Nova edição do Rússia, 3 de julho

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Direitos humanos Uma das ativistas há mais tempo no setor fala sobre situação no país P.2 © ILIA PITALEV / RIA NOVOSTI

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Este suplemento foi preparado e publicado pelo jornal Rossiyskaya Gazeta (Rússia), sem participação da redação da Folha de S.Paulo. Concluído em 1 de julho de 2015. Publicado e distribuído com The New York Times (EUA), The Washington Post (EUA), The Daily Telegraph (Reino Unido), Le Figaro (França), La Repubblica (Itália), El País (Espanha), La Nacion (Argentina) e outros.

© MIKHAIL KLIMENTIEV / RIA NOVOSTI

Cúpula de Ufá Futuro do grupo, cujo alinhamento político promete redesenhar cenário internacional, entra em pauta

Brics ganham fôlego com cúpula

Reunião de líderes dos países-membros ocorre em Ufá, na Rússia central, a partir da próxima quarta-feira (8)

Com sanções ocidentais, grupo passa a desempenhar papel-chave na política externa do Kremlin, que busca estreitar conexões. GUEVORG MIRZAIAN ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

Às vésperas da sétima Cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), a se realizar de 8 a 10 de julho em Ufá, na Rússia central, o caráter do grupo volta à pauta do dia. Surgido como uma união puramente formal de

países emergentes atraentes para investidores estrangeiros, o grupo BRIC - mais tarde, com a inclusão da África do Sul, em 2011, “Brics” transformou-se devido a seu posicionamento comum na política externa.

“Um dos principais fatores que consolidaram o bloco foi o sentimento nutrido pelos cinco países-membros de que esses eram sub-representados em organizações internacionais centradas no Ocidente”, diz o vice-diretor da faculda-

de de Economia e Política Mundial da Escola Superior de Econom ia, Dm ít r i Suslov.

Perspectivas do grupo O principal objetivo da união é a transição real para um

Terrorismo Formação teria centros de recrutamento por toda a Europa

Jovens deixam família e amigos e partem para o Oriente Médio para se casar com combatentes do grupo, famoso por decapitações. MARINA DARMAROS, OLEG IEGOROV GAZETA RUSSA

No início de junho, a imprensa russa gerou furor com a história de Varvara Karaúlova, de 19 anos. Estudante de filosofia na mais prestigiosa instituição do país, a Universidade Estatal de Moscou, ela foi encontrada em território turco, seguindo para a Síria para se unir às fileiras do EI (Estado Islâmico da Síria e do Iraque). A guarda de fronteira turca a deteve em 4 de junho, quando a estudante tentava entrar no país vizinho, e seu pai teve que buscá-la na cidade de Batman, no sudeste turco.

“Foi graças aos turcos, que já acumularam bastante experiência nisso, que Varvara foi detida ainda na fronteira entre Turquia e Síria”, explica o cientista político Aleksêi Malachenko, do Centro Carnegie de Moscou. Karaúlova não foi a única russa que se rendeu à atração do EI. Somente em junho, foram relatados pelo menos quatro casos distintos de jovens russas entre 16 e 19 anos que tentaram ou conseguiram efetivamente entrar em território sírio para integrar o grupo radical.

Mais de 500 europeias De acordo com um relatório publicado em janeiro pelo ICSR (International Centre for the Study of Radicalisation and Political Violence), enquanto o número de es-

FOTO DO ARQUIVO PESSOAL

‘Noivas da jihad’ se unem a Estado Islâmico na Síria

Associação de jovens como Karaúlova intriga Rússia

trangeiros lutando em território sírio ultrapassa os 20 mil, batendo o Afeganistão nos anos 1980, 4.000 desses provêm de países do Leste Europeu, e 550 são mulheres europeias. Segundo o FSB (Serviço de Segurança Federal russo),

há hoje 1.700 russos, provenientes sobretudo do Cáucaso do Norte, combatendo no grupo. Mas analistas políticos acreditam que as cifras sejam ainda maiores. Para o chefe do Centro Antiterrorismo da Comunidade dos Estados Independentes,

mundo multipolar onde o direito inter nacional prevaleça. “O Brics é diplomacia em rede, na sua melhor concepção, e a atividade do grupo não assenta nos ditames de um Estado, mas na busca por

um consenso”, afirma o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguêi Riabkov. Por outro lado, o desenvolvimento do grupo foca não a CONTINUA NA PÁGINA 3

Turismo Ufá, sede de cúpula do Brics Andrêi Nôvikov, até 5.000 cidadãos russos integram as tropas do EI.

