patente em 13 cidades brasileiras, por períodos que variaram entre os 6 e os 16 dias. Durante o corrente ano de 2005 a exposição teve já exibições nas cidades de Osasco, Vila dos Mercês, Araçatuba e Birigui. A exposição é co-organizado pelo IIM, pelo SESI (Serviços Sociais de Indústria Brasileira) e pelo Instituto Camões.

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Exposição

Pintura de Macau na SHIP e em Pombal

“Um olhar rasgado” – a exposição de que já déramos notícia na nossa última “newsletter”, a propósito da sua inauguração na Maia, foi aberta ao público em Lisboa, no mês de Maio (de 18 de Maio a 7 de Junho) na Sociedade História da Independência de Portugal. Constituída por pinturas de três artistas macaense agora a residir em Portugal, Mira Dias, Nair Cardoso e Ana Claúdia, a mosta artística resulta da colaboração entre três instituições ligadas por protocolos de colaboração: a Sociedade Histórica da Independência de Portugal, a Câmara Municipal da Maia e o Instituto Internacional de Macau. A atenção e curiosidade que os trabalhos da exposição têm concitado da parte do público, são a melhor justificação para a sua itinerância: é que, em meados de Junho, a exposição foi levada a Pombal onde esteve exposta na Câmara Municipal.

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Mira Dias 6, 4 Nair Cardoso 2, 5 Ana Claúdia 1, 3


Visitas

Encontro com o Gabinete de Ligação O director substituto, acompanhado de vários altos funcionários, do Gabinete de Ligação do Governo Popular Central com o Governo da RAEM recebeu o presidente e membros da Direcção do IIM no dia 6 de Janeiro, na casa de hóspedes oficial. Tratouse duma visita de cortesia, que acabou por ser uma longa e agradável sessão de franco e útil diálogo, com a duração de quase três horas, em que se abordaram as mais variadas questões relacionadas com o presente e o futuro de Macau. Aproveitou-se a oportunidade para se comer um bolo-rei, de que a Direcção do IIM foi portadora, acompanhando o chá que foi servido na ocasião, o que contribuiu para tornar o ambiente ainda mais cordial e descontraído. O IIM, a solicitação daquela entidade, expôs, com a maior abertura e frontalidade, as suas opiniões sobre os grandes desafios que se colocam a Macau, recordando também a contribuição da Administração Portuguesa na preparação e criação, com sucesso, da RAEM.

IIM visitou Club Lusitano de Hong Kong O Presidente do IIM, Jorge Rangel, e o Secretário, Luís Sá Cunha, deslocaram-se a Hong Kong para uma visita ao “Club Lusitano” e para encontro com o seu presidente, o Comendador Arnaldo de Oliveira Sales. Foi na sequência da decisão dos corpos sociais do IIM de atribuirem o “Prémio Identidade” referente ao ano de 2005 àquela carismática figura, símbolo vivo do homem português da diáspora, que a Direcção do IIM se dirigiu a Hong Kong para lhe comunicar a distinção atribuída e o convidar a vir a Macau receber publicamente o galardão e a fazer, na oportunidade, uma palestra integrada na sequência dos “Serões Macaenses”. O encontro, sempre em atmosfera de grande cordialidade, decorreu na sede do “Club Lusitano”, durante um almoço em que se apreciou a farta ementa da comida portuguesa. Também participou nesta visita Gustavo da Roza, arquitecto laureado, sócio daquele clube e colaborador e grande amigo do IIM. Clube Lusitano, Hong Kong

