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elitte rural

Sumario

elitte

REVISTA

RURAL

MAIO 2014 . ANO 2 . NÚMERO 3

Foto/Zzn Peres

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40 08

RAÇA Mulas na era da barriga de aluguel

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Biotecnologia Seleon chega com tudo

18

TERRA Clima ameaça safra no Brasil

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Pimenta neles Tempeiro brasileiro ganha o mundo

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PONTO DE VISTA Tudo sobre contrato de exclusidade

38

GENTE Leda Garcia na ABCZ

44

Arnaldo Manuel Um ícone nos 80 anos da entidade

4

30 113


Foto/Zzn Peres

Foto/Fábio Fatori

106 50

ACONTECE O que há de melhor na programação

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GIRO Um mix dos leilões do ano

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ELITTE RURAL SOCIAL A badalação da pecuária

104

NA MESA Os encantos do wagyu

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Charutos O forte e requintado sabor

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NOSSAS HISTÓRIAS Aventure-se na Patagônia

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10

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ELITTE RURAL VISITA Um tour pela história

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Editorial

elitte rural

Oito décadas de sucesso...

S

ão 80 anos de histórias. Nós, da “Elitte

Nós, da “Elitte Rural”, nos orgulhamos da família

Rural”, nos sentimos honrados de adentrar

da pecuária nacional a cada batida do martelo nos

pelo poderoso portão da frente e percorrer

leilões aqui apresentados nas editorias Giro e Acon-

as alamedas do Parque Fernando Costa,

tece. Mais do que cifras milionárias, é a comprovação

em Uberaba (MG), no ano em que se comemoram

de que os avanços da biotecnologia se apresentam

tantas décadas de sucesso.

nas pistas. Novas raças se misturam às tradicionais

A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu

e conferem mais sabor aos requintados paladares,

(ABCZ) prova, a cada edição, que resiste aos tem-

conforme você pode comprovar na editoria Na Mesa.

pos líquidos e, ao contrário, consegue mostrar-se

Passeando junto com os pecuaristas, conhece-

contemporânea. Assistiu a declínios de presidentes,

mos lugares incríveis. A editoria Nossas Histórias está

apoiou os que lutariam pela causa dos ruralistas,

incrível! Nosso Ponto de vista traz um raio X sobre

sobreviveu à troca de moedas, saboreou o apogeu

temas polêmicos relacionados às novas tendências

e sobreviveu à queda do Zebu, sem perder o rumo.

do agronegócio. Na editoria Elitte Rural Visita, você

O exemplo persistente dos mascates que ras-

vai conhecer um cantinho do país que parece parado

garam o Brasil e a Índia para o aprimoramento das

no tempo, um lugar onde a história salta aos olhos. Você, que se dedica ao meio rural ou, como

atentos aos avanços tecnológicos, que, de palheta em

nós, convive com esta família, sabe que tem muita

punho, recriam vida em laboratório em nome do ani-

gente que faz a diferença. Nesta edição, apresen-

mal perfeito, conforme as características raciais. Mais

tamos duas personalidades incríveis: Leda Garcia

do que isso, buscam animais potentes em carne e leite

é uma pioneira e Arnaldinho, um arrojado idealista

que consolidem o país no topo do ranking mundial,

do Zebu. Duas personalidades marcantes fazendo

em tempos de muita demanda. Gerações trocam ex-

a diferença nestes 80 anos de ExpoZebu. Vivencie

periências a cada lance e fazem a diferença para esta

conosco esta experiência de conhecê-los e desfru-

nação ainda jovem, ainda em construção.

te de cada página especialmente dedicada a você!

Foto/Fábio Fatori

sete raças contagiou gerações. Homens e mulheres

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Expediente

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REVISTA

RURAL

www.elitterural.com.br Diretores: Renata Penna - renatapenna.firstclass@gmail.com Roberto De Nadai - denadai@elitterural.com.br FOTOGRAFIAS: Rosimar, Rubens Ferreira e Zzn Peres CAPA: Jadir Bison - Fotografia

Foto/Fábio Fatori

Fábio Fatori, Odair de Oliveira, Roberto de Mattos,

EQUIPE EDITORIAL: Indiara Ferreira Assessoria de Comunicação Ltda. ME Jornalista responsável: Indiara Ferreira MTB MG-6308 Equipe: Eduardo Idaló, Janaína Isidoro, Michelle Rosa, Natália Escobar e Rona Abdalla DIRETOR JURÍDICO: Bruno Campos Silva DEPARTAMENTO COMERCIAL: Renata Penna (34) 9990-7180 Janaina Nunes (43) 9982-2377 comercial@elitterural.com.br Diretor criativo: Dudu Assis (34) 9640-1345 DESIGNER GRÁFICO: Augusto Sousa (34) 9676-9622

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Foto/Fábio Fatori

As matérias publicadas podem ser reproduzidas


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Raca Foto/Fรกbio Fatori

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Mulas são utilizadas como barriga de aluguel em Uberaba A diferença da gestação é de três semanas a mais. A taxa de fertilidade varia de 30% a 50%, comparada com a transferência de embriões entre éguas

A

primeira potra da raça

receber um embrião que já foi ge-

destaque do criatório. “Ele é um ani-

Manga-larga

Paulista

rado, ser vindo-se de receptora, ela

mal híbrido, que resultou do cruza-

gerada por uma mula

consegue levar a gestação adiante,

mento de duas espécies diferentes.

nasceu na Agropecuá-

pois tem aparelho reprodutivo com-

A gente utiliza o jumento na égua

ria Naviraí – criatório

pleto, com um ciclo estral normal”,

para produzir a mula, o que vem fa-

de raças zebuínas, cavalos Manga-

explica o médico veterinário Eduar-

zendo parte de nossos estudos há

larga Paulista e de jumentos Pêga –,

do Pontes, que adotou a técnica na

alguns anos, e o resultado foi satis-

localizada em Uberaba, no Triângu-

Chácara Naviraí.

fatório”, afirma o médico veterinário.

lo Mineiro. Esse é um procedimento

A mula foi a mãe de aluguel. Os

A Naviraí produz suas próprias

bastante raro no Brasil, pois a mula

pais verdadeiros são uma égua e um

mulas, cruzando éguas Manga-lar-

é um animal infértil. A propriedade

cavalo Manga-larga Marchador de

ga Paulista com jumentos Pêga.

adotou a técnica de Transferência de Embriões (TE) para viabilizar a reprodução equina e otimizar o uso das tropas, já que as mulas que não servem para o trabalho no campo podem ser utilizadas como receptoras, ao invés de ser descartadas. “Os casos de fertilidade desse animal são raríssimos, pois é uma fêmea que não consegue gerar um embrião devido à incompatibilidade do número de cromossomos entre as espécies genitoras. Porém, ao

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Raca

Como não dispunha de éguas para usar como barriga de aluguel, optou pelas mulas. De acordo com Eduardo Pontes, o índice de prenhez registrado foi similar ao verificado em éguas. A diferença da gestação foi de três semanas a mais que em uma égua, que demora 11 meses para parir. O primeiro embrião de equino gerado por uma mula na Naviraí nasceu em novembro de 2013. “As mulas têm habilidade materna semelhante à das éguas, alimentando e cuidando bem de suas crias, mas essa característica pode variar de fêmea para fêmea”, observa Eduardo Pontes. A técnica deu tão certo que já foi reaplicada. Apesar do filhote ainda pequeno, a mãe de aluguel está prenhe de novo, de dois meses. E ela não é a única. Outras mulas da fazenda já foram fertilizadas. A técnica em média R$ 1.500. Com a aplicação da tecnologia, a mula conquista mais espaço no campo. “A mula até então tinha apenas três funções: a cavalgada, o trabalho no campo e a competição em campeonatos de marcha. Alguns cria-

“As mulas têm habilidade materna semelhante à das éguas, alimentando e cuidando bem de suas crias, mas essa característica pode variar de fêmea para fêmea

‘‘

de transferência de embrião custa

tórios de seleção forte têm levado muares para esse tipo de evento. Mas os animais que não servem para nenhuma dessas três finalidades, às vezes porque empacam ou porque têm lesões, são descartados. Como receptoras podem ter uma grande utilidade”, explica o médico veterinário, que pretende continuar a atividade e divulgar a técnica para outras regiões do Brasil.

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A TÉCNICA

seu material genético. O custo mé-

A técnica é baseada no princí-

dio é de R$ 1.500 por transferência.

pio da multiplicação, de forma ace-

Os embriões considerados viáveis

lerada, da progênie (descendentes)

poderão ser transferidos para outras

de fêmeas (doadoras) consideradas

fêmeas ou, ainda, ser bipartidos e

superiores, dentro de cada criatório.

transferidos a fresco. A transferência

Atualmente, é a técnica mais aces-

a fresco ou pós-descongelamento

sível e de melhor aproveitamento de

consiste na deposição do embrião

uma doadora na multiplicação do

no útero de receptoras previamente


mula tem entraves fisiológicos e precisa de uma bateria grande de hormônios até que o embrião seja capaz de desenvolver sozinho. São pelo menos 100 dias de aplicações, muito mais que numa égua. Quase quatro meses de manutenção semanal e a alto custo. Os hormônios não são baratos”, afirma o especialista. A vantagem em utilizar a TE, de acordo com Cristiano Pereira, está na possibilidade de multiplicação. Em uma mesma doadora podem ser feitas várias coletas no período de um ano, o que permite que

As desvantagens

uma fêmea produza até seis potros

No caso das mulas, o es-

por ano, sendo que em condições

pecialista diz que a taxa de

As doadoras são submetidas a

normais produziria apenas um. “A

fertilidade ainda é muito infe-

tratamentos com hormônios, que

técnica maximiza a produção e dá

rior, comparada à técnica de

atuam sobre os ovários, causando

ao criador a possibilidade de retirar

Transferência de Embrião entre

múltiplas ovulações (superovulação).

de uma fêmea de alto potencial –

éguas ou vacas. “A taxa de

Segundo o especialista em reprodu-

seja para competição ou a lida na

prenhez varia de 30% a 50%.

ção animal Cristiano Pereira Barbo-

fazenda – a obrigação da materni-

Enquanto na égua a cada dez

sa, essa é uma das desvantagens

dade. A barriga de aluguel é, geral-

embriões implantados seis vin-

de usar muares como receptoras. “A

mente, um animal inferior”, explica.

gam, na mula a média é de

selecionadas.

três prenhezes a cada dez”. Para o especialista, a utilização de muares na reprodução de equinos é uma grande descoberta científica, mas ainda não apresenta vantagens econômicas

que

viabilizem

essa prática nos vários criatórios brasileiros. “O custo da mula como barriga de aluguel chega a ser quatro vezes maior, comparado ao de uma égua de padrão inferior para servir como receptora”, opina Cristiano Pereira.

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Raca

A nova cara da

biotecnologia Genômica e biomarcadores seminais para fertilidade marcam nova era no Brasil

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no setor será originado dessas economias, principalmente na Ásia. No Brasil e na África do Sul, integrantes dos chamados países Brics (Brasil, Rússia, Índia, China, que se destacam no cenário mundial como países em desenvolvimento), a demanda deve subir em ritmo constante. A fórmula para resolver a equação de aumento de consumo versus redução de área está na intensificação do manejo no número de cabe-

A infraestrutura foi desenvolvida para ser uma plataforma biotecnológica completa e atender a programas de reprodução assistida em escala

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V

ocê já imaginou que até 2022 haverá aumento do consumo interno de carne e leite, demandando crescimento de produção e qualidade? E já imaginou também que, na contramão desta perspectiva, os especialistas preveem que a área de pastagens cairá 3%? Uma pesquisa da organização Bund, a Fundação Heinrich Böll, ligada ao Partido Verde alemão, e o jornal francês “Le Monde Diplomatique” indicam que, até meados deste século, agricultores e empresas agrícolas em todo o mundo terão que aumentar a produção dos atuais 300 milhões para 470 milhões de toneladas de carne para satisfazer a demanda global. O estudo sugere que, enquanto na Europa e nos Estados Unidos o consumo de carne vem estagnando, nos países em desenvolvimento o aumento é significativo, impulsionado, sobretudo, pela crescente classe média. A estimativa é de que, em oito anos, cerca de 80% do crescimento

ças de gado por hectare, no investimento do melhoramento genético do rebanho, principalmente com o auxílio das biotecnologias apropriadas para cada sistema de produção. Para a gerente executiva do Polo de Excelência em Genética Bovina, Renata Soares Serafim, a inseminação artificial é uma das saídas, em especial, com sua popularização e os benefícios que proporciona aos criadores e rebanhos. “O pecuarista já entendeu que é preciso investir em biotecnologias para conquistar melhores resultados tanto em animais de elite quanto em rebanhos comerciais. O lucro virá em menor tempo e com melhor qualidade sanitária, o que garantirá melhores produtos”, explica Renata. Com sede em Uberaba, instalado na Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), o Polo de Genética promove, desde 2008, condições para consolidar a liderança de Minas no desenvolvimento sustentável da genética animal. O Polo integra 20 instituições parceiras,


como associações e universidades federais, com 18 empresas do setor da biotecnologia, com a meta de fortalecer o desenvolvimento da pesquisa e a capacidade de inovação. “A inseminação vem sendo difundida há muito tempo. É extremamente importante que essa técnica chegue ao alcance de todas as regiões, não só daquelas renomadas na criação bovina, mas também das menos conhecidas, para que a qualidade dos rebanhos possa ser padronizada”, explica a gerente. Para o diretor-presidente da Seleon Biotecnologia, Bruno Grubisich, a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) é uma ferramenta revolucionária que está trazendo grandes ganhos de produtividade para o rebanho brasileiro, porém, por ainda ser carente de informação, tem sua utilização restrita. “De olho neste desafio, criou-se a Seleon, que chega para unir forças com criadores, pesquisadores e empresários do agronegócio, no sentido de democratizar a genética dos rebanhos melhorado-

res, espalhados pelos quatro cantos deste imenso celeiro chamado Brasil. Nosso principal objetivo é difundir o uso massal das biotecnologias de reprodução no sistema produtivo da carne e no leite, através do fornecimento de serviços de qualidade, confiáveis, sustentáveis e rentáveis, gerando um círculo virtuoso para toda a cadeia. O posicionamento será de prestador de serviço, de veículo da biotecnologia em reprodução animal”, afirma o diretor-presidente. Para tal, a empresa está se estruturando para contemplar serviços que abrangem desde a coleta e processamento de sêmen até a produção de embriões FIV em escala, lançando mão das mais modernas e performantes tecnologias para obter índices de concepção e produtividade cada vez maiores. Com este foco, a Seleon começou a ser projetada em meados de 2012, no município de Itatinga, interior de São Paulo, a 220 quilômetros da capital pela Rodovia Castello Branco. Sua implantação se dá em uma área

privilegiada de 70 hectares, onde o clima é ameno e seco, com altitude de 900 metros, condições ideais para a produção de sêmen de qualidade nos 12 meses do ano, tanto para animais taurinos quanto zebuínos. Em julho de 2013, o projeto começou a ganhar formas e a ser executado. “A infraestrutura foi desenvolvida para ser uma plataforma biotecnológica completa no sentido de atender a programas de reprodução assistida em escala”, revela Bruno.

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Ele garante que a empresa apresenta o que há de mais moderno e atual em termos de manejo, sanidade e bem-estar animal no Brasil. A estrutura da Seleon apresenta capacidade para abrigar até 200 touros, sendo 40 na quarentena e 160 do rebanho em coleta. Há ainda o laboratório de coleta de sêmen, armazenamento criogênico, laboratório de quarentena, laboratório para a produção de embriões FIV, setor de pesquisa e desenvolvimento, auditório para receber conferências e simpósios, além de área administrativa e comercial. Dentro da filosofia de buscar permanentemente a excelência de resultados nas suas atividades, a Seleon utilizará os avanços na pesquisa alinhados com as necessidades do campo. “Contaremos com os mais modernos equipamentos em nível mundial, utilizando sistema computadorizado para checar parâmetros de qualidade seminal, bem como a citometria de fluxo para detectar características estruturais e funcionais dos espermatozoides, dando maior confiabilidade para o uso das partidas de sêmen em programas tanto de IATF quanto de FIV”. Embora o trabalho da empresa 16

seja inicialmente voltado para a coleta, o processamento e a análise de sêmen, segundo Bruno, a Seleon também contempla o programa de fertilização in vitro (FIV) para a produção de embriões em laboratório. “A Seleon está se estruturando para atender a programas de embriões FIV de leite e corte comercial, buscando democratizar e dar uma escala relevante a esta biotecnologia, que certamente será parte importante dos programas de reprodução assistida. Entre outras áreas relacionadas, estaremos particularmente focados nas questões que envolvem genômica e biomarcadores

“Nosso rigoroso controle de qualidade no processamento de sêmen e de embriões fará a diferença nesse mercado promissor

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seminais para fertilidade, ferramentas que vão possibilitar um ganho de qualidade substantivo, tanto nos nossos meios internos de produção quanto para o produtor, que terá maior nível de informação e, consequentemente, padrão de seu produto”, enfatiza. Outra prioridade, segundo Bruno, é a segurança das informações sobre o material genético produzido. “A rastreabilidade estará assegurada através de um software desenvolvido sob medida para a Seleon, fazendo o acompanhamento total, tanto dos animais quanto de sua produção, em todos os momentos e setores da empresa. A informação estará disponível online para os proprietários”. O diretor-presidente assegura que o intuito é consolidar a Seleon como empresa brasileira líder em biotecnologia animal para que esses serviços se tornem cada vez mais cofiáveis, baratos e acessíveis. O início das operações da Seleon está agendado para o primeiro semestre deste ano e a meta da empresa é a industrialização de dois milhões de doses de sêmen bovino por ano. “Nosso rigoroso controle de qualidade no processamento de sêmen e de embriões fará a diferença nesse mercado promissor”, finaliza o executivo.


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Terra

Clima ameaça

safra recorde de grãos A soja continua como maior destaque. O milho deve ter queda. Produtores e especialistas têm opiniões diferentes sobre os efeitos da falta ou do excesso de chuvas em algumas regiões A produção de grãos no Brasil deverá chegar a 193,6 milhões de toneladas, com o aumento de 3,6% em relação à safra passada, de 186,9 milhões de toneladas. A previsão é do governo federal, com base em levantamento realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Ao contrário de anos anteriores, quando as expectativas ficavam em torno da quebra de recordes na produção de grãos, as atenções estão voltadas, especialmente, para a lavoura de soja, que deve atingir a casa dos 90 milhões de toneladas e, enfim, ultrapassar a safra americana prevista, de 85 milhões de toneladas.

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“A produção de soja deve crescer em cima de áreas de pastagens e milho”, diz o produtor de soja do estado do Mato Grosso e vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), Ricardo Tomczyk. Segundo o produtor, a preocupação é com as questões climáticas. “O clima tem se mostrado uma ameaça em algumas regiões produtoras, mas acredito que só um desastre tiraria essa liderança do país”, afirma.

Na safra 2012/2013, encerrada em julho, o Brasil chegou perto de se tornar o maior produtor mundial da oleaginosa. Mas, com perdas de safra provocadas pela seca no Nordeste e pelo excesso de


chuvas no sul do país, a produção nacional foi de 81,4 milhões de toneladas, 0,7% menor que a americana.

FOTO\REVISTA PLANTAR

Chuva no Mato Grosso

Seca em Minas Gerais No município de Sacramento, no Triângulo Mineiro, a perda nas lavouras chega a 50%, segundo relatório técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater). Mais de R$ 81 milhões de

“Hoje, o governo não tem um plano de solução para crises, como a seca

‘‘

Mato Grosso é hoje o principal estado produtor de soja. A região Centro-Oeste do Brasil foi escolhida para sediar a abertura de colheita este ano por deter 40% da produção nacional. Segundo Ricardo Tomczyk, até o início de fevereiro o clima ajudou os produtores, mas uma semana de chuva ininterrupta foi o suficiente para causar danos às lavouras. “Colhemos até o meio de fevereiro apenas 30% da área plantada. Com o excesso de chuvas a colheita não evolui. Isso deteriora a soja, faz cair a qualidade e, consequentemente, o preço”. A expectativa de Tomczyk era de colher 53 sacas por hectare, mas ele acredita em perda de até 10% na safra. A chuva também favoreceu a infestação da lagarta e, com isso, o custo da produção teve um salto. “O gasto com inseticida superou o que os produtores tinham planejado com base a última safra”, afirma.

prejuízo devem ser contabilizados e o motivo é o oposto do Mato Grosso: a falta de chuva. O município chegou a decretar situação de emergência no início de fevereiro. Desde dezembro, a quantidade de chuva registrada é 30% menor do que a média dos últimos 30 anos. De acordo com o produtor Reginaldo Afonso Souza Júnior, as folhas estão secas e amareladas, e a altura dos pés de soja, 30 centímetros menor do que era esperado. “Em alguns trechos da lavoura nem adianta passar colheitadeira. É desperdício de tempo e dinheiro”, afirma. Áreas que sempre deram média de 50 sacas agora podem ren-

der só cinco por hectare.

