Gazeta Russa

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QUARTA-FEIRA, 6 DE MARÇO DE 2013

O melhor da

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PRODUZIDO POR RUSSIA BEYOND THE HEADLINES

Sinal verde para a carne?

Boate Kiss é reprise russa

Chefe do serviço fitossanitário russo visita Brasil e discute o fim do embargo

Há três anos, incêndio em Perm, nos montes Urais, matou 156 depois de falhas em show pirotécnico

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Publicado e distribuído com The New York Times (EUA), The Washington Post (EUA), The Daily Telegraph (Reino Unido), Le Figaro (França), La Repubblica (Itália), El País (Espanha), Folha de S.Paulo (Brasil), The Economic Times (Índia), La Nacion (Argentina), Süddeutsche Zeitung (Alemanha), The Yomiuri Shimbun (Japão) e outros grandes diários internacionais

Visita oficial Primeiro-ministro russo Dmítri Medvedev assina sete novos acordos em Brasília

NOTAS

Cooperação bilateral ampliada

Animais em choque após meteorito

ALAMY/LEGION MEDIA

Entre documentos assinados, há declaração de intenções de compra, pelo governo brasileiro, de um sistema antiaéreo russo. NORMA MOURA ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

O premiê russo Dmítri Medvedev chegou ao Brasil no último dia 19 de fevereiro acompanhado por uma grande comitiva, composta por ministros de Estado e empresários, e foi recebido pela presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto na manhã seguinte. Dilma e Medvedev trataram de temas relevantes no campo da tecnologia, para tornar a interação Brasil-Rússia ainda mais efetiva. Na reunião da CAN (Comissão Brasileiro-Russa de Alto Nível de Cooperação), por sua vez, as autoridades fi rmaram entendimentos e assinaram sete acordos e declarações de intenções nas áreas de defesa, tecnologia, agricultura, energia, educação e esportes. Após a assinatura dos atos, o vice-presidente Michel Temer ressaltou a importância dos acordos, com destaque para a importação de trigo russo pelo Brasil, um antigo pleito do presidente Vladimir Putin, e a solução ao embargo russo à carne brasileira. “As autoridades sanitárias entraram em entendimento com os correspondentes brasileiros ao longo dos últimos dois anos e amenizaram a restrição que havia”, anunciou Temer.

A queda de um meteorito em Tcheliábinsk no último dia 15 de fevereiro afetou não só os moradores, mas animais locais, como relata o veterinário Karen Dallakian. Um falcão peregrino, pássaro listado pelo Livro Vermelho dos animais em risco de extinção, foi levado ao veterinário em estado de choque, sem cantar ou voar. “O falcão peregrino ficou perturbado devido à onda de explosões”, disse Dallakian à revista “Argumenti i Fakti”. Ele também disse ter recebido um gato persa que sofreu um AVC devido ao fenômeno. Maria Azálina

Museu da bebedeira

AFP/EASTNEWS

A visita oficial de três dias foi encerrada no dia 21, com um café da manhã para o empresariado brasileiro e russo. Na sequência, Medvedev partiu para Cuba, onde permaneceu até sábado (23) para discutir questões relaciona-

das a comércio e energia com o presidente cubano, Raúl Castro. Os dois governos também assinaram um documento de intenções relativo à aquisiCONTINUA NA PÁGINA 3

Premiê russo Dmítri Medvedev cumprimenta a presidente Dilma Rousseff: sete acordos

Mercado Marca abriu escritório em SP

Produtores dos EUA sofrem novo embargo russo

Fábrica soviética quer vender macarrão ao Brasil

Provável alta dos preços e aumento da participação latino-americana no mercado serão algumas das consequências da restrição. VÍKTOR KUZMIN

GETTY IMAGES/FOTOBANK

ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

Depois do aviso em 2012, Brasil, México e Canadá concordaram em suspender o uso da ractopamina

vertido quatro países que utilizam a substância (Estados Unidos, Canadá, México e Brasil) sobre um possível corte no fornecimento caso o uso da ractopamina continuasse. “Três países [Brasil, México e Canadá] concordaram em corrigir a questão”, disse à Gazeta Russa o porta-voz do Rosselkhoznadzor, Aleksêi Aleksêienko.

Mas com a continuidade da prática pelos Estados Unidos, a Rússia decidiu impor restrições mais severas à importação de carne. De acordo com as regras da União Aduaneira, a carne em que se detecta tal substância deve ser destruída – o que gera um duplo prejuízo para os importadores, que acabam tendo que importar novos lotes para repor os perdidos. “Também não faz sentido algum refazer o trabalho dos veterinários nor t e - a me r ic a no s ne m vamos gastar nosso orçamento com isso”, afirma Aleksêienko. No fi nal de janeiro, o vice-diretor do Rosselkhoznadzor, Evguêni Nepoklonov, enviou uma carta ao responsável pela segurança alimentar do Ministério da Agricultura norte-americano, Ronald Jones. A correspondência explicava que os Estados Unidos não haviam apresentado garantias de que as mercadorias fornecidas estavam isentas de ractopamina. Apesar de Nepoklonov classificar as restrições como “temporárias”, a agência não definiu a duração do embargo. As autoridades fitossanitárias da Rússia também negam que as novas normas sejam uma resposta à lei Magnítski, promulgada pelos EUA, proibindo a entrada de CONTINUA NA PÁGINA 4

Ratos farejadores O Ministério da Defesa russo irá testar o uso de ratos na detecção de explosivos e drogas no próximo trimestre, disse uma fonte do Estado-Maior ao jornal “Izvéstia”. “Os ratos devem substituir os cachorros na identificação de materiais explosivos, munições, drogas e na busca de pessoas”, disse a fonte, que lembrou que ratos já são usados por serviços de segurança e pelo exército israelenses. Izvéstia