Especialista em organizações internacionais O IIM foi visitado pelo Professor Ruben de Hoyos, que se demorou cerca de 2 horas em troca de informações com a Direcção do nosso Instituto. O Professor Ruben Hoyos, que se deslocou a Macau na sequência de uma visita efectuada à RPC a convite do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Academia de Ciências Sociais de Pequim e da Universidade de Fudan (Departamento de Ciências Políticas), é especialista em política e organizações internacionais, e no universo latino-americano. O Professor Ruben de Hoyos foi uma das mais distintas visitas académicas efectuadas à sede do IIM, onde se demorou durante três horas, em densa troca de informações e pontos de vista com a Direcção. Aquele académico foi esclarecido pelo Presidente Jorge Rangel, em relação a sectores fundamentais da vida socio-económica e institucional da RAE de Macau, e transmitiu a sua visão da recente evolução da China e do universo sul-americano. Ruben de Hoyos veio acompanhado pelo Dr. Gary Ngai, Presidente Executivo da Fundação Sino-Latina, instituição com que mantém estreitos laços de colaboração. Ruben de Hoyos é especialista em política e organizações internacionais, e muito especificamente do universo latinoamericano, tendo sido doutorado pelo Universidade de Nova Iorque com uma dissertação sobre a Igreja Católica e as Forças Armadas na revolução contra Juan Peron (1954-56). É actualmente Professor residente da Universidade de Wisconsin (Departamento de Ciências Políticas), onde foi Director (1990-94) do Seminário de Política Mundial e Coordenador dos Estudos LatinoAmericanos. Teve e mantem ligações académicas com outras instituições universitárias, como University of Congreso (Mendoza, Argentina). Université de Nouvelle Monde (Suíça), Pahlavi University (Irão), etc. Foi convidado pela Academia de Ciências Sociais de Pequim como professor visitante do Instituto de Estudos Latino Americanos e pela Universidade de Fudan (Shanghai).

Empresário da lusofonia

no

IIM

O IIM foi visitado, em princípios de Junho, por José Telles Gomes, relevante empresário que no espaço da lusofonia estabelece as bases das suas transacções e unidades empresariais, mormente em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau. José Telles Gomes, que se deslocou a Macau na comitiva dos participantes no Forum dos Operadores de Correios e Telecomunicações dos Países Lusófonos (AICEP) aproveitou para se inteirar das realidades, potencialidades e práticas do universo económico chinês, tendo tido encontros com elementos dirigentes do Forum para a Cooperação Económica entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau) e com o representante do ICEP em Macau. Da geração de 60, tendo participado intensamente e na vida cultural e políticoinstitucional posteriormente ao 25 de Abril, José Telles Gomes mantém contactos e relações políticas de alto nível no mundo africano, sendo cônsul honorário do Equador em Portugal.

Eleições Legislativas

na RAEM

Com a aproximação das eleições legislativas na RAEM, que deverão realizar-se em Setembro, diversos sectores mais politizados da comunidade macaense iniciaram os seus contactos com vista à preparação de listas de candidatura. Com este objectivo, José Pereira Coutinho, presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau, acompanhado de altos dirigentes desta Associação, deslocou-se ao IIM, em Abril, para transmitir ao seu presidente, Jorge Rangel, a sua decisão de se candidatar e expôr as razões da sua candidatura, acreditando poder ser eleito dado contar com o apoio da ATFPM e de outros organismos associativos. Pereira Coutinho é também membro do Conselho das Comunidades Portuguesas, integrando a sua comissão permanente. Com idêntico propósito, o Deputado Leonel Alves, actualmente também membro do Conselho Executivo e presidente do Conselho Geral do Conselho das Comunidades Macaenses, encontrou-se no IIM com Jorge Rangel, com quem trocou impressões sobre a participação da comunidade macaense nas eleições legislativas. Acompanharam-no dois outros membros activos daquele Conselho, Luís Machado e Miguel Senna Fernandes. ORIENTEOCIDENTE 37


Actividades

Assembleia Geral

do

IIM

MAPEAL

Teve lugar, nos termos estatutários, a Assembleia Geral do IIM, cujos membros reuniram em Março, no dia 15, na sede da nossa instituição. Por ausência da Presidente da Assembleia Geral, Maria Edith da Silva, assumiu a presidência e deu início aos trabalhos o Vice-Presidente, Lei Heong Iok, tendo-se procedido à apreciação do relatório de actividades e de contas do ano de 2004 e, seguidamente, à apresentação do plano de actividades, na generalidade, para o ano de 2005. Todos os documentos foram aprovados por unanimidade. Foi, de seguida, operado um desdobramento da sessão para decisões, pelos membros dos corpos sociais, sobre a atribuição do Prémio Identidade do IIM. Por unanimidade foi decidido atribuir o “Prémio Identidade – 2004” ao Dr. Henrique de Senna Fernandes, e ao Comendador Oliveira Sales e ao Clube Lusitano de Hong Kong, o Prémio referente ao ano de 2005.