Otimismo Apesar dos efeitos climáticos, o ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antônio Andrade, está otimista. “A soja continua, sim, sendo o maior destaque. Nós, com certeza, somos hoje o maior produtor mundial de soja. Podemos destacar como fatores que contribuíram para isso: a tecnologia que existe hoje para produzir o grão, principalmente no centro-oeste do país; a disponibilidade de semente e o mercado,

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Terra Foto/Esalq

Foto/Mapfre

pois os preços da soja hoje são muito remuneradores”. O ex-ministro acredita que a falta ou o excesso de chuvas que assolam algumas regiões neste primeiro trimestre do ano vão influenciar no resultado da safra de grãos muito menos do que se imagina. “Deve haver uma pequena redução na região Sul, sobretudo na soja, mas não será muito representativa, pois a estiagem foi de curta duração e as chuvas praticamente já voltaram à normalidade. Provavelmente, não teremos muito reflexo no contexto global”, explicou Antônio Andrade.

“Em alguns trechos da lavoura nem adianta passar colheitadeira. É desperdício de tempo e dinheiro

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“O primeiro grande objetivo é tirar da agricultura o pensamento de ano a ano, do plano safra. Hoje, o governo não tem um plano de solução para crises, como a seca. A segurança no campo é um desafio que precisa ser encarado a sério”, ressaltou o secretário de Estado.

Ouro ameaçado Desafio de longo prazo

Foto/Biosev

Foto/Centro Rural Tanquinho

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O secretário de Estado da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais, Zé Silva, apresentou preocupação com os reflexos na safra mineira de grãos. “Sabemos que em Minas, nos últimos 80 anos, aumentamos 86% a safra e só 20% a área. Mas nos preocupa, no momento, a falta de políticas de longo prazo para o enfrentamento do veranico que assola Minas e outros estados importantes, como São Paulo”. Em recente visita a Uberaba, no Triângulo Mineiro, para um encontro com produtores e lideranças sindicais do setor ruralista, Zé Silva destacou a necessidade de se criar uma agenda estratégica para o desenvolvimento sustentável da agricultura a longo prazo, dando mais segurança ao produtor.

De acordo com os especialistas do setor, a produção de milho deve ter redução de 3,1 milhões de toneladas, devido à queda do milho 2ª safra. O grão perdeu terreno para a soja, que tem preços mais favoráveis. A produção da primeira safra (32,6 milhões de t) somada à segunda (42,8 milhões de t) deve chegar a 75,5 milhões de toneladas. Segundo o ex-ministro Antônio Andrade, isso se deve um pouco ao clima e a uma pequena redução na intenção de plantio. “Qualquer avaliação agora seria um pouco precoce. Pode ser que essa redução se recomponha ao longo do ano, mesmo porque os preços estão mostrando uma capacidade de reação nestes últimos 20 dias. A 2ª safra está muito concentrada na região


Centro-Oeste, onde as condições climáticas tendem a melhorar, e no Paraná, que também já voltou à normalidade”.

A dobradinha brasileira A cultura do arroz teve bom desempenho, com o aumento de 5,9% da área plantada, podendo alcançar 12,5 milhões de toneladas. O feijão primeira safra, que está em fase de colheita em todo o país, chegou a uma elevação de 38,6% na produção, passando de 964,6 mil para 1,3 milhão de toneladas. O total destinado ao plantio de grãos deve chegar a 55 milhões de hectares, o que representa a alta de 3,2% em relação à área de 53,26 milhões de hectares da safra 2012/2013. Outras culturas, como algodão, mamona, girassol e amendoim segunda safra, também apresentaram elevação para plantio. Os estudos para esse levantamento foram realizados nas principais regiões produtoras de grãos do país, no período de 20 a 24 de janeiro, pela Conab.

PIB do agronegócio deve crescer 4% Segundo levantamento da Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (AGE/Mapa), o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio deve somar R$ 1,03 trilhão em 2014, valor 4% maior ao obtido no ano passado (R$ 991,06 bilhões). Se confirmado esse resultado, o PIB do setor terá crescimento de 34% em dez anos – em 2005 foram R$ 769,2 bilhões. Ainda de acordo com a AGE, com o crescimento da produção nas lavouras, há também a perspectiva de que o valor bruto da produção seja o maior já obtido no país, registrando R$ 314,8 bilhões – o que representa o aumento de 10% sobre 2013, superando pela primeira vez a marca de R$ 300 bilhões. Somado ao valor bruto da produção da pecuária, esse valor deve alcançar R$ 462,4 bilhões, alta de 7,5% sobre o resultado do ano passado. Mercado Internacional. Outros segmentos do agronegócio nacional também têm perspectiva de crescimento, principalmente com a abertura de mercados internacionais para produtos como o milho e carnes, em 2013. No ano passado, o setor exportou US$ 99,97 bilhões – o que representou mais 40% de todos os produtos brasileiros vendidos para outros países – e, este ano, deve superar US$ 100 bilhões. Para o ministro da Agricultura, Antônio Andrade, as perspectivas são boas. “Não há nada que se veja hoje no mercado que mos-

tre uma piora nas condições para a comercialização agrícola. O câmbio também está ajudando bastante, com a valorização do real, e outros produtos, como o milho e carnes, têm perspectiva de crescimento, especialmente com a abertura de mercados internacionais em 2013”, afirma. A contribuição do agronegócio para a balança comercial brasileira é medida pela participação no total das exportações do país (que alcançou 41%), na formação do PIB (que representa 23%) e na geração de 30% dos empregos no país. A presença dos alimentos brasileiros no mercado mundial, em mais de 170 países, e a qualidade e sanidade dos produtos comprovam a eficiência e o êxito das cadeias produtivas envolvidas. O Brasil passou de comprador de diversos alimentos para fornecedor de produtos que o mundo necessita para garantir segurança alimentar. A China, por exemplo, além de ser o principal destino da soja brasileira, tem mostrado interesse em outras culturas. Em 2013, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Administração Geral de Supervisão de Qualidade, Inspeção e Quarentena da República Popular da China (Aqsiq) assinaram um protocolo que permite a exportação de milho brasileiro para a China. As negociações fazem parte da estratégia do governo federal para a abertura de novos mercados. A expectativa é de que essa abertura seja significativa e proporcione um aumento ainda maior nas exportações do agronegócio brasileiro.

Foto/Sindi Frutas

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Terra

Pimenta-do-reino made in Brasil País torna-se o segundo maior exportador no mundo e o estado do Pará responde por 80% da produção nacional. O sabor verde e amarelo conquista paladares na Alemanha, nos Estados Unidos, no Japão, na Argentina, Holanda e França

“Temos orgulho de poder formar nosso próprio pessoal em Tomé-Açu

Substantivo feminino, pimenta-doreino é um condimento de sabor picante, formado pelo fruto seco e pulverizado. Originária da Índia, a planta é uma trepadeira, considerada a mais importante especiaria comercializada mundialmente. Conhecida também como pimenta-preta ou pimenta-redonda, é usada em larga escala como condimento no cotidiano e, também, em escala industrial para compor temperos, preparar carnes e conservas, em função do seu sabor forte e levemente picante.

O Brasil faz parte da Comunidade Internacional da Pimenta-do-Reino (IPC), criada em 1971, com sede em Jacarta, Indonésia, que tem ainda como associados a Índia, Indonésia, Malásia, Sri Lanka e Tailândia. O país é um dos três principais produtores do planeta, estando atrás apenas do Vietnã e na frente da Indonésia, segundo a Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de pimentado-reino (Abep).

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Hoje é cultivada em mais de 100 municípios do Pará, Espírito Santo, da Bahia, do Maranhão, Ceará, da Paraíba e, mais recentemente, do estado do Amapá, que iniciou a revitalização dos pimentais nos anos 2000. A cultura da pimenteira-do-reino gera divisas de mais de 50 milhões de dólares ao ano e emprega entre 70 mil e 80 mil pessoas, no período da safra, apenas no Pará. Aliás, o Pará é o estado que mais exporta, sendo responsável por 80% da produção nacional. O município de Tomé-Açu é considerado a Terra da Pimenta. Mais de 90% da produção do município é destinada à exportação. Além de Tomé-Açu, há produtores em Paragominas, Ipixuna, Santa Izabel, Santo Antônio do Tauá, Santa Maria entre outros lugarejos da região. De acordo com o presidente da


Abep, Teodoro Nagano, o Brasil, mesmo estando em ótima posição no ranking dos produtores do condimento, ainda dá passos lentos para o progresso. “Difícil o Brasil se tornar o principal exportador do mundo. Existe uma limitação e não é qualquer produtor que está disposto a investir, uma vez que o custo de investimento para iniciar a plantação é alto”, explica. Anualmente, 700 toneladas de pimenta são exportadas por meio da Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (Camta) para a Alemanha, os Estados Unidos, o Japão, a Argentina, Holanda e França.

“Nessa última colheita foi bom porque o preço estava bom, mas agora a gente não sabe

‘‘

A influência do Japão A Camta surgiu com o programa de imigração na Região Amazônica pelos governantes do Brasil e do Japão, em 1929. Inicialmente, foi criada como uma cooperativa de hortaliças para assegurar a venda dos produtos, uma vez que os habitantes de Belém, maior e mais próximo mercado, naquela época não tinham o hábito de consumir as folhagens. Em 1933, mudas de pimenta-do-reino foram trazidas da Ásia

para a Amazônia. Um processo que se modernizou em 1970, em função da queda dos preços e das epidemias nos pimentais. A cooperativa, composta pelos descendentes de japoneses, atualmente utiliza sistemas agroflorestais como forma de cultivo sustentável e lucrativo. O sistema agroflorestal realiza o plantio integrado de diferentes espécies vegetais, de tamanhos variados, na mesma área, normalmente congregando entre duas e quatro culturas. O conjunto cria uma vegetação densa, que protege o solo e oferece sombra às espécies menores. Outro diferencial é a reutilização dos restos orgânicos, como adubo para

a plantação – uma técnica herdada de grupos indígenas da Amazônia e que se tornou atual. A Camta tem 131 cooperados e registra 1.800 pequenos produtores. Hoje, em média, o quilo do produto está avaliado em R$ 12, mas a cooperativa agrega valor ao produtor natural e exporta artigos como óleos, geleias e polpas de fruta, desde a década de 80, quando a primeira fábrica foi montada, com o apoio do governo japonês. Os pipecultores, como são conhecidos os produtores da iguaria, fazem da plantação a principal fonte de seu sustento. A pimenta-do-reino tornase o diamante negro da economia no campo. “Temos orgulho de poder formar nosso próprio pessoal em Tomé-Açu e estamos abertos a receber interessados em aprender sobre a metodologia para aplicá-la em outras localidades”, disse recentemente Michinori Konagano, um dos produtores rurais integrantes do grupo. Incentivo extra Desde 2012, o projeto Adoção de

27


Terra

boas práticas para o aumento da produtividade e qualidade da pimenta-doreino no estado do Pará, desenvolvido em parceria da Embrapa Amazônia Oriental (Belém/PA) com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater/PA), apresenta tecnologias de suporte para os produtores. O objetivo é conceder práticas, soluções recomendadas, longevidade do cultivo e tecnológica para que o produtor consiga aumentar a produção e melhoria de qualidade da pimenta. No campo, o projeto já apresenta resultados. Segundo o engenheiro agrônomo e técnico da Emater, Pedro Corrêa Rodrigues, há um aumento significativo na produção. “Conseguimos passar o sistema para agroflorestal, o que contribui para a melhora da qualidade e o aumento da produção da pimenta”, explica. O próximo desafio é diminuir o impacto ambiental que a plantação da pimenta oferece, uma vez que para cada mil pés da pimenta são desmatadas 25 plantas adultas. “Para diminuir esse desmatamento, a intenção é plantar gliricídia, espécie leguminosa, que substituiria a madeira utilizada na sustentação do pé de pimenta, que é uma trepadeira. Além de ser econômico, servirá para a melhora ambiental”, explica Pedro. De geração para geração A prática da plantação atravessa as gerações. É o caso do produtor Elton Daisen Takato, que teve o avô e o pai como referências. “Tudo começou com meu avó, que plantava pimenta aqui na área, há uns 60 anos. Meu pai o seguiu na plantação e até hoje trabalha com isso. Eu também, desde pequeno, estou nesse meio”, conta Elton. A Fazenda Seiya Takato, que leva o nome do pai do Elton, também está

28

localizada em Tomé-Açu e, hoje, emprega 14 pessoas para o plantio e a colheita da pimenta, em uma área de 35 hectares em sistema agroflorestal. Quando questionado sobre a produção anual da pimenta, Elton prefere mantê-la em segredo. “Isso aí a gente não conta, fica com receio. Depende muito porque tem o plantio novo e o plantio velho. A tendência é sempre diminuir. Não dá pra plantar no mesmo lugar duas vezes, a menos que tenham se passado muitos anos”, revela. Elton pretende estender a prática para suas futuras gerações. Enquanto ocupa o cargo de produtor da família Takato, torce para que a pimenta continue valorizada. “Nessa última colheita foi bom porque o preço estava bom, mas agora a gente não sabe. A mão de obra e os equipamentos são caros, mas a gente vai tentando até onde der”. Além das pimentas, os cooperados da Camta investem na produção de cacau, andiroba, limão, mamão, abricó, uxi, bacuri, manga entre outras culturas, em sistema de agroflorestamento, para garantir a renda e evitar a monocultura. Uma pitada de história A introdução da pimenteira-do -reino no Brasil pelos portugueses ocorreu no século 17 e ficou restrita aos estados localizados no litoral brasileiro. A cultivar introduzida tinha folhas largas, de cor verde-escuro e produzia espigas curtas e falhadas. Remanescentes dessa cultivar ainda são encontrados no Ceará, na Paraíba e no Espírito Santo, onde são conhecidos como pimenteira-da-terra. Possui características morfológicas semelhantes às das cultivares Balankotta ou Kaluvally.

“Existe uma limitação e não é qualquer produtor que está disposto a investir, uma vez que o custo de investimento para iniciar a plantação é alto

‘‘

elitte rural

A pimenteira-do-reino só se estabeleceu como cultivo racional após a introdução da cultivar Cingapura (ecotipo de Kuching) por imigrantes japoneses, em 1933. Com o material de plantio, os japoneses introduziram também o sistema de cultivo intensivo praticado na Malásia e adotado pelos produtores brasileiros. Na década de 40, embora produzisse pimenta-do-reino, o Brasil importava parte do que consumia, tornando-se autossuficiente em 1950. O sucesso obtido pelos pipericultores de Tomé-Açu estimulou o plantio da pimenteira-do-reino em outros municípios e hoje consagra o Brasil.


29


elitte rural

Ponto de Vista

A validade da cláusula de exclusividade do contrato de parceria de coleta e comercialização de sêmen animal O contrato bilateral (ou onero-

e o dever de pagá-lo, e de outro,

legislador criou mecanismos para

so) é aquele em que duas par tes

o vendedor tem o direito à percep-

que o Poder Judiciário (julgador)

contraem direitos e deveres entre

ção do valor e o dever de entrega

flexibilizasse a vontade absoluta

si. O direito de um vai redundar,

do bem.

das par tes por via de revisão ju-

antagonicamente, no dever do ou-

No entanto, há situações

dicial de cláusulas ou do contrato

tro. Paradigma clássico é o contra-

em que o contrato pode apresen-

como um todo. Exemplo dessas

to de compra e venda em que, de

tar abusos, seja em seu conteúdo,

guaridas são capítulos do Código

um lado, o comprador detém o di-

sua viabilização ou outras situ-

Civil que permitem a inter venção

reito de receber determinado bem

ações. E para essas situações o

estatal na busca do equilíbrio e

30


Defesa do Consumidor (que veda, de maneira não taxativa, uma série de situações abusivas) e outras leis esparsas.

Dentro dessa seara obri-

gacional, o mercado viu-se em dúvida, por diversas vezes, quanto à validade (ou não) da cláusula de exclusividade do contrato de parceria de coleta e comercialização de sêmen animal; tônica desse estudo.

Nesse contexto, deve ser

levado em consideração que, para o desenvolvimento do trabalho e a lucratividade esperada, a empresa especializada em co-

“Você que é um proprietário de um grande raçador, de um futuro genearca, ou ainda, proprietário de uma empresa de comercialização de sêmen animal, muita atenção às cláusulas que representarão a tratativa

‘‘

da boa-fé contratual, o Código de

mercialização de sêmen animal seleciona um bom, mas desconhecido, garrote (ou “touro jovem”)

qualquer possibilidade de interpre-

para tentar tirá-lo do ostracismo,

tação do “ininterpretável”. Vale o

projetando-o ao mercado. Com

contrato.

efeito, emprega árduo trabalho,

Em decisão inédita no Brasil, o

através de publicidade ( marke-

Juiz de Direito da 6ª Vara Cível da

ting), divulgação da qualidade ge-

Comarca de Londrina – PR, nos au-

nética do animal e outras formas

tos nº 0036516-97.2009.8.16.0014,

de aproximação com o criador; o

referendou a cláusula de exclusi-

que gera, é óbvio, inúmeros e ca-

vidade e condenou o proprietário

ros dispêndios.

do touro reprodutor (que não cum-

A cláusula de exclusividade,

priu o contrato e efetuou a venda

nesse sentido, não é considerada

do sêmen por valores inferiores

abusiva, pois mantém o equilíbrio

praticados pela empresa contrata-

do contrato de parceria entre o

da) ao pagamento dos danos ma-

proprietário do touro reprodutor e

teriais e da multa contratual:

a empresa especializada em co-

“... Assim, de acordo com as

mercialização de sêmen animal,

regras ordinárias de experiência,

a fim de que ambas as par tes

que o juiz deve buscar para a

tenham seus direitos e deveres

interpretação das praxes comer-

preser vados. Dessa forma, afasta

ciais, verificou-se com a oitiva das

testemunhas em instrução (...), que a cláusula de exclusividade é, sim, cabível na venda de sêmen animal de produção. Assim, agindo em francos interesses próprios, contrários ao que pactuou com terceiro, infringiu a cláusula e causou o ilícito civil contratual e indenizável.” Por tanto, você que é proprietário de um grande raçador, de um futuro genearca, ou, ainda, proprietário de uma empresa de comercialização de sêmen animal, muita atenção às cláusulas que vão representar a tratativa.

Guilherme Pegoraro

é graduado em Direito pela Universidade Norte do Paraná (Unopar) e pós-graduado em Processo Civil e Direito Civil pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), integrante do escritório Guilherme Pegoraro, Akaishi & Lecink, instalado em Londrina (PR).