NESTA EDIÇÃO ECONOMIA E NEGÓCIOS

‘Makfa’ planeja iniciar a comercialização em 2013. Previsão é vender pelo menos 100 toneladas por mês do tipo premium. ALEX SOLNIK ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

O brasileiro poderia esperar a chegada de qualquer produto da Rússia. Qualquer um, menos macarrão. E é justamente macarrão russo o que o brasileiro deve degustar dentro de algum tempo. No Brasil é novidade, mas a marca “Makfa” (uma inusitada junção de “macarrão” com “fábrica”) existe há 75 anos, desde os tempos da União Soviética. Hoje, a empresa de capital privado é a maior em macarrão e farinhas da Rússia e do Leste Europeu, e a quinta no ranking mundial. Como não poderia deixar de ser, as receitas e os equipamentos são de origem italiana. Mas seus 3.800 funcionários são 100% russos. A Makfa tem trigais e moinhos próprios, além das fábricas. A enorme produção, calculada em 180 mil toneladas anuais, atende ao

consumo nacional e é escoada para diversos países, com grandes exportações para os Estados Unidos e a China. Agora, pela primeira vez, seus produtos chegarão a um país da América Latina.

Fábrica no Brasil “Escolhemos o Brasil devido à forte tradição italiana. Nossa previsão inicial é a de comercializar 100 toneladas por mês”, diz o jovem diretor comercial da Makfa, Serguêi Dediúkhin. Já instalado com a família em São Paulo, Serguêi é um dos muitos funcionários administrativos russos que toca a implantação da nova filial, cujo escritório central fica em Alphaville. Elizaveta Malkovitch, a diretora-geral russa que fala português perfeitamente, explica que a empresa veio para ficar. Segundo ela, abrir uma fábrica no Brasil não está está fora dos planos. “Com os altos impostos pagos pela importações no Brasil, compensa mais produ z i r aqu i. Ent ão CONTINUA NA PÁGINA 4

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presas e veremos vários projetos interessantes surgirem nessa e em outras áreas. Esperamos contar com a experiência do Brasil e partil ha r também a nossa experiência”, disse o premiê russo.

Marina Darmaros

Rosneft fecha cinco novos acordos na Venezuela PÁGINA 4

OPINIÃO

NATALIA MIKHAYLENKO

Medvedev qualificou o diálogo como “proveitoso” e ressaltou a importância da ampliação da parceria comercial e tecnológica entre as duas nações. “A aliança tecnológica que podemos estabelecer ajudará nossas em-

Carne País recusa produtos com substância proibida

Os fazendeiros norte-americanos estão mais uma vez proibidos de fornecer carne à Rússia. Mas, diferentemente do embargo à carne de frango na década de 1990, as novas restrições, que entraram em vigor no último 11 de fevereiro, referem-se somente a produtos suínos e bovinos (carne in natura, matérias-primas e produtos processados). De acordo com o Serviço Federal de Inspeção Veterinária e Fitossanitária da Rússia (Rosselkhoznadzor), o embargo se deve às sucessivas detecções no produto norte-americano da ractopamina, um estimulante de crescimento proibido pelos países membros da União Aduaneira (Rússia, Bielorrússia e Cazaquistão). Em novembro do ano passado, a Rússia já havia ad-

Um inusitado espaço cultural foi inaugurado em Moscou: o Museu da História da Bebedeira. Entre as peças mais curiosas está a medalha de Pedro, O Grande, “Pela Bebedeira”. Em formato de estrela, o pingente de 6,8 kg era afixado ao pescoço dos beberrões como castigo e só podia ser retirado pela polícia.

Brasil negocia sistema de defesa de US$1 bilhão PÁGINA 2


Opinião

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Konstantin Bogdanov Analista militar

Rússia e o Brasil estão perto de fechar um contrato para o fornecimento de sistemas de defesa antiaérea no valor de US$ 1 bilhão. “Estamos interessados em comprar três baterias do Pantsir-S1 e duas do Igla”, disse o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas do Brasil, general José Carlos de Nardi. O contrato prevê ainda transferência de tecnologia e autorização de produção desses sistemas no Brasil. Desde a década de 1970, o país possui uma indústria armamentista desenvolvida, capaz de fabricar armas de fogo, blindados e aeronaves. Mas após a queda do regime militar, em meados dos anos 1980, o Brasil cortou o or ç a m e nt o d a s For ç a s Armadas. Mesmo assim, o potencial tecnológico e industrial criado pelo governo militar continuou se desenvolvendo. A Embraer, por exemplo, uma das maiores fabricantes de aeronaves civis, foi concebida para produzir aviões de combate. Sua marca registrada, os turboélices Tucano e Super Tucano, tiveram grande sucesso em países pobres que lutavam contra as guer-

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rilhas e chegaram a despertar interesse até mesmo do Pentágono. O possível acordo com a Rússia também pode ser um instrumento para o Brasil fomentar a cooperação técnico-militar internacional. A venda de armas modernas para o Brasil não é do tipo “pague e leve”, mas um procedimento complicado de produção e troca de tecnologias. Nesse sentido, o país se parece com a Índia, que apesar da grande corrupção na compra de armamentos, mantém fi rme sua política de levar a produção de armas estrangeiras para suas próprias fábricas. Portanto, todos e quaisquer contratos de venda de produtos militares tecnologicamente sofisticados ao Brasil trarão, inevitavelmente, investimentos (com a criação de empregos na indústria armamentista brasileira) e transferência de tecnologia. Cabe lembrar que, em 2008, o Brasil fechou a compra de 12 helicópteros de ataque russos Mi-35M (rebatizados no Brasil de AH-2 Sabre), por US$ 150 milhões, dos quais nove já foram entregues. Mas as ambições da indústria armamentista russa se estendem muito além de fornec e r lot e s l i m it ado s de equipamento militar, e o

