OLD Nº 42

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Nยบ42 Fevereiro de 2015


Revista OLD Número 42 Fevereiro de 2015 Equipe Editorial Direção de Arte Texto e Entrevista

Capa Fotografias

Felipe Abreu e Paula Hayasaki Felipe Abreu Angelo José da Silva, Felipe Abreu e Paula Hayasaki Tuane Eggers Arthur Monteiro & Isabela Lyrio, Dani L., Inês Correa, Tuanne Eggers e Tathy Yazigi

Entrevista

Tatewaki Nio

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Livros

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Prêmio Brasil Fotografia Exposição

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Tuane Eggers Portfolio

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Dani L. Portfolio

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Tathy Yazigi Portfolio

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Tatewaki Nio Entrevista

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Arthur Monteiro & Isabela Lyrio Portfolio

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Inês Correa Portfolio

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Reflexões Coluna

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A segunda edição da OLD em 2015 se concentrou em dois temas: corpo e fotografia experimental. No primeiro bloco da edição apresentamos três trabalhos em que o corpo é o foco principal em suas produções. No trabalho de capa, assinado por Tuane Eggers, o corpo em sintonia com a natureza e as delicadas e coloridas vidas dos fungos compoem o trabalho Há Vida por Todos os Cantos. Seguindo temos a série Mulheres Vestidas de Nudez, produzida por Dani L. No ensaio, a fotógrafa se dedica à investigação visual do corpo feminino, da maneira mais delicada e honesta possível. Em Meus Quartos Tathy Yazigi apresenta uma série de autorretratos em suas moradas. As fotografias apresentam as profundas relações que construimos com os lugares em que moramos e como eles nos transformam e nós os transformamos. O segundo bloco desta edição se dedicou à experimentação na fotografia. O primeiro ensaio, produzido por Arthur Monteiro e Isabela Lyrio apresenta a China contemporânea com o olhar lo-fi de uma câmera de plástico. Segundo os autores, o equipamento os libertou para uma visão muito mais dinâmica de um país em ebulição. Fechando a edição de Fevereiro temos o trabalho de Inês Correa que investiga performance e dança através da fotografia. Nas imagens de Inês, tempo e movimento são protagonistas, criando um ensaio fluido e envolvente.

Entre os dois blocos de portfolios, temos uma entrevista com Tatewaki Nio, fotógrafo japonês radicado em São Paulo. Nio foi um dos indicados na lista de fotógrafos brasileiros a serem seguidos, publicada pela TIME. A visão de Nio sobre São Paulo é impressionante. O fotógrafo sabe muito bem como registrar as nuances e a estranheza charmosa que dão toda a graça à capital paulista. Nesta edição começamos a ensaiar algumas das mudanças editoriais que virão em 2015. Espero que vocês gostem do que vem a seguir e das novidades que virão nos próximos meses!

Felipe Abreu


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LIVROS

MALDICIDADE DE MIGUEL RIO BRANCO

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Miguel Rio Branco é um dos maiores fotógrafos da história do nosso país. Apesar de estrangeiro, Rio Branco é um brasileiro nato e sabe como ninguém representar as nuances e as cores obscuras do Brasil. Seu trabalho tem uma relação muito forte com cores dominantes, com fases vermelhas, azuis, sempre com uma saturação marcante. Além das cores, Rio Branco também tem um olhar afiado para registrar os excluídos e marginalizados em suas cidades. Sua fotografia dura e direta mostra a difícil e marcante vida de seus personagens. Com foco neste aspecto de seu trabalho, a Cosac Naify publicou em parceria com fotógrafo o livro Maldicidade. O grande volume é uma avalanche de imagens, todas fortes, todas estouradas em suas páginas, te levando em uma cada vez mais envolvente espiral de decadência. As imagens são fortes, o ritmo é crescente e o trabalho de Rio Branco é hipnotizante. Depois do decepcionante Você está feliz? o novo livro do fotógrafo radicado no Rio de Janeiro traz à tona a força de mais de 40 anos de fotografia, em uma merecida e reveladora retrospectiva visual.

