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CORTESIA

São Paulo, 19 de Dezembro a 15 Janeiro de 2015 | Anos XVI - Nº 184| Lino Almeida Diretor Responsável

Associação Comercial de São Paulo comemora 120 anos de História

País muda CNH e registro para evitar a fraude e favorecer fiscalização Alterações seram feitas na Carteira Nacional de Habilitação para evitar fraudes. O sistema estará disponível a partir de julho de 2015 e conta com diversas inovações e tecnologia. ..................Pg. 14.

“A ACSP tem uma característica importante. Mesmo sendo uma entidade da cidade de São Paulo, suas ações têm re-

levância nacional”, revela Alencar Burti.A entidade relembrou sua trajetória com homenagens a ex-presidentes, a colabo-

radores, aos associados mais antigos e ao fundador da ACSP, Antonio Prost Rodovalho, representado in memoriam

por seu trineto Eduardo Rodovalho. ..................Pg. 6.

Forças Armadas e Policiais recebem o Marco da Paz

Os Colégios particulares com tecnologia de ponta unem pipetas a bluetooth aprimorando o saber Em aulas laboratoriais alunos ganham olhar digital para auxiliar e facilitar o cotidiano. Favorecendo seu ingresso no mercado de trabalho com uma nova visão em determinados segmentos. ..................Pg. 8.

Lojas apostam na personalização

e clientes criam produtos de sua preferência

Em reconhecimento por seus atos de bravura em prol da Paz. Foram agra-

ciados entre os policiais to, Marinha e Aeronáumilitares, civis, federais, tica. A homenagem foi componentes do Exérci- realizada pela ACSP e

suas distritais Centro, Norte e Nordeste ..................Pg. 6.

Esse mercado favorece as vendas e promove a satisfação dos clientes. A maior dificuldades é encontrar fornecedores com combinações diferentes. ..................Pg. 11


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O LADO POSITIVO DA CORRUPÇÃO

EDITORIAL

Enquanto o salário médio de admissão dos brasileiros está estagnado, a remuneração na administração pública registrou um crescimento 11,2%

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arafraseando Clemenceau, corrupção é algo sério demais para ser confiado a políticos, promotores e juízes. Nem que seja por amor à arte, vale a pena dar uma olhada no que dizem os biólogos. A primeira surpresa é constatar que não se trata de um fenômeno exclusivamente humano. Ainda que nossa espécie se esmere na matéria, comportamentos que podemos qualificar como corruptos já foram observados em vespas e formigas, o que é um bom indicativo de que, além das reconhecidas razões culturais, a trapaça social tem base biológica. Edgar DuéñezGuzmán, da Universidade de Leuven e de Harvard, tem artigos interessantes sobre o assunto. Resumindo uma história longa e despojando-a de suas equaçõ es e matrizes, a punição é uma ferramenta útil para impedir que indivíduos egoístas tirem proveito do grupo. O problema é que punir trapaceiros implica custos para quem o faz. O sujeito perde tempo, recursos e às vezes ainda se torna alvo de retaliação do bandido. A seleção natural tende, assim, a eliminar punidores ou, ao menos, ensinálos a ficar na sua. Na prática,

Emprego público foi a melhor opção salarial de 2014

A porém, vemos que vingadores existem. Uma possibilidade matemática de tornar sua atuação estável, diz Duéñez, é a corrupção. Se a sociedade tolera que punidores ajam de forma egoísta em troca de seu esforços, há benefício para o grupo, que vê reduzida a proporção dos indivíduos que não cooperam. Mas, se isso fosse tudo, todas as sociedades humanas seriam igualmente corruptas, e o que observamos é que os níveis de desregramento variam e são inversamente proporcionais ao grau de prosperidade do grupo. Duéñez sugere que a corrupção é uma forma subó-tima de manter a cooperação, podendo ser substituída, com vantagens, por outros elementos, como salários para os punidores, ganhos reput acionais etc. É essa transição do estilo mafioso de manter a ordem para o institucional que o Brasil ainda não concluiu. Lino Almeida Editor Exrcutivo

Distribuição: nas bancas, prédios, comércios, lojas dos Shopping Center Norte e Lar Center, no Clube Esperia e Acre Clube. Remetido, também, a assinantes e ao Mailing List da Associação Comercial de São Paulo e também para assinantes em outros estados.

perda de fôlego d a e c on om i a brasileira já está respingando no mercado de trabalho. No Caged, o saldo de vagas formais criadas nos últimos 12 meses até outubro soma 473.796 – o desempenho mais fraco desde o pico da crise de 2009. Outro sinal dessa paradeira é a evolução dos salários. Um indicador elaborado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, da USP) e o site de empregos Catho, com base em dados do Ministério do Trabalho, mostra que o salário médio de admissão, na mesma base de comparação, ficou, descontada a inflação, estagnado. Isso mesmo: ganho real zero. Em meio a tantos dados negativos, chama a atenção o desempenho da administração pública. Tirando a alta dos preços (medida pelo IPCA), quem ingressou no setor público experimentou um aumento de salário de 11,2% nos últimos 12 meses até outubro. E, mesmo sem considerar a variação e somente o valor dos salários iniciais, ninguém se deu melhor no Brasil que o servidor público em 2014 – nem a indústria, nem o comércio ou a construção civil. É um salário de contratação de R$ 1.808, 52,5% a mais que a média dos setores produtivos (R$ 1.185). Antes, uma pausa: por

que estamos olhando o salário de admissão e não a remuneração média de toda a população ocupada? Para a Fipe, o salário de admissão é um termômetro mais ágil do comportamento do mercado de trabalho. É fácil concordar. Mesmo em tempos cinzentos, as empresas pensam duas vezes antes de demitir, de olho nos altos custos trabalhistas. Quem acaba recebendo esse “desconto” é quem está ingressando em um emprego novo. Agora, se for por reposição de demitidos mais “caros”, esse movimento fica ainda mais claro. Se não é das melhores notícias para as finanças públicas, esse crescimento salarial dá a dimensão da estabilidade do setor público e ajudar a explicar a verdadeira multidão que dedica anos de

estudo para ser aprovada numa seleção. Segundo uma estimativa da Anpac (Associação Nacional de Proteção e Amparo aos Concursos Públicos), 12 milhões de brasileiros disputam anualmente c argos nas esferas municipal, estadual e federal. Menos vagas, mais salário. Isoladamente, quem olha os dados salariais da indústria (veja mais acima) pode se surpreender com o desempenho mais forte

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que a média – tirando, claro, o emprego público. “C omo a indústria está fechando vagas, é provável que o setor esteja contratando pessoal mais qualificado para dar conta do trabalho que antes era executado por mais pessoas”, afirma Eduardo Zylberstajn, pesquisador da Fipe. Se criação de emprego e avanço salarial estivessem andando juntos, diz ele, o movimento poderia ser considerado mais saudável. Não é o caso.


