Revista Elitte Rural 7

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BAL. CAMBORIÚ (47) 3367 1435 BELO HORIZONTE (31) 3274 7474 BELÉM (91) 3038 1966 BRASÍLIA (61) 3364 0176 CAMPINAS (19) 3294 9444 FORTALEZA (85) 3208 2527 GOIÂNIA (62) 3093 3990 MANAUS (92) 3347 0402 NATAL (84) 2020 1525

PORTO ALEGRE (51) 3332 5233 RECIFE (81) 3019 1010 RIBEIRÃO PRETO (16) 3911 6745 RIO DE JANEIRO (21) 2108 6565 SALVADOR (71) 3019 8208 SÃO PAULO (11) 3897 4800 UBERABA (34) 3312 7500 UBERLÂNDIA (34) 3219 5530


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elitte rural

Sumario

elitte

Foto/Zzn Peres

REVISTA

RURAL

FEVEREIRO /MARÇO 2015 . ANO 3 . NÚMERO 7

RAÇA Lusitano encanta criadores

18

Seleon Biotecnologia marca novo tempo na pecuária

26

TERRA A crise sucroalcooleira

32

Dois em um A integração lavoura-pecuária

36

PONTO DE VISTA 2015, ano da proteína animal

60

38

O batizado da Saudade

44

40

Contrastes do cultivo da soja no Brasil

44

GENTE Paulo Brasil comemora Jubileu de Prata

48

Bate-papo com Nilo Sampaio

4

09 56 Foto/Zzn Peres

Foto/Zzn Peres

Foto/Zzn Peres

10


Foto/Paulo Guimarães Foto/Dinho Costa

10

62 98

56

GIRO Os eventos que marcaram a temporada

72

ACONTECE 2015 começa agitado

80

ELITTE RURAL SOCIAL As férias dos VIPS

88

NA MESA O requinte e a leveza do Salmão

92

Uísque: a bebida preferida na hora da batida do martelo

98

NOSSAS HISTÓRIAS O perfil da ministra Kátia Abreu

106

ELITTE RURAL VISITA Fazenda Mabra I

88 5


elitte rural

Editorial

Um novo ciclo...

D

izem que o ano do brasileiro inicia só depois

Quem também ganha visibilidade nas páginas

do carnaval. Não para o agronegócio. Aliás,

da revista, na seção Nossas Histórias, é a nova mi-

a rotina do campo, dedicada aos animais e

nistra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ká-

às lavouras, desconhece feriados e reces-

tia Abreu. Traçamos o perfil da mulher mais podero-

sos. O ciclo da natureza impõe a dedicação diuturna.

sa do agribusiness brasileiro, tantas vezes chamada

Um trabalho árduo, recompensado com resultados po-

de “dama de ferro”. Ela fala de suas estratégias de

sitivos, como o de Bruno Grubisich. Filho de José Car-

gestão, a partir de sérios gargalos.

los Grubisich (Verdana Agropecuária), ele foi premiado

Dois desses desafios são destaques na editoria

durante a Nelore Fest, na categoria Nova Geração. A

Terra: a crise do setor sucroalcooleiro e a sustentabi-

trajetória de destaque à frente da Seleon Biotecnologia,

lidade. Evidenciamos as perspectivas das entidades

você confere na editoria Raça, que traz ainda o poder

ligadas aos produtores de cana-de-açúcar e, ainda,

do cavalo atleta Lusitano, impulsionado pela dedicação

um bom exemplo de Integração Lavoura-Pecuária

de Victor Oliva, no interior paulista. Aliás, ele promove

aplicado à reforma de pastagem.

remate evidenciando animais de ponta.

Como a vida não é composta só de assuntos den-

Falando em eventos, a editoria Giro mostra o

sos, convidamos você para se deliciar com a editoria

balanço dos remates bem-sucedidos na despedi-

Na Mesa: confira duas saborosas receitas de salmão

da de 2014 e, nas páginas de Acontece, temos as

para este verão quentíssimo e os segredos da bebida

exposições e leilões que abrem 2015. Começamos

queridinha dos organizadores de leilões – o uísque,

com a Expoinel Mineira e seus diferenciais no Parque

com Lelo Forti, um dos maiores mixologistas do Brasil.

Fernando Costa, em Uberaba (MG), a terra do Zebu.

Aprecie, sem moderação, as páginas do Ponto de

Criadores de renome apostam que as vendas irão

Vista. Veja como o otimismo move os agropecuaristas

superar a edição passada.

neste ano e emocione-se com a história da fêmea

Por falar em homens arrojados, de visão estra-

Saudade. É uma viagem às nossas lembranças! Por fa-

tégica, a editoria Gente apresenta Nilo Sampaio

lar em viagem, passeie conosco pela Fazenda Mabra I,

Júnior (Mata Velha) e Paulo Brasil (leiloeiro há 25

no município goiano de Nazário. Banhada pelo Rio dos

anos e proprietário da Terra Roxa). A vida e os so-

Bois, numa extensão de quase 30 quilômetros, é um

nhos desses dois batalhadores, cer tamente, irão

luxo em nome da preservação dos valores do campo. Seja extremamente bem-vindo!

Foto/ZZn Peres

surpreender você, leitor da “Elitte Rural”.

6


Começamos o ano renovados. E orgulhosos apresentamos a novidade: Unem-se ao grupo Tradição a Agropecuária Vila dos Pinheiros & Valônia Agropecuária que vem para somar adjetivos ao

2015 com força total! 6 de Março de 2015 21 horas Recinto de Exposições de Avaré Promotores HRO Empreendimentos • Verdana Agropecuária Agropecuária Vila dos Pinheiros • Valônia Agropecuária Realização

Agência

Transmissão

Assessoria

43 3373-7077

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www.elitterural.com.br Diretores: Renata Penna - renatapenna.firstclass@gmail.com Roberto De Nadai - denadai@elitterural.com.br FOTOGRAFIAS: Foto/ZZn Peres

Dudu Assis, Fábio Fatori, Renata Penna e Zzn Peres CAPA: Bruno Grubisich Foto: Zzn Peres EQUIPE EDITORIAL: Indiara Ferreira Assessoria de Comunicação Ltda. ME Jornalista responsável: Indiara Ferreira MTB MG-6308 . (34) 8817-6145 Equipe: Eduardo Idaló, Janaína Isidoro, Letícia Morais e Michelle Rosa DIRETOR JURÍDICO: Bruno Campos Silva DEPARTAMENTO COMERCIAL: Renata Penna (34) 9990-7180 (Uberaba/MG) Marco Freitas (16) 99703-9258 (Ribeirão Preto/SP) Janaina Nunes (43) 9982-2377 (Londrina/PR) comercial@elitterural.com.br revistaelitterural@gmail.com Diretor criativo: Foto/ZZn Peres

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8




A dedicação aos detalhes da pecuária brasileira é combustível desta editoria. Nosso objetivo é expor na vitrine o resultado de anos de aprimoramento genético. Os caminhos percorridos por Bruno Grubisich, filho de José Carlos Grubisich, serão evidenciados. Eles começaram na Verdana Agropecuária e há um ano fazem sucesso na Seleon Biotecnologia. Uma trajetória coroada na Nelore Fest. Presenteamos você, leitor da “Elitte Rural”, com os belos exemplares Lusitanos. O Brasil já é o maior expor tador para a América do Nor te e, em breve, conquistará a Europa, incluindo Por tugal. Nesta jornada está Victor Oliva, um criador de ponta! Agradecemos sua companhia.

11


Foto/Paulo Guimar達es

elitte rural

12

Raca


O cavalo atleta

Lusitano encanta criadores e competidores olímpicos

O

Brasil vem se consoli-

montado há mais de cinco mil anos.

cipal. É, inclusive, o primeiro e único

dando como a maior

Atualmente, o Brasil é o maior ex-

haras particular no Brasil a sediar

potência da América

portador de Lusitanos para a América

Concurso de Dressage Internacional.

do Sul no mais clássico

do Norte e tem aumentado as expor-

Segundo Victor Oliva, uma das

dos esportes hípicos, o Adestramen-

tações também para a Europa, inclu-

principais atrações do International

to, ou Dressage, como é conhecida

sive para Portugal. Em todo o país,

Riding & Meeting Ilha Verde, deste

internacionalmente a modalidade.

já são mais de 350 criadores e um

ano, servirá como última seletiva

A formação dos conjuntos (cavalo/

plantel de aproximadamente 28 mil

para a formação da equipe que re-

cavaleiro), da base ao nível técnico

animais, com maior concentração no

presentará o Brasil nos Jogos Pan-A-

mais exigente, tem levado o país

estado de São Paulo.

mericanos de Toronto, no Canadá, no

a participar com equipes e atletas individuais em Olimpíadas, Jogos

próximo mês de julho. O evento ainda

A Coudelaria Ilha Verde

será um observatório para as Olim-

Equestres Mundiais, Jogos Pan-A-

Em pouco mais de duas décadas

píadas do Rio 2016. “Contando com

mericanos e Jogos Sul-Americanos.

dedicadas à criação do Puro Sangue

um estrelado time de juízes olímpicos,

O resultado deste sucesso é a soma

Lusitano, a Coudelaria Ilha Verde, lo-

vamos reunir atletas do Brasil e do ex-

de iniciativas da Confederação Bra-

calizada em Araçoiaba da Serra, no

terior em competições que também

sileira de Hipismo (CBH) com o apoio

estado de São Paulo, tem na produ-

abrangem as categorias Júnior e Jo-

do Ministério dos Esportes e do Co-

ção do cavalo atleta seu foco prin-

vens Cavaleiros”, afirma Oliva.

ções de raça e iniciativas particulares, como da Coudelaria Ilha Verde, de Victor Oliva. Na parceria de sucesso com nossos competidores está o cavalo Lusita-

Foto/Divulgação Ilha Verde

mitê Olímpico Brasileiro, de Associa-

no, originário de Portugal e conhecido mundialmente por sua contribuição com a formação de várias raças, inclusive as brasileiras. É o cavalo de sela mais antigo do Mundo, sendo

13


elitte rural

Raca

De refúgio a bom negócio A paixão da família Oliva pelo cavalo Lusitano começou no início dos anos 90. O rancho em Araçoiaba da Serra era o refúgio nos fins de semana do casal Victor Oliva e Hortência Marcari. Ele, conhecido por suas casas noturnas e restaurantes, e ela, estrela maior da Seleção Brasileira de Basquete. Criar animais não fazia parte dos planos até que Oliva ganhou de presente uma égua Puro Sangue Lusitano. “A égua acabou morrendo e, com o dinheiro do seguro, como já tinha me encantado pela raça, parti para novas aquisições, no

Coudelaria Ilha Verde ocupa a área

Brasil e em Portugal”, conta o empre-

de 54 alqueires, 35 dos quais desti-

Na base do plantel, a Coudelaria

sário, destacando que, aos poucos,

nados ao pastoreio. São 20 pique-

Ilha Verde contou com animais garim-

o rancho foi ganhando aparência de

tes, destinados aos 110 animais do

pados nos principais haras portugue-

haras: “pavilhões de cocheiras foram

plantel, 95% deles Ferro VO (marca

ses e brasileiros. Ao criar a marca Ferro

erguidos, pastos divididos em piquete

que identifica a criação de Victor Oli-

VO, Victor Oliva se decidiu pela seleção

e implantamos pastagens adequa-

va). A infraestrutura é composta por

de exemplares que se destacassem

das à criação de cavalos”.

três pavilhões de cocheiras com 60

pela elegância, mansidão e versatili-

Localizada na privilegiada região

baias, três pistas de Adestramento,

dade atlética, mas sem abrir mão da

de Sorocaba, conhecida como “cin-

além de uma pista coberta e outra

milenar genética do Puro Sangue Lusi-

turão do cavalo”, distante cerca de

para treinos de Equitação de Trabalho

tano. Em 2006, o trabalho de seleção

150 quilômetros da capital paulista, a

e Salto.

do empresário ganhou reforço com a

A seleção Ferro VO

Foto/Terri Miller

chegada da tropa selecionada pelo cineasta Jayme Monjardim. Para Oliva, o tripé da seleção se baseia na genética, aptidão e no manejo. “Estamos em constante busca por animais diferenciados, moldados para o lazer, mas que revelem notória vocação atlética”, explica o empresário. Para isso, o manejo tem fundamental importância no desenvolvimento dos cavalos. “Cada animal é tratado como um indivíduo, de maneira que seu po-

14


Foto/Divulgação Ilha Verde

“Cada animal é tratado como um indivíduo, de maneira que seu potencial possa ser observado e suas peculiaridades, exploradas

16º Leilão Luso-Brasileiro

16ª edição, disponibilizando para o

Da receita de sucesso da Cou-

mercado produtos da Coudelaria

delaria Ilha Verde têm nascido

Ilha Verde, consagrados nas pistas

produtos excepcionais, com resul-

funcionais e de morfologia, herdei-

tados nas pistas e na reprodução.

ros da genética milenar do cavalo

Anualmente, eles são apresen-

de sela mais antigo do mundo oci-

tados ao mercado no tradicional

dental, mas selecionados e molda-

Leilão Internacional Luso-Brasileiro,

dos para atender o mais exigente

realizado desde 1997.

mercado do cavalo contemporâneo.

O evento anual tem sido a

Entre os destaques estarão

porta de entrada para novos in-

produtos de Tulum Comando SN,

vestidores na raça de cavalo Lu-

o Lusitano de maior destaque nos

sitano, recebendo a cada edição

Jogos Pan-Americanos de Guada-

um público médio de mais de mil

lajara 2011; campeões e reprodu-

pessoas entre personalidades do

tores consagrados, além da venda

mundo empresarial, do show bu-

de coberturas de Almansor da

siness, esportistas, pecuaristas e

Broa, garanhão recomendado e

criadores do Brasil e do exterior.

aprovado em Portugal com a ava-

Em 2015, o leilão chega à sua

liação 4 estrelas.

‘‘

tencial possa ser observado e suas Foto/Terri Miller

peculiaridades, exploradas”, afirma Oliva, que deixou a vice-presidência da Associação Brasileira de Criadores do Puro Sangue Lusitano (ABPSL), no ano passado. Aliás, ele foi presidente da entidade no biênio 2003/2004, quando firmou parceria com a Confederação Brasileira de Hipismo, abrindo o caminho para a formação de conjuntos para disputas internacionais.

15


Raca Foto/Terri Miller

elitte rural

Vocação para vencedor O cavalo Lusitano continua surpreendendo pela sua natural aptidão para os obstáculos, para o ensino e atrelagem de competição. A combinação de todas as suas características coloca-o em destaque para ser um belo e dócil cavalo de

Família campeã

esporte. Essas peculiaridades, alia-

Depois das Olimpíadas, o cava-

das ao fato de ser considerado o

lo Nilo VO foi destinado aos irmãos

cavalo que dá maior prazer de se

Marcari Oliva. João Victor, hoje com

montar – preferência comprovada

18 anos, estreou nas pistas em 2008.

entre atletas de esportes hípicos de

Ele é o atual Campeão Sul-Ameri-

todo o mundo –, são os atributos

cano, individual e por equipe, e uma

necessários para se identificar que o

das principais promessas do hipismo

cavalo Puro Sangue Lusitano tem um

na Equitação de Trabalho, represen-

nacional. Antonio Victor, de 17 anos,

enorme potencial de crescimento no

tada por Rogério Silva Clementino e

é outro jovem talento. Sua estreia em

Brasil e no restante do mundo.

Nilo VO, mas foi no Adestramento

pista foi em 2009 e desde então já

O sonho de produzir um novo

Clássico, a partir de 2006, que o con-

conquistou o Tetracampeonato Bra-

conjunto olímpico tem sido o objetivo

junto levou o nome do criatório a ser

sileiro e o Bicampeonato Paulista. Os

da Coudelaria Ilha Verde. “A tarefa é

conhecido internacionalmente pela

irmãos João e Antônio, ao lado de

árdua e o trabalho de uma equipe

conquista da Medalha de Bronze por

Rogério Clementino, Everton Yale Ca-

multidisciplinar, com a participação de

equipe nos Jogos Pan-Americanos do

valaro, Renderson Oliveira e Julia Nemr

profissionais de várias áreas, do Brasil

Rio 2007 e por integrar a equipe brasi-

integram o Ilha Verde Team, a equipe

e do exterior, tem sido uma constante”.

leira nas Olimpíadas de Pequim 2008.

mais premiada e bem estruturada de

Em 2003, a Coudelaria Ilha Ver-

Nilo VO, aliás, foi o primeiro Lusitano

Adestramento no país.

de começou a marcar presença nas

nascido no Brasil a fazer parte de uma

pistas de competição, inicialmente

equipe pan-americana e olímpica.

O treinador-chefe da equipe há quatro anos é Norbert Van Laak, da

Foto/Ney Messi

Alemanha. Treinador de vários medalhistas olímpicos, de vencedores de finais de Copa do Mundo e de campeões europeus, Norbert esteve à frente de equipes da França e do Canadá. É no centro de treinamento de Van Laak em Möhnesee/Günne, que treina o cavaleiro João Victor, desde julho de 2014. Periodicamente, Norbert vem ao Brasil ministrar clínicas para os atletas que residem no país.

