GUIA DVA 2010

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GD: Há alguém no Brasil que você veja como referência em foto? Por quê? MG: Sim, vários fotógrafos. Clício Barroso de SP na área de tecnologia digital e na fotografia. Um cara exigente com ele mesmo e com os outros. Admiro também Pedro Martinelli pelo seu trabalho jornalístico, Sebastião Salgado (documental preto e branco), Mario Cravo Neto, Bob Wolfenson e tantos outros. GD: Entre foto digital e analógica, em sua opinião, qual é a melhor? MG: Não sei se é o caso de apontar o melhor ou pior. Acho que depende muito do resultado que se quer. A partir de 2002 a revolução digital na fotografia veio com tudo. Acredito que hoje seja impraticável fotografar comercialmente com filme se não se tem prazos maiores e verbas melhores. O digital com certeza ajudou muito, melhora os processos e dá mais segurança em alguns casos difíceis. Com filme você tem de ser cuidadoso sempre para não errar, porque você pode não ter outra chance para fazer a foto. Com o digital, o acesso instantâneo à imagem facilita demais. Se saiu errado você repete e faz certo. Por outro lado, com o digital o fotógrafo tem de ampliar o seu leque de conhecimentos. Antes o filme ia para o laboratório ser processado e ali terminava o processo. Dali para frente era conseqüência da preparação feita anteriormente. Hoje você fotografa, edita, trata. A participação efetiva do fotógrafo aumentou, bem como o controle sobre os resultados. Acho que estamos num ótimo caminho com o digital. Sem contar que o processo fotográfico tradicional (filme) é extremamente poluente. Químicos que são jogados fora, papel gasto nas ampliações e gastos em filme agora são coisa do passado. GD: E qual o segredo para uma boa foto? MG: É segredo!

nem tanto. Mas a maioria dos fotógrafos que conheço são um pouco avessos a aparecer em fotos. Talvez por esta razão tenham escolhido ficar por trás da câmera. GD: Você é a favor da manipulação digital? Para você qual é o limite que uma foto pode ser alterada? MG: Sou totalmente a favor, mas depende do caso ou da utilidade. Na publicidade não tem como não ser a favor. Você constrói uma imagem que muitas vezes é um sonho, uma representação. Lida com desejos, sonhos, vontades. Já no jornalismo a coisa muda. Deve ser respeitada a realidade, o leitor quer a verdade como o fotógrafo viu, sem mudanças. Acho que em retratos pode existir um limite para não descaracterizar o modelo. E no caso das paisagens, quem conhece lugar e vê uma foto muito alterada acaba reconhecendo o erro e a imagem perde a credibilidade. GD: Quais foram os locais mais bonitos que você fotografou? MG: Vários. Existem os bonitos que estão perto, como Floripa, interior do Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Rio de Janeiro pelas belezas naturais. Já lá fora a lista pode ser longa. Acho que lugares diferentes nos rendem imagens mais impactantes como na Tailândia, Marrocos e Atacama. Como tudo é novo, quando se viaja as imagens tendem a ser interessantes também. GD: Tem algum lugar especial que você fotografou ou que te chamou atenção? MG: Recentemente estive no Sul da Argentina – Ushuaia – selvagem e frio. Também no ano passado fui a Macchu Picchu, que foi incrível. Tailândia pela diversidade cultural, Marrocos pelas cores, Barcelona por causa de Antonio Gaudi e Paris por suas belezas arquitetônicas. A lista é grande.

GD: Em Santa Catarina temos muitas paisagens interessantes, tem alguma que você acha que vale a pena conhecer e fotografar? MG: Claro, para quem gosta de praias temos muitas. Diria que quase todas têm sua beleza. Particularmente adoro Santo Antônio de Lisboa e o Campeche. Se o dia estiver bom e GD: Todo mundo pode sair bem em uma foto ou há pes- sem vento, toda a Ilha de Santa Catarina. O litoral norte do estado também é muito belo, bem como o interior (campos e soas que não são fotogênicas? MG: Todo mundo. Sair bem na foto depende muito de quem serras) e as cidades históricas. Santa Catarina é um estado julga a foto para dizer se está “bem” ou não. Todos têm o po- rico ao olhar. tencial, vai depender dos critérios usados. Em geral, algumas pessoas são mais fotogênicas, ficam mais à vontade. Outras GD: O que te chama atenção no olhar? MG: Quase tudo. Acho que todo fotógrafo, bem como todo artista, deve estar atento a tudo. Seja luz, forma, textura, cor, sentimento. Tudo me chama atenção.

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