A Linha do Tua e a Casa Menéres

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DESENVOLVIMENTO DA PERIFERIA TRANSMONTANA: A LINHA DO TUA E A CASA MENÉRES •

ALBANO AUGUSTO VEIGA VISEU


PROJETO FOZTUA coordenadores ANNE MCCANTS (MIT, EUA) EDUARDO BEIRA (IN+, Portugal) JOSÉ M. CORDEIRO (U. Minho, Portugal) PAULO B. LOURENÇO (U. Minho, Portugal) www.foztua.com

ISBN: 978-989-98659-0-7 Setembro 2013 Design gráfico, paginação e capa por Ana Prudente Editado e impresso por Inovatec (Portugal) Lda. (V. N. Gaia, Portugal) Impressão da capa e encadernação por Minerva – Artes Gráficas, Lda. (Vila do Conde, Portugal)


DESENVOLVIMENTO DA PERIFERIA TRANSMONTANA: A LINHA DO TUA E A CASA MENÉRES Albano Viseu


PROJETO FOZTUA coordenadores ANNE MCCANTS (MIT, EUA) EDUARDO BEIRA (IN+, Portugal) JOSÉ M. CORDEIRO (U. Minho, Portugal) PAULO B. LOURENÇO (U. Minho, Portugal) www.foztua.com

ISBN: 978-989-98659-0-7 Setembro 2013 Design gráfico, paginação e capa por Ana Prudente Editado e impresso por Inovatec (Portugal) Lda. (V. N. Gaia, Portugal) Impressão da capa e encadernação por Minerva – Artes Gráficas, Lda. (Vila do Conde, Portugal)


ÍNDICE v

PREFÁCIO

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1. INTRODUÇÃO

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2. METODOLOGIA DE TRABALHO E FONTES DOCUMENTAIS

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3. CLEMENTE MENÉRES: A ACÇÃO EMPRESARIAL E O COMBOIO DO TUA

011 011 018 020 029 045

3.1. As várias faces de um projeto empresarial 3.1.1. A preparação para a atividade comercial e empresarial 3.1.2. A empresa agrícola da Quinta do Romeu e a Sociedade Clemente Menéres, Lda. A criação da Quinta do Romeu (empresa agrícola) A constituição da Sociedade Clemente Menéres, Lda. 3.1.3. Características naturais e dinâmicas da produção agrícola

048 048 076 082 082 086 086 089

3.2. Os vetores de uma economia sustentada 3.2.1. O comboio da Linha do Tua e o projeto empresarial de Clemente Menéres 3.2.2. A gestão à distância 3.2.3. A organização da exploração e a gestão local: os feitores Bernardo Maurício (1874-1919) Joaquim Francisco da Silva Barbas (de 1876 a 1896). Memórias sobre o feitor e sobre o exercício do seu cargo Os criados e os colaboradores no tempo do feitor Joaquim Barbas


132 133 135 138 140 142 145 154 155 159 166 174 175 179 180 184 184

O levantamento da planta das propriedades da Casa Meneres O estado do tempo e o cultivo de produtos Os incêndios Movimento comercial A extracção, compra e despachos da cortiça Francisco Lopes Seixas (de 1896 a 1941) Memórias sobre o feitor e sobre o exercício do seu cargo O trabalho do feitor esteve também ligado à celebração de contratos de arrendamento Os criados e os colaboradores no tempo do feitor Lopes Seixas Formas de informação de apoio à gestão A compra de terras e de sobreiros Os animais de trabalho e alguns equipamentos O estado do tempo e os trabalhos agrícolas Movimento comercial: despachos; inventários; produtos e equipamentos A extracção, compra e despachos da cortiça A utilização do camião A realização de trabalhos agrícolas e a falta de mão-de-obra A produção de vinho, de jeropiga e de aguardente Algumas obras concretizadas Cal hidráulica Madeira e toros para postes da linha telefónica A ração para os animais de trabalho A produção de azeite e alguns problemas com a prensa Problemas com a água Pedido de roupas

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4. CONCLUSÃO

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5. BIBLIOGRAFIA

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6. ANEXOS

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ÍNDICE DE QUADROS

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ÍNDICE DE FIGURAS

096 098 100 101 108 114 114 121


PREFÁCIO

José Manuel Lopes Cordeiro

Com a publicação de mais este volume no âmbito do Projecto Tua História pretende-se chamar a atenção para dois aspectos que se encontram intrinsecamente ligados mas que até agora não sócio-económico da região de Trás-os-Montes e o contributo de Clemente Menéres para a concretização desse processo. Como o Doutor Albano Viseu nos revela, ao traçar uma retrospectiva histórica da acção empresarial de Clemente Menéres, os objectivos que acompanharam este empresário ao longo da vida não se limitaram à produção, transformação e comercialização da cortiça, ou de outros produtos agrícolas, como vinho do Porto, azeite ou fruta. Clemente Menéres cedo manifestou uma visão estratégica para Trás-os-Montes, não apenas explorando os recursos naturais da região, valorizando-os e canalizando-os para o mercado, mas fundamentalmente contribuindo

em Trás-os-Montes, nomeadamente a mundivivência que conquistou nas estadias e viagens que efectuou no Brasil, Europa, Médio Oriente e Norte de África, assim como a actividade comercial que desenvolveu nesses mercados, contribuiu em boa medida para o dotar de uma visão que ultrapassava os meros aspectos económicos das suas iniciativas empresariais. Efectivamente, através da empresa agrícola da Quinta do Romeu e, depois, com a Sociedade Clemente Meneres, Lda, mobilizou e dinamizou a economia local, mas também apostou em iniciativas complementares e indispensáveis, nomeadamente com a construção da linha do Tua, ela própria factor indutor do desenvolvimento sócio-económico da região, ao longo de todo o seu trajecto. Clemente Menéres destacou-se não apenas pela sua actividade empresarial, mas também por todo um conjunto de iniciativas que contribuíram para inverter o isolamento e o atraso agronomia ao estabelecimento da linha do Tua. Como refere o Doutor Albano Viseu, Clemente Menéres foi um homem de ideias e de acção, duas facetas do empresário que cremos estarem bem patentes nesta obra sobre a linha do Tua e o desenvolvimento da periferia transmontana. A coordenação do projeto deve uma palavra muito especial de agradecimento á Sociedade Clemente Menéres, pelas facilidades concedidas pela sua administração para o acesso ao seu excelente acervo documental, já com mais de cem anos, e cuja preservação é um exemplo documentais das suas coleções.



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FIGURA 1

Clemente MenĂŠres

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1. INTRODUÇÃO -

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corpus -

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Há a estrada real de Vila Real a Bragança que liga as freguesias do Franco, Lamas, Passos, Carvalhais e Romeu à sede da comarca e a estrada real de Chaves a Moncorvo que liga as freguesias de Frechas, Vilas Boas, Meireles, Samões, Vila Flor e Nabo, igualmente à sede desta comarca, e a estrada municipal que liga a freguesia de Avidagos à sede da comarca também».2

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FIGURA 2

O comboio da linha do Tua e as instalações da Casa Menéres (junto à estação do Romeu)

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2. METODOLOGIA DE TRABALHO E FONTES DOCUMENTAIS

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3. CLEMENTE MENÉRES: A ACÇÃO EMPRESARIAL E O COMBOIO DO TUA 3.1. As várias faces de um projeto empresarial 3.1.1. A preparação para a atividade comercial e empresarial FIGURA 3

Clemente Menéres

Clemente

Menéres e 11


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Appert -

FIGURA 4

O escritório central da Real C.ª Vinícola (Porto)

«Construídos em alvenaria de pedra, com cobertura de telha, assente em asnas de madeira e pilares de ferro forjado no corpo principal, os edifícios da Real Companhia Vinícola dispõem-se no perímetro do quarteirão, deixando no interior um enorme pátio, onde a linha férrea tinha o seu términus e onde se dispunham os dois armazéns/depósito ainda existentes14. 13


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Revelando soluções fortemente inspiradas nos modelos ingleses das primeiras explorações agrícolas industrializadas, com um acentuado contraste entre o exterior e o interior, na “Real Vinícola” “os grandes telhados cobertos em telha, apoiados em pilares e travejamento de madeira, as altas paredes em pedra, a clara distinção entre os corpos a que correspondiam diferentes funções, tudo sugere uma granja. Só que aqui, celeiros, adegas, lagares, etc. estão concentrados, criando um volume compacto que não unitário”. Estas instalações, contudo, não eram fábricas no sentido estrito do termo. De facto, funcionavam mais como armazéns onde se procedia à análise química laboratorial, totalmente transformado. Importa, contudo, salientar que o edifício possui uma das primeiras estruturas fabris a vapor da região: uma tanoaria a vapor». FIGURA 5

Companhia Vinícola Portuguesa (exportação de vinho)

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Numa zona de lavradio, nasceu um pólo industrial fantástico, que foi muito importante para o mercado da exportação. Os produtos eram comprados em Trás-os-Montes, não só a Clemente Menéres, mas também a outros, e exportados em grande escala para o Brasil e para outros sítios. (Ainda hoje existem, em Matosinhos, as ruínas desta fábrica). Na cortiça continuava a haver exportação para os países que a adquiriam e para onde era exportada em prancha. Nessa altura, as rolhas que se produziam em Mirandela eram aproveitadas para a fábrica de Matosinhos» Aí esvaziou-se a importância da fábrica. E era uma verdadeira fábrica, porque reunia todas as potencialidades próprias: tinha a serração própria, a tanoaria; fabricava as 15


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próprias caixas de madeira para exportar o vinho; tinha já uma instalação elétrica alimentada por energia produzida no próprio local; uma linha com uma vagoneta com máquina a vapor que facilitava o escoamento dos produtos todos para o porto de Leixões Alguém comprou parte das quotas e criou a Real Companhia Vinícola Portuguesa. José da Fonseca Menéres manteve-se como director e Alfredo Menéres passou a pertencer ao Conselho Fiscal, como presidente». FIGURA 6

Clemente Menéres e Alfredo Menéres

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FIGURA 7 Embalagens de alguns dos vinhos da Companhia Vinícola Portuguesa

, «Alfredo Menéres, José da Fonseca Menéres e Agostinho Menéres, meu avô, seria este último o escolhido para os negócios com o estrangeiro, porque falava bem alemão, inglês e francês. Chegou mesmo a ter um escritório em Hamburgo. Há até um episódio muito curioso, talvez no ano de 1913, em que já se notava a rivalidade que ia haver entre os alemães e os ingleses. Agostinho Menéres dizia ao pai, numa carta, sobre a exportação do vinho do Porto: “mande-o para a Dinamarca, não diga que é para a Alemanha, porque se os Ingleses sabem, nunca mais nos compram vinho….” «registando-se apenas uma ligeira ampliação, ainda em 1903, através da qual é implantado um pequeno torreão num dos extremos da fachada voltada para a Avenida Menéres, e obras de decoração na fachada em 1929. Não obstante o seu encerramento, nos anos 30, a “Real Vinícola” continuou a manter, embora de forma indirecta, uma ligação estreita à história da evolução urbana da cidade. É que a construção das docas do porto de Leixões, implicando o desaparecifez com que uma grande parte da população ribeirinha, até então aí residente, se visse privada das suas habitações. Neste contexto, a “Real Vinícola” funcionou, durante vários anos, como refúgio/ albergue desses desalojados. Curiosamente, várias décadas depois, na sequência da descolonização, voltaria a desempenhar as mesmas funções, em relação a retornados das ex-colónias portuguesas em África». 17


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FIGURA 8

Companhia Vinícola Portuguesa

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3.1.2. A empresa agrícola da Quinta do Romeu e a Sociedade Clemente Menéres, Lda. QUADRO I

Clemente Menéres e as firmas comerciais

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FIGURA 9

Menéres & C.ª (casa fundada em 1867)

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A criação da Quinta do Romeu (empresa agrícola)

FIGURA 10

Bilhete da 1ª Viagem a Trás-os-Montes

e

Quarenta anos de Trás-os-Montes -

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FIGURA 11

Placa evocativa da chegada de Clemente MenĂŠres ao Romeu

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FIGURA 12

Estalagem Maria Rita

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FIGURA 13

O sobreiro e a cortiça: o projeto agrícola e empresarial

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FIGURA 14

Memória (marco memorial a Clemente Menéres)

FIGURA 15

Vista panorâmica dos vinhedos e do olival da Quinta do Romeu

tirou dos negócios, no princípio da vida, os necessários recursos para conseguir aumentar as suas propriedades. Arroteando, desbravando e cultivando grandes tratos de terra inculta… «os lagares de vinho e as adegas, providas de 23


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esplêndido vasilhame, tudo bem ordenado e em tudo reinando o mais escrupuloso cuidado e asseio; o lagar do azeite; os silos, os palheiros e mais dependências, no Romeu». Na residência solarenga, eram recebidas «todas as pessoas que, para bem da região, por ali têm que passar» -

«Na região mais áspera do distrito de Bragança, foi obrigado a transformar as pedras em terra, e mercê da sua vontade de ferro, inteligência viva e fé inquebrável no futuro, conseguiu formar a mais vasta e importante exploração agrícola do Norte do País.» cas instalações rurais, com abegoarias, lagares de azeite, central eléctrica, escritórios e todas as dependências necessárias a uma importantíssima casa agrícola com uma organização modelar e prática […] a Cantina para o pessoal da casa, a escola, as residências para os seus operários… -

«Quando chegou ao Romeu, ele lá vinha com as ideias dele, e queria comprar sobreiros. Dizia que nos sobreiros é que ganhava a vida e, então, comprou quantos sobreiros lhe apareceram. Comprou o Quadraçal todo, aquela zona só de sobreiros que 24


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FIGURA 16

Transporte da cortiça

começa no Romeu e acaba nos Cortiços. Como não podia lá estar sempre, porque tinha a vida dele, mas como era desses homens cheios de vontade de subir na vida e queria deixar entregues as compras que tinha feito e os negócios que lá arranjou. A minha mãe dizia que ele era menino para à noite lavar a camisa – naquele tempo usavam-se aquelas camisas de dia, de linho e engomadas—, e ele era capaz de a passar de manhã cedo e de ir para a rua a parecer um lorde. E ninguém sabia que ele próprio a tinha lavado. Isto para dizer que era um homem cheio de vontade». «não vivia no Romeu, mas tinha um amigo que tinha uma fábrica de fechaduras, acho que no Porto ou em Gaia, e pediu-lhe se lhe arranjava lá na fábrica Ele arranjou-lhe o meu avô, Joaquim Barbas, que foi ao Romeu inteirar-se dos assuntos – e nunca mais de lá voltou. A minha avó começou a achar que o marido se demorava por lá e como era uma mulher toda despachada e expedita disse: “Eu quero ir ter com o meu marido, quero é saber onde ele está! Levaram-mo daqui e eu não sei dele, mas eu sou menina de me pôr a caminho e de ir descobri-lo”. Como eles sabiam a raça de que ela era, “de antes quebrar que torcer”, arranjaram-lhe a ida para o Romeu. Era o tempo da mala-posta: naquela altura, era muito difícil de vir do Porto para Mirandela e a partir de Mirandela só se vinha de carro de cavalos A mala-posta já não é do meu tempo, mas ainda é do meu tempo a velhota que tinha uma taberna muito grande, junto à estrada. Era ali o lugar de mudança de cavalos. Chegavam ali e deixavam os cavalos nessa casa, onde os tratavam até ao dia seguinte, e levavam os que lá estavam, já tratados, para irem até Bragança. Era uma mudança de cavalos. A mala-posta parava no Romeu. 25


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que vão lá para baixo ganhar a vida!”. E, por isso, os meus tios espalharam-se cá por baixo . Um morava em Ovar. Um dos meus avós é de uma aldeia adiante de Fiães e, o outro, é de Vilar de Paraíso. A minha mãe dizia assim muitas vezes: “Eu tenho muita família em Vilar do Paraíso, mas não conheço lá ninguém”. Eu já não conheci o meu avô Joaquim Barbas, porque ele já tinha morrido, quando nasci» . Nasceu-me uma menina, Maria Leonor, em 26 de junho de 1917, pelas 10 horas da manhã. Foi dada nota no registo em 1 de julho de 1917, foram padrinhos: Joaquim da Silva Barbosa e D.Leonor Menéres Barbosa, naturais do Porto e residentes em Gaia -

FIGURA 17

Clemente Menéres no Egipto em 1895

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Com o comboio, acabou a mala-posta. Mas isso do comboio é outra história, porque o comboio não era para passar por Vale de Couço e por Jerusalém do Romeu, mas por Cedães. Aquilo está-se mesmo a ver que foi um arranjo, com aquela ponte de ferro. Aquilo ali. Senão, não teria sido assim. Quando lá estava nas férias, nós íamos à estação buscar o correio. Quando sentíamos o comboio a vir de Mirandela para cima, ainda dava mais do que tempo para ir à estação. Mais tarde, aquilo tornou-se muito bonito e muito movimentado. O comboio tinha muito valor para o Romeu, pois servia para o transporte de passageiros e de mercadorias, de produtos, e trazia o correio, as revistas… O comboio que vinha do Tua tinha muito movimento, o de Bragança tinha pouquinho. Em Bragança, havia o Liceu e os quartéis 31 e o 10, onde faziam a tropa. Se não fossem esses dois quartéis, Bragança não tinha vida nenhuma. Os mais graduados do exército eram explicadores dos alunos que precisavam de apoios extra. Eu ainda tive explicações de Matemática com um desses». «O comboio dinamizou a vida das aldeias locais, trazia pessoas para trabalhar na Casa Menéres, ideias, notícias de acontecimentos, trazia produtos, levava cortiça e outros produtos. A passagem das mercadorias da via estreita para a via larga, e vice-versa, demorava muito tempo. Se tivesse sido instalada a via larga, o transbordo seria mais fácil, pois só era preciso que os vagões passassem da linha do Tua para a Linha do Douro e vice-versa. Inicialmente, chegavam a partir do Romeu 3 ou 4 vagões de cortiça e de outros produtos agrícolas, em direção ao Porto. Mas a mudança no Tua para a Linha do Douro Menéres arranjou também uma frota composta por 2 camionetas de carga e outras mais pequenas». integrou: 27


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QUADRO II 1

Clemente MenĂŠres e as firmas comerciais

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QUADRO II 2

Clemente Menéres e as firmas comerciais

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A constituição da Sociedade Clemente Menéres, Lda. -

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QUADRO II 3

Clemente Menéres e as firmas comerciais

«explorar agricolamente na Província de Trás-os-Montes bens rústicos, próprios ou arrendados, para produção de vinho, azeite e cortiça e, acessoriamente, cereais, madeiras, mel e outros produtos agrícolas; manufacturar e vender os produtos dessa exploração agrícola». era uma sociedade com muitos sócios. Quando eu nasci, já estava constituída». 30


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FIGURA 18

Os guardas-florestais da Sociedade Clemente MenĂŠres, Lda.

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FIGURA 19

Aspetos de Mirandela

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FIGURA 20

Concelho de Mirandela (incluindo RegiĂŁo Demarcada)

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FIGURA 21

A Quinta do Romeu «um sonho realizado»

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Os trabalhadores da Casa Menéres, normalmente, são daqui, de Vale de Couço, de Vila Verdinho e do Romeu e, alguns, do Vimieiro. Antigamente, vinha pessoal especializado na cortiça do Alentejo, eram ranchos grandes de cerca de 30 pessoas ou mais, que durante muitos anos. Chamava-se Alberto Francisco. Durante muitos anos, vinham do Alentejo. Vieram para aqui algumas pessoas de fora, mas não foi muita gente: recordo um senhor de Guimarães e que se chamava Guimarães e uma empregada de Vila do Conde... 35


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FIGURA 22

Vindima: memórias de outros tempos

Tirando esses empregados, havia necessidade de recorrer também a pessoal de outras regiões vizinhas, nas campanhas para a azeitona, tal como ainda há hoje em dia, e vamos buscá-los ali, para Vale de Asnes, Cedães. -

QUADRO III 1

Trabalhadores da vindima (1906)

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QUADRO III 2

Trabalhadores da vindima (1906)

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QUADRO IV

Trabalhadores da vindima (1906-1907)

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QUADRO V

Trabalho com a colheita e escolha das batatas (1906)

Quando Clemente Menéres se estabeleceu no Romeu fez aí não só sua habitação como também armazéns, o escritório e diversas dependências agrícolas, para além de casas de habitação para alguns trabalhadores. Esse lugar chama-se a “Carriça” e introduzida por ele, inspirado pela ermida da Senhora de Jerusalém, um pouco acima, e que reconstruiu» . -

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FIGURA 23

Descarga de cortiça e de outros produtos na estação de Mirandela

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FIGURA 24

Transporte de cestos para a vindima

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FIGURA 25

A vindima de outros tempos

A captação da linha do Como destino turístico, o Romeu só passou a ter alguma expressão com o aparecimento do Restaurante Maria Rita (1966), juntamente com o Museu de Curiosidades, manutenção de uma obra social (creche e infantário) que tinha feito, então, na freguesia mesmo caminho –, o restaurante criou fama e é citado em vários guias turísticos, bem como em reportagens da televisão. Aparecem lá pessoas de todo o mundo, algumas bem célebres -

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FIGURA 26

Escola Clemente Menéres em Jerusalém do Romeu

golden

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FIGURA 27

Escola Clemente MenĂŠres (aspeto interior)

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Manuel Menéres herdou do pai o amor ao Romeu e a quem o cultiva. É grato à memória e à presença de quem arranca a cortiça e planta a vinha, o olival e o pomar. Não esquece os que contribuíram para fazer do Romeu, terra difícil, um jardim maravilhoso FIGURA 28

A família Menéres acompanhada pelo feitor e pela população do Romeu

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Agradeço a V.Ex.ª, em meu nome e do restante pessoal, a lembrança da consoada que se dignou mandar-nos. Com respeito ao Exmo. Senhor Menéres, já me deu a direção e hoje lhe mandei algumas uvas e alheiras. Terei todo o cuidado em lhe não comunicar cousa que lhe preocupe o espírito, assim como há muito tenho feito

cumpre-me dizer-lhe, o Exmo. Senhor Clemente Menéres, o seu estado de saúde é melindrosíssimo e sem esperanças. Deus o proteja e faça o milagre de o poder salvar para bem de tudo e todos Segundo as ordens do Exmo. Senhor Conselheiro Alfredo Menéres disse, na minha passagem em Carvalhais, para ali se rezar uma missa na 5.ª-feira com a assistência de todo o pessoal, e que aqui se faça o mesmo, com esmola aos assistentes à missa como é costume da terra Nós os 4 empregados desta casa, Rosa, Lopes, Pires e Bernardo, resolvemos amanhã, que é a missa em benefício da alma do nosso querido e nunca esquecido chefe, distribuirmos 20$000 a expensas nossas, o que faremos. A missa será dita às 6 da manhã com a assistência de todo o pessoal da casa e mais pessoas que nos honrarem com a sua assistência na capela de Jerusalém do Romeu (…), com a assistência de todo o pessoal aqui a trabalhar e empregadas e ainda a maior parte da gente de Vale de Couço, Romeu, Vimieiro e Vila Verdinho depois da missa , a que vai assistir todo o pessoal, e se deve reunir muita gente, será distribuída esmola em benefício da alma do nosso chorado e nunca esquecido chefe 3.1.3. Características naturais e dinâmicas da produção agrícola

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FIGURA 29

Trabalhos na vinha (sulfatar) (c. 1915)

a oliveira, a amendoeira, a 46


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variadas e, sobretudo, a vinha, as leguminosas, a batata e os cereais. No sub-bosque, há também a esteva, a giesta, a urze, a arçã (rosmaninho) e a carqueja» pelos vales, dá uma certa irregularidade ao clima, prejudicando as culturas quando, apanha, abafa as terras fundas» -

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3.2. Os vetores de uma economia sustentada 3.2.1. O comboio da Linha do Tua e o projeto empresarial de Clemente MenĂŠres -

218 Km de calçadas empedradas com macadame

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Observador

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FIGURA 30

Clemente MenĂŠres entre dois sobreiros (1908)

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Aqui chegado , telegrafei para o Porto. Dando notícias minhas e pedindo uma carta de crédito de 2 contos de réis. Voltei ao Romeu e soube pelo encarregado das compras que já nesse dia se tinham effectuado algumas, cujos títulos, taes como os de outras que se effectuassem se fariam logo que eu recebesse a carta de crédito que havia pedido e que demorou dois ou três dias. Mal a recebi, voltei a Mirandela e fui levantar o dinheiro aos caixas claviculários dos tabacos, que da minha actual esposa -

«O meu bisavô , em novo, foi para o Brasil, Japão, Síria, Egipto, Alemanha. Com essas viagens chegou com ideias mais frescas e novas (…). O meu bisavô veio atrás de sobreiros. Ele tinha o negócio de cortiça: comprava num lado e vendia no outro. Vendia na Alemanha, que a distribuía para outros mercados. E ele pensou comprar a matéria-prima. Teve umas fábricas de rolhas, uma aqui e outra em Mirandela, no largo do Toural, ao pé da estação, e procurou produzir e, como cortiça». -

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eram péssimas e o transporte em diligência também não ajudava muito. A captação do comboio era vital para a casa Menéres, pois ajudava a escoar a respetiva produção para o mercado: o vinho, o azeite, a cortiça e outros produtos.» -

Considerando que Mirandela é um grande foco de produção agrícola, onde consão nas Arcas e povoações vizinhas. Pelas imediações de Santa Valha e nos concelhos de Vila Flor, Mirandela e Ansiães; por isso, para dar fácil escoante a esse vinho, desde Mirandela à vila de Abreiro e daqui uma estrada em macadame por Alijó e Favaios para o cais do Pinhão, continuando depois o transporte das mercadorias pelo rio Douro, visto que a ideia de tornar navegável o rio Tua, outrora julgado essencial para grandes despesas que a sua realização demandava, como os estudos feitos nesse sentido já há muito tempo haviam demonstrado».