NATALIA MIKHAYLENKO

BILIONÁRIA DEFESA BRASILEIRA

Brasil pode fechar contrato de US$ 1 bilhão com a Rússia para sistema de defesa antiaérea

contrato de US$ 1 bilhão é visto como um meio de abrir ainda mais portas no mercado latino-americano. Acredita-se que o Brasil possa se tornar o segundo principal parceiro da Rússia, atrás somente da Índia, no desenvolvimento de uma

Venda de produtos militares ao Brasil trará investimento e transferência de tecnologia

A PROVA DE STALINGRADO Makhmut Gareiev HISTORIADOR

urante a Grande Guerra Patriótica, como é conhecida na Rússia a Segunda Guerra Mundial, houve outras vitórias das forças soviéticas, não menos brilhantes que a batalha de Stalingrado. Por que, então, essa recebe tanto destaque? A história militar deve libertar-se do espírito de confronto e subordinar as investigações dos pesquisadores aos interesses da verdadeira e objetiva história da Segunda Guerra Mundial, incluindo aí a batalha de Stalingrado. Algumas pessoas tentam adulterar os fatos da Segunda Guerra Mundial no papel. Na historiografia mundial não há um entendimento único do significado da batalha de Stalingrado para o curso e o resultado da Segunda Guerra Mundial.

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Após o fim da guerra, surgiram afirmações na literatura ocidental de que o ponto mais importante de mudança na Segunda Guerra Mundial não foi a batalha de Stalingrado, mas a vitória das tropas aliadas em El Alamein, no Egito. É preciso reconhecer que a vitória dos aliados em El Alamein foi grande, trazendo uma contribuição substancial para a derrota do inimigo comum. No entanto, em termos militares estratégicos, a batalha de Stalingrado aconteceu em um território enorme, de quase 100 mil quilômetros quadrados, enquanto a operação de El Alamein foi conduzida na relativamente estreita costa africana. Além disso, mais de 2,1 milhões de pessoas, 26 mil armas e morteiros, 2,1 mil tanques e 2,5 mil aviões de combate participaram de ambos os lados em diferentes fases da batalha em Stalingrado. O co-

m a n d o a l e m ã o at r a i u 1.011.000 homens, 10.290 armas, 675 tanques e 1.216 aviões, enquanto em El Alamein, o Afrika Korps de Rommel contava somente com 80 mil homens, 540 tanques, 1.200 armas e 350 aviões. A batalha de Stalingrado durou 200 dias e noites, de 17 de julho de 1942 até 2 de fevereiro de 1943. Já o combate de El Alamein durou somente 11 dias, de 23 de outubro a 4 de novembro de 1942. Isso sem falar na imcomparável tensão e a crueldade do confronto em solo soviético. Se em El Alamein as potências do Eixo perderam 55 mil soldados, 320 tanques e cerca de mil armas, as perdas alemãs em Stalingrado e entornos foram de 10 a 15 vezes maiores. Ali, cerca de 144 mil militares foram presos e 330 tropas, destruídas. Foram também muito grandes as perdas das forças so-

ram no lixo o equivalente a seis meses de fabricação de armas na Alemanha. E para compensar essas perdas tão grandes, a indústria militar alemã foi forçada a operar sob extrema tensão. As perdas humanas também intensificaram a crise.

viéticas, chegando a 478.741 mortos. É incomparável o significado político e militar dos eventos ocorridos. A batalha de Stalingrado aconteceu no principal palco europeu das ações militares, onde se decidia o destino da guerra. Realizada no norte da África, a operação de El Alamein ocorreu em um palco secundário da guerra, portanto, sua influência sobre o curso dos acontecimentos pode ser considerada indireta. A atenção do mundo inteiro estava voltada não para El Alamein, mas especificamente para Stalingrado. As grandes derrotas e os enormes prejuízos da Wehrmacht em Stalingrado, por sua vez, pioraram drasticamente a situação político-militar e econômica da Alemanha, afundando o país em uma violenta crise. Os prejuízos causados nos tanques e veículos inimigos na batalha de Stalingrado coloca-

Dimensões numéricas e estratégicas de El Alamein não se comparam às de Stalingrado O desastre no Volga teve um impacto significativo sobre a moral da Wehrmacht alemã. Aumentaram as deserções, a desobediência e os crimes militares no exército nazista. Depois de Stalingrado, o número de sentenças de morte proferidas para os soldados alemães aumentou significativamente.

versão para exportação do caça de quinta geração Pak-FA. No entanto, uma polêmica em 2009 envolvendo a versão atualizada do caça russo Su35, principal produto de exportação do país no segmento de aviação tática, deixou

Esses soldados passaram a ser menos obstinados em suas ações militares, começaram a temer ataques de flancos e vizinhanças. Entre políticos e representantes dos oficiais de alto escalão, cresceu a oposição a Hitler. A vitória do Exército Vermelho em Stalingrado chocou as potências do Eixo, causou um efeito deprimente sobre os “satélites” da Alemanha e levou pânico e contradições insolúveis para sua área de influência. Para escapar da catástrofe iminente, os governantes da Itália, Romênia, Hungria e Finlândia começaram a procurar pretextos para deixar a guerra, ignorando as ordens de Hitler de enviar suas tropas para o conflito. Em 1943, não só soldados e oficiais se renderam ao Exército Vermelho, mas também divisões inteiras e parciais dos exércitos romeno, húngaro e italiano. As relações se tornaram tensas entre os soldados da Wehrmacht e seus aliados. A derrota esmagadora dos fascistas em Stalingrado causou um efeito de sobriedade sobre os círculos governan-