É presidente da Direcção desta nova associação o Dr. Gary Ngai, ex-directorexecutivo da Fundação Sino-Latina e colaborador do IIM.

Depois da lusofonia, a latinidade No mês de Maio (dia 11) teve lugar uma reunião trilateral na sede do IIM, entre representantes de três instituições para constituição de uma parceria regular para a execução de vários projectos promotores do maior intercâmbio entre a China e os países do continente sul-americano, através de Macau.

Promoção

da

Língua

Participaram na reunião os representantes da MAPEAL (“Associação de Macau para a Promoção do Intercâmbio entre a ÁsiaPacífico e a América Latina”, Dr. Gary Ngai, do Departamento de Estudos Latinos da Academia de Ciências Sociais de Pequim, Dr. Zhang Baoyu, e o Secretário da Direcção do IIM, Luís Sá Cunha.

À semelhança do que vem sendo habitual, o IIM tem-se associado às actividades da Universidade de Macau destinadas a promover a Língua e a Cultura Portuguesas, mormente as que se desenrolam no âmbito dos Cursos de Verão para alunos de Português da região Ásia/Pacífico.

Durante a reunião, que decorreu por várias horas, foram sendo apreciados múltiplos projectos, sobretudo no campo editorial, a serem executados ao longo dos próximos anos.

Entretanto o IIM acaba também de fazer uma oferta de livros, destinados a premiar os participantes no 2º. Concurso de Eloquência em Língua Portuguesa, realizado para estudantes universitários de Macau.

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Uma nova associação, denominada Associação de Macau para a Promoção de Intercâmbio entre Ásia-Pacífico e América Latina, em inglês Macau Association for the Promotion of Exchange between AsiaPacific and Latin America (MAPEAL) acaba de ser criada, tendo como Presidente da Assembleia Geral o Dr. Rufino Ramos, vogal da Direcção do IIM, e como vice-presidente honorário o Dr. Jorge Rangel, presidente do IIM. O Secretário da Direcção do IIM, Luís Sá Cunha, foi convidado e participou também na assembleia geral constituinte como membro fundador.

Esta nova associação promete tornar-se num activo núcleo de acções visando o estreitamento de laços entre a RPC e o universo latino sul-americano, sobretudo agora que Pequim olha atentamento o êxito e a capacidade demonstrada por Macau no intercâmbio da RPC com o universo da lusofonia.

IIM com

Bibliotecários

A convite da Associação de Bibliotecários e Gestores da Informação de Macau, o IIM acaba de se filiar naquela instituição da RAEM, com quem espera colaborar no futuro. O IIM recebeu, entretanto, da parte daquela Associação, informação sobre vários cursos que ela está a organizar com a Universidade de Macau, e que decorrerão entre Setembro de 2005 e Junho de 2006.