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sendo em Trás-os-Montes o de Foz Tua a Bragança, por Mirandela e Macedo de Cavaleiros, na extensão aproximada de cento e vinte e cinco quilómetros, considerado como linha de primeira ordem. Neste projecto vinham mais duas linhas de segunda ordem: uma de Mirandela a Vinhais pela Torre de Dona Chama e outra de Mirandela a Miranda do Douro pelo Pocinho, Minas de Moncorvo e Mogadouro -

«dirigir a Sua Majestade El-Rei na representação pedindo a construção do caminho-de-ferro do vale do Tua».

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«dirigir a Sua Majestade El-Rei na representação pedindo a construção do caminho-de-ferro do vale do Tua.» -

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caminho-de-ferro de Trás-os-Montes que era uma necessidade palpável e urgente (…) e «uma questão de vida ou de morte» -

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«Depois de ter comprado muitas propriedades, Clemente Menéres entendeu que devia atrair gente do Norte, que ele conhecia. Um bom exemplo disto é a família Nogueira Pinto, de Leça da Palmeira, que está na origem da compra da Quinta de Carvalhais. 56


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Foi assim que vários capitalistas foram para aquela zona . Por exemplo, o Marquês da Foz que foi um grande accionista de caminhos-de-ferro. Mais tarde um Eduardo Pinto da Silva, um Conselheiro Martins de Azevedo…e mais alguns. Estas pessoas criaram um “lobbie”, angariando assinaturas para se conseguir o caminho-de-ferro mais depressa. Hintze Ribeiro foi quem deu o grande impulso».

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«A Câmara Municipal de Mirandela cônscia das grandes vantagens que à cidade do Porto, e consequentemente a este concelho e a toda a província de Trás-osMontes que na importância e grandeza daquela cidade tem a melhor garantia da própria prosperidade, porque com ela faz todo o comércio, tem de vir da continuação da linha férrea do Douro para Salamanca, não pode deixar de, no interesse dos seus munícipes, pedir à Câmara dos dignos pares do reino a aprovação do projeto de lei que concede a subvenção de 135 contos de réis para garantir o complemento do juro de 5% à empresa que tomar o encargo da construção daquela linha. Esta Câmara que ainda há pouco representou para que se apressasse a inadiável construção da linha de Foz Tua para Mirandela a Bragança, não põe dúvida em pedir a aprovação do projeto que agora se discute, visto que a linha de Salamanca dimento da já construída linha do Douro, e mostra assim que é tal a justiça do seu pedido da linha de Trás-os-Montes, que não receia a possa prejudicar, o que agora pede». -

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Desenvolvimento da periferia transmontana: A linha do tua e a Casa Menéres

concede a subvenção de 135 contos de réis para garantir o complemento do juro de 5% à empresa que tomar o encargo da construção daquela linha». -

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indivíduos para formarem a companhia de bombeiros voluntários».118

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«a planta desta vila, operada pelo senhor condutor da direção dos estudos do caminhode-ferro, em serviço nos estudos do mesmo caminho-de-ferro de Foz Tua para esta vila, José Joaquim da Costa e Sousa e Francisco José Gomes, cuja planta e quadro se dignaram oferecer a esta Câmara»

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Estando próximo o dia para o concurso para a arrematação do caminho-de-ferro do Pinhão até esta vila, deliberou a Câmara pôr novamente a

«A captação do comboio é que era vital para a casa Menéres, pois era a maneira de mandar os produtos embora: o vinho, a cortiça e outros produtos. As estradas eram péssimas e o transporte em diligência também não ajudava muito. De maneira que o comboio era importante e houve um grande movimento do meu bisavô para trazer para aqui a linha. E teve até coisas curiosas, pois foi movimentar a opinião pública: criava notícias e mandava-as daqui para os jornais e movimentava as populações para dar notícias da necessidade do caminho-de-ferro. Depois, inclusivamente, embora sem meios, nem interesse, quando foi a concurso do esta construção a decorrer por parte do governo. Nunca teve intenções disso, mas para poder movimentar também, para haver alguém a querer fazer a obra, para lhe ser adjudicada a obra, mas ele não a fez. Ele não tinha tempo, nem estava interessado 59


Desenvolvimento da periferia transmontana: A linha do tua e a Casa Menéres

nisso. Mas, penso, que terá sido determinante para que ela chegasse até Mirandela e, posteriormente, até ao Romeu».

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Estando próxima a inauguração do caminho-de-ferro, deliberaram que para solenizar este melhoramento se votasse, em orçamento suplementar, a quantia de 300 000 réis. Deliberaram mais convidar todos os habitantes desta vila para lhe prestarem o seu auxílio e nomear comissões auxiliares nos diversos bairros desta vila». comissão composta da corporação dos bombeiros voluntários desta vila para dirigir os trabalhos para os festejos desse dia, e bem assim convidar todos os habitantes da mesma vila a iluminarem as suas casas na noite do referido dia». «Inauguração dos trabalhos da linha férrea de Mirandella a Foz-Tua – Com grandes festejos inauguraram-se no dia 16 último, os trabalhos da linha férrea de Mirandella a Foz-Tua. de inauguração; era composto dos membros da Câmara Municipal, governador civil soas da localidade e dos Concelhos de Bragança, Macedo de Cavalleiros, Val Passos, povo. Tocavam três bandas de música. Deitaram as primeiras pás de terra, o representante do governador civil e o Sr. António Pavão, presidente da câmara e deputado pelo círculo. Por ocasião do acto dispararam-se três salvas, subiram ao ar muitos foguetes e as bandas romperam nos compassos do himno real. À tarde, foi servido um lunch, oferecido pela companhia a todos os convidados. Fizeram-se muitos brindes. À noite houve iluminação em toda a villa e música em três coretos instalados em differentes pontos. As 60


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obras da linha férrea prosseguem activamente, trabalhando já cerca de 70 operários. Anuncia-se a inauguração, para agosto de 1886 suplemento ao orçamento para os trabalhos de inauguração do caminho-de-ferro de Foz Tua a Mirandela, além do que foi orçado, de 70 000 réis».

FIGURA 31

Mirandela, fin do sec. XIX, à esquerda, e ao fundo, junto ao arvoredo, a estação de caminho-de-ferro de Mirandela

posição topo em que se encontra Mirandela e pelo seu movimento comercial e industrial, ferti61


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lidade do solo e riqueza de produtos e aumento progressivo da população, e fácil comunicação com os grandes centros Esta câmara ecebeu uma queixa dos habitantes de Foz-Tua que sofrem a invasão do entulho resultante da construção da linha-férrea de Mirandela.» -

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a passagem de S. Majestade pelos limites deste concelho e a inauguração de um melhoramento tão importante para este districto». contactar uma das melhores bandas de música dos concelhos vizinhos e a promover os festejos que intender em harmonia com as forças do cofre municipal».

«de que na inauguração do caminhodia 29 do corrente na referida inauguração do caminho-de-ferro,

Majestade El-rei na estação do Cachão». às 9.35 horas da manhã, depois de 30 minutos de demora para Sua Majestade receber os cumprimentos do estilo». nenhum outro Soberano jamais visitasse de todos e poder-se transmitir às gerações que vierem, tão grande prova da consideração e afecto que V. Majestade se digna testemunhar-lhes, no momento em que vindes abrilhantar, com a Vossa Real presença, uma festa que sendo de todo o país, o é mais particularmente das pessoas desta província que têm, até hoje, assistido impassíveis à contribuição por todos os seus concidadãos, com frutos saídos da cornucópia do poder sem que se lhes tenha tocado quasi nada!» governo desenvolva alguns melhoramentos de que tanto carece o bem-estar destas pessoas, as quais serão ao mesmo tempo um penhor seguro do quanto Vós correspondeis ao respeito e veneração que elas Vos consagram Pontos nos ii, -

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uma paisagem deliciosa, extranha, fantástica, cortada arrojadamente pela linha férrea, que representa o mais pujante atestado do talento e da illustração dos engenheiros portuguezes» A engenharia portugueza tem, na construção da linha férrea de Mirandella, um dos mais brilhantes padrões da sua glória, como um dentada, ora perfurando a rocha enorme, ora ladeando espantosos precipícios, para se compehender quanto talento, quanta força de vontade e quanta dedicação pela sciencia e pelo progresso dispenderam esses homens, a cuja iniciativa tenaz e trabalho perseverante o paiz está devendo agora um melhoramento importantíssimo FIGURA 32

Cerimónia da inauguração da linha de Foz Tua, em Mirandela

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«Senhor! Em seu nome e no de seus munícipes, a Câmara Mirandelense saúda, jubilosa e agradecida, a vinda de Vossa Majestade e da família Real a esta Vila, e presta respeitosa homenagem ao Monarca Ilustrado que vem associar-se às manifestações, com que este povo festeja a inauguração dum importantíssimo melhoramento material, que vai levar o distrito de Bragança ao convívio da civilização moderna. A Câmara gravará indelevelmente em seus fastos este dia duplamente grato e memorável por ser o início de uma nova era que se afutura de prosperidade e porque decorridos séculos, depois que o distrito recebeu a última visita dum Monarca português, podemos, hoje, felizmente, prestar a Vossa Majestade, em sua se revela em festas condignas se manifesta delirante nas aclamações entusiastas da multidão: -- e pedindo ao seu Rei se digne receber-lhe estes protestos de dedicação Real Família Visconde das Arcas governador civil de Bragança Bispo da Diocese General Malaquias de Lemos Presidente da Câmara Municipal de Mirandela e o Visconde de Moreira de Rei 65


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O Século «(…) Mirandella, às 2 h da t. – Acaba de ser inaugurada a linha de Foz Tua a Mirandella. muita gente satisfeita com a inauguração do caminho-de-ferro, cujo traçado, cheio de passagens deslumbrantes, é interessantíssimo: porém, frieza geral pelo que toca a manifestações monárchicas» «Em Mirandella dignaram-se S.S.M. M e Altezas aceitar um sumptuoso lunch que lhes ofereceu a Companhia Nacional de Caminhos de Ferro, constructora da linha. Foi imponentíssima a solenidade da bênção das locomotivas feita pelo Bispo de Bragança na presença de S.S.M. M. e Altezas, auctoridades e milhares de pessoas. O aspecto que oferecia a estação naquele momento era deslumbrante»

Te Deum FIGURA 33

O rei D.Luís e a rainha D.Maria Pia

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«Há sessenta e dois anos, foi inaugurado o primeiro troço de linha férrea, de Tua a Mirandela, cuja construção foi feita pela Companhia Nacional de Caminhos-de-ferro. Ao acto inaugural assistiu Sua Majestade o rei D. Luís, que se fazia acompanhar do infante D. Afonso e de Barjona de Freitas. O comboio real foi rebocado pela locomotiva n.º 1, que recebeu o nome de “Trás-osMontes”, e que foi pilotada pelo Chefe da Exploração, Eng.º Dinis Moreira da Mota. Na estação do Tua compareceram as Câmaras Municipais de Alijó, Carrazeda e Pesqueira e em Mirandela aguardavam Sua Majestade, o Senhor. Governador Civil e Bispo de Bragança, as Câmaras Municipais de Mirandela, Macedo de Cavaleiros, Bragança, Valpaços, Vila Flor e Alfândega da Fé, acompanhados de seis bandas de música e de milhares de pessoas. jestade …o Infante e suas comitivas, foram hóspedes do Conde de Vinhais…Mirandela começou a sentir o progresso, motivado pelo caminho-de-ferro. (…) é justo recordar os nomes dos primeiros ferroviários daquela linha: Director, e Estatística, João E. Chaves; Chefe do Movimento e Tráfego, Simão Marques Pinheiro; Chefe do Serviço de Saúde, Dr. António Nunes da Rocha. O pessoal do serviço de movimento foi recrutado pelo então chede da Rede, Jerónimo Maria Cardoso, primeiro chefe da estação de Mirandela e, mais tarde, Chefe da Fiscalização e Estatística». QUADRO VI

Jornas da construção da linha de Foz Tua a Mirandela

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QUADRO VI (Cont.)

Jornas da construção da linha de Foz Tua a Mirandela

QUADRO VII

Preço dos bilhetes da linha do Tua em 1887

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FIGURA 34

Estações e apeadeiros de Foz Tua a Mirandela

A LINHA DO TUA

pelo seu pragmatismo, pela gar diversas personalidades em torno de um projeto indispensável ao desenvolvimento agrícola, industrial e comercial das terras transmontanas o meu bisavô, Clemente Menéres, escolheu Trás-os-Montes para a sua atividade agrícola. Precisava de cortiça para a fábrica de rolhas (…) e teve conhecimento de que havia um núcleo de sobreiral fantástico na zona do Quadraçal. Apesar de os sobreiros estarem implantados numa zona rochosa, mesmo assim, ele

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Ele era de terras próximas da Vila da Feira e já estava familiarizado com a feitura de coisas com cortiça. Também começou com a cultura da vinha, que tinha já sido agricultura transmontana, como consta numa placa colocada no Porto, na rua com o seu nome, em frente ao Hospital de Santo António: “Clemente Menéres (1843-1916): Ilustre paladino da agricultura transmontana” . Mas Trás-os-Montes estava muito isolado. Era imperioso, por causa da fábrica das rolhas, fazer o transporte das coisas e nada melhor do que o caminho-de-ferro para fazer o transporte e o escoamento. Douro, mas era para quem estivesse situado perto das suas margens. Ora, como o negócio de Clemente Menéres era possuir a matéria-prima para a fábrica de rolhas, começou por ter fábricas locais no Romeu e em Mirandela e, mais tarde, criou a fábrica no Porto. veio a tentativa da criação da linha ferroviária» -

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importância crescente que esta vila e concelho tem tomado há anos, debaixo de muitos pontos de vista e continua tomando sobre a exploração do caminho-de-ferro de Foz Tua, que faz com que seja este concelho o centro e o coração da província de Trás-os-Montes»

Foi presente e lida uma representação duma parte dos habitantes desta vila, acerca do mau estado da entrada que vai da casa do Cid à estrada de Vila Flor, a Câmara delibera (achando justas as queixas) enviar a mesma representação ao Ex. mo Director do Caminho-

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chamando desde já a atenção da referida comissão para o estado de imundice em que se acha o ribeiro (...) que corre junto ao terreno ocupado pela estação do caminho-de-ferro». fazendo-lhe saber o mau estado de imundice em que se acha o ribeiro denominado dos Pulames (?), em virtude dos alteres (?) mandados lançar arbitrariamente pela referida companhia no referido ribeiro estorvam assim a livre corrente das águas». réis para a inauguração do caminho-de-ferro e para solenizar a vinda de Sua Ma-

FIGURA 35

Estação de caminho-de-ferro do Romeu e armazém da Sociedade

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FIGURA 36

O despacho de vinhos do Romeu para o Porto

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«Recebi o cartão de V.Ex.ª com respeito à tarifa da cortiça, tudo isto na ocasião do despacho briguei, para que a tarifa especial n.º 11 nos pudesse ser aplicada e podermos ter a correspondente baldeação, na cortiça de Romeu a Mirandela, é preciso pagarmos pelo mínimo de 20 Kg a 4.000 Kg ou pagar como tal, tenho feito as cargas nestas últimas remessas e só por duas vezes pude obter essa tarifa. É preciso carregar 70 fardos prefere-se a e nada se obteve; foi por esse motivo que o Exmo. Sr. Menéres se resolveu a mandar vir o camião FIGURA 37

Carregamento da cortiça num camião da frota

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FIGURA 38

Descarrilamento do comboio no Quadraçal (1918), fotografada por Manuel Menéres na Mata do Qadraçal

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O terreno é o mais intratável que abruptas. Completamente desnudadas, dum aspecto medonho e aterrorizador (…) com blocos e blocos de dimensão colossais, que parece que estão prestes a despenhar-se, rochas altíssimas, cortadas quase verticalmente (…), precipícios em que o menor desaire seria fatal (…) «Admira-se a gente de que os enormes penhascos apoiados acima das suas cabeças se não despenhem por ali abaixo, tudo arrastando na queda! Rarissimamente tem isso acontecido e, por felicidade, nunca com fatalidades pessoais. Os locais para os apeadeiros foram escavados na rocha e pergunta-se onde estarão os povoados servidos: lá em cima, fora de vista, só atingíveis por córregos quase a pique, que não consentem pé calçado, nem no Inverno de gelo, nem no Verão infernal. [...]. Uma diferença encontrei - felizmente! Entre a descrição do terreno por meu pai desnudadas”, e hoje, em toda a parte em que isso é humanamente possível, se enconlaranjeiras!), esparsas pelas encostas e só atingíveis por veredas inacreditáveis! Deve ção do arvoredo 3.2.2. A gestão à distância -

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FIGURA 39

Topo do edifício usado pela Sociedade, antes da construção da sua Sede (o edifício fazia parte da antiga Alfândega do Porto e enquanto se aguardava a conclusão da nova sede era ali que se armazenava e secava a cortiça do Romeu)

A sua primeira iniciativa, no Porto, como industrial, foi a criação 77


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da fábrica de conservas. Aqui, havia uma particularidade interessante com a lata da Menéres informou-se junto de um técnico e criou um sistema que consistia em aquecer ligeiramente a lata. Esta lá descomprimia, porque aumentava o volume, conseguindose a sua abertura sem que o azeite saltasse. A ideia da produção da fruta do Romeu era para a fábrica de Matosinhos -

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FIGURA 40

A Casa Menéres no Romeu (destruída por um incêndio em 1941)

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FIGURA 41

Portão de entrada para a Casa Menéres

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FIGURA 42

Porto, Imagem anterior à instalação da sede no Porto, no ex-Convento de Monchique

Ele tinha muito crédito pessoal, não tinha propriamente fortuna pessoal. Era também muito amigo do fundador do Banco Espírito Santo e tinha facilidade em lidar com a Banca. Desde 1902 até 1916, data da sua morte, apostou fortemente na parte agrícola e testamento, as quotas, muito bem distribuídas, e deixou muitos bens».

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FIGURA 43

Movimento comercial no rio Douro, finais do sec. XIX

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3.2.3. A organização da exploração e a gestão local: os feitores

Apesar de analfabeto, foi um homem notável e muito conhecedor. Aliás, recordo um episódio, passado entre ele e o meu bisavô, no Romeu. Como sabem, o transmontano é calmo por natureza e este homem era-o até excessivamente. Uma noite, ao serão, conversavam, feitor e gerente, na companhia do cão da casa. bém, para o que ele faz!...”. 82


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FIGURA 44

Bernardo Maurício

Este “feitor” tinha uma ecónoma que era a mulher, a Sr.ª D. Maria. Era ela que tinha a caixa do dinheiro, a qual geria -

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QUADRO VIII

Património fundiário de Clemente Menéres (finais de 1901)

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Fonte: A

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Permuta feita pelo Bernardo, em Pereiros, dando nós 6 oliveiras no sítio das Canadas, em terra nossa, e que esta terra confronta do nascente com Francisco Fernandes herdeiros de Domingos Biejes. Mais lhe damos o sobreiro com um bocado de cabeceira que deve ser a 8.ª parte da propriedade, no sítio das Canadas, limite de Pereiros, e confronta, esta 8.ª parte, do nascente com João da Silva Abreu, do sul com a ribeira, do poente com Francisco Fernandes de Castro e do norte com o 1.º outorgante permutante e damos mais em dinheiro 10$000 (dez mil réis). Recebendo nós uma terra com todas as suas árvores no sítio da Serra, limite de Pereiros, e confronta do nascente com herdeiros de Luís Martins, do sul com herdeiros de José dos Ramos, do poente com o permutante ou comprador, do norte com a serra pública. Os permutantes chamam-se Joaquim Alves Moreira e a mulher, Maria, de Pereiros QUADRO IX

Património fundiário de Sociedade Clemente Menéres, Lda (finais de 1916)

2

2

Pela presente, e pelo duplicado a nosso rogo, feito por mim, assinado, confessamos, eu, David Augusto, e minha mulher, Doroteia Maria, moradores na povoação e 84


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freguesia de Caravelas, concelho de Mirandela, que temos vendido, livre e desembaraçado, ao senhor Clemente Joaquim da Fonseca Guimarães Menéres, casado, negociante da cidade do Porto, os seguintes prédios: 1. Dois sobreiros no nosso lameiro do sítio da reta Cabeira, limite de Caravelas, pela quantia de quatro mil réis. 2. Todos os sobreiros da nossa terra do sítio do Estorninho, deste limite, que confronta de nascente com lameiros de Jacinta Costa, de Cedaínhos; sul, nenhum. Norte e poente com nós, vendedores, pela quantia de 6 mil réis. 3. Uma terra e suas árvores no sítio do Silveirão, em Caravelas, que confronta do nascente, norte e poente com o comprador e do sul com António Manuel da Costa, pela quantia de oito mil réis. Para segurança do comprador, lhe passamos os presentes títulos que vão assinados por mim, vendedor, por António Manuel da Costa, viúvo de Caravelas, e pelas testemunhas presentes, António Joaquim Teixeira e Maira Inês (?) da Costa, ambos casados, proprietários de Caravelas. P.S. O Manuel da Costa assina pela vendedora por ela não saber escrever Ilustríssimo e Exmo. Senhor Dr. José Vaz Guedes Bacelar Em resposta à carta de V.Ex.ª de 26 de agosto p.p. oferece-me dizer-lhe que tenho foram legitimamente adquiridos pela Sociedade Clemente Menéres, Lda., assim como o foram também pelos anteriores possuidores Prata, de quem aquela Sociedade as houve comprado; acrescendo a posse que foi também exercida pelos anteriores possuidores, durante largos anos; e sem contestação nos sobreiros. E só há dois anos é que o tio de V.Ex.ª se lembrou de vir suscitar este incidente que, quanto aos sobreiros, não tem, a meu ver, fundamento algum, ainda mesmo que a posse sobre a terra seja exercida por ele, como V.Ex.ª diz em sua referida carta. Nestes termos, e enquanto eu não for convencido de que estou em erro, ou seja, extrajudicialmente, por documentos que V.Ex.ª vier a apresentar, ou judicialmente por sentença, permaneço na resolução de continuar no domínio e posse, pelo menos dos sobreiros, visto que a terra pouco ou nenhum valor tem para a Sociedade que represento. -

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«…o Bernardo anda guardando os sobreirais, o qual se tem visto parvo, porque os pastores se verem obrigados pela necessidade de pasto para o gado e, por este motivo, o Bernardo e eu temo-nos desapacientado com tal maroteira dos pastores». -

Joaquim Francisco da Silva Barbas Memórias sobre o feitor e sobre o exercício do seu cargo

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FIGURA 45

Joaquim Barbas: 1.º feitor da Casa Menéres

as propriedades prosperavam, a vida ali [Ronão oferecia mais futuro e havia vontade de regressar ao Porto para novos cometimentos no comércio» -

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Acabo de chegar dos Vilares da Vilariça, aonde fui, como já disse a V. Ex.as, resolver uma questão que lá havia com um tipo que queria roubar cereal de uma jeira de terra à casa, mas logo que eu lhe apareci, o homem desdisse e disse que o tinha feito por estar esquecido na estrema e julgar que era por onde ele dizia, mas que já lhe tinham dito o contrário e, portanto, que pedia desculpa. Lá, as novidades que havia eram de as cabreiras terem cortado alguns ramos de O senhor Manuel Aleixo recomenda-se muito a V. Ex.a 88


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Os criados e os colaboradores no tempo do feitor Joaquim Barbas -

Cleto

Lombardez

Ant贸nio Pinto

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QUADRO X

Trabalhos orientados e controlados por Ant贸nio Pinto

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QUADRO XI

Conta de António Pinto – plantação de bacelo (6 a 18/4/1890)

