EmbalagemMarca 211

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Ano XVIII • Nº 211 • Março 2017 • R$ 15,00

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entrevista

inovação

Renato Larocca fala sobre o lançamento da empresa de treinamentos The Packaging Academy

Danoninho em stand-up pouch traz conveniência para o consumidor em movimento

É original? Pirataria, desvios, adulterações e violações ameaçam a qualidade do que consumimos, mas ações com embalagens podem ajudar a proteger as grandes marcas

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Editorial UMA CONVERSA COM O LEITOR

Um desafio para reflexões Fora todo o debate que merecem a recente Operação Carne Fraca da Polícia Federal e as consequências econômicas e de imagem que causaram às empresas atingidas, ao setor brasileiro de proteína animal e à economia, seu ruído é um bom motivo de reflexão para a cadeia de valor de embalagem no campo dos alimentos. E convém lembrar ser este o ramo da economia que consome mais da metade da produção de tal insumo. Ainda que pareçam ser poucos os casos comprovados de fraude e de comercialização de produtos deteriorados e adulterados por alguns fabricantes (prática usual no mundo inteiro, como podem imaginar até os menos informados), estão mais uma vez em pauta a garantia de qualidade e dos prazos de validade da comida industrializada que se oferece aos consumidores. Nem vem mais ao caso o fato de a fiscalização, ou seja, a vigilância sanitária, cumprir indevidamente ou não cumprir o dever de vetar tais práticas. Mas aí, confirmando a afirmação bíblica, é que de fato a carne é fraca. Foi o que parece ter-se dado no caso que levou à ação policial-midiática com esse nome e que, por sua vez em clima de Eclesiastes, se deixou levar pela vaidade de surgir aos holofotes. Sendo assim, que outros meios haveria para garantir a segurança ali-

mentar para os consumidores e de marcas aos produtores? Um deles, em nosso entendimento, é a reiterada assertiva de que as embalagens e, nelas, implementos de segurança, podem – com nosso pedido de perdão pelo jogo de palavras – garantir as garantias. Alguns desses instrumentos são mostrados na reportagem de capa desta edição, de autoria do editor executivo Guilherme Kamio. Outra alternativa pode representar, a nosso ver, uma oportunidade aberta a transformadores e aos fabricantes de insumos para as chamadas embalagens inteligentes, como etiquetas e filmes flexíveis que mudam de cor quando os alimentos acondicionados em embalagens com eles produzidas ou decoradas começam a perder as características adequadas de gosto, cheiro, cor, consistência e valor nutricional que tinham ao ser processados. Como é descrito no artigo O que garante a garantia?, publicado na edição anterior de EmbalagemMarca, (emb.bz/210) na Alemanha as autoridades responsáveis pela segurança alimentar de sua população estão incentivando a adoção de soluções como essas, em substituição à impressão de datas de validade. É um desafio pelo menos para reflexões. Até abril.

Wilson Palhares

“Operação Carne Fraca abre oportunidades para fabricantes de embalagens e insumos oferecerem itens que mudam de cor conforme as condições do conteúdo, podendo assim garantir a integridades dos produtos independentemente dos prazos de validade impressos nos recipientes”




Edição 211 • Março 2017

Sumário 3 Editorial Operação Carne Fraca abre oportunidades para

foto de capa: © Monika Adamczyk | Dreamstime.com

fabricantes de embalagens e insumos oferecerem soluções que garantam a integridade dos produtos

8 Painel Potências no mercado de águas se unem para desenvolver

Reportagem de capa Etiquetas, selos e fitas contra a violação de embalagens podem evitar desde pequenas perdas até grandes prejuízos a fabricantes de bens de consumo

garrafa de PET 100% derivada de resíduos orgânicos • Growler de vidro para cerveja começa a ser fabricado no Brasil • Nova gigante de rótulos agora tem nome: All4Labels • CCL Industries confirma aquisição da Innovia

14 Inovação Danoninho em stand-up pouch traz conveniência para o consumo em movimento 16 Logística Cresce o número de empresas na América Latina que adotam o sistema de paletização com stretch hood

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18 Entrevista Muitos projetos de aumento de eficiência nas linhas produtivas e inovações não acontecem porque as empresas não têm tempo para se dedicar a eles. “Existe um conhecimento latente nas empresas, que precisamos ajudar a transformar em projetos”, diz Renato Larocca, diretor da The Packaging Academy, empresa de treinamento focada no setor de embalagem 24 Redesign Ao completar cem anos, Vigor tem logotipo e embalagens redesenhados

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32 Internacional Galão de óleo lubrificante traz tubo aplicador que facilita o uso

33 Reciclagem Natura firma parceria com recicladora de liner e deixa de enviar resíduos para aterros 34 Artigo Como diminuir a frustração entre prova contratual e resultado final impresso Por Aislan Baer 38 Display Cervejaria artesanal leva Realidade Aumentada para rótulos • Multipack para sorvetes é novidade no mercado • CocaCola amplia uso de minilatas • Devassa lança pó em sachê para saborizar chope • Ambev estreia no mercado de águas e reverte lucro para combate à seca

42 Almanaque Guarda-chuvas de chocolate, sucesso no século passado, ainda resiste • Cachaça incentivava jornalistas a beber durante o expediente • O xarope que curava tudo

Empresas que anunciam nesta edição Arclad.............................................7 AMR............................................. 31 Avery Dennison........................42 Baumgarten.....................22 e 23

Designful.................................... 27 Grandes Cases.................... 4 e 5 Gualapack.................................. 15 Indexlabel........................ 2ª capa

Macpet....................................... 31 MLC............................................. 21 Multivac.......................................11 Optima......................................... 9

Redação: Wilson Palhares | palhares@embalagemmarca.com.br • Guilherme Kamio | guma@embalagemmarca.com.br Flávio Palhares | flavio@embalagemmarca.com.br • Comercial: comercial@embalagemmarca.com.br Diretor de comercial: Marcos Palhares | marcos@embalagemmarca.com.br • Gerente comercial: Roberto Inson | roberto@embalagemmarca.com.br Arte: Carlos Gustavo Curado | carlos@embalagemmarca.com.br • Administração: Eunice Fruet | eunice@embalagemmarca.com.br Eventos: Marcella Freitas | marcella@embalagemmarca.com.br • Circulação e assinaturas: assinaturas@embalagemmarca.com.br

Simei........................................... 37 The Packaging Academy....... 13 Versacolor................................. 19 Zip Pak........................................29 Publicação mensal da Bloco Comunicação Ltda. Rua Carneiro da Cunha, 1192 6º andar • CEP 04144-001 • São Paulo, SP (11) 5181-6533 • (11) 3805-5930 www.embalagemmarca.com.br

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Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS EMBALAGENS E DAS MARCAS

Edição: Guilherme Kamio guma@embalagemmarca.com.br

BIOPLÁSTICOS

Gás no natural Potências do mercado de águas se unem para desenvolver garrafa de PET totalmente derivada de resíduos orgânicos

A Danone e a Nestlé Waters, duas das maiores empresas de água engarrafada do mundo, uniram forças com a startup americana Origin Materials para formar a NaturALL Bottle Alliance. A parceria visa desenvolver e lançar em escala comercial uma garrafa de matriz 100% biológica para substituir aquelas feitas de PET convencional utilizadas no envase de águas. O projeto tem por objetivo desenvolver um bio-PET totalmente derivado da biomassa de resíduos e subprodutos agrícolas ou industriais, evitando o consumo de recursos da produção de alimentos para consumo humano ou animal. As empresas envolvidas afirmam que a matéria-prima será “tão leve em peso, transparente, reciclável e protetor do produto quanto o PET de hoje, sendo melhor para o planeta”. Numa planta-piloto situada em Sacramento, Califórnia, a Origin Materials já conseguiu produzir amostras de PET com 80% de base biológica. Uma fábrica começará a ser construída este ano para uma produção inicial de 5 000 toneladas de PET com 60% ou mais de origem orgânica já em 2018. O plano é ter garrafas com 75% de conteúdo “verde” em escala comercial em 2020, aumentando para 95% em 2022. Com pesquisas e refinamentos de processo, o índice de 100% seria alcançado logo em seguida. Inicialmente, o projeto utiliza resíduos de papelão ondulado, aparas de madeira e serragem para a obtenção da biomassa. “Outros materiais, tais como cascas de arroz, palha e resíduos agrícolas, poderão ser explorados”, informa nota sobre a aliança. A Danone e a Nestlé Waters dizem estar fornecendo expertise, equipes e apoio financeiro (valores não revelados) para a Origin Materials. As empresas pretendem disponibilizar a tecnologia para toda a indústria de alimentos e bebidas. Garrafas completamente feitas de PET de base biológica já foram anunciadas por outras fabricantes de bebidas – entre elas a Coca-Cola, há quase dois anos (ver emb.bz/plantbottle). Sobre tais soluções, John Bissell, diretor executivo da Origin Materials, faz duas ressalvas: elas ainda não teriam previsão de escala comercial e baseiam-se em matéria-prima virgem. “Não queremos competir com a produção de alimentos”, ressalta o profissional.