31


elitte rural

Ponto de Vista

O novo Código Florestal e a Cota de Reserva Ambiental como instrumento de compensação de áreas de Reserva Legal

C

om a instituição do novo

que a atividade econômica promovi-

Código Florestal pela Lei

da no imóvel rural não prejudique a

Diante dessa realidade, a nova

nº 12.651/2012, discute-se

biodiversidade e as demais benes-

legislação, ao lado da regeneração

muito sobre a sua impor-

ses promovidas pelo respeito às flo-

ou recomposição, que praticamente

restas nativas.

implicam na “reconstrução” da Re-

tância no desenvolvimento do setor

ção nativa.

agropecuário diante da necessidade

Ocorre que, em razão da utiliza-

serva Legal dentro da propriedade

premente de proteção ambiental dos

ção da terra para produção, bem

desmatada, traz a possibilidade de

recursos naturais disponíveis em ter-

como em razão do desmatamento

compensação, o que permite a um

ritório brasileiro. Cabe ressaltar que

irregular, proprietários rurais (espe-

proprietário proteger área (Reserva

a referida legislação parte do prin-

cialmente os de pequeno porte) pre-

Legal) fora de sua propriedade, ou

cípio da sustentabilidade, na busca

cisam, muitas vezes, instituir as suas

mesmo negociar com outro proprie-

de conciliar, de um lado, a defesa

áreas de Reserva Legal em proprie-

tário que detenha área protegida aci-

dos bens ambientais (como Áreas

dades sem qualquer tipo de vegeta-

ma dos limites que a lei lhe impõe

de Preservação Permanente (APPs),

– por exemplo, acima de 20%, con-

Reservas Legais (RLs), Áreas de Uso

forme o Código Florestal determina

ção como espaços especialmente protegidos), e de outro, o crescimento do agronegócio, setor de destaque na economia do país e internacional. Se tal desiderato será alcançado, somente a garantia de sua aplicação e a interpretação pelos tribunais – especialmente pelo Supremo Tribunal Federal – do Código dirão. Um dos institutos centrais da tutela florestal que o novo Código Florestal traz segue sendo a Reserva Legal área que deve receber especial preservação, visando a garantir com

32

“Para garantir ao proprietário rural interessado o acesso aos excedentes de áreas protegidas, passíveis de negociação, o Código criou o instituto da Cota de Reserva Ambiental (CRA)

‘‘

Restrito, consideradas pela Constitui-

para áreas fora da Amazônia Legal –, para que ele não venha a perder parte produtiva de seu imóvel rural. Para garantir a CRA Assim, para garantir ao proprietário rural interessado o acesso aos excedentes de áreas protegidas, passíveis de negociação, o Código criou o instituto da Cota de Reserva Ambiental (CRA), título representativo de áreas de vegetação nativa que ficará disponível no mercado para atender às compensações de Reserva Legal. A proposta é interessante, em pri-


meiro momento, pois visa a propor-

mente sobre a vegetação que exce-

denciada) de que a área, objeto da

cionar a possibilidade de negociação

der os percentuais exigidos pela Lei

CRA, incide em uma das hipóteses

de áreas ambientalmente tuteladas

(no estado de São Paulo, 20%); ou

acima descritas pelo Art. 44, deverá

com proprietários que não têm inte-

c) protegida na forma de Reserva

apresentar proposta por meio de re-

resse econômico em recompor suas

Particular do Patrimônio Natural –

querimento ao Ibama (ou, se houver

próprias terras. Trata-se de uma com-

RPPN (conforme o Art. 21 da Lei nº

delegação pela referida entidade, ór-

pensação permitida pelo legislador

9.985/2000 – que institui o Sistema

gão estadual de proteção ambiental),

na busca de se garantir a proteção

Nacional de Unidades de Conserva-

contendo os seguintes documentos:

desses bens ambientais, sem detri-

ção); ou d) existente em propriedade

a) certidão atualizada da matrícu-

mento da necessidade produtiva no

rural localizada no interior de Unidade

la do imóvel expedida pelo registro

campo.

de Conservação de domínio público

de imóveis competente; b) cédula

que ainda não tenha sido desapro-

de identidade do proprietário, se

priada.

pessoa física ou ato de designação

Conforme o Art. 44 do Código, a CRA é título normativo representativo de área com vegetação nativa, existente ou em processo de recu-

de responsável, se o proprietário do Documentação

imóvel for pessoa jurídica; c) certidão

peração: a) sob regime de servidão

Para obter a CRA, o proprietário,

negativa de débitos do Imposto so-

ambiental (de acordo com o Art. 9-A

além de possuir registro no Cadas-

bre a Propriedade Territorial Rural; d)

da Lei nº 6.938/81 – que estabelece

tro Ambiental Rural (CAR) – institu-

memorial descritivo do imóvel, com

a Política Nacional do Meio Ambien-

to que ainda não está em vigência

a indicação da área a ser vinculada

te); ou b) correspondente à área de

– e possuir laudo comprobatório de

ao título, por meio de georreferencia-

Reserva Legal instituída voluntaria-

órgão ambiental (ou entidade cre-

mento (Art. 45).

33


elitte rural

Ponto de Vista

Cada CRA corresponderá a 1 (um)

tenda reservar parte de seu imóvel,

hectare de área com vegetação na-

por entender que os ganhos econô-

tiva primária ou com vegetação se-

micos da área não compensam a

cundária em qualquer estágio de re-

perda de sua produção, a lei abriu

generação ou recomposição; ou de

interessante caminho, garantindo a

áreas de recomposição mediante re-

compensação da Reserva Legal em

florestamento com espécies nativas.

outras áreas, qual seja a Cota de Re-

Ademais, cabe ao proprietário do

serva Ambiental.

imóvel rural em que se situa a área

No entanto, algumas “falhas” na

vinculada à CRA a responsabilidade

regulamentação do instituto criam

plena pela manutenção das condi-

ainda obstáculos à sua aplicação

ções de conservação da vegetação

como efetivo instrumento de com-

nativa da área que deu origem ao

pensação da Reserva Legal, o que

título (Art. 49 do Código Florestal).

pode tornar a Cota letra morta no

A proteção da Reserva Legal é

Código Florestal de 2012.

de grande interesse para a proteção ambiental e serve, também, para os

Dificuldades

ganhos econômicos – embora mais

Uma das dificuldades de implan-

restritos – do proprietário rural. Não

tação da CRA está na abrangência

obstante, ainda que este não pre-

que o legislador deu ao instituto,

Lucas de Souza Lehfeld é advogado, sócio do L&CB Advogados Associados (www.sustentabilidade.adv.br). Pós-doutor em Direito pela Universidade de Coimbra, Portugal. Doutor em Direito pela PUC/SP. Coordenador do Curso de Direito do Centro Universitário Barão de Mauá, em Ribeirão Preto. Avaliador de Cursos de Direito pelo Inep/MEC. Docente do Curso de Mestrado em Direitos Coletivos e Cidadania da Universidade de Ribeirão Preto, da PUC/Poços de Caldas.

34

Nathan Castelo Branco de Carvalho é advogado, sócio do L&CB Advogados Associados (www. sustentabilidade.adv.br). Mestre em Direitos Coletivos e Cidadania pela Universidade de Ribeirão Preto. Docente do Curso de Direito do Centro Universitário Barão de Mauá, em Ribeirão Preto, do Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos – Unifeb, em Barretos, e do Centro Universitário Unifafibe, em Bebedouro.

principalmente quanto às exigências

tamente surgirão, sobretudo na perda

para a sua emissão, o que aca-

da área que deu origem ao título e

ba inviabilizando a liquidez da cota

à responsabilidade, não meramen-

como título de negociação. Exigir, por

te econômica, mas ambiental, pelo

exemplo, que a compensação seja

ocorrido.

feita no mesmo bioma, embora tor-

A Cota de Reserva Ambiental,

ne a Cota de Reserva Ambiental um

embora seja considerada instru-

título de mais fácil negociação, pode

mento que tente equilibrar bens juri-

enfrentar discussões nas mais diver-

dicamente tutelados, quais sejam, o

sas searas, especialmente judiciais,

meio ambiente e o desenvolvimento

em relação à proteção ambiental

econômico, ainda enfrenta grandes

num país de dimensões continentais

desafios, o que pode inviabilizar a

e com grande variedade florestal.

sua instituição como título negocial.

Ademais, a criação de um mer-

Entretanto, o proprietário rural deve

cado de negociação do título é tare-

buscar conhecê-la, pois se trata de

fa árdua, que não recebeu a devida

valiosa alternativa para a compen-

atenção do legislador, e deverá ain-

sação de áreas de Reserva Legal e,

da passar por estudos e experiên-

consequentemente, o cumprimento

cias para resolver questões que cer-

da legislação ambiental.


35


36


Criação de bezerros de elite, do nascimento à desmama

A

criação de bezerros de

8 meses de vida corresponderia a

receptoras é de fundamental im-

elite requer uma aten-

50% da carreira do sucesso de um

por tância na qualidade dos be-

ção muito grande dos

animal de pista. Estaremos aqui fa-

zerros de FIV. Não interessa a

criadores, pois esta é

lando do manejo e da impor tância

raça, o que realmente impor ta é

fase determinante na qualidade

de se criar bem um bezerro, des-

o tamanho, o escore corporal e a

dos animais que serão apresenta-

de a gestação até a desmama.

habilidade materna da mãe.

dos em pista. Normalmente, costumo dizer que um bezerro bem feito até os

Os quadros a seguir retratam Qualidade da receptora Sabemos que a qualidade das

exatamente o que estamos falando.

37


elitte rural

Ponto de Vista

Quanto ao tamanho, lembra-

percamos os bezerros logo ao

mos que os bezerros de FIV são

nascer ou nas suas primeiras ho-

normalmente grandes e requer

ras de vida.

bezerros. Passada, normalmente, uma semana no piquete maternidade,

um tamanho adequado das mães

Tomados esses devidos cuida-

esses bezerros deverão ser trans-

para que se desenvolvam corre-

dos, é hora de manter o umbigo

feridos para outro piquete, onde

tamente e principalmente tenham

sempre bem cuidado e desinfe-

vão permanecer até o fechamento

um par to natural sem inter ferên-

tado, pois o umbigo é a principal

na baia. Esse piquete deverá ser

cias do homem. O grande índice

por ta de entrada de infecções nos

próximo ao curral de manejo ou

de par tos distócicos se deve, a

às baias, mas nunca do lado de

maioria, ao tamanho e à nutrição

baixo dos currais, pois a água da

Qualidade da maternidade As maternidades devem ser, preferencialmente: as par tes mais altas da fazenda, em local bem limpo e seco, com iluminação e com um responsável 24 horas/dia. Outro fator muito impor tante é quanto ao tempo à primeira mamada. O Quadro 3 retrata a impor tância que tem uma mamada rápida após o par to. Por isso a maternidade deve ser muito bem acompanhada, para evitar que

38

“O uso de creep nesta fase é muito importante para o bom desenvolvimento dos bezerros que além de receber leite a vontade deverá ter acesso a ração de boa qualidade

‘‘

inadequada da receptora.

chuva que escorre nesses piquetes leva, além de esterco (adubo), uma grande quantidade de germes e patógenos.

Uso de creeps O uso de creep nesta fase é muito impor tante para o bom desenvolvimento dos bezerros, que, além de receber leite à vontade, deverão ter acesso à ração de bezerros de ótima qualidade. Este concentrado tem como finalidade acelerar o desenvolvimento do rumem dos bezerros, fazendo com


mos preparando o bezerro para que ele possa se tornar um animal saudável, manso e com boa estrutura óssea e muscular. Por isso, nesta fase as dietas mudam constantemente e são específicas, de acordo com o desempenho e a finalidade dedicada a esse animal. A desmama basicamente deverá acontecer aos cinco meses e será estudada caso a caso, se devemos fazê-la de forma bruta

Selk 2006

(cor tando as duas mamadas de que a mudança de “monogástri-

esses manejos que geram muito

uma só vez) ou de forma gradati-

co” – fase em que a digestão é

estresse nos animais sejam feitos

va (passando primeiro a uma ma-

basicamente enzimática – passe

gradativamente. Por isso, reco-

mada e, depois de uma semana

o mais rápido para ruminante.

mendo o seguinte manejo:

ou quinze dias, desmamamos por

Isso faz com que o bezerro pas-

De 7 a 30 dias: ficam em piquete

completo).

se a digerir alimentos sólidos mais

com creep e ração à vontade.

O mais impor tante é saber que,

rapidamente, diminuindo a depen-

De 30 a 45 dias: começamos a

com cinco meses, teremos animais

dência do leite. E quem determina

recolher esses bezerros em um

totalmente aptos à desmama.

isso é o acesso ao concentrado,

lugar próprio para banhar e soltar,

pois é este que estimula o cresci-

logo a seguir, três vezes por se-

mento das papilas ruminais, con-

mana.

forme o quadro abaixo:

De 45 a 60 dias: mantemos

Lembrando que os creeps de-

o manejo acima, somente não

verão ficar sempre próximos ao

soltando após enxutos, e sim fe-

cocho de sal mineral ou de suple-

chando nas baias por mais ou

mentos das vacas, para facilitar o

menos cinco horas.

acesso dos bezerros.

A par tir de 60 dias: fechados direto, com duas mamadas por

Quando devemos fechar os bezerros nas baias

dia. Lembrando mais uma vez que

A idade correta vai depender

o manejo indicado acima é ape-

de vários fatores, mas três deles

nas uma sugestão e que pode

considero essenciais, como a es-

ser mudado de acordo, principal-

trutura de baias e bezerreiro, a

mente, com os três itens descritos

mão de obra e o clima.

na recomendação.

É sempre muito impor tante que

Dos 60 dias até a desmama va-

Luis Carlos Bittencourt Zootecnista, Especialista em Nutrição de Ruminantes pela Universidade Federal de Lavras Novo Horizonte Assessoria Pecuária lc.bittencourt@terra.com.br

39


elitte rural

40

Gente


Uma pioneira em nome do agronegócio filha do estimado Seu Totó e de Ledir Garcia, leda garcia é diretora da ABCZ. A pioneira do agronegócio ingressou no Sindicato Rural de Três Lagoas em 1999 e nunca mais parou. ela está feliz e leva a sério a vontade de continuar o trabalho da família na seleção das raças zebuínas.

E

la é zootecnista por forma-

de Corte da Federação da Agricul-

seriedade e a vontade de continuar

ção. Leda Garcia de Souza

tura e Pecuária de Mato Grosso do

o trabalho da família.

tem 45 anos, é natural de São

Sul (Famasul), uma das 27 entidades

Paulo, mas mora em Três La-

sindicais de grau superior que inte-

ELITTE RURAL - Você é de uma fa-

goas, no Mato Grosso do Sul, onde

gram a Confederação da Agricultura

mília de pecuaristas. O gosto

se dedica às fazendas Três Lagoas e

e Pecuária do Brasil (CNA). Filha do

pela seleção nasceu com você?

Jaó. A seleção das raças zebuínas é

estimado Cláudio Garcia de Souza,

LEDA GARCIA - Acredito que sim.

sua paixão, em especial da Nelore

o Seu Totó, e da empenhada coor-

Desde criança convivo com pecu-

e da Guzerá. No ano passado, Leda

denadora do Hospital do Câncer de

ária e sempre gostei e vibrei muito.

assumiu o cargo de diretora da As-

Barretos, Ledir Garcia de Souza, ela

Nunca me vi fazendo outra coisa.

sociação Brasileira dos Criadores de

se sente feliz com o caminho trilhado

Zebu (ABCZ). É a segunda mulher a

e carrega consigo a determinação, a

ELITTE RURAL - Quando começou

ocupar uma cadeira na entidade

a seguir os passos do seu pai?

(na gestão anterior, Leila Borges

LEDA GARCIA - Quando me formei,

neira do agronegócio brasileiro tem muita experiência na bagagem. Ela ingressou como diretora do Sindicato Rural de Três Lagoas em 1999 e nunca mais parou. Entre 2005 e 2008, chegou ao topo e sagrou-se a primeira mulher a presidir aquele sindicato. Leda Garcia também foi membro da Comissão de Pecuária

“Meu maior desafio é fazer jus a esta confiança, ou seja, contribuir para esta entidade maravilhosa, que é a ABCZ, da melhor maneira possível

‘‘

também participou). Mas essa pio-

minha participação efetiva nos trabalhos na fazenda começou e até hoje continuo seguindo os passos de meu pai (Cláudio Garcia de Souza, o Seu Totó). Criamos e selecionamos juntos. Para mim é importantíssima a nossa troca, tanto com meu pai como com meu irmão Fernando, que também lida diretamente com o gado Nelore PO.gado Nelore PO.

41


Gente

ELITTE RURAL - Hoje você se dedica mais ao Nelore ou Guzerá? LEDA GARCIA – Hoje, cuido 100% do gado Guzerá, mas participo bastante com meu pai e meu irmão da seleção do Nelore, que é a minha primeira paixão. ELITTE RURAL - Seu pai costuma dizer que um dos atributos para trabalhar com a seleção de animais, é a intuição. Você herdou esse talento?

“Acredito que a mulher em ação, neste cenário, antes predominantemente masculino, veio só para contribuir, para melhorar

‘‘

elitte rural

LEDA GARCIA - Minha mãe, Ledir Garcia de Souza, é a coordenadora eleita pelo próprio Hospital do Câncer de Barretos e eu a ajudo desde a primeira edição do leilão. Já realizamos oito leilões, desde 2004. No ano passado, superamos os anteriores, com o apoio da Programa Leilões, do Canal Rural e do leiloeiro Luciano Pires. Conseguimos transmitir o leilão pela primeira vez para todo o Brasil e, com isso, a arrecadação foi recorde. Pretendemos repetir neste ano e

LEDA GARCIA - Tem alguns amigos que

segurança para todos os envolvidos.

já aproveito para convidar a todos

acham que sim. Sou suspeita para fa-

Para mim, é superimportante. Apro-

para que estejam com a gente em

lar, mas já acertei algumas vezes.

veito a troca e tenho uma confiança

mais um Leilão Direito de Viver, com

enorme na minha família.

renda revertida exclusivamente para o HC Barretos.

ELITTE RURAL - Como funciona, hoje, a seleção CS?

ELITTE RURAL – Qual o seu en-

LEDA GARCIA - Funciona como sem-

volvimento com o Leilão Di-

ELITTE RURAL - Como surgiu essa

pre, valorizando as características

reito de Viver, que é um leilão

ideia e como hoje funciona o

raciais e econômicas do rebanho,

beneficente do Hospital do

projeto do leilão beneficente?

descartando os animais que não se

Câncer de Barretos?

LEDA GARCIA - Nossa família sem-

enquadram nos nossos parâmetros de produtividade e utilizando sempre as melhores tecnologias de controle e produção. Participamos dos melhores programas de avaliação, como Geneplus Embrapa, Associação Nacional dos Criadores e Pesquisadores (ANCP) e Programa de Melhoramento Genético dos Zebuínos (PMGZ). ELITTE RURAL - Para você qual a importância do trabalho em família, como gerador de sucesso? LEDA GARCIA - É relativo. Acredito que, tendo afinidades e vontades, o trabalho em família, sem dúvida, pode ser um gerador de sucesso e 42


as questões que dali por diante iriam afetar a sua atividade pecuária. Esse é um evento do qual me orgulho de ter realizado, inclusive, com o patrocínio, na época, da International Paper, que proporcionou um jantar para todos os produtores presentes após as palestras, desobrigando o sindicato de arcar com essa despesa na promoção do evento. ELITTE RURAL - E agora ser a única mulher na atual diretoria da ABCZ? Quais são seus maiopre ajudou e ajuda as entidades

plo, um grande encontro com mais

res desafios?

sérias, que beneficiam as pessoas

de 400 produtores, para discutirmos

LEDA GARCIA - Este desafio eu digo

que precisam, portanto, esse leilão

sobre as questões ligadas à madei-

que é minha Pós-graduação, meu

é mais uma dessas ações que sur-

ra e às indústrias que, na época, es-

Mestrado, afinal, vou conviver duran-

giram naturalmente, com o convite

tavam se instalando em Três Lagoas.

te três anos com grandes mestres do

feito à minha mãe. Já estamos tra-

Trouxemos os melhores palestrantes

cenário do agronegócio brasileiro.

balhando para o próximo, sempre

nas áreas ambiental, florestal e ju-

Agradeço ao Cau pela confiança de-

com o apoio das entidades locais,

rídica para deixar os produtores da

positada em mim. Fazer parte desta

como Leiloado, onde o leilão é re-

região bem informados sobre todas

diretoria é motivo de muito orgulho e,

alizado; Rotary Clubs e maçonarias,

também, de muita responsabilidade.

jornais, rádios, TVs, enfim, de toda a

Meu maior desafio é fazer jus a essa

contribui para o sucesso do leilão. ELITTE RURAL - Como foi a experiência de ser a primeira mulher a presidir o Sindicato de Três Lagoas? LEDA GARCIA - Foi ótima. Aprendi muito e acredito que fiz a minha parte. Tive uma diretoria participativa e companheira. Fundamos o Jornal “Pauta Rural”, que existe até hoje e é bem aceito pelos sócios e pela região, pois leva ao produtor a informação que ele precisa. Realizamos muitas obras no parque e realizamos eventos, como, por exem-

“O Reservado Grande Campeonato, na Expozebu, e Grande Campeonato, em Curvelo, da nossa doadora Guzerá Harpa CS, foram motivo de muita alegria e inspiração para continuarmos nossa seleção

‘‘

comunidade, que se envolve e muito

confiança, ou seja, contribuir para esta entidade maravilhosa, que é a ABCZ, da melhor maneira possível. ELITTE RURAL - Qual o papel da mulher na pecuária brasileira, um cenário predominantemente masculino? LEDA GARCIA - Este cenário está bem mudado. Encontramos facilmente mulheres administrando, comandando e representando muito bem não só a pecuária, como outras áreas do agronegócio brasileiro. Acredito que essa convivência hoje é muito natural e o interesse, o respeito e a troca estão sendo consi-

43


elitte rural

Gente

derados e valorizados. A mulher em ação nesse cenário, antes predominantemente masculino, veio só para contribuir, para melhorar. ELITTE RURAL - Qual foi o momento mais especial da sua carreira na pecuária? LEDA GARCIA - Os momentos que vivi com meu pai, como no primeiro, e inédito até hoje, leilão de 1.000 vacas PO de apenas um criador, em 1986, o meu primeiro ano de faculdade. Eu me envolvi, me emocionei e me lembro de tudo até hoje. Quando o Vasuveda POI CS sagrou-se Grande Campeão na ExpoZebu, em 1986, foi outro momento muito emocionante e impor tante. O Leilão do Totó 50 anos de seleção de Nelore também se tornou inesquecível. Agora, mais recentemente, o Reservado Grande Campeonato, na

rá Harpa CS, foram motivos de muita

tou sendo injusta, pois foram muitos

ExpoZebu, e Grande Campeonato,

alegria e inspiração para continuar-

momentos especiais e é difícil enu-

em Curvelo, da nossa doadora Guze-

mos nossa seleção. Na realidade, es-

merar todos.