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Dezembro de 2014 4 Associação Comercial de São Paulo comemora 120 anos a serviço do Brasil. Empreendedores e Associados parabenizam a entidade que vem incentivando o empreendedorismo.

Mensagem dos Superintendentes

das Distritais Norte e Centro P

Distrital Norte: George Ayoub

arabenizo a ACSP pelos seus 120 anos de luta na defesa dos princípios da livre iniciativa empresarial na cidade de São Paulo, no Estado e no Brasil. São 120 anos pela criação de um amplo mercado consumidor de produtos e serviços no país. A ACSP não representa apenas os empresários do comércio, mas de todos os setores da nossa economia, como serviços, profissionais liberais, indústria e agronegócio, por isso temos uma visão mais ampla do que é importante para o florescimento da livre iniciativa.

C

Distrital Centro: Luiz Alberto Pereira

ongratula com a ACSP pelos seus 120 anos, sendo uma bandeira paulista que incentiva a livre iniciativa para ajudar o empreendedor a desenvolver sua atividade. Desde de sua fundação em 1894, jamais se desviou de seus objetivos principais. Hoje a entidade amplia sua capacidade de atuação através da 15 sedes distritais. Acima de tudo é uma escola de formação de líderes comunitários, onde cada vez mais tem representatividade na luta pelos interesses dos empreendedores da sua região.


Mensagem do Presidente Dezembro de 2014  5

da ACSP Rogério Amato

É parte indispensável de uma rede nacional de associações

comerciais. Mexeu com um, mexeu com todos.

A

Associação Comercial de São Paulo tem herança acumulada de 120 anos de história pautados pela atuação em defesa da liberdade individual como base para o desenvolvimento da livre-iniciativa no campo econômico, da democracia na área política e da responsabilidade e solidariedade no plano social. Entidade de âmbito municipal mas com forte atuação na esfera nacional, a ACSP congrega empresários de todos os setores econômicos: comércio, indústria, serviços, agronegócio, instituições financeiras e profissionais liberais ligados às atividades econômicas. Conta em seu quadro com cerca de 30 mil associados,

representados por micros, pequenas, médias e grandes empresas, mediante adesão voluntária, o que a obriga a prestar serviços para garantir os recursos necessários à sua atuação. O princípio fundamental que une as Associações Comerciais é a defesa da liberdade individual; e os objetivos das ACs podem ser definidos como: congregar os empresários, representá-los, defender a economia de mercado e lutar pelo desenvolvimento político, econômico e social, com base na tradição, na ética, na capacidade do povo brasileiro e na confiança no futuro. Tradição é um valor importante, mas não se confunde com imobilismo. Pelo contrário, a tra-

dição da ACSP sempre foi a de ser “contemporânea de seu tempo”, modernizando-se para acompanhar as novas exigências resultantes das transformações do país. A defesa intransigente da ética decorre da certeza de que a liberdade econômica apenas se legitima com base no comportamento ético dos empresários, pois, além de leis, regulamentos e contratos, o mercado depende da confiança entre os agentes econômicos para poder funcionar. Não basta, contudo, apenas a defesa de posições institucionais. A Associação Comercial de São Paulo procura dar a devida atenção aos problemas específicos enfrentados pelos empresários, mesmo

aqueles que pareçam ser pouco importantes, quando comparados com os desafios institucionais ou macroeconômicos. Para o empresário, no entanto, o problema que pode parecer insignificante do ponto de vista geral pode representar a diferença entre a sobrevivência ou o fim da empresa. O empresário precisa ter certeza de que a ACSP fará com que sua voz, que isolada nada significa, possa ser ouvida ao se somar a milhares de outras vozes, por meio de uma entidade forte que é parte indispensável de uma rede nacional de associações comerciais. Mexeu com um, mexeu com todos.”


A Associação Comercial de São Paulo (ACSP), em seus 120 anos de história Dezembro de 2014 6

É considerada a voz do empreendedor paulistano

A

Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que completou 120 anos. A entidade relembrou sua trajetória com homenagens a ex-presidentes, a colaboradores, aos associados mais antigos e ao fundador da ACSP, Antonio Prost Rodovalho, representado in memoriam por seu trineto Eduardo Rodovalho. Sobre a ACSP: A Associação Comercial de São Paulo (ACSP), em seus 120 anos de história, é considerada a voz do empreendedor paulistano. A instituição atua diretamente na defesa da livre iniciativa e, ao longo de sua trajetória, esteve sempre ao lado da pequena e média empresa e dos profissionais liberais, contribuindo para o desenvolvimento do comércio, da indústria e da prestação de serviços. Além do seu prédio central, a ACSP dispõe de 15 Sedes Distritais, que mantêm os associados informados sobre assuntos do seu interesse, promovem palestras e buscam soluções para os problemas de cada região. Ao cumprimentar as empresas associadas à en-

tidade há mais tempo, o presidente da ACSP e da Facesp, Rogério Amato, citou como é difícil insistir em um negócio, e mantê-lo aberto, e elogiou a coragem dos empreendedores. ​”Apenas 190 empresas

brasileiras, dentro de um universo de 14,5 milhões chegaram aos 100 anos de atividade. Esse número representa pouco mais de 0,1% d​as empresas​. E se essas empresas resistiram, é porque foram movidas

essas autoridades uma singela homenagem, porém muito significativa por seu contexto histórico e simbólico da honraria recebida: O Marco da Paz. O Marco da Paz é um monumento único no gênero, lembrado aos povos dos 5 continentes, a necessidade da manutenção da paz e a promessa de um mundo melhor. Os diretores superintendente das Distritais Norte, Nordeste e Centro, respectivamente George Ayoub, Michel Wiazowki Rocha e Luiz Alberto Pereira da Silva, além do comandante do CPOR - cel. Heber Garcia Portella. Os homenageados com a entrega da réplica do Marco da Paz foram: O diretor superintendente da ACSP Distrital Norte George Ayoub. Enalteceu os homenageados e ressaltou a importância desse trabalho de bravura pelos policiais. “Nós estamos homenage-

ando pessoas merecedoras pois defendem a população. E fico muito feliz de que vocês recebam o Marco da Paz simbolizando esse grandioso trabalho de vocês. Parabéns a todos que se destacaram esse ano de 2014”. A Associação Comercial é uma instituição de 120 anos, e o comércio não se preocupa somente com a sua atividade, mais também com a segurança. E isso temos a guarda, da polícia militar. João de Favari, Vice presidente da ACSP e coordenador da Distrital Norte e Centro. Aos senhores e senhoras policiais que recebem o Marco da Paz, recebam nosso agradecimento pois sabemos que diariamente saem de suas casas sem saberem de certo se retornarão, com o objetivo de proteger nossas vidas e nossas famílias. Parabéns a todos os homenageados!”