Por que elas? O caso de Karaúlova intrigou a sociedade russa sobretudo porque a jovem cresceu em uma família cristã abastada que nunca teve ligação com o Islã. A estudante começou, há alguns anos, a se interessar pelo Oriente Médio, estudar árabe, e, por vezes, vestir o hijab, o lenço usado para cobrir a cabeça. Mas não se sabe ainda qual o motivo de sua associação, e se ela foi atraída por um dos recrutadores do EI que, acredita-se, existem em toda a Europa. “Fala-se mu ito agora sobre certos pontos de recrutamento espalhados pela Europa e Rússia para influenciar jovens do sexo masculino capazes de empunhar armas. Mas, pelo visto, um trabalho semelhante é feito com a s mu l he r e s”, d i z Malachenko. Além disso, o grupo tem CONTINUA NA PÁGINA 2

De fortaleza do tsar a destino de férias de Paris Hilton Na Rússia central, capital da Bachquíria foi construída a mando de Ivan, o Terrível, e encanta por beleza, diversidade e receptividade. JOE CRESCENTE ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

Em visita a Ufá, a celebridade Paris Hilton se referiu à cidade como “um lugar lindo” e um destino de férias maravilhoso. Embora nem todos os que visitem a capital da Bachquíria sintam sua vibração logo de cara, tem muita coisa para se ver e fazer nessa agradável capital regional de mais de um milhão de habitantes. Antes um povo seminômade, cujas influências culturais resultam tanto de sua interação com a Ásia Central, como com Moscou, os bachquírios são de uma hospilidade ímpar.

Sua capital foi fundada em 1574 por ordem de Ivan, o Terrível, para ser uma fortaleza de defesa do sudoeste do Império Russo contra incursões externas. Ela foi um dos principais cenários da rebelião de Pugatchov (1773-1775), revolta camponesa contra o Estado russo fomentada por um ex-tenente do exército descontente. Assim como seu vizinho mais célebre Tatarstão, a Bachquíria é uma república multiétnica e multirreligiosa. Seu povo coexiste em paz há séculos, enquanto seu horizonte é pontilhado por minaretes e cúpulas douradas de igrejas ortodoxas. A mesquita mais importanCONTINUA NA PÁGINA 4

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Política e sociedade

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ENTREVISTA LIUDMILA ALEKSÊIEVA

‘Única saída é levar direitos humanos em conta’ DE VOLTA AO CONSELHO DE DIREITOS HUMANOS, ATIVISTA DE 87 ANOS FALA À GAZETA RUSSA SOBRE LUTA SOCIAL, OPOSIÇÃO E EUA © MIKHAIL VOSKRESENSKY / RIA NOVOSTI

EKATERINA SINELSCHIKOVA

mas teme que isso venha a prejudicar seus negócios.

GAZETA RUSSA

Ativista de longa data e presidente do Grupo Helsinque de Moscou, Ludmila Aleksêieva, 87 anos, está retornando ao Conselho de Direitos Humanos, que deixou em 2012. Em entrevista à Gazeta Russa, ela fala sobre a lei que qualifica como “agentes estrangeiros” as ONGs que recebem financiamento do exterior, o assassinato do líder oposicionista Boris Nemtsov e sua relação com os EUA: Quais suas prioridades no Conselho de Direitos Humanos? Sabe-se que a lei sobre “agentes estrangeiros” adotada em 2012 a preocupa... Sim, vou trabalhar nisso. Essa lei é um equívoco total. Qualquer organização que receba dinheiro estrangeiro pode ser um “agente”. Por mais que tentemos esclarecer esse conceito, pode-se enquadrar tudo nele. E o que a senhora sugere? É necessário trazer à tona a questão do financiamento interno. Muita gente rica ficaria feliz em financiar ONGs,

A morte do oposicionista Boris Nemtsov é investigada desde fevereiro. A senhora duvidou desde o início que o mandante seria encontrado. Sua opinião mudou? Se até agora ainda não conseguiram interrogar [o ex-ministro do Interior da Tchetchênia] Ruslan Gueremêiev, que, parece, foi o mediador entre executores e mandantes... Alguns veículos de imprensa afirmam que Gueremêiev foi interrogado, mas como testemunha, e só depois teria deixado a Rússia... Tem muita coisa a se esclarecer no caso. A troca do investigador-chefe é um sinal claro de que a investigação irá se limitar aos mandatários e não chegará ao mandante. O investigador anterior [Ígor Krasnov] mostrou que conhecia seu trabalho e não dava espaço a especulações políticas. Então, em seu lugar colocaram outro [Nikolai Tutevitch], mais leal aos superiores. Considero isso um mau sinal.

Sempre se dizia que “a única coisa que eles sabem é promover uma fog ueira de vaidades”.

RAIO-X IDADE: 87 ANOS FORMAÇÃO: HISTÓRIA, COM MESTRADO EM ESTATÍSTICA

Aleksêieva começou a atuar nos direitos humanos em 1966, ao apoiar uma campanha em defesa dos escritores Iúli Daniel e Andrêi Siniávski, presos por publicar no exterior. Com a continuidade no ativismo, em 1968, foi expulsa do Partido Comunista e demitida da

A senhora acompanha a situação dos tártaros da Crimeia desde o final dos anos 1960. Como vê esse cenário hoje? Por um lado, vejo que o presidente está cumprindo as promessas que fez ao [ex-presidente dos tártaros da Crimeia] Mustafá Djemilev em visita a Moscou: que a língua deles poderia ser amplamente usada, que eles teriam escolas especiais etc. Por outro lado, o próprio Djemilev não está conseguindo permissão para entrar na Crimeia retornando de Kiev, assim como o atual

editora onde trabalhava. Em 1976, fundou o Grupo Moscou-Helsinque, e acabou forçada a emigrar para os EUA em 1977. Retornou apenas em 1993. Desde então, foi reconhecida inúmeras vezes por sua atuação, recebendo a Ordem Nacional da Legião de Honra francesa (2007), a Cruz de Comendador da Ordem de Mérito da República Federal da Alemanha (2009) e o Prêmio Andrêi Sákharov (2009).

