Guia Prático de urologia

Page 177

Capítulo 31

Câncer da Bexiga Marcelo L. Bendhack

Introdução Três por cento de todos os tumores malignos são carcinomas da bexiga. Em cerca de 90% a 95% dos casos trata-se de um carcinoma urotelial. Setenta por cento dos pacientes se apresentam inicialmente com um tumor superficial (T a, Tis, T1), enquanto 30% têm primariamente um tumor com infiltração da camada muscular (T2 – T 4) (tabela 1). Devido ao fato de que os tumores superficiais geralmente são tratados com preservação da bexiga e as metástases são raras, o diagnóstico do tumor localizado representa um fator muito importante. Nos casos de tumores invasores da camada muscular a questão fundamental é a extensão extravesical e a disseminação metastática. Os sintomas típicos do carcinoma da bexiga são a macroematúria indolor e, menos freqüentemente, sintomas miccionais irritativos.

Diagnóstico em pacientes sintomáticos w Exame físico - Compreende a palpação renal, hipogástrica e dos genitais internos. Os objetivos são a identificação de uma hidronefrose, de um tumor em hipogástrio e da infiltração dos órgãos pélvicos. Para os homens, isto representa um toque retal com exame da próstata e da ampola retal; para as mulheres, um exame vaginal com palpação dos órgãos genitais internos. w Exame de urina e urocultura • Análise de elementos patológicos no sedimento ou em fitas urinárias; • Urocultura para exclusão de infecção urinária. w Exames de laboratório • Creatinina sérica como parâmetro da função renal global; Endereço para correspondência: Rua Mauá, 1.111 80030-200 - Curitiba - PR Telefax: (0--41) 352-5911 E-mail: www.aol.com.br/mbendhack

• Hemograma e coagulograma como preparo pré-operatório da ressecção transuretral (RTU) diagnóstica. w Ultra-sonografia do abdome • Rins: verificação de dilatação do sistema coletor; • Bexiga: determinação da extensão e localização do tumor. A ecografia da bexiga pode, na dependência do tamanho do tumor, detectá-lo em até 90% dos casos. Resultados falso-negativos ocorrem em até 40%, falso-positivos ocorrem devido a, por exemplo, trabeculações da bexiga. Coágulos urinários são encontrados em cerca de 10% dos casos. w Uretrocistoscopia - O diagnóstico de tumores vesicais se faz através de cistoscopia. O exame endoscópico localiza o tumor, verifica o número de lesões e a forma de crescimento/apresentação, e pode freqüentemente diferenciar tumores superficiais daqueles que invadem a camada muscular. Nem sempre a imagem cistoscópica é compatível com o carcinoma da bexiga, sobretudo em se tratando de carcinoma in situ. Em todos os casos de dúvida estão indicados exames de citologia e histologia através da retirada de material por meio de ressecção transuretral (RTU) ou biópsias a frio. A cistoscopia fluorescente com o ácido 5-aminolevulínico merece uma avaliação científica mais cuidadosa antes de poder ser indicado rotineiramente. w Urografia excretora - É parte integrante da rotina préoperatória, pois até 5% dos pacientes com carcinoma urotelial da bexiga apresentam também tumores do trato urinário superior. w Citologia urinária - Indispensável se houver suspeita cistoscópica de Tis, pois esta pode assim ser identificada em até 90% dos casos. Em todas as outras situações, a citologia pode ser considerada facultativa. A sensibilidade é dependente da diferenciação das células tumorais. Tumores bem diferenciados não são diagnosticados à citologia em mais da metade dos casos. Este método diagnóstico pode ser influenciado por hematúria macroscópica, infecções e litíase urinárias. GUIA PRÁTICO DE UROLOGIA

177


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.