pela liberdade de empreender”, afirmou Amato. ​​ Os ex-presidentes da ACSP Alencar Burti e Guilherme Afif Domingos, que é ministro da Micro e Pequena Empresa, participaram do evento e

frisaram a importância da Associação e o momento pelo qual a entidade passa. “A ACSP tem uma característica importante. Mesmo sendo uma entidade da cidade de São Paulo, suas ações têm relevância

nacional”, disse Burti. “A entidade tem o papel de atrair novas gerações de empresários, que darão sequência aos ideais da livre iniciativa. A ACSP chega aos 120 anos reformulando suas ações para se alinhar aos novos tempos”, afirmou Guilherme Afif. Casa da Boia, Antarctica/ Ambev e Pernambucanas foram as empresas homenageadas por estarem há mais tempo associadas à ACSP. Nos festejos de 120 anos também teve a celebração de uma missa na Capela São José, no Pátio do Colégio, conduzida por Dom Fernando Antônio Figueiredo, Bispo da Diocese de Santo Amaro, e do Padre Carlos Alberto Contieri. O Coral Schola Cantorum encerrou o ato religioso. O livro “120 anos”, que conta as histórias das Associações Comerciais no Brasil e da ACSP, fundada em 1894 por Antonio Prost Rodovalho. A edição também traz relatos com as principais lutas e causas que moveram a entidade ao longo desses mais de cem anos.

A Associação Comercial de São Paulo e as Distritais Centro, Norte e Nordeste homenageiam policiais e forças armadas com Marco da Paz Em reconhecimento por seus atos de bravura em prol da Paz

A

Associação Comercial de São Paulo, através das Distritais Norte, Nordeste e Centro promoveram, uma solenidade para homenagear policiais e membros das Forças Armadas, como forma de agradecer o empenho de todos que trabalham pela segurança pública. Durante a solenidade, agraciados entre policiais militares, civis, federais e componentes do Exército, Marinha e Aeronáutica receberam uma réplica do monumento Marco da Paz, instituído pela ACSP como forma de lembrar a importância da paz. O Marco da Paz está presente em vários países e sua réplica e entregue pela ACSP a pessoas e entidades que prestaram importantes serviços à sociedade. Há 12 anos, a Associação Comercial de São Paulo vêm anualmente prestar merecidamente a todas

Michel Wiazowaski, Comodante CPOR, cel de Inf. Heber Garcia Portella, João de Favari, George Ayoub e luiz Alberto


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Número de famílias inadimplentes em São Paulo diminuiu 1,5% mês Endividamento é maior entre as famílias de renda mais baixa, pois são as que sentem mais os efeitos da inflação e, então, aumentam busca por crédito

A

proporção de famílias paulistanas endividadas diminuiu 1,5% no mês de nove-mbro, quando chegou a 43,8% de todas as famílias entrevistadas na Pesquis a de Endividamento e Inadimplência do C onsumidor (PEIC). O levantamento é realizado mensalmente pela Federação do C omércio de B ens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). É o resultado mais baixo desde fevereiro de 2012. Em outubro, a porcentagem das famílias que possuíam algum tipo de dívida chegou a 45,3%. Já em novembro do ano passado, o nível de endividamento era de 52,1%, segundo a pesquisa. Segundo avaliação da FecomercioSP, a queda do nível de endividamento das f am í l i a s e st á relacionada aos indicadores macroeconômicos que apontam um cenário de baixo crescimento, inflação e juros em alta, além de menor crescimento da renda do consumidor. Nos últimos meses, o conjunto dess es fatores tem deixado o consumidor mais cauteloso na obtenção de novos financiamentos, re du z i n d o g r a d at i vamente o nível de

endividamento das famílias. Na segmentação por renda, nas famílias que ganham até dez salários mínimos, o porcentual de endividados foi de 47% - queda de 2,8%, em relação ao mês de outubro (49,8%). Já nas famílias que ganham mais de dez salários mínimos, esse índice chegou a 34,5%, apontando alta de 2,2% na comparação com o mês anterior. De acordo com análise da entidade, o endividamento é maior entre as famílias de renda mais baixa porque estas sentem mais intensamente os efeitos da inflação e, a fim de manter os padrões de consumo, aumentam o nível de endividamento por meio de crédito. Para esta faixa da população, o crédito representa um importante meio de inclusão nos padrões desejáveis de consumo. Ainda de acordo com as famílias paulistanas entrevistadas em novembro, 10,5% possuem contas em atraso, apresentando estabilidade em relação ao mês passado (10,7%). Esse é o nível mais baixo registrado desde fevereiro de 2012. No comparativo com novembro do ano passado, o indicador apresentou queda 4,3%. Com relação ao volume

de famílias com contas em atraso, 49% delas têm contas vencidas acima de 90 dias; 22,7% admitiram ter contas atrasadas entre 30 e 90 dias; e 26,3% do total de famílias estão com dívidas atrasadas por até 30 dias. Contudo, apenas 3,5% acreditam que não terão condições de pagar

total ou parcialmente suas contas no próximo mês. Em novembro do ano passado esse porcentual era de 4,5%. A pesquisa mostra ainda que o principal tipo de dívida continua sendo o cartão de crédito, utilizado por 67% das famílias entrevistadas. Em seguida,

estão financiamento de carro (21,2%), carnês (16,8%), financiamento de casa (13,9%), crédito p e ss o a l ( 1 2 , 1 % ) e cheque especial (6,3%). A justificativa para o alto nível de utilização do cartão de crédito é a expansão do consumo

nas classes C, D e E da população. Isso porque os cartões são oferecidos até mesmo gratuitamente e sem que o consumidor tenha conta bancária, oferecendo adicionalmente o parcelamento das dívidas muitas vezes, sem juros.