Disponível nas principais livrarias do país Valor: R$ 200,00 400 páginas


LIVROS

SONGBOOK DE ALEC SOTH

Alec Soth ganhou fama internacional com seus retratos sérios de paisagens e pessoas desoladas pelo interior dos EUA. Seus livros Sleeping by the Mississipi, Broken Manual e Niagara já são clássicos da fotografia da América do Norte. Curioso e instigante é o fato de Soth ter abandonado essa abordagem para produzir seu mais recente trabalho: Songbook. O livro, publicado pela MACK em Janeiro deste ano, foi atingido pelo hype fotográfico instantaneamente. Cópias esgotadas, preços subindo e muito espaço na mídia especializada. Para os fãs de Soth o livro pode parecer decepcionante em uma primeira passada, mas com um olhar mais atento se percebe rapidamente outras qualidades no olhar do fotógrafo, agora calcado no preto e branco e no flash, mas ainda com uma constante busca pela revelação da identidade americana. Se as fotografias continuam sendo brilhantes, não se pode dizer o mesmo do projeto gráfico do livro. Desajeitado, simples e pouco inspirado, o livro não faz nada pelo trabalho, serve apenas de suporte, o que é uma imensa pena, considerando que o produziu.

Disponível no site da MACK Valor Médio: R$ 180,00 144 páginas

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EXPOSIÇÃO

OS VENCEDORES DO PRÊMIO BRASIL FOTOGRAFIA Vencedores da edição 2014 do Prêmio Brasil Fotografia apresentam os trabalhos selecionados na sede da Porto Seguro, no Centro de São Paulo

O antigo prêmio Porto Seguro, agora Brasil, de Fotografia é um dos principais selos de qualidade na fotografia brasileira. Além 08 de uma valiosa ajuda financeira no desenvolvimento de trabalhos fotográficos, o prêmio garante imenso reconhecimento e valoriza o trabalho de cada um dos selecionados. Em 2014 o grande homenageado pelo prêmio foi JR Ripper e sua fotografia humanista. O fotógrafo apresenta seu trabalho desenvolvido nos últimos anos por grande parte do território nacional. Seu olhar delicado e atento às questões sociais brasileiras garantem o merecido destaque dado pelo Prêmio Brasil. Na categoria ensaio foram premiados Gilvan Barreto, com Moscouzinho, e Sonia Guggisberg com Samarina. Gilvan e Moscouzinho já passaram pela OLD apresentando sua narrativa da república do afeto. O trabalho garante mais um prêmio e uma nova lufada de destaque para Gilvan. Sonia foi premiada com o ensaio Samarina que usa demolições como metáforas para sua obra. Marcos Muniz, Paula Almozara e Vinicius Assencio receberam bolsas para desenvolverem os projetos apresentados na exposição no centro da capital paulista. Muniz fotografou a rotina de uma

colônia Menonita na Bolívia, que vive sob uma série de rígidos costumes. A série é de uma proximidade marcante e mostra bem as possibilidades da fotografia documental contemporânea. Diferentemente de Muniz, Paula Almozara dialoga de maneira profunda com a instalação e a escultura. Sua produção fotográfica se dá associada a outras linguagens e formas de expressão, um misto entre diversos rumos das artes visuais. Vinicius Assencio caminha por uma estética mais conceitual, usando do tempo como principal ferramenta para sua criação. Suas imagens investigam a convivência na cidade e as transformações sociais no Brasil contemporâneo. Além da fotografia, Assencio também apresenta um trabalho muito forte com vídeo. A mostra, com todos os trabalhos premiados, está na sede do Porto Seguro, no centro de São Paulo. Mais uma vez o Prêmio Brasil faz um seleção eclética de trabalhos para a premiação, apresentando a pluralidade da produção visual brasileira. A Exposição Prêmio Brasil Fotografia 2014 segue em cartaz até 31/3 na Av. Rio Branco , 1489.


Marcos Muniz


Tuane Eggers Hรก Vida Por Todos os Cantos



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Há Vida por Todos os Cantos retrata as mais singelas existências ao nosso redor. São formas de vida delicadas, que muitas vezes deixamos de perceber nas nossos corridas e cansativas vidas. Tuane, nos conte como você começou na fotografia. Comecei a fotografar com uns 15 ou 16 anos, bem na época dos famosos fotologs, com autorretratos. De certa forma, foi a maneira que encontrei para dizer ao mundo que eu existia, aqui nessa pequena cidade do interior, onde ainda vivo. Nesse sentido, a internet teve um papel muito importante na minha vida. Com o passar do tempo, comecei a exercitar minha visão e observar e fotografar outras coisas. Além de poder mostrar o meu mundo para o mundo, a fotografia também tornou-se uma forma de criar um mundo só meu. Me apaixonei cada vez mais por esse universo e fotografar tornou-se quase uma necessidade. É uma maneira de expressar o que não sei dizer com palavras, por ser uma linguagem universal. É uma forma de registrar o que me encanta no mundo.

