Guia Prático de urologia

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ao rim transplantado e, a menos que cause dor importante ou disfunção do enxerto, nenhum tratamento é necessário. Por outro lado, a infecção do local do transplante renal é complicação temível já que o paciente está imunodeprimido. Há necessidade de pronta drenagem aberta da cavidade extraperitoneal. Se existe sepse concomitante, é melhor retirar o rim e suspender a imunossupressão, salvando a vida do paciente que se encontra seriamente ameaçada. A complicação local tardia mais comum é a formação, em volta do rim, de linfocele cujo líquido pode ser diferenciado da urina dosando-se uréia e creatinina no líquido aspirado (na urina as concentrações desta substância são consideravelmente maiores no plasma do que no líquido da linfocele). A linfocele causa abaulamento do local do enxerto e disfunção do mesmo devido à compressão do parênquima renal e vasos do hilo, além de dor. O melhor tratamento para as linfoceles de grande volume é a marsupialização para o peritônio através de videolaparoscopia ou cirurgia aberta.

A fístula pode ser renal (ruptura renal ou fístula caliceal), ureteral, ureterovesical ou vesical. A urina pode ser aspirada e dosada para uréia e creatinina, cuja concentração excede ao plasma várias vezes. A cistografia mostra a fístula vesical ou localizada na junção ureterovesical, e a urografia excretora mostra a ruptura renal ou a fístula caliceal ou ureteral, que é a mais comum. Em geral a fístula caliceal exige reparo aberto por cirurgia, mas algumas fístulas renais ou ureterais podem ser manejadas com nefrostomia percutânea. Um duplo J passado por via retrógrada ou anterógrada por punção percutânea pode fechar uma fístula ureteral. Contudo, quando causadas por extensa necrose ureteral, exigem exploração cirúrgica e substituição do ureter do doador por um do receptor ou outro tipo de revisão do ureter com o psoas “hitch”, cirurgia de Boari ou reimplante ureterovesical. A estenose ureteral é um acontecimento tardio e se manifesta por piora da função renal e gradativa hidronefrose. Em geral há necessidade de cirurgia com excisão da parte estenosada do ureter com ureteroureterostomia ou outra técnica, como descrito acima para fístula ureteral.

Urinárias São as complicações mais freqüentes do TR. A fístula urinária precoce aparece nas primeiras semanas do pós-operatório. A urina extravasada comprime o rim e o ureter, fazendo pressão sobre o peritônio e causando dor abdominal intensa, massa palpável sobre o local do enxerto, distensão abdominal e abrupta oligúria. O quadro abdominal pode ser confundido com abdome agudo. A ultra-sonografia abdominal mostra a coleção de urina.

Ruptura do enxerto É a complicação mais grave do TR e se deve geralmente a rejeição aguda ou trombose de veia renal. É de grande importância, podendo acarretar risco de vida. Às vezes a nefrorrafia aberta e o tratamento de rejeição podem salvar o rim, mas freqüentemente as lesões vasculares e a necrose extensa tornam o tratamento conservador inútil ou perigoso, e a nefrectomia se impõe.

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