8 | Março 2017

Objetivo de Nestlé e Danone é ter garrafa de matriz 100% biológica nos próximos anos



Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS

EMBALAGENS E DAS MARCAS

VIDRO

Opção nacional A Owens-Illinois desenvolveu e acaba de lançar uma nova embalagem de vidro para a venda de chope e cervejas especiais. Trata-se de um growler – garrafão com formato de jarra bastante utilizado em mercados internacionais. De acordo com a empresa, é o primeiro recipiente do gênero produzido no Brasil. O modelo, com capacidade para 2 litros, será oferecido como retornável, de modo a proporcionar economia e impacto ambiental reduzido. “Por ser retornável, o growler evita o consumo e descar-

te de embalagens”, comenta Daniel Amaral, gerente de marketing, inovação e desenvolvimento de novos produtos da Owens-Illinois. “Além disso, ele também é vantajoso quanto ao custo-benefício, pois permite que a bebida seja comercializada com preços mais baixos”. A vidraria vinha notando demanda crescente do mercado nacional de cervejas artesanais por growlers – inclinação que vinha sendo atendida por meio de importações de garrafas ou por adoções de exemplares de outros materiais.

De produção inédita no Brasil, growler é indicado para chopes e cervejas especiais

FECHAMENTOS

RÓTULOS

Inovação ao alcance

Potência denominada

A Aptar Food + Beverage passa a oferecer no mercado brasileiro o Daisy Squeeze, sistema de fechamento para pouches (bolsas plásticas) verticais. Consiste numa tampa flip-top dotada da válvula SimpliSqueeze, que permite ao consumidor liberação controlada do conteúdo, sem excessos ou respingos, mediante a

DaisySqueeze: fechamento para pouches está disponível no Brasil

compressão da embalagem. A válvula é vedada por um anel de puxar, que garante inviolabilidade ao produto acondicionado. A solução foi desenvolvida para um creme azedo lançado em 2015 pela americana Daisy Brand. O uso inovador de pouch com tampa no segmento rendeu ao projeto diversas distinções, entre eles um troféu na mais recente edição do WorldStar, prêmio da Organização Mundial de Embalagem (WPO). De acordo com Ana Toledo, gerente de desenvolvimento regional de mercado Food + Beverage da Aptar no Brasil, a solução pode ser incorporada “a embalagens para ketchup, molhos de salada, spreads e uma imensa gama de produtos similares”.

CELULÓSICAS

BARREIRA

Um aval a mais

Centro de coatings

A WestRock ampliou seu programa de certificação de matérias-primas no Brasil com o aval do FSC (Forest Stewardship Council). As operações locais da multinacional americana já eram reconhecidas pelo Cerflor (Programa Brasileiro de Certificação Florestal) desde 2005. “A nova certificação demostra ainda mais o compromisso em garantir que a fibra de madeira utilizada em nossas embalagens seja cultivada e colhida de forma ambientalmente e socialmente responsável”, diz a WestRock. A companhia possui 54 000 hectares de florestas plantadas no País.

A suíça Archroma inaugurou seu novo Centro Global de Excelência em Tecnologia de Superfícies e Revestimentos. O complexo, localizado em Bradford, na Inglaterra, destina-se ao desenvolvimento de soluções inovadoras em barreiras e revestimento de superfícies para os mercados de embalagens e papéis especiais. Um dos objetivos da empresa é aperfeiçoar sua linha de coatings recicláveis ou biodegradáveis para recipientes de alimentos. O valor do investimento nas instalações não foi divulgado.

10 | Março 2017

Baumgarten, do Brasil. RAKO e X-label Group, ambas da Alemanha. A fusão dessas três gigantes do setor gráfico, anunciada em setembro de 2016, teve nome definido: All4Labels – Global Packaging Group. O novo grupo surge ocupando a posição de terceiro maior player mundial em conversão de rótulos. Juntas, as parceiras registraram em 2016 um faturamento superior a 450 milhões de euros. Com 26 unidades fabris e cerca de 3 000 funcionários, a All4Labels atende mais de 2 000 clientes. A sede do novo grupo se localiza em Witzhave, na Alemanha. A gestão continuará nas mãos dos proprietários das três empresas. Matthias Kurtz e Adrian Tippenhauer (RAKO), Tim Fiedler e Jan Oberbeck (X-label) e Fernando Gabel (Baumgarten) vão atuar ainda como membros da diretoria executiva da corporação. Entre os pontos fortes da All4Labels estarão soluções em impressão digital, vertente em que o grupo afirma deter a liderança no mercado global de rótulos.

Unindo uma empresa brasileira e duas alemãs, All4Labels surge como terceira maior no mercado mundial de rótulos


númeroS Steralia: novidade para a confecção de bolsas esterilizáveis para a área médica

PAPÉIS

Permeabilidade e barreira Fabricante de papéis especiais, a sueca Munksjö anuncia o lançamento do Steralia, um papel dedicado à confecção de bolsas de alto desempenho para a esterilização de dispositivos médicos. O material, feito de fibras virgens e não revestido, garantiria permeabilidade adequada nos principais métodos de assepsia de componentes hospitalares (vapor, ar quente, Eo-Gas, FORM-Gas e radiação gama) e, ao mesmo tempo, barreira avançada a bactérias. Disponível em 60 g/m2 ou 70 g/m2, permite impressão flexográfica, envernizamento e revestimentos, para identificação correta do conteúdo.

40%

É a redução de emissões de gases de efeito estufa que a Tetra Pak promete executar em suas operações até 2030, tendo por base índices de 2015. Em 2040, o abatimento alcançará 58%. O plano, alicerçado na redução do consumo de energia e no uso de eletricidade de fontes renováveis, é o primeiro na indústria de embalagens para alimentos a ser aprovado pela Science Based Targets (SBT) – iniciativa de cunho sustentável já apoiada por mais de 200 empresas.

28,4

bilhões de dólares Será o valor das vendas globais de embalagens do tipo retort em 2017. A estimativa é de um estudo publicado pela consultoria inglesa Visiongain. O retort designa a esterilização térmica de alimentos ou bebidas, já acondicionados, em equipamento de autoclave. Objetivo: aumento da vida de prateleira. Entre as embalagens utilizadas para o processo estão bolsas plásticas (mais de 55% de participação), latas, bandejas e cartonadas.


Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS

EMBALAGENS E DAS MARCAS

ADESIVOS

GENTE

Guia sobre PSA

Mudança na Berry

A Henkel lançou uma nova plataforma on-line com vasto conteúdo em português sobre aplicações, serviços técnicos e seu portfólio no campo de adesivos sensíveis à pressão (PSA) para aplicações diversas, entre elas a fabricação de rótulos autoadesivos. O conteúdo também pode ser visto em outros cinco idiomas: inglês, alemão, espanhol, turco e chinês. “Por meio do site será possível conectar indústrias de todos os lugares com nossos especialistas e discutir aplicações específicas”, diz Andre Baron, Head da área de Adesivos Industriais da Henkel para Brasil, Argentina e Chile. emb.bz/211henkel

Novo site traz dados sobre adesivos para a produção de rótulos

Nome importante no campo das embalagens plásticas, a Berry Plastics tem novo diretor geral. Tom Salmon (foto) assumiu o posto de CEO da multinacional americana no lugar de Jon Rich. Após ocupar o cargo por sete anos, Rich seguirá no conselho da companhia. A Berry atua no Brasil desde 2011, possuindo uma fábrica de tampas em Sorocaba (SP).

METÁLICAS

Chegada à Europa A Skiwater, produzida pela austríaca Skiwater Beverages, é a primeira bebida a utilizar na Europa a Alumi-Tek, garrafa de alumínio da Ball. Disponível no mercado norte-americano desde meados da década passada, a embalagem resulta da aplicação do conhecido método D&I (draw and ironing) de fabricação de latas com o acréscimo de processos de formação do ombro e acabamento licen-

ciados da japonesa Universal Can Corp. A garrafa, para 475 mililitros, tem boca larga e tampa de rosca. Gaseificada, à base de suco de framboesa orgânico e água dos Alpes Suíços, a Skiwater era antes vendida em garrafas de vidro. “Queríamos inovar e nos lembramos de uma garrafa de alumínio utilizada por alpinistas nos anos 1920”, conta Jitse Rupp, fundador da empresa de bebidas.

Garrafa Alumi-Tek passa a personificar bebida new age austríaca

MERCADO

PLÁSTICAS

Tacada em filmes

Salto em inovação

De atuação diversificada na indústria de embalagens, porém mais conhecida pelo fornecimento de rótulos e etiquetas, a canadense CCL Industries confirmou a aquisição da inglesa Innovia, fabricante de filmes de polipropileno para embalagens, rótulos e aplicações de segurança (como cédulas de dinheiro). O valor do negócio é de 1,14 bilhão de dólares. A Innovia tem 1 200 funcionários, cinco unidades de produção (situadas no Reino Unido, na Bélgica, na Austrália e no México) e um escritório comercial no Brasil, em São Paulo.

A Canguru Embalagens, convertedora de embalagens flexíveis com atuação destacada nos segmentos de higiene e beleza, alimentos e pet food, anunciou que nos próximos três anos destinará 3% de seu faturamento líquido a inovação. A empresa pretende adquirir máquinas e acessórios que possibilitem maior diferenciação em filmes técnicos e acabamentos de embalagens. Os recursos atenderão a quatro vertentes: sustentabilidade, conveniência, proteção e apresentação. “Queremos aumentar o reaproveitamento de materiais por meio da reciclagem e o uso de tintas com resinas renováveis”, exemplifica Marcelo Vieira de Sá, gerente de negócios da Canguru. O plano de investimentos dá sequência a uma série de mudanças na planta fabril da empresa, situada em Criciúma (SC). Intervenções já realizadas teriam gerado ganhos em eficiência de aproximadamente 25%.

