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Pereira – Predição do parto prematuro Quanto menor o tamanho do colo, maior a chance de trabalho de parto prematuro, uma vez que o a diminuição cervical constitui uma das primeiras etapas do processo de parturição e antecipa o trabalho de parto em quatro a oito semanas. O comprimento do colo é o guia ultrassonográfico mais importante, e a sua medida é feita linearmente, no plano sagital entre o orifício externo e o interno, delimitados pelo início e pelo fim da mucosa endocervical ecogênica. As três melhores medidas de comprimento do colo do útero devem ser registradas e o menor relatado. Este método tem provado ser muito confiável, com interobservador baixa e variabilidade intraobservador menos do que 7%. Outros achados secundários também podem ser alcançados com o exame, tais como a presença de afunilamento, detectado pela abertura do orifício interno do colo uterino superior a cinco mm, e a ausência do eco glandular endocervical 8. A aferição do colo uterino pode ser feito pelo toque vaginal e pela ultrassonografia abdominal ou vaginal. O toque vaginal, com objetivo de verificar as características do colo (dilatação, esvaecimento e posição), revela baixa sensibilidade e baixo valor preditivo positivo para a detecção do parto prematuro. Obtém- se melhores resultados para a predição do parto prematuro com a ultrassonografia transvaginal. Em comparação com a técnica abdominal, a via vaginal é mais benéfica, pois permite a avaliação da porção supravaginal do colo uterino com menor interferência das partes fetais no segmento inferior do útero, além de não necessitar do enchimento vesical 8. Um estudo envolvendo 154 mulheres mostrou que a mudança do tamanho cervical é um importante fator preditivo de parto 9. Outrora, analisadas covariáveis como: idade, paridade, e história de parto prematuro. As pacientes avaliadas tinham pelo menos duas ultrasonografias com tamanho cervical. Analisaram que o risco de parto prematuro aumentou à medida que o tamanho cervical diminuiu, (P menor que 0.05). Não apresentaram interações significativas entre o tamanho cervical inicial e mudanças no seu tamanho. Contudo a maior taxa de partos prematuros aconteceu cujas mulheres com tamanho cervical eram menores que três cm na primeira ultrasonografia (23%). Sendo assim, o tamanho cervical menor que três cm antes de 16 semanas de gestação está associado ao parto prematuro, foi a conclusão final. Segundo os autores, quanto mais rápida a Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives

diminuição do colo cervical, maior o risco de parto prematuro. Um trabalho muito importante neste contexto foi realizado por Carvalho et. onde foram avaliadas 1.958 gestantes com comprimento do colo igual ou superior a 20 mm, relatando que esse comprimento é preditor de risco para o parto prematuro espontâneo. Desse modo, aquelas com comprimento inferior a 20 mm devem ser consideradas de maior risco e precisam de maiores cuidados. O comprimento do colo cervical menor que 20 mm demonstrou melhor valor para prenunciar o parto prematuro em idade gestacional menor que 37 semanas e adicionalmente para idade gestacional igual ou inferior a 34 semanas. Para os dois conjuntos de partos prematuros, o valor preditivo negativo do comprimento do colo uterino foi maior que 90%, enquanto que os valores preditivos positivos foram menores (58% para parto inferiores a 37 semanas e 42% para parto menor ou igual a 34 semanas). No caso de gestantes com história de parto prematuro, o valor de corte encontrado também foi de 20 mm. Na gravidez gemelar, consideraram o colo cervical curto, quando menor que 25mm 4. Mais de 600 estudos foram realizados nestes últimos anos para predizer qual o melhor comprimento, melhor ponto de corte e a melhor técnica. Além do comprimento surgiram diversos interesses em desenvolver novas técnicas que poderiam ser usados para avaliar as mudanças no colo do útero que precedessem o trabalho de parto prematuro. Atualmente, a consistência do colo do útero (índice cervical de consistência) tem sido a grande vedete. A grande dúvida tem sido em estabelecer intervalos de referência para esta nova variável, e determinar se este está correlacionado com o comprimento do colo uterino 10. De acordo com estes estudos, o colo do útero amolece antes de ser encurta. Esta é uma descoberta importante porque as mudanças no comprimento do colo uterino pode ser uma característica mais tardia, refletindo as mudanças que ocorrem na microestrutura do colo do útero e na concentração de água durante o processo de amadurecimento. Essas mudanças ocorrem sem sintomas e não são detectados pelo rastreio precoce de comprimento cervical no primeiro trimestre. Portanto, é razoável considerar o uso de índice de consistência cervical para detectar precocemente alterações na consistência do colo do útero (mesmo antes de 10 semanas de gestação), porque a identificação preEURP 2012; 4(2): 44-48


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