“Continuamos trilhando o caminho da seleção de Nelore e Guzerá, com muita determinação, seriedade e vontade de continuar este trabalho lindo, desenvolvido pelo meu pai

ELITTE RURAL - Qual a maior satis-

‘‘

44

fação hoje ao olhar para sua seleção? LEDA GARCIA - Ver que continuamos trilhando o caminho da seleção de Nelore e Guzerá, com muita determinação, seriedade e vontade de prosseguir com esse trabalho lindo, desenvolvido pelo meu pai. Olhar para a nossa seleção e saber que mais acertamos do que erramos; que oferecemos para o mercado animais que ajudaram a formar e incrementar diversos outros plantéis, e saber, também, que hoje somos referência para muitos novos criadores.


45


Gente

Foto/Zzn Peres

elitte rural

46


Arnaldinho O nome forte da seleção do Zebu O vice-presidente da ABCZ integra a terceira geração do Nelore R e trabalha para disseminar conhecimento

N

a entrada da Fazenda

rodeado da família, mesmo viajando

ELITTE RURAL: Como começou sua

Ipê Ouro, em meio aos

pelo mundo como assessor pecuário.

trilha na pecuária?

uma

Defensor do refrescamento gené-

ARNALDO: A seleção do Nelore Mar-

placa erguida conta em

tico, ele acredita que quão menor for

ca R, da Fazenda Ipê Ouro, iniciou-se

uma frase muito de his-

a consanguinidade, maior será a fun-

com animais importados da Índia. Os

tória: “Em cada geração, um trabalho

cionalidade. Pela sua experiência, leva

primeiros animais registrados da raça

de seleção”. São 107 anos de trabalho

essa crença daqui para além das fron-

Gir e Nelore foram do meu avô. Na

culminado em tradição.

teiras. Trabalha com mais de 50 reba-

primeira exposição de Uberaba, em

nhos no Brasil e 16 na Bolívia.

1935, conquistamos o Grande Cam-

ipês-amarelos,

O que começou com o visionário Rodolfo Machado Borges, com ani-

O criador formou-se em Medicina

peonato da raça Nelore. Introduzimos

mais importados da Índia, marcou seu

Veterinária pela Universidade Federal

na seleção a genética dos tradicionais

nome já na primeira ExpoZebu, em

de Minas Gerais (UFMG), em Belo Ho-

rebanhos VR, Brumado, Nova Índia, I.Z.

1935. O reprodutor Guarujá Importado

rizonte e foi diretor técnico da Associa-

e Mundo Novo. Nascido em meio à

foi o Grande Campeão. Os primeiros

ção Brasileira dos Criadores de Zebu

seleção da raça, foi natural que eu me

animais da raça Gir e Nelore saíram

(ABCZ), em 1983, participando poste-

envolvesse e me apaixonasse pela pe-

da fazenda. Em 1980, Arnaldo Manuel

riormente de todas as diretorias que

cuária. É uma coisa de família. Agora,

de Souza Machado Borges assumiu a

passaram pela entidade. Hoje Arnaldi-

meu filho João Marcos começou a criar

terceira geração dessa estrada, que

nho é vicepresidente da ABCZ.

também; ele já é a quarta geração no Nelore da Ipê Ouro.

começou a ser trilhada em 1906. Filho nho, como é conhecido, hoje significa referência de seleção. O mineiro de Uberlândia tem no seu currículo mais de 400 julgamentos das raças zebuínas na Argentina, no Paraguai, na Bolívia, no México, na Guatemala, Costa Rica e em solo brasileiro. Pai de quatro filhos (Ana Carolina, João Marcos, Maria Isabel e Manuel Eduardo) e avô de João Francisco, de cinco anos, Arnaldinho está sempre

“Eu sempre acreditei que estamos na ABCZ para servir porque é um privilégio fazer parte desse trabalho

‘‘

de Arnaldo Machado Borges, Arnaldi-

ELITTE RURAL: Além do seu filho mais velho, o restante da família também se envolve na criação? ARNALDO: Muito. O João Marcos e a Maria Isabel também são veterinários. Eles estão muito mais envolvidos no acompanhamento da fazenda Ipê Ouro do que eu. Meu neto, João Francisco, é uma criança que não tem o menor medo de animais, ama fazenda. Certa vez, perguntaram para ele

47


elitte rural

Gente

de quem era a fazenda. Ele respondeu que era dele. ELITTE RURAL: Como foi sua atuação na pecuária até ser eleito vice-presidente da ABCZ? ARNALDO: Fui diretor técnico da ABCZ no período de 1983 a 1986. Depois participei também da diretoria em várias gestões, como as de Manoel Carlos Barbosa, José Olavo, Dr. João Gilberto, Éder, mas o período que considero importante foi justamente da área téca parceria ABCZ/Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). O programa de melhoramento da ABCZ começou na nossa gestão. Essa parceria deu início a todo o programa de melhoramento da ABCZ, com a entrada da informatização (os computadores vieram da Embrapa). Também sou jurado da ABCZ, sendo efetivado em 1983. Já são mais de 400 julgamentos das raças zebuínas, na Argentina, no Paraguai, Bolívia, no México, Costa Rica, Guatemala. Tive oportunidade de julgar em vários países.Conhecer o trabalho de outros países foi muito importante, os criadores estrangeiros têm muito interesse em se atualizar sobre o que está se passando com as raças zebuínas. ELITTE RURAL: Hoje, qual sua atuação no exterior? ARNALDO: Na Bolívia, por exemplo, iniciamos um trabalho em 1987. Hoje, o país tem um excelente rebanho de todas as raças zebuínas. Existe uma parceria importante da ABCZ, da Asocebu (Associação Colombiana de

48

Criadores de Gado Zebu) e da Fazu

período, tive a oportunidade de obser-

(Faculdades Associadas de Uberaba),

var uma evolução natural e muito sig-

com alunos de lá que estudam aqui.

nificativa. O trabalho que a associação

Esse intercâmbio foi muito importante.

realiza é muito importante. Em todo tra-

Todo semestre são selecionados dois

balho que eu faço, tanto como jurado,

estudantes da Bolívia pela Asocebu

como assessor, ou como pecuarista, cito

para ocupar essas vagas reservadas.

a ABCZ e me embaso em muita coisa

Há uns 15 já formados em Veterinária,

produzida por ela. Todos lá dentro têm

Zootecnia e Agronomia. Lá existem vá-

uma contribuição. Sempre acreditei que

rias empresas brasileiras nas áreas de

estamos na ABCZ para servir porque é

Reprodução, de Pastagem, que foram

um privilégio fazer parte desse trabalho.

para lá através do nosso trabalho. Hoje, a Bolívia está com uma estrutura muito

ELITTE RURAL: De que maneira os cri-

boa, tanto genética como de manejo.

térios de seleção da marca Nelore

Existe um elo muito forte entre a ABCZ

R estão evoluindo ao longo desse

e a Asocebu.

século de criação? ARNALDO: Procuramos preservar as ca-

ELITTE RURAL: Como o vice-presi-

racterísticas naturais da raça Nelore: rus-

dente enxerga o trabalho da

ticidade, fertilidade, habilidade materna,

associação?

temperamento e precocidade no acaba-

ARNALDO: Acompanho de perto e

mento da carcaça, com desenvolvimento

participo da ABCZ desde 1980. Neste

equilibrado. Rebanho pioneiro no progra-

‘‘

nica, de 1983 a 1986, quando se iniciou

“Conhecer o trabalho de outros países foi muito importante

ma de Avaliação Genética ABCZ/Embrapa e na utilização de Fecundação in vitro (FIV) em matrizes de alto valor genético, a seleção Ipê Ouro produziu dois importantes raçadores: Gandhi e Ranchi, utilizados através da Inseminação Artificial (IA) nos


ELITTE RURAL: Em relação à Ipê Ouro, onde vocês estão em nível de seleção, em tamanho do plantel de vocês? ARNALDO: Nós fazemos pecuária se-

“Só é possível fazer melhoramento com material genético de qualidade

‘‘

principais rebanhos da raça Nelore.

letiva. Sempre foi nosso critério trabalhar

preço recorde entre os machos da raça Nelore. Esse valor foi exatamente pela importância dele como reprodutor. Também recordo da ExpoZebu de 1989, quando pude, como jurado, dar o título de Grande Campeão para o touro Legat. Depois, ele veio a se provar como um dos grandes genearcas da raça Nelore. E, em 1994,

com genética de alta qualidade. Tudo

muito importante com o material genético

quando dei o Grande Campeonato para

que a gente cria é procurando fazer o

vindo da Índia, através de embriões. Já

o Fajardo, outro animal de grande genéti-

melhor. Com o decorrer das gerações,

existem animais nascidos nas raças Gir,

ca, na Expoinel.

fomos adquirindo animais da seleção VR,

Nelore e Guzerá, nos quais podemos no-

Brumado, Nova Índia. Sempre investimos

tar o quanto o refrescamento é saudável

ELITTE RURAL: Qual seu conceito de

em genética introduzindo famílias prova-

e necessário. Pessoas questionam se

felicidade?

das para refrescar o sangue da nossa

ainda justifica o Brasil importar material

ARNALDO: São tantas as coisas que me

seleção. Participamos de vários leilões e

genético. Eu tenho certeza que justifica.

dão felicidade. Considero-me um tra-

também ajudamos a organizar tantos ou-

A Índia tem genética importante, que vai

balhador e isso me faz muito feliz. Meu

tros, fazendo a parte técnica. Trabalhamos

criar novas famílias, novas seleções. Só é

sonho é estar todo dia com saúde para

atualmente com 150 matrizes Nelore,

possível fazer melhoramento com mate-

poder continuar a realizar meu trabalho.

sendo 20 doadoras. Elas são escolhidas

rial genético de qualidade. Todos os gran-

Esse trabalho que faço proporciona uma

através da qualidade de progênie. Todas

des genearcas da raça Nelore no Brasil

oportunidade de todos os dias estar em

as nossas doadoras tradicionais já têm

têm sangue indiano. Precisamos nos

uma fazenda diferente, uma exposição,

filhas doadoras, cada geração tem uma

preocupar com isso, considerar o tanto

um leilão. Com isso, faço uma enorme

renovação natural. Fazemos anualmente

que isso é positivo.

quantidade de amigos, o que me deixa

300 prenhezes de FIV.

muito feliz. Certa vez, ano passado, em ELITTE RURAL: Qual momento da sua

uma viagem de trabalho para Bolívia, li-

ELITTE RURAL: Qual a importância do

carreira foi mais especial?

guei a televisão e estava passando a co-

refrescamento sanguíneo do re-

ARNALDO: É difícil eleger um. Mas eu

bertura de um leilão da Expoinel, o Terras

banho brasileiro?

me lembro do Leilão Guadalupe 2008,

do Nelore, que faço junto com o doutor

ARNALDO: A base genética mundial do

quando Ranchi, aos 11 anos de idade,

Ricardo Vicintin, da Rima Agropecuária.

Zebu é o Brasil. Agora, temos um trabalho

foi vendido à Ouro Fino e CRV Lagoa por

Como eu não pude estar presente, meus meninos estavam lá. Naquele momento, na abertura do leilão, o doutor Ricardo estava entregando a eles uma lista com mais de 200 assinaturas dos tratadores presentes na Expoinel daquele ano, pedindo para que eu fosse candidato à presidência da ABCZ. Me marcou muito, fiquei emocionado. Esse privilégio, que é o convívio com as pessoas que fazem a pecuária, me proporciona enorme felicidade.

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50


51


Acontece

Foto/ Zzn Peres

elitte rural

A Rima Agropecuária prepara um fim de semana especial para

per Nelore e, às 16h, será a vez do Leilão Pampa Superior Auction.

os produtores do Brasil: o Rima

No domingo (25), às 13h, será

Weekend 2014. O tradicional evento

realizado o Leilão Super Evolution,

será realizado entre os dias 23 e 26

com animais e prenhezes da raça

de maio, na Fazenda Santa Maria,

Nelore PO. Já na segunda-feira (26),

localizada no município de Entre Rios

no encerramento do Rima Weekend

de Minas. Neste ano, serão promovi-

2014, teremos o Leilão Super Baby.

dos cinco grandes leilões e também

As expectativas são as melho-

o sorteio do quatro veículos Chevro-

res, afinal, no ano passado, as cifras

let Montana.

ultrapassaram R$ 15 milhões, com a

Na sexta-feira (23), às 20h, o Lei-

venda de 63 animais e 49 prenhezes.

lão Super Embryo vai ofertar prenhe-

A expectativa para os empresários

zes da raça Nelore PO. No sábado

Ricardo Vicintin e o filho Bruno é de

(24), serão realizados mais dois lei-

que a quarta edição será a melhor

lões: às 13h, acontecerá o Leilão Su-

de todas já realizadas.

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Foto/Zzn Peres

Rima Weekend fecha mês de maio

“A Rima tem a preocupação de disponibilizar os melhores animais, através de anos de aprimoramento genético, sempre colocando no mercado o melhor de cada raça. E nesta edição não será diferente, já que somos conhecidos por termos sempre o melhor da raça” Cláudio Signorelli, superintendente da Rima Agropecuária


Nelore 42 Prenhezes movimenta MS Acontece, no dia 28 de abril, às 21h o leilão Nelore 42 Prenhezes, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, no Golden Class. O pecuarista Cícero Antonio de Souza vai ofertar neste remate animais da raça Nelore.

Um giro pelos 80 anos da ExpoZebu De 3 a 10 de maio, a 80º Expo-

sociação Brasileira dos Criadores de

O destaque deste leilão será

Zebu vai movimentar pecuaristas de

Zebu (ABCZ), terá início já em 29 de

o lote especial da família Marani,

todas as partes do mundo em tor-

abril. A entidade estima que haverá

considerada a oitava maravilha da

no das oportunidades de negócio.

um ligeiro aumento na movimenta-

raça. Recordista de valorização nos

Mas são tantas oportunidades que

ção financeira total, superando os R$

leilões Nelore 42 e Nelore É o Amor

o agito em torno das pistas começa

150 milhões de 2013, somando não

Embryo a Bordo. Sua beleza ím-

mais cedo. O roteiro de 36 leilões e

só os leilões, mas também os negó-

par é considerada uma excelência.

três shoppings, oficializados pela As-

cios das empresas.

Marani tem cinco filhas no ranking nacional da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ).

“Vamos mostrar o melhor da geração do Nelore 42 aos amigos e admiradores da raça” Cícero de Souza, promotor do remate

Illumination Gir Leiteiro Quem abre os remates da feira

29 de abril, às 21h, com transmis-

é o pecuarista Pedro Passos, com

são do “Canal Rural”. Ao todo,

um leilão vir tual, o Illumination Gir

serão ofer tados 36 lotes com ani-

Leiteiro, que será realizado no dia

mais da Lumiar Agropecuária.

“Estamos ofer tando animais da cabeceira do nosso gado, priorizando nossa seleção em animais com comprovada consistência leiteira, pedigree moderno e com ascendência de for tíssima lactação comprovada” Pedro Passos, organizador do Illumination Gir Leiteiro

53


elitte rural

Acontece

Forças do Câncer de Uberaba e Barretos Criadores de gado de elite de

durante a ExpoZebu. As duas institui-

todo o Brasil darão importante de-

ções atendem pelo SUS e possuem

monstração de solidariedade no dia 2

um alto déficit mensal, sanado gra-

de maio, a partir de 12h, no tatersal Ru-

ças à solidariedade de muitos. Jun-

bico de Carvalho. O Leilão União de For-

tos, necessitam de cerca de R$ 10

ças vai beneficiar milhares de pacientes

milhões por mês em doações para

atualmente em tratamento nos Hospi-

atender pacientes de todo o Brasil.

tais de Câncer de Uberaba (MG) e no

A realização é da Programa Leilões

Hospital de Câncer de Barretos (SP).

e a transmissão, ao vivo, será pelo canal “Terra Viva”.

“O trabalho realizado por estas duas instituições deve ser reconhecido por todos nós. Por isso, nada melhor do que unir as forças para que ele continue sendo executado da melhor forma possível” Adir do Carmo Leonel, idealizador do remate

Foto/Zzn Peres

É a primeira ação desta natureza

Gir Leiteiro mostra excelência No dia 2 de maio, às 20h, no

Wallauer cerca de 30 lotes da mais

Centro de Eventos Rômulo Kardec

alta qualidade genética do Gir Leitei-

de Camargos, acontecerá o 6º Leilão

ro. Os realizadores estão animados.

Excelência Gir Leiteiro. No remate,

No ano passado, 32 lotes foram a

serão ofertados pelos promotores

remate, com a movimentação de

Gabriel Donato de Andrade, Evandro

R$ 585.600,00. A realização será da

Guimarães, José Coelho Vitor, Wiston

“Programa Leilões” e a transmissão,

Frederico Drumond e Carlos Jacob

ao vivo, pelo canal “Terra Viva”.

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“Estamos reunindo neste remate toda a excelência do Gir Leiteiro. Acreditamos que ficaremos muito satisfeitos com o trabalho apresentado nas pistas” Evandro Guimarães, promotor do remate


Foto/Zzn Peres

Genética Campeã Fazenda Mutum e convidados apresenta Gir Leiteiro A Fazenda Mutum, em parceria com seus convidados, realizará, no dia 4 de maio, o Leilão Genética Campeã. O remate terá início às 13h, no Tatersal da Leilopec. Em 2013, o evento apresentou 30 lotes e o balanço foi de R$ 1.124.160,00. Léo Machado e os filhos garantem a qualidade também neste ano. A transmissão será

Embriões Nova Era/VR-JO e Convidados O Centro de Eventos Rômulo

faturou R$ 798 mil na venda de 28

Kardec de Camargos vai receber,

prenhezes Nelore da seleção, mas para

no dia 3 maio, às 19h, o pecua-

a atual edição a força promete ser ain-

rista José Olavo Borges e seus

da maior, uma vez que se comemora

convidados com mais de 30 lotes

o centenário da marca. O “Canal Rural”

à disposição. Em 2013, o evento

realiza a transmissão ao vivo.

pelo “Canal Rural” e a promoção, da “Programa Leilões”.

“Estamos na 19ª edição deste leilão na ExpoZebu e, então, podemos falar que somos os mais tradicionais em leilão de embriões e animais. Por isso, queremos agradecer a confiança no nosso material genético, pois mantemos a qualidade da raça com uma visão totalmente atual” José Olavo Borges, idealizador do leilão

Serão ofertados animais diferenciados, com genética melhoradora de mães, avós e bisavós, que se consagram no mercado, em pistas, leilões e torneios leiteiros” Léo Machado, responsável pelo leilão

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elitte rural

Acontece

Leilão Elo de Raça destaca a força do Nelore A chácara Mata Velha será palco, no dia 4 e maio, de mais um leilão Elo de Raça Nelore. Unindo tradição e aper feiçoamento genético, o grupo, que já conquistou mais de 200 títulos nacionais nas pistas, vai levar a remate 28 lotes de animais de elite e doadoras. No ano passado, o remate fechou a noite com o faturamento de R$ 6.904.000,00 em 26 lotes, com média de R$ 265.538,46 por lote. O remate será, às 19h, com transmissão ao vivo pelo “Canal Rural”.

“Sustentar os títulos nacionais e consagrar-se como um dos melhores eventos do setor não são tarefas fáceis, por isso, sempre honramos com o compromisso de ofertar genética de ponta” Ronan Eustáquio da Silva, um dos organizadores do leilão

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A Noite do Nelore Nacional Claudia Tosta Junqueira e

18 produtos de ponta por mais de

convidados realizam, no dia 5 de

R$ 3 milhões. Em sua 26ª edição,

maio, mais uma edição da Noite

o leilão acontecerá, a par tir das

do Nelore Nacional. O leilão vai

20h, na Chácara Nelore Nacional,

levar para a pista mais de 20

recinto construído para a promo-

lotes com vacas, bezerras e no-

ção de remates. A Noite do Nelo-

vilhas. Em 2013, sob o comando

re Nacional terá transmissão, ao

da criadora, foram negociados

vivo, pelo “Canal Rural”.

“Selecionamos o que existe de melhor na genética do Nelore Nacional e esperamos que o sucesso da raça seja reafirmado durante o leilão” Claudia Tosta Junqueira, organizadora da Noite do Nelore Nacional


Fazenda Índia oferece Nelore Maab & Maab Pêga

Nelore tem 30º leilão Noite dos Campeões

No dia 7 maio será a vez da Fa-

25 lotes entre muares e jumentos. No

zenda Índia recepcionar em seu tater-

ano passado, Marco Antônio Andrade

sal pecuaristas de todo os cantos do

Barbosa, promotor do remate, colo-

planeta em seus remates: 12º Leilão

cou à venda 11 lotes. Os investimentos

Nelore MAAB e o 15° Special Maab

chegaram a R$ 237.600 e a média

O Leilão Noite dos Campeões

Pêga. A partir das 14h, serão apresen-

geral foi de R$ 21.600. A transmissão

completa 30 anos de história,

tados 18 lotes Nelore de origem pura e

ficará por conta do “Canal Rural”.

reunindo grandes nomes da pecuária brasileira, como Fazenda

“A cada leilão realizado, aprendemos mais, e assim vamos buscando e melhorando a qualidade dos animais ofer tados, por isso, há tanto tempo estamos oferecendo o que existe de melhor na nossa genética” Marco Antonio Andrade Barbosa, responsável pela Maab

do Sabiá, Fazenda Guadalupe, Fazenda Terra Boa, Irmãos Barros e Correa, Organização Mário Franco e ainda EAO Nelore. O leilão será realizado às 20h, no Dan Inn Hotel. Em 2013, a Noite dos Campeões teve faturamento total de R$ 6.708.000,00, com 27 lotes e média por lote de R$ 248.444,44.

