ISTO TAMBEM E MEMORIA HISTORICA

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isto também é memória histórica Graças à pressom do movimento popular, a Galiza começa a recuperar a memória dos seus repressaliados e repressaliadas. Descobrem-se os nomes e os lugares que marcárom a barbárie de 1936 e os anos imediatamente posteriores, e em cada paróquia, vila ou cidade, os nomes das pessoas comprometidas e lutadoras podem figurar num monumento ou na plaquinha dumha rua. Sindicatos de classe, organizaçons nacionalistas e forças guerrilheiras começam a ser recuperadas na memória de todos e todas. Podemos dizer que a Galiza já tem memória? Porventura nom tanta como nos parece. Da Gentalha do Pichel queremos contribuir para encher os ocos que ainda ficam e propomo-vos umha incursom modesta e doada. Nem precisa do assessoramento de nenhum historiador de prestígio nem dos subsídios da conselharia de cultura. Nom, nom vamos retrotraermo-nos setenta anos. Mergulharemos um pouco mais perto de todos nós. Apenas trinta ou vintecinco anos, para aproximarmo-nos a feitos que se calhar nom nos sonam e gentes que, em troca, vam resultar mais que conhecidas.. Vamos ser incómodos e incómodas. Mais que nada, pola pretensom de dizermos cousas raras. Como que por exemplo, há três décadas, um importante movimento popular composto por umha 'sopa de siglas' como gosta de dizer o nosso alcalde Bugalho- cria que com auto-organizaçom da gente todo era possível. Todo, ou quase todo, sem ajuda do Estado e atençom a isto- sem subvençons, pelejando mesmo na ilegalidade. E que tem que ver isto com o que vos queremos apresentar, diredes vós? Pois muita. Tanta que muitos famosos governantes, tertulianos, burocratas e trepas da nossa triste actualidade engrossavam os movimentos populares galegos, e insistiam em isto que vos dizemos: que a esquerda devia de ser esquerda, que o nacionalismo nom era autonomismo, e que passar por outra cousa distinta nom servia absolutamente para nada. Claro que poucos deles contavam com que iam ser colunistas bem pagos da imprensa espanhola, cargos da administraçom ou eternos liberados dos aparatos partidários e sindicais. O mundo real dos que sofrem já fica mui abaixo. E, enfim, parece que o Estado, ainda que espanhol, borbónico e neo-liberal, si serviu. Os nossos homens e mulheres célebres elites da Galiza autonómica de hoje- deixárom de praticar cousas estranhas: denunciar 'a farsa democrática' e a constituiçom; afirmar que existem presos e presas políticas; pensar que os estudantes nom se deviam de preocupar só polas notas, o currículo e a entrada gloriosa na precariedade, senom também por achegar algo à transformaçom do mundo; pular por um sindicalismo de todos os assalariados e rebelar-se contra o pacto social. Se houvesse prémios ao transformismo, ao camaleonismo e à falta de princípios sólidos, na Galiza seria dificilíssimo dirimir os primeiros postos. O trosquista Bugalho ou o maoísta Pio Moa? O socialista revolucionário Blanco Valdés ou o comunista patriótico Francisco Rodríguez? Nós nom nos atrevemos a dar medalhas. Mas si fornecer pequenos retalhos de informaçom a leitores e leitoras para confeiçoarem o próprio ranking. Dia da Pátria, 1984


2 O estudantado em Compostela: algo mui distinto a estudar para a precariedade. Nom gostamos de ser nostálgicos nem cantar-vos lacrimógenos o 'cuéntame'. Mas si relatar-vos que ainda que pareça disparate- nas aulas, cafetarias e bibliotecas pensavase em cambiar o mundo, estudar para formar militantes e quadros, denunciar o professorado incompetente e autoritário e exigir si, exigir- a presença do galego no ensino. Por isso a universidade de Santiago era ponta de lança da luta polas liberdades e por isso nenhum sector politizado do estudantado de esquerdas se creu isso da democracia e da constituiçom. Daí que se organizassem fenomenais mobilizaçons contra a LAU ou o decreto de bilinguismo...e daí que a cidade fervesse em lume, barricadas e enfrentamentos com a polícia contra a especulaçom e os preços dos andares. Isto acontecia nos afastados anos 70 e 80. Quem seriam estes estudantes tam estranhos que nom deveciam por esfolar-se para pagar másters e rematar em contratos-lixo sem relaçom nenhuma com a sua licenciatura? Como poderiam viver e divertir-se sem botelhom, tonos e politonos, e a florescente indústria da hospedaria nocturna a inçar as nossas ruas? Como seriam capazes de ler autores subversivos que quase ninguém conhece em vez de instruir-se com 'Gaceta Universitaria'? De onde tirariam valor para enfrentar-se ao professorado espanhol-falante, em troca de ser democratas comodons que dizem isso de 'cada uno habla libremente lo que quiera'?