Actividades

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Nossos sócios

Jorge Rangel venceu eleições na SHIP Foram muito participadas as eleições realizadas no último dia de Janeiro na Sociedade Histórica da Independência de Portugal (SHIP), em Lisboa, com duas listas concorrentes e o maior número de eleitores das últimas décadas, com longas filas que se formaram durante toda a tarde até à porta do Palácio da Independência, sede daquela Sociedade. Apurados os resultados, verificou-se uma vitória expressiva da lista A, que tem como presidente da Direcção Central Jorge Rangel, também presidente do Instituto Internacional de Macau, e integra, como vice-presidente, Eugénio dos Santos Ramos, administrador da Companhia de Seguros Mundial-Fidelidade e ex-Secretário de Estado da Defesa, José Luís Andrade, gestor empresarial do Grupo Caixa Geral de Depósitos, José Lobo do Amaral, presidente da Associação de Comandos, João Loureiro, presidente da Megameios e da Associação Portuguesa de Agências de Publicidade, António Marques Francisco, editor e gestor gráfico, António Santos Carvalho, juiz-desembargador do Tribunal de Relação do Porto, Helder Sobral, profissional de comunicação social e ex-responsável pela Antena 1 da RDP e Humberto Nuno de Oliveira, docente universitário, responsável pela Editora da Universidade Lusíada. Na mesa da Assembleia Geral ficaram, como presidente, Paulo Teixeira Pinto, secretário-geral e presidente do BCP-Banco Comercial Português, e, como vice-presidentes, o General da Força Aérea José Baptista Pereira e João Novais de Paula, director empresarial e secretário-geral da Associação Portuguesa de Marketing Directo. A lista A, que teve como mandatário o Coronel Carlos Gomes da Bessa, presidente do Conselho Supremo da SHIP e secretário-geral da Comissão Portuguesa de História Militar, obteve 65% dos votos expressos, contra 35% da lista B, de que faziam parte o Coronel Rosas Leitão, o director do Departamento de História da Universidade Nova, João Paulo de Oliveira e Costa, o General Adelino Rodrigues Coelho, o Comandante Malhão Pereira, o Coronel Nuno Roque, o Major-General Lajes Ribeiro e ainda Pedro Seixas Antão e Ana Homem de Melo. Subscreveram a lista A personalidades como o General Altino de Magalhães, José Miguel Júdice, Jaime Nogueira Pinto, o General Alexandre Sousa Pinto e o Coronéis Roberto Durão e Brandão Ferreira. Jorge Rangel já era vice-presidente e presidente, em exercício, desde o falecimento, em Abril de 2003, do General Manuel Themudo Barata, que foi presidente da Direcção Central da SHIP durante cerca de 16 anos.

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Nossos sócios

Galardões “Peregrinação”

A aventura da ilustração

“Não foi um trabalho, foi uma paixão” – assim definiu Carlos Marreiros as moções interiores que o empolgaram durante pouco mais de um mês a riscar no papel os desenhos que serviram à ilustração dos dez volumes da “Peregrinação” editados pelo “Expresso – Sojornal”. Carlos Marreiros falava no auditório do IIM, em sessão de apreciação e comentário ao trabalho artístico-gráfico realizado para aquela monumental edição, de parelhas com o seu irmão Victor Hugo, nesse dia ausente de Macau. Foi uma servidão de dois meses o labor gráfico e de ilustrador do Victor Marreiros, trabalho executado sobre os desenhos originais de Carlos Marreiros, que comentou: “O Victor é o melhor designer do mundo, e o único a quem confio para manipular ad libitum os meus desenhos”.

mas entusiasta maratona de três meses para a entrega dos trabalhos, à ordem irrecusável do calendário semanal, em que Carlos Marreiros teve que produzir 138 desenhos e Victor Hugo mais de duas centenas de ilustrações. Apresentando a sequência das ilustrações por cada volume, com projecção em “power point” das principais, Carlos Marreiros falou da aventura do contra-relógio, dos critérios ilustrativos, da caracterização das personagens e da génese dos retratos, dos episódios fabulosos e dos passos impressionantes, da riqueza e rigor das minúcias, das redescobertas sucessivas e surpreendentes.

No início, depois da introdução de Jorge Rangel, Presidente do IIM, falou o Secretário Luís Sá Cunha que testemunhou a sofrida

Em diálogo final provocado por muitos assistentes, falou-se da grandeza de Fernão Mendes Pinto, e da excepcional envergadura de uma obra, a “Peregrinação”, que merecia o reconhecimento mundial, mas que, não fosse a edição de agora, ainda seria quase desconhecida em meio do seu próprio povo.

Desenhos de Carlos Marreiros

Evocação do poeta

Rodrigo Emílio O poeta Rodrigo Emílio, cuja passamento aconteceu recentemente, foi homenageado e evocado numa sessão que decorreu na sede da Sociedade Histórica da Independência de Portugal, em Lisboa, e onde participaram os escritores António Manuel Couto Viana, João Bigotte Chorão e Josué Pinharanda Gomes, que falaram em tom intimista da sua poesia e das memórias partilhadas com o poeta. Os sócios do IIM José Valle de Figueiredo e Luís Sá Cunha, que privaram com Rodrigo Emílio desde os anos 60, enviaram comunicações que foram lidas perante os assistentes, admiradores e amigos. Houve declamação de poemas e sessão musical com José Campos e Sousa.

aos nossos sócios O comemdador Joaquim Morais Alves foi condecorado a título póstumo com a GrãCruz da Ordem do Mérito, pelo Presidente da República de Portugal.