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«Os enxertadores, António Teixeira Campos e Manoel Pinto da Fonseca, chegaram aqui no dia 17 de Março e saíram no dia 1 de maio de 1890, tendo portanto quarenta e seis dias a receber, não exceptuando os dias que não trabalharam, por causa da chuva, Receberam de mim a quantia de treze mil e quinhentos réis: comboio: 4280; carro: 1200; despesa: 800. Total: 6280 -

«Varas de videiras americanas não há, porque alguma que havia, o gelo secou-as todas, conforme mostrei ao Alves da Silva, mas no meu parecer talvez o mourisco as possa substituir. Somente temos com abundância, tanto moscatel, o malvasia e bastardo». FIGURA 46

Vinhedo de Monte Meões

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Jacinto «As doenças agora aqui é que grassam com intensidade, o Jacinto está de pontadas, está de pleuris e a vizinhança está tudo doente, porque os calores agora são muito intensos, comparados aos de julho». Mesquita -

Manuel Ventura

Rebolas

José Avoilo -

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QUADRO XII

Trabalhos realizados pelos animais

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O levantamento da planta das propriedades da Casa Meneres

QUADRO XIII

Cadastro das propriedades da Casa MenĂŠres

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o prado já está medido e tirada a planta, e por isso estão como feras para nós». guarda de noite aqui às casas e olhar para os lados do Quadraçal e eslogo de contínuo a apagar; ora este serviço vai ser, desde as 10 horas da noite e as 4 da manhã, justamos por um mês 6:000 réis O estado do tempo e o cultivo de produtos

QUADRO XIV O estado do tempo e o andamento das culturas

Frio

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noite

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QUADRO XIV (Cont.) O estado do tempo e o andamento das culturas

Frio

quente

Os incĂŞndios -

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Movimento comercial (despachos para o Porto; inventรกrios; compra e venda de produtos)

QUADRO XV

Movimento comercial

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QUADRO XV (Cont.) Movimento comercial

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tinto

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QUADRO XV (Cont.) Movimento comercial

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QUADRO XVI Inventário «A nota dos dias (…) e das horas é a seguinte:

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Com relação às dívidas da oliveira, do vinho, parecem que estão saldadas, porque eram 124 almudes de vinho em Terras de Ledra a 700 réis --------------------------- 86.800 Entregou, conforme a carta/ Romeu, de 6 de maio de 1889…… 46.500 Entregou, conforme carta Romeu de 24 de junho de 1889……. 40.300 - 86 800 0 000 O Álvaro dos Avantos que aí vigora como devedor à casa de Sua Ex.ª não deve nada, porque devia 18.000 réis, em agosto de 1887. Entregou, conforme a nota/ Romeu de 18 de dezembro de 1887, 13.500 e, em Agosto de 1888, 4 500»

FIGURA 47

Quinta de Carvalhais, Mirandela

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FIGURA 48

O transporte das uvas: utilização dos bois, machos e camioneta

«Hoje deu entrada na estação de caminho-de-ferro de Mirandela com destino aí uma meia pipa um barril contendo 11,5 almudes de aguardente de bagaço que há tempos se comprou nos Possacos, a 4.500, não foram os 12 almudes como estavam comprados, porque não couberam e portanto, deve o Lino Cernache à casa 2:250, que hei de receber dele. O vinho para o senhor Nogueira Pinto está em Carvalhais e custou, os 24 almudes, 37:200, que foi cada almude a 1550 réis. Carreto de Valverde a Possacos 700 réis, agência ao Lino 500 réis. Ontem fui com o Bernardo a Vale de Lobo, para ver se combinava uma troca com 107


Desenvolvimento da periferia transmontana: A linha do tua e a Casa Menéres

o João Alberto Correia que era nós darmos um bocado do lameiro, em Vale de Lobo, dar-nos três terras que tem na Lavandeira e que estão todas encravadas com as nossas. Ele pediu de volta 4500 e nós oferecemos-lhe 1000 réis, mas mesmo que a casa lhe desse os 4500 ainda lucrava, mas vemos se o homem se resolve e quando V. Ex.as cá vierem então se resolverá de qualquer forma que V. Ex.as entendam melhor».

A extracção, compra e despachos da cortiça

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«Não seria mau meter-se mais gente 108


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na tiragem da cortiça, mesmo aqui no Quadraçal, que fossem limpando os sobreiros comprados em Cedaínhos e os mais que houverem, porque o tempo voa e ainda temos um mês para esse serviço e o Mesquita não tem tempo para correr mais do que os Casais de Fora e Vale da Cinada, o muito». «pouco mais ou menos 20 carros de cortiça» «outra camaradagem de homens a tirar a cortiça, conforme a ordem» cortiças»

«para o Oliveira ir à compra de «e isto querendo que a cortiça toda seja tirada só com as bitolas

«possível que o Oliveira esta semana acabe com o que levou, porque segundo as ordens de V. Ex.as só terá de quem tiver sinais e essas são todas colheitas grandes» -

«Agora o que tenho a dizer é que no ano de 1893 estação (em 1890 houve pouca cortiça, devido à seca), porque esperamos que seja uma colheita superior a 1000 carros». «ontem, hoje e amanhã anda com a gente da cortiça na arranca das batatas em Vale Meões». «Mesquita terminou o corte da tiragem da cortiça ao fundo de Vale da Cinada e o Ventura no Quadraçal, em frente da Estrangeira, ao sítio do Serradouro». «aonde tem saído alguma coisa mais animador do que nos outros sítios. O Manuel Ventura anda com o serviço também da tiragem da cortiça no sítio da Gérga (limite dos Cortiços), mas para ali tem saído muito pouca ou nada…»

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«aonde não há quase nada. O Mesquita anda com os homens na limpeza dos sobreiros em Vale da Cinada, aonde tem feito uma boa limpeza. Cortiça este ano não tem saído quase nada, mas a que saiu vem abitolada e em boas condições». «muito sobreiro para chegar a queimar e a limpar, no que se anda tratando». «e como temos todas as iniciais de madeiras de amieiro e choupo para se limparem e só agora se podem limpar, por os rios não terem água, (…) ordem para baixa de preço para V. Ex.as e ir esta semana fazer este serviço, principiando em Vale de Lobo, Vila Verdinho e Quadraçal, agora se a V. Ex.as não lhes parecer acertado, queiram dar as suas ordens para serem executadas». na volta do correio» «ordem de 50$000 réis que julgo serem precisos para acabar de fazer contas com o Oliveira de Alvites de compras de cortiça que julgo que virá liquidá-las, muito próximo, e logo que as liquidarmos remeto a conta geral de toda a comprada, conforme o ano passado». «no lameiro da Nogueirinha» QUADRO XVII Inventário Contas com o Pascoal

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Albano Viseu

«limpeza dos sobreiros «regular ao todo por 46 a 48 carros» «56 carros, a cerca de 14 a 15 quintais cada um, isto é pouco mais ou menos» «O serviço de limpezas da madeira do rio acaba amanhã, tendo já limpo desde Vale de Lobo, Vale Meões, Alambique, Açude Ferreiro, Trancadouro, Massada, Serradouro, Pisão, e Olgas». «Domingo à noite fui ver com o Bernardo e Mesquita aos Vilares da Vilariça para dar uma volta aos sobreirais, conforme a ordem de V. Ex.as; tive de assim aproveitar o 111


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tempo, porque tinha o lameiro de Vale de Lobo e Lavandeira depressa a segar-se, portanto não me pude demorar por fora mais que dois dias. Demos volta ao Pombal – Vilares da Vilariça-Valbom da Trindade e Colmeais e Burga. Calculamos que no Pombal venha a sair apenas um carro, nos Vilares quatro, em Valbom da Trindade 20 arrobas, nos Colmeais nada e na Burga quatro carros; a cortiça, tanto do ano passado como deste ano, não tem crescença nenhuma e é essa a razão por ser tão pequena… PS. A cortiça virgem que V. Ex.a deu ordem para que se tire não dá por enquanto, mas suponho que logo que venha sol deve dar e eu, logo que se possa, mandarei tirar e remeter à estação para aí». «com o Bernardo e Mesquita para Vila Verde, Freixeda, Macedinho, Vale da Sancha e Marmelos para examinarmos os sobreiros, aonde há cortiça este ano; portanto, suponho que só sexta-feira é que poderei estar de volta»

«Calculamos que em Vila Verde saia um carro de cortiça e outro na Freixeda, e em Macedinho e Vale da Sancha, de três a quatro em Marmelos e Bronceda; de Álamos que deve sair mais de seis carros. Aqui tem chovido muito nestes dias, a qual faz animar mais a agricultura. A cortiça brava de novo (…) a experimentar hoje em vários sítios, mas como tem feito muito vento e algum frio, não são, a não ser toda a ponta do machado. Feno não se segou ainda nenhum por o tempo o não permitir, mas logo que o permita temos de dar início a este serviço. Dinheiro, julgo que para esta semana será preciso para Carvalhais 35$000 réis, para os Cortiços 15$000 réis e para aqui 60 a 70$000. Espero que V. Ex.as me deiam resposta, se querem que acaso venda o centeio aqui, mas isto deve ser quanto antes, porque daqui a dias deve já dar menos 100 réis em razão»

«Hoje principiou o Bernardo a tiragem da cortiça nos sobreirais dos Avantos e seguiram para Alvites, Assoreira. Anda com 6 homens e 3 mulheres. Em Vila Verdinho, já andei lá 3 dias a tirar cortiça de compra; tirámos talvez pouco mais ou menos 80 arrobas. Agora estamos à espera que seque para se pesar. Lembro a V. Ex.as para que no caso que queiram aí falarem com o senhor Eduardo Pinto, com respeito à cortiça dele, do Choupim, porque este ano tem uma boa porção e de boa qualidade e espessura. Eu já falei com o feitor, mas ele disse-me que o dito senhor lhe tinha dito que aí combinaria com V. Ex.as» «O Bernardo seguiu ontem, domingo, para Marmelos com o pessoal para a tiragem 112


Albano Viseu

da cortiça e dali segue para Vale da Cinada. A tiragem está já feita em Avantos – Alvites –Assoreira – e aqui no Quadraçal, desde a Serrinha até ao Pisão, margem direita. Calculo que já estejam tirados 14 carros, estando já dois em Mirandela e 12 no campo; e esta que está no campo não se tem já resolvido, porque estava a ver se recolhia o feno com os bois da casa, para não fazer despesa de carretos e porque está no Quadraçal recolhida… Segundo nos consta, os anos passados em Foz Tua, no transbordo, trataram mal do serviço de baldeação da cortiça de uns vagões para os outros, porque dizem que atiravam com ela como que fossem pedras e a cortiça, como estava seca, quebrava-se uma grande parte; e eu, em vista disto, achava melhor que V. Ex.as escrevessem ao chefe da estação para que mande ter mais cuidado para que a cortiça, que segue para aí, não chegue tanto bocado estragado» «…remeto o diário daqui da casa compreendido entre 4 a 9 do corrente. A tiragem da cortiça já está nos Vilares da Vilariça; temos já tirada em Bronceda e Marmelos 3 carros; Freixeda, Vila Verde e Macedinho outros três carros, que devem ser conduzidos para Mirandela na próxima segunda-feira em diante. quinta, para segunda-feira seguirem os bois para Marmelos; mas como os bois vão para baixo levam de caminho cada junta seu carro, com outros dois carros que estão em Mirandela, já fazem um vagão, que despacharei segunda-feira…»

Diário da Casa do Romeu, desde 6 a 9 de julho de 1891 Dia 6 - andei com cinco mulheres e 4 gadanheiros na Fróia. Os bois recolheram dois carros de feno e andou um homem com os carros; o Bernardo andou com oito homens e o Mesquita e seis mulheres na tiragem da cortiça em Marmelos. Dia 7- andei com a minha gente no mesmo serviço; os bois trouxeram um carro de feno; o Bernardo andou com a sua gente no mesmo serviço; andou um homem com os carros e uma mulher a enxofrar. Dia 8 - andei com cinco mulheres no feno na Fróia; os bois trouxeram dois carros de feno, sendo um para o Romeu e outro para Carvalhais; andou um homem com os carros e uma mulher a enxofrar; o Bernardo trouxe a sua gente no mesmo serviço na Freixeda. Dia 9 - os bois trouxeram três carros de cortiça do Quadraçal para o Romeu; andou um homem com eles e uma mulher a enxofrar; o Bernardo trouxe oito homens e oito mulheres na tiragem da cortiça em Vilares da Vilariça». «O Bernardo acabou de tirar a cortiça nos Casais de fora, aonde julga ou calcula que haja 18 carros de cortiça; agora, anda com a tiragem no Pisão, aonde tem saído bastante cortiça, ainda hoje se tirou, ao pé da Canameira do Benedicto, de um sobreiro que deu 5 ¼ quintais de cortiça, toda de primeira 113


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Francisco Lopes Seixas Memórias sobre o feitor e sobre o exercício do seu cargo -

FIGURA 49

O feitor Lopes Seixas e a família

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Albano Viseu

O meu pai

aceitou ir para o Romeu como feitor. Não sei como

económicas, dado que a primeira mulher, que lhe tinha falecido havia pouco tempo, lhe “gastava o dinheiro todo”. Viviam na aldeia das Areias. Ela era natural de Justes. Como a mulher não era nada económica, viu-se obrigado a ir trabalhar nas obras da linha da Beira Alta (lembro-me de ele falar em Canas de Senhorim) e a mulher ia com ele. Mas não andou por lá muito tempo. Depois trabalhou nas obras da linha do Tua. Entretanto, a mulher faleceu e ele foi para o Romeu. Aqui, casou em segundas núpcias que antecedeu o meu pai. Rosa Domingues Barbas, após o casamento, passou a usar o apelido do marido. Eu nasci em 1917 e o meu irmão, Francisco Lopes Seixas, nasceu em 1919. Eu e o meu irmão nascemos e criámo-nos já no Romeu. O meu pai foi convidado para ir para o Romeu e desempenhou muito bem a função de feitor (…). Era ele que estava à frente O mais velho era o José Menéres, que era o gerente, para quem o meu pai trabalhou durante muito tempo, e a seguir veio o outro irmão, Manuel, que era muito conhecido, porque tinha um stand pai já trabalhou pouco com ele, porque era ainda um rapazote novo. Tanto o José como o Manuel eram casados. O José era da idade da minha mãe e o lá viveu e lá morreu. Os Menéres não estavam sempre no Romeu, mas passavam lá o mês de maio e a época das vindimas. E durante o resto do ano também iam lá. Manuel Menéres ia muitas vezes e, às duas por três, estava lá caído. José Menéres podia não ir tanto, mas preocupava-se mais».157 a professora do Romeu teve de deixar a casa que era dos Menéres e de ir para outra. Vale de Couço. O meu pai não quis ver-me naquelas confusões e mandou-me para casa velho da minha irmã, o meu sobrinho José Augusto, também era aluno dela

«Uma vez o meu pai esteve muito mal, esteve com uma infeção numa mão. Naquele 115


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tempo, não havia a cura para as infeções como agora. E foi preciso irem buscar-me a Bragança. Eu era pequenita, tinha 10 ou 11 anos nessa altura, e o meu pai disse assim: «A pequena há de vir!». A minha mãe acrescentou: “Eu já disse ao Senhor Menéres que é preciso mandá-la buscar”. O meu pai acrescentou: «Vá chamar o Senhor Francisco Domingos à quinta do Monte Meões. Ele que venha para cima para ir como chofer Eu estava num colégio de freiras como interna e andava no liceu a receber lições. O colégio servia de casa para comer e dormir e ia às aulas ao liceu. Só vinha a casa nas férias. O meu pai, quando deixou de trabalhar para os Menéres, foi para a casa dele em Areias. Nessa altura, fui colocada a leccionar na Escola Primária das Areias, durante dois anos. O meu pai fazia anos em fevereiro e semeava sempre batatas novas no quintal. Ele até mandou fazer aquele portãozinho no fundo do quintal para eu ir para a escola, para me livrar da rua que era muito molhada. Eram dele estas palavras: “A rapariga afoga-se aqui!”. Nas Areias, vivia uma irmã do meu pai que era a tia Quitéria, cujo marido se dava mal com toda a gente. Ela passava lá os dias connosco, lá comia, e portava-se muito bem com a minha mãe. Ela não teve sorte com o casamento. A única pessoa que tinha cabeça, como devia ser, era o meu pai que sustentava metade daquela tropa. O meu pai chamava-se Francisco Lopes de Carvalho, mas depois passou a chamarse Francisco Lopes Seixas. A minha mãe era Rosa Domingues Barbas. O pai da minha mãe era o Joaquim Barbas, o feitor que antecedeu o meu pai, seu genro. Após o casamento, minha mãe passou a usar o apelido do marido. O meu pai tinha ido trabalhar para a casa Menéres e, nessa meu irmão Francisco Lopes Seixas, em 1919. Os dois trabalharam na Casa Menéres: minha mãe como governante e meu pai como feitor. Maria Luísa Lopes Carvalho era minha irmã, mas de outro matrimónio anterior do meu pai. Ela foi condenada por ensinar religião na escola e por ir à missa todos os dias. Ela tinha sido educada num colégio religioso e era muito religiosa. Vivia em Codeçais, ponte de Abreiro. Ela esteve presa em Braga, não propriamente na cadeia, mas numa casa, pois improvisavam cadeias em casas particulares e metiam lá as pessoas. Ela chorava muito. O meu pai, com pena dela, pagou a uma mulher que mandou para lá para lhe fazer companhia dia e noite. É que a minha irmã levava aquilo muito a sério, porque estava muito sentida. Depois, a minha mãe foi para lá uma temporada para lhe fazer companhia. A minha mãe contava coisas muito engraçadas, relacionadas com essa estadia. Depois, voltou para Codeçais, porque foi julgada e acabou a pena. Aquele que veio a ser meu cunhado, o Amador, era chefe da estação de Codeçais. Foi nesta aldeia que 116


Albano Viseu

se conheceram e se casaram. Primeiro, ela estava na aldeia e ele ia lá todos os dias. Só que, depois, começou a ter muito serviço na estação e precisava de estar lá. E ela viver algum tempo com a minha irmã. Eu andava na escola, por causa disso é que esda minha irmã. O meu pai não gostava de ver o meu cunhado no Romeu e arranjou-lhe trabalho, com a ajuda dos Menéres, num armazém de azeites no Porto. Ele foi para o Porto, mas levava uma vida acima das suas possibilidades. Ele e a minha irmã estiveram muito bem instalados no Porto, porque o meu pai lhes montou casa, onde viviam muito bem. Mas o meu cunhado não foi bem-sucedido nos negócios, não tinha habilidade para aquilo. Depois, foi para África, para os caminhos-de-ferro, em Moçambique, e esteve Depois, ele queria que ela fosse lá ter. A minha irmã ainda chegou a arranjar a mala A minha mãe e a minha irmã eram muito amigas e andavam sempre juntas, davamse muito bem. A minha mãe era muita amiga do meu pai, sempre foram o casal ideal, e a minha irmã também era amiga do pai. No Porto, a minha irmã continuou a ensinar, numa instituição para onde iam os A minha mãe era um bocado mais nova que o meu pai. Não era muito instruída, mas tinha a 4.ª classe. Eu era 30 anos mais nova do que a minha irmã. Era da idade dos

Quando era miúda, ia com os meus pais todos os anos passar as férias a qualquer parte. Muitas vezes para as termas de Moledo do Douro e de Aregos. Eu e o meu irmão viajávamos com eles no comboio. O comboio era o meio de transporte que nós usávamos para ir a qualquer parte. Nessa altura, já tinha ido várias vezes ao Porto. Ficávamos em casa da minha irmã, que vivia nesta cidade. O meu pai tinha um carro e um chofer para tudo quanto precisava. Tinha telefone na cabeceira, naquele tempo já era como agora. Ele ia pagar as contribuições a todas as sedes do concelho onde os Menéres tinham propriedades. Em cada zona, tinha um guardador dos sobreiros e esses homens iam, de vez em quando, ao Romeu. O meu pai, quando chegava a casa, dizia para a empregada: “Olha, está ai o corticeiro para almoçar”. Algumas vezes, iam lá receber, outras vezes iam levar as contas. O meu pai também corria o concelho todo, por causa da actividade que tinha na Casa Menéres. 117


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À noite, depois de jantar, ele ia todos os dias para o escritório, onde recebia o pessoal: iam os da quinta do Monte Meões, (…) onde estava um caseiro todo o ano a tomar conta. Tinha lá um telefone e o meu pai telefonava para lá, para tratar dos assuntos, quando não podia lá ir. Outras vezes, metia-se no carro e ia lá num instante. E outras vezes vinha o caseiro ao Romeu. Mas ainda havia mais duas quintas, à beira da estrada: a da Raposa e a do Olival de Cavaleiros. A vida fazia-se toda para Mirandela e o meu pai não ia lá todos os dias, mas quase. Umas vezes ia de carro, outras vezes de comboio. A viagem, quando ia do Romeu a Mirandela, demorava mais de um quarto de hora, porque parava aqui e ali. Se não parasse, demorava 10 ou 15 minutos. O meu pai, às vezes, quando estava no escritório, de repente, surgia algo que era preciso e dizia: “Eu vou a Mirandela num instante e já venho”. Pegava no casaco ou em qualquer coisa, ia para a estação, mas dizia: “Dizei a minha mulher que eu vou a Mirandela e venho já!”. Outras vezes, tinha o chofer à mão e dizia-lhe: “Ó fulano, leva-me a Mirandela.” Nessa altura, a estrada ainda era de terra batida, mas era muito movimentada, pois tinha sempre muita gente para lá e para cá. Mirandela sempre foi um meio bastante desenvolvido, tinha feiras de mais de quantas coisas. E, depois, o meu pai tinha lá aquelas relações todas e parava em muitos sítios. Era ele que ia lá e sabia os recados todos. Chegava lá e resolvia tudo num instante. Se não fosse ele a ir a Mirandela, ia um empregado, só que não trazia a coisa resolvida como era preciso e tinha de lá voltar. Nós utilizávamos diariamente o telefone para Mirandela. A minha mãe, à noite, via tudo o que era preciso para o dia seguinte. Então, telefonava para Mirandela para uma casa que já tinha um telefone: “Amanhã mando aí buscar tantos quilos de carne, tantos quilos de peixe. Mande-me isto, mande-me aquilo”. De manhã, o meu pai dizia ao empregado, que estava casado com a Senhorinha e era um dos empregados permanentes: “Ó Jaime, amanhã é preciso ir a Mirandela às compras”. Jaime era o empregado que ia lá sempre buscar as coisas. E a minha mãe mandava as saquinhas de pano, pois ainda não havia as sacas de plástico. Quando ele lá chegava, já tinha as compras feitas, só era preciso pegar nelas e vir-se embora. Em Mirandela, funcionava tudo assim, com aquele desenvolvimento, e não havia falta de coisas. Só ia a Macedo, quando o meu pai, que era o faz-tudo, começava a limpar os sobreirais. Era preciso tirar a cortiça lá do meio dos sobreirais e empilhá-la num local onde pudessem os compradores ir vê-la. Era necessário transportá-la. Então, o meu pai ia pessoalmente a Mirandela e a Macedo comprar todos os animais que precisava para o transporte da cortiça. 118


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Comprava 20 ou 30 animais, pois não tinham outra maneira de a transportar. No Mirandela, ou aos dois lados. Os corticeiros, na altura de tirar a cortiça, pelo princípio da Primavera, vinham do Alentejo e acompanhava-os o senhor Pires que já tinha muito talo daquilo tudo. Ficavam entre um mês a um mês e meio e o encarregado deles, o senhor Pires, lidava com o meu pai. E, assim, o meu pai lidava melhor com aqueles homens que eram muitos. O senhor Pires tinha uma casa grande, com muitos quartos, para onde iam os homens quando era preciso. O meu pai, quando estes homens chegavam a Jerusalém do Romeu, já tinha animais para aquilo tudo. A mula do senhor Pires era sempre a mesma e tinham de tratar bem dela. A mula estava em primeiro lugar. Ia mais depressa ver se a mula estava bem do que ia jantar. Eu fui assim criada e nunca fui habituada a esperar por isto ou por aquilo. Era uma vida boa no Romeu»

