Racionalidade científica

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A ciĂŞncia moderna

A racionalidade da pesquisa em saĂşde


O Cosmo de Arist贸teles


O nascimento das ciências modernas Revolução do século XVII: 

A destruição do cosmos (ou substituição da concepção de mundo como um todo finito e ordenado hierarquicamente). A geometrização do espaço (ou substituição da concepção aristotélica)

Alexandre Koyré(2001). Do mundo fechado ao universo infinito


Nicolau de Cusa (1401-1464) É óbvio que a Terra se move. Ademais, nem o sol, nem a lua, nem qualquer esfera - ainda que a nós assim não pareça – pode em movimento descrever um círculo verdadeiro, uma vez que eles não se movem ao redor de uma base fixa. Assim, a trama do mundo (machina mundi) terá seu centro em toda parte e sua circunferência em parte alguma.

Relatividade da percepção do espaço e do movimento determinada pela posição ocupada pelo observador. Impossibilidade de se formar uma representação objetivamente válida do universo.


A nova astronomia e a nova metafísica Nicolau Copérnico (1473-1543)

O mundo copernicano:

  

não é mais estruturado hierarquicamente ainda é um mundo ordenado (esfera das estrelas fixas) é um mundo finito


O mundo de CopĂŠrnico


Efeitos da teoria heliocêntrica

1)

despojou o homem do papel central da criação, acelerando a concepção relativista do mundo;

2)

destruiu a idéia anterior de uma ordem universal, construída por um sistema estritamente centrado, único, estável, sempre idêntico a si mesmo;

3)

afetou a antiga hierarquia social, teológica e científica;

4)

estabeleceu a dúvida como o ponto de vista científico que será magistralmente exposto por Descartes;

5)

deu início a uma explicação do mundo por meio de um sistema racional-naturalista, eliminando toda a explicação mística-teológica dos fenômenos naturais: para Descartes, Deus tornou-se apenas o "primeiro impulso" e para Laplace uma "hipótese desnecessária".


A nova astronomia e a nova metafísica Giordano Bruno (1548-1600)   

Principal representante da doutrina do Universo descentralizado, infinito, infinitamente povoado e permanentemente em mutação. Crítica sistemática à cosmologia aristotélica. A concepção do mundo de Bruno é vitalista, mágica; seus planetas são animados e se movem livremente pelo espaço. Quanto à concepção de conhecimento: Nenhum sentido corporal pode perceber o infinito. (...) E quem negar a existência de uma coisa meramente porque ela não pode ser apreendida pelos sentidos, ou não fosse visível, chegaria a negar a sua própria substância e seu próprio ser.


A nova astronomia contra a nova metafísica Johannes Kepler (1571-1630)  

Hipótese heliocêntrica do universo e sobre a órbita elíptica dos astros. Julgava a concepção da infinitude do universo de Bruno uma doutrina metafísica por não poder jamais basear-se no empirismo. Kepler – cristão devoto - a rejeitou por julgá-la despida de significação científica.

Assim, temos de admitir que Johannes Kepler, grande pensador autenticamente revolucionário, não deixou, porém, de ser tributário da tradição. Em sua concepção do ser, do movimento, embora não da ciência, Kepler, em última análise, continua a ser um aristotélico. Alexandre Koyré


Concepção do mundo por Johannes Kepler



Galileu Galilei (1554-1642): pai da ciência moderna 

 

desenvolveu os primeiros estudos sistemáticos do movimento uniformente acelerado, do movimento do pendular, da lei da queda dos corpos e do princípio da inércia; aprimorou instrumentos de pesquisa e observação celeste; formulou a medida causal, igualdade de causa e efeito: o conceito filosófico de causa é substituído por um operador físico de igualdade


Galileu e Leibniz (1646-1716) Leibniz foi o primeiro filósofo a compreender a operação galileana: À causa plena corresponde o efeito inteiro.