Fernández Leizeaga como vozeiro de ERGA

Nom procuramos que um marciano no-lo explicasse. Preferimos recorrer a um perfeito cidadao, democrata e acomodado. Leva gravata, tem um carro de alta cilindrada, declara-se galeguista, quer mais o livre mercado que a sua própria mãe e ninguém sabe o que cobra. Ora, nom se suspeita de que precise da RISGA (renda de integraçom social galega) nem que ceda o seu património à solidariedade com os deserdados da terra. Chama-se Fernández Leiceaga e fizo-se concelheiro impopular na cidade por idear o sistema da ORA e aplaudir que os grandes aparcamentos furassem o centro de Santiago. Milita no PSOE porque, depois de mais de duas décadas na órbita do BNG, descobriu que 'a palavra nacionalista nunca lhe dixo grande cousa' (palavras literais).

Pois bem. Topamo-lo entre a poeira de umha hemeroteca, com mais cavelo que hoje e cara de rapazinho bom. Entrevista-o o jornal nacionalista 'A Nosa Terra' como vozeiro que era de Estudantes Revolucionários Galegos, esclarecendo ante os ambíguos que com a constituiçom espanhola 'o ensino formalmente democrático no fundo segue a representar os interesses da classe dominante, e na nossa naçom um elemento fundamentalmente anti-galego.' O nosso homem deveu de ficar exausto naquela etapa, marcada polos 'saltos' (cortes de tránsito) polo ensanche de Santiago, e pola sua própria detençom com motivo da proibiçom governamental do congresso de ERGA. Nesses tempos remotos, um jornal chamado 'A Nosa Terra' editorializava sobre o que na actualidade chamam 'nascimento da nossa democracia'. E assi dizia, a propósito da acossa sofrida polo estudantado organizado: 'Produto da nova ditadura consensuada som as medidas tomadas na Galiza contra as actividades das distintas organizaçons de carácter patriótico. As multas e as sançons impostas a dirigentes nacionalistas nos últimos meses engade-se hoje à proibiçom do congresso que no Domingo passado ia celebrar ERGA em Santiago. (...) As manifestaçons celebradas para denunciar a vaga de repressom que se está a abater sobre o nacionalismo popular (...) som prova de que os patriotas galegos nom pensam arriar a bandeira face as atitudes provocadoras da falsa democracia espanhola.' Decidimos seguir a sacodir as poeiras dos velhos jornais e ler mais declaraçons desses que 'nom arriavam a bandeira', ainda que hoje a levem tam camufladinha que nem se vê com umha lupa. Alfredo Suárez Canal, que conhecemos hoje polo seu rosto lívido no tevê ao dar conta da vaga incendiária que sofre o País sem se atrever a assinalar as máfias culpáveis da desfeita, também partilhava esta oratória orgulhosa. Formado também na canteira de ERGA e curtido nas lutas por reivindicaçons concretas e a penetraçom do galego nas aulas, comentava para ANT em Abril de 1981 que 'Há umha tentativa de ilegalizar determinadas actuaçons práticas e mesmo se chegará a ilegalizar formalmente os nacionalistas, começando por Euskadi (...)Há determinados aspectos que hoje por parte do governo nom se ocultam, é dizer, há umha lei de Defesa da Constituiçom, umha Lei que vai regular os estados de excepçom e sítio, umha lei que regulará a utilizaçom do idioma e da bandeira, que fazem claramente referência à actuaçom do nacionalismo na nossa Terra.'


3 Repressom e recorte das liberdades. Quando se podia falar claro. Onte como hoje, existiam os presos e presas políticas, as leis de excepçom, as organizaçons de facto ilegalizadas, os maus-tratos policiais. Ainda nom se proibira, porém, a distribuiçom de propaganda nas ruas no nome do 'meio ambiente urbano' nem os concelhos se atreviam a apagar murais com conteúdo reivindicativo. Quem deitar umha olhadela a fotos de manifestaçons da época ainda pode observar bonitos murais nacionalistas nas paredes da nossa zona velha. Porventura a diferença maior com a nossa dura actualidade era a possibilidade de falar claro, em todos os foros, e nom ter a obriga de morder a língua até fazer-se sangue. As seguintes linhas nom as escreveu a Cruz Negra Anarquista senom, mais umha vez, A Nosa Terra. A reportagem titula-se 'A repressom na Galiza' e fala com esta nitidez: Se bem é verdade que estas pessoas se passam (em alusom a polícias franquistas) a repressom é algo consubstancial ao sistema capitalista. A repressom vai seguir, cambiará de forma, mas seguirá porque sem ela o sistema virá-se abaixo. (...)