“Neste leilão, estamos reunindo as seleções do mais puro Nelore com conhecimento de sobra para realizar um dos eventos mais importantes da ExpoZebu e da pecuária seletiva nacional” Beto Mendes, da Fazenda do Sabiá

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elitte rural

Acontece

Caminho das Índias traz Gir Leiteiro

Pérolas do Nelore na Nova Trindade

O Gir Leiteiro apresentará, no dia

ria Tereza Lemos Costa Calil. No ano

8 de maio, às 20h, no tatersal Rubico

passado, o Grupo Cabo Verde e Fa-

Carvalho, o Leilão Caminho das Ín-

zenda Paraíso ofertaram 28 animais

A Fazenda Nova Trindade e a

dias. O remate, que está na sua 6ª

pela fatura de R$ 662.640, à média

Agropecuária Modelo convidam

edição, conta com a experiência dos

de R$ 23.665. A transmissão será ao

para o Leilão Pérolas do Nelo-

promotores José Coelho Vitor e Ma-

vivo pelo canal “Terra Viva”.

re, que acontecerá no dia 9 de maio, às 20h. Delicadeza, força e beleza resumem o evento que

“Estamos prontos para este leilão e vamos mostrar a ascendência da raça do Gir e sua habilidade na produção de leite, seja no pasto ou no cocho” Maria Tereza Lemos Costa Calil, organizadora do remate

vai levar para o remate 32 lotes duplos de prenhezes. A realização será da “Programa Leilões”.

Amigos do Nelore em Goiânia De 16 a 1º de junho, acontecerá a

realizará o leilão Amigos do Nelore, em

69ª Exposição Agropecuária do Esta-

um dos maiores recintos do país, em

do de Goiás, a Expoago, no Parque

Goiânia, bem no coração do Brasil. De

de Exposições Agropecuário Dr. Pedro

acordo com informação dos organiza-

Ludovico Teixeira. Abrindo a feira e rei-

dores, cerca de 30 lotes de animais,

naugurando o Tatersal de Elite da Pe-

doadoras e prenhezes campeões de

cuária, a agropecuária Nelore Garrote

pista serão levados a remate.

“Será o quinto ano que realizamos este leilão em parceria com vários convidados. No ano passado, ficamos satisfeitos com os resultados e, neste ano, esperamos que não seja diferente, já que estamos levando o melhor dos nossos plantéis” ManOel Garrote, do Amigos do Nelore

58

“No ano passado, foi o leilão recorde em venda de prenhezes. Na ocasião, tivemos o show do RPM. Este ano, estamos fechando um show para fazer uma festa ainda melhor” Soraia Belizário, da Nova Trindade


elitte rural

Grandes campeas

Grandes Campeas Uma grande campeã ou um grande campeão consagra-se quando suas características são reconhecidas em diferentes pistas ou pelos seus herdeiros. É material genético de primeira que se mutiplica povoando o rebanho nacional de qualidade.

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O LEGADO DE ITÁLIA IV TE J. GALERA

A

raça Nelore tem como

“No início do mês de abril, per-

Ucrânia TE J. Galera e Parma TE J.

marcante

demos a Itália. Com cer teza, a ma-

Galera, que se evidenciam nas pis-

o vigor, a ossatura leve,

triz com o maior faturamento da

tas e centrais de sêmens.

robusta e for te. A mus-

raça e com o maior número de títu-

Há 25 anos, a HRO Empreendi-

culatura é compacta e bem distri-

los com seus filhos e netos. Fora a

mentos e Agropecuária Ltda oferece

buída. O que chama atenção tam-

história de vida dela, que é impres-

aos pecuaristas do Brasil o melhor

bém é que tanto o macho quanto

sionante”, conta o gerente-geral da

do setor. A empresa, especializada

a fêmea apresentam diferença de

HRO Empreendimentos e Agrope-

em agricultura e pecuária, está lo-

gêneros acentuada. Quando se

cuária, Dari Barcelos.

calizada em São Paulo.

característica

fala em fêmea na raça, Itália IV TE

Filha de Fajardo da GB e Espa-

Itália é considerada uma das

J. Galera é referência para a HRO

nhola J. Galera, Itália deixou para trás

principais matriarcas da raça e foi

Empreendimentos e Agropecuária.

não só um excelente retorno finan-

uma das doadoras mais rentáveis

Doadora de confiança, ofereceu,

ceiro empresarial agropecuário, mas

da história do Nelore. “Esta doadora

desde 1999, o melhor da valorizada

uma família de destaque, como, por

é um mito da raça Nelore”, finaliza

genética.

exemplo, Átria FIV, Zero TE J. Galera,

Dari.

“A pecuária brasileira perdeu

“A Itália foi uma verdadeira refe-

“Itália foi simplesmente a consa-

uma das maiores matriarcas de to-

rência dentro da raça. Referência em

gração de um trabalho e de uma

dos os tempos. Sua genética se eter-

produtividade e qualidade de pro-

genética idealizados pela família

niza através de seus descendentes.

gênie. Sua luta pela sobrevivência

Galera. Esta doadora resume tudo

Seus netos, bisnetos e tataranetos

e tudo que proporcionou ao melho-

que os criadores desejam produzir. A

continuam brilhando nas pistas e nos

ramento genético do Nelore fez com

força genética aliada à consistência

leilões. Animal guerreiro, apesar das

que se tornasse um ícone. Ela é eter-

e à qualidade de sua produção fize-

adversidades físicas adquiridas, nun-

na”

ram desta matriz a mais importante

ca se entregou e morreu produzindo

Fernando Barros, assessor e

e valorizada família da raça Nelore,

genética. Meus sentimentos à HRO,

um dos proprietários da SAP As-

na minha concepção. Itália não é

sua atual proprietária e parabéns ao

sessoria

simplesmente uma família, trata-se,

gênio, Hélder Galera, seu criador” Carlos Nunes (Carlota), diretor comercial da Programa Leilões

hoje, de uma linhagem que está entre as mais requisitadas na raça Nelore”. Ademir Jovanini, assesor pecuário

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elitte rural

Giro

Cachoeira Fest fatura R$ 4 milhões O leilão Cachoeira Fest 2014 apresentou novidades para os pecuaristas na tarde do dia 12 de abril, Fazenda Cachoeira 2C, em Ser tanópolis, interior do Paraná. Foram ofer tados animais de destaque da raça Nelore. A novidade ficou por conta dos exemplares de três raças trazidas

Guilherme Garcia Cid

da Índia para o Brasil por Celso Garcia Cid: Gir, Guzerá e Nelore. Três pilares fundamentais da pecuária nacional na produção de carne e de leite. O leilão fechou a edição com faturamento total de R$ 4 milhões. Foram ofertados 30 lotes de fêmeas e prenhezes Nelore e 40 lotes de reprodutores Nelore. O evento contou também com dois lotes especiais de Gir Leiteiro, 16 lotes especiais da elite do Guzerá e dois lotes especiais de Quarto de Milha. O destaque foi a venda de Vena DC TE. A jovem Nelore é filha da Vena da ZEB VR, que gerou Glade, Enddy e Izabella, todas descendentes da Jarina. A Nelore foi comprada 50% pela For taleza VR, por R$ 96 mil. Gabriel Garcia, José Carlos Prata Cunha

Neto, Ângelo Tibery, Cláudio do Totó

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Beatriz Garcia Cid


Aud Rima agita o Paraná Remates marcam a Colorado A Estância Colorado realizou dois dias de leilões com convidados especiais e o que há de melhor em animais de elite e genética da raça Nelore. O evento foi realizado na sede da Estância Colorado, em Sales Oliveira, a 380 quilômetros da capital paulista. Os dois dias de leilões resultaram na oferta de 59 lotes, com faturamento total de R$ 4.010.496,00. Os remates começaram no dia 5 de abril, com a oferta de 18 lotes, movimentando

aproximadamente

R$ 3.025.000,00. Na ocasião, o lote No dia 11 de abril, o Village Pra-

o Nelore como a estrela da festa.

ça de Leilões e Eventos, em Cambé,

Destaque para as descendentes da

no Paraná, recebeu, durante a Expo-

barriga de ouro Bélgica I PO. Um pa-

londrina, a 5ª edição do Leilão Aud

cote triplo de prenhezes de filhas de

Rima. Uma seleção de primeira. Ani-

Bélgica, com diferentes touros, abriu

mais de pista da raça Nelore e pre-

o remate e foi comprado por Dalton

nhezes de doadoras consagradas,

Heringer por R$ 72 mil.

que compuseram o time de 30 lotes,

Mas foi a filha de outra matriar-

fizeram sucesso, com a promoção

ca famosa da raça que fez os lances

de Beto Pugliese e do filho Rafael,

subir. Surashy TE J. Galera, de sete

junto com a família Vicintin, da Rima

anos, é filha da Maharash II com

Agropecuária. Neste ano, o fatura-

Bitelo.Surashy e foi

mento cresceu 70% em relação ao

pela Aud de Beto Pugliese e pelo

ano anterior, com 100% de aprovei-

sócio Romanelli. A doadora vai para

tamento em liquidez, fechando com

o interior do estado do Rio reforçar o

saldo de R$ 2.200.00,00.

time e o plantel da Xuab Agropecuá-

vendida 100%

O evento, realizado para aten-

ria, de Amândio Salomão, que pa-

der mais de 400 convidados, teve

gou R$ 273 mil pela cria da J.Galera.

mais cotado foi a fêmea de 16 meses Flor do Colorado. Flor é a Campeã Novilha Menor da Expoinel Paulista 2014 e Reservada Campeã Novilha Menor da Expoinel Minas 2014. Foi 67% vendida para a Agropecuária Vila dos Pinheiros e a Fazenda Mata Velha. Durante o segundo dia de evento, foram ofertados 41 lotes, divididos em 27 fêmeas e 14 prenhezes. O total de vendas foi de R$ 984.960,00, com a média de R$ 24.320,00 por animal. O lote de maior cotação e destaque do dia 6 de abril foi o número 34, um lote surpresa de seis novilhas com idade entre 10 e 14 meses, compradas pela Cabanha Guarany por R$ 72.000,00.

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elitte rural

Giro

Nelore realiza primeira Copa PR/SP De 3 a 13 de abril, a 54ª Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina, no Paraná, a ExpoLondrina, foi palco para a 1ª Etapa da Copa PR-SP. A Copa é considerada a nova ferramenta de integração entre criadores e expositores de diversas regiões. A disputa foi acirrada. Foram avaliados 44 criadores e 161 animais por Arnaldo Manuel Machado Borges. Os prêmios de Melhor Expositor e Melhor Criador ficaram com Beatriz Garcia Cid e Filhos, da Fazenda Cachoeira. A Grande Campeã foi

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Kaiana Doma, também de Beatriz C. Garcia Cid e Filhos. O pecuarista José Pedro de Souza Budib, da Estância Joia Rara, levou o título de Grande Campeão com o RBB Ilaro FIV. A Copa São Paulo-Paraná é formada por seis exposições, sendo três em cada Estado e todas são obrigatórias. A Copa continua e as próximas etapas serão em Maringá (PR), em maio; Campo Mourão (PR), em julho; Ituverava (SP) e Bauru (SP), em agosto, e em Presidente Prudente (SP), em setembro.


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elitte rural

Giro

Prime Nelore e Manga-larga Marchador dão show em MG Nos dias 28 e 29 de março, a

disputadas na noite do dia 28, to-

Agéo Agropecuária, a Nelore Van-

talizando 14 lotes e R$724.800,00

guard e a Agropecuária Modelo

em vendas de prenhezes.

receberam criadores de todo Brasil

Com faturamento total de R$

na Fazenda Agéo, em Paraope-

1.663.200,00, a tarde do dia 29

ba, interior de Minas Gerais, para

de março foi recheada de surpre-

o Leilão Prime das Raças. Foram

sas. Foram ofer tados 10 lotes de

ofer tados embriões e animais con-

animais da raça Nelore com des-

sagrados das raças Manga-larga

taque para o maior investidor: a

Marchador e Nelore.

Agropecuária Vila dos Pinheiros,

No dia 28, foram ofertados 15 lotes

com o total de R$ 650.400,00 em

de Nelore totalizando R$ 928.800,00

compras de animais. O lote mais

em vendas. O lote de maior cota-

valorizado foi o de número 20, a

ção da noite foi a Kenia FIV Agéo,

Matilda da Cristal, uma fêmea de

uma linda bezerra de seis meses,

23 meses, vendida 50% pelo valor

vendida 50% pelo valor de R$

de R$ 372.000,00.

204.000,00 para Geraldo Magela

Além dos lotes da raça Nelo-

Monge. Kenia ainda não foi para

re, foram vendidos 31 lotes en-

as pistas, mas promete ser uma

tre animais e embriões da raça

grande competidora para os pró-

Manga-larga

ximos eventos e exposições. As

dois dias de leilão com o total

prenhezes também foram muito

geral de R$ 2.572.500,00.

Marchador,

nos

Embryo foi um sucesso em Goiânia No dia 15 de março, a ExpoGoiânia, realizada no parque de exposições Pedro Ludovico Teixeira, foi palco para o 1º Goiânia Embryo, organizado pelos criadores Clenon Loyola Filho, Eduardo Lucente e José Américo de Souza. Ao todo foram colocados à venda 28 produtos Nelore, gerando o lucro final de R$ 363 mil. Os lances também ocorreram via “Canal Rural”. Os trabalhos de organização ficaram a cargo da Programa Leilões. Foram ofertados 21 lotes de prenhezes de doadoras do porte de Perita FIV da Morungaba, Florença e Moenda TE Kubera, com nascimento previsto para o fim do ano, rendendo a média geral de R$ 23.149 por animal. Nas fêmeas, a média ficou em R$ 29.846 por sete lotes negociados pelo total de R$ 194 mil. Destaque para as vacas com cria ao pé: três lotes à média de R$ 37.333. No grupo estava Jordânia II FIV, matriz jovem, parida de macho e arrematada por R$ 48 mil por João Franceschi. Nas mais jovens - duas bezerras e uma cota de produção - a média foi de R$ 18.800. A única novilha à venda saiu por R$ 35 mil.

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Giro

1ª Expo Nelore Avaré mostra qualidade e faturamento

Foto/ZznPeres

elitte rural

Amauri Gouveia

De 14 a 23 de fevereiro, na cidade de Avaré, interior de São Paulo, foi realizada a Exposição Municipal Agropecuária de Avaré, batizada como 1ª Expo Nelore Avaré, no Parque de Exposições Fernando Cruz Pimentel. Também conhecida como a Expoinel Paulista, reuniu mais de 1.300 animais, distribuídos em quatro raças bovinas (Nelore, Nelore Mocho, Angus, Santa Gertrudes e Guzerá) e duas equinas (Lusitanos e Crioulos). Os organizadores da feira calculam

Pedrinho Novis, Fabiano Fructuoso e equipe

que a movimentação total do evento, incluindo a promoção dos leilões, negociação de maquinários e negócios realizados nos estandes, tenha superado a casa dos R$ 5 milhões. A feira teve o Grande Campeonato do Nelore definido no último dia, quando passaram 722 animais na pista de julgamentos.

Beto Mendes

Amauri Gouveia ladeado pelos irmãos De Marchi

Cláudia Junqueira, Amauri Gouveia Vilemondes Garcia

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Os campeões O Grande Campeão foi Kayak TE Mafra (Basco X Liaka 1 da RS) da Rima Agropecuária. Com 25 meses, este foi o segundo título do macho no mês. Kayak também fez o Grande Campeonato na Expoinel Mineira. O Reservado Grande Campeão foi Janko 2 TE Porto Seguro (Basco X Itália IV TE da Ocean), de 31 meses, da Agropecuária Vila dos Pinheiros. Entre as fêmeas, a novilha Mercedita 1 FIV Ggol (Basco X Mercedita FIV GGol) foi a Grande Campeã, que também recebeu o título na Expoinel Mineira. A Reservada Grande Campeã também saiu da categoria Novilha Maior. A ESPN Javanesa (Basco X Javanesa Guadalupe) tem 17 meses e pertence à Fazenda Guadalupe. Do dia 20 a 22 de fevereiro, o destaque ficou por conta dos leilões que movimentaram a feira. “Contamos com a oferta de animais de genética elevada e observamos o aumento de comercialização nos leilões”, complementou Amauri Gouveia, presidente do Núcleo Nelore Avaré. 71


elitte rural

Giro

Leilão Tradição Nelore ultrapassa R$ 2 mi O Leilão Tradição Nelore também ocorreu no dia 21 de fevereiro,

e prenhezes. A média geral ficou em R$ 125,33 mil.

na Expo Nelore Avaré e registrou

O Tradição Nelore foi promovi-

aumento de 28% no faturamento

do pela HRO Empreendimentos e

em relação ao ano passado. Nes-

Agropecuária, de Sylvio Propheta

ta edição, os negócios totalizaram

de Oliveira, pela Espinhaço Agro-

R$ 2,41 milhões, o que reflete um

pecuária, de Emiliano Sampaio No-

alto

investimento na raça. Em

vais, pela Fazenda Campininha, de

2013, o faturamento foi de R$ 1,8

Luiz Rober to Correa Reche, e pela

milhão. O remate ofer tou 24 lotes

Verdana Agropecuária, de José

entre doadoras, fêmeas de pista

Carlos Grubisich.

Adriano Pinheiro, Emiliano Sampaio Novais

José Carlos Grubisich

Brunna Lapenna e Mariana Orleans

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Ivete Felippe

Adriana Ferraz Crispim com a filha, Flávia Marzabal, Solange Galera E oTONIEL


Leilão Qualidade Nelore traz filho do Bitelo da SS A 7ª edição do Leilão Qualidade Nelore aconteceu também em

esperado pelos promotores, com

Leilão Avaré Angus Show oferta 59 lotes

R$ 447.600,00 de faturamento.

22 de fevereiro, penúltimo dia de

O lote de destaque do leilão foi

Expo Avaré, tendo o Parque Fer-

um jovem reprodutor, filho do Bite-

nando Cruz Pimentel como sede.

lo da SS, que entrou de surpresa.

Promovido por Luiz Rober to Cor-

O único macho do evento, com

reia Reche, José Carlos Grubisich

14 meses, é chamado de Galdino

e mais seis convidados, o leilão

Verdana e foi o lote mais valoriza-

ofer tou 20 lotes, divididos entre

do, vendido 50% pelo valor de R$

fêmeas, um macho e prenhezes.

48.000,00 para o comprador Eros

O resultado geral foi dentro do

Carraro.

Realizado pela Casa Branca Agropastoril, em parceria com a VPJ Pecuária, Agropecuária 3E, Agropecuária Fumaça e Agropecuária ECO Angus, o Leilão Avaré Angus Show fez sucesso no dia 22 de fevereiro, no Parque de Exposições Fernando Cruz Pimentel. Com a ofer ta de 51 lotes de fêmeas e oito lotes de machos Angus puro de origem, o destaque na comercialização ficou por conta do lote 59, o touro VPJ Black Camaron, filho de Carbon Copy, Antônio Carlos, Fermino, Heitorzinho

vendido por R$ 37.500,00 para o pecuarista da Fazenda Colibri, Francisco Ferreira.

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elitte rural

Giro

Foto/Zzn Peres

Leilão Nova Trindade tem maior média da feira A Tar tesal Rubico Car valho, no Parque Fernando Costa, foi o cenário para o Leilão Fazenda Nova Trindade e convidados, no dia 8 de fevereiro. O evento, também transmitido pelo “Canal Rural”, ofer tou 19 lotes, sendo 18 fêmeas e uma prenhêz. O leilão foi considerado um

Foto/Zzn Peres

com o faturamento de R$ 1.015.968,00, su-

Foto/Zzn Peres

marco para a Expoinel Mineira deste ano, perando as expectativas dos organizadores e participantes. Consagrou-se como a maior média da feira: R$ 54 mil por lote. Conforme todos esperavam, o lote mais valorizado foi a fêmea Porcelana II, de 10 meses, da Carnnel Agropecuária, tendo 50% vendido pelo valor de R$ 72.000,00. O maior comprador da noite foi o Sítio São Pedro, com o total de R$ 120.000,00. A anfitriã da noite, a Fazenda Nova Trindade, totalizou R$ 259.188,00 em vendas.