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EDUCAÇÃO: O melhor investimento da vida

Escolas de SP unem pipetas a bluetooth no laboratório

Para acompanhar as novas gerações, que são cada vez mais conectadas, colégios particulares inovam disciplina prática e interação com a realidade no cotidiano

E

m uma sala modelo do Colégio Bandeirantes, na capital paulistana funciona o chamado Maker Space. Uma mistura de laboratório e oficina em que professores de várias disciplinas coordenam projetos desenvolvidos pelos alunos. As paredes ostentam obras de arte dos estudantes ao lado de uma impressora 3D. Alunos fazem um teclado com canos, outros usam a câmera do celular para criar uma lente digital de aumento. Uma turma desenvolve um dispositivo para abrir uma porta pelo celular e outra realiza um experimento para testar se a mão enrugada pelo contato com a água torna a pele mais aderente.

Alunas no Maker Space do Colégio Bandeirantes, na Vila Mariana, zona sul de São Paulo. Para a coordenadora d o l a b o r at ó r i o d e ciência do Bandeirantes, Cristiana Assumpção, as experiências refletem exigência da sociedade. “Estamos em um momento em que é possível criar uma escola pensada pelos teóricos há muito tempo”, diz. “Com essas aulas, os alunos veem tudo do currículo, mas vão muito mais a fundo.” As ideias dos projetos são dos estudantes. “Quando a aula é prática, você está interagindo e fica fácil”, explica Beatriz de Marchi, de 13 anos. “Seria legal se tudo fosse prático. A gente entende o que aplica”,

afirma Julia Aluotto, de 14 anos. Na opinião da orientadora educacional Ana Claudia Esteves Correa, da Escola Stance Dual, na região central, as mudanças nas aulas estão aliadas a uma visão do mundo não compartimentado, contrastando com uma divisão curricular em disciplinas, como sempre ocorreu. “A lógica é que o aluno possa, a partir da curiosidade e do desejo de resolver os problemas, usar os conhecimentos acumulados que podem ser da física, química.” A tecnologia não está mais restrita ao laboratório de informática, como acontecia no passado. Ganha cada vez mais importância nas aulas,

nas quais está presente, por exemplo, por meio de tablets. “É a tecnologia aliada às disciplinas”, diz Ana Claudia. Na Stance Dual, as aulas no laboratório de informática falam sobre design e tecnologia, mas também da aproximação de saberes analógicos. “Tem aluno que não havia feito dobradura, por exemplo. A gente faz uma conexão entre habilidades da vida diária, como explorar o espaço”, explica a orientadora educacional. Transformar a cidade em ambiente de aprendizado tem se tornado comum. “O laboratório parece coisa do século 20. Acabará não existindo mais”, diz Paola Bonfanti, coordenadora da Escola Cidade Jardim

Playpen, cujos alunos já participaram de aulas no Parque Alfredo Volpi e no centro da capital. “O que está se firmando é a sala de aula no mundo”, diz a diretora de tecnologia educacional do Visconde de Porto Seguro, Renata Pastore. “O conceito de laboratório tradicional está cada vez mais fora de moda. Na verdade, a gente tem de

possibilitar o espaço de ensino e aprendizado.” No colégio, uma parceria com o Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos, leva os alunos a comunidades carentes para que eles desenvolvam iniciativas sociais. “A gente tenta buscar solução para o problema real.”

Universidade corporativa é alternativa para reter talentos Quase 50% dos funcionários do comércio varejista trocam de emprego

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alta rotatividade no varejo tem levado muitas redes a investir em universidades corporativas. Além de profissionalizar e qualificar os funcionários a medida visa aumentar o tempo de permanência dos colaboradores na companhia. Anualmente, quase 50% dos funcionários do comércio varejista trocam de emprego, de acordo com o site de recrutamento norte-americano Carrerbuilder. O que antes era uma segunda opção de carreira, agora o segmento vem se consolidando como uma escolha para muitos profissionais, que precisam de capacitação para atender os desejos do consumidor, cada vez mais exigente quando o assunto é atendimento e decisão de compra. “O Brasil é recordista em construções de shopping centers no mundo. Além disso, o varejo cresce até quatro vezes mais que a própria economia do País o que exige um número grande de profissionais capacitados”, afirma o sócio diretor da consultoria BG&H, Marcos Hirai. Mesmo assim, a falta de mão de obra especializada ainda é um dos grandes entraves das companhias que querem investir no

País, segundo o especialista. Tanto que o número de empresas que têm investido em universidades corporativas, assim como em cursos voltados para categoria, devem crescer nos próximos anos. “Essa é uma tendência do mercado e o funcionário acaba criando um vínculo com a comp an hi a.” Considerado um investimento de baixo custo - quando comparado aos altos preços dos MBAs cobrados pelas principais instituições de ensino privadas do Brasil - uma das principais vantagens das universidades corporativas é a possibilidade de as companhias moldarem a grade curricular de acordo com suas necessidades. “Barrar o contato do funcionário com profissionais de outras empresas é outro fator que tem le vado as companhias a investir neste modelo de negócio. Nas universidades tradicionais, você tem o networking entre e s t u d a n t e s ”, lembra o especialista. Varejo em expansão Atenta à demanda do setor, a BG&H, em parceria com a Universidade Mackenzie, irá lançar o primeiro curso de MBA em expansão no varejo. Voltado para profissionais

que ocupam cargo de gerência ou coordenação há pelo menos três anos, 50% do corpo docente será composto por executivos de grandes companhias como Riachuelo, Bob’s,Starbucks, HSBC e Burguer King. Com a primeira turma prevista para março de 2015 e duração de um ano e sete meses, o valor total do curso é de R$ 36,5 mil . “Não existe nenhum curso parecido no mercado, inclusive nos Estados

Unidos e Europa”, conta Marcos Hirai, que fará parte da coordenação do curso. No mercado há 17 anos, o Mc Donald’s University - que está ligada à área de treinamento da Arcos Dourados - é uma das universidades corporativas mais antigas do País. Localizada em Alphaville, na Região Metropolitana de São Paulo, a escola recebe alunos de mais de 20 países. “Temos universidades em sete países, sendo

que a do Brasil atende toda a América Latina”, destaca a diretora de treinamento para América Latina e responsável pela universidade, íris Barbosa. Com pelo menos 18 cursos presenciais, além de outros 50 virtuais, a executiva diz que identificar as lacunas da companhia e capacitar os funcionários para a liderança está entre os objetivos. “Somos formadores de mão de obra, não buscamos pessoas

prontas”, destaca. Hoje, o McDonald’s é a porta de entrada para jovens que buscam o primeiro emprego. Criada para oferecer qualificação específica, desde a utilização dos equipamentos até a gestão dos negócios, todos os franqueados, diretores e presidentes da rede na América Latina passam pela instituição. Anualmente mais de 15 mil pessoas passam pela universidade.