Fiódor Lukianov ANALISTA POLÍTICO

á 80 anos, o mundo conhecia Adolf Hitler, o então novo chanceler da Alemanha. Como uma das nações mais desenvolvidas da Europa mordeu a isca do populismo misantrópico e sucumbiu à ilusão de soluções simples para problemas complexos é uma questão que conti nua i ntr iga ndo os pesquisadores. Embora a Europa tenha aprendido uma lição com os acontecimentos dos anos 30, a vacina contra o nazismo parece ter validade limitada.

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A ideologia nazista concretizou o conceito mais primitivo do nacionalismo e superioridade racial. Hoje, apesar de todas as mudanças, o nacionalismo como forma de autoidentificação e estruturação do espaço político ainda está presente. E, à medida que as fronteiras vão desaparecendo em consequência da globalização, o desejo das pessoas de se agarrar a algo familiar e tradicional aumenta ainda mais. A situação se agrava com a crescente desigualdade social. Parte da classe média está sendo transformada em uma camada cosmopolita, capaz de tirar proveito das vantagens proporcionadas pela eco-

nomia global aberta. Outra porção, mais numerosa, é composta por pessoas que pos-

Preocupada com sua posição social, parte da classe média prega o protecionismo suem menos oportunidades e enfrentam grande concorrência com a mão de obra estrangeira barata. Preocupada com sua posição social e seu futuro, essas pessoas estão tornando-se um núcleo de insatisfação. Elas

pregam o protecionismo para defender os bens nacionais. O triunfo do nazismo se deveu sobretudo à Grande Depressão que atingiu o mundo em 1929, embora o fator econômico tenha sido apenas um catalisador do processo. A verdade é que Hitler soube aproveitar o sentimento de humilhação nacional sofrido pela sociedade alemã após a Primeira Guerra Mundial. Hoje, a situação é diferente e uma guerra de grandes proporções entre os países mais desenvolvidos parece impossível. A consciência da injustiça, porém, é um fator de descontentamento também muito poderoso. A atual geração europeia

NATALIA MIKHAYLENKO

O NACIONALISMO AINDA É UMA AMEAÇA entende que vai viver pior do que seus pais e que seus filhos viverão pior ainda. O modelo de bem-estar social adotado na Europa desde os anos 1950 está se esgotando. Essas tendências, que dificilmente desaparecerão em um futuro próximo, favorecem duas categorias de forças políticas: a extrema esquerda e a extrema direita. Enquanto os primeiros se re-

voltam contra os poderosos, o s s eg u ndo s m i r a m o s imigrantes. A Grécia, por exemplo, é reflexo de um modelo de desenvolvimento deprimente. Nas eleições de 2012, o maior aumento no número de votos foi registrado nos partidos de extrema esquerda e partidos nacionalistas e xenófobos. Embora apresentem sinais idênticos à Grécia, outros pa-

uma sombra de dúvida quanto ao futuro da parceria. Na época, a Rússia tentou entrar na licitação brasileira para a compra de 36 caças – com a perspectiva de produzir em território brasileiro outras 94 aeronaves, no âmbito do Projeto F-X2. Para viabilizar o acordo, a Rússia teria inclusive aceitado realizar grandes projetos conjuntos com a Embraer, mas a licitação acabou não acontecendo. Mesmo tendo como favorito o avião francês Dassault Rafale, as autoridades brasileiras também não conseguiram fechar um acordo com a França em termos de preço e transferência de tecnologia, e o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deixou a decisão para sua sucessora. A nova presidente, por sua vez, relançou a licitação argumentando um corte de gastos militares. Quando o avião francês foi tido como possível vencedor da concorrência, a imprensa informou que, para obter preferências na licitação, a França estava disposta a comprar 12 aviões de carga brasileiros KC-390, desenvolvidos pela Embraer, cujo voo inaugural está previsto para 2014. Konstantin Bogdanov é comentarista politico e militar da agência de notícias RIA Nóvosti

tes do Japão e Turquia. Eles desistiram de suas intenções de entrar na guerra contra a URSS. Com o sucesso alcançado pelo Exército Vermelho em Stalingrado e nas operações subsequentes da Campanha de Inverno de 1942-1943, a Alemanha foi ficando cada vez mais isolada na arena internacional. Então, o governo soviético estabeleceu relações diplomáticas com a Áustria, Canadá, Holanda, Cuba, Egito, Colômbia, Etiópia, e retomou os laços, anteriormente cortados, com Lu xembu rgo, Méx ico e Uruguai. Por todos os motivos citados, é possível perceber que foi justamente a batalha de Stalingrado que desestruturou a coluna vertebral da Wehrmacht e deu início a uma mudança radical na Segunda Guerra Mundial em favor da coligação anti-Hitler. Makhmut Akhmetovich Gareiev é presidente da Academia de Ciências Militares, doutor em Ciências Militares e doutor em História, além de ter participado da Grande Guerra Patriótica.