O operador O operador define:   

um objeto e sua prática de medida um objeto que legitima uma prática de medida uma prática de medida que define seu objeto O operador “igualdade entre causa e efeito” define o objeto daquilo que se chamou, no século XVIII de mecânica racional.

O tempo galileano afirma a igualdade de peso entre passado e futuro.


Laplace (1749-1827) 

Laplace situa as probabilidades em relação à mecânica: Se devemos utilizar o cálculo das probabilidades, é porque não somos o demônio de Laplace, é porque temos acesso, como o demônio, à descrição do estado instantâneo de cada partícula que constitui o universo, nem os meios de cálculo que tal descrição necessitaria.

Kant (1724-1804):

O sujeito é de direito submetido ao poder da razão. Mas é apenas enquanto ele é tomado como fenomenal, patológico. entendimento

fenômeno


As práticas científicas modernas 

Não há fato sem linguagem interpretativa: “testemunha” FATO INTERPRETAÇÃO CONTROVÉRSIAS

  

Será que o que você faz este fato falar é aceitável? Será que este fato é capaz de testemunhar aquilo que devia testemunhar? Será que ele é uma testemunha fidedigna? LEGITIMIDADE


As ciências experimentais Controlar e purificar História da hereditariedade I: 

Mendel (1822-1884)  fixa-se nas ervilhas após testar outras plantas  garante da pureza das variedades destinadas à hibridação  escolhe os caracteres a serem observados e acompanhados por gerações sucessivas  realiza as experiências em ampla escala: “Quanto maior o número, melhor são eliminados os efeitos do acaso.”  submete os resultados numéricos à estatística de modo a discriminar os recessivos e os dominantes Primeira lei de Mendel: na formação dos gametas, os pares de fatores se segregam Segunda lei de Mendel : a segregação é aleatória


As ciências experimentais Controlar e purificar História da hereditariedade II: Final do século XIX  Weissman – A essência da hereditariedade é a transmissão de uma substância nuclear que tem uma estrutura molecular específica.  Waldeyer – “cromossomos” Século XX  Biologia molecular – a ordem de um ser vivo baseia-se na estrutura de uma grande molécula  O gen e o caráter


As ciências experimentais Controlar e purificar História da hereditariedade III: Os microrganismos 

As reações do metabolismo transformam-se em objetos de estudo da genética, sendo possível analisar a hereditariedade de organismos tão simples quanto as bactérias Assim como uma frase constitui um segmento de texto, um gen corresponde a um segmento de ácido nucléico. A transformação da seqüência nucléica em seqüência protéica efetua-se por meio de um “código”.

François Jacob e Jacques Monod realizaram o experimento responsável pela evidência de que o controle dos níveis enzimáticos em todas as células ocorre pela transcrição do código genético. Eles receberam o Prêmio Nobel de Medicina em 1965.


Os conceitos científicos

Trata-se aqui de fazer da bactéria a via real para a compreensão do ser vivo em geral, isto é, de nos ensinar a ver o ser vivo com o modelo da bactéria. Aceitar tal modelo é aceitar que o segredo do ser vivo é seu programa genético, sobre o que incidem as operações da biologia molecular, o que tem conseqüências bem concretas no nível do poder simbólico e no que concerne à política das ciências. Isabelle Stengers, Quem tem medo da ciência? São Paulo:Siciliano, 1990


O Programa Genético

A palavra interesse tem raízes latinas bem interessantes: “inter esse”, “estar entre”.

O cientista que quer ser inovador, que quer criar história, deve ser um estrategista dos interesses. Seu trabalho é interessar a todos aqueles que podem ajudá-lo a criar uma história que passe por ele. I. Stengers


Operadores e conceitos em saúde

Modelos animais: biologia molecular, biologia celular, fisiologia, patologia, farmacologia, psicologia

Pesquisas com humanos: aspectos metodológicos e éticos. O método epidemiológico. As ciências sociais e as ciências do comportamento.

Porque se interessar por práticas não científicas? Como aderir a práticas não científicas?


Nada é tão perigoso quanto a certeza de ter razão.

François Jaco


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