«Quando iam os homens tratar das vinhas, trabalhadores que vinham do Douro, era a minha mãe que lhes calculava aquilo que eles precisavam de comer. Era a minha mãe que todos os dias dava à empregada que vinha com eles aquilo que eles haviam de comer no dia seguinte. Era a minha mãe que dispunha na cozinha de tudo quanto era preciso. Mas a minha mãe não se podia queixar, porque ela tinha quantas empregadas eram precisas. Se ela dissesse que precisava de mais uma mulher para trabalhar na cozinha, José Menéres dava-lhe carta-branca para chamar as que quisesse. A minha mãe tinha 3 ou 4 operárias da jeira, que eram certas, quando havia falta de pessoal. Como tínhamos telefone para todos os lados, a minha mãe telefonava e dizia assim: “Ó Senhor Francisco Domingos, mande-me a Leonídia, a Beatriz, esta e aquela. Preciso cá delas por serem sempre as mesmas e de já estarem habituadas”. A minha mãe não fazia nada diretamente e as mãos dela andavam muito tratadinhas, porque tinha pessoal para tudo, também tinha uma cabecinha como poucos. O meu pai tinha uma casa em Vale de Couço, mas vivia em Jerusalém do Romeu, na Casa Menéres. Ele comprou aquela casa, porque a minha mãe fazia questão de ter uma casa na terra dela. Ele tinha a intenção de fazer obras nessa casa, mas como não a habitava, nunca chegou a fazê-las. Depois, passados muitos anos, o meu irmão vendeu-a a um emigrante. Lopes Seixas morreu nas Areias, em 1952, com 90 anos de idade -

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era boa pessoa. Antigamente, havia respeito. Hoje, não há respeito por ninguém. Nessa altura, era outra educação. Ele dizia-nos — era eu pequeno: “Ponde-vos lá a mexer”. E nós saíamos dali. Depois, veio o Alberto Francisco… FIGURA 50

O feitor Lopes Seixas e a esposa, D.Rosinha, 1934

O feitor Lopes Seixas tinha uma casinha onde vivia na mansão. E a família Menéres uma cópia dessa correspondência Ele deu algum impulso à agricultura e ajudou, de algum modo, a desenvolvê-la. Naquele tempo, não havia máquinas, nem tratores. Era tudo feito à mão: cavava-se a vinha, desinfetava-se… Faziam-se todos os trabalhos à mão. Era um trabalho manual. a compra de sobreiros e de propriedades em várias localidades. A Casa Menéres tinha Seixas e no seu antecessor, o Joaquim da Silva Barbas. Agora, o que andava sempre a fazer compras, e acompanhava sempre o senhor Menéres, era o meu tio Bernardo Maurício». 120


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O trabalho do feitor esteve também ligado à celebração de contratos de arrendamento: Declaração do arrendamento de pastos O abaixo-assinado, em nome da Sociedade Clemente Menéres, Lda., declara ter arrendado os pastos dos montes de Paradela de Ansiães, para pastorear gado lanígero; não consentindo que nesse rebanho ou rebanhos sejam pastoreadas cabras; ao senhor Manuel Ginja, por dez escudos, até ao dia 1 de setembro de 1916; não consentindo que esses pastores, nas propriedades arrendadas, cortem nem um ramo de qualquer árvore. Francisco Lopes Seixas» O homem que tratou o feno tinha direito a obrigá-lo e fazê-lo cumprir, mas visto o que vossemecê diz, parece ser um troca-tintas; portanto, o feno venda-o a outro, mesmo que seja por alguma cousa menos, mas isso já. Não o podendo fazer, mande já segá-lo e secá-lo sem demora, logo segado digam para aí se manda, pôr em um palheiro que se cobre com lenha até aí haver uma pouca de palha, isto fazem já-já, avise para mandar a importância do costume mais depressa Queira Vossemecê ir diante de 2 testemunhas pedir os 3 alqueires de centeio ao tal sujeito a quem arrendou a terra e ele lhe diz que não paga. E, caso ele não queira pagar, manda-me o nome dele e das testemunhas que eu o farei pagar, mesmo para exemplo dos outros e para que não façam pouco de vossemecê» «arrendar o pasto até janeiro, como de costume, dos lameiros, pois não sei se V.Ex.ª está com intenção de comprar os gados como disse» «Ao homem do pomar, dava-se-lhe em dinheiro 4000, 3 razões de centeio, 3 sal, isto cada mês» «João da Serra foram encontradas as cabras no Cabeço do Médico, pastoreadas pelo criado do mesmo senhor. Eram 35 cabras. Foram testemunhas João Ferreira Lombardo, casado, de Vale de Lobo, e João Mochão Sotteiro de Vale de Lobo». 121


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FIGURA 51

Carta do feitor Lopes Seixas para a sede da sociedade, original

servirem de testemunhas e mande-se a participação para o senhor Dr. Eugénio, para Macedo, ou para aqui que eu lha mando daqui». «O guarda de Morais, Manuel Joaquim Monteium homem de certa consideração e os ordenados como sabe são limitados e não há margem para serem muito elevados, preciso primeiramente dispor bem o homem para

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Albano Viseu

FIGURA 52

Carta do feitor Lopes Seixas para a sede da sociedade, conforme copiador local

depois ver se ele se contenta com um pequeno ordenado, como, por exemplo, uma roupa que lhe forneci e qualquer coisa que lhe peça. Veremos as compras que ali estão, as que se lhe estabelece então o ordenado «E havia bom diálogo entre a Casa do Romeu e o gerente que vivia no Porto. Era aqui que se concentrava tudo: o escritório, as contas, o orçamento de todo o trabalho. Quando o senhor Seixas esteve na Casa Menéres, ainda éramos umas crianças e ouvíamos contar muitas coisas aos nossos pais, sobre ele e sobre a senhora Rosinha.

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Eles foram embora e vieram depois outros empregados. Veio o que era daqui, o senhor Alberto Francisco, e eu fui para o lugar dele. Ele também foi um bom feitor». «Diariamente, trabalhavam 70 a 80 pessoas, de Vila Verdinho, Vale de Lobo, Vimieiro, Vale de Asnes e até da Burga e de Bornes… Ainda me lembro de virem para aqui trabalhadores da Beira Baixa, de Vila de Rei, buscar que comer, de andarem enterrados no lodo até aos joelhos. Vieram para ajudar na obra dos melhoramentos da aldeia». «o senhor Ferreira que leve os bancos da camioneta pequena, porque aquele pessoal traz muitas bagagens» «Vieram para cá uns ranchos de Vila Meã, da terra de Salazar e de outras aldeias perto, Vimieiro, Santa Comba Dão e de Carvalhas e vinham descalços. Andavam aqui e só comiam milhos. Andavam descalços, só traziam uns manguitos. Andavam a arrancar o mato à Casa Menéres. Traziam umas sacholas grandes para arrancar o mato». «Eu trabalhei nos olivais e nas vinhas e pus as videiras numa propriedade. O azeite é muito bom, é biológico, e a Casa Menéres valoriza as culturas, adaptando-as aos elementos da natureza (ar, água, sol, terra…). O azeite era e é bom. Eles tinham muita fruta e grandes pomares de maçãs, pêssegos… de tudo. E ensinavam como a fruta se devia apanhar… Eles regavam as culturas, pois também tinham duas barragens: a barragem de baixo e a de cima. E tinham chuveiros por todo o lado para regar. A Casa Menéres foi de coragem e ajudou muita gente que ali trabalhava. Deu algum apoio às povoações de Vale de Couço, Vila Verdinho, Romeu, Vimieiro. A Casa Menéres foi sempre Casa Menéres. Foi e é, e que ninguém me fale mal da Casa Menéres, porque não há razão combinada. Pagavam bem de 15 em 15 dias». «O senhor Menéres fazia muito bem a essas povoações. Se fossem apagar um incêndio, ele dava dinheiro. Dava dinheiro para fazerem as obras na povoação. Era ele que dava trabalho para todos. Todos trabalhavam ali na Casa Menéres e chegaram a ter um pequeno comércio, a Cooperativa Por Bem. As pessoas compravam ali os produtos, mas, a certa altura, passaram-na a um particular, ao Toninho». «Entre as pessoas da aldeia, havia pessoas entendidas em pessegueiros e vinham pessoas de Alcobaça, local onde o meu pai frequentou um curso de podas». «Eles preparavam as pessoas para tirarem mais rentabilidade e para melhorarem a produção. E também tinham vinho do Porto». 124


Albano Viseu

«O senhor Clemente Menéres chamou-me lá um dia e perguntou-me, pois tinha ali, em Monte Meões, uns tonéis de 15 mil litros de vinho em cubas. “O que te parece se as ins-

FIGURA 53

Distinções dos vinhos da Companhia Vinícola Portuguesa

«segundo recomendação do Dr. Trigo: aconselhou 125


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pesadas e que eles estão a proceder da mesma forma»

«Mas fez muita falta a ligação de aqui para Mirandela. O de algumas coisas que se passavam, mesmo durante o Estado Novo, através de pessoas que chegavam de comboio. No meu tempo, se queríamos ouvir rádio, íamos ao Romeu. E não havia carros como há hoje. Ainda me recordo de haver em Mirandela 4 camionetas. Mirandela era uma pequena localidade e, do lado de lá, em Golfeiras, não havia casa nenhuma. Mirandela era pequena, mas agora tem casas por todos os lados. De Vila Verdinho, há muita gente a viver em Mirandela. Aqui há pouca gente a viver FIGURA 54

Trator Fordson modelo F utilizado no Romeu

A Casa Menéres tinha duas camionetas, tratores Ford 175, carros, pois Manuel Menéres era representante da Ford no norte do país. Ainda me lembro de ir ao Porto 3 vezes. De uma vez levei lá o Ford 2000. Era um carro muito giro. Fui lá outra vez buscar um carro novo. Fui de trator e demorei 11 horas. Da outra vez, fui de carro que era do senhor Menéres». «Quando era miúdo, ia para Trás-os-Montes de comboio . Saía às 9 horas da manhã de S. Bento e chegava ao Romeu às 17 h. Só nos princípios dos anos 50 comecei a ir de carro. A viagem do Porto a Mirandela demorava 7 horas. O meu tio José da Fonseca Menéres ia num Ford, modelo T, e demorava 10 horas…» 126


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FIGURA 55

Ford T - 1.º carro de serviço da Quinta do Romeu

«Olhe que à igreja paroquial do Romeu vinham os de Vale de Couço, os do Romeu e os dos Cortiços. Até tem dois portões. Eles vinham aqui à missa e tinham um portão deles. A capela de S.Marcos, no cimo do monte, era muito pequena, estava abandonada e cheia de silvas e o senhor Menéres recuperou-a. O 1.º Menéres pediu ao povo que lhe deixassem levar a santa, N.ª S.ª de Jerusalém do Romeu, para lá ainda hoje e a capela tem esse nome. Olhe que aos terrenos ali em volta ainda hoje lhe chamam S.Marcos. A festa anual partia desta capela, descia por um caminho e quando a procissão chegava em frente da mansão dos Menéres, as criadas davam água a beber às crianças e às pessoas. Depois, subia pela estrada que conduz àquela capela. A festa corria por conta do senhor Menéres. As vestes dos anjinhos e outras vinham de Guimarães. Sabe que a capela existente no centro da aldeia do Romeu é do séc. XV e a igreja paroquial é do séc. XII. A igreja foi ampliada em 1948, graças à ajuda da família Menéres. O Romeu exercia uma função atractiva, porque era paróquia. A capela de N.ª S.ª do cos que passou a chamar-se de capela de Nª Sª de Jerusalém do Romeu. A imagem de S.Sebastião foi colocada na igreja paroquial. pertencer aos Cortiços e a Macedo de Cavaleiros. Só depois, com Clemente Menéres, é que passou a pertencer a Mirandela» «Conheci os seguintes feitores da Casa Menéres: Lopes Seixas, Alberto Francisco, Augusto César, meu irmão, e o Vítor que lá está agora. 127


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Eu já tinha uns 9 anos, quando conheci o feitor Lopes Seixas. Ele geria a casa e mandava em tudo: contratava pessoal, ele e o senhor Menéres, e esteve lá muitos anos. Ele reformou-se e foi viver para as Areias. senhor Abel que estava no escritório. O feitor Lopes Seixas dizia: “Ides para ali e fazeis isto ou fazeis aquilo”. E os capatazes andavam com o pessoal, a controlar os serviços. Antigamente, a Quinta do Romeu chamava-se Quinta da Carriça, mas o senhor Clemente Menéres mandou colocar umas placas em Jerusalém do Romeu para aquilo a freguesia era no Romeu acabaram também por chamar, à estação de caminhos-deferro, Estação de Romeu. Há até uma quadra popular, alusiva a esta memória histórica: Clemente Menéres, chapéu de cortiça Quiseste pôr à estação o nome de Romeu Mas sempre foi e há-se ser: Carriça! Carriça! Carriça! A Casa Menéres imprimiu um determinado impulso à sua agricultura. Já havia duas barragens para rega: a da Estrangeira e a da Fábrica Velha ou dos Cabanais, local onde fabricavam rolhas de cortiça. Essa fábrica, depois, funcionou em Mirandela e, depois, passou para o Porto Em Mirandela, a Casa Menéres tinha muita fruta, depois acabaram com tudo. No Romeu, também havia fruta e os pêssegos eram de ótima qualidade. E aqui também se produziram compotas. Havia vinho, vinho do Porto, cortiça, e azeite de muito boa qualidade. Eu trabalhei uma média de 13 anos para a Casa Menéres, como jeireiro. Naquele tempo, não havia máquinas e era feito tudo à mão, nos trabalhos de extração da cortiça, na produção de vinho, de azeite e de fruta. Havia muita mão-de-obra ao longo do ano e vinham trabalhar para a Casa Menéres pessoas do Porto, de Baião e da Póvoa de Varzim. Diariamente, chegaram a trabalhar cerca de 100 pessoas: 40 a 50 da Beira Baixa, de Vila de Rei, e 40 a 50 daqui: Vila Verdinho, Vale de Lobo, Vimieiro, Vale de Asnes e até da Burga e de Bornes. Chegaram a vir trabalhadores do Alentejo e alguns de Guimarães. Alguns, poucos, «os presentes e os vindouros» «Só faço negócio consigo, se me der o seu chapéu» 128


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«A Casa Menéres teve 3 ou 4 rebanhos de ovelhas e duas varas de porcos. Faziam muito queijo que era vendido a quem o queria e devia ser levado para o Porto, produção que depois abandonaram. Tinham também muito azeite e cortiça. O maior centro de produção de cortiça era o Quadraçal, mas no Romeu também havia alguma cortiça. Agora produz-se pouco azeite e pouca cortiça. Antes, produziamE assim se fez a grande Casa agrícola que deu muito trabalho e ensinou técnicas agrícolas de produção, de colheita e de embalagem da fruta, além de técnicas da subericultura. Vieram técnicos do Alentejo para ensinar esses processos, e de Alcobaça para o ensino relacionado com processos de plantação, poda e colheita da fruta… O senhor Lopes Seixas estabelecia um bom relacionamento com o pessoal que trabalhava na Quinta, com toda a gente, e havia diálogo entre a Casa do Romeu e a Casa do Porto». «era um homem afável e muito simpático» «que se interessou pela sua família e lhe deu alguma proteção e já tinha uma idade avançada, quando se retirou do cargo e foi para as Areias» «A festa principal era das 3 povoações (Vimeiro, Vale de Couço e Romeu), mas quem a fazia antigamente era o senhor Menéres. Festas muito bonitas, que atraíam muita gente. Havia um grande arraial e as fardas para as crianças levarem na procissão vinham de Guimarães. Vinha para aqui muita gente da família Menéres, ao longo do ano…» «Havia muitas tradições na nossa região em aspetos que hoje estão a ser desvalorizados. Não é só a festa anual que se celebra nas aldeias: jogos, festas, usos, costumes, encontros no largo das aldeias. Atualmente, tudo mudou. Aqui , naquele tempo, não havia jogos de bola. Jogava-se à mão com uma bola e com um pau; jogava«A aldeia de Vila Verdinho era muito unida e havia cá muita gente. Agora, uns foram para um lado, outros para outro. E divertíamo-nos e dançávamos na rua. Jogávamos Jogávamos os paus e, depois, uma bola grande de ferro. Punham um pau de pé e a bola tombava-o. Naquela altura, trabalhavam, cantavam e havia alegria. Agora, não se faz nada». «Não havia telefones, mas o senhor Menéres tinha um e ia-se lá telefonar para Mirandela, para a Quinta do Convento. Eu ainda o fui lá compor uma vez». «Havia casais que se davam bem, mas 129


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outros davam-se muito mal. Havia homens muito marotos para as mulheres. Espancavam-nas e davam-lhes maus tratos. Eu não sei se era pela miséria, por faltarem as coisas em casa, só sei que havia aí casas de muita discussão e pancadaria. Naquele tempo, os ganhos eram poucos e, depois, gastavam metade do dinheiro na taberna e havia maus tratos e confusão… A mulher geria o orçamento familiar, mas o homem é que mandava em tudo. Os sei se é das épocas, mas agora é bem diferente. Se calhar, é de haver mais fartura, mais dinheiro e mais tudo. Antigamente, não se ganhava nada. E o que havíamos de ter?» «Eu ganhava 3$00 por dia e recebia de 15 em 15 dias. Não havia prémios de produção, nem nos davam vinho, azeite ou outra coisa. E o que nos pagavam dava muito jeito. Nós, trabalhadores da Casa Menéres, se precisássemos de dinheiro, íamos até lá para ver se nos abonavam algum. Depois, íamos descontando algum e pagando do vencimento. dães que chegou a vir aqui. Se matavam alguém, fugiam para França. O regedor vinha aqui e dava ordens e resolvia os casos e havia muitos casos de miséria e de tudo o que era mau» «Havia aí casas que não fabricavam nada. A gente não fabricava e como só viviam da jeira e como a jeira era pequena, naquele tempo passavam fome. Os ordenados eram pequenos e chovia muito mais do que agora e, muitas vezes, iam para trabalhar na Casa Menéres e como chovia tinham de se vir embora. E, depois, aquele dinheiro já fazia falta. Agora, quem fabricava as terras e colhia para comer, não passava fome. Houve fome e miséria e casas que não tinham condições de ser habitadas». «As casas eram muito pobres e havia falta de água. Iam buscá-la quase à Cernadela, aos poços de uns e de outros. Em Vila Verdinho havia uma fonte que não dava água nenhuma. Era de nascente e não dava para o povo e iam buscá-la aqui e ali e aonde a havia». «Nós íamos a pé daqui para o Romeu, quando íamos para a escola. Às vezes, havia crianças que os pais não tinham merenda para lhes dar e nem sequer podiam ir à escola. Eram tempos muito difíceis. O senhor Menéres fez muito bem nas três povoações: Vale de Couço, Vila Verdinho e Romeu. A 1.ª vez que vimos luz nas casas foi o senhor Manuel Menéres que a pôs. Varríamos as ruas. Nós também respeitávamos muito o senhor Menéres e a família do senhor Menéres. Eles gostavam muito da gente de Vila Verdinho, porque se houvesse um incêndio, as pessoas iam todas apagá-lo. Porque nós estamos aqui no meio do Quadraçal e quase todos os sobreiros são do senhor Menéres. Mas ele reconhecia aquilo tudo. para brincar e às meninas trazia bonecas. Ele foi impecável para Vila Verdinho. Fez obras nas casas e nas ruas e fez muito bem às três povoações. E calcetaram as ruas. Veio aqui o Arantes e Oliveira e o Américo Tomás. Foi aqui uma festa bonita na inauguração dos melhoramentos da aldeia, que nunca houve outra como aquela, naquele dia» «conservar a vinha e conservava-se. Mas era tudo ma130


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nual. Não havia carros, não havia tratores, não havia nada. Trabalhava-se com um boi ou com um macho que puxava a charrua. E também trazia boas culturas». «As faúlhas do comboio provocavam incêndios no Quadraçal e o Quadraçal esteve ameaçado com grandes incêndios. A aldeia de Vila Verdinho esteve ameaçada por um grande incêndio¸ para aí há 32 anos . Tivemos de fugir, porque as pessoas de idade não queriam ir. E tivemos de os levar para Monte Meões. O incêndio foi muito grande e chegou lá para Cedães e Romeu e ainda andou à nossa porta». «Eram as duas da manhã, o incêndio já estava aqui à nossa porta e deu a volta atingir as casas e pensámos, com os carros que tínhamos, livrar as pessoas de idade e tirá-las da aldeia».» «Levámos o irmão da minha sogra que não conseguia andar e não queria abando«A gente daqui não vai para lado nenhum e temos de voltar para trás. O acesso ao médico, à escola, à saúde e à educação (…) sentimo-nos isolados». «Queimou-se um sobreiral, no sítio da Coitada do Cabo, limite dos Avantos, terreno que confronta do nascente e sul com o caminho público, poente e norte com Luís Miranda Rodrigues. Não se sabe quem deitou o lume. Este foi comunicado do lameiro para o sobreiral». «Queira indagar quem botou o fogo ao monte do Cabeção e dê-se 2000 réis a quem diga e prove quem foi. Trate isso, a ver se se pode descobrir. Logo que o saiba, venha aqui, assim que haja boas testemunhas que eu farei o resto» «Ainda me recordo dessas estradas que foram abertas todas à mão e levaram muito tempo, pois não havia máquinas. Em Vila Verdinho, havia cereal e tínhamos 3 eiras para malhar o cereal e vinham máquinas trabalhar. E hoje não há uma palha sequer» «Havia o moinho do alambique, no terreno do senhor Menéres, e iam moer o cereal aos Cortiços, a Carrapatas e aonde calhava. Cheguei a ir a Macedo de Cavaleiros e a Grijó. Naquele tempo, íamos à feira a pé, a Mirandela, vender os porcos, para ganhar algum dinheiro. Íamos por atalhos, a pé, não íamos pela estrada. Passávamos um bocado para lhes dar de comer. Depois, se a gente os vendia, muito bem. Se não, tínhamos outra vez de os trazer de noite. Mais tarde, já íamos de camioneta. Mas no princípio era assim e eu fui lá muitas vezes vender porcos. A estrada já estava aberta e já havia comboio. A estrada foi o senhor Manuel Menéres que a mandou amanhar: fez o caminho, mandou-o empedrar e, mais tarde, alcatroar»

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Os criados e os colaboradores no tempo do feitor Lopes Seixas

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José Pires «Pires vai com o pessoal aí que, calculo, devam aí chegar domingo 29, no comboio-correio, depois aí deverão ver : «Exmo. Senhor Chefe da Estação do Tua requisitar o bilhete para um grupo de 20 homens do Tua a Campanhã, devendo aí embarcarem no domingo dia 29, no comboio-correio» 132


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Alfredo Gomes «Atendendo à sua carta de 12 do corrente, e tendo ela sido apresentada a esta Sociedade, como lhe disse, ela houve por bem incumbir-me para lhe dizer que V.Ex.ª em breve receberá ordem para vir como empregado desta casa, vindo para já com o ordenado de 10000 e casa. Logo conhecidas para a casa que V.Ex.ª deve vir habitar está ocupada, pelo Vilares, que está doente, logo desocupada, que o é em breve, aviso para vir» -

«um arranjo para lá entrar empregado, visto estar em fracas condições» e «por não estar em termos de procurar nova vida, vem para a casa onde esteve o Manuel Rodrigues»

Formas de informação de apoio à gestão

Senhor Lopes […] Que faz o Mesquita e o Moraes que nas suas partes diárias não vêm mencionados? Creio que elas foram feitas para eu saber, dia a dia, todo o movimento e pequenos serviços. Por exemplo, em frente do título colheitas, devem mencionar-se os carros de feno que se recolhem e aonde e assim tudo o mais que se recolhe. Em frente do título culturas, menciona-se tudo, os gadanheiros e quantos carros, pouco mais ou menos, cortaram e em que sítios.»200 133


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«Vossemecê deve ser um bom patrão, apenas, e não empregado, como desde há muito tem dado provas, não querendo cumprir ordens» -

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A compra de terras e de sobreiros

«Lembranças dadas pelo Bernardo, em 30 de maio de 1906: Francisco Manuel Lopes (de Morais) quer vender uma terra no sítio Cabeço Redondo, limite de Valdrez (Macedo de Cavaleiros), com todos os sobreiros nela existentes e vende mais sobreiros sem terrado em S.Ceriz, e mais sobreiros sem terra em Castro Roupal e mais com terra em Morais, mais sem terra diz que devem ser cerca de 3000. Os de Valdrez, S.Ceriz e Castro Roupal estão Mais um outro indivíduo vende cerca de 200 sobreiros na Sobreda. Para ver isto tudo, deve ser preciso, segundo Bernardo, cerca de uma semana. Diz o Bernardo que o sobrinho não pode fazer esta compra, caso V.Ex.ª queira se faça deve importar em sofrida quantia, rogo ordenar quem o deve acompanhar; creio que o sujeito tem precisão de vender. Será boa a ocasião, visto ele ter urgência. Aguardo resposta. ».