Produção de filmes da Innovia: agora no portfólio da CCL

12 | Março 2017



Inovação

Uma grande ideia para encantar os pequenos Danoninho em stand-up pouch, conveniência no consumo em movimento

Projetos inovadores de embalagem não precisam, necessariamente, inventar a roda. São muitas as tecnologias disponíveis que, adotadas de forma inteligente, podem representar quebras de paradigma em segmentos específicos. É o caso de Danoninho Para Levar, versão para consumo em movimento do famoso iogurte petit suisse da Danone. Lançado em janeiro no mercado brasileiro em stand-up pouches (embalagens flexíveis que ficam em pé) dotados de spouts (bicos dosadores), o produto é o mesmo acondicionado nos tradicionais potinhos termoformados que fazem parte do imaginário das crianças (e de todos que foram criança a partir da década de 1970, quando a marca foi lançada no Brasil). Stand-up pouches (mesmo os dotados de spouts) também não são mais novidade por aqui – apesar de ainda haver grande espaço para que esse tipo de embalagem avance em nosso país. Da mesma forma, a estrutura de filme utilizada não é inédita. Mesmo assim, pode-se dizer que Danoninho Para Levar é uma grande inovação no que tange à embalagem. A nova apresentação de Danoninho tem méritos estéticos, Embalagem inovadora cria novas ocasiões de consumo para o iogurte petit suisse da Danone destacando-se em 14 | Março 2017

gôndolas refrigeradas onde as embalagens flexíveis ainda são menos corriqueiras. No formato do Dino, personagem icônico que chancela a marca, os stand-up pouches possuem uma tampa que amplia a visibilidade do produto e, acima de tudo, facilita a abertura e o consumo pelas crianças, que são o público-alvo principal da marca. O produto se mantem apto para o consumo até cinco horas depois de retirado da geladeira, o que, somado ao formato compacto, à resistência mecânica da embalagem e ao bico dosador que elimina a necessidade de talheres, faz de Danoninho Para Levar uma ótima opção para as lancheiras da petizada. O apelo ao consumidor nômade é, inclusive, bastante destacado no painel frontal. “Em 2015, passei sete meses na França, onde o projeto dessa embalagem foi desenvolvido, para acompanhar o

Karina Cerdeira: “O mais importante foi o engajamento da equipe.”


As premissas básicas da embalagem no Brasil são as mesmas usadas na Europa. “Houve uma adaptação da arte para a realidade local, e desenvolvemos um fornecedor local para a estrutura laminada”, detalha a executiva, que explica que os spouts hoje são trazidos da Holanda, onde foi desenvolvido o ferramental para produzir as peças com design exclusivo. Antes da estreia no mercado brasileiro, um grupo de pro-

fissionais da área operacional da fábrica brasileira foi enviado à planta da Polônia (que hoje abastece todo o mercado europeu com esse item) para acelerar o aprendizado. No varejo, vinte unidades do produto são agrupadas em um display de cartão, protegido por uma cinta de pape-

lão onda B, que protege as embalagens durante o transporte e serve para expô-las no ponto de venda, agilizando o trabalho dos repositores e mantendo boa visibilidade nas prateleiras. Em outras palavras, é um projeto que chega para mexer com o cenário competitivo desse segmento de mercado. fotos: divulgação

lançamento do produto na Polônia, onde ele estreou”, conta Karina Lopes Cerdeira, gerente de pesquisa e desenvolvimento de embalagem da Danone no Brasil. Durante quase dois anos (o projeto iniciou-se em 2013), foram analisadas várias alternativas até que a Danone chegasse a esse formato recortado, escolhesse a rota de produção das embalagens (formadas e envasadas em linha), definisse a estrutura do filme e viabilizasse detalhes técnicos, como a selagem do bico dosador. “Foi um projeto super inovador para nós, pois montamos uma linha nova e passamos a trabalhar com um sistema de embalagens que não possuíamos antes”, explica Karina. “O período que passei na Europa foi fundamental para que a adaptação para o mercado brasileiro ocorresse de forma tranquila, mas o mais importante foi o engajamento de nossa equipe, dos engenheiros ao pessoal da fábrica.”

Display de cartão ajuda a organizar a exposição dos stand-up pouches nas prateleiras


LOGÍSTICA

O capuz elástico avança Cresce o número de empresas no Brasil e em outros países da América Latina que adotam o sistema de paletização com stretch hood

Como ocorre em todos os campos da atividade humana, também na área de embalagem tendências anunciadas em geral levam tempo considerável até que se consolidem – quando se consolidam. Sem ir longe demais em rememorações, pode-se citar os casos das latas de bebidas (primeiro de aço, depois, de alumínio) e das garrafas de PET para refrigerantes, que se firmaram após muito vaivém de afirmações sobre sua adoção em larga escala. Mais recentemente, na esteira de intermitentes notícias a respeito da ampliação de seu uso, registrou-se a disseminação dos stand-up pouches como recipientes de grande variedade de produtos. Agora, ouve-se dizer que a tendência a caminho da efetivação, em termos de embalagens industriais secundárias, é a do stretch hood. Pouco mais de três anos atrás, EmbalagemMarca anunciava, em reportagem na edição número 158, “O potencial do capuz elástico”, uma das formas como é chamado em português esse sistema de paletização de objetos. Nele, a ação consiste na aplicação vertical de um tubo retrátil – feito com filme técnico especial, uma combinação de poliolefinas, com alta transparência – sobre a pilha de embalagens ou de outro volume, como refrigeradores ou lavadoras (veja no quadro Como funciona). A reportagem afirmava que o stretch hood, consagrado mundialmente como solução simples no processo de unitização e proteção para o transporte, “começa a dar passos firmes na América Latina”. À época, esse andar vinha se dando de forma lenta mas consistente, abrin16 | Março 2017

Por ser produzido no tamanho apropriado para os volumes que são paletizados, o capuz pode ser impresso com marca e logotipo da empresa usuária

do espaço para uma operação local da espanhola Plastigaur do Brasil, fabricante de stretch hood, entre outros filmes contráteis, atuar como plataforma para suprir, ao lado de outros fornecedores, o mercado interno e também os de países do subcontinente. Tal posição se fortaleceu há pouco mais de um ano, quando o Grupo Antilhas de embalagens adquiriu aquela operação, gerando uma nova unidade de negócios, a Antilhas Flexíveis. “A transação conferiu à

Antilhas o know-how que aprimora a oferta de tecnologia e suporte técnico na fabricação de produtos flexíveis”, considera o gerente executivo da nova unidade, Rodrigo Massini. O stretch hood é destaque no aumento da participação da empresa sediada em Santana do Parnaíba (SP) no segmento de plásticos flexíveis. Carlos Hugo Caramelo Oliveira, gerente técnico comercial da nova unidade, afirma que a Antilhas ocupa hoje


bom espaço (com produto feito 100% com resina nacional) antes preenchido por fornecedores europeus, “em bom número de países vizinhos e, evidentemente, no Brasil”. Ele cita, entre outras empresas locais que utilizam o stretch hood brasileiro, Braskem, Whirpool, Panasonic e Fricon (fabricante de freezers no Nordeste), sendo as três últimas na área de eletrodomésticos e com aplicação sobretudo em produtos da linha branca. Diz também que a Antilhas vem prospectando, “com excelentes perspectivas”, a área de cerâmica. Além disso está presente no segmento de produtos básicos para a construção civil que utiliza embalagens para produtos de consumo, como nos casos da Weber Saint-Gobain (argamassa) e da Cimentos Elisabeth, do Nordeste. No campo de matérias-primas para plásticos, o executivo cita a Braskem, ao mesmo tempo cliente, para paletização da sacaria de resina, e sua fornecedora do insumo para fabricação do capuz.

A Braskem, aliás, acompanha desde o início os movimentos de entrada do stretch hood no Brasil, tendo dado assistência técnica à Plastigaur, quando ingressou no País, segundo conta Rosângela Garcia, gerente de contas da gigante nacional da petroquímica. A parceria que dava à empresa espanhola foi mantida com sua sucessora Antilhas Flexíveis pela Braskem. “Trata-se de uma opção de tecnologia

com alta performance de características diferenciadas das demais, para MAIOR aplicação em embalagens industriais COMPRESSÃO secundárias e em outros segmentos, como o de cerâmica, para citar um exemplo”, diz Carlos Augusto Faria, engenheiro de aplicação da Braskem. Sua colega Rosângela Garcia entende que o conjunto de vantagens do stretch hood para determinadas aplicações vem sendo gradativamente percebido pelo mercado brasileiro, razão de ser da adesão de alguns segmentos de mercado e ao crescimento dessa tecnologia no país. MENOR De fato , segundo Rodrigo Massini, COMPRESSÃO da Antilhas, “a percepção dos benefícios do produto por parte de quem toma decisões estratégicas nas empresas vem resultando em crescente interesse”. Dentre as vantagens que estimulariam esse quadro nas empresas, o exePor último, ele lembra três aspectos cutivo arrola, em primeiro lugar, a da que trazem ganhos financeiros e de performance, ou seja, da compressão imagem/visualização: 1) ganho de protridimensional da carga (tanto no sendutividade, devido à agilidade na paletido lateral quanto no vertical), resultização (até 230 paletes por hora); 2) tando em maior firmeza do volume. “A dispensa o uso da lona no caminhão, carga fica com cinco faces protegidas, em função da proteção contra intemo que significa uma proteção superior, péries e também por garantir maior eficaz contra variações climáticas no estabilidade da carga; 3) possibilidade armazenamento ao ar livre e, portanto, de impressão da marca. reduzindo perdas”, diz. A esses benefíA Antilhas oferece duas modalidacios Massini acrescenta o de proteção des de comercialização do sistema: forcontra furtos, já que o filme, além de ser necendo só o filme, cabendo ao cliente altamente resistente a rasgos, é inteicomprar o equipamento de aplicação, riço, de modo que eventuais violações ou em regime de comodato. de carga são claramente evidenciadas.