Os representantes, os torturadores vem-se respaldados polo poder e, ainda que permanecem as formas de repressom da etapa anterior (...) aparecem formas características da 'repressom democrática'. (...) O objecto é controlar a grande maioria da populaçom, de encarreirá-la dentro de umha 'ordem' e umha 'paz'. Todos os que nom aceitam a orde imposta, ou ponham em perigo essa 'paz', há que castigá-los: acabar com eles.' A Nosa Terra tinha, em Março de 1981, estas cousinhas tam elementais mais do que claras. Mágoa que hoje os adiante pola esquerda Amnistia Internacional. Atreveriam-se os políticos da esquerda nacionalista a secundar afirmaçons tam contundentes? Ao que parece, si. Em Abril de 1982 coincidiam na Alameda da nossa cidade um importante número de nacionalistas, parte dos quais vemos hoje embutidos em traje de desenho e conduzidos por chóferes em carro oficial. A manifestaçom reivindicativa nom era em solidariedade com os jesuitas de Honduras, nom. Pedia a liberdade dos presos independentistas. Dezasseis militantes de organismos populares que eram detidos em 1980 sob acusaçom de 'constituir um grupo armado que perseguia a independência da Galiza', Encarna Outeiro, Beiras, Xesús Veiga, Bautista Álvarez

Polícia espanhola roubando a faixa da mobilizaçom pola amnistia, 1982


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Xesus Vega

por palavras do sumário da Audiência Nacional que rematou condenando vários deles. Entre os muitos activistas malhados pola polícia espanhola na altura em fato marromfiguram nomes célebres: Néstor Rego, conhecido na actualidade por ser o concelheiro que tolera os excessos da polícia municipal contra os movimentos populares de Santiago; Bautista Álvarez, que ensinou em balde aos gorilas o seu bilhete de parlamentário; ou Xesus Vega, onte na extrema esquerda comunista e hoje de deputado gris no parlamentinho do Hórreo. Nom demos topado entre os repressaliados ao senhor

Bugalho na imprensa nom o mentavam-, e nessa inflexom entre épocas tanto podia estar numha beira como noutra. Quer-se dizer, ou tombando contentores e guindando pedras e coquetéis molotov aos matons, ou assinalando com o dedo aos subversivos para que os das porras fizessem o seu trabalho. Seguiria o nosso homem naqueles dias sendo o 'camarada nitro' (de nitroglicerina) que fora no movimento comunista, como responsável da acçom directa, ou passaria já a ser o idiota integral engravatado e com vocaçom de cabo acomplexado? A ver se no-lo responde. Se cadra esta afouteça reivindicativa era um restinho do franquismo que esmorecia devagar nos anos da transiçom aquela. Se foi um restinho, o restinho perviviu uns anos. Vejam senom o que nos diz a imprensa de Janeiro de 1984. Na altura manifestavase o BNG 'pola devoluçom dos direitos aos deputados nacionalistas', que como é bem sabido, foram expulsos por nom acatarem a constituiçom do reino. Declarava a frente nacionalista que 'nom é democrático fazer desaparecer com estas medidas a oposiçom rupturista'. E rupturista, bem claro que era, dado que em Outubro desse mesmo ano a dirigência do BNG assinava em pleno um curioso manifesto, de título bem sonoro: 'Polo cesse das extradiçons de patriotas bascos'. Neste ponto, o actual vice-presidente da Junta, Anjo Quintana Gonçález, tinha-o bem clarinho: Quando um povo está privado da sua soberania nacional, a luta pola autodeterminaçom é sempre de carácter político, ainda que revista formas diferentes do seu desenvolvimento.(...)

Soares Canal


Nenhum Estado que se proclame democrático pode aceder às solicitudes de extradiçom dos nacionalistas bascos residentes no seu território, pois significaria violar os princípios que fundamentam o direito de asilo político.' Estas e outras linhas que hoje conduziriam à picota e a chamadas ao arrepentimento públiconom só as assinava o actual líder regionalista. Um monte de nomes célebres acompanhavam-no em tal desafio. O próprio Soares Canal, Bautista Álvarez, Xavier Vence ou Francisco Rodríguez. Fôrom muitos os fôlegos perdidos em aquela dura campanha, onde representantes do BNG nom coraram ao dizer que

5 Aqueles que falam muito de solidariedade internacionalista, e depois quando há que mostrar esta solidariedade real, nom se vem por lado nenhum (...) Nós nom temos nenhum medo a que a nossa luta política poda ser assimilada pola gente à de HB. Tempos febris aqueles, marcados pola reconversom industrial dirigida polos hoje sócios de governo. Um tal Ramom Munhiz, membro do conselho nacional do BNG; assinalava no artigo de opiniom 'Umha manipulaçom' que ‘O problema nom som os agressivos obreiros nem a malvada ETA, senom um sistema capitalista que sobrevive graças ao paro e umha Constituiçom que consagra a unidade de Espanha, negando o direito de autodeterminaçom às distintas naçons do Estado espanhol. De novo, aqui, a manipulaçom; e os que som vítimas querem-se converter em carrascos e estes em aquelas.'

Será que os fôlegos perdidos em tam duras campanhas levou esta gentinha a estarrecer, em pleno 2006, quando há que exercer a solidariedade com os que pelejam de verdade? Guarda Civil detendo vizinhas das Encrobas

Detençom de Xurxo Lobato


6 Personagens. Como situar-se bem e rápido esquecendo a 'ruptura democrática'.

O seu líder andava em Junho de 1980 por outras latitudes. Em umha entrevista concedida a 'A Nosa Terra' na altura, confessava já com clareza a sua vocaçom de trepas: Quando era auxiliar administrativo queria chegar a chefe de secçom já que pensava que podia ter trabalhadores por baixo de mim e ser muito justo com eles. Estamos ante um socialista, nom esqueçam, pois como afirmava a continuaçom: Entrei no PSOE por umha decisom muito meditada (...) o que eu entendo pola libertaçom da Galiza como povo é tam importante como a luta polo socialismo e penso que as duas estám vencelhadas dialecticamente com o internacionalismo trabalhador.