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Inglês Diário e Ensino Médio Integral: inovações do Colégio Cermac em 2015

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Colégio Cermac entra em 2015 acelerando e ganhando novo ritmo. O Ensino Médio ganha força adicional com aulas em período integral. Os alunos terão muito mais tempo para estudar e se preparar para o Enem, o Exame Nacional do Ensino Médio, e os vestibulares. Já a Educação Infantil e o Ensino Fundamental I serão beneficiados com o inglês diário. Os cursos extracurriculares não serão mais necessários. Os alunos Cermac chegarão ao Ensino Médio lendo, falando e escrevendo bem na língua. No Ensino Médio Integral, os jovens terão aulas teóricas, explicações e conceitos no período da manhã. As

aulas extras de Português, Produção de Texto e Matemática permanecem. À tarde, a turma terá aulas de laboratório, resolução de exercícios, discussões, trabalhos em grupo e solução de problemas, colocando em prática o que aprenderam no período matutino. O Cermac quer colocar os seus alunos nas melhores universidades do país e nos mais disputados cursos superiores. Para isso, precisa ajudá-los a estudar sempre e ter foco nos resultados. Este é o objetivo do Ensino Médio Integral – alunos bem preparados para a nova fase da vida. O aluno encerra o Ensino Médio pronto a cursar as melhores universidades do país e a enfrentar com sucesso os desafios do

mundo contemporâneo. O inglês diário chega para garantir aos alunos a proficiência no idioma, sem a necessidade de cursos extras, que pesam no orçamento doméstico e impõem

mais deslocamentos pela cidade congestionada. Com aulas ministradas com iPad e conexão WiFi, um “teacher online” à disposição 14 horas por dia, videoaulas de gramática, áudios

online e material didático digitalizado – que inclui aplicativo que pode ser baixado em e usado em tablets e smartphones, os alunos da Educação Infantil, a partir dos três anos de idade, e

EM INGLÊS DIÁRIO

NO CERMAC APRENDE RÁPIDO

QUEM PRATICA

TODO DIA

EDUCAÇÃO INFANTIL FUNDAMENTAL I

Colégio Cermac - Av. do Guacá, 764 Colégio Cermac Junior - Av. do Guacá, 624 Colégio Cermac Baby - Rua Conselheiro Moreira de Barros, 2580 Mandaqui - São Paulo - SP Tel.: 11 2959-5944 www.cermac.com.br

do Fundamental I, terão aulas de inglês todos os dias, sempre ministrada por um professor especialista acompanhado pelo professor de sala. Estamos criando um novo Cermac a cada ano. Não paramos nunca de pensar sobre as melhores práticas pedagógicas, de pesquisar novas tecnologias, de estudar novos conceitos e de propor iniciativas que resultam em ganhos efetivos para o nosso aluno e para a nossa comunidade. O Cermac caminha rapidamente para ser a melhor escola da Zona Norte da capital. Até breve, no Cermac! Adriano Castanho Diretor-geral do Colégio Cermac


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ECONOMIA E AGRONEGÓCIO

Transportar no Brasil custa duas vezes mais que nos EUA País perde em competitividade em décadas de investimentos pesados, mas não resolvia problemas logísticos

A

falta de um sistema de t ransp or te intermodal, interligado e adequado às distâncias a serem percorridas, faz com que os alimentos produzidos no Brasil custem mais do que nos Estados Unidos e até mesmo do que em países l at i n o - a m e r i c a n o s . O agronegócio nacional perde em competitividade e o produtor investe mais do que deveria. Para se ter uma ideia, em 2013 o Brasil gastou quatro vezes mais com logística da soja e do milho que os Estados Unidos e a Argentina, segundo a Interlog, empresa de transporte. Essa conta vem crescendo a cada ano. Na ponta do lápis, de 2003 a 2013, a elevação do custo com logística do agronegócio foi de 328,5%, de acordo com Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). Isso quer dizer que, há 11 anos, um produtor brasileiro gastava US$ 28 por tonelada para fazer o produto chegar até o porto. Já em 2013, o custo subiu para US$ 92 por tonelada. “ No s p a í s e s desenvolvidos o valor era em torno de U$

15, agora é de U$ 20”, diz Paulo Resende, coordenador do Núcleo de Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral. O gasto nacional com o transporte dos produtos do campo chega a ser o dobro do americano. “A conta total da logística (transporte e armazenagem), no entanto, e 20% maior”, afirma Resende. O principal gargalo está na alta dependência do agronegócio brasileiro do transporte rodoviário. “De cada 100 toneladas que transportamos de granéis, 80 são seguem por caminhões em longas distâncias”, diz Resende. “Diluímos todos os custos fixos e custos variáveis de transporte em um modal só. E isso encarece muito a chamada tonelada/quilômetro.” Nos Estados Unidos, 61% do transporte é feito por hidrovias. No Brasil, o número cai para 7%. Em contrapartida, são necessários US$ 17 para se escoar uma tonelada de grãos por hidrovia, valor que sobe para US$ 65 no transporte rodoviário. O Brasil poderia reduzir em média 20% do custo de exportação da tonelada de soja, assim

como milho e café, se apostasse em um sistema intermodal, em que mais de uma forma de transporte é utilizada. No entanto, a falta de infraestrutura dificulta a implementação do sistema. A avaliação é da Fundação Dom Cabral, que calcula que seria necessário um investimento de 3,5%

do PIB ao ano, pela próxima década, para atingir uma situação logística similar à norte-americana. ARCO NORTE Com o esgotamento do potencial de expansão no Sul e Sudeste, onde estão as principais áreas produtivas, as fronteiras do agronegócio foram deslocadas para regiões

sem infraestrutura, gerando prejuízos logísticos. O caminho mais eficiente de escoamento seria o do chamado Arco Nor te, região que contempla os portos de São Luís, Belém, Macapá, Santarém e Itacoatiara. O problema é que esses portos não possuem capacidade de

exportação nem rotas de acesso. Em 2013, o excedente de 60,8 milhões de toneladas de grãos, produzidos no Centro-Norte, foram escoados pelo Sudeste, congestionando as principais rodovias que levam ao porto de Santos, o de maior capacidade de exportação do Brasil.