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mulher, Antónia de Jesus, moradores em Vale de Couço, e Manuel da Cruz e mulher, Amélia de Jesus, moradores no Romeu, e Manuel de Jesus e mulher, Maria da Conceição, solteiro, do Vimieiro, e José dos Santos Caldeireiro, que assina na qualidade de tutor dos órfãos, sendo 3 oliveiras em Monte Meões em terra do comprador e 5 nas Grichas em um lameiro do comprador e 1 nos tocos em terra do comprador e 4 nos tocos em terra de Francisco de Sá Moraes e confronta a terra do nascente com a Estrada Real, sul e norte com o comprador, poente com o caminho-de-ferro, sendo o preço de 26000 réis; compra «Compra feita a Francisco Bernardo Fernandes e mulher, Ana Maria, do Vimieiro uma terra com sobreiros, no sítio das Carvas, limite de Vale Pradinhos e confronta do nascente e sul com o caminho público, do poente e norte com o lameiro do vendedor pelo preço de 22520 réis, mais todos os sobreiros que tem no mesmo sítio e limite, em terra do vendedor, e confronta do nascente com João Dionísio, do sul com José Caetano Pereira e com José Barbeiro, do poente e norte com a terra acima descrita pelo preço de 10000, mais todos os sobreiros que tem nos lameiros, no mesmo sítio e limite, e confronta do nascente com José Barbeiro, do sul e norte com o caminho público e do poente com António José Pereira pelo preço de 12500 réis: custo 45000; participação 200; contribuição 5355; Total: 50555». QUADRO XVIII

Compras realizadas em 1905 e 19061

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QUADRO XIX

Compras (terras e sobreiros)

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Os animais de trabalho e alguns equipamentos

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«Com respeito a mulas, machos e mais cavalgaduras as que têm perigado por doenças não tenho tido culpa, alimentação tenho cuidado sempre dela o melhor que entendo, 138


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quando se trata em compras, habilito-as pelo melhor que posso; vendas, faço com que rendam o mais possível; umas e outras coisas são feitas com toda a seriedade; se se perde algum dinheiro (não têm sido grandes as quantias), é devido a comprar crias nutridas para poderem aguentar com o trabalho e vendê-las cansadas. É certo que baixam de valor. Compro no mês de maio e junho, que pouca diferença faz aos donos o sustentá-las, e vendo em setembro e outubro, quando todos vão para o inverno, querem bocas fora de casa; não se pode contar nestas condições, senão com prejuízos, não sendo assim, tendo de as aguentar, é maior o prejuízo». «um cavalo por 29:000 réis» «nos primeiros dois dias mal dava leite para alimentar o touro; agora , dá 4 quartilhos, além da alimentação do touro. Creio que está igualmente como o ano passado. Tem sido bem tratada, pois tem tido milho em abundância, feno, come pouco o produto, mas mais não dá. É, naturalmente, devido à qualidade, não sei».

«Os daqui são mais fortes, devido a serem todos forrados no interior com estopa e os de lá virem forrados com lona». «o macho grande e a mula grande que já ontem foram a Mirandela e foram e vieram bem. Hoje, com 3 cascos vazios, da estrada, até aos nossos portões de cima, custou-lhes a sair. Mas, com custo fê-los seguir. Voltaram a Monte Meões, trouxeram 12 sacos com grainha e ali não foram capazes de andar. Vieram as pequenas do Januário e levaram-nos sem custo. Já no sábado se puseram a lavrar e não foi possível. Veremos se se afazem. Se se não afazem, é pena, que têm bom corpo e estão sãs. Porém, o outro macho F9 e a mula E51 andaram às pipas vazias de 139


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Monte Meões para aqui muito bem e levaram algumas daqui para o armazém da estação muito bem. É pena a mula mancar um pouco de uma perna. Veremos, se curará; mas já vinha manca. A n.º 30 está de descanso» «o macho F9 com a mula F8 e o D51 com o E51. O macho D51 e a mula E51, desde logo, se habituaram. A mula F8 e o macho F9 é que se tem custado mais a habituar, naturalmente devido a estranharem arreios, carros, charruas, etc. Bornais para cangas mandei aqui fazer, à moda alentejana. Coalheiras para lavoura com um só animal são precisas 3 ou 4 fortes e seguras com bons ferros. Aqui não há seleiros para fazer selas em termos, ou aí ou em Braga»

«As varas precisam ter de comprimento até a fusa do chavilhão 4,10 m; a fusa que seja para chavilhão, precisam trazer verbiões e angarelas para poder ser mais largas, as varas que sejam fortes e que tenham volta a poder carregar dianteira, pois que as mulas levantam mais que os bois. A largura do trilho é a mesma. Faça-os sem demora» «o vitelo por 32$000, pois era urgente vendê-lo, porque se afastava da mama e ia para as estacas, dando prejuízo». «Aníbal que lhe pertenciam pela criação do mesmo». «Logo que os criados lavradores estejam certos e V.Ex.ª veja que ali em Sendas se poderá trabalhar, dar-me-á as suas ordens para daqui mandar 2 parelhas de muares; antes disto, precisamos o alojamento e o penso para estes animais, como seja palha triga e algum feno, ração vai daqui. O restante penso, acho mais conveniente que por ali se compre; eu -

O estado do tempo e os trabalhos agrícolas

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QUADRO XX

O estado do tempo e os trabalhos agrĂ­colas

Frio

norte)

Vento

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«limpar o pão na eira que seja boa; pois pagar aqui 1% de aluguer, isto todos os anos; só este ano pagamos 5 ou 6000, deve custar de 30 a 40$ paga o preço» «Ando a limpar a eira de tremoços, pardas, etc., para poder principiar a malhada de trigo e centeio; precisava da máquina tarara para estes serviços, senão tenho que alugar» «Principiei hoje a malhada do centeio; é tal o serviço dos caminhos-de-ferro que a tarara ainda não chegou. Mandei pedir uma emprestada ao Artur dos Avantos». «18 dias». «Os calores têm sido grandes, eu estou bastante fraco, preciso de passar alguns dias em uns banhos, por causa do reumatismo. Ando com pressa a ver se recolho as novidades que é fazer a malhada: corticeiros poucos dias se podem demorar. Logo que eles retirem, visto que eu não me posso meter ao serviço da vindima sem algum tempo de descanso. Rogo a V.Ex.ª poder determinar as coisas para que isto se faça, sem prejuízo do serviço». no pomar embanou bastantes árvores e encostou outras que hoje foram compostas e amanhã continua-se; a ponte de arame que ali se fez do lado da estrada cedeu um pouco um pegão, pelo que avariou um pouco a ponte; a que se fez na passagem de Vale de Lagar descarnou do lado da vinha, de pelos lados e estava quase coberta, visto que hoje cresceu a ribeira do Quadraçal, mas não muito fora de marcas. Os terrenos estão cheios de água, hoje esteve o dia regular até à tarde que voltou a chover, mas lentamente. Como ontem ventigou e choveu, guardei e mandei guardar a azeitona do chão, apanhando hoje 6 pequenos sacos da que o vento tinha feito cair, continuando guardada dos rebusqueiros». Movimento comercial: despachos; inventários; produtos e equipamentos -

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QUADRO XXI

Movimento comercial

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QUADRO XXI (Cont.) Movimento comercial

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A extracção, compra e despachos da cortiça

QUADRO XXII

Transporte da cortiça

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QUADRO XXII (Cont.) Transporte da cortiça

Fogo

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QUADRO XXIII

Extração de cortiça

Ferreiro 2 22

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QUADRO XXIV

Compra de cortiça

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«Diz o Carlos Corticeiro, não sei de onde ele é, que dissesse a V.Ex.ª que quando quisesse ver a cortiça que a tinha junta em Porto de Mós; e o Asdrúbal com antecipação para aí poder comparecer no dia por V. Ex.ª indicado» -

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«10 vagões HO para carregar cortiça nos próximos dias 27 e 28, mais cortiça e também gastam mais cordas»

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«sem demora de novo marcar os 3 sobreiros que diz no Vale das Servas, avisando os envolvidos que não lhe toquem; dê-nos parte do que houver, tomando para isso testemunhas, pessoas que sejam sérias e eu farei o resto»

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«em um curral ou aido fechado, bem acondicionado», «cavalgaduras andavam transportando a poder fazer mexer todos»

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fábrica, e os carretos de pedra para as obras poderiam ser feitas por tração animal e o camião faria transportes de cortiça» «carreiros, apesar que estes, naquele ano, prinserviço das minas de Ervedosa pagava aos carreiros».

«toda em Vila Nova, sendo ao todo 657 fardos. Estava tudo cheio, desde o cabanal até a porta do jardim ou parque». «depois de deixar os serviços determinados. Na Pombeira, onde tarem para os Vilares para ali os camiões a carregarem»

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«no Moinho do Gato alguma da de aqui do rio. A de lá deposito-a em Monte Meões, naquele largo ao pé dos freixos para ser carregada no camião ali no cais». «Com a luta de fenos» «no sítio do Brunceiro, freguesia de Cedães, limite de Vila Verdinho, 4 sobreiros descascados, e que quem mandou fazer este serviço foi a senhora Maria Augusta Escoval, viúva, residente em Vila Verdinho. O prejuízo devia ser de 3000, mas aquele prédio tinha sido adquirido por Senhor Clemente Menéres, há mais de 30 anos, sendo testemunhas desse negócio Dionel de Carvalho, viúvo, e António José, casado, proprietários residentes em Vila Verdinho» «urgente poder ensinar severamente um para podermos evitar tantos abusos que constantemente se estão repetindo. Creio bem que este poderá ser favorável, pois a posse que já há mais de 30 anos, e foi contrato feito pelo próprio senhor Menéres com o pai do Dionel Carvalho» «termo a estes e outros abusos que constantemente aparecem»

«que a viúva queria dela se apossar», «9 ou 10 caminhos para fazer com cortiça» «4,30 h» por aquele serviço de descarga do camião, pois tratam mal a cortiça que tanto trabalho me dá e tanto recomendo o seu bom tratamento, bastante me custa vê-la assim tratada» 151


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centro como de costume, e seriam precisos mais 4 fardos» as dúvidas que correm, elas existem já pendentes há tempos, a ver se se chega ao legal». «um sobreiro são, partido pelo fundo, abriguei quem foi e por o meu empregado José Pires foi-me dito que ele viu partir o dito sobreiro ao seu encarregado que ali andava no corte, isto é, foi partido pelo pessoal, na ocasião do tombo de uma pedra, por falta de cuidado. O sobreiro foi avaliado no seu justo valor de 2000, indemnização que o autor tem que fazer. Aguardo suas ordens». «Aqui no pátio apenas há 106 fardos que calculo saiam amanhã, mas temos o depósito do Moinho do Gato e Monte Meões e a que para aqueles pontos anda a correr». «para que a cortiça da Serra siga pelo comboio de Sendas, Azibo, etc., visto o camião ter aqui que fazer por bastante tempo».

«a ponto onde os carros lhe peguem para vir sem demora para a estação. Dali iriam para o Lombo fazer o mesmo carros» «de ser bem

«Creio que se salvará». «tirar 152


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a cortiça brava e mansa aos sobreiros que se compraram ao Dr. Charula, cujo título se cá-lo e nesse dia seguiu em comboio-correio, em grande velocidade, para Sendas para onde combinei mandá-lo» «venham no regresso dos corticeiros» «com os nossos gados para Monte Meões que entendo ser mais económico»

o «Pires foi hoje às minas de Ervedosa. Sobre o sobreiro em questão, diz que o sobreiro Calculo que deva valer 24.000. retirar a cortiça que temos em Monte Meões, pois sem retirarmos parte dela nem o vinho poderemos carregar. Temos o recinto por baixo e no cais cheio, caso o camião a não retire, é preciso arrumar uma parte dela para se carregar o vinho. Referindo-me ao que acima diz o Pires, acrescenta que hoje nada pode tratar com o diretor por este dizer que o escritório estava fechado e que o sobreiro está de 4 como a cortiça, portanto o valor é de 29.000, isto calculo eu, V.Ex.ª fará justiça como entenda». a extração no Quadraçal e segue comboio-correio para a Serra, indo um partido para o Lombo e Nodela, e outro para Santa Combinha» «se fará o que puder para o bom acondicionamento, logo que o chofer chegue».

«Junto um bilhete do senhor Alberto Pereira de Vale Benfeito, dizendo-me que a terra que a ele diz respeito está mista com os primos dele de Vale de Asnes e deseja saber o que lhe pertence. Como não sabem ao certo os sobreiros que pertencem a nós, pede para lhe mandar cópia do título, para assim se liquidar o assunto, e que é natural cedam aquilo, visto nós lá termos já sobreiros». 153


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«sobre a cortiça» «era que o camião continuasse no serviço, para tal vinha amanhã aqui o camião de rodas de ferro. Em vista disto, não faço aqui a carga, até novas ordens de V. Ex.as» «terrenos e sobreiros» «cópia do documento feito por Francisco Pires e a mulher, Ana Costa, de Cedaínhos, freguesia de Vale de Asnes, terra que venderam no sítio de Freixoeirinho, limite de Cedaínhos». -

A utilização do camião

camião para hoje seguir a Alfândega comboio a Mirandela saber a razão»

Mandei vir , são 9 horas e ainda não apareceu, vou de

«Camião já ontem e hoje aqui veio, mas só uma vez cada dia. Amanhã, veremos se poderá vir duas vezes» «Camião hoje não veio aqui creio que o estiveram a arranjar para amanhã transportar passageiros para a Nossa Senhora do Amparo, não sei se é verdade» «Fui hoje a Mirandela combinar, por intermédio do senhor Manuel Araújo a ida do camião à Régua, no dia 28, para ali estar às 4 ou 5 horas da tarde, pintando as letras que dizem S.C. Menéres e recomendando tudo como o senhor Lacerda indicou na carta; é conveniente que o senhor Lacerda esteja ou mande àquela hora esperar ali o camião» 154


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«Camião não pode seguir à Régua, disse-me que tinha telegrafado para aí; é certo que daí preveniram o senhor Lacerda. Na dúvida, mando-lhe telegrama hoje para a Régua. Ontem à noite, soube por uma carta do senhor Manuel Araújo, que o chofer está de cama»

«Deve estar admirado com a nossa demora, de que peço desculpa. O camião tem estado em concertos, estava bastante deteriorado, mas por estes dias dão-no pronto, por isso devo aí ir na próxima segunda-feira, dia 4 do próximo mês de outubro. Como tínhamos combinado, eu estou aí às 4 horas da tarde e o camião chegará um «Os estrumes que estão em Mirandela, espero que o camião os traga na ocasião que vier fazer a condução da cortiça que aqui temos, para assim se aproveitar tempo e dinheiro». A realização de trabalhos agrícolas e a falta de mão-de-obra

«Acaba agora mesmo de chegar o João Duarte Guerra dos serviços por V.Ex.ª incumbidos de carvalhos na Serra. Diz o seguinte (o que é de estranhar) em todos os carvalhos por V.Ex.ª ali mandados compor, apenas encontrou um que diz ter marcado. Os restantes, touças onde deviam existir carvalhos, está tudo devorado, não podendo ele brigar com alguém; isto é o que acaba de me informar o próprio Guerra. Diz mais que há quem venda carvalhos nas condições que V.Ex.ª deseja». «dias 6x800 = 4.800; comboios = 1.300; pasto (prato) = 2400; total = 8500». «Sendas, antes de irem a Vale de Asnes. Altero, assim, o trajeto indicado na carta de V.Ex.ª, mas aproveito o dia 3, por haver comboio misto e poder ir a Sendas e regressar no mesmo dia, indo depois a Vale de Asnes, Caravelas, etc. pois que, nestes 155


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pontos, não há carvalhos para as experiências que desejam fazer». «a Vale de D.Pedro (Vale de Asnes) ver os castanheiros bravos, onde andam os lavradores». «Com respeito a zelar por tudo, não faço o que era preciso fazer, mas, como bem vê, isto é tão grande, tão pouco a quem mandar que compreenda a missão de que é incumEu faço todo o possível, mais não posso. Pires andou em procura de pessoal, mulheres para sementar bolota e só para a semana podem vir, se não faltarem». «Bolota mandei-a apanhar, falta que o Pires consiga gente para fazer o serviço de a enterrar, o que conta com gente para principiar esse serviço na próxima semana, como lhe prometeram. Todos os serviços a mim me parecem levam muito tempo, o pessoal escasseia, os dias são pequenos, apesar de se principiar à 1.ª hora que se vê, tudo isto é caríssimo, pessoal que trago, pois nos outros pontos lhe pagam a 340 e 360, bem queria que tudo

«Eu não tenho dúvida nem uma em este ano fazer com Vossemecê a poda, podendo Vossemecê arranjar pessoal bom, nas condições do ano passado; diz na carta que caro, pois este ano gasto mais para os sustentar, pois como eu os trato bem, sabem ano passado e nas mesmas condições; responda para meu governo e isto sem demora, podendo ser». «para virem nas mesmas ao elevado preço que tem todos os mantimentos, veremos o que eles dizem. Segundo a resposta, assim se resolverá». «Pela sua carta recebida hoje vejo que não foi entregue, em que lhe dizia que viesse com 7 homens e 1 rapaz nas condições do ano passado, esses homens que foram a mente de governar a vida bem e que para isso tinham 156


Albano Viseu

que aproveitar o trabalho, fossem bons entendedores de todos os serviços da vinha e que se não embriagarem, nestas condições venham o quanto antes, avisando-me 4 ou 5 dias antes de virem» «porque temos depois a espampa que é feita em pouco tempo. Para a escava vou mandar chamar gente a ver se aparece e mandar-lhe oferecer a 300 réis para ver se consigo que venha algum pessoal. Charruas nas vinhas, tenciono principiar na próxima 2.ª feira, não se podem aplicar junto as regras como ordena, pois que a poda está por fazer e entalavam-se as varas nos balanceiros e charruas, mas mandarei por mulheres arrumar as ditas o mais possível, a «Junto um bilhete do guarda de Santa Combinha para V.Ex.ª ver se sim ou não tese as árvores que este arranja as devo mandar vir para aqui ou para Sendas (Vale de Malho)». «de não aparecer pessoal, apesar de ter feito as diligências; falo com o Aníbal sobre a poda». «de boa vontade faz a poda, mas que lhe é impossível o fazê-la toda. Serão precisos pelo menos 6 homens e que já se não pode contar com ele para enxertias de videiras e diferentes árvores, como cerdeiros, pereiros, etc., que têm de ser enxertados209. Por aqui não aparece pessoal. Eu tenho mandado chamar e não se encontra, nós precisamos de fazer a espampa e a 1.ª volta pelo menos de pulverização. Para isto devemos aproveitar o pessoal do Douro. É certo que não é barato, mas pelo que eu vejo, não tardará que aqui se pague a 340 e 380, visto o que vejo; estou a ver se tal se não faz, mas não vejo as coisas boas (não se pode fazer serviços)». «Hoje mandei chaesses vieram. Vou mandar saber deles, aumentando-lhes mais alguma coisa a ver se posso conseguir pessoal. Esta crise na província é por toda a parte, estamos a sentir os efeitos da emigração» «é preciso daí [Porto] mandarem feijão e arroz para eles e será bem mandarem algum macarrão de 3.ª que aí deve ser mais barato, mesmo aqui não há essa qualidade: Vêm 8 e 1 rapaz». -

«Como vejo que obras no Quadraçal e Fróia ainda se demoram, as plan157


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tações precisam ser guardadas e como o senhor Menéres disse que os pinheiros há 3 anos sementados se arrancavam para plantações, lembrava que se plantasse em frente ao areal, ao lado da Serrinha, isto por ali ser de mais fácil guarda (aguardo resposta)». «Com respeito a árvores, queira dizer-me, quando devo mandar buscá-las e se é preciso ir uma cavalgadura, duas ou mais para virem todas de uma vez. Com respeito às ameixeiras, no próximo domingo irei a Mirandela e falarei com a casa Fialho e mesmo com a Joana Vasques por causa da semente do linho». dizem certas donas de casa que têm experiência, pois eu disto pouco ou nada percebo e feito este ano senão estivesse atido a Carvalhais). Ameixeiras não falei à Casa Fialho, pois o Manuel Galvão210 está pelo senhor Menéres incumbido disso e todas as que ali cederem e as mais que puder arranjar. As que ele planta vêm daí e as dele as que arranjar são para nós. Vem no dia 3 o dono da casa e caso ele não plante, pode ceder-mas todas» «as cerejeiras se podem enxertar, mas ginjeiras, porém, há duas qualidades de ginjeiras ou diferentes, nelas uma chamada ginjeira galega que são as miúdas «tem-se andado a preparar terreno, com pouco pessoal por não o haver, tudo se faz na melhor ordem, mas a execução do serviço em um terreno irregular, como o que temos, que muito bem conhecem, não é coisa ao alcance de todo o pessoal, o cordel vem irregularmente marcado, logo que o tempo mo permita, vou fazer com dois homens covas, tomando nota do que custam, para ver se assim há quem as tome de empreitada. com este gado. Sirvo-me dos homens habilitados, mas são poucos. Tento habilitar mais, mas não querem». «Dei a cópia ao mas logo que se chegue a 0,20 - 0,30 é pedra ou roço duro, nestas condições é a maior parte dos terrenos. Hoje dei de empreitada 40 covas a 3 homens, e para se irem embora, da tarde». «Árvores têm vindo algumas, entre elas muita ginjeira e ameixeiras, que na maior parte não se deterioraram, faremos todo o possível para lhe dar o maior desenvolvimento. Chegadas que sejam as cerdeiras e ameixeiras que os guardas mandem, o Aníbal virá escolhê-las» 158


Albano Viseu

A produção de vinho, de jeropiga e de aguardente

«O míldio não se tem desenvolvido no cacho, apenas nas parras e nestas não dão crescenças que se encontra por pulverizar, em todo o caso continuamos com o sulfato; oídio esse manifesta-se e andamos a enxofrar; apenas tenho 15 sacos de enxofre simples, tenho bastantes cupreiros, rogo mandar mais 15 sacos de enxofre simples». «Com respeito ao sulfato a que V.Ex.ª se refere, disse ao senhor Oliveira que fazia muita diferença ao lado do outro, por ser preciso deitar-se-lhe bastante mais, para nos dar o mais esbranquiçada» «Junto a guia n.º 1915 de um barril com 3,5 almudes de vinho consumo, destinado ao senhor Oliveira, conforme sua encomenda». «520 pregos ou botões de cravar nos cascos das pipas. Serviços da vinha continuam regulares. Míldio não tem aumentado, apenas o oídio é que se tem desenvolvido, mas combate-se». «…acuso a de V.Ex.ª de ontem com a senha n.º 99 322 de um barril vazio que logo que ele chegue se fará nova remessa de vinho e este o mandarei despachar para Alfândega; quanto a este que foi, eu não sabia para onde devia ser despachado, pois que o senhor Oliveira falou com o senhor Lacerda, a este lhe disse para onde o devia despachar e ele o despachou». «para Leiria a caixa de vinho velho, assim como a de jeropiga, à entrega do Exmo. Senhor José Maria de Oliveira Ramos, seguindo a guia no envelope que V.Ex.ª mandou». «preciso escolher coisa boa que se entregue do envasilhamento e meter aguardente , tintas, etc.,, como bem sabe para isto nem todos servem». «a caixa de vinho velho como ordena ao senhor José de Morais Neves». «o desengaçador de uvas, mesmo despachei os 29 sacos para Foz Côa, à consignação da Senhora D. Maria Cândida Cardoso, a quem diretamente envio a guia, conforme ordens de V.Ex.ª». «o resto da máquina que liga ao desengaçador, que estava em Monte Meões e que foi despachada no dia 13/8: «mandando a máquina trituradora das uvas para o que junto guia n.º 1940. Não admira que 159


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eu não compreendesse o memorando de 8 em que me pedia a desengaçadeira, visto esta ser uma peça separada da máquina e de diferente construção, embora tenha que trabalhar agregada e só me falava em desengaçadeira». «para mandar 2 garrafas de vinho branco, lote 105 P, o que de manhã fui fazer. Quando estas prontas, recebi às 7:55 de Mirandela outro, anulando aquele, e mandar da cuba B de Monte Meões um garrafão de 6 ou 8 canadas, o que faço e bem à pressa». «com respeito ao vinho, seus lotes e medição. Cascos vazios para vinho branco temos 2 e para vinho tinto 50. Temos além O Aníbal já tinha dado a volta à enxertia, quando V.Ex.ª o ordenou. De novo lhe deu volta e já por diferentes vezes, como era preciso o enxertador foi pouco feliz ou por outra nós é que fomos pouco felizes e nos cerdeiros muito menos que nas outras árvores».