Todo atado e bem atado

Sem querer privilegiar umhas pessoas por cima de outras, nesta nossa particular batalha pola memória si quigemos dar-vos umha primeira entrega de nomes célebres do nosso triste e apagado panorama político. Nom por pessoalizar, tampouco por dar-vos a própria opiniom. Três famílias políticas distintas, três evoluçons quase igual de esperpênticas. Vamos deixar que falem sós extractando declaraçons das páginas da imprensa e contrastando-as com a mais raivosa actualidade. Luis Soto. Do localismo ao localismo. Este ex-alcalde de Vigo lidera hoje um estranho experimento político que se pretende herdeiro do partido de Castelão e Bóveda. O PG redivivo nom demonstrou até o de agora mais que os seus potentes recursos financeiros, inçando o país de umha cartelaria espantosa e equívoca; tampouco nom deixou de mostrar um localismo obsessivo com a reivindicaçom da 'quinta provincia viguesa'.

O amigo Soto demostrava na época ter mais morro que um cocodrilo, traço característico que até o de hoje nom deixou. Por poder, até se podia manifestar contra os impostos indirectos nos concelhos: o Partido Socialista está em contra desses impostos e eu também. Claro que, como adoitam dizer os transformistas, umha cousa é estar em contra e outra é o contexto dialéctico no que estamos que nom podes prescindir de todo o que te rodeia. Continuava manifestando-se contra a construçom de qualquer área comercial ou hipermercado em Vigo e, fazendo honor à desfaçatez dos seus companheiros de partido, prognosticava que o PSOE dirá si ao MCE e nom à OTAN. Miguel Cáncio. Da esquerda à extrema direita, sempre dando a nota. Como bom professor 'sessentaeoitista', aponta-se a toda moda de esquerda em troca de ganhar primeiros planos e dirigir lutas como 'intelectual aliado da classe obreira', com notórias incursons no nudismo reivindicativo e na luta dos andares e contra a especulaçom. Galego renegado da Veiga (comarca Návia-Eu), para ele 'Vegadeo', manteve umha única coerência: nom abandonar um idioma espanhol carregado de O "professor rebelde", hoje seguidor de "El Mundo"


7 deficiências e fonética do País. Hoje, como todo o mundo sabe, é um senhor para o que ninguém olha, cansino e repetitivo, que se ubica na extrema direita e o neoliberalismo e lê assiduamente 'El Mundo'. Nom se esquece da palestra com Sánchez Bugalho companheiro de correrias e transformismo- que a mocidade independentista boicotou no ano 2000, na sala magna de económicas. Com o seu amigo e companheiro no cámbio de chaquetas, o intelectualinho do PP Pedro Árias Veiga, conformavam a organizaçom universitária do PCG. Contava em entrevista jornalística, em Dezembro de 1981, que O processo revolucionário reside na transformaçom conjunta e simultánea do mundo, da vida e do homem e, portanto, do funcionamento do partido e concepçom de dito instrumento. Alarmado polo 'processo de burocratizaçom e verticalismo extremo' reinantes no PCE e PCG, abandona o barco para derivar para correntes mais heterodoxas e acolhedoras. Como é consciente de que o comunismo levanta polas suas próprias palavras- 'partidos-igreja', remata em propostas mais próximas ao ateísmo, as do Partido Popular. Um cómodo quadro para um intelectual assembleário, democrata e pós-moderno como ele. Pio Moa. Do partido da guerrilha aos sumidoiros da historiografia franquista. O militante galego do PCEr deveu de sofrer umha dolorosa indigestom na sua passagem pola esquerda revolucionária armada. Trás ser expulsado da organizaçom política na que militava, chegou a conclusons brilhantes que se cadra antecipavam o seu glorioso futuro. Em entrevista concedida a A Nosa Terra em Abril de 1982, denunciava a mestura de intoleráncia, puerilidade e irracionalismo, o mesmo estilo asnalmente solene e ressolto dos seus excamaradas, de passo que os denunciava como marionetas dos serviços secretos. Este rechaço profundo aos 'intolerantes' levou-no a abraçar o mais tolerável mundinho dos franquistas. QuerUmha das caras de "Libertad Digital"


8 Autodeterminaçom, Estatuto de Autonomia e Constituiçom Já choveu desde a aprovaçom da Constituiçom de 1978 e do Estatuto de autonomia de 1981. Tanto, que a alguns a passagem do tempo desfigurou-lhes o rosto, o anagrama do partido, os manifestos fundacionais e os conteúdos dos Estatutos. Ainda que pareça mentira, o maior grau de coerência achamo-lo na extrema direita: onte e hoje defendia quase o mesmo, e fazia-o sem medo. Aqui quem gosta de moder-se permanentemente a língua som os campions da indefiniçom que nom sabem como pedir a entrada no clube selecto da democracia. Assi, Puy Muñoz, de AP, comentava para 'A Nosa Terra' que “A Constituiçom espanhola vai supor (para a Galiza) o mesmo que para o resto das regions espanholas”. Como vemos, nem sequer nesta altura a gente de PP se esforçava por ocultar os postulados que a definiam, que eram os da burguesia franquista e reaccionária. Para X. Luis Meilám Gil (UCD), esta nova etapa com Estatuto