A falta de cultura política é o principal problema da oposição? Não, o principal problema é que a realidade simplesmente não lhe dá condições para agir. Mas sua liderança não é centralizada em um líder. Quem poderia ser essa figura? Não sou política, não faço par te da oposição. Mas posso citar alguns nomes, como Vladímir Rijov, que trabalhou muito tempo na Duma e seria um excelente porta-voz. Ou [o copresidente do partido RPR-Parnas] Mikhail Kassianov, que foi o melhor dos ministros do governo Iéltsin e até mesmo de P úti n. Há A lek sêi Kúdrin...

presidente desse grupo, que deixou a localidade por alguns dias. Além disso, em 18 de maio, data que marca a deportação dos tártaros da Crimeia [em 1944], eles costumavam se reunir na praça principal de Simferopol, em um evento enorme. Agora não têm permissão para fazê-lo.

E Mikhail Khodorkóvski? É uma pessoa muito competente! Com certeza seria útil.

Em 2016 haverá eleições para a Duma e a oposição formou uma coalizão para tal. Como avalia a força dessa? A tentativa de união é um avanço enorme e inédito.

Mas ele está exterior, acusam-no de ter fugido... Não é uma fuga. Pelo con-

trário, ele está ansioso para voltar. Ele não foi embora por livre e espontânea vontade, foi enviado para o exterior de um modo muito engenhoso, com a mensagem subliminar de “fique por lá”. Muitos consideram as organizações de direitos humanos na Rússia como incapazes de afetar a tomada de decisões. A senhora concorda? Infelizmente, o governo leva muito pouco em conta a opinião dos defensores dos direitos humanos. Mas as associaçõ e s de d i r e it o s humanos surgiram no país em meados dos anos 1960 e sobreviveram ainda 25 anos sob o domínio soviético. Temos experiência e muitos profissionais trabalhando conosco. Por isso, não diria que não temos influência. Eles não têm alternativa, senão nos levar em conta. Recentemente a senhora esteve com [a vice-secretária de Estado dos EUA] Victoria Nuland. Há quem veja com maus olhos essas reuniões. O que tem a dizer sobre isso?

Seja a um repórter russo, a um repórter estrangeiro, ao governo ou à senhora Nuland, digo a todos a mesma coisa: aquilo que penso. Para ser sincera, não sei por que ela veio. Respondi a algumas perguntas, mas não para que ela saia por aí nos defendendo. Sabemos lidar com nossos problemas. A senhora viveu durante 16 anos nos EUA e tem cidadania norte-americana. Por que voltou para a Rússia? Quando a Rússia ameaçou prender não só a mim, mas também meu filho e meu marido, apesar de eles não serem ativistas, tive que partir, e fui para os EUA. Voltei no início dos anos 1990, quando muitos já tinham sido autorizados a regressar, mas eu ainda não – estava na lista negra da KGB. Não escondo que tenho cidadania norte-americana. Já não vou mais para os Estados Unidos, mas, naquela época, o país me tratou bem. Lá tive uma vida normal durante anos que teria passado na prisão aqui. Mas voltei porque a Rússia é meu país, e é nele que quero viver.

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buscado atrair não apenas jovens combatentes, mas diversos profissionais. Além de um anúncio da organização que ganhou popularidade oferecendo salário de US$ 225 mil para a vaga de gerente em seus campos de petróleo - cerca de 12 tomados entre a Síria e o Iraque -, desde o ano passado circulam vagas para médicos, juízes, programadores, designers e até hackers. No caso de Karaúlova, acredita-se que a jovem seria usada com o objetivo de ensinar o russo, terceira língua na escala de importância do EI, atrás apenas do árabe e do inglês.

Noivas (e viúva) da jihad As jovens atraídas pela organização, na maioria das vezes, são as chamadas “noivas da jihad”, que partem para a Síria com o intuito de se casar com combatentes do EI - e de lhes garantir a prole. Foi o que aconteceu com a estonteante Seda Dudurkaeva, filha de Asu Durdukaev, um ex-ministro na república russa da Tchetchênia. Sua fuga para Aleppo, aos 20 anos, no final de 2013, para casar-se com um combatente do EI resultou na demissão do pai, anunciada no Twitter pelo presidente tchetcheno Ramzan Kadirov. Renomeada como Aisha, a jovem logo ficou viúva do austro-georgiano Hamzat Bor-

chashvili, e casou-se com um dos melhores amigos do marido morto, o comandante georgiano Abu Omar al-Shishan i , u m do s l íde r e s d a organização. Diversas adolescentes europeias trilharam caminhos semelhantes, mas hoje estariam tentando voltar para casa, como as austríacas de ascendência bósnia Samra Kesinovic, 16, e sua amiga Sabina Selimovic, 15, ou as gêmeas britânicas Zahra e Salma Halane, 17, de pais somalianos. Mas, se conseguirem retornar a seus países, essas garotas devem enfrentar consequências: interrogatórios, multas que chegam aos U$ 250 mil e até prisão - caso da auxiliar

de enfermagem norte-americana Shannon Conley, 19. No Reino Unido, o governo ainda avalia novas leis que poderiam impedir o retorno de seus cidadãos. Karaulova não corre risco de ser expulsa da universidade, segundo o reitor Vladímir Mironov, mas ficará suspensa. “Em um período de um ano ela deve ter o direito de voltar à faculdade”, disse.