16





elitte rural

20

Raca


Seleon Biotecnologia

marca novo tempo na pecuária Liderada por Bruno Grubisich, a empresa trabalha com análise inédita no Brasil, com foco na montagem DE UM banco de dados de ponta. É a continuidade do sucesso da família que começou com a Verdana Agropecuária

J

ovem, empreendedor, premia-

e gestão racional. Percebe-se mais fa-

lhor com menos área”. Com o objeti-

do na categoria Nova Geração

cilmente o ganho (ou mesmo a perda)

vo de colaborar com esse ganho de

do Nelore Fest 2014 – o Oscar

de produtividade ao lançar mão de

produtividade na pecuária, a Seleon

da Pecuária Nacional, ele tem

tecnologias”, comenta o empresário.

tem dedicado uma importante fatia

um grande desafio pela frente: que-

Na pecuária bovina, esse movi-

de seu investimento para pesquisa,

brar alguns paradigmas em relação à

mento é mais lento, mas não deixa de

junto às principais universidades do

aplicação das biotecnologias na pro-

acontecer gradualmente, como explica

país, com foco no desenvolvimento

dução de gado comercial.

Grubisich: “O pecuarista está mais

de processos e produtos que pos-

Bruno Grubisich é empresário, ad-

consciente da necessidade de melho-

sam trazer mais informação e segu-

vogado, criador de Nelore (Verdana

rar sua fazenda e produzir mais e me-

rança para o criador e seu plantel.

Agropecuária) e diretor presidente da Seleon Biotecnologia, com sede em Itatinga, no estado de São Paulo. A Foto/Zzn Peres

empresa, que acaba de completar um ano de mercado, possui como missão contribuir com a criação de valor na cadeia da carne e do leite, fornecendo serviços e soluções em biotecnologia, de forma segura, eficaz e acessível. Segundo Grubisich, a agricultura e até mesmo outros segmentos, como os de suínos e de aves, já deram o passo no sentido de incorporar visceralmente as tecnologias em seu sistema produtivo. “Essas atividades contam com alto grau de informação

21


elitte rural

Raca

Andrologia bovina

touros e matrizes que serão multi-

A principal novidade é na área de

plicados e utilizados nos sistemas de

andrologia bovina. O estudo parte de

produção. “Queremos tornar a tec-

um trabalho que, através de análises

nologia da IATF acessível e colaborar

aprofundadas da superestrutura celu-

para elevar o padrão genético do

lar espermática e correlacionando os

rebanho nacional”, diz o empresário,

resultados com taxa de concepção a

que aposta nesta ferramenta para que

campo, tornará possível criar um ban-

a produção brasileira salte de 9,5 mi-

co de dados para orientar com mais

lhões de toneladas para 11 milhões de

precisão o uso de determinadas par-

toneladas de carne bovina até 2020.

tidas de sêmen (se será mais bem por exemplo). “Esse tipo de análise é inédita no Brasil e estamos certos de que trará importantes respostas para perguntas até então respondidas de maneira subjetiva”, afirma Grubisich. A técnica da Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) promove o aprimoramento da fertilidade do sêmen, porém o fator decisivo para melhorar a qualidade da carne e do leite é a correta escolha dos líderes genéticos,

“Esse tipo de análise é inédita no Brasil e estamos certos de que trará importantes respostas para perguntas até então respondidas de maneira subjetiva

‘‘

aproveitada em técnica de IATF ou FIV,

Desafios do ano Para 2015, outro importante passo da Seleon é dar início às operações de produção in vitro de embriões bovinos. “Nesse segmento também projetamos fortes investimentos no desenvolvimento de novos protocolos para a fertilização em laboratório que venham a dar uma

Foto/Publique Banco de Imagens

escala relevante a essa ferramenta”, explica o empresário. A Seleon também atua como prestadora de serviço para outras centrais e para produtores. Segundo José Roberto Potiens, diretor técnico da empresa, as raças taurinas sentem mais a temperatura, o que pode prejudicar o desempenho do animal, assim como alguns touros zebuínos. “Por isso, a localização da central em uma região com temperatura média de 19 graus faz com que a Seleon seja alternativa para outras

22


Foto/Publique Banco de Imagens

touro pode deixar milhares de des-

apontam para uma recessão, o

cendentes, em vez de apenas algu-

agronegócio desponta como a “sal-

mas dezenas, quando utilizado em

vação da lavoura”.

monta natural. Até o sexo do animal

Para atingir e garantir os melho-

pode ser determinado, com 90% de

res resultados, a Seleon dispõe de

chances de acer to. “A melhora na

aparelhos de última geração, como

qualidade do rebanho é considerá-

o Easycyte, um citômetro de fluxo fa-

vel”, afirma Grubisich, destacando

bricado pela empresa francesa IMV,

que a Seleon já tem produzido sê-

líder mundial em tecnologia de inse-

men brasileiro para exportação.

minação.

De olho nessa tendência do

“Com esse aparelho é possível

mercado, que ganha cada vez mais

obter uma análise mais avança-

adeptos, Bruno acredita que o agro-

da do espermatozoide porque as

negócio brasileiro vive hoje o seu

análises que temos hoje em dia,

momento mais promissor. “O pro-

tradicionais e correntes em todas

centrais que precisam trabalhar com

dutor percebeu que não dá mais

as centrais, mesmo ao redor do

estes touros”, salienta.

para produzir sem responsabilidade

mundo, não apresentam um con-

Dono do maior rebanho comer-

e previsibilidade. O consumidor final

trole de qualidade e na verdade

cial do mundo, com mais de 200

está cada vez mais informado e pa-

não têm uma correlação científica

milhões de animais, o Brasil ainda

gando mais pelo produto confiável”.

como o resultado de fer tilidade de

precisa percorrer um longo cami-

Para o jovem empreendedor,

campo”, explica o médico veteri-

nho, quando se trata de atuali-

existe um ambiente propício para

nário José Rober to Potiens, diretor

zação tecnológica. Em 2012, por

o investimento em incremento de

técnico da empresa.

exemplo, apenas 12 milhões de

produtividade e, num momento em

Segundo ele, para que o trabalho

bezerros foram gerados através de

que os outros setores da economia

de IATF seja cada vez mais eficiente

inseminação ar tificial, um número

são necessárias mais informações

muito baixo para as dimensões do

do potencial fer tilizante do sêmen.

A multiplicação de touros e matrizes de genética superior passa obrigatoriamente pelo uso de biotecnologias, como a inseminação ar tificial e a transferência de embriões, que representam a possibilidade de otimização do aproveitamento desses reprodutores durante sua vida útil. Através da inseminação ar tificial, por exemplo, um só

“O produtor percebeu que não dá mais para produzir sem responsabilidade e previsibilidade. O consumidor final está cada vez mais informado e pagando mais pelo produto confiável

‘‘

mercado brasileiro.

“É por isso que ganha impor tância uma análise avançada com equipamentos de ponta para se chegar a esse resultado. Queremos fornecer aos nossos clientes um nível de informação aprofundado sobre o que eles podem esperar desse trabalho que estamos fazendo aqui, conhecendo melhor, inclusive, o seu próprio reprodutor”, garante Potiens.

23


elitte rural

Raca

Um defensor do campo A experiência adquirida com parte da infância vivida na Europa, na adolescência, nos Estados Unidos, e no curso de Direito na Universidade de São Paulo (USP) garantiu a Bruno Grubisich a capacidade de argumentação sólida para defender diferentes pontos de vista. “A bagaFoto/Publique Banco de Imagens

gem linguística, por ter sido criado exposto a diferentes povos e culturas, me permitiu ter melhor entendimento das relações internacionais; já o Direito é muito útil à medida que o conhecimento adquirido na faculdade é aplicado o tempo todo na paulista, a paixão pelo campo falou

sos de julgamento pela ABCZ, fez

Ao final do curso de Direito, em

mais alto do que a vida dentro da

Pós-Graduação em Marketing no

2008, depois de estagiar em grandes

sala de um arranha-céu na avenida

Agronegócio na Escola Superior de

escritórios de advocacia da capital

Paulista. “Foi então que me mudei

Propaganda e Marketing (ESPM) e

para a Estância Bela Vista, em Ita-

assumiu, então, a parte comercial da

tinga, interior de São Paulo, proprie-

Verdana, organizando os leilões da

dade da família, onde meu pai dava

marca e acompanhando as expo-

os primeiros passos no criatório de

sições por todo o país. “Até então,

Gado Nelore Elite”, relembra Bruno.

via no campo um lugar de lazer. Foi

Foto/Publique Banco de Imagens

vida empresarial”, afirma Grubisich.

Era o início da Verdana Agro-

somente quando deixei a carreira ju-

pecuária. Para assumir tamanha

rídica que me envolvi em outro nível

responsabilidade,

se

com a fazenda. Passei a vê-la como

preparar. Ele participou de cur-

um negócio rentável e promissor. O

foi

preciso

gado de elite foi para mim uma gran-

“O gado de elite foi para mim uma grande escola e resolvi aprender com os melhores técnicos e profissionais do segmento

‘‘

24

de escola e resolvi aprender com os melhores técnicos e profissionais do segmento”, afirma Grubisich. Logo no primeiro leilão de touros em Camapuã, Mato Grosso do Sul, a Verdana Agropecuária bateu marcas recordes de valorização, coroando o trabalho e o investimento sério e consistente. Para Bruno, o segredo


tecnologia. “A Verdana sempre lançou mão das mais avançadas técnicas para selecionar e multiplicar seus melhores indivíduos e para tal o uso das biotecnologias de reprodução foi fundamental”, explica. Essa intimidade e confiança com as ferramentas tecnológicas para a reprodução de bovinos de excelência foi fundamental na criação da Seleon. A empresa de biotecnologia – na qual Bruno é diretor presidente – nasceu, após um ano e meio de pesquisa, formação de equipe, desenvolvimento de projeto e planejamento financeiro. “Estava plantada a semente”, afirma o jovem empresário.

los Grubisich, pai de Bruno e criador

O DNA do sucesso Se existe um gene do empreende-

da Verdana Agropecuária. Ele estudou

dorismo, ele está presente na família

Engenharia Química e construiu uma

Grubisich. Capacidade de gestão,

brilhante carreira na área de Pesquisa

excelência do manejo, tarefas execu-

de desenvolvimento de antibióticos,

tadas com qualidade e muita intuição

herbicidas, inseticidas e, mais tarde,

sempre foram princípios de José Car-

nos setores petroquímico e de bioenergia, atuando em multinacionais, no

“Estou certo de que muito do que construí ao longo de minha vida se deve ao estímulo e aos desafios vindos de meu pai

Brasil e lá fora. A pecuária de elite está no DNA da Verdana. A decisão da família de entrar no ramo do Melhoramento genético veio com a percepção do potencial de crescimento da pecuária brasileira, diante do agronegócio mundial. “A nossa pecuária é a que tem maior potencial de ganho de produtividade no futuro. Escolhemos o Nelore porque estamos num país tropical e a raça é a melhor opção para formar a base do rebanho aqui, que precisa ter um plantel

Foto/Publique Banco de Imagens

trabalho veio do investimento em

‘‘

do sucesso nos primeiros anos de

formado por um gado rústico, mas que também seja produtivo, com bom aproveitamento de carcaça e que garanta a condição de competitividade e de liderança do Brasil no mercado internacional”, explica José Carlos Grubisich. Desde o início da carreira à frente da Verdana e da Seleon, Bruno sempre contou com o apoio familiar, especialmente do pai. “Cada vez que falo com ele é uma nova lição e, algumas vezes, uma nova missão. Estou certo de que muito do que construí ao longo de minha vida se deve ao estímulo e aos desafios vindos de meu pai”, afirma Bruno Grubisich.

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Raca Foto/Publique Banco de Imagens

elitte rural O futuro

É de conhecimento comum que a pecuária, por muito tempo, funcionou de maneira cíclica, intercalando períodos de alta e de baixa. No entanto, de alguns anos para cá, essa realidade começou a mudar. A valorização da arroba, o aumento do consumo interno impulsionado pelo incremento da renda familiar, o aumento da demanda externa promovida pela redução dos rebanhos concorrentes ao brasileiro e a desvalorização do real frente ao dólar fizeram os olhos do pecuarista se voltar para o melhora-

“Temos uma grande quantidade de recursos tecnológicos, mas estes devem ser aplicados com parcimônia e bom senso

mento de seu sistema produtivo. Segundo Bruno Grubisich, é cada vez mais corriqueiro ver fazendas de

ciente no sentido de que os recursos são finitos e precisamos maximizar a produção pensando no amanhã. “Temos uma grande quantida-

pastagens, melhoria de infraestru-

de de recursos tecnológicos para

tura, capacitação de mão de obra,

tal, mas estes devem ser aplica-

manejo nutricional e sanitário e, por

dos com parcimônia e bom sen-

fim, para ter o máximo aproveita-

so”, avalia Bruno. Ele afirma que,

mento e rentabilidade, buscando por

se realmente seguirmos esse ca-

genética selecionada com foco em

minho, o Brasil deve tomar a lide-

resultado. Entretanto, para que se

rança absoluta e preencher, verda-

torne realidade o sonho de produzir

deiramente, o título de celeiro do

mais e com melhor qualidade em

mundo, provendo interna e exter-

menor espaço de tempo e área, é

namente alimentos de qualidade e

preciso trabalho direcionado e cons-

em grande quantidade.

‘‘

Foto/Publique Banco de Imagens

pecuária investindo em reforma de

26


A seca que tinge a paisagem brasileira nos espanta. É um chamado do planeta para que todos nós pensemos em nos tornar mais sustentáveis. Na editoria Terra, apresentaremos produtores afetados pela falta de chuvas e de outros incentivos. Você sabia que o setor de cana-de-açúcar, hoje, está na pior condição dentre todas as cadeias produtivas do agronegócio brasileiro? Deve 110% da própria safra, ou seja, deve mais do que arrecada em um ano. Correndo contra os prejuízos financeiros e ambientais, os pesquisadores desenvolvem projetos de Integração Lavoura-Pecuária, aplicados à reforma de pastagem. Uma novidade que veio pra ficar! 27


elitte rural

Terra

Amargando a pior crise, Sucroalcooleiro encerra safra 2014/2015 devendo 110% A esperança de um ano mais doce para os usineiros é a mudança na política tributária dos combustíveis, que pode trazer fôlego para o início da recuperação

J

á sobrecarregadas com as

em recuperação judicial nos últimos

dutora do país, concentra mais de

dívidas acumuladas, usinas

seis anos, com planejamento para

75% dos casos de paralisação de

de álcool e açúcar continuam

pagar a dívida em 25 anos, confor-

atividades. Já na região Nor te-

sofrendo com prejuízos. Falta

me a MBF Agribusiness.

Nordeste, 19 unidades encerraram

de políticas de estímulo ao consu-

Outras 83 unidades fecharam

mo de etanol e queda na produtivi-

as por tas entre 2008 e o fim de

O presidente do Sindicato da

dade da colheita por problemas cli-

2014, segundo levantamento da

Indústria de Açúcar e do Etanol de

máticos pesaram nos negócios do

consultoria DataAgro.

Pernambuco, Renato Cunha, afir-

setor e frustraram as expectativas

A região Centro-Sul, maior pro-

preliminares de crescimento.

as operações no período.

ma que é necessário preser var o mercado de combustíveis limpos porque se trata de uma indústria

vidaram com empréstimos para

genuinamente nacional e com alto

expandir a produção e atender ao

índice de geração de empregos,

aumento da demanda por álcool,

principalmente no Nordeste. Ele

puxada pela difusão dos carros

explica que o setor sucroenergé-

flex. No entanto, a par tir de 2011, o governo federal segurou os reajustes no preço da gasolina e o etanol perdeu competitividade.

Foto/Folha da Cana

Até 2008, as usinas se endi-

tico totaliza 12% da produção nacional, mas representa 33% da empregabilidade na região. “Nós temos uma equação so-

Muita gente não conseguiu

cioeconômica maior no Nordeste.

honrar os compromissos. A má fase

Aqui a produção é menos meca-

levou 67 empresas do setor a entrar

nizada por causa das condições

28


dos terrenos. Por isso, temos ne-

nove usinas ainda possam deixar

A alíquota do PIS/Cofins (Pro-

cessidade maior da presença da

de funcionar ao longo de 2015.

grama de Integração Social/Con-

mão de obra humana. Estamos

Para rever ter a situação e garantir

tribuição para Financiamento da

mantendo essa mão de obra,

competitividade ao etanol frente à

Seguridade Social) aumentou para

mas não gerando novos postos

gasolina, uma série de medidas

o combustível fóssil e também foi

de trabalho. Ainda assim, o qua-

foi anunciada no último mês pelo

reinstituída a cobrança das Con-

dro de empregos atual é inferior

governo federal.

tribuições de Inter venção no Domínio Econômico (Cide) – zerada

ao da safra 2012/2013, quando ção e no quadro de funcionários por causa da seca. Estamos tentamos recompor isso, mas ainda não conseguimos”, conta. A União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica) estima que mais

“Temos uma equação socioeconômica maior no Nordeste. Aqui a produção é menos mecanizada por causa das condições dos terrenos

‘‘

houve queda de 25% na produ-

desde 2012. Outra ação foi subir de 25% para 27,5% a mistura de etanol anidro na gasolina. Diversos governos estaduais também

adotaram

estratégias

para dar vantagem ao álcool nas bombas de combustível. Bahia e Paraná já subiram a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadoria e de Prestação de Ser viços (ICMS) para a gasolina. Minas Gerais fez a mesma coisa e ainda diminuiu a tributação sobre o etanol. O Distrito Federal sinalizou o mesmo caminho em 2016.