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Lojas intensificam personalização e deixam cliente criar produtos

S

e for depender dos irmãos Gustavo, e Carlos Freire, nenhum dos relógios vendidos pela empresa deles será igual. A Brother&Brother permite que o cliente monte seu próprio relógio com diferentes mostradores, ponteiros e pulseiras. Os produtos são vendidos pela web ou na loja da empresa, em um shopping de Barueri (São Paulo). Após a escolha das peças, um relojoeiro faz a montagem em até três dias. Os itens são vendidos por preços entre R$ 800 e R$ 1.050. A empresa, iniciada em abril deste ano, deve faturar R$ 650 mil em 2014. Segundo Gustavo, a maior dificuldade de ter um negócio do tipo é encontrar fornecedores para criar peças com os mesmos padrões para diferentes combinações. A maioria dos componentes vem da China e do Japão. Intensificando a possibilidade oferecida pela internet de manter pequenos negócios vendendo para nichos pouco atendidos pelo varejo, algumas lojas virtuais têm permitido que o próprio cliente crie os seus produtos. Mas não basta só

montar a plataforma para que os clientes criem o que quiserem. É importante ter uma comunicação diferenciada para cada tipo de público, conhecer os hábitos dos consumidores e oferecer ideias de produtos, diz Sthefan Gabriel Berwanger, professor d a B SP ( Bu s i n e ss School São Paulo). Um dos desafios para esse mercado decolar é a dificuldade de encontrar equipamentos e formas de organizar a produção. O objetivo é fazer com que a fabricação não tenha custos proibitivos. “Como a produção em menor escala é mais cara, o produto encarece e a demanda é menor. Esse mercado terá uma virada quando conseguir aumentar a automação da produção”, diz Mauricio Salvador, presidente da ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico). Para manter sua competitividade, a ChocoCrie, que permite a compra de barras de chocolate com ingredientes escolhidos pelo cliente, oferece diferentes níveis de personalização. Para o consumidor c omu m , o s d o c e s custam de R$ 10,50 a R$ 25 e podem incluir

itens como cacau em pó ou flocos de ouro. As maiores adequações ao gosto do freguês acontecem nas vendas corporativas, em que a compra de mais produtos iguais diminui os custos de produção. Nesse caso, a ChocoCrie também permite a cria-ção das embalagens e chocolates com formatos diferentes, diz Filipe Onuki Libano, 29, sócio da empresa. A companhia começou a funcionar em junho do ano passado, com investimento de R$ 250 mil, e pretende faturar R$ 400 mil neste ano. Outro tipo de negócio que permite a personalização é a venda de camisetas, mercado em que atuam as empresas Vitrinepix e Kamisetas, nas quais o cliente pode colocar frases ou imagens nas peças pela internet. A primeira delas pertencia ao fundo de investimentos e.Bricks e foi comprada neste ano pela empresa alemã Spreadshirt, especializada na p e rs on a l i z a ç ã o de itens variados (incluindo b ols as, roupas de bebês e bonés). O grupo deve faturar € 73 milhões (R$ 232 milhões) em 2014. Os valores da transação não foram revelados.


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Gaudêncio Toquarto

@gaudtoquarto

Jornalista, é professor titular da USP e consultor político e de comunicação.

TEMPOS DE BARBÁRIE GAUDÊNCIO TORQUATO

Q

uem ouviu, nos últimos tempos, um grito de “Viva o Congresso”? Quem acha que impostos e tributos têm diminuído? Há alguém que considere adequada a legislação trabalhista da era getulista? Quem acredita que a violência está rareando? Professores e alunos estão satisfeitos com as condições de ensino? Qual felizardo consegue encontrar uma bandeira brasileira para adquirir antes da bandeira de qualquer grande time de futebol? Quem acha que o PNBF - Produto Nacional Bruto da Felicidade - está crescendo? As respostas servem para atestar nosso grau de patriotismo. E expressam a distância entre o território, o país e a nação. O território é o espaço físico que nos abriga. Orgulha-nos a dimensão continental do Brasil, pelas belezas e riquezas naturais. Quanto ao território, um ente ainda sem alma, trata-se de um diamante bruto, em processo de lapidação por meio de leis, códigos, instâncias legais, habitado por pessoas, governado por representantes do poder popular. Nessa condição, adquire o status de país. Já a nação, que tem espírito, abriga as cargas valorativas de civismo, solidariedade, justiça, liberdade, ordem, autoridade, soberania e cidadania. Como erigir uma Nação? Construindo o edifício dos valores da Pátria. Reformando costumes. Consolidando padrões de grandeza. Por onde começar? Pela primeira reforma, a da política. E, a seguir, pela fixação dos eixos da economia. Mas a gastança desses tempos perdulários sobrepõe-se à poupança. E assim, o arquipélago acaba sendo pulverizado

por ilhas de desigualdades. Apesar da escalada de 30 milhões de brasileiros ao meio da pirâmide, outros milhões continuam vegetando nas margens. O analfabetismo funcional (gente que sabe ler, mas não compreende o texto) ainda é muito alto. O espírito cívico desvanece.

A Pátria, um sonho das consciências, vai se esgarçando e formando uma nuvem opaca e fugidia. Há razão para a descrença? Sim. O estado de descalabro que a gestão pública e a política semeiam no território. O delator Paulo Roberto Costa acaba de proclamar: a corrupção é um cancro que está em todos os espaços, nos portos, aeroportos, ferrovias. São licitações fajutas, superfaturamento, desmandos, desvios, percentagens para chefões e chefinhos, sob o olhar complacente dos poderosos. Somos também o país da piada pronta. Pois não é que a defesa do Nelson Cerveró, ex-diretor da Petrobras, está sendo paga pela própria petroleira, eis que a empresa dispõe de um seguro para cobrir ações sob comando de gestores e ex-dirigentes? Os dutos de propina que fluem na gestão pública vêm de longe, lá dos