íses da Europa não registram um desespero tão grande. Os governos de tecnocratas aplicam medidas draconianas aguardando amed r o nt a d o s a s e l e iç õ e s seguintes, em que os eleitores podem rejeitá-los. A questão é saber se os principais partidos políticos terão o atrevimento de se aliar às forças extremistas para usá-las em seu benefício. Pelo menos já sabemos aonde isso levou na Alemanha. Hitler chegou ao poder democraticamente. Uma sociedade dominada por fortes sentimentos e emoções não é capaz de preencher o invólucro democrático de uma nação. Essa lição aparentemente óbvia foi esquecida no final do século 20 quando, graças aos vencedores da Guerra Fria, a democratização virou uma espécie de religião secular com seus dogmas imutáveis. Fiódor Lukianov é editor-chefe da revista Russia in Global Affairs

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Política e Sociedade

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MONIQUE LAPA

ENTREVISTA SERGUÊI DANKVERT

Visita para exportação CHEFE DO SERVIÇO FITOSSANITÁRIO RUSSO ESTEVE NO BRASIL DISCUTINDO LEVANTAMENTO DO EMBARGO Em 2012, o volume de importações de carne brasileira caiu apenas 7%, em comparação com o ano anterior. No ano passado, o Brasil exportou cerca de 430 mil toneladas de carne para a Rússia. A maior parte das empresas brasileiras que produz para o mercado local e quer começar a exportar para Rússia não utiliza a ractopamina, um estimulante de crescimento proibido em nosso país. Agora estamos criando, junto com os brasileiros, uma lista de produtores que garantam um produto livre de ractopamina.

IVAN KARTACHOV ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

Em visita ao Brasil nos últimos dias 20 e 21 de março, o chefe do Serviço Federal de Vigilância Veterinária e Fitossanitária da Rússia falou em entrevista exclusiva à Gazeta Russa sobre o embargo às importações de carne de três Estados brasileiros que já se estende por 13 meses. O Brasil é hoje o maior fornecedor de carne para a Rússia. Foi difícil abrir o mercado interno para um fornecedor dessas dimensões? Abrimos o mercado para a carne brasileira há oito anos. Os europeus declaravam que a carne brasileira tinha febre aftosa e outras doenças, mas agora também compram essa mesma carne. Sempre soubemos que o Brasil seria um país complicado, que a cooperação resultaria em muito trabalho para o Serviço Veterinário, mas sempre resolvemos tudo juntos: escolhemos uma série de fábricas, realizamos inspeções e abrimos o mercado russo para os brasileiros. A Rússia nunca proibiu a importação de carne brasileira.

Isso significa que a questão com a ractopamina ainda não está resolvida? De qualquer maneira, realizamos a verificação de toda a carne proveniente do exterior. Os produtores por vezes usam ractopamina na fase inicial, mas não no final da vida de um animal. Nesse caso é muito difícil encontrar o estimulante. Também queremos incentivar a concorrência. Se o Paraguai e o Uruguai não usarem ractopamina, esses

países terão vantagem. Não queremos criar condições especiais para o Brasil. As inspeções são realizadas em laboratórios ou nos frigoríficos? Em ambos. Em primeiro lugar, precisamos de acesso aos abatedouros e frigoríficos para podermos analisar as carnes mais frescas. Durante a visita oficial do premiê russo Dmítri Medvedev ao Brasil, o representante de uma empresa exportadora de carne à Rússia declarou que o governo brasileiro quer introduzir uma lei proibindo o uso da ractopamina. Será um mérito da Rússia. A ractopamina não é proibida por lei no Brasil, mas a situação pode mudar logo. Quando encontramos uma substância proibida, emitimos um aviso. De 50 frigoríficos brasileiros, entre 30 e 40 já receberam esses avisos. Isso significa que mais de 50% dos fornecedores de carne brasileira para a Rússia já quebraram suas promessas. Isso é normal, leva a melhorias na qualidade do produto. Agora, além do Serviço Federal de Vigilân-

Em visita ao Brasil, Medvedev amplia cooperação bilateral

cia Veterinária e Fitossanitária, empresas privadas também realizam inspeções nos frigoríficos brasileiros. Isso significa que as empresas brasileiras aceitaram as condições pré-estabelecidas pela Rússia de eliminar o uso de ractopamina? Elas aceitaram nossas condições desde o início. Todos os nossos parceiros no Brasil, nos EUA e na Canadá prometeram cancelar o uso desse estimulante. Agora, nosso objetivo é verificar se eles cumprem as promessas. Realizamos inspeções nos países, fazemos análises, observamos o processo de produção. Ainda não encontramos discordâncias. O volume de exportações brasileiras para a Rússia vai aumentar? Isso depende de muitos fatores. Se o embargo à carne dos Estados Unidos for mantido, o volume de carne brasileira no mercado russo poderá aumentar em até 20%. Como a entrada da Rússia na OMC afetará as relações entre os dois países? As relações entre a Rússia e

professor da UnB, acredita que a barreira linguística será um entrave à interação científica entre estudantes brasileiros e russos. “A ideia é boa, mas não foi muito bem articulada. A não ser que haja universidades russas com língua franca inglesa, o fato de brasileiros terem de aprender russo será uma grande barreira a esse intercâmbio”, avalia.

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Brasileiro na OMC

OLEG PRASOLOV_RG

ção pelo Brasil de baterias antiaéreas russas. Segundo o Itamaraty, o contrato prevê, a partir de março, o avanço nas negociações para a aquisição de três sistemas de artilharia Pantsir-S1. O sistema antimíssil de médio alcance tem capacidade para atingir alvos entre 3 e 15 km de distância e vai aperfeiçoar a defesa do espaço aéreo do Brasil, que se prepara para receber eventos esportivos de grande porte e turistas do mundo todo a partir do próximo ano. O valor envolvido na negociação não foi divulgado. O Brasil também vai desenvolver parceria com os russos para a produção de mísseis e a produção conjunta de novos instrumentos de defesa, por meio de uma joint venture envolvendo empresas brasileiras e russas.