«Diz o senhor Lacerda que pode dar mais em cada dia, portanto temos ainda 10 a 11 «a baliza do V num tonel de 35 pipas, como foi feito há tempos 40 pipas que V.Ex.ª recomenda. abalizar…» «V 1912, em 29 cascos no armazém da estação e V 1913 e 1914, na cuba n.º 27, no Romeu, tonéis n.º 6, 7 e 8, no armazém de Monte Meões, com 156 pipas, das quais vão agora sair 100 pipas, conforme as ordens de V.Ex.ª». «a baliza do V em Monte Meões, para depois seguir para a estação. Tenho que passar sem o segundo tanoeiro, pois o Ilustríssimo e Ex. mo Senhor Borges refere que já andam todos em distribuição de aguardentes». «V 979 almudes, em 44 pipas e 11 almudes, vou já fazer nova baliza igual para seguir com a medição deste vinho». vinho do Romeu e do Exmo. Senhor Sociedade Clemente Menéres, Lda., assim como a 160


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nota da existência dos seus vinhos, para aí o meu caro amigo lhe mandar dar o devido desconto. O Exmo. Senhor Menéres pede para o A.mo do, para o seu escritório na Calçada de Monchique – Porto» com vinho generoso dos Exmos. Senhores da Sociedade Clemente Menéres. Lda., e com 41 648 litros que fará o favor de mandar deduzir à totalidade dada, e em nome dos para Monchique-Porto». Clemente Menéres, Lda., que lhe mandei: da primeira remessa, o que me dizem ser conhecimento, no caso de não ser preciso, rogo o favor de o tornar a mandar. Desculpe toda a maçada». : medindo 24.500 litros, que fará o favor de mandar deduzir à totalidade existente, fazendo mais o favor de, como é costume, mandar para o escritório do Porto. Como sempre, «30 almudes de alguns dias». Por essa razão, era conveniente que mandassem a aguardente «no cami«Os serviços de vinhos e vindima têm corrido regularmente. Nota dos vinhos só amanhã a poderei tirar exacta, para o vinho tratado, sei que me faltam 30 almudes de aguardente que ontem pedi. Recapitulação e notas de cereais consumidos farei depois que tome conta da escrituração, pois como bem sabem não tenho tido tempo. desta destilação cai. Trato de aproveitar em barricos para poder colher sairro que não sei o que me dará, mas calculo entre 18 a 20000, pois é serviço que desconheço e só este ano aqui é feito por experiência. A despesa com este serviço é de poucos tostões, portanto sempre deve haver lucros» -

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QUADRO XXV

Almudes de vinho em Monte Meões

V V V V V

V

V

A falta que têm os tonéis foi calculada, creio que se houver diferença nesta conta deverá ser muito pouca. O que há diferença é na aguardente e esta provém de a maior parte ser metida com um caneco tareado por o almude andar na medição. Vinho de consumo está-se a acabar de prensar os brancos, mas deve ser de 18 a 12 pipas».

«para mandar os 41 cascos, os que forem além das 4 pipas que faltam ir de vinho, 12 vão de jeropiga, para completar os 41 cascos como vem no vale de regresso»

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«O casco de aguardente que aqui existe está guardado e é da velha. Está no armazém ao pé das cubas A e B. Hoje chegou-me um vagão de cal do Vale da Porca, também chegou o casco de aguardente. Medimos hoje 32 cascos de vinho, amanhã deve vir o resto para se carregar para o que já ontem pedi vagões». «A aguardente que aqui está no armazém ao pé das cubas, em Monte Meões, e que o senhor Lacerda devia melhor do que ninguém saber que é velha e não de agora. Creio sempre ter mandado as recapitulações certas. Como não fui eu que obtive os dados para elas e não encontrei as indicações com as quantias iguais, a C/C (conta corrente), não as pude acertar; tive que as fazer, visto que para aí não tinham ido. 1913 A 880, ou seja 22.387,20 litros. de 41 cascos com 974 A que pela medida de 25,47 que creio é o nosso almude. Faz um Correia, ou melhor, pedindo o favor de o enviar para aí como de costume. Junto o guia n.º 4984 dos ditos 41 cascos. A este despacho juntei vale de regresso e carta de porte para abatimento de taras várias». «Por ordem senhor o especial favor de o mandar à Sociedade Clemente Menéres, Lda., (Calçada de Monchique, Porto), onde tem o seu escritório. Agradecendo-lhe desde já o favor. Subscrevo-me com a maior estima e consideração». «A nota da colheita que dei está bem, visto que foram 269 pipas de vinho tratado, este levou 49 pipas de aguardente, vieram 50 mas aqui deu 49. Como disse, foi medida por um caneco tareado e com as pressas de vindima nada mais fácil do que isso ir em aumentos. Mas ela desde que veio, até que se empregou alguma coisa devia ter evaporado e mesmo molhou os cascos e os tanques para onde entrou; o casco velho ou de aguardente velha agora veio que hoje foi retirada da estação para a declaração na Comissão de Viticultura nada há que alterar, apenas o casco que agora veio que se vai aplicar aí sabem o que mede. O resto da nota foi aqui feita pelo que levam os tonéis». «Com respeito ao vinho, na média de 5 anos de cada propriedade (a sua produção) não tenho em separado, apenas o total que são as cópias do que para aí mando. Mas a medida calculo pouco mais ou menos estar bem como diz. Diz-me hoje na sua carta de 28 que conforme dizemos em nova carta de 1.º do PP falta a jeropiga branca de 1914 que são 20 P. e o resto de 1913 cujo total é de 40 pipas. Na carta de 1.º de P.P. mês de setembro diz-me jeropiga branca de 1913 30P e je163


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ropiga branca de 1914 20P, sendo o total de 50 pipas. Eu creio que haverá engano na carta do dia 28. Rogo me diga, pois estamos em tempo. Desta remessa a medir apenas foram em 4 cascos da jeropiga de 1913, 94 A, e esta foi para completar a remessa de 41 cascos para ter direito às taras vazias». «sendo a de 1913 e 14 como indica. Vale de seguro a acompanhar a escrituração, assim como a carta de porte, pois os caminhos-de-ferro assim o exigem». «Conforme as instruções do Exmo. Senhor Clemente Menéres, e em nome daquele senhor, venho pedir visto que tem que acompanhar a escrituração do caminho-de-ferro. Fiz hoje a medição e podendo ser queria na próxima segunda-feira fazer o despacho». «Hoje mesmo peço para a Régua ao senhor António da Silva Correia o pedido Vão em 24 cascos 568 A de jeropiga branca de 1913 ou litros 14449,82 e em 27 cascos 404 A de jeropiga branca de 1914 ou litros 10277,76, isto pela medida de 25, 44 é o total de 24727,58 e de 1914 leva em todos os 17 cascos o n.º 914. Findamos hoje esta medição e o transporte para o armazém da estação; apresso-me a pedir o documento a ver se faço o despacho 2.ª ou 3.ª feira para o que já requisitei os vagões». «7 vagões que amanhã de tarde farei a carga. Se vagões» da comissão de viticultura da Régua». «logo que se faça esta cargação (carregamento), mete-se nas condições que ordena, fazendo primeiro as experiências que indica. venientemente». «24.727 litros» -

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«o de 1912 V, foram medidas em 26 cascos 29 P e 12 medidas de 22A (almudes) a medir o que está no Romeu. Deste, medimos hoje 10 cascos». «a cuba de 42 donde se tiraram 11 cascos. É o que nos falta para medir»

para 48.132 litros de vinho que peço o especial favor de mo enviar para aqui, Romeu, mento, como me ordenaram. O vinho, que hoje concluir medir, pedia a maior brevidade possível para poder fazer a cargação». «Mando vinho tinto de 1912 em 26 cascos 650 A, medida de 25,44 ou sejam litros – 16536, mando em 50 cascos vinho tinto de 1913 – 1242 A ou sejam litros – 31596,48, perfazendo tudo o total de litros 48 132,48. É alguma coisa mais do que o pedido, mas foi para irem os cascos testos, não indo assim nem um eire falta. 48.132 litros de que lhe mando o pedido. Logo que me chegue, faço o despacho, depois de visto pelo secretário de Finanças de Mirandela» «o favor se me pode obter M. (Minho) e Douro o vale de regresso de 76 cascos com vinho que hoje expeço daqui a Gaia, do Romeu a Gaia, tem o n.º 2022. Os cascos são daqui e têm que voltar ao armazém. Desde já, em nome da Sociedade Clemente Menéres, lhe agradeço». «Junto senha n.º 2022, constante de 76 cascos com vinho, a aqui, devo mandá-lo para aí? Também junto o vale para regresso n.º 4103 que pertence à remessa acima dita. A remessa segue hoje para o Tua deve aí chegar breve». Na mesma carta referia que os «tanoeiros seguem amanhã. Amostras de vinhos não as mando, 165


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sem passarem mais 8 dias. Fui hoje vê-las e alguns precisam mais repouso como sejam os do Romeu que foram os últimos que foram medidos na ocasião que se lhe juntou a fruta» «um empregado da Comissão de Viticulpara Carvalhais» «Por ordem da Sociedade Clemente Menéres, «oferta para toda a aguardenno sábado». «Aguardente de hoje à noite não vendo a menos de 6000 o almude. É natural que aqui ou aguardamos até que ela lá chegue. Vinhos devem estar em condições, vou amanhã tirar amostras». «Despachei para o senhor António da Silva Correia, para a Régua, um caixote com 12 garrafas do vinho de 1915 que está no armazém n.º 1 que diziam jeropiga, isto escrito no caixão a giz que apaguei». «sarro que aproveitei da água da destilação» «Medi de junho a agosto de 1904 ao senhor José Maria Lopes de Mirandela 56 almudes de vinho a 2500 = 140$000». «Medi mais ao mesmo senhor 55 almudes a 1818= 99990» («Medi em 22 de Setembro de 1905 ao senhor Cândido Portela de Macedo 202, 5 almudes de vinho que vieram em 8 cascos. Foi tratado a 26500 a pipa que vem a ser o almude a 1204,54, sendo cobrado só 202x1204,54=243317 réis, vieram de minha casa os cascos são 4 que daqui levei dia 18 de Setembro de 1905 e 4 que o Exmo. Senhor Menéres me emprestou )

Algumas obras concretizadas

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«pelo caminho-de-ferro, uma planta para os concertos, enviada pelo senhor António Menéres de Araújo, a que foi para Mirandela ainda não chegou, apesar de hoje ali ter ido o Aníbal buscar sementes diferentes que o Exmo. Senhor Menéres me mandou. Eu amanhã cedo mando ali saber disso» faz-se no Quadraçal. Não se tem podido trabalhar, nem estes dias se pode. O rio ali cresceu a ponto de cobrir a ponte que se fez no lameiro 0,30 acima da madeira e como tem chovido todos os dias até ontem, inclusive, tem-se conservado aquele rio com muita água. Apenas hoje mingou, mas não em condições que ali se possa trabalhar por estes será por ter sido preciso manter-se a água. Não sei. A ponte aqui do Romeu anda-se com o cordão e amanhã de tarde, 2/6/1915, deve-se principiar com as guardas. Dr. Eugénio faltaram, os do Vimieiro que deviam ter vindo ontem, por causa dos dias de

«Estimo que V. Ex.ª se encontre melhor, recuperando a saúde, eu faço aqui todo o possível para que o espírito de V.Ex.ª possa sossegar».

com «10 pulverizadores por não ter mais gente». tinha «pólvora e nem é fácil arranjar-se, há muito a encomendei e até hoje não me chegou. Mais lhe digo, segundo as ordens do Exmo. Senhor Menéres, a pedra não é arrancada à jeira, é sim por empreitada, justa ao metro cúbico ou quadrado, como se tratar. Para isso, preciso eu ter ocasião de aí ir e tratar ou com Vossemecê ou com outro que queira, portanto à jeira não se arranca. PS. Irei aí dia 3 de julho». «Avisei o canteiro já por mais de uma vez para que conseguisse mandar pôr a pedra em Monte Meões, como se combinou; como lhe disse, eu não o podia fazer por ter que andar com os fenos. Ele, canteiro, creio que tem lutado com a falta de carreiros. Esta tarde vou ver se mando carregar uma pedra das 4 pedreiras no carro dos bois e seguir amanhã para aí; os carros das mulas não podem ir ao sítio carregar, nem tão pouco conduzi-las aí, é preciso carros de bois, aqui será difícil o arranjarem-se, fornecer-se-lhes-á as diligências, mas não será possível com a brevidade que precisa aí» 167


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«Como há tempos o Exmo. Senhor Clemente Menéres lhe falou nos pedreiros e estes lhe faltaram, é urgente que agora venham. Responda, para eu assim me governar». «guia n.º 1816 de 2 moitões e 2 cordas, como pede, logo que subam as cantarias rogo mos mande que preciso montar o aparelho para aqui fazer a obra que ando a construir».

«as longitudinais, as transversais ainda se não principiaram, e apenas o serviço está em condições de se fazer uma destas, mas trata-se com falta de operários, tenho-os mandado convidar da adoecido, outros temem os calores, vai-se fazendo tudo o possível». «2 carros com telha da que está no terreiro da estação-armazém». «e deu-se princípio ao muro de vedação no recinto que liga a ponte, como tínhamos combinado». «cumpre-me dizer que tratei com ele o arranque da pedra; disse-me que se arrancava a barra a 60 réis, (o carro é um metro quadrado de parede de 0,50 de espessura). Vendo eu que o homem não percebia nada do que estava a dizer, visto que a qualidade da pedra ali é de difícil arranque, eu conscienciosamente combinei com ele dar-lhe por cada metro quadrado de parede 100 réis e que se visse que a pedreira andava mal e levaria o preço a 110 ou mesmo a 120, isto por cada metro quadrado de 0,50 de esfera, com a condição de que este preço é pela pedra arrancada no local da obra, sendo a ferramenta para o arranque, fornecida por conta desta Sociedade e o material como pólvora, dinamite, etc., por conta dele, empreiteiro. Com respeito a viagens, destinadas ao arranque de pedra, segundo o contacto, creio nada termos com elas. Com respeito ao dinheiro, sobre o serviço feito, temos que abonar-lho, pois ele é um pobre e não tem para adiantar, mas precisamos saber se ele tem serviço feito que nos garanta as importâncias abonadas. Ele pode ali meter operários que nada saibam do serviço e gastar o dinheiro sem resultado. Ferramenta que pede vou tratar disso» «Para tratar 168


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casas no Quadraçal e Fróia, mandei vir um mestre pedreiro. Espero que apareça para ver se posso tratar em boas condições». «com as indicações das portas para a casa da nossa habitação». «Mando amanhã as dimensões da casa onde habitava o Rodrigues. O Rodrigues desapareceu de aqui já há mais de um mês, foi no dia 6 de setembro. Para se obter a licença das obras públicas, é preciso apresentar o projeto e leva construção 2 m retirado da base do aterro, o que não convém. Aí na Direcção de Obras Públicas se poderão bem informar». «2 varas de aço para fazer barranas e pistolos que são precisos para Sendas e para aqui». «Hoje fui a Sendas ver o poder acautelar com os abonos feitos e a fazer ao José Rocha, o Bicho, como empreiteiro de arranque de pedra. Calculo que tem ali serviço feito de 9 a 10.000. Na estação de Macedo, falei com o senhor Dr. Eugénio sobre o assunto». «senha n.º 1895, uma marra e 2 bocados de aço para 4 guilhos» «É preciso continuarem os abonos, mas precisamos de toda a cautela para só abonarmos o serviço feito A liquidação V.Ex.ª será incumbido de lha fazer». «ter escrito a alguns mestres para que viessem; vamos a ver o que por estes dias se arranja». «do Quadraçal, com o António Paulino do Vimieiro a 1400 a braça de 100 palmos ou seja 4,25 (m) quadrados de parede seca ou sendo a pedra, posta na obra por nossa conta, e madeiras para estados, assim como toda a cantaria que a obra levar feita e assente por nós. Falarei com os pedreiros de Mirandela e tratarei com eles, se puder, por intermédio do senhor Manuel Araújo».

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QUADRO XXVI

Madeira para reparar os armazéns do Romeu

«combinar com o Senhor Dr. Eugénio a forma de abonos ao José Bicho, sobre o serviço de arranque da pedra em mande folhas ao Senhor Dr. para ele fazer abonos diretos ao pagamento de operários para o que forneci ao mesmo senhor impressos». «2 escadas e andamos com 2 portões concluída a vedação do lado de cá da ponte213, em volta do terreno que é nosso, deverá pois a cota é bastante e deve abater logo que venham chuvas. Quanto às casas do Quadraçal, os palheiros, vão em breve principiar as das Lameiras, as da Fróia ainda não pude tratar. Espero que esta semana venha um mestre para disso, à falta de pessoal tanto artistas como operários braçais. Uns foram às castanhas, dade, pois tenho escrito e o pessoal promete, mas não aparece. Veremos se daqui a dias se junta gente. As obras a construir aqui ao pé do chalé, compreendo o que me diz e assim se fará logo que tenhamos com quem, que se fazem todas as diligências para se obter; com a melhores serventias e poupa-se terreno que, apesar de termos muito, este aqui ao pé de casa tem um certo valor. 170


Albano Viseu

Como os nossos serviços, logo que apareça pessoal, se vão a desenvolver em dife1 marra grande; 4 maças copelos; 8 ferros de monte (aço); 12 pás de aço. Sei que é má ocasião para se adquirir este material, devido à sua carestia, mas por causa disso peço só já o indispensável para os serviços que devo atacar»

QUADRO XXVII

Materiais e instrumentos de trabalho (Olival das Vinhas)

2 2 2

2

QUADRO XXVIII

Ferramentas e utensílios (Monte Meões)

Ferro

22 2 22

2 2 2 2

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QUADRO XXVIII (Cont.) Ferramentas e utensílios (Monte Meões)

2

2

2

2

2 2

2

2

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«as 800 telhas que lhe emprestei em 10 de fevereiro p.p. 172


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e 209 cumes que também lhe emprestei e, 20 do mesmo mês, podendo aí mesmo fazer a entrega visto serem agora aí precisas com urgência». , «mas vejo que tenho telhas 5610 e tenho 564 m2 de telhado coberto X 18,5= 10.434 com os 5640, perfaz um total de 16044, nisto não é contada as quebras em transbordo, descargas, etc.»

«Cantaria para o Quadraçal, determinava fazer portões, rasgados à ligeio vão que deixa de se pagar não compensa a grosa a 1420 como ajustei, a braça a 100 m2 ou seja 4 ¼ quadrados não podiam incluir cantarias. Demais que eram descontados todos os vãos dos portões e volume de cantaria- Agora que vou fazer tudo de alvenaria são contados todos os vãos e, depois, o caiador arranjará o resto, mesmo com um pouco de custo se dão os levantes nas ombreiras. Com respeito às obras de Sendas, os pedreiros que vão fazer as obras das Lameiras são os daqui e não vão para Sendas, os de Mirandela deviam ir para a Fróia, mas já falei com o senhor Araújo e ele diz que ainda têm que fazer em Mirandela e parece-me que não gostam de sair de Mirandela para seguirem para a Fróia. Será preciso elevar-lhe os preços, mas novamente vou falar com ele e apresentar-lhe a mesma carta, visto dizer que já ajustou o que eu aguardava» «dizendo que não ajustaria a obra, pois tinha receio da pedra, por esta ser ruim, e mesmo que agora não era tempo para se ali poder trabalhar». «serviço de nitreira; obedecendo à projectada construção, a parede devia ir desde o meio até ao extremo da nitreira e terminar em o fazendo depois os caminhos em forma de avenida. Isto foi assim pensado, supondo-se que a ponte fosse construída por baixo da do caminho-de-ferro como se projetara e então os carros tinham por ali (os do monte) a sua entrada forçada; como a ponte foi construída em sítio diverso, a sua entrada dos carros com o monte é um sítio contrário, ao pé das escadas de madeira, lado onde está a bomba; lembro que será útil levar a parede de nível até 6 ou 8 m, junto ao cabo da nitreira. Aí fazer uma rampa que pois apenas temos que fazer uma parede de encosto ao caminho, além da da nitreira, havendo muito menos movimento de terras; aguardo ordens. Se em Mirandela não há cimento, rogo mandar-mo para 6 colunas da nitreira e mandar-me envelopes timbrados e boletins para os guardas» «o desenho das 3 obras a construir, todas iguais, menos a das Lameiras que deixa de ter o 173


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quarto de 3 m ligado a casa de trabalhadores. Faça a nota exacta da madeira e mande -a para o Porto, caso não tenha outras instruções». «um homem sério e bom construtor» «com respeito à pedra, V.Ex.ª melhor que eu deve saber o valor da pedra que se acabou de ajustar com a senhora Maria de Jesus Caetano, de Sendas, visto que deveria ter em vista carreto, etc.» «um portal para cesso dos estrumes da antiga nitreira para a moderna, em construção». «tem bastante que fazer, o mais que se anda com bastante carga. É preciso ser sólido». -

que seja a recomendação, empregam alguma nas estadas e é por assim dizer meia perdida; 3.ª e última, porque no-la podem roubar» «os trabalhos da azeitona, haverá pessoal» «visto serem daqui e não querem ir para tão longe. Em tempos os convidarei para isso». Cal hidráulica será carregado em passando as segadas que agora não temos pessoal». «Só hoje recebida a sua carta, com cal em pó na importância de 64700 o que confere e estamos de acordo. Mais diz que tem encontrar. Este aviso deve ser feito com antecipação». «Acuso recebida sua carta de 19, assim 174


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quanto a importância de 9 sacos, os mesmos hoje devolvo com frete pago, como sempre receber essa importância». pode contar para féria, porque está gasto em cal e carretos de madeira»

Madeira e toros para postes da linha telefónica «desde a Maçada até cima da Estrangeira, querem 70 a escolher neste terreno, depois de quererem tratar em ajuste, ofereceréis. Fiquei de consultar V. Ex.ª para lhes dar resposta».

«3 carros mais ou menos» char alguma para logo que haja um vagão o mandar a verem aí convém».

«rao que melhor «39

paus para a linha telefónica, já cortados e descascados». «o João Mesquita e diga-lhe que eu mando fazer a madeira da arge dos castanheiros, só a que seja boa. Mando fazer 10000, pagando cada mil, enfeixada e junta a cargadouro, a 400 réis. Que diga se assim lhe convém, caso contrário mando fazê-la a outro».

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«uma porção de madeira serrada em bruto» e «uma porção de madeira em toros, é nestas condições que melhor nos favorecem as tarifas, ainda assim é caríssimo. Logo que aí cheguem, rogo me digam as condições que melhor convém para assim aproveitar na mata. Até essa ordem, vou serrando. Agora, vai conforme as indicações do senhor Magalhães».

«incluindo a que ia rachada, 55:000 e a que que ia em toros por descascar 2:400, tendo de carretos 70:000, sendo 35:000 para cada vagão». : «Os carros que vieram para carregar os 2 vagões foram 28 a 1800 cada, havendo mais 10 dias a 400 réis do homem que procurou e acompanhou os lavradores e mais 700 réis da carga nos Cortiços: Portanto, a despesa exacta foram 55100 nos 2 vagões. O cálculo de 70000, ou seja 35000 por vagão, foi um pouco mais ou menos, não calculando os restantes sítios que temos, de onde os carretos são muito mais caros, como, por exemplo, Vale de Bezerros e Ribeira de Cavalos. É certo que a quantidade é menor e não irá tão longe a média, mesmo que eu vou pôr a madeira em é feita por menos alguns tostões, ou ver se arranjo carreiro que me junte os 10 000 Kg por um preço que veja razoável. Tenho andado a ensaiar isto, veremos o que poderei fazer. Amanhã vou a (…) Carvalhais por causa da linha telefónica» -

«Agora mandam-me pedir mais outro carro deles. Empregam tudo em castanho dos nossos paus até Mirandela. Se os 70 que tenho não chegarem, o remédio é cortar mais». «dá-la o Emílio Major, a quem entreguei os projectos e recomendei-lhe que mandasse nota, assim como me ordenaram». -

«aproveitando para isso as pontas e alguns toros que têm torados, a 0,85 m, mas rachados muito poucos, já há dias que continuam a serrar, conforme as instruções que

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«Vale de D.Pedro, Sortes e Seralheiro para ver a madeira e dar ao Guerra as dimensões para preparar os toros, para isto vai acompanhado de José Pires, escrevendo eu ao Guerra, ele terá de ir com um homem torar os carvalhos».