Encanto extremista As redes sociais têm papel crucial no recrutamento pelo EI. Além disso, para o psicólogo russo Pável Ponomariov, jovens laicos aderem ao Islã por se sentirem incapazes de se realizar. “No caso de Karaúlova, tra-

REUTERS

Jovens fogem para se casar com combatentes do EI

Algumas ‘noivas da jihad’ expressaram desejo de retornar, mas devem sofrer consequências

ta-se de um suicídio social, uma tentativa de se apagar por completo da sociedade em que vivia e encontrar uma nova identidade em outro mundo”, diz. Malachenko relembra ainda o perigo da busca por um ideal de justiça e valores utópicos. “Uma parisiense afirmou que partia para combater

pelos ideais islamitas, que eram ‘superiores àqueles que lhe ensinaram na escola e na igreja’. Talvez essa pessoa fosse sincera, mas talvez ela tenha apenas cansado da rotina e busque algo mais excitante. Afinal, para ‘lutar pela justiça’, há quem parta não apenas para a Síria e o Iraque, mas tam-

bém para o leste ucraniano”, diz Malachenko. Já o historiador e arabista Gueórgui Mírski compara a popularidade do pensamento extremista atual com a dos anos 1930. “A única diferença é que, na época, os jovens ocidentais instruídos se uniam aos radicais de seu tempo: comunistas ou nazistas.”

Bola da vez Mudanças em plano de promoção do país a jovens líderes estrangeiros foram impulsionadas por situação geopolítica

Brics terão prioridade em intercâmbios à Rússia Em funcionamento há quatro anos, “Nova Geração” visa a aprofundar conhecimento sobre a Rússia por meio de visitas ao país. MARINA OBRAZKOVA GAZETA RUSSA

A Rossot r ud n itchest vo (Agência Federal para Cooperação com os Estados Independentes, Compatriotas que Vivem no Exterior e Ajuda Humanitária Internacional) está revendo as normas para participação no prog rama “Nova Geração” (“Novoe Pokolénie”).

Com as mudanças, terão prioridade não só jovens oriundos da CEI (Comunidade dos Estados Independentes), mas também de países com quem a Rússia mantém parcerias, como os membros dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Em vigor já há quatro anos, o projeto promove visitas à Rússia entre jovens líderes estrangeiros representantes de círculos políticos, sociais, científicos e empresariais. Segundo representantes da Rossotrudnitchestvo, as mudanças se devem à necessidade de

adequar o programa à atual situação da política externa. “Os países que integram blocos internacionais e orga-

Com investimento de US$ 2,5 mi, novas diretrizes especificam busca por candidatos entre 20 e 40 anos nizações intergovernamentais regionais que a Rússia presidirá terão prioridade às visitas, assim como aqueles que realizam anos e dias de inter-

câmbios culturais, científicos e educacionais”, lê-se no novo texto de apresentação. Para o diretor do Centro Carnegie de Moscou, Dmítri Trénin, a reorientação tem lógica. “O mundo além das fronteiras dos países desenvolvidos do Ocidente é vasto. Antes, dávamos pouca atenção a outros países, mas agora é preciso cooperar com nossa vizinha China, países do Brics, a Organização para Cooperação de Xangai, países da América Latina e assim por diante”, disse ao jornal “Kommersant”.

O documento especifica ainda os princípios para a seleção dos candidatos: estrangeiros com idade entre 20 e

Rossotr udnitchestvo no Brasil. Jovens de mais de 80 países já participaram do programa, e a expectativa para este ano é disponibilizá-lo para mais de 90. Quase US$ 2,5 milhões serão destinados a sua realização neste ano - US$ 250 mil a menos que em 2014.

“Esse tipo de política é eficiente, apesar dos custos elevados, e funciona melhor com países desenvolvidos” Caro, porém eficaz 40 anos (com a possibilidade de abrir exceções até os 45 anos). Para saber mais sobre o programa, é preciso buscar a representação da agência

Segundo a doutora em ciências políticas Anna Velíkaia, esse tipo de programa é eficaz, mas caro e apenas países desenvolvidos têm recursos para implementá-lo. “O ‘Nova

Geração’ é muito atual e pertinente. Seria interessante recebermos por ele mais representantes de países ocidentais, mas a atual situação política é complicada”, disse Velíkaia à Gazeta Russa. A jornalista russa Anastassia Smírnova participou de um programa semelhante no Japão quando tinha 25 anos de idade. “Então, sabia muito pouco sobre o país. Com a visita, passei a entender suas políticas e economia, pude escrever escrever textos sobre questões asiáticas com muito mais propriedade.”