29


elitte rural

Terra Insuficiente

A crise em números

O diretor técnico da Unica, Anto-

- Em 2014, 12 usinas sem condições financeiras encerraram suas atividades;

nio de Padua Rodrigues, comemora

- Mais de 30 mil postos de trabalho foram perdidos e milhares estão em risco;

a primeira reação, mas avalia que

- A dívida média das empresas do setor supera o faturamento bruto anual e

o cenário ainda é nebuloso e não

cerca de 20% da receita está comprometido apenas com o pagamento de juros;

há expectativa de crescimento

- Empresas de bens de capital voltadas para o setor registram, desde 2010, que-

na produtividade. “Sendo otimista

da de 50% no faturamento, com perda de mais de 50 mil postos de trabalho;

nesse momento, se repetirmos a

- As expectativas para a indústria de base são desanimadoras, já que não há

moagem da safra passada, está

um único pedido de nova usina em carteira.

de bom tamanho. O resultado tam-

Fonte: Unica

bém depende das condições climáticas”, salienta. Foto/Niels Andreas

Além disso, Padua ressalta que as medidas em vigor asseguram apenas sobrevida para as usinas, e não a retomada dos investimentos no futuro. Ele lembra que as unidades produtoras do país vão iniciar a nova safra com dívida 110% superior ao faturamento do ciclo anterior: enquanto a receita está estimada em cerca de R$ 70 bilhões, a dívida total do setor é de R$ 77 bilhões. Por isso, o técnico defende que será necessário avançar mais para reti-

Foto/Siamig

30

“O pacote anunciado vai ajudar a estabilizar o mercado já na safra 2015/2016 e liquidar um pouco o saldo devedor

‘‘

Foto/Siamigi

rar o segmento da estagnação.


“O pacote anunciado vai ajudar a estabilizar o mercado já na sa-

Reflexos na safra 2014/2015

fra 2015/2016 e liquidar um pouco

A safra 2014/2015 produzida no país deve chegar a 642 milhões de to-

do saldo devedor, mas são ações

neladas. O montante é 2,5% inferior às 658 milhões de toneladas da safra

pontuais e não vão permitir apor te

passada. É o que aponta o levantamento parcial divulgado em dezembro de

financeiro em novas plantas. Nada

2014 pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

disso vai acontecer se não forem

O estudo mostra que houve elevação da área de colheita de 8,8 milhões de

adotados programas efetivos de

hectares para 9 milhões de hectares, mas a produtividade caiu, em virtude das

longo prazo”, argumenta.

questões climáticas, como a falta de chuvas principalmente na região Sudeste.

Padua cita, por exemplo, a

A maior parte da cana-de-açúcar colhida deverá ser destinada à fabricação

criação de linhas de incentivo às

de etanol, representando 56,28% da produção. Já para a produção de açúcar é

montadoras para a fabricação de

prevista a queda de 4%: de 37,8 milhões para 36,3 milhões de toneladas.

motores flex com maior eficiência para assegurar consumo menor de etanol para dar competitividade na disputa com a gasolina. Outra proposta na pauta dos usineiros é definir uma política energética que valorize a energia produzida através da biomassa. “Mas essas são agendas ainda em fase inicial de discussão”, lamenta. Enquanto os programas de longo prazo não se consolidam, o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergér ticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos, analisa que processos de fusões e incorporações devem marcar o setor de álcool e açúcar nos próximos anos. A estratégia viabilizaria a renegociação do estoque de dívidas de alguns grupos empresariais e evitaria o fechamento de outras unidades produtoras. “Esse é um momento de cautela. Começamos a respirar e agora podemos analisar o cenário para corrigir o rumo e voltar a crescer”, sentencia.

31


elitte rural

Terra

Sócios no prejuízo A crise financeira que abalou a saúde das usinas vem se alastrando por toda a cadeia produtiva do setor sucroalcooleiro. Dados da Unica apontam para prejuízo de aproximadamente R$ 10 milhões em todo o sistema. Em Sertãozinho, interior paulista, maior polo de produção de açúcar e etanol, as metalúrgicas que atendem a indústria canavieira perderam 50% da receita por causa da redução nas vendas e acabaram demitindo 2.400 trabalhadores no ano passado. Das dição de remunerar sequer o cus-

duas foram fechadas e uma está em

to operacional. Estamos deixando

recuperação judicial.

de colocar adubo e herbicida para

Os produtores de cana também

aguentar essa fase. Além disso,

são atingidos pelo impacto da re-

não estamos conseguindo renovar a

tração no segmento. Os problemas

plantação anualmente e isso diminuiu

começaram com os atrasos nos pa-

a produção”, desabafa o presidente

gamentos pela safra por causa do

da Associação dos Plantadores de

endividamento das empresas e se

Cana da Região Centro-Sul do Brasil,

agravaram com o aumento dos cus-

Manoel Ortolan.

tos de produção devido à implantação da colheita mecanizada.

Somado a isso, o representante dos produtores lembra que a seca

“Hoje estamos recebendo R$61 pela cana, mas o nosso custo é de R$79

‘‘

sete usinas instaladas no município,

caiu de 85 toneladas de cana por hectare para 70 toneladas na mesma área, entre 2008 e 2014.

“Hoje estamos recebendo R$ 61

registrada nos últimos anos também

Apesar da condição crítica, Orto-

pela cana, mas o nosso custo é de

comprometeu drasticamente a pro-

lan afirma que a área plantada de

R$ 79. Há três anos, não temos con-

dutividade dos canaviais. A média

32


“Estamos deixando de colocar adubo e herbicida para aguentar essa fase

‘‘

cana permanece estável. O ciclo longo da cultura, que se estende por até cinco anos, contribui para evitar uma migração instantânea para outras lavouras. “Mas, terminando o ciclo, se não houver uma recuperação, já há produtores estudando reduzir a área de plantio ou até deixar a cana para investir nos grãos”, anuncia. É o caso do produtor rural Ângelo César Sicchieri. Sem expectativa Foto/Revista Canavieiros

de incremento na remuneração pela safra de cana, ele já começou a se preparar para reduzir a área de canavial. A cultura ocupa 60 hectares da fazenda, no interior de São Paulo, mas apenas 40% da plantação será renovada anualmente para continuar com cana. “É melhor diminuir a área e cuidar bem, com os manejos certos, para ter produtividade maior, mas, se não passar essa crise, vamos ter que deixar a cana para tentar as outras culturas”, disse o produtor, que também produz grãos no interior de Minas Gerais.

33


elitte rural

Terra

Dois em um

Integração Lavoura-Pecuária aplicada para reforma de pastagem traz resultados positivos no Mato Grosso do Sul. Lavouras de soja, milho e sorgo compensam os custos com recuperação do solo e asseguram pastagem de qualidade

B

uscar alternativas para garantir mais lucratividade sempre foi um desafio para a pecuária. A equação, por muito tempo, esteve atrelada a conseguir mais hectares e ampliar a área de pastagens para o rebanho, mas essa lógica começa a mudar. A fazenda 3R, no município de Figueirão, no Mato Grosso do Sul, é um exemplo disso: optou por diversificar atividades e testar a integração da pecuária com lavoura.

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Já são dois anos com o sistema em operação e o resultado até agora não trouxe arrependimentos. Reconhecida pela criação de animais premiados, a propriedade também se tornou referência em termos de produtividade. O administrador da propriedade, Rogério Rosalin, conta que a rentabilidade cresceu mais de 200%, atingindo hoje R$3.500 por hectare ao ano. “Todo mundo precisa reformar o pasto para o animal comer, mas colocar adubo,

calcário e gesso na terra só para produzir capim era inviável, porque tinha custo alto, entre R$1.200 e R$1.500 por hectare. Então, resolvemos colocar agricultura para tirar proveito da adubação feita no solo. A integração é uma forma de potencializar o uso da terra”, salienta. De início, foram implantados dois sistemas principais: o primeiro, utilizando o milho em consórcio à pastagem piatã e ao eucalipto, e o segundo, com o plantio


“Precisamos produzir mais dinheiro por hectare e não temos mais como abrir novas áreas de pastagem. Então, precisamos melhorar as que já temos

‘‘

de sorgo associado à pastagem paiaguás e eucalipto. Os ganhos imediatos foram com a produção da silagem para suplementar a alimentação do rebanho ao longo do ano e diminuir os custos com a compra de ração. Além disso, Rosalin ressalta que o sistema de integração corrigiu a fer tilidade do solo e otimizou a nutrição do rebanho. Com isso, foi possível incrementar a lotação animal sem comprometer

a produtividade do plantel. A produção integrada abrange a média de 150 a 200 hectares, mas tem capacidade para suprir a mesma quantidade de gado anteriormente criada na área de 500 hectares. “Não adianta ter melhor genética se não tiver melhor pasto. Precisamos produzir mais dinheiro por hectare e não temos mais como abrir novas áreas de pastagem. Então, precisamos melhorar as que já temos disponíveis”, pontua.

Milho e sorgo O interesse em tecnologias para a recomposição e melhoria das pastagens foi justamente o que também levou a fazenda Santa Marina, em Santa Rita do Pardo, no Mato Grosso do Sul, a experimentar o sistema de integração a par tir deste ano. “Com a nova técnica, pretendo aumentar pelo menos 30% a produção por hectare. A lotação sairia de 1,5 cabeça de gado por hectare para a média de quatro a cinco na mesma área”, adianta o gerente da unidade, Gustavo Campili. O técnico salienta que a preparação do solo apenas para o capim custaria R$1.200 por hectare, mas com acréscimo de R$700 foi possível implantar também o sorgo. O produto será utilizado na alimentação do plantel no período da seca para a manutenção do ganho de peso. A fazenda plantou, inicialmente, 35 hectares no sistema integrado. Conforme o desempenho obser vado este ano, existe a possibilidade de ampliar a área para 90 hectares e introduzir a lavoura de milho no próximo ciclo. “Ainda estamos analisando se vai ser mais vantagem vender produção do grão para comprar ração ou utilizar o alimento para engorda”, acrescenta.

35


a

elitte rural

Terra

Para o pesquisador Alex Melotto, investir um pouco mais no plantio em consórcio vale a pena, porque os resultados serão observados já na primeira colheita e a produção agrícola será suficiente para pagar o custo investido. Especialista em Biologia Vegetal, o técnico cita que a pastagem solteira reformada produziu 30 arrobas de carne na safra 2013/2014 e o sistema integrado conseguiu o mesmo desempenho na produção animal com um bônus de 17 toneladas de silagem por hectare. Com isso, o produtor teve o retorno do investimento no primeiro ano devido à economia do que seria gasto para a compra do insumo. “Além disso, a área está com o pasto reformado e mantém altas produtividades de carne ao longo dos anos, se for bem manejada. A rentabilidade é 50% maior do que apenas o capim”, acrescenta. Melotto também pondera que existem linhas de financiamento específicas para a implantação de sistemas de integração e os programas podem facilitar o acesso do produtor rural à nova tecnologia. Apesar dos resultados práticos e as facilidades para viabilizar o investimento, o pesquisador alerta que a implantação do sistema deve ser feita sempre sob a orientação de órgãos especializados, pois será necessário identificar o projeto mais adequado às condições de solo e ao clima da região.

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Foto/Sato Comunicação

Retorno garantido

Na ponta do lápis - A reforma da pastagem tradicional custa, em média, R$ 1.200 por hectare, incluindo aas operações de terraceamento, mecanização, correções e adubação. - A integração do milho com capim custa, em média, R$ 2.200 por hectare. Já o investimento para implanta-

ção do sorgo ou milheto associado ao capim é de R$ 1.900 por hectare. - É possível adicionar componente florestal ao sistema, transformando o projeto Integração Lavoura, Pecuária e Floresta. O custo de implantação está estimado em R$ 4 por árvore.


a

A opinião de quem conhece de per to o agronegócio brasileiro e tem causos pra contar. Esta sétima edição aborda o atual cenário da economia brasileira. Preços em alta e aprimoramento da seleção genética são tendências. E que tal um pouco de Saudade? Não pense só no sentimento, com tradução apenas em nosso idioma, mas em uma fêmea muito especial, do Triângulo Mineiro, como muitas com as quais você já deve ter convivido. Se você cresceu na roça, leia e permita-se emocionar-se!

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Ponto de Vista

Foto/EBC

elitte rural

2015, ano da proteína animal

38

meses, devido à baixa ofer ta e à alta demanda de carne. Consultores da Bolsa de Valo-

“Os especialistas defendem um ano rentável para o setor, mas sabemos que o comportamento econômico é sempre instável

‘‘

O

atual cenário da economia brasileira apresenta aos consumidores de proteína animal preços elevados. Por outro lado, a valorização do dólar em relação à moeda brasileira mantém a arroba do boi em alta, sem perspectiva de queda, favorecendo o mercado aos pecuaristas. A arroba do boi, que iniciou 2015 na casa dos R$ 135,00, chega à segunda quinzena custando aos frigoríficos cerca de R$ 140,00, acréscimo que poderá manter-se nos próximos

res de São Paulo (BM&F Bovespa) já afirmam que o ano será de estabilidade para o pecuarista em função da demanda de carne bovina, que tende a aumentar. Baseiam a informação na alta do dólar, que nos apresenta um momento positivo na disputa por mercado externo. Essa desvalorização do real torna o produto brasileiro mais procurado, porém a cautela sempre é necessária, já que devemos considerar a necessidade do produtor rural de manter um bom fluxo de caixa e


res estão em busca de volume com qualidade, visando o lucro oferecido pelo mercado. Devemos aproveitar o cenário positivo e a valorização da arroba pela indústria para redimensionar os investimentos em 2015 e comercializar para quem precisa de

“Devemos aproveitar o cenário positivo e a valorização da arroba pela indústria para redimensionar os investimentos em 2015 e comercializar para quem precisa de volume com qualidade

‘‘

financiamentos moderados. Os custos de produção oscilam durante todo o ano junto à necessidade de investimento, ora ver tical, ora horizontal. Pastagem, genética, manejo e gestão de pessoas são investimentos que devem se manter constante e que ocuparão par te do lucro do pecuarista, como ocorre todos os anos. Mas, em 2015, prevalecerá a busca por proteína, sempre em alta, o que pode não ser tão interessante para o mercado interno, que poderá pagar mais caro por determinados cor tes. Os especialistas defendem um ano rentável para o setor, mas sabemos que o compor tamento econômico é sempre instável. Vejo os primeiros meses do ano como uma opor tunidade ímpar de comercializar genética comprovada, já que outros produto-

volume com qualidade. Neste sentido, o formato de leilão enquadra-se como excelente opção de comércio de gado. Criadores que estão dispostos a investir buscam leilões por ser uma opção cômoda e por ter uma apresentação completa do animal, com dados relacionados à sua origem e potencialidades. O ano exige a atuação de empreendedores rurais com esse ponto de vista. Escolhi o mês de fevereiro estrategicamente para comercializar todo o rebanho de Nelore e atender os pecuaristas que estão atentos ao andamento do mercado. Aler to os pecuaristas que pretendem ter maior rentabilidade em 2015 sobre a necessidade da atenção voltada à seleção genética. Com investimento em genética e constante atualização tecnológica, os pecuaristas avançarão ver ticalmente neste ano, deixando de abrir novas áreas e apostando na qualidade do rebanho. Entre os benefícios do investimento em reprodutores Puro de Origem estão a desmama de bezerros mais pesados, a maior precocidade dos animais e o ganho em carcaça, que pode trazer melhoria da renda aos pecuaristas e estimular sua fixação no campo.

Paulo Antônio Serra da Cruz é proprietário da Nelore 3 Barras, em Campo Grande (MS)

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elitte rural

Ponto de Vista

O batizado da Saudade

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dizem que serve pra isso mesmo. Será? Não importa, o fato é que a novilha devia gostar bastante do carinho, pois ficava quietinha; se fosse um gato, ronronaria. Por minha conta, eu achei que ela já merecia um nome. Não tinha sentido uma habitante daquele universo rural, ainda mais uma rês tão amigável e tão afável, não ser batizada. Então, eu a batizei, silenciosa e intimamente, de Saudade. Não sei por quê. Afinal, ela era castanha, ficava até mais fácil de lembrar. É claro que ela era um

“Na roça, todos têm nomes, sejam bovinos, cavalos, cachorros, gatos, cabritos, galinhas e até os lugares. Trata-se de reforçar a identidade entre humanos e a natureza, de nomear para entender ou submeter

‘‘

C

omo todas as vacas da fazenda tinham um nome, eu perguntei a meu pai por que a novilha bonita, de pelo liso, castanho, ainda não tinha um. Ele me explicou que as vacas, no caso as novilhas, só passavam a ter nome depois que tivessem a primeira cria, o primeiro bezerro. Como a novilha castanha ainda não tinha parido, não tinha nome. Convenceu, mas nem tanto, afinal, nome é nome e todo mundo merece ter um. A novilha era meiga, amorosa e, quando o gado era fechado no curral, ela não devia se sentir acuada, como os demais, pois logo vinha até nós. Chegava mansinha, devagar, nos procurava e aguardava um carinho, uma palavra de conforto, uma saudação qualquer. Meu avô, sempre que o serviço permitia, num momento que parecia de descontração, passava a mão na barbela da novilha e ela ficava agradecida. Barbela é aquela parte que fica na parte de baixo do pescoço dos bovinos, parece uma pele solta, uma pelanca macia, gostosa de passar a mão, lembra um abanador e alguns

mimo da espécie bovina, daí poderia chamar-se Mimosa, mas preferi Saudade. Guardei comigo o nome e fiquei só esperando quando ela parisse para sugerir aos responsáveis o nome, que, a partir daquele instante, já era dela. Tinha só que me preocupar para que outra novilha não recebesse o mesmo nome antes dela. Na fazenda, eu ficava intrigado com a criatividade dos nomes escolhidos para o gado, principalmente as fêmeas. Os machos também tinham nomes, mas em menor proporção. Recebiam nomes os touros reprodutores e os bois de carro. Os carreiros, como eram conhecidos, eram imponentes, imensos, e a impressão que eu tinha era de que, se não tivessem nomes, nem puxariam o pesado carro de boi. “Laranjo”, “Carvão”, “Malhado”, “Redondo” eram nomes que ouvíamos sempre. Esses ficavam em um pasto, separados dos demais. Recebiam ração e trato diferenciados. Os dois touros que serviam ao rebanho como reprodutores não podiam ficar juntos, senão brigavam. E cada briga era muito feia,


“Desaparecemos na poeira do tempo, sem destino, sem mais se preocupar em nomear quem quer que fosse diante das rápidas mudanças que alteraram as várias identidades rurais do interior do Brasil

‘‘

de arrebentar as tábuas do curral e fazer todo mundo subir nas cercas. Um era o Triunfo e o outro, o Centenário. Os demais, os garrotes e os bois da invernada, não tinham nomes e pouco vinham ao curral. Como a fazenda era uma propriedade leiteira, a maior atenção era dada às vacas. A variedade de nomes era interessante, curiosa. Só muito tempo depois é que percebi que existia uma lógica no batismo. Aliás, várias lógicas. Nomes identificados com as pelagens, como Pintada, Fumaça, Mulata, Cabocla etc. Nomes relacionados ao temperamento, como Onça, Mimosa, Sincera etc. Nomes vinculados a acontecimentos, a flores, a virtudes, a outros animais, a frutas, nomes como Pitanga, Joia, Careta, Londrina, Cheirosa, Laranja, Fortuna etc. E os nomes não podiam ser muito complexos, senão nem os homens nem as próprias vacas compreendiam. Nada de nome composto ou sofisticado. Todos continham certa poesia, sensibilidade; resultavam de uma boa observação do mundo. Na roça, todos têm nomes, sejam bovinos, cavalos, cachorros, gatos, cabritos, galinhas e até os lugares. Trata-se de reforçar a identidade entre humanos e a natureza, de nomear para entender ou submeter. Ainda me recordo do batizado da Saudade, como se fosse hoje. Nenhuma solenidade, nada formal, mas significou um momento

de aprendizagem e de afirmação para mim. A questão é que sem nome, como indicar, como chamar, como estabelecer uma relação que vá além da violência? O nome abranda a dominação, humaniza, constrói identidades e familiaridades.

