Exposição Jaildo Marinho by Galeria Multiarte

Jaildo Marinho Origens

sumário TABLES DES MATIÈRES

APRESENTAÇÃO 5

PRÉSENTATION Max Perlingeiro EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS E COLETIVAS 8

EXPOSITIONS INDIVIDUELLES ET COLLECTIVES obras 13

OEuvres Version française 38

“Noir et vertical”, 2017 acrílica e mármore de Carrara | peinture acrylique et marbre de Carrara, 199 x 114x 52 cm

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sumário TABLES DES MATIÈRES

APRESENTAÇÃO 5

PRÉSENTATION Max Perlingeiro EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS E COLETIVAS 8

EXPOSITIONS INDIVIDUELLES ET COLLECTIVES obras 13

OEuvres Version française 38

“Noir et vertical”, 2017 acrílica e mármore de Carrara | peinture acrylique et marbre de Carrara, 199 x 114x 52 cm

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Apresentação Max Perlingeiro

A MULTIARTE completou, em novembro de 2017, trinta anos de existência, ininterrupta, na cidade de Fortaleza. Decidimos iniciar as comemorações desta bela efeméride com a representação oral de grandes personalidades: críticos, historiadores e educadores. Dessa forma, vieram ao Ceará ao longo do ano, nossos amigos Lilian Schwartz, Aracy Amaral e Paulo Portela Filho. Agora, em 2018, retomamos nossa trajetória expositiva. Iniciamos com a exposição de esculturas de Jaildo Marinho, artista com forte presença em Fortaleza desde 2005, quando foi responsável pelo intercâmbio com os artistas MADI e liderou uma grande doação de obras para a cidade de Sobral. Participou de inúmeras exposições coletivas de grande relevância, e hoje, está presente em expressivas coleções públicas e privadas. Planejamos abrir em junho a exposição O ambiente que nos cerca com a presença dos Irmãos Campana e, no segundo semestre, faremos uma homenagem ao centenário do poeta e escritor cearense Gerardo de Mello Mourão, completado em 2017, em diálogo com Antônio José de Barros Carvalho e Mello Mourão, Tunga, seu filho, um grande amigo que nos deixou em 2016. A partir da exposição Cristalização, realizada em 2017, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Jaildo Marinho passa a elaborar suas mostras centradas em um tema único, decorrente de suas pesquisas e questionamentos. Dessa vez, comparava a finitude da vida humana às inúmeras possibilidades do mundo mineral. No texto de apresentação do catálogo, especialmente editado para a mostra, o crítico e historiador francês Jacques Leenhardt, comenta: A exposição do MAM Rio sobre a obra de Jaildo Marinho está organizada em torno de uma instalação central – Cristalização (2017). Em um ambiente impregnado pelas cores da ametista, essa peça é construída em redor de um vácuo. Em geologia, este consiste na condição para que o tempo infinito dos processos minerais venha a formar cristais que, ao se desenvolverem livremente, acabam constituindo

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O r i ge n s 5

Apresentação Max Perlingeiro

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um geodo. Essa estrutura central é, mais amplamente, o emblema

O artista

da exposição inteira, a qual funciona em seu conjunto à maneira de

Originário de Santa Maria da Boa Vista, pequena cidade no interior de Per-

uma estrutura cristalina, reproduzindo na escala do museu o longo

nambuco, iniciou a formação em Recife e aperfeiçoou a técnica em Pa-

processo através do qual se elabora o mundo mineral, mediante re-

ris, onde vive e trabalha desde 1993. Sobre a formação pernambucana e

duplicações e simetria. Em sua forma perfeita, o processo de crista-

a constante pesquisa sobre o “vazio”, que norteia sua produção artística,

lização produz cristais de rocha: é essa fabricação silenciosa e mi-

o poeta Ledo Ivo escreve na apresentação da sua exposição na Academia

lenar que está configurada em Cristalização. O tempo infinitamente

Brasileira de Letras, em 2008:

profundo da geologia é precisamente o inverso daquele que dá o ritmo de nossa existência. A temporalidade dos minerais, comparada à

Em sua infância o pernambucano Jaildo Marinho descobriu que o

nossa, parece infinita. Seu fluxo bastante lento – às vezes, pontuado

mundo não é feito apenas de espessuras; nele está o sulco, a fenda,

por um episódio eruptivo – está submetido a uma lógica linear que

a abertura, o rasgão. A terra se abre à passagem das chuvas. As pro-

contrasta com o perpétuo recomeço vivenciado pelas plantas, pelos

as dos navios fendem as águas. O vazio existe como uma imposição

animais e, por conseguinte, também pelos seres humanos.

do espaço. O que não está também está entre nós. O inexistente e o inabitável fazem parte da razão e da contabilidade do mundo

Esta exposição mostra que em busca de suas origens nordestinas, o

visível. Esses sulcos abertos na paisagem foram uma das obses-

artista resgata, de forma poética, as suas origens. O trabalho manual das

sões de Rimbaud. “À direita a aurora de verão acorda as folhas e

rendeiras e labirinteiras, tema central cearense, foi abordado nos anos

os vapores e os rumores deste recanto do parque, e os declives da

1930-1940 por Raimundo Cela. Duas grandes instalações em mármore e

esquerda abrigam em sua sombra violeta os mil rápidos sulcos da

madeira representam os bilros, instrumentos de trabalho destas artistas

estrada úmida”, observa em “Sulcos”. E, no poema “Marinha”, alude

anônimas. Complementam a exposição esculturas e pinturas com a temá-

“aos sulcos imensos das vazantes”. Jaildo Marinho registra, em sua

tica “vazio e equilíbrio”.

arte deslumbrantemente exata, esse lugar da passagem entre o vazio e a visibilidade do mundo. Esta sua exposição é um rimbaudiano desfile de coisas mágicas.

RAIMUNDO CELA (1890-1954) Rendeira, 1931 óleo sobre madeira, 32 x 40,5 cm assinado e datado no canto inferior direito Museu de Arte da Universidade do Ceará, Fortaleza, CE

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RAIMUNDO CELA (1890-1954) Labirinteira do Ceará, 1945 óleo sobre madeira, 32 x 40,5 cm assinado e datado no canto inferior direito e no verso Coleção Edson Queiroz Filho, Fortaleza, CE

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