Especial

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Grupo redefine ordem mundial CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 1

FRASES

Brics, na alegria e na tristeza

Vladímir Pútin

EPA/VOSTOCK-PHOTO

PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO RUSSA

"

Esperamos chegar a um acordo sobre o início das atividades práticas do Banco do Brics e do pool de reservas cambiais durante a cúpula em Ufá. O Brics já se tornou um elemento influente na política e na economia mundial, e a Rússia está interessada em aprofundar a cooperação com os países do grupo”

Dilma Rousseff

EPA/VOSTOCK-PHOTO

PRESIDENTE DO BRASIL

FONTE: RIA NOVOSTI

criação de instrumentos alternativos de governança global, mas o reforço daqueles já existentes, segundo Suslov. “Uma vez que o Ocidente não quer compartilhar suas posições dominantes e as utiliza com fins políticos, como se vê pelas sanções contra a Rússia, o Brics vai pelo caminho da criação de instituições globais paralelas. Não falamos aqui da substituição, por exemplo, do sistema bancário mundial pelo Banco de Desenvolvimento do Brics, mas em fazer com que estes fundamentos da governança global se conjuguem uns com os outros”, explica. No caminho para alcançar essas metas, o Brics não irá evoluir para uma organização centralizada de pleno direito, acredita o professor do Departamento de Processos Históricos Mundiais do Mgimo, Serguêi Vesselóvski. “Por enquanto, nenhum país do grupo está pronto para assumir a carga integral da liderança formal política e econômica, unindo os demais em torno de si”, explica ele. O bloco também não deverá adotar uma integração horizontal do tipo da UE. Segundo Suslov, é improvável que o Brics avance no sentido da institucionalização, e o mais provável é que se mantenha um fórum com presidência rotativa.

"

Esperamos que a próxima Cúpula do Brics em Ufá acelere a implantação do novo Banco de Desenvolvimento do Brics e do Acordo Contingente de Reservas, que aprovamos no ano passado, na presença do presidente Xi Jinping, em Fortaleza”

Alinhamento geral NÚMEROS

Tudo pronto Cidade-sede já pode receber Boeings 474 e Airbus 330

108

Gastos chegam a US$ 189 mi

milhões de dólares destinados ao evento são provenientes de investimentos privados.

Preparativos incluem reforma de aeroporto e do Palácio de Congressos e construção de novos hotéis, além de alimentação.

500

voluntários foram selecionados entre 10.000 pretendentes a posições não remuneradas.

ALEKSÊI LOSSAN GAZETA RUSSA

Após dois anos de preparação, os gastos da Rússia com a cúpula do Brics chegam a 10,5 bilhões de rublos, ou seja, aproximadamente US$ 189 milhões, de acordo com o governador da Bachquíria, Rustem Khamitov. Segundo ele, desse total, o orçamento federal disponibilizou US$ 45 milhões, outros US$ 36 milhões vieram dos cofres da própria república, enquanto o investimento privado cobre o s U S $ 10 8 m i l h õ e s restantes. “O valor relativamente baixo se deve ao fato de Ufá

já estar, desde o início, preparada para receber o evento. Só foi preciso reformar o Salão de Congressos e o aeroporto e providenciar alojamento”, diz o analista da consultoria Finam, Timur Nigmatullin. Para o analista sênior da UFS IC, Aleksêi Kozlov, o capital foi destinado sobretudo a obras infraestruturais que ficarão para a posteridade. “Uma das tarefas mais importantes foi a modernização do aeroporto de Ufá. A pista de pouso e decolagem foi reformada, e agora pode receber o Boeing 747 e o Airbus 330, assim como aeronaves de carga extra-pesadas”, diz. Além disso, o novo terminal internacional construído cumpre todas as normas internacionais. Nesses dois anos também foram constru-

ídos em Ufá, com investimento privado, sete novos hotéis, inclusive com as marcas de redes mundialmente conhecidas como Hilton, Holiday Inn e Sheraton”, explica.

Infraestrutura desenvolvida e grande volume de voluntários contiveram despesas Comodidades De acordo com a agência de notícias Tass, uma “cidade dos jornalistas” temporária proverá os profissionais de imprensa com todas as comodidades necessárias. Constituído por diversos módulos, o centro de imprensa tem mais de 250 terminais

de trabalho equipados com computadores, telefones e acesso à internet via wi-fi e cabo. Aos representantes do quarto poder serão ainda oferecidas refeições preparadas pelos chefs do presidente russo. Além disso, a cozinha do Kremlin ainda terá 1.400 assistentes, incluindo técnicos, voluntários e motoristas. Para receber e acompanhar os participantes da cúpula foram destacados 500 voluntários, em sua maioria, universitários estrangeiros est ud a ndo n a c apit a l d a Bachquíria. No total, mais de 10 mil pessoas se ofereceram para os trabalhos voluntários. Entre os requisitos obrigatórios para a admissão, estava o domínio da língua inglesa ou chinesa.

Armamento Potencial se concentra em aviação e defesa antiaérea

OPINIÃO

Moscou quer incrementar cooperação militar do Brics

Entre helicópteros e mísseis, Brasil decide Claudio Lucchesi ANALISTA MILITAR

ALEKSÊI TIMOFEITCHEV GAZETA RUSSA

Durante encontro anual dos representantes de segurança dos países-membros do grupo no final de maio, o secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Nikolai Pátruchev, pediu um incremento na cooperação técnico-militar entre os membros dos Brics. “Estou convencido da necessidade de se aumentar a cooperação entre nossos países em campos como a cooperação técnico-militar, a luta conjunta contra o terrorismo, o extremismo, o separatismo e a criminalidade nas fronteiras”, disse. Para o analista militar Iliá Kramnik, a cooperação militar entre os países do grupo ainda tem grande potencial, apesar de Moscou já ter contratos bilaterais assinados com Pequim e Nova Déli.