Com pressão exercida tanto no sentido horizontal quanto no vertical, carga fica mais firme

1 – As quatro pinças recolhem o filme que está na parte superior da máquina

2 – O filme é selado na medida correta para formar o capuz

3 – O filme é estirado em até 90% para que seja aplicado ao palete

4 – As pinças começam a descer, estirando também no sentido vertical

Fonte: Plastigrau do Brasil

Processo de aplicação do stretch hood

5 – O capuz é vestido até a parte inferior do palete, garantindo estanqueidade

Março 2017 |

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entrevista

“Produtividade depende de capacitação” Muitas inovações e muitos projetos de aumento de eficiência nas linhas produtivas não acontecem porque as pessoas não têm tempo para se dedicar a eles. “Existe um conhecimento latente nas empresas, que precisamos ajudar a transformar em projetos.” É o que diz, na entrevista a seguir, Renato Larocca, diretor da The Packaging Academy, empresa de treinamento focada no setor de embalagens

18 | Março 2017

Com equipes enxutas, algumas empresas deixam de explorar todo o potencial inovador oferecido pelas embalagens simplesmente por escassez de tempo. As consequências disso para os novos projetos – inclusive os de inovação e de ganho de produtividade – são ruins. Muitas iniciativas positivas não prosperam porque não são avaliadas com o merecido rigor. Não por negligência, mas por falta de oportunidade. Lançada em março deste ano, The Packaging Academy, empresa de treinamentos especializada no mercado de embalagens, propõe-se justamente a servir de apoio para os brand owners em processos de inovação e em projetos de melhoria de seus sistemas de embalagem. “Funcionamos como facilitadores, como pesquisadores de caminhos, tirando esse peso de quem precisa fazer as linhas rodarem”, explica Renato Larocca, um dos diretores da empresa. Engenheiro de alimentos com pós-graduação e mestrado em engenharia de embalagem e uma longa atuação no setor, parte como cliente, parte como fornecedor, e mais recentemente como consultor, Larocca conta nessa entrevista como pretende ajudar as empresas a inovar. O país passa por um momento complicado, e muitas empresas hoje avaliam investimentos para elevar a produtividade de suas linhas. Qual o papel do profissional de embalagem nesse momento? Melhorar a eficiência das linhas de envase é, foi e sempre será uma preocupação das empresas. Normalmente, projetos com essa finalidade estão associados a redesenhos de embalagem, à renovação de equipamentos, à automação de algumas tarefas e à reorganização de processos. São muitas frentes, que podem estar sob responsabilidade de áreas distintas. O profissional de embalagem deveria fazer o meio de campo entre essas áreas, mas como ele fica muito envolvido com o dia a dia da fábrica, acaba não dando conta de olhar para novos projetos com a intensidade necessária. Há ações que poderiam melhorar o desempenho das empresas



Há muito conhecimento latente nas empresas. Precisamos ajudar esse conhecimento a virar projetos. É essa a nossa proposta de valor.

e acabam não evoluindo simplesmente porque as pessoas não conseguem olhar para elas com a merecida atenção. É nesse espaço que enxergamos a atuação da The Packaging Academy. O senhor poderia explicar melhor? Quando falamos em sistema de embalagem, estamos nos referindo não apenas à linha de envase. Uma embalagem afeta diferentes setores dentro de uma empresa, e as decisões sobre embalagem naturalmente são afetadas pelos interesses desses setores. Logística, marketing, produção, suprimentos, qualidade e a própria área de pesquisa e desenvolvimento deveriam ter objetivos comuns, mas isso não ocorre necessariamente na prática. Muitas vezes porque os incentivos dados pela própria empresa, na forma de remuneração, apontam para sentidos distintos. Mas há situações em que o problema é apenas de comunicação, de um entender o que o outro necessita. Pressionadas pelas tarefas urgentes, as diferentes áreas não se integram. Às vezes, até caminham em direção contrária. Nos treinamentos que preparamos, avaliamos caso a caso. Estudamos o sistema de embalagem, conversamos com as pessoas envolvidas, e só então definimos o conteúdo a ser trabalhado. Procuramos envolver as áreas de interesse para alinhar as expectativas e colocar todos olhando para a mesma direção. Os treinamentos são todos customizados? Sim. The Packaging Academy nasceu com a proposta inovadora de desenvolver cursos e treinamentos feitos sob medida para cada empresa, levando em conta a realidade do sistema de embalagem do cliente. Nosso objetivo é preparar conteúdos que não se restrinjam à teoria, mas que se concretizem na forma de projetos de melhoria que

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possam ser iniciados de forma rápida. Olhamos as linhas dos clientes para entender os processos existentes, os materiais de embalagem utilizados, as limitações existentes. E também para identificar os pontos onde há potencial para ganhos. Mas imagina-se que as empresas já façam esse tipo de análise rotineiramente... É verdade. Mas as empresas muitas vezes encontram-se envolvidas com os processos do dia a dia, e não conseguem avaliar projetos que alterem essa rotina. As equipes são enxutas, há rotatividade de profissionais, e um constante senso de urgência dá o tom nas tarefas. Nós temos a vantagem de ter um olhar especializado, mas externo e sem vínculo com os “incêndios” que precisam ser apagados. Nesse sentido, os treinamentos realizados por The Packaging Academy assemelham-se a uma consultoria. É isso? Não exatamente. É verdade que existe essa preocupação em fazer um diagnóstico e encaminhar possíveis soluções. Mas isso não é feito de forma prescritiva, como ocorre com uma consultoria, que posteriormente faz o trabalho de implementação. A ideia é catalizar melhorias através de decisões das próprias pessoas que trabalham nas empresas que nos contratam. Funcionamos mais como facilitadores, como pesquisadores de caminhos, tirando esse peso de quem, no dia a dia, precisa fazer as linhas rodarem. Nossos instrutores têm conhecimento prático de chão de fábrica, e por isso falam a mesma linguagem que as pessoas que participam do treinamento. Acreditamos que a melhora da produtividade depende da capacitação das pessoas, e que há muito conhecimento latente nas empresas. Precisamos ajudar esse

conhecimento a virar projetos. É essa a nossa proposta de valor. Então o foco de vocês é o brand owner? Temos dois pilares. Um deles é efetivamente o brand owner, com treinamentos nos moldes que expliquei e com apoio na avaliação de possíveis rotas de inovação. Não entramos no mérito estratégico, a não ser que nos seja pedido. Nosso trabalho é retirar um volume enorme de trabalho de pesquisa que precede as decisões estratégicas, alinhar as pessoas dentro da empresa e colocar todos no mesmo ponto de partida. Mas também prestamos serviços para fornecedores do setor de embalagem, apresentando novas tecnologias com foco técnico, olhando se, e onde, elas podem ser úteis para um ou outro cliente em potencial. Esse é praticamente um trabalho de vendas, não? Não nos envolvemos com o lado comercial. Olhamos o que um fornecedor está apresentando, avaliamos se isso seria aplicável para o cliente e com isso facilitamos a vida dos dois, que não perdem tempo com reuniões desnecessárias. Imagine quantos fornecedores procuram uma empresa para oferecer seus serviços. Na correria, muita coisa que poderia ser útil acaba escapando, porque o cliente não tem tempo para receber o fornecedor, ou porque o fornecedor não está preparado para mostrar em que linha específica o produto que ele oferece pode ajudar o brand owner. É esse meio de campo que fazemos. É nesse ponto que The Packaging Academy encerra seu trabalho. Caso o projeto vá para frente, os dois lados avaliam, entre eles, o aspecto comercial. The Packaging Academy, então, é uma iniciativa para ajudar o brand owner a fazer o “trabalho braçal” no processo de


inovação em embalagem? Em boa parte, é isso. Avaliamos alternativas, sempre tendo como ponto de partida a realidade específica do brand owner. Depois, procuramos preparar as pessoas para olhar para essas alternativas já com o encaminhamento de possíveis soluções, o que encurta demais o processo, e tira desses profissionais um trabalho árduo. Importante, mas árduo. Para dar outro exemplo de como isso funciona, estamos indo com uma equipe para a Interpack, que é a mais importante feira de embalagens do mundo, e de lá vamos trazer relatórios técnicos customizados para quem não puder enviar representantes para a feira, ou para quem estiver lá, mas envolvido em tantas reuniões com fornecedores que não terá tempo para visitar todos os pavilhões em busca de novidades. Esse é um serviço que prestaremos em todas as feiras importantes de embalagem no exterior, sempre de forma personalizada. O nome The Packaging Academy sugere uma atuação que extrapola o treinamento e o trabalho “mais braçal” citado por você. Há algo na atividade de vocês que justifique esse posicionamento?

The Packaging Academy foi lançada formalmente agora em março, apesar de já estarmos conduzindo alguns projetos pontuais, e de já termos outros definidos para os próximos meses. Nossa proposta é muito mais ampla do que agir no dia a dia das empresas. Essa é uma parcela importante do nosso modelo de negócios, é onde buscaremos nossos clientes. Mas não vamos parar por aí, e apresentaremos novidades em breve. O que posso adiantar é que fomentaremos discussões mais conceituais de temas abrangentes relacionados às embalagens, tais como aspectos éticos, projetos de formação profissional e de desenvolvimento de carreira. Serão debates de cunho menos

técnico, mas de enorme relevância para a evolução desse importante setor da economia, que serão conduzidos por profissionais reconhecidos por sua capacidade técnica e que atuam na indústria usuária de embalagens. Mas prefiro não revelar mais detalhes agora, pois ainda há algumas formalidades que precisamos definir. Quem são esses profissionais? Essa é justamente a parte da novidade que ainda não posso contar. O que posso revelar é que serão profissionais de destaque em diferentes funções relacionadas com embalagem, vindos de diferentes segmentos de mercado.