primeiros vãos de nossa civilização. Climas de emboscada, de conluios e jogos de poder invadem os espaços. Simon Bolívar, o timoneiro, hoje tão em moda, dizia em seus primeiros escritos: “Não há boa fé na América, nem entre os homens nem entre as nações; os tratados são papéis, as constituições não passam de livros, as eleições são batalhas, a liberdade é anarquia e a vida um tormento”. No horizonte da desesperança o que se contempla é uma paisagem de sombras e vestígios dos valores que formavam o caráter de homens valorosos: a firmeza nas crenças, a força da palavra, o cultivo à solidariedade, o zelo pelo compromisso, o amor ao trabalho, a união familiar, o respeito aos mais velhos. Que tempos aqueles em que belas virtudes propiciavam aos cidadãos harmonia e doçura de vida. O grande tribuno, advogado e político, Rui Barbosa, com sua pena flamejante, fecha a moldura desse ciclo de barbárie com sua conhecida cutucada: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça; de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”. DILEMA A presidente Dilma está na dúvida: fechar seu Ministério agora ou deixar para depois da divulgação de nomes de políticos arrolados na delação premiada? Gostaria, claro, de ver primeiro os nomes. Mas, se a lista dos 35 parlamentares anunciados pelo delator demorar? Terá de compor o Ministério antes da posse. Se houver implicados,

os próprios terão de pedir o boné. ALINHAMENTO Lula e Dilma estão muito afinados. Conversam sempre. Portanto, não há dúvida de que os dois caminharão juntos. Mas as alas do PT, de um lado e de outro, não se bicam. Observa-se, por exemplo, que os filiados à corrente de Lula (CNB) deverão ficar mais distantes da presidente. Que chamará para perto figuras identificados com ela: Miguel Rosseto, Secretaria Geral; Carlos Guedes, Ministério do Desenvolvimento Agrário (Corrente Mensagem ao Partido, integrada também pela DS – Democracia Socialista. AS DUAS CARAS A presidente Dilma decidiu modelar a fisionomia do governo com duas bandas: uma, à direita, conservadora, dura, ortodoxa, de agrado do mercado, que tem a missão de segurar a economia; outra, avançada, defendendo posições arrojadas e desfraldando bandeiras clássicas da esquerda – controle social da mídia, revisão da lei da anistia, reforma agrária radical e inflexibilidade nas relações do trabalho etc. Uma no cravo, outra na ferradura. Teremos um governo bifronte. KATIA ABREU E FRIBOI O grupo Friboi, maior financiador da candidata Dilma, rejeita o nome de Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura. Dilma teria feito uma sondagem, com convite implícito, à senadora. A presidente não recuará. A vaqueira Abreu derrubará o boi pelo chifre. No caso, Joesley Batista. O MAIS COMPLETO O depoimento do ex-gerente da Petrobras, Pedro Barusco, aquele que decidiu devolver 97 milhões de dólares, é considerado o mais completo. Com os nomes dos beneficiados, contratos, repartição de propinas etc. DOAÇÕES AOS PARTIDOS Será inevitável que o segundo tempo das investigações nos dutos da Petrobrás contemple a doação de recursos para as campanhas. Nesse caso, os principais partidos serão chamados ao banco dos implicados. Até o momento, o PT está no centro da operação.

Mineração e ocupação urbana

ganham espaço em áreas desmatadas da Amazônia segundo estudo da terra class

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rojetos de mineração e ocupações urbanas foram as categorias que mais aumentaram sua participação nas áreas desmatadas da Amazônia entre 2008 e 2012. A conclusão consta do Terra Class, estudo do governo federal, por meio de imagens de satélite, mapeia o uso das regiões que sofreram corte raso da vegetação. Naquele espaço de quatro anos, a mineração e as ocupações urbanas avançaram 7,5% e 6,9% , respectivamente. Eles continuam, no entanto, a serem minoritárias na ocupação das áreas desmatadas, ocupando apenas 0,14% e 0,71% dos 751,3 km2 de floresta destruídas, o equivalente a 18,5% dos 4 milhões de km 2 da Amazônia. Cerca de 60% da área destruída continuam a ser usada para diferentes tipos de pasto. Outros 5,6% são ocupadas por agricultura anual (aquelas com predominância de

culturas de ciclo anual), dominada pela soja. Em 2012, houve um novo aumento também das áreas com vegetação secundária - aquelas em que, após a supressão total encontram-se em processo avançado de regeneração. Se em 2008, essa categoria ocupava 21,2% do total desmatado, em 2010 chegou à proporção de 22,2% e, em 2012, alcançou 22,9%. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, um dos órgãos envolvidos no projeto, entre 2008 e 2012 os 113 mil km2 com “regeneração estável”, ou seja, que continuam a se recuperar de maneira contínua e não sofreram novos cortes nesse espaço de tempo, equivalem a 2,5 vezes o total desmatado nesse intervalo (44 mil km2). Como o Terra Class demanda uma análise demorada de imagens, ele vai apenas até de 2012.


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SAÚDE EM FOCO

Um quarto dos que reduzem estômago voltam à obesidade Alguns pacientes que fazem cirurgia bariátrica ganham peso, aumentando os riscos de complicações pós-cirúrgicas.

A

s complicações que estão sendo discutidas no importante congresso de cirurgia bariátrica que ocorreu no Rio de Janeiro. O Brasil é o vicecampeão mundial em cirurgias bariátricas, com cerca de 80 mil pro ce dimentos p or ano (10% feitas no SUS), atrás apenas dos EUA, com 140 mil. Segundo os especialistas, é esperado ganhar até 10% do peso perdido na cirurgia bariátrica. Por exemplo: se a pessoa perdeu 50 kg, é normal que ela ganhe 5 kg. O sinal vermelho acende quando o reganho de peso é maior, chegando a 50% ou mais. Pesquisa da UnB (Universidade de Brasília) com 80 pacientes que tinham sido operados havia mais de dois anos mostrou que 23% engordaram além do esperado. Outro estudo da Universidade Federal de Alagoas com 64 obesos operados

revelou que, cinco anos após a bariátrica, 28% estavam obesos. “O problema é que, além dos quilos a mais, o obeso volta a ter os mesmos fatores de risco, como hipertensão e diabetes”, diz o cirurgião Almino Ramos, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. Segundo ele, a principal razão que leva ao reganho é a não aderência do paciente a um novo estilo de vida, que inclui dieta equilibrada e prática regular de exercícios. “A cirurgia não faz milagre. O paciente precisa aderir a um programa multidisciplinar, com nutricionista, psicóloga. Se ele não cumprir esse acordo, o estômago vai dilatar e ele vai ganhar peso.” O Spa Med, em Sorocaba (SP), tem ao menos 150 pacientes nessas condições: fizeram cirurgias de redução de peso e praticamente já ganharam quase