Michel Temer (esq.) encontrou-se com Dmítri Medvedev (dir.)

Glonass, o sistema russo de navegação global, será instalado na Universidade de Brasília (UnB)

Glonass, o GPS russo A visita dos russos rendeu ainda a assinatura de contrato para a instalação de uma central quântico-óptica e a inauguração de uma estação de rastreamento do Glonass, o sistema russo de navegação global por satélite concorrente do GPS. O equipamento instalado na Universidade de Brasília (UnB) é o primeiro localizado fora da Rússia, que pretende instalar estações semelhantes na China, Estados Unidos e Canadá. “A instalação da base na UnB e a transferência de tec-

nologia colocam o Brasil em um importante patamar de conhecimento, beneficiando a pesquisa aeroespacial. Além disso, será muito útil na prevenção de catástrofes e até na aviação civil”, explica o cientista político Paulo Afonso Carvalho, professor da UnB. Na esteira da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, brasileiros e russos também trocarão experiências em matéria de governança e organização de grandes eventos esportivos. Os ministros dos Esportes

dos dois países assinaram um Plano de Ação para estabelecer uma cooperação na área esportiva, segundo o qual estão previstas visitas de representantes, além do intercâmbio de atletas e a realização de jogos amistosos e da troca de informações sobre temas esportivos. Os ministros brasileiros e russos debateram também a entrada da Rússia no programa Ciência Sem Fronteiras. Temer frisou que a cooperação na área da educação abrirá as portas das universidades russas e sua alta tecnologia aos estudantes brasileiros. Apesar dos possíveis benefícios, a adesão da Rússia ao programa Ciência sem Fronteiras é vista com menos otimismo fora do governo. David Flaicher, cientista político e

No campo diplomático, Temer e Medvedev abordaram a cooperação entre os dois países no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). O Brasil voltou a destacar a candidatura do embaixador Roberto Azevedo ao cargo de diretor-geral da OMC como uma alternativa importante de representação dos membros do Brics na organização, e pediu o apoio russo. Apesar de demonstrar simpatia pela proposta, a Rússia não selou nenhum compromisso nesse sentido. Segundo a assessoria de comunicação do Itamaraty, o brasileiro está entre os oito candidatos mais cotados para assumir o cargo, cujo processo de escolha deve ser concluído até maio. Os governos de ambos os países abordaram, por fim, a cooperação técnica entre o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento e Comércio Exterior) e o Banco de Desenvolvimento e Atividade Econômica Exterior da Rússia. As duas partes reafirmaram o interesse em criar um banco de desenvolvimento nos moldes do BNDES liderado pelos Brics para financiar projetos de investimento e incentivar operações de exportações entre os membros e também do bloco com países em desenvolvimento.

RAIO-X IDADE: 57 FORMAÇÃO: ENGENHEIRO AGRÍCOLA E ECONOMISTA

Serguêi Dankvert nasceu em 1955, na região de Astrakhan, Rússia oriental, mas logo partiu para a capital, onde se formou no Instituto de Engenharia Agrícola de Moscou (1977) e em economia na Academia de Comércio Exterior (1986). Trabalhou em diversos complexos agroindustriais até ser nomeado ministro da Agricultura (2000-2004). Em 2004, assumiu a chefia do Serviço Federal de Vigilância Veterinária e Fitossanitária da Rússia (Rosselkhoznadzor).

o Brasil sempre foram boas. Os americanos e europeus não permitem que os brasileiros entrem no seus mercados só por causa da grande concorrência que enfrentariam. A entrada da carne brasileira nesses mercados poderia afetar significativam e nt e o s a g r ic u lt or e s locais. A Rússia, por sua vez, permite que entrem em seu mercado todos os produtores que sigam suas regras. Os produtores da América Latina fascinam a Rússia devido a diversos fatores que influenciam mudanças nos preços do produto. Como o senhor poderia avaliar as perspetivas de forne-

cimento de grãos russos ao Brasil em 2013? O Brasil sempre importou grãos do exterior. Tudo depende de vários fatores, da competitividade, da safra no Brasil e em outros países do mundo etc. A Rússia pode exportar trigo porque produz mais do que consome. Além disso, empresas russas começaram a vender massas ao Brasil, algo que nunca fizemos antes. O objetivo então não é apenas exportar grãos, mas também produtos alimentícios? Sim, com certeza. Mas nesse caso, para serem competitivas, as empresas devem organizar todo o processo de produção no Brasil e comprar apenas o trigo russo.

Análise Incêndio na Rússia matou 156 pessoas em 2009

Boate Kiss é reprise de tragédia em Perm Incêndio em casa noturna de Perm, no interior da Rússia, também teve como causa falhas durante show pirotécnico. VLADÍMIR ERKÓVITCH ESPECIAL PARA A GAZETA RUSSA

O incêndio na casa noturna brasileira Kiss, em Santa Maria (RS), foi uma reprodução quase exata da tragédia ocorrida na boate Cavalo Manco, em Perm, nos montes Urais, em 2009. Na época, o incêndio matou 156 pessoas e também teve como causa o uso de efeitos pirotécnicos durante um show. Assim como no caso de Santa Maria, o desrespeito às regras de segurança foi fator preponderante na ocorrência do incêndio em Perm. O processo judicial continua até hoje e tem, por enquanto, um único condenado, o proprietário da boate, Konstantin Mríkhin.