Durante os dois dias em que esteve em Macau, em Janeiro, no regresso da visita a Pequim, Jorge Sampaio condecorou mais três portugueses: João Manuel Costa Antunes, Director dos Serviços de Turismo, Henrique Miguel de Senna Fernandes e José Silveira Machado. Jorge Sampaio elogiou o contributo dado pela comunidade portuguesa à especificidade de Macau. Também o nosso sócio e colaborador Victor Hugo Marreiros foi distinguido com o Título Honorífico (Valor e Prestígio) da RAEM, em cerimónia presidida pelo Chefe do Executivo para entrega pública das distinções atribuídas em 2004.

Novos Doutorados Dois sócios do IIM, o Dr. Jaime Nogueira Pinto e o Engº. Álvaro da Rosa, ambos docentes universitários, residentes em Lisboa, concluiram recentemente as suas provas de doutoramento, o primeiro na área de Ciência Política, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, e o segundo na área da Gestão, no ISCTE – Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa. As nossas saudações, cum magno gaudio. ORIENTEOCIDENTE 41


Notícias da Diáspora

António C. Júnior 25 anos de design O conhecido e distinto artista macaense António Conceição Júnior, organizou uma exposição evocativa e ilustrativa dos seus trabalhos artísticos realizados durante 25 anos de actividade o que, dada a variedade, quantidade, qualidade e originalidade dos trabalhos realizados em múltiplas áreas artísticas, conferiram à mostra o cariz de merecida consagração. É no campo artístico que Macau, e muito especificamente a família macaense, afirma a grande marca da sua diferença, identidade e projecção internacional – e aqui está mais uma ilustração disso.

A exposição foi realizada a convite e com organização do Departamento de Design e Artes Gráficas do Instituto Politécnico de Macau, e decorreu em Janeiro, tendo sido conformada por vários núcleos de obras em que se exerceu e derramou o talento de António C. Júnior: design gráfico, moedas, selos, medalhas, mobiliário e interiores, joalharia, espadas, ilustração e banda desenhada, não faltando, claro, o design da moda onde A. C. Júnior se distinguiu internacionalmente nos finais dos anos 90.

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Notícias da Diáspora

Fundação Casa de Macau tem novo presidente

Novos protocolos da APIM com as

Por razões de saúde, o Prof. Engº Luís Guimarães Lobato deixou recentemente a presidência do Conselho de Curadores da Fundação Casa de Macau, tendo sido eleito para o substituir o Coronel Mariano Tamagnini Barbosa. Ambos foram sócios – fundadores da Casa de Macau de Lisboa. Proclamado presidente honorário, por decisão unânime do Conselho de Curadores, foi prestada ao Engº Guimarães Lobato uma justa homenagem no dia 28 de Junho.

Casas de Macau no Brasil

Editora da Bisavó

O presidente da direcção da APIM, José Manuel de Oliveira Rodrigues, que integrou a comitiva que acompanhou o Chefe do Executivo ao Brasil, aproveitou a oportunidade para assinar novos protocolos de cooperação com as duas Casas de Macau no Brasil, estreitando ainda mais uma relação intensa mantida com estes dois organismos representativos da comunidade macaense naquele país.

A Fundação do Santo Nome de Deus, que mantém em funcionamento, em Lisboa, um lar para idosos oriundos, prioritariamente, de Macau, acaba de criar uma editora, a que carinhosamente deu o nome de Editora da Bisavó. A sua primeira edição já saiu do prelo: é um simpático livrinho chamado “A Mui”, e a sua autora é Margarida Ribeiro, que é também a presidente do Conselho de Administração da Fundação. Novas edições estão em preparação.

APOMAC homenageou membros honorários A APOMAC – Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau homenageou os seus presidentes e membros honorários numa bonita festa que reuniu centenas de associados num hotel da cidade, no dia 29 de Junho. São presidentes honorários da Associação o Deputado David Chow, a Profª. Hui Wai Haan e o Dr. Jorge Rangel, presidente do Instituto Internacional de Macau, e os sócios honorários são os advogados Jorge Neto Valente e Henrique de Senna Fernandes.

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ISSN 1680-7855

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