No dia que a Saudade pariu, eu estava lá no curral, atento aos indicativos da hora do batismo. Assim que foi peada para a primeira ordenha, logo chamei: “Saudade, Saudade”, e ela atendeu, mansa, carinhosa com o bezerro, aguardando a hora de dar de mamar à cria. Não deu outra, o nome estava decidido, e assim foi enquanto pude frequentar a fazenda. Depois, desaparecemos na poeira do tempo, sem destino, sem mais se preocupar em nomear quem quer que fosse, diante das rápidas mudanças que alteraram as várias identidades rurais do interior do Brasil; sem saudosismo. Vacas, bois e cavalos passaram a receber nomes estrangeiros, chiques, incompreensíveis para muita gente. Lugares passaram à condição de taliões, de glebas, numerados, quantificados, mapeados por satélites, outras identidades. Mas, naquela manhã, quando chamei por ela, logo o Bastiãozinho, vaqueiro de primeira qualidade, emendou na hora: “Sardade, Sardade… vem Sardade!”.

Renato Muniz Barreto de Carvalho é membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro (ALTM), mestre em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), especialista em Educação pela Universidade de Uberaba (Uniube), bacharel em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP) e técnico em Turismo pelo Mackenzie. Já publicou os livros “Cidade Perdida – Anotações sobre o cotidiano, meio ambiente, política e educação” (1998), “Só Letrando – Reflexão e prática na escola” (2006), “Crônicas Impertinentes” (2008), “Os Bichos São Gente Boa - Doze contos sobre os bichos do Cerrado” (2010) e “A Máquina de Ensinar” (2014)

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Ponto de Vista

Foto/blogdasupersafra

elitte rural

Grandes contrastes no cultivo da soja no Brasil

V

iajando pelo país pelo terceiro ano seguido com o Projeto Soja Brasil, observamos que o produtor brasileiro produz soja em diversas situações e mostra nossa habilidade com a adversidade. Estamos participando da terceira Expedição Soja Brasil. Tivemos oportunidade nestas três safras de

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observar vários aspectos e formas de cultivo da soja, em diversas situações do território nacional. Podemos afirmar que observamos a oleaginosa cultivada em solos com 85% de argila e, também, em solos com 85% de areia. Vimos soja em terrenos com mais de 1.100 metros de altitude, como também em terrenos com 150 me-

tros de altitude. Tivemos lavouras de soja que foram conduzidas com sete aplicações na soma de herbicidas, inseticidas para lagartas, inseticidas para percevejos e fungicidas, mas também houve lavouras em que foram feitas 18 aplicações. Alguns agricultores tiveram custos de produção da soja equi-


‘‘

valente a 28 sacas/hectare, mas, também, agricultores apresentaram custo de 48 sacas/ha, considerando o preço de R$ 50,00/saca. Observamos lavouras do grão conduzidas em solos com 40 anos de plantio direto, sem que, durante esses anos, o solo tenha sido arado, gradeado ou escarificado, mas também se verificou soja cultivada em solos recém-incorporados ao processo produtivo com a leguminosa. Vimos agricultores cultivando 150 ha de soja, mas também conhecemos agricultores cultivando 15 mil hectares. Conhecemos agricultores que cultivam soja há mais de 45 anos e, também, alguns que estão no seu primeiro ano. Tivemos a oportunidade de conhecer agricultores que há 15 anos cultivam soja no verão e milho safrinha no inverno, num processo de sucessão sem muita sustentabilidade, mas vimos agricultores que

“Vimos agricultores cultivando 150 ha de soja, mas também conhecemos agricultores cultivando 15.000 ha praticam um sistema de rotação de culturas, em que a soja é cultivada no máximo três anos num mesmo talhão, sendo substituída pelo milho no verão e milheto ou braquiária no inverno, sistema que tem garantido sustentabilidade técnica e econômica.

Agricultores que estão localizados a 100 quilômetros do porto de Paranaguá, no Paraná, mas também conhecemos outros que estão a mais de 2.000 km deste porto. Registramos em reportagens lavouras de soja que estão há cinco anos sem receber adubação, lembrando que a adubação representa até 35% do custo com insumos, e todas produzindo o máximo que a variedade e as condições de clima permitem. É nesse universo de situações que a soja é cultivada no Brasil. Podemos afirmar que para todas as situações de cultivo de soja no Brasil há um conjunto de tecnologias próprias para cada.

Áureo Lantmann

é engenheiro agrônomo, foi pesquisador da Embrapa Soja e é consultor técnico do Soja Brasil desde a primeira edição, safra 2012/2013

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elitte rural

Dois homens for tes e determinados do cenário agrobrasileiro têm merecida visibilidade nestas próximas páginas. Em comum, eles têm a paixão pelo melhoramento genético e a coragem de desbravar os caminhos do sucesso. O zootecnista Nilo Sampaio Júnior, da Mata Velha, fala de sua carreira, das realizações e dos sonhos. O leiloeiro e criador Paulo Brasil apresenta suas conquistas ao longo de 25 anos de remates, mas mostra também seus desejos como criador obstinado na Fazenda Terra Roxa, no Mato Grosso. São os personagens da vida real ganhando evidência na “Elitte Rural”! 45


Gente

Foto/ZZn Peres

elitte rural

46


Paulo Brasil

comemora 25 anos como leiloeiro e consolida-se como criador

A

voz é inconfundível. A ca-

consolidar um plantel produtivo, ren-

ELITTE RURAL – NESSES 25 ANOS

pacidade de se relacio-

tável e que se torne referência.

COMO LEILOEIRO, QUAIS PASSAGENS

nar com as pessoas e de falar sobre economia,

FICARAM NA LEMBRANÇA? ELITTE RURAL – COMO VOCÊ INGRES-

PAULO BRASIL – A minha carreira

também. Paulo Brasil é um expert

SOU NA CARREIRA DE LEILOEIRO?

sempre foi bem construída, mas

do convencimento no momento da

PAULO BRASIL – Foi em 1979. Como

a oportunidade de vender alguns

batida do martelo. Cursou Zootec-

filho de fazendeiro (Cristiano Brasil),

animais fica na lembrança. A gen-

nia e Economia, mas não conseguiu

comercializava gado e frequentava os

te elege alguns momentos e acaba

concluir nenhum dos dois. O motivo?

leilões, então, achei que poderia con-

preterindo outros. O bonito é a forma

Começou aos 19 anos, já atuou em

tribuir, que poderia mudar alguma coi-

como foi construída: com transparên-

mais de três mil remates e comemo-

sa nos leilões. Fui bastante incentivado

cia e credibilidade.

ra seu Jubileu de Prata com o reco-

pelo meu pai. E acabou dando certo. Eu

nhecimento de ser leiloeiro público

tinha 19 anos. Quando fui me filiar como

ELITTE RURAL – QUAL É A MAIOR

oficial do estado do Mato Grosso. O

leiloeiro rural, era o mais jovem do país

EMOÇÃO NA HORA DO LEILÃO?

marido de Ana Paula Brasil, pai de

e precisei ser emancipado para ser ca-

PAULO BRASIL – Quando a gente

Gabriel e Juliana, diz que o futuro

dastrado. Foi um caso à parte, porque a

enxerga a satisfação da parte ven-

“só Deus sabe”, mas não pensa em

idade mínima exigida é 21 anos. Nunca

dedora e da parte compradora. É

parar. Ele se alegra em promover o

mais parei. De lá pra cá, a agenda está

uma sensação de missão cumprida.

melhoramento genético das raças

sempre cheia.

Traz uma emoção de mais uma vez

no Brasil, por meio da compra e da

ter tido a capacidade de deixá-los

venda de animais.

realizados. Através dos leilões, com-

bém é criador e selecionador, na Fazenda Terra Roxa, no município mato-grossense de Jangada, a 80 quilômetros da cidade de Cuiabá. Investe em Gir Leiteiro, Nelore PO e Girolando, mas recentemente está encantando com o Quarto de Milha, juntamente com toda a sua família. Atento a cada detalhe, ele deseja

“Quando fui me filiar como leiloeiro rural, era o mais jovem do país e precisei ser emancipado para ser cadastrado

‘‘

Batalhador, Paulo Brasil tam-

pramos e vendemos o que há de melhor. Então, a gente tem condição realmente de promover o melhoramento genético das raças no Brasil. ELITTE RURAL – QUAL A SUA BATIDA DE MARTELO INESQUECÍVEL? PAULO BRASIL – Foram tantos os animais inesquecíveis, afinal, é uma carreira com mais de três mil leilões 47


elitte rural

Gente

realizados... Mas inesquecível real-

ELITTE RURAL – O QUE MAIS VOCÊ

um leilão. Em agosto passado, fui

mente foi um conjunto, quando eu,

DESEJA REALIZAR COMO LEILOEIRO?

credenciado como Leiloeiro Público

o João Gabriel e o Nilson Genovesi

PAULO BRASIL – É difícil falar que eu

Oficial do Estado do Mato Grosso.

batemos o martelo na venda da Itá-

quero mais alguma coisa, porque já

Portanto, trabalho agora também nos

lia 4, na liquidação da J. Galera. Uma

fui mais longe do que eu pretendia.

leilões judiciais, nos leilões de banco

das vacas mais importantes do Ne-

Em 2014, completei os 25 anos de

entre outros. Então, a carreira de lei-

lore. Essa foi uma delas, mas houve

carreira e vamos comemorar as bo-

loeiro culmina com essa coroação.

muitas vendas de touros recordistas,

das neste ano, provavelmente, com

como o Jaguar, que passou pelo

ELITTE RURAL – COMO COMEÇOU

nosso martelo.

COMO CRIADOR?

SIDADE QUE VOCÊ VIVENCIOU NO UNIVERSO DOS LEILÕES? PAULO BRASIL – O que aconteceu comigo durante a carreira já ocorreu também com meus colegas, antigamente. No começo dos leilões, não existia muita estrutura, então, já aconteceu de touro arrebentar a cerca, entrar no recinto e quebrar coisas. Um dia, quando o touro saiu da pista, todo mundo correu e se escondeu nos banheiros.

‘‘

ELITTE RURAL – CONTE UMA CURIO-

“Inesquecível realmente foi quando eu, o João Gabriel e o Nilson Genovesi batemos o martelo na venda da Itália 4, na liquidação da J. Galera

los, tudo para trás. Tivemos que fazer uma mesa de achados e perdidos para devolver a cada uma delas seus

Foto/Roberto Mattos

As pessoas deixaram sapatos, ócu-

PAULO BRASIL – Comecei há 12 anos. Sempre fui apaixonado pela raça Nelore e sabia que ela seria uma das maiores raças do país. Minha primeira propriedade era só de gado de corte. Depois de adquirir a segunda propriedade, em uma localidade melhor, fui incentivado pelos amigos e criadores aqui do Mato Grosso, então, resolvi criar Nelore. Somos bastante compromissados e temos uma grande rigidez com nossos animais. Ficamos satisfeitos com o negócio e, aliás, já estamos expandindo nosso plantel. Hoje, temos 520 matrizes puras de produção, uma produção considerável de PO (Puro de Origem).

pertences. Foi um fato bastante engra-

ELITTE RURAL – QUAL A BASE DO SEU

çado, nos divertimos muito.

PLANTEL? PAULO BRASIL – Comecei comprando

ELITTE RURAL – VOCÊ COMPLETOU

gado como, por exemplo, do grupo Ca-

BODAS DE PRATA COMO LEILOEIRO.

margo Correia. Adquirimos as primeiras

VAI PARA BODAS DE OURO?

50 vacas. Animais de porte, de peso, de

PAULO BRASIL – Só Deus sabe (ri-

produtividade. Em uma segunda opor-

sos). Mas acho que não. Estou com

tunidade, buscamos nossa base com

44 e vou ter que trabalhar até os 70

a Mônica Marquete, que hoje não cria

para isso, então, acredito que vou

mais, mas produziu animais espetacu-

me aposentar antes. Depende de

lares. Adquirimos também da família

muita coisa, mas enquanto o mer-

Galera, ainda com Helder. Inclusive uma

cado me procurar, quiser meu tra-

vaca chegou a ser líder do ranking Esta-

balho, estou pronto para ser vir.

do (Lagoa JS da Bom Jesus) e, através

48


Foto/Roberto Mattos

da inseminação artificial, fomos multiplicando nosso plantel. Entramos agora no processo – e estamos muito focados de quatro anos pra cá – de melhoramento genético, envolvendo também os números, com boas orientações. Nosso plantel é orientado pelo Diti Borges e pelo Luís Sérgio do Amaral. ELITTE RURAL – VOCÊ CRIA GIR LEITEIRO, NELORE PO E GIROLANDO. AFINAL, QUAL É SUA PAIXÃO?

filha pequena (Juliana Brasil) gosta.

PAULO BRASIL – Minha paixão é criar.

ELITTE RURAL – QUAL ANIMAL É SEU

Na verdade, a gente cria o Nelore

ELITTE RURAL – QUAL ANIMAL SE

VERDADEIRO SONHO DE CONSUMO?

como raça principal, mas cria tam-

TORNOU INESQUECÍVEL DO PLANTEL

PAULO BRASIL – Como tudo na vida

bém o Gir Leiteiro e produz Girolando,

DA FAZENDA TERRA ROXA?

é uma questão de gosto, não tenho

pois somos vendedores de genética

PAULO BRASIL – O animal inesquecível

um animal que seja meu sonho de

Girolando. Recentemente, de um ano

nem sempre é o mais caro ou o mais

consumo. Tenho projetos que admiro

pra cá, a gente tem investido no que

desejado pelos outros. Um animal que

e que tento copiar, de acordo com o

se tornou uma grande paixão para

significou muito pra mim e teve uma in-

meu alcance. O animal que é meu

mim e para meu filho (Gabriel Brasil),

fluência positiva foi uma prenhez que

sonho de consumo vai continuar sen-

que é a criação do cavalo Quarto

ganhamos do saudoso Emerson Cor-

do um sonho... Não existe ainda. A

de Milha. Gabriel agora participa de

deiro, por quem a gente sempre teve

gente fica sempre procurando e indo

provas de tambor e está fazendo os

uma grande consideração. Essa pre-

atrás de um animal ideal, mas ele

treinamentos devidos. E minha mulher

nhez foi batizada por minha mulher e

nunca existe. Estamos sempre à pro-

(Ana Paula Brasil) também se apaixo-

se chamava Bela da Ana. Ela se des-

cura dele. Meu sonho de consumo é

nou. Então, acabamos nos envolvendo

tacou desde jovem. Tornou-se uma

estar em busca desse animal ideal.

com mais esta criação. Até a minha

doadora e nos deu muitas alegrias. ELITTE RURAL – ONDE PRETENDE CHEGAR COMO CRIADOR?

Foto/Zzn Peres

PAULO BRASIL – Não estou muito longe do que eu quero: ter um plantel, acima de tudo, produtivo, um gado equilibrado, bonito e rentável. Um patamar de qualidade reconhecido pelo mercado. O mais importante é o caminho construído. Eu quero cada vez mais agregar valor aos meus produtos para ter um plantel que seja referência. Trabalhamos com seriedade para alcançar esse objetivo.