Jonas Barcellos E Ricardo Vicintin

Foto/Zzn Peres

Foto/Zzn Peres

Foto/Zzn Peres

Tânia Espir Bichuetti

Luciene e Armândio Salomão

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Nielce Crispim

Bruno Grubisich, Alfredinho Zamlutti e Lucinha Junqueira


Foto/Zzn Peres Foto/Zzn Peres

Foto/Zzn Peres

Gustavo Barros e iSABELA cANÇADO

Júnior, Nicolas Elias e Gustavo Machado

Foto/Zzn Peres

Foto/Zzn Peres

Renato Barcellos, Rogério, Joaquim

Cláudio Signorelli

Foto/Zzn Peres

Paula Abreu Barcellos e Jonas Barcellos

Paulo Piau, Heloísa e Márcio Cecílio

Foto/Zzn Peres

Foto/Zzn Peres

Foto/Zzn Peres

Ricardo Vicintin, Cláudio Signorelli e Marcello Belo recebendo prêmio das mãos de Renato Barcellos

Felipe Picciani e Raphael Coutinho

Paulo Afonso Trindade

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elitte rural

Giro

Posse Girolando dores de Girolando apresentou, no

Além do presidente Jônadan

Centro de Eventos Rômulo Kardec

Ma, integram a atual diretoria: 1º

de Camargos, em Uberaba, Minas

vice-presidente, Magnólia Mar tins

Gerais, a nova diretoria, no dia 24

da Silva; 2º vice-presidente, Nel-

de janeiro.

son Ariza; 3º vice-presidente, João

A entidade passa a ser coman-

Domingos Gomes dos Santos; 4º

dada pelo agrônomo e criador

vice-presidente, Olavo de Resende

Jônadan Hsuan Min Ma, que tem

Barros Júnior; 1º diretor-administra-

como objetivo colocar a raça no

tivo, José Antônio da Silva Clemen-

mais alto patamar, além de difun-

te; 2º diretor-administrativo, Jorge

di-la para o resto do mundo. “Na

Luiz Mendonça Sampaio; 1º dire-

maior eleição da história da Girolan-

tor-financeiro, Luiz Carlos Rodrigues;

do, foi plantado o ideal de transfor-

2º diretor-financeiro, Odilon de Re-

mação. Nós nos comprometemos

zende Barbosa Filho, e Relações

a entregar a todos os associados

Institucionais e Comerciais, Ronan

o direito de par ticiparem e ser re-

Rinaldi de Souza Salgueiro. Tam-

presentados pelos que aqui tomam

bém tomaram posse os membros

posse conosco, decidindo os me-

dos Conselhos Fiscal, Consultivo e

lhores rumos a serem trilhados pela

de Representantes Estaduais.

Foto/Rúbio Marra

ças do agronegócio.

Jônadan Hsuan Min Ma presidente da Associação Brasileira de Criadores de Girolando

Foto/Rúbio Marra

A Associação Brasileira de Cria-

Jônadan recebeu convidados importantes na ABCZ

Girolando. O meu ideal aqui é colocar a raça Girolando no patamar mais alto das raças leiteiras no Brasil e difundir essa raça para todo o mundo”, afirmou o presidente da Girolando. A solenidade reuniu 500 pessoas e contou com a par ticipação de criadores de todo o país e diversas autoridades, dentre as quais, o Foto/Rúbio Marra

secretário de Estado de Agricultura de Minas Gerais, José Silva; o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Luiz Claudio Paranhos, além de diversos deputados, prefeitos e lideran-

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Carlinhos Barreto, Roberto Almeida, Virgílio Pitton, Nelson entre outros amigos prestigiaram a entidade


Foto/Rúbio Marra Foto/Rúbio Marra

Foto/Rúbio Marra

Nova gestão da Girolando quer fortalecer o associado

O deputado Antônio Lerin prestigiou a posse da nova diretoria

Jônadan recepcionou amigos como Olavo de Rezende

Os deputados Marcos Montes e Tony Carlos

Foto/Rúbio Marra

Foto/Rúbio Marra

Nelson Ariza, José Silva, Jônadan, Luiz Henrique Borges, Luiz Carlos, Everardo Hostalácio e Rivaldo Machado Borges

Foto/Rúbio Marra

O presidente Jônadan, José Ângelo Júnior e a esposa

Foto/Rúbio Marra

O prefeito de Uberaba, Paulo Piau, esteve presente na cerimônia

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Giro

Foto/Fábio Fatori

elitte rural

O Guzerá ou Kankrej, como é co-

à procura de água e alimento, como

nhecido, é uma raça originária da

também atravessar longos períodos

Índia. Foi a primeira raça zebuína a

de seca, comuns no sertão nordesti-

chegar ao Brasil entre as que persis-

no brasileiro.

tem. Trazida da Índia pelo Barão de

Por tantas características marcan-

Duas Barras, na década de 1870, logo

tes, o Guzerá tem espaço privilegiado

dominou a pecuária nos cafezais flu-

nos plantéis das fazendas no Brasil.

Edson Falchi e a esposa Maria Lúcia

Para reverenciar e revelar o pro-

O porte imponente, cabeça alta

gresso da raça, no dia 29 de mar-

e chifres grandes, em forma de lira;

ço foi realizado um Dia de Campo,

pelagem variando do cinza-claro ao

na Fazenda Recanto do Guzerá, em

escuro, pele preta, pigmentada e os

Santa Izabel, interior de São Paulo. A

membros bem desenvolvidos e mus-

ação, encabeçada pelo pecuarista

culados permitem ao Guzerá resistir a

Edson Falchi Teixeira, reuniu o Grupo

longas caminhadas sob o sol tropical,

Amigos do Guzerá.

Foto/Fábio Fatori

minenses.

Foto/Fábio Fatori

Fazenda Recanto do Guzerá realiza o Dia de Campo

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Renata Penna e Alexandre Morais entre os filhos dele, Matheus e Orlando

Foto/Fábio Fatori

Foto/Fábio Fatori

Edson e a filha Laila

Eduardo Parisi, Matheus e Orlando Morais, Antônio Carlos, Douglas e Cauê Costa. Abaixo, Luciano Bonfim, Otávio e Alexandre Morais abraçados por Edson Falchi, anfitrião do Dia de Campo do Grupo Amigos do Guzerá


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elitte rural

Click

Click Elitte Os leilões realizados de nor te a sul do país apresentam sempre o melhor das raças. Mas não é só isso! A cada batida do mar telo, uma surpresa! Os eventos são um mix de sentimentos. Pecuaristas, seus familiares e amigos se encontram numa grande confraternização. A “Elitte Rural” deu um giro por esses remates e traz momentos de descontração desta turma boa. Ana Carolina Borges Bertolucci

José carlos prata cunha, Antônio paulo abate, hélio proféta, Clenon loyola

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Marcelo mendonรงa

Jefferson Salgado de oliveira

Natalie Garetti

Argeo geo

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elitte rural

Click

bruno bello vicintin e paula

A paixão das pistas Cada raça zebuína tem sua ca- busca pelo melhoramento genético. os lucros e se envolvem com seus racterística. Uma espécie de manual Mais do que o animal perfeito, bus- animais. Por que não falar de atenpara definir o valor de cada animal ca-se o animal cada vez melhor. Ver- ção, de afeto, de querer bem este ou em cada um de seus aspectos. As- dadeiras griffes! Neste universo, per- aquele exemplar? Muito bacana em sistimos a um show de técnica e cebemos que os donos ultrapassam tempos de sustentabilidade.

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Foto/Zzn Peres

Foto/Zzn Peres

Lucinha junqueira

Pedrinho novis

Os VIPs Difícil definir quem é VIP na pecuária nacional. Se você arrisca apenas um nome, pode saber que está se esquecendo de muita gente boa... No ano em que a maior associação da raça (ABCZ) comemora oito décadas, a gente nem se dá conta mais de quem fez e faz a diferença. Para nós, da “Elitte Rural”, é muito bacana perceber tantas gerações juntas trocando informações para perpetuar seus negócios e, principalmente, seus laços.

joão gabriel

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elitte rural

Click

Os segredos dos remates Decoração impecável em cada detalhe, buf fet de primeira e sempre muito bem ser vido. Gente bonita, ótimos lances, técnicos arrojados, pecuaristas destemidos. Um desfile de bom humor, charme e muitos lucros. A cada encontro, uma opor tunidade. Ninguém perde o tom e se diver te do início ao

duda biagi

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aciole castelo branco e Jonas barcellos

Foto/Zzn Peres

Paulo horto

Foto/Zzn Peres

fim dos eventos.


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Social A

gente viaja o Brasil e obser va, em cada encontro com os criadores e suas esposas, as par ticularidades deste universo deslumbrante compos-

to de múltiplas raças e características. As pessoas se mostram ousadas, arrojadas e sabem como se diver tir. Alegram-se quando trabalham ou quando estão com os amigos ou familiares em diferentes pontos do planeta. Nós, da “Elitte Rural”, acompanhamos esta rotina boa e fazemos questão de apresentar um pouquinho para você aqui em nossas páginas. Divir ta-se conosco!

P OR JA N A IN A NUNE S

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elitte rural

Social

Aloha 30 anos Rodrigo Jorge de Souza esbanjou sorriso e genialidade ao receber 250 convidados para comemorar seu aniversário de 30 anos, no dia 8 de fevereiro. O luau havaiano, decorado por Luis Pedro Scalise e André Furquim, teve cardápio assinado pelo Buf fet Paladar. Frutas exóticas e frutos do mar proporcionaram uma noite inesquecível, sob o comando dos DJs Fabinho e André X. Com todo mundo vestido de branco e muito alto-astral, a festa foi realizada em grande style.

Rita e Paulo Trindade apresentam Pedro Nasceu no dia 15 de janeiro, na Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro, Pedro Trindade Dias, filho de Mônica e Dennis Dias. Paulo Otávio, Henrico e Guilhermina já eram a alegria dessa família, mas a chegada de Pedro veio brindar ainda mais essa felicidade. Os filhos do Paulinho já frequentam os leilões e a fazenda Nova Trindade. Estamos torcendo para que

Foto/Geórgia Almeida

todos amem o Nelore cada dia mais.

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Parabéns às mães!

O

mundo agropecuário é recheado de pessoas que brilham e se destacam em tudo que elas fazem. No dia 11 de

maio, os holofotes e todas as homenagens são direcionados para as mães, mulheres admiráveis. A única palavra que encontramos para expressar todo esse sentimento for te e intenso é amor. Feliz Dia das Mães!

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elitte rural

Social

Pelo mundo...

C

omo conhecer a alma e a essência de uma pessoa? Basta analisar o seu estilo de vida e seu gosto pelas belezas natu-

rais e pelos animais. Com essa visão, encontramos a família Mafra – apaixonada pelo Nelore –, que nos permitiu par ticipar de emocionante viagem para a África do Sul! Uma das cidades litorâneas mais atraentes e graciosas da África do Sul é Cape Town, situada aos pés da Table Mountain. A impor tante montanha, uma das Sete Maravilhas Naturais do Mundo, foi o destino de Carlos Mafra e sua família, nas férias de janeiro. A visita estendeu-se a Joanesburgo, onde apreciaram a cultura africana e conheceram de per to um pouco da história do apar theid. No parque ecológico e na reser va nacional de Kruger Park, eles aproveitaram para se diver tir nos safáris e se emocionaram ao ver as belezas naturais daquele país.

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Quiz com MAFRA JR JANAINA NUNES:

Como é Cape

Town? Todo mundo que conheço e que lá esteve denomina esse lugar de pérola da África. Você concorda? Carlos Mafra Júnior: Cape Town é realmente incrível, um dos lugares mais bonitos que visitamos. A riqueza e a beleza natural impressionam. JANAINA NUNES: E a gastronomia? E o que nos diz dos hotéis? Carlos Mafra Júnior: A comida típica é muito diferente da nossa, com o uso de temperos e condimentos locais. Os hotéis são incríveis, com destaque para o Sabi Sabi, que fica dentro do Kruger Park, na savana africana. Ficamos em lodges, afastados, no meio dessa savana, em contato direto com a natureza.

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Mergulhando no mundo da Fé

N

o dia 31 de março, saímos de viagem rumo ao Egito, em companhia de Sandra Horto, Darlene Almeida Serra, Sônia Zamlutti, Deborah

Morbin, Manuela Barros, Claudete Abrão, Ilda Moda e de uma caravana de Londrina (PR). Entre os lugares que visitamos estão as Pirâmides e Esfinges, o Deserto do Saara Oriental, Mar Vermelho, Vilarejo Beduíno de Mara – onde Moisés transformou água amarga em água potável –, Mar Morto, as margens do Mar da Galiléia, Rio Jordão, onde Jesus se batizou; Jerusalém, a Via Dolorosa e o túmulo vazio de Jesus. Foi uma oportunidade de contemplarmos a emoção da grandiosidade de Deus, o nosso maior presente.

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elitte rural

Social

Um jovem criador ambicioso, apaixonado por carros!

E

le se destaca em tudo o que

apesar de ter atingido um nível bem

tenho muita estima, mas, em espe-

faz. José Naves é jovem e

elevado em relação aos criado-

cial, Filipina FIV Mutum e Escreta FIV

carrega boa experiência de

res de renome. Já conquistei vários

DSIL. Comprei as duas em um inter-

premiações na bagagem por

prêmios. Quando comecei, fui bem

valo de um mês. Elas se sagraram

conta da genética de ponta do Gir

arrojado e busquei o que existia de

Campeã e Reser vada Campeã Na-

Leiteiro. Na vida pessoal, tem pai-

melhor em genética do Gir Leiteiro.

cional. Sem falar na Pallas, um ani-

xão por carros e a Elitte Rural conta

Comprei campeãs de pista e torneio

mal que fiz parceria com a Estância

pra você quais marcas e modelos

leiteiro, incluindo recordistas mun-

Villa Verde e quebramos o recorde

fazem a cabeça deste pecuarista.

diais.

mundial com mais de 64 quilos/dia de média.

ELITTE RURAL: Quem é o Jósé Na-

ELITTE RURAL: Qual animal é ines-

ves criador?

quecível para você e por quê?

ELITTE RURAL: Como nasceu sua

JOSÉ NAVES: Sou um jovem criador,

JOSÉ NAVES: Há vários animais que

paixão por automóveis?

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JOSÉ NAVES: Sempre gostei de carros, pois meu pai gostava muito e ele sempre me contava as histórias dos carros que ele teve na juventude. Desde que tenho 18 anos, ele sempre procurou me proporcionar o que tinha de melhor em carros. Coisa que quero oferecer para meu filho também. ELITTE RURAL: Quais as marcas de automóveis com as quais você mais se identifica?

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elitte rural

Social

JOSÉ NAVES: Me identifico muito com Land Rover, Jeep, BMW, marcas que possuem utilitários, que me satisfazem no ser viço diário da fazenda. Mas não posso negar que minha marca preferida é a PORSCHE, pois adoro espor tivos também! ELITTE RURAL: Qual o seu sonho de consumo em se tratando de carros? JOSÉ NAVES: Meu sonho de consumo é um Porsche Carreta 911 S Turbo, que acaba de ser lançado. Considero um sonho, pois ele é um carro totalmente espor tivo. Não tem nada a ver com minha profissão, mas tem tudo a ver com minha idade e meu per fil de homem de cidade. (risos)

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elitte rural

Na Mesa

Wagyu e seus encantos

U

m animal de tamanho mediano, chifres e pelagem preta ou vermelha. Precocidade sexual, habilidade materna, facilidade de par to e longevidade também estão entre as suas características. A Wagyu é uma raça bovina do Japão que, aos poucos, ganha o mundo. Utilizada anteriormente para os trabalhos domésticos ou para a lida, com força bruta, nas plantações de arroz, hoje ganha espaço e conquista paladares. O motivo? A carne é nobre em razão do extremo marmoreio. O cor te mais suculento está, consequentemen-

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te, entre os mais caros do planeta. Para se ter ideia, o quilo da iguaria, conhecida como Kobe Beef, custa mais de R$ 200. O gado é originário da região de Hyogo, onde fica a cidade de Kobe. Até meados do século 19, essa raça era usada apenas para puxar carros de boi. O consumo começou com a Revolução Meiji, de 1868. O consumo de carne de aves, porco e boi foi abolido no Japão por, nada menos, que 1.197 anos, de 676 até 1873. Dentre os animais poupados do abate estava o galo, que era considerado um mensageiro dos deuses. As carnes de coelho e javali eram permitidas em raras situações. O

peixe era a única carne liberada e seu consumo aumentou notoriamente. Em 1873, o imperador Meiji provou publicamente a carne de vaca e criou um novo hábito na vida da cor te: convidar para almoços os estrangeiros, a quem eram ser vidos pratos da cozinha francesa, o que contribuiu para o desaparecimento do tabu de consumo da carne. Aproximadamente, no ano 1900, com o consumo da carne liberado no Japão, os produtores resolveram investir num plantel com animais que, além de sabor, transmitissem a qualidade de vida planejada pelos japoneses.


“A carne está presente nos principais momentos das pessoas, se observarmos a história. Esse alimento tão importante para a nossa vida tende a ser saudável

‘‘

Impor taram para o país animais de raças como Simental, Pardo Suíço e Ayshire para cruzamento e aprimoramento do material genético. O resultado foi a raça Wagyu, gado criado em confinamento e

com alto teor de marmoreio conforme as características musculares da Simental. O boizinho japonês se subdivide em duas linhagens: Wagyu de pelagem preta e de pelagem marrom avermelhada. A diferença baseia-se especialmente no cruzamento. O Wagyu Brown surgiu do cruzamento do Wagyu Black com a raça Simental. O objetivo era aumentar o ganho de peso de carcaça. Conseguiram, mas por outro lado perdeu-se em grau de marmoreio quando os animais são comparados com o Wagyu Black.

Classificação da carne A carne da raça Wagyu é classificada de acordo com o grau de marmoreio, ou seja, a quantidade de gordura entremeada. Quanto maior a quantidade de gordura, maior o número de classificação. A classificação japonesa vai de 1 a 12 e serve também como referência para o preço da carne, inclusive em restaurantes, que cobram mais pelas peças de número maior. Aqui no Brasil, são produzidas carnes de 1 a 8, mas o preço do produto ainda não varia conforme a numeração.

Qualidade da carne Tipo 5 - Excelente

Marmoreio (BMS) 8 a 12

Tipo 4 - Muito Bom

5a7

Tipo 3 - Bom

3a4

Tipo 2 - Regular

2

Tipo 1 - Ruim

1

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Na Mesa

A expansão da raça No Brasil, a Wagyu chegou na década de 90. A Fazenda Yakult foi a primeira no país a importar os animais. O objetivo dos donos da empresa era investir em uma carne diferente e promover a melhoria da genética do gado já existente. Em outros países, os cortes da raça já eram bastante conhecidos. A fazenda, localizada em Bragança Paulista (a 85 quilômetros de São Paulo), possui 500 cabeças de gado puro. É o maior rebanho do país sem cruzamentos com outras raças, de acordo com a Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos da Raça Wagyu. Atualmente, a associação reúne 50 pecuaristas e a expectativa é de que, em breve, esse número seja bem maior. Segundo a associação, há 5 mil cabeças de gado puro no país e mais de 30 mil provenientes de cruzamento do Wagyu com outras raças. As criações concentram-se nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Paraná e Rio Grande do Sul. Para se ter uma ideia do crescimento da Wagyu, dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia) mostram que, em 2010, foram comercializadas cerca de 6.600 doses de sêmen de Wagyu e, em 2012, fechou-se um número próximo a 32.000 unidades, ou seja, houve crescimento de 384.8% em dois anos. Há centrais importadoras de embriões e de sêmen de vários países, como Japão, EUA, Canadá, Itália e Chile. Essas importações visam a trazer novos pedigrees para o país, de linhagens com histórico de Diferença Esperada na Progênie (DEPs) para bom marmoreio da carne e assim

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melhorar o rebanho nacional. Conhecida também como Kobe Beef, esta carne vem ganhando destaque na gastronomia, devido à excelente qualidade de marmorização, que se traduz em suculência, maciez, aroma e sabor. A qualidade de sua gordura caracteriza-se pelo alto teor de ácidos graxos insaturados, que conferem certa leveza na caracterís-

“Normalmente, os produtos híbridos são melhores que os puros, desde que busquemos as melhores virtudes de cada elemento para fazer produto com maior excelência

‘‘

elitte rural

tica organoléptica da carne. “A raça Wagyu vem sendo selecionada há muitos anos. Quanto mais delicada a deposição de gordura entre as fibras da musculatura, mais alto será o valor na comercialização”, conta o veterinário e administrador do setor Agropecuário da Yakult, Eliel Marcos Palamim.


convencionais chegam facilmente a produzir entre 10 e 20 embriões viáveis”, explica o veterinário da Yakult. Com a expansão de um mercado consumidor cada vez mais exigente em termos de qualidade, a procura por cortes de carne com alto marmoreio cresce dia a dia. “Hoje, os criadores já possuem sua própria marca de carne de Wagyu PO e, aos poucos, conseguem abastecer restaurantes de alta gastronomia”, comenta Eliel. Questionado sobre os desafios do aprimoramento da raça, o veterinário afirma que uma das principais metas é a padronização de carcaça de animais PO e, também, dos cruzamentos com o Wagyu. “Obtendo esta padronização, viabilizaremos os custos de produção e iremos promover confiança aos consumidores”, destaca Eliel.