O circo começa em outras latitudes. Alejandro Outeiro (PSOE), pragmático mas ainda republicano, anti-burguês e contrário às forças repressivas, manifesta que o partido “aceita a monarquia porque neste momento o problema é democracia sim, e ditadura nom”. Aliás, aponta “A Constituiçom, apesar de ser tradicionalista e burguesa, é o único instrumento válido para aprofundar na transformaçom da sociedade e podermos espalhar a democracia a todos os níveis do nosso país. Desta óptica, a Constituiçom é apenas umha partida, como único caminho para a construçom do socialismo; para nós implica o desmantelamento das instituiçons franquistas, a disoluçom dos instrumentos repressivos,[...]e a liberdade dos presos e presas políticas”. Bautista Álvarez nom precisa apresentaçom, e as suas palavras som eloquentes:

“para Galiza representa a oportunidade por vez primeira de realizar o seu auto-governo. Reconhece-se no texto constitucional a personalidade diferencial da Galiza [...], estamos perante umha oportunidade simplesmente histórica e irrepetível”.

“A Constituiçom significa que é vetado à Galiza o direito de autodeterminaçom. Galiza, como naçom, deve dispor de soberania política, o que quer dizer que pode escolher as suas próprias instituiçons. Esta Constituiçom, elaborada por um parlamento espanhol, representa a perpetuaçom do poder colonial dentro da Galiza, e portanto vamos rejeitá-la”.

O "comunismo patriótico" a deliberar

Por sua vez, Francisco Rodrigues(UPG), já daquela guardiám das essências afirmava que “nom é dificil demonstrar que a Constituiçom espanhola que vai ser submetida a referendo, é obra da direita económica, social e política, do imperialismo[...] produto do “consenso” do imperialismo, da burguesia monopolista espanhola e da esquerda estatalista espanhola. [...] O objectivo do MN-PG é conquistar a soberania nacional e a descolonizaçom do país[...] No processo da luita política e organizativa por chegar aos nossos objectivos da soberania nacional, o verdadeiro independentismo utiliza todo o que poda reforçar as suas posiçons no contexto concreto, sem recorrer ao auto-engano; votar nom é a única atitude conseqüente, de acordo com umha prática política activa e real de um MN-PG organizado”. É mágoa que esse homem tardasse tantos anos em achar a clareza e sinceridade de um X.L.Barreiro Rivas (PP) declarava “pensamos que a jornada de hoje tem um significado muito importante porque há um Estatuto de Autonomia para Galiza”,


9 o que evidentemente confirmou a passagem do tempo, dada a potência nacionalista do século XXI e a desintegraçom dos partidos espanhóis. M.Carme Garcia Negro somava-se ao mesmo carro, já que ainda nom descobrira o potencial transformador do novo estatutismo. Antes de militar na esquizofrénia dos princípios incomprensíveis, preferia a filosofia do refraneiro espanhol: 'al pan, pan, y al vino, vino': “O objectivo da AN-PG é a libertaçom nacional, e a Autonomia significa exactamente o contrário, travom e aferrolhamento de qualquer processo de libertaçom. Já a Constituiçom, que é a origem de todo, diz no artigo 1 que “a soberania nacional reside no povo espanhol”; já me diredes que Estatuto pode dar algo de si.” Como concluir esta triste história? Deixamos que os leitores tirem a própria conclusom e vejam que, por muito que nos doa, a cacarejada coerência acha-se muitas vezes nas fileiras da direita.

o que por palavras mais prosáicas, quer dizer: 'eu e os meus já temos um sítio baixo o sol' (bem pago e prestigioso). O mesmo sítio, nem cumpre dizê-lo, que mantém subsidiados e mediatizados todos os participantes do espectro político institucional. Carlos Barros (PCG), hoje um infatigável activista contra o capitalismo e acarom dos despossuídos da terra na sua soporífera cadeira da USC, descobria-nos um elo revelador entre monarquia-federalismo e prometia-nos um futuro socialista no que ele e os seus andavam empenhados: “ A autonomia é un passo decisivo na transformaçom do Estado espanhol no sentido de Estado de Autonomias e de Estado Federal; tampouco acreditamos que a Autonomia acabe com os probelemas galegos. A soluçom vem de superar o capitalismo em diecçom ao socialismo”. Onte como hoje, nom faltavam magníficos analistas, caso de Manuela Fraguela (AN-PG). Dizia que para o seu grupo político “o resultado representa o rotundo fracasso dos partidos espanhóis das suas alternativas políticas”