Em maio, Nova Déli aprovou uma compra, avaliada em US$ 467 milhões, de quase 200 helicópteros russos Ka-226T para o Exército e a Marinha. Outro projeto conjunto indo-russo está captando financiamento para o desenvolvimento de um caça de quinta geração. “Considerando que a Índia rejeitou um contrato para produção de caças franceses Rafale em seu território e se limitou à aquisição direta de 36 aeronaves, é possível que a compra de caças Su-30 aumente”, diz o analista.

Negócio da China Outros contratos de grandes proporções têm sido assinados com Pequim, assim como o desenvolvimento conjunto de um novo avião civil. Além disso, espera-se que a China compre sistemas de defesa antiaérea russos S-400 e caças Su-35. A atividade de Moscou em relação a Brasil e África do Sul no setor, porém, deixa a

Índia comprou 200 unidades do Kamov 226T em maio. Brasil tem um único modelo da marca, da iniciativa privada

DIVULGAÇÃO

Além de acordos comerciais, secretário russo defende exercícios conjuntos e planos coordenados em situações de emergência.

desejar, e o país há anos arrasta uma tentativa de venda de sistemas de defesa antiaérea Pantsir-1S e helicópteros ao primeiro. Para o vice-presidente da Academia para Questões Geopolíticas, Konstantin Sivkov, a Rússia está à frente de seus parceiros de Brics no setor militar. “As capacidades sino-russas somadas são bastante razoáveis, levando-se em conta que a China é líder em volume de equipamento militar de fabricação própria”, diz. As principais áreas que

abrem possibilidade para cooperação no grupo, segundo ele, são as de aviação e defesa antiaérea. No caso da Índia e China, navios de guerra também se incluem na lista. O pesquisador relembra que já existem acordos que podem facilitar essa cooperação. “Eles abrangem as principais áreas da cooperação técnico-militar, mas agora é necessário incrementar sua aplicação prática com projetos conjuntos de desenvolvimento de sistemas de armamento”, diz.

o ano passado, completa ra m-se 20 anos desde a primeira vez que as Forças Armadas do Brasil adotaram um armamento russo, o míssil portátil antiaeronave 9K38 Igla. Em 2010, um sistema de armas russo muito mais complexo chegou ao país: o helicóptero de ataque Mil Mi-35M. Junto a tais equipamentos, surgiu a “missão” de alterar no Brasil a visão da tecnologia militar russa, ainda firmemente calcada na ideologia e na propaganda ocidental da Guerra Fria. Antes dos Igla e Mi-35M, as Forças Armadas brasileiras jamais tiveram um míssil portátil individual antiaéreo, nem um genuíno helicóptero de ataque. Mesmo durante a Guerra Fria, com o alinhamento pró-EUA de Brasília, Washington sempre vetou o fornecimento de tais equipamentos ao Brasil. Mas seria absolutamente simplista considerar que os

N

obstáculos a maiores parcerias militares entre Brasil e Rússia se concentrem apenas nas esferas da ideologia, propaganda e geopolítica. Por exemplo, a Aviação do Exército Brasileiro (AvEx) possui seu próprio requerimento para, futuramente, adquirir e operar de modo pró-

País tem espaço para tecnologia russa, mas precisa superar ideologias e atualizar doutrinas pr io u m helicóptero de ataque. Para a AvEx, é fundamental que o modelo possa operar à noite, e em quaisquer condições atmosféricas. Isso significa, pelos padrões ocidentais seguidos nas Forças Armadas do Brasil, que a aeronave deve possuir sistemas de navegação e orientação como os VOR e ILS, que a qualificam como apta às operações “por instrumento” (IFR). Mas, na doutrina militar russa, o conceito de voo IFR

Xi Jinping PRESIDENTE DA CHINA

EPA/VOSTOCK-PHOTO

“Para melhorar a eficiência do atual formato, porém, o grupo deverá aumentar a coordenação em todos os domínios”, diz o pesquisador Gueórgui Toloraia. Em seu primeiro ano na presidência do grupo, Moscou já iniciou esses trabalhos inagurando eventos pioneiros, como a reunião de vice-chanceleres dos países do Brics dedicada à situação no Oriente Médio, realizada no final de maio; o Fórum Civil e o Fórum Parlamentar do Brics, em maio; o Fórum de Pequenos Negócios e o encontro entre ministros das Comunicações do Brics, planejados para outubro, entre outros. Além disso, o país fundou, no mês passado, o Instituto Internacional de Direito do Brics, em Iekaterinburgo. Com as divergências russas com o Ocidente, o Brics passou a ter especial importância para Moscou, já que pode se tornar uma ferramenta para a reforma do sistema mundial como um todo, e não apenas no setor econômico.