RAIO-X The Packaging Academy é uma empresa de treinamentos formada em 2017 pelos sócios da revista EmbalagemMarca e por Renato Larocca, diretor da consultoria técnica Larocca Embalagens. Com enfoque inovador, a empresa prepara treinamentos sob medida a partir da análise dos sistemas de embalagem de cada cliente, visando qualificar os profissionais envolvidos e facilitar a avaliação de projetos de inovação.




Redesign

Marca revigorada Ao completar 100 anos, Vigor muda logotipo e design das embalagens A Vigor Alimentos, que acaba de completar 100 anos de atuação no mercado brasileiro, anunciou um amplo reposicionamento de sua marca institucional, que envolve o investimento de 20 milhões de reais. Com o novo posicionamento, a empresa adotou novo logotipo e renovou o design de suas embalagens. O objetivo das mudanças, de acordo com Gilberto Xandó, presidente da companhia, é consolidar a Vigor como uma das maiores empresas de lácteos do mercado brasileiro. O executivo ressalta que as mudanças refletem um ajuste macro na empresa e um grande passo para o futuro. “Vamos promover mudanças relevantes em todas as operações e mercados em que estamos presentes. O objetivo é sermos a melhor opção de nossos clientes e consumidores”, pontua Xandó. A modernização teve início pelo logotipo. A Vigor adotou uma identidade visual mais clean e menos arredondada. A fonte foi trocada por um estilo leve. A assinatura mudou para “Vigor. Descubra esse Sabor”. A mudança também contempla a alteração completa de todas as embalagens do portfólio da Vigor. Foram feitas alterações em mais de 130 embalagens de produtos, desde requeijões e iogurtes até queijos e margarinas.

Além de renovar as embalagens, Vigor apresenta novos produtos, como cream cheese aerado, iogurte grego com pedaços de frutas e iogurte em bandejas

Os novos layouts foram desenvolvidos pela agência Sterling Becker, de São Francisco (Estados Unidos), responsável pelo design de grandes marcas globais, como Oreo, Google e Facebook. Em alguns casos foram aplicados selos e ícones de utilização que garantam tanto a qualidade quanto a forma de uso de cada produto. A companhia aproveita o anúncio do reposicionamento para lançar dois novos iogurtes: Vigor Ultracremoso e Vigor Grego Pedaços (nos sabores cranberry, coco e damasco). A empresa passa a atuar também no segmento de iogurtes em bandejas. Até agora, a Vigor comercializava seus iogurtes apenas em potes individuais. Na divisão de queijos, a novidade é o Cream Cheese Danúbio Aerado, novidade no mercado brasileiro.

Logotipo novo

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Logotipo antigo



reportagem de capa

Adesões por segurança Etiquetas, selos e fitas contra a violação de embalagens podem impedir desde pequenas perdas a prejuízos mais sérios aos fabricantes de bens de consumo Por Guilherme Kamio

A pirataria é um problema crescente e um temor de muitos que produzem dentro da legalidade. Mas fabricantes de bens de consumo ainda estão sujeitos a outras práticas lesivas de terceiros, não tão elaboradas quanto as

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falsificações – logo, bem mais prováveis. São atos como desvios, adulterações e violações de mercadorias. Não existem dados precisos sobre essas “fraudes de campo” no Brasil. “Perdas por delitos na distribuição são

muitas vezes somadas a outras do processo produtivo, ou então mantidas em segredo pelas indústrias. Para elas, não é bom mostrar fraquezas ao público”, observa Antoine Dubacq, responsável pelo desenvolvimento de negócios da



Arjo Solutions na América Latina. Criada dois anos atrás pelo grupo francês Arjowiggins, autoridade em sistemas de autenticação de produtos, a Arjo Solutions oferece uma ampla gama de tecnologias para coibir violações de produtos, vendas paralelas (mercado cinza) e contrabandos. Boa parte de suas mais de 200 patentes ativas no mundo se relaciona a um recurso de custódia de implantação geralmente simples: etiquetas, selos e lacres autoadesivos do tipo tamper-evident, capazes de denunciar aberturas de embalagens. No caso da empresa francesa, esses aparatos podem ser desenvolvidos atendendo a quatro níveis de segurança. No primeiro, violações têm de ser comprovadas sensorialmente, por meio de sinais visuais ou táteis. Já o segundo nível implica verificações da integridade das etiquetas através de ferramentas como lupa ou luz ultravioleta (UV). O terceiro nível requer instrumentos de checagem especiais, e uso privativo. Por fim, o quarto envolve até análises laboratoriais. “Além de imitações de produtos, nossas tecnologias conseguem confirmar desvios, adulterações de conteúdo, reaproveitamentos de embalagens e trocas de invólucros”, garante Dubacq. Na prática, o repertório técnico proporcionaria desde a criação de etiquetas de segurança mais simples até a de variantes sofisticadas, em que as condições de produtos podem ser aferidas mediante leituras de códigos ou sinais ocultos.

Arjo Solutions desenvolve etiquetas tamper-evident sob quatro níveis de segurança. O grau mais rigoroso permite até verificação de integridade por meio de análises laboratoriais

Referência na produção de materiais autoadesivos, a Avery Dennison considera as embalagens nacionais um campo promissor para os impressos de proteção. “Enxergamos grande potencial para o uso de produtos autoadesivos

para segurança no Brasil”, diz Renato Rafael, gerente de produtos da operação local da companhia americana. Conforme explica Rafael, as soluções para evidenciar violações compreendem materiais destrutíveis (que delaminam

Avery Dennison oferece diversos materiais para a confecção de etiquetas do tipo “void”, que denunciam violações ao deixar inscrições permanentes no substrato

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ou se rompem quando há uma tentativa de remoção) e os chamados “voids” – que, uma vez removidos, deixam no substrato a palavra void (“inválido” ou “anulado”, em tradução livre do inglês). As especiarias abastecem convertedores

Uso de selos e lacres de segurança não se limita a produtos de alto valor. Qualquer mercadoria pode sofrer ações fraudulentas

especializados, sendo empregadas na fabricação de lacres para caixas de medicamentos e etiquetas pespegadas em caixas de eletroeletrônicos como smart-phones, a fim de atestar a legitimidade dos produtos.

Os materiais da Avery Dennison atenderiam desde a confecção de etiquetas padrão, de custo mais acessível, até soluções mais complexas e personalizadas para evidenciar violações de recipientes e envoltórios. É essa última categoria a vocação da ARclad. A empresa colombiana vem oferecendo no mercado brasileiro etiquetas e outros transformados autoadesivos que, uma vez removidos, podem revelar palavras ou imagens customizadas – nomes ou logotipos das empresas, por exemplo. “A qualidade do texto interno é perfeita e as etiquetas não deixam nenhum resíduo de cola, impossibilitando reposicionamentos do frontal na superfície das embalagens”, afirma Marcio Melo, especialista em proteção de marca e segurança da ARclad do Brasil. Os acessórios são afixáveis a variados materiais de embalagem e podem ser aplicados por meio de equipamentos automáticos.


Frutos de dez anos de pesquisas e fabricados em duas fábricas na Colômbia, os produtos autoadesivos de segurança da ARclad garantiriam blindagem superior contra ações fraudulentas. A personalização dissiparia chances de falsificações e reaplicações das etiquetas, temores presumíveis para os lacres de caráter genérico. Ademais, propiciaria mais um suporte para divulgação de marca. “Comparado a outros países, o Brasil está atrasado na defesa de bens de consumo”, considera Melo. “O uso de etiquetas é alto, porém com baixa proteção e pouca originalidade.”

Fitas da ARclad asseguram constatação de aberturas de caixas e embalagens de transporte

Produtos da ARclad já são utilizados no mercado nacional, mas detalhes das aplicações e identificações de usuários são mantidos em sigilo. A mesma postura é adotada pela Arjo Solutions. “Os projetos são, em geral, de alta confidencialidade”, justifica Antoine Dubacq. Segundo o executivo, iniciativas locais contando com expertise da empresa têm obtido reconhecimento em multinacionais. “Determinadas ideias brasileiras tornaram-se padrão de segurança para produtos em outros países”, ele repassa. Em função da demanda crescente, a Arjo Solutions investiu quantias não reveladas para viabilizar a produção de autoadesivos de segurança no Brasil e em países latino-americanos. A empresa trabalha com uma rede auditada de gráficas para diminuir custos de importação e nacionalização das etiquetas, melhorar o lead time e aumentar o resguardo do processo produtivo como um todo. “Existem gráficas no Brasil que superam em qualidade e eficiência muitas empresas europeias”, comenta Dubacq. De acordo com as empresas consultadas pela reportagem, o campo de aplicação dos autoadesivos de segurança é abrangente. “Produtos não precisam ter alto valor agregado para ser alvo de ações fraudulentas”, sentencia Renato Rafael, da Avery Dennison. “Hoje, temos etiquetas antiviolação sendo utilizadas em alimentos, bebidas e cosméticos.” Marcio Melo compartilha um caso do mercado colombiano em que a Nestlé adotou o artifício para garantir a