Sim que a jurárom


10 O povo galego perante o golpe de Estado de 23-Fevereiro de 1981 No quadro do processo de maquilhagem da ditadura fascista com um regime reformado democraticamente, em que a cabeça visível era a monarquia bourbónica (designada polo ditador e golpista Francisco Franco) existírom tentativas encaminhadas a preparar umha tentativa de golpe de Estado que desse cabo de qualquer disfarce e ajudasse a voltar ao regime militar-fascista. O golpe de Estado efectivizou-se na noite do dia 23 a 24 de Fevereiro do ano 1981, quando ocorria a votaçom para a investidura do sucessor de Suárez, e por meio do coronel Tejero, que com quatrocentos guardas civis e em nome do rei Joám Carlos I, tomou o Congresso dos Deputados. A seguir analisaremos as posiçons dos grupos políticos e sindicais perante o golpe de Estado: Pedro Luaces (UPG) destacava que “estes factos só som possíveis porque o aparelho fascista do Estado se mantivo intacto, e porque ficárom dentro dele elementos fascistas que, por respeito às liberdades democráticas, deviam ser apurados, aplicando umha investigaçom exaustiva para aclarar os factos até as últimas conseqüências”.

Para além disto, o secretário da UPG afirmava que “fazemos um pronunciamento claro a continuar na luita por umha situaçom política e económica que signifique a soberania para o nosso país. [...] Este facto vai ser aproveitado para reafirmar a posiçom da democracia burguesa espanhola, tal como está configurada, opressiva e colonial para o nosso povo, [...] já que o poder vai continuar nas maos de quem sempre o tivo. [...] Impulsionaremos umha alternativa de defesa das liberdades democraticas”. Afirmaçons surpreendentes sem dúvida para quem ouça hoje as pessoas que representam a UPG, muitas delas num governo de coligaçom com o PSOE, e que parece terem esquecido bem rápido porque agora estám ao quente e a desfrutar desse mesmo sitema que qualificavam como “democracia burguesa espanhola, opressiva e colonial para a Galiza”. Nom há dúvida como muda o poder as pessoas e os grupos políticos!! O próprio Pedro Luaces, naquela altura líder da UPG e hoje com um cargo na Deputaçom de Lugo, à frente de Cacharro Pardo!! Ver para acreditar... Daniel Soutulho, do Movimento Comunista da Galiza (MCG) afirmava que “ nom houvo apuraçom dos elementos fascistas do exército, e depois da Operaçom Galáxia, figérom umha nova tentativa, que pode ser utilizada polos aparelhos mais reaccionários do Estado e do capital para direitizar mais ainda a política do governo; a nossa posiçom é chamar à unidade de todas as forças populares para evitarmos esta direitizaçom, e por isso há que conseguir que a mobilizaçom popular seja o mais ampla possível para evitarmos num futuro novas tentativas como esta”.

Miguel Cáncio, hoje bufom aborrecido da direita neoliberal, era naquela altura militante do Partido Comunista da Galiza (PCG) e pronunciava-se “em favor de umha mobilizaçom geral com outras forças políticas”, e também exigia responsabilidades “até as últimas conseqüências de todas as pessoas que participárom no golpe”.


11 Debate sobre o Estatuto na Faculdade de Direito

Por sua vez, representantes do PSOE indicavam que “as forças reaccionárias desejam o fascismo, mas olhamos como as forças populares tenhem muita mais força; o processo democratico é imparável [...]. É preciso as medidas tomadas contra os elementos golpistas serem enérgicas”. Ainda, consideravam que este golpe nom podia ser tomado como pretexto para recuar nas liberdades políticas; mais curioso exemplo, sem lugar a dúvidas... Só três aninhos tardárom os deste partido das 'forças populares' em pôr a andar os GAL e intimar com a guarda civil. Esquerda Galega (EG) demonstrava que, em aqueles anos, os reformistas podiam ser a um tempo críticos:

“é coerente com o processo pseudo-democrático e com as deficiências que a constituiçom tem em si mesma; com as forças que a apoiam e com os pactos consensuados”. Além disso, proclamavam-se “em favor da consolidaçom da democracia e da apuraçom dos corpos do Estado, já que, se isto nom for feito, nom poderá garantir-se que as instituiçons galegas estejam nas maos do povo galego [...]; é preciso atingir a unidade das forças populares galegas e conseguir assumir a responsabilidade como forças políticas próprias dumha naçom”. As teorias sobre o acontecido no 23-F, som numerosas, mas ainda ficam muitas cousas por aclarar; por exemplo, o porquê da serôdia intervençom do monarca pola televisom estatal, num momento em que a mobilizaçom popular já tinha mostrado contundentemente o firme e claro rejeitamento ao golpe e se manifestava em favor das liberdades. No entanto, constatou-se que o 23-F serviu, por um lado, para intensificar a campanha de promoçom do sistema e a Constituiçom bourbónica de 1978 (fruto da aliança do PCE de Carrillo e do PSOE dos GAL com a Secretaria Geral do Movimiento e o exército franquista, agora apresentado como garantia de democracia frente à


12 ditadura); por outro lado, o 23-F foi utilizado para glorificar a figura do rei como “salvador das liberdades”. Com esta operaçom do 23-F, ainda, intensificou-se e agravou-se a repressom contra quem representava a oposiçom ao sistema.