Ele foi condenado a 6,5 anos de prisão por “violação das normas de segurança seguida da morte de um grande número de pessoas”. Além disso, o inspetor-geral da região de Perm está sendo acusado de abuso de poder, enquanto outros dois inspetores que realizaram vistorias na boate incendiada continuam indiciados por negligência. Também estão sob investigação o sócio da boate, seu diretor-executivo, o diretor artístico e os organizadores do show pirotécnico. Em dezembro do mesmo ano, todo o governo regional e 11 funcionários municipais foram demitidos. A tragédia da boate Cavalo Manco deu início a uma série de inspeções em discotecas, restaurantes, bares e boates do país, e o consequente encerramento das atividades de muitos estabelecimentos que apresen-

tavam irregularidades. Em seis meses após a tragédia de Perm, pelo menos 18% dos bares, restaurantes e boates foram fechados em todo o país, quase um em cada cinco. A maioria dos estabelecimentos estava instalado no subsolo e não atendia ao regulamento de segurança contra incêndio, usando materiais inflamáveis na decoração e apresentando caixas acumuladas que impediam a livre passagem em direção às saídas de emergência, entre outras irregularidades. No ano passado, a Rússia aprovou um novo regulamento de segurança contra incêndio que obriga as boates a possuírem lanternas elétricas e proíbe a instalação de boates em subsolos. Por outro lado, passou a ser permitida a instalação de janelas com grades fixas, que antes poderiam servir de saídas de emergência.

Vítimas de incêndios em casas noturnas

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Economia e Negócios

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Petróleo Em visita a Caracas, presidente da gigante estatal Rosneft fecha cinco novos acordos

‘Makfa’ trará macarrão premium a preços baixos

Ígor Sêtchin (esq.), presidente da Rosneft, e o ministro venezuelano de Energia e Petróleo, Rafael Ramirez

CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 1

AP

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poderemos, no futuro, construir uma fábrica própria ou adquirir alguma já existente no país.” Na Rússia, a Makfa fabrica três tipos de macarrão, em variados for matos.“Nós temos o macarrão normal, o macarrão de grão duro, classe A, e o macarrão grano duro luxo, que utiliza apenas 7% a 8% dos melhores grãos. É o ‘grand di pasta’. Devemos entrar no Brasil com esse produto de qualidade premium, que competirá com o francês e o italiano, a um preço um pouco mais baixo”, explica Malkovitch. Em contato com distribuidores brasileiros, Malkovitch notou grande interesse por um tipo de macarrão que a princípio a empresa não pretendia vender no Brasil. É o Makfi ki, esculpido em forma de ursinhos, carrinhos e aviõezinhos, e que ainda não existe no mercado brasileiro. “Talvez mudemos de ideia quanto ao macarrão com motivos infantis, que chamou tanto a atenção dos distribuidores brasileiros”, diz Malkovitch.

Parceria com a Venezuela IÚRI PANIEV ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

Mesmo com a doença do presidente venezuelano Hugo Chávez, a Rússia mantém o apoio ao país, seu principal aliado na América Latina. Para mostrar que os laços de amizade continuam firmes, Ígor Sêtchin, diretor da petrolífera russa Rosneft, e o vice-presidente venezuelano Nicolás Maduro, leram na televisão do país latino-americano uma mensagem de melhoras enviada a Chávez pelo presidente russo Vladímir Pútin no final de janeiro. “Esta mensagem mostra que Vladímir Pútin torce com o povo da Venezuela pela recuperação do presidente”, disse então Maduro sobre a carta. O principal objetivo da visita de Sêtchin é deixar claro a Caracas que a Rosneft planeja aprofundar suas relações com a Venezuela. Além disso, o diretor da Rosneft declarou

que a Venezuela é o principal foco da petrolífera russa na América Latina.

FRASE

NÚMEROS

Mensagens e acordos

Ígor Sêtchin

52,6

Durante a visita de Sêtchin a Caracas, foram assinados cinco acordos para extração de petróleo e de gás, com criação de uma joint venture e fornecimento de equipamentos russos para perfuração. O diretor da Rosneft declarou que a empresa investirá cerca de US$ 10 bilhões em projetos no país nos próximos anos. Segundo o ministro do Petróleo venezuelano, os investimentos totais irão ultrapassar os US$ 47 bilhões. Desses, US$ 16,7 bilhões virão diretamente da Rússia. Além da Rosneft, outras três petrolíferas russas também têm projetos na Venezuela: Lukoil, Surgutneftega z e Ga zprom. Elas exploram as jazidas Junin6 (cujas reservas têm de 7 a 8,5 bilhões de toneladas de petróleo), em parceria com a estatal Petróleos de Venezuela S.A. A Rússia é representada no país pelo “Consórcio Na-

PRESIDENTE DA ROSNEFT

"

Nossos projetos a longo prazo na América Latina se desenvolvem sem parar. Nenhuma circunstância externa irá afetá-los. Quanto a outros fatores, como a doença do presidente venezuelano, acreditamos que Hugo Chávez irá se recuperar.”

cional de Petróleo”, criado em 2008 por iniciativa de Sêtchin - então vice-presidente do complexo de comb u s t ív e l e e n e r g i a d a Rússia. O consórcio injetou US$ 1 bilhão para entrar no projeto venezuelano, e os investimentos totais em Junin-6 já ultrapassam os US$ 25 bilhões. A estimativa é que se possam extrair dessa jazida 450 mil barris de petróleo por dia. Ainda em setembro de 2012, Sêtchin assinou em

bilhões de barris de petróleo é a capacidade das reservas do campo Junin com 10,96 bi de barris de reservas recuperáveis

de energia, infraestrutura e fabricação de dispositivos de perfuração. “Esses investimentos são financiados por bancos russos e linhas de crédito de bancos estrangeiros”, declarou Sêtchin à agência de notícias Bloomberg.