Como surgiu o ensaio Há vida por todos os cantos? O ensaio surgiu de maneira bem despretensiosa. Tenho um especial interesse por essas pequeninas vidas que nos cercam, e os cogumelos – e outros tipos de fungos – são belos exemplos disso. Essa forma particular de existência me encanta muito, principalmente, por sua mágica beleza e sua breve existência. Nos tempos imediatos em que vivemos, nem sempre nossos olhos são capazes de observá-los. No entanto, eles possuem um importante papel na decomposição da natureza e no próprio ciclo da vida. Assim, sempre que eu via esses seres misteriosos, tentava eternizar sua breve existência em imagens infinitas.


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Me encanta essa capacidade que a fotografia tem de registrar algo que aconteceu ou existiu no mundo – mas, de criar também um mundo à parte, um mundo inventado a partir do real. Há uma relação muito forte entre seus personagens e a natureza. Quais os objetivos desta construção? 22

Em 1965, o fotógrafo Haruo Ohara escreveu que, quando fotografamos uma planta, não somos nós que estamos a conduzir. Ela, em seu silêncio, nos descreve por meio dessa foto, relação na qual somos apenas o responsável pelo ato terminal. Para ele, o ato de criar imagens é uma forma de isolar tudo o que é imprescindível. Uma das coisas que mais me inspiram a fotografar é a beleza e o mistério da natureza. Penso que poucas coisas podem ser tão belas e surpreendentes quanto o ambiente natural. Além disso, percebo a necessidade urgente que temos de nos reaproximar dele. Seguindo o pensamento de Ohara, acredito que o simples ato de fotografar uma planta pode ser até mesmo um ato político. Isolar o que, de fato, é imprescindível em um mundo que está cada vez mais esquecido disso. Quais os papéis do fantástico e do surreal no seu trabalho? Me encanta essa capacidade que a fotografia tem de registrar algo que aconteceu ou existiu no mundo – mas, de criar também um

mundo à parte, um mundo inventado a partir do real. A fotografia representa um paradoxo entre o espaço e o tempo - enquanto ela congela o espaço, o tempo continua latejando dentro de uma imagem infinita. É como se as minhas fotografias fossem um recorte do mundo que quero habitar e guardar para sempre. Talvez esteja exatamente aqui o papel do surreal. Por não me identificar com muitas coisas do mundo real, fui criando esse universo imaginário. E penso que elas permitem que o observador também habite esse lugar. Qual a importância de usar diferentes ferramentas e abordagens visuais na sua fotografia? A fotografia, assim como o cinema, tem essa possibilidade de captar o mundo real, mas ao mesmo tempo, criar algo novo a partir disso. Portanto, eu gosto de – ao menos tentar – produzir algo diferente das imagens usuais que nos cercam diariamente. Coisas que utilizo bastante são filtros de efeitos, colocados na frente da lente, e o recurso da sobreposição, feito na própria câmera analógica. São maneiras simples de recriar o mundo percebido pelos nossos olhos e nossos corações.


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Dani L. Mulheres Vestidas de Nudez



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Dani L. apresenta uma série de retratos em que investiga a delicadeza e os detalhes de suas personagens, em um belo estudo sobre o corpo e a nudez feminina. Dani, nos conte sobre seu começo na fotografia. Sou artista visual. Desde pequena gostava de inventar coisas, desenhar e pintar. Na adolescência fiz oficinas de fotografia na escola, foi quando tive contato com uma câmera analógica profissional pela primeira vez. Mais pra frente, aos 18 anos, na faculdade de Educação Artística, produzi alguns trabalhos de diferentes técnicas e linguagens, porém vivenciei pouca coisa em fotografia. Nessa mesma época ganhei do meu pai uma câmera digital compacta... Foi aí que dei início aos meus experimentos com foto. Aos poucos fui encontrando na fotografia minha principal ferramenta de expressão artística.

Como surgiu seu interesse na fotografia de nus? Comecei meus estudos do corpo na fotografia a partir dos meus auto-retratos, a maioria eram feitos no meu quarto e eu estava sempre a vontade com pouca roupa ou nua. Gosto do frescor, da liberdade, do corpo na sua forma mais pura, nua e crua, sem capas. As roupas, na maioria das vezes, me trazem um certo desconforto visual.


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Quero mostrar a beleza do corpo na sua essência, sutileza e sensualidade natural. O nu na sua forma mais pura e sem vulgaridade.

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Quais são seus objetivos ao mostrar o corpo feminino em uma fotografia?

Como se ver em uma fotografia pode transformar a relação do personagem com seu próprio corpo?

Quero mostrar a beleza do corpo na sua essência, sutileza e sensualidade natural. O nu na sua forma mais pura e sem vulgaridade. Um olhar poético onde as pessoas contemplem o corpo como um instrumento artístico e não como algo meramente sexual. Procuro através do meu trabalho revelar mundos escondidos sob roupas.

