Guia Prático de urologia

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Retroperitônio superior Nesta localização temos os seguintes órgãos: aorta abdominal, veia cava inferior, linfonodos, rins, adrenais, pâncreas, ureter proximal e partes do duodeno.Tecnicamente pode-se utilizar o acesso posterior, aproveitando-se parcialmente os órgãos parenquimatosos como “janela” ecográfica. O preparo intestinal prévio pode facilitar o estudo por via ventral, pois no momento em que o transdutor determina uma pressão abdominal, as alças intestinais podem ser assim afastadas e a visualização do retroperitônio se torna possível. Para identificação e estudo dos vasos retroperitoneais deve-se preferir a ultra-sonografia com Doppler colorido. Nas mãos de examinadores treinados a ultra-sonografia convencional permite diagnósticos importantes nesta região anatômica.

Adrenais Ao contrário do pâncreas e dos rins, o tamanho das adrenais é variado. O tamanho longitudinal varia de 2 a 7 cm e o transversal de 1,5 a 4 cm. A transição entre achado normal e hiperplasia pode ser difícil de ser caracterizada. Podem ser sede de metástases em vários tipos de neoplasias e tumores primários.

Hematomas Hematomas podem ser visualizados como conseqüência de cirurgias, traumatismos ou sangramentos espontâneos, como no caso de tumores, aneurismas e distúrbios de coagulação.

Abscesso Abscesso retroperitoneal é raro. Pode ser conseqüência de inflamações perfurantes do pâncreas e do rim, bem como por osteomielite e espondilite da coluna vertebral. Outros achados possíveis são coleção de urina, linfocele, tumores e fribose retroperitoneal.

Bexiga e ureter distal Utiliza-se a freqüência entre 3,5 e 5 MHz. Para um exame adequado da parede vesical é necessária uma repleção parcial da bexiga. Dificuldades técnicas ocorrem com presença de pequeno volume urinário e adiposidade. Quando da presença de pouco líquido na bexiga, recomenda-se a realização do exame após o enchimento fisiológico da mesma. Uma bexiga parcialmente vazia pode produzir dobras e pregas de mucosa, que não devem ser confundidas com lesões exofíticas. O exame ultra-sonográfico da bexiga e ureter distal se faz por via suprapúbica, com o paciente em decúbito dorsal. O transdutor é colocado em posição paralela e superior à sínfise púbica (transversal), além de longitudinal. Examina-se a espessura da parede, contorno liso do urotélio, forma, além de se medirem dimensões. As possibilidades de diagnóstico ecográfico da bexiga e ureter distal são as seguintes:

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Cap 04 - Ultra-sonografia.pm6

n Bexiga •

urina residual,

alterações da parede vesical (hipertrofia, pseudodivertículo),

corpos estranhos (cálculo vesical),

tamponamento vesical por coágulos,

tumores vesicais.

n Ureter distal •

cálculos,

dilatação ureteral (uropatia obstrutiva, megaureter),

ureterocele,

corpo estranho (“stent”, cateter duplo J).

O achado normal da bexiga é uma parede lisa e conteúdo anecóico. O diâmetro da parede vesical mede poucos milímetros (máximo de 5 mm com enchimento maior que 100 ml de urina). Em homens, pode ser verificada a próstata, a qual é mais ou menos proeminente. Com boa qualidade e exame parcimonioso é possível verificar ejaculação urinária através dos meatos ureterais. As vesículas seminais situam-se póstero-inferiormente ao trígono vesical, sendo visualizadas como órgãos simétricos e com estrutura central anecóica.

Determinação da urina residual e volumes A medição de urina residual por ultra-sonografia substituiu a utilização de cateterismo pós-miccional. Para isto medem-se as distâncias das paredes vesicais, após a micção, em três eixos (longitudinal, transversal e ântero-posterior). O volume pode ser obtido pela multiplicação destes valores pelo fator 0,5236. Na prática, utiliza-se o fator 0,52. Deve-se notar que se a avaliação da urina residual for feita com a bexiga superdistendida ou com muito pequeno volume, o resultado obtido poderá ser errôneo. Devido ao fato de que também o cateterismo demonstra valores variáveis de urina residual para um mesmo paciente e é invasivo, pode-se considerar a ultrasonografia o método indicado para este tipo de avaliação. O estudo ultra-sonográfico transabdominal da próstata e vesículas seminais permite avaliação do tamanho dessas estruturas, porém não apresenta a qualidade da via transretal. O ultra-som abdominal é útil para medir o volume da próstata, embora possa haver disparidade com a mesma medição pela via transretal, em 10% a 20% do valor. Pode mostrar calcificações prostáticas. Não é útil para avaliar neoplasia da próstata.

Outros achados patológicos na bexiga Os cálculos vesicais apresentam um achado típico com estruturas hiperecogênicas ao nível do assoalho vesical com formação de sombra acústica dorsal. Diagnóstico diferencial inclui tumores vesicais calcificados. Tamponamento vesical com coágulos pode ser reconhecido através de formações ecorrefringentes não-homogêneas e irregulares.

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