"

A inauguração do Banco de Desenvolvimento do Brics é um passo significativo na história da nossa associação que permitirá não só aumentar nosso peso no cenário mundial, como também elevará a qualidade de vida das populações de nossos países”

(sem visibilidade) não se norteia pela exigência de equipamentos VOR e ILS, mas dos NDB e RSDN, de função similar. Assim, um helicóptero como o moderno Mil Mi-28NE é considerado absolutamente capaz de efetuar operações noturnas e IFR pelos russos – mas não pelos brasileiros. E isso é só um exemplo. Por outro lado, parcerias entre empresas brasileiras e russas têm provocado uma mudança (favorável) nos serviços pós-venda, de fornecimento de peças sobressalentes e componentes, além de manutenção e revisão, no Brasil, de equipamentos russos – que deverão atender também aos Mi-35M militares da FAB. Além disso, uma área que possui gigantesco potencial de cooperação entre a Rússia e o Brasil é a de desenvolvimento de mísseis. E já há a experiência muito bem-sucedida de uma joint-venture nesse campo: o trabalho com a Índia no avançado míssil BrahMos. O Brasil, por sua vez, vem completando seu primeiro programa internacional de desenvolvimento de um míssil, o A-Darter, fruto de um trabalho conjunto da brasileira Mectron com a sul-africana Denel. Claudio Lucchesi é diretor da revista especializada Asas.


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RECEITA

Ufá, uma joia cultural entre a Europa e a Ásia

‘Tchak-tchak’, o ouro de mel da Bachquíria Anastassia Muzika ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

OLEG MENKOV

Monumento a Salavat Iuláiev, líder de revolta camponesa, é principal símbolo da cidade CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 1

O principal símbolo de Ufá e da Bachquíria é o monumento erigido em uma colina com vista sobre o rio Bélaia. Ele retrata Salavat Iuláiev, líder da rebelião de Pugatchov e figura-chave no estímulo da consciência étnica bachquíria. Capturado no final de

vam de sua confecção: as mais jovens preparavam e cortavam a massa, as casadas fritavam, e as mais velhas regavam com mel e lhe davam forma. Para o povo bachquírio e o tártaro, o tchak-tchak simboliza a prosperidade e a união. Reza a lenda que um cã - título conferido aos antigos líderes das estepes asiáticas -, ao oferecer a guloseima ao filho e sua noiva nas bodas, desejou que eles “vivessem colados um a outro, como o tchak-tchak impregnado de mel, tivessem tantos filhos quanto os tchak-tchak que a massa rende e dispusessem sempre de ouro em abundância, como os montículos dourados de tchak-tchak dispostos nas travessas, subindo na vida”. Além do sabor e da tradição, outra vantagem da receita é que ela tem grande duração devido às propriedades do mel como conservante. Depois de pronto, o tchak-tchak pode ser consumido em até três semanas.

Capital da Bachquíria é berço de escritores, cantores, esportistas e outros artistas reconhecidos no mundo inteiro

Rudolf Nuriev (1938-1993) Um dos mais celebrados bailarinos do século 20, foi responsável por expandir o papel do homem na dança e libertá-lo da função de simples apoio feminino. Durante turnê soviética na França, em 1961, asilou-se no país, onde fez grande sucesso. Morreu em decorrência da Aids.

um centro de exposições e negócios com museu, sala de concertos, restaurante bachquírio e um grande shopping center. O rio Bélaia divide a cidade em dois e segue através da república. Nos finais de semana, é comum ver casais e famílias passeando ou beliscando em um dos muitos cafés ao ar livre, às margens desse rio. Perto do centro da cidade, o Bélaia cruza com o rio Ufá. A maioria das embarcações para passeios fluviais parte do Monumento à Amizade,

LORI/LEGION MEDIA

Culinária local A Bachquíria também é famosa por seu mel, principalmente o branco ou de tília. Um bom local para prová-lo é o Mercado Central, localizado na rua Tsiurupi, 97. Além das opções no piso térreo, pode-se adquirir o produto no restaurante Ashtau, no último andar, que pratica preços módicos. A cozinha bachquíria também triunfa no “Idel’” (rua Mendeleev, 137) ou qualquer restaurante da rede “Pyshka”, que se espalha por toda a cidade. Para aperitivos, o pub “Watson” fica na mesma rua, número 42. O agito fica por conta do escocês “McHighlander”, na rua Karl Marx, 24/1, onde jovens garçons russos servem os clientes vestindo kilts - o que relembra as raízes escocesas de Ufá, que teve seu primeiro urbanista originário dessa região.

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Passeios fluviais, culinária, mercados, igrejas e mesquitas monumentais são alguns dos atrativos

construído para celebrar os 400 anos de união da Bachquíria à Rússia. Seus horários de saída estão disponíveis em: http://v-info.ru/articles1164. html.

ALEKSANDR SAVERKIN / TASS

1774, Iuláiev foi condenado à prisão perpétua, marcado com ferro quente e enviado, acorrentado ao pai, para Páldiski, na atual Estônia. Morreu no cativeiro no ano de 1800. Nos arredores do monumento, fica localizado o Salão de Congressos da Bachquíria,

AP

Mesquita Lialia-Tiulpan, com terceiro maior minarete do país

Iúri Chevtchuk (1957-) É líder de um dos grupos de rock mais aclamados do país, o DDT, fundado ainda em 1980, em Ufá. Ganhou certa relevância na política em 2010, ao entrar em discussão com Pútin durante um encontro do presidente com artistas russos.

Ingredientes: · 500 g de farinha; · 1/2 copo de leite; · 30 g de manteiga; · 3 ovos; · 2 colheres de sopa de açúcar; · 1/2 colher de chá de sal; · 300 g de mel; · 200 g de açúcar; · 300 a 400 ml de óleo.