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integridade de um pack promocional de caldos culinários da marca Maggi. A ação, que consistia na oferta do produto em potes plásticos reutilizáveis, vinha sendo prejudicada pelo surrupio de cubos nos supermercados. Os recipientes, inicialmente lacrados com fita adesiva comum, capaz de ser removida e novamente afixada sem deixar vestígios, passaram a receber etiquetas tamper-evident. A ação não eliminou a possibilidade de furtos, mas ao permitir a visualização de exemplares violados, auxiliou em sua retirada das gôndolas, evitando aborrecimentos de eventuais compradores de unidades desfalcadas. O especialista da ARclad fornece

outros exemplos de uso em países vizinhos. No Peru, o pisco Majes adotou em tampas de garrafas etiquetas para garantia de originalidade e atuação como selo fiscal. Na Colômbia, no Chile no Peru, a operadora de telefonia Claro (Brightstar) implantou etiquetas em caixas de aparelhos celulares. “Esse setor sofre muito com roubos de acessórios e trocas de telefones novos por roubados ou usados, o que afeta a imagem da marca e gera grandes prejuízos”, diz Melo. Vale dizer que etiquetas do gênero podem também ser utilizadas para vincular itens em campanhas promocionais, evitando possíveis desmembramentos de combos pelo trade ou por consumidores. Em garrafas de bebidas, etiquetas especiais podem coibir violações e funcionar como selo fiscal

Na Colômbia, Nestlé adotou autoadesivo tamper-evident para evitar adulterações de packs promocionais de caldos culinários


Para estágios que antecedem o ponto de venda, a ARclad oferece fitas para fechamentos de caixas igualmente capazes de manifestar aberturas. Voltadas a companhias que fabricam ou transportam artigos vulneráveis a furtos e subtrações ao longo da cadeia de distribuição, elas podem ser aplicadas manualmente ou por meio de aparelhos dispensadores. O fato é que a conjuntura brasileira abona a importância desses autoadesivos de segurança. A distribuição de produtos é frequentemente pautada por várias etapas, intermediários e muito manuseio. Os canais de vendas são dispersos e cada vez mais multifacetados. Falta vigilância em processos logísticos e no varejo. Tudo isso favorece a ocorrência de manobras ilícitas ao longo do trajeto das mercadorias até o consumidor. Para quem atua na cadeia de valor das etiquetas contra violação, o cenário parece ser favorável. Em períodos econômicos mais complicados, como o presente, fabricantes de bens de consumo tendem a prestar maior atenção às perdas e a envidar esforços para debelá-las. Outros fatores sorriem para as soluções em questão. “Os hábitos evoluem e os consumidores cada vez mais exigem qualidade e garantia de procedência de produtos”, aponta Antoine Dubacq, da Arjo Solutions. “É bastante atual a preocupação das pessoas em saber o que comem e não serem enganadas pelas embalagens.”

Em países vizinhos, Claro recorreu a lacres da ARclad para evitar desfalques e trocas indevidas em caixas de telefones celulares


internacional

Desafio técnico com valor agregado Galão de óleo lubrificante traz tubo aplicador para facilitar uso

Embalagens grandes dão o tom no consumo de óleo lubrificante na Europa. Ao contrário do que ocorre no Brasil, onde é mais comum encontrar a venda fracionada em frascos de 1 litro, no Velho Continente as vendas são feitas nas quantidades requeridas para a troca do insumo – em geral, entre 3,5 litros e 4 litros. Mais pesadas, contudo, essas embalagens trazem desafios no momento da utilização. A Tetrosyl, gigante europeia do mercado de insumos automotivos, trouxe

uma novidade para o seu lubrificante Carlube AdBlue, destinado a motores a diesel, visando justamente resolver essa questão. Os galões de polietileno, com capacidade para 3,5 litros de óleo, foram desenhados com um rebaixo no painel traseiro, onde um longo tubo destinado ao dispensamento do produto é acoplado. O dispositivo facilita a aplicação em qualquer posicionamento do bocal, que varia conforme o modelo do veículo. O desenho da alça e da base do frasco foi

concebido para auxiliar o consumidor no manuseio da embalagem. O painel frontal do recipiente fica completamente livre para a rotulagem, feita com autoadesivo, ampliando a visibilidade da marca nos pontos de venda. O contrarrótulo tem a função de prender o tubo aplicador. A embalagem foi desenvolvida pela RPC Promens Industrial Plenmeller, fabricante de recipientes plásticos do Reino Unido.

fotos: divulgação

Galões têm rebaixo no painel traseiro, onde tubo aplicador é acoplado

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Reciclagem

Liner vira papel Em parceria com recicladora, Natura deixa de enviar sobras de adesivos para aterros

Um dos grandes problemas para indústrias que utilizam rótulos autoadesivos nas embalagens de seus produtos é o que fazer com o liner – a base de papel siliconado onde é colado o rótulo antes da aplicação. Normalmente, esses resíduos são enviados para aterros sanitários. Era o que acontecia até recentemente na Natura. Mas desde março deste ano os restos dos rótulos estão sendo recolhidos pela recicladora de liner Polpel, de Guarulhos (SP). A empresa transforma esses resíduos em matéria-prima para outros tipos de papel, principalmente em papel tissue (utilizado para produção de guardanapos, papel toalha e papel higiênico). Inicialmente, o volume de liner recolhido na unidade da Natura em Cajamar (SP) gira em torno de uma tonelada ao mês. “Mas ainda há espaço para ampliarmos a coleta em nosso Centro de Distribuição São Paulo e HUB Itupeva”, relata Fernanda Saturni, coordenadora do Núcleo de Materiais Reciclados e Logística Reversa da Natura. “Apesar de o volume ser pequeno, é um marco importante, tanto para a Natura, que inicia um projeto, quanto para a Polpel, que passa a contar com um parceiro que tem a sustentabilidade como DNA”, conta Marcelo Peixoto, sócio-proprietário da Polpel. O processo funciona da seguinte forma: a Polpel recebe liner, que tem alta resistência à umidade, e o transforma em polpa celulósica, matéria-prima para a produção de outros tipos de

papel, especialmente os do tipo tissue. “Produzimos uma polpa celulósica denominada Polpel Celulose. Isso significa que desenvolvemos um produto com base em uma tecnologia exclusiva na qual o papel liner passa por uma série de processos químicos e físicos até ser transformado em uma polpa que é encaminhada para os fabricantes de papéis”, explica Peixoto. O processo não gera efluentes porque há uma estação de tratamento que permite a reutilização de toda a água utilizada no processo.” De acordo com o executivo, além de ser uma tecnologia inovadora e única no mundo, o processo da Polpel tem a vantagem de ser 100% ecológico (sem a produção de efluentes) e evitar o desperdício de um material que até pouco tempo atrás era destinado aos aterros sanitários por ser considerado não reciclável. A tecnologia utilizada foi desenvolvida há mais de trinta anos por um dos sócios da empresa que, ao presenciar e não se conformar com a quantidade de liner gerada e destinada a aterros sanitários, idealizou um projeto no qual seria possível reciclar esse material através de um processo limpo e de baixo custo. A iniciativa permitiu que as empresas diminuíssem seus custos com aterros. A lista de clientes da Polpel inclui, entre outros, Damapel, Inpel, São Miguel e Bonsucesso. São estes clientes que colocam nas redes de supermercados produtos feitos com o Polpel Celulose.

Aparas de liner são transformadas em matéria-prima para produção de papel

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artigo

Para não perder o controle O que você vê é o que você terá: What You See Is What You Get ou como diminuir a frustração entre prova contratual e resultado final impresso Por Aislan Baer (*)

Uma das maiores “dores” que convertedores de embalagens e rótulos e seus clientes (os donos das marcas) vivenciam cotidianamente diz respeito à expectativa de resultados entre as provas contratuais aprovadas (digitais ou analógicas) versus os impressos da vida real. Via de regra e, com maior frequência, no segmento de flexografia, as provas contratuais apresentam melhores resultados visuais do que as referidas cópias impressas. Este problema de gerenciamento e alinhamento dos resultados entre simulações e produção, bem como entre diferentes fornecedores, levou, por exemplo, ao desenvolvimento de soluções de software em gerenciamen-

to de cores e, mais tardiamente, ao surgimento de empresas de pré-mídia e gestão de marca que, num espaço relativamente curto de tempo, ganharam notoriedade e passaram a ocupar o hiato de comunicação existente entre donos de marcas, impressores e as próprias clicherias e gravadores de cilindros de rotogravura. Empresas como Schawk, SGS, Trident e outras tantas de menor expressão fazem as vezes do cliente e definem os parâmetros técnicos da aprovação, acompanham o processo nos fornecedores de impressão, qualificam os referidos fornecedores e produtores das fôrmas de impressão (clichês ou cilindros); também ajustam o design para uma melhor reprodutibilidade

– muitas vezes sobrepondo-se ao próprio papel central de agências e estúdios de criação. O fato é que esta frustração comum dos donos das marcas ao receberem provas maravilhosas e impressos nem sempre animadores é fruto de um conjunto de pequenas coisas que, devidamente observadas, poderiam ser sumariamente evitadas – ocasionando menos estresse entre as partes, maior agilidade no desenvolvimento de novos produtos e, o principal, menores custos a toda a cadeia produtiva. Nas próximas linhas, de forma despretensiosa e, na medida do possível, a mais pragmática quanto nos for possível, vamos percorrer estes pontos críticos de controle.