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«Tenho sempre tido todo o cuidado de estudar economias em tudo, mas principalmente nos despachos em caminhos-de-ferro (por quem somos altamente roubados), consultando as tarifas, etc. Como nos Cortiços não há báscula, carregamos o que se vê, pouco mais ou menos. Os vagões que ali carreguei foram: um completo, para se poder aplicar a cada um sua tarifa. A madeira de toros que foi com a casca, foi por ser à pressa e os carros estarem na mata à espera. Toda a que agora se prepara é descascada. Não só se evita o peso da casca, que aí nada vale como seca um pouco mais, diminui o peso e faculta o frete; o que temos é falta de carreiros por as chuvas terem sido muitas e os caminhos naqueles trânsito e por as ribeiras terem interrompido as passagens. Agora que o tempo parece

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«para se poderem aplicar as tarifas respetivas, e vai no despacho feita a carga pelo expedidor e carga pelo consignatário». «aproveitando o pessoal criados»

«que a madeira fosse inteira e não sendo a madeira serrada; apenas foi serrada antes da última ordem e é essa que tem ido serrada; se o sentido do telegrama é para que se mande a madeira inteira e não torada é outra coisa. Caso assim seja, lembro-lhe que não pode ser mais comprida que a caixa do vagão HO, para nele se poder carregar e mesmo a todo o comprimento não se pode despachar, porque teria de ocupar 2 vagões. Eu vou continuando conforme o tanoeiro que daí veio e que deu as dimensões na mata. Se é que esta coisa querem, rogo dizerem-me» «A madeira que foi creio deve satisfazer. Os paus curtos que vão é apenas entre bocados podres e nos defeituosos, que outra coisa se não pode aproveitar, o que se pode aproveitar comprido (continua)» «Com respeito à madeira de castanheiro, ontem disse, hoje repito, e digo o resto, mais explícito, a madeira que foi em pequenos toros foi a primeira que se torou, quando deram ordem para isso. Até daí veio um bocado de pau de carvalho rachado, como estivesse cortada e torada, essa madeira, quando veio contra ordem e quererem com toda a pressa paus para experiência, foram até por descascar; esses toros trataram-se por empreitada o carreto e agora foram. Quando o tanoeiro Murado daí chegou, andava-se a serrar. Desde que ele chegou, tem-se cortado a madeira nos comprimentos que ele indicou, dos quais já foram 2 vagões. Estes carregados no dia 1 do corrente que, ao certo, ao expedir do telegrama aí não estavam, como já aí devem estar, rogo me diga se vão em boas condições. No entanto, dei ordem ao Duarte para amanhã cumprir o que V.Ex.ª me ordena, mas vai-me «o documento para concederem e assinarem a concessão da colocação dos postes para a linha telefónica que amanhã vou fazer assinar pelos diferentes proprietários». 178


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A ração para os animais de trabalho

«para o senhor Rodrigo Alves Lebução, de Mirandela: razões de trigo 89 x 1000= 89000; razões de centeio 262x 950=248900 – 337000, cujas quantias foram recebidas pelo senhor Manuel Araújo» «50 razões de milho para se juntar com o aveião que veio, pois este, por si só, não fortalece os animais e daqui a pouco cansam. Embora se faça despesa, o que eu não queria, mas é urgente, não há remédio senão fazer-se» «que as cavalgaduras cansam, eu mesmo com a estendida jornada milho de Mirandela, seja pelo preço que for. Qualquer preço que aqui se obtenha é mais caro que aí, portanto é preciso mandarem milho ou feno» -

«940 cada 20 litros. Isto é, tem-se comprado e tende a aumentar, tenho diminuído um pouco à ração, mas vejo-me na necessidade de voltar a aumentá-la para o gado poder resistir». 179


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«senhor Menéres» «ter recebido cevada que o senhor Margarido mandou comprar em Foz Côa; vejam em que condições isso está e providenciem, de forma que a ração chegue aqui sem demora. Não esqueça a tarara (ventilador para limpar os cereais) para o serviço da eira e que seja grande e boa». «as 200 razões, mas se se adeqúe a 440 como diz será útil prevenir para todo o ano, visto que o centeio aqui está a 1000 e creio que não baixará». «Mirandela para comprar ração, não encontrei milho, comprei cevada a 800 réis cada 20 litros». chegou a cevada, a qualidade não é má, o preço de 440 parece-me convidativo e será útil comprar mais, salvo se se puder adquirir milho, mesmo por mais alguns réis que vale a diferença». «por bastante economia que se faça, o gado é muito e todo graúdo. Precisa alimento». «Favas aqui não temos terreno que se preste para essa cultura. Aveia podemos ter terreno para se sementar, mas não é agora época de preparação terreno, visto que ainda está com monte e a aveia já devia estar nascida, portanto este ano nada se pode fazer e para outro ano que se faça, é preciso escolher terreno onde se bote em grande escala que valha a pena guardar a passarada, pois não deixam um grão, logo do meio da sua criação precisa de guarda. Cevada apenas teremos 60 a 65 razões, para pouco chega» A produção de azeite e alguns problemas com a prensa -

«enquanto não for a cortiça que aqui tenho no pátio, pois é donde deve ser a prensa descarregada e não tenho um palmo desocupado, nem lhe posso mandar a madeira para as coiceiras (soleiras das portas) e travessas, sem tirar a cortiça, visto estar amontoada por cima dela». «ter toda a altura, como aparecem no mercado, cá se cortam. Devem ser sortidas de 7 ou 8/8 e 1P. A grossura, tanto faz ser 180


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redondo, como oitavado. Logo que seja boa a qualidade é para mandar sortido. Será bem mandar 3 ou 4». Não falei ainda nelas, nem falaria, visto vir a nova prensa com cinchos que conto seja assente e calculo sirva, sem o emprego de seiras. No entanto, eu nunca trabalhei nem vi trabalhar com este modelo de prensas. V.Ex.ª é que bem deverá saber se, sim ou não, são as seiras precisas e, caso sejam, as da prensa velha são de 0,80» «um homem prático para isso» para, enquanto vai montar as de Mirandela, eu aqui fazer a escavação e revestir o poço para o pistão o que, creio, será preciso». «a encomenda de duas pedras para aquele serviço»

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«Como o Exmo. Senhor Menéres há tempos me incumbiu de vender a prensa do azeite, por igual preço à que foi vendida ao senhor Dr. Avides, dos Cortiços, tratei este negócio com o senhor Alberto Pereira, que aqui tem o casal. Acaba de mandar dizer hoje que sim, que «cascos vários para azeite». «as seiras que veremos se o comprador da prensa as quer, como se verá». «os acessórios, como o cano da bomba, a linha para vagoneta, etc.» , «colocou-se a bomba, pôs-se a funcionar, o pistão subiu 2,19 m, e dali não passou». veremos o que se lhe há-de fazer». «fazer subir o pistão, só às 9 da noite é que se conseguiu fazer subir. Para isso, foi preciso acender lume, em cima da prensa, em volta do cilindro, para este aquecer. Como não pôde sair, devido à adufa, amanhã se tirará. Creio que a sala da vedação se inutilizou, pois que esta já não fazia a vedação. Amanhã direi o resultado». «uma sola para fazer a vedação do pistão da prensa. Segundo diz o serralheiro, só pode vir da casa construtora das mesmas prensas». «um tambor de carboneto que será poupado o mais possível, assim como tenho feito, gastando só o indispensável. Como agora vai andar o lagar do azeite, é certo que se gasta mais algum. É urgente que venha a 181


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sola de vedação da bomba, isto é da prensa, que precisamos principiar a azeitona e logo fabricar o azeite, ainda queria principiar a azeitona nesta semana. Pires foi para o Douro, creio, virá amanhã». «a sola para a prensa» -

: «às 9:30 h da noite, rebentou a adufa, peça que está em cima do pistão. Quando esta rebenta, faz torcer a chapa que pousa no fundo dos cinchos. São precisas estas duas peças para o que mando aí a carroça para que se digne mandar-mas. Não será mau vir também o serralheiro. Agora à noite mal se vê, mas creio que o motivo de partir foi defeito da fundição. Será conveniente V. Ex.ª fazer já a encomenda de outras iguais». «sair de ao pé dele por causa do motor que não tenho aqui a quem o entregue». «não estava bem rodada e demorava 4,5 h a subir o pistão, isto é, a válvula, a 350 astenosferas. A prensa tem-se lotado com de massa que recebe sem ter divisões no centro, não a deixa imprimir como deve, vou mandar fazer uns pratos de folha de ferro para meter dentro dos cinchos. Diz o Augusto Morgado que na borda de água há uma prensa, em uma companhia de Abrantes, no Alentejo) e que em cada cincho metiam dentro um capacho delgado de mandar fazer hoje os pratos de ferro, em Mirandela. Vindo capachos, mande-os também para lá. Isto tem sido arrelia e trabalho, por assim dizer, inútil. Ainda assim, o pouco que se tem feito tem voltado a massa à prensa e não tem havido prejuízo no azeite. Está nas talhas, que ainda o não tirei, mas é pouco».

ao motor a bombar, pois aqui e em Mirandela se arranjam os botões e linha é só mon182


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tá-la e é precisa, pois com a prensa à mão teve cada aperto 2 a 2 ¼ h. Cada prensada tem que ser apertada 2 vezes ao enviesar e ao caldear, portanto, é precisa a transmissão para se fazer mais rápido e é só preciso o assentar que cá se arranja o material para (…) agora daqui pouco me posso desviar, por causa do lagar do azeite, que não «Disse ao senhor Manuel Araújo que requisitasse outra. Esta que aqui cobrou (partiu) foi defeito de fundição que bem se manifesta. Porcelanas, não sei se me obrigaram para o fabrico do azeite, ando com todo o cuidado. Enquanto há tempo, é conveniente procurar ao fabricante do motor, se é que há qualquer coisa que as possa substituir (que, creio, há) para nós não encontrarmos

«capachos para os cinchos do azeite, este último saiu a 0,96, mas é demasiado». «Os cinchos pouco mais levam que as 8 seiras do ano passado. Eles deixam sair quase toda a polpa da azeitona. Custa a apertar. Só à força de água quente, apesar da temperatura ser elevada, a ponto de se não poder aguentar. Não se fazem mais de 3 prensadas. Isto principia-se às 6 da manhã, até às 9 a 10 da noite, serviço este a que tenho de assistir (…) pois de contrário teria ido azeite para a rua. Para o evitar, é preciso grande cautela, o que se faz. Acresce que o azeite não é Cinchos muito bons para caldear, porém deixam passar grande parte da massa, o que

«vendida por 180$00» «Com relação ao azeite, logo no princípio falei nos capachos. Estes não vieram com as prensas, aqui não se podem obter. É bem mandá-los, em grande velocidade. Para os substituir, mandei fazer chapas apenas sai para os lados, e creio que, por isso, é que vem maior quantidade de polpa de azeitona, tornando-se em borra, custando a separar-se desta o azeite. A massa sai verdadeiramente seca; porém o azeite tem a mesma acidez e para eu proceder como recomenda na sua carta do dia 7 é indispensável mandar-me os capachos de esparto». 183


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«para fabricar o resto do azeite, e mesmo pelo tempo de gelo e névoa que aqui continua, a azeitona leva tempo a sua apanha; os capachos aqui em Mirandela não se adequaram, pois aqui há apenas seiras que os estabelecimentos mandaram vir para revender. E como esta questão de cinchos é para aqui coisa nova, não há no mercado os capachos». «Daí havia a derivação para as várias máquinas, tudo através de correias. Como era necessária alguma corrente elétrica, havia um dínamo que carregava uma série de baterias, tipo Leclanché, que forneciam a iluminação para o lagar e para a residência. O fornecimento era de baixa potência e só dava mesmo para a iluminação. Por isso, o «Houve um mecânico extraordinário que era o Manuel Maneta, assim chamado porque de facto trabalhava só com um braço e com o antebraço e fazia coisas fantásticas. Não sei se era mesmo do Romeu, mas estava lá radicado. Havia também o carpinteiro que se tornou, mais tarde, o mecânico de automóveis. E havia o Parente que fazia tudo que era preciso… era serralheiro, era mecânico…etc…» Problemas com a água : «Está avariado o cano em 3 ou 4 pontos, próximo da caixa de água. Esta tarde tratou-se do concerto que só amanhã se concluirá. É um concerto para remediar. Mais tarde precisa de um sério concerto» «guiar águas, limpar agueiras, e lameiros, onde fui hoje, assim como fui a Vale de D.Pedro ver serradores». Pedido de roupas «Com ordem do Exmo. Senhor Menéres, rogo-lhe o favor de mandar comprar uma peça de pano-cru, e mandá-la olear, para vir servir nos canastros da vindima, por isso é preciso ser o mais breve possível. Também vai senha de um periquito, de uma torneira de bico para ser consertada, talvez em casa do Adão Vieira de Melo e podendo ser vir junta com o oleado» «Roupas aqui não há, são precisas para os guardas 26, podendo mandar 3 diferentes, sendo uma para Ervideira, outra para Para184


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dela e a outra para Lamalonga. Além destas, se for da sua vontade contemplar também os criados, assim como 2 ou 3 que na cortiça tiveram bastantes trabalhos como João de Sá, José Pereira...» «um pacote de camisolas e 2 pares de meias, com a recomendação de dar uma camisola ao tanoeiro Murado e os dois pares de meias». «impermear [impermeabilizar] as roupas que eram mandadas no Porto». «Roupas há poucas para impermear. Como sabe é linho cru e logo nos montes, e em cima dos sobreiros, rompem-se com brevidade, há -

4. CONCLUSÃO Em novo foi para o Brasil, Japão, Síria, Alemanha. De maneira que, com essas viagens todas, com essa situação, chegou com ideias mais frescas e novas de coisas que aqui não nascem Tem havido, desde o início, uma atitude conservadora e outra de inovação nesta actividade. O facto de a Sociedade e da família terem um pé no Romeu e outro no Porto tem sido determinante para o percurso histórico da Quinta do Romeu. Um pé na terra, o conservador, e o outro no Porto e noutras metrópoles de grandes países. É deste lado que provêm os contactos e a inovação. As características dos solos do Romeu e o clima, com grandes amplitudes térmicas durante a fase de maturação dos frutos, conferem uma intensidade de aromas, difíceis de igualar em zonas mais cálidas. É um excelente ponto de partida. Depois, há que os valorizar, transformando-os, síveis (Porto DOP, DOC, Bio). Preencher, da melhor maneira, o espaço entre o Romeu e as prateleiras das cidades é uma tarefa determinante da família Menéres. A distância cultural entre as duas pontas é grande e torna-se necessária uma enorme persistência para as ligar

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«a Sociedade unida, na família. É um caso muito particular. Daí a empresa ainda hoje se manter. Mas esta empresa funciona também muito com a carolice, o que tem o seu valor. Em 2002, ao completar 100 anos, o pacto social foi pouco poder ser vendida, com facilidade e senão à família. A Sociedade não é aberta nesse aspeto. E se o familiar morrer sem descendência, a Sociedade toma conta da quota. No Brasil, Clemente Meneres tinha já uma rede de correspondentes. Naquele tempo, havia casas no Porto, cujas famílias mantinham negócios regulares com Clemente Mee todos esses laços se perderam».

«Antes de morrer, chegou a ter tudo hipotecado, mas conseguiu vencer a crise e desipotecar tudo» «pugnou sempre pelos interesses humanos, materiais e regionais com um calor e zelo modelares» :

«dar trabalho à população rural das suas freguesias e das 188


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circunvizinhas» : «…a dedicação exemplar que a família Menéres vota às Os Menéres lançaram, no meio rural português, um padrão sem similar»222. A

«tendo sido sempre meu dogma concorrer para a felicidade dos povos que me rodeiam, reconheço que teriam desaparecido grande número de povoações, como acontece no alto distrito onde não tenho propriedade, se não houvesse quem proporcionasse trabalho»

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«Trazia adubos e tudo o que era necessário para as povoações. Abastecia o depósito. Os agricultores metiam o cereal que cultivavam no celeiro e tiravam um pouco para a vida deles. O comboio trazia também trabalhadores e a aldeia tornou-se muito movimentada»

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5. BIBLIOGRAFIA FONTES DOCUMENTAIS

1. FONTES 1.1. Fontes Orais (Entrevistas):

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1.2.

Fontes manuscritas ou dactilografadas:

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O comboio em Portugal

1.3. Fontes impressas: 1.3.1. Periódicas (jornais, revistas):

O Século. À descoberta da Terra Quente: as histórias do Romeu

Inauguração do caminho-de-ferro de Foz Tua a Mirandella

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Desenvolvimento da periferia transmontana: A linha do tua e a Casa Menéres

A inauguração do caminho-de-ferro de Mirandela

1.3.2.

Outras fontes impressas: agendas culturais e trabalhos informativos A inauguração da linha do Tua a Mirandela

1.4. Fontes electrónicas:

O Belo em Terras de Riba-Douro

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Quem foi Clemente Menéres

QUINTA DO ROMEU: cortiça

QUINTA DO ROMEU: Quem somos

QUINTA DO ROMEU: Museu. QUINTA DO ROMEU

2. OBRAS DE CONSULTA: 2.1. Dicionários e Enciclopédias:

2.2. Obras de referência: 2.2.1. Estudos portugueses e estrangeiros: Memórias Arqueológico-Históricas do distrito de Bragança Os Brasileiros: emigração e retorno no Porto oitocentista

Das pedras fez terra – um caso de empreendedorismo e investimento agrícola no Nordeste Transmontano (Clemente Menéres). Companhia Vinícola Portugueza

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Mariano Cirilo de Carvalho – O «Poder Oculto» do liberalismo progressista (1876 – 1892) Antropologia Luso-Atlântica: estudo das “maneiras de viver” do homem português Estruturas Agrárias em Portugal Continental Comércio, transportes e comunicações 40 anos de Trás-os-Montes O Romeu, um pouco de história sobre o seu passado, A Acção empresarial de Clemente Menéres – entre o Porto e Trás-osMontes (1867-1916) Apontamentos para a História dos Caminhos-de-ferro Portugueses

Mirandela: apontamentos históricos A Salamancada e a Crise Bancária do Porto Alto Douro - Introdução - Douro Superior

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NOTAS Memórias arqueológico-históricas do distrito de Bragança

Memórias históricas de um espaço rural: três aldeias de Trás-os-Montes (Coleja, Cachão e Romeu), ao tempo do Estado Novo

Comércio, transportes e comunicações

O Belo em Terras de Riba-Douro A Acção empresarial de Clemente Menéres

entre o Porto e

Trás-os-Montes (1867-1916)

Os Brasileiros: emigração e retorno no Porto oitocentista

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Desenvolvimento da periferia transmontana: A linha do tua e a Casa Menéres

Clemente Menéres

Das pedras fez terra um caso de empreendedorismo e investimento agrícola no Nordeste Transmontano (Clemente Menéres)

Companhia Vinícola Portugueza

In Companhia Vinícola Portugueza

Companhia Vinícola Portugueza

ÍCONES DE PORTUGAL

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O Século.

O Século. O Século O Século.

As Memórias do Estado Novo no espaço rural: estudo antropológico de um tempo histórico, na freguesia do Romeu

Clemente Menéres

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Breve História da Casa Menéres

Quinta do Romeu

À descoberta da Terra Quente: as histórias do Romeu Estruturas Agrárias em Portugal Continental

Terra Olea: Sociedade Clemente Menéres, Lda

«“…a importante exibição dos vinhos e azeites, que constituem especial objecto de lição para o nosso Povo…».

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- Breve História da Casa Menéres

Quinta do Romeu

Breve História da Casa Menéres

Quinta do Romeu

Sociologia

À descoberta de Portugal

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Desenvolvimento da periferia transmontana: A linha do tua e a Casa Menéres

À descoberta de Portugal Antropologia Luso-Atlântica: estudo das “maneiras de viver” do homem português À descoberta de Portugal Alto Trás-os-Montes

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«Outro sim deliberou mais a Câmara pedir ao senhor engenheiro distrital a divisão dos lances da estrada municipal compreendida entre a estrada real n.º 6 e o caminho de Chelas, em tarefas, e por estas em construção por arrematação no mais curto prazo de tempo possível, não só pela muita conveniência que dele resulta para muitas povoações deste concelho como também para ver se cessa este trabalho e se atenua um pouco a fome que invadiu este ano tão cruelmente as classes operárias.» A Salamancada e a Crise Bancária do Porto. Mariano Cirilo de Carvalho O «Poder Oculto» do liberalismo progressista (1876 1892)

O Comércio Portuguez

«A Câmara, atendendo à necessidade de aumentar as águas potáveis para o abastecimento da vila, por isso que uma pequena fonte que tem não chega para a 6.ª parte da população e tendo-se feito várias pesquisas em diversos sítios, só na propriedade denominada a Cerca do Convento, pertencente a António Xavier Teixeira Homem B. é que se encontrou água que considerado de utilidade pública a expropriação das águas excedentes do referido prédio». Quem foi Clemente Menéres

Apontamentos para a História dos Caminhos-de-ferro Portugueses

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Provinciais

– O comboio em Portugal

Inauguração do caminho-de-ferro de Foz Tua a Mirandella O Século

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Informação

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«Alípio

Por Bem

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«Daí deve prevenir para se obter

até Alferrarede para 20 homens que são os que

daí seguem».

memorandum o telegrama

memorandum

guia informações

o ponto e conta corrente o ponto

partes diárias ponto do pessoal nota de serviços a fazer

a informação

carta

folha de ponto Boletim

carta apontamentos

«O Exmo. Senhor Menéres disse-me para aqui que mandava amostras de terra, junto guia n.º 494 de um fardo com 4 sacos de terra para análise, devidamente rotulada nas condições que me ordenaram».

«Amanhã retiro, tinha a intenção de ir para Aregos, mas em vista dos serviços vou para S.Lourenço. Se for preciso alguma coisa urgente, chego cá depressa. Segundo o que há que fazer em diferentes serviços não é boa a ocasião, mas daqui a 8 ou 10 dias pior. E, assim, o estado de saúde não me permite poder-me meter no serviço de vindima nas condições em que me encontro, já há mais de 3 semanas».

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ANEXOS



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ANEXO I Descendência de Clemente Menéres (1.ª e 2.ª geração) FAMÍLIA MENÉRES 1.ª GERAÇÃO – FILHOS 1.1 – MANUEL CLEMENTE (N. 19/7/1861 e F. 30/5/1863). 1.2 – LEONOR DA FONSECA MENÉRES (N. 7/8/1864 e F. 31/12/1938). Casou em primeiras núpcias com António Maria de Araújo Leite, em segundas com Manuel Gonçalves de Oliveira e em terceiras com Joaquim da Silva Barbosa 1.3 – ALFREDO DA FONSECA MENÉRES (N. 29/8/1866 e F. 17/7/1917). Casou com Joaquina da Rocha Nogueira Pinto. 1.4 – JOSÉ CLEMENTE (N. 29/11/1868 e F….). 1.5 – AGOSTINHO DA FONSECA MENÉRES (N. 19/7/1869 e F. 29/10/1926). Casou com Maria Carolina Pinto de Oliveira. 1.6 – ANA DA FONSECA MENÉRES (N. 18/2/1871 e F. 22/6/1894). Casou com Manuel de Castro Júnior.

1.8 – MARIA DA GLÓRIA DA FONSECA MENÉRES (N. 15/9/1873 e F. 25/4/1946). Casou com Domingos José da Costa Sampaio.

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1.9 – ANTÓNIO (N. 27/12/1874 e F. 31/3/1876). 1.10 – JOSÉ DA FONSECA MENÉRES (N. 1/1/1876 e F. 14/7/1954).

1.11 – CLEMENTE DA FONSECA ARAÚJO MENÉRES (N. 18/5/1897 e F. 2/1/1917) 1.12 – MANUEL DA FONSECA ARAÚJO MENÉRES (N. 26/4/1898 e F. 24/3/1974) Casou com Adelaide Vilar de Freitas

2.ª GERAÇÃO – NETOS 1.10.1 – JOSÉ PINTO MENÉRES (N. 11/12/1898 e F. 7/3/1975). Casou com Luísa Rebello de Carvalho. 1.10.2 – JOSEFINA PINTO DOS SANTOS DA FONSECA MENÉRES (N. 7/8/1900 e F...). Casou com Alberto António Martins Manso. 1.10 - ALBERTO PINTO MENÉRES (N. 8/9/1902 e F…). Casou com Maria Hermínia d’Almeida Rovisco Garcia. 1.10.4 – MARIA BEATRIZ PINTO DOS SANTOS DA FONSECA MENÉRES (N. 18/7/1904 e F. 18/7/1991). Casou com Jaime de Sousa Correia Barbosa. 1.12.1 – CLEMENTE DA FONSECA ARAÚJO DE FREITAS MENÉRES (N. 20/11/1918 e F…). Casou com Maria Antónia Garcia Cardoso Pinto. 1.2.1 – ANTÓNIO MARIA MENÉRES DE ARAÚJO LEITE (N. 2/3/1885 e F. 8/11/1940). Casou com Maria de Sousa Neves Pinto Álvares de Oliveira. 1.2.2 – LEONOR MARIA MENÉRES DE ARAÚJO LEITE (N. 1/1/1883 e F. 10/5/1924). 1.2. 3 – ADELAIDE MENÉRES D’OLIVEIRA (falecida). Casou com Francisco Avelino Dias Barbosa. 1.1.4 – JOAQUIM MENÉRES BARBOSA (N. 21/8/1898 e F. 27/9/1930). Casou com Laura de Castro Moura Soeiro. 1.5.1 – MARIA DA GLÓRIA PINTO DE OLIVEIRA MENÉRES (N. 21/11/1895 e F…). Casou com Eurico Armando Alexandrino da Silva.