Já fotografei pessoas que exitaram bastante antes de posarem nuas (talvez pela dificuldade em aceitar seu próprio corpo ou pelo preconceito que se tem acerca do nu artístico). Felizmente, a grande maioria, depois que ver o resultado final do trabalho passam a se enxergar como elemento da obra e instrumentos de arte.

Quais são as diferenças de se fotografar um corpo masculino e um feminino? Você prefere trabalhar com homens ou mulheres? Pra mim não há coisa mais fascinante do que um corpo totalmente despido seja ele masculino ou feminino. É fato que por ser mulher e ter me fotografado bastante, haja uma identificação imediata ao fotografar outras mulheres. Sou apaixonada pelas formas do corpo feminino, por isso produzi muito mais com mulheres. O nu masculino ainda é um desafio pra mim. Estou desenvolvendo um novo projeto com homens, em breve veremos o resultado dessa experiência!


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Tathy Yazigi Meus Quartos



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Meus Quartos é uma série de autorretratos que discute corpo e moradia, um recorte de imagens que mostra a interação entre a fotógrafa, seu corpo e cada um dos locais em que ela habitou durante a produção do ensaio. Tathy, nos conte sobre seu começo na fotografia. Comecei aos 16 anos, quando comprei minha primeira câmera. Uma Pentax MZ-M. Nunca tive aulas, brinco que tive anjos, pessoas que passaram pelo meu caminho me indicando direções. Fotógrafos, ou apenas interessados em fotografia apareceram para me auxiliar em algum aspecto: uma amiga dos meus pais me ajudou na compra da câmera, um amigo imprimiu informações técnicas sobre fotografia da internet, e eu ia fotografando e aprendendo ao mesmo tempo. Mais tarde, um fotógrafo para quem eu costumava posar, me emprestou seu estúdio para eu começar do outro lado da câmera! E assim foi. A era digital veio, passei a fotografar amigos do teatro tanto no palco, como fora dele. Considero o teatro minha escola de fotografia: organizar elementos e movimentos no espaço é o mesmo que

criar um quadro. Abri um pequeno estúdio, fui morar fora, voltei a fotografar com equipamento analógico, mudei de casa e meu estúdio veio junto. Ainda fotografo atores, mas hoje meu foco está nos meus projetos pessoais. Como surgiu o ensaio Meus Quartos? Estava viajando pela Turquia e meu ex-namorado sugeriu que eu me fotografasse por lá. Não tinha me empolgado tanto até chegar num quarto escavado numa montanha de pedra na Capadócia. Lá fiz os primeiros retratos e só quando revelei o filme e percebi a potência que pode ter uma imagem de um corpo em relação à um espaço carregado de história, é que decidi que viraria uma série. Passei a me fotografar em todos os quartos pelos quais passava. E desde 2012 sigo fazendo o mesmo: ou viciei, ou é uma série sem fim!


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Me sinto mais livre posando para mim, por saber o que eu quero como resultado, mas ao mesmo tempo mais crítica.

Qual a importância do autorretrato na sua produção fotográfica?

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Encontrei no autorretrato o meu lugar. É uma ferramenta que me possibilita atuar como performer (tenho formações em dança e artes cênicas) e fotografa ao mesmo tempo. Estar dos dois lados da câmera. É um prazer poder criar um quadro e encontrar nele um lugar para meu próprio corpo. Cada retrato me ensina mais sobre mim e sobre o diálogo entre meu corpo e os espaços que habita, meu foco de pesquisa no momento. A ação que refina a interação, que refina o olhar, que refina a fotografia. Você vê este ensaio como um diário visual? Qual a importância de registrar visualmente seus diferentes quartos? A série não deixa de ter um caráter de memorando, uma lembrança de cada lugar pelo qual passei, mas mais importante do que registrar os quartos como um diário, é descobrir novas relações entre corporeidade e espacialidade. Como posso interagir com o espaço para criar uma nova realidade dentro daquela que já existe. O quarto deixa de ser somente um quarto quando comporta uma presença. O foco é a conversa entre as histórias dos “cenários” e as histórias que habitam o meu corpo.