Nem melhor, nem pior: igual O primeiro erro crasso em pré-impressão é querer fazer uma prova “melhor” do que a referência do cliente. Quando o tema é prova contratual, não há melhor ou pior: o objetivo é ser fiel em relação à qualidade de saída, o impresso. O que aos olhos do convertedor é “mais bonito” não necessariamente será aos olhos do dono da marca, tampouco ao designer que criou a arte original. E aí começam as primeiras grandes lacunas técnicas do setor de embalagens brasileiro. Como uma prova, afinal, pode ser considerada mais ou menos fiel em relação ao original? E o impresso, com respeito à prova? Fidelidade é um conjunto de atributos que

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podem ser mensurados. E boa parte das indústrias gráficas e convertedoras no Brasil mede nada ou bem pouca coisa. Uma olhadela nos chamados “boletins de inspeção da qualidade” vai encontrar mensurações de atributos como força de selagem, solvente residual (cromatografia), coeficiente de deslizamento (C.O.F.) estático e dinâmico etc.; quando, no entanto, os atributos de mensuração estão ligados a, por exemplo, cores e aspecto visual do impresso – na esmagadora maioria das vezes – o inspetor sinaliza com um genérico “OK” ou “NC” (de Não-Conforme). Poucas são as empresas que traduzem fidelidade em relação a um padrão em medi-

ções objetivas como contraste, densidade, ΔE (variação de cor), ganho de pontos, precisão de registro, balanço de grises e por aí vai. A máxima de que “quem não mede, não controla” é a mais pura verdade quando se quer reproduzir um original, em qualquer processo de impressão existente. Existe um acrônimo em pré-impressão (que dá nome ao subtítulo deste artigo) chamado: WYSIWYG (do inglês What You See Is What You Get, algo como “O que você vê é o que você terá”). Este é um ideal a ser seguido e, mesmo a despeito das variações intrínsecas dos processos gráficos, implica numa cultura de controle, monitoramento e fidelidade na reprodução.


Suporte da prova x suporte final Outro erro corriqueiro é aprovar certos padrões ou cartelas (principalmente as originadas em máquinas de prelo de rotogravura ou flexografia) em certos substratos e produzir em materiais diferentes. O resultado pode ser aviltante, como aprovar padrões impressos sobre um filme de polietileno e produzir num filme de PET ou BOPP – materiais com características de brilho, transparência e printabilidade absolutamente diferentes – ou, em casos mais sutis, aprovar em “simulações de estruturas laminadas” e esperar por um resultado idêntico no processo normal de produção. Explico: muitas das embalagens são impressas em rotogravura ou flexografia sobre filmes transparentes ou semitransparentes e acopladas a outras películas metalizadas (por laminação com adesivos ou por laminação por

extrusão). Há, no processo de laminação, um escurecimento natural das cores (com um leve acinzentamento) em função da somatória do valor tonal das tintas semitransparentes, do adesivo (em grau ínfimo) e do material metalizado do forro. O efeito é ainda pior quando há, ao invés da laminação sobre materiais metalizados, um processo de metalização sobre as tintas (neste caso, há escurecimento e, em muitos casos, um amarelamento geral das cores – fruto de falhas na aplicação de vernizes de proteção à metalização e da degradação dos pigmentos e resinas das tintas, quando expostos à elevada caloria do processo de metalização sublimático tradicional). A influência do suporte nas cores impressas também é significativa em provas contratuais impressas digitalmente versus os impressos

nos processos analógicos tradicionais como a rotogravura ou a flexografia. Isso porque as provas digitais usam como suporte, em sua maioria, papéis revestidos especiais, enquanto os impressos são eminentemente ancorados em filmes plásticos ou mesmo papéis de base diferente. As dificuldades em linearizar estes resultados entre provas digitais e impressos analógicos movimenta alguns bilhões de dólares anualmente no aperfeiçoamento de softwares para o gerenciamento das cores, criação de perfis colorimétricos, impressão de catálogos ou referências de cores em papéis e filmes e, não menos importante, no desenvolvimento de provas digitais que imprimam cada vez com mais assertividade e competitividade de custos os materiais fílmicos (a exemplo da Roland e sua prova Versa UV). Março 2017 |

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Variabilidade do processo: alinhando expectativas Talvez o maior desastre no diálogo entre o dono da marca e seu fornecedor-impressor diga respeito às tolerâncias na aprovação. Não existe processo sem variação. Mesmo os totalmente automatizados sofrem influências que desviam a qualidade, de forma mais ou menos estável, para cima ou para baixo do parâmetro-alvo. Isso é tão verdade que, se olharmos para o tal boletim de inspeção citado alguns parágrafos antes, veremos que, por exemplo, o coeficiente de deslizamento de um filme ou material de embalagem possui sempre um valor nominal e um range mínimo de variação aceitável. Outros parâmetros como o número de emendas em uma bobina podem ser especificados pelo cliente como “no máximo duas emendas por bobina” e conjugados a um número máximo aceito em um dado lote. Quase sempre, as referências de amostragem são baseadas na norma brasileira 5426 (Planos de amostragem e inspeção por atributos). O problema é que, quando o atributo é a tal fidelidade do impresso em relação à cartela ou amostra aprovada pelo cliente, a tolerância é zero. Raros convertedores produzem cartelas com variação (nominal, mínimo e máximo); desta parcela pequena, boa parte produz erroneamente (questões metodológicas de que falaremos a seguir) e a maioria esmagadora dos clientes sequer aceita uma cartela diferente do “nominal”. Fica aquela coisa de “finge que me engana, que eu finjo que acredito”. Cilindros entopem, clichês se desgastam, tintas variam a sua viscosidade e os substratos têm flutuações no quesito printabilidade, ao longo de uma bobina e de uma bobina para outra. Isso significa que é impossível manter o padrão nominal ao longo de uma produção, sem considerar minimamente pequenas flutuações. Assumir uma cartela de aprovação sem notificar e acordar

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com o cliente que, também para o atributo “qualidade de impressão” há de se especificar tolerâncias, é dar margem para o engodo. O jeitinho brasileiro se encarrega de levar ao cliente amostras escolhidas a dedo, “encapar” as bobinas de um palete com alguns metros da bobina que apresente o resultado mais próximo em relação ao padrão aprovado (o que se convencionou chamar de “remontar” bobinas) e toda a sorte de macetes eticamente questionáveis que o dono da marca sabe mas faz vista grossa. Tão mais fácil seria agir com a tecnicidade necessária e estabelecer parâmetros e tolerâncias objetivas de aprovação dos impressos, não? Ainda discorrendo sobre o fatídico tema das cartelas, há uma certa falta de metodologia também na execução dos padrões máximo e mínimo. Quer seja em rotogravura, quer em flexografia, o principal modus operandi para criar estas variações é, no início ou término de produção, diluir as tintas ou reforçá-las (colocando tinta nova com maior concentração e viscosidade ou, no caso da flexografia especialmente, substituindo os cilindros anilox por outros de menor e maior capacidade volumétrica). Variar a intensidade e a cobertura das tintas é apenas um aspecto de variação que se pode encontrar em um lote e que diz respeito à qualidade da impressão. Apenas para pontuar um exemplo, na flexografia os clichês e as fitas adesivas dupla-face responsáveis pela sua fixação e alívio da pressão de impressão desgastam-se ao longo de uma tiragem. O seu desgaste modifica atributos diretamente relacionados com a qualidade da reprodução e fidelidade para o original – o ganho de pontos, por exemplo, aumenta drasticamente nas áreas de meio tom. Isso significa que aquele pacote de bis-

coito com uma linda e apetitosa fotografia do produto caindo num copo de leite branco feito neve vai, gradualmente, escurecer e perder nitidez, contraste e shelf appeal. Até um ponto em que seja necessário parar para efetuar novos ajustes, substituir chapas e cilindros ou, o mais comum, que o lote (cada vez menor) termine. Em suma, é importante que os padrões de aprovação contemplem as grandes variações nos atributos principais de qualidade da reprodução ou que, pelo menos, o cliente esteja ciente e de acordo com as tais variações. Convertedores torcerão o nariz para este parágrafo. Depois de dezessete anos fazendo consultoria às indústrias de conversão e impressão no Brasil e no exterior, já estou mais do que acostumado. É o típico caso da estória infantil do alfaiate que teceu a nova roupa do imperador que “só os inteligentes podiam ver”. Na verdade, era só um belo engodo e precisou vir uma criança inocente a apontar que o imperador estava nu para desencadear uma bela balbúrdia. No caso da indústria de embalagens e impressão, só está faltando a criança cagoeta. Nesse imbróglio também tem o fato de que aprovação em máquina é um dos custos mais elevados que se pode ter numa operação de impressão. Hora produtiva e cara sendo utilizada para fazer prova. É por este motivo que a pressão de custos acelera o processo e pressiona impressores, coloristas e supervisores a fazer o mais rápido possível a fim de liberar o equipamento. As provas digitais cresceram por conta, dentre outros fatores, da desoneração do tempo produtivo das impressoras analógicas. O que pouca gente sabe é que um bom trabalho de gerenciamento de cores pode criar provas digitais não só alinhadas com o resultado final, mas produzindo simulações também assertivas das variações de um lote.


O eterno abismo entre design e produção O último e mais difícil paradigma que o setor precisa vencer é o abismo entre os criadores dos originais – os designers – e os reprodutores dos mesmos, os impressores. Cada um faz certa questão de não querer se envolver ou mesmo despreza a relevância do outro no contexto geral do projeto. O impressor estigmatiza o designer como um absoluto leigo no processo gráfico e, no caminho contrário, o designer categoriza o impressor como um preguiçoso, picareta e cheio de má vontade. Para colocar as coisas de forma clara e objetiva: quem cria originais deve ter sim um conhecimento abrangente das limitações do processo que os reproduzirá. Criar para flexografia é diferente de rotogravura, offset e assim sucessivamente. É preciso, por exemplo, saber que determinados degradês que em offset serão produzidos precisamente como a imagem original, em flexografia

sofrerão um deslocamento das mínimas (ao invés de iniciar em 0,5% da offset, podem acabar partindo de 5% ou 6%), com o objetivo de preservar os pontos na chapa, mesmo sob a ação da pressão de impressão, velocidade de degradação química da mesma. Cada processo tem suas limitações ou mesmo vantagens específicas que devem ser consideradas no design. Só para pontuar um último exemplo, cada processo de impressão atinge determinadas lineaturas, reproduz diferentes pontos mínimos, aufere certas densidades nos sólidos e mantém a legibilidade de textos positivos e negativos de certas fontes, com ou sem serifas, de tamanhos também variados. Em contrapartida, o impressor deve ter noções claras sobre conceitos e estruturas de design como legibilidade, contraste e tipografia, de forma a tomar decisões mais acuradas sobre o que é ou não aceitável em termos de reprodução.