49


elitte rural

50

Gente


Nilo Sampaio Júnior

O olhar certeiro da Mata Velha dedicado e tem a confiança de Jonas Barcellos e sua família. Há 11 anos, Nilo Sam-

paio Júnior integra o time de elite da Chácara Mata Velha, plantel com gado de origem VR, de Torres Homem Rodrigues da Cunha, uma das mais brilhantes linhagens do Nelore. Cruza o país, de ponta a ponta, de olho nos exemplares tops de linha. Desde criança, nutre paixão pelo meio rural, mas, depois da Zootecnia, o foco profissional voltou-se para o melhoramento genético. Ele sente orgulho. Já consagrou vários campeões de pista, recordistas em leilões e integrou a equipe que deu vida ao primeiro clone zebuíno ofi-

Sempre gostei dessa parte de ge-

“É um grande orgulho poder contribuir com o sucesso da Mata Velha. É uma equipe muito focada e determinada a alcançar o resultado. Então, são 24 horas de trabalho da equipe toda

‘‘

E

le é jovem, discreto, atento,

nética, então, fui direcionando meus estágios para a área de Melhoramento genético. Depois de formado, fiz especialização em Melhoramentos zebuínos e comecei a trabalhar diretamente com a genética. ELITTE RURAL – PARA VOCÊ, QUAL O SEGREDO DA SELEÇÃO DA GENÉTICA? NILO SAMPAIO – Primeiro, a gente tem que conhecer muito a produção dos animais, seja dos reprodutores ou das doadoras. Com isso, vamos acasalando os melhores touros com essas doadoras para ter o melhor resultado possível a partir do acasalamento.

cial do mundo. Casado com Maria Fernanda Guaritá Bento e pai de Mariana, Nilinho, como também é chamado, sonha em continuar contribuindo com a pecuária nacional. ELITTE RURAL – COMO COMEÇOU A TRABALHAR COM GENÉTICA? NILO SAMPAIO – Comecei desde a faculdade (Zootecnia, Faculdades Associadas de Uberaba – FAZU).

51


elitte rural

Gente

ELITTE RURAL – NESTES ANOS TODOS NA MATA VELHA, O QUE MAIS O MARCOU? NILO SAMPAIO – São várias as passagens. A Mata Velha a cada dia tem uma novidade boa pra gente que gosta dessa área. Tem muito investimento na área de Melhoramento animal. Todas as tecnologias estão disponíveis para nosso trabalho, desde a Inseminação Artificial (IA), passando pela Fecundação In Vitro (FIV) até o clone. Então, ficamos esperando todo nascimento de um animal a partir das doadoras que a gente conhece muito e toda hora tem uma surpresa agradável. Quando identificamos um animal que preparamos desde o primeiro dia, depois o levamos pra pista e ele ganha um campeonato nacional, é só alegria.

“Participar do processo desse primeiro clone oficial do mundo, controlado pela Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), foi muito gratificante

‘‘

52

ELITTE RURAL – QUAL HISTÓRIA DA

DO RANKING NACIONAL DO NE-

GENÉTICA FICOU NA LEMBRANÇA?

LORE, ALÉM DE FICAR FAMOSA POR

NILO SAMPAIO – Tem uma vaca

VENDER ANIMAIS POR PREÇOS NA

chamada Urca que, quando nas-

CASA DOS MILHÕES DE REAIS.

ceu, logo de início, nós a achamos

COMO É FAZER PARTE DESSA HIS-

extraordinária. Ela teve um proble-

TÓRIA?

ma de saúde, na primeira semana

NILO SAMPAIO – É um grande orgu-

de vida, e nós ficamos em cima,

lho poder contribuir com o sucesso

para não perdê-la. Depois, a Urca

da Mata Velha. É uma equipe muito

tornou-se a Campeã Nacional! En-

focada e determinada a alcançar o

tão, a gente se lembra muito dela.

resultado. Então, são 24 horas de trabalho da equipe toda. Fazer parte

ELITTE RURAL – A MATA VELHA

dessa equipe tão vitoriosa é motivo

FOI, POR VÁRIAS VEZES, CONSA-

de muito orgulho pra gente, profis-

GRADA A MELHOR EXPOSITORA

sionalmente. Foi importante para


“Meu sonho é cada dia contribuir mais para a pecuária nacional

‘‘

minha carreira. Fico satisfeito por ter participado dessas conquistas relevantes para a fazenda. ELITTE RURAL – COMO FOI PARTICIPAR DA CLONAGEM DO PRIMEIRO CLONE ZEBUÍNO COM CPF DO MUNDO? NILO SAMPAIO – Esse processo é importante para a evolução, para manter a genética e preservar as origens que contribuíram para o

mos uma grande expectativa para

clones na fazenda e estamos sem-

melhoramento. Participar do pro-

ter resultado e hoje está provado que

pre clonando.

cesso desse primeiro clone oficial

deu certo. Nós já temos filhas e ne-

do mundo, controlado pela Asso-

tos desse primeiro clone, então, pro-

ELITTE RURAL – O QUE VEM DE TEC-

ciação Brasileira de Criadores de

vamos que o projeto dá certo. Nós

NOLOGIA PELA FRENTE?

Zebu (ABCZ), foi gratificante. Cria-

não paramos. Já temos mais de 15

NILO SAMPAIO – A tecnologia hoje na parte de melhoramento genético e na parte de produção animal está muito evoluída. Possui vários estudos aí que, com certeza, vão contribuir imensamente para a evolução. ELITTE RURAL – QUAL SEU GRANDE SONHO NA ÁREA PROFISSIONAL? NILO SAMPAIO – Meu sonho é cada dia contribuir mais para o melhoramento genético, para a evolução da raça no mercado nacional, buscando sempre o melhor; enfim, contribuir mais para a pecuária nacional.

53




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Apresentamos nesta edição um balanço da última temporada de remates de 2014. Você confere o glamour das personalidades que fizeram a diferença no Nelore Fest; a qualidade genética marcante do leilão Nelore 42, de Cícero de Souza, que contou com a sempre ilustre presença de Zezé di Camargo e da cantora Paula Fernandes, no Mato Grosso do Sul; o charme do belíssimo Haras Vila dos Pinheiros, com sua movimentação de milhões, e a ginga dos criadores da Nelore Jacuricy, Nova Delhi Genética e Nelore Caraíbas na 6ª edição do Leilão Axé Nelore, sediada em Salvador. A cada batida do mar telo, a gente comemora junto, com a cer teza de que muita coisa boa vem pela frente. 57


Giro

Foto/ZZn Peres

elitte rural

Nelore Fest premia diferentes gerações

A

Abelardo Lupion Alfredinho Zamlutti

Ronaldo Caiado

José Luis Niemeyer entregando o prêmio para Dalila C. C. Botelho de Moraes Toledo

Família neloristas de todos os estados recebendo a premiação

58

Foto/ZZn Peres

Pedro Novis

Felipe Picciani

Foto/ZZn Peres

tradicional Nelore Fest, conhecida como Oscar da Pecuária, fechou 2014 com o requinte tradicional. O evento contou com a presença de mais de 400 pessoas, recebidas no Leopoldo Itaim, na capital paulista. As premiações foram entregues aos vencedores do Ranking Nacional Nelore, Rankings Regionais, Circuito Boi Verde de Julgamentos de Carcaças, participantes em destaque no Programa de Qualidade Nelore Natural e das Copas Inter-regionais. Entre os homenageados estiveram os principais envolvidos nos 60 anos da associação. Foram entregues também troféus aos vencedores da Liga dos Campeões e da Super Copa do Ranking Nacional. Entre os objetivos da Nelore Fest está o fortalecimento dos laços de amizade e de negócios da família nelorista. “Reunimos em um mesmo ambiente representantes dos diversos elos da cadeia produtiva, valorizando aqueles que trabalham em prol do melhoramento da raça e da atividade pecuária nacional. Para 2015, esperamos um aumento no número de leilões, associados, gado em pista, abates técnicos e evolução em todos os programas internos da associação. Além disso, esperamos crescimento no mercado e na pecuária nacional também”, disse o gerente executivo da ACNB, André Locateli.


Foto/ZZn Peres

Jayme Pinheiro Nielce Crispim

Foto/ZZn Peres

Foto/ZZn Peres

Fernando Barros

Abelardo Lupion Ricardo Vicentin

Foto/ZZn Peres

Foto/ZZn Peres

Clรกudio Signorelli

Foto/ Zzn Peres

Joรฃo Gabriel e esposa

Carlos Mafra Nielce Crispim Bento Mineiro

Solange

Duda Biagi

Jayme Pinheiro

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Foto/ZZn Peres

Foto/ZZn Peres

elitte rural

60

Giro


Foto/ZZn Peres

Foto/ZZn Peres

Ricardo Vicintin comemora com a família e com seus colaboradores na Nelore Fest. Pela segunda vez, a Rima Agropecuária leva o troféu de Melhor Criador do ranking da Associação de Criadores de Nelore do Brasil (ACNB)

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Giro

Foto/ZZn Peres

Foto/ZZn Peres

elitte rural

Felipe Picciani

Suzana

Foto/ZZn Peres

Pedro Novis

Jaqueline Naujorks

Equipe Vila dos Pinheiros

62

Foto/ZZn Peres

Foto/ZZn Peres

Bruno Vicintin


Foto/ZZn Peres Foto/ZZn Peres

Nelore Da-Car recebendo premiacao

Gabriela Castilho Geraldo Carvalho

Gustavo Machado

Foto/ZZn Peres

Foto/ZZn Peres

Foto/ZZn Peres

Foto/ZZn Peres

Arnaldo Manoel Borges

Carlão Publique

André Locateli e esposa

63


elitte rural

Giro

Nelore 42

O

Foto/Dinho Costa

Foto/Dinho Costa

Foto/Dinho Costa

pecuarista Cícero de Souza recebeu neloristas de todo o Brasil, no Buffet Golden Class, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, para a realização do Leilão da Nelore 42 Elite. O pregão integrou a agenda da Expo Nelore MS, na noite de 19 de novembro, sendo o evento de maior faturamento da feira. A venda de 22 animais de genética apurada movimentou o total de R$ 4,9 milhões, com a média geral de R$ 226.931. O remate foi exclusivo de fêmeas, com espaço para a venda de metade da propriedade de um único macho. Entre cotas de participação de bezerras, novilhas e doadoras, foram vendidos 21 animais por R$ 4,7 milhões, média de R$ 222.087. Entre elas estava Juíza FIV da MV, uma bezerra de 11 meses, filha de Rhenno FIV Kubera em Hamina FIV da MV, levada pelo Grupo Camargo e Fazenda do Sabiá. O novo sócio dos criatórios é Beto Conade, que desembolsou R$ 312.000 para arrematar 33% do animal. “Ficamos muito satisfeitos com o resultado do leilão da Nelore 42. Amigos do Brasil estiveram presentes nessa festa, que reuniu qualidade, genética e experiência”, destacou o pecuarista Cícero de Souza. O único macho da oferta teve metade de sua propriedade negociada por R$ 216.000, valorizando-o em R$ 432 mil.

Cícero de Souza Rodrigo e Leda Souza

64

Lívia Souza


Foto/Dinho Costa

Beto Mendes

Agnaldo Ramos

Foto/Dinho Costa

Foto/Dinho Costa

Marcelo Moura

Paula Fernandes

Ricardo Vicintin

Bruno Vicintin

Zezé di Camargo

Cícero de Souza

Foto/Dinho Costa

Foto/Dinho Costa

Foto/Dinho Costa

A família Cícero de Souza com Paula Fernandes

Miguel Pinto, Pedro Venâncio e Danilo Gamba com as esposas

65


Giro Foto/ZZn Peres

elitte rural

Todo glamour do Vila Pinheiros

O

Haras Vila dos Pinheiros, em Indaiatuba, interior de São Paulo, mostrou todo o seu glamour e qualidade em um dos primeiros

leilões em solo da Agropecuária Vila dos Pinheiros. As vendas, em 8 e 9 de novembro, tiveram como foco fêmeas e prenhezes com a genética das principais famílias do Nelore brasileiro, aliás, que renderam à grife o bicampeonato do Ranking Nacional de Melhor Expositor (2012/13 e 2013/14), da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB). No primeiro dia, passaram pela pista 18 lotes de prenhezes, comercializados por R$ Foto/ZZn Peres

1,9 milhão, com a média geral de R$ 103.341. Empa FIV HVP teve 50% de sua propriedade arrematada por R$ 228.000, pela Nelore Colorado, de Marcelo Ribeiro Mendonça e irmãos. A bezerra de 11 meses é filha de Helíaco da Java em J.E.N. Ilara TE e conquistou o título de Reservada Campeã Bezerra da Expoinel de 2014. No segundo dia, as bezerras, novilhas e doadoras dominaram a pista. A venda de 14

Fernando Barros

Wagner Peroto

César Bruneto

lotes movimentou R$ 7 milhões, com média geral de R$ 518.038. Na abertura dos neFoto/ZZn Peres

gócios, a Grande Campeã da Expoinel 2014 atraiu os holofotes. Lawa 3 TE PORT foi levada à pista pela parceria entre Agropecuária Vila dos Pinheiros e Fazenda Porto Seguro, de Dorival Antônio Bianchi. A novilha de 20 meses é filha de Basco de Naviraí em Fathina TE PORT. O anfitrião Jaime Pinheiro investiu R$ 1,6 milhão para se tornar sócio majoritário na propriedade do animal, adquirindo 50% do lote. “Trabalhamos o ano todo para que pudésse-

Foto/ZZn Peres

mos fechar 2014 com chave de ouro e foi isso o que alcançamos. Em 2015, não será diferente; vamos ofertar o que há de melhor em nossos plantéis”, detalhou o pecuarista. Alfredinho Zamlutti

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Foto/ZZn Peres

Foto/ZZn Peres

Paula e Jonas Barcellos

Foto/ZZn Peres

Foto/ZZn Peres

Noelia e Jaime Pinheiro

Felipe Picciani

Mariza e Ricardo Vicintin

Marcelo Moura

Foto/ZZn Peres

Foto/ZZn Peres

Foto/ZZn Peres

Cícero de Souza

Noelia Pinheiro

Vera Novis

Beto Mendes

Foto/ZZn Peres

Foto/ZZn Peres

Roberto De Nadai

Mônica

Emiliano Abraão Sampaio Novais

Júlia

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Giro Foto/ZZn Peres

elitte rural

Foto/ZZn Peres

MaurĂ­cio Ianni

Foto/ZZn Peres

Beto Mendes

Foto/ZZn Peres

Foto/ZZn Peres

Juliana e Renato Barcellos

Foto/ZZn Peres

Foto/ZZn Peres

Norival Bonamichi

Nielce Crispim

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Jaime Pinheiro

Paulo Trindade

Rita Trindade


Foto/ZZn Peres

Foto/ZZn Peres

Foto/ZZn Peres

Foto/ZZn Peres

João Gabriel

Paulo Horto

Renan Contar

Zezão

Arnaldo Manoel

João Victor Horto

Ana Lúcia Magela Pilar Velasquez

Foto/ZZn Peres

Foto/ZZn Peres

Foto/ZZn Peres

Foto/ZZn Peres

Foto/ZZn Peres

Foto/ZZn Peres

Pedro Novis

Ademir Jovanini

Cláudia Junqueira

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elitte rural

Giro

Foto/leiloblog

Leilão Axé Nelore fecha ano com recorde

O

Tony Tarzan

Léo Barros Miguel Pinto

70

s criadores Miguel Pinto de Santana Filho, da Nelore Jacuricy; Tony Tarzan, da Nova Delhi Genética, e Léo Barros, da Nelore Caraíbas, promoveram a 6ª edição do Leilão Axé Nelore, na capital baiana, Salvador, em 6 de dezembro. O remate integrou a agenda da 27ª Feira Nacional da Agropecuária (Fenagro), com movimentação de R$ 1,7 milhão, consagrando-se o remate de maior receita da feira. A oferta foi composta por 21 lotes de fêmeas e prenhezes de elite, comercializados à média de R$ 85.451. Entre cotas de participação de bezerras, novilhas e doadoras, foram negociados 19 animais por R$ 1,4 milhão, média de R$ 80.350. O destaque ficou por conta de Ingah FIV Jacuricy, filha de Donato de Naviraí em Cyca FIV Alia. A novilha de 19 meses atingiu a maior valorização do pregão, tendo metade de sua propriedade arrematada por R$ 144.00 pela Kukara Importadora. As duas prenhezes do catálogo saíram por R$ 264 mil. “Recebemos pessoas do país inteiro neste leilão, que fechou o ano de 2014. Ficamos muito felizes com o resultado, mesmo diante do ano em que enfrentamos a seca em alguns pontos do país. Significa que, apesar das dificuldades, fizemos a tarefa de casa e representamos a pecuária brasileira com o que há de melhor”, destacou o pecuarista Tony Tarzan.




Acontece Todo ano que inicia traz consigo uma série de expectativas. No mundo do agribusiness não é diferente. Fecha-se um ciclo, inicia-se outro, sempre com pensamento de que esta jornada será ainda melhor do que a última. Com esse sentimento, a Expoinel Minas abre a temporada do Zebu em Uberaba, coração das Minas Gerais. Tem ainda as informações relativas ao mês de março: a Expo Nelore Avaré, com destaque para o Grand Prix Lusitano, e a sofisticação tradicional do Leilão Elite Monte Verde Cidade Maravilhosa – Prenhezes Nelore e Leilão Elite Monte Verde Cidade Maravilhosa – Matrizes Nelore, no Hotel Portobello Resort, em Mangaratiba. Agende! 73


Acontece Foto/Maurício Faria

elitte rural

O calendário do Zebu foi aber-

veram 869 animais e 99 criadores de

to com a Expoinel Minas. A mostra,

oito estados. A expectativa é de que

promovida pela Nelore Minas, es-

esta feira movimente mais de R$ 10

pera reunir mais de mil animais na

milhões.

pista do Parque Fernando Costa, em

O destaque desta edição fica

Uberaba, até 9 de fevereiro. Nos últi-

por conta da estreia do Virtual EAO,

mos cinco anos, a mostra mineira foi

abrindo as vendas. Outra novidade

o evento com maior número de ani-

é a entrada da Ourofino na promo-

mais, superando até mesmo a Ex-

ção do Leilão de Matrizes, promovi-

poinel Nacional, realizada no mesmo

do pela Nelore Integral, no encerra-

local, porém em setembro.

mento da feira. Os demais remates

A agenda de leilões traz cinco

são o Minas Ouro, promovido pela

eventos, mesmo número da edição

Fazenda do Sabiá, Baluarte, Nelore

anterior, quando foram movimenta-

Colorado, Nelore Integral e Mafra

dos R$ 4,1 milhões, com a venda de

Agropecuária; o Exclusive, da Rima

276 lotes de machos, fêmeas e pre-

Agropecuária e Nelore Cristal; e o

nhezes. Na pista de julgamento esti-

Leilão da Fazenda Nova Trindade.