Como você busca dirigir a atuação em suas fotografias? Por serem autorretratos você se sente mais ou menos livre? No teatro aprendi que emprestamos nossas carcaças para os personagens, que só são mais uma parte dentro do grande mecanismo que é a obra. Texto, atores, cenários, figurinos, encenação tudo está à favor de algo maior, que é a peça. Acho que na fotografia é a mesma coisa. Todos os elementos: espaço, luz e meu corpo, que vira mais um dos objetos, à favor da imagem. A própria fotografia me dirige. O ideal do retrato que quero realizar, o que está na minha cabeça, é que dita a qualidade corporal, posição, tensões e intenções para cada ambiente. Me sinto mais livre posando para mim, por saber o que eu quero como resultado, mas ao mesmo tempo mais crítica. Quando poso para outros fotógrafos, posso ter ou não a mesma liberdade, depende da relação com cada um. Pode ser que simplesmente esteja emprestando meu corpo para a ideia de uma outra pessoa, o que também é prazeroso, mas também pode ser que o fotógrafo queira fotografar mais livremente minhas pesquisas de interação com o espaço apenas com algumas indicações. Gosto de jogar todos esses jogos!


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OLD ENT

TATEWA


TREVISTA

AKI NIO


Tatewaki Nio chegou em São Paulo no ano de 1998. Desde então vem se dedicando a fotografar a metrópole de uma maneira delicada, com um foco especial nas construções da caótica capital paulista. Apesar de estrangeiro, Tatewaki entende muito bem os detalhes e os charmes de São Paulo, tanto que figurou, no meio do ano passado, na lista da TIME de fotógrafos brasileiros a serem seguidos, ao lado de Pedro David, João Castilho, Breno Rotatori e outros. Tatewaki, nos conte sobre seu começo na fotografia.

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No começo, o meu interesse na fotografia foi ligado muito à viagem. Era um meio para registrar novidades nas terras alheias. No Brasil viajei muito no sertão nordestino para conhecer a fé e a cultura local. Mas em um certo momento cheguei a sentir que seria mais interessante para mim registrar São Paulo como o meu espaço. Como você busca definir os temas e as abordagens para os seus ensaios?

Os temas quase sempre são definidos depois de produzir algumas imagens. Revendo as imagens produzidas surgem ideias para montar ensaios. Para mim é importante e interessante observar detalhadamente o mundo real ao meu redor. Você vê a imagem como uma linguagem universal? O quanto foi importante para você poder se expressar com a fotografia em uma terra em que você não tinha total domínio da língua local? Conforme o passar do tempo em São Paulo, me interessei na fotografia como um meio para abrir um caminho alternativo para

comunicar a sociedade local. Creio que o interesse surgiu porque tive, e ainda tenho, dificuldade no idioma local. Desde então pretendo produzir projetos inteligíveis mesmo sem uma explicação verbal. Para a imagem tornar-se uma linguagem universal creio que seja melhor ser apresentada como um ensaio com imagens plurais. Pois em formato de ensaio o interesse ou o conceito do autor torna-se mais visível. A curiosidade em relação à São Paulo é essencial na sua produção? Que São Paulo você deseja mostrar? Pública, privada, bonita, feia? Uma das características do aspecto da cidade de São Paulo é a alta quantidade de ruínas, ou seja edifícios abandonados, do estilo moderno nas áreas movimentadas. Não intento mostrar o lado negativo da cidade através das imagens que faço dos edifícios abandonados. Ao contrário, vejo certa beleza contraditória neles e esta beleza me atrai. Qual a importância do tempo no seu registro da cidade? Você deseja falar sobre o futuro nas suas fotografias? O tempo é uma questão importante em vários aspectos da minha produção. Como faço fotos na rua o tempo ou seja, a condição climática é fundamental. Costumo refazer fotos do mesmo lugar pelo mesmo ângulo nos dias diferentes. E para esperar a luz adequada e o momento apropriado não é raro demorar mais de que uma hora ou tempo ainda maior para apenas um clique. Tenho um projeto intitulado Escultura do Inconsciente, cuja produção foi iniciada em 2006 e continuada até hoje. O foco principal deste projeto é a passagem do tempo gravada nas paisagens urbanas. Os edíficios


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em demolição ou em abandono que fotografo podem ter desaparecido num futuro próximo. O projeto é executado pelo ponto de vista futuro. Como a cultura urbana influencia sua produção fotográfica? Se a cultura urbana no caso referir a pichação ou grafite, eles são os outros fatores decisivos que conformam a característica da cidade no dia de hoje. Quando houver pichação ou grafite numa cena que fotografo não me importa a qualidade gráfica, o significado ou a autoria das expressões. Eles não são o foco da minha fotografia. Mas eles são elementos enriquecedores que nem gotas de pimenta na comida. Você acredita que a arquitetura e a construção urbana são uma fonte inesgotável de inspiração? Mais do que arquitetura me interessam a natureza e a história humana gravada no superfície das arquiteturas. Portanto, quase não tinha fotografado edifícios limpos e novíssimos como trabalho autoral. O que me dá muita inspiração é a natureza na área urbana.