(*) CEO da ProjetoPack & Associados – Empresa de Consultoria, Treinamento e Projetos em Embalagens Flexíveis, Rótulos e Tecnologias de Impressão; diretor técnico adjunto da ABTG, especialista em flexografia e editor da ProjetoPack em Revista


Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

Informações adicionais sobre fornecedores das embalagens estão nos links em vermelho no final dos textos.

Cervejas

Realidade Aumentada no rótulo Os rótulos da Cervejaria Leuven agora têm recursos de Realidade Aumentada (RA), tecnologia que combina a captura de imagens com a projeção de figuras em 3D. Trata-se de um processo de sobreposição de imagens digitalmente postadas em um ambiente virtual, dando uma sensação de uma ilusão ou realidade virtual.No caso dos rótulos da Leuven, a Realidade Aumentada faz com que os personagens que estampam os rótulos das garrafas ganhem vida e movimento quando observados pela câmera de um smartphone ou tablet. Além disso, os rótulos exibem informações complementares sobre os produtos. Os rótulos das cervejas Golden Ale, Red Ale e IPA, estampam figuras medievais e lendárias, com traços inspirados no universo dos quadrinhos e a Realidade Aumentada tem como referência o mundo dos games, elementos que se comunicam melhor com as novas gerações. emb.bz/211leuven

38 | Março 2017

Edição: flavio palhares flavio@embalagemmarca.com.br


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2

Águas

Refrescos

Medicamentos

Cosméticos

Chocolates

Alimentos

Água contra a seca 1

Chás orgânicos

Indicações em destaque

Base protetora

Identidade reformulada

Arroz gaúcho

A Ambev acaba de lançar seu mais novo produto: a água mineral AMA. Todo o lucro das garrafas de água vendidas será revertido a projetos de acesso à água potável no semiárido brasileiro. A AMA já está à venda nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro em garrafas de PET de 500 mililitros. Até o fim do ano, chegará a todo o país. emb.bz/211agua

A WNutritional lança no mercado a linha de chás Poder da Terra Mate Orgânico. As bebidas, nos sabores mate tradicional, mate com limão e mate com pêssego, são acondicionadas em embalagens cartonadas assépticas de 1 litro e 200 mililitros. emb.bz/211mate

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Profuse, linha de dermocosméticos do Aché Laboratórios, lança o novo protetor solar Ensolei Compact Color, que combina a textura da base com o toque seco do pó, além de efeito mate, FPS 50 e cor universal e translúcida. O novo produto é acondicionado em estojo plástico com espelho na parte interna da tampa. emb.bz/211profuse

As embalagens do analgésico Advil, da Pfizer, tiveram o layout modernizado. O novo visual destaca as indicações do produto. O número de cápsulas por embalagem ganhou mais evidência e facilita a escolha do consumidor. emb.bz/211advil

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A Diatt, marca do Grupo ZDA pioneira em chocolates diet no país desde 1994, revitalizou suas embalagens e incrementou sua linha com novos sabores. O portfólio da marca tem mais de 20 produtos segmentados em tabletes, bombons e barras. emb.bz/211diatt

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A Josapar lança o arroz Meu Biju Culinária Gaúcha. O produto é indicado para a realização de pratos típicos como arroz com galinha e carreteiro ou sobremesas como arroz doce. O arroz é acondicionado em embalagens flexíveis de 1 quilo. emb.bz/211arroz

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39


Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

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1

5

Sorvetes

Sucos

Matinais

Cervejas

Refrigerantes

Energéticos

Multipack de sorvetes 1

Rótulo para crianças 2

de cara nova 3

Maracujá e trigo 4

Mais latinhas

Latinhas fashion 6

A Perfetto acaba de lançar o multipack Fazendo Festa, uma caixa de papel cartão que acomoda 8 picolés de 50 gramas cada. O recheio do sorvete é uma massa cremosa sabor baunilha e a cobertura é de chocolate ao leite, produzido na própria fábrica de chocolates da Perfetto. emb.bz/211perfetto

A CRS Brands lança o Suco de Uva Tinta Integral Spunch, feito com 100% de fruta, sem adição de açúcar e sem conservantes. A bebida é acondicionada em garrafa de vidro de 1 litro. O rótulo de papel traz os heróis da Liga da Justiça (Super-Homem, Mulher Maravilha e Batman). emb.bz/211spunch

O Chocolatto, achocolatado em pó da marca 3 Corações, ganha novo design de embalagem e nova gramatura – 700 gramas. As embalagens flexíveis agora têm o formato cinco soldas. Outra novidade são as latas, onde o antigo rótulo de papel dá lugar à litografia (impressão direta na lata). O novo layout traz o coração, ícone da marca 3 Corações, como destaque das embalagens. emb.bz/211chocolatto

A família de cervejas de trigo Cervejaria Urbana ganha uma nova experiência com frutas: a Boo Maracujá, em garrafas de 300 mililitros. O rótulo segue a linha bem humorada da Urbana, e brinca com o “estilo Carmen Miranda”. emb.bz/211urbana

A Coca-Cola expande o uso de mini latas de 220 mililitros, no formato sleek, para toda sua linha de refrigerantes: Coca-Cola Original, Coca-Cola Zero Açúcar, Guaraná Kuat, Fanta Uva, Fanta Laranja e Sprite. A embalagem tinha sido adotada inicialmente apenas para a Coca-Cola Original. emb.bz/211coca

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40 | Março 2017

5

O TNT Energy Drink apresentou latas alusivas ao São Paulo Fashion Week, realizado em março. A decoração das latas de 269 mililitros, feita com rótulos termoencolhíveis, seguiu o color code preto, com arte em verniz fosco e brilho localizado para gerar efeito sofisticado e criativo. emb.bz/211tnt


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Sucos

Cafés

Maçã na garrafa

BR em cápsula 7

A Superbom amplia sua linha de sucos integrais com o sabor Maçã. A novidade é feita com 100% de suco da fruta, sem adição de açúcar, conservantes, corantes ou aromatizantes artificiais na composição. O produto é pasteurizado e envasado em garrafas de vidro de 1 litro, decoradas com rótulos termoencolhíveis, que também têm a função de barreira à luz. emb.bz/211superbom

Cervejas 8

A Mitsui Alimentos, dona do Café Brasileiro, lança a marca de café em cápsulas .br (ponto br). As cápsulas são compatíveis com o sistema Nespresso. O café gourmet 100% arábica chega ao mercado em três intensidades, identificados como Autêntico, Criativo e Romântico. As cápsulas estão disponíveis em embalagens com 10 unidades. emb.bz/211cafebr

Sabor no chope 9 A Cervejaria Devassa lança uma nova experiência de harmonização, as “Tropicalices”. Trata-se de pós saborizados, apresentados em sachês (flow pakcs de 10 gramas), para composição de harmonizações junto aos estilos de chopes e cervejas da marca. São oferecidos cinco sabores: menta, gengibre, chocolate, doce de leite e pimenta. Para saborear a novidade, basta colocar o pó do sachê na borda do copo. emb.bz/211devassa


APOIO

Almanaque Guarda-chuvas da alegria O grande desafio de quem comprava os Guarda-Chuvas de Chocolate, sucesso de vendas nos anos 70 e 80 do século passado, era tirar o produto da embalagem sem danificá-lo. O chocolate, no formato de um guarda-chuvas fechado, era protegido apenas por uma folha de alumínio. Quando o invólucro era retirado, quase sempre a pontinha do doce quebrava. Apesar desse pequeno “problema”, o produto fazia a alegria da criançada. O Guarda-Chuvas de Chocolate ainda resiste, produzido pela Ki Kakau.

Notícias erradas? Em 1947, a pinga Coronel Nenê usava um jornalista como personagem de venda para a bebida. Só que a propaganda incentivava os jornalistas a beber. . . durante o expediente! O texto do anúncio dizia: “Sr. jornalista. Sua tarefa é árdua cansativa e exige máximo esforço mental. Quando o calor deixa-o desanimado, abatido, experimente esta receita simples e eficaz. Tome um gole de Coronel com gelo ou misture com Soda, Água Tônica, CocaCola ou mesmo água comum bem gelada, conforme o seu gosto e, sentirá, imediatamente, como esse drinque reanima, estimula e refresca. Pinga de luxo Coronel Nenê: puro ou misturado, sempre ao seu agrado”. O texto ainda oferecia gratuitamente uma garrafa da aguardente, em troca do anúncio e de um rótulo de Coronel Nenê. Diz a lenda que muitos jornalistas tinham uma garrafa na gaveta. . .

42 | Março 2017

Cura garantida No início do século passado, proliferavam medicamentos que apresentavam “a cura para todos os males”. Era o caso do Xarope Grindelia, indicado para tosses, asma e gripe, entre outras doenças. O elixir era vendido em garrafas de vidro, como mostra o anúncio de 1916.


Chegou a quinta edição do Almanaque Especial EmbalagemMarca Peça o seu através do site: www.embalagemmarca.com.br/almanaque

Empresas que viabilizaram esta edição especial


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