todo peso perdido. Alguns são reoperados. “No começo, eles restringem [alimentos calóricos], mas depois vão driblando as barreiras, tomam milkshake, comem chocolate, pipoca, bebem e, quando se dão conta, estão obesos de novo”, conta Lucas Tadeu Moura, endocrinologista do spa. Muitos desses pacientes, explica o médico, apresentam deficiência de vitaminas, como a B12. A falta desse nutriente pode levar à anemia grave e contribuir para danos cardíacos e neurológicos. O empresário Antônio, 46, fez redução do estômago há quatro anos, com 195 kg. Hoje pesa 170 kg, tem diabetes e hipertensão. “Dieta e exercício não funcionam comigo.” Outro estudo apresentado no congresso do Rio mostrou que 80% dos obesos à espera da cirurgia bariátrica em um serviço de saúde

tinham transtornos psiquiátricos (de humor e de ansiedade). “Isso tem que ser tratado antes da cirurgia. Não adianta colocar a carroça na frente dos bois”, diz Ramos. Segundo Lucas Moura, é frequente também o paciente trocar a comida pela bebida, tornando-se alcoólatra. “É complicado. Ele faz a cirurgia, acha que está curado e some do radar do médico.” VICIO: Obeso desde sempre. É como o engenheiro João, 56, se autodefine. “Fui um bebê Johnson, cheio de dobrinhas. Na infância e na adolescência, sempre fui gordinho.” Na década de 1980, João atingiu 250 kg e decidiu ir morar em um spa. Após um ano de restrições alimentares e exercícios físicos diários, chegou aos 90 kg. “Foi a melhor época da minha vida.” Mas, aos poucos, foi ganhando peso de novo até bater nos 200

kg. “Já viu, né? Família de italianos, tudo gira em torno de comida. Brincando, eu comia duas, três pizzas”, conta. O pai e os irmãos também são obesos. Na década de 1990, João fez duas cirurgias bariátricas. Em ambas ocasiões, conseguiu chegar aos 130 kg. Hoje está com quase 200 kg e não pretende fazer uma nova cirurgia por contas dos riscos de um terceiro procedimento. “Obeso é como alcoólatra, não pode chegar perto de comida. A gente opera, mas a cabeça continua igual. Eu sei que me alimento d e for ma e r r a d a , como muito pão e

massa. Deveria levar a reeducação alimentar a sério, mas não consigo.” Ele também diz ter dificuldades em praticar exercícios físicos em razão do inchaço nas pernas, provocado por uma infecção de pele grave. Apresenta ainda deficit de vitamina B12, ferro e cálcio, o que o fez perder os dentes. “Minha pele está seca, as unhas descamadas. Além de não emagrecer, fiquei com muitas sequelas. Comigo não deu certo”, relata o engenheiro, que continua mantendo acompanhamento psiquiátrico.


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Saúde bucal e coração:

cuidados evitam o infarto

Banco Alemão devolve R$52 mil após

do acordo sobre contas de Maluf

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Deutsche Bank depositou R$ 52 milhões, o equivalente a US$ 20 milhões (câmbio fechado em R$ 2,60), em contas da Prefeitura de São Paulo, do governo do Estado, do Fundo de Interesses Difusos e do Fórum da Fazenda Pública por ter movimentado valores ilícitos da família do ex-prefeito Paulo Maluf (19931996) em sua agência no paraíso fiscal da Ilha de Jersey. Os depósitos são resultado de um acordo

afirmado pela Ministério Público do Estado e a prefeitura da capital com o banco alemão em 24 de fevereiro de 2014. Foram depositados R$ 46,8 milhões na conta da prefeitura; R$ 3,9milhões em favor da Fazenda do Estado; R$ 780,4 mil para o Fundo de Interesses Difusos; e R$ 522 mil para pagamento de perícia em ações cimento de perícia em ações civis movidas contra Maluf no Fórum da Fazenda.

Brasil é o maior alvo de trojans bancário

O

P

roblemas na gengiva pode estar relacionado com alguma cardiopatia O estudo, que destaca a importância da presença de dentistas na equipe hospitalar, foi publicado recentemente na “Revista da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo” por Beatriz Helena Eger Schmitt e colaboradores.

A pesquisa apontou gengiva alterada em 64% dos idosos, cárie, em 42% e placa bacteriana, em 88%. A relação de infecção dentária e doenças do coração já está bem estabelecida. Em editorial da “Revista Brasileira de Cirurgia Cardiovascular”, o professor Reinaldo Wilson Vieira, da Unicamp, esclarece

que as inflamações crônicas da membrana que rodeia o dente (periodontites) iniciam-se com inflamação gengival que forma em seguida uma bolsa ao redor do dente, que termina levando ao desenvolvimento e crescimento de bactérias no local. Dessa forma, destaca Vieira, o diagnóstico e o

tratamento adequado das doenças periodontais são importantes não só para a manutenção da saúde dentária mas igualmente para prevenir alterações dos vasos sanguíneos que podem levar ao infarto agudo do miocárdio, acidentes vasculares cerebrais ou a lesões nas valvas cardíacas.

Levantamento total da empresa de segurança Kaspersky aponta que o Brasil foi o país mais atacado por ações virtuais maliciosas no campo financeiro (trojans). Foram quase 300 mil usuários atacados, número superior ao de Rússia e Alemanha, que o seguem. Além de alvo, por outro lado, o Brasil é o produto do segundo e terceiro trojan bancário mais disseminado no mundo, chamados ChePro e Lehmys, respectivamente.

Os malwares perdem apenas para o campeão de danos ZeuS. Além das ameaças financeiras, roubos de carteiras da moeda virtual bitcoin foram o segundo tipo de ataques mais notado (14%do total). O relatório aponta que as formas de distribuição mais populares de trojans em computadores (aparelho alvo de 38% dos ataques) São através dos softwares Java (da Oracle). Reader (da Adobe).

Contra fraude o país vai mudar CNH e registro

A

partir de julho, o País terá um novo modelo de carteira nacional de habilitação (CNH), com criptografia, para evitar falsificações. O chamado código de segurança cifrado (CSC) permitirá identificar “imediatamente” se o documento é verdadeiro ou se houve alguma tentativa de fraude, segundo o Ministério das Cidades. Os documentos do veículo, que são os

certificados de registro e de licenciamento (CRLV), também terão mudanças, com a adoção de 17 dispositivos de segurança. Por meio da adoção de um código QR, cujos dados serão criados de acordo com o Estado, o número da CNH e o licenciamento, agentes de trânsito poderão fiscalizar os documentos com um aplicativo de celular.


Roteiro GastronĂ´mico

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