Cruzamento com Nelore Não há dúvidas de que esta raça deu muito certo no Brasil, principalmente por conta das condições climáticas. Agora, tem pecuarista realizando o cruzamento Wagyu com outras raças que tenham como base a genética do Nelore brasileiro. O pecuarista Antônio Ricardo Sechis, presidente da Beef Passion, trabalha com um rebanho que produz somente carne Premium. A empresa está no mercado há mais de 20 anos, consolidando experiência em criação e pesquisas genéticas de bovinos. Além da genética, a Beef Passion busca a qualidade do produto com o bem-estar animal, preservando o meio ambiente por meio de um criterioso programa de nutrição e cuidado desde o nascimento até o abate dos animais. A meta é produzir equilibrado teor e marmoreio, suculência, sabor e de boa qualidade profissional. Interessado no “boi de excelência”, o empresário realizou primeiramente o cruzamento entre as raças Nelore e Angus Australiano. O teste

As tecnologias utilizadas nos manejos reprodutivos não são diferentes das empregadas em outras raças. Fêmeas Wagyu PO são extremamente férteis. Em coletas convencionais chegam facilmente a produzir entre 10 e 20 embriões viáveis”

‘‘

O manejo dos animais Os bezerros são desmamados com oito meses de idade e pesam em média 220 quilos. É realizada uma análise por ultrassom em cada animal, aos 14 meses, para verificar o potencial de marmoreio e de área de olho de lombo (AOL). A técnica seleciona animais reprodutores e os que serão abatidos. Os animais selecionados para corte são confinados dos 14 aos 28 ou 30 meses de idade até que alcancem 750 quilos. A dieta utilizada é baseada em silagem de milho, farelo de soja, farelo de trigo e concentrado. Os ingredientes contribuem para os grandes índices de marmoreio e de gordura insaturada entremeada nas fibras. Essa gordura, saudável e de qualidade, derrete com o cozimento e proporciona o sabor e a maciez da carne. Os bois brasileiros se alimentam para ganhar peso mais rapidamente e são desenvolvidos para atingir o seu ponto de maturação precocemente, mas engana-se quem pensa que a raça é criada tendo como pilar absoluto a precocidade. Os produtores da Wagyu pregam pelo amadurecimento, ou seja, os animais seguem para o abate somente quando a carne está realmente pronta para o consumo. “As tecnologias utilizadas nos manejos reprodutivos não são diferentes das empregadas em outras raças. Fêmeas Wagyu PO são extremamente férteis. Em coletas

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Na Mesa

resultou em bezerros mistos, com características evidentes da raça Angus e boa resistência climática herdada dos animais tropicais. As etapas de cruzamento das raças e cria dos animais são realizadas nas fazendas de inseminação artificial e melhoramento genético, situadas nos municípios de Cassilândia e Alcinópolis, no Mato Grosso do Sul. O cruzamento se dá por meio de inseminação artificial das matrizes ou vacas reprodutoras e é realizado através do programa em Inseminação artificial em tempo fixo (IATF). Primeiramente, é feito o cruzamento entre as raças Nelore e Angus Australiano. O sêmen do Angus Australiano é importado e inseminado nas vacas reprodutoras Nelore. O animal resultante é denominado “meio sangue Angus”. Os machos gerados são castrados com seis meses de idade e, ao atingir a idade de oito a dez meses, são desmamados para entrar em regime de engorda a pasto. As fêmeas dos animais “meio sangue Angus” são avaliadas durante as próximas fases em relação ao potencial de reprodução e às características de carcaça. As fêmeas consideradas aptas à reprodução e com características de carcaça adequadas recebem o sêmen da raça japonesa Wagyu, gerando então os animais three-cross, com ½ Wagyu + ¼ Angus + ¼ Nelore. As fêmeas com menores aptidões reprodutivas, a exemplo dos machos, são encaminhadas para engorda a pasto. No sistema three-cross de cruzamento industrial, as matrizes de reposição são geradas dentro do próprio processo. Neste caso, as fêmeas “meio sangue Angus” com potencial de reprodução são as matri-

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zes de reposição. “Normalmente, os produtos híbridos são melhores que os puros, desde que busquemos as melhores virtudes de cada elemento para fazer produto com maior excelência. Os cruzamentos de ambas as raças apresentam excelência na produção de carne, com qualidade para atender aos paladares mais refinados”, explica o empresário. Todo esse trabalho é realizado com o único objetivo de inserir no mercado brasileiro uma carne saudável. A dieta alimentar é de alta concentração energética, composta de 82% de alimentos concentrados. O milho, nobre cereal, entra como o principal componente alimentar, contribuindo com 45% da dieta total. A ração é fornecida em quantidades dosadas ao longo do dia, para que os produtos não percam o valor nutritivo, fiquem livres dos fungos nocivos ao bem-estar dos animais e não prejudiquem a qualidade final da carne.

“A raça Wagyu vem sendo selecionada há muitos anos. Quanto mais delicada a deposição de gordura entre as fibras da musculatura, mais alto será o valor na comercialização

‘‘

elitte rural

Avaliação da carne A preocupação com a qualidade é tanta que uma pesquisa foi realizada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), no ano passado, para avaliar a qualidade nutricional da carne, baseada na dieta alimentar dos animais. Foi inserida alimentação à base de soja em grão no confinamento. As


análises das gorduras apresentaram alimento rico em ácidos graxos que compõem as gorduras insaturadas, carne de melhor gordura, isto é, de melhor valor nutricional. “Se observarmos a história, veremos que a carne bovina está presente nos momentos mais importantes das pessoas. Quando a carne é de melhor qualidade, mais saudável e saborosa, esses momentos se tornam mais prazerosos e se eternalizam na vida das pessoas”, ressalta Antonio, da Beef Passion. Os animais submetidos à dieta com ração controle e ração de soja não apresentaram diferença nas características de carcaça e no ganho médio de peso durante o período de confinamento, mas trouxeram uma carne com gordura de melhor qualidade nutricional, por conter menor quantidade de ácidos graxos saturados e maior quantidade de insaturados, principalmente os poli-insaturados. A mudança na alimentação e outras medidas empregadas pela Beef Passion, entre os anos 2012 e 2013, no processo produtivo da carne gourmet resultaram na diminuição do tempo de confinamento e da idade de abate e na produção de uma carne com maior valor nutricional. “Escutamos sempre que somos o que comemos, por isso produzimos animais que oferecem carne macia, suculenta, de boa textura e sabor, composta de alto teor de gordura insaturada, mais saudável e que faz bem à saúde.”, destaca o pecuarista Antonio, da Beff Passion.

Kobe Beef a gosto do chef Muitas pessoas se perguntam onde encontrar o Kobe Beef. O chef Agenor Maia, proprietário do Olivae Restaurante, localizado em Brasília, explica que a carne é tão especial que as finas camadas de gordura entremeando as fibras lhe conferem maciez e sabor inigualáveis. “Por

essa razão, ela é quase sempre servida apenas levemente grelhada e com pouco sal. Nada de molhos ou temperos fortes para não haver interferências no gosto”, explica o chef. Ele é um expert. Atua com cozinha contemporânea, tendo em seu requintado cardápio os cortes Premium, provenientes de manejos sustentáveis. Até o nome do restaurante remete às práticas saudáveis. Do latim, Olivae significa pé de oliveira, um verdadeiro símbolo de saúde e longevidade. Aliás, o envolvimento do chef com o azeite, após uma longa experiência em Lisboa, está traduzido em um cardápio regado com o ingrediente em suas preparações, das entradas às sobremesas, fazendo jus ao conceito da casa.

Sobre o chef As referências culinárias do chef Agenor Maia tiveram início na infância, com sua avó Olanda. Decidido a se especializar no ramo, o chef partiu para Portugal, em 2004, onde trabalhou em dois restaurantes, O’Acoriano e Café Três. Na volta ao Brasil, assumiu o departamento de operações do Roadhouse Grill, em 2007. Para as próximas fases de estudos e experiências, no ano de 2012, Maia trabalhou no aclamado restaurante D.O.M., do chef Alex Atala. No início de 2013, atuou no melhor restaurante da América Latina atualmente, o premiado Astrid Y Gaston, em Lima, no Peru. A bagagem gastronômica adquirida pelo chef concretizou-se na recente abertura do Olivae, onde expõe suas bases culinárias aos traços e características da cozinha contemporânea. Diferencial absoluto do chef é utilizar carnes provenientes de manejo sustentável Beef Passion, com bois criados com alimentação correta e abate certeiro, sem dúvida, resultando numa excepcional qualidade da carne.

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elitte rural

Na Mesa

KOBE BEEF PASSION A GOSTO DO CHEF Ingredientes: - 300 g de sete da paleta da Beef Passion - 500 g de batata-doce - 1 limão siciliano - 100 g de castanha-do-pará cortada grosseiramente - 100 g farinha de pão (grossa)

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- 50 g de bacon cortado em cubinhos - 50 g de cebola em cubinhos - 1 ramo de tomilho - 1 colher de mostarda de Dijon - 1 pitada de estragão seco - 1 colher de maionese - Sal rosa grosso no moedor (a gosto) - Pimenta-do-reino (a gosto)

Modo de preparo: Farofa Em uma frigideira, disponha o bacon e acenda o fogo baixo, deixe fritar até que o bacon se torne crocante, mas sem queimar. Junte a cebola, a castanha-do-pará e misture, acertando o sal e a pimenta-do


cada e deixe em água fria por pelo menos 15 minutos. Frite a 180 graus em bastante óleo e reserve. Em uma vasilha, misture a mostarda de Dijon, o estragão, a maionese e esprema as pontas do limão siciliano. Reserve. Sete da Paleta Esquente a frigideira com um fio de óleo, coloque o sete da paleta sem sal e sem pimenta-do-reino. Sele por igual em ambos os lados até o ponto desejado. Quando retirar do fogo, salgue a gosto e salpique a pimentado-reino. Bifinhos de Kobe Beef Passion, purê de cogumelos e mandioquinha-ouro

-reino. Junte a farinha de pão e, por último, adicione as folhas de tomilho. Reserve. Limão siciliano grelhado Corte fatias do limão siciliano, passe azeite nas duas faces de cada fatia e grelhe em fogo médio até que dourem. Reserve as pontas do limão. Batata-doce à Brás Com o auxílio de uma mandolina, faça fios da batata-doce já descas-

Ingredientes - 300 g de bifinhos de coxão-duro Kobe Beef Passion - 100 g de cogumelo shitake - 100 g de cogumelo-de-paris - 100 g de funghi seco - 100 g de manteiga sem sal - 100 g de batata-asterix - 400 g de mandioquinha (batata-baroa) - 100 ml de vinho tinto seco - Flor de sal (a gosto) - Sal (a gosto) - Pimenta-do-reino (a gosto) - Azeite e óleo de soja (a gosto) Modo de preparo: Purê de cogumelos Hidrate o funghi seco em vinho tinto, por duas horas. Escorra e reserve. Corte os demais cogumelos em julienes e reserve. Cozinhe as batatas ainda com casca até que estejam macias. Quando estiverem

prontas, escorra a água, descasque-as e reserve. Em uma frigideira, coloque metade da manteiga e salteie os três cogumelos até que estejam macios. Junte as batatas e processe até o ponto de purê. Acerte a manteiga, o sal e a pimentado-reino e reserve. Mandioquinha Ferva uma panela com bastante água, adicione um pouco de sal e cozinhe as mandioquinhas com casca até que estejam macias. Escorra e, com o auxílio de um aro de metal bem fino, faça um “tornedó” de mandioquinha. Sele com um pouco de manteiga até que estejam douradas. Salpique levemente com flor de sal e pimenta-do-reino. Bifinhos de Kobe Beef Passion Em uma frigideira bem quente, adicione um fio de óleo de soja e sele cada lado do bifinho, por quatro segundos. Após retirar do fogo, salpique flor de sal e pimenta-do -reino dos dois lados da carne. Dica: Aqueça o prato vazio no micro-ondas. Dessa forma, o bifinho se manterá aquecido por mais tempo.

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elitte rural

Na mesa

Eles não foram feitos para ser tragados, mas para que os aromas e sabores das folhas sejam misturados na boca

Renda-se ao prazer

dos charutos

N

os leilões de elite,

te pode funcionar até como arma de

pecuaristas acen-

sedução.

charutos

Estudiosos sobre charutos afir-

para comemorar

mam que a sua origem data dos

a boa venda ou a

tempos anteriores à chegada de

excelente compra. Sempre foi símbolo

Cristóvão Colombo à ilha de Cuba,

de celebração não só nos remates. No

quando da descoberta da Améri-

nascimento de um filho, por exemplo,

ca. Não é possível precisar desde

é comum o pai ganhar charuto como

quando, mas os índios que Colombo

presente. Eles sempre estiveram asso-

encontrou já fumavam folhas de ta-

ciados com status social, estilo e pra-

baco, ou fumo, entrelaçadas, pois o

zer e, hoje, estão muito mais presentes

tabaco fazia parte da sua cultura e

em reuniões informais. Há quem diga

mitologia, sendo constante nos seus

que saber fumar charutos corretamen-

rituais de magia e festividades.

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dem


É cer to que a degustação de charutos favorece os encontros e as conversas, até mesmo entre as pessoas mais tímidas, pois o ato de fumar charutos requer um tempo especialmente dedicado a ele. Para quem já é um apreciador e para quem deseja experimentar os prazeres do charuto, a revista “Elitte Rural” preparou um guia especial.

O FUMO É mais penetrante e aromático do que o fumo do cigarro, portanto, certifique-se de que o fumo não vai em direção a pessoas que se incomodem com o mesmo. Não é correto engolir o fumo de um charuto para dentro dos pulmões, pois isto ocasionará tosse, irritações na garganta e tonturas. Os charutos não foram feitos para ser tragados, e sim para que os aromas e sabores das folhas sejam misturados na boca.

comprimento de 19 centímetros e

Tipos de charutos Os charutos podem ser classifi-

diâmetro de dois centímetros. Mui-

cados pelas medidas, formato, ta-

to apreciados em todo o mundo. A

manho e diâmetro. Veja alguns dos

fabricação obedece princípios res-

tipos mais apreciados.

tritos e poucas marcas.

Especiales: O comprimento está

Coronas: Possuem comprimen-

entre 23 e 24 centímetros. Só existem

to entre 14 e 15 centímetros e diâ-

na forma arredondada. A combustão

metro entre 1,5 e 1,7 centímetros. É

pode se prolongar por até três horas.

o charuto de maior sucesso entre os

Double Coronas: Com ex-

havanos. De fácil manejo, proporcio-

ceção dos Especiales, são os

na cerca de uma hora de degusta-

maiores charutos disponíveis, com

ção.

Marcas mais vendidas O Brasil pode ser considerado o paraíso dos apreciadores de charutos, pois, além dos charutos baianos e cubanos, pode-se encontrar no mercado as principais marcas de charutos produzidos na República Dominicana, país que, desde 1998, mantém o posto de maior produtor de charutos no mundo. Conheça, agora, os charutos preferidos dos brasileiros. Arturo Fuente: A família Fuente é uma das maiores produtoras de charutos na República Dominicana e uma das poucas que, além de produzir seus charutos, planta o seu próprio fumo. A marca com o mesmo nome é uma das mais vendidas e mais difíceis de se encontrar nos Estados Unidos, onde nas tabacarias só é permitida a compra de duas unidades por consumidor. 115


elitte rural

Na mesa

Avo: Fabricado na República Dominicana, os charutos Avo surgiram de forma inusitada. Lançada como Bolero, a marca surgiu em 1987, quando o músico libanês Avo Uvezian se uniu ao produtor dos charutos Davidoff, Hendrik Kelner, e passaram a vender os charutos Bolero em Porto Rico. Amante dos charutos, o compositor de Strangers in the ni-

ght seguiu o conselho de um amigo: produzir seus próprios charutos na América Central. Um ano depois do lançamento, começaram a ser vendidos em Nova York, na loja da Davidoff, com o nome de Avo. Cuesta Rey: Fundada em 1884, uma das mais antigas companhias produtoras de charutos dos Estados Unidos, a J.C. Newman Cigar Company, comprou, em 1958, a marca Cuesta Rey, que tinha sido criada por Angel e Carl Cuesta. Passado algum tempo, a família Newman associou-se com a família Fuente, que produz os charutos Arturo Fuente na República Dominicana. Com uma

qualidade apurada e fumo de ex-

marca no mercado norte-americano

celente padrão, os charutos Cuesta

apenas em 1971. O padrão de sua-

Rey passaram a ser produzidos pela

vidade e sabor constante garante

Tabacalera Arturo Fuente na Repú-

aos aficionados a sensação rela-

blica Dominicana, para depois ser

xante ao degustarem um Macanudo.

distribuídos nos Estados Unidos e no resto do mundo. Davidoff: Criada em 1969, com

Não existe um prato ideal

o aval do governo cubano, a mar-

para anteceder a degustação

ca Davidoff está associada a estilo,

de um charuto. O charuto serve

qualidade e bom gosto. Isto devido

como complemento à refeição,

ao sucesso de seu criador, o legen-

devendo ser aceso logo após a

dário Zino Davidoff, ucraniano origi-

sobremesa. Existe até quem diga

nário de uma família que sempre es-

“mais vale um charuto sem refei-

teve ligada ao tabaco. Em 1970, Zino vendeu a marca Davidoff e a loja de Genebra a Oettinger Imex A.G., importadora de seu amigo Ernest Schneider, que manteve a aliança da marca à imagem de seu criador. Macanudo: A história da marca mais vendida nos EUA começou em 1868, quando um grupo de tabaqueiros cubanos mudou-se para a Jamaica e passou a produzir charutos para o mercado britânico. Macanudo - sinônimo de excelente, em espanhol - era o nome de um dos charutos que este grupo produzia. O charuto foi introduzido como

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Acompanhamentos

ção do que uma refeição sem charuto”. Vários são os petiscos que podem ser consumidos durante a degustação do charuto. No caso de eventos e reuniões, por exemplo, castanhas ou torrada com caviar, geralmente, combinam.


Bebidas As bebidas a serem servidas durante uma degustação podem ser várias. As mais indicadas são: Armagnac: bebida destilada da uva. Guarda mais o sabor da uva. Muito similar ao Cognac, pois se trata da mesma bebida destilada apenas uma vez. Cognac: sua procedência também é a região de Cognac e Armagnac, na França. Um Cognac bem envelhecido acentua a sua qualidade e seu sabor. Rum: bebida destilada do melaço de açúcar, cuja verdadeira origem é a Ásia, onde a bebida já era produzida mil anos antes de Cristo. O rum é perfeito para acompanhar uma degustação de charutos. Os degustadores profissionais de charuto tomam um gole de rum entre um charuto e outro para limpar o palato bucal e preparar o paladar para um novo sabor de charuto.

Charuto combina com leilão O corajoso e empreendedor, Ricardo Vicintin, proprietário da Rima Agropecuária é um admirador de charutos cubanos, mas tem predileção por duas marcas brasileiras da Bahia. Confira o ponto de vista dele sobre este prazer que combina com leilão e drinks arrojados. ELLITE: Para o senhor, o que define a estrutura de um bom charuto? RICARDO VICINTIN: O charuto é composto de miolo, contracapa e capa. Em cada um dos pedaços é usado um tipo de fumo, preparado em casas de estufa e depois em medas de envelhecimento, especialmente controladas as temperaturas para que não desande.

cultivado pelos indígenas antes da chegada dos europeus, em 1500. O fumo da América do Sul é diferente do fumo do Caribe, por isso, a minha preferência por fumo baiano, de Cruz das Almas. Dannemann e o pequeno produtor M.R., ambos com capa mata fina, pois a capa sumatra, trazida recentemente por novos fabricantes, amarga no final e, daí, muitos no Brasil preferirem os puros cubanos, ao invés do nacional. O nacional, desde que com capa escura ou também conhecida como mata fina, é tão bom quanto os caribenhos e bem superior aos nor te-americanos, italianos (toscanos), austríacos, turcos etc.

ELITTE: De onde são os seus charutos preferidos? RICARDO VICINTIM: Os que mais gosto são do Caribe: Davidoff tubos, Partagas & Cohiba.

ELITTE: Em que momentos o senhor aprecia charutos? RICARDO VICINTIN: Gosto de um charuto nos leilões, apenas.

ELITTE: Na sua opinião, o fumo brasileiro está muito atrás dos importados? Qual mais agrada? RICARDO VICINTIN: Charutos brasileiros só do Reconcavo baiano, onde o fumo também era

ELITTE: E qual a bebida ideal com um charuto de qualidade? RICARDO VICINTIN: Cognac, armagnac e ou uísque puro malte. Charuto não combina com nenhum vinho e nem com cerveja.

Tequila: bebida de forte sabor, destilada de uma planta de origem mexicana, chamada Agave Tequilana Weber. Uísque: também chamado de “Scotch”, é um belo parceiro e complemento para a sua degustação. da grande variedade de sabores e aromas das inúmeras marcas existentes, o uísque que mais lhe agrada

Foto/Zzn Peres

Será necessário encontrar dentro

com cada tipo de charuto a ser degustado. Na opinião de especialistas, os uísques são melhor apreciados ao natural, sem adição de água, gelo ou sodas, apenas desta forma mantêm suas propriedades originais de paladar e aroma.