74

Foto/ZZn Peres

Expoinel Minas

“O bom momento da pecuária deve embalar as negociações. A disputa em pista também é um chamativo à parte, pois muitos campeões são destaque nos leilões da feira”. LOY ROCHA – GESTOR EXECUTIVO DA NELORE MINAS


1º Leilão Virtual EAO A EAO Nelore marca presença na Expoinel Mineira, selecionando os melhores produtos da safra e prenhezes inéditas de jovens

Leilão Minas de Ouro Trabalhar o ouro e transformá-lo

Fazenda do Sabiá, do Nelore Colo-

em algo melhor é a proposta do

rado e da Nelore Mafra oferecem a

Leilão Minas de Ouro, que acontece-

pureza de prenhezes imbatíveis, em

rá no dia 6 de fevereiro, às 21h, no

mais de 30 lotes. Em 2014, o remate

Tattersal Rubico Carvalho, durante a

faturou mais R$ 992 mil. O lote mais

Expoinel Minas. Os anfitriões da Fa-

valorizado foi Panaceia FIV Integral,

zenda Baluarte, da Nelore Integral, da

com 50% vendidos por R$ 84 mil.

doadoras do seu criatório para ofer tar no 1º Leilão Vir tual EAO, agendado para 5 de fevereiro, na fazenda Reunidas Uberaba, às 21h, com transmissão do Canal Rural. Hamina FIV da MV é um dos destaques do plantel. Ao todo, serão ofer tados cerca de 30 lotes de 21 de fêmeas, sete prenhezes e dois de touros.

IV Exclusive A 4ª edição do Leilão Exclusive, promovido pela Rima Agropecuária

ciadores podem investir em animais e genética de qualidade.

e pela Nelore Cristal, está marcada

Em 2014, o Leilão Exclusive movi-

para 7 de fevereiro, no Parque Fer-

mentou R$ 1,2 milhão por 103 exem-

nando Costa, integrando o calendário

plares. Serão ofertados bezerros, be-

da Expoinel Mineira. O ponto de en-

zerras, novilhas, garrotes, matrizes,

contro do remate será na Churrasca-

reprodutores e prenhezes. A transmis-

ria Cupim Grill, às 13 horas. Os apre-

são é do Canal Rural.

Foto/Rima

Foto/EAO

“Será a primeira edição de várias. Trabalharemos para isso. Estamos em casa e nos sentimos ainda mais motivados a participar dessa exposição tão importante para a raça” CASSIANO REZENDE EAO NELORE

“Chegamos à nona edição e vamos apresentar animais com grande potencial de pista. Nosso objetivo é, a partir deste leilão, nos programar para o restante do ano. Quanto ao faturamento, é sempre esperada a superação do ano anterior” CARLOS ALBERTO MAFRA JÚNIOR – UM DOS PROMOTORES

“O leilão vem crescendo a cada ano. Para nós, o mais importante é sempre oferecer animais e prenhezes de alta qualidade. Esse é um dos primeiros leilões da raça. Nossa meta é superar as vendas realizadas em 2014” CLÁUDIO SIGNORELLI – SUPERINTENDENTE DO GRUPO RIMA AGROPECUÁRIA

75


elitte rural

Acontece

Leilão Nova Trindade Elite e Convidados

12º Leilão Matrizes Integral / Ouro Fino O 12º leilão Matrizes Integral/

O evento será em 8 de feverei-

Ouro Fino é o último remate da Ex-

ro, às 13h, no estande da Ourofino

poinel Minas. No certame, serão ofe-

Agronegócios, no Parque Fernando

O Leilão Nova Trindade e Convida-

recidos mais de 70 lotes de prenhe-

Costa. Em 2014, o leilão foi um su-

dos chegará à sua 6ª edição reunin-

zes, matrizes, bezerras e novilhas.

cesso, com o faturamento total de

do no Tattersal Rubico Carvalho, às

Todos com excelência em fertilidade,

R$545.679,36. A transmissão é do

20h, do dia 7 de fevereiro, durante a

raça e precocidade.

Canal Rural.

Em 2014, o destaque foi Porcelana II FIV Agrogen, comercializada em 50% por R$ 72 mil. Os 27 lotes vendidos geraram faturamento de R$ 1,1 milhão. Neste ano, um número maior de animais estará em pista, ou seja, em torno de 28 lotes.

“Este é o primeiro leilão de que participamos no ano e nos preparamos para levar o melhor. Temos a expectativa de superar as ofertas de 2014” PAULO TRINDADE JÚNIOR – FAZENDA NOVA TRINDADE

76

“Selecionamos o que existe de mais refinado nos plantéis e vamos oferecer neste remate que fecha a feira. Esperamos que o sucesso de anos anteriores se repita neste” GUSTAVO RIBEIRO – DIRETOR DE PECUÁRIA DA OURO FINO AGRONEGÓCIOS

Foto/ZZn Peres

da agropecuária.

Foto/Revista Agro S/A

Expoinel Minas, os melhores animais


A 2ª edição a Expo Nelore Avaré

mais volumosa na feira, também es-

será entre os dias 1º e 8 de março,

tarão presentes o Guzerá, Angus e

no Parque de Exposições Dr. Fernando

equinos das raças Crioulo, Lusitano,

Cruz Pimentel, interior de São Paulo.

Manga-larga e Manga-larga Mar-

A entrada dos animais está pro-

chador. A expectativa é de que par-

gramada entre os dias 28 fevereiro e

ticipem da feira 1.000 bovinos e mais

2 de março. A pesagem acontecerá

de 600 equinos.

no dia seguinte. Os julgamentos terão

Todas as provas serão realizadas

início em 4 de março e seguirão até

em pista indoor, um diferencial da

o último dia da feira.

feira para proporcionar maior conforto

Além do Nelore, que é a raça

Foto/Nelore MS

Expo Nelore Avaré

O Grupo Monte Verde realiza os encontros Leilão Elite Monte Verde Cidade Maravilhosa – Prenhezes Nelore e Leilão Elite Monte Verde Cidade Maravilhosa – Matrizes Nelore. Os remates acontecerão, respectivamente, nos dias 20 e 21 de março, no Hotel Portobello, em Mangaratiba, Rio de Janeiro. Em 2014, o evento foi um sucesso absoluto de vendas, gerando R$ 3,8 milhões em faturamento. Na oferta, havia 58 lotes, com doadoras e prenhezes top de elite.

ao público e aos animais.

“Nossa expectativa é muito boa, pois o ranking Nelore está muito disputado e Avaré sempre foi uma exposição de referência para os animais de genética. A grande maioria dos animais premiados aqui se tornou campeã nacional. Entendemos que o Brasil vive um novo momento econômico, mas com o agronegócio pujante” THIAGO VELOSO RABELO – ORGANIZADOR DA FEIRA

“Estamos preparando o primeiro leilão do ano, com muita atenção. E a nossa expectativa é de que possamos ultrapassar nossas metas e, ainda, celebrar entre amigos neste leilão que já é tradicional” FELIPE PICCIANI, GRUPO MONTE VERDE

77

Foto/ZZn Peres

Leilão Elite Monte Verde Cidade Maravilhosa e Prenhezes Nelore Matrizes Nelore


Acontece

Foto/Revista Horse

Foto/cavalo-lusitano.com

elitte rural

Grand Prix Lusitano Acontecerá no dia 7 de março,

17 anos.

durante a Expo Avaré, no Parque de

Ao longo de 2015, serão realiza-

Exposições Fernando Cruz Pimentel,

das seis etapas. A largada aconteceu

a segunda etapa do Grand Prix de

em janeiro, no Haras Bonanza Porto

Velocidade do Cavalo Lusitano.

Atibaia, em Atibaia (SP). Após a eta-

A disputa é dividida em seis ca-

pa de março da Expo Avaré, será

tegorias: Infantil (6 a 11 anos), Mirim

realizada a disputa no mês de maio,

(12 a 16 anos), Amador (competidores

durante a XXXIV Expo Internacional,

amadores acima de 17 anos), Profis-

em Araçoiaba da Serra (SP), poste-

sional (acima de 17 anos que tenham

riormente, a etapa de julho, no Fes-

conquistado até o máximo de uma

tival do Cavalo Lusitano em Atibaia

vitória em competições oficiais de

(SP). A quinta etapa está prevista para

velocidade de Equitação de Trabalho),

a Expo Cavalos, no Parque da Água

Profissional Graduado (acima de 17

Branca, em São Paulo, capital, e a úl-

anos com duas ou mais conquistas

tima no Festival do Cavalo Lusitano,

em competições de velocidade da

em Tatuí (SP), no mês de dezembro. A

Equitação de Trabalho) e Feminino,

premiação total ao longo da tempo-

exclusivo para mulheres com mais de

rada soma mais de R$ 60 mil.

78

“É uma modalidade esportiva que vai mobilizar a raça, os criadores e os cavaleiros ao longo do ano. Alia técnica e emoção, além de oferecer a premiação especial em dinheiro para as categorias Amador, Profissional e Profissional Graduado. Sortearemos também uma moto entre todos os competidores em cada uma das seis etapas” ISMAEL GONÇALVES DA SILVA – PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DO PURO SANGUE LUSITANO


LEILÕES OFICIAIS NELORE: um grande negócio para quem vende, melhor ainda para quem compra.

1º LEILÃO VIRTUAL EAO EXPOINEL MINAS 2015

2º LEILÃO VIRTUAL ELITE TERRAMATA & PARCEIROS

05 DE FEVEREIRO - 21H - CANAL RURAL NELORE EAO EXPOINEL MINAS 2015 – UBERABA/MG (71) 2107-6169

24 DE FEVEREIRO - 21H - CANAL RURAL TERRAMATA AGROPECUÁRIA UBERABA/MG FONE: (34) 8852 2133

LEILÃO MINAS DE OURO

LEILÃO ELITE MONTE VERDE CIDADE MARAVILHOSA - PRENHEZES NELORE

06 DE FEVEREIRO - 21H - CANAL RURAL FAZENDA BALUARTE, NELORE INTEGRAL, FAZENDA DO SABIÁ, NELORE COLORADO E NELORE MAFRA EXPOINEL MINAS 2015 - UBERABA/MG (34) 9161 0151

V LEILÃO EXCLUSIVE 07 DE FEVEREIRO - 14H - CANAL RURAL RIMA AGROPECUÁRIA E PEDRO VENÂNCIO BARBOSA - NELORE CRISTAL EXPOINEL MINAS 2015 - UBERABA/MG (37) 9911-1073 / (31) 9803-2301

LEILÃO FAZENDA NOVA TRINDADE E CONVIDADOS 07 DE FEVEREIRO - 21H - CANAL RURAL FAZENDA NOVA TRINDADE EXPOINEL MINAS 2015 - UBERABA/MG (21) 2272 5000

LEILÃO MATRIZES

&

LEILÃO MATRIZES NELORE INTEGRAL & OUROFINO 08 DE FEVEREIRO - 14H - CANAL RURAL AGROPECUÁRIA INTEGRAL, OURO FINO AGRONEGÓCIOS EXPOINEL MINAS 2015 - UBERABA/MG (34) 9911-8220

A ACNB RECOMENDA

20 DE MARÇO - 20H - CANAL RURAL GRUPO MONTE VERDE MANGARATIBA/RJ (34) 3338-7004 / (21) 3736-7090

LEILÃO ELITE MONTE VERDE CIDADE MARAVILHOSA - MATRIZES NELORE 21 DE MARÇO - 20H - CANAL RURAL GRUPO MONTE VERDE MANGARATIBA/RJ (34) 3338-7004 / (21) 3736-7090

16º REMATE & 8º TOP BABY DA COQUEIRAL – RICARDO KÜHNI & CONVIDADOS 25 DE ABRIL - 13H RICARDO FREDERICO KÜHNI FERNANDES SAIRÉ/PE (81) 9962-2000

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Ser colunista consiste na apaixonante tarefa de reunir informações sobre personalidades de uma cidade, de uma região ou de um país. Nestas páginas, as personalidades do agrobusiness brasileiro compartilham seus momentos raros de lazer com a família e os amigos. Venha conosco nestas aventuras pelo Nordeste e Sul do Brasil, pelos Estados Unidos e nos Emirados Árabes. Obrigada pela confiança e companhia! P OR JA N A IN A NUNE S

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elitte rural

Social

O luxo dos Prata Cunha em Dubai Dubai é conhecida por ser o principal pólo turístico dos Emirados Árabes. Uma cidade com população masculina três vezes maior do que a feminina. Arranha-céus, ilhas, lagos artificiais, parques, praias e obras impressionantes de engenharia fazem do passeio algo inesquecível. José Carlos Prata Cunha, Junia Naves Rodrigues da Cunha, Fernanda Prata Cunha Settani e Marcus Settani embarcaram nesta viagem e trouxeram excelentes recordações. Eles se integraram aos 10 milhões de turistas que desfrutam das maravilhas que a cidade oferece. Obras faraônicas, hotéis fascinantes, ouro e brilhantes. Júnia conta que a família se hospedou no Anantara Dubai The Palm Resort Hotel. Oferecendo uma fuga urbana, é um lugar maravilhoso. Debruçado sobre a crescente oriental da icônica Palm Jumeirah, um arquipélago de ilhas ligadas ao continente, é um notável resort inspirado na arquitetura tradicional tailandesa em um ambiente árabe. Detalhe: os quartos ficam do lado da praia encantadora, além das piscinas e dos deliciosos tratamentos no Spa Anantara. Também integrou o tour a Mesquita de Abu-Dhabi, toda construída em mármore branco e com capacidade para 40 mil pessoas. Erguida entre 1996 e 2007, esbanja ouro de 24 quilates e cristais de Murano em mais de cem colunas. Um monumento equivalente a R$ 1,5 bilhão. A família também não perdeu a chance de conhecer o restaurante Al Mahara. Além do visual incrível, eles aprovaram a excelente comida de qualidade a partir da cozinha criativa. Não poderia faltar uma visita à pista de Fórmula 1 mais diferente do mundo! O autódromo oficial dos Emirados Árabes abriga diversas outras modalidades, como Moto GP e Fórmula 3000! E por falar em deserto, José Carlos, vestido de sheik, ficou o máximo! 82


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elitte rural

Social

Valquíria Ferrarin e a família no paraíso brasileiro

O aniversário de Flávia Loyola no sul A advogada Flávia Sampaio Drummond

Caracol, famosa por ter 131 metros de

Loyola comemorou aniversário em

queda livre. O Parque Terra Mágica Flo-

viagem com o marido, Clenon Loyola, e

rybal não deixou de surpreender. Na

os filhos Bárbara, Camila e Clenon, seus

recepção, foram convidados a entrar

respectivos acompanhantes e os netos.

no mundo da magia.

Uma semana recheada de experiên-

Flávia amou o Snowland, primeiro

cias no município colonizado pelos

parque de neve indoor das Améri-

imigrantes italianos e alemães. Gramado

cas. A família divertiu-se com esqui,

preserva suas origens através de mu-

snowboarding e airboard, além de

seus e parques temáticos, como poucas

ter a oportunidade de curtir a neve

cidades do Brasil.

particular. Fica na lembrança mais um

A família se aventurou na Cascata do

aniversário inesquecível!

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Valquíria Ferrarin e a família desembarcam no paraíso brasileiro Beach Park Suites Resort, localizado na privilegiada praia de Aquiraz, na praia de Porto de Dunas, 30 quilômetros a leste de Fortaleza. Foram nove dias de pura alegria e diversão entre os 34 quilômetros de lindas praias e clubes da região. Há 15 anos, este lugar era desabitado, mas hoje desponta como uma das áreas mais valorizadas pelo mercado imobiliário da capital. O local abriga o Resort do Beach Park com suas maravilhosas acomodações, de frente para o mar. Para quem foge da areia, que tal uma de borda infinita, outra para crianças e ainda a de correnteza, que leva direto ao parque aquático. Bela também é a Jacuzzi à sombra de um gazebo. Sem falar da culinária, que é um espetáculo à parte! Toda noite, um prato é feito ao vivo para a apreciação do hóspede! Luxo puro! Merecido descanso para Valquíria, que se divide entre a agricultura e a pecuária.


Pelo Mundo...

Alfredinho Zamlutti, em Aspen, com Lucinha e Cláudia Junqueira

O casal Gabriel Garcia Cid e Paula levaram suas filhas Maria Gabriela e Maria Beatriz para passar as férias na Disney. Pura diversão!!!

A pequena Maria Coutinho, filha de Rafaelle e Rafael Coutinho, também aproveitando a Disney

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elitte rural

Social

Zamlutti e o tour pelos EUA O empresário e pecuarista Alfredo Zamlutti e a esposa, Sônia, passaram inesquecíveis 16 dias de descanso nos Estados Unidos. Eles cur tiram a capital cultural do mundo, Nova York. Aproveitaram as maravilhas de Miami, uma das cidades mais visitadas por turistas do país. Não é pra menos: o clima é quente o ano inteiro, as praias são bonitas e, claro, tem as ótimas opor tunidades para ir às compras. Eles ainda cur tiram o maravilhoso universo dos cassinos, Las Vegas: a mais populosa e povoada cidade do estado americano de Nevada. Em busca de aventura, o grupo sobrevoou o Grand Canyon, no Arizona, e fez um tour gastronômico. Que delícia! Após o descanso, Alfredo voltou para Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, enquanto Sônia retornou à Disney, com a neta Beatriz e Luciana Bandeira. Orlando é uma aventura dos sonhos. Sônia ama a Disney, e não é para menos... A maravilhosa estrutura faz a diferença no estado nor te-americano da Flórida!