Contêiner O catálogo da empresa, já traduzido para o português falado no Brasil, apresenta dezenas de produtos. Além de inúmeros tipos de macarrão – “ninho”, para rechear, abissini, fettuccine, canelone, far-

Futuro incerto?

22,5 milhões de toneladas de petróleo por ano (450 mil barris/dia) é o que a reserva Junin deverá extrair no pico de produção

Caracas um acordo para a criação de uma joint venture para explorar a jazida Carabobo -2, na reg ião do Orinoco. As reservas de petróleo dessa jazida podem chegar a 5,1 bilhões de toneladas, e a extração máxima diária deverá ser de 400 mil barris. O volume de investimentos russos no projeto é de cerca de US$ 16 bilhões. Além da cooperação na exploração de jazidas, a Rosneft planeja melhorar as relações com a Venezuela no âmbito

Com a doença de Chávez, os contratos bilionários entre Venezuela e Rússia poderão ser revisados, conforme já anunciou Enrique Capriles, rival de Hugo Chávez nas últimas eleições presidenciais. No campo do petróleo, porém, pouca coisa deve mudar, como aponta Zbignec Ivanóvski, pesquisador-chefe do Instituto Latino-Americano da Academia de Ciências da Rússia. “Capriles considera que a Venezuela não precisa da e nor me qu a nt id ade de armas que Chávez compra da Rússia. Mas é pouco provável que algum outro líder da Venezuela mude significativamente as relações com a Rússia no âmbito de extração de petróleo e gás”, diz Ivanóvski.

NÚMEROS

6,6

kg anuais é o consumo per capita de macarrão no Brasil, o terceiro maior do mundo, atrás da Itália e Venezuela.

© ALEKSANDR KONDRATUK_RIA NOVOSTI

Rússia injetou US$ 25 bilhões na reserva Junin-6 e deve investir mais US$ 16,7 bilhões no país latino-americano nos próximos anos.

falle, grand penne, festonate, fusili, com tomate natural e espinafre – há farinhas e cereais, tais como arroz de grão longo, cevada integral, ervilha seca e milho moído. Também será comercializada uma linha de azeites. O Brasil é o terceiro maior fabricante do mundo, ocupa a 12ª posição no ranking mundial e a 5ª colocação no ranking das Américas de consumo per capita de macarrão, com consumo calculado em 6,6 kg anuais por habitante. Os primeiros países desse ranking são a Itália, com 28 kg anuais por habitante, e a Venezuela, c o m 13 k g a nu a i s p or pessoa. No Brasil, o mercado de massas está estacionado há cinco anos em 1,2 milhão de toneladas. Mas nada disso desanima Malkovich. “Estamos fazendo todo o procedimento de documentação. Nosso contêiner já chegou e só aguardamos alguns documentos. No início deste ano esperamos ver nosso produto nos supermercados.”

Produtos Makfa: macarrão com sotaque russo no Brasil

Carne norte-americana é embargada CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 1

oficiais russos envolvidos em casos de violação dos direitos humanos. “Apresentamos nossas exigências antes das discussões sobre a lei Magnítski nos EUA”, diz Aleksêienko. Para ele, o embargo russo não se opõe às regras da OMC (Organização Mundial do Comércio), da qual a Rússia passou a fazer parte recentemente, já que os mesmos pré-requisitos são exigidos pela China e países da União Europeia. A participação dos Estados Unidos no mercado russo da carne já vinha caindo de forma acentuada mesmo antes da decisão. A queda se deve não só ao crescimento da produção interna de aves e porco, mas ao aumento da

importação latino-americana para o mercado russo. De acordo com a Associação Nacional de Carnes da Rússia, a participação dos Estados Unidos no fornecimento de carne bovina refrigerada à Rússia foi de apenas 2,8% durante os 11 primei-

Suspensão é temporária, mas não há previsão de retomada das importações ros meses de 2011; a de carne bovina congelada, 7,7%; e a de carne de porco, seus subprodutos e bacon, 12,1%. Diante das cifras, a posição das autoridades norte-americanas surpreendeu os empresários russos, já que os

produtores de carne nos EUA que não utilizam a ractopamina exportam seu produto a países da União Europeia e à China, entre outros. “Fica a impressão de que os funcionários norte-americanos estão politizando a questão”, diz o representante da Associação Nacional de Carnes da Rússia, Serguêi Iúchin. “De qualquer modo, os EUA terão que acatar às exigências russas antes de retomar o fornecimento.”

Fornecedores de carne à Rússia

Lucro latino-americano Com a medida, espera-se um aumento das importações russas de outros países. “O volume da produção na Rússia não é o suficiente para atender a toda demanda”, explica Daria Pichúgina, analista do Investkafe. Os cidadãos russos senti-

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rão os efeitos do embargo no bolso, já que as restrições devem elevar os preços. “A situação se complica para alguns fabricantes de enlatados, que precisam de cortes de carne mais baratos, fornecidos pelos Estados Unidos”, afirma Pichúgina. Por outro lado, os produtores latino-americanos sairão ganhando com a medida, que além de ampliar sua participação no mercado russo, pode gerar lucros adicionais devido à possível alta dos preços. “Os três países que seguem nossas condições estão dispostos a compensar o volume de produtos que os americanos não poderão fornecer. Os australianos também demonstraram prontidão para aumentar sua exportação em 50%”, diz Aleksêienko.

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