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elitte rural

Nossas historias

Uma aventura com destino à

Patagônia “Almoçamos lá: peixe e parrillada, no pitoresco restaurante El Viejo Marino, que pertence a um antigo marujo cozinheiro, que conheceu mais de 50 países a bordo

‘‘

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Em alguma fase da vida, a gente pensa em colocar uma mochila nas costas e sair viajando pelo mundo, conhecendo lugares novos e pessoas interessantes. Um sonho distante para muitos, mas que se fez realidade para o casal Carlos Alberto da Silva e Vera Lúcia Varela. Os dois saíram de São Paulo tendo como destino final Ushuaia, cidade da Argentina considerada a capital da Província da Terra do Fogo. A região foi habitada por povos indígenas desde cerca de onze

mil anos atrás e colonizada por europeus a partir de meados do século XIX. Foram 35 dias de jipe para conhecer mais de 30 cidades, desbravando a Patagônia, região de forte característica natural, localizada no sul da América do Sul, abrangendo quase um terço dos territórios da Argentina e do Chile. Carlos é um viajante nato. “Gosto muito de viajar de carro pelo mundo. Já percorremos toda a Europa e os Estados Unidos”, diz ele. No primeiro dia de viagem, de-


“A segunda parada foi na Trilha das Cascatas. Lá, percebi o quanto a natureza privilegiou o Brasil

‘‘

pois de rodar 1.100 km, Carlos Alberto e Vera Lúcia passaram para conhecer Londrina e Maringá, antes de chegar à Foz do Iguaçu. Ele conta que embarcar para ver as Cataratas, direto do Rio Iguaçu, é uma aventura máxima. “É realmente inesquecível. É muita adrenalina. A segunda parada foi na Trilha das Cascatas. Lá, percebi o quanto a natureza privilegiou o Brasil”. Tanta emoção não é para menos. A área das Cataratas do Iguaçu reúne 275 quedas de água no Rio Iguaçu. O Parque Nacional do Iguaçu está na fronteira entre o Brasil e Argentina. No Paraná está 20% dele e o Parque Nacional Iguazú, em Misiones, reúne 80% das belezas naturais. Juntos, os parques possuem 250 mil hectares de floresta subtropical, um Patrimônio Natural da Humanidade. No terceiro dia de viagem, Carlos Alberto e Vera Lúcia foram para o Parque Nacional do Iguaçu, mas do lado argentino. “Da entrada do parque, seguimos de trenzinho diretamente para a passarela que

dá acesso à Garganta do Diabo. É indescritível. Maravilhoso. De volta da Garganta, visitamos a parte superior das passarelas. Pegamos o carro e saímos pela Argentina até chegar à divisa com Santa Catarina e com o Paraná”, conta o viajante. Tchau, Brasil

Depois de andar 444 km, o casal parou para descansar na cidade de Frederico Westfalen, já no Rio Grande do Sul. É o maior município da microrregião também conhecida como Médio Alto Uruguai. A economia é baseada

na metalurgia, produtos em fibra de vidro e lapidação de pedras semipreciosas. O subsolo da região é composto por jazidas de pedra ametista. “Saímos de Frederico precisamente às 9h15. Finalmente, depois de rodarmos 667 km, chegamos à estância São João, de propriedade de Washington Umberto Cinel. Lá, Didi e a Jussara (amigos do casal) já nos esperavam. Era por volta de 18h30, mas ainda havia sol suficiente para percorrermos toda a estância, que fica às margens do Rio Uruguai, na divisa de três países: Brasil, Argentina e Uruguai”, relembra Carlos Alberto. Conforme a rota, eles passaram pela cidade argentina Paso de los Libres, mais conhecida como Libres. Fica na província de Corrientes, na fronteira com o Brasil, na margem ocidental do Rio Uruguai. A viagem

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elitte rural

Nossas historias

“Uma região muito bonita e que só conhece quem sai da rota principal e se aventura pelas estradinhas secundárias

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prosseguia com destino a Córdoba, a cidade mais populosa depois de Buenos Aires e a mais extensa da Argentina, mas o casal fez questão de desfrutar das delícias do Paraná. A mistura das influências de todos os povos que lá chegaram conferiu especial sabor à gastronomia. “As estradas argentinas são muito boas. A cidade de Paraná, obviamente às margens do Rio Homônimo, é surpreendentemente bonita, com jardins

muito bem cuidados e até um túnel de 3.000 metros sob o Rio Paraná, construído em 1969. Almoçamos lá: peixe e parrillada no pitoresco restaurante El Viejo Marino, pertencente a um antigo marujo cozinheiro, que conheceu mais de 50 países a bordo. De lá seguimos pelo túnel direto para a cidade de Santa Fé, que possui belíssima orla à beira de uma grande represa”, conta o turista. O próximo destino seria mesmo Córdoba, com mais de três milhões de habitantes. O lugar lembra muito Madri, com suas largas avenidas, cheias de edifícios históricos. Depois de desfrutarem de tantas belezas, frutos dos tempos do colonialismo espanhol, especialmente os edifícios da Igreja Católica, o casal partiu rumo ao Chile, no oitavo dia da viagem. Parou em Santa Cruz, depois de rodar mais 551 quilômetros. “Fomos à vinícola Au Mounet, cuja visita demo-

raria uns 40 minutos, para começar. Decidimos, então, conhecer outra: Montes. Foi uma grata escolha, pois a degustação foi num lindo mirador ao ar livre, no meio das vinhas. Valeu cada centavo dos 12.000,00 pesos que pagamos (mais ou menos R$ 60)”, avalia Carlos Aberto. O casal comprou duas garrafas de vinho e seguiu rumo a Curicó, lo-

calizada na Região de Maule, Chile. Passou por muitas plantações de uvas, girassóis, melancias, frutas e verduras. “Uma região muito bonita e que só conhece quem sai da rota principal e se aventura pelas estradinhas secundárias”, afirma Carlos Alberto.

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pois de rodar 460 km, passando por Los Angeles e Temuco, terra dos índios Mapuches. Pucón está às margens do lago Villarica, onde dá para ver a fumaça saindo da cratera do vulcão ativo que tem o mesmo nome. A última erupção aconteceu em 1982, sem maiores incidentes, mas em 1949 destruiu praticamente toda a cidade de Pucón. Depois de Pucón, Carlos Alberto e a esposa rumaram para Bariloche. Passaram por Viram Osorno, Chiloé, Puerto Varas e San Martin de Los Andes, já na Argentina, uma cidade turística a 45 km da fronteira com o Chile e a 1.300 km a sudoeste de Buenos Aires. No 16º dia de viagem eles che-

Foi inesquecível, faria tudo de novo. O mais marcante foi a natureza. Era incrível. Agora, tenho o projeto de conhecer o Canadá, de leste a oeste

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Os gigantes chamados vulcões No nono dia de viagem, o destino eraNo nono dia de viagem, o destino era Chillan, local de um dos maiores e mais famosos resorts da América latina, situado aos pés do vulcão Chillan, bem na divisa da Argentina e do Chile. O hotel onde se hospedou ocasal fica a 80 km de Chillan, em direção à Codilheira dos Andes. Já no 11º dia da viagem, Carlos Alberto seguiu com destino à vila de Pucón, uma pequena cidade, localizada na região dos lagos, no centro-sul do território chileno. É popular entre os praticantes de esportes radicais. “Passamos por muitas plantações de trigo, margeando a rota 5, que é uma extraordinária autopista com quatro pedágios. Nessa etapa, fiz muitas fotos na estrada. Vulcões nos acompanharam a todo momento. Valeu o registro de dois deles: o Llaima e o Lonquimay”, conta o viajante. Os vulcões da Cordilheira dos Andes integram o Círculo de Fogo do Pacífico, onde há vários ainda ativos, em especial nesta região chamada de Araucanía, localizada a 680 km ao sul de Santiago, capital do Chile. Carlos Alberto e Vera Lúcia chegaram a Pucón por volta de 20h, de-

garam a Bariloche. “Resolvemos fazer um passeio diferente dos tradicionais. Fomos conhecer o refúgio Neumeyer, no Valle do Challhuaco, a uma distância em torno de 25 km do nosso hotel. Lá é natureza pura, com oito trilhas diferentes para trekking. Escolhemos a da laguna verde: uma caminhada de 1 hora para chegar lá em cima e, depois, uns 40 minutos para descer. Valeu para escutarmos os ruídos da natureza”, afirma Carlos Alberto. De Bariloche, os dois conheceram as cidades chilenas de Futaleufu, Coihoque, Cochrane e Vila O’higgins, onde se aventuraram e fizeram boas amizades. Passaram pelo Vale Chacabulco, onde está a famosa estância Valle Chacabulco, que trabalha com bovinos Hereford e, também, com ovinos. Lá, viram os primeiros camelos, típicos da América do Sul, conhecidos como Guanacos, e sentiram a paisagem da cordilheira ir se modificando lentamente para a estepe Patagônica.

A oitava maravilha do mundo O 24º dia de viagem foi marcado pelaO 24º dia de viagem foi marcado pela caminhada ao pé do Fitz Roy, a montanha no sul do Campo de Gelo Patagônico, na fronteira entre Argenti-

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Nossas historias

na e Chile. “A caminhada do dia era em direção à Laguna de Los Três. Mal sabíamos o que nos aguardava. Foram 9h15 de caminhada, incluindo quase 3h para chegar ao pé do Fitz Roy, uma das montanhas mais difíceis de escalar do mundo, segundo um alpinista brasileiro que passou por nós na subida pesada. No entanto, a preciosa vista, lá de cima, com a Laguna de Los Três ao pé do Fitz Roy compensou a chegada de volta. Estávamos praticamente nos arrastando, mas foi inesquecível”, relembra o turista. Saíram de El Calafate, com destino ao Glaciar Perino Moreno, uma das geleiras mais imponentes e já chamada de “Oitava Maravilha do Mundo”, devido à vista que se tem de seu topo. Rodeada por bosques e montanhas, está dentro do Parque Nacional Los Glaciares, criado em 1937, ao sul da Argentina. “O Glaciar foi, sem dúvida, uma das coisas mais impressionantes e imponentes que vimos em nossas vidas. A visão daqueles fabulosos blocos de gelo, de mais de 60 metros de altura por seis quilômetros de largura, é

“Foi inesquecível, faria tudo de novo. O mais marcante foi a natureza. Era incrível. Agora, tenho o projeto de conhecer o Canadá, de leste a oeste

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indescritível. Depois de muito observar, voltamos a Calafate, em direção ao Cordero Patagônico. Realmente imperdível”, conta Carlos Alberto. O 27º dia foi marcado pela chegada ao destino final: Ushuaia. “Das tantas opções, decidimos por um passeio no histórico e restaurado Trem do Fim do Mundo. A Estação do Fim do Mundo ficava a uns 8 km do nosso hotel, em

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direção à Bahia de Lapataia, bem na divisa com o Chile e dentro do Parque Nacional da Terra do Fogo. Vale o passeio pela boa reconstrução da época. Retornamos para Ushuaia, almoçamos o nhoque da sorte no bom restaurante Tante Nina, compramos mais souvenirs e, exatamente às 15h38, viramos as costas para Ushuaia e começamos a empreender nossa cansativa viagem


A merecida excentricidade No 30º dia de viagem, estavam No 30º dia de viagem, estavam de volta à rota número 3, que os levou até Buenos Aires. Carlos Alberto e Vera Lúcia se hospedaram no Hotel Alvear, em Buenos Aires. Localizado no bairro mais chique de Buenos Aires, a Recoleta, foi concebido em 1932, com estilo Luís XIV e Luís XVI em seus móveis e castiçais de cristal. As paredes são decoradas com lâminas de ouro e obras de arte de renomados artistas. “Foi uma lin-

da extravagância. É o melhor dos melhores na capital portenha. Na realidade, uma lenda da hotelaria mundial”, observa Carlos Alberto. No 32º dia de viagem, descansados, saíram de Buenos e embarcaram para Montevidéu, no Catamarã que cruza o rio de La Plata, em cerca de três horas. “A travessia é muito agonizante, uma vez que o barco chacoalha demais. Juro que, se tivesse que fazer outra vez, preferiria rodar os 600 ou 700 km a mais para chegar por terra ao Uruguai”,

“Gosto muito de viajar de carro pelo mundo. Já percorremos toda a Europa e os Estados Unidos

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de volta. Foram 11 mil 400 quilômetros de vales, montanhas, pampas, lagos, dois oceanos, muito vinho, cordeiro, muita poeira e muita emoção. Valeu”, declara Carlos Alberto. Segundo Carlos, na volta, viram de outra perspectiva a viagem de ida. “Passamos pelas montanhas das proximidades de Ushuaia e depois margeamos entre o Oceano Atlântico e a estepe Patagônica”, afirma.

comenta o turista. Finalmente, depois de 35 dias, os viajantes retornaram a São Paulo. Foram 5.246 km desde a Bahia de Lapataia, que fica a 15 km de Ushuaia, em direção ao sul e ao Chile, até a volta. No total foram 16.644 km rodados, no período de 2 de janeiro a 5 de fevereiro. “Foi inesquecível, faria tudo de novo. O mais marcante foi a natureza. Era incrível. Agora, tenho o projeto de conhecer o Canadá, de leste a oeste”, finaliza Carlos Alberto.

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Fotos/Fábio Fatori

Prosperidade que não acaba Um tronco no meio do terreiro, restos de uma senzala, uma construção de pedra, tulhas, moinho e casa grande. Lembranças de um período no Brasil em que o café era a principal moeda de troca.

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Fotos/Fábio Fatori

m cenário preservado na Fazenda São João da Prosperidade. Fundada no século XIX, entre 1820 e 1830, no início do cultivo do café no Vale do Paraíba, em Barra do Piraí, no Rio de Janeiro, teve como seu primeiro proprietário Antônio Gonçalves de Morais, conhecido como capitão Mata Gente. O apelido teve origem após um incidente em uma de suas fazendas, onde escravos teriam matado o feitor. Para encobrir o ocorrido, Antônio teria ordenado que os escravos atirassem o corpo num açude, com uma pedra amarrada ao pescoço. No entanto, ciente de que a polícia chegaria à fazenda, ele teria mandado que retirassem o corpo do açude e o enterrassem numa bacia de cal. A polícia, então, nada encontrou na propriedade. Por meio de Sesmarias, o capitão Mata Gente, casado com Rosa Luiza Gomes de Morais, investia na plantação do café. Em 1843, ele era também dono de um sítio e da Fazenda Braço Grande (atual Ibitira), doada ao filho José Gonçalves de Morais. Dez anos depois, o capitão construiu uma ponte sobre o Rio Piraí, dando início ao povoado de São Benedito, hoje município de Barra do Piraí. Capitão Mata-Gente faleceu em 1876, deixando 214 escravos na propriedade, que cultivavam 256 mil pés de café. Cem anos depois, a Fazenda São João da Prosperidade foi vendida ao casal Luiz Ge-

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raldo Muniz e Magid Breves Muniz. Moradores do Rio de Janeiro, eles desejavam trocar a correria do dia a dia pela tranquilidade do campo. Transformaram a Fazenda da Prosperidade em um recanto turístico, que conduz ao tempo dos Barões do Café. “Quando compramos este espaço, pensamos em por que não viver e fazer deste lugar um local onde possamos passar os nossos dias. E mais ainda, por que não fazer deste o nosso modo de vida e ganha-pão”, conta a empresária Magid.

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nobre casarão O casarão de um só pavimento possui dez quartos e cinco salões, além de outras dependências. A casa-grande apresenta arquitetura colonial rural, cujas reformas não impactaram em seu projeto original. As paredes externas contam com mais de um metro de espessura. O pé-direito dos quartos e dos salões é avantajado. O telhado possui inclinação acentuada, com telhas feitas à mão. A escada, localizada na fachada principal, permite acesso a uma grande sala de estar, que leva à área destinada aos dormitórios, transformados nos quartos atuais. O escritório foi transformado em sala de estar. Um corredor permite acesso à sala de jantar e a dois outros corredores. É no eixo casa, dando passagem para outros quartos, para a capela e para uma grande sala, transformada em varanda. O outro dá acesso ao bloco onde é a cozinha. Entre a cozinha e o corpo principal da casa existia um jardim para impedir que o cheiro dos alimentos chegasse às salas. Parte desse jardim foi ocupada por dois banheiros. São 40 janelas e 40 portas, todas com vergas retas e cercaduras em madeira. As portas internas possuem bandeira com vidro e as demais, esquadrias. Em sua maioria, são compostas por janelas duplas. As paredes Foto/Sérgio Alvarim

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internas possuem roda-mão em todos os cômodos. A empresária usa todo o espaço para receber turistas e escolas. Uma volta aos tempos dos barões do café. “Moramos neste local há, aproximadamente, 38 anos. Aqui, criamos nossos filhos e, agora, os nossos netos. É o nosso reduto, o local ideal para morar e trabalhar”. O trabalho parece até brincadeira. Por ano, quase quatro mil visitantes são recebidos na propriedade. Logo na entrada, já podem ver os moradores da casa vestidos e se comportando como se estivessem no século XIX, interpretando um importante momento na nossa história. A mucama, de turbante e vestes simples, também faz parte do contexto. Sempre disposta a servir. A música, do mesmo período, é tocada no piano, na sala principal. Em toda a casa, móveis antigos, de um tempo em que eram confeccionados

à mão. O pilão, a balança que pesava o café e o armamento, composto por espingardas e garruchas, encontram-se expostos. Na cozinha, panelas de cobre e fogão à lenha. Magid conta que do antigo conjunto construído, além da casa-grande, havia um complexo com tulha, moinho, estábulo e senzalas. Em razão da ação do tempo, atualmente, restou apenas o abrigo de tropas de mulas – uma construção independente, situada no acesso à sede, toda feita em pedra e pau a pique. O alambique também foi preservado e gera uma cachaça totalmente artesanal. “A gente mostra toda a alambicagem da cachaça porque é importante provar como um produto atravessa séculos e não perde a sua qualidade, aliás, melhora. Isso é Prosperidade”, brinca Magid.importante provar como um produto atravessa séculos e não perde a sua qualidade, aliás, melhora. Isso é Prosperidade”, brinca Magid.

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Capa

Kayak TE Mafra: líder absoluto! Considerado o melhor Macho Jovem do ranking atual da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), Kayak TE Mafra é um touro moderno, com características desejadas no Nelore: agrega uma excelente estrutura, possuindo musculatura, aprumos e ligamentos que o permi-

tem ganhar peso, sem perder harmonia. No decorrer do seu desenvolvimento, apresentou um crescimento linear e sempre muito precoce, devido à excelente conversão alimentar. Kayak TE Mafra é a expectativa do ano da Rima Agropecuária para

as conquistas das premiações mais importantes para o ranking 2013/2014. “Acreditamos que ele irá além de um excelente animal de pista. Futuramente, se tornará, com toda certeza, um dos melhores raçadores do Nelore”, finaliza Marcello Ricardo Costa Belo, da Rima Agropecuária.

NACIONAL - 2013/2014 Nelore - GRANDE CAMPEÃO - 2ª EXPO CERRADO 2014 - GOIÂNIA/GO NACIONAL - 2013/2014 Nelore - GRANDE CAMPEÃO - 1ª EXPO NELORE AVARÉ - EXPOINEL PAULISTA 2014 - AVARÉ/SP NACIONAL - 2013/2014 Nelore - GRANDE CAMPEÃO - EXPOINEL MINAS 2014 - UBERABA/MG NACIONAL - 2012/2013 Nelore - Reservado Grande Campeão - 42ª EXPOINEL 2013 - UBERABA/MG NACIONAL - 2012/2013 Nelore - Campeão Júnior Maior - 40ª EXPO BAURU 2013 - BAURU/SP NACIONAL - 2012/2013 Nelore - Reservado Grande Campeão - 55ª EXPO RIO VERDE 2013 - RIO VERDE/GO NACIONAL - 2012/2013 Nellore - Reservado Grande Campeão - 68ª EXPO AGROP DE GOIÂNIA 2013 - GOIÂNIA/GO NACIONAL - 2012/2013 Nelore - Reservado Campeão Júnior Maior - 79ª EXPOZEBU 2013 - UBERABA/MG NACIONAL - 2012/2013 Nelore - Campeão Júnior Menor - 53ª EXPO AGROP E IND DE LONDRINA 2013 - LONDRINA/PR NACIONAL - 2012/2013 Nelore - Campeão Júnior Menor - 48ª EMAPA 2013 - AVARÉ/SP ACNB - ASSOCIAÇÃO DOS CRIADORES DE NELORE DO BRASIL - NACIONAL - 2012/2013 - Nelore 1 - MACHO JOVEM AMCN - ASSOCIAÇÃO MINEIRA DOS CRIADORES DE NELORE REGIONAL DE MG - 2012/2013 - Nelore 1 - MACHO JOVEM

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