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O requinte dos sabores e aromas está entre nossas prioridades ao lhe apresentar as próximas páginas. Vamos falar de uísques nobres e explicar por que eles estão em todos os leilões, de nor te a sul do país! O especialista Lelo Forti é nosso convidado para descor tinar tantos detalhes. Ele é tido como um dos maiores mixologistas do Brasil, ou seja, um estudioso das misturas maravilhosas que as bebidas permitem! Até 20 de março, convivemos com o pleno verão. Tempo de escolher pratos leves. Que tal o salmão? Em diferentes variações, conquista cada vez mais os requintados paladares. Delicie-se! 89


w

elitte rural

Na Mesa

Salmão: requinte, leveza e sabor à gastronomia brasileira Apresentado pela culinária japonesa na década de oitenta, o peixe nobre ganhou versatilidade na cozinha verde e amarela e conquistou o paladar até de quem não é grande apreciador de frutos do mar

P

resente em receitas grelhadas,

O consumo de salmão no mundo

fritas ou cruas, o salmão é um

triplicou desde os anos 1980 e o Brasil é

Saboroso e macio, o salmão é um

verdadeiro best-seller no Bra-

um dos principais mercados em ascen-

alimento leve e perfeito para o clima

sil. O peixe de carne rosada

são. A importação brasileira do peixe

tropical típico do país, mas os benefícios

deixou a exclusividade dos cardápios

subiu de 7.300 toneladas no ano 2000

não se restringem aos meses de verão.

japoneses e hoje pode ser apreciado

para 63.300 toneladas em 2012, segundo

Com a carne rica em ômega 3, o peixe

na forma de um simples hambúrguer

dados da Organização das Nações Uni-

nobre faz bem em qualquer estação, es-

ou, ainda, como acompanhamento para

das para a Alimentação e a Agricultura

pecialmente para o coração. O consumo

pratos sofisticados de massas, risotos e

(FAO). O país é o terceiro maior comprador

ajuda a evitar a obstrução de artérias e

saladas.

do salmão chileno, ficando atrás apenas

a reduzir o colesterol, sendo um aliado na

90

dos EUA e do Japão.


w

prevenção de doenças cardiovasculares.

peculiaridades: o filé precisa estar com

Para valorizar o sabor e os nutrientes

um fiozinho cru no meio, quase na es-

do alimento, entretanto, são necessá-

pessura de um dedo, para manter todas

rios cuidados no momento do preparo.

as propriedades nutricionais. O brasileiro

O chef Windson Santos, do restaurante

tem o costume de comer o peixe se-

Sampaio, em Uberaba (MG), revela que o

quinho, então, muita gente acredita que

principal segredo é cozinhar o peixe sem

está mal passado, mas, na verdade, é

deixá-lo ressecar, conservando o suco

um detalhe proposital”, alerta Windson

da carne. “O salmão é um peixe exóti-

que trabalhou com Marc Le Dantec, co-

co e sempre está na moda, mas tem

nhecido como o chef de todos os santos.

‘‘

“O filé precisa estar com um fiozinho cru no meio, quase na espessura de um dedo, para manter todas as propriedades nutricionais O ponto Acer tar o ponto também deman-

prato pode ser um vinho branco sua-

da cautela no preparo. Chef Windson

ve. Quem gosta de uísque pode es-

explica que o filé não pode ser virado

colher o destilado para acompanhar

às pressas na frigideira ou perde-

o salmão defumado.

rá o sangue. A dica é aguardar um

Nascido em Salvador, na Bahia,

pouco a cada movimento para que a

Windson sempre contou com peixes

super fície da panela recupere a tem-

e frutos do mar em seus menus. O

peratura. Assim, será formada uma

contato com a cultura de outros paí-

crosta externa, que vai concentrar o

ses ao longo da carreira, entretanto,

suco dentro da carne e o valor nutri-

foi o toque final para aper feiçoar as

cional. “O ideal é usar uma frigidei-

receitas tradicionais do litoral brasileiro.

ra de fundo mais grosso para esse

Parte dos ingredientes foi incorporada

processo, começando com fogo alto

a partir da experiência com a culinária

e reduzindo ao longo do cozimento”,

mediterrânea. Já a atenção aos deta-

acrescenta.

lhes para a execução do prato veio da

Para um casamento per feito com

cozinha francesa, sua favorita. “Apren-

o salmão, o chef recomenda molhos

di técnicas de lugares totalmente dife-

adocicados, com ingredientes como

rentes para manusear alimentos que

maracujá ou laranja e mel. Uma boa

eu conhecia desde criança. Isso tem

pedida para harmonizar o conjunto do

sido o mais interessante”, finaliza.

Dica do chef É possível fazer boas receitas com salmão. O sucesso da empreitada começa na compra do peixe. Escolha peças já limpas e sem espinho. O ideal são lâminas com dois dedos de espessura para conseguir um filé no ponto certo.

91


w

elitte rural

Na Mesa

Salmão com arroz negro frito na manteiga de garrafa e regado ao molho de cogumelos frescos O salmão - Tempere o salmão com uma pitada de sal, pimenta-do-reino branca, suco de meio limão e azeite de oliva. - Grelhe o peixe em uma frigideira com pouca gordura, selando todos os lados e reserve. A guarnição - Cozinhe o arroz negro em uma panela de pressão. Coloque água até chegar quatro dedos acima do arroz. Adicione sal a gosto. Deixe cozinhar por 15 minutos após a pressão. - Escorra o arroz e frite na manteiga

De olho no prato O salmão também é fonte de um nutriente chamado de astaxantina, um antioxidante que oferece proteção contra a principal causa da cegueira: a degeneração macular relacionada à idade avançada. Além disso, incluir o peixe na dieta pode reduzir o risco de câncer, doença cardiovascular e doenças neurodegenerativas. Mas o nutrólogo Wilson Rondó alerta para o fato de que nem todo salmão é igual. “Comparado ao salmão do Atlântico criado em cativeiro, o salmão vermelho selvagem, do Pacífico Norte, pode ter até 800% mais astaxantina. Apenas 120 gramas de salmão vermelho têm aproximadamente 4,5 mg da substância”, salienta Rondó.

92

de garrafa. Para cada meio quilo de arroz cozido, são necessários 70 ml de manteiga de garrafa. Vá salteando até ficar crocante. No final, acrescente a pimenta-do-reino branca. O molho - Refogue os cogumelos frescos, de sua preferência, em azeite de alho e cebola picada, até os cogumelos murcharem. Tempere com sal e pimenta-do-reino branca. Adicione er vas finas desidratadas, creme de leite fresco e 50 gramas de queijo parmesão.


w

Salmão grelhado ao molho de maracujá guarnecido com risoto de legumes O salmão - Tempere o salmão com uma pitada de sal, pimenta branca, suco de meio limão e azeite de oliva. - Grelhe o peixe em uma frigideira com pouca gordura, selando todos os lados. Reserve. A guarnição - Cozinhe os legumes de sua preferência e reserve o caldo. - Cozinhe o arroz arbóreo refogado em cebola e manteiga. - Adicione o vinho branco até cobrir e mexa sem parar até a bebida secar.

- Adicione o caldo dos legumes à medida que o líquido for evaporando e misture por aproximadamente 10 minutos até chegar à textura que agrade. - Adicione os legumes e sirva. O molho - No liquidificador, use o botão pulsar para separar a polpa da semente de maracujá. - Adicione uma dose de licor de laranja e uma dose de Martini. - Reduza a mistura até ficar com consistência agradável. - Use sal a gosto.

93


elitte rural

Na mesa

Uma dose de uísque

A bebida mais pedida na hora da batida do martelo

N

o mundo dos criadores de animais puro de origem – também chamados de elite –, o leilão é um evento

único. Quando presencial e transmitido pela televisão, torna-se um aconteci-

mento social de grande alcance. Não importa se a requintada pista, onde se desenvolve o remate, está na sede das fazendas, nos navios de luxo ou em um fino restaurante. É um momento de evidenciar o prestígio e o fino gosto de seus idealizadores. No cardápio da festa, a bebida mais desejada é o uísque. A pedido da Elitte Rural, o mixologista e renomado consultor de bares Lelo Forti fez um roteiro para os apaixonados

94


por uísque, com dicas importantes também para quem deseja começar a apreciar a bebida. Segundo o especialista, os leilões representam reuniões de negócios e, portanto, pedem uísques mais envelhecidos, como Chivas 18 e Blue Label. “Acredito que estes sejam os mais indicados, pois mostram poder, elegância e sofisticação”, afirma Forti, que tem 20 anos de experiência na área de bebidas alcoólicas e é proprietário da Mixing bar is cool, especializada na

pedem consumos distintos. “Quanto

entre dois amigos na varanda pode

formação profissional de bartenders.

mais velho for o uísque, menor será

ser regado a pequenas doses de um

Especialistas do mundo todo di-

a necessidade de adicionar qualquer

uísque 21 anos, pois será um momen-

zem que adicionar uma pequena

outro ingrediente, além dele próprio”,

to de celebração e nostalgia. Já uma

quantidade de água aflora as notas

explica o especialista.

saída com vários amigos na balada

existentes no uísque. Há quem pre-

Lelo traz dois exemplos de como a

pede o consumo de um uísque mais

fira a mistura com energéticos, água

ocasião pode influenciar na maneira

tradicional, que pode ser misturado,

tônica ou água de coco. Para Forti,

de apreciar a bebida: “Um bate-papo

ou não, com outros ingredientes”.

muito mais importante do que a maexistem momentos diferentes, que

‘‘

neira correta de beber é entender que

“Quanto mais velho for o uísque, menor será a necessidade de adicionar qualquer outro ingrediente, além dele próprio A força da juventude O mundo do agronegócio vive

de apreciar o uísque. “Se dermos um

hoje uma renovação, com muitos

uísque para um jovem de 20 anos,

jovens criadores entrando para o

ele normalmente vai dizer que não

seleto grupo da pecuária de elite.

aprecia e que é bebida do pai ou

Para os novatos, nem sempre o

do avô. Esse tipo de comentário é

uísque é a bebida que mais agra-

normal. Quando você apresentar o

da ao paladar. Segundo o mixolo-

mesmo uísque para esta mesma

gista, a experiência do apreciador

pessoa, aos 30 anos, as definições

pode determinar o rótulo e a forma

serão completamente diferentes”,

95


elitte rural

Na mesa

afirma Forti. Ele explica que isso

Bebida de homem?

acontece porque o nosso paladar

A pergunta é pertinente. Conforme

Para homes e mulheres, o primeiro

muda com o tempo, assim como

Lelo Forti, a questão é polêmica quan-

passo para degustar uísque é experi-

amadurecemos como pessoa.

do o assunto é um bom copo de uís-

mentar várias marcas diferentes para

Para quem vai experimentar

que. “Alguns dizem que é bebida de

descobrir qual agrada. O ideal, confor-

as marcas mais envelhecidas, a

homem e que o melhor é apreciá-lo

me Lelo, é utilizar uísques mais leves,

opção pela adição de água tor-

puro, no estilo caubói. Que as mis-

menos amadeirados e, principalmen-

na-se algo mais particular. “Com

turas, como com água de coco, por

te, mais suaves. “Costumo dizer que

um uísque a partir de 15 anos,

exemplo, agradam mais às mulhe-

qualquer tipo de iniciação deve seguir

você não precisa de nada, porque

res. É uma discussão sem fim”, afir-

pequenos rituais, para que a primeira

ele ficou tanto tempo no barril que

ma o especialista.

impressão não seja prejudicada”.

tem a graduação alcoólica igual à de um de 12 anos, mas muito mais amadeirado. Sua sensação alcoólica é muito mais baixa. No máximo, coloca-se um pouquinho de água para soltar o cheiro, porque a água abre tudo”, afirma. Lelo salienta que, quanto mais velho, mais saboroso, ou seja, menos você mistura e menos você bebe. “Eu nunca abriria uma garrafa de 30 anos e a tomaria inteira – seria apenas uma dose para brindar”, comenta Forti.

“Eu nunca abriria uma garrafa de 30 anos e a tomaria inteira – seria apenas uma dose para brindar

‘‘

96

O gelo e o copo Os uísques irlandeses são os mais

pecífico para uísques. “Taças de vinho

indicados para uma iniciação, pois

são bem-vindas quando o assunto é

são mais leves e os únicos destila-

apresentar um uísque para alguém.

dos três vezes, o que lhes proporcio-

Se o público for feminino, a questão

na mais maciez e elegância. Deve-se

do tipo de uísque e da taça é crucial.

cuidar também em resfriar a bebida

Copos on the rocks não são bem vis-

com uma pedra de gelo, para que os

tos no mundo feminino”, garante Forti.

diferentes aromas possam aparecer.

Quanto ao certo e errado na hora

Outra dica do consultor é levar

de tomar a dose, o especialista é ob-

muito a sério a questão do copo a

jetivo: “Definitivamente, não existe o

ser utilizado. O copo tradicional é o on

certo ou errado. Existe apenas o pra-

the rocks, o famoso copo baixo, es-

zer do momento”.


Os mais apreciados pelos brasileiros “Normalmente, uísque e time de futebol não se muda nunca”, diz Lelo Forti, reforçando que é muito difícil um apreciador da bebida ter cinco ou seis rótulos de sua preferência. Confira os uísques mais consumidos

atualmente

no Brasil, segundo o mixologista: - Red Label - Black Label - Jack Daniels - Chivas - Old Par - Buccanas - Jameson

Harmonia de sabores As combinações mais clássicas

Os mais caros do mundo

são com chocolates, queijos sua-

The Macallan: referente ao Macallan clássico como um

ves, castanhas, amendoim, salmão

dos melhores lançados no mundo. Malte único na garrafa

e frutos do mar, porém há dicas

Lalique Cire Perdure, com valor de 460 mil dólares.

que podem fazer a diferença con-

Dalmore Tinitas: mistura única dos vintages das colheitas

forme o uísque:

de 1868, 1878, 1826 e 1939, com toque final em 1940. Malte

- Single Malts e Bourbons: bons

escocês excepcional com preço de 145 mil euros.

com aperitivos e no acompanha-

Glenfiddich Janet Sheed Roberts Reserve: envelhecido

mento de pratos mais leves, como

desde 1955, na Escócia, e frutado com sabor doce e floral.

frutos do mar. Harmonizam-se com

Vendido por 94 mil dólares.

sobremesas devido aos sabores

Glenfiddich Rare Collection: destilado em 1937, na Es-

adocicados.

cócia, e vendido por 71.700 dólares. Conhecido pela cor

- Blened: apesar de ser mais

nogueira, com sugestões de canela, cravo, cedro e cara-

suave e agradar ao paladar da

melo.

maioria das pessoas, está limi-

Dalmore Malt Scotch: uma mistura de quatro uís-

tado à combinação de comidas

ques de malte, destilados em datas diferentes e en-

leves, como frutos do mar, sushi,

garrafado em 1942. Vendido em um leilão por 58 mil

queijos suaves e saladas.

dólares.

97


elitte rural

Na mesa A mais antiga É a Strathisla Distillery, da Escócia, fundada em 1786. A destilaria foi chamada pela primeira vez de Milltown Distillery. Depois, pertenceu a William Longmore, que a administrou por 38 anos. Em 1870, passou a se chamar Strathisla. Após um incêndio, em 1876, a destilaria precisou ser reconstruída. Em 1950, foi comprada pela Seagram, por meio da subsidiária Chivas Brothers, e continua ativa até hoje.

Recordes surpreendentes

A maior garrafa Com 1,70 metro de altura e capacidade para 228 litros. O feito conquistado é da marca The Famous Grouse, no evento “The Famous Grouse Experience, The Hosh, Crieff, Perthshire”, realizado em 12 de agosto de 2012, na Escócia. O mais antigo É o Glenavon Special Liqueur Whisky. Acredita-se ter sido engarrafado por Glenavon Distillery, em Ballindalloch, Escócia, entre 1851 e 1858. A garrafa pertenceu a uma família irlandesa, durante gerações, e foi vendida para a casa de leilões Bonhams, em Londres, por cerca de R$ 57 mil (£ 14.850). A destilaria, em Ballindalloch, deixou de operar em 1850. A garrafa, de cor verde, possui 400 ml e líquido de coloração dourado pálido.

98

Quem entende do assunto Para o pecuarista Luiz Antônio

grandes destaques no cenário nacio-

Silva, o melhor uísque precisa ter 12

nal, como a Italiana da Mundial, que é

anos de maturação. Coincidentemen-

mãe de campeã nacional e avó de Bi

te, o mesmo tempo da sua história na

Grande Campeã.

seleção do gado Nelore à frente da

Para apresentar animais dessa li-

Agropecuária Mundial, em São José

nhagem ao mercado, o criador não

do Rio Preto, interior de São Paulo.

abre mão de servir em seus leilões um

Neste tempo, Luiz Antônio produziu

excelente uísque com 12 anos de amadurecimento. O predileto dele é o Black Label. “É um uísque que agrada a to-

Foto/Rural BR

O “Guinness World Records” selecionou uma série de recordes relacionados ao uísque, que, certamente, irão surpreender você, leitor da “Elitte Rural”.

dos, desde jovens criadores aos mais experientes selecionadores e apreciadores da bebida, seja nos leilões ou numa roda de amigos, na sala de casa ou na varanda da fazenda. Já experimentei servir outras marcas de uísque em grandes eventos e teve gente que reclamou. Não houve a mesma aceitação”, afirma Luiz Antônio. A melhor pedida para o criador é a mistura do uísque com água com gás ou tônica.