Serguêi Dovlatov (1941-1990) Foi um escritor e jornalista dissidente, e é um dos autores mais lidos no mundo. Durante a era soviética, nunca pôde publicar no país. Emigrou em 1979 para os EUA, onde publicou livros e escreveu artigos para a célebre New Yorker.

Modo de preparo: Bata os ovos com o açúcar e o sal. Peneire a farinha em um recepiente, adicione o leite, os ovos batidos, a manteiga derretida e misture bem. A massa deve ficar macia, sem grudar nas mãos. Caso fique seca demais, acrescente um pouco de leite. Sove a massa por 5 a 7 minutos e deixe descansar por uma hora. Abra-a até que fique com uma espessura de 0,5 cm e corte-a em tiras de 1 cm a 1,5 cm de largura. Das tiras, faça rolinhos cilíndricos com cerca de 0,5 de diâmetro, da mesma maneira como no preparo do nhoque, mas corte em pedaços mais compridos que a massa italiana, como na foto. Se pre-

Maksim Tchudov (1982-) Tricampeão mundial de biatlo de inverno e de verão, e bronze nas Olimpíadas de Vancouver em 2010, o esportista é conhecido como “Foguete Russo”. Formado em direito, ele ingressou no partido governista Rússia Unida em 2008 e deixou a carreira esportiva em 2013.

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Líder dos camponeses

Cidade de estrelas

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te da região é a Lialia-Tiulpan, a 13 km do centro de Ufá, no Parque da Vitória. Concluída em 1998, ela tem minaretes de 53 metros, que estão entre os três mais altos do país. Já a igreja ortodoxa russa Rojdestvo-Bogoródistki tem uma torre de 47 metros de altura e se distingue por sua cor azul-bebê. Erguida no final do século 19, chegou a funcionar como hospital até 1934 e, a partir da década de 1950, abrigou um cinema. Em 1991, o terreno foi devolvido à Igreja Ortodoxa Russa, que uniu enormes esforços e a reconstruiu em 15 anos. Hoje, a igreja tem capacidade para receber milhares de fiéis. Ufá tem um charmoso Gostíni Dvor - como se chamam determinados centros comerciais na Rússia -, localizado na rua Lênin, no centro da cidade. Com arcos clássicos construídos no século 19 e preservados através da era soviética, ele é cercado pelas choperias do parque vizinho, onde a cidade inteira parece se reunir à noite. Suvenires e artesanatos podem ser adquiridos nesse centro comercial, assim como na galeria de arte Ufá, na rua da Revolução, 34.

O “tchak-tchak”, uma massa frita banhada com mel, é, provavelmente, o doce mais tradicional da região russa da Bachquíria. Sua origem exata é incerta, mas diz-se que o quitute foi criado por nômades da Ásia Central: em tempos remotos, esses errantes colhiam mel de abelhas selvagens e trituravam cereais silvestres, que eram usados em sua confecção. Feitos de pedacinhos de massa fritos em gordura de carneiro e regados com mel, os tchak-tchak eram dispostos em travessas uns sobre os outros, como um montículo dourado, forma que se preserva até os dias atuais. Apesar de ter sido inventado há muito, o tchak-tchak quase não sofreu alterações em sua receita. E, se hoje ele é um prato corriqueiro, no passado só aparecia em festas, sobretudo casamentos e visitas entre os pais dos noivos. Todas as mulheres participa-

ferir, molde seus tchak-tchak em bolinhas. Frite a massa já cortada e moldada em óleo até dourar, e deixe escorrer em papel toalha para tirar o excesso de óleo. Aqueça o mel em fogo baixo, mexendo sempre. Adicione açúcar e continue mexendo até esse dissolver. Após a fervura, coloque em fogo alto e deixe por cerca de cinco minutos. Para obter uma consistência viscosa, mexa devagar, de vez em quando. Em seguida, coloque a massa frita em um recepiente grande, despeje o mel e misture bem. Molhe com água fria as mãos e a travessa onde será servido o tchak-tchak. Com as mãos, disponha a mistura de massa e mel na travessa, dando-lhe a forma que desejar. Se o mel começar a grudar nas mãos, molhe-as novamente com água fria. Enfeite o prato com nozes picadas e frutas secas. Esses ingredientes também podem ser adicionados ainda na fase de misturar a massa frita com o molho de mel. Priátnogo appetita!

EXPEDIENTE

CALENDÁRIO CULTURA E NEGÓCIOS PALESTRA: KANDINSKY, FUNDAMENTOS DA ARTE NÃO OBJETIVA 6 DE JULHO, ÀS 19H30, NO CCBB, SÃO PAULO-SP

Rodolfo de Athayde, idealizador da exposição “Kandinsky: Tudo Começa num Ponto” e filósofo pela MGU (Universidade Estatal

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de Moscou), e o historiador da arte, mestre em filosofia e curador-assistente da Casa do Saber, Denis Bruza Molino, recebem o público para uma palestra sobre as origens e as influências de um dos mais celebrados artistas russos, Vassíli Kandinsky.

KANDINSKY: TUDO COMEÇA NUM PONTO

A vida e as ideias do mestre criador do abstracionismo são representadas por meio de textos, sons e imagens, ou seja, uma imersão sensorial completa.

A primeira individual de um dos maiores fotógrafos soviéticos vivos terá a presença do próprio na abertura. A exposição traz 65 imagens em preto e branco tiradas a partir de 1959 na URSS.

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