O golpe de Estado foi utilizado como coarctada em nome da liberdade para retaliar e censurar, logrando obter mais aderentes e maior consenso com as decisons tomadas polo poder. As boas relaçons do centro político


13 A chegada dos restos de Castelao a Galiza O percurso dos restos de Castelao até à Terra foi motivo de discórdia desde que a Junta da Galiza de Albor (AP) manifestou os seus primeiros desejos de concretizar a transferência. Perante esta decisom, que de facto se levou a cabo, chegando os restos do patriota galego a 28 de junho de 1984, o nacionalismo galego decidiu mover ficha e contestar com diferentes acçons e iniciativas o intento de manipulaçom polas instituiçons autonómicas. As associaçons que se pronunciárom em contra da ttransferência dos restos de Castelao organizárom em jornadas prévias ao 28-J umha campanha e um programa de actos, como a realizaçom de umha declaraçom que denunciava “a manipulaçom que por parte da Junta da Galiza e do Parlamento autonómico se está a fazer da figura, da obra e da trajectória política de Castelao, património exclusivo do povo galego e de quem defende un ideiário nacionalista” Este manifesto foi assinado por militantes nacionalistas, independentistas, escritoras, estudantes, professores, labregas, sindicalistas, jornalistas,... tais como Bautista Álvares, X.L.Mendes Ferrim, Anxo Quintana, Bernardo Máiz Vasques, Mariano Abalo,... A campanha culminou com umha manifestaçom no dia 24, que concluiu com as intervençons de Xan Carvalho, X.M.Beiras e Bautista Álvares e a queima de umha bandeira espanhola. Em relaçom com estes factos foi detido Francisco Rodrigues (UPG), que saiu em liberdade no dia a seguir. Convocou-se, ainda, umha manifestaçom em Compostela para o dia 28 de Junho, que seria encabeçada por umha faixa com a mensagem “Nem da Junta de caciques, nem do Parlamento de Cartom; Castelao é do Povo Galego”. É muito importante levar em conta em que momento se materializa a transferência dos restos de Castelao -Junho de 1984- para compreender as razons da operaçom. Estamos num momento chave para a consolidaçom da nova realidade político-económica que se pretende impor. O debate sobre a organizaçom do estado continua vigente e mui latente, depois do referendo do Estatuto de Autonomia da Galiza (1980); lembremos que o Estatuto foi aprovado com umha escassíssima participaçom popular (apenas 28% da populaçom).


14 Para além disto, som celebradas as eleiçons autonómicas de 1981, que tampouco contam com muita participaçom. No ano 1982, a Cámara Autonómica expulsa os três deputados nacionalistas por se negarem a jurar a Constituiçom espanhola de 1978; e, quem decide em 1984 trazer os restos de Castelao para a Galiza, é essa mesma Cámara, governada por políticos que se declaram nom-nacionalistas, que som filhos de quem noutra altura condenou Castelao ao exílio, que se viu obrigado a fugir para nom ser assassinado como aconteceu com tanta gente. Neste momento de questionamento do sistema, que tem um forte rechaço popular porque nom reconhece a plurinacionalidade estatal nem o direito a autodeterminaçom, a Junta que preside Albor ordena o regresso dos restos de Castelao na procura de conseguir a legitimaçom do regime reformado da ditadura fascista; com este acto estaria a dizer-se que Castelao, se vivesse, concordaria com o regime e as instituiçons. Mas com a transferência, a Junta tentou evitar que o povo participasse na que devia ser umha grande homenagem popular, com o ocultamento de todo o tipo de informaçom, facto que fazia que a operaçom semelhasse mais umha extradiçom clandestina ou um seqüestro; sem dúvida algo incrível, como as referências aparecidas em alguns jornais da altura, como “O poeta de Rianjo” ou afirmaçons “Castelao nom era um político, nunca pertenceu a nengum partido” (apesar de ser o fundador do Partido Galeguista e de ter sido deputado em Cortes por duas ocasions). Também a Junta tentou afastar o labor de Castelao como político e patriota galego, enquanto teimava em apresentar umha imagem dele reduzida ao seu génio como artista, poeta ou pintor. Nada a dizer sobre a luita pola soberania nacional da Galiza, e muito interesse em reafirmar a figura de Castelao como autonomista; isso