A personagem desta edição é, sem sombra de dúvidas, a mulher mais influente do agronegócio brasileiro na atualidade: a nova ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Vamos mostrar a trajetória da psicóloga Kátia Abreu, desde que ganhou visibilidade no Sindicato Rural de sua cidade, Gurupi, interior do Tocantins. A ministra conta seus planos a par tir de gargalos por ela identificados, como a crise do sucroalcooleiro, a necessidade de ampliar a cober tura do seguro rural entre outros. Defensora de um Mapa aber to ao diálogo, ela assegura que em seu mandato o Ministério não apresentará nenhuma espécie de divisão ou segregação.

99


elitte rural

Nossas historias

Kátia Abreu revela seus planos à frente do Ministério Quando esta editoria da revista “Elitte Rural” foi elaborada, pensamos em um espaço aberto para que os representantes do campo contassem suas histórias. Tem sido assim desde a primeira edição. Muitos personagens do mundo real já dividiram nestas páginas tristezas e alegrias da agropecuária. Nesta sétima edição, o espaço está aberto para a nova ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Diante de inúmeros desafios, Kátia Abreu conta o que pretende realizar nos próximos anos.

L

ogo em seu primeiro dia, Ká-

o tempo, para a mais impor tante

vista que, se eles tiverem sucesso

tia Abreu garantiu, no discur-

das peças mais eficiente agrope-

na atividade, ganha a sociedade

so de posse, que o Mapa es-

cuária tropical do planeta: os pro-

como um todo”.

tará de olhos voltados, todo

dutores. “Digo isso sem perder de

Conforme a ministra, o Brasil deixou de ser uma faixa de aglomeração na costa do Atlântico. “Num grande exemplo de vontade política, inovação tecnologia e, sobretudo de capacidade empresarial, ocupamos o interior do país. Foram anos de muito trabalho e de grandes realizações”, salienta ela, reforçando que o país é o segundo exportador mundial de alimentos, mas que até os anos 70 do século passado, importava alimentos e sequer cogitava um dia integrar o rol dos maiores exportadores do planeta.

100


Foto/epocanegocios.globo.com

Perfil A ministra Kátia Abreu é natural de

Em 1998, disputou pela primeira vez

Goiânia (GO). Formada em Psicologia

uma cadeira na Câmara dos Deputados

pela Universidade Católica de Goiás

e assumiu a vaga em duas oportunida-

Em 2008, foi a primeira mulher a ocu-

(PUC), é mãe de três filhos, exerce a ati-

des, entre abril de 2000 e abril de 2002.

par a presidência da Confederação da

vidade de pecuarista no Tocantins. Lá,

Em 2002, foi efetivamente eleita para

Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), car-

mais precisamente em Gurupi, iniciou

a Câmara dos Deputados, com 76.170

go para o qual foi eleita pela terceira vez no

sua trajetória política como presidente

votos, a maior votação no Estado do To-

ano passado, quando também recebeu

do Sindicato Rural; em seguida, tomou

cantins. Presidiu a bancada ruralista no

a indicação da presidente Dilma Rousseff

frente da Federação de Agricultura e Pe-

Congresso Nacional, sendo a primeira

para ocupar o cargo de ministra da Agri-

cuária do estado.

mulher no país a comandá-la.

cultura, Pecuária e Abastecimento.

Em 2006, venceu a eleição para uma vaga no Senado. Em 2014, foi reeleita.

101


elitte rural

Nossas historias

Sem desmerecer os demais governantes, Kátia Abreu cita o entusiasmo da presidente Dilma com o setor. Entre

Foto/ABC Serviços

O entusiamo de Dilma

os avanços, que só tiveram sucesso com o apoio incondicional da Presidente, ela aponta a aprovação do Código Florestal. “Destaco também a aprovação da MP dos portos, que deu oportunidade para a iniciativa privada construir portos, o Programa de Armazenagem, a criação da Agência Nacional de Assistência Técnica Rural (Anater), os volumes crescentes de crédito e os juros mais compatíveis com a atividade agrícola. Isso apenas para citar os mais importantes”, reforça. Kátia sabe que o setor é grande e complexo. “Ainda temos muito por fazer. E é com essa consciência que assumo o Ministério”.

Inovação

‘‘

102

implementação de programas e projetos inovadores e necessários ao setor e ao país. “Vamos priorizar cada vez mais na estrutura do nosso Ministério a desburocratização de processos, para descomplicar a vida daqueles que precisam. Modernização, eficiência e transparência serão nosso foco. Todos os nossos programas e projetos terão uma gestão orientada para resultados, com controle rigoroso de avaliação”.

Foto/brasil.gov.br

“Ainda temos muito por fazer. E é com essa consciência que assumo o Ministério

A presidente Dilma teria determinado expressamente ao Mapa a


Foto/Agência Brasil

A ministra identifica como gargalos “as dificuldades do setor sucroalcooleiro, a morosidade do processo de registro de agroquímicos, a necessidade de ampliar a cobertura do seguro rural e de adequar os instrumentos

“Não tenho dúvida de que a nova logística do Arco Norte, em conjunto com a duplicação do Canal Panamá, trará diferentes possibilidades para produtores e empresas

da política agrícola às especificidades das regiões Norte e Nordeste”.

Kátia Abreu salienta a necessidade de mais hidrovias, de mais fer-

Conforme sua própria fala, os

rovias. “Não tenho dúvida de que a

avanços em infraestrutura e os investi-

nova logística do Arco Norte, região

mentos públicos das últimas décadas

acima do paralelo 16, em conjunto

não foram suficientes para ajustar a

com a duplicação do Canal Panamá,

oferta às demandas. “Sei que vamos

trará diferentes possibilidades, para

fazer mais. Nós devemos isso a um

produtores e empresas. Criará alter-

setor que acredita no futuro do Brasil e

nativas para o Centro-Oeste, Norte e

que, mesmo em meio às dificuldades

Nordeste. Desafogará o Sul e o Su-

e incertezas, continua investindo e au-

deste. Vai viabilizar o novo Brasil em

mentando a sua produção”.

termos de produção”.

Foto/webidea40.blogspot.com.br

Os gargalos

103

‘‘


elitte rural

Nossas historias

Classe média no campo Foto/ufrgs.br

Outro desafio determinado com muita ênfase pela Presidente é a ampliação da classe média rural brasileira, a exemplo do que ocorreu nas cidades, que contam hoje com 56% da população na classe média. “Vamos estabelecer como meta dobrar a classe média rural nos próximos quatro anos”. Dados do governo federal apontam que, hoje, o Brasil tem mais de cinco milhões de produtores, sendo que 70% nas classes D e E, 6% nas classes A e B e apenas 15% – algo em torno de 800 mil produtores – na classe C. as nossas universidades de Ciências

técnica e extensão rural para o maior

Agrárias, viabilizando estágios para os

número possível de produtores em

nossos universitários e dando a eles a

um movimento coordenado por nossa

oportunidade de participar de uma re-

Agência Nacional de Assistência Técni-

volução do conhecimento no campo.

ca e Extensão Rural (Anater). Formare-

Iremos de porteira em porteira para en-

mos uma Rede Nacional de Assistência

contrar essas pessoas, fazendo valer as

Técnica Rural, envolvendo os órgãos

palavras de Guimarães Rosa: ‘a vida é

públicos e privados de extensão rural,

um mutirão de todos’”.

“Fazendo valer as palavras de Guimarães Rosa: ‘a vida é um mutirão de todos’

‘‘

“Para isso, levaremos assistência

Planejamento de defesa agropecuária Foto/CNA

Outro desafio tido como impor tante para Kátia Abreu é consolidar um planejamento nacional de defesa agropecuária, construído por meio de parceria do poder público, iniciativa privada e as universidades. “Os fóruns de secretários de Agricultura de órgãos de defesa serão nossos parceiros e orientadores. Queremos solidez técnica para garantir confiabilidade para os nossos consumidores no Brasil e no mundo. A meta é garantir padronização, transparência e segurança”. Como caminho, a ministra cita a Plataforma de Gestão Agropecuária (PGA), implantada por meio de parceria entre o Ministério da Agricultura e a CNA. “É a maior ferramenta do gênero no mundo”, reforça.

104


Foto/ogritodobicho.com

Mercado externo

produtores e a nossa agroindústria já

Ela acredita que a efetivação do

demonstraram muitas vezes que não

planejamento de defesa agropecuá-

têm medo da competição e que o

ria irá consolidar a participação bra-

espaço para elevar a produtividade

sileira nos mercados nos quais o país

não está esgotado. Por isso, seguimos

já está inserido e facilitar o acesso a

otimistas a respeito do nosso desem-

outros. “Ampliar o comércio exterior

penho nos próximos anos, mesmo sa-

vai ajudar o Brasil a crescer. O conjun-

bendo que essa é uma luta que não

to dos brasileiros precisa reconhecer

podemos vencer sozinhos”.

que a produção e as exportações do o equilíbrio da nossa economia, tanto no plano interno, abastecendo os preços estáveis em nossas cidades, como no plano externo, produzindo dezenas de bilhões de dólares de superávit cambial”. Kátia Abreu entende que, no cenário externo, a redução do crescimento econômico nos países desenvolvidos – que agora também se estende aos grandes mercados emergentes, os quais absorvem parte das exportações brasileiras – poderá intensificar a competição e limitar preços. “O nossos

“As exportações do agronegócio são fundamentais para o equilíbrio da nossa economia, tanto no plano interno como no plano externo

‘‘

agronegócio são fundamentais para

105


elitte rural

Nossas historias

Sustentabilidade Foto/Nelore MS

A representante do Mapa avalia que o Brasil tem avançado muito na direção de uma produção cada dia mais sustentável. De acordo com a ministra, o desmatamento vem caindo de forma consistente. “Teremos aquela que será a maior e mais impor tante ferramenta para a gestão ambiental no Brasil: o Cadastro Ambiental Rural (CAR). Com ele, estarão reunidas, numa mesma base, informações sobre o uso do solo, atividades produtivas e muitas outras. Tudo com o apoio de imagens de satélite”, enfatiza Kátia, analisando tares disponíveis para a irrigação.

– mais nove milhões de pessoas na

Entre as alternativas de produ-

São áreas já utilizadas na agricultu-

Terra”, reforçou Kátia.

zir mais sem comprometer o meio

ra e na pecuária. No entanto, pouco

A meta é que este plano de ir-

ambiente, ela cita as parcerias com

mais de cinco milhões de hectares

rigação seja um guia para os in-

o Ministério da Integração Nacional

são irrigados, ou seja, um aprovei-

vestidores privados, que, com as

(MI), com a Agência Nacional de

tamento de 17% do potencial. “A

condições adequadas – crédito

Águas (ANA) e com a iniciativa pri-

irrigação bem feita pode dobrar a

e regulação eficiente –, poderão

vada. “Vamos priorizar a elaboração

produção de uma mesma área.

responder por até 90% do inves-

de um plano para dobrar a área ir-

Lembro aqui que a FAO espera um

timento necessário. “É impor tante

rigada do país nos próximos anos”.

aumento de 60% na produção de

mencionar que a presidente Dil-

Conforme dados do Mapa, o

alimentos até 2050, quando sere-

ma acatou, desde 2012, pedido da

Brasil tem hoje 30 milhões de hec-

mos – eu espero estar viva até lá

CNA, para que houvesse, nos pla-

a implantação total do CAR.

nos-safra, linha de crédito específica para irrigação”.

A ministra entende que, por mais que sejamos conscientes de nossos interesses e por mais que seja legítimo lutar por eles, há momentos em que devemos ser capazes de transcender esses interesses em benefício do interesse maior do conjunto da sociedade. E promete: “É com esse espírito que assumo hoje esta tarefa. Este será o Ministério dos produtores rurais, sem nenhuma espécie de divisão ou segregação, e das empresas. Será um Ministério da produção, mas será, acima de tudo, um Ministério de diálogo. Um Ministério dos brasileiros”.

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“Vamos priorizar a elaboração de um plano para dobrar a área irrigada do país nos próximos anos

‘‘

O interesse coletivo


Vamos levar você, leitor da “Elitte Rural”, para conhecer a Fazenda Mabra I, de Marinho Pereira Braga. Descor tine com a gente os cômodos da exuberante construção, carregada de idealismo em busca dos melhores animais. Em cada detalhe, o bom gosto dos integrantes da família, em especial, da esposa Sonia. O rústico e o funcional se fundem em nome do contemporâneo. Lugar per feito para preser var costumes do Estado de Goiás, como as festas juninas, cavalgadas e a deliciosa culinária caseira. 107


elitte rural

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Visita


Fazenda Mabra I

Um paraíso no coração de Goiás O nome Mabra vem das iniciais do seu proprietário Marinho Pereira Braga. Mineiro de Brumadinho, município localizado na região metropolitana de Belo Horizonte, manteve por vários anos um estabelecimento comercial e ajudava o pai na atividade rural, principalmente na compra e venda de gado de corte. Em 1977, mudou-se para Brasília (DF) e ingressou na indústria farmacêutica, transferindo-se para a capital de Goiás, Goiânia, em 1979. Lá, casou-se com Sonia Silveira Braga e fundou sua primeira empresa, a Unidrogas, distribuidora de medicamentos. Em 2000, nasceu a CiAfarma Científica Farmacêutica induústriA DE MEDICAMENTO para atender todo o Brasil. 109


elitte rural

Visita

O

gosto pelo campo sempre acompanhou Marinho Pereira Braga. A primeira propriedade foi adquirida em 1996. A Fazen-

da Córrego do Ouro, no município goiano de Nazário, por ser a sede da Agropecuária, foi chamada também de Mabra I. Abriga baias para a criação de gado Nelore de Elite e de cavalos Manga-Larga Marchador. Mais que uma atividade econômica, a família Braga vê na criação de gado de elite uma excelente oportunidade de bons relacionamentos e convívio com outros criadores, que carregam a paixão pelo campo. “Há alguns anos, a criação extensiva de gado de corte tem sido uma atividade desenvolvida em minhas fazendas. A preocupação com a preservação ambiental e o olho no mercado contribuíram para que nossa família tivesse uma atividade lucrativa, aliada à satisfação, ao prazer: a criação do gado Nelore de Elite e o melhoramento genético”, reforça Marinho. Mais de mil pés de coco-da-baía levam até a sede da Mabra I, uma casa em estilo

110


111


elitte rural

Visita

colonial, que foi reformada para proporcionar conforto e aconchego nas horas de lazer, que compreendem desde jogos de futebol com os colaboradores e amigos até noites de degustação de vinho ao som do piano. Toda a Agropecuária Mabra é composta por cinco propriedades. Além de Nazário, há sedes em Anicuns e Palmeiras, totalizando aproximadamente 1.000 alqueires de terra de cultura, a 60 quilômetros da capital, Goiânia. As fazendas têm excelente estrutura física, tanto para a criação de gado, incluindo confinamento, como também áreas destinadas à plantação de soja, milho, eucalipto e teca. São muito bem servidas de água, principalmente a Mabra I, que é banhada pelo Rio dos Bois, numa extensão de quase 30 quilômetros. Grandes represas servem de criadouros de diversos tipos de peixes e a pescaria é uma atração à parte para as horas de lazer com a família e amigos.

112


Hoje, o visionário Marinho Braga divide a administração das empresas com a esposa, Sônia, e os filhos Renato e Gustavo, podendo se dedicar mais diretamente às atividades rurais. “Fazenda é o melhor segundo negócio”, diz Marinho. Ele implanta nas atividades rurais os mesmos princípios de governança corporativa utilizados na empresa, sem perder as origens e os costumes populares da região, como as festas juninas, cavalgadas e a deliciosa culinária caseira, com pamonha, frango caipira com quiabo, pão de queijo e doce de leite. “Não existe satisfação melhor do que reunir a família e celebrar todos os momentos num lugar transformado especialmente com essa intenção”, declara o pecuarista. O capricho está nos detalhes. A bela capela da sede é uma réplica da matriz de Nazário. Foi construída na fazenda e já sediou batizados dos netos Pedro e Lourenzo, o noivado do filho deles entre outros eventos de gente querida. O local também sedia, todo ano, o Terço de Santo Antônio, seguido de uma já tradicional festa junina.

113


elitte rural

Capa

Bruno Grubisich

colhe frutos da dedicação

E

le dá continuidade ao cami-

do pai, o bem-sucedido José Carlos

nho vitorioso da família, que

Grubisich. Dedicado, este empresário,

iniciou a atividade rural com

que já atuou como advogado e co-

a Verdana Agropecuária, no

nhecia o Nelore em razão da Verdana

interior de São Paulo. Bruno

Agropecuária, investiu em cursos de

Grubisich é o nome for te da Seleon

julgamento pela Associação Brasilei-

Biotecnologia, instalada em Itatinga.

ra de Criadores de Zebu (ABCZ), con-

Com um ano de mercado, a empresa

cluiu Pós-Graduação em Marketing

visa a contribuir com o rebanho bra-

no Agronegócio na Escola Superior de

sileiro, por meio de soluções seguras,

Propaganda e Marketing (ESPM) e nun-

eficazes e acessíveis. Um desafio que

ca deixou de ouvir nenhuma recomen-

o levou ao topo, na última edição

dação dos experientes companheiros

da Nelore Fest. O empreendedor de

do agronegócio.

ponta recebeu o troféu na categoria Nova Geração. A coragem e o feeling ele herdou

114

Uma renovação de sucesso que, certamente, beneficiará toda a família da pecuária nacional.




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