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Arthur Monteiro & Isabela Lyrio O ImpĂŠrio do Meio



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O Império do Meio é uma viagem pela China contemporânea, pelas suas contradições e pelos elementos que ainda unem o passado comunista e o presente consumista da segunda maior potência econômica do planeta. Isabela, Arthur, nos contem sobre o começo de vocês na fotografia. Isa: Comecei fotografando espetáculos teatrais e no fotojornalismo despertei para a importância da fotografia como ferramenta do conhecimento e da memória. Arthur: Quando eu era criança, meu pai fotografava a família utilizando uma Olympus Trip, que se tornou minha primeira câmera aos 14 anos. Desde 1998, comecei profissionalmente lecionando cursos básicos de fotografia, sempre fui um observador da vida cotidiana, com seus personagens e hábitos.

Como surgiu o ensaio O Império do Meio? Ao viajar pela China moderna e antiga, comunista e consumista, pudemos ver no horizonte denominadores comuns - guindastes e chaminés de fábricas, das mais isoladas regiões às megalópoles. Por ser um país superlativo, percebemos em grande escala os símbolos do mundo contemporâneo. Buscamos construir uma reflexão sobre as transformações culturais que afetam a humanidade graças à industrialização e globalização, utilizando câmeras em que o material predominante é o plástico, cujo maior produtor é a China. Nas imagens, a estética é crua e livre de pós produção, um contraponto ao hiper realismo da nossa sociedade de consumo que nos convida ao distanciamento do nítido presente.


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As câmeras de plástico libertaram fotógrafos e fotografados da paranóia atual. Seu uso nos possibilitou enxergar os dias de maneira mais leve Como foi registrar visualmente uma cultura tão forte e específica como a Chinesa? 72

A China é um país múltiplo e monumental - são 56 etnias oficialmente catalogadas e mais de cinco mil anos de história escrita, repleta de ascensões e quedas de impérios, épocas de guerra, riqueza e fome. Apesar de sempre ter mantido intercâmbios comerciais com outros países, os chineses se mantiveram enraizados em suas tradições por séculos e compreendê-las é tarefa complexa. Porém, após a abertura da economia para o exterior, nota-se um processo de re-identificação cultural muito veloz, que está transformando os hábitos milenares em uma cultura pasteurizada e inspirada no ocidente. Vocês fizeram uma longa viagem para produzir o trabalho. Como esta viagem transformou vocês e ajudou a definir a abordagem do ensaio? Para passar tantos meses nos deslocando, tínhamos que nos organizar para levar apenas o essencial. E pensar o essencial é um grande desafio nesta época repleta de necessidades ilusórias e descartáveis, grande parte delas fabricadas na China. Ao mesmo tempo, consumir é um conceito relativamente recente para as últimas

gerações de chineses, pois até o início da década de 80, a economia era completamente fechada e a população vivia majoritariamente no campo. É evidente o deslumbre diante da real possibilidade de adquirir bens de luxo, mesmo tendo Mao Zedong como ícone ideológico. Como fotógrafos documentaristas, abordamos essas contradições através do conteúdo, metodologia e estética. Quais foram os desafios e interesses de representar uma cultura e espaço contemporâneos com uma técnica fotográfica tradicional? As câmeras de plástico libertaram fotógrafos e fotografados da paranóia atual. Seu uso nos possibilitou enxergar os dias de maneira mais leve, sem o peso de uma câmera profissional entre nós. Além disso, outro aspecto de O Império do Meio é o contraste entre tempo dilatado do processo analógico com as ansiedades da era da pressa em que vivemos. Esta relação tranquila com o tempo nos estimulou a contemplar os detalhes milimétricos e a velocidade impressionante da China.


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Inês Correa Sem Título



Inês Correa explora o movimento, o tempo e a performance em sua fotografia. Nesta série o movimento se vê congelado em imagem, se transformando em uma nova criação. Inês, como você começou na fotografia?

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Não sou e nunca fui fiel ao fazer fotográfico. Toda imagem me captura em certos aspectos, consequentemente a imagem fotográfica. Quando tinha treze anos me interessei pela fotografia porque meu pai fotografava carrapatos e pequenos parasitas no microscópio para fins de pesquisa científica. Pedi a ele a câmera para fazer experiências mas ele, como professor que era, disse: leia, entenda, aprenda a fotografar. Comecei a fotografar tudo, tudo mesmo que estivesse diante de mim – a família, os bichos, a casa, os moradores do lugar, paisagens. Nos anos noventa retomei o fazer fotográfico e dez anos depois fui trabalhar no Teatro Fábrica e fiquei interessada principalmente em fotografar dança, porque dança é, de certa forma, movimento. Deste encontro dança-fotografia percebi que a fotografia estava de volta e proporcionando perguntas de um outro entre em mim: entre foto jornalismo e foto arte. Em 2007, a fotografia me atraiu a mergulhar no universo da pesquisa da imagem da dança e tornei-me membro do CED – Centro de Estudos em Dança –, coordenado pela profa. Dra. Helena Katz, crítica de dança do Estadão. Desde então, a fotografia tornou-se foco e continuo a olhar para ela como possibilidade, como um entre o aqui e acolá, talvez o lado de cá e o lado de lá.