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1.5.2 - AGOSTINHO PINTO DE OLIVEIRA MENÉRES (N. 1/1/1898 e F. 16/9/1977). Casou com Maria Alice Hansch Maciel. 1.5.3 – JOSÉ PINTO DE OLIVIRA MENÉRES (N. 21/2/1899 e F. 18/3/1969). Casou em primeiras núpcias com Maria José Oliveira Bastos e em segundas com Maria da Glória Oliveira Bastos. 1.6.1 – FERDINANDO MENÉRES DE CASTRO (N. 14/3/1893 e F. 20/2/1846). Casou com Julieta Ferreira Fontes. 1.6.2 – LUCÍLIA MENÉRES DE CASTRO (N. 21/1/1894 e F. 8/8/1924) Casou com João José de Campos Sampaio. 1.8.1 – DOMINGOS MENÉRES DA COSTA SAMPAIO (N. 30/5/1892 e F. 8/7/1940). Casou em primeiras núpcias com Isabel da Rocha Garcia e em segundas com Vera Andrade. 1.8.2 – OCTÁVIO MENÉRES DA COSTA SAMPAIO (N. 20/1/1894 e F. 28/11/1974). Casou com Fernanda Rodrigues Costa. 1.8.3 – ARMANDO MENÉRES DA COSTA SAMPAIO (N. 14/11/1895 e F. 16/6/1989). Casou com Sarah Augusta de Pinho. 1.8.4 – MARIA MATILDE MENÉRES SAMPAIO (N. 24/10/1896 e F. 19/5/1984). Casou com Edgar Luís Ferreira Fontes 1.8.5 – AMÉLIA MENÉRES SAMPAIO (N. 15/6/1898 e F…). Casou com Bernardino Avelino de Sousa Pimentel. Fonte: Arquivo da Sociedade Clemente Menéres, Lda.

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ANEXO II Cronologia da Linha do Tua CRONOLOGIA DA LINHA DO TUA 1878 - estudo realizado por engenheiros para estudar a melhor localização e construção da linha do Tua. São divulgados dois projetos, mas foi o do Eng.º António Pinheiro, na 1882 - projeto da Câmara Municipal de Mirandela, apresentado à Câmara dos Pares do reino, para a construção da linha (cobertura de juro de 5% para os construtores da via). Pedidos à Associação Comercial do Porto e ao rei D. Luís para pressionar a construção da via-férrea. 26 de abril de 1883 (Lei) - autoriza a instalação do caminho-de-ferro entre Foz-Tua e Mirandela. 29 de setembro de 1883 - abertura do concurso, não tendo aparecido interessados. 14 de dezembro de 1883 - lançamento de novo concurso, com condições de resgate mais vantajosas, pois se pensou ser essa a razão do insucesso do 1.º concurso. A proposta do Conde da Foz sai vencedora. 24 de dezembro de 1883 - assinatura do contrato provisório. 26 de março de 1884 (lei) - autorização do contrato. 1 de outubro de 1885 - a concessão foi trespassada à Companhia Nacional de Caminhos de Ferro que veio a construir a linha. 29 de Setembro de 1887 - a Linha de Foz Tua a Mirandela é aberta à exploração A companhia construtora ofereceu um jantar com 200 talheres no barracão do cais de mercadorias da estação de Mirandela, pintado por Manini e decorado por Marques da Silva.

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Na mesa real, tomaram lugar o visconde das Arcas, o governador civil de Bragança, o bispo da diocese, o general Malaquias de Lemos, o presidente da Câmara Municipal de Mirandela (Joaquim Bazílio da Costa pretendeu exercer o cargo de administrador do concelho, pelo que o cargo de presidente da Câmara passou a ser desempenhado pelo vicepresidente Manuel João Guerra) e o visconde de Moreira de Rei. As locomotivas, Mirandela e Vila Real, foram benzidas pelo bispo de Bragança, acolitado por 20 eclesiásticos. El-rei D. Luís recebeu a todos com enorme satisfação. A região tinha uma elevada importância económica, devido à produção de gado, cereais, vinho, cortiça e minérios, especialmente estanho. Desde a inauguração, até 1902, foram escoadas mais de 4 milhões de quilogramas de cereais por ano. Em 1900 o número de passageiros que transitaram por esta linha foi de 33.928, número que aumentou para 35.920 em 1901. A estação da CP de Mirandela, construída em 1887, era a mais importante da Linha do pela imponência e pelo aspeto: possuía várias lojas, casa-de-banho e chegou a ter um restaurante. Possuía 4 pisos e o telhado com uma acentuada inclinação e uma grande altura das chaminés.

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ANEXO III Trajeto da linha de Foz Tua a Mirandela

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ANEXO IV Registos da compra de sobreiros e cortiça1 COMPRA DE PROPRIEDADES E DE SOBREIROS Compra feita a Alexandrina Elisária, viúva, residente na Burga, a metade de uma terra com árvores no sítio do Nascente, limite da Burga, que confronta do Nascente com domínio público, sul com Pratis e Bom, Poente com o vendedor, Norte com herdeiros de António Filipe de Bornes por preço de réis 9.500, mais dois sobreiros no sítio do Muar do mesmo limite, em terra da vendedora, que confrontam do nascente com Augusto Monteiro, sul com David Saraiva, frente com comprador, norte com António Maria Monteiro pelo preço de reis 2000, mais 3 sobreiros no sítio dos Chiqueiros, em terra da mesma vendedora, confronta do nascente com arvoredo público, sul e norte com Dr. Araújo, poente com José Carlos, pelo preço de reis 1500. Compra feita a António Maria e Alexandrina Elisária de uma terra com sobreiros, sendo só a ¼ parte da terra e sendo vendida a que tem sobreiros no sítio da Esgravatada, limite da Burga, e confronta do nascente com Manuel Adriano, sul com Aníbal Paulino, poente e norte com os vendedores, pelo preço de seis mil e quinhentos réis. Compra feita a António Maria Monteiro e mulher, Ana Elisária, 3 sobreiros no sítio do Muar, em terra do vendedor, em confronto de nascente com António Monteiro, sul com Alexandrina Elisária, poente com António Manuel, norte com as terras do Santíssimo, pelo preço de réis 1500, mais 4 sobreiros no sítio do Carro das Costas, limite da Burga, em terra do mesmo vendedor, em confronto do nascente com Francisco Vagaroso, sul e poente com Francisco Barbeiro e norte com Francisco Manuel Azevedo pelo preço de 5000. Compra feita a António Maria e mulher, Alexandrina Elisário de 21 sobreiros no sítio das Carvalheiras, limite da Burga, confrontando da nascente com Alfredo do Carmo, sul com José Luís Pinto, norte com José Saraiva, poente com José Pereira, pelo preço de 12500, mais 5 sobreiros no sítio da tapada e confronta do sul com Francisco Pereira Júnior, nascente com o caminho 1 Fonte: “Livro de Lembranças do feitor Lopes Seixas”. 221


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público, poente com António Maria, norte com José Freira por 2500. Compra feita a Alexandrina Elisária de 36 sobreiros no sítio das Carvalheiras do mesmo limite em terra da vendedora confrontando de nascente com Alfredo do Carmo, sul com José Luís Pinto, norte com José Maria, poente com José Pereira pelo preço de 15000 réis. 2/5/1905: Compra feita a Cândida Fidalgo de Pereiros de uma terra e sobreiros no sítio das Canadas, limite de Pereiros, pelo preço de 10$000: custo do prédio 10000; certidão de Moncorvo 2060; certidão de Carrazeda 1640; contribuição de registo 1070; participação à fazenda 200; papel e selos 320; soma 15290. Mandei esta importância pelo condutor do comboio em 6 de maio de 1905. Levou Elísio Vasconcelos para Codeçais. Dia 20/5/1905, mandei 21520 por Elísio Vasconcelos condutor do comboio do caminho-de-ferro. 28 de maio de 1905: Compra feita a João Carloto e mulher, Maria da Piedade, de Cernadela, de uma terra com sobreiro, sendo só a terça parte no sítio da Moreirinha, limite de Cernadela e confronta de nascente com o comprador, do sul Dorcanides, do poente e norte com o comprador pelo preço de 10$000: compra 10000; conhecimento 200; contribuições de registo 1070; papel e selos 320; total 11590. 28/7/1905: Compra feita a Francisco Domingos Bento e mulher, Victória Ermelinda, proprietários residentes em Ala, uma terra com suas árvores no sítio da Laranjeira, limite de Ala, e o vendedor e sul com o comprador pelo preço de 9000, mais 6 sobreiros no sítio e limite em terra

fazenda 120; total: 12550. 28/7/1905: Compra feita a Ana Joaquina Vaz, solteira, de Ala, de uma terra com todas as suas árvores, no sítio da Rola, limite de Ala, e confronta do nascente e norte com a ribeira, poente com Caetano Canelhas e sul com Manuel Mirandês pelo preço de 35000, recebeu de sinal 5000: cus28/7/1905: Compra feita a Manuel António Mirandês e mulher, Carolina de Jesus Branco, de Ala, a 8.ª parte de uma terra no sítio dos Canelhos limite de Ala, sendo esta 8.ª parte a que tem sobreiros e confronta do nascente com o comprador, sul, norte e poente com o vendedor pelo preço de 8000, mais 3 sobreiros em terra do comprador, no sítio dos Canelhos, limite de Ala e confronta do nascente com o ribeiro dos canelhos, sul, norte e poente com o comprador por preço de 4000, mais dois sobreiros no mesmo sítio e limite em terra do vendedor e confronta de nascente com o comprador, do norte com a ribeira, do poente Ana Joaquina Vaz, do sul ignora15960. 12/9/1905: Compra feita a José Manuel Saraiva, solteiro, residente na Burga, de 5 sobreiros em Vale de Junco, limite da Burga, em terra do vendedor e confronta do nascente com João Cordeiro, do sul com Libânia Monteiro, do poente com Davide dos Anjos, do norte com Augusto Monteiro, pelo preço de 2500, mais 6 sobreiros na reta das cortiças limite da Burga, em terra do vendedor, e confronta do nascente e norte com José Luís Pinto, poente e sul com Francisco Pessegueiro, pelo preço de 5000, mais 20 sobreiros na Carvalheira, limite da Burga, em terra do 222


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vendedor, e confronta do nascente e poente com Alexandrina Elisária, norte com José Pereira e sul com José Luís Pinto, assim como mais todas as pequenas sobreiras que na mesma terra se encontram pelo preço de 10000, mais um sobreiro na Esgravatada, limite da Burga, em terra do mesmo vendedor e confronta do nascente com Luís Trindade, sul com Marcolino José, do poente com Eduardo da Costa, norte com António Maria Monteiro, pelo preço de 1500. Custo 120; Total 21.080. 7/10/1905: Compra feita a Columbano Augusto Martins e mulher, Maria Augusta, de Vila Verdinho, uma terra com sobreiros no sítio do Vale da Colmeia. Limite de Vila Verdinho, e confronta do nascente com Manuel José da Gama, do sul com João Lombardes, do poente com caminho público, do norte com o comprador, pelo preço de 20000 réis. Recebeu de sinal 7500. 25/12/1905: Propriedades vistas da Senhora D.Josefa de Vilar do Monte: 1 tapado com sobreiros ao cimo do Pinheiro 8; 1 tapado a Moura 12; 1 terra sobreiros Corriça Novais 100; 1 Sardinha Salgada e Penedo do Urso 200; 1 terra corriça Fidalgos com sobreiros 30; 1 terra à Gorja com sobreiros 200; 1 terra aos Currais 6. Compra feita à senhora D. Josefa Teresa de Sousa Freire Pimentel, solteira, e mais herdeiros do desembargador que foi do Vilar do Monte a saber: 1 tapado com sobreiros no sítio cima do Pinheiro e confronta do nascente, sul e poente com o comprador, norte com herdeiros de José Valongo o valor de 10$000, a participação é feita no valor de 2$000. Mais um tapado à Moura, limite do Romeu, e confronta do nascente com o caminho público, sul e poente com o comprador, e norte com José Arcas no valor de 20$ e na participação 5$000. Mais uma terra e sobreiros corriça Nevais ou Canameira do Pisão, limite do Romeu, confronta do nascente e poente com herdeiros do Benedito e sul com o rio do Quadraçal, norte com o comprador pelo preço de 180$ e na participação em 25000. Uma terra com sobreiros à Sardinha Salgada e Penedo do Urso, limite do Romeu, e confronta do sul, poente e norte com o comprador e nascente com herdeiros do Benedito e comprador no valor de 250$ e na participação de 7000, mais 1 terra e sobreiros no sítio da Carriça, limite do Romeu no valor de 40$ e vai na participação 4000. Mais uma terra e sobreiros no sítio da Gorja, limite do Romeu e confronta do nascente e sul com o comprador, poente com o comprador e herdeiros de José Vallongo no valor de 200$ e vai na participação em 10000, mais uma terra e sobreiros no sítio dos Currais, limite do Romeu, e confronta do nascente com herdeiros de Pedro Borges, do norte com herdeiros de José Silva, poente e sul com o comprador no valor de 10$ e vai na 7895; papel e selos 880; diversos 500; Total 584 275. Para este pagamento recebi cheque n.º 12072 no valor de 300000 e dia 22/1/1906 recebi o cheque n.º 12073 no valor de 300000.

1 de março de 1906: Compra feita a Maria Antónia, viúva e João dos Santos e mulher, Virgínia Cândida, e Cândido do Nascimento e mulher, Maria, todos do Romeu, vivendo nos Pisões

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de uma terra e sobreiros no sítio do Pisão, Sardinha Salgada, limite do Romeu e confronta do nascente, poente e norte com o comprador e sul com o rio do Quadraçal pelo preço de 45$000. total=48995. 31 de março de 1906: Compra feita a Virgílio da Ressurreição Vaz e mulher, Francisca Olímpia Pedra de uma terra com sobreiros, no sítio do cimo da Ladeira e confronta do nascente com Maria Pedra, do sul e poente com o comprador, do norte com Emília Valongo pelo preço de 31500 Papel e selos 320. Total: 33430. 6 de abril de 1906: Compra feita a António Joaquim de Azevedo e mulher, Adelina das Neves, e Francisco do Nascimento Azevedo, solteiro, de maior idade, e Felisberto dos Santos e mulher, Ana Joaquina de Azevedo de 27 sobreiros na orreta (atalho) das cortiças em terra dos vendedores que esta confronta de nascente com Caetana Rodrigues Borges, do sul, poente e norte com o comprador pelo preço de 30$000 réis. Preço 30000; contribuição 6430; papel e selos 320; participação 200; diversos. Total 37150.

suas árvores no sítio da Ervedeira, limite de Valdrez, confronta do nascente com António Vinhas, do sul com João Maria Silvestre, do poente com António Luís da Guarda, do norte com o mesmo António Luís da Guarda, pelo preço de 5000. Mais uma terra com suas árvores no sítio do Vale de Castelhano, limite de Valdrez, e confronta do nascente com terras de Alexandre Bispo, do sul com Maria Vicente, do poente com António Eduardo e do norte com herdeiros de Maria Metildes, pelo preço de 10000 réis, mais uma terra com sobreiros no sítio do Vale de Madeiros, limite de Valdrez, e confronta do nascente com Alexandre Bispo, do sul e poente com o comprador e do poente com Domingos Oliveira pelo preço de 15000 que tudo perfaz a participação 200; total: 58845. 5/6/1906: Compra feita a Francisco Sebastião da Cruz e mulher, Inácia de Jesus, residentes em Vale de Martim, actualmente, e que há pouco residiam em Fornos de Ledra e uma terra com todas as suas árvores no sítio da Pedra Má, limite de Fornos de Ledra, confronta de nascente com o comprador, do sul com Francisco Xavier Carvalho, do poente com montes do concelho e do norte com o rio Tuela, pelo preço de 12000 réis. Custo 12000; contribuição registo 1285; selos 220; participação 200; diversos 500; total: 14205. 5/6/1906: Compra feita a António José Paradela e mulher, Maria Augusta, proprietários residentes em Fornos de Ledra, de uma terra com todas as suas árvores que possuímos no sítio de Silvares, limite de Fornos de Ledra, confronta de nascente e norte com o comprador, do sul com contribuição 160; papel e selos 340; participação 200; certidão 920; requerimento 600; diversos 500: total: 9720 26/7/1906: Compra feita a Manuel Vergueiro e mulher, Maria Amélia Cueima, de Vila Verdinho, de uma terra e suas árvores no sítio dos Palagões, limite de Vila Verdinho, e confronta de

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nascente com Daniel de Carvalho, do sul com José António Ferreira, do norte com o comprador total: 30940. 8/8/1906: Eduardo António Teixeira veio aqui para vender uns sobreiros, em Valdrez. Diz que são 154 sobreiros encravados. Quer vender só os sobreiros. Fiquei de ver ou mandar ver no dia 15 do corrente. Ver também os sobreiros de Maria Emília Seio, um sobreiral em Vale de Cerejal: sobreiros e terra por 12000. 8/8/1906: Compra feita a Eduardo António Teixeira e mulher proprietários em Valdrez que vendem à Sociedade Clemente Menéres, 43 sobreiros em terra do vendedor em Vale de Castelhano, limite de Santa Combinha, no valor de 2000. Confronta do nascente com herdeiros de João Gouveia, do poente com Artur Casteló, norte e sul com o comprador, 39 sobreiros em terra do vendedor, em Lago, limite de Santa Combinha, posto do nascente com Artur Casteló, poente com terreno baldio, sul Francisco Dias e outros e norte Silvério do Nascimento, peço 2000. 16 sobreiros em terras do vendedor, limite de Valdrez, nascente com José Bornes do Moredo, poente com José Vinhas, sul António Xavier e norte Artur Casteló pelo valor de 20000. 56 sobreiros em terra do vendedor a Chaira, termo de Valdrez, confronta do nascente com João Moreiras, sul com Francisco Moreiras, poente José Miranda Rodrigues e irmãos, norte João Maria Paradinha 200; papel e selos 410; total 24185.

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ANEXO V Zonas de fiscalização da Casa Menéres ZONAS A PERCORRER PELO FISCAL 1.ª ZONA

2.ª ZONA

3.ª ZONA

4.ª ZONA

5.ª ZONA

Falcoeira Pombal Pinhal do norte Codeçais Pereiros Freixiel

Marmelos Bronceda Eivados Golfeiras S.Salvados Vila Verde Freixeda Vale da Sancha Vale Bom da Trindade Vilares da Vilariça Pombal da Alfândega Vales Colmeais Burga Caravelas Cedaínhos Vale d’Asnes Cedães Vila Verdinho Vale de Lobo Romeu –Cernadela

Assoreira Vale Pradinhos Sezulfe

Santa Combinha Valdrez Azibeiro Sendas Salselas Vinhas Castro Roupal Limãos Morais Sobreda Rodelas Lombo Saldanha Chacim Olmos

Avantos Guide Ribeirinha Vale d’Imbrão S.Pedro Velho Ervideira Barreiros Vale das Fontes Nuzedo Soutilhinha Ervedosa Fornos de Ledra Vila Nova Lamalonga Carrapatinha Ala Meles Mogrão Corujas

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ÍNDICE DE QUADROS

018 028 037 037 038 067 068 083 084 090 091 094 096 098 101 105 110 136 137 141 143 145 147 148 162 170 171 171

Quadro III Trabalhadores da vindima (1906) Quadro IV Trabalhadores da vindima (1906-1907) Quadro V Trabalho com a colheita e escolha das batatas (1906) Quadro VI Jornas da construção da linha de Foz Tua a Mirandela Quadro VII Preço dos bilhetes da linha do Tua em 1887 Quadro X Trabalhos orientados e controlados por António Pinto Quadro XI Conta de António Pinto – plantação de bacelo (6 a 18/4/1890) Quadro XII Trabalhos realizados pelos animais Quadro XIII Cadastro das propriedades da Casa Menéres Quadro XIV O estado do tempo e o andamento das culturas Quadro XV Movimento comercial Quadro XVI Inventário Quadro XVII Inventário - Contas com o Pascoal Quadro XVIII Compras realizadas em 1905 e 1906 Quadro XIX Compras (terras e sobreiros) Quadro XX O estado do tempo e os trabalhos agrícolas Quadro XXI Movimento comercial Quadro XXII Transporte da cortiça Quadro XXIII Extração de cortiça Quadro XXIV Compra de cortiça Quadro XXV Almudes de vinho em Monte Meões Quadro XXVI Madeira para reparar os armazéns do Romeu Quadro XXVII Materiais e instrumentos de trabalho (Olival das Vinhas) Quadro XXVIII Ferramentas e utensílios (Monte Meões)

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ÍNDICE DE FIGURAS

001 008 011 013 014 016 017 018 019 020 021 021 022 023 023 025 026 032 033 034 035 036 039 040 041 042 043 044 046 052

Figura 1 Clemente Menéres Figura 2 O comboio da linha do Tua e as instalações da Casa Menéres (junto à estação do Romeu) Figura 3 Clemente Menéres Figura 4 O escritório central da Real C.ª Vinícola (Porto) Figura 5 Companhia Vinícola Portuguesa (exportação de vinho) Figura 6 Clemente Menéres e Alfredo Menéres Figura 7 Embalagens de alguns dos vinhos da Companhia Vinícola Portuguesa Figura 8 Companhia Vinícola Portuguesa Figura 9 Menéres & C.ª (casa fundada em 1867) Figura 10 Bilhete da 1ª Viagem a Trás-os-Montes Figura 11 Placa evocativa da chegada de Clemente Menéres ao Romeu Figura 12 Estalagem Maria Rita Figura 13 O sobreiro e a cortiça: o projeto agrícola e empresarial Figura 14 Memória (marco memorial da família Menéres) Figura 15 Vista panorâmica dos vinhedos e do olival da Quinta do Romeu Figura 16 Transporte da cortiça Figura 17 Clemente Menéres no Egipto em 1895 Figura 19 Feira de gado de Mirandela (em frente ao Santuário de N.ª S.ª do Amparo) Figura 20 Concelho de Mirandela (incluindo Região Demarcada) Figura 21 A Quinta do Romeu «um sonho realizado» Figura 22 Vindima: memórias de outros tempos Figura 23 Descarga de cortiça e de outros produtos na estação de Mirandela Figura 24 Transporte de cestos para a vindima Figura 25 A vindima de outros tempos Figura 26 Escola Clemente Menéres em Jerusalém do Romeu Figura 27 Escola Clemente Menéres (aspeto interior) Figura 28 A família Menéres acompanhada pelo feitor e pela população do Romeu Figura 29 Trabalhos na vinha (sulfatar) (c. 1915) Figura 30 Clemente Menéres entre dois sobreiros (1908)

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Desenvolvimento da periferia transmontana: A linha do tua e a Casa Menéres

061 064 066 069 071 072 073 075 077 079 080 081 082 083 087 092 106 107 114 120 122 122 125 126 127

caminho-de-ferro de Mirandela Figura 32 Cerimónia da inauguração da linha de Foz Tua, em Mirandela Figura 33 O rei D.Luís e a rainha D.Maria Pia Figura 34 Estações e apeadeiros de Foz Tua a Mirandela Figura 35 Estação de caminho-de-ferro do Romeu e armazém da Sociedade Figura 36 O despacho de vinhos do Romeu para o Porto Figura 37 Carregamento da cortiça num camião da frota Figura 38 Descarrilamento do comboio no Quadraçal (1918), fotografada por Manuel Menéres na Mata do Qadraçal Figura 39 Topo do edifício usado pela Sociedade, antes da construção da sua Sede (o edifício fazia parte da antiga Alfândega do Porto e enquanto se aguardava a conclusão da nova sede era ali que se armazenava e secava a cortiça do Romeu) Figura 40 A Casa Menéres no Romeu (destruída por um incêndio em 1941) Figura 41 Portão de entrada para a Casa Menéres Figura 42 Porto, Imagem anterior à instalação da sede no Porto, no ex-Convento de Monchique Figura 44 Bernardo Maurício Figura 45 Joaquim Brabas: 1.º feitor da Casa Menéres Figura 46 Vinhedo de Monte Meões Figura 47 Quinta de Carvalhais, Mirandela Figura 48 O transporte das uvas: utilização dos bois, machos e camioneta Figura 49 O feitor Lopes Seixas e a família Figura 50 O feitor Lopes Seixas e a esposa, D.Rosinha, 1934 Figura 51 Carta do feitor Lopes Seixas para a sede da sociedade, original Figura 52 Carta do feitor Lopes Seixas para a sede da sociedade, conforme copiador local Figura 53 Distinções dos vinhos da Companhia Vinícola Portuguesa Figura 54 Trator Fordson modelo F utilizado no Romeu Figura 55 Ford T – 1.º carro de serviço da Quinta do Romeu

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