sim, obviando o contexto histórico em que viviu o autor de Rianjo. Prova disto som as declaraçons do momento de Garcia Sabell, presidente da Real Academia, dizendo que Castelao estaria hoje satisfeito com o projecto de regime autonómico transitório aprovado a 11 de Outubro de 1977. Como dizíamos, isto gerou muita polémica na época. A seguir exporemos fragmentos e declaraçons ao respeito. Francisco Rodrigues (UPG) escolhia umha frase do próprio Castelao para analisar a situaçom “primeiro, ser; depois, triunfar” Umha triste contra-definiçom de quem nom seguírom nem umha nem outra sugestom: nem fôrom nem triunfárom. Apesar disso, daquela nom pareciam ter muito medo ao futuro e o Francisco esbardalhava sem rubor: […]a quem atraiçoa […], a quem cavila num triunfo rápido a qualquer preço, a quem idealmente nom quer enfrentar na prática as duras condiçons da luita política numha naçom colonizada, procurando todo o tipo de justificaçons escapistas, para todas essas pessoas vai agora esta frase clarividente e oportuna.[…]. Em circunstáncias tam caricaturescas e repressivas como as que vive o parlamento autonómico, e numha situaçom política tam fraudulenta, propor a transferência dos restos de Castelao é umha agressom contra o nacionalismo popular. […]. Na defesa deste direito democrático elementar da autoderterminaçom está o nacionalismo galego, o nacionalismo que nom presta vassalagem de fidelidade à Constituiçom e mais ao Estatuto porque nos negam. Igual que fam o tam “moderado” PNV e a tam “burguesa” CIU. ” Xosé Filgueira Valverde, ex-conselheiro de Cultura da Junta, e antigo militante galeguista, seguia a demonstrar a sua maior virtude: estar com os que mandam e com as essências da galeguidade (subvencionada):


15 “Penso que sim que devem voltar. A presença do restos de Castelao na Galiza é completamente independente de qualquer política”. Às oito da tarde do dia 28 de Junho de 1984, os restos de Castelao voltavam à Terra, custodiados pola guada civil, que cargava contra a gente congregada que queria achegar-se, entre eles Anxo Guerreiro, Francisco Pilhado, pessoas de EG, de CG como Rodrigues Penha e outras como Alonso Monteiro ou Dias Pardo. Gritavam palavras de ordem como “A Junta de caciques oculta Castelao”, “A Junta de Albor no cortelho está melhor”. A espera em Bonaval também vivia momentos de tensom com um público contrário à chegada dos restos de Castelao, com pessoas do BNG, MCG, UPG, CNT, galeguistas independentes,... Os primeiros berros começárom quando chegárom a Sam Domingos os parlamentares. Camilo Nogueira, antes de ser reconhecido como magnífico estandarte do pragmatismo, foi o mais apupado polos seus actuais companheiros de aprtido, com gritos de “traidor” ou “trepador”. Começárom os lançamentos de ovos, muitos dos quais parárom no deputado de CG, Casas Rosende. Com a chegada dos restos a Bonaval, as palavras de ordem ouviam-se mais que nunca: “Castelao nom é do espanholismo”, “Cinqüenta homens por dez reás”, e seguírom-se as cargas da polícia e as barricadas cortando várias ruas da cidade. A vinda dos restos de Castelao foi chave para o nacionalismo galego e para o seu impulsionamento, e influiu, sem dúvida, numha maior afluência de gente à manifestaçom do Dia da Pátria Galega do ano 1984, convocada polo BNG sob a legenda “Frente à autonomia, autodeterminaçom; Castelao sem manipulaçom”. Aparecêrom como linhas mestras a defesa do direito de autodeterminaçom para a Galiza face à autonomia e a reivindicaçom da figura de Castelao, tal e como sentenciavam as palavras de ordem das pessoas participantes que secundárom a convocatória do BNG: “Galiza naçom, autodeterminaçom”; “Sem nacionalistas, parlamento de fascistas”; “Estamos fartas de ser umha colónia” ou “Aqui se vê, vivo, de pé, o nosso irmao Daniel”. Este 25 de Julho contou aliás com a presença de outras organizaçons políticas como MCG, GC, LCR, PC(r) com Arenas, OLP, PSAN-MDT ou Herri Batasuna, com Txomin Ziluaga, da Mesa Nacional. A manifestaçom do Dia da Pátria do ano 1984 culminava com o canto do Hino Nacional Galego e umha oferenda floral a Castelao, após a qual, com os gritos de “nengumha espanhola”, se queimou umha bandeira do monárquica. Hoje os de traje e carro oficial coincidem independentemente das siglas- em todos os 'saraos'. Lá onde haja constitucionalismo, meios de comunicaçom e catering, as siglas difuminam-se para dar passagem à 'solidariedade de classe', ainda que nom seja a classe da que falavam nos 70. Nem fôrom nem triunfárom...


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Bibliografia Beramendi, Xusto e Nunes Seixas, Xosé Manoel: "O nacionalismo galego". Ed. A Nosa Terra. Vigo, 1995 Beramendi, Xusto: "Democracia e País". Ed. Fundaçom Galiza sempre. Máiz Vasques, B. : "Galiza na II República e baixo o franquismo". Ed. Xerais, 1988 IV Plenário ANPG (dezembro 1979): "O pobo galego unido frente aos monopolios e ao colonialismo." Ed. Ceibe, 1980. VV.AA: "Historia Xeral de Galicia". Ed. A Nosa Terra. Vigo, 1997. Velasco Souto, Carlos F. : "Galiza na II República". Ed. A Nosa Terra. Vigo, 2000. Xornal A Nosa Terra, anos 1977-1984 Documentaçom vária: Eixo, Lume, Terra e Tempo, Abrente,...



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