Como foi o processo de edição deste ensaio? Quais critérios entraram em jogo? O processo de edição de um ensaio pode ser este ou aquele. Este ensaio não está acabado, está em movimento contínuo como todo o trabalho fotográfico proposto. As imagens foram selecionadas de uma série de muitas outras feitas entre os anos 2007-14, imagens retiradas da dança contemporânea ou de performances que vieram ao encontro do meu fazer fotográfico. Elas foram levadas para o curador Eder Chiodetto no Grupo de Estudos e Criação em Fotografia do Ateliê Fotô e, de certa maneira, reapresentadas aqui. Esta pequena série pode ser melhor entendida conhecendo a curadoria do Eder, por um lado, e adicionando o meu olhar e fazer, o que me instiga a produzir imagens. As imagens mostradas a ele por mim foram aquelas que trazem movimento, quebra, dúvidas. Tenho muitas perguntas e poucas respostas. O corpo se pinta como um rastro num quadrado escuro. Meus olhos buscam nos “entres”, nas entrelinhas, no vão, no viés, réplicas a interrogações que se aglomeram e que fazem uma, não representação ou reprodução de algo, mas uma das possíveis reapresentações de algo e da própria fotografia.


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Não tenho certeza se o corpo está desconstruído nestas fotografias. No meu entendimento ele pode estar recuperado, revitalizado, revigorado até. O movimento é parte integral da sua fotografia? Há um desejo de espremer mais tempo dentro de uma única imagem?

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O movimento, o tempo, o espremer são, sem dúvida alguma, partes deste fazer fotográfico. O movimento provavelmente como um querer não estagnar e o tempo no sentido da memória de um tempo fotográfico sempre passado. Quanto ao espremer, em uma fotografia há de se considerar o momento em que a luz expressa sua intenção ou quando a ausência dela omite o que não pretende evidenciar. Este “momento em que a luz expressa” pode ser melhor entendido na etimologia do termo. No livro A Imagem Jacques Aumont “indica bem que se trata de espremer, de forçar algo a sair, como se espreme o suco de laranja”. Afinal, o fotógrafo revela, mas não “retira o véu” de algo com as lentes de sua câmera. Apenas revela uma das muitas possibilidades de apresentar ou reapresentar um objeto.

O corpo está desconstruído dentro das suas fotografias? Há o objetivo de transformar e ressignificar ações corporais nas suas imagens? Não tenho certeza se o corpo está desconstruído nestas fotografias. No meu entendimento ele pode estar recuperado, revitalizado, revigorado até. O que está escrito em luz nesta série é uma cadeia ou um aglomerado de pequenos pontos de luz que organizam um corpo subjetivo. Estes pontos, alvos do meu olhar, caçados por um tipo de lente podem ser capturados de duas maneiras. Ou espalhados num recorte tempo espaço sugerido, compondo um tipo de rastro - o que Ronaldo Entler distingue como “tempo inscrito” -, ou compactados num tempo espaço, num outro tempo ou “tempo denegado”. Nos dois casos ele, o corpo, desponta e se remaneja em diferente cena. Não consigo olhar para este corpo como desconstruído mas construído de pontos de luz retirados de um alvo branco distribuído numa superfície negra mirados por um observador que encontra-se do outro lado cercado num tipo de vão estreito. Não posso dizer que há o objetivo de transformar ou ressignificar ações corporais nestas imagens a partir do momento em que o que está sendo observado no momento do fazer fotográfico são pontos de luz em movimento que estão sendo perseguidos para concepção de uma cena.


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REFLEXÕES

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A assim chamada fotografia de natureza busca registrar elementos naturais, reservando para o indivíduo o lugar de escala, ou seja, privilegiase a forma, a cor, as linhas, a estética em detrimento do “social” com aspas tanto para o social quanto para esta “definição” de fotografia de natureza.


COLUNA

A NATUREZA DAS FOTOS DE NATUREZA

Inspirado por uma experiência de viagem chego ao tema da natureza. Afinal, essa jornada foi para o interior da mata atlântica, uma reserva particular de proteção da natureza chamada Sebuí, Paraná, Brasil. Muita natureza inclusive a humana. Volto os olhos para essa relação transformada entre o homem e a natureza, a fotografia e a fotografia de natureza. Aqui um par de parênteses me escorrem para a ponta dos dedos, teclado, tela e título... O livro de Stephen Shore A natureza das fotografias. Um trabalho muito bom, um livro teórico que articula texto e imagens deixando um espaço maior para a fala das imagens do que para o gaguejar das letrinhas. Fica a dica. A assim chamada fotografia de natureza busca registrar elementos naturais, reservando para o indivíduo o lugar de escala, ou seja, privilegia-se a forma, a cor, as linhas, a estética em detrimento do “social” com aspas tanto para o social quanto para esta “definição” de fotografia de natureza. A idéia comum de registro que associamos à fotografia analógica perde espaço aqui, porque o registro na fotografia de montanhas, praias, etc. ocupa um lugar secundário. A emoção ocupa o lugar central. Estou pensando aqui em Ansel Adams e suas fotos magníficas. A principal força daquelas imagens, responsável em larga medida por convencer os políticos dos Estados Unidos a criar parques nacionais para a preservação da natureza, está menos no registro da quantidade de árvores que ali aparecem e mais nas memórias, sentimentos e emoções evocadas por elas. O último projeto de Sebastião Salgado, Gênesis, também nos ajuda a pensar sobre esse tema. Ali aparecem pessoas mas de tal forma apresentadas que se fundem com o meio natural. O que chama a atenção, mais uma vez, é a estética ou mais precisamente um

chamado à tomada de consciência em relação à destruição do planeta. As fotos de Adams e Salgado se mostram atualmente mais como expressão artística do que como fotojornalismo, fotografia documental ou fotografia de natureza. E, se pensarmos nos trabalhos de Frans Lanting ou Cláudio Marigo, fotógrafos de natureza, nosso olhar contemporâneo busca – e encontra – mais a beleza nas imagens por eles produzidas do que o registro. A fotografia digital libertou a fotografia do seu papel de ser evidência. 89 E esta não é uma questão técnica, tecnológica. Salgado iniciou seu trabalho em Gênesis com película passando posteriormente para o digital por motivos técnicos e logísticos. E, ao final, ele retorna a película em formato quatro por cinco polegadas, “queimando” a prata com suas imagens digitais, para poder imprimir cópias em papel fotográfico, prata e gelatina. O ponto de foco não é técnico, portanto, para compreendermos o que mudou na natureza das fotografias de natureza. Ele é humano porque a mudança está em nosso olhar transformado pelas mudanças técnicas, estéticas, filosóficas.

Angelo José da Silva é professor de sociologia na Universidade Federal do Paraná e fotógrafo. Suas pesquisas mais recentes focam o espaço urbano e o grafite.


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Isabel M. Martinez


INSTITUTO INTERNACIONAL DE FOTOGRAFIA FINE ART: PÓS-PRODUÇÃO E MERCADO $ YHQGD GH IRWRJUDƬDV LPSUHVVDV FRP DOWD TXDOLGDGH H GXUDELOLGDGH Ä XPD RS¾R DLQGD SRXFR H[SORUDGD SRU PXLWRV IRWÎJUDIRV XPD YH] TXH D DWXD¾R QHVWH QLFKR UHTXHU XPD VÄULH GH FRQKHFLPHQWRV HVSHFÈƬFRV $R SHUFHEHU HVVD GHPDQGD R ,,) FULRX R FXUVR Fine Art: Pós-Produção e Mercado PLQLVWUDGR SRU $OH[ 9LOOHJDV TXH RIHUHFH XPD IRUPD¾R DEUDQJHQWH QR TXH VH UHIHUH DR WUDWDPHQWR D SÎV SURGX¾R LPSUHVV¾R H FRPHUFLDOL]D¾R GHVVH WLSR GH SURGXWR 'XUDQWH R FXUVR R DOXQR WHP D RSRUWXQLGDGH GH FRPSUHHQGHU HVWH DPSOR PHUFDGR TXH LQFOXL JDOHULDV GH GHFRUD¾R JDOHULDV GH DUWH FROHFLRQDGRUHV H PXVHXV ¤ RIHUHFLGR XP SDQRUDPD PHUFDGROÎJLFR TXHP V¾R RV FRPSUDGRUHV H TXDLV V¾R RV WLSRV GH WUDEDOKR TXH OKHV LQWHUHVVDP $ SDUWH WÄFQLFD LQFOXL R FRQKHFLPHQWR GH WRGRV RV SURFHGLPHQWRV QHFHVV¼ULRV SDUD UHDOL]DU DV LPSUHVVÐHV GHVGH R WUDWDPHQWR GD LPDJHP

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